1GE202 - 2023 - 24 - Caso Lux Led - Enunciado
1GE202 - 2023 - 24 - Caso Lux Led - Enunciado
1GE202 - 2023 - 24 - Caso Lux Led - Enunciado
2023/24
Caso
LUX-LED
Parte A
Nunca pensei que houvesse tantas formas de calcular o custo dos nossos
produtos. Até aqui limitava-me a olhar para as listagens que o Departa-
mento de Contabilidade de Gestão nos enviava e via-as como objetivas. Os
números têm esse dom, não é? Agora percebo que esta questão é algo mais
complicada e, ao que parece, algo subjetiva.
1. Introdução
A reunião de “apresentação dos novos custos dos produtos” estendia-se há já algumas horas e não tinha
um final à vista. Paulo C., diretor comercial da Lux-Led - uma empresa dedicada à produção e
comercialização de focos de iluminação - não se conformava com a lista de custos unitários dos produtos
apresentada pelo novo responsável pela contabilidade de gestão. Segundo o diretor comercial, esta lista
obrigava a repensar totalmente a política comercial e de pricing da empresa, já que apresentava
diferenças consideráveis face à de anos anteriores no que diz respeito aos custos dos 6 tipos de produtos
que constituíam o seu portfolio: os focos “Alfa”; “Beta”; “Gama”; “Delta”; “Epsilon” e “Zeta”.
O Diretor da Contabilidade de Gestão, Jorge C.G., recentemente contratado, concebeu um novo sistema
de custeio dos produtos que substituiu o tradicionalmente utilizado na organização. Segundo o Diretor
Geral, Nuno D.G., o sistema que anteriormente usavam tinha sido um dos fatores que conduzira a
organização à situação difícil em que atualmente se encontrava. Os resultados da empresa tinham
registado uma quebra acentuada desde 2016, e a “gota de água” surgiu quando, para o exercício de 2018
e pela primeira vez desde o início da atividade da empresa em meados dos anos 90, foi reportado um
prejuízo (vide Quadro 1).
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Como o quadro seguinte permite perceber, não se registaram, naquele triénio, variações significativas do
volume de atividade nem do volume de negócios já que, por razões conjunturais e de política comercial,
se tinha optado também por não alterar os preços de venda:
2016
2017 Preço de venda unitário 14,50 12,00 18,00 16,00 12,75 16,00
2018
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Os valores obtidos desta forma para os três últimos anos, foram os seguintes:
Não tem sentido repartir os “outros custos industriais” pelos produtos com base nos
consumos das matérias-primas. Rapidamente percebi, quando comecei a falar com
as pessoas da fábrica e a analisar o processo produtivo, que os produtos mais dispen-
diosos em materiais não são necessariamente os que utilizam mais mão-de-obra e
horas de equipamento. E são classes de custos materialmente relevantes. Por
exemplo, os gastos com pessoal industrial são cerca de 85% do total dos gastos com
pessoal. E os custos com mão-de-obra das linhas produtivas representaram cerca de
69% dos gastos com pessoal industrial. Logo, o meu esforço foi o de recolher
informação sobre a mão-de-obra direta e reconhecer que esta era uma melhor base
de repartição.
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Em resumo:
não alterei o processo de cálculo dos custos unitários dos produtos em termos de
“matérias-primas”;
criando uma nova rubrica contabilística de custos, autonomizei e calculei o custo
unitário dos produtos em termos de “mão-de-obra direta”;
a parcela remanescente de gastos industriais (que continuei a chamar de “outros
gastos industriais”) foi então repartida pelos produtos com base nos consumos
de mão-de-obra direta, calculando assim uma última rubrica: o custo unitário do
produto em termos de “outros gastos industriais”.
Jorge C.G. recalculou os custos de 2016, 2017 e 2018 tendo por base este novo modelo:
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Pretende-se que:
1. Reconstitua o cálculo dos custos unitários na hipótese de não se ter alterado o sistema
de custeio, i.e., tal como se calculavam em anos anteriores;
2. Reconstitua os cálculos que conduziram aos custos dos produtos em termos de “matérias-
primas”, “mão-de-obra direta” e “outros gastos industriais” no novo sistema
implementado por Jorge C.G;
3. Avalie criticamente as mudanças introduzidas por Jorge C.G. no sistema de custeio utili-
zado na Lux-Led.
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Parte B
Entretanto, no final de uma outra reunião em que estiveram ambos presentes, Paulo C. e Jorge
C.G. voltaram a trocar impressões sobre o tema do sistema de custeio:
Paulo C.: ... aliás, que garantia tenho eu de que estes novos custos são fiáveis? Não
haverá ainda melhores formas de calcular os custos? É que, meu caro, perdi
a confiança na informação que me chega sobre custos.
Jorge C.G.: O meu plano era exatamente o de refinar ainda mais o sistema de custeio
no próximo ano. Já tenho, aliás, ideias para isso. Mas tem razão: talvez seja
melhor tentar fazê-lo desde já e testar novas soluções com base nos dados
de 2018. Assim esclarecemos as dúvidas de uma vez. Vou desde já
trabalhar com o departamento de contabilidade financeira para recolher a
informação necessária.
