Guia de Artigos Científicos
Guia de Artigos Científicos
Guia de Artigos Científicos
GUIA de ESTUDOS
Percursos iniciais à construção de
artigos científicos
Rosana Abutakka
Michèle Sato
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Prezado (a) Cursista,
No decorrer dessa caminhada de aprendizado, de interação, de
colaboração e de estudos, chegamos nas semanas finais do
nosso curso. Neste momento, de suma importância, você tem o
propósito de construir o seu trabalho monográfico, materializado
pela produção de um artigo científico e que representa o
resultado da sua jornada formativa, já que da entrega de uma
monografia, dependerá o título de ESPECIALISTA.
Pensando nisso, elaboramos este Guia, que tem como objetivo te auxiliar no
planejamento, organização, construção e escrita do seu artigo científico. Por meio
desta proposta, você terá subsídios para entender aspectos como: o que considerar
no artigo científico; como organizar um texto científico; como publicar em uma
revista científica; como ocorrem os trâmites editoriais, entre outras informações.
Ademais, convém destacar que existem várias ciências importantes - e nem todas
nasceram ou moram na academia - assim, os diálogos entre as diversas
epistemologias são essenciais, em especial ao considerarmos as práticas
pedagógicas na educação do campo e suas narrativas.
Rosana e Michèle
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SUMÁRIO
Artigos e exemplos - 12
3. O artigo - conjecturas 14
Roteiro básico – 15
Fica a dica - 16
Revistas científicas / área da educação - 17
4. Dinâmica de orientação 19
Referências 20
4
1. Um pouco sobre artigo científico e publicação
Não há receitas para se publicar, do contrário não existiria esta
corrida atrás de publicações. Não temos a intenção de detalhar
os aprofundamentos teóricos e conceituais sobre o que venha ser
um artigo científico, mas apresentar somente um panorama
breve de repertórios, para facilitar a compreensão do que seja
um artigo científico, contribuindo com a sua produção de um
artigo, como parte importante do curso de especialização.
Bem, como o próprio nome já nos revela, o ‘artigo científico’ caracteriza-se por um
texto elaborado com a função de relatar os resultados de uma dada pesquisa, sendo
esses resultados pautados de originalidade, mas também no registro de uma
singularidade. Dessa maneira, o artigo, que é materializado sob a forma de um relato
acerca dos resultados originais de um estudo, torna-se conhecido por meio de
publicações em revistas científicas.
Um artigo segue algumas regras de publicação porque no mundo das ciências, houve
a necessidade de utilizar uma linguagem em comum, pois isso facilitaria a
comunicação e a divulgação de maneira mais coerente e universal. Obviamente, há
distintas formas de artigos, desde fórmulas matemáticas à reinvenção poética.
Aqui no Brasil, somos regidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas1 (ABNT,
2003, p. 2), que em umas de suas definições, apresenta o entendimento de artigo
científico como “parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e
discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do
conhecimento”. Portanto, o artigo científico apresenta os resultados de uma
pesquisa, sendo uma fonte importantíssima para disseminar conhecimentos.
Conforme Lakatos e Marconi (1991), o artigo científico pode ser definido como um
pequeno estudo, porém completo, que trata de uma questão verdadeiramente
científica, mas que não se constitui em matéria de um livro, o artigo pode publicado
em revistas ou periódicos especializados e deve conter dados suficientes para que o
leitor possa analisar os argumentos do autor; avaliar o peso científico da pesquisa e
precisa estar disponível para a comunidade acadêmica.
1
https://www.abnt.org.br/
5
Nesse sentido, é importante distinguir a monografia, comumente também chamada
de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso2) de um artigo científico. A monografia é
um trabalho mais extenso, que expressa os resultados de uma pesquisa com um
tema único, ela segue um formato e uma estrutura lógica, comumente pautada no
método científico, apresentando dados e até hipóteses, como também detalha o
percurso metodológico desenvolvido e resultados da pesquisa. Já o artigo científico
é também um trabalho monográfico, mas apresentado de forma objetiva e sintética,
ele segue os critérios da pesquisa para sua elaboração e apresentação, sendo um
texto que pode ser disseminado pela publicação em revistas científicas ou em
eventos com aderência à sua temática de pesquisa.
