Manejo Das Vacas de Cria

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 69

Manejo das vacas de cria

A produtividade e eficiência da vaca de corte dependem de um


conjunto grande de fatores, maior do que para animais em crescimento.
Produtividade das pastagens, baixa eficiência reprodutiva, alta
mortalidade e baixas taxas de crescimento.
A eficiência do par vaca:bezerro está intimamente
correlacionada com a eficiência do sistema de
produção
Como melhorar a produtividade?
- Cruzamentos;
- Touros provados com DEPs positiva para taxa de
crescimento;
- Precocidade sexual
- Melhores forrageiras;
- Adubação e manejo de pastagem;
- Suplementação proteica e mineral;
- Cuidados sanitários;
- Melhorar manejo reprodutivo;
Sucesso da
cria depende: Faz-se
Fertilidade necessário
grande
controle
Baixa herdabilidade reprodutivo
Grande influência do
das matrizes
ambiente (nutrição)

Na ausência da estação de monta, a


fertilidade apresenta variações vinculadas
às condições climáticas e oferta de
alimentos, e a colheita de bezerros pode ser
seriamente comprometida.
Componente econômico
Valor econômico Herdabilidade (%)
da pecuária de corte
Reprodução 8,5 10
Ganho de peso 1,0 40
Rendimento de carcaça 0,5 50

Sendo a colheita de bezerro o objetivo das fazendas que exercem


pecuária de corte, fica difícil entender os baixos índices
zootécnicos brasileiros!
Fonte: Pires, 2010
Estação de monta (EM):
Ferramenta zootécnica utilizada com o objetivo de fornecer condições
especiais de alimentação, manejo e condições de comercialização, para
que matrizes colocadas em reprodução e suas crias tenham o máximo
desempenho.
Escolha da EM deve levar em conta as características da região.
Objetivos da estação de monta (EM)

- Ter no mínimo 80% dos cios ocorrendo nos primeiros 50 dias da EM.
- Antecipar a estação de nascimento. Bezerros nascidos no início da
estação de nascimento tem melhor desempenho.
- Garante a entrada da fêmea nas próximas EM.
Vantagens da estação de monta (EM)
Conhecimento da eficiência reprodutiva

Auxiliar no descarte

Lotes homogêneos de bezerros

Contratação de mão-de-obra temporária

Concentração partos – aumenta a oferta


– reduz o valor da @
Duração da estação de monta
O ideal é que não ultrapasse o período de
serviço.
• Bem manejados: 45-60 dias
• Aceitável: 90 dias

Transição pode ser gradativa, iniciando pelo


período de maior parição, usar estações de
monta mais longas (5-6 meses) e ir reduzindo
anualmente (15 dias no início e fim).
Época da estação de monta
Determinada em razão do melhor período para o nascimento dos
bezerros e para atender a maior exigência nutricional das matrizes.
Varia conforme a distribuição da oferta de forragens ao longo do ano.

EM: Início da maior disponibilidade de pasto


Nascimentos: Pico de produção de pasto

Sincronizar o período de maior exigência da vaca com a melhor oferta de alimento.


Maior quantidade de pasto,
Chuva e umidade porém qualidade começa
Menor quantidade de pasto,
porém alta qualidade
(rebrota)
cair

Nutrientes são direcionados


SUL
para a semente.

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

EM
Maior produção de Desmame Partos
pastagem e qualidade. Entrada da seca, positivo Início da produção de leite
para a matriz recuperar coincidirá com a retomada da
Máxima manifestação
o ECC. rebrota das pastagens.
de cio.
Inconveniente do nascimento nas águas
• Aumento da incidência de diarreias pela maior produção de leite (?)
• Parasitoses (verminoses, alopecia, bicheira)
• Maior mortalidade
- Cuidados ao parto
- Colostro
- Cura do umbigo
- Locais secos
- Sombra e protegido de ventos frios

Partos na seca (Jun/Jul/Ago) - > Suplementar a matriz.


