Diagnóstico Estratégico
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Diagnóstico Estratégico
Propósito
Compreender os principais conceitos relacionados ao planejamento estratégico com vistas a permitir sua
aplicabilidade, sob a ótica de gestor, colaborador ou público externo, em diferentes contextos organizacionais
contemporâneos.
Objetivos
• Distinguir as etapas fundamentais do planejamento na gestão estratégica.
• Empregar os conceitos de análise interna dentro do planejamento estratégico.
• Empregar os conceitos de análise externa dentro do planejamento estratégico.
Introdução
Vivemos em um mundo no qual a competição é cada vez mais acirrada, portanto pensar estrategicamente é
fundamental para a continuidade das empresas. Isso significa ter visão de longo prazo, conhecer sua empresa
e seu mercado de atuação e, principalmente, diferenciar-se de seu concorrente por meio da entrega de maior
valor agregado para seu público-alvo (clientes).
Para tanto, é necessário entender os principais conceitos sobre esse relevante tópico, discutido em diversas
disciplinas relacionadas à gestão. Isso envolve conhecer as famosas etapas do planejamento estratégico de
uma organização, quais sejam: diagnóstico, formulação, implementação e controle. Além disso, é necessário,
por exemplo, notar que a fase de diagnóstico dentro do planejamento estratégico é composta pelas análises
internas − nas quais olhamos “para dentro” de nossa organização − e pelas análises externas − nas quais
olhamos para nosso mercado, em especial para nossos concorrentes e clientes.
Esses são os principais ganhos trazidos por este material didático, desenhado para que você possa conhecer
os elementos norteadores do planejamento estratégico para a tomada de decisão.
1. Etapas do planejamento na gestão estratégica
Um pouco da história
O campo da estratégia tem origem militar, origem esta que pode ser explicada por meio da própria etimologia
do termo estratégia, em que Strategos vem de Strato (exército) e Agein vem de comando. Uma das formas de
interpretarmos o termo é, portanto, como “comandante do exército”.
ARISTÓTELES
Trazendo essas reflexões para o campo da Administração, temos o novo contexto econômico e social exigido
das organizações no período Pós-Guerra:
Essas exigências decorrem, principalmente, do fato de que o foco exclusivo na eficiência não era mais
suficiente para garantir o sucesso do negócio, principalmente no longo prazo.
Posto de outro modo, o acirramento da concorrência pode ser visto como um dos principais fatores que
motivou um olhar estratégico por parte das organizações e por parte dos teóricos do campo da
Administração.
De acordo com Bueno (2014), o ambiente competitivo aumenta a pressão para que o gestor conheça e aplique
cada vez mais e melhor as ferramentas de gestão que auxiliam na leitura de cenários, na identificação de
oportunidades e de pontos de melhoria de seus recursos e de seu desempenho. Esse processo, visivelmente
autoalimentado, estará sempre presente nas organizações e diz respeito à administração estratégica de seus
negócios.
Dentro desse panorama, o planejamento estratégico procura responder a três perguntas básicas, que serão
tratadas como tópicos deste módulo.
Oportunidades e ameaças
O modelo das cinco forças permite avaliar se determinado setor ou indústria tem alta, média ou baixa
rentabilidade ou lucratividade.
Não é foco deste módulo tratar exaustivamente deste modelo, mas você deve saber que ele parte do
pressuposto de que o poder de negociação dos clientes, o poder de negociação dos fornecedores, a ameaça
de produtos substitutos aos seus, a ameaça de novos concorrentes entrantes no mercado e a rivalidade entre
os concorrentes já existentes estão entre as cinco forças que irão determinar quão lucrativo será esse
mercado.
Atenção
Destaca-se que quanto mais lucrativo for o mercado, maior será a probabilidade de surgimento de
concorrentes. Nem sempre, porém, isso será possível, devido ao que chamamos de altas barreiras de
entrada, que podem estar associadas a dificuldades financeiras, logísticas, reputacionais, tecnológicas,
legais, entre outras, que podem dificultar ou inviabilizar a entrada de novos concorrentes. Esse é o
mundo dos sonhos de qualquer empresa: estar em um setor altamente lucrativo no qual novos
concorrentes não podem florescer.
Além das cinco forças, uma empresa, em sua análise externa de mercado, deve realizar também a chamada
análise do macroambiente.
