Aula MPM 018 2021
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1 Grupos
1.1 Definição e exemplos
Definição 1.1 Seja G um conjunto não vazio, onde está definida uma operação
entre pares de elementos de G, que será denotada por ∗:
∗ : G × G −→ G
(g, h) 7→ g ∗ h.
Dizemos que o par (G, ∗) é um grupo se satisfaz as seguintes proprieda-
des:
1. Associatividade:
(a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c), ∀a, b, c ∈ G.
∃e ∈ G, tal que e ∗ a = a ∗ e = a, ∀a ∈ G.
3. Existência de inverso:
∀a ∈ G, ∃b ∈ G, tal que a ∗ b = b ∗ a = e.
Demonstração:
1
1. Sejam e e e0 elementos neutros de um grupo G. Então
e0 = e0 ∗ e = e.
b ∗ a = a ∗ b = b0 ∗ a = a ∗ b0 = e.
Assim
b = b ∗ e = b ∗ (a ∗ b0 ) = (b ∗ a) ∗ b0 = e ∗ b0 = b0 .
2
Se n é um inteiro positivo, denotarmos por an o produto de n cópias de
a. Também denotaremos por a−n o produto de n cópias de a−1
an = a
| ·{z
· · a} a−n = a−1
· · a−1} .
| ·{z
n vezes n vezes
a ∗ b = b ∗ a, ∀a, b ∈ G.
2
• (Zn , +), o anel dos inteiros módulo n com a adição;
• (R[x], +), o anel dos polinômios com coeficientes reais com a
adição usual;
• (Mn (Q), +), o anel das matrizes com coeficientes racionais com
a adição usual.
(Z5 , +) :
+ 0 1 2 3 4
0 0 1 2 3 4
1 1 2 3 4 0
2 2 3 4 0 1
3 3 4 0 1 2
4 4 0 1 2 3
(U (Z5 ), ·) : (U (Z8 ), ·) :
· 1 2 3 4 · 1 3 5 7
1 1 2 3 4 1 1 3 5 7
2 2 4 1 3 3 3 1 7 5
3 3 1 4 2 5 5 7 1 3
4 4 3 2 1 7 7 5 3 1
3
5. Seja C um conjunto não vazio. Defino S(C), como sendo o conjunto
das bijeções de C em C
S(C) = {f : C → C | f bijetora}.
S3 = {Id = σ1 , σ2 , . . . , σ6 }
σ1 (1) = 1 σ2 (1) = 1 σ3 (1) = 2
σ1 : σ1 (2) = 2 σ2 : σ2 (2) = 3 σ3 : σ3 (2) = 1
σ1 (3) = 3 σ2 (3) = 2 σ3 (3) = 3
.
σ4 (1) = 2 σ5 (1) = 3 σ6 (1) = 3
σ4 : σ4 (2) = 3 σ5 : σ5 (2) = 1 σ6 : σ6 (2) = 2
σ4 (3) = 1 σ5 (3) = 2 σ6 (3) = 1
(S3 , ◦) :
◦ σ1 σ2 σ3 σ4 σ5 σ6
σ1 σ1 σ2 σ3 σ4 σ5 σ6
σ2 σ2 σ1 σ5 σ6 σ3 σ4
σ3 σ3 σ4 σ1 σ2 σ6 σ5
σ4 σ4 σ3 σ6 σ5 σ1 σ2
σ5 σ5 σ6 σ2 σ1 σ4 σ3
σ6 σ6 σ5 σ4 σ3 σ2 σ1
4
2n. Denotamos por D2n . Como veremos mais tarde a ordem é a cardi-
nalidade de um grupo finito. E temos exatamente 2n simetrias agindo
em um polı́gono regular de n lados: As n rotações e as n reflexões em
relação aos seus n eixos de simetria
Como exemplo vamos construir as tabelas dos grupos D8 e D6 . Seja
D8 , o grupo de simetrias do quadrado.
