Processos de Producao
Processos de Producao
Processos de Producao
Melany Stelle
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Melany Stelle
Sobre o Autor
Os temas abordados neste material são uma base introdutória e concisa para servir de apoio
aos estudos e auxiliar as pesquisas acerca dos assuntos abordados. Isso porque, caro(a) aluno(a),
o entendimento mais detalhado e profundo virá com muito estudo, dedicação e prática
profissional. As unidades foram elaboradas a partir de pesquisas bibliográficas e apresentam, de
forma explicativa e técnica, fundamentos teóricos básicos.
A produção do ferro remonta à antiguidade e sua fabricação era facilitada devido à existência
de minérios de ferro e à grande disponibilidade de carvão, matéria-prima para a fabricação do
aço. O processo de transformação das peças, os tratamentos térmicos, as etapas envolvidas e as
técnicas necessárias são métodos milenares de fabricação, que evoluíram juntamente com a
humanidade.
Os metais não ferrosos são todos os metais, exceto o ferro. Podem ser utilizados em estado
puro e se destacam no campo da Engenharia, nas indústrias automobilísticas, aeronáuticas, navais,
bélicas e de construção civil. Os ametais (ligas não metálicas), encontrados na natureza nos
estados sólido, líquido e gasoso, têm alta eletronegatividade e propriedades físicas opostas às dos
metais.
Por sua vez, a ciência e a indústria dos polímeros tiveram início no século XIX; seu
desenvolvimento fez muitos materiais, como o vidro, a cerâmica, o aço, etc., serem substituídos,
uma vez que os plásticos são eficazes, versáteis, têm menor peso e custo de produção, além da
maior facilidade no seu manuseio.
O processo de fabricação submete o material a um esforço mecânico que define sua capacidade
de resistir sem se fraturar ou deformar. Por isso, é necessário conhecer as propriedades mecânicas
do material, para que ele seja avaliado e haja a seleção correta.
Na metrologia, estudo da medição, fundamental para qualquer área da Engenharia, a
normalização é sistematizada por um conjunto de princípios, regras e tabelas, organizado por
entidades internacionais e adotado no Brasil pela ABNT.
A Unidade III apresenta os processos em que a força externa é aplicada, com a utilização de
ferramentas adequadas à matéria-prima, para que se adquira a forma desejada por deformação
plástica, mantendo-se a massa e a integridade. Esse pode ser um processo classificado como
trabalho a frio ou a quente. Em função dos tipos de esforços aplicados, serão estudados os
processos de laminação, extrusão, trefilação, forjamento e estampagem.
Por fim, na Unidade IV, há o estudo dos polímeros que, anteriormente, foram discutidos de
forma resumida e inicial. Nesse segundo momento, o estudo dos polímeros refere-se ao
processamento/à conformação dos polímeros, com maior detalhamento de termos e conceitos,
classificação quanto à estrutura química, molecular, mecanismo de reação e em relação às
configurações de cadeias poliméricas. Quanto às classes, os polímeros são divididos em:
plásticos, borrachas ou elastômeros e fibras.
A moldação de um polímero, que é o método mais comum para a sua conformação, pode ser
feita por técnicas de injeção, extrusão e termoformação. Outros processos, como vazamento,
fiação por fusão, compressão, calandragem, sopro, fiação seca ou úmida e imersão, serão descritos
de forma resumida. Além disso, abordaremos o controle de qualidade no processo de fabricação
e o planejamento desse controle, com a utilização de ferramentas que auxiliam a manter um
padrão de eficiência e qualidade.
UNIDADE I
Caro(a) aluno(a), esta unidade apresenta uma introdução aos tipos e às propriedades dos
materiais e à metrologia. Assim, são discutidos os seguintes conceitos: descrição do aço, do
ferro fundido e das ligas não metálicas; formas de classificação; características e propriedades
mecânicas dos metais; processo de fabricação; importância e aplicação desses metais nas
indústrias. Também, há exercícios para você praticar.
Bons estudos.
C) Aços-liga.
Os aços-liga apresentam elementos de liga diferentes dos encontrados
normalmente nos aços comuns (C1, exposto a seguir), em teores e em números variados
(C2). De acordo com Chiaverini (1986), objetiva-se alcançar os seguintes efeitos:
● alterar as propriedades mecânicas;
● aumentar a usinabilidade, a temperabilidade e a capacidade de corte;
● conferir a dureza a quente, a resistência ao desgaste, à corrosão e à oxidação (ao
calor);
● modificar as propriedades elétricas e magnéticas.
Para Callister Júnior (1999), os aços-liga ainda podem ser classificados quanto à
composição química, estrutura e aplicação, conforme exposto a seguir.
C2) Estrutura.
Os aços podem ser classificados em perlíticos, martensíticos, austeníticos,
ferríticos e carbídicos, conforme exposto a seguir.
● Perlíticos: são aços com, no máximo, 5% de elementos de liga; as propriedades
mecânicas podem ser melhoradas por tratamento térmico; têm boa usinabilidade.
● Martensíticos: são aços com mais de 5% de elementos de liga; apresentam alta
dureza e usinabilidade.
● Austeníticos: possuem certa estabilidade em temperatura ambiente, e isso
corresponde ao alto teor dos chamados “elementos de liga”, como níquel (Ni),
manganês (Mn) e cobalto (Co); a estrutura é austenítica.
● Ferríticos: como os austeníticos, os ferríticos têm alto teor em alguns elementos
de liga, como crômio (Cr), tungstênio (W) e silício (Si). Além disso, o aço
austenítico tem baixo teor de carbono e, no estado recozido, apresenta uma
estrutura ferrítica.
● carbídicos: ao contrário dos ferríticos, os carbídicos têm alto teor de carbono e
alguns elementos que formam carbonetos, como crômio (Cr), tungstênio (W),
manganês (Mn), titânio (Ti), nióbio (Nb) e zircônio (Zr).
C3) Aplicação.
Outra classificação se refere à aplicação. As mais comuns são:
● os aços para fundição, que, quando líquidos, são utilizados em moldes que; ao
se solidificarem, adquirem o formato do molde; são dúcteis e têm boa resistência
e tenacidade;
● os aços estruturais apresentam boa ductilidade, soldabilidade e alta resistência,
suportam grandes carregamentos, têm baixo custo e homogeneidade; são aços-
carbono ou têm pequenas quantidades de elementos de liga; são largamente
utilizados na construção civil;
● os aços para molas, em sua maioria, são aços-carbono; caracterizam-se pelo
elevado limite elástico, ou seja, suportam forças e tensões sem que a deformação
seja permanente; têm resistência à fadiga e ao choque.
● os aços para construção mecânica utilizam aços-carbono ou com baixo teor de
liga; são utilizados para a fabricação de peças forjadas, rolamentos, eixos,
engrenagens, dentre outros elementos.
Além dessas aplicações, existem os aços para trilhos, chapas, tubos, arames, fios,
usinagem fácil, ferramentas, matrizes, os aços resistentes à corrosão (inoxidáveis), ao
calor (refratários), para fins elétricos, dentre outras classes.
D)Tratamento térmico.
Antes de ser transformado em peças, na maioria dos casos, o aço é submetido a
tratamentos térmicos ou termoquímicos. O tratamento térmico consiste no processo de
aquecimento e resfriamento de uma peça de metal, sob condições controladas de
temperatura, tempo, atmosfera do forno e velocidade de esfriamento. O objetivo é
modificar, em maior ou menor escala, as propriedades mecânicas desejadas, como dureza,
elasticidade, ductibilidade e resistência à tração.
Por sua vez, o tratamento termoquímico envolve a modificação química, a fim
de que haja apenas o endurecimento superficial, até uma certa profundidade, devido à
alteração da composição química da camada superficial do material (CALLISTER
JÚNIOR, 1999).
Esses são alguns processos de conformação mecânica que podem ser realizados a
quente. Quando há a necessidade de conformar uma peça específica, é possível verificar
qual processo é o mais vantajoso, para que a deformação da peça seja feita da maneira
correta, sem danificá-la.
Recozimento. Encruamento.
Baixa qualidade dimensional superficial. Elevada qualidade.
Ferro fundido
O ferro fundido é definido como uma liga de ferro com teor de carbono acima de
2,11% e de silício entre 1 e 3%, mas também pode conter outros elementos químicos.
Devido à quantidade de silício superior à de carbono, o ferro é considerado uma liga
ternária (Fe-C-Si). A diferença em relação ao aço está na porcentagem de ferro e carbono:
entre 0,002 e 2,11% (CHIAVERINI, 1997).
Dentre as ligas ferro-carbono, o ferro fundido é fundamental na indústria, devido
as suas características, às grandes variações nas propriedades, obtidas por meio da
alteração do equilíbrio entre o carbono e o silício, que são ligados a vários outros
elementos metálicos ou não metálicos. Ademais, no caso do ferro fundido, há variação
nos processos de fusão, fundição e tratamento térmico.
PROPRIEDADES MECÂNICAS
As propriedades mecânicas definem o comportamento do material frente à ação
de esforços mecânicos durante o processo de fabricação e a utilização. Essas propriedades
também determinam a maior ou menor capacidade do material de resistir ou transmitir
esses esforços, sem se fraturar ou deformar de modo incontrolável. Experimentos em
laboratório são realizados para a análise das propriedades nas estruturas dos materiais, a
fim de se verificar a natureza da carga aplicada, a duração e as condições ambientais
(CALLISTER JÚNIOR, 1999).
A correta seleção de materiais e o conhecimento das suas propriedades são
necessários, pois todo material está sujeito a algum tipo de esforço mecânico. Segundo
Callister Júnior (1999), esse esforço pode ser de tração, compressão, cisalhamento, flexão
e torção, conforme exposto a seguir.
● Tração: alonga a peça na direção da reta de ação da força aplicada.
● Compressão: produz um encurtamento do tamanho da peça, na direção dela.
● Cisalhamento: produz um deslocamento linear entre seções transversais.
● Flexão: força que provoca a deformação do eixo perpendicular de uma peça.
● Torção: atua em um plano perpendicular ao eixo, de tal forma que o objeto sob
ação do esforço tende a girar em relação aos outros esforços.
Figura 1.6 - Formas gráficas dos tipos de esforços
Fonte: Adaptada de Análise… (on-line).
A NBR 6158 (ABNT, 1995) define “furo” como o termo convencional utilizado
para descrever uma característica interna de uma peça, incluindo também elementos não
cilíndricos; e “eixo” para descrever uma característica externa de uma peça. Esse sistema
de análise da tolerância é denominado sistema eixo/furo.
A seguir, são apresentados alguns conceitos importantes sobre tolerâncias
dimensionais, de acordo com a NBR 6158.
● Dimensão nominal: dimensão a partir da qual são derivadas as
dimensões limites pela aplicação dos afastamentos superior e
inferior.
● Dimensão efetiva: dimensão de um elemento obtido pela
medição.
● Linha zero: linha reta que representa a dimensão nominal e serve
de origem aos afastamentos em uma representação gráfica de
tolerâncias e ajustes.
