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DIAGNÓSTICO GEOAMBIENTAL DO ESTUÁRIO DO RIO ACARAÚ: Uso de

Geotecnologias

ARAÚJO, Maria Valdirene ¹; FREIRE, George Satander Sá ²; CRUZ, Patrícia Silva da³ &
PORTELA, João Paulo.

RESUMO --- A Bacia do Acaraú está localizada a oeste da capital cearense e compreende uma área
de 14.500Km², considerada a segunda maior bacia hidrográfica do Ceará. A área pesquisada
compreendeu a região do estuário do rio Acaraú com 80Km². A pesquisa analisou de forma
integrada os atributos ambientais do estuário do rio Acaraú, enfocando os impactos ambientais, bem
como a identificação das unidades ambientais e o processo de uso e ocupação do solo. A
metodologia adotada constou-se de levantamentos cartográficos, bibliografias referentes à área,
fotografias aéreas e imagens de satélites para melhor identificação das unidades naturais. As
atividades de geoprocessamento envolveram o processamento digital de imagens de sensoriamento
remoto e a integração de dados em estrutura de SIG. Os resultados obtidos foram; o levantamento
de uso e ocupação, onde foi dada ênfase na atividade de carcinicultura que ocupa boa parte das
áreas de mangues próximos à foz do rio, o processo de expansão urbana da cidade de Acaraú e
como medida mitigadora dos impactos ficou sugerida a criação de uma Área de Proteção Ambiental
e um programa intensivo de educação ambiental com a população local.

ABSTRACT --- The Basin of Acaraú is located to west of the capital from Ceará and he
understands an area of 14.500Km², considered the second largest basin of Ceará. The researched
area understood the area of the estuary of the river Acaraú with 80Km². The research analyzed in an
integrated way the environmental attributes of the estuary of the river Acaraú, focusing the
environmental impacts, as well as the identification of the environmental units and the use process
and occupation of the soil. The adopted methodology was consisted of cartographic risings,
referring bibliographies to the area, aerial pictures and images of satellites for better identification
of the natural units. The geo- processing activities involved the digital processing of images of
remote sensing and the integration of data in structure of SIG. The obtained results were; the use
rising and occupation, where emphasis was given in the shrimp farm activity that occupies good
part of the areas of close swamps to the mouth of the river, the process of urban expansion and as
measured to lessen of the impacts it was suggested the creation of an Area of Environmental
Protection and an intensive program of environmental education with the local population.

Palavras-chave: Análise geoambiental, geotecnologias, ecossistema manguezal.


_______________________________
1) Geógrafa Mestranda em Geologia Universidade Federal do Ceará (UFC) - Rua Cecil Salgado, 366 –Fortaleza – CE - Email:
mmvvaall@hotmail.com,.
2) Prof. Dr. do Departamento Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Av. Humberto Monte, s/n – Fortaleza – Ceará. Email:
freire@ufc.br.
3) Geógrafa Mestranda em Geologia Universidade Federal do Ceará (UFC) – Av. Humberto Monte, s/n –Fortaleza – CE - Email:
cruzpp2003@yahoo.com.br

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1


4) Geógrafo Mestrando em Geologia Universidade Federal do Ceará (UFC) – Av. Humberto Monte, s/n –Fortaleza – CE - Email:
Portela_ce@hotmail.com

1 – INTRODUÇÃO

A área de estuário é um ambiente de muita fragilidade e vulnerabilidade devido à pressão