Essa análise observa, por exemplo, os aspectos políticos, econômicos, sociais, tecnológicos e legislativos que
podem interferir, positiva ou negativamente, em sua atividade. Note que não estamos tratando somente de
clientes, concorrentes e fornecedores, mas sim de variáveis que também devem ser mapeadas pela empresa,
e que se caracterizam por serem de difícil ou nenhum controle por parte da organização (um exemplo extremo
seria o Brasil entrar em guerra com outro país, decisão que cabe ao Governo Federal, não a uma empresa
específica).
É necessário, portanto, que o profissional da gestão esteja sempre atento a essas variáveis: são as chamadas
ameaças e oportunidades. As ameaças são fatores que vêm do ambiente externo da empresa e que
prejudicam sua atividade (e sobre os quais a empresa tem pouco ou nenhum controle de gestão). As
oportunidades são fatores que vêm do ambiente externo da empresa, sobre os quais também não há
ingerência direta por parte da empresa, mas que acabam por ajudar em sua atividade.
A análise interna, por sua vez, pode ser realizada ao olharmos para os seguintes itens:
Processos organizacionais Cadeia de valor
Forças e fraquezas
Em processos organizacionais, realizamos uma análise olhando para dentro do “escritório de decisões” da
empresa. São elementos que podem ser diretamente geridos e controlados pela organização e que,
consequentemente, impactarão em seu resultado. Em uma fábrica, por exemplo, devemos verificar se
produzimos em velocidade adequada, com margem de erro aceitável e evitando desperdícios excessivos. O
diagnóstico, assim como em uma visita ao médico, é fundamental para sabermos que “tratamento daremos ao
paciente”. É necessário, portanto, identificar os problemas a serem tratados antes de partirmos para possíveis
soluções.
A essa altura você deve ter notado a complexidade da realização de um bom planejamento estratégico para
as organizações. É de fato um processo complexo e que deve ser tratado do modo mais profissional possível
pelas empresas, posto que, sem método, não é possível ter um bom planejamento.
Os objetivos devem ser seguidos de metas que nos ajudem a quantificá-los. Por exemplo: o objetivo é
aumentar as vendas, enquanto a meta associada é aumentar as vendas de meu salão de beleza localizado na
unidade do bairro da Tijuca em 10% ao mês pelos próximos três meses. Note que a meta traz números e
prazos, o que facilita o comprometimento com o objetivo, além de tornar mais fácil sua mensuração.
Atenção
Os grandes objetivos da empresa indicam quais resultados esta deveria alcançar como parte do
cumprimento de sua missão enquanto organização.
O intuito deste módulo não é o de esgotarmos a discussão sobre missão organizacional, mas, por ora, é
importante que você tenha em mente que ela ilustra aspectos como: o que a empresa é, o que faz, para quem
faz, como e onde o faz. Em outras palavras, a missão ilustra o propósito da organização, e não há
planejamento estratégico sem uma boa missão e sem grandes objetivos traçados. Ela é geralmente definida
em etapa posterior ao diagnóstico de mercado realizado pela empresa.
Nível corporativo
Que envolve decisões sobre: em quais indústrias competir; o grau de integração vertical da minha
empresa; em quais países ou regiões atuar; gestão integrada e alocação de recursos entre as
unidades de meu negócio; possibilidades de alianças, fusões e aquisições.
Que envolve decisões sobre: a escolha dos segmentos de clientes; o pacote de atributos a oferecer
ao mercado e seu respectivo nível de desempenho; o nível relativo de preços e a estrutura de custos
da organização.
Nível funcional
Que envolve decisões dentro de áreas centrais da empresa, como: Produção, Logística, Finanças,
Recursos Humanos, P&D, Marketing, Comercial, Jurídico, Regulatório, Tecnologia da Informação,
Inteligência de Mercado, entre outras que variarão de negócio para negócio.
Dentro dessa discussão sobre formulação da estratégia, podemos adotar o esquema a seguir, que nos ajuda a
decidir sobre duas questões-chave: como e onde competir.
O que esse esquema ilustra, substancialmente,
é que em um cenário no qual a atratividade da
indústria em que se quer atuar é alta (quando
estamos diante de mercados bastante
lucrativos, como o setor farmacêutico, por
exemplo) e a posição é de desvantagem frente
aos concorrentes, deve-se tomar uma decisão
sobre onde competir dentro desse grande
setor. Podendo, nesse caso, optar por atuar
com medicamentos de preços mais populares e
de produção em larga escala.