● Dimensão máxima: a maior dimensão admissível de um
elemento.
● Dimensão mínima: a menor dimensão admissível de um
elemento.
● Afastamento superior: diferença algébrica entre a dimensão
máxima e a correspondente dimensão nominal. As letras “ES” são
designadas para afastamentos em furos e as letras “es” para
afastamentos em eixos.
● Afastamento inferior: diferença algébrica entre a dimensão
mínima e a correspondente dimensão nominal (ABNT, 1995, p.
2).
Acabamento superficial
O acabamento superficial é um importante estudo que analisa a qualidade
superficial de uma peça finalizada; é imprescindível, pois aumenta as exigências de
precisão de ajuste entre as peças a serem acopladas, nas quais as precisões dimensional,
de forma e de posição não são suficientes para garantir a funcionalidade. O acabamento
superficial é fundamental e influencia fatores como: desgaste, atrito, corrosão, aparência,
resistência à fadiga, transmissão de calor, propriedades óticas, escoamento de fluidos e
superfícies de medição (GUEDES, 2014).
Figura 1.7 - Irregularidades na superfície usinada
Fonte: Peterson (2014, on-line).
METROLOGIA
A palavra “metrologia” origina-se do grego: metron, medida; logos, ciência.
Trata-se de um ramo da ciência que estuda as medições, e os seus dados são aplicados em
todas as disciplinas.
Essa ciência inclui todos os aspectos, tanto teóricos como práticos, relacionados
às medições, calibrações e rotas de rastreabilidade dos instrumentos, aos métodos de
medição, dentre outros. Nesse sentido, a metrologia tem como principal objetivo a
avaliação correta de qualquer medida e pode ser aplicada nos campos industrial, legal e
científico.
Sistemas de medição
Na metrologia industrial, os sistemas de medição são responsáveis pelos
processos produtivos e pela garantia de qualidade e segurança dos produtos acabados. Os
sistemas de unidades de medição são o Sistema Inglês (baseado em polegadas e jardas) e
o Sistema Internacional, que tem uma versão moderna, ampliada e reformada do sistema
métrico que existe desde 1960.
O Sistema Internacional é o mais aceito e utilizado no mundo, inclusive no Brasil.
Por sua vez, o Sistema Inglês, que tem como padrão a jarda (termo proveniente da palavra
inglesa yard, vara), foi definido em função do metro. Uma jarda equivale a 0,91440 m. A
relação entre metro, jarda e pé pode ser visualizada no Quadro 1.2.
1 yd Uma jarda 0,9144 m
1 ft Um pé 304,8 mm
Quilômetro km 1.000 m
Hectômetro hm 100 m
Decâmetro Barragem 10 m
Metro m 1m
Decímetro dm 0,1 m
Centímetro cm 0,01
Milímetro mm 0,001
Como a medição tem padrão internacional, ela pode ser interpretada, sem erros,
por qualquer pessoa, em qualquer local do mundo. Portanto, “é fundamental que a
unidade utilizada seja muito bem definida e amplamente reconhecida internacionalmente.
Só assim as medições assumem caráter universal” (ALBERTAZZI JUNIOR; SOUZA,
2008, p. 3).
Unidades de medida
O sistema internacional (SI) é dividido em três classes de unidades, conforme os
quadros expostos a seguir.
Comprimento Metro m
Massa Quilograma kg
Tempo Segundo s
Temperatura Kelvin K
Aplicações da metrologia
A medição faz parte do cotidiano das pessoas, pois é essencial nas atividades que
envolvem o controle de produção, a avaliação de qualidade do meio ambiente, da saúde,
da segurança, dos materiais, da comida e de outros produtos, para garantir práticas seguras
de comércio e a proteção ao consumidor, por exemplo.
A necessidade de medir é muito antiga e, ao longo do tempo, foram desenvolvidas
técnicas confiáveis para se realizar as medições. Diariamente, são usados instrumentos de
medição para medir e inspecionar produtos e processos; alguns desses instrumentos são:
paquímetro, micrômetro, multímetro, réguas, rugosímetro e durômetro. Cada instrumento
de medição tem uma função diferente e, até mesmo, complementar, pois há peças que,
para serem desenhadas fielmente, exigem o uso de um paquímetro e de um micrômetro
como complemento.
Calibração de instrumentos
A precisão de um equipamento de medição é fundamental para a confiabilidade
dos resultados de medição e a manutenção da qualidade dos produtos e processos. Com
o tempo de uso, o equipamento tende a degradar seu desempenho e maior é a chance de
ocorrer um erro de medição. Com isso, o risco de problemas aumenta, o que pode
comprometer o controle de qualidade e proporcionar decisões erradas.
Nesse contexto, a calibração é a maneira mais eficiente de avaliar o desempenho
de um equipamento de medição, mas deve ser realizada de forma constante, para manter
as medições sempre precisas. As operações de calibração são baseadas na comparação
dos instrumentos-padrão, a fim de se determinar a exatidão e verificar se essa exatidão
continua de acordo com a especificação de fabricante.
Desse modo, essas operações devem ser realizadas com base em referências
técnicas (nacionais e internacionais), recomendações dos fabricantes, documentos
orientativos do Inmetro, etc. No Brasil, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização,
Qualidade e Tecnologia (Inmetro) é o responsável pela Rede Brasileira de Calibração
(RBC), conjunto de laboratórios credenciados que utilizam regras e procedimentos
baixados por esse instituto.
O resultado de uma calibração deve ser apresentado em um documento técnico,
usualmente denominado “certificado de calibração” ou “relatório de calibração”, e deve
atender ao requisito 5.10 (Apresentação de Resultados da norma ABNT NBR ISSO/IEC
17025 – Requisitos para a Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração). A
periodicidade da calibração de um instrumento de medição está vinculada às
características construtivas do equipamento e à forma de utilização.
Estrutura metrológica
O Inmetro é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior. Criado pela Lei nº 5.966, de 11 de dezembro de 1973, o
Inmetro substituiu o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (IPEM) e ampliou,
significativamente, o seu raio de atuação na sociedade brasileira.
No que se refere à metrologia, ela pode ser dividida em duas áreas: metrologia
legal e metrologia científica e industrial. O Inmetro define metrologia legal como “parte
da Metrologia Geral que se refere às exigências legais, técnicas e administrativas,
relativas às unidades de medida, aos métodos de medição, aos instrumentos de medir e às
medidas materializadas” (NICOLAU, 2011, p. 3).
Quanto à metrologia científica e industrial, o mesmo Instituto informa que ela
“é uma ferramenta fundamental no crescimento e inovação tecnológica, promovendo a
competitividade e criando um ambiente favorável ao desenvolvimento científico e
industrial em todo e qualquer país” (METROLOGIA, on-line).
No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é a responsável
pela elaboração das normas brasileiras (ABNT NBR), as quais são elaboradas pelos
comitês brasileiros (ABNT/CB), organismos de normalização setorial (ABNT/ONS) e
pelas comissões de estudos especiais (ABNT/CEE).
ATIVIDADE
3) Nesta unidade, apresentamos, de acordo com o Inmetro, as unidades utilizadas para
medir várias grandezas. Considerando as grandezas de massa, comprimento e intervalo
de tempo, assinale a alternativa que apresenta essas nomenclaturas, respectivamente.
a) Mol, kelvin e ampère.
b) Quilograma, metro e segundo.
c) Quilograma, metro cúbico e segundo.
d) Mol, ampère e segundo.
e) Metro por segundo ao quadrado, quilograma e metro.
A IMPORTÂNCIA DOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO PARA A
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Com o avanço das tecnologias e dos processos, o profissional de Engenharia de
Produção tem se tornado muito importante para indústrias e empresas que, cada vez mais
competitivas, buscam o aperfeiçoamento contínuo, para aumentar a produtividade e a
rentabilidade. Segundo Lopes (2018), o profissional de Engenharia de Produção é
responsável pela otimização dos processos de produção. Além disso, a versatilidade da
formação acadêmica permite que esse profissional atue em uma ampla gama de funções
estratégicas, desde a gestão de equipes nos setores de serviços até o setor comercial.
REFLITA
O profissional de Engenharia de Produção está em quase todas as áreas da
indústria, dos empreendimentos e do comércio. Ele é considerado um profissional
imprescindível para aumentar a produtividade e a rentabilidade de uma organização.
ATIVIDADE
4) Quando o assunto é o processo de transformação em empresas de manufatura ou de
serviços, há três partes básicas: inputs, processos e outputs. Para Zanolla (2018, p. 8), “o
sistema produtivo do tipo input-transformação-output utiliza os recursos, processa-os e
os transforma em produtos”. Nesse contexto, em relação aos inputs e outputs da
Engenharia de Produção, assinale a alternativa correta.
a) O input é o recurso a ser transformado, e o output é o recurso de transformação.
b) Os inputs são os recursos a serem transformados e os de transformação.
c) Os outputs são os bens faturados, apenas.
d) Os outputs são os serviços e os recursos de transformação.
e) Os inputs são os bens manufaturados e os serviços.
INDICAÇÕES DE LEITURA
Nome do livro: Ciência e Engenharia dos Materiais: uma introdução
Editora: LTC.
Ano: 2012 (edição 8).
Autores: William D. Callister Júnior e David G. Rethwisch.
ISBN-10: 8521621248.
Comentário: O livro é o mais completo da área e o mais indicado por professores de
graduação, porque, dentre outros aspectos, os autores abordam o assunto de uma maneira
mais didática e mais fácil, tornando a compreensão possível até para os leigos no assunto.
Esse é um livro que vale a pena ser comprado, para fazer parte da biblioteca de qualquer
engenheiro, independente da sua formação.
Após alguns subtemas, há atividades, caro(a) aluno(a), para que você possa revisar o
conteúdo. Bons estudos.
Por fim, o desprendimento dos gases ocorre, em especial, nas ligas ferro-
carbono. Enquanto as ligas estão em estado líquido, o oxigênio que está diluído no ferro
liga-se ao carbono da liga, e surgem os gases CO e CO2, que escapam na atmosfera
quando estão no estado líquido. Ademais, quando “a massa líquida diminui, devido à
queda de temperatura, fica mais difícil a fuga desses gases, os quais acabam ficando
retidos nas proximidades da superfície das peças ou lingotes, na forma de bolhas”
(CHIAVERINI, 1986, p. 8).
Como o molde tem um custo elevado, as peças costumam ser pequenas e nem
todas as ligas metálicas podem passar por esse tipo de fundição. Ademais, o molde pode
ser usado em altas temperaturas e recomenda-se que a espessura dele não seja menor do
que 7 mm, pois isso limitaria o fluxo mais rápido do metal. Além disso, se o formato da
peça for muito complicado, sua retirada do molde torna-se um processo difícil.
Outra recomendação é a de que a entrada do metal líquido no molde seja feita pela
parte superior. Se isso não for possível, o molde deve ser feito com um acesso na parte
inferior.
