Obesidade: Pode-Se Falar em Pandemia Pois Está Presente No Mundo Todo de Nição
Obesidade: Pode-Se Falar em Pandemia Pois Está Presente No Mundo Todo de Nição
• Doença pandêmica pode-se falar em pandemia pois está presente no mundo todo
• Aumento de morbi mortalidade
• Definição: A obesidade tem sido definida como doença crônica associada ao
excesso de gordura corporal (acúmulo de tecido adiposo localizado ou
generalizado), com etiologia complexa e multifatorial, resultando da interação
de estilo de vida, genes e fatores emocionais
Mulheres seguem a mesma proporção (um pouco menos, mas sempre acima de
50% da população feminina adulta)
Alguns dados alarmantes que saíram ano passado de estimativa epidemiológica. A
projeção 2030 indica que 68% da população vai estar com excesso de peso e 26% com
obesidade. 1 em cada 4 adultos (prevalência alta).
O ideal é que se fale que o paciente convive com obesidade, para não estigmatizar a pessoa,
pois é uma pessoa com uma doença.
Quando chega um paciente que tem como queixa principal a obesidade:
• História clínica (fazer primeiro) saber com qual idade paciente tinha seu “peso
bom” e com quantos anos começou a engordar. Pessoas que foram magras a
vida toda e ganharam peso recentemente, tem maior facilidade para emagrecer
– memória metabólica.
- Costuma-se perguntar para o paciente “quando foi que você notou aumento de peso
?” “quando você tinha peso estável?”
- Tem pacientes que vão falar “desde criança sempre fui mais gordinho”, “sempre tive
mais peso que os meus colegas”.
Sabe-se que quanto mais precoce o ganho de peso, mais difícil é depois pois a memória
metabólica está presente desde um tempo muito precoce.
- Mulheres que tiveram múltiplas gestações (engravida, ganha peso, não consegue
perder). Menopausa também.
- Tem gente que vai ser de maneira mais aguda. Cirurgias que deixam as pessoas muito
tempo sedentárias.
Enfim, pessoas que tem um marco temporal mesmo.
• Hiperfágico: não come fora do horário, mas nas refeições come em grande
quantidade.
Como Avaliar
- Quando o paciente chega tem que saber história clínica, padrão alimentar, como que
é a rotina dessa pessoa, exercício físico. “Você acordou que horas?” “Café você toma
que horas?” (quantidade certinha) E então examinar.
Pregas Cutâneas
Bioimpedância
Antes nós éramos muito mais ativos. As pessoas andavam, não tinham tanto acesso a
automóvel. Hoje somos muito sedentários (mais facilidade com o transporte). Elevador ao
invés da escada. Sentados o dia inteiro
Existem alguns determinantes de balanço energético:
● Setor da fome (hipotalâmico)
Uma pessoa vai ter um set point (peso inicial dela). Se ela perde peso, devido a uma dieta
super restritiva, usando medicação. O corpo vai entender que passou por privação de
energia. “nossa ela ta doente, aconteceu alguma coisa que ela perdeu peso. Vou ter mais
apetite para ela voltar para o set point.”
Mesma coisa se eu ganhar peso. A tendência é manter o peso estável. Por isso que muitas
pessoas falam “emagreci mas voltei a engordar”. Porque vai existir mecanismo adaptativo.
No passado para sobreviver o corpo tinha que estocar gordura (vivia mais quem estocava
mais, alimentação era mais restrita)
- Capacidade de estocar e dificuldade de perder
Aqui tem:
Saciação (entre uma refeição e outra) e saciedade (período que fica cheio depois de uma
refeição). Sabemos que isso daqui é modulado pelo sistema nervoso central. Existem
pessoas com menos saciedade e menos saciação.
A regulação central de apetite é bem difícil, bem chato de saber (a professora decorou pra
prova de residência) - NÃO PRECISAMOS SABER ISSO
Só precisamos saber que tem muita coisa fina associada ao controle de apetite.
O nosso cérebro trabalha finamente para que a gente sinta vontade de comer ou não.
Tem substâncias orexigênicas que aumentam o apetite - neuropeptídeo Y e substâncias
anorexígênicas como a POMC e o CART.
