Setembro - Amarelo - Book 1 - Teórico
Setembro - Amarelo - Book 1 - Teórico
Setembro - Amarelo - Book 1 - Teórico
Expediente
IDEALIZADORES
Bruno Oliveira
Camila Cury Oliveira
DIRETORIA EDITORIAL
Bruno Oliveira
GERÊNCIA EDITORIAL
Ana Paula Guiroto de Castro
COORDENADORIA SOCIOEMOCIONAL
Angélica Rodrigues
AUTORIA
Psicóloga Bruna Capeli
IMAGENS
Shutterstock
REVISÃO
Luiza Emrich
1ª edição/ 2024
Todos os direitos desta edição estão reservados a Multifocal RP.
Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sob
quaisquer meios existentes sem autorização por escrito da empresa.
Introdução
Querido(a) educador(a), você sabia que, a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no mundo?
Estima-se que, para cada suicídio consumado, 135 pessoas podem ser impactadas. As estatísticas
entristecem e, ao mesmo tempo, apontam para a urgência em encontrar formas melhores de cuidar
desse fenômeno não só na área da saúde, mas também na área educacional, já que a escola é um
contexto em que surgem muitas demandas relevantes. A Campanha Setembro Amarelo, Amarelo iniciada em
2015 no Brasil, é dedicada à conscientização e prevenção ao suicídio e tem sua origem relacionada à
história de Mike Emme, um jovem norte-americano, conhecido por sua personalidade carinhosa e que
gostava de mecânica, tendo como marca pessoal um Mustang 68 que ele mesmo restaurou e pintou de
amarelo. Em 1994, aos 17 anos, Mike cometeu suicídio sem que nenhum sinal de sofrimento fosse percebido
pelos familiares e amigos antes. No seu funeral, fitas amarelas foram distribuídas com uma mensagem
“Se precisar, peça ajuda”, assim, a fita amarela se tornou um símbolo dessa campanha tão importante.
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Falar sobre o tema pode salvar vidas
Para iniciar uma orientação sobre prevenção ao
suicídio, é fundamental superar tabus e reafirmar um
ponto importante: falar sobre o tema NÃO cria ideação
suicida em quem não apresenta esses pensamentos
sobre a morte e o morrer. Esse é um primeiro grande
mito que atrapalha muito a divulgação de informações
valiosas. Lembre-se de que orientações adequadas
podem ser decisivas nas ações exigidas para cuidar
de pessoas que enfrentam pensamentos suicidas, uma
vez que tal comportamento é um dos piores desfechos
frente aos sofrimentos humanos.
Encarar a temática com pavor, desespero, buscando
distrações ou encerrar o assunto impede que informações
esclarecedoras cheguem àqueles que pensam em morrer, mas nunca falariam sobre isso. Saber que há formas
de lidar com tais pensamentos, saber onde buscar ajuda respeitosa, sem julgamento, com privacidade, saber
que não está sozinho, que existem pessoas capacitadas para ajudar são fatores protetivos contra ideias tão
extremas.
Ao longo desse material, você encontrará informações sobre a incidência de casos, conteúdos que
tornam o assunto mais compreensível, separando o que é mito, crença, preconceito e elucidando o que
é produtivo para o auxílio quando necessário. Serão apresentados conceitos, fatores de risco e fatores
protetivos, comportamentos que precisam de atenção especial e aspectos práticos para conduzir, de forma
responsável, os primeiros acolhimentos diante dessa situação nas diferentes fases do desenvolvimento.
O material será dividido de forma didática em tópicos com conteúdo explicativo e direcionamento
para condutas mais assertivas, além de deixar claro o que pode ser feito e o que não fazer diante de
determinadas situações de risco de suicídio.
É válido ressaltar que as informações contidas nesse material não equivalem ou substituem
uma avaliação ou tratamento médico/psicológico.
Aprofunde-se nesse material com atenção, abertura e sem julgamentos.
Boa leitura!
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direcionar esforços para prevenir, pois são muitas pessoas que pensam,
sentem e sofrem por considerar a morte uma opção válida.
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Sinais comportamentais:
• Agressividade;
• Insônia ou aumento de sono;
• Alterações no apetite;
• Isolamento de familiares e amigos;
• Deixar de fazer atividades que traziam bem-estar;
• Visitar pessoas ou fazer ligações com aspecto de despedida;
• Aumento de uso de substâncias e álcool;
• Pesquisa sobre formas de se machucar ou formas de morrer.
