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Educação ambiental

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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Educação ambiental

SUMÁRIO

Campo do Conhecimento da Educação Ambiental : Definição, Histórico e


Características............................................................................................................ 4
Definição de meio ambiente ....................................................................................... 5
Classificação do meio ambiente ................................................................................. 6
Meio ambiente natural ................................................................................................ 7
Meio ambiente artificial ............................................................................................... 8
Meio ambiente cultural ............................................................................................... 8
Meio ambiente do trabalho ......................................................................................... 9
Origem das preocupações com o meio ambiente ...................................................... 9
Histórico da educação ambiental.............................................................................. 10
Surgimento da educação ambiental como campo do conhecimento........................ 17
Conceito de educação ambiental ............................................................................. 23
Métodos de ensino ................................................................................................... 25
Práticas em Educação Ambiental ............................................................................. 26
Educação para a gestão ambiental .......................................................................... 26
Educação ambiental e educação para gestão ambiental: aproximações ................. 28
Principais conceitos da educação para a gestão ambiental ..................................... 29
A natureza e sua força de trabalho: produtos e serviços ambientais ....................... 30
Risco ambiental ........................................................................................................ 32
Justiça ambiental e conflitos socioambientais .......................................................... 34
Regimes de propriedade dos recursos naturais ....................................................... 36
Educação ambiental como educação para o futuro.................................................. 38
Interdisciplinaridade.................................................................................................. 40
métodos de ensino ................................................................................................... 42
Educação Ambiental como Ferramenta na Gestão Ambiental Corporativa .............. 43
Educação ambiental ................................................................................................. 43
Gestão ambiental ..................................................................................................... 46
Educação ambiental como ferramenta de um sistema de gestão ambiental ............ 49
Educação ambiental no brasil .................................................................................. 51
Política nacional, estadual e municipal da educação ambiental ............................... 54
Esfera federal ........................................................................................................... 55
Coordenação e Execução ........................................................................................ 56

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Financiamento .......................................................................................................... 56
Esfera estadual......................................................................................................... 56
Colegiados ............................................................................................................... 56
Coordenação e Execução ........................................................................................ 57
Financiamento .......................................................................................................... 57
Esfera municipal ....................................................................................................... 57
Colegiados ............................................................................................................... 57
Coordenação e Execução ........................................................................................ 57
Financiamento .......................................................................................................... 57
Formação ................................................................................................................. 58
Educação ambiental como instrumento na gestão pública ....................................... 58
Referências .............................................................................................................. 62

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CAMPO DO CONHECIMENTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: DEFINIÇÃO,


HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL é um campo do conhecimento recente. As


primeiras preocupações com a questão ambiental ocorreram somente nas últimas
décadas, pois originaram-se ao mesmo tempo em que o desenvolvimento econômico
e o modo de produção capitalista e industrial disparam em um processo frenético de
produção e incentivo ao consumo.
Vale observar que a valoração monetária dos objetos e a transformação de
matérias-primas em produtos industrializados configuraram-se como o grande filão
da economia e, com isso, aspectos e impactos ambientais tornaram-se um ponto
nevrálgico das organizações.
O referido cenário promoveu a superação de uma educação conservacionista,
fundamentada na tentativa de promover a mudança de comportamento dos
indivíduos para uma manutenção da natureza, por uma Educação Ambiental
vinculada com questões sociais, políticas e culturais, uma vez que ela supera uma
perspectiva ecológica englobando questões do meio ambiente humano.
Note que essa ideia remete à responsabilidade de cada cidadão ou grupo de
cidadãos com maneira que interagem e modificam o ambiente em que se instalam e
a consequência disso para a comunidade global. Além disso, a gestão ambiental
procura construir sistemas de propostas e reflexões que incluam essas diretrizes na
pauta das organizações humanas.
Os sistemas de gestão ambiental tornam-se fundamentais no seio de qualquer
instituição da atualidade. Isso acontece porque problemas socioambientais como
poluição, degradação da imagem de uma empresa, as falhas no processo de
produção, problemas e perdas com o transporte de produtos, obsolescência dos
equipamentos e uso de combustíveis, epidemias, incidente ou acidente técnico,
podem ocorrer em qualquer organização e a gestão desses problemas que configura
o processo de gestão ambiental torna as práticas ecologicamente mais equilibradas.
Para tanto, a primeira etapa de um sistema de gestão ambiental é constituir
uma política ambiental que delimita a missão e os principais objetivos e metas da
organização com relação às questões socioambientais.
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Além disso, uma política ambiental precisa, para ser efetivamente eficaz,
permear todas as pessoas envolvidas na organização, uma vez que somente dessa
forma as ações e comportamentos poderão resultar em uma diminuição de impactos
e uma proximidade com práticas menos agressivas ao meio ambiente.
Nesse contexto, a Educação Ambiental é o principal instrumento para o
estabelecimento de uma "política ambiental" em nível organizacional, municipal,
regional, federal e até mesmo global. É por meio desse processo educativo que
pessoas poderão refletir sobre seu ambiente de trabalho, sobre suas vivências e sua
qualidade de vida como fatores ambientais dependentes de uma sociedade atuante,
coletiva e reflexiva. A prática e a reflexão do coletivo são o cerne da Educação
Ambiental e é esse o norte do estudo desta disciplina que iniciaremos agora.

DEFINIÇÃO DE MEIO AMBIENTE


O estudo da Educação Ambiental envolve a habilidade peculiar de olhar para
o meio ambiente e tentar compreendê-lo em sua totalidade complexa. A
fragmentação do conhecimento proporcionou uma visão deturpada da realidade
ambiental, promovendo um distanciamento da ideia de meio ambiente da realidade
de vivências do cidadão.
Meio ambiente é, portanto, tudo o que envolve ou cerca os seres vivos. A
palavra ambiente vem do latim. O prefixo ambi dá a ideia de "ao redor de algo" ou de
"ambos os lados", enquanto o verbo latino ambio, ambire significa "andar em volta
ou em torno de alguma coisa". Cabe notar que as palavras meio e ambiente trazem
a ideia de entorno e envoltório, de modo que a expressão meio ambiente encerra
uma redundância (FIORILLO, 2004).
O termo meio ambiente é uma expressão consagrada no Brasil, na Espanha,
bem como nos demais países que falam o castelhano (medio ambiente). Já no idioma
francês e no inglês utilizam-se as palavras environnement e environment,
respectivamente, ambas originadas do francês antigo environer, que significa
circunscrever, cercar e rodear, o que envolve os seres vivos e as coisas ou o que
está ao seu redor do planeta Terra com todos os seus elementos, tantos os naturais
quanto os alterados e construídos pelos seres humanos. Essa variação entre os
aspectos globais e locais constituem a principal noção das práticas em EA.

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Portanto, a ideia de meio ambiente deve primordialmente voltar para a


realidade conhecida e vivida cotidianamente, uma vez que os problemas
socioambientais se apresentam em nosso dia a dia, em nosso trabalho, na vida
pessoal, e não apenas em nível global, distante e abstrato. Essa mediação entre os
ambientes próximos e sua articulação com aspectos mais gerais é um exercício
fundamental em EA.
O Art. 225 da CF (Constituição Federal do Brasil) de 1988 utiliza a expressão
sadia qualidade de vida que considera um ambiente próximo e direto que é a
qualidade do meio circundante e um aspecto mais mediato que é a saúde, o bem-
estar e a segurança da população que está sintetizada na expressão qualidade de
vida (FIORILLO, 2004).
As definições sobre meio ambiente podem ser variadas e são determinadas
segundo os interesses de quem os define. Por isso, antes de desenvolvermos
qualquer atividade em Educação Ambiental é preciso conhecer a concepção de meio
ambiente das pessoas envolvidas na atividade. Para Reigota (2004, p. 21), o meio
ambiente é:
[...] um lugar determinado e ou percebido onde estão em relações dinâmicas
e em constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações acarretam
processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de
transformação da natureza e da sociedade.
Assim, por meio ambiente entende-se o ambiente natural e o artificial, isto é,
o ambiente físico e biológico original e o que foi alterado, destruído e construído pelos
humanos, como as áreas urbanas, industriais e rurais, os quais condicionam a
existência dos seres vivos. Pode-se afirmar, portanto, que o meio ambiente não é
apenas o espaço onde os seres vivos existem ou podem existir, mas a própria
condição para a existência de vida na Terra.
Nesta definição, é importante incluir também os aspectos do ambiente cultural
e do ambiente do trabalho, que interferem consideravelmente nas relações entre os
organismos entre si e o meio em que vivem.

CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE


O conceito de Meio Ambiente é, de certa forma, impreciso, visto que requer
um conjunto de elementos que não se resume apenas ao aspecto da Ecologia, mas
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sim, que envolve outros aspectos, como, por exemplo, o ambiente do trabalho e o da
cultura.
[...] Quando se fala em classificação do meio ambiente, na verdade não se
quer estabelecer divisões isolantes ou estanques do meio ambiente, até porque, se
assim fosse, estaríamos criando dificuldades para o tratamento da sua tutela. Mas
exatamente pelo motivo inverso, qual seja, de buscar uma maior identificação com a
atividade degradante e o bem imediatamente agredido (A ECOL NEWS, 2009).
Você verá a seguir os quatro tipos de ambientes:
1) Ambiente natural: por exemplo, as matas virgens e outras regiões auto
sustentadas, pois são acionadas apenas pela luz solar e outras forças da natureza,
como precipitação, ventos, fluxo de água etc., e não dependem de nenhum fluxo de
energia controlado diretamente pelos humanos, como ocorre nos outros ambientes.
2) Ambiente artificial: construído, fabricado ou desenvolvido pelos
humanos, constituído pelas cidades, pelos parques industriais, zonas rurais e
corredores de transportes como rodovias, ferrovias e portos.
3) Ambiente cultural: envolve os aspectos culturais dos povos, bem como
a forma com que interagem entre si e com o meio que os circundam.
4) Ambiente do trabalho: ambiente em que as pessoas desempenham
suas atividades laborais.
Observe que na maioria das vezes as pessoas restringem suas reflexões
sobre o meio ambiente ao ambiente natural, constituindo uma visão romântica ou
puramente estética com discursos preservacionistas, contudo, pouco engajados
ecologicamente.
A seguir, vamos conhecer mais profundamente cada uma dessas
classificações!
Meio ambiente natural
O meio ambiente natural é constituído não apenas por seus elementos (água,
ar, solo e biodiversidade) em separado, mas também pelo conjunto de interações
complexas que ocorrem entre esses elementos.
O termo equilíbrio ecológico considera essas interações mútuas
caracterizando um fenômeno conhecido como homeostase, ou seja, um equilíbrio
dinâmico entre todos os aspectos envolvidos no meio. Esse equilíbrio é muito
sensível a alterações que ocorrem em cadeia tomando proporções imensuráveis.
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De acordo com o Art. 225 da CF de 1988:


Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
Meio ambiente artificial
Meio ambiente artificial é o espaço construído ou alterado pela espécie
humana, consistente no conjunto de edificações (denominado espaço urbano) e
pelos equipamentos públicos. Nessa definição, inclui-se o termo campo ou zona
rural.
A CF de 1988 abriga essa definição em dois de seus artigos prevendo a
competência material da União Federal de instituir diretrizes para o desenvolvimento
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos.
Meio ambiente cultural
O meio ambiente cultural é integrado pelo patrimônio histórico, artístico,
paisagístico, arqueológico e turístico, que, embora artificial como obra do homem,
difere do anterior (que também é cultural) por ter um valor especial (SILVA apud
FIORILLO, 2004).
Segundo o Art. 216 da CF:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Vale salientar que o patrimônio cultural configura a história de um povo, sua
identidade cidadã e constitui, portanto, mais um princípio fundamental das práticas
em EA.
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Meio ambiente do trabalho


O meio ambiente do trabalho é constituído pelo local em que as pessoas
desempenham suas atividades laborais, remuneradas ou não. Os problemas
relativos a esse ambiente são fruto de um desequilíbrio entre as condições de
trabalho e a saúde do trabalhador independente da posição que ocupem em uma
organização ou na sociedade.
O conceito de trabalho pode ser entendido como qualquer atividade
caracterizada pelo componente de subordinação, desde que passível de valoração
econômico-social abrangendo homens, mulheres, maiores ou menores de idade,
celetistas, servidores públicos, autônomos etc.
A CF também menciona esse ambiente em seu Art. 200:
Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos
da lei: [...] VIII – colaborar na proteção de meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho.
Assim como os outros tipos de ambiente, este também está sob a tutela do
Estado expresso no Art. 225 da CF, que é responsável por salvaguardar a saúde e
a segurança do trabalhador no ambiente em que desenvolve suas atividades.
Quando a espécie humana é inclusa no conceito de meio ambiente (com suas
culturas e tecnologias) é esperado que as relações e os problemas ambientais
deixem de ser uma questão moral apenas normativa e passem a ser uma questão
ética, ou seja, de preocupação com a qualidade de vida da sociedade atual e das
gerações vindouras.
Mas como a Educação Ambiental foi constituída? Quando e por que essas
preocupações ambientais surgiram?
Vejamos nos tópicos a seguir!
ORIGEM DAS PREOCUPAÇÕES COM O MEIO AMBIENTE
As preocupações com as questões ambientais ficaram registradas na história
por meio dos encontros, seminários e congressos realizados entre nações
envolvendo a intelectualidade para o debate sobre o tema. Além disso, os trabalhos
que relacionam educação e meio ambiente já apresentam um histórico consolidado
dentro da literatura relacionada ao tema.
Ao ser publicado na década de 1960, o livro Primavera silenciosa, da jornalista
norte-americana Rachel Carson, já chamava a atenção para os problemas relativos
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à interferência do homem no meio ambiente. Desde esse período, a ação antrópica


(humana) sobre o ambiente é fator de crescente preocupação.
Atualmente, as questões ambientais estão permeando, cada vez mais, a mídia
de forma geral, os governos por intermédio de suas políticas públicas, bem como as
pessoas que debatem e buscam soluções para os problemas ambientais.
Segundo Fracalanza (2005), a crise ambiental que vivemos não tem
precedentes na história da humanidade. Em decorrência disso, a sociedade deve
lutar em conjunto por mudanças radicais de hábitos e por alterações significativas no
modelo social. Todos precisam se engajar nos esforços para alterar, reduzir,
minimizar os mais diversos aspectos dessa crise.
Que ações concretas podem levar a sociedade a minimizar os aspectos da
atual crise ambiental? Neste contexto, qual a contribuição da EA?
Podemos observar que foi a necessidade de construção de novos
conhecimentos, de mudanças de atitudes, de hábitos e de comportamentos
relacionados ao meio ambiente, a responsável pelo surgimento da necessidade de
reformulações no campo educacional, uma vez que impulsionaram a criação de uma
educação voltada para as questões ambientais, ou seja, a EA.
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A primeira reunião formal de especialistas preocupados com a questão
ambiental foi realizada em Roma, no ano 1968; foi uma reunião de cientistas dos
países desenvolvidos para discutir o consumo e as reservas de recursos naturais
não renováveis, bem como o crescimento da população mundial até meados do
século 21 (REIGOTA, 2004).
Os cientistas colocaram a necessidade urgente de se buscar meios para a
conservação dos recursos naturais e controlar o crescimento da população, uma vez
que o que está atingindo e agravando o nosso meio ambiente são os índices altos
de consumo e desperdício dos recursos naturais.
Conforme Reigota (2004, p. 14),
Um dos méritos dos debates e das conclusões do Clube de Roma foi colocar
o problema ambiental em nível planetário, onde a Organização das Nações Unidas
realizou em 1972 em Estocolmo, na Suécia a Primeira Conferência Mundial do Meio
Ambiente Humano.

