Um Amor para Recomeçar

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Livro registrado no site Avctoris : Essa é uma obra de ficção.

Nomes,
personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.

Todos os direitos reservados.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°.


9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Título: Um amor para recomeçar

Ano de Publicação: 2021

Gênero: Romance

Escritora: Karollyn Adriane

Diagramação e revisão: Karollyn Adriane Designe da capa : Ester


Costa
mãe e pai , obrigado por sempre

acreditarem em mim ♡

“Um livro é como um portal para outra vida, ele liberta nossa mente e
nos leva em lugares onde nossa imaginação não tem limites.”

Karollyn Adriane

Sinopse:

Após sofrerem um grave acidente, Sofia perde o seu noivo. Sozinha


ela precisará lidar com a dor e seguir em frente.

Ela não esperava conhecer Gabriel, um neurologista que cuida dela


com todo carinho. O

destino fará de tudo para unir os dois, agora ela terá que tomar a
maior decisão de sua vida e deixar o passado para trás.
Uma história de amor e fé, onde Sofia descobre a si mesma, e tenta
confortar seu coração ajudando aqueles que mais precisam.

Capítulo 1

Sofia

O dia estava extremamente agradável, o tempo ensolarado e uma


brisa suave batia na janela do meu quarto. Levanto e escuto um
barulho vindo da cozinha, como sempre Alex já havia levantado e
preparado o café da manhã.

— Bom dia meu amor – digo enquanto me aproximo e lhe dou um


beijo.

—Bom dia, não era para você ter levantado, já estava preparando
tudo para levar o café da manhã na cama para você.

— Que amor - abraço ele — Eu amo que meu noivo seja tão
romântico.

Sento na mesa, enquanto ele me serve uma xicara de café com leite.

— Hoje estava pensando em passearmos um pouco, que tal um


piquenique?.
— Seria maravilhoso.

Mais tarde naquele dia:

Aproveitando cada momento juntos, já que logo acabaria o final de


semana, estávamos muito ocupados com o trabalho que quase não
tínhamos tempo para ficarmos juntos. O que eu não sabia, é que
essa seria a ultima vez que o veria.

A última lembrança que tenho daquele dia era Alex dirigindo, ao som
da música Livin’on a Prayer, ele cantava e sorria para mim, naquele
momento, eu só queria que o mundo parasse, apenas para admirar
por mais tempo o seu sorriso.

Quando menos esperávamos, aparece na nossa frente um carro em


alta velocidade, não tivemos tempo para desviar, um choque correu
em meu corpo, escorria sangue na minha cabeça, e o meu noivo
estava desmaiado no banco ao lado, então eu apaguei.

Capítulo 2

Sofia – 3 Dias depois


Meus olhos parecem pesados, e escuto um chiado irritante, demora
alguns minutos para voltar ao normal. Assim que abro os olhos vejo
uma luz forte, e é difícil me adaptar com a claridade, percebo que
estou em um quarto de hospital, escuto varias vozes no corredor, e o
barulho das maquinas que estão ligadas a um fio no meu peito, meu
braço estava enfaixado e dolorido.

Alguém está entrando pela porta, assim que chega mais perto,
percebo que é minha amiga Alice.

— Graças a Deus você acordou — diz nervosa, lágrimas escorrem


por sua face.

— Você está bem? eu preciso chamar o médico.

— Acalme – se, eu estou bem, com um pouco de dor de cabeça. Ela


me abraçou chorando.

— O doutor pediu para que chamasse ele assim que você acordar,
eu já volto. Não acredito que você está bem , foram os piores dias da
minha vida - diz muito emocionada. Alice sai e em poucos minutos
entra, com um rapaz, que aparenta ter a minha idade.

— Olá Sofia, meu nome é Gabriel, eu sou o neurologista que está


cuidando do seu caso, como você se sente ?.

— Estou bem , na medida do possível, apenas com um pouco de dor


de cabeça e no corpo.

— Você se lembra de alguma coisa, sobre o acidente?.

Quando ele falou, vários flashs passou em minha mente, o mais


apavorante foi a cena de Alex inconsciente.

— Cadê o Alex? ele está bem? eu quero vê-lo.

Digo nervosa e mais alto que o normal.


— Seu noivo precisou passar por uma cirurgia, os ferimentos dele
foram muito graves .- ele faz uma pausa. — Fizemos tudo que
estava em nosso alcance para salva -lo. Eu sinto muito pela sua
perda.

Nesse momento parecia que meu mundo havia desabado, eu chorei


muito, mas não conseguia suportar a dor de perder o Alex.

— Irei deixa – lá sozinha agora, volto novamente daqui alguns


minutos para fazer alguns exames.

Eu não conseguia responder. Apenas confirmei com a cabeça,


enquanto chorava.

— Vai ficar tudo bem amiga.

Alice senta na cama e me abraça .Demorou algum tempo para que


eu me acalmasse. Mais tarde o doutor entrou no quarto, para fazer
os exames.

— Parece que esta tudo okay, sente alguma náusea ou tontura ?.

— Não.

— Muito bem, irei deixa – la internada por mais três dias, só para
garantir que ficará bem, e não terá nenhuma sequela.

— Tudo bem, muito obrigada.

Nos dias que fiquei internada, minha amiga não saiu do meu lado,
seu marido Christopher veio me visitar e ver como ela estava, e se
precisava de algo.

Minha mãe tem Alzheimer, e está em um lar de idosos, não tenho


nenhum parente próximo, minha família sempre foi minha querida
amiga, e meu noivo.
Capítulo 3

Gabriel

Estava quase no fim do meu horário de trabalho, eu estava exausto,


e não via a hora de ir embora. Já havia visto o meu último paciente,
enquanto andava pelo corredor do hospital, uma enfermeira me
chamou.

— Aconteceu um grave acidente, um motorista bêbado dirigiu em


alta velocidade, e bateu em um carro, ele morreu na ambulância no
caminho para cá. Já o outro está gravemente ferido e inconsciente.
No mesmo carro, tinha uma mulher, que está aos cuidados de outro
médico.

Ela me contava enquanto levávamos o jovem para a sala de cirurgia.


Passou três horas depois, infelizmente o jovem teve uma parada

cardiorrespiratória, e uma hemorragia cerebral, que não consegui


conter.

Sempre foi difícil para mim lidar com a perca de um paciente, depois
da cirurgia, fui ver a jovem que estava no mesmo carro.
Um outro médico Dr. Marcos estava cuidando da paciente.

— Boa noite doutor, ela apresenta melhoras?.

— Acabei de ver o resultado de sua tomografia, apesar do ferimento


na cabeça, o exame não constou nada. Amanhã irei sair de férias,
irei passar o caso dela para você, boa noite.

— Tudo bem, boas férias, e boa noite.

— Obrigado.

Fiquei alguns minutos observando a paciente antes de ir embora,


havia algo familiar nela, não sei o porque, mas sentia vontade de
cuidar dela, e não deixa-la.

No outro dia acordei, me arrumei e fui para o hospital, hoje seria


mais um dia longo de trabalho.

Quando cheguei lá, a jovem que sofreu acidente estava tendo uma
parada cardiorrespiratória, tive que usar o desfibrilador nela, depois
ela ficou instável.

Peguei sua ficha, e descobri que seu nome é Sofia, tem 26 anos, ela
não tem nenhum parente próximo, a única pessoa que estava no seu
convenio para ligar em caso de emergência, era uma amiga. Que
havia sido informada de madrugada, sobre o ocorrido. Sua amiga
estava nervosa, e bastante agitada no corredor, uma enfermeira
estava ajudando ela a se acalmar, me aproximei.

— Bom dia, sou o Dr. Gabriel, gostaria de fazer algumas perguntas.

— Bom dia Doutor, meu nome é Alice, gostaria de saber se a Sofia


vai ficar bem.

— Por enquanto o estado dela esta instável, você sabe me dizer


sobre o rapaz que estava com ela?.
—Sim, era o noivo dela, ele não era daqui, a mãe dele preferiu
organizar o funeral em sua terra natal.

— Sabe se sua amiga tem algum problema de saúde?.

— Não que eu saiba.

— Muito obrigada. Assim que ela acordar você manda me chamar,


ela está tomando alguns remédios fortes para dor, então pode
acabar dormindo bastante e acordar desorientada .

Conforme os dias foram passando, enquanto via Sofia para checar o


seu estado, algumas vezes ela acordava meio grogue e chamava o
Alex, logo depois voltava a dormir. 3 dias se passaram, diminui seus
medicamentos, e logo cedo fui informado que ela havia acordado.
Foi difícil falar sobre a morte de seu noivo, depois que contei, deixei
elas a sós sua amiga que sempre estava ali ao seu lado, não deixou
ela sozinha em nenhum momento.

Nos dias em que Sofia ficou aqui, conversamos um pouco, queria


conhece- la melhor, apesar de seu luto, ela demostrava ser uma
pessoa calma e gentil, houve alguns momentos em que pensava e
me

preocupava com seu estado, não queria que ela se entregasse a


depressão, teve raros momentos em que ela falava sobre seu noivo,
ela parecia ama – lo muito, eram muito felizes juntos. Mas sempre
que encerrava o assunto ela ficava triste e com a mente em outro
lugar.

— Bom dia Sofia, hoje irei te dar alta, só estamos preparando alguns
papeis para você assinar assim que estiver tudo pronto, uma
enfermeira irá te avisar.

— Muito obrigada doutor, agradeço muito por sua gentileza enquanto


estive aqui.
— Eu gostaria de poder ajuda – la, se você quiser acredito que seria
bom passar com um psicólogo.

Você passou por momentos terríveis nesses últimos dias. Tenho o


telefone de um amigo meu, que é um excelente médico, já entrei em
contato com ele, e ele ficará feliz em abrir espaço em sua agenda , é
um dos psicólogos mais procurados desse estado.

— Eu irei sim, acredito que será bom desabafar com alguém.

— Isso mesmo, melhoras.

Me despedi dela feliz por ter aceitado ir ao psicólogo, tenho certeza


que tudo que ela estiver passando um dia ficará no passado.

Quando se perde alguém que ama, a dor um dia acaba, mas o amor
não, um dia ela só pensará em seus momentos felizes com ele.

Capítulo 4

Sofia

Nos dias em que fiquei no hospital, só pensava em Alex, o quanto


minha vida mudará agora, era como se ele sempre fizesse parte
dela. O doutor Gabriel sempre vinha ver como eu estava, e parecia
preocupado, gostei muito de conversar com ele, era uma pessoa
boa, e em alguns momentos conseguia me fazer sorrir.

Quando me deu alta, pensei por um momento, que irei sentir falta de
nossas conversas, ele sugeriu que eu marcasse uma consulta com
um psicólogo que é seu amigo, talvez isso me ajude.

No momento estou entrando em meu apartamento, Alice me deu


carona até aqui, e sugeriu entrar comigo, mas acho que isso é algo
que preciso fazer sozinha. Era como se ele nunca tivesse saído
daqui, o cheiro do seu perfume, suas fotos nas paredes do nosso
quarto , e suas roupas no closet que dividimos, não sei quando terei
forças para empacotar tudo e

doar, tudo aqui me lembra dele. Depois de chorar muito, reuni forças
para guardar os retratos de nós dois, não foi fácil, cada um havia
uma lembrança de uma vida que passamos juntos. No momento
estava segurando uma foto de nós dois no show da banda Bon Jovi,
Alex era fotografo e amava tirar fotos para guardar de recordação,
aquele foi um dos momentos mais marcante da minha vida,
amávamos a banda e nosso sonho sempre foi ir em um Show deles
no Rock in rio. Ali estava todas nossas lembranças em uma caixa
que ficará escondida bem no fundo do meu closet.

Recebi uma ligação da minha chefe, eu trabalho como sua assistente


editorial em uma editora de livros bem famosa, Cintia e eu nos
damos muito bem. Ela quis me dar férias já que a minha já estava
vencida, para que eu me recupere, não aceitei justamente porque
não conseguiria ficar o dia todo trancada em meu apartamento,
preciso de uma distração para não lembrar mais da morte de Alex.

De tanta insistência de sua parte aceitei ficar pelo menos uma


semana em casa. Como estava no hospital não pude ver seu
enterro, talvez isso me ajudaria, pois nunca tive a chance de dizer
adeus.
Sua mãe nunca gostou do nosso relacionamento, no inicio em que
nos conhecemos ele deixou sua cidade natal para conseguir fazer
carreira como fotografo.

Apesar de ter feito faculdade ela nunca apoiou a decisão do filho,


sempre quis que ele seguisse os

passos do pai e fosse advogado. Então quando nos conhecemos eu


o apoiei, ajudei a conseguir de inicio alguns trabalhos para ele na
editora, ele fez apenas algumas fotos para capas de livros. Todos
gostaram tanto que em menos de duas semanas já havia conseguido
vários trabalhos. Desde então sua agenda era sempre corrida.
Quando ela descobriu não gostou nada, já que tinha apostado que
seu filho não conseguiria trabalho e voltaria para sua casa. Eu
sempre fui o alvo disso, já que apoiei ele.

Eu queria que ela visse o seu trabalho como eu vejo, todos sempre
diziam que Alex não era como qualquer outro, ele sempre enxergou
beleza nas coisas mais simples, e deixava extraordinária.

Passei a noite sem conseguir dormir direito, mesmo trocando os


lençóis seu cheiro ainda estava nele. As vezes queria parar de
pensar nisso, e as vezes me sentia ruim por isso, não quero que ele
desapareça por completo, já o perdi, mas isso não significa que
deveria esquece – lo.

Porém as lembranças doíam, sempre que pensava nele sabia que


não o veria novamente. Agora essa parte da minha vida, eu queria
passar e conseguir em frente no tempo, em que um dia eu pensaria
nele e não sofresse tanto.

Já era de manhã, estava exausta por chorar a noite toda e não


dormir direito, tive muito tempo para refletir sobre a minha vida.
Agora só quero tentar seguir em frente. Fiz o que o doutor Gabriel
falou e
marquei uma consulta, o nome do psicólogo é Robert, por sorte um
paciente havia desmarcado naquela tarde, então marquei para as
15:00.

Estava a caminho para visitar a minha mãe, fazia tempo que eu não
ia lá, antes quem me acompanhava era Alex, ela amava ele. Ele
conseguia fazer ela rir, e mesmo que ela não lembrasse as vezes
quem éramos, ela sempre se divertia com a nossa presença.

— Bom dia mãe, como a senhora está?.

Ela estava sentada em uma cadeira de balanço na varanda de seu


quarto, ela me viu, mas demorou um tempo para responder.

— olá, estou bem. Como é o seu nome?.

—Sofia.

—Muito prazer Sofia, meu nome é Maria - Ela sorri e volta olhar fixo
para os idosos que estão fazendo yoga.

— Dizem que devemos fazer isso todo dia para melhorar a saúde, eu
me recuso, estou ficando velha qual é o sentido disso?.

— A senhora não é velha mamãe, se exercitar faz bem.

— Prefiro ficar em meu quarto lendo o meu livro.

— Qual livro está lendo agora?.

— O Hobbit, eu amo aventuras, me faz lembrar da minha juventude .

Sempre que venho aqui ela esta lendo esse mesmo livro, talvez seja
porque ela lia para mim quando eu era criança, era o meu preferido.
Ela sempre dizia “

Faça como o senhor bolseiro e entre na jornada que a vida lhe


oferecer, um dia ficaremos todos velhos, e a única coisa em que será
valiosa é as histórias que teremos em nossas memórias , e os
amigos que ganhamos ao longo do tempo”

Infelizmente a vida foi cruel e tirou dela o que ela mais amava, suas
lembranças.

— Sabe você se parece muito com a minha filha, vou te mostrar o


retrato dela, ela tem 14 anos, é muito linda, e muito inteligente para a
idade que tem.

Ela vai buscar o retrato de quando eu era criança.

Minha manhã foi assim, depois de uma hora conversando com minha
mãe fui em bora, ela está piorando sempre que vejo. Antes
demorava um tempo mais me reconhecia, agora eu não passo de
uma estranha para ela. Depois de um tempo pelo bem dela parei de
falar a verdade, que era sua filha, e explicar que ela estava doente.
Isso só piorava as coisas e a deixava nervosa.

Agora eu finjo ser uma estranha, como ela me vê.

Já estava indo embora para preparar algo para comer, quando meu
celular toca, era Alice.

—Oi amiga como você está? — Diz animada.

— Estou bem, passei para ver minha mãe, já estava voltando para a
casa para almoçar.

— Quer ir comer naquele restaurante próximo do meu trabalho? Já


está dando o meu horário de almoço aqui.

— Quero sim, não estou muito longe dai, logo a gente se vê, beijos.

— beijos.

No restaurante
— A comida daqui é divina, eu podia abraçar a cozinheira por fazer
tão bem.

Alice sempre fala bem de todos os pratos daqui.

Pedimos macarrão com queijo, e suco de maracujá

— Sim, é incrível, quem dera cozinhar tão bem assim! - digo


enquanto aprecio aquele queijo derretido — Poderia comer isso todo
dia, eles capricham bastante no queijo, assim que eu gosto.

— Sim — ela diz com a boca cheia, eu só dou risada.

— E qual são os seus planos para hoje?.

— Irei na consulta com o psicólogo na parte da tarde.

— Você conseguiu rápido marcar a consulta, isso é incrível, acredito


que te fará muito bem, desabafar com alguém.

— Uma pessoa desmarcou para hoje, ai consegui a vaga, por sorte.


Espero que me ajude mesmo, faz dias que eu não tenho uma noite
tranquila de sono.

— Da para ver, você está com bastante olheiras .Se precisar de


alguma coisa pode me ligar.

— É horrível ficar sozinha naquele apartamento, me acostumei tanto


com ele morando comigo. Tudo lá me lembra dele.

— Isso é péssimo, eu também sinto falta dele, era um grande amigo.


Mas nem imagino a dor que você está sentindo. Será mais fácil
quando você voltar a trabalhar, é bom ocupar a cabeça com alguma
coisa.

— Sim, nesse momento quero me ocupar o máximo possível. E


como estão as coisas?.
— Nada bem amiga, o Christopher está cada vez mais com ciúmes.
Meu patrão irá se aposentar, e passar a liderança para o filho mais
novo. Depois que ele descobriu insiste que eu peça demissão.

— Que horror, eu nunca gosto de se intrometer no seu casamento,


mais ele está passando dos limites, você adora o seu trabalho, e
nunca fez nada para ele ter tantas inseguranças assim!.

— Eu não queria isso, mas talvez seja melhor assim, pelo bem de
nosso casamento.

Alice sempre teve uma relação conturbada, no começo de seu


namoro, Christopher não demonstrava ser assim, mas depois de
alguns meses juntos ele começou a ser mais controlador com ela.

Antes deles se casarem eu perguntei se ela tinha certeza disso, e ela


respondeu que o amava, e não queria viver sem ele, e que ao longo
do tempo ele mudaria.