Além de o molde ter o formato da peça, ele tem rebarbas, que servem como evasão
do ar, garantindo que toda a cavidade seja preenchida pelo metal. Assim que o metal se
solidifica, a pressão é cessada, a matriz é aberta e a peça é expelida. No fim do processo,
a matriz é limpa, lubrificada, fechada, e um novo processo pode ser realizado
(CHIAVERINI, 1986).
Molde dispensável e modelo permanente: areia verde, areia silicato e shell molding
O molde dispensável é utilizado apenas uma vez, pois, a cada peça produzida, é
necessário um novo molde. Assim, o modelo permanente deve ser produzido em madeira,
polímeros ou metal.
Areia verde
O processo de moldagem em areia verde é simples, além de ser barato e servir
para todos os metais. Esse nome refere-se ao processo de fabricação e ao fato de a
secagem não ser necessária. Os grãos têm tamanhos diferentes e são colocados no
compactador, utilizando-se uma força externa, que faz eles se acomodarem
(GONÇALVES, 2001).
Na areia verde, de acordo com Coutinho Neto (2004), há a mistura entre areia
silicosa, argila e água. A técnica consiste em criar o molde com areia úmida, modelada
no formato da peça que se deseja fundir. Esse molde é usado para peças de pequeno e
médio porte. Estima-se que, pelo menos, 80% das peças feitas por fundição utilizam
moldes feitos de areia (BIOLO, 2005).
Após o encerramento do processo, há a desmoldagem mediante a quebra do
molde, separando-se a peça metálica da areia. Essa areia pode ser empregada para compor
novos moldes, sendo, quase totalmente, proveniente da reciclagem interna da areia já
utilizada (BIOLO, 2005).
Figura 2.11 - Molde em areia
Fonte: Coutinho Neto (2004, p. 12).
Para Coutinho Neto (2004), independente do tipo de areia a ser usada na fundição,
o processo de confecção do molde tem algumas limitações em relação as suas
propriedades, as quais limitam o uso do molde, quando é preciso produzir peças pequenas
ou médias. “Essas propriedades favorecem a produção de peças complicadas, pois
facilitam a desmoldagem e limpeza, além de reduzirem o risco de ruptura a quente durante
a solidificação” (COUTINHO NETO, 2004, p. 13). Nada impede, no entanto, que peças
grandes também sejam produzidas. A diferença é que, dependendo da peça a ser feita,
recomenda-se o uso de outros processos para sua a fabricação.
Areia silicato
O silicato de sódio/CO2 (dióxido de carbono), em sua composição, tem areia,
Na2SiO3 (silicato de sódio) e CO2 (dióxido de carbono). Para que o molde seja feito, deve-
se adicionar, ainda em estado líquido, a substância Na2SiO3H2O (solução de hidróxido de
sódio). Após esse processo, a mistura é colocada sob a peça que se deseja reproduzir por
compressão tênue ou vibração.
Todo esse processo tem alta variabilidade, boa qualidade do material, precisão das
peças, confecção de moldes de qualquer tamanho e permite o uso de materiais ferrosos e
não ferrosos. No entanto, se comparada a areia verde, a areia utilizada nesse processo não
pode ser mais usada e seu custo é maior.
Souza (2012, p. 30) afirma que “os cristais de silicato de sódio hidratados contêm
sílica coloidal (SiO2H2O) e quando expostos ao CO2, formam um gel ‘in situ’,
aumentando a viscosidade”. Quando aplicado em larga escala, o gel atua como adesivo e,
em pequena escala, atua como cimento. O silicato de sódio só muda para a fase sólida por
dois mecanismos:
● desidratação: se perde água na mudança de líquido para sólido;
● mudança de pH: reação química que ocorre entre a solução de silicato de sódio e
um reagente ácido, constituindo novos produtos em formato de gel (SOUZA,
2012).
Shell Molding
O processo de Shell Molding é conhecido como croning ou moldagem em casca,
em que “a areia é coberta com uma mistura de duas resinas que polimerizam pela ação
do calor” (SETTI, 2010, p. 17). Para criar os moldes desse tipo de fundição, segundo Setti
(2010), deve-se colocar areia em cima de um modelo metálico pelo período de 10 a 30
segundos, em temperatura de 205 °C a 315 °C. Devido ao calor, a resina é endurecida e
forma uma casca com 5 a 10 mm de espessura que, após esse processo, é retirada do
modelo.
O molde é feito por duas partes fixas que permitem que as peças saiam com um
bom acabamento e definição de detalhes. Uma das principais desvantagens do processo
de Shell Molding, porém, é que ele emite gases poluentes, quando há o vazamento do
metal além dos resíduos tóxicos, “pois a resina deste processo contém elementos tóxicos
na sua formulação, como o fenol e amina” (SETTI, 2010, p. 17).
Ademais, o jeito mais comum de entender esse processo corresponde à criação
das partes do molde, por meio de um recipiente basculante e mediante a ação da
gravidade. A Figura 2.14 ilustra essas informações.
Figura 2.14 - Produção de moldes shell, por ação da gravidade, em máquinas de moldar
com reservatório basculante
Fonte: Soares (2000, p. 31).
A Figura 2.14 mostra um esquema de como o processo funciona, começando com
o aquecimento da placa que, depois, é colocada sobre o reservatório (b). A casca se forma
e sua espessura é definida de acordo com o tempo de contato e a temperatura em que a
placa está, sendo o conjunto novamente basculado (d). A casca é aquecida (e) e, depois,
retirada (f) (SOARES, 2000).
ATIVIDADE
2) O molde dispensável é utilizado apenas uma vez, pois, a cada peça produzida, é
necessário um novo molde. Assim, o modelo permanente deve ser produzido em madeira,
polímeros ou metal. Nesse contexto, assinale a alternativa que apresenta alguns tipos de
moldes dispensáveis de modelo permanente.
a) Areia verde, cura a frio e câmara quente.
b) Shell Molding, cura a frio e cura a quente.
c) Silicato, areia verde e Squeeze Casting.
d) Areia verde, cura a frio e baixa pressão.
e) Cura a quente, câmara fria e câmara quente.
Die Casting
O processo Die Casting, também conhecido como fundição injetada, ocorre
quando o molde recebe o metal em alta temperatura. Com grande velocidade e alta
pressão, o metal se solidifica e, depois, é retirado do molde, o qual pode ser utilizado para
a criação de uma nova peça, ou seja, o molde é reutilizável.
Esse processo é empregado quando há a necessidade de se produzir grande
volume de peças. Ademais, o material mais utilizado é o zinco, que pode ser combinado
com alumínio, magnésio, níquel ou cobre (CASTRO, 2013). Devido a sua precisão de
detalhes, esse processo já foi utilizado para produzir peças de calculadoras e de
locomotivas; hoje, é empregado na produção de brinquedos, máquinas industriais,
equipamentos de construção, em joalherias, na agricultura, em eletrodomésticos e no setor
automotivo.
Dentre as vantagens desse tipo de fundição, está o fato de que o metal utilizado
para usinagem é reduzido e empregado na produção de peças com espessura de 1 a 2 mm.
Nesse caso, os ferramentais têm uma vida útil que pode ser comparada com as ferramentas
feitas com outro tipo de fundição, além haver menor contaminação do meio ambiente. A
desvantagem é que esse não é um processo versátil, pois “foi eliminado pelo critério tipo
de liga em quatro componentes (não é compatível com ligas ferrosas) e maior espessura
de seção em três componentes” (SETTI, 2010, p. 100).
Como a temperatura de fusão das ligas usadas na fundição injetada é diferente,
são utilizados dois tipos de máquinas: câmara quente e câmara fria. A câmara quente é
indicada para “ligas com baixo ponto de fusão, que não atacam os cadinhos, cilindros e
pistões. O mecanismo de injeção encontra-se imerso no metal fundido, num forno ligado
à máquina” (CASTRO, 2013, p. 6).
Na câmara fria, o metal fundido não cobre o pistão e o cilindro hidráulico, para
que se diminua a erosão, devido às altas temperaturas atingidas pelo forno. Ademais, o
processo é lento, pois o metal ainda tem que ser levado do forno para a camisa de injeção.
Por causa da pressão que esse tipo de máquina atinge, ela deve ser feita com uma
resistência maior (CASTRO, 2013).
Squeeze Casting
Existem referências históricas de que o processo Squeeze Casting, também
conhecido como Liquid Metal Forging, foi criado em 1878 na Rússia. Esse processo
indica que, para o metal se solidificar, ele deve ser pressionado. A pressão exercida sobre
o metal está na faixa de 70 Mpa e isso faz a peça ser mais densa do que aquela que é
fundida convencionalmente. Atualmente, esse tipo de fundição, demonstrado na Figura
2.16, é utilizado na produção de pistões, rodas e flanges em ligas de alumínio (SOARES,
2000).
ATIVIDADE
3) O processo Die Casting é utilizado quando há a necessidade de produzir grande volume
de peças. O zinco é o material mais empregado, porém pode ser combinado com outros
tipos de materiais. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, esses materiais.
a) Alumínio, fósforo, carbono ou mercúrio.
b) Alumínio, magnésio, níquel ou cobre.
c) Magnésio, chumbo, alumínio ou cobre.
d) Níquel, titânio, manganês ou carbono.
e) Cobre, urânio, prata ou ouro.
SOLDAGEM
De acordo com Modenesi, Marques e Santos (2012, p. 6), a soldagem é importante
no processo industrial de fabricação de peças metálicas, pois é utilizada “na recuperação
de peças desgastadas, para a aplicação de revestimentos de características especiais sobre
superfícies metálicas e para corte”.
Simbologia
Os símbolos usados na soldagem são uma representação gráfica do que é preciso
ser feito em uma peça específica. As normas que regem essa representação são: American
Welding Society (AWS), Euronorm, International Standard Organization (ISO) e
Japanese Industrial Standards (JIS). No Brasil, utilizamos a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) e a AWS.
Figura 2.19 - Localização dos elementos de um símbolo de soldagem
Fonte: Marques, Modenesi e Bracarense (2009, p. 36).
Esses símbolos podem ser encontrados nos desenhos de projetos e são entendidos
com facilidade, para que erros sejam evitados (MARQUES; MODENESI;
BRACARENSE, 2009).
Segurança em soldagem
A soldagem requer cuidados específicos e deve ser feita de forma correta, pois
oferece riscos à saúde dos colaboradores envolvidos no processo. Dentre os riscos,
Wainer, Brandi e Mello (2004) citam cinco principais, como exposto a seguir.
● Choque elétrico: os equipamentos utilizados na solda trabalham com altas
correntes e os riscos são grandes. Sendo assim, esses equipamentos devem estar
bem instalados, aterrados e com cabos e conexões em bom estado. Boa parte dos
riscos se deve à instalação inadequada dos equipamentos ou a danos na isolação.
● Contaminação por gases: os fumos são vapores desprendidos do metal, liberados
pelos processos de solda e nocivos à saúde. Esses fumos contêm altas
concentrações de metais nocivos e são formados por partículas que se acumulam
nos pulmões, causando doenças. Assim, é preciso usar máscara de proteção,
manter a cabeça afastada, ter cuidado com peças sujas com líquidos
desconhecidos e atentar-se à ventilação do local.