antrópica, causando diversos desequilíbrios na sua dinâmica natural. O manguezal que normalmente
é encontrado nas desembocaduras dos rios sofre muito com a atividade do homem que explora de
forma predatória, diminuindo assim seus recursos naturais e trazendo sérios riscos para a
conservação desse ecossistema de significativa riqueza natural.
O manguezal é considerado um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre
e marinho sendo característico de regiões tropicais e subtropicais, a vegetação de mangue está
sujeito ao regime das marés, dominado por espécies vegetais típicas, às quais se associam a outros
componentes vegetais e animais. O ecossistema manguezal está associado às margens de baías,
enseadas, barras, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de
águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa. A cobertura vegetal, ao
contrário do que acontece nas praias arenosas e nas dunas, instala-se em substratos de vasa de
formação recente, de pequena declividade, sob a ação diária das marés de água salgada ou, pelo
menos, salobra. A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam os
grandes "berçários" naturais, tanto para as espécies características desses ambientes, como para
peixes e outros animais que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do ciclo
de sua vida. (GERCO/PE, 2003).
Para Almeida, (2002) a educação ambiental estabelece a necessidade de novos métodos
pedagógicos e de administração do saber, de acordo com os princípios do desenvolvimento
sustentável, a gestão participativa e a administração coletiva dos processos ecológicos e produtivos,
que assegurem oferta sustentável de recursos naturais e de satisfação para a sociedade.
A Bacia do rio Acaraú está localizada a oeste da capital cearense (Fortaleza) e compreende
uma área uma equivalente a 14.500 Km² e banha cerca de vinte e cinco municípios cearenses, sendo
considerada a segunda maior bacia hidrográfica do Ceará. O rio Acaraú nasce na Serra das Matas,
possui drenagem aberta ao mar, atravessa trechos do sertão centro – norte e dos tabuleiros litorâneos
e abriga grandes reservatórios como o Açude Paulo Sarasate (Araras), Ayres de Sousa e o Acaraú-
Mirim, garantindo a perenidade do rio, pois a alimentação de seu leito depende do regime
pluviométrico que ocorre de maneira irregular, tanto no tempo como no espaço, chove muito num
curto período de tempo. A área da pesquisa compreende a região do Estuário do rio Acaraú,
correspondendo uma área de 80Km², abrange o município de Acaraú e parte do município de Cruz
(oeste).

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Este projeto analisou de forma integrada os atributos geoambientais do estuário do rio Acaraú,
enfocando os impactos ambientais, bem como, a delimitação da área, identificação e caracterização
das unidades naturais (Geossistemas e Geofácies), analisar o processo de uso e ocupação do solo, o
seu processo de degradação e fazer o zoneamento da área, dando enfoque na educação ambiental
para as populações que vivem nesse meio.
A análise pretendida tornou-se possível com as aplicações de geotecnologias, que possibilita a
interpretação e processamento das imagens através do sistema SIG (Sistema de Informações
Geográficas). Conforme Crosta (1992) o objetivo do processamento de imagens é o de remover as
barreiras, inerente ao sistema visual humano, facilitando a extração de informações a partir de
imagens digitais.
Nesse contexto, o processamento digital deve ser encarado como um estágio preparatório da
atividade de interpretação das imagens de sensoriamento remoto. O sensor remoto Landsat ETM+
nos fornece imagens com resoluções multiespectrais, na faixa espectral do visível-infravermelho
(VISIR, com resolução espacial de 30 metros) e pancromática (PAN com resolução espacial de 15
m). Veja a Figura 1.

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Figura 1 – Imagem Landsat 7 EMT+ de 2000, composição colorida RGB, mostrando o estuário do
rio Acaraú, com ausência de projetos de carcinicultura no manguezal no rio Cacimbas a oeste e na
localidade de Currais Velhos a leste.

1.1 Localização da área

A área em estudo está localizada no litoral oeste da capital cearense, a 248 Km de Fortaleza.
O município de Acaraú tem como coordenadas UTM 375000 E e 9682000 W onde corresponde
uma área de 839,20 Km². Limita-se ao Norte com o Oceano Atlântico, ao Sul com os municípios de
Marco, Morrinhos e Amontada, a Oeste com os municípios de Cruz e Bela Cruz e a Leste com o
município de Itarema. A situação espacial do município de Acaraú no contexto da região noroeste
do Estado do Ceará pode ser observada na Figura 2.

Figura 2 – Localização espacial do município de Acaraú. Fonte: (www.monografias.com.br)

A área pesquisada corresponde somente à região estuarina do rio Acaraú que deságua no
município de mesmo nome, compreendendo uma área aproximada de 80Km². As coordenadas
UTM correspondem:
Coordenadas UTM (SAD69) (E) 370000,00 e (W) 9688000,00;
Coordenadas UTM (SAD69) (E) 378000,00 e (W) 9680000,00;

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Na Figura 3 observa-se a localização da área, áreas de manguezais, atividades de
carcinicultura presentes em área de mangues, a planície de inundação do rio e a cidade de Acaraú
localizada às margens do rio de mesmo nome.

