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RR-588-66 2015 5 08 0120

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PROCESSO Nº TST-RR-588-66.2015.5.08.

0120

A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
GMDMC/Fc/cb/iv

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO


DE REVISTA. EXECUÇÃO. NULIDADE DA
INTIMAÇÃO DE SENTENÇA DE MÉRITO. O
presente agravo de instrumento merece
provimento, com consequente
processamento do recurso de revista,
haja vista que a executada logrou
demonstrar possível ofensa ao art.
5º, LV, da CF. Agravo de instrumento
conhecido e provido. B) RECURSO DE
REVISTA. EXECUÇÃO. NULIDADE DA
INTIMAÇÃO DE SENTENÇA DE MÉRITO. A
executada tem razão ao afirmar que a
intimação da sentença efetivamente
não foi realizada em nome do advogado
expressamente indicado na
contestação. O acórdão recorrido
revela que, em sua defesa, a ora
executada nomeou o Dr. Sérgio Paulo
Nascimento da Silva para receber
intimações e notificações endereçadas
à empresa. Contudo, o Regional anotou
que a intimação da ora executada foi
endereçada equivocadamente à Dra.
Charlene Campos da Silva, ou seja, a
intimação foi realizada em nome de
advogado diverso do indicado pela
parte na defesa. Nos termos da Súmula
nº 427 do TST, havendo pedido
expresso de que as intimações e
publicações sejam realizadas
exclusivamente em nome de determinado
advogado, a comunicação em nome de
outro profissional constituído nos
autos é nula, salvo se constatada a
inexistência de prejuízo, o que não
ocorreu no caso vertente, pois ficou
a ora executada impossibilitada de
apresentar tempestivamente o recurso
ordinário, de modo que há cerceamento
do legítimo direito de defesa.
Recurso de revista conhecido e
provido.
Firmado por assinatura digital em 10/05/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RR-588-66.2015.5.08.0120

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Recurso de Revista n° TST-RR-588-66.2015.5.08.0120, em que é
Recorrente EMPRESA DE TRANSPORTES ATLAS LTDA. e Recorrido ALCIR DA
CONCEIÇÃO LOPES.

Por meio da decisão às fls. 27/29, o Vice-


Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região negou
seguimento ao recurso de revista da executada.
Inconformada, a executada interpôs agravo de
instrumento, às fls. 16/25, insistindo na admissibilidade da
revista.
Contraminuta às fls. 5/10.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério
Público do Trabalho, nos termos do art. 83 do Regimento Interno do
TST.
É o relatório.

V O T O

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA

I – CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos de admissibilidade,


conheço do agravo de instrumento.

II – MÉRITO

NULIDADE DA INTIMAÇÃO DE SENTENÇA DE MÉRITO

O Regional decidiu:

Firmado por assinatura digital em 10/05/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RR-588-66.2015.5.08.0120

"A executada agravante pleitea a nulidade do processo a partir da


decisão meritória, pela ausência de intimação da executada, por meio de seu
advogado legalmente constituído por mandato, único legalmente incumbido
de receber intimações, notificações e citações em nome da empresa, sob
pela de nulidade.
Afirma, que foi solicitado ao MM. Juízo a quo, para que todas as
intimações endereçadas as reclamadas saíssem em nome do Dr. Sérgio
Paulo Nascimento da Silva, o que não ocorreu.
Aduz que é entendimento já pacificado do Colendo TST, em caso de
não intimação do advogado indicado, deve ser declarada a nulidade dos
atos processuais praticados, súmula n. 427, do mesmo tribunal.
Assevera que, não houve qualquer fundamentação para que seja
considerado a empresa intimada, por ocasião da designação da publicação
da sentença.
Ressalta, que o fato da publicação da decisão meritória ser um ato
público, não exclui a obrigatoriedade da intimação de seus advogados do
ato de publicação, até porque houve determinação expressa pelo MM. Juízo
a quo, para intimação da antecipação da decisão meritória.
Cita o art. 223 do CPC, no que se refere a intimação da pessoa
jurídica, o qual determina a obrigatoriedade da intimação via oficial de
justiça, para comprovar a efetiva entrega da notificação.
Esclarece que o contraditório é estalecido com a citação, pelo que é
inadmissível uma citação presumida ou impessoal, ferindo o princípio
constitucional básico do processo judicial e administrativo.
Pelo que, concluiu que houve nítida violação aos princípios
constitucionais da ampla defesa e do contraditório (art. 5, LIV e LV e art.
93, IX ambos da CF, e art. 880 da CLT), que determina que todas as
decisões sejam fundamentadas, sob pena nulidade.
Pelo que requer a nulidade da intimação de sentença de mérito e por
consequente a exclusão da multa de 10%.
Analiso
Em sua defesa ID 7fd1c67 - Pág. 2, o reclamado nomeou o advogado
Dr. SÉRGIO PAULO NASCIMENTO DA SILVA para receber
intimações e notificações endereçadas a reclamada e, por ocasião da
audiência de instrução e julgamento do dia 19.11.2015 ID c2e1385 - Pág. 2,
Firmado por assinatura digital em 10/05/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RR-588-66.2015.5.08.0120

