Transtornos Psiquiatricos Prevalentes Na Infancia

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 32

Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais

De Paula et. al.

Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com


desafios comportamentais.
Luiza Corsino de Paula, Aline Talwany Simões, Nathan Joseph Silva Godinho, Nathan
Galvão Moro Chaim, Beatriz Zambon Villas Boas, Adriano Pereira Rocha, Mylena Caiaffo
Costa, Giovana Bocca Mancini, Júlia Medeiros Santana, Manuela Wanderley Carneiro de
Albuquerque, Carolina de Araújo Machado, Izabelly Barbosa Lima Soares, Luciano Artioli
di Stasi Moreira, Carolina Honorato Araújo, Matheus Mozer Dovidio, Gabriel de Castilho,
Renner Pereira da Silva Melo, Lara Renata Ferreira Canto, Rodrigo Alves Giacomelli,
Thiago Arruda Ramos Schroetrer, Carolina de Araújo Machado, Ana Karoline Batista Silva
Feitosa, Hosana Maria Araújo Rêgo, Caio Cézar Leão Mendes

REVISÃO DE LITERATURA

RESUMO

Objetivo: Este estudo visa sintetizar as evidências sobre transtornos psiquiátricos na infância,
identificando estratégias de intervenção. Busca-se oferecer uma visão abrangente para orientar
práticas clínicas e promover o entendimento dessas condições. Metodologia: A seleção criteriosa
da revisão integrativa por meio da leitura crítica e análise abrangente de artigos visam sintetizar
evidências sobre transtornos psiquiátricos na infância e estratégias de intervenção, contribuindo
para uma compreensão prática dessas condições, através dos descritores de saúde: “Transtornos
Psiquiátricos”, “Transtornos de Comportamento”, “Psiquiatria Infantil”. Resultados: A análise
comparativa de transtornos psiquiátricos na infância revela padrões e diferenças nas abordagens
terapêuticas, abrangendo condições como TDAH, TEA, TAG e TOC. A coexistência de múltiplos
transtornos amplifica a complexidade do tratamento, exigindo uma abordagem integrada.
Profissionais enfrentam o desafio de personalizar intervenções, enfatizando a necessidade de
colaboração e adaptação na gestão holística das condições. Conclusão: Em conclusão, a
compreensão das nuances terapêuticas e desafios associados à coexistência de transtornos
psiquiátricos na infância destaca a importância de abordagens personalizadas e da colaboração
interdisciplinar para otimizar o tratamento e melhorar o bem-estar das crianças. A flexibilidade
e adaptabilidade dos profissionais são fundamentais para enfrentar a complexidade dessas
condições.

Palavras-chave: Transtornos Psiquiátricos; Tratamento; Intervenções; Comportamento.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

Prevalent psychiatric disorders in childhood: dealing with


behavioral challenges.
ABSTRACT

Objective: This study aims to synthesize the evidence on psychiatric disorders in childhood, identifying
intervention strategies. The aim is to offer a comprehensive view to guide clinical practices and
promote understanding of these conditions. Methodology: The careful selection of the integrative
review through critical reading and comprehensive analysis of articles aims to synthesize evidence on
psychiatric disorders in childhood and intervention strategies, contributing to a practical
understanding of these conditions, through the health descriptors: “Psychiatric Disorders”, “Behavioral
Disorders”, “Child Psychiatry”. Results: The comparative analysis of psychiatric disorders in childhood
reveals patterns and differences in therapeutic approaches, covering conditions such as ADHD, ASD,
GAD and OCD. The coexistence of multiple disorders amplifies the complexity of treatment, requiring
an integrated approach. Practitioners face the challenge of personalizing interventions, emphasizing
the need for collaboration and adaptation in the holistic management of conditions. Conclusion: In
conclusion, understanding the therapeutic nuances and challenges associated with co-existing
childhood psychiatric disorders highlights the importance of personalized approaches and
interdisciplinary collaboration to optimize treatment and improve children's well-being. The flexibility
and adaptability of professionals are fundamental to face the complexity of these conditions.

Keywords: Psychiatric Disorders; Treatment; Interventions; Behavior.

Dados da publicação: Artigo recebido em 30 de Novembro e publicado em 10 de Janeiro de 2024.

DOI: https://doi.org/10.36557/2674-8169.2023v6n1p728-760

Autor correspondente: Hosana Maria Araújo Rêgo - hosanamarego@ufpi.edu.br

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0


International License.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

INTRODUÇÃO
Na primeira infância, transtornos psiquiátricos como o Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a Ansiedade de Separação podem impactar
profundamente o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças. O TDAH,
caracterizado por impulsividade, hiperatividade e dificuldade de concentração,
demanda abordagens terapêuticas multifacetadas, que incluem intervenções
comportamentais e farmacológicas5,8.

A Ansiedade de Separação, por sua vez, manifesta-se pela angústia excessiva ao


se afastar dos cuidadores, gerando sintomas como choro persistente e recusa escolar.
Nesse contexto, a terapia cognitivo-comportamental emerge como uma ferramenta
valiosa, visando reestruturar padrões de pensamento disfuncionais e promover
estratégias de enfrentamento saudáveis1,2,3.

Além disso, o transtorno do espectro autista (TEA) representa um desafio


significativo, pois afeta a comunicação e a interação social. Abordagens terapêuticas
baseadas em evidências, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), têm
mostrado eficácia na promoção de habilidades sociais e de comunicação em crianças
com TEA4,5,6.

A depressão infantil, embora muitas vezes subestimada, é um transtorno


psiquiátrico prevalente que merece atenção. Crianças podem manifestar sintomas como
mudanças no padrão de sono, irritabilidade e queda no desempenho escolar.
Intervenções terapêuticas, como a psicoterapia cognitivo-comportamental adaptada
para a faixa etária, têm se mostrado eficazes na abordagem desse desafio7,8,9.

Outro transtorno relevante é a Síndrome de Tourette, caracterizada por tiques


motores e vocais. O manejo dessa condição muitas vezes envolve uma abordagem
multidisciplinar, integrando psicoterapia, farmacoterapia e suporte educacional10,11,12.

Além disso, transtornos de ansiedade, como o Transtorno de Ansiedade


Generalizada (TAG) e as fobias específicas, podem surgir precocemente na infância.
Estratégias terapêuticas, como a exposição gradual e técnicas de relaxamento, são
frequentemente incorporadas no tratamento desses transtornos, visando promover a
adaptação saudável às demandas do ambiente12,11,10.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

Ao abordar essa variedade de transtornos psiquiátricos na infância, é essencial


uma abordagem individualizada, considerando as características únicas de cada criança
e envolvendo os cuidadores ativamente no processo terapêutico9,8,7.

A compreensão aprofundada desses transtornos e a aplicação de intervenções


adequadas são cruciais para mitigar os impactos futuros e promover o desenvolvimento
saudável na infância. A abordagem dos transtornos psiquiátricos na infância não é
apenas uma questão clínica, mas uma necessidade premente no contexto do
desenvolvimento humano. O impacto desses transtornos transcende a esfera individual,
reverberando nas esferas familiar, educacional e social. Ao compreender a relevância
desse tema, não apenas enxergamos desafios a serem superados, mas também
oportunidades cruciais para intervir e moldar o curso futuro da vida de uma criança 6,5,4.

Os transtornos psiquiátricos na infância não apenas influenciam a saúde mental


imediata, mas também podem ter implicações a longo prazo, afetando a qualidade de
vida, a adaptação social e a realização acadêmica. Portanto, explorar estratégias eficazes
para lidar com esses desafios comportamentais não é apenas uma questão de bem-estar
individual, mas um investimento no potencial de cada criança e no tecido social mais
amplo. Este trabalho busca não apenas identificar e compreender esses transtornos,
mas também fornecer diretrizes práticas para enfrentar esses desafios de maneira
abrangente e eficiente3,2,1.

METODOLOGIA
Este estudo adota a abordagem metodológica de revisão integrativa, a fim de
sintetizar de maneira abrangente as evidências disponíveis sobre os transtornos
psiquiátricos prevalentes na infância e as estratégias para lidar com os desafios
comportamentais associados.