● Queimaduras: podem acontecer por contato com superfícies quentes, peças,
chamas ou respingos de metal fundido, ou por contato com raios infravermelhos
ou ultravioletas.
● Explosões: ocorrem devido aos gases inflamáveis, quando há vazamento,
exposição a fagulhas e manuseio incorreto dos cilindros. Assim, as mangueiras
devem ser mantidas em bom estado, é preciso utilizar válvulas antirretrocesso e
manter os cilindros presos, para evitar a queda deles.
● Exposição a radiações: a solda libera radiação na forma de raios infravermelhos
e ultravioletas, causando queimaduras de pele e retina. Para evitar os riscos,
devemos usar máscaras com filtros adequados ao processo e à corrente utilizada,
em cabines próprias para solda.
O processo é feito com a ponta do eletrodo tocando a peça para abrir o arco, e o
simples fato de afastar a ponta do eletrodo da peça já encerra o processo. O soldador
controla o comprimento do arco e a poça de fusão ao longo da junta. Os consumíveis são
os eletrodos que se consomem durante a soldagem.
Uma das características desse processo é que os eletrodos protegem a poça de
fusão do oxigênio e do nitrogênio do ar, evitando a oxidação. Além disso, esse processo
reduz a velocidade da solidificação, facilita a abertura do arco além de estabilizá-lo,
introduz elementos de liga, facilita a soldagem em posições difíceis, e serve de isolante
na soldagem de chanfros estreitos (WAINER; BRANDI; MELLO, 2004).
Os equipamentos usados nesse tipo de soldagem são: fonte de energia
(transformadores, retificadores e inversores), porta eletrodo isolado, pinça para
aterramento na peça, cabos de ligação, picareta, escova para limpeza e EPIs. Esse
processo é mais usado quando há a necessidade de construir estruturas de aço ou até de
soldar ferro com aço inoxidável.
A solda por arco elétrico tem vantagens e desvantagens. Há equipamentos simples
e baratos, sem necessidade de fluxos ou gases externos, pouco sensíveis a correntes de ar,
versáteis para vários materiais e que atingem chanfros de difícil acesso. A produtividade,
no entanto, é baixa, pois a quantidade de metal de adição está limitada ao tamanho do
eletrodo, além de exigir uma limpeza após cada passe de solda (WAINER; BRANDI;
MELLO, 2004).
Durante o processo de solda, são consumidos materiais denominados
consumíveis. No caso da solda por eletrodo revestido, são consumidos os eletrodos, que
são formados por um núcleo metálico (alma), revestido por uma camada mineral e
orgânica. A extremidade do eletrodo não é revestida para conectá-la ao porta-eletrodo. A
alma conduz a corrente elétrica e serve como metal de adição, e o revestimento gera
escória e gases, que protegem a poça de fusão.
Podemos citar outras funções dos eletrodos, como: reduzir a velocidade da
solidificação, facilitar a abertura do arco, além de estabilizá-lo, e a soldagem em posições
difíceis, e servir de isolante na soldagem de chanfros estreitos. Cada norma (AWS ou
ABNT) utiliza um conjunto de códigos para identificar os eletrodos. Os tipos de
revestimentos dos eletrodos: são rutílico, básico, ácido, celulósico e oxidante (WAINER;
BRANDI; MELLO, 2004).
Soldagem MIG/MAG
As soldagens MIG (Metal Inert Gas) e MAG (Metal Active Gas) unem os metais
pelo seu aquecimento, com um arco elétrico estabelecido entre um eletrodo metálico nu
contínuo e a peça. A proteção da poça de fusão se dá por um gás. A diferença entre essas
soldas é o gás utilizado para cada uma. A sigla para esse tipo de solda é GMAW, do
inglês, Gas Metal Arc Welding.
Figura 2.21 - Processo de solda MIG/MAG
Fonte: Modenesi e Marques (2000, p. 18).
No processo MAG (Metal Active Gas), o gás é atuante na poça de fusão (CO2
puro ou em mistura), sendo utilizado em aço baixo carbono ou baixa liga. O gás não reage
à poça quimicamente afetada, além de ser mais barato que o MIG (Metal Inerte Gas). No
processo MIG, o gás usado é inerte à poça de fusão e pode ser utilizado tanto em aço de
baixo, médio e alto carbono como em aço inoxidável ou ligas não ferrosas. Assim, o MIG
é empregado somente onde não é possível soldar com MAG.
Quanto à proteção da poça de fusão, ela é feita por meio do gás, enquanto, no
processo de eletrodo revestido, é feita pelo revestimento do eletrodo que, ao se fundir,
gera gases e uma camada de escória protetora. O MIG/MAG é considerado
semiautomático, pois a alimentação do metal de adição ocorre automaticamente, pelo
próprio equipamento. Assim, é função do soldador acionar o gatilho e mover a tocha ao
longo da junta, acompanhando o ritmo do processo. No eletrodo revestido, por sua vez, o
processo é manual (WAINER; BRANDI; MELLO, 2004).
Os equipamentos utilizados são: fonte de energia, tocha de soldagem, pinça para
aterramento na peça, cabos de ligação, fonte de gás, alimentador de arame e EPIs. Esse
tipo de solda é usado em soldagem de ferros de baixa liga, aços inoxidáveis, alumínio e
posições diferenciadas.
As vantagens da solda MIG/MAG são: é possível soldar em qualquer posição;
elevada taxa de decomposição; elevada penetração; pouca limpeza após a soldagem;
baixo teor de hidrogênio. Os equipamentos, no entanto, são caros, podem apresentar
respingos, não são portáteis, há certa dificuldade para soldar peças com acesso restrito e
a proteção do arco é sensível a correntes de ar (WAINER; BRANDI; MELLO, 2004).
Soldagem TIG
A soldagem TIG, processo de soldagem a arco, produz a união dos metais pelo
seu aquecimento, a qual usa um arco elétrico estabelecido entre um eletrodo de tungstênio
não consumível e a peça, sendo que a proteção da poça de fusão ocorre mediante um gás
inerte.
No processo TIG, o eletrodo utilizado para estabelecer o arco elétrico não é
consumível (não é usado como metal de adição). Quando necessário, o metal é inserido,
manualmente, no formato de uma vareta. Em geral, o processo é manual, mas pode ser
automatizado com o uso de tochas específicas e alimentadores em rolos para o metal de
adição.
Uma das características dessa solda é que ela é feita em um único passe, na vertical
ascendente, e tem duas variações: tubo consumível (funde-se junto com o metal de
adição) ou não consumível (as sapatas se movem para cima, acompanhando a poça de
fusão). Além disso, essa solda pode usar vários arames e tubos guias para aumentar a
quantidade de metal de adição. Os equipamentos empregados são: fonte de energia, tubo
guia e seu alimentador, sapatas (placas de cobre) e móveis de resfriamento.
Existe uma variação desse tipo de solda, denominada eletrogás, em que, em vez
de a proteção ocorrer por fluxo, acontece com o uso de um gás de proteção, porém o
equipamento é idêntico. Dentre as vantagens da eletroescória, podemos citar: uso na
soldagem de peças pesadas e de grandes espessuras (entre 13 a 500 mm); processo estável
com qualquer tipo de corrente; taxa de deposição alta; não requer preparação das faces a
serem soldadas; processo econômico em termos de corrente elétrica e quantidade
requerida de fluxo; depois de iniciado, o processo é automático (WAINER; BRANDI;
MELLO, 2004).
Como desvantagens, podemos mencionar o fato de o equipamento custar caro,
gerar uma enorme zona termicamente afetada (em função das altas temperaturas), que
compromete as características do metal, e de o processo ser lento, pois a junta soldada é
muito grande. Além disso, o processo não pode ser interrompido, por causar
descontinuidades na junta.
Soldagem a gás
A solda a gás une os metais com uma chama de alta temperatura, que funde o
metal-base com o de adição, caso este seja usado. Essa chama é obtida pela queima do
gás combustível, que pode ser acetileno, hidrogênio, propano, GLP ou GN, e do
comburente (oxigênio puro). O acetileno é o gás mais utilizado, e o oxigênio é fornecido
em cilindros de gás comprimido.
O processo envolve a fusão do metal-base e, normalmente, de um metal de
enchimento, utilizando-se, para isso, uma chama produzida na ponta de um maçarico.
Segundo Bracarense (2000, p. 2), “o gás combustível e o oxigênio são combinados em
proporções adequadas dentro de uma câmara de mistura. O metal fundido e o de
enchimento, se usado, se misturam numa poça comum e se solidificam ao se resfriar”.
Os equipamentos utilizados são: fonte de gás combustível e de oxigênio;
reguladores de pressão dos cilindros; válvulas antirretrocesso de chama em ambas as
mangueiras; válvulas de controle de gases; maçarico; bico ou caneta. Esse processo é
adequado para operações de conserto, na soldagem de tiras finas e tubos de pequeno
diâmetro.
Figura 2.25 - Soldagem a gás
Fonte: Modenesi e Marques (2000, p. 29).
Brasagem
Há a brasagem quando o metal de adição se funde a mais de 450 °C. Esse processo
é dividido em brasagem, utilizada para a soldagem de tubulações de cobre, e brasagem
branda, ou solda fraca, abaixo de 450 °C, empregada em componentes eletrônicos. O
processo ocorre quando o aço a ser unido é aquecido no ponto onde o material de adição
possa fundir; a ação do fluxo cria uma camada de adesão resistente.
Figura 2.26 - Brasagem em forno
Fonte: Modenesi e Marques (2000, p. 44).
Esse tipo de solda tem baixo custo e o equipamento é portátil e versátil, sendo
utilizado para dobrar, desempenar, preaquecer e cortar metais. Além disso, essa solda não
precisa de energia elétrica, há fácil controle da operação e ela é mais utilizada em chapas
finas. Como desvantagens, podemos mencionar as seguintes: baixa taxa de deposição;
velocidade da soldagem; pode haver superaquecimento das peças; grande risco de
acidente, com a manipulação dos cilindros e dos gases; são necessários fluxos para
soldagem; a proteção na poça de fusão nem sempre é eficiente (WAINER; BRANDI;
MELLO, 2004).
Em relação às características da brasagem, podemos citar: as peças devem ter
grandes áreas de contato e boa limpeza, para favorecer a aderência por capilaridade; a
distância entre as superfícies deve ser a menor possível; pode causar oxidação interna.
Por fim, é importante salientar que o equipamento utilizado é o maçarico de oxigás e que
a brasagem é empregada para soldar tubulações de cobre (WAINER; BRANDI; MELLO,
2004).
Resistência
A solda por resistência é feita mediante a geração de calor, por meio da passagem
de uma corrente elétrica, através das peças que estão sendo soldadas, e da aplicação de
pressão; esse processo forma um ponto fundido localizado. Isso reduz a resistência
mecânica do material, permitindo a deformação por pressão.
Um arco elétrico de alta tensão passa entre dois eletrodos, em ambos os lados do
material a ser soldado. Isso faz com que haja a fusão localizada dos dois materiais,
criando-se, assim, um “ponto” de solda (WAINER; BRANDI; MELLO, 2004).
