Civil 19.1

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INTENSIVO I

Flávio Tartuce
Direito Civil
Aula 19

ROTEIRO DE AULA

Teoria geral dos contratos (continuação)

7. Extinção dos contratos (CC, arts. 472 a 480)

Quatro formas básicas:

• Extinção normal (1)


• Extinção por fatos anteriores à celebração (3).
• Extinção por fatos posteriores à celebração (2: 4 e 2).
• Extinção por morte (1).

7.1. Extinção normal do contrato

Cumprimento, adimplemento, implemento, pagamento, solvência ou advento do termo final.

7.2. Extinção por fatos anteriores

Ocorre em três hipóteses relacionadas a problemas na formação do contrato ou cláusulas contratuais (autonomia
privada).

a) Invalidade contratual: Parte Geral do Código Civil de 2002)

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a.1) Contrato nulo: CC, art. 1661.
a.2) Contrato anulável: CC, art. 1712.

b) Cláusula de arrependimento

I - É uma previsão contratual que dá às partes um direito potestativo de extinguir o contrato.


II - Exemplo em que consta, geralmente: compromisso de compra e venda não registrado na matrícula do imóvel.
III - O seu exercício, em regra, não gera perdas e danos.
IV – Não confundir a cláusula de arrependimento (autonomia privada) com o direito de arrependimento (decorre da lei).
Exemplo (direito de arrependimento): CDC, art. 493 (prazo de reflexão): 7 dias a contar da assinatura do contrato ou do
recebimento do produto ou execução do serviço (contratos celebrados fora do estabelecimento).

c) Cláusula resolutiva expressa (CC, art. 4744)


I – Previsão contratual que associa a extinção do contrato a uma condição somada ao inadimplemento.
II – Opera de pleno direito (forma automática).
III – Exemplo: compra e venda de bem móvel. “Se até o dia 19.12.2018, o vendedor não entregar a coisa e o comprador
não pagar o preço, o contrato estará extinto e resolvido”.
IV – Observação n. 1: em alguns contratos mesmo havendo a cláusula resolutiva expressa será necessário notificar a
outra parte para extinguir o contrato o negócio (dever de informar – princípio da boa-fé objetiva).
Exemplo: “Leasing” ou arrendamento mercantil: Súmula 369 STJ5.

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CC, art. 166: “É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito,
impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática,
sem cominar sanção”.
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CC, art. 171: “Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade
relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores”.
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CDC, art. 49: “O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de
recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o
direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de
reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados”.
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CC, art. 474: “A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial”.
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“No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a
notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora”.

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7.3. Extinção por fatos posteriores

I - Envolve duas situações básicas:


• Resolução: inadimplemento (descumprimento).
• Resilição: exercício de direito potestativo (bilateral ou unilateral); ou vontade da(s) parte(s).

II - Questão n. 1: e o termo rescisão?


➢ A doutrina clássica associava a rescisão à invalidade (Caio Mário e Orlando Gomes).
➢ Pelo Código Civil de 2002, rescisão é gênero do qual resolução e resilição são espécies. Ver os dispositivos a seguir:
• CC, art. 4556: resolução.
• CC, art. 6077: resilição.

a) Resolução (inadimplemento)
Quatro hipóteses:
a.1) Inexecução involuntária
I – Sem dolo/sem culpa.
II – Resolução sem perdas e danos.
III – Exemplo: caso fortuito (evento totalmente imprevisível) e força maior (evento previsível, mas inevitável), em regra
(CC, art. 3938).

a.2) Inexecução voluntária

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CC, art. 455: “e parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a
restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a
indenização”.
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CC, art. 607: “O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina, ainda, pelo
escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de
qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior”.
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CC, art. 393: “O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente
não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou
impedir”.

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I – Com dolo/com culpa.
II – CC, art. 4759: a parte lesada pelo inadimplemento pode exigir o cumprimento forçado do contrato ou a sua
resolução, nos dois casos com perdas e danos.

a.3) Resolução por onerosidade excessiva (CC, art. 47810)

I – Trata-se da teoria da imprevisão para extinguir o contrato.


