A Oração de Neemias

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A oração de Neemias: o primeiro passo na

reconstrução da proteção
INTRODUÇÂO
Neemias foi um judeu que viveu durante o desterro do povo de Israel
para a Babilônia. O relato preservado para nós no Antigo Testamento
mostra como ele foi usado por Deus para liderar um movimento de
reconstrução dos muros de Jerusalém. Ele revela que este homem
alinhava seu coração com a vontade de Deus e queria agradá-lo. Ao ser
confrontado com as notícias do seu povo, em sua terra natal, vivendo
em humilhação e desgraça, ele age. E o que ele faz serve como exemplo
para nós hoje. Mas tudo começa com a oração.
Leia Neemias 1.1-11 A.

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A – Caráter do líder
A realidade de Neemias, relativamente confortável na fortaleza de Susã, e a notícia sobre a
miséria e desprezo vivida por seus compatriotas em Jerusalém, causam um grande impacto em
Neemias. Sua reação revela alguns traços de caráter:

Quem? Neemias, uma comitiva de judeus liderada pelo irmão Hanani,


Rei Artaxerxes, rei do Império Persa
Quando? Anos 446 B.C – 4 meses antes do “ano novo”.
Onde? Susã, um palácio de inverno do Império Persa.
Qual era o problema? Os judeus que restaram em Jerusalém após o
exílio, viviam em miséria e desprezo.
Qual era a importância de um muro? Os muros das cidades antigas
ofereciam proteção e dignidade. Uma cidade sem muros de proteção
estava sujeita a invasões e saques sucessivos.
Qual era a situação daqueles que estavam sem
muro? Desprotegidos, humilhados, desprezados, vivendo em miséria
Qual era a situação de Neemias? Protegido numa grande fortaleza e
designado como oficial na corte do rei persa.

