Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências da
Saúde/Departamento de Enfermagem
Palavras-chave: Lei Maria da Penha, violência contra a mulher, violência
doméstica e intrafamiliar.
Resumo:
Trata-se relato de experiência da participação no projeto de extensão
denominado “Entre João e Maria: conversando com a Lei Maria da Penha”. O Projeto é Integrante da incubadora de Direitos Sociais da Universidade Sem Fronteiras. Foi possível crescer pessoal e profissionalmente e perceber que os objetivos foram atingidos, pois inúmeras pessoas tiveram acesso ao conhecimento da Lei nº 11.340/06, denominada Lei Maria da Penha.
Introdução
Todos os dias os mais variados meios de comunicação descrevem situações
extremas de violência e ela se tornou um dos assuntos mais discutidos atualmente pois afeta a todos sem escolher classe social, raça, idade ou sexo e acontece em todos os locais, até mesmo no ambiente familiar que acredita ser o mais seguro, dentre outros. A principal vítima da situação de violência é a mulher que muitas vezes sofre calada (LIMA e CAMPOS, 2007). A Lei nº. 11.340/2006 demoninada Lei Maria da Penha entrou em vigor no Brasil em 2006 e tem como objetivo criar mecanismos para proteger as mulheres contra a violência doméstica e intrafamiliar. Essa lei recebeu o nome de Lei Maria da Penha em homenagem a uma mulher chamada Maria da Penha que lutou durante muitos anos para ver condenado seu agressor que atentou contra sua vida duas vezes e em 1983 a deixou paraplégica com um tiro, enquanto dormia. Ela conseguiu que a justiça fosse feita, somente depois de recorrer à justiça internacional e o Brasil ser punido pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos. Trabalhar em favor da referida Lei, foi uma experiência que se iniciou no ano de 2008 com a participação no projeto de extensão universitária intitulado “Entre João e Maria: conversando com a Lei Maria da Penha” com sede na Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO de Guarapuava. Ao ingressar no projeto pode-se perceber o bom acolhimento da coordenação, orientação e equipe executora. Foi possível
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26 a 30 de outubro de 2009 perceber que seus integrantes lutavam por uma causa em comum, a de defender a mulher contra todos os tipos de violência doméstica e intrafamiliar, através da divulgação da Lei Maria da Penha para a população de Guarapuava e Região.
Materiais e Métodos
Trata-se de relato de experiência na participação em 2008 e 2009 do Projeto
de Extensão universitária “Entre João e Maria: conversando com a Lei Maria da Penha” que se destina a divulgar, promover e efetivar a Lei nº. 11.340/2006 também conhecida como Lei Maria da Penha que coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher. As atividades do projeto iniciaram em outubro de 2007 e continua até outubro de 2009 quando o projeto finalizará suas ações.
Resultados e Discussão
A experiência na participação do projeto extensionista foi valiosa pela
oportunidade de somar esforços e dividir experiências com a equipe multiprofissional dos componentes do grupo. O aprendizado se concretizou também a partir de experiências com: relatos de mulheres que foram vítimas de violência doméstica e/ou familiar; palestras oferecidas pelo grupo nas escolas da região; panfletagens realizadas em diversos locais que envolveram o comércio, as rua, grandes eventos, em visitas realizadas em associações de bairros, nas reuniões do Conselho Municipal da Mulher e na plenária da Câmara de vereadores de Guarapuava. Este projeto foi desenvolvido na cidade de Guarapuava, Estado do Paraná e nas cidades vizinhas da região como: Prudentópolis; Turvo; Pinhão; Laranjeiras do Sul; Inácio Martins, Pitanga; Palmas, Irati e Prudentópolis. Todas as atividades realizadas dentro do grupo eram orientadas e supervisionadas pelo coordenador do projeto e seus orientadores, docentes dos Departamentos de Enfermagem, História, Educação Física e Letras da UNICENTRO de Guarapuava. Todas as ações realizadas pela equipe do projeto visando divulgar, promover e efetivar a Lei Maria da Penha. O grupo teve a oportunidade de esclarecer as dúvidas da população em relação ao tema violência contra a mulher. Acredita-se que a sociedade precisa ampliar seu conhecimento sobre seus deveres, para que assim possam cumpri-los, mas também é necessário informá-los sobre os seus direitos, para que quando lhe sejam negados, saibam que existe legislação específica para sua proteção. Também se acredita que a parcela da população que teve acesso à Lei nº 11.340 durante a execução do projeto de extensão, poderá multiplicar os saberes adquiridos. A mulher que vive na condição de violência, seja ela física, psicológica, moral, patrimonial ou sexual e pode perder sua dignidade, autonomia, auto-estima e muitas vezes a própria vida. Dentro desta perceptiva as ações do projeto extensionista sempre foram destinadas à população geral, não excluindo sexo, idade, raça, religião, nível
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26 a 30 de outubro de 2009 de instrução ou classe social, uma vez que a violência doméstica e familiar contra a mulher ocorre em todos os contextos. Abordar a população e esclarecer sobre o impacto causado pela violência, independentemente do sexo, idade, crença, nível cultural ou religião também é um meio de formar opinião, adotar novas condutas sem violência e reduzir os índices de criminalidade. De acordo com Taquette (2007) a violência acorre nas mais variadas formas no dia a dia da mulher, não respeitando classe social, grau de instrução, raça, religião ou faixa etária. Assim quando se amplia o conceito de violência, pode-se entender que abusos sexuais, destruição de documentos e ofensas morais possuem o mesmo significado de facadas, socos e empurrões. Esclarecer a população sobre as várias formas de percepção de violência também é uma forma de coibi-la.
Conclusões
A participação no projeto de extensão, contribuiu para o crescimento pessoal
e profissional. Permitiu encontrar um grupo de pessoas que acreditam em uma sociedade mais justa e com menos violência. A Lei Maria da Penha é uma vitória para todas as mulheres brasileiras, conseguida por uma Mulher que não se conformou em ser considerada um ser inferior ao homem, e buscou na justiça a igualdade. A partir do momento em que a lei foi sancionada sempre se fará necessário que a sociedade lute por sua efetivação e a execução do projeto foi uma das formas de tornar isso possível. Com a participação neste projeto construiu-se um saber sólido e amplo sobre a Lei Maria da Penha e todo seu contexto, que foi além da formação acadêmica contida na grade curricular. Tem-se certeza que esta experiência foi excepcionalmente importante, pois enquanto profissional de saúde atuante será possível expandir e disseminar esse conhecimento à outras pessoas, que terão a oportunidade de se tornar multiplicadores, promovendo educação permanente e auxiliando milhões de mulheres no mundo a construir novos conceitos e se libertar da violência.
Referências
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Cria mecanismos para
coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Brasília, DF, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para prática em serviço/ Secretaria de Políticas de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para prática em serviço / Secretaria de Políticas de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. CABRAL, M.A.A. Prevenção da violência conjugal contra a mulher. Rev. Ciênc. Saúde Coletiva. 1999, vol.4, n.1, pp. 183-191.
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26 a 30 de outubro de 2009 GARBIN, C.A.S.; GARBIN, A.J.I.; DOSSI, A.P.; DOSSI, M.O. Violência doméstica: análise das lesões em mulheres. Caderno de Rev. Saúde Pública. 2006, vol.22, n.12, pp. 2567-2573. LIMA, A.C; CAMPOS, M.C.P. Violência Contra a Mulher: uma leitura de “Rappaccini’s Daughter” e “The Birthmark”. Gláuks. v. 7 n. 2 (2007) 71-77. TAQUETE, S.R. Violência contra a mulher adolescente – jovem. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 2007.
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