Vade Mecum - Fevereiro 2024
Vade Mecum - Fevereiro 2024
Vade Mecum - Fevereiro 2024
Brasília – DF
Mesa Diretora do Senado Federal
Biênio 2023–2024
Senador Weverton
SEGUNDO-SECRETÁRIO
SUPLENTES DE SECRETÁRIO
1ª suplente: Senadora Mara Gabrilli
2ª suplente: Senadora Ivete da Silveira
3o suplente: Senador Dr. Hiran
4º suplente: Senador Mecias de Jesus
Ilana Trombka
DIRETORA-GERAL
CÓDIGO PENAL........................................................................................399
9 Preâmbulo
9 TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
9 TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
9 CAPÍTULO I – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
12 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS SOCIAIS
13 CAPÍTULO III – DA NACIONALIDADE
14 CAPÍTULO IV – DOS DIREITOS POLÍTICOS
15 CAPÍTULO V – DOS PARTIDOS POLÍTICOS
16 TÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
16 CAPÍTULO I – DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
16 CAPÍTULO II – DA UNIÃO
18 CAPÍTULO III – DOS ESTADOS FEDERADOS
19 CAPÍTULO IV – DOS MUNICÍPIOS
21 CAPÍTULO V – DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
21 Seção I – Do Distrito Federal
21 Seção II – Dos Territórios
21 CAPÍTULO VI – DA INTERVENÇÃO
22 CAPÍTULO VII – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
22 Seção I – Disposições Gerais
24 Seção II – Dos Servidores Públicos
27 Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
27 Seção IV – Das Regiões
27 TÍTULO IV – DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
27 CAPÍTULO I – DO PODER LEGISLATIVO
27 Seção I – Do Congresso Nacional
28 Seção II – Das Atribuições do Congresso Nacional
29 Seção III – Da Câmara dos Deputados
29 Seção IV – Do Senado Federal
29 Seção V – Dos Deputados e dos Senadores
30 Seção VI – Das Reuniões
31 Seção VII – Das Comissões
31 Seção VIII – Do Processo Legislativo
31 Subseção I – Disposição Geral
31 Subseção II – Da Emenda à Constituição
32 Subseção III – Das Leis
33 Seção IX – Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária
35 CAPÍTULO II – DO PODER EXECUTIVO
35 Seção I – Do Presidente e do Vice-Presidente da República
36 Seção II – Das Atribuições do Presidente da República
36 Seção III – Da Responsabilidade do Presidente da República
37 Seção IV – Dos Ministros de Estado
37 Seção V – Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional
37 Subseção I – Do Conselho da República
37 Subseção II – Do Conselho de Defesa Nacional
38 CAPÍTULO III – DO PODER JUDICIÁRIO
38 Seção I – Disposições Gerais
42 Seção II – Do Supremo Tribunal Federal
44 Seção III – Do Superior Tribunal de Justiça
45 Seção IV – Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais
46 Seção V – Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos
Juízes do Trabalho
47 Seção VI – Dos Tribunais e Juízes Eleitorais
48 Seção VII – Dos Tribunais e Juízes Militares
48 Seção VIII – Dos Tribunais e Juízes dos Estados
49 CAPÍTULO IV – DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
49 Seção I – Do Ministério Público
51 Seção II – Da Advocacia Pública
51 Seção III – Da Advocacia
51 Seção IV – Da Defensoria Pública
51 TÍTULO V – DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
51 CAPÍTULO I – DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
51 Seção I – Do Estado de Defesa
52 Seção II – Do Estado de Sítio
52 Seção III – Disposições Gerais
52 CAPÍTULO II – DAS FORÇAS ARMADAS
53 CAPÍTULO III – DA SEGURANÇA PÚBLICA
54 TÍTULO VI – DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
54 CAPÍTULO I – DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
54 Seção I – Dos Princípios Gerais
56 Seção II – Das Limitações do Poder de Tributar
57 Seção III – Dos Impostos da União
57 Seção IV – Dos Impostos dos Estados e do Distrito Federal
59 Seção V – Dos Impostos dos Municípios
60 Seção V-A – Do Imposto de Competência Compartilhada entre Estados, Distrito Federal e
Municípios
62 Seção VI – Da Repartição das Receitas Tributárias
64 CAPÍTULO II – DAS FINANÇAS PÚBLICAS
64 Seção I – Normas Gerais
65 Seção II – Dos Orçamentos
71 TÍTULO VII – DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA
71 CAPÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
72 CAPÍTULO II – DA POLÍTICA URBANA
73 CAPÍTULO III – DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA
74 CAPÍTULO IV – DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
74 TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL
74 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO GERAL
74 CAPÍTULO II – DA SEGURIDADE SOCIAL
74 Seção I – Disposições Gerais
75 Seção II – Da Saúde
77 Seção III – Da Previdência Social
78 Seção IV – Da Assistência Social
79 CAPÍTULO III – DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
79 Seção I – Da Educação
82 Seção II – Da Cultura
83 Seção III – Do Desporto
83 CAPÍTULO IV – DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
84 CAPÍTULO V – DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
84 CAPÍTULO VI – DO MEIO AMBIENTE
85 CAPÍTULO VII – DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E DO IDOSO
86 CAPÍTULO VIII – DOS ÍNDIOS
87 TÍTULO IX – DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS
91 Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Constituição da República
Federativa do Brasil
Preâmbulo fundamentais da República Fe- TÍTULO II – DOS
Nós, representantes do povo derativa do Brasil: DIREITOS E GARANTIAS
brasileiro, reunidos em Assem- I – construir uma sociedade FUNDAMENTAIS
bleia Nacional Constituinte para livre, justa e solidária;
instituir um Estado democrático, II – garantir o desenvolvimen- CAPÍTULO I – DOS
destinado a assegurar o exercí- to nacional; DIREITOS E DEVERES
cio dos direitos sociais e indivi- III – erradicar a pobreza e a INDIVIDUAIS E COLETIVOS
duais, a liberdade, a segurança, o marginalização e reduzir as de-
bem-estar, o desenvolvimento, a sigualdades sociais e regionais; Art. 5o Todos são iguais perante
igualdade e a justiça como valo- IV – promover o bem de to- a lei, sem distinção de qualquer
res supremos de uma sociedade dos, sem preconceitos de origem, natureza, garantindo-se aos bra-
fraterna, pluralista e sem pre- raça, sexo, cor, idade e quaisquer sileiros e aos estrangeiros resi-
conceitos, fundada na harmonia outras formas de discriminação. dentes no País a inviolabilidade
social e comprometida, na ordem do direito à vida, à liberdade, à
interna e internacional, com a so- Art. 4o A República Federativa igualdade, à segurança e à pro-
lução pacífica das controvérsias, do Brasil rege-se nas suas rela- priedade, nos termos seguintes:
promulgamos, sob a proteção de ções internacionais pelos seguin- I – homens e mulheres são
Deus, a seguinte Constituição da tes princípios: iguais em direitos e obrigações,
República Federativa do Brasil. I – independência nacional; nos termos desta Constituição;
II – prevalência dos direitos II – ninguém será obrigado a
humanos; fazer ou deixar de fazer alguma
TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS III – autodeterminação dos coisa senão em virtude de lei;
FUNDAMENTAIS povos; III – ninguém será submetido
IV – não intervenção; a tortura nem a tratamento de-
Art. 1o A República Federativa do V – igualdade entre os Es- sumano ou degradante;
Brasil, formada pela união indis- tados; IV – é livre a manifestação
solúvel dos Estados e Municípios VI – defesa da paz; do pensamento, sendo vedado o
e do Distrito Federal, constitui-se VII – solução pacífica dos anonimato;
em Estado Democrático de Direito conflitos; V – é assegurado o direito de
e tem como fundamentos: VIII – repúdio ao terrorismo resposta, proporcional ao agravo,
I – a soberania; e ao racismo; além da indenização por dano ma-
II – a cidadania; IX – cooperação entre os po- terial, moral ou à imagem;
III – a dignidade da pessoa vos para o progresso da huma- VI – é inviolável a liberdade de
humana; nidade; consciência e de crença, sendo
IV – os valores sociais do tra- X – concessão de asilo po- assegurado o livre exercício dos
balho e da livre iniciativa; lítico. cultos religiosos e garantida, na
V – o pluralismo político. Parágrafo único. A República forma da lei, a proteção aos locais
Parágrafo único. Todo o po- Federativa do Brasil buscará a de culto e a suas liturgias;
der emana do povo, que o exerce integração econômica, política, VII – é assegurada, nos ter-
por meio de representantes elei- social e cultural dos povos da mos da lei, a prestação de as-
tos ou diretamente, nos termos América Latina, visando à for- sistência religiosa nas entidades
desta Constituição. mação de uma comunidade lati- civis e militares de internação
no-americana de nações. coletiva;
Art. 2o São Poderes da União, VIII – ninguém será privado
independentes e harmônicos en- de direitos por motivo de crença
tre si, o Legislativo, o Executivo religiosa ou de convicção filosófi-
e o Judiciário. ca ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal
Art. 3o Constituem objetivos a todos imposta e recusar-se a
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Constituição da República Federativa do Brasil
cumprir prestação alternativa, ferência estatal em seu funcio- ciativas;
fixada em lei; namento; XXIX – a lei assegurará aos
IX – é livre a expressão da XIX – as associações só po- autores de inventos industriais
atividade intelectual, artística, derão ser compulsoriamente dis- privilégio temporário para sua
científica e de comunicação, in- solvidas ou ter suas atividades utilização, bem como proteção
dependentemente de censura suspensas por decisão judicial, às criações industriais, à pro-
ou licença; exigindo-se, no primeiro caso, o priedade das marcas, aos nomes
X – são invioláveis a intimi- trânsito em julgado; de empresas e a outros signos
dade, a vida privada, a honra e a XX – ninguém poderá ser distintivos, tendo em vista o inte-
imagem das pessoas, assegurado compelido a associar-se ou a resse social e o desenvolvimento
o direito a indenização pelo dano permanecer associado; tecnológico e econômico do País;
material ou moral decorrente de XXI – as entidades associati- XXX – é garantido o direito
sua violação; vas, quando expressamente au- de herança;
XI – a casa é asilo inviolável torizadas, têm legitimidade para XXXI – a sucessão de bens de
do indivíduo, ninguém nela poden- representar seus filiados judicial estrangeiros situados no País será
do penetrar sem consentimento ou extrajudicialmente; regulada pela lei brasileira em be-
do morador, salvo em caso de XXII – é garantido o direito de nefício do cônjuge ou dos filhos
flagrante delito ou desastre, ou propriedade; brasileiros, sempre que não lhes
para prestar socorro, ou, durante XXIII – a propriedade atenderá seja mais favorável a lei pessoal
o dia, por determinação judicial; a sua função social; do de cujus;
XII – é inviolável o sigilo da XXIV – a lei estabelecerá o XXXII – o Estado promove-
correspondência e das comuni- procedimento para desapropria- rá, na forma da lei, a defesa do
cações telegráficas, de dados e ção por necessidade ou utilidade consumidor;
das comunicações telefônicas, pública, ou por interesse social, XXXIII – todos têm direito a
salvo, no último caso, por ordem mediante justa e prévia indeni- receber dos órgãos públicos in-
judicial, nas hipóteses e na forma zação em dinheiro, ressalvados formações de seu interesse par-
que a lei estabelecer para fins de os casos previstos nesta Cons- ticular, ou de interesse coletivo
investigação criminal ou instru- tituição; ou geral, que serão prestadas no
ção processual penal; XXV – no caso de iminente prazo da lei, sob pena de respon-
XIII – é livre o exercício de perigo público, a autoridade com- sabilidade, ressalvadas aquelas
qualquer trabalho, ofício ou pro- petente poderá usar de proprie- cujo sigilo seja imprescindível
fissão, atendidas as qualifica- dade particular, assegurada ao à segurança da sociedade e do
ções profissionais que a lei es- proprietário indenização ulterior, Estado;
tabelecer; se houver dano; XXXIV – são a todos assegu-
XIV – é assegurado a todos o XXVI – a pequena propriedade rados, independentemente do
acesso à informação e resguar- rural, assim definida em lei, desde pagamento de taxas:
dado o sigilo da fonte, quando ne- que trabalhada pela família, não a) o direito de petição aos
cessário ao exercício profissional; será objeto de penhora para paga- Poderes Públicos em defesa de
XV – é livre a locomoção no mento de débitos decorrentes de direitos ou contra ilegalidade ou
território nacional em tempo de sua atividade produtiva, dispondo abuso de poder;
paz, podendo qualquer pessoa, a lei sobre os meios de financiar b) a obtenção de certidões
nos termos da lei, nele entrar, o seu desenvolvimento; em repartições públicas, para de-
permanecer ou dele sair com XXVII – aos autores pertence fesa de direitos e esclarecimento
seus bens; o direito exclusivo de utilização, de situações de interesse pessoal;
XVI – todos podem reunir-se publicação ou reprodução de suas XXXV – a lei não excluirá da
pacificamente, sem armas, em obras, transmissível aos herdeiros apreciação do Poder Judiciário
locais abertos ao público, inde- pelo tempo que a lei fixar; lesão ou ameaça a direito;
pendentemente de autorização, XXVIII – são assegurados, nos XXXVI – a lei não prejudicará
desde que não frustrem outra termos da lei: o direito adquirido, o ato jurídico
reunião anteriormente convocada a) a proteção às participa- perfeito e a coisa julgada;
para o mesmo local, sendo apenas ções individuais em obras cole- XXXVII – não haverá juízo ou
exigido prévio aviso à autoridade tivas e à reprodução da imagem tribunal de exceção;
competente; e voz humanas, inclusive nas ati- XXXVIII – é reconhecida a ins-
XVII – é plena a liberdade de vidades desportivas; tituição do júri, com a organização
associação para fins lícitos, ve- b) o direito de fiscalização que lhe der a lei, assegurados:
dada a de caráter paramilitar; do aproveitamento econômico a) a plenitude de defesa;
XVIII – a criação de associa- das obras que criarem ou de que b) o sigilo das votações;
ções e, na forma da lei, a de co- participarem aos criadores, aos c) a soberania dos veredic-
operativas independem de au- intérpretes e às respectivas re- tos;
torização, sendo vedada a inter- presentações sindicais e asso- d) a competência para o jul-
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Constituição da República Federativa do Brasil
gamento dos crimes dolosos con- XLIX – é assegurado aos pre- família do preso ou à pessoa por
tra a vida; sos o respeito à integridade física ele indicada;
XXXIX – não há crime sem lei e moral; LXIII – o preso será informado
anterior que o defina, nem pena L – às presidiárias serão as- de seus direitos, entre os quais
sem prévia cominação legal; seguradas condições para que o de permanecer calado, sendo-
XL – a lei penal não retroagirá, possam permanecer com seus -lhe assegurada a assistência da
salvo para beneficiar o réu; filhos durante o período de ama- família e de advogado;
XLI – a lei punirá qualquer mentação; LXIV – o preso tem direito à
discriminação atentatória dos di- LI – nenhum brasileiro será identificação dos responsáveis
reitos e liberdades fundamentais; extraditado, salvo o naturalizado, por sua prisão ou por seu inter-
XLII – a prática do racismo em caso de crime comum, prati- rogatório policial;
constitui crime inafiançável e cado antes da naturalização, ou LXV – a prisão ilegal será ime-
imprescritível, sujeito à pena de de comprovado envolvimento em diatamente relaxada pela autori-
reclusão, nos termos da lei; tráfico ilícito de entorpecentes dade judiciária;
XLIII – a lei considerará cri- e drogas afins, na forma da lei; LXVI – ninguém será levado à
mes inafiançáveis e insuscetíveis LII – não será concedida ex- prisão ou nela mantido, quando a
de graça ou anistia a prática da tradição de estrangeiro por crime lei admitir a liberdade provisória,
tortura, o tráfico ilícito de entor- político ou de opinião; com ou sem fiança;
pecentes e drogas afins, o terro- LIII – ninguém será processa- LXVII – não haverá prisão civil
rismo e os definidos como crimes do nem sentenciado senão pela por dívida, salvo a do responsável
hediondos, por eles responden- autoridade competente; pelo inadimplemento voluntário
do os mandantes, os executores LIV – ninguém será privado da e inescusável de obrigação ali-
e os que, podendo evitá-los, se liberdade ou de seus bens sem o mentícia e a do depositário infiel;
omitirem; devido processo legal; LXVIII – conceder-se-á
XLIV – constitui crime inafian- LV – aos litigantes, em pro- habeas corpus sempre que al-
çável e imprescritível a ação de cesso judicial ou administrativo, guém sofrer ou se achar ameaça-
grupos armados, civis ou milita- e aos acusados em geral são as- do de sofrer violência ou coação
res, contra a ordem constitucional segurados o contraditório e ampla em sua liberdade de locomoção,
e o Estado Democrático; defesa, com os meios e recursos por ilegalidade ou abuso de poder;
XLV – nenhuma pena passará a ela inerentes; LXIX – conceder-se-á man-
da pessoa do condenado, poden- LVI – são inadmissíveis, no dado de segurança para proteger
do a obrigação de reparar o dano processo, as provas obtidas por direito líquido e certo, não ampa-
e a decretação do perdimento de meios ilícitos; rado por habeas corpus ou habeas
bens ser, nos termos da lei, es- LVII – ninguém será consi- data, quando o responsável pela
tendidas aos sucessores e contra derado culpado até o trânsito ilegalidade ou abuso de poder
eles executadas, até o limite do em julgado de sentença penal for autoridade pública ou agente
valor do patrimônio transferido; condenatória; de pessoa jurídica no exercício
XLVI – a lei regulará a indi- LVIII – o civilmente identifica- de atribuições do Poder Público;
vidualização da pena e adotará, do não será submetido a identi- LXX – o mandado de segu-
entre outras, as seguintes: ficação criminal, salvo nas hipó- rança coletivo pode ser impe-
a) privação ou restrição da teses previstas em lei; trado por:
liberdade; LIX – será admitida ação pri- a) partido político com repre-
b) perda de bens; vada nos crimes de ação públi- sentação no Congresso Nacional;
c) multa; ca, se esta não for intentada no b) organização sindical, en-
d) prestação social alter- prazo legal; tidade de classe ou associação
nativa; LX – a lei só poderá restringir legalmente constituída e em fun-
e) suspensão ou interdição a publicidade dos atos processu- cionamento há pelo menos um
de direitos; ais quando a defesa da intimidade ano, em defesa dos interesses
XLVII – não haverá penas: ou o interesse social o exigirem; de seus membros ou associados;
a) de morte, salvo em caso LXI – ninguém será preso se- LXXI – conceder-se-á manda-
de guerra declarada, nos termos não em flagrante delito ou por or- do de injunção sempre que a falta
do art. 84, XIX; dem escrita e fundamentada de de norma regulamentadora tor-
b) de caráter perpétuo; autoridade judiciária competente, ne inviável o exercício dos direi-
c) de trabalhos forçados; salvo nos casos de transgressão tos e liberdades constitucionais
d) de banimento; militar ou crime propriamente e das prerrogativas inerentes à
e) cruéis; militar, definidos em lei; nacionalidade, à soberania e à
XLVIII – a pena será cumprida LXII – a prisão de qualquer cidadania;
em estabelecimentos distintos, pessoa e o local onde se encon- LXXII – conceder-se-á habeas
de acordo com a natureza do de- tre serão comunicados imedia- data:
lito, a idade e o sexo do apenado; tamente ao juiz competente e à a) para assegurar o conheci-
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Constituição da República Federativa do Brasil
mento de informações relativas à ções internacionais sobre direitos V – piso salarial proporcional
pessoa do impetrante, constantes humanos que forem aprovados, à extensão e à complexidade do
de registros ou bancos de dados em cada Casa do Congresso Na- trabalho;
de entidades governamentais ou cional, em dois turnos, por três VI – irredutibilidade do salário,
de caráter público; quintos dos votos dos respectivos salvo o disposto em convenção ou
b) para a retificação de da- membros, serão equivalentes às acordo coletivo;
dos, quando não se prefira fazê-lo emendas constitucionais. VII – garantia de salário, nun-
por processo sigiloso, judicial ou § 4o O Brasil se submete à ca inferior ao mínimo, para os que
administrativo; jurisdição de Tribunal Penal In- percebem remuneração variável;
LXXIII – qualquer cidadão é ternacional a cuja criação tenha VIII – décimo terceiro salário
parte legítima para propor ação manifestado adesão. com base na remuneração inte-
popular que vise a anular ato le- gral ou no valor da aposentadoria;
sivo ao patrimônio público ou de IX – remuneração do traba-
entidade de que o Estado partici- CAPÍTULO II – DOS lho noturno superior à do diurno;
pe, à moralidade administrativa, DIREITOS SOCIAIS X – proteção do salário na
ao meio ambiente e ao patrimô- forma da lei, constituindo crime
nio histórico e cultural, ficando o Art. 6o São direitos sociais a sua retenção dolosa;
autor, salvo comprovada má-fé, educação, a saúde, a alimen- XI – participação nos lucros,
isento de custas judiciais e do tação, o trabalho, a moradia, o ou resultados, desvinculada da
ônus da sucumbência; transporte, o lazer, a segurança, remuneração, e, excepcionalmen-
LXXIV – o Estado prestará a previdência social, a proteção te, participação na gestão da em-
assistência jurídica integral e à maternidade e à infância, a as- presa, conforme definido em lei;
gratuita aos que comprovarem sistência aos desamparados, na XII – salário-família pago em
insuficiência de recursos; forma desta Constituição. razão do dependente do traba-
LXXV – o Estado indenizará o Parágrafo único. Todo bra- lhador de baixa renda nos ter-
condenado por erro judiciário, as- sileiro em situação de vulnera- mos da lei;
sim como o que ficar preso além bilidade social terá direito a uma XIII – duração do trabalho
do tempo fixado na sentença; renda básica familiar, garantida normal não superior a oito ho-
LXXVI – são gratuitos para pelo poder público em programa ras diárias e quarenta e quatro
os reconhecidamente pobres, permanente de transferência de semanais, facultada a compen-
na forma da lei: renda, cujas normas e requisitos sação de horários e a redução
a) o registro civil de nasci- de acesso serão determinados em da jornada, mediante acordo ou
mento; lei, observada a legislação fiscal convenção coletiva de trabalho;
b) a certidão de óbito; e orçamentária. XIV – jornada de seis horas
LXXVII – são gratuitas as para o trabalho realizado em tur-
ações de habeas corpus e habeas Art. 7o São direitos dos traba- nos ininterruptos de revezamen-
data, e, na forma da lei, os atos lhadores urbanos e rurais, além to, salvo negociação coletiva;
necessários ao exercício da ci- de outros que visem à melhoria XV – repouso semanal remu-
dadania; de sua condição social: nerado, preferencialmente aos
LXXVIII – a todos, no âmbi- I – relação de emprego prote- domingos;
to judicial e administrativo, são gida contra despedida arbitrária XVI – remuneração do ser-
assegurados a razoável duração ou sem justa causa, nos termos viço extraordinário superior, no
do processo e os meios que ga- de lei complementar, que preverá mínimo, em cinquenta por cento
rantam a celeridade de sua tra- indenização compensatória, den- à do normal;
mitação; tre outros direitos; XVII – gozo de férias anuais
LXXIX – é assegurado, nos II – seguro-desemprego, em remuneradas com, pelo menos,
termos da lei, o direito à proteção caso de desemprego involuntário; um terço a mais do que o salário
dos dados pessoais, inclusive nos III – fundo de garantia do tem- normal;
meios digitais. po de serviço; XVIII – licença à gestante,
§ 1o As normas definidoras IV – salário mínimo, fixado em sem prejuízo do emprego e do
dos direitos e garantias funda- lei, nacionalmente unificado, ca- salário, com a duração de cento
mentais têm aplicação imediata. paz de atender a suas necessida- e vinte dias;
§ 2o Os direitos e garantias des vitais básicas e às de sua fa- XIX – licença-paternidade,
expressos nesta Constituição não mília com moradia, alimentação, nos termos fixados em lei;
excluem outros decorrentes do educação, saúde, lazer, vestuário, XX – proteção do mercado
regime e dos princípios por ela higiene, transporte e previdência de trabalho da mulher, median-
adotados, ou dos tratados inter- social, com reajustes periódicos te incentivos específicos, nos
nacionais em que a República que lhe preservem o poder aquisi- termos da lei;
Federativa do Brasil seja parte. tivo, sendo vedada sua vinculação XXI – aviso prévio proporcio-
§ 3o Os tratados e conven- para qualquer fim; nal ao tempo de serviço, sendo
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Constituição da República Federativa do Brasil
no mínimo de trinta dias, nos ter- previstos nos incisos IV, VI, VII, plente, até um ano após o final do
mos da lei; VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, mandato, salvo se cometer falta
XXII – redução dos riscos ine- XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e grave nos termos da lei.
rentes ao trabalho, por meio de XXXIII e, atendidas as condições Parágrafo único. As dispo-
normas de saúde, higiene e se- estabelecidas em lei e observada sições deste artigo aplicam-se
gurança; a simplificação do cumprimento à organização de sindicatos ru-
XXIII – adicional de remune- das obrigações tributárias, prin- rais e de colônias de pescadores,
ração para as atividades peno- cipais e acessórias, decorrentes atendidas as condições que a lei
sas, insalubres ou perigosas, na da relação de trabalho e suas estabelecer.
forma da lei; peculiaridades, os previstos nos
XXIV – aposentadoria; incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XX- Art. 9o É assegurado o direito
XXV – assistência gratuita VIII, bem como a sua integração de greve, competindo aos tra-
aos filhos e dependentes desde o à previdência social. balhadores decidir sobre a opor-
nascimento até 5 (cinco) anos de tunidade de exercê-lo e sobre os
idade em creches e pré-escolas; Art. 8o É livre a associação pro- interesses que devam por meio
XXVI – reconhecimento das fissional ou sindical, observado o dele defender.
convenções e acordos coletivos seguinte: § 1o A lei definirá os serviços
de trabalho; I – a lei não poderá exigir au- ou atividades essenciais e disporá
XXVII – proteção em face da torização do Estado para a fun- sobre o atendimento das necessi-
automação, na forma da lei; dação de sindicato, ressalvado dades inadiáveis da comunidade.
XXVIII – seguro contra aci- o registro no órgão competente, § 2o Os abusos cometidos
dentes de trabalho, a cargo do vedadas ao Poder Público a in- sujeitam os responsáveis às pe-
empregador, sem excluir a inde- terferência e a intervenção na nas da lei.
nização a que este está obrigado, organização sindical;
quando incorrer em dolo ou culpa; II – é vedada a criação de mais Art. 10. É assegurada a partici-
XXIX – ação, quanto aos cré- de uma organização sindical, em pação dos trabalhadores e em-
ditos resultantes das relações de qualquer grau, representativa de pregadores nos colegiados dos
trabalho, com prazo prescricional categoria profissional ou econô- órgãos públicos em que seus inte-
de cinco anos para os trabalhado- mica, na mesma base territorial, resses profissionais ou previden-
res urbanos e rurais, até o limite que será definida pelos trabalha- ciários sejam objeto de discussão
de dois anos após a extinção do dores ou empregadores interes- e deliberação.
contrato de trabalho; sados, não podendo ser inferior
a) (Revogada); à área de um Município; Art. 11. Nas empresas de mais
b) (Revogada); III – ao sindicato cabe a defe- de duzentos empregados, é as-
XXX – proibição de diferença sa dos direitos e interesses cole- segurada a eleição de um repre-
de salários, de exercício de fun- tivos ou individuais da categoria, sentante destes com a finalida-
ções e de critério de admissão inclusive em questões judiciais ou de exclusiva de promover-lhes
por motivo de sexo, idade, cor administrativas; o entendimento direto com os
ou estado civil; IV – a assembleia geral fixará empregadores.
XXXI – proibição de qualquer a contribuição que, em se tra-
discriminação no tocante a salário tando de categoria profissional,
e critérios de admissão do traba- será descontada em folha, para CAPÍTULO III – DA
lhador portador de deficiência; custeio do sistema confedera- NACIONALIDADE
XXXII – proibição de distinção tivo da representação sindical
entre trabalho manual, técnico e respectiva, independentemente Art. 12. São brasileiros:
intelectual ou entre os profissio- da contribuição prevista em lei; I – natos:
nais respectivos; V – ninguém será obrigado a a) os nascidos na República
XXXIII – proibição de trabalho filiar-se ou a manter-se filiado a Federativa do Brasil, ainda que
noturno, perigoso ou insalubre a sindicato; de pais estrangeiros, desde que
menores de dezoito e de qualquer VI – é obrigatória a participa- estes não estejam a serviço de
trabalho a menores de dezesseis ção dos sindicatos nas negocia- seu país;
anos, salvo na condição de apren- ções coletivas de trabalho; b) os nascidos no estran-
diz, a partir de quatorze anos; VII – o aposentado filiado tem geiro, de pai brasileiro ou mãe
XXXIV – igualdade de direitos direito a votar e ser votado nas brasileira, desde que qualquer
entre o trabalhador com vínculo organizações sindicais; deles esteja a serviço da Repú-
empregatício permanente e o VIII – é vedada a dispensa do blica Federativa do Brasil;
trabalhador avulso. empregado sindicalizado a partir c) os nascidos no estrangeiro
Parágrafo único. São asse- do registro da candidatura a car- de pai brasileiro ou de mãe bra-
gurados à categoria dos traba- go de direção ou representação sileira, desde que sejam regis-
lhadores domésticos os direitos sindical e, se eleito, ainda que su- trados em repartição brasileira
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Constituição da República Federativa do Brasil
competente ou venham a residir a) (Revogada); dor e Vice-Governador de Estado
na República Federativa do Bra- b) (Revogada). e do Distrito Federal;
sil e optem, em qualquer tempo, § 5o A renúncia da naciona- c) vinte e um anos para De-
depois de atingida a maioridade, lidade, nos termos do inciso II putado Federal, Deputado Esta-
pela nacionalidade brasileira; do § 4o deste artigo, não impede dual ou Distrital, Prefeito, Vice-
II – naturalizados: o interessado de readquirir sua -Prefeito e juiz de paz;
a) os que, na forma da lei, nacionalidade brasileira originá- d) dezoito anos para Vere-
adquiram a nacionalidade bra- ria, nos termos da lei. ador.
sileira, exigidas aos originários § 4o São inelegíveis os inalis-
de países de língua portuguesa Art. 13. A língua portuguesa é o táveis e os analfabetos.
apenas residência por um ano idioma oficial da República Fede- § 5o O Presidente da Repúbli-
ininterrupto e idoneidade moral; rativa do Brasil. ca, os Governadores de Estado e
b) os estrangeiros de qual- § 1o São símbolos da Repú- do Distrito Federal, os Prefeitos
quer nacionalidade residentes na blica Federativa do Brasil a ban- e quem os houver sucedido ou
República Federativa do Brasil há deira, o hino, as armas e o selo substituído no curso dos man-
mais de quinze anos ininterruptos nacionais. datos poderão ser reeleitos para
e sem condenação penal, desde § 2o Os Estados, o Distrito um único período subsequente.
que requeiram a nacionalidade Federal e os Municípios poderão § 6o Para concorrerem a
brasileira. ter símbolos próprios. outros cargos, o Presidente da
§ 1o Aos portugueses com República, os Governadores de
residência permanente no País, Estado e do Distrito Federal e os
se houver reciprocidade em favor CAPÍTULO IV – DOS Prefeitos devem renunciar aos
de brasileiros, serão atribuídos os DIREITOS POLÍTICOS respectivos mandatos até seis
direitos inerentes ao brasileiro, meses antes do pleito.
salvo os casos previstos nesta Art. 14. A soberania popular será § 7o São inelegíveis, no ter-
Constituição. exercida pelo sufrágio universal ritório de jurisdição do titular, o
§ 2o A lei não poderá estabe- e pelo voto direto e secreto, com cônjuge e os parentes consan-
lecer distinção entre brasileiros valor igual para todos, e, nos ter- guíneos ou afins, até o segundo
natos e naturalizados, salvo nos mos da lei, mediante: grau ou por adoção, do Presidente
casos previstos nesta Consti- I – plebiscito; da República, de Governador de
tuição. II – referendo; Estado ou Território, do Distrito
§ 3o São privativos de brasi- III – iniciativa popular. Federal, de Prefeito ou de quem
leiro nato os cargos: § 1o O alistamento eleitoral os haja substituído dentro dos
I – de Presidente e Vice-Pre- e o voto são: seis meses anteriores ao pleito,
sidente da República; I – obrigatórios para os maio- salvo se já titular de mandato
II – de Presidente da Câmara res de dezoito anos; eletivo e candidato à reeleição.
dos Deputados; II – facultativos para: § 8o O militar alistável é ele-
III – de Presidente do Senado a) os analfabetos; gível, atendidas as seguintes con-
Federal; b) os maiores de setenta dições:
IV – de Ministro do Supremo anos; I – se contar menos de dez
Tribunal Federal; c) os maiores de dezesseis e anos de serviço, deverá afastar-
V – da carreira diplomática; menores de dezoito anos. -se da atividade;
VI – de oficial das Forças Ar- § 2o Não podem alistar-se II – se contar mais de dez anos
madas; como eleitores os estrangeiros de serviço, será agregado pela
VII – de Ministro de Estado e, durante o período do serviço autoridade superior e, se eleito,
da Defesa. militar obrigatório, os conscritos. passará automaticamente, no ato
§ 4o Será declarada a per- § 3o São condições de elegi- da diplomação, para a inatividade.
da da nacionalidade do brasi- bilidade, na forma da lei: § 9o Lei complementar esta-
leiro que: I – a nacionalidade brasileira; belecerá outros casos de inelegi-
I – tiver cancelada sua natura- II – o pleno exercício dos di- bilidade e os prazos de sua cessa-
lização, por sentença judicial, em reitos políticos; ção, a fim de proteger a probidade
virtude de fraude relacionada ao III – o alistamento eleitoral; administrativa, a moralidade para
processo de naturalização ou de IV – o domicílio eleitoral na o exercício do mandato, conside-
atentado contra a ordem consti- circunscrição; rada a vida pregressa do candida-
tucional e o Estado Democrático; V – a filiação partidária; to, e a normalidade e legitimidade
II – fizer pedido expresso de VI – a idade mínima de: das eleições contra a influência
perda da nacionalidade brasilei- a) trinta e cinco anos para do poder econômico ou o abuso
ra perante autoridade brasileira Presidente e Vice-Presidente da do exercício de função, cargo ou
competente, ressalvadas situ- República e Senador; emprego na administração direta
ações que acarretem apatridia. b) trinta anos para Governa- ou indireta.
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Constituição da República Federativa do Brasil
§ 10. O mandato eletivo po- incorporação e extinção de par- não preencher os requisitos pre-
derá ser impugnado ante a Jus- tidos políticos, resguardados a vistos no § 3o deste artigo é asse-
tiça Eleitoral no prazo de quinze soberania nacional, o regime de- gurado o mandato e facultada a
dias contados da diplomação, mocrático, o pluripartidarismo, os filiação, sem perda do mandato,
instruída a ação com provas de direitos fundamentais da pessoa a outro partido que os tenha atin-
abuso do poder econômico, cor- humana e observados os seguin- gido, não sendo essa filiação con-
rupção ou fraude. tes preceitos: siderada para fins de distribuição
§ 11. A ação de impugnação I – caráter nacional; dos recursos do fundo partidário
de mandato tramitará em segredo II – proibição de recebimento e de acesso gratuito ao tempo de
de justiça, respondendo o autor, de recursos financeiros de enti- rádio e de televisão.
na forma da lei, se temerária ou dade ou governo estrangeiros ou § 6o Os Deputados Federais,
de manifesta má-fé. de subordinação a estes; os Deputados Estaduais, os De-
§ 12. Serão realizadas con- III – prestação de contas à putados Distritais e os Vereado-
comitantemente às eleições mu- Justiça Eleitoral; res que se desligarem do partido
nicipais as consultas populares IV – funcionamento parla- pelo qual tenham sido eleitos
sobre questões locais aprovadas mentar de acordo com a lei. perderão o mandato, salvo nos
pelas Câmaras Municipais e en- § 1o É assegurada aos par- casos de anuência do partido
caminhadas à Justiça Eleitoral tidos políticos autonomia para ou de outras hipóteses de justa
até 90 (noventa) dias antes da definir sua estrutura interna e causa estabelecidas em lei, não
data das eleições, observados os estabelecer regras sobre esco- computada, em qualquer caso, a
limites operacionais relativos ao lha, formação e duração de seus migração de partido para fins de
número de quesitos. órgãos permanentes e provisó- distribuição de recursos do fundo
§ 13. As manifestações favo- rios e sobre sua organização e partidário ou de outros fundos
ráveis e contrárias às questões funcionamento e para adotar os públicos e de acesso gratuito ao
submetidas às consultas popula- critérios de escolha e o regime rádio e à televisão.
res nos termos do § 12 ocorrerão de suas coligações nas eleições § 7o Os partidos políticos de-
durante as campanhas eleitorais, majoritárias, vedada a sua ce- vem aplicar no mínimo 5% (cin-
sem a utilização de propaganda lebração nas eleições propor- co por cento) dos recursos do
gratuita no rádio e na televisão. cionais, sem obrigatoriedade de fundo partidário na criação e na
vinculação entre as candidaturas manutenção de programas de
Art. 15. É vedada a cassação em âmbito nacional, estadual, dis- promoção e difusão da partici-
de direitos políticos, cuja per- trital ou municipal, devendo seus pação política das mulheres, de
da ou suspensão só se dará nos estatutos estabelecer normas de acordo com os interesses intra-
casos de: disciplina e fidelidade partidária. partidários.
I – cancelamento da natura- § 2o Os partidos políticos, § 8o O montante do Fundo
lização por sentença transitada após adquirirem personalidade Especial de Financiamento de
em julgado; jurídica, na forma da lei civil, re- Campanha e da parcela do fundo
II – incapacidade civil abso- gistrarão seus estatutos no Tri- partidário destinada a campanhas
luta; bunal Superior Eleitoral. eleitorais, bem como o tempo de
III – condenação criminal § 3o Somente terão direito propaganda gratuita no rádio e na
transitada em julgado, enquan- a recursos do fundo partidário e televisão a ser distribuído pelos
to durarem seus efeitos; acesso gratuito ao rádio e à tele- partidos às respectivas candi-
IV – recusa de cumprir obri- visão, na forma da lei, os partidos datas, deverão ser de no mínimo
gação a todos imposta ou pres- políticos que alternativamente: 30% (trinta por cento), proporcio-
tação alternativa, nos termos do I – obtiverem, nas eleições nal ao número de candidatas, e a
art. 5o, VIII; para a Câmara dos Deputados, no distribuição deverá ser realizada
V – improbidade administra- mínimo, 3% (três por cento) dos conforme critérios definidos pe-
tiva, nos termos do art. 37, § 4o. votos válidos, distribuídos em pelo los respectivos órgãos de direção
menos um terço das unidades da e pelas normas estatutárias, con-
Art. 16. A lei que alterar o pro- Federação, com um mínimo de siderados a autonomia e o inte-
cesso eleitoral entrará em vigor 2% (dois por cento) dos votos resse partidário.
na data de sua publicação, não se válidos em cada uma delas; ou
aplicando à eleição que ocorra até II – tiverem elegido pelo me-
um ano da data de sua vigência. nos quinze Deputados Federais
distribuídos em pelo menos um
terço das unidades da Federação.
CAPÍTULO V – DOS § 4o É vedada a utilização
PARTIDOS POLÍTICOS pelos partidos políticos de orga-
nização paramilitar.
Art. 17. É livre a criação, fusão, § 5o Ao eleito por partido que
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Constituição da República Federativa do Brasil
TÍTULO III – DA sileiros ou preferências entre si. ou compensação financeira por
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO essa exploração.
§ 2o A faixa de até cento e
CAPÍTULO I – DA CAPÍTULO II – DA UNIÃO cinquenta quilômetros de largura,
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO- ao longo das fronteiras terrestres,
ADMINISTRATIVA Art. 20. São bens da União: designada como faixa de frontei-
I – os que atualmente lhe per- ra, é considerada fundamental
tencem e os que lhe vierem a ser para defesa do território nacional,
Art. 18. A organização político- atribuídos; e sua ocupação e utilização serão
-administrativa da República Fe- II – as terras devolutas indis- reguladas em lei.
derativa do Brasil compreende pensáveis à defesa das fronteiras,
a União, os Estados, o Distrito das fortificações e construções Art. 21. Compete à União:
Federal e os Municípios, todos militares, das vias federais de I – manter relações com Es-
autônomos, nos termos desta comunicação e à preservação tados estrangeiros e participar
Constituição. ambiental, definidas em lei; de organizações internacionais;
§ 1o Brasília é a Capital Fe- III – os lagos, rios e quaisquer II – declarar a guerra e cele-
deral. correntes de água em terrenos brar a paz;
§ 2o Os Territórios Federais de seu domínio, ou que banhem III – assegurar a defesa na-
integram a União, e sua criação, mais de um Estado, sirvam de cional;
transformação em Estado ou rein- limites com outros países, ou se IV – permitir, nos casos pre-
tegração ao Estado de origem estendam a território estrangeiro vistos em lei complementar, que
serão reguladas em lei comple- ou dele provenham, bem como os forças estrangeiras transitem
mentar. terrenos marginais e as praias pelo território nacional ou nele
§ 3o Os Estados podem in- fluviais; permaneçam temporariamente;
corporar-se entre si, subdividir- IV – as ilhas fluviais e lacus- V – decretar o estado de sítio,
-se ou desmembrar-se para se tres nas zonas limítrofes com ou- o estado de defesa e a interven-
anexarem a outros, ou forma- tros países; as praias marítimas; ção federal;
rem novos Estados ou Territórios as ilhas oceânicas e as costeiras, VI – autorizar e fiscalizar a
Federais, mediante aprovação excluídas, destas, as que con- produção e o comércio de ma-
da população diretamente inte- tenham a sede de Municípios, terial bélico;
ressada, através de plebiscito, e exceto aquelas áreas afetadas VII – emitir moeda;
do Congresso Nacional, por lei ao serviço público e a unidade VIII – administrar as reser-
complementar. ambiental federal, e as referidas vas cambiais do País e fiscali-
§ 4o A criação, a incorpora- no art. 26, II; zar as operações de natureza
ção, a fusão e o desmembramen- V – os recursos naturais da financeira, especialmente as de
to de Municípios, far-se-ão por lei plataforma continental e da zona crédito, câmbio e capitalização,
estadual, dentro do período de- econômica exclusiva; bem como as de seguros e de
terminado por lei complementar VI – o mar territorial; previdência privada;
federal, e dependerão de consulta VII – os terrenos de marinha IX – elaborar e executar pla-
prévia, mediante plebiscito, às e seus acrescidos; nos nacionais e regionais de or-
populações dos Municípios en- VIII – os potenciais de energia denação do território e de desen-
volvidos, após divulgação dos hidráulica; volvimento econômico e social;
Estudos de Viabilidade Munici- IX – os recursos minerais, X – manter o serviço postal e
pal, apresentados e publicados inclusive os do subsolo; o correio aéreo nacional;
na forma da lei. X – as cavidades naturais sub- XI – explorar, diretamente ou
terrâneas e os sítios arqueológi- mediante autorização, concessão
Art. 19. É vedado à União, aos cos e pré-históricos; ou permissão, os serviços de tele-
Estados, ao Distrito Federal e aos XI – as terras tradicionalmen- comunicações, nos termos da lei,
Municípios: te ocupadas pelos índios. que disporá sobre a organização
I – estabelecer cultos religio- § 1o É assegurada, nos ter- dos serviços, a criação de um ór-
sos ou igrejas, subvencioná-los, mos da lei, à União, aos Estados, gão regulador e outros aspectos
embaraçar-lhes o funcionamento ao Distrito Federal e aos Municí- institucionais;
ou manter com eles ou seus re- pios a participação no resultado XII – explorar, diretamente ou
presentantes relações de depen- da exploração de petróleo ou gás mediante autorização, concessão
dência ou aliança, ressalvada, na natural, de recursos hídricos para ou permissão:
forma da lei, a colaboração de fins de geração de energia elétri- a) os serviços de radiodifu-
interesse público; ca e de outros recursos minerais são sonora e de sons e imagens;
II – recusar fé aos documen- no respectivo território, platafor- b) os serviços e instalações
tos públicos; ma continental, mar territorial de energia elétrica e o aprovei-
III – criar distinções entre bra- ou zona econômica exclusiva, tamento energético dos cursos
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Constituição da República Federativa do Brasil
de água, em articulação com os o enriquecimento e reproces- XI – trânsito e transporte;
Estados onde se situam os po- samento, a industrialização e o XII – jazidas, minas, outros
tenciais hidroenergéticos; comércio de minérios nucleares recursos minerais e metalurgia;
c) a navegação aérea, aero- e seus derivados, atendidos os XIII – nacionalidade, cidadania
espacial e a infraestrutura aero- seguintes princípios e condições: e naturalização;
portuária; a) toda atividade nuclear em XIV – populações indígenas;
d) os serviços de transpor- território nacional somente será XV – emigração e imigração,
te ferroviário e aquaviário entre admitida para fins pacíficos e me- entrada, extradição e expulsão
portos brasileiros e fronteiras diante aprovação do Congresso de estrangeiros;
nacionais, ou que transponham Nacional; XVI – organização do sistema
os limites de Estado ou Território; b) sob regime de permissão, nacional de emprego e condições
e) os serviços de transporte são autorizadas a comercializa- para o exercício de profissões;
rodoviário interestadual e inter- ção e a utilização de radioisótopos XVII – organização judiciária,
nacional de passageiros; para pesquisa e uso agrícolas e do Ministério Público do Distrito
f) os portos marítimos, flu- industriais; Federal e dos Territórios e da De-
viais e lacustres; c) sob regime de permissão, fensoria Pública dos Territórios,
XIII – organizar e manter o são autorizadas a produção, a bem como organização adminis-
Poder Judiciário, o Ministério Pú- comercialização e a utilização trativa destes;
blico do Distrito Federal e dos de radioisótopos para pesquisa XVIII – sistema estatístico,
Territórios e a Defensoria Pública e uso médicos; sistema cartográfico e de geo-
dos Territórios; d) a responsabilidade civil logia nacionais;
XIV – organizar e manter a po- por danos nucleares independe XIX – sistemas de poupança,
lícia civil, a polícia penal, a polícia da existência de culpa; captação e garantia da poupança
militar e o corpo de bombeiros XXIV – organizar, manter e popular;
militar do Distrito Federal, bem executar a inspeção do trabalho; XX – sistemas de consórcios
como prestar assistência finan- XXV – estabelecer as áreas e sorteios;
ceira ao Distrito Federal para a e as condições para o exercício XXI – normas gerais de orga-
execução de serviços públicos, da atividade de garimpagem, em nização, efetivos, material bélico,
por meio de fundo próprio; forma associativa; garantias, convocação, mobiliza-
XV – organizar e manter os XXVI – organizar e fiscalizar ção, inatividades e pensões das
serviços oficiais de estatística, a proteção e o tratamento de da- polícias militares e dos corpos de
geografia, geologia e cartografia dos pessoais, nos termos da lei. bombeiros militares;
de âmbito nacional; XXII – competência da polícia
XVI – exercer a classificação, Art. 22. Compete privativamen- federal e das polícias rodoviária
para efeito indicativo, de diver- te à União legislar sobre: e ferroviária federais;
sões públicas e de programas I – direito civil, comercial, pe- XXIII – seguridade social;
de rádio e televisão; nal, processual, eleitoral, agrário, XXIV – diretrizes e bases da
XVII – conceder anistia; marítimo, aeronáutico, espacial e educação nacional;
XVIII – planejar e promover do trabalho; XXV – registros públicos;
a defesa permanente contra as II – desapropriação; XXVI – atividades nucleares
calamidades públicas, especial- III – requisições civis e milita- de qualquer natureza;
mente as secas e as inundações; res, em caso de iminente perigo XXVII – normas gerais de lici-
XIX – instituir sistema nacio- e em tempo de guerra; tação e contratação, em todas as
nal de gerenciamento de recur- IV – águas, energia, informá- modalidades, para as administra-
sos hídricos e definir critérios de tica, telecomunicações e radio- ções públicas diretas, autárquicas
outorga de direitos de seu uso; difusão; e fundacionais da União, Estados,
XX – instituir diretrizes para o V – serviço postal; Distrito Federal e Municípios, obe-
desenvolvimento urbano, inclusi- VI – sistema monetário e de decido o disposto no art. 37, XXI,
ve habitação, saneamento básico medidas, títulos e garantias dos e para as empresas públicas e
e transportes urbanos; metais; sociedades de economia mista,
XXI – estabelecer princípios e VII – política de crédito, câm- nos termos do art. 173, § 1o, III;
diretrizes para o sistema nacional bio, seguros e transferência de XXVIII – defesa territorial, de-
de viação; valores; fesa aeroespacial, defesa marí-
XXII – executar os serviços de VIII – comércio exterior e in- tima, defesa civil e mobilização
polícia marítima, aeroportuária e terestadual; nacional;
de fronteiras; IX – diretrizes da política na- XXIX – propaganda comercial;
XXIII – explorar os serviços e cional de transportes; XXX – proteção e tratamento
instalações nucleares de qualquer X – regime dos portos, nave- de dados pessoais.
natureza e exercer monopólio gação lacustre, fluvial, marítima, Parágrafo único. Lei com-
estatal sobre a pesquisa, a lavra, aérea e aeroespacial; plementar poderá autorizar os
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Constituição da República Federativa do Brasil
Estados a legislar sobre questões equilíbrio do desenvolvimento e peculiaridades.
específicas das matérias relacio- do bem-estar em âmbito nacional. § 4o A superveniência de lei
nadas neste artigo. federal sobre normas gerais sus-
Art. 24. Compete à União, aos pende a eficácia da lei estadual,
Art. 23. É competência comum Estados e ao Distrito Federal le- no que lhe for contrário.
da União, dos Estados, do Distrito gislar concorrentemente sobre:
Federal e dos Municípios: I – direito tributário, finan-
I – zelar pela guarda da Cons- ceiro, penitenciário, econômico CAPÍTULO III – DOS
tituição, das leis e das instituições e urbanístico; ESTADOS FEDERADOS
democráticas e conservar o pa- II – orçamento;
trimônio público; III – juntas comerciais; Art. 25. Os Estados organi-
II – cuidar da saúde e assis- IV – custas dos serviços fo- zam-se e regem-se pelas Cons-
tência pública, da proteção e ga- renses; tituições e leis que adotarem,
rantia das pessoas portadoras de V – produção e consumo; observados os princípios desta
deficiência; VI – florestas, caça, pesca, Constituição.
III – proteger os documentos, fauna, conservação da nature- § 1o São reservadas aos Esta-
as obras e outros bens de valor za, defesa do solo e dos recur- dos as competências que não lhes
histórico, artístico e cultural, os sos naturais, proteção do meio sejam vedadas por esta Consti-
monumentos, as paisagens na- ambiente e controle da poluição; tuição.
turais notáveis e os sítios arque- VII – proteção ao patrimônio § 2o Cabe aos Estados ex-
ológicos; histórico, cultural, artístico, tu- plorar diretamente, ou mediante
IV – impedir a evasão, a des- rístico e paisagístico; concessão, os serviços locais de
truição e a descaracterização de VIII – responsabilidade por gás canalizado, na forma da lei,
obras de arte e de outros bens dano ao meio ambiente, ao con- vedada a edição de medida provi-
de valor histórico, artístico ou sumidor, a bens e direitos de valor sória para a sua regulamentação.
cultural; artístico, estético, histórico, tu- § 3o Os Estados poderão, me-
V – proporcionar os meios de rístico e paisagístico; diante lei complementar, instituir
acesso à cultura, à educação, à IX – educação, cultura, en- regiões metropolitanas, aglome-
ciência, à tecnologia, à pesquisa sino, desporto, ciência, tecnolo- rações urbanas e microrregiões,
e à inovação; gia, pesquisa, desenvolvimento constituídas por agrupamentos
VI – proteger o meio ambiente e inovação; de municípios limítrofes, para
e combater a poluição em qual- X – criação, funcionamento integrar a organização, o plane-
quer de suas formas; e processo do juizado de peque- jamento e a execução de funções
VII – preservar as florestas, nas causas; públicas de interesse comum.
a fauna e a flora; XI – procedimentos em ma-
VIII – fomentar a produção téria processual; Art. 26. Incluem-se entre os
agropecuária e organizar o abas- XII – previdência social, pro- bens dos Estados:
tecimento alimentar; teção e defesa da saúde; I – as águas superficiais ou
IX – promover programas de XIII – assistência jurídica e subterrâneas, fluentes, emergen-
construção de moradias e a me- defensoria pública; tes e em depósito, ressalvadas,
lhoria das condições habitacio- XIV – proteção e integração neste caso, na forma da lei, as
nais e de saneamento básico; social das pessoas portadoras de decorrentes de obras da União;
X – combater as causas da deficiência; II – as áreas, nas ilhas oceâ-
pobreza e os fatores de margi- XV – proteção à infância e à nicas e costeiras, que estiverem
nalização, promovendo a inte- juventude; no seu domínio, excluídas aquelas
gração social dos setores des- XVI – organização, garantias, sob domínio da União, Municípios
favorecidos; direitos e deveres das polícias ou terceiros;
XI – registrar, acompanhar e civis. III – as ilhas fluviais e lacus-
fiscalizar as concessões de direi- § 1o No âmbito da legislação tres não pertencentes à União;
tos de pesquisa e exploração de concorrente, a competência da IV – as terras devolutas não
recursos hídricos e minerais em União limitar-se-á a estabelecer compreendidas entre as da União.
seus territórios; normas gerais.
XII – estabelecer e implantar § 2o A competência da União Art. 27. O número de Deputados
política de educação para a se- para legislar sobre normas gerais à Assembleia Legislativa corres-
gurança do trânsito. não exclui a competência suple- ponderá ao triplo da represen-
Parágrafo único. Leis com- mentar dos Estados. tação do Estado na Câmara dos
plementares fixarão normas para § 3o Inexistindo lei federal Deputados e, atingido o número
a cooperação entre a União e sobre normas gerais, os Estados de trinta e seis, será acrescido
os Estados, o Distrito Federal e exercerão a competência legis- de tantos quantos forem os De-
os Municípios, tendo em vista o lativa plena, para atender a suas putados Federais acima de doze.
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Constituição da República Federativa do Brasil
§ 1o Será de quatro anos o o que dispõem os arts. 37, XI, 39, habitantes;
mandato dos Deputados Estadu- § 4o, 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I. g) 21 (vinte e um) Vereadores,
ais, aplicando-se-lhes as regras nos Municípios de mais de 160.000
desta Constituição sobre sistema (cento e sessenta mil) habitantes
eleitoral, inviolabilidade, imunida- CAPÍTULO IV – DOS e de até 300.000 (trezentos mil)
des, remuneração, perda de man- MUNICÍPIOS habitantes;
dato, licença, impedimentos e h) 23 (vinte e três) Vereado-
incorporação às Forças Armadas. Art. 29. O Município reger-se-á res, nos Municípios de mais de
§ 2o O subsídio dos Deputa- por lei orgânica, votada em dois 300.000 (trezentos mil) habitantes
dos Estaduais será fixado por lei turnos, com o interstício mínimo e de até 450.000 (quatrocentos e
de iniciativa da Assembleia Le- de dez dias, e aprovada por dois cinquenta mil) habitantes;
gislativa, na razão de, no máximo, terços dos membros da Câma- i) 25 (vinte e cinco) Vereado-
setenta e cinco por cento daquele ra Municipal, que a promulgará, res, nos Municípios de mais de
estabelecido, em espécie, para os atendidos os princípios estabe- 450.000 (quatrocentos e cinquen-
Deputados Federais, observado o lecidos nesta Constituição, na ta mil) habitantes e de até 600.000
que dispõem os arts. 39, § 4o, 57, Constituição do respectivo Estado (seiscentos mil) habitantes;
§ 7o, 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I. e os seguintes preceitos: j) 27 (vinte e sete) Vereado-
§ 3o Compete às Assembleias I – eleição do Prefeito, do Vi- res, nos Municípios de mais de
Legislativas dispor sobre seu re- ce-Prefeito e dos Vereadores, 600.000 (seiscentos mil) habitan-
gimento interno, polícia e serviços para mandato de quatro anos, tes e de até 750.000 (setecentos e
administrativos de sua secretaria, mediante pleito direto e simul- cinquenta mil) habitantes;
e prover os respectivos cargos. tâneo realizado em todo o País; k) 29 (vinte e nove) Vereado-
§ 4o A lei disporá sobre a ini- II – eleição do Prefeito e do Vi- res, nos Municípios de mais de
ciativa popular no processo legis- ce-Prefeito realizada no primeiro 750.000 (setecentos e cinquenta
lativo estadual. domingo de outubro do ano ante- mil) habitantes e de até 900.000
rior ao término do mandato dos (novecentos mil) habitantes;
Art. 28. A eleição do Governador que devam suceder, aplicadas as l) 31 (trinta e um) Vereado-
e do Vice-Governador de Estado, regras do art. 77 no caso de Mu- res, nos Municípios de mais de
para mandato de 4 (quatro) anos, nicípios com mais de duzentos 900.000 (novecentos mil) habitan-
realizar-se-á no primeiro domingo mil eleitores; tes e de até 1.050.000 (um milhão
de outubro, em primeiro turno, e III – posse do Prefeito e do Vi- e cinquenta mil) habitantes;
no último domingo de outubro, ce-Prefeito no dia 1o de janeiro do m) 33 (trinta e três) Verea-
em segundo turno, se houver, ano subsequente ao da eleição; dores, nos Municípios de mais
do ano anterior ao do término do IV – para a composição das de 1.050.000 (um milhão e cin-
mandato de seus antecessores, e Câmaras Municipais, será obser- quenta mil) habitantes e de até
a posse ocorrerá em 6 de janeiro vado o limite máximo de: 1.200.000 (um milhão e duzentos
do ano subsequente, observado, a) 9 (nove) Vereadores, nos mil) habitantes;
quanto ao mais, o disposto no Municípios de até 15.000 (quinze n) 35 (trinta e cinco) Verea-
art. 77 desta Constituição.1 mil) habitantes; dores, nos Municípios de mais de
§ 1o Perderá o mandato o Go- b) 11 (onze) Vereadores, nos 1.200.000 (um milhão e duzentos
vernador que assumir outro cargo Municípios de mais de 15.000 mil) habitantes e de até 1.350.000
ou função na administração públi- (quinze mil) habitantes e de até (um milhão e trezentos e cinquen-
ca direta ou indireta, ressalvada 30.000 (trinta mil) habitantes; ta mil) habitantes;
a posse em virtude de concurso c) 13 (treze) Vereadores, nos o) 37 (trinta e sete) Vereado-
público e observado o disposto Municípios com mais de 30.000 res, nos Municípios de 1.350.000
no art. 38, I, IV e V. (trinta mil) habitantes e de até (um milhão e trezentos e cin-
§ 2o Os subsídios do Gover- 50.000 (cinquenta mil) habitantes; quenta mil) habitantes e de até
nador, do Vice-Governador e dos d) 15 (quinze) Vereadores, nos 1.500.000 (um milhão e quinhen-
Secretários de Estado serão fi- Municípios de mais de 50.000 (cin- tos mil) habitantes;
xados por lei de iniciativa da As- quenta mil) habitantes e de até p) 39 (trinta e nove) Verea-
sembleia Legislativa, observado 80.000 (oitenta mil) habitantes; dores, nos Municípios de mais
e) 17 (dezessete) Vereado- de 1.500.000 (um milhão e qui-
res, nos Municípios de mais de nhentos mil) habitantes e de até
1
Nota do Editor (NE): a EC no 111/2021 alterou 80.000 (oitenta mil) habitantes e 1.800.000 (um milhão e oitocentos
a data de posse de 1o de janeiro para 6 de
janeiro; contudo, a mudança será aplicada de até 120.000 (cento e vinte mil) mil) habitantes;
somente a partir das eleições de 2026. Os habitantes; q) 41 (quarenta e um) Verea-
Governadores de Estado e do Distrito Fede- f) 19 (dezenove) Vereadores, dores, nos Municípios de mais de
ral eleitos em 2022 tomarão posse em 1o de nos Municípios de mais de 120.000 1.800.000 (um milhão e oitocentos
janeiro de 2023, e seus mandatos durarão
até a posse de seus sucessores, em 6 de (cento e vinte mil) habitantes e de mil) habitantes e de até 2.400.000
janeiro de 2027. até 160.000 (cento e sessenta mil) (dois milhões e quatrocentos mil)
19
Constituição da República Federativa do Brasil
habitantes; corresponderá a trinta por cen- Prefeito, nos termos do art. 28,
r) 43 (quarenta e três) Verea- to do subsídio dos Deputados parágrafo único2.
dores, nos Municípios de mais de Estaduais;
2.400.000 (dois milhões e qua- c) em Municípios de cinquen- Art. 29-A. O total da despesa do
trocentos mil) habitantes e de ta mil e um a cem mil habitantes, Poder Legislativo Municipal, inclu-
até 3.000.000 (três milhões) de o subsídio máximo dos Vereado- ídos os subsídios dos Vereadores
habitantes; res corresponderá a quarenta por e excluídos os gastos com inati-
s) 45 (quarenta e cinco) Ve- cento do subsídio dos Deputados vos, não poderá ultrapassar os
readores, nos Municípios de mais Estaduais; seguintes percentuais, relativos
de 3.000.000 (três milhões) de d) em Municípios de cem mil ao somatório da receita tributá-
habitantes e de até 4.000.000 e um a trezentos mil habitantes, o ria e das transferências previstas
(quatro milhões) de habitantes; subsídio máximo dos Vereadores no § 5o do art. 153 e nos arts. 158
t) 47 (quarenta e sete) Vere- corresponderá a cinquenta por e 159, efetivamente realizado no
adores, nos Municípios de mais cento do subsídio dos Deputados exercício anterior:3
de 4.000.000 (quatro milhões) Estaduais; I – 7% (sete por cento) para
de habitantes e de até 5.000.000 e) em Municípios de trezen- Municípios com população de
(cinco milhões) de habitantes; tos mil e um a quinhentos mil até 100.000 (cem mil) habitantes;
u) 49 (quarenta e nove) Vere- habitantes, o subsídio máximo II – 6% (seis por cento) para
adores, nos Municípios de mais de dos Vereadores corresponderá Municípios com população entre
5.000.000 (cinco milhões) de ha- a sessenta por cento do subsídio 100.000 (cem mil) e 300.000 (tre-
bitantes e de até 6.000.000 (seis dos Deputados Estaduais; zentos mil) habitantes;
milhões) de habitantes; f) em Municípios de mais de III – 5% (cinco por cento) para
v) 51 (cinquenta e um) Verea- quinhentos mil habitantes, o sub- Municípios com população entre
dores, nos Municípios de mais de sídio máximo dos Vereadores cor- 300.001 (trezentos mil e um) e
6.000.000 (seis milhões) de habi- responderá a setenta e cinco por 500.000 (quinhentos mil) habi-
tantes e de até 7.000.000 (sete cento do subsídio dos Deputados tantes;
milhões) de habitantes; Estaduais; IV – 4,5% (quatro inteiros e
w) 53 (cinquenta e três) Ve- VII – o total da despesa com a cinco décimos por cento) para
readores, nos Municípios de mais remuneração dos Vereadores não Municípios com população entre
de 7.000.000 (sete milhões) de ha- poderá ultrapassar o montante 500.001 (quinhentos mil e um) e
bitantes e de até 8.000.000 (oito de cinco por cento da receita do 3.000.000 (três milhões) de ha-
milhões) de habitantes; Município; bitantes;
x) 55 (cinquenta e cinco) Ve- VIII – inviolabilidade dos Ve- V – 4% (quatro por cento)
readores, nos Municípios de mais readores por suas opiniões, pa- para Municípios com população
de 8.000.000 (oito milhões) de lavras e votos no exercício do entre 3.000.001 (três milhões e
habitantes; mandato e na circunscrição do um) e 8.000.000 (oito milhões)
V – subsídios do Prefeito, do Município; de habitantes;
Vice-Prefeito e dos Secretários IX – proibições e incompatibi- VI – 3,5% (três inteiros e cinco
Municipais fixados por lei de ini- lidades, no exercício da vereança, décimos por cento) para Municí-
ciativa da Câmara Municipal, ob- similares, no que couber, ao dis- pios com população acima de
servado o que dispõem os arts. 37, posto nesta Constituição para os 8.000.0001 (oito milhões e um)
XI, 39, § 4o, 150, II, 153, III, e 153, membros do Congresso Nacional habitantes.
§ 2o, I; e, na Constituição do respectivo § 1o A Câmara Municipal não
VI – o subsídio dos Vereado- Estado, para os membros da As- gastará mais de setenta por cento
res será fixado pelas respectivas sembleia Legislativa; de sua receita com folha de pa-
Câmaras Municipais em cada le- X – julgamento do Prefeito gamento, incluído o gasto com
gislatura para a subsequente, ob- perante o Tribunal de Justiça; o subsídio de seus Vereadores.
servado o que dispõe esta Cons- XI – organização das funções
tituição, observados os critérios legislativas e fiscalizadoras da 2
NE: leia-se “§ 1o”, por força do disposto na
estabelecidos na respectiva Lei Câmara Municipal; EC no 19/1998.
Orgânica e os seguintes limites XII – cooperação das asso- 3
NE: a EC no 109/2021 alterou a redação do
máximos: ciações representativas no pla- caput do art. 29‑A para “O total da despesa
a) em Municípios de até dez nejamento municipal; do Poder Legislativo Municipal, incluídos os
mil habitantes, o subsídio máximo XIII – iniciativa popular de subsídios dos Vereadores e os demais gas-
tos com pessoal inativo e pensionistas, não
dos Vereadores corresponderá a projetos de lei de interesse es- poderá ultrapassar os seguintes percentuais,
vinte por cento do subsídio dos pecífico do Município, da cidade relativos ao somatório da receita tributária e
Deputados Estaduais; ou de bairros, através de mani- das transferências previstas no § 5o do art. 153
b) em Municípios de dez mil e festação de, pelo menos, cinco e nos arts. 158 e 159 desta Constituição, efe-
tivamente realizado no exercício anterior:”. A
um a cinquenta mil habitantes, o por cento do eleitorado; alteração entra em vigor a partir do início da
subsídio máximo dos Vereadores XIV – perda do mandato do primeira legislatura municipal após 16/3/2021.
20
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 2o Constitui crime de res- controle externo, e pelos sistemas Distrito Federal, da polícia civil,
ponsabilidade do Prefeito Mu- de controle interno do Poder Exe- da polícia penal, da polícia militar
nicipal: cutivo Municipal, na forma da lei. e do corpo de bombeiros militar.
I – efetuar repasse que supere § 1o O controle externo da
os limites definidos neste artigo; Câmara Municipal será exercido
II – não enviar o repasse até o com o auxílio dos Tribunais de
Seção II – Dos Territórios
dia vinte de cada mês; ou Contas dos Estados ou do Mu-
III – enviá-lo a menor em re- nicípio ou dos Conselhos ou Tri- Art. 33. A lei disporá sobre a
lação à proporção fixada na Lei bunais de Contas dos Municípios, organização administrativa e ju-
Orçamentária. onde houver. diciária dos Territórios.
§ 3o Constitui crime de res- § 2o O parecer prévio, emiti- § 1o Os Territórios poderão
ponsabilidade do Presidente da do pelo órgão competente sobre ser divididos em Municípios, aos
Câmara Municipal o desrespeito as contas que o Prefeito deve quais se aplicará, no que cou-
ao § 1o deste artigo. anualmente prestar, só deixará ber, o disposto no Capítulo IV
de prevalecer por decisão de dois deste Título.
Art. 30. Compete aos Municí- terços dos membros da Câmara § 2o As contas do Governo do
pios: Municipal. Território serão submetidas ao
I – legislar sobre assuntos de § 3o As contas dos Municí- Congresso Nacional, com pare-
interesse local; pios ficarão, durante sessenta cer prévio do Tribunal de Contas
II – suplementar a legisla- dias, anualmente, à disposição de da União.
ção federal e a estadual no que qualquer contribuinte, para exa- § 3o Nos Territórios Federais
couber; me e apreciação, o qual poderá com mais de cem mil habitantes,
III – instituir e arrecadar os questionar-lhes a legitimidade, além do Governador nomeado na
tributos de sua competência, bem nos termos da lei. forma desta Constituição, haverá
como aplicar suas rendas, sem § 4o É vedada a criação de órgãos judiciários de primeira e
prejuízo da obrigatoriedade de Tribunais, Conselhos ou órgãos segunda instância, membros do
prestar contas e publicar balan- de Contas Municipais. Ministério Público e defensores
cetes nos prazos fixados em lei; públicos federais; a lei disporá
IV – criar, organizar e suprimir sobre as eleições para a Câma-
distritos, observada a legislação CAPÍTULO V – DO ra Territorial e sua competência
estadual; DISTRITO FEDERAL E DOS deliberativa.
V – organizar e prestar, dire- TERRITÓRIOS
tamente ou sob regime de con-
cessão ou permissão, os serviços Seção I – Do Distrito Federal CAPÍTULO VI – DA
públicos de interesse local, inclu- INTERVENÇÃO
ído o de transporte coletivo, que Art. 32. O Distrito Federal, ve-
tem caráter essencial; dada sua divisão em Municípios, Art. 34. A União não intervirá
VI – manter, com a coope- reger-se-á por lei orgânica, vota- nos Estados nem no Distrito Fe-
ração técnica e financeira da da em dois turnos com interstício deral, exceto para:
União e do Estado, programas mínimo de dez dias, e aprovada I – manter a integridade na-
de educação infantil e de ensino por dois terços da Câmara Legis- cional;
fundamental; lativa, que a promulgará, atendi- II – repelir invasão estrangeira
VII – prestar, com a coopera- dos os princípios estabelecidos ou de uma unidade da Federação
ção técnica e financeira da União nesta Constituição. em outra;
e do Estado, serviços de aten- § 1o Ao Distrito Federal são III – pôr termo a grave com-
dimento à saúde da população; atribuídas as competências legis- prometimento da ordem pública;
VIII – promover, no que cou- lativas reservadas aos Estados e IV – garantir o livre exercício
ber, adequado ordenamento ter- Municípios. de qualquer dos Poderes nas uni-
ritorial, mediante planejamento e § 2o A eleição do Governador dades da Federação;
controle do uso, do parcelamento e do Vice-Governador, observadas V – reorganizar as finanças
e da ocupação do solo urbano; as regras do art. 77, e dos Depu- da unidade da Federação que:
IX – promover a proteção do tados Distritais coincidirá com a a) suspender o pagamento
patrimônio histórico-cultural lo- dos Governadores e Deputados da dívida fundada por mais de
cal, observada a legislação e a Estaduais, para mandato de igual dois anos consecutivos, salvo
ação fiscalizadora federal e es- duração. motivo de força maior;
tadual. § 3o Aos Deputados Distritais b) deixar de entregar aos
e à Câmara Legislativa aplica-se Municípios receitas tributárias
Art. 31. A fiscalização do Mu- o disposto no art. 27. fixadas nesta Constituição, dentro
nicípio será exercida pelo Poder § 4o Lei federal disporá so- dos prazos estabelecidos em lei;
Legislativo Municipal, mediante bre a utilização, pelo Governo do VI – prover a execução de lei
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Constituição da República Federativa do Brasil
federal, ordem ou decisão judicial; premo Tribunal Federal, de repre- za e a complexidade do cargo ou
VII – assegurar a observância sentação do Procurador-Geral da emprego, na forma prevista em
dos seguintes princípios consti- República, na hipótese do art. 34, lei, ressalvadas as nomeações
tucionais: VII, e no caso de recusa à execu- para cargo em comissão decla-
a) forma republicana, sis- ção de lei federal; rado em lei de livre nomeação e
tema representativo e regime IV – (Revogado). exoneração;
democrático; § 1o O decreto de interven- III – o prazo de validade do
b) direitos da pessoa hu- ção, que especificará a amplitude, concurso público será de até dois
mana; o prazo e as condições de execu- anos, prorrogável uma vez, por
c) autonomia municipal; ção e que, se couber, nomeará igual período;
d) prestação de contas da o interventor, será submetido à IV – durante o prazo impror-
administração pública, direta e apreciação do Congresso Nacio- rogável previsto no edital de con-
indireta; nal ou da Assembleia Legislativa vocação, aquele aprovado em
e) aplicação do mínimo exi- do Estado, no prazo de vinte e concurso público de provas ou
gido da receita resultante de im- quatro horas. de provas e títulos será convo-
postos estaduais, compreendida § 2o Se não estiver funcio- cado com prioridade sobre novos
a proveniente de transferências, nando o Congresso Nacional ou concursados para assumir cargo
na manutenção e desenvolvimen- a Assembleia Legislativa, far-se-á ou emprego, na carreira;
to do ensino e nas ações e servi- convocação extraordinária, no V – as funções de confiança,
ços públicos de saúde. mesmo prazo de vinte e quatro exercidas exclusivamente por
horas. servidores ocupantes de cargo
Art. 35. O Estado não intervirá § 3o Nos casos do art. 34, VI efetivo, e os cargos em comis-
em seus Municípios, nem a União e VII, ou do art. 35, IV, dispensa- são, a serem preenchidos por
nos Municípios localizados em da a apreciação pelo Congresso servidores de carreira nos casos,
Território Federal, exceto quando: Nacional ou pela Assembleia Le- condições e percentuais mínimos
I – deixar de ser paga, sem gislativa, o decreto limitar-se- previstos em lei, destinam-se
motivo de força maior, por dois -á a suspender a execução do apenas às atribuições de direção,
anos consecutivos, a dívida fun- ato impugnado, se essa medida chefia e assessoramento;
dada; bastar ao restabelecimento da VI – é garantido ao servidor
II – não forem prestadas con- normalidade. público civil o direito à livre as-
tas devidas, na forma da lei; § 4o Cessados os motivos sociação sindical;
III – não tiver sido aplicado o da intervenção, as autoridades VII – o direito de greve será
mínimo exigido da receita muni- afastadas de seus cargos a estes exercido nos termos e nos limi-
cipal na manutenção e desenvol- voltarão, salvo impedimento legal. tes definidos em lei específica;
vimento do ensino e nas ações e VIII – a lei reservará percentu-
serviços públicos de saúde; al dos cargos e empregos públicos
IV – o Tribunal de Justiça der CAPÍTULO VII – DA para as pessoas portadoras de
provimento a representação para ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA deficiência e definirá os critérios
assegurar a observância de prin- de sua admissão;
Seção I – Disposições Gerais
cípios indicados na Constituição IX – a lei estabelecerá os ca-
Estadual, ou para prover a execu- sos de contratação por tempo
ção de lei, de ordem ou de deci- Art. 37. A administração pública determinado para atender a ne-
são judicial. direta e indireta de qualquer dos cessidade temporária de excep-
Poderes da União, dos Estados, cional interesse público;
Art. 36. A decretação da inter- do Distrito Federal e dos Municí- X – a remuneração dos ser-
venção dependerá: pios obedecerá aos princípios de vidores públicos e o subsídio de
I – no caso do art. 34, IV, de legalidade, impessoalidade, mo- que trata o § 4o do art. 39 somente
solicitação do Poder Legislativo ralidade, publicidade e eficiência poderão ser fixados ou alterados
ou do Poder Executivo coacto e, também, ao seguinte: por lei específica, observada a
ou impedido, ou de requisição I – os cargos, empregos e iniciativa privativa em cada caso,
do Supremo Tribunal Federal, se funções públicas são acessíveis assegurada revisão geral anual,
a coação for exercida contra o aos brasileiros que preencham os sempre na mesma data e sem
Poder Judiciário; requisitos estabelecidos em lei, distinção de índices;
II – no caso de desobediência assim como aos estrangeiros, na XI – a remuneração e o sub-
a ordem ou decisão judiciária, de forma da lei; sídio dos ocupantes de cargos,
requisição do Supremo Tribunal II – a investidura em cargo funções e empregos públicos da
Federal, do Superior Tribunal de ou emprego público depende de administração direta, autárquica
Justiça ou do Tribunal Superior aprovação prévia em concurso e fundacional, dos membros de
Eleitoral; público de provas ou de provas e qualquer dos Poderes da União,
III – de provimento, pelo Su- títulos, de acordo com a nature- dos Estados, do Distrito Federal
22
Constituição da República Federativa do Brasil
e dos Municípios, dos detentores com outro, técnico ou científico; informações fiscais, na forma da
de mandato eletivo e dos demais c) a de dois cargos ou em- lei ou convênio.
agentes políticos e os proventos, pregos privativos de profissio- § 1o A publicidade dos atos,
pensões ou outra espécie remu- nais de saúde, com profissões programas, obras, serviços e
neratória, percebidos cumulativa- regulamentadas; campanhas dos órgãos públicos
mente ou não, incluídas as vanta- XVII – a proibição de acu- deverá ter caráter educativo, in-
gens pessoais ou de qualquer ou- mular estende-se a empregos e formativo ou de orientação social,
tra natureza, não poderão exceder funções e abrange autarquias, dela não podendo constar nomes,
o subsídio mensal, em espécie, fundações, empresas públicas, símbolos ou imagens que carac-
dos Ministros do Supremo Tribu- sociedades de economia mista, terizem promoção pessoal de au-
nal Federal, aplicando-se como suas subsidiárias, e sociedades toridades ou servidores públicos.
limite, nos Municípios, o subsídio controladas, direta ou indireta- § 2o A não observância do
do Prefeito, e nos Estados e no mente, pelo poder público; disposto nos incisos II e III impli-
Distrito Federal, o subsídio men- XVIII – a administração fazen- cará a nulidade do ato e a punição
sal do Governador no âmbito do dária e seus servidores fiscais da autoridade responsável, nos
Poder Executivo, o subsídio dos terão, dentro de suas áreas de termos da lei.
Deputados Estaduais e Distritais competência e jurisdição, prece- § 3o A lei disciplinará as for-
no âmbito do Poder Legislativo e dência sobre os demais setores mas de participação do usuário na
o subsídio dos Desembargadores administrativos, na forma da lei; administração pública direta e in-
do Tribunal de Justiça, limitado a XIX – somente por lei especí- direta, regulando especialmente:
noventa inteiros e vinte e cinco fica poderá ser criada autarquia I – as reclamações relativas à
centésimos por cento do subsídio e autorizada a instituição de em- prestação dos serviços públicos
mensal, em espécie, dos Ministros presa pública, de sociedade de em geral, asseguradas a manu-
do Supremo Tribunal Federal, no economia mista e de fundação, tenção de serviços de atendi-
âmbito do Poder Judiciário, apli- cabendo à lei complementar, nes- mento ao usuário e a avaliação
cável este limite aos membros do te último caso, definir as áreas de periódica, externa e interna, da
Ministério Público, aos Procura- sua atuação; qualidade dos serviços;
dores e aos Defensores Públicos; XX – depende de autorização II – o acesso dos usuários a
XII – os vencimentos dos car- legislativa, em cada caso, a cria- registros administrativos e a in-
gos do Poder Legislativo e do ção de subsidiárias das entidades formações sobre atos de governo,
Poder Judiciário não poderão ser mencionadas no inciso anterior, observado o disposto no art. 5o,
superiores aos pagos pelo Poder assim como a participação de X e XXXIII;
Executivo; qualquer delas em empresa pri- III – a disciplina da represen-
XIII – é vedada a vinculação ou vada; tação contra o exercício negligen-
equiparação de quaisquer espé- XXI – ressalvados os casos te ou abusivo de cargo, empre-
cies remuneratórias para o efeito especificados na legislação, as go ou função na administração
de remuneração de pessoal do obras, serviços, compras e aliena- pública.
serviço público; ções serão contratados mediante § 4o Os atos de improbida-
XIV – os acréscimos pecu- processo de licitação pública que de administrativa importarão a
niários percebidos por servidor assegure igualdade de condições suspensão dos direitos políti-
público não serão computados a todos os concorrentes, com cos, a perda da função pública,
nem acumulados para fins de cláusulas que estabeleçam obri- a indisponibilidade dos bens e o
concessão de acréscimos ulte- gações de pagamento, mantidas ressarcimento ao erário, na forma
riores; as condições efetivas da pro- e gradação previstas em lei, sem
XV – o subsídio e os venci- posta, nos termos da lei, o qual prejuízo da ação penal cabível.
mentos dos ocupantes de cargos somente permitirá as exigências § 5o A lei estabelecerá os
e empregos públicos são irredu- de qualificação técnica e econô- prazos de prescrição para ilíci-
tíveis, ressalvado o disposto nos mica indispensáveis à garantia tos praticados por qualquer agen-
incisos XI e XIV deste artigo e do cumprimento das obrigações; te, servidor ou não, que causem
nos arts. 39, § 4o, 150, II, 153, III, XXII – as administrações tri- prejuízos ao erário, ressalvadas
e 153, § 2o, I; butárias da União, dos Estados, as respectivas ações de ressar-
XVI – é vedada a acumulação do Distrito Federal e dos Muni- cimento.
remunerada de cargos públicos, cípios, atividades essenciais ao § 6o As pessoas jurídicas de
exceto, quando houver compati- funcionamento do Estado, exer- direito público e as de direito
bilidade de horários, observado cidas por servidores de carreiras privado prestadoras de servi-
em qualquer caso o disposto no específicas, terão recursos prio- ços públicos responderão pelos
inciso XI: ritários para a realização de suas danos que seus agentes, nessa
a) a de dois cargos de pro- atividades e atuarão de forma qualidade, causarem a terceiros,
fessor; integrada, inclusive com o com- assegurado o direito de regresso
b) a de um cargo de professor partilhamento de cadastros e de contra o responsável nos casos
23
Constituição da República Federativa do Brasil
de dolo ou culpa. respectivo Tribunal de Justiça, li- facultado optar pela sua remu-
§ 7o A lei disporá sobre os mitado a noventa inteiros e vinte neração;
requisitos e as restrições ao ocu- e cinco centésimos por cento do III – investido no mandato
pante de cargo ou emprego da subsídio mensal dos Ministros do de Vereador, havendo compati-
administração direta e indireta Supremo Tribunal Federal, não bilidade de horários, perceberá
que possibilite o acesso a infor- se aplicando o disposto neste as vantagens de seu cargo, em-
mações privilegiadas. parágrafo aos subsídios dos De- prego ou função, sem prejuízo da
§ 8o A autonomia gerencial, putados Estaduais e Distritais e remuneração do cargo eletivo,
orçamentária e financeira dos dos Vereadores. e, não havendo compatibilidade,
órgãos e entidades da adminis- § 13. O servidor público titu- será aplicada a norma do inciso
tração direta e indireta poderá lar de cargo efetivo poderá ser re- anterior;
ser ampliada mediante contrato, adaptado para exercício de cargo IV – em qualquer caso que exi-
a ser firmado entre seus admi- cujas atribuições e responsabili- ja o afastamento para o exercício
nistradores e o poder público, dades sejam compatíveis com a de mandato eletivo, seu tempo de
que tenha por objeto a fixação limitação que tenha sofrido em serviço será contado para todos
de metas de desempenho para sua capacidade física ou men- os efeitos legais, exceto para pro-
o órgão ou entidade, cabendo à tal, enquanto permanecer nesta moção por merecimento;
lei dispor sobre: condição, desde que possua a V – na hipótese de ser segura-
I – o prazo de duração do habilitação e o nível de escola- do de regime próprio de previdên-
contrato; ridade exigidos para o cargo de cia social, permanecerá filiado a
II – os controles e critérios destino, mantida a remuneração esse regime, no ente federativo
de avaliação de desempenho, do cargo de origem. de origem.
direitos, obrigações e responsa- § 14. A aposentadoria conce-
bilidade dos dirigentes; dida com a utilização de tempo
III – a remuneração do pes- de contribuição decorrente de
Seção II – Dos Servidores
soal. cargo, emprego ou função públi- Públicos
§ 9o O disposto no inciso XI ca, inclusive do Regime Geral de
aplica-se às empresas públicas Previdência Social, acarretará o Art. 39. A União, os Estados, o
e às sociedades de economia rompimento do vínculo que gerou Distrito Federal e os Municípios
mista, e suas subsidiárias, que o referido tempo de contribuição. instituirão conselho de política
receberem recursos da União, § 15. É vedada a complemen- de administração e remuneração
dos Estados, do Distrito Federal tação de aposentadorias de ser- de pessoal, integrado por servido-
ou dos Municípios para pagamen- vidores públicos e de pensões res designados pelos respectivos
to de despesas de pessoal ou de por morte a seus dependentes Poderes.4
custeio em geral. que não seja decorrente do dis- § 1o A fixação dos padrões de
§ 10. É vedada a percepção posto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou vencimento e dos demais compo-
simultânea de proventos de apo- que não seja prevista em lei que nentes do sistema remuneratório
sentadoria decorrentes do art. 40 extinga regime próprio de previ- observará:
ou dos arts. 42 e 142 com a re- dência social. I – a natureza, o grau de res-
muneração de cargo, emprego § 16. Os órgãos e entidades ponsabilidade e a complexidade
ou função pública, ressalvados da administração pública, indi- dos cargos componentes de cada
os cargos acumuláveis na forma vidual ou conjuntamente, devem carreira;
desta Constituição, os cargos realizar avaliação das políticas II – os requisitos para a in-
eletivos e os cargos em comissão públicas, inclusive com divulga- vestidura;
declarados em lei de livre nome- ção do objeto a ser avaliado e III – as peculiaridades dos
ação e exoneração. dos resultados alcançados, na cargos.
§ 11. Não serão computadas, forma da lei. § 2o A União, os Estados e o
para efeito dos limites remune- Distrito Federal manterão escolas
ratórios de que trata o inciso XI Art. 38. Ao servidor público da de governo para a formação e o
do caput deste artigo, as parcelas administração direta, autárquica aperfeiçoamento dos servido-
de caráter indenizatório previs- e fundacional, no exercício de res públicos, constituindo-se a
tas em lei. mandato eletivo, aplicam-se as participação nos cursos um dos
§ 12. Para os fins do disposto seguintes disposições:
no inciso XI do caput deste arti- I – tratando-se de mandato 4
NE: o caput deste artigo teve a sua aplica-
go, fica facultado aos Estados e eletivo federal, estadual ou distri- ção suspensa em caráter liminar, por força
ao Distrito Federal fixar, em seu tal, ficará afastado de seu cargo, da ADI no 2.135. Redação anterior: “A União,
âmbito, mediante emenda às res- emprego ou função; os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
pectivas Constituições e Lei Orgâ- II – investido no mandato de instituirão, no âmbito de sua competência, re-
gime jurídico único e planos de carreira para
nica, como limite único, o subsídio Prefeito, será afastado do cargo, os servidores da administração pública direta,
mensal dos Desembargadores do emprego ou função, sendo-lhe das autarquias e das fundações públicas”.
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Constituição da República Federativa do Brasil
requisitos para a promoção na cargo efetivo. em regime próprio de previdência
carreira, facultada, para isso, a social, ressalvado o disposto nos
celebração de convênios ou con- Art. 40. O regime próprio de §§ 4o‑A, 4o‑B, 4o‑C e 5o.
tratos entre os entes federados. previdência social dos servidores § 4o-A. Poderão ser estabe-
§ 3o Aplica-se aos servido- titulares de cargos efetivos terá lecidos por lei complementar do
res ocupantes de cargo público caráter contributivo e solidário, respectivo ente federativo idade
o disposto no art. 7o, IV, VII, VIII, mediante contribuição do res- e tempo de contribuição dife-
IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, pectivo ente federativo, de ser- renciados para aposentadoria
XX, XXII e XXX, podendo a lei esta- vidores ativos, de aposentados e de servidores com deficiência,
belecer requisitos diferenciados de pensionistas, observados cri- previamente submetidos a ava-
de admissão quando a natureza térios que preservem o equilíbrio liação biopsicossocial realizada
do cargo o exigir. financeiro e atuarial. por equipe multiprofissional e
§ 4o O membro de Poder, o § 1o O servidor abrangido por interdisciplinar.
detentor de mandato eletivo, os regime próprio de previdência § 4o-B. Poderão ser estabe-
Ministros de Estado e os Secretá- social será aposentado: lecidos por lei complementar do
rios Estaduais e Municipais serão I – por incapacidade perma- respectivo ente federativo idade
remunerados exclusivamente por nente para o trabalho, no cargo e tempo de contribuição diferen-
subsídio fixado em parcela única, em que estiver investido, quan- ciados para aposentadoria de
vedado o acréscimo de qualquer do insuscetível de readaptação, ocupantes do cargo de agente
gratificação, adicional, abono, hipótese em que será obriga- penitenciário, de agente socioe-
prêmio, verba de representação tória a realização de avaliações ducativo ou de policial dos órgãos
ou outra espécie remuneratória, periódicas para verificação da de que tratam o inciso IV do caput
obedecido, em qualquer caso, o continuidade das condições que do art. 51, o inciso XIII do caput do
disposto no art. 37, X e XI. ensejaram a concessão da apo- art. 52 e os incisos I a IV do caput
§ 5o Lei da União, dos Es- sentadoria, na forma de lei do do art. 144.
tados, do Distrito Federal e dos respectivo ente federativo; § 4o-C. Poderão ser estabe-
Municípios poderá estabelecer II – compulsoriamente, com lecidos por lei complementar do
a relação entre a maior e a me- proventos proporcionais ao tem- respectivo ente federativo idade
nor remuneração dos servidores po de contribuição, aos 70 (se- e tempo de contribuição diferen-
públicos, obedecido, em qualquer tenta) anos de idade, ou aos 75 ciados para aposentadoria de
caso, o disposto no art. 37, XI. (setenta e cinco) anos de idade, servidores cujas atividades sejam
§ 6o Os Poderes Executivo, na forma de lei complementar; exercidas com efetiva exposição a
Legislativo e Judiciário publicarão III – no âmbito da União, aos agentes químicos, físicos e bioló-
anualmente os valores do subsídio 62 (sessenta e dois) anos de idade, gicos prejudiciais à saúde, ou as-
e da remuneração dos cargos e se mulher, e aos 65 (sessenta e sociação desses agentes, vedada
empregos públicos. cinco) anos de idade, se homem, a caracterização por categoria
§ 7o Lei da União, dos Es- e, no âmbito dos Estados, do Dis- profissional ou ocupação.
tados, do Distrito Federal e dos trito Federal e dos Municípios, § 5o Os ocupantes do cargo
Municípios disciplinará a aplica- na idade mínima estabelecida de professor terão idade mínima
ção de recursos orçamentários mediante emenda às respectivas reduzida em 5 (cinco) anos em
provenientes da economia com Constituições e Leis Orgânicas, relação às idades decorrentes da
despesas correntes em cada ór- observados o tempo de contri- aplicação do disposto no inciso
gão, autarquia e fundação, para buição e os demais requisitos es- III do § 1o, desde que compro-
aplicação no desenvolvimento de tabelecidos em lei complementar vem tempo de efetivo exercício
programas de qualidade e pro- do respectivo ente federativo. das funções de magistério na
dutividade, treinamento e de- § 2o Os proventos de aposen- educação infantil e no ensino
senvolvimento, modernização, tadoria não poderão ser inferiores fundamental e médio fixado em
reaparelhamento e racionalização ao valor mínimo a que se refere o lei complementar do respectivo
do serviço público, inclusive sob § 2o do art. 201 ou superiores ao ente federativo.
a forma de adicional ou prêmio limite máximo estabelecido para § 6o Ressalvadas as aposen-
de produtividade. o Regime Geral de Previdência tadorias decorrentes dos car-
§ 8o A remuneração dos ser- Social, observado o disposto nos gos acumuláveis na forma desta
vidores públicos organizados em §§ 14 a 16. Constituição, é vedada a percep-
carreira poderá ser fixada nos § 3o As regras para cálculo de ção de mais de uma aposenta-
termos do § 4o. proventos de aposentadoria serão doria à conta de regime próprio
§ 9o É vedada a incorporação disciplinadas em lei do respectivo de previdência social, aplican-
de vantagens de caráter temporá- ente federativo. do-se outras vedações, regras
rio ou vinculadas ao exercício de § 4o É vedada a adoção de e condições para a acumulação
função de confiança ou de cargo requisitos ou critérios diferencia- de benefícios previdenciários es-
em comissão à remuneração do dos para concessão de benefícios tabelecidas no Regime Geral de
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Constituição da República Federativa do Brasil
Previdência Social. § 14. A União, os Estados, o tadoria compulsória.
§ 7o Observado o disposto no Distrito Federal e os Municípios § 20. É vedada a existência
§ 2o do art. 201, quando se tratar instituirão, por lei de iniciativa do de mais de um regime próprio
da única fonte de renda formal respectivo Poder Executivo, regi- de previdência social e de mais
auferida pelo dependente, o be- me de previdência complementar de um órgão ou entidade gesto-
nefício de pensão por morte será para servidores públicos ocupan- ra desse regime em cada ente
concedido nos termos de lei do tes de cargo efetivo, observado federativo, abrangidos todos os
respectivo ente federativo, a qual o limite máximo dos benefícios poderes, órgãos e entidades au-
tratará de forma diferenciada a do Regime Geral de Previdência tárquicas e fundacionais, que
hipótese de morte dos servidores Social para o valor das aposenta- serão responsáveis pelo seu fi-
de que trata o § 4o‑B decorrente dorias e das pensões em regime nanciamento, observados os cri-
de agressão sofrida no exercício próprio de previdência social, térios, os parâmetros e a natureza
ou em razão da função. ressalvado o disposto no § 16. jurídica definidos na lei comple-
§ 8o É assegurado o rea- § 15. O regime de previdência mentar de que trata o § 22.
justamento dos benefícios para complementar de que trata o § 14 § 21. (Revogado)
preservar-lhes, em caráter per- oferecerá plano de benefícios so- § 22. Vedada a instituição de
manente, o valor real, conforme mente na modalidade contribui- novos regimes próprios de pre-
critérios estabelecidos em lei. ção definida, observará o disposto vidência social, lei complemen-
§ 9o O tempo de contribuição no art. 202 e será efetivado por tar federal estabelecerá, para os
federal, estadual, distrital ou mu- intermédio de entidade fechada que já existam, normas gerais de
nicipal será contado para fins de de previdência complementar ou organização, de funcionamento
aposentadoria, observado o dis- de entidade aberta de previdência e de responsabilidade em sua
posto nos §§ 9o e 9o‑A do art. 201, complementar. gestão, dispondo, entre outros
e o tempo de serviço correspon- § 16. Somente mediante sua aspectos, sobre:
dente será contado para fins de prévia e expressa opção, o dis- I – requisitos para sua ex-
disponibilidade. posto nos §§ 14 e 15 poderá ser tinção e consequente migração
§ 10. A lei não poderá esta- aplicado ao servidor que tiver para o Regime Geral de Previdên-
belecer qualquer forma de con- ingressado no serviço público cia Social;
tagem de tempo de contribuição até a data da publicação do ato II – modelo de arrecadação,
fictício. de instituição do corresponden- de aplicação e de utilização dos
§ 11. Aplica-se o limite fixado te regime de previdência com- recursos;
no art. 37, XI, à soma total dos pro- plementar. III – fiscalização pela União e
ventos de inatividade, inclusive § 17. Todos os valores de re- controle externo e social;
quando decorrentes da acumu- muneração considerados para o IV – definição de equilíbrio
lação de cargos ou empregos cálculo do benefício previsto no financeiro e atuarial;
públicos, bem como de outras § 3o serão devidamente atualiza- V – condições para instituição
atividades sujeitas a contribuição dos, na forma da lei. do fundo com finalidade previ-
para o regime geral de previdên- § 18. Incidirá contribuição denciária de que trata o art. 249 e
cia social, e ao montante resul- sobre os proventos de aposenta- para vinculação a ele dos recursos
tante da adição de proventos de dorias e pensões concedidas pelo provenientes de contribuições
inatividade com remuneração regime de que trata este artigo e dos bens, direitos e ativos de
de cargo acumulável na forma que superem o limite máximo qualquer natureza;
desta Constituição, cargo em co- estabelecido para os benefícios VI – mecanismos de equa-
missão declarado em lei de livre do regime geral de previdência cionamento do déficit atuarial;
nomeação e exoneração, e de social de que trata o art. 201, com VII – estruturação do órgão
cargo eletivo. percentual igual ao estabelecido ou entidade gestora do regime,
§ 12. Além do disposto neste para os servidores titulares de observados os princípios relacio-
artigo, serão observados, em re- cargos efetivos. nados com governança, controle
gime próprio de previdência so- § 19. Observados critérios a interno e transparência;
cial, no que couber, os requisitos serem estabelecidos em lei do VIII – condições e hipóteses
e critérios fixados para o Regime respectivo ente federativo, o ser- para responsabilização daqueles
Geral de Previdência Social. vidor titular de cargo efetivo que que desempenhem atribuições
§ 13. Aplica-se ao agente pú- tenha completado as exigências relacionadas, direta ou indireta-
blico ocupante, exclusivamente, para a aposentadoria voluntária mente, com a gestão do regime;
de cargo em comissão declarado e que opte por permanecer em IX – condições para adesão a
em lei de livre nomeação e exone- atividade poderá fazer jus a um consórcio público;
ração, de outro cargo temporário, abono de permanência equiva- X – parâmetros para apuração
inclusive mandato eletivo, ou de lente, no máximo, ao valor da sua da base de cálculo e definição de
emprego público, o Regime Geral contribuição previdenciária, até alíquota de contribuições ordiná-
de Previdência Social. completar a idade para aposen- rias e extraordinárias.
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Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 41. São estáveis após três inciso X, sendo as patentes dos estabelecimento, em suas glebas,
anos de efetivo exercício os ser- oficiais conferidas pelos respec- de fontes de água e de pequena
vidores nomeados para cargo de tivos governadores. irrigação.
provimento efetivo em virtude de § 2o Aos pensionistas dos § 4o Sempre que possível,
concurso público. militares dos Estados, do Distrito a concessão dos incentivos re-
§ 1o O servidor público está- Federal e dos Territórios aplica-se gionais a que se refere o § 2o, III,
vel só perderá o cargo: o que for fixado em lei específica considerará critérios de susten-
I – em virtude de sentença do respectivo ente estatal. tabilidade ambiental e redução
judicial transitada em julgado; § 3o Aplica-se aos militares das emissões de carbono.
II – mediante processo admi- dos Estados, do Distrito Federal
nistrativo em que lhe seja asse- e dos Territórios o disposto no
gurada ampla defesa; art. 37, inciso XVI, com prevalên- TÍTULO IV – DA
III – mediante procedimento cia da atividade militar. ORGANIZAÇÃO DOS
de avaliação periódica de de- PODERES
sempenho, na forma de lei com-
plementar, assegurada ampla
Seção IV – Das Regiões CAPÍTULO I – DO PODER
defesa. LEGISLATIVO
§ 2o Invalidada por sentença Art. 43. Para efeitos adminis-
judicial a demissão do servidor trativos, a União poderá articular Seção I – Do Congresso
estável, será ele reintegrado, e sua ação em um mesmo complexo Nacional
o eventual ocupante da vaga, se geoeconômico e social, visando
estável, reconduzido ao cargo de a seu desenvolvimento e à redu- Art. 44. O Poder Legislativo é
origem, sem direito a indeniza- ção das desigualdades regionais. exercido pelo Congresso Nacio-
ção, aproveitado em outro car- § 1o Lei complementar dis- nal, que se compõe da Câma-
go ou posto em disponibilidade porá sobre: ra dos Deputados e do Senado
com remuneração proporcional I – as condições para inte- Federal.
ao tempo de serviço. gração de regiões em desenvol- Parágrafo único. Cada legis-
§ 3o Extinto o cargo ou de- vimento; latura terá a duração de quatro
clarada a sua desnecessidade, II – a composição dos organis- anos.
o servidor estável ficará em dis- mos regionais que executarão, na
ponibilidade, com remuneração forma da lei, os planos regionais, Art. 45. A Câmara dos Deputa-
proporcional ao tempo de serviço, integrantes dos planos nacionais dos compõe-se de representan-
até seu adequado aproveitamento de desenvolvimento econômico tes do povo, eleitos, pelo sistema
em outro cargo. e social, aprovados juntamente proporcional, em cada Estado,
§ 4o Como condição para com estes. em cada Território e no Distrito
a aquisição da estabilidade, é § 2o Os incentivos regionais Federal.
obrigatória a avaliação especial compreenderão, além de outros, § 1o O número total de De-
de desempenho por comissão na forma da lei: putados, bem como a represen-
instituída para essa finalidade. I – igualdade de tarifas, fretes, tação por Estado e pelo Distrito
seguros e outros itens de custos Federal, será estabelecido por lei
e preços de responsabilidade do complementar, proporcionalmen-
Seção III – Dos Militares dos Poder Público; te à população, procedendo-se
Estados, do Distrito Federal II – juros favorecidos para fi- aos ajustes necessários, no ano
e dos Territórios nanciamento de atividades prio- anterior às eleições, para que
ritárias; nenhuma daquelas unidades da
Art. 42. Os membros das Polí- III – isenções, reduções ou Federação tenha menos de oito
cias Militares e Corpos de Bom- diferimento temporário de tribu- ou mais de setenta Deputados.
beiros Militares, instituições or- tos federais devidos por pessoas § 2o Cada Território elegerá
ganizadas com base na hierarquia físicas ou jurídicas; quatro Deputados.
e disciplina, são militares dos IV – prioridade para o apro-
Estados, do Distrito Federal e veitamento econômico e social Art. 46. O Senado Federal com-
dos Territórios. dos rios e das massas de água põe-se de representantes dos Es-
§ 1o Aplicam-se aos militares represadas ou represáveis nas tados e do Distrito Federal, eleitos
dos Estados, do Distrito Federal e regiões de baixa renda, sujeitas segundo o princípio majoritário.
dos Territórios, além do que vier a a secas periódicas. § 1o Cada Estado e o Distrito
ser fixado em lei, as disposições § 3o Nas áreas a que se re- Federal elegerão três Senadores,
do art. 14, § 8o; do art. 40, § 9o; e fere o § 2o, IV, a União incentivará com mandato de oito anos.
do art. 142, §§ 2o e 3o, cabendo a a recuperação de terras áridas § 2o A representação de cada
lei estadual específica dispor so- e cooperará com os pequenos e Estado e do Distrito Federal será
bre as matérias do art. 142, § 3o, médios proprietários rurais para o renovada de quatro em quatro
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Constituição da República Federativa do Brasil
anos, alternadamente, por um e XII – telecomunicações e ra- X – fiscalizar e controlar, di-
dois terços. diodifusão; retamente, ou por qualquer de
§ 3o Cada Senador será eleito XIII – matéria financeira, cam- suas Casas, os atos do Poder
com dois suplentes. bial e monetária, instituições fi- Executivo, incluídos os da admi-
nanceiras e suas operações; nistração indireta;
Art. 47. Salvo disposição cons- XIV – moeda, seus limites de XI – zelar pela preservação de
titucional em contrário, as de- emissão, e montante da dívida sua competência legislativa em
liberações de cada Casa e de mobiliária federal; face da atribuição normativa dos
suas Comissões serão tomadas XV – fixação do subsídio dos outros Poderes;
por maioria dos votos, presen- Ministros do Supremo Tribunal XII – apreciar os atos de con-
te a maioria absoluta de seus Federal, observado o que dispõem cessão e renovação de concessão
membros. os arts. 39, § 4o; 150, II; 153, III; e de emissoras de rádio e televisão;
153, § 2o, I. XIII – escolher dois terços dos
membros do Tribunal de Contas
Seção II – Das Atribuições do Art. 49. É da competência ex- da União;
Congresso Nacional clusiva do Congresso Nacional: XIV – aprovar iniciativas do
I – resolver definitivamente Poder Executivo referentes a ati-
Art. 48. Cabe ao Congresso Na- sobre tratados, acordos ou atos vidades nucleares;
cional, com a sanção do Presiden- internacionais que acarretem en- XV – autorizar referendo e
te da República, não exigida esta cargos ou compromissos gravo- convocar plebiscito;
para o especificado nos arts. 49, sos ao patrimônio nacional; XVI – autorizar, em terras in-
51 e 52, dispor sobre todas as ma- II – autorizar o Presidente dígenas, a exploração e o apro-
térias de competência da União, da República a declarar guerra, veitamento de recursos hídricos
especialmente sobre: a celebrar a paz, a permitir que e a pesquisa e lavra de riquezas
I – sistema tributário, arreca- forças estrangeiras transitem minerais;
dação e distribuição de rendas; pelo território nacional ou nele XVII – aprovar, previamente, a
II – plano plurianual, diretri- permaneçam temporariamente, alienação ou concessão de terras
zes orçamentárias, orçamento ressalvados os casos previstos públicas com área superior a dois
anual, operações de crédito, dí- em lei complementar; mil e quinhentos hectares;
vida pública e emissões de curso III – autorizar o Presidente e XVIII – decretar o estado de
forçado; o Vice-Presidente da República a calamidade pública de âmbito
III – fixação e modificação se ausentarem do País, quando a nacional previsto nos arts. 167‑B,
do efetivo das Forças Armadas; ausência exceder a quinze dias; 167‑C, 167‑D, 167‑E, 167‑F e 167‑G
IV – planos e programas na- IV – aprovar o estado de de- desta Constituição.
cionais, regionais e setoriais de fesa e a intervenção federal,
desenvolvimento; autorizar o estado de sítio, ou Art. 50. A Câmara dos Depu-
V – limites do território na- suspender qualquer uma dessas tados e o Senado Federal, ou
cional, espaço aéreo e marítimo medidas; qualquer de suas Comissões,
e bens do domínio da União; V – sustar os atos normativos poderão convocar Ministro de
VI – incorporação, subdivisão do Poder Executivo que exorbitem Estado, quaisquer titulares de
ou desmembramento de áreas do poder regulamentar ou dos órgãos diretamente subordinados
de Territórios ou Estados, ouvi- limites de delegação legislativa; à Presidência da República ou o
das as respectivas Assembleias VI – mudar temporariamente Presidente do Comitê Gestor do
Legislativas; sua sede; Imposto sobre Bens e Serviços
VII – transferência temporá- VII – fixar idêntico subsídio para prestarem, pessoalmente,
ria da sede do Governo Federal; para os Deputados Federais e informações sobre assunto pre-
VIII – concessão de anistia; os Senadores, observado o que viamente determinado, impor-
IX – organização administra- dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4o, tando crime de responsabilida-
tiva, judiciária, do Ministério Pú- 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I; de a ausência sem justificação
blico e da Defensoria Pública da VIII – fixar os subsídios do adequada.
União e dos Territórios e organi- Presidente e do Vice-Presidente § 1o Os Ministros de Estado
zação judiciária e do Ministério da República e dos Ministros de poderão comparecer ao Senado
Público do Distrito Federal; Estado, observado o que dispõem Federal, à Câmara dos Deputados,
X – criação, transformação os arts. 37, XI, 39, § 4o, 150, II, 153, ou a qualquer de suas Comissões,
e extinção de cargos, empregos III, e 153, § 2o, I; por sua iniciativa e mediante en-
e funções públicas, observado o IX – julgar anualmente as con- tendimentos com a Mesa respec-
que estabelece o art. 84, VI, “b”; tas prestadas pelo Presidente da tiva, para expor assunto de rele-
XI – criação e extinção de República e apreciar os relatórios vância de seu Ministério.
Ministérios e órgãos da adminis- sobre a execução dos planos de § 2o As Mesas da Câmara dos
tração pública; governo; Deputados e do Senado Fede-
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Constituição da República Federativa do Brasil
ral poderão encaminhar pedidos Nacional do Ministério Público, o dor-Geral da República antes do
escritos de informação a Minis- Procurador-Geral da República e término de seu mandato;
tros de Estado ou a qualquer das o Advogado-Geral da União nos XII – elaborar seu regimento
pessoas referidas no caput deste crimes de responsabilidade; interno;
artigo, importando em crime de III – aprovar previamente, por XIII – dispor sobre sua orga-
responsabilidade a recusa, ou voto secreto, após arguição pú- nização, funcionamento, polícia,
o não atendimento no prazo de blica, a escolha de: criação, transformação ou ex-
trinta dias, bem como a prestação a) magistrados, nos casos tinção dos cargos, empregos e
de informações falsas. estabelecidos nesta Constituição; funções de seus serviços, e a ini-
b) Ministros do Tribunal de ciativa de lei para a fixação da res-
Contas da União indicados pelo pectiva remuneração, observados
Seção III – Da Câmara dos Presidente da República; os parâmetros estabelecidos na
Deputados c) Governador de Território; lei de diretrizes orçamentárias;
d) presidente e diretores do XIV – eleger membros do Con-
Art. 51. Compete privativamente banco central; selho da República, nos termos
à Câmara dos Deputados: e) Procurador-Geral da Re- do art. 89, VII;
I – autorizar, por dois terços pública; XV – avaliar periodicamente a
de seus membros, a instauração f) titulares de outros cargos funcionalidade do Sistema Tribu-
de processo contra o Presidente que a lei determinar; tário Nacional, em sua estrutura
e o Vice-Presidente da República IV – aprovar previamente, por e seus componentes, e o desem-
e os Ministros de Estado; voto secreto, após arguição em penho das administrações tribu-
II – proceder à tomada de sessão secreta, a escolha dos tárias da União, dos Estados e do
contas do Presidente da Repú- chefes de missão diplomática de Distrito Federal e dos Municípios.
blica, quando não apresentadas caráter permanente; Parágrafo único. Nos casos
ao Congresso Nacional dentro de V – autorizar operações ex- previstos nos incisos I e II, funcio-
sessenta dias após a abertura da ternas de natureza financeira, de nará como Presidente o do Supre-
sessão legislativa; interesse da União, dos Estados, mo Tribunal Federal, limitando-se
III – elaborar seu regimento do Distrito Federal, dos Territórios a condenação, que somente será
interno; e dos Municípios; proferida por dois terços dos vo-
IV – dispor sobre sua orga- VI – fixar, por proposta do tos do Senado Federal, à perda do
nização, funcionamento, polícia, Presidente da República, limites cargo, com inabilitação, por oito
criação, transformação ou ex- globais para o montante da dí- anos, para o exercício de função
tinção dos cargos, empregos e vida consolidada da União, dos pública, sem prejuízo das demais
funções de seus serviços, e a ini- Estados, do Distrito Federal e sanções judiciais cabíveis.
ciativa de lei para fixação da res- dos Municípios;
pectiva remuneração, observados VII – dispor sobre limites glo-
os parâmetros estabelecidos na bais e condições para as opera-
Seção V – Dos Deputados e
lei de diretrizes orçamentárias; ções de crédito externo e interno dos Senadores
V – eleger membros do Con- da União, dos Estados, do Distrito
selho da República, nos termos Federal e dos Municípios, de suas Art. 53. Os Deputados e Sena-
do art. 89, VII. autarquias e demais entidades dores são invioláveis, civil e pe-
controladas pelo Poder Público nalmente, por quaisquer de suas
federal; opiniões, palavras e votos.
Seção IV – Do Senado VIII – dispor sobre limites e § 1o Os Deputados e Sena-
Federal condições para a concessão de dores, desde a expedição do di-
garantia da União em operações ploma, serão submetidos a julga-
Art. 52. Compete privativamen- de crédito externo e interno; mento perante o Supremo Tribu-
te ao Senado Federal: IX – estabelecer limites glo- nal Federal.
I – processar e julgar o Pre- bais e condições para o mon- § 2o Desde a expedição do
sidente e o Vice-Presidente da tante da dívida mobiliária dos diploma, os membros do Con-
República nos crimes de respon- Estados, do Distrito Federal e gresso Nacional não poderão ser
sabilidade, bem como os Ministros dos Municípios; presos, salvo em flagrante de
de Estado e os Comandantes da X – suspender a execução, no crime inafiançável. Nesse caso,
Marinha, do Exército e da Aero- todo ou em parte, de lei declara- os autos serão remetidos dentro
náutica nos crimes da mesma da inconstitucional por decisão de vinte e quatro horas à Casa
natureza conexos com aqueles; definitiva do Supremo Tribunal respectiva, para que, pelo voto
II – processar e julgar os Mi- Federal; da maioria de seus membros,
nistros do Supremo Tribunal Fe- XI – aprovar, por maioria ab- resolva sobre a prisão.
deral, os membros do Conselho soluta e por voto secreto, a exo- § 3o Recebida a denúncia
Nacional de Justiça e do Conselho neração, de ofício, do Procura- contra Senador ou Deputado, por
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Constituição da República Federativa do Brasil
crime ocorrido após a diploma- que goze de favor decorrente de cional, assegurada ampla defesa.
ção, o Supremo Tribunal Federal contrato com pessoa jurídica de § 4o A renúncia de parlamen-
dará ciência à Casa respectiva, direito público, ou nela exercer tar submetido a processo que
que, por iniciativa de partido polí- função remunerada; vise ou possa levar à perda do
tico nela representado e pelo voto b) ocupar cargo ou função mandato, nos termos deste arti-
da maioria de seus membros, po- de que sejam demissíveis ad nu- go, terá seus efeitos suspensos
derá, até a decisão final, sustar o tum, nas entidades referidas no até as deliberações finais de que
andamento da ação. inciso I, “a”; tratam os §§ 2o e 3o.
§ 4o O pedido de sustação c) patrocinar causa em que
será apreciado pela Casa res- seja interessada qualquer das Art. 56. Não perderá o mandato
pectiva no prazo improrrogável entidades a que se refere o in- o Deputado ou Senador:
de quarenta e cinco dias do seu ciso I, “a”; I – investido no cargo de Mi-
recebimento pela Mesa Diretora. d) ser titulares de mais de um nistro de Estado, Governador de
§ 5o A sustação do processo cargo ou mandato público eletivo. Território, Secretário de Esta-
suspende a prescrição, enquanto do, do Distrito Federal, de Ter-
durar o mandato. Art. 55. Perderá o mandato o ritório, de Prefeitura de Capital
§ 6o Os Deputados e Senado- Deputado ou Senador: ou chefe de missão diplomática
res não serão obrigados a teste- I – que infringir qualquer das temporária;
munhar sobre informações rece- proibições estabelecidas no arti- II – licenciado pela respectiva
bidas ou prestadas em razão do go anterior; Casa por motivo de doença, ou
exercício do mandato, nem sobre II – cujo procedimento for para tratar, sem remuneração,
as pessoas que lhes confiaram ou declarado incompatível com o de interesse particular, desde
deles receberam informações. decoro parlamentar; que, neste caso, o afastamento
§ 7o A incorporação às For- III – que deixar de compare- não ultrapasse cento e vinte dias
ças Armadas de Deputados e cer, em cada sessão legislativa, por sessão legislativa.
Senadores, embora militares e à terça parte das sessões ordi- § 1o O suplente será convoca-
ainda que em tempo de guerra, nárias da Casa a que pertencer, do nos casos de vaga, de investi-
dependerá de prévia licença da salvo licença ou missão por esta dura em funções previstas neste
Casa respectiva. autorizada; artigo ou de licença superior a
§ 8o As imunidades de Depu- IV – que perder ou tiver sus- cento e vinte dias.
tados ou Senadores subsistirão pensos os direitos políticos; § 2o Ocorrendo vaga e não
durante o estado de sítio, só po- V – quando o decretar a Jus- havendo suplente, far-se-á elei-
dendo ser suspensas mediante o tiça Eleitoral, nos casos previstos ção para preenchê-la se faltarem
voto de dois terços dos membros nesta Constituição; mais de quinze meses para o tér-
da Casa respectiva, nos casos de VI – que sofrer condenação mino do mandato.
atos praticados fora do recinto do criminal em sentença transitada § 3o Na hipótese do inciso
Congresso Nacional, que sejam em julgado. I, o Deputado ou Senador pode-
incompatíveis com a execução § 1o É incompatível com o rá optar pela remuneração do
da medida. decoro parlamentar, além dos mandato.
casos definidos no regimento in-
Art. 54. Os Deputados e Sena- terno, o abuso das prerrogativas
dores não poderão: asseguradas a membro do Con-
Seção VI – Das Reuniões
I – desde a expedição do di- gresso Nacional ou a percepção
ploma: de vantagens indevidas. Art. 57. O Congresso Nacional
a) firmar ou manter contra- § 2o Nos casos dos incisos I, reunir-se-á, anualmente, na Ca-
to com pessoa jurídica de direi- II e VI, a perda do mandato será pital Federal, de 2 de fevereiro a
to público, autarquia, empresa decidida pela Câmara dos Depu- 17 de julho e de 1o de agosto a 22
pública, sociedade de economia tados ou pelo Senado Federal, por de dezembro.
mista ou empresa concessionária maioria absoluta, mediante pro- § 1o As reuniões marcadas
de serviço público, salvo quando vocação da respectiva Mesa ou de para essas datas serão transfe-
o contrato obedecer a cláusulas partido político representado no ridas para o primeiro dia útil sub-
uniformes; Congresso Nacional, assegurada sequente, quando recaírem em
b) aceitar ou exercer cargo, ampla defesa. sábados, domingos ou feriados.
função ou emprego remunerado, § 3o Nos casos previstos nos § 2o A sessão legislativa não
inclusive os de que sejam demis- incisos III a V, a perda será de- será interrompida sem a aprova-
síveis ad nutum, nas entidades clarada pela Mesa da Casa res- ção do projeto de lei de diretrizes
constantes da alínea anterior; pectiva, de ofício ou mediante orçamentárias.
II – desde a posse: provocação de qualquer de seus § 3o Além de outros casos
a) ser proprietários, contro- membros, ou de partido político previstos nesta Constituição, a
ladores ou diretores de empresa representado no Congresso Na- Câmara dos Deputados e o Se-
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Constituição da República Federativa do Brasil
nado Federal reunir-se-ão em § 8o Havendo medidas pro- membros, para a apuração de fato
sessão conjunta para: visórias em vigor na data de determinado e por prazo certo,
I – inaugurar a sessão legis- convocação extraordinária do sendo suas conclusões, se for o
lativa; Congresso Nacional, serão elas caso, encaminhadas ao Ministé-
II – elaborar o regimento co- automaticamente incluídas na rio Público, para que promova a
mum e regular a criação de servi- pauta da convocação. responsabilidade civil ou criminal
ços comuns às duas Casas; dos infratores.
III – receber o compromisso § 4o Durante o recesso, have-
do Presidente e do Vice-Presi-
Seção VII – Das Comissões rá uma Comissão representativa
dente da República; do Congresso Nacional, eleita
IV – conhecer do veto e sobre Art. 58. O Congresso Nacional por suas Casas na última sessão
ele deliberar. e suas Casas terão comissões ordinária do período legislativo,
§ 4o Cada uma das Casas permanentes e temporárias, com atribuições definidas no regi-
reunir-se-á em sessões prepa- constituídas na forma e com as mento comum, cuja composição
ratórias, a partir de 1o de fevereiro, atribuições previstas no respec- reproduzirá, quanto possível, a
no primeiro ano da legislatura, tivo regimento ou no ato de que proporcionalidade da represen-
para a posse de seus membros resultar sua criação. tação partidária.
e eleição das respectivas Mesas, § 1o Na constituição das Me-
para mandato de 2 (dois) anos, ve- sas e de cada Comissão, é asse-
dada a recondução para o mesmo gurada, tanto quanto possível, a
Seção VIII – Do Processo
cargo na eleição imediatamente representação proporcional dos Legislativo
subsequente. partidos ou dos blocos parlamen- Subseção I – Disposição
§ 5o A Mesa do Congresso tares que participam da respec- Geral
Nacional será presidida pelo Pre- tiva Casa.
sidente do Senado Federal, e os § 2o Às comissões, em razão Art. 59. O processo legislativo
demais cargos serão exercidos, da matéria de sua competência, compreende a elaboração de:
alternadamente, pelos ocupan- cabe: I – emendas à Constituição;
tes de cargos equivalentes na I – discutir e votar projeto de II – leis complementares;
Câmara dos Deputados e no Se- lei que dispensar, na forma do re- III – leis ordinárias;
nado Federal. gimento, a competência do Ple- IV – leis delegadas;
§ 6o A convocação extraor- nário, salvo se houver recurso de V – medidas provisórias;
dinária do Congresso Nacional um décimo dos membros da Casa; VI – decretos legislativos;
far-se-á: II – realizar audiências pú- VII – resoluções.
I – pelo Presidente do Senado blicas com entidades da socie- Parágrafo único. Lei com-
Federal, em caso de decretação dade civil; plementar disporá sobre a ela-
de estado de defesa ou de in- III – convocar Ministros de boração, redação, alteração e
tervenção federal, de pedido de Estado para prestar informações consolidação das leis.
autorização para a decretação de sobre assuntos inerentes a suas
estado de sítio e para o compro- atribuições;
misso e a posse do Presidente e IV – receber petições, recla-
Subseção II – Da Emenda à
do Vice-Presidente da República; mações, representações ou quei- Constituição
II – pelo Presidente da Repú- xas de qualquer pessoa contra
blica, pelos Presidentes da Câma- atos ou omissões das autoridades Art. 60. A Constituição pode-
ra dos Deputados e do Senado ou entidades públicas; rá ser emendada mediante pro-
Federal ou a requerimento da V – solicitar depoimento de posta:
maioria dos membros de ambas qualquer autoridade ou cidadão; I – de um terço, no mínimo,
as Casas, em caso de urgência VI – apreciar programas de dos membros da Câmara dos De-
ou interesse público relevante, obras, planos nacionais, regionais putados ou do Senado Federal;
em todas as hipóteses deste in- e setoriais de desenvolvimento e II – do Presidente da Repú-
ciso com a aprovação da maioria sobre eles emitir parecer. blica;
absoluta de cada uma das Casas § 3o As comissões parlamen- III – de mais da metade das
do Congresso Nacional. tares de inquérito, que terão po- Assembleias Legislativas das uni-
§ 7o Na sessão legislativa deres de investigação próprios dades da Federação, manifestan-
extraordinária, o Congresso Na- das autoridades judiciais, além de do-se, cada uma delas, pela maio-
cional somente deliberará sobre outros previstos nos regimentos ria relativa de seus membros.
a matéria para a qual foi convoca- das respectivas Casas, serão cria- § 1o A Constituição não po-
do, ressalvada a hipótese do § 8o das pela Câmara dos Deputados e derá ser emendada na vigência
deste artigo, vedado o pagamento pelo Senado Federal, em conjunto de intervenção federal, de estado
de parcela indenizatória, em razão ou separadamente, mediante re- de defesa ou de estado de sítio.
da convocação. querimento de um terço de seus § 2o A proposta será discuti-
31
Constituição da República Federativa do Brasil
da e votada em cada Casa do Con- Público e da Defensoria Pública da de impostos, exceto os previstos
gresso Nacional, em dois turnos, União, bem como normas gerais nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II,
considerando-se aprovada se ob- para a organização do Ministério só produzirá efeitos no exercício
tiver, em ambos, três quintos dos Público e da Defensoria Pública financeiro seguinte se houver sido
votos dos respectivos membros. dos Estados, do Distrito Federal convertida em lei até o último dia
§ 3o A emenda à Constituição e dos Territórios; daquele em que foi editada.
será promulgada pelas Mesas da e) criação e extinção de Mi- § 3o As medidas provisórias,
Câmara dos Deputados e do Se- nistérios e órgãos da administra- ressalvado o disposto nos §§ 11
nado Federal, com o respectivo ção pública, observado o disposto e 12 perderão eficácia, desde a
número de ordem. no art. 84, VI; edição, se não forem converti-
§ 4o Não será objeto de de- f) militares das Forças Ar- das em lei no prazo de sessenta
liberação a proposta de emenda madas, seu regime jurídico, pro- dias, prorrogável, nos termos do
tendente a abolir: vimento de cargos, promoções, § 7o, uma vez por igual período,
I – a forma federativa de Es- estabilidade, remuneração, refor- devendo o Congresso Nacional
tado; ma e transferência para a reserva. disciplinar, por decreto legisla-
II – o voto direto, secreto, uni- § 2o A iniciativa popular pode tivo, as relações jurídicas delas
versal e periódico; ser exercida pela apresentação à decorrentes.
III – a separação dos Poderes; Câmara dos Deputados de projeto § 4o O prazo a que se refere
IV – os direitos e garantias de lei subscrito por, no mínimo, o § 3o contar-se-á da publicação
individuais. um por cento do eleitorado na- da medida provisória, suspen-
§ 5o A matéria constante de cional, distribuído pelo menos dendo-se durante os períodos de
proposta de emenda rejeitada ou por cinco Estados, com não me- recesso do Congresso Nacional.
havida por prejudicada não pode nos de três décimos por cento § 5o A deliberação de cada
ser objeto de nova proposta na dos eleitores de cada um deles. uma das Casas do Congresso Na-
mesma sessão legislativa. cional sobre o mérito das medi-
Art. 62. Em caso de relevância das provisórias dependerá de
e urgência, o Presidente da Re- juízo prévio sobre o atendimento
Subseção III – Das Leis pública poderá adotar medidas de seus pressupostos constitu-
provisórias, com força de lei, de- cionais.
Art. 61. A iniciativa das leis com- vendo submetê-las de imediato § 6o Se a medida provisória
plementares e ordinárias cabe a ao Congresso Nacional. não for apreciada em até quaren-
qualquer membro ou Comissão § 1o É vedada a edição de me- ta e cinco dias contados de sua
da Câmara dos Deputados, do didas provisórias sobre matéria: publicação, entrará em regime de
Senado Federal ou do Congresso I – relativa a: urgência, subsequentemente, em
Nacional, ao Presidente da Repú- a) nacionalidade, cidadania, cada uma das Casas do Congres-
blica, ao Supremo Tribunal Fede- direitos políticos, partidos políti- so Nacional, ficando sobrestadas,
ral, aos Tribunais Superiores, ao cos e direito eleitoral; até que se ultime a votação, todas
Procurador-Geral da República e b) direito penal, processual as demais deliberações legis-
aos cidadãos, na forma e nos ca- penal e processual civil; lativas da Casa em que estiver
sos previstos nesta Constituição. c) organização do Poder Ju- tramitando.
§ 1o São de iniciativa priva- diciário e do Ministério Público, § 7o Prorrogar-se-á uma úni-
tiva do Presidente da República a carreira e a garantia de seus ca vez por igual período a vigên-
as leis que: membros; cia de medida provisória que, no
I – fixem ou modifiquem os d) planos plurianuais, diretri- prazo de sessenta dias, contado
efetivos das Forças Armadas; zes orçamentárias, orçamento e de sua publicação, não tiver a
II – disponham sobre: créditos adicionais e suplemen- sua votação encerrada nas duas
a) criação de cargos, funções tares, ressalvado o previsto no Casas do Congresso Nacional.
ou empregos públicos na admi- art. 167, § 3o; § 8o As medidas provisórias
nistração direta e autárquica ou II – que vise a detenção ou terão sua votação iniciada na
aumento de sua remuneração; sequestro de bens, de poupança Câmara dos Deputados.
b) organização administrati- popular ou qualquer outro ativo § 9o Caberá à comissão mista
va e judiciária, matéria tributária financeiro; de Deputados e Senadores exa-
e orçamentária, serviços públicos III – reservada a lei comple- minar as medidas provisórias e
e pessoal da administração dos mentar; sobre elas emitir parecer, antes
Territórios; IV – já disciplinada em projeto de serem apreciadas, em sessão
c) servidores públicos da de lei aprovado pelo Congresso separada, pelo plenário de cada
União e Territórios, seu regime Nacional e pendente de sanção ou uma das Casas do Congresso Na-
jurídico, provimento de cargos, veto do Presidente da República. cional.
estabilidade e aposentadoria; § 2o Medida provisória que § 10. É vedada a reedição,
d) organização do Ministério implique instituição ou majoração na mesma sessão legislativa, de
32
Constituição da República Federativa do Brasil
medida provisória que tenha sido do Congresso Nacional, nem se sidente do Senado fazê-lo.
rejeitada ou que tenha perdido aplicam aos projetos de código.
sua eficácia por decurso de prazo. Art. 67. A matéria constante de
§ 11. Não editado o decreto Art. 65. O projeto de lei apro- projeto de lei rejeitado somente
legislativo a que se refere o § 3o vado por uma Casa será revisto poderá constituir objeto de novo
até sessenta dias após a rejeição pela outra, em um só turno de projeto, na mesma sessão le-
ou perda de eficácia de medida discussão e votação, e enviado à gislativa, mediante proposta da
provisória, as relações jurídicas sanção ou promulgação, se a Casa maioria absoluta dos membros
constituídas e decorrentes de revisora o aprovar, ou arquivado, de qualquer das Casas do Con-
atos praticados durante sua vi- se o rejeitar. gresso Nacional.
gência conservar-se-ão por ela Parágrafo único. Sendo o
regidas. projeto emendado, voltará à Casa Art. 68. As leis delegadas serão
§ 12. Aprovado projeto de lei iniciadora. elaboradas pelo Presidente da
de conversão alterando o texto República, que deverá solicitar a
original da medida provisória, Art. 66. A Casa na qual tenha delegação ao Congresso Nacional.
esta manter-se-á integralmente sido concluída a votação enviará § 1o Não serão objeto de de-
em vigor até que seja sancionado o projeto de lei ao Presidente da legação os atos de competência
ou vetado o projeto. República, que, aquiescendo, o exclusiva do Congresso Nacio-
sancionará. nal, os de competência privativa
Art. 63. Não será admitido au- § 1o Se o Presidente da Re- da Câmara dos Deputados ou do
mento da despesa prevista: pública considerar o projeto, no Senado Federal, a matéria reser-
I – nos projetos de iniciativa todo ou em parte, inconstitucional vada à lei complementar, nem a
exclusiva do Presidente da Re- ou contrário ao interesse público, legislação sobre:
pública, ressalvado o disposto vetá-lo-á total ou parcialmente, I – organização do Poder Ju-
no art. 166, §§ 3o e 4o; no prazo de quinze dias úteis, diciário e do Ministério Público,
II – nos projetos sobre orga- contados da data do recebimento, a carreira e a garantia de seus
nização dos serviços administra- e comunicará, dentro de quarenta membros;
tivos da Câmara dos Deputados, e oito horas, ao Presidente do Se- II – nacionalidade, cidadania,
do Senado Federal, dos Tribunais nado Federal os motivos do veto. direitos individuais, políticos e
Federais e do Ministério Público. § 2o O veto parcial somente eleitorais;
abrangerá texto integral de ar- III – planos plurianuais, di-
Art. 64. A discussão e votação tigo, de parágrafo, de inciso ou retrizes orçamentárias e orça-
dos projetos de lei de iniciativa de alínea. mentos.
do Presidente da República, do § 3o Decorrido o prazo de § 2o A delegação ao Presi-
Supremo Tribunal Federal e dos quinze dias, o silêncio do Pre- dente da República terá a forma
Tribunais Superiores terão início sidente da República importará de resolução do Congresso Nacio-
na Câmara dos Deputados. sanção. nal, que especificará seu conteú-
§ 1o O Presidente da Repú- § 4o O veto será apreciado do e os termos de seu exercício.
blica poderá solicitar urgência em sessão conjunta, dentro de § 3o Se a resolução determi-
para apreciação de projetos de trinta dias a contar de seu rece- nar a apreciação do projeto pelo
sua iniciativa. bimento, só podendo ser rejeitado Congresso Nacional, este a fará
§ 2o Se, no caso do § 1o, a Câ- pelo voto da maioria absoluta dos em votação única, vedada qual-
mara dos Deputados e o Senado Deputados e Senadores. quer emenda.
Federal não se manifestarem so- § 5o Se o veto não for man-
bre a proposição, cada qual su- tido, será o projeto enviado, para Art. 69. As leis complementa-
cessivamente, em até quarenta e promulgação, ao Presidente da res serão aprovadas por maioria
cinco dias, sobrestar-se-ão todas República. absoluta.
as demais deliberações legisla- § 6o Esgotado sem delibera-
tivas da respectiva Casa, com ção o prazo estabelecido no § 4o,
exceção das que tenham prazo o veto será colocado na ordem do
Seção IX – Da Fiscalização
constitucional determinado, até dia da sessão imediata, sobresta- Contábil, Financeira e
que se ultime a votação. das as demais proposições, até Orçamentária
§ 3o A apreciação das emen- sua votação final.
das do Senado Federal pela Câ- § 7o Se a lei não for promul- Art. 70. A fiscalização contábil,
mara dos Deputados far-se-á gada dentro de quarenta e oito financeira, orçamentária, ope-
no prazo de dez dias, observado horas pelo Presidente da Repú- racional e patrimonial da União
quanto ao mais o disposto no blica, nos casos dos §§ 3o e 5o, o e das entidades da administra-
parágrafo anterior. Presidente do Senado a promul- ção direta e indireta, quanto à
§ 4o Os prazos do § 2o não gará, e, se este não o fizer em legalidade, legitimidade, econo-
correm nos períodos de recesso igual prazo, caberá ao Vice-Pre- micidade, aplicação das subven-
33
Constituição da República Federativa do Brasil
ções e renúncia de receitas, será e demais entidades referidas no ao Congresso Nacional, trimestral
exercida pelo Congresso Nacio- inciso II; e anualmente, relatório de suas
nal, mediante controle externo, e V – fiscalizar as contas na- atividades.
pelo sistema de controle interno cionais das empresas suprana-
de cada Poder. cionais de cujo capital social a Art. 72. A Comissão mista per-
Parágrafo único. Prestará União participe, de forma direta manente a que se refere o art. 166,
contas qualquer pessoa física ou indireta, nos termos do tratado § 1o, diante de indícios de despe-
ou jurídica, pública ou privada, constitutivo; sas não autorizadas, ainda que
que utilize, arrecade, guarde, ge- VI – fiscalizar a aplicação de sob a forma de investimentos
rencie ou administre dinheiros, quaisquer recursos repassados não programados ou de subsídios
bens e valores públicos ou pelos pela União mediante convênio, não aprovados, poderá solicitar à
quais a União responda, ou que, acordo, ajuste ou outros instru- autoridade governamental res-
em nome desta, assuma obri- mentos congêneres, a Estado, ao ponsável que, no prazo de cinco
gações de natureza pecuniária. Distrito Federal ou a Município; dias, preste os esclarecimentos
VII – prestar as informações necessários.