Mas não foi o que aconteceu, ele piorou, passou a não querer que
ela saia sozinha, nem mesmo comigo. Na maioria das vezes que ele
descobria que ela saiu, eles brigavam. Muita coisa ela não me
contava, mas quando ficou comigo no hospital acredito que haviam
brigado por isso, ele sempre aparecia lá mal humorado. E ela nunca
me deixaria sozinha, ainda mais quando precisava de alguém do
meu lado.

Não gostei da noticia que Alice me deu, mas não poderia falar mais
sobre isso da última vez que aconselhei ela ficamos meses sem nos
falar. Depois que almoçamos, passei em uma livraria no caminho
para a clínica, preciso de uma coisa para me ocupar, escolhi alguns
livros de romance, e fantasia.

Eu amo ler, desde criança, os livros para mim são como um portal
para outro universo. Quando leio
me envolvo muito na leitura, me faz rir e chorar, e sinto falta de
escapar um pouco dos meus pensamentos.

Depois de alguns minutos na livraria vou rumo ao psicólogo, não sei


o que esperar dessa consulta, mas sei que terei que mexer na ferida
que ainda está em aberto, e contar sobre todos os meus traumas.

Capítulo 5

Sofia

Enquanto esperava a minha vez para a consulta, me distrai lendo o


livro “ Amor & Gelato” estava no início mais já gostei muito.

Deu o horário e já era a minha vez, um rapaz alto, bronzeado e de


olhos verdes me chamou. Ele é lindo e muito simpático.

— Boa tarde Sofia, me chamo Robert é um prazer te conhecer -


estende a mão e eu aperto sorrindo.

— Boa tarde, igualmente.

— Pode sentar, e sinta- se a vontade.

— Obrigada.
A sala é bem aconchegante, sento em um sofá marrom claro e
admiro alguns quadros.

Ele estava sentado em uma poltrona do meu lado.

— Como você está se sentindo hoje?.

— Estou bem.

— Okay, então se tiver a vontade para me falar sobre o que te


incomoda, devemos ir na raiz do problema, preciso conhece – la
melhor. E espero que se sinta

segura em compartilhar isso comigo. Irei fazer apenas pequenas


anotações sobre essa sessão.

— Está bem, então como eu começo?.

— Me conte sobre você, sua família.

— Eu fui criada pela minha mãe, meu pai nos abandonou no


momento que descobriu que ela estava gravida, e eu não o conheci.
Minha mãe sempre foi tudo para mim, agora ela está em um lar de
idosos, ela tem Alzheimer.

— Foi sua escolha colocar ela lá?.

— Não, de início eu sempre cuidei dela, porém ela foi piorando, eu


deixei de trabalhar, e ela não permitiu que eu abandonasse minha
carreira, e meu futuro para cuidar dela. Minha mãe sempre fez tudo o
que podia para me dar um bom estudo, e um futuro que ela sempre
sonhou.

Meu noivo sempre esteve presente me ajudando, quando ela


percebeu que estava piorando, sua memória falhava e depois
voltava. Então ela mesmo decidiu que seria melhor assim, e ela é
feliz lá, tem vários amigos da sua idade e uma programação para
sair da rotina. Eu visito ela sempre que dá.
— Me conte sobre o seu noivo, qual é o nome dele?.

— É Alex, há alguns dias atrás sofremos um acidente de carro, ele


morreu na sala de cirurgia.

— Meus pêsames, deve ter sido difícil para você.

Não quero forçar muito, já que é sua primeira sessão, mas se estiver
a vontade para falar sobre ele.

— É claro. Ele era uma das melhores pessoas que eu já conheci,


bondoso e sempre se preocupava com todos em sua volta.
Namoramos por dois anos, mas já nos conhecíamos fazia uns três.

Ele me pediu em noivado, e depois minha mãe foi piorando,


decidimos morar juntos para ele me ajudar, já que ele passava
bastante tempo lá em casa.

Mês que vem iriamos marcar a data do casamento, ficamos um ano


noivo, foi decisão nossa adiar, por tudo que estava acontecendo, e
ele estava com muito trabalho. - Eu falava enquanto olhava para
minha mão e mexia nos dedos, não conseguia encara -lo.

— Agora me conta, como você está lidando com essa situação?.

— Está bem difícil - Uma lágrima rola, e eu enxugo.

— Me desculpe.

— Não precisa se preocupar, isso faz parte do processo, toma - Diz


me dando um lenço.

— Eu não estou conseguindo dormir faz dias, e tudo no meu


apartamento me lembra dele, eu mal consigo ficar lá. - Enxugo mais
algumas lágrimas que rolam.

— Não será fácil, perder alguém, ainda mais uma pessoa que ama,
machuca, você sabe pela dor que sente. Desabafar vai te fazer bem,
tente pensar nas coisas boas que viveram juntos, foi uma dadiva
você encontrar alguém como ele, um presente digamos assim, a vida
foi injusta e tirou de você. Porém você precisa saber que vai
conhecer um dia, uma pessoa que ame, talvez um grande amor igual
a esse, o primeiro passo é viver e não se fechar. — Irei te receitar um
calmante, irá te ajudar a conseguir dormir, e quando você se sentir
pronta, saia um pouco com uma amiga, irá te fazer bem.

— Muito obrigada.

A sessão foi rápida, falei um pouco sobre Alice e como me sentia


solitária na maioria das vezes.

— Pode passar no balcão, e marcar o retorno, te verei uma vez por


semana.

— Tudo bem.

— Fique bem, e te vejo na semana que vem.

— Obrigada, e tchau — Digo sorrindo. Consegui marcar outra


consulta, passei na farmácia para comprar o medicamento, e fui
direto para a casa.

Em poucos dias bebendo o calmante, percebi que havia melhorado


um pouco, apesar de em alguns momentos chorar e me sentir triste,
já não acontecia

com tanta frequência, dormia mais e não ficava tão agitada como
antes.

O resto da semana passou rápido, para me ocupar li muitos livros e


assisti tv. Hoje já é segunda feira, e meu primeiro dia de trabalho
depois do acidente, tirei a tala da mão que agora está bem melhor.
Capítulo 6

Sofia

Passei o caminho todo me preparando do que veria quando


chegasse na empresa, até agora não precisei lidar com tantas
pessoas perguntando sobre como estou me sentindo com a morte de
Alex, apenas alguns vizinhos que o conhecia que perguntaram nos
dias em que estive em casa, porém não fomos adiante na conversa.
E essa é a pior parte, tentar esquecer e as pessoas em volta falando
sobre.

Esperei no estacionamento dar o horário de entrar, para evitar


conversar por muito tempo. Quando entrei fui no caminho para a
minha mesa já sentia as pessoas me observando, fiz de tudo para
ignorar tudo isso.

Até que um colega chamado Fred me para no caminho.

— Bom dia Sofia, faz dias que não temos notícias suas, como você
está?.

— Estou bem obrigada — Dou um sorriso.


— Bom, soubemos do acidente, sinto muito pelo Alex, e pelo que
você passou, se precisar de um ombro amigo estou aqui.

— Muito obrigada, preciso ir — Falo sorrindo e andando, por


enquanto está tudo tranquilo. Sento em minha mesa ao lado da sala
de Cintia.

Quando me sento abro alguns e-mails.

— Olá Sofia, esperava que demorasse mais para voltar a trabalhar.


— Diz Penélope, eu nem a vi chegar.

— Oi, estou ótima para voltar, não acredito que seja preciso tanto
tempo em casa.

— Que ótimo, que pena o que aconteceu com seu noivo, ele era tão
lindo e jovem, vai ser difícil encontrar alguém como ele agora.

— Sim ele era mesmo. Ele era único, mas não será impossível
encontrar uma pessoa boa, e nesse momento não estou pensando
nisso.

— Acredito que deve ter sido sorte você encontrar alguém como ele,
fora que na sua idade e como você é. Será questão de muito tempo -
ela da uma gargalhada.

— Bom pelo menos eu estou cuidando da minha carreira, ao invés


de cuidar da vida dos outros aqui.

— Tem pessoas aqui bem mais qualificadas do que você, e nem


precisam se esforçar tanto assim.

Nesse momento Cintia vem andando e para ao nosso lado.

— Penélope eu não te pago para fica conversando em sim para


trabalhar, e pelo o que me lembro você tem muito trabalho hoje.
— Sim chefe, me desculpa, vim consolar a Sofia, soube do que
aconteceu.

— Pelo que todos escutaram da conversa parecia que você quer


mais é cuidar da vida alheia, então volte agora para a sua mesa.

Ela sai com a cabeça baixa, acredito que deve estar furiosa nesse
momento, todos viram a bronca que levou.

— Bom dia Sofia, como você está hoje?.

— Estava bem até aquela ali aparecer.

— Ignore ela, é uma invejosa, no trabalho sempre precisamos lidar


com pessoas assim. Então gostaria de falar com você .

— É Claro.

— A reforma no prédio está quase completa, tenho uma ótima


notícia, sua sala já está pronta. Estamos organizando o pessoal
ainda, se quiser recolher suas coisas.

— Que maravilha — Sorrio.

Essa é uma ótima notícia, com a minha sala voltarei a ter mais
sossego para trabalhar, e sem interrupções.

Não verei pessoas como Penélope tão cedo.

Recolhi minhas coisas e já estava a caminho do meu novo espaço


de trabalho, era no 4° andar, estava com poucas pessoas no
corredor, e a maioria se organizava.

Não era muito grande mas gostei do espaço, bem confortável, tinha
uma mesa e um sofázinho no canto. A vista era muito boa, dava para
ver maior parte da cidade.
Capítulo 7

Gabriel

Meu trabalho como sempre estava bem agitado, quero sair um


pouco, então pensei em falar com um velho amigo.

— Oi cara, como você está? faz décadas que não te vejo — Digo.

— Estou bem, e você? andamos muito ocupados por esses tempos.

— Estou bem, o que acha de irmos a uma lanchonete hoje? depois


do trabalho, eu passo ai na sua clínica, estou precisando arejar a
mente um pouco, ultimamente é só trabalho.

— Eu também, é bom lembrar dos velhos tempos.

Nos despedimos e desligo, tenho uma cirurgia marcada para essa


tarde, estudei bem o caso.

Uma menina de 10 anos com um tumor na cabeça.

A criança reclamava de muitas dores de cabeça, e teve um caso leve


de perda de memória no momento.
Foi quando fizeram alguns exames e descobriram o tumor. Então me
procuraram, fazia algum tempo que estava fazendo tratamento, mas
vi que o caso era de

cirurgia e não teria como adiar, poderia prejudicar mais a qualidade


de vida dela.

Após o estudo fui ao quarto da paciente. Seu nome é Laura, tem


olhos azuis e cabelos cor de mel, uma criança alegre e muito
inteligente.

— Bom dia Laura, como você se sente?.

— Estou com dor de cabeça - Diz triste.

— Logo você se sentirá melhor. Hoje iremos tirar o bolota, e ele não
irá mais incomoda - la - ( Esse é o nome que ela batizou seu tumor ).

— E vai doer para tirar ?.

— Não vai , você estará em um sono bem profundo.

— Eu vou poder brincar e correr depois disso?.

— Depois que você se recuperar vai sim - Ela da um sorriso enorme.

— Doutor, gostaríamos de tirar algumas duvidas com você. - Diz a


mãe da paciente.

— Claro, me acompanhem, conversaremos no corredor — Digo aos


pais.

Eles estavam agitados e nervosos com a cirurgia, entendo o ponto


de vista deles, a menina era muito nova para tudo isso, porém
infelizmente as doenças não escolhem idades.

Contei novamente sobre os riscos, e o que podem enfrentar depois


da cirurgia. Um caso como este é difícil não envolver os sentimentos,
já que irei operar uma criança.

Quando deu o horário as enfermeiras já estavam preparando Laura


para a cirurgia, e me avisaram que ela estava muito nervosa.

— Olá mocinha, um passarinho me contou que alguém aqui esta


muito nervosa.

— Estou - Ela diz chorando enquanto sua mãe a acalmava.

— Vai ficar tudo bem, você é uma menina muito corajosa sabia? e
vai ser tão rápido que nem irá notar. Eu e a enfermeira boazinha aqui
estaremos do seu lado o tempo todo.

— Está bem.

— Promete para mim que irá se acalmar?.

— Prometo.

Enquanto preparavam a sala para a cirurgia, coloquei minha roupa,


me ajoelhei e orei .

— Senhor, peço que não seja as minhas mãos lá, e sim as suas no
comando, que me de forças e sabedoria. Que seja feita a sua
vontade. Quando acabar que essa criança tenha muita saúde e
felicidade.

Acabei, respirei fundo, lavei minhas mãos e entrei na sala. Uma


cirurgia como essa é muito complicada, e precisa do máximo de foco
possível.

Finalizei a cirurgia já estava exausto, felizmente correu tudo bem,


consegui retirar todo o tumor.

Agora é a hora de falar com os pais de Laura, me troquei e fui


informa – los.
— Senhor e Senhora Miller, tenho ótimas noticias, consegui retirar
todo o tumor, a cirurgia foi um sucesso, agora devemos aguardar
pela recuperação dela.

— Que maravilha, muito obrigada doutor - A mulher me abraça


aliviada.

— Muito obrigada - O pai de Laura aperta minha mão emocionado.

— Ela vai dormir bastante ainda, amanhã passarei para vê – la.

Estava exausto, com o fim dos atendimentos entrei na sala de


descanso. Sentei em um sofá e comi um pedaço de bolo com café.
Decidi descansar um pouco ali antes de ir embora.

Estava dando o horário que marquei com Robert para encontra -lo.

Sua clínica não fica muito longe daqui, optei para ir até lá, pois tem
uma lanchonete na esquina onde costumamos ir . Parei meu carro
no estacionamento,

e entrei, cumprimentei sua secretaria que já me conhece, e sentei


para esperar.

Estava lendo uma revista na sala de espera, até que alguém sai do
consultório. Era Sofia uma das minhas pacientes, eu levantei e fui
cumprimenta -

la enquanto ela falava com Robert.

— Sofia, que bom te ver como você está?

— Estou bem doutor e você?.

— Pode me chamar de Gabriel, estou bem também, fico feliz que


tenha escutado o meu conselho e vindo aqui, Robert é um grande
amigo e um ótimo profissional.
— Eu que agradeço pelo conselho, as consultas estão me ajudando
muito a seguir em frente.

— Fico feliz em ouvir isso, espero te ver novamente.

Ela ficou envergonhada, e respondeu sem jeito.

— Também espero.

— Passa o seu contato, poderíamos sair um dia desses - Vejo que


ela fica sem jeito. — Não veja isso como um encontro, e sim como
amigos.

— É claro, seria ótimo - Ela me passa o contato.

— Bom eu preciso ir - Se despede e vai embora.

Meu amigo que estava arrumando suas coisas no consultório me


chama.

— Cara quanto tempo — Digo o cumprimentando.

— Nem me fale, não vejo a hora de beber uma cerveja bem gelada,
hoje o dia foi corrido.

Ele fecha o consultório e seguimos para a lanchonete. Sentamos em


uma cadeira em frente na calçada e a garçonete aparece.

— Boa tarde rapazes o que vão querer hoje?.

— Eu quero uma cerveja e um x- tudo.

— O mesmo para mim.

Ela anota no papel e sai.

— Sem querer me intrometer, eu escutei sua conversa com a Sofia,


vejo que você tem um carinho especial por ela.
— Bom, a Sofia é uma mulher incrível, não nego que gostei de
conversar com ela e vê -la novamente.

Deve ter sido difícil passar por tudo o que ela passou, sabe em
pouco tempo que ela ficou no hospital, aprendi a ter uma grande
admiração por ela.

— Sim, ela é muito forte, é difícil passar por tudo isso e não ter uma
família que esteja nos apoiando.

— Sabe, você que sempre a vê, ela está bem? como está lidando
com tudo?.

— Tem coisas que não posso te contar, mas ela está progredindo,
tentando seguir em frente.

— Entendo, qualquer dia vou marcar de sair com ela, sabe para
ajudar a levantar o astral dela.

— Cuidado para não se apaixonar em cara — Ele da uma


gargalhada.

— Se apaixonar não é uma coisa ruim.

— Está certo, mas você se esqueceu que ela perdeu o noivo, e pelo
jeito vai demorar para deixar outro homem entrar na sua vida.

— Eu sei, vamos com calma e deixar as coisas fluírem naturalmente.

Nosso pedido chega, ficamos conversando por um bom tempo,


sentia falta daquilo, Robert é como um irmão para mim.
Capítulo 8

Sofia

Logo que cheguei do trabalho já fui avisada que teria uma reunião.

Cheguei na sala e fui me sentar na mesa, a maioria das pessoas não


havia chegado ainda. Uma mulher chega e me cumprimenta.

— Bom dia tudo bem? Meu nome é Ana, sou a nova designe.

— Bom dia, é um prazer te conhecer, sou a Sofia, estou bem e


você?.

— Só um pouco nervosa com o primeiro dia, sabe.

— Entendo, o primeiro dia é difícil se enturmar, mas logo você se


entende com todos.

— Você trabalha há muito tempo aqui?.

— Sim, já faz alguns anos.

— Eu sempre quis trabalhar nessa editora, sou apaixonada pelos


livros daqui.
— Que incrível, agora você também faz parte de tudo isso. Eu
também amo ler, e adoro o meu trabalho.

— Quais gêneros você gosta de ler ?.

— Romance contemporâneo, romance de época, romance policial.


Enfim sou uma romântica incurável. — Digo sorrindo.

— Eu também amo esses gêneros, amo ainda mais livros que me


fazem chorar, sabe aqueles romances clichês, qual é sua autora ou
autor favorito?.

— Julia Quinn, eu amo todos os livros dela, principalmente Os


Bridgertons.

— Sou apaixonada pelos livros dela também, são incríveis, eu


poderia ficar o dia todo falando com você sobre livros.

— Somos duas, se quiser podemos almoçar juntas, já que você é


nova por aqui, conheço uma pizzaria maravilhosa, e hoje acordei
com vontade de comer pizza - Digo sorrindo.

— Leu meus pensamentos, eu adoro pizza, está combinado então.

Estávamos tão empolgadas na conversa que nem percebi, as


pessoas já estavam chegando, e por azar Penélope senta ao meu
lado.

— Sofia você está com uma cara péssima, não está dormindo a
noite?.

— É apenas cansaço do trabalho.

— Você deveria se arrumar mais para vim trabalhar, esse seu blazer
está tão fora de moda amiga.

— Eu gosto dele, é bem confortável. - Tento ignorar seus


comentários ofensivos.
— E seu cabelo era tão lindo, agora está detonado, precisa dar uma
melhorada nele menina.

— Você não tem mais o que fazer, além de ficar reparando nas
pessoas?.