1. Se entristeceu profundamente porque foi capaz de ter


empatia por seus compatriotas.
Ele poderia facilmente ter se esquivado da situação apresentada. Como
um oficial importante atendendo ao rei, ele poderia ter raciocinado que
não podia misturar as coisas. Tinha responsabilidades com esta terra e
também com a sua família. Era inteligente, fiel e tinha conquistado
aquele lugar de prestígio no exílio.
2. Revelou que sua fé no Senhor Jeová não era intelectual
apenas, mas viva e operante.
Empatia e fé viva ocorrem juntas em muitos casos. Como um homem de
ação ele se volta para o Senhor, jejuando e orando. Como um servo do
Senhor, ele reconhece sua responsabilidade para com seus compatriotas
necessitados.
B. A oração do líder
Depois de quatro meses gastos em luto, oração e jejum, finalmente
Neemias se prepara para expor para o rei o seu problema. A oração
registrada em Ne 1.5-11 acontece no final destes quatro meses. A
oração revela as principais convicções teológicas deste líder. Sua
formação teológica é demonstrada por várias menções contidas no livro
de Deuteronômio.
1. A oração tem endereço certo
Neemias se dirige ao “Senhor, Deus dos céus, Deus grande e temível.”
Senhor, JEOVÁ, aplica-se somente ao Deus histórico, revelado a Abraão,
Isaque e Jacó. Mas, “Deus dos céus,” e “Deus grande e temível” era uma
saudação comum ao deus Marduque, considerado pelos babilônios como
o deus protetor da cidade da Babilônia. A próxima parte da saudação (Ne
1.5) lança fora qualquer dúvida sobre com quem Neemias deseja falar:
“que guardas a aliança e a misericórdia para com aqueles que te amam
e guardam os teus mandamentos!” (Ne 1.5, veja Deut 7.9). O Deus a
quem Neemias dirige a sua oração é fiel e compassivo. Ele se importa
com os que estão desprotegidos e fracos.
2. A oração tem confissão
“Faço confissão dos pecados dos filhos de Israel, os quais temos
cometido contra ti. Eu e a casa de meu pai pecamos” (Ne 1.6). Ele não
tenta se desculpar ou remeter a culpa às gerações passadas. Da queda
de Jerusalém até Neemias, existe um espaço de 142 anos. Ele poderia
ter pedido perdão pelos pecados de seus antepassados. Mas ele não
entra no jogo de distribuir culpa para outros. Ele leva a sério a palavra
de Deus registrada no Pentateuco e reconhece seu próprio fracasso em
obedecê-la. Ele reconhece que ofendeu a Deus pessoalmente.
3. A confissão tem coração
Neste momento ele poderia seguir um de dois caminhos: o legalista ou o
relacional. Numa relação legalista o ser humano tenta manipular a
situação, usando a esperteza e manobras para obter o favor da deidade.
Um jogo estratégico de astúcia, que envolve a mente mas não o
coração. No entanto, Neemias escolhe o caminho relacional. Ele
desejava servir ao Deus vivo, num relacionamento real, baseado em
amor e numa experiência profunda com Deus, o Todo-Poderoso que
transborda em graça e misericórdia. Ele se dirige a Deus como um servo
com o qual o Senhor já tem uma longa história: “Eles são teus servos e o
teu povo que resgataste com a tua grande força e com a tua forte mão”
(Ne 1.10).
A confissão revela duas coisas sobre o coração de Neemias. (1)
Humildade: ele se identifica com a situação de seus compatriotas, com o
seu pecado, com a sua culpa e com o seu sofrimento. Ele assume o
papel de um sacerdote para a comunidade tão distante intercedendo por
eles. E isto confirma quem ele é: servo do Senhor. Sua posição como um
oficial na corte do rei é só isto, uma posição, não a sua identidade.
Neemias se identifica com o povo escolhido, apesar da humilhação pela
qual este povo passa. E isto revela onde o seu coração está. (2)
Coragem: Neemias não agiu por impulso. Foram quatro meses de oração
e jejum. Ele não estava se colocando numa campanha superficial. Ele
conhecia os riscos para a sua relação com o rei. Poderia, inclusive,
perder a vida. Se mostrar triste na presença de um rei poderia ser visto
como um insulto. Era uma atitude arriscada. Além disto, ele estava
disposto a viajar até um lugar de destruição e miséria, longe da proteção
do palácio.
4. A oração tem um pedido prático baseado em uma promessa
Primeiro ele pede para Deus se lembrar das suas próprias palavras
fazendo referência a Deuteronômio. “E o Senhor vos espalhará entre
todos os povos, desde uma extremidade da terra até à outra; e ali
servireis a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais; ao
pau e à pedra” (Deut. 28.64 – Ne 1.8). Por outro lado, ele se apressa a
reiterar a promessa de reconciliação citando novamente o que está
registrado em Deuteronômio: “Mas, se vocês se converterem a mim e
guardarem os meus mandamentos, e os cumprirem, então, ainda que os
seus desterrados estejam nos lugares mais distantes da terra, de lá os
ajuntarei e os trarei para o lugar que escolhi para fazer habitar o meu
nome.” (Deut. 30.1-5, 12-6 – Ne 1.9).
O pedido prático de Neemias é: faça cumprir a sua palavra. Seja fiel à
sua promessa nesta situação, hoje. Ele não estava tentando manipular a
palavra de Deus para o seu próprio proveito. Ele estava orando e
depositando toda a sua confiança naquelas promessas. Ele estava
dizendo, “Senhor, eu sei que o seu caráter não mudou. Faz com que a
sua promessa se cumpra agora, nesta situação”.
Em outras palavras ele estava dizendo algo assim: “Nós quebramos a
nossa aliança com o Senhor. Nós o abandonamos em troca de outros
deuses que nos pareciam mais agradáveis. Longe do Senhor nós
perdemos o rumo e acabamos espalhados, em miséria e humilhação.
Mas o nosso relacionamento com o Senhor vai além, é mais profundo.
Nos arrependemos e confessamos o nosso pecado confiando no fato de
que o Senhor é um Deus de misericórdia. Queremos voltar ao Senhor.
Queremos servir ao Senhor novamente. E o problema lá em Jerusalém
não será solucionado se o Senhor não nos receber de volta como povo
teu”. E ele termina “Estes ainda são teus servos e o teu povo que
resgataste com o teu grande poder e com a tua mão poderosa. (…) Faze
com que o teu servo seja bem-sucedido hoje e encontre misericórdia
diante desse homem” (Ne 1.10,11).
5. A oração integra a fé em Deus (em sua mão poderosa) e a
responsabilidade pessoal.
Neemias entrega seu pedido nas mãos de Deus, e, ao mesmo tempo,
coloca suas mãos à serviço da missão. A mão poderosa de Deus
simboliza o poder de Deus para realizar a sua vontade. Neemias confia
na palavra de Deus segundo a qual o seu desejo é o relacionamento
restaurado. Na oração de Neemias, ele liga este desejo de um povo
restaurado a um pedido pessoal que estará a serviço desta restauração.
Neemias vai precisar da intervenção de Deus para obter o sucesso em
sua missão. Diante da mão poderosa de Deus, o rei Artaxerxes é apenas
“esse homem”.

PARE E REFLITA:
-> Neemias, um homem de ação, gasta quatro meses em oração e
jejum. Você considera que este tempo gasto em oração pode ser
considerado como uma etapa ativa na história? Ou você tem a tendência
de pensar que a oração pode ser feita no caminho para não se perder
tempo?
-> Quando um problema reflete a condição espiritual do povo de Deus
como um todo, você sente a tentação de nutrir uma vida de oração
individualizada, afastando-se dos pecados das nossas comunidades de fé
como se eles não tivessem nada a ver com você, individualmente?
-> Com que frequência você se pega orando de forma legalista,
tentando manipular palavras ou dizer as coisas certas para obter o favor
de Deus?
-> Quando olhamos para a situação das pessoas em agrupamentos
subnormais (favelas) no Brasil, que em sua maioria é constituída por
crianças e adolescentes, podemos dizer que elas vivem em condições
semelhantes aos compatriotas de Neemias. O que você acha que é o
desejo de Deus, expresso em
Palavra, para estas pessoas? O que Deus deseja de nós, enquanto
comunidades de fé, já que professamos conhecer a sua Palavra? Como
você acha que deveríamos adaptar a oração de Neemias para o nosso
contexto? Por quanto tempo deveríamos orar?

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