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Projeto lendo a Bíblia Salus in Caritate

Introdução
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Livro de Jó

Vamos recapitular: depois de Josué liderar as tribos de Israel para a Terra


Prometida ele os convocou a serem fiéis a aliança com Deus e para obedecer aos
mandamentos da Torah. Se eles fizessem isso, eles mostrariam a todas as outras
nações como Deus é.

O livro de Juízes começa com a morte de Josué e basicamente conta a história de


como Israel falhou totalmente em sua promessa de cumprir os preceitos de Deus.

O nome do livro vem dos líderes tribais que Israel tinha nessa época. Antes de
terem reis, as tribos eram governadas por esses juízes, mas não pense em uma
corte ou em algo organizado, eles eram líderes regionais, políticos e militares.

Eu aviso que: o livro de Juízes é bastante perturbador. Ele relata o caminho


trágico de corrupção moral de Israel, da sua péssima liderança e basicamente,
como eles se tornaram tão maus quanto os canaanitas e até mesmo, em dado
momento, nos lembram o que aconteceu em Sodoma e Gomorra.

Mas essa triste história também tem como objetivo gerar esperança para o futuro
e você pode ver isso através da estrutura do livro.

Há uma longa introdução que precede a falha de Israel ao não expulsarem os


canaanitas remanescentes,
a maior e principal seção do livro contém histórias sobre a crescente corrupção
dos Juízes de Israel e a história mostra como os líderes de Israel foram de "muito
bons" para "ok", "ruins" e, por fim, "péssimos". Assim, a seção conclusiva é
muito perturbadora e mostra a corrupção do povo de Israel como um todo.

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Primeira Parte

A abertura começa com as tribos de Israel em seus territórios na Terra Prometida,


enquanto Josué derrotou algumas cidades-chaves canaanitas ainda há muita terra
para ser conquistada e muitos canaanitas vivendo nessas áreas. O capítulo 1
mostra uma longa lista de grupos e cidades canaanitas que Israel falhou em
expulsar da Terra Prometida. Lembrem-se: o motivo para se expulsar os
canaanitas era para evitar sua corrupção moral e sua maneira de adorar aos
deuses através de sacrifícios infantis.

Deus chamou Israel para ser um povo santo, e isso não aconteceu, pois Israel
desobedeceu.

O capítulo 2 descreve como Israel conviveu com os canaanitas e adotou todas as


suas práticas morais e religiosas, é bem aqui que a história para.

Por praticamente um capítulo inteiro, o narrador nos dá um panorama do que irá


acontecer no resto do livro. Essa parte da história de Israel, segundo o narrador,
foi uma série de fracassos que colocaram Israel em um ciclo repetitivo de
corrupção.

Israel se tornou como os canaanitas e pecaria contra Deus. Ele, por sua vez, iria
permitir que eles fossem conquistados e oprimidos pelos canaanitas e
eventualmente, os israelitas veriam que seus caminhos eram errôneos e se
arrependeriam, então Deus iria levantar um libertador, um juiz, do meio de Israel
que derrotaria o inimigo e traria uma era de paz, mas eventualmente, Israel iria
pecar novamente e todo o ciclo se repetiria. Esse ciclo provê a estrutura literária
da próxima parte do livro.

As histórias dos primeiros 3 juízes, Othoniel, Ehud e Deborah são aventuras


épicas e também são histórias extremamente sangrentas, o próprio juiz ou as
pessoas que ajudaram os juízes, derrotaram os inimigos e libertaram o povo de
Israel.

As histórias sobre os próximos 3 juízes são mais longas e elas focam nas falhas
de caráter dos juízes, que começam a piorar cada vez mais.

Gideão: ele começa muito bem, é um homem covarde mas eventualmente ele
começa a acreditar que Deus pode salvar Israel através dele e então, ele derrota
um exército enorme de Madianitas (descendentes de Madiã, filho de Abrãao com

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sua segunda esposa Cetura) com apenas 300 homens carregando tochas e vasos
de barro. Mas Gideão tem um temperamento desagradável e ele assassina um
monte de israelitas por não ajudá-lo na batalha e então, tudo vai ladeira abaixo a
partir daí.
Ele faz um ídolo a partir do ouro que ele ganhou nas batalhas e depois que ele
morre, todo o Israel adora o ídolo como um deus, e o ciclo de corrupção começa
novamente.

O próximo juiz principal é Jefté, que é um tipo de mercenário que vivia nas
montanhas (ele era um marginal, falando mais claramente) e quando as coisas
ficam bem ruins para Israel, os anciãos vão até ele implorando por sua ajuda (!).
Jefté era realmente um líder bem efetivo, ele venceu muitas batalhas contra os
Amonitas (descendentes de Amon, filho do incesto entre Ló - sobrinho de
Abraão e a sua filha).