II – Sentença resolutiva: efeitos “ex tunc” à data da citação.
III – Dentro da ação de resolução, é possível a revisão do contrato aplicando-se os seguintes dispositivos:

• CC, art. 47911: revisão por oferecimento do réu. Observação n. 2 (Enunciado n. 367 – IV Jornada de Direito
Civil12): para que a revisão seja possível deve-se ouvir a parte autora, respeitar a sua vontade e observar o
contraditório.
• CC, art. 48013: revisão de contratos unilaterais e onerosos por pedido sucessivo do autor. Exemplo: mútuo
oneroso (dinheiro mais juros).

a.4) Cláusula resolutiva tácita

I – Previsão legal que associa a extinção do contrato a uma condição somada ao inadimplemento.
II – CC, art. 474: depende de interpelação judicial (alegação em processo).

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CC, art. 475: “A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o
cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos”.
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CC, art. 478: “Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data
da citação”.
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CC, art. 479: “A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do
contrato”.
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“Em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que tenham por objeto a resolução do pacto por
excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo eqüitativamente, desde que ouvida a parte autora, respeitada sua
vontade e observado o contraditório”.
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CC, art. 480: “Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua
prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva”.

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III – Exemplo: exceção de contrato não cumprido (“exceptio non adimpleti contractus”) (CC, art. 47614). Em um contrato
bilateral, uma parte não pode exigir que a outra cumpra a sua obrigação se não cumprir com a própria (inadimplemento
bilateral).
IV – Efeito resolutivo: se em um contrato bilateral, ambas as partes não cumprirem as suas obrigações, o contrato
estará extinto e resolvido, desde que isso seja alegado em processo (inicial ou defesa).
V – No caso de inadimplemento unilateral, ou sua iminência, o artigo 477 do Código Civil15 tratar da “exceptio non rite
adimpleti contractus”. Também:

• Exceção de inseguridade (suspensão) (Enunciado n. 438 – V Jornada de Direito Civil16).


• Quebra antecipada do contrato (Enunciado n. 437 – V Jornada de Direito Civil17).

Se uma parte perceber que há risco de que a outra parte não cumpra com a sua obrigação, poderá exigir cumprimento
antecipado ou garantias de cumprimento, sob pena de resolução.

VI – Observação n. 3: cláusula “solve et repete” (pague e depois peça”): renúncia prévia aos artigos 476 e 477.
Questão n. 2: Essa cláusula é válida?
• Sim: contrato civil e paritário.
• Não: contrato de consumo (CDC, art. 51, IV18) e de adesão (CC, art. 42419).

b) Resilição: direito potestativo (duas hipóteses)


b.1) Resilição bilateral: as duas partes, de comum acordo, querem a extinção do contrato, o que se dá pelo distrato.
CC, art. 47220: o distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

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CC, art. 476: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o
implemento da do outro”.
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CC, art. 477: “Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu
patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à
prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la”.
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“A exceção de inseguridade, prevista no art. 477, também pode ser oposta à parte cuja conduta põe, manifestamente
em risco, a execução do programa contratual”.
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“A resolução da relação jurídica contratual também pode decorrer do inadimplemento antecipado”.
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CDC, art. 51: “São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos
e serviços que: (...). IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade".
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CC, art. 424: “Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a
direito resultante da natureza do negócio”.
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CC, art. 472: “O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato”.

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b.2) Resilição unilateral (CC, art. 47321): nos casos previstos em lei de forma expressa ou implícita mediante denúncia
notificada (judicial ou extrajudicial).
I - Exemplos:
• Denúncia vazia (locação e prestação de serviços).
• Revogação/renúncia (mandato).
• Exoneração unilateral (fiança sem prazo determinado). Está no art. 835 do Código Civil, que ainda será
estudado.

II – Atenção: CC, art. 473, parágrafo único: boa-fé objetiva e função social do contrato. Prorrogação compulsória do
contrato. A resilição será postergada diante da realização de investimentos consideráveis.