@ d1 v d2 u1
@
@ T
@ T
@ T
@ T
@ b T "
b u2 T u3 "
b "
@
@ h b
b T""
@ bb "
"T
@ b " T
b " T
@ "b
@ " b T
" b
@ " b T
@ "" b
b T
@ "" b T
b
@
" T
b
" b
@ " b
Figura 1 Figura 2
5
◦ r0 rπ/2 rπ r3π/2 Rv Rh Rd1 Rd2
r0 r0 rπ/2 rπ r3π/2 Rv Rh Rd1 Rd2
rπ/2 rπ/2 rπ r3π/2 r0 Rd1 Rd2 Rh Rv
rπ rπ r3π/2 r0 rπ/2 Rh Rv Rd2 Rd1
r3π/2 r3π/2 r0 rπ/2 rπ Rd2 Rd1 Rv Rh
Rv Rv Rd2 Rh Rd1 r0 rπ r3π/2 rπ/2
Rh Rh Rd1 Rv Rd2 rπ r0 rπ/2 r3π/2
Rd1 Rd1 Rv Rd2 Rh rπ/2 r3π/2 r0 rπ
Rd2 Rd2 Rh Rd1 Rv r3π/2 rπ/2 rπ r0
◦ r0 r2π/3 r4π/3 R1 R2 R3
r0 r0 r2π/3 r4π/3 R1 R2 R3
r2π/3 r2π/3 r4π/3 r0 R2 R3 R1
r4π/3 r4π/3 r0 r2π/3 R3 R1 R2
R1 R1 R3 R2 r0 r4π/3 r2π/3
R2 R2 R1 R3 r2π/3 r0 r4π/3
R3 R3 R2 R1 r4π/3 r2π/3 r0
6
Temos que (GLn (R), ·) é um grupo.
1.2 Subgrupos
Definição 1.4 Dizemos que um subconjunto não vazio H de um grupo
(G, ·), é um subgrupo de G se (H, ·) é também um grupo.
h1 , h2 ∈ H ⇒ h1 · h2 ∈ H.
b · eH eH = b · eH ⇒ eH = eG .
2. eG ∈ H.
Como eH = eG e para todo h ∈ H, o inverso de h deve estar em H
temos a nossa terceira condição:
3. ∀h ∈ H, h−1 ∈ H.
2. e = eG ∈ H.
7
3. ∀h ∈ H, h−1 ∈ H.
2. Se g ∈ G o conjunto
{g n | n ∈ Z},
Z(G) = {g ∈ G | gh = hg, ∀h ∈ G}
Logo g1 g2 ∈ Z(G).
• Da definição de grupo segue que e ∈ Z(G).
• Se g ∈ Z(G) então para todo h ∈ G temos
8
4. Temos (Z, +) < (Q, +) < (R, +) < (C, +) < (C[x], +). Este exemplo
é bom para nos lembrar que um subgrupo é também um grupo. Vale
também para todo natural não nulo n que (nZ, +) < (Z, +). Se m é
outro natural não nulo que divide n, temos (nZ, +) < (mZ, +)
5. No grupo (GLn (R), ·) das matrizes n×n sobre R temos o subgrupo que
chamamos de grupo linear especial e denotamos por (SLn (R), ·) que
é dado por
GLn (Q) < GLn (R) < GLn (C) e SLn (Q) < SLn (R) < SLn (C).
S 1 = {z ∈ C | |z| = 1},
é um subgrupo de C∗ .
Seja n ∈ Z, n ≥ 1 o conjunto
H = {θ ∈ C | θn = 1},
é um subgrupo de C∗ .
9
Demonstração: Façamos
n
\
H0 = Hi .
i=1
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pertence a H e portanto teremos que a−n também pertencerá a H.
Logo
{an | n ∈ Z} ⊂ h{a}i .
{an | n ∈ Z} ⊃ h{a}i .
Atividade 1 :
2. Grupos finitos são finitamente gerados, pois G = hGi. Mas nem todo
grupo finitamente gerado é finito. O (Z, +) é ciclico e portanto finita-
mente gerado. Mas não é finito.
