Gestão de Residuos e Saneamento
Gestão de Residuos e Saneamento
Gestão de Residuos e Saneamento
O planejamento e a gestão de serviços de saneamento e sua relação com a qualidade de vida das
pessoas, bem como a capacidade de uma sociedade se desenvolver sustentavelmente.
Prof. Ewerthon Cezar Schiavo Bernardi
1. Itens iniciais
Propósito
O saneamento ambiental é composto pelos serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de
esgotos sanitários, bem como do manejo dos resíduos sólidos e da drenagem urbana associados à promoção
de saúde pública. Deter tal conhecimento é fundamental tanto para os profissionais de engenharia sanitária e
ambiental quanto para a promoção da melhoria contínua desses sistemas.
Objetivos
• Identificar os principais conceitos envolvidos no saneamento.
• Analisar a relação entre saneamento e saúde pública.
• Reconhecer a evolução do saneamento.
Introdução
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1. Conceito de saneamento
Vamos começar!
Conceitos básicos
Este vídeo trará conceitos de saneamento e abordará a relação entre os serviços de saneamento básico e o
ciclo hidrológico.
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Saneamento ambiental
Entende-se que o desenvolvimento econômico e social, assim como o bem-estar e a promoção da qualidade
de vida das pessoas, está intimamente associado às atividades de proteção em relação ao meio ambiente.
Assim, os cuidados com a água de abastecimento, a coleta e o tratamento de esgotos e resíduos sólidos, bem
como com os sistemas de drenagem das águas da chuva, afetam diretamente a capacidade de
desenvolvimento da sociedade. Além disso, os serviços citados são fundamentais para a promoção de saúde
pública, sobretudo no sentido de evitar doenças.
No Brasil, a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), estabelecida pela Lei nº 6.938, de 31 de
agosto de 1981, e regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, define meio
ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e intervenções de ordem física, química e
biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
A realidade do saneamento básico no Brasil, embora seja mais favorável do que em muitos outros países,
ainda é caracterizada por problemas, como:
Tais serviços estão associados à dinâmica da água na superfície terrestre. Assim, no próximo tópico,
estudaremos os principais componentes do ciclo hidrológico.
De acordo com a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, conhecida como Lei das Águas:
(BRASIL, 1997)
Os cursos de água de uma bacia hidrográfica são canais que formam sua rede de drenagem ou hidrografia.
Contudo, há uma classificação desses cursos de acordo com o regime de vazões:
Rios perenes Rios intermitentes
Apresentam fluxo o tempo todo, Apresentam água em apenas uma parte do ano.
independentemente da estação do ano. Eles também são ditos rios sazonais.
Rios efêmeros
A precipitação pluviométrica é a principal entrada de água na maior parte da bacia hidrográfica, sendo
fundamental para estudos de quantificação, disponibilidade de água, necessidade de irrigação e
dimensionamento de sistemas de drenagem. O monitoramento dessa variável meteorológica ocorre por meio
de equipamentos, como pluviômetros, pluviógrafos, radares e satélites.
Num ambiente urbano, como a região central de uma grande cidade, por exemplo, o processo de infiltração
ocorre em condições reduzidas devido à compactação e à impermeabilização do solo. Desse modo, o destino
das águas pluviais acaba sendo o escoamento superficial.
Nesse sentido, é necessário coletar e transportar esses volumes para áreas de infiltração ou até para cursos
hídricos. O serviço de coleta e transporte de águas das chuvas é um dos pilares do saneamento básico, sendo
conhecido pelo sistema de drenagem formado por:
Sarjetas Sarjetões
Além disso, o sistema de abastecimento público e esgotamento sanitário também depende intimamente do
ciclo hidrológico, seja para abastecimento dos reservatórios ou mesmo para diluição dos efluentes tratados.