A revisão integrativa permite a incorporação de diversas fontes de pesquisa, tais


como os usados: estudos experimentais, revisões sistemáticas e estudos de caso,
possibilitando uma análise holística e aprofundada do tema em questão. A pergunta
norteadora que orienta este estudo é: Como as evidências científicas disponíveis
abordam os transtornos psiquiátricos prevalentes na infância e quais são as estratégias

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

de intervenção destacadas para lidar com os desafios comportamentais associados a


esses transtornos?

Trata-se de um processo sistemático que engloba diferentes fontes de pesquisa,


incluindo estudos experimentais, revisões sistemáticas e estudos de caso, permitindo
uma análise holística do tema.

A busca por artigos relevantes foi conduzida em bases de dados acadêmicas,


como PubMed, Scielo, BVS e Scopus, utilizando termos de busca específicos
relacionados aos transtornos psiquiátricos infantis e intervenções comportamentais. Os
critérios de inclusão e exclusão foram aplicados para a seleção dos artigos, garantindo a
pertinência ao tema em questão.

Após a identificação dos estudos pertinentes, procedeu-se à leitura crítica,


avaliando a qualidade metodológica de cada artigo selecionado. A extração de dados
relevantes, como métodos utilizados, resultados e conclusões, permitiu uma compilação
abrangente das informações.

A síntese dos dados ocorreu através da categorização e análise dos estudos,


buscando identificar padrões, convergências e divergências na literatura. Essa
abordagem possibilitou uma compreensão aprofundada das estratégias eficazes no
manejo dos transtornos psiquiátricos na infância.

Por fim, os resultados obtidos foram interpretados considerando suas


implicações práticas e teóricas. Discussões sobre lacunas na literatura e sugestões para
pesquisas futuras complementam a contribuição deste estudo para o entendimento e
abordagem dos transtornos psiquiátricos na infância. A busca por padrões e lacunas é
realizada para extrair conclusões significativas sobre as estratégias eficazes no manejo
dos transtornos psiquiátricos infantis.

A revisão integrativa, ao permitir a síntese e interpretação ampla de estudos


existentes, visa fornecer insights valiosos para profissionais de saúde, educadores e
pesquisadores que buscam compreender e abordar de maneira efetiva os desafios
comportamentais associados aos transtornos psiquiátricos na infância.

RESULTADOS

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

Ao ingressar na meticulosa dessecagem dos transtornos psiquiátricos


prevalentes na infância, imerge-se nas estratégias de intervenção destinadas a esses
desafios comportamentais intrincados. Neste segmento, para empreender uma
exploração aprofundada de cada transtorno, desde a eminente abordagem do
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) até as facetas menos
exploradas, como a Síndrome de Tourette e o Disruptive Mood Dysregulation Disorder
(DMDD) foi realizada a metodologia1,3,5.

Assim, expõe-se os principais espectros emocionais e comportamentais das


crianças, visando uma compreensão abrangente das complexidades clínicas de cada
condição, e examinar as estratégias médicas que demonstram eficácia na sua
gestão7,9,11.

1. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade


O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio
neurocomportamental complexo, caracterizado por desatenção, hiperatividade e
impulsividade. A análise aprofundada deste transtorno envolve uma compreensão
detalhada dos sintomas distintos, como dificuldade de manter o foco, inquietude e
tomada de decisões impulsivas2,4,6.

Na abordagem terapêutica, são exploradas intervenções comportamentais


destinadas a desenvolver estratégias de organização e foco, juntamente com a avaliação
crítica de abordagens farmacológicas, como o uso de estimulantes. A eficácia a longo
prazo dessas estratégias é examinada, levando em consideração desafios comuns na
implementação em diversos contextos. Este enfoque visa não apenas esmiuçar os
aspectos clínicos do TDAH, mas também oferecer uma análise criteriosa das estratégias
terapêuticas, contribuindo para uma compreensão informada e abrangente desse
transtorno8,10,12.

1.1 Sintomas Características

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na infância


apresenta uma constelação de sintomas característicos que impactam
significativamente o funcionamento diário da criança. A desatenção, marcada pela
dificuldade em manter o foco em tarefas e frequentes distrações, reflete-se em desafios
acadêmicos e na execução de atividades cotidianas1,2,4,8.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

A hiperatividade manifesta-se por inquietação constante, incapacidade de


permanecer sentado por períodos prolongados e a sensação incessante de "não parar
quieto". Este aspecto do TDAH cria obstáculos para o envolvimento efetivo em situações
que demandam tranquilidade e atenção prolongada2,4,8.

Os comportamentos impulsivos, outra faceta do TDAH, revelam-se na tomada


de decisões precipitadas, interrupção frequente de outros e dificuldade em aguardar a
vez em atividades em grupo. Essa impulsividade pode impactar negativamente nas
relações sociais e no desempenho acadêmico4,8.

Além disso, é crucial considerar a variabilidade na apresentação do TDAH, visto


que alguns indivíduos podem predominar em sintomas de desatenção, enquanto outros
exibem uma combinação de hiperatividade e impulsividade. A riqueza de detalhes na
compreensão desses sintomas é fundamental para uma abordagem terapêutica
personalizada e eficaz, considerando as nuances individuais de cada criança afetada por
esse transtorno neurocomportamental2,3,4.

1.2 Abordagens Terapêuticas

As estratégias terapêuticas para o Transtorno do Déficit de Atenção e


Hiperatividade (TDAH) na infância são multifacetadas, buscando endereçar os sintomas
específicos e melhorar a qualidade de vida da criança6,7,8.

1.2.1 Intervenções Comportamentais no TDAH Infantil

As estratégias comportamentais desempenham um papel crucial no tratamento


do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças, direcionando-
se à melhoria das habilidades diárias e à promoção de um funcionamento mais
eficiente9,10,11,12.

Tabela 1 — Intervenções Comportamentais

Intervenção Aplicação

Desenvolvimento de Competências • Exploração aprofundada


das abordagens voltadas para cultivar
habilidades de organização, buscando
aliviar os desafios decorrentes da

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

desatenção.
• Análise específica de
técnicas que aprimoram a gestão do
tempo, facilitando a execução eficaz de
tarefas cotidianas.

Terapias Cognitivo-Comportamentais • Detalhamento das terapias


Personalizadas
cognitivo-comportamentais adaptadas à
idade da criança, destacando uma
abordagem personalizada.
• Ênfase na promoção de
estratégias práticas, incluindo a
identificação e modificação de padrões de
pensamento disfuncionais, além da
aplicação de técnicas de autocontrole.

Capacitação Parental e Escolar • Exploração da implementação


de treinamentos comportamentais tanto
para pais quanto para educadores,
visando à consistência nas estratégias de
manejo em diferentes ambientes.
• Importância da
colaboração entre profissionais da saúde
mental e educadores para otimizar a
aplicação dessas intervenções,
especialmente no ambiente escolar.

Feedback Positivo e Reforço • Integrar técnicas de


feedback positivo e reforço,
reconhecendo e recompensando os
comportamentos desejados,
incentivando a criança a internalizar as

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

estratégias aprendidas.

Integrar Intervenções na Rotina Diária • Incorporar as estratégias


comportamentais na rotina diária da
criança, tanto em casa quanto na escola,
promovendo a consistência nas
abordagens utilizadas em diferentes
contextos.

Comunicação Aberta e Colaboração • Estabelecer uma


comunicação aberta entre pais,
educadores e profissionais de saúde,
facilitando o compartilhamento de
informações sobre o progresso da criança
e ajustes necessários nas estratégias.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Implementar um sistema de organização visual, como um quadro de tarefas,


para auxiliar a criança na gestão de suas responsabilidades diárias, incentivando a
independência. Utilizar técnicas de auto instrução, onde a criança aprende a verbalizar
instruções para si mesma, promovendo a autorregulação e melhorando a atenção
(Tabela 1).

Realizar workshops para pais e professores, abordando estratégias práticas para


lidar com comportamentos desafiadores e promover a consistência nas abordagens
entre diferentes ambientes é um bom exemplo de treinamento parental escolar. Para
um bom monitoramento contínuo, é aconselhável manter um diário compartilhado
entre pais e professores para registrar o comportamento da criança, permitindo uma
avaliação regular da eficácia das intervenções e ajustes conforme necessário (Tabela 1).

