AULAS Sobre o UNODC

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Sobre o UNODC

O UNODC, com sede em Viena, na Áustria, está presente em todas


as regiões do mundo por meio de seus programas globais, conta
com 2.500 funcionários e uma rede de escritórios de campo em 80
países.
Sempre apoiado em evidências científicas, o UNODC trabalha
diretamente com governos, ministérios, forças de segurança,
sistemas de justiça, de saúde e penitenciário.

Sobre o Escritório de Ligação e Parceria


do UNODC
O UNODC baseia seu trabalho nas três convenções internacionais de
controle de drogas, nas convenções contra o crime organizado
transnacional e contra a corrupção e nos instrumentos internacionais
contra o terrorismo.
O objetivo do UNODC é de tornar o mundo mais seguro contra a
droga, o crime organizado, a corrupção e o terrorismo, combatendo
essas ameaças para alcançar saúde, segurança e justiça para todos e
promovendo a paz e o bem-estar sustentável.
O UNODC oferece assistência técnica aos Estados-membros nas áreas
de saúde, justiça criminal e segurança pública, incluindo controle e
prevenção do uso de drogas, enfrentamento ao crime organizado
transnacional, tráfico ilícito de drogas, de seres humanos e de armas,
reforma penitenciária, corrupção e lavagem de dinheiro, gestão e
recuperação de ativos, além da prevenção ao HIV entre usuários de
drogas e pessoas em privação de liberdade.
Convenções das Nações Unidas
O UNODC, como guardião das seguintes convenções, tem o mandato de apoiar os
países em sua implementação:
 Convenção da ONU contra o Crime Organizado Transnacional
(Convenção de Palermo/UNTOC) e seus protocolos sobre o Tráfico
de Pessoas; o contrabando de Migrantes; e o Tráfico Ilícito de
Armas de Fogo
 Convenção da ONU contra a Corrupção (UNCAC)
 Convenções da ONU sobre Drogas (1961, 1971, 1988)
 Convenções da ONU sobre Terrorismo ( 1963, 1970, 1971, 1973,
1979, 1980, 1988, 1991, 1997, 1999, 2005, 2010, 2014)

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 Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Presos
(Regras de Mandela)

Pilares do nosso trabalho

Trabalho normativo, para ajudar na ratificação e na implementação dos


tratados internacionais, e no desenvolvimento das legislações nacionais sobre
drogas, criminalidade e terrorismo.
Pesquisa e análise, para enriquecer o conhecimento e ampliar a compreensão
dos problemas relacionados às drogas e à criminalidade e estabelecer
políticas e estratégias com base em evidências.
Assistência técnica, por meio de cooperação internacional, capacitando os
Estados-membros para oferecer respostas eficazes em questões relacionadas
às drogas, ao crime organizado e ao terrorismo.

O UNODC trabalha em parceria com o governo em diferentes áreas:


 Tráfico de drogas e crime organizado transnacional, de acordo com a
UNTOC
 Tráfico de pessoas e contrabando de migrantes
 Prevenção ao crime e construção de sistemas de justiça criminal eficazes
 Reforma do sistema penitenciário, de acordo com as Regras de Mandela, de
Bangkok e de Tokyo
 Combate à corrupção, de acordo com a UNCAC
 Lavagem de dinheiro, gestão e recuperação de ativos
 Prevenção do uso de drogas e promoção de serviços de tratamento, de
proteção social e de reabilitação

O UNODC e os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS)

O UNODC está comprometido em apoiar os Estados-membros na implementação da


Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável que reconhece que o estado de
direito, os sistemas de segurança e justiça eficazes e humanos, a promoção da saúde e
a prevenção ao uso de drogas, fazem parte do desenvolvimento sustentável.