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O desenvolvimento industrial proporcionou grande modernização, ou seja, as


novas tecnologias estão cada vez mais facilitando o nosso cotidiano, ao mesmo
tempo em que promovem o desenvolvimento econômico das nações.
Sabemos que para manter essa cadeia produtiva é necessário um elemento
fundamental: o consumidor. A exploração dos recursos naturais e do próprio trabalho
gerou uma inconsistência, que é a manutenção da capacidade de consumo. Dessa
maneira, foi preciso implantar um comportamento consumista pautado na
obsolescência programada dos produtos industrializados, nos estereótipos da moda
e na influência da mídia com seus programas de propaganda e marketing.
Como podemos supor, esse comportamento exigiu um ritmo cada vez mais
acelerado da cadeia produtiva, o que consequentemente provocou grandes impactos
ao meio ambiente. Essa revolução tecnológica, com seus custos e benefícios,
geraram um conflito de ideias nas políticas de cada nação diante da preocupação
ambiental. Nesse contexto, alguns países em desenvolvimento, como, por exemplo,
Brasil e Índia que viviam seus milagres econômicos, justificaram que esse era o preço
do desenvolvimento; outros tentavam colocar limites para essa produção por meio
de acordos.
A poluição foi a discussão primordial na Conferência de Estocolmo,
ocasionada especialmente pelas indústrias economicamente bem-sucedidas. Essa
conferência propôs que se deveria educar o cidadão para depois solucionar os
problemas ambientais. Com base nisso e acreditando na conscientização das
pessoas é que surge a EA.
Em 1977 acontece o primeiro Congresso Mundial de Educação Ambiental
em Tibilissi, na Geórgia, no qual foram apresentados os primeiros trabalhos que
estavam sendo desenvolvidos em vários países. Em decorrência do período histórico
em que se encontrava a antiga URSS, foram abordados temas como desarmamento,
paz, liberdade e democracia. Concluíram que enquanto não houvesse participação
dos cidadãos na construção de projetos políticos de sociedade não haveria sentido
falar em EA. Tais ideias embasaram outros encontros que continuaram as
discussões sobre os problemas ambientais e do papel da sociedade para resolvê-
los.
Já em 1992 ocorreu na cidade do Rio de Janeiro a Eco-92, que também tratou
sobre a questão da Educação Ambiental como um instrumento fundamental para
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alcançar o desenvolvimento sustentável. Esse foi o primeiro evento em que esse


termo foi levantado, cuja grande preocupação era manter o crescimento econômico
das nações sem destruir o meio ambiente, o que prejudicaria as gerações
contemporâneas e as futuras.
Os vinte anos que separam a Conferência de Estocolmo e a ECO-92 mostram
a mudança de concepções dos governantes com relação à questão ambiental.
Enquanto a primeira tinha como preocupação básica a preservação da natureza, a
segunda tinha como objetivo discutir o desenvolvimento econômico.
Vale ressalvar que a ideia de desenvolvimento sustentável permeia até hoje
os discursos de grandes organizações, que é o equilíbrio entre economia e ecologia
de maneira a garantir recursos naturais e um meio ambiente sadio para gerações
futuras (REIGOTA, 2004).
Segundo Vicentin (2001, p. 12),
A Constituição Brasileira, promulgada em 1988, incluiu, por pressões dos
movimentos ambientalistas civis, um capítulo sobre o meio ambiente com muitos
artigos, incumbindo o Poder público de promover a Educação Ambiental em todos
os níveis de ensino sem, no entanto, especificar como esta poderia ser promovida.
Como podemos notar, ainda há uma grande necessidade de informações, até
de pessoas da área em Educação Ambiental para que os educadores e cidadãos
possam identificar e desenvolver projetos para resolver os problemas ambientais.
A Educação Ambiental deve, portanto, estar presente na sociedade, como um
todo, uma vez que por meio dessas práticas, poderemos formar "cidadãos
planetários", ou seja, pessoas preocupadas com as influências da sociedade no
planeta ao longo dos tempos, começando pelo ambiente em que vivem e articulando
suas reflexões com o ambiente global.
Nesses termos, torna-se necessário abordar a Educação Ambiental como
parte integrante e integrada do currículo escolar, pois essa é a instituição delegada
ao processo formativo das pessoas, apesar de não ser o único espaço em que os
processos educativos ocorrem.
A Educação Ambiental deve estimular as pessoas a disseminar soluções,
produzir mudanças nas suas próprias condutas, modificando seus hábitos de
consumo, como, por exemplo, economizando água, reciclando, não provocando
queimadas e não poluindo o meio em que vivem.
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Segundo Vicentin (2001, p. 12-13),


Para isso, a escola - ao ser considerado como principais lócus da socialização
do conhecimento – precisa cumprir seu papel primordial na formação de sujeitos
históricos, coletivamente responsável pela sua sociedade, tendo como funções a
formação geral, científica, ética e moral.
Partindo dessa perspectiva, observamos que os professores, ao obterem
formação para atuar na área de EA, terão mais facilidade para realizar sua atividade,
uma vez que terão maior abertura para expor suas dificuldades e ideias, bem como
para trocar experiências, o que possibilita a superação das dificuldades, fazendo da
Educação Ambiental uma nova maneira de ensinar.
Além disso, observamos que é importante um contínuo estudo sobre
Educação Ambiental de qualquer profissional, pois não alcançaremos mudanças se
não renovarmos as formações profissionais. Por essa razão, não se deve restringir
a Educação Ambiental ao ambiente escolar já que, ampliando o conceito de meio
ambiente, observa-se que a questão ambiental é uma preocupação e
responsabilidade de todos.
Segundo Reigota (2004, p. 22-23),
É consenso na comunidade internacional que a educação ambiental deve
estar presente em todos os espaços que educam o cidadão e a cidadã. Assim, ela
pode ser realizada nas escolas, nos parques e reservas ecológicas, nas associações,
meios de comunicação de massa, etc.
Como você pôde notar, há várias maneiras da Educação Ambiental estar
presente em todos os espaços. Um desses espaços é a escola, cuja presença é
primordial, pois é nela que iniciamos os nossos conhecimentos sobre o meio
ambiente. Nos parques e reservas ecológicas, a promoção da preservação da
biodiversidade e dos recursos naturais também é um aspecto relevante. Contudo, o
que se tem percebido é uma restrição da Educação Ambiental a esses aspectos
conservacionistas e preservacionistas da estética da natureza.
Já nas associações de bairros, a Educação Ambiental deve estar presente,
uma vez que permite analisar problemas ambientais do dia a dia das pessoas
envolvidas e, consequentemente, minimizar ou evitar a incidência de inúmeros danos
ambientais.

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Nos sindicatos, a Educação Ambiental também é importante, pois as


condições de trabalho, como, por exemplo, o manuseio de produtos tóxicos que
vários trabalhadores são expostos diariamente, é uma questão ambiental
relacionada ao meio ambiente de trabalho. Essa educação pode preparar os
trabalhadores e os próprios donos de indústrias para uma produção que amenize os
riscos de acidentes.
As universidades, que se dedicam à formação de profissionais para atuar nas
diversas áreas do conhecimento, poderiam inserir a Educação Ambiental em seus
programas, independentemente da área de atuação do profissional, eliminando a
fragmentação proporcionada pelas disciplinas curriculares, pois isso auxiliaria no
processo de formação de pessoas preocupadas com as principais questões
socioambientais.
A ideia de que a Educação Ambiental é uma área de estudo apenas do biólogo
ou do geógrafo ainda persiste e prejudica uma visão interdisciplinar do meio
ambiente.
Nos meios de comunicação, a Educação Ambiental é voltada para debates,
filmes, artigos que tratam sobre os problemas ambientais e contribuem para a
conscientização da população. A visão naturalística e conservacionista apresentada
na mídia (especialmente a televisiva) também é importante para despertar a
preocupação com as questões relacionadas com o tema.
Os meios de comunicação são relevantes na sociedade atual e inúmeras
vezes são considerados os grandes responsáveis pela consolidação de concepções
superficiais e, em certos momentos, deturpadas, bem como parciais sobre o
ambiente.
Independentemente dos espaços ou enfoques dados à EA, ela deve levar o
cidadão ao conhecimento e à participação na resolução dos problemas ambientais
de sua comunidade sem, contudo, deixar de refletir sobre as questões ambientais
planetárias.
Em outras palavras, a escola juntamente com outros espaços sociais deve
mostrar caminhos e desenvolver atividades atreladas a valores éticos, que possam
fazer que as pessoas e a comunidade participem de sua sociedade como um cidadão
brasileiro e planetário, ou seja, agindo em todos os lugares.
Conforme Reigota (2004, p. 28),
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Quantas vezes os professores organizam, com muita dificuldade, atividades


em locais situados a muitos quilômetros de distância da escola, desconsiderando
que ali mesmo existem possibilidades interessantes? Vemos que essa pergunta é
uma forma de percebermos, que não precisamos ir longe para visitarmos as áreas
preservadas, na escola há vários locais, como por exemplo na cozinha observando
a presença ou não dos agrotóxicos nos alimentos, os hábitos alimentares, o
desperdício que muitas vezes nós provocamos sem pensar nos danos que vamos
causar e também nos jardins da própria escola, podendo estudar a biodiversidade,
ou seja, as variedades das plantas, pois é um ser vivo e precisa de cuidados.
Para melhor explicar o que é, então, educação ambiental, na escola ou fora
dela, creio ser necessário abordar os seus objetivos específicos, conteúdos, métodos
e processo de avaliação dos alunos.
O processo reflexivo sobre as principais questões ligadas ao ambiente direto
em que o aprendiz está inserido pode dar sentido às práticas em EA. Isso não
significa que deve ficar restrita ao entorno de vivências de quem aprende, mas é
partindo dessas experiências concretas que as pessoas poderão extrapolar suas
reflexões para questões mais amplas e abstratas.
O conhecimento é essencial e todas as pessoas devem ter acesso a ele, pois
o conhecimento permite que os indivíduos vejam melhor os problemas ambientais e
possam atuar diante dessa situação com responsabilidade.
O processo educativo objetiva levar os indivíduos e os grupos a adquirir o
sentido dos valores sociais, um sentimento profundo de interesse pelo meio ambiente
e a vontade de contribuir para a construção de um projeto político para a sociedade
que priorize o equilíbrio entre as ações antrópicas e os ecossistemas.
Tendo em vista essa ideia, é necessário que as pessoas mudem os
comportamentos individualista, competitivo e imediatista, pessoais e sociais. É por
meio da Educação Ambiental que valores como solidariedade, cooperação e
participação política poderão reverter os mecanismos que impedem mudanças na
forma de interagir uns com os outros e com o meio ambiente.
O processo educativo pode desenhar uma sociedade com a habilidade de
articular projetos pessoais, profissionais com projetos municipais, estaduais, federais
e planetários.

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Somente por meio dessa mudança nas próprias relações sociais é que será
possível encontrar cidadãos aptos a propor e avaliar programas e projetos voltados
para questões relativas ao ambiente em que vivem, bem como para situações
globais. Essa prática deve fazer sentido, não apenas como uma postura política ou
ecologicamente correta, mas também como atitude ética, a qual é entendida por cada
um como um compromisso com o próprio sistema ambiental em que o indivíduo
compõe e influencia.
Cada cidadão deve avaliar o meio ambiente de acordo com as necessidades
de cada área, participar e contribuir para as propostas e intervenções. Isso significa
afirmar que a Educação Ambiental precisa ajudar as pessoas a entenderem sobre
como e por que esses projetos devem ocorrer e dessa forma poderem avaliar suas
ações de maneira adequada, isto é, ajudá-las a construir um processo contínuo de
reflexão-ação-reflexão juntamente com seus pares sociais.
Assim, acreditamos que a participação das pessoas é um aspecto
fundamental na construção de sua cidadania. Além disso, uma melhor qualidade de
vida depende das atitudes de cada cidadão capazes de reconhecer e lutar pelos
direitos e deveres de cada um.
Para tanto, a Educação Ambiental deve partir do processo reflexivo em que a
unidade de ação é o grupo, considerando que o pensar e o agir coletivamente são
processos árduos de aprendizagem, respeito e tolerância ao diferente.
Além disso, é preciso levantar os problemas de vivencia do dia a dia com um
grupo que compartilha das mesmas vivências e, portanto, possui perspectivas
diferentes sobre as mesmas situações. Essa experiência frequentemente provoca
conflitos de interesses, o que exige conhecimento e mediações para que o grupo
consiga produzir coletivamente.
Observa-se, ainda, que muitos são os métodos possíveis para a realização da
EA. Dessa maneira, o mais adequado é que cada proponente estabeleça o seu
considerando as características de seu público-alvo.
O método empregado para promoção da Educação Ambiental em um
determinado contexto exige o conhecimento das características locais, bem como os
principais anseios da população envolvida. Esse conhecimento proporciona a criação
de um caminho procedimental adequado àquela situação.

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A formação do grupo depende, portanto, da participação dos membros na


criação e proposição da metodologia de ação, bem como na avaliação das propostas,
ou seja, a formação do coletivo só pode ocorrer de maneira proativa por parte de
seus integrantes se eles forem autores dos projetos e da forma de autoavaliação.
Vale salientar que a avaliação deve ser o momento pedagógico em que se
manifesta mais claramente o nível de envolvimento do cidadão com a sociedade.
Para tal fim, é necessário considerar não apenas o conhecimento científico adquirido,
mas também os aspectos individuais, de sua cultura, de sua família e da comunidade
em que vive.
Portanto, a avaliação não pode ser encarada como uma forma de julgamento
externo, mas como um processo interno de reflexão sobre parâmetros delimitados
pelo próprio grupo como aspectos relevantes às práticas realizadas.
Além disso, o educador deve respeitar a cultura de cada cidadão, uma vez
que a diversidade cultural é um aspecto a ser considerado tanto em escala local
como global, exercitar a tolerância como forma de respeitar o diferente, considerar
as opiniões de todas nas ações do grupo, bem como tolerar os outros (tolerar não é
suportar, e sim respeitá-lo). Segundo Reigota (2004, p. 47), "a educação ambiental
conta com vários recursos didáticos a ser empregados".
Eles podem ser muito simples ou sofisticados, porém qualquer que seja sua
característica, a sua boa aplicação depende muito da atividade do professor.
Com isso, vemos que o professor pode aplicar os recursos didáticos de
maneira simples ou sofisticada. Para tanto, é preciso estar cada vez mais preparado
para reelaborar informações (dentre elas a ambiental) que recebe para ajudar os
alunos a construir suas expressões dos significados em torno do meio ambiente e da
ecologia.
SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CAMPO DO
CONHECIMENTO
Quando tratamos da comunidade científica que produz trabalhos dentro da
educação a produção de artigos científicos, dissertações de mestrado e teses de
doutorado que envolve o tema EA, também, é cada vez maior. Embora a pesquisa
em Educação Ambiental seja recente no Brasil, a produção acadêmica e científica
sobre essa temática já é grande e significativa no cenário nacional.

