Portfolio Teologia Dos Sacramentos

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CLARETIANO

TEOLOGIA DOS SACRAMENTOS

PABLO CÉSAR RIMOLDI

SACRAMENTOS: UMA VISÃO PLENA


DA SACRAMENTALIDADE

SÃO LUÍS / MARANHÃO


2024
Introdução
Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν θεόν, καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος. (No Ἐν princípio ἀρχῇ era ἦν o
ὁ verbo, Λόγος, e καὶ o ὁ verbo Λόγος estava ἦν com πρὸς - τὸν Deus, Θεόν, e καὶ Deus Θεὸς era ἦν o ὁ
verbo. Λόγος.) (SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL, 2009, p. 340)

O que significa esta confissão de fé de João? O Verbo estava com Deus e Deus era o
Verbo, o apóstolo João está atribuindo a mesma natureza e dignidade ao Verbo, que é a
segunda Pessoa da Santíssima Trindade; segundo explica Santo Tomas de Aquino na Suma
Teológica em I, q.27, a.1-2:

‘a processão em Deus é a emanação intangível... do verbo intangível que emana daquele que fala e
permanece nele’; ‘a processão do verbo... a razão de geração procede como atividade inteligível, assim a
conceição do intelecto é semelhança da coisa conhecida e subsiste na mesma natureza, pois conhecer e ser
é o mesmo’ (AQUINO, 2021, pp. 503-507)

Neste sentido, por analogia e como uma primeira aproximação, podemos começar a
tentar compreender porque o Verbo, Cristo, é o Mistério do Pai, porque aquele que foi gerado
intangível e inteligivelmente permanece oculto no Pai até o momento propício para ser
conhecido.

Partindo desta premissa é que, tentará se dar uma explicação as dimensões sacramentais
de Cristo, da Igreja, do homem e da criação; e a relação entre o mistério de Cristo e a
sacramentalidade plena.

Desenvolvimento
Todos os membros da Igreja, que pelo sacramento Batismo receberam o sacerdócio
comum dos fiéis, mas especialmente os padres, que pela imposição das mãos de seu bispo
receberam o sacramento do Sacerdócio, “cooperam na realização do desígnio salvador de
Deus, o mistério de Cristo, sacramento escondido de Deus desde todos os séculos”
(CONCILIO VATICANO, 2021, p. 469), o Presbyterorum ordinis continua a dizer “Tudo isto
está escondido com Cristo, em Deus, e só se percebe pela fé”.

O mistério, no percorrer da história da Igreja foi entendido como sacramento, assim


Cristo é a plenitude do Sacramento de Salvação de Deus, porque Cristo foi constituído por
Deus, princípio de salvação para todo o mundo (cf. LG 17), dessa maneira o Pai, ao se
cumprir a plenitude dos tempos, quis reunir todas as coisas em Cristo (cf. Ef. 1,10), porque
Ele na sua bondade e sabedoria quis revelar-se a si mesmo conforme seu desígnio
misericordioso que estabeleceu de antemão em Cristo (cf. Ef. 1,9); a profunda verdade da
salvação humana que Deus tem preparada brilha em Cristo, único mediador e plenitude da
revelação (CONCILIO VATICANO, Dei Verbum, 2021, pp. 345-346)

Uma das evidências que mostram a sacramentalidade de Cristo, é a mesma natureza do


Pai, sua essência ontológica, isto é, eterna, imutável, intangível, inteligível. É essa mesma
natureza divina que não a guarda ciosamente para si, mas que se faz nada, aniquila-se e nesse
se aniquilar ao ponto de já não ser reconhecido como uma pessoa, carregando a punição de
toda a humanidade, é que Ele eleva o gênero humano a uma nova categoria, categoria dos
filhos de Deus (cf. Fl. 2,6-11; Is. 52,14; Rm. 9,8), fazendo-a merecedora do perdão divino,
não por próprio merecimento, mas sim pela bondade infinita do Pai, desta vez Cristo torna-se
na cruz a ponte eterna e definitiva que unirá a criatura caída com seu criador. Este é o
verdadeiro sacramento do Pai, o mistério da Economia da Salvação, o Deus que se faz
homem, para morrer como o pior dos malfeitores, ser sepultado, mas que ressuscita triunfante
e glorioso vencendo a morte, este é o mistério, o sacramento da nossa fé.

Consequentemente, este esvaziar-se de sua divindade é o que confere esse carácter de


sua missão messiânica, Ele veio ao mundo para que o mundo conhecendo Ele conheça o Pai
(cf. Jo. 14,7) porque El é a porta que leva ao Pai (cf. Jo. 10,1), é o único Caminho, Verdade e
Vida (cf. Jo. 14,6), e esse é o grande desafio do homem, aceitar que só há um Caminho, uma
Verdade, e uma Vida verdadeira; e não muitos caminhos, verdades e vidas.