Figura 2.27 - Soldagem por ponto (a), soldagem por costura (b),
soldagem de projeção (c), soldagem de topo (d)
Fonte: Modenesi e Marques (2000, p. 34).
Defeitos de soldagem
De acordo com Wainer, Brandi e Mello (2004), alguns dos principais defeitos em
soldagem são os expostos a seguir.
● Porosidades: bolhas formadas durante a solidificação da junta e que ocorrem,
geralmente, por falta de proteção para a poça de fusão. Assim, por meio de reações
químicas, gera-se monóxido de carbono. A porosidade pode estar na superfície ou
no interior do cordão.
● Inclusões: impurezas no interior da junta soldada, provenientes, geralmente, de
uma escória que não foi devidamente limpa entre um passe e outro. O processo
TIG também pode gerar a inclusão de tungstênio na junta, caso o eletrodo não
consumível toque a junta ou derreta durante o processo.
● Fissuração a quente: trincas que ocorrem em temperaturas elevadas; elas podem
ser causadas por contração dos metais, tensão residual, têmpera de algumas
regiões, metal de adição incompatível com o metal base ou altos teores de enxofre.
● Fissuração a frio: trincas que ocorrem em temperatura ambiente, após o
resfriamento da peça; elas são causadas pelo hidrogênio retido na peça e que
entrou na poça de fusão por unidade dos consumíveis (em geral, eletrodos). O
hidrogênio retido causa fissuras na ZTA (zona termicamente afetada) e fragilidade
em roscas.
● Falta de fusão: quando o metal de adição não se funde ao metal-base, a falta de
fusão pode ocorrer na lateral ou na raiz da solda. As causas são má regulagem ou
inabilidade do soldador.
● Falta de penetração: ocorre quando a ZTA não é grande o suficiente para unir os
metais, com a força requerida. Assim como na falta de fusão, as causas são má
regulagem ou inabilidade do soldador.
● Mordedura: redução da seção lateral do metal-base, por aquecimento excessivo
da poça de fusão. A mordedura ocorre por má regulagem do equipamento ou
inabilidade do soldador.
● Destacamento lamelar: ocorre quando o metal-base descama-se com as tensões
de soldagem, devido à baixa qualidade desse metal. Isso pode ser evitado por meio
do almofadamento, que corresponde ao revestimento do metal-base com uma
camada de solda de melhor qualidade.
REFLITA
Alguns conceitos importantes em relação à soldagem são:
● metal-base é o nome atribuído às peças que serão soldadas;
● metal de adição é o material adicionado, em estado líquido, durante a soldagem;
● poça de fusão é a poça que se forma durante o processo, antes da solidificação;
● zona fundida é a região em que o metal de adição funde-se ao metal-base,
formando uma nova peça;
● zona termicamente afetada é a região do metal-base que foi afetada pela alta
temperatura da zona fundida;
● zona de ligação é a união das duas primeiras regiões;
● brasagem é a temperatura de fusão do metal de adição, sendo menor que a do
metal-base; assim, somente o de adição se funde.
ATIVIDADE
4) A soldagem requer cuidados específicos e deve ser feita de forma correta, visto que
oferece riscos à saúde dos colaboradores envolvidos no processo. Quais são os cinco
principais riscos, de acordo com Wainer, Brandi e Mello (2004)?
a) Choque elétrico, queimaduras, explosões, contaminação por gases e fissuras a
quente.
b) Explosões, queimaduras, contaminação por gases, exposição a radiações e choque
elétrico.
c) Queimaduras, explosões, exposição a radiações, choque elétrico e porosidade.
d) Porosidades, fissura a frio, fissura a quente, inclusões e falta de fusão.
e) Falta de fusão, porosidade, queimaduras, explosões e fissura a quente.
INDICAÇÕES DE LEITURA
Nome do livro: Fundição: mercado, processos e metalurgia
Editora: UFRJ.
Autora: Glória de Almeida Soares.
ISBN: 852850.
Comentário: A autora é formada em Engenharia Metalúrgica pela UFRJ e tem como linha
de pesquisa a área de biomateriais. Hoje, ela trabalha com profissionais da saúde e alunos
do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe, e tem mestrado e
doutorado pelo PEMM (Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais). É bolsista
desde 2006, coordena projetos da área de materiais e escreveu o livro sobre fundição
devido à falta de bibliografia na área.
INDICAÇÕES DE LEITURA
Nome do livro: Soldagem: processos e metalurgia
Editora: Edgard Blücher Ltda.
Autores: Emílio Wainer, Sérgio Duarte Brandi e Fábio Décourt Homem de Mello.
ISBN: 85-212-0238-5.
Comentário: O livro é um dos mais completos da área de soldagem e é destinado a
profissionais do ramo, visto que aborda fenômenos envolvidos na soldagem, além de
apresentar uma visão teórica e prática de vários tipos de soldagem. O livro é didático e,
além da solda, discute a soldabilidade dos materiais.
UNIDADE III
Assim, caro(a) aluno(a), depois de cada parte desta unidade, você pode praticar o que
aprendeu, respondendo às atividades propostas. Bons estudos.
Laminação
A laminação é a passagem de uma peça entre dois cilindros que giram na mesma
velocidade, mas em sentidos contrários, fazendo a secção transversal ser reduzida,
aumentando o comprimento e a largura da peça. A compressão é feita de forma direta, e
as etapas de laminação são: preparação, aquecimento, laminação a quente, acabamento
ou tratamento térmico, decapagem, laminação a frio (se necessário), tratamento térmico,
acabamento e revestimento. A matéria-prima para esse tipo de processo é o metal em
barras ou chapas, estas são laminadas por um lingote de seção quadrada ou retangular
(MACHADO, 2009).
Figura 3.3 - Processo de laminação
Fonte: Borghezan (on-line).
Além dos produtos planos, outro tipo de processo é a laminação de produtos não
planos, que têm forma de barras, fios, tubos e perfis em H, I e U. Os produtos não planos
são agrupados em trilhos e acessórios, perfis estruturais, comerciais (ou especiais), fio-
máquina e tubos sem costura.
O processo de laminação pode ser feito a quente ou a frio. Quando o material é
laminado a frio, os produtos apresentam encruamento nas camadas externas e esse
processo serve para operações de acabamento. Por sua vez, os materiais laminados a
quente são mais dúcteis, fáceis de serem conformados, têm menos precisão nas
tolerâncias e são utilizados quando se quer grandes reduções de espessura.
Para que o processo de laminação seja realizado, os equipamentos possuem
grandes dimensões. Cada conjunto é composto por dois ou mais rolos fixados em mancais
e acionados por eixos cardans, além de serem ligados por juntas universais a engrenagens
sincronizadas (MACHADO, 2009).
Figura 3.4 - Laminação a quente
Fonte: Adaptada de ABAL (2017a, on-line).
Na Figura 3.6, podemos acompanhar os arranjos mais comuns, que são: cadeira
duo (reversível ou não reversível), duo contínuo, trio, quádruo, laminador universal e
laminador Sendzimir (MACHADO, 2009). A cadeira duo é um equipamento
denominado laminador duo, formado por “dois cilindros de eixo horizontais colocados
verticalmente um sobre o outro” (PALMEIRA, 2005, p. 20).
O produto a ser laminado pode ser feito em um ou nos dois sentidos. Quando é
necessária a laminação em um único sentido, utiliza-se o duo não reversível; quando o
produto precisa ser laminado nos dois sentidos, usa-se o duo reversível, “pois o sentido
de rotação é mudado após cada passe” (PALMEIRA, 2005, p. 20).
O laminador duo contínuo tem o cilindro na posição horizontal, mas, “em alguns
tipos de laminadores contínuos [...], pode também ser vertical” (PALMEIRA, 2005, p.
20). O laminador trio tem três cilindros na horizontal, sem a possibilidade de serem
reversíveis. “O produto é introduzido de um lado, entre o cilindro do meio e o inferior e
devolvido do outro lado entre o cilindro do meio e o superior. Ou seja, no laminador trio,
os cilindros sempre giram no mesmo sentido” (PALMEIRA, 2005, p. 21).
Por sua vez, o laminador quádruo é formado por quatro cilindros (dois grandes
e dois pequenos), que também são reversíveis e estão na posição horizontal. Os grandes
são chamados de cilindro de encosto e os pequenos de cilindros de trabalho (PALMEIRA,
2005). O laminador universal “dispõe de dois pares de cilindros de trabalho, com eixos
verticais e horizontais” e pode ser utilizado tanto para laminação de vigas H quanto para
laminação de chapas grossas.
Por fim, o laminador Sendzimir contém 20 cilindros variados e de disposições
diferentes. A laminação é feita a frio e esse laminador é utilizado na laminação de chapas
finíssimas. “Quando os cilindros de trabalho são muito finos, podem fletir tanto na direção
vertical quanto na horizontal e devem ser apoiados em ambas as direções” (PALMEIRA,
2005, p. 22).
Trefilação
A trefilação corresponde ao processo de fabricação de arames e barras finas de
metal, no qual o material é tracionado através da fieira. Esse furo tem diâmetro
decrescente e formato de um funil curvo ou cônico. Caso seja necessário um material
dúctil, a barra trefilada deve ser recozida. Assim, a trefilação é um processo de
compressão indireta, com fluxo semicontínuo, e suas matérias-primas podem ser
cilíndricas, tubulares ou prismáticas, em barras ou bobinas (MACHADO, 2009).
Figura 3.11 - Processo de trefilação
Fonte: Machado (2009, p. 80).
O forjamento por prensagem pode ser feito tanto por prensa mecânica quanto por
prensa hidráulica. A prensa mecânica suporta entre 100 e 8.000 toneladas, e a hidráulica
suporta entre 300 e 50 mil toneladas.
Quando a operação é efetuada a quente, o forjamento é facilitado, embora os
materiais não ferrosos possam ser forjados a frio. Quando é feito a quente, o processo não
precisa de tanta energia para deformar o metal, visto que a ductilidade, a
conformabilidade/forjabilidade e a homogeneização química da estrutura aumentam.
Estampagem
A estampagem é uma conformação mecânica, geralmente realizada a frio, na qual
a chapa é submetida a transformações e ganha uma nova forma geométrica. Assim, a
estampagem é utilizada para fabricar peças com paredes finas e operações básicas, como
corte, dobramento e estampagem profunda, as quais são possíveis devido à plasticidade
dos metais.
Além disso, a estampagem é utilizada para fabricar peças de aço baixo carbono,
aço inoxidável, alumínio, cobre e de diferentes ligas não ferrosas. As operações de
estampagem são realizadas por meio de prensas mecânicas ou hidráulicas; as mecânicas
são utilizadas nas operações de corte, dobramento ou estampagem rasa, e as hidráulicas
são empregadas na estampagem profunda (BENAZZI Jr.; CAVERSAN, 2010).
Figura 3.16 - Processo de estampagem
Fonte: Adaptada de ABAL (2017b, on-line).
