Linguistica Aplicada e o Ensino Do Inglés
Linguistica Aplicada e o Ensino Do Inglés
Linguistica Aplicada e o Ensino Do Inglés
APLICADA E O
ENSINO DE INGLÊS
Linguística aplicada
e a formação dos
professores de línguas
Dayse Cristina Ferreira da Silva
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A linguística é uma ciência cujo objeto de estudo é a língua. Em tempos muito
remotos, as línguas eram estudadas a partir de suas normas. Era importante falar
bem, escrever bem e se comunicar bem. Essa forma de usar a linguagem era uma
formalidade exigida desde a escola até muitos anos mais tarde. A linguística usou
essa informação, se ramificou e fez surgir a linguística aplicada. Com um papel
bem definido sobre seu objeto de estudo, muitas pesquisas começaram a teorizar
sobre o uso da linguagem. Esse estudo foi tão importante que se separou a língua
da fala, ou seja, existe a língua, o sistema linguístico, com suas regras, normas e
estruturas, e existe a fala. Neste capítulo, você vai ver que a linguística aplicada
se empenhou em teorizar e apresentar formas de trabalhar o ensino de línguas
tanto da língua e seus sistemas linguísticos quanto da língua falada.
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Essa visão versa sobre a linguística aplicada das décadas de 1970 e 1980,
teorizando a linguística, aplicando a linguística no ensino de línguas e usando
técnicas de como fazer o ensino de línguas acontecer com a aplicação da
linguística. No entanto, o modo de se produzir conhecimento se transforma,
e essa transformação pode até ter começado com Chomsky, como apontam
Pereira e Roca (2018), que disse não acreditar em tais compreensões quanto
ao modo de ensinar línguas da época, principalmente os demonstrados pela
linguística e pela psicologia.
Mesmo assim, os linguistas da época insistiram que cabia a eles, estu-
diosos da linguística aplicada, determinar tais contestações: a aplicação da
linguística à linguística aplicada. Essa distinção foi definida por Widdowson,
um grande nome da linguística aplicada, que acreditava que professores de
inglês, por exemplo, preferiam que linguistas estabelecessem a seguinte
área de atuação: ensino de inglês como língua estrangeira com modelos
de descrição linguística. No entanto, “[...] na perspectiva de Widdowson,
o modelo que deve interessar ao linguista aplicado é aquele que capta a
perspectiva do usuário” (PEREIRA; ROCA, 2018, p. 15), sendo necessária, ainda,
uma mediação entre a teoria linguística e o ensino de línguas. Então, a teoria
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linguística faz parte do ensino de línguas, seja a língua materna, seja a língua
estudada como língua estrangeira. Contudo, não é só isso, pois ensinar uma
língua ultrapassa os tipos de conhecimentos considerados fundamentais
para investigar os processos do próprio ensino de línguas. Outras áreas do
conhecimento devem apoiar a teoria linguística. A sociologia é um exemplo
de área que pode apoiar tal teoria, já que a língua, na linguística aplicada,
deve trabalhar a língua no seu contexto real e social.
Ensino-aprendizagem e competências
linguísticas
Os professores formados em letras, curso que trabalha os aspectos da língua
e da linguagem tanto para o ensino de língua nativa quanto para o de língua
estrangeira, precisam desenvolver competências linguísticas em relação ao
ensino e aprendizagem de seus alunos (AZEREDO, 2018). Suas práticas são
embasadas em teorias até hoje estudadas e discutidas sobre a concepção da
linguagem, como as de Vygotsky (1996). Os parâmetros curriculares, modelo
de ensino empregado no Brasil, apresentam fortemente o ensino por áreas,
da primeira infância até o término do ensino médio. Entre essas áreas, está a
da linguagem, que tem uma visão da linguagem e da aprendizagem baseada
em uma teoria sociointeracional (SOUSA et al., 2017).
Vygotsky (1996) também fala da zona proximal, que se refere a uma situação
de ensino e aprendizagem favorável para a interação, pois quando a interação
acontece, ela também proporciona o desenvolvimento do aluno. A experiência
do profissional de línguas conta muito nesse processo.
Referências
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PEREIRA, R. C. M.; ROCA, M. P. (org.). Linguística aplicada: um caminho com diferentes
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ROCHA, D.; DAHER, D. C. Afinal, como funciona a linguística aplicada e o que pode ela
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www.scielo.br/j/rbla/a/sHWSDzrXP5ZFP6q5QBpZzMr/?format=pdf&lang=pt. Acesso
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VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Leitura recomendada
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 31 jul. 2021.
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