Art. 71. O controle externo, a solicitadas pelo Congresso Nacio- § 1o Não prestados os es-
cargo do Congresso Nacional, nal, por qualquer de suas Casas, clarecimentos, ou considerados
será exercido com o auxílio do ou por qualquer das respectivas estes insuficientes, a Comissão
Tribunal de Contas da União, ao Comissões, sobre a fiscalização solicitará ao Tribunal pronuncia-
qual compete: contábil, financeira, orçamen- mento conclusivo sobre a maté-
I – apreciar as contas presta- tária, operacional e patrimonial ria, no prazo de trinta dias.
das anualmente pelo Presidente e sobre resultados de auditorias § 2o Entendendo o Tribunal
da República, mediante parecer e inspeções realizadas; irregular a despesa, a Comissão,
prévio que deverá ser elaborado VIII – aplicar aos responsá- se julgar que o gasto possa causar
em sessenta dias a contar de seu veis, em caso de ilegalidade de dano irreparável ou grave lesão
recebimento; despesa ou irregularidade de con- à economia pública, proporá ao
II – julgar as contas dos admi- tas, as sanções previstas em lei, Congresso Nacional sua sustação.
nistradores e demais responsá- que estabelecerá, entre outras
veis por dinheiros, bens e valores cominações, multa proporcional Art. 73. O Tribunal de Contas da
públicos da administração direta ao dano causado ao erário; União, integrado por nove Minis-
e indireta, incluídas as fundações IX – assinar prazo para que o tros, tem sede no Distrito Federal,
e sociedades instituídas e man- órgão ou entidade adote as pro- quadro próprio de pessoal e juris-
tidas pelo Poder Público federal, vidências necessárias ao exato dição em todo o território nacio-
e as contas daqueles que derem cumprimento da lei, se verificada nal, exercendo, no que couber, as
causa a perda, extravio ou outra ilegalidade; atribuições previstas no art. 96.
irregularidade de que resulte pre- X – sustar, se não atendido, § 1o Os Ministros do Tribunal
juízo ao erário público; a execução do ato impugnado, de Contas da União serão nome-
III – apreciar, para fins de re- comunicando a decisão à Câ- ados dentre brasileiros que satis-
gistro, a legalidade dos atos de mara dos Deputados e ao Sena- façam os seguintes requisitos:
admissão de pessoal, a qualquer do Federal; I – mais de trinta e cinco e
título, na administração direta e XI – representar ao Poder menos de setenta anos de idade;
indireta, incluídas as fundações competente sobre irregularida- II – idoneidade moral e repu-
instituídas e mantidas pelo Poder des ou abusos apurados. tação ilibada;
Público, excetuadas as nomea- § 1o No caso de contrato, o III – notórios conhecimentos
ções para cargo de provimento ato de sustação será adotado jurídicos, contábeis, econômicos
em comissão, bem como a das diretamente pelo Congresso Na- e financeiros ou de administra-
concessões de aposentadorias, cional, que solicitará, de imediato, ção pública;
reformas e pensões, ressalvadas ao Poder Executivo as medidas IV – mais de dez anos de exer-
as melhorias posteriores que não cabíveis. cício de função ou de efetiva ati-
alterem o fundamento legal do ato § 2o Se o Congresso Nacional vidade profissional que exija os
concessório; ou o Poder Executivo, no prazo conhecimentos mencionados no
IV – realizar, por iniciativa pró- de noventa dias, não efetivar as inciso anterior.
pria, da Câmara dos Deputados, medidas previstas no parágrafo § 2o Os Ministros do Tribunal
do Senado Federal, de Comissão anterior, o Tribunal decidirá a de Contas da União serão esco-
técnica ou de inquérito, inspeções respeito. lhidos:
e auditorias de natureza contábil, § 3o As decisões do Tribu- I – um terço pelo Presidente
financeira, orçamentária, opera- nal de que resulte imputação de da República, com aprovação do
cional e patrimonial, nas unidades débito ou multa terão eficácia de Senado Federal, sendo dois alter-
administrativas dos Poderes Le- título executivo. nadamente dentre auditores e
gislativo, Executivo e Judiciário, § 4o O Tribunal encaminhará membros do Ministério Público
34
Constituição da República Federativa do Brasil
junto ao Tribunal, indicados em de Contas da União. dentre os remanescentes, o de
lista tríplice pelo Tribunal, segun- maior votação.
do os critérios de antiguidade e Art. 75. As normas estabeleci- § 5o Se, na hipótese dos pa-
merecimento; das nesta seção aplicam-se, no rágrafos anteriores, remanescer,
II – dois terços pelo Congres- que couber, à organização, com- em segundo lugar, mais de um
so Nacional. posição e fiscalização dos Tribu- candidato com a mesma vota-
§ 3o Os Ministros do Tribu- nais de Contas dos Estados e do ção, qualificar-se-á o mais idoso.
nal de Contas da União terão as Distrito Federal, bem como dos
mesmas garantias, prerrogati- Tribunais e Conselhos de Contas Art. 78. O Presidente e o Vice-
vas, impedimentos, vencimen- dos Municípios. -Presidente da República tomarão
tos e vantagens dos Ministros Parágrafo único. As Consti- posse em sessão do Congres-
do Superior Tribunal de Justiça, tuições estaduais disporão sobre so Nacional, prestando o com-
aplicando-se-lhes, quanto à apo- os Tribunais de Contas respec- promisso de manter, defender e
sentadoria e pensão, as normas tivos, que serão integrados por cumprir a Constituição, observar
constantes do art. 40. sete Conselheiros. as leis, promover o bem geral do
§ 4o O auditor, quando em povo brasileiro, sustentar a união,
substituição a Ministro, terá as a integridade e a independência
mesmas garantias e impedimen- CAPÍTULO II – DO PODER do Brasil.
tos do titular e, quando no exer- EXECUTIVO Parágrafo único. Se, decorri-
cício das demais atribuições da dos dez dias da data fixada para
Seção I – Do Presidente
judicatura, as de juiz de Tribunal a posse, o Presidente ou o Vice-
Regional Federal. e do Vice-Presidente da -Presidente, salvo motivo de força
República maior, não tiver assumido o cargo,
Art. 74. Os Poderes Legislativo, este será declarado vago.
Executivo e Judiciário manterão, Art. 76. O Poder Executivo é
de forma integrada, sistema de exercido pelo Presidente da Re- Art. 79. Substituirá o Presiden-
controle interno com a finalida- pública, auxiliado pelos Ministros te, no caso de impedimento, e
de de: de Estado. suceder-lhe-á, no de vaga, o Vi-
I – avaliar o cumprimento das ce-Presidente.
metas previstas no plano pluria- Art. 77. A eleição do Presidente Parágrafo único. O Vice-Pre-
nual, a execução dos programas e do Vice-Presidente da República sidente da República, além de
de governo e dos orçamentos realizar-se-á, simultaneamente, outras atribuições que lhe forem
da União; no primeiro domingo de outubro, conferidas por lei complementar,
II – comprovar a legalidade em primeiro turno, e no último auxiliará o Presidente, sempre
e avaliar os resultados, quanto à domingo de outubro, em segundo que por ele convocado para mis-
eficácia e eficiência, da gestão turno, se houver, do ano anterior sões especiais.
orçamentária, financeira e patri- ao do término do mandato presi-
monial nos órgãos e entidades da dencial vigente. Art. 80. Em caso de impedi-
administração federal, bem como § 1o A eleição do Presidente mento do Presidente e do Vi-
da aplicação de recursos públicos da República importará a do Vi- ce-Presidente, ou vacância dos
por entidades de direito privado; ce-Presidente com ele registrado. respectivos cargos, serão suces-
III – exercer o controle das § 2o Será considerado eleito sivamente chamados ao exercí-
operações de crédito, avais e ga- Presidente o candidato que, re- cio da Presidência o Presidente
rantias, bem como dos direitos e gistrado por partido político, ob- da Câmara dos Deputados, o do
haveres da União; tiver a maioria absoluta de votos, Senado Federal e o do Supremo
IV – apoiar o controle exter- não computados os em branco e Tribunal Federal.
no no exercício de sua missão os nulos.
institucional. § 3o Se nenhum candida- Art. 81. Vagando os cargos de
§ 1o Os responsáveis pelo to alcançar maioria absoluta na Presidente e Vice-Presidente da
controle interno, ao tomarem co- primeira votação, far-se-á nova República, far-se-á eleição no-
nhecimento de qualquer irregula- eleição em até vinte dias após a venta dias depois de aberta a
ridade ou ilegalidade, dela darão proclamação do resultado, con- última vaga.
ciência ao Tribunal de Contas da correndo os dois candidatos mais § 1o Ocorrendo a vacância
União, sob pena de responsabi- votados e considerando-se eleito nos últimos dois anos do período
lidade solidária. aquele que obtiver a maioria dos presidencial, a eleição para am-
§ 2o Qualquer cidadão, parti- votos válidos. bos os cargos será feita trinta dias
do político, associação ou sindica- § 4o Se, antes de realizado depois da última vaga, pelo Con-
to é parte legítima para, na forma o segundo turno, ocorrer morte, gresso Nacional, na forma da lei.
da lei, denunciar irregularidades desistência ou impedimento le- § 2o Em qualquer dos casos,
ou ilegalidades perante o Tribunal gal de candidato, convocar-se-á, os eleitos deverão completar o
35
Constituição da República Federativa do Brasil
período de seus antecessores. fesa e o estado de sítio; permaneçam temporariamente;
X – decretar e executar a in- XXIII – enviar ao Congresso
Art. 82. O mandato do Presi- tervenção federal; Nacional o plano plurianual, o
dente da República é de 4 (qua- XI – remeter mensagem e projeto de lei de diretrizes or-
tro) anos e terá início em 5 de plano de governo ao Congresso çamentárias e as propostas de
janeiro do ano seguinte ao de Nacional por ocasião da abertu- orçamento previstos nesta Cons-
sua eleição.5 ra da sessão legislativa, expondo tituição;
a situação do País e solicitando XXIV – prestar, anualmente,
Art. 83. O Presidente e o Vice- as providências que julgar ne- ao Congresso Nacional, dentro
-Presidente da República não po- cessárias; de sessenta dias após a abertura
derão, sem licença do Congresso XII – conceder indulto e co- da sessão legislativa, as contas
Nacional, ausentar-se do País por mutar penas, com audiência, se referentes ao exercício anterior;
período superior a quinze dias, necessário, dos órgãos instituí- XXV – prover e extinguir os
sob pena de perda do cargo. dos em lei; cargos públicos federais, na for-
XIII – exercer o comando su- ma da lei;
premo das Forças Armadas, no- XXVI – editar medidas provi-
Seção II – Das Atribuições do mear os Comandantes da Mari- sórias com força de lei, nos ter-
Presidente da República nha, do Exército e da Aeronáutica, mos do art. 62;
promover seus oficiais-generais XXVII – exercer outras atri-
Art. 84. Compete privativamen- e nomeá-los para os cargos que buições previstas nesta Cons-
te ao Presidente da República: lhes são privativos; tituição;
I – nomear e exonerar os Mi- XIV – nomear, após aprovação XXVIII – propor ao Congresso
nistros de Estado; pelo Senado Federal, os Minis- Nacional a decretação do estado
II – exercer, com o auxílio dos tros do Supremo Tribunal Federal de calamidade pública de âmbito
Ministros de Estado, a direção su- e dos Tribunais Superiores, os nacional previsto nos arts. 167‑B,
perior da administração federal; Governadores de Territórios, o 167‑C, 167‑D, 167‑E, 167‑F e 167‑G
III – iniciar o processo legis- Procurador-Geral da República, desta Constituição.
lativo, na forma e nos casos pre- o presidente e os diretores do Parágrafo único. O Presiden-
vistos nesta Constituição; banco central e outros servido- te da República poderá delegar
IV – sancionar, promulgar e res, quando determinado em lei; as atribuições mencionadas nos
fazer publicar as leis, bem como XV – nomear, observado o incisos VI, XII e XXV, primeira par-
expedir decretos e regulamentos disposto no art. 73, os Ministros te, aos Ministros de Estado, ao
para sua fiel execução; do Tribunal de Contas da União; Procurador-Geral da República
V – vetar projetos de lei, total XVI – nomear os magistra- ou ao Advogado-Geral da União,
ou parcialmente; dos, nos casos previstos nesta que observarão os limites traça-
VI – dispor, mediante decre- Constituição, e o Advogado-Geral dos nas respectivas delegações.
to, sobre: da União;
a) organização e funciona- XVII – nomear membros do
mento da administração federal, Conselho da República, nos ter-
Seção III – Da
quando não implicar aumento de mos do art. 89, VII; Responsabilidade do
despesa nem criação ou extinção XVIII – convocar e presidir o Presidente da República
de órgãos públicos; Conselho da República e o Con-
b) extinção de funções ou selho de Defesa Nacional; Art. 85. São crimes de respon-
cargos públicos, quando vagos; XIX – declarar guerra, no caso sabilidade os atos do Presidente
VII – manter relações com de agressão estrangeira, auto- da República que atentem contra
Estados estrangeiros e acredi- rizado pelo Congresso Nacional a Constituição Federal e, espe-
tar seus representantes diplo- ou referendado por ele, quando cialmente, contra:
máticos; ocorrida no intervalo das sessões I – a existência da União;
VIII – celebrar tratados, con- legislativas, e, nas mesmas con- II – o livre exercício do Poder
venções e atos internacionais, dições, decretar, total ou parcial- Legislativo, do Poder Judiciário,
sujeitos a referendo do Congresso mente, a mobilização nacional; do Ministério Público e dos Pode-
Nacional; XX – celebrar a paz, autoriza- res constitucionais das unidades
IX – decretar o estado de de- do ou com o referendo do Con- da Federação;
gresso Nacional; III – o exercício dos direitos
5
NE: a EC no 111/2021 alterou a data de posse XXI – conferir condecorações políticos, individuais e sociais;
de 1o de janeiro para 5 de janeiro; contudo, a e distinções honoríficas; IV – a segurança interna do
mudança será aplicada somente a partir das XXII – permitir, nos casos pre- País;
eleições de 2026. O Presidente da República vistos em lei complementar, que V – a probidade na adminis-
eleito em 2022 tomará posse em 1o de janeiro
de 2023, e seu mandato durará até a posse forças estrangeiras transitem tração;
de seu sucessor, em 5 de janeiro de 2027. pelo território nacional ou nele VI – a lei orçamentária;
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Constituição da República Federativa do Brasil
VII – o cumprimento das leis pública; Estado para participar da reunião
e das decisões judiciais. II – expedir instruções para do Conselho, quando constar da
Parágrafo único. Esses cri- a execução das leis, decretos e pauta questão relacionada com
mes serão definidos em lei espe- regulamentos; o respectivo Ministério.
cial, que estabelecerá as normas III – apresentar ao Presidente § 2o A lei regulará a orga-
de processo e julgamento. da República relatório anual de nização e o funcionamento do
sua gestão no Ministério; Conselho da República.
Art. 86. Admitida a acusação IV – praticar os atos pertinen-
contra o Presidente da Repúbli- tes às atribuições que lhe forem
ca, por dois terços da Câmara dos outorgadas ou delegadas pelo
Subseção II – Do Conselho de
Deputados, será ele submetido a Presidente da República. Defesa Nacional
julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal, nas infrações Art. 88. A lei disporá sobre a Art. 91. O Conselho de Defesa
penais comuns, ou perante o Se- criação e extinção de Ministé- Nacional é órgão de consulta do
nado Federal, nos crimes de res- rios e órgãos da administração Presidente da República nos as-
ponsabilidade. pública. suntos relacionados com a so-
§ 1o O Presidente ficará sus- berania nacional e a defesa do
penso de suas funções: Estado democrático, e dele par-
I – nas infrações penais co-
Seção V – Do Conselho da ticipam como membros natos:
muns, se recebida a denúncia República e do Conselho de I – o Vice-Presidente da Re-
ou queixa-crime pelo Supremo Defesa Nacional pública;
Tribunal Federal; Subseção I – Do Conselho da II – o Presidente da Câmara
II – nos crimes de responsa- dos Deputados;
República
bilidade, após a instauração do III – o Presidente do Senado
processo pelo Senado Federal. Federal;
§ 2o Se, decorrido o prazo de Art. 89. O Conselho da República IV – o Ministro da Justiça;
cento e oitenta dias, o julgamento é órgão superior de consulta do V – o Ministro de Estado da
não estiver concluído, cessará o Presidente da República, e dele Defesa;
afastamento do Presidente, sem participam: VI – o Ministro das Relações
prejuízo do regular prosseguimen- I – o Vice-Presidente da Re- Exteriores;
to do processo. pública; VII – o Ministro do Planeja-
§ 3o Enquanto não sobre- II – o Presidente da Câmara mento;
vier sentença condenatória, nas dos Deputados; VIII – os Comandantes da
infrações comuns, o Presidente III – o Presidente do Senado Marinha, do Exército e da Ae-
da República não estará sujeito Federal; ronáutica.
a prisão. IV – os líderes da maioria e § 1o Compete ao Conselho de
§ 4o O Presidente da Repúbli- da minoria na Câmara dos De- Defesa Nacional:
ca, na vigência de seu mandato, putados; I – opinar nas hipóteses de
não pode ser responsabilizado V – os líderes da maioria e da declaração de guerra e de cele-
por atos estranhos ao exercício minoria no Senado Federal; bração da paz, nos termos desta
de suas funções. VI – o Ministro da Justiça; Constituição;
VII – seis cidadãos brasileiros II – opinar sobre a decretação
natos, com mais de trinta e cinco do estado de defesa, do estado
Seção IV – Dos Ministros de anos de idade, sendo dois nomea- de sítio e da intervenção federal;
Estado dos pelo Presidente da República, III – propor os critérios e con-
dois eleitos pelo Senado Federal e dições de utilização de áreas in-
Art. 87. Os Ministros de Estado dois eleitos pela Câmara dos De- dispensáveis à segurança do ter-
serão escolhidos dentre brasilei- putados, todos com mandato de ritório nacional e opinar sobre
ros maiores de vinte e um anos e três anos, vedada a recondução. seu efetivo uso, especialmente
no exercício dos direitos políticos. na faixa de fronteira e nas rela-
Parágrafo único. Compete ao Art. 90. Compete ao Conselho cionadas com a preservação e a
Ministro de Estado, além de outras da República pronunciar-se so- exploração dos recursos naturais
atribuições estabelecidas nesta bre: de qualquer tipo;
Constituição e na lei: I – intervenção federal, estado IV – estudar, propor e acom-
I – exercer a orientação, coor- de defesa e estado de sítio; panhar o desenvolvimento de ini-
denação e supervisão dos órgãos II – as questões relevantes ciativas necessárias a garantir a
e entidades da administração fe- para a estabilidade das institui- independência nacional e a defe-
deral na área de sua competência ções democráticas. sa do Estado democrático.
e referendar os atos e decretos § 1o O Presidente da Repúbli- § 2o A lei regulará a orga-
assinados pelo Presidente da Re- ca poderá convocar Ministro de nização e o funcionamento do
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Constituição da República Federativa do Brasil
Conselho de Defesa Nacional. consecutivas ou cinco alternadas exceder a noventa e cinco por
em lista de merecimento; cento do subsídio mensal dos Mi-
b) a promoção por mereci- nistros dos Tribunais Superiores,
CAPÍTULO III – DO PODER mento pressupõe dois anos de obedecido, em qualquer caso, o
JUDICIÁRIO exercício na respectiva entrân- disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4o;
cia e integrar o juiz a primeira VI – a aposentadoria dos ma-
Seção I – Disposições Gerais
quinta parte da lista de antigui- gistrados e a pensão de seus de-
dade desta, salvo se não houver pendentes observarão o disposto
Art. 92. São órgãos do Poder com tais requisitos quem aceite no art. 40;
Judiciário: o lugar vago; VII – o juiz titular residirá na
I – o Supremo Tribunal Fe- c) aferição do merecimento respectiva comarca, salvo auto-
deral; conforme o desempenho e pelos rização do tribunal;
I-A – o Conselho Nacional de critérios objetivos de produtivi- VIII – o ato de remoção ou de
Justiça; dade e presteza no exercício da disponibilidade do magistrado,
II – o Superior Tribunal de jurisdição e pela frequência e por interesse público, fundar-se-á
Justiça; aproveitamento em cursos ofi- em decisão por voto da maioria
II-A – o Tribunal Superior do ciais ou reconhecidos de aper- absoluta do respectivo tribunal ou
Trabalho; feiçoamento; do Conselho Nacional de Justiça,
III – os Tribunais Regionais d) na apuração de antigui- assegurada ampla defesa;
Federais e Juízes Federais; dade, o tribunal somente poderá VIII-A – a remoção a pedido
IV – os Tribunais e Juízes do recusar o juiz mais antigo pelo de magistrados de comarca de
Trabalho; voto fundamentado de dois ter- igual entrância atenderá, no que
V – os Tribunais e Juízes Elei- ços de seus membros, conforme couber, ao disposto nas alíneas
torais; procedimento próprio, e assegu- “a”, “b”, “c” e “e” do inciso II do caput
VI – os Tribunais e Juízes Mi- rada ampla defesa, repetindo-se a deste artigo e no art. 94 desta
litares; votação até fixar-se a indicação; Constituição;
VII – os Tribunais e Juízes dos e) não será promovido o juiz VIII-B – a permuta de ma-
Estados e do Distrito Federal e que, injustificadamente, retiver gistrados de comarca de igual
Territórios. autos em seu poder além do prazo entrância, quando for o caso, e
§ 1o O Supremo Tribunal Fe- legal, não podendo devolvê-los ao dentro do mesmo segmento de
deral, o Conselho Nacional de cartório sem o devido despacho justiça, inclusive entre os juízes
Justiça e os Tribunais Superio- ou decisão; de segundo grau, vinculados a
res têm sede na Capital Federal. III – o acesso aos tribunais de diferentes tribunais, na esfera
§ 2o O Supremo Tribunal Fe- segundo grau far-se-á por anti- da justiça estadual, federal ou do
deral e os Tribunais Superiores guidade e merecimento, alterna- trabalho, atenderá, no que cou-
têm jurisdição em todo o terri- damente, apurados na última ou ber, ao disposto nas alíneas “a”,
tório nacional. única entrância; “b”, “c” e “e” do inciso II do caput
IV – previsão de cursos ofi- deste artigo e no art. 94 desta
Art. 93. Lei complementar, de ciais de preparação, aperfeiçoa- Constituição;
iniciativa do Supremo Tribunal mento e promoção de magistra- IX – todos os julgamentos dos
Federal, disporá sobre o Estatuto dos, constituindo etapa obrigató- órgãos do Poder Judiciário se-
da Magistratura, observados os ria do processo de vitaliciamento rão públicos, e fundamentadas
seguintes princípios: a participação em curso oficial ou todas as decisões, sob pena de
I – ingresso na carreira, cujo reconhecido por escola nacional nulidade, podendo a lei limitar
cargo inicial será o de juiz subs- de formação e aperfeiçoamento a presença, em determinados
tituto, mediante concurso pú- de magistrados; atos, às próprias partes e a seus
blico de provas e títulos, com a V – o subsídio dos Ministros advogados, ou somente a estes,
participação da Ordem dos Ad- dos Tribunais Superiores corres- em casos nos quais a preservação
vogados do Brasil em todas as ponderá a noventa e cinco por do direito à intimidade do inte-
fases, exigindo-se do bacharel cento do subsídio mensal fixado ressado no sigilo não prejudique
em direito, no mínimo, três anos para os Ministros do Supremo o interesse público à informação;
de atividade jurídica e obedecen- Tribunal Federal e os subsídios X – as decisões administrati-
do-se, nas nomeações, à ordem dos demais magistrados serão vas dos tribunais serão motiva-
de classificação; fixados em lei e escalonados, em das e em sessão pública, sendo
II – promoção de entrância nível federal e estadual, confor- as disciplinares tomadas pelo
para entrância, alternadamente, me as respectivas categorias da voto da maioria absoluta de seus
por antiguidade e merecimento, estrutura judiciária nacional, não membros;
atendidas as seguintes normas: podendo a diferença entre uma e XI – nos tribunais com número
a) é obrigatória a promoção outra ser superior a dez por cento superior a vinte e cinco julgado-
do juiz que figure por três vezes ou inferior a cinco por cento, nem res, poderá ser constituído órgão
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Constituição da República Federativa do Brasil
especial, com o mínimo de onze e forma do art. 93, VIII; f) conceder licença, férias
o máximo de vinte e cinco mem- III – irredutibilidade de sub- e outros afastamentos a seus
bros, para o exercício das atribui- sídio, ressalvado o disposto nos membros e aos juízes e servido-
ções administrativas e jurisdicio- arts. 37, X e XI, 39, § 4o, 150, II, 153, res que lhes forem imediatamente
nais delegadas da competência III, e 153, § 2o, I. vinculados;
do tribunal pleno, provendo-se Parágrafo único. Aos juízes II – ao Supremo Tribunal Fe-
metade das vagas por antiguidade é vedado: deral, aos Tribunais Superiores e
e a outra metade por eleição pelo I – exercer, ainda que em dis- aos Tribunais de Justiça propor
tribunal pleno; ponibilidade, outro cargo ou fun- ao Poder Legislativo respectivo,
XII – a atividade jurisdicional ção, salvo uma de magistério; observado o disposto no art. 169:
será ininterrupta, sendo vedado II – receber, a qualquer título a) a alteração do número de
férias coletivas nos juízos e tribu- ou pretexto, custas ou participa- membros dos tribunais inferiores;
nais de segundo grau, funcionan- ção em processo; b) a criação e a extinção de
do, nos dias em que não houver III – dedicar-se à atividade cargos e a remuneração dos seus
expediente forense normal, juízes político-partidária; serviços auxiliares e dos juízos
em plantão permanente; IV – receber, a qualquer títu- que lhes forem vinculados, bem
XIII – o número de juízes na lo ou pretexto, auxílios ou con- como a fixação do subsídio de
unidade jurisdicional será propor- tribuições de pessoas físicas, seus membros e dos juízes, in-
cional à efetiva demanda judicial entidades públicas ou privadas, clusive dos tribunais inferiores,
e à respectiva população; ressalvadas as exceções previs- onde houver;
XIV – os servidores receberão tas em lei; c) a criação ou extinção dos
delegação para a prática de atos V – exercer a advocacia no ju- tribunais inferiores;
de administração e atos de mero ízo ou tribunal do qual se afastou, d) a alteração da organização
expediente sem caráter decisório; antes de decorridos três anos do e da divisão judiciárias;
XV – a distribuição de pro- afastamento do cargo por apo- III – aos Tribunais de Justiça
cessos será imediata, em todos sentadoria ou exoneração. julgar os juízes estaduais e do
os graus de jurisdição. Distrito Federal e Territórios, bem
Art. 96. Compete privativa- como os membros do Ministério
Art. 94. Um quinto dos lugares mente: Público, nos crimes comuns e de
dos Tribunais Regionais Fede- I – aos tribunais: responsabilidade, ressalvada a
rais, dos Tribunais dos Estados, a) eleger seus órgãos dire- competência da Justiça Eleitoral.
e do Distrito Federal e Territórios tivos e elaborar seus regimentos
será composto de membros, do internos, com observância das Art. 97. Somente pelo voto da
Ministério Público, com mais de normas de processo e das ga- maioria absoluta de seus mem-
dez anos de carreira, e de advo- rantias processuais das partes, bros ou dos membros do respec-
gados de notório saber jurídico e dispondo sobre a competência tivo órgão especial poderão os
de reputação ilibada, com mais e o funcionamento dos respec- tribunais declarar a inconstitucio-
de dez anos de efetiva atividade tivos órgãos jurisdicionais e ad- nalidade de lei ou ato normativo
profissional, indicados em lista ministrativos; do Poder Público.
sêxtupla pelos órgãos de repre- b) organizar suas secretarias
sentação das respectivas classes. e serviços auxiliares e os dos juí- Art. 98. A União, no Distrito Fe-
Parágrafo único. Recebidas zos que lhes forem vinculados, ve- deral e nos Territórios, e os Esta-
as indicações, o tribunal formará lando pelo exercício da atividade dos criarão:
lista tríplice, enviando-a ao Poder correicional respectiva; I – juizados especiais, provi-
Executivo, que, nos vinte dias c) prover, na forma prevista dos por juízes togados, ou toga-
subsequentes, escolherá um de nesta Constituição, os cargos dos e leigos, competentes para
seus integrantes para nomeação. de juiz de carreira da respectiva a conciliação, o julgamento e a
jurisdição; execução de causas cíveis de
Art. 95. Os juízes gozam das d) propor a criação de novas menor complexidade e infrações
seguintes garantias: varas judiciárias; penais de menor potencial ofen-
I – vitaliciedade, que, no pri- e) prover, por concurso pú- sivo, mediante os procedimentos
meiro grau, só será adquirida após blico de provas, ou de provas e oral e sumariíssimo, permitidos,
dois anos de exercício, dependen- títulos, obedecido o disposto no nas hipóteses previstas em lei,
do a perda do cargo, nesse perí- art. 169, parágrafo único6, os car- a transação e o julgamento de
odo, de deliberação do tribunal gos necessários à administração recursos por turmas de juízes de
a que o juiz estiver vinculado, e, da Justiça, exceto os de confian- primeiro grau;
nos demais casos, de sentença ça assim definidos em lei; II – justiça de paz, remunera-
judicial transitada em julgado; da, composta de cidadãos eleitos
II – inamovibilidade, salvo por 6
NE: leia-se “§ 1o”, por força do disposto na pelo voto direto, universal e se-
motivo de interesse público, na EC no 19/1998. creto, com mandato de quatro
39
Constituição da República Federativa do Brasil
anos e competência para, na for- çamentária do exercício, não po- de sentença judicial transitada
ma da lei, celebrar casamentos, derá haver a realização de des- em julgado.
verificar, de ofício ou em face pesas ou a assunção de obriga- § 4o Para os fins do disposto
de impugnação apresentada, o ções que extrapolem os limites no § 3o, poderão ser fixados, por
processo de habilitação e exer- estabelecidos na lei de diretrizes leis próprias, valores distintos
cer atribuições conciliatórias, orçamentárias, exceto se previa- às entidades de direito público,
sem caráter jurisdicional, além mente autorizadas, mediante a segundo as diferentes capacida-
de outras previstas na legislação. abertura de créditos suplemen- des econômicas, sendo o mínimo
§ 1o Lei federal disporá sobre tares ou especiais. igual ao valor do maior benefício
a criação de juizados especiais no do regime geral de previdência
âmbito da Justiça Federal. Art. 100. Os pagamentos de- social.
§ 2o As custas e emolumen- vidos pelas Fazendas Públicas § 5o É obrigatória a inclusão
tos serão destinados exclusiva- Federal, Estaduais, Distrital e Mu- no orçamento das entidades de
mente ao custeio dos serviços nicipais, em virtude de sentença direito público de verba necessá-
afetos às atividades específicas judiciária, far-se-ão exclusiva- ria ao pagamento de seus débitos
da Justiça. mente na ordem cronológica de oriundos de sentenças transita-
apresentação dos precatórios e das em julgado constantes de
Art. 99. Ao Poder Judiciário é à conta dos créditos respectivos, precatórios judiciários apresen-
assegurada autonomia adminis- proibida a designação de casos tados até 2 de abril, fazendo-se o
trativa e financeira. ou de pessoas nas dotações or- pagamento até o final do exercício
§ 1o Os tribunais elaborarão çamentárias e nos créditos adi- seguinte, quando terão seus valo-
suas propostas orçamentárias cionais abertos para este fim. res atualizados monetariamente.
dentro dos limites estipulados § 1o Os débitos de natureza § 6o As dotações orçamentá-
conjuntamente com os demais alimentícia compreendem aque- rias e os créditos abertos serão
Poderes na lei de diretrizes or- les decorrentes de salários, ven- consignados diretamente ao Po-
çamentárias. cimentos, proventos, pensões e der Judiciário, cabendo ao Pre-
§ 2o O encaminhamento da suas complementações, benefí- sidente do Tribunal que proferir
proposta, ouvidos os outros tri- cios previdenciários e indeniza- a decisão exequenda determinar
bunais interessados, compete: ções por morte ou por invalidez, o pagamento integral e autorizar,
I – no âmbito da União, aos fundadas em responsabilidade a requerimento do credor e ex-
Presidentes do Supremo Tribu- civil, em virtude de sentença ju- clusivamente para os casos de
nal Federal e dos Tribunais Su- dicial transitada em julgado, e se- preterimento de seu direito de
periores, com a aprovação dos rão pagos com preferência sobre precedência ou de não alocação
respectivos tribunais; todos os demais débitos, exceto orçamentária do valor necessá-
II – no âmbito dos Estados e sobre aqueles referidos no § 2o rio à satisfação do seu débito, o
no do Distrito Federal e Territó- deste artigo. sequestro da quantia respectiva.
rios, aos Presidentes dos Tribu- § 2o Os débitos de natureza § 7o O Presidente do Tribunal
nais de Justiça, com a aprovação alimentícia cujos titulares, origi- competente que, por ato comissi-
dos respectivos tribunais. nários ou por sucessão hereditá- vo ou omissivo, retardar ou tentar
§ 3o Se os órgãos referidos ria, tenham 60 (sessenta) anos de frustrar a liquidação regular de
no § 2o não encaminharem as idade, ou sejam portadores de precatórios incorrerá em crime
respectivas propostas orçamen- doença grave, ou pessoas com de responsabilidade e responde-
tárias dentro do prazo estabele- deficiência, assim definidos na rá, também, perante o Conselho
cido na lei de diretrizes orçamen- forma da lei, serão pagos com Nacional de Justiça.
tárias, o Poder Executivo consi- preferência sobre todos os de- § 8o É vedada a expedição de
derará, para fins de consolidação mais débitos, até o valor equiva- precatórios complementares ou
da proposta orçamentária anual, lente ao triplo fixado em lei para suplementares de valor pago, bem
os valores aprovados na lei orça- os fins do disposto no § 3o deste como o fracionamento, repartição
mentária vigente, ajustados de artigo, admitido o fracionamento ou quebra do valor da execução
acordo com os limites estipula- para essa finalidade, sendo que para fins de enquadramento de
dos na forma do § 1o deste artigo. o restante será pago na ordem parcela do total ao que dispõe o
§ 4o Se as propostas orça- cronológica de apresentação do § 3o deste artigo.
mentárias de que trata este artigo precatório. § 9o Sem que haja interrup-
forem encaminhadas em desa- § 3o O disposto no caput des- ção no pagamento do precatório
cordo com os limites estipulados te artigo relativamente à expedi- e mediante comunicação da Fa-
na forma do § 1o, o Poder Executivo ção de precatórios não se aplica zenda Pública ao Tribunal, o valor
procederá aos ajustes necessá- aos pagamentos de obrigações correspondente aos eventuais
rios para fins de consolidação definidas em leis como de pe- débitos inscritos em dívida ativa
da proposta orçamentária anual. queno valor que as Fazendas re- contra o credor do requisitório
§ 5o Durante a execução or- feridas devam fazer em virtude e seus substituídos deverá ser
40
Constituição da República Federativa do Brasil
depositado à conta do juízo res- será feita pelo índice oficial de gundo mês imediatamente ante-
ponsável pela ação de cobrança, remuneração básica da cader- rior ao de referência e os 11 (onze)
que decidirá pelo seu destino neta de poupança, e, para fins meses precedentes, excluídas as
definitivo. de compensação da mora, in- duplicidades, e deduzidas:
§ 10. Antes da expedição dos cidirão juros simples no mesmo I – na União, as parcelas en-
precatórios, o Tribunal solicitará percentual de juros incidentes tregues aos Estados, ao Distrito
à Fazenda Pública devedora, para sobre a caderneta de poupança, Federal e aos Municípios por de-
resposta em até 30 (trinta) dias, ficando excluída a incidência de terminação constitucional;
sob pena de perda do direito de juros compensatórios.9 II – nos Estados, as parcelas
abatimento, informação sobre os § 13. O credor poderá ceder, entregues aos Municípios por de-
débitos que preencham as condi- total ou parcialmente, seus cré- terminação constitucional;
ções estabelecidas no § 9o, para ditos em precatórios a terceiros, III – na União, nos Estados, no
os fins nele previstos.7 independentemente da concor- Distrito Federal e nos Municípios,
§ 11. É facultada ao credor, dância do devedor, não se apli- a contribuição dos servidores
conforme estabelecido em lei cando ao cessionário o disposto para custeio de seu sistema de
do ente federativo devedor, com nos §§ 2o e 3o. previdência e assistência social
autoaplicabilidade para a União, a § 14. A cessão de precató- e as receitas provenientes da
oferta de créditos líquidos e cer- rios, observado o disposto no § 9o compensação financeira referida
tos que originalmente lhe são pró- deste artigo, somente produzirá no § 9o do art. 201 da Constitui-
prios ou adquiridos de terceiros efeitos após comunicação, por ção Federal.
reconhecidos pelo ente federativo meio de petição protocolizada, § 19. Caso o montante total
ou por decisão judicial transitada ao Tribunal de origem e ao ente de débitos decorrentes de conde-
em julgado para: federativo devedor. nações judiciais em precatórios
I – quitação de débitos par- § 15. Sem prejuízo do dispos- e obrigações de pequeno valor,
celados ou débitos inscritos em to neste artigo, lei complementar em período de 12 (doze) meses,
dívida ativa do ente federativo a esta Constituição Federal pode- ultrapasse a média do compro-
devedor, inclusive em transação rá estabelecer regime especial metimento percentual da receita
resolutiva de litígio, e, subsidia- para pagamento de crédito de corrente líquida nos 5 (cinco) anos
riamente, débitos com a adminis- precatórios de Estados, Distrito imediatamente anteriores, a par-
tração autárquica e fundacional Federal e Municípios, dispondo cela que exceder esse percentual
do mesmo ente; sobre vinculações à receita cor- poderá ser financiada, excetuada
II – compra de imóveis públi- rente líquida e forma e prazo de dos limites de endividamento de
cos de propriedade do mesmo liquidação. que tratam os incisos VI e VII do
ente disponibilizados para venda; § 16. A seu critério exclusivo art. 52 da Constituição Federal e
III – pagamento de outorga de e na forma de lei, a União pode- de quaisquer outros limites de
delegações de serviços públicos rá assumir débitos, oriundos de endividamento previstos, não se
e demais espécies de concessão precatórios, de Estados, Distrito aplicando a esse financiamento a
negocial promovidas pelo mes- Federal e Municípios, refinancian- vedação de vinculação de receita
mo ente; do-os diretamente. prevista no inciso IV do art. 167 da
IV – aquisição, inclusive mi- § 17. A União, os Estados, o Constituição Federal.
noritária, de participação socie- Distrito Federal e os Municípios § 20. Caso haja precatório
tária, disponibilizada para venda, aferirão mensalmente, em base com valor superior a 15% (quin-
do respectivo ente federativo; ou anual, o comprometimento de ze por cento) do montante dos
V – compra de direitos, dispo- suas respectivas receitas cor- precatórios apresentados nos
nibilizados para cessão, do res- rentes líquidas com o pagamento termos do § 5o deste artigo, 15%
pectivo ente federativo, inclusive, de precatórios e obrigações de (quinze por cento) do valor des-
no caso da União, da antecipação pequeno valor. te precatório serão pagos até o
de valores a serem recebidos a § 18. Entende-se como recei- final do exercício seguinte e o
título do excedente em óleo em ta corrente líquida, para os fins restante em parcelas iguais nos
contratos de partilha de petróleo. de que trata o § 17, o somatório cinco exercícios subsequentes,
§ 12. A partir da promulgação das receitas tributárias, patrimo- acrescidas de juros de mora e
desta Emenda Constitucional8, niais, industriais, agropecuárias, correção monetária, ou mediante
a atualização de valores de re- de contribuições e de serviços, de acordos diretos, perante Juízos
quisitórios, após sua expedição, transferências correntes e outras Auxiliares de Conciliação de Pre-
até o efetivo pagamento, inde- receitas correntes, incluindo as catórios, com redução máxima de
pendentemente de sua natureza, oriundas do § 1o do art. 20 da 40% (quarenta por cento) do valor
Constituição Federal, verificado do crédito atualizado, desde que
7
NE: ver ADIs nos 4.357 e 4.425. no período compreendido pelo se- em relação ao crédito não penda
8
NE: leia-se “da Emenda Constitucional recurso ou defesa judicial e que
no 62, de 2009”. 9
NE: ver ADIs nos 4.357 e 4.425. sejam observados os requisitos
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Constituição da República Federativa do Brasil
definidos na regulamentação edi- I – processar e julgar, origi- garantia da autoridade de suas
tada pelo ente federado. nariamente: decisões;
§ 21. Ficam a União e os a) a ação direta de inconsti- m) a execução de sentença
demais entes federativos, nos tucionalidade de lei ou ato norma- nas causas de sua competência
montantes que lhes são próprios, tivo federal ou estadual e a ação originária, facultada a delegação
desde que aceito por ambas as declaratória de constitucionalida- de atribuições para a prática de
partes, autorizados a utilizar valo- de de lei ou ato normativo federal; atos processuais;
res objeto de sentenças transita- b) nas infrações penais co- n) a ação em que todos os
das em julgado devidos a pessoa muns, o Presidente da República, membros da magistratura sejam
jurídica de direito público para o Vice-Presidente, os membros direta ou indiretamente interes-
amortizar dívidas, vencidas ou do Congresso Nacional, seus pró- sados, e aquela em que mais da
vincendas: prios Ministros e o Procurador- metade dos membros do tribunal
I – nos contratos de refinan- -Geral da República; de origem estejam impedidos ou
ciamento cujos créditos sejam c) nas infrações penais co- sejam direta ou indiretamente
detidos pelo ente federativo que muns e nos crimes de responsa- interessados;
figure como devedor na sentença bilidade, os Ministros de Estado e o) os conflitos de competên-
de que trata o caput deste artigo; os Comandantes da Marinha, do cia entre o Superior Tribunal de
II – nos contratos em que hou- Exército e da Aeronáutica, ressal- Justiça e quaisquer tribunais, en-
ve prestação de garantia a outro vado o disposto no art. 52, I, os tre Tribunais Superiores, ou entre
ente federativo; membros dos Tribunais Superio- estes e qualquer outro tribunal;
III – nos parcelamentos de res, os do Tribunal de Contas da p) o pedido de medida caute-
tributos ou de contribuições so- União e os chefes de missão di- lar das ações diretas de incons-
ciais; e plomática de caráter permanente; titucionalidade;
IV – nas obrigações decor- d) o habeas corpus, sendo q) o mandado de injunção,
rentes do descumprimento de paciente qualquer das pessoas quando a elaboração da norma
prestação de contas ou de desvio referidas nas alíneas anteriores; regulamentadora for atribuição
de recursos. o mandado de segurança e o ha- do Presidente da República, do
§ 22. A amortização de que beas data contra atos do Presi- Congresso Nacional, da Câmara
trata o § 21 deste artigo: dente da República, das Mesas dos Deputados, do Senado Fe-
I – nas obrigações vencidas, da Câmara dos Deputados e do deral, das Mesas de uma dessas
será imputada primeiramente às Senado Federal, do Tribunal de Casas Legislativas, do Tribunal
parcelas mais antigas; Contas da União, do Procurador- de Contas da União, de um dos
II – nas obrigações vincendas, -Geral da República e do próprio Tribunais Superiores, ou do pró-
reduzirá uniformemente o valor Supremo Tribunal Federal; prio Supremo Tribunal Federal;
de cada parcela devida, mantida e) o litígio entre Estado es- r) as ações contra o Conse-
a duração original do respectivo trangeiro ou organismo inter- lho Nacional de Justiça e contra
contrato ou parcelamento. nacional e a União, o Estado, o o Conselho Nacional do Ministé-
Distrito Federal ou o Território; rio Público;
f) as causas e os conflitos II – julgar, em recurso ordi-
Seção II – Do Supremo entre a União e os Estados, a nário:
Tribunal Federal União e o Distrito Federal, ou a) o habeas corpus, o manda-
entre uns e outros, inclusive as do de segurança, o habeas data e
Art. 101. O Supremo Tribunal respectivas entidades da admi- o mandado de injunção decididos
Federal compõe-se de onze Mi- nistração indireta; em única instância pelos Tribu-
nistros, escolhidos dentre cida- g) a extradição solicitada por nais Superiores, se denegatória
dãos com mais de trinta e cinco e Estado estrangeiro; a decisão;
menos de setenta anos de idade, h) (Revogada); b) o crime político;
de notável saber jurídico e repu- i) o habeas corpus, quando III – julgar, mediante recurso
tação ilibada. o coator for Tribunal Superior ou extraordinário, as causas decidi-
Parágrafo único. Os Ministros quando o coator ou o paciente for das em única ou última instância,
do Supremo Tribunal Federal se- autoridade ou funcionário cujos quando a decisão recorrida:
rão nomeados pelo Presidente da atos estejam sujeitos diretamente a) contrariar dispositivo des-
República, depois de aprovada a à jurisdição do Supremo Tribunal ta Constituição;
escolha pela maioria absoluta do Federal, ou se trate de crime su- b) declarar a inconstitucio-
Senado Federal. jeito à mesma jurisdição em uma nalidade de tratado ou lei federal;
única instância; c) julgar válida lei ou ato de
Art. 102. Compete ao Supremo j) a revisão criminal e a ação governo local contestado em face
Tribunal Federal, precipuamen- rescisória de seus julgados; desta Constituição;
te, a guarda da Constituição, ca- l) a reclamação para a pre- d) julgar válida lei local con-
bendo-lhe: servação de sua competência e testada em face de lei federal.
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Constituição da República Federativa do Brasil
§ 1o A arguição de descum- cia ao Poder competente para a Art. 103-B. O Conselho Nacio-
primento de preceito fundamen- adoção das providências neces- nal de Justiça compõe-se de 15
tal, decorrente desta Constitui- sárias e, em se tratando de órgão (quinze) membros com mandato
ção, será apreciada pelo Supremo administrativo, para fazê-lo em de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma)
Tribunal Federal, na forma da lei. trinta dias. recondução, sendo:
§ 2o As decisões definitivas § 3o Quando o Supremo Tri- I – o Presidente do Supremo
de mérito, proferidas pelo Supre- bunal Federal apreciar a inconsti- Tribunal Federal;
mo Tribunal Federal, nas ações tucionalidade, em tese, de norma II – um Ministro do Superior
diretas de inconstitucionalida- legal ou ato normativo, citará, Tribunal de Justiça, indicado pelo
de e nas ações declaratórias de previamente, o Advogado-Geral respectivo tribunal;
constitucionalidade produzirão da União, que defenderá o ato III – um Ministro do Tribunal
eficácia contra todos e efeito ou texto impugnado. Superior do Trabalho, indicado
vinculante, relativamente aos de- § 4o (Revogado) pelo respectivo tribunal;
mais órgãos do Poder Judiciário IV – um desembargador de
e à administração pública direta Art. 103-A. O Supremo Tribunal Tribunal de Justiça, indicado pelo
e indireta, nas esferas federal, Federal poderá, de ofício ou por Supremo Tribunal Federal;
estadual e municipal. provocação, mediante decisão de V – um juiz estadual, indicado
§ 3o No recurso extraordiná- dois terços dos seus membros, pelo Supremo Tribunal Federal;
rio o recorrente deverá demons- após reiteradas decisões sobre VI – um juiz de Tribunal Regio-
trar a repercussão geral das ques- matéria constitucional, aprovar nal Federal, indicado pelo Supe-
tões constitucionais discutidas no súmula que, a partir de sua pu- rior Tribunal de Justiça;
caso, nos termos da lei, a fim de blicação na imprensa oficial, terá VII – um juiz federal, indicado
que o Tribunal examine a admis- efeito vinculante em relação aos pelo Superior Tribunal de Justiça;
são do recurso, somente podendo demais órgãos do Poder Judici- VIII – um juiz de Tribunal Re-
recusá-lo pela manifestação de ário e à administração pública gional do Trabalho, indicado pelo
dois terços de seus membros. direta e indireta, nas esferas fe- Tribunal Superior do Trabalho;
deral, estadual e municipal, bem IX – um juiz do trabalho, in-
Art. 103. Podem propor a ação como proceder à sua revisão ou dicado pelo Tribunal Superior do
direta de inconstitucionalidade e cancelamento, na forma estabe- Trabalho;
a ação declaratória de constitu- lecida em lei. X – um membro do Ministério
cionalidade: § 1o A súmula terá por objeti- Público da União, indicado pelo
I – o Presidente da República; vo a validade, a interpretação e a Procurador-Geral da República;
II – a Mesa do Senado Federal; eficácia de normas determinadas, XI – um membro do Ministério
III – a Mesa da Câmara dos acerca das quais haja controvér- Público estadual, escolhido pelo
Deputados; sia atual entre órgãos judiciários Procurador-Geral da República
IV – a Mesa de Assembleia ou entre esses e a administra- dentre os nomes indicados pelo
Legislativa ou da Câmara Legis- ção pública que acarrete grave órgão competente de cada insti-
lativa do Distrito Federal; insegurança jurídica e relevante tuição estadual;
V – o Governador de Estado multiplicação de processos sobre XII – dois advogados, indi-
ou do Distrito Federal; questão idêntica. cados pelo Conselho Federal da
VI – o Procurador-Geral da § 2o Sem prejuízo do que vier Ordem dos Advogados do Brasil;
República; a ser estabelecido em lei, a apro- XIII – dois cidadãos, de no-
VII – o Conselho Federal da vação, revisão ou cancelamento tável saber jurídico e reputação
Ordem dos Advogados do Brasil; de súmula poderá ser provocada ilibada, indicados um pela Câmara
VIII – partido político com re- por aqueles que podem propor dos Deputados e outro pelo Se-
presentação no Congresso Na- a ação direta de inconstitucio- nado Federal.
cional; nalidade. § 1o O Conselho será presi-
IX – confederação sindical § 3o Do ato administrativo dido pelo Presidente do Supre-
ou entidade de classe de âmbito ou decisão judicial que contra- mo Tribunal Federal e, nas suas
nacional. riar a súmula aplicável ou que ausências e impedimentos, pelo
§ 1o O Procurador-Geral da indevidamente a aplicar, caberá Vice-Presidente do Supremo Tri-
República deverá ser previamente reclamação ao Supremo Tribunal bunal Federal.
ouvido nas ações de inconstitu- Federal que, julgando-a proce- § 2o Os demais membros do
cionalidade e em todos os proces- dente, anulará o ato administra- Conselho serão nomeados pelo
sos de competência do Supremo tivo ou cassará a decisão judicial Presidente da República, depois
Tribunal Federal. reclamada, e determinará que de aprovada a escolha pela maio-
§ 2o Declarada a inconstitu- outra seja proferida com ou sem ria absoluta do Senado Federal.
cionalidade por omissão de me- a aplicação da súmula, conforme § 3o Não efetuadas, no pra-
dida para tornar efetiva norma o caso. zo legal, as indicações previstas
constitucional, será dada ciên- neste artigo, caberá a escolha ao
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Constituição da República Federativa do Brasil
Supremo Tribunal Federal. propondo as providências que ção ilibada, depois de aprovada
§ 4o Compete ao Conselho o julgar necessárias, sobre a si- a escolha pela maioria absoluta
controle da atuação administrati- tuação do Poder Judiciário no do Senado Federal, sendo:
va e financeira do Poder Judiciá- País e as atividades do Conselho, I – um terço dentre juízes dos
rio e do cumprimento dos deveres o qual deve integrar mensagem Tribunais Regionais Federais e um
funcionais dos juízes, cabendo- do Presidente do Supremo Tri- terço dentre desembargadores
-lhe, além de outras atribuições bunal Federal a ser remetida ao dos Tribunais de Justiça, indi-
que lhe forem conferidas pelo Congresso Nacional, por ocasião cados em lista tríplice elaborada
Estatuto da Magistratura: da abertura da sessão legislativa. pelo próprio Tribunal;
I – zelar pela autonomia do § 5o O Ministro do Superior II – um terço, em partes
Poder Judiciário e pelo cumpri- Tribunal de Justiça exercerá a iguais, dentre advogados e mem-
mento do Estatuto da Magistra- função de Ministro-Corregedor e bros do Ministério Público Fede-
tura, podendo expedir atos re- ficará excluído da distribuição de ral, Estadual, do Distrito Federal
gulamentares, no âmbito de sua processos no Tribunal, competin- e Territórios, alternadamente,
competência, ou recomendar do-lhe, além das atribuições que indicados na forma do art. 94.
providências; lhe forem conferidas pelo Estatu-
II – zelar pela observância to da Magistratura, as seguintes: Art. 105. Compete ao Superior
do art. 37 e apreciar, de ofício I – receber as reclamações e Tribunal de Justiça:
ou mediante provocação, a le- denúncias, de qualquer interes- I – processar e julgar, origi-
galidade dos atos administrati- sado, relativas aos magistrados nariamente:
vos praticados por membros ou e aos serviços judiciários; a) nos crimes comuns, os
órgãos do Poder Judiciário, po- II – exercer funções execu- Governadores dos Estados e do
dendo desconstituí-los, revê-los tivas do Conselho, de inspeção Distrito Federal, e, nestes e nos de
ou fixar prazo para que se adotem e de correição geral; responsabilidade, os desembar-
as providências necessárias ao III – requisitar e designar ma- gadores dos Tribunais de Justiça
exato cumprimento da lei, sem gistrados, delegando-lhes atri- dos Estados e do Distrito Federal,
prejuízo da competência do Tri- buições, e requisitar servidores os membros dos Tribunais de
bunal de Contas da União; de juízos ou tribunais, inclusive Contas dos Estados e do Distrito
III – receber e conhecer das nos Estados, Distrito Federal e Federal, os dos Tribunais Regio-
reclamações contra membros Territórios. nais Federais, dos Tribunais Re-
ou órgãos do Poder Judiciário, § 6o Junto ao Conselho ofi- gionais Eleitorais e do Trabalho,
inclusive contra seus serviços ciarão o Procurador-Geral da Re- os membros dos Conselhos ou
auxiliares, serventias e órgãos pública e o Presidente do Conse- Tribunais de Contas dos Muni-
prestadores de serviços nota- lho Federal da Ordem dos Advo- cípios e os do Ministério Público
riais e de registro que atuem por gados do Brasil. da União que oficiem perante
delegação do poder público ou § 7o A União, inclusive no tribunais;
oficializados, sem prejuízo da Distrito Federal e nos Territó- b) os mandados de seguran-
competência disciplinar e cor- rios, criará ouvidorias de justiça, ça e os habeas data contra ato de
reicional dos tribunais, podendo competentes para receber recla- Ministro de Estado, dos Coman-
avocar processos disciplinares mações e denúncias de qualquer dantes da Marinha, do Exército
em curso, determinar a remo- interessado contra membros ou e da Aeronáutica ou do próprio
ção ou a disponibilidade e aplicar órgãos do Poder Judiciário, ou Tribunal;
outras sanções administrativas, contra seus serviços auxiliares, c) os habeas corpus, quando
assegurada ampla defesa; representando diretamente ao o coator ou paciente for qualquer
IV – representar ao Ministério Conselho Nacional de Justiça. das pessoas mencionadas na alí-
Público, no caso de crime contra nea “a”, ou quando o coator for
a administração pública ou de tribunal sujeito à sua jurisdição,
abuso de autoridade;
Seção III – Do Superior Ministro de Estado ou Coman-
V – rever, de ofício ou me- Tribunal de Justiça dante da Marinha, do Exército
diante provocação, os processos ou da Aeronáutica, ressalvada a
disciplinares de juízes e membros Art. 104. O Superior Tribunal de competência da Justiça Eleitoral;
de tribunais julgados há menos Justiça compõe-se de, no míni- d) os conflitos de compe-
de um ano; mo, trinta e três Ministros. tência entre quaisquer tribunais,
VI – elaborar semestralmente Parágrafo único. Os Ministros ressalvado o disposto no art. 102,
relatório estatístico sobre pro- do Superior Tribunal de Justiça I, “o”, bem como entre tribunal e
cessos e sentenças prolatadas, serão nomeados pelo Presidente juízes a ele não vinculados e en-
por unidade da Federação, nos da República, dentre brasileiros tre juízes vinculados a tribunais
diferentes órgãos do Poder Ju- com mais de trinta e cinco e me- diversos;
diciário; nos de setenta anos de idade, de e) as revisões criminais e
VII – elaborar relatório anual, notável saber jurídico e reputa- as ações rescisórias de seus jul-
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Constituição da República Federativa do Brasil
gados; quando a decisão recorrida: Seção IV – Dos Tribunais
f) a reclamação para a pre- a) contrariar tratado ou lei Regionais Federais e dos
servação de sua competência e federal, ou negar-lhes vigência; Juízes Federais
garantia da autoridade de suas b) julgar válido ato de gover-
decisões; no local contestado em face de Art. 106. São órgãos da Justiça
g) os conflitos de atribuições lei federal; Federal:
entre autoridades administra- c) der a lei federal interpre- I – os Tribunais Regionais Fe-
tivas e judiciárias da União, ou tação divergente da que lhe haja derais;
entre autoridades judiciárias de atribuído outro tribunal. II – os Juízes Federais.
um Estado e administrativas de § 1o Funcionarão junto ao Su-
outro ou do Distrito Federal, ou perior Tribunal de Justiça: Art. 107. Os Tribunais Regio-
entre as deste e da União; I – a Escola Nacional de For- nais Federais compõem-se de,
h) o mandado de injunção, mação e Aperfeiçoamento de no mínimo, sete juízes, recru-
quando a elaboração da norma Magistrados, cabendo-lhe, dentre tados, quando possível, na res-
regulamentadora for atribuição outras funções, regulamentar os pectiva região e nomeados pelo
de órgão, entidade ou autoridade cursos oficiais para o ingresso e Presidente da República dentre
federal, da administração direta promoção na carreira; brasileiros com mais de trinta e
ou indireta, excetuados os ca- II – o Conselho da Justiça menos de setenta anos de ida-
sos de competência do Supremo Federal, cabendo-lhe exercer, de, sendo:
Tribunal Federal e dos órgãos da na forma da lei, a supervisão I – um quinto dentre advo-
Justiça Militar, da Justiça Eleito- administrativa e orçamentária gados com mais de dez anos de
ral, da Justiça do Trabalho e da da Justiça Federal de primeiro efetiva atividade profissional e
Justiça Federal; e segundo graus, como órgão membros do Ministério Público
i) a homologação de senten- central do sistema e com pode- Federal com mais de dez anos
ças estrangeiras e a concessão res correicionais, cujas decisões de carreira;
de exequatur às cartas rogatórias; terão caráter vinculante. II – os demais, mediante pro-
j) os conflitos entre entes § 2o No recurso especial, o moção de juízes federais com
federativos, ou entre estes e o recorrente deve demonstrar a mais de cinco anos de exercício,
Comitê Gestor do Imposto sobre relevância das questões de direito por antiguidade e merecimento,
Bens e Serviços, relacionados aos federal infraconstitucional discu- alternadamente.
tributos previstos nos arts. 156‑A tidas no caso, nos termos da lei, a § 1o A lei disciplinará a remo-
e 195, V; fim de que a admissão do recurso ção ou a permuta de juízes dos
II – julgar, em recurso ordi- seja examinada pelo Tribunal, o Tribunais Regionais Federais e
nário: qual somente pode dele não co- determinará sua jurisdição e sede.
a) os habeas corpus deci- nhecer com base nesse motivo § 2o Os Tribunais Regionais
didos em única ou última ins- pela manifestação de 2/3 (dois Federais instalarão a justiça iti-
tância pelos Tribunais Regionais terços) dos membros do órgão nerante, com a realização de au-
Federais ou pelos tribunais dos competente para o julgamento. diências e demais funções da
Estados, do Distrito Federal e § 3o Haverá a relevância de atividade jurisdicional, nos limites
Territórios, quando a decisão for que trata o § 2o deste artigo nos territoriais da respectiva jurisdi-
denegatória; seguintes casos: ção, servindo-se de equipamen-
b) os mandados de segu- I – ações penais; tos públicos e comunitários.
rança decididos em única ins- II – ações de improbidade § 3o Os Tribunais Regionais
tância pelos Tribunais Regionais administrativa; Federais poderão funcionar des-
Federais ou pelos tribunais dos III – ações cujo valor da cau- centralizadamente, constituindo
Estados, do Distrito Federal e sa ultrapasse 500 (quinhentos) Câmaras regionais, a fim de as-
Territórios, quando denegatória salários mínimos; segurar o pleno acesso do juris-
a decisão; IV – ações que possam gerar dicionado à justiça em todas as
c) as causas em que forem inelegibilidade; fases do processo.
partes Estado estrangeiro ou or- V – hipóteses em que o acór-
ganismo internacional, de um dão recorrido contrariar jurispru- Art. 108. Compete aos Tribunais
lado, e, do outro, Município ou dência dominante do Superior Regionais Federais:
pessoa residente ou domicilia- Tribunal de Justiça; I – processar e julgar, origi-
da no País; VI – outras hipóteses previs- nariamente:
III – julgar, em recurso es- tas em lei. a) os juízes federais da área
pecial, as causas decididas, em de sua jurisdição, incluídos os da
única ou última instância, pe- Justiça Militar e da Justiça do
los Tribunais Regionais Federais Trabalho, nos crimes comuns e de
ou pelos tribunais dos Estados, responsabilidade, e os membros
do Distrito Federal e Territórios, do Ministério Público da União,
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Constituição da República Federativa do Brasil
ressalvada a competência da Jus- o sistema financeiro e a ordem quais o Brasil seja parte, poderá
tiça Eleitoral; econômico-financeira; suscitar, perante o Superior Tri-
b) as revisões criminais e VII – os habeas corpus, em bunal de Justiça, em qualquer
as ações rescisórias de julga- matéria criminal de sua compe- fase do inquérito ou processo, in-
dos seus ou dos juízes federais tência ou quando o constrangi- cidente de deslocamento de com-
da região; mento provier de autoridade cujos petência para a Justiça Federal.
c) os mandados de seguran- atos não estejam diretamente
ça e os habeas data contra ato do sujeitos a outra jurisdição; Art. 110. Cada Estado, bem como
próprio Tribunal ou de juiz federal; VIII – os mandados de segu- o Distrito Federal, constituirá uma
d) os habeas corpus, quan- rança e os habeas data contra seção judiciária que terá por sede
do a autoridade coatora for juiz ato de autoridade federal, exce- a respectiva Capital, e varas lo-
federal; tuados os casos de competência calizadas segundo o estabeleci-
e) os conflitos de competên- dos tribunais federais; do em lei.
cia entre juízes federais vincula- IX – os crimes cometidos a Parágrafo único. Nos Terri-
dos ao Tribunal; bordo de navios ou aeronaves, tórios Federais, a jurisdição e as
II – julgar, em grau de recurso, ressalvada a competência da Jus- atribuições cometidas aos juí-
as causas decididas pelos juízes tiça Militar; zes federais caberão aos juízes
federais e pelos juízes estaduais X – os crimes de ingresso da justiça local, na forma da lei.
no exercício da competência fe- ou permanência irregular de es-
deral da área de sua jurisdição. trangeiro, a execução de carta
rogatória, após o exequatur, e de
Seção V – Do Tribunal
Art. 109. Aos juízes federais sentença estrangeira, após a ho- Superior do Trabalho, dos
compete processar e julgar: mologação, as causas referentes Tribunais Regionais do
I – as causas em que a União, à nacionalidade, inclusive a res- Trabalho e dos Juízes do
entidade autárquica ou empresa pectiva opção, e à naturalização; Trabalho
pública federal forem interessa- XI – a disputa sobre direitos
das na condição de autoras, rés, indígenas. Art. 111. São órgãos da Justiça
assistentes ou oponentes, exceto § 1o As causas em que a do Trabalho:
as de falência, as de acidentes de União for autora serão aforadas I – o Tribunal Superior do Tra-
trabalho e as sujeitas à Justiça na seção judiciária onde tiver balho;
Eleitoral e à Justiça do Trabalho; domicílio a outra parte. II – os Tribunais Regionais
II – as causas entre Estado § 2o As causas intentadas do Trabalho;
estrangeiro ou organismo inter- contra a União poderão ser afora- III – Juízes do Trabalho.
nacional e Município ou pessoa das na seção judiciária em que for § 1o (Revogado)
domiciliada ou residente no País; domiciliado o autor, naquela onde § 2o (Revogado)
III – as causas fundadas em houver ocorrido o ato ou fato que § 3o (Revogado)
tratado ou contrato da União com deu origem à demanda ou onde
Estado estrangeiro ou organismo esteja situada a coisa, ou, ainda, Art. 111-A. O Tribunal Superior
internacional; no Distrito Federal. do Trabalho compõe-se de vinte e
IV – os crimes políticos e as § 3o Lei poderá autorizar que sete Ministros, escolhidos dentre
infrações penais praticadas em as causas de competência da brasileiros com mais de trinta e
detrimento de bens, serviços ou Justiça Federal em que forem cinco e menos de setenta anos de
interesse da União ou de suas en- parte instituição de previdência idade, de notável saber jurídico e
tidades autárquicas ou empresas social e segurado possam ser reputação ilibada, nomeados pelo
públicas, excluídas as contraven- processadas e julgadas na jus- Presidente da República após
ções e ressalvada a competência tiça estadual quando a comarca aprovação pela maioria absoluta
da Justiça Militar e da Justiça do domicílio do segurado não for do Senado Federal, sendo:
Eleitoral; sede de vara federal. I – um quinto dentre advo-
V – os crimes previstos em § 4o Na hipótese do parágra- gados com mais de dez anos de
tratado ou convenção internacio- fo anterior, o recurso cabível será efetiva atividade profissional e
nal, quando, iniciada a execução sempre para o Tribunal Regional membros do Ministério Público do
no País, o resultado tenha ou de- Federal na área de jurisdição do Trabalho com mais de dez anos
vesse ter ocorrido no estrangeiro, juiz de primeiro grau. de efetivo exercício, observado o
ou reciprocamente; § 5o Nas hipóteses de grave disposto no art. 94;
V-A – as causas relativas a violação de direitos humanos, o II – os demais dentre juízes
direitos humanos a que se refere Procurador-Geral da República, dos Tribunais Regionais do Tra-
o § 5o deste artigo; com a finalidade de assegurar balho, oriundos da magistratura
VI – os crimes contra a or- o cumprimento de obrigações da carreira, indicados pelo próprio
ganização do trabalho e, nos ca- decorrentes de tratados interna- Tribunal Superior.
sos determinados por lei, contra cionais de direitos humanos dos § 1o A lei disporá sobre a
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Constituição da República Federativa do Brasil
competência do Tribunal Supe- jurisdição; moção de juízes do trabalho por
rior do Trabalho. V – os conflitos de competên- antiguidade e merecimento, al-
§ 2o Funcionarão junto ao cia entre órgãos com jurisdição ternadamente.
Tribunal Superior do Trabalho: trabalhista, ressalvado o disposto § 1o Os Tribunais Regionais
I – a Escola Nacional de For- no art. 102, I, “o”; do Trabalho instalarão a justiça
mação e Aperfeiçoamento de VI – as ações de indenização itinerante, com a realização de
Magistrados do Trabalho, caben- por dano moral ou patrimonial, audiências e demais funções de
do-lhe, dentre outras funções, decorrentes da relação de tra- atividade jurisdicional, nos limites
regulamentar os cursos oficiais balho; territoriais da respectiva jurisdi-
para o ingresso e promoção na VII – as ações relativas às ção, servindo-se de equipamen-
carreira; penalidades administrativas im- tos públicos e comunitários.
II – o Conselho Superior da postas aos empregadores pelos § 2o Os Tribunais Regionais
Justiça do Trabalho, cabendo- órgãos de fiscalização das rela- do Trabalho poderão funcionar
-lhe exercer, na forma da lei, a ções de trabalho; descentralizadamente, consti-
supervisão administrativa, or- VIII – a execução, de ofício, tuindo Câmaras regionais, a fim
çamentária, financeira e patri- das contribuições sociais previs- de assegurar o pleno acesso do
monial da Justiça do Trabalho de tas no art. 195, I, “a”, e II, e seus jurisdicionado à justiça em todas
primeiro e segundo graus, como acréscimos legais, decorrentes as fases do processo.
órgão central do sistema, cujas das sentenças que proferir;
decisões terão efeito vinculante. IX – outras controvérsias de- Art. 116. Nas Varas do Trabalho,
§ 3o Compete ao Tribunal correntes da relação de trabalho, a jurisdição será exercida por um
Superior do Trabalho processar na forma da lei. juiz singular.
e julgar, originariamente, a re- § 1o Frustrada a negociação Parágrafo único. (Revogado)
clamação para a preservação coletiva, as partes poderão ele-
de sua competência e garantia ger árbitros. Art. 117. (Revogado)
da autoridade de suas decisões. § 2o Recusando-se qualquer
das partes à negociação coletiva
Art. 112. A lei criará varas da ou à arbitragem, é facultado às
Seção VI – Dos Tribunais e
Justiça do Trabalho, podendo, mesmas, de comum acordo, ajui- Juízes Eleitorais
nas comarcas não abrangidas zar dissídio coletivo de natureza
por sua jurisdição, atribuí-la aos econômica, podendo a Justiça do Art. 118. São órgãos da Justiça
juízes de direito, com recurso para Trabalho decidir o conflito, res- Eleitoral:
o respectivo Tribunal Regional do peitadas as disposições mínimas I – o Tribunal Superior Elei-
Trabalho. legais de proteção ao trabalho, toral;
bem como as convencionadas II – os Tribunais Regionais
Art. 113. A lei disporá sobre a anteriormente. Eleitorais;
constituição, investidura, juris- § 3o Em caso de greve em III – os Juízes Eleitorais;
dição, competência, garantias e atividade essencial, com possi- IV – as Juntas Eleitorais.
condições de exercício dos ór- bilidade de lesão do interesse
gãos da Justiça do Trabalho. público, o Ministério Público do Art. 119. O Tribunal Superior Elei-
Trabalho poderá ajuizar dissídio toral compor-se-á, no mínimo, de
Art. 114. Compete à Justiça do coletivo, competindo à Justiça do sete membros, escolhidos:
Trabalho processar e julgar: Trabalho decidir o conflito. I – mediante eleição, pelo voto
I – as ações oriundas da re- secreto:
lação de trabalho, abrangidos os Art. 115. Os Tribunais Regionais a) três juízes dentre os Minis-
entes de direito público externo e do Trabalho compõem-se de, no tros do Supremo Tribunal Federal;
da administração pública direta e mínimo, sete juízes, recrutados, b) dois juízes dentre os Mi-
indireta da União, dos Estados, do quando possível, na respectiva re- nistros do Superior Tribunal de
Distrito Federal e dos Municípios; gião e nomeados pelo Presidente Justiça;
II – as ações que envolvam da República dentre brasileiros II – por nomeação do Presi-
exercício do direito de greve; com mais de trinta e menos de dente da República, dois juízes
III – as ações sobre represen- setenta anos de idade, sendo: dentre seis advogados de notá-
tação sindical, entre sindicatos, I – um quinto dentre advo- vel saber jurídico e idoneidade
entre sindicatos e trabalhado- gados com mais de dez anos de moral, indicados pelo Supremo
res, e entre sindicatos e empre- efetiva atividade profissional e Tribunal Federal.
gadores; membros do Ministério Público do Parágrafo único. O Tribunal
IV – os mandados de segu- Trabalho com mais de dez anos Superior Eleitoral elegerá seu
rança, habeas corpus e habeas de efetivo exercício, observado o Presidente e o Vice-Presidente
data, quando o ato questionado disposto no art. 94; dentre os Ministros do Supremo
envolver matéria sujeita à sua II – os demais, mediante pro- Tribunal Federal, e o Corregedor
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Constituição da República Federativa do Brasil
Eleitoral dentre os Ministros do § 4o Das decisões dos Tribu- militares definidos em lei.
Superior Tribunal de Justiça. nais Regionais Eleitorais somente Parágrafo único. A lei dis-
caberá recurso quando: porá sobre a organização, o fun-
Art. 120. Haverá um Tribunal I – forem proferidas contra cionamento e a competência da
Regional Eleitoral na Capital de disposição expressa desta Cons- Justiça Militar.
cada Estado e no Distrito Federal. tituição ou de lei;
§ 1o Os Tribunais Regionais II – ocorrer divergência na
Eleitorais compor-se-ão: interpretação de lei entre dois ou
Seção VIII – Dos Tribunais e
I – mediante eleição, pelo voto mais tribunais eleitorais; Juízes dos Estados
secreto: III – versarem sobre inele-
a) de dois juízes dentre os gibilidade ou expedição de di- Art. 125. Os Estados organiza-
desembargadores do Tribunal plomas nas eleições federais ou rão sua Justiça, observados os
de Justiça; estaduais; princípios estabelecidos nesta
b) de dois juízes, dentre ju- IV – anularem diplomas ou Constituição.
ízes de direito, escolhidos pelo decretarem a perda de mandatos § 1o A competência dos tribu-
Tribunal de Justiça; eletivos federais ou estaduais; nais será definida na Constituição
II – de um juiz do Tribunal V – denegarem habeas cor- do Estado, sendo a lei de organi-
Regional Federal com sede na pus, mandado de segurança, zação judiciária de iniciativa do
Capital do Estado ou no Distrito habeas data ou mandado de in- Tribunal de Justiça.
Federal, ou, não havendo, de juiz junção. § 2o Cabe aos Estados a ins-
federal, escolhido, em qualquer tituição de representação de in-
caso, pelo Tribunal Regional Fe- constitucionalidade de leis ou
deral respectivo;
Seção VII – Dos Tribunais e atos normativos estaduais ou
III – por nomeação, pelo Presi- Juízes Militares municipais em face da Consti-
dente da República, de dois juízes tuição Estadual, vedada a atri-
dentre seis advogados de notá- Art. 122. São órgãos da Justi- buição da legitimação para agir
vel saber jurídico e idoneidade ça Militar: a um único órgão.
moral, indicados pelo Tribunal I – o Superior Tribunal Militar; § 3o A lei estadual poderá
de Justiça. II – os Tribunais e Juízes Mi- criar, mediante proposta do Tri-
§ 2o O Tribunal Regional Elei- litares instituídos por lei. bunal de Justiça, a Justiça Militar
toral elegerá seu Presidente e o estadual, constituída, em primei-
Vice-Presidente dentre os de- Art. 123. O Superior Tribunal ro grau, pelos juízes de direito e
sembargadores. Militar compor-se-á de quinze pelos Conselhos de Justiça e, em
Ministros vitalícios, nomeados segundo grau, pelo próprio Tribu-
Art. 121. Lei complementar dis- pelo Presidente da República, de- nal de Justiça, ou por Tribunal de
porá sobre a organização e com- pois de aprovada a indicação pelo Justiça Militar nos Estados em
petência dos tribunais, dos juízes Senado Federal, sendo três den- que o efetivo militar seja superior
de direito e das juntas eleitorais. tre oficiais-generais da Marinha, a vinte mil integrantes.
§ 1o Os membros dos tribu- quatro dentre oficiais-generais § 4o Compete à Justiça Mili-
nais, os juízes de direito e os in- do Exército, três dentre oficiais- tar estadual processar e julgar os
tegrantes das juntas eleitorais, -generais da Aeronáutica, todos militares dos Estados, nos crimes
no exercício de suas funções, e da ativa e do posto mais elevado militares definidos em lei e as
no que lhes for aplicável, goza- da carreira, e cinco dentre civis. ações judiciais contra atos dis-
rão de plenas garantias e serão Parágrafo único. Os Minis- ciplinares militares, ressalvada a
inamovíveis. tros civis serão escolhidos pelo competência do júri quando a ví-
§ 2o Os juízes dos tribunais Presidente da República dentre tima for civil, cabendo ao tribunal
eleitorais, salvo motivo justifi- brasileiros com mais de trinta e competente decidir sobre a perda
cado, servirão por dois anos, no cinco e menos de setenta anos do posto e da patente dos oficiais
mínimo, e nunca por mais de dois de idade, sendo: e da graduação das praças.
biênios consecutivos, sendo os I – três dentre advogados de § 5o Compete aos juízes de
substitutos escolhidos na mesma notório saber jurídico e conduta direito do juízo militar processar
ocasião e pelo mesmo proces- ilibada, com mais de dez anos e julgar, singularmente, os crimes
so, em número igual para cada de efetiva atividade profissional; militares cometidos contra civis
categoria. II – dois, por escolha pari- e as ações judiciais contra atos
§ 3o São irrecorríveis as deci- tária, dentre juízes auditores e disciplinares militares, caben-
sões do Tribunal Superior Eleito- membros do Ministério Público do ao Conselho de Justiça, sob
ral, salvo as que contrariarem esta da Justiça Militar. a presidência de juiz de direito,
Constituição e as denegatórias processar e julgar os demais cri-
de habeas corpus ou mandado Art. 124. À Justiça Militar com- mes militares.
de segurança. pete processar e julgar os crimes § 6o O Tribunal de Justiça
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Constituição da República Federativa do Brasil
poderá funcionar descentraliza- § 4o Se o Ministério Públi- do Senado Federal.
damente, constituindo Câmaras co não encaminhar a respectiva § 3o Os Ministérios Públicos
regionais, a fim de assegurar o proposta orçamentária dentro dos Estados e o do Distrito Fe-
pleno acesso do jurisdicionado do prazo estabelecido na lei de deral e Territórios formarão lista
à justiça em todas as fases do diretrizes orçamentárias, o Po- tríplice dentre integrantes da car-
processo. der Executivo considerará, para reira, na forma da lei respectiva,
§ 7o O Tribunal de Justiça fins de consolidação da proposta para escolha de seu Procurador-
instalará a justiça itinerante, com orçamentária anual, os valores -Geral, que será nomeado pelo
a realização de audiências e de- aprovados na lei orçamentária Chefe do Poder Executivo, para
mais funções da atividade juris- vigente, ajustados de acordo com mandato de dois anos, permitida
dicional, nos limites territoriais os limites estipulados na forma uma recondução.
da respectiva jurisdição, servin- do § 3o. § 4o Os Procuradores-Gerais
do-se de equipamentos públicos § 5o Se a proposta orçamen- nos Estados e no Distrito Federal
e comunitários. tária de que trata este artigo for e Territórios poderão ser destitu-
encaminhada em desacordo com ídos por deliberação da maioria
Art. 126. Para dirimir conflitos os limites estipulados na forma do absoluta do Poder Legislativo,
fundiários, o Tribunal de Justiça § 3o, o Poder Executivo procederá na forma da lei complementar
proporá a criação de varas es- aos ajustes necessários para fins respectiva.
pecializadas, com competência de consolidação da proposta or- § 5o Leis complementares da
exclusiva para questões agrárias. çamentária anual. União e dos Estados, cuja inicia-
Parágrafo único. Sempre que § 6o Durante a execução or- tiva é facultada aos respectivos
necessário à eficiente prestação çamentária do exercício, não po- Procuradores-Gerais, estabelece-
jurisdicional, o juiz far-se-á pre- derá haver a realização de des- rão a organização, as atribuições
sente no local do litígio. pesas ou a assunção de obriga- e o estatuto de cada Ministério
ções que extrapolem os limites Público, observadas, relativamen-
estabelecidos na lei de diretrizes te a seus membros:
CAPÍTULO IV – DAS orçamentárias, exceto se previa- I – as seguintes garantias:
FUNÇÕES ESSENCIAIS À mente autorizadas, mediante a a) vitaliciedade, após dois
JUSTIÇA abertura de créditos suplemen- anos de exercício, não podendo
tares ou especiais. perder o cargo senão por senten-
Seção I – Do Ministério ça judicial transitada em julgado;
Público Art. 128. O Ministério Público b) inamovibilidade, salvo por
abrange: motivo de interesse público, me-
Art. 127. O Ministério Público é I – o Ministério Público da diante decisão do órgão colegiado
instituição permanente, essencial União, que compreende: competente do Ministério Público,
à função jurisdicional do Estado, a) o Ministério Público Fe- pelo voto da maioria absoluta de
incumbindo-lhe a defesa da or- deral; seus membros, assegurada am-
dem jurídica, do regime demo- b) o Ministério Público do pla defesa;
crático e dos interesses sociais Trabalho; c) irredutibilidade de subsí-
e individuais indisponíveis. c) o Ministério Público Militar; dio, fixado na forma do art. 39,
§ 1o São princípios institu- d) o Ministério Público do Dis- § 4o, e ressalvado o disposto nos
cionais do Ministério Público a trito Federal e Territórios; arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III,
unidade, a indivisibilidade e a in- II – os Ministérios Públicos 153, § 2o, I;
dependência funcional. dos Estados. II – as seguintes vedações:
§ 2o Ao Ministério Público é § 1o O Ministério Público da a) receber, a qualquer título
assegurada autonomia funcional União tem por chefe o Procura- e sob qualquer pretexto, hono-
e administrativa, podendo, ob- dor-Geral da República, nomeado rários, percentagens ou custas
servado o disposto no art. 169, pelo Presidente da República den- processuais;
propor ao Poder Legislativo a tre integrantes da carreira, maio- b) exercer a advocacia;
criação e extinção de seus cargos res de trinta e cinco anos, após c) participar de sociedade
e serviços auxiliares, provendo-os a aprovação de seu nome pela comercial, na forma da lei;
por concurso público de provas maioria absoluta dos membros d) exercer, ainda que em
ou de provas e títulos, a política do Senado Federal, para man- disponibilidade, qualquer outra
remuneratória e os planos de dato de dois anos, permitida a função pública, salvo uma de ma-
carreira; a lei disporá sobre sua recondução. gistério;
organização e funcionamento. § 2o A destituição do Pro- e) exercer atividade políti-
§ 3o O Ministério Público ela- curador-Geral da República, por co-partidária;
borará sua proposta orçamentária iniciativa do Presidente da Re- f) receber, a qualquer títu-
dentro dos limites estabelecidos pública, deverá ser precedida de lo ou pretexto, auxílios ou con-
na lei de diretrizes orçamentárias. autorização da maioria absoluta tribuições de pessoas físicas,
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Constituição da República Federativa do Brasil
entidades públicas ou privadas, por integrantes da carreira, que serão indicados pelos respecti-
ressalvadas as exceções previs- deverão residir na comarca da vos Ministérios Públicos, na for-
tas em lei. respectiva lotação, salvo auto- ma da lei.
§ 6o Aplica-se aos membros rização do chefe da instituição. § 2o Compete ao Conselho
do Ministério Público o disposto § 3o O ingresso na carreira Nacional do Ministério Público
no art. 95, parágrafo único, V. do Ministério Público far-se-á o controle da atuação adminis-
mediante concurso público de trativa e financeira do Ministé-
Art. 129. São funções institucio- provas e títulos, assegurada a rio Público e do cumprimento
nais do Ministério Público: participação da Ordem dos Ad- dos deveres funcionais de seus
I – promover, privativamen- vogados do Brasil em sua reali- membros, cabendo-lhe:
te, a ação penal pública, na for- zação, exigindo-se do bacharel I – zelar pela autonomia fun-
ma da lei; em direito, no mínimo, três anos cional e administrativa do Minis-
II – zelar pelo efetivo respei- de atividade jurídica e observan- tério Público, podendo expedir
to dos Poderes Públicos e dos do-se, nas nomeações, a ordem atos regulamentares, no âmbito
serviços de relevância pública de classificação. de sua competência, ou reco-
aos direitos assegurados nesta § 4o Aplica-se ao Ministério mendar providências;
Constituição, promovendo as me- Público, no que couber, o disposto II – zelar pela observância
didas necessárias a sua garantia; no art. 93. do art. 37 e apreciar, de ofício
III – promover o inquérito civil § 5o A distribuição de pro- ou mediante provocação, a le-
e a ação civil pública, para a pro- cessos no Ministério Público será galidade dos atos administrati-
teção do patrimônio público e so- imediata. vos praticados por membros ou
cial, do meio ambiente e de outros órgãos do Ministério Público da
interesses difusos e coletivos; Art. 130. Aos membros do Minis- União e dos Estados, podendo
IV – promover a ação de in- tério Público junto aos Tribunais desconstituí-los, revê-los ou fi-
constitucionalidade ou represen- de Contas aplicam-se as dispo- xar prazo para que se adotem
tação para fins de intervenção da sições desta seção pertinentes as providências necessárias ao
União e dos Estados, nos casos a direitos, vedações e forma de exato cumprimento da lei, sem
previstos nesta Constituição; investidura. prejuízo da competência dos Tri-
V – defender judicialmente os bunais de Contas;
direitos e interesses das popula- Art. 130-A. O Conselho Nacional III – receber e conhecer das
ções indígenas; do Ministério Público compõe-se reclamações contra membros
VI – expedir notificações nos de quatorze membros nomeados ou órgãos do Ministério Público
procedimentos administrativos pelo Presidente da República, da União ou dos Estados, inclu-
de sua competência, requisitando depois de aprovada a escolha sive contra seus serviços auxi-
informações e documentos para pela maioria absoluta do Sena- liares, sem prejuízo da compe-
instruí-los, na forma da lei com- do Federal, para um mandato de tência disciplinar e correicional
plementar respectiva; dois anos, admitida uma recon- da instituição, podendo avocar
VII – exercer o controle exter- dução, sendo: processos disciplinares em cur-
no da atividade policial, na forma I – o Procurador-Geral da Re- so, determinar a remoção ou a
da lei complementar mencionada pública, que o preside; disponibilidade e aplicar outras
no artigo anterior; II – quatro membros do Mi- sanções administrativas, asse-
VIII – requisitar diligências nistério Público da União, asse- gurada ampla defesa;
investigatórias e a instauração gurada a representação de cada IV – rever, de ofício ou me-
de inquérito policial, indicados uma de suas carreiras; diante provocação, os proces-
os fundamentos jurídicos de suas III – três membros do Minis- sos disciplinares de membros
manifestações processuais; tério Público dos Estados; do Ministério Público da União ou
IX – exercer outras funções IV – dois juízes, indicados um dos Estados julgados há menos
que lhe forem conferidas, desde pelo Supremo Tribunal Federal de um ano;
que compatíveis com sua finali- e outro pelo Superior Tribunal V – elaborar relatório anual,
dade, sendo-lhe vedada a repre- de Justiça; propondo as providências que
sentação judicial e a consultoria V – dois advogados, indicados julgar necessárias sobre a situ-
jurídica de entidades públicas. pelo Conselho Federal da Ordem ação do Ministério Público no
§ 1o A legitimação do Minis- dos Advogados do Brasil; País e as atividades do Conselho,
tério Público para as ações civis VI – dois cidadãos de notável o qual deve integrar a mensagem
previstas neste artigo não impede saber jurídico e reputação ilibada, prevista no art. 84, XI.
a de terceiros, nas mesmas hipó- indicados um pela Câmara dos § 3o O Conselho escolherá,
teses, segundo o disposto nesta Deputados e outro pelo Senado em votação secreta, um Corre-
Constituição e na lei. Federal. gedor nacional, dentre os mem-
§ 2o As funções do Ministério § 1o Os membros do Conselho bros do Ministério Público que o
Público só podem ser exercidas oriundos do Ministério Público integram, vedada a recondução,
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Constituição da República Federativa do Brasil
competindo-lhe, além das atri- representação da União cabe à integrantes a garantia da inamo-
buições que lhe forem conferidas Procuradoria-Geral da Fazenda vibilidade e vedado o exercício da
pela lei, as seguintes: Nacional, observado o disposto advocacia fora das atribuições
I – receber reclamações e de- em lei. institucionais.
núncias, de qualquer interessado, § 2o Às Defensorias Públicas
relativas aos membros do Minis- Art. 132. Os Procuradores dos Estaduais são asseguradas auto-
tério Público e dos seus serviços Estados e do Distrito Federal, or- nomia funcional e administrativa
auxiliares; ganizados em carreira, na qual o e a iniciativa de sua proposta
II – exercer funções execu- ingresso dependerá de concurso orçamentária dentro dos limites
tivas do Conselho, de inspeção público de provas e títulos, com a estabelecidos na lei de diretrizes
e correição geral; participação da Ordem dos Advo- orçamentárias e subordinação ao
III – requisitar e designar gados do Brasil em todas as suas disposto no art. 99, § 2o.
membros do Ministério Público, fases, exercerão a representação § 3o Aplica-se o disposto no
delegando-lhes atribuições, e re- judicial e a consultoria jurídica das § 2 às Defensorias Públicas da
o
51
Constituição da República Federativa do Brasil
vigorarem, dentre as seguintes: Seção II – Do Estado de Sítio em localidade determinada;
I – restrições aos direitos de: II – detenção em edifício não
a) reunião, ainda que exer- Art. 137. O Presidente da Repú- destinado a acusados ou conde-
cida no seio das associações; blica pode, ouvidos o Conselho da nados por crimes comuns;
b) sigilo de correspondência; República e o Conselho de Defesa III – restrições relativas à in-
c) sigilo de comunicação te- Nacional, solicitar ao Congresso violabilidade da correspondên-
legráfica e telefônica; Nacional autorização para decre- cia, ao sigilo das comunicações,
II – ocupação e uso temporá- tar o estado de sítio nos casos de: à prestação de informações e à
rio de bens e serviços públicos, na I – comoção grave de reper- liberdade de imprensa, radiodifu-
hipótese de calamidade pública, cussão nacional ou ocorrência de são e televisão, na forma da lei;
respondendo a União pelos danos fatos que comprovem a ineficá- IV – suspensão da liberdade
e custos decorrentes. cia de medida tomada durante o de reunião;
§ 2o O tempo de duração do estado de defesa; V – busca e apreensão em
estado de defesa não será su- II – declaração de estado de domicílio;
perior a trinta dias, podendo ser guerra ou resposta a agressão VI – intervenção nas empre-
prorrogado uma vez, por igual armada estrangeira. sas de serviços públicos;
período, se persistirem as ra- Parágrafo único. O Presiden- VII – requisição de bens.
zões que justificaram a sua de- te da República, ao solicitar auto- Parágrafo único. Não se in-
cretação. rização para decretar o estado de clui nas restrições do inciso III a
§ 3o Na vigência do estado sítio ou sua prorrogação, relatará difusão de pronunciamentos de
de defesa: os motivos determinantes do pe- parlamentares efetuados em suas
I – a prisão por crime contra dido, devendo o Congresso Nacio- Casas Legislativas, desde que
o Estado, determinada pelo exe- nal decidir por maioria absoluta. liberada pela respectiva Mesa.
cutor da medida, será por este
comunicada imediatamente ao Art. 138. O decreto do estado
juiz competente, que a relaxa- de sítio indicará sua duração, as
Seção III – Disposições
rá, se não for legal, facultado ao normas necessárias a sua execu- Gerais
preso requerer exame de corpo ção e as garantias constitucionais
de delito à autoridade policial; que ficarão suspensas, e, depois Art. 140. A Mesa do Congresso
II – a comunicação será de publicado, o Presidente da Re- Nacional, ouvidos os líderes parti-
acompanhada de declaração, pública designará o executor das dários, designará Comissão com-
pela autoridade, do estado físico medidas específicas e as áreas posta de cinco de seus membros
e mental do detido no momento abrangidas. para acompanhar e fiscalizar a
de sua autuação; § 1o O estado de sítio, no caso execução das medidas referentes
III – a prisão ou detenção de do art. 137, I, não poderá ser de- ao estado de defesa e ao estado
qualquer pessoa não poderá ser cretado por mais de trinta dias, de sítio.
superior a dez dias, salvo quando nem prorrogado, de cada vez, por
autorizada pelo Poder Judiciário; prazo superior; no do inciso II, Art. 141. Cessado o estado de
IV – é vedada a incomunica- poderá ser decretado por todo o defesa ou o estado de sítio, ces-
bilidade do preso. tempo que perdurar a guerra ou sarão também seus efeitos, sem
§ 4o Decretado o estado de a agressão armada estrangeira. prejuízo da responsabilidade pe-
defesa ou sua prorrogação, o Pre- § 2o Solicitada autorização los ilícitos cometidos por seus
sidente da República, dentro de para decretar o estado de sítio executores ou agentes.
vinte e quatro horas, submeterá durante o recesso parlamentar, Parágrafo único. Logo que
o ato com a respectiva justifica- o Presidente do Senado Federal, cesse o estado de defesa ou o
ção ao Congresso Nacional, que de imediato, convocará extraor- estado de sítio, as medidas apli-
decidirá por maioria absoluta. dinariamente o Congresso Na- cadas em sua vigência serão re-
§ 5o Se o Congresso Nacional cional para se reunir dentro de latadas pelo Presidente da Repú-
estiver em recesso, será convo- cinco dias, a fim de apreciar o ato. blica, em mensagem ao Congres-
cado, extraordinariamente, no § 3o O Congresso Nacional so Nacional, com especificação
prazo de cinco dias. permanecerá em funcionamen- e justificação das providências
§ 6o O Congresso Nacional to até o término das medidas adotadas, com relação nominal
apreciará o decreto dentro de coercitivas. dos atingidos e indicação das
dez dias contados de seu recebi- restrições aplicadas.
mento, devendo continuar funcio- Art. 139. Na vigência do estado
nando enquanto vigorar o estado de sítio decretado com funda-
de defesa. mento no art. 137, I, só poderão CAPÍTULO II – DAS FORÇAS
§ 7o Rejeitado o decreto, ser tomadas contra as pessoas ARMADAS
cessa imediatamente o estado as seguintes medidas:
de defesa. I – obrigação de permanência Art. 142. As Forças Armadas,
52
Constituição da República Federativa do Brasil
constituídas pela Marinha, pelo IV – ao militar são proibidas a CAPÍTULO III – DA
Exército e pela Aeronáutica, são sindicalização e a greve; SEGURANÇA PÚBLICA
instituições nacionais permanen- V – o militar, enquanto em
tes e regulares, organizadas com serviço ativo, não pode estar fi- Art. 144. A segurança pública,
base na hierarquia e na disciplina, liado a partidos políticos; dever do Estado, direito e respon-
sob a autoridade suprema do Pre- VI – o oficial só perderá o sabilidade de todos, é exercida
sidente da República, e destinam- posto e a patente se for julga- para a preservação da ordem
-se à defesa da Pátria, à garantia do indigno do oficialato ou com pública e da incolumidade das
dos poderes constitucionais e, ele incompatível, por decisão de pessoas e do patrimônio, através
por iniciativa de qualquer destes, tribunal militar de caráter per- dos seguintes órgãos:
da lei e da ordem. manente, em tempo de paz, ou I – polícia federal;
§ 1o Lei complementar es- de tribunal especial, em tempo II – polícia rodoviária federal;
tabelecerá as normas gerais a de guerra; III – polícia ferroviária federal;
serem adotadas na organização, VII – o oficial condenado na IV – polícias civis;
no preparo e no emprego das justiça comum ou militar a pena V – polícias militares e corpos
Forças Armadas. privativa de liberdade superior a de bombeiros militares;
§ 2o Não caberá habeas cor- dois anos, por sentença transi- VI – polícias penais federal,
pus em relação a punições disci- tada em julgado, será submetido estaduais e distrital.
plinares militares. ao julgamento previsto no inciso § 1o A polícia federal, insti-
§ 3o Os membros das Forças anterior; tuída por lei como órgão perma-
Armadas são denominados milita- VIII – aplica-se aos militares nente, organizado e mantido pela
res, aplicando-se-lhes, além das o disposto no art. 7o, incisos VIII, União e estruturado em carreira,
que vierem a ser fixadas em lei, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no destina-se a:
as seguintes disposições: art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, I – apurar infrações penais
I – as patentes, com prer- bem como, na forma da lei e com contra a ordem política e social
rogativas, direitos e deveres a prevalência da atividade militar, ou em detrimento de bens, ser-
elas inerentes, são conferidas no art. 37, inciso XVI, alínea “c”; viços e interesses da União ou
pelo Presidente da República e IX – (Revogado); de suas entidades autárquicas e
asseguradas em plenitude aos X – a lei disporá sobre o in- empresas públicas, assim como
oficiais da ativa, da reserva ou gresso nas Forças Armadas, os outras infrações cuja prática te-
reformados, sendo-lhes privati- limites de idade, a estabilidade nha repercussão interestadual ou
vos os títulos e postos militares e outras condições de transfe- internacional e exija repressão
e, juntamente com os demais rência do militar para a inativi- uniforme, segundo se dispuser
membros, o uso dos uniformes dade, os direitos, os deveres, a em lei;
das Forças Armadas; remuneração, as prerrogativas II – prevenir e reprimir o trá-
II – o militar em atividade que e outras situações especiais dos fico ilícito de entorpecentes e
tomar posse em cargo ou em- militares, consideradas as pe- drogas afins, o contrabando e o
prego público civil permanente, culiaridades de suas atividades, descaminho, sem prejuízo da ação
ressalvada a hipótese prevista no inclusive aquelas cumpridas por fazendária e de outros órgãos
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será força de compromissos interna- públicos nas respectivas áreas
transferido para a reserva, nos cionais e de guerra. de competência;
termos da lei; III – exercer as funções de
III – o militar da ativa que, de Art. 143. O serviço militar é obri- polícia marítima, aeroportuária
acordo com a lei, tomar posse em gatório nos termos da lei. e de fronteiras;
cargo, emprego ou função pública § 1o Às Forças Armadas com- IV – exercer, com exclusivida-
civil temporária, não eletiva, ain- pete, na forma da lei, atribuir ser- de, as funções de polícia judiciária
da que da administração indireta, viço alternativo aos que, em tem- da União.
ressalvada a hipótese prevista no po de paz, após alistados, alega- § 2o A polícia rodoviária fede-
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, fica- rem imperativo de consciência, ral, órgão permanente, organiza-
rá agregado ao respectivo qua- entendendo-se como tal o de- do e mantido pela União e estru-
dro e somente poderá, enquanto corrente de crença religiosa e de turado em carreira, destina-se, na
permanecer nessa situação, ser convicção filosófica ou política, forma da lei, ao patrulhamento
promovido por antiguidade, con- para se eximirem de atividades de ostensivo das rodovias federais.
tando-se-lhe o tempo de serviço caráter essencialmente militar. § 3o A polícia ferroviária fe-
apenas para aquela promoção § 2o As mulheres e os eclesi- deral, órgão permanente, organi-
e transferência para a reserva, ásticos ficam isentos do serviço zado e mantido pela União e es-
sendo depois de dois anos de militar obrigatório em tempo de truturado em carreira, destina-se,
afastamento, contínuos ou não, paz, sujeitos, porém, a outros na forma da lei, ao patrulhamento
transferido para a reserva, nos encargos que a lei lhes atribuir. ostensivo das ferrovias federais.
termos da lei; § 4o Às polícias civis, dirigi-
53
Constituição da República Federativa do Brasil
das por delegados de polícia de rados em Carreira, na forma da lei. III – estabelecer normas ge-
carreira, incumbem, ressalvada a rais em matéria de legislação
competência da União, as funções tributária, especialmente sobre:
de polícia judiciária e a apuração TÍTULO VI – DA a) definição de tributos e de
de infrações penais, exceto as TRIBUTAÇÃO E DO suas espécies, bem como, em re-
militares. ORÇAMENTO lação aos impostos discriminados
§ 5o Às polícias militares ca- nesta Constituição, a dos respec-
bem a polícia ostensiva e a pre- CAPÍTULO I – DO SISTEMA tivos fatos geradores, bases de
servação da ordem pública; aos TRIBUTÁRIO NACIONAL cálculo e contribuintes;
corpos de bombeiros militares, b) obrigação, lançamento,
além das atribuições definidas Seção I – Dos Princípios crédito, prescrição e decadência
em lei, incumbe a execução de Gerais tributários;
atividades de defesa civil. c) adequado tratamento tri-
§ 5o-A. Às polícias penais, Art. 145. A União, os Estados, o butário ao ato cooperativo prati-
vinculadas ao órgão administra- Distrito Federal e os Municípios cado pelas sociedades coopera-
dor do sistema penal da unidade poderão instituir os seguintes tivas, inclusive em relação aos
federativa a que pertencem, cabe tributos: tributos previstos nos arts. 156‑A
a segurança dos estabelecimen- I – impostos; e 195, V;
tos penais. II – taxas, em razão do exer- d) definição de tratamento
§ 6o As polícias militares e cício do poder de polícia ou pela diferenciado e favorecido para as
os corpos de bombeiros milita- utilização, efetiva ou potencial, microempresas e para as empre-
res, forças auxiliares e reserva de serviços públicos específicos sas de pequeno porte, inclusive
do Exército subordinam-se, jun- e divisíveis, prestados ao contri- regimes especiais ou simplifica-
tamente com as polícias civis e buinte ou postos a sua disposição; dos no caso dos impostos previs-
as polícias penais estaduais e III – contribuição de melhoria, tos nos arts. 155, II, e 156‑A, das
distrital, aos Governadores dos decorrente de obras públicas. contribuições sociais previstas no
Estados, do Distrito Federal e § 1o Sempre que possível, os art. 195, I e V, e § 12 e da contri-
dos Territórios. impostos terão caráter pessoal e buição a que se refere o art. 239.
§ 7o A lei disciplinará a or- serão graduados segundo a ca- § 1o A lei complementar de
ganização e o funcionamento pacidade econômica do contri- que trata o inciso III, “d”, também
dos órgãos responsáveis pela buinte, facultado à administração poderá instituir um regime único
segurança pública, de maneira tributária, especialmente para de arrecadação dos impostos e
a garantir a eficiência de suas conferir efetividade a esses ob- contribuições da União, dos Es-
atividades. jetivos, identificar, respeitados os tados, do Distrito Federal e dos
§ 8o Os Municípios poderão direitos individuais e nos termos Municípios, observado que:
constituir guardas municipais da lei, o patrimônio, os rendimen- I – será opcional para o con-
destinadas à proteção de seus tos e as atividades econômicas tribuinte;
bens, serviços e instalações, con- do contribuinte. II – poderão ser estabelecidas
forme dispuser a lei. § 2o As taxas não poderão condições de enquadramento di-
§ 9o A remuneração dos ser- ter base de cálculo própria de ferenciadas por Estado;
vidores policiais integrantes dos impostos. III – o recolhimento será uni-
órgãos relacionados neste arti- § 3o O Sistema Tributário ficado e centralizado e a distri-
go será fixada na forma do § 4o Nacional deve observar os prin- buição da parcela de recursos
do art. 39. cípios da simplicidade, da trans- pertencentes aos respectivos
§ 10. A segurança viária, parência, da justiça tributária, da entes federados será imediata,
exercida para a preservação da cooperação e da defesa do meio vedada qualquer retenção ou con-
ordem pública e da incolumidade ambiente. dicionamento;
das pessoas e do seu patrimônio § 4o As alterações na legisla- IV – a arrecadação, a fiscali-
nas vias públicas: ção tributária buscarão atenuar zação e a cobrança poderão ser
I – compreende a educação, efeitos regressivos. compartilhadas pelos entes fede-
engenharia e fiscalização de trân- rados, adotado cadastro nacional
sito, além de outras atividades Art. 146. Cabe à lei comple- único de contribuintes.
previstas em lei, que assegurem mentar: § 2o É facultado ao optante
ao cidadão o direito à mobilidade I – dispor sobre conflitos de pelo regime único de que trata o
urbana eficiente; e competência, em matéria tribu- § 1o apurar e recolher os tributos
II – compete, no âmbito dos tária, entre a União, os Estados, previstos nos arts. 156‑A e 195, V,
Estados, do Distrito Federal e o Distrito Federal e os Municípios; nos termos estabelecidos nesses
dos Municípios, aos respectivos II – regular as limitações artigos, hipótese em que as par-
órgãos ou entidades executivos e constitucionais ao poder de tri- celas a eles relativas não serão
seus agentes de trânsito, estrutu- butar; cobradas pelo regime único.
54
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 3o Na hipótese de o recolhi- domínio econômico e de interesse a unidade de medida adotada.
mento dos tributos previstos nos das categorias profissionais ou § 3o A pessoa natural des-
arts. 156‑A e 195, V, ser realizado econômicas, como instrumento tinatária das operações de im-
por meio do regime único de que de sua atuação nas respectivas portação poderá ser equiparada
trata o § 1o, enquanto perdurar áreas, observado o disposto nos a pessoa jurídica, na forma da lei.
a opção: arts. 146, III, e 150, I e III, e sem § 4o A lei definirá as hipó-
I – não será permitida a apro- prejuízo do previsto no art. 195, teses em que as contribuições
priação de créditos dos tributos § 6o, relativamente às contribui- incidirão uma única vez.
previstos nos arts. 156‑A e 195, ções a que alude o dispositivo.
V, pelo contribuinte optante pelo § 1o A União, os Estados, o Art. 149-A. Os Municípios e o
regime único; e Distrito Federal e os Municípios Distrito Federal poderão insti-
II – será permitida a apro- instituirão, por meio de lei, con- tuir contribuição, na forma das
priação de créditos dos tributos tribuições para custeio de regime respectivas leis, para o custeio,
previstos nos arts. 156‑A e 195, V, próprio de previdência social, co- a expansão e a melhoria do ser-
pelo adquirente não optante pelo bradas dos servidores ativos, dos viço de iluminação pública e de
regime único de que trata o § 1o aposentados e dos pensionistas, sistemas de monitoramento para
de bens materiais ou imateriais, que poderão ter alíquotas pro- segurança e preservação de lo-
inclusive direitos, e de serviços gressivas de acordo com o valor gradouros públicos, observado o
do optante, em montante equi- da base de contribuição ou dos disposto no art. 150, I e III.
valente ao cobrado por meio do proventos de aposentadoria e Parágrafo único. É faculta-
regime único. de pensões. da a cobrança da contribuição a
§ 1o-A. Quando houver déficit que se refere o caput, na fatura
Art. 146-A. Lei complementar atuarial, a contribuição ordinária de consumo de energia elétrica.
poderá estabelecer critérios es- dos aposentados e pensionistas
peciais de tributação, com o ob- poderá incidir sobre o valor dos Art. 149-B. Os tributos previs-
jetivo de prevenir desequilíbrios proventos de aposentadoria e tos nos arts. 156‑A e 195, V, ob-
da concorrência, sem prejuízo de pensões que supere o salário servarão as mesmas regras em
da competência de a União, por mínimo. relação a:
lei, estabelecer normas de igual § 1o-B. Demonstrada a insu- I – fatos geradores, bases de
objetivo. ficiência da medida prevista no cálculo, hipóteses de não incidên-
§ 1o‑A para equacionar o déficit cia e sujeitos passivos;
Art. 147. Competem à União, atuarial, é facultada a instituição II – imunidades;
em Território Federal, os impos- de contribuição extraordinária, no III – regimes específicos, di-
tos estaduais e, se o Território âmbito da União, dos servidores ferenciados ou favorecidos de
não for dividido em Municípios, públicos ativos, dos aposentados tributação;
cumulativamente, os impostos e dos pensionistas. IV – regras de não cumulati-
municipais; ao Distrito Federal § 1o-C. A contribuição extra- vidade e de creditamento.
cabem os impostos municipais. ordinária de que trata o § 1o‑B Parágrafo único. Os tributos
deverá ser instituída simulta- de que trata o caput observa-
Art. 148. A União, mediante lei neamente com outras medidas rão as imunidades previstas no
complementar, poderá instituir para equacionamento do déficit art. 150, VI, não se aplicando a
empréstimos compulsórios: e vigorará por período determi- ambos os tributos o disposto no
I – para atender a despesas nado, contado da data de sua art. 195, § 7o.
extraordinárias, decorrentes de instituição.
calamidade pública, de guerra § 2o As contribuições sociais Art. 149-C. O produto da ar-
externa ou sua iminência; e de intervenção no domínio eco- recadação do imposto previsto
II – no caso de investimen- nômico de que trata o caput des- no art. 156‑A e da contribuição
to público de caráter urgente e te artigo: prevista no art. 195, V, inciden-
de relevante interesse nacional, I – não incidirão sobre as re- tes sobre operações contrata-
observado o disposto no art. 150, ceitas decorrentes de exporta- das pela administração pública
III, “b”. ção; direta, por autarquias e por fun-
Parágrafo único. A aplicação II – incidirão também sobre a dações públicas, inclusive suas
dos recursos provenientes de importação de produtos estran- importações, será integralmen-
empréstimo compulsório será geiros ou serviços; te destinado ao ente federativo
vinculada à despesa que funda- III – poderão ter alíquotas: contratante, mediante redução a
mentou sua instituição. a) ad valorem, tendo por base zero das alíquotas do imposto e da
o faturamento, a receita bruta ou contribuição devidos aos demais
Art. 149. Compete exclusiva- o valor da operação e, no caso de entes e equivalente elevação da
mente à União instituir contribui- importação, o valor aduaneiro; alíquota do tributo devido ao ente
ções sociais, de intervenção no b) específica, tendo por base contratante.
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Constituição da República Federativa do Brasil
§ 1o As operações de que tra- VI – instituir impostos sobre: bem imóvel.
ta o caput poderão ter alíquotas a) patrimônio, renda ou ser- § 4o As vedações expres-
reduzidas de modo uniforme, nos viços, uns dos outros; sas no inciso VI, alíneas “b” e “c”,
termos de lei complementar. b) entidades religiosas e compreendem somente o pa-
§ 2o Lei complementar pode- templos de qualquer culto, in- trimônio, a renda e os serviços,
rá prever hipóteses em que não clusive suas organizações assis- relacionados com as finalidades
se aplicará o disposto no caput tenciais e beneficentes; essenciais das entidades nelas
e no § 1o. c) patrimônio, renda ou ser- mencionadas.
§ 3o Nas importações efetu- viços dos partidos políticos, inclu- § 5o A lei determinará me-
adas pela administração pública sive suas fundações, das entida- didas para que os consumido-
direta, por autarquias e por fun- des sindicais dos trabalhadores, res sejam esclarecidos acerca
dações públicas, o disposto no das instituições de educação e dos impostos que incidam sobre
art. 150, VI, “a”, será implementado de assistência social, sem fins mercadorias e serviços.
na forma do disposto no caput e lucrativos, atendidos os requi- § 6o Qualquer subsídio ou
no § 1o, assegurada a igualdade de sitos da lei; isenção, redução de base de
tratamento em relação às aqui- d) livros, jornais, periódicos cálculo, concessão de crédito
sições internas. e o papel destinado a sua im- presumido, anistia ou remissão,
pressão; relativos a impostos, taxas ou
e) fonogramas e videofono- contribuições, só poderá ser con-
Seção II – Das Limitações do gramas musicais produzidos no cedido mediante lei específica,
Poder de Tributar Brasil contendo obras musicais ou federal, estadual ou municipal,
literomusicais de autores brasi- que regule exclusivamente as
Art. 150. Sem prejuízo de ou- leiros e/ou obras em geral inter- matérias acima enumeradas ou o
tras garantias asseguradas ao pretadas por artistas brasileiros correspondente tributo ou contri-
contribuinte, é vedado à União, bem como os suportes materiais buição, sem prejuízo do disposto
aos Estados, ao Distrito Federal ou arquivos digitais que os conte- no art. 155, § 2o, XII, “g”.
e aos Municípios: nham, salvo na etapa de replica- § 7o A lei poderá atribuir a
I – exigir ou aumentar tributo ção industrial de mídias ópticas sujeito passivo de obrigação tri-
sem lei que o estabeleça; de leitura a laser. butária a condição de responsável
II – instituir tratamento desi- § 1o A vedação do inciso III, pelo pagamento de imposto ou
gual entre contribuintes que se “b”, não se aplica aos tributos pre- contribuição, cujo fato gerador
encontrem em situação equiva- vistos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e deva ocorrer posteriormente, as-
lente, proibida qualquer distinção V; e 154, II; e a vedação do inciso segurada a imediata e preferen-
em razão de ocupação profissio- III, “c”, não se aplica aos tributos cial restituição da quantia paga,
nal ou função por eles exercida, previstos nos arts. 148, I, 153, I, caso não se realize o fato gerador
independentemente da denomi- II, III e V; e 154, II, nem à fixação presumido.
nação jurídica dos rendimentos, da base de cálculo dos impostos
títulos ou direitos; previstos nos arts. 155, III, e 156, I. Art. 151. É vedado à União:
III – cobrar tributos: § 2o A vedação do inciso VI, I – instituir tributo que não
a) em relação a fatos gera- “a”, é extensiva às autarquias e às seja uniforme em todo o território
dores ocorridos antes do início fundações instituídas e mantidas nacional ou que implique distin-
da vigência da lei que os houver pelo poder público e à empresa ção ou preferência em relação
instituído ou aumentado; pública prestadora de serviço a Estado, ao Distrito Federal ou
b) no mesmo exercício finan- postal, no que se refere ao pa- a Município, em detrimento de
ceiro em que haja sido publicada trimônio, à renda e aos serviços outro, admitida a concessão de
a lei que os instituiu ou aumentou; vinculados a suas finalidades es- incentivos fiscais destinados a
c) antes de decorridos no- senciais ou às delas decorrentes. promover o equilíbrio do desen-
venta dias da data em que haja § 3o As vedações do inciso volvimento socioeconômico entre
sido publicada a lei que os insti- VI, “a”, e do parágrafo anterior as diferentes regiões do País;
tuiu ou aumentou, observado o não se aplicam ao patrimônio, à II – tributar a renda das obri-
disposto na alínea “b”; renda e aos serviços, relaciona- gações da dívida pública dos Es-
IV – utilizar tributo com efeito dos com exploração de ativida- tados, do Distrito Federal e dos
de confisco; des econômicas regidas pelas Municípios, bem como a remune-
V – estabelecer limitações ao normas aplicáveis a empreendi- ração e os proventos dos respec-
tráfego de pessoas ou bens, por mentos privados, ou em que haja tivos agentes públicos, em níveis
meio de tributos interestaduais contraprestação ou pagamento superiores aos que fixar para suas
ou intermunicipais, ressalvada a de preços ou tarifas pelo usuá- obrigações e para seus agentes;
cobrança de pedágio pela utili- rio, nem exoneram o promiten- III – instituir isenções de tri-
zação de vias conservadas pelo te comprador da obrigação de butos da competência dos Es-
Poder Público; pagar imposto relativamente ao tados, do Distrito Federal ou dos
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Constituição da República Federativa do Brasil
Municípios. sobre a aquisição de bens de ca- mercado do produto.
pital pelo contribuinte do imposto,
Art. 152. É vedado aos Estados, na forma da lei. Art. 154. A União poderá ins-
ao Distrito Federal e aos Municí- § 4o O imposto previsto no tituir:
pios estabelecer diferença tri- inciso VI do caput: I – mediante lei complemen-
butária entre bens e serviços, I – será progressivo e terá tar, impostos não previstos no
de qualquer natureza, em razão suas alíquotas fixadas de forma artigo anterior, desde que sejam
de sua procedência ou destino. a desestimular a manutenção de não cumulativos e não tenham
propriedades improdutivas; fato gerador ou base de cálculo
II – não incidirá sobre peque- próprios dos discriminados nesta
Seção III – Dos Impostos da nas glebas rurais, definidas em lei, Constituição;
União quando as explore o proprietário II – na iminência ou no caso de
que não possua outro imóvel; guerra externa, impostos extraor-
Art. 153. Compete à União ins- III – será fiscalizado e cobra- dinários, compreendidos ou não
tituir impostos sobre: do pelos Municípios que assim em sua competência tributária,
I – importação de produtos optarem, na forma da lei, desde os quais serão suprimidos, gra-
estrangeiros; que não implique redução do im- dativamente, cessadas as causas
II – exportação, para o exte- posto ou qualquer outra forma de de sua criação.
rior, de produtos nacionais ou renúncia fiscal.
nacionalizados; § 5o O ouro, quando definido
III – renda e proventos de em lei como ativo financeiro ou
Seção IV – Dos Impostos dos
qualquer natureza; instrumento cambial, sujeita-se Estados e do Distrito Federal
IV – produtos industrializados; exclusivamente à incidência do
V – operações de crédito, imposto de que trata o inciso V Art. 155. Compete aos Estados
câmbio e seguro, ou relativas do caput deste artigo, devido na e ao Distrito Federal instituir im-
a títulos ou valores mobiliários; operação de origem; a alíquota postos sobre:
VI – propriedade territorial mínima será de um por cento, I – transmissão causa mortis
rural; assegurada a transferência do e doação, de quaisquer bens ou
VII – grandes fortunas, nos montante da arrecadação nos direitos;
termos de lei complementar; seguintes termos: II – operações relativas à cir-
VIII – produção, extração, I – trinta por cento para o culação de mercadorias e sobre
comercialização ou importação Estado, o Distrito Federal ou o prestações de serviços de trans-
de bens e serviços prejudiciais Território, conforme a origem; porte interestadual e intermunici-
à saúde ou ao meio ambiente, II – setenta por cento para o pal e de comunicação, ainda que
nos termos de lei complementar. Município de origem. as operações e as prestações se
§ 1o É facultado ao Poder § 6o O imposto previsto no iniciem no exterior;
Executivo, atendidas as condi- inciso VIII do caput deste artigo: III – propriedade de veículos
ções e os limites estabelecidos I – não incidirá sobre as ex- automotores.
em lei, alterar as alíquotas dos portações nem sobre as opera- § 1o O imposto previsto no
impostos enumerados nos inci- ções com energia elétrica e com inciso I:
sos I, II, IV e V. telecomunicações; I – relativamente a bens imó-
§ 2o O imposto previsto no II – incidirá uma única vez veis e respectivos direitos, com-
inciso III: sobre o bem ou serviço; pete ao Estado da situação do
I – será informado pelos cri- III – não integrará sua própria bem, ou ao Distrito Federal;
térios da generalidade, da univer- base de cálculo; II – relativamente a bens mó-
salidade e da progressividade, na IV – integrará a base de cál- veis, títulos e créditos, compete
forma da lei; culo dos tributos previstos nos ao Estado onde era domiciliado
II – (Revogado). arts. 155, II, 156, III, 156‑A e 195, V; o de cujus, ou tiver domicílio o
§ 3o O imposto previsto no V – poderá ter o mesmo fato doador, ou ao Distrito Federal;
inciso IV: gerador e base de cálculo de ou- III – terá a competência para
I – será seletivo, em função tros tributos; sua instituição regulada por lei
da essencialidade do produto; VI – terá suas alíquotas fi- complementar:
II – será não cumulativo, com- xadas em lei ordinária, podendo a) se o doador tiver domicílio
pensando-se o que for devido em ser específicas, por unidade de ou residência no exterior;
cada operação com o montante medida adotada, ou ad valorem; b) se o de cujus possuía bens,
cobrado nas anteriores; VII – na extração, o imposto era residente ou domiciliado ou
III – não incidirá sobre produ- será cobrado independentemen- teve o seu inventário processado
tos industrializados destinados te da destinação, caso em que a no exterior;
ao exterior; alíquota máxima corresponderá IV – terá suas alíquotas máxi-
IV – terá reduzido seu impacto a 1% (um por cento) do valor de mas fixadas pelo Senado Federal;
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Constituição da República Federativa do Brasil
V – não incidirá sobre as doa- maioria absoluta de seus mem- X – não incidirá:
ções destinadas, no âmbito do Po- bros; a) sobre operações que des-
der Executivo da União, a projetos b) fixar alíquotas máximas tinem mercadorias para o exte-
socioambientais ou destinados a nas mesmas operações para re- rior, nem sobre serviços presta-
mitigar os efeitos das mudanças solver conflito específico que en- dos a destinatários no exterior,
climáticas e às instituições fede- volva interesse de Estados, me- assegurada a manutenção e o
rais de ensino; diante resolução de iniciativa da aproveitamento do montante do
VI – será progressivo em ra- maioria absoluta e aprovada por imposto cobrado nas operações
zão do valor do quinhão, do legado dois terços de seus membros; e prestações anteriores;
ou da doação; VI – salvo deliberação em con- b) sobre operações que des-
VII – não incidirá sobre as trário dos Estados e do Distrito tinem a outros Estados petróleo,
transmissões e as doações para Federal, nos termos do disposto inclusive lubrificantes, combustí-
as instituições sem fins lucrati- no inciso XII, “g”, as alíquotas in- veis líquidos e gasosos dele deri-
vos com finalidade de relevância ternas, nas operações relativas à vados, e energia elétrica;
pública e social, inclusive as or- circulação de mercadorias e nas c) sobre o ouro, nas hipó-
ganizações assistenciais e bene- prestações de serviços, não po- teses definidas no art. 153, § 5o;
ficentes de entidades religiosas derão ser inferiores às previstas d) nas prestações de servi-
e institutos científicos e tecno- para as operações interestaduais; ço de comunicação nas modali-
lógicos, e por elas realizadas na VII – nas operações e presta- dades de radiodifusão sonora e
consecução dos seus objetivos ções que destinem bens e servi- de sons e imagens de recepção
sociais, observadas as condi- ços a consumidor final, contri- livre e gratuita;
ções estabelecidas em lei com- buinte ou não do imposto, loca- XI – não compreenderá, em
plementar. lizado em outro Estado, adotar- sua base de cálculo, o montante
§ 2o O imposto previsto no -se-á a alíquota interestadual e do imposto sobre produtos indus-
inciso II atenderá ao seguinte: caberá ao Estado de localização trializados, quando a operação,
I – será não cumulativo, com- do destinatário o imposto cor- realizada entre contribuintes e
pensando-se o que for devido em respondente à diferença entre a relativa a produto destinado à
cada operação relativa à circula- alíquota interna do Estado desti- industrialização ou à comercia-
ção de mercadorias ou prestação natário e a alíquota interestadual; lização, configure fato gerador
de serviços com o montante co- a) (Revogada); dos dois impostos;
brado nas anteriores pelo mesmo b) (Revogada); XII – cabe à lei complementar:
ou outro Estado ou pelo Distrito VIII – a responsabilidade pelo a) definir seus contribuintes;
Federal; recolhimento do imposto cor- b) dispor sobre substituição
II – a isenção ou não inci- respondente à diferença entre a tributária;
dência, salvo determinação em alíquota interna e a interestadu- c) disciplinar o regime de
contrário da legislação: al de que trata o inciso VII será compensação do imposto;
a) não implicará crédito para atribuída: d) fixar, para efeito de sua
compensação com o montante a) ao destinatário, quando cobrança e definição do estabele-
devido nas operações ou pres- este for contribuinte do imposto; cimento responsável, o local das
tações seguintes; b) ao remetente, quando o operações relativas à circulação
b) acarretará a anulação do destinatário não for contribuinte de mercadorias e das prestações
crédito relativo às operações an- do imposto; de serviços;
teriores; IX – incidirá também: e) excluir da incidência do
III – poderá ser seletivo, em a) sobre a entrada de bem ou imposto, nas exportações para
função da essencialidade das mercadoria importados do exte- o exterior, serviços e outros pro-
mercadorias e dos serviços; rior por pessoa física ou jurídica, dutos além dos mencionados no
IV – resolução do Senado Fe- ainda que não seja contribuinte inciso X, “a”;
deral, de iniciativa do Presidente habitual do imposto, qualquer f) prever casos de manuten-
da República ou de um terço dos que seja a sua finalidade, assim ção de crédito, relativamente à
Senadores, aprovada pela maio- como sobre o serviço prestado remessa para outro Estado e ex-
ria absoluta de seus membros, no exterior, cabendo o imposto portação para o exterior, de ser-
estabelecerá as alíquotas aplicá- ao Estado onde estiver situado o viços e de mercadorias;
veis às operações e prestações, domicílio ou o estabelecimento do g) regular a forma como, me-
interestaduais e de exportação; destinatário da mercadoria, bem diante deliberação dos Estados
V – é facultado ao Senado ou serviço; e do Distrito Federal, isenções,
Federal: b) sobre o valor total da ope- incentivos e benefícios fiscais
a) estabelecer alíquotas mí- ração, quando mercadorias fo- serão concedidos e revogados;
nimas nas operações internas, rem fornecidas com serviços não h) definir os combustíveis
mediante resolução de iniciati- compreendidos na competência e lubrificantes sobre os quais o
va de um terço e aprovada pela tributária dos Municípios; imposto incidirá uma única vez,
58
Constituição da República Federativa do Brasil
qualquer que seja a sua finalidade, c) poderão ser reduzidas e III – serviços de qualquer na-
hipótese em que não se aplicará restabelecidas, não se lhes apli- tureza, não compreendidos no
o disposto no inciso X, “b”; cando o disposto no art. 150, III, art. 155, II, definidos em lei com-
i) fixar a base de cálculo, de “b”. plementar;
modo que o montante do imposto § 5o As regras necessárias IV – (Revogado).
a integre, também na importação à aplicação do disposto no § 4o, § 1o Sem prejuízo da progres-
do exterior de bem, mercadoria inclusive as relativas à apuração sividade no tempo a que se refere
ou serviço. e à destinação do imposto, serão o art. 182, § 4o, inciso II, o imposto
§ 3o À exceção dos impostos estabelecidas mediante delibe- previsto no inciso I poderá:
de que tratam o inciso II do caput ração dos Estados e do Distrito I – ser progressivo em razão
deste artigo e os arts. 153, I e II, Federal, nos termos do § 2o, XII, “g”. do valor do imóvel; e
e 156‑A, nenhum outro imposto § 6o O imposto previsto no II – ter alíquotas diferentes
poderá incidir sobre operações inciso III: de acordo com a localização e o
relativas a energia elétrica e ser- I – terá alíquotas mínimas fi- uso do imóvel;
viços de telecomunicações e, à xadas pelo Senado Federal; III – ter sua base de cálculo
exceção destes e do previsto no II – poderá ter alíquotas dife- atualizada pelo Poder Executivo,
art. 153, VIII, nenhum outro impos- renciadas em função do tipo, do conforme critérios estabelecidos
to poderá incidir sobre operações valor, da utilização e do impacto em lei municipal.
relativas a derivados de petróleo, ambiental; § 1o-A. O imposto previsto
combustíveis e minerais do País. III – incidirá sobre a proprie- no inciso I do caput deste artigo
§ 4o Na hipótese do inciso dade de veículos automotores não incide sobre templos de qual-
XII, “h”, observar-se-á o seguinte: terrestres, aquáticos e aéreos, quer culto, ainda que as entidades
I – nas operações com os lu- excetuados: abrangidas pela imunidade de
brificantes e combustíveis de- a) aeronaves agrícolas e de que trata a alínea “b” do inciso VI
rivados de petróleo, o imposto operador certificado para pres- do caput do art. 150 desta Cons-
caberá ao Estado onde ocorrer tar serviços aéreos a terceiros; tituição sejam apenas locatárias
o consumo; b) embarcações de pessoa do bem imóvel.
II – nas operações interesta- jurídica que detenha outorga para § 2o O imposto previsto no
duais, entre contribuintes, com prestar serviços de transporte inciso II:
gás natural e seus derivados, e aquaviário ou de pessoa física I – não incide sobre a trans-
lubrificantes e combustíveis não ou jurídica que pratique pesca missão de bens ou direitos incor-
incluídos no inciso I deste pará- industrial, artesanal, científica porados ao patrimônio de pessoa
grafo, o imposto será repartido ou de subsistência; jurídica em realização de capital,
entre os Estados de origem e de c) plataformas suscetíveis nem sobre a transmissão de bens
destino, mantendo-se a mesma de se locomoverem na água por ou direitos decorrente de fusão,
proporcionalidade que ocorre nas meios próprios, inclusive aque- incorporação, cisão ou extinção
operações com as demais mer- las cuja finalidade principal seja de pessoa jurídica, salvo se, nes-
cadorias; a exploração de atividades eco- ses casos, a atividade preponde-
III – nas operações interes- nômicas em águas territoriais e rante do adquirente for a compra
taduais com gás natural e seus na zona econômica exclusiva e e venda desses bens ou direitos,
derivados, e lubrificantes e com- embarcações que tenham essa locação de bens imóveis ou ar-
bustíveis não incluídos no inciso I mesma finalidade principal; rendamento mercantil;
deste parágrafo, destinadas a não d) tratores e máquinas agrí- II – compete ao Município da
contribuinte, o imposto caberá ao colas. situação do bem.
Estado de origem; § 3o Em relação ao imposto
IV – as alíquotas do imposto previsto no inciso III do caput
serão definidas mediante deli-
Seção V – Dos Impostos dos deste artigo, cabe à lei comple-
beração dos Estados e Distrito Municípios mentar:
Federal, nos termos do § 2o, XII, I – fixar as suas alíquotas má-
“g”, observando-se o seguinte: Art. 156. Compete aos Municí- ximas e mínimas;
a) serão uniformes em todo pios instituir impostos sobre: II – excluir da sua incidência
o território nacional, podendo ser I – propriedade predial e ter- exportações de serviços para o
diferenciadas por produto; ritorial urbana; exterior;
b) poderão ser específicas, II – transmissão inter vivos, a III – regular a forma e as con-
por unidade de medida adotada, qualquer título, por ato oneroso, dições como isenções, incentivos
ou ad valorem, incidindo sobre de bens imóveis, por natureza e benefícios fiscais serão conce-
o valor da operação ou sobre o ou acessão física, e de direitos didos e revogados.
preço que o produto ou seu simi- reais sobre imóveis, exceto os § 4o (Revogado)
lar alcançaria em uma venda em de garantia, bem como cessão
condições de livre concorrência; de direitos a sua aquisição;
59
Constituição da República Federativa do Brasil
Seção V-A – Do Imposto de consideradas de uso ou consu- federativo de destino das ope-
Competência Compartilhada mo pessoal especificadas em rações que não tenham gerado
entre Estados, Distrito lei complementar e as hipóteses creditamento.
Federal e Municípios previstas nesta Constituição; § 5o Lei complementar dis-
IX – não integrará sua própria porá sobre:
Art. 156-A. Lei complementar base de cálculo nem a dos tribu- I – as regras para a distribui-
instituirá imposto sobre bens e tos previstos nos arts. 153, VIII, e ção do produto da arrecadação
serviços de competência com- 195, I, “b”, IV e V, e da contribuição do imposto, disciplinando, entre
partilhada entre Estados, Distrito para o Programa de Integração outros aspectos:
Federal e Municípios. Social de que trata o art. 239; a) a sua forma de cálculo;
§ 1o O imposto previsto no X – não será objeto de con- b) o tratamento em relação
caput será informado pelo prin- cessão de incentivos e benefícios às operações em que o imposto
cípio da neutralidade e atenderá financeiros ou fiscais relativos ao não seja recolhido tempestiva-
ao seguinte: imposto ou de regimes específi- mente;
I – incidirá sobre operações cos, diferenciados ou favorecidos c) as regras de distribuição
com bens materiais ou imate- de tributação, excetuadas as hi- aplicáveis aos regimes favore-
riais, inclusive direitos, ou com póteses previstas nesta Cons- cidos, específicos e diferencia-
serviços; tituição; dos de tributação previstos nesta
II – incidirá também sobre a XI – não incidirá nas presta- Constituição;
importação de bens materiais ou ções de serviço de comunicação II – o regime de compensa-
imateriais, inclusive direitos, ou nas modalidades de radiodifusão ção, podendo estabelecer hipó-
de serviços realizada por pessoa sonora e de sons e imagens de teses em que o aproveitamento
física ou jurídica, ainda que não recepção livre e gratuita; do crédito ficará condicionado à
seja sujeito passivo habitual do XII – resolução do Senado Fe- verificação do efetivo recolhimen-
imposto, qualquer que seja a sua deral fixará alíquota de referência to do imposto incidente sobre a
finalidade; do imposto para cada esfera fe- operação com bens materiais ou
III – não incidirá sobre as ex- derativa, nos termos de lei com- imateriais, inclusive direitos, ou
portações, assegurados ao expor- plementar, que será aplicada se com serviços, desde que:
tador a manutenção e o aprovei- outra não houver sido estabele- a) o adquirente possa efe-
tamento dos créditos relativos às cida pelo próprio ente federativo; tuar o recolhimento do imposto
operações nas quais seja adqui- XIII – sempre que possível, incidente nas suas aquisições de
rente de bem material ou imate- terá seu valor informado, de for- bens ou serviços; ou
rial, inclusive direitos, ou serviço, ma específica, no respectivo do- b) o recolhimento do imposto
observado o disposto no § 5o, III; cumento fiscal. ocorra na liquidação financeira
IV – terá legislação única e § 2o Para fins do disposto no da operação;
uniforme em todo o território § 1 , V, o Distrito Federal exercerá
o
III – a forma e o prazo para
nacional, ressalvado o disposto as competências estadual e muni- ressarcimento de créditos acu-
no inciso V; cipal na fixação de suas alíquotas. mulados pelo contribuinte;
V – cada ente federativo fi- § 3o Lei complementar pode- IV – os critérios para a defi-
xará sua alíquota própria por lei rá definir como sujeito passivo do nição do destino da operação,
específica; imposto a pessoa que concorrer que poderá ser, inclusive, o local
VI – a alíquota fixada pelo para a realização, a execução ou da entrega, da disponibilização
ente federativo na forma do in- o pagamento da operação, ainda ou da localização do bem, o da
ciso V será a mesma para todas que residente ou domiciliada no prestação ou da disponibiliza-
as operações com bens materiais exterior. ção do serviço ou o do domicílio
ou imateriais, inclusive direitos, § 4o Para fins de distribui- ou da localização do adquirente
ou com serviços, ressalvadas as ção do produto da arrecadação ou destinatário do bem ou ser-
hipóteses previstas nesta Cons- do imposto, o Comitê Gestor do viço, admitidas diferenciações
tituição; Imposto sobre Bens e Serviços: em razão das características da
VII – será cobrado pelo soma- I – reterá montante equivalen- operação;
tório das alíquotas do Estado e do te ao saldo acumulado de créditos V – a forma de desoneração
Município de destino da operação; do imposto não compensados da aquisição de bens de capital
VIII – será não cumulativo, pelos contribuintes e não ressar- pelos contribuintes, que poderá
compensando-se o imposto devi- cidos ao final de cada período de ser implementada por meio de:
do pelo contribuinte com o mon- apuração e aos valores decorren- a) crédito integral e imediato
tante cobrado sobre todas as ope- tes do cumprimento do § 5o, VIII; do imposto;
rações nas quais seja adquirente II – distribuirá o produto da b) diferimento; ou
de bem material ou imaterial, arrecadação do imposto, dedu- c) redução em 100% (cem
inclusive direito, ou de serviço, zida a retenção de que trata o por cento) das alíquotas do im-
excetuadas exclusivamente as inciso I deste parágrafo, ao ente posto;
60
Constituição da República Federativa do Brasil
VI – as hipóteses de diferi- III – sociedades cooperativas, alcance, admitida essa definição
mento e desoneração do imposto que será optativo, com vistas a para qualquer operação que não
aplicáveis aos regimes aduanei- assegurar sua competitividade, seja classificada como operação
ros especiais e às zonas de pro- observados os princípios da li- com bens materiais ou imateriais,
cessamento de exportação; vre concorrência e da isonomia inclusive direitos.
VII – o processo administra- tributária, definindo, inclusive: § 9o Qualquer alteração na
tivo fiscal do imposto; a) as hipóteses em que o legislação federal que reduza ou
VIII – as hipóteses de devolu- imposto não incidirá sobre as eleve a arrecadação do imposto:
ção do imposto a pessoas físicas, operações realizadas entre a so- I – deverá ser compensada
inclusive os limites e os benefici- ciedade cooperativa e seus as- pela elevação ou redução, pelo
ários, com o objetivo de reduzir as sociados, entre estes e aquela e Senado Federal, das alíquotas
desigualdades de renda; pelas sociedades cooperativas de referência de que trata o § 1o,
IX – os critérios para as obri- entre si quando associadas para a XII, de modo a preservar a arre-
gações tributárias acessórias, consecução dos objetivos sociais; cadação das esferas federativas,
visando à sua simplificação. b) o regime de aproveita- nos termos de lei complementar;
§ 6o Lei complementar dis- mento do crédito das etapas an- II – somente entrará em vi-
porá sobre regimes específicos teriores; gor com o início da produção de
de tributação para: IV – serviços de hotelaria, efeitos do ajuste das alíquotas de
I – combustíveis e lubrifican- parques de diversão e parques referência de que trata o inciso I
tes sobre os quais o imposto in- temáticos, agências de viagens e deste parágrafo.
cidirá uma única vez, qualquer de turismo, bares e restaurantes, § 10. Os Estados, o Distrito
que seja a sua finalidade, hipó- atividade esportiva desenvolvida Federal e os Municípios poderão
tese em que: por Sociedade Anônima do Fute- optar por vincular suas alíquotas
a) serão as alíquotas unifor- bol e aviação regional, podendo à alíquota de referência de que
mes em todo o território nacional, prever hipóteses de alterações trata o § 1o, XII.
específicas por unidade de medi- nas alíquotas, nas bases de cál- § 11. Projeto de lei comple-
da e diferenciadas por produto, culo e nas regras de creditamen- mentar em tramitação no Con-
admitida a não aplicação do dis- to, admitida a não aplicação do gresso Nacional que reduza ou
posto no § 1o, V a VII; disposto no § 1o, V a VIII; aumente a arrecadação do im-
b) será vedada a apropriação V – operações alcançadas por posto somente será apreciado se
de créditos em relação às aquisi- tratado ou convenção internacio- acompanhado de estimativa de
ções dos produtos de que trata nal, inclusive referentes a missões impacto no valor das alíquotas de
este inciso destinados a distribui- diplomáticas, repartições consu- referência de que trata o § 1o, XII.
