Livro Juizes Visao Geral
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Introdução
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Livro de Jó
O nome do livro vem dos líderes tribais que Israel tinha nessa época. Antes de
terem reis, as tribos eram governadas por esses juízes, mas não pense em uma
corte ou em algo organizado, eles eram líderes regionais, políticos e militares.
Mas essa triste história também tem como objetivo gerar esperança para o futuro
e você pode ver isso através da estrutura do livro.
Deus chamou Israel para ser um povo santo, e isso não aconteceu, pois Israel
desobedeceu.
Israel se tornou como os canaanitas e pecaria contra Deus. Ele, por sua vez, iria
permitir que eles fossem conquistados e oprimidos pelos canaanitas e
eventualmente, os israelitas veriam que seus caminhos eram errôneos e se
arrependeriam, então Deus iria levantar um libertador, um juiz, do meio de Israel
que derrotaria o inimigo e traria uma era de paz, mas eventualmente, Israel iria
pecar novamente e todo o ciclo se repetiria. Esse ciclo provê a estrutura literária
da próxima parte do livro.
As histórias sobre os próximos 3 juízes são mais longas e elas focam nas falhas
de caráter dos juízes, que começam a piorar cada vez mais.
Gideão: ele começa muito bem, é um homem covarde mas eventualmente ele
começa a acreditar que Deus pode salvar Israel através dele e então, ele derrota
um exército enorme de Madianitas (descendentes de Madiã, filho de Abrãao com
O próximo juiz principal é Jefté, que é um tipo de mercenário que vivia nas
montanhas (ele era um marginal, falando mais claramente) e quando as coisas
ficam bem ruins para Israel, os anciãos vão até ele implorando por sua ajuda (!).
Jefté era realmente um líder bem efetivo, ele venceu muitas batalhas contra os
Amonitas (descendentes de Amon, filho do incesto entre Ló - sobrinho de
Abraão e a sua filha).
Mas Jefté conhecia tão pouco o Deus de Israel que ele o trata como um deus
canaanita e promete sacrificar sua filha se ele ganhasse a batalha! Justamente o
que Deus não queria que eles fizessem, como vimos. Essa história trágica mostra
o quão grande havia sido a queda de Israel, eles não conheciam mais o caráter de
seu próprio Deus, o que os leva ao assassinato e falsa adoração.
O último juiz, Sansão, é de longe o pior. Sua vida começa cheia de promessas,
cheia de oportunidades de penitência, ele deveria ser penitente, sua vinda é
anunciada por um anjo e ele viveria como um nazireu. Nós falamos sobre esse
voto quando comentamos os Atos dos Apóstolos (aqui), mas vamos retomar
aqui:
Os nazireus formavam grupos ascéticos no judaísmo. Eles tomavam vários votos, como
abster-se de vinho, não entrar em contacto com qualquer coisa imunda, ou não aparar
os cabelos. Entre os antigos hebreus, esses votos eram vitalícios (ver a história de
Sansão). E o trecho de Amos 2,12 sugere que os nazireus eram muito prestigiados em
Israel.
A legislação posterior, entretanto, permitia que tais votos fossem limitados quanto ao
tempo (ver Josefo, Guerras 2,15,1). Mas, um elemento que nunca foi abandonado foi o
fazer tais votos por um período inferior ao de trinta dias. Sansão, Samuel e João
Batista (de acordo com muitos eruditos), foram nazireus vitalícios. A instituição do
enfáticos, que os nazireus tinham acesso ao Santo dos Santos, em Israel (Eusébio de
Os pais podiam dedicar seus filhos homens a esse grupo religioso separatista.
Entretanto, os nazireus não viviam em comunidades separadas, e nem lhes era vedada
principal função dos nazireus. E eles mostravam-se ativos no serviço religioso e nas
práticas ritualistas.
Esse voto podia variar quanto à sua duração. Podia ser imposto às crianças, por seus
pais, que as dedicavam à vida do nazireado, como foi o caso de Sansão (ver Jz
13,5,14), e talvez de Samuel (ver I Sam. 1, 11) e de João Batista (Lc. 1,15). A Mishna
(livro da tradição judaica) afirma que esses votos eram tomados por um mínimo de
trinta dias, e que o período de sessenta dias era o mais comum. O voto tomado por
Paulo, conforme está registrado em Atos 18, 18, provavelmente foi um voto temporário
de nazireu. O voto se constituía (e constitui, ainda existe entre os judeus, mas possuí
modificações):
debilitantes efeitos espirituais das bebidas alcoólicas. Além disso, esses votos provavel-
mente eram um protesto contra as práticas pagãs, onde as bebidas alcoólicas eram
usadas para agitar aos adoradores, levando-os a cometerem toda sorte de excessos.
deus Baco ou Bako, sendo ele tido pelos pagãos como o deus do vinho. Essa adoração
era dada através do consumo exagerado de vinho pelos seus fiéis misturadas com
muitas músicas e batuques, originando daí o tão famoso carnaval dos dias atuais.
Mas os nazireus também não podiam tocar em coisas imundas, como um cadáver,
Requisitos. Um nazireu não podia cortar os cabelos durante todo o tempo em que
uma pessoa eram considerados a sede da vida, e até mesmo a habitação de espíritos e
de influências mágicas. Talvez por essa razão é que, terminado o voto do nazireado, a
pessoa precisava raspar seus cabelos e queimá-los, como medida eficaz para anular
Mas voltando a Sansão, ele não tinha respeito pelo Deus de Israel: era
promíscuo, violento e arrogante, no entanto, venceu brutalmente batalhas
estratégicas sobre os Filisteus mas apenas ao custo de sua própria integridade e
sua vida termina num ato que é um misto entre a depravação de um juiz e a
doação pelo chamado. É interessante notar que Sansão é constantemente tentado
pelos olhos e falha sempre, é um dedo podre convicto, caindo sempre na
depravação, e no final ele fica cego fisicamente. Ele é o retrato do povo de Israel,
chamado para algo sublime, fracassa por se deixar corromper pelo mundo e, no
final, quer servir mas está já cego pelas paixões e sofre com isso.
Essa seção inteira é montada para mostrar o quão ruim as coisas estavam. O
leitor não consegue mais distinguir entre os israelitas e os canaanitas.
Segunda Parte
A última seção mostra Israel como um todo chegando no fundo do poço. Existem
duas histórias trágicas aqui, e elas não são para os que tem coração fraco.
Elas são estruturadas por essa frase-chave que é repetida 4 vezes até o final do
livro: "Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia
certo."
Quando Israel se esquece de seu Deus, quem tem mais poder faz o que quer.
Mas a última história do livro é ainda pior. É um relato chocante de abuso sexual
e violência, que leva a primeira guerra civil de Israel. É bem perturbadora. O
primeiro caso de abuso foi a filha de Jacó e Lia, Dina (relatado em Gênesis 34)
que foi violentada por um estrangeiro, Siquém. Seus irmãos Simeão e Levi a
Portanto, esse é o ponto: essas histórias devem servir como um aviso. A queda
de Israel de maneira auto-destrutiva é resultado de se voltar contra o Deus que os
ama e os salvou da escravidão no Egito, e agora, Israel precisa ser liberto outra
vez, deles mesmo, pois tinham escolhido o caminho da maldição.