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Agravo de Peticao Moraes

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 33ª

VARA DO
TRABALHO DE SÃO PAULO/SP.

Processo n. 0000253-82.2015.5.02.0033

GERALDO DE MORAES LIMA, já devidamente qualificado nos autos


do processo em epígrafe que movido por SILVIO DA SILVA PAIXAO,
vem por intermédio da patrona que esta subscreve ao final, vem à
presença de V. Excelência inconformado com o r. despacho ID. 379df2e , págs.
595/600, cuja cópia segue anexa, vem, tempestivamente à presença de Vossa
Excelência interpor:

AGRAVO DE PETIÇÃO

com fundamento no artigo 897, "a" da CLT, de acordo com as razões em anexo, as
quais requer que sejam recebidas e remetidas ao Egrégio TRT.

Posto isto, requer sejam remetidos os autos à instância superior com as razões anexas,
para que possam ser apreciadas e ao fim reformado o “decisum” à luz das
considerações lançadas.

Termos em que
Pede deferimento

Itapevi, 01 de agosto de 2023.

VALERIA LOUREIRO KOBAYASHI


OAB/SP 251387
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

RAZÕES DE AGRAVO DE PETIÇÃO

PROCESSO: 0000253-82.2015.5.02.0033

Origem: 33ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP

Agravante: GERALDO DE MORAES LIMA

Agravado: SILVIO DA SILVA PAIXAO

EGRÉGIO TRIBUNAL.

COLENDA TURMA.

DA TEMPESTIVIDADE

Como se depreende dos autos, a r. decisão de id foi publicada em 21/07/2033.


Dessa forma, o prazo para interposição do Agravo de Petição se dará em 02/08/2023.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, o agravante não possui condições para arcar com as custas processuais
sem comprometer a própria subsistência, devendo ser concedido os benefícios da
Justiça Gratuita, nos termos do §3º do art. 790 da CLT e artigos 98 e 99 do CPC,
também para a propositura do presente agravo de petição.

DA DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA

A título de delimitação, o presente agravo visa modificar a decisão ID.379df2e /


ID.0386dcb , publicada em 21/07/2023, a qual desconsiderou o pedido do executado
para desbloquear os valores penhorados em benefício previdenciário de auxílio-
doença.

DO HISTORICO
Ajuizou o agravado, SILVIO DA SILVA PAIXÃO, reclamação trabalhista (n. 0000253-
82.2015.5.02.0033) em face da empresa 318 Valente Segurança e Vigilância Privada
Eirelli e a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
O pedido foi julgado parcialmente procedente em face da primeira acionada,
excluindo- se do feito a segunda reclamada.

Em 16 de Agosto de 2019, foi homologado os cálculos que fixou o valor bruto da


execução em R$ 22.763,98.

Frustrada a execução em face da primeira reclamada, empresa 318 Valente Segurança


e Vigilância Privada Eirelli, instado a se manifestar, o MM. Juízo redirecionou a
execução em face do sócio GERALDO DE MORAES LIMA, ora agravante, 05 de
novembro de 2020.

Em 03 de fevereiro de 2021, foi determinado a penhora de 30% dos proventos


líquidos recebidos pelo agravante Geraldo de Moraes Lima junto ao INSS, referente a
seus rendimentos previdenciário.

Foram realizados bloqueios no benefício previdenciário do agravante no valor de R$


3184,66.

Atualmente o saldo devedor atualizado para 22/03/2023 está em R$ 30.892,83.

Entretanto, tal penhora é indevida e ilegal, vez que o benefício (NB: 640.360.993-2),
tem a natureza de auxílio-doença.

Ressalta-se que atualmente, em razão de graves problemas de saúde o agravante,


recebe perante o INSS auxílio-doença, para o sustento de sua família e filha menor,
conforme denota-se do extrato em anexo.

Os laudos médicos em anexo, demonstram de forma incontestável os problemas de


saúde do agravante, bem como, sua necessidade premente de tratamento e com isso
aquisições de medicamentos de uso contínuo.

Não obstante ser devedor na presente reclamação trabalhista, a expropriação dos


valores recebidos a título de auxílio-doença, foram feitos ao arrepio da Lei.

O agravante apresentou embargos contra a penhora indevida.

O MM. Juízo de primeiro grau, desconsiderou a ilegalidade da penhora.

Outra não foi a alternativa senão o presente agravo de petição.

DA DECISÃO GUERREADA

A R. Decisão ora refutada de forma consistente e lícita, merece reparo por parte dessa
Excelsa Corte, visto que, permissa vênia totalmente desprovida de legalidade, o Juízo
“A Quo” está dando conotação ampliativa ao Artigo 833 – IV do CPC, o que é
inadmissível no contexto e na hermenêutica jurídica do ordenamento legal.
Os dispositivos legais constantes no artigo 833 – IV – é cristalino e meridiano e não
admite interpretações ampliativas; porquanto elenca os bens ABSOLUTAMENTE
IMPENHORÁVEIS, o texto contido como exceção, no § 2º do mencionado artigo.