Prevenção ao Crime e Justiça Criminal: marco legal

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Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Organizado Transnacional

A Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado


Transnacional, também conhecida como Convenção de Palermo, é o
principal instrumento global de combate ao crime organizado
transnacional. Ela foi aprovada pela Assembleia-Geral da ONU em 15
de novembro de 2000, data em que foi colocada à disposição dos
Estados-membros para assinatura, e entrou em vigor no dia 29 de
setembro de 2003.
A Convenção é complementada por três protocolos que abordam áreas
específicas do crime organizado: o Protocolo Relativo à Prevenção,
Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e
Crianças; o Protocolo Relativo ao Combate ao Tráfico de Migrantes por
Via Terrestre, Marítima e Aérea; e o Protocolo contra a fabricação e o
tráfico ilícito de armas de fogo, suas peças e componentes e munições.
Observa-se que os países devem ratificar a Convenção antes de aderir a
qualquer um dos protocolos.
A Convenção representa um passo importante na luta contra o crime
organizado transnacional e significa o reconhecimento por parte dos
Estados-Membros da gravidade do problema, bem como a necessidade
de promover e de reforçar a estreita cooperação internacional a fim de
enfrentar o crime organizado transnacional.
Os Estados-membros que ratificaram este instrumento se
comprometem a adotar uma série de medidas contra o crime
organizado transnacional, incluindo a tipificação criminal na legislação
nacional de atos como a participação em grupos criminosos
organizados, lavagem de dinheiro, corrupção e obstrução da justiça. A
convenção também prevê que os governos adotem medidas para
facilitar processos de extradição, assistência legal mútua e cooperação
policial. Adicionalmente, devem ser promovidas atividades de
capacitação e aprimoramento de policiais e servidores públicos no
sentido de reforçar a capacidade das autoridades nacionais de oferecer
uma resposta eficaz ao crime organizado.

Protocolo Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico


de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças

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Aprovado pela resolução da Assembleia-Geral no 55/25, o protocolo
entrou em vigor em 25 de dezembro de 2003. Trata-se do primeiro
instrumento global juridicamente vinculante com uma definição
consensual sobre o tráfico de pessoas. Essa definição tem o fim de
facilitar a convergência de abordagens no que diz respeito à definição
de infrações penais nas legislações nacionais para que elas possam
apoiar uma cooperação internacional eficaz na investigação e nos
processos em casos de tráfico de pessoas. Um objetivo adicional do
protocolo é proteger e dar assistência às vítimas de tráfico de pessoas,
com pleno respeito aos direitos humanos.
Protocolo Relativo ao Combate ao Tráfico de Migrantes por Via
Terrestre, Marítima e Aérea

Este protocolo foi aprovado pela Resolução da Assembleia-Geral no


55/25 e entrou em vigor no dia 28 de janeiro de 2004. O protocolo lida
com o problema crescente de grupos criminosos organizados para o
contrabando de migrantes, atividade que muitas vezes representa um
alto risco para os migrantes e grandes lucros para os infratores. A
grande conquista do protocolo foi que, pela primeira vez, um
instrumento internacional global chegou a uma definição consensual
do contrabando de migrantes. O protocolo visa à prevenção e ao
combate desse tipo de crime, bem como promover a cooperação entre
os países signatários, protegendo os direitos dos migrantes
contrabandeados e prevenindo a exploração dessas pessoas.

Protocolo contra a fabricação e o tráfico ilícito de armas de fogo,


suas peças e componentes e munições

Este protocolo foi aprovado por resolução da Assembleia-Geral no


55/255 de 31 de Maio de 2001 e entrou em vigor em 3 de julho de
2005. O protocolo, primeiro instrumento juridicamente vinculante
sobre as armas de pequeno porte adotado em esfera mundial, tem o
objetivo de promover, facilitar e reforçar a cooperação entre os
Estados Partes, a fim de prevenir, combater e erradicar a fabricação e o
tráfico ilícito de armas de fogo, suas peças e componentes e munições.

