Dickens Biobibliografia

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CHARLES DICKENS – Uma BIOBIBLIOGRAFIA

DICKENS, Charles John Huffan (n. Landport-Portsmouth, 7 Fev. 1812 – f.


Gladshill-London, 9 Jun. 1870), foi escritor, jornalista e fundador de jornais
(Bentley’s Miscelania by Boz em 1836, Daily News em 1846, Dombey and Son
em 1847, Household Words em 1849-1859 e a sua continuação All the Year
Round, de 1859 a 1968). Também, o mais célebre e popular romancista na e
da Era Vitoriana pois Dickens, a partir de 1858, tornou-se lecturer - era
convidado para ler os seus livros em “sessões públicas” que atingiam tal
intensidade dramática ao ponto de provocar desmaios nas senhoras da plateia.
Foi ainda considerado o último escritor do Romantismo Inglês (1800-1850) e
um dos introdutores da crítica social na Literatura Inglesa do seu tempo. Um
self-made man literário que, através das suas personagens, deu a conhecer ao
Mundo, a “alma do povo inglês”. A sua obra recebeu o adjectivo
«dickensiano» para um “universo” povoado de avarentos, órfãos famintos,
fantasmas e imagens idílicas da harmonia natalícia em torno do azevinho e do
peru como no seu conto mais famoso, A Christmas Carol (1843) - traduções:
O/Um Cântico de Natal ou O Natal do Sr. Scrooge –; bem como de fadas e o
sonho da família reunida à volta da lareira em The Cricket on the Hearth
(1846) – tradução: O Grilo da Lareira [Conto]. Paralelamente, inicia uma série
de romances em que aborda o mundo da pobreza e as injustiças sociais da
época com o seu romance mais popular Oliver Twist: the Parish boy’s
progress (1838) – traduções: Oliver Twist ou A Estranha História de Oliver
Twist –, Bleak House (1853) – tradução: A Casa abandonada –, e Little Dorrit
(1855-1857) – tradução: A Pequena Dorrit. Também não foram esquecidas as
más condições de trabalho dos primeiros operários, que Dickens chama «the
hands», da Revolução Industrial Inglesa e o conforto e a hipocrisia burguesa
da sala vitoriana no seu grande romance Hard Times for These Times (1854)
- tradução: Tempos Difíceis –, este último, romance de leitura obrigatória no
programa universitário português dos cursos que incluem a Literatura Inglesa.
Com diferentes temáticas: A Tale of Two Cities (1859) – traduções: Um Conto
de Duas Cidades ou História de Duas Cidades – é um dos melhores romances
históricos da literatura inglesa e, Great Expectations (1862) – tradução:
Grandes Esperanças –, mais humanista, e que foca a falta de realização
pessoal. Para completar esta referência aos livros mais conhecidos de Dickens,
falta acrescentar a sua obra-prima: David Copperfield (1849-1850), romance
autobiográfico e também o texto preferido do autor.

Charles Dickens, o segundo filho de John Dickens e Elisabeth Barrow Dickens


estudava numa escola particular interna mas ao fim de três anos, com dez
anos, teve de viajar sozinho numa mala-posta até Camden Town, subúrbios de
Londres, para onde a sua família se tinha outra vez mudado em 1822. Antes,
por causa de dívidas financeiras, já tinham vivido em Portsmouth e Chatham.
Foi em Cantham, aos 8 anos, que Dickens assistiu, pela primeira vez, a um
espectáculo com o palhaço Grimaldi e, fascinado, recriava-o em casa com os
irmãos (escreveu, mais tarde, as memórias de Grimaldi). O seu pai, empregado
na tesouraria da marinha inglesa, de temperamento jovial, foi preso na cadeia
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londrina Marshalsea em 1824, e toda a sua família foi viver para Londres. A sua
instrução escolar foi continuada pela sua mãe, da qual herdou o gosto da
leitura, e que entretanto tinha aberto o MRS. DICKENS’ ETABLISSEMENT, um
colégio interno em Bloomsbury, num bairro elegante. Mas, este colégio
manteve-se por pouco tempo e aumentou as dívidas familiares. Dickens, então
com doze anos, foi obrigado a ir trabalhar para a fábrica Hungerford Stairs
(perto da actual estação Charing Cross), a encher e rotular frascos de graxa
para calçado, ganhando apenas seis xelins por semana, durante 5 meses
(1824). Antes, a sua família já tinha recebido uma herança que permitiu pagar
as dívidas mas, a sua mãe, não permitiu que ele saísse logo da fábrica, o que o
revoltou por causa das más condições de trabalho que sofria, e que fez com
que nunca lhe perdoasse. Esta sua primeira experiência de trabalho foi tão
dolorosa e humilhante que os seus dez filhos apenas a conheceram quando
leram que a sua alcunha, ironicamente dada pelos seus colegas operários, era
«o jovem cavalheiro», na primeira biografia do pai, escrita em 1874, por John
Foster.