-
Oceano Atlântico

Ceará Carcinicultura

Foz do rio
Acaraú Carcinicultura
Carcinicultura

Manguezais

Planície de inundação

Brasil
Cidade
de Acaraú

Figura 3 – Imagens de Satélites do Google Earth (Dezembro/2006) visualizando a área da pesquisa


– Estuário do rio Acaraú.
2 – MATERIAIS E MÉTODOS

Para o desenvolvimento desse projeto, tivemos como meta a análise dos aspectos
geoambientais e o zoneamento da região estuarina. Esta área representa uma área de manguezal e o
maior objetivo é a conservação desse ecossistema diante da grande pressão antrópica e da instalação
de grandes empreendimentos nestas áreas, visto que são áreas de muita vulnerabilidade e
fragilidade.
O Sensoriamento Remoto, através de fotos aéreas e imagens de satélite, o Sistema de
Posicionamento Global (GPS) incorporados aos SIGs - Sistemas de Informações Geográficas, são
ferramentas indispensáveis à obtenção e processamento de dados ambientais em escalas adequadas
aos usuários dos ecossistemas costeiros.
Foram utilizadas as leituras relacionadas ao tema, de dissertações, que muito ajudou nesta
pesquisa empírica. Utilizamos entrevistas com profissionais da área que nos levou um maior
conhecimento da importância da educação ambiental para uma melhor visão da realidade. As visitas
de campo se deram com a equipe do Laboratório de Geologia Marinha da UFC. Verificamos que
cada local tem suas características e paisagens que ao longo dos tempos o homem vem modificando
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e se apropriando do meio ambiente onde acaba por descaracterizar esse meio trazendo sérios
desequilíbrios que muitas vezes se torna irreversível.
Foram seguidas as seguintes etapas:
- Levantamento e análise da bibliografia pertinente à área em estudo.
- Elaboração do mapa base.
- Organização de material geo-cartográfico e processamento digital de imagens.
- Trabalhos de campo
- Descrição da morfologia, geologia, solo, vegetação e modalidades de uso e ocupação.
- Integração dos dados para elaboração da pesquisa final.
- Para o embasamento teórico-metodológico, serão utilizadas as contribuições de (BERTRAND,
1972) e (TRICART, 1977) no que se refere à delimitação das unidades geoambientais, assim como
os Geossistemas/Geofácies.
- Etapa de Sensoriamento Remoto e Processamento de imagens.
- Material geocartográfico:
- Imagens Quickbird de composição RGB 321, com o processamento das imagens por meio do
Software GIS 9.0 – são imagens de resolução espacial de 0.6m, segue as imagens utilizadas no
processamento de imagens;
- Acarau_03JUN27125537-S2AS-000000149675_01_P001
- Acarau_03JUN27125537-S2AS-000000165668_01_P001_REC-01
- Acarau_03JUN27125537-S2AS-000000165668_01_P001_REC-02
- acarau_03jun27125537-s2as-000000165668_01_p001_rec-03
- Acarau_04SEP09130318-S2AS-000000165668_01_P002_REC-01
- Acarau_04SEP14130845-S2AS-000000165668_01_P006
- Acarau_04SEP14130845-S2AS-000000178613_01_P002
- Carta da SUDENE de 1972, Escala de 1:100.000.
- Carta da Conservação e da Biodiversidade de Acaraú na Escala de 1:150.000 – utilizadas para sua
confecção Imagens do Satélite ETM – LANDSAT 7, WRS 216.64, 217.63, 217.64, 218.63 e
218.64, datadas de Junho de 1999 e Julho de 2000.
- Carta do Diagnóstico Geoambiental de Acaraú na Escala de 1:150.000 – utilizadas para sua
confecção Imagens do Satélite ETM – LANDSAT 7, WRS 216.64, 217.63, 217.64, 218.63 e
218.64, datadas de Junho de 1999 e Julho de 2000.
- Carta do Uso e Ocupação de Acaraú na Escala de 1:150.000 – utilizadas para sua confecção
Imagens do Satélite ETM – LANDSAT 7, WRS 216.64, 217.63, 217.64, 218.63 e 218.64, datadas
de Junho de 1999 e Julho de 2000.