ATIVIDADE
1) Dentre os processos de conformação apresentados, qual(is) é(são) feito(s) de forma
direta?
a) Extrusão e trefilação.
b) Laminação, apenas.
c) Estampagem, apenas.
d) Forjamento, trefilação e laminação.
e) Laminação, extrusão, trefilação e forjamento.
Para saber mais acerca desse assunto, leia o texto de Bresciani Filho et al.,
intitulado “Conformação plástica dos metais”, que está disponível, integralmente, no link:
<http://www.fem.unicamp.br/~sergio1/CONFORMACAOPLASTICADOSMETAIS.pd
f>. Acesso em: 14 jul. 2019.
REFLITA
Como discutido anteriormente, o forjamento é um processo de conformação
mecânica e, como todos os outros tipos de conformação, tem vantagens e desvantagens.
Em relação às desvantagens, também podemos citar a geração de carepa, a necessidade
de equipamentos especiais, como fornos e manipuladores, e o gasto de energia para o
aquecimento das peças. Esses aspectos promovem maior desgaste nas ferramentas e a
difícil lubrificação das peças usadas no forjamento.
ATIVIDADE
2) Material cilíndrico, tubular ou prismático, feito de materiais ferrosos e não ferrosos,
vindos da extrusão ou da laminação em barras ou bobinas. Esse tipo de matéria-prima é
utilizado em qual(is) processo(s) de conformação?
a) Extrusão e trefilação.
b) Trefilação, apenas.
c) Estampagem, apenas.
d) Forjamento, trefilação e laminação.
e) Laminação, extrusão, trefilação e forjamento.
Torneamento
No torneamento, a peça gira em torno do eixo principal da máquina, e a ferramenta
se desloca no mesmo plano do eixo de rotação. As peças produzidas apresentam mancais
radiais em sua superfície, na direção da usinagem, que podem ser profundas, dependendo
do acabamento. Peças de formatos diferentes podem ser faceadas, desde que sejam
fixadas no torno. Desse modo, o torneamento é utilizado para “obter produtos com
superfícies cilíndricas, planas e cônicas de diâmetros diversos” (SENAI, 1998, p. 16).
Aplainamento
O aplainamento (ou plaina limadora) é um processo de usinagem destinado à
obtenção de superfícies planas em posição horizontal, vertical ou inclinada, com uma
ferramenta monocortante que se move de forma linear ao longo da peça. O processo foi
substituído pelo de fresa e brocha em muitas aplicações, mas ainda é utilizado, devido ao
baixo custo da operação, à produção de pequenos lotes, à abertura de rasgos de chaveta,
sem a necessidade de grande velocidade, e à indisponibilidade de equipamentos (SENAI,
1998).
O movimento alternativo do torpedo acontece por ele estar ligado a uma alavanca
oscilante, assim, é possível regular a velocidade e o curso do torpedo. O movimento
transversal ou de avanço é controlado por um mecanismo que move as alavancas de
regulagem, uma vez a cada movimento do torpedo. As ferramentas são semelhantes às de
torneamento, ou seja, são monocortantes inteiriças (feitas com bits ou com insertos).
Furação
Dentre as muitas formas de se fazer um furo, há: punções, brocas helicoidais,
eletroerosão, feixes de energia, remoção química, etc. Esses furos na maioria das vezes,
são cilíndricos, possíveis devido a uma ferramenta mono ou multicortante que gira e se
desloca axialmente contra a peça. Os tipos possíveis são: furo passante, cego, escareado,
com rebaixo plano, cônico e escalonado (SENAI, 1998).
Em relação aos componentes de uma furadeira, os principais são: base, coluna,
mesa, sistema motriz, alavanca de movimentação da ferramenta, árvore de trabalho,
mandril e broca. Dentre os equipamentos, as furadeiras têm sistemas de lubrificação, com
uma bomba que leva o fluido até a peça. As furadeiras podem ser manual, com base
magnética, sensitiva, de coluna, radial, e multifuso (SENAI, 1998).
Serramento
O serramento é o processo que separa a peça em duas partes, com o auxílio da
serra (ferramenta multicortante), realizando o corte e o avanço. Dependendo do recorte,
esses movimentos podem ou não ser simultâneos, enquanto a peça se move ou se mantém
parada. No serramento alternativo, o corte ocorre no avanço; no retorno, a serra é
levantada, para minimizar o atrito e preservar a afiação dos dentes (SENAI, 1998). Dentre
os tipos de serramento, podemos citar:
● retilíneo: em que a ferramenta se desloca em trajetória retilínea, e pode ser
alternativo (vaivém) ou contínuo (serra fita);
● circular: quando a ferramenta tem o formato de um disco que gira ao redor do seu
eixo.
Em relação aos equipamentos, há:
● serra alternativa: a lâmina é fixada em um arco, que a move para frente e para trás,
preso a uma morsa;
● serra de fita: a lâmina tem o formato de uma fita com as pontas unidas. Como as
fitas costumam partir com certa facilidade, alguns equipamentos têm estações de
soldagem, para reparar as fitas quebradas, que podem ser horizontais ou verticais;
● serra circular: o eixo gira a serra, que é movida pelo equipamento contra a peça.
Alguns equipamentos têm discos abrasivos, denominados policortes (SENAI,
1998).
Figura 3.31 - Tipos de serramento
Fonte: Adaptada de Senai (1998, p. 22).
Brochamento
A brocha, feita de aço temperado, é uma ferramenta multicortante, com dentes de
dimensões progressivamente maiores em sua extensão, os quais tiram o cavaco da
superfície da peça. Essa progressão é importante, pois permite realizar desde o desbaste
grosseiro até o acabamento, além de servir para a obtenção de superfícies complexas em
furos ou eixos.
Os dentes da brocha são divididos em três partes, desbaste, acabamento e
calibração, e são responsáveis pelo corte progressivo realizado pela brocha. A velocidade
do corte é influenciada pelo acabamento das faces dos dentes, pela natureza do material
e da ferramenta e pela profundidade do corte. A profundidade, por sua vez, é afetada pelo
tipo de operação, pela rigidez da peça e pela quantidade total de material a ser removido.
O processo apresenta como vantagens a boa tolerância dimensional e o
acabamento, a capacidade de produzir formas complexas, vida longa da ferramenta, baixo
custo por peça e rapidez do processo. Como desvantagens, há: o alto custo da ferramenta,
a necessidade de máquinas específicas, de reafiar a ferramenta e o fato de a perda de um
dente possibilitar a perda da ferramenta (SENAI, 1998).
Fresamento
Por meio do fresamento, obtemos peças prismáticas, com uma ferramenta
multicortante que gira em torno do eixo principal da máquina, no qual a peça se desloca
simultaneamente. Com o fresamento, é possível obter superfícies planas em direções
paralelas ou perpendiculares aos eixos de rotação, que correspondem aos fresamentos
tangenciais e frontais. A fresa corta, enquanto a ferramenta gira, e uma ou a outra se
desloca, realizando o avanço (SENAI, 1998).
No movimento de corte, a ferramenta gira ao redor do seu eixo; no movimento
de avanço, a peça se move transversalmente contra a ferramenta; o movimento de
profundidade ocorre na regulagem da altura da mesa que ajusta a porção de material a
ser retirada a cada passe. Podemos citar como operações de fresamento: paralelo ou
comum, de ranhura, lateral, de forma e de topo (SENAI, 1998).
ATIVIDADE
3) Com o fresamento, obtemos peças prismáticas, com uma ferramenta multicortante, que
gira em torno do eixo principal da máquina, no qual a peça se desloca simultaneamente.
O fresamento obtém superfícies planas, em direções paralelas ou perpendiculares aos
eixos de rotação, que correspondem aos fresamentos tangenciais e frontais. A fresa corta,
enquanto a ferramenta gira e uma ou a outra se desloca, realizando o avanço e obtendo,
assim, os movimentos de corte, avanço e profundidade. Com base nesse contexto, assinale
a alternativa que se refere, corretamente, aos três movimentos citados.
a) No movimento corte, a peça se move, transversalmente, contra a ferramenta; no
de avanço, a ferramenta gira ao redor do seu eixo; o de profundidade ocorre na
regulagem da altura da mesa que ajusta a porção de material a ser retirado a cada
passe.
b) No movimento de corte, a ferramenta gira ao redor do seu eixo; no de avanço, a
peça se move, transversalmente, contra a ferramenta; o de profundidade ocorre na
regulagem da altura da mesa que ajusta a porção de material a ser retirado a cada
passe.
c) No movimento de corte, há a regulagem da altura da mesa que ajusta a porção de
material a ser retirado a cada passe; no de avanço, a ferramenta gira ao redor do
seu eixo; no de profundidade, a peça se move, transversalmente, contra a
ferramenta.
d) No movimento de corte, a ferramenta gira ao redor do seu eixo; no de avanço, a
peça se move, transversalmente, contra a ferramenta; o de profundidade ocorre na
regulagem do comprimento da mesa que ajusta a porção de material a ser retirado
a cada passe.
e) No movimento de corte, a ferramenta gira verticalmente; no de avanço, a peça se
move, transversalmente, contra a ferramenta; o de profundidade ocorre na
regulagem da altura da mesa que ajusta a porção de material a ser retirado a cada
passe.
USINAGEM CNC
O CNC (Comando Numérico Computadorizado) é uma máquina-ferramenta
comandada por um computador, que teve início em 1952, com uma máquina fresadora.
De acordo com Generoso (2011, p. 3), a função desse comando é “usinar peças de
geometrias complicadas utilizadas em aviões e helicópteros”. Ademais, a fresadora foi
criada por uma empresa americana, que modificou seus componentes para receber um
controlador eletrônico.
Essa tecnologia se popularizou nas indústrias de pequeno e médio porte, por
reduzir os custos e “aumentar a capacidade de cálculo dos controladores eletrônicos”,
tanto que, atualmente, as indústrias mecânicas e metalúrgicas dependem das máquinas-
ferramentas CNC (GENEROSO, 2011, p. 3). Segundo Generoso (2011), dentre os
benefícios dessa tecnologia, podemos citar:
● fabricação de peças de geometrias mais complexas, tolerâncias dimensionais mais
estreitas e melhor acabamento superficial;
● maior repetibilidade das características do produto, ou seja, as peças produzidas
são idênticas e não dependem de fatores humanos;
● redução da fadiga dos operadores, que passam a ser responsáveis apenas por
tarefas de preparação, programação e controle de produção das máquinas;
● possibilidade de fabricação de pequenos lotes de uma grande variedade de peças,
sem que, para isso, sejam necessários ajustes demorados no equipamento.
Para se trabalhar com o CNC, é preciso investir alto na aquisição dos
equipamentos e em treinamento e capacitação de mão de obra para a utilização de todo o
potencial tecnológico das máquinas. Outra desvantagem é o desemprego que surge nos
segmentos de indústria em que o CNC é utilizado. Promover a recapacitação dos
funcionários, para que migrem para outros setores, “ou até sua absorção pelos próprios
fabricantes dos equipamentos automáticos são soluções viáveis, que dependem
basicamente da política social da empresa” (GENEROSO, 2011, p. 4).
