CASOS PRÁTICOS - 2º Conjunto
CASOS PRÁTICOS - 2º Conjunto
CASOS PRÁTICOS - 2º Conjunto
1. Para que possa ter lugar a realização coactiva duma prestação devida (ou
do seu equivalente), há que satisfazer dois tipos de condição, dos quais
depende a exequibilidade do direito à prestação:
2. Título Executivo
a) Uma vez que o enunciado alude a «dois casos», não oferecendo nenhum indício
de que eles estejam relacionados, as soluções a recomendar à Opti-Fone devem
ser ajustadas em função das circunstâncias próprias de cada um.
Assim, e relativamente a Abel, recomendar-se-ia à Opti-Fone que recorresse ao
procedimento de injunção. Trata-se, com efeito, de uma «providência que tem
por fim conferir força executiva a requerimento destinado a exigir o cumprimento
das obrigações» pecuniárias, emergentes de contratos, de valor não superior a €
15.000, nos termos do artigo 7.º do Anexo ao Decreto-Lei n.º 269/98, de 1 de
Setembro. Caso o requerimento de injunção apresentado pela Opti-Fone junto do
Balcão Nacional de Injunções não viesse a merecer oposição da parte de Abel
(oposição essa que deveria ser apresentada por Abel no prazo de quinze dias),
ser-lhe-ia aposta fórmula executória, passando o referido requerimento a valer
como título executivo, nos termos e para os efeitos do artigo 703.º, n.º 1, al. d)
do Código do Processo Civil e do artigo 14.º do anexo ao Decreto-Lei supra
indicado. Deste modo, a Opti-Fone passaria a estar imediatamente habilitada a
recorrer à acção executiva para satisfação coerciva do seu crédito sobre Abel. Se,
pelo contrário, Abel se opusesse ao requerimento de injunção apresentado pela
Opti-Fone, haveria lugar à acção declarativa especial prevista igualmente no
Anexo ao Decreto-Lei n.º 269/98, nos termos dos seus artigos 16.º, 17.º e 1.º e
seguintes. A sentença que viesse a ser proferida nos autos desta acção especial
valeria igualmente como título executivo (desta feita, ao abrigo da alínea a) do
n.º 1 do artigo 703.º do CPC). Em qualquer caso, trata-se do meio mais célere ao
dispor da Opti-Fone para recuperar os montantes que lhe são devidos por Abel.
Quanto a Berta, a resposta não pode ser a mesma uma vez que o montante
devido por Berta à Opti-Fone ultrapassa o limiar previsto no Decreto-Lei n.º
269/98, ficando assim afastado quer o procedimento de injunção, quer a acção
declarativa especial. A Opti-Fone terá portanto de recorrer a uma acção
declarativa comum de condenação, com vista a obter uma sentença com base na
qual (e depois do respectivo trânsito em julgado, salvo no caso de ser interposto
recurso com efeito meramente devolutivo – art. 704.º do CPC) possa intentar
uma acção executiva para pagamento de quantia certa.
Caso Berta tivesse subscrito uma letra, a qual estivesse na posse da Opti-Fone
(fazendo desta parte legítima para a acção executiva, mais concretamente, como
exequente – art. 53.º), a resposta altera-se na medida em que a Opti-Fone deixa
de ter de recorrer a uma acção declarativa. A letra é um título de crédito e, como
tal, um título executivo, com base no qual a Opti-Fone pode de imediato dar
início a uma acção de execução para pagamento de quantia certa (artigos 703.º
e 10.º, n.º 5, ambos do CPC).
b) Na acção executiva que tenciona intentar contra Abel, a Opti-Fone não necessita
de advogado, uma vez que o valor da causa (€ 500) é inferior à alçada da 1.ª
instância (€ 5.000) – cf. artigo 58.º, n.º 1 e n.º 3, a contrario).