ção, comercialização ou revenda; lares, representações de organis- § 12. A devolução de que tra-
c) será concedido crédito mos internacionais e respectivos ta o § 5o, VIII, não será considera-
nas aquisições dos produtos de funcionários acreditados; da nas bases de cálculo de que
que trata este inciso por sujeito VI – serviços de transporte tratam os arts. 29‑A, 198, § 2o,
passivo do imposto, observado o coletivo de passageiros rodoviário 204, parágrafo único, 212, 212‑A,
disposto na alínea “b” e no § 1o, VIII; intermunicipal e interestadual, II, e 216, § 6o, não se aplicando a
II – serviços financeiros, ope- ferroviário e hidroviário, podendo ela, ainda, o disposto no art. 158,
rações com bens imóveis, planos prever hipóteses de alterações IV, “b”.
de assistência à saúde e concur- nas alíquotas e nas regras de § 13. A devolução de que tra-
sos de prognósticos, podendo creditamento, admitida a não apli- ta o § 5o, VIII, será obrigatória nas
prever: cação do disposto no § 1o, V a VIII. operações de fornecimento de
a) alterações nas alíquotas, § 7o A isenção e a imunidade: energia elétrica e de gás lique-
nas regras de creditamento e na I – não implicarão crédito para feito de petróleo ao consumidor
base de cálculo, admitida, em re- compensação com o montante de baixa renda, podendo a lei
lação aos adquirentes dos bens devido nas operações seguintes; complementar determinar que
e serviços de que trata este in- II – acarretarão a anulação seja calculada e concedida no mo-
ciso, a não aplicação do disposto do crédito relativo às operações mento da cobrança da operação.
no § 1o, VIII; anteriores, salvo, na hipótese da
b) hipóteses em que o im- imunidade, inclusive em relação Art. 156-B. Os Estados, o Distrito
posto incidirá sobre a receita ou ao inciso XI do § 1o, quando de- Federal e os Municípios exerce-
o faturamento, com alíquota uni- terminado em contrário em lei rão de forma integrada, exclu-
forme em todo o território nacio- complementar. sivamente por meio do Comitê
nal, admitida a não aplicação do § 8o Para fins do disposto Gestor do Imposto sobre Bens
disposto no § 1o, V a VII, e, em re- neste artigo, a lei complementar e Serviços, nos termos e limites
lação aos adquirentes dos bens e de que trata o caput poderá esta- estabelecidos nesta Constituição
serviços de que trata este inciso, belecer o conceito de operações e em lei complementar, as seguin-
também do disposto no § 1o, VIII; com serviços, seu conteúdo e tes competências administrativas
61
Constituição da República Federativa do Brasil
relativas ao imposto de que trata dos Estados, do Distrito Federal e mações fiscais relacionadas aos
o art. 156‑A: dos Municípios serão exercidas, tributos previstos nos arts. 156‑A
I – editar regulamento úni- no Comitê Gestor e na represen- e 195, V, e atuarão com vistas a
co e uniformizar a interpretação tação deste, por servidores das harmonizar normas, interpreta-
e a aplicação da legislação do referidas carreiras; ções, obrigações acessórias e
imposto; VII – serão estabelecidas a procedimentos a eles relativos.
II – arrecadar o imposto, efe- estrutura e a gestão do Comitê § 7o O Comitê Gestor do Im-
tuar as compensações e distri- Gestor, cabendo ao regimento posto sobre Bens e Serviços e a
buir o produto da arrecadação interno dispor sobre sua organi- administração tributária da União
entre Estados, Distrito Federal e zação e funcionamento. poderão implementar soluções
Municípios; § 3o A participação dos en- integradas para a administração
III – decidir o contencioso tes federativos na instância má- e cobrança dos tributos previstos
administrativo. xima de deliberação do Comitê nos arts. 156‑A e 195, V.
§ 1o O Comitê Gestor do Im- Gestor do Imposto sobre Bens § 8o Lei complementar pode-
posto sobre Bens e Serviços, en- e Serviços observará a seguinte rá prever a integração do conten-
tidade pública sob regime espe- composição: cioso administrativo relativo aos
cial, terá independência técnica, I – 27 (vinte e sete) membros, tributos previstos nos arts. 156‑A
administrativa, orçamentária e representando cada Estado e o e 195, V.
financeira. Distrito Federal;
§ 2o Na forma da lei com- II – 27 (vinte e sete) membros,
plementar: representando o conjunto dos
Seção VI – Da Repartição das
I – os Estados, o Distrito Fe- Municípios e do Distrito Federal, Receitas Tributárias
deral e os Municípios serão repre- que serão eleitos nos seguintes
sentados, de forma paritária, na termos: Art. 157. Pertencem aos Estados
instância máxima de deliberação a) 14 (quatorze) represen- e ao Distrito Federal:
do Comitê Gestor do Imposto so- tantes, com base nos votos de I – o produto da arrecadação
bre Bens e Serviços; cada Município, com valor igual do imposto da União sobre renda
II – será assegurada a alter- para todos; e e proventos de qualquer natu-
nância na presidência do Comi- b) 13 (treze) representantes, reza, incidente na fonte, sobre
tê Gestor entre o conjunto dos com base nos votos de cada Mu- rendimentos pagos, a qualquer
Estados e o Distrito Federal e o nicípio ponderados pelas respec- título, por eles, suas autarquias e
conjunto dos Municípios e o Dis- tivas populações. pelas fundações que instituírem
trito Federal; § 4o As deliberações no âm- e mantiverem;
III – o Comitê Gestor será fi- bito do Comitê Gestor do Imposto II – vinte por cento do produto
nanciado por percentual do pro- sobre Bens e Serviços serão con- da arrecadação do imposto que
duto da arrecadação do imposto sideradas aprovadas se obtive- a União instituir no exercício da
destinado a cada ente federativo; rem, cumulativamente, os votos: competência que lhe é atribuída
IV – o controle externo do Co- I – em relação ao conjunto pelo art. 154, I.
mitê Gestor será exercido pelos dos Estados e do Distrito Federal:
Estados, pelo Distrito Federal e a) da maioria absoluta de Art. 158. Pertencem aos Mu-
pelos Municípios; seus representantes; e nicípios:
V – a fiscalização, o lança- b) de representantes dos Es- I – o produto da arrecadação
mento, a cobrança, a representa- tados e do Distrito Federal que do imposto da União sobre renda
ção administrativa e a represen- correspondam a mais de 50% e proventos de qualquer natu-
tação judicial relativos ao imposto (cinquenta por cento) da popu- reza, incidente na fonte, sobre
serão realizados, no âmbito de lação do País; e rendimentos pagos, a qualquer
suas respectivas competências, II – em relação ao conjunto título, por eles, suas autarquias e
pelas administrações tributárias dos Municípios e do Distrito Fe- pelas fundações que instituírem
e procuradorias dos Estados, do deral, da maioria absoluta de seus e mantiverem;
Distrito Federal e dos Municípios, representantes. II – cinquenta por cento do
que poderão definir hipóteses de § 5o O Presidente do Comitê produto da arrecadação do im-
delegação ou de compartilhamen- Gestor do Imposto sobre Bens e posto da União sobre a proprieda-
to de competências, cabendo ao Serviços deverá ter notórios co- de territorial rural, relativamente
Comitê Gestor a coordenação nhecimentos de administração aos imóveis neles situados, ca-
dessas atividades administrativas tributária. bendo a totalidade na hipótese da
com vistas à integração entre os § 6o O Comitê Gestor do Im- opção a que se refere o art. 153,
entes federativos; posto sobre Bens e Serviços, a § 4o, III;
VI – as competências exclusi- administração tributária da União III – 50% (cinquenta por cen-
vas das carreiras da administra- e a Procuradoria-Geral da Fazen- to) do produto da arrecadação do
ção tributária e das procuradorias da Nacional compartilharão infor- imposto do Estado sobre a pro-
62
Constituição da República Federativa do Brasil
priedade de veículos automotores Art. 159. A União entregará: § 1o Para efeito de cálculo da
licenciados em seus territórios e, I – do produto da arrecada- entrega a ser efetuada de acordo
em relação a veículos aquáticos e ção dos impostos sobre renda e com o previsto no inciso I, excluir-
aéreos, cujos proprietários sejam proventos de qualquer natureza -se-á a parcela da arrecadação do
domiciliados em seus territórios; e sobre produtos industrializados imposto de renda e proventos de
IV – 25% (vinte e cinco por e do imposto previsto no art. 153, qualquer natureza pertencente
cento): VIII, 50% (cinquenta por cento), aos Estados, ao Distrito Federal
a) do produto da arrecada- da seguinte forma: e aos Municípios, nos termos do
ção do imposto do Estado sobre a) vinte e um inteiros e cinco disposto nos arts. 157, I, e 158, I.
operações relativas à circulação décimos por cento ao Fundo de § 2o A nenhuma unidade fe-
de mercadorias e sobre presta- Participação dos Estados e do derada poderá ser destinada par-
ções de serviços de transporte Distrito Federal; cela superior a vinte por cento do
interestadual e intermunicipal e b) vinte e dois inteiros e cin- montante a que se refere o inciso
de comunicação; co décimos por cento ao Fundo II, devendo o eventual excedente
b) do produto da arrecadação de Participação dos Municípios; ser distribuído entre os demais
do imposto previsto no art. 156‑A c) três por cento, para apli- participantes, mantido, em rela-
distribuída aos Estados. cação em programas de finan- ção a esses, o critério de partilha
§ 1o As parcelas de recei- ciamento ao setor produtivo das nele estabelecido.
ta pertencentes aos Municípios Regiões Norte, Nordeste e Cen- § 3o Os Estados entregarão
mencionadas no inciso IV, “a”, tro-Oeste, através de suas ins- aos respectivos Municípios 25%
serão creditadas conforme os tituições financeiras de caráter (vinte e cinco por cento) dos re-
seguintes critérios: regional, de acordo com os planos cursos que receberem nos ter-
I – 65% (sessenta e cinco por regionais de desenvolvimento, mos do inciso II do caput deste
cento), no mínimo, na proporção ficando assegurada ao semiá- artigo, observados os critérios
do valor adicionado nas opera- rido do Nordeste a metade dos estabelecidos no art. 158, § 1o,
ções relativas à circulação de recursos destinados à Região, para a parcela relativa ao imposto
mercadorias e nas prestações na forma que a lei estabelecer; sobre produtos industrializados,
de serviços, realizadas em seus d) um por cento ao Fundo e no art. 158, § 2o, para a parcela
territórios; de Participação dos Municípios, relativa ao imposto previsto no
II – até 35% (trinta e cinco que será entregue no primeiro art. 153, VIII.
por cento), de acordo com o que decêndio do mês de dezembro § 4o Do montante de recur-
dispuser lei estadual, observada, de cada ano; sos de que trata o inciso III que
obrigatoriamente, a distribuição e) 1% (um por cento) ao Fun- cabe a cada Estado, vinte e cinco
de, no mínimo, 10 (dez) pontos do de Participação dos Municí- por cento serão destinados aos
percentuais com base em indica- pios, que será entregue no pri- seus Municípios, na forma da lei
dores de melhoria nos resultados meiro decêndio do mês de julho a que se refere o mencionado
de aprendizagem e de aumento de cada ano; inciso.
da equidade, considerado o nível f) 1% (um por cento) ao Fundo
socioeconômico dos educandos. de Participação dos Municípios, Art. 159-A. Fica instituído o Fun-
§ 2o As parcelas de recei- que será entregue no primeiro do Nacional de Desenvolvimento
ta pertencentes aos Municípios decêndio do mês de setembro Regional, com o objetivo de redu-
mencionadas no inciso IV, “b”, de cada ano; zir as desigualdades regionais e
serão creditadas conforme os II – do produto da arrecada- sociais, nos termos do art. 3o, III,
seguintes critérios: ção do imposto sobre produtos mediante a entrega de recursos
I – 80% (oitenta por cento) na industrializados e do imposto pre- da União aos Estados e ao Distrito
proporção da população; visto no art. 153, VIII, 10% (dez por Federal para:
II – 10% (dez por cento) com cento) aos Estados e ao Distrito I – realização de estudos, pro-
base em indicadores de melhoria Federal, proporcionalmente ao jetos e obras de infraestrutura;
nos resultados de aprendizagem valor das respectivas exportações II – fomento a atividades pro-
e de aumento da equidade, con- de produtos industrializados; dutivas com elevado potencial
siderado o nível socioeconômico III – do produto da arrecada- de geração de emprego e renda,
dos educandos, de acordo com o ção da contribuição de interven- incluindo a concessão de subven-
que dispuser lei estadual; ção no domínio econômico pre- ções econômicas e financeiras; e
III – 5% (cinco por cento) com vista no art. 177, § 4o, 29% (vinte e III – promoção de ações com
base em indicadores de preserva- nove por cento) para os Estados vistas ao desenvolvimento cien-
ção ambiental, de acordo com o e o Distrito Federal, distribuídos tífico e tecnológico e à inovação.
que dispuser lei estadual; na forma da lei, observadas as § 1o É vedada a retenção ou
IV – 5% (cinco por cento) em destinações a que se referem qualquer restrição ao recebimen-
montantes iguais para todos os as alíneas “c” e “d” do inciso II do to dos recursos de que trata o
Municípios do Estado. referido parágrafo. caput.
63
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 2o Na aplicação dos recur- às respectivas cotas nos Fundos V – fiscalização financeira
sos de que trata o caput, os Esta- de Participação ou aos precató- da administração pública direta
dos e o Distrito Federal priorizarão rios federais. e indireta;
projetos que prevejam ações de VI – operações de câmbio re-
sustentabilidade ambiental e re- Art. 161. Cabe à lei complemen- alizadas por órgãos e entidades
dução das emissões de carbono. tar: da União, dos Estados, do Distrito
§ 3o Observado o disposto I – definir valor adicionado Federal e dos Municípios;
neste artigo, caberá aos Estados para fins do disposto no art. 158, VII – compatibilização das
e ao Distrito Federal a decisão § 1o, I; funções das instituições oficiais
quanto à aplicação dos recursos II – estabelecer normas sobre de crédito da União, resguardadas
de que trata o caput. a entrega dos recursos de que as características e condições
§ 4o Os recursos de que trata trata o art. 159, especialmente operacionais plenas das volta-
o caput serão entregues aos Esta- sobre os critérios de rateio dos das ao desenvolvimento regional;
dos e ao Distrito Federal de acor- fundos previstos em seu inciso I, VIII – sustentabilidade da dí-
do com coeficientes individuais objetivando promover o equilíbrio vida, especificando:
de participação, calculados com socioeconômico entre Estados e a) indicadores de sua apu-
base nos seguintes indicadores e entre Municípios; ração;
com os seguintes pesos: III – dispor sobre o acompa- b) níveis de compatibilidade
I – população do Estado ou nhamento, pelos beneficiários, do dos resultados fiscais com a tra-
do Distrito Federal, com peso de cálculo das quotas e da liberação jetória da dívida;
30% (trinta por cento); das participações previstas nos c) trajetória de convergência
II – coeficiente individual de arts. 157, 158 e 159. do montante da dívida com os
participação do Estado ou do Dis- Parágrafo único. O Tribunal limites definidos em legislação;
trito Federal nos recursos de que de Contas da União efetuará o d) medidas de ajuste, sus-
trata o art. 159, I, “a”, da Consti- cálculo das quotas referentes pensões e vedações;
tuição Federal, com peso de 70% aos fundos de participação a que e) planejamento de alienação
(setenta por cento). alude o inciso II. de ativos com vistas à redução do
§ 5o O Tribunal de Contas da montante da dívida.
União será o órgão responsável Art. 162. A União, os Estados, o Parágrafo único. A lei com-
por regulamentar e calcular os Distrito Federal e os Municípios di- plementar de que trata o inciso
coeficientes individuais de parti- vulgarão, até o último dia do mês VIII do caput deste artigo pode
cipação de que trata o § 4o. subsequente ao da arrecadação, autorizar a aplicação das veda-
os montantes de cada um dos tri- ções previstas no art. 167‑A desta
Art. 160. É vedada a retenção butos arrecadados, os recursos Constituição.
ou qualquer restrição à entrega e recebidos, os valores de origem
ao emprego dos recursos atribuí- tributária entregues e a entregar Art. 163-A. A União, os Estados,
dos, nesta seção, aos Estados, ao e a expressão numérica dos cri- o Distrito Federal e os Municípios
Distrito Federal e aos Municípios, térios de rateio. disponibilizarão suas informações
neles compreendidos adicionais e Parágrafo único. Os dados di- e dados contábeis, orçamentários
acréscimos relativos a impostos. vulgados pela União serão discri- e fiscais, conforme periodicidade,
§ 1o A vedação prevista nes- minados por Estado e por Municí- formato e sistema estabelecidos
te artigo não impede a União e pio; os dos Estados, por Município. pelo órgão central de contabilida-
os Estados de condicionarem a de da União, de forma a garantir
entrega de recursos: a rastreabilidade, a comparabili-
I – ao pagamento de seus CAPÍTULO II – DAS dade e a publicidade dos dados
créditos, inclusive de suas au- FINANÇAS PÚBLICAS coletados, os quais deverão ser
tarquias; divulgados em meio eletrônico
Seção I – Normas Gerais
II – ao cumprimento do dis- de amplo acesso público.
posto no art. 198, § 2o, incisos
II e III. Art. 163. Lei complementar dis- Art. 164. A competência da
§ 2o Os contratos, os acor- porá sobre: União para emitir moeda será
dos, os ajustes, os convênios, I – finanças públicas; exercida exclusivamente pelo
os parcelamentos ou as renego- II – dívida pública externa e banco central.
ciações de débitos de qualquer interna, incluída a das autarquias, § 1o É vedado ao banco cen-
espécie, inclusive tributários, fir- fundações e demais entidades tral conceder, direta ou indireta-
mados pela União com os entes controladas pelo Poder Público; mente, empréstimos ao Tesouro
federativos conterão cláusulas III – concessão de garantias Nacional e a qualquer órgão ou
para autorizar a dedução dos va- pelas entidades públicas; entidade que não seja instituição
lores devidos dos montantes a IV – emissão e resgate de tí- financeira.
serem repassados relacionados tulos da dívida pública; § 2o O banco central poderá
64
Constituição da República Federativa do Brasil
comprar e vender títulos de emis- § 3o O Poder Executivo pu- a elaboração e a organização do
são do Tesouro Nacional, com o blicará, até trinta dias após o plano plurianual, da lei de diretri-
objetivo de regular a oferta de encerramento de cada bimestre, zes orçamentárias e da lei orça-
moeda ou a taxa de juros. relatório resumido da execução mentária anual;
§ 3o As disponibilidades de orçamentária. II – estabelecer normas de
caixa da União serão depositadas § 4o Os planos e programas gestão financeira e patrimonial
no banco central; as dos Estados, nacionais, regionais e setoriais da administração direta e indi-
do Distrito Federal, dos Municípios previstos nesta Constituição se- reta, bem como condições para
e dos órgãos ou entidades do po- rão elaborados em consonância a instituição e funcionamento
der público e das empresas por com o plano plurianual e apre- de fundos;
ele controladas, em instituições ciados pelo Congresso Nacional. III – dispor sobre critérios
financeiras oficiais, ressalvados § 5o A lei orçamentária anual para a execução equitativa, além
os casos previstos em lei. compreenderá: de procedimentos que serão ado-
I – o orçamento fiscal refe- tados quando houver impedimen-
Art. 164-A. A União, os Estados, rente aos Poderes da União, seus tos legais e técnicos, cumprimen-
o Distrito Federal e os Municípios fundos, órgãos e entidades da to de restos a pagar e limitação
devem conduzir suas políticas fis- administração direta e indireta, das programações de caráter
cais de forma a manter a dívida inclusive fundações instituídas obrigatório, para a realização do
pública em níveis sustentáveis, e mantidas pelo Poder Público; disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166.
na forma da lei complementar II – o orçamento de investi- § 10. A administração tem o
referida no inciso VIII do caput mento das empresas em que a dever de executar as programa-
do art. 163 desta Constituição. União, direta ou indiretamente, ções orçamentárias, adotando os
Parágrafo único. A elabo- detenha a maioria do capital so- meios e as medidas necessários,
ração e a execução de planos cial com direito a voto; com o propósito de garantir a efe-
e orçamentos devem refletir a III – o orçamento da seguri- tiva entrega de bens e serviços
compatibilidade dos indicadores dade social, abrangendo todas as à sociedade.
fiscais com a sustentabilidade entidades e órgãos a ela vincula- § 11. O disposto no § 10 deste
da dívida. dos, da administração direta ou artigo, nos termos da lei de dire-
indireta, bem como os fundos e trizes orçamentárias:
fundações instituídos e mantidos I – subordina-se ao cumpri-
Seção II – Dos Orçamentos pelo Poder Público. mento de dispositivos constitu-
§ 6o O projeto de lei orça- cionais e legais que estabeleçam
Art. 165. Leis de iniciativa do mentária será acompanhado de metas fiscais ou limites de despe-
Poder Executivo estabelecerão: demonstrativo regionalizado do sas e não impede o cancelamento
I – o plano plurianual; efeito, sobre as receitas e des- necessário à abertura de créditos
II – as diretrizes orçamen- pesas, decorrente de isenções, adicionais;
tárias; anistias, remissões, subsídios e II – não se aplica nos casos de
III – os orçamentos anuais. benefícios de natureza financeira, impedimentos de ordem técnica
§ 1o A lei que instituir o plano tributária e creditícia. devidamente justificados;
plurianual estabelecerá, de forma § 7o Os orçamentos previs- III – aplica-se exclusivamen-
regionalizada, as diretrizes, obje- tos no § 5o, I e II, deste artigo, te às despesas primárias discri-
tivos e metas da administração compatibilizados com o plano cionárias.
pública federal para as despesas plurianual, terão entre suas fun- § 12. Integrará a lei de di-
de capital e outras delas decor- ções a de reduzir desigualdades retrizes orçamentárias, para o
rentes e para as relativas aos pro- inter-regionais, segundo critério exercício a que se refere e, pelo
gramas de duração continuada. populacional. menos, para os 2 (dois) exercí-
§ 2o A lei de diretrizes orça- § 8o A lei orçamentária anual cios subsequentes, anexo com
mentárias compreenderá as me- não conterá dispositivo estranho previsão de agregados fiscais e
tas e prioridades da administra- à previsão da receita e à fixa- a proporção dos recursos para
ção pública federal, estabelecerá ção da despesa, não se incluin- investimentos que serão aloca-
as diretrizes de política fiscal e do na proibição a autorização dos na lei orçamentária anual
respectivas metas, em consonân- para abertura de créditos su- para a continuidade daqueles em
cia com trajetória sustentável da plementares e contratação de andamento.
dívida pública, orientará a elabo- operações de crédito, ainda que § 13. O disposto no inciso III
ração da lei orçamentária anual, por antecipação de receita, nos do § 9o e nos §§ 10, 11 e 12 deste
disporá sobre as alterações na termos da lei. artigo aplica-se exclusivamente
legislação tributária e estabele- § 9o Cabe à lei complemen- aos orçamentos fiscal e da segu-
cerá a política de aplicação das tar: ridade social da União.
agências financeiras oficiais de I – dispor sobre o exercício § 14. A lei orçamentária anual
fomento. financeiro, a vigência, os prazos, poderá conter previsões de des-
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Constituição da República Federativa do Brasil
pesas para exercícios seguintes, os provenientes de anulação de centésimos por cento) caberá às
com a especificação dos inves- despesa, excluídas as que inci- emendas de Deputados e 0,45%
timentos plurianuais e daqueles dam sobre: (quarenta e cinco centésimos por
em andamento. a) dotações para pessoal e cento) às de Senadores.
§ 15. A União organizará e seus encargos; § 10. A execução do montan-
manterá registro centralizado de b) serviço da dívida; te destinado a ações e serviços
projetos de investimento conten- c) transferências tributárias públicos de saúde previsto no § 9o,
do, por Estado ou Distrito Federal, constitucionais para Estados, Mu- inclusive custeio, será computa-
pelo menos, análises de viabi- nicípios e Distrito Federal; ou da para fins do cumprimento do
lidade, estimativas de custos e III – sejam relacionadas: inciso I do § 2o do art. 198, veda-
informações sobre a execução a) com a correção de erros da a destinação para pagamento
física e financeira. ou omissões; ou de pessoal ou encargos sociais.
§ 16. As leis de que trata este b) com os dispositivos do § 11. É obrigatória a execu-
artigo devem observar, no que texto do projeto de lei. ção orçamentária e financeira
couber, os resultados do moni- § 4o As emendas ao projeto das programações oriundas de
toramento e da avaliação das de lei de diretrizes orçamentá- emendas individuais, em mon-
políticas públicas previstos no rias não poderão ser aprovadas tante correspondente ao limite a
§ 16 do art. 37 desta Constituição. quando incompatíveis com o pla- que se refere o § 9o deste artigo,
no plurianual. conforme os critérios para a exe-
Art. 166. Os projetos de lei relati- § 5o O Presidente da Repúbli- cução equitativa da programação
vos ao plano plurianual, às diretri- ca poderá enviar mensagem ao definidos na lei complementar
zes orçamentárias, ao orçamento Congresso Nacional para propor prevista no § 9o do art. 165 desta
anual e aos créditos adicionais se- modificação nos projetos a que se Constituição, observado o dispos-
rão apreciados pelas duas Casas refere este artigo enquanto não to no § 9o‑A deste artigo.
do Congresso Nacional, na forma iniciada a votação, na Comissão § 12. A garantia de execução
do regimento comum. mista, da parte cuja alteração é de que trata o § 11 deste artigo
§ 1o Caberá a uma Comissão proposta. aplica-se também às programa-
mista permanente de Senadores § 6o Os projetos de lei do pla- ções incluídas por todas as emen-
e Deputados: no plurianual, das diretrizes orça- das de iniciativa de bancada de
I – examinar e emitir pare- mentárias e do orçamento anual parlamentares de Estado ou do
cer sobre os projetos referidos serão enviados pelo Presidente da Distrito Federal, no montante de
neste artigo e sobre as contas República ao Congresso Nacional, até 1% (um por cento) da recei-
apresentadas anualmente pelo nos termos da lei complementar ta corrente líquida realizada no
Presidente da República; a que se refere o art. 165, § 9o. exercício anterior.
II – examinar e emitir pare- § 7o Aplicam-se aos projetos § 13. As programações or-
cer sobre os planos e programas mencionados neste artigo, no que çamentárias previstas nos §§ 11 e
nacionais, regionais e setoriais não contrariar o disposto nesta 12 deste artigo não serão de exe-
previstos nesta Constituição e seção, as demais normas relativas cução obrigatória nos casos dos
exercer o acompanhamento e a ao processo legislativo. impedimentos de ordem técnica.
fiscalização orçamentária, sem § 8o Os recursos que, em de- § 14. Para fins de cumpri-
prejuízo da atuação das demais corrência de veto, emenda ou mento do disposto nos §§ 11 e 12
comissões do Congresso Nacio- rejeição do projeto de lei orça- deste artigo, os órgãos de execu-
nal e de suas Casas, criadas de mentária anual, ficarem sem des- ção deverão observar, nos termos
acordo com o art. 58. pesas correspondentes poderão da lei de diretrizes orçamentárias,
§ 2o As emendas serão apre- ser utilizados, conforme o caso, cronograma para análise e verifi-
sentadas na Comissão mista, mediante créditos especiais ou cação de eventuais impedimentos
que sobre elas emitirá parecer, suplementares, com prévia e es- das programações e demais pro-
e apreciadas, na forma regimen- pecífica autorização legislativa. cedimentos necessários à viabi-
tal, pelo Plenário das duas Casas § 9o As emendas individuais lização da execução dos respec-
do Congresso Nacional. ao projeto de lei orçamentária tivos montantes.
§ 3o As emendas ao proje- serão aprovadas no limite de 2% I – (Revogado);
to de lei do orçamento anual ou (dois por cento) da receita corren- II – (Revogado);
aos projetos que o modifiquem te líquida do exercício anterior ao III – (Revogado);
somente podem ser aprovadas do encaminhamento do projeto, IV – (Revogado).
caso: observado que a metade desse § 15. (Revogado)
I – sejam compatíveis com percentual será destinada a ações § 16. Quando a transferên-
o plano plurianual e com a lei de e serviços públicos de saúde. cia obrigatória da União para a
diretrizes orçamentárias; § 9o-A. Do limite a que se execução da programação pre-
II – indiquem os recursos refere o § 9o deste artigo, 1,55% vista nos §§ 11 e 12 deste arti-
necessários, admitidos apenas (um inteiro e cinquenta e cinco go for destinada a Estados, ao
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Constituição da República Federativa do Brasil
Distrito Federal e a Municípios, ao projeto de lei orçamentária § 5o Pelo menos 70% (seten-
independerá da adimplência do anual poderão alocar recursos a ta por cento) das transferências
ente federativo destinatário e Estados, ao Distrito Federal e a especiais de que trata o inciso
não integrará a base de cálculo Municípios por meio de: I do caput deste artigo deverão
da receita corrente líquida para I – transferência especial; ou ser aplicadas em despesas de
fins de aplicação dos limites de II – transferência com finali- capital, observada a restrição
despesa de pessoal de que trata dade definida. a que se refere o inciso II do § 1o
o caput do art. 169. § 1o Os recursos transferidos deste artigo.
§ 17. Os restos a pagar prove- na forma do caput deste artigo
nientes das programações orça- não integrarão a receita do Esta- Art. 167. São vedados:
mentárias previstas nos §§ 11 e 12 do, do Distrito Federal e dos Mu- I – o início de programas ou
deste artigo poderão ser conside- nicípios para fins de repartição e projetos não incluídos na lei or-
rados para fins de cumprimento para o cálculo dos limites da des- çamentária anual;
da execução financeira até o li- pesa com pessoal ativo e inativo, II – a realização de despesas
mite de 1% (um por cento) da re- nos termos do § 16 do art. 166, e ou a assunção de obrigações di-
ceita corrente líquida do exercício de endividamento do ente fede- retas que excedam os créditos
anterior ao do encaminhamento rado, vedada, em qualquer caso, orçamentários ou adicionais;
do projeto de lei orçamentária, a aplicação dos recursos a que III – a realização de operações
para as programações das emen- se refere o caput deste artigo no de créditos que excedam o mon-
das individuais, e até o limite de pagamento de: tante das despesas de capital,
0,5% (cinco décimos por cento), I – despesas com pessoal e ressalvadas as autorizadas me-
para as programações das emen- encargos sociais relativas a ativos diante créditos suplementares ou
das de iniciativa de bancada de e inativos, e com pensionistas; e especiais com finalidade precisa,
parlamentares de Estado ou do II – encargos referentes ao aprovados pelo Poder Legislativo
Distrito Federal. serviço da dívida. por maioria absoluta;
§ 18. Se for verificado que § 2o Na transferência espe- IV – a vinculação de receita
a reestimativa da receita e da cial a que se refere o inciso I do de impostos a órgão, fundo ou
despesa poderá resultar no não caput deste artigo, os recursos: despesa, ressalvadas a reparti-
cumprimento da meta de resul- I – serão repassados direta- ção do produto da arrecadação
tado fiscal estabelecida na lei mente ao ente federado bene- dos impostos a que se referem
de diretrizes orçamentárias, os ficiado, independentemente de os arts. 158 e 159, a destinação de
montantes previstos nos §§ 11 e celebração de convênio ou de recursos para as ações e serviços
12 deste artigo poderão ser redu- instrumento congênere; públicos de saúde, para manuten-
zidos em até a mesma proporção II – pertencerão ao ente fe- ção e desenvolvimento do ensino
da limitação incidente sobre o derado no ato da efetiva trans- e para realização de atividades da
conjunto das demais despesas ferência financeira; e administração tributária, como
discricionárias. III – serão aplicadas em pro- determinado, respectivamente,
§ 19. Considera-se equitativa gramações finalísticas das áreas pelos arts. 198, § 2o, 212 e 37, XXII,
a execução das programações de de competência do Poder Execu- e a prestação de garantias às ope-
caráter obrigatório que observe tivo do ente federado beneficia- rações de crédito por antecipação
critérios objetivos e imparciais e do, observado o disposto no § 5o de receita, previstas no art. 165,
que atenda de forma igualitária deste artigo. § 8o, bem como o disposto no § 4o
e impessoal às emendas apre- § 3o O ente federado benefi- deste artigo;
sentadas, independentemente ciado da transferência especial a V – a abertura de crédito su-
da autoria, observado o disposto que se refere o inciso I do caput plementar ou especial sem pré-
no § 9o‑A deste artigo. deste artigo poderá firmar contra- via autorização legislativa e sem
§ 20. As programações de tos de cooperação técnica para indicação dos recursos corres-
que trata o § 12 deste artigo, quan- fins de subsidiar o acompanha- pondentes;
do versarem sobre o início de mento da execução orçamentária VI – a transposição, o rema-
investimentos com duração de na aplicação dos recursos. nejamento ou a transferência de
mais de 1 (um) exercício finan- § 4o Na transferência com fi- recursos de uma categoria de
ceiro ou cuja execução já tenha nalidade definida a que se refere programação para outra ou de
sido iniciada, deverão ser objeto o inciso II do caput deste artigo, um órgão para outro, sem prévia
de emenda pela mesma bancada os recursos serão: autorização legislativa;
estadual, a cada exercício, até a I – vinculados à programação VII – a concessão ou utilização
conclusão da obra ou do empre- estabelecida na emenda parla- de créditos ilimitados;
endimento. mentar; e VIII – a utilização, sem auto-
II – aplicados nas áreas de rização legislativa específica, de
Art. 166-A. As emendas indivi- competência constitucional da recursos dos orçamentos fiscal e
duais impositivas apresentadas União. da seguridade social para suprir
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Constituição da República Federativa do Brasil
necessidade ou cobrir déficit de cuja execução ultrapasse um pesas de pessoal e seus encargos,
empresas, fundações e fundos, exercício financeiro poderá ser para a União, os Estados, o Distri-
inclusive dos mencionados no iniciado sem prévia inclusão no to Federal ou os Municípios, sem a
art. 165, § 5o; plano plurianual, ou sem lei que previsão de fonte orçamentária e
IX – a instituição de fundos autorize a inclusão, sob pena de financeira necessária à realização
de qualquer natureza, sem prévia crime de responsabilidade. da despesa ou sem a previsão da
autorização legislativa; § 2o Os créditos especiais e correspondente transferência de
X – a transferência voluntá- extraordinários terão vigência no recursos financeiros necessários
ria de recursos e a concessão exercício financeiro em que forem ao seu custeio, ressalvadas as
de empréstimos, inclusive por autorizados, salvo se o ato de obrigações assumidas esponta-
antecipação de receita, pelos autorização for promulgado nos neamente pelos entes federados
Governos Federal e Estaduais últimos quatro meses daquele e aquelas decorrentes da fixação
e suas instituições financeiras, exercício, caso em que, reabertos do salário mínimo, na forma do
para pagamento de despesas nos limites de seus saldos, serão inciso IV do caput do art. 7o desta
com pessoal ativo, inativo e pen- incorporados ao orçamento do Constituição.
sionista, dos Estados, do Distrito exercício financeiro subsequente.
Federal e dos Municípios; § 3o A abertura de crédito Art. 167-A. Apurado que, no pe-
XI – a utilização dos recursos extraordinário somente será ad- ríodo de 12 (doze) meses, a rela-
provenientes das contribuições mitida para atender a despesas ção entre despesas correntes e
sociais de que trata o art. 195, I, imprevisíveis e urgentes, como as receitas correntes supera 95%
“a”, e II, para a realização de des- decorrentes de guerra, comoção (noventa e cinco por cento), no
pesas distintas do pagamento de interna ou calamidade pública, âmbito dos Estados, do Distrito
benefícios do regime geral de observado o disposto no art. 62. Federal e dos Municípios, é fa-
previdência social de que trata § 4o É permitida a vinculação cultado aos Poderes Executivo,
o art. 201; das receitas a que se referem os Legislativo e Judiciário, ao Mi-
XII – na forma estabelecida arts. 155, 156, 156‑A, 157, 158 e as nistério Público, ao Tribunal de
na lei complementar de que tra- alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f” do inciso Contas e à Defensoria Pública
ta o § 22 do art. 40, a utilização I e o inciso II do caput do art. 159 do ente, enquanto permanecer
de recursos de regime próprio desta Constituição para paga- a situação, aplicar o mecanismo
de previdência social, incluídos mento de débitos com a União de ajuste fiscal de vedação da:
os valores integrantes dos fun- e para prestar-lhe garantia ou I – concessão, a qualquer títu-
dos previstos no art. 249, para a contragarantia. lo, de vantagem, aumento, reajus-
realização de despesas distintas § 5o A transposição, o rema- te ou adequação de remuneração
do pagamento dos benefícios pre- nejamento ou a transferência de de membros de Poder ou de ór-
videnciários do respectivo fundo recursos de uma categoria de gão, de servidores e empregados
vinculado àquele regime e das programação para outra pode- públicos e de militares, exceto
despesas necessárias à sua orga- rão ser admitidos, no âmbito das dos derivados de sentença judi-
nização e ao seu funcionamento; atividades de ciência, tecnologia cial transitada em julgado ou de
XIII – a transferência voluntá- e inovação, com o objetivo de determinação legal anterior ao
ria de recursos, a concessão de viabilizar os resultados de pro- início da aplicação das medidas
avais, as garantias e as subven- jetos restritos a essas funções, de que trata este artigo;
ções pela União e a concessão de mediante ato do Poder Execu- II – criação de cargo, emprego
empréstimos e de financiamen- tivo, sem necessidade da prévia ou função que implique aumento
tos por instituições financeiras autorização legislativa prevista de despesa;
federais aos Estados, ao Distrito no inciso VI deste artigo. III – alteração de estrutura de
Federal e aos Municípios na hi- § 6o Para fins da apuração carreira que implique aumento
pótese de descumprimento das ao término do exercício finan- de despesa;
regras gerais de organização e de ceiro do cumprimento do limite IV – admissão ou contrata-
funcionamento de regime próprio de que trata o inciso III do caput ção de pessoal, a qualquer título,
de previdência social; deste artigo, as receitas das ope- ressalvadas:
XIV – a criação de fundo pú- rações de crédito efetuadas no a) as reposições de cargos
blico, quando seus objetivos pu- contexto da gestão da dívida pú- de chefia e de direção que não
derem ser alcançados mediante a blica mobiliária federal somente acarretem aumento de despesa;
vinculação de receitas orçamen- serão consideradas no exercício b) as reposições decorrentes
tárias específicas ou mediante a financeiro em que for realizada a de vacâncias de cargos efetivos
execução direta por programação respectiva despesa. ou vitalícios;
orçamentária e financeira de ór- § 7o A lei não imporá nem c) as contratações tempo-
gão ou entidade da administração transferirá qualquer encargo fi- rárias de que trata o inciso IX
pública. nanceiro decorrente da prestação do caput do art. 37 desta Cons-
§ 1o Nenhum investimento de serviço público, inclusive des- tituição; e
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Constituição da República Federativa do Brasil
d) as reposições de tempo- cia, reconhecida a validade dos extraordinário fiscal, financeiro e
rários para prestação de serviço atos praticados na sua vigência, de contratações para atender às
militar e de alunos de órgãos de quando: necessidades dele decorrentes,
formação de militares; I – rejeitado pelo Poder Le- somente naquilo em que a urgên-
V – realização de concurso gislativo; cia for incompatível com o regime
público, exceto para as reposi- II – transcorrido o prazo de regular, nos termos definidos nos
ções de vacâncias previstas no 180 (cento e oitenta) dias sem que arts. 167‑C, 167‑D, 167‑E, 167‑F e
inciso IV deste caput; se ultime a sua apreciação; ou 167‑G desta Constituição.
VI – criação ou majoração de III – apurado que não mais se
auxílios, vantagens, bônus, abo- verifica a hipótese prevista no § 1o Art. 167-C. Com o propósito ex-
nos, verbas de representação ou deste artigo, mesmo após a sua clusivo de enfrentamento da cala-
benefícios de qualquer natureza, aprovação pelo Poder Legislativo. midade pública e de seus efeitos
inclusive os de cunho indeniza- § 4o A apuração referida sociais e econômicos, no seu pe-
tório, em favor de membros de neste artigo deve ser realizada ríodo de duração, o Poder Executi-
Poder, do Ministério Público ou da bimestralmente. vo federal pode adotar processos
Defensoria Pública e de servido- § 5o As disposições de que simplificados de contratação de
res e empregados públicos e de trata este artigo: pessoal, em caráter temporário
militares, ou ainda de seus depen- I – não constituem obrigação e emergencial, e de obras, ser-
dentes, exceto quando derivados de pagamento futuro pelo ente da viços e compras que assegurem,
de sentença judicial transitada em Federação ou direitos de outrem quando possível, competição e
julgado ou de determinação legal sobre o erário; igualdade de condições a todos
anterior ao início da aplicação das II – não revogam, dispensam os concorrentes, dispensada a
medidas de que trata este artigo; ou suspendem o cumprimento observância do § 1o do art. 169 na
VII – criação de despesa obri- de dispositivos constitucionais contratação de que trata o inciso
gatória; e legais que disponham sobre IX do caput do art. 37 desta Cons-
VIII – adoção de medida que metas fiscais ou limites máximos tituição, limitada a dispensa às
implique reajuste de despesa de despesas. situações de que trata o referido
obrigatória acima da variação § 6o Ocorrendo a hipótese de inciso, sem prejuízo do controle
da inflação, observada a preser- que trata o caput deste artigo, até dos órgãos competentes.
vação do poder aquisitivo referida que todas as medidas nele pre-
no inciso IV do caput do art. 7o vistas tenham sido adotadas por Art. 167-D. As proposições legis-
desta Constituição; todos os Poderes e órgãos nele lativas e os atos do Poder Execu-
IX – criação ou expansão de mencionados, de acordo com tivo com propósito exclusivo de
programas e linhas de financia- declaração do respectivo Tribunal enfrentar a calamidade e suas
mento, bem como remissão, rene- de Contas, é vedada: consequências sociais e eco-
gociação ou refinanciamento de I – a concessão, por qualquer nômicas, com vigência e efeitos
dívidas que impliquem ampliação outro ente da Federação, de ga- restritos à sua duração, desde que
das despesas com subsídios e rantias ao ente envolvido; não impliquem despesa obrigató-
subvenções; II – a tomada de operação de ria de caráter continuado, ficam
X – concessão ou ampliação crédito por parte do ente envolvi- dispensados da observância das
de incentivo ou benefício de na- do com outro ente da Federação, limitações legais quanto à cria-
tureza tributária. diretamente ou por intermédio de ção, à expansão ou ao aperfeiço-
§ 1o Apurado que a despesa seus fundos, autarquias, funda- amento de ação governamental
corrente supera 85% (oitenta e ções ou empresas estatais de- que acarrete aumento de despesa
cinco por cento) da receita cor- pendentes, ainda que sob a forma e à concessão ou à ampliação de
rente, sem exceder o percentual de novação, refinanciamento ou incentivo ou benefício de natu-
mencionado no caput deste ar- postergação de dívida contraí- reza tributária da qual decorra
tigo, as medidas nele indicadas da anteriormente, ressalvados renúncia de receita.
podem ser, no todo ou em par- os financiamentos destinados a Parágrafo único. Durante a
te, implementadas por atos do projetos específicos celebrados vigência da calamidade pública
Chefe do Poder Executivo com na forma de operações típicas de âmbito nacional de que trata
vigência imediata, facultado aos das agências financeiras oficiais o art. 167‑B, não se aplica o dis-
demais Poderes e órgãos autô- de fomento. posto no § 3o do art. 195 desta
nomos implementá-las em seus Constituição.
respectivos âmbitos. Art. 167-B. Durante a vigência de
§ 2o O ato de que trata o § 1o estado de calamidade pública de Art. 167-E. Fica dispensada,
deste artigo deve ser submetido, âmbito nacional, decretado pelo durante a integralidade do exer-
em regime de urgência, à aprecia- Congresso Nacional por iniciativa cício financeiro em que vigore a
ção do Poder Legislativo. privativa do Presidente da Repú- calamidade pública de âmbito
§ 3o O ato perde a eficá- blica, a União deve adotar regime nacional, a observância do inci-
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Constituição da República Federativa do Brasil
so III do caput do art. 167 desta não se aplicam as vedações re- bem como a admissão ou con-
Constituição. feridas nos incisos II, IV, VII, IX tratação de pessoal, a qualquer
e X do caput do art. 167‑A desta título, pelos órgãos e entidades da
Art. 167-F. Durante a vigência Constituição. administração direta ou indireta,
da calamidade pública de âmbito § 2o Na hipótese de que trata inclusive fundações instituídas e
nacional de que trata o art. 167‑B o art. 167‑B, não se aplica a alínea mantidas pelo poder público, só
desta Constituição: “c” do inciso I do caput do art. 159 poderão ser feitas:
I – são dispensados, durante a desta Constituição, devendo a I – se houver prévia dotação
integralidade do exercício finan- transferência a que se refere orçamentária suficiente para
ceiro em que vigore a calamidade aquele dispositivo ser efetuada atender às projeções de despe-
pública, os limites, as condições nos mesmos montantes trans- sa de pessoal e aos acréscimos
e demais restrições aplicáveis à feridos no exercício anterior à dela decorrentes;
União para a contratação de ope- decretação da calamidade. II – se houver autorização
rações de crédito, bem como sua § 3o É facultada aos Estados, específica na lei de diretrizes
verificação; ao Distrito Federal e aos Municí- orçamentárias, ressalvadas as
II – o superávit financeiro pios a aplicação das vedações empresas públicas e as socieda-
apurado em 31 de dezembro do referidas no caput, nos termos des de economia mista.
ano imediatamente anterior ao deste artigo, e, até que as tenham § 2o Decorrido o prazo es-
reconhecimento pode ser des- adotado na integralidade, estarão tabelecido na lei complemen-
tinado à cobertura de despesas submetidos às restrições do § 6o tar referida neste artigo para a
oriundas das medidas de combate do art. 167‑A desta Constituição, adaptação aos parâmetros ali
à calamidade pública de âmbito enquanto perdurarem seus efei- previstos, serão imediatamente
nacional e ao pagamento da dí- tos para a União. suspensos todos os repasses de
vida pública. verbas federais ou estaduais aos
§ 1o Lei complementar pode Art. 168. Os recursos corres- Estados, ao Distrito Federal e aos
definir outras suspensões, dis- pondentes às dotações orça- Municípios que não observarem
pensas e afastamentos aplicáveis mentárias, compreendidos os os referidos limites.
durante a vigência do estado de créditos suplementares e espe- § 3o Para o cumprimento
calamidade pública de âmbito ciais, destinados aos órgãos dos dos limites estabelecidos com
nacional. Poderes Legislativo e Judiciário, base neste artigo, durante o pra-
§ 2o O disposto no inciso II do do Ministério Público e da Defen- zo fixado na lei complementar
caput deste artigo não se aplica soria Pública, ser-lhes-ão entre- referida no caput, a União, os
às fontes de recursos: gues até o dia 20 de cada mês, Estados, o Distrito Federal e os
I – decorrentes de repartição em duodécimos, na forma da lei Municípios adotarão as seguintes
de receitas a Estados, ao Distrito complementar a que se refere o providências:
Federal e a Municípios; art. 165, § 9o. I – redução em pelo menos
II – decorrentes das vin- § 1o É vedada a transferência vinte por cento das despesas com
culações estabelecidas pelos a fundos de recursos financei- cargos em comissão e funções
arts. 195, 198, 201, 212, 212‑A e ros oriundos de repasses duo- de confiança;
239 desta Constituição; decimais. II – exoneração dos servido-
III – destinadas ao registro de § 2o O saldo financeiro de- res não estáveis.
receitas oriundas da arrecadação corrente dos recursos entregues § 4o Se as medidas adotadas
de doações ou de empréstimos na forma do caput deste artigo com base no parágrafo anterior
compulsórios, de transferências deve ser restituído ao caixa único não forem suficientes para asse-
recebidas para o atendimento do Tesouro do ente federativo, ou gurar o cumprimento da determi-
de finalidades determinadas ou terá seu valor deduzido das pri- nação da lei complementar referi-
das receitas de capital produto meiras parcelas duodecimais do da neste artigo, o servidor estável
de operações de financiamen- exercício seguinte. poderá perder o cargo, desde que
to celebradas com finalidades ato normativo motivado de cada
contratualmente determinadas. Art. 169. A despesa com pessoal um dos Poderes especifique a
ativo e inativo e pensionistas da atividade funcional, o órgão ou
Art. 167-G. Na hipótese de que União, dos Estados, do Distrito unidade administrativa objeto
trata o art. 167‑B, aplicam-se à Federal e dos Municípios não pode da redução de pessoal.
União, até o término da calamida- exceder os limites estabelecidos § 5o O servidor que perder
de pública, as vedações previstas em lei complementar. o cargo na forma do parágrafo
no art. 167‑A desta Constituição. § 1o A concessão de qualquer anterior fará jus a indenização
§ 1o Na hipótese de medi- vantagem ou aumento de remu- correspondente a um mês de
das de combate à calamidade neração, a criação de cargos, remuneração por ano de serviço.
pública cuja vigência e efeitos empregos e funções ou altera- § 6o O cargo objeto da re-
não ultrapassem a sua duração, ção de estrutura de carreiras, dução prevista nos parágrafos
70
Constituição da República Federativa do Brasil
anteriores será considerado ex- Art. 173. Ressalvados os casos vo e regulador da atividade econô-
tinto, vedada a criação de cargo, previstos nesta Constituição, a mica, o Estado exercerá, na forma
emprego ou função com atribui- exploração direta de atividade da lei, as funções de fiscalização,
ções iguais ou assemelhadas pelo econômica pelo Estado só será incentivo e planejamento, sendo
prazo de quatro anos. permitida quando necessária aos este determinante para o setor
§ 7o Lei federal disporá sobre imperativos da segurança nacio- público e indicativo para o setor
as normas gerais a serem obede- nal ou a relevante interesse cole- privado.
cidas na efetivação do disposto tivo, conforme definidos em lei. § 1o A lei estabelecerá as di-
no § 4o. § 1o A lei estabelecerá o esta- retrizes e bases do planejamen-
tuto jurídico da empresa pública, to do desenvolvimento nacional
da sociedade de economia mista equilibrado, o qual incorporará
TÍTULO VII – DA ORDEM e de suas subsidiárias que ex- e compatibilizará os planos na-
ECONÔMICA E FINANCEIRA plorem atividade econômica de cionais e regionais de desenvol-
produção ou comercialização de vimento.
CAPÍTULO I – DOS bens ou de prestação de serviços, § 2o A lei apoiará e estimulará
PRINCÍPIOS GERAIS DA dispondo sobre: o cooperativismo e outras formas
ATIVIDADE ECONÔMICA I – sua função social e formas de associativismo.
de fiscalização pelo Estado e pela § 3o O Estado favorecerá a
Art. 170. A ordem econômica, sociedade; organização da atividade garim-
fundada na valorização do traba- II – a sujeição ao regime jurí- peira em cooperativas, levando
lho humano e na livre iniciativa, dico próprio das empresas priva- em conta a proteção do meio
tem por fim assegurar a todos das, inclusive quanto aos direitos ambiente e a promoção econômi-
existência digna, conforme os e obrigações civis, comerciais, co-social dos garimpeiros.
ditames da justiça social, obser- trabalhistas e tributários; § 4o As cooperativas a que
vados os seguintes princípios: III – licitação e contratação se refere o parágrafo anterior
I – soberania nacional; de obras, serviços, compras e terão prioridade na autorização
II – propriedade privada; alienações, observados os prin- ou concessão para pesquisa e
III – função social da proprie- cípios da administração pública; lavra dos recursos e jazidas de
dade; IV – a constituição e o fun- minerais garimpáveis, nas áreas
IV – livre concorrência; cionamento dos conselhos de onde estejam atuando, e naquelas
V – defesa do consumidor; administração e fiscal, com a fixadas de acordo com o art. 21,
VI – defesa do meio ambiente, participação de acionistas mi- XXV, na forma da lei.
inclusive mediante tratamento noritários;
diferenciado conforme o impacto V – os mandatos, a avaliação Art. 175. Incumbe ao Poder Pú-
ambiental dos produtos e serviços de desempenho e a responsabili- blico, na forma da lei, diretamente
e de seus processos de elabora- dade dos administradores. ou sob regime de concessão ou
ção e prestação; § 2o As empresas públicas e permissão, sempre através de
VII – redução das desigualda- as sociedades de economia mista licitação, a prestação de servi-
des regionais e sociais; não poderão gozar de privilégios ços públicos.
VIII – busca do pleno empre- fiscais não extensivos às do se- Parágrafo único. A lei dis-
go; tor privado. porá sobre:
IX – tratamento favorecido § 3o A lei regulamentará as I – o regime das empresas
para as empresas de pequeno relações da empresa pública com concessionárias e permissioná-
porte constituídas sob as leis bra- o Estado e a sociedade. rias de serviços públicos, o cará-
sileiras e que tenham sua sede e § 4o A lei reprimirá o abuso ter especial de seu contrato e de
administração no País. do poder econômico que vise à sua prorrogação, bem como as
Parágrafo único. É assegu- dominação dos mercados, à eli- condições de caducidade, fisca-
rado a todos o livre exercício de minação da concorrência e ao lização e rescisão da concessão
qualquer atividade econômica, aumento arbitrário dos lucros. ou permissão;
independentemente de autori- § 5o A lei, sem prejuízo da II – os direitos dos usuários;
zação de órgãos públicos, salvo responsabilidade individual dos III – política tarifária;
nos casos previstos em lei. dirigentes da pessoa jurídica, es- IV – a obrigação de manter
tabelecerá a responsabilidade serviço adequado.
Art. 171. (Revogado) desta, sujeitando-a às punições
compatíveis com sua natureza, Art. 176. As jazidas, em lavra ou
Art. 172. A lei disciplinará, com nos atos praticados contra a or- não, e demais recursos minerais
base no interesse nacional, os in- dem econômica e financeira e e os potenciais de energia hi-
vestimentos de capital estrangei- contra a economia popular. dráulica constituem propriedade
ro, incentivará os reinvestimentos distinta da do solo, para efeito de
e regulará a remessa de lucros. Art. 174. Como agente normati- exploração ou aproveitamento, e
71
Constituição da República Federativa do Brasil
pertencem à União, garantida ao mercialização e utilização pode- ordenação dos transportes aéreo,
concessionário a propriedade do rão ser autorizadas sob regime de aquático e terrestre, devendo,
produto da lavra. permissão, conforme as alíneas quanto à ordenação do transporte
§ 1o A pesquisa e a lavra de “b” e “c” do inciso XXIII do caput do internacional, observar os acor-
recursos minerais e o aprovei- art. 21 desta Constituição Federal. dos firmados pela União, atendi-
tamento dos potenciais a que § 1o A União poderá contratar do o princípio da reciprocidade.
se refere o caput deste artigo com empresas estatais ou priva- Parágrafo único. Na ordena-
somente poderão ser efetuados das a realização das atividades ção do transporte aquático, a lei
mediante autorização ou conces- previstas nos incisos I a IV deste estabelecerá as condições em
são da União, no interesse nacio- artigo, observadas as condições que o transporte de mercadorias
nal, por brasileiros ou empresa estabelecidas em lei. na cabotagem e a navegação in-
constituída sob as leis brasileiras § 2o A lei a que se refere o terior poderão ser feitos por em-
e que tenha sua sede e adminis- § 1o disporá sobre: barcações estrangeiras.
tração no País, na forma da lei, I – a garantia do fornecimen-
que estabelecerá as condições to dos derivados de petróleo em Art. 179. A União, os Estados, o
específicas quando essas ativi- todo o território nacional; Distrito Federal e os Municípios
dades se desenvolverem em faixa II – as condições de contra- dispensarão às microempresas
de fronteira ou terras indígenas. tação; e às empresas de pequeno porte,
§ 2o É assegurada participa- III – a estrutura e atribuições assim definidas em lei, tratamen-
ção ao proprietário do solo nos do órgão regulador do monopólio to jurídico diferenciado, visando a
resultados da lavra, na forma e da União. incentivá-las pela simplificação
no valor que dispuser a lei. § 3o A lei disporá sobre o de suas obrigações administrati-
§ 3o A autorização de pes- transporte e a utilização de ma- vas, tributárias, previdenciárias e
quisa será sempre por prazo teriais radioativos no território creditícias, ou pela eliminação ou
determinado, e as autorizações nacional. redução destas por meio de lei.
e concessões previstas neste § 4o A lei que instituir contri-
artigo não poderão ser cedidas buição de intervenção no domínio Art. 180. A União, os Estados,
ou transferidas, total ou parcial- econômico relativa às atividades o Distrito Federal e os Municí-
mente, sem prévia anuência do de importação ou comercializa- pios promoverão e incentivarão
poder concedente. ção de petróleo e seus derivados, o turismo como fator de desen-
§ 4o Não dependerá de auto- gás natural e seus derivados e ál- volvimento social e econômico.
rização ou concessão o aproveita- cool combustível deverá atender
mento do potencial de energia re- aos seguintes requisitos: Art. 181. O atendimento de requi-
novável de capacidade reduzida. I – a alíquota da contribuição sição de documento ou informa-
poderá ser: ção de natureza comercial, feita
Art. 177. Constituem monopólio a) diferenciada por produto por autoridade administrativa ou
da União: ou uso; judiciária estrangeira, a pessoa
I – a pesquisa e a lavra das b) reduzida e restabelecida física ou jurídica residente ou
jazidas de petróleo e gás natural por ato do Poder Executivo, não domiciliada no País dependerá
e outros hidrocarbonetos fluidos; se lhe aplicando o disposto no de autorização do Poder com-
II – a refinação do petróleo art. 150, III, “b”; petente.
nacional ou estrangeiro; II – os recursos arrecadados
III – a importação e exporta- serão destinados:
ção dos produtos e derivados bá- a) ao pagamento de subsí- CAPÍTULO II – DA POLÍTICA
sicos resultantes das atividades dios a preços ou transporte de URBANA
previstas nos incisos anteriores; álcool combustível, gás natural
IV – o transporte marítimo do e seus derivados e derivados de Art. 182. A política de desenvol-
petróleo bruto de origem nacional petróleo; vimento urbano, executada pelo
ou de derivados básicos de pe- b) ao financiamento de pro- Poder Público municipal, confor-
tróleo produzidos no País, bem jetos ambientais relacionados me diretrizes gerais fixadas em
assim o transporte, por meio de com a indústria do petróleo e lei, tem por objetivo ordenar o
conduto, de petróleo bruto, seus do gás; pleno desenvolvimento das fun-
derivados e gás natural de qual- c) ao financiamento de ções sociais da cidade e garantir
quer origem; programas de infraestrutura de o bem-estar de seus habitantes.
V – a pesquisa, a lavra, o enri- transportes; § 1o O plano diretor, aprovado
quecimento, o reprocessamento, d) ao pagamento de subsí- pela Câmara Municipal, obrigató-
a industrialização e o comércio de dios a tarifas de transporte públi- rio para cidades com mais de vin-
minérios e minerais nucleares e co coletivo de passageiros. te mil habitantes, é o instrumento
seus derivados, com exceção dos básico da política de desenvol-
radioisótopos cuja produção, co- Art. 178. A lei disporá sobre a vimento e de expansão urbana.
72
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 2o A propriedade urbana CAPÍTULO III – DA POLÍTICA do critérios e graus de exigência
cumpre sua função social quando AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E estabelecidos em lei, aos seguin-
atende às exigências fundamen- tes requisitos:
tais de ordenação da cidade ex-
DA REFORMA AGRÁRIA I – aproveitamento racional
pressas no plano diretor. e adequado;
§ 3o As desapropriações de Art. 184. Compete à União desa- II – utilização adequada dos
imóveis urbanos serão feitas com propriar por interesse social, para recursos naturais disponíveis e
prévia e justa indenização em fins de reforma agrária, o imóvel preservação do meio ambiente;
dinheiro. rural que não esteja cumprindo III – observância das dispo-
§ 4o É facultado ao Poder sua função social, mediante pré- sições que regulam as relações
Público municipal, mediante lei via e justa indenização em títulos de trabalho;
específica para área incluída no da dívida agrária, com cláusula de IV – exploração que favoreça
plano diretor, exigir, nos termos preservação do valor real, resga- o bem-estar dos proprietários e
da lei federal, do proprietário do táveis no prazo de até vinte anos, dos trabalhadores.
solo urbano não edificado, su- a partir do segundo ano de sua
butilizado ou não utilizado, que emissão, e cuja utilização será Art. 187. A política agrícola será
promova seu adequado aprovei- definida em lei. planejada e executada na forma
tamento, sob pena, sucessiva- § 1o As benfeitorias úteis e da lei, com a participação efetiva
mente, de: necessárias serão indenizadas do setor de produção, envolvendo
I – parcelamento ou edifica- em dinheiro. produtores e trabalhadores rurais,
ção compulsórios; § 2o O decreto que declarar o bem como dos setores de comer-
II – imposto sobre a proprie- imóvel como de interesse social, cialização, de armazenamento e
dade predial e territorial urbana para fins de reforma agrária, au- de transportes, levando em conta,
progressivo no tempo; toriza a União a propor a ação de especialmente:
III – desapropriação com desapropriação. I – os instrumentos credití-
pagamento mediante títulos da § 3o Cabe à lei complemen- cios e fiscais;
dívida pública de emissão pre- tar estabelecer procedimento II – os preços compatíveis
viamente aprovada pelo Senado contraditório especial, de rito com os custos de produção e
Federal, com prazo de resgate de sumário, para o processo judicial a garantia de comercialização;
até dez anos, em parcelas anuais, de desapropriação. III – o incentivo à pesquisa e
iguais e sucessivas, assegurados § 4o O orçamento fixará anu- à tecnologia;
o valor real da indenização e os almente o volume total de títulos IV – a assistência técnica e
juros legais. da dívida agrária, assim como o extensão rural;
montante de recursos para aten- V – o seguro agrícola;
Art. 183. Aquele que possuir der ao programa de reforma agrá- VI – o cooperativismo;
como sua área urbana de até ria no exercício. VII – a eletrificação rural e
duzentos e cinquenta metros § 5o São isentas de impostos irrigação;
quadrados, por cinco anos, inin- federais, estaduais e municipais VIII – a habitação para o tra-
terruptamente e sem oposição, as operações de transferência de balhador rural.
utilizando-a para sua moradia imóveis desapropriados para fins § 1o Incluem-se no plane-
ou de sua família, adquirir-lhe-á de reforma agrária. jamento agrícola as atividades
o domínio, desde que não seja agroindustriais, agropecuárias,
proprietário de outro imóvel ur- Art. 185. São insuscetíveis de pesqueiras e florestais.
bano ou rural. desapropriação para fins de re- § 2o Serão compatibilizadas
§ 1o O título de domínio e a forma agrária: as ações de política agrícola e de
concessão de uso serão confe- I – a pequena e média proprie- reforma agrária.
ridos ao homem ou à mulher, ou dade rural, assim definida em lei,
a ambos, independentemente do desde que seu proprietário não Art. 188. A destinação de terras
estado civil. possua outra; públicas e devolutas será compa-
§ 2o Esse direito não será re- II – a propriedade produtiva. tibilizada com a política agrícola
conhecido ao mesmo possuidor Parágrafo único. A lei ga- e com o plano nacional de refor-
mais de uma vez. rantirá tratamento especial à ma agrária.
§ 3o Os imóveis públicos não propriedade produtiva e fixará § 1o A alienação ou a con-
serão adquiridos por usucapião. normas para o cumprimento dos cessão, a qualquer título, de ter-
requisitos relativos a sua função ras públicas com área superior a
social. dois mil e quinhentos hectares a
pessoa física ou jurídica, ainda
Art. 186. A função social é cum- que por interposta pessoa, de-
prida quando a propriedade rural penderá de prévia aprovação do
atende, simultaneamente, segun- Congresso Nacional.
73
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 2o Excetuam-se do dis- a) (Revogada); VI – diversidade da base de
posto no parágrafo anterior as b) (Revogada); financiamento, identificando-se,
alienações ou as concessões de IV – (Revogado); em rubricas contábeis especí-
terras públicas para fins de re- V – (Revogado); ficas para cada área, as recei-
forma agrária. VI – (Revogado); tas e as despesas vinculadas a
VII – (Revogado); ações de saúde, previdência e
Art. 189. Os beneficiários da dis- VIII – (Revogado). assistência social, preservado
tribuição de imóveis rurais pela § 1o (Revogado) o caráter contributivo da previ-
reforma agrária receberão títulos § 2o (Revogado) dência social;
de domínio ou de concessão de § 3o (Revogado) VII – caráter democrático e
uso, inegociáveis pelo prazo de descentralizado da administra-
dez anos. ção, mediante gestão quadripar-
Parágrafo único. O título de TÍTULO VIII – DA ORDEM tite, com participação dos traba-
domínio e a concessão de uso SOCIAL lhadores, dos empregadores, dos
serão conferidos ao homem ou à aposentados e do Governo nos
mulher, ou a ambos, independen- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO órgãos colegiados.
temente do estado civil, nos ter- GERAL
mos e condições previstos em lei. Art. 195. A seguridade social
Art. 193. A ordem social tem será financiada por toda a socie-
Art. 190. A lei regulará e limitará como base o primado do trabalho, dade, de forma direta e indireta,
a aquisição ou o arrendamento e como objetivo o bem-estar e a nos termos da lei, mediante recur-
de propriedade rural por pes- justiça sociais. sos provenientes dos orçamentos
soa física ou jurídica estrangei- Parágrafo único. O Estado da União, dos Estados, do Distrito
ra e estabelecerá os casos que exercerá a função de planejamen- Federal e dos Municípios, e das
dependerão de autorização do to das políticas sociais, assegura- seguintes contribuições sociais:
Congresso Nacional. da, na forma da lei, a participação I – do empregador, da empre-
da sociedade nos processos de sa e da entidade a ela equiparada
Art. 191. Aquele que, não sendo formulação, de monitoramento, na forma da lei, incidentes sobre:
proprietário de imóvel rural ou de controle e de avaliação des- a) a folha de salários e de-
urbano, possua como seu, por sas políticas. mais rendimentos do trabalho
cinco anos ininterruptos, sem pagos ou creditados, a qualquer
oposição, área de terra, em zona título, à pessoa física que lhe
rural, não superior a cinquenta CAPÍTULO II – DA preste serviço, mesmo sem vín-
hectares, tornando-a produtiva SEGURIDADE SOCIAL culo empregatício;
por seu trabalho ou de sua família, b) a receita ou o faturamen-
Seção I – Disposições Gerais
tendo nela sua moradia, adquirir- to;
-lhe-á a propriedade. c) o lucro;
Parágrafo único. Os imóveis Art. 194. A seguridade social II – do trabalhador e dos de-
públicos não serão adquiridos por compreende um conjunto inte- mais segurados da previdência
usucapião. grado de ações de iniciativa dos social, podendo ser adotadas alí-
Poderes Públicos e da sociedade, quotas progressivas de acordo
destinadas a assegurar os direitos com o valor do salário de contri-
CAPÍTULO IV – DO SISTEMA relativos à saúde, à previdência e buição, não incidindo contribui-
FINANCEIRO NACIONAL à assistência social. ção sobre aposentadoria e pensão
Parágrafo único. Compete concedidas pelo Regime Geral de
Art. 192. O sistema financeiro ao Poder Público, nos termos da Previdência Social;
nacional, estruturado de forma lei, organizar a seguridade social, III – sobre a receita de con-
a promover o desenvolvimento com base nos seguintes objetivos: cursos de prognósticos;
equilibrado do País e a servir aos I – universalidade da cober- IV – do importador de bens ou
interesses da coletividade, em tura e do atendimento; serviços do exterior, ou de quem
todas as partes que o compõem, II – uniformidade e equiva- a lei a ele equiparar;
abrangendo as cooperativas de lência dos benefícios e serviços V – sobre bens e serviços,
crédito, será regulado por leis às populações urbanas e rurais; nos termos de lei complementar.
complementares que disporão, III – seletividade e distributivi- § 1o As receitas dos Estados,
inclusive, sobre a participação dade na prestação dos benefícios do Distrito Federal e dos Muni-
do capital estrangeiro nas insti- e serviços; cípios destinadas à seguridade
tuições que o integram. IV – irredutibilidade do valor social constarão dos respectivos
I – (Revogado); dos benefícios; orçamentos, não integrando o
II – (Revogado); V – equidade na forma de par- orçamento da União.
III – (Revogado): ticipação no custeio; § 2o A proposta de orçamen-
74
Constituição da República Federativa do Brasil
to da seguridade social será ela- bases de cálculo diferenciadas ta o § 18 não será computada
borada de forma integrada pelos apenas no caso das alíneas “b” e na receita corrente líquida da
órgãos responsáveis pela saúde, “c” do inciso I do caput. União para os fins do disposto
previdência social e assistência § 10. A lei definirá os crité- nos arts. 100, § 15, 166, §§ 9o, 12 e
social, tendo em vista as metas rios de transferência de recursos 17, e 198, § 2o.
e prioridades estabelecidas na para o sistema único de saúde e
lei de diretrizes orçamentárias, ações de assistência social da
assegurada a cada área a gestão União para os Estados, o Distrito
Seção II – Da Saúde
de seus recursos. Federal e os Municípios, e dos Es-
§ 3o A pessoa jurídica em dé- tados para os Municípios, obser- Art. 196. A saúde é direito de
bito com o sistema da seguridade vada a respectiva contrapartida todos e dever do Estado, garan-
social, como estabelecido em de recursos. tido mediante políticas sociais e
lei, não poderá contratar com o § 11. São vedados a moratória econômicas que visem à redução
Poder Público nem dele receber e o parcelamento em prazo su- do risco de doença e de outros
benefícios ou incentivos fiscais perior a 60 (sessenta) meses e, agravos e ao acesso universal e
ou creditícios. na forma de lei complementar, igualitário às ações e serviços
§ 4o A lei poderá instituir ou- a remissão e a anistia das con- para sua promoção, proteção e
tras fontes destinadas a garantir tribuições sociais de que tratam recuperação.
a manutenção ou expansão da a alínea “a” do inciso I e o inciso
seguridade social, obedecido o II do caput. Art. 197. São de relevância públi-
disposto no art. 154, I. § 12. A lei definirá os setores ca as ações e serviços de saúde,
§ 5o Nenhum benefício ou de atividade econômica para os cabendo ao Poder Público dis-
serviço da seguridade social po- quais as contribuições incidentes por, nos termos da lei, sobre sua
derá ser criado, majorado ou es- na forma dos incisos I, “b”; e IV do regulamentação, fiscalização e
tendido sem a correspondente caput, serão não cumulativas. controle, devendo sua execução
fonte de custeio total. § 13. (Revogado) ser feita diretamente ou através
§ 6o As contribuições sociais § 14. O segurado somente de terceiros e, também, por pes-
de que trata este artigo só pode- terá reconhecida como tempo de soa física ou jurídica de direito
rão ser exigidas após decorridos contribuição ao Regime Geral de privado.
noventa dias da data da publica- Previdência Social a competência
ção da lei que as houver institu- cuja contribuição seja igual ou Art. 198. As ações e serviços
ído ou modificado, não se lhes superior à contribuição mínima públicos de saúde integram uma
aplicando o disposto no art. 150, mensal exigida para sua catego- rede regionalizada e hierarqui-
III, “b”. ria, assegurado o agrupamento de zada e constituem um sistema
§ 7o São isentas de contri- contribuições. único, organizado de acordo com
buição para a seguridade social § 15. A contribuição prevista as seguintes diretrizes:
as entidades beneficentes de as- no inciso V do caput poderá ter I – descentralização, com di-
sistência social que atendam às sua alíquota fixada em lei ordi- reção única em cada esfera de
exigências estabelecidas em lei. nária. governo;
§ 8o O produtor, o parceiro, o § 16. Aplica-se à contribuição II – atendimento integral, com
meeiro e o arrendatário rurais e o prevista no inciso V do caput o prioridade para as atividades pre-
pescador artesanal, bem como os disposto no art. 156‑A, § 1o, I a VI, ventivas, sem prejuízo dos servi-
respectivos cônjuges, que exer- VIII, X a XIII, § 3o, § 5o, II a VI e IX, ços assistenciais;
çam suas atividades em regime e §§ 6o a 11 e 13. III – participação da comu-
de economia familiar, sem empre- § 17. A contribuição prevista nidade.
gados permanentes, contribuirão no inciso V do caput não integra- § 1o O sistema único de saúde
para a seguridade social mediante rá sua própria base de cálculo será financiado, nos termos do
a aplicação de uma alíquota sobre nem a dos tributos previstos nos art. 195, com recursos do orça-
o resultado da comercialização da arts. 153, VIII, 156‑A e 195, I, “b”, e mento da seguridade social, da
produção e farão jus aos benefí- IV, e da contribuição para o Pro- União, dos Estados, do Distrito
cios nos termos da lei. grama de Integração Social de Federal e dos Municípios, além
§ 9o As contribuições sociais que trata o art. 239. de outras fontes.
previstas no inciso I do caput des- § 18. Lei estabelecerá as hi- § 2o A União, os Estados, o
te artigo poderão ter alíquotas di- póteses de devolução da contri- Distrito Federal e os Municípios
ferenciadas em razão da atividade buição prevista no inciso V do aplicarão, anualmente, em ações
econômica, da utilização intensi- caput a pessoas físicas, inclusive e serviços públicos de saúde re-
va de mão de obra, do porte da em relação a limites e beneficiá- cursos mínimos derivados da apli-
empresa ou da condição estrutu- rios, com o objetivo de reduzir as cação de percentuais calculados
ral do mercado de trabalho, sendo desigualdades de renda. sobre:
também autorizada a adoção de § 19. A devolução de que tra- I – no caso da União, a recei-
75
Constituição da República Federativa do Brasil
ta corrente líquida do respectivo vistas no § 1o do art. 41 e no § 4o do jurídicas de direito público e de
exercício financeiro, não poden- art. 169 da Constituição Federal, direito privado.
do ser inferior a 15% (quinze por o servidor que exerça funções § 13. A União, os Estados, o
cento); equivalentes às de agente co- Distrito Federal e os Municípios,
II – no caso dos Estados e munitário de saúde ou de agente até o final do exercício financeiro
do Distrito Federal, o produto da de combate às endemias poderá em que for publicada a lei de que
arrecadação dos impostos a que perder o cargo em caso de des- trata o § 12 deste artigo, adequa-
se referem os arts. 155 e 156‑A e cumprimento dos requisitos es- rão a remuneração dos cargos ou
dos recursos de que tratam os pecíficos, fixados em lei, para o dos respectivos planos de carrei-
arts. 157 e 159, I, “a”, e II, deduzidas seu exercício. ras, quando houver, de modo a
as parcelas que forem transferi- § 7o O vencimento dos agen- atender aos pisos estabelecidos
das aos respectivos Municípios; tes comunitários de saúde e dos para cada categoria profissional.
III – no caso dos Municípios e agentes de combate às ende- § 14. Compete à União, nos
do Distrito Federal, o produto da mias fica sob responsabilidade termos da lei, prestar assistên-
arrecadação dos impostos a que da União, e cabe aos Estados, ao cia financeira complementar aos
se referem os arts. 156 e 156‑A e Distrito Federal e aos Municípios Estados, ao Distrito Federal e aos
dos recursos de que tratam os estabelecer, além de outros con- Municípios e às entidades filan-
arts. 158 e 159, I, “b”, e § 3o. sectários e vantagens, incentivos, trópicas, bem como aos presta-
§ 3o Lei complementar, que auxílios, gratificações e indeniza- dores de serviços contratuali-
será reavaliada pelo menos a cada ções, a fim de valorizar o trabalho zados que atendam, no mínimo,
cinco anos, estabelecerá: desses profissionais. 60% (sessenta por cento) de seus
I – os percentuais de que tra- § 8o Os recursos destinados pacientes pelo sistema único de
tam os incisos II e III do § 2o; ao pagamento do vencimento dos saúde, para o cumprimento dos
II – os critérios de rateio dos agentes comunitários de saúde pisos salariais de que trata o § 12
recursos da União vinculados à e dos agentes de combate às deste artigo.
saúde destinados aos Estados, endemias serão consignados no § 15. Os recursos federais
ao Distrito Federal e aos Municí- orçamento geral da União com destinados aos pagamentos da
pios, e dos Estados destinados dotação própria e exclusiva. assistência financeira comple-
a seus respectivos Municípios, § 9o O vencimento dos agen- mentar aos Estados, ao Distrito
objetivando a progressiva redu- tes comunitários de saúde e dos Federal e aos Municípios e às en-
ção das disparidades regionais; agentes de combate às endemias tidades filantrópicas, bem como
III – as normas de fiscaliza- não será inferior a 2 (dois) salários aos prestadores de serviços con-
ção, avaliação e controle das mínimos, repassados pela União tratualizados que atendam, no mí-
despesas com saúde nas esfe- aos Municípios, aos Estados e ao nimo, 60% (sessenta por cento) de
ras federal, estadual, distrital e Distrito Federal. seus pacientes pelo sistema único
municipal; § 10. Os agentes comunitá- de saúde, para o cumprimento
IV – (Revogado). rios de saúde e os agentes de dos pisos salariais de que trata o
§ 4o Os gestores locais do combate às endemias terão tam- § 12 deste artigo serão consigna-
sistema único de saúde poderão bém, em razão dos riscos ineren- dos no orçamento geral da União
admitir agentes comunitários de tes às funções desempenhadas, com dotação própria e exclusiva.
saúde e agentes de combate às aposentadoria especial e, somado
endemias por meio de processo aos seus vencimentos, adicional Art. 199. A assistência à saúde
seletivo público, de acordo com a de insalubridade. é livre à iniciativa privada.
natureza e complexidade de suas § 11. Os recursos financeiros § 1o As instituições privadas
atribuições e requisitos específi- repassados pela União aos Es- poderão participar de forma com-
cos para sua atuação. tados, ao Distrito Federal e aos plementar do sistema único de
§ 5o Lei federal disporá sobre Municípios para pagamento do saúde, segundo diretrizes des-
o regime jurídico, o piso salarial vencimento ou de qualquer outra te, mediante contrato de direito
profissional nacional, as diretri- vantagem dos agentes comuni- público ou convênio, tendo prefe-
zes para os Planos de Carreira e tários de saúde e dos agentes de rência as entidades filantrópicas
a regulamentação das atividades combate às endemias não serão e as sem fins lucrativos.
de agente comunitário de saúde objeto de inclusão no cálculo para § 2o É vedada a destinação
e agente de combate às ende- fins do limite de despesa com de recursos públicos para auxílios
mias, competindo à União, nos pessoal. ou subvenções às instituições pri-
termos da lei, prestar assistên- § 12. Lei federal instituirá vadas com fins lucrativos.
cia financeira complementar aos pisos salariais profissionais na- § 3o É vedada a participação
Estados, ao Distrito Federal e aos cionais para o enfermeiro, o téc- direta ou indireta de empresas
Municípios, para o cumprimento nico de enfermagem, o auxiliar ou capitais estrangeiros na as-
do referido piso salarial. de enfermagem e a parteira, a sistência à saúde no País, salvo
§ 6o Além das hipóteses pre- serem observados por pessoas nos casos previstos em lei.
76
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 4o A lei disporá sobre as derá, na forma da lei, a: § 6o A gratificação natalina
condições e os requisitos que I – cobertura dos eventos de dos aposentados e pensionistas
facilitem a remoção de órgãos, incapacidade temporária ou per- terá por base o valor dos pro-
tecidos e substâncias humanas manente para o trabalho e idade ventos do mês de dezembro de
para fins de transplante, pesquisa avançada; cada ano.
e tratamento, bem como a coleta, II – proteção à maternidade, § 7o É assegurada aposenta-
processamento e transfusão de especialmente à gestante; doria no regime geral de previdên-
sangue e seus derivados, sendo III – proteção ao trabalhador cia social, nos termos da lei, obe-
vedado todo tipo de comercia- em situação de desemprego in- decidas as seguintes condições:
lização. voluntário; I – 65 (sessenta e cinco) anos
IV – salário-família e auxílio- de idade, se homem, e 62 (ses-
Art. 200. Ao sistema único de -reclusão para os dependentes senta e dois) anos de idade, se
saúde compete, além de outras dos segurados de baixa renda; mulher, observado tempo mínimo
atribuições, nos termos da lei: V – pensão por morte do se- de contribuição;
I – controlar e fiscalizar pro- gurado, homem ou mulher, ao II – 60 (sessenta) anos de ida-
cedimentos, produtos e subs- cônjuge ou companheiro e de- de, se homem, e 55 (cinquenta e
tâncias de interesse para a saú- pendentes, observado o dispos- cinco) anos de idade, se mulher,
de e participar da produção de to no § 2o. para os trabalhadores rurais e
medicamentos, equipamentos, § 1o É vedada a adoção de para os que exerçam suas ati-
imunobiológicos, hemoderivados requisitos ou critérios diferen- vidades em regime de econo-
e outros insumos; ciados para concessão de bene- mia familiar, nestes incluídos o
II – executar as ações de vi- fícios, ressalvada, nos termos de produtor rural, o garimpeiro e o
gilância sanitária e epidemioló- lei complementar, a possibilidade pescador artesanal.
gica, bem como as de saúde do de previsão de idade e tempo de § 8o O requisito de idade a
trabalhador; contribuição distintos da regra que se refere o inciso I do § 7o será
III – ordenar a formação de geral para concessão de aposen- reduzido em 5 (cinco) anos, para o
recursos humanos na área de tadoria exclusivamente em favor professor que comprove tempo de
saúde; dos segurados: efetivo exercício das funções de
IV – participar da formulação I – com deficiência, previa- magistério na educação infantil
da política e da execução das mente submetidos a avaliação e no ensino fundamental e mé-
ações de saneamento básico; biopsicossocial realizada por dio fixado em lei complementar.
V – incrementar, em sua área equipe multiprofissional e inter- § 9o Para fins de aposenta-
de atuação, o desenvolvimen- disciplinar; doria, será assegurada a conta-
to científico e tecnológico e a II – cujas atividades sejam gem recíproca do tempo de con-
inovação; exercidas com efetiva exposi- tribuição entre o Regime Geral de
VI – fiscalizar e inspecionar ção a agentes químicos, físicos Previdência Social e os regimes
alimentos, compreendido o con- e biológicos prejudiciais à saúde, próprios de previdência social, e
trole de seu teor nutricional, bem ou associação desses agentes, destes entre si, observada a com-
como bebidas e águas para con- vedada a caracterização por ca- pensação financeira, de acordo
sumo humano; tegoria profissional ou ocupação. com os critérios estabelecidos
VII – participar do controle e § 2o Nenhum benefício que em lei.
fiscalização da produção, trans- substitua o salário de contribui- § 9o-A. O tempo de serviço
porte, guarda e utilização de subs- ção ou o rendimento do trabalho militar exercido nas atividades de
tâncias e produtos psicoativos, do segurado terá valor mensal que tratam os arts. 42, 142 e 143 e
tóxicos e radioativos; inferior ao salário mínimo. o tempo de contribuição ao Regi-
VIII – colaborar na proteção § 3o Todos os salários de me Geral de Previdência Social ou
do meio ambiente, nele compre- contribuição considerados para a regime próprio de previdência
endido o do trabalho. o cálculo de benefício serão de- social terão contagem recíproca
vidamente atualizados, na for- para fins de inativação militar ou
ma da lei. aposentadoria, e a compensação
Seção III – Da Previdência § 4o É assegurado o rea- financeira será devida entre as
Social justamento dos benefícios para receitas de contribuição referen-
preservar-lhes, em caráter per- tes aos militares e as receitas de
Art. 201. A previdência social manente, o valor real, conforme contribuição aos demais regimes.
será organizada sob a forma do critérios definidos em lei. § 10. Lei complementar po-
Regime Geral de Previdência So- § 5o É vedada a filiação ao re- derá disciplinar a cobertura de
cial, de caráter contributivo e de gime geral de previdência social, benefícios não programados,
filiação obrigatória, observados na qualidade de segurado facul- inclusive os decorrentes de aci-
critérios que preservem o equilí- tativo, de pessoa participante de dente do trabalho, a ser atendida
brio financeiro e atuarial, e aten- regime próprio de previdência. concorrentemente pelo Regime
77
Constituição da República Federativa do Brasil
Geral de Previdência Social e pelo às informações relativas à gestão Seção IV – Da Assistência
setor privado. de seus respectivos planos. Social
§ 11. Os ganhos habituais do § 2o As contribuições do em-
empregado, a qualquer título, se- pregador, os benefícios e as con- Art. 203. A assistência social
rão incorporados ao salário para dições contratuais previstas nos será prestada a quem dela ne-
efeito de contribuição previdenci- estatutos, regulamentos e planos cessitar, independentemente de
ária e consequente repercussão de benefícios das entidades de contribuição à seguridade social,
em benefícios, nos casos e na previdência privada não integram e tem por objetivos:
forma da lei. o contrato de trabalho dos par- I – a proteção à família, à ma-
§ 12. Lei instituirá sistema ticipantes, assim como, à exce- ternidade, à infância, à adoles-
especial de inclusão previdenci- ção dos benefícios concedidos, cência e à velhice;
ária, com alíquotas diferenciadas, não integram a remuneração dos II – o amparo às crianças e
para atender aos trabalhadores participantes, nos termos da lei. adolescentes carentes;
de baixa renda, inclusive os que § 3o É vedado o aporte de III – a promoção da integração
se encontram em situação de in- recursos a entidade de previdên- ao mercado de trabalho;
formalidade, e àqueles sem renda cia privada pela União, Estados, IV – a habilitação e reabilita-
própria que se dediquem exclusi- Distrito Federal e Municípios, suas ção das pessoas portadoras de
vamente ao trabalho doméstico autarquias, fundações, empresas deficiência e a promoção de sua
no âmbito de sua residência, des- públicas, sociedades de economia integração à vida comunitária;
de que pertencentes a famílias de mista e outras entidades públicas, V – a garantia de um salário
baixa renda. salvo na qualidade de patrocina- mínimo de benefício mensal à
§ 13. A aposentadoria con- dor, situação na qual, em hipótese pessoa portadora de deficiência
cedida ao segurado de que trata alguma, sua contribuição normal e ao idoso que comprovem não
o § 12 terá valor de 1 (um) salário poderá exceder a do segurado. possuir meios de prover à própria
mínimo. § 4o Lei complementar dis- manutenção ou de tê-la provida
§ 14. É vedada a contagem ciplinará a relação entre a União, por sua família, conforme dis-
de tempo de contribuição fictí- Estados, Distrito Federal ou Muni- puser a lei;
cio para efeito de concessão dos cípios, inclusive suas autarquias, VI – a redução da vulnerabili-
benefícios previdenciários e de fundações, sociedades de econo- dade socioeconômica de famílias
contagem recíproca. mia mista e empresas controla- em situação de pobreza ou de
§ 15. Lei complementar es- das direta ou indiretamente, en- extrema pobreza.
tabelecerá vedações, regras e quanto patrocinadores de planos
condições para a acumulação de benefícios previdenciários, Art. 204. As ações governamen-
de benefícios previdenciários. e as entidades de previdência tais na área da assistência social
§ 16. Os empregados dos complementar. serão realizadas com recursos do
consórcios públicos, das em- § 5o A lei complementar de orçamento da seguridade social,
presas públicas, das socieda- que trata o § 4o aplicar-se-á, no previstos no art. 195, além de ou-
des de economia mista e das suas que couber, às empresas privadas tras fontes, e organizadas com
subsidiárias serão aposentados permissionárias ou concessio- base nas seguintes diretrizes:
compulsoriamente, observado o nárias de prestação de serviços I – descentralização político-
cumprimento do tempo mínimo públicos, quando patrocinado- -administrativa, cabendo a co-
de contribuição, ao atingir a idade ras de planos de benefícios em ordenação e as normas gerais à
máxima de que trata o inciso II do entidades de previdência com- esfera federal e a coordenação
§ 1o do art. 40, na forma estabe- plementar. e a execução dos respectivos
lecida em lei. § 6o Lei complementar es- programas às esferas estadual
tabelecerá os requisitos para a e municipal, bem como a enti-
Art. 202. O regime de previdên- designação dos membros das dades beneficentes e de assis-
cia privada, de caráter comple- diretorias das entidades fecha- tência social;
mentar e organizado de forma das de previdência complementar II – participação da popula-
autônoma em relação ao regime instituídas pelos patrocinadores ção, por meio de organizações
geral de previdência social, será de que trata o § 4o e disciplina- representativas, na formulação
facultativo, baseado na constitui- rá a inserção dos participantes das políticas e no controle das
ção de reservas que garantam o nos colegiados e instâncias de ações em todos os níveis.
benefício contratado, e regulado decisão em que seus interesses Parágrafo único. É facultado
por lei complementar. sejam objeto de discussão e de- aos Estados e ao Distrito Federal
§ 1o A lei complementar de liberação. vincular a programa de apoio à
que trata este artigo assegura- inclusão e promoção social até
rá ao participante de planos de cinco décimos por cento de sua
benefícios de entidades de pre- receita tributária líquida, vedada
vidência privada o pleno acesso a aplicação desses recursos no
78
Constituição da República Federativa do Brasil
pagamento de: sobre as categorias de trabalha- Público, ou sua oferta irregular,
I – despesas com pessoal e dores considerados profissionais importa responsabilidade da au-
encargos sociais; da educação básica e sobre a fi- toridade competente.
II – serviço da dívida; xação de prazo para a elaboração § 3o Compete ao Poder Pú-
III – qualquer outra despe- ou adequação de seus planos de blico recensear os educandos no
sa corrente não vinculada dire- carreira, no âmbito da União, dos ensino fundamental, fazer-lhes a
tamente aos investimentos ou Estados, do Distrito Federal e dos chamada e zelar, junto aos pais
ações apoiados. Municípios. ou responsáveis, pela frequência
à escola.
Art. 207. As universidades go-
CAPÍTULO III – DA zam de autonomia didático-cien- Art. 209. O ensino é livre à ini-
EDUCAÇÃO, DA CULTURA E tífica, administrativa e de gestão ciativa privada, atendidas as se-
DO DESPORTO financeira e patrimonial, e obe- guintes condições:
decerão ao princípio de indisso- I – cumprimento das normas
Seção I – Da Educação ciabilidade entre ensino, pesquisa gerais da educação nacional;
e extensão. II – autorização e avaliação
Art. 205. A educação, direito de § 1o É facultado às universi- de qualidade pelo Poder Público.
todos e dever do Estado e da famí- dades admitir professores, téc-
lia, será promovida e incentivada nicos e cientistas estrangeiros, Art. 210. Serão fixados conteú-
com a colaboração da sociedade, na forma da lei. dos mínimos para o ensino fun-
visando ao pleno desenvolvimen- § 2o O disposto neste artigo damental, de maneira a assegu-
to da pessoa, seu preparo para o aplica-se às instituições de pes- rar formação básica comum e
exercício da cidadania e sua qua- quisa científica e tecnológica. respeito aos valores culturais e
lificação para o trabalho. artísticos, nacionais e regionais.
Art. 208. O dever do Estado com § 1o O ensino religioso, de
Art. 206. O ensino será minis- a educação será efetivado me- matrícula facultativa, constituirá
trado com base nos seguintes diante a garantia de: disciplina dos horários normais
princípios: I – educação básica obrigató- das escolas públicas de ensino
I – igualdade de condições ria e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 fundamental.
para o acesso e permanência (dezessete) anos de idade, asse- § 2o O ensino fundamental
na escola; gurada inclusive sua oferta gra- regular será ministrado em lín-
II – liberdade de aprender, tuita para todos os que a ela não gua portuguesa, assegurada às
ensinar, pesquisar e divulgar o tiveram acesso na idade própria; comunidades indígenas também
pensamento, a arte e o saber; II – progressiva universali- a utilização de suas línguas ma-
III – pluralismo de ideias e de zação do ensino médio gratuito; ternas e processos próprios de
concepções pedagógicas, e coe- III – atendimento educacional aprendizagem.
xistência de instituições públicas especializado aos portadores de
e privadas de ensino; deficiência, preferencialmente na Art. 211. A União, os Estados, o
IV – gratuidade do ensino rede regular de ensino; Distrito Federal e os Municípios
público em estabelecimentos IV – educação infantil, em cre- organizarão em regime de cola-
oficiais; che e pré-escola, às crianças até boração seus sistemas de ensino.
V – valorização dos profissio- 5 (cinco) anos de idade; § 1o A União organizará o sis-
nais da educação escolar, garan- V – acesso aos níveis mais tema federal de ensino e o dos
tidos, na forma da lei, planos de elevados do ensino, da pesquisa Territórios, financiará as institui-
carreira, com ingresso exclusiva- e da criação artística, segundo a ções de ensino públicas federais
mente por concurso público de capacidade de cada um; e exercerá, em matéria educa-
provas e títulos, aos das redes VI – oferta de ensino noturno cional, função redistributiva e
públicas; regular, adequado às condições supletiva, de forma a garantir
VI – gestão democrática do do educando; equalização de oportunidades
ensino público, na forma da lei; VII – atendimento ao educan- educacionais e padrão mínimo
VII – garantia de padrão de do, em todas as etapas da educa- de qualidade do ensino mediante
qualidade; ção básica, por meio de progra- assistência técnica e financeira
VIII – piso salarial profissional mas suplementares de material aos Estados, ao Distrito Federal
nacional para os profissionais da didático-escolar, transporte, ali- e aos Municípios.
educação escolar pública, nos mentação e assistência à saúde. § 2o Os Municípios atuarão
termos de lei federal; § 1o O acesso ao ensino obri- prioritariamente no ensino fun-
IX – garantia do direito à edu- gatório e gratuito é direito público damental e na educação infantil.
cação e à aprendizagem ao longo subjetivo. § 3o Os Estados e o Distrito
da vida. § 2o O não oferecimento do Federal atuarão prioritariamente
Parágrafo único. A lei disporá ensino obrigatório pelo Poder no ensino fundamental e médio.
79
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 4o Na organização de seus sistência à saúde previstos no e Desenvolvimento da Educação
sistemas de ensino, a União, os art. 208, VII, serão financiados Básica e de Valorização dos Pro-
Estados, o Distrito Federal e os com recursos provenientes de fissionais da Educação (Fundeb),
Municípios definirão formas de contribuições sociais e outros de natureza contábil;
colaboração, de forma a asse- recursos orçamentários. II – os fundos referidos no
gurar a universalização, a qua- § 5o A educação básica pú- inciso I do caput deste artigo se-
lidade e a equidade do ensino blica terá como fonte adicional rão constituídos por 20% (vinte
obrigatório. de financiamento a contribui- por cento):
§ 5o A educação básica pú- ção social do salário-educação, a) das parcelas dos Esta-
blica atenderá prioritariamente recolhida pelas empresas na for- dos no imposto de que trata o
ao ensino regular. ma da lei. art. 156‑A;
§ 6o A União, os Estados, o § 6o As cotas estaduais e b) da parcela do Distrito Fe-
Distrito Federal e os Municípios municipais da arrecadação da deral no imposto de que trata o
exercerão ação redistributiva em contribuição social do salário-e- art. 156‑A, relativa ao exercício
relação a suas escolas. ducação serão distribuídas pro- de sua competência estadual,
§ 7o O padrão mínimo de qua- porcionalmente ao número de nos termos do art. 156‑A, § 2o; e
lidade de que trata o § 1o deste alunos matriculados na educação c) dos recursos a que se re-
artigo considerará as condições básica nas respectivas redes pú- ferem os incisos I, II e III do caput
adequadas de oferta e terá como blicas de ensino. do art. 155, o inciso II do caput do
referência o Custo Aluno Qualida- § 7o É vedado o uso dos re- art. 157, os incisos II, III e IV do
de (CAQ), pactuados em regime de cursos referidos no caput e nos caput do art. 158 e as alíneas “a” e
colaboração na forma disposta §§ 5o e 6o deste artigo para pa- “b” do inciso I e o inciso II do caput
em lei complementar, conforme gamento de aposentadorias e do art. 159 desta Constituição;
o parágrafo único do art. 23 desta de pensões. III – os recursos referidos no
Constituição. § 8o Na hipótese de extinção inciso II do caput deste artigo se-
ou de substituição de impostos, rão distribuídos entre cada Estado
Art. 212. A União aplicará, anual- serão redefinidos os percentuais e seus Municípios, proporcional-
mente, nunca menos de dezoito, e referidos no caput deste artigo e mente ao número de alunos das
os Estados, o Distrito Federal e os no inciso II do caput do art. 212‑A, diversas etapas e modalidades
Municípios vinte e cinco por cento, de modo que resultem recur- da educação básica presencial
no mínimo, da receita resultan- sos vinculados à manutenção e matriculados nas respectivas
te de impostos, compreendida a ao desenvolvimento do ensino, redes, nos âmbitos de atuação
proveniente de transferências, na bem como os recursos subvin- prioritária, conforme estabeleci-
manutenção e desenvolvimento culados aos fundos de que trata do nos §§ 2o e 3o do art. 211 des-
do ensino. o art. 212‑A desta Constituição, ta Constituição, observadas as
§ 1o A parcela da arrecada- em aplicações equivalentes às ponderações referidas na alínea
ção de impostos transferida pela anteriormente praticadas. “a” do inciso X do caput e no § 2o
União aos Estados, ao Distrito Fe- § 9o A lei disporá sobre nor- deste artigo;
deral e aos Municípios, ou pelos mas de fiscalização, de avaliação IV – a União complementará
Estados aos respectivos Muni- e de controle das despesas com os recursos dos fundos a que se
cípios, não é considerada, para educação nas esferas estadual, refere o inciso II do caput deste
efeito do cálculo previsto neste distrital e municipal. artigo;
artigo, receita do governo que a V – a complementação da
transferir. Art. 212-A. Os Estados, o Distrito União será equivalente a, no mí-
§ 2o Para efeito do cumpri- Federal e os Municípios destina- nimo, 23% (vinte e três por cento)
mento do disposto no caput des- rão parte dos recursos a que se do total de recursos a que se refe-
te artigo, serão considerados os refere o caput do art. 212 desta re o inciso II do caput deste artigo,
sistemas de ensino federal, es- Constituição à manutenção e ao distribuída da seguinte forma:
tadual e municipal e os recursos desenvolvimento do ensino na a) 10 (dez) pontos percentu-
aplicados na forma do art. 213. educação básica e à remunera- ais no âmbito de cada Estado e
§ 3o A distribuição dos recur- ção condigna de seus profissio- do Distrito Federal, sempre que o
sos públicos assegurará priorida- nais, respeitadas as seguintes valor anual por aluno (VAAF), nos
de ao atendimento das necessi- disposições: termos do inciso III do caput des-
dades do ensino obrigatório, no I – a distribuição dos recur- te artigo, não alcançar o mínimo
que se refere a universalização, sos e de responsabilidades entre definido nacionalmente;
garantia de padrão de qualidade o Distrito Federal, os Estados e b) no mínimo, 10,5 (dez in-
e equidade, nos termos do plano seus Municípios é assegurada teiros e cinco décimos) pontos
nacional de educação. mediante a instituição, no âmbito percentuais em cada rede pública
§ 4o Os programas suple- de cada Estado e do Distrito Fede- de ensino municipal, estadual ou
mentares de alimentação e as- ral, de um Fundo de Manutenção distrital, sempre que o valor anual
80
Constituição da República Federativa do Brasil
total por aluno (VAAT), referido no cional de seus recursos, as dife- artigo, deverá considerar, além
inciso VI do caput deste artigo, renças e as ponderações quanto dos recursos previstos no inciso II
não alcançar o mínimo definido ao valor anual por aluno entre do caput deste artigo, pelo menos,
nacionalmente; etapas, modalidades, duração as seguintes disponibilidades:
c) 2,5 (dois inteiros e cinco da jornada e tipos de estabele- I – receitas de Estados, do
décimos) pontos percentuais nas cimento de ensino, observados Distrito Federal e de Municípios
redes públicas que, cumpridas as respectivas especificidades vinculadas à manutenção e ao
condicionalidades de melhoria e os insumos necessários para a desenvolvimento do ensino não
de gestão previstas em lei, alcan- garantia de sua qualidade; integrantes dos fundos referidos
çarem evolução de indicadores a b) a forma de cálculo do VAAF no inciso I do caput deste artigo;
serem definidos, de atendimento decorrente do inciso III do caput II – cotas estaduais e munici-
e melhoria da aprendizagem com deste artigo e do VAAT referido pais da arrecadação do salário-
redução das desigualdades, nos no inciso VI do caput deste artigo; -educação de que trata o § 6o do
termos do sistema nacional de c) a forma de cálculo para art. 212 desta Constituição;
avaliação da educação básica; distribuição prevista na alínea “c” III – complementação da
VI – o VAAT será calculado, na do inciso V do caput deste artigo; União transferida a Estados, ao
forma da lei de que trata o inciso d) a transparência, o mo- Distrito Federal e a Municípios
X do caput deste artigo, com base nitoramento, a fiscalização e o nos termos da alínea “a” do inciso
nos recursos a que se refere o controle interno, externo e social V do caput deste artigo.
inciso II do caput deste artigo, dos fundos referidos no inciso I § 2o Além das ponderações
acrescidos de outras receitas e do caput deste artigo, assegu- previstas na alínea “a” do inciso X
de transferências vinculadas à rada a criação, a autonomia, a do caput deste artigo, a lei definirá
educação, observado o disposto manutenção e a consolidação de outras relativas ao nível socioe-
no § 1o e consideradas as matrí- conselhos de acompanhamento conômico dos educandos e aos
culas nos termos do inciso III do e controle social, admitida sua indicadores de disponibilidade de
caput deste artigo; integração aos conselhos de edu- recursos vinculados à educação
VII – os recursos de que tra- cação; e de potencial de arrecadação
tam os incisos II e IV do caput e) o conteúdo e a periodici- tributária de cada ente federa-
deste artigo serão aplicados pe- dade da avaliação, por parte do do, bem como seus prazos de
los Estados e pelos Municípios órgão responsável, dos efeitos implementação.
exclusivamente nos respectivos redistributivos, da melhoria dos § 3o Será destinada à edu-
âmbitos de atuação prioritária, indicadores educacionais e da cação infantil a proporção de
conforme estabelecido nos §§ 2o ampliação do atendimento; 50% (cinquenta por cento) dos
e 3o do art. 211 desta Constituição; XI – proporção não inferior a recursos globais a que se refere
VIII – a vinculação de recursos 70% (setenta por cento) de cada a alínea “b” do inciso V do caput
à manutenção e ao desenvolvi- fundo referido no inciso I do caput deste artigo, nos termos da lei.
mento do ensino estabelecida deste artigo, excluídos os recur-
no art. 212 desta Constituição sos de que trata a alínea “c” do Art. 213. Os recursos públicos
suportará, no máximo, 30% (trinta inciso V do caput deste artigo, serão destinados às escolas pú-
por cento) da complementação da será destinada ao pagamento dos blicas, podendo ser dirigidos a
União, considerados para os fins profissionais da educação básica escolas comunitárias, confes-
deste inciso os valores previstos em efetivo exercício, observado, sionais ou filantrópicas, definidas
no inciso V do caput deste artigo; em relação aos recursos previstos em lei, que:
IX – o disposto no caput do na alínea “b” do inciso V do caput I – comprovem finalidade não
art. 160 desta Constituição apli- deste artigo, o percentual mínimo lucrativa e apliquem seus exce-
ca-se aos recursos referidos nos de 15% (quinze por cento) para dentes financeiros em educação;
incisos II e IV do caput deste ar- despesas de capital; II – assegurem a destinação
tigo, e seu descumprimento pela XII – lei específica disporá de seu patrimônio a outra escola
autoridade competente importará sobre o piso salarial profissional comunitária, filantrópica ou con-
em crime de responsabilidade; nacional para os profissionais fessional, ou ao Poder Público, no
X – a lei disporá, observadas do magistério da educação bá- caso de encerramento de suas
as garantias estabelecidas nos in- sica pública; atividades.
cisos I, II, III e IV do caput e no § 1o XIII – a utilização dos recursos § 1o Os recursos de que trata
do art. 208 e as metas pertinentes a que se refere o § 5o do art. 212 este artigo poderão ser destina-
do plano nacional de educação, desta Constituição para a com- dos a bolsas de estudo para o
nos termos previstos no art. 214 plementação da União ao Fundeb, ensino fundamental e médio, na
desta Constituição, sobre: referida no inciso V do caput deste forma da lei, para os que demons-
a) a organização dos fundos artigo, é vedada. trarem insuficiência de recursos,
referidos no inciso I do caput des- § 1o O cálculo do VAAT, refe- quando houver falta de vagas e
te artigo e a distribuição propor- rido no inciso VI do caput deste cursos regulares da rede públi-
81
Constituição da República Federativa do Brasil
ca na localidade da residência § 3o A lei estabelecerá o Pla- § 5o Ficam tombados todos
do educando, ficando o Poder no Nacional de Cultura, de dura- os documentos e os sítios deten-
Público obrigado a investir prio- ção plurianual, visando ao de- tores de reminiscências históri-
ritariamente na expansão de sua senvolvimento cultural do País e cas dos antigos quilombos.
rede na localidade. à integração das ações do poder § 6o É facultado aos Estados
§ 2o As atividades de pesqui- público que conduzem à: e ao Distrito Federal vincular a
sa, de extensão e de estímulo e I – defesa e valorização do fundo estadual de fomento à cul-
fomento à inovação realizadas patrimônio cultural brasileiro; tura até cinco décimos por cento
por universidades e/ou por insti- II – produção, promoção e de sua receita tributária líquida,
tuições de educação profissional difusão de bens culturais; para o financiamento de progra-
e tecnológica poderão receber III – formação de pessoal qua- mas e projetos culturais, vedada
apoio financeiro do Poder Público. lificado para a gestão da cultura a aplicação desses recursos no
em suas múltiplas dimensões; pagamento de:
Art. 214. A lei estabelecerá o IV – democratização do aces- I – despesas com pessoal e
plano nacional de educação, de so aos bens de cultura; encargos sociais;
duração decenal, com o objetivo V – valorização da diversidade II – serviço da dívida;
de articular o sistema nacional de étnica e regional. III – qualquer outra despe-
educação em regime de colabora- sa corrente não vinculada dire-
ção e definir diretrizes, objetivos, Art. 216. Constituem patrimônio tamente aos investimentos ou
metas e estratégias de implemen- cultural brasileiro os bens de na- ações apoiados.
tação para assegurar a manuten- tureza material e imaterial, toma-
ção e desenvolvimento do ensino dos individualmente ou em con- Art. 216-A. O Sistema Nacional
em seus diversos níveis, etapas e junto, portadores de referência de Cultura, organizado em re-
modalidades por meio de ações à identidade, à ação, à memória gime de colaboração, de forma
integradas dos poderes públicos dos diferentes grupos formado- descentralizada e participativa,
das diferentes esferas federativas res da sociedade brasileira, nos institui um processo de gestão e
que conduzam a: quais se incluem: promoção conjunta de políticas
I – erradicação do analfabe- I – as formas de expressão; públicas de cultura, democráticas
tismo; II – os modos de criar, fazer e permanentes, pactuadas entre
II – universalização do aten- e viver; os entes da Federação e a socie-
dimento escolar; III – as criações científicas, dade, tendo por objetivo promo-
III – melhoria da qualidade artísticas e tecnológicas; ver o desenvolvimento humano,
do ensino; IV – as obras, objetos, docu- social e econômico com pleno
IV – formação para o trabalho; mentos, edificações e demais exercício dos direitos culturais.
V – promoção humanística, espaços destinados às manifes- § 1o O Sistema Nacional de
científica e tecnológica do País; tações artístico-culturais; Cultura fundamenta-se na políti-
VI – estabelecimento de meta V – os conjuntos urbanos e ca nacional de cultura e nas suas
de aplicação de recursos públicos sítios de valor histórico, paisagís- diretrizes, estabelecidas no Plano
em educação como proporção do tico, artístico, arqueológico, pale- Nacional de Cultura, e rege-se
produto interno bruto. ontológico, ecológico e científico. pelos seguintes princípios:
§ 1o O Poder Público, com a I – diversidade das expres-
colaboração da comunidade, pro- sões culturais;
Seção II – Da Cultura moverá e protegerá o patrimônio II – universalização do acesso
cultural brasileiro, por meio de aos bens e serviços culturais;
Art. 215. O Estado garantirá a inventários, registros, vigilância, III – fomento à produção, difu-
todos o pleno exercício dos direi- tombamento e desapropriação, são e circulação de conhecimento
tos culturais e acesso às fontes e de outras formas de acautela- e bens culturais;
da cultura nacional, e apoiará e mento e preservação. IV – cooperação entre os en-
incentivará a valorização e a difu- § 2o Cabem à administração tes federados, os agentes públi-
são das manifestações culturais. pública, na forma da lei, a gestão cos e privados atuantes na área
§ 1o O Estado protegerá as da documentação governamental cultural;
manifestações das culturas po- e as providências para franque- V – integração e interação
pulares, indígenas e afro-brasi- ar sua consulta a quantos dela na execução das políticas, pro-
leiras, e das de outros grupos necessitem. gramas, projetos e ações desen-
participantes do processo civi- § 3o A lei estabelecerá incen- volvidas;
lizatório nacional. tivos para a produção e o conheci- VI – complementaridade nos
§ 2o A lei disporá sobre a fi- mento de bens e valores culturais. papéis dos agentes culturais;
xação de datas comemorativas de § 4o Os danos e ameaças ao VII – transversalidade das po-
alta significação para os diferen- patrimônio cultural serão puni- líticas culturais;
tes segmentos étnicos nacionais. dos, na forma da lei. VIII – autonomia dos entes
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Constituição da República Federativa do Brasil
federados e das instituições da não profissional; e ao Distrito Federal vincular par-
sociedade civil; IV – a proteção e o incentivo cela de sua receita orçamentária
IX – transparência e com- às manifestações desportivas de a entidades públicas de fomento
partilhamento das informações; criação nacional. ao ensino e à pesquisa científica
X – democratização dos pro- § 1o O Poder Judiciário só e tecnológica.
cessos decisórios com participa- admitirá ações relativas à dis- § 6o O Estado, na execução
ção e controle social; ciplina e às competições des- das atividades previstas no caput,
XI – descentralização articu- portivas após esgotarem-se as estimulará a articulação entre
lada e pactuada da gestão, dos instâncias da justiça desportiva, entes, tanto públicos quanto pri-
recursos e das ações; regulada em lei. vados, nas diversas esferas de
XII – ampliação progressiva § 2o A justiça desportiva terá governo.
dos recursos contidos nos orça- o prazo máximo de sessenta dias, § 7o O Estado promoverá e
mentos públicos para a cultura. contados da instauração do pro- incentivará a atuação no exterior
§ 2o Constitui a estrutura cesso, para proferir decisão final. das instituições públicas de ciên-
do Sistema Nacional de Cultu- § 3o O Poder Público incen- cia, tecnologia e inovação, com
ra, nas respectivas esferas da tivará o lazer, como forma de vistas à execução das atividades
Federação: promoção social. previstas no caput.
I – órgãos gestores da cultura;
II – conselhos de política cul- Art. 219. O mercado interno in-
tural; CAPÍTULO IV – DA CIÊNCIA, tegra o patrimônio nacional e
III – conferências de cultura; TECNOLOGIA E INOVAÇÃO será incentivado de modo a via-
IV – comissões intergestores; bilizar o desenvolvimento cultural
V – planos de cultura; Art. 218. O Estado promoverá e socioeconômico, o bem-estar
VI – sistemas de financiamen- e incentivará o desenvolvimento da população e a autonomia tec-
to à cultura; científico, a pesquisa, a capaci- nológica do País, nos termos de
VII – sistemas de informações tação científica e tecnológica e lei federal.
e indicadores culturais; a inovação. Parágrafo único. O Estado
VIII – programas de formação § 1o A pesquisa científica bá- estimulará a formação e o for-
na área da cultura; e sica e tecnológica receberá tra- talecimento da inovação nas em-
IX – sistemas setoriais de tamento prioritário do Estado, presas, bem como nos demais
cultura. tendo em vista o bem público e o entes, públicos ou privados, a
§ 3o Lei federal disporá sobre progresso da ciência, tecnologia constituição e a manutenção de
a regulamentação do Sistema Na- e inovação. parques e polos tecnológicos e
cional de Cultura, bem como de § 2o A pesquisa tecnológica de demais ambientes promotores
sua articulação com os demais voltar-se-á preponderantemen- da inovação, a atuação dos inven-
sistemas nacionais ou políticas te para a solução dos problemas tores independentes e a criação,
setoriais de governo. brasileiros e para o desenvol- absorção, difusão e transferência
§ 4o Os Estados, o Distrito vimento do sistema produtivo de tecnologia.
Federal e os Municípios organiza- nacional e regional.
rão seus respectivos sistemas de § 3o O Estado apoiará a for- Art. 219-A. A União, os Estados,
cultura em leis próprias. mação de recursos humanos nas o Distrito Federal e os Municípios
áreas de ciência, pesquisa, tec- poderão firmar instrumentos de
nologia e inovação, inclusive por cooperação com órgãos e en-
Seção III – Do Desporto meio do apoio às atividades de ex- tidades públicos e com entida-
tensão tecnológica, e concederá des privadas, inclusive para o
Art. 217. É dever do Estado fo- aos que delas se ocupem meios e compartilhamento de recursos
mentar práticas desportivas for- condições especiais de trabalho. humanos especializados e ca-
mais e não formais, como direito § 4o A lei apoiará e estimula- pacidade instalada, para a exe-
de cada um, observados: rá as empresas que invistam em cução de projetos de pesquisa,
I – a autonomia das entidades pesquisa, criação de tecnologia de desenvolvimento científico e
desportivas dirigentes e associa- adequada ao País, formação e tecnológico e de inovação, me-
ções, quanto a sua organização aperfeiçoamento de seus recur- diante contrapartida financeira
e funcionamento; sos humanos e que pratiquem ou não financeira assumida pelo
II – a destinação de recursos sistemas de remuneração que ente beneficiário, na forma da lei.
públicos para a promoção prio- assegurem ao empregado, des-
ritária do desporto educacional vinculada do salário, participação Art. 219-B. O Sistema Nacional
e, em casos específicos, para a nos ganhos econômicos resul- de Ciência, Tecnologia e Inovação
do desporto de alto rendimento; tantes da produtividade de seu será organizado em regime de
III – o tratamento diferenciado trabalho. colaboração entre entes, tanto
para o desporto profissional e o § 5o É facultado aos Estados públicos quanto privados, com
83
Constituição da República Federativa do Brasil
vistas a promover o desenvolvi- § 5o Os meios de comuni- de lei específica, que também
mento científico e tecnológico e cação social não podem, direta garantirá a prioridade de profis-
a inovação. ou indiretamente, ser objeto de sionais brasileiros na execução
§ 1o Lei federal disporá so- monopólio ou oligopólio. de produções nacionais.
bre as normas gerais do Sistema § 6o A publicação de veículo § 4o Lei disciplinará a par-
Nacional de Ciência, Tecnologia impresso de comunicação inde- ticipação de capital estrangeiro
e Inovação. pende de licença de autoridade. nas empresas de que trata o § 1o.
§ 2o Os Estados, o Distrito § 5o As alterações de contro-
Federal e os Municípios legislarão Art. 221. A produção e a progra- le societário das empresas de que
concorrentemente sobre suas mação das emissoras de rádio e trata o § 1o serão comunicadas ao
peculiaridades. televisão atenderão aos seguintes Congresso Nacional.
princípios:
I – preferência a finalidades Art. 223. Compete ao Poder
CAPÍTULO V – DA educativas, artísticas, culturais Executivo outorgar e renovar
COMUNICAÇÃO SOCIAL e informativas; concessão, permissão e autori-
II – promoção da cultura na- zação para o serviço de radio-
Art. 220. A manifestação do cional e regional e estímulo à pro- difusão sonora e de sons e ima-
pensamento, a criação, a expres- dução independente que objetive gens, observado o princípio da
são e a informação, sob qualquer sua divulgação; complementaridade dos sistemas
forma, processo ou veículo não III – regionalização da pro- privado, público e estatal.
sofrerão qualquer restrição, ob- dução cultural, artística e jor- § 1o O Congresso Nacio-
servado o disposto nesta Cons- nalística, conforme percentuais nal apreciará o ato no prazo do
tituição. estabelecidos em lei; art. 64, §§ 2o e 4o, a contar do re-
§ 1o Nenhuma lei conterá IV – respeito aos valores éti- cebimento da mensagem.
dispositivo que possa constituir cos e sociais da pessoa e da fa- § 2o A não renovação da con-
embaraço à plena liberdade de in- mília. cessão ou permissão dependerá
formação jornalística em qualquer de aprovação de, no mínimo, dois
veículo de comunicação social, Art. 222. A propriedade de em- quintos do Congresso Nacional,
observado o disposto no art. 5o, presa jornalística e de radiodifu- em votação nominal.
IV, V, X, XIII e XIV. são sonora e de sons e imagens § 3o O ato de outorga ou re-
§ 2o É vedada toda e qual- é privativa de brasileiros natos novação somente produzirá efei-
quer censura de natureza política, ou naturalizados há mais de dez tos legais após deliberação do
ideológica e artística. anos, ou de pessoas jurídicas Congresso Nacional, na forma
§ 3o Compete à lei federal: constituídas sob as leis brasilei- dos parágrafos anteriores.
I – regular as diversões e es- ras e que tenham sede no País. § 4o O cancelamento da con-
petáculos públicos, cabendo ao § 1o Em qualquer caso, pelo cessão ou permissão, antes de
Poder Público informar sobre a menos setenta por cento do ca- vencido o prazo, depende de de-
natureza deles, as faixas etárias pital total e do capital votante cisão judicial.
a que não se recomendem, locais das empresas jornalísticas e de § 5o O prazo da concessão ou
e horários em que sua apresenta- radiodifusão sonora e de sons e permissão será de dez anos para
ção se mostre inadequada; imagens deverá pertencer, direta as emissoras de rádio e de quinze
II – estabelecer os meios le- ou indiretamente, a brasileiros para as de televisão.
gais que garantam à pessoa e natos ou naturalizados há mais
à família a possibilidade de se de dez anos, que exercerão obri- Art. 224. Para os efeitos do dis-
defenderem de programas ou gatoriamente a gestão das ativi- posto neste capítulo, o Congresso
programações de rádio e televi- dades e estabelecerão o conteúdo Nacional instituirá, como órgão
são que contrariem o disposto no da programação. auxiliar, o Conselho de Comu-
art. 221, bem como da propaganda § 2o A responsabilidade edi- nicação Social, na forma da lei.
de produtos, práticas e serviços torial e as atividades de seleção
que possam ser nocivos à saúde e direção da programação veicu-
e ao meio ambiente. lada são privativas de brasileiros CAPÍTULO VI – DO MEIO
§ 4o A propaganda comer- natos ou naturalizados há mais AMBIENTE
cial de tabaco, bebidas alcoóli- de dez anos, em qualquer meio
cas, agrotóxicos, medicamen- de comunicação social. Art. 225. Todos têm direito ao
tos e terapias estará sujeita a § 3o Os meios de comunica- meio ambiente ecologicamente
restrições legais, nos termos do ção social eletrônica, indepen- equilibrado, bem de uso comum
inciso II do parágrafo anterior, e dentemente da tecnologia utili- do povo e essencial à sadia qua-
conterá, sempre que necessário, zada para a prestação do serviço, lidade de vida, impondo-se ao
advertência sobre os malefícios deverão observar os princípios Poder Público e à coletividade o
decorrentes de seu uso. enunciados no art. 221, na forma dever de defendê-lo e preservá-
84
Constituição da República Federativa do Brasil
-lo para as presentes e futuras art. 195, I, “b”, IV e V, e o art. 239 § 1o O casamento é civil e
gerações. e aos impostos a que se referem gratuita a celebração.
§ 1o Para assegurar a efe- os arts. 155, II, e 156‑A. § 2o O casamento religioso
tividade desse direito, incumbe § 2o Aquele que explorar re- tem efeito civil, nos termos da lei.
ao Poder Público: cursos minerais fica obrigado a § 3o Para efeito da proteção
I – preservar e restaurar os recuperar o meio ambiente de- do Estado, é reconhecida a união
processos ecológicos essenciais gradado, de acordo com solução estável entre o homem e a mulher
e prover o manejo ecológico das técnica exigida pelo órgão públi- como entidade familiar, devendo
espécies e ecossistemas; co competente, na forma da lei. a lei facilitar sua conversão em
II – preservar a diversidade § 3o As condutas e ativida- casamento.
e a integridade do patrimônio des consideradas lesivas ao meio § 4o Entende-se, também,
genético do País e fiscalizar as ambiente sujeitarão os infratores, como entidade familiar a comu-
entidades dedicadas à pesqui- pessoas físicas ou jurídicas, a nidade formada por qualquer dos
sa e manipulação de material sanções penais e administrativas, pais e seus descendentes.
genético; independentemente da obrigação § 5o Os direitos e deveres
III – definir, em todas as uni- de reparar os danos causados. referentes à sociedade conjugal
dades da Federação, espaços § 4o A Floresta Amazônica são exercidos igualmente pelo
territoriais e seus componentes a brasileira, a Mata Atlântica, a Ser- homem e pela mulher.
serem especialmente protegidos, ra do Mar, o Pantanal Mato-Gros- § 6o O casamento civil pode
sendo a alteração e a supressão sense e a Zona Costeira são patri- ser dissolvido pelo divórcio.
permitidas somente através de mônio nacional, e sua utilização § 7o Fundado nos princípios
lei, vedada qualquer utilização far-se-á, na forma da lei, dentro da dignidade da pessoa humana
que comprometa a integridade de condições que assegurem a e da paternidade responsável,
dos atributos que justifiquem sua preservação do meio ambiente, o planejamento familiar é livre
proteção; inclusive quanto ao uso dos re- decisão do casal, competindo ao
IV – exigir, na forma da lei, cursos naturais. Estado propiciar recursos edu-
para instalação de obra ou ativi- § 5o São indisponíveis as ter- cacionais e científicos para o
dade potencialmente causadora ras devolutas ou arrecadadas exercício desse direito, vedada
de significativa degradação do pelos Estados, por ações discri- qualquer forma coercitiva por
meio ambiente, estudo prévio de minatórias, necessárias à prote- parte de instituições oficiais ou
impacto ambiental, a que se dará ção dos ecossistemas naturais. privadas.
publicidade; § 6o As usinas que operem § 8o O Estado assegurará a
V – controlar a produção, a com reator nuclear deverão ter assistência à família na pessoa
comercialização e o emprego sua localização definida em lei de cada um dos que a integram,
de técnicas, métodos e substân- federal, sem o que não poderão criando mecanismos para coibir
cias que comportem risco para a ser instaladas. a violência no âmbito de suas
vida, a qualidade de vida e o meio § 7o Para fins do disposto relações.
ambiente; na parte final do inciso VII do § 1o
VI – promover a educação deste artigo, não se consideram Art. 227. É dever da família, da
ambiental em todos os níveis de cruéis as práticas desportivas sociedade e do Estado assegurar
ensino e a conscientização pú- que utilizem animais, desde que à criança, ao adolescente e ao
blica para a preservação do meio sejam manifestações culturais, jovem, com absoluta prioridade,
ambiente; conforme o § 1o do art. 215 desta o direito à vida, à saúde, à ali-
VII – proteger a fauna e a flo- Constituição Federal, registradas mentação, à educação, ao lazer,
ra, vedadas, na forma da lei, as como bem de natureza imaterial à profissionalização, à cultura, à
práticas que coloquem em risco integrante do patrimônio cultural dignidade, ao respeito, à liber-
sua função ecológica, provoquem brasileiro, devendo ser regula- dade e à convivência familiar e
a extinção de espécies ou sub- mentadas por lei específica que comunitária, além de colocá-los a
metam os animais a crueldade; assegure o bem-estar dos ani- salvo de toda forma de negligên-
VIII – manter regime fiscal mais envolvidos. cia, discriminação, exploração,
favorecido para os biocombustí- violência, crueldade e opressão.
veis e para o hidrogênio de baixa § 1o O Estado promoverá pro-
emissão de carbono, na forma de CAPÍTULO VII – DA gramas de assistência integral à
lei complementar, a fim de asse- FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO saúde da criança, do adolescente
gurar-lhes tributação inferior à ADOLESCENTE, DO JOVEM e do jovem, admitida a partici-
incidente sobre os combustíveis E DO IDOSO pação de entidades não gover-
fósseis, capaz de garantir dife- namentais, mediante políticas
rencial competitivo em relação a Art. 226. A família, base da so- específicas e obedecendo aos
estes, especialmente em relação ciedade, tem especial proteção seguintes preceitos:
às contribuições de que tratam o do Estado. I – aplicação de percentual
85
Constituição da República Federativa do Brasil
dos recursos públicos destinados centes e drogas afins. CAPÍTULO VIII – DOS
à saúde na assistência materno- § 4o A lei punirá severamente ÍNDIOS
-infantil; o abuso, a violência e a explora-
II – criação de programas de ção sexual da criança e do ado- Art. 231. São reconhecidos aos
prevenção e atendimento espe- lescente. índios sua organização social,
cializado para as pessoas porta- § 5o A adoção será assisti- costumes, línguas, crenças e tra-
doras de deficiência física, sen- da pelo Poder Público, na forma dições, e os direitos originários
sorial ou mental, bem como de da lei, que estabelecerá casos e sobre as terras que tradicional-
integração social do adolescente condições de sua efetivação por mente ocupam, competindo à
e do jovem portador de deficiên- parte de estrangeiros. União demarcá-las, proteger e fa-
cia, mediante o treinamento para § 6o Os filhos, havidos ou não zer respeitar todos os seus bens.
o trabalho e a convivência, e a da relação do casamento, ou por § 1o São terras tradicional-
facilitação do acesso aos bens adoção, terão os mesmos direitos mente ocupadas pelos índios as
e serviços coletivos, com a eli- e qualificações, proibidas quais- por eles habitadas em caráter
minação de obstáculos arquite- quer designações discriminató- permanente, as utilizadas para
tônicos e de todas as formas de rias relativas à filiação. suas atividades produtivas, as im-
discriminação. § 7o No atendimento dos di- prescindíveis à preservação dos
§ 2o A lei disporá sobre nor- reitos da criança e do adolescen- recursos ambientais necessários
mas de construção dos logradou- te levar-se-á em consideração o a seu bem-estar e as necessárias
ros e dos edifícios de uso público disposto no art. 204. a sua reprodução física e cultural,
e de fabricação de veículos de § 8o A lei estabelecerá: segundo seus usos, costumes e
transporte coletivo, a fim de ga- I – o estatuto da juventude, tradições.
rantir acesso adequado às pes- destinado a regular os direitos § 2o As terras tradicional-
soas portadoras de deficiência. dos jovens; mente ocupadas pelos índios
§ 3o O direito a proteção es- II – o plano nacional de juven- destinam-se a sua posse per-
pecial abrangerá os seguintes tude, de duração decenal, visando manente, cabendo-lhes o usu-
aspectos: à articulação das várias esferas fruto exclusivo das riquezas do
I – idade mínima de quatorze do poder público para a execução solo, dos rios e dos lagos nelas
anos para admissão ao trabalho, de políticas públicas. existentes.
observado o disposto no art. 7o, § 3o O aproveitamento dos
XXXIII; Art. 228. São penalmente inim- recursos hídricos, incluídos os
II – garantia de direitos previ- putáveis os menores de dezoito potenciais energéticos, a pesqui-
denciários e trabalhistas; anos, sujeitos às normas da le- sa e a lavra das riquezas minerais
III – garantia de acesso do gislação especial. em terras indígenas só podem
trabalhador adolescente e jovem ser efetivados com autorização
à escola; Art. 229. Os pais têm o dever do Congresso Nacional, ouvidas
IV – garantia de pleno e for- de assistir, criar e educar os fi- as comunidades afetadas, fican-
mal conhecimento da atribuição lhos menores, e os filhos maiores do-lhes assegurada participação
de ato infracional, igualdade na têm o dever de ajudar e amparar nos resultados da lavra, na for-
relação processual e defesa téc- os pais na velhice, carência ou ma da lei.
nica por profissional habilitado, enfermidade. § 4o As terras de que trata
segundo dispuser a legislação este artigo são inalienáveis e in-
tutelar específica; Art. 230. A família, a sociedade e disponíveis, e os direitos sobre
V – obediência aos princípios o Estado têm o dever de amparar elas, imprescritíveis.
de brevidade, excepcionalidade as pessoas idosas, assegurando § 5o É vedada a remoção
e respeito à condição peculiar sua participação na comunida- dos grupos indígenas de suas
de pessoa em desenvolvimento, de, defendendo sua dignidade e terras, salvo, ad referendum do
quando da aplicação de qualquer bem-estar e garantindo-lhes o Congresso Nacional, em caso de
medida privativa da liberdade; direito à vida. catástrofe ou epidemia que ponha
VI – estímulo do Poder Públi- § 1o Os programas de ampa- em risco sua população, ou no
co, através de assistência jurídica, ro aos idosos serão executados interesse da soberania do País,
incentivos fiscais e subsídios, nos preferencialmente em seus lares. após deliberação do Congresso
termos da lei, ao acolhimento, sob § 2o Aos maiores de sessenta Nacional, garantido, em qualquer
a forma de guarda, de criança e cinco anos é garantida a gratui- hipótese, o retorno imediato logo
ou adolescente órfão ou aban- dade dos transportes coletivos que cesse o risco.
donado; urbanos. § 6o São nulos e extintos, não
VII – programas de preven- produzindo efeitos jurídicos, os
ção e atendimento especializado atos que tenham por objeto a
à criança, ao adolescente e ao ocupação, o domínio e a posse
jovem dependente de entorpe- das terras a que se refere este
86
Constituição da República Federativa do Brasil
artigo, ou a exploração das rique- V – os primeiros Desembar- serão disciplinadas na Consti-
zas naturais do solo, dos rios e dos gadores serão nomeados pelo tuição Estadual;
lagos nelas existentes, ressalva- Governador eleito, escolhidos da XI – as despesas orçamen-
do relevante interesse público da seguinte forma: tárias com pessoal não poderão
União, segundo o que dispuser a) cinco dentre os magistra- ultrapassar cinquenta por cento
lei complementar, não gerando dos com mais de trinta e cinco da receita do Estado.
a nulidade e a extinção direito a anos de idade, em exercício na
indenização ou a ações contra área do novo Estado ou do Esta- Art. 236. Os serviços notariais
a União, salvo, na forma da lei, do originário; e de registro são exercidos em
quanto às benfeitorias derivadas b) dois dentre promotores, caráter privado, por delegação
da ocupação de boa-fé. nas mesmas condições, e advo- do Poder Público.
§ 7o Não se aplica às terras gados de comprovada idoneidade § 1o Lei regulará as ativida-
indígenas o disposto no art. 174, e saber jurídico, com dez anos, no des, disciplinará a responsabili-
§§ 3o e 4o. mínimo, de exercício profissional, dade civil e criminal dos notários,
obedecido o procedimento fixado dos oficiais de registro e de seus
Art. 232. Os índios, suas co- na Constituição; prepostos, e definirá a fiscali-
munidades e organizações são VI – no caso de Estado pro- zação de seus atos pelo Poder
partes legítimas para ingressar veniente de Território Federal, os Judiciário.
em juízo em defesa de seus di- cinco primeiros Desembargado- § 2o Lei federal estabelecerá
reitos e interesses, intervindo o res poderão ser escolhidos den- normas gerais para fixação de
Ministério Público em todos os tre juízes de direito de qualquer emolumentos relativos aos atos
atos do processo. parte do País; praticados pelos serviços nota-
VII – em cada Comarca, o pri- riais e de registro.
meiro Juiz de Direito, o primeiro § 3o O ingresso na atividade
TÍTULO IX – DAS Promotor de Justiça e o primeiro notarial e de registro depende
DISPOSIÇÕES Defensor Público serão nomeados de concurso público de provas
CONSTITUCIONAIS GERAIS pelo Governador eleito após con- e títulos, não se permitindo que
curso público de provas e títulos; qualquer serventia fique vaga,
Art. 233. (Revogado) VIII – até a promulgação da sem abertura de concurso de
Constituição Estadual, responde- provimento ou de remoção, por
Art. 234. É vedado à União, di- rão pela Procuradoria-Geral, pela mais de seis meses.
reta ou indiretamente, assumir, Advocacia-Geral e pela Defenso-
em decorrência da criação de ria-Geral do Estado advogados Art. 237. A fiscalização e o con-
Estado, encargos referentes a de notório saber, com trinta e trole sobre o comércio exterior,
despesas com pessoal inativo cinco anos de idade, no mínimo, essenciais à defesa dos interes-
e com encargos e amortizações nomeados pelo Governador eleito ses fazendários nacionais, se-
da dívida interna ou externa da e demissíveis ad nutum; rão exercidos pelo Ministério da
administração pública, inclusive IX – se o novo Estado for re- Fazenda.
da indireta. sultado de transformação de Ter-
ritório Federal, a transferência de Art. 238. A lei ordenará a ven-
Art. 235. Nos dez primeiros anos encargos financeiros da União da e revenda de combustíveis
da criação de Estado, serão ob- para pagamento dos servidores de petróleo, álcool carburante e
servadas as seguintes normas optantes que pertenciam à Ad- outros combustíveis derivados
básicas: ministração Federal ocorrerá da de matérias-primas renováveis,
I – a Assembleia Legislativa seguinte forma: respeitados os princípios desta
será composta de dezessete De- a) no sexto ano de instala- Constituição.
putados se a população do Estado ção, o Estado assumirá vinte por
for inferior a seiscentos mil ha- cento dos encargos financeiros Art. 239. A arrecadação decor-
bitantes, e de vinte e quatro, se para fazer face ao pagamento rente das contribuições para o
igual ou superior a esse número, dos servidores públicos, ficando Programa de Integração Social,
até um milhão e quinhentos mil; ainda o restante sob a responsa- criado pela Lei Complementar
II – o Governo terá no máximo bilidade da União; no 7, de 7 de setembro de 1970, e
dez Secretarias; b) no sétimo ano, os encar- para o Programa de Formação do
III – o Tribunal de Contas terá gos do Estado serão acrescidos Patrimônio do Servidor Público,
três membros, nomeados, pelo de trinta por cento e, no oita- criado pela Lei Complementar
Governador eleito, dentre brasi- vo, dos restantes cinquenta por no 8, de 3 de dezembro de 1970,
leiros de comprovada idoneidade cento; passa, a partir da promulgação
e notório saber; X – as nomeações que se se- desta Constituição, a financiar,
IV – o Tribunal de Justiça terá guirem às primeiras, para os car- nos termos que a lei dispuser, o
sete Desembargadores; gos mencionados neste artigo, programa do seguro-desempre-
87
Constituição da República Federativa do Brasil
go, outras ações da previdência do disposto no art. 195 as atuais Art. 244. A lei disporá sobre
social e o abono de que trata o contribuições compulsórias dos a adaptação dos logradouros,
§ 3o deste artigo. empregadores sobre a folha de dos edifícios de uso público e
§ 1o Dos recursos mencio- salários, destinadas às entidades dos veículos de transporte cole-
nados no caput, no mínimo 28% privadas de serviço social e de tivo atualmente existentes a fim
(vinte e oito por cento) serão des- formação profissional vinculadas de garantir acesso adequado às
tinados para o financiamento de ao sistema sindical. pessoas portadoras de defici-
programas de desenvolvimento ência, conforme o disposto no
econômico, por meio do Banco Art. 241. A União, os Estados, art. 227, § 2o.