Conceito básico
O CNC recebe e envia informações para a máquina-ferramenta, para que ela
execute operações, sem a ajuda do colaborador, ou seja, “significa a preparação dos dados
de entrada através de fita perfurada ou disco magnético, para que o comando, executando
o programa, movimente ferramentas e outros dispositivos da máquina para produzir a
peça” (MARCICANO, 2017, p. 2).
Sistema de coordenadas
O sistema de coordenadas cartesianas é utilizado para determinar a geometria da
peça, que pode ser absoluta ou incremental. No sistema de coordenadas absolutas, a
peça origina-se em qualquer ponto do plano cartesiano e é denominada zero flutuante, já
que é fixada nos pontos X0 e Z0. Nesse caso, X0 é a linha de centro-árvore e Z0 é a linha
perpendicular à linha de centro do eixo-árvore. Para Generoso (2011, p. 5), “durante a
programação, normalmente a origem (X0, Z0) é pré-estabelecida no fundo da peça ou na
face da peça”.
Figura 3.34 - Origem do ponto X0, Z0 na peça
Fonte: Generoso (2011, p. 5).
Por sua vez, o sistema de coordenadas incrementais tem sua origem estabelecida
nos movimentos da ferramenta, ou seja, “para qualquer ponto atingido pela ferramenta, a
origem das coordenadas passará a ser o ponto alcançado” (GENEROSO, 2011, p. 5).
Funções
Para que a peça seja usinada no torno CNC, é preciso montar uma sequência
lógica, com informações sobre a peça. Essas informações dão as coordenadas de quais
movimentos a máquina deve fazer para produzir a quantidade necessária de peças. Assim
que o desenho da peça estiver pronto, devem ser escolhidos o tipo de material que será
usinado, os acabamentos, as tolerâncias e outras informações importantes, para que tudo
seja feito conforme o planejado. Sendo assim, o programador tem as opções expostas no
Quadro 3.2.
Programação CNC
A comunicação entre o programador e a máquina ocorre por meio de códigos e
símbolos padronizados, conhecidos como linguagem de programação. Na programação
CNC, existe uma sequência de blocos e cada bloco tem uma informação, ou seja, eles são
numerados e colocados em sequência. Essas informações são uma sequência lógica,
utilizada para usinar a peça em um torno CNC. O exemplo a seguir mostra uma sentença
com palavras e suas definições, em que, de acordo com Bonzanini (2013):
● palavra: é um endereço e um número;
● sentença: são palavras ou funções;
● programa: são sentenças ou blocos.
Figura 3.36 - Sentença com palavras e definições
Fonte: Bonzanini (2013, p. 11).
Na Figura 3.36, podemos ver “uma sentença com palavras e uma pequena
definição de cada palavra. São várias sentenças similares a essa que formam as linhas de
um programa CNC” (BONZANINI, 2013, p. 11).
ATIVIDADE
4) A usinagem CNC tem vários benefícios, e, para Generoso (2011, p. 3), “é praticamente
impossível imaginar a indústria, principalmente os setores mecânico e metalúrgico, sem
a presença de máquinas-ferramenta CNC”. Sendo assim, assinale a alternativa correta em
relação aos benefícios do uso da usinagem CNC.
a) Fabricação de peças de geometrias mais complexas, tolerâncias dimensionais
mais estreitas e acabamento superficial inferior.
b) Maior repetibilidade das características do produto, ou seja, as peças produzidas
são idênticas e não dependem de fatores humanos.
c) Aumento da fadiga dos operadores, que passam a ser responsáveis pelo controle
e pela produção das máquinas.
d) Possibilidade de fabricação de pequenos lotes de uma grande variedade de peças,
porém, para isso, são necessários ajustes demorados no equipamento.
e) Geração de emprego nos segmentos de indústria em que o CNC foi instalado.
INDICAÇÕES DE LEITURA
Nome do livro: Ensaio dos materiais
Editora: LTC Editora.
Autores: Amauri Garcia, Jaime Alvares Spim e Carlos Alexandre dos Santos.
ISBN: 978-85-216-1221-6.
O livro mostra técnicas e exercícios em relação ao ensaio dos materiais, além de
apresentar definições claras sobre as propriedades mecânicas dos materiais, a aplicação
de carga, a maneira como a conformação plástica funciona, etc. Esse é um ótimo livro
para alunos das Engenharias Metalúrgica, de Produção, Mecânica e para profissionais que
atuam nessas áreas. Além disso, é um livro que pode ser compreendido por leigos, pois a
escrita foi desenvolvida de forma didática.
Além disso, nesta unidade, serão abordados os aspectos gerais das técnicas de processamento
de injeção, extrusão e termoformação. Os demais processos (vazamento, fiação por fusão,
compressão, calandragem, sopro, fiação seca ou úmida e imersão) serão descritos de forma
resumida, obedecendo aos estudos de Mano e Mendes (2004). Por fim, discutiremos os
conceitos relacionados ao controle de qualidade nos processos de fabricação dos materiais.
Termorrígidos/Termofixos/Termoendurecidos
Os termorrígidos, termofixos e termoendurecidos são plásticos rígidos e frágeis
que, sob pressão e temperatura, amolecem e fluem, adquirindo a forma do molde,
tornando-se, permanentemente, duros; assim, não se fundem mais. O aquecimento do
polímero acabado promove decomposição do material antes de sua fusão, tornando-o
insolúvel, infusível e não reciclável. Termorrígidos, termofixos e termoendurecidos são,
geralmente, mais duros, mais fortes e mais frágeis que os termoplásticos (CALLISTER;
RETHWISCH, 2002; CANEVAROLO JÚNIOR, 2006). Como exemplo, podemos citar:
● poliéster insaturado: plástico reforçado com fibra de vidro;
● epóxi: plástico reforçado com fibra de vidro;
● fenólicas: adesivos para abrasivos, resinas para fundição, espumas isolantes
antichamas, resina de fenol-formaldeído (baquelite);
● melamínicas: laminados decorativos e tintas de alta resistência;
● poliuretanos: espuma isolante e revestimentos anticorrosivos;
● poli-isocianurato: espumas isolantes.
Fibras
De acordo com Callister e Rethwisch (2002) e Canevarolo Júnior (2006), as fibras
são termoplásticos com a direção principal das cadeias poliméricas posicionadas paralelas
ao sentido longitudinal, com longos filamentos (relação comprimento/diâmetro de 100:1).
Esses filamentos são muito finos e podem ser contínuos ou cortados. “A orientação das
cadeias e dos cristais, feita de modo forçado durante a fiação, aumenta a resistência
mecânica desta classe de materiais, tornando-os possíveis de serem usados na forma de
fios finos” (CANEVAROLO JÚNIOR, 2006, p. 54).
Essas fibras são utilizadas na indústria têxtil para a formação de fios, linhas,
cordas, mantas, produção de papel, feltro e materiais que exigem alta performance,
elevada elasticidade e resistência das fibras. Alguns exemplos são as fibras de
poliacrilonitrila (PAN), os nylons e os poliésteres (PET).
ATIVIDADE
1) Os polímeros podem ser classificados quanto à estrutura química, à estrutura
molecular, ao mecanismo de reação e às configurações de cadeias poliméricas. Em
relação à estrutura molecular, os polímeros apresentam diferentes formas de repetição.
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, as formas de repetição.
a) Ramificada, em rede, por adição e por condensação.
b) Linear, ramificada, com ligações cruzadas e em rede.
c) Linear, em rede, ramificada e cadeia polimérica.
d) Ligações cruzadas, em rede, condensação e cadeia polimérica.
e) Linear, por adição, por condensação e cadeia polimérica.
Moldação
Para Callister e Rethwisch (2002, p. 344-345), a moldação “é o método mais
comum para a conformação de polímeros plásticos”. Além disso, para cada técnica de
moldagem (por compressão, transferência, insuflação, injeção ou extrusão), “um plástico
finamente peletizado ou granulado é forçado, a uma temperatura elevada e com pressão,
a escoar para o interior, preencher e assumir a forma da cavidade de um molde”
(CALLISTER; RETHWISCH, 2002, p. 345).
ATIVIDADE
2) Para Pereira (2009), tanto o material termoplástico quanto o termofixo têm ciclos
completos. Assinale a alternativa correta em relação ao ciclo completo do termoplástico.
a) Injeção do material plástico fundido no molde aberto e resfriamento do material
plástico até a solidificação.
b) Dosagem do material plástico granulado no cilindro de injeção e extração do
produto com o molde aberto.
c) Extração do produto com o molde aberto e temperatura do cilindro baixa.
d) Fusão do material até a consistência de injeção e o plástico fundido sendo injetado
em um molde aquecido.
e) Dosagem do material plástico granulado no cilindro de injeção e ventilação das
cavidades do molde, evacuando produtos de reação.
MOLDAÇÃO POR EXTRUSÃO
Nessa técnica, o polímero (mais aditivos e cargas) moldável passa através de uma
matriz de formato predeterminado. Há dois tipos de extrusão: a quente e a frio, e esse
material pode ser enrolado, cortado em tamanhos específicos, em grânulos regulares,
dentre outros tipos.
“O processo permite a fabricação contínua de tarugos, tubos, lâminas ou filmes,
isto é, produtos que apresentam perfil definido” (MANO; MENEZES, 2004, p. 69). A
peça extrusada é solidificada de forma progressiva, e devem ser observados o tipo de
rosca, a temperatura de processamento e a velocidade do processamento. Esse processo
pode ser aplicado em termoplásticos e termofixos.
Segundo Teodoro (2016, p. 2), antes de sair da extrusora, o polímero passa por um
filtro, para que seja removido qualquer corpo estranho, sujeira ou, até mesmo, algum
material que não foi fundido, minimizando-se, assim, as falhas de produção. Esse filtro
“merece atenção e deve ser trocado sempre que houver um aumento na contrapressão”
(TEODORO, 2016, p. 2).
Esse processo utiliza moldes de baixo custo e é muito usado quando é necessário
produzir “protótipos industriais, peças de grandes dimensões e artefatos descartáveis, sem
exigências especiais de acabamento” (MANO; MENDES, 2004, p. 72). Como exemplo,
os autores mencionam copos, pratos, bandejas para lanchonetes, letreiros em relevo,
luminárias, revestimentos para interiores de geladeira, etc.
Na Figura 4.20, há um exemplo de material feito por fiação por fusão, nesse caso,
são fibras de poliamida e de poli (tereftalato de etileno).
Compressão
Aplicável a materiais termorrígidos, a compressão é um processo descontínuo,
que comprime o material fundido ou amolecido para dentro do molde. O desenho deve
“prover dispositivos para a retirada de rebarbas e para a ejeção da peça, enquanto o molde
ainda está aquecido” (MANO; MENDES, 2004, p. 68).
Esse processo é utilizado quando há a necessidade de se fabricar “produtos
elastoméricos, como pneumáticos e solados de borracha, peças imitando louça, feitas com
MR (resina melamínica), e placas laminadas de papel e PR (resina fenólica), etc.”