— Qual é amiga, não precisa se estressar, só estou querendo ajudar,


afinal , desse jeito você nunca mais vai arrumar um namorado.

— O mundo não gira em torno de homens sabia?

Posso viver um tempo sem eles.

— Fale por si própria, Deus me livre ficar na seca.

— Ela pega um espelho para retocar o batom.

Torço para essa conversa acabar logo, felizmente minhas pressas


foram atendidas, todos chegam e a reunião se inicia.

Não foi muito longa, assim que acaba me despeço de Ana e sigo
para a minha sala. O dia foi corrido, mas passou tão rápido que nem
percebi quando deu a hora do almoço, Ana já estava me esperando
na frente prédio.

— Amiga estou morrendo de fome já, não vejo a hora de comer uma
pizza quatro queijo.

— Nem me fale - Digo — Só de pensar naquele queijo derretido, já


me da água na boca. Vamos meu carro está logo ali.

- Entramos no carro

— Que tal uma música para animar o dia? Me diz ai qual é seu
estilo?.

— Gosto de eletrônicas, sertanejo e um pouco de pagode.


— Pagode não é muito meu estilo.

— Conhece o Barns Courtney ? descobri a pouco tempo as musicas


dele, me apaixonei.

— Já ouvi falar sim, mas nunca escutei as músicas dele, pega meu
celular aqui - Dou a ela — Pode escolher no meu Spotify enquanto
dirijo. – Falo enquanto coloco o sinto de segurança e logo depois ligo
o carro.

Seguimos para a pizzaria ao som de Champion, gostei tanto da


musica que escutamos até decorar a letra e seguimos cantando no
caminho igual duas loucas.

— Há essa parte é a minha favorita, continuo cantando — Champion,


I can take a beating, ah Rise again, we're into the jungle, until the end
I can live forever, I'll rise again

Keep rising up, I'll

Champion, I can take a beating, I'll

Rise again, we're into the jungle, until the end I can live forever, I'll
rise again

Keep rising up, ah....

Quando acabou, damos muitas risadas.

— Faz tempo que eu não me divertia tanto assim -

Digo sorrindo.

— Eu também – Ela sorri.

— Vamos entrar.
Saímos do carro e entramos na pizzaria, logo que entramos senti
aquele cheiro maravilhoso de pizza saindo do forno. Sentamos em
uma mesa e peguei o cardápio.

— É tantas opções que nem sei qual escolho.

— Que tal pedir uma que a metade é um sabor, e a outra metade


outro.

— Ótima ideia, você escolhe um sabor e eu outro —

Digo.

— Eu vou querer de quatro queijos e você?.

— Portuguesa, e um suco para acompanhar ?. Gosta de qual sabor


?.

— Pode ser de laranja.

— Ok - Eu aceno para o garçom e ele vem ao nosso encontro.

— Boa tarde – Ele pega um bloco de notas - O que vão querer ?.

— Boa tarde, uma pizza metade portuguesa, e outra metade quatro


queijos.

— Uma bebida para acompanhar ?.

— Dois sucos de laranja.

— Já vou fazer o seu pedido.

— Obrigada – Digo sorrindo.

Enquanto esperamos a pizza, conversamos um pouco sobre o


trabalho.
— Aquela mulher que encontramos hoje mais cedo na reunião é
sempre nojenta assim ? – Ana pergunta.

— Sim, ela só conversa bem com homens que tem um cargo


superior a ela.

— Conversa bem ou dá em cima deles ?.

— A segunda opção – rimos.

— Ai tenho um nojo de mulher assim, se acha superior e ainda quer


pisar nas outras.

— Nem fale, eu também não gosto. Mas sabe, o que ela falou mais
cedo, eu fiquei pensando, ela tem razão, eu já não cuido do meu
visual como antes.

— Não de lado para aquelas coisas horríveis que ela falou não, você
é linda, e se achar que precisa disso, deve fazer para se sentir bem.

— Sim, mas sabe aconteceu algumas coisas ruins na minha vida há


pouco tempo, eu estou fazendo de tudo para seguir em frente.

— Se importa se eu perguntar o que aconteceu?.

— Não, imagina, eu e meu noivo sofremos um acidente de carro, e


ele morreu – A lembrança do acidente me persegue naquele
momento, faço de tudo para esquecer e não chorar ali.

— Meu Deus, eu sinto muito, você é muito nova para passar por
isso. – Ela diz chocada.

— Sabe, as vezes eu penso, talvez nunca conseguirei voltar a ser


quem eu era com ele. Mas meu único desejo agora é seguir em
frente.

Paramos de falar, o garçom chega com a pizza, eu pego uma fatia de


cada sabor e coloco no prato, logo ele volta com os sucos.
— Isso está delicioso – Digo.

— Sim, divino, faz tempo que eu não comia uma pizza gostosa
dessa. Mas voltando no assunto, continua o que você estava
dizendo.

— Com tudo o que passei por esses tempos, eu acabei nem me


importando mais com minha

aparência, acho que preciso fazer compras e ir no cabelereiro.

— Podemos marcar um dia para irmos juntas, e o que você precisar


eu estou aqui, você tem sido muito boa comigo, nessas últimas
horas, espero ser sua amiga.

— Seria uma ótima ideia, se não se importar eu posso chamar uma


amiga? Adoraria que você a conhecesse, e já te considero uma
amiga, muito obrigada pelo carinho.

— Seria fantástico, um dia só para as garotas, faz décadas que não


faço isso – Ela sorri.

— Eu também, nem lembro da última vez que sai com uma amiga,
para fazer compras ou algo do tipo, a vida no trabalho está tão
corrida.

Comemos a pizza, e conversamos muito, Ana é uma pessoa incrível,


super extrovertida e espontânea, me fez rir muito com algumas
histórias sobre sua adolescência, em pouco tempo já senti que
viramos grandes amigas.

A pizza estava tão boa que senti como se tivesse uma pedra na
minha barriga, de tão pesada e estufada, e mesmo assim não
conseguimos comer tudo, então pedi para que embrulhassem para
levar em casa o que sobrou.

— Sabe eu me esqueci de uma coisa, eu gostaria de pedir uma pizza


para a viajem, vai demorar um pouco para dar o nosso horário no
trabalho, mais se importaria de esperar ?.

— Não imagina.

Eu aceno novamente para o garçom e peço uma pizza igual a que


pedimos para a viajem, e um refrigerante com copos descartáveis.

— Agora fiquei curiosa, porquê os copos?.

— É que do outro lado da rua tem um beco, onde ficam alguns


senhores que moram na rua. Sempre que eu venho aqui, eu compro
algo para eles.

— Que atitude linda amiga, você tem um coração muito bondoso, se


todas as pessoas no mundo fossem assim, seria tudo bem melhor.

— Muito obrigada, eu também acho.

Não demorou muito para que o pedido estivesse pronto, o garçom


trouxe, então agradeci de dei uma gorjeta para ele, que me
agradeceu.

Fui até o caixa e paguei os pedidos, Ana insistiu para pagar metade
da pizza e seu suco.

— Amiga não precisa, hoje é seu primeiro dia no trabalho, e a


primeira vez que você vem aqui, eu insisto em pagar.

Enfim ela acabou cedendo.

— Está bem, muito obrigada – Ela sorri Saímos da pizzaria


conversando, pedi para que ela segurasse o refrigerante com os
copos, enquanto eu levava a pizza.

— Imagina, espero que tenha engordado igual a mim com essa pizza
deliciosa, minha barriga está até aparecendo aqui – Digo sorrindo.

— Nem me fale, é uma delicia, me estufou tanto.


Ainda bem que eu faço academia, assim perco as calorias que
ganhei aqui – Ela da uma gargalhada.

Chegamos ao beco e vi os mesmos três senhores que já conheço ali


sentados no chão conversando, logo repararam em mim.

— Sofia, que prazer revê - la menina, há quanto tempo que não te


vejo.

— Oi seu Pedro, faz um tempinho que não venho aqui mesmo.


Trouxe uma pizza e um refrigerante para os senhores.

— Que Deus te abençoe imensamente, menina você é uma pessoa


iluminada por Deus viu – Ele diz sorrindo.

Eu o entrego a pizza e todos me agradecem

— E quem é essa jovem bonita que está com você hoje?.

— O nome dela é Ana, é uma nova amiga do trabalho.

Ana fica envergonhada e se apresenta.

— É um prazer conhece – los – Diz tímida.

— Vou ajudar os senhores com o refrigerante.

— É muita bondade sua.

Ana me ajuda a servir o refrigerante nos copos plásticos. Enquanto


eles comiam a pizza.

— E como você está Sofia? Me conte as novidades, e seu noivo já


se casaram?.

— Eu estou bem sim- Comento triste.

— O que houve?.
— A pouco tempo sofremos um acidente de carro, infelizmente Alex
não sobreviveu.

— Meu Deus que terrível, ele era um rapaz tão bom, meus pêsames
querida. Que Deus te conforte e coloque anjos para te ajudar.

— Muito obrigada, e o senhor como está?.

— Apesar de tudo que passamos aqui na rua estou muito bem – Ele
sorri — Deus tem nos abençoado muito sabe, hoje mais cedo
oramos e pedimos para Deus trazer um anjo para nos ajudar com
nossa fome e olha só – Ela aponta para nós — Deus ouviu nossas
preces e trouxe duas jovens para

suprir as nossas necessidades. Como Deus é bom viu, catamos


reciclagem, mas o dinheiro não deu para comprar nada.

— É mesmo, o senhor tem ido a igreja?.

— Eu estava indo com os meus companheiros aqui diariamente, mas


sabe a situação que estamos, não agradou muita gente. Logo o
pastor veio ao nosso encontro e disse que muitas pessoas estavam
reclamando do nosso mau cheiro. E eu não quero que deixem de ir a
igreja por causa de mim, ninguém aqui quer, então não fomos mais.
Deus está em todo lugar, mas eu me sentia completo lá na igreja,
sentia a presença dele, agora estamos orando aqui mesmo.

— É terrível que muitas pessoas pensam assim, elas estão lá e


deveria ajudar vocês, não expulsar.

— Eu entendo, quando eu tinha tudo eu também era assim, me


arrependo até hoje, não tinha um bom coração assim como vocês,
olhava para mendingos como fosse superior a eles, e os ignoravam
quando estavam famintos e pediam o que comer. Eu preciso cair, e
chegar a posição deles para perceber que não era nada.
— Se não se importar que eu pergunte, como o senhor chegou a
esta situação? – Ana disse.

— Não tem problema meu anjo, sabe eu tinha tudo, era motorista de
caminhão, tinha uma família, uma filha linda assim como vocês, ela
deve ter uns 20

anos agora. Eu perdi tudo por bobeira, bebia demais, cheguei a não
ter mais o limite do meu vício, até que perdi o emprego. Foi então
que sofri um acidente, bêbado andando na rua, não vi um carro
passar, desde então tenho um problema na perna, mesmo com
tratamento não resolveu muito.

Eu me revoltei depois disso sabe, o médico disse que a minha perna


nunca voltaria ao normal, e sempre terei dor, hoje eu ando com uma
muleta. Na época tomei remédios fortes para a dor que o médico
prescreveu, mas misturava com o álcool, e quando acabava eu era
uma pessoa descontrolada, nunca machuquei ninguém, mas era
ignorante e surtava a toa, então minha esposa me abandonou, e
levou minha filha.

Mas eu as entendo, eu era um fardo muito pesado para elas


carregarem, e uma má influencia para a minha filha.

— O Senhor não as viu mais?.

— Não, ela deve ter ido morar em outra cidade, e nunca se


comunicou comigo, eu até consegui o telefone da minha ex esposa,
mas não tive coragem de ligar e falar a situação que me encontro.

— Minha mãe é serva na igreja evangélica, se o senhor e seus


amigos quiserem, na igreja dela eles dão apoio a moradores de rua,
e ajudam a voltarem

trabalhar e a ter um teto por uns dias até se reerguerem.


— Oh glória a Deus – ele disse chorando - Ouviram companheiros,
como Deus é tão grandioso que não só nos trouxe o alimento, e
também uma serva para nos ajudar.

Todos eles agradeceram muito a Ana e choraram de alegria. Eu não


me contive e chorei de alegria, abracei Ana e agradeci muito.

— Eu vou ligar agora mesmo para ela, e já dou a resposta para


vocês sobre quando ela vem.

— Eu ficarei muito feliz em acompanhar tudo, e ajudar no que


precisar.

Enquanto Ana estava no telefone com a mãe estávamos todos


ansiosos com a notícia, conversamos um pouco, e mais uma vez me
agradeceram muito pela pizza. Estavam tão famintos que comeram
rápido tudo.

— Tenho boa notícia Senhores, amanhã minha mãe vem buscar


vocês a noite, ela vai fazer umas perguntas para todos, mas vai dar
tudo certo.

— Eu nem tenho palavras para agradecer a senhorita, que Deus a


abençoe imensamente as duas, muito obrigada, que nada há de
faltar em suas mesas. Vocês são especiais, Deus vai dar tudo em
dobro para vocês.

Agradecemos pelas palavras e benção.

— Precisamos ir agora, mais tarde eu venho com Ana para


acompanhar tudo.

— Tenham uma boa tarde meninas.

— Os senhores também.

Saímos emocionadas com tantos agradecimentos, entramos no


carro.
— Que lindo trabalho da sua mãe na igreja, eu não sabia que existia
pessoas boas assim.

— Ela é incrível, é pastora de lá, e com a ajuda dos fiéis decidiu


construir uma casa para ajudar os moradores de ruas, e pessoas que
querem ser ajudados a recomeçar a vida. Desde criança ela é como
uma heroína para mim, um exemplo de mulher.

— Eu não vejo a hora de conhecer ela.

— Você vai amar, e ela vai gostar muito de você, contei a ela sobre o
que você fez para eles, ela até se emocionou.

Continuamos a conversar até o caminho da empresa.

O tempo passou rápido, de tarde comemos o resto da pizza que


levamos embora do restaurante, como Ana é nossa designe de
capas, trabalhamos bastante juntas com a edição de alguns livros.
Deu o meu horário e me despedi dela.

— Tchau amiga, te vejo amanhã.

— Beijos, me passa o seu número para

conversarmos no Whatsapp .

— É claro – Escrevo o número em um papel e a entrego — Deixa eu


ir lá, hoje tenho uma consulta com o psicólogo, beijos.

Saio da empresa e entro no meu carro, ligo meu celular, e lembro do


cantor que Ana me indicou, pesquiso uma de suas músicas e coloco
para tocar

“99”, e ligo o carro saindo do estacionamento.

Sua voz é linda e o ritmo da musica é muito diferente das que estou
costumada a ouvir, são bem viciantes.
Depois de um tempo chego na clínica, hoje estava fazendo bastante
calor, então tiro meu blazer e fico com a blusinha que estava por
baixo dele. Entro, e pelo horário que marquei seria a última sessão
até fechar, então só restava eu e alguém que estava no consultório
sendo atendido.

Peguei um livro da bolsa como sempre, para ler enquanto passava a


hora o título era “ Trono de vidro” adoro livros de fantasia, e esse
estava me prendendo bastante na leitura, Celaena é uma jovem
assassina, quando encontrei esse livro na livraria não esperava
gostar tanto, e me identificar com a personagem, assim como eu ela
perdeu seu grande amor e está sofrendo com isso.

Estava tão concentrada na leitura que não percebi quando fui


chamada no consultório, escutei pela segunda vez.

— Mil desculpas – Digo levantando e recolhendo minha bolsa —


Estava tão concentrada na leitura que havia me esquecido de onde
estou – Digo sorrindo sem graça.

— Não tem problema, eu percebi que estava focada mesmo, posso


ver que livro é? – Eu mostro o livro para ele.

— Sarah J. Maas em? se prepara que vem tanta bomba nesse livro.

— Você já leu ele?.

— Já sim, um dos melhores livros de fantasia que já li, apesar da


escrita da autora abalar o psicológico de qualquer um – Ele diz rindo.

— Nem me fale eu já tive tantos surtos, e estou na metade dele


ainda.

— Vai ter mais ainda, bom vamos entrando? – Ele diz enquanto entra
no consultório e se senta. —

Fique a vontade.
— Obrigada – Eu o sigo e me sento no sofá.

— Então senhorita Sofia, como você está hoje?

— Hoje estou bem, faz tempo que não me sinto feliz assim.

— Há é, me conte as novidades.

— Bom, hoje fiz uma nova amiga, ela é nova lá no trabalho, fomos a
pizzaria e nos divertimos bastante, eu estava precisando de mais
pessoas assim na minha vida vivo em um mundinho meu muito
isolado.

— Uma nova amiga em? isso é bacana, já é um passo a frente.

— Foi um dia muito agitado, eu levei uma pizza para alguns


moradores de rua que sempre vejo por lá. E

Ana falou com eles sobre um projeto que sua mãe trabalha, para
ajudar pessoas sem teto a se reerguerem, então ela fez uma ligação
e ficamos todos muito emocionados quando descobrimos que sua
mãe iria ajuda – los.

— Que linda atitude Sofia, tanto sua de dar a pizza, quanto a dela de
comentar com a mãe e ajudar eles.

— Sim , foi incrível, eu sempre gostei de ajudar as pessoas que


precisam, e fazer parte disso é muito emocionante.

— E fora isso, como você tem passado essa semana?

Dormindo bem?.

— Estou sim, os calmantes tem me ajudado bastante com o


nervosismo e ansiedade.

— Fico feliz que tenha ajudado, e você tem feito muito progresso
desde a nossa última sessão. Eu
preciso saber, como tem lhe dado com a morte de Alex agora?.

— Tem sido muito difícil, a semana toda eu passei do mesmo jeito,


chorando, trabalhando e tentando não pensar nisso, mas é difícil
quando entro em casa e percebo que estou sozinha. – Os
pensamentos voltam a mexer comigo, e sinto aquela tristeza
novamente.

— Entendo, como tinha falado, não será fácil passar por isso, mas o
primeiro passo você está dando, tentando seguir em frente.

— Isso, eu estou fazendo de tudo para tentar seguir em frente, mas


não é fácil sabe.

Conversamos mais sobre Alex, e como está indo meu trabalho.

— Te vejo na próxima semana Sofia.

— Tchau - digo me despedindo.

Fico surpresa que quando saio da porta vejo o Doutor Gabriel que
vem ao meu encontro.

— Sofia, que bom te ver como você está?.

— Estou bem doutor e você?.

— Pode me chamar de Gabriel , estou bem também, fico feliz que


tenha escutado o meu conselho e vindo aqui, Robert é um grande
amigo e um ótimo profissional.

— Eu que agradeço pelo conselho, as consultas estão me ajudando


muito.

— Fico feliz em ouvir isso, espero te ver novamente.

Eu fico meio envergonhada, Gabriel é um homem lindo, e ficar perto


dele me deixa meio incomodada.
— Também espero.

