Direito Das Obrigações
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Letícia Castro Rocha
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um enriquecimento à custa de outrem sem causa justificativa tem que restituir
aquilo com que injustamente se locupletou;
o Princípio da responsabilidade patrimonial/da proteção relativa do dto de
crédito (art 817º CC): consiste na possibilidade de o credor, em caso de não
cumprimento, executar (art 617º) o património do devedor para obter a
satisfação dos seus créditos, tendo este que o exigir judicialmente na chamada
ação de cumprimento. Pelo incumprimento respondem os bens do devedor.
1) Esta proteção é relativa, porque caso exista mais do que 1 devedor, a lei
não permite que a prestação seja exigida na totalidade apenas a 1 deles,
defendendo a prestação integral (50%-50%), se nada em contrário estiver
estabelecido no contrato (art 513º);
2) Por vezes há um 3º envolvido (fiador) e nos termos da lei, a fiança é
subsidiária, o que significa que o fiador está protegido pelo benefício da
execução do verdadeiro devedor (art 638º CC).
o Princípio do “Pacta Sunt Servanda” (integralidade/pontualidade no
cumprimento): um contrato celebrado com prazo certo tem de ser cumprido
até ao fim. Este princípio apresenta limitações:
1) Alterações das circunstancias (art 437º);
2) Figura da denuncia do contrato (apenas nos contratos por tempo
indeterminado) – art 1098º/3º;
o Princípio da justiça equitativa/equivalência das prestações.
Elaboração de um contrato
Na 1ª página devemos colocar:
1) Título/nome do contrato (o que pode não corresponder com a realidade);
2) Identificação das partes (1º outorgante e 2º outorgante, vendedor e comprador
respetivamente): nome completo, residência, estado civil, cartão de cidadão e
NIF. Pode existir um 3º outorgante (fiador);
3) Considerações (ex: identificação do imóvel);
4) Cláusulas do contrato:
Cláusula 1ª: prestação das partes: o vendedor obriga-se a emitir
declarações de venda e comprador obriga-se a emitir a declaração de
compra (art 874º CC);
Cláusula 2ª: preço e condições de pagamento;
Cláusula 3ª: entrega da coisa;
Cláusula 4ª: despesas do contrato (art 878º);
Cláusula 5ª (eventual): ónus e encargos (ex: o vendedor vende um
imóvel arrendado ou com usufruto, transmitindo-se os ónus e encargos
para o comprador);
Cláusula 6ª: fiança, sendo esta acessória (está dependente de ob
principal, ou seja, se o contrato for nulo a fiança também o é) e
subsidiária (incide sobre o património do devedor principal e só depois
do fiador) art 638º.
Numa venda a prestações, é entregue a coisa e o vendedor reserva a propriedade da
coisa, não entregando imediatamente, tendo que ser colocado no título todas estas
características juntando-se de uma garantia real (hipoteca e penhor) ou pessoal
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(fiança). O objeto da hipoteca são bens móveis e imóveis (686º) e o penhor apenas
incide sobre bens móveis (666º), tendo a hipoteca que ser registada (art 687º).
Distinção entre a forma e o registo do contrato
A forma do contrato pode ser por escritura pública ou doc particular autenticado (o
advogado autentica o ato), servindo estes de validade do ato e legalidade das cláusulas
(controlado pelo notário). Posto isto, existem problemas aqui de validade e invalidade
do ato. Ao contrário do registo, onde falamos de publicidade do ato e os problemas
que aqui surgem são de eficácia e ineficácia do ato e de oponibilidade do ato a 3º.
Características da obrigação
o Patrimonialidade: suscetibilidade de a ob ser avaliável em dinheiro, tendo,
portanto, conteúdo económico;
o Mediação/colaboração: o credor não pode exercer direta e imediatamente o
seu direito, necessitando da colaboração do devedor para obter a satisfação do
seu interesse. Tem que existir colaboração entre as partes e em todos os tipos;
o Relatividade: o contrato produz efeitos apenas entre as partes e não para 3º.
Toda a obrigação é suscetível de obrigação pecuniária.
Compra e venda (efeito real)
Tem como efeitos:
1) Transmissão da propriedade;
2) Obrigação de entregar a coisa;
3) Obrigação de pagar o preço.
Efeitos do contrato promessa (meramente obrigacionais)
o O promitente vendedor obriga-se a emitir no futuro a declaração de venda;
o O promitente comprador obriga-se a emitir no futuro uma declaração de
compra.
Nunca se transmite a propriedade no âmbito de um contrato promessa. Apenas
existem efeitos acessórios nestes contratos.