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Educação ambiental

Atualmente, diversas instituições dedicam-se à produção de pesquisas em


Educação Ambiental e por meio de seus programas de Pós-graduação produzem
trabalhos envolvendo a Educação Ambiental vinculados a diversas áreas de
conhecimento, tais como (FRACALANZA, 2003):
Agronomia.
Arquitetura e Urbanismo.
Biologia (especialmente Ecologia).
Ciências Sociais.
Direito.
Economia e Administração.
Educação.
Engenharias.
Geologia.
Geografia.
História.
Medicina.
Saúde Pública.
Veterinária.
Fracalanza (2005) estima ainda a existência de pelo menos 555 trabalhos de
investigação (dissertações e teses) produzidos no Brasil, a maioria dos quais
publicados a partir da década de 1990.
Mesmo considerando essa notável produção acadêmica sobre EA, as
informações sobre essa produção pouco têm circulado até mesmo na própria
academia. Devido à abrangência da temática e das áreas envolvidas, sendo esta
produzida em distintos programas de Pós-graduação, torna-se difícil a sua
recuperação. Para exemplificar esta dificuldade temos o fato de que não são apenas
os programas de Pós-graduação em educação que possuem esta produção, mas
que outros programas de áreas das mais variadas também possuem (ou, pelo
menos, afirmam que possuem) trabalhos de pesquisa em EA. Estas trazem as mais
variadas informações sobre EA, as controvérsias existentes nesse campo, bem como
os recortes teóricos, objetivos e procedimentos de investigação que constituem
trabalhos como os referidos no parágrafo anterior.

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Educação ambiental

Se no contexto da academia essas produções mal circulam, no contexto da


escola o acesso é mais restrito, mesmo considerando toda a diversidade de diretrizes
metodológicas existentes na EA. Estas diretrizes estão muitas vezes distantes das
reais necessidades das comunidades com as quais se pretende desenvolver um
projeto de trabalho.
Mesmo com todas as recomendações, produzidas nas diretrizes curriculares,
ou mesmo em conferências, congressos e fóruns da área, na escola, que considera
a temática ambiental como sendo transversal e interdisciplinar, o desenvolvimento
dos trabalhos relacionados à Educação Ambiental origina-se de algumas áreas
específicas de conhecimento, com as quais ainda está fortemente vinculado, como
é o caso das Ciências (Ensino Fundamental), a Biologia (Ensino Médio) e a Geografia
(Ensino Fundamental e Médio).
Para Penteado (2000, p. 17),
[...] ainda são as disciplinas de Ciências e Geografia que, com maior
frequência, incluem as questões ambientais, privilegiando uma abordagem das
Ciências naturais em detrimento do saber produzido pelas Ciências humanas.
Quando na escola trata-se dos aspectos sociais das questões ambientais,
geralmente o que se vê é um trabalho voltado para a formação de atitudes
preservacionistas, sem se preocupar com a formação da consciência ambiental, que
é um "suporte indispensável à incorporação de condutas e oposição a adesões
momentâneas ou modismos".
Nas diretrizes de propostas curriculares para o Ensino Fundamental mais
recentes, especialmente as que se referem ao âmbito nacional – Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), a questão ambiental é considerada uma
tema de fundamental urgência e importância para a sociedade, pois o futuro da
humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso pelo homem
dos recursos naturais disponíveis. Nesse sentido, o tema meio ambiente (em todas
as suas abordagens) e a Educação Ambiental devem ser considerados transversais
nos currículos escolares, permeando toda a prática educacional.
Amaral (2000) relata que uma das concepções de Ciências é a de ambiente e
que suas diferentes alternativas de abordagem e compreensão são, em parte,
reflexos da própria compreensão que temos da ciência, da sociedade, do ser humano
e do próprio significado atribuído ao conhecimento. Desse modo, evidentemente
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Educação ambiental

determinam diferentes concepções do papel e da maneira como o ambiente deve ser


trabalhado nos currículos escolares, mais especificamente nos currículos de
Ciências.
Note que há um resgate das relações entre Educação Ambiental e o ensino
de Ciências analisando os modelos curriculares oficiais do Estado de São Paulo,
particularmente na década de 1990, os Parâmetros Curriculares Nacionais e as
coleções didáticas. Utilizando critérios de análise como a interdisciplinaridade, o
cientificismo, o antropocentrismo e o utilitarismo presentes nas concepções de
ambiente desenvolvidas nos currículos de Ciências, e partindo das divergências
entre os modelos e das controvérsias históricas na EA, o autor estabelece a
existência de três modalidades básicas de Educação Ambiental inserida dentro dos
currículos de Ciências (AMARAL, 2001, n.p.):
1) Apêndice: ambiente tomado como complemento dos diversos tópicos
do conteúdo programático convencional.
2) Eixo paralelo: os conteúdos tradicionais são mantidos intactos em sua
forma convencional, predominantemente teórica e pouco associada a realidade,
enquanto os conteúdos ambientais ganham tratamento diferenciado, intrinsecamente
vinculados à realidade, seja natural, seja construída pelo ser humano.
3) Eixo integrador de todo o ensino de Ciências: ( todos os conteúdos
convencionais recebem um tratamento ambiental, por intermédio de uma abordagem
metodológica que parte do cotidiano do aluno e de suas concepções e experiências
prévias sobre o assunto, explorando os fenômenos e materiais focalizados e
promovendo o seu desenvolvimento conceitual a respeito, até os limites do seu
estágio psico-sócio-cognitivo.
No ano de 1998, ocorreu finalmente a inclusão do meio ambiente na nossa
legislação (Lei n. 9795/99 e Decreto n. 4281/02), que prevê o ensino da Educação
Ambiental em todos os níveis e também a conscientização pública para a
preservação ambiental. A CF cita quais devem ser as relações entre o homem e a
natureza. Retornando a história em 1983, o decreto n. 88.351 regulamentava as Leis
6.938 e 6.902, que determinaram as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente
da época.
Fracalanza (2008) menciona que, segundo a legislação relacionada à Política
Nacional de Educação Ambiental, a temática ambiental deve permear todo o
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Educação ambiental

processo de escolarização, incluindo o Ensino Superior desde a Graduação até a


Pós-graduação.
Cabe, portanto, à universidade a responsabilidade social de participar desse
processo preparando quadros que possam conduzir o estudo adequado da
problemática ambiental, com o objetivo de suprir tanto a comunidade interna quanto
a externa de conhecimentos que despertem nelas o desejo e o incentivo para
participarem da defesa do ambiente e da promoção de uma adequada EA.
Através da educação formal, como está previsto na legislação que instituiu a
Política Nacional do Meio Ambiente, faz–se necessária uma medida ampla e urgente
de sensibilização, não só nos centros urbanos, como também nas áreas periféricas
e rurais, colocando o homem no seu verdadeiro lugar, onde ele possa sentir-se força
inseparável da natureza, porque é parte de sua estrutura (PARECER 226/87 apud
GONÇALVES, 2009).
A citação descrita anteriormente trata-se de um excerto do Relatório do
parecer 226-87 do Conselho Federal de Educação - MEC, o qual se refere ao tema
Educação ambiental. Dessa forma, a Educação Ambiental faz-se necessária na
educação formal e na construção da cidadania. Na ocasião do marco da EA, em 1977
durante a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, organizada
pela Unesco e realizada em Tbilisi – Geórgia/CEI, ao elaborar objetivos, princípios,
estratégias e recomendações, sugeriu-se que a Educação Ambiental deve:
1) ser atividade contínua;
2) ter caráter interdisciplinar;
3) ter um perfil pluridimensional;
4) ser voltada para a participação social e para a solução de problemas
ambientais;
5) visar à mudança de valores, atitudes e comportamentos sociais.
Nessa perspectiva, é fundamental que a encaminhamento da Educação
Ambiental na escola ocorra paralelamente e de forma integrada com a produção
acadêmica na área. Assim, a caracterização, a análise e a organização de trabalhos
acadêmicos de pesquisa em Educação Ambiental que sinalizem perspectivas de
orientações de trabalhos de Educação Ambiental no contexto do currículo escolar
tornam-se fundamentais.

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Educação ambiental

Certamente, a Conferência de Tbilisi apresenta uma visão crítica da realidade


remetendo a crise ambiental e os índices de degradação assentadas no sistema
cultural da sociedade industrial que reitera um comportamento consumista,
economicista e utilitarista do meio ambiente. Essa visão restritiva ou restrita faz que
as pessoas tornem a natureza um objeto, uma coisa que tem valor e que pode ser
controlada por meio de práticas pautadas na razão científica.
Note que Tbilisi rompe com outros encontros de caráter acadêmico que
restringia o meio ambiente ao seu aspecto ecológico e coloca oposição à ideia, ainda
atual, de muitos educadores que creditam os problemas ambientais ao crescimento
populacional, agricultura intensiva, crescente urbanização, como se fossem
totalmente dissociados da visão de mundo utilitarista da sociedade que fazem parte
(LAYRARGUES, 2000).
No Brasil, encontra-se em fase de aprovação junto à Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), um Projeto Temático cujo objetivo é
estabelecer o estado da arte da pesquisa em Educação Ambiental por meio da
análise de dissertações de mestrado e teses de doutorado que trabalhem direta ou
indiretamente dentro das áreas de conhecimento que fazem interface com a
Educação Ambiental (FRACALANZA, 2008). Esse projeto intitulado A educação
ambiental no Brasil: análise da produção acadêmica (dissertações e teses) é
organizado pelo grupo de pesquisa Formar-Ciências da Faculdade de Educação da
Universidade de Campinas (Unicamp), por meio do Centro de Documentação da
Faculdade de Educação da Unicamp (CEDOC) e conta com apoio do CNPq.
Como você pode perceber, embora a pesquisa sobre Educação Ambiental e
sua inserção na sociedade seja recente e incipiente, há uma demanda considerável
por essas propostas. No entanto, durante pouco mais de vinte anos que a Educação
Ambiental surgiu, ainda há dúvidas sobre sua validade enquanto área do
conhecimento.
Você pode pensar: se o conceito de meio ambiente deve ser ampliado para
uma perspectiva do lugar em que está inserido o próprio homem, e se a educação
ocorre em um determinado ambiente, só poderíamos qualificar uma Educação
Ambiental se houvesse alguma que não o fosse.
Segundo Grun (1996), faz sentido ter-se uma EA, uma vez que é ausente no
campo da Educação qualquer definição ou tratamento mais aprofundado sobre
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Educação ambiental

natureza e meio ambiente. Portanto, apesar de constituir um contrassenso incluir o


adjetivo "ambiental" nas práticas educativas é importante que as questões
socioambientais sejam incluídas no processo educativo como um todo, até que haja
maturidade suficiente para que qualquer processo educativo seja ambiental,
independentemente que seja o local ou o momento em que ocorra.
O próximo questionamento sobre o qual lançaremos nossa reflexão será:
como podemos conceituar a EA?
CONCEITO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Provavelmente você já teve contato com o termo Educação Ambiental e
certamente notou que esse termo está, normalmente, vinculado com práticas de
preservação de espécies em extinção ou com a conservação de matas virgens
intocadas. Os educadores ambientais já possuem um estereótipo, muitas vezes,
veiculado pela mídia, de heróis que dedicam suas vidas pela natureza, pela
manutenção de sua beleza contra as forças empresariais que as querem destruir.
Essa visão contribuiu para o surgimento de uma educação conservacionista,
cuja principal meta era a de preservar e conservar a natureza por seu valor estético
e as perspectivas morais ligadas aos seres humanos. Essa visão tem em seus
fundamentos um problema considerável: a fragmentação entre Homem e Natureza.
Nessa vertente, o meio ambiente natural é como um quadro que é observado
pelo ser humano, que por meio de sua razão ocidental (científica) pode interferir e
até controlá-lo. O meio torna-se, portanto, um objeto e essa dicotomização distanciou
os problemas ambientais dos problemas humanos (LAYRARGUES, 2000).
É importante salientar que a Educação Ambiental não substitui essa educação
conservacionista, pois possuem vertentes teóricas distintas, mas não se pode negar
que por meio desse pensamento é que outros aspectos foram inseridos nas
preocupações educacionais. Os aspectos socioculturais e a ampliação do conceito
de meio ambiente tornaram-se o foco da EA, exigindo a superação de uma visão
cartesiana-newtoniana que trazem em si um aspecto individualista do
conhecimento, engendrado em uma autonomia da razão adiante da natureza,
colocada como coisa ou objeto. Essa fragmentação utilitarista e reducionista da
natureza impede uma aplicação satisfatória da EA, que necessita mais de uma visão
holística (do todo) e uma abordagem complexa, contextualizada e interdisciplinar do
meio ambiente (GRUN, 1996).
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Educação ambiental

A Educação Ambiental deve ser entendida antes de qualquer coisa como uma
educação política, uma vez que considera a cidadania como o objetivo de suas
práticas, ou seja, a participação das pessoas nas questões coletivas. O meio
ambiente deixa de ser patrimônio de indivíduos e passa a ser patrimônio da
coletividade. Nesse contexto, a preocupação com a democracia e com os processos
participativos na sociedade constituem uma educação política (REIGOTA, 2004).
É imprescindível a instauração de uma sociedade verdadeiramente
democrática, em que todas as pessoas se responsabilizam por questões coletivas
articulando-as com projetos pessoais.
A legislação pressupõe as práticas em Educação Ambiental como princípio da
participação na tutela do meio ambiente (CF – Art. 225).
Educar ambientalmente significa:
a) reduzir os custos ambientais, à medida que a população atuará como
guardiã do meio ambiente;
b) efetivar o princípio da prevenção;
c) fixar a ideia da consciência ecológica, que buscará sempre a utilização
de tecnologias limpas;
d) incentivar o princípio da solidariedade, no sentido que perceberá que o
meio ambiente é único, indivisível e de titulares indetermináveis, devendo ser justa e
distributivamente acessível a todos;
e) efetivar o princípio da participação, entre outras finalidades (FIORILLO,
2004, p. 41).
O código florestal, em seus Arts. 35 e 42, institui a obrigatoriedade da inclusão
de textos sobre educação florestal em livros didáticos, bem como de mapas e de
cartas que indiquem parques e florestas públicas. Há, também, a deliberação da
inclusão de textos e dispositivos de interesse florestal em programas de rádio e
televisão.
De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795), a
Educação Ambiental é definida como os processos pelos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem como de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade, sendo
ainda um componente fundamental e permanente da educação nacional que deve
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Educação ambiental

estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades de processo


educativo, em caráter formal e não-formal (FIORILLO, 2004).
MÉTODOS DE ENSINO
Lembre-se de que é importante desenvolver e criar seus métodos de ensino.
Além destas atividades, existem vídeos disponibilizados na internet, que poderão
complementar a aula.
Sugerimos, também, a exibição de filmes que poderão ser debatidos com
professores de outras disciplinas.
De acordo com o estudo, você pode notar que as ações efetivas a favor do
meio ambiente foram recentes. Para avaliar quando começou os movimentos
ambientalistas, construa com os alunos um "Varal Histórico", usando barbante,
prendedores e folhas registrando a data dos eventos. Você pode trabalhar com o
professor da disciplina de História, avaliando os principais acontecimentos na relação
do homem com ambiente desde os primórdios. Relate no varal, cujo barbante é a
linha do tempo, os principais eventos históricos e suas consequências para o meio.
Concomitantemente, registre no varal também, o início dos movimentos que tentam
reverter esta situação de degradação, como os congressos, encontros, simpósios.
Finalmente, analise com os alunos a cronologia dos registros e as mudanças que
ocorreram, bem como, as perspectivas futuras.