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- Base Cartográfica no CAD com fotografias aéreas de 1968 do SACS, atualizada pela Divisão de
Geografia e Cartografia – DGC/IPLANCE em 1998, através do Projeto Arquivo Gráfico Municipal
– AGM (Convênio IPLANCE/IBGE).

Em seguida foram realizados os procedimentos de análise e interpretação das assinaturas


espectrais predominantes e a seleção das composições coloridas das bandas, para a geração de
imagens com caráter multiespectral. Do conjunto de imagens coloridas, foram interpretadas aquelas
que proporcionaram melhor distinção das unidades de paisagem, levando em consideração a
morfologia costeira e o manguezal.

3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Análise ambiental

A planície litorânea compõe-se da faixa de praia, campo de dunas, planície fluviomarinha e a


planície fluvial, são componentes que estão constantemente em evolução, mantendo a dinâmica
natural do ambiente. No litoral identificamos o processo hidrodinâmico, destacam-se os estuários de
rios, locais expressivos de depósitos sedimentares, atuando em conjunto com as condições físicas
inerentes a esses ambientes. Quadro 1.
UNIDADE PRINCIPAIS AFLUENTES FORMAS DE PRINCIPAIS
SUB- FEIÇÕES LITORÂNEOS USO E IMPACTOS
REGIONAL PAISAGÍSTICAS OCUPAÇÃO AMBIENTAIS
DA DO SOLO
PAISAGEM
Complexo Manguezais Rio Cacimbas Porto Carcinicultura
estuarino do rio Apicuns e salgados Córrego S. Félix Salinas Poluição hídrica
Acaraú Salinas desativadas Pecuária Desmatamento
e funcionando extensiva Assoreamento
Coqueirais Coqueiral Aterros
Carnaubais Agricultura de
Flechas de areias e subsistência
delta de maré Pesca artesanal
Lagamares Área residencial

Quadro 1 - Aspectos geoecológicos regionais da paisagem do litoral de acaraú. Adaptado de Edson


Vicente da Silva. (IBAMA, 2005).

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O ecossistema manguezal apresenta particularidades quanto a sua composição de flora e
fauna, interagindo com as condições climáticas locais e condições de solos hidromórficos
constituindo as planícies fluviomarinhas, ambientes de muita fragilidade e vulnerabilidade
ambiental. Esses ambientes naturais são considerados de preservação permanente, encontram-se
muito degradados principalmente em sua parte estuarina, atingindo boa parte do mangue, onde
também em diversos pontos percebemos o assoreamento de suas margens, devido dentre outros
fatores a implantação de fazendas de carcinicultura.
Na foz do Acaraú, os depósitos submersos são resultantes do transporte dos sedimentos do
rio, que não podem ser erodidos pelo movimento longitudinal das ondas, que ainda deposita
material retirado das regiões do litoral mais a leste. A origem dos depósitos submersos do litoral
cearense estar associado a um mecanismo duplo de formação envolvendo a influência de flutuação
do nível do mar e a deriva litorânea dos sedimentos. No estado do Ceará, merecem destaque os
depósitos submersos em Icapuí (Figura 4), na região de Barra Grande e, na foz do rio Acaraú,
(Figura 5). (MAIA, 2005). E na Figura 6 mostra com detalhe a foz do rio Acaraú, o desmatamento,
a carcinicultura e os depósitos submersos de sedimentos carreados pelo rio.

Figura 4 – Imagem de satélite de Icapuí, onde se observa uma inflexão da costa de NW-SE para E-
W, com a formação de depósitos submersos e laguna. (MAIA, 2005).