Mas Jefté conhecia tão pouco o Deus de Israel que ele o trata como um deus
canaanita e promete sacrificar sua filha se ele ganhasse a batalha! Justamente o
que Deus não queria que eles fizessem, como vimos. Essa história trágica mostra
o quão grande havia sido a queda de Israel, eles não conheciam mais o caráter de
seu próprio Deus, o que os leva ao assassinato e falsa adoração.

O último juiz, Sansão, é de longe o pior. Sua vida começa cheia de promessas,
cheia de oportunidades de penitência, ele deveria ser penitente, sua vinda é
anunciada por um anjo e ele viveria como um nazireu. Nós falamos sobre esse
voto quando comentamos os Atos dos Apóstolos (aqui), mas vamos retomar
aqui:

Observações sobre o Voto do Nazireu:

Os nazireus formavam grupos ascéticos no judaísmo. Eles tomavam vários votos, como

abster-se de vinho, não entrar em contacto com qualquer coisa imunda, ou não aparar

os cabelos. Entre os antigos hebreus, esses votos eram vitalícios (ver a história de

Sansão). E o trecho de Amos 2,12 sugere que os nazireus eram muito prestigiados em

Israel.

A legislação posterior, entretanto, permitia que tais votos fossem limitados quanto ao

tempo (ver Josefo, Guerras 2,15,1). Mas, um elemento que nunca foi abandonado foi o

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de um severo ascetismo. O voto do nazireado aparece em Núm. 6,1-20. Ninguém podia

fazer tais votos por um período inferior ao de trinta dias. Sansão, Samuel e João

Batista (de acordo com muitos eruditos), foram nazireus vitalícios. A instituição do

nazireado tinha por intuito tipificar a separação e um modo de viver santificado e

restrito. A cabeleira crescida simbolizava a virilidade e virtudes heróicas.

As madeixas de cabelos simbolizavam uma simplicidade infantil, poder, beleza e

liberdade. Maimônides, um sábio judeu sefardi (falecido em 1204), referiu-se à

dignidade dos nazireus como equivalente à de um sumo sacerdote. E antes dele,

Eusébio, o grande historiador eclesiástico da Igreja antiga, asseverou, em termos

enfáticos, que os nazireus tinham acesso ao Santo dos Santos, em Israel (Eusébio de

Cesareia, História Eclesiástica 2,23).

Os pais podiam dedicar seus filhos homens a esse grupo religioso separatista.

Entretanto, os nazireus não viviam em comunidades separadas, e nem lhes era vedada

a associação com outras pessoas, ou de se ocuparem em atividades comuns. Viviam na

comunidade de Israel como símbolos de dedicação especial a Yahweh. Essa era a

principal função dos nazireus. E eles mostravam-se ativos no serviço religioso e nas

práticas ritualistas.

Esse voto podia variar quanto à sua duração. Podia ser imposto às crianças, por seus

pais, que as dedicavam à vida do nazireado, como foi o caso de Sansão (ver Jz

13,5,14), e talvez de Samuel (ver I Sam. 1, 11) e de João Batista (Lc. 1,15). A Mishna

(livro da tradição judaica) afirma que esses votos eram tomados por um mínimo de

trinta dias, e que o período de sessenta dias era o mais comum. O voto tomado por

Paulo, conforme está registrado em Atos 18, 18, provavelmente foi um voto temporário

de nazireu. O voto se constituía (e constitui, ainda existe entre os judeus, mas possuí

modificações):

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Proibições. Os nazireus precisavam abster-se de vinho, de todas as bebidas alcoólicas,

de vinagre, e até de uvas e passas de uvas. A experiência humana exibe claramente os

debilitantes efeitos espirituais das bebidas alcoólicas. Além disso, esses votos provavel-

mente eram um protesto contra as práticas pagãs, onde as bebidas alcoólicas eram

usadas para agitar aos adoradores, levando-os a cometerem toda sorte de excessos.

Um forte exemplo dessa adoração, era a embriaguês exercidas pelos adoradores do

deus Baco ou Bako, sendo ele tido pelos pagãos como o deus do vinho. Essa adoração

era dada através do consumo exagerado de vinho pelos seus fiéis misturadas com

muitas músicas e batuques, originando daí o tão famoso carnaval dos dias atuais.

Mas os nazireus também não podiam tocar em coisas imundas, como um cadáver,

mesmo que se tratasse de um parente próximo. E cumpre-nos observar que os sumos

sacerdotes de Israel também não se podiam contaminar desse modo.