EM: Set/Out/Nov
Preparo das matrizes para EM

• Brucelose
• Tuberculose
• Leptospirose
• Neosporose
• Revisão dos cascos
• ECC 5-7 (1 a 9)
• ECC 3-4 (1 a 5)
ECC
Impacto da energia sobre a reprodução
• Retardo da puberdade;
• Aumento no período de serviço;
• Reduz taxa de concepção;
• Aumenta IEP;
• BEN
• Queda na produção de GnRH – deficiência nutricional reduz produção
de E2 pelo folículo dominante;
• Persistência do corpo lúteo;
• Suplementação com gordura protegida (w6 e w3) – aumenta PGF2-alfa,
melhora desenvolvimento folicular (E2) e níveis de P4 = maior taxa de
prenhez.
Utilização de touros
• Andrológico 30 dias antes da EM;
• Tamanho de lote x piquete;
• Touro:vaca= 1:23-30 início da EM
= 1:60 meio da EM
= 1:100 fim da EM
IA
• Empregada em 18% das matrizes de corte (USP, 2019);
• Leva a uma redução da taxa de prenhez;
• Viável em rebanhos com cruzamento industrial e tricross;
• Melhoramento genético;
• Rufião 1:60 vacas;
• Mão-de-obra (premiação);
• Touro de repasse;
Diagnóstico de gestação e parto
• 25 a 45 após o término da EM;
• Vazias candidatas ao descarte;
• Rigor do descarte depende das condições nutricionais, técnica
reprodutiva, reprodutor...;
• Vacas prenhes com bezerro ao pé vão para um lote separado
até o desmame;
• Novilhas prenhes em lote separado;
• Piquete maternidade 15 dias antes do parto e 15 dias depois
do parto;
• Como normalmente o parto não é assistido busca-se raças e
animais bezerros leves ao parto;
Cuidados com a cria
• Colostragem
• 1a alimentação dentro de 2-6 h,
• 5% do peso vivo / refeição,
• Colostro da mãe se for de boa qualidade,
• Caso a qualidade não seja conhecida, fornecer 3 L na 1a
alimentação e depois a cada 12h,
• Usar sonda esofágico quando necessário.
Cura do umbigo – iodo 5 a 10%
Identificação e pesagem
Acompanhamento do crescimento
Facilita a execução de tarefas previamente
planejadas

Podem ser utilizadas:


•Tatuagens
•Brincos
•Colares
•Marca com ferro após 30 dias
•Microchip
Realizada nos primeiros dias;
Permanente;
Difícil visualização;
Combinada com outra;
- Limpeza;
- Tinta;
- Alicate;
- Tinta.
Método mais comum, usado para identificar a
raça, o proprietário do animal, o indivíduo e
também a realização de certas práticas de manejo,
como no caso da vacinação de brucelose.

Ferros de 8-11 cm de diâmetro, com cantos


arredondados

Posicionamento no corpo do animal definido por


lei (Lei nº 4.714, de 29 de junho de 1965), pelas
associações de criadores ou pelo MAPA (nos
membros abaixo da linha do ventre).
Descorna
30 dias de idade Cura com unguento
• Ferro quente
• Pasta cáustica

Bodoque
Manejo de cria
• Creep-feeding até 1 – 2,5 Kg/cabeça/dia
• Creep-grazing (tifton, consórcios)
• Localizado próximo aos cochos das matrizes

Nem sempre ameniza as necessidades da


mãe visto que o bezerro prioriza o leite.
Bezerros mais pesados ao desmame. Mas
não garante maiores taxas de prenhez.
- Matrizes cruzadas (produzem mais leite) o
creep só se justifica para abates
superprecoces;
- Alternativa para primíparas;
- Bezerros F1 de mães nelore;
Desmame
• 6 a 9 meses drasticamente (venda ou pasto separado) ou com
focinheira/tabuleta;
• Perda de peso e suscetível a doenças;
• Desmamar em lotes uniformes;
Relação de desmama = (Peso do bezerro/Peso da vaca)*100
Espera-se superior a 50%
Ferramenta para seleção de
matrizes
•Desmame convencional acima de 4 meses
•Desmame precoce 3-4 meses Ocorrem durante o início
e/ou meio da estação
•Super-precoce 60-70 dias reprodutiva. Assim, podem
melhorar a taxa de prenhez
Desafio é a nutrição dos bezerros, a na estação de monta pela
interrupção da produção de
ração deve: i) atender as necessidades leite e o reflexo da mamada,
nutricionais de bezerros extremamente a vaca recupera ECC
jovens ii) ser palatável e iii) atraente reestabelece a atividade
para estimular o consumo pelo bezerro. ovariana.
Estresse: troca de alimentação (de leite para ração) e a retirada do bezerro do convívio com
a mãe podem gerar influências negativas ao longo da vida produtiva do bezerro, visto que
no momento do desmame hiperprecoce o bezerro encontra-se mais vulnerável às doenças.
Eficiência da vaca de cria
Há grande variabilidade na produtividade da vaca de cria. Há vacas que
consomem 50% menos MS e produzem bezerros desmamados com mesmo peso
que outros animais.
Está relacionado a exigência de mantença (eficiência biológica – raças, peso
adulto, ECC, estado fisiológico e produção de leite)
EM 10% menor que B. taurus

Eficiência produtiva do par = GP bezerro/consumo da vaca

Eficiência produtiva da vaca= (peso desmama/peso da matriz)/taxa de desmame


Podemos assumir que o uso de animais selecionados, matrizes com maior
produção de leite, animais maiores, mais pesados com nutrição inadequada
tem menor eficiência reprodutiva.
Selecionar apenas para peso não é suficiente.
Escolha do tipo biológico deve ir de encontro as características do
sistema.
Vacas mais pesadas produzem bezerros com maior taxa de crescimento pré e
pós desmame, com maior peso ao desmame e ao abate. Mas a produção por
área pode ser menor. (?)
Eficiência biológica considera os custos de energia para produzir 1 kg de
bezerro desmamado.
Portanto, vacas maiores podem não ser economicamente interessantes
quando a eficiência reprodutiva é comprometida ou quando os custos com
alimento é alto.
Peso da vaca está
negativamente
correlacionado com a
eficiência (GMD/Mcal
EM).