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Verificando o Aprendizado
Questão 1
Sobre planejamento estratégico e suas etapas norteadoras, julgue a veracidade das seguintes afirmações:
I. A estratégia no nível corporativo refere-se às áreas funcionais da empresa, tais como marketing, recursos
humanos, finanças, entre outras.
II. A formulação dos objetivos e da missão da empresa ocorre na fase de diagnóstico de mercado dentro do
planejamento estratégico.
I e II
I e IV
C
II e IV
III e IV
II e III
Questão 2
Sobre planejamento estratégico e suas etapas norteadoras, julgue a veracidade das seguintes afirmações:
II. A análise interna da empresa ocorre na fase de diagnóstico de mercado dentro do planejamento
estratégico.
IV. Os objetivos podem ser vistos como metas que são quantificados e que costumam ter prazo bem definido
para que sejam cumpridos.
I e II
I e IV
C
II e IV
III e IV
II e III
• Isso nos ajuda a diferenciar os ambientes interno e externo nas organizações. Note que sobre o
ambiente externo eu tenho, enquanto empresa, pouco ou nenhum controle. A inflação de um país, por
exemplo, está fora do alcance da capacidade de gestão de uma organização.
• Assim ocorre também com outros aspectos do macroambiente organizacional, como as alíquotas dos
impactos, os desastres naturais, a alta do dólar, uma mudança nas leis trabalhistas e assim por diante.
• Todos esses elementos dizem respeito às decisões que não são tomadas no âmbito interno da
empresa, diferentemente do que ocorre com o preço que pratica, o número de funcionários que possui,
sua missão e sua estratégia adotada, que dizem respeito ao seu ambiente interno.
Vimos no início deste módulo que a análise interna trata basicamente de forças e fraquezas de uma empresa,
mas o que seriam estas? É muito simples:
Forças
Fraquezas
Lembre que sobre o ambiente externo a empresa tem pouco ou nenhum controle, enquanto sobre o ambiente
interno a empresa tem bastante controle de gestão.
• Características e atributos;
• Reputação e marca;
• Qualidade;
• Amplitude e profundidade da linha;
• Serviços ao cliente.
Operações
Pesquisa e inovação
Revenda e distribuição
Marketing e vendas
• Cultura;
• Comunicação e fluxo da informação;
• Propensão/ aversão ao risco;
• Consistência entre estrutura organizacional e estratégia;
• Flexibilidade.
Empregados
Financeiro
• Capacidade de endividamento;
• Gerência de estoques e de contas a pagar/receber;
• Exposição a flutuações (taxas de juros e de câmbio);
• Suporte da matriz.
Base de clientes
• Tamanho e fidelidade;
• Market share atual e taxa de crescimento;
• Sensibilidade a preço.
Relacionamentos externos
Note que esses tópicos compõem as fortalezas da empresa − quando esta as possui − ou suas fragilidades −
quando os concorrentes “passam em sua frente” ou quando deixam de cumprir certas exigências básicas de
mercado.
Reflexão
Imagine, de forma fictícia, uma usina de açúcar e álcool localizada no estado do Rio de Janeiro. Quais
seriam seus pontos fortes e seus pontos fracos?
Forças Fraquezas
Administração profissionalizada
Note que a análise do ambiente interno dessa empresa nos leva a concluir que ela possui mais pontos fortes
em sua atuação do que pontos fracos, o que não significa dizer, necessariamente, que ela está com vantagens
sobre seus concorrentes. Para tal afirmação teríamos, obviamente, que investigar os pontos fortes e fracos
deles, missão conduzida pela análise externa de mercado, não pela análise interna.
Atenção
Um erro comumente cometido pelos gestores, ao analisarem as fortalezas e as fraquezas de suas
empresas, é o de partirem do pressuposto que cada ponto forte e cada ponto fraco possuem mesmo
peso em sua atuação. Isso nunca será verdade! Posto de outro modo, há sempre categorias de forças e
de fraquezas que se destacam sobre as demais.
Um sistema informatizado não tem, por exemplo, o mesmo peso no mercado do que baixos custos de
produção. É necessário, portanto, conhecer muito bem a realidade de sua empresa para compreender o peso
de cada força e de cada fraqueza.