2
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/blog/tcc/o-que-e-tcc
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assunto do curso, com perspectivas de melhorar o seu rendimento acadêmico,
agregar valor para o seu currículo profissional no campo da docência, com a
possibilidade de auxiliar no acesso em programas de iniciação científica e pós-
graduação stricto sensu (mestrado e doutorado).
Mas, dentre outras justificativas possíveis que nos levam a publicar um artigo
científico, certamente está o ganho social.
Publicar, em especial no campo da educação, é também dar visibilidade aos
povos, comunidades e grupos sociais, que porventura estejam em situação de
vulnerabilidade.
Publicar é revelar as injustiças e as desigualdades de diferentes ordens e
contextos, diminuindo as violações de direitos humanos e igualmente da
natureza.
Publicar é também revelar um excelente trabalho realizado em uma
determinada escola ou comunidade, com belos processos de aprendizagens.
Publicar é narrar histórias e expressar vivências, permitindo que a
subjetividade também consiga dialogar com a razão.
Publicar é um compromisso social, um engajamento com a nossa educação e
uma responsabilidade perante o mundo.
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Apenas a título de ilustração, podemos mencionar como indexadores extensamente
conhecidos de temática geral, o SciELO3 (nacional) e a Web of Science4
(internacional). Você também pode localizar uma lista de indexadores de uma área
específica, por meio do Portal de Periódicos da Capes5. Mas veja, indexador não é o
mesmo que revista científica, como a palavra anuncia, indexador organiza e lista um
conjunto de revistas.
Outro aspecto importante ao escolher uma revista para publicar seu artigo científico,
para além da aderência à temática de sua pesquisa, é verificar a classificação do
periódico. Você já deve ter ouvido falar na conhecida classificação Qualis Capes, não
é? Pois bem, o Qualis Capes oferece uma classificação de periódicos que retratam o
produto intelectual dos programas de pós-graduação brasileiros das diversas áreas
do conhecimento, e faz parte da Plataforma Sucupira6, que abarca vários sistemas e
funcionalidades oferecidos pelo Ministério da Educação (MEC).
3
https://www.scielo.br/
4
https://clarivate.com/webofsciencegroup/solutions/web-of-science/
5
https://sucupira.capes.gov.br/
6
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/
7
https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/conselho-tecnico-cientifico-
da-educacao-superior
8
Mais adiante, em nosso Guia, disponibilizamos para você uma pequena lista de
revistas científicas para que as considerem como possíveis veículos de publicação do
seu artigo. Mas caso queira fazer uma busca na listagem completa, basta acessar na
Plataforma Sucupira na área Qualis Periódicos8.
8
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsul
taGeralPeriodicos.jsf
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2. Pesquisa narrativa - apenas um preâmbulo
Cada pesquisa possui sua singularidade, seu contexto, seu
percurso, sua experiência... A travessia do pesquisador, no
decorrer do desenvolvimento de uma pesquisa é uma história
única que é construída pelos caminhos trilhados e percorridos,
sendo que cada caminho não é um dado fixo e determinado,
senão rotas que se formam, expandem e entrecruzam na ação
de pesquisar.
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Monteiro (2020, p.4), afirma que narrar é uma forma de compreender a experiência
vivida, “em um lugar e em um tempo determinado aos quais se reporta o narrador
em um processo que envolve reflexão, propiciando um outro olhar sobre suas
próprias experiências”. A autora afirma que, a experiência de narrar precisa ser
compreendida a partir de si mesma, pela sua história de vida e formação, sendo
oportuno salientar que esse processo de construir conhecimento e propor processos
formativos busca romper com “fronteiras teórico-metodológicas reducionistas e
formalistas que permeiam o contexto educacional, considerando que há
indiscutivelmente um enriquecimento de perspectiva” (MONTEIRO, 2020, p. 4).