➢ Exemplo n. 1: TJ/SP: Caso da Nokia (2007):


“CONTRATO – Rescisão – Cláusula contratual que permite a rescisão unilateral e imotivada do contrato mediante aviso
prévio de 30 dias – Tutela antecipada pleiteada a fim de que fique suspensa a rescisão do contrato até sentença final
(trânsito em julgado) – Inadmissibilidade, eis que, desse modo, esse prazo pode se estender por vários anos - Alegação
de que tal cláusula viola a boa-fé objetiva e desrespeita a função social do contrato – Tese que merece acolhida em face
da nova concepção da relação jurídica contratual operada com o Novo Código Civil – Existência de prova inequívoca de
que a contratante fez investimentos consideráveis em função da relação contratual operada em função da relação
contratual até então existente – Prazo de rescisão que, assim, se mostra desarrazoado – Possibilidade de dilatação –
Artigo 473, parágrafo único, do Novo Código Civil, aplicável ao caso – Inexistência de prova, por ora, do volume de
investimentos feitos pela contratante – Dilação que assim se defere até prolação da sentença de primeiro grau, ficando,
a critério do juízo “a quo” estendê-lo, ou não, diante dos argumentos da parte contrária, ainda não citada, e da prova
realizada – Deferimento parcial da tutela pleiteada – Recurso provido em parte” (Agravo de Instrumento n. 7.148.853-4
– São Paulo - 12ª Câmara de Direito Privado - Relator: Rui Cascaldi – 13.06.07 - V.U. - Voto n.11.706).

➢ Exemplo n. 2: STJ, REsp n. 1.555.202/SP:


“RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CLÁUSULA CONTRATUAL. RESILIÇÃO UNILATERAL. DENÚNCIA
IMOTIVADA. VULTOSOS INVESTIMENTOS PARA REALIZAÇÃO A DA ATIVIDADE. DANO INJUSTO. BOA-FÉ OBJETIVA. FINS
SOCIAL E ECONÔMICO. OFENSA AOS BONS COSTUMES. ART. 473, PARÁGRAFO ÚNICO DO CC/2002. PERDAS E DANOS
DEVIDOS. LUCROS CESSANTES AFASTADOS. 1. É das mais importantes tendências da responsabilidade civil o
deslocamento do fato ilícito, como ponto central, para cada vez mais se aproximar da reparação do dano injusto. Ainda

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CC, art. 473: “A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante
denúncia notificada à outra parte. Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver
feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido
prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos”.

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que determinado ato tenha sido praticado no exercício de um direito reconhecido, haverá ilicitude se o fora em
manifesto abuso, contrário à boa-fé, à finalidade social ou econômica do direito, ou, ainda, se praticado com ofensa aos
bons costumes. 2. Tendo uma das partes agido em flagrante comportamento contraditório, ao exigir, por um lado,
investimentos necessários à prestação dos serviços, condizentes com a envergadura da empresa que a outra parte
representaria, e, por outro, após apenas 11 (onze) meses, sem qualquer justificativa juridicamente relevante, a rescisão
unilateral do contrato, configura-se abalada a boa-fé objetiva, a reclamar a proteção do dano causado injustamente.
3. Se, na análise do caso concreto, percebe-se a inexistência de qualquer conduta desabonadora de uma das partes, seja
na conclusão ou na execução do contrato, somada à legítima impressão de que a avença perduraria por tempo razoável,
a resilição unilateral imotivada deve ser considerada comportamento contraditório e antijurídico, que se agrava pela
recusa na concessão de prazo razoável para a reestruturação econômica da contratada. 4. A existência de cláusula
contratual que prevê a possibilidade de rescisão desmotivada por qualquer dos contratantes não é capaz, por si só, de
afastar e justificar o ilícito de se rescindir unilateralmente e imotivadamente um contrato que esteja sendo cumprindo a
contento, com resultados acima dos esperados, alcançados pela contratada, principalmente quando a parte que não
deseja a resilição realizou consideráveis investimentos para executar suas obrigações contratuais. 5. Efetivamente, a
possibilidade de denúncia "por qualquer das partes" gera uma falsa simetria entre os contratantes, um sinalagma cuja
distribuição obrigacional é apenas aparente. Para se verificar a equidade derivada da cláusula, na verdade, devem ser
investigadas as consequências da rescisão desmotivada do contrato, e, assim, descortina-se a falácia de se afirmar que a
resilição unilateral era garantia recíproca na avença. 6. O mandamento constante no parágrafo único do art. 473 do
diploma material civil brasileiro se legitima e se justifica no princípio do equilíbrio econômico. Com efeito, deve-se
considerar que, muito embora a celebração de um contrato seja, em regra, livre, o distrato é um ônus, que pode, por
vezes, configurar abuso de direito. 7. Estando claro, nos autos, que o comportamento das recorridas, consistente na
exigência de investimentos certos e determinados como condição para a realização da avença, somado ao excelente
desempenho das obrigações pelas recorrentes, gerou legítima expectativa de que a cláusula contratual que permitia a
qualquer dos contratantes a resilição imotivada do contrato, mediante denúncia, não seria acionada naquele momento,
configurado está o abuso do direito e a necessidade de recomposição de perdas e danos, calculadas por perito
habilitado para tanto. Lucros cessantes não devidos. 8. Recurso especial parcialmente provido” (REsp 1555202/SP, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 13/12/2016, DJe 16/03/2017).