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Educação ambiental

Contextos, Fundamentos e Práticas em Educação Ambiental


Conhecemos o campo do conhecimento em educação ambiental, bem como
o histórico e sua gênese em meio aos conflitos e acordos de ordem política e
econômica entre as nações. Pudemos perceber como e por que houve o surgimento

da ideia de um desenvolvimento socialmente sustentável. A educação ambiental,


como área de intersecção entre diversos campos do conhecimento (político,
econômico, cultural, científico entre outros), constituiu uma identidade
epistemologicamente interdisciplinar. Dessa forma, mais que reunir diversas áreas
do conhecimento, o olhar interdisciplinar passa por uma abordagem complexa do
meio ambiente.
Com base nessas características da educação ambiental, propomos, o
conhecimento da Educação Ambiental em uma vertente apropriada a esse curso: a
educação para a gestão ambiental, que, como iremos discutir, não é nada mais que
uma forma específica de aplicar a educação ambiental.
Nesse sentido, essa Educação Ambiental (crítica, política e transformadora)
só irá se consolidar por meio de uma visão interdisciplinar da realidade. Por isso,
discutiremos os conceitos básicos da educação para gestão ambiental e o conceito
de interdisciplinaridade com o intuito de dar subsídios para que o educador realize
suas práticas fundamentadas em uma demanda socioambiental cada vez mais
urgente.
Para prosseguir, iniciaremos mais esta fase de estudos em busca de subsidiar
o gestor ambiental com fundamentos e métodos necessários ao ato de educar
partindo das questões ambientais.

EDUCAÇÃO PARA A GESTÃO AMBIENTAL


Desde o seu surgimento, a Educação Ambiental parece deixar claros seus
objetivos com relação à garantia de um ambiente ecologicamente equilibrado para
gerações atuais e futuras, e à garantia de uma melhor qualidade de vida por meio de
práticas e hábitos humanos menos degradantes e descomprometidos com o bem
comum: o meio ambiente. Contudo, o que se percebe é que, na prática, não há um
consenso sobre como colocá-la em prática.

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Educação ambiental

Diante da possível ineficácia dessa prática educativa apontada por alguns


pesquisadores, surge a necessidade de repensar o campo da Educação Ambiental
inserindo conceitos e preocupações que possam auxiliar na superação dessa lacuna
e evitar um descrédito de um elemento tão importante para uma sociedade
ambientalmente mais sadia.
Sorrentino (1991) identifica no Brasil quatro correntes de práticas educativas:
conservacionista, educação ao ar livre, economia ecológica e gestão ambiental. Essa
última desponta entre os educadores em virtude de algumas características próprias
que serão descritas a seguir.
Surge, então, para a gestão ambiental, o termo "educação" no sentido de
portador de determinados conceitos que abordam o exercício da cidadania em
conjunto com uma concepção de sociedade pautada na democracia. Nesse
fundamento, o pensamento coletivo é superposto ao pensamento individualista,
promovendo um ideário de sociedade em que a célula básica das ações políticas é
o coletivo, o grupo.
As organizações associativas defendem interesses difusos e são
judicialmente reconhecidas pela legislação vigente, o que faz com que haja
legitimidade na busca por uma democracia pautada em grupos de interesse que
buscam a qualidade do meio ambiente como bem coletivo, de interesse público e de
uso restrito, por meio de coerções consolidadas pelo próprio grupo de interesse.
A educação para gestão ambiental foi formulada em âmbito governamental no
Brasil por José da Silva Quintas e Maria José Gualda, educadores da Divisão de
Educação Ambiental do IBAMA. Esses autores utilizam o conceito de meio ambiente,
como já estudamos anteriormente, conectando o meio natural ao social. Nessa
conexão, grupos de interesse aparecem em interação coercitiva e travam disputas
cujo cenário é o meio em que estão inseridos. Nesse sentido, o modo de relação
intrínseca entre a sociedade com a Natureza é transformador e contínuo. A gestão
ambiental é entendida, dessa maneira, como um processo de mediação desses
conflitos de interesses (LAYRARGUES, 2004).
Além da diversidade cultural e de atores sociais envolvidos em questões
socioambientais, há, ainda, uma diferença gritante de cunho político e econômico
entre esses grupos. Por isso, nem sempre o grupo dominante leva em consideração
os interesses de terceiros em suas ações. Dessa forma, há uma desigualdade não

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Educação ambiental

só socioeconômica, mas também socioambiental. Isso faz com que os custos


ambientais e os riscos não sejam distribuídos na sociedade de forma igualitária.
O principal objetivo da educação para a gestão ambiental é, sobretudo,
fornecer condições para participação política dos diferentes segmentos sociais,
combatendo uma postura clientelista, passiva e submissa dos trabalhadores diante
das elites.
Somente por meio da premissa de participação política e do combate ao
individualismo que será possível a construção de uma sociedade pautada na
cidadania e não na "estadania", em que o poder executivo assume papel central na
sociedade, deixando de lado a responsabilidade social de cada cidadão na
construção de um projeto coletivo ecológica e socialmente equilibrado e igualitário.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EDUCAÇÃO PARA GESTÃO AMBIENTAL:


APROXIMAÇÕES
Como vimos na Unidade 1, o histórico da Educação Ambiental mostra-nos
uma preocupação inicial com aspectos conservacionistas, voltados a problemas
ecológicos em uma perspectiva naturalística e biologizante da relação Homem x
Natureza. Esse primeiro momento foi importante para o avanço do campo de
conhecimento em EA, porém ele se diferencia em sua base teórica.
Na educação para a conservação, a principal meta era a mudança de
comportamento; é como se a responsabilidade dos problemas ambientais pudesse
ser creditada ao indivíduo e não aos aspectos culturais da sociedade em que está
inserido. Além disso, essa concepção de educação delegava à tecnologia o papel de
sanar os problemas ambientais, aderindo à visão tecnocrata de sociedade. O fruto
disso é uma educação mantenedora de condições socioambientais desfavoráveis à
própria conservação da natureza, exatamente por não a debater, constituindo o que
Grun (1996) chamou de pedagogia redundante.
Já a educação ambiental busca uma abordagem política, em que os
conteúdos são meios e não fins em si mesmos. Essa vertente prioriza construir
caminhos políticos para superar os conflitos socioambientais por meio da aceitação
da diversidade cultural e de interesses, e pela busca da mediação desses conflitos
para um interesse compartilhado: a convivência equilibrada e sustentada
ambientalmente. Então, qual é a diferença entre Educação Ambiental e educação
para gestão ambiental?

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Educação ambiental

Na verdade, não podemos diferenciá-las em dois tipos de práticas educativas,


uma vez que a educação para gestão ambiental tem os mesmos objetivos e
características da EA, avançando apenas em um dos seus aspectos delineado desde
a Conferência de Tibilisi: desenvolvimento da cidadania e democracia. Portanto,
poderíamos considerar a educação para gestão ambiental como um subconjunto da
EA.
A intenção não é promover um exercício reducionista da EA, restringindo-a ao
seu aspecto político e de formação do cidadão. A ideia é não perder de vista os
desafios ecológicos, culturais, políticos, sociais e econômicos. Contudo, por
características próprias dos países latinos, inúmeros deles classificados como "em
desenvolvimento", seria inviável focar questões ecológicas ou de outro âmbito que
não o social diante de uma sociedade desigual e com alto índice de marginalização
política e econômica.

PRINCIPAIS CONCEITOS DA EDUCAÇÃO PARA A GESTÃO AMBIENTAL


Ao declarar-se a necessidade de uma prática educativa pautada na
participação democrática e na formação cidadã, faz-se necessário delinear alguns
conceitos fundamentais para uma abordagem socioambiental. A perspectiva
escolhida por essa vertente teórica possui um "olhar humano", ou seja, sedimenta-
se sob uma óptica antropocêntrica (antropo = homem; cêntrico = centro) e não
biocêntrica (bio = vida; cêntrica = centro) da natureza. Nela, o princípio é o de que a
reflexão e a mudança de concepções, inclusive sobre a própria sociedade em que o
indivíduo está inserido, têm início na percepção dos riscos ambientais bem como nos
valores intrínsecos da natureza que podem beneficiá-lo ou prejudicá-lo de alguma
maneira.
Novamente, a ideia não é tornar o meio ambiente um objeto segregado da
razão humana, que pode ser manipulado e controlado pelo pensamento. Como vimos
na Unidade 1, necessitamos de uma perspectiva integradora da natureza, e isso
pressupõe um abandono de uma visão cartesiano-newtoniana da realidade.
Contudo, o pressuposto da educação para gestão ambiental é que não vivemos em
uma sociedade politicamente madura. Assim, ficaria difícil pensar em uma prática
biocêntrica sem antes passar por estágios em que o cidadão perceba e reflita sobre
sua condição de existência (LAYRARGUES, 2000).

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Educação ambiental

A natureza e sua força de trabalho: produtos e serviços ambientais


Esse conceito parte da inconsistência entre os sistemas econômicos e os
sistemas ecológicos. O Art. 225 da CF diz que é direito de todos os brasileiros "o
meio ambiente ecologicamente equilibrado" e que compete ao Poder Público e à
coletividade a preservação do meio ambiente para a atual e as futuras gerações.
Na prática, o uso e a apropriação dos recursos naturais ocorrem no âmbito
das relações sociais entre os seres humanos e entre estes e o meio ambiente. Essas
relações ocorrem em diversas esferas da vida social: econômica, política, religiosa,
científica, jurídica, afetiva, cultural etc. Com base nessas relações é que se dá valor
aos recursos ambientais, retirando-os da esfera do bem comum para a esfera do
bem individual.
Nessa perspectiva, há uma tensão entre o que nos diz a CF e as práticas
sociais que configuram a questão ambiental mais urgente: mediar a relação entre
exploração, uso e preservação dos recursos naturais.
As teorias econômicas mais atuais, tal como a economia ecológica, busca
compreender e valorizar a importância dos sistemas ecológicos na própria
sustentação das práticas econômicas. Por exemplo, os ciclos biogeoquímicos, como,
por exemplo, o do carbono, reciclam matéria-prima energética (petróleo) para o
funcionamento das indústrias e dos sistemas econômicos como um todo. O ciclo da
água, por sua vez, permite a manutenção da vida e, consequentemente, da
agricultura e agropecuária.
Todos esses ciclos ecológicos são extremamente vulneráveis às
interferências. Vale salientar aqui um conceito importante que é o de externalização
dos custos.
Essa prática ocorre desde os primórdios das relações econômicas de
produção, intensificando-se após a chamada "revolução industrial", em que a
produção em série e em grande escala tornou-se a principal forma de produção. A
era industrial trouxe consigo uma grande quantidade de substâncias e compostos
residuais que passaram a ser externalizados para toda a sociedade. Será que a
poluição é democraticamente externalizada? Ou as classes sociais têm ônus
distintos com relação a essa degradação?
Esse é um tema controverso entre os estudiosos em EA, porém sabe-se que
a elite econômica tem condições de deslocar-se caso um ambiente se torne
insalubre, ou pode adequar tecnologias caras em favor de sua qualidade ambiental.

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Educação ambiental

Já os trabalhadores ou os marginalizados sociais não possuem tais recursos caso


haja um alto índice de poluente no ambiente em que vivem.
Surge, assim, o conceito de poluidor-pagador, que responsabiliza o agente
produtor por seus resíduos e possíveis riscos ambientais que possam ser causados.
É uma forma de internalizar os custos ambientais nas práticas econômicas.
Descreveremos melhor a importância da ideia dos riscos ambientais mais adiante.
Em uma empresa, o pensamento ocorre dentro da ideia de um sistema de
contabilidade econômica, ou seja, visualizam-se os custos e os benefícios de certas
práticas e serviços, de forma que essa contabilização deve gerar um saldo positivo
para a empresa. Nesse contexto, podemos observar que é desconsiderado o serviço
ambiental prestado pela natureza (LAYRARGUES, 2000).
A degradação de uma floresta, por exemplo, pode gerar a eliminação de dois
elementos: produtos e serviços; produtos porque poderíamos utilizar sua madeira,
folhas e substâncias na cadeia produtiva; e serviços porque essa mesma floresta
participa da regulação da composição química da atmosfera (ciclos do carbono e
oxigênio), regulação do ciclo hidrológico, polinização, manutenção da biodiversidade
local, evita erosão do solo e outras intempéries etc.
Nessa lógica empresarial, podemos considerar que há na natureza uma força
de trabalho específica que deveria ser incluída nesse sistema de contabilidade
econômica das organizações. Por enquanto, a natureza é vista somente como uma
fornecedora de produtos, como matéria-prima, para utilização e exploração
econômica. Por que, então, não valorizar os benefícios desse serviço ambiental e
contabilizar os custos para sua manutenção?
Uma visão biocêntrica e ecológica do meio ambiente consideraria essa
perspectiva dos produtos e serviços ambientais como uma forma utilitária,
reducionista e antropocêntrica da realidade ambiental. Contudo, como já discutido
anteriormente, é necessário inserir na visão capitalista dominante elementos que
levem a uma mudança gradual nas práticas humanas por meio da conquista de
espaços dentro da lógica vigente e não pela imposição de uma nova forma de pensar
e agir. Daí a visão política da EA, que busca dentro do conflito de interesses das
classes a hegemonia do processo democrático e do pensamento ecológico.
Assim, da mesma maneira que a poluição gerada e não contabilizada por uma
empresa é uma externalidade negativa, o serviço ambiental é uma externalidade
positiva, e, como qualquer outra externalidade, ela deve ser contabilizada

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Educação ambiental

monetariamente. No entanto, nota-se a falta de conhecimento sobre os processos


naturais, ecológicos que geram os mencionados serviços ambientais. Por isso, é
essencial conhecer os ecossistemas e os processos que o compõem para que
qualquer cidadão possa contabilizar esses serviços.
Risco ambiental
Um conceito que deve ser considerado para compreender o de serviço
ambiental é conceito de risco. A existência de um risco ambiental deve ser analisada
por meio da inter-relação de aspectos da sociedade com os aspectos do meio físico-
natural. Como exemplos de riscos ambientais, podemos citar: poluição do ar,
contaminação de recursos hídricos, pesca predatória, aterramento de manguezais,
etc.
É importante dizer que a denominação risco é mais apropriada que perigo
ambiental, já que a sociedade moderna superou ou controlou inúmeros perigos
naturais (desmoronamentos, por exemplo); dessa forma, denominou-se risco aquele
fenômeno que pode gerar um impacto ambiental.
Contudo, é preciso salientar que as catástrofes naturais que configuravam o
perigo ambiental são questionáveis quanto à sua origem. Os desastres naturais
talvez não sejam tão naturais assim, já que a interferência humana tem provocado
alterações imensuráveis nas condições ambientais modernas. Isso ocorre com base
em dois mecanismos: invasão humana progressiva em áreas de risco ambiental, e
as mudanças ambientais globais que alteram a dinâmica ecológica do planeta.
O fato é que não são os fenômenos naturais que estão aumentando ao longo
do tempo, e sim a invasão humana de espaços em que esses fenômenos já ocorriam
historicamente, bem como a alteração desses espaços por interferência dessa
mesma espécie.
O risco ambiental é, portanto, como um sinal de algo que não vai bem com a
força de trabalho da natureza, que já não se encontra em plenas condições de
exercer suas funções produtivas.
A sociedade moderna pode ser concebida como uma sociedade de risco, já
que se encontra em uma perspectiva de relação Homem x Natureza, estando
pautada, ainda, em laços estritamente econômicos e, portanto, em um potencial
constante de riscos ambientais. A compreensão do conceito de serviços ambientais
poderia mudar essa situação de risco (BECK, 1992 apud LAYRARGUES, 2000).