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Figura 5 – Imagem de satélite, com depósitos submersos na foz do rio Acaraú. (MAIA, 2005).
9689000.00000

9689000.00000
371000.000000 372000.000000 373000.000000 374000.000000 375000.000000 376000.000000 377000.000000

N
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Sedimentos submersos
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Fo
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Ac
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Figura 6 – Nesta imagem de satélite Quickbird é possível observar com mais detalhe os depósitos
submersos da foz do rio Acaraú.
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A área da pesquisa corresponde à foz do rio Acaraú com uma área de aproximadamente de 80km², compreendendo áreas de manguezais com a
presença de indústrias de carcinicultura, faixa praial com campo de dunas, presença de ocupação antrópica cada vez mais crescente, sendo a cidade de
Acaraú, o aglomerado urbano mais importante da região, (Figura 7).
370000.000000 372000.000000 374000.000000 376000.000000 378000.000000

Estuário do rio Acaraú/CE


N Mapa Base
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Oceano Atlântico

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***# LEGENDA
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ocenano atlantico
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* litoral
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rio acarau
rio

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afluente rio
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platação de culturas
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mangue degradado
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# * # * marcas do antropismo
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* # estrada asfaltada
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Instalações carcinicultres
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# * #* # * # * tanque de carcinicultura - TC
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# *# # * # * # * # * TC em construção
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# canal efluente tanques
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Acaraú

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Escala
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Figura 7– Mapa Base do Estuário do rio Acaraú, mostrando a diversidade de paisagens e interferência humana na dinâmica natural do ambiente.

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 10


3.2 Rede de drenagem

O sistema hídrico cearense é dotado de rios intermitentes, ou seja, rios alimentados pelo
regime pluviométrico que secam no período de estiagem. Como possuímos condições climáticas
variáveis e de distribuições irregulares, os rios tornam-se também inconstantes, apresentando
volumes de águas abundantes apenas no período chuvoso.
Diante das condições dos rios intermitentes, são inúmeras as ações de armazenamentos de
água para que não se esgotem até chegar à próxima quadra chuvosa, como a construção de açudes,
onde o Ceará é destaque em questão de açudagem. Mas mesmo com essas ações, as populações do
sertão cearense convivem com a escassez de água e sofrem pela dificuldade de adquirir esse recurso
natural. Diante desta perspectiva nota-se a importância de conservarmos e utilizarmos os recursos
hídricos de forma sustentável e racional.
Com relação às condições climáticas que influem sobre o curso do rio Acaraú, destaca-se que
apesar do litoral possuir um clima Tropical, a maior parte da Bacia encontra-se sob o domínio do
clima semi-árido. Conclui-se que o fluxo hídrico à montante da planície fluviomarinha possui um
regime intermitente, sendo a drenagem do seu alto, médio e baixo curso influenciado pelo regime
das chuvas, onde se torna um rio perene devido a grande quantidade de represas ao longo do seu
leito, destacando-se o açude Araras, o Ayres de Sousa e o Acaraú-Mirim.
Durante o período seco as águas subsuperficiais acumuladas nos aqüíferos da Formação
Barreira, na zona de tabuleiros e baixo curso, alimentam o seu volume hídrico superficial através de
percolação até as planícies fluvial e fluviomarinha.
A Bacia do rio Acaraú possui uma área de 14.500km², sendo considerada a segunda maior
bacia do Ceará, perdendo apenas para a maior bacia do rio Jaguaribe. A região em estudo equivale
uma área de 80km² que corresponde o estuário do rio Acaraú, sendo caracterizada boa parte pelo
manguezal, dunas e áreas agricultáveis, sendo que atualmente a grande concentração é de indústrias
de criação de camarões, a carcinicultura, que está degradando o mangue de maneira que sua fauna e
flora não terão mais como se recompor, devido aos danos que a carcinicultura causa a esses
ecossistemas. Não apenas no Ceará, mas em todo o Nordeste o crescimento do cultivo de camarões
cresceu bastante, visando o mercado externo. (Figura 8).

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370000.000000 372000.000000 374000.000000 376000.000000 378000.000000

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REDE DE DRENAGEM DO ESTUÁRIO DO RIO ACARAÚ/CE

Convenções Cartográficas
litoral
ocenano atlantico
rio acarau
afluente rio

Escala Numérica
0.8 0.4 0 0.8 1.6 2.4
Kilometers
Datum - SAD 69

Figura 8– Rede de drenagem do estuário do rio Acaraú.