Já em relação ao serviço de gerenciamento de resíduos sólidos, podemos citar a Lei nº 12.305, de 2 de agosto
de 2010. Essa lei dispõe o seguinte:
I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores,
distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida do produto; II - área contaminada: local onde há contaminação causada pela disposição,
regular ou irregular, de quaisquer substâncias ou resíduos; III - área órfã contaminada: área contaminada
cujos responsáveis pela disposição não sejam identificáveis ou individualizáveis; IV - ciclo de vida do
produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e
insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final; V - coleta seletiva: coleta de resíduos
sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição; VI - controle social: conjunto
de mecanismos e procedimentos que garantam à sociedade informações e participação nos processos
de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas relacionadas aos resíduos sólidos; VII -
destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a
reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações
admitidas pelos órgãos competentes do SISNAMA, do SNVS e do SUASA, entre elas a disposição final,
observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos; VIII - disposição final ambientalmente
adequada: distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de
modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais
adversos; IX - geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado,
que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o consumo; X - gerenciamento
de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta,
transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão
integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma
desta Lei; XI - gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de
soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental,
cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável; XII - logística
reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor
empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação
final ambientalmente adequada; XIII - padrões sustentáveis de produção e consumo: produção e
consumo de bens e serviços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e permitir
melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das
necessidades das gerações futuras; XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos
que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à
transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos
pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA; XV - rejeitos: resíduos
sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada; XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem
descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases
contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível; XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida dos produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana
e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem
como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo
de vida dos produtos, nos termos desta lei; XVIII - reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos
sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os padrões
estabelecidos pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA; XIX - serviço
público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades previstas no art. 7º
da Lei nº 11.445, de 2007.
(BRASIL, 2010)
O contexto da preservação engloba aspectos da proteção do meio ambiente, considerando o homem como
pivô do desequilíbrio natural. A conservação, por sua vez, contempla a dedicação ao amor à natureza, só que
aliada ao uso racional e manejo criterioso pela espécie.
Frente a isso, de maneira geral, os serviços de saneamento estão relacionados à gestão das águas
(drenagem, consumo e diluição de efluentes) e ao gerenciamento de resíduos sólidos.
Comentário
Tais medidas contribuem para a gestão ambiental cada vez mais integrada, viabilizando a menor
produção de poluentes, quando possível, ou mesmo atuando no tratamento dos subprodutos, sejam eles
resíduos ou emissões. Com isso, há a promoção da saúde pública e o uso sustentável dos recursos
ambientais.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Um dos maiores efeitos do processo de urbanização consiste no aumento da infiltração de água no solo.
O crescimento desordenado de uma cidade normalmente não interfere na dinâmica natural da água.
Um grande centro urbano se torna mais quente do que suas áreas adjacentes em virtude do maior acúmulo de
água no solo.
Questão 2
A Lei Federal nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Entre os
conceitos abordados na referida lei, marque a alternativa correta.
Reciclagem é o processo de transformação dos resíduos sólidos que não envolve alteração físico-química do
material.
O processo de aproveitamento dos resíduos sólidos a partir de sua transformação biológica, física ou físico-
química é denominado reutilização.
Coleta seletiva refere-se à coleta de resíduos sólidos previamente segregados, conforme sua constituição ou
composição, com o intuito de reutilizar ou reciclar.
E
Padrões sustentáveis de produção e consumo levam em conta apenas a geração presente, sendo um conceito
que se altera ao longo do tempo.
Vamos começar!
Impactos do saneamento na saúde
Este vídeo apontará os problemas ambientais decorrentes da urbanização e como a implementação dos
serviços de saneamento pode melhorar as condições de uma cidade e a qualidade de vida das pessoas.
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Conceitos e problemática
O conceito de desenvolvimento sustentável está atrelado à capacidade de desenvolvimento econômico, social
e ambiental, não interferindo na mesma capacidade das populações futuras. Sendo assim, uma vez que a
ação antrópica gera impactos e altera o ambiente em diversas escalas de magnitude, entende-se que o
saneamento está ligado à sustentabilidade.
Além disso, é importante desenvolver o viés de que a falta de saneamento é promotora de danos à saúde do
ambiente e do homem. Como exemplo, pode-se citar a proliferação de insetos e de outros animais vetores de
doenças.