Vacas pesadas
demandam mais
energia e dificultam a
rentabilidade por área.
Diante disso a eficiência da vaca de cria depende da
seleção de vacas com menor exigência de mantença e
adaptadas as condições do ambiente.

A seleção para menor consumo deve andar ao lado da


seleção para elevadas taxas de ganho!
Fêmeas menos exigentes contribuem (+) para a
eficiência do sistema;
Bezerros com alto potencial de crescimento no
pós-desmama
Grupo genético x Ambiente
Ambiente + preços Todas as estratégias de
suplementação são
bem vindas desde que o
Kg da @ produzida
propicie margens
superiores a 30%

Não existe receita!


Controle zootécnico e contas.
Manejo da recria
Período de ganho Período de maior
eficiente, um vez crescimento.
que o animal tem O animal usa os
baixa exigência de recursos
mantença e alto Terminação ou Reprodução nutricionais para
potencial de ganho conseguir
muscular. reproduzir.
Maior exigência
de proteína.
Maiores taxas de deposição de
gordura podem ocorrer com o
aumento da taxa de ganho, pelo
fato de ultrapassar a capacidade de
deposição de proteína muscular. Ao
contrário, ganhos modestos podem
aumentar o peso adulto.
Exigências nutricionais durante a recria

As exigências nutricionais para ganho estão de acordo com a


variação na composição corporal.
A maior eficiência do crescimento na recria se deve a:
- Há relativamente pouca gordura no ganho em relação à fase
de terminação;
- A exigência de mantença é relativamente baixa, pois o animal
é leve;
- A taxa de crescimento relativo, ou seja, a taxa de ganho em
proporção ao peso é maior no animal jovem.

Recria: maior parte do consumo


é para ganho de músculo.
Composição do ganho x eficiência alimentar
Deposição de tecido adiposo é mais eficiente ENERGÉTICAMENTE:
Mcal energia depositada / Mcal energia consumida
Tecido adiposo tem 10% de água
Músculo 75% água (1PB:4 água)

Deposição de músculo é mais eficiente – eficiência BRUTA ($$):


kg de ganho de peso / kg de alimento ingerido
TERMINAÇÃO DE BOVINOS NO BRASIL
88 % acontece em pastagem (semi-confinamento).

Das 43 milhões de cabeças abatidas em 2019 - 6,9


eram de confinamento.
Confinamento
• Inicialmente usado como uma estratégia para vender
animais na entressafra (seca - junho a novembro)
• Forma de aproveitamento de subprodutos agroindustriais;
• Estratégia de manejo nos períodos secos.

• 80 dias de cocho substituem 8 meses de pasto;


• Animais pesados tem maior exigência, menor taxa de
crescimento = ineficiente no pasto.
• Melhora disponibilidade de forragem;
Confinamento – características gerais
• 70-90 dias
• Entrada: Maio – Agosto
• Saída: Agosto – Novembro
• Não se confina no verão porque o boi a pasto é mais barato e a oferta deste é
grande neste período. Também: calor, lama, parasitas, maior custo com
alimentação. Exceto quando se recebe premiação por qualidade ou se
exporta!
• 70% animais anelorados;
• Nelore tem menos tolerância a dieta alto grão – até 75% de concentrado, 45%
de amido, menor CMS (-5%);
• Dietas com 75% NDT;
• 70% são animais inteiros (efeito anabolizante);
Confinamento – características gerais

• Animais com restrição - Ganho


compensatório;
• Ganho inicial é de vísceras e não
carcaça
• Maior exigência de PB nas
primeiras 3 semanas (15% PB);
Vantagens da terminação no cocho:
- Liberação das pastagens para outras categorias;
- Elevação do retorno sobre o capital investido, maior giro de capital;
- Distribuição de receita ao longo do ano;
- Viabilização de abates mais precoces;
- Melhor preço – vendas na entressafra do pasto;
- Melhor uniformização do lote;
Desvantagens da terminação no cocho:
- Cuidado com custo da alimentação e preço de venda;
- Menos vantajoso em regiões onde há pastagem;
- Maior risco sanitário;
- Problemas ambientais;
- Maior mão-de-obra e administração;
Dietas de confinamento
• Volumosos: cana-de-açúcar, silagem planta inteira de milho e sorgo, snaplage,
silagem de gramíneas, bagaço de cana – FIBRA EFETIVA mínima 15% (25% de
cana ou 35% de silagem de milho).