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Educação ambiental

O risco ambiental não está necessariamente associado aos desastres


naturais, uma vez que ele pode também estar vinculado a uma crise tecnológica, ou
seja, uma escassez de recursos naturais, frutos do processo de industrialização e de
produção.
A modernização trazida pelo avanço tecnológico trouxe consigo uma série de
aspectos negativos constitutivos dos riscos ambientais, em que, por exemplo,
substâncias e resíduos emitidos por indústrias configuram interferências
estabelecedoras desses riscos. Um complexo industrial pode ser instalado em uma
determinada região e gerar empregos e desenvolvimento econômico, mas pode,
também, gerar um risco ambiental em sua área de influência por meio de seus
resíduos e procedimentos. Esses riscos podem ser traduzidos em problemas
respiratórios nas pessoas que ali vivem por conta da poluição do ar, ou algum tipo
de contaminação por metais pesados como consequência da contaminação dos
mananciais.
Desse modo, a problemática ambiental põe em questão o "ato de conhecer"
como prática fundamental para se praticar a gestão ambiental. Por sua
complexidade, a questão ambiental não pode ser compreendida segundo um único
campo científico, uma vez que é o olhar interdisciplinar que convoca várias ciências
e outros conhecimentos para lidar com a necessidade de minimizar os riscos
ambientais. Logo, nenhuma área do conhecimento tem competência para solucionar
a problemática ambiental, embora muitas tenham o que dizer.
Então, é necessário um novo modo de conhecer, que supere o olhar
fragmentado e reduzido das questões ambientais; uma perspectiva que analise os
serviços e produtos ambientais considerando os riscos, mas não de uma forma
utilitarista e reduzida, e sim partindo dessa perspectiva capitalista para uma
ampliação das concepções e práticas antrópicas no sentido da diretriz do Art. 225 da
Constituição Federal, que diz que "todos têm o direito a um ambiente ecologicamente
equilibrado".
A ocupação e degradação de áreas de preservação permanente, tais como
picos de morros, matas ciliares e nascentes de rios, devem ser consideradas como
otimizadoras dos riscos ambientais e prejuízos quanto aos serviços ambientais
desempenhados por essas vegetações na manutenção da qualidade do solo, das
calhas dos rios e na própria manutenção de existência do ciclo hidrológico local.

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Educação ambiental

Justiça ambiental e conflitos socioambientais


Outro aspecto que não pode deixar de ser considerando segundo Layrargues
(2000) é que falar em manutenção e contabilização de serviços ambientais e
contenção de riscos são práticas que não se estabelecem de maneira homogênea
na sociedade, já que esta é constituída por aqueles que detêm o poder econômico,
pelo trabalhador assalariado e por aqueles que estão marginalizados no processo
decisório.
Muitas vezes, as ocupações e degradações do meio ambiente são feitas pelo
próprio grupo vitimizado pelas exclusões sociais, o qual é o primeiro a sofrer os
impactos dessa ação. Historicamente, os seres humanos travam relações coercitivas
entre si movidas por interesses específicos, sendo, por meio dessas relações, que
se dá significado ao meio e aos recursos naturais que os circundam. Essas relações
ocorrem sob diferentes esferas da vida cotidiana (econômica, política, religiosa etc.),
em que se explicam as diversas práticas de apropriação e uso dos recursos
ambientais.
Por isso, é necessária na formação do educador ambiental uma habilidade de
conhecer a cultura e os valores locais antes de qualquer prática educacional. Assim,
em vez de impor um conhecimento pronto e acabado para resolver conflitos de
interesses locais e historicamente construídos, estaríamos trazendo à tona todo esse
conhecimento para mediar tais conflitos de forma participativa e democrática.
Nesse sentido, convém mencionar que é comum encontramos programas de
Educação Ambiental em comunidades pobres que vivem em condições precárias de
higiene e saúde por altos índices de contaminação de alimentos e água. Esses
programas, inúmeras vezes, centram suas ações em aspectos informativos sobre
como essa população deve agir (lavar as mãos, ferver a água, não conviver com
ratos e outros vetores). No entanto, deve-se ressaltar que esses programas deixam
de lado os aspectos socioculturais, não se importando em como essas regiões foram
ocupadas, com suas limitações econômicas e dificuldades de acessos às esferas
sociais e como estabelecem seus aspectos culturais no que concerne a essa
realidade em que vivem.
Como podemos observar, as consequências da degradação e poluição
ambiental não são distribuídas igualitariamente entre a população. Em outras
palavras, a mesma estrutura de classe social que determina a desigual distribuição
da riqueza e dos canais decisórios também determina a desigual distribuição dos

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Educação ambiental

riscos ambientais. Em consonância com o Art. 225 da CF, que diz que o meio
ambiente é "um bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida", faz-se
necessário uma projeção de sociedade mais igualitária no âmbito político, já que não
se verifica isso no âmbito socioeconômico.
Essa desigualdade na distribuição, até mesmo dos riscos ambientais,
principalmente nos ditos "países em desenvolvimento", gerou uma Educação
Ambiental nos países latinos, fortemente assentados nas questões sociais. Enquanto
os grandes problemas sociais, entre ele as grandes desigualdades, não forem
superados, não há como falar em ecologia e preservação ambiental (LAYRARGUES,
2000).
Por serem detentores de poder econômico ou de outros poderes (políticos,
intelectuais etc.), certos grupos sociais acabam por influenciar direta ou
indiretamente a transformação da qualidade do meio ambiente, e essa influência gera
conflitos de interesses que provocam maiores impactos para um grupo do que para
outros. Esses aspectos devem ser prioritários em uma educação crítica, para que,
posteriormente, elementos da ecologia dos ecossistemas possam ser levados em
consideração para direcionar as ações individuais e coletivas (QUINTAS, 2004).
A inclusão dos movimentos sociais na comunidade ambientalista foi,
provavelmente, o maior catalisador capaz de promover o ideário da justiça ambiental.
Nesse sentido, a pesquisa de Crespo et al. (1998) indicou que as incorporações das
questões ambientais pelos movimentos sociais aumentaram desde o encontro de
1992 no Rio de Janeiro. Houve, além disso, a percepção de que a melhoria da
qualidade de vida passa, obrigatoriamente, pela questão ambiental.
A noção de justiça ambiental, valorização dos serviços ambientais e
observância dos riscos configuram uma maneira de encarar o meio ambiente de
forma menos fragmentada e evita, também, a separação entre Homem e natureza.
O lema ambiental "pensar globalmente, agir localmente", segundo Chiro (1992 apud
LAYRARGUES, 2000), obscurece as experiências e ações dos indivíduos realizadas
em suas comunidades para melhoria do ambiente em que vivem, especialmente
daquelas marginalizadas. Dessa forma, o lema deveria ser alterado para "pensar
localmente (mas conhecendo os vínculos com o global), e agir localmente". A
educação para a gestão ambiental caracteriza-se mais por focar-se nas questões
locais, mais prioritárias, do que em questões globais como referência para propostas
de ações.

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Educação ambiental

Podemos perceber, então, que essa preocupação em mediar os conflitos


socioambientais buscando um consenso por meio da participação dos diferentes
atores sociais envolvidos nas questões em pauta é uma proposta concreta para
mudança da situação de riscos e injustiças ambientais em que a sociedade se
encontra. Esse é um assunto fundamental para o educador ambiental que realmente
deseja associar sua prática ao exercício da cidadania, pois só assim os conflitos de
interesses tornam-se visíveis e podem ser discutidos.

Regimes de propriedade dos recursos naturais


O início dos problemas ambientais tem seu vínculo, entre outros fatores, na
própria origem da propriedade privada. O uso dos recursos naturais e, por
conseguinte, a exploração do meio ambiente estão dispostos segundo interesses
individuais de produção e geração do lucro. Os interesses individuais nem sempre
correspondem ao da coletividade; como exemplo, temos a poluição do ar e da água
quando uma indústria lança seus resíduos no meio. O dono da indústria ganha, mas
toda a comunidade local sofre influências negativas dessa poluição gerada.
Ainda mencionando o Art. 225 da CF, que diz que o "meio ambiente é um bem
de uso comum, e essencial à sadia qualidade de vida", nota-se que os usuários desse
meio possuem acesso irrestrito e ilimitado a uma fonte de recursos naturais que é
finita. Esse uso também não é dividido de forma igualitária a todos os grupos sociais,
ficando a tutela do poder econômico e/ou político a quem e como serão explorados.
Vivemos em uma sociedade regida sob lógica de mercado que perpetua a
ideia de acumulação de bens e o individualismo, em consonância com as ideias de
Adam Smith (1793-90) em sua obra Riqueza das Nações, na qual ele menciona que
a "mão invisível" dos sistemas econômicos necessita da corrida dos interesses
individuais para que o coletivo se equilibre. Essa lógica propaga pensamentos e
práticas que não estão pautados em um aspecto essencial à convivência em
sociedade: a ética.
Segundo Grun (1996), a ética é o principal elemento que justifica todas as
práticas em EA, sendo, por meio desse fundamento, que todas as ações e reflexões
devem ser direcionadas. A ética exige o posicionar-se no lugar do outro,
compreendendo a divergência, mas preocupando-se com o coletivo do qual se faz
parte, e não apenas com práticas que atendam aos interesses próprios. Uma prática
educativa comprometida com os aspectos éticos deveria promover espaços em que

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Educação ambiental

todos os grupos sociais pudessem discutir os problemas ambientais delineando uma


coerção mútua no uso dos recursos ambientais decidida pelo aparato consensual da
maioria afetada pelo problema ou risco ambiental.
Portanto, o entendimento do meio ambiente como propriedade coletiva não
deveria ser confundido com livre acesso aos recursos naturais. A coletividade que
age com ética e cidadania deveria discutir e eleger mecanismos coercitivos
específicos para o uso desses recursos. A forma como cada sociedade gere os
recursos disponíveis são variadas, o importante é conceber que, somente com a
participação e a discussão dos múltiplos interesses, poderemos obter sucesso na
preservação do meio ambiente.
A seguir, é descrito um exemplo de Drummond (apud LAYRARGUES, 2000,
p. 125) sobre as consequências do uso dos recursos naturais sem considerar o meio
como um bem comum e de livre acesso no uso e na exploração desses recursos.
Havia um conflito de mais de trinta anos entre produtores de ostras e a
indústria de pasta de papel em Shelton, Washington, nos Estados Unidos, por não
haver regras de acesso e uso estabelecidas em comum acordo. Os dois grupos de
interesses diferentes competiram pelo acesso e uso do mesmo reservatório de água,
para finalidades obviamente diferentes, onde enquanto que para um a qualidade da
água era uma condição vital para o sucesso do empreendimento produtivo, para o
outro ela se constituía num mero repositório, não importando em absoluto a
qualidade da água. No decorrer do embate, no final da década de 50, a indústria de
pasta de papel foi fechada pela pressão da comunidade, as ostras desapareceram
para sempre, e a cidade perdeu alguns milhares de empregos, caindo numa
depressão econômica que perdura até os dias de hoje.
O capitalismo sempre entendeu a natureza como um elemento passível de ser
transformado em mercadoria, pois o produto ambiental pode ser apropriado e
beneficiar o interesse individual. Entretanto, pensar a natureza como patrimônio
coletivo e no enfoque dos serviços ambientais muda essa perspectiva, já que torna
esses serviços externalidades positivas compartilhadas pelo coletivo. O ar limpo e o
clima estabilizado não pertencem a ninguém em específico, mas sim a toda
comunidade. O impacto da educação em uma perspectiva democrática sobre a lógica
que se origina com a propriedade privada é fundamental para uma sociedade que
realmente discuta e, dessa forma, proporcione um ambiente ecologicamente
equilibrado e de uso comum.