Para o feedback e reforço positivo estabelecer um sistema de recompensas


tangíveis, como adesivos ou tempo extra de recreio, para reforçar comportamentos
positivos, incentivando a repetição dessas ações desejadas. É necessário reconhecer que
algumas estratégias podem precisar ser ajustadas com o tempo, à medida que a criança

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

se desenvolve e novos desafios surgem, demonstrando uma abordagem adaptativa


(Tabela 1).

Esses exemplos ilustram como as técnicas comportamentais (Tabela 1) podem


ser aplicadas na prática, proporcionando um suporte abrangente e personalizado para
crianças com TDAH, tanto em casa quanto na escola5,7,9,11.

1.2.2 Abordagens farmacológicas

Ao adentrarmos na análise das abordagens farmacológicas para o Transtorno do


Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças, deparamo-nos com um
território complexo, onde a meticulosidade da avaliação crítica é imperativa. Os
estimulantes, notadamente o metilfenidato, despontam como protagonistas na gestão
dos sintomas, com eficácia comprovada na melhoria da atenção e controle impulsivo5,10.

Contudo, a singularidade de cada criança na resposta a esses medicamentos


exige uma abordagem personalizada. A análise cuidadosa da variabilidade individual na
eficácia desses estimulantes torna-se um pilar crucial, exigindo um ajuste perspicaz das
dosagens para otimizar os benefícios terapêuticos 1,2,7.

Nesse cenário, os efeitos colaterais ganham relevância e demandam uma


discussão aprofundada. Desde a insônia até a perda de apetite e oscilações emocionais,
a compreensão holística dessas possíveis ramificações torna-se essencial. A qualidade
de vida da criança está intrinsecamente vinculada à capacidade de antecipar, gerenciar
e mitigar tais efeitos9,11.
Ao explorarmos a administração de medicamentos, especialmente estimulantes
como o metilfenidato, para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) em crianças, é essencial mergulhar nas complexidades dos
efeitos colaterais associados a essa intervenção farmacológica3,6,12.

Os estimulantes, notadamente eficazes na melhoria da atenção e controle


impulsivo, carregam consigo uma gama de possíveis efeitos colaterais que necessitam
de análise minuciosa. Entre eles, destaca-se a insônia, que pode impactar
significativamente o padrão de sono da criança, potencialmente afetando seu
desempenho diurno e bem-estar emocional12,6,3.

Outro efeito colateral frequente é a perda de apetite, levando a possíveis


desafios nutricionais e impactando o crescimento e desenvolvimento infantil. Além

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

disso, oscilações emocionais, como irritabilidade e ansiedade, podem surgir como


corolário do tratamento farmacológico, requerendo uma monitorização atenta e
intervenção quando necessário1,6,12.

Os desafios enfrentados no cenário pediátrico suscitam discussões éticas


significativas. A autonomia da criança, muitas vezes limitada por sua capacidade de
tomar decisões informadas, e a responsabilidade dos pais ou responsáveis na tomada
dessas decisões são elementos centrais. A ponderação entre os benefícios terapêuticos
e os potenciais riscos e efeitos colaterais exige uma abordagem ética profunda,
garantindo o equilíbrio entre o melhor interesse da criança e o respeito por sua
autonomia limitada12,6,1.

É crucial ressaltar que cada criança responde de maneira única a esses


medicamentos, tornando imperativa uma abordagem personalizada. O monitoramento
contínuo e a comunicação eficaz entre profissionais de saúde, pais e educadores são
fundamentais para ajustes adequados na dosagem e para lidar proativamente com
quaisquer efeitos colaterais emergentes4,5,6,12.

Em última análise, ao considerar o uso de medicamentos no tratamento do TDAH


em crianças, a análise aprofundada dos potenciais efeitos colaterais, aliada a uma
reflexão ética sensível, é essencial para garantir uma abordagem terapêutica informada
e compassiva, centrada no bem-estar da criança2,4,6,12.

Ademais, a discussão sobre o tratamento farmacológico não pode ser divorciada


de considerações éticas profundas. A autonomia da criança, aliada à capacidade dos
responsáveis de tomar decisões informadas, lança luz sobre um debate ético robusto. A
ponderação de princípios éticos fundamentais, como beneficência e autonomia,
enriquece a complexidade dessa abordagem2,6,12.

Transcendendo os limites clínicos, a contextualização global acrescenta camadas


adicionais. Fatores sociais, culturais e psicossociais entram na equação, moldando as
decisões clínicas de maneiras intricadas. A necessidade de compreender o contexto mais
amplo destaca-se, colocando em perspectiva a interseção entre ciência e valores
culturais9,8,7,6.

Integrar abordagens farmacológicas e comportamentais emerge como um


capítulo essencial nesse contexto aprofundado. A sinergia entre essas estratégias não é

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

apenas técnica; é uma busca por equilíbrio, onde a compreensão profunda da interação
entre mente, corpo e contexto social revela-se crucial9,1,5.

Em suma, ao analisar a fundo as abordagens farmacológicas no tratamento do


TDAH infantil, é essencial mergulhar nas nuances clínicas, éticas e culturais, promovendo
um diálogo enriquecedor que visa não apenas à gestão dos sintomas, mas ao bem-estar
integral e à autonomia da criança6,9,6.

1.2.3 Terapia Ocupacional e Educação Especial

Ao considerar a aplicação combinada de Terapia Ocupacional e Educação


Especial no contexto do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em
crianças, emergem abordagens integradas que visam ao desenvolvimento holístico da
criança9,6,9.

A Terapia Ocupacional, ao focalizar o desenvolvimento de habilidades motoras,


oferece um arcabouço para fortalecer a coordenação e destreza. Por meio de atividades
sensoriais e jogos motores, busca-se não apenas corrigir déficits, mas promover uma
base sólida para o progresso motor3,6,9.

Simultaneamente, a Educação Especial desempenha um papel crucial na


adaptação de ambientes educacionais para atender às necessidades individuais. A
personalização da sala de aula, estratégias pedagógicas diferenciadas e o apoio
individualizado convergem para criar um espaço que não só responde aos desafios do
TDAH, mas também fomenta o aprendizado e a participação4,3,2.
A colaboração entre profissionais de saúde, educadores e terapeutas emerge
como o elo vital nesse processo. Essa colaboração transcende a mera troca de
informações; é uma sinergia que possibilita a criação de uma abordagem integrada e
adaptável. O diálogo constante permite ajustes refinados, assegurando que as
intervenções estejam alinhadas com as necessidades dinâmicas da criança 8,4,2.

Essa abordagem não se limita a corrigir deficiências, mas se concentra em


capacitar a criança a alcançar autonomia e participação plena. Ao promover habilidades
motoras e adaptar ambientes, a intenção é não apenas superar obstáculos, mas também
proporcionar um espaço propício para o florescimento integral da criança, incentivando
seu engajamento e aprendizado10,1,11,2.
Portanto, ao entrelaçar Terapia Ocupacional e Educação Especial, a narrativa se

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

desdobra como um esforço coletivo para criar uma experiência educacional e


terapêutica que vá além da mitigação de desafios, visando nutrir e potencializar as
habilidades únicas de cada criança. Essa abordagem integrada e centrada na
colaboração destaca-se como uma jornada dinâmica em direção ao desenvolvimento
pleno da criança com TDAH7,2,3,4.

1.3 Eficácia das Estratégias

Ao avaliar a eficácia das estratégias adotadas para o Transtorno do Déficit de


Atenção e Hiperatividade (TDAH), é imperativo considerar estudos que abordem não
apenas resultados imediatos, mas também a sustentabilidade dessas intervenções a
longo prazo2,5,6.

A análise aprofundada desses estudos oferece insights valiosos sobre a


persistência dos benefícios terapêuticos ao longo do tempo. Questões cruciais incluem
a manutenção das melhorias no desempenho acadêmico, social e comportamental,
fornecendo uma visão abrangente da eficácia contínua das estratégias
implementadas8,5,2.