Sinais emocionais e humor
• Irritabilidade;
• Sensação de vazio;
• Falta de propósito;
• Agitação;
• Tristeza;
• Sentimento de vergonha, culpa.
O que observar em crianças e adolescentes?
Crianças e adolescentes expressam sintomas de formas diferentes dos adultos. Os sinais listados abaixo
podem indicar manifestações de outras condições como abuso, violência, para além de ideação suicida, por
isso, avaliações especializadas são necessárias.
• Falta de atenção;
• Agitação;
• Mau comportamento em sala de aula;
• Tédio e falta de interesse pelas coisas;
• Queda no desempenho escolar;
• Dores constantes (cabeça, estômago, dor de barriga);
• Descaso com aparência;
• Agressividade;
• Situações traumáticas como bullying;
• Dificuldade em receber elogios.
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2. “Quem fica tentando se matar só quer chamar a atenção.”. FALSO. É essencial ficar atento e orientar
pessoas com pensamentos suicidas para que busquem ajuda imediata mesmo que você imagine
que a pessoa não concluirá a ameaça. Muitas pessoas morrem em tentativas feitas em momentos
de impulsividade, outras comentam sobre sofrimentos e ideação suicida meses ou semanas antes do
ato final. Na dúvida, ao invés de expor sua interpretação sobre o que acha que a pessoa fará, ofere-
ça uma escuta empática e direcione para ajuda especializada. Comunicar ideação suicida pode ser
visto como um pedido de socorro, querer atenção também é sinal de que algo não vai tão bem, em
qualquer cenário, mostre humanidade, respeito e direcionamento para que a pessoa tenha a chance
de analisar melhor suas escolhas.
3. “Desafiar a pessoa a concluir uma ameaça de suicídio com a expectativa disso mudar o pensamento
dela.”. INADEQUADO. Ainda na linha de raciocínio inadequado de que a pessoa que ameaça não quer,
de fato, morrer, existem aqueles que podem pensar que desafiar é uma estratégia útil, mas não é. O
confronto, em momentos de decisão que envolvem um estado emocional delicado, apenas atrapalha
todo um funcionamento mental já inundado por inúmeros pensamentos perturbadores. Uma presença
genuinamente interessada ajuda mesmo em silêncio. Acolher não é sinônimo de opinar, mostrar apoio
por meio de atitudes conta, fale apenas quando sua fala puder contribuir com a resolução do problema.
4. “O problema não é tão grave para a pessoa realmente estar pensando em suicídio.”. INADEQUADO.
Cada um pensa e sente de maneira particular cada situação, tentar medir o sofrimento de outra pessoa
comparando com o que você faria é uma forma de invalidação e desrespeito com o outro. Em um ce-
nário de ideação suicida, esse não deve ser o foco, é preciso assumir que a pessoa já elencou motivos
como suficientes para considerar morrer, questionar o quão racional é a decisão da pessoa será perda
de tempo em um momento crítico que precisa de mais assertividade nas ações.
5. “A pessoa precisa estar muito mal, ter algum diagnóstico em saúde mental para pensar em morrer.”.
FALSO. Ainda que transtornos mentais sejam fator de risco para o suicídio, nem todas as pessoas com
ideação suicida apresentam sofrimento identificável ou instabilidade emocional, muitas conseguem ge-
renciar bem suas emoções, expressam suas ideias, conseguem performar estar bem para não chamar
a atenção e acabam cometendo suicídio mesmo assim. Sinais de comportamentos suicidas podem ser
muito sutis, pessoas podem falar de coisas práticas, como quem está colocando a vida em ordem, dire-
cionar alguém para cuidar dos seus bens, animais, etc. e estar pensando em tirar a própria vida.
6. “Se a pessoa quer ser matar, ninguém vai conseguir mudar a cabeça dela, é difícil mudar um suicida.”.
FALSO. Seres humanos são complexos e mesmo com ideação suicida apresentam ambivalência, ou
seja, uma parte quer viver, encontrar uma alternativa mais saudável e outra quer encerrar aquela difi-
culdade/sofrimento a qualquer custo. Pensamentos podem ser modificados, as pessoas podem apren-
der novas formas de entender a vida e seus sofrimentos, com métodos adequados. Alguém comentar
sobre o desejo de morrer mostra que ainda existem caminhos de conversa que ajudem essa pessoa a
considerar outras possibilidades que não estão disponíveis em sua mente, ou seja, a troca com outras
pessoas pode ajudar alguém a mudar de ideia. Importantíssimo ressaltar que a escuta especializada
de profissionais é muito necessária para uma condução adequada da complexidade desses casos, mas
todos podem se preparar para oferecer um acolhimento inicial responsável.
