10 4724 Dificuldades para o Desenvolvimento
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RESUMO
A água é um recurso natural, distribuído em dois terços da superfície do planeta, e que é essencial para di-
versos processos físicos, químicos e biológicos. Apesar da falsa impressão de abundância, grande parte dessa
água é imprópria para consumo humano e suas atividades. Além disso, a água é um recurso que carece de
atenção, pois sua quantidade e qualidade têm sido comprometidas nas últimas décadas. O presente trabalho
realizou uma revisão de literatura com o objetivo de compreender a abordagem do tema água na Educação
Ambiental nas escolas, bem como identificar sua interrelação com a gestão das águas. Por fim, demonstrar os
caminhos para uma gestão participativa desse recurso, a partir da conscientização ambiental promovida pelas
ações de Educação Ambiental formal nas escolas. De antemão, é possível visualizar o longo processo que tais
temáticas precisam percorrer, sobretudo no que se refere às concepções e práticas docentes, que, na maioria
das vezes, são realizadas de forma superficial e isolada. A isso soma-se o desconhecimento das leis ambientais,
que impacta diretamente a participação das comunidades em projetos de Educação Ambiental, principalmen-
te no que se refere à gestão dos recursos hídricos. Por fim, destaca-se a necessidade de mais trabalhos relacio-
nados à temática, com o objetivo de promover reflexões que subsidiem ações nos campos teóricos e práticos
com o intuito de promover uma gestão participativa da água no Brasil.
ABSTRACT
Water is a natural resource, distributed over two thirds of the Earth’s surface, and that is essential for
various physical, chemical, and biological processes. Despite the misconception that water is abundant,
much of it is unfit for human consumption and activities, such as irrigation, industry, and energy
generation. Additionally, water is a resource that requires attention, as its quantity and quality have been
compromised in recent decades. This study conducted a literature review to understand the approach
to the water theme within environmental education in schools, as well as to identify its interrelationship
with water management. Finally, the study demonstrates the pathways for a participatory management of
this resource, based on environmental awareness promoted by formal environmental education actions
in schools. In advance, it is possible to visualize the long process that such themes need to go through,
especially in terms of teacher conceptions and practices, which are often carried out in a superficial and
isolated way. To this is added the lack of knowledge of environmental laws, which directly impacts the
participation of communities in environmental education projects, mainly in relation to water resources
management. Finally, the need for more work related to the theme is highlighted, with the purpose of
1 Artigo de revisão de literatura.
2 Mestrando no Programa de Pós-graduação em Dinâmicas de Desenvolvimento do Semiárido - PPGDiDeS. E-mail:
rafaeldias1617@gmail.com
3 Doutor e professor no Programa de Pós-graduação em Dinâmicas de Desenvolvimento do Semiárido - PPGDiDeS.
E-mail: paulo.ramos@univasf.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3684-0960
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promoting reflections that support actions in theoretical and practical fields with the aim of promoting a
participatory management of water in Brazil.
INTRODUÇÃO
A água desempenha um papel vital na existência da vida na Terra, sendo um recurso natural
indispensável. Ela constitui cerca de 60% do corpo humano e é o principal componente dos seres
vivos. Além disso, a água exerce funções cruciais na regulação da temperatura do planeta, na disse-
minação de nutrientes e na promoção da biodiversidade.
No contexto dos organismos vivos, a água desempenha um papel essencial em uma variedade
de processos biológicos fundamentais. Podemos citar o transporte de nutrientes e oxigênio, atuando
como o meio primário para transportar nutrientes e oxigênio até as células, regulação da temperatura
corporal ao absorver calor excessivo e liberá-lo quando necessário, eliminação de resíduos, diluição
de substâncias tóxicas, bem como no crescimento e desenvolvimento dos seres vivos.
No âmbito econômico, a água tem uma importância fundamental em várias atividades eco-
nômicas, tais como agricultura, já que a irrigação das plantações depende inteiramente da disponibi-
lidade adequada de água. Indústria que utiliza a água em diversos processos produtivos, incluindo a
fabricação de alimentos, energia e produtos químicos. Abastecimento nas cidades, no fornecimento
de água potável para as pessoas e na promoção da limpeza urbana. Além do setor turístico, pois se
configura um recurso turístico, sendo utilizada em atividades como pesca, banho e navegação.