Motivos de revogação dos contratos
o Mútuo acordo;
o Resolução (1047º+432º): consiste numa forma de extinção unilateral do
contrato. Esta tem que ser sempre motivada;
o Denúncia: o seu campo de aplicação são os contratos de aplicação duradouro
por tempo indeterminado;
o Oposição à renovação: para os contratos que se renovem automaticamente;
o Caducidade (art 1051º): um facto superveniente ao contrato que leva à sua
extinção por via da lei ex legem.
O incumprimento pode ser:
o Temporário (art 804º/2º+805º/2º): mora do devedor (exemplo) perdendo o
benefício do prazo.
Regra geral: art 781º;
Regra especial: art 934º.
o Definitivo: pode gerar a resolução como forma de extinção do contrato. O art
442º apenas se aplica ao regime de incumprimento definitivo.
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Quando há incumprimento do comprador a prestações (934º CC):
1) Pode perder o benefício do prazo (incumprimento temporário). É necessário
declarar o vencimento imediato de todas as prestações vicentes;
2) Resolução: incumprimento definitivo.
Ou se provoca a resolução do contrato ou a perda do benefício do prazo, dado que à
luz do art 934º estes são mecanismos diferentes, autónomos e independentes.
O art 802º/2º só dá lugar à resolução quando o incumprimento for grave, o não
pagamento de 2 prestações é de não escassa importância (incumprimento grave).
A interpelação admonitória (art 804º/2º), tem como premissa de base a mora do
devedor e visa transformar o incumprimento temporário em definitivo. A mora é o
atraso imputável ao devedor, sendo ainda possível o cumprimento. São necessários 3
pressupostos:
1) Intimação para cumprimento;
2) Fixação do prazo, sendo este certo, razoável e perentório;
3) Culminação sob pena de incumprimento definitivo.
O art 934º para que seja aplicado com o objetivo de resolver o contrato são
necessários alguns pressupostos, sendo estes cumulativos, pois têm que estar todos
preenchidos:
1) Venda a prestações;
2) Reserva de propriedade;
3) Entrega da coisa (gozo);
4) Falta de pagamento de 1 só prestação se exceder a 8ª parte do preço é possível
a resolução do contrato.
Quando estão em causa 7 ou – prestações, a falta de 1 delas excede a 8ª parte do
preço, caso estejam em causa 10 ou + a falta de 1 não ultrapassa a 8ª parte. Se estiver
em causa + do que 1 prestação não se aplica o art 934º, podendo ser invocada logo a
resolução do contrato.
Este art tem como função a proteção do comprador a prestações, pois se não existisse
daria lugar diretamente à resolução do contrato.
Porque é que o vendedor reserva para si a propriedade até ao cumprimento final das
ob? se a outra parte não pagar as prestações há a extinção do contrato por via de
resolução, tendo esta efeitos retroativos, logo tudo deve ser restituído.
Confronto entre os direitos reais e os direitos de crédito
A distinção essencial consiste no critério do objeto: os direitos reais são dtos sobre as
coisas e os dtos de crédito são dtos a prestações. O dto de crédito necessita da
mediação/colaboração do devedor para poder ser exercido.
o Dtos de crédito: por natureza são dtos relativos (operam inter partes), pelo que
a sua oponibilidade a 3º é limitada, só podendo recorrer em certas
circunstâncias. A regra é de que não se prioriza o dto primeiramente
constituído. Estes dtos estão divididos em sub-tipos:
1) Dtos de crédito comuns
a) Pecuniários: vale a regra do rateio do património;
b) Não pecuniários.
2) Dtos pessoais de gozo (art 1682º+407º): pressupõe que haja um poder
direto e imediato sobre uma coisa e podem ser dtos que:
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a) Resultam da lei (ex legem): temos o dto do locatário, do comodatário,
do depositário e do locatário financeiro;
b) Do contrato: há um poder direto e imediato sobre a coisa e esta terá
que ter sido entregue para que possa ser usada.
3) Dtos de crédito de grau máximo: consiste numa posição jurídica do
promitente comprador com eficácia real, ou seja, para que o contrato de
promessa tenha eficácia real (413º) é necessário registo. Este dto de crédito
nada tem a ver com o gozo do bem, pois a coisa ainda não foi entregue. Ex:
compra a prestações.
O legislador pretendeu seguramente qualificar estes dtos como dtos de crédito,
estabelecendo que embora confiram o gozo de uma coisa, esse gozo resulta ou de uma
ob positiva assumida pela outra parte (ex: locação) ou de uma ob negativa por esta
assumida (ex: comodato). Se houver dtos pessoais de gozo incompatíveis entre si,
utilizamos o art 407º, aplicando o dto primeiramente constituído.
o Dtos reais: são dtos absolutos (operam erga omnes). A regra é de que vale a
prioridade do dto primeiramente constituído. Existe o dto de sequela.
Ambos os dtos têm como característica o facto de admitirem tutela que extravasa da
simples ação de cumprimento e execução (art 817º).
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