7.4. Extinção por morte


I – Só ocorre nos contratos personalíssimos (“intuitu personae”).
II – Expressão de Orlando Gomes: cessação contratual.
III – Exemplo: CC, art. 60722 (prestação de serviços).

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CC, art. 607: “O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina, ainda, pelo
escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de
qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior”.

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Contratos em espécie.
Serão estudados os seguintes contratos nas aulas faltantes do curso. São os que mais caem em concursos públicos.
• Compra e venda.
• Doação.
• Prestação de serviços/empreitada.
• Comodato/mútuo/fiança.

Compra e venda (CC, arts. 481 a 532)

1. Conceito e natureza jurídica

I – Pela compra e venda o vendedor se obriga a transferir ao comprador o domínio de certa coisa, mediante o
pagamento de uma remuneração em dinheiro (preço).
II – Trata-se de um contrato translativo, pois traz o comprometimento de transmissão da propriedade.
Mas, cuidado: a compra e venda, por si só, não transmite a propriedade, o que se dá, em regra, pela tradição (móveis)
ou pelo registro (imóveis).

III – Natureza jurídica:

a) Bilateral ou sinalagmático: traz direitos e deveres para ambas as partes de forma proporcional.

b) Oneroso: prestação mais contraprestação.

c) Consensual: tem aperfeiçoamento com manifestação de vontade das partes (CC, art. 48223).

d) Comutativo, em regra: as prestações são conhecidas pelas partes.

Como exceção, a compra e venda pode ser aleatória em duas modalidades básicas (CC, arts. 458 a 46124):

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CC, art. 482: “A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem
no objeto e no preço”.
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CC, art. 458: “Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir
um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua
parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir”.

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• Venda da esperança (“emptio spei”): risco maior: existência e quantidade.
• Venda da esperança com coisa esperada (“emptio rei speratae”): risco menor: quantidade (fixado um mínimo).

e) Quanto às formalidades/solenidades (CC, arts. 107 e 10825):

• Compra e venda de imóvel superior a 30 salários-mínimos: contrato formal e solene.


• Compra e venda de imóvel igual ou inferior a 30 salários-mínimos: contrato formal e não solene.
• Compra e venda de móvel: contrato informal e não solene. Pode ser verbal.

2. Elementos constitutivos da compra e venda

Elementos essenciais e naturais (3):


• Partes + consenso (“consensus”).
• Coisa (“res”).
• Preço (“pretium”).

2.1. Partes + “consensus”

I – Partes:
• Vendedor.
• Comprador.