ARCABOUÇO JURÍDICO / DOUTRINÁRIO / JURISPRUDENCIAL

A jurisprudência é firme neste sentido:

EXECUÇÃO FISCAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. REDIRECIONAMENTO.


SÓCIO. PENHORA ON LINE. AUXÍLIO-DOENÇA. IMPENHORABILIDADE. – A cobrança da dívida é
regida pela Lei nº 6.830/80 e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil – Os artigos 11
da LEF e 655, Estatuto Processual Civil estabelecem em seu conjunto que o dinheiro, em espécie
ou em depósito ou aplicação em instituição financeira, prefere aos demais bens nas execuções
judiciais. Entretanto, referidas disposições devem ser aplicadas em consonância com o artigo
649, inciso IV, do diploma processual, o qual estabelece a impenhorabilidade dos valores
referentes aos vencimentos, dos subsídios, dos soldos, dos salários, das remunerações, dos
proventos de aposentadoria, das pensões, dos pecúlios e dos montepios, bem como das
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua
família, dos ganhos de trabalhador autônomo e dos honorários de profissional liberal – Restou
comprovado nos autos que o bloqueio judicial recaiu sobre a conta corrente utilizada pelo sócio
da executada para recebimento do auxílio-doença. Dessa forma, os valores nela depositados
estão acobertados pela impenhorabilidade. Precedente do Superior Tribunal de Justiça (Recurso
Especial nº 1184765, sob o regime dos recursos repetitivos) – A aplicação dos artigos 612 e
620, ambos do Código de Processo Civil, que tratam da finalidade e do princípio da
proporcionalidade, respectivamente, não deve prejudicar a subsistência do executado e de sua
família – Referida impenhorabilidade se estende, inclusive, aos saldos do benefício
previdenciário que, no caso, refere-se aos auxílio-doença recebido pelo agravado, que utiliza
tais valores para pagamento de dívidas pessoais, de modo que evidente a natureza alimentar
da quantia impugnada, ainda que vinculada a conta de investimento – Embargos de
declaração prejudicados e agravo de instrumento desprovido. (TRF-3 – AI:
00176427820114030000 SP: DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRE NABARRETE, Data de
julgamento: 15/05/2014, QUARTA TURMA, Data de publicação: e-DJF3 Judicial 29/05/2014.

O E. STJ também já decidiu sore o tema:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. PENHORA SOBRE


BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. VERBA REMUNERATÓRIA.
IMPENHORABILIDADE. REGRA. EXCEÇÕES DISPOSTAS NO ART. 833, § 2º, DO CPC/15.
PAGAMENTO DE VERBA NÃO ALIMENTAR. GANHOS DO EXECUTADO SUPERIORES A 50
SALÁRIOS-MÍNIMOS. 1. A regra geral da impenhorabilidade dos vencimentos, dos subsídios,
dos soldos, dos salários, das remunerações, dos proventos de aposentadoria, das pensões, dos
pecúlios e dos montepios, bem como das quantias recebidas por liberalidade de terceiro e
destinadas ao sustento do devedor e de sua família, dos ganhos de trabalhador autônomo e
dos honorários de profissional liberal poderá ser excepcionada, nos termos do art. 833, IV, c/c §
2º do CPC/2015, quando se voltar: I) para o pagamento de prestação alimentícia, de qualquer
origem, independentemente do valor da verba remuneratória recebida; e II) para o pagamento
de qualquer outra dívida não alimentar, quando os valores recebidos pelo executado forem
superiores a 50 salários-mínimos mensais, ressalvadas eventuais particularidades do caso
concreto. Em qualquer circunstância, deverá ser preservado percentual capaz de dar guarida à
dignidade do devedor e de sua família. 2. As exceções à regra da impenhorabilidade não
podem ser interpretadas de forma tão ampla a ponto de afastarem qualquer diferença entre as
verbas de natureza alimentar e aquelas que não possuem tal caráter. 3. As dívidas comuns não
podem gozar do mesmo status diferenciado da dívida alimentar a permitir a penhora
indiscriminada das verbas remuneratórias, sob pena de se afastarem os ditames e a própria
ratio legis do Código de Processo Civil (art. 833, IV, c/c o § 2º), sem que tenha havido a
revogação do dispositivo de lei ou a declaração de sua inconstitucionalidade. 4. Na hipótese,
trata-se de execução de dívida não alimentar proposta por pessoa jurídica que almeja o
recebimento do crédito referente a compra de mercadorias recebidas e não pagas pelo
devedor, tendo o magistrado autorizado a penhora de 30% do benefício previdenciário (auxílio-
doença) recebido pelo executado. Assim, elas circunstâncias narradas, notadamente por se
tratar de pessoa sabidamente doente, a constrição de qualquer percentual dos rendimentos do
executado acabará comprometendo a sua subsistência e de sua família, violando o mínimo
existencial e a dignidade humana do devedor. 5. Agravo interno provido para dar provimento
ao recurso especial. (STJ – AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL AgInt no REsp 1407062
MG 2013/0329652-8 – STJ), Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, data de julgamento:
26/02/2019, T4 – QUARTA TURMA, data de publicação 08/04/2019.

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