Reflexão
Os problemas ambientais decorrentes das atividades antrópicas estão ligados ao uso e à cobertura do
solo, assim como à extrapolação da capacidade de assimilações de poluentes sólidos líquidos e gasosos
pelo ambiente em virtude das aglomerações e, consequentemente, das altas concentrações,
quantidades e taxas de emissões nos centros urbanos e industriais. Aliado a isso, está o consumo
crescente de matéria e energia por parte de cada habitante, gerando cada vez mais subprodutos. Se
pararmos para pensar, veremos que consumimos diariamente alimentos, materiais e energia, gerando
esgotos e resíduos sólidos e demandando a produção de energia elétrica e combustíveis.
Um ecossistema é formado por seres bióticos e abióticos, e a ciclagem de matéria e nutrientes se dá pela
presença de ambos os componentes. O ser humano pode perturbar um ecossistema natural em diferentes
níveis de intensidade e frequência.
Se pensarmos no uso do solo em zonas rurais, perceberemos que ele condiz com um sistema de alimentos,
porque a produção deles visa a atender às demandas urbanas, exceto em locais de agricultura de
subsistência. Além disso, os sistemas agrícolas e pecuários geram a importação de combustíveis e
fertilizantes, bem como removem a vegetação nativa.
A avaliação de impactos ambientais (AIA) é dada por procedimentos que têm o intuito de
caracterizar e identificar possíveis impactos na instalação futura de um empreendimento, ou seja,
por meio dela, é possível prever a importância desses impactos. Na maioria dos casos, a AIA está
associada ao licenciamento ambiental, que visa a proteger o meio ambiente ao mesmo tempo que
considera o desenvolvimento econômico.
A alteração no ecossistema gerada por atividades em zonas rurais ainda é, contudo, menos ofensiva do que
as modificações geradas por um ecossistema urbano, caracterizado pelas grandes cidades.
Água e saneamento
Um tempo atrás (e em muitos lugares até hoje em dia) era comum canalizar cursos hídricos urbanos, o que
reduz o tempo de concentração da bacia, gerando o acúmulo de água nas regiões mais baixas da rede de
drenagem. Associado a isso, o processo de urbanização reduziu muito a capacidade de infiltração de água no
solo em virtude da compactação e do selamento.
Atualmente, ações de engenharia em drenagem e controle de enchentes podem trazer benefícios, como o
aumento da qualidade de vida no ambiente urbano.
Exemplo
Podemos encontrar no cotidiano praças e parques em regiões baixas da cidade que permitem que a
água se acumule e tenha tempo de se infiltrar no solo, evitando que ela atinja o rio. Outras ações
estruturais ou mesmo não estruturais são tomadas, como educação ambiental e legislações de
preservação de áreas verdes.
Os centros urbanos também são grandes consumidores de energia e alimentos, o que, somado às outras
características, acarreta o desbalanceamento de ciclos fundamentais para a manutenção de qualidade
ambiental, como o ciclo hidrológico e os ciclos biogeoquímicos dos principais nutrientes, afetando também a
saúde dos habitantes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como o “estado de bem-estar físico, social e mental”
(BRASIL, 2022). Ou seja, saúde não é a apenas a ausência de doenças.
Ainda de acordo com a OMS, o saneamento consiste no controle ou gerenciamento de fatores que possam ser
nocivos ao homem, seja por prejuízos sociais, mentais ou físicos. Podemos perceber, assim, a associação
direta entre o saneamento e a saúde de uma população.
Atenção
No Brasil, são frequentes os problemas de saúde pública associados à falta de saneamento, seja por
doenças de veiculação hídrica, transmissões feco-orais, comprometimento da água potável e dos
sistemas de drenagem ou por proliferação de insetos, gerando casos clínicos, como desinteria, dengue,
febre tifoide e hepatite. Por fim, a OMS afirma que, para cada real investido em saneamento, uma
economia quatro vezes maior em saúde pública é gerada, o que confirma a ideia de que, no combate a
doenças, prevenir é mais eficiente e eficaz do que remediar.