Ao ratificar o protocolo, os Estados se comprometem a adotar uma


série de medidas de controle da criminalidade e aplicar em seu
ordenamento jurídico interno três conjuntos de disposições

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normativas. A primeira diz respeito ao estabelecimento de infrações
penais relacionadas à fabricação ilegal e ao tráfico de armas de fogo,
com base nos requisitos e definições estabelecidos pelo Protocolo. A
segunda se refere a um sistema de autorizações e licenciamento por
parte dos governos a fim de assegurar a fabricação legítima de armas
de fogos, diferenciado-a do tráfico. A terceira se refere à marcação e ao
rastreamento de armas de fogo.

A UNTOC e o Protocolo contra o Tráfico


Ilícito de Migrantes

Os principais instrumentos jurídicos internacionais que abordam o tráfico ilícito


de migrantes são a UNTOC e o seu Protocolo contra o Tráfico Ilícito de
Migrantes. Desde setembro de 2018 (Lista de ratificações ) que a UNTOC
conta com 189 Estados Partes e o Protocolo contra o Tráfico Ilícito de
Migrantes com 146 Estados Partes. A UNTOC visa, segundo o seu Artigo 1º ,
“promover a cooperação (internacional) para prevenir e combater mais
eficazmente a criminalidade organizada transnacional”. Os Protocolos
adicionais criminalizam condutas adicionais às contempladas na UNTOC e
estabelecem novas disposições específicas aplicáveis a estes tipos de crimes.
O Artigo 37º da UNTOC e o Artigo 1º do Protocolo contra o Tráfico Ilícito de
Migrantes clarificam a relação entre estes dois instrumentos legais.
Caixa 1

Artigo 37º da UNTOC


1 - A presente Convenção poderá ser completada por um ou mais protocolos.
2 - Para se tornar Parte num protocolo, um Estado ou uma organização
regional de integração económica deverá igualmente ser Parte na presente
Convenção.
3 - Um Estado Parte na presente Convenção não estará vinculado por um
protocolo, a menos que se torne Parte do mesmo protocolo, em conformidade
com as disposições deste.
4 - Qualquer protocolo adicional à presente Convenção será interpretado
conjuntamente com a mesma, tendo em conta a finalidade desse protocolo.

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Caixa 2

Artigo 1º do Protocolo contra o Tráfico Ilícito de Migrantes


1 - O presente Protocolo completa a Convenção das Nações Unidas contra a
Criminalidade Organizada Transnacional e será interpretado em conjunto com
a Convenção.
2 - As disposições da Convenção aplicar-se-ão mutatis mutandis ao presente
Protocolo, salvo se no mesmo se dispuser o contrário.
3 - As infrações estabelecidas em conformidade com o Artigo 6º do presente
Protocolo serão consideradas como infrações estabelecidas em conformidade
com a Convenção.

O objetivo geral da UNTOC e dos seus Protocolos é combater eficazmente a


criminalidade organizada transnacional, fomentando a cooperação
internacional. Em conformidade, a UNTOC centra-se em atividades
consideradas altamente lucrativas para grupos criminosos organizados. Sem
prejuízo, os crimes estabelecidos pela UNTOC e pelos seus Protocolos são
igualmente puníveis, mesmo se não estiver envolvido numa associação
criminosa.
Caixa 3

N.º 2 do Artigo 34º da UNTOC


(…) As infrações enunciadas nos Artigos 5º, 6º, 8º e 23º da presente
Convenção deverão ser incorporadas no direito interno de cada Estado Parte,
independentemente da sua natureza transnacional ou da implicação de uma
associação criminosa nos termos do nº 1 do Artigo 3º da presente Convenção,
salvo na medida em que o Artigo 5º da presente Convenção exija o
envolvimento de uma associação criminosa.(...)

Caixa 4

Artigo 4º do Protocolo contra o Tráfico Ilícito de Migrantes


O presente Protocolo aplica-se, salvo disposição em contrário, à prevenção, à
investigação e à repressão das infrações estabelecidas em conformidade com
o Artigo 6º deste Protocolo, quando essas infrações sejam de natureza
transnacional e envolvam um grupo criminoso organizado, bem como à
proteção dos direitos das pessoas que foram objeto dessas infrações.