Contudo, a implementação efetiva dessas estratégias não é desprovida de


desafios, especialmente quando transposta para diferentes contextos. Diferenças entre
ambientes escolares, familiares e clínicos podem impactar a aplicabilidade e sucesso das
intervenções. A adaptação e flexibilidade nas estratégias tornam-se vitais para enfrentar
desafios específicos de cada cenário3,6,1.

A variabilidade significativa na apresentação do TDAH destaca a necessidade


premente de abordagens personalizadas. A heterogeneidade nos sintomas e na
resposta às intervenções demanda uma consideração individualizada das necessidades
de cada criança. Estratégias que levam em conta a singularidade de cada caso têm o
potencial de oferecer resultados mais eficazes e sustentáveis 7,3,6.

Considerações éticas permeiam essa análise, especialmente quando se trata de


abordagens personalizadas. A equidade no acesso a intervenções personalizadas,
levando em conta fatores socioeconômicos e culturais, é vital para garantir que todas as
crianças tenham oportunidade igualitária de receber suporte adaptado às suas
necessidades específicas9,2,5.

A avaliação da eficácia das estratégias no contexto do TDAH requer uma análise

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

abrangente, incluindo estudos a longo prazo, enfrentamento de desafios contextuais e


uma abordagem personalizada sensível à variabilidade única de cada criança. Essa
compreensão mais holística é essencial para informar práticas terapêuticas que
transcendam as barreiras temporais e contextuais, promovendo um impacto duradouro
e significativo4,8,2.

2. Transtornos de Ansiedade (Ansiedade de Separação)


A ansiedade por separação na infância é um transtorno psicológico caracterizado
por um nível excessivo de angústia quando a criança se afasta de figuras de apego,
geralmente os pais ou cuidadores. Essa ansiedade vai além do esperado para a fase de
desenvolvimento da criança e pode se manifestar em situações como a ida para a escola,
dormir fora de casa ou mesmo quando os pais saem por um curto período3,6,9,12.

As manifestações clínicas incluem choro intenso, queixas somáticas, resistência


a ficar sozinha e preocupação constante com a possibilidade de separação. Pesadelos
relacionados à separação também são comuns. Essa condição pode interferir nas
atividades diárias da criança e, se não tratada, pode persistir na adolescência e vida
adulta, impactando negativamente o desenvolvimento emocional e social1,6,3.

É importante diferenciar a ansiedade por separação normal, que é comum


durante certas fases do desenvolvimento infantil, do transtorno de ansiedade por
separação. Quando os sintomas são excessivos, duram mais do que o esperado para a
idade da criança e afetam significativamente seu funcionamento, é recomendável
buscar avaliação e possível intervenção de profissionais de saúde mental. Terapias,
como a cognitivo-comportamental, frequentemente são utilizadas para abordar e tratar
esse transtorno, proporcionando estratégias eficazes para lidar com a ansiedade e
promover o desenvolvimento emocional saudável 8,4,6,2.

2.1 Manifestações Clínicas na Infância

As manifestações clínicas da ansiedade por separação na infância são


caracterizadas por um conjunto de comportamentos e reações emocionais que refletem
um medo excessivo ou preocupação ao se distanciar de figuras de apego, geralmente os
pais ou cuidadores. Crianças com esse transtorno frequentemente exibem sinais visíveis
de angústia quando confrontadas com situações que envolvem separação4,2,8.

Choro intenso e persistente ao se separar dos pais é uma manifestação comum.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

A criança pode resistir vigorosamente a atividades que envolvem afastamento, como ir


para a escola, dormir fora de casa ou participar de eventos sociais sem a presença dos
cuidadores. Além disso, podem ocorrer queixas somáticas, como dores de estômago ou
dores de cabeça, muitas vezes associadas ao estresse emocional relacionado à
separação8,2,12.

Outro indicativo são os pesadelos recorrentes com temas de separação,


refletindo a ansiedade que permeia o subconsciente da criança. A preocupação
excessiva com a possibilidade de perder a proximidade com os pais também pode se
manifestar através de perguntas frequentes sobre o paradeiro deles e uma necessidade
constante de verificar sua presença11,3,12.

Essas manifestações clínicas não apenas geram desconforto significativo para a


criança, mas também podem interferir em suas atividades diárias e relacionamentos. O
diagnóstico é feito considerando a persistência desses sintomas e sua interferência nas
funções cotidianas, sendo essencial a avaliação de profissionais de saúde mental para
um diagnóstico preciso e intervenção adequada7,3,6.

2.2 Terapias e Tratamentos Aplicados aos Transtornos de Ansiedade

Na abordagem terapêutica, as terapias cognitivo-comportamentais (TCC) têm se


mostrado eficazes no tratamento da ansiedade de separação em crianças. Estratégias
focadas na identificação e modificação de padrões de pensamento ansiosos, juntamente
com a exposição gradual às situações temidas, são fundamentais. A TCC visa fortalecer
habilidades de enfrentamento e reduzir a resposta ansiosa diante da separação,
proporcionando à criança ferramentas para lidar com a ansiedade de maneira mais
adaptativa10,5,4,2.
O tratamento da ansiedade por separação na infância, centrado principalmente
na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), busca uma abordagem abrangente para
modificar padrões de pensamento ansiosos e desenvolver estratégias eficazes de
enfrentamento. Essa terapia não apenas trabalha diretamente com a criança, mas
também incorpora ativamente os pais no processo2,3,4,8.

Durante as sessões de TCC, a criança é guiada a identificar pensamentos


ansiosos, desafiá-los e substituí-los por pensamentos mais realistas e menos
ameaçadores. Simultaneamente, inicia-se o processo de exposição gradual, começando

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

com situações de separação controladas e evoluindo para cenários mais desafiadores à


medida que a tolerância da criança aumenta. Essa técnica visa dessensibilizar a
ansiedade associada à separação3,5,1,7.

O envolvimento ativo dos pais é um componente essencial. Sessões de


orientação oferecem suporte emocional aos pais, capacitando-os a entender e
responder de maneira eficaz à ansiedade da criança. Estratégias de exposição são
estendidas ao ambiente doméstico, permitindo que os pais desempenhem um papel
ativo na prática de situações de separação controlada8,2,5,1.

Além disso, técnicas de relaxamento, como a respiração profunda e a


visualização positiva, são ensinadas tanto à criança quanto aos pais. Essas técnicas visam
não apenas reduzir a ansiedade imediata, mas também proporcionar ferramentas de
auto regulação a longo prazo1,2,6,7.

A implementação de reforço positivo é incorporada para incentivar


comportamentos independentes e enfrentamento bem-sucedido. Celebrações por
pequenas conquistas fortalecem a confiança da criança, promovendo uma associação
positiva com a separação8,5,2,3.

Em casos mais graves, onde a ansiedade interfere significativamente na vida da


criança, intervenções farmacológicas podem ser consideradas, embora geralmente
sejam reservadas como último recurso e monitoradas cuidadosamente 4,2,9,7.

O tratamento é, portanto, uma abordagem integrada e personalizada,


reconhecendo a importância da colaboração entre pais, criança e profissionais de saúde
para garantir a eficácia a longo prazo. Esse enfoque não apenas alivia os sintomas
imediatos, mas também visa promover um desenvolvimento emocional saudável e
sustentável8,4,10,11.

2.3 Experiências Práticas e Resultados de Intervenções

A implementação prática das intervenções para ansiedade por separação em


crianças revela resultados significativos ao longo do processo terapêutico. Experiências
práticas frequentemente destacam a importância de uma abordagem gradual e
adaptativa9,3,5,1.

Durante as sessões de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), testemunha-se

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

a evolução das crianças na identificação e desafio de seus pensamentos ansiosos. À


medida que desenvolvem uma compreensão mais profunda, os resultados incluem a
diminuição da intensidade e frequência dos pensamentos ansiosos relacionados à
separação4,1,8,5.

A aplicação da exposição gradual na prática reflete uma trajetória positiva.