Após ser tratada na estação de tratamento de água, a água bruta é transportada para um reservatório
principal, que a redistribui para reservatórios menores, ditos setoriais. Assim, os reservatórios de um sistema
de abastecimento de água têm por finalidade regularizar a vazão de distribuição, mantendo água disponível
mesmo em picos de consumo.
Para conseguir desempenhar tal papel, um reservatório precisa acumular água durante um período para
atender às demandas ao longo dos momentos de maior consumo dela. Além disso, a presença de
reservatórios no sistema de distribuição tem como outras funções a manutenção da pressão na rede e a
reserva de água para combate ao incêndio e para abastecimento em casos de interrompimento da captação
ou do tratamento, além de auxiliar no rendimento de estações elevatórias.
• Enterrados.
• Semienterrados.
• Apoiados.
• Elevados.
• Stand pipe.
Saiba mais
De acordo com a NBR 9.649, de 1986, cerca de 80% do que é consumido de água retorna como esgoto
doméstico. Contudo, além da parcela gerada dele pela própria população, também são considerados os
efluentes industriais e as águas de infiltração. Todo esse volume é conduzido através de uma rede
coletora até uma estação de tratamento de esgotos.
Em relação ao dimensionamento de uma rede de abastecimento de água, devem ser levados em conta os
coeficientes de maior consumo horário e diário para calcular a vazão de distribuição. Normalmente, a
canalização de distribuição opera sob pressão, o que garante a qualidade da água e as condições de pressão.
Ambas as tubulações devem possibilitar a ligação pelas residências.
Existem dois padrões de redes: o padrão espinha de peixe e o padrão em grelha ou rede malhada. Pode-se
dizer que há um terceiro padrão conhecido como misto, que é uma mescla dos outros dois.
Compostos por residências e comércio, eles Gerado pela demanda industrial, ele
correspondem a 10% de todo o consumo da corresponde a 20% de todo o consumo da água
água no Brasil. no Brasil.
Uso agrícola
O uso doméstico está diretamente ligado à população abastecida, bem como ao perfil de consumo dessa
população. O perfil de consumo, por sua vez, refere-se ao consumo per capita, ou seja, volume consumido
diariamente por habitante.
O ponto de captação da água deve ser preferencialmente em um trecho retilíneo do rio. Além disso, o
manancial precisa ter condições de qualidade e quantidade de água para abastecimento. A água bruta
captada é conduzida até uma estação de tratamento através de uma adutora antes de ser distribuída para
consumo.
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Solo e saneamento básico
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Questão 1
O sistema de abastecimento de água potável talvez seja o serviço mais importante do saneamento básico.
Entre os componentes desses sistemas, a rede de distribuição tem como característica:
ser uma rede de condutos forçados para que possam ser atendidas as pressões e vazões necessárias.
Questão 2
Entre os usos múltiplos dos recursos hídricos, podemos citar agricultura e pecuária, além de indústria e
abastecimento humano, os quais respectivamente apresentam percentuais de consumo aproximadamente
iguais a:
Vamos começar!
História e desenvolvimento de saneamento
Este vídeo abordará o histórico do saneamento, sobretudo no Brasil, a partir dos marcos legais e das outras
leis.
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Entende-se que os impactos gerados pelo ser humano ocorrem desde as primeiras cidades, com
maior incidência em termos de frequência e magnitude a partir da Revolução Industrial, gerando
poluentes que interferem na qualidade ambiental - mais especificamente, nos parâmetros físicos,
químicos e biológicos.
Desde que o ser humano passou a viver por longos períodos em um mesmo local, já ocorrem problemas
associados à poluição gerada pelos seus rejeitos, impactando diretamente na saúde das comunidades e na
capacidade de desenvolvimento. O termo “poluição” chega a ser definido pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto
de 1981, que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, nos seguintes termos:
(BRASIL, 1981)
Dessa forma, é necessário estudar, compreender, controlar, evitar, mitigar ou remediar qualquer substância
considerada poluente, ou seja, substâncias que possam ser nocivas ao ambiente ou mesmo ao ser humano.