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Outro aspecto relevante que precisamos ter atenção, ao considerarmos o
agenciamento das narrativas, é entender o lugar dos participantes da pesquisa. É
comum denominar os participantes como sujeitos ou colaboradores da pesquisa, no
entanto, na pesquisa narrativa “as pessoas são vistas como a corporificação de
histórias vividas.” (CLANDININ; CONNELLY, 2015, p. 77).
A isso, Monteiro e Aimi (2020, p. 8) reiteram afirmando que as pessoas têm um “lugar
especial na pesquisa narrativa”. E, portanto, é considerado participante da pesquisa
“alguém que colabora, narrando suas trajetórias formativas, e não um mero
colaborador ou sujeito que fornece informações a outros.”
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De mais a mais, pensando em te auxiliar nesse processo de entendimentos da
pesquisa narrativa, disponibilizamos os textos abaixo para que possa visualizar
exemplos de artigos científicos que se apoiaram nesse método e concretizaram sua
escrita, clique e confira:
Observe que na redação dos textos que deixamos como exemplos, as regras rígidas
do método científico são por vezes ressignificadas por um texto fluido, que
transborda a fixidez da academia e se forja numa escrita narrativa de cunho artístico,
vivido e cíclico.
No entanto, não podemos deixar de lado que o seu artigo será publicado em uma
revista científica e, com isso, as regras de publicação não podem ser inteiramente
desconsideradas, sob pena de uma recusa do seu texto.
Pensando nisso, passamos para o próximo assunto do nosso Guia Orientativo, e que
está relacionado aos aspectos do planejamento do artigo científico, organização e
escrita.
Sigamos…
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3. O artigo - conjecturas
Para começar é preciso pensar num tema relacionado à
educação do campo e às narrativas. Considere suas vivências,
contextos e cotidiano escolar, alguma experiência singular da
escola, algum projeto, algum acontecimento…
A vastíssima maioria das revistas exige que o texto seja fruto de uma pesquisa, não
podendo ser um simples ensaio teórico. A rigidez das revistas é para garantir alto
grau de fidedignidade da pesquisa, permitindo que a lisura científica não seja afetada
facilmente. Obviamente nenhuma ciência é neutra, contudo, ainda temos uma
ciência robusta, credível e importante em tempos de negacionismo e “pós-verdade”.
Portanto, para conseguir escrever um bom texto, precisamos de uma pesquisa! Por
intermédio dela, teremos informações e formações que nos permitem escrever com
mais facilidade. O grande segredo de uma pesquisa chama-se LEITURA! Por vezes é
um caminho solitário de muitos estudos, mas essencial à nossa formação e
habilidade em escrever bem os resultados de uma pesquisa. O modelo mais bem
aceito aos artigos científicos segue uma ordem cartesiana básica (com 10 a 15
páginas).
O modelo abaixo é somente um exemplo, que não precisa ser cumprido 'à risca'. É
somente um roteiro básico que a ciência encontrou e chamou de MÉTODO
CIENTÍFICO. Contudo, outras inovações podem ser construídas, dependendo das
regras da revista e da capacidade de cada pessoa em conseguir RESSIGNIFICAR
novos jeitos de se escrever as ciências contemporâneas.
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Roteiro Básico do Artigo
TÍTULO Deve expressar o contexto do texto e da pesquisa, sem ser muito
longo, mas criativo para despertar a curiosidade e ser um convite à
leitura.
METODOLOGIA Uma das partes mais nobres da pesquisa, não basta apenas citar o
(25%) tipo da pesquisa, senão descrevê-la densamente, sem a dissociação
entre teoria e prática. Em outras palavras, a epistemologia do método
deve estar no trabalho inteiro dando consistência científica.
Apresentar as pessoas envolvidas, usando apelidos (a comissão de
ética proíbe usar nomes verdadeiros), além da apresentação do
roteiro da possível entrevista. Descrever como aconteceram os
encontros, as visitações e outros detalhes procedimentais. Oferecer
ênfase nas narrativas obtidas, dialogando com a literatura.