Nacional de Desenvolvimento o Distrito Federal e os Municí-
Econômico e Social, com crité- pios disciplinarão por meio de Art. 245. A lei disporá sobre as
rios de remuneração que pre- lei os consórcios públicos e os hipóteses e condições em que o
servem o seu valor. convênios de cooperação entre Poder Público dará assistência
§ 2o Os patrimônios acumu- os entes federados, autorizando aos herdeiros e dependentes ca-
lados do Programa de Integração a gestão associada de serviços rentes de pessoas vitimadas por
Social e do Programa de Forma- públicos, bem como a transferên- crime doloso, sem prejuízo da
ção do Patrimônio do Servidor cia total ou parcial de encargos, responsabilidade civil do autor
Público são preservados, man- serviços, pessoal e bens essen- do ilícito.
tendo-se os critérios de saque ciais à continuidade dos serviços
nas situações previstas nas leis transferidos. Art. 246. É vedada a adoção de
específicas, com exceção da re- medida provisória na regulamen-
tirada por motivo de casamento, Art. 242. O princípio do art. 206, tação de artigo da Constituição
ficando vedada a distribuição da IV, não se aplica às instituições cuja redação tenha sido alterada
arrecadação de que trata o caput educacionais oficiais criadas por por meio de emenda promulga-
deste artigo, para depósito nas lei estadual ou municipal e exis- da entre 1o de janeiro de 1995 até
contas individuais dos partici- tentes na data da promulgação a promulgação desta emenda10,
pantes. desta Constituição, que não se- inclusive.
§ 3o Aos empregados que jam total ou preponderantemente
percebam de empregadores que mantidas com recursos públicos. Art. 247. As leis previstas no in-
contribuem para o Programa de § 1o O ensino da História do ciso III do § 1o do art. 41 e no § 7o do
Integração Social ou para o Pro- Brasil levará em conta as contri- art. 169 estabelecerão critérios e
grama de Formação do Patrimô- buições das diferentes culturas e garantias especiais para a perda
nio do Servidor Público, até dois etnias para a formação do povo do cargo pelo servidor público
salários mínimos de remuneração brasileiro. estável que, em decorrência das
mensal, é assegurado o pagamen- § 2o O Colégio Pedro II, locali- atribuições de seu cargo efetivo,
to de um salário mínimo anual, zado na cidade do Rio de Janeiro, desenvolva atividades exclusivas
computado neste valor o ren- será mantido na órbita federal. de Estado.
dimento das contas individuais, Parágrafo único. Na hipótese
no caso daqueles que já partici- Art. 243. As propriedades ru- de insuficiência de desempe-
pavam dos referidos programas, rais e urbanas de qualquer região nho, a perda do cargo somen-
até a data da promulgação desta do País onde forem localizadas te ocorrerá mediante processo
Constituição. culturas ilegais de plantas psi- administrativo em que lhe sejam
§ 4o O financiamento do se- cotrópicas ou a exploração de assegurados o contraditório e a
guro-desemprego receberá uma trabalho escravo na forma da lei ampla defesa.
contribuição adicional da empre- serão expropriadas e destinadas
sa cujo índice de rotatividade da à reforma agrária e a programas Art. 248. Os benefícios pagos,
força de trabalho superar o índice de habitação popular, sem qual- a qualquer título, pelo órgão res-
médio da rotatividade do setor, na quer indenização ao proprietário ponsável pelo regime geral de
forma estabelecida por lei. e sem prejuízo de outras sanções previdência social, ainda que à
§ 5o Os programas de de- previstas em lei, observado, no conta do Tesouro Nacional, e os
senvolvimento econômico finan- que couber, o disposto no art. 5o. não sujeitos ao limite máximo
ciados na forma do § 1o e seus Parágrafo único. Todo e qual- de valor fixado para os benefí-
resultados serão anualmente ava- quer bem de valor econômico cios concedidos por esse regime
liados e divulgados em meio de apreendido em decorrência do observarão os limites fixados no
comunicação social eletrônico tráfico ilícito de entorpecentes e art. 37, XI.
e apresentados em reunião da drogas afins e da exploração de
comissão mista permanente de trabalho escravo será confisca- Art. 249. Com o objetivo de as-
que trata o § 1o do art. 166. do e reverterá a fundo especial
com destinação específica, na 10
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
Art. 240. Ficam ressalvadas forma da lei. no 32, de 2001”.
88
Constituição da República Federativa do Brasil
segurar recursos para o paga- Aloysio Chaves – Aloysio Teixeira Bonkoski – Etevaldo Nogueira –
mento de proventos de aposen- – Aluizio Bezerra – Aluízio Campos Euclides Scalco – Eunice Michiles
tadoria e pensões concedidas – Álvaro Antônio – Álvaro Pacheco – Evaldo Gonçalves – Expedito
aos respectivos servidores e seus – Álvaro Valle – Alysson Paulinel- Machado – Ézio Ferreira – Fábio
dependentes, em adição aos re- li – Amaral Netto – Amaury Müller Feldmann – Fábio Raunheitti –
cursos dos respectivos tesouros, – Amilcar Moreira – Ângelo Maga- Farabulini Júnior – Fausto Fer-
a União, os Estados, o Distrito lhães – Anna Maria Rattes – An- nandes – Fausto Rocha – Felipe
Federal e os Municípios pode- nibal Barcellos – Antero de Barros Mendes – Feres Nader – Fernando
rão constituir fundos integrados – Antônio Câmara – Antônio Car- Bezerra Coelho – Fernando Cunha
pelos recursos provenientes de los Franco – Antonio Carlos Men- – Fernando Gasparian – Fernando
contribuições e por bens, direi- des Thame – Antônio de Jesus – Gomes – Fernando Henrique Car-
tos e ativos de qualquer natureza, Antonio Ferreira – Antonio Gaspar doso – Fernando Lyra – Fernando
mediante lei que disporá sobre a – Antonio Mariz – Antonio Perosa Santana – Fernando Velasco –
natureza e a administração des- – Antônio Salim Curiati – Antonio Firmo de Castro – Flavio Palmier
ses fundos. Ueno – Arnaldo Martins – Arnaldo da Veiga – Flávio Rocha – Flores-
Moraes – Arnaldo Prieto – Arnold tan Fernandes – Floriceno Paixão
Art. 250. Com o objetivo de as- Fioravante – Arolde de Oliveira – – França Teixeira – Francisco
segurar recursos para o paga- Artenir Werner – Artur da Távola Amaral – Francisco Benjamim –
mento dos benefícios concedidos – Asdrubal Bentes – Assis Canuto Francisco Carneiro – Francisco
pelo regime geral de previdência – Átila Lira – Augusto Carvalho – Coelho – Francisco Diógenes –
social, em adição aos recursos de Áureo Mello – Basílio Villani – Be- Francisco Dornelles – Francisco
sua arrecadação, a União poderá nedicto Monteiro – Benito Gama Küster – Francisco Pinto – Fran-
constituir fundo integrado por – Beth Azize – Bezerra de Melo – cisco Rollemberg – Francisco Ros-
bens, direitos e ativos de qual- Bocayuva Cunha – Bonifácio de si – Francisco Sales – Furtado
quer natureza, mediante lei que Andrada – Bosco França – Bran- Leite – Gabriel Guerreiro – Gandi
disporá sobre a natureza e admi- dão Monteiro – Caio Pompeu – Jamil – Gastone Righi – Genebal-
nistração desse fundo. Carlos Alberto – Carlos Alberto do Correia – Genésio Bernardino
Caó – Carlos Benevides – Carlos – Geovani Borges – Geraldo Alck-
Brasília, 5 de outubro de 1988. Cardinal – Carlos Chiarelli – Carlos min Filho – Geraldo Bulhões – Ge-
– Ulysses Guimarães, Presidente Cotta – Carlos De’Carli – Carlos raldo Campos – Geraldo Fleming
– Mauro Benevides, Vice-Presi- Mosconi – Carlos Sant’Anna – Car- – Geraldo Melo – Gerson Camata
dente – Jorge Arbage, Vice-Pre- los Vinagre – Carlos Virgílio – Car- – Gerson Marcondes – Gerson Pe-
sidente – Marcelo Cordeiro, Se- rel Benevides – Cássio Cunha Lima res – Gidel Dantas – Gil César –
cretário – Mário Maia, Secretário – Célio de Castro – Celso Dourado Gilson Machado – Gonzaga Patrio-
– Arnaldo Faria de Sá, Secretário – César Cals Neto – César Maia – ta – Guilherme Palmeira
– Benedita da Silva, Suplente de Chagas Duarte – Chagas Neto – – Gumercindo Milhomem – Gus-
Secretário – Luiz Soyer, Suplen- Chagas Rodrigues – Chico Hum- tavo de Faria – Harlan Gadelha –
te de Secretário – Sotero Cunha, berto – Christóvam Chiaradia – Cid Haroldo Lima – Haroldo Sabóia
Suplente de Secretário – Bernar- Carvalho – Cid Sabóia de Carvalho – Hélio Costa – Hélio Duque – Hé-
do Cabral, Relator Geral – Adolfo – Cláudio Ávila – Cleonâncio Fon- lio Manhães – Hélio Rosas – Hen-
Oliveira, Relator Adjunto – Antônio seca – Costa Ferreira – Cristina rique Córdova – Henrique Eduar-
Carlos Konder Reis, Relator Ad- Tavares – Cunha Bueno – Dálton d o
junto – José Fogaça, Relator Ad- Canabrava – Darcy Deitos – Darcy Alves – Heráclito Fortes – Hermes
junto – Abigail Feitosa – Acival Pozza – Daso Coimbra – Davi Alves Zaneti – Hilário Braun – Homero
Gomes – Adauto Pereira – Ademir Silva – Del Bosco Amaral – Delfim Santos – Humberto Lucena – Hum-
Andrade – Adhemar de Barros Netto – Délio Braz – Denisar Ar- berto Souto – Iberê Ferreira – Ib-
Filho – Adroaldo Streck – Adylson neiro – Dionisio Dal Prá – Dionísio sen Pinheiro – Inocêncio Oliveira
Motta – Aécio de Borba – Aécio Hage – Dirce Tutu Quadros – Dirceu – Irajá Rodrigues – Iram Saraiva
Neves – Affonso Camargo – Afif Carneiro – Divaldo Suruagy – Dje- – Irapuan Costa Júnior – Irma
Domingos – Afonso Arinos – Afon- nal Gonçalves – Domingos Juve- Passoni – Ismael Wanderley – Is-
so Sancho – Agassiz Almeida – nil – Domingos Leonelli – Doreto rael Pinheiro – Itamar Franco – Ivo
Agripino de Oliveira Lima – Airton Campanari – Edésio Frias – Edison Cersósimo – Ivo Lech – Ivo Mai-
Cordeiro – Airton Sandoval – Ala- Lobão – Edivaldo Motta – Edme nardi – Ivo Vanderlinde – Jacy
rico Abib – Albano Franco – Albé- Tavares – Edmilson Valentim – Scanagatta – Jairo Azi – Jairo
rico Cordeiro – Albérico Filho – Eduardo Bonfim – Eduardo Jorge Carneiro – Jalles Fontoura – Jamil
Alceni Guerra – Alcides Saldanha – Eduardo Moreira – Egídio Fer- Haddad – Jarbas Passarinho –
– Aldo Arantes – Alércio Dias – reira Lima – Elias Murad – Eliel Jayme Paliarin – Jayme Santana
Alexandre Costa – Alexandre Pu- Rodrigues – Eliézer Moreira – Enoc – Jesualdo Cavalcanti – Jesus
zyna – Alfredo Campos – Almir Vieira – Eraldo Tinoco – Eraldo Tajra – Joaci Góes – João Agripi-
Gabriel – Aloisio Vasconcelos – Trindade – Erico Pegoraro – Ervin no – João Alves – João Calmon –
89
Constituição da República Federativa do Brasil
João Carlos Bacelar – João Cas- – Maria de Lourdes Abadia – Maria – Roberto D’Ávila – Roberto Freire
telo – João Cunha – João da Mata Lúcia – Mário Assad – Mário Covas – Roberto Jefferson – Roberto
– João de Deus Antunes – João – Mário de Oliveira – Mário Lima Rollemberg – Roberto Torres –
Herrmann Neto – João Lobo – – Marluce Pinto – Matheus Iensen Roberto Vital – Robson Marinho
João Machado Rollemberg – João – Mattos Leão – Maurício Campos – Rodrigues Palma – Ronaldo Ara-
Menezes – João Natal – João Pau- – Maurício Correa – Maurício Fruet gão – Ronaldo Carvalho – Ronaldo
lo – João Rezek – Joaquim Bevi- – Maurício Nasser – Maurício Pá- Cezar Coelho – Ronan Tito – Ro-
lácqua – Joaquim Francisco – dua – Maurílio Ferreira Lima – naro Corrêa – Rosa Prata – Rose
Joaquim Hayckel – Joaquim Mauro Borges – Mauro Campos de Freitas – Rospide Netto – Ru-
Sucena – Jofran Frejat – Jonas – Mauro Miranda – Mauro Sampaio bem Branquinho – Rubem Medina
Pinheiro – Jonival Lucas – Jorge – Max Rosenmann – Meira Filho – Ruben Figueiró – Ruberval Pi-
Bornhausen – Jorge Hage – Jorge – Melo Freire – Mello Reis – Mendes lotto – Ruy Bacelar – Ruy Nedel –
Leite – Jorge Uequed – Jorge Vian- Botelho – Mendes Canale – Mendes Sadie Hauache – Salatiel Carvalho
na – José Agripino – José Camar- Ribeiro – Messias Góis – Messias – Samir Achôa – Sandra Caval-
go – José Carlos Coutinho – José Soares – Michel Temer – Milton canti – Santinho Furtado – Sarney
Carlos Grecco – José Carlos Mar- Barbosa – Milton Lima – Milton Filho – Saulo Queiroz – Sérgio Bri-
tinez – José Carlos Sabóia – José Reis – Miraldo Gomes – Miro Tei- to – Sérgio Spada – Sérgio Wer-
Carlos Vasconcelos – José Costa xeira – Moema São Thiago – Moy- neck – Severo Gomes – Sigmarin-
– José da Conceição – José Dutra sés Pimentel – Mozarildo Caval- ga Seixas – Sílvio Abreu – Simão
– José Egreja – José Elias – José canti – Mussa Demes – Myrian Sessim – Siqueira Campos – Sólon
Fernandes – José Freire – José Portella – Nabor Júnior – Naphta- Borges dos Reis – Stélio Dias –
Genoíno – José Geraldo – José li Alves de Souza – Narciso Mendes Tadeu França – Telmo Kirst – Teo-
Guedes – José Ignácio Ferreira – Nelson Aguiar – Nelson Carnei- tonio Vilela Filho – Theodoro Men-
– José Jorge – José Lins – José ro – Nelson Jobim – Nelson Sabrá des – Tito Costa – Ubiratan Aguiar
Lourenço – José Luiz de Sá – José – Nelson Seixas – Nelson Wedekin – Ubiratan Spinelli – Uldurico Pin-
Luiz Maia – José Maranhão – José – Nelton Friedrich – Nestor Duar- to – Valmir Campelo – Valter Pe-
Maria Eymael – José Maurício – te – Ney Maranhão – Nilso Sgua- reira – Vasco Alves – Vicente Bogo
José Melo – José Mendonça Be- rezi – Nilson Gibson – Nion Alber- – Victor Faccioni – Victor Fontana
zerra – José Moura – José Paulo naz – Noel de Carvalho – Nyder – Victor Trovão – Vieira da Silva
Bisol – José Queiroz – José Richa Barbosa – Octávio Elísio – Odacir – Vilson Souza – Vingt Rosado –
– José Santana de Vasconcellos Soares – Olavo Pires – Olívio Dutra Vinicius Cansanção – Virgildásio
– José Serra – José Tavares – José – Onofre Corrêa – Orlando Bezer- de Senna – Virgílio Galassi – Vir-
Teixeira – José Thomaz Nonô – ra – Orlando Pacheco – Oscar Cor- gílio Guimarães – Vitor Buaiz – Vi-
José Tinoco – José Ulísses de rêa – Osmar Leitão – Osmir Lima valdo Barbosa – Vladimir Palmei-
Oliveira – José Viana – José Yunes – Osmundo Rebouças – Osvaldo ra – Wagner Lago – Waldeck
– Jovanni Masini – Juarez Antunes Bender – Osvaldo Coelho – Osval- Ornélas – Waldyr Pugliesi – Walmor
– Júlio Campos – Júlio Costamilan do Macedo – Osvaldo Sobrinho – de Luca – Wilma Maia – Wilson
– Jutahy Júnior – Jutahy Maga- Oswaldo Almeida – Oswaldo Tre- Campos – Wilson Martins – Ziza
lhães – Koyu Iha – Lael Varella – visan – Ottomar Pinto – Paes de Valadares.
Lavoisier Maia – Leite Chaves – Andrade – Paes Landim – Paulo
Lélio Souza – Leopoldo Peres Delgado – Paulo Macarini – Paulo PARTICIPANTES: Álvaro Dias –
– Leur Lomanto – Levy Dias – Lé- Marques – Paulo Mincarone – Pau- Antônio Britto – Bete Mendes –
zio Sathler – Lídice da Mata – Lou- lo Paim – Paulo Pimentel – Paulo Borges da Silveira – Cardoso Alves
remberg Nunes Rocha – Lourival Ramos – Paulo Roberto – Paulo – Edivaldo Holanda – Expedito Jú-
Baptista – Lúcia Braga – Lúcia Roberto Cunha – Paulo Silva – nior – Fadah Gattass – Francisco
Vânia – Lúcio Alcântara – Luís Paulo Zarzur – Pedro Canedo – Dias – Geovah Amarante – Hélio
Eduardo – Luís Roberto Ponte – Pedro Ceolin – Percival Muniz – Gueiros – Horácio Ferraz – Hugo
Luiz Alberto Rodrigues – Luiz Frei- Pimenta da Veiga – Plínio Arruda Napoleão – Iturival Nascimento
re – Luiz Gushiken – Luiz Henrique Sampaio – Plínio Martins – Pompeu – Ivan Bonato – Jorge Medauar –
– Luiz Inácio Lula da Silva – Luiz de Sousa – Rachid Saldanha Der- José Mendonça de Morais – Leo-
Leal – Luiz Marques – Luiz Salo- zi – Raimundo Bezerra – Raimun- poldo Bessone – Marcelo Miranda
mão – Luiz Viana – Luiz Viana Neto do Lira – Raimundo Rezende – Ra- – Mauro Fecury – Neuto de Conto
– Lysâneas Maciel – Maguito Vile- quel Cândido – Raquel Capiberibe – Nivaldo Machado – Oswaldo Lima
la – Maluly Neto – Manoel Castro – Raul Belém – Raul Ferraz – Renan Filho – Paulo Almada – Prisco Via-
– Manoel Moreira – Manoel Ribei- Calheiros – Renato Bernardi – Re- na – Ralph Biasi – Rosário Congro
ro – Mansueto de Lavor – Manuel nato Johnsson – Renato Vianna Neto – Sérgio Naya – Tidei de Lima.
Viana – Márcia Kubitschek – Már- – Ricardo Fiuza – Ricardo Izar –
cio Braga – Márcio Lacerda – Mar- Rita Camata – Rita Furtado – Ro- IN MEMORIAM: Alair Ferreira – An-
co Maciel – Marcondes Gadelha berto Augusto – Roberto Balestra tônio Farias – Fábio Lucena – Nor-
– Marcos Lima – Marcos Queiroz – Roberto Brant – Roberto Campos berto Schwantes – Virgílio Távora.
90
Constituição da República Federativa do Brasil
Ato das Disposições de janeiro de 1989, com a posse ma devidamente assinados pelos
Constitucionais dos eleitos. requerentes.
§ 1o O registro provisório, que
Transitórias Art. 5o Não se aplicam às elei- será concedido de plano pelo Tri-
ções previstas para 15 de no- bunal Superior Eleitoral, nos ter-
Art. 1o O Presidente da Repú- vembro de 1988 o disposto no mos deste artigo, defere ao novo
blica, o Presidente do Supremo art. 16 e as regras do art. 77 da partido todos os direitos, deveres
Tribunal Federal e os membros do Constituição. e prerrogativas dos atuais, entre
Congresso Nacional prestarão o § 1o Para as eleições de 15 eles o de participar, sob legenda
compromisso de manter, defen- de novembro de 1988 será exi- própria, das eleições que vierem
der e cumprir a Constituição, no gido domicílio eleitoral na cir- a ser realizadas nos doze meses
ato e na data de sua promulgação. cunscrição pelo menos durante seguintes a sua formação.
os quatro meses anteriores ao § 2o O novo partido perderá
Art. 2o No dia 7 de setembro de pleito, podendo os candidatos automaticamente seu registro
1993 o eleitorado definirá, através que preencham este requisito, provisório se, no prazo de vinte
de plebiscito, a forma (república atendidas as demais exigências e quatro meses, contados de sua
ou monarquia constitucional) e o da lei, ter seu registro efetivado formação, não obtiver registro de-
sistema de governo (parlamenta- pela Justiça Eleitoral após a pro- finitivo no Tribunal Superior Elei-
rismo ou presidencialismo) que mulgação da Constituição. toral, na forma que a lei dispuser.
devem vigorar no País. § 2o Na ausência de norma
§ 1o Será assegurada gratui- legal específica, caberá ao Tri- Art. 7o O Brasil propugnará pela
dade na livre divulgação dessas bunal Superior Eleitoral editar as formação de um tribunal inter-
formas e sistemas, através dos normas necessárias à realização nacional dos direitos humanos.
meios de comunicação de massa das eleições de 1988, respeitada
cessionários de serviço público. a legislação vigente. Art. 8o É concedida anistia aos
§ 2o O Tribunal Superior Elei- § 3o Os atuais parlamenta- que, no período de 18 de setembro
toral, promulgada a Constituição, res federais e estaduais eleitos de 1946 até a data da promulgação
expedirá as normas regulamen- Vice-Prefeitos, se convocados a da Constituição, foram atingi-
tadoras deste artigo. exercer a função de Prefeito, não dos, em decorrência de motiva-
perderão o mandato parlamentar. ção exclusivamente política, por
Art. 3o A revisão constitucional § 4o O número de vereadores atos de exceção, institucionais ou
será realizada após cinco anos, por município será fixado, para complementares, aos que foram
contados da promulgação da a representação a ser eleita em abrangidos pelo Decreto Legisla-
Constituição, pelo voto da maio- 1988, pelo respectivo Tribunal tivo no 18, de 15 de dezembro de
ria absoluta dos membros do Regional Eleitoral, respeitados os 1961, e aos atingidos pelo Decre-
Congresso Nacional, em sessão limites estipulados no art. 29, IV, to-lei no 864, de 12 de setembro de
unicameral. da Constituição. 1969, asseguradas as promoções,
§ 5o Para as eleições de 15 de na inatividade, ao cargo, emprego,
Art. 4o O mandato do atual Pre- novembro de 1988, ressalvados os posto ou graduação a que teriam
sidente da República terminará que já exercem mandato eletivo, direito se estivessem em serviço
em 15 de março de 1990. são inelegíveis para qualquer car- ativo, obedecidos os prazos de
§ 1o A primeira eleição para go, no território de jurisdição do permanência em atividade pre-
Presidente da República após titular, o cônjuge e os parentes vistos nas leis e regulamentos
a promulgação da Constituição por consanguinidade ou afini- vigentes, respeitadas as carac-
será realizada no dia 15 de no- dade, até o segundo grau, ou por terísticas e peculiaridades das
vembro de 1989, não se lhe apli- adoção, do Presidente da Repú- carreiras dos servidores públicos
cando o disposto no art. 16 da blica, do Governador de Estado, civis e militares e observados os
Constituição. do Governador do Distrito Federal respectivos regimes jurídicos.
§ 2o É assegurada a irredu- e do Prefeito que tenham exerci- § 1o O disposto neste artigo
tibilidade da atual representação do mais da metade do mandato. somente gerará efeitos finan-
dos Estados e do Distrito Federal ceiros a partir da promulgação
na Câmara dos Deputados. Art. 6o Nos seis meses poste- da Constituição, vedada a remu-
§ 3o Os mandatos dos Gover- riores à promulgação da Consti- neração de qualquer espécie em
nadores e dos Vice-Governadores tuição, parlamentares federais, caráter retroativo.
eleitos em 15 de novembro de reunidos em número não infe- § 2o Ficam assegurados os
1986 terminarão em 15 de mar- rior a trinta, poderão requerer benefícios estabelecidos neste
ço de 1991. ao Tribunal Superior Eleitoral o artigo aos trabalhadores do setor
§ 4o Os mandatos dos atu- registro de novo partido políti- privado, dirigentes e represen-
ais Prefeitos, Vice-Prefeitos e co, juntando ao requerimento o tantes sindicais que, por motivos
Vereadores terminarão no dia 1o manifesto, o estatuto e o progra- exclusivamente políticos, tenham
91
Constituição da República Federativa do Brasil
sido punidos, demitidos ou com- de vício grave. pios desta.
pelidos ao afastamento das ati- Parágrafo único. O Supre- Parágrafo único. Promulgada
vidades remuneradas que exer- mo Tribunal Federal proferirá a a Constituição do Estado, caberá
ciam, bem como aos que foram decisão no prazo de cento e vin- à Câmara Municipal, no prazo de
impedidos de exercer atividades te dias, a contar do pedido do seis meses, votar a Lei Orgânica
profissionais em virtude de pres- interessado. respectiva, em dois turnos de
sões ostensivas ou expedientes discussão e votação, respeitado o
oficiais sigilosos. Art. 10. Até que seja promulga- disposto na Constituição Federal
§ 3o Aos cidadãos que foram da a lei complementar a que se e na Constituição Estadual.
impedidos de exercer, na vida ci- refere o art. 7o, I, da Constituição:
vil, atividade profissional específi- I – fica limitada a proteção Art. 12. Será criada, dentro de
ca, em decorrência das Portarias nele referida ao aumento, para noventa dias da promulgação da
Reservadas do Ministério da Aero- quatro vezes, da porcentagem Constituição, Comissão de Estu-
náutica no S‑50‑GM5, de 19 de ju- prevista no art. 6o, caput e § 1o, dos Territoriais, com dez mem-
nho de 1964, e no S‑285‑GM5 será da Lei no 5.10711, de 13 de setem- bros indicados pelo Congresso
concedida reparação de natureza bro de 1966; Nacional e cinco pelo Poder Exe-
econômica, na forma que dispu- II – fica vedada a dispensa cutivo, com a finalidade de apre-
ser lei de iniciativa do Congresso arbitrária ou sem justa causa: sentar estudos sobre o território
Nacional e a entrar em vigor no a) do empregado eleito para nacional e anteprojetos relativos
prazo de doze meses a contar da cargo de direção de comissões a novas unidades territoriais, no-
promulgação da Constituição. internas de prevenção de aci- tadamente na Amazônia Legal e
§ 4o Aos que, por força de dentes, desde o registro de sua em áreas pendentes de solução.
atos institucionais, tenham exer- candidatura até um ano após o § 1o No prazo de um ano, a
cido gratuitamente mandato ele- final de seu mandato; Comissão submeterá ao Con-
tivo de vereador serão computa- b) da empregada gestante, gresso Nacional os resultados de
dos, para efeito de aposentadoria desde a confirmação da gravidez seus estudos para, nos termos da
no serviço público e previdência até cinco meses após o parto. Constituição, serem apreciados
social, os respectivos períodos. § 1o Até que a lei venha a dis- nos doze meses subsequentes,
§ 5o A anistia concedida nos ciplinar o disposto no art. 7o, XIX, extinguindo-se logo após.
termos deste artigo aplica-se da Constituição, o prazo da licen- § 2o Os Estados e os Muni-
aos servidores públicos civis e ça-paternidade a que se refere o cípios deverão, no prazo de três
aos empregados em todos os inciso é de cinco dias. anos, a contar da promulgação da
níveis de governo ou em suas § 2o Até ulterior disposição Constituição, promover, mediante
fundações, empresas públicas legal, a cobrança das contribui- acordo ou arbitramento, a demar-
ou empresas mistas sob contro- ções para o custeio das atividades cação de suas linhas divisórias
le estatal, exceto nos Ministérios dos sindicatos rurais será feita atualmente litigiosas, podendo
militares, que tenham sido puni- juntamente com a do imposto para isso fazer alterações e com-
dos ou demitidos por atividades territorial rural, pelo mesmo ór- pensações de área que atendam
profissionais interrompidas em gão arrecadador. aos acidentes naturais, critérios
virtude de decisão de seus tra- § 3o Na primeira comprova- históricos, conveniências admi-
balhadores, bem como em de- ção do cumprimento das obriga- nistrativas e comodidade das po-
corrência do Decreto-lei no 1.632, ções trabalhistas pelo emprega- pulações limítrofes.
de 4 de agosto de 1978, ou por dor rural, na forma do art. 23312, § 3o Havendo solicitação dos
motivos exclusivamente políticos, após a promulgação da Consti- Estados e Municípios interessa-
assegurada a readmissão dos que tuição, será certificada perante dos, a União poderá encarregar-
foram atingidos a partir de 1979, a Justiça do Trabalho a regulari- -se dos trabalhos demarcatórios.
observado o disposto no § 1o. dade do contrato e das atualiza- § 4o Se, decorrido o prazo de
ções das obrigações trabalhistas três anos, a contar da promulga-
Art. 9o Os que, por motivos ex- de todo o período. ção da Constituição, os traba-
clusivamente políticos, foram lhos demarcatórios não tiverem
cassados ou tiveram seus direitos Art. 11. Cada Assembleia Legis- sido concluídos, caberá à União
políticos suspensos no período de lativa, com poderes constituintes, determinar os limites das áreas
15 de julho a 31 de dezembro de elaborará a Constituição do Esta- litigiosas.
1969, por ato do então Presidente do, no prazo de um ano, contado § 5o Ficam reconhecidos e
da República, poderão requerer da promulgação da Constituição homologados os atuais limites do
ao Supremo Tribunal Federal o Federal, obedecidos os princí- Estado do Acre com os Estados
reconhecimento dos direitos e do Amazonas e de Rondônia, con-
vantagens interrompidos pelos 11
NE: revogada pela Lei no 7.839/1989, por sua forme levantamentos cartográfi-
atos punitivos, desde que com- vez revogada pela Lei no 8.036/1990. cos e geodésicos realizados pela
provem terem sido estes eivados 12
NE: artigo revogado pela EC no 28/2000. Comissão Tripartite integrada por
92
Constituição da República Federativa do Brasil
representantes dos Estados e dos IV – ficam mantidos os atuais § 3o O Presidente da Repúbli-
serviços técnico-especializados diretórios regionais dos partidos ca, até quarenta e cinco dias após
do Instituto Brasileiro de Geogra- políticos do Estado de Goiás, ca- a promulgação da Constituição,
fia e Estatística. bendo às comissões executivas encaminhará à apreciação do
nacionais designar comissões Senado Federal os nomes dos
Art. 13. É criado o Estado do To- provisórias no Estado do Tocan- governadores dos Estados de Ro-
cantins, pelo desmembramento tins, nos termos e para os fins raima e do Amapá que exercerão
da área descrita neste artigo, dan- previstos na lei. o Poder Executivo até a instalação
do-se sua instalação no quadra- § 4o Os mandatos do Gover- dos novos Estados com a posse
gésimo sexto dia após a eleição nador, do Vice-Governador, dos dos governadores eleitos.
prevista no § 3o, mas não antes Deputados Federais e Estaduais § 4o Enquanto não concreti-
de 1o de janeiro de 1989. eleitos na forma do parágrafo zada a transformação em Esta-
§ 1o O Estado do Tocantins anterior extinguir-se-ão conco- dos, nos termos deste artigo, os
integra a Região Norte e limita- mitantemente aos das demais Territórios Federais de Roraima
-se com o Estado de Goiás pelas unidades da Federação; o man- e do Amapá serão beneficiados
divisas norte dos Municípios de dato do Senador eleito menos pela transferência de recursos
São Miguel do Araguaia, Poranga- votado extinguir-se-á nessa prevista nos arts. 159, I, “a”, da
tu, Formoso, Minaçu, Cavalcante, mesma oportunidade, e os dos Constituição, e 34, § 2o, II, des-
Monte Alegre de Goiás e Campos outros dois, juntamente com os te Ato.
Belos, conservando a leste, norte dos Senadores eleitos em 1986
e oeste as divisas atuais de Goiás nos demais Estados. Art. 15. Fica extinto o Território
com os Estados da Bahia, Piauí, § 5o A Assembleia Estadual Federal de Fernando de Noronha,
Maranhão, Pará e Mato Grosso. Constituinte será instalada no sendo sua área reincorporada ao
§ 2o O Poder Executivo desig- quadragésimo sexto dia da elei- Estado de Pernambuco.
nará uma das cidades do Estado ção de seus integrantes, mas não
para sua Capital provisória até a antes de 1o de janeiro de 1989, Art. 16. Até que se efetive o dis-
aprovação da sede definitiva do sob a presidência do Presidente posto no art. 32, § 2o, da Consti-
governo pela Assembleia Cons- do Tribunal Regional Eleitoral do tuição, caberá ao Presidente da
tituinte. Estado de Goiás, e dará posse, na República, com a aprovação do
§ 3o O Governador, o Vice- mesma data, ao Governador e ao Senado Federal, indicar o Go-
-Governador, os Senadores, os Vice-Governador eleitos. vernador e o Vice-Governador
Deputados Federais e os Depu- § 6o Aplicam-se à criação e do Distrito Federal.
tados Estaduais serão eleitos, instalação do Estado do Tocan- § 1o A competência da Câma-
em um único turno, até setenta tins, no que couber, as normas ra Legislativa do Distrito Federal,
e cinco dias após a promulgação legais disciplinadoras da divisão até que se instale, será exercida
da Constituição, mas não antes do Estado de Mato Grosso, ob- pelo Senado Federal.
de 15 de novembro de 1988, a cri- servado o disposto no art. 234 § 2o A fiscalização contábil,
tério do Tribunal Superior Eleito- da Constituição. financeira, orçamentária, opera-
ral, obedecidas, entre outras, as § 7o Fica o Estado de Goiás cional e patrimonial do Distrito
seguintes normas: liberado dos débitos e encargos Federal, enquanto não for insta-
I – o prazo de filiação partidá- decorrentes de empreendimen- lada a Câmara Legislativa, será
ria dos candidatos será encerrado tos no território do novo Estado, e exercida pelo Senado Federal,
setenta e cinco dias antes da data autorizada a União, a seu critério, mediante controle externo, com
das eleições; a assumir os referidos débitos. o auxílio do Tribunal de Contas do
II – as datas das convenções Distrito Federal, observado o dis-
regionais partidárias destinadas Art. 14. Os Territórios Federais posto no art. 72 da Constituição.
a deliberar sobre coligações e de Roraima e do Amapá são trans- § 3o Incluem-se entre os
escolha de candidatos, de apre- formados em Estados Federados, bens do Distrito Federal aqueles
sentação de requerimento de re- mantidos seus atuais limites ge- que lhe vierem a ser atribuídos
gistro dos candidatos escolhidos ográficos. pela União na forma da lei.
e dos demais procedimentos le- § 1o A instalação dos Estados
gais serão fixadas, em calendário dar-se-á com a posse dos gover- Art. 17. Os vencimentos, a remu-
especial, pela Justiça Eleitoral; nadores eleitos em 1990. neração, as vantagens e os adi-
III – são inelegíveis os ocu- § 2o Aplicam-se à transfor- cionais, bem como os proventos
pantes de cargos estaduais ou mação e instalação dos Estados de aposentadoria que estejam
municipais que não se tenham de Roraima e Amapá as normas sendo percebidos em desacordo
deles afastado, em caráter defi- e critérios seguidos na criação com a Constituição serão imedia-
nitivo, setenta e cinco dias antes do Estado de Rondônia, respei- tamente reduzidos aos limites
da data das eleições previstas tado o disposto na Constituição dela decorrentes, não se admi-
neste parágrafo; e neste Ato. tindo, neste caso, invocação de
93
Constituição da República Federativa do Brasil
direito adquirido ou percepção de confiança ou em comissão, nem Parágrafo único. A lei refe-
excesso a qualquer título. aos que a lei declare de livre exo- rida disporá sobre o aproveita-
§ 1o É assegurado o exercí- neração, cujo tempo de serviço mento dos Censores Federais,
cio cumulativo de dois cargos ou não será computado para os fins nos termos deste artigo.
empregos privativos de médico do caput deste artigo, exceto se
que estejam sendo exercidos por se tratar de servidor. Art. 24. A União, os Estados, o
médico militar na administração § 3o O disposto neste artigo Distrito Federal e os Municípios
pública direta ou indireta. não se aplica aos professores de editarão leis que estabeleçam
§ 2o É assegurado o exer- nível superior, nos termos da lei. critérios para a compatibiliza-
cício cumulativo de dois cargos ção de seus quadros de pessoal
ou empregos privativos de pro- Art. 20. Dentro de cento e oi- ao disposto no art. 39 da Consti-
fissionais de saúde que estejam tenta dias, proceder-se-á à re- tuição e à reforma administrati-
sendo exercidos na administração visão dos direitos dos servidores va dela decorrente, no prazo de
pública direta ou indireta. públicos inativos e pensionistas dezoito meses, contados da sua
e à atualização dos proventos e promulgação.
Art. 18. Ficam extintos os efeitos pensões a eles devidos, a fim de
jurídicos de qualquer ato legisla- ajustá-los ao disposto na Cons- Art. 25. Ficam revogados, a par-
tivo ou administrativo, lavrado a tituição. tir de cento e oitenta dias da pro-
partir da instalação da Assem- mulgação da Constituição, sujeito
bleia Nacional Constituinte, que Art. 21. Os juízes togados de este prazo a prorrogação por lei,
tenha por objeto a concessão de investidura limitada no tempo, todos os dispositivos legais que
estabilidade a servidor admitido admitidos mediante concurso atribuam ou deleguem a órgão
sem concurso público, da admi- público de provas e títulos e que do Poder Executivo competência
nistração direta ou indireta, in- estejam em exercício na data assinalada pela Constituição ao
clusive das fundações instituídas da promulgação da Constitui- Congresso Nacional, especial-
e mantidas pelo poder público. ção, adquirem estabilidade, ob- mente no que tange a:
servado o estágio probatório, e I – ação normativa;
Art. 18-A. Os atos administra- passam a compor quadro em ex- II – alocação ou transferência
tivos praticados no Estado do tinção, mantidas as competên- de recursos de qualquer espécie.
Tocantins, decorrentes de sua cias, prerrogativas e restrições § 1o Os decretos-leis em tra-
instalação, entre 1o de janeiro de da legislação a que se achavam mitação no Congresso Nacional
1989 e 31 de dezembro de 1994, submetidos, salvo as inerentes e por este não apreciados até
eivados de qualquer vício jurídi- à transitoriedade da investidura. a promulgação da Constituição
co e dos quais decorram efeitos Parágrafo único. A aposen- terão seus efeitos regulados da
favoráveis para os destinatários tadoria dos juízes de que trata seguinte forma:
ficam convalidados após 5 (cinco) este artigo regular-se-á pelas I – se editados até 2 de setem-
anos, contados da data em que normas fixadas para os demais bro de 1988, serão apreciados pelo
foram praticados, salvo compro- juízes estaduais. Congresso Nacional no prazo de
vada má-fé. até cento e oitenta dias a contar
Art. 22. É assegurado aos de- da promulgação da Constitui-
Art. 19. Os servidores públicos fensores públicos investidos na ção, não computado o recesso
civis da União, dos Estados, do função até a data de instalação da parlamentar;
Distrito Federal e dos Municípios, Assembleia Nacional Constituinte II – decorrido o prazo definido
da administração direta, autár- o direito de opção pela carreira, no inciso anterior, e não havendo
quica e das fundações públicas, com a observância das garantias apreciação, os decretos-leis ali
em exercício na data da promul- e vedações previstas no art. 134, mencionados serão considera-
gação da Constituição, há pelo parágrafo único13, da Constituição. dos rejeitados;
menos cinco anos continuados, III – nas hipóteses definidas
e que não tenham sido admitidos Art. 23. Até que se edite a re- nos incisos I e II, terão plena vali-
na forma regulada no art. 37, da gulamentação do art. 21, XVI, da dade os atos praticados na vigên-
Constituição, são considerados Constituição, os atuais ocupan- cia dos respectivos decretos-leis,
estáveis no serviço público. tes do cargo de censor federal podendo o Congresso Nacional,
§ 1o O tempo de serviço dos continuarão exercendo funções se necessário, legislar sobre os
servidores referidos neste artigo com este compatíveis, no De- efeitos deles remanescentes.
será contado como título quando partamento de Polícia Federal, § 2o Os decretos-leis edita-
se submeterem a concurso para observadas as disposições cons- dos entre 3 de setembro de 1988
fins de efetivação, na forma da lei. titucionais. e a promulgação da Constituição
§ 2o O disposto neste artigo serão convertidos, nesta data, em
não se aplica aos ocupantes de 13
NE: leia-se “§ 1o”, por força do disposto na medidas provisórias, aplicando-
cargos, funções e empregos de EC no 45/2004. -se-lhes as regras estabelecidas
94
Constituição da República Federativa do Brasil
no art. 62, parágrafo único14. em lista tríplice pelo Tribunal Fe- com sede em Manaus, Estado do
deral de Recursos, observado o Amazonas, e jurisdição nos Esta-
Art. 26. No prazo de um ano a disposto no art. 104, parágrafo dos do Amazonas, Acre, Rondônia
contar da promulgação da Cons- único, da Constituição. e Roraima.
tituição, o Congresso Nacional § 6o Ficam criados cinco Tri-
promoverá, através de Comissão bunais Regionais Federais, a se- Art. 28. Os juízes federais de
mista, exame analítico e pericial rem instalados no prazo de seis que trata o art. 123, § 2o, da Cons-
dos atos e fatos geradores do meses a contar da promulgação tituição de 1967, com a redação
endividamento externo brasileiro. da Constituição, com a jurisdição dada pela Emenda Constitucional
§ 1o A Comissão terá a força e sede que lhes fixar o Tribunal no 7, de 1977, ficam investidos na
legal de Comissão parlamentar de Federal de Recursos, tendo em titularidade de varas na Seção
inquérito para os fins de requisi- conta o número de processos e Judiciária para a qual tenham
ção e convocação, e atuará com sua localização geográfica. sido nomeados ou designados;
o auxílio do Tribunal de Contas § 7o Até que se instalem os na inexistência de vagas, proce-
da União. Tribunais Regionais Federais, der-se-á ao desdobramento das
§ 2o Apurada irregularidade, o Tribunal Federal de Recursos varas existentes.
o Congresso Nacional proporá ao exercerá a competência a eles Parágrafo único. Para efeito
Poder Executivo a declaração de atribuída em todo o território na- de promoção por antiguidade, o
nulidade do ato e encaminhará o cional, cabendo-lhe promover sua tempo de serviço desses juízes
processo ao Ministério Público Fe- instalação e indicar os candidatos será computado a partir do dia
deral, que formalizará, no prazo a todos os cargos da composição de sua posse.
de sessenta dias, a ação cabível. inicial, mediante lista tríplice, po-
dendo desta constar juízes fede- Art. 29. Enquanto não aprova-
Art. 27. O Superior Tribunal de rais de qualquer região, observa- das as leis complementares re-
Justiça será instalado sob a Pre- do o disposto no § 9o. lativas ao Ministério Público e
sidência do Supremo Tribunal § 8o É vedado, a partir da à Advocacia-Geral da União, o
Federal. promulgação da Constituição, o Ministério Público Federal, a Pro-
§ 1o Até que se instale o Su- provimento de vagas de Ministros curadoria-Geral da Fazenda Na-
perior Tribunal de Justiça, o Su- do Tribunal Federal de Recursos. cional, as Consultorias Jurídicas
premo Tribunal Federal exercerá § 9o Quando não houver juiz dos Ministérios, as Procuradorias
as atribuições e competências federal que conte o tempo mí- e Departamentos Jurídicos de au-
definidas na ordem constitucio- nimo previsto no art. 107, II, da tarquias federais com represen-
nal precedente. Constituição, a promoção poderá tação própria e os membros das
§ 2o A composição inicial contemplar juiz com menos de Procuradorias das Universidades
do Superior Tribunal de Justiça cinco anos no exercício do cargo. fundacionais públicas continua-
far-se-á: § 10. Compete à Justiça Fe- rão a exercer suas atividades na
I – pelo aproveitamento dos deral julgar as ações nela propos- área das respectivas atribuições.
Ministros do Tribunal Federal de tas até a data da promulgação § 1o O Presidente da Repú-
Recursos; da Constituição, e aos Tribunais blica, no prazo de cento e vinte
II – pela nomeação dos Minis- Regionais Federais bem como ao dias, encaminhará ao Congresso
tros que sejam necessários para Superior Tribunal de Justiça julgar Nacional projeto de lei comple-
completar o número estabelecido as ações rescisórias das decisões mentar dispondo sobre a orga-
na Constituição. até então proferidas pela Justi- nização e o funcionamento da
§ 3o Para os efeitos do dis- ça Federal, inclusive daquelas Advocacia-Geral da União.
posto na Constituição, os atu- cuja matéria tenha passado à § 2o Aos atuais Procuradores
ais Ministros do Tribunal Federal competência de outro ramo do da República, nos termos da lei
de Recursos serão considerados Judiciário. complementar, será facultada
pertencentes à classe de que pro- § 11. São criados, ainda, os a opção, de forma irretratável,
vieram, quando de sua nomeação. seguintes Tribunais Regionais Fe- entre as carreiras do Ministério
§ 4o Instalado o Tribunal, os derais: o da 6a Região, com sede Público Federal e da Advocacia-
Ministros aposentados do Tribunal em Curitiba, Estado do Paraná, e -Geral da União.
Federal de Recursos tornar-se- jurisdição nos Estados do Paraná, § 3o Poderá optar pelo regi-
-ão, automaticamente, Ministros Santa Catarina e Mato Grosso do me anterior, no que respeita às
aposentados do Superior Tribunal Sul; o da 7a Região, com sede em garantias e vantagens, o membro
de Justiça. Belo Horizonte, Estado de Minas do Ministério Público admitido
§ 5o Os Ministros a que se Gerais, e jurisdição no Estado antes da promulgação da Cons-
refere o § 2o, II, serão indicados de Minas Gerais; o da 8a Região, tituição, observando-se, quanto
com sede em Salvador, Estado da às vedações, a situação jurídica
14
NE: leia-se “§ 3o”, por força do disposto na Bahia, e jurisdição nos Estados da na data desta.
EC no 32/2001. Bahia e Sergipe; e o da 9a Região, § 4o Os atuais integrantes
95
Constituição da República Federativa do Brasil
do quadro suplementar dos Mi- endividamento. nacional previsto na Constituição.
nistérios Públicos do Trabalho e § 5o Vigente o novo sistema
Militar que tenham adquirido es- Art. 34. O sistema tributário na- tributário nacional, fica assegu-
tabilidade nessas funções passam cional entrará em vigor a partir rada a aplicação da legislação
a integrar o quadro da respectiva do primeiro dia do quinto mês anterior, no que não seja incom-
carreira. seguinte ao da promulgação da patível com ele e com a legislação
§ 5o Cabe à atual Procurado- Constituição, mantido, até então, referida nos §§ 3o e 4o.
ria-Geral da Fazenda Nacional, di- o da Constituição de 1967, com a § 6o Até 31 de dezembro de
retamente ou por delegação, que redação dada pela Emenda no 1, 1989, o disposto no art. 150, III,
pode ser ao Ministério Público Es- de 1969, e pelas posteriores. “b”, não se aplica aos impostos
tadual, representar judicialmente § 1o Entrarão em vigor com a de que tratam os arts. 155, I, “a”
a União nas causas de natureza promulgação da Constituição os e “b”15, e 156, II e III16, que podem
fiscal, na área da respectiva com- arts. 148, 149, 150, 154, I, 156, III, e ser cobrados trinta dias após a
petência, até a promulgação das 159, I, “c”, revogadas as disposi- publicação da lei que os tenha
leis complementares previstas ções em contrário da Constitui- instituído ou aumentado.
neste artigo. ção de 1967 e das Emendas que § 7o Até que sejam fixadas
a modificaram, especialmente de em lei complementar, as alíquo-
Art. 30. A legislação que criar a seu art. 25, III. tas máximas do imposto muni-
justiça de paz manterá os atuais § 2o O Fundo de Participação cipal sobre vendas a varejo de
juízes de paz até a posse dos no- dos Estados e do Distrito Federal combustíveis líquidos e gasosos
vos titulares, assegurando-lhes os e o Fundo de Participação dos Mu- não excederão a três por cento.
direitos e atribuições conferidos nicípios obedecerão às seguintes § 8o Se, no prazo de sessenta
a estes, e designará o dia para a determinações: dias contados da promulgação da
eleição prevista no art. 98, II, da I – a partir da promulgação da Constituição, não for editada a lei
Constituição. Constituição, os percentuais se- complementar necessária à ins-
rão, respectivamente, de dezoito tituição do imposto de que trata
Art. 31. Serão estatizadas as por cento e de vinte por cento, o art. 155, I, “b”17, os Estados e o
serventias do foro judicial, assim calculados sobre o produto da Distrito Federal, mediante con-
definidas em lei, respeitados os arrecadação dos impostos refe- vênio celebrado nos termos da
direitos dos atuais titulares. ridos no art. 153, III e IV, mantidos Lei Complementar no 24, de 7 de
os atuais critérios de rateio até a janeiro de 1975, fixarão normas
Art. 32. O disposto no art. 236 entrada em vigor da lei comple- para regular provisoriamente a
não se aplica aos serviços nota- mentar a que se refere o art. 161, II; matéria.
riais e de registro que já tenham II – o percentual relativo ao § 9o Até que lei complemen-
sido oficializados pelo Poder Pú- Fundo de Participação dos Es- tar disponha sobre a matéria, as
blico, respeitando-se o direito de tados e do Distrito Federal será empresas distribuidoras de ener-
seus servidores. acrescido de um ponto percentual gia elétrica, na condição de con-
no exercício financeiro de 1989 e, tribuintes ou de substitutos tri-
Art. 33. Ressalvados os créditos a partir de 1990, inclusive, à ra- butários, serão as responsáveis,
de natureza alimentar, o valor dos zão de meio ponto por exercício, por ocasião da saída do produto
precatórios judiciais pendentes até 1992, inclusive, atingindo em de seus estabelecimentos, ainda
de pagamento na data da promul- 1993 o percentual estabelecido que destinado a outra unidade da
gação da Constituição, incluído o no art. 159, I, “a”; Federação, pelo pagamento do
remanescente de juros e correção III – o percentual relativo ao imposto sobre operações relati-
monetária, poderá ser pago em Fundo de Participação dos Muni- vas à circulação de mercadorias
moeda corrente, com atualização, cípios, a partir de 1989, inclusive, incidente sobre energia elétrica,
em prestações anuais, iguais e será elevado à razão de meio desde a produção ou importação
sucessivas, no prazo máximo de ponto percentual por exercício até a última operação, calcula-
oito anos, a partir de 1o de julho financeiro, até atingir o estabe- do o imposto sobre o preço en-
de 1989, por decisão editada pelo lecido no art. 159, I, “b”. tão praticado na operação final
Poder Executivo até cento e oi- § 3o Promulgada a Consti- e assegurado seu recolhimento
tenta dias da promulgação da tuição, a União, os Estados, o ao Estado ou ao Distrito Fede-
Constituição. Distrito Federal e os Municípios
Parágrafo único. Poderão as poderão editar as leis necessárias 15
NE: leia-se “art. 155, I e II”, por força do
entidades devedoras, para o cum- à aplicação do sistema tributário disposto na EC no 3/1993.
primento do disposto neste arti- nacional nela previsto. 16
NE: o texto do art. 156, III, foi alterado pela
EC no 3/1993. Redação anterior: “vendas a
go, emitir, em cada ano, no exato § 4o As leis editadas nos ter- varejo de combustíveis líquidos e gasosos,
montante do dispêndio, títulos de mos do parágrafo anterior produ- exceto óleo diesel”.
dívida pública não computáveis zirão efeitos a partir da entrada 17
NE: leia-se “art. 155, II”, por força do dis-
para efeito do limite global de em vigor do sistema tributário posto na EC no 3/1993.
96
Constituição da República Federativa do Brasil
ral, conforme o local onde deva § 2o Até a entrada em vigor § 2o As despesas com pes-
ocorrer essa operação. da lei complementar a que se soal resultantes do cumprimento
§ 10. Enquanto não entrar em refere o art. 165, § 9o, I e II, serão do disposto nos §§ 12, 13, 14 e 15
vigor a lei prevista no art. 159, I, obedecidas as seguintes normas: do art. 198 da Constituição Fe-
“c”, cuja promulgação se fará até I – o projeto do plano pluria- deral serão contabilizadas, para
31 de dezembro de 1989, é asse- nual, para vigência até o final do fins dos limites de que trata o
gurada a aplicação dos recursos primeiro exercício financeiro do art. 169 da Constituição Federal,
previstos naquele dispositivo da mandato presidencial subsequen- da seguinte forma:
seguinte maneira: te, será encaminhado até quatro I – até o fim do exercício fi-
I – seis décimos por cento na meses antes do encerramento do nanceiro subsequente ao da pu-
Região Norte, através do Banco primeiro exercício financeiro e blicação deste dispositivo, não
da Amazônia S.A.; devolvido para sanção até o en- serão contabilizadas para esses
II – um inteiro e oito décimos cerramento da sessão legislativa; limites;
por cento na Região Nordeste, II – o projeto de lei de dire- II – no segundo exercício fi-
através do Banco do Nordeste trizes orçamentárias será enca- nanceiro subsequente ao da pu-
do Brasil S.A.; minhado até oito meses e meio blicação deste dispositivo, serão
III – seis décimos por cento antes do encerramento do exer- deduzidas em 90% (noventa por
na Região Centro-Oeste, através cício financeiro e devolvido para cento) do seu valor;
do Banco do Brasil S.A. sanção até o encerramento do III – entre o terceiro e o déci-
§ 11. Fica criado, nos termos primeiro período da sessão le- mo segundo exercício financeiro
da lei, o Banco de Desenvolvi- gislativa; subsequente ao da publicação
mento do Centro-Oeste, para dar III – o projeto de lei orçamen- deste dispositivo, a dedução de
cumprimento, na referida região, tária da União será encaminhado que trata o inciso II deste pará-
ao que determinam os arts. 159, até quatro meses antes do encer- grafo será reduzida anualmente
I, “c”, e 192, § 2o, da Constituição. ramento do exercício financeiro e na proporção de 10% (dez por
§ 12. A urgência prevista no devolvido para sanção até o en- cento) de seu valor.
art. 148, II, não prejudica a co- cerramento da sessão legislativa.
brança do empréstimo compul- Art. 39. Para efeito do cumpri-
sório instituído, em benefício das Art. 36. Os fundos existentes na mento das disposições constitu-
Centrais Elétricas Brasileiras S.A. data da promulgação da Consti- cionais que impliquem variações
(Eletrobrás), pela Lei no 4.156, de tuição, excetuados os resultantes de despesas e receitas da União,
28 de novembro de 1962, com as de isenções fiscais que passem a após a promulgação da Consti-
alterações posteriores. integrar patrimônio privado e os tuição, o Poder Executivo deve-
que interessem à defesa nacional, rá elaborar e o Poder Legislativo
Art. 35. O disposto no art. 165, extinguir-se-ão, se não forem ra- apreciar projeto de revisão da lei
§ 7o, será cumprido de forma tificados pelo Congresso Nacional orçamentária referente ao exer-
progressiva, no prazo de até dez no prazo de dois anos. cício financeiro de 1989.
anos, distribuindo-se os recursos Parágrafo único. O Congres-
entre as regiões macroeconô- Art. 37. A adaptação ao que es- so Nacional deverá votar no prazo
micas em razão proporcional à tabelece o art. 167, III, deverá pro- de doze meses a lei complemen-
população, a partir da situação cessar-se no prazo de cinco anos, tar prevista no art. 161, II.
verificada no biênio 1986‑87. reduzindo-se o excesso à base de,
§ 1o Para aplicação dos cri- pelo menos, um quinto por ano. Art. 40. É mantida a Zona Fran-
térios de que trata este artigo, ca de Manaus, com suas caracte-
excluem-se das despesas totais Art. 38. Até a promulgação da rísticas de área livre de comércio,
as relativas: lei complementar referida no de exportação e importação, e
I – aos projetos considerados art. 169, a União, os Estados, o de incentivos fiscais, pelo prazo
prioritários no plano plurianual; Distrito Federal e os Municípios de vinte e cinco anos, a partir da
II – à segurança e defesa na- não poderão despender com pes- promulgação da Constituição.
cional; soal mais do que sessenta e cinco Parágrafo único. Somente
III – à manutenção dos órgãos por cento do valor das respectivas por lei federal podem ser modi-
federais no Distrito Federal; receitas correntes. ficados os critérios que discipli-
IV – ao Congresso Nacional, § 1o A União, os Estados, o naram ou venham a disciplinar a
ao Tribunal de Contas da União e Distrito Federal e os Municípios, aprovação dos projetos na Zona
ao Poder Judiciário; quando a respectiva despesa de Franca de Manaus.
V – ao serviço da dívida da pessoal exceder o limite previs-
administração direta e indireta to neste artigo, deverão retornar Art. 41. Os Poderes Executivos
da União, inclusive fundações àquele limite, reduzindo o per- da União, dos Estados, do Dis-
instituídas e mantidas pelo Poder centual excedente à razão de um trito Federal e dos Municípios
Público federal. quinto por ano. reavaliarão todos os incentivos
97
Constituição da República Federativa do Brasil
fiscais de natureza setorial ora anos, a partir da promulgação da neste artigo aplica-se também:
em vigor, propondo aos Poderes Constituição, para cumprir os re- I – às operações realizadas
Legislativos respectivos as me- quisitos do art. 176, § 1o. posteriormente à decretação dos
didas cabíveis. § 1o Ressalvadas as disposi- regimes referidos no caput des-
§ 1o Considerar-se-ão revo- ções de interesse nacional pre- te artigo;
gados após dois anos, a partir da vistas no texto constitucional, II – às operações de emprés-
data da promulgação da Cons- as empresas brasileiras ficarão timo, financiamento, refinancia-
tituição, os incentivos que não dispensadas do cumprimento mento, assistência financeira de
forem confirmados por lei. do disposto no art. 176, § 1o, des- liquidez, cessão ou sub-rogação
§ 2o A revogação não preju- de que, no prazo de até quatro de créditos ou cédulas hipote-
dicará os direitos que já tiverem anos da data da promulgação da cárias, efetivação de garantia
sido adquiridos, àquela data, em Constituição, tenham o produto de depósitos do público ou de
relação a incentivos concedidos de sua lavra e beneficiamento compra de obrigações passivas,
sob condição e com prazo certo. destinado a industrialização no inclusive as realizadas com recur-
§ 3o Os incentivos concedi- território nacional, em seus pró- sos de fundos que tenham essas
dos por convênio entre Estados, prios estabelecimentos ou em destinações;
celebrados nos termos do art. 23, empresa industrial controladora III – aos créditos anteriores
§ 6o, da Constituição de 1967, com ou controlada. à promulgação da Constituição;
a redação da Emenda no 1, de 17 de § 2o Ficarão também dispen- IV – aos créditos das enti-
outubro de 1969, também deverão sadas do cumprimento do dispos- dades da administração públi-
ser reavaliados e reconfirmados to no art. 176, § 1o, as empresas ca anteriores à promulgação da
nos prazos deste artigo. brasileiras titulares de concessão Constituição, não liquidados até
de energia hidráulica para uso em 1o de janeiro de 1988.
Art. 42. Durante 40 (quarenta) seu processo de industrialização.
anos, a União aplicará dos recur- § 3o As empresas brasileiras Art. 47. Na liquidação dos débi-
sos destinados à irrigação: referidas no § 1o somente poderão tos, inclusive suas renegociações
I – 20% (vinte por cento) na ter autorizações de pesquisa e e composições posteriores, ainda
Região Centro-Oeste; concessões de lavra ou poten- que ajuizados, decorrentes de
II – 50% (cinquenta por cento) ciais de energia hidráulica, desde quaisquer empréstimos concedi-
na Região Nordeste, preferencial- que a energia e o produto da lavra dos por bancos e por instituições
mente no Semiárido. sejam utilizados nos respectivos financeiras, não existirá correção
Parágrafo único. Dos percen- processos industriais. monetária desde que o emprésti-
tuais previstos nos incisos I e II do mo tenha sido concedido:
caput, no mínimo 50% (cinquen- Art. 45. Ficam excluídas do mo- I – aos micro e pequenos em-
ta por cento) serão destinados a nopólio estabelecido pelo art. 177, presários ou seus estabelecimen-
projetos de irrigação que benefi- II, da Constituição as refinarias tos no período de 28 de fevereiro
ciem agricultores familiares que em funcionamento no País ampa- de 1986 a 28 de fevereiro de 1987;
atendam aos requisitos previstos radas pelo art. 43 e nas condições II – aos mini, pequenos e mé-
em legislação específica. do art. 45 da Lei no 2.004, de 3 de dios produtores rurais no período
outubro de 195318. de 28 de fevereiro de 1986 a 31
Art. 43. Na data da promulgação Parágrafo único. Ficam res- de dezembro de 1987, desde que
da lei que disciplinar a pesquisa e salvados da vedação do art. 177, relativos a crédito rural.
a lavra de recursos e jazidas mi- § 1o, os contratos de risco feitos § 1o Consideram-se, para
nerais, ou no prazo de um ano, a com a Petróleo Brasileiro S.A. (Pe- efeito deste artigo, microem-
contar da promulgação da Cons- trobrás), para pesquisa de petró- presas as pessoas jurídicas e as
tituição, tornar-se-ão sem efeito leo, que estejam em vigor na data firmas individuais com receitas
as autorizações, concessões e da promulgação da Constituição. anuais de até dez mil Obrigações
demais títulos atributivos de di- do Tesouro Nacional, e pequenas
reitos minerários, caso os traba- Art. 46. São sujeitos à correção empresas as pessoas jurídicas e
lhos de pesquisa ou de lavra não monetária desde o vencimento, as firmas individuais com recei-
hajam sido comprovadamente até seu efetivo pagamento, sem ta anual de até vinte e cinco mil
iniciados nos prazos legais ou interrupção ou suspensão, os Obrigações do Tesouro Nacional.
estejam inativos. créditos junto a entidades subme- § 2o A classificação de mini,
tidas aos regimes de intervenção pequeno e médio produtor rural
Art. 44. As atuais empresas bra- ou liquidação extrajudicial, mes- será feita obedecendo-se às nor-
sileiras titulares de autorização de mo quando esses regimes sejam mas de crédito rural vigentes à
pesquisa, concessão de lavra de convertidos em falência. época do contrato.
recursos minerais e de aproveita- Parágrafo único. O disposto § 3o A isenção da correção
mento dos potenciais de energia monetária a que se refere este
hidráulica em vigor terão quatro 18
NE: revogada pela Lei no 9.478/1997. artigo só será concedida nos se-
98
Constituição da República Federativa do Brasil
guintes casos: instituto da enfiteuse em imóveis interesse público, as terras rever-
I – se a liquidação do débito urbanos, sendo facultada aos fo- terão ao patrimônio da União, dos
inicial, acrescido de juros legais reiros, no caso de sua extinção, Estados, do Distrito Federal ou
e taxas judiciais, vier a ser efeti- a remição dos aforamentos me- dos Municípios.
vada no prazo de noventa dias, a diante aquisição do domínio dire-
contar da data da promulgação to, na conformidade do que dispu- Art. 52. Até que sejam fixadas
da Constituição; serem os respectivos contratos. as condições do art. 192, são ve-
II – se a aplicação dos recur- § 1o Quando não existir cláu- dados:
sos não contrariar a finalidade do sula contratual, serão adotados I – a instalação, no País, de
financiamento, cabendo o ônus os critérios e bases hoje vigentes novas agências de instituições
da prova à instituição credora; na legislação especial dos imóveis financeiras domiciliadas no ex-
III – se não for demonstrado da União. terior;
pela instituição credora que o § 2o Os direitos dos atuais II – o aumento do percen-
mutuário dispõe de meios para o ocupantes inscritos ficam asse- tual de participação, no capital
pagamento de seu débito, excluí- gurados pela aplicação de outra de instituições financeiras com
do desta demonstração seu esta- modalidade de contrato. sede no País, de pessoas físicas
belecimento, a casa de moradia § 3o A enfiteuse continuará ou jurídicas residentes ou domi-
e os instrumentos de trabalho e sendo aplicada aos terrenos de ciliadas no exterior.
produção; marinha e seus acrescidos, si- Parágrafo único. A vedação
IV – se o financiamento ini- tuados na faixa de segurança, a a que se refere este artigo não se
cial não ultrapassar o limite de partir da orla marítima. aplica às autorizações resultan-
cinco mil Obrigações do Tesouro § 4o Remido o foro, o antigo tes de acordos internacionais, de
Nacional; titular do domínio direto deverá, reciprocidade, ou de interesse do
V – se o beneficiário não for no prazo de noventa dias, sob Governo brasileiro.
proprietário de mais de cinco pena de responsabilidade, confiar
módulos rurais. à guarda do registro de imóveis Art. 53. Ao ex-combatente que
§ 4o Os benefícios de que competente toda a documenta- tenha efetivamente participado
trata este artigo não se estendem ção a ele relativa. de operações bélicas durante
aos débitos já quitados e aos de- a Segunda Guerra Mundial, nos
vedores que sejam constituintes. Art. 50. Lei agrícola a ser pro- termos da Lei no 5.315, de 12 de
§ 5o No caso de operações mulgada no prazo de um ano dis- setembro de 1967, serão assegu-
com prazos de vencimento poste- porá, nos termos da Constituição, rados os seguintes direitos:
riores à data-limite de liquidação sobre os objetivos e instrumentos I – aproveitamento no serviço
da dívida, havendo interesse do de política agrícola, prioridades, público, sem a exigência de con-
mutuário, os bancos e as institui- planejamento de safras, comer- curso, com estabilidade;
ções financeiras promoverão, por cialização, abastecimento inter- II – pensão especial corres-
instrumento próprio, alteração no, mercado externo e instituição pondente à deixada por segundo-
nas condições contratuais ori- de crédito fundiário. -tenente das Forças Armadas, que
ginais de forma a ajustá-las ao poderá ser requerida a qualquer
presente benefício. Art. 51. Serão revistos pelo Con- tempo, sendo inacumulável com
§ 6o A concessão do presente gresso Nacional, através de Co- quaisquer rendimentos recebidos
benefício por bancos comerciais missão mista, nos três anos a dos cofres públicos, exceto os
privados em nenhuma hipótese contar da data da promulgação benefícios previdenciários, res-
acarretará ônus para o Poder da Constituição, todas as doa- salvado o direito de opção;
Público, ainda que através de ções, vendas e concessões de III – em caso de morte, pensão
refinanciamento e repasse de terras públicas com área superior à viúva ou companheira ou depen-
recursos pelo banco central. a três mil hectares, realizadas no dente, de forma proporcional, de
§ 7o No caso de repasse a período de 1o de janeiro de 1962 a valor igual à do inciso anterior;
agentes financeiros oficiais ou 31 de dezembro de 1987. IV – assistência médica, hos-
cooperativas de crédito, o ônus § 1o No tocante às vendas, pitalar e educacional gratuita,
recairá sobre a fonte de recursos a revisão será feita com base extensiva aos dependentes;
originária. exclusivamente no critério de V – aposentadoria com pro-
legalidade da operação. ventos integrais aos vinte e cinco
Art. 48. O Congresso Nacional, § 2o No caso de concessões e anos de serviço efetivo, em qual-
dentro de cento e vinte dias da doações, a revisão obedecerá aos quer regime jurídico;
promulgação da Constituição, critérios de legalidade e de con- VI – prioridade na aquisição
elaborará código de defesa do veniência do interesse público. da casa própria, para os que não
consumidor. § 3o Nas hipóteses previstas a possuam ou para suas viúvas ou
nos parágrafos anteriores, com- companheiras.
Art. 49. A lei disporá sobre o provada a ilegalidade, ou havendo Parágrafo único. A conces-
99
Constituição da República Federativa do Brasil
são da pensão especial do inciso ressalvados, exclusivamente no na data de sua concessão, obe-
II substitui, para todos os efeitos exercício de 1988, os compromis- decendo-se a esse critério de
legais, qualquer outra pensão já sos assumidos com programas e atualização até a implantação
concedida ao ex-combatente. projetos em andamento. do plano de custeio e benefícios
referidos no artigo seguinte.
Art. 54. Os seringueiros recru- Art. 57. Os débitos dos Esta- Parágrafo único. As pres-
tados nos termos do Decreto-lei dos e dos Municípios relativos tações mensais dos benefícios
no 5.813, de 14 de setembro de às contribuições previdenciárias atualizadas de acordo com este
1943, e amparados pelo Decreto- até 30 de junho de 1988 serão li- artigo serão devidas e pagas a
-lei no 9.882, de 16 de setembro de quidados, com correção mone- partir do sétimo mês a contar
1946, receberão, quando carentes, tária, em cento e vinte parcelas da promulgação da Constituição.
pensão mensal vitalícia no valor mensais, dispensados os juros
de dois salários mínimos. e multas sobre eles incidentes, Art. 59. Os projetos de lei relati-
§ 1o O benefício é estendido desde que os devedores requei- vos à organização da seguridade
aos seringueiros que, atendendo ram o parcelamento e iniciem seu social e aos planos de custeio e de
a apelo do Governo brasileiro, pagamento no prazo de cento e benefício serão apresentados no
contribuíram para o esforço de oitenta dias a contar da promul- prazo máximo de seis meses da
guerra, trabalhando na produção gação da Constituição. promulgação da Constituição ao
de borracha, na Região Amazô- § 1o O montante a ser pago Congresso Nacional, que terá seis
nica, durante a Segunda Guerra em cada um dos dois primeiros meses para apreciá-los.
Mundial. anos não será inferior a cinco por Parágrafo único. Aprovados
§ 2o Os benefícios estabele- cento do total do débito consoli- pelo Congresso Nacional, os pla-
cidos neste artigo são transferí- dado e atualizado, sendo o restan- nos serão implantados progres-
veis aos dependentes reconhe- te dividido em parcelas mensais sivamente nos dezoito meses
cidamente carentes. de igual valor. seguintes.
§ 3o A concessão do bene- § 2o A liquidação poderá
fício far-se-á conforme lei a ser incluir pagamentos na forma Art. 60. A complementação da
proposta pelo Poder Executivo de cessão de bens e prestação União referida no inciso IV do
dentro de cento e cinquenta dias de serviços, nos termos da Lei caput do art. 212‑A da Constitui-
da promulgação da Constituição. no 7.578, de 23 de dezembro de ção Federal será implementada
1986. progressivamente até alcançar a
Art. 54-A. Os seringueiros de § 3o Em garantia do cum- proporção estabelecida no inci-
que trata o art. 54 deste Ato das primento do parcelamento, os so V do caput do mesmo artigo,
Disposições Constitucionais Tran- Estados e os Municípios consig- a partir de 1o de janeiro de 2021,
sitórias receberão indenização, narão, anualmente, nos respec- nos seguintes valores mínimos:
em parcela única, no valor de tivos orçamentos as dotações I – 12% (doze por cento), no
R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil necessárias ao pagamento de primeiro ano;
reais). seus débitos. II – 15% (quinze por cento), no
§ 4o Descumprida qualquer segundo ano;
Art. 55. Até que seja aprovada das condições estabelecidas para III – 17% (dezessete por cen-
a lei de diretrizes orçamentárias, concessão do parcelamento, o to), no terceiro ano;
trinta por cento, no mínimo, do débito será considerado venci- IV – 19% (dezenove por cento),
orçamento da seguridade so- do em sua totalidade, sobre ele no quarto ano;
cial, excluído o seguro-desem- incidindo juros de mora; nesta V – 21% (vinte e um por cento),
prego, serão destinados ao setor hipótese, parcela dos recursos no quinto ano;
de saúde. correspondentes aos Fundos de VI – 23% (vinte e três por cen-
Participação, destinada aos Esta- to), no sexto ano.
Art. 56. Até que a lei disponha dos e Municípios devedores, será § 1o A parcela da comple-
sobre o art. 195, I, a arrecadação bloqueada e repassada à previ- mentação de que trata a alínea “b”
decorrente de, no mínimo, cinco dência social para pagamento do inciso V do caput do art. 212‑A
dos seis décimos percentuais de seus débitos. da Constituição Federal obser-
correspondentes à alíquota da vará, no mínimo, os seguintes
contribuição de que trata o De- Art. 58. Os benefícios de pres- valores:
creto-lei no 1.940, de 25 de maio tação continuada, mantidos pela I – 2 (dois) pontos percentuais,
de 1982, alterada pelo Decreto-lei previdência social na data da pro- no primeiro ano;
no 2.049, de 1o de agosto de 1983, mulgação da Constituição, terão II – 5 (cinco) pontos percen-
pelo Decreto no 91.236, de 8 de seus valores revistos, a fim de tuais, no segundo ano;
maio de 1985, e pela Lei no 7.611, de que seja restabelecido o poder III – 6,25 (seis inteiros e vinte
8 de julho de 1987, passa a integrar aquisitivo, expresso em número e cinco centésimos) pontos per-
a receita da seguridade social, de salários mínimos, que tinham centuais, no terceiro ano;
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Constituição da República Federativa do Brasil
IV – 7,5 (sete inteiros e cinco três do Poder Judiciário e três do tados manter consultorias jurí-
décimos) pontos percentuais, no Poder Executivo, para promover dicas separadas de suas Procu-
quarto ano; as comemorações do centenário radorias-Gerais ou Advocacias-
V – 9 (nove) pontos percen- da proclamação da República -Gerais, desde que, na data da
tuais, no quinto ano; e da promulgação da primeira promulgação da Constituição,
VI – 10,5 (dez inteiros e cinco Constituição republicana do País, tenham órgãos distintos para as
décimos) pontos percentuais, no podendo, a seu critério, desdo- respectivas funções.
sexto ano. brar-se em tantas subcomissões
§ 2o A parcela da comple- quantas forem necessárias. Art. 70. Fica mantida a atual
mentação de que trata a alínea “c” Parágrafo único. No desen- competência dos tribunais es-
do inciso V do caput do art. 212‑A volvimento de suas atribuições, taduais até que a mesma seja
da Constituição Federal observará a Comissão promoverá estudos, definida na Constituição do Es-
os seguintes valores: debates e avaliações sobre a evo- tado, nos termos do art. 125, § 1o,
I – 0,75 (setenta e cinco cen- lução política, social, econômica e da Constituição.
tésimos) ponto percentual, no cultural do País, podendo articu-
terceiro ano; lar-se com os governos estaduais Art. 71. É instituído, nos exercí-
II – 1,5 (um inteiro e cinco e municipais e com instituições cios financeiros de 1994 e 1995,
décimos) ponto percentual, no públicas e privadas que desejem bem assim nos períodos de 1o de
quarto ano; participar dos eventos. janeiro de 1996 a 30 de junho de
III – 2 (dois) pontos percentu- 1997 e 1o de julho de 1997 a 31 de
ais, no quinto ano; Art. 64. A Imprensa Nacional dezembro de 1999, o Fundo So-
IV – 2,5 (dois inteiros e cinco e demais gráficas da União, dos cial de Emergência, com o obje-
décimos) pontos percentuais, no Estados, do Distrito Federal e dos tivo de saneamento financeiro
sexto ano. Municípios, da administração di- da Fazenda Pública Federal e de
reta ou indireta, inclusive funda- estabilização econômica, cujos
Art. 60-A. Os critérios de dis- ções instituídas e mantidas pelo recursos serão aplicados priori-
tribuição da complementação da Poder Público, promoverão edição tariamente no custeio das ações
União e dos fundos a que se refere popular do texto integral da Cons- dos sistemas de saúde e educa-
o inciso I do caput do art. 212‑A tituição, que será posta à disposi- ção, incluindo a complementação
da Constituição Federal serão ção das escolas e dos cartórios, de recursos de que trata o § 3o do
revistos em seu sexto ano de vi- dos sindicatos, dos quartéis, das art. 60 do Ato das Disposições
gência e, a partir dessa primeira igrejas e de outras instituições Constitucionais Transitórias, be-
revisão, periodicamente, a cada representativas da comunidade, nefícios previdenciários e auxílios
10 (dez) anos. gratuitamente, de modo que cada assistenciais de prestação con-
cidadão brasileiro possa receber tinuada, inclusive liquidação de
Art. 61. As entidades educacio- do Estado um exemplar da Cons- passivo previdenciário, e despe-
nais a que se refere o art. 213, bem tituição do Brasil. sas orçamentárias associadas a
como as fundações de ensino e programas de relevante interesse
pesquisa cuja criação tenha sido Art. 65. O Poder Legislativo re- econômico e social.
autorizada por lei, que preencham gulamentará, no prazo de doze § 1o Ao Fundo criado por este
os requisitos dos incisos I e II do meses, o art. 220, § 4o. artigo não se aplica o disposto na
referido artigo e que, nos últimos parte final do inciso II do § 9o do
três anos, tenham recebido recur- Art. 66. São mantidas as con- art. 165 da Constituição.
sos públicos, poderão continuar a cessões de serviços públicos de § 2o O Fundo criado por este
recebê-los, salvo disposição legal telecomunicações atualmente em artigo passa a ser denominado
em contrário. vigor, nos termos da lei. Fundo de Estabilização Fiscal a
partir do início do exercício fi-
Art. 62. A lei criará o Serviço Art. 67. A União concluirá a de- nanceiro de 1996.
Nacional de Aprendizagem Rural marcação das terras indígenas § 3o O Poder Executivo publi-
(SENAR) nos moldes da legislação no prazo de cinco anos a partir cará demonstrativo da execução
relativa ao Serviço Nacional de da promulgação da Constituição. orçamentária, de periodicidade
Aprendizagem Industrial (SENAI) bimestral, no qual se discrimi-
e ao Serviço Nacional de Aprendi- Art. 68. Aos remanescentes das narão as fontes e usos do Fundo
zagem do Comércio (SENAC), sem comunidades dos quilombos que criado por este artigo.
prejuízo das atribuições dos ór- estejam ocupando suas terras é
gãos públicos que atuam na área. reconhecida a propriedade defini- Art. 72. Integram o Fundo Social
tiva, devendo o Estado emitir-lhes de Emergência:
Art. 63. É criada uma Comis- os títulos respectivos. I – o produto da arrecada-
são composta de nove membros, ção do imposto sobre renda e
sendo três do Poder Legislativo, Art. 69. Será permitido aos Es- proventos de qualquer natureza
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Constituição da República Federativa do Brasil
incidente na fonte sobre paga- cálculo previstas nos incisos III e V ção da contribuição de que trata
mentos efetuados, a qualquer aplicar-se-ão a partir do primeiro este artigo será destinado inte-
título, pela União, inclusive suas dia do mês seguinte aos noventa gralmente ao Fundo Nacional de
autarquias e fundações; dias posteriores à promulgação Saúde, para financiamento das
II – a parcela do produto da desta Emenda19. ações e serviços de saúde.
arrecadação do imposto sobre § 2o As parcelas de que tra- § 4o A contribuição de que
renda e proventos de qualquer tam os incisos I, II, III e V, serão trata este artigo terá sua exigi-
natureza e do imposto sobre previamente deduzidas da base bilidade subordinada ao disposto
operações de crédito, câmbio de cálculo de qualquer vinculação no art. 195, § 6o, da Constituição, e
e seguro, ou relativas a títulos e ou participação constitucional não poderá ser cobrada por prazo
valores mobiliários, decorrente ou legal, não se lhes aplicando o superior a dois anos.
das alterações produzidas pela disposto nos arts. 159, 212 e 239
Lei no 8.894, de 21 de junho de da Constituição. Art. 75. É prorrogada, por trin-
1994 e pelas Leis nos 8.849 e 8.848, § 3o A parcela de que tra- ta e seis meses, a cobrança da
ambas de 28 de janeiro de 1994 e ta o inciso IV será previamen- contribuição provisória sobre mo-
modificações posteriores; te deduzida da base de cálculo vimentação ou transmissão de
III – a parcela do produto de das vinculações ou participa- valores e de créditos e direitos
arrecadação resultante da eleva- ções constitucionais previstas de natureza financeira de que
ção da alíquota da contribuição nos arts. 153, § 5o, 157, II, 212 e trata o art. 74, instituída pela Lei
social sobre o lucro dos contri- 239 da Constituição. no 9.311, de 24 de outubro de 1996,
buintes a que se refere o § 1o do § 4o O disposto no parágrafo modificada pela Lei no 9.539, de
art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de anterior não se aplica aos recur- 12 de dezembro de 1997, cuja vi-
julho de 1991, a qual nos exercí- sos previstos nos arts. 158, II, e gência é também prorrogada por
cios financeiros de 1994 e 1995, 159 da Constituição. idêntico prazo.
bem assim no período de 1o de § 5o A parcela dos recursos § 1o Observado o disposto no
janeiro de 1996 a 30 de junho de provenientes do imposto sobre § 6 do art. 195 da Constituição Fe-
o
1997, passa a ser de trinta por renda e proventos de qualquer deral, a alíquota da contribuição
cento, sujeita a alteração por lei natureza, destinada ao Fundo será de trinta e oito centésimos
ordinária, mantidas as demais Social de Emergência, nos ter- por cento, nos primeiros doze me-
normas da Lei no 7.689, de 15 de mos do inciso II deste artigo, não ses, e de trinta centésimos, nos
dezembro de 1988; poderá exceder a cinco inteiros e meses subsequentes, facultado
IV – vinte por cento do pro- seis décimos por cento do total ao Poder Executivo reduzi-la to-
duto da arrecadação de todos do produto da sua arrecadação. tal ou parcialmente, nos limites
os impostos e contribuições da aqui definidos.
União, já instituídos ou a serem Art. 73. Na regulação do Fundo § 2o O resultado do aumento
criados, excetuado o previsto nos Social de Emergência não po- da arrecadação, decorrente da
incisos I, II e III, observado o dis- derá ser utilizado o instrumento alteração da alíquota, nos exer-
posto nos §§ 3o e 4o; previsto no inciso V do art. 59 da cícios financeiros de 1999, 2000
V – a parcela do produto da Constituição. e 2001, será destinado ao custeio
arrecadação da contribuição de da previdência social.
que trata a Lei Complementar no 7, Art. 74. A União poderá instituir § 3o É a União autorizada a
de 7 de setembro de 1970, devida contribuição provisória sobre mo- emitir títulos da dívida pública
pelas pessoas jurídicas a que se vimentação ou transmissão de interna, cujos recursos serão des-
refere o inciso III deste artigo, a valores e de créditos e direitos tinados ao custeio da saúde e da
qual será calculada, nos exercí- de natureza financeira. previdência social, em montante
cios financeiros de 1994 a 1995, § 1o A alíquota da contribui- equivalente ao produto da arreca-
bem assim nos períodos de 1o de ção de que trata este artigo não dação da contribuição, prevista e
janeiro de 1996 a 30 de junho de excederá a vinte e cinco centési- não realizada em 1999.20
1997 e de 1o de julho de 1997 a 31 mos por cento, facultado ao Poder
de dezembro de 1999, mediante a Executivo reduzi-la ou restabele- Art. 76. São desvinculados de
aplicação da alíquota de setenta cê-la, total ou parcialmente, nas órgão, fundo ou despesa, até 31
e cinco centésimos por cento, su- condições e limites fixados em lei. de dezembro de 2024, 30% (trin-
jeita a alteração por lei ordinária § 2o À contribuição de que ta por cento) da arrecadação da
posterior, sobre a receita bruta trata este artigo não se aplica o União relativa às contribuições
operacional, como definida na disposto nos arts. 153, § 5o, e 154, sociais, sem prejuízo do paga-
legislação do imposto sobre renda I, da Constituição. mento das despesas do Regime
e proventos de qualquer natureza; § 3o O produto da arrecada- Geral de Previdência Social, às
VI – outras receitas previstas contribuições de intervenção no
em lei específica. 19
NE: leia-se “da Emenda Constitucional de
§ 1o As alíquotas e a base de Revisão no 1, de 1994”. 20
NE: ver ADI no 2.031.
102
Constituição da República Federativa do Brasil
domínio econômico e às taxas, já (trinta por cento) das receitas dos Federal e os Municípios que apli-
instituídas ou que vierem a ser Municípios relativas a impostos, quem percentuais inferiores aos
criadas até a referida data. taxas e multas, já instituídos ou fixados nos incisos II e III deve-
§ 1o (Revogado) que vierem a ser criados até a rão elevá-los gradualmente, até
§ 2o Excetua-se da desvincu- referida data, seus adicionais e o exercício financeiro de 2004,
lação de que trata o caput a arre- respectivos acréscimos legais, e reduzida a diferença à razão de,
cadação da contribuição social do outras receitas correntes. pelo menos, um quinto por ano,
salário-educação a que se refere Parágrafo único. Excetuam- sendo que, a partir de 2000, a
o § 5o do art. 212 da Constituição -se da desvinculação de que trata aplicação será de pelo menos
Federal. o caput: sete por cento.
§ 3o (Revogado) I – recursos destinados ao § 2o Dos recursos da União
§ 4o A desvinculação de que financiamento das ações e ser- apurados nos termos deste arti-
trata o caput não se aplica às re- viços públicos de saúde e à ma- go, quinze por cento, no mínimo,
ceitas das contribuições sociais nutenção e desenvolvimento do serão aplicados nos Municípios,
destinadas ao custeio da seguri- ensino de que tratam, respecti- segundo o critério populacional,
dade social. vamente, os incisos II e III do § 2o em ações e serviços básicos de
do art. 198 e o art. 212 da Consti- saúde, na forma da lei.
Art. 76-A. São desvinculados tuição Federal; § 3o Os recursos dos Esta-
de órgão, fundo ou despesa, até II – receitas de contribuições dos, do Distrito Federal e dos
31 de dezembro de 2032, 30% previdenciárias e de assistência Municípios destinados às ações
(trinta por cento) das receitas dos à saúde dos servidores; e serviços públicos de saúde e
Estados e do Distrito Federal re- III – transferências obriga- os transferidos pela União para a
lativas a impostos, taxas e multas tórias e voluntárias entre entes mesma finalidade serão aplicados
já instituídos ou que vierem a ser da Federação com destinação por meio de Fundo de Saúde que
criados até a referida data, seus especificada em lei; será acompanhado e fiscaliza-
adicionais e respectivos acrés- IV – fundos instituídos pelo do por Conselho de Saúde, sem
cimos legais, e outras receitas Tribunal de Contas do Município. prejuízo do disposto no art. 74 da
correntes. Constituição Federal.
Parágrafo único. Excetuam- Art. 77. Até o exercício financei- § 4 o Na ausência da lei
-se da desvinculação de que trata ro de 2004, os recursos mínimos complementar a que se refere o
o caput: aplicados nas ações e serviços art. 198, § 3o, a partir do exercício
I – recursos destinados ao públicos de saúde serão equi- financeiro de 2005, aplicar-se-á
financiamento das ações e ser- valentes: à União, aos Estados, ao Distrito
viços públicos de saúde e à ma- I – no caso da União: Federal e aos Municípios o dis-
nutenção e desenvolvimento do a) no ano 2000, o montante posto neste artigo.
ensino de que tratam, respecti- empenhado em ações e serviços
vamente, os incisos II e III do § 2o públicos de saúde no exercício Art. 78. Ressalvados os créditos
do art. 198 e o art. 212 da Consti- financeiro de 1999 acrescido de, definidos em lei como de pequeno
tuição Federal; no mínimo, cinco por cento; valor, os de natureza alimentícia,
II – receitas que pertencem b) do ano 2001 ao ano 2004, os de que trata o art. 33 deste Ato
aos Municípios decorrentes de o valor apurado no ano anterior, das Disposições Constitucionais
transferências previstas na Cons- corrigido pela variação nominal Transitórias e suas complemen-
tituição Federal; do Produto Interno Bruto – PIB; tações e os que já tiverem os
III – receitas de contribuições II – no caso dos Estados e do seus respectivos recursos libe-
previdenciárias e de assistência Distrito Federal, doze por cento rados ou depositados em juízo,
à saúde dos servidores; do produto da arrecadação dos os precatórios pendentes na data
IV – demais transferências impostos a que se refere o art. 155 de promulgação desta Emenda21
obrigatórias e voluntárias entre e dos recursos de que tratam os e os que decorram de ações ini-
entes da Federação com desti- arts. 157 e 159, inciso I, alínea “a”, ciais ajuizadas até 31 de dezem-
nação especificada em lei; e inciso II, deduzidas as parcelas bro de 1999 serão liquidados pelo
V – fundos instituídos pelo que forem transferidas aos res- seu valor real, em moeda cor-
Poder Judiciário, pelos Tribunais pectivos Municípios; e rente, acrescido de juros legais,
de Contas, pelo Ministério Público, III – no caso dos Municípios em prestações anuais, iguais e
pelas Defensorias Públicas e pelas e do Distrito Federal, quinze por sucessivas, no prazo máximo de
Procuradorias-Gerais dos Estados cento do produto da arrecadação dez anos, permitida a cessão dos
e do Distrito Federal. dos impostos a que se refere o créditos.
art. 156 e dos recursos de que § 1o É permitida a decom-
Art. 76-B. São desvinculados tratam os arts. 158 e 159, inciso
de órgão, fundo ou despesa, até I, alínea “b” e § 3o. 21
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
31 de dezembro de 2032, 30% § 1o Os Estados, o Distrito no 30, de 2000”.
103
Constituição da República Federativa do Brasil
posição de parcelas, a critério na alíquota da contribuição so- § 1o Caso o montante anual
do credor. cial de que trata o art. 75 do Ato previsto nos rendimentos trans-
§ 2o As prestações anuais a das Disposições Constitucionais feridos ao Fundo de Combate e
que se refere o caput deste artigo Transitórias; Erradicação da Pobreza, na for-
terão, se não liquidadas até o final II – a parcela do produto da ma deste artigo, não alcance o
do exercício a que se referem, arrecadação correspondente a valor de quatro bilhões de reais,
poder liberatório do pagamento um adicional de cinco pontos far-se-á complementação na for-
de tributos da entidade devedora. percentuais na alíquota do Im- ma do art. 80, inciso IV, do Ato
§ 3o O prazo referido no caput posto sobre Produtos Industria- das Disposições Constitucionais
deste artigo fica reduzido para lizados – IPI, ou do imposto que Transitórias.
dois anos, nos casos de precató- vier a substituí-lo, incidente sobre § 2o Sem prejuízo do dispos-
rios judiciais originários de desa- produtos supérfluos e aplicável to no § 1o, o Poder Executivo po-
propriação de imóvel residencial até a extinção do Fundo; derá destinar ao Fundo a que se
do credor, desde que comprova- III – o produto da arrecadação refere este artigo outras receitas
damente único à época da imissão do imposto de que trata o art. 153, decorrentes da alienação de bens
na posse. inciso VII, da Constituição; da União.
§ 4o O Presidente do Tribu- IV – dotações orçamentárias; § 3o A constituição do Fundo
nal competente deverá, vencido V – doações, de qualquer a que se refere o caput, a trans-
o prazo ou em caso de omissão natureza, de pessoas físicas ou ferência de recursos ao Fundo
no orçamento, ou preterição ao jurídicas do País ou do exterior; de Combate e Erradicação da
direito de precedência, a reque- VI – outras receitas, a serem Pobreza e as demais disposições
rimento do credor, requisitar ou definidas na regulamentação do referentes ao § 1o deste artigo se-
determinar o sequestro de recur- referido Fundo. rão disciplinadas em lei, não se
sos financeiros da entidade exe- § 1o Aos recursos integran- aplicando o disposto no art. 165,
cutada, suficientes à satisfação tes do Fundo de que trata este § 9o, inciso II, da Constituição.
da prestação. artigo não se aplica o disposto
nos arts. 159 e 167, inciso IV, da Art. 82. Os Estados, o Distrito
Art. 79. É instituído, para vigorar Constituição, assim como qual- Federal e os Municípios devem
até o ano de 201022, no âmbito do quer desvinculação de recursos instituir Fundos de Combate à
Poder Executivo Federal, o Fun- orçamentários. Pobreza, com os recursos de
do de Combate e Erradicação da § 2o A arrecadação decor- que trata este artigo e outros
Pobreza, a ser regulado por lei rente do disposto no inciso I deste que vierem a destinar, devendo
complementar com o objetivo de artigo, no período compreendido os referidos Fundos ser geridos
viabilizar a todos os brasileiros entre 18 de junho de 2000 e o por entidades que contem com a
acesso a níveis dignos de subsis- início da vigência da lei comple- participação da sociedade civil.
tência, cujos recursos serão apli- mentar a que se refere o art. 79, § 1o Para o financiamento
cados em ações suplementares será integralmente repassada ao dos Fundos Estaduais e Distrital,
de nutrição, habitação, educação, Fundo, preservado o seu valor poderá ser criado adicional de
saúde, reforço de renda familiar real, em títulos públicos fede- até dois pontos percentuais na
e outros programas de relevan- rais, progressivamente resgatá- alíquota do Imposto sobre Circu-
te interesse social voltados para veis após 18 de junho de 2002, na lação de Mercadorias e Serviços
melhoria da qualidade de vida. forma da lei. – ICMS, sobre os produtos e ser-
Parágrafo único. O Fundo viços supérfluos e nas condições
previsto neste artigo terá Con- Art. 81. É instituído Fundo cons- definidas na lei complementar de
selho Consultivo e de Acompa- tituído pelos recursos recebidos que trata o art. 155, § 2o, XII, da
nhamento que conte com a par- pela União em decorrência da Constituição, não se aplicando,
ticipação de representantes da desestatização de sociedades sobre este percentual, o disposto
sociedade civil, nos termos da lei. de economia mista ou empresas no art. 158, IV, da Constituição.
públicas por ela controladas, di- § 2o Para o financiamento
Art. 80. Compõem o Fundo de reta ou indiretamente, quando a dos Fundos Municipais, poderá
Combate e Erradicação da Po- operação envolver a alienação do ser criado adicional de até meio
breza: respectivo controle acionário a ponto percentual na alíquota do
I – a parcela do produto da pessoa ou entidade não integran- Imposto sobre Serviços ou do
arrecadação correspondente a te da Administração Pública, ou imposto que vier a substituí-lo,
um adicional de oito centésimos de participação societária rema- sobre serviços supérfluos.
por cento, aplicável de 18 de junho nescente após a alienação, cujos
de 2000 a 17 de junho de 2002, rendimentos, gerados a partir de Art. 83. Lei federal definirá os
18 de junho de 2002, reverterão ao produtos e serviços supérfluos
22
NE: prazo prorrogado, conforme a EC Fundo de Combate e Erradicação a que se referem os arts. 80, II,
no 67/2010. da Pobreza. e 82, § 2o.
104
Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 84. A contribuição provisó- financeiro; pequeno valor pela lei de que trata
ria sobre movimentação ou trans- II – em contas correntes de o § 3o do art. 100 da Constituição
missão de valores e de créditos depósito, relativos a: Federal ou pelo art. 87 deste Ato
e direitos de natureza financeira, a) operações de compra e das Disposições Constitucionais
prevista nos arts. 74, 75 e 80, I, venda de ações, realizadas em Transitórias;
deste Ato das Disposições Cons- recintos ou sistemas de nego- III – estar, total ou parcial-
titucionais Transitórias, será co- ciação de bolsas de valores e no mente, pendentes de pagamen-
brada até 31 de dezembro de 2004. mercado de balcão organizado; to na data da publicação desta
§ 1o Fica prorrogada, até a b) contratos referenciados Emenda Constitucional24.
data referida no caput deste ar- em ações ou índices de ações, § 1o Os débitos a que se re-
tigo, a vigência da Lei no 9.311, em suas diversas modalidades, fere o caput deste artigo, ou os
de 24 de outubro de 1996, e suas negociados em bolsas de valo- respectivos saldos, serão pagos
alterações. res, de mercadorias e de futuros; na ordem cronológica de apre-
§ 2o Do produto da arreca- III – em contas de investidores sentação dos respectivos preca-
dação da contribuição social de estrangeiros, relativos a entra- tórios, com precedência sobre os
que trata este artigo será desti- das no País e a remessas para o de maior valor.
nada a parcela correspondente exterior de recursos financeiros § 2o Os débitos a que se refe-
à alíquota de: empregados, exclusivamente, em re o caput deste artigo, se ainda
I – vinte centésimos por cen- operações e contratos referidos não tiverem sido objeto de pa-
to ao Fundo Nacional de Saúde, no inciso II deste artigo. gamento parcial, nos termos do
para financiamento das ações e § 1o O Poder Executivo dis- art. 78 deste Ato das Disposições
serviços de saúde; ciplinará o disposto neste artigo Constitucionais Transitórias, po-
II – dez centésimos por cento no prazo de trinta dias da data de derão ser pagos em duas parcelas
ao custeio da previdência social; publicação desta Emenda Cons- anuais, se assim dispuser a lei.
III – oito centésimos por cento titucional23. § 3o Observada a ordem cro-
ao Fundo de Combate e Erradica- § 2o O disposto no inciso I nológica de sua apresentação, os
ção da Pobreza, de que tratam os deste artigo aplica-se somente débitos de natureza alimentícia
arts. 80 e 81 deste Ato das Disposi- às operações relacionadas em previstos neste artigo terão pre-
ções Constitucionais Transitórias. ato do Poder Executivo, dentre cedência para pagamento sobre
§ 3o A alíquota da contri- aquelas que constituam o objeto todos os demais.
buição de que trata este artigo social das referidas entidades.
será de: § 3o O disposto no inciso II Art. 87. Para efeito do que dis-
I – trinta e oito centésimos deste artigo aplica-se somente a põem o § 3o do art. 100 da Consti-
por cento, nos exercícios finan- operações e contratos efetuados tuição Federal e o art. 78 deste Ato
ceiros de 2002 e 2003; por intermédio de instituições das Disposições Constitucionais
II – (Revogado). financeiras, sociedades corre- Transitórias serão considerados
toras de títulos e valores mobili- de pequeno valor, até que se dê a
Art. 85. A contribuição a que ários, sociedades distribuidoras publicação oficial das respectivas
se refere o art. 84 deste Ato das de títulos e valores mobiliários e leis definidoras pelos entes da
Disposições Constitucionais Tran- sociedades corretoras de mer- Federação, observado o disposto
sitórias não incidirá, a partir do cadorias. no § 4o do art. 100 da Constituição
trigésimo dia da data de publica- Federal, os débitos ou obrigações
ção desta Emenda Constitucional, Art. 86. Serão pagos conforme consignados em precatório judi-
nos lançamentos: disposto no art. 100 da Constitui- ciário, que tenham valor igual ou
I – em contas correntes de ção Federal, não se lhes aplicando inferior a:
depósito especialmente abertas a regra de parcelamento estabe- I – quarenta salários mínimos,
e exclusivamente utilizadas para lecida no caput do art. 78 deste perante a Fazenda dos Estados e
operações de: Ato das Disposições Constitu- do Distrito Federal;
a) câmaras e prestadoras de cionais Transitórias, os débitos II – trinta salários mínimos,
serviços de compensação e de li- da Fazenda Federal, Estadual, perante a Fazenda dos Municípios.
quidação de que trata o parágrafo Distrital ou Municipal oriundos de Parágrafo único. Se o valor
único do art. 2o da Lei no 10.214, sentenças transitadas em julgado, da execução ultrapassar o es-
de 27 de março de 2001; que preencham, cumulativamen- tabelecido neste artigo, o paga-
b) companhias securitizado- te, as seguintes condições: mento far-se-á, sempre, por meio
ras de que trata a Lei no 9.514, de I – ter sido objeto de emissão de precatório, sendo facultada à
20 de novembro de 1997; de precatórios judiciários; parte exequente a renúncia ao
c) sociedades anônimas que II – ter sido definidos como de crédito do valor excedente, para
tenham por objeto exclusivo a
aquisição de créditos oriundos de 23
NE: leia-se “da Emenda Constitucional 24
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
operações praticadas no mercado no 37, de 2002”. no 37, de 2002”.
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Constituição da República Federativa do Brasil
que possa optar pelo pagamen- entidade da administração federal da União e por ela gerido, com
to do saldo sem o precatório, da direta, autárquica ou fundacional. a efetiva participação do Esta-
forma prevista no § 3o do art. 100. do do Amazonas na definição
Art. 90. O prazo previsto no das políticas, com o objetivo de
Art. 88. Enquanto lei comple- caput do art. 84 deste Ato das fomentar o desenvolvimento e
mentar não disciplinar o disposto Disposições Constitucionais Tran- a diversificação das atividades
nos incisos I e III do § 3o do art. 156 sitórias fica prorrogado até 31 de econômicas no Estado.
da Constituição Federal, o impos- dezembro de 2007. § 3o A lei complementar de
to a que se refere o inciso III do § 1o Fica prorrogada, até a que trata o § 2o:
caput do mesmo artigo: data referida no caput deste ar- I – estabelecerá o montante
I – terá alíquota mínima de tigo, a vigência da Lei no 9.311, mínimo de aporte anual de re-
dois por cento, exceto para os de 24 de outubro de 1996, e suas cursos ao Fundo, bem como os
serviços a que se referem os itens alterações. critérios para sua correção;
32, 33 e 34 da Lista de Serviços § 2o Até a data referida no II – preverá a possibilidade de
anexa ao Decreto-lei no 406, de caput deste artigo, a alíquota utilização dos recursos do Fundo
31 de dezembro de 1968; da contribuição de que trata o para compensar eventual perda
II – não será objeto de con- art. 84 deste Ato das Disposi- de receita do Estado do Amazo-
cessão de isenções, incentivos e ções Constitucionais Transitórias nas em função das alterações no
benefícios fiscais, que resulte, di- será de trinta e oito centésimos sistema tributário decorrentes da
reta ou indiretamente, na redução por cento. instituição dos tributos previstos
da alíquota mínima estabelecida nos arts. 156‑A e 195, V, da Cons-
no inciso I. Art. 91. (Revogado) tituição Federal.
§ 4o A União, mediante acor-
Art. 89. Os integrantes da car- Art. 92. São acrescidos dez anos do com o Estado do Amazonas,
reira policial militar e os servido- ao prazo fixado no art. 40 deste poderá reduzir o alcance dos ins-
res municipais do ex-Território Ato das Disposições Constitucio- trumentos previstos no § 1o, con-
Federal de Rondônia que, com- nais Transitórias. dicionado ao aporte de recursos
provadamente, se encontravam adicionais ao Fundo de que trata
no exercício regular de suas fun- Art. 92-A. São acrescidos 50 o § 2o, asseguradas a diversifica-
ções prestando serviço àquele (cinquenta) anos ao prazo fixado ção das atividades econômicas
ex-Território na data em que foi pelo art. 92 deste Ato das Disposi- e a antecedência mínima de 3
transformado em Estado, bem ções Constitucionais Transitórias. (três) anos.
como os servidores e os policiais § 5o Não se aplica aos me-
militares alcançados pelo dispos- Art. 92-B. As leis instituido- canismos previstos no caput o
to no art. 36 da Lei Complemen- ras dos tributos previstos nos disposto nos incisos III e IV do
tar no 41, de 22 de dezembro de arts. 156‑A e 195, V, da Consti- caput do art. 149‑B da Constitui-
1981, e aqueles admitidos regular- tuição Federal estabelecerão os ção Federal.
mente nos quadros do Estado de mecanismos necessários, com ou § 6o Lei complementar insti-
Rondônia até a data de posse do sem contrapartidas, para manter, tuirá Fundo de Desenvolvimento
primeiro Governador eleito, em 15 em caráter geral, o diferencial Sustentável dos Estados da Ama-
de março de 1987, constituirão, competitivo assegurado à Zona zônia Ocidental e do Amapá, que
mediante opção, quadro em ex- Franca de Manaus pelos arts. 40 será constituído com recursos da
tinção da administração federal, e 92‑A e às áreas de livre comér- União e por ela gerido, com a efe-
assegurados os direitos e as van- cio existentes em 31 de maio de tiva participação desses Estados
tagens a eles inerentes, vedado 2023, nos níveis estabelecidos na definição das políticas, com o
o pagamento, a qualquer título, pela legislação relativa aos tri- objetivo de fomentar o desenvol-
de diferenças remuneratórias. butos extintos a que se referem vimento e a diversificação de suas
§ 1o Os membros da Polícia os arts. 126 a 129, todos deste Ato atividades econômicas.
Militar continuarão prestando ser- das Disposições Constitucionais § 7o O Fundo de que trata o
viços ao Estado de Rondônia, na Transitórias. § 6 será integrado pelos Estados
o
condição de cedidos, submetidos § 1o Para assegurar o dis- onde estão localizadas as áreas
às corporações da Polícia Mili- posto no caput, serão utilizados, de livre comércio de que trata o
tar, observadas as atribuições de isolada ou cumulativamente, ins- caput e observará, no que couber,
função compatíveis com o grau trumentos fiscais, econômicos ou o disposto no § 3o, I e II, sendo,
hierárquico. financeiros. quanto a este inciso, conside-
§ 2o Os servidores a que se § 2o Lei complementar ins- rados os respectivos Estados,
refere o caput continuarão pres- tituirá Fundo de Sustentabilida- e no § 4o.
tando serviços ao Estado de Ron- de e Diversificação Econômica
dônia na condição de cedidos, até do Estado do Amazonas, que Art. 93. A vigência do disposto
seu aproveitamento em órgão ou será constituído com recursos no art. 159, III, e § 4o, iniciará so-
106
Constituição da República Federativa do Brasil
mente após a edição da lei de que zados na data de promulgação das suas administrações direta e
trata o referido inciso III. desta Emenda Constitucional. indireta corresponder a mais de
§ 1o Os Estados, o Distrito 35% (trinta e cinco por cento) da
Art. 94. Os regimes especiais de Federal e os Municípios sujeitos receita corrente líquida;
tributação para microempresas ao regime especial de que trata II – para Municípios:
e empresas de pequeno porte este artigo optarão, por meio de a) de, no mínimo, 1% (um
próprios da União, dos Estados, ato do Poder Executivo: por cento), para Municípios das
do Distrito Federal e dos Municí- I – pelo depósito em conta regiões Norte, Nordeste e Cen-
pios cessarão a partir da entrada especial do valor referido pelo tro-Oeste, ou cujo estoque de
em vigor do regime previsto no § 2o deste artigo; ou precatórios pendentes das suas
art. 146, III, “d”, da Constituição. II – pela adoção do regime es- administrações direta e indireta
pecial pelo prazo de até 15 (quinze) corresponder a até 35% (trinta e
Art. 95. Os nascidos no estran- anos, caso em que o percentual a cinco por cento) da receita cor-
geiro entre 7 de junho de 1994 ser depositado na conta especial rente líquida;
e a data da promulgação desta a que se refere o § 2o deste artigo b) de, no mínimo, 1,5% (um
Emenda Constitucional25, filhos corresponderá, anualmente, ao inteiro e cinco décimos por cen-
de pai brasileiro ou mãe brasi- saldo total dos precatórios devi- to), para Municípios das regiões
leira, poderão ser registrados dos, acrescido do índice oficial de Sul e Sudeste, cujo estoque de
em repartição diplomática ou remuneração básica da caderneta precatórios pendentes das suas
consular brasileira competente ou de poupança e de juros simples no administrações direta e indireta
em ofício de registro, se vierem mesmo percentual de juros inci- corresponder a mais de 35% (trin-
a residir na República Federativa dentes sobre a caderneta de pou- ta e cinco por cento) da receita
do Brasil. pança para fins de compensação corrente líquida.
da mora, excluída a incidência de § 3o Entende-se como recei-
Art. 96. Ficam convalidados juros compensatórios, diminuído ta corrente líquida, para os fins de
os atos de criação, fusão, incor- das amortizações e dividido pelo que trata este artigo, o somatório
poração e desmembramento de número de anos restantes no das receitas tributárias, patrimo-
Municípios, cuja lei tenha sido regime especial de pagamento. niais, industriais, agropecuárias,
publicada até 31 de dezembro § 2o Para saldar os preca- de contribuições e de serviços,
de 2006, atendidos os requisi- tórios, vencidos e a vencer, pelo transferências correntes e ou-
tos estabelecidos na legislação regime especial, os Estados, o tras receitas correntes, incluindo
do respectivo Estado à época de Distrito Federal e os Municípios as oriundas do § 1o do art. 20 da
sua criação. devedores depositarão mensal- Constituição Federal, verificado
mente, em conta especial criada no período compreendido pelo
Art. 97. Até que seja editada a para tal fim, 1/12 (um doze avos) do mês de referência e os 11 (onze)
lei complementar de que trata o valor calculado percentualmen- meses anteriores, excluídas as
§ 15 do art. 100 da Constituição te sobre as respectivas receitas duplicidades, e deduzidas:
Federal, os Estados, o Distrito correntes líquidas, apuradas no I – nos Estados, as parcelas
Federal e os Municípios que, na segundo mês anterior ao mês de entregues aos Municípios por de-
data de publicação desta Emen- pagamento, sendo que esse per- terminação constitucional;
da Constitucional26, estejam em centual, calculado no momento II – nos Estados, no Distri-
mora na quitação de precatórios de opção pelo regime e mantido to Federal e nos Municípios, a
vencidos, relativos às suas ad- fixo até o final do prazo a que se contribuição dos servidores para
ministrações direta e indireta, refere o § 14 deste artigo, será: custeio do seu sistema de previ-
inclusive os emitidos durante o I – para os Estados e para o dência e assistência social e as
período de vigência do regime Distrito Federal: receitas provenientes da com-
especial instituído por este arti- a) de, no mínimo, 1,5% (um pensação financeira referida no
go, farão esses pagamentos de inteiro e cinco décimos por cen- § 9o do art. 201 da Constituição
acordo com as normas a seguir to), para os Estados das regiões Federal.
estabelecidas, sendo inaplicá- Norte, Nordeste e Centro-Oeste, § 4o As contas especiais de
vel o disposto no art. 100 desta além do Distrito Federal, ou cujo que tratam os §§ 1o e 2o serão
Constituição Federal, exceto em estoque de precatórios penden- administradas pelo Tribunal de
seus §§ 2o, 3o, 9o, 10, 11, 12, 13 e 14, tes das suas administrações di- Justiça local, para pagamento
e sem prejuízo dos acordos de reta e indireta corresponder a até de precatórios expedidos pelos
juízos conciliatórios já formali- 35% (trinta e cinco por cento) do tribunais.
total da receita corrente líquida; § 5o Os recursos deposita-
25
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
b) de, no mínimo, 2% (dois dos nas contas especiais de que
no 54, de 2007”. por cento), para os Estados das tratam os §§ 1o e 2o deste artigo
26
NE: leia-se “da Emenda Constitucional regiões Sul e Sudeste, cujo es- não poderão retornar para Esta-
no 62, de 2009”. toque de precatórios pendentes dos, Distrito Federal e Municípios
107
Constituição da República Federativa do Brasil
devedores. até a data da expedição do pre- Federal e Municípios devedores,
§ 6o Pelo menos 50% (cin- catório, ressalvados aqueles cuja até onde se compensarem;
quenta por cento) dos recursos exigibilidade esteja suspensa nos III – o chefe do Poder Executi-
de que tratam os §§ 1o e 2o des- termos da legislação, ou que já te- vo responderá na forma da legis-
te artigo serão utilizados para nham sido objeto de abatimento lação de responsabilidade fiscal
pagamento de precatórios em nos termos do § 9o do art. 100 da e de improbidade administrativa;
ordem cronológica de apresenta- Constituição Federal; IV – enquanto perdurar a
ção, respeitadas as preferências III – ocorrerão por meio de omissão, a entidade devedora:
definidas no § 1o, para os requi- oferta pública a todos os credores a) não poderá contrair em-
sitórios do mesmo ano e no § 2o habilitados pelo respectivo ente préstimo externo ou interno;
do art. 100, para requisitórios de federativo devedor; b) ficará impedida de receber
todos os anos. IV – considerarão automati- transferências voluntárias;
§ 7o Nos casos em que não se camente habilitado o credor que V – a União reterá os repasses
possa estabelecer a precedência satisfaça o que consta no inciso II; relativos ao Fundo de Participa-
cronológica entre 2 (dois) preca- V – serão realizados tantas ção dos Estados e do Distrito Fe-
tórios, pagar-se-á primeiramente vezes quanto necessário em fun- deral e ao Fundo de Participação
o precatório de menor valor. ção do valor disponível; dos Municípios, e os depositará
§ 8o A aplicação dos recursos VI – a competição por parcela nas contas especiais referidas
restantes dependerá de opção a do valor total ocorrerá a critério no § 1o, devendo sua utilização
ser exercida por Estados, Distrito do credor, com deságio sobre o obedecer ao que prescreve o § 5o,
Federal e Municípios devedores, valor desta; ambos deste artigo.
por ato do Poder Executivo, obe- VII – ocorrerão na modalida- § 11. No caso de precatórios
decendo à seguinte forma, que de deságio, associado ao maior relativos a diversos credores, em
poderá ser aplicada isoladamente volume ofertado cumulado ou litisconsórcio, admite-se o des-
ou simultaneamente: não com o maior percentual de membramento do valor, realizado
I – destinados ao pagamen- deságio, pelo maior percentual de pelo Tribunal de origem do pre-
to dos precatórios por meio do deságio, podendo ser fixado valor catório, por credor, e, por este,
leilão; máximo por credor, ou por outro a habilitação do valor total a que
II – destinados a pagamento a critério a ser definido em edital; tem direito, não se aplicando,
vista de precatórios não quitados VIII – o mecanismo de forma- neste caso, a regra do § 3o do
na forma do § 6o e do inciso I, em ção de preço constará nos editais art. 100 da Constituição Federal.
ordem única e crescente de valor publicados para cada leilão; § 12. Se a lei a que se refere o
por precatório; IX – a quitação parcial dos § 4o do art. 100 não estiver publi-
III – destinados a pagamento precatórios será homologada pelo cada em até 180 (cento e oitenta)
por acordo direto com os credo- respectivo Tribunal que o expediu. dias, contados da data de publi-
res, na forma estabelecida por § 10. No caso de não libera- cação desta Emenda Constitu-
lei própria da entidade devedora, ção tempestiva dos recursos de cional27, será considerado, para
que poderá prever criação e for- que tratam o inciso II do § 1o e os os fins referidos, em relação a
ma de funcionamento de câmara §§ 2o e 6o deste artigo: Estados, Distrito Federal e Mu-
de conciliação. I – haverá o sequestro de nicípios devedores, omissos na
§ 9o Os leilões de que trata o quantia nas contas de Estados, regulamentação, o valor de:
inciso I do § 8o deste artigo: Distrito Federal e Municípios de- I – 40 (quarenta) salários mí-
I – serão realizados por meio vedores, por ordem do Presidente nimos para Estados e para o Dis-
de sistema eletrônico administra- do Tribunal referido no § 4o, até o trito Federal;
do por entidade autorizada pela limite do valor não liberado; II – 30 (trinta) salários míni-
Comissão de Valores Mobiliários II – constituir-se-á, alterna- mos para Municípios.
ou pelo Banco Central do Brasil; tivamente, por ordem do Presi- § 13. Enquanto Estados, Dis-
II – admitirão a habilitação de dente do Tribunal requerido, em trito Federal e Municípios deve-
precatórios, ou parcela de cada favor dos credores de precatórios, dores estiverem realizando pa-
precatório indicada pelo seu de- contra Estados, Distrito Federal gamentos de precatórios pelo
tentor, em relação aos quais não e Municípios devedores, direito regime especial, não poderão
esteja pendente, no âmbito do líquido e certo, autoaplicável e sofrer sequestro de valores, ex-
Poder Judiciário, recurso ou im- independentemente de regula- ceto no caso de não liberação
pugnação de qualquer natureza, mentação, à compensação au- tempestiva dos recursos de que
permitida por iniciativa do Poder tomática com débitos líquidos tratam o inciso II do § 1o e o § 2o
Executivo a compensação com lançados por esta contra aqueles, deste artigo.
débitos líquidos e certos, inscritos e, havendo saldo em favor do cre- § 14. O regime especial de
ou não em dívida ativa e consti- dor, o valor terá automaticamente
tuídos contra devedor originário poder liberatório do pagamento 27
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
pela Fazenda Pública devedora de tributos de Estados, Distrito no 62, de 2009”.
108
Constituição da República Federativa do Brasil
pagamento de precatório pre- Art. 98. O número de defensores idade, nas condições do art. 52
visto no inciso I do § 1o vigorará públicos na unidade jurisdicional da Constituição Federal.
enquanto o valor dos precatórios será proporcional à efetiva de-
devidos for superior ao valor dos manda pelo serviço da Defensoria Art. 101. Os Estados, o Distrito
recursos vinculados, nos termos Pública e à respectiva população. Federal e os Municípios que, em
do § 2o, ambos deste artigo, ou § 1o No prazo de 8 (oito) anos, 25 de março de 2015, se encon-
pelo prazo fixo de até 15 (quinze) a União, os Estados e o Distrito travam em mora no pagamento
anos, no caso da opção prevista Federal deverão contar com de- de seus precatórios quitarão, até
no inciso II do § 1o. fensores públicos em todas as 31 de dezembro de 2029, seus dé-
§ 15. Os precatórios parce- unidades jurisdicionais, obser- bitos vencidos e os que vencerão
lados na forma do art. 33 ou do vado o disposto no caput deste dentro desse período, atualizados
art. 78 deste Ato das Disposições artigo. pelo Índice Nacional de Preços
Constitucionais Transitórias e § 2o Durante o decurso do ao Consumidor Amplo Especial
ainda pendentes de pagamento prazo previsto no § 1o deste artigo, (IPCA‑E), ou por outro índice que
ingressarão no regime especial a lotação dos defensores públi- venha a substituí-lo, depositando
com o valor atualizado das par- cos ocorrerá, prioritariamente, mensalmente em conta especial
celas não pagas relativas a cada atendendo as regiões com maio- do Tribunal de Justiça local, sob
precatório, bem como o saldo dos res índices de exclusão social e única e exclusiva administração
acordos judiciais e extrajudiciais. adensamento populacional. deste, 1/12 (um doze avos) do va-
§ 16. A partir da promulgação lor calculado percentualmente
desta Emenda Constitucional28, a Art. 99. Para efeito do disposto sobre suas receitas correntes lí-
atualização de valores de requi- no inciso VII do § 2o do art. 155, no quidas apuradas no segundo mês
sitórios, até o efetivo pagamen- caso de operações e prestações anterior ao mês de pagamento,
to, independentemente de sua que destinem bens e serviços a em percentual suficiente para a
natureza, será feita pelo índice consumidor final não contribuin- quitação de seus débitos e, ain-
oficial de remuneração básica da te localizado em outro Estado, o da que variável, nunca inferior,
caderneta de poupança, e, para imposto correspondente à dife- em cada exercício, ao percentual
fins de compensação da mora, rença entre a alíquota interna e praticado na data da entrada em
incidirão juros simples no mesmo a interestadual será partilhado vigor do regime especial a que se
percentual de juros incidentes entre os Estados de origem e de refere este artigo, em conformi-
sobre a caderneta de poupança, destino, na seguinte proporção: dade com plano de pagamento a
ficando excluída a incidência de I – para o ano de 2015: 20% ser anualmente apresentado ao
juros compensatórios. (vinte por cento) para o Estado de Tribunal de Justiça local.
§ 17. O valor que exceder o li- destino e 80% (oitenta por cento) § 1o Entende-se como receita
mite previsto no § 2o do art. 100 da para o Estado de origem; corrente líquida, para os fins de
Constituição Federal será pago, II – para o ano de 2016: 40% que trata este artigo, o somatório
durante a vigência do regime es- (quarenta por cento) para o Esta- das receitas tributárias, patrimo-
pecial, na forma prevista nos §§ 6o do de destino e 60% (sessenta por niais, industriais, agropecuárias,
e 7o ou nos incisos I, II e III do § 8o cento) para o Estado de origem; de contribuições e de serviços, de
deste artigo, devendo os valores III – para o ano de 2017: 60% transferências correntes e outras
dispendidos para o atendimento (sessenta por cento) para o Esta- receitas correntes, incluindo as
do disposto no § 2o do art. 100 do de destino e 40% (quarenta por oriundas do § 1o do art. 20 da
da Constituição Federal serem cento) para o Estado de origem; Constituição Federal, verificado
computados para efeito do § 6o IV – para o ano de 2018: 80% no período compreendido pelo se-
deste artigo. (oitenta por cento) para o Estado gundo mês imediatamente ante-
§ 18. Durante a vigência do de destino e 20% (vinte por cento) rior ao de referência e os 11 (onze)
regime especial a que se refe- para o Estado de origem; meses precedentes, excluídas as
re este artigo, gozarão também V – a partir do ano de 2019: duplicidades, e deduzidas:
da preferência a que se refere o 100% (cem por cento) para o Es- I – nos Estados, as parcelas
§ 6o os titulares originais de pre- tado de destino. entregues aos Municípios por de-
catórios que tenham completa- terminação constitucional;
do 60 (sessenta) anos de idade Art. 100. Até que entre em vigor II – nos Estados, no Distri-
até a data da promulgação desta a lei complementar de que trata o to Federal e nos Municípios, a
Emenda Constitucional29. inciso II do § 1o do art. 40 da Cons- contribuição dos servidores para
tituição Federal, os Ministros do custeio de seu sistema de previ-
Supremo Tribunal Federal, dos dência e assistência social e as
28
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
Tribunais Superiores e do Tribu- receitas provenientes da com-
no 62, de 2009”. nal de Contas da União aposen- pensação financeira referida no
29
NE: leia-se “da Emenda Constitucional tar-se-ão, compulsoriamente, § 9o do art. 201 da Constituição
no 62, de 2009”. aos 75 (setenta e cinco) anos de Federal.
109
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 2o O débito de precatórios proporcionalmente às respecti- os credores, na forma do disposto
será pago com recursos orça- vas populações, utilizado como no inciso III do § 8o do art. 97 deste
mentários próprios provenientes referência o último levantamento Ato das Disposições Constitucio-
das fontes de receita corrente censitário ou a mais recente esti- nais Transitórias.
líquida referidas no § 1o deste mativa populacional da Fundação
artigo e, adicionalmente, pode- Instituto Brasileiro de Geografia Art. 102. Enquanto viger o regi-
rão ser utilizados recursos dos e Estatística (IBGE); me especial previsto nesta Emen-
seguintes instrumentos: III – empréstimos, excetuados da Constitucional, pelo menos
I – até 75% (setenta e cinco para esse fim os limites de endi- 50% (cinquenta por cento) dos
por cento) dos depósitos judiciais vidamento de que tratam os inci- recursos que, nos termos do
e dos depósitos administrativos sos VI e VII do caput do art. 52 da art. 101 deste Ato das Disposi-
em dinheiro referentes a proces- Constituição Federal e quaisquer ções Constitucionais Transitó-
sos judiciais ou administrativos, outros limites de endividamento rias, forem destinados ao paga-
tributários ou não tributários, nos previstos em lei, não se aplicando mento dos precatórios em mora
quais sejam parte os Estados, a esses empréstimos a vedação serão utilizados no pagamento
o Distrito Federal ou os Municí- de vinculação de receita prevista segundo a ordem cronológica
pios, e as respectivas autarquias, no inciso IV do caput do art. 167 de apresentação, respeitadas
fundações e empresas estatais da Constituição Federal; as preferências dos créditos ali-
dependentes, mediante a insti- IV – a totalidade dos depósi- mentares, e, nessas, as relativas
tuição de fundo garantidor em tos em precatórios e requisições à idade, ao estado de saúde e à
montante equivalente a 1/3 (um diretas de pagamento de obriga- deficiência, nos termos do § 2o do
terço) dos recursos levantados, ções de pequeno valor efetua- art. 100 da Constituição Federal,
constituído pela parcela restante dos até 31 de dezembro de 2009 sobre todos os demais créditos
dos depósitos judiciais e remu- e ainda não levantados, com o de todos os anos.
nerado pela taxa referencial do cancelamento dos respectivos § 1o A aplicação dos recursos
Sistema Especial de Liquidação requisitórios e a baixa das obri- remanescentes, por opção a ser
e de Custódia (Selic) para títulos gações, assegurada a revalidação exercida por Estados, Distrito
federais, nunca inferior aos ín- dos requisitórios pelos juízos dos Federal e Municípios, por ato do
dices e critérios aplicados aos processos perante os Tribunais, respectivo Poder Executivo, ob-
depósitos levantados; a requerimento dos credores e servada a ordem de preferência
II – até 30% (trinta por cento) após a oitiva da entidade devedo- dos credores, poderá ser des-
dos demais depósitos judiciais ra, mantidas a posição de ordem tinada ao pagamento mediante
da localidade sob jurisdição do cronológica original e a remune- acordos diretos, perante Juízos
respectivo Tribunal de Justiça, ração de todo o período. Auxiliares de Conciliação de Pre-
mediante a instituição de fundo § 3o Os recursos adicionais catórios, com redução máxima de
garantidor em montante equiva- previstos nos incisos I, II e IV do 40% (quarenta por cento) do valor
lente aos recursos levantados, § 2o deste artigo serão transfe- do crédito atualizado, desde que
constituído pela parcela restante ridos diretamente pela institui- em relação ao crédito não penda
dos depósitos judiciais e remu- ção financeira depositária para a recurso ou defesa judicial e que
nerado pela taxa referencial do conta especial referida no caput sejam observados os requisitos
Sistema Especial de Liquidação e deste artigo, sob única e exclusi- definidos na regulamentação edi-
de Custódia (Selic) para títulos fe- va administração do Tribunal de tada pelo ente federado.
derais, nunca inferior aos índices Justiça local, e essa transferência § 2o Na vigência do regime
e critérios aplicados aos depósi- deverá ser realizada em até ses- especial previsto no art. 101 deste
tos levantados, destinando-se: senta dias contados a partir da Ato das Disposições Constitucio-
a) no caso do Distrito Fede- entrada em vigor deste parágrafo, nais Transitórias, as preferências
ral, 100% (cem por cento) des- sob pena de responsabilização relativas à idade, ao estado de
ses recursos ao próprio Distrito pessoal do dirigente da institui- saúde e à deficiência serão aten-
Federal; ção financeira por improbidade. didas até o valor equivalente ao
b) no caso dos Estados, 50% § 4o (Revogado) quíntuplo fixado em lei para os
(cinquenta por cento) desses re- I – (Revogado); fins do disposto no § 3o do art. 100
cursos ao próprio Estado e 50% II – (Revogado); da Constituição Federal, admitido
(cinquenta por cento) aos res- III – (Revogado); o fracionamento para essa finali-
pectivos Municípios, conforme IV – (Revogado). dade, e o restante será pago em
a circunscrição judiciária onde § 5o Os empréstimos de que ordem cronológica de apresen-
estão depositados os recursos, e, trata o inciso III do § 2o deste ar- tação do precatório.
se houver mais de um Município tigo poderão ser destinados, por
na mesma circunscrição judici- meio de ato do Poder Executivo, Art. 103. Enquanto os Estados,
ária, os recursos serão rateados exclusivamente ao pagamento de o Distrito Federal e os Municípios
entre os Municípios concorrentes, precatórios por acordo direto com estiverem efetuando o pagamen-
110
Constituição da República Federativa do Brasil
to da parcela mensal devida como Serviços reterão os repasses pre- cício financeiro, limite para alo-
previsto no caput do art. 101 deste vistos, respectivamente, nos §§ 1o cação na proposta orçamentária
Ato das Disposições Constitu- e 2o do art. 158 da Constituição das despesas com pagamentos
cionais Transitórias, nem eles, Federal e os depositarão na conta em virtude de sentença judiciária
nem as respectivas autarquias, especial referida no art. 101 deste de que trata o art. 100 da Cons-
fundações e empresas estatais Ato das Disposições Constitucio- tituição Federal, equivalente ao
dependentes poderão sofrer se- nais Transitórias, para utilização valor da despesa paga no exer-
questro de valores, exceto no como nele previsto. cício de 2016, incluídos os restos
caso de não liberação tempestiva Parágrafo único. Enquanto a pagar pagos, corrigido, para o
dos recursos. perdurar a omissão, o ente fede- exercício de 2017, em 7,2% (sete
Parágrafo único. Na vigência rado não poderá contrair emprés- inteiros e dois décimos por cento)
do regime especial previsto no timo externo ou interno, exceto e, para os exercícios posteriores,
art. 101 deste Ato das Disposições para os fins previstos no § 2o do pela variação do Índice Nacional
Constitucionais Transitórias, fi- art. 101 deste Ato das Disposições de Preços ao Consumidor Amplo
cam vedadas desapropriações Constitucionais Transitórias, e fi- (IPCA), publicado pela Fundação
pelos Estados, pelo Distrito Fe- cará impedido de receber trans- Instituto Brasileiro de Geografia
deral e pelos Municípios, cujos ferências voluntárias. e Estatística, ou de outro índice
estoques de precatórios ainda que vier a substituí-lo, apurado no
pendentes de pagamento, inclu- Art. 105. Enquanto viger o regi- exercício anterior a que se refere
ídos os precatórios a pagar de me de pagamento de precatórios a lei orçamentária, devendo o es-
suas entidades da administração previsto no art. 101 deste Ato das paço fiscal decorrente da diferen-
indireta, sejam superiores a 70% Disposições Constitucionais Tran- ça entre o valor dos precatórios
(setenta por cento) das respec- sitórias, é facultada aos credores expedidos e o respectivo limite
tivas receitas correntes líquidas, de precatórios, próprios ou de ser destinado ao programa pre-
excetuadas as desapropriações terceiros, a compensação com visto no parágrafo único do art. 6o
para fins de necessidade pública débitos de natureza tributária e à seguridade social, nos termos
nas áreas de saúde, educação, ou de outra natureza que até 25 do art. 194, ambos da Constitui-
segurança pública, transporte de março de 2015 tenham sido ção Federal, a ser calculado da
público, saneamento básico e inscritos na dívida ativa dos Es- seguinte forma:
habitação de interesse social. tados, do Distrito Federal ou dos I – no exercício de 2022, o es-
Municípios, observados os requi- paço fiscal decorrente da diferen-
Art. 104. Se os recursos refe- sitos definidos em lei própria do ça entre o valor dos precatórios
ridos no art. 101 deste Ato das ente federado. expedidos e o limite estabelecido
Disposições Constitucionais § 1o Não se aplica às com- no caput deste artigo deverá ser
Transitórias para o pagamento pensações referidas no caput destinado ao programa previsto
de precatórios não forem tem- deste artigo qualquer tipo de vin- no parágrafo único do art. 6o e à
pestivamente liberados, no todo culação, como as transferências seguridade social, nos termos
ou em parte: a outros entes e as destinadas do art. 194, ambos da Constitui-
I – o Presidente do Tribunal à educação, à saúde e a outras ção Federal;
de Justiça local determinará o finalidades. II – no exercício de 2023, pela
sequestro, até o limite do valor § 2o Os Estados, o Distrito diferença entre o total de preca-
não liberado, das contas do ente Federal e os Municípios regula- tórios expedidos entre 2 de julho
federado inadimplente; mentarão nas respectivas leis o de 2021 e 2 de abril de 2022 e o
II – o chefe do Poder Executi- disposto no caput deste artigo em limite de que trata o caput des-
vo do ente federado inadimplente até cento e vinte dias a partir de te artigo válido para o exercício
responderá, na forma da legisla- 1o de janeiro de 2018. de 2023; e
ção de responsabilidade fiscal e § 3o Decorrido o prazo esta- III – nos exercícios de 2024 a
de improbidade administrativa; belecido no § 2o deste artigo sem 2026, pela diferença entre o total
III – a União reterá os recursos a regulamentação nele prevista, de precatórios expedidos entre 3
referentes aos repasses ao Fun- ficam os credores de precató- de abril de dois anos anteriores
do de Participação dos Estados rios autorizados a exercer a fa- e 2 de abril do ano anterior ao
e do Distrito Federal e ao Fundo culdade a que se refere o caput exercício e o limite de que trata
de Participação dos Municípios deste artigo. o caput deste artigo válido para
e os depositará na conta espe- o mesmo exercício.
cial referida no art. 101 deste Ato Art. 106. (Revogado) § 1o O limite para o pagamen-
das Disposições Constitucionais to de precatórios corresponderá,
Transitórias, para utilização como Art. 107. (Revogado) em cada exercício, ao limite pre-
nele previsto; visto no caput deste artigo, redu-
IV – os Estados e o Comitê Art. 107-A. Até o fim de 2026, zido da projeção para a despesa
Gestor do Imposto sobre Bens e fica estabelecido, para cada exer- com o pagamento de requisições
111
Constituição da República Federativa do Brasil
de pequeno valor para o mesmo I – obrigações definidas em lei vistos nos incisos I e III do § 1o e
exercício, que terão prioridade como de pequeno valor, previstas nos §§ 3o a 5o, 7o e 8o do art. 40
no pagamento. no § 3o do art. 100 da Constitui- da Constituição Federal, regras
§ 2o Os precatórios que não ção Federal; assemelhadas às aplicáveis aos
forem pagos em razão do previs- II – precatórios de natureza servidores públicos do regime
to neste artigo terão prioridade alimentícia cujos titulares, ori- próprio de previdência social da
para pagamento em exercícios ginários ou por sucessão here- União e que contribuam efeti-
seguintes, observada a ordem ditária, tenham no mínimo 60 vamente para o atingimento e a
cronológica e o disposto no § 8o (sessenta) anos de idade, ou se- manutenção do equilíbrio finan-
deste artigo. jam portadores de doença gra- ceiro e atuarial;
§ 3o É facultado ao credor ve ou pessoas com deficiência, II – adequação do rol de bene-
de precatório que não tenha sido assim definidos na forma da lei, fícios ao disposto nos §§ 2o e 3o do
pago em razão do disposto neste até o valor equivalente ao triplo art. 9o da Emenda Constitucional
artigo, além das hipóteses previs- do montante fixado em lei como no 103, de 12 de novembro de 2019;
tas no § 11 do art. 100 da Consti- obrigação de pequeno valor; III – adequação da alíquota de
tuição Federal e sem prejuízo dos III – demais precatórios de contribuição devida pelos servi-
procedimentos previstos nos §§ 9o natureza alimentícia até o valor dores, nos termos do § 4o do art. 9o
e 21 do referido artigo, optar pelo equivalente ao triplo do montante da Emenda Constitucional no 103,
recebimento, mediante acordos fixado em lei como obrigação de de 12 de novembro de 2019; e
diretos perante Juízos Auxiliares pequeno valor; IV – instituição do regime
de Conciliação de Pagamento IV – demais precatórios de de previdência complementar e
de Condenações Judiciais con- natureza alimentícia além do va- adequação do órgão ou entida-
tra a Fazenda Pública Federal, lor previsto no inciso III deste de gestora do regime próprio de
em parcela única, até o final do parágrafo; previdência social, nos termos do
exercício seguinte, com renúncia V – demais precatórios. § 6o do art. 9o da Emenda Consti-
de 40% (quarenta por cento) do tucional no 103, de 12 de novem-
valor desse crédito. Arts. 108 a 112. (Revogados) bro de 2019.