Para tal, são necessárias algumas medidas de controle de serviços, como abastecimento de água e coleta e
tratamento de esgoto, além de coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos, bem como drenagem
das águas pluviais.
Século XIX
Havia condições para a proliferação de doenças epidêmicas nos centros urbanos, o que gerou a
demanda pelos primeiros serviços de saneamento de esgotamento sanitário e abastecimento de
água.
Em 1970
Foi implementado o Plano Nacional de Saneamento, que tinha por objetivo reduzir os déficits
apresentados nos serviços.
Em 2007
Foi publicada a Lei Federal nº 11.445, de 5 de janeiro, considerada o marco regulatório do saneamento
básico, determinando a elaboração de um Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).
Em 2014
Foi publicada a última versão do Plano de Saneamento elaborado pelo Ministério das Cidades e pela
Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental.
(BRASIL, 2014)
No Brasil, a Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020, trata da atualização do marco legal de saneamento básico,
alterando a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas e Saneamento
Básico (ANA) competência para editar normas de referência sobre o serviço de saneamento, entre outras
alterações (BRASIL, 2020).
Essa lei define que os contratos dos serviços públicos de saneamento básico deverão buscar até o final de
2033 a universalização do atendimento em 99% da população com atendimento de água de abastecimento e
90% com acesso à rede coletora e ao tratamento de efluentes.
O marco do saneamento de 2020 ainda prevê a busca pela não intermitência do fornecimento de
água potável, a melhoria dos sistemas de tratamento e a redução das perdas de água nas redes de
distribuição.
A partir do mais novo marco legal do saneamento básico (Lei nº 14.026/2020), é previsto que ocorra a
universalização dos serviços de saneamento. Embora a responsabilidade dos serviços seja municipal, o poder
público, de maneira geral, pode ultrapassar os interesses regionais, como, por exemplo, aglomerados urbanos.
Assim, quando for de interesse local, o município será o responsável; porém, quando os limites e interesses
forem extrapolados, o Estado se tornará o titular da prestação de serviços. Desse modo, foram idealizadas
três vias de gerenciamento, tendo a prestação regionalizada à unidade regional dos blocos de referência a
finalidade de prestar serviços aos estados.
A ideia da formação de grupos de municípios tem como objetivo reduzir os custos, melhorar a
operacionalidade nos serviços e, consequentemente, realizar os processos de maneira mais eficiente,
gerando menores impactos no meio e buscando a universalização dos atendimentos pelos serviços de
saneamento básico. Contudo, para que isso ocorra, é necessário que sejam elaborados planos municipais ou
intermunicipais de saneamento.
Comentário
A mobilização em prol da melhor qualidade de vida e preservação ambiental é um esforço mundial. A
Organização das Nações Unidas (ONU) indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com
a finalidade proteger o planeta, acabar com a pobreza e assegurar paz e prosperidade para todas as
pessoas do mundo. É nesse pilar que o marco do saneamento de 2020 se apoia na busca pela
universalização dos serviços de saneamento básico.
1. Erradicação da pobreza.
2. Fome zero e agricultura sustentável.
3. Saúde e bem-estar.
4. Educação de qualidade.
5. Igualdade de gênero.
6. Água potável e saneamento.
7. Energia limpa e acessível.
8. Trabalho descente e crescimento econômico.
9. Indústria, inovação e infraestrutura.
10. Redução das desigualdades.
11. Cidades e comunidades sustentáveis.
12. Consumo e produção responsáveis.
13. Ação contra a mudança global do clima.
14. Vida na água.
15. Vida terrestre.
16. Paz, justiça e instituições eficazes.
17. Parcerias e meios de implementação.
De acordo com um relatório publicado em 2017 pela OMS, cerca de 98% da população, ou seja, 6,5 bilhões,
tem acesso a uma fonte de água com, pelo menos, 30 minutos. Contudo, 844 milhões de habitantes não têm
acesso nenhum à água potável, isto é, própria para consumo humano.