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Educação ambiental

Educação ambiental como educação para o futuro


Conhecendo os conceitos fundamentais da educação para gestão ambiental,
baseados em uma sociedade democrática que encare o meio ambiente como
propriedade coletiva que deve ser gerida pela coletividade, pode-se concluir que o
processo educativo e os métodos empregados nesse processo são essenciais para
que essa consciência permeie a sociedade de forma a transformá-la.
A demanda por uma Educação Ambiental crítica e transformadora dá-se à
medida que notamos uma total ausência de manifestações e processos jurídicos
visando à preservação do meio ambiente proveniente da classe
socioeconomicamente desfavorecida. Segundo Fucks (1996), grande parte dos
processos jurídicos foi promovida por indivíduos provenientes da classe média e alta.
Essa realidade mostra-nos que a falta de ação política está presente entre os
próprios oprimidos, que são os mais atingidos pelos impactos ambientais. Quando
falamos em preservação do meio ambiente coletivo, essa inação não é proveniente
de uma passividade voluntária, mas sim de um processo histórico de alienação e
manipulação ideológica. Basta visitarmos a história do Brasil para verificarmos que,
desde o início de sua colonização, a sociedade era segregada em dois grupos:
aqueles que decidem e governam e os governados. Mesmo após o processo de
redemocratização (pós-ditadura militar), notamos que o poder de voto anula o poder
de participação; é como se delegássemos a alguém a função de resolver nossos
problemas individuais, sem, contudo, pensarmos nas questões mais coletivas.
A proposta de educar com base nos preceitos democráticos e participativos
configura-se como um grande desafio quando percebemos que a maior parte das
preocupações das pessoas concentra-se basicamente em seu próprio cotidiano.
Essa assertiva pode ser verificada no gráfico anterior, quando a maior parte das
ações é identificada no quadrante de espaço/tempo imediato, ou seja, relacionado à
própria família e aos dias mais próximos do presente. A capacidade de projeção e de
construção de perspectivas foi substituída pela alienação e a passividade.
No processo educacional, o cotidiano pode ser entendido como espaço de
organização e de seleção do conteúdo a ser desenvolvido; pode ser também
entendido como espaço de desenvolvimento das ciências nas suas relações com a
tecnologia e a sociedade (CTS).
Heller (1989) divide a vida social humana em dois grandes âmbitos: o da vida
cotidiana e o âmbito das esferas não-cotidianas da atividade social, de forma que o

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Educação ambiental

segundo tem sua gênese histórica no primeiro e sua existência já caracteriza certo
estágio de desenvolvimento da sociedade. A vida cotidiana é constituída por meio de
três tipos de objetivações do gênero humano, os quais constituem a matéria-prima
para a formação elementar dos indivíduos: a linguagem, os objetos (utensílios,
instrumentos) e os usos (costumes) de uma dada sociedade. Já as esferas não-
cotidianas constituem-se por meio de objetivações humanas superiores
(objetivações genéricas para si), isto é, mais complexas, como as Ciências, a
Filosofia, a Arte, a Moral e a Política.
A formação dos indivíduos começa sempre nas esferas da vida cotidiana.
Esse processo de formação inicia-se já no momento de seu nascimento e na inserção
no universo cultural humano, estendendo-se por toda a vida. Trata-se,
necessariamente, de um processo mediado, direta ou indiretamente, por outros
indivíduos. A utilização desse cotidiano como ponto de partida para práticas
educativas contextualizadas com a realidade de vivências do educando poderia ser
uma forma de mediar a manipulação de um objeto de aprendizagem simples e
conhecido, transformando-o, por meio da abstração, em um objeto concreto, porém
mais complexo. A contextualização do ensino poderia contribuir para o exercício
entre pensar a parte sem deixar de articulá-la com o todo, buscando sempre uma
visão complexa (KATO, 2007).
Se as práticas em Educação Ambiental partissem do conhecimento cotidiano
da população que querem atingir, poderiam promover reflexões sobre esses
cotidianos de forma crítica no sentido de repensarem a superestrutura social em que
vivem e elaborarem mecanismos de participação no processo decisório.
Nesse contexto, Quintas (2004) organiza as várias dimensões para o pensar
e os diversos critérios para que essa dimensão possa atingir a sustentabilidade.
Essas dimensões (social, cultural, ecológica, ambiental, territorial, econômica,
político-institucional e política internacional) devem ser passíveis de projeções
individuais e coletivas. Assim, a Educação Ambiental deve proporcionar a habilidade
de construir projetos sob as mais diversas dimensões; essas projeções podem ser
em âmbitos pessoais, bem como em abordagens mais coletivas, porém todas elas
devem estar articuladas e em constantes diálogos e concessões.
Para reforçar o tratamento da multidimensionalidade de pensamento e ação,
devemos considerar que o ser humano é um ser biopsicosocial, ou seja, o próprio
indivíduo possui variadas dimensões de existência: ele é, ao mesmo tempo,

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Educação ambiental

biológico, psíquico, social, afetivo e racional. Essa nuance da identidade não funciona
de forma previsível e linear, mas sim de forma contraditória, articulada e dialética.
Um mesmo indivíduo deve ser capaz de buscar conhecimento para ampliar
suas possibilidades profissionais e de trabalho ao mesmo tempo em que atua junto
à comunidade em que reside pela melhoria da qualidade de vida da população local,
e pela igualdade de gênero e tolerância sobre a diversidade cultural em seu
município. Além disso, deve buscar participação em associações que discutem
políticas públicas estaduais e federais de preservação do Aquífero Guarani para que
seus filhos e netos possam ter direito ao uso desse recurso natural.
A educação no processo de gestão ambiental deve, então, proporcionar
condições para produção e aquisição de conhecimentos e habilidades, bem como
para o desenvolvimento de atitudes, visando à participação individual e coletiva no
uso dos recursos naturais e na concepção de uso que afetam a qualidade do meio
ambiente em seu sentido mais amplo (QUINTAS, 2004). Se esse for o objetivo para
a EA, precisaremos de algumas ferramentas metodológicas que proporcionem essa
ampliação da visão de mundo. A primeira dessas mudanças está no conceito de
interdisciplinaridade.

INTERDISCIPLINARIDADE
De acordo com nossa discussão anterior, devemos aprender a pensar de
forma mais imediata sem deixar o pensamento no futuro, refletindo sobre os
interesses pessoais sem deixar de pensar nos interesses coletivos. Buscar uma
formação crítica, participativa e, consequentemente, democrática é um aspecto
fundamental para atingir um ambiente ecologicamente equilibrado.
Como podemos ver, essa forma de perceber o mundo exige uma
reconfiguração do próprio modo de pensar e conhecer. Conforme vimos na Unidade
1, o cartesianismo gerou uma falsa sensação de certeza e domínio sobre a natureza,
reduzindo-a a fragmentos criados por uma razão extremamente antropocêntrica e
utilitarista do meio ambiente.
Dessa maneira, devemos nos perguntamos: como poderíamos ampliar nossa
visão de mundo, tornando-a mais holística e complexa?
Somente a reforma do pensamento, como diz Morin (1999), poderia configurar
uma nova organização social: pautada no coletivismo e no compartilhamento de
problemas e ação conjunta diante destes. A ideia de interdisciplinaridade não

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Educação ambiental

abandona a existência das disciplinas e das especializações do conhecimento, mas


pressupõe o diálogo, a mutualidade e a reciprocidade entre as áreas para superar a
fragmentação e a dicotomização da realidade (LOUREIRO, 2002).
Organizar o processo de ensino-aprendizagem segundo esses pressupostos
da interdisciplinaridade exige não só esforço e o trabalho em grupo na criação da
atividade de ensino, mas também uma desconstrução parcial da própria formação do
educador. Afinal de contas, seria necessário superar o cartesianismo presente na
formação de qualquer cidadão antes de partir de um discurso sobre a
interdisciplinaridade para uma prática interdisciplinar.
Seria necessário, pois, lançar-se ao incerto, à busca por conhecimentos de
outras áreas que não a do próprio educador, dialogando com essas outras áreas.
Essa prática pressupõe trocas de experiências, de métodos e de informações de
forma mútua e contínua, promovendo uma horizontalização das relações de
aprendizagem. Além dessa horizontalização, seria necessário, ao educador, permitir-
se buscar, com outros profissionais, a construção de uma forma de pensar
determinada realidade. Essas conexões de informações criarão conhecimentos
próprios e apropriados à realidade de vivências de cada grupo.
Para uma participação e promoção da democracia, devemos superar as
hierarquias alienantes de nossos sistemas sociais, bem como a visão tecnocrata de
que as tecnologias darão conta de nossos problemas ambientais. Assim, as práticas
interdisciplinares seriam exercício fundamental para a quebra do paradigma
cartesiano e para a construção de uma nova forma de ver e compreender o meio
ambiente.
De acordo com Loureiro (2002, p. 43), "a interdisciplinaridade se caracteriza
pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das
disciplinas, no intervir de um projeto específico".
Além de conceituar a interdisciplinaridade, é necessário delimitar outros
conceitos importantes para prática pedagógica, ainda segundo as ideias de Loureiro
(2002):
Multidisciplinaridade: aproximação e até sobreposição entre conteúdos e
métodos de disciplinas diversas de áreas distintas. Seria, por exemplo, a integração
entre duas disciplinas para falar de um determinado tema.
Pluridisciplinaridade: executada da mesma forma que a anterior, mas
realizada entre disciplinas próximas em termos de área de conhecimento.

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Educação ambiental

Interdisciplinaridade: interação real entre disciplinas, independentemente da


área de origem. Há diferentes níveis e definições, indo desde a utilização de métodos
e incorporações conceituais teóricas de outras disciplinas, até a aproximação
inerente ao fato de duas ou mais disciplinas possuírem domínios de estudo que
estabeleçam uma afinidade e diálogo entre elas.
Em uma perspectiva interdisciplinar, portanto, não há conhecimento superior
ou inferior, mas sim conhecimentos que se complementam. Os problemas e riscos
ambientais são os elementos disparadores e motivadores da união e da reflexão de
diferentes especialistas no sentido de solucioná-los. Para isso, além de exercitar o
diálogo e a participação nos processos decisórios na resolução dos problemas,
desenvolvem-se, também, a habilidade de tolerar o diferente e a capacidade de
respeitar as opiniões diversas para atingir uma ação consensual construída pelo
grupo.
MÉTODOS DE ENSINO
Com o crescimento da população, da produção industrial, da produção de
alimentos, da geração de resíduos, da poluição, e com o declínio dos recursos
naturais, a preocupação com meio ambiente tornou-se constante nas últimas
décadas. Embora, muitos problemas necessitem de soluções urgentes, houve ações
para elaboração de um plano estratégico global. Este plano engloba normas que as
empresas, de maneira geral, devem seguir para evitar ou minimizar a degradação
ambiental.
Sugerimos que você organize os alunos em grupo, e oriente-os para que
façam uma pesquisa sobre as empresas da cidade, ou da região que possuam um
sistema de gestão ambiental. Em seguida, leia e analise as ações que são feitas pela
empresa para evitar a degradação ambiental. Por fim, peça para que os
componentes do grupo discutam de que forma a Educação Ambiental pode auxiliar
neste processo de gestão. Os alunos deverão expor suas conclusões para os demais
colegas da classe.

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Educação ambiental

Educação Ambiental como Ferramenta na Gestão Ambiental Corporativa

Partiremos agora para alguns conteúdos que configuram o campo do


conhecimento da EA. Aliás, alguns deles serão bem especificados e aprofundados
em outras disciplinas do curso. O objetivo, aqui, é promover uma reflexão sobre a
importância da Educação Ambiental como instrumento na utilização de estratégias,
que carreiam informações referentes às questões ambientais.
A escolha da discussão a ser feita sobre o papel da Educação Ambiental nas
empresas está atrelada à complexidade desses temas, que não está mais restrito a
uma única área do conhecimento. Por essa característica presente nesse tema, há
uma demanda metodológica interdisciplinar que possa envolver vários atores da
sociedade.
A relação entre empresas e meio ambiente é complexa e envolve vários
aspectos. No entanto, procuraremos, aqui, desenvolver as ideias principais em torno
desta questão e discutir alguns casos que exemplificam a abordagem do tema.
Assim, proporcionaremos a construção de um conhecimento sobre as questões
ambientais por meio dessas reflexões com o objetivo de que você possa estruturar
um conhecimento complexo e apropriado para, posteriormente, construir projetos e
programas em educação ambiental.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Como vimos vários grupos de áreas e interesses distintos, tais como:
pesquisadores, jornalistas e artistas em geral, organizaram conferências e eventos
propícios ao debate da questão ambiental. Constituiu-se, assim, o processo de
construção de um pensamento ecologista global, que se propagou no mundo após a
década de 1960. No intervalo de tempo entre o chamado Clube de Roma, em 1968,
e a Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente em Estocolmo, notamos uma
mudança considerável na concepção da elite global sobre as questões ambientais.
Segundo Reigota (2002), passamos de uma concepção "alarmista" (instituída
pelo Clube de Roma) para uma concepção "técnico-administrativa" (consolidada na
Conferência de Estocolmo) sobre os problemas ambientais. No Rio de Janeiro, 20
anos depois de Estocolmo, na chamada ECO-92, o discurso ecologista foi acrescido
da expressão "desenvolvimento sustentável".
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Educação ambiental

Dessa maneira, observamos que a problemática ecológica deixou de ser uma


preocupação acadêmica de pequenos grupos de interesse ligados a áreas
específicas, como a Ecologia, por exemplo. Houve uma difusão desse tema em
vários âmbitos da sociedade, inclusive no do senso comum, promovendo uma série
de representações sociais sobre meio ambiente, biodiversidade e recursos naturais
(Kato, 2009).
Na Constituição Brasileira, de acordo com o artigo 225:
"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações".
Em 1981, a Lei 6.938 da Política Nacional do Meio Ambiente, relata que a:
"Educação Ambiental seja incluída em todos os níveis de ensino e na comunidade;
objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente."
E de acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei 9.795/99, a
Educação Ambiental é definida como (Brasil, 1999):
"Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para
a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à qualidade
de vida e sua sustentabilidade."
Um dos propósitos da Educação Ambiental é garantir a participação de todos
os atores envolvidos numa determinada questão ambiental, a fim de que todos
contribuam com sugestões na mitigação ou minimização dos problemas.
O Tratado de Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global (REBEA) deve promover a reflexão, o debate constituindo
um processo dinâmico, em construção contínua. Os princípios da EA, de acordo com
este Tratado são os seguintes:
1. A educação é um direito de todos; somos todos aprendizes e
educadores.
2. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e
inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seu modo formal, não-formal e informal,
promovendo a transformação e a construção da sociedade.

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Educação ambiental

3. A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar


cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos
povos e a soberania das nações.
4. A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político.
5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística,
enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma
interdisciplinar.
6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o
respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e da
interação entre as culturas.
7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas
causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e
histórico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio
ambiente, tais como população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome,
degradação da flora e fauna, devem ser abordados dessa maneira.
8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e equitativa
nos processos de decisão, em todos os níveis e etapas.
9. A educação ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, refletir e
utilizar a história indígena e culturas locais, assim como promover a diversidade
cultural, linguística e ecológica. Isto implica uma visão da história dos povos nativos
para modificar os enfoques etnocêntricos, além de estimular a educação bilíngue.
10. A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das
diversas populações, promovendo oportunidades para as mudanças democráticas
de base que estimulem os setores populares da sociedade. Isto implica que as
comunidades devem retomar a condução de seus próprios destinos.
11. A educação ambiental valoriza as diferentes formas de conhecimento.
Este é diversificado, acumulado e produzido socialmente, não devendo ser
patenteado ou monopolizado.
12. A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a
trabalharem conflitos de maneira justa e humana.
13. A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre
indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida, baseados

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Educação ambiental

em atender às necessidades básicas de todos, sem distinções étnicas, físicas, de


gênero, idade, religião ou classe.
14. A educação ambiental requer a democratização dos meios de
comunicação de massa e eu comprometimento com os interesses de todos os
setores da sociedade. A comunicação é um direito inalienável e os meios de
comunicação de massa devem ser transformados em um canal privilegiado de
educação, não somente disseminando informações em bases igualitárias, mas
também promovendo intercâmbio de experiências, métodos e valores.
15. A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores,
atitudes e ações. Deve converter cada oportunidade em experiências educativas de
sociedades sustentáveis.
16. A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética
sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar
seus ciclos vitais e impor limites à exploração dessas formas de vida pelos seres
humanos.
A EA, ao longo do tempo, vem se expandindo no sentido de assumir um papel
crucial na sociedade. A inserção de práticas educacionais, aliadas às estratégias
elaboradas vem sendo utilizada por vários setores, inclusive empresas que se
preocupam com a questão ambiental.
Desta forma, a Educação Ambiental deve ser uma prática presente em todos
os níveis de ensino, abordada de forma interdisciplinar para que proporcione uma
mudança de valores e o aperfeiçoamento de habilidades, na promoção de um
equilíbrio entre os cidadãos e o meio natural (Alcântara et al, 2012)
Iremos, na sequência, discutir alguns aspectos da Gestão Ambiental, para que
o profissional que trabalha com educação ambiental possa entender a inserção e a
importância da Educação Ambiental neste contexto empresarial e criar estratégias
que permitam o diálogo com diversas áreas do conhecimento para compreender a
complexidade de uma questão ambiental.