(MANO; MENDES, 2004, p. 68). Ademais, a superfície da peça a ser moldada deve ser
observada com muito cuidado, visto que o resultado é a reprodução de acordo com as
condições e o polimento do molde (MANO; MENDES, 2004).
Figura 4.21 - Moldagem por compressão
Fonte: Elaborada pela autora.
Calandragem
A moldação por calandragem é usada quando é necessário produzir grande
quantidade de materiais termoplásticos, como cortinas de PVC para banheiros,
passadeiras, etc. Esse processo também é empregado na “fabricação de materiais
termorrígidos, desde que a composição moldável seja devidamente formulada para evitar
pré-vulcanização” (MANO; MENDES, 2004, p. 69). Nesse caso, como exemplos,
podemos citar as esteiras transportadoras e os pisos antiderrapantes.
Essa moldagem “permite a obtenção contínua de lâminas e lençóis plásticos, cuja
espessura deve ser regular; a composição polimérica moldável passa entre rolos
superpostos, sucessivos, interligados geralmente na forma de ‘L’, ‘T’, ou ‘Z’” (MANO;
MENDES, 2004, p. 69).
Figura 4.22: Calandragem
Fonte: Britto (2015, on-line).
Sopro
A moldagem por sopro, aplicável a materiais termoplásticos, é utilizada na
indústria de embalagens variadas, como frascos para usos diversificados, garrafas
plásticas para refrigerantes, brinquedos volumosos, dentre outros. Esse é um processo
descontínuo, utilizado para a obtenção de
peças ocas, através da insuflação de ar no interior de uma pré-
forma inserida no interior do molde. No caso mais comum, a pré-
forma é um segmento de tubo recém-extrusado; no caso de
frascos ou garrafas, a pré-forma é uma peça injetada, com formato
adequado (MANO; MENDES, 2004, p. 71).
Figura 4.23 - Sopro
Fonte: Elaborada pela autora.
Há três tipos de moldagem por sopro: por extrusão, por injeção e por estiramento.
Fiação seca
Empregada para se obter fibras de polímeros, a fiação seca tem pouca resistência
ao calor, além de ser sensível a solventes aquecidos. A solução passa pelos orifícios da
fieira, em que os filamentos formados solidificam-se, devido à evaporação do solvente.
Depois desse processo, “os filamentos são enrolados em bobinas para os procedimentos
mecânicos subsequentes” (MANO; MENDES, 2004, p. 72).
Além disso, segundo Mano e Mendes (2004, p. 72), o estiramento a frio é
importante “para propiciar o alinhamento das macromoléculas e, assim, o aumento da
resistência mecânica da fibra”. Como exemplo, temos as fibras de PAN (poliacrilonitrila)
e de CAc (acetato de celulose) (MANO; MENDES, 2004).
Figura 4.24 - Fiação a seco
Fonte: Adaptada de Brito Júnior (2011 apud BRITO JÚNIOR et al., 2013, p. 768).
Enquanto a fiação a seco é obtida a partir de uma solução com alta concentração
de polímero, a fiação úmida, apresentada na sequência, provém de uma solução aquosa
alcalina de polímero, solidificada em meio ácido.
Fiação úmida
A fiação úmida permite obter fibras por meio dos polímeros termorrígidos físicos,
ou seja, “infusíveis, porém solúveis, embora de difícil dissolução” (MANO; MENDES,
2004, p. 73). Esse processo utiliza a modificação química do polímero como base,
“passando-o à condição de solúvel em água e formando soluções muito viscosas, capazes
de formar filamentos contínuos pela imersão em banhos de composição adequada, onde
é recomposto o polímero original” (MANO; MENDES, 2004, p. 73).
Esse tipo de fiação úmida é usado para “obter fibras de celulose de alta qualidade
têxtil a partir de celulose de qualquer origem, pela transformação em sal de sódio de
xantato de celulose, que é solúvel em água” (MANO; MENDES, 2004, p. 73). Quando
se passa a “massa viscosa pela fieira, a celulose regenerada é precipitada em banho aquoso
de pH levemente ácido. Assim, são obtidas as fibras de raion viscose” (MANO;
MENDES, 2004, p. 73).
Figura 4.25 - Fiação úmida
Fonte: Adaptada de Brito Júnior (2011 apud BRITO JÚNIOR et al., 2013, p. 768).
Imersão
A moldagem por imersão “permite a obtenção de peças ocas por imersão do molde
em solução viscosa, seguida de remoção do solvente, ou em emulsão do polímero, seguida
de coagulação” (MANO; MENDES, 2004, p. 73). Como exemplo, há os balões de
aniversário, as luvas de borracha ou de PVC, dentre outros. Uma das restrições desse
processo é em relação às características da “elasticidade do material e pela forma
‘removível’ do artefato, que se consolida sobreposto ao molde” (MANO; MENDES,
2004, p. 73).
Para que a peça seja removida do molde sem danificações, um agente
desmoldante, geralmente, feito de silicone, deve revestir o molde. “No caso de emulsões
elastoméricas, é empregado nesse revestimento um agente coagulante” (MANO;
MENDES, 2004, p. 73).
Figura 4.26 - Imersão
Fonte: Mano e Mendes (2004, p. 74).
Como mostra a Figura 4.26, existem três técnicas com sequências basicamente
iguais; são elas: imersão prévia em solução coagulante; imersão direta na composição de
látex; imersão em composição de látex sensível ao calor.
ATIVIDADE
3) Como todo processo, a termoformagem tem suas vantagens e desvantagens. Assinale
a alternativa que apresenta, corretamente, duas vantagens desse processo.
a) Maior formação de refugo e possibilidade de formar paredes finas.
b) Baixo custo de fabricação do ferramental e boa diversidade de matérias-primas.
c) Baixo custo de implantação dos equipamentos e dificuldade de controle na
espessura das paredes da peça.
d) Moldagem de peças, desde as muito pequenas até as de grandes dimensões e
necessidade de matéria-prima proveniente de outro processo de transformação.
e) Impossibilidade de inserção de excertos e acessórios no processo e elevada
diversidade de produtos que podem ser feitos.
CONTROLE DE QUALIDADE NOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO
A seguir, apresentaremos como é feito o controle de qualidade nos processos de
fabricação, para que ele serve e como funciona.
Folha de verificação
As folhas de verificação são formulários planejados, em que os dados coletados
são apresentados de forma concisa. Essa folha possibilita a coleta organizada de dados,
facilitando a análise e a interpretação. Assim, o objetivo é gerar um quadro com dados
claros, facilitando a análise e o tratamento posterior. Para tanto, é necessário que os dados
correspondam à necessidade da empresa, como no que se refere à análise do tipo de
defeitos, por exemplo.
Estratificação
A estratificação realiza o desdobramento dos dados, facilitando a identificação do
problema, e permite que a análise dos dados coletados seja realizada a partir da busca das
causas. Os dados podem ser classificados em subgrupos, como tempo, tipo, local,
sintoma, dentre outros fatores, em que “vários aspectos devem ser considerados: seleção
das variáveis; estabelecimento de categorias; coleta de dados; construção do gráfico”
(PARIS, 2003, p. 55). Em algumas empresas, a estratificação ocorre por meio da divisão
de pessoas ou grupos, com base em suas semelhanças ou desigualdades.
Diagrama de Ishikawa
O diagrama de Ishikawa é um gráfico que possibilita identificar a relação entre o
efeito e suas possíveis causas. Desenvolvido em 1943 por Ishikawa, tem o objetivo de
mostrar que vários fatores podem ser comuns entre si.
Figura 4.30 - Diagrama de Ishikawa
Fonte: Elaborada pela autora.
Diagrama de dispersão
O diagrama de dispersão visa identificar se existe uma tendência de correlação
entre duas ou mais variáveis e permite observar o comportamento conjunto de duas
variáveis, ajudando a determinar se há alguma relação entre elas. Desse modo, esse
diagrama mostra a relação entre pares de dados explorados ao longo do tempo,
contrariamente a outras ferramentas que se aplicam a dados individuais.
Figura 4.31 - Diagrama de dispersão
Fonte: Adaptada de Neumann (2015).
Histograma
O histograma é uma ferramenta de análise e representação de dados quantitativos,
agrupados em classes de frequência, que permite distinguir a forma, o ponto central e a
variação da distribuição, além de outros dados, como amplitude e simetria na distribuição
dos dados. Essa ferramenta “possibilita conhecer as características de um processo ou um
lote de produto, dando uma visão geral do conjunto de dados” (PARIS, 2003, p. 56).
Figura 4.32 - Histograma
Fonte: Adaptada de Neumann (2015).
O histograma faz parte de uma das sete ferramentas da qualidade e tem função de
auxiliar tanto o setor de serviços como a indústria como um todo.
Carta de controle
A carta de controle é uma ferramenta que utiliza gráficos que verificam se o
processo está ou não sob controle, mediante o cálculo de três parâmetros: linha central de
controle/linha média (LM); limite superior de controle (LSC); limite inferior de controle
(LIC). Assim, define-se um gráfico de controle, para viabilizar o monitoramento contínuo
(NEUMANN, 2015).
Figura 4.33 - Carta de controle
Fonte: Adaptada de Neumann (2015).
Como mostra a Figura 4.34, é possível acompanhar todas as alterações que foram
feitas no processo, pois elas são sinalizadas no gráfico, indicando, principalmente, quais
pontos estiveram fora do controle.
Ciclo PDCA
O ciclo PDCA, do inglês Plan, Do, Check, Action, tem como objetivo a melhoria
da qualidade e deve ser aplicado por cada colaborador em suas funções específicas, para
que, assim, seja mantido um padrão de eficiência e qualidade. Shewhart desenvolveu esse
método em 1930, sendo usado em conceitos de qualidade japoneses. Ademais, esse
método pode ser empregado no controle da qualidade, na resolução de situações
problemáticas e na aplicação de melhorias sucessivas nos diferentes segmentos da
empresa (NEUMANN, 2015).
Figura 4.34 - Ciclo PDCA
Fonte: Freire (2018, on-line).
A grande função do ciclo PDCA é permitir que sejam feitas melhorias na empresa,
em qualquer setor, visto que possibilita a prevenção de falhas em qualquer etapa de um
projeto.
Esses materiais processados pela indústria e a aplicação cada vez maior deles nos
automóveis, nas construções civis, nas máquinas, nos eletrodomésticos e, até mesmo, em
aparelhos hospitalares mostram a importância desses materiais, uma vez que estão
presentes em itens utilizados constantemente. Portanto, o uso consciente é fundamental
e, nesse sentido, as indústrias devem se atentar à produção, ao meio ambiente, ao correto
descarte e à energia limpa.
REFERÊNCIAS
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BRESCIANI FILHO, E. et al. Conformação plástica dos metais. 1. ed. São Paulo:
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pouco-sobre-forjamento/#more-4943>. Acesso em: 08 jul. 2019.
TRAD, S.; MAXIMIANO, A. C. A. Seis Sigma: fatores críticos de sucesso para sua
implantação. Revista de Administração Contemporânea, v. 13, n. 4, art. 7, p. 647-662,
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