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3.3 Zoneamento ambiental

Para chegarmos ao zoneamento ambiental do estuário do rio Acaraú a primeira etapa


compreendeu abordagens temáticas (geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, clima e uso da
terra) com análise, seleção e hierarquização dos atributos dos componentes físicos e bióticos.
A etapa seguinte consistiu em realizar interações temáticas através de sucessivos níveis de
síntese, de acordo com as relações de causa e efeito. Esse mecanismo de correlação interdisciplinar
conduziu à identificação da estrutura e da dinâmica dos espaços diferenciados para a composição do
Zoneamento Geoambiental.
Foram realizadas correlações entre as comunidades vegetais e os condicionantes climáticos,
entre os atributos geomorfológicos e as estruturas e litologias, originando unidades morfoestruturais
e correlações entre a fauna e os solos resultando na compartimentação morfopedológica e na
geração de dados para obtenção das relações morfogênese/pedogênese, necessárias para a análise
ecodinâmica. Para a definição das categorias ecodinâmicas no estuário do rio Acaraú, foi utilizada
uma adaptação da classificação proposta por (TRICART, 1977).
Esse elenco de correlações, análises e sínteses, permitiram compartimentar a área em
unidades territoriais homogêneas que foram caracterizadas e hierarquizadas segundo um sistema
taxonômico com dois níveis: o Geossistema e o Geofácies.
Geossistema corresponde a um nível taxonômico caracterizado pela convergência de
semelhanças dos componentes físicos e bióticos e de suas dinâmicas. Pode ser composto por um ou
mais Geofácies.
Geofácies compreende unidades ambientais elementares com menor nível de diversidade
interna e, portanto, de maior coerência.
A área em estudo foi zoneada em três principais zonas: (Figura 9).
Zona de restrição Máxima e/ou Alta – compreende as Áreas de Preservação Permanente
(APPs) definidas por lei, incluindo aquelas que possuem características ambientais que justifiquem
seu enquadramento nesta categoria;
Zona de restrição Média – permite diversos usos, impondo-os algumas restrições;
Zona de restrição Baixa – refere-se a locais onde as ocupações desordenadas, dificultam outra
destinação para a área.

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9682000.000000
370000.000000 372000.000000 374000.000000 376000.000000 378000.000000

ZONEAMENTO GEOAMBIENTAL DO ESTUÁRIO DO RIO ACARAÚ/CE

Convenções Cartográficas
litoral
ocenano atlantico
rio acarau
afluente rio

IMPLICAÇÕES QUANTO AO USO


Zona de restrição Máxima e/ou Alta Escala Numérica
Zona de restrição Média 0.8 0.4 0 0.8 1.6 2.4
Kilometers
Zona de restrição Baixa
Datum - SAD 69

Figura 9– Zoneamento ambiental do estuário do rio Acaraú.

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4 – CONCLUSÕES

Dentre a vasta pesquisa feita para o desenvolvimento deste trabalho, foram destacados cinco
temas, considerados mais relevantes, que permitiram adquirir um bom embasamento teórico sobre a
problemática da área e a metodologia adotada:
 Desmatamento do ecossistema manguezal;
 A atividade da Carcinicultura;
 A contaminação das águas pelos efluentes da Carcinicultura;
 A educação ambiental e
 A necessidade de criação de uma Área de Proteção Ambiental (APA) como medidas de
preservação e conservação do ambiente.