— Passa o seu contato, poderíamos sair um dia desses – Fico sem


jeito.

— Não veja isso como um encontro, e sim como amigos. – Ele diz,
acho que percebeu minha reação.

— É claro, seria ótimo — Eu passo o meu número.

Gabriel é um homem bom, e no tempo que fiquei no hospital ele


pareceu muito preocupado comigo, será bom ter um amigo assim
como ele.

— Bom eu preciso ir — Me despeço e vou embora.

Por algum motivo estranho, fiquei ansiosa por nos encontrar assim,
sei que ele e Robert são amigos, mais não esperava vê – lo ali.

Cheguei em casa exausta, deitei um pouco para descansar e liguei a


televisão, não encontrei nada para assistir que gostasse, e então me
contentei com um programa culinário. Depois de uma hora levantei
para fazer almoço, nesses dias andei comendo muita massa, então
resolvi fazer um arroz com cenoura, que eu amo, para acompanhar
frango grelhado.

Ainda não estava acostumada a comer sozinha, e o silêncio da casa


era perturbador, então como todos os dias sentei no sofá, e escolhi
um filme para assistir enquanto jantava, estava cansada de filmes
com final tristes, então escolhi uma comédia romântica o nome é “
Um passado de presente “ .

O filme me fez rir muito e me encantei com o casal principal,


enquanto assistia me perguntava se um dia terei um amor assim
novamente, ou é de fato como as pessoas dizem, algo que só
acontece uma vez na vida.
Por um lado não queria pensar nisso, mas por outro, me sentia
sozinha. Acredito que nunca precisei me sentir assim já que tinha
Alex, mas agora me sentia solitária, sem minha mãe por perto, nunca
tive um pai e as vezes sentia saudades dele mesmo sem ter
conhecido, mas isso foi apenas quando era criança.

Alice é como uma irmã para mim, mas por esses dias ela parecia
meio distante, não a culpo pois é casada e tem o trabalho, vejo o
meu whatsapp e percebo que ela está online.

— Oi amiga tudo bem ? estou com saudades .

— Oi, tudo bem sim, e com você?. Também estou, mas está uma
correria aqui.

— E como vai o trabalho?.

— Há amiga, está uma loucura, combinei com meu antigo chefe de


preparar um substituto antes de me demitir, Christopher não está
nada feliz com isso, mas o que eu posso fazer? Não poderia deixa –
los na mão, estou trabalhando faz anos naquela empresa.

— Você está certa, ele precisa entender. Está se dando bem com
seu novo chefe?.

— Estou sim, ele é um ótimo rapaz, muito inteligente igual ao pai, e


trata muito bem todos os funcionários.

— Que bom, mais ainda fico triste que tenha que sair.

— Fazer o que, preciso pensar na minha família em primeiro lugar.

— Só não se esqueça que o amor tem limites amiga, quando se


torna algo sufocante já não é mais amor.

Todos precisamos viver e ter seu próprio espaço.

— Você diz isso porque Alex era o noivo perfeito.


Tente entender que cada pessoa é diferente da outra. Eu sei o que é
melhor para o meu casamento.

Alice nunca havia falado comigo desse jeito, fiquei muito triste, é
difícil ver minha amiga jogando sua vida fora para viver como uma
boneca na mão de outra pessoa, percebo que ela já não esta sendo
mais

a mesma, seu marido está tirando tudo o que era bom nela.

— Tudo bem me desculpe por querer a sua felicidade, você já não é


a velha Alice que conheço.

— As pessoas mudam Sofia, você também não é mais a mesma


depois da morte de Alex.

— Sim, mas queria que você fosse feliz assim como eu fui, e livre
para realizar seus sonhos, nós temos apenas uma vida, e
precisamos aproveitar o máximo possível. Se você acredita
realmente que esteja feliz, está se enganando.

Bom esse final de semana irei fazer compras no shopping com uma
amiga do trabalho, se você quiser ir vai ser bem vinda.

Alice não me respondeu, mais visualizou a mensagem, não gosto


quando discutimos assim, mas ela parece tão distante, e sinto raiva
por deixar seu marido ser tão dominador assim.

Tento me esquecer de tudo isso e me acalmar para dormir, amanhã


será outro longo dia de trabalho.
Capítulo 9

Sofia

Já era hora do almoço, encontrei com Ana e combinei de levar ela


em um restaurante perto do trabalho para almoçarmos.

Sua sala era perto da minha, bato na porta e entro.

— Oi amiga, como você está? Não te vi hoje de manhã – Ela diz.

— Estou bem, hoje foi um dia corrido.

— Bom você não parece bem, aconteceu alguma coisa?.

— Lembra de uma amiga que comentei com você?

a Alice.

— Lembro sim, aconteceu algo com ela?.

— Ontem discutimos por mensagem de texto, não consigo parar de


pensar nela.

— Mas qual foi a causa da discussão?.


— O marido dela é muito ciumento e controlador, e pediu para ela se
demitir do trabalho por ciúmes, de seu novo chefe. E percebi que
esses dias ela anda meio distante e triste sabe.

— Que chato, e você como amiga quis ajudar.

Situação difícil, e é ruim se intrometer em coisas de casal, mas como


ela é sua amiga, eu também faria o mesmo no seu lugar.

— Eu sempre procuro não me envolver, mas não consigo ver ela


infeliz e não dizer nada.

— Espero que tudo fique bem amiga.

— Eu também, mas deixa pra lá, vamos almoçar ?.

— Vamos sim – Ela pega sua bolsa e saímos da empresa.

O almoço foi tranquilo, pedimos um vinho tinto para acompanhar,


arroz, feijão, frango grelhado e pimentão, um dos meus pratos
favoritos .

— A comida aqui é divina – Digo enquanto bebia o vinho.

— Sim, estou vendo, você tem um ótimo paladar, se continuar


andando contigo, vou engordar desse jeito

– Ela ri.

— Vai mesmo – Dou risada — A que horas sua mãe vai nos
encontrar hoje? Para buscar o Pedro e seus companheiros.

— Foi bom você me lembrar, já estava me esquecendo de te avisar,


que cabeça minha.

Combinei depois do trabalho, já que é perto para nós.


— Estou pensando em pedir algumas marmitas para levar lá, devem
estar famintos.

— Sim, eu pode pedir eu ajudo você pagar, depois passamos lá.

Fiz o pedido das marmitas, e depois que comemos levamos para


eles, ficaram super felizes, ainda mais com a notícia que faltava
poucas horas para que voltássemos.

Voltamos para o trabalho, hoje a tarde, eu e Ana teríamos uma


reunião online com uma autora, sobre seu livro que está sendo
produzido.

O dia foi cansativo, nem percebi quando deu a hora de irmos


embora.

— Está quase tudo pronto agora, irei finalizar algumas coisas em


casa para adiantar, vamos que temos um compromisso hoje – Digo
sorrindo

— Você se importa em me dar uma carona ? Já que vamos no


mesmo lugar.

— Sem problema, dou sim, eu até me esqueci de te perguntar se


você iria de carro.

— Eu não tenho carro, sempre venho de ônibus, estou querendo


comprar um mais está difícil.

— Entendo, mas não tem problema nenhum.

— Obrigada amiga.

Seguimos para o nosso destino, e a mãe de Ana manda mensagem


para avisar que já estava a caminho. Quando chegamos, vejo uma
van encostada. Saímos do carro, e vejo uma mulher morena, de
cabelos cacheados saindo também, logo percebi que era a mãe de
Ana, as duas eram muito parecidas.
Junto com ela havia mais um homem e uma mulher.

— Olá meninas tudo bem? – Ela diz vindo ao nosso encontro —


Você deve ser a Sofia, Ana me falou muito sobre você – Ela me
abraçou.

— Muito prazer em conhece - la – Digo sorrindo.

— O prazer é todo meu, meu bem, meu nome é Aline, onde estão os
rapazes? Eles devem estar ansiosos.

Levo ela até o beco onde eles estavam, ali perto.

— Seu Pedro essa é Aline a mãe de Ana.

— Boa noite, é um grande prazer conhecer a senhora, eu agradeço


muito por tudo que estão fazendo por nós.

— Agradeça a Deus meu bem, somos só

instrumentos em suas mãos. Bom esses são meus colegas que


servem a igreja assim como eu , Davi

irá fazer algumas perguntas para vocês, e Lucia é enfermeira vai


examinar vocês.

Enquanto faziam o trabalho deles, aproveitei para conversar com


Aline.

— Achei lindo o trabalho que vocês tem feito para ajudar as pessoas
que precisam.

— Ana comentou comigo o que você tem feito para esses senhores,
precisamos de pessoas assim como você com a gente, se quiser se
voluntariar e nos ajudar quando poder, sempre estamos precisando
de mais ajuda.

— Eu adoraria.
— Temos duas casas de ajudas, uma para mulheres e outra para
homens, existem algumas pessoas que se voluntaria para o final de
semana dar ajuda lá, também temos funcionários que trabalham
diariamente. Conhecemos pessoas extraordinárias que infelizmente
tem poucos recursos na vida.

— Eu trabalho, mas adoraria ajudar no que poder no final de


semana.

— Ana irá passar meu numero para você caso precise, no final de
semana nos encontramos no lar das mulheres.

— Okay, muito obrigada, e eu agradeço muito por tudo.

No final tudo acabou bem, me despedi de todos, e falei para Pedro


que iria visita – los assim que poder, ele e seus companheiros me
agradeceram muito.

Ofereci de dar uma carona para Ana até sua casa, ela não queria
incomodar mas acabou aceitando, e insistiu para que eu entrasse e
jantasse com ela.

— Só não repara na bagunça, o prédio é velho, fico até


envergonhada.

— Imagina amiga, fica tranquila, nem se preocupe com isso. Faz


bastante tempo que você mora aqui?.

— Faz uns três anos, estou querendo me mudar, para um lugar mais
próximo do trabalho, mas está difícil achar um apartamento que não
seja muito caro o aluguel.

— Eu tenho um vizinho que está alugando o apartamento dele faz


tempo, seus últimos inquilinos saíram faz mais de dois meses,
acredito que ninguém alugou ainda, uma vez ele comentou comigo,
que desfez do contrato já que estava tendo problema com o casal. E
não é caro o aluguel.
— Que incrível, fiquei muito interessada, imagina que legal sermos
vizinhas. – Ela sorri.

— Seria incrível, o dono do AP mora no mesmo prédio, ele é


aposentado e sempre está na casa, se quiser posso te levar lá
semana que vem para dar uma olhada.

— Quero sim, eu vou preparar a janta aqui para nós, gosta de


lasanha?.

— Eu amo, posso te ajudar a fazer.

Ela pega os ingredientes.

— Ai amiga esqueci de comprar a carne moída.

— Não tem problema, não é muito tarde agora, eu posso passar no


mercado.

— Coitada vou te dar trabalho.

— Imagina de carro é rapidinho, vou aproveitar e comprar algo para


fazer uma sobremesa.

— Vou pegar o dinheiro.

— Não fica tranquila eu pago.

— Imagina você já vai gastar gasolina para ir, e hoje é minha


convidada, eu insisto.

Ela vai até a bolsa e me da o dinheiro.

— Vou lá e já volto.

— Enquanto isso eu vou fazendo o arroz aqui.

Fui até o carro e segui até o mercado mais próximo.


O mercado era enorme, fiquei perdida para encontrar o açougue lá,
quando encontrei peguei minha senha e esperei ser chamada,
enquanto isso pensei em algo fácil e rápido para fazer a sobremesa,
tinha três pessoas na minha frente, então decidi procurar o

creme de leite e leite condensado, estava meio perdida e acabei


esbarrando em alguém.

— Me desculpe – Falo sem graça , quando me viro vejo Gabriel.

— Sofia – Ele sorri — Que coincidência te ver por aqui, mora aqui
perto?.

— Há, não uma amiga mora nessa região, vim visitar ela.

— Há que legal, está perdida, quer ajuda?.

— Estou – Digo sorrindo — Nunca vim nesse mercado, e é muito


grande, estou procurando o creme de leite e leite condensado.

— É por aqui venha – Eu o sigo.

— Aqui é bem grande mesmo, as vezes até eu me perco.

— Você mora por aqui?.

— Moro em um condomínio aqui perto, e como você está?.

— Estou bem obrigada, e você?.

— Estou bem também. Você parece que está bem melhor, fico muito
feliz.

— Eu estou me sentindo melhor mesmo, acho que a pior fase já está


passando.

Gabriel da um sorriso sincero, não sei porque sempre que o vejo fico
envergonhada. Ele tem uma beleza que tira a concentração de
qualquer mulher.

Percebo que estou encarando muito, então coloco meus cabelos


atrás da orelha e olho para o chão envergonhada.

— Então vai fazer alguma sobremesa? Eu amo doces.

— Há sim, estava pensando em algo fácil já que está tarde, um


mousse de limão.

Ele para em uma prateleira e depois que percebo que havíamos


chegado ao corredor certo. Então pego o leite condensado e o creme
de leite.

— Bom agora só falta o limão, é bem aqui me siga.

— Muito obrigada mesmo.

— Imagina, vai pegar mais alguma coisa ?.

— Há sim, estou esperando chamarem minha senha para comprar


carne.

— Eu estava indo lá agora mesmo, posso te acompanhar, enquanto


isso jogamos conversa fora.

— É uma boa ideia.

Seguimos para o açougue e Gabriel pega sua senha

— Você parece cansado, dia difícil no trabalho?.

— Hoje foi bem cansativo, quando se trabalha em um hospital vemos


de tudo, as vezes é difícil não se abalar. Eu sai agora pouco de uma
cirurgia que levou mais de 7 horas.

— Uau, deve ser muito cansativo, eu nem imagino.


— É sim, mas tudo vale a pena.

— Você sempre quis ser médico?

— Olha depende, quando eu era criança queria ser um ninja — Eu


dou uma gargalhada

— Eu queria ser uma princesa só para vestir todos aqueles vestidos


bonitos – Rimos novamente.

— Você deve ficar linda de vestido mesmo - Eu fico corada e volto


olhar para o chão — Obrigada.

— Então, aconteceu alguma novidade? você realmente esta com um


semblante muito melhor.

— Na verdade sim, eu fiz uma nova amizade, essa minha amiga que
estou visitando, sua mãe é pastora em uma igreja, e me convidou
para ajudar em um projeto que eles fazem, eles ajudam os
desabrigados a terem um lar e voltar a vida ativa.

— Uau, que incrível, eu nem sabia que existiam pessoas assim aqui
por perto, é lindo, eu adoraria conhecer esse projeto.

— Podemos combinar de ir lá um dia desses, eu serei voluntária de


vez enquanto lá.

— Eu sempre quis ajudar as pessoas sabe, por isso quis seguir a


carreira de médico, é lindo sua iniciativa, e fico feliz que esteja te
ajudando também.

Minha senha foi chamada, eu havia esquecido que tinha que pegar a
carne, peço licença para Gabriel e faço o pedido, e ele fez o dele
logo depois.

— Sabe eu estou muito feliz em poder ajudar alguém, Alex era uma
pessoa muito caridosa, sempre que podia ele ajudava os outros, eu
me sinto de alguma forma mais próxima dele fazendo um ato bom.
— Ele parecia ser uma pessoa incrível.

— Ele era sim, você se parece bastante com ele, sabe o seu jeito de
ser. Se ele estivesse vivo, e se conhecessem vocês seriam ótimos
amigos.

Gabriel parece meu pensativo, e eu fico triste ao lembrar de Alex.

— Sabe as vezes eu mesmo não entendo os planos de Deus para


nós, mas imagino que tudo tem o seu propósito, Alex de certa forma
te inspirou a fazer o bem as pessoas, a missão dele já foi cumprida
nessa terra. Eu gosto de pensar que todos aqueles que se vão,
olham para nós de onde estiverem, e Alex está muito orgulhoso pela
pessoa que se tornou. Você sofreu, mas está tentando lidar com
essa dor ajudando os outros que necessitam.

Meus olhos estavam cheios de lagrimas, me emocionei muito com


tudo que Gabriel falou, então o abraço.

— Muito obrigada por tudo, eu estava precisando ouvir isso de


alguém sabe – Ele enxuga as lagrimas que correm do meu rosto.

— Seja feliz Sofia, Alex iria querer isso. - Eu pego em sua mão que
ainda estava em meu rosto, seu toque de alguma forma me faz me
sentir bem, estávamos bem próximos, então eu ando para trás.

— Eu passei o meu número, se você quiser ligar um dia desses


posso te levar para conhecer o lugar que te falei.

— Eu adoraria, me desculpe não ter entrado em contato, esses dias


estavam sendo muito corrido.

Mas vou te mandar uma mensagem depois, ai você salva o meu


numero.

— Não tem problema, bom deixa eu ir lá, minha amiga já deve estar
preocupada com a demora.
— Há sim, verdade, foi muito bom ter te encontrado novamente.

— Sim foi mesmo, te vejo outra hora – Digo me enrolando com as


palavras, e saio.

— Sofia o caixa é por aqui – Ele grita e acena para o outro lado.

Eu dou risada por ter me perdido de novo, eu sabia onde era o caixa,
mas minha cabeça estava em outro lugar.

— Obrigada.

No caminho para a casa de Ana, ainda fico com as palavras de


Gabriel pairando sobre minha cabeça, mas o que eu mais lembrava
era do toque da sua mão em meu rosto, eu sorrio, pareço uma
menina tola ainda, e não entendo o porque dessa minha reação.

Mas o olhar que ele me deu tão sincero, eu preciso esquecer disso,
até porque faz pouco tempo que perdi meu noivo, não preciso
adicionar mais um romance em minha vida agora. E porque estou
pensando nisso? Gabriel é apenas um amigo que queria me
confortar.

Entro no apartamento de Ana, ela estava mexendo no celular


sentada no sofá.

— Amiga já estava ficando preocupada, achei que você tinha se


perdido, aconteceu alguma coisa?

Porque você está com essa cara?.

— Há, eu estava pensando aqui. Me desculpe pela demora, o


mercado era enorme eu fiquei meio perdida, encontrei um amigo lá,
que me ajudou a pegar as coisas, ficamos conversando um pouco
até eu conseguir pegar a carne moída.

— Há um amigo, então é por isso que você apareceu com essa cara,
estava com o pensamento no mundo da lua é.
— Não imagina, estava pensando em algumas coisas do trabalho,
mas deixa pra lá.

— Trabalho? Sei – Ela ri — Vamos preparar a lasanha se não fica


tarde, e eu já estou faminta. Sabe eu devia ter imaginado que você
se perderia no mercado, lá é enorme e você nunca deve ter ido fazer
compras lá, até eu me perco as vezes.

— Não tem problema, pelo menos eu consegui comprar o que


precisava, e comprei ingredientes para fazer mousse de limão,
pensei que cairia bem uma sobremesa.

— Há eu amo mousse.

— Eu também.

