Manual de Metodologia Jurídica - Nitish Monebhurrun
Manual de Metodologia Jurídica - Nitish Monebhurrun
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SAC sac.sets@saraivaeducacao.com.br
EPUB 136 p.
ISBN 978-65-5362-110-7 (Impresso) 1. Direito. 2. Metodologia Jurídica.
3. Textos jurídicos. I. Título.
Consultar o sumário
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
I. A fase preliminar
B) A apresentação da introdução
MODELOS DE COMENTÁRIO
Introdução
I. Apresentação do caso Tatar c. Romênia
Considerações finais
I. A apresentação do caso
BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
I. A fase preliminar
Duas partes serão examinadas aqui: o método para unir as partes que
contêm a argumentação principal (i) e a conclusão (ii).
(i) O método para unir as partes que contêm a linha de argumentação
Como o sumário já foi elaborado, já se sabe o conteúdo de cada capítulo e
de cada subitem. A construção geral da argumentação já foi feita, a
relação entre cada argumento já foi encontrada. O roteiro geral está
pronto e o campo já foi devidamente balizado para que possa iniciar-se a
fase da escrita do texto.
A técnica escrita que busca o convencimento máximo embasa-se na
mesma lógica matemática de ligar claramente todos os componentes da
argumentação. Por isso, as diversas partes do trabalho – capítulos, seções,
subitens etc. –, devem ser interconectadas. Para tanto usar-se-á a técnica dos
parágrafos introdutórios e de transição.
Os parágrafos introdutórios podem ser utilizados entre uma parte
específica do trabalho e as suas subdivisões: por exemplo, entre um capítulo e
as suas seções; entre uma seção e as suas subseções etc. Para ilustrar, se o
capítulo 1 tem três seções, há ao menos duas formas de escrever.
A primeira forma:
Capítulo 1: –---------------------
Seção 1: -------------------------
Nesse caso, a primeira seção começará imediatamente após o capítulo 1,
sem nada, sem nenhum texto específico, entre eles. No método aqui proposto,
há um passo preliminar: explica-se a relação entre o capítulo 1 e os seus
subitens. Esclarece-se por que o capítulo 1 contém três subitens e como as
ideias apresentadas e defendidas em cada seção completam a ideia geral do
capítulo. Dessa forma, garante-se a pertinência de todos os subitens e evita-se
qualquer digressão. Formalmente, essa ligação se faz com um parágrafo
introdutório depois do capítulo. Esse parágrafo não é um resumo dos
subitens. A explicação pode ser ilustrada com alguns exemplos.
O primeiro exemplo é relativo ao assunto já utilizado: Devemos sempre
respeitar as leis? A primeira parte da argumentação (do sumário) para tratar
essa questão era: I. As expectativas do respeito das leis em princípio A) Um
respeito das leis teoricamente lógico para celebrar a vontade do povo.
B) Um respeito necessário para manter a ordem social.
Segundo o método de estruturação proposto, a apresentação pode ser feita
da seguinte forma: I. As expectativas do respeito das leis em princípio O
respeito das leis é lógico sob a perspectiva da teoria jurídica considerando
que as leis são oriundas da vontade do povo (A) considerando que elas visam
a manutenção da ordem social que se encontra igualmente em adequação com
a vontade popular (B).
A) Um respeito das leis teoricamente lógico para celebrar a vontade do
povo.
B) Um respeito necessário para manter a ordem social.
Antes de abordar as partes A e B, explica-se a relação que elas têm entre
si e como elas ilustram a ideia central do capítulo I. Isso é importante para o
autor e, por conseguinte, para o leitor. Para o autor: ao proceder dessa
maneira, ele avança com confiança na sua demonstração, pois ele sabe
exatamente todas as conexões que formam o seu raciocínio e ele sabe em
qual direção está indo o trabalho; a experiência mostra que essa técnica torna
a escrita mais eficiente. Para o leitor: o texto se torna obviamente mais claro e
mais acessível, pois consegue acompanhar, o fio condutor da argumentação
que se revela naturalmente e sem esforço a ele.