§ 4o O Conselho Nacional de Parágrafo único. Ato do Mi-
Justiça regulamentará a atuação Art. 113. A proposição legisla- nistério do Trabalho e Previdên-
dos Presidentes dos Tribunais tiva que crie ou altere despesa cia, no âmbito de suas compe-
competentes para o cumprimento obrigatória ou renúncia de re- tências, definirá os critérios para
deste artigo. ceita deverá ser acompanhada o parcelamento previsto neste
§ 5o Não se incluem no limite da estimativa do seu impacto artigo, inclusive quanto ao cum-
estabelecido neste artigo as des- orçamentário e financeiro. primento do disposto nos incisos
pesas para fins de cumprimento I, II, III e IV do caput deste artigo,
do disposto nos §§ 11, 20 e 21 do Art. 114. (Revogado) bem como disponibilizará as in-
art. 100 da Constituição Federal formações aos Municípios sobre o
e no § 3o deste artigo, bem como Art. 115. Fica excepcionalmente montante das dívidas, as formas
a atualização monetária dos pre- autorizado o parcelamento das de parcelamento, os juros e os
catórios inscritos no exercício. contribuições previdenciárias e encargos incidentes, de modo a
§ 6o Não se incluem nos li- dos demais débitos dos Municí- possibilitar o acompanhamento
mites estabelecidos no art. 107 pios, incluídas suas autarquias e da evolução desses débitos.
deste Ato das Disposições Cons- fundações, com os respectivos
titucionais Transitórias o previsto regimes próprios de previdên- Art. 116. Fica excepcionalmente
nos §§ 11, 20 e 21 do art. 100 da cia social, com vencimento até autorizado o parcelamento dos
Constituição Federal e no § 3o 31 de outubro de 2021, inclusive débitos decorrentes de contribui-
deste artigo. os parcelados anteriormente, no ções previdenciárias dos Municí-
§ 7o Na situação prevista no prazo máximo de 240 (duzentos pios, incluídas suas autarquias e
§ 3o deste artigo, para os preca- e quarenta) prestações men- fundações, com o Regime Geral
tórios não incluídos na proposta sais, mediante autorização em de Previdência Social, com venci-
orçamentária de 2022, os valores lei municipal específica, desde mento até 31 de outubro de 2021,
necessários à sua quitação se- que comprovem ter alterado a ainda que em fase de execução
rão providenciados pela abertura legislação do regime próprio de fiscal ajuizada, inclusive os de-
de créditos adicionais durante o previdência social para atendi- correntes do descumprimento
exercício de 2022. mento das seguintes condições, de obrigações acessórias e os
§ 8o Os pagamentos em vir- cumulativamente: parcelados anteriormente, no
tude de sentença judiciária de I – adoção de regras de ele- prazo máximo de 240 (duzentos
que trata o art. 100 da Constitui- gibilidade, de cálculo e de rea- e quarenta) prestações mensais.
ção Federal serão realizados na justamento dos benefícios que § 1o Os Municípios que possu-
seguinte ordem: contemplem, nos termos pre- am regime próprio de previdência
112
Constituição da República Federativa do Brasil
social deverão comprovar, para pagamentos de débitos em fa- sociais dela decorrentes.
fins de formalização do parce- vor da União, na forma do § 4o do Parágrafo único. Para en-
lamento com o Regime Geral de art. 167 da Constituição Federal; frentamento ou mitigação dos
Previdência Social, de que trata II – as contribuições parcela- impactos decorrentes do esta-
este artigo, terem atendido as das devidas ao Regime Geral de do de emergência reconhecido,
condições estabelecidas nos inci- Previdência Social; as medidas implementadas, até
sos I, II, III e IV do caput do art. 115 III – as contribuições parcela- os limites de despesas previstos
deste Ato das Disposições Cons- das devidas ao respectivo regime em uma única e exclusiva nor-
titucionais Transitórias. próprio de previdência social. ma constitucional observarão
§ 2o Os débitos parcelados o seguinte:
terão redução de 40% (quarenta Art. 118. Os limites, as condi- I – quanto às despesas:
por cento) das multas de mora, de ções, as normas de acesso e os a) serão atendidas por meio
ofício e isoladas, de 80% (oitenta demais requisitos para o atendi- de crédito extraordinário;
por cento) dos juros de mora, de mento do disposto no parágrafo b) não serão consideradas
40% (quarenta por cento) dos único do art. 6o e no inciso VI do para fins de apuração da meta de
encargos legais e de 25% (vinte caput do art. 203 da Constituição resultado primário estabelecida
e cinco por cento) dos honorários Federal serão determinados, na no caput do art. 2o da Lei no 14.194,
advocatícios. forma da lei e respectivo regu- de 20 de agosto de 2021, e do limi-
§ 3o O valor de cada parcela lamento, até 31 de dezembro de te estabelecido para as despesas
será acrescido de juros equiva- 2022, dispensada, exclusivamente primárias, conforme disposto no
lentes à taxa referencial do Sis- no exercício de 2022, a observân- inciso I do caput do art. 107 do Ato
tema Especial de Liquidação e cia das limitações legais quanto à das Disposições Constitucionais
de Custódia (Selic), acumulada criação, à expansão ou ao aperfei- Transitórias; e
mensalmente, calculados a partir çoamento de ação governamental c) ficarão ressalvadas do dis-
do mês subsequente ao da con- que acarrete aumento de despesa posto no inciso III do caput do
solidação até o mês anterior ao no referido exercício. art. 167 da Constituição Federal;
do pagamento. II – a abertura do crédito ex-
§ 4o Não constituem débitos Art. 119. Em decorrência do traordinário para seu atendimen-
dos Municípios aqueles conside- estado de calamidade pública to dar-se-á independentemente
rados prescritos ou atingidos pela provocado pela pandemia da Co- da observância dos requisitos
decadência. vid‑19, os Estados, o Distrito Fe- exigidos no § 3o do art. 167 da
§ 5o A Secretaria Especial deral, os Municípios e os agentes Constituição Federal; e
da Receita Federal do Brasil e públicos desses entes federados III – a dispensa das limitações
a Procuradoria-Geral da Fazen- não poderão ser responsabiliza- legais, inclusive quanto à neces-
da Nacional, no âmbito de suas dos administrativa, civil ou crimi- sidade de compensação:
competências, deverão fixar os nalmente pelo descumprimento, a) à criação, à expansão ou
critérios para o parcelamento exclusivamente nos exercícios ao aperfeiçoamento de ação go-
previsto neste artigo, bem como financeiros de 2020 e 2021, do vernamental que acarrete aumen-
disponibilizar as informações aos disposto no caput do art. 212 da to de despesa; e
Municípios sobre o montante das Constituição Federal. b) à renúncia de receita que
dívidas, as formas de parcela- Parágrafo único. Para efeitos possa ocorrer.
mento, os juros e os encargos do disposto no caput deste artigo,
incidentes, de modo a possibilitar o ente deverá complementar na Art. 121. As contas referentes
o acompanhamento da evolução aplicação da manutenção e de- aos patrimônios acumulados de
desses débitos. senvolvimento do ensino, até o que trata o § 2o do art. 239 da
exercício financeiro de 2023, a Constituição Federal cujos re-
Art. 117. A formalização dos par- diferença a menor entre o valor cursos não tenham sido recla-
celamentos de que tratam os aplicado, conforme informação mados por prazo superior a 20
arts. 115 e 116 deste Ato das Dis- registrada no sistema integrado (vinte) anos serão encerradas
posições Constitucionais Transi- de planejamento e orçamento, e após o prazo de 60 (sessenta)
tórias deverá ocorrer até 30 de ju- o valor mínimo exigível constitu- dias da publicação de aviso no
nho de 2022 e ficará condicionada cionalmente para os exercícios de Diário Oficial da União, ressal-
à autorização de vinculação do 2020 e 2021. vada reivindicação por eventual
Fundo de Participação dos Muni- interessado legítimo dentro do
cípios para fins de pagamento das Art. 120. Fica reconhecido, no referido prazo.
prestações acordadas nos termos ano de 2022, o estado de emer- Parágrafo único. Os valores
de parcelamento, observada a gência decorrente da elevação referidos no caput deste artigo
seguinte ordem de preferência: extraordinária e imprevisível dos serão tidos por abandonados, nos
I – a prestação de garantia ou preços do petróleo, combustíveis termos do inciso III do caput do
de contragarantia à União ou os e seus derivados e dos impactos art. 1.275 da Lei no 10.406, de 10
113
Constituição da República Federativa do Brasil
de janeiro de 2002 (Código Civil), ambos da Constituição Federal, instituída a contribuição referida
e serão apropriados pelo Tesouro será cobrada à alíquota de 0,9% na alínea “a” do inciso I;
Nacional como receita primá- (nove décimos por cento). III – o imposto previsto no
ria para realização de despesas § 1o O montante recolhido na art. 153, IV, da Constituição Fe-
de investimento de que trata o forma do caput será compensado deral:
§ 6o‑B do art. 107, que não serão com o valor devido das contri- a) terá suas alíquotas redu-
computadas nos limites previstos buições previstas no art. 195, I, zidas a zero, exceto em relação
no art. 107, ambos deste Ato das “b”, e IV, e da contribuição para o aos produtos que tenham indus-
Disposições Constitucionais Tran- Programa de Integração Social a trialização incentivada na Zona
sitórias, podendo o interessado que se refere o art. 239, ambos Franca de Manaus, conforme cri-
reclamar ressarcimento à União da Constituição Federal. térios estabelecidos em lei com-
no prazo de até 5 (cinco) anos do § 2o Caso o contribuinte não plementar; e
encerramento das contas. possua débitos suficientes para b) não incidirá de forma
efetuar a compensação de que cumulativa com o imposto pre-
Art. 122. As transferências fi- trata o § 1o, o valor recolhido po- visto no art. 153, VIII, da Consti-
nanceiras realizadas pelo Fundo derá ser compensado com qual- tuição Federal.
Nacional de Saúde e pelo Fundo quer outro tributo federal ou ser
Nacional de Assistência Social ressarcido em até 60 (sessenta) Art. 127. Em 2027 e 2028, o im-
diretamente aos fundos de saú- dias, mediante requerimento. posto previsto no art. 156‑A da
de e assistência social estadu- § 3o A arrecadação do im- Constituição Federal será cobra-
ais, municipais e distritais, para posto previsto no art. 156‑A da do à alíquota estadual de 0,05%
enfrentamento da pandemia da Constituição Federal decorrente (cinco centésimos por cento) e
Covid‑19, poderão ser executadas do disposto no caput deste artigo à alíquota municipal de 0,05%
pelos entes federativos até 31 de não observará as vinculações, (cinco centésimos por cento).
dezembro de 2023. repartições e destinações pre- Parágrafo único. No período
vistas na Constituição Federal, referido no caput, a alíquota da
Art. 123. Todos os termos de devendo ser aplicada, integral e contribuição prevista no art. 195,
credenciamentos, contratos, adi- sucessivamente, para: V, da Constituição Federal, será
tivos e outras formas de ajuste I – o financiamento do Co- reduzida em 0,1 (um décimo) pon-
de permissão lotérica, em vigor, mitê Gestor do Imposto sobre to percentual.
indistintamente, na data de pu- Bens e Serviços, nos termos do
blicação deste dispositivo, des- art. 156‑B, § 2o, III, da Constitui- Art. 128. De 2029 a 2032, as alí-
tinados a viabilizar a venda de ção Federal; quotas dos impostos previstos
serviços lotéricos, disciplinados II – compor o Fundo de Com- nos arts. 155, II, e 156, III, da Cons-
em lei ou em outros instrumen- pensação de Benefícios Fiscais ou tituição Federal, serão fixadas
tos de alcance específico, terão Financeiro-Fiscais do imposto de nas seguintes proporções das
assegurado prazo de vigência que trata o art. 155, II, da Consti- alíquotas fixadas nas respectivas
adicional, contado do término tuição Federal. legislações:
do prazo do instrumento vigente, § 4o Durante o período de que I – 9/10 (nove décimos), em
independentemente da data de trata o caput, os sujeitos passivos 2029;
seu termo inicial. que cumprirem as obrigações II – 8/10 (oito décimos), em
acessórias relativas aos tributos 2030;
Art. 124. A transição para os tri- referidos no caput poderão ser III – 7/10 (sete décimos), em
butos previstos no art. 156‑A e no dispensados do seu recolhimento, 2031;
art. 195, V, todos da Constituição nos termos de lei complementar. IV – 6/10 (seis décimos), em
Federal, atenderá aos critérios 2032.
estabelecidos nos arts. 125 a 133 Art. 126. A partir de 2027: § 1o Os benefícios ou os in-
deste Ato das Disposições Cons- I – serão cobrados: centivos fiscais ou financeiros
titucionais Transitórias. a) a contribuição prevista relativos aos impostos previstos
Parágrafo único. A contribui- no art. 195, V, da Constituição nos arts. 155, II, e 156, III, da Cons-
ção prevista no art. 195, V, será Federal; tituição Federal não alcançados
instituída pela mesma lei comple- b) o imposto previsto no pelo disposto no caput deste ar-
mentar de que trata o art. 156‑A, art. 153, VIII, da Constituição Fe- tigo serão reduzidos na mesma
ambos da Constituição Federal. deral; proporção.
II – serão extintas as contri- § 2o Os benefícios e incenti-
Art. 125. Em 2026, o imposto buições previstas no art. 195, I, vos fiscais ou financeiros referi-
previsto no art. 156‑A será co- “b”, e IV, e a contribuição para o dos no art. 3o da Lei Complemen-
brado à alíquota estadual de 0,1% Programa de Integração Social tar no 160, de 7 de agosto de 2017,
(um décimo por cento), e a con- de que trata o art. 239, todos da serão reduzidos na forma deste
tribuição prevista no art. 195, V, Constituição Federal, desde que artigo, não se aplicando a redu-
114
Constituição da República Federativa do Brasil
ção prevista no § 2o‑A do art. 3o as receitas dos fundos mantidas Subnacionais: a receita dos Es-
da referida Lei Complementar. na forma do art. 136 deste Ato tados, do Distrito Federal e dos
§ 3o Ficam mantidos em sua das Disposições Constitucionais Municípios com o imposto previs-
integralidade, até 31 de dezembro Transitórias; to no art. 156‑A da Constituição
de 2032, os percentuais utilizados III – de 2029 a 2033, que a re- Federal, deduzida da parcela a
para calcular os benefícios ou in- ceita dos Municípios e do Distrito que se refere a alínea “b” do in-
centivos fiscais ou financeiros já Federal com o imposto previsto ciso II do caput, apurada como
reduzidos por força da redução no art. 156‑A seja equivalente à proporção do PIB;
das alíquotas, em decorrência redução da receita do imposto V – Receita-Base Total: a
do disposto no caput. previsto no art. 156, III, ambos da soma da Receita-Base da União
Constituição Federal. com a Receita-Base dos Entes
Art. 129. Ficam extintos, a par- § 1o As alíquotas de referên- Subnacionais, sendo essa última:
tir de 2033, os impostos previs- cia serão fixadas no ano anterior a) multiplicada por 10 (dez)
tos nos arts. 155, II, e 156, III, da ao de sua vigência, não se apli- em 2029;
Constituição Federal. cando o disposto no art. 150, III, b) multiplicada por 5 (cinco)
“c”, da Constituição Federal, com em 2030;
Art. 130. Resolução do Senado base em cálculo realizado pelo c) multiplicada por 10 (dez)
Federal fixará, para todas as es- Tribunal de Contas da União. e dividida por 3 (três) em 2031;
feras federativas, as alíquotas § 2o Na fixação das alíquotas d) multiplicada por 10 (dez) e
de referência dos tributos pre- de referência, deverão ser consi- dividida por 4 (quatro) em 2032;
vistos nos arts. 156‑A e 195, V, da derados os efeitos sobre a arre- e) multiplicada por 1 (um)
Constituição Federal, observados cadação dos regimes específicos, em 2033.
a forma de cálculo e os limites diferenciados ou favorecidos e de § 4o A alíquota de referência
previstos em lei complementar, qualquer outro regime que resulte da contribuição a que se refere o
de forma a assegurar: em arrecadação menor do que a art. 195, V, da Constituição Fede-
I – de 2027 a 2033, que a re- que seria obtida com a aplicação ral será reduzida em 2030 caso a
ceita da União com a contribuição da alíquota padrão. média da Receita-Base da União
prevista no art. 195, V, e com o im- § 3o Para fins do disposto nos em 2027 e 2028 exceda o Teto de
posto previsto no art. 153, VIII, to- §§ 4o a 6o, entende-se por: Referência da União.
dos da Constituição Federal, seja I – Teto de Referência da § 5o As alíquotas de referên-
equivalente à redução da receita: União: a média da receita no cia da contribuição a que se refere
a) das contribuições previs- período de 2012 a 2021, apura- o art. 195, V, e do imposto a que
tas no art. 195, I, “b”, e IV, e da da como proporção do PIB, do se refere o art. 156‑A, ambos da
contribuição para o Programa de imposto previsto no art. 153, IV, Constituição Federal, serão redu-
Integração Social de que trata o das contribuições previstas no zidas em 2035 caso a média da
art. 239, todos da Constituição art. 195, I, “b”, e IV, da contribuição Receita-Base Total entre 2029 e
Federal; para o Programa de Integração 2033 exceda o Teto de Referên-
b) do imposto previsto no Social de que trata o art. 239 e cia Total.
art. 153, IV; e do imposto previsto no art. 153, § 6o As reduções de que tra-
c) do imposto previsto no V, sobre operações de seguro, tam os §§ 4o e 5o serão:
art. 153, V, da Constituição Fede- todos da Constituição Federal; I – definidas de forma a que
ral, sobre operações de seguros; II – Teto de Referência Total: a Receita-Base seja igual ao res-
II – de 2029 a 2033, que a re- a média da receita no período de pectivo Teto de Referência;
ceita dos Estados e do Distrito 2012 a 2021, apurada como pro- II – no caso do § 5o, proporcio-
Federal com o imposto previsto porção do PIB, dos impostos pre- nais para as alíquotas de referên-
no art. 156‑A da Constituição Fe- vistos nos arts. 153, IV, 155, II e 156, cia federal, estadual e municipal.
deral seja equivalente à redução: III, das contribuições previstas no § 7o A revisão das alíquotas
a) da receita do imposto pre- art. 195, I, “b”, e IV, da contribuição de referência em função do dis-
visto no art. 155, II, da Constituição para o Programa de Integração posto nos §§ 4o, 5o e 6o não impli-
Federal; e Social de que trata o art. 239 e cará cobrança ou restituição de
b) das receitas destinadas do imposto previsto no art. 153, tributo relativo a anos anteriores
a fundos estaduais financiados V, sobre operações de seguro, ou transferência de recursos en-
por contribuições estabelecidas todos da Constituição Federal; tre os entes federativos.
como condição à aplicação de III – Receita-Base da União: a § 8o Os entes federativos e o
diferimento, regime especial ou receita da União com a contribui- Comitê Gestor do Imposto sobre
outro tratamento diferenciado, ção prevista no art. 195, V, e com Bens e Serviços fornecerão ao
relativos ao imposto de que tra- o imposto previsto no art. 153, VIII, Tribunal de Contas da União as
ta o art. 155, II, da Constituição ambos da Constituição Federal, informações necessárias para
Federal, em funcionamento em apurada como proporção do PIB; o cálculo a que se referem os
30 de abril de 2023, excetuadas IV – Receita-Base dos Entes §§ 1o, 4o e 5o.
115
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 9o Nos cálculos das alíquo- previsto no art. 155, II, após aplica- art. 212‑A, II, será aplicado pro-
tas de que trata o caput, deve- ção do disposto no art. 158, IV, “a”, porcionalmente à razão entre a
rá ser considerada a arrecada- todos da Constituição Federal; e soma dos valores distribuídos nos
ção dos tributos previstos nos b) as receitas destinadas aos termos do § 2o, II, “a”, e do § 4o, e
arts. 156‑A e 195, V, da Constitui- fundos estaduais de que trata o a soma dos valores distribuídos
ção Federal, cuja cobrança tenha art. 130, II, “b”, deste Ato das Dis- nos termos do § 2o, II, e do § 4o,
sido iniciada antes dos períodos posições Constitucionais Tran- considerada, em ambas as somas,
de que tratam os incisos I, II e III sitórias; somente a parcela estadual nos
do caput. II – no caso do Distrito Fe- valores distribuídos nos termos
§ 10. O cálculo das alíquotas deral: do § 4o;
a que se refere este artigo será a) a arrecadação do imposto c) para os Municípios, o per-
realizado com base em propos- previsto no art. 155, II, da Consti- centual de que trata o art. 212‑A,
tas encaminhadas pelo Poder tuição Federal; e II, será aplicado proporcional-
Executivo da União e pelo Comitê b) a arrecadação do imposto mente à razão entre a soma dos
Gestor do Imposto sobre Bens e previsto no art. 156, III, da Cons- valores distribuídos nos termos do
Serviços, que deverão fornecer tituição Federal; § 2o, III, “b”, e a soma dos valores
ao Tribunal de Contas da União III – no caso dos Municípios: distribuídos nos termos do § 2o, III;
todos os subsídios necessários, a) a arrecadação do imposto II – constituirão as bases
mediante o compartilhamento de previsto no art. 156, III, da Cons- de cálculo de que tratam os
dados e informações, nos termos tituição Federal; e arts. 29‑A, 198, § 2o, 204, pará-
de lei complementar. b) a parcela creditada na for- grafo único, 212 e 216, § 6o, da
ma do art. 158, IV, “a”, da Consti- Constituição Federal, excetuados
Art. 131. De 2029 a 2077, o pro- tuição Federal. os valores distribuídos nos termos
duto da arrecadação dos Estados, § 3o Não se aplica o disposto do § 2o, I, “b”;
do Distrito Federal e dos Municí- no art. 158, IV, “b”, da Constituição III – poderão ser vinculados
pios com o imposto de que trata Federal aos recursos distribuídos para prestação de garantias às
o art. 156‑A da Constituição Fede- na forma do § 2o, I, deste artigo. operações de crédito por ante-
ral será distribuído a esses entes § 4o A parcela do produto cipação de receita previstas no
federativos conforme o disposto da arrecadação do imposto não art. 165, § 8o, para pagamento de
neste artigo. retida nos termos do § 1o, após a débitos com a União e para pres-
§ 1o Serão retidos do produ- retenção de que trata o art. 132 tar-lhe garantia ou contragaran-
to da arrecadação do imposto de deste Ato das Disposições Cons- tia, nos termos do art. 167, § 4o,
cada Estado, do Distrito Federal e titucionais Transitórias, será dis- todos da Constituição Federal.
de cada Município apurada com tribuída a cada Estado, ao Dis- § 6o Durante o período de
base nas alíquotas de referên- trito Federal e a cada Município que trata o caput deste artigo,
cia de que trata o art. 130 deste de acordo com os critérios da é vedado aos Estados, ao Dis-
Ato das Disposições Constitu- lei complementar de que trata o trito Federal e aos Municípios
cionais Transitórias, nos termos art. 156‑A, § 5o, I, da Constituição fixar alíquotas próprias do im-
dos arts. 149‑C e 156‑A, § 4o, II, e Federal, nela computada a varia- posto de que trata o art. 156‑A
§ 5o, I e IV, antes da aplicação do ção de alíquota fixada pelo ente da Constituição Federal inferio-
disposto no art. 158, IV, “b”, todos em relação à de referência. res às necessárias para garantir
da Constituição Federal: § 5o Os recursos de que tra- as retenções de que tratam o § 1o
I – de 2029 a 2032, 80% (oi- ta este artigo serão distribuídos deste artigo e o art. 132 deste Ato
tenta por cento); nos termos estabelecidos em das Disposições Constitucionais
II – em 2033, 90% (noventa lei complementar, aplicando-se Transitórias.
por cento); o seguinte:
III – de 2034 a 2077, percentu- I – constituirão a base de cál- Art. 132. Do imposto dos Es-
al correspondente ao aplicado em culo dos fundos de que trata o tados, do Distrito Federal e dos
2033, reduzido à razão de 1/45 (um art. 212‑A, II, da Constituição Fe- Municípios apurado com base
quarenta e cinco avos) por ano. deral, observado que: nas alíquotas de referência de
§ 2o Na forma estabelecida a) para os Estados, o percen- que trata o art. 130 deste Ato
em lei complementar, o montan- tual de que trata o art. 212‑A, II, das Disposições Constitucionais
te retido nos termos do § 1o será será aplicado proporcionalmente Transitórias, deduzida a retenção
distribuído entre os Estados, o à razão entre a soma dos valo- de que trata o art. 131, § 1o, será
Distrito Federal e os Municípios res distribuídos a cada ente nos retido montante corresponden-
proporcionalmente à receita mé- termos do § 2o, I, “a”, e do § 4o, e te a 5% (cinco por cento) para
dia de cada ente federativo, de- a soma dos valores distribuídos distribuição aos entes com as
vendo ser consideradas: nos termos do § 2o, I e do § 4o; menores razões entre:
I – no caso dos Estados: b) para o Distrito Fede- I – o valor apurado nos termos
a) a arrecadação do imposto ral, o percentual de que trata o dos arts. 149‑C e 156‑A, § 4o, II, e
116
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 5o, I e IV, com base nas alíquotas logados pelos respectivos entes a terceiros;
de referência, após a aplicação do federativos, observadas as se- III – a forma pela qual o crédi-
disposto no art. 158, IV, “b”, todos guintes diretrizes: to de que trata este artigo poderá
da Constituição Federal; e I – apresentado o pedido de ser ressarcido ao contribuinte
II – a respectiva receita homologação, o ente federativo pelo Comitê Gestor do Imposto
média, apurada nos termos do deverá se pronunciar no prazo sobre Bens e Serviços, caso não
art. 131, § 2o, I, II e III, deste Ato das estabelecido na lei complementar seja possível compensar o valor
Disposições Constitucionais Tran- a que se refere o caput; da parcela nos termos do § 3o.
sitórias, limitada a 3 (três) vezes II – na ausência de resposta
a média nacional por habitante ao pedido de homologação no Art. 135. Lei complementar dis-
da respectiva esfera federativa. prazo a que se refere o inciso I ciplinará a forma de utilização dos
§ 1o Os recursos serão distri- deste parágrafo, os respectivos créditos, inclusive presumidos, do
buídos, sequencial e sucessiva- saldos credores serão conside- imposto de que trata o art. 153,
mente, aos entes com as menores rados homologados. IV, e das contribuições de que
razões de que trata o caput, de § 2o Aplica-se o disposto tratam o art. 195, I, “b”, e IV, e da
maneira que, ao final da distri- neste artigo também aos crédi- contribuição para o Programa
buição, para todos os entes que tos reconhecidos após o prazo de Integração Social a que se
receberem recursos, seja ob- previsto no caput. refere o art. 239, todos da Cons-
servada a mesma a razão entre: § 3o O saldo dos créditos ho- tituição Federal, não apropriados
I – a soma do valor apurado mologados será informado pelos ou não utilizados até a extinção,
nos termos do inciso I do caput Estados e pelo Distrito Federal ao mantendo-se, apenas para os
com o valor recebido nos termos Comitê Gestor do Imposto sobre créditos que cumpram os requi-
deste artigo; e Bens e Serviços para que seja sitos estabelecidos na legislação
II – a receita média apurada compensado com o imposto de vigente na data da extinção de
na forma do inciso II do caput. que trata o art. 156‑A da Consti- tais tributos, a permissão para
§ 2o Aplica-se aos recursos tuição Federal: compensação com outros tri-
distribuídos na forma deste artigo I – pelo prazo remanescente, butos federais, inclusive com a
o disposto no art. 131, § 5o deste apurado nos termos do art. 20, contribuição prevista no inciso
Ato das Disposições Constitucio- § 5o, da Lei Complementar no 87, V do caput do art. 195 da Consti-
nais Transitórias. de 13 de setembro de 1996, para tuição Federal, ou ressarcimento
§ 3o Lei complementar es- os créditos relativos à entrada de em dinheiro.
tabelecerá os critérios para a mercadorias destinadas ao ativo
redução gradativa, entre 2078 e permanente; Art. 136. Os Estados que pos-
2097, do percentual de que trata II – em 240 (duzentos e qua- suíam, em 30 de abril de 2023,
o caput, até a sua extinção. renta) parcelas mensais, iguais fundos destinados a investimen-
e sucessivas, nos demais casos. tos em obras de infraestrutura e
Art. 133. Os tributos de que tra- § 4o O Comitê Gestor do Im- habitação e financiados por con-
tam os arts. 153, IV, 155, II, 156, III, posto sobre Bens e Serviços de- tribuições sobre produtos primá-
e 195, I, “b”, e IV, e a contribuição duzirá do produto da arrecadação rios e semielaborados estabele-
para o Programa de Integração do imposto previsto no art. 156‑A cidas como condição à aplicação
Social a que se refere o art. 239 devido ao respectivo ente federa- de diferimento, regime especial
não integrarão a base de cál- tivo o valor compensado na forma ou outro tratamento diferencia-
culo do imposto de que trata o do § 3o, o qual não comporá base do, relativos ao imposto de que
art. 156‑A e da contribuição de de cálculo para fins do disposto trata o art. 155, II, da Constitui-
que trata o art. 195, V, todos da nos arts. 158, IV, 198, § 2o, 204, ção Federal, poderão instituir
Constituição Federal. parágrafo único, 212, 212‑A, II, e contribuições semelhantes, não
216, § 6o, todos da Constituição vinculadas ao referido imposto,
Art. 134. Os saldos credores re- Federal. observado que:
lativos ao imposto previsto no § 5o A partir de 2033, os sal- I – a alíquota ou o percentual
art. 155, II, da Constituição Fe- dos credores serão atualizados de contribuição não poderão ser
deral, existentes ao final de 2032 pelo IPCA ou por outro índice que superiores e a base de incidência
serão aproveitados pelos contri- venha a substituí-lo. não poderá ser mais ampla que
buintes na forma deste artigo e § 6o Lei complementar dis- os das respectivas contribuições
nos termos de lei complementar. porá sobre: vigentes em 30 de abril de 2023;
§ 1o O disposto neste artigo I – as regras gerais de im- II – a instituição de contri-
alcança os saldos credores cujos plementação do parcelamento buição nos termos deste artigo
aproveitamento ou ressarcimento previsto no § 3o; implicará a extinção da contribui-
sejam admitidos pela legislação II – a forma pela qual os titu- ção correspondente, vinculada ao
em vigor em 31 de dezembro de lares dos créditos de que trata imposto de que trata o art. 155, II,
2032 e que tenham sido homo- este artigo poderão transferi-los da Constituição Federal, vigente
117
Constituição da República Federativa do Brasil
em 30 de abril de 2023;
III – a destinação de sua re-
ceita deverá ser a mesma das
contribuições vigentes em 30 de
abril de 2023;
IV – a contribuição instituída
nos termos do caput será extinta
em 31 de dezembro de 2043.
Parágrafo único. As receitas
das contribuições mantidas nos
termos deste artigo não serão
consideradas como receita do
respectivo Estado para fins do
disposto nos arts. 130, II, “b”, e 131,
§ 2o, I, “b”, deste Ato das Disposi-
ções Constitucionais Transitórias.
118
Lei de Introdução às
Normas do Direito
Brasileiro
Decreto-lei no 4.657/1942
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, não revoga nem modifica a lei Art. 7o A lei do país em que do-
usando da atribuição que lhe anterior. miciliada a pessoa determina as
confere o artigo 180 da Cons- § 3o Salvo disposição em regras sobre o começo e o fim
tituição, contrário, a lei revogada não se da personalidade, o nome, a ca-
restaura por ter a lei revogadora pacidade e os direitos de família.
DECRETA: perdido a vigência. § 1o Realizando-se o casa-
mento no Brasil, será aplicada a
Art. 1o Salvo disposição contrá- Art. 3o Ninguém se escusa de lei brasileira quanto aos impedi-
ria, a lei começa a vigorar em todo cumprir a lei, alegando que não mentos dirimentes e às formali-
o país quarenta e cinco dias de- a conhece. dades da celebração.
pois de oficialmente publicada. § 2o O casamento de estran-
§ 1o Nos Estados estrangei- Art. 4o Quando a lei for omissa, geiros poderá celebrar-se pe-
ros, a obrigatoriedade da lei bra- o juiz decidirá o caso de acordo rante autoridades diplomáticas
sileira, quando admitida, se inicia com a analogia, os costumes e ou consulares do país de ambos
três meses depois de oficialmen- os princípios gerais de direito. os nubentes.
te publicada. § 3o Tendo os nubentes do-
§ 2o (Revogado) Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz micílio diverso, regerá os casos
§ 3o Se, antes de entrar a atenderá aos fins sociais a que de invalidade do matrimônio a lei
lei em vigor, ocorrer nova publi- ela se dirige e às exigências do do primeiro domicílio conjugal.
cação de seu texto, destinada a bem comum. § 4o O regime de bens, legal
correção, o prazo deste artigo e ou convencional, obedece à lei do
dos parágrafos anteriores come- Art. 6o A Lei em vigor terá efei- país em que tiverem os nubentes
çará a correr da nova publicação. to imediato e geral, respeitados domicílio, e, se este for diverso,
§ 4o As correções a texto de o ato jurídico perfeito, o direito à do primeiro domicílio conjugal.
lei já em vigor consideram-se adquirido e a coisa julgada. § 5o O estrangeiro casado,
lei nova. § 1o Reputa-se ato jurídico que se naturalizar brasileiro,
perfeito o já consumado segun- pode, mediante expressa anu-
Art. 2o Não se destinando à vi- do a lei vigente ao tempo em que ência de seu cônjuge, requerer ao
gência temporária, a lei terá vi- se efetuou. juiz, no ato de entrega do decreto
gor até que outra a modifique § 2o Consideram-se adquiri- de naturalização, se apostile ao
ou revogue. dos assim os direitos que o seu mesmo a adoção do regime de
§ 1o A lei posterior revoga a titular, ou alguém por ele, possa comunhão parcial de bens, res-
anterior quando expressamente exercer, como aqueles cujo come- peitados os direitos de terceiros e
o declare, quando seja com ela ço do exercício tenha termo pre- dada esta adoção ao competente
incompatível ou quando regule fixo, ou condição preestabelecida registro.
inteiramente a matéria de que inalterável, a arbítrio de outrem. § 6o O divórcio realizado no
tratava a lei anterior. § 3o Chama-se coisa julgada estrangeiro, se um ou ambos os
§ 2o A lei nova, que estabe- ou caso julgado a decisão judicial cônjuges forem brasileiros, só
leça disposições gerais ou es- de que já não caiba recurso. será reconhecido no Brasil depois
peciais a par das já existentes, de 1 (um) ano da data da sentença,
120
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
salvo se houver sido antecedida o desaparecido, qualquer que seja ao ônus e aos meios de produ-
de separação judicial por igual a natureza e a situação dos bens. zir-se, não admitindo os tribu-
prazo, caso em que a homolo- § 1o A sucessão de bens de nais brasileiros provas que a lei
gação produzirá efeito imediato, estrangeiros, situados no País, brasileira desconheça.
obedecidas as condições estabe- será regulada pela lei brasileira
lecidas para a eficácia das sen- em benefício do cônjuge ou dos Art. 14. Não conhecendo a lei
tenças estrangeiras no país. O filhos brasileiros, ou de quem os estrangeira, poderá o juiz exigir
Superior Tribunal de Justiça, na represente, sempre que não lhes de quem a invoca prova do texto
forma de seu regimento interno, seja mais favorável a lei pessoal e da vigência.
poderá reexaminar, a requeri- do de cujus.
mento do interessado, decisões § 2o A lei do domicílio do her- Art. 15. Será executada no Brasil
já proferidas em pedidos de ho- deiro ou legatário regula a capa- a sentença proferida no estran-
mologação de sentenças estran- cidade para suceder. geiro, que reúna os seguintes
geiras de divórcio de brasileiros, requisitos:
a fim de que passem a produzir Art. 11. As organizações destina- a) haver sido proferida por
todos os efeitos legais. das a fins de interesse coletivo, juiz competente;
§ 7o Salvo o caso de abando- como as sociedades e as funda- b) terem sido as partes ci-
no, o domicílio do chefe da família ções, obedecem à lei do Estado tadas ou haver-se legalmente
estende-se ao outro cônjuge e em que se constituírem. verificado à revelia;
aos filhos não emancipados, e o § 1o Não poderão, entretanto, c) ter passado em julgado e
do tutor ou curador aos incapazes ter no Brasil filiais, agências ou estar revestida das formalidades
sob sua guarda. estabelecimentos antes de serem necessárias para a execução no
§ 8o Quando a pessoa não os atos constitutivos aprovados lugar em que foi proferida;
tiver domicílio, considerar-se-á pelo Governo brasileiro, ficando d) estar traduzida por intér-
domiciliada no lugar de sua re- sujeitas à lei brasileira. prete autorizado;
sidência ou naquele em que se § 2o Os Governos estrangei- e) ter sido homologada pelo
encontre. ros, bem como as organizações Supremo Tribunal Federal.
de qualquer natureza, que eles Parágrafo único. (Revogado)
Art. 8o Para qualificar os bens tenham constituído, dirijam ou
e regular as relações a eles con- hajam investido de funções pú- Art. 16. Quando, nos termos dos
cernentes, aplicar-se-á a lei do blicas, não poderão adquirir no artigos precedentes, se houver de
país em que estiverem situados. Brasil bens imóveis ou susceptí- aplicar a lei estrangeira, ter-se-á
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país veis de desapropriação. em vista a disposição desta, sem
em que for domiciliado o proprie- § 3o Os Governos estrangei- considerar-se qualquer remissão
tário, quanto aos bens móveis que ros podem adquirir a propriedade por ela feita a outra lei.
ele trouxer ou se destinarem a dos prédios necessários à sede
transporte para outros lugares. dos representantes diplomáticos Art. 17. As leis, atos e sentenças
§ 2o O penhor regula-se pela ou dos agentes consulares. de outro país, bem como quais-
lei do domicílio que tiver a pes- quer declarações de vontade, não
soa, em cuja posse se encontre Art. 12. É competente a autori- terão eficácia no Brasil, quando
a coisa apenhada. dade judiciária brasileira, quando ofenderem a soberania nacio-
for o réu domiciliado no Brasil nal, a ordem pública e os bons
Art. 9o Para qualificar e reger ou aqui tiver de ser cumprida a costumes.
as obrigações, aplicar-se-á a lei obrigação.
do país em que se constituírem. § 1o Só à autoridade judiciária Art. 18. Tratando-se de brasi-
§ 1o Destinando-se a obriga- brasileira compete conhecer das leiros, são competentes as au-
ção a ser executada no Brasil e ações relativas a imóveis situa- toridades consulares brasileiras
dependendo de forma essencial, dos no Brasil. para lhes celebrar o casamento e
será esta observada, admitidas as § 2o A autoridade judiciária os mais atos de Registro Civil e de
peculiaridades da lei estrangeira brasileira cumprirá, concedido tabelionato, inclusive o registro de
quanto aos requisitos extrínse- o exequatur e segundo a forma nascimento e de óbito dos filhos
cos do ato. estabelecida pela lei brasileira, as de brasileiro ou brasileira nascido
§ 2o A obrigação resultante diligências deprecadas por auto- no país da sede do Consulado.
do contrato reputa-se consti- ridade estrangeira competente, § 1o As autoridades consula-
tuída no lugar em que residir o observando a lei desta, quanto res brasileiras também poderão
proponente. ao objeto das diligências. celebrar a separação consen-
sual e o divórcio consensual de
Art. 10. A sucessão por morte ou Art. 13. A prova dos fatos ocor- brasileiros, não havendo filhos
por ausência obedece à lei do país ridos em país estrangeiro rege-se menores ou incapazes do casal
em que domiciliado o defunto ou pela lei que nele vigorar, quanto e observados os requisitos le-
121
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
gais quanto aos prazos, devendo Parágrafo único. A decisão contrato, ajuste, processo ou nor-
constar da respectiva escritura a que se refere o caput deste ma administrativa cuja produção
pública as disposições relativas artigo deverá, quando for o caso, já se houver completado levará
à descrição e à partilha dos bens indicar as condições para que a em conta as orientações gerais
comuns e à pensão alimentícia e, regularização ocorra de modo da época, sendo vedado que, com
ainda, ao acordo quanto à reto- proporcional e equânime e sem base em mudança posterior de
mada pelo cônjuge de seu nome prejuízo aos interesses gerais, orientação geral, se declarem
de solteiro ou à manutenção do não se podendo impor aos su- inválidas situações plenamente
nome adotado quando se deu o jeitos atingidos ônus ou perdas constituídas.
casamento. que, em função das peculiarida- Parágrafo único. Conside-
§ 2o É indispensável a assis- des do caso, sejam anormais ou ram-se orientações gerais as in-
tência de advogado, devidamente excessivos. terpretações e especificações
constituído, que se dará mediante contidas em atos públicos de ca-
a subscrição de petição, junta- Art. 22. Na interpretação de ráter geral ou em jurisprudência
mente com ambas as partes, ou normas sobre gestão pública, judicial ou administrativa majo-
com apenas uma delas, caso a serão considerados os obstáculos ritária, e ainda as adotadas por
outra constitua advogado próprio, e as dificuldades reais do gestor prática administrativa reiterada
não se fazendo necessário que a e as exigências das políticas pú- e de amplo conhecimento público.
assinatura do advogado conste da blicas a seu cargo, sem prejuízo
escritura pública. dos direitos dos administrados. Art. 25. (Vetado)
§ 1o Em decisão sobre regu-
Art. 19. Reputam-se válidos to- laridade de conduta ou validade Art. 26. Para eliminar irregu-
dos os atos indicados no artigo de ato, contrato, ajuste, processo laridade, incerteza jurídica ou
anterior e celebrados pelos côn- ou norma administrativa, serão situação contenciosa na aplica-
sules brasileiros na vigência do consideradas as circunstâncias ção do direito público, inclusive
Decreto-lei no 4.657, de 4 de se- práticas que houverem imposto, no caso de expedição de licença,
tembro de 1942, desde que satis- limitado ou condicionado a ação a autoridade administrativa po-
façam todos os requisitos legais. do agente. derá, após oitiva do órgão jurí-
Parágrafo único. No caso em § 2o Na aplicação de san- dico e, quando for o caso, após
que a celebração desses atos ti- ções, serão consideradas a na- realização de consulta pública,
ver sido recusada pelas autorida- tureza e a gravidade da infra- e presentes razões de relevante
des consulares, com fundamento ção cometida, os danos que dela interesse geral, celebrar com-
no artigo 18 do mesmo Decreto- provierem para a administração promisso com os interessados,
-lei, ao interessado é facultado pública, as circunstâncias agra- observada a legislação aplicável,
renovar o pedido dentro em 90 vantes ou atenuantes e os ante- o qual só produzirá efeitos a partir
(noventa) dias contados da data cedentes do agente. de sua publicação oficial.
da publicação desta Lei. § 3o As sanções aplicadas ao § 1o O compromisso referido
agente serão levadas em conta na no caput deste artigo:
Art. 20. Nas esferas administra- dosimetria das demais sanções I – buscará solução jurídica
tiva, controladora e judicial, não de mesma natureza e relativas proporcional, equânime, eficiente
se decidirá com base em valores ao mesmo fato. e compatível com os interesses
jurídicos abstratos sem que sejam gerais;
consideradas as consequências Art. 23. A decisão adminis- II – (Vetado);
práticas da decisão. trativa, controladora ou judicial III – não poderá conferir de-
Parágrafo único. A motivação que estabelecer interpretação ou soneração permanente de dever
demonstrará a necessidade e a orientação nova sobre norma de ou condicionamento de direito re-
adequação da medida imposta conteúdo indeterminado, impon- conhecidos por orientação geral;
ou da invalidação de ato, contrato, do novo dever ou novo condicio- IV – deverá prever com cla-
ajuste, processo ou norma admi- namento de direito, deverá prever reza as obrigações das partes,
nistrativa, inclusive em face das regime de transição quando indis- o prazo para seu cumprimento
possíveis alternativas. pensável para que o novo dever ou e as sanções aplicáveis em caso
condicionamento de direito seja de descumprimento.
Art. 21. A decisão que, nas esfe- cumprido de modo proporcional, § 2o (Vetado)
ras administrativa, controladora equânime e eficiente e sem pre-
ou judicial, decretar a invalidação juízo aos interesses gerais. Art. 27. A decisão do processo,
de ato, contrato, ajuste, processo Parágrafo único. (Vetado) nas esferas administrativa, con-
ou norma administrativa deverá troladora ou judicial, poderá impor
indicar de modo expresso suas Art. 24. A revisão, nas esferas compensação por benefícios in-
consequências jurídicas e ad- administrativa, controladora ou devidos ou prejuízos anormais ou
ministrativas. judicial, quanto à validade de ato, injustos resultantes do processo
122
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
ou da conduta dos envolvidos.
§ 1o A decisão sobre a com-
pensação será motivada, ouvidas
previamente as partes sobre seu
cabimento, sua forma e, se for o
caso, seu valor.
§ 2o Para prevenir ou regular
a compensação, poderá ser ce-
lebrado compromisso processual
entre os envolvidos.
GETÚLIO VARGAS
123
Código Civil
CÓDIGO CIVIL
Lei no 10.406/2002
135 PARTE GERAL
135 LIVRO I – DAS PESSOAS
135 TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS
135 CAPÍTULO I – DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
136 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
136 CAPÍTULO III – DA AUSÊNCIA
136 Seção I – Da Curadoria dos Bens do Ausente
136 Seção II – Da Sucessão Provisória
137 Seção III – Da Sucessão Definitiva
137 TÍTULO II – DAS PESSOAS JURÍDICAS
137 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
139 CAPÍTULO II – DAS ASSOCIAÇÕES
139 CAPÍTULO III – DAS FUNDAÇÕES
140 TÍTULO III – DO DOMICÍLIO
141 LIVRO II – DOS BENS
141 TÍTULO ÚNICO – DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS
141 CAPÍTULO I – DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
141 Seção I – Dos Bens Imóveis
141 Seção II – Dos Bens Móveis
141 Seção III – Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
141 Seção IV – Dos Bens Divisíveis
141 Seção V – Dos Bens Singulares e Coletivos
141 CAPÍTULO II – DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
141 CAPÍTULO III – DOS BENS PÚBLICOS
142 LIVRO III – DOS FATOS JURÍDICOS
142 TÍTULO I – DO NEGÓCIO JURÍDICO
142 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
142 CAPÍTULO II – DA REPRESENTAÇÃO
143 CAPÍTULO III – DA CONDIÇÃO, DO TERMO E DO ENCARGO
144 CAPÍTULO IV – DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
144 Seção I – Do Erro ou Ignorância
144 Seção II – Do Dolo
144 Seção III – Da Coação
144 Seção IV – Do Estado de Perigo
144 Seção V – Da Lesão
145 Seção VI – Da Fraude contra Credores
145 CAPÍTULO V – DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
146 TÍTULO II – DOS ATOS JURÍDICOS LÍCITOS
146 TÍTULO III – DOS ATOS ILÍCITOS
146 TÍTULO IV – DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
146 CAPÍTULO I – DA PRESCRIÇÃO
146 Seção I – Disposições Gerais
147 Seção II – Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição
147 Seção III – Das Causas que Interrompem a Prescrição
147 Seção IV – Dos Prazos da Prescrição
148 CAPÍTULO II – DA DECADÊNCIA
148 TÍTULO V – DA PROVA
149 PARTE ESPECIAL
149 LIVRO I – DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
149 TÍTULO I – DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
149 CAPÍTULO I – DAS OBRIGAÇÕES DE DAR
149 Seção I – Das Obrigações de Dar Coisa Certa
150 Seção II – Das Obrigações de Dar Coisa Incerta
150 CAPÍTULO II – DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER
150 CAPÍTULO III – DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER
150 CAPÍTULO IV – DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
151 CAPÍTULO V – DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
151 CAPÍTULO VI – DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
151 Seção I – Disposições Gerais
151 Seção II – Da Solidariedade Ativa
151 Seção III – Da Solidariedade Passiva
152 TÍTULO II – DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
152 CAPÍTULO I – DA CESSÃO DE CRÉDITO
152 CAPÍTULO II – DA ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
153 TÍTULO III – DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
153 CAPÍTULO I – DO PAGAMENTO
153 Seção I – De Quem Deve Pagar
153 Seção II – Daqueles a Quem Se Deve Pagar
153 Seção III – Do Objeto do Pagamento e Sua Prova
154 Seção IV – Do Lugar do Pagamento
154 Seção V – Do Tempo do Pagamento
154 CAPÍTULO II – DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
155 CAPÍTULO III – DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
155 CAPÍTULO IV – DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
155 CAPÍTULO V – DA DAÇÃO EM PAGAMENTO
155 CAPÍTULO VI – DA NOVAÇÃO
156 CAPÍTULO VII – DA COMPENSAÇÃO
156 CAPÍTULO VIII – DA CONFUSÃO
156 CAPÍTULO IX – DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS
157 TÍTULO IV – DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
157 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
157 CAPÍTULO II – DA MORA
157 CAPÍTULO III – DAS PERDAS E DANOS
157 CAPÍTULO IV – DOS JUROS LEGAIS
158 CAPÍTULO V – DA CLÁUSULA PENAL
158 CAPÍTULO VI – DAS ARRAS OU SINAL
158 TÍTULO V – DOS CONTRATOS EM GERAL
158 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
158 Seção I – Preliminares
159 Seção II – Da Formação dos Contratos
159 Seção III – Da Estipulação em Favor de Terceiro
159 Seção IV – Da Promessa de Fato de Terceiro
159 Seção V – Dos Vícios Redibitórios
160 Seção VI – Da Evicção
160 Seção VII – Dos Contratos Aleatórios
160 Seção VIII – Do Contrato Preliminar
161 Seção IX – Do Contrato com Pessoa a Declarar
161 CAPÍTULO II – DA EXTINÇÃO DO CONTRATO
161 Seção I – Do Distrato
161 Seção II – Da Cláusula Resolutiva
161 Seção III – Da Exceção de Contrato Não Cumprido
161 Seção IV – Da Resolução por Onerosidade Excessiva
162 TÍTULO VI – DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO
162 CAPÍTULO I – DA COMPRA E VENDA
162 Seção I – Disposições Gerais
163 Seção II – Das Cláusulas Especiais à Compra e Venda
163 Subseção I – Da Retrovenda
163 Subseção II – Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova
163 Subseção III – Da Preempção ou Preferência
164 Subseção IV – Da Venda com Reserva de Domínio
164 Subseção V – Da Venda sobre Documentos
164 CAPÍTULO II – DA TROCA OU PERMUTA
165 CAPÍTULO III – DO CONTRATO ESTIMATÓRIO
165 CAPÍTULO IV – DA DOAÇÃO
165 Seção I – Disposições Gerais
165 Seção II – Da Revogação da Doação
166 CAPÍTULO V – DA LOCAÇÃO DE COISAS
167 CAPÍTULO VI – DO EMPRÉSTIMO
167 Seção I – Do Comodato
167 Seção II – Do Mútuo
167 CAPÍTULO VII – DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
168 CAPÍTULO VIII – DA EMPREITADA
169 CAPÍTULO IX – DO DEPÓSITO
169 Seção I – Do Depósito Voluntário
170 Seção II – Do Depósito Necessário
171 CAPÍTULO X – DO MANDATO
171 Seção I – Disposições Gerais
171 Seção II – Das Obrigações do Mandatário
172 Seção III – Das Obrigações do Mandante
172 Seção IV – Da Extinção do Mandato
173 Seção V – Do Mandato Judicial
173 CAPÍTULO XI – DA COMISSÃO
174 CAPÍTULO XII – DA AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO
174 CAPÍTULO XIII – DA CORRETAGEM
175 CAPÍTULO XIV – DO TRANSPORTE
175 Seção I – Disposições Gerais
175 Seção II – Do Transporte de Pessoas
176 Seção III – Do Transporte de Coisas
177 CAPÍTULO XV – DO SEGURO
177 Seção I – Disposições Gerais
178 Seção II – Do Seguro de Dano
178 Seção III – Do Seguro de Pessoa
179 CAPÍTULO XVI – DA CONSTITUIÇÃO DE RENDA
180 CAPÍTULO XVII – DO JOGO E DA APOSTA
180 CAPÍTULO XVIII – DA FIANÇA
180 Seção I – Disposições Gerais
180 Seção II – Dos Efeitos da Fiança
181 Seção III – Da Extinção da Fiança
181 CAPÍTULO XIX – DA TRANSAÇÃO
181 CAPÍTULO XX – DO COMPROMISSO
182 CAPÍTULO XXI – DO CONTRATO DE ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA DE GARANTIAS
182 TÍTULO VII – DOS ATOS UNILATERAIS
182 CAPÍTULO I – DA PROMESSA DE RECOMPENSA
183 CAPÍTULO II – DA GESTÃO DE NEGÓCIOS
183 CAPÍTULO III – DO PAGAMENTO INDEVIDO
184 CAPÍTULO IV – DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
184 TÍTULO VIII – DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
184 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
185 CAPÍTULO II – DO TÍTULO AO PORTADOR
185 CAPÍTULO III – DO TÍTULO À ORDEM
186 CAPÍTULO IV – DO TÍTULO NOMINATIVO
186 TÍTULO IX – DA RESPONSABILIDADE CIVIL
186 CAPÍTULO I – DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
187 CAPÍTULO II – DA INDENIZAÇÃO
188 TÍTULO X – DAS PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS
189 LIVRO II – DO DIREITO DE EMPRESA
189 TÍTULO I – DO EMPRESÁRIO
189 CAPÍTULO I – DA CARACTERIZAÇÃO E DA INSCRIÇÃO
189 CAPÍTULO II – DA CAPACIDADE
190 TÍTULO I-A – DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA
190 TÍTULO II – DA SOCIEDADE
190 CAPÍTULO ÚNICO – DISPOSIÇÕES GERAIS
190 SUBTÍTULO I – DA SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA
190 CAPÍTULO I – DA SOCIEDADE EM COMUM
191 CAPÍTULO II – DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
191 SUBTÍTULO II – DA SOCIEDADE PERSONIFICADA
191 CAPÍTULO I – DA SOCIEDADE SIMPLES
191 Seção I – Do Contrato Social
192 Seção II – Dos Direitos e Obrigações dos Sócios
192 Seção III – Da Administração
193 Seção IV – Das Relações com Terceiros
193 Seção V – Da Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio
194 Seção VI – Da Dissolução
194 CAPÍTULO II – DA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
195 CAPÍTULO III – DA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES
195 CAPÍTULO IV – DA SOCIEDADE LIMITADA
195 Seção I – Disposições Preliminares
195 Seção II – Das Quotas
196 Seção III – Da Administração
196 Seção IV – Do Conselho Fiscal
197 Seção V – Das Deliberações dos Sócios
198 Seção VI – Do Aumento e da Redução do Capital
198 Seção VII – Da Resolução da Sociedade em Relação a Sócios Minoritários
198 Seção VIII – Da Dissolução
198 CAPÍTULO V – DA SOCIEDADE ANÔNIMA
198 Seção Única – Da Caracterização
199 CAPÍTULO VI – DA SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES
199 CAPÍTULO VII – DA SOCIEDADE COOPERATIVA
199 CAPÍTULO VIII – DAS SOCIEDADES COLIGADAS
200 CAPÍTULO IX – DA LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE
200 CAPÍTULO X – DA TRANSFORMAÇÃO, DA INCORPORAÇÃO, DA FUSÃO E DA CISÃO DAS
SOCIEDADES
201 CAPÍTULO XI – DA SOCIEDADE DEPENDENTE DE AUTORIZAÇÃO
201 Seção I – Disposições Gerais
201 Seção II – Da Sociedade Nacional
202 Seção III – Da Sociedade Estrangeira
203 TÍTULO III – DO ESTABELECIMENTO
203 CAPÍTULO ÚNICO – DISPOSIÇÕES GERAIS
203 TÍTULO IV – DOS INSTITUTOS COMPLEMENTARES
203 CAPÍTULO I – DO REGISTRO
204 CAPÍTULO II – DO NOME EMPRESARIAL
205 CAPÍTULO III – DOS PREPOSTOS
205 Seção I – Disposições Gerais
205 Seção II – Do Gerente
205 Seção III – Do Contabilista e Outros Auxiliares
205 CAPÍTULO IV – DA ESCRITURAÇÃO
207 LIVRO III – DO DIREITO DAS COISAS
207 TÍTULO I – DA POSSE
207 CAPÍTULO I – DA POSSE E SUA CLASSIFICAÇÃO
207 CAPÍTULO II – DA AQUISIÇÃO DA POSSE
207 CAPÍTULO III – DOS EFEITOS DA POSSE
208 CAPÍTULO IV – DA PERDA DA POSSE
208 TÍTULO II – DOS DIREITOS REAIS
208 CAPÍTULO ÚNICO – DISPOSIÇÕES GERAIS
208 TÍTULO III – DA PROPRIEDADE
208 CAPÍTULO I – DA PROPRIEDADE EM GERAL
208 Seção I – Disposições Preliminares
209 Seção II – Da Descoberta
209 CAPÍTULO II – DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
209 Seção I – Da Usucapião
210 Seção II – Da Aquisição pelo Registro do Título
210 Seção III – Da Aquisição por Acessão
210 Subseção I – Das Ilhas
210 Subseção II – Da Aluvião
210 Subseção III – Da Avulsão
211 Subseção IV – Do Álveo Abandonado
211 Subseção V – Das Construções e Plantações
211 CAPÍTULO III – DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
211 Seção I – Da Usucapião
211 Seção II – Da Ocupação
211 Seção III – Do Achado do Tesouro
212 Seção IV – Da Tradição
212 Seção V – Da Especificação
212 Seção VI – Da Confusão, da Comissão e da Adjunção
212 CAPÍTULO IV – DA PERDA DA PROPRIEDADE
212 CAPÍTULO V – DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA
212 Seção I – Do Uso Anormal da Propriedade
213 Seção II – Das Árvores Limítrofes
213 Seção III – Da Passagem Forçada
213 Seção IV – Da Passagem de Cabos e Tubulações
213 Seção V – Das Águas
214 Seção VI – Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem
214 Seção VII – Do Direito de Construir
215 CAPÍTULO VI – DO CONDOMÍNIO GERAL
215 Seção I – Do Condomínio Voluntário
215 Subseção I – Dos Direitos e Deveres dos Condôminos
216 Subseção II – Da Administração do Condomínio
216 Seção II – Do Condomínio Necessário
216 CAPÍTULO VII – DO CONDOMÍNIO EDILÍCIO
216 Seção I – Disposições Gerais
218 Seção II – Da Administração do Condomínio
219 Seção III – Da Extinção do Condomínio
219 Seção IV – Do Condomínio de Lotes
219 CAPÍTULO VII-A – DO CONDOMÍNIO EM MULTIPROPRIEDADE
219 Seção I – Disposições Gerais
220 Seção II – Da Instituição da Multipropriedade
220 Seção III – Dos Direitos e das Obrigações do Multiproprietário
221 Seção IV – Da Transferência da Multipropriedade
221 Seção V – Da Administração da Multipropriedade
222 Seção VI – Disposições Específicas Relativas às Unidades Autônomas de Condomínios
Edilícios
223 CAPÍTULO VIII – DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL
223 CAPÍTULO IX – DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA
224 CAPÍTULO X – DO FUNDO DE INVESTIMENTO
224 TÍTULO IV – DA SUPERFÍCIE
225 TÍTULO V – DAS SERVIDÕES
225 CAPÍTULO I – DA CONSTITUIÇÃO DAS SERVIDÕES
225 CAPÍTULO II – DO EXERCÍCIO DAS SERVIDÕES
225 CAPÍTULO III – DA EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES
226 TÍTULO VI – DO USUFRUTO
226 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
226 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO
226 CAPÍTULO III – DOS DEVERES DO USUFRUTUÁRIO
227 CAPÍTULO IV – DA EXTINÇÃO DO USUFRUTO
227 TÍTULO VII – DO USO
227 TÍTULO VIII – DA HABITAÇÃO
227 TÍTULO IX – DO DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR
228 TÍTULO X – DO PENHOR, DA HIPOTECA E DA ANTICRESE
228 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
228 CAPÍTULO II – DO PENHOR
228 Seção I – Da Constituição do Penhor
229 Seção II – Dos Direitos do Credor Pignoratício
229 Seção III – Das Obrigações do Credor Pignoratício
229 Seção IV – Da Extinção do Penhor
229 Seção V – Do Penhor Rural
229 Subseção I – Disposições Gerais
229 Subseção II – Do Penhor Agrícola
230 Subseção III – Do Penhor Pecuário
230 Seção VI – Do Penhor Industrial e Mercantil
230 Seção VII – Do Penhor de Direitos e Títulos de Crédito
231 Seção VIII – Do Penhor de Veículos
231 Seção IX – Do Penhor Legal
231 CAPÍTULO III – DA HIPOTECA
231 Seção I – Disposições Gerais
233 Seção II – Da Hipoteca Legal
233 Seção III – Do Registro da Hipoteca
233 Seção IV – Da Extinção da Hipoteca
234 Seção V – Da Hipoteca de Vias Férreas
234 CAPÍTULO IV – DA ANTICRESE
234 TÍTULO XI – DA LAJE
235 LIVRO IV – DO DIREITO DE FAMÍLIA
235 TÍTULO I – DO DIREITO PESSOAL
235 SUBTÍTULO I – DO CASAMENTO
235 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
235 CAPÍTULO II – DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO
236 CAPÍTULO III – DOS IMPEDIMENTOS
236 CAPÍTULO IV – DAS CAUSAS SUSPENSIVAS
236 CAPÍTULO V – DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO
237 CAPÍTULO VI – DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
238 CAPÍTULO VII – DAS PROVAS DO CASAMENTO
238 CAPÍTULO VIII – DA INVALIDADE DO CASAMENTO
239 CAPÍTULO IX – DA EFICÁCIA DO CASAMENTO
240 CAPÍTULO X – DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL
241 CAPÍTULO XI – DA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS
242 SUBTÍTULO II – DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO
242 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
242 CAPÍTULO II – DA FILIAÇÃO
242 CAPÍTULO III – DO RECONHECIMENTO DOS FILHOS
243 CAPÍTULO IV – DA ADOÇÃO
243 CAPÍTULO V – DO PODER FAMILIAR
243 Seção I – Disposições Gerais
243 Seção II – Do Exercício do Poder Familiar
243 Seção III – Da Suspensão e Extinção do Poder Familiar
244 TÍTULO II – DO DIREITO PATRIMONIAL
244 SUBTÍTULO I – DO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES
244 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
245 CAPÍTULO II – DO PACTO ANTENUPCIAL
245 CAPÍTULO III – DO REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL
246 CAPÍTULO IV – DO REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL
246 CAPÍTULO V – DO REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS
247 CAPÍTULO VI – DO REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS
247 SUBTÍTULO II – DO USUFRUTO E DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DE FILHOS MENORES
247 SUBTÍTULO III – DOS ALIMENTOS
248 SUBTÍTULO IV – DO BEM DE FAMÍLIA
249 TÍTULO III – DA UNIÃO ESTÁVEL
249 TÍTULO IV – DA TUTELA, DA CURATELA E DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA
249 CAPÍTULO I – DA TUTELA
249 Seção I – Dos Tutores
250 Seção II – Dos Incapazes de Exercer a Tutela
250 Seção III – Da Escusa dos Tutores
250 Seção IV – Do Exercício da Tutela
251 Seção V – Dos Bens do Tutelado
251 Seção VI – Da Prestação de Contas
252 Seção VII – Da Cessação da Tutela
252 CAPÍTULO II – DA CURATELA
252 Seção I – Dos Interditos
252 Seção II – Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de Deficiência Física
252 Seção III – Do Exercício da Curatela
252 CAPÍTULO III – DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA
253 LIVRO V – DO DIREITO DAS SUCESSÕES
253 TÍTULO I – DA SUCESSÃO EM GERAL
253 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
253 CAPÍTULO II – DA HERANÇA E DE SUA ADMINISTRAÇÃO
254 CAPÍTULO III – DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
254 CAPÍTULO IV – DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA
255 CAPÍTULO V – DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
255 CAPÍTULO VI – DA HERANÇA JACENTE
256 CAPÍTULO VII – DA PETIÇÃO DE HERANÇA
256 TÍTULO II – DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
256 CAPÍTULO I – DA ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
257 CAPÍTULO II – DOS HERDEIROS NECESSÁRIOS
257 CAPÍTULO III – DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
257 TÍTULO III – DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
257 CAPÍTULO I – DO TESTAMENTO EM GERAL
257 CAPÍTULO II – DA CAPACIDADE DE TESTAR
257 CAPÍTULO III – DAS FORMAS ORDINÁRIAS DO TESTAMENTO
257 Seção I – Disposições Gerais
257 Seção II – Do Testamento Público
258 Seção III – Do Testamento Cerrado
258 Seção IV – Do Testamento Particular
259 CAPÍTULO IV – DOS CODICILOS
259 CAPÍTULO V – DOS TESTAMENTOS ESPECIAIS
259 Seção I – Disposições Gerais
259 Seção II – Do Testamento Marítimo e do Testamento Aeronáutico
259 Seção III – Do Testamento Militar
260 CAPÍTULO VI – DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
260 CAPÍTULO VII – DOS LEGADOS
260 Seção I – Disposições Gerais
261 Seção II – Dos Efeitos do Legado e do Seu Pagamento
262 Seção III – Da Caducidade dos Legados
262 CAPÍTULO VIII – DO DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS E LEGATÁRIOS
262 CAPÍTULO IX – DAS SUBSTITUIÇÕES
262 Seção I – Da Substituição Vulgar e da Recíproca
262 Seção II – Da Substituição Fideicomissária
263 CAPÍTULO X – DA DESERDAÇÃO
263 CAPÍTULO XI – DA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
264 CAPÍTULO XII – DA REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO
264 CAPÍTULO XIII – DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO
264 CAPÍTULO XIV – DO TESTAMENTEIRO
265 TÍTULO IV – DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
265 CAPÍTULO I – DO INVENTÁRIO
265 CAPÍTULO II – DOS SONEGADOS
265 CAPÍTULO III – DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
265 CAPÍTULO IV – DA COLAÇÃO
266 CAPÍTULO V – DA PARTILHA
267 CAPÍTULO VI – DA GARANTIA DOS QUINHÕES HEREDITÁRIOS
267 CAPÍTULO VII – DA ANULAÇÃO DA PARTILHA
267 LIVRO COMPLEMENTAR – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Código Civil
Lei no 10.406/2002
Institui o Código Civil. III – aqueles que, por causa vável a morte de quem estava em
transitória ou permanente, não perigo de vida;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA puderem exprimir sua vontade; II – se alguém, desaparecido
IV – os pródigos. em campanha ou feito prisioneiro,
Faço saber que o Congresso Na- Parágrafo único. A capacida- não for encontrado até dois anos
cional decreta e eu sanciono a de dos indígenas será regulada após o término da guerra.
seguinte Lei: por legislação especial. Parágrafo único. A declara-
ção da morte presumida, nesses
Art. 5o A menoridade cessa aos casos, somente poderá ser re-
PARTE GERAL dezoito anos completos, quando querida depois de esgotadas as
LIVRO I – DAS PESSOAS a pessoa fica habilitada à prática buscas e averiguações, devendo
de todos os atos da vida civil. a sentença fixar a data provável
TÍTULO I – DAS PESSOAS Parágrafo único. Cessará, do falecimento.
NATURAIS para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, Art. 8o Se dois ou mais indivídu-
CAPÍTULO I – DA ou de um deles na falta do outro, os falecerem na mesma ocasião,
PERSONALIDADE E DA mediante instrumento público, não se podendo averiguar se al-
independentemente de homo- gum dos comorientes precedeu
CAPACIDADE logação judicial, ou por sentença aos outros, presumir-se-ão si-
do juiz, ouvido o tutor, se o menor multaneamente mortos.
Art. 1o Toda pessoa é capaz de tiver dezesseis anos completos;
direitos e deveres na ordem civil. II – pelo casamento; Art. 9o Serão registrados em
III – pelo exercício de emprego registro público:
Art. 2o A personalidade civil da público efetivo; I – os nascimentos, casamen-
pessoa começa do nascimento IV – pela colação de grau em tos e óbitos;
com vida; mas a lei põe a salvo, curso de ensino superior; II – a emancipação por ou-
desde a concepção, os direitos V – pelo estabelecimento civil torga dos pais ou por sentença
do nascituro. ou comercial, ou pela existência do juiz;
de relação de emprego, desde III – a interdição por incapaci-
Art. 3o São absolutamente inca- que, em função deles, o menor dade absoluta ou relativa;
pazes de exercer pessoalmente com dezesseis anos completos IV – a sentença declaratória
os atos da vida civil os menores tenha economia própria. de ausência e de morte presu-
de 16 (dezesseis) anos. mida.
I – (Revogado); Art. 6o A existência da pessoa
II – (Revogado); natural termina com a morte; Art. 10. Far-se-á averbação em
III – (Revogado). presume-se esta, quanto aos au- registro público:
sentes, nos casos em que a lei I – das sentenças que decre-
Art. 4o São incapazes, relativa- autoriza a abertura de sucessão tarem a nulidade ou anulação do
mente a certos atos ou à maneira definitiva. casamento, o divórcio, a separa-
de os exercer: ção judicial e o restabelecimento
I – os maiores de dezesseis e Art. 7o Pode ser declarada a da sociedade conjugal;
menores de dezoito anos; morte presumida, sem decreta- II – dos atos judiciais ou ex-
II – os ébrios habituais e os ção de ausência: trajudiciais que declararem ou
viciados em tóxico; I – se for extremamente pro- reconhecerem a filiação;
135
Código Civil
III – (Revogado). público, ainda quando não haja tário que não queira ou não possa
intenção difamatória. exercer ou continuar o mandato,
ou se os seus poderes forem in-
CAPÍTULO II – Art. 18. Sem autorização, não suficientes.
DOS DIREITOS DA se pode usar o nome alheio em
PERSONALIDADE propaganda comercial. Art. 24. O juiz, que nomear o
curador, fixar-lhe-á os poderes e
Art. 11. Com exceção dos ca- Art. 19. O pseudônimo adota- obrigações, conforme as circuns-
sos previstos em lei, os direitos do para atividades lícitas goza tâncias, observando, no que for
da personalidade são intrans- da proteção que se dá ao nome. aplicável, o disposto a respeito
missíveis e irrenunciáveis, não dos tutores e curadores.
podendo o seu exercício sofrer Art. 20. Salvo se autorizadas, ou
limitação voluntária. se necessárias à administração Art. 25. O cônjuge do ausente,
da justiça ou à manutenção da sempre que não esteja separado
Art. 12. Pode-se exigir que cesse ordem pública, a divulgação de judicialmente, ou de fato por mais
a ameaça, ou a lesão, a direito da escritos, a transmissão da pala- de dois anos antes da declaração
personalidade, e reclamar perdas vra, ou a publicação, a exposição da ausência, será o seu legítimo
e danos, sem prejuízo de outras ou a utilização da imagem de uma curador.
sanções previstas em lei. pessoa poderão ser proibidas, a § 1o Em falta do cônjuge, a
Parágrafo único. Em se tra- seu requerimento e sem prejuízo curadoria dos bens do ausente
tando de morto, terá legitimação da indenização que couber, se lhe incumbe aos pais ou aos descen-
para requerer a medida prevista atingirem a honra, a boa fama ou dentes, nesta ordem, não haven-
neste artigo o cônjuge sobrevi- a respeitabilidade, ou se se desti- do impedimento que os iniba de
vente, ou qualquer parente em narem a fins comerciais.1 exercer o cargo.
linha reta, ou colateral até o quar- Parágrafo único. Em se tra- § 2o Entre os descendentes,
to grau. tando de morto ou de ausente, os mais próximos precedem os
são partes legítimas para reque- mais remotos.
Art. 13. Salvo por exigência mé- rer essa proteção o cônjuge, os § 3o Na falta das pessoas
dica, é defeso o ato de disposição ascendentes ou os descendentes. mencionadas, compete ao juiz
do próprio corpo, quando impor- a escolha do curador.
tar diminuição permanente da Art. 21. A vida privada da pessoa
integridade física, ou contrariar natural é inviolável, e o juiz, a re-
os bons costumes. querimento do interessado, ado-
Seção II – Da Sucessão
Parágrafo único. O ato pre- tará as providências necessárias Provisória
visto neste artigo será admitido para impedir ou fazer cessar ato
para fins de transplante, na for- contrário a esta norma.2 Art. 26. Decorrido um ano da
ma estabelecida em lei especial. arrecadação dos bens do ausente,
ou, se ele deixou representante
Art. 14. É válida, com objetivo CAPÍTULO III – DA ou procurador, em se passando
científico, ou altruístico, a dispo- AUSÊNCIA três anos, poderão os interessa-
sição gratuita do próprio corpo, dos requerer que se declare a au-
Seção I – Da Curadoria dos
no todo ou em parte, para depois sência e se abra provisoriamente
da morte. Bens do Ausente a sucessão.
Parágrafo único. O ato de
disposição pode ser livremente Art. 22. Desaparecendo uma Art. 27. Para o efeito previsto
revogado a qualquer tempo. pessoa do seu domicílio sem dela no artigo anterior, somente se
haver notícia, se não houver dei- consideram interessados:
Art. 15. Ninguém pode ser cons- xado representante ou procura- I – o cônjuge não separado
trangido a submeter-se, com ris- dor a quem caiba administrar-lhe judicialmente;
co de vida, a tratamento médico os bens, o juiz, a requerimento II – os herdeiros presumidos,
ou a intervenção cirúrgica. de qualquer interessado ou do legítimos ou testamentários;
Ministério Público, declarará a au- III – os que tiverem sobre os
Art. 16. Toda pessoa tem direito sência, e nomear-lhe-á curador. bens do ausente direito depen-
ao nome, nele compreendidos o dente de sua morte;
prenome e o sobrenome. Art. 23. Também se declarará a IV – os credores de obriga-
ausência, e se nomeará curador, ções vencidas e não pagas.
Art. 17. O nome da pessoa não quando o ausente deixar manda-
pode ser empregado por outrem Art. 28. A sentença que determi-
em publicações ou representa- 1
Nota do Editor (NE): ver ADI no 4.815. nar a abertura da sucessão provi-
ções que a exponham ao desprezo 2
NE: ver ADI no 4.815. sória só produzirá efeito cento e
136
Código Civil
oitenta dias depois de publicada mente o ausente, de modo que Art. 38. Pode-se requerer a su-
pela imprensa; mas, logo que contra eles correrão as ações cessão definitiva, também, pro-
passe em julgado, proceder-se- pendentes e as que de futuro vando-se que o ausente conta
-á à abertura do testamento, se àquele forem movidas. oitenta anos de idade, e que de
houver, e ao inventário e partilha cinco datam as últimas notícias
dos bens, como se o ausente fos- Art. 33. O descendente, ascen- dele.
se falecido. dente ou cônjuge que for sucessor
§ 1o Findo o prazo a que se provisório do ausente, fará seus Art. 39. Regressando o ausente
refere o art. 26, e não havendo in- todos os frutos e rendimentos nos dez anos seguintes à aber-
teressados na sucessão provisó- dos bens que a este couberem; tura da sucessão definitiva, ou
ria, cumpre ao Ministério Público os outros sucessores, porém, de- algum de seus descendentes ou
requerê-la ao juízo competente. verão capitalizar metade desses ascendentes, aquele ou estes
§ 2o Não comparecendo her- frutos e rendimentos, segundo haverão só os bens existentes
deiro ou interessado para reque- o disposto no art. 29, de acordo no estado em que se acharem,
rer o inventário até trinta dias com o representante do Ministé- os sub-rogados em seu lugar,
depois de passar em julgado a rio Público, e prestar anualmente ou o preço que os herdeiros e
sentença que mandar abrir a su- contas ao juiz competente. demais interessados houverem
cessão provisória, proceder-se-á Parágrafo único. Se o ausen- recebido pelos bens alienados
à arrecadação dos bens do au- te aparecer, e ficar provado que depois daquele tempo.
sente pela forma estabelecida a ausência foi voluntária e injus- Parágrafo único. Se, nos dez
nos arts. 1.819 a 1.823. tificada, perderá ele, em favor do anos a que se refere este artigo, o
sucessor, sua parte nos frutos e ausente não regressar, e nenhum
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, rendimentos. interessado promover a sucessão
quando julgar conveniente, orde- definitiva, os bens arrecadados
nará a conversão dos bens mó- Art. 34. O excluído, segundo o passarão ao domínio do Muni-
veis, sujeitos a deterioração ou a art. 30, da posse provisória po- cípio ou do Distrito Federal, se
extravio, em imóveis ou em títulos derá, justificando falta de meios, localizados nas respectivas cir-
garantidos pela União. requerer lhe seja entregue meta- cunscrições, incorporando-se ao
de dos rendimentos do quinhão domínio da União, quando situa-
Art. 30. Os herdeiros, para se que lhe tocaria. dos em território federal.
imitirem na posse dos bens do
ausente, darão garantias da resti- Art. 35. Se durante a posse pro-
tuição deles, mediante penhores visória se provar a época exata do TÍTULO II – DAS PESSOAS
ou hipotecas equivalentes aos falecimento do ausente, consi- JURÍDICAS
quinhões respectivos. derar-se-á, nessa data, aberta a
§ 1o Aquele que tiver direito à sucessão em favor dos herdeiros, CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
posse provisória, mas não puder que o eram àquele tempo. GERAIS
prestar a garantia exigida neste
artigo, será excluído, mantendo- Art. 36. Se o ausente apare- Art. 40. As pessoas jurídicas
-se os bens que lhe deviam caber cer, ou se lhe provar a existência, são de direito público, interno
sob a administração do curador, depois de estabelecida a posse ou externo, e de direito privado.
ou de outro herdeiro designa- provisória, cessarão para logo as
do pelo juiz, e que preste essa vantagens dos sucessores nela Art. 41. São pessoas jurídicas de
garantia. imitidos, ficando, todavia, obri- direito público interno:
§ 2o Os ascendentes, os des- gados a tomar as medidas asse- I – a União;
cendentes e o cônjuge, uma vez curatórias precisas, até a entrega II – os Estados, o Distrito Fe-
provada a sua qualidade de her- dos bens a seu dono. deral e os Territórios;
deiros, poderão, independente- III – os Municípios;
mente de garantia, entrar na pos- IV – as autarquias, inclusive
se dos bens do ausente.
Seção III – Da Sucessão as associações públicas;
Definitiva V – as demais entidades de
Art. 31. Os imóveis do ausente caráter público criadas por lei.
só se poderão alienar, não sendo Art. 37. Dez anos depois de pas- Parágrafo único. Salvo dis-
por desapropriação, ou hipotecar, sada em julgado a sentença que posição em contrário, as pessoas
quando o ordene o juiz, para lhes concede a abertura da sucessão jurídicas de direito público, a que
evitar a ruína. provisória, poderão os interessa- se tenha dado estrutura de direito
dos requerer a sucessão definitiva privado, regem-se, no que couber,
Art. 32. Empossados nos bens, e o levantamento das cauções quanto ao seu funcionamento,
os sucessores provisórios ficarão prestadas. pelas normas deste Código.
representando ativa e passiva-
137
Código Civil
Art. 42. São pessoas jurídicas de Art. 46. O registro declarará: ministradores.
direito público externo os Estados I – a denominação, os fins, Parágrafo único. A autono-
estrangeiros e todas as pessoas a sede, o tempo de duração e mia patrimonial das pessoas ju-
que forem regidas pelo direito o fundo social, quando houver; rídicas é um instrumento lícito de
internacional público. II – o nome e a individualiza- alocação e segregação de riscos,
ção dos fundadores ou institui- estabelecido pela lei com a fina-
Art. 43. As pessoas jurídicas de dores, e dos diretores; lidade de estimular empreendi-
direito público interno são civil- III – o modo por que se ad- mentos, para a geração de em-
mente responsáveis por atos dos ministra e representa, ativa e pregos, tributo, renda e inovação
seus agentes que nessa qualidade passivamente, judicial e extra- em benefício de todos.
causem danos a terceiros, ressal- judicialmente;
vado direito regressivo contra os IV – se o ato constitutivo é Art. 50. Em caso de abuso da
causadores do dano, se houver, reformável no tocante à admi- personalidade jurídica, caracteri-
por parte destes, culpa ou dolo. nistração, e de que modo; zado pelo desvio de finalidade ou
V – se os membros respon- pela confusão patrimonial, pode
Art. 44. São pessoas jurídicas dem, ou não, subsidiariamente, o juiz, a requerimento da parte,
de direito privado: pelas obrigações sociais; ou do Ministério Público quando
I – as associações; VI – as condições de extinção lhe couber intervir no proces-
II – as sociedades; da pessoa jurídica e o destino do so, desconsiderá-la para que os
III – as fundações; seu patrimônio, nesse caso. efeitos de certas e determinadas
IV – as organizações religio- relações de obrigações sejam es-
sas; Art. 47. Obrigam a pessoa ju- tendidos aos bens particulares de
V – os partidos políticos; rídica os atos dos administra- administradores ou de sócios da
VI – (Revogado). dores, exercidos nos limites de pessoa jurídica beneficiados dire-
§ 1o São livres a criação, a seus poderes definidos no ato ta ou indiretamente pelo abuso.
organização, a estruturação in- constitutivo. § 1o Para os fins do disposto
terna e o funcionamento das or- neste artigo, desvio de finalidade
ganizações religiosas, sendo ve- Art. 48. Se a pessoa jurídica é a utilização da pessoa jurídica
dado ao poder público negar-lhes tiver administração coletiva, as com o propósito de lesar credores
reconhecimento ou registro dos decisões se tomarão pela maio- e para a prática de atos ilícitos de
atos constitutivos e necessários ria de votos dos presentes, salvo qualquer natureza.
ao seu funcionamento. se o ato constitutivo dispuser de § 2o Entende-se por confu-
§ 2o As disposições concer- modo diverso. são patrimonial a ausência de
nentes às associações aplicam-se Parágrafo único. Decai em separação de fato entre os patri-
subsidiariamente às sociedades três anos o direito de anular as mônios, caracterizada por:
que são objeto do Livro II da Parte decisões a que se refere este I – cumprimento repetitivo
Especial deste Código. artigo, quando violarem a lei ou pela sociedade de obrigações
§ 3o Os partidos políticos estatuto, ou forem eivadas de do sócio ou do administrador ou
serão organizados e funciona- erro, dolo, simulação ou fraude. vice-versa;
rão conforme o disposto em lei II – transferência de ativos
específica. Art. 48-A. As pessoas jurídicas ou de passivos sem efetivas con-
de direito privado, sem prejuízo do traprestações, exceto os de va-
Art. 45. Começa a existência previsto em legislação especial e lor proporcionalmente insigni-
legal das pessoas jurídicas de em seus atos constitutivos, po- ficante; e
direito privado com a inscrição derão realizar suas assembleias III – outros atos de descum-
do ato constitutivo no respec- gerais por meio eletrônico, inclu- primento da autonomia patri-
tivo registro, precedida, quando sive para os fins do disposto no monial.
necessário, de autorização ou art. 59 deste Código, respeitados § 3o O disposto no caput e
aprovação do Poder Executivo, os direitos previstos de participa- nos §§ 1o e 2o deste artigo tam-
averbando-se no registro todas ção e de manifestação. bém se aplica à extensão das
as alterações por que passar o obrigações de sócios ou de ad-
ato constitutivo. Art. 49. Se a administração da ministradores à pessoa jurídica.
Parágrafo único. Decai em pessoa jurídica vier a faltar, o § 4o A mera existência de
três anos o direito de anular a juiz, a requerimento de qualquer grupo econômico sem a presen-
constituição das pessoas jurídi- interessado, nomear-lhe-á admi- ça dos requisitos de que trata o
cas de direito privado, por defeito nistrador provisório. caput deste artigo não autoriza a
do ato respectivo, contado o pra- desconsideração da personalida-
zo da publicação de sua inscrição Art. 49-A. A pessoa jurídica não de da pessoa jurídica.
no registro. se confunde com os seus sócios, § 5o Não constitui desvio de
associados, instituidores ou ad- finalidade a mera expansão ou a
138
Código Civil
alteração da finalidade original da Art. 55. Os associados devem à entidade de fins não econômi-
atividade econômica específica ter iguais direitos, mas o estatuto cos designada no estatuto, ou,
da pessoa jurídica. poderá instituir categorias com omisso este, por deliberação dos
vantagens especiais. associados, à instituição munici-
Art. 51. Nos casos de dissolução pal, estadual ou federal, de fins
da pessoa jurídica ou cassada Art. 56. A qualidade de associa- idênticos ou semelhantes.
a autorização para seu funcio- do é intransmissível, se o estatuto § 1o Por cláusula do estatuto
namento, ela subsistirá para os não dispuser o contrário. ou, no seu silêncio, por delibera-
fins de liquidação, até que esta Parágrafo único. Se o as- ção dos associados, podem estes,
se conclua. sociado for titular de quota ou antes da destinação do remanes-
§ 1o Far-se-á, no registro fração ideal do patrimônio da cente referida neste artigo, rece-
onde a pessoa jurídica estiver associação, a transferência da- ber em restituição, atualizado o
inscrita, a averbação de sua dis- quela não importará, de per si, respectivo valor, as contribuições
solução. na atribuição da qualidade de que tiverem prestado ao patrimô-
§ 2o As disposições para a associado ao adquirente ou ao nio da associação.
liquidação das sociedades apli- herdeiro, salvo disposição diversa § 2o Não existindo no Mu-
cam-se, no que couber, às de- do estatuto. nicípio, no Estado, no Distrito
mais pessoas jurídicas de direito Federal ou no Território, em que
privado. Art. 57. A exclusão do associa- a associação tiver sede, insti-
§ 3o Encerrada a liquidação, do só é admissível havendo justa tuição nas condições indicadas
promover-se-á o cancelamento causa, assim reconhecida em pro- neste artigo, o que remanescer
da inscrição da pessoa jurídica. cedimento que assegure direito do seu patrimônio se devolverá
de defesa e de recurso, nos ter- à Fazenda do Estado, do Distrito
Art. 52. Aplica-se às pessoas ju- mos previstos no estatuto. Federal ou da União.
rídicas, no que couber, a proteção Parágrafo único. (Revogado)
dos direitos da personalidade.
Art. 58. Nenhum associado po- CAPÍTULO III – DAS
derá ser impedido de exercer FUNDAÇÕES
CAPÍTULO II – DAS direito ou função que lhe tenha
ASSOCIAÇÕES sido legitimamente conferido, a Art. 62. Para criar uma funda-
não ser nos casos e pela forma ção, o seu instituidor fará, por
Art. 53. Constituem-se as as- previstos na lei ou no estatuto. escritura pública ou testamento,
sociações pela união de pessoas dotação especial de bens livres,
que se organizem para fins não Art. 59. Compete privativamen- especificando o fim a que se des-
econômicos. te à assembleia geral: tina, e declarando, se quiser, a
Parágrafo único. Não há, en- I – destituir os administra- maneira de administrá-la.
tre os associados, direitos e obri- dores; Parágrafo único. A fundação
gações recíprocos. II – alterar o estatuto. somente poderá constituir-se
Parágrafo único. Para as para fins de:
Art. 54. Sob pena de nulida- deliberações a que se referem I – assistência social;
de, o estatuto das associações os incisos I e II deste artigo é II – cultura, defesa e conser-
conterá: exigido deliberação da assem- vação do patrimônio histórico e
I – a denominação, os fins e bleia especialmente convocada artístico;
a sede da associação; para esse fim, cujo quórum será III – educação;
II – os requisitos para a ad- o estabelecido no estatuto, bem IV – saúde;
missão, demissão e exclusão dos como os critérios de eleição dos V – segurança alimentar e
associados; administradores. nutricional;
III – os direitos e deveres dos VI – defesa, preservação e
associados; Art. 60. A convocação dos ór- conservação do meio ambiente
IV – as fontes de recursos gãos deliberativos far-se-á na e promoção do desenvolvimento
para sua manutenção; forma do estatuto, garantido a sustentável;
V – o modo de constituição 1/5 (um quinto) dos associados o VII – pesquisa científica, de-
e de funcionamento dos órgãos direito de promovê-la. senvolvimento de tecnologias
deliberativos; alternativas, modernização de
VI – as condições para a al- Art. 61. Dissolvida a associação, sistemas de gestão, produção
teração das disposições estatu- o remanescente do seu patrimô- e divulgação de informações e
tárias e para a dissolução; nio líquido, depois de deduzidas, conhecimentos técnicos e cien-
VII – a forma de gestão ad- se for o caso, as quotas ou fra- tíficos;
ministrativa e de aprovação das ções ideais referidas no parágrafo VIII – promoção da ética, da
respectivas contas. único do art. 56, será destinado cidadania, da democracia e dos
139
Código Civil
direitos humanos; máximo de 45 (quarenta e cinco) Parágrafo único. A prova da
IX – atividades religiosas; e dias, findo o qual ou no caso de intenção resultará do que declarar
X – (Vetado). o Ministério Público a denegar, a pessoa às municipalidades dos
poderá o juiz supri-la, a requeri- lugares, que deixa, e para onde
Art. 63. Quando insuficientes mento do interessado. vai, ou, se tais declarações não
para constituir a fundação, os fizer, da própria mudança, com
bens a ela destinados serão, se Art. 68. Quando a alteração não as circunstâncias que a acom-
de outro modo não dispuser o houver sido aprovada por votação panharem.
instituidor, incorporados em outra unânime, os administradores da
fundação que se proponha a fim fundação, ao submeterem o esta- Art. 75. Quanto às pessoas ju-
igual ou semelhante. tuto ao órgão do Ministério Públi- rídicas, o domicílio é:
co, requererão que se dê ciência à I – da União, o Distrito Federal;
Art. 64. Constituída a funda- minoria vencida para impugná-la, II – dos Estados e Territórios,
ção por negócio jurídico entre se quiser, em dez dias. as respectivas capitais;
vivos, o instituidor é obrigado a III – do Município, o lugar onde
transferir-lhe a propriedade, ou Art. 69. Tornando-se ilícita, im- funcione a administração mu-
outro direito real, sobre os bens possível ou inútil a finalidade a nicipal;
dotados, e, se não o fizer, serão que visa a fundação, ou vencido IV – das demais pessoas jurí-
registrados, em nome dela, por o prazo de sua existência, o órgão dicas, o lugar onde funcionarem
mandado judicial. do Ministério Público, ou qualquer as respectivas diretorias e ad-
interessado, lhe promoverá a ex- ministrações, ou onde elegerem
Art. 65. Aqueles a quem o ins- tinção, incorporando-se o seu domicílio especial no seu estatuto
tituidor cometer a aplicação do patrimônio, salvo disposição em ou atos constitutivos.
patrimônio, em tendo ciência contrário no ato constitutivo, ou § 1o Tendo a pessoa jurídica
do encargo, formularão logo, no estatuto, em outra fundação, diversos estabelecimentos em
de acordo com as suas bases designada pelo juiz, que se pro- lugares diferentes, cada um deles
(art. 62), o estatuto da fundação ponha a fim igual ou semelhante. será considerado domicílio para
projetada, submetendo-o, em se- os atos nele praticados.
guida, à aprovação da autoridade § 2o Se a administração, ou
competente, com recurso ao juiz. TÍTULO III – DO DOMICÍLIO diretoria, tiver a sede no estran-
Parágrafo único. Se o esta- geiro, haver-se-á por domicílio
tuto não for elaborado no prazo Art. 70. O domicílio da pessoa da pessoa jurídica, no tocante às
assinado pelo instituidor, ou, não natural é o lugar onde ela estabe- obrigações contraídas por cada
havendo prazo, em cento e oiten- lece a sua residência com ânimo uma das suas agências, o lugar do
ta dias, a incumbência caberá ao definitivo. estabelecimento, sito no Brasil, a
Ministério Público. que ela corresponder.
Art. 71. Se, porém, a pessoa na-
Art. 66. Velará pelas fundações tural tiver diversas residências, Art. 76. Têm domicílio necessá-
o Ministério Público do Estado onde, alternadamente, viva, con- rio o incapaz, o servidor público,
onde situadas. siderar-se-á domicílio seu qual- o militar, o marítimo e o preso.
§ 1o Se funcionarem no Dis- quer delas. Parágrafo único. O domicílio
trito Federal ou em Território, do incapaz é o do seu represen-
caberá o encargo ao Ministério Art. 72. É também domicílio da tante ou assistente; o do servidor
Público do Distrito Federal e Ter- pessoa natural, quanto às rela- público, o lugar em que exercer
ritórios. ções concernentes à profissão, o permanentemente suas funções;
§ 2o Se estenderem a ativida- lugar onde esta é exercida. o do militar, onde servir, e, sendo
de por mais de um Estado, cabe- Parágrafo único. Se a pessoa da Marinha ou da Aeronáutica, a
rá o encargo, em cada um deles, exercitar profissão em lugares di- sede do comando a que se encon-
ao respectivo Ministério Público. versos, cada um deles constituirá trar imediatamente subordinado;
domicílio para as relações que lhe o do marítimo, onde o navio esti-
Art. 67. Para que se possa al- corresponderem. ver matriculado; e o do preso, o
terar o estatuto da fundação é lugar em que cumprir a sentença.
mister que a reforma: Art. 73. Ter-se-á por domicílio
I – seja deliberada por dois da pessoa natural, que não tenha Art. 77. O agente diplomático do
terços dos competentes para residência habitual, o lugar onde Brasil, que, citado no estrangeiro,
gerir e representar a fundação; for encontrada. alegar extraterritorialidade sem
II – não contrarie ou desvirtue designar onde tem, no país, o seu
o fim desta; Art. 74. Muda-se o domicílio, domicílio, poderá ser demanda-
III – seja aprovada pelo órgão transferindo a residência, com a do no Distrito Federal ou no últi-
do Ministério Público no prazo intenção manifesta de o mudar. mo ponto do território brasileiro
140
Código Civil
onde o teve. vas ações. Art. 91. Constitui universalidade
de direito o complexo de relações
Art. 78. Nos contratos escritos, Art. 84. Os materiais destinados jurídicas, de uma pessoa, dotadas
poderão os contratantes especifi- a alguma construção, enquanto de valor econômico.
car domicílio onde se exercitem e não forem empregados, conser-
cumpram os direitos e obrigações vam sua qualidade de móveis;
deles resultantes. readquirem essa qualidade os CAPÍTULO II – DOS BENS
provenientes da demolição de RECIPROCAMENTE
algum prédio. CONSIDERADOS
LIVRO II – DOS BENS
TÍTULO ÚNICO – DAS Art. 92. Principal é o bem que
Seção III – Dos Bens existe sobre si, abstrata ou con-
DIFERENTES CLASSES DE Fungíveis e Consumíveis cretamente; acessório, aquele
BENS cuja existência supõe a do prin-
Art. 85. São fungíveis os móveis cipal.
CAPÍTULO I – DOS BENS que podem substituir-se por ou-
CONSIDERADOS EM SI tros da mesma espécie, qualidade Art. 93. São pertenças os bens
MESMOS e quantidade. que, não constituindo partes in-
tegrantes, se destinam, de modo
Seção I – Dos Bens Imóveis Art. 86. São consumíveis os duradouro, ao uso, ao serviço ou
bens móveis cujo uso importa ao aformoseamento de outro.
Art. 79. São bens imóveis o solo destruição imediata da própria
e tudo quanto se lhe incorporar substância, sendo também con- Art. 94. Os negócios jurídicos
natural ou artificialmente. siderados tais os destinados à que dizem respeito ao bem prin-
alienação. cipal não abrangem as pertenças,
Art. 80. Consideram-se imóveis salvo se o contrário resultar da
para os efeitos legais: lei, da manifestação de vontade,
I – os direitos reais sobre imó-
Seção IV – Dos Bens ou das circunstâncias do caso.
veis e as ações que os asseguram; Divisíveis
II – o direito à sucessão aber- Art. 95. Apesar de ainda não
ta. Art. 87. Bens divisíveis são os separados do bem principal, os
que se podem fracionar sem al- frutos e produtos podem ser ob-
Art. 81. Não perdem o caráter teração na sua substância, dimi- jeto de negócio jurídico.
de imóveis: nuição considerável de valor, ou
I – as edificações que, sepa- prejuízo do uso a que se destinam. Art. 96. As benfeitorias podem
radas do solo, mas conservando ser voluptuárias, úteis ou neces-
a sua unidade, forem removidas Art. 88. Os bens naturalmente sárias.
para outro local; divisíveis podem tornar-se indi- § 1o São voluptuárias as de
II – os materiais provisoria- visíveis por determinação da lei mero deleite ou recreio, que não
mente separados de um prédio, ou por vontade das partes. aumentam o uso habitual do bem,
para nele se reempregarem. ainda que o tornem mais agra-
dável ou sejam de elevado valor.
Seção V – Dos Bens § 2o São úteis as que aumen-
Seção II – Dos Bens Móveis Singulares e Coletivos tam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que
Art. 82. São móveis os bens sus- Art. 89. São singulares os bens têm por fim conservar o bem ou
cetíveis de movimento próprio, que, embora reunidos, se consi- evitar que se deteriore.
ou de remoção por força alheia, deram de per si, independente-
sem alteração da substância ou mente dos demais. Art. 97. Não se consideram ben-
da destinação econômico-social. feitorias os melhoramentos ou
Art. 90. Constitui universalidade acréscimos sobrevindos ao bem
Art. 83. Consideram-se móveis de fato a pluralidade de bens sin- sem a intervenção do proprietá-
para os efeitos legais: gulares que, pertinentes à mes- rio, possuidor ou detentor.
I – as energias que tenham ma pessoa, tenham destinação
valor econômico; unitária.
II – os direitos reais sobre Parágrafo único. Os bens que CAPÍTULO III – DOS BENS
objetos móveis e as ações cor- formam essa universalidade po- PÚBLICOS
respondentes; dem ser objeto de relações jurí-
III – os direitos pessoais de dicas próprias. Art. 98. São públicos os bens do
caráter patrimonial e respecti- domínio nacional pertencentes
141
Código Civil
às pessoas jurídicas de direito II – objeto lícito, possível, de- Art. 113. Os negócios jurídicos
público interno; todos os outros terminado ou determinável; devem ser interpretados confor-
são particulares, seja qual for a III – forma prescrita ou não me a boa-fé e os usos do lugar de
pessoa a que pertencerem. defesa em lei. sua celebração.
§ 1o A interpretação do ne-
Art. 99. São bens públicos: Art. 105. A incapacidade relativa gócio jurídico deve lhe atribuir o
I – os de uso comum do povo, de uma das partes não pode ser sentido que:
tais como rios, mares, estradas, invocada pela outra em benefí- I – for confirmado pelo com-
ruas e praças; cio próprio, nem aproveita aos portamento das partes posterior
II – os de uso especial, tais cointeressados capazes, salvo à celebração do negócio;
como edifícios ou terrenos des- se, neste caso, for indivisível o II – corresponder aos usos,
tinados a serviço ou estabeleci- objeto do direito ou da obriga- costumes e práticas do merca-
mento da administração federal, ção comum. do relativas ao tipo de negócio;
estadual, territorial ou municipal, III – corresponder à boa-fé;
inclusive os de suas autarquias; Art. 106. A impossibilidade ini- IV – for mais benéfico à parte
III – os dominicais, que cons- cial do objeto não invalida o ne- que não redigiu o dispositivo, se
tituem o patrimônio das pessoas gócio jurídico se for relativa, ou identificável; e
jurídicas de direito público, como se cessar antes de realizada a V – corresponder a qual seria
objeto de direito pessoal, ou real, condição a que ele estiver su- a razoável negociação das par-
de cada uma dessas entidades. bordinado. tes sobre a questão discutida,
Parágrafo único. Não dis- inferida das demais disposições
pondo a lei em contrário, con- Art. 107. A validade da declara- do negócio e da racionalidade
sideram-se dominicais os bens ção de vontade não dependerá de econômica das partes, conside-
pertencentes às pessoas jurídicas forma especial, senão quando a radas as informações disponíveis
de direito público a que se tenha lei expressamente a exigir. no momento de sua celebração.
dado estrutura de direito privado. § 2o As partes poderão li-
Art. 108. Não dispondo a lei em vremente pactuar regras de in-
Art. 100. Os bens públicos de contrário, a escritura pública é terpretação, de preenchimento
uso comum do povo e os de uso essencial à validade dos negócios de lacunas e de integração dos
especial são inalienáveis, en- jurídicos que visem à constitui- negócios jurídicos diversas da-
quanto conservarem a sua qua- ção, transferência, modificação quelas previstas em lei.
lificação, na forma que a lei de- ou renúncia de direitos reais so-
terminar. bre imóveis de valor superior a Art. 114. Os negócios jurídicos
trinta vezes o maior salário mí- benéficos e a renúncia interpre-
Art. 101. Os bens públicos do- nimo vigente no País. tam-se estritamente.
minicais podem ser alienados,
observadas as exigências da lei. Art. 109. No negócio jurídico ce-
lebrado com a cláusula de não CAPÍTULO II – DA
Art. 102. Os bens públicos não valer sem instrumento público, REPRESENTAÇÃO
estão sujeitos a usucapião. este é da substância do ato.
Art. 115. Os poderes de repre-
Art. 103. O uso comum dos bens Art. 110. A manifestação de von- sentação conferem-se por lei ou
públicos pode ser gratuito ou re- tade subsiste ainda que o seu pelo interessado.
tribuído, conforme for estabele- autor haja feito a reserva mental
cido legalmente pela entidade a de não querer o que manifestou, Art. 116. A manifestação de von-
cuja administração pertencerem. salvo se dela o destinatário tinha tade pelo representante, nos limi-
conhecimento. tes de seus poderes, produz efei-
tos em relação ao representado.
LIVRO III – DOS FATOS Art. 111. O silêncio importa anu-
JURÍDICOS ência, quando as circunstâncias Art. 117. Salvo se o permitir a
ou os usos o autorizarem, e não lei ou o representado, é anulável
TÍTULO I – DO NEGÓCIO for necessária a declaração de o negócio jurídico que o repre-
JURÍDICO vontade expressa. sentante, no seu interesse ou
por conta de outrem, celebrar
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 112. Nas declarações de consigo mesmo.
GERAIS vontade se atenderá mais à in- Parágrafo único. Para esse
tenção nelas consubstanciada efeito, tem-se como celebrado
Art. 104. A validade do negócio do que ao sentido literal da lin- pelo representante o negócio re-
jurídico requer: guagem. alizado por aquele em quem os
I – agente capaz; poderes houverem sido subes-
142
Código Civil
tabelecidos. Art. 124. Têm-se por inexisten- ou convencional em contrário,
tes as condições impossíveis, computam-se os prazos, excluído
Art. 118. O representante é obri- quando resolutivas, e as de não o dia do começo, e incluído o do
gado a provar às pessoas, com fazer coisa impossível. vencimento.
quem tratar em nome do repre- § 1o Se o dia do vencimento
sentado, a sua qualidade e a ex- Art. 125. Subordinando-se a cair em feriado, considerar-se-á
tensão de seus poderes, sob pena eficácia do negócio jurídico à prorrogado o prazo até o seguin-
de, não o fazendo, responder pe- condição suspensiva, enquanto te dia útil.
los atos que a estes excederem. esta se não verificar, não se terá § 2o Meado considera-se,
adquirido o direito, a que ele visa. em qualquer mês, o seu décimo
Art. 119. É anulável o negócio quinto dia.
concluído pelo representante Art. 126. Se alguém dispuser § 3o Os prazos de meses e
em conflito de interesses com o de uma coisa sob condição sus- anos expiram no dia de igual nú-
representado, se tal fato era ou pensiva, e, pendente esta, fizer mero do de início, ou no imediato,
devia ser do conhecimento de quanto àquela novas disposições, se faltar exata correspondência.
quem com aquele tratou. estas não terão valor, realizada § 4o Os prazos fixados por
Parágrafo único. É de cento a condição, se com ela forem hora contar-se-ão de minuto a
e oitenta dias, a contar da con- incompatíveis. minuto.
clusão do negócio ou da cessa-
ção da incapacidade, o prazo de Art. 127. Se for resolutiva a con- Art. 133. Nos testamentos, pre-
decadência para pleitear-se a dição, enquanto esta se não re- sume-se o prazo em favor do
anulação prevista neste artigo. alizar, vigorará o negócio jurídi- herdeiro, e, nos contratos, em
co, podendo exercer-se desde a proveito do devedor, salvo, quanto
Art. 120. Os requisitos e os efei- conclusão deste o direito por ele a esses, se do teor do instrumen-
tos da representação legal são os estabelecido. to, ou das circunstâncias, resultar
estabelecidos nas normas res- que se estabeleceu a benefício
pectivas; os da representação Art. 128. Sobrevindo a condi- do credor, ou de ambos os con-
voluntária são os da Parte Espe- ção resolutiva, extingue-se, para tratantes.
cial deste Código. todos os efeitos, o direito a que
ela se opõe; mas, se aposta a um Art. 134. Os negócios jurídicos
negócio de execução continuada entre vivos, sem prazo, são exe-
CAPÍTULO III – DA ou periódica, a sua realização, sal- quíveis desde logo, salvo se a exe-
CONDIÇÃO, DO TERMO E DO vo disposição em contrário, não cução tiver de ser feita em lugar
ENCARGO tem eficácia quanto aos atos já diverso ou depender de tempo.
praticados, desde que compatí-
Art. 121. Considera-se condição veis com a natureza da condição Art. 135. Ao termo inicial e final
a cláusula que, derivando exclusi- pendente e conforme aos ditames aplicam-se, no que couber, as
vamente da vontade das partes, de boa-fé. disposições relativas à condição
subordina o efeito do negócio suspensiva e resolutiva.
jurídico a evento futuro e incerto. Art. 129. Reputa-se verificada,
quanto aos efeitos jurídicos, a Art. 136. O encargo não sus-
Art. 122. São lícitas, em geral, condição cujo implemento for ma- pende a aquisição nem o exercí-
todas as condições não contrárias liciosamente obstado pela parte cio do direito, salvo quando ex-
à lei, à ordem pública ou aos bons a quem desfavorecer, conside- pressamente imposto no negócio
costumes; entre as condições de- rando-se, ao contrário, não veri- jurídico, pelo disponente, como
fesas se incluem as que privarem ficada a condição maliciosamente condição suspensiva.
de todo efeito o negócio jurídico, levada a efeito por aquele a quem
ou o sujeitarem ao puro arbítrio aproveita o seu implemento. Art. 137. Considera-se não escri-
de uma das partes. to o encargo ilícito ou impossível,
Art. 130. Ao titular do direito salvo se constituir o motivo deter-
Art. 123. Invalidam os negócios eventual, nos casos de condição minante da liberalidade, caso em
jurídicos que lhes são subordi- suspensiva ou resolutiva, é permi- que se invalida o negócio jurídico.
nados: tido praticar os atos destinados
I – as condições física ou ju- a conservá-lo.
ridicamente impossíveis, quando
suspensivas; Art. 131. O termo inicial suspen-
II – as condições ilícitas, ou de o exercício, mas não a aquisi-
de fazer coisa ilícita; ção do direito.
III – as condições incompre-
ensíveis ou contraditórias. Art. 132. Salvo disposição legal
143
Código Civil
CAPÍTULO IV – DOS Seção II – Do Dolo Art. 152. No apreciar a coação,
DEFEITOS DO NEGÓCIO ter-se-ão em conta o sexo, a ida-
Art. 145. São os negócios jurí- de, a condição, a saúde, o tem-
JURÍDICO dicos anuláveis por dolo, quando peramento do paciente e todas
Seção I – Do Erro ou este for a sua causa. as demais circunstâncias que
Ignorância possam influir na gravidade dela.
Art. 146. O dolo acidental só
Art. 138. São anuláveis os negó- obriga à satisfação das perdas Art. 153. Não se considera co-
cios jurídicos, quando as decla- e danos, e é acidental quando, a ação a ameaça do exercício nor-
rações de vontade emanarem de seu despeito, o negócio seria re- mal de um direito, nem o simples
erro substancial que poderia ser alizado, embora por outro modo. temor reverencial.
percebido por pessoa de diligên-
cia normal, em face das circuns- Art. 147. Nos negócios jurídicos Art. 154. Vicia o negócio jurídico
tâncias do negócio. bilaterais, o silêncio intencional a coação exercida por terceiro, se
de uma das partes a respeito dela tivesse ou devesse ter conhe-
Art. 139. O erro é substancial de fato ou qualidade que a ou- cimento a parte a que aproveite,
quando: tra parte haja ignorado, consti- e esta responderá solidariamente
I – interessa à natureza do tui omissão dolosa, provando-se com aquele por perdas e danos.
negócio, ao objeto principal da que sem ela o negócio não se teria
declaração, ou a alguma das qua- celebrado. Art. 155. Subsistirá o negócio
lidades a ele essenciais; jurídico, se a coação decorrer de
II – concerne à identidade ou Art. 148. Pode também ser anu- terceiro, sem que a parte a que
à qualidade essencial da pessoa lado o negócio jurídico por dolo de aproveite dela tivesse ou devesse
a quem se refira a declaração de terceiro, se a parte a quem apro- ter conhecimento; mas o autor da
vontade, desde que tenha influído veite dele tivesse ou devesse ter coação responderá por todas as
nesta de modo relevante; conhecimento; em caso contrá- perdas e danos que houver cau-
III – sendo de direito e não rio, ainda que subsista o negócio sado ao coacto.
implicando recusa à aplicação da jurídico, o terceiro responderá por
lei, for o motivo único ou principal todas as perdas e danos da parte
do negócio jurídico. a quem ludibriou.
Seção IV – Do Estado de
Perigo
Art. 140. O falso motivo só vicia Art. 149. O dolo do represen-
a declaração de vontade quando tante legal de uma das partes só Art. 156. Configura-se o estado
expresso como razão determi- obriga o representado a respon- de perigo quando alguém, premi-
nante. der civilmente até a importância do da necessidade de salvar-se,
do proveito que teve; se, porém, ou a pessoa de sua família, de
Art. 141. A transmissão errônea o dolo for do representante con- grave dano conhecido pela outra
da vontade por meios interpostos vencional, o representado res- parte, assume obrigação exces-
é anulável nos mesmos casos em ponderá solidariamente com ele sivamente onerosa.
que o é a declaração direta. por perdas e danos. Parágrafo único. Tratando-se
de pessoa não pertencente à fa-
Art. 142. O erro de indicação Art. 150. Se ambas as partes mília do declarante, o juiz decidirá
da pessoa ou da coisa, a que se procederem com dolo, nenhuma segundo as circunstâncias.
referir a declaração de vontade, pode alegá-lo para anular o ne-
não viciará o negócio quando, por gócio, ou reclamar indenização.
seu contexto e pelas circunstân-
Seção V – Da Lesão
cias, se puder identificar a coisa
ou pessoa cogitada.
Seção III – Da Coação Art. 157. Ocorre a lesão quando
uma pessoa, sob premente ne-
Art. 143. O erro de cálculo ape- Art. 151. A coação, para viciar a cessidade, ou por inexperiência,
nas autoriza a retificação da de- declaração da vontade, há de ser se obriga a prestação manifesta-
claração de vontade. tal que incuta ao paciente fun- mente desproporcional ao valor
dado temor de dano iminente e da prestação oposta.
Art. 144. O erro não prejudica considerável à sua pessoa, à sua § 1o Aprecia-se a despropor-
a validade do negócio jurídico família, ou aos seus bens. ção das prestações segundo os
quando a pessoa, a quem a ma- Parágrafo único. Se disser valores vigentes ao tempo em que
nifestação de vontade se dirige, respeito a pessoa não perten- foi celebrado o negócio jurídico.
se oferecer para executá-la na cente à família do paciente, o § 2o Não se decretará a anu-
conformidade da vontade real juiz, com base nas circunstâncias, lação do negócio, se for oferecido
do manifestante. decidirá se houve coação. suplemento suficiente, ou se a
144
Código Civil
parte favorecida concordar com Art. 163. Presumem-se frau- versas daquelas às quais real-
a redução do proveito. datórias dos direitos dos outros mente se conferem, ou trans-
credores as garantias de dívidas mitem;
que o devedor insolvente tiver II – contiverem declaração,
Seção VI – Da Fraude contra dado a algum credor. confissão, condição ou cláusula
Credores não verdadeira;
Art. 164. Presumem-se, porém, III – os instrumentos parti-
Art. 158. Os negócios de trans- de boa-fé e valem os negócios culares forem antedatados, ou
missão gratuita de bens ou re- ordinários indispensáveis à ma- pós-datados.
missão de dívida, se os praticar nutenção de estabelecimento § 2o Ressalvam-se os direitos
o devedor já insolvente, ou por mercantil, rural, ou industrial, de terceiros de boa-fé em face
eles reduzido à insolvência, ain- ou à subsistência do devedor e dos contraentes do negócio ju-
da quando o ignore, poderão ser de sua família. rídico simulado.
anulados pelos credores quiro-
grafários, como lesivos dos seus Art. 165. Anulados os negócios Art. 168. As nulidades dos ar-
direitos. fraudulentos, a vantagem resul- tigos antecedentes podem ser
§ 1o Igual direito assiste aos tante reverterá em proveito do alegadas por qualquer interes-
credores cuja garantia se tornar acervo sobre que se tenha de sado, ou pelo Ministério Público,
insuficiente. efetuar o concurso de credores. quando lhe couber intervir.
§ 2o Só os credores que já Parágrafo único. Se esses Parágrafo único. As nulida-
o eram ao tempo daqueles atos negócios tinham por único obje- des devem ser pronunciadas pelo
podem pleitear a anulação deles. to atribuir direitos preferenciais, juiz, quando conhecer do negócio
mediante hipoteca, penhor ou an- jurídico ou dos seus efeitos e as
Art. 159. Serão igualmente anu- ticrese, sua invalidade importará encontrar provadas, não lhe sen-
láveis os contratos onerosos do somente na anulação da prefe- do permitido supri-las, ainda que
devedor insolvente, quando a in- rência ajustada. a requerimento das partes.
solvência for notória, ou houver
motivo para ser conhecida do Art. 169. O negócio jurídico nulo
outro contratante. CAPÍTULO V – DA não é suscetível de confirmação,
INVALIDADE DO NEGÓCIO nem convalesce pelo decurso
Art. 160. Se o adquirente dos JURÍDICO do tempo.
bens do devedor insolvente ainda
não tiver pago o preço e este for, Art. 166. É nulo o negócio jurí- Art. 170. Se, porém, o negócio
aproximadamente, o corrente, dico quando: jurídico nulo contiver os requisitos
desobrigar-se-á depositando-o I – celebrado por pessoa ab- de outro, subsistirá este quando o
em juízo, com a citação de todos solutamente incapaz; fim a que visavam as partes per-
os interessados. II – for ilícito, impossível ou mitir supor que o teriam querido,
Parágrafo único. Se inferior, indeterminável o seu objeto; se houvessem previsto a nulidade.
o adquirente, para conservar os III – o motivo determinante,
bens, poderá depositar o preço comum a ambas as partes, for Art. 171. Além dos casos expres-
que lhes corresponda ao valor ilícito; samente declarados na lei, é anu-
real. IV – não revestir a forma pres- lável o negócio jurídico:
crita em lei; I – por incapacidade relativa
Art. 161. A ação, nos casos dos V – for preterida alguma sole- do agente;
arts. 158 e 159, poderá ser inten- nidade que a lei considere essen- II – por vício resultante de
tada contra o devedor insolvente, cial para a sua validade; erro, dolo, coação, estado de
a pessoa que com ele celebrou a VI – tiver por objetivo fraudar perigo, lesão ou fraude contra
estipulação considerada fraudu- lei imperativa; credores.
lenta, ou terceiros adquirentes VII – a lei taxativamente o
que hajam procedido de má-fé. declarar nulo, ou proibir-lhe a Art. 172. O negócio anulável
prática, sem cominar sanção. pode ser confirmado pelas par-
Art. 162. O credor quirografá- tes, salvo direito de terceiro.
rio, que receber do devedor in- Art. 167. É nulo o negócio jurí-
solvente o pagamento da dívida dico simulado, mas subsistirá o Art. 173. O ato de confirmação
ainda não vencida, ficará obrigado que se dissimulou, se válido for deve conter a substância do ne-
a repor, em proveito do acervo na substância e na forma. gócio celebrado e a vontade ex-
sobre que se tenha de efetuar § 1o Haverá simulação nos pressa de mantê-lo.
o concurso de credores, aquilo negócios jurídicos quando:
que recebeu. I – aparentarem conferir ou Art. 174. É escusada a confir-
transmitir direitos a pessoas di- mação expressa, quando o ne-
145
Código Civil
gócio já foi cumprido em parte Art. 182. Anulado o negócio ju- mente quando as circunstâncias
pelo devedor, ciente do vício que rídico, restituir-se-ão as partes o tornarem absolutamente neces-
o inquinava. ao estado em que antes dele se sário, não excedendo os limites
achavam, e, não sendo possível do indispensável para a remoção
Art. 175. A confirmação expres- restituí-las, serão indenizadas do perigo.
sa, ou a execução voluntária de com o equivalente.
negócio anulável, nos termos dos
arts. 172 a 174, importa a extinção Art. 183. A invalidade do instru- TÍTULO IV – DA
de todas as ações, ou exceções, mento não induz a do negócio PRESCRIÇÃO E DA
de que contra ele dispusesse o jurídico sempre que este puder DECADÊNCIA
devedor. provar-se por outro meio.
CAPÍTULO I – DA
Art. 176. Quando a anulabilidade Art. 184. Respeitada a inten- PRESCRIÇÃO
do ato resultar da falta de autori- ção das partes, a invalidade par-
zação de terceiro, será validado cial de um negócio jurídico não Seção I – Disposições Gerais
se este a der posteriormente. o prejudicará na parte válida, se
esta for separável; a invalidade Art. 189. Violado o direito, nasce
Art. 177. A anulabilidade não da obrigação principal implica a para o titular a pretensão, a qual
tem efeito antes de julgada por das obrigações acessórias, mas se extingue, pela prescrição, nos
sentença, nem se pronuncia de a destas não induz a da obriga- prazos a que aludem os arts. 205
ofício; só os interessados a po- ção principal. e 206.
dem alegar, e aproveita exclu-
sivamente aos que a alegarem, Art. 190. A exceção prescreve
salvo o caso de solidariedade ou TÍTULO II – DOS ATOS no mesmo prazo em que a pre-
indivisibilidade. JURÍDICOS LÍCITOS tensão.
Art. 178. É de quatro anos o pra- Art. 185. Aos atos jurídicos líci- Art. 191. A renúncia da prescri-
zo de decadência para pleitear-se tos, que não sejam negócios jurí- ção pode ser expressa ou táci-
a anulação do negócio jurídico, dicos, aplicam-se, no que couber, ta, e só valerá, sendo feita, sem
contado: as disposições do Título anterior. prejuízo de terceiro, depois que
I – no caso de coação, do dia a prescrição se consumar; tácita
em que ela cessar; é a renúncia quando se presume
II – no de erro, dolo, fraude TÍTULO III – DOS ATOS de fatos do interessado, incom-
contra credores, estado de pe- ILÍCITOS patíveis com a prescrição.
rigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico; Art. 186. Aquele que, por ação ou Art. 192. Os prazos de prescri-
III – no de atos de incapazes, omissão voluntária, negligência ção não podem ser alterados por
do dia em que cessar a incapa- ou imprudência, violar direito e acordo das partes.
cidade. causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete Art. 193. A prescrição pode
Art. 179. Quando a lei dispuser ato ilícito. ser alegada em qualquer grau
que determinado ato é anulável, de jurisdição, pela parte a quem
sem estabelecer prazo para plei- Art. 187. Também comete ato aproveita.
tear-se a anulação, será este de ilícito o titular de um direito que,
dois anos, a contar da data da ao exercê-lo, excede manifesta- Art. 194. (Revogado)
conclusão do ato. mente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela Art. 195. Os relativamente inca-
Art. 180. O menor, entre dezes- boa-fé ou pelos bons costumes. pazes e as pessoas jurídicas têm
seis e dezoito anos, não pode, ação contra os seus assistentes
para eximir-se de uma obrigação, Art. 188. Não constituem atos ou representantes legais, que
invocar a sua idade se dolosa- ilícitos: derem causa à prescrição, ou
mente a ocultou quando inquirido I – os praticados em legítima não a alegarem oportunamente.
pela outra parte, ou se, no ato de defesa ou no exercício regular de
obrigar-se, declarou-se maior. um direito reconhecido; Art. 196. A prescrição iniciada
II – a deterioração ou destrui- contra uma pessoa continua a
Art. 181. Ninguém pode reclamar ção da coisa alheia, ou a lesão a correr contra o seu sucessor.
o que, por uma obrigação anula- pessoa, a fim de remover perigo
da, pagou a um incapaz, se não iminente.
provar que reverteu em proveito Parágrafo único. No caso do
dele a importância paga. inciso II, o ato será legítimo so-
146
Código Civil
Seção II – Das Causas que IV – pela apresentação do tí- contra aquele, contado o prazo:
Impedem ou Suspendem a tulo de crédito em juízo de inven- a) para o segurado, no caso
Prescrição tário ou em concurso de credores; de seguro de responsabilidade
V – por qualquer ato judicial civil, da data em que é citado para
Art. 197. Não corre a prescrição: que constitua em mora o devedor; responder à ação de indenização
I – entre os cônjuges, na cons- VI – por qualquer ato inequí- proposta pelo terceiro prejudica-
tância da sociedade conjugal; voco, ainda que extrajudicial, que do, ou da data que a este indeniza,
II – entre ascendentes e des- importe reconhecimento do direi- com a anuência do segurador;
cendentes, durante o poder fa- to pelo devedor. b) quanto aos demais segu-
miliar; Parágrafo único. A prescri- ros, da ciência do fato gerador da
III – entre tutelados ou cura- ção interrompida recomeça a pretensão;
telados e seus tutores ou curado- correr da data do ato que a in- III – a pretensão dos tabeliães,
res, durante a tutela ou curatela. terrompeu, ou do último ato do auxiliares da justiça, serventuá-
processo para a interromper. rios judiciais, árbitros e peritos,
Art. 198. Também não corre a pela percepção de emolumentos,
prescrição: Art. 203. A prescrição pode ser custas e honorários;
I – contra os incapazes de que interrompida por qualquer inte- IV – a pretensão contra os
trata o art. 3o; ressado. peritos, pela avaliação dos bens
II – contra os ausentes do País que entraram para a formação
em serviço público da União, dos Art. 204. A interrupção da pres- do capital de sociedade anônima,
Estados ou dos Municípios; crição por um credor não apro- contado da publicação da ata da
III – contra os que se acharem veita aos outros; semelhante- assembleia que aprovar o laudo;
servindo nas Forças Armadas, em mente, a interrupção operada V – a pretensão dos credores
tempo de guerra. contra o codevedor, ou seu her- não pagos contra os sócios ou
deiro, não prejudica aos demais acionistas e os liquidantes, con-
Art. 199. Não corre igualmente coobrigados. tado o prazo da publicação da ata
a prescrição: § 1o A interrupção por um dos de encerramento da liquidação
I – pendendo condição sus- credores solidários aproveita aos da sociedade.
pensiva; outros; assim como a interrupção § 2o Em dois anos, a pre-
II – não estando vencido o efetuada contra o devedor soli- tensão para haver prestações
prazo; dário envolve os demais e seus alimentares, a partir da data em
III – pendendo ação de evic- herdeiros. que se vencerem.
ção. § 2o A interrupção operada § 3o Em três anos:
contra um dos herdeiros do de- I – a pretensão relativa a
Art. 200. Quando a ação se origi- vedor solidário não prejudica os aluguéis de prédios urbanos ou
nar de fato que deva ser apurado outros herdeiros ou devedores, rústicos;
no juízo criminal, não correrá a senão quando se trate de obriga- II – a pretensão para receber
prescrição antes da respectiva ções e direitos indivisíveis. prestações vencidas de rendas
sentença definitiva. § 3o A interrupção produzida temporárias ou vitalícias;
contra o principal devedor preju- III – a pretensão para haver
Art. 201. Suspensa a prescrição dica o fiador. juros, dividendos ou quaisquer
em favor de um dos credores so- prestações acessórias, pagá-
lidários, só aproveitam os outros veis, em períodos não maiores
se a obrigação for indivisível.
Seção IV – Dos Prazos da de um ano, com capitalização
Prescrição ou sem ela;
IV – a pretensão de ressarci-
Seção III – Das Causas que Art. 205. A prescrição ocorre mento de enriquecimento sem
Interrompem a Prescrição em dez anos, quando a lei não lhe causa;
haja fixado prazo menor. V – a pretensão de repara-
Art. 202. A interrupção da pres- ção civil;
crição, que somente poderá ocor- Art. 206. Prescreve: VI – a pretensão de restituição
rer uma vez, dar-se-á: § 1o Em um ano: dos lucros ou dividendos recebi-
I – por despacho do juiz, mes- I – a pretensão dos hospe- dos de má-fé, correndo o prazo
mo incompetente, que ordenar a deiros ou fornecedores de ví- da data em que foi deliberada a
citação, se o interessado a pro- veres destinados a consumo no distribuição;
mover no prazo e na forma da lei próprio estabelecimento, para o VII – a pretensão contra as
processual; pagamento da hospedagem ou pessoas em seguida indicadas
II – por protesto, nas condi- dos alimentos; por violação da lei ou do estatuto,
ções do inciso antecedente; II – a pretensão do segurado contado o prazo:
III – por protesto cambial; contra o segurador, ou a deste a) para os fundadores, da
147
Código Civil
publicação dos atos constitutivos Art. 208. Aplica-se à decadên- residência das partes e demais
da sociedade anônima; cia o disposto nos arts. 195 e 198, comparecentes, com a indicação,
b) para os administradores, inciso I. quando necessário, do regime
ou fiscais, da apresentação, aos de bens do casamento, nome do
sócios, do balanço referente ao Art. 209. É nula a renúncia à outro cônjuge e filiação;
exercício em que a violação tenha decadência fixada em lei. IV – manifestação clara da
sido praticada, ou da reunião ou vontade das partes e dos inter-
assembleia geral que dela deva Art. 210. Deve o juiz, de ofício, venientes;
tomar conhecimento; conhecer da decadência, quando V – referência ao cumprimen-
c) para os liquidantes, da estabelecida por lei. to das exigências legais e fiscais
primeira assembleia semestral inerentes à legitimidade do ato;
posterior à violação; Art. 211. Se a decadência for VI – declaração de ter sido
VIII – a pretensão para haver convencional, a parte a quem lida na presença das partes e
o pagamento de título de crédito, aproveita pode alegá-la em qual- demais comparecentes, ou de
a contar do vencimento, ressalva- quer grau de jurisdição, mas o que todos a leram;
das as disposições de lei especial; juiz não pode suprir a alegação. VII – assinatura das partes
IX – a pretensão do benefi- e dos demais comparecentes,
ciário contra o segurador, e a do bem como a do tabelião ou seu
terceiro prejudicado, no caso de TÍTULO V – DA PROVA substituto legal, encerrando o ato.
seguro de responsabilidade civil § 2o Se algum comparecente
obrigatório. Art. 212. Salvo o negócio a que não puder ou não souber escre-
§ 4o Em quatro anos, a pre- se impõe forma especial, o fato ju- ver, outra pessoa capaz assinará
tensão relativa à tutela, a contar rídico pode ser provado mediante: por ele, a seu rogo.
da data da aprovação das contas. I – confissão; § 3o A escritura será redigida
§ 5o Em cinco anos: II – documento; na língua nacional.
I – a pretensão de cobrança III – testemunha; § 4o Se qualquer dos com-
de dívidas líquidas constantes de IV – presunção; parecentes não souber a língua
instrumento público ou particular; V – perícia. nacional e o tabelião não enten-
II – a pretensão dos profis- der o idioma em que se expres-
sionais liberais em geral, procu- Art. 213. Não tem eficácia a con- sa, deverá comparecer tradutor
radores judiciais, curadores e pro- fissão se provém de quem não é público para servir de intérprete,
fessores pelos seus honorários, capaz de dispor do direito a que ou, não o havendo na localidade,
contado o prazo da conclusão dos se referem os fatos confessados. outra pessoa capaz que, a juízo
serviços, da cessação dos res- Parágrafo único. Se feita a do tabelião, tenha idoneidade e
pectivos contratos ou mandato; confissão por um representan- conhecimento bastantes.
III – a pretensão do vencedor te, somente é eficaz nos limites § 5o Se algum dos compare-
para haver do vencido o que des- em que este pode vincular o re- centes não for conhecido do tabe-
pendeu em juízo. presentado. lião, nem puder identificar-se por
documento, deverão participar do
Art. 206-A. A prescrição inter- Art. 214. A confissão é irrevo- ato pelo menos duas testemunhas
corrente observará o mesmo pra- gável, mas pode ser anulada se que o conheçam e atestem sua
zo de prescrição da pretensão, decorreu de erro de fato ou de identidade.
observadas as causas de impe- coação.
dimento, de suspensão e de in- Art. 216. Farão a mesma prova
terrupção da prescrição previstas Art. 215. A escritura pública, que os originais as certidões tex-
neste Código e observado o dis- lavrada em notas de tabelião, é tuais de qualquer peça judicial, do
posto no art. 921 da Lei no 13.105, documento dotado de fé pública, protocolo das audiências, ou de
de 16 de março de 2015 (Código fazendo prova plena. outro qualquer livro a cargo do
de Processo Civil). § 1o Salvo quando exigidos escrivão, sendo extraídas por ele,
por lei outros requisitos, a escri- ou sob a sua vigilância, e por ele
tura pública deve conter: subscritas, assim como os tras-
CAPÍTULO II – DA I – data e local de sua rea- lados de autos, quando por outro
DECADÊNCIA lização; escrivão consertados.
II – reconhecimento da identi-
Art. 207. Salvo disposição legal dade e capacidade das partes e de Art. 217. Terão a mesma força
em contrário, não se aplicam à quantos hajam comparecido ao probante os traslados e as cer-
decadência as normas que impe- ato, por si, como representantes, tidões, extraídos por tabelião ou
dem, suspendem ou interrompem intervenientes ou testemunhas; oficial de registro, de instrumen-
a prescrição. III – nome, nacionalidade, es- tos ou documentos lançados em
tado civil, profissão, domicílio e suas notas.
148
Código Civil
Art. 218. Os traslados e as cer- traduzidos para o português para Art. 229. (Revogado)
tidões considerar-se-ão instru- ter efeitos legais no País.
mentos públicos, se os originais Art. 230. (Revogado)
se houverem produzido em juízo Art. 225. As reproduções foto-
como prova de algum ato. gráficas, cinematográficas, os Art. 231. Aquele que se nega
registros fonográficos e, em ge- a submeter-se a exame médico
Art. 219. As declarações cons- ral, quaisquer outras reproduções necessário não poderá aprovei-
tantes de documentos assinados mecânicas ou eletrônicas de fatos tar-se de sua recusa.
presumem-se verdadeiras em ou de coisas fazem prova plena
relação aos signatários. destes, se a parte, contra quem Art. 232. A recusa à perícia mé-
Parágrafo único. Não tendo forem exibidos, não lhes impug- dica ordenada pelo juiz poderá
relação direta, porém, com as nar a exatidão. suprir a prova que se pretendia
disposições principais ou com a obter com o exame.
legitimidade das partes, as decla- Art. 226. Os livros e fichas dos
rações enunciativas não eximem empresários e sociedades provam
os interessados em sua veracida- contra as pessoas a que perten- PARTE ESPECIAL
de do ônus de prová-las. cem, e, em seu favor, quando, LIVRO I – DO DIREITO DAS
escriturados sem vício extrínseco
Art. 220. A anuência ou a au- ou intrínseco, forem confirmados OBRIGAÇÕES
torização de outrem, necessária por outros subsídios. TÍTULO I – DAS
à validade de um ato, provar-se- Parágrafo único. A prova re-
-á do mesmo modo que este, e sultante dos livros e fichas não é MODALIDADES DAS
constará, sempre que se possa, bastante nos casos em que a lei OBRIGAÇÕES
do próprio instrumento. exige escritura pública, ou escrito
particular revestido de requisitos
CAPÍTULO I – DAS
Art. 221. O instrumento particu- especiais, e pode ser ilidida pela OBRIGAÇÕES DE DAR
lar, feito e assinado, ou somente comprovação da falsidade ou ine- Seção I – Das Obrigações de
assinado por quem esteja na livre xatidão dos lançamentos.
Dar Coisa Certa
disposição e administração de
seus bens, prova as obrigações Art. 227. (Revogado)
convencionais de qualquer valor; Parágrafo único. Qualquer Art. 233. A obrigação de dar
mas os seus efeitos, bem como que seja o valor do negócio jurídi- coisa certa abrange os acessó-
os da cessão, não se operam, a co, a prova testemunhal é admis- rios dela embora não menciona-
respeito de terceiros, antes de sível como subsidiária ou com- dos, salvo se o contrário resultar
registrado no registro público. plementar da prova por escrito. do título ou das circunstâncias
Parágrafo único. A prova do do caso.
instrumento particular pode su- Art. 228. Não podem ser admi-
prir-se pelas outras de caráter tidos como testemunhas: Art. 234. Se, no caso do artigo
legal. I – os menores de dezesseis antecedente, a coisa se perder,
anos; sem culpa do devedor, antes da
Art. 222. O telegrama, quando II – (Revogado); tradição, ou pendente a condição
lhe for contestada a autentici- III – (Revogado); suspensiva, fica resolvida a obri-
dade, faz prova mediante confe- IV – o interessado no litígio, o gação para ambas as partes; se a
rência com o original assinado. amigo íntimo ou o inimigo capital perda resultar de culpa do deve-
das partes; dor, responderá este pelo equi-
Art. 223. A cópia fotográfica de V – os cônjuges, os ascen- valente e mais perdas e danos.
documento, conferida por tabe- dentes, os descendentes e os
lião de notas, valerá como prova colaterais, até o terceiro grau de Art. 235. Deteriorada a coisa,
de declaração da vontade, mas, alguma das partes, por consan- não sendo o devedor culpado,
impugnada sua autenticidade, guinidade, ou afinidade. poderá o credor resolver a obri-
deverá ser exibido o original. § 1o Para a prova de fatos que gação, ou aceitar a coisa, abatido
Parágrafo único. A prova não só elas conheçam, pode o juiz ad- de seu preço o valor que perdeu.
supre a ausência do título de cré- mitir o depoimento das pessoas a
dito, ou do original, nos casos em que se refere este artigo. Art. 236. Sendo culpado o de-
que a lei ou as circunstâncias con- § 2o A pessoa com defici- vedor, poderá o credor exigir o
dicionarem o exercício do direito ência poderá testemunhar em equivalente, ou aceitar a coisa
à sua exibição. igualdade de condições com as no estado em que se acha, com
demais pessoas, sendo-lhe as- direito a reclamar, em um ou em
Art. 224. Os documentos redigi- segurados todos os recursos de outro caso, indenização das per-
dos em língua estrangeira serão tecnologia assistiva. das e danos.