as quais estavam presente o preposto da reclamada SR. MARCUS


VINICIUS CABRAL DE OLIVEIRA, acompanhado(a) do(a)
advogado(a), Dr(a). SERGIO PAULO NASCIMENTO DA SILVA, OAB
nº 5654/PA.
Na mesma audiência foi designado o dia 07/01/2016, para publicação
da sentença, ocasião em que as partes ficaram cientes.
No entanto, a decisão meritória ID afcc4ef foi antecipada para o dia
01.12.2015, havendo a determinação para notificação das partes.
No dia 15.12.2015, foi expedida notificação endereçada aos patronos
das partes ID 606526b, porém a intimação da reclamada foi endereçada
equivocadamente à advogada Dra. Charlene Campos da Silva.
A decisão de embargos à execução ID 79c8491, acolheu em parte os
Embargos do executado, para declarar nula as intimações IDs 25a049b e
606526b, em razão da notificação endereçada a reclamada ser feito em
nome de advogado diverso da indicação constante na defesa, porém,
manteve a ciência da reclamada quanto a publicação da sentença no dia
07.01.2016.
Compactuo do entendimento.
Primeiramente destaco, que inaplicável o antigo art. 223 do CPC e
atual art. 248 do NCPC no processo do trabalho, haja vista que a CLT
possui regramento próprio.
O art. 852 da CLT, autoriza o magistrado a dar ciência na própria
audiência de instrução, a data da publicação da sentença,
independentemente se o advogado esteja presente ou não na audiência, in
verbis:
Art. 852 - Da decisão serão os litigantes notificados,
pessoalmente, ou por seu representante, na própria audiência.
No caso de revelia, a notificação far-se-á pela forma
estabelecida no § 1º do art. 841.
Assim, havendo a nulidade da intimação endereçada ao advogado da
reclamada IDs 25a049b e 606526b, deve prevalecer a intimação pessoal da
reclamada e de seu ilustre patrono DR. SERGIO PAULO
NASCIMENTO DA SILVA, feita na própria audiência de instrução e
julgamento datado do dia 19.11.2015 ID c2e1385, o qual designou o dia
07.01.2016 para publicação de sentença, com base no art. 852 da CLT, já
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PROCESSO Nº TST-RR-588-66.2015.5.08.0120

que nesta data a reclamada tinha plena ciência que a decisão seria
publicada, ainda que tenha sido antecipada anteriormente.
Desta forma, entendo que não há vício na intimação da reclamada e
de seu ilustre patrono feito na própria audiência realizada no dia 19.11.2015
ID c2e1385, pois apesar da decisão ter sido antecipada, a notificação desta
antecipação foi declarada nula pelo MM. Juízo a quo.
Assim, rejeito a preliminar." (fls. 50/52 – grifos apostos e no original)