O tema ´soft law´ foi um outro exemplo utilizado supra. A primeira parte
do trabalho tinha essa forma: I. O valor jurídico duvidoso do soft law A) O
valor jurídico duvidoso por razões formais: a formação do soft law.
B) O ceticismo confirmado por razões substanciais: a dúvida sobre a
violação do soft law.
Ao aplicar o presente método de estruturação, este primeiro capítulo
começaria assim: I. O valor jurídico duvidoso do soft law O soft law tem um
valor jurídico duvidoso considerando apenas a sua própria elaboração que
foge dos princípios clássicos da formação do direito (A), o que levanta a
questão da possibilidade da violação do soft law, confirmando dessa forma o
ceticismo inicial (B).
A) O valor jurídico duvidoso por razões formais: a formação do soft law.
B) O ceticismo confirmado por razões substanciais: a dúvida sobre a
violação do soft law.
Costura-se assim, por meio do parágrafo introdutório, a lógica entre as
várias partes e subpartes. E da mesma maneira, ao terminar um subitem não
se deve começar abruptamente o próximo subitem. É necessário ter uma
conexão para explicar por que um subitem resulta naturalmente no próximo:
chama-se de parágrafo de transição. Para resumir, todas as partes e subpartes
do trabalho devem ser ligadas por parágrafos introdutórios ou por parágrafos
de transição; ao terminar uma parte, é preciso introduzir aquela que segue: I. -
-----------------
Parágrafo introdutório (introduzindo a relação entre A, B e C) A) ----
--------------
Parágrafo de transição (explicando a passagem do A ao B) B) --------------
----
Parágrafo de transição (explicando a passagem do B ao C) C) --------------
----
Parágrafo de transição (entre o I e o II) II. ------------------
Parágrafo introdutório (introduzindo a relação entre A, B e C) A) ----
--------------
Parágrafo de transição (explicando a passagem do A ao B) B) --------------
----
Parágrafo de transição (explicando a passagem do B ao C) C) --------------
----
Parágrafo de transição (entre o II e o III) III. ------------------
Parágrafo introdutório (introduzindo a relação entre A, B e C) A) ----
--------------
Parágrafo de transição (explicando a passagem do A ao B) B) --------------
----
Parágrafo de transição (explicando a passagem do B ao C) C)
Posto isso, o método para apresentar a conclusão pode ser explicado.
(ii) O método para apresentar a conclusão A conclusão não é um mero
resumo do trabalho e tampouco é um espaço reservado para encaixar
ideias e argumentos que surgiram in extremis. A forma da conclusão
varia segundo o tipo de trabalho. A conclusão de uma dissertação ou de
uma tese é diferente daquela de um artigo. Porém, se o conteúdo e o
volume são diferentes, a razão de ser é a mesma: responder à
problemática exposta na introdução. Deve-se explicar como toda a
argumentação utilizada ao longo do texto permite chegar a determinado
resultado. Para trabalhos maiores (teses, dissertações) não é inútil
relembrar os argumentos principais: como se trata de trabalhos de muitas
páginas, o leitor pode esquecer alguns detalhes ao chegar à conclusão
final. Logo, um resumo dos diferentes capítulos é útil para esses trabalhos
de grande porte. Depois do resumo, o mais importante é explicar os
resultados da tese e as respostas cunhadas frente à problemática
apresentada na introdução. Para os artigos, o resumo não é sempre útil,
pois, dada a quantidade de páginas, as informações permanecem mais
facilmente na mente do leitor. De qualquer forma, tanto para as teses,
dissertações e monografias como para os artigos, o autor deve dar a sua
opinião sobre os seus resultados: ele deve qualificar a sua análise
confirmando assim o interesse, a utilidade e a originalidade do seu
trabalho e das suas conclusões. A formulação da conclusão deve ser de tal
forma que o leitor entenda facilmente por que – logicamente –
determinados argumentos conduzem a determinados resultados
considerando dada problemática. A conclusão é também o espaço para
eventualmente antecipar futuras evoluções do assunto, do campo de
estudo da tese e da problemática. À luz da tese defendida, o autor pode
oferecer uma reflexão sobre as consequências que podem decorrer da sua
tese futuramente. É uma forma de encerrar, de fechar o trabalho, abrindo
novas perspectivas de estudo, de reflexão, de dúvidas e, talvez, de outras
teses, mostrando assim a aplicabilidade futura dos resultados
encontrados.