149
Código Civil
Art. 237. Até a tradição pertence Art. 244. Nas coisas determi- à sua custa, ressarcindo o culpado
ao devedor a coisa, com os seus nadas pelo gênero e pela quan- perdas e danos.
melhoramentos e acrescidos, pe- tidade, a escolha pertence ao Parágrafo único. Em caso de
los quais poderá exigir aumento devedor, se o contrário não re- urgência, poderá o credor des-
no preço; se o credor não anuir, sultar do título da obrigação; mas fazer ou mandar desfazer, inde-
poderá o devedor resolver a obri- não poderá dar a coisa pior, nem pendentemente de autorização
gação. será obrigado a prestar a melhor. judicial, sem prejuízo do ressar-
Parágrafo único. Os frutos cimento devido.
percebidos são do devedor, ca- Art. 245. Cientificado da esco-
bendo ao credor os pendentes. lha o credor, vigorará o disposto
na Seção antecedente. CAPÍTULO IV –
Art. 238. Se a obrigação for de DAS OBRIGAÇÕES
restituir coisa certa, e esta, sem Art. 246. Antes da escolha, não ALTERNATIVAS
culpa do devedor, se perder antes poderá o devedor alegar perda ou
da tradição, sofrerá o credor a deterioração da coisa, ainda que Art. 252. Nas obrigações al-
perda, e a obrigação se resolverá, por força maior ou caso fortuito. ternativas, a escolha cabe ao
ressalvados os seus direitos até devedor, se outra coisa não se
o dia da perda. estipulou.
CAPÍTULO II – DAS § 1o Não pode o devedor obri-
Art. 239. Se a coisa se perder OBRIGAÇÕES DE FAZER gar o credor a receber parte em
por culpa do devedor, respon- uma prestação e parte em outra.
derá este pelo equivalente, mais Art. 247. Incorre na obrigação § 2o Quando a obrigação for
perdas e danos. de indenizar perdas e danos o de prestações periódicas, a facul-
devedor que recusar a presta- dade de opção poderá ser exer-
Art. 240. Se a coisa restituí- ção a ele só imposta, ou só por cida em cada período.
vel se deteriorar sem culpa do ele exequível. § 3o No caso de pluralidade
devedor, recebê-la-á o credor, de optantes, não havendo acordo
tal qual se ache, sem direito a Art. 248. Se a prestação do fato unânime entre eles, decidirá o
indenização; se por culpa do de- tornar-se impossível sem culpa do juiz, findo o prazo por este assi-
vedor, observar-se-á o disposto devedor, resolver-se-á a obriga- nado para a deliberação.
no art. 239. ção; se por culpa dele, responderá § 4o Se o título deferir a op-
por perdas e danos. ção a terceiro, e este não quiser,
Art. 241. Se, no caso do art. 238, ou não puder exercê-la, caberá
sobrevier melhoramento ou Art. 249. Se o fato puder ser ao juiz a escolha se não houver
acréscimo à coisa, sem despe- executado por terceiro, será livre acordo entre as partes.
sa ou trabalho do devedor, lu- ao credor mandá-lo executar à
crará o credor, desobrigado de custa do devedor, havendo recusa Art. 253. Se uma das duas pres-
indenização. ou mora deste, sem prejuízo da tações não puder ser objeto de
indenização cabível. obrigação ou se tornada inexe-
Art. 242. Se para o melhora- Parágrafo único. Em caso de quível, subsistirá o débito quan-
mento, ou aumento, empregou urgência, pode o credor, indepen- to à outra.
o devedor trabalho ou dispêndio, dentemente de autorização judi-
o caso se regulará pelas normas cial, executar ou mandar executar Art. 254. Se, por culpa do deve-
deste Código atinentes às benfei- o fato, sendo depois ressarcido. dor, não se puder cumprir nenhu-
torias realizadas pelo possuidor ma das prestações, não compe-
de boa-fé ou de má-fé. tindo ao credor a escolha, ficará
Parágrafo único. Quanto aos CAPÍTULO III – DAS aquele obrigado a pagar o valor
frutos percebidos, observar-se-á, OBRIGAÇÕES DE NÃO da que por último se impossibili-
do mesmo modo, o disposto neste FAZER tou, mais as perdas e danos que
Código, acerca do possuidor de o caso determinar.
boa-fé ou de má-fé. Art. 250. Extingue-se a obriga-
ção de não fazer, desde que, sem Art. 255. Quando a escolha cou-
culpa do devedor, se lhe torne ber ao credor e uma das presta-
Seção II – Das Obrigações de impossível abster-se do ato, que ções tornar-se impossível por
Dar Coisa Incerta se obrigou a não praticar. culpa do devedor, o credor terá
direito de exigir a prestação sub-
Art. 243. A coisa incerta será Art. 251. Praticado pelo devedor sistente ou o valor da outra, com
indicada, ao menos, pelo gênero o ato, a cuja abstenção se obriga- perdas e danos; se, por culpa do
e pela quantidade. ra, o credor pode exigir dele que o devedor, ambas as prestações
desfaça, sob pena de se desfazer se tornarem inexequíveis, po-
150
Código Civil
derá o credor reclamar o valor Parágrafo único. O mesmo solidários falecer deixando her-
de qualquer das duas, além da critério se observará no caso de deiros, cada um destes só terá
indenização por perdas e danos. transação, novação, compensa- direito a exigir e receber a quota
ção ou confusão. do crédito que corresponder ao
Art. 256. Se todas as prestações seu quinhão hereditário, salvo se
se tornarem impossíveis sem cul- Art. 263. Perde a qualidade de a obrigação for indivisível.
pa do devedor, extinguir-se-á a indivisível a obrigação que se re-
obrigação. solver em perdas e danos. Art. 271. Convertendo-se a pres-
§ 1o Se, para efeito do dispos- tação em perdas e danos, sub-
to neste artigo, houver culpa de siste, para todos os efeitos, a
CAPÍTULO V – DAS todos os devedores, responderão solidariedade.
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E todos por partes iguais.
INDIVISÍVEIS § 2o Se for de um só a culpa, Art. 272. O credor que tiver re-
ficarão exonerados os outros, mitido a dívida ou recebido o pa-
Art. 257. Havendo mais de um respondendo só esse pelas per- gamento responderá aos outros
devedor ou mais de um credor em das e danos. pela parte que lhes caiba.
obrigação divisível, esta presume-
-se dividida em tantas obrigações, Art. 273. A um dos credores so-
iguais e distintas, quantos os cre- CAPÍTULO VI – DAS lidários não pode o devedor opor
dores ou devedores. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS as exceções pessoais oponíveis
aos outros.
Seção I – Disposições Gerais
Art. 258. A obrigação é indivisí-
vel quando a prestação tem por Art. 274. O julgamento contrário
objeto uma coisa ou um fato não Art. 264. Há solidariedade, a um dos credores solidários não
suscetíveis de divisão, por sua quando na mesma obrigação con- atinge os demais, mas o julga-
natureza, por motivo de ordem corre mais de um credor, ou mais mento favorável aproveita-lhes,
econômica, ou dada a razão de- de um devedor, cada um com di- sem prejuízo de exceção pessoal
terminante do negócio jurídico. reito, ou obrigado, à dívida toda. que o devedor tenha direito de
invocar em relação a qualquer
Art. 259. Se, havendo dois ou Art. 265. A solidariedade não deles.
mais devedores, a prestação não se presume; resulta da lei ou da
for divisível, cada um será obri- vontade das partes.
gado pela dívida toda.
Seção III – Da Solidariedade
Parágrafo único. O devedor, Art. 266. A obrigação solidária Passiva
que paga a dívida, sub-roga-se pode ser pura e simples para um
no direito do credor em relação dos cocredores ou codevedores, Art. 275. O credor tem direito
aos outros coobrigados. e condicional, ou a prazo, ou pa- a exigir e receber de um ou de
gável em lugar diferente, para alguns dos devedores, parcial ou
Art. 260. Se a pluralidade for o outro. totalmente, a dívida comum; se
dos credores, poderá cada um o pagamento tiver sido parcial,
destes exigir a dívida inteira; mas todos os demais devedores con-
o devedor ou devedores se deso-
Seção II – Da Solidariedade tinuam obrigados solidariamente
brigarão, pagando: Ativa pelo resto.
I – a todos conjuntamente; Parágrafo único. Não impor-
II – a um, dando este cau- Art. 267. Cada um dos credores tará renúncia da solidariedade a
ção de ratificação dos outros solidários tem direito a exigir do propositura de ação pelo credor
credores. devedor o cumprimento da pres- contra um ou alguns dos deve-
tação por inteiro. dores.
Art. 261. Se um só dos credores
receber a prestação por inteiro, Art. 268. Enquanto alguns dos Art. 276. Se um dos devedo-
a cada um dos outros assistirá o credores solidários não deman- res solidários falecer deixando
direito de exigir dele em dinheiro darem o devedor comum, a qual- herdeiros, nenhum destes será
a parte que lhe caiba no total. quer daqueles poderá este pagar. obrigado a pagar senão a quota
que corresponder ao seu quinhão
Art. 262. Se um dos credores Art. 269. O pagamento feito a hereditário, salvo se a obrigação
remitir a dívida, a obrigação não um dos credores solidários ex- for indivisível; mas todos reuni-
ficará extinta para com os outros; tingue a dívida até o montante dos serão considerados como um
mas estes só a poderão exigir, do que foi pago. devedor solidário em relação aos
descontada a quota do credor demais devedores.
remitente. Art. 270. Se um dos credores
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Código Civil
Art. 277. O pagamento parcial Art. 285. Se a dívida solidária o da obrigação cedida; quando o
feito por um dos devedores e interessar exclusivamente a um crédito constar de escritura pú-
a remissão por ele obtida não dos devedores, responderá este blica, prevalecerá a prioridade da
aproveitam aos outros devedo- por toda ela para com aquele notificação.
res, senão até à concorrência da que pagar.
quantia paga ou relevada. Art. 293. Independentemente
do conhecimento da cessão pelo
Art. 278. Qualquer cláusula, con- TÍTULO II – DA devedor, pode o cessionário exer-
dição ou obrigação adicional, es- TRANSMISSÃO DAS cer os atos conservatórios do
tipulada entre um dos devedores OBRIGAÇÕES direito cedido.
solidários e o credor, não poderá
agravar a posição dos outros sem CAPÍTULO I – DA CESSÃO Art. 294. O devedor pode opor
consentimento destes. DE CRÉDITO ao cessionário as exceções que
lhe competirem, bem como as
Art. 279. Impossibilitando-se a Art. 286. O credor pode ceder o que, no momento em que veio
prestação por culpa de um dos seu crédito, se a isso não se opu- a ter conhecimento da cessão,
devedores solidários, subsiste ser a natureza da obrigação, a lei, tinha contra o cedente.
para todos o encargo de pagar ou a convenção com o devedor; a
o equivalente; mas pelas perdas cláusula proibitiva da cessão não Art. 295. Na cessão por título
e danos só responde o culpado. poderá ser oposta ao cessionário oneroso, o cedente, ainda que não
de boa-fé, se não constar do ins- se responsabilize, fica responsá-
Art. 280. Todos os devedores trumento da obrigação. vel ao cessionário pela existência
respondem pelos juros da mora, do crédito ao tempo em que lhe
ainda que a ação tenha sido pro- Art. 287. Salvo disposição em cedeu; a mesma responsabili-
posta somente contra um; mas o contrário, na cessão de um cré- dade lhe cabe nas cessões por
culpado responde aos outros pela dito abrangem-se todos os seus título gratuito, se tiver procedido
obrigação acrescida. acessórios. de má-fé.
Art. 281. O devedor demandado Art. 288. É ineficaz, em relação Art. 296. Salvo estipulação em
pode opor ao credor as exceções a terceiros, a transmissão de um contrário, o cedente não respon-
que lhe forem pessoais e as co- crédito, se não celebrar-se me- de pela solvência do devedor.
muns a todos; não lhe aproveitan- diante instrumento público, ou
do as exceções pessoais a outro instrumento particular revestido Art. 297. O cedente, responsável
codevedor. das solenidades do § 1o do art. 654. ao cessionário pela solvência do
devedor, não responde por mais
Art. 282. O credor pode renun- Art. 289. O cessionário de cré- do que daquele recebeu, com os
ciar à solidariedade em favor de dito hipotecário tem o direito de respectivos juros; mas tem de
um, de alguns ou de todos os fazer averbar a cessão no registro ressarcir-lhe as despesas da ces-
devedores. do imóvel. são e as que o cessionário houver
Parágrafo único. Se o credor feito com a cobrança.
exonerar da solidariedade um ou Art. 290. A cessão do crédito
mais devedores, subsistirá a dos não tem eficácia em relação ao Art. 298. O crédito, uma vez
demais. devedor, senão quando a este penhorado, não pode mais ser
notificada; mas por notificado transferido pelo credor que tiver
Art. 283. O devedor que satisfez se tem o devedor que, em escrito conhecimento da penhora; mas o
a dívida por inteiro tem direito a público ou particular, se declarou devedor que o pagar, não tendo
exigir de cada um dos codeve- ciente da cessão feita. notificação dela, fica exonera-
dores a sua quota, dividindo-se do, subsistindo somente contra
igualmente por todos a do insol- Art. 291. Ocorrendo várias ces- o credor os direitos de terceiro.
vente, se o houver, presumindo- sões do mesmo crédito, prevalece
-se iguais, no débito, as partes de a que se completar com a tradição
todos os codevedores. do título do crédito cedido. CAPÍTULO II – DA
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
Art. 284. No caso de rateio en- Art. 292. Fica desobrigado o
tre os codevedores, contribuirão devedor que, antes de ter co- Art. 299. É facultado a terceiro
também os exonerados da soli- nhecimento da cessão, paga ao assumir a obrigação do devedor,
dariedade pelo credor, pela parte credor primitivo, ou que, no caso com o consentimento expresso
que na obrigação incumbia ao de mais de uma cessão notifica- do credor, ficando exonerado o
insolvente. da, paga ao cessionário que lhe devedor primitivo, salvo se aque-
apresenta, com o título de cessão, le, ao tempo da assunção, era
152
Código Civil
insolvente e o credor o ignorava. a reembolsar-se do que pagar; valerá contra estes, que poderão
Parágrafo único. Qualquer mas não se sub-roga nos direitos constranger o devedor a pagar de
das partes pode assinar prazo do credor. novo, ficando-lhe ressalvado o
ao credor para que consinta na Parágrafo único. Se pagar regresso contra o credor.
assunção da dívida, interpretan- antes de vencida a dívida, só terá
do-se o seu silêncio como recusa. direito ao reembolso no venci-
mento.
Seção III – Do Objeto do
Art. 300. Salvo assentimento Pagamento e Sua Prova
expresso do devedor primitivo, Art. 306. O pagamento feito por
consideram-se extintas, a partir terceiro, com desconhecimen- Art. 313. O credor não é obriga-
da assunção da dívida, as garan- to ou oposição do devedor, não do a receber prestação diversa
tias especiais por ele originaria- obriga a reembolsar aquele que da que lhe é devida, ainda que
mente dadas ao credor. pagou, se o devedor tinha meios mais valiosa.
para ilidir a ação.
Art. 301. Se a substituição do Art. 314. Ainda que a obriga-
devedor vier a ser anulada, res- Art. 307. Só terá eficácia o paga- ção tenha por objeto prestação
taura-se o débito, com todas as mento que importar transmissão divisível, não pode o credor ser
suas garantias, salvo as garantias da propriedade, quando feito por obrigado a receber, nem o deve-
prestadas por terceiros, exceto se quem possa alienar o objeto em dor a pagar, por partes, se assim
este conhecia o vício que inqui- que ele consistiu. não se ajustou.
nava a obrigação. Parágrafo único. Se se der
em pagamento coisa fungível, Art. 315. As dívidas em dinheiro
Art. 302. O novo devedor não não se poderá mais reclamar do deverão ser pagas no vencimento,
pode opor ao credor as exceções credor que, de boa-fé, a recebeu em moeda corrente e pelo valor
pessoais que competiam ao de- e consumiu, ainda que o solvente nominal, salvo o disposto nos
vedor primitivo. não tivesse o direito de aliená-la. artigos subsequentes.
153
Código Civil
credor, ou do seu representante. sistir na tradição de um imóvel, ou CAPÍTULO II – DO
Parágrafo único. Ainda sem em prestações relativas a imóvel, PAGAMENTO EM
os requisitos estabelecidos nes- far-se-á no lugar onde situado
te artigo valerá a quitação, se o bem.
CONSIGNAÇÃO
de seus termos ou das circuns-
tâncias resultar haver sido paga Art. 329. Ocorrendo motivo Art. 334. Considera-se paga-
a dívida. grave para que se não efetue o mento, e extingue a obrigação,
pagamento no lugar determina- o depósito judicial ou em esta-
Art. 321. Nos débitos, cuja quita- do, poderá o devedor fazê-lo em belecimento bancário da coisa
ção consista na devolução do títu- outro, sem prejuízo para o credor. devida, nos casos e forma legais.
lo, perdido este, poderá o devedor
exigir, retendo o pagamento, de- Art. 330. O pagamento reite- Art. 335. A consignação tem
claração do credor que inutilize radamente feito em outro local lugar:
o título desaparecido. faz presumir renúncia do cre- I – se o credor não puder, ou,
dor relativamente ao previsto no sem justa causa, recusar receber
Art. 322. Quando o pagamento contrato. o pagamento, ou dar quitação na
for em quotas periódicas, a qui- devida forma;
tação da última estabelece, até II – se o credor não for, nem
prova em contrário, a presunção
Seção V – Do Tempo do mandar receber a coisa no lugar,
de estarem solvidas as anteriores. Pagamento tempo e condição devidos;
III – se o credor for incapaz
Art. 323. Sendo a quitação do Art. 331. Salvo disposição legal de receber, for desconhecido,
capital sem reserva dos juros, em contrário, não tendo sido ajus- declarado ausente, ou residir em
estes presumem-se pagos. tada época para o pagamento, lugar incerto ou de acesso peri-
pode o credor exigi-lo imedia- goso ou difícil;
Art. 324. A entrega do título ao tamente. IV – se ocorrer dúvida sobre
devedor firma a presunção do quem deva legitimamente rece-
pagamento. Art. 332. As obrigações condi- ber o objeto do pagamento;
Parágrafo único. Ficará sem cionais cumprem-se na data do V – se pender litígio sobre o
efeito a quitação assim operada implemento da condição, caben- objeto do pagamento.
se o credor provar, em sessenta do ao credor a prova de que deste
dias, a falta do pagamento. teve ciência o devedor. Art. 336. Para que a consigna-
ção tenha força de pagamento,
Art. 325. Presumem-se a cargo Art. 333. Ao credor assistirá o será mister concorram, em rela-
do devedor as despesas com o pa- direito de cobrar a dívida antes ção às pessoas, ao objeto, modo e
gamento e a quitação; se ocorrer de vencido o prazo estipulado tempo, todos os requisitos sem os
aumento por fato do credor, su- no contrato ou marcado neste quais não é válido o pagamento.
portará este a despesa acrescida. Código:
I – no caso de falência do Art. 337. O depósito requerer-
Art. 326. Se o pagamento se devedor, ou de concurso de cre- -se-á no lugar do pagamento,
houver de fazer por medida, ou dores; cessando, tanto que se efetue,
peso, entender-se-á, no silêncio II – se os bens, hipotecados ou para o depositante, os juros da
das partes, que aceitaram os do empenhados, forem penhorados dívida e os riscos, salvo se for
lugar da execução. em execução por outro credor; julgado improcedente.
III – se cessarem, ou se se tor-
narem insuficientes, as garantias Art. 338. Enquanto o credor não
Seção IV – Do Lugar do do débito, fidejussórias, ou reais, declarar que aceita o depósito,
Pagamento e o devedor, intimado, se negar a ou não o impugnar, poderá o de-
reforçá-las. vedor requerer o levantamento,
Art. 327. Efetuar-se-á o paga- Parágrafo único. Nos casos pagando as respectivas despesas,
mento no domicílio do devedor, deste artigo, se houver, no débito, e subsistindo a obrigação para to-
salvo se as partes convenciona- solidariedade passiva, não se re- das as consequências de direito.
rem diversamente, ou se o contrá- putará vencido quanto aos outros
rio resultar da lei, da natureza da devedores solventes. Art. 339. Julgado procedente
obrigação ou das circunstâncias. o depósito, o devedor já não po-
Parágrafo único. Designados derá levantá-lo, embora o credor
dois ou mais lugares, cabe ao cre- consinta, senão de acordo com
dor escolher entre eles. os outros devedores e fiadores.
154
Código Civil
de contestar a lide ou aceitar o III – do terceiro interessado, pagamento, se aceitar a quitação
depósito, aquiescer no levan- que paga a dívida pela qual era de uma delas, não terá direito a
tamento, perderá a preferência ou podia ser obrigado, no todo reclamar contra a imputação feita
e a garantia que lhe competiam ou em parte. pelo credor, salvo provando haver
com respeito à coisa consignada, ele cometido violência ou dolo.
ficando para logo desobrigados Art. 347. A sub-rogação é con-
os codevedores e fiadores que vencional: Art. 354. Havendo capital e ju-
não tenham anuído. I – quando o credor recebe o ros, o pagamento imputar-se-á
pagamento de terceiro e expres- primeiro nos juros vencidos, e
Art. 341. Se a coisa devida for samente lhe transfere todos os depois no capital, salvo estipu-
imóvel ou corpo certo que deva seus direitos; lação em contrário, ou se o cre-
ser entregue no mesmo lugar II – quando terceira pessoa dor passar a quitação por conta
onde está, poderá o devedor citar empresta ao devedor a quantia do capital.
o credor para vir ou mandar rece- precisa para solver a dívida, sob
bê-la, sob pena de ser depositada. a condição expressa de ficar o Art. 355. Se o devedor não fi-
mutuante sub-rogado nos direi- zer a indicação do art. 352, e a
Art. 342. Se a escolha da coisa tos do credor satisfeito. quitação for omissa quanto à im-
indeterminada competir ao cre- putação, esta se fará nas dívidas
dor, será ele citado para esse fim, Art. 348. Na hipótese do inciso líquidas e vencidas em primeiro
sob cominação de perder o direito I do artigo antecedente, vigora- lugar. Se as dívidas forem todas
e de ser depositada a coisa que rá o disposto quanto à cessão líquidas e vencidas ao mesmo
o devedor escolher; feita a esco- do crédito. tempo, a imputação far-se-á na
lha pelo devedor, proceder-se-á mais onerosa.
como no artigo antecedente. Art. 349. A sub-rogação trans-
fere ao novo credor todos os direi-
Art. 343. As despesas com o tos, ações, privilégios e garantias CAPÍTULO V – DA DAÇÃO
depósito, quando julgado proce- do primitivo, em relação à dívida, EM PAGAMENTO
dente, correrão à conta do credor, contra o devedor principal e os
e, no caso contrário, à conta do fiadores. Art. 356. O credor pode consen-
devedor. tir em receber prestação diversa
Art. 350. Na sub-rogação legal da que lhe é devida.
Art. 344. O devedor de obriga- o sub-rogado não poderá exercer
ção litigiosa exonerar-se-á me- os direitos e as ações do credor, Art. 357. Determinado o preço
diante consignação, mas, se pa- senão até à soma que tiver de- da coisa dada em pagamento, as
gar a qualquer dos pretendidos sembolsado para desobrigar o relações entre as partes regular-
credores, tendo conhecimento devedor. -se-ão pelas normas do contrato
do litígio, assumirá o risco do de compra e venda.
pagamento. Art. 351. O credor originário, só
em parte reembolsado, terá pre- Art. 358. Se for título de cré-
Art. 345. Se a dívida se vencer, ferência ao sub-rogado, na co- dito a coisa dada em pagamen-
pendendo litígio entre credores brança da dívida restante, se os to, a transferência importará em
que se pretendem mutuamente bens do devedor não chegarem cessão.
excluir, poderá qualquer deles para saldar inteiramente o que a
requerer a consignação. um e outro dever. Art. 359. Se o credor for evicto
da coisa recebida em pagamento,
restabelecer-se-á a obrigação
CAPÍTULO III – DO CAPÍTULO IV – DA primitiva, ficando sem efeito a
PAGAMENTO COM SUB- IMPUTAÇÃO DO quitação dada, ressalvados os
ROGAÇÃO PAGAMENTO direitos de terceiros.
155
Código Civil
com o credor; onde se compensarem. sem dedução das despesas ne-
III – quando, em virtude de cessárias à operação.
obrigação nova, outro credor é Art. 369. A compensação efetu-
substituído ao antigo, ficando o a-se entre dívidas líquidas, venci- Art. 379. Sendo a mesma pes-
devedor quite com este. das e de coisas fungíveis. soa obrigada por várias dívidas
compensáveis, serão observadas,
Art. 361. Não havendo ânimo Art. 370. Embora sejam do mes- no compensá-las, as regras es-
de novar, expresso ou tácito mas mo gênero as coisas fungíveis, tabelecidas quanto à imputação
inequívoco, a segunda obriga- objeto das duas prestações, não do pagamento.
ção confirma simplesmente a se compensarão, verificando-se
primeira. que diferem na qualidade, quando Art. 380. Não se admite a com-
especificada no contrato. pensação em prejuízo de direito
Art. 362. A novação por substi- de terceiro. O devedor que se tor-
tuição do devedor pode ser efetu- Art. 371. O devedor somente ne credor do seu credor, depois
ada independentemente de con- pode compensar com o credor de penhorado o crédito deste,
sentimento deste. o que este lhe dever; mas o fiador não pode opor ao exequente a
pode compensar sua dívida com compensação, de que contra o
Art. 363. Se o novo devedor for a de seu credor ao afiançado. próprio credor disporia.
insolvente, não tem o credor, que
o aceitou, ação regressiva contra Art. 372. Os prazos de favor,
o primeiro, salvo se este obteve embora consagrados pelo uso ge- CAPÍTULO VIII – DA
por má-fé a substituição. ral, não obstam a compensação. CONFUSÃO
Art. 364. A novação extingue os Art. 373. A diferença de causa Art. 381. Extingue-se a obriga-
acessórios e garantias da dívida, nas dívidas não impede a com- ção, desde que na mesma pessoa
sempre que não houver estipula- pensação, exceto: se confundam as qualidades de
ção em contrário. Não aproveita- I – se provier de esbulho, furto credor e devedor.
rá, contudo, ao credor ressalvar o ou roubo;
penhor, a hipoteca ou a anticrese, II – se uma se originar de co- Art. 382. A confusão pode verifi-
se os bens dados em garantia modato, depósito ou alimentos; car-se a respeito de toda a dívida,
pertencerem a terceiro que não III – se uma for de coisa não ou só de parte dela.
foi parte na novação. suscetível de penhora.
Art. 383. A confusão operada
Art. 365. Operada a novação Art. 374. (Revogado) na pessoa do credor ou devedor
entre o credor e um dos devedo- solidário só extingue a obrigação
res solidários, somente sobre os Art. 375. Não haverá compensa- até a concorrência da respecti-
bens do que contrair a nova obri- ção quando as partes, por mútuo va parte no crédito, ou na dívida,
gação subsistem as preferências acordo, a excluírem, ou no caso subsistindo quanto ao mais a so-
e garantias do crédito novado. Os de renúncia prévia de uma delas. lidariedade.
outros devedores solidários ficam
por esse fato exonerados. Art. 376. Obrigando-se por ter- Art. 384. Cessando a confusão,
ceiro uma pessoa, não pode com- para logo se restabelece, com
Art. 366. Importa exoneração pensar essa dívida com a que o todos os seus acessórios, a obri-
do fiador a novação feita sem credor dele lhe dever. gação anterior.
seu consenso com o devedor
principal. Art. 377. O devedor que, notifi-
cado, nada opõe à cessão que o CAPÍTULO IX – DA
Art. 367. Salvo as obrigações credor faz a terceiros dos seus REMISSÃO DAS DÍVIDAS
simplesmente anuláveis, não po- direitos, não pode opor ao cessio-
dem ser objeto de novação obri- nário a compensação, que antes Art. 385. A remissão da dívida,
gações nulas ou extintas. da cessão teria podido opor ao aceita pelo devedor, extingue a
cedente. Se, porém, a cessão lhe obrigação, mas sem prejuízo de
não tiver sido notificada, poderá terceiro.
CAPÍTULO VII – DA opor ao cessionário compensação
COMPENSAÇÃO do crédito que antes tinha contra Art. 386. A devolução voluntá-
o cedente. ria do título da obrigação, quan-
Art. 368. Se duas pessoas fo- do por escrito particular, prova
rem ao mesmo tempo credor e Art. 378. Quando as duas dívi- desoneração do devedor e seus
devedor uma da outra, as duas das não são pagáveis no mesmo coobrigados, se o credor for ca-
obrigações extinguem-se, até lugar, não se podem compensar paz de alienar, e o devedor capaz
156
Código Civil
de adquirir. CAPÍTULO II – DA MORA lecido para o pagamento e o da
sua efetivação.
Art. 387. A restituição voluntária Art. 394. Considera-se em mora
do objeto empenhado prova a re- o devedor que não efetuar o pa- Art. 401. Purga-se a mora:
núncia do credor à garantia real, gamento e o credor que não qui- I – por parte do devedor, ofe-
não a extinção da dívida. ser recebê-lo no tempo, lugar e recendo este a prestação mais a
forma que a lei ou a convenção importância dos prejuízos decor-
Art. 388. A remissão concedida estabelecer. rentes do dia da oferta;
a um dos codevedores extingue a II – por parte do credor, ofere-
dívida na parte a ele correspon- Art. 395. Responde o devedor cendo-se este a receber o paga-
dente; de modo que, ainda reser- pelos prejuízos a que sua mora mento e sujeitando-se aos efeitos
vando o credor a solidariedade der causa, mais juros, atualização da mora até a mesma data.
contra os outros, já lhes não pode dos valores monetários segun-
cobrar o débito sem dedução da do índices oficiais regularmente
parte remitida. estabelecidos, e honorários de CAPÍTULO III – DAS
advogado. PERDAS E DANOS
Parágrafo único. Se a pres-
TÍTULO IV – DO tação, devido à mora, se tornar Art. 402. Salvo as exceções ex-
INADIMPLEMENTO DAS inútil ao credor, este poderá en- pressamente previstas em lei,
OBRIGAÇÕES jeitá-la, e exigir a satisfação das as perdas e danos devidas ao
perdas e danos. credor abrangem, além do que
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES ele efetivamente perdeu, o que
GERAIS Art. 396. Não havendo fato ou razoavelmente deixou de lucrar.
omissão imputável ao devedor,
Art. 389. Não cumprida a obri- não incorre este em mora. Art. 403. Ainda que a inexecu-
gação, responde o devedor por ção resulte de dolo do devedor,
perdas e danos, mais juros e Art. 397. O inadimplemento da as perdas e danos só incluem
atualização monetária segun- obrigação, positiva e líquida, no os prejuízos efetivos e os lucros
do índices oficiais regularmente seu termo, constitui de pleno di- cessantes por efeito dela direto
estabelecidos, e honorários de reito em mora o devedor. e imediato, sem prejuízo do dis-
advogado. Parágrafo único. Não haven- posto na lei processual.
do termo, a mora se constitui
Art. 390. Nas obrigações ne- mediante interpelação judicial Art. 404. As perdas e danos,
gativas o devedor é havido por ou extrajudicial. nas obrigações de pagamento em
inadimplente desde o dia em que dinheiro, serão pagas com atuali-
executou o ato de que se devia Art. 398. Nas obrigações prove- zação monetária segundo índices
abster. nientes de ato ilícito, considera-se oficiais regularmente estabele-
o devedor em mora, desde que o cidos, abrangendo juros, custas
Art. 391. Pelo inadimplemento praticou. e honorários de advogado, sem
das obrigações respondem todos prejuízo da pena convencional.
os bens do devedor. Art. 399. O devedor em mora Parágrafo único. Provado que
responde pela impossibilidade da os juros da mora não cobrem o
Art. 392. Nos contratos benéfi- prestação, embora essa impossi- prejuízo, e não havendo pena con-
cos, responde por simples culpa bilidade resulte de caso fortuito vencional, pode o juiz conceder ao
o contratante, a quem o contra- ou de força maior, se estes ocor- credor indenização suplementar.
to aproveite, e por dolo aquele rerem durante o atraso; salvo se
a quem não favoreça. Nos con- provar isenção de culpa, ou que Art. 405. Contam-se os juros
tratos onerosos, responde cada o dano sobreviria ainda quando a de mora desde a citação inicial.
uma das partes por culpa, salvo obrigação fosse oportunamente
as exceções previstas em lei. desempenhada.
CAPÍTULO IV – DOS JUROS
Art. 393. O devedor não respon- Art. 400. A mora do credor sub- LEGAIS
de pelos prejuízos resultantes de trai o devedor isento de dolo à
caso fortuito ou força maior, se responsabilidade pela conser- Art. 406. Quando os juros mora-
expressamente não se houver por vação da coisa, obriga o credor a tórios não forem convencionados,
eles responsabilizado. ressarcir as despesas emprega- ou o forem sem taxa estipula-
Parágrafo único. O caso for- das em conservá-la, e sujeita-o da, ou quando provierem de de-
tuito ou de força maior verifica-se a recebê-la pela estimação mais terminação da lei, serão fixados
no fato necessário, cujos efeitos favorável ao devedor, se o seu segundo a taxa que estiver em
não era possível evitar ou impedir. valor oscilar entre o dia estabe- vigor para a mora do pagamento
157
Código Civil
de impostos devidos à Fazenda Art. 414. Sendo indivisível a obri- as arras como taxa mínima. Pode,
Nacional. gação, todos os devedores, cain- também, a parte inocente exigir
do em falta um deles, incorrerão a execução do contrato, com as
Art. 407. Ainda que se não ale- na pena; mas esta só se poderá perdas e danos, valendo as arras
gue prejuízo, é obrigado o devedor demandar integralmente do cul- como o mínimo da indenização.
aos juros da mora que se conta- pado, respondendo cada um dos
rão assim às dívidas em dinhei- outros somente pela sua quota. Art. 420. Se no contrato for es-
ro, como às prestações de outra Parágrafo único. Aos não tipulado o direito de arrependi-
natureza, uma vez que lhes esteja culpados fica reservada a ação mento para qualquer das partes,
fixado o valor pecuniário por sen- regressiva contra aquele que deu as arras ou sinal terão função
tença judicial, arbitramento, ou causa à aplicação da pena. unicamente indenizatória. Neste
acordo entre as partes. caso, quem as deu perdê-las-á em
Art. 415. Quando a obrigação benefício da outra parte; e quem
for divisível, só incorre na pena o as recebeu devolvê-las-á, mais o
CAPÍTULO V – DA devedor ou o herdeiro do devedor equivalente. Em ambos os casos
CLÁUSULA PENAL que a infringir, e proporcional- não haverá direito a indenização
mente à sua parte na obrigação. suplementar.
Art. 408. Incorre de pleno direi-
to o devedor na cláusula penal, Art. 416. Para exigir a pena con-
desde que, culposamente, deixe vencional, não é necessário que TÍTULO V – DOS
de cumprir a obrigação ou se o credor alegue prejuízo. CONTRATOS EM GERAL
constitua em mora. Parágrafo único. Ainda que
o prejuízo exceda ao previsto na CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
Art. 409. A cláusula penal es- cláusula penal, não pode o credor GERAIS
tipulada conjuntamente com a exigir indenização suplementar Seção I – Preliminares
obrigação, ou em ato posterior, se assim não foi convencionado.
pode referir-se à inexecução Se o tiver sido, a pena vale como
completa da obrigação, à de al- mínimo da indenização, compe- Art. 421. A liberdade contratual
guma cláusula especial ou sim- tindo ao credor provar o prejuízo será exercida nos limites da fun-
plesmente à mora. excedente. ção social do contrato.
Parágrafo único. Nas rela-
Art. 410. Quando se estipular ções contratuais privadas, preva-
a cláusula penal para o caso de CAPÍTULO VI – DAS ARRAS lecerão o princípio da intervenção
total inadimplemento da obri- OU SINAL mínima e a excepcionalidade da
gação, esta converter-se-á em revisão contratual.
alternativa a benefício do credor. Art. 417. Se, por ocasião da con-
clusão do contrato, uma parte der Art. 421-A. Os contratos civis e
Art. 411. Quando se estipular a à outra, a título de arras, dinheiro empresariais presumem-se pari-
cláusula penal para o caso de ou outro bem móvel, deverão as tários e simétricos até a presen-
mora, ou em segurança especial arras, em caso de execução, ser ça de elementos concretos que
de outra cláusula determinada, restituídas ou computadas na justifiquem o afastamento dessa
terá o credor o arbítrio de exigir prestação devida, se do mesmo presunção, ressalvados os regi-
a satisfação da pena cominada, gênero da principal. mes jurídicos previstos em leis
juntamente com o desempenho especiais, garantido também que:
da obrigação principal. Art. 418. Se a parte que deu as I – as partes negociantes po-
arras não executar o contrato, derão estabelecer parâmetros
Art. 412. O valor da cominação poderá a outra tê-lo por desfeito, objetivos para a interpretação
imposta na cláusula penal não retendo-as; se a inexecução for das cláusulas negociais e de seus
pode exceder o da obrigação de quem recebeu as arras, pode- pressupostos de revisão ou de
principal. rá quem as deu haver o contrato resolução;
por desfeito, e exigir sua devo- II – a alocação de riscos de-
Art. 413. A penalidade deve ser lução mais o equivalente, com finida pelas partes deve ser res-
reduzida equitativamente pelo atualização monetária segundo peitada e observada; e
juiz se a obrigação principal tiver índices oficiais regularmente es- III – a revisão contratual so-
sido cumprida em parte, ou se o tabelecidos, juros e honorários mente ocorrerá de maneira ex-
montante da penalidade for ma- de advogado. cepcional e limitada.
nifestamente excessivo, tendo-se
em vista a natureza e a finalidade Art. 419. A parte inocente pode Art. 422. Os contratantes são
do negócio. pedir indenização suplementar, obrigados a guardar, assim na
se provar maior prejuízo, valendo conclusão do contrato, como em
158
Código Civil
sua execução, os princípios de dos usos. trato, se a ele anuir, e o estipu-
probidade e boa-fé. Parágrafo único. Pode revo- lante não o inovar nos termos
gar-se a oferta pela mesma via de do art. 438.
Art. 423. Quando houver no con- sua divulgação, desde que res-
trato de adesão cláusulas ambí- salvada esta faculdade na oferta Art. 437. Se ao terceiro, em fa-
guas ou contraditórias, dever-se- realizada. vor de quem se fez o contrato, se
-á adotar a interpretação mais deixar o direito de reclamar-lhe a
favorável ao aderente. Art. 430. Se a aceitação, por execução, não poderá o estipu-
circunstância imprevista, che- lante exonerar o devedor.
Art. 424. Nos contratos de ade- gar tarde ao conhecimento do
são, são nulas as cláusulas que proponente, este comunicá-lo-á Art. 438. O estipulante pode re-
estipulem a renúncia antecipada imediatamente ao aceitante, sob servar-se o direito de substituir o
do aderente a direito resultante pena de responder por perdas terceiro designado no contrato,
da natureza do negócio. e danos. independentemente da sua anu-
ência e da do outro contratante.
Art. 425. É lícito às partes esti- Art. 431. A aceitação fora do Parágrafo único. A substitui-
pular contratos atípicos, obser- prazo, com adições, restrições, ção pode ser feita por ato entre
vadas as normas gerais fixadas ou modificações, importará nova vivos ou por disposição de última
neste Código. proposta. vontade.
Art. 426. Não pode ser objeto Art. 432. Se o negócio for da-
de contrato a herança de pes- queles em que não seja costume
Seção IV – Da Promessa de
soa viva. a aceitação expressa, ou o pro- Fato de Terceiro
ponente a tiver dispensado, re-
putar-se-á concluído o contrato, Art. 439. Aquele que tiver pro-
Seção II – Da Formação dos não chegando a tempo a recusa. metido fato de terceiro respon-
Contratos derá por perdas e danos, quando
Art. 433. Considera-se inexis- este o não executar.
Art. 427. A proposta de contrato tente a aceitação, se antes dela Parágrafo único. Tal respon-
obriga o proponente, se o contrá- ou com ela chegar ao proponente sabilidade não existirá se o ter-
rio não resultar dos termos dela, a retratação do aceitante. ceiro for o cônjuge do promitente,
da natureza do negócio, ou das dependendo da sua anuência o
circunstâncias do caso. Art. 434. Os contratos entre ato a ser praticado, e desde que,
ausentes tornam-se perfeitos pelo regime do casamento, a in-
Art. 428. Deixa de ser obriga- desde que a aceitação é expe- denização, de algum modo, venha
tória a proposta: dida, exceto: a recair sobre os seus bens.
I – se, feita sem prazo a pes- I – no caso do artigo ante-
soa presente, não foi imediata- cedente; Art. 440. Nenhuma obrigação
mente aceita. Considera-se tam- II – se o proponente se hou- haverá para quem se comprome-
bém presente a pessoa que con- ver comprometido a esperar res- ter por outrem, se este, depois de
trata por telefone ou por meio de posta; se ter obrigado, faltar à prestação.
comunicação semelhante; III – se ela não chegar no pra-
II – se, feita sem prazo a zo convencionado.
pessoa ausente, tiver decorrido
Seção V – Dos Vícios
tempo suficiente para chegar a Art. 435. Reputar-se-á celebra- Redibitórios
resposta ao conhecimento do do o contrato no lugar em que foi
proponente; proposto. Art. 441. A coisa recebida em
III – se, feita a pessoa ausente, virtude de contrato comutativo
não tiver sido expedida a resposta pode ser enjeitada por vícios ou
dentro do prazo dado;
Seção III – Da Estipulação em defeitos ocultos, que a tornem
IV – se, antes dela, ou simul- Favor de Terceiro imprópria ao uso a que é desti-
taneamente, chegar ao conheci- nada, ou lhe diminuam o valor.
mento da outra parte a retratação Art. 436. O que estipula em fa- Parágrafo único. É aplicável
do proponente. vor de terceiro pode exigir o cum- a disposição deste artigo às doa-
primento da obrigação. ções onerosas.
Art. 429. A oferta ao público Parágrafo único. Ao terceiro,
equivale a proposta quando en- em favor de quem se estipulou a Art. 442. Em vez de rejeitar
cerra os requisitos essenciais obrigação, também é permitido a coisa, redibindo o contrato
ao contrato, salvo se o contrário exigi-la, ficando, todavia, sujeito (art. 441), pode o adquirente re-
resultar das circunstâncias ou às condições e normas do con- clamar abatimento no preço.
159
Código Civil
Art. 443. Se o alienante conhe- Art. 449. Não obstante a cláu- Art. 456. (Revogado)
cia o vício ou defeito da coisa, res- sula que exclui a garantia contra
tituirá o que recebeu com perdas a evicção, se esta se der, tem di- Art. 457. Não pode o adquirente
e danos; se o não conhecia, tão reito o evicto a receber o preço demandar pela evicção, se sabia
somente restituirá o valor recebi- que pagou pela coisa evicta, se que a coisa era alheia ou litigiosa.
do, mais as despesas do contrato. não soube do risco da evicção, ou,
dele informado, não o assumiu.
Art. 444. A responsabilidade
Seção VII – Dos Contratos
do alienante subsiste ainda que a Art. 450. Salvo estipulação em Aleatórios
coisa pereça em poder do aliena- contrário, tem direito o evicto,
tário, se perecer por vício oculto, além da restituição integral do Art. 458. Se o contrato for ale-
já existente ao tempo da tradição. preço ou das quantias que pagou: atório, por dizer respeito a coisas
I – à indenização dos frutos ou fatos futuros, cujo risco de não
Art. 445. O adquirente decai do que tiver sido obrigado a restituir; virem a existir um dos contratan-
direito de obter a redibição ou II – à indenização pelas des- tes assuma, terá o outro direito
abatimento no preço no prazo de pesas dos contratos e pelos preju- de receber integralmente o que
trinta dias se a coisa for móvel, e ízos que diretamente resultarem lhe foi prometido, desde que de
de um ano se for imóvel, contado da evicção; sua parte não tenha havido dolo
da entrega efetiva; se já estava III – às custas judiciais e aos ou culpa, ainda que nada do aven-
na posse, o prazo conta-se da honorários do advogado por ele çado venha a existir.
alienação, reduzido à metade. constituído.
§ 1o Quando o vício, por sua Parágrafo único. O preço, Art. 459. Se for aleatório, por
natureza, só puder ser conhecido seja a evicção total ou parcial, serem objeto dele coisas futuras,
mais tarde, o prazo contar-se-á será o do valor da coisa, na época tomando o adquirente a si o risco
do momento em que dele tiver em que se evenceu, e proporcio- de virem a existir em qualquer
ciência, até o prazo máximo de nal ao desfalque sofrido, no caso quantidade, terá também direito
cento e oitenta dias, em se tra- de evicção parcial. o alienante a todo o preço, desde
tando de bens móveis; e de um que de sua parte não tiver con-
ano, para os imóveis. Art. 451. Subsiste para o alie- corrido culpa, ainda que a coisa
§ 2o Tratando-se de venda nante esta obrigação, ainda que venha a existir em quantidade
de animais, os prazos de garantia a coisa alienada esteja deterio- inferior à esperada.
por vícios ocultos serão os es- rada, exceto havendo dolo do Parágrafo único. Mas, se da
tabelecidos em lei especial, ou, adquirente. coisa nada vier a existir, alienação
na falta desta, pelos usos locais, não haverá, e o alienante restitui-
aplicando-se o disposto no pará- Art. 452. Se o adquirente tiver rá o preço recebido.
grafo antecedente se não houver auferido vantagens das deteriora-
regras disciplinando a matéria. ções, e não tiver sido condenado Art. 460. Se for aleatório o
a indenizá-las, o valor das vanta- contrato, por se referir a coisas
Art. 446. Não correrão os pra- gens será deduzido da quantia existentes, mas expostas a risco,
zos do artigo antecedente na que lhe houver de dar o alienante. assumido pelo adquirente, terá
constância de cláusula de ga- igualmente direito o alienante a
rantia; mas o adquirente deve Art. 453. As benfeitorias neces- todo o preço, posto que a coisa
denunciar o defeito ao alienante sárias ou úteis, não abonadas ao já não existisse, em parte, ou de
nos trinta dias seguintes ao seu que sofreu a evicção, serão pagas todo, no dia do contrato.
descobrimento, sob pena de de- pelo alienante.
cadência. Art. 461. A alienação aleatória
Art. 454. Se as benfeitorias abo- a que se refere o artigo antece-
nadas ao que sofreu a evicção ti- dente poderá ser anulada como
Seção VI – Da Evicção verem sido feitas pelo alienante, o dolosa pelo prejudicado, se pro-
valor delas será levado em conta var que o outro contratante não
Art. 447. Nos contratos onero- na restituição devida. ignorava a consumação do risco,
sos, o alienante responde pela a que no contrato se considerava
evicção. Subsiste esta garantia Art. 455. Se parcial, mas con- exposta a coisa.
ainda que a aquisição se tenha siderável, for a evicção, poderá
realizado em hasta pública. o evicto optar entre a rescisão
do contrato e a restituição da
Seção VIII – Do Contrato
Art. 448. Podem as partes, por parte do preço correspondente Preliminar
cláusula expressa, reforçar, dimi- ao desfalque sofrido. Se não for
nuir ou excluir a responsabilidade considerável, caberá somente Art. 462. O contrato preliminar,
pela evicção. direito a indenização. exceto quanto à forma, deve con-
160
Código Civil
ter todos os requisitos essenciais Art. 469. A pessoa, nomeada inadimplemento pode pedir a re-
ao contrato a ser celebrado. de conformidade com os arti- solução do contrato, se não pre-
gos antecedentes, adquire os ferir exigir-lhe o cumprimento,
Art. 463. Concluído o contrato direitos e assume as obrigações cabendo, em qualquer dos casos,
preliminar, com observância do decorrentes do contrato, a par- indenização por perdas e danos.
disposto no artigo antecedente, e tir do momento em que este foi
desde que dele não conste cláu- celebrado.
sula de arrependimento, qual-
Seção III – Da Exceção de
quer das partes terá o direito de Art. 470. O contrato será eficaz Contrato Não Cumprido
exigir a celebração do definitivo, somente entre os contratantes
assinando prazo à outra para que originários: Art. 476. Nos contratos bilate-
o efetive. I – se não houver indicação rais, nenhum dos contratantes,
Parágrafo único. O contrato de pessoa, ou se o nomeado se antes de cumprida a sua obriga-
preliminar deverá ser levado ao recusar a aceitá-la; ção, pode exigir o implemento
registro competente. II – se a pessoa nomeada era da do outro.
insolvente, e a outra pessoa o
Art. 464. Esgotado o prazo, po- desconhecia no momento da in- Art. 477. Se, depois de conclu-
derá o juiz, a pedido do interes- dicação. ído o contrato, sobrevier a uma
sado, suprir a vontade da parte das partes contratantes diminui-
inadimplente, conferindo caráter Art. 471. Se a pessoa a nomear ção em seu patrimônio capaz de
definitivo ao contrato preliminar, era incapaz ou insolvente no mo- comprometer ou tornar duvidosa
salvo se a isto se opuser a natu- mento da nomeação, o contrato a prestação pela qual se obrigou,
reza da obrigação. produzirá seus efeitos entre os pode a outra recusar-se à pres-
contratantes originários. tação que lhe incumbe, até que
Art. 465. Se o estipulante não aquela satisfaça a que lhe com-
der execução ao contrato preli- pete ou dê garantia bastante de
minar, poderá a outra parte con- CAPÍTULO II – DA satisfazê-la.
siderá-lo desfeito, e pedir perdas EXTINÇÃO DO CONTRATO
e danos.
Seção I – Do Distrato Seção IV – Da Resolução por
Art. 466. Se a promessa de con- Onerosidade Excessiva
trato for unilateral, o credor, sob Art. 472. O distrato faz-se pela
pena de ficar a mesma sem efeito, mesma forma exigida para o con- Art. 478. Nos contratos de exe-
deverá manifestar-se no prazo trato. cução continuada ou diferida, se
nela previsto, ou, inexistindo este, a prestação de uma das partes se
no que lhe for razoavelmente as- Art. 473. A resilição unilateral, tornar excessivamente onerosa,
sinado pelo devedor. nos casos em que a lei expressa com extrema vantagem para a
ou implicitamente o permita, ope- outra, em virtude de aconteci-
ra mediante denúncia notificada mentos extraordinários e impre-
Seção IX – Do Contrato com à outra parte. visíveis, poderá o devedor pedir a
Pessoa a Declarar Parágrafo único. Se, porém, resolução do contrato. Os efeitos
dada a natureza do contrato, uma da sentença que a decretar retro-
Art. 467. No momento da con- das partes houver feito inves- agirão à data da citação.
clusão do contrato, pode uma das timentos consideráveis para a
partes reservar-se a faculdade de sua execução, a denúncia unila- Art. 479. A resolução poderá
indicar a pessoa que deve adquirir teral só produzirá efeito depois ser evitada, oferecendo-se o réu
os direitos e assumir as obriga- de transcorrido prazo compatí- a modificar equitativamente as
ções dele decorrentes. vel com a natureza e o vulto dos condições do contrato.
investimentos.
Art. 468. Essa indicação deve Art. 480. Se no contrato as obri-
ser comunicada à outra parte no gações couberem a apenas uma
prazo de cinco dias da conclusão
Seção II – Da Cláusula das partes, poderá ela pleitear
do contrato, se outro não tiver Resolutiva que a sua prestação seja reduzida,
sido estipulado. ou alterado o modo de executá-
Parágrafo único. A aceitação Art. 474. A cláusula resolutiva -la, a fim de evitar a onerosidade
da pessoa nomeada não será efi- expressa opera de pleno direito; excessiva.
caz se não se revestir da mesma a tácita depende de interpelação
forma que as partes usaram para judicial.
o contrato.
Art. 475. A parte lesada pelo
161
Código Civil
TÍTULO VI – DAS VÁRIAS da sem fixação de preço ou de Art. 495. Não obstante o prazo
ESPÉCIES DE CONTRATO critérios para a sua determinação, ajustado para o pagamento, se
se não houver tabelamento ofi- antes da tradição o comprador
CAPÍTULO I – DA COMPRA cial, entende-se que as partes se cair em insolvência, poderá o
E VENDA sujeitaram ao preço corrente nas vendedor sobrestar na entrega
vendas habituais do vendedor. da coisa, até que o comprador
Seção I – Disposições Gerais Parágrafo único. Na falta de lhe dê caução de pagar no tem-
acordo, por ter havido diversida- po ajustado.
Art. 481. Pelo contrato de com- de de preço, prevalecerá o termo
pra e venda, um dos contratantes médio. Art. 496. É anulável a venda de
se obriga a transferir o domínio de ascendente a descendente, sal-
certa coisa, e o outro, a pagar-lhe Art. 489. Nulo é o contrato de vo se os outros descendentes e
certo preço em dinheiro. compra e venda, quando se deixa o cônjuge do alienante expres-
ao arbítrio exclusivo de uma das samente houverem consentido.
Art. 482. A compra e venda, partes a fixação do preço. Parágrafo único. Em ambos
quando pura, considerar-se-á os casos, dispensa-se o consen-
obrigatória e perfeita, desde que Art. 490. Salvo cláusula em con- timento do cônjuge se o regime
as partes acordarem no objeto e trário, ficarão as despesas de de bens for o da separação obri-
no preço. escritura e registro a cargo do gatória.
comprador, e a cargo do vende-
Art. 483. A compra e venda pode dor as da tradição. Art. 497. Sob pena de nulidade,
ter por objeto coisa atual ou futu- não podem ser comprados, ainda
ra. Neste caso, ficará sem efeito o Art. 491. Não sendo a venda a que em hasta pública:
contrato se esta não vier a existir, crédito, o vendedor não é obri- I – pelos tutores, curadores,
salvo se a intenção das partes era gado a entregar a coisa antes de testamenteiros e administrado-
de concluir contrato aleatório. receber o preço. res, os bens confiados à sua guar-
da ou administração;
Art. 484. Se a venda se realizar Art. 492. Até o momento da tra- II – pelos servidores públicos,
à vista de amostras, protótipos dição, os riscos da coisa correm em geral, os bens ou direitos da
ou modelos, entender-se-á que por conta do vendedor, e os do pessoa jurídica a que servirem, ou
o vendedor assegura ter a coisa preço por conta do comprador. que estejam sob sua administra-
as qualidades que a elas corres- § 1o Todavia, os casos fortui- ção direta ou indireta;
pondem. tos, ocorrentes no ato de contar, III – pelos juízes, secretários
Parágrafo único. Prevalece a marcar ou assinalar coisas, que de tribunais, arbitradores, peritos
amostra, o protótipo ou o modelo, comumente se recebem, contan- e outros serventuários ou auxilia-
se houver contradição ou dife- do, pesando, medindo ou assina- res da justiça, os bens ou direitos
rença com a maneira pela qual lando, e que já tiverem sido pos- sobre que se litigar em tribunal,
se descreveu a coisa no contrato. tas à disposição do comprador, juízo ou conselho, no lugar onde
correrão por conta deste. servirem, ou a que se estender a
Art. 485. A fixação do preço § 2o Correrão também por sua autoridade;
pode ser deixada ao arbítrio de conta do comprador os riscos IV – pelos leiloeiros e seus
terceiro, que os contratantes logo das referidas coisas, se estiver prepostos, os bens de cuja venda
designarem ou prometerem de- em mora de as receber, quando estejam encarregados.
signar. Se o terceiro não aceitar postas à sua disposição no tem- Parágrafo único. As proibi-
a incumbência, ficará sem efeito po, lugar e pelo modo ajustados. ções deste artigo estendem-se
o contrato, salvo quando acor- à cessão de crédito.
darem os contratantes designar Art. 493. A tradição da coisa
outra pessoa. vendida, na falta de estipulação Art. 498. A proibição contida no
expressa, dar-se-á no lugar onde inciso III do artigo antecedente,
Art. 486. Também se poderá ela se encontrava, ao tempo da não compreende os casos de
deixar a fixação do preço à taxa venda. compra e venda ou cessão entre
de mercado ou de bolsa, em certo coerdeiros, ou em pagamento de
e determinado dia e lugar. Art. 494. Se a coisa for expedida dívida, ou para garantia de bens
para lugar diverso, por ordem do já pertencentes a pessoas desig-
Art. 487. É lícito às partes fixar comprador, por sua conta corre- nadas no referido inciso.
o preço em função de índices ou rão os riscos, uma vez entregue a
parâmetros, desde que suscetí- quem haja de transportá-la, salvo Art. 499. É lícita a compra e ven-
veis de objetiva determinação. se das instruções dele se afastar da entre cônjuges, com relação
o vendedor. a bens excluídos da comunhão.
Art. 488. Convencionada a ven-
162
Código Civil
Art. 500. Se, na venda de um Art. 504. Não pode um condô- intimar as outras para nele acor-
imóvel, se estipular o preço por mino em coisa indivisível vender darem, prevalecendo o pacto em
medida de extensão, ou se deter- a sua parte a estranhos, se outro favor de quem haja efetuado o de-
minar a respectiva área, e esta consorte a quiser, tanto por tanto. pósito, contanto que seja integral.
não corresponder, em qualquer O condômino, a quem não se der
dos casos, às dimensões dadas, conhecimento da venda, poderá,
o comprador terá o direito de depositando o preço, haver para
Subseção II – Da Venda a
exigir o complemento da área, si a parte vendida a estranhos, Contento e da Sujeita a
e, não sendo isso possível, o de se o requerer no prazo de cento Prova
reclamar a resolução do contra- e oitenta dias, sob pena de de-
to ou abatimento proporcional cadência. Art. 509. A venda feita a con-
ao preço. Parágrafo único. Sendo mui- tento do comprador entende-se
§ 1o Presume-se que a re- tos os condôminos, preferirá o realizada sob condição suspen-
ferência às dimensões foi sim- que tiver benfeitorias de maior siva, ainda que a coisa lhe tenha
plesmente enunciativa, quando valor e, na falta de benfeitorias, sido entregue; e não se reputará
a diferença encontrada não ex- o de quinhão maior. Se as partes perfeita, enquanto o adquirente
ceder de um vigésimo da área forem iguais, haverão a parte não manifestar seu agrado.
total enunciada, ressalvado ao vendida os comproprietários, que
comprador o direito de provar a quiserem, depositando previa- Art. 510. Também a venda sujei-
que, em tais circunstâncias, não mente o preço. ta a prova presume-se feita sob
teria realizado o negócio. a condição suspensiva de que a
§ 2o Se em vez de falta hou- coisa tenha as qualidades asse-
ver excesso, e o vendedor provar
Seção II – Das Cláusulas guradas pelo vendedor e seja idô-
que tinha motivos para ignorar a Especiais à Compra e Venda nea para o fim a que se destina.
medida exata da área vendida, ca- Subseção I – Da Retrovenda
berá ao comprador, à sua escolha, Art. 511. Em ambos os casos, as
completar o valor correspondente Art. 505. O vendedor de coisa obrigações do comprador, que
ao preço ou devolver o excesso. imóvel pode reservar-se o direi- recebeu, sob condição suspen-
§ 3o Não haverá complemen- to de recobrá-la no prazo máxi- siva, a coisa comprada, são as
to de área, nem devolução de mo de decadência de três anos, de mero comodatário, enquanto
excesso, se o imóvel for vendido restituindo o preço recebido e não manifeste aceitá-la.
como coisa certa e discrimina- reembolsando as despesas do
da, tendo sido apenas enuncia- comprador, inclusive as que, du- Art. 512. Não havendo prazo
tiva a referência às suas dimen- rante o período de resgate, se estipulado para a declaração do
sões, ainda que não conste, de efetuaram com a sua autorização comprador, o vendedor terá di-
modo expresso, ter sido a venda escrita, ou para a realização de reito de intimá-lo, judicial ou ex-
ad corpus. benfeitorias necessárias. trajudicialmente, para que o faça
em prazo improrrogável.
Art. 501. Decai do direito de Art. 506. Se o comprador se
propor as ações previstas no ar- recusar a receber as quantias
tigo antecedente o vendedor ou a que faz jus, o vendedor, para
Subseção III – Da Preempção
o comprador que não o fizer no exercer o direito de resgate, as ou Preferência
prazo de um ano, a contar do re- depositará judicialmente.
gistro do título. Parágrafo único. Verificada a Art. 513. A preempção, ou pre-
Parágrafo único. Se houver insuficiência do depósito judicial, ferência, impõe ao comprador a
atraso na imissão de posse no não será o vendedor restituído no obrigação de oferecer ao vende-
imóvel, atribuível ao alienante, domínio da coisa, até e enquan- dor a coisa que aquele vai vender,
a partir dela fluirá o prazo de to não for integralmente pago o ou dar em pagamento, para que
decadência. comprador. este use de seu direito de prela-
ção na compra, tanto por tanto.
Art. 502. O vendedor, salvo con- Art. 507. O direito de retrato, Parágrafo único. O prazo para
venção em contrário, responde que é cessível e transmissível a exercer o direito de preferência
por todos os débitos que gravem a herdeiros e legatários, poderá não poderá exceder a cento e oi-
coisa até o momento da tradição. ser exercido contra o terceiro tenta dias, se a coisa for móvel,
adquirente. ou a dois anos, se imóvel.
Art. 503. Nas coisas vendidas
conjuntamente, o defeito oculto Art. 508. Se a duas ou mais pes- Art. 514. O vendedor pode tam-
de uma não autoriza a rejeição soas couber o direito de retrato bém exercer o seu direito de pre-
de todas. sobre o mesmo imóvel, e só uma lação, intimando o comprador,
o exercer, poderá o comprador quando lhe constar que este vai
163
Código Civil
vender a coisa. escrito e depende de registro Subseção V – Da Venda sobre
no domicílio do comprador para Documentos
Art. 515. Aquele que exerce a valer contra terceiros.
preferência está, sob pena de a Art. 529. Na venda sobre do-
perder, obrigado a pagar, em con- Art. 523. Não pode ser objeto de cumentos, a tradição da coisa é
dições iguais, o preço encontrado, venda com reserva de domínio a substituída pela entrega do seu
ou o ajustado. coisa insuscetível de caracteri- título representativo e dos ou-
zação perfeita, para estremá-la tros documentos exigidos pelo
Art. 516. Inexistindo prazo es- de outras congêneres. Na dúvi- contrato ou, no silêncio deste,
tipulado, o direito de preempção da, decide-se a favor do terceiro pelos usos.
caducará, se a coisa for móvel, adquirente de boa-fé. Parágrafo único. Achando-
não se exercendo nos três dias, -se a documentação em ordem,
e, se for imóvel, não se exercendo Art. 524. A transferência de pro- não pode o comprador recusar o
nos sessenta dias subsequentes priedade ao comprador dá-se no pagamento, a pretexto de defei-
à data em que o comprador tiver momento em que o preço este- to de qualidade ou do estado da
notificado o vendedor. ja integralmente pago. Todavia, coisa vendida, salvo se o defeito
pelos riscos da coisa responde já houver sido comprovado.
Art. 517. Quando o direito de o comprador, a partir de quando
preempção for estipulado a fa- lhe foi entregue. Art. 530. Não havendo estipula-
vor de dois ou mais indivíduos ção em contrário, o pagamento
em comum, só pode ser exercido Art. 525. O vendedor somente deve ser efetuado na data e no
em relação à coisa no seu todo. poderá executar a cláusula de re- lugar da entrega dos documentos.
Se alguma das pessoas, a quem serva de domínio após constituir
ele toque, perder ou não exercer o comprador em mora, mediante Art. 531. Se entre os documen-
o seu direito, poderão as demais protesto do título ou interpelação tos entregues ao comprador figu-
utilizá-lo na forma sobredita. judicial. rar apólice de seguro que cubra
os riscos do transporte, correm
Art. 518. Responderá por perdas Art. 526. Verificada a mora do estes à conta do comprador, salvo
e danos o comprador, se alienar a comprador, poderá o vendedor se, ao ser concluído o contrato,
coisa sem ter dado ao vendedor mover contra ele a competente tivesse o vendedor ciência da
ciência do preço e das vantagens ação de cobrança das prestações perda ou avaria da coisa.
que por ela lhe oferecem. Respon- vencidas e vincendas e o mais que
derá solidariamente o adquirente, lhe for devido; ou poderá recu- Art. 532. Estipulado o pagamen-
se tiver procedido de má-fé. perar a posse da coisa vendida. to por intermédio de estabeleci-
mento bancário, caberá a este
Art. 519. Se a coisa expropriada Art. 527. Na segunda hipótese efetuá-lo contra a entrega dos
para fins de necessidade ou uti- do artigo antecedente, é faculta- documentos, sem obrigação de
lidade pública, ou por interesse do ao vendedor reter as presta- verificar a coisa vendida, pela
social, não tiver o destino para ções pagas até o necessário para qual não responde.
que se desapropriou, ou não for cobrir a depreciação da coisa, as Parágrafo único. Nesse caso,
utilizada em obras ou serviços despesas feitas e o mais que de somente após a recusa do esta-
públicos, caberá ao expropriado direito lhe for devido. O excedente belecimento bancário a efetuar
direito de preferência, pelo preço será devolvido ao comprador; e o o pagamento, poderá o vende-
atual da coisa. que faltar lhe será cobrado, tudo dor pretendê-lo, diretamente do
na forma da lei processual. comprador.
Art. 520. O direito de preferên-
cia não se pode ceder nem passa Art. 528. Se o vendedor receber
aos herdeiros. o pagamento à vista, ou, poste- CAPÍTULO II – DA TROCA
riormente, mediante financia- OU PERMUTA
mento de instituição do mercado
Subseção IV – Da Venda com de capitais, a esta caberá exercer Art. 533. Aplicam-se à troca as
Reserva de Domínio os direitos e ações decorrentes do disposições referentes à compra
contrato, a benefício de qualquer e venda, com as seguintes modi-
Art. 521. Na venda de coisa mó- outro. A operação financeira e a ficações:
vel, pode o vendedor reservar respectiva ciência do comprador I – salvo disposição em con-
para si a propriedade, até que o constarão do registro do contrato. trário, cada um dos contratantes
preço esteja integralmente pago. pagará por metade as despesas
com o instrumento da troca;
Art. 522. A cláusula de reserva II – é anulável a troca de valo-
de domínio será estipulada por res desiguais entre ascendentes e
164
Código Civil
descendentes, sem consentimen- ou ao encargo imposto. da liberalidade, poderia dispor
to dos outros descendentes e do em testamento.
cônjuge do alienante. Art. 541. A doação far-se-á por
escritura pública ou instrumento Art. 550. A doação do cônjuge
particular. adúltero ao seu cúmplice pode
CAPÍTULO III – DO Parágrafo único. A doação ser anulada pelo outro cônjuge, ou
CONTRATO ESTIMATÓRIO verbal será válida, se, versando por seus herdeiros necessários,
sobre bens móveis e de pequeno até dois anos depois de dissolvida
Art. 534. Pelo contrato estima- valor, se lhe seguir incontinenti a a sociedade conjugal.
tório, o consignante entrega bens tradição.
móveis ao consignatário, que fica Art. 551. Salvo declaração em
autorizado a vendê-los, pagando Art. 542. A doação feita ao nas- contrário, a doação em comum a
àquele o preço ajustado, salvo se cituro valerá, sendo aceita pelo mais de uma pessoa entende-se
preferir, no prazo estabelecido, seu representante legal. distribuída entre elas por igual.
restituir-lhe a coisa consignada. Parágrafo único. Se os dona-
Art. 543. Se o donatário for ab- tários, em tal caso, forem marido
Art. 535. O consignatário não se solutamente incapaz, dispensa- e mulher, subsistirá na totali-
exonera da obrigação de pagar o -se a aceitação, desde que se dade a doação para o cônjuge
preço, se a restituição da coisa, trate de doação pura. sobrevivo.
em sua integridade, se tornar
impossível, ainda que por fato a Art. 544. A doação de ascen- Art. 552. O doador não é obri-
ele não imputável. dentes a descendentes, ou de um gado a pagar juros moratórios,
cônjuge a outro, importa adian- nem é sujeito às consequências
Art. 536. A coisa consignada tamento do que lhes cabe por da evicção ou do vício redibitó-
não pode ser objeto de penhora herança. rio. Nas doações para casamento
ou sequestro pelos credores do com certa e determinada pessoa,
consignatário, enquanto não pago Art. 545. A doação em forma o doador ficará sujeito à evicção,
integralmente o preço. de subvenção periódica ao be- salvo convenção em contrário.
neficiado extingue-se morren-
Art. 537. O consignante não do o doador, salvo se este outra Art. 553. O donatário é obrigado
pode dispor da coisa antes de coisa dispuser, mas não poderá a cumprir os encargos da doação,
lhe ser restituída ou de lhe ser ultrapassar a vida do donatário. caso forem a benefício do doador,
comunicada a restituição. de terceiro, ou do interesse geral.
Art. 546. A doação feita em con- Parágrafo único. Se desta
templação de casamento futuro última espécie for o encargo, o
CAPÍTULO IV – DA DOAÇÃO com certa e determinada pes- Ministério Público poderá exigir
Seção I – Disposições Gerais soa, quer pelos nubentes entre sua execução, depois da morte
si, quer por terceiro a um deles, do doador, se este não tiver feito.
Art. 538. Considera-se doação a ambos, ou aos filhos que, de fu-
o contrato em que uma pessoa, turo, houverem um do outro, não Art. 554. A doação a entidade
por liberalidade, transfere do seu pode ser impugnada por falta de futura caducará se, em dois anos,
patrimônio bens ou vantagens aceitação, e só ficará sem efeito esta não estiver constituída re-
para o de outra. se o casamento não se realizar. gularmente.
Art. 539. O doador pode fixar Art. 547. O doador pode estipu-
prazo ao donatário, para declarar lar que os bens doados voltem ao
Seção II – Da Revogação da
se aceita ou não a liberalidade. seu patrimônio, se sobreviver ao Doação
Desde que o donatário, ciente donatário.
do prazo, não faça, dentro dele, Parágrafo único. Não pre- Art. 555. A doação pode ser re-
a declaração, entender-se-á que valece cláusula de reversão em vogada por ingratidão do donatá-
aceitou, se a doação não for su- favor de terceiro. rio, ou por inexecução do encargo.
jeita a encargo.
Art. 548. É nula a doação de Art. 556. Não se pode renunciar
Art. 540. A doação feita em todos os bens sem reserva de antecipadamente o direito de re-
contemplação do merecimento parte, ou renda suficiente para vogar a liberalidade por ingratidão
do donatário não perde o cará- a subsistência do doador. do donatário.
ter de liberalidade, como não o
perde a doação remuneratória, Art. 549. Nula é também a do- Art. 557. Podem ser revogadas
ou a gravada, no excedente ao ação quanto à parte que exceder por ingratidão as doações:
valor dos serviços remunerados à de que o doador, no momento I – se o donatário atentou
165
Código Civil
contra a vida do doador ou co- termo do seu valor. II – a pagar pontualmente o
meteu crime de homicídio doloso aluguel nos prazos ajustados,
contra ele; Art. 564. Não se revogam por e, em falta de ajuste, segundo o
II – se cometeu contra ele ingratidão: costume do lugar;
ofensa física; I – as doações puramente III – a levar ao conhecimento
III – se o injuriou gravemente remuneratórias; do locador as turbações de tercei-
ou o caluniou; II – as oneradas com encargo ros, que se pretendam fundadas
IV – se, podendo ministrá-los, já cumprido; em direito;
recusou ao doador os alimentos III – as que se fizerem em IV – a restituir a coisa, finda
de que este necessitava. cumprimento de obrigação na- a locação, no estado em que a
tural; recebeu, salvas as deteriorações
Art. 558. Pode ocorrer também IV – as feitas para determi- naturais ao uso regular.
a revogação quando o ofendido, nado casamento.
nos casos do artigo anterior, for Art. 570. Se o locatário empre-
o cônjuge, ascendente, descen- gar a coisa em uso diverso do
dente, ainda que adotivo, ou irmão CAPÍTULO V – DA LOCAÇÃO ajustado, ou do a que se destina,
do doador. DE COISAS ou se ela se danificar por abuso
do locatário, poderá o locador,
Art. 559. A revogação por qual- Art. 565. Na locação de coisas, além de rescindir o contrato, exi-
quer desses motivos deverá ser uma das partes se obriga a ceder gir perdas e danos.
pleiteada dentro de um ano, a à outra, por tempo determinado
contar de quando chegue ao co- ou não, o uso e gozo de coisa Art. 571. Havendo prazo estipu-
nhecimento do doador o fato que não fungível, mediante certa re- lado à duração do contrato, antes
a autorizar, e de ter sido o dona- tribuição. do vencimento não poderá o loca-
tário o seu autor. dor reaver a coisa alugada, senão
Art. 566. O locador é obrigado: ressarcindo ao locatário as perdas
Art. 560. O direito de revogar I – a entregar ao locatário e danos resultantes, nem o loca-
a doação não se transmite aos a coisa alugada, com suas per- tário devolvê-la ao locador, senão
herdeiros do doador, nem preju- tenças, em estado de servir ao pagando, proporcionalmente, a
dica os do donatário. Mas aque- uso a que se destina, e a mantê- multa prevista no contrato.
les podem prosseguir na ação -la nesse estado, pelo tempo do Parágrafo único. O locatário
iniciada pelo doador, continu- contrato, salvo cláusula expressa gozará do direito de retenção, en-
ando-a contra os herdeiros do em contrário; quanto não for ressarcido.
donatário, se este falecer depois II – a garantir-lhe, durante o
de ajuizada a lide. tempo do contrato, o uso pacífi- Art. 572. Se a obrigação de pa-
co da coisa. gar o aluguel pelo tempo que fal-
Art. 561. No caso de homicídio tar constituir indenização exces-
doloso do doador, a ação caberá Art. 567. Se, durante a locação, siva, será facultado ao juiz fixá-la
aos seus herdeiros, exceto se se deteriorar a coisa alugada, sem em bases razoáveis.
aquele houver perdoado. culpa do locatário, a este caberá
pedir redução proporcional do Art. 573. A locação por tem-
Art. 562. A doação onerosa pode aluguel, ou resolver o contrato, po determinado cessa de pleno
ser revogada por inexecução do caso já não sirva a coisa para o direito findo o prazo estipulado,
encargo, se o donatário incorrer fim a que se destinava. independentemente de notifica-
em mora. Não havendo prazo ção ou aviso.
para o cumprimento, o doador Art. 568. O locador resguardará
poderá notificar judicialmente o locatário dos embaraços e tur- Art. 574. Se, findo o prazo, o
o donatário, assinando-lhe pra- bações de terceiros, que tenham locatário continuar na posse da
zo razoável para que cumpra a ou pretendam ter direitos sobre coisa alugada, sem oposição do
obrigação assumida. a coisa alugada, e responderá locador, presumir-se-á prorroga-
pelos seus vícios, ou defeitos, da a locação pelo mesmo aluguel,
Art. 563. A revogação por in- anteriores à locação. mas sem prazo determinado.
gratidão não prejudica os direi-
tos adquiridos por terceiros, nem Art. 569. O locatário é obrigado: Art. 575. Se, notificado o locatá-
obriga o donatário a restituir os I – a servir-se da coisa aluga- rio, não restituir a coisa, pagará,
frutos percebidos antes da cita- da para os usos convencionados enquanto a tiver em seu poder, o
ção válida; mas sujeita-o a pagar ou presumidos, conforme a na- aluguel que o locador arbitrar, e
os posteriores, e, quando não pos- tureza dela e as circunstâncias, responderá pelo dano que ela ve-
sa restituir em espécie as coisas bem como tratá-la com o mesmo nha a sofrer, embora proveniente
doadas, a indenizá-la pelo meio cuidado como se sua fosse; de caso fortuito.
166
Código Civil
Parágrafo único. Se o aluguel mir-se-lhe-á o necessário para daquele sob cuja guarda esti-
arbitrado for manifestamente ex- o uso concedido; não podendo o ver, não pode ser reavido nem do
cessivo, poderá o juiz reduzi-lo, comodante, salvo necessidade mutuário, nem de seus fiadores.
mas tendo sempre em conta o imprevista e urgente, reconhe-
seu caráter de penalidade. cida pelo juiz, suspender o uso e Art. 589. Cessa a disposição do
gozo da coisa emprestada, antes artigo antecedente:
Art. 576. Se a coisa for alienada de findo o prazo convencional, I – se a pessoa, de cuja auto-
durante a locação, o adquirente ou o que se determine pelo uso rização necessitava o mutuário
não ficará obrigado a respeitar o outorgado. para contrair o empréstimo, o
contrato, se nele não for consig- ratificar posteriormente;
nada a cláusula da sua vigência no Art. 582. O comodatário é obri- II – se o menor, estando au-
caso de alienação, e não constar gado a conservar, como se sua sente essa pessoa, se viu obri-
de registro. própria fora, a coisa empresta- gado a contrair o empréstimo
§ 1o O registro a que se refere da, não podendo usá-la senão de para os seus alimentos habituais;
este artigo será o de Títulos e Do- acordo com o contrato ou a natu- III – se o menor tiver bens ga-
cumentos do domicílio do locador, reza dela, sob pena de responder nhos com o seu trabalho. Mas, em
quando a coisa for móvel; e será o por perdas e danos. O comoda- tal caso, a execução do credor não
Registro de Imóveis da respectiva tário constituído em mora, além lhes poderá ultrapassar as forças;
circunscrição, quando imóvel. de por ela responder, pagará, até IV – se o empréstimo reverteu
§ 2o Em se tratando de imó- restituí-la, o aluguel da coisa que em benefício do menor;
vel, e ainda no caso em que o for arbitrado pelo comodante. V – se o menor obteve o em-
locador não esteja obrigado a préstimo maliciosamente.
respeitar o contrato, não poderá Art. 583. Se, correndo risco o
ele despedir o locatário, senão objeto do comodato juntamente Art. 590. O mutuante pode exigir
observado o prazo de noventa com outros do comodatário, an- garantia da restituição, se antes
dias após a notificação. tepuser este a salvação dos seus do vencimento o mutuário sofrer
abandonando o do comodante, notória mudança em sua situação
Art. 577. Morrendo o locador ou responderá pelo dano ocorrido, econômica.
o locatário, transfere-se aos seus ainda que se possa atribuir a caso
herdeiros a locação por tempo fortuito, ou força maior. Art. 591. Destinando-se o mútuo
determinado. a fins econômicos, presumem-se
Art. 584. O comodatário não devidos juros, os quais, sob pena
Art. 578. Salvo disposição em poderá jamais recobrar do como- de redução, não poderão exceder
contrário, o locatário goza do dante as despesas feitas com o a taxa a que se refere o art. 406,
direito de retenção, no caso de uso e gozo da coisa emprestada. permitida a capitalização anual.
benfeitorias necessárias, ou no de
benfeitorias úteis, se estas hou- Art. 585. Se duas ou mais pes- Art. 592. Não se tendo conven-
verem sido feitas com expresso soas forem simultaneamente co- cionado expressamente, o prazo
consentimento do locador. modatárias de uma coisa, ficarão do mútuo será:
solidariamente responsáveis para I – até a próxima colheita, se o
com o comodante. mútuo for de produtos agrícolas,
CAPÍTULO VI – DO assim para o consumo, como para
EMPRÉSTIMO semeadura;
Seção II – Do Mútuo II – de trinta dias, pelo menos,
Seção I – Do Comodato
se for de dinheiro;
Art. 586. O mútuo é o emprés- III – do espaço de tempo que
Art. 579. O comodato é o em- timo de coisas fungíveis. O mu- declarar o mutuante, se for de
préstimo gratuito de coisas não tuário é obrigado a restituir ao qualquer outra coisa fungível.
fungíveis. Perfaz-se com a tradi- mutuante o que dele recebeu em
ção do objeto. coisa do mesmo gênero, qualida-
de e quantidade. CAPÍTULO VII – DA
Art. 580. Os tutores, curadores e PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
em geral todos os administrado- Art. 587. Este empréstimo
res de bens alheios não poderão transfere o domínio da coisa em- Art. 593. A prestação de servi-
dar em comodato, sem autoriza- prestada ao mutuário, por cuja ço, que não estiver sujeita às leis
ção especial, os bens confiados conta correm todos os riscos trabalhistas ou a lei especial, re-
à sua guarda. dela desde a tradição. ger-se-á pelas disposições deste
Capítulo.
Art. 581. Se o comodato não Art. 588. O mútuo feito a pessoa
tiver prazo convencional, presu- menor, sem prévia autorização Art. 594. Toda a espécie de ser-
167
Código Civil
viço ou trabalho lícito, material ou de serviço contratado para certo dem pública.
imaterial, pode ser contratada e determinado trabalho, enten-
mediante retribuição. der-se-á que se obrigou a todo Art. 607. O contrato de presta-
e qualquer serviço compatível ção de serviço acaba com a morte
Art. 595. No contrato de presta- com as suas forças e condições. de qualquer das partes. Termina,
ção de serviço, quando qualquer ainda, pelo escoamento do pra-
das partes não souber ler, nem Art. 602. O prestador de servi- zo, pela conclusão da obra, pela
escrever, o instrumento poderá ço contratado por tempo certo, rescisão do contrato mediante
ser assinado a rogo e subscrito ou por obra determinada, não se aviso prévio, por inadimplemento
por duas testemunhas. pode ausentar, ou despedir, sem de qualquer das partes ou pela
justa causa, antes de preenchido impossibilidade da continuação
Art. 596. Não se tendo estipu- o tempo, ou concluída a obra. do contrato, motivada por for-
lado, nem chegado a acordo as Parágrafo único. Se se des- ça maior.
partes, fixar-se-á por arbitra- pedir sem justa causa, terá di-
mento a retribuição, segundo o reito à retribuição vencida, mas Art. 608. Aquele que aliciar pes-
costume do lugar, o tempo de responderá por perdas e danos. soas obrigadas em contrato escri-
serviço e sua qualidade. O mesmo dar-se-á, se despedido to a prestar serviço a outrem pa-
por justa causa. gará a este a importância que ao
Art. 597. A retribuição pagar-se- prestador de serviço, pelo ajuste
-á depois de prestado o serviço, Art. 603. Se o prestador de ser- desfeito, houvesse de caber du-
se, por convenção, ou costume, viço for despedido sem justa cau- rante dois anos.
não houver de ser adiantada, ou sa, a outra parte será obrigada a
paga em prestações. pagar-lhe por inteiro a retribuição Art. 609. A alienação do pré-
vencida, e por metade a que lhe dio agrícola, onde a prestação
Art. 598. A prestação de serviço tocaria de então ao termo legal dos serviços se opera, não im-
não se poderá convencionar por do contrato. porta a rescisão do contrato,
mais de quatro anos, embora o salvo ao prestador opção entre
contrato tenha por causa o paga- Art. 604. Findo o contrato, o continuá-lo com o adquirente da
mento de dívida de quem o presta, prestador de serviço tem direi- propriedade ou com o primitivo
ou se destine à execução de certa to a exigir da outra parte a de- contratante.
e determinada obra. Neste caso, claração de que o contrato está
decorridos quatro anos, dar-se-á findo. Igual direito lhe cabe, se
por findo o contrato, ainda que for despedido sem justa causa, CAPÍTULO VIII – DA
não concluída a obra. ou se tiver havido motivo justo EMPREITADA
para deixar o serviço.
Art. 599. Não havendo prazo es- Art. 610. O empreiteiro de uma
tipulado, nem se podendo inferir Art. 605. Nem aquele a quem os obra pode contribuir para ela só
da natureza do contrato, ou do serviços são prestados, poderá com seu trabalho ou com ele e
costume do lugar, qualquer das transferir a outrem o direito aos os materiais.
partes, a seu arbítrio, median- serviços ajustados, nem o presta- § 1o A obrigação de fornecer
te prévio aviso, pode resolver o dor de serviços, sem aprazimento os materiais não se presume;
contrato. da outra parte, dar substituto que resulta da lei ou da vontade das
Parágrafo único. Dar-se-á os preste. partes.
o aviso: § 2o O contrato para elabo-
I – com antecedência de oito Art. 606. Se o serviço for presta- ração de um projeto não implica
dias, se o salário se houver fixado do por quem não possua título de a obrigação de executá-lo, ou de
por tempo de um mês, ou mais; habilitação, ou não satisfaça re- fiscalizar-lhe a execução.
II – com antecipação de qua- quisitos outros estabelecidos em
tro dias, se o salário se tiver ajus- lei, não poderá quem os prestou Art. 611. Quando o empreiteiro
tado por semana, ou quinzena; cobrar a retribuição normalmen- fornece os materiais, correm por
III – de véspera, quando se te correspondente ao trabalho sua conta os riscos até o momen-
tenha contratado por menos de executado. Mas se deste resul- to da entrega da obra, a contento
sete dias. tar benefício para a outra parte, de quem a encomendou, se este
o juiz atribuirá a quem o prestou não estiver em mora de receber.
Art. 600. Não se conta no prazo uma compensação razoável, des- Mas se estiver, por sua conta cor-
do contrato o tempo em que o de que tenha agido com boa-fé. rerão os riscos.
prestador de serviço, por culpa Parágrafo único. Não se apli-
sua, deixou de servir. ca a segunda parte deste artigo, Art. 612. Se o empreiteiro só
quando a proibição da prestação forneceu mão de obra, todos os
Art. 601. Não sendo o prestador de serviço resultar de lei de or- riscos em que não tiver culpa cor-
168
Código Civil
rerão por conta do dono. como do solo. no art. 618 e seu parágrafo único.
Parágrafo único. Decairá do
Art. 613. Sendo a empreitada direito assegurado neste artigo o Art. 623. Mesmo após iniciada a
unicamente de lavor (art. 610), se a dono da obra que não propuser construção, pode o dono da obra
coisa perecer antes de entregue, a ação contra o empreiteiro, nos suspendê-la, desde que pague
sem mora do dono nem culpa do cento e oitenta dias seguintes ao ao empreiteiro as despesas e
empreiteiro, este perderá a retri- aparecimento do vício ou defeito. lucros relativos aos serviços já
buição, se não provar que a perda feitos, mais indenização razoável,
resultou de defeito dos materiais Art. 619. Salvo estipulação em calculada em função do que ele
e que em tempo reclamara contra contrário, o empreiteiro que se teria ganho, se concluída a obra.
a sua quantidade ou qualidade. incumbir de executar uma obra,
segundo plano aceito por quem Art. 624. Suspensa a execução
Art. 614. Se a obra constar de a encomendou, não terá direito a da empreitada sem justa causa,
partes distintas, ou for de na- exigir acréscimo no preço, ainda responde o empreiteiro por per-
tureza das que se determinam que sejam introduzidas modifi- das e danos.
por medida, o empreiteiro terá cações no projeto, a não ser que
direito a que também se verifi- estas resultem de instruções es- Art. 625. Poderá o empreiteiro
que por medida, ou segundo as critas do dono da obra. suspender a obra:
partes em que se dividir, podendo Parágrafo único. Ainda que I – por culpa do dono, ou por
exigir o pagamento na proporção não tenha havido autorização es- motivo de força maior;
da obra executada. crita, o dono da obra é obrigado a II – quando, no decorrer dos
§ 1o Tudo o que se pagou pre- pagar ao empreiteiro os aumentos serviços, se manifestarem dificul-
sume-se verificado. e acréscimos, segundo o que for dades imprevisíveis de execução,
§ 2o O que se mediu presu- arbitrado, se, sempre presente resultantes de causas geológicas
me-se verificado se, em trinta à obra, por continuadas visitas, ou hídricas, ou outras semelhan-
dias, a contar da medição, não não podia ignorar o que se esta- tes, de modo que torne a emprei-
forem denunciados os vícios ou va passando, e nunca protestou. tada excessivamente onerosa, e
defeitos pelo dono da obra ou o dono da obra se opuser ao rea-
por quem estiver incumbido da Art. 620. Se ocorrer diminuição juste do preço inerente ao projeto
sua fiscalização. no preço do material ou da mão por ele elaborado, observados
de obra superior a um décimo os preços;
Art. 615. Concluída a obra de do preço global convencionado, III – se as modificações exi-
acordo com o ajuste, ou o cos- poderá este ser revisto, a pedido gidas pelo dono da obra, por seu
tume do lugar, o dono é obriga- do dono da obra, para que se lhe vulto e natureza, forem despro-
do a recebê-la. Poderá, porém, assegure a diferença apurada. porcionais ao projeto aprovado,
rejeitá-la, se o empreiteiro se ainda que o dono se disponha a
afastou das instruções recebi- Art. 621. Sem anuência de seu arcar com o acréscimo de preço.
das e dos planos dados, ou das autor, não pode o proprietário da
regras técnicas em trabalhos de obra introduzir modificações no Art. 626. Não se extingue o con-
tal natureza. projeto por ele aprovado, ainda trato de empreitada pela morte
que a execução seja confiada a de qualquer das partes, salvo se
Art. 616. No caso da segunda terceiros, a não ser que, por moti- ajustado em consideração às qua-
parte do artigo antecedente, pode vos supervenientes ou razões de lidades pessoais do empreiteiro.
quem encomendou a obra, em ordem técnica, fique comprovada
vez de enjeitá-la, recebê-la com a inconveniência ou a excessi-
abatimento no preço. va onerosidade de execução do CAPÍTULO IX – DO
projeto em sua forma originária. DEPÓSITO
Art. 617. O empreiteiro é obri- Parágrafo único. A proibição
Seção I – Do Depósito
gado a pagar os materiais que deste artigo não abrange altera-
recebeu, se por imperícia ou ne- ções de pouca monta, ressalva- Voluntário
gligência os inutilizar. da sempre a unidade estética da
obra projetada. Art. 627. Pelo contrato de de-
Art. 618. Nos contratos de em- pósito recebe o depositário um
preitada de edifícios ou outras Art. 622. Se a execução da obra objeto móvel, para guardar, até
construções consideráveis, o for confiada a terceiros, a res- que o depositante o reclame.
empreiteiro de materiais e exe- ponsabilidade do autor do pro-
cução responderá, durante o pra- jeto respectivo, desde que não Art. 628. O contrato de depó-
zo irredutível de cinco anos, pela assuma a direção ou fiscalização sito é gratuito, exceto se houver
solidez e segurança do trabalho, daquela, ficará limitada aos danos convenção em contrário, se re-
assim em razão dos materiais, resultantes de defeitos previstos sultante de atividade negocial
169
Código Civil
ou se o depositário o praticar possa guardar, e o depositante Art. 643. O depositante é obri-
por profissão. não queira recebê-la. gado a pagar ao depositário as
Parágrafo único. Se o depó- despesas feitas com a coisa, e
sito for oneroso e a retribuição do Art. 636. O depositário, que por os prejuízos que do depósito pro-
depositário não constar de lei, força maior houver perdido a coi- vierem.
nem resultar de ajuste, será de- sa depositada e recebido outra
terminada pelos usos do lugar, e, em seu lugar, é obrigado a entre- Art. 644. O depositário pode-
na falta destes, por arbitramento. gar a segunda ao depositante, e rá reter o depósito até que se
ceder-lhe as ações que no caso lhe pague a retribuição devida,
Art. 629. O depositário é obriga- tiver contra o terceiro responsá- o líquido valor das despesas, ou
do a ter na guarda e conservação vel pela restituição da primeira. dos prejuízos a que se refere o
da coisa depositada o cuidado e artigo anterior, provando ime-
diligência que costuma com o Art. 637. O herdeiro do depositá- diatamente esses prejuízos ou
que lhe pertence, bem como a rio, que de boa-fé vendeu a coisa essas despesas.
restituí-la, com todos os frutos depositada, é obrigado a assistir Parágrafo único. Se essas dí-
e acrescidos, quando o exija o o depositante na reivindicação, e vidas, despesas ou prejuízos não
depositante. a restituir ao comprador o preço forem provados suficientemente,
recebido. ou forem ilíquidos, o depositário
Art. 630. Se o depósito se en- poderá exigir caução idônea do
tregou fechado, colado, selado, Art. 638. Salvo os casos pre- depositante ou, na falta desta, a
ou lacrado, nesse mesmo estado vistos nos arts. 633 e 634, não remoção da coisa para o Depó-
se manterá. poderá o depositário furtar-se à sito Público, até que se liquidem.
restituição do depósito, alegando
Art. 631. Salvo disposição em não pertencer a coisa ao depo- Art. 645. O depósito de coisas
contrário, a restituição da coisa sitante, ou opondo compensa- fungíveis, em que o depositário
deve dar-se no lugar em que tiver ção, exceto se noutro depósito se obrigue a restituir objetos do
de ser guardada. As despesas de se fundar. mesmo gênero, qualidade e quan-
restituição correm por conta do tidade, regular-se-á pelo disposto
depositante. Art. 639. Sendo dois ou mais acerca do mútuo.
depositantes, e divisível a coisa,
Art. 632. Se a coisa houver sido a cada um só entregará o deposi- Art. 646. O depósito voluntário
depositada no interesse de ter- tário a respectiva parte, salvo se provar-se-á por escrito.
ceiro, e o depositário tiver sido houver entre eles solidariedade.
cientificado deste fato pelo de-
positante, não poderá ele exone- Art. 640. Sob pena de responder
Seção II – Do Depósito
rar-se restituindo a coisa a este, por perdas e danos, não poderá o Necessário
sem consentimento daquele. depositário, sem licença expres-
sa do depositante, servir-se da Art. 647. É depósito necessário:
Art. 633. Ainda que o contrato coisa depositada, nem a dar em I – o que se faz em desempe-
fixe prazo à restituição, o depo- depósito a outrem. nho de obrigação legal;
sitário entregará o depósito logo Parágrafo único. Se o depo- II – o que se efetua por oca-
que se lhe exija, salvo se tiver o sitário, devidamente autoriza- sião de alguma calamidade, como
direito de retenção a que se refere do, confiar a coisa em depósito o incêndio, a inundação, o naufrá-
o art. 644, se o objeto for judicial- a terceiro, será responsável se gio ou o saque.
mente embargado, se sobre ele agiu com culpa na escolha deste.
pender execução, notificada ao Art. 648. O depósito a que se
depositário, ou se houver motivo Art. 641. Se o depositário se refere o inciso I do artigo antece-
razoável de suspeitar que a coisa tornar incapaz, a pessoa que lhe dente, reger-se-á pela disposição
foi dolosamente obtida. assumir a administração dos bens da respectiva lei, e, no silêncio
diligenciará imediatamente res- ou deficiência dela, pelas con-
Art. 634. No caso do artigo an- tituir a coisa depositada e, não cernentes ao depósito voluntário.
tecedente, última parte, o deposi- querendo ou não podendo o de- Parágrafo único. As disposi-
tário, expondo o fundamento da positante recebê-la, recolhê-la-á ções deste artigo aplicam-se aos
suspeita, requererá que se reco- ao Depósito Público ou promoverá depósitos previstos no inciso II do
lha o objeto ao Depósito Público. nomeação de outro depositário. artigo antecedente, podendo es-
tes certificarem-se por qualquer
Art. 635. Ao depositário será Art. 642. O depositário não res- meio de prova.
facultado, outrossim, requerer ponde pelos casos de força maior;
depósito judicial da coisa, quan- mas, para que lhe valha a escusa, Art. 649. Aos depósitos pre-
do, por motivo plausível, não a terá de prová-los. vistos no artigo antecedente é
170
Código Civil
equiparado o das bagagens dos público, pode substabelecer-se Art. 663. Sempre que o manda-
viajantes ou hóspedes nas hos- mediante instrumento particular. tário estipular negócios expres-
pedarias onde estiverem. samente em nome do mandante,
Parágrafo único. Os hospe- Art. 656. O mandato pode ser será este o único responsável; fi-
deiros responderão como depo- expresso ou tácito, verbal ou es- cará, porém, o mandatário pesso-
sitários, assim como pelos furtos crito. almente obrigado, se agir no seu
e roubos que perpetrarem as pes- próprio nome, ainda que o negó-
soas empregadas ou admitidas Art. 657. A outorga do mandato cio seja de conta do mandante.
nos seus estabelecimentos. está sujeita à forma exigida por
lei para o ato a ser praticado. Art. 664. O mandatário tem
Art. 650. Cessa, nos casos do Não se admite mandato verbal o direito de reter, do objeto da
artigo antecedente, a responsa- quando o ato deva ser celebrado operação que lhe foi cometida,
bilidade dos hospedeiros, se pro- por escrito. quanto baste para pagamento
varem que os fatos prejudiciais de tudo que lhe for devido em
aos viajantes ou hóspedes não Art. 658. O mandato presume- consequência do mandato.
podiam ter sido evitados. -se gratuito quando não houver
sido estipulada retribuição, exce- Art. 665. O mandatário que ex-
Art. 651. O depósito necessário to se o seu objeto corresponder ceder os poderes do mandato, ou
não se presume gratuito. Na hipó- ao daqueles que o mandatário proceder contra eles, será consi-
tese do art. 649, a remuneração trata por ofício ou profissão lu- derado mero gestor de negócios,
pelo depósito está incluída no crativa. enquanto o mandante lhe não
preço da hospedagem. Parágrafo único. Se o man- ratificar os atos.
dato for oneroso, caberá ao man-
Art. 652. Seja o depósito volun- datário a retribuição prevista em Art. 666. O maior de dezesseis e
tário ou necessário, o depositário lei ou no contrato. Sendo estes menor de dezoito anos não eman-
que não o restituir quando exigido omissos, será ela determinada cipado pode ser mandatário, mas
será compelido a fazê-lo median- pelos usos do lugar, ou, na falta o mandante não tem ação contra
te prisão não excedente a um ano, destes, por arbitramento. ele senão de conformidade com
e ressarcir os prejuízos. as regras gerais, aplicáveis às
Art. 659. A aceitação do man- obrigações contraídas por me-
dato pode ser tácita, e resulta nores.
CAPÍTULO X – DO MANDATO do começo de execução.
Seção I – Disposições Gerais Seção II – Das Obrigações do
Art. 660. O mandato pode ser
Art. 653. Opera-se o mandato especial a um ou mais negócios Mandatário
quando alguém recebe de outrem determinadamente, ou geral a
poderes para, em seu nome, pra- todos os do mandante. Art. 667. O mandatário é obri-
ticar atos ou administrar interes- gado a aplicar toda sua diligência
ses. A procuração é o instrumento Art. 661. O mandato em termos habitual na execução do mandato,
do mandato. gerais só confere poderes de ad- e a indenizar qualquer prejuízo
ministração. causado por culpa sua ou da-
Art. 654. Todas as pessoas ca- § 1o Para alienar, hipotecar, quele a quem substabelecer, sem
pazes são aptas para dar pro- transigir, ou praticar outros quais- autorização, poderes que devia
curação mediante instrumento quer atos que exorbitem da ad- exercer pessoalmente.
particular, que valerá desde que ministração ordinária, depende a § 1o Se, não obstante proibi-
tenha a assinatura do outorgante. procuração de poderes especiais ção do mandante, o mandatário
§ 1o O instrumento particular e expressos. se fizer substituir na execução
deve conter a indicação do lugar § 2o O poder de transigir não do mandato, responderá ao seu
onde foi passado, a qualificação importa o de firmar compromisso. constituinte pelos prejuízos ocor-
do outorgante e do outorgado, a ridos sob a gerência do substituto,
data e o objetivo da outorga com Art. 662. Os atos praticados por embora provenientes de caso for-
a designação e a extensão dos quem não tenha mandato, ou o tuito, salvo provando que o caso
poderes conferidos. tenha sem poderes suficientes, teria sobrevindo, ainda que não ti-
§ 2o O terceiro com quem o são ineficazes em relação àquele vesse havido substabelecimento.
mandatário tratar poderá exigir em cujo nome foram praticados, § 2o Havendo poderes de
que a procuração traga a firma salvo se este os ratificar. substabelecer, só serão impu-
reconhecida. Parágrafo único. A ratifica- táveis ao mandatário os danos
ção há de ser expressa, ou resul- causados pelo substabelecido,
Art. 655. Ainda quando se ou- tar de ato inequívoco, e retroagirá se tiver agido com culpa na es-
torgue mandato por instrumento à data do ato. colha deste ou nas instruções
171
Código Civil
dadas a ele. não tem ação contra o mandatá- os compromissos e efeitos do
§ 3o Se a proibição de subs- rio, salvo se este lhe prometeu mandato, salvo direito regressivo,
tabelecer constar da procuração, ratificação do mandante ou se pelas quantias que pagar, contra
os atos praticados pelo substabe- responsabilizou pessoalmente. os outros mandantes.
lecido não obrigam o mandante,
salvo ratificação expressa, que Art. 674. Embora ciente da Art. 681. O mandatário tem so-
retroagirá à data do ato. morte, interdição ou mudança bre a coisa de que tenha a posse
§ 4o Sendo omissa a procura- de estado do mandante, deve o em virtude do mandato, direito de
ção quanto ao substabelecimen- mandatário concluir o negócio retenção, até se reembolsar do
to, o procurador será responsável já começado, se houver perigo que no desempenho do encargo
se o substabelecido proceder na demora. despendeu.
culposamente.
172
Código Civil
gável o mandato que contenha CAPÍTULO XI – DA estipulação em contrário, o co-
poderes de cumprimento ou con- COMISSÃO missário tem direito a remunera-
firmação de negócios encetados, ção mais elevada, para compen-
aos quais se ache vinculado. Art. 693. O contrato de comis- sar o ônus assumido.
são tem por objeto a aquisição ou
Art. 687. Tanto que for comuni- a venda de bens pelo comissário, Art. 699. Presume-se o comis-
cada ao mandatário a nomeação em seu próprio nome, à conta do sário autorizado a conceder dila-
de outro, para o mesmo negócio, comitente. ção do prazo para pagamento, na
considerar-se-á revogado o man- conformidade dos usos do lugar
dato anterior. Art. 694. O comissário fica di- onde se realizar o negócio, se
retamente obrigado para com não houver instruções diversas
Art. 688. A renúncia do mandato as pessoas com quem contra- do comitente.
será comunicada ao mandante, tar, sem que estas tenham ação
que, se for prejudicado pela sua contra o comitente, nem este Art. 700. Se houver instruções
inoportunidade, ou pela falta de contra elas, salvo se o comissá- do comitente proibindo prorroga-
tempo, a fim de prover à substi- rio ceder seus direitos a qualquer ção de prazos para pagamento,
tuição do procurador, será inde- das partes. ou se esta não for conforme os
nizado pelo mandatário, salvo se usos locais, poderá o comitente
este provar que não podia con- Art. 695. O comissário é obriga- exigir que o comissário pague
tinuar no mandato sem prejuízo do a agir de conformidade com incontinenti ou responda pelas
considerável, e que não lhe era as ordens e instruções do comi- consequências da dilação con-
dado substabelecer. tente, devendo, na falta destas, cedida, procedendo-se de igual
não podendo pedi-las a tempo, modo se o comissário não der
Art. 689. São válidos, a respei- proceder segundo os usos em ciência ao comitente dos pra-
to dos contratantes de boa-fé, casos semelhantes. zos concedidos e de quem é seu
os atos com estes ajustados em Parágrafo único. Ter-se-ão beneficiário.
nome do mandante pelo man- por justificados os atos do comis-
datário, enquanto este ignorar sário, se deles houver resultado Art. 701. Não estipulada a re-
a morte daquele ou a extinção vantagem para o comitente, e muneração devida ao comissário,
do mandato, por qualquer ou- ainda no caso em que, não ad- será ela arbitrada segundo os
tra causa. mitindo demora a realização do usos correntes no lugar.
negócio, o comissário agiu de
Art. 690. Se falecer o manda- acordo com os usos. Art. 702. No caso de morte do
tário, pendente o negócio a ele comissário, ou, quando, por mo-
cometido, os herdeiros, tendo Art. 696. No desempenho das tivo de força maior, não puder
ciência do mandato, avisarão o suas incumbências o comissário concluir o negócio, será devida
mandante, e providenciarão a é obrigado a agir com cuidado pelo comitente uma remunera-
bem dele, como as circunstân- e diligência, não só para evitar ção proporcional aos trabalhos
cias exigirem. qualquer prejuízo ao comitente, realizados.
mas ainda para lhe proporcionar o
Art. 691. Os herdeiros, no caso lucro que razoavelmente se podia Art. 703. Ainda que tenha dado
do artigo antecedente, devem esperar do negócio. motivo à dispensa, terá o comis-
limitar-se às medidas conserva- Parágrafo único. Responde- sário direito a ser remunerado
tórias, ou continuar os negócios rá o comissário, salvo motivo de pelos serviços úteis prestados
pendentes que se não possam de- força maior, por qualquer pre- ao comitente, ressalvado a este
morar sem perigo, regulando-se juízo que, por ação ou omissão, o direito de exigir daquele os pre-
os seus serviços dentro desse li- ocasionar ao comitente. juízos sofridos.
mite, pelas mesmas normas a que
os do mandatário estão sujeitos. Art. 697. O comissário não res- Art. 704. Salvo disposição em
ponde pela insolvência das pes- contrário, pode o comitente, a
soas com quem tratar, exceto qualquer tempo, alterar as ins-
Seção V – Do Mandato em caso de culpa e no do artigo truções dadas ao comissário,
Judicial seguinte. entendendo-se por elas regidos
também os negócios pendentes.
Art. 692. O mandato judicial Art. 698. Se do contrato de co-
fica subordinado às normas que missão constar a cláusula del Art. 705. Se o comissário for
lhe dizem respeito, constantes credere, responderá o comissário despedido sem justa causa, terá
da legislação processual, e, su- solidariamente com as pessoas direito a ser remunerado pelos
pletivamente, às estabelecidas com que houver tratado em nome trabalhos prestados, bem como a
neste Código. do comitente, caso em que, salvo ser ressarcido pelas perdas e da-
173
Código Civil
nos resultantes de sua dispensa. agir com toda diligência, atendo- Parágrafo único. No caso de
-se às instruções recebidas do divergência entre as partes, o juiz
Art. 706. O comitente e o comis- proponente. decidirá da razoabilidade do prazo
sário são obrigados a pagar juros e do valor devido.
um ao outro; o primeiro pelo que o Art. 713. Salvo estipulação di-
comissário houver adiantado para versa, todas as despesas com a Art. 721. Aplicam-se ao contrato
cumprimento de suas ordens; e agência ou distribuição correm a de agência e distribuição, no que
o segundo pela mora na entrega cargo do agente ou distribuidor. couber, as regras concernentes
dos fundos que pertencerem ao ao mandato e à comissão e as
comitente. Art. 714. Salvo ajuste, o agente constantes de lei especial.
ou distribuidor terá direito à re-
Art. 707. O crédito do comissá- muneração correspondente aos
rio, relativo a comissões e despe- negócios concluídos dentro de CAPÍTULO XIII – DA
sas feitas, goza de privilégio geral, sua zona, ainda que sem a sua CORRETAGEM
no caso de falência ou insolvência interferência.
do comitente. Art. 722. Pelo contrato de cor-
Art. 715. O agente ou distribui- retagem, uma pessoa, não ligada
Art. 708. Para reembolso das dor tem direito à indenização se a outra em virtude de mandato,
despesas feitas, bem como para o proponente, sem justa causa, de prestação de serviços ou por
recebimento das comissões de- cessar o atendimento das pro- qualquer relação de dependência,
vidas, tem o comissário direito postas ou reduzi-lo tanto que se obriga-se a obter para a segunda
de retenção sobre os bens e va- torna antieconômica a continu- um ou mais negócios, conforme
lores em seu poder em virtude ação do contrato. as instruções recebidas.
da comissão.
Art. 716. A remuneração será Art. 723. O corretor é obrigado
Art. 709. São aplicáveis à co- devida ao agente também quando a executar a mediação com dili-
missão, no que couber, as regras o negócio deixar de ser realizado gência e prudência, e a prestar ao
sobre mandato. por fato imputável ao proponente. cliente, espontaneamente, todas
as informações sobre o andamen-
Art. 717. Ainda que dispensado to do negócio.
CAPÍTULO XII – DA por justa causa, terá o agente Parágrafo único. Sob pena de
AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO direito a ser remunerado pelos responder por perdas e danos, o
serviços úteis prestados ao pro- corretor prestará ao cliente todos
Art. 710. Pelo contrato de agên- ponente, sem embargo de haver os esclarecimentos acerca da se-
cia, uma pessoa assume, em ca- este perdas e danos pelos preju- gurança ou do risco do negócio,
ráter não eventual e sem víncu- ízos sofridos. das alterações de valores e de
los de dependência, a obrigação outros fatores que possam influir
de promover, à conta de outra, Art. 718. Se a dispensa se der nos resultados da incumbência.
mediante retribuição, a realiza- sem culpa do agente, terá ele
ção de certos negócios, em zona direito à remuneração até então Art. 724. A remuneração do cor-
determinada, caracterizando-se devida, inclusive sobre os negó- retor, se não estiver fixada em lei,
a distribuição quando o agente cios pendentes, além das indeni- nem ajustada entre as partes,
tiver à sua disposição a coisa a zações previstas em lei especial. será arbitrada segundo a natu-
ser negociada. reza do negócio e os usos locais.
Parágrafo único. O propo- Art. 719. Se o agente não puder
nente pode conferir poderes ao continuar o trabalho por motivo Art. 725. A remuneração é devi-
agente para que este o represen- de força maior, terá direito à re- da ao corretor uma vez que tenha
te na conclusão dos contratos. muneração correspondente aos conseguido o resultado previs-
serviços realizados, cabendo esse to no contrato de mediação, ou
Art. 711. Salvo ajuste, o propo- direito aos herdeiros no caso de ainda que este não se efetive
nente não pode constituir, ao morte. em virtude de arrependimento
mesmo tempo, mais de um agen- das partes.
te, na mesma zona, com idêntica Art. 720. Se o contrato for por
incumbência; nem pode o agente tempo indeterminado, qualquer Art. 726. Iniciado e concluído
assumir o encargo de nela tratar das partes poderá resolvê-lo, me- o negócio diretamente entre as
de negócios do mesmo gênero, diante aviso prévio de noventa partes, nenhuma remuneração
à conta de outros proponentes. dias, desde que transcorrido pra- será devida ao corretor; mas se,
zo compatível com a natureza e por escrito, for ajustada a corre-
Art. 712. O agente, no desem- o vulto do investimento exigido tagem com exclusividade, terá o
penho que lhe foi cometido, deve do agente. corretor direito à remuneração
174
Código Civil
integral, ainda que realizado o respectivo percurso, responden- ção normal do serviço.
negócio sem a sua mediação, do pelos danos nele causados a Parágrafo único. Se o pre-
salvo se comprovada sua inércia pessoas e coisas. juízo sofrido pela pessoa trans-
ou ociosidade. § 1o O dano, resultante do portada for atribuível à trans-
atraso ou da interrupção da via- gressão de normas e instruções
Art. 727. Se, por não haver prazo gem, será determinado em razão regulamentares, o juiz reduzirá
determinado, o dono do negócio da totalidade do percurso. equitativamente a indenização,
dispensar o corretor, e o negó- § 2o Se houver substituição na medida em que a vítima hou-
cio se realizar posteriormente, de algum dos transportadores no ver concorrido para a ocorrência
como fruto da sua mediação, a decorrer do percurso, a responsa- do dano.
corretagem lhe será devida; igual bilidade solidária estender-se-á
solução se adotará se o negócio ao substituto. Art. 739. O transportador não
se realizar após a decorrência do pode recusar passageiros, salvo
prazo contratual, mas por efeito os casos previstos nos regula-
dos trabalhos do corretor.
Seção II – Do Transporte de mentos, ou se as condições de
Pessoas higiene ou de saúde do interes-
Art. 728. Se o negócio se con- sado o justificarem.
cluir com a intermediação de mais Art. 734. O transportador res-
de um corretor, a remuneração ponde pelos danos causados às Art. 740. O passageiro tem di-
será paga a todos em partes pessoas transportadas e suas reito a rescindir o contrato de
iguais, salvo ajuste em contrário. bagagens, salvo motivo de for- transporte antes de iniciada a
ça maior, sendo nula qualquer viagem, sendo-lhe devida a res-
Art. 729. Os preceitos sobre cor- cláusula excludente da respon- tituição do valor da passagem,
retagem constantes deste Código sabilidade. desde que feita a comunicação
não excluem a aplicação de outras Parágrafo único. É lícito ao ao transportador em tempo de
normas da legislação especial. transportador exigir a declara- ser renegociada.
ção do valor da bagagem a fim § 1o Ao passageiro é faculta-
de fixar o limite da indenização. do desistir do transporte, mes-
CAPÍTULO XIV – DO mo depois de iniciada a viagem,
TRANSPORTE Art. 735. A responsabilidade sendo-lhe devida a restituição do
contratual do transportador por valor correspondente ao trecho
Seção I – Disposições Gerais
acidente com o passageiro não não utilizado, desde que provado
é elidida por culpa de terceiro, que outra pessoa haja sido trans-
Art. 730. Pelo contrato de trans- contra o qual tem ação regressiva. portada em seu lugar.
porte alguém se obriga, median- § 2o Não terá direito ao re-
te retribuição, a transportar, de Art. 736. Não se subordina às embolso do valor da passagem o
um lugar para outro, pessoas ou normas do contrato de trans- usuário que deixar de embarcar,
coisas. porte o feito gratuitamente, por salvo se provado que outra pes-
amizade ou cortesia. soa foi transportada em seu lugar,
Art. 731. O transporte exercido Parágrafo único. Não se caso em que lhe será restituído
em virtude de autorização, per- considera gratuito o transporte o valor do bilhete não utilizado.
missão ou concessão, rege-se quando, embora feito sem remu- § 3o Nas hipóteses previstas
pelas normas regulamentares e neração, o transportador auferir neste artigo, o transportador terá
pelo que for estabelecido naque- vantagens indiretas. direito de reter até cinco por cen-
les atos, sem prejuízo do disposto to da importância a ser restituída
neste Código. Art. 737. O transportador está ao passageiro, a título de multa
sujeito aos horários e itinerários compensatória.
Art. 732. Aos contratos de previstos, sob pena de responder
transporte, em geral, são apli- por perdas e danos, salvo motivo Art. 741. Interrompendo-se
cáveis, quando couber, desde de força maior. a viagem por qualquer motivo
que não contrariem as disposi- alheio à vontade do transporta-
ções deste Código, os preceitos Art. 738. A pessoa transportada dor, ainda que em consequência
constantes da legislação espe- deve sujeitar-se às normas es- de evento imprevisível, fica ele
cial e de tratados e convenções tabelecidas pelo transportador, obrigado a concluir o transpor-
internacionais. constantes no bilhete ou afixadas te contratado em outro veículo
à vista dos usuários, abstendo-se da mesma categoria, ou, com a
Art. 733. Nos contratos de de quaisquer atos que causem anuência do passageiro, por mo-
transporte cumulativo, cada incômodo ou prejuízo aos passa- dalidade diferente, à sua custa,
transportador se obriga a cum- geiros, danifiquem o veículo, ou correndo também por sua conta
prir o contrato relativamente ao dificultem ou impeçam a execu- as despesas de estada e alimen-
175
Código Civil
tação do usuário, durante a es- zação não sejam permitidos, ou le depositar a coisa em juízo, ou
pera de novo transporte. que venha desacompanhada dos vendê-la, obedecidos os preceitos
documentos exigidos por lei ou legais e regulamentares, ou os
Art. 742. O transportador, uma regulamento. usos locais, depositando o valor.
vez executado o transporte, tem § 2o Se o impedimento for
direito de retenção sobre a baga- Art. 748. Até a entrega da coi- responsabilidade do transpor-
gem de passageiro e outros obje- sa, pode o remetente desistir do tador, este poderá depositar a
tos pessoais deste, para garan- transporte e pedi-la de volta, ou coisa, por sua conta e risco, mas
tir-se do pagamento do valor da ordenar seja entregue a outro só poderá vendê-la se perecível.
passagem que não tiver sido feito destinatário, pagando, em am- § 3o Em ambos os casos, o
no início ou durante o percurso. bos os casos, os acréscimos de transportador deve informar o
despesa decorrentes da contra- remetente da efetivação do de-
ordem, mais as perdas e danos pósito ou da venda.
Seção III – Do Transporte de que houver. § 4o Se o transportador man-
Coisas tiver a coisa depositada em seus
Art. 749. O transportador con- próprios armazéns, continuará
Art. 743. A coisa, entregue ao duzirá a coisa ao seu destino, a responder pela sua guarda e
transportador, deve estar carac- tomando todas as cautelas ne- conservação, sendo-lhe devi-
terizada pela sua natureza, valor, cessárias para mantê-la em bom da, porém, uma remuneração
peso e quantidade, e o mais que estado e entregá-la no prazo ajus- pela custódia, a qual poderá ser
for necessário para que não se tado ou previsto. contratualmente ajustada ou se
confunda com outras, devendo conformará aos usos adotados
o destinatário ser indicado ao Art. 750. A responsabilidade do em cada sistema de transporte.
menos pelo nome e endereço. transportador, limitada ao valor
constante do conhecimento, co- Art. 754. As mercadorias devem
Art. 744. Ao receber a coisa, o meça no momento em que ele, ser entregues ao destinatário, ou
transportador emitirá conheci- ou seus prepostos, recebem a a quem apresentar o conheci-
mento com a menção dos dados coisa; termina quando é entre- mento endossado, devendo aque-
que a identifiquem, obedecido o gue ao destinatário, ou deposi- le que as receber conferi-las e
disposto em lei especial. tada em juízo, se aquele não for apresentar as reclamações que
Parágrafo único. O transpor- encontrado. tiver, sob pena de decadência
tador poderá exigir que o reme- dos direitos.
tente lhe entregue, devidamente Art. 751. A coisa, depositada ou Parágrafo único. No caso de
assinada, a relação discriminada guardada nos armazéns do trans- perda parcial ou de avaria não
das coisas a serem transportadas, portador, em virtude de contrato perceptível à primeira vista, o
em duas vias, uma das quais, por de transporte, rege-se, no que destinatário conserva a sua ação
ele devidamente autenticada, fi- couber, pelas disposições rela- contra o transportador, desde que
cará fazendo parte integrante do tivas a depósito. denuncie o dano em dez dias a
conhecimento. contar da entrega.
Art. 752. Desembarcadas as
Art. 745. Em caso de informa- mercadorias, o transportador Art. 755. Havendo dúvida acer-
ção inexata ou falsa descrição no não é obrigado a dar aviso ao ca de quem seja o destinatário,
documento a que se refere o arti- destinatário, se assim não foi con- o transportador deve depositar a
go antecedente, será o transpor- vencionado, dependendo também mercadoria em juízo, se não lhe
tador indenizado pelo prejuízo que de ajuste a entrega a domicílio, e for possível obter instruções do
sofrer, devendo a ação respectiva devem constar do conhecimen- remetente; se a demora puder
ser ajuizada no prazo de cento e to de embarque as cláusulas de ocasionar a deterioração da coisa,
vinte dias, a contar daquele ato, aviso ou de entrega a domicílio. o transportador deverá vendê-la,
sob pena de decadência. depositando o saldo em juízo.
Art. 753. Se o transporte não
Art. 746. Poderá o transporta- puder ser feito ou sofrer longa Art. 756. No caso de transporte
dor recusar a coisa cuja embala- interrupção, o transportador soli- cumulativo, todos os transporta-
gem seja inadequada, bem como citará, incontinenti, instruções ao dores respondem solidariamen-
a que possa pôr em risco a saúde remetente, e zelará pela coisa, por te pelo dano causado perante
das pessoas, ou danificar o veí- cujo perecimento ou deterioração o remetente, ressalvada a apu-
culo e outros bens. responderá, salvo força maior. ração final da responsabilidade
§ 1o Perdurando o impedi- entre eles, de modo que o res-
Art. 747. O transportador deverá mento, sem motivo imputável ao sarcimento recaia, por inteiro,
obrigatoriamente recusar a coisa transportador e sem manifesta- ou proporcionalmente, naquele
cujo transporte ou comerciali- ção do remetente, poderá aque- ou naqueles em cujo percurso
176
Código Civil
houver ocorrido o dano. denização o segurado que estiver por escrito, de sua decisão de
em mora no pagamento do prê- resolver o contrato.
mio, se ocorrer o sinistro antes § 2o A resolução só será efi-
CAPÍTULO XV – DO de sua purgação. caz trinta dias após a notificação,
SEGURO devendo ser restituída pelo se-
Art. 764. Salvo disposição espe- gurador a diferença do prêmio.
Seção I – Disposições Gerais
cial, o fato de se não ter verificado
o risco, em previsão do qual se faz Art. 770. Salvo disposição em
Art. 757. Pelo contrato de se- o seguro, não exime o segurado contrário, a diminuição do risco
guro, o segurador se obriga, me- de pagar o prêmio. no curso do contrato não acarreta
diante o pagamento do prêmio, a redução do prêmio estipulado;
a garantir interesse legítimo do Art. 765. O segurado e o segu- mas, se a redução do risco for
segurado, relativo a pessoa ou rador são obrigados a guardar considerável, o segurado poderá
a coisa, contra riscos predeter- na conclusão e na execução do exigir a revisão do prêmio, ou a
minados. contrato, a mais estrita boa-fé e resolução do contrato.
Parágrafo único. Somente veracidade, tanto a respeito do
pode ser parte, no contrato de objeto como das circunstâncias Art. 771. Sob pena de perder o
seguro, como segurador, enti- e declarações a ele concernentes. direito à indenização, o segurado
dade para tal fim legalmente au- participará o sinistro ao segura-
torizada. Art. 766. Se o segurado, por si dor, logo que o saiba, e tomará
ou por seu representante, fizer as providências imediatas para
Art. 758. O contrato de segu- declarações inexatas ou omitir minorar-lhe as consequências.
ro prova-se com a exibição da circunstâncias que possam influir Parágrafo único. Correm à
apólice ou do bilhete do seguro, na aceitação da proposta ou na conta do segurador, até o limite
e, na falta deles, por documento taxa do prêmio, perderá o direito fixado no contrato, as despesas
comprobatório do pagamento do à garantia, além de ficar obrigado de salvamento consequente ao
respectivo prêmio. ao prêmio vencido. sinistro.
Parágrafo único. Se a inexa-
Art. 759. A emissão da apólice tidão ou omissão nas declarações Art. 772. A mora do segurador
deverá ser precedida de proposta não resultar de má-fé do segu- em pagar o sinistro obriga à atua-
escrita com a declaração dos ele- rado, o segurador terá direito a lização monetária da indenização
mentos essenciais do interesse a resolver o contrato, ou a cobrar, devida segundo índices oficiais
ser garantido e do risco. mesmo após o sinistro, a diferen- regularmente estabelecidos, sem
ça do prêmio. prejuízo dos juros moratórios.
Art. 760. A apólice ou o bilhete
de seguro serão nominativos, à Art. 767. No seguro à conta de Art. 773. O segurador que, ao
ordem ou ao portador, e men- outrem, o segurador pode opor tempo do contrato, sabe estar
cionarão os riscos assumidos, o ao segurado quaisquer defesas passado o risco de que o segurado
início e o fim de sua validade, o que tenha contra o estipulante, se pretende cobrir, e, não obstan-
limite da garantia e o prêmio de- por descumprimento das normas te, expede a apólice, pagará em
vido, e, quando for o caso, o nome de conclusão do contrato, ou de dobro o prêmio estipulado.
do segurado e o do beneficiário. pagamento do prêmio.
Parágrafo único. No seguro Art. 774. A recondução tácita
de pessoas, a apólice ou o bilhete Art. 768. O segurado perderá do contrato pelo mesmo prazo,
não podem ser ao portador. o direito à garantia se agravar mediante expressa cláusula con-
intencionalmente o risco objeto tratual, não poderá operar mais
Art. 761. Quando o risco for as- do contrato. de uma vez.
sumido em cosseguro, a apólice
indicará o segurador que admi- Art. 769. O segurado é obrigado Art. 775. Os agentes autoriza-
nistrará o contrato e represen- a comunicar ao segurador, logo dos do segurador presumem-se
tará os demais, para todos os que saiba, todo incidente suscetí- seus representantes para todos
seus efeitos. vel de agravar consideravelmente os atos relativos aos contratos
o risco coberto, sob pena de per- que agenciarem.
Art. 762. Nulo será o contrato der o direito à garantia, se provar
para garantia de risco provenien- que silenciou de má-fé. Art. 776. O segurador é obriga-
te de ato doloso do segurado, do § 1o O segurador, desde que do a pagar em dinheiro o prejuízo
beneficiário, ou de representante o faça nos quinze dias seguin- resultante do risco assumido,
de um ou de outro. tes ao recebimento do aviso da salvo se convencionada a repo-
agravação do risco sem culpa do sição da coisa.
Art. 763. Não terá direito a in- segurado, poderá dar-lhe ciência,
177
Código Civil
Art. 777. O disposto no presente intrínseco da coisa segurada, não lide ao segurador.
Capítulo aplica-se, no que cou- declarado pelo segurado. § 4o Subsistirá a responsa-
ber, aos seguros regidos por leis Parágrafo único. Entende- bilidade do segurado perante o
próprias. -se por vício intrínseco o defeito terceiro, se o segurador for in-
próprio da coisa, que se não en- solvente.
contra normalmente em outras
Seção II – Do Seguro de Dano da mesma espécie. Art. 788. Nos seguros de res-
ponsabilidade legalmente obriga-
Art. 778. Nos seguros de dano, Art. 785. Salvo disposição em tórios, a indenização por sinistro
a garantia prometida não pode contrário, admite-se a transferên- será paga pelo segurador direta-
ultrapassar o valor do interesse cia do contrato a terceiro com a mente ao terceiro prejudicado.
segurado no momento da con- alienação ou cessão do interesse Parágrafo único. Demanda-
clusão do contrato, sob pena do segurado. do em ação direta pela vítima do
disposto no art. 766, e sem pre- § 1o Se o instrumento contra- dano, o segurador não poderá
juízo da ação penal que no caso tual é nominativo, a transferência opor a exceção de contrato não
couber. só produz efeitos em relação ao cumprido pelo segurado, sem
segurador mediante aviso escri- promover a citação deste para
Art. 779. O risco do seguro com- to assinado pelo cedente e pelo integrar o contraditório.
preenderá todos os prejuízos re- cessionário.
sultantes ou consequentes, como § 2o A apólice ou o bilhete à
sejam os estragos ocasionados ordem só se transfere por endos-
Seção III – Do Seguro de
para evitar o sinistro, minorar o so em preto, datado e assinado Pessoa
dano, ou salvar a coisa. pelo endossante e pelo endos-
satário. Art. 789. Nos seguros de pesso-
Art. 780. A vigência da garantia, as, o capital segurado é livremen-
no seguro de coisas transporta- Art. 786. Paga a indenização, o te estipulado pelo proponente,
das, começa no momento em que segurador sub-roga-se, nos limi- que pode contratar mais de um
são pelo transportador recebidas, tes do valor respectivo, nos direi- seguro sobre o mesmo interes-
e cessa com a sua entrega ao tos e ações que competirem ao se, com o mesmo ou diversos
destinatário. segurado contra o autor do dano. seguradores.
§ 1o Salvo dolo, a sub-roga-
Art. 781. A indenização não pode ção não tem lugar se o dano foi Art. 790. No seguro sobre a
ultrapassar o valor do interesse causado pelo cônjuge do segura- vida de outros, o proponente é
segurado no momento do sinistro, do, seus descendentes ou ascen- obrigado a declarar, sob pena
e, em hipótese alguma, o limite dentes, consanguíneos ou afins. de falsidade, o seu interesse pela
máximo da garantia fixado na § 2o É ineficaz qualquer ato preservação da vida do segurado.
apólice, salvo em caso de mora do segurado que diminua ou ex- Parágrafo único. Até prova
do segurador. tinga, em prejuízo do segurador, em contrário, presume-se o inte-
os direitos a que se refere este resse, quando o segurado é côn-
Art. 782. O segurado que, na artigo. juge, ascendente ou descendente
vigência do contrato, pretender do proponente.
obter novo seguro sobre o mes- Art. 787. No seguro de respon-
mo interesse, e contra o mesmo sabilidade civil, o segurador ga- Art. 791. Se o segurado não re-
risco junto a outro segurador, rante o pagamento de perdas e nunciar à faculdade, ou se o segu-
deve previamente comunicar sua danos devidos pelo segurado a ro não tiver como causa declarada
intenção por escrito ao primeiro, terceiro. a garantia de alguma obrigação,
indicando a soma por que preten- § 1o Tão logo saiba o segu- é lícita a substituição do benefi-
de segurar-se, a fim de se com- rado das consequências de ato ciário, por ato entre vivos ou de
provar a obediência ao disposto seu, suscetível de lhe acarretar última vontade.
no art. 778. a responsabilidade incluída na Parágrafo único. O segura-
garantia, comunicará o fato ao dor, que não for cientificado opor-
Art. 783. Salvo disposição em segurador. tunamente da substituição, de-
contrário, o seguro de um inte- § 2o É defeso ao segurado re- sobrigar-se-á pagando o capital
resse por menos do que valha conhecer sua responsabilidade ou segurado ao antigo beneficiário.
acarreta a redução proporcional confessar a ação, bem como tran-
da indenização, no caso de sinis- sigir com o terceiro prejudicado, Art. 792. Na falta de indicação
tro parcial. ou indenizá-lo diretamente, sem da pessoa ou beneficiário, ou se
anuência expressa do segurador. por qualquer motivo não preva-
Art. 784. Não se inclui na garan- § 3o Intentada a ação contra lecer a que for feita, o capital
tia o sinistro provocado por vício o segurado, dará este ciência da segurado será pago por metade
178
Código Civil
ao cônjuge não separado judicial- cia inicial do contrato, ou da sua Art. 804. O contrato pode ser
mente, e o restante aos herdeiros recondução depois de suspenso, também a título oneroso, entre-
do segurado, obedecida a ordem observado o disposto no parágra- gando-se bens móveis ou imóveis
da vocação hereditária. fo único do artigo antecedente. à pessoa que se obriga a satis-
Parágrafo único. Na falta das Parágrafo único. Ressalvada fazer as prestações a favor do
pessoas indicadas neste artigo, a hipótese prevista neste artigo, credor ou de terceiros.
serão beneficiários os que pro- é nula a cláusula contratual que
varem que a morte do segurado exclui o pagamento do capital por Art. 805. Sendo o contrato a
os privou dos meios necessários suicídio do segurado. título oneroso, pode o credor,
à subsistência. ao contratar, exigir que o ren-
Art. 799. O segurador não pode deiro lhe preste garantia real, ou
Art. 793. É válida a instituição do eximir-se ao pagamento do segu- fidejussória.
companheiro como beneficiário, ro, ainda que da apólice conste a
se ao tempo do contrato o segura- restrição, se a morte ou a inca- Art. 806. O contrato de consti-
do era separado judicialmente, ou pacidade do segurado provier da tuição de renda será feito a pra-
já se encontrava separado de fato. utilização de meio de transporte zo certo, ou por vida, podendo
mais arriscado, da prestação de ultrapassar a vida do devedor
Art. 794. No seguro de vida ou serviço militar, da prática de es- mas não a do credor, seja ele o
de acidentes pessoais para o caso porte, ou de atos de humanidade contratante, seja terceiro.
de morte, o capital estipulado não em auxílio de outrem.
está sujeito às dívidas do segu- Art. 807. O contrato de consti-
rado, nem se considera herança Art. 800. Nos seguros de pes- tuição de renda requer escritura
para todos os efeitos de direito. soas, o segurador não pode sub- pública.
-rogar-se nos direitos e ações
Art. 795. É nula, no seguro de do segurado, ou do beneficiário, Art. 808. É nula a constituição
pessoa, qualquer transação para contra o causador do sinistro. de renda em favor de pessoa já
pagamento reduzido do capital falecida, ou que, nos trinta dias
segurado. Art. 801. O seguro de pessoas seguintes, vier a falecer de mo-
pode ser estipulado por pessoa léstia que já sofria, quando foi
Art. 796. O prêmio, no seguro de natural ou jurídica em proveito celebrado o contrato.
vida, será conveniado por prazo de grupo que a ela, de qualquer
limitado, ou por toda a vida do modo, se vincule. Art. 809. Os bens dados em
segurado. § 1o O estipulante não re- compensação da renda caem,
Parágrafo único. Em qual- presenta o segurador perante o desde a tradição, no domínio da
quer hipótese, no seguro individu- grupo segurado, e é o único res- pessoa que por aquela se obrigou.
al, o segurador não terá ação para ponsável, para com o segurador,
cobrar o prêmio vencido, cuja pelo cumprimento de todas as Art. 810. Se o rendeiro, ou cen-
falta de pagamento, nos prazos obrigações contratuais. suário, deixar de cumprir a obri-
previstos, acarretará, conforme § 2o A modificação da apólice gação estipulada, poderá o credor
se estipular, a resolução do con- em vigor dependerá da anuência da renda acioná-lo, tanto para que
trato, com a restituição da reserva expressa de segurados que repre- lhe pague as prestações atrasa-
já formada, ou a redução do capi- sentem três quartos do grupo. das como para que lhe dê ga-
tal garantido proporcionalmente rantias das futuras, sob pena de
ao prêmio pago. Art. 802. Não se compreende rescisão do contrato.
nas disposições desta Seção a
Art. 797. No seguro de vida para garantia do reembolso de des- Art. 811. O credor adquire o di-
o caso de morte, é lícito estipular- pesas hospitalares ou de trata- reito à renda dia a dia, se a pres-
-se um prazo de carência, durante mento médico, nem o custeio das tação não houver de ser paga
o qual o segurador não responde despesas de luto e de funeral do adiantada, no começo de cada
pela ocorrência do sinistro. segurado. um dos períodos prefixos.
Parágrafo único. No caso
deste artigo o segurador é obri- Art. 812. Quando a renda for
gado a devolver ao beneficiário CAPÍTULO XVI – DA constituída em benefício de duas
o montante da reserva técnica CONSTITUIÇÃO DE RENDA ou mais pessoas, sem determina-
já formada. ção da parte de cada uma, enten-
Art. 803. Pode uma pessoa, pelo de-se que os seus direitos são
Art. 798. O beneficiário não contrato de constituição de ren- iguais; e, salvo estipulação diver-
tem direito ao capital estipula- da, obrigar-se para com outra a sa, não adquirirão os sobrevivos
do quando o segurado se suicida uma prestação periódica, a título direito à parte dos que morrerem.
nos primeiros dois anos de vigên- gratuito.