Para Ribeiro (2008) a escassez vivenciada atualmente possui ligações sobretudo com pro-
blemas políticos e não somente ligados a distribuição natural do recurso, ou seja, a água enquanto
recurso tem sido má administrada. Em complemento é sabido que a água naturalmente se faz escassa
em alguns ambientes ao redor do globo, por essa razão é essencial que o processo de gestão da água
garanta segurança hídrica.
No Brasil, a Lei Nº 9.433/97 implementa a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH),
que se utiliza de diversos instrumentos normativos para gestão das águas. A “Lei das Águas” inova
ao introduzir no país uma gestão dos recursos hídricos baseada na tomada de decisões de maneira
descentralizada e participativa. Através da PNRH são fundados os Comitês de Bacias Hidrográficas
que tem por objetivo unir para diálogo diversos atores socias tais como poder público e privado, usuá-
rios e comunidades tradicionais (BRASIL, 1997).
Para garantia da participação social na gestão dos recursos hídricos é necessário de início
prestar subsídios que auxiliem no desenvolvimento de uma nova mentalidade para compreensão glo-
balizada do problema. Compreende-se a necessidade do processo formativo, já que existe um total
desconhecimento das leis ambientais, principalmente no que se refere a gestão da água no país.
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Quando pensamos em conscientização e mudança de atitudes para com o meio ambiente,
ligamos logo ao processo de Educação Ambiental. Entende-se que através do mesmo é possível refle-
tir criticamente os impactos de nossas ações cotidianas e a partir dessa reflexão pensarmos em ações
que contribuam com o planeta.
A Educação Ambiental enquanto conteúdo obrigatório nos diversos níveis da educação formal
foi instituída pela Lei Federal 9.975/99. A Lei conta com diversos princípios que devem ser vivencia-
dos durante o processo formativo de ensino, além disso o Ministério da Educação (MEC) dispõe de
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (BRASIL, 1999). Cabe ressaltar que a
EA deve ser contemplada no ensino formal e não-formal, a presente pesquisa se propõe a realizar uma
revisão de literatura sobre como essa temática é abordada no ensino formal, bem como suas ações
para além da escola. Por conseguinte, contribuir com novos direcionamentos no que tange a educação
ambiental e a gestão da água.
O presente estudo teve por objetivo compreender de que maneira a água é abordada no con-
texto da Educação Ambiental formal, bem como demonstrar os possíveis direcionamentos para uma
gestão participativa desse recurso, a partir das ações de conscientização promovidas pela Educação
Ambiental nas escolas. A escolha do tema se deu a partir da necessidade de compreender como as
ações de conscientização promovidas pela Educação Ambiental nas escolas contribuem para a gestão
participativa da água. Isso porque a tomada de decisões referentes a esse recurso se configura direito
garantido pela “Lei de Águas”. Reconhece-se a indispensabilidade de uma gestão participativa da
água, pois somente com representatividade na tomada de decisões de direito comum será possível
garantir água em quantidade e qualidade adequadas às futuras gerações.
Como pode ser observado, 30% da água empregada em múltiplos usos no Brasil é perdida por
evaporação liquida. Os demais 70% estão empregados em diversos usos, dentre eles a irrigação que
se utiliza de 49,8% da água captada, sendo a atividade econômica brasileira que mais consome água
em seus processos produtivos. Somando os usos do setor primário da economia brasileira (agricultura,
pecuária e mineração) obtemos 59,9% do total de água.
De acordo com Brito, Silva e Porto (2007, p. 16) “No século XX, a população mundial au-
mentou mais de três vezes, enquanto o consumo de água aumentou em nove vezes, aproximadamente.
Estudos apontam que, atualmente, mais de um bilhão de pessoas não tem acesso a água potável e
a serviços de saneamento básico.”. O crescimento urbano acelerado das últimas décadas impacta
diretamente a qualidade dos cursos d’água que cruzam esses centros urbanos. Ações como descarte
inadequado de resíduos sólidos e despejo de efluentes sem tratamento, que comprometem substancial-
mente a qualidade da água tornando seu tratamento cada vez mais caro.
