Trabaho Apresentação
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ELIEZER MENDONÇA
MACAPÁ/AP
2024
INTRODUÇÃO.
Conforme Marcus Fonseca (2016), o Brasil particulariza-se por ser uma das
maiores sociedades multirraciais do planeta, abrigando significativo contingente de
negros e de afrodescendentes. Tal característica étnico-racial é alvo de estudos e ações
por parte do movimento negro e de cientistas que se interessam pelas relações raciais no
País, entendendo como negro o conjunto das populações preta e parda.
Segundo Gomes (2011), as pesquisas elaboradas nas últimas décadas indicam que o
campo educacional vem produzindo e reproduzindo um quadro sistemático de
desigualdades étnico-raciais. Isso foi sendo evidenciado mais fortemente quando, a partir
dos anos 1970, com a consolidação dos cursos de pós-graduação em Educação, grupos de
intelectuais negros das universidades públicas passam a produzir conhecimento sobre as
questões étnico-raciais no País.
Portanto, até os anos 1990, a luta do movimento negro no Brasil, no que tange à
educação, demandou a introdução da questão racial no seio das políticas públicas para a
educação universal, focando especialmente a educação básica e o acesso ao ensino
superior (FONSECA, 2016). No entanto, quando o movimento negro percebeu que a
educação oficial não se comprometia com a alteração da subordinação racial que
imperava no País há séculos, suas reinvindicações subiram de tom. Começam a se
configurar lutas por Ações Afirmativas inspiradas nas conquistas por direitos civis dos
afro-americanos, iniciativas que, no fim da década de 1990, se concretizam em muitos
contextos universitários. Nesse sentido, as demandas dos movimentos negros em relação
à educação passam a girar em torno de dois polos principais: o acesso à educação formal,
desde a básica à universitária, como um direito social, e a defesa do direito à diversidade
cultural e religiosa. Em 1997 é introduzido nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) o tema transversal chamado Pluralidade Cultural.
Assim, foi exigida das políticas educacionais a promoção da equidade como uma
das formas de se garantir aos diversos coletivos a efetivação da igualdade de direitos e de
oportunidades.
A partir de 2003, esse debate é aprofundado, e, pela primeira vez no governo
federal, é instituída uma secretaria especial para a promoção da igualdade racial. No
Ministério da Educação, em 2004, é criada a Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade (SECAD), recentemente extinta pelo governo de
extremadireita empossado em 1º de janeiro de 2019, o que representa enorme retrocesso
do Brasil em relação a ações concretas no sentido de mitigar o racismo estrutural. “É neste
contexto que, finalmente, é sancionada a lei n. 10.639, 01/2003, alterando a lei n.9.394/96
– Lei de Diretrizes e Bases da Educação” (GOMES, 2011, p. 115). Todavia, sua efetiva
concretização em currículos e em práticas educacionais vem sendo um dos desafios dos
movimentos sociais negros no presente. Em março de 2008, esta lei foi alterada, passando
a contar também com a história e a cultura dos indígenas brasileiros e se configurando
como uma política educacional de Estado, já que é uma Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, e não uma legislação particular da população negra. Nesse sentido, possui
abrangência nacional e deve ser implementada em todas as instituições escolares
particulares e públicas do País, bem como pelas universidades, em todos os níveis de
ensino.
Neste caso específico, pretendeu-se contribuir com uma apreensão mais complexa
e menos folclorista dessa coletividade, visão esta atravessada pelos fenômenos
pedagógicos e que colaborasse para o entendimento das dinâmicas peculiares da escola
comunitária quilombola, permitindo a identificação e o aprofundamento das categorias
de representações e de práticas coletivas que alicerçam as sociabilidades, os conflitos e a
transmissão das tradições afro-brasileiras naquele contexto.