179
Código Civil
Art. 813. A renda constituída partilha ou processo de transa- pode ser obrigado a aceitá-lo se
por título gratuito pode, por ato ção, conforme o caso. não for pessoa idônea, domici-
do instituidor, ficar isenta de to- liada no município onde tenha
das as execuções pendentes e de prestar a fiança, e não possua
futuras. CAPÍTULO XVIII – DA bens suficientes para cumprir a
Parágrafo único. A isenção FIANÇA obrigação.
prevista neste artigo prevalece de
Seção I – Disposições Gerais
pleno direito em favor dos mon- Art. 826. Se o fiador se tornar
tepios e pensões alimentícias. insolvente ou incapaz, poderá o
Art. 818. Pelo contrato de fiança, credor exigir que seja substituído.
uma pessoa garante satisfazer ao
CAPÍTULO XVII – DO JOGO credor uma obrigação assumida
E DA APOSTA pelo devedor, caso este não a
Seção II – Dos Efeitos da
cumpra. Fiança
Art. 814. As dívidas de jogo ou
de aposta não obrigam a paga- Art. 819. A fiança dar-se-á por Art. 827. O fiador demandado
mento; mas não se pode recobrar escrito, e não admite interpreta- pelo pagamento da dívida tem
a quantia, que voluntariamente ção extensiva. direito a exigir, até a contesta-
se pagou, salvo se foi ganha por ção da lide, que sejam primeiro
dolo, ou se o perdente é menor Art. 819-A. (Vetado) executados os bens do devedor.
ou interdito. Parágrafo único. O fiador que
§ 1o Estende-se esta disposi- Art. 820. Pode-se estipular a alegar o benefício de ordem, a
ção a qualquer contrato que encu- fiança, ainda que sem consen- que se refere este artigo, deve
bra ou envolva reconhecimento, timento do devedor ou contra a nomear bens do devedor, sitos
novação ou fiança de dívida de sua vontade. no mesmo município, livres e de-
jogo; mas a nulidade resultante sembargados, quantos bastem
não pode ser oposta ao terceiro Art. 821. As dívidas futuras po- para solver o débito.
de boa-fé. dem ser objeto de fiança; mas o
§ 2o O preceito contido neste fiador, neste caso, não será de- Art. 828. Não aproveita este be-
artigo tem aplicação, ainda que mandado senão depois que se nefício ao fiador:
se trate de jogo não proibido, só fizer certa e líquida a obrigação I – se ele o renunciou expres-
se excetuando os jogos e apostas do principal devedor. samente;
legalmente permitidos. II – se se obrigou como princi-
§ 3o Excetuam-se, igual- Art. 822. Não sendo limitada, pal pagador, ou devedor solidário;
mente, os prêmios oferecidos a fiança compreenderá todos os III – se o devedor for insol-
ou prometidos para o vencedor acessórios da dívida principal, vente, ou falido.
em competição de natureza es- inclusive as despesas judiciais,
portiva, intelectual ou artística, desde a citação do fiador. Art. 829. A fiança conjuntamen-
desde que os interessados se te prestada a um só débito por
submetam às prescrições legais Art. 823. A fiança pode ser de mais de uma pessoa importa o
e regulamentares. valor inferior ao da obrigação compromisso de solidariedade
principal e contraída em condi- entre elas, se declaradamente
Art. 815. Não se pode exigir re- ções menos onerosas, e, quando não se reservarem o benefício
embolso do que se emprestou exceder o valor da dívida, ou for de divisão.
para jogo ou aposta, no ato de mais onerosa que ela, não valerá Parágrafo único. Estipula-
apostar ou jogar. senão até ao limite da obrigação do este benefício, cada fiador
afiançada. responde unicamente pela parte
Art. 816. As disposições dos que, em proporção, lhe couber no
arts. 814 e 815 não se aplicam Art. 824. As obrigações nulas pagamento.
aos contratos sobre títulos de não são suscetíveis de fiança,
bolsa, mercadorias ou valores, exceto se a nulidade resultar ape- Art. 830. Cada fiador pode fixar
em que se estipulem a liquida- nas de incapacidade pessoal do no contrato a parte da dívida que
ção exclusivamente pela dife- devedor. toma sob sua responsabilidade,
rença entre o preço ajustado e Parágrafo único. A exceção caso em que não será por mais
a cotação que eles tiverem no estabelecida neste artigo não obrigado.
vencimento do ajuste. abrange o caso de mútuo feito
a menor. Art. 831. O fiador que pagar in-
Art. 817. O sorteio para dirimir tegralmente a dívida fica sub-ro-
questões ou dividir coisas co- Art. 825. Quando alguém houver gado nos direitos do credor; mas
muns considera-se sistema de de oferecer fiador, o credor não só poderá demandar a cada um
180
Código Civil
dos outros fiadores pela respec- III – se o credor, em pagamen- codevedores.
tiva quota. to da dívida, aceitar amigavelmen-
Parágrafo único. A parte do te do devedor objeto diverso do Art. 845. Dada a evicção da coi-
fiador insolvente distribuir-se-á que este era obrigado a lhe dar, sa renunciada por um dos tran-
pelos outros. ainda que depois venha a perdê-lo sigentes, ou por ele transferida
por evicção. à outra parte, não revive a obri-
Art. 832. O devedor responde gação extinta pela transação;
também perante o fiador por to- Art. 839. Se for invocado o be- mas ao evicto cabe o direito de
das as perdas e danos que este nefício da excussão e o devedor, reclamar perdas e danos.
pagar, e pelos que sofrer em ra- retardando-se a execução, cair Parágrafo único. Se um dos
zão da fiança. em insolvência, ficará exonerado transigentes adquirir, depois da
o fiador que o invocou, se provar transação, novo direito sobre a
Art. 833. O fiador tem direito aos que os bens por ele indicados coisa renunciada ou transferida,
juros do desembolso pela taxa es- eram, ao tempo da penhora, su- a transação feita não o inibirá de
tipulada na obrigação principal, e, ficientes para a solução da dívida exercê-lo.
não havendo taxa convencionada, afiançada.
aos juros legais da mora. Art. 846. A transação concer-
nente a obrigações resultantes
Art. 834. Quando o credor, sem CAPÍTULO XIX – DA de delito não extingue a ação
justa causa, demorar a execu- TRANSAÇÃO penal pública.
ção iniciada contra o devedor,
poderá o fiador promover-lhe o Art. 840. É lícito aos interessa- Art. 847. É admissível, na tran-
andamento. dos prevenirem ou terminarem sação, a pena convencional.
o litígio mediante concessões
Art. 835. O fiador poderá exo- mútuas. Art. 848. Sendo nula qualquer
nerar-se da fiança que tiver as- das cláusulas da transação, nula
sinado sem limitação de tempo, Art. 841. Só quanto a direitos será esta.
sempre que lhe convier, ficando patrimoniais de caráter privado Parágrafo único. Quando a
obrigado por todos os efeitos se permite a transação. transação versar sobre diversos
da fiança, durante sessenta dias direitos contestados, indepen-
após a notificação do credor. Art. 842. A transação far-se-á dentes entre si, o fato de não
por escritura pública, nas obriga- prevalecer em relação a um não
Art. 836. A obrigação do fiador ções em que a lei o exige, ou por prejudicará os demais.
passa aos herdeiros; mas a res- instrumento particular, nas em
ponsabilidade da fiança se limita que ela o admite; se recair sobre Art. 849. A transação só se anu-
ao tempo decorrido até a morte direitos contestados em juízo, la por dolo, coação, ou erro es-
do fiador, e não pode ultrapassar será feita por escritura pública, sencial quanto à pessoa ou coisa
as forças da herança. ou por termo nos autos, assinado controversa.
pelos transigentes e homologado Parágrafo único. A transação
pelo juiz. não se anula por erro de direito
Seção III – Da Extinção da a respeito das questões que fo-
Fiança Art. 843. A transação interpre- ram objeto de controvérsia entre
ta-se restritivamente, e por ela as partes.
Art. 837. O fiador pode opor ao não se transmitem, apenas se
credor as exceções que lhe fo- declaram ou reconhecem direitos. Art. 850. É nula a transação a
rem pessoais, e as extintivas da respeito do litígio decidido por
obrigação que competem ao de- Art. 844. A transação não apro- sentença passada em julgado,
vedor principal, se não provierem veita, nem prejudica senão aos se dela não tinha ciência algum
simplesmente de incapacidade que nela intervierem, ainda que dos transatores, ou quando, por
pessoal, salvo o caso do mútuo diga respeito a coisa indivisível. título ulteriormente descoberto,
feito a pessoa menor. § 1o Se for concluída entre o se verificar que nenhum deles
credor e o devedor, desobrigará tinha direito sobre o objeto da
Art. 838. O fiador, ainda que so- o fiador. transação.
lidário, ficará desobrigado: § 2o Se entre um dos credo-
I – se, sem consentimento res solidários e o devedor, extin-
seu, o credor conceder moratória gue a obrigação deste para com CAPÍTULO XX – DO
ao devedor; os outros credores. COMPROMISSO
II – se, por fato do credor, for § 3o Se entre um dos deve-
impossível a sub-rogação nos dores solidários e seu credor, Art. 851. É admitido compromis-
seus direitos e preferências; extingue a dívida em relação aos so, judicial ou extrajudicial, para
181
Código Civil
resolver litígios entre pessoas publicidade à garantia. Art. 855. Quem quer que, nos
que podem contratar. § 4o Os requisitos de convo- termos do artigo antecedente,
cação e de instalação das assem- fizer o serviço, ou satisfizer a
Art. 852. É vedado compromis- bleias dos titulares dos créditos condição, ainda que não pelo inte-
so para solução de questões de garantidos estarão previstos em resse da promessa, poderá exigir
estado, de direito pessoal de fa- ato de designação ou de contrata- a recompensa estipulada.
mília e de outras que não tenham ção do agente de garantia.
caráter estritamente patrimonial. § 5o O produto da realiza- Art. 856. Antes de prestado o
ção da garantia, enquanto não serviço ou preenchida a condição,
Art. 853. Admite-se nos con- transferido para os credores ga- pode o promitente revogar a pro-
tratos a cláusula compromissó- rantidos, constitui patrimônio messa, contanto que o faça com
ria, para resolver divergências separado daquele do agente de a mesma publicidade; se houver
mediante juízo arbitral, na forma garantia e não poderá responder assinado prazo à execução da ta-
estabelecida em lei especial. por suas obrigações pelo período refa, entender-se-á que renuncia
de até 180 (cento e oitenta) dias, o arbítrio de retirar, durante ele,
contado da data de recebimento a oferta.
CAPÍTULO XXI – do produto da garantia. Parágrafo único. O candidato
DO CONTRATO DE § 6o Após receber o valor do de boa-fé, que houver feito des-
ADMINISTRAÇÃO produto da realização da garan- pesas, terá direito a reembolso.
FIDUCIÁRIA DE GARANTIAS tia, o agente de garantia disporá
do prazo de 10 (dez) dias úteis Art. 857. Se o ato contemplado
Art. 853-A. Qualquer garantia para efetuar o pagamento aos na promessa for praticado por
poderá ser constituída, levada a credores. mais de um indivíduo, terá direi-
registro, gerida e ter a sua execu- § 7o Paralelamente ao con- to à recompensa o que primeiro
ção pleiteada por agente de ga- trato de que trata este artigo, o o executou.
rantia, que será designado pelos agente de garantia poderá manter
credores da obrigação garantida contratos com o devedor para: Art. 858. Sendo simultânea a
para esse fim e atuará em nome I – pesquisa de ofertas de execução, a cada um tocará qui-
próprio e em benefício dos cre- crédito mais vantajosas entre os nhão igual na recompensa; se
dores, inclusive em ações judi- diversos fornecedores; esta não for divisível, conferir-
ciais que envolvam discussões II – auxílio nos procedimentos -se-á por sorteio, e o que obtiver
sobre a existência, a validade ou necessários à formalização de a coisa dará ao outro o valor de
a eficácia do ato jurídico do cré- contratos de operações de cré- seu quinhão.
dito garantido, vedada qualquer dito e de garantias reais;
cláusula que afaste essa regra III – intermediação na reso- Art. 859. Nos concursos que se
em desfavor do devedor ou, se lução de questões relativas aos abrirem com promessa pública de
for o caso, do terceiro prestador contratos de operações de crédi- recompensa, é condição essen-
da garantia. to ou às garantias reais; e cial, para valerem, a fixação de
§ 1o O agente de garantia po- IV – outros serviços não ve- um prazo, observadas também
derá valer-se da execução ex- dados em lei. as disposições dos parágrafos
trajudicial da garantia, quando § 8o Na hipótese do § 7o des- seguintes.
houver previsão na legislação te artigo, o agente de garantia § 1o A decisão da pessoa no-
especial aplicável à modalidade deverá agir com estrita boa-fé meada, nos anúncios, como juiz,
de garantia. perante o devedor. obriga os interessados.
§ 2o O agente de garantia § 2o Em falta de pessoa de-
terá dever fiduciário em relação signada para julgar o mérito dos
aos credores da obrigação ga- TÍTULO VII – DOS ATOS trabalhos que se apresentarem,
rantida e responderá perante os UNILATERAIS entender-se-á que o promitente
credores por todos os seus atos. se reservou essa função.
§ 3o O agente de garantia po- CAPÍTULO I – DA § 3o Se os trabalhos tiverem
derá ser substituído, a qualquer PROMESSA DE mérito igual, proceder-se-á de
tempo, por decisão do credor RECOMPENSA acordo com os arts. 857 e 858.
único ou dos titulares que repre-
sentarem a maioria simples dos Art. 854. Aquele que, por anún- Art. 860. As obras premiadas,
créditos garantidos, reunidos em cios públicos, se comprometer nos concursos de que trata o
assembleia, mas a substituição a recompensar, ou gratificar, a artigo antecedente, só ficarão
do agente de garantia somente quem preencha certa condição, pertencendo ao promitente, se
será eficaz após ter sido tornada ou desempenhe certo serviço, assim for estipulado na publica-
pública pela mesma forma por contrai obrigação de cumprir o ção da promessa.
meio da qual tenha sido dada prometido.
182
Código Civil
CAPÍTULO II – DA GESTÃO rações arriscadas, ainda que o gestor fez essas despesas com
DE NEGÓCIOS dono costumasse fazê-las, ou o simples intento de bem-fazer.
quando preterir interesse deste
Art. 861. Aquele que, sem auto- em proveito de interesses seus. Art. 873. A ratificação pura e
rização do interessado, intervém Parágrafo único. Querendo simples do dono do negócio re-
na gestão de negócio alheio, di- o dono aproveitar-se da gestão, troage ao dia do começo da ges-
rigi-lo-á segundo o interesse e a será obrigado a indenizar o gestor tão, e produz todos os efeitos do
vontade presumível de seu dono, das despesas necessárias, que ti- mandato.
ficando responsável a este e às ver feito, e dos prejuízos, que por
pessoas com que tratar. motivo da gestão, houver sofrido. Art. 874. Se o dono do negócio,
ou da coisa, desaprovar a ges-
Art. 862. Se a gestão foi inicia- Art. 869. Se o negócio for util- tão, considerando-a contrária
da contra a vontade manifesta mente administrado, cumprirá ao aos seus interesses, vigorará o
ou presumível do interessado, dono as obrigações contraídas disposto nos arts. 862 e 863, salvo
responderá o gestor até pelos em seu nome, reembolsando ao o estabelecido nos arts. 869 e 870.
casos fortuitos, não provando que gestor as despesas necessárias
teriam sobrevindo, ainda quando ou úteis que houver feito, com os Art. 875. Se os negócios alheios
se houvesse abatido. juros legais, desde o desembolso, forem conexos ao do gestor, de
respondendo ainda pelos preju- tal arte que se não possam ge-
Art. 863. No caso do artigo an- ízos que este houver sofrido por rir separadamente, haver-se-á
tecedente, se os prejuízos da ges- causa da gestão. o gestor por sócio daquele cujos
tão excederem o seu proveito, § 1o A utilidade, ou necessi- interesses agenciar de envolta
poderá o dono do negócio exigir dade, da despesa, apreciar-se-á com os seus.
que o gestor restitua as coisas ao não pelo resultado obtido, mas Parágrafo único. No caso
estado anterior, ou o indenize da segundo as circunstâncias da deste artigo, aquele em cujo be-
diferença. ocasião em que se fizerem. nefício interveio o gestor só é
§ 2o Vigora o disposto neste obrigado na razão das vantagens
Art. 864. Tanto que se possa, artigo, ainda quando o gestor, em que lograr.
comunicará o gestor ao dono do erro quanto ao dono do negócio,
negócio a gestão que assumiu, der a outra pessoa as contas da
aguardando-lhe a resposta, se gestão. CAPÍTULO III – DO
da espera não resultar perigo. PAGAMENTO INDEVIDO
Art. 870. Aplica-se a disposição
Art. 865. Enquanto o dono não do artigo antecedente, quando Art. 876. Todo aquele que rece-
providenciar, velará o gestor pelo a gestão se proponha a acudir a beu o que lhe não era devido fica
negócio, até o levar a cabo, espe- prejuízos iminentes, ou redunde obrigado a restituir; obrigação
rando, se aquele falecer durante a em proveito do dono do negócio que incumbe àquele que recebe
gestão, as instruções dos herdei- ou da coisa; mas a indenização dívida condicional antes de cum-
ros, sem se descuidar, entretanto, ao gestor não excederá, em im- prida a condição.
das medidas que o caso reclame. portância, as vantagens obtidas
com a gestão. Art. 877. Àquele que voluntaria-
Art. 866. O gestor envidará toda mente pagou o indevido incumbe
sua diligência habitual na admi- Art. 871. Quando alguém, na a prova de tê-lo feito por erro.
nistração do negócio, ressarcindo ausência do indivíduo obrigado
ao dono o prejuízo resultante de a alimentos, por ele os prestar Art. 878. Aos frutos, acessões,
qualquer culpa na gestão. a quem se devem, poder-lhes-á benfeitorias e deteriorações so-
reaver do devedor a importância, brevindas à coisa dada em pa-
Art. 867. Se o gestor se fizer ainda que este não ratifique o ato. gamento indevido, aplica-se o
substituir por outrem, respon- disposto neste Código sobre o
derá pelas faltas do substituto, Art. 872. Nas despesas do en- possuidor de boa-fé ou de má-fé,
ainda que seja pessoa idônea, terro, proporcionadas aos usos conforme o caso.
sem prejuízo da ação que a ele, locais e à condição do falecido,
ou ao dono do negócio, contra ela feitas por terceiro, podem ser Art. 879. Se aquele que indevi-
possa caber. cobradas da pessoa que teria a damente recebeu um imóvel o ti-
Parágrafo único. Havendo obrigação de alimentar a que veio ver alienado em boa-fé, por título
mais de um gestor, solidária será a falecer, ainda mesmo que esta oneroso, responde somente pela
a sua responsabilidade. não tenha deixado bens. quantia recebida; mas, se agiu de
Parágrafo único. Cessa o má-fé, além do valor do imóvel,
Art. 868. O gestor responde pelo disposto neste artigo e no ante- responde por perdas e danos.
caso fortuito quando fizer ope- cedente, em se provando que o Parágrafo único. Se o imóvel
183
Código Civil
foi alienado por título gratuito, ou Art. 885. A restituição é devida, e a que, além dos limites fixados
se, alienado por título oneroso, o não só quando não tenha havido em lei, exclua ou restrinja direitos
terceiro adquirente agiu de má- causa que justifique o enrique- e obrigações.
-fé, cabe ao que pagou por erro cimento, mas também se esta
o direito de reivindicação. deixou de existir. Art. 891. O título de crédito, in-
completo ao tempo da emissão,
Art. 880. Fica isento de restituir Art. 886. Não caberá a resti- deve ser preenchido de conformi-
pagamento indevido aquele que, tuição por enriquecimento, se dade com os ajustes realizados.
recebendo-o como parte de dívi- a lei conferir ao lesado outros Parágrafo único. O descum-
da verdadeira, inutilizou o título, meios para se ressarcir do pre- primento dos ajustes previstos
deixou prescrever a pretensão juízo sofrido. neste artigo pelos que deles par-
ou abriu mão das garantias que ticiparam, não constitui motivo
asseguravam seu direito; mas de oposição ao terceiro portador,
aquele que pagou dispõe de ação TÍTULO VIII – DOS TÍTULOS salvo se este, ao adquirir o título,
regressiva contra o verdadeiro DE CRÉDITO tiver agido de má-fé.
devedor e seu fiador.
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 892. Aquele que, sem ter
Art. 881. Se o pagamento inde- GERAIS poderes, ou excedendo os que
vido tiver consistido no desem- tem, lança a sua assinatura em
penho de obrigação de fazer ou Art. 887. O título de crédito, do- título de crédito, como mandatá-
para eximir-se da obrigação de cumento necessário ao exercício rio ou representante de outrem,
não fazer, aquele que recebeu a do direito literal e autônomo nele fica pessoalmente obrigado, e,
prestação fica na obrigação de contido, somente produz efeito pagando o título, tem ele os mes-
indenizar o que a cumpriu, na quando preencha os requisitos mos direitos que teria o suposto
medida do lucro obtido. da lei. mandante ou representado.
Art. 882. Não se pode repetir o Art. 888. A omissão de qualquer Art. 893. A transferência do tí-
que se pagou para solver dívida requisito legal, que tire ao escri- tulo de crédito implica a de todos
prescrita, ou cumprir obrigação to a sua validade como título de os direitos que lhe são inerentes.
judicialmente inexigível. crédito, não implica a invalidade
do negócio jurídico que lhe deu Art. 894. O portador de título
Art. 883. Não terá direito à re- origem. representativo de mercadoria
petição aquele que deu alguma tem o direito de transferi-lo, de
coisa para obter fim ilícito, imoral, Art. 889. Deve o título de cré- conformidade com as normas que
ou proibido por lei. dito conter a data da emissão, regulam a sua circulação, ou de
Parágrafo único. No caso a indicação precisa dos direitos receber aquela independente-
deste artigo, o que se deu re- que confere, e a assinatura do mente de quaisquer formalida-
verterá em favor de estabeleci- emitente. des, além da entrega do título
mento local de beneficência, a § 1o É à vista o título de cré- devidamente quitado.
critério do juiz. dito que não contenha indicação
de vencimento. Art. 895. Enquanto o título de
§ 2o Considera-se lugar de crédito estiver em circulação, só
CAPÍTULO IV – DO emissão e de pagamento, quando ele poderá ser dado em garantia,
ENRIQUECIMENTO SEM não indicado no título, o domicílio ou ser objeto de medidas judiciais,
CAUSA do emitente. e não, separadamente, os direitos
§ 3o O título poderá ser emiti- ou mercadorias que representa.
Art. 884. Aquele que, sem jus- do a partir dos caracteres criados
ta causa, se enriquecer à custa em computador ou meio técnico Art. 896. O título de crédito não
de outrem, será obrigado a res- equivalente e que constem da pode ser reivindicado do por-
tituir o indevidamente auferido, escrituração do emitente, ob- tador que o adquiriu de boa-fé
feita a atualização dos valores servados os requisitos mínimos e na conformidade das normas
monetários. previstos neste artigo. que disciplinam a sua circulação.
Parágrafo único. Se o enri-
quecimento tiver por objeto coisa Art. 890. Consideram-se não Art. 897. O pagamento de título
determinada, quem a recebeu é escritas no título a cláusula de de crédito, que contenha obriga-
obrigado a restituí-la, e, se a coisa juros, a proibitiva de endosso, a ção de pagar soma determinada,
não mais subsistir, a restituição excludente de responsabilidade pode ser garantido por aval.
se fará pelo valor do bem na época pelo pagamento ou por despesas, Parágrafo único. É vedado o
em que foi exigido. a que dispense a observância de aval parcial.
termos e formalidade prescritas,
184
Código Civil
Art. 898. O aval deve ser dado CAPÍTULO II – DO TÍTULO § 3o Considera-se não escri-
no verso ou no anverso do pró- AO PORTADOR to o endosso cancelado, total ou
prio título. parcialmente.
§ 1o Para a validade do aval, Art. 904. A transferência de tí-
dado no anverso do título, é su- tulo ao portador se faz por sim- Art. 911. Considera-se legítimo
ficiente a simples assinatura do ples tradição. possuidor o portador do título à
avalista. ordem com série regular e inin-
§ 2o Considera-se não escri- Art. 905. O possuidor de título ao terrupta de endossos, ainda que
to o aval cancelado. portador tem direito à prestação o último seja em branco.
nele indicada, mediante a sua Parágrafo único. Aquele que
Art. 899. O avalista equipara-se simples apresentação ao devedor. paga o título está obrigado a ve-
àquele cujo nome indicar; na fal- Parágrafo único. A prestação rificar a regularidade da série de
ta de indicação, ao emitente ou é devida ainda que o título tenha endossos, mas não a autenticida-
devedor final. entrado em circulação contra a de das assinaturas.
§ 1o Pagando o título, tem o vontade do emitente.
avalista ação de regresso contra Art. 912. Considera-se não es-
o seu avalizado e demais coobri- Art. 906. O devedor só poderá crita no endosso qualquer con-
gados anteriores. opor ao portador exceção fun- dição a que o subordine o en-
§ 2o Subsiste a responsabi- dada em direito pessoal, ou em dossante.
lidade do avalista, ainda que nula nulidade de sua obrigação. Parágrafo único. É nulo o en-
a obrigação daquele a quem se dosso parcial.
equipara, a menos que a nulidade Art. 907. É nulo o título ao por-
decorra de vício de forma. tador emitido sem autorização Art. 913. O endossatário de en-
de lei especial. dosso em branco pode mudá-lo
Art. 900. O aval posterior ao para endosso em preto, comple-
vencimento produz os mesmos Art. 908. O possuidor de título tando-o com o seu nome ou de
efeitos do anteriormente dado. dilacerado, porém identificável, terceiro; pode endossar nova-
tem direito a obter do emitente mente o título, em branco ou em
Art. 901. Fica validamente deso- a substituição do anterior, me- preto; ou pode transferi-lo sem
nerado o devedor que paga título diante a restituição do primeiro novo endosso.
de crédito ao legítimo portador, e o pagamento das despesas.
no vencimento, sem oposição, Art. 914. Ressalvada cláusula
salvo se agiu de má-fé. Art. 909. O proprietário, que expressa em contrário, constante
Parágrafo único. Pagando, perder ou extraviar título, ou for do endosso, não responde o en-
pode o devedor exigir do credor, injustamente desapossado dele, dossante pelo cumprimento da
além da entrega do título, quita- poderá obter novo título em juízo, prestação constante do título.
ção regular. bem como impedir sejam pagos § 1o Assumindo responsabi-
a outrem capital e rendimentos. lidade pelo pagamento, o endos-
Art. 902. Não é o credor obriga- Parágrafo único. O pagamen- sante se torna devedor solidário.
do a receber o pagamento antes to, feito antes de ter ciência da § 2o Pagando o título, tem
do vencimento do título, e aquele ação referida neste artigo, exo- o endossante ação de regresso
que o paga, antes do vencimento, nera o devedor, salvo se se pro- contra os coobrigados anteriores.
fica responsável pela validade do var que ele tinha conhecimento
pagamento. do fato. Art. 915. O devedor, além das
§ 1o No vencimento, não pode exceções fundadas nas relações
o credor recusar pagamento, ain- pessoais que tiver com o por-
da que parcial. CAPÍTULO III – DO TÍTULO tador, só poderá opor a este as
§ 2o No caso de pagamento À ORDEM exceções relativas à forma do
parcial, em que se não opera a título e ao seu conteúdo literal, à
tradição do título, além da qui- Art. 910. O endosso deve ser lan- falsidade da própria assinatura,
tação em separado, outra deve- çado pelo endossante no verso ou a defeito de capacidade ou de
rá ser firmada no próprio título. anverso do próprio título. representação no momento da
§ 1o Pode o endossante de- subscrição, e à falta de requisito
Art. 903. Salvo disposição di- signar o endossatário, e para va- necessário ao exercício da ação.
versa em lei especial, regem-se lidade do endosso, dado no verso
os títulos de crédito pelo disposto do título, é suficiente a simples Art. 916. As exceções, fundadas
neste Código. assinatura do endossante. em relação do devedor com os
§ 2o A transferência por en- portadores precedentes, somente
dosso completa-se com a tradi- poderão ser por ele opostas ao
ção do título. portador, se este, ao adquirir o
185
Código Civil
título, tiver agido de má-fé. Art. 923. O título nominativo quando a atividade normalmente
também pode ser transferido por desenvolvida pelo autor do dano
Art. 917. A cláusula constitutiva endosso que contenha o nome do implicar, por sua natureza, risco
de mandato, lançada no endosso, endossatário. para os direitos de outrem.
confere ao endossatário o exer- § 1o A transferência mediante
cício dos direitos inerentes ao endosso só tem eficácia perante Art. 928. O incapaz responde
título, salvo restrição expressa- o emitente, uma vez feita a com- pelos prejuízos que causar, se
mente estatuída. petente averbação em seu regis- as pessoas por ele responsáveis
§ 1o O endossatário de en- tro, podendo o emitente exigir do não tiverem obrigação de fazê-
dosso-mandato só pode endossar endossatário que comprove a -lo ou não dispuserem de meios
novamente o título na qualidade autenticidade da assinatura do suficientes.
de procurador, com os mesmos endossante. Parágrafo único. A indeni-
poderes que recebeu. § 2o O endossatário, legiti- zação prevista neste artigo, que
§ 2o Com a morte ou a su- mado por série regular e ininter- deverá ser equitativa, não terá
perveniente incapacidade do en- rupta de endossos, tem o direito lugar se privar do necessário o
dossante, não perde eficácia o de obter a averbação no registro incapaz ou as pessoas que dele
endosso-mandato. do emitente, comprovada a au- dependem.
§ 3o Pode o devedor opor ao tenticidade das assinaturas de
endossatário de endosso-manda- todos os endossantes. Art. 929. Se a pessoa lesada, ou
to somente as exceções que tiver § 3o Caso o título original o dono da coisa, no caso do inciso
contra o endossante. contenha o nome do primitivo II do art. 188, não forem culpados
proprietário, tem direito o adqui- do perigo, assistir-lhes-á direito
Art. 918. A cláusula constitutiva rente a obter do emitente novo à indenização do prejuízo que
de penhor, lançada no endos- título, em seu nome, devendo a sofreram.
so, confere ao endossatário o emissão do novo título constar
exercício dos direitos inerentes no registro do emitente. Art. 930. No caso do inciso II do
ao título. art. 188, se o perigo ocorrer por
§ 1o O endossatário de en- Art. 924. Ressalvada proibição culpa de terceiro, contra este terá
dosso-penhor só pode endossar legal, pode o título nominativo ser o autor do dano ação regressiva
novamente o título na qualidade transformado em à ordem ou ao para haver a importância que tiver
de procurador. portador, a pedido do proprietário ressarcido ao lesado.
§ 2o Não pode o devedor opor e à sua custa. Parágrafo único. A mesma
ao endossatário de endosso-pe- ação competirá contra aquele
nhor as exceções que tinha con- Art. 925. Fica desonerado de em defesa de quem se causou o
tra o endossante, salvo se aquele responsabilidade o emitente que dano (art. 188, inciso I).
tiver agido de má-fé. de boa-fé fizer a transferência pe-
los modos indicados nos artigos Art. 931. Ressalvados outros
Art. 919. A aquisição de título à antecedentes. casos previstos em lei especial,
ordem, por meio diverso do en- os empresários individuais e as
dosso, tem efeito de cessão civil. Art. 926. Qualquer negócio ou empresas respondem indepen-
medida judicial, que tenha por dentemente de culpa pelos danos
Art. 920. O endosso posterior ao objeto o título, só produz efeito causados pelos produtos postos
vencimento produz os mesmos perante o emitente ou terceiros, em circulação.
efeitos do anterior. uma vez feita a competente aver-
bação no registro do emitente. Art. 932. São também respon-
sáveis pela reparação civil:
CAPÍTULO IV – DO TÍTULO I – os pais, pelos filhos meno-
NOMINATIVO TÍTULO IX – DA res que estiverem sob sua autori-
RESPONSABILIDADE CIVIL dade e em sua companhia;
Art. 921. É título nominativo II – o tutor e o curador, pe-
o emitido em favor de pessoa CAPÍTULO I – DA los pupilos e curatelados, que se
cujo nome conste no registro do OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR acharem nas mesmas condições;
emitente. III – o empregador ou comi-
Art. 927. Aquele que, por ato ilí- tente, por seus empregados, ser-
Art. 922. Transfere-se o título cito (arts. 186 e 187), causar dano a viçais e prepostos, no exercício
nominativo mediante termo, em outrem, fica obrigado a repará-lo. do trabalho que lhes competir,
registro do emitente, assinado Parágrafo único. Haverá obri- ou em razão dele;
pelo proprietário e pelo adqui- gação de reparar o dano, inde- IV – os donos de hotéis, hos-
rente. pendentemente de culpa, nos pedarias, casas ou estabeleci-
casos especificados em lei, ou mentos onde se albergue por di-
186
Código Civil
nheiro, mesmo para fins de edu- Art. 940. Aquele que demandar lei processual determinar.
cação, pelos seus hóspedes, mo- por dívida já paga, no todo ou em
radores e educandos; parte, sem ressalvar as quantias Art. 947. Se o devedor não puder
V – os que gratuitamente hou- recebidas ou pedir mais do que cumprir a prestação na espécie
verem participado nos produ- for devido, ficará obrigado a pa- ajustada, substituir-se-á pelo seu
tos do crime, até a concorrente gar ao devedor, no primeiro caso, valor, em moeda corrente.
quantia. o dobro do que houver cobrado
e, no segundo, o equivalente do Art. 948. No caso de homicídio,
Art. 933. As pessoas indicadas que dele exigir, salvo se houver a indenização consiste, sem ex-
nos incisos I a V do artigo antece- prescrição. cluir outras reparações:
dente, ainda que não haja culpa I – no pagamento das despe-
de sua parte, responderão pelos Art. 941. As penas previstas nos sas com o tratamento da vítima,
atos praticados pelos terceiros arts. 939 e 940 não se aplicarão seu funeral e o luto da família;
ali referidos. quando o autor desistir da ação II – na prestação de alimentos
antes de contestada a lide, salvo às pessoas a quem o morto os
Art. 934. Aquele que ressarcir ao réu o direito de haver indeniza- devia, levando-se em conta a du-
o dano causado por outrem pode ção por algum prejuízo que prove ração provável da vida da vítima.
reaver o que houver pago daquele ter sofrido.
por quem pagou, salvo se o cau- Art. 949. No caso de lesão ou
sador do dano for descendente Art. 942. Os bens do respon- outra ofensa à saúde, o ofen-
seu, absoluta ou relativamente sável pela ofensa ou violação do sor indenizará o ofendido das
incapaz. direito de outrem ficam sujeitos despesas do tratamento e dos
à reparação do dano causado; lucros cessantes até ao fim da
Art. 935. A responsabilidade e, se a ofensa tiver mais de um convalescença, além de algum
civil é independente da crimi- autor, todos responderão solida- outro prejuízo que o ofendido
nal, não se podendo questionar riamente pela reparação. prove haver sofrido.
mais sobre a existência do fato, Parágrafo único. São solida-
ou sobre quem seja o seu autor, riamente responsáveis com os Art. 950. Se da ofensa resultar
quando estas questões se acha- autores os coautores e as pessoas defeito pelo qual o ofendido não
rem decididas no juízo criminal. designadas no art. 932. possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a
Art. 936. O dono, ou detentor, do Art. 943. O direito de exigir re- capacidade de trabalho, a inde-
animal ressarcirá o dano por este paração e a obrigação de prestá- nização, além das despesas do
causado, se não provar culpa da -la transmitem-se com a herança. tratamento e lucros cessantes
vítima ou força maior. até ao fim da convalescença, in-
cluirá pensão correspondente à
Art. 937. O dono de edifício ou CAPÍTULO II – DA importância do trabalho para que
construção responde pelos da- INDENIZAÇÃO se inabilitou, ou da depreciação
nos que resultarem de sua ru- que ele sofreu.
ína, se esta provier de falta de Art. 944. A indenização mede- Parágrafo único. O prejudi-
reparos, cuja necessidade fosse -se pela extensão do dano. cado, se preferir, poderá exigir
manifesta. Parágrafo único. Se houver que a indenização seja arbitrada
§ 1o (Vetado) excessiva desproporção entre e paga de uma só vez.
§ 2o (Vetado) a gravidade da culpa e o dano,
poderá o juiz reduzir, equitati- Art. 951. O disposto nos
Art. 938. Aquele que habitar vamente, a indenização. arts. 948, 949 e 950 aplica-se
prédio, ou parte dele, responde ainda no caso de indenização
pelo dano proveniente das coisas Art. 945. Se a vítima tiver con- devida por aquele que, no exer-
que dele caírem ou forem lança- corrido culposamente para o cício de atividade profissional,
das em lugar indevido. evento danoso, a sua indenização por negligência, imprudência ou
será fixada tendo-se em conta a imperícia, causar a morte do pa-
Art. 939. O credor que deman- gravidade de sua culpa em con- ciente, agravar-lhe o mal, causar-
dar o devedor antes de vencida fronto com a do autor do dano. -lhe lesão, ou inabilitá-lo para o
a dívida, fora dos casos em que trabalho.
a lei o permita, ficará obrigado a Art. 946. Se a obrigação for in-
esperar o tempo que faltava para determinada, e não houver na lei Art. 952. Havendo usurpação ou
o vencimento, a descontar os ou no contrato disposição fixando esbulho do alheio, além da res-
juros correspondentes, embora a indenização devida pelo inadim- tituição da coisa, a indenização
estipulados, e a pagar as custas plente, apurar-se-á o valor das consistirá em pagar o valor das
em dobro. perdas e danos na forma que a suas deteriorações e o devido a
187
Código Civil
título de lucros cessantes; faltan- preferência são os privilégios e quaisquer outras construções, o
do a coisa, dever-se-á reembolsar os direitos reais. credor de materiais, dinheiro, ou
o seu equivalente ao prejudicado. serviços para a sua edificação,
Parágrafo único. Para se res- Art. 959. Conservam seus res- reconstrução, ou melhoramento;
tituir o equivalente, quando não pectivos direitos os credores, hi- V – sobre os frutos agrícolas,
exista a própria coisa, estimar-se- potecários ou privilegiados: o credor por sementes, instru-
-á ela pelo seu preço ordinário e I – sobre o preço do seguro da mentos e serviços à cultura, ou
pelo de afeição, contanto que este coisa gravada com hipoteca ou à colheita;
não se avantaje àquele. privilégio, ou sobre a indenização VI – sobre as alfaias e utensí-
devida, havendo responsável pela lios de uso doméstico, nos prédios
Art. 953. A indenização por in- perda ou danificação da coisa; rústicos ou urbanos, o credor de
júria, difamação ou calúnia con- II – sobre o valor da indeniza- aluguéis, quanto às prestações do
sistirá na reparação do dano que ção, se a coisa obrigada a hipote- ano corrente e do anterior;
delas resulte ao ofendido. ca ou privilégio for desapropriada. VII – sobre os exemplares da
Parágrafo único. Se o ofen- obra existente na massa do editor,
dido não puder provar prejuízo Art. 960. Nos casos a que se o autor dela, ou seus legítimos
material, caberá ao juiz fixar, refere o artigo antecedente, o representantes, pelo crédito fun-
equitativamente, o valor da in- devedor do seguro, ou da indeni- dado contra aquele no contrato
denização, na conformidade das zação, exonera-se pagando sem da edição;
circunstâncias do caso. oposição dos credores hipotecá- VIII – sobre o produto da co-
rios ou privilegiados. lheita, para a qual houver con-
Art. 954. A indenização por corrido com o seu trabalho, e
ofensa à liberdade pessoal con- Art. 961. O crédito real prefere precipuamente a quaisquer ou-
sistirá no pagamento das per- ao pessoal de qualquer espécie; tros créditos, ainda que reais, o
das e danos que sobrevierem o crédito pessoal privilegiado, ao trabalhador agrícola, quanto à
ao ofendido, e se este não puder simples; e o privilégio especial, dívida dos seus salários;
provar prejuízo, tem aplicação o ao geral. IX – sobre os produtos do aba-
disposto no parágrafo único do te, o credor por animais.
artigo antecedente. Art. 962. Quando concorrerem
Parágrafo único. Conside- aos mesmos bens, e por título Art. 965. Goza de privilégio ge-
ram-se ofensivos da liberdade igual, dois ou mais credores da ral, na ordem seguinte, sobre os
pessoal: mesma classe especialmente bens do devedor:
I – o cárcere privado; privilegiados, haverá entre eles I – o crédito por despesa de
II – a prisão por queixa ou de- rateio proporcional ao valor dos seu funeral, feito segundo a con-
núncia falsa e de má-fé; respectivos créditos, se o produ- dição do morto e o costume do
III – a prisão ilegal. to não bastar para o pagamento lugar;
integral de todos. II – o crédito por custas judi-
ciais, ou por despesas com a ar-
TÍTULO X – DAS Art. 963. O privilégio especial recadação e liquidação da massa;
PREFERÊNCIAS E só compreende os bens sujei- III – o crédito por despesas
PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS tos, por expressa disposição de com o luto do cônjuge sobrevivo
lei, ao pagamento do crédito que e dos filhos do devedor falecido,
Art. 955. Procede-se à declara- ele favorece; e o geral, todos os se foram moderadas;
ção de insolvência toda vez que bens não sujeitos a crédito real IV – o crédito por despesas
as dívidas excedam à importância nem a privilégio especial. com a doença de que faleceu o
dos bens do devedor. devedor, no semestre anterior à
Art. 964. Têm privilégio espe- sua morte;
Art. 956. A discussão entre os cial: V – o crédito pelos gastos
credores pode versar quer sobre a I – sobre a coisa arrecadada necessários à mantença do de-
preferência entre eles disputada, e liquidada, o credor de custas e vedor falecido e sua família, no
quer sobre a nulidade, simulação, despesas judiciais feitas com a trimestre anterior ao falecimento;
fraude, ou falsidade das dívidas arrecadação e liquidação; VI – o crédito pelos impostos
e contratos. II – sobre a coisa salvada, devidos à Fazenda Pública, no ano
o credor por despesas de sal- corrente e no anterior;
Art. 957. Não havendo título le- vamento; VII – o crédito pelos salários
gal à preferência, terão os credo- III – sobre a coisa beneficiada, dos empregados do serviço do-
res igual direito sobre os bens do o credor por benfeitorias neces- méstico do devedor, nos seus
devedor comum. sárias ou úteis; derradeiros seis meses de vida;
IV – sobre os prédios rústicos VIII – os demais créditos de
Art. 958. Os títulos legais de ou urbanos, fábricas, oficinas, ou privilégio geral.
188
Código Civil
LIVRO II – DO DIREITO DE sócios, o empresário individual pal profissão, pode, observadas
EMPRESA poderá solicitar ao Registro Pú- as formalidades de que tratam
blico de Empresas Mercantis a o art. 968 e seus parágrafos, re-
TÍTULO I – DO EMPRESÁRIO transformação de seu registro querer inscrição no Registro Pú-
de empresário para registro de blico de Empresas Mercantis da
CAPÍTULO I – DA sociedade empresária, obser- respectiva sede, caso em que,
CARACTERIZAÇÃO E DA vado, no que couber, o disposto depois de inscrito, ficará equi-
INSCRIÇÃO nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código. parado, para todos os efeitos,
§ 4o O processo de abertu- ao empresário sujeito a registro.
Art. 966. Considera-se empre- ra, registro, alteração e baixa do Parágrafo único. Aplica-se o
sário quem exerce profissional- microempreendedor individual disposto no caput deste artigo à
mente atividade econômica or- de que trata o art. 18‑A da Lei associação que desenvolva ati-
ganizada para a produção ou a Complementar no 123, de 14 de vidade futebolística em caráter
circulação de bens ou de serviços. dezembro de 2006, bem como habitual e profissional, caso em
Parágrafo único. Não se con- qualquer exigência para o início que, com a inscrição, será con-
sidera empresário quem exerce de seu funcionamento deverão siderada empresária, para todos
profissão intelectual, de natureza ter trâmite especial e simplifica- os efeitos.
científica, literária ou artística, do, preferentemente eletrônico,
ainda com o concurso de auxilia- opcional para o empreendedor,
res ou colaboradores, salvo se o na forma a ser disciplinada pelo CAPÍTULO II – DA
exercício da profissão constituir Comitê para Gestão da Rede Na- CAPACIDADE
elemento de empresa. cional para a Simplificação do
Registro e da Legalização de Em- Art. 972. Podem exercer a ativi-
Art. 967. É obrigatória a inscri- presas e Negócios – CGSIM, de dade de empresário os que esti-
ção do empresário no Registro que trata o inciso III do art. 2o da verem em pleno gozo da capaci-
Público de Empresas Mercantis mesma Lei. dade civil e não forem legalmente
da respectiva sede, antes do iní- § 5o Para fins do disposto no impedidos.
cio de sua atividade. § 4 , poderão ser dispensados o
o
189
Código Civil
Juntas Comerciais deverá re- Civil, serão arquivados e aver- com um desses tipos, e, não o
gistrar contratos ou alterações bados, no Registro Público de fazendo, subordina-se às normas
contratuais de sociedade que Empresas Mercantis, os pactos que lhe são próprias.
envolva sócio incapaz, desde que e declarações antenupciais do Parágrafo único. Ressalvam-
atendidos, de forma conjunta, os empresário, o título de doação, -se as disposições concernentes
seguintes pressupostos: herança, ou legado, de bens clau- à sociedade em conta de partici-
I – o sócio incapaz não pode sulados de incomunicabilidade ou pação e à cooperativa, bem como
exercer a administração da so- inalienabilidade. as constantes de leis especiais
ciedade; que, para o exercício de certas
II – o capital social deve ser Art. 980. A sentença que de- atividades, imponham a cons-
totalmente integralizado; cretar ou homologar a separação tituição da sociedade segundo
III – o sócio relativamente judicial do empresário e o ato determinado tipo.
incapaz deve ser assistido e o de reconciliação não podem ser
absolutamente incapaz deve ser opostos a terceiros, antes de ar- Art. 984. A sociedade que tenha
representado por seus represen- quivados e averbados no Registro por objeto o exercício de atividade
tantes legais. Público de Empresas Mercantis. própria de empresário rural e seja
constituída, ou transformada, de
Art. 975. Se o representante ou acordo com um dos tipos de so-
assistente do incapaz for pessoa TÍTULO I-A – DA ciedade empresária, pode, com as
que, por disposição de lei, não EMPRESA INDIVIDUAL formalidades do art. 968, requerer
puder exercer atividade de em- DE RESPONSABILIDADE inscrição no Registro Público de
presário, nomeará, com a aprova- LIMITADA Empresas Mercantis da sua sede,
ção do juiz, um ou mais gerentes. caso em que, depois de inscrita,
§ 1o Do mesmo modo será Art. 980-A. (Revogado) ficará equiparada, para todos os
nomeado gerente em todos os efeitos, à sociedade empresária.
casos em que o juiz entender ser Parágrafo único. Embora já
conveniente. TÍTULO II – DA SOCIEDADE constituída a sociedade segun-
§ 2o A aprovação do juiz não CAPÍTULO ÚNICO – do um daqueles tipos, o pedido
exime o representante ou assis- de inscrição se subordinará, no
tente do menor ou do interdito DISPOSIÇÕES GERAIS que for aplicável, às normas que
da responsabilidade pelos atos regem a transformação.
dos gerentes nomeados. Art. 981. Celebram contrato de
sociedade as pessoas que reci- Art. 985. A sociedade adqui-
Art. 976. A prova da emancipa- procamente se obrigam a contri- re personalidade jurídica com
ção e da autorização do incapaz, buir, com bens ou serviços, para a inscrição, no registro próprio
nos casos do art. 974, e a de even- o exercício de atividade econô- e na forma da lei, dos seus atos
tual revogação desta, serão ins- mica e a partilha, entre si, dos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
critas ou averbadas no Registro resultados.
Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A atividade
Parágrafo único. O uso da pode restringir-se à realização SUBTÍTULO I – DA
nova firma caberá, conforme o de um ou mais negócios deter- SOCIEDADE NÃO
caso, ao gerente; ou ao repre- minados. PERSONIFICADA
sentante do incapaz; ou a este,
quando puder ser autorizado. Art. 982. Salvo as exceções ex- CAPÍTULO I – DA
pressas, considera-se empresária SOCIEDADE EM COMUM
Art. 977. Faculta-se aos cônju- a sociedade que tem por objeto
ges contratar sociedade, entre si o exercício de atividade própria Art. 986. Enquanto não inscritos
ou com terceiros, desde que não de empresário sujeito a registro os atos constitutivos, reger-se-á
tenham casado no regime da co- (art. 967); e, simples, as demais. a sociedade, exceto por ações
munhão universal de bens, ou no Parágrafo único. Indepen- em organização, pelo disposto
da separação obrigatória. dentemente de seu objeto, con- neste Capítulo, observadas, sub-
sidera-se empresária a sociedade sidiariamente e no que com ele
Art. 978. O empresário casado por ações; e, simples, a coope- forem compatíveis, as normas da
pode, sem necessidade de outor- rativa. sociedade simples.
ga conjugal, qualquer que seja o
regime de bens, alienar os imóveis Art. 983. A sociedade empresá- Art. 987. Os sócios, nas relações
que integrem o patrimônio da em- ria deve constituir-se segundo um entre si ou com terceiros, so-
presa ou gravá-los de ônus real. dos tipos regulados nos arts. 1.039 mente por escrito podem provar
a 1.092; a sociedade simples pode a existência da sociedade, mas
Art. 979. Além de no Registro constituir-se de conformidade os terceiros podem prová-la de
190
Código Civil
qualquer modo. de responder solidariamente com tado civil, profissão e residência
este pelas obrigações em que dos sócios, se pessoas naturais,
Art. 988. Os bens e dívidas so- intervier. e a firma ou a denominação, na-
ciais constituem patrimônio es- cionalidade e sede dos sócios,
pecial, do qual os sócios são ti- Art. 994. A contribuição do só- se jurídicas;
tulares em comum. cio participante constitui, com II – denominação, objeto, sede
a do sócio ostensivo, patrimô- e prazo da sociedade;
Art. 989. Os bens sociais res- nio especial, objeto da conta de III – capital da sociedade, ex-
pondem pelos atos de gestão pra- participação relativa aos negó- presso em moeda corrente, po-
ticados por qualquer dos sócios, cios sociais. dendo compreender qualquer
salvo pacto expresso limitativo § 1o A especialização patri- espécie de bens, suscetíveis de
de poderes, que somente terá monial somente produz efeitos avaliação pecuniária;
eficácia contra o terceiro que o em relação aos sócios. IV – a quota de cada sócio
conheça ou deva conhecer. § 2o A falência do sócio os- no capital social, e o modo de
tensivo acarreta a dissolução da realizá-la;
Art. 990. Todos os sócios res- sociedade e a liquidação da res- V – as prestações a que se
pondem solidária e ilimitada- pectiva conta, cujo saldo consti- obriga o sócio, cuja contribuição
mente pelas obrigações sociais, tuirá crédito quirografário. consista em serviços;
excluído do benefício de ordem, § 3o Falindo o sócio partici- VI – as pessoas naturais in-
previsto no art. 1.024, aquele que pante, o contrato social fica su- cumbidas da administração da
contratou pela sociedade. jeito às normas que regulam os sociedade, e seus poderes e atri-
efeitos da falência nos contratos buições;
bilaterais do falido. VII – a participação de cada
CAPÍTULO II – DA sócio nos lucros e nas perdas;
SOCIEDADE EM CONTA DE Art. 995. Salvo estipulação em VIII – se os sócios respondem,
PARTICIPAÇÃO contrário, o sócio ostensivo não ou não, subsidiariamente, pelas
pode admitir novo sócio sem o obrigações sociais.
Art. 991. Na sociedade em conta consentimento expresso dos Parágrafo único. É ineficaz
de participação, a atividade cons- demais. em relação a terceiros qualquer
titutiva do objeto social é exercida pacto separado, contrário ao dis-
unicamente pelo sócio ostensivo, Art. 996. Aplica-se à sociedade posto no instrumento do contrato.
em seu nome individual e sob sua em conta de participação, sub-
própria e exclusiva responsabi- sidiariamente e no que com ela Art. 998. Nos trinta dias sub-
lidade, participando os demais for compatível, o disposto para sequentes à sua constituição,
dos resultados correspondentes. a sociedade simples, e a sua li- a sociedade deverá requerer a
Parágrafo único. Obriga-se quidação rege-se pelas normas inscrição do contrato social no
perante terceiro tão somente o relativas à prestação de contas, Registro Civil das Pessoas Jurí-
sócio ostensivo; e, exclusivamen- na forma da lei processual. dicas do local de sua sede.
te perante este, o sócio partici- Parágrafo único. Havendo § 1o O pedido de inscrição
pante, nos termos do contrato mais de um sócio ostensivo, as será acompanhado do instru-
social. respectivas contas serão pres- mento autenticado do contrato,
tadas e julgadas no mesmo pro- e, se algum sócio nele houver sido
Art. 992. A constituição da so- cesso. representado por procurador, o
ciedade em conta de participação da respectiva procuração, bem
independe de qualquer formali- como, se for o caso, da prova de
dade e pode provar-se por todos SUBTÍTULO II – autorização da autoridade com-
os meios de direito. DA SOCIEDADE petente.
PERSONIFICADA § 2o Com todas as indicações
Art. 993. O contrato social pro- enumeradas no artigo antece-
duz efeito somente entre os só- CAPÍTULO I – DA dente, será a inscrição tomada
cios, e a eventual inscrição de seu SOCIEDADE SIMPLES por termo no livro de registro
instrumento em qualquer registro próprio, e obedecerá a número
não confere personalidade jurídi- Seção I – Do Contrato Social de ordem contínua para todas
ca à sociedade. as sociedades inscritas.
Parágrafo único. Sem pre- Art. 997. A sociedade constitui-
juízo do direito de fiscalizar a -se mediante contrato escrito, Art. 999. As modificações do
gestão dos negócios sociais, o particular ou público, que, além contrato social, que tenham
sócio participante não pode to- de cláusulas estipuladas pelas por objeto matéria indicada no
mar parte nas relações do sócio partes, mencionará: art. 997, dependem do consen-
ostensivo com terceiros, sob pena I – nome, nacionalidade, es- timento de todos os sócios; as
191
Código Civil
demais podem ser decididas por pela sociedade, responderá pe- tos correspondentes a mais de
maioria absoluta de votos, se o rante esta pelo dano emergente metade do capital.
contrato não determinar a neces- da mora. § 2o Prevalece a decisão su-
sidade de deliberação unânime. Parágrafo único. Verificada a fragada por maior número de só-
Parágrafo único. Qualquer mora, poderá a maioria dos de- cios no caso de empate, e, se este
modificação do contrato social mais sócios preferir, à indeniza- persistir, decidirá o juiz.
será averbada, cumprindo-se as ção, a exclusão do sócio remisso, § 3o Responde por perdas e
formalidades previstas no artigo ou reduzir-lhe a quota ao mon- danos o sócio que, tendo em algu-
antecedente. tante já realizado, aplicando-se, ma operação interesse contrário
em ambos os casos, o disposto ao da sociedade, participar da
Art. 1.000. A sociedade sim- no § 1o do art. 1.031. deliberação que a aprove graças
ples que instituir sucursal, filial a seu voto.
ou agência na circunscrição de Art. 1.005. O sócio que, a título
outro Registro Civil das Pessoas de quota social, transmitir domí- Art. 1.011. O administrador da
Jurídicas, neste deverá também nio, posse ou uso, responde pela sociedade deverá ter, no exercí-
inscrevê-la, com a prova da ins- evicção; e pela solvência do deve- cio de suas funções, o cuidado e
crição originária. dor, aquele que transferir crédito. a diligência que todo homem ati-
Parágrafo único. Em qual- vo e probo costuma empregar na
quer caso, a constituição da su- Art. 1.006. O sócio, cuja contri- administração de seus próprios
cursal, filial ou agência deverá buição consista em serviços, não negócios.
ser averbada no Registro Civil da pode, salvo convenção em con- § 1o Não podem ser adminis-
respectiva sede. trário, empregar-se em atividade tradores, além das pessoas im-
estranha à sociedade, sob pena pedidas por lei especial, os con-
de ser privado de seus lucros e denados a pena que vede, ainda
Seção II – Dos Direitos e dela excluído. que temporariamente, o acesso a
Obrigações dos Sócios cargos públicos; ou por crime fali-
Art. 1.007. Salvo estipulação em mentar, de prevaricação, peita ou
Art. 1.001. As obrigações dos contrário, o sócio participa dos suborno, concussão, peculato; ou
sócios começam imediatamente lucros e das perdas, na propor- contra a economia popular, con-
com o contrato, se este não fixar ção das respectivas quotas, mas tra o sistema financeiro nacional,
outra data, e terminam quando, li- aquele, cuja contribuição consiste contra as normas de defesa da
quidada a sociedade, se extingui- em serviços, somente participa concorrência, contra as relações
rem as responsabilidades sociais. dos lucros na proporção da média de consumo, a fé pública ou a pro-
do valor das quotas. priedade, enquanto perdurarem
Art. 1.002. O sócio não pode ser os efeitos da condenação.
substituído no exercício das suas Art. 1.008. É nula a estipulação § 2o Aplicam-se à atividade
funções, sem o consentimento contratual que exclua qualquer dos administradores, no que cou-
dos demais sócios, expresso em sócio de participar dos lucros e ber, as disposições concernentes
modificação do contrato social. das perdas. ao mandato.
Art. 1.003. A cessão total ou par- Art. 1.009. A distribuição de lu- Art. 1.012. O administrador, no-
cial de quota, sem a correspon- cros ilícitos ou fictícios acarreta meado por instrumento em sepa-
dente modificação do contrato responsabilidade solidária dos rado, deve averbá-lo à margem da
social com o consentimento dos administradores que a realizarem inscrição da sociedade, e, pelos
demais sócios, não terá eficácia e dos sócios que os receberem, atos que praticar, antes de re-
quanto a estes e à sociedade. conhecendo ou devendo conhe- querer a averbação, responde
Parágrafo único. Até dois cer-lhes a ilegitimidade. pessoal e solidariamente com a
anos depois de averbada a mo- sociedade.
dificação do contrato, responde
o cedente solidariamente com o
Seção III – Da Administração Art. 1.013. A administração da
cessionário, perante a sociedade sociedade, nada dispondo o con-
e terceiros, pelas obrigações que Art. 1.010. Quando, por lei ou trato social, compete separada-
tinha como sócio. pelo contrato social, competir aos mente a cada um dos sócios.
sócios decidir sobre os negócios § 1o Se a administração com-
Art. 1.004. Os sócios são obri- da sociedade, as deliberações petir separadamente a vários ad-
gados, na forma e prazo previs- serão tomadas por maioria de ministradores, cada um pode im-
tos, às contribuições estabeleci- votos, contados segundo o valor pugnar operação pretendida por
das no contrato social, e aquele das quotas de cada um. outro, cabendo a decisão aos só-
que deixar de fazê-lo, nos trinta § 1o Para formação da maio- cios, por maioria de votos.
dias seguintes ao da notificação ria absoluta são necessários vo- § 2o Responde por perdas
192
Código Civil
e danos perante a sociedade o causa, reconhecida judicialmente, dade não estiver dissolvida, pode
administrador que realizar opera- a pedido de qualquer dos sócios. o credor requerer a liquidação da
ções, sabendo ou devendo saber Parágrafo único. São revogá- quota do devedor, cujo valor, apu-
que estava agindo em desacordo veis, a qualquer tempo, os pode- rado na forma do art. 1.031, será
com a maioria. res conferidos a sócio por ato se- depositado em dinheiro, no juízo
parado, ou a quem não seja sócio. da execução, até noventa dias
Art. 1.014. Nos atos de compe- após aquela liquidação.
tência conjunta de vários admi- Art. 1.020. Os administradores
nistradores, torna-se necessário são obrigados a prestar aos só- Art. 1.027. Os herdeiros do côn-
o concurso de todos, salvo nos cios contas justificadas de sua juge de sócio, ou o cônjuge do
casos urgentes, em que a omis- administração, e apresentar-lhes que se separou judicialmente,
são ou retardo das providências o inventário anualmente, bem não podem exigir desde logo a
possa ocasionar dano irreparável como o balanço patrimonial e o parte que lhes couber na quota
ou grave. de resultado econômico. social, mas concorrer à divisão
periódica dos lucros, até que se
Art. 1.015. No silêncio do con- Art. 1.021. Salvo estipulação que liquide a sociedade.
trato, os administradores podem determine época própria, o sócio
praticar todos os atos pertinentes pode, a qualquer tempo, exami-
à gestão da sociedade; não cons- nar os livros e documentos, e o
Seção V – Da Resolução da
tituindo objeto social, a onera- estado da caixa e da carteira da Sociedade em Relação a um
ção ou a venda de bens imóveis sociedade. Sócio
depende do que a maioria dos
sócios decidir. Art. 1.028. No caso de morte
Parágrafo único. (Revogado)
Seção IV – Das Relações com de sócio, liquidar-se-á sua quo-
Terceiros ta, salvo:
Art. 1.016. Os administradores I – se o contrato dispuser di-
respondem solidariamente pe- Art. 1.022. A sociedade adquire ferentemente;
rante a sociedade e os terceiros direitos, assume obrigações e II – se os sócios remanes-
prejudicados, por culpa no de- procede judicialmente, por meio centes optarem pela dissolução
sempenho de suas funções. de administradores com poderes da sociedade;
especiais, ou, não os havendo, III – se, por acordo com os
Art. 1.017. O administrador que, por intermédio de qualquer ad- herdeiros, regular-se a substi-
sem consentimento escrito dos ministrador. tuição do sócio falecido.
sócios, aplicar créditos ou bens
sociais em proveito próprio ou Art. 1.023. Se os bens da socie- Art. 1.029. Além dos casos pre-
de terceiros, terá de restituí-los dade não lhe cobrirem as dívidas, vistos na lei ou no contrato, qual-
à sociedade, ou pagar o equiva- respondem os sócios pelo saldo, quer sócio pode retirar-se da so-
lente, com todos os lucros resul- na proporção em que participem ciedade; se de prazo indetermi-
tantes, e, se houver prejuízo, por das perdas sociais, salvo cláusula nado, mediante notificação aos
ele também responderá. de responsabilidade solidária. demais sócios, com antecedência
Parágrafo único. Fica sujeito mínima de sessenta dias; se de
às sanções o administrador que, Art. 1.024. Os bens particulares prazo determinado, provando ju-
tendo em qualquer operação inte- dos sócios não podem ser execu- dicialmente justa causa.
resse contrário ao da sociedade, tados por dívidas da sociedade, Parágrafo único. Nos trinta
tome parte na correspondente senão depois de executados os dias subsequentes à notificação,
deliberação. bens sociais. podem os demais sócios optar
pela dissolução da sociedade.
Art. 1.018. Ao administrador é Art. 1.025. O sócio, admitido em
vedado fazer-se substituir no sociedade já constituída, não se Art. 1.030. Ressalvado o dispos-
exercício de suas funções, sen- exime das dívidas sociais ante- to no art. 1.004 e seu parágrafo
do-lhe facultado, nos limites de riores à admissão. único, pode o sócio ser excluído
seus poderes, constituir man- judicialmente, mediante iniciati-
datários da sociedade, especifi- Art. 1.026. O credor particular va da maioria dos demais sócios,
cados no instrumento os atos e de sócio pode, na insuficiência por falta grave no cumprimento
operações que poderão praticar. de outros bens do devedor, fazer de suas obrigações, ou, ainda,
recair a execução sobre o que a por incapacidade superveniente.
Art. 1.019. São irrevogáveis os este couber nos lucros da socie- Parágrafo único. Será de ple-
poderes do sócio investido na ad- dade, ou na parte que lhe tocar no direito excluído da sociedade o
ministração por cláusula expres- em liquidação. sócio declarado falido, ou aquele
sa do contrato social, salvo justa Parágrafo único. Se a socie- cuja quota tenha sido liquidada
193
Código Civil
nos termos do parágrafo único II – exaurido o fim social, ou § 2o A liquidação da socieda-
do art. 1.026. verificada a sua inexequibilidade. de se processa de conformidade
com o disposto no Capítulo IX,
Art. 1.031. Nos casos em que a Art. 1.035. O contrato pode pre- deste Subtítulo.
sociedade se resolver em relação ver outras causas de dissolução,
a um sócio, o valor da sua quota, a serem verificadas judicialmente
considerada pelo montante efeti- quando contestadas. CAPÍTULO II – DA
vamente realizado, liquidar-se-á, SOCIEDADE EM NOME
salvo disposição contratual em Art. 1.036. Ocorrida a dissolu- COLETIVO
contrário, com base na situação ção, cumpre aos administradores
patrimonial da sociedade, à data providenciar imediatamente a in- Art. 1.039. Somente pessoas
da resolução, verificada em ba- vestidura do liquidante, e restrin- físicas podem tomar parte na
lanço especialmente levantado. gir a gestão própria aos negócios sociedade em nome coletivo,
§ 1o O capital social sofrerá inadiáveis, vedadas novas opera- respondendo todos os sócios,
a correspondente redução, salvo ções, pelas quais responderão solidária e ilimitadamente, pelas
se os demais sócios suprirem o solidária e ilimitadamente. obrigações sociais.
valor da quota. Parágrafo único. Dissolvida Parágrafo único. Sem preju-
§ 2o A quota liquidada será de pleno direito a sociedade, pode ízo da responsabilidade perante
paga em dinheiro, no prazo de o sócio requerer, desde logo, a terceiros, podem os sócios, no
noventa dias, a partir da liquida- liquidação judicial. ato constitutivo, ou por unânime
ção, salvo acordo, ou estipulação convenção posterior, limitar entre
contratual em contrário. Art. 1.037. Ocorrendo a hipótese si a responsabilidade de cada um.
prevista no inciso V do art. 1.033,
Art. 1.032. A retirada, exclusão o Ministério Público, tão logo lhe Art. 1.040. A sociedade em
ou morte do sócio, não o exime, comunique a autoridade com- nome coletivo se rege pelas
ou a seus herdeiros, da responsa- petente, promoverá a liquidação normas deste Capítulo e, no que
bilidade pelas obrigações sociais judicial da sociedade, se os ad- seja omisso, pelas do Capítulo
anteriores, até dois anos após ministradores não o tiverem feito antecedente.
averbada a resolução da socie- nos trinta dias seguintes à perda
dade; nem nos dois primeiros ca- da autorização, ou se o sócio não Art. 1.041. O contrato deve men-
sos, pelas posteriores e em igual houver exercido a faculdade as- cionar, além das indicações refe-
prazo, enquanto não se requerer segurada no parágrafo único do ridas no art. 997, a firma social.
a averbação. artigo antecedente.
Parágrafo único. Caso o Mi- Art. 1.042. A administração da
nistério Público não promova a sociedade compete exclusiva-
Seção VI – Da Dissolução liquidação judicial da sociedade mente a sócios, sendo o uso da
nos quinze dias subsequentes ao firma, nos limites do contrato,
Art. 1.033. Dissolve-se a socie- recebimento da comunicação, privativo dos que tenham os ne-
dade quando ocorrer: a autoridade competente para cessários poderes.
I – o vencimento do prazo de conceder a autorização nomea-
duração, salvo se, vencido este e rá interventor com poderes para Art. 1.043. O credor particular
sem oposição de sócio, não entrar requerer a medida e administrar a de sócio não pode, antes de dis-
a sociedade em liquidação, caso sociedade até que seja nomeado solver-se a sociedade, pretender
em que se prorrogará por tempo o liquidante. a liquidação da quota do devedor.
indeterminado; Parágrafo único. Poderá fa-
II – o consenso unânime dos Art. 1.038. Se não estiver desig- zê-lo quando:
sócios; nado no contrato social, o liqui- I – a sociedade houver sido
III – a deliberação dos sócios, dante será eleito por deliberação prorrogada tacitamente;
por maioria absoluta, na socieda- dos sócios, podendo a escolha II – tendo ocorrido prorroga-
de de prazo indeterminado; recair em pessoa estranha à so- ção contratual, for acolhida ju-
IV – (Revogado); ciedade. dicialmente oposição do credor,
V – a extinção, na forma da § 1o O liquidante pode ser levantada no prazo de noventa
lei, de autorização para funcionar. destituído, a todo tempo: dias, contado da publicação do
Parágrafo único. (Revogado) I – se eleito pela forma pre- ato dilatório.
vista neste artigo, mediante de-
Art. 1.034. A sociedade pode liberação dos sócios; Art. 1.044. A sociedade se dis-
ser dissolvida judicialmente, a II – em qualquer caso, por solve de pleno direito por qual-
requerimento de qualquer dos via judicial, a requerimento de quer das causas enumeradas no
sócios, quando: um ou mais sócios, ocorrendo art. 1.033 e, se empresária, tam-
I – anulada a sua constituição; justa causa. bém pela declaração da falência.
194
Código Civil
CAPÍTULO III – DA Art. 1.050. No caso de morte de Seção II – Das Quotas
SOCIEDADE EM COMANDITA sócio comanditário, a socieda-
de, salvo disposição do contrato, Art. 1.055. O capital social divi-
SIMPLES continuará com os seus suces- de-se em quotas, iguais ou desi-
sores, que designarão quem os guais, cabendo uma ou diversas
Art. 1.045. Na sociedade em represente. a cada sócio.
comandita simples tomam par- § 1o Pela exata estimação de
te sócios de duas categorias: os Art. 1.051. Dissolve-se de pleno bens conferidos ao capital so-
comanditados, pessoas físicas, direito a sociedade: cial respondem solidariamente
responsáveis solidária e ilimitada- I – por qualquer das causas todos os sócios, até o prazo de
mente pelas obrigações sociais; previstas no art. 1.044; cinco anos da data do registro
e os comanditários, obrigados II – quando por mais de cen- da sociedade.
somente pelo valor de sua quota. to e oitenta dias perdurar a falta § 2o É vedada contribuição
Parágrafo único. O contrato de uma das categorias de sócio. que consista em prestação de
deve discriminar os comandita- Parágrafo único. Na falta de serviços.
dos e os comanditários. sócio comanditado, os comandi-
tários nomearão administrador Art. 1.056. A quota é indivisível
Art. 1.046. Aplicam-se à socie- provisório para praticar, durante o em relação à sociedade, salvo
dade em comandita simples as período referido no inciso II e sem para efeito de transferência, caso
normas da sociedade em nome assumir a condição de sócio, os em que se observará o disposto
coletivo, no que forem compatí- atos de administração. no artigo seguinte.
veis com as deste Capítulo. § 1o No caso de condomínio
Parágrafo único. Aos co- de quota, os direitos a ela ineren-
manditados cabem os mesmos CAPÍTULO IV – DA tes somente podem ser exercidos
direitos e obrigações dos sócios SOCIEDADE LIMITADA pelo condômino representante,
da sociedade em nome coletivo. ou pelo inventariante do espólio
Seção I – Disposições
de sócio falecido.
Art. 1.047. Sem prejuízo da fa- Preliminares § 2o Sem prejuízo do dispos-
culdade de participar das deli- to no art. 1.052, os condôminos
berações da sociedade e de lhe Art. 1.052. Na sociedade limi- de quota indivisa respondem so-
fiscalizar as operações, não pode tada, a responsabilidade de cada lidariamente pelas prestações
o comanditário praticar qualquer sócio é restrita ao valor de suas necessárias à sua integralização.
ato de gestão, nem ter o nome na quotas, mas todos respondem
firma social, sob pena de ficar solidariamente pela integraliza- Art. 1.057. Na omissão do con-
sujeito às responsabilidades de ção do capital social. trato, o sócio pode ceder sua
sócio comanditado. § 1o A sociedade limitada quota, total ou parcialmente, a
Parágrafo único. Pode o co- pode ser constituída por 1 (uma) quem seja sócio, independente-
manditário ser constituído pro- ou mais pessoas. mente de audiência dos outros,
curador da sociedade, para negó- § 2o Se for unipessoal, apli- ou a estranho, se não houver opo-
cio determinado e com poderes car-se-ão ao documento de cons- sição de titulares de mais de um
especiais. tituição do sócio único, no que quarto do capital social.
couber, as disposições sobre o Parágrafo único. A cessão
Art. 1.048. Somente após aver- contrato social. terá eficácia quanto à sociedade
bada a modificação do contrato, e terceiros, inclusive para os fins
produz efeito, quanto a terceiros, Art. 1.053. A sociedade limita- do parágrafo único do art. 1.003,
a diminuição da quota do coman- da rege-se, nas omissões deste a partir da averbação do respec-
ditário, em consequência de ter Capítulo, pelas normas da socie- tivo instrumento, subscrito pelos
sido reduzido o capital social, dade simples. sócios anuentes.
sempre sem prejuízo dos credo- Parágrafo único. O contrato
res preexistentes. social poderá prever a regência Art. 1.058. Não integralizada a
supletiva da sociedade limita- quota de sócio remisso, os outros
Art. 1.049. O sócio comanditá- da pelas normas da sociedade sócios podem, sem prejuízo do
rio não é obrigado à reposição de anônima. disposto no art. 1.004 e seu pa-
lucros recebidos de boa-fé e de rágrafo único, tomá-la para si ou
acordo com o balanço. Art. 1.054. O contrato mencio- transferi-la a terceiros, excluindo
Parágrafo único. Diminuído o nará, no que couber, as indica- o primitivo titular e devolvendo-
capital social por perdas superve- ções do art. 997, e, se for o caso, -lhe o que houver pago, deduzidos
nientes, não pode o comanditário a firma social. os juros da mora, as prestações
receber quaisquer lucros, antes estabelecidas no contrato mais
de reintegrado aquele. as despesas.
195
Código Civil
Art. 1.059. Os sócios serão obri- ra pela aprovação de titulares de te eleito, assinando termo de pos-
gados à reposição dos lucros e quotas correspondentes a mais se lavrado no livro de atas e pare-
das quantias retiradas, a qual- da metade do capital social, salvo ceres do conselho fiscal, em que
quer título, ainda que autorizados disposição contratual diversa. se mencione o seu nome, nacio-
pelo contrato, quando tais lucros § 2o A cessação do exercício nalidade, estado civil, residência e
ou quantia se distribuírem com do cargo de administrador deve a data da escolha, ficará investido
prejuízo do capital. ser averbada no registro com- nas suas funções, que exercerá,
petente, mediante requerimento salvo cessação anterior, até a
apresentado nos dez dias seguin- subsequente assembleia anual.
Seção III – Da Administração tes ao da ocorrência. Parágrafo único. Se o termo
§ 3o A renúncia de adminis- não for assinado nos trinta dias
Art. 1.060. A sociedade limitada trador torna-se eficaz, em relação seguintes ao da eleição, esta se
é administrada por uma ou mais à sociedade, desde o momento tornará sem efeito.
pessoas designadas no contrato em que esta toma conhecimento
social ou em ato separado. da comunicação escrita do renun- Art. 1.068. A remuneração dos
Parágrafo único. A adminis- ciante; e, em relação a terceiros, membros do conselho fiscal será
tração atribuída no contrato a to- após a averbação e publicação. fixada, anualmente, pela assem-
dos os sócios não se estende de bleia dos sócios que os eleger.
pleno direito aos que posterior- Art. 1.064. O uso da firma ou
mente adquiram essa qualidade. denominação social é privativo Art. 1.069. Além de outras atri-
dos administradores que tenham buições determinadas na lei ou
Art. 1.061. A designação de ad- os necessários poderes. no contrato social, aos membros
ministradores não sócios depen- do conselho fiscal incumbem,
derá da aprovação de, no míni- Art. 1.065. Ao término de cada individual ou conjuntamente, os
mo, 2/3 (dois terços) dos sócios, exercício social, proceder-se-á deveres seguintes:
enquanto o capital não estiver à elaboração do inventário, do I – examinar, pelo menos tri-
integralizado, e da aprovação de balanço patrimonial e do balanço mestralmente, os livros e papéis
titulares de quotas corresponden- de resultado econômico. da sociedade e o estado da caixa
tes a mais da metade do capital e da carteira, devendo os adminis-
social, após a integralização. tradores ou liquidantes prestar-
Seção IV – Do Conselho -lhes as informações solicitadas;
Art. 1.062. O administrador de- Fiscal II – lavrar no livro de atas e
signado em ato separado inves- pareceres do conselho fiscal o
tir-se-á no cargo mediante termo Art. 1.066. Sem prejuízo dos po- resultado dos exames referidos
de posse no livro de atas da ad- deres da assembleia dos sócios, no inciso I deste artigo;
ministração. pode o contrato instituir conselho III – exarar no mesmo livro e
§ 1o Se o termo não for as- fiscal composto de três ou mais apresentar à assembleia anual
sinado nos trinta dias seguintes membros e respectivos suplen- dos sócios parecer sobre os ne-
à designação, esta se tornará tes, sócios ou não, residentes no gócios e as operações sociais
sem efeito. País, eleitos na assembleia anual do exercício em que servirem,
§ 2o Nos dez dias seguintes prevista no art. 1.078. tomando por base o balanço pa-
ao da investidura, deve o adminis- § 1o Não podem fazer parte trimonial e o de resultado eco-
trador requerer seja averbada sua do conselho fiscal, além dos ine- nômico;
nomeação no registro competen- legíveis enumerados no § 1o do IV – denunciar os erros, frau-
te, mencionando o seu nome, na- art. 1.011, os membros dos demais des ou crimes que descobrirem,
cionalidade, estado civil, residên- órgãos da sociedade ou de outra sugerindo providências úteis à
cia, com exibição de documento por ela controlada, os emprega- sociedade;
de identidade, o ato e a data da dos de quaisquer delas ou dos V – convocar a assembleia
nomeação e o prazo de gestão. respectivos administradores, o dos sócios se a diretoria retar-
cônjuge ou parente destes até o dar por mais de trinta dias a sua
Art. 1.063. O exercício do car- terceiro grau. convocação anual, ou sempre
go de administrador cessa pela § 2o É assegurado aos sócios que ocorram motivos graves e
destituição, em qualquer tem- minoritários, que representarem urgentes;
po, do titular, ou pelo término pelo menos um quinto do capital VI – praticar, durante o perío-
do prazo se, fixado no contrato social, o direito de eleger, sepa- do da liquidação da sociedade, os
ou em ato separado, não houver radamente, um dos membros do atos a que se refere este artigo,
recondução. conselho fiscal e o respectivo tendo em vista as disposições es-
§ 1o Tratando-se de sócio no- suplente. peciais reguladoras da liquidação.
meado administrador no contrato,
sua destituição somente se ope- Art. 1.067. O membro ou suplen- Art. 1.070. As atribuições e
196
Código Civil
poderes conferidos pela lei ao dem do dia. cios escolhidos entre os presen-
conselho fiscal não podem ser § 3o A reunião ou a assem- tes.
outorgados a outro órgão da so- bleia tornam-se dispensáveis § 1o Dos trabalhos e delibe-
ciedade, e a responsabilidade de quando todos os sócios decidi- rações será lavrada, no livro de
seus membros obedece à regra rem, por escrito, sobre a matéria atas da assembleia, ata assinada
que define a dos administradores que seria objeto delas. pelos membros da mesa e por
(art. 1.016). § 4o No caso do inciso VIII sócios participantes da reunião,
Parágrafo único. O conselho do artigo antecedente, os admi- quantos bastem à validade das
fiscal poderá escolher para assis- nistradores, se houver urgência deliberações, mas sem prejuízo
ti-lo no exame dos livros, dos ba- e com autorização de titulares dos que queiram assiná-la.
lanços e das contas, contabilista de mais da metade do capital so- § 2o Cópia da ata autenticada
legalmente habilitado, mediante cial, podem requerer concordata pelos administradores, ou pela
remuneração aprovada pela as- preventiva. mesa, será, nos vinte dias subse-
sembleia dos sócios. § 5o As deliberações toma- quentes à reunião, apresentada
das de conformidade com a lei ao Registro Público de Empresas
e o contrato vinculam todos os Mercantis para arquivamento e
Seção V – Das Deliberações sócios, ainda que ausentes ou averbação.
dos Sócios dissidentes. § 3o Ao sócio, que a solicitar,
§ 6o Aplica-se às reuniões será entregue cópia autenticada
Art. 1.071. Dependem da delibe- dos sócios, nos casos omissos no da ata.
ração dos sócios, além de outras contrato, o disposto na presente
matérias indicadas na lei ou no Seção sobre a assembleia. Art. 1.076. Ressalvado o dispos-
contrato: to no art. 1.061, as deliberações
I – a aprovação das contas da Art. 1.073. A reunião ou a as- dos sócios serão tomadas:
administração; sembleia podem também ser I – (Revogado);
II – a designação dos admi- convocadas: II – pelos votos correspon-
nistradores, quando feita em ato I – por sócio, quando os ad- dentes a mais da metade do ca-
separado; ministradores retardarem a con- pital social, nos casos previstos
III – a destituição dos admi- vocação, por mais de sessenta nos incisos II, III, IV, V, VI e VIII do
nistradores; dias, nos casos previstos em lei caput do art. 1.071 deste Código;
IV – o modo de sua remune- ou no contrato, ou por titulares III – pela maioria de votos
ração, quando não estabelecido de mais de um quinto do capital, dos presentes, nos demais casos
no contrato; quando não atendido, no prazo de previstos na lei ou no contrato,
V – a modificação do con- oito dias, pedido de convocação se este não exigir maioria mais
trato social; fundamentado, com indicação elevada.
VI – a incorporação, a fusão das matérias a serem tratadas;
e a dissolução da sociedade, ou a II – pelo conselho fiscal, se Art. 1.077. Quando houver mo-
cessação do estado de liquidação; houver, nos casos a que se refere dificação do contrato, fusão da
VII – a nomeação e destitui- o inciso V do art. 1.069. sociedade, incorporação de ou-
ção dos liquidantes e o julgamen- tra, ou dela por outra, terá o sócio
to das suas contas; Art. 1.074. A assembleia dos só- que dissentiu o direito de retirar-
VIII – o pedido de concordata. cios instala-se com a presença, -se da sociedade, nos trinta dias
em primeira convocação, de titu- subsequentes à reunião, aplican-
Art. 1.072. As deliberações dos lares de no mínimo três quartos do-se, no silêncio do contrato
sócios, obedecido o disposto no do capital social, e, em segunda, social antes vigente, o disposto
art. 1.010, serão tomadas em reu- com qualquer número. no art. 1.031.
nião ou em assembleia, confor- § 1o O sócio pode ser repre-
me previsto no contrato social, sentado na assembleia por outro Art. 1.078. A assembleia dos só-
devendo ser convocadas pelos sócio, ou por advogado, mediante cios deve realizar-se ao menos
administradores nos casos pre- outorga de mandato com espe- uma vez por ano, nos quatro me-
vistos em lei ou no contrato. cificação dos atos autorizados, ses seguintes ao término do exer-
§ 1o A deliberação em assem- devendo o instrumento ser levado cício social, com o objetivo de:
bleia será obrigatória se o número a registro, juntamente com a ata. I – tomar as contas dos ad-
dos sócios for superior a dez. § 2o Nenhum sócio, por si ministradores e deliberar sobre
§ 2o Dispensam-se as for- ou na condição de mandatário, o balanço patrimonial e o de re-
malidades de convocação previs- pode votar matéria que lhe diga sultado econômico;
tas no § 3o do art. 1.152, quando respeito diretamente. II – designar administradores,
todos os sócios comparecerem quando for o caso;
ou se declararem, por escrito, Art. 1.075. A assembleia será III – tratar de qualquer ou-
cientes do local, data, hora e or- presidida e secretariada por só- tro assunto constante da ordem
197
Código Civil
do dia. Seção VI – Do Aumento e da belecido no parágrafo antece-
§ 1o Até trinta dias antes da Redução do Capital dente, não for impugnada, ou se
data marcada para a assembleia, provado o pagamento da dívida
os documentos referidos no inci- Art. 1.081. Ressalvado o dispos- ou o depósito judicial do respec-
so I deste artigo devem ser pos- to em lei especial, integralizadas tivo valor.
tos, por escrito, e com a prova do as quotas, pode ser o capital au- § 3o Satisfeitas as condições
respectivo recebimento, à dispo- mentado, com a correspondente estabelecidas no parágrafo ante-
sição dos sócios que não exerçam modificação do contrato. cedente, proceder-se-á à aver-
a administração. § 1o Até trinta dias após a bação, no Registro Público de
§ 2o Instalada a assembleia, deliberação, terão os sócios pre- Empresas Mercantis, da ata que
proceder-se-á à leitura dos do- ferência para participar do au- tenha aprovado a redução.
cumentos referidos no parágra- mento, na proporção das quotas
fo antecedente, os quais serão de que sejam titulares.
submetidos, pelo presidente, a § 2o À cessão do direito de
Seção VII – Da Resolução
discussão e votação, nesta não preferência, aplica-se o disposto da Sociedade em Relação a
podendo tomar parte os membros no caput do art. 1.057. Sócios Minoritários
da administração e, se houver, os § 3o Decorrido o prazo da
do conselho fiscal. preferência, e assumida pelos Art. 1.085. Ressalvado o dispos-
§ 3o A aprovação, sem reser- sócios, ou por terceiros, a totali- to no art. 1.030, quando a maio-
va, do balanço patrimonial e do dade do aumento, haverá reunião ria dos sócios, representativa de
de resultado econômico, salvo ou assembleia dos sócios, para mais da metade do capital social,
erro, dolo ou simulação, exonera que seja aprovada a modificação entender que um ou mais sócios
de responsabilidade os membros do contrato. estão pondo em risco a conti-
da administração e, se houver, os nuidade da empresa, em virtude
do conselho fiscal. Art. 1.082. Pode a sociedade de atos de inegável gravidade,
§ 4o Extingue-se em dois reduzir o capital, mediante a poderá excluí-los da sociedade,
anos o direito de anular a apro- correspondente modificação do mediante alteração do contrato
vação a que se refere o parágrafo contrato: social, desde que prevista neste
antecedente. I – depois de integralizado, a exclusão por justa causa.
se houver perdas irreparáveis; Parágrafo único. Ressalvado
Art. 1.079. Aplica-se às reuni- II – se excessivo em relação o caso em que haja apenas dois
ões dos sócios, nos casos omis- ao objeto da sociedade. sócios na sociedade, a exclusão
sos no contrato, o estabelecido de um sócio somente poderá ser
nesta Seção sobre a assembleia, Art. 1.083. No caso do inciso I determinada em reunião ou as-
obedecido o disposto no § 1o do do artigo antecedente, a redução sembleia especialmente convoca-
art. 1.072. do capital será realizada com a da para esse fim, ciente o acusado
diminuição proporcional do valor em tempo hábil para permitir seu
Art. 1.080. As deliberações in- nominal das quotas, tornando-se comparecimento e o exercício do
fringentes do contrato ou da lei efetiva a partir da averbação, no direito de defesa.
tornam ilimitada a responsabili- Registro Público de Empresas
dade dos que expressamente as Mercantis, da ata da assembleia Art. 1.086. Efetuado o registro
aprovaram. que a tenha aprovado. da alteração contratual, aplicar-
-se-á o disposto nos arts. 1.031
Art. 1.080-A. O sócio poderá Art. 1.084. No caso do inciso II e 1.032.
participar e votar a distância em do art. 1.082, a redução do capital
reunião ou em assembleia, nos será feita restituindo-se parte do
termos do regulamento do órgão valor das quotas aos sócios, ou
Seção VIII – Da Dissolução
competente do Poder Executivo dispensando-se as prestações
federal. ainda devidas, com diminuição Art. 1.087. A sociedade dissolve-
Parágrafo único. A reunião ou proporcional, em ambos os ca- -se, de pleno direito, por qualquer
a assembleia poderá ser realizada sos, do valor nominal das quotas. das causas previstas no art. 1.044.
de forma digital, respeitados os § 1o No prazo de noventa
direitos legalmente previstos de dias, contado da data da publi-
participação e de manifestação cação da ata da assembleia que CAPÍTULO V – DA
dos sócios e os demais requisitos aprovar a redução, o credor qui- SOCIEDADE ANÔNIMA
regulamentares. rografário, por título líquido ante-
Seção Única – Da
rior a essa data, poderá opor-se
ao deliberado. Caracterização
§ 2o A redução somente se
tornará eficaz se, no prazo esta- Art. 1.088. Na sociedade anô-
198
Código Civil
nima ou companhia, o capital CAPÍTULO VII – DA mitadamente pelas obrigações
divide-se em ações, obrigando-se SOCIEDADE COOPERATIVA sociais.
cada sócio ou acionista somente
pelo preço de emissão das ações Art. 1.093. A sociedade coope- Art. 1.096. No que a lei for omis-
que subscrever ou adquirir. rativa reger-se-á pelo disposto sa, aplicam-se as disposições
no presente Capítulo, ressalvada referentes à sociedade simples,
Art. 1.089. A sociedade anônima a legislação especial. resguardadas as características
rege-se por lei especial, aplican- estabelecidas no art. 1.094.
do-se-lhe, nos casos omissos, as Art. 1.094. São características
disposições deste Código. da sociedade cooperativa:
I – variabilidade, ou dispensa CAPÍTULO VIII – DAS
do capital social; SOCIEDADES COLIGADAS
CAPÍTULO VI – DA II – concurso de sócios em
SOCIEDADE EM COMANDITA número mínimo necessário a Art. 1.097. Consideram-se co-
POR AÇÕES compor a administração da so- ligadas as sociedades que, em
ciedade, sem limitação de nú- suas relações de capital, são con-
Art. 1.090. A sociedade em co- mero máximo; troladas, filiadas, ou de simples
mandita por ações tem o capital III – limitação do valor da participação, na forma dos artigos
dividido em ações, regendo-se soma de quotas do capital so- seguintes.
pelas normas relativas à socie- cial que cada sócio poderá tomar;
dade anônima, sem prejuízo das IV – intransferibilidade das Art. 1.098. É controlada:
modificações constantes deste quotas do capital a terceiros es- I – a sociedade de cujo capital
Capítulo, e opera sob firma ou tranhos à sociedade, ainda que outra sociedade possua a maioria
denominação. por herança; dos votos nas deliberações dos
V – quórum, para a assem- quotistas ou da assembleia geral
Art. 1.091. Somente o acionista bleia geral funcionar e deliberar, e o poder de eleger a maioria dos
tem qualidade para administrar a fundado no número de sócios administradores;
sociedade e, como diretor, res- presentes à reunião, e não no II – a sociedade cujo controle,
ponde subsidiária e ilimitadamen- capital social representado; referido no inciso antecedente,
te pelas obrigações da sociedade. VI – direito de cada sócio a esteja em poder de outra, me-
§ 1o Se houver mais de um um só voto nas deliberações, te- diante ações ou quotas possuídas
diretor, serão solidariamente res- nha ou não capital a sociedade, e por sociedades ou sociedades por
ponsáveis, depois de esgotados qualquer que seja o valor de sua esta já controladas.
os bens sociais. participação;
§ 2o Os diretores serão no- VII – distribuição dos resulta- Art. 1.099. Diz-se coligada ou
meados no ato constitutivo da so- dos, proporcionalmente ao valor filiada a sociedade de cujo capi-
ciedade, sem limitação de tempo, das operações efetuadas pelo tal outra sociedade participa com
e somente poderão ser destituí- sócio com a sociedade, podendo dez por cento ou mais, do capital
dos por deliberação de acionistas ser atribuído juro fixo ao capital da outra, sem controlá-la.
que representem no mínimo dois realizado;
terços do capital social. VIII – indivisibilidade do fundo Art. 1.100. É de simples partici-
§ 3o O diretor destituído ou de reserva entre os sócios, ainda pação a sociedade de cujo capital
exonerado continua, durante dois que em caso de dissolução da outra sociedade possua menos
anos, responsável pelas obriga- sociedade. de dez por cento do capital com
ções sociais contraídas sob sua direito de voto.
administração. Art. 1.095. Na sociedade co-
operativa, a responsabilidade Art. 1.101. Salvo disposição es-
Art. 1.092. A assembleia geral dos sócios pode ser limitada ou pecial de lei, a sociedade não
não pode, sem o consentimento ilimitada. pode participar de outra, que seja
dos diretores, mudar o objeto § 1o É limitada a responsa- sua sócia, por montante supe-
essencial da sociedade, prorro- bilidade na cooperativa em que rior, segundo o balanço, ao das
gar-lhe o prazo de duração, au- o sócio responde somente pelo próprias reservas, excluída a re-
mentar ou diminuir o capital so- valor de suas quotas e pelo pre- serva legal.
cial, criar debêntures, ou partes juízo verificado nas operações Parágrafo único. Aprovado
beneficiárias. sociais, guardada a proporção o balanço em que se verifique
de sua participação nas mesmas ter sido excedido esse limite, a
operações. sociedade não poderá exercer o
§ 2o É ilimitada a responsa- direito de voto correspondente
bilidade na cooperativa em que às ações ou quotas em excesso,
o sócio responde solidária e ili- as quais devem ser alienadas nos
199
Código Civil
cento e oitenta dias seguintes de acordo com as formalidades o liquidante faça rateios por ante-
àquela aprovação. prescritas para o tipo de socie- cipação da partilha, à medida em
dade liquidanda; que se apurem os haveres sociais.
VIII – finda a liquidação, apre-
CAPÍTULO IX – DA sentar aos sócios o relatório da Art. 1.108. Pago o passivo e par-
LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE liquidação e as suas contas finais; tilhado o remanescente, convo-
IX – averbar a ata da reunião cará o liquidante assembleia dos
Art. 1.102. Dissolvida a socie- ou da assembleia, ou o instrumen- sócios para a prestação final de
dade e nomeado o liquidante na to firmado pelos sócios, que con- contas.
forma do disposto neste Livro, siderar encerrada a liquidação.
procede-se à sua liquidação, de Parágrafo único. Em todos Art. 1.109. Aprovadas as con-
conformidade com os preceitos os atos, documentos ou publi- tas, encerra-se a liquidação, e
deste Capítulo, ressalvado o dis- cações, o liquidante empregará a sociedade se extingue, ao ser
posto no ato constitutivo ou no a firma ou denominação social averbada no registro próprio a
instrumento da dissolução. sempre seguida da cláusula “em ata da assembleia.
Parágrafo único. O liquidan- liquidação” e de sua assinatura Parágrafo único. O dissidente
te, que não seja administrador da individual, com a declaração de tem o prazo de trinta dias, a con-
sociedade, investir-se-á nas fun- sua qualidade. tar da publicação da ata, devida-
ções, averbada a sua nomeação mente averbada, para promover
no registro próprio. Art. 1.104. As obrigações e a a ação que couber.
responsabilidade do liquidante
Art. 1.103. Constituem deveres regem-se pelos preceitos pecu- Art. 1.110. Encerrada a liquida-
do liquidante: liares às dos administradores da ção, o credor não satisfeito só
I – averbar e publicar a ata, sociedade liquidanda. terá direito a exigir dos sócios,
sentença ou instrumento de dis- individualmente, o pagamento do
solução da sociedade; Art. 1.105. Compete ao liquidan- seu crédito, até o limite da soma
II – arrecadar os bens, livros e te representar a sociedade e pra- por eles recebida em partilha, e a
documentos da sociedade, onde ticar todos os atos necessários à propor contra o liquidante ação
quer que estejam; sua liquidação, inclusive alienar de perdas e danos.
III – proceder, nos quinze dias bens móveis ou imóveis, transigir,
seguintes ao da sua investidura receber e dar quitação. Art. 1.111. No caso de liquidação
e com a assistência, sempre que Parágrafo único. Sem estar judicial, será observado o dispos-
possível, dos administradores, à expressamente autorizado pelo to na lei processual.
elaboração do inventário e do ba- contrato social, ou pelo voto da
lanço geral do ativo e do passivo; maioria dos sócios, não pode o Art. 1.112. No curso de liquidação
IV – ultimar os negócios da liquidante gravar de ônus reais judicial, o juiz convocará, se ne-
sociedade, realizar o ativo, pa- os móveis e imóveis, contrair cessário, reunião ou assembleia
gar o passivo e partilhar o re- empréstimos, salvo quando in- para deliberar sobre os interes-
manescente entre os sócios ou dispensáveis ao pagamento de ses da liquidação, e as presidi-
acionistas; obrigações inadiáveis, nem pros- rá, resolvendo sumariamente as
V – exigir dos quotistas, quan- seguir, embora para facilitar a questões suscitadas.
do insuficiente o ativo à solução liquidação, na atividade social. Parágrafo único. As atas das
do passivo, a integralização de assembleias serão, em cópia au-
suas quotas e, se for o caso, as Art. 1.106. Respeitados os direi- têntica, apensadas ao processo
quantias necessárias, nos limites tos dos credores preferenciais, judicial.
da responsabilidade de cada um e pagará o liquidante as dívidas
proporcionalmente à respectiva sociais proporcionalmente, sem
participação nas perdas, repartin- distinção entre vencidas e vin- CAPÍTULO X – DA
do-se, entre os sócios solventes cendas, mas, em relação a estas, TRANSFORMAÇÃO, DA
e na mesma proporção, o devido com desconto. INCORPORAÇÃO, DA
pelo insolvente; Parágrafo único. Se o ativo FUSÃO E DA CISÃO DAS
VI – convocar assembleia dos for superior ao passivo, pode o SOCIEDADES
quotistas, cada seis meses, para liquidante, sob sua responsabili-
apresentar relatório e balanço dade pessoal, pagar integralmen- Art. 1.113. O ato de transforma-
do estado da liquidação, pres- te as dívidas vencidas. ção independe de dissolução ou
tando conta dos atos praticados liquidação da sociedade, e obede-
durante o semestre, ou sempre Art. 1.107. Os sócios podem re- cerá aos preceitos reguladores da
que necessário; solver, por maioria de votos, an- constituição e inscrição próprios
VII – confessar a falência da tes de ultimada a liquidação, mas do tipo em que vai converter-se.
sociedade e pedir concordata, depois de pagos os credores, que
200
Código Civil
Art. 1.114. A transformação de- nova, que a elas sucederá nos CAPÍTULO XI – DA
pende do consentimento de todos direitos e obrigações. SOCIEDADE DEPENDENTE
os sócios, salvo se prevista no ato
constitutivo, caso em que o dis- Art. 1.120. A fusão será decidi-
DE AUTORIZAÇÃO
sidente poderá retirar-se da so- da, na forma estabelecida para Seção I – Disposições Gerais
ciedade, aplicando-se, no silêncio os respectivos tipos, pelas so-
do estatuto ou do contrato social, ciedades que pretendam unir-se. Art. 1.123. A sociedade que de-
o disposto no art. 1.031. § 1o Em reunião ou assem- penda de autorização do Poder
bleia dos sócios de cada socie- Executivo para funcionar reger-
Art. 1.115. A transformação não dade, deliberada a fusão e apro- -se-á por este título, sem prejuízo
modificará nem prejudicará, em vado o projeto do ato constitutivo do disposto em lei especial.
qualquer caso, os direitos dos da nova sociedade, bem como o Parágrafo único. A compe-
credores. plano de distribuição do capital tência para a autorização será
Parágrafo único. A falên- social, serão nomeados os peritos sempre do Poder Executivo fe-
cia da sociedade transformada para a avaliação do patrimônio da deral.
somente produzirá efeitos em sociedade.
relação aos sócios que, no tipo § 2o Apresentados os laudos, Art. 1.124. Na falta de prazo esti-
anterior, a eles estariam sujeitos, os administradores convocarão pulado em lei ou em ato do poder
se o pedirem os titulares de cré- reunião ou assembleia dos sócios público, será considerada caduca
ditos anteriores à transformação, para tomar conhecimento deles, a autorização se a sociedade não
e somente a estes beneficiará. decidindo sobre a constituição entrar em funcionamento nos
definitiva da nova sociedade. doze meses seguintes à respec-
Art. 1.116. Na incorporação, uma § 3o É vedado aos sócios vo- tiva publicação.
ou várias sociedades são absor- tar o laudo de avaliação do pa-
vidas por outra, que lhes sucede trimônio da sociedade de que Art. 1.125. Ao Poder Executivo
em todos os direitos e obriga- façam parte. é facultado, a qualquer tempo,
ções, devendo todas aprová-la, cassar a autorização concedida
na forma estabelecida para os Art. 1.121. Constituída a nova a sociedade nacional ou estran-
respectivos tipos. sociedade, aos administradores geira que infringir disposição de
incumbe fazer inscrever, no re- ordem pública ou praticar atos
Art. 1.117. A deliberação dos só- gistro próprio da sede, os atos contrários aos fins declarados
cios da sociedade incorporada relativos à fusão. no seu estatuto.
deverá aprovar as bases da ope-
ração e o projeto de reforma do Art. 1.122. Até noventa dias após
ato constitutivo. publicados os atos relativos à in-
Seção II – Da Sociedade
§ 1o A sociedade que houver corporação, fusão ou cisão, o cre- Nacional
de ser incorporada tomará conhe- dor anterior, por ela prejudicado,
cimento desse ato, e, se o aprovar, poderá promover judicialmente a Art. 1.126. É nacional a socieda-
autorizará os administradores a anulação deles. de organizada de conformidade
praticar o necessário à incor- § 1o A consignação em pa- com a lei brasileira e que tenha no
poração, inclusive a subscrição gamento prejudicará a anulação País a sede de sua administração.
em bens pelo valor da diferença pleiteada. Parágrafo único. Quando a lei
que se verificar entre o ativo e § 2o Sendo ilíquida a dívida, exigir que todos ou alguns sócios
o passivo. a sociedade poderá garantir-lhe sejam brasileiros, as ações da
§ 2o A deliberação dos só- a execução, suspendendo-se o sociedade anônima revestirão,
cios da sociedade incorporadora processo de anulação. no silêncio da lei, a forma nomi-
compreenderá a nomeação dos § 3o Ocorrendo, no prazo nativa. Qualquer que seja o tipo
peritos para a avaliação do patri- deste artigo, a falência da so- da sociedade, na sua sede fica-
mônio líquido da sociedade, que ciedade incorporadora, da socie- rá arquivada cópia autêntica do
tenha de ser incorporada. dade nova ou da cindida, qualquer documento comprobatório da
credor anterior terá direito a pe- nacionalidade dos sócios.
Art. 1.118. Aprovados os atos da dir a separação dos patrimônios,
incorporação, a incorporadora para o fim de serem os créditos Art. 1.127. Não haverá mudança
declarará extinta a incorporada, pagos pelos bens das respecti- de nacionalidade de sociedade
e promoverá a respectiva aver- vas massas. brasileira sem o consentimento
bação no registro próprio. unânime dos sócios ou acionistas.
201
Código Civil
cópia do contrato, assinada por Art. 1.133. Dependem de apro- condições, expedirá o Poder Exe-
todos os sócios, ou, tratando-se vação as modificações do con- cutivo decreto de autorização,
de sociedade anônima, de cópia, trato ou do estatuto de sociedade do qual constará o montante de
autenticada pelos fundadores, sujeita a autorização do Poder capital destinado às operações
dos documentos exigidos pela Executivo, salvo se decorrerem no País, cabendo à sociedade
lei especial. de aumento do capital social, em promover a publicação dos atos
Parágrafo único. Se a socie- virtude de utilização de reservas referidos no art. 1.131 e no § 1o do
dade tiver sido constituída por ou reavaliação do ativo. art. 1.134.
escritura pública, bastará juntar-
-se ao requerimento a respectiva Art. 1.136. A sociedade autoriza-
certidão.
Seção III – Da Sociedade da não pode iniciar sua ativida-
Estrangeira de antes de inscrita no registro
Art. 1.129. Ao Poder Executivo é próprio do lugar em que se deva
facultado exigir que se procedam Art. 1.134. A sociedade estran- estabelecer.
a alterações ou aditamento no geira, qualquer que seja o seu § 1o O requerimento de ins-
contrato ou no estatuto, devendo objeto, não pode, sem autorização crição será instruído com exem-
os sócios, ou, tratando-se de so- do Poder Executivo, funcionar no plar da publicação exigida no pa-
ciedade anônima, os fundadores, País, ainda que por estabeleci- rágrafo único do artigo antece-
cumprir as formalidades legais mentos subordinados, podendo, dente, acompanhado de docu-
para revisão dos atos constitu- todavia, ressalvados os casos mento do depósito em dinheiro,
tivos, e juntar ao processo pro- expressos em lei, ser acionista em estabelecimento bancário
va regular. de sociedade anônima brasileira. oficial, do capital ali mencionado.
§ 1o Ao requerimento de au- § 2o Arquivados esses do-
Art. 1.130. Ao Poder Executivo é torização devem juntar-se: cumentos, a inscrição será feita
facultado recusar a autorização, I – prova de se achar a socie- por termo em livro especial para
se a sociedade não atender às dade constituída conforme a lei as sociedades estrangeiras, com
condições econômicas, finan- de seu país; número de ordem contínuo para
ceiras ou jurídicas especifica- II – inteiro teor do contrato todas as sociedades inscritas; no
das em lei. ou do estatuto; termo constarão:
III – relação dos membros de I – nome, objeto, duração e
Art. 1.131. Expedido o decreto de todos os órgãos da administração sede da sociedade no estrangeiro;
autorização, cumprirá à socieda- da sociedade, com nome, nacio- II – lugar da sucursal, filial ou
de publicar os atos referidos nos nalidade, profissão, domicílio e, agência, no País;
arts. 1.128 e 1.129, em trinta dias, salvo quanto a ações ao portador, III – data e número do decreto
no órgão oficial da União, cujo o valor da participação de cada de autorização;
exemplar representará prova para um no capital da sociedade; IV – capital destinado às ope-
inscrição, no registro próprio, dos IV – cópia do ato que auto- rações no País;
atos constitutivos da sociedade. rizou o funcionamento no Brasil V – individuação do seu re-
Parágrafo único. A sociedade e fixou o capital destinado às presentante permanente.
promoverá, também no órgão ofi- operações no território nacional; § 3o Inscrita a sociedade,
cial da União e no prazo de trinta V – prova de nomeação do promover-se-á a publicação de-
dias, a publicação do termo de representante no Brasil, com po- terminada no parágrafo único
inscrição. deres expressos para aceitar as do art. 1.131.
condições exigidas para a auto-
Art. 1.132. As sociedades anôni- rização; Art. 1.137. A sociedade estran-
mas nacionais, que dependam de VI – último balanço. geira autorizada a funcionar fica-
autorização do Poder Executivo § 2o Os documentos serão rá sujeita às leis e aos tribunais
para funcionar, não se consti- autenticados, de conformidade brasileiros, quanto aos atos ou
tuirão sem obtê-la, quando seus com a lei nacional da sociedade operações praticados no Brasil.
fundadores pretenderem recor- requerente, legalizados no consu- Parágrafo único. A sociedade
rer a subscrição pública para a lado brasileiro da respectiva sede estrangeira funcionará no territó-
formação do capital. e acompanhados de tradução em rio nacional com o nome que tiver
§ 1o Os fundadores deverão vernáculo. em seu país de origem, podendo
juntar ao requerimento cópias acrescentar as palavras “do Brasil”
autênticas do projeto do estatuto Art. 1.135. É facultado ao Po- ou “para o Brasil”.
e do prospecto. der Executivo, para conceder a
§ 2o Obtida a autorização e autorização, estabelecer condi- Art. 1.138. A sociedade estran-
constituída a sociedade, proce- ções convenientes à defesa dos geira autorizada a funcionar é
der-se-á à inscrição dos seus atos interesses nacionais. obrigada a ter, permanentemen-
constitutivos. Parágrafo único. Aceitas as te, representante no Brasil, com
202
Código Civil
poderes para resolver quaisquer TÍTULO III – DO Art. 1.146. O adquirente do es-
questões e receber citação judi- ESTABELECIMENTO tabelecimento responde pelo pa-
cial pela sociedade. gamento dos débitos anteriores
Parágrafo único. O represen- CAPÍTULO ÚNICO – à transferência, desde que regu-
tante somente pode agir perante DISPOSIÇÕES GERAIS larmente contabilizados, conti-
terceiros depois de arquivado e nuando o devedor primitivo soli-
averbado o instrumento de sua Art. 1.142. Considera-se esta- dariamente obrigado pelo prazo
nomeação. belecimento todo complexo de de um ano, a partir, quanto aos
bens organizado, para exercício créditos vencidos, da publicação,
Art. 1.139. Qualquer modificação da empresa, por empresário, ou e, quanto aos outros, da data do
no contrato ou no estatuto de- por sociedade empresária. vencimento.
penderá da aprovação do Poder § 1o O estabelecimento não
Executivo, para produzir efeitos se confunde com o local onde se Art. 1.147. Não havendo auto-
no território nacional. exerce a atividade empresarial, rização expressa, o alienante do
que poderá ser físico ou virtual. estabelecimento não pode fa-
Art. 1.140. A sociedade estran- § 2o Quando o local onde se zer concorrência ao adquirente,
geira deve, sob pena de lhe ser exerce a atividade empresarial nos cinco anos subsequentes à
cassada a autorização, reproduzir for virtual, o endereço informa- transferência.
no órgão oficial da União, e do Es- do para fins de registro poderá Parágrafo único. No caso de
tado, se for o caso, as publicações ser, conforme o caso, o endere- arrendamento ou usufruto do es-
que, segundo a sua lei nacional, ço do empresário individual ou o tabelecimento, a proibição previs-
seja obrigada a fazer relativamen- de um dos sócios da sociedade ta neste artigo persistirá durante
te ao balanço patrimonial e ao de empresária. o prazo do contrato.
resultado econômico, bem como § 3o Quando o local onde se
aos atos de sua administração. exerce a atividade empresarial Art. 1.148. Salvo disposição em
Parágrafo único. Sob pena, for físico, a fixação do horário contrário, a transferência impor-
também, de lhe ser cassada a de funcionamento competirá ao ta a sub-rogação do adquirente
autorização, a sociedade estran- Município, observada a regra geral nos contratos estipulados para
geira deverá publicar o balan- prevista no inciso II do caput do exploração do estabelecimento,
ço patrimonial e o de resultado art. 3o da Lei no 13.874, de 20 de se não tiverem caráter pessoal,
econômico das sucursais, filiais setembro de 2019. podendo os terceiros rescindir o
ou agências existentes no País. contrato em noventa dias a contar
Art. 1.143. Pode o estabeleci- da publicação da transferência, se
Art. 1.141. Mediante autorização mento ser objeto unitário de di- ocorrer justa causa, ressalvada,
do Poder Executivo, a sociedade reitos e de negócios jurídicos, neste caso, a responsabilidade
estrangeira admitida a funcio- translativos ou constitutivos, que do alienante.
nar no País pode nacionalizar- sejam compatíveis com a sua
-se, transferindo sua sede para natureza. Art. 1.149. A cessão dos créditos
o Brasil. referentes ao estabelecimento
§ 1o Para o fim previsto neste Art. 1.144. O contrato que tenha transferido produzirá efeito em
artigo, deverá a sociedade, por por objeto a alienação, o usu- relação aos respectivos deve-
seus representantes, oferecer, fruto ou arrendamento do esta- dores, desde o momento da pu-
com o requerimento, os docu- belecimento, só produzirá efei- blicação da transferência, mas o
mentos exigidos no art. 1.134, e tos quanto a terceiros depois de devedor ficará exonerado se de
ainda a prova da realização do averbado à margem da inscrição boa-fé pagar ao cedente.
capital, pela forma declarada no do empresário, ou da sociedade
contrato, ou no estatuto, e do empresária, no Registro Público
ato em que foi deliberada a na- de Empresas Mercantis, e de pu- TÍTULO IV – DOS
cionalização. blicado na imprensa oficial. INSTITUTOS
§ 2o O Poder Executivo pode- COMPLEMENTARES
rá impor as condições que julgar Art. 1.145. Se ao alienante não
convenientes à defesa dos inte- restarem bens suficientes para CAPÍTULO I – DO REGISTRO
resses nacionais. solver o seu passivo, a eficácia
§ 3o Aceitas as condições da alienação do estabelecimento Art. 1.150. O empresário e a so-
pelo representante, proceder-se- depende do pagamento de todos ciedade empresária vinculam-se
-á, após a expedição do decreto os credores, ou do consentimen- ao Registro Público de Empresas
de autorização, à inscrição da to destes, de modo expresso ou Mercantis a cargo das Juntas Co-
sociedade e publicação do res- tácito, em trinta dias a partir de merciais, e a sociedade simples
pectivo termo. sua notificação. ao Registro Civil das Pessoas Ju-
rídicas, o qual deverá obedecer
203
Código Civil
às normas fixadas para aquele aos documentos apresentados. “limitada” ou a sua abreviatura.
registro, se a sociedade simples Parágrafo único. Das irregu- § 1o A firma será composta
adotar um dos tipos de sociedade laridades encontradas deve ser com o nome de um ou mais só-
empresária. notificado o requerente, que, se cios, desde que pessoas físicas,
for o caso, poderá saná-las, obe- de modo indicativo da relação
Art. 1.151. O registro dos atos decendo às formalidades da lei. social.
sujeitos à formalidade exigida no § 2o A denominação deve de-
artigo antecedente será requerido Art. 1.154. O ato sujeito a re- signar o objeto da sociedade, sen-
pela pessoa obrigada em lei, e, no gistro, ressalvadas disposições do permitido nela figurar o nome
caso de omissão ou demora, pelo especiais da lei, não pode, antes de um ou mais sócios.
sócio ou qualquer interessado. do cumprimento das respecti- § 3o A omissão da palavra
§ 1o Os documentos neces- vas formalidades, ser oposto a “limitada” determina a respon-
sários ao registro deverão ser terceiro, salvo prova de que este sabilidade solidária e ilimitada
apresentados no prazo de trinta o conhecia. dos administradores que assim
dias, contado da lavratura dos Parágrafo único. O terceiro empregarem a firma ou a deno-
atos respectivos. não pode alegar ignorância, des- minação da sociedade.
§ 2o Requerido além do prazo de que cumpridas as referidas
previsto neste artigo, o registro formalidades. Art. 1.159. A sociedade coope-
somente produzirá efeito a partir rativa funciona sob denominação
da data de sua concessão. integrada pelo vocábulo “coope-
§ 3o As pessoas obrigadas a CAPÍTULO II – DO NOME rativa”.
requerer o registro responderão EMPRESARIAL
por perdas e danos, em caso de Art. 1.160. A sociedade anônima
omissão ou demora. Art. 1.155. Considera-se nome opera sob denominação integrada
empresarial a firma ou a deno- pelas expressões sociedade anô-
Art. 1.152. Cabe ao órgão in- minação adotada, de conformi- nima ou companhia, por extenso
cumbido do registro verificar a dade com este Capítulo, para o ou abreviadamente, facultada a
regularidade das publicações exercício de empresa. designação do objeto social.
determinadas em lei, de acordo Parágrafo único. Equipara-se Parágrafo único. Pode cons-
com o disposto nos parágrafos ao nome empresarial, para os tar da denominação o nome do
deste artigo. efeitos da proteção da lei, a deno- fundador, acionista, ou pessoa
§ 1o Salvo exceção expressa, minação das sociedades simples, que haja concorrido para o bom
as publicações ordenadas neste associações e fundações. êxito da formação da empresa.
Livro serão feitas no órgão oficial
da União ou do Estado, conforme Art. 1.156. O empresário opera Art. 1.161. A sociedade em co-
o local da sede do empresário sob firma constituída por seu mandita por ações pode, em lugar
ou da sociedade, e em jornal de nome, completo ou abreviado, de firma, adotar denominação
grande circulação. aditando-lhe, se quiser, designa- aditada da expressão comandita
§ 2o As publicações das so- ção mais precisa da sua pessoa por ações, facultada a designação
ciedades estrangeiras serão fei- ou do gênero de atividade. do objeto social.
tas nos órgãos oficiais da União
e do Estado onde tiverem sucur- Art. 1.157. A sociedade em que Art. 1.162. A sociedade em con-
sais, filiais ou agências. houver sócios de responsabilida- ta de participação não pode ter
§ 3o O anúncio de convo- de ilimitada operará sob firma, na firma ou denominação.
cação da assembleia de sócios qual somente os nomes daqueles
será publicado por três vezes, poderão figurar, bastando para Art. 1.163. O nome de empre-
ao menos, devendo mediar, en- formá-la aditar ao nome de um sário deve distinguir-se de qual-
tre a data da primeira inserção e deles a expressão “e companhia” quer outro já inscrito no mesmo
a da realização da assembleia, o ou sua abreviatura. registro.
prazo mínimo de oito dias, para a Parágrafo único. Ficam soli- Parágrafo único. Se o empre-
primeira convocação, e de cinco dária e ilimitadamente responsá- sário tiver nome idêntico ao de
dias, para as posteriores. veis pelas obrigações contraídas outros já inscritos, deverá acres-
sob a firma social aqueles que, centar designação que o distinga.
Art. 1.153. Cumpre à autoridade por seus nomes, figurarem na
competente, antes de efetivar o firma da sociedade de que trata Art. 1.164. O nome empresarial
registro, verificar a autenticidade este artigo. não pode ser objeto de alienação.
e a legitimidade do signatário do Parágrafo único. O adquiren-
requerimento, bem como fiscali- Art. 1.158. Pode a sociedade li- te de estabelecimento, por ato
zar a observância das prescrições mitada adotar firma ou denomina- entre vivos, pode, se o contrato
legais concernentes ao ato ou ção, integradas pela palavra final o permitir, usar o nome do alie-
204
Código Civil
nante, precedido do seu próprio, Art. 1.171. Considera-se perfei- ção, produzem, salvo se houver
com a qualificação de sucessor. ta a entrega de papéis, bens ou procedido de má-fé, os mesmos
valores ao preposto, encarregado efeitos como se o fossem por
Art. 1.165. O nome de sócio que pelo preponente, se os recebeu aquele.
vier a falecer, for excluído ou se sem protesto, salvo nos casos em Parágrafo único. No exercício
retirar, não pode ser conservado que haja prazo para reclamação. de suas funções, os prepostos são
na firma social. pessoalmente responsáveis, pe-
rante os preponentes, pelos atos
Art. 1.166. A inscrição do em-
Seção II – Do Gerente culposos; e, perante terceiros, so-
presário, ou dos atos constitu- lidariamente com o preponente,
tivos das pessoas jurídicas, ou Art. 1.172. Considera-se gerente pelos atos dolosos.
as respectivas averbações, no o preposto permanente no exer-
registro próprio, asseguram o uso cício da empresa, na sede desta, Art. 1.178. Os preponentes são
exclusivo do nome nos limites do ou em sucursal, filial ou agência. responsáveis pelos atos de quais-
respectivo Estado. quer prepostos, praticados nos
Parágrafo único. O uso pre- Art. 1.173. Quando a lei não exigir seus estabelecimentos e relati-
visto neste artigo estender-se-á poderes especiais, considera-se o vos à atividade da empresa, ainda
a todo o território nacional, se re- gerente autorizado a praticar to- que não autorizados por escrito.
gistrado na forma da lei especial. dos os atos necessários ao exer- Parágrafo único. Quando tais
cício dos poderes que lhe foram atos forem praticados fora do
Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a outorgados. estabelecimento, somente obri-
qualquer tempo, ação para anular Parágrafo único. Na falta de garão o preponente nos limites
a inscrição do nome empresarial estipulação diversa, consideram- dos poderes conferidos por es-
feita com violação da lei ou do -se solidários os poderes confe- crito, cujo instrumento pode ser
contrato. ridos a dois ou mais gerentes. suprido pela certidão ou cópia
autêntica do seu teor.
Art. 1.168. A inscrição do nome Art. 1.174. As limitações conti-
empresarial será cancelada, a das na outorga de poderes, para
requerimento de qualquer inte- serem opostas a terceiros, depen- CAPÍTULO IV – DA
ressado, quando cessar o exer- dem do arquivamento e averba- ESCRITURAÇÃO
cício da atividade para que foi ção do instrumento no Registro
adotado, ou quando ultimar-se Público de Empresas Mercantis, Art. 1.179. O empresário e a so-
a liquidação da sociedade que o salvo se provado serem conhe- ciedade empresária são obriga-
inscreveu. cidas da pessoa que tratou com dos a seguir um sistema de conta-
o gerente. bilidade, mecanizado ou não, com
Parágrafo único. Para o mes- base na escrituração uniforme de
CAPÍTULO III – DOS mo efeito e com idêntica ressalva, seus livros, em correspondência
PREPOSTOS deve a modificação ou revoga- com a documentação respectiva,
ção do mandato ser arquivada e e a levantar anualmente o balan-
Seção I – Disposições Gerais
averbada no Registro Público de ço patrimonial e o de resultado
Empresas Mercantis. econômico.
Art. 1.169. O preposto não pode, § 1o Salvo o disposto no
sem autorização escrita, fazer- Art. 1.175. O preponente res- art. 1.180, o número e a espécie
-se substituir no desempenho ponde com o gerente pelos atos de livros ficam a critério dos in-
da preposição, sob pena de res- que este pratique em seu próprio teressados.
ponder pessoalmente pelos atos nome, mas à conta daquele. § 2o É dispensado das exi-
do substituto e pelas obrigações gências deste artigo o peque-
por ele contraídas. Art. 1.176. O gerente pode estar no empresário a que se refere
em juízo em nome do preponente, o art. 970.
Art. 1.170. O preposto, salvo pelas obrigações resultantes do
autorização expressa, não pode exercício da sua função. Art. 1.180. Além dos demais
negociar por conta própria ou livros exigidos por lei, é indis-
de terceiro, nem participar, em- pensável o Diário, que pode ser
bora indiretamente, de operação
Seção III – Do Contabilista e substituído por fichas no caso
do mesmo gênero da que lhe foi Outros Auxiliares de escrituração mecanizada ou
cometida, sob pena de responder eletrônica.
por perdas e danos e de serem Art. 1.177. Os assentos lançados Parágrafo único. A adoção de
retidos pelo preponente os lucros nos livros ou fichas do preponen- fichas não dispensa o uso de livro
da operação. te, por qualquer dos prepostos apropriado para o lançamento
encarregados de sua escritura- do balanço patrimonial e do de
205
Código Civil
resultado econômico. te habilitado e pelo empresário ou os não cotados e as participações
sociedade empresária. não acionárias serão considera-
Art. 1.181. Salvo disposição es- dos pelo seu valor de aquisição;
pecial de lei, os livros obrigatórios Art. 1.185. O empresário ou so- IV – os créditos serão consi-
e, se for o caso, as fichas, antes ciedade empresária que adotar o derados de conformidade com o
de postos em uso, devem ser au- sistema de fichas de lançamentos presumível valor de realização,
tenticados no Registro Público de poderá substituir o livro Diário não se levando em conta os pres-
Empresas Mercantis. pelo livro Balancetes Diários e critos ou de difícil liquidação, sal-
Parágrafo único. A autenti- Balanços, observadas as mesmas vo se houver, quanto aos últimos,
cação não se fará sem que es- formalidades extrínsecas exigidas previsão equivalente.
teja inscrito o empresário, ou a para aquele. Parágrafo único. Entre os va-
sociedade empresária, que po- lores do ativo podem figurar, des-
derá fazer autenticar livros não Art. 1.186. O livro Balancetes Di- de que se preceda, anualmente,
obrigatórios. ários e Balanços será escriturado à sua amortização:
de modo que registre: I – as despesas de instalação
Art. 1.182. Sem prejuízo do dis- I – a posição diária de cada da sociedade, até o limite cor-
posto no art. 1.174, a escrituração uma das contas ou títulos con- respondente a dez por cento do
ficará sob a responsabilidade de tábeis, pelo respectivo saldo, em capital social;
contabilista legalmente habilita- forma de balancetes diários; II – os juros pagos aos acio-
do, salvo se nenhum houver na II – o balanço patrimonial e o nistas da sociedade anônima, no
localidade. de resultado econômico, no en- período antecedente ao início das
cerramento do exercício. operações sociais, à taxa não su-
Art. 1.183. A escrituração será perior a doze por cento ao ano,
feita em idioma e moeda corrente Art. 1.187. Na coleta dos elemen- fixada no estatuto;
nacionais e em forma contábil, tos para o inventário serão obser- III – a quantia efetivamente
por ordem cronológica de dia, vados os critérios de avaliação a paga a título de aviamento de
mês e ano, sem intervalos em seguir determinados: estabelecimento adquirido pelo
branco, nem entrelinhas, borrões, I – os bens destinados à ex- empresário ou sociedade.
rasuras, emendas ou transportes ploração da atividade serão ava-
para as margens. liados pelo custo de aquisição, Art. 1.188. O balanço patrimonial
Parágrafo único. É permitido devendo, na avaliação dos que se deverá exprimir, com fidelidade e
o uso de código de números ou desgastam ou depreciam com o clareza, a situação real da empre-
de abreviaturas, que constem uso, pela ação do tempo ou ou- sa e, atendidas as peculiaridades
de livro próprio, regularmente tros fatores, atender-se à desva- desta, bem como as disposições
autenticado. lorização respectiva, criando-se das leis especiais, indicará, dis-
fundos de amortização para as- tintamente, o ativo e o passivo.
Art. 1.184. No Diário serão lan- segurar-lhes a substituição ou a Parágrafo único. Lei especial
çadas, com individuação, clareza conservação do valor; disporá sobre as informações que
e caracterização do documento II – os valores mobiliários, acompanharão o balanço patri-
respectivo, dia a dia, por escrita matéria-prima, bens destinados monial, em caso de sociedades
direta ou reprodução, todas as à alienação, ou que constituem coligadas.
operações relativas ao exercício produtos ou artigos da indústria
da empresa. ou comércio da empresa, podem Art. 1.189. O balanço de resul-
§ 1o Admite-se a escrituração ser estimados pelo custo de aqui- tado econômico, ou demonstra-
resumida do Diário, com totais sição ou de fabricação, ou pelo ção da conta de lucros e perdas,
que não excedam o período de preço corrente, sempre que este acompanhará o balanço patri-
trinta dias, relativamente a contas for inferior ao preço de custo, e monial e dele constarão crédito
cujas operações sejam numero- quando o preço corrente ou venal e débito, na forma da lei especial.
sas ou realizadas fora da sede estiver acima do valor do custo
do estabelecimento, desde que de aquisição, ou fabricação, e os Art. 1.190. Ressalvados os ca-
utilizados livros auxiliares regular- bens forem avaliados pelo preço sos previstos em lei, nenhuma
mente autenticados, para registro corrente, a diferença entre este e autoridade, juiz ou tribunal, sob
individualizado, e conservados os o preço de custo não será levada qualquer pretexto, poderá fazer
documentos que permitam a sua em conta para a distribuição de ou ordenar diligência para verifi-
perfeita verificação. lucros, nem para as percentagens car se o empresário ou a socie-
§ 2o Serão lançados no Diá- referentes a fundos de reserva; dade empresária observam, ou
rio o balanço patrimonial e o de III – o valor das ações e dos não, em seus livros e fichas, as
resultado econômico, devendo títulos de renda fixa pode ser de- formalidades prescritas em lei.
ambos ser assinados por técnico terminado com base na respecti-
em Ciências Contábeis legalmen- va cotação da Bolsa de Valores; Art. 1.191. O juiz só poderá auto-
206
Código Civil
rizar a exibição integral dos livros LIVRO III – DO DIREITO DAS e desde o momento em que as
e papéis de escrituração quando COISAS circunstâncias façam presumir
necessária para resolver questões que o possuidor não ignora que
relativas a sucessão, comunhão TÍTULO I – DA POSSE possui indevidamente.
ou sociedade, administração ou
gestão à conta de outrem, ou em CAPÍTULO I – DA POSSE E Art. 1.203. Salvo prova em con-
caso de falência. SUA CLASSIFICAÇÃO trário, entende-se manter a pos-
§ 1o O juiz ou tribunal que se o mesmo caráter com que foi
conhecer de medida cautelar ou Art. 1.196. Considera-se pos- adquirida.
de ação pode, a requerimento ou suidor todo aquele que tem de
de ofício, ordenar que os livros de fato o exercício, pleno ou não,
qualquer das partes, ou de ambas, de algum dos poderes inerentes CAPÍTULO II – DA
sejam examinados na presença à propriedade. AQUISIÇÃO DA POSSE
do empresário ou da sociedade
empresária a que pertencerem, Art. 1.197. A posse direta, de pes- Art. 1.204. Adquire-se a posse
ou de pessoas por estes nome- soa que tem a coisa em seu poder, desde o momento em que se tor-
adas, para deles se extrair o que temporariamente, em virtude de na possível o exercício, em nome
interessar à questão. direito pessoal, ou real, não anu- próprio, de qualquer dos poderes
§ 2o Achando-se os livros em la a indireta, de quem aquela foi inerentes à propriedade.
outra jurisdição, nela se fará o havida, podendo o possuidor di-
exame, perante o respectivo juiz. reto defender a sua posse contra Art. 1.205. A posse pode ser
o indireto. adquirida:
Art. 1.192. Recusada a apresen- I – pela própria pessoa que
tação dos livros, nos casos do Art. 1.198. Considera-se deten- a pretende ou por seu represen-
artigo antecedente, serão apre- tor aquele que, achando-se em tante;
endidos judicialmente e, no do seu relação de dependência para com II – por terceiro sem mandato,
§ 1o, ter-se-á como verdadeiro o outro, conserva a posse em nome dependendo de ratificação.
alegado pela parte contrária para deste e em cumprimento de or-
se provar pelos livros. dens ou instruções suas. Art. 1.206. A posse transmite-
Parágrafo único. A confis- Parágrafo único. Aquele -se aos herdeiros ou legatários
são resultante da recusa pode que começou a comportar-se do possuidor com os mesmos
ser elidida por prova documental do modo como prescreve este ar- caracteres.
em contrário. tigo, em relação ao bem e à outra
pessoa, presume-se detentor, até Art. 1.207. O sucessor universal
Art. 1.193. As restrições estabe- que prove o contrário. continua de direito a posse do seu
lecidas neste Capítulo ao exame antecessor; e ao sucessor singu-
da escrituração, em parte ou por Art. 1.199. Se duas ou mais pes- lar é facultado unir sua posse à do
inteiro, não se aplicam às autori- soas possuírem coisa indivisa, antecessor, para os efeitos legais.
dades fazendárias, no exercício poderá cada uma exercer sobre
da fiscalização do pagamento de ela atos possessórios, contanto Art. 1.208. Não induzem posse
impostos, nos termos estritos das que não excluam os dos outros os atos de mera permissão ou
respectivas leis especiais. compossuidores. tolerância assim como não au-
torizam a sua aquisição os atos
Art. 1.194. O empresário e a so- Art. 1.200. É justa a posse que violentos, ou clandestinos, senão
ciedade empresária são obriga- não for violenta, clandestina ou depois de cessar a violência ou a
dos a conservar em boa guarda precária. clandestinidade.
toda a escrituração, correspon-
dência e mais papéis concernen- Art. 1.201. É de boa-fé a posse, Art. 1.209. A posse do imóvel
tes à sua atividade, enquanto não se o possuidor ignora o vício, ou faz presumir, até prova contrá-
ocorrer prescrição ou decadência o obstáculo que impede a aqui- ria, a das coisas móveis que nele
no tocante aos atos neles con- sição da coisa. estiverem.
signados. Parágrafo único. O possui-
dor com justo título tem por si a
Art. 1.195. As disposições deste presunção de boa-fé, salvo pro- CAPÍTULO III – DOS
Capítulo aplicam-se às sucursais, va em contrário, ou quando a lei EFEITOS DA POSSE
filiais ou agências, no Brasil, do expressamente não admite esta
empresário ou sociedade com presunção. Art. 1.210. O possuidor tem di-
sede em país estrangeiro. reito a ser mantido na posse em
Art. 1.202. A posse de boa-fé caso de turbação, restituído no de
só perde este caráter no caso esbulho, e segurado de violência
207
Código Civil
iminente, se tiver justo receio de dução e custeio. rá-la, é violentamente repelido.
ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou Art. 1.217. O possuidor de boa-
esbulhado, poderá manter-se ou -fé não responde pela perda ou TÍTULO II – DOS DIREITOS
restituir-se por sua própria força, deterioração da coisa, a que não REAIS
contanto que o faça logo; os atos der causa.
de defesa, ou de desforço, não CAPÍTULO ÚNICO –
podem ir além do indispensável Art. 1.218. O possuidor de má-fé DISPOSIÇÕES GERAIS
à manutenção, ou restituição da responde pela perda, ou deterio-
posse. ração da coisa, ainda que aciden- Art. 1.225. São direitos reais:
§ 2o Não obsta à manuten- tais, salvo se provar que de igual I – a propriedade;
ção ou reintegração na posse a modo se teriam dado, estando ela II – a superfície;
alegação de propriedade, ou de na posse do reivindicante. III – as servidões;
outro direito sobre a coisa. IV – o usufruto;
Art. 1.219. O possuidor de boa- V – o uso;
Art. 1.211. Quando mais de uma -fé tem direito à indenização das VI – a habitação;
pessoa se disser possuidora, benfeitorias necessárias e úteis, VII – o direito do promitente
manter-se-á provisoriamente a bem como, quanto às voluptuá- comprador do imóvel;
que tiver a coisa, se não estiver rias, se não lhe forem pagas, a VIII – o penhor;
manifesto que a obteve de algu- levantá-las, quando o puder sem IX – a hipoteca;
ma das outras por modo vicioso. detrimento da coisa, e poderá X – a anticrese;
exercer o direito de retenção pelo XI – a concessão de uso espe-
Art. 1.212. O possuidor pode in- valor das benfeitorias necessá- cial para fins de moradia;
tentar a ação de esbulho, ou a de rias e úteis. XII – a concessão de direito
indenização, contra o terceiro, real de uso;
que recebeu a coisa esbulhada Art. 1.220. Ao possuidor de má- XIII – a laje;
sabendo que o era. -fé serão ressarcidas somente as XIV – os direitos oriundos
benfeitorias necessárias; não lhe da imissão provisória na posse,
Art. 1.213. O disposto nos arti- assiste o direito de retenção pela quando concedida à União, aos
gos antecedentes não se aplica importância destas, nem o de le- Estados, ao Distrito Federal, aos
às servidões não aparentes, sal- vantar as voluptuárias. Municípios ou às suas entidades
vo quando os respectivos títulos delegadas e a respectiva cessão
provierem do possuidor do prédio Art. 1.221. As benfeitorias com- e promessa de cessão.
serviente, ou daqueles de quem pensam-se com os danos, e só
este o houve. obrigam ao ressarcimento se ao Art. 1.226. Os direitos reais so-
tempo da evicção ainda existirem. bre coisas móveis, quando cons-
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tituídos, ou transmitidos por atos
tem direito, enquanto ela durar, Art. 1.222. O reivindicante, obri- entre vivos, só se adquirem com
aos frutos percebidos. gado a indenizar as benfeitorias a tradição.