No dia seguinte, o diretor geral e o diretor industrial conversaram também sobre o assunto. Rui
Indu teve uma ideia que o Diretor Geral Nuno D.G. acolheu com entusiasmo:
Rui Indu: Um meu colaborador, o Sérgio F., esteve recentemente a frequentar uma
formação em que foram apresentadas formas de custeio alternativas e, ao
que parece, inovadoras. Na semana passada até me esteve a mostrar os
esboços de umas simulações que tinha feito e as conclusões pareceram-me
interessantes. O que acha se lhe pedir que desenvolva e sistematize esses
esboços?
Nuno D.G.: Ótima ideia. Este tema é tão importante que será fundamental chegar a uma
solução fiável e consensual de uma vez por todas. Vou marcar uma reunião
para analisarmos os resultados e pressupostos dos dois estudos (desse e do
que o nosso homem da contabilidade de gestão está a desenvolver). Apenas
lhe peço que o Jorge C.G. não saiba para já deste trabalho paralelo...
Rui Indu: Combinado. Prometo que a informação será recolhida apenas na minha
área.
Assim, na sequência da reunião de “apresentação dos novos custos dos produtos” e das conversas
atrás relatadas, foram conduzidos dois estudos sobre os custos dos diferentes produtos.
Apresentam-se em anexo esses estudos.
Pretende-se que:
1. Reconstitua os cálculos que conduziram aos custos apresentados nos dois estudos;
2. Comente criticamente as duas propostas e aprecie as vantagens e desvantagens de ambas
as soluções.
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Pressupostos e comentários:
1. Princípio geral adotado: os custos da Lux-Led foram repartidos numa lógica departamental.
Os custos dos departamentos industriais produtivos ou principais (ou a eles alocados,
atendidos os serviços que lhes são prestados pelos departamentos auxiliares industriais),
foram depois repartidos pelos produtos com base no tempo normal de mão-de-obra utilizado
na respetiva produção.
2. Foi recolhida alguma informação e foram realizadas diversas estimativas para distribuir
custos pelas várias áreas e departamentos. Seria impraticável reconstituir de forma exata
uma contabilidade de custos para um ano inteiro. Para 2019 o sistema de informação será
preparado, e será criado um conjunto de procedimentos, que permitirão obter a informação
exata necessária.
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Quadro JCG-1
4. Critérios para repartição dos custos dos centros auxiliares pelos centros principais:
Quadro JCG-2
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Minutos totais:
Produtos-base 130 500,0 80 000,0 252 525,0 132 000,0 167 062,5 218 400,0 980 487,5
Montagem 43 500,0 180 000,0 72 150,0 220 000,0 556 875,0 420 000,0 1 492 525,0
Acabamentos 43 500,0 60 000,0 36 075,0 88 000,0 389 812,5 425 600,0 1 042 987,5
217 500,0 320 000,0 360 750,0 440 000,0 1 113 750,0 1 064 000,0 3 516 000,0
Quadro JCG-3
Custo industrial - produto (€) 9,589 9,827 15,835 11,865 12,200 16,192
Conclusões:
- Confirmam-se as conclusões anteriores: um sistema mais refinado gerou custos muito
idênticos, não havendo pois lugar a mais dúvidas sobre a qualidade dos custos apresentados;
- Próximos passos: implementar um sistema que permita uma segura distribuição de custos por
departamentos e recolha de informação sobre serviços prestados por esses departamentos.
Quadro JCG-4
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Notas prévias:
O estudo aqui apresentado tem como princípio de base a análise tão exaustiva quanto
possível das atividades desenvolvidas na área fabril;
2. Identificação dos indutores de custos nessas Conversas informais com os diretores e outros
atividades elementos dos vários departamentos
4. Utilização dos indutores pelos produtos Idem, mais alguma informação disponível
Quadro SF-1
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Custo industrial - produto (€) 9,763 12,451 15,420 11,103 11,261 16,499
Quadro SF-2
Comentários:
Não esquecendo a precaução com que os números apresentados devem ser en-
carados, crê-se, ainda assim, que um sistema de custeio baseado no modelo apre-
sentado constitui um claro refinamento face ao modelo atual;
Caso o modelo aqui apresentado seja considerado adequado e se decida pela sua
adoção, será necessário torná-lo mais fiável e preciso, o que implicará fortes in-
vestimentos nos sistemas de recolha e tratamento de dados.
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Departamentos Objeto
Atividade Custos Indutor de custos
envolvidos significativo
Quadro SF-3
Destino
Origem P ro duç ã o do
P re pa ra ç ã o
c o m po ne nt e s M o nt a ge m V e la t ura E m ba la ge m
c o rpo do f o c o
e lé t ric a s
Aprovisionamento de mat.primas 10 121 9 991 567 5 235 2 342
M anutenç ão 5 111 6 543 6 987 8 999 3 149
Quadro SF-4
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1GE202 – CONTABILIDADE DE GESTÃO
Indutor custo p/
Atividade Custos unid. de
Unidade Quantidade indutor
Produção do corpo do foco Horas de MO 39 252 97 354 2,48
Preparação das componentes elétricas Horas de MO 26 325 75 255 2,86
M ontagem Horas de MO 29 484 70 144 2,38
Velatura Horas máquina 8 095 59 998 7,41
Embalagem Horas de MO 8 418 39 807 4,73
Gestão e manuseamento de stocks Nº de requisições 1 450 19 287 13,30
Nº ordens
Emissão de ordens de produção 1 295 44 121 34,07
produção
Realização de testes Nº de testes 750 34 725 46,30
Nº unid.
Outros 141 075 109 688 0,78
produzidas
Quadro SF-5
Quadro SF-6
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