Acerca disso, Manoel Filho apud Brito, Silva e Porto (2007, p. 18) conceitua água poluída e
água contaminada sendo:
Assim, a poluição pode ser definida como uma alteração artificial das características fi-
sicoquímicas da água, suficiente para superar limites ou padrões pré-estabelecidos para
determinado fim, como, por exemplo, o aumento da temperatura da água. Por outro lado,
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água contaminada é aquela que contém organismos patogênicos, substâncias tóxicas e/ou
radioativas em teores prejudiciais à saúde do homem. Assim, toda água contaminada é
poluída, mas nem toda água poluída é contaminada.
A partir dos dados supracitados, é possível vislumbrar a fragilidade desse recurso, que por vezes
parece infinito. Porém, se mostra sensível de atenção. Com base nas preocupações relacionadas à potabi-
lidade, escassez e conflitos, diversos órgãos internacionais vêm, ao longo das últimas décadas, buscan-
do formas de garantir conscientização quanto aos seus usos, bem como garantir seu processo de gestão.
É necessário, pois, preocupar-se com a garantia de futuro das próximas gerações e, para isso, é neces-
sário propor medidas que nos encaminhem para uma mudança de postura frente a essa crise.
Jimenez-Cisneros apud Tundisi e Tundisi (2015, p. 26) elucidam a necessidade de se pensar
maneiras de mitigar essa crise hídrica:
A água enquanto direito de todos, torna-se também responsabilidade coletiva. Por esse motivo
diversas instituições vêm ao longo das últimas décadas promovendo reuniões, fóruns e encontros
na intenção de estimular o debate, mas acima de tudo impulsionar marcos legislativos na política de
gestão das águas. É imprescindível considerar os múltiplos usos e também os atores sociais.
No Brasil, a lei nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997, conhecida como “Lei das Águas” institui a
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), que tem por objetivo promover a gestão dos recursos
hídricos a partir de instrumentos regulatórios. Essa legislação inova ao promover a tomada de deci-
sões de maneira descentraliza e participativa (BRASIL, 1997).
Segundo Rogers apud Tundisi e Tundisi (2015, p. 27) “a governança de água, a partir das
bacias hidrográficas, deve ter quatro atributos fundamentais: ser aberta e transparente; inclusiva e
comunicativa; coerente e integradora; equilibrada e ética. A operação da governança de água deve
ser eficiente, sustentável e confiável.”.
Para cumprimento de tal objetivo, a PNRH faz uso dos Comitês de Bacias Hidrográficas
(CBHs) unindo poderes públicos nas três instâncias, usuários e sociedade civil. A partir da Lei das
Águas é possível identificar conflitos pelo uso das águas, através dos planos de recursos hídricos das
bacias hidrográficas, contribuindo para solucionar conflitos no âmbito administrativo (ANA, 2019).
Nesse contexto, Souza e Bagnolo (2018) mencionam a existência das Câmaras Técnicas de
Educação Ambiental (CT-EA) que discutem questões socioambientais relacionadas à água. Portan-
to, a gestão pública pode contribuir para a promoção da Educação Ambiental relacionada à água
por meio da criação e manutenção de espaços de diálogo e participação social, como os Comitês de
Bacias Hidrográficas e suas Câmaras Técnicas.
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Tundisi e Tundisi (2015) apontam que há uma falta de participação popular nos comitês de
bacias, tal questão advém da cultura brasileira, que de modo geral não possui uma aproximação com
esse modelo de gestão. Isso se torna um desafio a ser superado. A ausência de participação envolve
diversos fatores, como a falta de informação sobre a importância dos comitês, a falta de confiança
nos órgãos públicos e a falta de tempo e recursos para se envolver na gestão dos recursos hídricos.
Os autores destacam que a pluralidade promovida pela participação da sociedade civil nos comitês é
essencial para a construção de uma gestão dos recursos hídricos mais eficaz e sustentável.
A falta de acesso à informação se configura um sério problema quanto a ampliação de indi-
víduos engajados nas questões ambientais e sobretudo na gestão da água. Partindo da problemática
anterior podemos refletir formas de disseminar tais informações como por exemplo, divulgação em
mídias sociais, canais abertos de televisão, jornais e blogs. Porém, no que concerne à presente análise
é imprescindível discutir a água e seus aspectos de usos e gestão na educação.