Na acção executiva a promover contra Berta, a constituição de advogado é
necessária e obrigatória se houver lugar a algum procedimento que siga os
termos do processo declarativo (artigo 58.º, n.º 1). Não havendo, a Opti-Fone
necessitará ainda assim de se fazer representar por advogado, advogado-
estagiário ou solicitador (artigo 58.º, n.º 3), uma vez que o valor desta acção
ultrapassa a alçada da 1.ª instância (ficando porém aquém da alçada da
Relação).
c) A acção executiva que a Opti-Fone pretende instaurar contra Abel deverá ser
proposta no Juízo de Execução do Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra.
Com efeito, e quanto à hierarquia, as acções executivas são necessariamente
propostas em tribunais de 1.ª instância, até mesmo quando o título executivo
corresponda a uma decisão de um tribunal superior (artigo 86.º do CPC). Uma
vez que esta causa não se insere na competência de nenhum tribunal de
competência territorial alargada, é competente o tribunal de comarca.
No que respeita à competência territorial, e sendo o título executivo um
requerimento de injunção ao qual foi aposta fórmula executória (i.e., um título
extrajudicial), a competência pertence ao tribunal do domicílio do executado, a
saber, Figueira da Foz, nos termos da 1.ª parte do n.º 1 do artigo 89.º. Note-se
que a Opti-Fone não teria a possibilidade (prevista na 2.ª parte do mesmo
preceito) de optar pelo tribunal do local do cumprimento da obrigação uma vez
que o executado (Abel) não é uma pessoa colectiva, e a Figueira da Foz não
pertence à Área Metropolitana de Lisboa.
No que respeita à matéria, as acções executivas devem ser propostas nos juízos
de execução, caso existam, os quais correspondem a juízos de competência
especializada integrados nos tribunais de comarca (artigos 81.º e 129.º da Lei de
Organização do Sistema Judiciário). Não existindo, em função do valor, esta
acção teria de ser proposta nos juízos locais cíveis (artigo 130.º da LOSJ).
Sucede, porém, que a comarca na qual Figueira da Foz se acha inserida – a
comarca de Coimbra – tem um juízo de execução, com competência territorial
sobre toda a comarca (i.e., também sobre Figueira da Foz), pelo que é lá que
deve ser proposta a acção.
Aceitou-se também a resposta dos alunos que assumiram que o título executivo
era judicial: nesse caso, a acção deveria ser proposta no tribunal que proferiu a
sentença a executar (artigo 85.º do CPC), devendo porém ser remetida por este
para os juízos de execução que se mostrem competentes.
CASO PRÁTICO 8
a. Para que possa ter lugar a realização coactiva duma prestação devida
(ou do seu equivalente), para lá dos pressupostos processuais gerais
das acções judiciais, há que satisfazer dois tipos de condição, dos
quais depende a exequibilidade do direito à prestação:
a) Em decisão arbitral ou judicial nos casos em que esta não deva ser
executada no próprio processo;
iii. Tendo em conta que o título executivo é uma escritura pública de mútuo e
que a obrigação exequenda ascende a € 62.500,00, acrescido dos respetivos
juros de mora, o caso concreto não poderia ser enquadrado na alínea c) (por
não ter sido constituída qualquer garantia), nem na alínea d) (por o valor
excede o o dobro da alçada do tribunal de 1.ª instância - € 10.000,00 (art.
44.º da LOSJ).
iii. Nesse sentido, no requerimento executivo (art. 724.º, n.º 1, j) CPC), além de
requerer a dispensa de citação prévia e alegar os referidos factos, o Banco
deveria oferecer de imediato os meios de prova de que dispusesse para
demonstrar a factualidade em causa. Este incidente seria tramitado como
urgente (artigo 727.º, n.º 1 e 2 CPC).
No entanto, Joaquim, apesar desta decisão não pagou, pelo que Manuel pretende
instaurar a competente ação executiva.
Trata-se de execução de sentença – título executivo nos termos do artigo 703.º, n.º
1, alínea a): o processo segue a forma sumária, a não ser que se trate de execução
que deva ser executada no próprio processo (artigo 550.º, n.º 2).
Pode ainda ser requerida a suspensão da venda nos termos do n.º 5 do artigo 733.º.