SEGUNDA PARTE
Método para o comentário de jurisprudência
Ler o caso remete a um truísmo, porém é uma evidência que vale reiterar
quando se trata de trabalhos referentes à jurisprudência. É preciso ler todo o
caso pois é apenas assim que se tornam possíveis tanto a contextualização
normativa (i) como a contextualização jurisprudencial (ii), instrumentos que
permitem a análise de uma decisão.
(i) A contextualização normativa Ao ler e estudar o caso, um dos passos
sine qua non é identificar todas as normas e/ou princípios aplicáveis. Esse
trabalho é relativamente fácil, considerando que o tribunal se refere a
essas fontes na sua decisão. A contextualização normativa permite
entender e localizar o ramo do direito relevante ao caso. Para
compreender a argumentação das partes e do tribunal é preciso referir-se
às fontes jurídicas utilizadas e lê-las com os olhos e a distância de um
jurista. Estudar as normas aplicáveis independentemente da interpretação
do tribunal é útil para saber se os juízes as interpretaram e aplicaram
corretamente: é uma forma de preparar eventuais críticas frente à decisão
do tribunal. O mesmo método de distanciamento e de contextualização se
aplica à jurisprudência.
(ii) A contextualização jurisprudencial É raro estudar um caso no qual o
tribunal não se refere às decisões anteriores – notadamente em Direito
Internacional. Normalmente as partes – requerentes e réus – utilizam a
jurisprudência nas suas petições e nos seus argumentos. O tribunal é
assim levado a examiná-la. Quando a jurisprudência é citada e utilizada
pelo tribunal ao construir as suas conclusões, esse material entra no raio
de atratividade da análise jurisprudencial. É preciso conhecer os casos
anteriores referentes ao mesmo problema jurídico e entender qual foi a
posição dos outros tribunais sobre este. Essa contextualização
jurisprudencial fornece um insumo útil para a análise crítica. No mesmo
sentido, se houver, pode ser interessante pesquisar casos posteriores
similares e disponíveis para fazer um trabalho comparativo. O objetivo é
situar a decisão numa linha jurisprudencial para delimitar a sua
contribuição. O processo da contextualização facilita depois a
sintetização do caso.
B) A apresentação da introdução
Como num artigo, essa parte do trabalho se destina a uma análise jurídica
com argumentos, técnicas e métodos jurídicos. Analisar um caso equipara-se
a expressar a capacidade de extrair um problema jurídico de um caso
específico para costurar em torno dele uma reflexão, colocando-o em relação
com o ordenamento jurídico estudado. É um método indutivo: entender,
explicar e analisar princípios de direito induzindo-os de um caso cujo papel é
atuar como uma fonte de dados. Portanto, o comentário eleva o debate para
além do caso e constitui uma opinião que certamente permite entender a
decisão, mas que deve ser útil e utilizável de forma geral, para entender uma
evolução, uma revolução, uma novidade, um status quo, um princípio
nascente ou uma lacuna em um ramo do direito. É sob essa perspectiva que se
espera um comentário.
O método de estruturação do artigo pode variar. É, por exemplo, possível
comentar uma decisão sob a seguinte forma: 1. Uma introdução geral
frisando e contextualizando o problema de direito submetido ao tribunal.
Proceder dessa forma implica não entrar diretamente no estudo do caso, mas
permite preparar o leitor ao ressaltar os debates principais, a atualidade
jurídica ou as inquietações gerais conectadas à decisão. O leitor entenderá
assim o contexto geral da questão antes de ser apresentado ao caso
contencioso.