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Definição 1.11 Sejam H e K subgrupos de G defino o produto HK como
sendo o conjunto:
{hk | h ∈ H, k ∈ K}.
e
HK = {Id, Rv , Rd1 , Rv ◦ Rd1 } = {Id, Rv , Rd1 , r3π/2 }.
2
Claramente HK não é subgrupo pois, r3π/2 = rπ não pertence a HK.
(h3 k3 )(h1 k1 ) = e.
Assim temos:
h1 k1 = (h3 k3 )−1 = k3−1 h−1
3 .
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h1 k1 h2 k2 = h1 (k1 h2 )k2 .
Como HK = KH, existem h3 ∈ H, k3 ∈ K tais que k1 h2 = h3 k3 . Assim
segue que
h1 k1 h2 k2 = h1 (h3 k3 )k2 = (h1 h3 ) (k3 k2 ) ∈ HK.
| {z } | {z }
∈H ∈K
(hk)−1 = k −1 h−1 = h4 k4 .
Demonstração:
Vamos usar que para quaiquer dois inteiros m e n, e qualquer elemento
g ∈ G valem:
g m+n = g m g n e (g m )n = g mn .
Seja n o menor inteiro que satisfaz g n = 1. Pelo algoritmo da divisão,
para todo k ∈ Z existem q e r em Z com 0 ≤ r ≤ n − 1, tais que k = nq + r.
Assim para todo k ∈ Z, temos
g k = g qn+r = g qn g r = ( g n )q g r = g r .
|{z}
=1
Consequentemente temos
hgi = {g k | k ∈ Z} = {g r | r ∈ Z, 0 ≤ r ≤ n − 1}.
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Vamos mostrar que | hgi | = n. Para tanto basta mostrar que se s e r são
inteiros com 0 ≤ s < r ≤ n − 1, então g r 6= g s . Se supusermos que g s = g r
terı́amos
g r = g s ⇔ g r (g s )−1 = 1 ⇔ g r−s = 1.
Mas 0 < r − s < n. Isto contradiz a hipótese de n ser o menor inteiro
positivo tal que g n = 1. E isto prova a primeira parte da proposição.
Se g n = 1, para algum inteiro positivo n, existiria um menor inteiro
positivo n0 , com g n0 = 1. Pelo que vimos acima, teremos que o conjunto
hgi = {g k | k ∈ Z}.
teria cardinalidade n0 .
Reciprocamente, se para nenhum inteiro positivo n, tivermos g n = 1,
então dados quaiquer inteiros s e r com s < r teremos g r 6= g s . Caso
contrário, g r−s = 1 contrariando a nossa premissa.
Daı́ segue facilmente que hgi tem a mesma cardinalidade de Z e portanto
é infinito.
|H||K|
|HK| = .
|H ∩ K|
Demonstração:
Temos HK = {hk | h ∈ H k ∈ K}. Dado um elemento hk queremos
saber para quantos pares (h1 , k1 ) ∈ H ×K temos h1 k1 = hk. Podemos notar
que
h1 k1 = hgg −1 k = hk.
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Denotaremos por F 0 esta função, dado g ∈ H ∩ K:
(F 0 ◦ F )(h1 , k1 ) = F 0 (kk1−1 ) =
(h kk1−1 , (kk1−1 )−1 k) = (hh−1 h1 , k1 k −1 k) = (h1 , k1 )
| {z }
=h−1 h1
e
|H × K| |H||K|
|HK| = = .
|H ∩ K| |H ∩ K|
2
Próxima Aula:
Hx = {hx | h ∈ H}
é denominado de classe lateral (ou co-classe), à direita de H em
G (que contém x).
De forma análoga definimos as classes laterais à esquerda de H em
G
xH = {xh | h ∈ H}.
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Proposição 1.17 Sejam G um grupo e H um subgrupo de G. O conjunto
das classes laterais à direita de H em G, Ld (H)
2. [
G= Hi
Hi ∈Ld (H)
xHx−1 = H.
g1 H · g2 H = (g1 g2 )H
é um grupo. Este grupo será denominado grupo quociente de G por
H.
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