E aqui é tudo que é regulado. Existe uma regulação central e regulação periférica. Tem os
hormônios centrais - produzidos pelos neurônios centrais - que vão agir para aumentar ou
diminuir a fome. E a regulação periférica de hormônios que aumentam se eu tenho mais
gordura ou de hormônios que aumentam se eu como.
Assim, quando olhamos para um mecanismo de controle todo interligado com tantas
substâncias, não dá para falar que obesidade é uma escolha ou que é algo facilmente
modulado.
Aqui temos todos os hormônios que produzimos. Não só glândulas endócrinas são
produtoras de hormônios. Produzimos via intestinal, via estômago, pancreático e tecido
adiposo. Todos agem no cérebro
Os hormônios intestinais (importantes para tratamento e pra fisiopatologia)
A grelina é o único hormônio que aumenta o apetite. Ele cai depois que a pessoa come, só
que a queda é maior com carboidrato, proteína e gordura.
Nos obesos a supressão é muito reduzida. Então nos obesos um único hormônio já faz toda
a diferença.
Colecistocinina
- estimula saciação e saciedade
GLP1
Secretado em resposta às refeições - é a molécula do ozempic
- Estímulo direto luminal (de parede)
- Estímulo indireto 🡪 por reflexos neurais
vai durar de 10 a 15 minutos.
- GLP-1 basal: 5-15 pmol/L GLP-1 pós-prandial: 20-60 pmol/L (10-15min;
pico em 2h)
Ações:
Retardo do esvaziamento gástrico - a pessoa se sente cheia
Aumento da secreção de insulina
Diminuição da secreção de Glucagon
Aumento da proliferação de células beta-pancreáticas
• Níveis séricos mais baixos e menores elevações pós-prandiais de GLP-1 em
obesos.
É um hormônio que diminui o apetite, só que indivíduos obesos produzem menos GLP1 e
menor elevação pós-prandial de hormônio
Insulina
Promove anorexia-> se não houver hipoglicemia, aumento do gasto energético
e redução do peso corporal -também é produzida quando eu me alimento
• Obesidade tem resistência à insulina; sinalização prejudicada: ↑ insulinemia
• Indivíduo apresenta menor sensação de saciedade , Maior consumo de
alimentos - ciclo vicioso, aumenta obesidade, resistência à insulina, menor sensação de
saciedade
🡪 Ciclo vicioso, culminando em mais obesidade, mais resistência à ação da
insulina e mais ganho de peso
Até aqui a gente vê deficiências hormonais, produzidos em menor pico, ou tendo maior
resistência, contribuindo para fisiopatologia da obesidade.
Leptina:
Produzida pelo tecido adiposo branco (maior na gordura subcutânea);
secretada em maior quantidade em períodos pós-prandiais e em menor no
jejum.
Aqui temos regulação central de apetite e regulação periférica. Sabe-se que pelo estado
pró-inflamatório da obesidade, a regulação central está prejudicada.
Dois tipos de apetite:
Largados e pelados mimetiza o que vivíamos antes. Mostra eles caçando para comer.
Apetite hedônico
Pensamento forte antigamente de que a obesidade era uma questão estética, não seria
doença.
Obesidade controlada
Se uma pessoa chega com um IMC de 35 - é muito difícil ela perder o tanto de peso
necessário para chegar em um IMC eutrófico. É cruel falar pra pessoa que ela precisa perder
100 Kg, pois isso cria uma expectativa falsa e vai frustrar a pessoa que eu to tratando. Muitas
vezes eu preciso de menos disso para trazer um benefício para ela (um benefício de uma
maior qualidade de vida e menor risco cardiovascular no futuro).
Perda de peso que pode parecer muitas vezes até modesta — geralmente acima
de 5% — já está relacionada a vantagens para a saúde, independentemente do
valor do IMC ao final do tratamento que levou a esse emagrecimento.
Acima de 5% - principalmente vantagem ortopédica.