Inicialmente, crianças podem demonstrar resistência e ansiedade, mas, com o tempo,
muitas relatam uma redução notável na angústia associada a situações de separação.
Os relatos de maior tolerância e conforto em lidar com essas situações se tornam
indicativos do progresso alcançado5,2,6,3.

A participação ativa dos pais, especialmente nas sessões de orientação, contribui


para a criação de um ambiente de suporte emocional. Pais que aplicam as estratégias
aprendidas em casa relatam mudanças positivas na dinâmica familiar, observando uma
diminuição nas reações ansiosas da criança e um aumento na confiança durante os
períodos de separação6,8,2,3.

As técnicas de relaxamento, incorporadas como parte integral do tratamento,


têm impacto direto na autorregulação emocional. Crianças começam a utilizar essas
técnicas não apenas em contextos terapêuticos, mas também em situações cotidianas,
promovendo uma gestão autônoma da ansiedade 1,6,2,9.

Os resultados de reforço positivo são particularmente notáveis. Ao celebrar as


conquistas, por menores que sejam, as crianças sentem-se incentivadas e reconhecidas,
consolidando uma associação positiva com a separação. Esse reforço não apenas
fortalece a autoestima da criança, mas também motiva um engajamento contínuo no
processo terapêutico1,7,4,3.
As experiências práticas e os resultados de intervenções para a ansiedade por
separação destacam não apenas a eficácia das estratégias terapêuticas, mas também a
capacidade da criança de desenvolver habilidades de enfrentamento, promovendo uma
adaptação positiva a situações de separação. A abordagem integrada, com participação
ativa dos pais, revela um caminho promissor em direção ao alívio da ansiedade e ao
desenvolvimento emocional saudável9,3,5.

3. Depressão Infantil
A depressão infantil apresenta-se de maneira peculiar, frequentemente

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

manifestando-se através de mudanças no comportamento, humor e desempenho


acadêmico. Crianças podem exibir um conjunto de sintomas:

Os sintomas específicos de depressão em crianças podem variar, e é crucial estar


atento a sinais que possam indicar a presença desse transtorno. Aqui estão alguns
sintomas frequentemente observados:

- Mudanças no comportamento, como retraimento social, recusa em participar


de atividades que antes eram apreciadas, isolamento e falta de interesse em interações
sociais9,5,3.

- Alterações no humor, incluindo humor persistente de tristeza, irritabilidade


intensificada, episódios frequentes de choro e expressões de desesperança 9,5,3.

- Mudanças no sono e apetite, como distúrbios do sono (insônia ou hipersonia)


e alterações no apetite, podendo levar a perda ou ganho de peso significativos 9,5,3.

- Baixo desempenho acadêmico, como queda nas notas, falta de motivação para
participar das aulas, dificuldade de concentração e tomada de decisões 9,5,3.

- Queixas físicas recorrentes, como dores de cabeça, dores de estômago ou


outros sintomas somáticos, muitas vezes sem causa médica aparente9,5,3.

- Sentimentos de desvalia e culpa, expressões de autoaversão e sentimentos de


desvalia e culpa excessiva, mesmo em situações onde não há razão para tal9,5,3.

- Pensamentos negativos ou suicidas em casos graves, manifestações de


pensamentos negativos persistentes, desesperança extrema e, em casos mais graves,
ideação suicida9,5,3.

- Fadiga e perda de energia, como sensação constante de fadiga e resistência


física reduzida9,5,3.

- Problemas de concentração e tomada de decisões, incluindo dificuldade em se


concentrar em tarefas, pensamentos lentos e hesitação ao tomar decisões 9,5,3.

- Agitação ou retardo psicomotor, podendo apresentar agitação constante ou,


ao contrário, um retardo psicomotor, refletido em movimentos lentos e reações
reduzidas9,5,3.

É importante observar que a presença desses sintomas por um período


prolongado e com impacto significativo na vida cotidiana da criança pode indicar a

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

necessidade de avaliação profissional. A identificação precoce e o apoio adequado são


essenciais para mitigar os efeitos da depressão infantil9,5,3.

3.1 Abordagens terapêuticas com ênfase na faixa etária

A abordagem terapêutica para crianças, com ênfase na adaptação à faixa etária


infantil, é um aspecto crucial no tratamento de questões emocionais e mentais nesse
grupo específico. As crianças têm necessidades distintas em termos de compreensão,
comunicação e engajamento, o que demanda estratégias terapêuticas especialmente
adaptadas9,1,5,2.

Um dos métodos amplamente utilizados é a Terapia Cognitivo-Comportamental


(TCC). Ao trabalhar com crianças, a TCC é ajustada para tornar as técnicas mais visuais e
práticas, proporcionando uma abordagem mais eficaz para lidar com seus pensamentos
e comportamentos. Além disso, a Terapia de Jogo se destaca como uma ferramenta
valiosa, permitindo que as crianças expressem emoções complexas de maneira lúdica,
promovendo a comunicação aberta3,9,10,12.

A Terapia Familiar é outra abordagem fundamental, reconhecendo a


importância do ambiente familiar na saúde emocional das crianças. A inclusão ativa dos
familiares no processo terapêutico contribui para melhorar a dinâmica familiar e
oferecer um suporte emocional mais abrangente12,8,3.

Narrativas terapêuticas, como histórias e metáforas, são empregadas para


explicar conceitos de maneira compreensível para as crianças. Esse método estimula a
expressão emocional através de narrativas, tornando o processo terapêutico mais
envolvente e acessível8,2,1,12.

A Arte-Terapia, envolvendo atividades artísticas, oferece uma plataforma para a


autoexpressão, adaptando-se à idade e às habilidades das crianças. A integração de
estratégias terapêuticas no ambiente escolar, em colaboração com professores, permite
a identificação precoce e uma implementação mais eficaz das intervenções11,5,2,7.

A incorporação de técnicas de mindfulness adaptadas à compreensão infantil


oferece benefícios significativos na gestão do estresse e ansiedade. Além disso, a
abordagem centrada na criança coloca a participação ativa da criança no centro do
processo terapêutico, garantindo uma abordagem personalizada e inclusiva 9,1,6,3.
À medida que a tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante em

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

nossa sociedade, as intervenções terapêuticas interativas, como aplicativos e jogos


educativos, são integradas para fortalecer o processo terapêutico1,8,2,5.

A avaliação contínua e a flexibilidade são elementos fundamentais,


reconhecendo a evolução constante das necessidades da criança. Em última análise, a
ênfase na adaptação às especificidades da faixa etária infantil visa criar um ambiente
terapêutico eficaz, seguro e enriquecedor para promover o bem-estar emocional das
crianças1,7,4,2.

3.2 Desafios e progressos nas intervenções

A abordagem da depressão infantil envolve desafios únicos, mas também


apresenta progressos notáveis nas intervenções terapêuticas. Um desafio significativo é
a identificação precoce dos sintomas, muitas vezes obscurecidos pela falta de expressão
verbal das crianças. Isso destaca a importância do treinamento adequado para
educadores e profissionais de saúde, visando a detecção precoce2,6,3,12.

A estigmatização em torno da saúde mental infantil é outro obstáculo a ser


enfrentado. Muitas vezes, as crianças hesitam em compartilhar seus sentimentos devido
ao medo do julgamento, destacando a necessidade contínua de destigmatizar as
conversas sobre saúde mental na infância9,4,12,1.

No entanto, avanços na compreensão da neurociência infantil e da psicologia do


desenvolvimento estão moldando intervenções mais eficazes. Terapias cognitivo-
comportamentais adaptadas à linguagem e compreensão infantil têm demonstrado
sucesso, proporcionando às crianças ferramentas práticas para lidar com emoções
negativas8,3,5,2.

A integração de abordagens familiares e escolares também representa um


progresso significativo. Ao envolver ativamente pais e educadores no processo
terapêutico, cria-se um ambiente de apoio mais amplo, reconhecendo a importância dos
contextos sociais na saúde mental infantil12,3,6,9.

