Aula Educação e Direitos Humanos
Aula Educação e Direitos Humanos
Aula Educação e Direitos Humanos
Educação – FE/UFRJ
Profa. Gabriela Honorato
Educação e direitos
humanos
Atualmente, a noção de uma “educação para os direitos
humanos” tem substituído a chamada “educação para
cidadania”, no sentido que se usou de forma dominante
até mais ou menos os anos 1960/70
Embora permaneça a mesma preocupação com a
Educação para formação de cidadãos críticos, com uma concepção
cidadania ou para os educativa de participação cidadã e de transformação
direitos humanos? social (em direção a uma sociedade mais justa e humana)
A diferença é que há uma mudança na pauta das questões
a serem enfrentadas pelos cidadãos, na linguagem
utilizada e nos conceitos enfocados
Também muda a relação com o Estado
Vamos
entender...
Em muitos casos...
Os objetivos iluministas de uma educação republicana foram capturados por uma onda de nacionalismo extremo
Exaltação de sentimento patriótico, de uma identidade brasileira e uma educação cívica extremista não está na origem da escola
moderna
Com extremismos de governos autoritários, esse tipo de concepção educativa só beneficiava a “tirania”
Nada mais era do que formar um cidadão que aderisse ao regime político autoritário; obtenção de "consenso" quanto às suas
propostas, apostando na força da penetração ideológica via escola pública
"O campo educacional foi um dos alvos eleitos. Era um espaço com poder de moldar a sociedade a partir da formação das
mentes(...) e a educação seria a arena principal em que o combate ideológico sedaria" (Schwartzman, Bomeny, & Costa, 1984, p. 51).
Os direitos humanos (DH)
DH já estão
múltiplos e diversos pertencimentos. Portanto, devem ser trabalhados
pedagogicamente
na escola A meta é transformar a escola em um território de respeito à
diversidade, de negociação entre muitos marcadores de diferença e
convívio fraterno entre alunos e alunas, em sintonia com a noção de
escola como espaço público
Representação Relação com a vida e com a promoção
de um mundo mais justo
Debates sobre temas contemporâneos
Construção de posicionamento pessoal
Decisões coletivas
Atividades de construção coletiva do
Assembleias
saber
Competências Conselhos
Estudos de caso e situações-problema
cidadãs e direitos Fóruns
Pesquisa para analisar dados
humanos: Palestras estatísticos
a dignidade da
intervenção social (na escola ou
Cartilhas
comunidade)
(Fachinettoet al., 2018) A Constituição Federal de 1988 consolida essa demanda, incluindo em seu texto diversos
dispositivos relacionados à garantia de direitos fundamentais à dignidade humana. Especial
destaque merecem os diversos incisos do Artigo 5º, que concentram a maior parte desses
direitos. Com isso, os direitos humanos tornam-se o debate mais presente na agenda
pública nas décadas de 1980 e 1990. O compromisso com o tema é reafirmado pelo Estado
brasileiro em 1996, com a elaboração da primeira edição do Programa Nacional de Direitos
Humanos I (PNDH). Uma segunda edição do programa foi elaborada em 2002, até
chegarmos à terceira e mais recente versão, o PNDH III, em 2010. Nessa versão do Plano
Nacional de Direitos Humanos há um eixo orientador dedicado com exclusividade à
promoção e garantia da Educação em Direitos Humanos.
Com a Portaria nº 98, em julho de 2003, ocorre a criação do Comitê Nacional para a Educação em Direitos Humanos, vinculado ao
Ministério da Justiça. Esse grupo, em conjunto com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o Ministério da
Educação, encarrega-se da elaboração do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), Portaria nº 66/2003 da SEDH7 .
Esse plano foi revisto e sua versão final data de dezembro de 20068 . O PNEDH dialoga com o Programa Mundial de Educação em
Direitos Humanos da ONU, contendo princípios e ações programáticas orientadoras da ação política do Estado voltadas para cinco eixos:
educação básica, educação superior, educação não formal, educação dos profissionais dos sistemas de justiça e segurança e educação e
mídia. Em abril de 2009, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) elabora a Resolução CD/FNDE nº 15, que estabelece
orientações e diretrizes para a produção de materiais didáticos e paradidáticos voltados para a promoção, no contexto escolar, da
Educação em Direitos Humanos9 . Em 2012, o Conselho Nacional de Educação, por meio do Parecer n 8/2012 e da Resolução n 1/2012,
aprova as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (DNEDH). Não se trata de diretrizes curriculares, pois não tratam
apenas de currículo, englobando também gestão da vida institucional educativa.
A aprovação da segunda versão do Plano Nacional de Educação em 2014 (Lei 13.005/2014) conferiu aos municípios o prazo de um ano
para se adequarem, elaborando os seus respectivos Planos Municipais de Educação (PMEs), sob pena de restrição de repasses
financeiros e da adesão a programas do governo federal voltados para a educação. O não recebimento de tais recursos traria
consequências negativas para as contas dos municípios, motivo pelo qual houve certa pressa na aprovação e sanção dos planos pelas
autoridades municipais até 24 de junho de 2015. A pressa dificultou a amplitude e profundidade dos debates locais com a sociedade civil
e resultou em diversas cidades do país enfrentando forte lobby religioso das igrejas militando contra a inclusão do que foi chamado de
“ideologia de gênero” nas escolas. As assembleias legislativas municipais se viram constrangidas a remover quaisquer referências ao
enfrentamento do machismo e da homofobia, lesbofobia e transfobia nas escolas, bem como remover políticas voltadas à inclusão das
minorias sexuais e compreensão sobre questões de gênero e sexualidade. De toda forma, esses temas estão postos para debate nas
escolas através de um número de ações e programas, bem como de materiais didáticos e livros que já circulam nacionalmente. A
necessidade de debater tais temas, bem como a compreensão da Educação em Direitos Humanos, leva à necessidade de formação
docente continuada.
Fontes
DIBBERN, Thais Aparecida; CRISTOFOLETTI, Evandro Coggo. A educação em direitos humanos diante da ascensão do “novo fascismo”.
Revista Sociais & Humanas, v. 30, n. 3, 2017.
FACHINETTO, Rochele F. et al. Educação em direitos humanos: componente curricular indispensável na escola pública brasileira
contemporânea. In: FACHINETTO, Rochele F. et al. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2018.
SANTOS, Aldemir Valdir dos. Educação e fascismo no Brasil: a formação escolar da infância e o Estado Novo (1937-1945). Revista Portuguesa
de Educação, 25 (1), 2012.