FASCÍCULO M.E-12 C e D - III º Trimestre 014939 034801
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Namibe/2021
MÁQUINAS ELÉCTRICAS
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Prefácio
Actualmente, podemos considerar as máquinas eléctricas (motores, geradores e
transformadores) como parte integrante do nosso dia-a-dia.
O estudo das máquinas eléctricas mostra-se então de grande importância para este curso.
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ÍNDICE Pág.
A - Classificação do motor-compound…………………………………………………………...23
Exercícios………………………………………………………………………………………………….26
Bibliográfia…………………………………………………………………………………………………27
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UNIDADE III – MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA
Introdução
Objectivo geral
Objectivos específicos
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A constituição da máquina de corrente contínua é idêntica tanto no
funcionamento como gerador como no funcionamento como motor. Diz – se, por isso,
que a máquina de corrente contínua é reversível.
Figura 2 – Regra dos 3 dedos da mão direita para a determinação do sentido da força.
Os dedos são colocados de tal modo que formem entre si ângulos de 90º,
conforme se sugere na figura 2.
Suponhamos agora que em vez do condutor indicado temos uma espira (com
dois condutores activos a e b), apoiada sobre um eixo de rotação e localizada em
frente de dois pólos N e S, tal como se sugere na figura 3.
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mantendo assim o sentido da corrente I, em cada um dos condutores – é a
comutação das escovas.
Ora, segundo a lei de Laplace, cada um dos dois condutores vai ficar
submetido a uma força F. O sentido das forças aplicadas a cada um dos condutores
é novamente dado pela regra de três dedos da mão direita. Visto que os sentidos da
corrente, em cada um dos dois condutores, são contrários, obviamente que as forças
respectivas terão também sentidos contrários (note que a indução B mantém sempre
o mesmo sentido), mas com pontos de aplicação diametralmente opostos.
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3.2.1 – POTÊNCIA MECÂNICA
Vejamos agora como obter a potência útil (mecânica) fornecida pelo motor, a
partir do binário motor resultante. Observe a figura 5.
M=F.d
W=F.l
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3.2.2 – FORÇA CONTA-ELECTROMOTRIZ
E´ = E = K n Φ
K – constante
A f.c.e.m. tem este nome precisamente porque, segundo a lei de Lenz, ela cria
uma nova corrente que tende a opor-se à corrente I absorvida pelo motor à rede. Daí
que o sentido da f.c.e.m. seja tal que cria uma corrente de sentido contrário, de modo
a evitar que esta corrente seja muito elevada. Na figura 6 sugerimos
esquematicamente os sentidos das grandezas intervenientes.
E´ = U – r l <=> U = E´ + r l
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r – resistência interna do induzido (Ohms)
𝑈−0 𝑈
Ia = =
𝑟 𝑟
Ia é a corrente de arranque.
Note no entanto que a corrente elevada no arranque dura muito pouco tempo,
pois o motor rapidamente começa a girar. Quanto mais lento for o arranque maior é
naturalmente o perigo que correm os enrolamentos do induzido motor. Este facto
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leva – nos desde já a concluir que, para a boa saúde da máquina e uma vida útil
duradoura, será conveniente limitar o valor desta corrente de arranque, bem como a
sua duração.
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3.2.4 – POTÊNCIA E RENDIMENTO DO MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA
UI = E´I + r I2
Além das perdas por efeito de Joule, qualquer máquina rotativa tem ainda
perdas constantes que são constituídas pela soma das perdas mecânicas com as
perdas no ferro. Daí que a potência mecânica útil do motor seja ainda inferior à
potência Pm atrás definida.
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Para o cálculo do rendimento do motor, é necessário obter a potência
mecânica útil Pu fornecida no seu veio, mediante a seguinte equação:
Pu = 2 𝝅 n M (Watts)
Pa = U I (Watts)
𝑷𝒖
Finalmente, o rendimento do motor obtém-se: ᶯ = × 100%
𝑷𝒂
M=KΦI
K – constante
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Substituindo estas duas expressões na anterior, obtemos, para o binário motor:
𝑼−𝑲𝒏𝜱
M=KΦ.
𝒓
De referir ainda que, por outro lado, o binário de arranque não deve ser muito
maior que o binário resistente, pois que nessa situação o motor sofreria fortes
“sacudidelas” que são sempre prejudiciais. Há, por isso, que encontrar o “ponto de
equilíbrio” necessário (nem muito fraco, nem muito elevado).
Ora, este facto permite que determinados motores com binário de arranque
elevado, possam arrancar com a carga ligada (arranque em carga) e outros tenham
que arrancar em vazio, isto é, sem carga ligada (binário resistente reduzido; note que
este binário nunca é nulo, pois que existe sempre o atrito do movimento do rotor,
entre outros esforços).
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Figura 8 – Binário motor e resistente de um motor. Ponto P de funcionamento do motor.
Para isso, vamos socorrer-nos de um esquema simples deste motor, tal como
é representado na figura 9.
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1. Característica de velocidade – Relaciona a velocidade n com a
intensidade I absorvida pelo motor, a tensão constante. Esta característica
é, por isso, por função n(I).