Criado pela Secretaria Nacional de Saneamento (SNS) do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) em
1996, o Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS) é atualmente o principal sistema de
informações sobre os serviços vinculados ao saneamento básico no Brasil. O SNIS, afinal, conta com dados
gerais separados por macrorregiões e por estados de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo
de resíduos sólidos urbanos e de águas pluviais urbanas.
Comentário
Vamos discutir um pouco sobre os percentuais de atendimento de cada serviço em relação à população
total e urbana. Estima-se que a população brasileira em 2020 fosse de 211,8 milhões, sendo 179,4
milhões residentes em áreas urbanas.
Excluindo os sistemas alternativos, cerca de 84,1% da população total e 93,4% da urbana são
atendidos, sendo o segundo serviço mais próximo do atendimento total da população.
Em 2020, a média de consumo de água por dia para cada habitante era de 152,1 litros, distribuídos em
61,7 milhões de ligações de água, sendo necessária uma rede de aproximadamente 728 mil
quilômetros. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste perfazem mais de 90% de atendimento,
enquanto o Nordeste é de aproximadamente 75% e a região Norte apresenta uma taxa de
atendimento menor que 60%.
Resíduos sólidos
O serviço de coleta de resíduos sólidos teve percentuais de atendimento em 2020 de 90,5% e 98,7 %
para a população total e a urbana, respectivamente. Sobre o manejo de resíduos sólidos urbanos em
2020, o SNIS indica que a produção per capita diária no brasil é de 1,01 quilogramas de resíduos,
totalizando 66,6 milhões de toneladas.
Desse montante, 14,6% de todo os resíduos foram destinados a lixões; 11,6%, a aterros controlados; e
73,8%, a aterros sanitários. Dos 4.589 municípios amostrados, apenas 36,3% contam com coleta
seletiva, indicando o baixo aproveitamento e a valoração dos resíduos, embora envolvam 35,7 mil
catadores.
Estima-se que, em 2020, tenha sido coletada 1,90 milhão de toneladas, passada por 1.325 unidades
de triagem que promoveram a recuperação de 1,07 milhão de toneladas.
Analisando os percentuais regionais de índice de atendimento de cada região, observa-se que 80,7%
da população é atendida na Região Norte e 83,1%, na Região Nordeste, enquanto nas regiões Centro-
Oeste e Sul esses índices sobem para 91,3, e 91,5%, respectivamente. Já o Sudeste apresenta o maior
índice de atendimento, perfazendo 96,1%.
Rede coletora de esgoto
O atendimento com rede coletora de esgoto teve percentuais de atendimento em 2020 de 55% para a
população total e de 63,2% para a urbana, configurando uma baixíssima percentagem de
atendimento. O esgotamento sanitário, mesmo com 5,89 bilhões de reais investidos em 2020, se trata
do serviço mais precário em termos de percentual de população atendida, com uma extensão de rede
coletora de 326,4 mil quilômetros e 36 milhões de ligações.
Percebe-se ainda que a média de 55% apresentada anteriormente não tem muita representatividade
quando a análise dos dados regionais é feita separadamente.
Esgotamento sanitário
Apenas 50,8% dos efluentes coletados são tratados, enquanto 49,2% dos esgotos são devolvidos ao
meio ambiente sem nenhum tratamento prévio.
Ele também é conhecido como sistema de drenagem urbana. O SNIS indica que 15,7% dos 5.570
municípios brasileiros não contam com sistemas de drenagem, enquanto 21,3% possuem um sistema
combinado. Apenas 12,0% contam com um sistema unitário, ou seja, misto com esgotamento
sanitário, e 45,3% das cidades possuem sistemas exclusivos para a drenagem das águas das chuvas.