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RESULTADOS Detalhar os resultados obtidos EM DIÁLOGOS com a literatura
(25%) científica, interpretando as entrevistas. É importante considerar que
mais do que fazer a citação de trechos das narrativas, será
essencialmente importante INTERPRETÁ-LAS ao lume das
epistemologias adotadas. Aqui a força argumentativa é MUITO
importante, pois é a hora de BRILHAR expressando os bons
resultados. Usar e abusar de conceitos teóricos que foram reservados
para esta parte (e não somente na introdução).
#FICA A DICA
Nesta seção, expomos algumas dicas para apoiar o seu processo de escrita e
minimizar possíveis problemas na construção do seu artigo.
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★ Atenção ao plágio - Não custa te lembrar, ao fazer citações, indique a fonte e
estas precisam constar nas referências. A violação dos direitos autorais é crime
previsto no Artigo 184 do Código Penal.
★ Leia sobre o que já foi feito - Tente localizar artigos que se assemelham ao seu,
isso ajuda na definição de sua temática de estudo, bem como pode auxiliar na
sua escrita, tendo em vista que os artigos localizados têm potencial de ser uma
fonte de consulta.
★ Esteja aberto (a) para lidar com sugestões e críticas - É preciso saber assimilar
as críticas de forma positiva, como um aprendizado em fluxo. O processo de
orientação não é um obstáculo, mas sim uma ponte entre você e seu artigo.
★ Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) - A depender do teor da pesquisa, esta
precisa ser submetida aos trâmites do CEP/UFMT.
★ Acompanhe os resultados - A publicação do seu artigo não é o fim de um ciclo,
mas o início da divulgação de sua pesquisa. Portanto, procure observar a
repercussão do seu trabalho no mundo científico e quais reflexões estão sendo
geradas a partir dele.
Deixamos aqui uma pequena lista de revistas científicas da área da Educação, como
um ponto de partida na busca por demais periódicos para a publicação do seu artigo.
Lembre-se que, no portal Sucupira na área ‘Qualis Periódicos’, é possível ter acesso
à listagem completa das revistas científicas organizadas por área de avaliação, ISSN
e classificação.
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2238-0094 REVISTA BRASILEIRA DE A1 https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/rbhe/in
HISTÓRIA DA dex
EDUCAÇÃO
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4. Dinâmica de orientação
Para que tenhamos êxito nesse trabalho conjunto, é preciso
estabelecer a nossa dinâmica de diálogo e construção. Assim
sendo, teremos 3 contextos de orientação:
Sabemos que imprevistos podem acontecer nessa caminhada, por isso o diálogo é
fundamental para que possamos superar dificuldades e encontrar alternativas que
não prejudiquem a sua pesquisa.
Contem conosco!
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Referências
AIMI, Deusodete Rita da Silva; MONTEIRO, Filomena M. de Arruda Monteiro. Pesquisa narrativa:
reflexões sobre produções dos últimos 14 anos. Educ. Perspect. Viçosa, MG, v. 11, p.1-15, e020018,
2020. Disponível em: https://periodicos.ufv.br/educacaoemperspectiva/article/view/8403/5883. Acesso em: 08 jul.
2022.
CLANDININ, D. J.; CONNELLY, F. M. Narrative inquiry: experience and story in qualitative research.
San Francisco: Jossey-Bass, 2000.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Atlas, 1991. Disponível em: https://docente.ifrn.edu.br/olivianeta/disciplinas/copy_of_historia-i/historia-ii/china-e-india
Acesso em: 10 jun. 2022.
PAIVA, Vera L. A pesquisa narrativa: uma introdução. Rev. bras. linguist. Aplicada, v8 n2, p. 1-6, • 2008 -
https://doi.org/10.1590/S1984-63982008000200001
SATO, Michèle. Gente e Natureza nos Movimentos da Educação Ambiental. In: SÁ, E.; ANDRADE, D.;
RIBEIRO, M. (Orgs.) Memória, pesquisa e impacto social : O percurso formativo do Programa de Pós-
graduação em Educação da UFMT.1 ed. Cuiabá: Carlini & Caniato Editorial, 2021, v.1, p. 76-88 -
https://loja.tantatinta.com.br/memoria-pesquisa-e-impacto-social-o-percurso-formativo-do-programa-de-pos-graduacao-
em-educacao-da-ufmt/
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