Uso de Substâncias Psicoativas Por Profissionais de Saúde: Revisão
Uso de Substâncias Psicoativas Por Profissionais de Saúde: Revisão
Uso de Substâncias Psicoativas Por Profissionais de Saúde: Revisão
Artigo de Revisão
out.-dez. 2017;13(4):221-231
DOI: 10.11606/issn.1806-6976.v13i4p221-231
http://www.revistas.usp.br/smad
1
PhD, Professor Adjunto, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil. Enfermeira, Hospital Psiquiátrico Areolino de
Abreu, Teresina, PI, Brasil.
2
Aluna do curso de graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil.
3
Aluna do curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
RS, Brasil. Enfermeira, Hospital Dr. Bartholomeu Tacchini, Bento Gonçalves, RS, Brasil.
4
Aluna do curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho, Centro Universitário Uninovafapi, Teresina, PI, Brasil.
5
Mestranda, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil.
Endereço de correspondência:
Márcia Astrês Fernandes
Universidade Federal do Piauí
Campus Universitário Ministro Petrônio Portela
Bairro: Ininga
CEP: 64049-550, Teresina, PI, Brasil
E-mail: m.astres@ufpi.edu.br
222 SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. out.-dez. 2017;13(4):221-231.
The aim was to identify which factors lead health professionals to use psychoactive substances,
identify the most commonly abused substances and the consequences for the worker’s life. This
is an integrative review carried out in the database of virtual health library, which resulted in 88
articles, of which after evaluation there were 12. It was found that triggering factors were related
to pressure at work, environmental and individual risks and that centrally acting drugs are used
despite they recognized the risks. We concluded that conducting research on the professional
profile is important in order to implement preventive health interventions for this population.
El objetivo fue conocer los factores que llevan los profesionales de la salud al uso de sustancias
psicoactivas, identificar las más utilizadas y las consecuencias para la vida del trabajador.
Se trata de una revisión integradora, la busca fue hecha en la biblioteca virtual en salud, que
resultó en 88 artículos, dos puestos para la evaluación restaram-se 12. Se encontró que los
factores desencadenantes estaban relacionados con las exigencias del trabajo, con los riesgos
ambientales e individuales, y que al tiempo que reconoce los riesgos de uso, consumen drogas
de acción central. Se concluye que es importante hacer más investigaciones sobre el perfil
profesional con la intención de implementar acciones preventivas de salud para esta población.
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Fernandes MA, Silva JS, Vilarinho JOV, Seabra LO, Feitosa CDA. 223
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224 SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. out.-dez. 2017;13(4):221-231.
O enfrentamento
do uso indevido de
psicotrópicos por
O envolvimento
trabalhadores de
dos profissionais
Analisar os fatores enfermagem exige,
Fatores Dias JRF; ocorre por
predisponentes principalmente,
predisponentes Araújo CS; elevado estresse e
Revista ao envolvimento reflexões éticas
ao uso próprio de Martins ERC; carga horária
Enfermagem 2011 pessoal de e mudança de
psicotrópicos por Clos AC; ocupacional,
UERJ trabalhadores de atitude visando o
profissionais de Francisco MTR; cobranças e
enfermagem com autocuidado,
enfermagem Sampaio CEP(6). insatisfação no
psicotrópicos. a responsabilidade
ambiente de
profissional e a
trabalho ou familiar.
busca de condições
dignas para um
trabalho saudável.
Conceber o
consumo de
drogas como
Descrever as solução para alívio
concepções dos de problemas do
Concepções do profissionais de Os resultados âmbito familiar e
Martins ERC;
trabalhador de enfermagem sobre mostram que os do trabalho parece
Zeitoune RCG;
enfermagem Caderno de drogas e discutir sujeitos concebem constituir-se uma
Francisco MTR; 2009
sobre drogas: A Saúde Pública suas percepções de forma natural e banalização do
Spindola T;
visibilidade dos sobre os riscos de aceitável o uso de uso de drogas,
Marta CB(7).
riscos. seu consumo e drogas lícitas. pois se sabe que
sua relação com o seus efeitos são
trabalho. prejudiciais à
saúde, à família,
ao trabalho e à
sociedade.
(continua...)
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Fernandes MA, Silva JS, Vilarinho JOV, Seabra LO, Feitosa CDA. 225
A automedicação
é prática frequente
A prevalência de
na equipe de
automedicação
Investigar a enfermagem e
Automedicação foi 24,2%, o
prevalência de está associada a
entre os Revista Latino- Barros ARR; grupo anatômico
automedicação e diversos fatores
trabalhadores de americana de Griep RH; 2009 mais referido
fatores associados que deveriam ser
enfermagem de enfermagem Rotenberg L(9). foi o sistema
entre trabalhadores considerados em
hospitais públicos. nervoso e o grupo
de enfermagem estratégias que
terapêutico incluiu
buscam melhores
os analgésicos.
condições de
saúde entre eles.