CC, art. 459: “Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir
em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido
culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido”.
CC, art. 460: “Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo
adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo,
no dia do contrato”.
CC, art. 461: “A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo
prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava
exposta a coisa”.
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CC, art. 107: “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir”.
CC, art. 108: “Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que
visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta
vezes o maior salário mínimo vigente no País”.

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II – Devem ser capazes (CC, arts. 3º e 4º26) e legitimadas (legitimação para a compra e venda).
III – Suas vontades devem ser livres, sem vícios.
IV – Exemplos de legitimação para a compra e venda:

➢ CC, art. 1.64727, I: venda de imóvel exige outorga conjugal – uxória (mulher) ou marital (marido).
Observação n. 4:
• Menos no regime da separação absoluta (entendida como a separação convencional de bens). Será explicado
no Intensivo II.
• CC, art. 1.64928: anulabilidade.

➢ CC, art. 49629: venda de ascendente para descendente. Haverá necessidade de autorização dos demais
descendentes e do cônjuge do alienante, sob pena de anulabilidade.

Observação n. 5 (CC, art. 496, parágrafo único): “Em ambos os casos”: desconsiderada (Enunciado n. 177 – III Jornada de
Direito Civil30). Menos dispensa-se a autorização do cônjuge na separação obrigatória de bens (CC, art. 1.64131).

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CC, art. 3º: “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis)
anos”.
CC, art. 4º: “São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial”.
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CC, art. 1.647: “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no
regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis".
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CC, art. 1.649: “A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato
praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal”.
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CC, art. 496: “É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação
obrigatória”.
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“Por erro de tramitação, que retirou a segunda hipótese de anulação de venda entre parentes (venda de descendente
para ascendente), deve ser desconsiderada a expressão "em ambos os casos", no parágrafo único do art. 496”.
31
CC, art. 1.641: “É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com
inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial”.

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Questão n. 3: qual o prazo para a ação anulatória (CC, art. 496)? Súmula 494 do STF32: prazo prescricional de 20 anos.
A posição que prevalece na doutrina e no STJ é pela aplicação do prazo decadencial de 2 anos do artigo 179 do Código
Civil33. Nesse sentido, Enunciado n. 368 – IV Jornada de Direito Civil34) e STJ:

“RECURSO ESPECIAL. AÇÃO OBJETIVANDO A "DECLARAÇÃO DE NULIDADE" DA VENDA DE COTAS DE SOCIEDADE


REALIZADA POR ASCENDENTE A DESCENDENTE SEM A ANUÊNCIA DE FILHA ASSIM RECONHECIDA POR FORÇA DE
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE POST MORTEM. 1. Sob a égide do Código Civil de 1916, o exercício do direito de anular
venda de ascendente a descendente - que não contara com o consentimento dos demais e desde que inexistente
interposta pessoa -, submetia-se ao prazo "prescricional" vintenário disposto no artigo 177 do codex. Inteligência da
Súmula 494 do STF. Tal lapso, na verdade decadencial, foi reduzido para dois anos com a entrada em vigor do Código
Civil de 2002 (artigo 179). 2. Nada obstante, assim como ocorre com os prazos prescricionais, nos casos em que
deflagrado o termo inicial da decadência durante a vigência do código revogado, aplicar-se-á a norma de transição
estabelecida no artigo 2.028 do Código Civil de 2002. Assim, devem ser observados os prazos do Código Civil anterior,
quando presentes as seguintes condições: (i) redução do prazo pelo diploma atual; e (ii) transcurso de mais da metade
do tempo estabelecido na regra decadencial ou prescricional revogada. 3. No caso de autor que contava com menos de
dezesseis anos à época da deflagração do fato gerador da pretensão deduzida em juízo, a Quarta Turma consagrou,
recentemente, o entendimento de que o confronto entre a norma de transição (artigo 2.028 do Código Civil) e a regra
que obsta o transcurso do prazo prescricional não poderá traduzir situação prejudicial ao absolutamente incapaz (REsp
1.349.599/MG, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 13.06.2017, DJe 01.08.2017). Tal exegese
também deve ser aplicada aos prazos decadenciais reduzidos pelo Código Civil de 2002, quando em discussão o
exercício de direito potestativo por menor impúbere. Necessária observância do paradigma da proteção integral,
corolário do princípio da dignidade da pessoa humana. 4. O STJ, ao interpretar a norma (inserta tanto no artigo 496 do
Código Civil de 2002 quanto no artigo 1.132 do Código Civil de 1916), perfilhou o entendimento de que a alienação de
bens de ascendente a descendente, sem o consentimento dos demais, é ato jurídico anulável, cujo reconhecimento
reclama: (i) a iniciativa da parte interessada; (ii) a ocorrência do fato jurídico, qual seja, a venda inquinada de inválida;
(iii) a existência de relação de ascendência e descendência entre vendedor e comprador; (iv) a falta de consentimento
de outros descendentes; e (v) a comprovação de simulação com o objetivo de dissimular doação ou pagamento de
preço inferior ao valor de mercado. Precedentes. 5. De outro lado, malgrado a sentença que reconhece a paternidade
ostente cunho declaratório de efeito ex tunc (retro-operante), é certo que não poderá alcançar os efeitos passados das