Aprofundando-se um pouco sobre o assunto de drenagem e manejo das águas pluviais de 2020, o
SNIS mostra que 3,9% dos domicílios estão sujeitos a risco de inundação, sendo que 67,6% dos
municípios ainda não possuem mapeamento de áreas de risco. Os problemas relacionados às águas
pluviais estão intimamente associados à cobertura e à ocupação do solo, sobretudo nos centros
urbanos, onde há compactação e impermeabilização da camada superficial do solo.
Em um estudo sobre os avanços do novo marco legal do saneamento básico no Brasil, publicado em julho de
2022 (quase dois anos após a publicação do marco mencionado anteriormente), verifica-se que muitas
pessoas ainda residem em municípios com contratos irregulares para prestação de serviços de abastecimento
de água, coleta e tratamento de esgotos. O mesmo documento somente apresenta as condições econômico-
financeiras para universalização dos serviços até 2033 (TRATA BRASIL, 2022).
Em termos nacionais, a maior parcela dos municípios que apresenta situações irregulares está situada nas
regiões Norte e Nordeste, como Acre e Roraima, que apresentam 100% da situação irregular, enquanto
Maranhão, Paraíba, Pará e Piauí exibem percentuais maiores que 60% dos municípios em situação de
irregularidade (TRATA BRASIL, 2022).
Atenção
Dessa forma, entende-se que o caminho a ser percorrido até a universalização dos serviços em 2033
ainda é grande, conforme previsto no novo marco legal. Além disso, é necessário investir mais de 500
bilhões de reais até 2033, ou seja, cerca de 36 bilhões de reais deveriam ser investidos anualmente
entre o período de 2021 e 2033. Esse valor é mais que o dobro do que foi investido em 2020: 17 bilhões
(TRATA BRASIL 2022).
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Questão 1
Em relação aos conceitos de saneamento básico e saneamento ambiental, assinale a alternativa correta.
Entende-se o conceito de saneamento básico como mais abrangente que o de saneamento ambiental.
Questão 2
Não há tempo mínimo para horizonte de projeto dos serviços que compõem saneamento básico.
Considerações finais
Como vimos, o conceito de saneamento ambiental engloba não somente os serviços relacionados ao
saneamento básico, como também as práticas voltadas para saúde pública da população e do ambiente.
Para alcançar o atual estágio de desenvolvimento como espécie, o ser humano passou por dificuldades,
desastres e tragédias. No entanto, nesse processo, ele percebeu que o trabalho em conjunto e a promoção
das condições mínimas para cada indivíduo foram primordiais.
Estudamos também os serviços de drenagem urbana, manejo dos resíduos sólidos, esgotamento sanitário e
abastecimento de água potável. Além disso, observamos quão grandes são os desafios para se atingir o ideal
de 100% de atendimento em cada um desses serviços.
Podcast
Neste podcast, serão respondidas questões sobre a realidade do saneamento básico no Brasil.
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Aprofunde seus conhecimentos consultando o artigo Saneamento básico: uma avaliação sobre a atuação dos
setores público e privado no contexto de novas proposições regulatórias , publicado por Pedro Henrique
Ramos Prado Vasques em 2020 na revista GeoUerj .
Saiba como as políticas urbanas e de recursos hídricos foram formuladas e implementadas no Brasil até
janeiro de 2019 ao consultar o artigo Integração de políticas públicas no Brasil: os casos dos setores de
recursos hídricos, urbano e saneamento, de Ester Luiz de Araújo Grangeiro, Márcia Maria Rios Ribeiro e Lívia
Izabel Bezerra de Miranda, publicado no Caderno Metrópole em maio/agosto de 2020.
Assista ao vídeo Saneamento básico x saneamento ambiental: qual é a diferença, no qual Alexandre Pessoa
explica a diferença entre ambos, que são fundamentais para a promoção da saúde e a melhoria da qualidade
de vida da população. Publicado em 2020, o vídeo está disponível no canal Museu da Vida/Fiocruz, no
YouTube.
Referências
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Rio de Janeiro: ABNT, 1986.
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publicação original. Consultado na internet em: 20 set. 2022.
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seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
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o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da
Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990,
de 28 de dezembro de 1989.
BRASIL. Casa Civil. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
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