Percebe-se que toda a vida de Jesus vira em torno ao Pai, todos seus atos, e palavras,
absolutamente tudo, até os detalhes mais pequenos demostra que seu único interesse e
preocupação é que o mundo conheça ao Pai, porque quem vê Ele vê o Pai (cf. Jo. 14,9).

A Igreja nascida do costado aberto de Cristo (CONCILIO VATICANO, Lumen


Gentium, 2021, p. 186), sendo ela o rebento do novo Israel e ao mesmo tempo com uma
hierarquia sagrada (CONCILIO VATICANO, Ad Gentes, 2021, p. 404) tem a missão de
predicar e anunciar o Evangelho despertando a fé nos homens, buscando as razões da fé,
manifesta ao Senhor ressuscitado, faz presente o Mistério Pascal presente na Eucaristia, Ela é
Corpo Místico de Cristo, seu Esposo, e Templo do Espírito Santo (CIC, 2012). É testemunho
e exemplo, como seu Esposo, vivendo a pobreza, obediência, serviço e imolação de si mesma
incluso até sua própria morte (CONCILIO VATICANO, Ad Gentes, 2021, p. 405).

Também é dispensadora das graças de Deus por meio dos sacramentos instituídos por
Cristo, que por ser eles de carácter divino e sagrado operam ex opere operato.
“Deus trabalha seu servo da mesma maneira que um professor trata uma criança da
escola a quem instrui” (Santo Inacio de Loiola). É o mesmo Deus vivo, Pai benevolente que
instrui ao homem na sua dimensão sacramental para ser sal e luz do mundo (cf. Mt. 5,13-14),
porque o homem que vive a experiência de Deus, não pode calar aquilo que viu e ouviu (cf.
At. 4,20); assim a sacramentalidade plena manifesta em Cristo, prolongada na Igreja faz
partícipe ao homem para a missão da salvação da humanidade. Esta missão é a vocação o
chamado dos leigos para o apostolado inserto no lugar onde deve viver sua vida. O leigo
cristão seguindo os passos do Mestre e da Santa Mãe Igreja, será exemplo e testemunha de
vida para a comunidade onde está inserido. (CONCILIO VATICANO, Apostolicam
actuositatem, 2021, p. 359).

“A condição do discípulo brota de Jesus Cristo como de sua fonte, pela fé e pelo batismo, e cresce na
Igreja, ... realiza-se na Igreja a forma própria e específica de viver a santidade batismal a serviço do Reino
de Deus.

Somos chamados a ser mestres da fé e, portanto, anunciar a Boa Nova, que é fonte de esperança para
todos, e a velar e promover com solicitude e coragem a fé católica” (CELAM, 2019, pp. 93-94)

O mundo, é também sacramentalidade, sua criação, movimento, ordem e beleza são


uma mostra da presença criadora de Deus, ela ajuda ao homem se abrir à verdade e beleza.
Nela percebe-se como a Sabedoria Divina, num desígnio amoroso, rege-a e governa-a; é o
fundamento e começo da história da salvação (cf. CIC, 2012).

Conclusão

Cristo é o mistério o sacramento do Pai, Ele é fonte e cume da criação (cf. GS 11), na
sua pessoa dar-se-á a plenitude do Mysterium-Sacramentum de redenção e salvação da
humanidade e em decorrência da criação toda, essa fonte de sacramentalidade transborda
alimentando, vivificando e atualizando a sua esposa a Santa Mãe Igreja, e assim esta plenitude
sacramental preenche a vida do homem, convidando-o a assumir sua conversão e apostolado
em favor de sues irmãos, porque Deus não quer que nenhum dos seus se perca (cf. 2 Pe. 3,9).
Referências
AQUINO, T. d. (2021). Suma Teológica, Tomo I. São Paulo: Loyola.
CELAM. (2019). Documento de Aparecida. São Paulo: Paulus.
CIC. (2012). Catecismo da Igreja Católica. Buenos Aires: San Pablo.
CONCILIO VATICANO, I. (2021). Ad Gentes. São Paulo: Paulinas.
CONCILIO VATICANO, I. (2021). Apostolicam actuositatem. São Paulo:
Paulinas.
CONCILIO VATICANO, I. (2021). Dei Verbum. São Paulo: Paulinas.
CONCILIO VATICANO, I. (2021). Lumen Gentium. São Paolo: Paulinas.
CONCILIO VATICANO, I. (2021). Presbyterorum Ordinis. São Paulo: Paulinas.
RIVERO, A. (2014). Curso Bíblico para leigos. Martyria.
RUSCONI, C. (2003). Dicionario do Grego do Novo Testamento. São Paulo:
Paulus.
SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. (2009). Novo Testamento Interlinear Grego-
Português. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.

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