Exemplo
Uma pizzaria que interpreta que o ótimo sabor de suas pizzas é um ponto forte igual em importância ao
tipo de forno utilizado. Ora, ambas as variáveis são relevantes, mas todo negócio deve ser capaz de
compreender quais são suas fragilidade e fortalezas essenciais. Alguns teóricos da Administração dão a
isso o nome de fatores críticos de sucesso, que são aqueles que podem impedir o êxito do negócio. Os
fatores críticos, nesse caso, seriam a qualidade de suas pizzas, a adequação do preço às expectativas
dos clientes, a higiene do estabelecimento, entre outros fatores que − caso não sejam atendidos −
podem levar ao fim do negócio.
Uma empresa deve se ver, portanto, não apenas como um portfólio de produtos/serviços, mas também de
competências essenciais. É desse modo que poderá explorar seus pontos fortes e minimizar suas fraquezas.
Os produtos/serviços comercializáveis são os frutos visíveis, ou seja, a forma pela qual determinados
benefícios são oferecidos ao mercado. As competências essenciais são as raízes, que levam ao
desenvolvimento de (novos) frutos.
Verificando o Aprendizado
Questão 1
Sobre a análise do ambiente interno das organizações, julgue a veracidade das seguintes afirmações:
I. A empresa possui maior controle de gestão dentro de seu ambiente interno de atuação quando comparado
ao ambiente externo.
II. As fraquezas das empresas podem ser vistas como limitações impostas pelo mercado que dificultam o
desenvolvimento ou a implementação da estratégia, e são de pouca ou nenhuma capacidade de gestão por
parte da empresa.
III. Dentro da análise interna, devemos olhar com especial atenção para o macroambiente da empresa.
IV. Todas as forças e fraquezas da empresa devem ter a mesma importância em seu mercado de atuação.
II
I e IV
III e IV
III
Questão 2
Sobre a análise do ambiente interno das organizações, leia as seguintes categorias de análise:
I, II, III e VI
I, II e IV
II, V, VI e VII
I, II e III
Bueno, 2014.
Fornecedor e cliente exercem pressão de formas variadas, que intensificam a disputa competitiva entre as
organizações de determinado setor (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2008).
As organizações também são pressionadas pela maior ou menor dificuldade de entrar em um setor ou de sair
dele. O grau de atratividade também é uma variável determinante do grau de concorrência existente e indica a
possibilidade de produtos e/ou serviços similares oriundos de outros setores de atividades substituírem os
produtos e/ou serviços de um segmento específico. Com efeito, essas variáveis determinam o nível de
competitividade de um setor e são a base para o modelo de Michael Porter (1998), que vai orientar a escolha
da estratégia de negócios.
Olhar para o ambiente externo das empresas é, por vezes, olhar para sua indústria de atuação. Mas você sabe
o que é indústria nesse sentido?
• Um grupo de ofertantes de produtos/serviços concorrentes que sejam (na percepção dos potenciais
clientes) substitutos entre si, como um medicamento de farmácia tradicional X tratamentos de saúde
alternativos.
• Um grupo de fornecedores de uma gama qualquer de produtos que sejam adquiridos por uma
determinada classe de clientes, independentemente de esses produtos serem substitutos entre si ou
não. Ex.: a indústria de defesa, no sentido de se ter as Forças Armadas como cliente.
• Um grupo de fornecedores baseados em uma disciplina ou ramo do conhecimento comuns. Ex.:
engenharia, indústrias químicas.
• Um grupo de fornecedores que se utilizam de um tipo de matéria-prima ou de insumos comuns. Ex.: a
indústria de plásticos.
Para compreendermos a estrutura de uma indústria, podemos utilizar a ferramenta denominada cinco forças
de Porter (1996), também conhecida como cinco forças da indústria, conforme segue:
Pela figura, notamos que há três determinantes da rentabilidade potencial de uma indústria, quais sejam:
• Fornecedores;
• Compradores;
• Concorrentes atuais e potenciais, sendo organizados em:
1. concorrentes já atuando na indústria;
2. entrantes potenciais;
3. concorrentes de fora da indústria que produzam ou possam vir a produzir produtos/serviços
substitutos.
Dica
A esses três fatores poderia ser acrescentado um quarto relativo às empresas que, embora não
concorrendo pelos mesmos clientes da indústria, concorrem pelo acesso aos recursos-chave (exemplo:
localização, matérias-primas, canais de distribuição). Poderia também ser acrescentada a análise dos
complementadores.