• IMC entre 30 e 39, 9kg/m2, perdas que representam de 5% a 10% do valor
mais alto alcançado na vida indicam uma obesidade reduzida
• Perdas acima de 10% apontam para uma obesidade controlada, com uma
redução de risco importante para a saúde
Tratamento - MEV
Em toda consulta eu preciso saber como que essa pessoa vive, qual estilo de vida dela. Então
eu preciso falar em: dieta, plano alimentar, atividade física e mudança comportamental
• Essa combinação pode gerar uma perda de 5-10% no peso e é recomendada
para melhora da saúde e qualidade de vida
. • Estratégia comportamental:
- Definir metas realistas - é importante definir metas realistas (não dá pra mandar
uma pessoa sedentária para fazer crossfit 5 vezes na semana - ela não vai fazer ou vai se
lesionar)
- Automonitoramento - é importante pedir para a pessoa se pesar uma vez na
semana para acompanhar o progresso
- Controle de estímulos - por exemplo num rodízio de pizza você come mais do
que se pedir a pizza em casa (pois tem maior exposição).
Pedir que a pessoa não tenha comidas que ela sabe que são palatáveis para ela em
casa.
- Atividade física
- Planejamento de refeições - você não vai chegar cansado e vai lavar alface, você
vai chegar cansado e vai abrir o ifood e vai comer o que for mais fácil
- Solução de problemas
- Suporte social - Quem mora com a pessoa estar ajudando é importante. Porque
se você tenta fazer uma alimentação saudável e a pessoa que vive com você pede 5
lanches, você vai comer também.
É importante saber para quem o medicamento está indicado. Eu não uso ozempic
(remédio da moda) porque preciso perder 2 kg para ir num casamento ( não é essa a
indicação do medicamento - é um remédio para doença).
Trato pessoas com sobrepeso e comorbidade e obesos com indicação.
Critérios de eficácia
“pra que que eu sei que tá funcionando a medicação que eu prescrevi ?” 🧐
Como eu sei se a medicação que eu prescrevi está funcionando? - acho que é isso!!!!!
• Perda de 5% do peso inicial após 12 semanas de tratamento (FDA)
• Perda de 10% do peso inicial após 12 semanas de tratamento (CPMP) - em 3
meses
• Perda de peso: idealmente deve ser mantida por pelo menos 1 ano e ser
acompanhada de melhora dos parâmetros metabólicos - Se nesse ano de
acompanhamento eu não perder pelo menos isso - posso suspender e tentar outra
alternativa. Porque todo medicamento pode ter efeito colateral.
• Não alcançada meta de 5% de perda do peso inicial: suspensão (risco x
benefício)
• Critério de aprovação das medicações pelas agências: Para o medicamento ser
aprovado por agência reguladora (ANVISA, FDA) o medicamento tem que levar a:
- Perda de 5% do peso inicial ou perda maior que o dobro do placebo-
Professora está falando de remédio estudado para tratar doença
Medicamentos
Pra quem que a sibutramina é indicada? pra quem não tem nenhum fator de risco
cardiovascular e nenhuma doença psiquiátrica descontrolada. Porque ela age em meio
transmissor e pode aumentar a frequência cardíaca.
Sempre ficar de olho se o paciente não tem alguma contra-indicção.
Orlistate
• Ação:
◦ Inibidor da lipase pancreática e gástrica -único que não age em via central, você
basicamente não absorve toda gordura que você come.
◦ redução de cerca de 30% na absorção de gordura
• Indicações: a partir de 12 anos de idade (FDA)
• Contra-indicações:
◦ Síndrome de má absorção crônica intestinal - não indica para quem não absorve
gordura ou vitaminas (???) direito.
◦ Colestase
• Efeitos colaterais:
◦ Urgência e incontinência fecal, flatulência com perdas, fezes gordurosas e
aumento da defecação
• Geralmente são transitórios – primeiros 3 meses de tratamento
O que vai acontecer é que quando a pessoa comer, não vai ter a lipase e vai ocorrer diarréia
com gordura.
não age no centro do apetite (não adianta prescrever em quem não come gordura)
Lisdexanfetamina -VENVANSE
• Tem anel semelhante aos catecolaminérgicos - semelhante a sibutramina. Atua
como agonista dopaminérgico e noradrenérgico – ativa sistema anorexigenico e
sistema de recompensa.
• FDA liberou em 2015 para Transtorno de compulsão alimentar periódica.
(não é para todo paciente é para quem tem transtorno alimentar mesmo) Não indica para
paciente com histórico de abuso
• Efeitos adversos: agitação, exacerbação de psicoses, indução de mania em
pacientes bipolares, aparecimento de sintomas psicóticos, agressão, risco de crise
convulsiva, aumento de risco cardiovascular.