Requisitos. Um nazireu não podia cortar os cabelos durante todo o tempo em que

perdurasse a sua consagração. As referências literárias mostram que os cabelos de

uma pessoa eram considerados a sede da vida, e até mesmo a habitação de espíritos e

de influências mágicas. Talvez por essa razão é que, terminado o voto do nazireado, a

pessoa precisava raspar seus cabelos e queimá-los, como medida eficaz para anular

quaisquer poderes que os cabelos fossem tidos como possuidores.

Mas voltando a Sansão, ele não tinha respeito pelo Deus de Israel: era
promíscuo, violento e arrogante, no entanto, venceu brutalmente batalhas
estratégicas sobre os Filisteus mas apenas ao custo de sua própria integridade e
sua vida termina num ato que é um misto entre a depravação de um juiz e a
doação pelo chamado. É interessante notar que Sansão é constantemente tentado
pelos olhos e falha sempre, é um dedo podre convicto, caindo sempre na
depravação, e no final ele fica cego fisicamente. Ele é o retrato do povo de Israel,
chamado para algo sublime, fracassa por se deixar corromper pelo mundo e, no
final, quer servir mas está já cego pelas paixões e sofre com isso.

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Você irá notar um tema recorrente na seção principal do livro é: que em
momentos-chave, o espírito de Deus se apossava de cada um desses juízes para
completar esses grandes atos de libertação. Mas veja, o fato de Deus usar essas
pessoas bem complicadas não significa que Ele apoiava qualquer uma das
decisões deles.

Deus é comprometido primeiramente e principalmente em salvar Seu povo e


tudo o que Ele tem para trabalhar são esses líderes corruptos, e Ele os usa
mesmo assim. Isso nos diz muito sobre o poder de Deus apesar de nós
mesmos, Ele é capaz de fazer a pessoa errada fazer a coisa certa em prol do
Seu Plano de Salvação.

Essa seção inteira é montada para mostrar o quão ruim as coisas estavam. O
leitor não consegue mais distinguir entre os israelitas e os canaanitas.

Segunda Parte

A última seção mostra Israel como um todo chegando no fundo do poço. Existem
duas histórias trágicas aqui, e elas não são para os que tem coração fraco.

Elas são estruturadas por essa frase-chave que é repetida 4 vezes até o final do
livro: "Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia
certo."

A primeira história é sobre um Israelita chamado Mica (ele era da tribo de


Efraim), que constrói um templo particular para um ídolo e esse templo é
saqueado por um exército privado, enviado pela tribo de Dan (ou seja, nós
estamos falando de saques entre tribos irmãs). Os danitas roubam tudo e
queimam a cidade pacífica de Laís, assassinam todos os seus habitantes, fazem
isso fora da guerra e sem um motivo realmente importante.

Quando Israel se esquece de seu Deus, quem tem mais poder faz o que quer.

Mas a última história do livro é ainda pior. É um relato chocante de abuso sexual
e violência, que leva a primeira guerra civil de Israel. É bem perturbadora. O
primeiro caso de abuso foi a filha de Jacó e Lia, Dina (relatado em Gênesis 34)
que foi violentada por um estrangeiro, Siquém. Seus irmãos Simeão e Levi a

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vingaram e mataram a cidade toda (curiosamente, Jacó não gostou nada desse
caminho).

No entanto, a narrativa nos faz lembrar o episódio de Sodoma e Gomorra, os


visitantes estavam sendo assediados pelos moradores (embora não da forma tão
depravada como Gomorra e Somoda) e a moça é dada para que eles se calem, ela
é estuprada até a morte. Vale lembrar que isso aconteceu sendo ela esposa de um
levita numa cidade bejaminita, ou seja, ela foi assediada por benjaminitas, uma
tribo irmã, israelitas. Considerando que os levitas eram sacerdotes podemos dizer
que o desrespeito ao Senhor se personificou nesse ato de corrupção e
esquecimento completo das Leis de Deus e dos laços filiais.

Portanto, esse é o ponto: essas histórias devem servir como um aviso. A queda
de Israel de maneira auto-destrutiva é resultado de se voltar contra o Deus que os
ama e os salvou da escravidão no Egito, e agora, Israel precisa ser liberto outra
vez, deles mesmo, pois tinham escolhido o caminho da maldição.

O único vislumbre de esperança nessa história é encontrada nessa frase repetida


na última parte do livro
e que forma a última sentença da história: "Israel não tinha um Rei."

Então, o palco está preparado para os próximos livros contarem a origem da


família do Rei Davi, que começa com o livro de Rute (a moabita, descendentes
de Moab, filho do incesto entre Ló e sua filha), e também a origem da realeza em
Israel, no livro de 1 Samuel.

O livro de Juízes é uma explicação sóbria da condição humana, e em última


análise aponta para a necessidade da graça de Deus em enviar um rei que irá
resgatar o Seu povo.

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