2. Uma apresentação do caso que se aproxima do exercício já feito
supra – salientando, em especial, o problema do direito e a problemática.
3. A extração do teor e da contribuição do caso para o ordenamento
jurídico e para a prática (ou para a teoria) jurídica.
A apresentação do comentário depende também do tamanho do trabalho,
mesmo que a lógica continue sendo a mesma. A título de ilustração, seguem
infra dois comentários feitos pelo presente autor, ambos com tamanhos
diferentes, pois as abordagens são distintas. Considerando que comentário de
decisões não é um exercício frequente – em comparação com trabalhos sob o
formato de artigos, teses, monografias ou dissertações –, esses dois exemplos
servirão de ilustração das técnicas supramencionadas.
MODELOS DE COMENTÁRIO
Introdução
A proteção dos direitos humanos e a do meio ambiente sempre foram
intimamente imbricadas, mas essa relação foi destacada especialmente pela
crescente preocupação com a proteção ambiental – ligada à expansão
tentacular do desenvolvimento sustentável. Hoje em dia, um estudo completo
sobre o direito do meio ambiente implica indubitavelmente uma referência
aos direitos humanos. A prática demonstra cada vez mais que as
problemáticas desses dois âmbitos estão interligadas31. Um estudo integrado
dos direitos humanos e do direito ambiental pode ser realizado seguindo ao
menos dois métodos.
É, primeiramente, possível interrogar-se sobre a existência de um direito
humano ambiental, isto é, o direito do ser humano a viver num meio
ambiente sadio. Se essa preocupação não existia nos primeiros instrumentos
relativos aos direitos humanos32, ela foi incluída posteriormente em alguns
tratados e Constituições nacionais33. Por exemplo, o art. 24 da Carta Africana
sobre os Direitos do Homem e dos Povos dispõe: “Todos os povos têm
direito a um meio ambiente geral satisfatório, propício ao seu
desenvolvimento34”. Um protocolo sobre os direitos das mulheres na África
foi anexado a essa carta em 2003, e os arts. 18 e 19 afirmam o direito da
mulher africana de viver em um meio ambiente saudável e sustentável35. Em
outra região geográfica, foi adotado um Protocolo adicional à Convenção
Americana sobre Direitos Humanos; este é relativo à matéria de direitos
econômicos, sociais e culturais (O Protocolo de San Salvador) e o seu art. 11
salienta que “[t]oda pessoa tem direito a viver em meio ambiente sadio
(…)36”. Esse direito a um meio ambiente sadio encontra-se também, por
exemplo, na Carta Árabe sobre os Direitos Humanos37. Para manter essa
variação geográfica, a Declaração sobre os Direitos Humanos da Associação
das Nações do Sudeste Asiático pode também ser mencionada por apontar a
existência de um direito a um meio ambiente seguro, sadio e sustentável38.
No âmbito do direito nacional, um estudo de 2011 sublinha que 79
Constituições contêm explicitamente um direito humano ambiental39. Basta,
portanto, apenas citar como exemplo o art. 225 da Constituição brasileira,
segundo o qual “[t]odos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações40”. Nessa primeira
configuração na qual os direitos humanos cruzam o meio ambiente, há uma
vontade – política – de considerar a proteção ambiental como um direito
humano, de elevar o primeiro ao nível do segundo, dando-lhe para tanto um
valor fundamental e imperativo. Porém, não é essa problemática que será
aqui examinada; os direitos humanos e o meio ambiente têm, também, uma
relação de causalidade.
Um dano ambiental pode ter como consequência a violação dos direitos
humanos sem que exista, em si, um direito humano ambiental autônomo.