GESTÃO AMBIENTAL
Em meados de 1960, o processo de industrialização se expande a todo vapor,
com isso ocorre o aumento da área urbano e os consequentes impactos no meio
ambiente. AS indústrias se baseiam na produção de algum bem para satisfazer as
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Educação ambiental

necessidades humanas, e esta produção se fundamenta na transformação de um


recurso natural. O meio ambiente se tornou um reservatório das atividades humanas,
onde eram e são lançadas as sobras destas atividades, como os resíduos, poluentes,
etc. De acordo com Pedrini e Cardoso (2009), as empresas são responsabilizadas
por grande parte da degradação ambiental, porém, o setor empresarial (na sua
maioria) começa a compreender que as suas atividades dependem do meio ambiente
e, portanto, vêm adotando uma postura de minimização e prevenção de impactos
ambientais.
As empresas adotaram o Sistema de Gestão Ambiental como ferramenta na
sua relação com o meio. A NBR ISO 14001 define o sistema de gestão ambiental
como parte do sistema de gestão, que compreende a estrutura organizacional, as
responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e recursos para
aplicar, elaborar, revisar e manter a política ambiental da empresa. A família ISO
14000 compõem uma série de normas, que contém um conjunto de técnicas
fundamentadas nos conceitos da sustentabilidade, visando o uso racional dos
recursos renováveis ou não (Alcântara et al, 2012).
O eixo principal de um SGA é a identificação e análise dos aspectos e
impactos ambientais significativos que vai nortear a política ambiental, objetivos e
metas ambientais, programa de gestão ambiental e controle operacional (Motta,
2009).
A introdução de um sistema de gestão ambiental requer tomada de decisões
do alto escalão da organização, portanto, trata-se de um compromisso corporativo.
O modelo de SGA mais consagrado é definido pela norma ISO 14001,
aplicável em qualquer organização independente do porte ou país, sendo que a
última versão foi lançada no ano de 2004, que a base metodológica é o Ciclo PDCA
(Plan, Do, Check, Act ou Planejar, Executar, Verificar, Agir) (Associação Brasileira
de Normas e Técnicas, 2004).

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Educação ambiental

Fonte: Associação Brasileira de Normas e Técnicas (2004).


Planejar é a etapa onde são estabelecidos os objetivos e processos
necessários para obter os resultados de acordo com a política ambiental da empresa.
Posteriormente, Executar é o momento em que ocorre a implementação do plano de
ação. Na etapa Verificar, acontece o monitoramento e medição dos processos em
conformidade com a política ambiental, objetivos, metas, requisitos legais, e outros,
além do relato dos resultados. A última etapa, Agir está relacionada à melhoria
contínua do desempenho da empresa.
As empresas que se comprometem em implementar um SGA podem ter
algumas vantagens como: o acesso ao mercado, redução da responsabilidade e do
risco, redução custo/aumento da receita, melhoria na eficiência do processo, no
desempenho, na imagem pública, perante aos fornecedores, etc (Sales; Catarino,
2011).
De acordo com Vellani e Ribeiro (2009), os termos "Responsabilidade Social
Corporativa" e "Sustentabilidade Empresarial" surgem para fundamentar a
integração dos aspectos econômicos, sociais e ecológicos. A adoção destes
conceitos nos programas de gestão ambiental das empresas carreia o conceito de
sustentabilidade. Assim, a empresa agrega valor aos seus acionistas e promove

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Educação ambiental

educação, cultura, lazer e justiça social, aliada à concepção do não prejuízo à


biodiversidade e aos recursos naturais.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE UM SISTEMA DE
GESTÃO AMBIENTAL
Quando se pensa em Educação Ambiental na gestão espera-se a participação
coletiva dos cidadãos na gestão do uso de recursos, bem como, nas decisões que
afetam o meio ambiente (Berté, 2007).
Para que um Sistema de Gestão seja eficaz é necessário que haja interação
entre a estrutura, colaboradores, departamentos, atividades e ações da empresa. Na
maioria das vezes, se observa sistemas de gestão ambiental trabalhando de forma
não sistematizada, ou seja, as ações não ocorrem de forma integrada, promovendo
um resultado pouco expressivo. A Educação Ambiental entra neste contexto como o
agente catalisador essencial no processo de interação dos setores de uma empresa,
tornando-se uma ferramenta preciosa no Sistema de gestão Ambiental (Motta, 2009).
No entanto, a utilização da Educação Ambiental como um fator fundamental
nos sistemas de gestão implementados pelas empresas, é insatisfatório de acordo
com os dados de Sales e Catarino (2011). De acordo com estes autores, as
empresas ainda impõem certa resistência na disponibilização de suas atividades
para os programas de EA, impedindo o desenvolvimento da Educação Ambiental
empresarial.
A gestão ambiental é muito importante para o desenvolvimento sustentável,
no entanto, a eficácia de um sistema de gestão é perdida quando o processo
educativo não o acompanha. É através da educação ambiental que pode ocorrer a
mudança de valores, nos padrões comportamentais (Alcântara et al, 2012). É através
da Educação Ambiental traz que ocorre a reflexão sobre o problema e a busca das
possíveis soluções. Infelizmente, de acordo com Motta (2009), a Educação
Ambiental se limita a palestras tradicionais nas semanas de meio ambiente, palestras
em escolas, apoio à implementação de programas de coleta seletiva de lixo, e
preparação da organização para o correto cumprimento dos procedimentos
presentes na norma ISO 140001, através de um treinamento dos colaboradores para
responder às perguntas feitas pelo auditor, nas grandes organizações. Portanto, este
tipo de conduta não permite o desenvolvimento da Educação Ambiental empresarial.

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Educação ambiental

A Educação Ambiental deve atingir todos os setores da organização,


envolvendo todos os colaboradores e não pode ficar restrita a um programa de
treinamento complementar, mas sim atuar de forma ativa no posto de trabalho dos
colaboradores (Motta, 2009).
Um aspecto preocupante é a equipe responsável pela criação e
implementação do programa de Educação Ambiental. Na maioria das vezes, um
profissional do setor vinculado à segurança do trabalho, que não possui formação na
área de educação, é designado com a missão de trabalhar com EA. Este tipo de
trabalho se configura num paleativo, para que a empresa possa assegurar que todas
as etapas do SGA estão sendo cumpridas, mas neste caso, não há
comprometimento na eficácia dos resultados. Segundo Marcatto (2002), a Educação
Ambiental é uma ferramenta que permite a capacitação dos indivíduos, para
desenvolver técnicas e métodos que facilitem o processo de tomada de consciência
sobre a gravidade dos problemas ambientais, e a necessidade urgente na busca de
soluções.
A Educação Ambiental deve trabalhar o lado racional e estruturado, aliado à
sensibilidade e aos valores, para promover oportunidades mais significativas, que
possam ampliar o interesse, a autoconfiança, o engajamento e a participação dos
indivíduos para propiciar benefícios socioambientais (Pádua, 2002).
No decorrer do desenvolvimento do programa de EA, o componente
educacional é muito importante para que o colaborador entenda a relação da sua
função com o processo relativo às questões ambientais analisadas pela empresa, no
processo de gestão. O colaborador pode compreender a sua importância dentro de
toda a cadeia de produção e da responsabilidade de suas ações perante o meio
(Motta, 2009).
Diante deste contexto, o profissional responsável pela implementação de
programas e projetos de EA, deve estar capacitado para tal função. Caso contrário,
o projeto e o programa podem cair no descrédito na visão dos colaboradores.
Portanto, a Educação Ambiental não se limita à disseminação de informações, mas
está diretamente relacionada ao trabalho com os valores e com a ética, para que haja
reflexão, desenvolvimento de uma consciência crítica e mudança de atitude. De
acordo com o PEA Sabesp (Projeto de Educação Ambiental), cabe à autoridade
funcional do meio ambiente, as seguintes atribuições:
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Educação ambiental

1) Desenvolver o planejamento do programa de educação ambiental de


acordo com as demandas;
2) realizar e divulgar o PEA;
3) monitorar os projetos de Educação Ambiental por meio do Sistema de
Gestão de Responsabilidade Socioambiental;
4) apoiar tecnicamente as áreas de recursos humanos no processo de
desenvolvimento do PEA
Segundo Motta (2009), são necessárias mudanças nos padrões de
comportamento, bem como na forma de pensar dos colaboradores. Para tanto, o
compromisso com a gestão ambiental deve ser pautado nos seguintes pontos:
• Os colaboradores devem ter conhecimento dos problemas ambientais
que a empresa está enfrentando, e de que forma suas ações poderão influenciar o
desempenho ambiental da empresa
• Os gerentes devem estar conscientes que para uma boa gestão
ambiental, todos os setores devem trabalhar de forma integrada.
A Educação Ambiental é um instrumento que visa o exercício da cidadania,
através do desenvolvimento de uma consciência que promova mudança de condutas
e permita a inclusão de valores fundamentais.
Todo processo de mudança começa com a sensibilização, uma reflexão e a
conscientização individual. Então, um programa ou projeto de Educação Ambiental
deve promover a integração de várias atividades e a participação ativa de todos os
setores da empresa. Desta forma, este trabalho possibilitará o alcance de resultados
que mostrarão os benefícios de um programa de Educação Ambiental como também
do próprio SGA. As organizações que trabalham desta forma, estarão desenvolvendo
a sustentabilidade local, através das atitudes proativas dos indivíduos, o que se
reflete na comunidade do entorno também, cumprindo a sua função, no que se refere
à responsabilidade social.

Educação Ambiental como Ferramenta na Gestão Pública

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL


A Educação Ambiental no Brasil se inicia por meio de ações individuais de
alguns professores em vários pontos do país, no final dos anos 40 e na década de
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Educação ambiental

50, através de aulas de campo relacionadas à ecologia, de cursos ministrados para


professores que tratavam da conservação da natureza, de descrições dos efeitos
negativos na natureza do BHC, da família do DDT (Czapiski, 1998).
As Conferências da ONU em Estocolmo - Suécia (1972), Tbilisi - Rússia (1977)
e Thessaloniki - Grécia (1987) impulsionaram a expansão e o desenvolvimento da
Educação Ambiental no mundo. Segundo Czapski (1998), a Conferência de Tbilisi
foi uma das mais importantes, já que as definições, princípios, objetivos e estratégias
que são adotados atualmente, saíram daí. O Brasil não participou desta conferência,
mesmo possuindo uma Secretaria Especial de Meio Ambiente, pois o governo alegou
que não tinha relações diplomáticas com bloco Soviético. E os brasileiros tiveram
muitas dificuldades para ter acesso aos documentos desta Conferência, mesmo anos
depois. Uma das publicações do MEC apresenta princípios estabelecidos em Tbilisi,
e que são referências até hoje para quem trabalha com EA:
1. Considerar o meio ambiente em sua totalidade: em seus aspectos
natural, tecnológico, social, econômico, político, histórico, cultural, técnico, moral,
ético e estético.
2. Construir um processo permanente e contínuo, durante todas as formas
do ensino formal, desde o início da educação infantil.
3. Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico
de cada área, de modo a se conseguir uma perspectiva global da questão ambiental.
4. Examinar as principais questões ambientais do ponto de vista local,
regional, nacional e internacional.
5. Concentrar-se nas questões ambientais atuais e naquelas que podem
surgir, levando-se em conta a perspectiva histórica.
6. Insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e
internacional, para prevenir os problemas ambientais.
7. Considerar explicitamente os problemas ambientais nos planos de
desenvolvimento e crescimento.
8. Promover a participação dos alunos na organização de todas as suas
experiências de aprendizagem, dando-lhes a oportunidade de tomar decisões e
aceitar suas consequências.
9. Estabelecer para os alunos de todas as idades uma relação entre a
sensibilização ao meio ambiente e a aquisição de conhecimentos, habilidades e
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Educação ambiental

atitudes, para resolver problemas e clarificar valores, procurando, principalmente,


sensibilizar os mais jovens para os problemas ambientais existentes na sua própria
comunidade.
10. Ajudar os alunos a descobrirem os sintomas e as causas reais dos
problemas ambientais.
11. Ressaltar a complexidade dos problemas ambientais (...), a
necessidade de se desenvolver o sentido crítico, e as atitudes necessárias para
resolvê-los.
12. Utilizar diversos ambientes com finalidade educativa, e uma ampla
gama de métodos para transmitir e adquirir conhecimento sobre o meio ambiente,
ressaltando principalmente as atividades práticas e as experiências pessoais.
No Brasil, o marco inicial é em 1973, quando foi criada a Secretaria Especial
do Meio Ambiente (SEMA). No cenário internacional a Educação Ambiental é
recomendada como parte das políticas públicas. A partir daí a Educação Ambiental
foi promovida através de programas, projetos e políticas nacionais em diversos
países. A preocupação ambiental também atingiu a sociedade civil, aliada aos
movimentos sociais, na defesa pelo acesso público aos bens ambientais. Grupos de
interesse, ONGs, e vários atores incorporaram a temática ambiental, que acabou
atingindo a política e se tornou uma luta pela cidadania sem restrições. Na década
de 80, a Educação Ambiental se expande e nos anos 90 através de mais uma
Conferência da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, em
1992, se torna um dos temas mais importantes. As ONGs promoveram um evento
paralelo, o Fórum Global (ECO 92), onde foi criada a REBEA (Rede Brasileira de
Educação Ambiental). A REBEA, neste evento, elaborou o Tratado de EA, promoveu
a I Jornada de Educação Ambiental e já realizou 5 Fóruns.
Com relação às políticas públicas para EA, no Brasil na década de 80, pode-
se ressaltar a criação do Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) e a
inclusão da Educação Ambiental na Constituição referente ao Meio ambiente, como
direito de Todos e dever do Estado. Na década de 90, criação dos núcleos de
Educação Ambiental pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) e dos centros de Educação Ambiental pelo Ministério
da Educação (MEC), em 1992. Criação do PRONEA pelo MEC e pelo Ministério do
Meio Ambiente (MMA). Em 1997, houve a elaboração dos parâmetros Curriculares
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Educação ambiental

pela Secretaria de Ensino Fundamental do MEC, onde o meio ambiente é incluído


como um dos temas transversais. Em 1999, ocorreu a aprovação da Lei 9.795, que
dispõe sobre a Política Nacional da EA. Implementação do Programa Parâmetros em
Ação: meio ambiente na escola, pelo MEC, em 2001. A Política nacional da
Educação Ambiental foi regulamentada, em 2002, através do Decreto n. 4.281. Em
2003, houve a criação do Órgão Gestor da Política Nacional de EA, reunindo MEC e
MMA. A fonte destas informações foi a obra Educação Ambiental: a formação o
sujeito ecológico da autora Isabel C. M. Carvalho apud Carvalho (2008).
De acordo com Loureiro (2008), a Lei que define PNEA se baseia na
construção de atitudes e condutas que sejam compatíveis com as questões
ambientais e demonstra uma preocupação com a formação do profissional da EA, no
que se refere aos conceitos envolvidos e que a educação ocorra de forma
interdisciplinar. A partir da regulamentação do PNEA, a Educação Ambiental se
expande e atinge as esferas institucionais, implementando projetos em vários
setores. O Órgão Gestor promove a união do MEC e MMA, o que acalora os debates.
Ocorre ampliação dos Centros de Educação Ambiental (CEAs), criação das
Comissões Interinstitucionais Estaduais de Educação Ambiental (CIEAs), criação de
polos locais, Salas Verdes, Coletivos Educadores, Coletivos Jovens e Agendas 21.
POLÍTICA NACIONAL, ESTADUAL E MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Sem dúvida, a crise ambiental foi a mola propulsora para a criação deste
modelo de organização e gestão da Educação Ambiental no Brasil. Vamos
compreender as funções e as relações entre as várias instâncias relacionadas à EA.
No topo desta cadeia, tem-se a Política Nacional de Educação Ambiental
(PNEA), que foi estabelecida pela Lei Federal 9.795/99 e regulamentada pelo decreto
4.281/02. Esta política possuía um formato minimamente estruturado, com lacunas
que promoviam dificuldades em relação ao trabalho com a EA. Havia carência na
legislação, de um aparato político, educacional, jurídico, financeiro e participativo do
governo e da sociedade. Então, foi criado o Sisnea (Sistema Nacional de Educação
Ambiental) que promove uma articulação dos elementos que compõem o PNEA e o
ProNEA (Programa de Educação Ambiental), além de coordenar outras
organizações que tomam parte na formulação de políticas públicas.