Enquanto Ana preparava a carne moída, eu fazia o mousse, depois


ajudei ela a montar a lasanha com presunto e muçarela.

— Me conte sobre esse seu amigo que te deixou com a cabeça nas
nuvens.

Eu estava apoiada no balcão da cozinha.

— Não é nada disso – Fico sem jeito — Ele é só um conhecido.

— Fiquei ainda mais curiosa, me conta mais sobre esse conhecido


então, ele é bonito?.

— Não vou mentir, ele é lindo, é o tipo de homem que você fica
envergonhada só de olhar para ele –

Dou risada — Ele é medico, o conheci no hospital depois do


acidente, ele cuidou de mim, e fez de tudo para salvar Alex, hoje
quando nos esbarramos, acabamos voltando nesse assunto.

— Me desculpe amiga, eu nem imaginava, deve ser difícil para você


relembrar dele.
— É sim.

— Mas pelo menos algo de bom aconteceu, você reencontrou o


doutor bonitão – Nós duas rimos. —

E ele pediu seu telefone? Vão sair qualquer dia desses?.

— Da última vez que nos encontramos eu já tinha passado meu


numero para ele, e sim combinei de levar ele para conhecer o projeto
que sua mãe criou, quando comentei ele se interessou em ajudar.

— Que incrível amiga, o cara além de lindo gosta de ajudar as


pessoas, olha eu já shippo vocês dois juntos.

— Ele é uma pessoa incrível mesmo, mas não é nada disso que
você está pensando, somos apenas amigos.

Eu também não estou pronta para sair com ninguém no momento.

— Mas deixa as coisas fluírem amiga, vai que você mude de opinião
conhecendo ele melhor.

— Eu não sei se quero isso.

— Bom então não deixe ele pensar nessa possibilidade tão cedo.

— Somos só amigos, e ele nem me conhece direito, tenho certeza


que isso nem passou pela cabeça dele.

Ana me olha com um olhar de indecisão.

— A lasanha vai demorar um pouco para ficar pronta, quer assistir


um filme enquanto isso?.

— É uma ótima ideia, qual você sugere?.

— Hoje estou no clima para comédia, que tal “ As branquelas “ ?.


— Eu adoro esse filme, nunca me canso de assistir.

— Vai ser esse então, só irei por um despertador para não


esquecermos da lasanha no forno.

Passamos algumas horas assistindo tv e rindo muito com o filme,


comemos a lasanha que ficou uma delicia, logo percebo que já
estava tarde, então me despeço de Ana e vou embora.

No caminho penso no que Ana disse, e na possibilidade de ir além


da amizade com Gabriel, mas logo tento esquecer.

Quando chego em casa recebo uma mensagem dele.

— Boa noite Sofia, estou ansioso para conhecer o projeto que você
comentou hoje mais cedo, sempre gostei de poder ajudar aqueles
que mais precisam, e estou encantado por você também fazer parte
disso. Um grande abraço, te vejo no final de semana.

Me pego sorrindo feito boba enquanto leio a mensagem, estou feliz


por Gabriel querer ajudar as pessoas assim como eu, e mais feliz em
poder vê -

lo no domingo.

Depois de pensar no que responder envio a mensagem.

— Boa noite Gabriel, eu também estou ansiosa para poder fazer


parte disso, e muito grata que você também queira.

Logo me pego ansiosa vendo ele digitando.

— Minha vida é sempre bem corrida por conta do trabalho,


infelizmente não tenho muito tempo para realizar todas as minhas
metas. Mas desde quando decidi que seria médico, já sabia que
queria fazer o bem as pessoas, e ajudar sempre aqueles que mais
precisam.
— Seu trabalho é incrível, acho lindo o que faz pelas pessoas, todos
os dias você salva vidas e ajuda aqueles que precisam. E você
dedica cada minuto dos seus dias para elas.

— Eu sempre me orgulhei de ser médico sabe, mas não posso levar


todo o crédito. Deus está sempre a minha frente, e acima de tudo, eu
devo tudo a ele.

— Um bom médico é sempre aquele que põem Deus em primeiro


lugar.

— E você trabalha com o quê?.

— Eu trabalho em uma editora.

— Que legal, gosto muito de ler, os livros são uma porta para o
conhecimento. Não só os livros de estudos é claro. Também aqueles
que nos mostra um mundo novo.

— Uau, é isso mesmo, sempre pensei assim . Eu amo ler, e os livros


sempre esteve presente em minha vida, não só nos estudos.

— De uma maneira diferente, as nossas profissões mudam o mundo.

Passo algumas horas conversando com Gabriel por mensagem, e


nos damos muito bem, acho lindo sua fé e a maneira que vê o
mundo. Quando vejo já passa da meia noite, então nos despedimos
e vou me deitar.
Capítulo 10

Sofia

O Final de semana chegou, os únicos dias que consigo dormir até 8


horas da manhã, e estar bem disposta o dia todo. Levanto faço
minhas higienes, e corto umas frutas para comer.

Hoje o dia vai ser tranquilo, combinei de passar na casa de Ana para
irmos ao Shopping, pego meu celular e vejo uma mensagem de Alice
no whatsapp.

— Bom dia amiga, pensei melhor sobre sua proposta e adoraria


passar um dia com você e Ana.

Te encontro no shopping na praça de alimentação.

Me desculpe pela nossa última conversa, você sabe como eu fico


quando o assunto é o meu casamento.

Penso no que responder, não quero tocar nesse assunto novamente,


então decido esquecer disso.

— Fico feliz que você irá, estou com saudades .


Não tem problema, vamos deixar isso no passado e esquecer. Te
encontro no shopping beijos.

Em seguida Alice responde com alguns emojis de beijos.

Decido escolher minha roupa e tomar banho. Pego um vestido bem


fresco que hoje o tempo está muito quente. Depois de tomar banho
prendo meu cabelo, e faço um delineador nos olhos, e passo um Lip
Tint.

da cor vermelha, só para realçar os meus lábios.

Como combinado passarei na casa de Ana para busca – la. Depois


de me arrumar sigo ao seu encontro.

No carro decido colocar uma música para animar o dia, então


escolho “ Watermelon Sugar “ do Harry Styles.

Quando chego em seu apartamento bato na porta, em seguida


escuto Ana gritando.

Ela abre a porta enquanto coloca um sapato.

— Oi amiga, bom dia – Diz sorridente.

— Bom dia, você caprichou no visual hein.

Ana escolheu usar um vestido rosa claro e uma sapatilha preta.

— Você também esta linda. - Ela me abraça.

— Obrigada – Digo sorrindo – Vamos?.

— Espera só um minuto que irei pegar minha bolsa.

– Ela volta para o seu quarto, depois vem com a bolsa na mão.

— Pronto agora podemos ir.


No carro Ana escolhe uma música “Sugar – Maroon 5 ” nunca havia
escutado mas amei o ritmo. No caminho seguimos cantando.

O shopping estava bem movimentado, como todo final de semana,


demorou alguns minutos para conseguir encontrar Alice na praça de
alimentação.

— Amiga, que saudades – Digo abraçando ela.

— Eu também estava com muita saudade.

— Essa é Ana, uma amiga do trabalho que te falei.

— É um prazer te conhecer, Sofia falou muito bem de você. – As


duas se abraçam.

— O prazer é todo meu, também ouvi muito falar sobre você.

— Onde vocês querem ir primeiro? – Digo.

— Bom, eu vi uma nova loja linda aqui perto, vamos conhecer lá?-
Alice diz animada.

Concordamos e seguimos até a loja.

Era uma loja de roupas femininas, tinha várias do meu gosto, eu e as


meninas escolhemos algumas roupas para provar.

Comprei três blusinha de alça fina, que é ideal para usar nesse calor,
uma rosa, outra branca, e outra cinza.

Uma calça social para montar o look para ir trabalhar, e um vestido


bem soltinho cheio de bolinhas.

As meninas escolheram poucas peças de roupas. Em seguida,


fomos a uma loja de langerie que estou acostumada a ir sempre.
— Amiga olha só esse conjunto que lindo, e bem sensual, leva para
você. – Ana diz me mostrando um conjunto de calcinha e sutiã preto,
com renda — Vai que em um futuro próximo talvez um médico
bonitão te fisga de vez. – Ela diz sorrindo, e eu reviro os olhos.

— Eu e Gabriel somos apenas amigos.

— Amigos? Vai me dizer que você não sente alguma atração por
ele?.

— Gabriel é lindo, é difícil não reparar nisso, mas não é o meu


momento sabe.

— Eu lembro esse nome, vocês estão comentando sobre o Dr.


Gabriel que te atendeu no hospital? –

Alicie diz.

— Ele mesmo, a pouco tempo vi ele na clinica do Dr. Robert, e nos


encontramos por acaso em um super mercado.

— Você devia ter visto a cara dela, estava nas nuvens.

— Não estava não.

— Ele é lindo mesmo amiga, mas te entendo não é fácil seguir outro
relacionamento. – Alice me olha triste.

— De todo modo, somos apenas amigos.

— O doutor bonitão pegou o numero dela e vão se encontrar


amanhã. – Ana diz brincando.

— Com você e sua mãe de plantão.

— Não seja por isso, eu invento algo e faço vocês saírem sozinhos
rapidinho – Ela diz rindo.
— Ai você não presta. – Eu dou um tapinha em seu braço.

Nós três rimos, enquanto isso Ana não parava de falar no meu
possível futuro relacionamento, e me mostrava as lingeries mais
ousadas da loja. Levo tudo na brincadeira, pois sei que ela só quer o
meu bem.

Depois de algumas compras seguimos ao salão de cabelereiro.

Decido mudar o visual, faço algumas mechas loiras e corto quase na


altura do ombro, uma mudança radical já que meus cabelos estavam
enormes. Faço uma hidratação e escova.

As meninas por outro lado decidiram hidratar o cabelo e fazer um


corte simples, que não mudou o tamanho do cabelo.

Alice já tinha os cabelos bem curtinho. Ana depois da hidratação


seus cachos ficaram ainda mais soltos e brilhosos.

— Amiga você ficou linda demais - Ana diz, e as duas elogiam muito
meu novo visual.

— Muito obrigada meninas, eu amei seus cachos estão mais leves e


brilhosos – Digo passando a mão em seu cabelo.

— Muito obrigada, estou precisando cuidar mais deles mesmo.

— Que isso seu cabelo já é lindo, só realça a beleza deles. – Ela me


agradece e fica envergonhada.

Em seguida chega a manicure e escolho como quero minhas unhas,


escolhi passar um esmalte preto brilhante que amei.
Capítulo 11

Sofia

— Oi, uau você está linda – Gabriel diz quando me vê.

— Muito obrigada – sorrio tímida.

Estava com uma calça jeans, uma blusinha branca e uma sapatilha
branca para combinar.

Entramos no endereço que Ana me enviou, logo vejo ela e sua mãe
conversando com algumas mulheres, quando nos vê elas vem ao
nosso encontro.

— Sofia querida que bom vê - la, fico feliz que tenha vindo – Aline diz
enquanto me abraça.

— Espero que não se importe, trouxe um amigo comigo, esse é o


Gabriel - Apresento ele as duas. —

Quando comentei sobre o projeto que a senhora criou com os fiéis


da igreja, ele ficou admirado e ansioso para conhecer tudo, assim
como eu.
— É um prazer conhece - las – Gabriel cumprimenta as duas.

— Fico feliz que jovens como vocês se interessem em ajudar as


pessoas – Aline diz — Vamos vou levar vocês para conhecerem o
lugar. Faz uns cinco anos atrás que desejei fazer isso, lá na igreja

sempre ajudamos aqueles que mais precisam, porém eu queria fazer


parte de algo maior sabe, então Deus me deu uma revelação, para
que construísse este lugar. E com Deus na frente conseguimos
arrecadações de materiais para construir o local, alguns homens
vieram para a igreja depois de receber o chamado de Deus, e
doaram seu trabalho como pedreiros e ajudantes para erguer este
lugar. Graças a ele estamos aqui.

— Que história linda Aline – Comento admirada —

E como funciona tudo por aqui?.

— Recebemos muitas arrecadações de

mantimentos, roupas, produtos de higienes, graças a Deus sempre


que temos uma crise ele supre todas as nossas necessidades.
Ajudamos mulheres aqui a terem um teto para viver, até conseguirem
se reerguer, conseguir um emprego. Depois elas saem e vem outras,
muitas dessas pessoas ajudam com arrecadações aqui para
agradecer o que fizemos por elas. Mas sempre que conseguimos
arrumar um cantinho, recebemos mais pessoas, nem todas querem
se reerguer e mudar de vida sabe, mas nunca nego um alimento
para elas e outras necessidades que tem.

— E então, aqui vivem só mulheres? – Gabriel comenta.

— Sim mulheres e crianças, alguns jovens com suas mães também,


pela segurança delas e para não se

sentirem mal, separamos os homens e eles vivem em uma casa aqui


perto também, o terreno é enorme, então construímos dois locais
para dividir. Venham comigo irei mostrar a cozinha primeiro. – Então
a seguimos, o pátio onde todas se alimentam era enorme, e tinha
uma cozinha na frente.

— Boa tarde Célia, esta é Sofia e Gabriel, estou mostrando a eles o


lugar.

— Boa tarde jovens, fiquem a vontade, e me desculpem pela


bagunça aqui na cozinha, estamos preparando o almoço – A mulher
diz depois que cumprimentamos ela, tinha mais umas duas pessoas
ajudando cortando alguns legumes enquanto ela usava o fogão.

— É um prazer conhece - la, o cheiro da comida está divino – Digo .

— Você precisa experimentar a comida da dona Célia é maravilhosa


– Ana comenta animada.

— Espero que fiquem para almoçar conosco, e não aceitarei um não


como resposta – Célia diz.

— Eu adoraria ficar, já estou babando com esse cheiro maravilhoso –


Gabriel comenta e todas rimos.

— Estou assando alguns frangos com batata, e fazendo um arroz e


feijão, a comida é simples, mas é feita com amor.

— Eu amo frango assado, agora é impossível resistir e não comer, e


tenho certeza que irei adorar –

Gabriel responde.

— Que rapaz simpático viu, e vocês dois formam um belo casal.

Olho envergonhada para Célia.

— Nós somos apenas amigos.


— Bom, se eu fosse mais jovem eu não deixaria um rapaz lindo
assim fugir, é um belo partido – Ela diz, nós rimos, e ele parece ter
ficado envergonhado.

— O papo está bom mais tenho que mostrar o resto do lugar a vocês
– Aline comenta.

— Eu vou ficar aqui para ajudar Célia no que precisar – Ana diz já
colocando um avental.

Nos despedimos de Célia e seguimos Aline.

— Temos uma sala onde as crianças ficam, vou levar vocês lá.

— Eu amo crianças.

— Eles dão bastante trabalho, mas nos apegamos a todos que vem
aqui.

A sala é bem grande e tem brinquedos espalhados por toda parte,


algumas crianças brincando e correndo. Havia duas mulheres
conversando e

sentadas no chão, com duas crianças pequenas brincando ao seu


lado.

— Como podem ver são bem bagunceiros, parecem um furacão por


onde passam, é dificil controlar a todos – rimos, — Para mim é uma
grande alegria ver eles assim, a maioria das crianças aqui viveram
com seus pais na rua, e tiveram uma vida dificil, algumas eram
espancadas pelos pais ou abusadas, sempre quando chegam estão
com carinha tristes ou são muito reservados, tem que ter paciência e
dar muito amor a eles.

— Eu fico triste só de tentar imaginar o que essas pessoas já


passaram nessa vida – Gabriel comenta.
Ele vai ao encontro de um menino que estava encolhido em um
canto com um carrinho, e ficamos observando.

Não deu para escutar o que ele falou, mas depois de alguns minutos
percebo que a criança levanta animada e da a mão para ele.

— Eu e esse rapazinho aqui, queremos saber se tem alguma bola de


futebol para jogarmos por aqui.

— Tem sim, é bem velhinha, como todos os brinquedos que estão


aqui, faz tempo que as crianças não ganham brinquedos novos, os
últimos que ganharam eram já usados. – Comenta Aline –

Vou buscar a bola para vocês.

— Agora só precisamos chamar mais gente para jogar o que acha?


É sempre mais divertido, vamos chamar seus amiguinhos – Gabriel
diz.

— Eu não tenho amigos aqui, ninguém quer brincar comigo – O


menino responde triste.

— Isso será fácil de resolver – Digo — Garanto que depois de te


conhecerem melhor mudarão de ideia.

Conseguimos convencer o garoto, e logo depois dois meninos


aceitam brincar com eles, e Aline aparece com a bola, que estava
bem velha.

Gabriel leva os meninos para fora, enquanto isso decido continuar


caminhando para conhecer o local.

— As crianças daqui estudam? – Pergunto.

— A maioria sim, algumas precisam esperar até ano que vem, pois
chegaram no meio do ano letivo. Tem uma escola meio próximo
daqui.
— E como eles chegam até lá?.

— A maioria vão em grupo apé mesmo.

— E as mulheres que não conseguem emprego, o que fazem?.

— Venha vou te mostrar.

Aline me leva para um outro cômodo longe dali, escuto um barulho e


fico curiosa, então entramos na sala.

— Aqui é onde ficam nossas costureiras, a maioria das mulheres


decidem aprender o oficio para não ficar sem trabalho, e uma ensina
a outra aqui, elas fazem seus trabalhos e vendem pela internet.

— Uau – Fico surpresa.

— Vem aqui vou te mostrar alguns trabalhos incríveis delas, e fazem


por encomenda viu – Aline diz toda orgulhosa.

Em uma mesa havia algumas sacolas com roupas prontas, Aline me


mostrou cada uma, e fiquei admirada com o trabalho delas, algumas
fazem roupas diferente de todas que já vi.

— Boa tarde meninas – Uma senhora nos cumprimenta.

— Boa tarde Patrícia, esta é Sofia, ela está nos visitando hoje.

— É um prazer conhece - la – Digo

— O prazer é todo meu.

— Patrícia está aqui conosco desde o inicio, ela que teve a ideia de
ensinar as mulheres a costurar, trabalhou com isso a vida toda, e
agora se aposentou.

— É incrível o trabalho que vocês fazem aqui.


— As meninas ficarão muito felizes com esse elogio, e eu também,
são muito inteligente e esforçadas.

— Eu gostaria de encomendar algumas peças se vocês não


estiverem muito ocupadas, me encantei muito com o trabalho.

— Não estamos não, venha comigo, irei te apresentar a uma das


moças para tirar suas medidas.

Passamos algum tempo conversando, e me encantava cada vez


mais com o trabalho que o grupo fazia ali, as peças são lindas e
muito diferentes, em poucos dias estaria pronto minhas encomendas.

— O papo está bom mas já é a hora do almoço, e eu estou morrendo


de fome – Diz Aline.

