Exercícios Literatura Colonial

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Literatura

Exercícios sobre Literatura Colonial

Exercícios

1. TEXTO I
A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.
Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas
vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.
CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2009.

TEXTO II

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se
que
a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do
movimento romântico das artes plásticas.
b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o
texto é apenas fantasioso.
c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras
que sofreriam processo colonizador.
d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.
e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto
da catequização jesuítica.

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2. Texto I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-
me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam
arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […]
Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito
agradavam.
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento)
TEXTO II

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari
retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos
portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a
afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e
a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes — verbal e não verbal —, cumprem a
mesma função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um
mesmo momento histórico, retratando a colonização.

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3. Quando Deus redimiu da tirania


Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria


Àquele Povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela alta Majestade


Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro Deus,


que veio estirpar desta cidade
O Faraó do povo brasileiro.
DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos,
osoneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por

a) visão cética sobre as relações sociais.


b) preocupação com a identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

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4. A certa personagem desvanecida


Um soneto começo em vosso gabo:
Contemos esta regra por primeira,
Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo.

Na quinta torce agora a porca o rabo;


A sexta vá também desta maneira:
Na sétima entro já com grã canseira,
E saio dos quartetos muito brabo.

Agora nos tercetos que direi?


Direi que vós, Senhor, a mim me honrais
Gabando-vos a vós, e eu fico um rei.

Nesta vida um soneto já ditei;


Se desta agora escapo, nunca mais
Louvado seja Deus, que o acabei.
(Gregório de Matos)

No mundo barroco, predominam os contrastes. Partindo das ideias contidas no primeiro verso e nos
dois últimos versos do soneto de Gregório de Matos, explique a oposição básica que confere ao texto
feição satírica.

5. Soneto XIV
Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata civil correspondência
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos trasladados


No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!
(...)
Manuel da Costa, Cláudio. Poemas de Cláudio Manuel da Costa. São Paulo: Editora Cultrix.

Os textos de Cláudio Manuel da Costa estão cheios de antíteses talvez por força de sua formação
barroca. Assinale o par de elementos que constituem uma antítese.
a) Trato pastoril e paz.
b) Violência versus dissimulado.
c) Pastor e cortesão.
d) Inocência e retiro.
e) Ingrata e civil.

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Gabarito

1. C
Ambos os textos abordam a questão do indígena, que eram os nativos do território que viria a ser
denominado Brasil. A pintura dialoga com o que está escrito na carta de Caminha, representando o
indivíduo autóctone sem vestimentas, com seus apetrechos.

2. C
A carta é um documento que mostra, a partir da perspectiva do colonizador, como foi a recepção pelos
nativos. Por sua vez, a pintura coloca em primeiro plano a perspectiva dos indígenas ao se depararem
com as embarcações portuguesas chegando.

3. C
Gregório de Matos recorria, em algumas de suas obras satíricas, a críticas à forma de governo vigente e
à sociedade de sua época. Além de ter esse conhecimento, é necessário, também, perceber as metáforas
contidas no poema (como a figura do faraó).

4. No soneto, há oposição entre a proposta inicial de elogio “um soneto começo em vosso gabo” e a sua
realização e alívio em ter terminado o texto “se desta agora escapo, nunca mais; louvado seja Deus, que
o acabei.”. Assim, o autor escreve um texto de homenagem a alguém, mas não significa nada, visto que
ele tinha o que falar sobre essa pessoa e ao final, ele fica aliviado em ter terminado o poema.

5. C
A antítese, figura de linguagem que consiste na oposição de termos, se encontra na alternativa c).
Afinal, há o contraste entre a figura do pastor (um indivíduo que representa o campo) e a do cortesão
(indivíduo que representa a cidade).

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