Nesse caso, uma medida lesiva ao meio ambiente será interpretada como uma
transgressão aos direitos humanos. Dois pontos podem ser notados:
primeiramente, perante as lacunas do direito ambiental e das dificuldades a
aplicá-lo, especialmente no direito internacional, os direitos humanos
apresentam-se como um meio subsidiário para postular – embora
indiretamente – uma reparação para um dano ambiental; em segundo lugar,
essa possibilidade implica uma interpretação dos instrumentos relativos aos
direitos humanos que integre as considerações ambientais. Uma interpretação
evolutiva é nesse sentido juridicamente possível e foi, por exemplo,
reconhecida pela Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH), seja de uma
forma geral41 ou especificamente nos casos que tangenciam o meio
ambiente42. Essa interpretação evolutiva não é extensiva, inverossímil e
também não está fora do contexto dos direitos humanos, pois ao final, o
problema jurídico está relacionado com a violação ou não de um instrumento
que garanta esses direitos. O âmbito dos direitos humanos permite apenas
efetivar os princípios do direito ambiental – internacional. Esses princípios
são garantidos por meio da proteção dos direitos humanos43. No caso
Gabçikovo-Nagymaros, o Juiz Weeramantry evocou o assunto afirmando em
uma opinião separada: The protection of the environment is likewise a vital
part of contemporary human rights doctrine, for it is a sine qua non for
numerous human rights such as the right to health and the right to life itself.
It is scarcely necessary to elaborate on this, as damage to the environment can
impair and undermine al1 the human rights spoken of in the Universal
Declaration and other human rights instruments44.
Nesse sentido, a Corte Europeia dos Direitos Humanos já tem uma
jurisprudência considerável em que a proteção do meio ambiente se articula
com os direitos humanos: há, por exemplo, casos relativos à poluição
sonora45, à poluição industrial46, ao desmatamento47 ou ao tabagismo
passivo48. A Corte considera que, em alguns casos, um dano ambiental pode
ser prejudicial aos direitos humanos. É sob essa perspectiva que este artigo
apresentará o caso Tatar c. Romênia, cujo tratamento pela CEDH corrobora
uma construção pretoriana indireta – e ainda em andamento – de um direito
ambiental alternativo49. Assim sendo, uma apresentação do caso (I) salientará
o reconhecimento pela Corte do reiteradamente debatido princípio da
precaução (II).
Considerações finais
A inserção das questões ambientas no âmbito da CEDH confirmou-se
com o caso Tatar assim como a aplicabilidade dos princípios dos direitos
humanos para lidar com assuntos ambientais. A prudência e a razão incitam
um exame cauteloso dessa jurisprudência para evitar conclusões espontâneas
e radicais, afirmando já a existência de um direito humano ambiental e de
uma corte (regional) de direitos humanos ambientais pronta para aplicá-lo. Os
direitos humanos pertencem a um campo definido, e todos os assuntos não
têm necessariamente uma vocação a aproximar-se dessa área99; haveria, no
caso contrário, uma inflação de direitos humanos “a tudo”, o que pode
prejudicar a seriedade desse tema bem como a qualidade do seu tratamento.
As decisões da CEDH mostram que há uma construção passo a passo – mas,
ainda indefinida – de uma forma de direito ambiental alternativo que busca a
ajuda e o apoio dos direitos humanos. Todavia, deve-se lembrar que os
patamares erigidos pela Corte para receber casos ambientais ainda são altos e
é unicamente a sua jurisprudência futura que confirmará a sua posição sobre a
relação entre o meio ambiente e os direitos humanos.
Comentário n. 2 – O caso da República da Ilha Maurício c. Reino
Unido perante a Corte Permanente de Arbitragem, 2014100 [Pequeno
comentário].
Eis aqui um caso cuja decisão é fortemente sensível, pois trata-se de um
problema jurídico que abrange as questões da soberania, da proteção do meio
ambiente e da proteção dos direitos humanos num contexto geopolítico e
geoestratégico sensível. A apresentação do caso (I) justificará suas
implicações (II).
I. A apresentação do caso
A apresentação fatual (A) antecederá a do problema jurídico que está
sendo debatido perante a Corte Permanente de Arbitragem (B).