Segundo Porter (2004), o conjunto dessas forças determina o potencial de lucro final no setor, que é medido
em termos de retorno de longo prazo sobre o capital investido. Os setores diferem em seu potencial de lucro
final à medida que o conjunto das forças de competitividade entre suas organizações variam de um setor para
outro.
Bueno (2014) explica que, para o autor, clientes, fornecedores, potenciais novos concorrentes e produtos
substitutos são todos competidores que podem exercer maior ou menor pressão sobre as organizações do
setor.
As próprias organizações concorrem entre si e são a quinta força competitiva a ser analisada.
Juntas, essas cinco forças formam um conjunto que dirige a concorrência em cada setor de
atividade específico.
Adiante, cada uma dessas forças será analisada e terá explicada suas características e o tipo de pressão que
exercem no ambiente competitivo.
A análise da estrutura da indústria, por meio do modelo das cinco forças, serve a dois propósitos:
• Identificar quais fatores tendem a influenciar a intensidade de cada força em uma dada indústria em
particular;
• Identificar ações que a empresa pode empreender de forma a se posicionar melhor em relação aos
fatores influentes:
◦ modificando as forças a seu favor;
◦ desenvolvendo uma posição de custos mais baixos que seus concorrentes ou maior grau de
diferenciação, de forma a se proteger da pressão por preços baixos;
◦ selecionando um segmento da indústria no qual as forças da estrutura da indústria sejam menos
intensas.
Outro caminho é a empresa se “libertar” das fronteiras tradicionais da indústria, por meio da identificação de
novas necessidades dos clientes ou de novas formas de atender a elas, inclusive com reconfiguração da
cadeia de atividades.
O modelo das cinco forças pode não ser suficiente para entender a dinâmica competitiva de um
setor. Deveriam ser considerados os relacionamentos das empresas, por exemplo, com os governos,
com as mudanças tecnológicas e com o crescimento da demanda de mercado.
Depois de mais de vinte anos de uso e após receber muitos elogios e críticas, o próprio Michael Porter
comenta sobre uma sexta força: o governo. Essa força exerce pressão sobre as demais e contribui para o
aumento ou a diminuição da competição e o fortalecimento ou enfraquecimento de uma ou mais forças por
meio de regulamentação e fiscalização dos agentes envolvidos em cada setor de atividades.
Alguns setores recebem maior pressão do governo, presença que deve ser levada em consideração.
Bueno, 2014.
Mas Porter (2004) reluta em acrescentá-la ao seu modelo, pois alega que o governo não é uma natureza
competitiva, uma vez que seu papel é de regulação e monitoramento, e não de competição. Por isso, ele
advoga que a instância governamental age pressionando as cinco forças e seu papel e influência devem ser
entendidos por meio delas, e não como uma ação direta e específica para a organização.
Mas, apesar das aparentes fragilidades, o modelo porteriano é um dos mais reconhecidos no contexto da
gestão empresarial. Vamos tecer algumas considerações sobre as principais forças que o compõem:
Substitutos
Representam uma real ameaça se: exibem melhor relação preço-desempenho (isto é, preço e custos
pessoais em relação aos atributos oferecidos ou às necessidades atendidas) do que os produtos/
serviços que eles poderiam substituir; compradores têm baixos custos de mudança; comprador já
está propenso a trocar de fornecedor.
Fornecedores
São poderosos se: há significativa diferenciação entre os insumos fornecidos; não há insumos
substitutos; custos de mudança dos fornecedores são menores que os das empresas da indústria;
são relativamente concentrados (menos fornecedores do que empresas na indústria); volume de
vendas para cada empresa é pouco significativo; há alto impacto dos insumos sobre a diferenciação
das empresas da indústria; há baixo impacto dos insumos sobre o custo das empresas da indústria;
podem se integrar verticalmente para a frente mais facilmente do que as empresas da indústria para
trás.
Compradores
São poderosos se: há insumos/produtos /serviços substitutos; custos de mudança dos compradores
são menores que os das empresas da indústria; são relativamente concentrados (menos compradores
do que empresas na indústria); volume de compras de cada comprador é significativo; podem se
integrar verticalmente para trás mais facilmente do que as empresas da indústria para a frente;
possuem mais informações sobre as empresas na indústria (custos, alternativas, preços) do que estas
sobre os compradores.
Além dos aspectos já mencionados, destaca-se que em mercados que concorrem por preço, com margem de
lucro reduzida, a rivalidade entre os concorrentes tende a ser mais acirrada.