4.1 Ecossistema manguezal

O Brasil tem uma das maiores extensões de manguezais do mundo. Estes ocorrem ao longo
do litoral Sudeste-Sul brasileiro, margeando estuários, lagunas e enseadas, desde o Cabo Orange no
Amapá até o Município de Laguna, em Santa Catarina. Os mangues abrangem uma superfície total
de mais de 10.000 km², a grande maioria na Costa Norte.
O manguezal é um ecossistema particular, que se estabelece nas regiões tropicais de todo o
globo. Origina-se a partir do encontro das águas doce e salgada, formando a água salobra. Este
ambiente apresenta água com salinidade variável, sendo exclusivo das regiões costeiras.
Os mangues localizam-se em terrenos baixos, junto à costa, sujeito às inundações das marés.
Esses terrenos são, na quase totalidade, constituídos de vasas (lamas) de depósitos recentes.
(GUERRA, 1998).
No Brasil, os mangues são protegidos por legislação federal, devido à importância que
representam para o ambiente marinho. São fundamentais para a procriação e o crescimento dos
filhotes de vários animais, como rota migratória de aves e alimentação de peixes. Além disso,
colaboram para o enriquecimento das águas marinhas com sais nutrientes e matéria orgânica.
No passado, a extensão dos manguezais brasileiros era muito maior: muitos portos,
indústrias, loteamentos e rodovias costeiras foram desenvolvidos em áreas de manguezal,
ocorrendo uma degradação do seu estado natural.
O mangue é alvo da especulação imobiliária, que aterra suas áreas para a construção de
casas, marinas e indústrias. Suas águas são alvo de esgotos domésticos e industriais. E mais
recentemente essas áreas estão sendo ocupadas pela carcinicultura, atividade que está crescendo de
maneira acelerada no nordeste do Brasil. (AMBIENTE BRASIL).

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 15


No caso do estuário do rio Acaraú, essa atividade está sendo explorada desde a década de
1970 e pode-se considerar como um dos estuários mais degradados do Estado do Ceará segundo
estudos realizados pelo LABOMAR e pelo ZEE-CE.
Analisando imagens de satélites multitemporais sendo possível identificar o crescimento do
desmatamento do mangue no estuário do rio Acaraú, não apenas pela carcinicultura como também
pelos pescadores artesanais que desmatam para construir suas casas, a agropecuária e a expansão
urbana da cidade de Acaraú.

4.2 A carcinicultura

A carcinicultura é a criação de camarões marinhos em áreas de manguezais, apicum e


salgado nas regiões costeiras. É uma atividade que vem crescendo muito em todo o Brasil, onde o
principal mercado são as exportações.
Conforme Fernandes (2004) a carcinicultura pode ser definida como o processo de produção
em cativeiro de organismos com habitat predominantemente aquático, como os camarões
marinhos. Apesar de ser uma atividade muito antiga, o crescimento mundial da carcinicultura nos
últimos anos tem preocupado os pesquisadores.
Toda preocupação dos pesquisadores e ambientalistas está em torno da degradação do meio
ambiente, num curto espaço de tempo. A carcinicultura segundo dados da ABCC (Associação
Brasileira de Criadores de Camarão) entre os anos de 2001 a 2004 teve um crescimento superior a
300% em áreas de viveiros, conforme um estudo do LABOMAR-UFC, 2004 (Instituto de Ciências
do Mar)-UFC.
Os manguezais estão sendo ameaçados por essa atividade que cada vez mais contribui para o
desmatamento do mangue e o desequilíbrio desse ecossistema. Essas incomparáveis florestas
tropicais litorâneas estão entre os habitats mais ameaçados do mundo. A expansão urbana, o
desenvolvimento do petróleo, a indústria do carvão, as estradas e o turismo, todos se aproveitaram
de grandes extensões de florestas de mangue. Atualmente, esses ecossistemas danificados
enfrentam ainda mais prejuízos devido à aqüicultura de camarão. E a ameaça vai além da perda
contínua de florestas provocando perda de áreas alagadas pelas marés.
A expansão desta devastadora atividade é agravada por consumidores dos Estados Unidos,
Canadá, Japão e Europa que fazem crescer a procura voraz de camarões baratos. O resultado é que
os manguezais, fornecedores de meios de vida para as comunidades pobres locais, são destruídos
para alimentar aqueles que já estão bem alimentados e para aumentar os lucros dos ricos produtores
de camarão e de companhias mercantis transnacionais. (AMBIENTE BRASIL).