32
“A ação para anular venda de ascendente a descendente, sem consentimento dos demais, prescreve em vinte anos,
contados da data do ato, revogada a Súmula nº 152”.
33
CC, art. 179: “Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a
anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato”.
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“O prazo para anular venda de ascendente para descendente é decadencial de dois anos (art. 179 do Código Civil)”.

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situações de direito definitivamente constituídas. Não terá, portanto, o condão de tornar inválido um negócio jurídico
celebrado de forma hígida, dadas as circunstâncias fáticas existentes à época. Precedentes. 6. Na espécie, à época da
concretização do negócio jurídico - alteração do contrato de sociedade empresária voltada à venda de cotas de
ascendente a descendente -, a autora ainda não figurava como filha do de cujus, condição que somente veio a ser
reconhecida no bojo de ação investigatória post mortem. Dadas tais circunstâncias, o seu consentimento (nos termos da
norma disposta no artigo 1.132 do Código Civil de 1916 - atual artigo 496 do Código Civil de 2002) não era exigível nem
passou a sê-lo em razão do posterior reconhecimento de seu estado de filiação. Na verdade, quando a autora obteve o
reconhecimento de sua condição de filha, a transferência das cotas sociais já consubstanciava situação jurídica
definitivamente constituída, geradora de direito subjetivo ao réu, cujos efeitos passados não podem ser alterados pela
ulterior sentença declaratória de paternidade, devendo ser, assim, prestigiado o princípio constitucional da segurança
jurídica. Ademais, consoante assente na origem, não restou demonstrada má-fé ou qualquer outro vício do negócio
jurídico a justificar a mitigação da referida exegese. 7. Recurso especial não provido” (REsp 1356431/DF, Rel. Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 08/08/2017, DJe 21/09/2017).

“CIVIL E PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. RECEBIMENTO COMO AGRAVO
REGIMENTAL. AÇÃO ANULATÓRIA DE VENDA DE ASCENDENTE A DESCENDENTE. ANULABILIDADE, AINDA QUE NA
VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL DE 1916. SUJEIÇÃO A PRAZO DECADENCIAL. REDUÇÃO DO PRAZO PELO CÓDIGO CIVIL
VIGENTE. REGRA DE TRANSIÇÃO. APLICABILIDADE. INTEGRAL TRANSCURSO DO PRAZO LEGAL. DECADÊNCIA
RECONHECIDA. RECURSO DESPROVIDO. DECISÃO MANTIDA. 1. A venda de ascendente a descendente caracteriza ato
anulável, ainda que praticado na vigência do Código Civil de 1916, condição reafirmada no art. 496 do atual diploma
material. Precedentes. 2. Segundo o art. 179 do Código Civil de 2002, "quando a lei dispuser que determinado ato é
anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do
ato." 3. O prazo fixado pelo Código Civil revogado, reduzido pela atual lei civil, só prevalece se não transcorrida mais da
metade (inteligência do art. 2.028 do CC/2002). O novel prazo legal deve ser contado a partir do início de vigência do
atual diploma material civil. Precedentes. 4. No caso concreto, ajuizada ação após o prazo fixado pelo art. 179 do Código
Civil vigente, afigura-se impositivo o reconhecimento da decadência do direito de o autor pleitear a anulação do ato
jurídico contrário à norma do art. 1.132 do CC/1916, atual art. 496 do CC/2002. 5. Embargos de declaração recebidos
como agravo regimental, ao qual se nega provimento” (EDcl no REsp 1198907/RS, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 09/09/2014, DJe 18/09/2014).