Na esfera econômica
Podemos trazer: inflação; taxas de juros; crescimento do PIB; abertura e liberalização da economia;
balança de pagamentos; desvalorização da moeda; mercado de capitais; distribuição de renda; nível
de poupança; padrão de gastos; oferta de crédito.
Na dimensão tecnológica
Temos: ciclo de vida da tecnologia existente (taxa de obsolescência); perspectivas de inovações
tecnológicas; orçamento P&D do país; desenvolvimento/transferência de tecnologia pelo país;
incentivos governamentais; regime de marcas e patentes; acesso à informação; e-business.
Na dimensão social
Temos: situação socioeconômica de cada segmento da população; nível de emprego; situação
sindical; nível de especialização da mão de obra; estrutura social de poder; religião; papel dos
gêneros; violência urbana.
Na esfera cultural
Temos: linguagem oral e escrita; escolaridade; veículos de comunicação de massa; subculturas;
movimentos (hippies, yuppies, saúde, misticismo); relação das pessoas com os outros, consigo
mesmas, com as instituições, com a sociedade, com a natureza, com a religião, com o tempo; rejeição
a determinadas culturas.
Na dimensão política
Em sentido amplo, temos: fiscal e tributária; monetária; preços e gastos públicos; distribuição de
renda; relações internacionais; estabilidade das regras e instituições; estrutura de poder; estatização
e regulamentação; grupos de pressão; relações internacionais; globalização X blocos regionais.
Na esfera legal
Temos: área tributária; área trabalhista; área comercial; legislação societária; proteção da
concorrência (leis antitruste); proteção do consumidor; órgãos reguladores; regulação do capital
estrangeiro; exportação e importação.
Na dimensão ecológica
Temos: índices de poluição; legislação ambiental; papel do governo na proteção ambiental;
consciência ecológica; tendências internacionais de restrições ambientais.
A essa altura você deve ter notado que há diversas variáveis a serem levadas em consideração quando o
assunto é análise do macroambiente da empresa. Pois essa análise é ainda mais complexa, posto que há
outras variáveis que pertencem ao macroambiente e que não foram listadas neste material, que trouxe
algumas das principais.
Verificando o Aprendizado
Questão 1
Trata-se de uma ferramenta de gestão utilizada para analisar o ambiente externo da empresa, no âmbito de
sua indústria.
Trata-se de uma ferramenta que permite inferir como se dá a relação da empresa com o governo local.
Dentro desta análise, quanto maior é o poder de barganha dos clientes e dos fornecedores maior será,
também, a lucratividade das empresas que atuam no setor.
Esta ferramenta é especialmente útil para olharmos “para dentro” das empresas atuantes em determinado
mercado.
Trata-se de uma ferramenta de gestão utilizada para analisar o ambiente interno da empresa, no âmbito de
sua indústria.
Questão 2
(Modificado com base em: 2014 – IADES – CONAB − Administração) No que tange à análise do macro e do
microambiente, assinale a alternativa correta:
A
Market share, custos e número de atendimentos são fatores do macroambiente.
O macroambiente, nos aspectos políticos, pode ser analisado pela ferramenta cinco forças de Porter.
Considerações finais
No decorrer deste tema, tratamos principalmente da etapa de diagnóstico dentro dos conceitos sobre
planejamento estratégico. Nessa discussão, vimos que as análises dos ambientes interno e externo são
fundamentais para que a empresa possa mapear suas oportunidades no mercado de atuação, para posterior
formulação de sua estratégia.
Vimos também que não devemos confundir os conceitos de ambiente externo com a noção de
macroambiente, e que há diversas variáveis que devem ser levadas em conta em nosso processo de
diagnóstico da indústria. Para isso, podemos adotar, entre outras ferramentas, o modelo das cinco forças de
Porter, mesmo que este não trate de forças que compõem o chamado macroambiente das organizações.
Com este tema, acreditamos que você terá as informações necessárias para uma rica reflexão sobre
estratégia nas organizações, o que também possibilitará seu preparo para a ação.
Podcast
Para encerrar, ouça agora um resumo dos principais pontos abordados neste conteúdo.
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Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, assista ao filme Fome de poder, dirigido por John Lee
Hancock, para conhecer a história da ascensão do McDonald's. Note como o empresário Ray Kroc realizou o
diagnóstico estratégico do mercado de atuação da empresa e formulou uma estratégia vencedora para a rede.
Referências
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