— Vou chamar Gabriel para almoçarmos, já encontro vocês lá. –


Quando chego vejo Gabriel sorrindo, correndo com os meninos. Me
pego pensando naquele sorriso, mas tendo afastar esses
pensamentos. Aceno para ele, e eles param de jogar e vem ao meu
encontro.

— Acho que me empolguei jogando com os meninos, já estou todo


suado – Ele diz sorrindo e limpando o suor do rosto.

— Eles parecem muito felizes brincando com você.

— Sim, são crianças adoráveis.

— Vamos almoçar? todos já estão lá.

— Vamos sim. Ei turma vamos almoçar – Ele chama os meninos que


ainda estavam brincando.

Seguimos ao refeitório, todos já estavam comendo, enquanto isso eu


e Gabriel nos servimos, e seguimos ao encontro de Ana e Aline que
estavam conversando.
— Sofia, estávamos falando de você agora mesmo.

— Sério? sobre o que falavam?.

— Mamãe estava contando o quanto você gostou daqui, e todos


amaram vocês dois.

— Eu estou amando tudo aqui, é incrível a iniciativa de vocês, e o


que precisar eu ajudo.

— Aqui as pessoas se viram bem, mas sempre precisamos de


alguém para ajudar na cozinha, com as crianças ou para organizar
as doações que recebemos. Você será muito bem vinda.

— Eu adoraria poder ajudar no que poder também –

— Você é um rapaz maravilhoso, os meninos te adoram. Poucas


pessoas dão tanta atenção a eles, sempre que quiser vir aqui será
bem vindo, e eles irão amar.

— Eu gosto muito de crianças, venho sim.

— Eu também amo crianças mas são uns pestinhas

– Ana diz sorrindo — Uma vez levamos eles ao parque aquático,


ficaram super felizes, mas

aprontaram de tudo, chegaram a derrubar a coitada da dona Célia na


água acreditam – Todos rimos.

— O melhor foi o dia que decidimos fazer um churrasco aqui, os


garotos estavam brincando com a bola, e derrubaram toda a carne
da churrasqueira, mas ninguém viu, para encobertar decidiram pegar
a carne do chão e devolver na churrasqueira.

Quando fomos comer sentimos um gosto estranho, todo mundo


reclamava da carne, ai que achamos alguns matinhos nelas, coitada
da dona Célia foi comer tinha uma pedrinha em uma, quase quebrou
o dente.

Todos gargalhamos.

— Meu Deus, e parecem que são uns anjos.

— Anjos terríveis – Aline comenta – São boas crianças, mas são


muito levadas.

— E qual deles fizeram tudo isso?.

— O Michael e o Matheus os meninos que estavam jogando bola


agora pouco com o Gabriel , eles não se desgrudam, e vivem
aprontando todas por aqui.

— Pelo visto quem mais sofre nisso é a dona Célia

– Gabriel comenta rindo.

— É verdade, coitada – Ana comenta enquanto come.

Capítulo 12

Sofia
Nos despedimos de todos, Ana decidiu ficar com sua mãe, então
sigo com Gabriel que me acompanha até o meu carro.

— O dia de hoje foi incrível, adorei conhecer essas pessoas, muito


obrigada por me convidar.

— Eu também amei conhecer aqui, acho que você fez novos amigos.

— Sim – Ele sorri — Eu amo crianças, eles deixam o meu dia


melhor.

— Eu também gosto muito de crianças, apesar do trabalho que dão.

— Um dia eu quero formar a minha família, e ter dois filhos, um


casal.

— Você vai ser um excelente pai Gabriel leva jeito com crianças.

— Só falta encontrar a pessoa certa para realizar esse sonho.

— Já tem alguém em mente?.

— Talvez, quem sabe – Ele me as uma piscadinha.

Dois meses se passaram, Ana se mudou para o apartamento ao lado


do meu, aquele que comentei com ela, o dono adorou conhece – la e
viu que era de confiança.

Agora sempre estamos uma na casa da outra, me sinto menos


sozinha quando chego em casa.

Não penso mais em Alex com tanta frequência, e me sinto mais leve,
feliz principalmente ajudando Aline, me sinto menos perdida no
mundo, e que estou fazendo a diferença para alguém.

Gabriel se tornou um grande amigo, hoje marcamos de assistir um


filme juntos aqui em casa.
Ao lado dele me sinto mais feliz, e esqueço dos meus problemas, ele
é um ótimo ouvinte e me da vários conselhos.

Agora estou preparando uma pipoca enquanto ele escolhe um filme.

— Terror não, eu morro de medo.

— Relaxa eu estou aqui do seu lado é só me abraçar

– Ele me faz rir.

— Como se isso adiantasse, da ultima vez que assisti um filme assim


fiquei sem dormir direito por uma semana.

— Eita que mulher medrosa.

— La vem você me zuando.

— Se quiser eu fico e durmo aqui, para espantar os monstros


debaixo da cama – rimos.

— Você não presta mesmo – o empurro.

— Posso até cantar uma canção de ninar.

— Eu não tenho 5 anos – reviro os olhos.

— Só estou te atormentando – Ele ri — Você fica fofa brava.

— Vamos escolher outro filme então.

— Pode ser um de guerra então?.

— Okay.

Depois de procurar muito escolhemos um filme, no meio dele o


personagem principal, e seus amigos estavam encurralados e vários
morrendo, eu já estava tampando os olhos e me escondendo o meu
rosto no ombro dele.
— O que foi?.

— Não posso ver isso não, já esta me deixando enjoada.

— Não me diga que esta com medo.

— Não, estou triste com tanta guerra e massacre, um personagem


morre por uma bomba e outro leva um tiro, não aguento ver isso não.

Gabriel tira minha mão dos olhos.

— Esta tudo bem, é só um filme.

Ficamos nos encarando por um tempo e Gabriel me beija, fico


confusa no inicio mais retribuo. Meu Deus esse é o melhor beijo que
já recebi na vida, as poucos nos afastamos e olho para ele.

— Eu... me desculpa – Digo gaguejando.

— Não precisa pedir desculpas, eu que tomei a iniciativa de te beijar.

— Eu sei... eu retribui.

— E que mau há nisso?.

— Eu não quero que você sofra, e não sei se estou pronta para isso.

— Entendo, é melhor eu ir embora – ele pega o casaco e se levanta.

— Eu sinto muito mesmo.

— Não precisa, eu entendo.

— Você não vai mais falar comigo?.

— É claro que vou, eu só não quero que o clima fique estranho


agora, é melhor eu ir.

— Esta bem.
Ele vai embora e fico pensando naquele beijo, maldição porque eu
faço essas coisas? ele é um cara incrível mas eu ainda penso em
Alex, não sempre, mas não consigo esquece -lo.

Fico perdida e ansiosa, então vou para a casa da única pessoa que
pode me ajudar nesse momento.

Bato em sua porta, já era 22:00, eu estava com um conjunto de


moletom, e ainda não conseguia parar de pensar nele.

Ana abre a porta, ela estava com um pijama e com o cabelo todo
bagunçado, entro em seu apartamento.

— Há oi, por que está com tanta pressa?.

— Ele me beijou – digo andando de um lado por outro – E foi incrível,


mas eu sou muito idiota, não consigo deixar de pensar em Alex.

— Quem te beijou? Fala mais devagar não estou entendendo.

— Gabriel, um rapaz lindo e encantador, e eu aqui não paro de


pensar no meu ex noivo morto, o que tem de errado comigo?.

— Como é? O Gabriel te beijou ?- Ela diz chocada.

— Sim, estávamos assistindo tv e do nada.

— Ai meu Deus – ela grita me interrompendo, e da um pulo — Eu


não acredito amiga, esperei tanto por esse momento. Meu Deus
vocês se beijaram, me conta tudo.

— Eu já disse foi só isso.

— Mas e depois? Ele se declarou? Vocês vão pular para o outro


nível além da amizade?.

— Você não escutou o que eu falei antes?- Digo perdida com tantas
perguntas — Na verdade ele foi embora – Conto tudo que
aconteceu.

— Ai amiga, não, eu torço tanto para vocês ficarem juntos.

— Mas e o Alex? Eu não posso namorar outra pessoa pensando no


meu ex.

— Amiga, você nunca irá esquecer o Alex, isso é fato, ele foi uma
pessoa muito importante na sua vida, mas você pode namorar e se
casar, com certeza ele iria querer isso, ou você quer viver sozinha
pelo resto da vida?.

— Não, isso não, mas é que ainda é recente, eu não estou


preparada.

— Eu acho que você está com medo, de um dia perder outra pessoa
que você ama.

— Mas o que eu faço? Eu não consigo, não sei, estou muito confusa,
tudo era mais fácil quando éramos só amigos, e nada de complicado
aparecia, mais agora.

— Vai com calma, tente entender o que sente por ele primeiro, deixe
tudo fluir naturalmente.

— Vou fazer isso.

Os dias se passaram e ainda não parei de pensar em Gabriel, estou


sem coragem de mandar mensagem, e penso no que Ana falou,
talvez eu só esteja com medo de perder mais alguém.

Como toda semana estou indo visitar a minha mãe, ela não tem
melhorado, mas agora lembra de mim quando vou lá, não como sua
filha, mas ela acredita que trabalho lá, e eu não nego nada.

Hoje ela está em uma cadeira de balanço no jardim, com um olhar


distante.
— Oi – me aproximo – Como a senhora está ? –

Abraço ela.

— Estou bem e você?.

— Melhor agora, senti saudades – Sento ao seu lado.

— Óh, mas uma jovem linda como você, não deveria se preocupar
com uma velha como eu, deveria estar curtindo com seus amigos.

— Não fale isso, a senhora é a pessoa mais importante para mim.

— Bondade sua, sabe pessoas da minha idade os jovens não se


importam mais.

— Eu me importo, por que diz isso?.

— A minha filha, sabe como é os jovens de hoje em dia, ela anda tão
distante, nem vem em casa mais.

— Eu estou aqui mãe, eu te amo e nunca irei te deixar.

— Óh não, minha filha é mais jovem, ela está... na verdade eu não


sei bem onde ela está, faz tempo que não a vejo, eu sinto saudades.
– ela pega um livro do seu lado. — Sabe, esse livro era o preferido
dela, quando criança “ O Hobbit “ eu sempre tenho ele aqui comigo,
mesmo que eu não leia, eu carrego comigo para me recordar da
minha garotinha, ela é encantadora, e sinto saudades sabe. – Ela
abraça o livro.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Eu também sinto saudades mãe – Digo baixinho.

Depois de um tempo vou embora, ainda abalada, entro no meu carro


e choro mais, ela acredita que eu a abandonei, e que nunca mais fui
visita - la, isso parte o meu coração. Cada dia sinto mais saudades
da minha mãe, parece que ela está viva, mas como se a alma não
estivesse mais aqui presente.

Fico muito nervosa, e tenho um ataque da ansiedade, meu coração


dispara muito rápido, e

fico muito agitada, percebo que não conseguirei dirigir nessas


condições, então ligo para a única pessoa que me vem a mente.

— Alô.

— Gabriel, eu preciso de você aqui – Digo chorando.

— O que houve? Você está bem? Está machucada?

Onde você está?.

— Estou bem, quer dizer fisicamente bem, mas não estou


conseguindo dirigir, eu preciso de ajuda.

— É claro, já estou indo, só me diz onde você está.

Falo o nome do lugar, estava muito nervosa então não me lembrava


do endereço.

Depois de mais ou menos trinta minutos, Gabriel aparece, ele abre a


porta do carro e me vê chorando.

— O que aconteceu Sofi?.

— Eu estou muito ansiosa, parece que meu coração vai sair pela
boca.

— Mas por que você está assim?.

— Só me leva para a casa por favor.

— É claro.
Ele me ajuda a ir para o outro banco, senta no banco do motorista e
seguimos até meu apartamento.

Gabriel me ajuda a descer do carro, eu já estava um pouco mais


calma, ele procura as minhas chaves na bolsa e entramos.

Me deito no sofá e ele me abraça.

— Eu estou aqui e não vou sair de perto de você, fica tranquila. –


beija a minha testa — Você está pronta para me dizer o que
aconteceu?.

Fico alguns minutos em silêncio.

— Minha mãe, hoje ela comentou que sente saudades da sua filha,
que abandonou ela e nunca foi visita – la . Faz tempo que ela não se
lembra mais de mim, mas eu sinto falta dela, sinto falta de uma mãe,
eu não tenho ninguém mais Gabriel, não tenho minha mãe e Alex
morreu, e ela nem estava aqui para me ajudar a superar isso – Digo
chorando.

— Ei para, você tem a mim, Ana e a Alice, estamos todos com você.

— Mas eu sinto falta sabe, sinto falta de uma família, a minha era
pequena e incompleta, mas era minha sabe, parece que todos que
eu amo se vão.

— Eu nunca vou embora Sofi, sempre estarei aqui com você.

— Não, um dia você vai conhecer alguém, vai se casar, e vai viver
sua vida como todo mundo.

— Sofi eu te amo, as coisas não precisam ser assim, eu te amo e


quero você, só você.

— Eu ainda não esqueci Alex, não posso ficar com você pensando
em outro.
— Alex sempre estará presente em sua memória, um amor como
este nunca se esquece, mas você pode amar outro. Eu a amo e terei
paciência, mas o que eu quero saber é, você gosta de mim?.

— Sim, e por isso estou indecisa.

— Não precisa ficar indecisa eu nunca irei te abandonar – Ele me


beija.

Ficamos um tempo ali deitados.

— Dorme aqui comigo hoje? Eu não quero ficar sozinha.

— Durmo sim.

Estava na parte da tarde, acabo cochilando em seus braços, quando


acordo Gabriel estava acariciando o meu rosto.

— Eu te acordei?.

— Não, eu dormi muito?.

— Uns trinta minutos.

— E você ficou aqui deitado.

— Você é ainda mais linda enquanto dorme - Ele passa a mão em


meu cabelo.

— Sou nada.

— É mesmo, na verdade você fala dormindo, e as vezes baba.

—Não babo não mentiroso, eu também não falo dormindo.

— Ah fala sim.

— E o que eu falei?.
— “ Gabriel como você é lindo “... “ óh eu te amo Gabriel “... “ Você é
o homem mais sexy que eu já vi “ ...” O seu beijo é o melhor “ – Ele
imita uma voz fina.

— Que mentiroso, eu nunca diria essas coisas, e eu não falo


dormindo – Gargalhamos e eu o empurro, então levanto do sofá.

— Então vai me dizer que eu não fui o seu melhor beijo? – Eu nego
com a cabeça apenas para zombar dele.

— Há é, hoje vou fazer você mudar de ideia.

— Quero ver me pegar primeiro – Eu corro em direção a cozinha, ele


é mais rápido, me puxa pela cintura e me prende na parede.

— Você não vai escapar de mim mocinha – Ele sorri, nossos olhares
se encontram, então ele me beija, o puxo para mais perto de mim.

Minha barriga ronca enquanto nos beijamos, me afasto e rimos.

—Alguém aqui está com fome.

— Eu não comi nada desde cedo.

— Bom eu vou mudar isso, o chefe aqui vai preparar o melhor jantar
que você já provou.

— Está muito convencido hoje.

— É que você ainda não provou a minha comida, garanto que vai
amar.

— Olha que eu caso em, amo homens que cozinham.

— Eu aceito a proposta – ele da uma piscadinha.

Gabriel decide fazer um macarrão, com creme branco e brócolis, e


não me deixou ajudar em nada, sua única ordem foi “ Sente e olhe o
mestre em ação”

Pego um vinho e sirvo para nós dois, enquanto isso ele prepara o
molho branco, estou atrás do balcão observando ele cozinhar.

— O cheiro está delicioso.

Ele pega o vinho e bebe.

— Macarrão é a minha especialidade.

— Uma das minhas comidas favoritas.

— Olha só, foi fácil te conquistar então – ele me beija — Não consigo
mais parar de fazer isso.

— Eu também não – O beijo.

Depois de um tempo jantamos. O macarrão estava delicioso, e


Gabriel não parava de se gabar por isso.

Limpamos a cozinha e deitamos na cama para assistir um pouco,


estávamos deitados abraçados e Gabriel não parava de beijar o meu
pescoço. Me sentia feliz, como em muito tempo não me sentia.

O beijo, ele pega em minha cintura e rola na cama por cima de mim.

— Eu já disse o quanto você é linda?.

Sorrio

— E esse sorriso, me tira o folego – Ele acaricia o meu rosto.

— Acho que vou ficar mau acostumada com tantos elogios.

— Por mim eu passaria o dia assim deitado só te beijando e


elogiando.

— Assim eu me apaixono mais.


— Essa é a estratégia.

— Então está no caminho certo, amo ser mimada.-

Sorrio

Ficamos algumas horas trocando caricias, então acabo dormindo.

Na manhã seguinte acordo, estou deitada no peito de Gabriel,


percebo que acabei dormindo sem ao menos trocar de roupa.

O dia anterior foi cansativo e triste, mas Gabriel deu um jeito de me


alegrar, ele estava em um sono profundo.

Fico ali admirando ele, e pensando em nosso futuro.

Percebo que gosto muito dele, e não suportaria perde

- lo, já tive muitas percas. Levanto faço minhas higienes, e preparo


um café da manhã para nós dois.

Panqueca e suco de laranja, quando olho em direção a porta, ele


estava ali parado me observando.

— Bom dia minha linda – Vem ao meu encontro e me beija, seu


cabelo estava todo bagunçado, e a roupa amarrotada.

— Bom dia, dormiu bem?.

— Muito bem, com uma princesa do meu lado, foi a melhor noite que
já tive – Me abraça por trás —

Essas panquecas estão com um cheiro maravilhoso.

— Estou terminando de fazer o suco aqui – Falo espremendo as


laranjas – Pode ir se servindo se quiser.

Tomamos o café da manhã, Gabriel comenta que precisa ir trabalhar.


— Hoje te levarei em um restaurante, para ter o melhor encontro da
sua vida, e não aceito não como resposta.

— Com uma oferta dessa, como iria recusar? – o beijo e nos


despedimos.

Capítulo 13

Gabriel

Saio da casa de Sofia feliz, como nunca me senti antes. Lembro do


susto que levei ontem, quando ela me ligou chorando, já tinha
passado várias coisas na minha cabeça, pedi o Uber na hora, e
deixei meu carro no estacionamento do hospital.

E quando a vi, ali chorando e tão frágil , só queria protege – la,


naquele instante percebi que estava loucamente apaixonado por
Sofia, a mulher que rodeia meu pensamentos todos os dias.

Me sinto imensamente feliz, e grato por ter conhecido ela. Chego em


casa e me arrumo para o trabalho, chegarei um pouco atrasado hoje,
mas não me preocupo.

No corredor do hospital me pego sorrindo atoa.


— Vejo que está de bom humor hoje, tem uma garota na área pelo
jeito. – Diz um enfermeiro.

— Não uma garota, a garota – Pisco para ele.