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Caixa 5

No caso de tráfico ilícito de migrantes, as leis que abrangem as infrações


nacionais devem ser aplicadas mesmo quando não existe transnacionalidade
nem envolvimento de grupos de crime organizado, ou quando estes não
podem ser provados.
Guia Legislativo para UNTOC e os seus Protocolos adicionais, Parte três, Cap. I,
parag. 20, p. 334

Associação Criminosa
Segundo o Artigo 2º da UNTOC, uma associação criminosa ou «Grupo
criminoso organizado» é:

 Um grupo estruturado de três ou mais pessoas;

Caixa 6

Alínea c) do Artigo 2º da UNTOC


«Grupo estruturado» um grupo formado de maneira não fortuita para a prática
imediata de uma infração e cujos membros não tenham necessariamente
funções formalmente definidas, podendo não haver continuidade na sua
composição nem dispor de uma estrutura desenvolvida.

 Que exista durante um período de tempo;


 Que atue concertadamente, com a finalidade de cometer um crime grave, conforme
definido pela Convenção;
 Com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício financeiro ou outro
benefício material (ver Série de Módulos Universitários sobre Criminalidade
Organizada, Módulo 1).

Desta definição podemos verificar que, por exemplo, um pescador que


transporte migrantes para facilitar a sua entrada ilegal em outro país, ou dois
traficantes de migrantes a guiar pessoas pelo deserto com o objetivo de
passar uma fronteira terrestre, se estiverem a agir sem ligação a uma operação
maior, não constituem uma associação criminosa.
Deve ser referido que a jurisprudência nacional já analisou esta definição, tal
como é entendido por certos sistemas jurídicos nacionais e pelos indicadores

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fornecidos relativos ao envolvimento de uma associação criminosa no tráfico
ilícito de migrantes, de que são exemplo os indicadores listados no caso
italiano referido como Glauco I (ver Caixa 7):
Caixa 7

Caso n. 10341/15 R.N. G.I.P. - Glauco I (Itália)


Um grupo criminoso organizado é caracterizado pelos seguintes elementos: (i)
uma relação estreita entre os membros (em princípio) de caracter permanente
ou, pelo menos, estável e com o objetivo de continuar para além da prática de
atos criminosos específicos; (ii) a natureza indeterminada da ação criminal, e;
(iii) a existência de um certo nível mínimo de organização, adequado à
prossecução dos objetivos criminosos estabelecidos. De acordo com a maioria
da jurisprudência não existe necessidade de acordos formais. O requisito da
não-determinação da ação criminal refere-se ao número, modalidades e
objetivos de uma conduta criminal específica.
Os indícios necessários para demonstrar o envolvimento de um grupo
criminoso organizado, que age segundo um plano bem estruturado, dedicado
ao auxilio à migração ilegal com o objetivo de obter um benefício financeiro ou
outro benefício material incluem: (i) a concentração de migrantes em
localizações escondidas no país de origem; (ii) a disponibilidade de vários
meios de transporte de forma a facilitar as diversas fases da viagem; (iii)
envolvimento de diversos homens, com diferentes funções (ex. angariador,
condutores, tripulação marítima, proprietários prediais) que cumpram códigos
de conduta rigorosos; (iv) exposição sistemática a risco de vida e de segurança
dos migrantes devido às condições da viagem; (v) meios de comunicação
diversificados e sofisticados; (vi) tentativas de eliminar vestígios e de enganar
as autoridades; (vii) metodologias de pagamento sofisticadas; (viii)
disponibilização de uma robusta rede que possibilite o tráfico ilegal e a estadia
(exemplo: acomodação, vestuário, transporte para o estrangeiro, passaportes
falsos); (ix) atividades de cariz regular designadas como “trabalho” pelos
suspeitos e os seus associados.
Base de Dados de Jurisprudência - SHERLOC- Itália

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