• Potencial aditivo: contraindicado em pacientes com histórico de abuso de
drogas, além de cardiopatas, HAS descompensada, coronariopata,
hipertiroidismo, glaucoma, doenças psiquiátricas.
A professora disse que só prescreve esse junto com o psiquiatra e o psicólogo (por causa da
expertise deles)
• aGLP1 (Liraglutida)
• Nome comercial: Saxenda
• Aprovada: ◦ Tratamento do DM2 (2010) 🡪 benéfica em até 1,8 mg/dia ◦
Aprovada para tratamento de obesidade em pacientes não diabéticos em 2014
pelo FDA – pela ANVISA em 2016
Qual a diferença entre victoza e saxenda?
Victoza vai com dose de 0,16; 1,2 e 1,8 mg (liberada para tratamento de diabetes).
Saxenda - dose máxima de 3 ( então 2,4 e 3 mg). Até 3 mg é a dose liberada para o paciente
com obesidade.
Semaglutida
- também é um análogo de GLP-1, mas com duração semanal
- existe a diferença entre ozempic e wegovy (é muito falado que ozempic não é liberado para
tratamento da obesidade - é liberado só para diabetes) -
A diferença também é a dose: 0,5 e 1 mg de ozempic e o wegovy chega a 1,7 a 2,4 (dose
máxima da obesidade é sempre maior)
O problema é que a gente não tem o wegovy no Brasil, porque não tem insumo suficiente
para trazer o remédio para cá.
Estudo SELECT
Liberado ano passado
• Pela primeira vez medicamento para obesidade (semaglutida 2,4 mg/ semana)
reduziu desfecho cardiovascular em 20% dos pacientes com obesidade e doença
cardiovascular estabelecida, após 5 anos - não baseada em perda de peso 🧐
• Redução de mortalidade por todas as causas: 19%
Só pelo medicamento ser utilizado, existe a redução de 19% de mortalidade
• Ainda não havia evidências diretas que tratamento clínico mudava efeitos
desfechos cardíacos
• Tratar obesidade tem como objetivo reduzir riscos cardiovasculares
Redução de risco cardiovascular e mortalidade com uso de medicação
Análogos combinados
Aqui mostra um gráfico de perda de peso, comparado a dose. Então quanto maior a dose,
maior a perda de peso. Geralmente o estudo dura um ano. O placebo perde quase nada e a
porcentagem de peso perdido chega a bater quase 24 % com a medicação.
“Uma baita medicação”
Bariátrica
Cirúrgia que é indicada para
• Indicações:
1. IMC maior que 40
2. IMC maior que 35 com comorbidades associadas
3. Tratamento clínico por pelo menos 2 anos
4. Maior de 18 anos - alguns lugares maiores de 16
5. Sem uso de drogas ou álcool e sem doença psiquiátrica descompensada
6. Nova indicação: obesidade grau 1 em pacientes com DM2 mal controlado
(CFM) - e algumas pessoas com IMC acima de 30 e diabetes descompensada
Não chego tratando pessoas com bariátrica , a não ser que ela tenha tratamento clínico por
pelo menos 2 anos. Ou seja, ela já acompanhou, já fez tratamento clínico não respondeu
O “efeito sanfona”
• Manter peso é como “andar em uma escada rolante, ao contrário”
• Hipotálamo fará o possível para levar novamente ao peso inicial 🡪 aumenta
apetite e reduz gasto energético
• A cada kg perdido: apetite aumenta em 100 kcal e redução de gasto
energético em 30 kcal
se eu perder 10 kg vou ficar com 1000 kcal a mais de apetite. Porque o cérebro vai tentar
voltar para o set point. Eu gasto menos energia e sinto mais fome (escada rolante ao
contrário - grande esforço para manter).
• Tratamento não acaba quando atinge o peso perdido O tratamento dessa pessoa
não acaba quando atinge a porcentagem desejada ( por isso mudança de estilo de vida)
• Estratégias: exercício (para aumentar gasto energético e massa muscular), vigilância
com pesagens frequentes
• Recuperação de peso é um processo fisiológico e não “falta de vontade
(paciente vai ficar em tratamento contínuo).
Obesidade eu trato com respeito, não estigmatizar o paciente. Se não souber tratar,
encaminha pra quem tem experiência nisso.