— Olha ele – da um tapinha nas minhas costas —

quero ser convidado para o casamento cara.

— Vamos com calma, que um dia chego lá – Rimos.

Sigo ver meus pacientes, a mesma rotina de sempre, me pego


olhando de vez enquanto as horas, estou ansioso para o nosso
encontro.

As horas pareciam demorar uma eternidade para passar, enfim


chega meu horário de ir para a casa.

Descanso um pouco, depois me arrumo, hoje será uma noite


especial, então pego o meu melhor terno, a levarei para o melhor
restaurante da cidade.

No caminho passo em uma loja e compro um buquê de rosas. Bato


em sua porta, demora alguns instantes para abrir. Fico admirado com
a mulher que vejo, ela está com um vestido preto, bem justo, e com
um decote, não muito, mas que realça seus seios.

A beijo, ela tem um cheiro maravilhoso, fico fascinado com o seu


perfume.

— Estava aqui pensando se não exagerei na produção, mas vejo


que você esta magnifico.

— Você está ainda mais linda – Entrego as rosas.

— Muito obrigada, eu amei, mas não precisava.


— Essa noite irei fazer todos os esforços para te mimar, você
merece.

Ela sorri timidamente, espero pegar sua bolsa e seguimos para o


restaurante.

Quando chegamos Sofia fica encantada com o local.

— Gabriel aqui é muito caro não precisava.

— É nosso primeiro encontro, queria te trazer no melhor restaurante


que conheço, e não se preocupe com nada, como cavalheiro eu
pago.

— Não penso por isso, não quero te extorquir.

— Vamos aproveitar a noite minha donzela.

Converso com a recepcionista, ela nos leva até nossa mesa que fica
no terraço, reservei um lugar mais privado e com uma vista
maravilhosa da cidade, e das estrelas no céu.

Sofia fica ainda mais encantada quando chegamos na mesa, puxo a


cadeira para que ela sente, e vou para o meu lugar.

— Aqui é maravilhoso, nunca vi um restaurante tão lindo. Como


conseguiu a reserva tão rápido? já ouvi falar que tem pessoas que
esperam um ano para conseguir.

— Sou amigo do chefe faz anos, precisei apenas de um telefonema,


é uma pessoa incrível, assim que comentei já preparou tudo.
Acredito que logo poderá conhece – lo.

— Que incrível, você é maravilhoso

Escolhemos os pratos, fiz o pedido para um garçom, enquanto


esperamos, conversamos sobre o trabalho, nossos sonhos para o
futuro.
Logo vejo o garçom voltando com o pedido, e meu amigo ao seu
lado.

— Gabriel que bom te ver – Ele diz.

Levanto e o cumprimento.

— Sim, quanto tempo. Essa é a Sofia, Sofia esse é um grande amigo


meu, Arthur.

— Prazer em te conhecer Sofia, vejo que Gabriel não exagerou nada


de falar sobre a sua beleza, é encantadora.

— O prazer é todo meu, muito obrigada.

— Espero que os dois aproveitem a refeição, bom eu já estou indo. –


Ele sorri.

— Mas já?.

— Sim só vim aqui pois queria ver com os meus próprios olhos o
milagre, enfim Gabriel desencalhou em amigo, já estava na hora –
Ele da um tapa nas minhas costas.

— Não exagere – Digo sem graça.

— Sofia, esse aqui não namora há anos, só pensa em trabalhar.


Bom vou ir lá, que aquela cozinha sem mim vira um caos, bon
appétit.

Ele sai e me pego sorrindo envergonhado.

— Ele é muito brincalhão, uma figura.

— Deu para ver - Nós rimos.

— Vamos comer antes que esfrie.


— Sim, a vista aqui é belíssima, não me canso de admirar, da para
ver as estrelas, não consigo imaginar um encontro melhor – Ela diz
olhando para o céu.

— A única vista que pode ser mais bela que essa, é você, nunca
cansarei de admira – la, minha Sofi –

Pego em sua mão por cima da mesa.

Fico cada vez mais encantado com ela enquanto conversamos sobre
as crianças do lar das mulheres.

— Estou pensando em falar com a minha chefe sobre doar alguns


livros infantis para as crianças.

— É uma ideia maravilhosa, eles irão amar.

— Espero que consiga, são tão inteligentes, mas com pouco


recursos, meu coração se aperta em saber sobre tudo o que aquelas
crianças já passaram na vida, mesmo sendo tão jovens.

— Nem me fale, sempre que vou lá tento dar atenção a cada uma,
tem uma menina nova lá, com apenas dois anos. O pai a espancava,
ela e a mãe, então tiveram que fugir e abandonar tudo, mas não
vamos estragar essa noite incrível com esse

assunto, dói demais ver que existe tantas pessoas ruins nesse
mundo.

— Sim, só queria poder fazer algo para ajudar.

— Você faz Sofi, só por estar lá e conversar com aquelas pessoas,


elas precisam de uma amiga como você que se preocupa com elas.

— Você deve ter razão, vai lá esse final de semana?.

— Se não fizermos outros planos vou sim.


— Podemos ir juntos.

— Seria bacana.

Terminamos nossa refeição, e seguimos para seu apartamento, a


levo até a sua porta.

— Boa noite minha querida – A beijo e prenso na parede – Não


queria que a noite acabasse tão rápido assim – Digo passando a
mão em seu cabelo.

— Não precisa acabar agora – Ela me puxa e me beija com mais


intensidade.

— Tem certeza disso?.

— Alex gostaria que eu fosse feliz, eu sou feliz com você, na verdade
estou completamente apaixonada por você. Acho que desde o
momento em que viramos amigos eu já estava, só não queria admitir
isso para mim mesma.

Eu a beijo.

— Eu sou loucamente apaixonado por você Sofia, desde o primeiro


dia em que te vi, eu já sabia disso, quero te fazer feliz.

— Você me faz feliz

Nos beijamos, entramos em seu apartamento, ali fizemos amor pela


primeira vez, encerramos a noite mais maravilhosa que já tive.
Capítulo 14

Sofia

Acordo cedo, estou deitada no peito de Gabriel que ainda dorme.


Lembro da noite anterior, do melhor encontro que já tive, e de suas
lindas palavras, agradeço a Deus por ter colocado ele em minha
vida, acreditava que um amor igual ao que tive por Alex, nunca teria
de novo.

Mas no pior momento de minha vida Deus colocou Gabriel em meu


caminho. Ficamos até tarde trocando caricias, até que acabei
dormindo cansada.

Ele acorda, sorri e me beija.

— Bom dia minha linda, dormiu bem?.

— Mais do que bem, foi a melhor noite que tive, não dormia tão bem
assim há tempos.

— Que bom, eu também.

— Demorou para dormir?.


— Um pouco, fiquei vendo você adormecer, e novamente me
encantando com sua beleza. Me sinto em um filme de romance
agora, depois que o casal principal enfim ficam juntos – Nós dois
rimos.

— Eu também, nossa história daria um belo romance, as garotas


iriam se apaixonar por você.

Ele sorri e me beija.

— Mas só tenho olhos para você.

Levantamos, faço minhas higienes e vejo meu celular tocando, é


Alice.

— Oi amiga, como você está?.

— Eu estou gravida.

— Mas que noticia maravilhosa amiga, parabéns.

— Não, não é, eu não sei mais o que fazer - Ela entra em desespero.

— Amiga por que está me dizendo isso?.

— Christopher anda cada vez mais paranóico, ele acredita que estou
tendo um caso com um novo secretário aqui, aquele que estou
ajudando a se adaptar no emprego, para ficar no meu lugar quando
eu sair. - Ela chora — E se ele surtar e pensar que não é dele? eu
não sei o que fazer.

— Mas ele só pode estar louco imaginar isso, você só trabalha e


nem vive mais, faz o seguinte, onde você está?.

— Em casa, sai mais cedo, acabei de fazer o teste de gravidez.

— Tem algum outro motivo para você estar tão nervosa? Ele já te
agrediu fisicamente?. - Ela demora responder.
— Não.

— Então não se preocupe com isso, tudo vai se acertar, ele vai ficar
feliz com a notícia, e não tem como você esconder por muito tempo.
Daqui a pouco eu vou ai.

— Não, você está certa, obrigada amiga, deve ser só o choque da


notícia mesmo, até porque eu não esperava por isso.

Nos despedimos e ela desliga.

— Você está bem?.

— Estou sim, era Alice, ela está gravida.

— Que ótima notícia, de meus parabéns a ela.

— Ela está estranha, e não é de hoje, o marido dela é um louco


perturbado, tem muito ciúmes dela, ela está com medo que ele
receba mau a notícia. Eu não sei mais o que fazer, está na cara que
ela não é feliz, mas sempre que dou algum conselho brigamos, e ela
se distância, sinto falta de como ela era ante sem ele.

Era uma pessoa feliz, e muito carinhosa, fazia todos se alegrarem a


onde passava. Mas ele está tirando toda sua essência aos poucos.

— Tem algo que possamos fazer?.

— Não sei, bem que eu queria ajudar ela, talvez vá visitar ela para
ver se ela está bem.

— Se esse marido dela é como você diz, é melhor eu ir junto, mas


vamos dar um tempo para eles se acertarem, até ela dar a notícia.

— Você está certo.

Ainda preocupada com Alice, tento manter o foco em outras coisas,


Gabriel tenta me fazer rir e distribui beijos em meu pescoço.
Ainda era cedo, ele faz nosso café da manhã, comemos e me
arrumo para o trabalho, então escuto o barulho da campainha, deve
ser Ana, ela sempre vai de carona comigo (e faz questão de dividir o
dinheiro da gasolina).

Gabriel atende, estou no quarto e escuto a conversa dos dois.

— Gabriel você por aqui logo cedo.

Vejo que ele fica envergonhado e demora para responder.

— Bom dia Ana, eu já estava de saída.

Ele vem em minha direção e me beija, Ana ainda estava na sala.

— Queria poder ficar mais, só que preciso ir trabalhar e você


também.

— Já estou com saudades.

— Eu também.

O abraço e o beijo.

Gabriel se despede de Ana e sai, quando chego na sala ela já estava


com um sorriso de orelha a orelha.

— Amiga eu não acredito, isso é sério mesmo? Ou eu estou


delirando? O tanto que torci para vocês ficarem juntos, não estou
acreditando – Ela grita empolgada.

Eu reviro os olhos.

— Doida.

— Então ele dormiu aqui? Me conta tudo, como ficaram juntos?.


Conto sobre a minha crise de choro, sobre o nosso encontro e até
então.

— Ele é um amorzinho, será que ele tem algum irmão idêntico para
mim?- rimos — Desde o início eu sempre shippei vocês dois, fico
muito feliz que estejam juntos agora amiga.

— Obrigada, amigas são aquelas que sempre desejam a felicidade


uma para a outra.

— Você sabe que eu sempre estarei aqui nos momentos felizes e


nos difíceis.

Eu abaixo a cabeça e lembro de Alice.

— Você está bem Sofia? Aconteceu algo?.

Conto sobre Alice, Ana parece preocupada com o que digo.

— É preocupante mesmo, tudo que você já me falou do marido dela,


ele parece um louco, irei orar para que ela seja feliz, e se for longe
dele só Deus sabe o que é melhor, e irá traçar outro caminho para a
vida dela.

— Eu temo pela segurança dela e do bebê, se ele os machucar.

— Mas como você disse ele nunca agrediu ela.

— Mas eu tenho uma dúvida sabe, como se algo dento de mim


soubesse que tem algo errado acontecendo. E ela pode ter mentido,
Alice não é mais a mesma.

— Você pode ter razão, vou falar para minha mãe para que ore por
ela.

— Eu agradeço muito amiga, não tinha pensado em fazer isso antes,


estava tão atribulada.
Ana vendo minha preocupação começou a falar de Deus para mim, o
que me ajudou a se acalmar um pouco, seguimos para o trabalho.
Foi um dia agitado, estava indisposta e não conseguia me concentrar
direito em nada, Ana mandou mensagem para sua mãe, que
respondeu na hora e entrou em oração por Alice.

Capítulo 15

Sofia

Chego em casa, estava exausta, Ana percebe que estou assim o dia
todo, então fica e faz o nosso jantar.

Logo recebo uma ligação de Aline.

— Sofia, preste bem atenção no que vou falar agora, e não se exalte
com Deus minha querida, não entendemos a maneira como ele age
em nossas vidas, mas sempre tem um propósito. – ela diz chorando.

— Aline o que houve? Está me assustando.

— Deus me deu uma revelação agora, entrei em oração por sua


amiga.

— O que você viu? Me conte.


— Ela precisa de você minha querida, eu a vi sendo empurrada de
uma escada, você precisa ir ajuda -

la, foi o marido dela, Ana me falou o nome dele para que orasse
também, e senti algo ruim assim que orei por ele. Irei continuar a
oração aqui pois Deus está me cobrando muito.

Assim que escuto o que ela diz fico em choque e começo a chorar,
Ana corre para o meu encontro em desespero.

— Amiga o que aconteceu?.

— É Alice eu preciso ir ajudar ela, ela precisa de mim.

— Não, você não pode, não está bem para dirigir, me conta o que
aconteceu?.

Digo o que sua mãe me contou no telefone, ela parece chocada com
o que escuta.

— Minha carteira de motorista está vencida, e ficou em casa nas


bagunças da mudança, e agora? O que faremos?.

Pego meu celular e entro em mais desespero, ligo para Alice e


ninguém atende, tanto no celular quanto no telefone residencial.

— Ana liga para Gabriel eu não consigo, peça para ele vim rápido,
para levar a gente lá.

Menos de meia hora Gabriel chega desesperado.

— Sofi tem certeza que está bem para ir até lá?.

— Eu preciso ir.

Apresso a todos e seguimos para a casa de Alice, quando chegamos


em seu apartamento, na escada vejo uma vizinha que já vi por ali ao
lado de Alice,
que está no chão inconsciente. Seu rosto estava cheio de
hematomas, e inchado, Christopher deve ter batido nela antes de
joga - la da escada.

Corro para o seu encontro.

— O que aconteceu aqui ? – Gabriel pergunta.

— Eu escutei gritos aqui fora, mas não me importei pois o casal


sempre briga, porém logo depois escutei ela sendo empurrada na
escada, entrei em desespero, então chamei a policia e o samu que
não chegaram até agora, o marido da jovem saiu correndo pegou o
carro e se mandou, eu com muito medo nem tinha saído de casa até
então.

— Ela precisa ir logo para o hospital, as feridas são graves – Ele


examina Alice — Tem uma pancada feia na cabeça, e pode ter
quebrado algum osso.

— E o bebê? Será que vai resistir?.

— Só saberemos depois de um exame, mas a gravidez é muito


recente, pode ser que não. Ligarei para o hospital, e verei se a
ambulância já está a caminho.

Todos estávamos aflitos, Gabriel descobre que a ambulância já está


perto, tento acordar Alice mas é em vão.

Depois de alguns minutos a ambulância chega, aviso os


paramédicos sobre sua gravidez, e seguimos eles

com o carro para o hospital. Tivemos que ficar na sala de espera, até
ter notícias.

O estado de Alice era instável, depois de algumas horas dormindo


ela acorda.

— O que houve?.
— Descansa amiga, você está no hospital agora.

— E Christopher? Onde está aquele cretino?.

— A policia apareceu aqui mais cedo, e estão tomando as


providências necessária, ele foi visto retirando dinheiro do banco
depois do acontecido, acreditam que ele tenha ido para outra cidade,
talvez na casa de alguém próximo. Mas não se preocupe com isso,
descanse amiga, tudo irá se resolver.

— E meu bebê? Está bem ?

— Infelizmente você teve um aborto assim que chegou no hospital,


todos estávamos preocupados com você, Gabriel e Ana não saíram
daqui do meu lado.

— Eu fui tão burra amiga – Ela chora — Deveria ter te escutado


quando me aconselhava sobre ele, mas eu fui idiota, uma completa
idiota, por acreditar que ele iria mudar um dia.

— Alice, seja franca comigo, ele já te agrediu fisicamente antes?.

Ela concorda com a cabeça.

— Ele me bateu algumas vezes, mas sempre pedia desculpas e dizia


que iria mudar, e sempre me fazia acreditar que eu era errada da
história. Era sempre pelo ciúmes doentio dele.

— Eu queria tanto poder ter ajudado mais.

— Você não tem culpa, você tentou eu que fui burra.

Eu a abraço.

Nos dias que Alice ficou no hospital eu me afastei do trabalho e a


acompanhei, Aline a visitou e contou tudo sobre a revelação que
teve, além de ter orado por ela ali.
Capítulo 16

Sofia

Como Christopher ainda estava a solta, a policia comentou que o


melhor seria que Alice não voltasse para a casa dela no momento.
Eu não deixaria que ela fizesse isso, ficaria muito preocupada, então
ela ficou em casa. Gabriel insistiu em dormir aqui por algum tempo,
para não deixar nos duas sozinhas, mesmo eu insistindo que o
condomínio daqui era bem rígido, e não entrava nem saia ninguém
sem a permissão dos moradores.

Ana sempre vinha nos visitar, Alice estava cada vez mais depressiva,
depois de tudo que aconteceu.

Conseguiu alguns dias de afastamento do trabalho para se


recuperar.

Todos os dias me preocupo com minha amiga, que mal come, e não
está dormindo direito, hoje convenci ela a ir no psicólogo, que depois
de muito insistir aceitou. Robert que é um cara legal conseguiu por
ela em sua agenda, hoje seria minha consulta de rotina também.
Fico na sala de espera enquanto ela entra no consultório, pego uma
revista qualquer para ler e passar o tempo, minha cabeça está uma
bagunça

esses dias, tenho medo de Christopher voltar e procurar por Alice por
ter denunciado ele.

Acredito que minha amiga pense o mesmo, vários dias no meio da


noite ela acorda gritando e chorando, mas nunca quis conversar
sobre isso.

Alice sempre foi honesta comigo, penso que talvez ela não queira me
sobrecarregar com problemas, visto por tudo que me aconteceu
nesses últimos tempos.

Penso que não devo saber nem da metade do que aquele cretino a
fez passar, sinto raiva sempre que me lembro dele.

Algum tempo depois ela sai do consultório, eu levanto e vou ao seu


encontro.

— Como você se sente amiga?.

— Um pouco mais leve – Ela me abraça – Creio que não a agradeci


ainda, por tudo que tem feito por mim, muito obrigada por sempre
estar ao meu lado.

— Você é como uma irmã para mim, eu nunca a abandonaria.

— Obrigada mesmo – Ela enxuga uma lágrima que cai — Ele está te
esperando lá.

Sigo até sua sala, o cumprimento.

— Me conte, como você está?.

Respiro fundo
— Eu nem sei mais, estava feliz a pouco tempo, parecia que tudo de
ruim iria embora, tinha Gabriel comigo, agora parece que passou um
furacão na minha vida novamente.