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4.3 Efluentes da carcinicultura

Os efluentes da carcinicultura são direcionados para os mangues, causando contaminação das


águas e conseqüentemente atingindo a fauna e flora, resultando na perda do equilíbrio ambiental.
Segundo Fernandes, (2004) os efluentes da carcinicultura são ricos em nutrientes (nitrogênio
e fósforo), bactérias, clorofila “a” e sólidos em suspensão oriundos das fezes e da ração que não é
consumida, bem como, dos sedimentos que são assoreados para os viveiros. A fertilização
artificial, o manejo e o metabolismo dos organismos presentes na água dos viveiros, também, são
responsáveis pelo enriquecimento dos nutrientes.
A determinação da qualidade dos efluentes das fazendas de carcinicultura tem sido objeto de
estudo em vários países devido aos problemas de salinização do lençol freático, eutrofização e ao
próprio ecossistema em que se realizam as fazendas, nas áreas de mangues. (FERNANDES, 2004).

4.4 Educação ambiental

As questões ambientais atualmente preocupam os ambientalistas, pesquisadores como


também a sociedade em geral, fazendo com que aumente a consciência da preservação dos recursos
naturais.
Conforme Cunha (2003) desde que as questões ambientais vêm ganhando peso nas
preocupações mundiais, as relações entre o modelo de desenvolvimento, o que constituiu a
sociedade urbano-industrial contemporânea e o meio ambiente, vêm sendo profundamente
questionadas. O despertar da consciência ecológica, princípio e fim de uma educação ambiental,
são substanciados por uma razão crítica, que percebe as relações de poder de caráter dominador e
explorador, que desestruturam, que rompem laços, produzem cisão, que degradam homem e
natureza.

4.5 Área de Proteção Ambiental (APA)

Criar uma APA é de muita importância quando se visa à proteção de ecossistemas de muita
fragilidade e vulnerabilidade, como é o caso do estuário do rio Acaraú.
Na área já existe o Parque Ecológico do Município de Acaraú que juntamente com o a
criação da APA formaria um corredor ecológico de proteção do manguezal, ambiente de maior
interesse de conservação, por encontrar-se parcialmente ou muito degradado.

5– AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho foi possível graças ao apoio de várias pessoas e instituições, em especial
a FUNCAP pelo auxílio financeiro recebido.
XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 17
Ao Prof° Dr. George Satander Sá Freire pela orientação durante a elaboração deste trabalho.
Ao Curso de Pós-Graduação do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará pelos
conhecimentos adquiridos.
Aos colegas do Laboratório de Geologia Marinha e Aplicada (LGMA) pela amizade e ajuda nos
momentos de dúvidas.

BIBLIOGRAFIA

ABCC (Associação Brasileira de Criadores de Camarão). (2002). Agronegócio do camarão


marinho cultivado. Recife. 14p.
ALMEIDA, J. R. (2002). Ciências Ambientais. Thex Editora. Rio de Janeiro. p22.
AMBIENTE BRASIL. Site www.ambientebrasil.com.br consultado em 02/09/2006.
BERTRAND, G. (1972). Paisagens e Geografia Física Global: Esboço Metodológico. Caderno de
Ciências da Terra. N° 13. Instituto de geografia – USP, São Paulo.
CROSTA, A.P. (1993). Processamento Digital de Imagens de Sensoriamento Remoto. Editora da
Unicamp. Campinas, SP: IG/Unicamp. 170p.
CUNHA, S.B. da; GUERRA, A.J.T. (2003). A Questão Ambiental: Diferentes abordagens.
Bertrand Brasil. Rio de Janeiro. 248p.
FERNANDES, D. (2004). Impactos ambientais provocados por efluentes da carcinicultura. 182f.
Dissertação de Mestrado em Geologia. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza. 2004.
GERCO/PE. (2003). O ecossistema manguezal. Gerenciamento Costeiro de Pernambuco. CPRH.
Recife. 18p.
GUERRA, A. J. T; CUNHA, S. B. (1998). Degradação Ambiental. In: Geomorfologia e Meio
Ambiente. 2° ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. pp. 337 a 379.
LABOMAR (UFC). (2004). Estudo das áreas de manguezais do Nordeste do Brasil. Universidade
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MAIA, L.P. et. al. (2005). Mapeamento das Unidades Geoambientais da Zona costeira do Estado
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SOUZA, M.J.N. (2000). Bases geoambientais e esboço do zoneamento geoambiental do Estado do
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TRICART, J. (1977). Ecodinâmica. Rio de Janeiro: FIBGE. 97p.

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 18

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