7. “Pensar em suicídio é falta de fé ou falta de Deus.”. FALSO. O discurso religioso, independente da crença
de cada um, deve ser respeitado e tem seu lugar, porém, quando o assunto é saúde mental, usar apenas
a religião para lidar com fenômenos humanos complexos é um grande risco, pois variáveis essenciais
ficam de fora do alcance das crenças religiosas. Tratamento adequado precisa levar em consideração
metodologias que comprovadamente funcionem para gerenciar situações críticas. Cada um interpreta
o mundo de acordo com aquilo que aprendeu, por isso a religião pode ajudar alguns e prejudicar outros.
Algumas pessoas podem, inclusive, entrar em crise por se sentirem inadequadas em relação ao ideal
dentro de sua religião, sentindo-se “pecadoras” diante daquelas crenças e considerando o suicídio por
esse motivo. São inúmeras as variáveis que influenciam o comportamento suicida, por isso, não pode-
mos reduzir a solução a apenas um aspecto da experiência humana que é a religião.
8. “Comparar o sofrimento de alguém com ideação suicida, dizendo que a dor de outra pessoa é maior
que a dele e essa pessoa não pensou em morrer.”. INADEQUADO. Comparações são problemáticas em
muitos contextos. Como foi dito em outro tópico, medir o sofrimento humano é uma tarefa sem sentido,
a subjetividade não comporta esse entendimento de hierarquia de dor, cada um sente e pensa de uma
forma. Para ajudar de fato alguém com ideação suicida, falar sobre problemas de outras pessoas e
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como elas superaram, além de não ajudar, pode atrapalhar, fazendo com que a pessoa sinta culpa por
pensamentos e sentimentos que já são difíceis o suficiente de serem experimentados e, muitas vezes,
são intrusivos, pensamentos indesejados, que a pessoa sabe que fazem mal para ela.
Esses são exemplos bem comuns que demonstram posturas que são empecilhos para a empatia, como fa-
lar antes de escutar, querer doutrinar pessoas sobre o que você acredita, dar conselhos, comparar histórias
de vida, ouvir com intenção de contra-argumentar. Oferecer uma escuta atenta, empática, exige bom senso
além de boas intenções.
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Atendimento psicológico/psiquiátrico especializado
O terceiro é o cuidado especializado, realizado por profissionais da saúde capacitados em suas áreas de
atuação, como psicólogos e psiquiatras, com o objetivo de oferecer um tratamento mais longo, adequado,
personalizado, que contemple a complexidade do sofrimento experimentado por aquela pessoa. Quem
acolhe pode sugerir que a pessoa busque ajuda especializada, as escolas podem fazer encaminhamentos
mais formais tanto para estudantes quanto para colaboradores.
O que fazer?
Primeira infância (0 a 3 anos) e segunda infância (3 a 6 anos) – para professores, familiares
e equipe escolar
Quando falamos em estratégias de prevenção ao suicídio, especialmente nos Anos Iniciais, estamos falando
de educação socioemocional, aquele processo básico que vai desde sentir emoções, identificar, nomear,
expressar e buscar ajuda quando há dificuldade em lidar com elas. Encontrar acolhimento respeitoso dos
adultos à sua volta é fundamental para o bom desenvolvimento, nós começamos a nos entender após o
olhar compreensivo do outro, daquele que cuida.
O ideal seria aprender tudo isso na infância, mas sabemos que, culturalmente, não fomos muito incentiva-
dos a respeitar nossas emoções, esse é um cuidado recente, por isso, adultos também se beneficiam muito
desse olhar compassivo sobre seus próprios processos, até porque a reação dos adultos frente aos sofri-
mentos de crianças e adolescentes é decisiva no desenvolvimento saudável (ou não) daqueles que os bus-
cam como fonte de acolhimento e compreensão. O ser humano busca pertencimento, ele quer a sensação
de que pode existir e ser quem é, busca ser importante, útil, ser parte ativa do mundo que habita.
Na primeira e segunda infância, encontramos com crianças naturalmente imaturas, que ainda não com-
preendem a realidade de forma abstrata, por isso, quando surgem perguntas sobre a morte e o morrer,
temos que dizer a verdade, não precisamos poupar as crianças desse assunto, mas as respostas devem
ser cuidadosas e objetivas, pois muitas explicações não são entendidas por eles nessa fase. É importante
não mentir para as crianças quando o assunto é morte, mas é necessário apoio de recursos, como histórias,
para explicar essa ideia tão complexa da ausência permanente. Os adultos que acompanham crianças que
estão lidando com momentos de luto podem demonstrar emoções e, ao mesmo tempo, transmitir seguran-
ça, sensação de que conseguem lidar com a situação, conseguem acolher todas as formas de expressão
que aquela criança traz justamente por estarem sentindo também.