Sinto medo a toda hora, sinto raiva por não poder ter ajudado a
minha amiga, e evitado que isso acontecesse.

— Do que você sente medo?

— De Christopher voltar, ele está sendo procurado pela policia, e


deve estar com raiva de Alice por ter o denunciado.

— É normal sentir medo, mas você precisa acreditar que algo bom
vai acontecer, que tudo de ruim já passou. Não tem o que você
poderia ter feito para mudar isso, como você comentou das últimas
vezes que veio aqui, Alice não escutava os seus conselhos, estava
cega, e ela já é adulta, foi escolha dela. É dificil pensar nisso, mas na
vida as escolhas erradas sempre tem consequências, e ela escolheu
ele, mesmo tudo apontando que estava errada.

— Ela é como uma irmã para mim, eu faria de tudo para protege - la,
preferia que fosse eu em vez dela

– Lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Não sou muito de falar em Deus nas minhas consultas, mas


acredito que tudo tem o seu propósito. Deus uniu a vida de vocês
duas, não só com um amor de amigas, todos podem ver o quanto se
preocupam uma com a outra, como uma família, irmãs. Juntas vocês
vão passar por isso, e um dia essa ferida irá se cicatrizar, mesmo
que pareça um dia muito distante.

— As vezes eu me pego pensando porque Deus nos faz passar por


tudo isso. As vezes me pego em um vazio profundo. Gabriel está me
ajudando muito a lhe dar com isso, ele tem sido minha salvação
desde quando entrou em minha vida.
— Viu, nem sempre será só tristeza.

Fico quieta por um tempo refletindo.

— No que você está pensando?.

— Na minha mãe, em momentos como esse, eu sempre penso nela,


sinto saudades da pessoa que sempre esteve do meu lado me
apoiando, mas ela não é a mesma mais, essa doença já a levou há
muito tempo atrás.

— Você tem visitado ela?.

— Sim, vou toda semana, agora Alice está me acompanhando, mas


ela continua a mesma, é dificil.

— É uma doença cruel.

Conto dos acontecimentos des da ultima vez que passei na consulta,


do dia que Gabriel foi me buscar, das palavras de minha mãe, da
minha reação.

— Como você mesmo disse ela não está mais aqui, já vi muitos
pacientes com pessoas assim na família, é dificil, mas você tem que
ignorar as vezes o que ela fala, tem que entender que sua mente não
é mais sã, ela com certeza não quis te magoar.

— O que me machuca é ver que ela está se esquecendo de mim


cada vez mais, e pensou que eu a abandonei.

— Tenho certeza que foi um pensamento passageiro, que depois ela


nem se lembrou mais da conversa, tente não ser tão dura consigo
mesma, e não ficar focando nisso.

Conversamos mais um pouco, e como sempre Robert me deu ótimos


conselhos e me ajudou, nos despedimos.
Alice me conta que fará uso de antidepressivos, para ajuda - la. Fico
feliz por minha amiga ter dado o primeiro passo para se ajudar.

Nos dias em que ela ficou em casa a levei para conhecer Aline e o
seu pessoal, o que ajudou muito, Alice ama crianças e se encantou
com cada uma, apesar de ter visto a tristeza em seu olhar, deve ter
lembrado da criança que perdeu. A consolo falando que um dia ela
ainda terá uma linda família.

Depois disso toda semana ela me acompanha para uma visita,


ajudamos a recolher algumas doações, e Gabriel fica como ajudante
na cozinha.

— Como ele está se saindo dona Célia ?

— Muito bem para um rapaz, não vejo muitos homens que gostem
de cozinhar, só não vai querer roubar minha cozinha de mim em
malandrinho – Ela da um tapinha nas costas dele.

— Jamais, sua comida não tem pra ninguém.

— Precisam de ajuda aqui?.

— Sempre é bom uma mão extra querida, pega alguns legumes para
cortar ai – Ela diz.

Rimos bastante com as piadas de Gabriel, Alice estava fazendo


progresso, não a via rindo assim a meses.

Parece que tudo está voltando ao normal aos poucos, Alice vendeu
sua casa e agora mora em um apartamento no mesmo condomínio
que o meu.
Capítulo 17

Sofia

Acordo como todas as manhãs, deitada no peito de Gabriel, vejo que


ele já estava acordado e me encarando.

— Bom dia.

— Bom dia – Ele sorri.

— Por que desse sorriso bobo?.

— Só estou feliz, passamos por momentos difíceis juntos, mas só de


acordar ao seu lado me sinto Feliz

– Ele me beija.

— Eu também, você sempre está aqui quando eu mais preciso.

— Eu te amo Sofia – Ele acaricia o meu rosto —

Acho que demorei demais para dizer isso, mas eu te amo


imensamente.
— Eu também te amo – Sorrio e o beijo — Eu nem acreditava que
poderia amar outra pessoa um dia, até você aparecer com esse jeito
simples, carinhoso e que me prendeu de um jeito.

Ficamos um tempo ali trocando caricias. Na tarde do mesmo dia


iriamos encontrar Aline e ajudar com

algumas doações, me pego vendo algumas caixas que empacotei


alguns meses antes.

— Acho que está na hora de doar isso – Comento com Gabriel.

— Você tem certeza, está pronta para fazer isso?.

— Meu coração já seguiu em frente, estou mais do que pronta, só


demorei para perceber.

— Eu entenderia se você continuasse com as coisas dele, não


precisa fazer isso por mim.

— Eu agradeço por isso, mas estou fazendo por mim, estou


deixando o passado para trás e as bagagens que ficou. De todo
modo ainda terei as lembranças felizes de Alex, não preciso de
objetos para me lembrar dele, e tem pessoas que precisam disso
mais do que eu.

— Eu fico muito feliz por isso.

— Você me ajuda a por tudo isso no carro?.

— Pode deixar que coloco tudo, não precisa se preocupar com nada.

Recolho algumas fotos nos porta retratos, e separo das roupas que
irão para as doações.

— Antes de irmos quero te levar a um lugar primeiro.

— Onde?.
— Acredito que já está na hora de você conhecer minha mãe.

— Tenho que ficar nervoso por isso? Primeira vez encontrando a


sogra, todos ficam.

— Não, bobo - rimos.

Ela estava diferente das últimas vezes em que há vi, não com o olhar
distante de antes, estava sorrindo na sala com algumas outras
senhoras.

Me emociono quando me aproximo.

— Querida estava falando agora mesmo de você para algumas


amigas, essa é minha filha Sofia, é linda não?.

Lágrimas escorrem pelos meus olhos, eu a abraço, e cumprimento


as duas senhoras que estavam ali.

— Mãe esse é Gabriel meu namorado.

— Mas que rapaz lindo filha – Ele a cumprimenta.

— É um prazer conhecer a senhora.

— O prazer é todo meu.

Conversamos por um tempinho, ela se lembrou de mim por um


momento mas depois volta a falar de coisas do passado, como se
fossem acontecimentos recentes, eu estava mais feliz do que nunca,
mesmo que por um breve momento ela se lembrou de mim.

Uma enfermeira chega do meu lado.

— Hoje ela está mais disposta.

— Ela se lembrou de mim, será que está melhorando?.


— Creio que não, muitos pacientes com essa doença passam por
um breve momento assim, que se recordam das coisas mas depois
volta no delírio.

Gabriel com todo carinho conversou muito bem com ela, mesmo que
as vezes nem mesmo eu entendesse o que ela falava.

No caminho ele passa em um mercado e compra uma bola de


futebol para dar aos meninos, que ficarão muito felizes.

Seguimos para o lar das mulheres, Aline estava tomando um sol em


uma rede do lado de fora, enquanto algumas crianças brincavam.

— Que vida boa em, só tomando um solzinho –

Gabriel brinca.

— Pegando vitamina aqui – Ela sorri.

Ele sorri, pega a bola e leva para os meninos, que pulam de alegria,
e já o convida para jogar.

— E Como você está minha querida?.

— Bem graças a Deus, trouxe algumas roupas antigas de Alex para


doar.

— Que maravilha, os homens irão adorar, venha aqui vou chamar


alguém para ajudar a levar.

Eu peço para Gabriel ajudar a pegar as caixas no carro, e um senhor


vem nos ajudar também, seguimos para a casa onde vivem os
homens.

Logo me deparo com Pedro na sala logo na entrada conversando


com outros homens.

— Sofia, como é bom te ver menina.


— Igualmente – o cumprimento — E como o senhor está?.

— Muito bem viu, estão me tratando como um príncipe, nunca vivi


tão bem assim – Ele sorri.

— Fico muito feliz pelo senhor.

— Que bom que te vi agora, que estou indo para um lar de idosos, já
estou muito velho para trabalhar. E como Deus é tão bom, um
advogado que ajuda a igreja, está me ajudando a me aposentar pelo
problema na perna e a minha idade.

— Que maravilha, é uma ótima notícia.

Ficamos conversando um pouco ali.

Capítulo 18

Sofia

— Nosso primeiro natal juntos amor.- Gabriel me abraça por trás,


enquanto estou me maquiando, iremos celebrar o natal junto com
Aline e todos do lar, as crianças ensaiaram para um coral com Ana e
Alice.
— As crianças devem estar eufóricas lá.

— Sim imagino – Sorrio.

— Pronta?.

—Sim, Vamos?.

O lugar estava lindo, ajudei com maior parte das decorações. O


salão era enorme, então as crianças corriam de um lado para o
outro, Aline vem ao meu encontro .

— Chegou o casal mais lindo da festa.

— Feliz Natal Aline – A abraço, Gabriel a cumprimenta.

— Feliz natal meus queridos, a apresentação já vai começar,


venham.

Aos poucos conseguiram chamar todas crianças, que agora estavam


reunidas no palco improvisado.

Então começaram a cantar uma das músicas mais lindas de natal “


Noite feliz “, usavam um casaco vermelho com carinhas de renas na
frente, Alice cantava na frente e o coral seguia o seu ritmo, enquanto
Ana tocava piano.

Quando terminam todos aplaudem, e iniciam uma leitura de um texto


bíblico, eu e Gabriel seguimos atrás do palco e encontro minha chefe
Cintia.

— Que bom que pode vim, eu agradeço por fazer parte disso, as
crianças irão amar.

— Fiquei encantada quando você comentou sobre isso, ainda bem


que a direção aceitou fazer parte desse projeto.

— Tudo está preparado então?.


— Sim, só falta o Papai Noel.

Alguns minutos depois.

— Gostaria de chamar ao palco uma amiga muito querida, que


preparou uma surpresa para as crianças aqui presentes. – Diz Alice.

Vou ao seu encontro e pego o microfone.

— Feliz natal, todos aqui já me conhece, eu gostaria de agradecer a


todos vocês por fazerem parte da minha vida. Alice, Ana, Aline por
estarem comigo nos momentos mais dificeis, e sempre me apoiando.

Gabriel meu amor, por sempre ser meu porto seguro, e me amar
imensamente. Eu agradeço a Deus todos os dias por trazer essas
pessoas maravilhosas em minha vida. Hoje gostaria de anunciar que
com a ajuda de minha chefe da editora em que trabalho,
arrecadamos brinquedos novos para as crianças, livros, e matérias
escolares.

Todos aplaudem, então Gabriel aparece com a roupa de Papai Noel,


e um saco de presentes na mão.

— Ho, Ho, Ho, Ho, feliz natal a todos!.

As crianças pulam de alegria e chegam mais perto, ele distribui os


brinquedos e abraça cada uma delas.

No final apresento Cintia, e várias pessoas vem nos agradecer.

Já era a hora da ceia, Gabriel agora estava com sua roupa normal,
sentamos todos na mesa depois de ter nos servidos.

— Eu gostaria de dizer algumas palavras – Gabriel se levanta —


Gostaria de agradecer a todos por esse ano maravilhoso ao lado de
vocês, que Deus os abençoe imensamente. E quero agradecer a
minha linda namorada que está aqui ao meu lado, eu te amo muito,
você veio em minha vida e virou tudo ao avesso – Ele ri e pega em
minha mão — Você deu mais sentido em minha vida, e me fez mais
feliz –

Pega uma caixinha em seu bolso, eu coloco a mão

na boca sem acreditar, ele se ajoelha — Sofia, aceita se casar


comigo?.

— Aceito – Lágrimas escorrem em meu rosto de alegria, então nos


beijamos.

Todos aplaudem, e vem nos parabenizar.

Capítulo 19

Sofia

Estava eufórica, andando de um lado para o outro, com o vestido de


noiva.

— Uau, você está linda amiga – Ana entra no quarto.

Meu vestido é branco, longo , a costa é aberta e cheia de renda, com


uma calda grande. Eu me sinto uma princesa neste momento.
— Vai fazer um buraco no chão se continuar andando tanto pra lá e
pra cá – Alice entra logo atrás.

— Até que enfim vocês voltaram, estão todos lá?.

— Sim – As duas respondem.

— O noivo já está lá, coitado está branco como uma vela, não me
surpreende se ele desmaiar, na hora que você entrar linda desse
jeito – Nós rimos.

— Vamos ? Está pronta?.

— Sim – Digo pegando o buquê.

Gabriel queria fazer o casamento dos nossos sonhos, e não poupou


dinheiro, alugou uma fazenda linda, sai do chalé em que estava.
Havia várias pessoas sentadas em cadeiras brancas, o chão estava
coberto de rosas, caminho ao som da música “ Beauty and

the Beast,” que estava sendo tocada por uma banda instrumental.

As madrinhas, Alice, Ana e Cintia estavam em minha frente, vejo


Gabriel na frente, estava tão nervoso quanto eu, caminho devagar e
vejo todos os convidados, e entes queridos sentados, minha mãe
estava ao lado de Aline que cuidava atentamente dela.

Chego na frente, as madrinhas já estavam posicionadas ao lado,


entrego o buquê para Alice e pego na mão de Gabriel.

O pastor inicia a cerimonia.

— Agora todos vamos ouvir os votos dos noivos.

Gabriel sorri para mim e inicia.

— Minha querida Sofia, eu sempre me imaginei nesse momento,


casando e formando uma família um dia, sempre pedi a Deus uma
mulher incrível para estar ao meu lado, e nossos destinos se
cruzaram. Foi de uma maneira repentina, nós dois sofremos um
baque naquele dia, mas mesmo nos momentos mais dificeis, e de
sofrimento, ele estava lá conosco, e traçou um destino maravilhoso
para nós dois. Eu só tenho agradecer pelos momentos lindos que
tivemos juntos, e que ainda teremos, eu te amo com todo o meu
coração, e te amarei até o meu último suspiro.

Eu já estava chorando, então começo a falar.

— Gabriel meu amor, nos momentos de trevas que eu passei, você


foi a luz da minha vida, o meu porto seguro, aquele que me tiro do
buraco, e preencheu um vazio profundo que estava no meu coração.
Deus sabe o quanto eu te amo, e ele te colocou em minha vida no
momento em que eu mais precisei, você me ensinou o que era o
amor, quando eu já estava me esquecendo.

Eu te amo, e que nossa vida seja ainda mais linda daqui pra frente,
iremos viver momentos mágicos e felizes juntos. - Finalizo e
trocamos as alianças repetindo as mesmas palavras

— Estarei com você na alegria e na tristeza, na saúde e na doença,


na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe.

— Com o poder concebido a mim por Deus, eu vos declaro marido e


mulher, agora pode beijar a noiva.

Nos beijamos, eu o abraço e todos aplaudem, ao fazer o mesmo


caminho em que entrei, as pessoas jogam pétalas de rosas em nós,
foi o dia mais feliz da minha vida.
Capítulo 20

Sofia

A festa de casamento estava maravilhosa, nos divertimos muito,


nossa primeira dança como casal foi ao som de “ Perfect - Ed
Sheeran feat. Byoncé”

— Eu te amo Sofia – ele me beija.

— Eu te amo meu querido marido.

— Isso soa bem, minha querida esposa – ele brinca.

— Acredito que já está na hora de irmos.

— Sim – me beija novamente.

Seguimos e nos despedindo de todos, Ana, Alice, Aline e minha mãe


estavam em uma mesa conversando.

— O casal mais lindo do momento chegou – Aline diz.

— Viemos nos despedir.


— Mas já? – Ana comenta triste.

— Sim, temos que descansar, nosso voo vai sair cedo.

— Pode deixar que ajudaremos arrumar essa bagunça.

— Nem se preocupa amiga, contratamos umas pessoas para vim


limpar tudo amanhã.

— Eu tenho que contar uma coisa a vocês – Alice tira um papel da


bolsa – Eu irei para paris, fui aceita em um curso de culinária sempre
sonhei com isso, acredito que chegou minha hora, vamos ter que nos
despedir aqui, não estarei depois que vocês voltarem de viajem.

— Eu sentirei tanto a sua falta – a abraço — Mas estou muito feliz


por você, me ligue todos os dias, e quero detalhes de tudo viu – A
abraço novamente.

— Eu estou super nervosa, e já estou com saudades.

— Eu também, mas você vai conseguir amiga.

Me despeço de todas.

— Mãe, estou indo já, mas logo volto e irei te visitar esta bem? – A
abraço.

— Vocês formam um lindo casal – Ela sorri.

Gabriel se despede de todas e seguimos para um hotel. Agora se


inicia uma nova etapa em nossas vidas.

Fim
Lista de músicas mencionadas no livro: 1: Livin’ on a Prayer – Bon
Jovi

2: Champion – Barns Coutney

3: 99 – Barns Coutney

4: Watermelon sugar – Harry Styles

5: Sugar – Maroon 5

6: Noite feliz

7: Beauty and the beast

8: Perfect – Ed Sheeran feat.Byoncé

Agradecimentos

Agradeço primeiramente aos meus pais, que sempre me


incentivaram a seguir os meus sonhos. Sempre sonhei em ser
escritora, os livros fizeram parte de toda a minha vida. Meu pai lia
para mim quando eu era criança, foi ele que me ajudava com as
tarefas escolares, e me ensinou a ler e a escrever.
Minha mãe que sempre me incentivou a pensar alto, e não ter limite
para os meus sonhos.

As minhas amigas que conheci em um grupo literário, Rute Lima e


Thalita Bastos, que todo dia me fazem sorrir, e compartilhamos
nosso amor pelos livros, vocês são um presente de Deus em minha
vida.

Camila Ferreira que muito antes de saber que eu estava escrevendo


esse livro, já me apoiava para ser escritora.

A autora A. P. Marques e Tatiana Gusmão, que me ajudaram tanto,


dando várias dicas sobre como ser um autor independente, muito
obrigada.

Agradeço a todos aqueles que chegaram até o final desse livro,


espero que tenham gostado da história, e que tenham um amor em
suas vidas igual o de Sofia e Gabriel, e que Deus os abençoe.
Document Outline

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Lista de músicas mencionadas no livro:
Agradecimentos
Table of Contents
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Lista de músicas mencionadas no livro:
Agradecimentos

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