Resenha 1

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Currículo e Formação Integrada

Camila da Silva Aragão

Este texto apresenta a temática do Currículo Integrado sob diferentes


perspectivas, analisando sua origem, fundamentos ideológicos, compromissos
políticos e sua aplicação prática na educação. Inicialmente, defende o Currículo
Integrado, embasando-se na interpretação do conceito de trabalho em Marx, na
Escola Unitária de Gramsci e nas propostas contemporâneas dos seus
defensores. Examina o debate em torno desse tema ao longo das últimas
décadas, oferecendo uma visão histórica e ideológica sobre sua evolução.
O texto explora a definição do currículo como um espaço destinado a
organizar o conhecimento escolar, destacando que não se trata apenas de um
processo de seleção de conhecimentos, mas também de um plano pedagógico
e institucional. Além disso, aborda a teoria que fundamenta o Currículo
Integrado, enfatizando sua intenção como proposta de educação
transformadora. Ressalta a importância de uma visão progressista da educação,
que integra o conhecimento científico com as experiências cotidianas,
promovendo uma compreensão ampla da realidade e estimulando à
transformação social.
O Currículo Integrado é apresentado como uma abordagem que busca a
integração da formação básica com a formação profissional, permitindo que os
estudantes acessem o conhecimento científico enquanto desenvolvem
habilidades técnicas. Mais do que um mero treinamento para o mercado, esse
modelo visa formar profissionais críticos, capazes de compreender e atuar na
sociedade em prol do bem coletivo. destaca-se que a integração curricular não
se limita a combinar disciplinas, mas envolve uma leitura mais ampla da
realidade, incorporando a participação dos sujeitos envolvidos na aprendizagem.
Isso exige a construção contínua de relações entre conhecimentos gerais e
específicos, sob os eixos do trabalho, da ciência e da cultura.
A discussão é contextualizada historicamente demonstrando que a ideia
de uma formação abrangente para os seres humanos antecede o marxismo e a
Escola Unitária de Gramsci, remontando a pensadores desde o período
renascentista, como Comenius, que defendiam o ensino dos fundamentos das
principais áreas do conhecimento para todos.
Outro ponto relevante do texto é a discussão sobre a influência da
sociedade capitalista na alienação do trabalhador, ressaltando a visão de Marx
e Engels sobre a luta de classes e a exploração capitalista. Destaca como a
jornada extenuante de trabalho compromete a liberdade e a criatividade do ser
humano, criticando a educação burguesa que se concentra na técnica e na
ciência, em contraste com a proposta educativa de Gramsci.
O texto apresenta o Currículo Integrado como uma resposta às lutas pela
democracia e defesa da escola pública, especialmente durante as discussões
sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação na década de 1980. Essa
proposta surge como uma maneira de superar a dicotomia entre cultura geral e
técnica, visando uma educação politécnica que integre conhecimentos
intelectuais e práticos, principalmente a partir do governo de Lula em 2003.
O Decreto nº 5.154/2004 representa um avanço legal significativo,
permitindo formas mais progressistas de ensino profissional de nível médio,
impulsionando o Currículo Integrado. No entanto, ressalta-se que a simples
combinação de conteúdos das esferas geral e profissional não é suficiente. A
integração necessita de uma concepção de formação abrangente para alcançar
suas metas reais.
A discussão em torno da revogação do Decreto nº 2.208/1997 mediante o
Decreto nº 5.154/2004 marca um ponto crucial na educação brasileira, refletindo
diferentes abordagens e visões ideológicas sobre a integração entre o ensino
médio e a educação profissional.
O processo de criação do Decreto nº 5.154/2004 foi marcado por diversas
propostas e disputas. Os defensores da integração entre o ensino médio e a
educação profissional se viram diante da decisão de apoiar um governo com
limitações e contradições ou optar por um movimento crítico em busca de forças
para um governo mais revolucionário. Autores como Frigotto, Ciavatta e Ramos
optaram por trabalhar dentro das contradições do governo, reconhecendo seus
limites, mas buscando avanços que pudessem apontar para mudanças
estruturais em direção a um projeto nacional popular de massa.
Em resumo, o texto propõe o Currículo Integrado como uma solução para
superar a dicotomia entre ensino técnico e formação geral, historicamente
presentes no sistema educacional. Destaca um "desenho do Currículo
Integrado" que enfatiza a problematização de fenômenos, a explicitação de
teorias e a organização dos componentes curriculares com base na totalidade
do real, promovendo uma abordagem transformadora que visa transcender o
modelo dualista e excludente que historicamente tem caracterizado a educação
básica.

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