A CEIA DO SENHOR - Livro - Parte 4 - 24JUL2024
A CEIA DO SENHOR - Livro - Parte 4 - 24JUL2024
A CEIA DO SENHOR - Livro - Parte 4 - 24JUL2024
24jul24
(p.18) Havendo tratado daquilo que considero ser, de longe, o ponto mais importante em
nosso assunto (Natureza, o que é? Pra quem é?), devo seguir considerando, em segundo
lugar, as circunstâncias em que a Ceia do Senhor foi instituída. Foram circunstâncias
particularmente solenes e tocantes. O Senhor estava a ponto de entrar em um terrível
conflito com todos os poderes das trevas - iria enfrentar toda a terrível inimizade do homem;
e esgotar, até o fim, o cálice da justa ira de Jeová contra o pecado. Tinha diante de Si um
terrível amanhã - o mais terrível que jamais foi enfrentado por qualquer homem ou anjo;
todavia, a despeito de tudo, lemos que “na noite em que foi traído, tomou o pão” (1Co
11.23). Que amor mais desinteressado! “Na noite em que foi traído” - noite de profunda
dor - a noite de Sua agonia e de suor de sangue - a noite em que foi traído por um, negado
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por outro e abandonado por todos os Seus discípulos - nessa mesma noite, o coração
amabilíssimo de Jesus estava cheio de pensamentos acerca da Sua Igreja - foi nessa
mesma noite que Ele instituiu a ordenança da Ceia do Senhor. Ele designou o pão para ser
o emblema do Seu corpo oferecido, e o vinho para ser o emblema do Seu sangue
derramado, e é o que agora eles são para nós, todas as vezes que deles participamos, pois
a Palavra assegura que “todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice
anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1Co 11.26).
A noite de maior sofrimento, maior traição, maior abandono, é a noite do maior amor!
“todas as vezes = introduz o motivo da Ceia precisar ser continuamente repetida.
Podemos dizer que tudo isso concede peculiar importância e sagrada solenidade à Ceia do
Senhor; e, além disso, nos dá uma idéia das conseqüências de se comer e beber
indignamente.*
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*Nota: É comum empregar-se o termo “indignamente”, nesta passagem, às pessoas que
celebram, ao passo que a palavra refere-se à maneira de fazê-lo. O apóstolo nunca pensou
em questionar o ristianismo dos coríntios; pelo contrário, no prefácio da sua epístola, ele
os vê como a “Igreja de Deus, que está em Corinto... santificados em Cristo Jesus,
chamados santos (ou santos por vocação)” (1 Co 1.2). Como poderia ele ter usado esta
linguagem no primeiro capítulo e, no capítulo onze, colocar em dúvida a dignidade desses
mesmos santos para poderem estar à Ceia do Senhor? Impossível. Ele os considerava
(p.19) como santos, e, como tais, exortou-os a celebrarem a Ceia do Senhor, de uma
maneira digna. A questão de se encontrarem entre eles cristãos que não fossem
verdadeiros, nunca é levantada; de modo que é de todo impossível que a palavra
“indignamente” pudesse ser aplicada a pessoas. A sua aplicação diz respeito
unicamente à maneira. As pessoas eram dignas, mas a maneira não o era; e foram
convidadas, na sua qualidade de santos, a julgarem-se a si mesmas quanto ao seu
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modo de proceder, caso contrário o Senhor poderia julgá-las em suas pessoas, como
era já o caso de alguns. Em resumo: foram convidadas como verdadeiros cristãos, a
julgarem-se a si mesmas. Se tivessem dúvidas de como deviam fazê-lo, então seriam
incapazes de julgar o quer que fosse. Eu nunca pensaria em colocar meu filho a julgar se
ele é ou não meu filho; mas espero que ele julgue a si próprio quanto ao seu modo de
ser, caso contrário, se não o fizer, talvez eu tenha que fazer, por meio de castigo, aquilo que
ele deveria ter feito por meio do juízo próprio. É por considerá-lo meu filho que não vou
consentir que se sente à minha mesa com a roupa suja e maneiras impróprias.
A voz com que a ordenança sussurra ao ouvido circunciso é sempre a mesma. O pão e o
vinho são símbolos de um significado profundo; o trigo moído e a uva esmagada
combinam-se para dar forças e alegria ao coração:
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João 12:24,27
24 Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer,
fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
27 Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas
para isto vim a esta hora.
e não são apenas significativos em si mesmos, mas também são para serem usados na
Ceia do Senhor como os próprios emblemas que o bendito Senhor em Pessoa ordenou na
noite anterior à Sua crucificação; de modo que a fé pode reconhecer o Senhor Jesus
presidindo à Sua própria mesa - pode vê-lo tomar o pão e o vinho, e ouvi-Lo dizer: “Tomai,
comei, isto é o Meu corpo”; e também do cálice, “Bebei dele todos; porque isto é o Meu
sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos
pecados” (Mt 26.26-28). Em suma, a ordenança reconduz a alma àquela noite à qual já nos
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referimos - coloca diante de nós toda a realidade da cruz e da paixão do Cordeiro de Deus,
em que toda nossa alma pode descansar e se regozijar; faz-nos lembrar, da maneira mais
tocante, do amor desinteressado e da pura devoção dAquele que, quando o Calvário
projetava a sua negra sombra sobre o Seu caminho, e o cálice da justa ira de Jeová contra o
pecado, do qual Ele estava a ponto de ser a vítima de expiação, estava sendo cheio para Si,
podia, contudo, ocupar-Se de nós e instituir uma festa que haveria de ser ao mesmo tempo
a expressão da nossa união com Ele e com todos os membros do Seu corpo.
E acaso não devemos concluir que o Espírito Santo tenha feito uso da expressão “na noite
em que foi traído” com o propósito de remediar as desordens que haviam surgido na (p.20)
igreja em Corinto? Porventura não havia uma repreensão severa contra o egoísmo
daqueles que tomavam “a sua própria ceia”, na referência que o Espírito faz àquela noite
em que o Senhor da festa foi traído? Sem dúvida que havia. Pode o egoísmo prevalecer à
vista da cruz? Podem os pensamentos acerca dos nossos próprios interesses, ou das
nossas conveniências, ser permitidos na presença dAquele que Se sacrificou por nós? É
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claro que não. Poderíamos nós desprezar propositada e impiedosamente a Igreja de Deus
- poderíamos nós insultar ou excluir membros amados do rebanho de Cristo, enquanto
contemplássemos essa cruz na qual o Pastor do rebanho e Cabeça do Corpo, foi
crucificado?* Ah, não! Deixe que os crentes tão somente permaneçam perto da cruz - que
se lembrem dessa “noite em que foi traído” - que tenham em mente o corpo oferecido e o
sangue derramado do Senhor Jesus Cristo, e logo haverá um fim a toda heresia, divisão e
egoísmo. (p.20)
Filipenses 2:1-10
1 Portanto, se há alguma exortação em Cristo, se alguma consolação de amor, se
alguma comunhão do Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões,
2 completai o meu gozo, para que tenhais o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo
amor, o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa;
3 nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade cada um considere
os outros superiores a si mesmo;
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4 não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que
é dos outros.
5 Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que
se devia aferrar,
7 mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos
homens;
8 e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a
morte, e morte de cruz.
9 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo
nome;
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra,
e debaixo da terra,
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