A crescente utilização de recursos tecnológicos, como aplicativos interativos e


plataformas online, tem o potencial de superar barreiras geográficas e melhorar a
acessibilidade às intervenções. No entanto, é crucial garantir que essas ferramentas
sejam adaptadas às necessidades específicas da criança e supervisionadas
adequadamente1,8,3,6.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

O investimento contínuo em pesquisa, especialmente em intervenções


preventivas, representa uma promessa para o futuro. Identificar fatores de risco e
desenvolver estratégias para fortalecer a resiliência infantil é fundamental para
enfrentar a depressão desde as fases iniciais10,5,2.

4. Transtorno do Espectro Autista (TEA)


Os Transtornos do Espectro Autista (TEA) referem-se a uma categoria de
condições neuropsiquiátricas caracterizadas por padrões persistentes de déficits na
comunicação social e interações sociais, além de padrões restritos e repetitivos de
comportamento, interesses ou atividades. Esses transtornos estão enraizados em
diferenças neurobiológicas e podem se manifestar de maneira variada, formando um
"espectro" de apresentações clínicas11,1.

As características específicas do TEA podem incluir desafios na compreensão e


expressão das interações sociais, dificuldades na comunicação verbal e não verbal, bem
como comportamentos repetitivos, estereotipados ou restritos. Além disso, algumas
crianças com TEA podem apresentar padrões de interesses intensos e focalizados em
áreas específicas12,2.

É essencial observar que a gravidade e a combinação de sintomas variam


significativamente entre os indivíduos com TEA. O diagnóstico geralmente é feito com
base em uma avaliação abrangente do comportamento e do desenvolvimento,
considerando critérios específicos estabelecidos em manuais diagnósticos, como o DSM-
5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição)8,1,3.

A identificação precoce e a intervenção personalizada são fundamentais para


proporcionar suporte adequado às crianças com TEA. Abordagens terapêuticas, como
terapia comportamental e intervenções educacionais especializadas, são
frequentemente implementadas para atender às necessidades específicas dessas
crianças, promovendo o desenvolvimento social e a autonomia9,3,5,7.

4.1 Impacto na comunicação e interação social

O impacto dos Transtornos do Espectro Autista (TEA) na comunicação e


interação social é uma característica central dessas condições. As crianças com TEA
frequentemente enfrentam desafios significativos nessas áreas, resultando em padrões
de comunicação e interação distintos em comparação com seus pares típicos 9,4,8,11.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

Tabela 1— Aspectos comunicativos e sociais alterados

Aspecto Descrição

Atrasos na Aquisição Muitas crianças com TEA podem


apresentar atrasos na aquisição da
linguagem verbal, algumas podem
desenvolver linguagem de maneira
atípica ou exibir ecolalia (repetição de
palavras ou frases sem um propósito
comunicativo claro).

Dificuldades na Compreensão A compreensão de nuances da


linguagem, como sarcasmo e expressões
idiomáticas, pode ser desafiadora.

Expressão Facial e Corporal Dificuldade em compreender e expressar


emoções por meio de expressões faciais
e linguagem corporal.

Contato Visual Algumas crianças com TEA podem evitar


o contato visual ou usá-lo de maneira
atípica.

Dificuldades de Iniciação e Resposta Pode haver desafios em iniciar ou


responder a interações sociais.

Desenvolvimento de Amizades A formação e manutenção de amizades


podem ser mais complexas devido a
déficits na compreensão de pistas sociais
e na reciprocidade emocional.

Focalização em Interesses Específicos Crianças com TEA podem exibir interesse


intenso e restrito em tópicos específicos,
tornando a conversação social mais
desafiadora.

Rituais e Rotinas Padrões repetitivos de comportamento


podem interferir nas interações sociais
espontâneas.

Resistência a Mudanças Algumas crianças com TEA podem ter


dificuldades em lidar com mudanças na
rotina, o que pode afetar a adaptação a
novos contextos sociais.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Algumas crianças com TEA podem ter dificuldades em lidar com mudanças na
rotina, o que pode afetar a adaptação a novos contextos sociais. A abordagem para
melhorar os desafios associados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) requer uma
abordagem holística, adaptada às necessidades específicas de cada criança. Para
enfrentar atrasos na aquisição da linguagem, é crucial iniciar intervenções precoces,
como terapias especializadas e abordagens como o Picture Exchange Communication
System (PECS)7,8,10,11.

As dificuldades na compreensão de nuances da linguagem podem ser superadas


através de colaboração com terapeutas para desenvolver habilidades de interpretação
e o uso de histórias sociais para explicar expressões idiomáticas e sarcasmo3,4,9,10.

Para melhorar a expressão facial e corporal, práticas regulares de expressão


emocional em situações controladas e o uso de recursos visuais podem ser eficazes.
Estratégias que incentivam o contato visual, gradualmente introduzidas, e reforços
positivos podem ajudar a lidar com a evitação ou uso atípico do contato visual4,5,2,12.

Desafios em iniciar e responder a interações sociais podem ser abordados


através da implementação de estratégias de ensino social e proporcionando
oportunidades estruturadas para praticar essas habilidades 11,7,3,8.

No desenvolvimento de amizades, criar oportunidades para interações sociais


estruturadas e trabalhar nas habilidades de compreensão social e reciprocidade
emocional são fundamentais.Quanto à focalização em interesses específicos, a
introdução gradual de novos tópicos e a integração desses interesses nas atividades
sociais podem ampliar o espectro de conversações.

Em relação a rituais, rotinas e resistência a mudanças, a introdução gradual de


alterações, o uso de calendários visuais e horários para criar previsibilidade são
estratégias eficazes.

É imperativo ressaltar que a colaboração entre pais, educadores e profissionais


de saúde é crucial para o sucesso dessas abordagens personalizadas, visando promover
o desenvolvimento social e comunicativo das crianças com TEA8,5,1,6.
4.2 Intervenções

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma abordagem eficaz no


contexto de intervenções para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa
metodologia se baseia em princípios científicos da aprendizagem, buscando modificar
comportamentos por meio de estratégias específicas 11,7,1.

Na prática da ABA, a avaliação inicial é crucial para identificar metas


comportamentais específicas. Isso é feito através da observação e análise do
comportamento da criança em diferentes contextos. Uma vez identificadas as metas,
são implementadas intervenções sistemáticas, geralmente divididas em técnicas de
reforço positivo, modelagem e moldagem de comportamento7,2,6,5.

A ABA destaca a importância do reforço positivo para fortalecer


comportamentos desejados. Isso envolve a entrega de recompensas ou elogios quando
a criança realiza a ação desejada. A repetição consistente dessa prática contribui para a
aprendizagem e generalização de comportamentos sociais e comunicativos 9,1,6,4.

Outro componente crucial da ABA é a coleta de dados sistemática para


monitorar o progresso. Isso permite ajustes contínuos nas intervenções, adaptando-as
às necessidades específicas da criança. A abordagem é altamente individualizada,
reconhecendo que o que funciona para uma criança pode não ser eficaz para outra12,6,3.

A ABA é frequentemente incorporada em configurações educacionais e


terapêuticas, sendo utilizada para ensinar habilidades acadêmicas, sociais e
comunicativas. A consistência na aplicação das intervenções e a colaboração entre pais,
educadores e terapeutas são elementos essenciais para maximizar os benefícios da
Análise do Comportamento Aplicada no desenvolvimento de crianças com TEA 7,3,8.

Outras opções como a Terapia de Integração Sensorial (TIS), que concentra-se no


processamento sensorial para auxiliar crianças na regulação de respostas a estímulos
sensoriais, beneficiando aquelas com sensibilidades atípicas 9,2,5,1.

Outra abordagem significativa é a Comunicação Alternativa e Aumentativa


(CAA), que utiliza recursos como quadros de comunicação e aplicativos para dispositivos
eletrônicos, permitindo que crianças expressem suas necessidades quando enfrentam
desafios na linguagem verbal. A Terapia Ocupacional, por sua vez, visa melhorar
habilidades motoras finas, coordenação motora e autonomia em atividades diárias,

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

promovendo independência9,2,7.

O TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication


Handicapped Children) é uma abordagem que destaca a importância da estrutura visual,
organização e rotinas para promover a compreensão do ambiente e a independência. O
PECS (Picture Exchange Communication System) utiliza imagens para facilitar a
comunicação, encorajando a troca de imagens para expressar desejos e
necessidades4,6,11,12.