Destacam-
se estudos Com isso
que apontam desenvolvem outros
profissionais desequilíbrios
de saúde como e infringem os
mais suscetíveis preceitos éticos
à dependência e estéticos da
Refletir sobre os de determinadas profissão, pois
Enfermeiros fatores que podem drogas devido o efeito da
Zeferino MT;
e uso abusivo levar o profissional à maior droga altera o
Revista Santos EPS;
de drogas: de saúde, em possibilidade de comportamento, o
Enfermagem da Carraro TE; 2006
comprometendo o especial o autoadministração raciocínio lógico, a
UERJ Radünz V; Frello
cuidado de si e do enfermeiro, a fazer e livre acesso a tais tomada de decisões
AT(10).
outro uso de drogas substâncias em seu e a execução de
lícitas ou ilícitas. trabalho. Muitas procedimentos
vezes as drogas especializados,
são utilizadas colocando em risco
na tentativa de a vida das pessoas
minimizar ou sob seus cuidados
reverter a síndrome e comprometendo a
de desgaste sua própria saúde.
profissional.
(continua...)
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O objetivo
Observou-se uma
deste trabalho é
alta prevalência Anestesiologistas
apresentar um
de uso de podem apresentar
estudo descritivo
opióides (59,6%), um perfil distinto
sobre o perfil clínico
benzodiazepínicos de risco de uso
e sociodemográfico
(35,1%) e álcool de opióides. O
de uma amostra
Perfil Clínico e (35,1%). Usuários padrão de início
de anestesiologistas
Demográfico de de opioides de consumo,
Alves HNP; dependentes
Anestesiologistas procuraram associado aos
Revista Vieira DL; químicos atendidos
Usuários de Álcool tratamento mais anos de residência
Brasileira de Laranjeira RR; 2012 em um serviço de
e Outras Drogas precocemente médica ou aos
Anestesiologista Vieira JE; referência, bem
Atendidos em um comparado aos primeiros anos da
Martins LAN(11). como elencar
Serviço Pioneiro não usuários prática médica,
comorbidades
no Brasil desta substância reforça a hipótese
psiquiátricas, drogas
e, geralmente, de dependência
frequentemente
sob influência da de opioides
utilizadas e
pressão de colegas como problema
repercussões
ou do conselho ocupacional entre
psicossociais e
regional de anestesiologistas.
profissionais do
medicina.
consumo.
Quanto às
substâncias
consumidas, o
mais frequente foi
uso associado de
álcool e drogas
(36,8%), seguido
por uso isolado
de álcool (34,3%)
e uso isolado de
drogas (28,3%).
Traçar o
Quanto aos
perfil clínico e
problemas sociais
demográfico de
e legais observou-
uma amostra
Alves HNP; se: desemprego Os autores
Perfil clínico e de médicos em
Surjan JC; no ano anterior recomendam
demográfico de Revista da tratamento por
Martins LAN; em quase 1/3 medidas
médicos com Associação 2005 dependência
Marques ACPR; da amostra; assistenciais e
dependência médica brasileira química, avaliar
Ramos SP; problemas no preventivas para o
química. comorbidades
Larajeira RR(12). casamento ou problema.
psiquiátricas e
separação (52%),
consequências
envolvimento
associadas ao
em acidentes
consumo.
automobilísticos
(42%), problemas
jurídicos (19%),
problemas
profissionais
(84,8%) e
8,5% tiveram
problemas junto
aos Conselhos
Regionais de
Medicina.
(continua...)
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28,5% usam
medicação
psicoativa; 24,4%
referem que os
medicamentos
foram prescritos.
24,4% tem alguma
É necessário
doença psíquica,
Identificar o criar estratégias
Adoecimento sendo a mais
adoecimento que evitem o
e uso de Vieira TG; citada a depressão
e uso de adoecimento,
medicamentos Beck CLC; com 14,2%. O
Revista de medicamentos o uso de
psicoativos entre Dissen CM; turno em que mais
Enfermagem da 2013 psicoativos entre medicamentos
trabalhadores de Componogara se evidenciou
UFSM trabalhadores psicoativos e a
enfermagem de S; Gobatto M; trabalhadores com
de enfermagem automedicação
Unidades Terapia Coelho APF(15). doença psíquica
de Unidades de por parte dos
Intensiva foi o noturno
Terapia Intensiva. trabalhadores de
com 43,7%.
saúde.
Ainda, 63,2% dos
trabalhadores
referem que se
automedicam,
utilizando drogas
antidepressivas
com 12,2%.
(continua...)
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228 SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. out.-dez. 2017;13(4):221-231.
Figura 1 – Relação dos artigos selecionados segundo o título, nome do periódico publicado, autores, ano, objetivos,
resultados e conclusões. Teresina- PI, Brasil, 2016.
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230 SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. out.-dez. 2017;13(4):221-231.
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destes trabalhadores é necessário, visto que poderá 13. Tomasi E, Sant’anna GC, Oppelt AM, Petrini RM, Pereira
subsidiar a implementação de ações nas instituições de IV, Sassi BT. Condições de trabalho e automedicação em
saúde para um cuidado preventivo mais direcionado. profissionais da rede básica de saúde da zona urbana
de Pelotas, RS. Rev Bras Epidemiol. 2007;10(1):66-74.
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Usuários de Álcool e Outras Drogas Atendidos em
um Serviço Pioneiro no Brasil. Rev Bras Anestesiol.
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12. Alves HNP, Surjan JC, Martins LAN, Marques ACPR,
Ramos SP, Laranjeira RR. Perfil clínico e demográfico de
médicos com dependência química. Rev Assoc Med Bras. Recebido: 22.08.2016
2005;51(3):139-43. Aceito: 23.01.2017
https://www.revistas.usp.br/smad