Nas razões do recurso de revista, às fls. 34/46, a


executada insiste na alegação de nulidade dos atos processuais desde
a publicação da sentença, porquanto intimado advogado diverso
daquele requerido.
Argumenta que o processo já se encontra na fase de
execução, inclusive com cálculos homologados, contudo, não praticou
nenhum ato processual após a audiência, sendo que não teve ciência
dos atos praticados nos presentes autos, somente tendo conhecimento
da execução pela instituição bancária, por ocasião dos bloqueios
realizados em sua conta corrente. Aduz que, além da nulidade, ainda
teve que arcar com multa de 10% prevista no art. 475-J do CPC/73.
Aponta violação dos arts. 5º, LIV, LV e LXXVIII,
da CF, 794 e 795 da CLT, 39 e 236, § 1º, do CPC/73, contrariedade às
Súmulas nos 197 e 427 do TST. Transcreve arestos para confronto
jurisprudencial.
Examina-se.
O acórdão recorrido revela que, em sua defesa, a
ora executada nomeou o Dr. Sérgio Paulo Nascimento da Silva para
receber intimações e notificações endereçadas à empresa. Contudo, o
Regional anotou que a intimação da ora executada foi endereçada
equivocadamente à Dra. Charlene Campos da Silva, ou seja, a
intimação foi realizada em nome de advogado diverso do indicado pela
parte na defesa. Não obstante isso, restou mantida a ciência da ora
executada quanto à publicação da sentença no dia 7/1/2016.
Verifica-se, pois, que a executada tem razão ao
afirmar que a intimação da sentença efetivamente não foi realizada
em nome do advogado expressamente indicado na contestação.
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PROCESSO Nº TST-RR-588-66.2015.5.08.0120

Com efeito, a jurisprudência desta Corte Superior


fixou o entendimento de que, quando a parte, expressamente, designa
o advogado em nome do qual deverão ocorrer as intimações, a
comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é
nula.
Nesse sentido, foi editada a Súmula nº 427 do TST,
segundo a qual "Havendo pedido expresso de que as intimações e
publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado
advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído
nos autos é nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo."
Logo, apenas quando não constatado prejuízo é que
não se declara a nulidade do julgado, o que não ocorreu no caso
vertente, pois ficou a ora executada impossibilitada de apresentar
tempestivamente o recurso ordinário.
A intimação das partes é o ato por meio do qual se
busca dar publicidade aos atos processuais, a fim de viabilizar que
as partes, querendo, a eles manifestem impugnação, apresentem os
recursos cabíveis, razão pela qual cumpre ao julgador zelar pela sua
regularidade, de modo a preservar a condução íntegra do processo e a
prevenir eventual alegação de nulidade.
Pelo exposto, demonstrada a possível configuração
de ofensa ao art. 5°, LV, da CF, dou provimento ao agravo de
instrumento interposto pela executada a fim de determinar o
processamento do recurso de revista, a ser julgado na primeira
sessão ordinária subsequente à publicação da certidão de julgamento
do presente agravo de instrumento.

B) RECURSO DE REVISTA

I - CONHECIMENTO

Preenchidos os pressupostos comuns de


admissibilidade recursal, passo ao exame dos específicos do recurso
de revista.

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PROCESSO Nº TST-RR-588-66.2015.5.08.0120

NULIDADE DA INTIMAÇÃO DE SENTENÇA DE MÉRITO

Conforme consignado por ocasião da análise do


agravo de instrumento, o recurso de revista tem trânsito garantido
pela demonstração de ofensa ao art. 5°, LV, da CF.
Pelo exposto, conheço do recurso de revista por
violação do art. 5°, LV, da CF.

II - MÉRITO

NULIDADE DA INTIMAÇÃO DE SENTENÇA DE MÉRITO

Como consequência lógica do conhecimento do


recurso de revista por violação do art. 5°, LV, da CF, dou-lhe
provimento para anular todos os atos processuais a partir da
intimação da sentença e determinar a remessa dos autos à Vara do
Trabalho para que proceda nova intimação, observado o pedido
formulado na contestação.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade: a) conhecer do agravo de
instrumento e dar-lhe provimento para determinar o processamento do
recurso de revista a ser julgado na primeira sessão ordinária
subsequente à publicação da certidão de julgamento do presente
agravo de instrumento; e b) conhecer do recurso de revista por
violação do art. 5°, LV, da CF, e, no mérito, dar-lhe provimento
para anular todos os atos processuais a partir da intimação da
sentença e determinar a remessa dos autos à Vara do Trabalho para
que proceda nova intimação da reclamada, observado o pedido
formulado na contestação.
Brasília, 10 de maio de 2017.
Dora Maria da Costa
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)
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PROCESSO Nº TST-RR-588-66.2015.5.08.0120

DORA MARIA DA COSTA


Ministra Relatora

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