Para além da simples divulgação em veículos midiáticos se torna essencial a promoção de
educação para uma gestão sustentável das águas. A educação ambiental tem por papel, a conscienti-
zação da população sobre a importância da preservação do meio ambiente. No caso da água, a edu-
cação ambiental pode contribuir para a formação de cidadãos conscientes sobre a necessidade de uso
sustentável desse recurso natural.
Santana e Freitas (2012) destacam que a Educação Ambiental promove novos direcionamen-
tos para que a sociedade assuma nova postura frente a crise ambiental vivenciada, sobretudo no que
se refere a conscientização ao uso da água.
A abordagem transversal da água nos currículos escolares é importante para que os alunos
reflitam sobre a importância desse recurso natural de maneira holística. Além disso, é necessário in-
centivar o senso de resolução dos problemas relacionados à água. A abordagem transversal também
permite que a educação ambiental seja integrada a outros temas, como meio ambiente, sustentabili-
dade e cidadania.
Miranda et al. (2021) se utiliza dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da
Agenda 2030 como base para o projeto investigativo na escola municipal de Varginha (MG), para
efeito de análise considerou-se o ODS 4, meta 4.7, que trata da educação para o desenvolvimento sus-
tentável, e o ODS 6, que tem como objetivo garantir a disponibilidade e gestão sustentável da água e
do saneamento para todos.
É de interesse geral avaliar para além das atividades de conscientização, considerar também
os impactos das atividades de Educação Ambiental nas ações dos indivíduos em questão. Nesse as-
pecto Miranda et al. (2021), se propõe a avaliar os impactos dessas atividades relacionadas ao ODS 6,
que trata a racionalização dos usos da água e potabilidade, em escolas municipais de Varginha (MG).
Para isso, os autores utilizaram as contas de água da escola campo, bem como de pessoas
que pertenciam a comunidade escolar (um total de 6 pais/lares voluntários). O objetivo era avaliar de
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maneira quantitativa se houve efetiva conscientização e uso racional de água durante a condução do
projeto em questão.
Freitas e Marin (2015a) realizaram uma análise das abordagens adotadas em escolas munici-
pais de Ensino Fundamental de Presidente Prudente - SP, em torno dos temas Educação Ambiental e
água. A pesquisa é um estudo de caso que adotou por métodos a análise documental (planos diretores
de 28 escolas, Projetos Especiais de quatro escolas e planos de ensino), revisão bibliográfica, visita a
escolas e aplicação de questionário e entrevistas semiestruturadas. O trabalho realizado pelos autores
tinha por objetivo realizar um levantamento de como educação ambiental e água eram abordados nos
currículos das instituições educacionais, como também compreender a profundidade dos conheci-
mentos e práticas docentes.
Já o Projeto Integração Disciplinar (PID) é uma iniciativa de professores e alunos de Geografia
que busca promover a intervenção social na política de gestão de recursos hídricos. O projeto envolve
pesquisas interdisciplinares sobre a degradação de mananciais, produção de materiais didáticos e
oficinas pedagógicas de educação ambiental. Além disso, o PID promove a integração entre univer-
sidade, escolas e comunidade para estabelecer uma nova cultura hídrica, com ações de recuperação,
preservação e conservação dos recursos hídricos (Marin; Leal, 2006).
Tais iniciativas objetivam promover uma nova cultura hídrica, que envolva ações de recupe-
ração, preservação e conservação dos recursos hídricos. O PID é uma dessas iniciativas, que busca
promover a intervenção social na política de gestão de recursos hídricos.
METODOLOGIA
Este trabalho foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica do tipo revisão de litera-
tura. Esta pesquisa foi realizada por meio de um levantamento em bases de dados científicos, como
Scielo, Web of Science e Scopus. Foram selecionados artigos que abordam a educação ambiental e
a gestão das águas no Brasil, com foco nas abordagens adotadas nas escolas no que se relaciona ao
tema água e sua gestão.
Critérios de seleção:
- Os artigos foram escolhidos com base nos seguintes critérios:
- Idioma: português.
- Ano de publicação: de 2010 a 2023;
- Acesso aberto;
- Enfoque na educação ambiental e na gestão das águas no Brasil.
- Priorizou-se literaturas que trouxessem experiências na educação básica, já que segundo a
legislação brasileira por meio da Lei Federal 9.795/99 que institui a Política Nacional de Educação
Ambiental, a mesma torna-se componente contínuo da educação formal e não-formal.