5. Síndrome de Tourette

A Síndrome de Tourette é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por


tiques motores e vocais persistentes. Na infância, esse transtorno muitas vezes se
manifesta pela primeira vez entre os 5 e 10 anos. Os tiques motores podem incluir piscar
de olhos, movimentos faciais, encolhimento de ombros ou outros movimentos corporais
repetitivos. Os tiques vocais envolvem sons como pigarros, grunhidos, ou palavras
inapropriadas6,10,1,6.

É comum que os sintomas de Tourette se intensifiquem durante a infância,


atingindo o pico por volta da pré-adolescência, entre 10 e 12 anos. As características dos
tiques podem variar em frequência e intensidade, sendo geralmente mais pronunciadas
em momentos de ansiedade, estresse ou excitação5,2,9.

É importante destacar que nem todas as crianças com tiques têm a Síndrome de
Tourette. Muitas crianças podem apresentar tiques transitórios que desaparecem com
o tempo. No entanto, quando os tiques persistem por mais de um ano, e há a presença
de tiques motores e vocais, é considerado como possível diagnóstico de Síndrome de
Tourette11,3,7,9.
5.1 Características dos tiques motores e vocais

Os tiques, tanto motores quanto vocais, são características distintivas da


Síndrome de Tourette. Os tiques motores envolvem movimentos físicos involuntários e
repetitivos. Eles podem assumir diversas formas, desde movimentos simples, como
piscar de olhos, encolher os ombros, até gestos mais complexos. Os tiques motores
podem afetar qualquer parte do corpo8,11,10,6.

Por outro lado, os tiques vocais são caracterizados por sons ou palavras emitidos
involuntariamente. Isso pode incluir pigarros, grunhidos, palavras isoladas ou frases

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

curtas. Os tiques vocais variam amplamente em complexidade e podem ser simples,


como um som gutural, ou mais elaborados, como repetir palavras específicas5,8,12,3.

É importante notar que os tiques são geralmente precedidos por uma sensação
de tensão ou desconforto, conhecida como "premonição". O ato de realizar o tique
proporciona alívio temporário dessa sensação, mas ela eventualmente retorna,
iniciando um ciclo repetitivo6,2,4,8.

Os tiques podem variar em frequência, intensidade e duração. Podem aumentar


em situações de estresse, ansiedade ou excitação, e diminuir durante períodos de
relaxamento ou concentração em atividades específicas3,4,7,5.

Na Síndrome de Tourette, a presença simultânea de tiques motores e vocais,


persistindo por mais de um ano, é um critério diagnóstico. Vale ressaltar que, em alguns
casos, os tiques podem ser transitórios e não indicativos da Síndrome de Tourette. O
diagnóstico preciso e o manejo dos tiques dependem da avaliação por profissionais de
saúde especializados3,8,6,2.

5.2 Abordagens Terapêuticas

No tratamento da Síndrome de Tourette na infância, a abordagem


multidisciplinar desempenha um papel crucial, visando uma compreensão abrangente e
um suporte holístico para a criança. A Terapia Comportamental, especialmente a
Terapia Comportamental Cognitiva (TCC), intervém diretamente nos tiques,
proporcionando estratégias para reduzi-los e ajudando a criança a lidar com o estresse
associado ao transtorno5,1,7.

A Terapia Ocupacional, por sua vez, concentra-se no desenvolvimento de


habilidades motoras finas e na adaptação de atividades diárias para minimizar o impacto
dos tiques. O trabalho conjunto com profissionais de fonoaudiologia é essencial para
melhorar as habilidades de comunicação, abordando tiques vocais e promovendo uma
comunicação mais eficaz9,1,6,12.

A inclusão da psicoterapia é valiosa para oferecer suporte emocional à criança,


ajudando-a a compreender e aceitar a síndrome. Além disso, a colaboração com
profissionais de psiquiatria pode ser considerada em casos mais graves, avaliando o uso
de medicamentos para controlar sintomas específicos 8,12,4.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

No âmbito educacional, a participação de profissionais de educação especial é


fundamental. Eles trabalham em conjunto com as escolas para adaptar métodos
educacionais, garantindo que o ambiente seja inclusivo e atenda às necessidades
específicas da criança com Síndrome de Tourette5,7,2,11.

Integrar terapias expressivas, como a musicoterapia, permite que a criança


explore formas artísticas para expressar emoções e fornecer alternativas de
comunicação. A contribuição da neurologia proporciona uma compreensão mais
profunda dos aspectos neurológicos associados à síndrome, informando as estratégias
de gestão global10,11,6.

Essa abordagem interdisciplinar não apenas trata dos sintomas, mas também
promove o desenvolvimento geral da criança, visando melhorar sua qualidade de vida e
facilitar a participação plena nas atividades cotidianas e educacionais. A colaboração
efetiva entre esses profissionais é a chave para o sucesso dessa abordagem
abrangente3,2,11.

6. Disruptive Mood Dysregulation Disorder (DMDD)


O Transtorno Disruptivo do Controle de Impulsos e da Conduta, especificamente
o Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor (DMDD) na infância, é marcado por
episódios frequentes de irritabilidade persistente e explosões de raiva desproporcionais
à situação. Esses sintomas, quando não tratados, podem ter impactos significativos nas
relações familiares, no desempenho escolar e no desenvolvimento emocional da
criança11,7,2,4.

As estratégias terapêuticas e intervenções comportamentais visam abordar


esses episódios de irritabilidade de maneira a promover a autorregulação emocional e
reduzir os comportamentos explosivos. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
desempenha um papel fundamental ao ajudar a criança a identificar e modificar padrões
de pensamento disfuncionais, capacitando-a a lidar com as emoções de forma mais
adaptativa8,7,10,5.

O treinamento de habilidades parentais é uma abordagem crucial, envolvendo


os pais no processo terapêutico. Isso oferece suporte à criação de um ambiente mais
estruturado, onde estratégias consistentes são implementadas para gerenciar o
comportamento da criança e fornecer apoio emocional12,3,8,9.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

Além disso, a psicoeducação desempenha um papel importante, informando


tanto a criança quanto a família sobre o DMDD. O entendimento aprimorado da
condição pode fortalecer a capacidade de enfrentamento e promover uma comunicação
mais eficaz10,5,6,3.

No entanto, é essencial realizar uma avaliação crítica da eficácia dessas


abordagens. A resposta ao tratamento pode variar consideravelmente entre as crianças,
e uma abordagem personalizada é muitas vezes necessária. A avaliação constante e a
adaptação das estratégias terapêuticas são cruciais para maximizar os benefícios e
promover resultados a longo prazo. A colaboração estreita entre profissionais de saúde,
terapeutas, pais e educadores é essencial para garantir uma abordagem holística e
eficaz6,3,12,11.

7. Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo (TEOC)


Os Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo (TEOC) em crianças envolvem
a presença persistente de pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos. Os
pensamentos obsessivos são intrusivos, persistentes e indesejados, causando
desconforto significativo. Em resposta a esses pensamentos, as crianças desenvolvem
comportamentos compulsivos, rituais repetitivos realizados para aliviar a ansiedade
associada6,4,10,11.

As terapias cognitivo-comportamentais (TCC) desempenham um papel central


no manejo dos TEOC em crianças. Essas terapias visam identificar e modificar padrões
de pensamento disfuncionais, desafiando crenças irracionais associadas aos
pensamentos obsessivos. Além disso, estratégias de exposição e prevenção de resposta
são frequentemente implementadas para ajudar a criança a enfrentar gradativamente
situações que desencadeiam a ansiedade, permitindo uma adaptação mais
saudável12,3,7,9.

No âmbito farmacológico, a prescrição de medicamentos pode ser considerada


em casos mais graves ou quando as terapias cognitivo-comportamentais não fornecem
alívio suficiente. Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) são
frequentemente utilizados, ajudando a regular os níveis de serotonina no cérebro e
reduzir a intensidade dos sintomas6,9,4,2.