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Educação ambiental

Portanto, a criação do Sisnea promoveu o desenvolvimento de movimentos e


processos que fortaleceram a gestão e o estabelecimento da Educação Ambiental
no Brasil, e contribuiu da seguinte forma para:
• Melhoria da articulação entre diversos níveis de gestão da PNEA, do
pacto de responsabilidades e competências, enraizando as políticas públicas no
país;
• O aprimoramento das funcionalidades das instituições públicas e
privadas, por meio de organizações coletivas e colegiadas, potencializando suas
experiências de formação, mobilização e participação em EA;
• O empoderamento de cada um dos atores sociais, com a consolidação
da transversalidade e das parcerias potencializadoras, integrando suas expressões
a partir do diálogo com as comunidades.
O atual modelo de gestão da Educação Ambiental é composto das seguintes
instâncias, que veremos no Quadro 1 a seguir:
Quadro 1 Instâncias da EA.
Organismos Coordenação e Órgãos Financiadores
Colegiados Execução
FEDERAL PNEA
Comitê Assessor Órgão Gestor FNMA e FNDE
CT –Educação MMA/DEA MEC/CGEA Outros
Ambiental CONAMA e
CNE
Organismos Coordenação e Órgãos Financiadores
Colegiados Execução
Órgão e entidades
vinculadas
ESTADUAL - PEEA
CIEA SEMA EA FEMA e FEE
SEDUC EA
CONSEMA CEE Órgãos Vinculados Outros

Fonte: SISNEA – Sistema Nacional de Educação Ambiental (2013).

ESFERA FEDERAL
Colegiados:
• Comitê Assessor do Órgão Gestor da PNEA – Órgão Consultivo e de
Assessoramento

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Educação ambiental

• CT-EA CONAMA – Câmara Técnica de Educação Ambiental do


CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) – Órgão Deliberativo (educação
nas política ambientais – educação não formal).
• CNE – Conselho Nacional de Educação – Órgão Deliberativo (educação
formal).
Existem outros conselhos referentes a Recursos Hídricos, Biodiversidade,
Florestas, Saúde, Transporte, Cultura que têm interface com a EA.
Coordenação e Execução
• Órgão Gestor – Órgão de planejamento, coordenação, supervisão do
sistema e controle da política nacional.
• MMA/DEA – Departamento de Educação ambiental do Ministério do
Meio Ambiente – órgão que compõe o Órgão Gestor.
• MEC/CGEA - Coordenação Geral de Educação Ambiental do Ministério
da Educação – órgão que compõe o órgão gestor.
Todos os organismos vinculados ao MMA e ao MEC, além de outros
ministérios possuem estruturas centrais no DEA e CGEA.
Financiamento
• FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente.
• FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
Outros fundos que tenham relação com Educação Ambiental.
ESFERA ESTADUAL
Colegiados
• CIEAS – Comissões Interinstitucionais de Educação Ambiental.
Sugerem a formulação de diretrizes, políticas e programas estaduais.
• CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente. Órgão deliberativo
sobre Educação Ambiental não formal.
• CEE – Conselho Estadual de Educação. Órgão deliberativo sobre
Educação Ambiental nos sistemas de ensino.
Existem outros conselhos relacionados com a Educação Ambiental,
geralmente, com câmaras técnicas específicas da área.

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Educação ambiental

Coordenação e Execução
• SEMA –Educação Ambiental– Área de Educação Ambiental da
Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Possuem representação nas CIEAs, formula
e executa a Política Estadual de Educação Ambiental na educação não-formal.
• SEDUC –Educação Ambiental– Área de Educação Ambiental da
Secretaria Estadual de Educação. Possuem representantes no CIEAs, formula e
executa a Política estadual de Educação Ambiental formal.
As SEMAs e os SEDUCs que compõem o Órgão Gestor Estadual de
determinados estados.
• NEAS - Núcleos de Educação Ambiental do IBAMA. São vinculados ao
CGEA/IBAMA (Coordenação geral de Educação Ambiental), atuam de forma
descentralizada sobre execução da educação ambiental nos estados.
Financiamento
• FEMA – Fundo Estadual de Meio Ambiente.
• FEE – Fundo Estadual de Educação.
Outros fundos que tenham relação com a Educação Ambiental.
ESFERA MUNICIPAL
Colegiados
• CONDEMA – Conselho Municipal do Meio Ambiente.
• CME – Conselho Municipal de Educação
Outras comissões descentralizadas ou CIEAs municipais.
Coordenação e Execução
• SMMA –Educação Ambiental– Área de Educação Ambiental da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
• SEMED –Educação Ambiental– Área de Educação Ambiental da
Secretaria Municipal de Educação.
Financiamento
• FMMA – Fundo Municipal de Meio Ambiente
• FME – Fundo Municipal de Educação.
Outros fundos que tenham relação com a Educação Ambiental. Entes não
previstos juridicamente, com atuação local e territorial.

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Formação
• COM-VIDAS – Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida.
Atuam nas escolas, na comunidade para garantir que Educação Ambiental seja para
todos.
• COLETIVOS EDUCADORES – Educadores de várias instituições que
atuam no campo da formação em Educação Ambiental
Considerando as ideias do mesmo autor, a Educação Ambiental brasileira é
extremamente complexa, permitindo diversas abordagens, o que abre alternativas
para diversos espaços de atuação e a possibilidade de trabalhar com qualquer tipo
de situação problema.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO NA GESTÃO PÚBLICA


A preocupação com os problemas ambientais devido aos processos de
crescimento e desenvolvimento aconteceu de modo diferenciado entre indivíduos,
governo, sociedade civil, etc. Esta preocupação foi evoluindo em etapas, que Barbieri
(2007, n.p.), divide nos seguintes tópicos:
1) Percepção dos problemas ambientais localizados e atribuídos á
ignorância, negligência ou indiferença das pessoas e dos agentes produtores e
consumidores de bens e serviços. As ações corretivas são de natureza reativa,
corretiva e repressiva. São retratadas nas proibições, multas e ações de controle.
2) Degradação ambiental é percebida como um problema generalizado,
mas delimitado aos limites territoriais nacionais. Esta situação é atribuída à gestão
inadequada, além das causas citadas no item 1). As práticas corretivas e repressivas
do item 1) são acrescidas de intervenções governamentais voltadas para práticas de
produção mais limpa.
3) A degradação ambiental é percebida como um problema mundial que
atinge a todos e é devido ao tipo de desenvolvimento praticado pelos países. As
ações questionam as políticas e as metas de desenvolvimento, contestam as
relações internacionais e incorporam novos patamares ao entendimento de
sustentabilidade. Estes novos patamares incorporam as dimensões sociais, políticas
e culturais, como a pobreza e a exclusão social.
Leme e Silva (2010) chamam a atenção a respeito do século 21, no que se
refere às medidas de adequações entre as dinâmicas da biosfera e as condições
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sociais básicas de sobrevivência da humanidade. De acordo com as autoras são


necessárias políticas públicas que facilitem a participação dos cidadãos na tomada
de decisões, para ampliar as esferas de cooperação entre os povos para a
construção de sociedades sustentáveis. E a Educação Ambiental tem um papel
fundamental neste aspecto através de ações e projetos.
Mas o que vem a ser um Projeto de Educação Ambiental? De acordo com
Dias (2006), é um conjunto de atividades que visa informar e sensibilizar os
indivíduos sobre a complexa temática ambiental, estimulando e promovendo o
envolvimento em ações que se traduzam em hábitos sustentáveis de uso dos
recursos naturais, além de induzir reflexões sobre as relações ser humano-ambiente.
E ainda prevê mudanças de hábitos e mudanças instrumentais nas diversas
operações diárias dos processos administrativos.
De acordo com a Declaração de Brasília, foram levantados os seguintes
problemas referentes ás políticas públicas:
1) A tendência, por parte do governo, de planejar as políticas públicas de
forma setorizada, sem a integração entre o poder público e a sociedade e, ainda, a
ausência de estratégias que garantam a continuidade dos programas iniciados.
2) A desconsideração das Agendas 21 na elaboração dos Planos Diretores
Municipais.
3) A formulação de políticas públicas, de maneira vertical e centralizada,
não priorizando a educação ambiental.
4) A desconsideração pelas políticas urbanas das particularidades
regionais estaduais, gerando altos índices de desemprego e êxodo rural.
5) A legislação que trata dos recursos energéticos, de saneamento básico
e de controle da poluição, não contempla a utilização dos impostos para beneficiar
programas sociais.
Entre as recomendações pode-se citar:
1) Estabelecer linhas políticas de educação ambiental contemplando o
levantamento e diagnóstico que deverão preceder a definição das políticas públicas
e que estas se baseiem na realidade, assegurando a participação popular na sua
elaboração e planejamento. Este processo exige uma maior articulação interna do
poder público, em seus níveis.

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Educação ambiental

2) Fortalecer os Conselhos Municipais e Estaduais de Meio Ambiente —


COMDEMAS e CONEMAS e o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA,
como garantia de uma efetiva transparência nos processos de definição de políticas
públicas ambientais.
3) Destinar uma parcela dos recursos de projetos de desenvolvimento
regional, municipal, para programas de educação ambiental junto às comunidades
beneficiadas.
4) Ampliar os mecanismos de interlocução entre o poder público e a
sociedade civil, cuja função deve ser o de interagir e articular as políticas ambientais.
5) Instituir e implementar o Programa Nacional de Educação Ambiental -
PRONEA.
6) Destinar recursos financeiros para a implementação do PRONEA por
parte do Ministério do Meio Ambiente - MMA/Ministério da Educação e Desporto -
MEC
7) Atender ao que foi disposto na Lei n.º 9276 de 9/5/96, que institui o Plano
Plurianual do governo, para o quadriênio 1996/1999 que diz: "Promoção da educação
ambiental através da divulgação e uso de conhecimentos sobre tecnologias de
gestão sustentável dos recursos naturais".
8) Implementar política ambiental urbana que considere as
particularidades regionais e estaduais, tendo a educação ambiental como facilitadora
do processo.
9) Implementar política agrícola, que contemple a agricultura familiar,
valorize o homem do campo, promova a educação ambiental, evite o êxodo rural e
desenvolva projetos alternativos para as populações de baixa renda.
A Agenda 21 é caracterizada como um programa de ação, para a
implementação do desenvolvimento sustentável. Entre uma das ações, está
participação de autoridades responsáveis pelo estabelecimento de políticas
ambientais para a construção da Agenda 21 local. Esta Agenda vincula o aumento
da consciência pública e o treinamento através da Educação Ambiental. Os princípios
básicos deste documento remontam as recomendações propostas em Tbilisi (1977),
Estocolmo (1972) que trata do caráter interdisciplinar da Educação Ambiental,
objetivando preparas a humanidade para viver em harmonia com o Meio Ambiente.

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Esta resolução foi implementada por meio da Carta de Belgrado (1975). Cujos
objetivos são os seguintes:
"Conscientização: contribuir para que os indivíduos e grupos adquiram
consciência e sensibilidade em relação ao meio ambiente como um todo e quanto
aos problemas relacionados com ele".
Conhecimento: propiciar uma compreensão básica sobre o meio ambiente,
principalmente quanto às influências do ser humano e de suas atividades;
Atitudes: propiciar a aquisição de valores e motivação para induzir uma
participação ativa na proteção ao meio ambiente e na resolução de problemas
ambientais;
Habilidades: proporcionar condições para que os indivíduos e grupos sociais
adquiram as habilidades necessárias a essa participação ativa;
Capacidade de Avaliação: estimular a avaliação das providências
efetivamente tomadas em relação ao meio ambiente e aos programas de EA;
Participação: contribuir para que os indivíduos e grupos desenvolvam o senso
de responsabilidade e de urgência com respeito às questões ambientais (BARBIERI,
2007, n.p.).
Como foi observada, a Educação Ambiental possui uma estrutura bem
consolidada no Brasil. É importante conhecer as instâncias e entes responsáveis
para que se possa contatá-los para obtenção de informações, responsabilidades e
até financiamentos para implementar projetos.
Com base nos estudos, podemos concluir que os problemas ambientais são
muitos. Uma das possibilidades para enfrentar todos estes problemas é o acesso à
informação que potencializa as mudanças de comportamento tão necessárias.
Grande parte da postura e dependência e de desresponsabilização da população
decorre, principalmente, da desinformação, da falta de consciência ambiental, da
falta de percepção que existe relação entre as ações individuais e os impactos no
meio e de um déficit de práticas comunitárias baseadas na participação e no
envolvimento das pessoas, para propor novas estratégias que sinalizem para um
novo estilo de vida baseado na co-participação da gestão ambiental das cidades
(Jacobi, 2006).

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Educação ambiental

REFERÊNCIAS

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Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos. Instituto de Estudos da Religião.
O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável: pesquisa
nacional de opinião. Brasília: MMA/ISER, 2002.
BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e Meio ambiente. As estratégias de mudanças da
Agenda 21. Petrópolis: Editora Vozes. 159 p. 2007.
CARVALHO. I. C. M. A Educação Ambiental no Brasil. Educação Ambiental no Brasil.
Brasília: Salto para o Futuro. Ministério da Educação. p. 13-20. 2008
CZAPISKI, S. A. Implantação da Educação Ambiental no Brasil. Brasília:
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1998. DIAS, G. F. Educação e Gestão Ambiental. São Paulo: Editora Gaia. 118 p.
2006.
JACOBI, P. Meio Ambiente e Educação para a Cidadania: O que está em jogo nas
grandes cidades? In: : A Contribuição da Educação ambiental à Esperança de
Pandora. José Eduardo dos Santos e Michèle Sato. São Paulo: Rima. p. 225-242.
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Salto para o Futuro. Ministério da Educação. p. 3-12. 2008.
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uma relação conceitual. In: A Contribuição da Educação ambiental à Esperança de
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