Acolher e transmitir segurança são ações mais importantes do que as explicações em si nessa fase.
Perguntas sobre o tema podem surgir mesmo sem a vivência do luto, assim, para não trazer conteúdo
denso antecipadamente, explore a curiosidade que essa criança apresenta, buscando entender o que ela
realmente quer saber sobre o assunto, lembre-se que respostas verdadeiras e objetivas são bem-vindas e
ajudam um cérebro imaturo a metabolizar essa curiosidade.
É importante ressaltar que o uso de tecnologias deve ser mediado por adultos responsáveis, pois as crian-
ças podem acabar entrando em contato com conteúdo inapropriado de forma precoce e isso pode ser
evitado. De qualquer forma, a escuta cuidadosa, o acolhimento e um acompanhamento profissional, se
necessário, são efetivos para conduzir situações em que a criança for exposta acidentalmente a algum
conteúdo inadequado que está além da sua capacidade de elaboração.
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Terceira infância (6 aos 12 anos) - para professores, familiares e equipe escolar
À medida que as crianças crescem, passam a sair do pensamento mais concreto e alcançam condições de
compreender o que é abstrato. A noção de que as pessoas morrem e esse é um processo sem retorno fica
mais clara nessa etapa do desenvolvimento. Assim, perguntas mais desafiadoras podem surgir, bem como
medos, inseguranças, apego excessivo aos responsáveis, ansiedade de separação, como formas de lidar,
entre tantas coisas, com essa constatação dolorida de que todos vamos morrer.
É importante manter conversas frequentes com os filhos, se possível em reuniões de família (estratégia que
traz um tom de comprometimento para os ajustes na relação familiar), para que os filhos criem confiança
em compartilhar angústias com os responsáveis. A efetividade de mais conversas apenas quando algo
acontece é menor do que manter um volume médio de conversas ao longo dos dias mesmo quando nada
grave aconteceu, ou seja, se o filho já tem o hábito de conversar com a família e se sente escutado sem
julgamentos, fica mais fácil acionar o recurso da conversa para lidar com uma angústia.
Tudo o que é feito na infância em forma de treino de habilidades, hábitos saudáveis sobre conversas, res-
peito, confiança, acolhimento, funciona como base para enfrentar as questões mais complexas que a ado-
lescência traz. Faça o exercício de trazer perguntas curiosas para diálogos com crianças, deixe que eles
expressem da forma delas o que sentem, primeiro a escuta e a conexão, depois a correção. Isso serve para
famílias, professores, irmãos mais velhos. Nós todos funcionamos melhor quando nos sentimos melhor, por
isso, é importante escutar primeiro, depois participar mais ativamente da conversa.
Alguns materiais podem ser úteis para trabalhar a temática, como os filmes Divertidamente (1 e 2), que
de maneira lúdica e didática apresenta informações importantes sobre o funcionamento da mente. Os
filmes são de classificação livre, indicados para o público infantil, mas podem auxiliar adolescentes e
adultos a identificarem seus processos emocionais e a expressarem como se sentem diante dos desafios
e adversidades.
Pré-adolescência e adolescência (12 aos 18 anos) - para professores, familiares e equipe
escolar
A adolescência é uma fase crítica, em que a pessoa está construindo a própria identidade, compreendendo
algumas falhas nos esquemas de regras, ou seja, já não enxerga os adultos como heróis e arrisca mais por
conta própria, experimenta-se em mais contextos, busca pertencer ao grupo dos pares e é bastante susce-
tível à opinião alheia.
Muitas informações já foram acessadas por esse grupo, algumas vieram de fontes confiáveis, outras não. A
escuta sem julgamentos, sem dúvida, é a maior ferramenta que familiares, cuidadores, professores devem
ter nessa fase. É fundamental se conectar com os adolescentes, entrar no mundo deles, assistir a séries
juntos, refletir sobre os temas, ouvir o que eles pensam sobre temáticas polêmicas sem ter como objetivo
doutrinar ou convencer sobre o certo e errado.
A conexão antes da correção mostra respeito pela forma autônoma como eles têm experimentado a vida
e coloca os responsáveis como figuras de apoio e direcionamento, não como figuras autoritárias, de quem
eles têm medo. Pessoas aprendem a mentir quando precisam esconder o que verdadeiramente pensam
e sentem por não confiarem no ambiente, por terem medo de punições, agressões e humilhações.