2.2. Coisa (“res”)

I – Coisa: bem corpóreo (material, tangível). Não existe compra e venda de bens incorpóreos ou imateriais, pois o
contrato será de cessão de direitos.

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II – A coisa pode ser móvel ou imóvel. Deve ser lícita, possível e determinável, sob pena de nulidade da compra e venda
(CC, art. 166, II35).
III – A coisa deve ser alienável.
➢ Venda de bem inalienável é nula (CC, art. 166, II e VI). Não confundir com a figura a seguir:
➢ Venda “a non domino”: por quem não é o dono (coisa alheia).

• CC, art. 1.26836: móveis: ineficaz.


• STJ: imóveis: ineficaz:

“AÇÃO RESCISÓRIA. Ação reivindicatória. Venda a non domino. A ineficácia pode ser alegada pelo réu da ação
reivindicatória (art. 622 do CCivil)” (REsp 94.270/SC, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, Rel. p/ Acórdão Ministro RUY
ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 21/03/2000, DJ 25/09/2000, p. 101).

“RECURSOS ESPECIAIS. LEILÃO DE IMÓVEL RURAL ANTERIORMENTE DESAPROPRIADO. ART. 535 DO CPC. VENDA A NON
DOMINO. INEFICÁCIA DO NEGÓCIO. AÇÃO EX EMPTO. IRREGULARIDADE DAS DIMENSÕES DO IMÓVEL. LUCROS
CESSANTES. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. 1. Não há violação ao artigo 535, II do CPC,
quando embora rejeitados os embargos de declaração, a matéria em exame foi devidamente enfrentada pelo Tribunal
de origem, que emitiu pronunciamento de forma fundamentada, ainda que em sentido contrário à pretensão da
recorrente. 2. A venda a non domino é aquela realizada por quem não é o proprietário da coisa e que, portanto, não
tem legitimação para o negócio jurídico. Soma-se a essa condição, o fato de que o negócio se realiza sob uma
conjuntura aparentemente perfeita, instrumentalmente hábil a iludir qualquer pessoa. 3. A actio ex empto tem como
escopo garantir ao comprador de determinado bem imóvel a efetiva entrega por parte do vendedor do que se
convencionou em contrato no tocante à quantidade ou limitações do imóvel vendido, não valendo para os casos em que
há impossibilidade total do apossamento da área para gozo e fruição, por vício na titularidade da propriedade. 4. A
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de que, para a concessão de indenização por perdas
e danos com base em lucros cessantes, faz-se necessária a comprovação dos prejuízos sofridos pela parte. 5. A

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CC, art. 166: “É nulo o negócio jurídico quando:
(...)
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
(...)
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa.
(...)”.
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CC, art. 1.268: “Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida
ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé,
como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono”.

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demonstração da divergência jurisprudencial não se satisfaz com a simples transcrição de ementas, mas com o
confronto entre trechos do acórdão recorrido e das decisões apontadas como divergentes, mencionando-se as
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, providência não verificada nas razões recursais.
6. Recursos especiais não providos” (REsp 1473437/GO, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 07/06/2016, DJe 28/06/2016).

IV – A coisa pode ser atual ou futura (CC, art. 48337: venda sob encomenda).

Questão n. 4: e se a coisa vier a não existir? O contrato será ineficaz. Veja o art. 483 do Código Civil. Trata-se de uma
opção do legislador.

Continua na próxima aula.

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CC, art. 483: “A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se
esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório”.

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