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

Experiências práticas na gestão dos TEOC na infância destacam a importância da


paciência e da compreensão. A abordagem multidisciplinar, envolvendo pais,
educadores e profissionais de saúde, é crucial. Estratégias práticas incluem criar um
ambiente de apoio, estabelecer rotinas previsíveis e incentivar a comunicação aberta
sobre os sentimentos associados aos TEOC. A colaboração contínua entre todas as
partes interessadas é essencial para fornecer um suporte abrangente e eficaz para a
criança que enfrenta esses desafios5,2,8,3.

8. Discussão Comparativa entre Transtornos


A discussão comparativa entre diferentes transtornos psiquiátricos na infância
revela padrões e diferenças nas abordagens terapêuticas, proporcionando insights
cruciais para profissionais de saúde mental. Ao analisar transtornos como Transtorno do
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno do Espectro Autista (TEA),
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC),
é possível identificar estratégias terapêuticas comuns, bem como nuances específicas
para cada condição2,5,4,12.

8.1 Padrões e Diferenças nas Abordagens Terapêuticas

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):

- Eficaz no TDAH, TEA, TAG e TOC, abordando padrões de pensamento


disfuncionais e comportamentos indesejados9,4.

- Ênfase na exposição e prevenção de resposta para o TOC; adaptação para a


comunicação social no TEA9,4.
8.2 Intervenções Farmacológicas

- Uso de medicamentos, como estimulantes para o TDAH e inibidores seletivos


de recaptação de serotonina para TAG e TOC5.10.

- Ênfase na estabilização do humor para transtornos de humor e ajustes


específicos para sintomas de atenção e hiperatividade no TDAH5.10.

8.3 Reflexões sobre a Complexidade de Múltiplos Transtornos:

A coexistência de múltiplos transtornos amplifica a complexidade do


tratamento. Quando TDAH e TAG, por exemplo, coexistem, pode ser desafiador

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

distinguir sintomas sobrepostos e priorizar intervenções. A presença simultânea de TEA


e TOC demanda uma abordagem terapêutica integrada para lidar com as características
distintas de cada condição5.12,7,1.

8.4 Implicações Práticas para Profissionais na Escolha de Intervenções:

Profissionais de saúde mental enfrentam o desafio de personalizar intervenções


para atender às necessidades específicas de cada criança. Estratégias combinadas, como
TCC e medicamentos, podem ser necessárias quando transtornos coexistem. Além disso,
a comunicação efetiva e a colaboração entre profissionais, pais e educadores tornam-se
cruciais para coordenar uma abordagem abrangente e consistente5,9,6,1.

A discussão comparativa destaca que, embora existam padrões terapêuticos


comuns, a individualidade de cada transtorno e as complexidades da coexistência
exigem uma abordagem personalizada. Profissionais devem ser ágeis e adaptáveis,
integrando estratégias terapêuticas de maneira holística para otimizar o tratamento e
melhorar a qualidade de vida das crianças afetadas por múltiplos transtornos
psiquiátricos6,4,8,11.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta conclusão abrangente, as nuances dos transtornos psiquiátricos infantis
emergem como um desafio multifacetado. A revisão integrativa proporcionou uma visão
detalhada das evidências disponíveis, evidenciando a diversidade clínica e a
complexidade dessas condições. A necessidade premente de abordagens
individualizadas torna-se evidente, reconhecendo que não existe uma solução única
para esses desafios comportamentais.

Destaca-se a importância prática dos resultados, orientando profissionais de


saúde, educadores e cuidadores na implementação de estratégias eficazes. A
compreensão de que a intervenção precoce e personalizada é fundamental para o
sucesso no manejo desses transtornos ressoa como um tema central.

Contudo, é crucial notar que a pesquisa sobre transtornos psiquiátricos infantis


é dinâmica, com novas descobertas constantes. Este estudo, ao contribuir para o
entendimento atual, destaca a relevância contínua de investigações mais aprofundadas
e da adaptação constante das práticas clínicas. Em última análise, almeja-se um impacto

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

tangível na qualidade de vida das crianças, oferecendo perspectivas mais claras e


estratégias mais eficientes no manejo dessas condições complexas.

REFERÊNCIAS

1. Thiengo DL, Cavalcante MT, Lovisi GM. Prevalência de transtornos mentais entre
crianças e adolescentes e fatores associados: uma revisão sistemática. J bras psiquiatr
[Internet]. 2014Oct;63(4):360–72. Available from: https://doi.org/10.1590/0047-
2085000000046

2. Rohde LA, Barbosa G, Tramontina S, Polanczyk G. Transtorno de déficit de


atenção/hiperatividade. Braz J Psychiatry [Internet]. 2000Dec;22:07–11. Available from:
https://doi.org/10.1590/S1516-44462000000600003

3. Esper MV, Nakamura E. Significados dos problemas mentais na infância: Quem olha?
O que se olha? Como se olha?. Physis [Internet]. 2023;33:e33035. Available from:
https://doi.org/10.1590/S0103-7331202333035

4. Scivoletto S, Boarati MA, Turkiewicz G. Emergências psiquiátricas na infância e


adolescência. Braz J Psychiatry [Internet]. 2010Oct;32:S112–20. Available from:
https://doi.org/10.1590/S1516-44462010000600008

5. Cid MFB, Squassoni CE, Gasparini DA, Fernandes LH de O. Saúde mental infantil e
contexto escolar: as percepções dos educadores. Pro-Posições [Internet].
2019;30:e20170093. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-6248-2017-0093

6. Linhares MBM, Enumo SRF. Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da


pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estud psicol (Campinas) [Internet].
2020;37:e200089. Available from: https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200089

7. Rodrigues TA dos S, Rodrigues LP de S, Cardoso ÂMR. Adolescentes usuários de serviço


de saúde mental: avaliação da percepção de melhora com o tratamento. J bras psiquiatr
[Internet]. 2020Apr;69(2):103–10. Available from: https://doi.org/10.1590/0047-
2085000000269

8. Guimarães A, Silva LAV da. A Saúde Coletiva e a Criança com Comportamentos

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.
Transtornos psiquiátricos prevalentes na infância: lidando com desafios comportamentais
De Paula et. al.

Externalizantes: uma revisão de literatura. Physis [Internet]. 2021;31(4):e310424.


Available from: https://doi.org/10.1590/S0103-73312021310424

9. Viapiana VN, Gomes RM, Albuquerque GSC de. Adoecimento psíquico na sociedade
contemporânea: notas conceituais da teoria da determinação social do processo saúde-
doença. Saúde debate [Internet]. 2018Dec;42(spe4):175–86. Available from:
https://doi.org/10.1590/0103-11042018S414

10. Jou GI de, Amaral B, Pavan CR, Schaefer LS, Zimmer M. Transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade: um olhar no ensino fundamental. Psicol Reflex Crit [Internet].
2010Jan;23(1):29–36. Available from: https://doi.org/10.1590/S0102-
79722010000100005

11. Andrade RC de, Assumpção Junior F, Teixeira IA, Fonseca VA da S. Prevalência de


transtornos psiquiátricos em jovens infratores na cidade do Rio de Janeiro (RJ, Brasil):
estudo de gênero e relação com a gravidade do delito. Ciênc saúde coletiva [Internet].
2011Apr;16(4):2179–88. Available from: https://doi.org/10.1590/S1413-
81232011000400017

12. Assis SG de, Avanci JQ, Pesce RP, Ximenes LF. Situação de crianças e adolescentes
brasileiros em relação à saúde mental e à violência. Ciênc saúde coletiva [Internet].
2009Mar;14(2):349–61. Available from: https://doi.org/10.1590/S1413-
81232009000200002

13. Pheula GF, Isolan LR. Psicoterapia baseada em evidências em crianças e


adolescentes. Arch Clin Psychiatry (São Paulo) [Internet]. 2007;34(2):74–83. Available
from: https://doi.org/10.1590/S0101-60832007000200003

14. Paixão RF, Patias ND, Dell'Aglio DD. Self-esteem and Symptoms of Mental Disorder
in the Adolescence: Associated Variables. Psic: Teor e Pesq [Internet]. 2018;34:e34436.
Available from: https://doi.org/10.1590/0102.3772

Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences


Volume 6, Issue 1 (2024), Page 728-760.

Você também pode gostar