Além disso, é importante lidar com naturalidade com a curiosidade que aparece, bem como com temas
polêmicos, não deixando o desespero de educar deixar a empatia turva, pois assim é mais fácil cair em
longos discursos sobre como as coisas devem ser, que são vistos como falta de compreensão da parte
dos adultos, como se não tivessem entendido exatamente o que o jovem tinha a dizer, ou como se não
houvesse espaço para sua opinião naquela conversa. Nessa etapa do desenvolvimento, não é interessan-
te ter acesso a descrições detalhadas de cenas trágicas, não por serem capazes de criar ideação suicida
em quem não tem, mas por terem potencial de desencadear desconfortos intensos, ou alimentar pensa-
mentos já existentes em um momento de vida que a impulsividade é muito alta.
O canal Pode Falar, desenvolvido em parceria com a Unicef (ONU), é um espaço de escuta e aco-
lhimento para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos e oferece suporte virtual para as pessoas que
necessitam de apoio emocional imediato. O atendimento é sigiloso e gratuito e pode ser acessado via
aplicativo de WhatsApp.
O atendimento fica disponível por meio do site: www.podefalar.org.br
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Adultos (18 aos 60 anos) e pessoas idosas (a partir de 60 anos) – para comunidade em geral
Sair da dependência legal dos familiares é um marco importante que mexe com o pensamento dos jovens.
No entanto, uma maior autonomia também pode caminhar para um isolamento caso as relações não sejam
tão fortes e, nessa etapa, a busca por cuidado passa a ser mais ativa, deliberada e, por vezes, negligenciada.
As amizades, em grupos diversos, podem ser como fontes de suporte, pois quando há sentimento de per-
tencimento, união, troca, compartilhamento de histórias, contatos frequentes, existe a construção mais sóli-
da de uma rede de proteção, em que uns colaboram com os outros no enfrentamento de adversidades da
vida. Cuidar da saúde mental é fundamental à medida que os desafios ficam mais complexos e as respon-
sabilidades aumentam. Ter planejamento financeiro também auxilia a manter uma área que costuma gerar
muito prejuízo quando está em desequilíbrio. Planejamento de pausas no trabalho, férias e descanso, futuro
e aposentadoria também podem contribuir com o bem-estar em meio a tantas demandas.
Adultos costumam usufruir de autonomia, assim, é importante saber informações sobre serviços de saúde
e telefones úteis a serem acionados em momentos críticos. Por isso, listamos os principais:
Ligue 192 – SAMU – que oferece serviço móvel de pronto atendimento gratuito.
Ligue 188 – CVV (Centro de Valorização da Vida) para apoio emocional.
Além disso, existem os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que funcionam em horário comercial e as
pessoas podem procurar espontaneamente o serviço ou chegar via encaminhamento.
Em casos de emergência ou risco para a sua vida ou a vida de uma pessoa próxima, procure uma unidade
de saúde, como UPA ou a unidade de emergência mais próxima. Você receberá o atendimento imediato e
o encaminhamento necessário para manter seus cuidados de saúde.
Ao encerrar este e-book, recordamos que a campanha do “Setembro Amarelo - prevenção ao suicídio”
não se limita a um mês específico do ano, que não precisa ser relembrada ao longo dos demais meses. Esse
é um tema que precisa ser debatido continuamente, dada a importância de cuidar da saúde mental, de
estar atento aos sinais de sofrimento em nós mesmos e nos outros, e de promover o diálogo aberto sobre
temas muitas vezes considerados tabu.
A promoção da saúde emocional, a prevenção de agravos e a luta contra o suicídio devem ser considera-
das pautas de responsabilidade coletiva. Todos nós temos o poder de fazer a diferença, seja compartilhan-
do informações corretas e necessárias, ou simplesmente ouvindo sem julgamentos. Pequenas ações podem
ter grandes impactos na vida de alguém.
Esperamos que este e-book tenha fornecido as informações necessárias para o enfrentamento dessa pro-
blemática em seu cotidiano, seja em contexto pessoal seja em contexto profissional e que você tenha os
recursos necessários para participar ativamente dessa causa tão importante.
A conscientização é um passo importante, mas é apenas primeiro passo, o começo de uma longa e neces-
sária jornada. Agora, nosso foco é construir uma sociedade em que o apoio à saúde mental seja acessível
a todos, garantindo que ninguém precise sofrer em silêncio.
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Referências
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