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Os artigos selecionados foram analisados nas seguintes categorias:
- Abordagens teóricas e práticas da educação ambiental para a gestão das águas;
- Desafios: obstáculos e barreiras para a implementação da educação ambiental para a gestão
das águas no Brasil.
Os resultados da revisão da literatura foram apresentados em forma de texto narrativo, des-
tacando as abordagens adotadas pela educação ambiental nas escolas. A conclusão da revisão da
literatura sintetizou os resultados obtidos, além de fornecer recomendações para futuras pesquisas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Muitos professores que atuam no Ensino Fundamental não tiveram, durante sua formação,
contato com discussões teóricas e metodológicas que os habilitassem a desenvolver trabalhos na área
da Educação Ambiental. Portanto, pode-se inferir que as concepções teórico-metodológicas desses
docentes sobre a Educação Ambiental são limitadas devido à falta de formação específica na área
(Freitas; Marin, 2015b)
No tocante a execução de atividades é preciso pontuar que as ações promovidas pela Educação
Ambiental devem ser orientadas e fundamentadas. A realidade presente em algumas escolas está liga-
da a execução de maneira desarticulada de projetos e ações relacionadas a temática. As consequências
relacionadas a tal evento é o menor engajamento dos estudantes em projetos desenvolvidos nessas
instituições.
Como citado anteriormente é indispensável que a Educação Ambiental em seu processo for-
mativo preste subsídios a gestão dos recursos hídricos. Contemplando as legislações que garanta a
participação coletiva na gestão das águas.
A educação ambiental deve proporcionar aos indivíduos o conhecimento e as habilidades ne-
cessárias para compreender os problemas relacionados à gestão dos recursos hídricos e para participar
ativamente da tomada de decisões sobre esses recursos. A EA deve também promover a participação
coletiva na gestão dos recursos hídricos. A participação da sociedade civil na tomada de decisões
sobre os recursos hídricos é essencial para garantir o seu uso sustentável.
A partir da revisão de literatura, foi possível identificar os seguintes princípios conteudistas da
educação básica que podem ser abordados a partir da água:
- Princípio da transversalidade: a água pode ser abordada em diferentes disciplinas, como
Geografia, Ciências, História e Artes.
- Princípio da interdisciplinaridade: a água pode ser abordada de forma integrada com outros
temas, como meio ambiente, sustentabilidade e cidadania.
- Princípio da contextualização: a água deve ser abordada de forma contextualizada, conside-
rando a realidade local e regional.
- Princípio da criticidade: a água deve ser abordada de forma crítica, levando os alunos a refle-
tir sobre os problemas e desafios relacionados à água.
- Princípio da participação: a água deve ser abordada de forma participativa, envolvendo os
alunos na discussão e solução dos problemas relacionados à água.
A Educação Ambiental presta subsidio a abordagem da gestão das águas já que ambas ca-
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minham no viés que prioriza a tomada de decisões conscientes. Recolhesse-se o papel fundamental
da EA no que se refere a alfabetização ambiental, para novas posturas principalmente no que se na
tomada de decisões conjuntas que prezem o equilíbrio das demandas.
Por ser um processo institucionalizado em diversos âmbitos constitui-se porta para a aborda-
gem das temáticas. Silva e Pereira (2022) citam que o principal empecilho na garantia de uma gestão
sustentável é o desconhecimento que a sociedade possui quanto as leis ambientais, principalmente
a lei de águas. Por fim, destacam que as perspectivas quanto a gestão sustentável das águas só será
alcançada com conscientização e participação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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2019. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-br/assuntos/gestao-das-aguas/politica-nacional-de-
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BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos,
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Diário Oficial da União: seção 1,
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BRITO, LT de L.; SILVA, A. de S.; PORTO, E. R. Disponibilidade de água e a gestão dos recur-
sos hídricos. Embrapa, 2007. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/
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SILVA, R. D; PEREIRA, S. C. Uma análise da Gestão Hídrica no município de Petrolina (PE) (2010-
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(org). Meio ambiente e sociedade: análises, diálogos e conflitos ambientais. 2. ed. Campina
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TUNDISI, J. G.; TUNDISI, T. M. As múltiplas dimensões da crise hídrica. Revista USP, n. 106,
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15 set. 2023.