Recordemos então a expressão da velocidade do motor:
𝑼 − 𝒓𝑰
n=
𝑲´𝜱
Conforme foi já referido, é a carga que impõe ao motor a corrente que ele vai
absorver da rede. Assim. Por análise da curva, pode concluir-se que quando a carga
diminui bastante (diminuição de I) então a velocidade do motor tende a aumentar
bastante. No caso extremo de o motor ficar sem carga (em vazio), por qualquer
motivo, a corrente I torna-se muito baixa (não nula, porque há sempre perdas) o que
leva a velocidade a aumentar descontroladamente (o motor desarvora), podendo
mesmo destruir-se se não for entretanto desligada a alimentação. Conclui-se, por
isso, que o motor série não deve ser utilizado em situações em que seja
possível ficar sem carga, como exemplo em máquinas – ferramentas.
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2. Característica do binário – Esta característica relaciona o binário motor
M com a corrente I, a tensão constante. É, por isso, expressa por uma
função M(I). A expressão matemática é, conforme vimos, do tipo:
M=KΦI
a) Visto que que o binário motor cresce muito rapidamente com pequenas
variações da corrente I (reduzido ΔI implica elevado ΔM), este motor
adapta-se muito bem a situações em que o resistente apresenta uma
margem de variação acentuada, consumindo então pouca corrente, o que
constitui uma grande vantagem (económica).
b) Sabendo nós que no motor de corrente contínua a corrente de arranque é
elevada, por análise da expressão M = K Φ I concluímos que o binário de
arranque deste motor é elevado (aumenta duplamente com a corrente).
O binário de arranque elevado é outra vantagem do motor série,
relativamente aos restantes, pois permite que ele arranque em carga, isto é, com a
carga ligada desde o início. Com efeito, a generalidade dos motores arranca em
vazio ou cargas reduzidas, em virtude de o seu binário de arranque ser relativamente
fraco; a carga só ligada quando o motor atinge a sua velocidade nominal.
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Figura 12 – Característica mecânica do motor série.
Para traçar esta característica, basta retirar das outras duas características os
pares de valores (M,n) correspondentes a cada valor de corrente, desde I = 0 até à
corrente nominal, e marcá-los num novo gráfico.
Por análise da figura 12, podemos concluir que no arranque do motor (n=0) o
binário (de arranque) é elevado pelo que, conforme já referido, este motor pode
arrancar pode arrancar em carga. Verificamos ainda que quando a velocidade
aumenta o binário decresce acentuadamente, segundo uma função inversa. Ora,
sendo a potência mecânica dada por Pm = 2 𝜋 n M, conclui-se que a potência
mecânica deste motor mantém-se sensivelmente constante em qualquer regime de
funcionamento – se n diminui, M aumenta; se n aumenta, M diminui, mantendo-se
constante o produto n.M e portanto a potência mecânica. Diz-se, por isso, que o
motor série é auto - regulador de potência.
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Os dispositivos de arranque manuais utilizados nos motores de corrente
contínua são classificados de acordo com o número de ligações que apresentam
com o motor e a linha de alimentação. Com efeito, o número de ligações deste
dispositivo para o arranque de um motor-compound não será o mesmo que para um
motor-série, por exemplo.
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aumenta a f.c.e.m. do motor (E´=K n Φ) e portanto a corrente é menor:
I = (U – E´) / r.
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3.4 – ESTUDO DO MOTOR-SHUNT
A – Características do motor-shunt
Vejamos então, a partir das fórmulas estudadas, qual a evolução de cada uma
das curvas características deste motor.
Ora, por análise desta nova expressão, conclui que quando I aumenta, diminui
a velocidade, mas agora de uma forma linear (segundo uma recta) e com declive
pouco acentuado pois que a queda de tensão 𝛥U = rI tem um valor reduzido.
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Temos portanto para a “característica de velocidade” uma recta pouco
inclinada, tal como se sugere na figura 15.
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Figura 17 – Característica do binário do motor-shunt
Concluímos o seguinte:
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Como n varia linearmente com I e visto que M também varia linearmente com I,
então n varia linearmente com M. A característica mecânica n(M) é semelhantemente
a característica de velocidade n (I), pois M e I variam linearmente entre si e no mesmo
sentido.
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Figura 20 – Comparação das características mecânicas dos motores-shunt e série.
B – Arranque do motor-shunt
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3.5 – ESTUDO DO MOTOR-COMPOUND (EXCITAÇÃO COMPOSTA)
A – Classificação do motor-compound
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Bom, o fluxo Φ é composto por dois fluxos de sentidos contrários. Enquanto o
fluxo do indutor paralelo é constante, pois está submetido à tensão constante U, o
fluxo do indutor série vai aumentando com a corrente I, à medida que a carga vai
aumentando, mas em sentido contrário ao outro fluxo. Portanto, o fluxo Φ resultante
diminui com o aumento da corrente. Deste modo, o denominador da expressão
diminui também.
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Figura 23 – Motor- compound adicional.
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Exercícios
1. Um motor-derivação apresenta os seguintes dados:
Resistência do indutor – 110 Ω
Resistência do induzido – 0,2 Ω
Tensão de alimentação – U = 220 V
Perdas constantes (no ferro + mecânicas) – 700 W
Sabendo que o induzido é percorrido por 75 A, quando roda a uma velocidade
de 1500 r.p.m., calcule:
a) A f.c.e.m.
b) A potência absorvida
c) A potência útil
d) O rendimento total
e) O binário útil
Resolução
𝑈 220
b) i = = =2A Pa = U (I + i) = 220 × (75 + 2) = 16 940 W
𝑟𝑖 110
𝑃𝑢 14675
d) P = U (I + i) = 220 × 77 = 16 940 W ; ᶯ= = = 86,6%
𝑃𝑎 16940
𝑃𝑢 14675
f) Mu = = = 93,4 N.m
2𝜋𝑛 2𝜋 ×25
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Livro texto:
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