• Energéticos (75% NDT ou 2,5 Mcal EM/kg): milho moído (60-80% da MS das
dietas), trigo, sorgo, casca de soja, polpa cítrica, grãos fermentados;
• 53% dos confinamentos usam grãos fermentados – aumentar digestibilidade do amido;

• Proteicos (13-15% PB): farelo de algodão, farelo de soja, ureia (0,8 a 1,2% da MS
ou 50% da PDR como NNP);

• Proteíco/energético: caroço de algodão 23% PB, 18% EE, 96% NDT, 44% FDN
sendo 60% FDNe. Inclusão até 15-18% da MS
Dietas de confinamento
• Fechar a dieta com – Ca (calcário calcítico), P (fosfato bicalcico), Na
(cloreto de sódio) e S (sulfato de amônio).
• Cl, Mg, K – facilmente atendido pelos alimentos

• Baixo volumoso cuidar com a queda do K;


• Grandes ganhos de PB exigem mais P;
• Adição de gordura reduz digestibilidade de Ca;
• S importante nas dietas com cana ou NNP – síntese de aa sulfurados;

• Microminerais fechar para: I, Cu, Zn, Mn, Se, Co;


• Vitaminas A, D, E;
Dietas de confinamento
Aditivos
- Monensina, salinomisina, lasalocida, virginamicia: melhora
metabolismo energético no rúmen, reduz distúrbios metabólicos,
melhora conversão alimentar e/ou GMD;
- Tamponantes, inoculantes ruminais, leveduras.

Monensina: 30 mg/Kg de MS
Salinomisina: 15 mg/Kg de MS
Lasalocida: 25 mg/Kg de MS
Virginamicina: 15 mg/Kg de MS
Adaptação ao cocho e a dieta
• 14 - 21 dias de adaptação – dieta final com quantidade crescente de MS (1,7% do
PV até 2% do PV) e/ou aumentar concentrado gradativamente;
• Troca de dieta quando consumo próximo a 8 Kg de MS/animal/dia ou 90% do
CMS esperado;
• Mais volumoso: 45-70%
• Menos ureia - máximo 0,65% de MS;

No confinamento 3 dietas:
Adaptação – 1-2% PV de CMS, 15% PB
Crescimento – 2% do PV, 15% PB
Terminação – 2 – 2,5% PV de CMS, 13% PB
Escore de cocho – leitor de cocho
Análise das sobras no cocho – CMS evitando desperdícios e
problemas digestivos.
• 40-70 cm de cocho/animal (tamanho, v:c);
• RTM;
• 3-4 tratos/dia;
• Rotina!
• Método cocho limpo (Slick Bunk);
• 2 horas antes do trato da manhã
• Temperamento no primeiro trato
• Padronização da dieta;
- 2% 5% 25% 50% 90%
+ 1 a 2 kg + 0,5 kg - 0,5 a 1 kg - 1 a 2 kg - 2 a 3 kg ?
MS/cabeça MS/cabeça MS/cabeça MS/cabeça MS/cabeça
• Leitura a cada 24h, 3x/dia ou
4x:
• Comportamento;
• Histórico do fornecimento e
consumo de ração.

Em dietas que favorecem a


produção de ácidos e redução no
pH ruminal é importante que não
haja consumos excessivos, os
quais geram muita fermentação e
queda de pH ruminal. Quando o
pH ruminal é baixo, o consumo é
diminuído e se torna errático.

Conversão biológica 130 - 150 kg


de MS/@ de carcaça
Alterações no consumo de alimentos podem ocorrer em função
de:
• Limitação de espaço de cocho por animal;
• Água em quantidade insuficiente;
• Bebedouros e cochos sujos ou com dificuldade de acesso;
• Chuva, barro;
• Baixa qualidade dos alimentos (mofados ou estragados);
• Alterações na qualidade e composição da dieta;
• Alterações nos horários de fornecimento da dieta;
• Restrição alimentar;
• Má distribuição do alimento;
• Estresse calórico;
• Doenças;
No mesmo horário da leitura de cocho...

- Alto concentrado
- Baixo FDNe
- Acidose
- Redução de consumo
- Redução da digestibilidade
- Perda de desempenho
• Peneira 1 (0,5 cm) – máximo 10%
• Peneira 2 (0,24 cm) – máximo 20%
• Peneira 3 (0,16cm) – mais de 50%

=> Boa digestibilidade da dieta!


Formação de lotes para entrar no confinamento

Você também pode gostar