Apesar de tudo, Dickens completa a sua educação na Wellington House


Academy, uma escola privada, entre 1824 e 1826. No ano seguinte, começa a
trabalhar num cartório e aprende estenografia, de forma autodidacta. Mais um
ano e torna-se relator independente da Doctor’s Common, trabalho que, devido
à sua rapidez a escrever, lhe garante lugar, de 1832 a 1834 (incêndio), na
galeria dos repórteres da Câmara dos Comuns. Ali anotava os debates
parlamentares para dois jornais (The Sun e Mirror of Parliament), e depois
corria para os entregar antes dos seus concorrentes: “Transcrevi muitas vezes
para o tipógrafo, os meus apontamentos estenográficos, frequentemente com
importantes discursos políticos que exigiam uma exactidão absoluta”, disse
Dickens. Esta sua experiência está presente noutro romance seu, Bleak
House (1853) – tradução: A Casa Abandonada. Mas voltemos atrás, aquando
Dickens meteu na caixa de correio de um editor londrino na rua sombria Fleet
Street, o seu primeiro trabalho literário (A Sunday Out of Town), que foi
publicado com o título A Dinner at Poplar Walk (1833) na Monthley Magazine,
uma revista literária de pouca tiragem, com a qual continuou a colaborar.
Seguem-se Sketches by Boz (1834-1836) – tradução: Livro dos Esboços –,
cujos textos continuou a assinar com o seu pseudónimo [Boz]. Estes são os
primeiros textos cómicos baseados em quadros reais e pitorescamente
ilustrados por George Cruiskhank que alcançam êxito imediato.

Entretanto, Dickens tinha conseguido emprego no jornal Morning Chronicle em


1832 e, em 1834, surge o pedido dos editores Chapman e Hall para Dickens
escrever os textos para os desenhos do famoso Robert Seymour e que são
publicados em fascículos até 1836 e depois reunidos em livro com o mesmo
nome Pickwick Club (1837)

A 2 de Abril de 1836, Dickens casou-se com Catherine Hogarth, filha do editor


do jornal onde trabalhava, com quem teve 10 filhos. É neste jornal que em
1838 começa a publicação de Oliver Twist, em folhetins semanais. A seguir,

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Dickens escreve: The Life and Adventures of Nicholas Nickleby (1839),
romance que é considerado “Pickwick e Oliver num só”.

Reedita-se, com um prefácio de Dickens, The Postumous Papers of the


Pickwick Club (2ª ed. 1847; 3ª ed. 1858; 4ª ed. 1867) – tradução: As
Aventuras de Pickwick (1953) ou Os Cadernos Póstumos do Clube Pickwick
(2009) – livro que atinge um grande sucesso editorial, talvez porque mostra os
heróis, os sportsmen e os famosos do mundo elegante, temática muito
apreciada pelos descendentes dos senhores da Inglaterra rural.

Em 1841, Dickens recebeu uma homenagem da cidade de Edimbourg-


Escócia, que o nomeia seu “filho adoptivo”. No mesmo ano, escreveu outro
romance The Old Curiosity Shop – tradução: A Loja de Antiguidades –, para
ser publicado em folhetins semanais na revista Master Humphreys Clock, o
qual não teve logo o agrado do público inglês porque era composto por relatos
de viagens, comentários humorísticos sobre o quotidiano e artigos literários.
Por isso, a partir do n.º 4, foi alterado para a escrita contínua de uma história
central. A seguir, em 1842, Dickens queixa-se de muito trabalho e aceita um
convite para visitar a Itália, a Suíça e a França. para realizar conferências. Já
tinha estado nos EUA em 1840 e esta experiência tinha decorrido com muito
sucesso. Conhece, então, a actriz Ellen Ternan com quem vai viver,
separando-se da mulher em 1858, da qual nunca se divorcia. Publica ainda,
Our Mutual Friend (1865) – tradução: O nosso Amigo Comum. Mais tarde, em
1867-68, Dickens volta a visitar os EUA (e o Canadá) onde realizou 34
conferências. Retoma então a sua escrita com o livro The Mystery of Erwin
Drood, o qual deixa incompleto porque morre subitamente com 58 anos, em 9
de Junho de 1870, na sua casa de Gladshill.

M. Helena Roldão

Lisboa, 6 de Fevereiro de 2012

Bibliografia consultada:

SCHMIDT, Johann N. – Dickens. Círculo de Leitores, Rio de Mouro, 2005.

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