Parágrafo único. Os frutos ao possuidor de má-fé, tem o
pendentes ao tempo em que direito de optar entre o seu va- Art. 1.227. Os direitos reais
cessar a boa-fé devem ser res- lor atual e o seu custo; ao pos- sobre imóveis constituídos, ou
tituídos, depois de deduzidas as suidor de boa-fé indenizará pelo transmitidos por atos entre vivos,
despesas da produção e custeio; valor atual. só se adquirem com o registro no
devem ser também restituídos os Cartório de Registro de Imóveis
frutos colhidos com antecipação. dos referidos títulos (arts. 1.245 a
CAPÍTULO IV – DA PERDA 1.247), salvo os casos expressos
Art. 1.215. Os frutos naturais DA POSSE neste Código.
e industriais reputam-se colhi-
dos e percebidos, logo que são Art. 1.223. Perde-se a posse
separados; os civis reputam-se quando cessa, embora contra a TÍTULO III – DA
percebidos dia por dia. vontade do possuidor, o poder PROPRIEDADE
sobre o bem, ao qual se refere
Art. 1.216. O possuidor de má- o art. 1.196. CAPÍTULO I – DA
-fé responde por todos os frutos PROPRIEDADE EM GERAL
colhidos e percebidos, bem como Art. 1.224. Só se considera per- Seção I – Disposições
pelos que, por culpa sua, deixou dida a posse para quem não pre-
de perceber, desde o momento senciou o esbulho, quando, tendo Preliminares
em que se constituiu de má-fé; notícia dele, se abstém de retor-
tem direito às despesas da pro- nar a coisa, ou, tentando recupe- Art. 1.228. O proprietário tem a
208
Código Civil
faculdade de usar, gozar e dispor os monumentos arqueológicos petente dará conhecimento da
da coisa, e o direito de reavê-la e outros bens referidos por leis descoberta através da imprensa
do poder de quem quer que in- especiais. e outros meios de informação,
justamente a possua ou detenha. Parágrafo único. O proprie- somente expedindo editais se o
§ 1o O direito de proprieda- tário do solo tem o direito de ex- seu valor os comportar.
de deve ser exercido em conso- plorar os recursos minerais de
nância com as suas finalidades emprego imediato na construção Art. 1.237. Decorridos sessen-
econômicas e sociais e de modo civil, desde que não submetidos a ta dias da divulgação da notícia
que sejam preservados, de con- transformação industrial, obede- pela imprensa, ou do edital, não
formidade com o estabelecido cido o disposto em lei especial. se apresentando quem comprove
em lei especial, a flora, a fauna, a propriedade sobre a coisa, será
as belezas naturais, o equilíbrio Art. 1.231. A propriedade pre- esta vendida em hasta pública e,
ecológico e o patrimônio histórico sume-se plena e exclusiva, até deduzidas do preço as despesas,
e artístico, bem como evitada a prova em contrário. mais a recompensa do descobri-
poluição do ar e das águas. dor, pertencerá o remanescente
§ 2o São defesos os atos que Art. 1.232. Os frutos e mais pro- ao Município em cuja circunscri-
não trazem ao proprietário qual- dutos da coisa pertencem, ainda ção se deparou o objeto perdido.
quer comodidade, ou utilidade, e quando separados, ao seu pro- Parágrafo único. Sendo de
sejam animados pela intenção de prietário, salvo se, por precei- diminuto valor, poderá o Municí-
prejudicar outrem. to jurídico especial, couberem pio abandonar a coisa em favor
§ 3o O proprietário pode ser a outrem. de quem a achou.
privado da coisa, nos casos de
desapropriação, por necessidade
ou utilidade pública ou interesse
Seção II – Da Descoberta CAPÍTULO II – DA
social, bem como no de requisi- AQUISIÇÃO DA
ção, em caso de perigo público Art. 1.233. Quem quer que ache PROPRIEDADE IMÓVEL
iminente. coisa alheia perdida há de resti-
§ 4o O proprietário também tuí-la ao dono ou legítimo pos- Seção I – Da Usucapião
pode ser privado da coisa se o suidor.
imóvel reivindicado consistir em Parágrafo único. Não o co- Art. 1.238. Aquele que, por quin-
extensa área, na posse ininterrup- nhecendo, o descobridor fará por ze anos, sem interrupção, nem
ta e de boa-fé, por mais de cinco encontrá-lo, e, se não o encontrar, oposição, possuir como seu um
anos, de considerável número de entregará a coisa achada à auto- imóvel, adquire-lhe a proprieda-
pessoas, e estas nela houverem ridade competente. de, independentemente de título
realizado, em conjunto ou sepa- e boa-fé; podendo requerer ao juiz
radamente, obras e serviços con- Art. 1.234. Aquele que restituir que assim o declare por senten-
siderados pelo juiz de interesse a coisa achada, nos termos do ça, a qual servirá de título para o
social e econômico relevante. artigo antecedente, terá direito registro no Cartório de Registro
§ 5o No caso do parágrafo a uma recompensa não inferior de Imóveis.
antecedente, o juiz fixará a justa a cinco por cento do seu valor, e Parágrafo único. O prazo es-
indenização devida ao proprietá- à indenização pelas despesas que tabelecido neste artigo reduzir-
rio; pago o preço, valerá a senten- houver feito com a conservação -se-á a dez anos se o possuidor
ça como título para o registro do e transporte da coisa, se o dono houver estabelecido no imóvel
imóvel em nome dos possuidores. não preferir abandoná-la. a sua moradia habitual, ou nele
Parágrafo único. Na determi- realizado obras ou serviços de
Art. 1.229. A propriedade do solo nação do montante da recompen- caráter produtivo.
abrange a do espaço aéreo e sub- sa, considerar-se-á o esforço de-
solo correspondentes, em altura senvolvido pelo descobridor para Art. 1.239. Aquele que, não sen-
e profundidade úteis ao seu exer- encontrar o dono, ou o legítimo do proprietário de imóvel rural ou
cício, não podendo o proprietário possuidor, as possibilidades que urbano, possua como sua, por
opor-se a atividades que sejam teria este de encontrar a coisa e cinco anos ininterruptos, sem
realizadas, por terceiros, a uma a situação econômica de ambos. oposição, área de terra em zona
altura ou profundidade tais, que rural não superior a cinquenta
não tenha ele interesse legítimo Art. 1.235. O descobridor res- hectares, tornando-a produtiva
em impedi-las. ponde pelos prejuízos causados por seu trabalho ou de sua família,
ao proprietário ou possuidor le- tendo nela sua moradia, adquirir-
Art. 1.230. A propriedade do solo gítimo, quando tiver procedido -lhe-á a propriedade.
não abrange as jazidas, minas com dolo.
e demais recursos minerais, os Art. 1.240. Aquele que possuir,
potenciais de energia hidráulica, Art. 1.236. A autoridade com- como sua, área urbana de até
209
Código Civil
duzentos e cinquenta metros possuidores nele tiverem estabe- Seção III – Da Aquisição por
quadrados, por cinco anos inin- lecido a sua moradia, ou realizado Acessão
terruptamente e sem oposição, investimentos de interesse social
utilizando-a para sua moradia e econômico. Art. 1.248. A acessão pode dar-
ou de sua família, adquirir-lhe-á -se:
o domínio, desde que não seja Art. 1.243. O possuidor pode, I – por formação de ilhas;
proprietário de outro imóvel ur- para o fim de contar o tempo exi- II – por aluvião;
bano ou rural. gido pelos artigos antecedentes, III – por avulsão;
§ 1o O título de domínio e a acrescentar à sua posse a dos IV – por abandono de álveo;
concessão de uso serão confe- seus antecessores (art. 1.207), V – por plantações ou cons-
ridos ao homem ou à mulher, ou contanto que todas sejam con- truções.
a ambos, independentemente do tínuas, pacíficas e, nos casos do
estado civil. art. 1.242, com justo título e de
§ 2o O direito previsto no pa- boa-fé.
Subseção I – Das Ilhas
rágrafo antecedente não será re-
conhecido ao mesmo possuidor Art. 1.244. Estende-se ao pos- Art. 1.249. As ilhas que se for-
mais de uma vez. suidor o disposto quanto ao deve- marem em correntes comuns ou
dor acerca das causas que obs- particulares pertencem aos pro-
Art. 1.240-A. Aquele que exer- tam, suspendem ou interrompem prietários ribeirinhos fronteiros,
cer, por 2 (dois) anos ininterrup- a prescrição, as quais também se observadas as regras seguintes:
tamente e sem oposição, posse aplicam à usucapião. I – as que se formarem no
direta, com exclusividade, sobre meio do rio consideram-se acrés-
imóvel urbano de até 250m² (du- cimos sobrevindos aos terrenos
zentos e cinquenta metros qua-
Seção II – Da Aquisição pelo ribeirinhos fronteiros de ambas
drados) cuja propriedade divida Registro do Título as margens, na proporção de suas
com ex-cônjuge ou ex-compa- testadas, até a linha que dividir o
nheiro que abandonou o lar, uti- Art. 1.245. Transfere-se entre álveo em duas partes iguais;
lizando-o para sua moradia ou vivos a propriedade mediante o II – as que se formarem entre
de sua família, adquirir-lhe-á o registro do título translativo no a referida linha e uma das mar-
domínio integral, desde que não Registro de Imóveis. gens consideram-se acréscimos
seja proprietário de outro imóvel § 1o Enquanto não se regis- aos terrenos ribeirinhos frontei-
urbano ou rural. trar o título translativo, o alienante ros desse mesmo lado;
§ 1o O direito previsto no continua a ser havido como dono III – as que se formarem pelo
caput não será reconhecido ao do imóvel. desdobramento de um novo bra-
mesmo possuidor mais de uma § 2o Enquanto não se pro- ço do rio continuam a pertencer
vez. mover, por meio de ação própria, aos proprietários dos terrenos à
§ 2o (Vetado) a decretação de invalidade do custa dos quais se constituíram.
registro, e o respectivo cance-
Art. 1.241. Poderá o possuidor lamento, o adquirente continua a
requerer ao juiz seja declarada ser havido como dono do imóvel.
Subseção II – Da Aluvião
adquirida, mediante usucapião,
a propriedade imóvel. Art. 1.246. O registro é eficaz Art. 1.250. Os acréscimos for-
Parágrafo único. A declara- desde o momento em que se mados, sucessiva e impercepti-
ção obtida na forma deste arti- apresentar o título ao oficial do velmente, por depósitos e aterros
go constituirá título hábil para o registro, e este o prenotar no naturais ao longo das margens
registro no Cartório de Registro protocolo. das correntes, ou pelo desvio das
de Imóveis. águas destas, pertencem aos do-
Art. 1.247. Se o teor do registro nos dos terrenos marginais, sem
Art. 1.242. Adquire também a não exprimir a verdade, poderá indenização.
propriedade do imóvel aquele o interessado reclamar que se Parágrafo único. O terreno
que, contínua e incontestada- retifique ou anule. aluvial, que se formar em frente
mente, com justo título e boa-fé, Parágrafo único. Cancelado de prédios de proprietários dife-
o possuir por dez anos. o registro, poderá o proprietário rentes, dividir-se-á entre eles, na
Parágrafo único. Será de cin- reivindicar o imóvel, independen- proporção da testada de cada um
co anos o prazo previsto neste temente da boa-fé ou do título do sobre a antiga margem.
artigo se o imóvel houver sido terceiro adquirente.
adquirido, onerosamente, com
base no registro constante do
Subseção III – Da Avulsão
respectivo cartório, cancelada
posteriormente, desde que os Art. 1.251. Quando, por força na-
210
Código Civil
tural violenta, uma porção de ter- da judicialmente, se não houver área remanescente; se de má-fé,
ra se destacar de um prédio e se acordo. é obrigado a demolir o que nele
juntar a outro, o dono deste adqui- construiu, pagando as perdas e
rirá a propriedade do acréscimo, Art. 1.256. Se de ambas as par- danos apurados, que serão devi-
se indenizar o dono do primeiro tes houve má-fé, adquirirá o pro- dos em dobro.
ou, sem indenização, se, em um prietário as sementes, plantas e
ano, ninguém houver reclamado. construções, devendo ressarcir
Parágrafo único. Recusan- o valor das acessões. CAPÍTULO III – DA
do-se ao pagamento de indeni- Parágrafo único. Presume-se AQUISIÇÃO DA
zação, o dono do prédio a que se má-fé no proprietário, quando o PROPRIEDADE MÓVEL
juntou a porção de terra deverá trabalho de construção, ou lavou-
aquiescer a que se remova a parte ra, se fez em sua presença e sem Seção I – Da Usucapião
acrescida. impugnação sua.
Art. 1.260. Aquele que possuir
Art. 1.257. O disposto no artigo coisa móvel como sua, contínua
Subseção IV – Do Álveo antecedente aplica-se ao caso e incontestadamente durante
Abandonado de não pertencerem as semen- três anos, com justo título e boa-
tes, plantas ou materiais a quem -fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 1.252. O álveo abandonado de boa-fé os empregou em solo
de corrente pertence aos pro- alheio. Art. 1.261. Se a posse da coi-
prietários ribeirinhos das duas Parágrafo único. O proprie- sa móvel se prolongar por cinco
margens, sem que tenham in- tário das sementes, plantas ou anos, produzirá usucapião, in-
denização os donos dos terrenos materiais poderá cobrar do pro- dependentemente de título ou
por onde as águas abrirem novo prietário do solo a indenização boa-fé.
curso, entendendo-se que os pré- devida, quando não puder havê-la
dios marginais se estendem até do plantador ou construtor. Art. 1.262. Aplica-se à usuca-
o meio do álveo. pião das coisas móveis o disposto
Art. 1.258. Se a construção, fei- nos arts. 1.243 e 1.244.
ta parcialmente em solo próprio,
Subseção V – Das invade solo alheio em proporção
Construções e Plantações não superior à vigésima parte
Seção II – Da Ocupação
deste, adquire o construtor de
Art. 1.253. Toda construção ou boa-fé a propriedade da parte do Art. 1.263. Quem se assenhorear
plantação existente em um ter- solo invadido, se o valor da cons- de coisa sem dono para logo lhe
reno presume-se feita pelo pro- trução exceder o dessa parte, e adquire a propriedade, não sen-
prietário e à sua custa, até que responde por indenização que do essa ocupação defesa por lei.
se prove o contrário. represente, também, o valor da
área perdida e a desvalorização
Art. 1.254. Aquele que semeia, da área remanescente.
Seção III – Do Achado do
planta ou edifica em terreno pró- Parágrafo único. Pagando em Tesouro
prio com sementes, plantas ou décuplo as perdas e danos previs-
materiais alheios, adquire a pro- tos neste artigo, o construtor de Art. 1.264. O depósito antigo de
priedade destes; mas fica obriga- má-fé adquire a propriedade da coisas preciosas, oculto e de cujo
do a pagar-lhes o valor, além de parte do solo que invadiu, se em dono não haja memória, será divi-
responder por perdas e danos, se proporção à vigésima parte deste dido por igual entre o proprietário
agiu de má-fé. e o valor da construção exceder do prédio e o que achar o tesouro
consideravelmente o dessa parte casualmente.
Art. 1.255. Aquele que semeia, e não se puder demolir a porção
planta ou edifica em terreno invasora sem grave prejuízo para Art. 1.265. O tesouro pertence-
alheio perde, em proveito do pro- a construção. rá por inteiro ao proprietário do
prietário, as sementes, plantas prédio, se for achado por ele, ou
e construções; se procedeu de Art. 1.259. Se o construtor esti- em pesquisa que ordenou, ou por
boa-fé, terá direito a indenização. ver de boa-fé, e a invasão do solo terceiro não autorizado.
Parágrafo único. Se a cons- alheio exceder a vigésima parte
trução ou a plantação exceder deste, adquire a propriedade da Art. 1.266. Achando-se em ter-
consideravelmente o valor do parte do solo invadido, e responde reno aforado, o tesouro será divi-
terreno, aquele que, de boa-fé, por perdas e danos que abranjam dido por igual entre o descobridor
plantou ou edificou, adquirirá a o valor que a invasão acrescer à e o enfiteuta, ou será deste por
propriedade do solo, mediante construção, mais o da área per- inteiro quando ele mesmo seja o
pagamento da indenização fixa- dida e o da desvalorização da descobridor.
211
Código Civil
Seção IV – Da Tradição se o seu valor exceder conside- IV – por perecimento da coisa;
ravelmente o da matéria-prima. V – por desapropriação.
Art. 1.267. A propriedade das Parágrafo único. Nos casos
coisas não se transfere pelos ne- Art. 1.271. Aos prejudicados, nas dos incisos I e II, os efeitos da per-
gócios jurídicos antes da tradição. hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, da da propriedade imóvel serão
Parágrafo único. Subenten- se ressarcirá o dano que sofre- subordinados ao registro do título
de-se a tradição quando o trans- rem, menos ao especificador de transmissivo ou do ato renuncia-
mitente continua a possuir pelo má-fé, no caso do § 1o do artigo tivo no Registro de Imóveis.
constituto possessório; quando antecedente, quando irredutível
cede ao adquirente o direito à a especificação. Art. 1.276. O imóvel urbano que
restituição da coisa, que se en- o proprietário abandonar, com a
contra em poder de terceiro; ou intenção de não mais o conservar
quando o adquirente já está na
Seção VI – Da Confusão, da em seu patrimônio, e que se não
posse da coisa, por ocasião do Comissão e da Adjunção encontrar na posse de outrem,
negócio jurídico. poderá ser arrecadado, como bem
Art. 1.272. As coisas pertencen- vago, e passar, três anos depois,
Art. 1.268. Feita por quem não tes a diversos donos, confundi- à propriedade do Município ou à
seja proprietário, a tradição não das, misturadas ou adjuntadas do Distrito Federal, se se achar
aliena a propriedade, exceto se sem o consentimento deles, con- nas respectivas circunscrições.
a coisa, oferecida ao público, em tinuam a pertencer-lhes, sendo § 1o O imóvel situado na zona
leilão ou estabelecimento comer- possível separá-las sem dete- rural, abandonado nas mesmas
cial, for transferida em circuns- rioração. circunstâncias, poderá ser arre-
tâncias tais que, ao adquirente de § 1o Não sendo possível a se- cadado, como bem vago, e passar,
boa-fé, como a qualquer pessoa, paração das coisas, ou exigindo três anos depois, à propriedade
o alienante se afigurar dono. dispêndio excessivo, subsiste in- da União, onde quer que ele se
§ 1o Se o adquirente estiver diviso o todo, cabendo a cada um localize.
de boa-fé e o alienante adquirir dos donos quinhão proporcional § 2o Presumir-se-á de modo
depois a propriedade, conside- ao valor da coisa com que entrou absoluto a intenção a que se refe-
ra-se realizada a transferência para a mistura ou agregado. re este artigo, quando, cessados
desde o momento em que ocor- § 2o Se uma das coisas puder os atos de posse, deixar o proprie-
reu a tradição. considerar-se principal, o dono tário de satisfazer os ônus fiscais.
§ 2o Não transfere a proprie- sê-lo-á do todo, indenizando os
dade a tradição, quando tiver por outros.
título um negócio jurídico nulo. CAPÍTULO V – DOS
Art. 1.273. Se a confusão, co- DIREITOS DE VIZINHANÇA
missão ou adjunção se operou
Seção V – Da Especificação Seção I – Do Uso Anormal da
de má-fé, à outra parte caberá
escolher entre adquirir a proprie- Propriedade
Art. 1.269. Aquele que, traba- dade do todo, pagando o que não
lhando em matéria-prima em par- for seu, abatida a indenização que Art. 1.277. O proprietário ou o
te alheia, obtiver espécie nova, lhe for devida, ou renunciar ao que possuidor de um prédio tem o
desta será proprietário, se não se lhe pertencer, caso em que será direito de fazer cessar as interfe-
puder restituir à forma anterior. indenizado. rências prejudiciais à segurança,
ao sossego e à saúde dos que o
Art. 1.270. Se toda a matéria Art. 1.274. Se da união de maté- habitam, provocadas pela utili-
for alheia, e não se puder redu- rias de natureza diversa se formar zação de propriedade vizinha.
zir à forma precedente, será do espécie nova, à confusão, comis- Parágrafo único. Proíbem-se
especificador de boa-fé a espé- são ou adjunção aplicam-se as as interferências considerando-
cie nova. normas dos arts. 1.272 e 1.273. -se a natureza da utilização, a
§ 1o Sendo praticável a re- localização do prédio, atendidas
dução, ou quando impraticável, as normas que distribuem as edi-
se a espécie nova se obteve de CAPÍTULO IV – DA PERDA ficações em zonas, e os limites
má-fé, pertencerá ao dono da DA PROPRIEDADE ordinários de tolerância dos mo-
matéria-prima. radores da vizinhança.
§ 2o Em qualquer caso, in- Art. 1.275. Além das causas con-
clusive o da pintura em relação sideradas neste Código, perde-se Art. 1.278. O direito a que se re-
à tela, da escultura, escritura e a propriedade: fere o artigo antecedente não pre-
outro qualquer trabalho gráfico I – por alienação; valece quando as interferências
em relação à matéria-prima, a es- II – pela renúncia; forem justificadas por interesse
pécie nova será do especificador, III – por abandono; público, caso em que o proprie-
212
Código Civil
tário ou o possuidor, causador § 1o Sofrerá o constrangi- ou possuidor do prédio superior.
delas, pagará ao vizinho indeni- mento o vizinho cujo imóvel mais
zação cabal. natural e facilmente se prestar à Art. 1.289. Quando as águas,
passagem. artificialmente levadas ao prédio
Art. 1.279. Ainda que por deci- § 2o Se ocorrer alienação superior, ou aí colhidas, correrem
são judicial devam ser toleradas parcial do prédio, de modo que dele para o inferior, poderá o dono
as interferências, poderá o vizinho uma das partes perca o acesso a deste reclamar que se desviem,
exigir a sua redução, ou elimina- via pública, nascente ou porto, o ou se lhe indenize o prejuízo que
ção, quando estas se tornarem proprietário da outra deve tolerar sofrer.
possíveis. a passagem. Parágrafo único. Da indeni-
§ 3o Aplica-se o disposto zação será deduzido o valor do
Art. 1.280. O proprietário ou no parágrafo antecedente ainda benefício obtido.
o possuidor tem direito a exigir quando, antes da alienação, exis-
do dono do prédio vizinho a de- tia passagem através de imóvel Art. 1.290. O proprietário de
molição, ou a reparação deste, vizinho, não estando o proprietá- nascente, ou do solo onde caem
quando ameace ruína, bem como rio deste constrangido, depois, a águas pluviais, satisfeitas as ne-
que lhe preste caução pelo dano dar uma outra. cessidades de seu consumo, não
iminente. pode impedir, ou desviar o curso
natural das águas remanescentes
Art. 1.281. O proprietário ou o
Seção IV – Da Passagem de pelos prédios inferiores.
possuidor de um prédio, em que Cabos e Tubulações
alguém tenha direito de fazer Art. 1.291. O possuidor do imó-
obras, pode, no caso de dano Art. 1.286. Mediante recebimen- vel superior não poderá poluir as
iminente, exigir do autor delas to de indenização que atenda, águas indispensáveis às primeiras
as necessárias garantias contra também, à desvalorização da área necessidades da vida dos possui-
o prejuízo eventual. remanescente, o proprietário é dores dos imóveis inferiores; as
obrigado a tolerar a passagem, demais, que poluir, deverá recu-
através de seu imóvel, de ca- perar, ressarcindo os danos que
Seção II – Das Árvores bos, tubulações e outros condu- estes sofrerem, se não for possí-
Limítrofes tos subterrâneos de serviços de vel a recuperação ou o desvio do
utilidade pública, em proveito de curso artificial das águas.
Art. 1.282. A árvore, cujo tronco proprietários vizinhos, quando
estiver na linha divisória, presu- de outro modo for impossível ou Art. 1.292. O proprietário tem
me-se pertencer em comum aos excessivamente onerosa. direito de construir barragens,
donos dos prédios confinantes. Parágrafo único. O proprietá- açudes, ou outras obras para
rio prejudicado pode exigir que a represamento de água em seu
Art. 1.283. As raízes e os ramos instalação seja feita de modo me- prédio; se as águas represadas
de árvore, que ultrapassarem a nos gravoso ao prédio onerado, invadirem prédio alheio, será o
estrema do prédio, poderão ser bem como, depois, seja removi- seu proprietário indenizado pelo
cortados, até o plano vertical di- da, à sua custa, para outro local dano sofrido, deduzido o valor do
visório, pelo proprietário do ter- do imóvel. benefício obtido.
reno invadido.
Art. 1.287. Se as instalações Art. 1.293. É permitido a quem
Art. 1.284. Os frutos caídos de oferecerem grave risco, será fa- quer que seja, mediante prévia
árvore do terreno vizinho perten- cultado ao proprietário do prédio indenização aos proprietários
cem ao dono do solo onde caí- onerado exigir a realização de prejudicados, construir canais,
ram, se este for de propriedade obras de segurança. através de prédios alheios, para
particular. receber as águas a que tenha di-
reito, indispensáveis às primeiras
Seção V – Das Águas necessidades da vida, e, desde
Seção III – Da Passagem que não cause prejuízo conside-
Forçada Art. 1.288. O dono ou o possui- rável à agricultura e à indústria,
dor do prédio inferior é obrigado bem como para o escoamento de
Art. 1.285. O dono do prédio que a receber as águas que correm águas supérfluas ou acumuladas,
não tiver acesso a via pública, naturalmente do superior, não ou a drenagem de terrenos.
nascente ou porto, pode, me- podendo realizar obras que em- § 1o Ao proprietário prejudi-
diante pagamento de indenização baracem o seu fluxo; porém a cado, em tal caso, também assis-
cabal, constranger o vizinho a lhe condição natural e anterior do te direito a ressarcimento pelos
dar passagem, cujo rumo será ju- prédio inferior não pode ser agra- danos que de futuro lhe adve-
dicialmente fixado, se necessário. vada por obras feitas pelo dono nham da infiltração ou irrupção
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Código Civil
das águas, bem como da dete- entre os interessados as respec- incida sobre a linha divisória, bem
rioração das obras destinadas a tivas despesas. como as perpendiculares, não
canalizá-las. § 1o Os intervalos, muros, poderão ser abertas a menos
§ 2o O proprietário prejudica- cercas e os tapumes divisórios, de setenta e cinco centímetros.
do poderá exigir que seja subter- tais como sebes vivas, cercas de § 2o As disposições deste ar-
rânea a canalização que atravessa arame ou de madeira, valas ou tigo não abrangem as aberturas
áreas edificadas, pátios, hortas, banquetas, presumem-se, até para luz ou ventilação, não maio-
jardins ou quintais. prova em contrário, pertencer res de dez centímetros de largura
§ 3o O aqueduto será cons- a ambos os proprietários confi- sobre vinte de comprimento e
truído de maneira que cause o nantes, sendo estes obrigados, de construídas a mais de dois metros
menor prejuízo aos proprietá- conformidade com os costumes de altura de cada piso.
rios dos imóveis vizinhos, e a da localidade, a concorrer, em
expensas do seu dono, a quem partes iguais, para as despesas Art. 1.302. O proprietário pode,
incumbem também as despesas de sua construção e conservação. no lapso de ano e dia após a con-
de conservação. § 2o As sebes vivas, as ár- clusão da obra, exigir que se des-
vores, ou plantas quaisquer, que faça janela, sacada, terraço ou
Art. 1.294. Aplica-se ao direi- servem de marco divisório, só goteira sobre o seu prédio; es-
to de aqueduto o disposto nos podem ser cortadas, ou arran- coado o prazo, não poderá, por
arts. 1.286 e 1.287. cadas, de comum acordo entre sua vez, edificar sem atender ao
proprietários. disposto no artigo antecedente,
Art. 1.295. O aqueduto não im- § 3o A construção de tapu- nem impedir, ou dificultar, o esco-
pedirá que os proprietários cer- mes especiais para impedir a amento das águas da goteira, com
quem os imóveis e construam passagem de animais de peque- prejuízo para o prédio vizinho.
sobre ele, sem prejuízo para a no porte, ou para outro fim, pode Parágrafo único. Em se tra-
sua segurança e conservação; os ser exigida de quem provocou tando de vãos, ou aberturas para
proprietários dos imóveis pode- a necessidade deles, pelo pro- luz, seja qual for a quantidade,
rão usar das águas do aqueduto prietário, que não está obrigado altura e disposição, o vizinho po-
para as primeiras necessidades a concorrer para as despesas. derá, a todo tempo, levantar a sua
da vida. edificação, ou contramuro, ainda
Art. 1.298. Sendo confusos, os que lhes vede a claridade.
Art. 1.296. Havendo no aque- limites, em falta de outro meio,
duto águas supérfluas, outros se determinarão de conformida- Art. 1.303. Na zona rural, não
poderão canalizá-las, para os fins de com a posse justa; e, não se será permitido levantar edifica-
previstos no art. 1.293, mediante achando ela provada, o terreno ções a menos de três metros do
pagamento de indenização aos contestado se dividirá por par- terreno vizinho.
proprietários prejudicados e ao tes iguais entre os prédios, ou,
dono do aqueduto, de importân- não sendo possível a divisão cô- Art. 1.304. Nas cidades, vilas
cia equivalente às despesas que moda, se adjudicará a um deles, e povoados cuja edificação es-
então seriam necessárias para a mediante indenização ao outro. tiver adstrita a alinhamento, o
condução das águas até o ponto dono de um terreno pode nele
de derivação. edificar, madeirando na parede
Parágrafo único. Têm prefe-
Seção VII – Do Direito de divisória do prédio contíguo, se
rência os proprietários dos imó- Construir ela suportar a nova construção;
veis atravessados pelo aqueduto. mas terá de embolsar ao vizinho
Art. 1.299. O proprietário pode metade do valor da parede e do
levantar em seu terreno as cons- chão correspondentes.
Seção VI – Dos Limites entre truções que lhe aprouver, salvo o
Prédios e do Direito de direito dos vizinhos e os regula- Art. 1.305. O confinante, que
Tapagem mentos administrativos. primeiro construir, pode assen-
tar a parede divisória até meia
Art. 1.297. O proprietário tem Art. 1.300. O proprietário cons- espessura no terreno contíguo,
direito a cercar, murar, valar ou truirá de maneira que o seu prédio sem perder por isso o direito a
tapar de qualquer modo o seu não despeje águas, diretamente, haver meio valor dela se o vizinho
prédio, urbano ou rural, e pode sobre o prédio vizinho. a travejar, caso em que o primeiro
constranger o seu confinante a fixará a largura e a profundidade
proceder com ele à demarcação Art. 1.301. É defeso abrir janelas, do alicerce.
entre os dois prédios, a aviven- ou fazer eirado, terraço ou varan- Parágrafo único. Se a pare-
tar rumos apagados e a renovar da, a menos de metro e meio do de divisória pertencer a um dos
marcos destruídos ou arruinados, terreno vizinho. vizinhos, e não tiver capacidade
repartindo-se proporcionalmente § 1o As janelas cuja visão não para ser travejada pelo outro, não
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Código Civil
poderá este fazer-lhe alicerce ao rio do prédio vizinho tem direito estranhos, sem o consenso dos
pé sem prestar caução àquele, a ressarcimento pelos prejuízos outros.
pelo risco a que expõe a cons- que sofrer, não obstante haverem
trução anterior. sido realizadas as obras acaute- Art. 1.315. O condômino é obri-
latórias. gado, na proporção de sua parte,
Art. 1.306. O condômino da pa- a concorrer para as despesas de
rede-meia pode utilizá-la até ao Art. 1.312. Todo aquele que violar conservação ou divisão da coisa,
meio da espessura, não pondo as proibições estabelecidas nes- e a suportar os ônus a que esti-
em risco a segurança ou a sepa- ta Seção é obrigado a demolir as ver sujeita.
ração dos dois prédios, e avisando construções feitas, respondendo Parágrafo único. Presumem-
previamente o outro condômino por perdas e danos. -se iguais as partes ideais dos
das obras que ali tenciona fazer; condôminos.
não pode sem consentimento Art. 1.313. O proprietário ou ocu-
do outro, fazer, na parede-meia, pante do imóvel é obrigado a tole- Art. 1.316. Pode o condômino
armários, ou obras semelhan- rar que o vizinho entre no prédio, eximir-se do pagamento das des-
tes, correspondendo a outras, mediante prévio aviso, para: pesas e dívidas, renunciando à
da mesma natureza, já feitas do I – dele temporariamente parte ideal.
lado oposto. usar, quando indispensável à § 1o Se os demais condômi-
reparação, construção, recons- nos assumem as despesas e as
Art. 1.307. Qualquer dos confi- trução ou limpeza de sua casa dívidas, a renúncia lhes aproveita,
nantes pode altear a parede divi- ou do muro divisório; adquirindo a parte ideal de quem
sória, se necessário reconstruin- II – apoderar-se de coisas renunciou, na proporção dos pa-
do-a, para suportar o alteamento; suas, inclusive animais que aí se gamentos que fizerem.
arcará com todas as despesas, encontrem casualmente. § 2o Se não há condômino
inclusive de conservação, ou com § 1o O disposto neste artigo que faça os pagamentos, a coisa
metade, se o vizinho adquirir mea- aplica-se aos casos de limpeza comum será dividida.
ção também na parte aumentada. ou reparação de esgotos, gotei-
ras, aparelhos higiênicos, poços Art. 1.317. Quando a dívida hou-
Art. 1.308. Não é lícito encostar e nascentes e ao aparo de cer- ver sido contraída por todos os
à parede divisória chaminés, fo- ca viva. condôminos, sem se discriminar
gões, fornos ou quaisquer apare- § 2o Na hipótese do inciso a parte de cada um na obrigação,
lhos ou depósitos suscetíveis de II, uma vez entregues as coisas nem se estipular solidariedade,
produzir infiltrações ou interfe- buscadas pelo vizinho, poderá ser entende-se que cada qual se obri-
rências prejudiciais ao vizinho. impedida a sua entrada no imóvel. gou proporcionalmente ao seu
Parágrafo único. A dispo- § 3o Se do exercício do direito quinhão na coisa comum.
sição anterior não abrange as assegurado neste artigo provier
chaminés ordinárias e os fogões dano, terá o prejudicado direito Art. 1.318. As dívidas contraí-
de cozinha. a ressarcimento. das por um dos condôminos em
proveito da comunhão, e durante
Art. 1.309. São proibidas cons- ela, obrigam o contratante; mas
truções capazes de poluir, ou inu- CAPÍTULO VI – DO terá este ação regressiva contra
tilizar, para uso ordinário, a água CONDOMÍNIO GERAL os demais.
do poço, ou nascente alheia, a
Seção I – Do Condomínio
elas preexistentes. Art. 1.319. Cada condômino res-
Voluntário ponde aos outros pelos frutos que
Art. 1.310. Não é permitido fazer Subseção I – Dos Direitos e percebeu da coisa e pelo dano
escavações ou quaisquer obras Deveres dos Condôminos que lhe causou.
que tirem ao poço ou à nascente
de outrem a água indispensável Art. 1.314. Cada condômino Art. 1.320. A todo tempo será lí-
às suas necessidades normais. pode usar da coisa conforme cito ao condômino exigir a divisão
sua destinação, sobre ela exer- da coisa comum, respondendo
Art. 1.311. Não é permitida a cer todos os direitos compatíveis o quinhão de cada um pela sua
execução de qualquer obra ou com a indivisão, reivindicá-la de parte nas despesas da divisão.
serviço suscetível de provocar terceiro, defender a sua posse e § 1o Podem os condôminos
desmoronamento ou deslocação alhear a respectiva parte ideal, acordar que fique indivisa a coisa
de terra, ou que comprometa ou gravá-la. comum por prazo não maior de
a segurança do prédio vizinho, Parágrafo único. Nenhum cinco anos, suscetível de prorro-
senão após haverem sido feitas dos condôminos pode alterar a gação ulterior.
as obras acautelatórias. destinação da coisa comum, nem § 2o Não poderá exceder de
Parágrafo único. O proprietá- dar posse, uso ou gozo dela a cinco anos a indivisão estabele-
215
Código Civil
cida pelo doador ou pelo testador. maioria absoluta. de utilização independente, tais
§ 3o A requerimento de qual- § 2o Não sendo possível al- como apartamentos, escritórios,
quer interessado e se graves ra- cançar maioria absoluta, decidirá salas, lojas e sobrelojas, com as
zões o aconselharem, pode o juiz o juiz, a requerimento de qualquer respectivas frações ideais no solo
determinar a divisão da coisa condômino, ouvidos os outros. e nas outras partes comuns, su-
comum antes do prazo. § 3o Havendo dúvida quanto jeitam-se a propriedade exclusiva,
ao valor do quinhão, será este podendo ser alienadas e gravadas
Art. 1.321. Aplicam-se à divisão avaliado judicialmente. livremente por seus proprietários,
do condomínio, no que couber, exceto os abrigos para veículos,
as regras de partilha de herança Art. 1.326. Os frutos da coisa que não poderão ser alienados
(arts. 2.013 a 2.022). comum, não havendo em contrá- ou alugados a pessoas estranhas
rio estipulação ou disposição de ao condomínio, salvo autoriza-
Art. 1.322. Quando a coisa for última vontade, serão partilhados ção expressa na convenção de
indivisível, e os consortes não na proporção dos quinhões. condomínio.
quiserem adjudicá-la a um só, in- § 2o O solo, a estrutura do
denizando os outros, será vendida prédio, o telhado, a rede geral
e repartido o apurado, preferin-
Seção II – Do Condomínio de distribuição de água, esgoto,
do-se, na venda, em condições Necessário gás e eletricidade, a calefação e
iguais de oferta, o condômino refrigeração centrais, e as de-
ao estranho, e entre os condô- Art. 1.327. O condomínio por mais partes comuns, inclusive
minos aquele que tiver na coisa meação de paredes, cercas, mu- o acesso ao logradouro público,
benfeitorias mais valiosas, e, não ros e valas regula-se pelo dis- são utilizados em comum pe-
as havendo, o de quinhão maior. posto neste Código (arts. 1.297 e los condôminos, não podendo
Parágrafo único. Se nenhum 1.298; 1.304 a 1.307). ser alienados separadamente,
dos condôminos tem benfeitorias ou divididos.
na coisa comum e participam Art. 1.328. O proprietário que § 3o A cada unidade imobiliá-
todos do condomínio em partes tiver direito a estremar um imóvel ria caberá, como parte insepará-
iguais, realizar-se-á licitação en- com paredes, cercas, muros, va- vel, uma fração ideal no solo e nas
tre estranhos e, antes de adjudi- las ou valados, tê-lo-á igualmen- outras partes comuns, que será
cada a coisa àquele que ofereceu te a adquirir meação na parede, identificada em forma decimal
maior lanço, proceder-se-á à li- muro, valado ou cerca do vizinho, ou ordinária no instrumento de
citação entre os condôminos, a embolsando-lhe metade do que instituição do condomínio.
fim de que a coisa seja adjudicada atualmente valer a obra e o ter- § 4o Nenhuma unidade imo-
a quem afinal oferecer melhor reno por ela ocupado (art. 1.297). biliária pode ser privada do acesso
lanço, preferindo, em condições ao logradouro público.
iguais, o condômino ao estranho. Art. 1.329. Não convindo os dois § 5o O terraço de cobertura
no preço da obra, será este arbi- é parte comum, salvo disposição
trado por peritos, a expensas de contrária da escritura de consti-
Subseção II – Da ambos os confinantes. tuição do condomínio.
Administração do
Condomínio Art. 1.330. Qualquer que seja o Art. 1.332. Institui-se o condo-
valor da meação, enquanto aque- mínio edilício por ato entre vivos
Art. 1.323. Deliberando a maio- le que pretender a divisão não o ou testamento, registrado no Car-
ria sobre a administração da coisa pagar ou depositar, nenhum uso tório de Registro de Imóveis, de-
comum, escolherá o administra- poderá fazer na parede, muro, vendo constar daquele ato, além
dor, que poderá ser estranho ao vala, cerca ou qualquer outra obra do disposto em lei especial:
condomínio; resolvendo alugá- divisória. I – a discriminação e individu-
-la, preferir-se-á, em condições alização das unidades de proprie-
iguais, o condômino ao que não dade exclusiva, estremadas uma
o é. CAPÍTULO VII – DO das outras e das partes comuns;
CONDOMÍNIO EDILÍCIO II – a determinação da fração
Art. 1.324. O condômino que ideal atribuída a cada unidade,
Seção I – Disposições Gerais
administrar sem oposição dos relativamente ao terreno e par-
outros presume-se representan- tes comuns;
te comum. Art. 1.331. Pode haver, em edifi- III – o fim a que as unidades
cações, partes que são proprie- se destinam.
Art. 1.325. A maioria será cal- dade exclusiva, e partes que são
culada pelo valor dos quinhões. propriedade comum dos con- Art. 1.333. A convenção que
§ 1o As deliberações serão dôminos. constitui o condomínio edilício
obrigatórias, sendo tomadas por § 1o As partes suscetíveis deve ser subscrita pelos titulares
216
Código Civil
de, no mínimo, dois terços das venção; Art. 1.338. Resolvendo o con-
frações ideais e torna-se, desde II – não realizar obras que dômino alugar área no abrigo
logo, obrigatória para os titulares comprometam a segurança da para veículos, preferir-se-á, em
de direito sobre as unidades, ou edificação; condições iguais, qualquer dos
para quantos sobre elas tenham III – não alterar a forma e a condôminos a estranhos, e, entre
posse ou detenção. cor da fachada, das partes e es- todos, os possuidores.
Parágrafo único. Para ser quadrias externas;
oponível contra terceiros, a con- IV – dar às suas partes a mes- Art. 1.339. Os direitos de cada
venção do condomínio deverá ser ma destinação que tem a edifica- condômino às partes comuns são
registrada no Cartório de Registro ção, e não as utilizar de maneira inseparáveis de sua propriedade
de Imóveis. prejudicial ao sossego, salubrida- exclusiva; são também insepará-
de e segurança dos possuidores, veis das frações ideais correspon-
Art. 1.334. Além das cláusulas ou aos bons costumes. dentes as unidades imobiliárias,
referidas no art. 1.332 e das que § 1o O condômino que não com as suas partes acessórias.
os interessados houverem por pagar a sua contribuição fica- § 1o Nos casos deste artigo
bem estipular, a convenção de- rá sujeito aos juros moratórios é proibido alienar ou gravar os
terminará: convencionados ou, não sendo bens em separado.
I – a quota proporcional e o previstos, os de um por cento § 2o É permitido ao condô-
modo de pagamento das contri- ao mês e multa de até dois por mino alienar parte acessória de
buições dos condôminos para cento sobre o débito. sua unidade imobiliária a outro
atender às despesas ordinárias § 2o O condômino, que não condômino, só podendo fazê-lo a
e extraordinárias do condomínio; cumprir qualquer dos deveres terceiro se essa faculdade cons-
II – sua forma de adminis- estabelecidos nos incisos II a IV, tar do ato constitutivo do condo-
tração; pagará a multa prevista no ato mínio, e se a ela não se opuser a
III – a competência das as- constitutivo ou na convenção, não respectiva assembleia geral.
sembleias, forma de sua convo- podendo ela ser superior a cinco
cação e quórum exigido para as vezes o valor de suas contribui- Art. 1.340. As despesas relativas
deliberações; ções mensais, independentemen- a partes comuns de uso exclusivo
IV – as sanções a que estão te das perdas e danos que se apu- de um condômino, ou de alguns
sujeitos os condôminos, ou pos- rarem; não havendo disposição deles, incumbem a quem delas
suidores; expressa, caberá à assembleia se serve.
V – o regimento interno. geral, por dois terços no mínimo
§ 1o A convenção poderá ser dos condôminos restantes, deli- Art. 1.341. A realização de obras
feita por escritura pública ou por berar sobre a cobrança da multa. no condomínio depende:
instrumento particular. I – se voluptuárias, de voto
§ 2o São equiparados aos Art. 1337. O condômino, ou pos- de dois terços dos condôminos;
proprietários, para os fins deste suidor, que não cumpre reitera- II – se úteis, de voto da maio-
artigo, salvo disposição em con- damente com os seus deveres ria dos condôminos.
trário, os promitentes comprado- perante o condomínio poderá, § 1o As obras ou reparações
res e os cessionários de direitos por deliberação de três quar- necessárias podem ser realiza-
relativos às unidades autônomas. tos dos condôminos restantes, das, independentemente de au-
ser constrangido a pagar multa torização, pelo síndico, ou, em
Art. 1.335. São direitos do con- correspondente até ao quíntuplo caso de omissão ou impedimento
dômino: do valor atribuído à contribuição deste, por qualquer condômino.
I – usar, fruir e livremente para as despesas condominiais, § 2o Se as obras ou reparos
dispor das suas unidades; conforme a gravidade das faltas necessários forem urgentes e
II – usar das partes comuns, e a reiteração, independente- importarem em despesas exces-
conforme a sua destinação, e mente das perdas e danos que sivas, determinada sua realiza-
contanto que não exclua a utiliza- se apurem. ção, o síndico ou o condômino
ção dos demais compossuidores; Parágrafo único. O condô- que tomou a iniciativa delas dará
III – votar nas deliberações mino ou possuidor que, por seu ciência à assembleia, que deverá
da assembleia e delas participar, reiterado comportamento antis- ser convocada imediatamente.
estando quite. social, gerar incompatibilidade de § 3o Não sendo urgentes, as
convivência com os demais con- obras ou reparos necessários,
Art. 1.336. São deveres do con- dôminos ou possuidores, poderá que importarem em despesas
dômino: ser constrangido a pagar multa excessivas, somente poderão ser
I – contribuir para as despe- correspondente ao décuplo do efetuadas após autorização da as-
sas do condomínio na proporção valor atribuído à contribuição para sembleia, especialmente convo-
das suas frações ideais, salvo as despesas condominiais, até ul- cada pelo síndico, ou, em caso de
disposição em contrário na con- terior deliberação da assembleia. omissão ou impedimento deste,
217
Código Civil
por qualquer dos condôminos. II – representar, ativa e pas- § 1o Se o síndico não convo-
§ 4o O condômino que reali- sivamente, o condomínio, prati- car a assembleia, um quarto dos
zar obras ou reparos necessários cando, em juízo ou fora dele, os condôminos poderá fazê-lo.
será reembolsado das despesas atos necessários à defesa dos § 2o Se a assembleia não se
que efetuar, não tendo direito interesses comuns; reunir, o juiz decidirá, a requeri-
à restituição das que fizer com III – dar imediato conheci- mento de qualquer condômino.
obras ou reparos de outra nature- mento à assembleia da existên-
za, embora de interesse comum. cia de procedimento judicial ou Art. 1.351. Depende da aprova-
administrativo, de interesse do ção de 2/3 (dois terços) dos votos
Art. 1.342. A realização de condomínio; dos condôminos a alteração da
obras, em partes comuns, em IV – cumprir e fazer cumprir a convenção, bem como a mudança
acréscimo às já existentes, a fim convenção, o regimento interno e da destinação do edifício ou da
de lhes facilitar ou aumentar a as determinações da assembleia; unidade imobiliária.
utilização, depende da aprova- V – diligenciar a conservação
ção de dois terços dos votos dos e a guarda das partes comuns e Art. 1.352. Salvo quando exigido
condôminos, não sendo permiti- zelar pela prestação dos serviços quórum especial, as deliberações
das construções, nas partes co- que interessem aos possuidores; da assembleia serão tomadas, em
muns, suscetíveis de prejudicar VI – elaborar o orçamento primeira convocação, por maioria
a utilização, por qualquer dos da receita e da despesa relativa de votos dos condôminos presen-
condôminos, das partes próprias, a cada ano; tes que representem pelo menos
ou comuns. VII – cobrar dos condôminos metade das frações ideais.
as suas contribuições, bem como Parágrafo único. Os votos
Art. 1.343. A construção de ou- impor e cobrar as multas devidas; serão proporcionais às frações
tro pavimento, ou, no solo comum, VIII – prestar contas à as- ideais no solo e nas outras partes
de outro edifício, destinado a con- sembleia, anualmente e quando comuns pertencentes a cada con-
ter novas unidades imobiliárias, exigidas; dômino, salvo disposição diversa
depende da aprovação da unani- IX – realizar o seguro da edi- da convenção de constituição do
midade dos condôminos. ficação. condomínio.
§ 1o Poderá a assembleia in-
Art. 1.344. Ao proprietário do vestir outra pessoa, em lugar do Art. 1.353. Em segunda convo-
terraço de cobertura incumbem síndico, em poderes de repre- cação, a assembleia poderá deli-
as despesas da sua conservação, sentação. berar por maioria dos votos dos
de modo que não haja danos às § 2o O síndico pode transferir presentes, salvo quando exigido
unidades imobiliárias inferiores. a outrem, total ou parcialmente, quórum especial.
os poderes de representação ou § 1o Quando a deliberação
Art. 1.345. O adquirente de uni- as funções administrativas, me- exigir quórum especial previsto
dade responde pelos débitos do diante aprovação da assembleia, em lei ou em convenção e ele
alienante, em relação ao condo- salvo disposição em contrário da não for atingido, a assembleia
mínio, inclusive multas e juros convenção. poderá, por decisão da maioria
moratórios. dos presentes, autorizar o presi-
Art. 1.349. A assembleia, espe- dente a converter a reunião em
Art. 1.346. É obrigatório o segu- cialmente convocada para o fim sessão permanente, desde que
ro de toda a edificação contra o estabelecido no § 2o do artigo an- cumulativamente:
risco de incêndio ou destruição, tecedente, poderá, pelo voto da I – sejam indicadas a data e a
total ou parcial. maioria absoluta de seus mem- hora da sessão em seguimento,
bros, destituir o síndico que pra- que não poderá ultrapassar 60
ticar irregularidades, não prestar (sessenta) dias, e identificadas
Seção II – Da Administração contas, ou não administrar con- as deliberações pretendidas, em
do Condomínio venientemente o condomínio. razão do quórum especial não
atingido;
Art. 1.347. A assembleia esco- Art. 1.350. Convocará o síndi- II – fiquem expressamente
lherá um síndico, que poderá não co, anualmente, reunião da as- convocados os presentes e sejam
ser condômino, para administrar sembleia dos condôminos, na obrigatoriamente convocadas
o condomínio, por prazo não su- forma prevista na convenção, as unidades ausentes, na forma
perior a dois anos, o qual poderá a fim de aprovar o orçamento prevista em convenção;
renovar-se. das despesas, as contribuições III – seja lavrada ata parcial,
dos condôminos e a prestação relativa ao segmento presencial
Art. 1.348. Compete ao síndico: de contas, e eventualmente ele- da reunião da assembleia, da qual
I – convocar a assembleia dos ger-lhe o substituto e alterar o deverão constar as transcrições
condôminos; regimento interno. circunstanciadas de todos os ar-
218
Código Civil
gumentos até então apresenta- § 3o Somente após a soma- iguais de oferta, o condômino ao
dos relativos à ordem do dia, que tória de todos os votos e a sua estranho, será repartido o apu-
deverá ser remetida aos condô- divulgação será lavrada a res- rado entre os condôminos, pro-
minos ausentes; pectiva ata, também eletrônica, porcionalmente ao valor das suas
IV – seja dada continuidade e encerrada a assembleia geral. unidades imobiliárias.
às deliberações no dia e na hora § 4o A assembleia eletrônica
designados, e seja a ata corres- deverá obedecer aos preceitos Art. 1.358. Se ocorrer desapro-
pondente lavrada em seguimento de instalação, de funcionamento priação, a indenização será repar-
à que estava parcialmente redigi- e de encerramento previstos no tida na proporção a que se refere
da, com a consolidação de todas edital de convocação e poderá o § 2o do artigo antecedente.
as deliberações. ser realizada de forma híbrida,
§ 2o Os votos consignados na com a presença física e virtual de
primeira sessão ficarão registra- condôminos concomitantemente
Seção IV – Do Condomínio de
dos, sem que haja necessidade de no mesmo ato. Lotes
comparecimento dos condôminos § 5o Normas complementa-
para sua confirmação, os quais res relativas às assembleias ele- Art. 1.358-A. Pode haver, em
poderão, se estiverem presentes trônicas poderão ser previstas no terrenos, partes designadas de
no encontro seguinte, requerer a regimento interno do condomínio lotes que são propriedade exclu-
alteração do seu voto até o des- e definidas mediante aprovação siva e partes que são propriedade
fecho da deliberação pretendida. da maioria simples dos presentes comum dos condôminos.
§ 3o A sessão permanente em assembleia convocada para § 1o A fração ideal de cada
poderá ser prorrogada tantas ve- essa finalidade. condômino poderá ser propor-
zes quantas necessárias, desde § 6o Os documentos perti- cional à área do solo de cada
que a assembleia seja concluí- nentes à ordem do dia poderão unidade autônoma, ao respec-
da no prazo total de 90 (noven- ser disponibilizados de forma tivo potencial construtivo ou a
ta) dias, contado da data de sua física ou eletrônica aos partici- outros critérios indicados no ato
abertura inicial. pantes. de instituição.
§ 2o Aplica-se, no que cou-
Art. 1.354. A assembleia não Art. 1.355. Assembleias extraor- ber, ao condomínio de lotes:
poderá deliberar se todos os con- dinárias poderão ser convocadas I – o disposto sobre condomí-
dôminos não forem convocados pelo síndico ou por um quarto dos nio edilício neste Capítulo, respei-
para a reunião. condôminos. tada a legislação urbanística; e
II – o regime jurídico das in-
Art. 1.354-A. A convocação, Art. 1.356. Poderá haver no con- corporações imobiliárias de que
a realização e a deliberação de domínio um conselho fiscal, com- trata o Capítulo I do Título II da
quaisquer modalidades de assem- posto de três membros, eleitos Lei no 4.591, de 16 de dezembro
bleia poderão dar-se de forma pela assembleia, por prazo não de 1964, equiparando-se o empre-
eletrônica, desde que: superior a dois anos, ao qual com- endedor ao incorporador quanto
I – tal possibilidade não seja pete dar parecer sobre as contas aos aspectos civis e registrários.
vedada na convenção de con- do síndico. § 3o Para fins de incorpo-
domínio; ração imobiliária, a implantação
II – sejam preservados aos de toda a infraestrutura ficará a
condôminos os direitos de voz,
Seção III – Da Extinção do cargo do empreendedor.
de debate e de voto. Condomínio
§ 1o Do instrumento de con-
vocação deverá constar que a Art. 1.357. Se a edificação for to- CAPÍTULO VII-A –
assembleia será realizada por tal ou consideravelmente destru- DO CONDOMÍNIO EM
meio eletrônico, bem como as ída, ou ameace ruína, os condô- MULTIPROPRIEDADE
instruções sobre acesso, mani- minos deliberarão em assembleia
festação e forma de coleta de sobre a reconstrução, ou venda, Seção I – Disposições Gerais
votos dos condôminos. por votos que representem meta-
§ 2o A administração do de mais uma das frações ideais. Art. 1.358-B. A multipropriedade
condomínio não poderá ser res- § 1o Deliberada a reconstru- reger-se-á pelo disposto neste
ponsabilizada por problemas ção, poderá o condômino eximir- Capítulo e, de forma supletiva e
decorrentes dos equipamentos -se do pagamento das despesas subsidiária, pelas demais dispo-
de informática ou da conexão à respectivas, alienando os seus sições deste Código e pelas dis-
internet dos condôminos ou de direitos a outros condôminos, posições das Leis nos 4.591, de 16
seus representantes nem por mediante avaliação judicial. de dezembro de 1964, e 8.078, de
quaisquer outras situações que § 2o Realizada a venda, em 11 de setembro de 1990 (Código de
não estejam sob o seu controle. que se preferirá, em condições Defesa do Consumidor).
219
Código Civil
Art. 1.358-C. Multipropriedade é quele ato a duração dos períodos Seção III – Dos Direitos
o regime de condomínio em que correspondentes a cada fração e das Obrigações do
cada um dos proprietários de um de tempo. Multiproprietário
mesmo imóvel é titular de uma
fração de tempo, à qual corres- Art. 1.358-G. Além das cláusulas Art. 1.358-I. São direitos do
ponde a faculdade de uso e gozo, que os multiproprietários deci- multiproprietário, além daque-
com exclusividade, da totalidade direm estipular, a convenção de les previstos no instrumento de
do imóvel, a ser exercida pelos condomínio em multipropriedade instituição e na convenção de
proprietários de forma alternada. determinará: condomínio em multipropriedade:
Parágrafo único. A multipro- I – os poderes e deveres dos I – usar e gozar, durante o
priedade não se extinguirá auto- multiproprietários, especialmen- período correspondente à sua
maticamente se todas as frações te em matéria de instalações, fração de tempo, do imóvel e de
de tempo forem do mesmo mul- equipamentos e mobiliário do suas instalações, equipamentos
tiproprietário. imóvel, de manutenção ordinária e mobiliário;
e extraordinária, de conservação II – ceder a fração de tempo
Art. 1.358-D. O imóvel objeto da e limpeza e de pagamento da con- em locação ou comodato;
multipropriedade: tribuição condominial; III – alienar a fração de tem-
I – é indivisível, não se su- II – o número máximo de pes- po, por ato entre vivos ou por
jeitando a ação de divisão ou de soas que podem ocupar simul- causa de morte, a título oneroso
extinção de condomínio; taneamente o imóvel no período ou gratuito, ou onerá-la, devendo
II – inclui as instalações, os correspondente a cada fração a alienação e a qualificação do
equipamentos e o mobiliário des- de tempo; sucessor, ou a oneração, ser in-
tinados a seu uso e gozo. III – as regras de acesso do formadas ao administrador;
administrador condominial ao IV – participar e votar, pes-
Art. 1.358-E. Cada fração de imóvel para cumprimento do de- soalmente ou por intermédio de
tempo é indivisível. ver de manutenção, conservação representante ou procurador,
§ 1o O período corresponden- e limpeza; desde que esteja quite com as
te a cada fração de tempo será de, IV – a criação de fundo de obrigações condominiais, em:
no mínimo, 7 (sete) dias, seguidos reserva para reposição e manu- a) assembleia geral do con-
ou intercalados, e poderá ser: tenção dos equipamentos, insta- domínio em multipropriedade, e
I – fixo e determinado, no lações e mobiliário; o voto do multiproprietário cor-
mesmo período de cada ano; V – o regime aplicável em responderá à quota de sua fração
II – flutuante, caso em que caso de perda ou destruição par- de tempo no imóvel;
a determinação do período será cial ou total do imóvel, inclusive b) assembleia geral do con-
realizada de forma periódica, me- para efeitos de participação no domínio edilício, quando for o
diante procedimento objetivo que risco ou no valor do seguro, da caso, e o voto do multiproprie-
respeite, em relação a todos os indenização ou da parte restante; tário corresponderá à quota de
multiproprietários, o princípio VI – as multas aplicáveis ao sua fração de tempo em relação
da isonomia, devendo ser pre- multiproprietário nas hipóteses à quota de poder político atribuído
viamente divulgado; ou de descumprimento de deveres. à unidade autônoma na respec-
III – misto, combinando os tiva convenção de condomínio
sistemas fixo e flutuante. Art. 1.358-H. O instrumento de edilício.
§ 2o Todos os multiproprie- instituição da multiproprieda-
tários terão direito a uma mesma de ou a convenção de condomí- Art. 1.358-J. São obrigações
quantidade mínima de dias segui- nio em multipropriedade poderá do multiproprietário, além da-
dos durante o ano, podendo haver estabelecer o limite máximo de quelas previstas no instrumento
a aquisição de frações maiores frações de tempo no mesmo imó- de instituição e na convenção de
que a mínima, com o correspon- vel que poderão ser detidas pela condomínio em multipropriedade:
dente direito ao uso por períodos mesma pessoa natural ou jurídica. I – pagar a contribuição con-
também maiores. Parágrafo único. Em caso dominial do condomínio em multi-
de instituição da multiproprie- propriedade e, quando for o caso,
dade para posterior venda das do condomínio edilício, ainda que
Seção II – Da Instituição da frações de tempo a terceiros, renuncie ao uso e gozo, total ou
Multipropriedade o atendimento a eventual limite parcial, do imóvel, das áreas co-
de frações de tempo por titular muns ou das respectivas instala-
Art. 1.358-F. Institui-se a mul- estabelecido no instrumento de ções, equipamentos e mobiliário;
tipropriedade por ato entre vi- instituição será obrigatório so- II – responder por danos cau-
vos ou testamento, registrado no mente após a venda das frações. sados ao imóvel, às instalações,
competente cartório de registro aos equipamentos e ao mobiliá-
de imóveis, devendo constar da- rio por si, por qualquer de seus
220
Código Civil
acompanhantes, convidados ou multa, quando decorrentes de multipropriedade, as seguintes
prepostos ou por pessoas por ele uso anormal do imóvel. atribuições:
autorizadas; § 3o (Vetado) I – coordenação da utilização
III – comunicar imediatamen- § 4o (Vetado) do imóvel pelos multiproprietários
te ao administrador os defeitos, § 5o (Vetado) durante o período corresponden-
avarias e vícios no imóvel dos te a suas respectivas frações de
quais tiver ciência durante a uti- Art. 1.358-K. Para os efeitos do tempo;
lização; disposto nesta Seção, são equi- II – determinação, no caso dos
IV – não modificar, alterar ou parados aos multiproprietários sistemas flutuante ou misto, dos
substituir o mobiliário, os equi- os promitentes compradores e os períodos concretos de uso e gozo
pamentos e as instalações do cessionários de direitos relativos exclusivos de cada multiproprie-
imóvel; a cada fração de tempo. tário em cada ano;
V – manter o imóvel em es- III – manutenção, conserva-
tado de conservação e limpeza ção e limpeza do imóvel;
condizente com os fins a que
Seção IV – Da Transferência IV – troca ou substituição de
se destina e com a natureza da da Multipropriedade instalações, equipamentos ou
respectiva construção; mobiliário, inclusive:
VI – usar o imóvel, bem como Art. 1.358-L. A transferência a) determinar a necessidade
suas instalações, equipamentos e do direito de multipropriedade e da troca ou substituição;
mobiliário, conforme seu destino a sua produção de efeitos peran- b) providenciar os orçamen-
e natureza; te terceiros dar-se-ão na forma tos necessários para a troca ou
VII – usar o imóvel exclusiva- da lei civil e não dependerão da substituição;
mente durante o período corres- anuência ou cientificação dos c) submeter os orçamentos
pondente à sua fração de tempo; demais multiproprietários. à aprovação pela maioria simples
VIII – desocupar o imóvel, im- § 1o Não haverá direito de dos condôminos em assembleia;
preterivelmente, até o dia e hora preferência na alienação de fra- V – elaboração do orçamento
fixados no instrumento de insti- ção de tempo, salvo se estabele- anual, com previsão das receitas
tuição ou na convenção de con- cido no instrumento de instituição e despesas;
domínio em multipropriedade, sob ou na convenção do condomínio VI – cobrança das quotas de
pena de multa diária, conforme em multipropriedade em favor custeio de responsabilidade dos
convencionado no instrumento dos demais multiproprietários multiproprietários;
pertinente; ou do instituidor do condomínio VII – pagamento, por conta
IX – permitir a realização de em multipropriedade. do condomínio edilício ou vo-
obras ou reparos urgentes. § 2o O adquirente será soli- luntário, com os fundos comuns
§ 1o Conforme previsão que dariamente responsável com o arrecadados, de todas as despe-
deverá constar da respectiva con- alienante pelas obrigações de que sas comuns.
venção de condomínio em multi- trata o § 5o do art. 1.358‑J deste § 2o A convenção de condo-
propriedade, o multiproprietário Código caso não obtenha a decla- mínio em multipropriedade po-
estará sujeito a: ração de inexistência de débitos derá regrar de forma diversa a
I – multa, no caso de descum- referente à fração de tempo no atribuição prevista no inciso IV
primento de qualquer de seus momento de sua aquisição. do § 1o deste artigo.
deveres;
II – multa progressiva e perda Art. 1.358-N. O instrumento de
temporária do direito de utilização
Seção V – Da Administração instituição poderá prever fração
do imóvel no período correspon- da Multipropriedade de tempo destinada à realização,
dente à sua fração de tempo, no no imóvel e em suas instalações,
caso de descumprimento reite- Art. 1.358-M. A administração em seus equipamentos e em seu
rado de deveres. do imóvel e de suas instalações, mobiliário, de reparos indispensá-
§ 2o A responsabilidade pelas equipamentos e mobiliário será veis ao exercício normal do direito
despesas referentes a reparos de responsabilidade da pessoa de multipropriedade.
no imóvel, bem como suas ins- indicada no instrumento de ins- § 1o A fração de tempo de que
talações, equipamentos e mobi- tituição ou na convenção de con- trata o caput deste artigo poderá
liário, será: domínio em multipropriedade, ou, ser atribuída:
I – de todos os multiproprie- na falta de indicação, de pessoa I – ao instituidor da multipro-
tários, quando decorrentes do escolhida em assembleia geral priedade; ou
uso normal e do desgaste natural dos condôminos. II – aos multiproprietários,
do imóvel; § 1o O administrador exerce- proporcionalmente às respecti-
II – exclusivamente do mul- rá, além daquelas previstas no vas frações.
tiproprietário responsável pelo instrumento de instituição e na § 2o Em caso de emergência,
uso anormal, sem prejuízo de convenção de condomínio em os reparos de que trata o caput
221
Código Civil
deste artigo poderão ser feitos V – os órgãos de administra- VI – as regras de convivência
durante o período corresponden- ção da multipropriedade; entre os multiproprietários e os
te à fração de tempo de um dos VI – a indicação, se for o caso, ocupantes de unidades autôno-
multiproprietários. de que o empreendimento conta mas não sujeitas ao regime da
com sistema de administração de multipropriedade, quando se tra-
intercâmbio, na forma prevista no tar de empreendimentos mistos;
Seção VI – Disposições § 2o do art. 23 da Lei no 11.771, de VII – a forma de contribuição,
Específicas Relativas às 17 de setembro de 2008, seja do destinação e gestão do fundo de
Unidades Autônomas de período de fruição da fração de reserva específico para cada imó-
Condomínios Edilícios tempo, seja do local de fruição, vel, para reposição e manutenção
caso em que a responsabilidade dos equipamentos, instalações e
Art. 1.358-O. O condomínio edi- e as obrigações da companhia de mobiliário, sem prejuízo do fundo
lício poderá adotar o regime de intercâmbio limitam-se ao con- de reserva do condomínio edilício;
multipropriedade em parte ou tido na documentação de sua VIII – a possibilidade de rea-
na totalidade de suas unidades contratação; lização de assembleias não pre-
autônomas, mediante: VII – a competência para a im- senciais, inclusive por meio ele-
I – previsão no instrumento posição de sanções e o respectivo trônico;
de instituição; ou procedimento, especialmente nos IX – os mecanismos de par-
II – deliberação da maioria casos de mora no cumprimento ticipação e representação dos
absoluta dos condôminos. das obrigações de custeio e nos titulares;
Parágrafo único. No caso casos de descumprimento da X – o funcionamento do siste-
previsto no inciso I do caput deste obrigação de desocupar o imóvel ma de reserva, os meios de con-
artigo, a iniciativa e a responsa- até o dia e hora previstos; firmação e os requisitos a serem
bilidade para a instituição do re- VIII – o quórum exigido para cumpridos pelo multiproprietário
gime da multipropriedade serão a deliberação de adjudicação da quando não exercer diretamente
atribuídas às mesmas pessoas e fração de tempo na hipótese de sua faculdade de uso;
observarão os mesmos requisitos inadimplemento do respectivo XI – a descrição dos servi-
indicados nas alíneas “a”, “b” e “c” multiproprietário; ços adicionais, se existentes, e
e no § 1o do art. 31 da Lei no 4.591, IX – o quórum exigido para as regras para seu uso e custeio.
de 16 de dezembro de 1964. a deliberação de alienação, pelo Parágrafo único. O regimento
condomínio edilício, da fração de interno poderá ser instituído por
Art. 1.358-P. Na hipótese do tempo adjudicada em virtude do escritura pública ou por instru-
art. 1.358‑O, a convenção de inadimplemento do respectivo mento particular.
condomínio edilício deve prever, multiproprietário.
além das matérias elencadas nos Art. 1.358-R. O condomínio edi-
arts. 1.332, 1.334 e, se for o caso, Art. 1.358-Q. Na hipótese do lício em que tenha sido instituído
1.358‑G deste Código: art. 1.358‑O deste Código, o re- o regime de multipropriedade em
I – a identificação das unida- gimento interno do condomínio parte ou na totalidade de suas
des sujeitas ao regime da multi- edilício deve prever: unidades autônomas terá neces-
propriedade, no caso de empre- I – os direitos dos multipro- sariamente um administrador
endimentos mistos; prietários sobre as partes comuns profissional.
II – a indicação da duração do condomínio edilício; § 1o O prazo de duração do
das frações de tempo de cada II – os direitos e obrigações do contrato de administração será
unidade autônoma sujeita ao re- administrador, inclusive quanto livremente convencionado.
gime da multipropriedade; ao acesso ao imóvel para cumpri- § 2o O administrador do con-
III – a forma de rateio, entre os mento do dever de manutenção, domínio referido no caput deste
multiproprietários de uma mesma conservação e limpeza; artigo será também o administra-
unidade autônoma, das contri- III – as condições e regras dor de todos os condomínios em
buições condominiais relativas à para uso das áreas comuns; multipropriedade de suas unida-
unidade, que, salvo se disciplinada IV – os procedimentos a se- des autônomas.
de forma diversa no instrumento rem observados para uso e gozo § 3o O administrador será
de instituição ou na convenção de dos imóveis e das instalações, mandatário legal de todos os mul-
condomínio em multiproprieda- equipamentos e mobiliário des- tiproprietários, exclusivamente
de, será proporcional à fração de tinados ao regime da multipro- para a realização dos atos de ges-
tempo de cada multiproprietário; priedade; tão ordinária da multipropriedade,
IV – a especificação das des- V – o número máximo de pes- incluindo manutenção, conser-
pesas ordinárias, cujo custeio soas que podem ocupar simul- vação e limpeza do imóvel e de
será obrigatório, independente- taneamente o imóvel no período suas instalações, equipamentos
mente do uso e gozo do imóvel e correspondente a cada fração e mobiliário.
das áreas comuns; de tempo; § 4o O administrador pode-
222
Código Civil
rá modificar o regimento inter- Parágrafo único. A renúncia tro de Títulos e Documentos do
no quanto aos aspectos estrita- de que trata o caput deste artigo domicílio do devedor, ou, em se
mente operacionais da gestão da só é admitida se o multiproprie- tratando de veículos, na reparti-
multipropriedade no condomínio tário estiver em dia com as con- ção competente para o licencia-
edilício. tribuições condominiais, com os mento, fazendo-se a anotação no
§ 5o O administrador pode tributos imobiliários e, se houver, certificado de registro.
ser ou não um prestador de ser- com o foro ou a taxa de ocupação. § 2o Com a constituição da
viços de hospedagem. propriedade fiduciária, dá-se o
Art. 1.358-U. As convenções dos desdobramento da posse, tor-
Art. 1.358-S. Na hipótese de condomínios edilícios, os memo- nando-se o devedor possuidor
inadimplemento, por parte do riais de loteamentos e os instru- direto da coisa.
multiproprietário, da obrigação mentos de venda dos lotes em § 3o A propriedade superve-
de custeio das despesas ordiná- loteamentos urbanos poderão niente, adquirida pelo devedor,
rias ou extraordinárias, é cabível, limitar ou impedir a instituição da torna eficaz, desde o arquivamen-
na forma da lei processual civil, a multipropriedade nos respectivos to, a transferência da propriedade
adjudicação ao condomínio edi- imóveis, vedação que somente fiduciária.
lício da fração de tempo corres- poderá ser alterada no mínimo
pondente. pela maioria absoluta dos con- Art. 1.362. O contrato, que serve
Parágrafo único. Na hipótese dôminos. de título à propriedade fiduciária,
de o imóvel objeto da multipro- conterá:
priedade ser parte integrante de I – o total da dívida, ou sua
empreendimento em que haja CAPÍTULO VIII – DA estimativa;
sistema de locação das frações PROPRIEDADE RESOLÚVEL II – o prazo, ou a época do
de tempo no qual os titulares pagamento;
possam ou sejam obrigados a Art. 1.359. Resolvida a proprie- III – a taxa de juros, se houver;
locar suas frações de tempo ex- dade pelo implemento da condi- IV – a descrição da coisa ob-
clusivamente por meio de uma ção ou pelo advento do termo, en- jeto da transferência, com os
administração única, repartindo tendem-se também resolvidos os elementos indispensáveis à sua
entre si as receitas das locações direitos reais concedidos na sua identificação.
independentemente da efetiva pendência, e o proprietário, em
ocupação de cada unidade au- cujo favor se opera a resolução, Art. 1.363. Antes de vencida a
tônoma, poderá a convenção do pode reivindicar a coisa do poder dívida, o devedor, a suas expensas
condomínio edilício regrar que em de quem a possua ou detenha. e risco, pode usar a coisa segundo
caso de inadimplência: sua destinação, sendo obrigado,
I – o inadimplente fique proi- Art. 1.360. Se a propriedade se como depositário:
bido de utilizar o imóvel até a in- resolver por outra causa super- I – a empregar na guarda da
tegral quitação da dívida; veniente, o possuidor, que a tiver coisa a diligência exigida por sua
II – a fração de tempo do ina- adquirido por título anterior à natureza;
dimplente passe a integrar o pool sua resolução, será considerado II – a entregá-la ao credor,
da administradora; proprietário perfeito, restando à se a dívida não for paga no ven-
III – a administradora do sis- pessoa, em cujo benefício houve cimento.
tema de locação fique automa- a resolução, ação contra aque-
ticamente munida de poderes le cuja propriedade se resolveu Art. 1.364. Vencida a dívida, e
e obrigada a, por conta e ordem para haver a própria coisa ou o não paga, fica o credor obrigado
do inadimplente, utilizar a inte- seu valor. a vender, judicial ou extrajudi-
gralidade dos valores líquidos a cialmente, a coisa a terceiros,
que o inadimplente tiver direito a aplicar o preço no pagamento
para amortizar suas dívidas con- CAPÍTULO IX – DA de seu crédito e das despesas de
dominiais, seja do condomínio PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA cobrança, e a entregar o saldo, se
edilício, seja do condomínio em houver, ao devedor.
multipropriedade, até sua integral Art. 1.361. Considera-se fidu-
quitação, devendo eventual saldo ciária a propriedade resolúvel Art. 1.365. É nula a cláusula que
ser imediatamente repassado ao de coisa móvel infungível que o autoriza o proprietário fiduciário
multiproprietário. devedor, com escopo de garantia, a ficar com a coisa alienada em
transfere ao credor. garantia, se a dívida não for paga
Art. 1.358-T. O multiproprietá- § 1o Constitui-se a proprie- no vencimento.
rio somente poderá renunciar de dade fiduciária com o registro Parágrafo único. O devedor
forma translativa a seu direito de do contrato, celebrado por ins- pode, com a anuência do credor,
multipropriedade em favor do trumento público ou particular, dar seu direito eventual à coisa
condomínio edilício. que lhe serve de título, no Regis- em pagamento da dívida, após o
223
Código Civil
vencimento desta. CAPÍTULO X – DO FUNDO to e a natureza de obrigação de
DE INVESTIMENTO meio de seus serviços.
Art. 1.366. Quando, vendida a § 3o O patrimônio segrega-
coisa, o produto não bastar para Art. 1.368-C. O fundo de investi- do referido no inciso III do caput
o pagamento da dívida e das des- mento é uma comunhão de recur- deste artigo só responderá por
pesas de cobrança, continuará o sos, constituído sob a forma de obrigações vinculadas à classe
devedor obrigado pelo restante. condomínio de natureza especial, respectiva, nos termos do re-
destinado à aplicação em ativos gulamento.
Art. 1.367. A propriedade fiduci- financeiros, bens e direitos de
ária em garantia de bens móveis qualquer natureza. Art. 1.368-E. Os fundos de in-
ou imóveis sujeita-se às disposi- § 1o Não se aplicam ao fun- vestimento respondem direta-
ções do Capítulo I do Título X do do de investimento as disposi- mente pelas obrigações legais e
Livro III da Parte Especial deste ções constantes dos arts. 1.314 contratuais por eles assumidas,
Código e, no que for específico, ao 1.358‑A deste Código. e os prestadores de serviço não
à legislação especial pertinente, § 2o Competirá à Comissão respondem por essas obrigações,
não se equiparando, para quais- de Valores Mobiliários disciplinar mas respondem pelos prejuízos
quer efeitos, à propriedade plena o disposto no caput deste artigo. que causarem quando procede-
de que trata o art. 1.231. § 3o O registro dos regula- rem com dolo ou má-fé.
mentos dos fundos de investi- § 1o Se o fundo de investi-
Art. 1.368. O terceiro, interes- mentos na Comissão de Valores mento com limitação de respon-
sado ou não, que pagar a dívida, Mobiliários é condição suficiente sabilidade não possuir patrimô-
se sub-rogará de pleno direito para garantir a sua publicidade nio suficiente para responder
no crédito e na propriedade fi- e a oponibilidade de efeitos em por suas dívidas, aplicam-se as
duciária. relação a terceiros. regras de insolvência previstas
nos arts. 955 a 965 deste Código.
Art. 1.368-A. As demais espé- Art. 1.368-D. O regulamento do § 2o A insolvência pode ser
cies de propriedade fiduciária fundo de investimento poderá, requerida judicialmente por cre-
ou de titularidade fiduciária sub- observado o disposto na regu- dores, por deliberação própria dos
metem-se à disciplina específica lamentação a que se refere o cotistas do fundo de investimen-
das respectivas leis especiais, § 2o do art. 1.368‑C desta Lei, to, nos termos de seu regulamen-
somente se aplicando as dispo- estabelecer: to, ou pela Comissão de Valores
sições deste Código naquilo que I – a limitação da responsabi- Mobiliários.
não for incompatível com a legis- lidade de cada investidor ao valor
lação especial. de suas cotas; Art. 1.368-F. O fundo de inves-
II – a limitação da responsabi- timento constituído por lei es-
Art. 1.368-B. A alienação fidu- lidade, bem como parâmetros de pecífica e regulamentado pela
ciária em garantia de bem móvel sua aferição, dos prestadores de Comissão de Valores Mobiliários
ou imóvel confere direito real de serviços do fundo de investimen- deverá, no que couber, seguir as
aquisição ao fiduciante, seu ces- to, perante o condomínio e entre disposições deste Capítulo.
sionário ou sucessor. si, ao cumprimento dos deveres
Parágrafo único. O credor particulares de cada um, sem
fiduciário que se tornar proprie- solidariedade; e TÍTULO IV – DA
tário pleno do bem, por efeito de III – classes de cotas com SUPERFÍCIE
realização da garantia, mediante direitos e obrigações distintos,
consolidação da propriedade, ad- com possibilidade de constituir Art. 1.369. O proprietário pode
judicação, dação ou outra forma patrimônio segregado para cada conceder a outrem o direito de
pela qual lhe tenha sido transmi- classe. construir ou de plantar em seu
tida a propriedade plena, passa a § 1o A adoção da responsa- terreno, por tempo determinado,
responder pelo pagamento dos bilidade limitada por fundo de mediante escritura pública devi-
tributos sobre a propriedade e a investimento constituído sem a damente registrada no Cartório
posse, taxas, despesas condomi- limitação de responsabilidade de Registro de Imóveis.
niais e quaisquer outros encar- somente abrangerá fatos ocor- Parágrafo único. O direito
gos, tributários ou não, incidentes ridos após a respectiva mudança de superfície não autoriza obra
sobre o bem objeto da garantia, em seu regulamento. no subsolo, salvo se for inerente
a partir da data em que vier a ser § 2o A avaliação de respon- ao objeto da concessão.
imitido na posse direta do bem. sabilidade dos prestadores de
serviço deverá levar sempre em Art. 1.370. A concessão da su-
consideração os riscos inerentes perfície será gratuita ou onerosa;
às aplicações nos mercados de se onerosa, estipularão as partes
atuação do fundo de investimen- se o pagamento será feito de uma
224
Código Civil
só vez, ou parceladamente. nante, e grava o prédio serviente, vantagens do prédio dominante,
que pertence a diverso dono, e ou pelo dono deste e à sua custa,
Art. 1.371. O superficiário res- constitui-se mediante declaração se houver considerável incremen-
ponderá pelos encargos e tribu- expressa dos proprietários, ou to da utilidade e não prejudicar o
tos que incidirem sobre o imóvel. por testamento, e subsequente prédio serviente.
registro no Cartório de Registro
Art. 1.372. O direito de superfí- de Imóveis. Art. 1.385. Restringir-se-á o
cie pode transferir-se a terceiros exercício da servidão às neces-
e, por morte do superficiário, aos Art. 1.379. O exercício incontes- sidades do prédio dominante, evi-
seus herdeiros. tado e contínuo de uma servidão tando-se, quanto possível, agra-
Parágrafo único. Não poderá aparente, por dez anos, nos ter- var o encargo ao prédio serviente.
ser estipulado pelo concedente, mos do art. 1.242, autoriza o in- § 1o Constituída para certo
a nenhum título, qualquer paga- teressado a registrá-la em seu fim, a servidão não se pode am-
mento pela transferência. nome no Registro de Imóveis, pliar a outro.
valendo-lhe como título a sen- § 2o Nas servidões de trân-
Art. 1.373. Em caso de alienação tença que julgar consumado a sito, a de maior inclui a de menor
do imóvel ou do direito de super- usucapião. ônus, e a menor exclui a mais
fície, o superficiário ou o proprie- Parágrafo único. Se o pos- onerosa.
tário tem direito de preferência, suidor não tiver título, o prazo § 3o Se as necessidades da
em igualdade de condições. da usucapião será de vinte anos. cultura, ou da indústria, do prédio
dominante impuserem à servi-
Art. 1.374. Antes do termo fi- dão maior largueza, o dono do
nal, resolver-se-á a concessão CAPÍTULO II – DO serviente é obrigado a sofrê-la;
se o superficiário der ao terreno EXERCÍCIO DAS SERVIDÕES mas tem direito a ser indenizado
destinação diversa daquela para pelo excesso.
que foi concedida. Art. 1.380. O dono de uma ser-
vidão pode fazer todas as obras Art. 1.386. As servidões pre-
Art. 1.375. Extinta a concessão, necessárias à sua conservação diais são indivisíveis, e subsistem,
o proprietário passará a ter a pro- e uso, e, se a servidão perten- no caso de divisão dos imóveis,
priedade plena sobre o terreno, cer a mais de um prédio, serão em benefício de cada uma das
construção ou plantação, inde- as despesas rateadas entre os porções do prédio dominante,
pendentemente de indenização, respectivos donos. e continuam a gravar cada uma
se as partes não houverem esti- das do prédio serviente, salvo
pulado o contrário. Art. 1.381. As obras a que se re- se, por natureza, ou destino, só
fere o artigo antecedente devem se aplicarem a certa parte de um
Art. 1.376. No caso de extinção ser feitas pelo dono do prédio ou de outro.
do direito de superfície em con- dominante, se o contrário não
sequência de desapropriação, a dispuser expressamente o título.
indenização cabe ao proprietá- CAPÍTULO III – DA
rio e ao superficiário, no valor Art. 1.382. Quando a obrigação EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES
correspondente ao direito real incumbir ao dono do prédio ser-
de cada um. viente, este poderá exonerar-se, Art. 1.387. Salvo nas desapro-
abandonando, total ou parcial- priações, a servidão, uma vez
Art. 1.377. O direito de super- mente, a propriedade ao dono registrada, só se extingue, com
fície, constituído por pessoa ju- do dominante. respeito a terceiros, quando can-
rídica de direito público interno, Parágrafo único. Se o pro- celada.
rege-se por este Código, no que prietário do prédio dominante se Parágrafo único. Se o prédio
não for diversamente disciplinado recusar a receber a propriedade dominante estiver hipotecado, e
em lei especial. do serviente, ou parte dela, ca- a servidão se mencionar no título
ber-lhe-á custear as obras. hipotecário, será também preciso,
para a cancelar, o consentimento
TÍTULO V – DAS Art. 1.383. O dono do prédio ser- do credor.
SERVIDÕES viente não poderá embaraçar de
modo algum o exercício legítimo Art. 1.388. O dono do prédio ser-
CAPÍTULO I – DA da servidão. viente tem direito, pelos meios
CONSTITUIÇÃO DAS judiciais, ao cancelamento do
SERVIDÕES Art. 1.384. A servidão pode ser registro, embora o dono do prédio
removida, de um local para outro, dominante lho impugne:
Art. 1.378. A servidão proporcio- pelo dono do prédio serviente e à I – quando o titular houver
na utilidade para o prédio domi- sua custa, se em nada diminuir as renunciado a sua servidão;
225
Código Civil
II – quando tiver cessado, para § 3o Se o usufruto recai sobre Art. 1.399. O usufrutuário pode
o prédio dominante, a utilidade ou universalidade ou quota-parte de usufruir em pessoa, ou mediante
a comodidade, que determinou a bens, o usufrutuário tem direito arrendamento, o prédio, mas não
constituição da servidão; à parte do tesouro achado por mudar-lhe a destinação econômi-
III – quando o dono do prédio outrem, e ao preço pago pelo vi- ca, sem expressa autorização do
serviente resgatar a servidão. zinho do prédio usufruído, para proprietário.
obter meação em parede, cerca,
Art. 1.389. Também se extin- muro, vala ou valado.
gue a servidão, ficando ao dono CAPÍTULO III –
do prédio serviente a faculdade Art. 1.393. Não se pode transfe- DOS DEVERES DO
de fazê-la cancelar, mediante a rir o usufruto por alienação; mas USUFRUTUÁRIO
prova da extinção: o seu exercício pode ceder-se por
I – pela reunião dos dois pré- título gratuito ou oneroso. Art. 1.400. O usufrutuário, antes
dios no domínio da mesma pes- de assumir o usufruto, inventa-
soa; riará, à sua custa, os bens que
II – pela supressão das res- CAPÍTULO II – receber, determinando o estado
pectivas obras por efeito de con- DOS DIREITOS DO em que se acham, e dará cau-
trato, ou de outro título expresso; USUFRUTUÁRIO ção, fidejussória ou real, se lha
III – pelo não uso, durante dez exigir o dono, de velar-lhes pela
anos contínuos. Art. 1.394. O usufrutuário tem conservação, e entregá-los findo
direito à posse, uso, administra- o usufruto.
ção e percepção dos frutos. Parágrafo único. Não é obri-
TÍTULO VI – DO USUFRUTO gado à caução o doador que se re-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 1.395. Quando o usufruto servar o usufruto da coisa doada.
recai em títulos de crédito, o usu-
GERAIS frutuário tem direito a perceber Art. 1.401. O usufrutuário que
os frutos e a cobrar as respecti- não quiser ou não puder dar cau-
Art. 1.390. O usufruto pode re- vas dívidas. ção suficiente perderá o direito de
cair em um ou mais bens, móveis Parágrafo único. Cobradas as administrar o usufruto; e, neste
ou imóveis, em um patrimônio dívidas, o usufrutuário aplicará, caso, os bens serão administra-
inteiro, ou parte deste, abran- de imediato, a importância em tí- dos pelo proprietário, que ficará
gendo-lhe, no todo ou em parte, tulos da mesma natureza, ou em obrigado, mediante caução, a
os frutos e utilidades. títulos da dívida pública federal, entregar ao usufrutuário o ren-
com cláusula de atualização mo- dimento deles, deduzidas as des-
Art. 1.391. O usufruto de imóveis, netária segundo índices oficiais pesas de administração, entre as
quando não resulte de usuca- regularmente estabelecidos. quais se incluirá a quantia fixada
pião, constituir-se-á mediante pelo juiz como remuneração do
registro no Cartório de Registro Art. 1.396. Salvo direito adquiri- administrador.
de Imóveis. do por outrem, o usufrutuário faz
seus os frutos naturais, penden- Art. 1.402. O usufrutuário não é
Art. 1.392. Salvo disposição em tes ao começar o usufruto, sem obrigado a pagar as deteriorações
contrário, o usufruto estende-se encargo de pagar as despesas resultantes do exercício regular
aos acessórios da coisa e seus de produção. do usufruto.
acrescidos. Parágrafo único. Os frutos
§ 1o Se, entre os acessórios naturais, pendentes ao tempo em Art. 1.403. Incumbem ao usu-
e os acrescidos, houver coisas que cessa o usufruto, pertencem frutuário:
consumíveis, terá o usufrutuário ao dono, também sem compen- I – as despesas ordinárias de
o dever de restituir, findo o usu- sação das despesas. conservação dos bens no estado
fruto, as que ainda houver e, das em que os recebeu;
outras, o equivalente em gênero, Art. 1.397. As crias dos animais II – as prestações e os tribu-
qualidade e quantidade, ou, não pertencem ao usufrutuário, dedu- tos devidos pela posse ou rendi-
sendo possível, o seu valor, esti- zidas quantas bastem para intei- mento da coisa usufruída.
mado ao tempo da restituição. rar as cabeças de gado existentes
§ 2o Se há no prédio em que ao começar o usufruto. Art. 1.404. Incumbem ao dono
recai o usufruto florestas ou os as reparações extraordinárias e
recursos minerais a que se re- Art. 1.398. Os frutos civis, ven- as que não forem de custo módi-
fere o art. 1.230, devem o dono cidos na data inicial do usufruto, co; mas o usufrutuário lhe pagará
e o usufrutuário prefixar-lhe a pertencem ao proprietário, e ao os juros do capital despendido
extensão do gozo e a maneira usufrutuário os vencidos na data com as que forem necessárias à
de exploração. em que cessa o usufruto. conservação, ou aumentarem o
226
Código Civil
rendimento da coisa usufruída. CAPÍTULO IV – DA Art. 1.413. São aplicáveis ao uso,
§ 1o Não se consideram mó- EXTINÇÃO DO USUFRUTO no que não for contrário à sua na-
dicas as despesas superiores a tureza, as disposições relativas
dois terços do líquido rendimento Art. 1.410. O usufruto extingue- ao usufruto.
em um ano. -se, cancelando-se o registro no
§ 2o Se o dono não fizer as Cartório de Registro de Imóveis:
reparações a que está obrigado, I – pela renúncia ou morte do TÍTULO VIII – DA
e que são indispensáveis à con- usufrutuário; HABITAÇÃO
servação da coisa, o usufrutuário II – pelo termo de sua du-
pode realizá-las, cobrando da- ração; Art. 1.414. Quando o uso consis-
quele a importância despendida. III – pela extinção da pessoa tir no direito de habitar gratuita-
jurídica, em favor de quem o usu- mente casa alheia, o titular deste
Art. 1.405. Se o usufruto recair fruto foi constituído, ou, se ela direito não a pode alugar, nem
num patrimônio, ou parte deste, perdurar, pelo decurso de trinta emprestar, mas simplesmente
será o usufrutuário obrigado aos anos da data em que se começou ocupá-la com sua família.
juros da dívida que onerar o pa- a exercer;
trimônio ou a parte dele. IV – pela cessação do motivo Art. 1.415. Se o direito real de
de que se origina; habitação for conferido a mais
Art. 1.406. O usufrutuário é obri- V – pela destruição da coisa, de uma pessoa, qualquer delas
gado a dar ciência ao dono de guardadas as disposições dos que sozinha habite a casa não
qualquer lesão produzida contra arts. 1.407, 1.408, 2a parte, e 1.409; terá de pagar aluguel à outra, ou
a posse da coisa, ou os direitos VI – pela consolidação; às outras, mas não as pode inibir
deste. VII – por culpa do usufrutu- de exercerem, querendo, o direi-
ário, quando aliena, deteriora, to, que também lhes compete, de
Art. 1.407. Se a coisa estiver ou deixa arruinar os bens, não habitá-la.
segurada, incumbe ao usufrutu- lhes acudindo com os reparos
ário pagar, durante o usufruto, as de conservação, ou quando, no Art. 1.416. São aplicáveis à ha-
contribuições do seguro. usufruto de títulos de crédito, não bitação, no que não for contrário
§ 1o Se o usufrutuário fizer dá às importâncias recebidas a à sua natureza, as disposições
o seguro, ao proprietário caberá aplicação prevista no parágrafo relativas ao usufruto.
o direito dele resultante contra único do art. 1.395;
o segurador. VIII – pelo não uso, ou não
§ 2o Em qualquer hipótese, o fruição, da coisa em que o usu- TÍTULO IX – DO DIREITO DO
direito do usufrutuário fica sub- fruto recai (arts. 1.390 e 1.399). PROMITENTE COMPRADOR
-rogado no valor da indenização
do seguro. Art. 1.411. Constituído o usu- Art. 1.417. Mediante promessa
fruto em favor de duas ou mais de compra e venda, em que se
Art. 1.408. Se um edifício sujeito pessoas, extinguir-se-á a parte não pactuou arrependimento,
a usufruto for destruído sem cul- em relação a cada uma das que celebrada por instrumento públi-
pa do proprietário, não será este falecerem, salvo se, por estipu- co ou particular, e registrada no
obrigado a reconstruí-lo, nem o lação expressa, o quinhão desses Cartório de Registro de Imóveis,
usufruto se restabelecerá, se o couber ao sobrevivente. adquire o promitente comprador
proprietário reconstruir à sua direito real à aquisição do imóvel.
custa o prédio; mas se a inde-
nização do seguro for aplicada à TÍTULO VII – DO USO Art. 1.418. O promitente compra-
reconstrução do prédio, restabe- dor, titular de direito real, pode
lecer-se-á o usufruto. Art. 1.412. O usuário usará da exigir do promitente vendedor, ou
coisa e perceberá os seus frutos, de terceiros, a quem os direitos
Art. 1.409. Também fica sub- quanto o exigirem as necessida- deste forem cedidos, a outorga
-rogada no ônus do usufruto, em des suas e de sua família. da escritura definitiva de com-
lugar do prédio, a indenização § 1o Avaliar-se-ão as neces- pra e venda, conforme o disposto
paga, se ele for desapropriado, ou sidades pessoais do usuário con- no instrumento preliminar; e, se
a importância do dano, ressarcido forme a sua condição social e o houver recusa, requerer ao juiz a
pelo terceiro responsável no caso lugar onde viver. adjudicação do imóvel.
de danificação ou perda. § 2o As necessidades da fa-
mília do usuário compreendem as
de seu cônjuge, dos filhos soltei-
ros e das pessoas de seu serviço
doméstico.
227
Código Civil
TÍTULO X – DO PENHOR, DA nhor, anticrese ou hipoteca de- ao tempo ainda não decorrido.
HIPOTECA E DA ANTICRESE clararão, sob pena de não terem
eficácia: Art. 1.427. Salvo cláusula ex-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES I – o valor do crédito, sua es- pressa, o terceiro que presta ga-
GERAIS timação, ou valor máximo; rantia real por dívida alheia não
II – o prazo fixado para pa- fica obrigado a substituí-la, ou
Art. 1.419. Nas dívidas garanti- gamento; reforçá-la, quando, sem culpa
das por penhor, anticrese ou hi- III – a taxa dos juros, se hou- sua, se perca, deteriore, ou des-
poteca, o bem dado em garantia ver; valorize.
fica sujeito, por vínculo real, ao IV – o bem dado em garantia
cumprimento da obrigação. com as suas especificações. Art. 1.428. É nula a cláusula que
autoriza o credor pignoratício,
Art. 1.420. Só aquele que pode Art. 1.425. A dívida considera- anticrético ou hipotecário a ficar
alienar poderá empenhar, hipo- -se vencida: com o objeto da garantia, se a dí-
tecar ou dar em anticrese; só I – se, deteriorando-se, ou vida não for paga no vencimento.
os bens que se podem alienar depreciando-se o bem dado em Parágrafo único. Após o ven-
poderão ser dados em penhor, segurança, desfalcar a garantia, cimento, poderá o devedor dar a
anticrese ou hipoteca. e o devedor, intimado, não a re- coisa em pagamento da dívida.
§ 1o A propriedade superve- forçar ou substituir;
niente torna eficaz, desde o re- II – se o devedor cair em in- Art. 1.429. Os sucessores do
gistro, as garantias reais estabe- solvência ou falir; devedor não podem remir par-
lecidas por quem não era dono. III – se as prestações não fo- cialmente o penhor ou a hipoteca
§ 2o A coisa comum a dois rem pontualmente pagas, toda na proporção dos seus quinhões;
ou mais proprietários não pode vez que deste modo se achar qualquer deles, porém, pode fa-
ser dada em garantia real, na sua estipulado o pagamento. Neste zê-lo no todo.
totalidade, sem o consentimen- caso, o recebimento posterior Parágrafo único. O herdeiro
to de todos; mas cada um pode da prestação atrasada importa ou sucessor que fizer a remição
individualmente dar em garantia renúncia do credor ao seu direito fica sub-rogado nos direitos do
real a parte que tiver. de execução imediata; credor pelas quotas que houver
IV – se perecer o bem dado satisfeito.
Art. 1.421. O pagamento de uma em garantia, e não for substituído;
ou mais prestações da dívida não V – se se desapropriar o bem Art. 1.430. Quando, excutido o
importa exoneração correspon- dado em garantia, hipótese na penhor, ou executada a hipoteca,
dente da garantia, ainda que esta qual se depositará a parte do o produto não bastar para paga-
compreenda vários bens, salvo preço que for necessária para o mento da dívida e despesas judi-
disposição expressa no título ou pagamento integral do credor. ciais, continuará o devedor obri-
na quitação. § 1o Nos casos de perecimen- gado pessoalmente pelo restante.
to da coisa dada em garantia, esta
Art. 1.422. O credor hipotecário se sub-rogará na indenização
e o pignoratício têm o direito de do seguro, ou no ressarcimento CAPÍTULO II – DO PENHOR
excutir a coisa hipotecada ou em- do dano, em benefício do cre- Seção I – Da Constituição do
penhada, e preferir, no pagamen- dor, a quem assistirá sobre ela Penhor
to, a outros credores, observada, preferência até seu completo
quanto à hipoteca, a prioridade reembolso. Art. 1.431. Constitui-se o penhor
no registro. § 2o Nos casos dos incisos pela transferência efetiva da pos-
Parágrafo único. Excetuam- IV e V, só se vencerá a hipoteca se que, em garantia do débito ao
-se da regra estabelecida neste antes do prazo estipulado, se o credor ou a quem o represente,
artigo as dívidas que, em virtude perecimento, ou a desapropria- faz o devedor, ou alguém por ele,
de outras leis, devam ser pagas ção recair sobre o bem dado em de uma coisa móvel, suscetível
precipuamente a quaisquer ou- garantia, e esta não abranger de alienação.
tros créditos. outras; subsistindo, no caso con- Parágrafo único. No penhor
trário, a dívida reduzida, com a rural, industrial, mercantil e de
Art. 1.423. O credor anticrético respectiva garantia sobre os de- veículos, as coisas empenhadas
tem direito a reter em seu poder mais bens, não desapropriados continuam em poder do devedor,
o bem, enquanto a dívida não for ou destruídos. que as deve guardar e conservar.
paga; extingue-se esse direito
decorridos quinze anos da data Art. 1.426. Nas hipóteses do ar- Art. 1.432. O instrumento do
de sua constituição. tigo anterior, de vencimento ante- penhor deverá ser levado a re-
cipado da dívida, não se compre- gistro, por qualquer dos contra-
Art. 1.424. Os contratos de pe- endem os juros correspondentes tantes; o do penhor comum será
228
Código Civil
registrado no Cartório de Títulos rente quantia, a importância da rural mediante instrumento pú-
e Documentos. responsabilidade; blico ou particular, registrado no
II – à defesa da posse da coi- Cartório de Registro de Imóveis da
sa empenhada e a dar ciência, ao circunscrição em que estiverem
Seção II – Dos Direitos do dono dela, das circunstâncias que situadas as coisas empenhadas.
Credor Pignoratício tornarem necessário o exercício Parágrafo único. Prometen-
de ação possessória; do pagar em dinheiro a dívida,
Art. 1.433. O credor pignoratício III – a imputar o valor dos fru- que garante com penhor rural, o
tem direito: tos, de que se apropriar (art. 1.433, devedor poderá emitir, em favor
I – à posse da coisa empe- inciso V) nas despesas de guarda do credor, cédula rural pignora-
nhada; e conservação, nos juros e no tícia, na forma determinada em
II – à retenção dela, até que capital da obrigação garantida, lei especial.
o indenizem das despesas devi- sucessivamente;
damente justificadas, que tiver IV – a restituí-la, com os res- Art. 1.439. O penhor agrícola
feito, não sendo ocasionadas por pectivos frutos e acessões, uma e o penhor pecuário não podem
culpa sua; vez paga a dívida; ser convencionados por prazos
III – ao ressarcimento do pre- V – a entregar o que sobeje do superiores aos das obrigações
juízo que houver sofrido por vício preço, quando a dívida for paga, garantidas.
da coisa empenhada; no caso do inciso IV do art. 1.433. § 1o Embora vencidos os pra-
IV – a promover a execução zos, permanece a garantia, en-
judicial, ou a venda amigável, se quanto subsistirem os bens que
lhe permitir expressamente o
Seção IV – Da Extinção do a constituem.
contrato, ou lhe autorizar o de- Penhor § 2o A prorrogação deve ser
vedor mediante procuração; averbada à margem do registro
V – a apropriar-se dos frutos Art. 1.436. Extingue-se o pe- respectivo, mediante requeri-
da coisa empenhada que se en- nhor: mento do credor e do devedor.
contra em seu poder; I – extinguindo-se a obriga-
VI – a promover a venda an- ção; Art. 1.440. Se o prédio estiver
tecipada, mediante prévia auto- II – perecendo a coisa; hipotecado, o penhor rural poderá
rização judicial, sempre que haja III – renunciando o credor; constituir-se independentemente
receio fundado de que a coisa IV – confundindo-se na mes- da anuência do credor hipotecá-
empenhada se perca ou deteriore, ma pessoa as qualidades de cre- rio, mas não lhe prejudica o direi-
devendo o preço ser depositado. dor e de dono da coisa; to de preferência, nem restringe
O dono da coisa empenhada pode V – dando-se a adjudicação a extensão da hipoteca, ao ser
impedir a venda antecipada, subs- judicial, a remissão ou a venda executada.
tituindo-a, ou oferecendo outra da coisa empenhada, feita pelo
garantia real idônea. credor ou por ele autorizada. Art. 1.441. Tem o credor direito
§ 1o Presume-se a renúncia a verificar o estado das coisas
Art. 1.434. O credor não pode do credor quando consentir na empenhadas, inspecionando-as
ser constrangido a devolver a coi- venda particular do penhor sem onde se acharem, por si ou por
sa empenhada, ou uma parte dela, reserva de preço, quando resti- pessoa que credenciar.
antes de ser integralmente pago, tuir a sua posse ao devedor, ou
podendo o juiz, a requerimento do quando anuir à sua substituição
proprietário, determinar que seja por outra garantia.
Subseção II – Do Penhor
vendida apenas uma das coisas, § 2o Operando-se a confu- Agrícola
ou parte da coisa empenhada, são tão somente quanto a parte
suficiente para o pagamento do da dívida pignoratícia, subsistirá Art. 1.442. Podem ser objeto
credor. inteiro o penhor quanto ao resto. de penhor:
I – máquinas e instrumentos
Art. 1.437. Produz efeitos a ex- de agricultura;
Seção III – Das Obrigações tinção do penhor depois de aver- II – colheitas pendentes, ou
do Credor Pignoratício bado o cancelamento do registro, em via de formação;
à vista da respectiva prova. III – frutos acondicionados ou
Art. 1.435. O credor pignoratício armazenados;
é obrigado: IV – lenha cortada e carvão
I – à custódia da coisa, como
Seção V – Do Penhor Rural vegetal;
depositário, e a ressarcir ao dono Subseção I – Disposições V – animais do serviço ordiná-
a perda ou deterioração de que Gerais rio de estabelecimento agrícola.
for culpado, podendo ser com-
pensada na dívida, até a concor- Art. 1.438. Constitui-se o penhor Art. 1.443. O penhor agrícola
229
Código Civil
que recai sobre colheita penden- linas; produtos de suinocultura, direito, salvo se tiver interesse
te, ou em via de formação, abran- animais destinados à industria- legítimo em conservá-los.
ge a imediatamente seguinte, no lização de carnes e derivados;
caso de frustrar-se ou ser insufi- matérias-primas e produtos in- Art. 1.453. O penhor de crédito
ciente a que se deu em garantia. dustrializados. não tem eficácia senão quando
Parágrafo único. Se o credor Parágrafo único. Regula-se notificado ao devedor; por noti-
não financiar a nova safra, poderá pelas disposições relativas aos ficado tem-se o devedor que, em
o devedor constituir com outrem armazéns gerais o penhor das instrumento público ou particular,
novo penhor, em quantia máxima mercadorias neles depositadas. declarar-se ciente da existência
equivalente à do primeiro; o se- do penhor.
gundo penhor terá preferência Art. 1.448. Constitui-se o pe-
sobre o primeiro, abrangendo nhor industrial, ou o mercantil, Art. 1.454. O credor pignoratício
este apenas o excesso apurado mediante instrumento público deve praticar os atos necessários
na colheita seguinte. ou particular, registrado no Car- à conservação e defesa do direi-
tório de Registro de Imóveis da to empenhado e cobrar os juros
circunscrição onde estiverem e mais prestações acessórias
Subseção III – Do Penhor situadas as coisas empenhadas. compreendidas na garantia.
Pecuário Parágrafo único. Prometendo
pagar em dinheiro a dívida, que Art. 1.455. Deverá o credor pig-
Art. 1.444. Podem ser objeto de garante com penhor industrial noratício cobrar o crédito em-
penhor os animais que integram ou mercantil, o devedor poderá penhado, assim que se torne
a atividade pastoril, agrícola ou emitir, em favor do credor, cédula exigível. Se este consistir numa
de lacticínios. do respectivo crédito, na forma prestação pecuniária, depositará
e para os fins que a lei especial a importância recebida, de acordo
Art. 1.445. O devedor não pode- determinar. com o devedor pignoratício, ou
rá alienar os animais empenhados onde o juiz determinar; se con-
sem prévio consentimento, por Art. 1.449. O devedor não pode, sistir na entrega da coisa, nesta
escrito, do credor. sem o consentimento por escrito se sub-rogará o penhor.
Parágrafo único. Quando o do credor, alterar as coisas em- Parágrafo único. Estando
devedor pretende alienar o gado penhadas ou mudar-lhes a situa- vencido o crédito pignoratício,
empenhado ou, por negligência, ção, nem delas dispor. O devedor tem o credor direito a reter, da
ameace prejudicar o credor, po- que, anuindo o credor, alienar quantia recebida, o que lhe é de-
derá este requerer se depositem as coisas empenhadas, deverá vido, restituindo o restante ao
os animais sob a guarda de ter- repor outros bens da mesma na- devedor; ou a excutir a coisa a
ceiro, ou exigir que se lhe pague tureza, que ficarão sub-rogados ele entregue.
a dívida de imediato. no penhor.
Art. 1.456. Se o mesmo crédito
Art. 1.446. Os animais da mes- Art. 1.450. Tem o credor direito for objeto de vários penhores,
ma espécie, comprados para a verificar o estado das coisas só ao credor pignoratício, cujo
substituir os mortos, ficam sub- empenhadas, inspecionando-as direito prefira aos demais, o de-
-rogados no penhor. onde se acharem, por si ou por vedor deve pagar; responde por
Parágrafo único. Presume- pessoa que credenciar. perdas e danos aos demais cre-
-se a substituição prevista nes- dores o credor preferente que,
te artigo, mas não terá eficácia notificado por qualquer um deles,
contra terceiros, se não constar
Seção VII – Do Penhor de não promover oportunamente a
de menção adicional ao respec- Direitos e Títulos de Crédito cobrança.
tivo contrato, a qual deverá ser
averbada. Art. 1.451. Podem ser objeto de Art. 1.457. O titular do crédi-
penhor direitos, suscetíveis de to empenhado só pode receber
cessão, sobre coisas móveis. o pagamento com a anuência,
Seção VI – Do Penhor por escrito, do credor pignora-
Industrial e Mercantil Art. 1.452. Constitui-se o penhor tício, caso em que o penhor se
de direito mediante instrumento extinguirá.
Art. 1.447. Podem ser objeto público ou particular, registrado
de penhor máquinas, aparelhos, no Registro de Títulos e Docu- Art. 1.458. O penhor, que recai
materiais, instrumentos, instala- mentos. sobre título de crédito, constitui-
dos e em funcionamento, com os Parágrafo único. O titular de -se mediante instrumento público
acessórios ou sem eles; animais, direito empenhado deverá entre- ou particular ou endosso pigno-
utilizados na indústria; sal e bens gar ao credor pignoratício os do- ratício, com a tradição do título
destinados à exploração das sa- cumentos comprobatórios desse ao credor, regendo-se pelas Dis-
230
Código Civil
posições Gerais deste Título e, no Art. 1.463. (Revogado) ária, sempre que haja perigo na
que couber, pela presente Seção. demora, dando aos devedores
Art. 1.464. Tem o credor direito comprovante dos bens de que
Art. 1.459. Ao credor, em penhor a verificar o estado do veículo em- se apossarem.
de título de crédito, compete o penhado, inspecionando-o onde
direito de: se achar, por si ou por pessoa que Art. 1.471. Tomado o penhor, re-
I – conservar a posse do título credenciar. quererá o credor, ato contínuo, a
e recuperá-la de quem quer que sua homologação judicial.
o detenha; Art. 1.465. A alienação, ou a
II – usar dos meios judiciais mudança, do veículo empenha- Art. 1.472. Pode o locatário im-
convenientes para assegurar os do sem prévia comunicação ao pedir a constituição do penhor
seus direitos, e os do credor do credor importa no vencimento an- mediante caução idônea.
título empenhado; tecipado do crédito pignoratício.
III – fazer intimar ao devedor
do título que não pague ao seu Art. 1.466. O penhor de veí- CAPÍTULO III – DA
credor, enquanto durar o penhor; culos só se pode convencionar HIPOTECA
IV – receber a importância pelo prazo máximo de dois anos,
Seção I – Disposições Gerais
consubstanciada no título e os prorrogável até o limite de igual
respectivos juros, se exigíveis, tempo, averbada a prorrogação à
restituindo o título ao devedor, margem do registro respectivo. Art. 1.473. Podem ser objeto
quando este solver a obrigação. de hipoteca:
I – os imóveis e os acessó-
Art. 1.460. O devedor do título
Seção IX – Do Penhor Legal rios dos imóveis conjuntamente
empenhado que receber a inti- com eles;
mação prevista no inciso III do Art. 1.467. São credores pigno- II – o domínio direto;
artigo antecedente, ou se der ratícios, independentemente de III – o domínio útil;
por ciente do penhor, não poderá convenção: IV – as estradas de ferro;
pagar ao seu credor. Se o fizer, I – os hospedeiros, ou forne- V – os recursos naturais a que
responderá solidariamente por cedores de pousada ou alimento, se refere o art. 1.230, independen-
este, por perdas e danos, perante sobre as bagagens, móveis, joias temente do solo onde se acham;
o credor pignoratício. ou dinheiro que os seus consumi- VI – os navios;
Parágrafo único. Se o cre- dores ou fregueses tiverem con- VII – as aeronaves;
dor der quitação ao devedor do sigo nas respectivas casas ou es- VIII – o direito de uso especial
título empenhado, deverá saldar tabelecimentos, pelas despesas para fins de moradia;
imediatamente a dívida, em cuja ou consumo que aí tiverem feito; IX – o direito real de uso;
garantia se constituiu o penhor. II – o dono do prédio rústico X – a propriedade superfi-
ou urbano, sobre os bens móveis ciária;
que o rendeiro ou inquilino tiver XI – os direitos oriundos da
Seção VIII – Do Penhor de guarnecendo o mesmo prédio, imissão provisória na posse,
Veículos pelos aluguéis ou rendas. quando concedida à União, aos
Estados, ao Distrito Federal, aos
Art. 1.461. Podem ser objeto de Art. 1.468. A conta das dívidas Municípios ou às suas entidades
penhor os veículos empregados enumeradas no inciso I do artigo delegadas e a respectiva cessão
em qualquer espécie de trans- antecedente será extraída con- e promessa de cessão.
porte ou condução. forme a tabela impressa, prévia e § 1o A hipoteca dos navios e
ostensivamente exposta na casa, das aeronaves reger-se-á pelo
Art. 1.462. Constitui-se o pe- dos preços de hospedagem, da disposto em lei especial.
nhor, a que se refere o artigo pensão ou dos gêneros forne- § 2o Os direitos de garantia
antecedente, mediante instru- cidos, sob pena de nulidade do instituídos nas hipóteses dos in-
mento público ou particular, re- penhor. cisos IX e X do caput deste artigo
gistrado no Cartório de Títulos e ficam limitados à duração da con-
Documentos do domicílio do de- Art. 1.469. Em cada um dos ca- cessão ou direito de superfície,
vedor, e anotado no certificado sos do art. 1.467, o credor poderá caso tenham sido transferidos
de propriedade. tomar em garantia um ou mais por período determinado.
Parágrafo único. Prometendo objetos até o valor da dívida.
pagar em dinheiro a dívida ga- Art. 1.474. A hipoteca abrange
rantida com o penhor, poderá o Art. 1.470. Os credores, com- todas as acessões, melhoramen-
devedor emitir cédula de crédito, preendidos no art. 1.467, podem tos ou construções do imóvel.
na forma e para os fins que a lei fazer efetivo o penhor, antes de Subsistem os ônus reais cons-
especial determinar. recorrerem à autoridade judici- tituídos e registrados, anterior-
231
Código Civil
mente à hipoteca, sobre o mes- Parágrafo único. Poderá o Art. 1.485. Mediante simples
mo imóvel. adquirente exercer a faculdade de averbação, requerida por ambas
abandonar o imóvel hipotecado, as partes, poderá prorrogar-se
Art. 1.475. É nula a cláusula que até as vinte e quatro horas sub- a hipoteca, até 30 (trinta) anos
proíbe ao proprietário alienar imó- sequentes à citação, com que se da data do contrato. Desde que
vel hipotecado. inicia o procedimento executivo. perfaça esse prazo, só poderá
Parágrafo único. Pode con- subsistir o contrato de hipoteca
vencionar-se que vencerá o cré- Art. 1.481. Dentro em trinta dias, reconstituindo-se por novo título
dito hipotecário, se o imóvel for contados do registro do título e novo registro; e, nesse caso, lhe
alienado. aquisitivo, tem o adquirente do será mantida a precedência, que
imóvel hipotecado o direito de então lhe competir.
Art. 1.476. O dono do imóvel remi-lo, citando os credores hi-
hipotecado pode constituir outra potecários e propondo importân- Art. 1.486. Podem o credor e o
hipoteca sobre ele, mediante novo cia não inferior ao preço por que devedor, no ato constitutivo da
título, em favor do mesmo ou de o adquiriu. hipoteca, autorizar a emissão
outro credor. § 1o Se o credor impugnar o da correspondente cédula hipo-
preço da aquisição ou a impor- tecária, na forma e para os fins
Art. 1.477. Salvo o caso de in- tância oferecida, realizar-se-á previstos em lei especial.
solvência do devedor, o credor da licitação, efetuando-se a venda
segunda hipoteca, embora venci- judicial a quem oferecer maior Art. 1.487. A hipoteca pode ser
da, não poderá executar o imóvel preço, assegurada preferência constituída para garantia de dívi-
antes de vencida a primeira. ao adquirente do imóvel. da futura ou condicionada, desde
§ 1o Não se considera insol- § 2o Não impugnado pelo que determinado o valor máximo
vente o devedor por faltar ao pa- credor, o preço da aquisição ou do crédito a ser garantido.
gamento das obrigações garan- o preço proposto pelo adquirente, § 1o Nos casos deste artigo,
tidas por hipotecas posteriores haver-se-á por definitivamente a execução da hipoteca depen-
à primeira. fixado para a remissão do imóvel, derá de prévia e expressa con-
§ 2o O inadimplemento da que ficará livre de hipoteca, uma cordância do devedor quanto à
obrigação garantida por hipo- vez pago ou depositado o preço. verificação da condição, ou ao
teca faculta ao credor declarar § 3o Se o adquirente deixar montante da dívida.
vencidas as demais obrigações de remir o imóvel, sujeitando-o a § 2o Havendo divergência en-
de que for titular garantidas pelo execução, ficará obrigado a res- tre o credor e o devedor, caberá
mesmo imóvel. sarcir os credores hipotecários da àquele fazer prova de seu crédito.
desvalorização que, por sua culpa, Reconhecido este, o devedor res-
Art. 1.478. O credor hipotecário o mesmo vier a sofrer, além das ponderá, inclusive, por perdas e
que efetuar o pagamento, a qual- despesas judiciais da execução. danos, em razão da superveniente
quer tempo, das dívidas garanti- § 4o Disporá de ação regres- desvalorização do imóvel.
das pelas hipotecas anteriores siva contra o vendedor o adqui-
sub-rogar-se-á nos seus direitos, rente que ficar privado do imóvel Art. 1.487-A. A hipoteca poderá,
sem prejuízo dos que lhe compe- em consequência de licitação ou por requerimento do proprietário,
tirem contra o devedor comum. penhora, o que pagar a hipoteca, ser posteriormente estendida
Parágrafo único. Se o primei- o que, por causa de adjudicação para garantir novas obrigações
ro credor estiver promovendo a ou licitação, desembolsar com o em favor do mesmo credor, man-
execução da hipoteca, o credor da pagamento da hipoteca impor- tidos o registro e a publicidade
segunda depositará a importância tância excedente à da compra e originais, mas respeitada, em re-
do débito e as despesas judiciais. o que suportar custas e despesas lação à extensão, a prioridade de
judiciais. direitos contraditórios ingressos
Art. 1.479. O adquirente do imó- na matrícula do imóvel.
vel hipotecado, desde que não se Art. 1.482. (Revogado) § 1o A extensão da hipoteca
tenha obrigado pessoalmente a não poderá exceder ao prazo e ao
pagar as dívidas aos credores Art. 1.483. (Revogado) valor máximo garantido constan-
hipotecários, poderá exonerar-se tes da especialização da garantia
da hipoteca, abandonando-lhes Art. 1.484. É lícito aos interessa- original.
o imóvel. dos fazer constar das escrituras o § 2o A extensão da hipoteca
valor entre si ajustado dos imóveis será objeto de averbação subse-
Art. 1.480. O adquirente noti- hipotecados, o qual, devidamente quente na matrícula do imóvel,
ficará o vendedor e os credores atualizado, será a base para as assegurada a preferência credi-
hipotecários, deferindo-lhes, con- arrematações, adjudicações e tória em favor da:
juntamente, a posse do imóvel, ou remições, dispensada a avaliação. I – obrigação inicial, em re-
o depositará em juízo. lação às obrigações alcançadas
232
Código Civil
pela extensão da hipoteca; herdeiros, sobre os imóveis do até trinta dias, aguardando que
II – obrigação mais antiga, delinquente, para satisfação do o interessado inscreva a prece-
considerando-se o tempo da dano causado pelo delito e pa- dente; esgotado o prazo, sem que
averbação, no caso de mais de gamento das despesas judiciais; se requeira a inscrição desta, a
uma extensão de hipoteca. IV – ao coerdeiro, para ga- hipoteca ulterior será registrada
§ 3o Na hipótese de superve- rantia do seu quinhão ou torna e obterá preferência.
niente multiplicidade de credores da partilha, sobre o imóvel ad-
garantidos pela mesma hipoteca judicado ao herdeiro reponente; Art. 1.496. Se tiver dúvida sobre
estendida, apenas o credor titu- V – ao credor sobre o imóvel a legalidade do registro requerido,
lar do crédito mais prioritário, arrematado, para garantia do pa- o oficial fará, ainda assim, a pre-
conforme estabelecido no § 2o gamento do restante do preço da notação do pedido. Se a dúvida,
deste artigo, poderá promover a arrematação. dentro em noventa dias, for julga-
execução judicial ou extrajudicial da improcedente, o registro efe-
da garantia, exceto se convencio- Art. 1.490. O credor da hipote- tuar-se-á com o mesmo número
nado de modo diverso por todos ca legal, ou quem o represente, que teria na data da prenotação;
os credores. poderá, provando a insuficiência no caso contrário, cancelada esta,
dos imóveis especializados, exigir receberá o registro o número
Art. 1.488. Se o imóvel, dado do devedor que seja reforçado correspondente à data em que
em garantia hipotecária, vier a com outros. se tornar a requerer.
ser loteado, ou se nele se consti-
tuir condomínio edilício, poderá o Art. 1.491. A hipoteca legal pode Art. 1.497. As hipotecas legais,
ônus ser dividido, gravando cada ser substituída por caução de tí- de qualquer natureza, deverão
lote ou unidade autônoma, se o tulos da dívida pública federal ou ser registradas e especializadas.
requererem ao juiz o credor, o estadual, recebidos pelo valor de § 1o O registro e a especia-
devedor ou os donos, obedecida sua cotação mínima no ano cor- lização das hipotecas legais in-
a proporção entre o valor de cada rente; ou por outra garantia, a cumbem a quem está obrigado
um deles e o crédito. critério do juiz, a requerimento a prestar a garantia, mas os in-
§ 1o O credor só poderá se do devedor. teressados podem promover a
opor ao pedido de desmembra- inscrição delas, ou solicitar ao
mento do ônus, provando que o Ministério Público que o faça.
mesmo importa em diminuição
Seção III – Do Registro da § 2o As pessoas, às quais in-
de sua garantia. Hipoteca cumbir o registro e a especializa-
§ 2o Salvo convenção em ção das hipotecas legais, estão
contrário, todas as despesas ju- Art. 1.492. As hipotecas serão sujeitas a perdas e danos pela
diciais ou extrajudiciais neces- registradas no cartório do lugar omissão.
sárias ao desmembramento do do imóvel, ou no de cada um de-
ônus correm por conta de quem les, se o título se referir a mais Art. 1.498. Vale o registro da
o requerer. de um. hipoteca, enquanto a obrigação
§ 3o O desmembramento Parágrafo único. Compete perdurar; mas a especialização,
do ônus não exonera o devedor aos interessados, exibido o título, em completando vinte anos, deve
originário da responsabilidade a requerer o registro da hipoteca. ser renovada.
que se refere o art. 1.430, salvo
anuência do credor. Art. 1.493. Os registros e aver-
bações seguirão a ordem em que
Seção IV – Da Extinção da
forem requeridas, verificando-se Hipoteca
Seção II – Da Hipoteca Legal ela pela da sua numeração suces-
siva no protocolo. Art. 1.499. A hipoteca extin-
Art. 1.489. A lei confere hipo- Parágrafo único. O número gue-se:
teca: de ordem determina a priorida- I – pela extinção da obrigação
I – às pessoas de direito pú- de, e esta a preferência entre as principal;
blico interno (art. 41) sobre os hipotecas. II – pelo perecimento da coi-
imóveis pertencentes aos encar- sa;
regados da cobrança, guarda ou Art. 1.494. (Revogado) III – pela resolução da pro-
administração dos respectivos priedade;
fundos e rendas; Art. 1.495. Quando se apresen- IV – pela renúncia do credor;
II – aos filhos, sobre os imó- tar ao oficial do registro título de V – pela remição;
veis do pai ou da mãe que passar hipoteca que mencione a consti- VI – pela arrematação ou ad-
a outras núpcias, antes de fazer tuição de anterior, não registra- judicação.
o inventário do casal anterior; da, sobrestará ele na inscrição
III – ao ofendido, ou aos seus da nova, depois de a prenotar, Art. 1.500. Extingue-se ainda
233
Código Civil
a hipoteca com a averbação, no do imóvel ao credor, ceder-lhe retenção ao exequente, não terá
Registro de Imóveis, do cance- o direito de perceber, em com- preferência sobre o preço.
lamento do registro, à vista da pensação da dívida, os frutos e § 2o O credor anticrético não
respectiva prova. rendimentos. terá preferência sobre a indeni-
§ 1o É permitido estipular que zação do seguro, quando o pré-
Art. 1.501. Não extinguirá a hi- os frutos e rendimentos do imóvel dio seja destruído, nem, se forem
poteca, devidamente registrada, sejam percebidos pelo credor à desapropriados os bens, com re-
a arrematação ou adjudicação, conta de juros, mas se o seu valor lação à desapropriação.
sem que tenham sido notifica- ultrapassar a taxa máxima per-
dos judicialmente os respectivos mitida em lei para as operações Art. 1.510. O adquirente dos bens
credores hipotecários, que não financeiras, o remanescente será dados em anticrese poderá re-
forem de qualquer modo partes imputado ao capital. mi-los, antes do vencimento da
na execução. § 2o Quando a anticrese re- dívida, pagando a sua totalidade
cair sobre bem imóvel, este pode- à data do pedido de remição e
rá ser hipotecado pelo devedor ao imitir-se-á, se for o caso, na sua
Seção V – Da Hipoteca de credor anticrético, ou a terceiros, posse.
Vias Férreas assim como o imóvel hipotecado
poderá ser dado em anticrese.
Art. 1.502. As hipotecas sobre TÍTULO XI – DA LAJE
as estradas de ferro serão regis- Art. 1.507. O credor anticrético
tradas no Município da estação pode administrar os bens dados Art. 1.510-A. O proprietário de
inicial da respectiva linha. em anticrese e fruir seus frutos e uma construção-base poderá
utilidades, mas deverá apresentar ceder a superfície superior ou
Art. 1.503. Os credores hipo- anualmente balanço, exato e fiel, inferior de sua construção a fim
tecários não podem embaraçar de sua administração. de que o titular da laje mantenha
a exploração da linha, nem con- § 1o Se o devedor anticrético unidade distinta daquela original-
trariar as modificações, que a ad- não concordar com o que se con- mente construída sobre o solo.
ministração deliberar, no leito da tém no balanço, por ser inexato, § 1o O direito real de laje
estrada, em suas dependências, ou ruinosa a administração, po- contempla o espaço aéreo ou o
ou no seu material. derá impugná-lo, e, se o quiser, subsolo de terrenos públicos ou
requerer a transformação em privados, tomados em projeção
Art. 1.504. A hipoteca será cir- arrendamento, fixando o juiz o vertical, como unidade imobiliária
cunscrita à linha ou às linhas valor mensal do aluguel, o qual autônoma, não contemplando as
especificadas na escritura e ao poderá ser corrigido anualmente. demais áreas edificadas ou não
respectivo material de explora- § 2 o O credor anticréti- pertencentes ao proprietário da
ção, no estado em que ao tempo co pode, salvo pacto em senti- construção-base.
da execução estiverem; mas os do contrário, arrendar os bens § 2o O titular do direito real
credores hipotecários poderão dados em anticrese a terceiro, de laje responderá pelos encargos
opor-se à venda da estrada, à de mantendo, até ser pago, direito e tributos que incidirem sobre a
suas linhas, de seus ramais ou de de retenção do imóvel, embora o sua unidade.
parte considerável do material aluguel desse arrendamento não § 3o Os titulares da laje, uni-
de exploração; bem como à fu- seja vinculativo para o devedor. dade imobiliária autônoma cons-
são com outra empresa, sempre tituída em matrícula própria, po-
que com isso a garantia do débito Art. 1.508. O credor anticrético derão dela usar, gozar e dispor.
enfraquecer. responde pelas deteriorações § 4o A instituição do direito
que, por culpa sua, o imóvel vier real de laje não implica a atribui-
Art. 1.505. Na execução das hi- a sofrer, e pelos frutos e rendi- ção de fração ideal de terreno ao
potecas será intimado o repre- mentos que, por sua negligência, titular da laje ou a participação
sentante da União ou do Estado, deixar de perceber. proporcional em áreas já edi-
para, dentro em quinze dias, remir ficadas.
a estrada de ferro hipotecada, Art. 1.509. O credor anticrético § 5o Os Municípios e o Distri-
pagando o preço da arrematação pode vindicar os seus direitos to Federal poderão dispor sobre
ou da adjudicação. contra o adquirente dos bens, posturas edilícias e urbanísticas
os credores quirografários e os associadas ao direito real de laje.
hipotecários posteriores ao re- § 6o O titular da laje poderá
CAPÍTULO IV – DA gistro da anticrese. ceder a superfície de sua cons-
ANTICRESE § 1o Se executar os bens por trução para a instituição de um
falta de pagamento da dívida, ou sucessivo direito real de laje, des-
Art. 1.506. Pode o devedor ou permitir que outro credor o exe- de que haja autorização expressa
outrem por ele, com a entrega cute, sem opor o seu direito de dos titulares da construção-base
234
Código Civil
e das demais lajes, respeitadas as de modo diverso. pessoa, de direito público ou pri-
posturas edilícias e urbanísticas § 1o O titular da construção- vado, interferir na comunhão de
vigentes. -base ou da laje a quem não se vida instituída pela família.
der conhecimento da alienação
Art. 1.510-B. É expressamente poderá, mediante depósito do Art. 1.514. O casamento se reali-
vedado ao titular da laje preju- respectivo preço, haver para si za no momento em que o homem
dicar com obras novas ou com a parte alienada a terceiros, se e a mulher manifestam, perante
falta de reparação a segurança, o requerer no prazo decadencial o juiz, a sua vontade de estabe-
a linha arquitetônica ou o arranjo de cento e oitenta dias, contado lecer vínculo conjugal, e o juiz os
estético do edifício, observadas da data de alienação. declara casados.
as posturas previstas em legis- § 2o Se houver mais de uma
lação local. laje, terá preferência, sucessi- Art. 1.515. O casamento religio-
vamente, o titular das lajes as- so, que atender às exigências da
Art. 1.510-C. Sem prejuízo, no cendentes e o titular das lajes lei para a validade do casamento
que couber, das normas aplicá- descendentes, assegurada a civil, equipara-se a este, desde
veis aos condomínios edilícios, prioridade para a laje mais pró- que registrado no registro pró-
para fins do direito real de laje, xima à unidade sobreposta a ser prio, produzindo efeitos a partir
as despesas necessárias à con- alienada. da data de sua celebração.
servação e fruição das partes que
sirvam a todo o edifício e ao pa- Art. 1.510-E. A ruína da cons- Art. 1.516. O registro do casa-
gamento de serviços de interesse trução-base implica extinção do mento religioso submete-se aos
comum serão partilhadas entre o direito real de laje, salvo: mesmos requisitos exigidos para
proprietário da construção-base I – se este tiver sido instituído o casamento civil.
e o titular da laje, na proporção sobre o subsolo; § 1o O registro civil do casa-
que venha a ser estipulada em II – se a construção-base for mento religioso deverá ser pro-
contrato. reconstruída no prazo de 5 (cin- movido dentro de noventa dias de
§ 1o São partes que servem co) anos. sua realização, mediante comu-
a todo o edifício: Parágrafo único. O disposto nicação do celebrante ao ofício
I – os alicerces, colunas, pila- neste artigo não afasta o direito competente, ou por iniciativa de
res, paredes-mestras e todas as a eventual reparação civil contra qualquer interessado, desde que
partes restantes que constituam o culpado pela ruína. haja sido homologada previamen-
a estrutura do prédio; te a habilitação regulada neste
II – o telhado ou os terraços de Código. Após o referido prazo,
cobertura, ainda que destinados LIVRO IV – DO DIREITO DE o registro dependerá de nova
ao uso exclusivo do titular da laje; FAMÍLIA habilitação.
III – as instalações gerais de § 2o O casamento religioso,
água, esgoto, eletricidade, aque- TÍTULO I – DO DIREITO celebrado sem as formalidades
cimento, ar condicionado, gás, PESSOAL exigidas neste Código, terá efeitos
comunicações e semelhantes civis se, a requerimento do casal,
que sirvam a todo o edifício; e SUBTÍTULO I – DO for registrado, a qualquer tempo,
IV – em geral, as coisas que CASAMENTO no registro civil, mediante prévia
sejam afetadas ao uso de todo habilitação perante a autoridade
o edifício.
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES competente e observado o prazo
§ 2o É assegurado, em qual- GERAIS do art. 1.532.
quer caso, o direito de qualquer § 3o Será nulo o registro civil
interessado em promover repa- Art. 1.511. O casamento esta- do casamento religioso se, antes
rações urgentes na construção belece comunhão plena de vida, dele, qualquer dos consorciados
na forma do parágrafo único do com base na igualdade de direitos houver contraído com outrem
art. 249 deste Código. e deveres dos cônjuges. casamento civil.
235
Código Civil
a maioridade civil. to não fizer inventário dos bens do III – declaração de duas tes-
Parágrafo único. Se houver casal e der partilha aos herdeiros; temunhas maiores, parentes ou
divergência entre os pais, apli- II – a viúva, ou a mulher cujo não, que atestem conhecê-los e
ca-se o disposto no parágrafo casamento se desfez por ser nulo afirmem não existir impedimento
único do art. 1.631. ou ter sido anulado, até dez meses que os iniba de casar;
depois do começo da viuvez, ou da IV – declaração do estado ci-
Art. 1.518. Até a celebração do dissolução da sociedade conjugal; vil, do domicílio e da residência
casamento podem os pais ou III – o divorciado, enquan- atual dos contraentes e de seus
tutores revogar a autorização. to não houver sido homologada pais, se forem conhecidos;
ou decidida a partilha dos bens V – certidão de óbito do côn-
Art. 1.519. A denegação do con- do casal; juge falecido, de sentença decla-
sentimento, quando injusta, pode IV – o tutor ou o curador e os ratória de nulidade ou de anulação
ser suprida pelo juiz. seus descendentes, ascendentes, de casamento, transitada em jul-
irmãos, cunhados ou sobrinhos, gado, ou do registro da sentença
Art. 1.520. Não será permitido, com a pessoa tutelada ou cura- de divórcio.
em qualquer caso, o casamento telada, enquanto não cessar a tu-
de quem não atingiu a idade núbil, tela ou curatela, e não estiverem Art. 1.526. A habilitação será fei-
observado o disposto no art. 1.517 saldadas as respectivas contas. ta pessoalmente perante o oficial
deste Código. Parágrafo único. É permiti- do Registro Civil, com a audiência
do aos nubentes solicitar ao juiz do Ministério Público.
que não lhes sejam aplicadas Parágrafo único. Caso haja
CAPÍTULO III – DOS as causas suspensivas previstas impugnação do oficial, do Minis-
IMPEDIMENTOS nos incisos I, III e IV deste artigo, tério Público ou de terceiro, a ha-
provando-se a inexistência de bilitação será submetida ao juiz.
Art. 1.521. Não podem casar: prejuízo, respectivamente, para o
I – os ascendentes com os herdeiro, para o ex-cônjuge e para Art. 1.527. Estando em ordem a
descendentes, seja o parentesco a pessoa tutelada ou curatelada; documentação, o oficial extrairá
natural ou civil; no caso do inciso II, a nubente de- o edital, que se afixará durante
II – os afins em linha reta; verá provar nascimento de filho, quinze dias nas circunscrições
III – o adotante com quem foi ou inexistência de gravidez, na do Registro Civil de ambos os
cônjuge do adotado e o adotado fluência do prazo. nubentes, e, obrigatoriamente,
com quem o foi do adotante; se publicará na imprensa local,
IV – os irmãos, unilaterais ou Art. 1.524. As causas suspensi- se houver.
bilaterais, e demais colaterais, até vas da celebração do casamento Parágrafo único. A autori-
o terceiro grau inclusive; podem ser arguidas pelos pa- dade competente, havendo ur-
V – o adotado com o filho do rentes em linha reta de um dos gência, poderá dispensar a pu-
adotante; nubentes, sejam consanguíneos blicação.
VI – as pessoas casadas; ou afins, e pelos colaterais em
VII – o cônjuge sobrevivente segundo grau, sejam também Art. 1.528. É dever do oficial do
com o condenado por homicídio consanguíneos ou afins. registro esclarecer os nubentes
ou tentativa de homicídio contra a respeito dos fatos que podem
o seu consorte. ocasionar a invalidade do casa-
CAPÍTULO V – DO mento, bem como sobre os di-
Art. 1.522. Os impedimentos po- PROCESSO DE versos regimes de bens.
dem ser opostos, até o momento HABILITAÇÃO PARA O
da celebração do casamento, por CASAMENTO Art. 1.529. Tanto os impedimen-
qualquer pessoa capaz. tos quanto as causas suspensivas
Parágrafo único. Se o juiz, ou Art. 1.525. O requerimento de serão opostos em declaração es-
o oficial de registro, tiver conhe- habilitação para o casamento crita e assinada, instruída com as
cimento da existência de algum será firmado por ambos os nuben- provas do fato alegado, ou com a
impedimento, será obrigado a tes, de próprio punho, ou, a seu indicação do lugar onde possam
declará-lo. pedido, por procurador, e deve ser obtidas.
ser instruído com os seguintes
documentos: Art. 1.530. O oficial do regis-
CAPÍTULO IV – DAS I – certidão de nascimento ou tro dará aos nubentes ou a seus
CAUSAS SUSPENSIVAS documento equivalente; representantes nota da oposi-
II – autorização por escrito ção, indicando os fundamentos,
Art. 1.523. Não devem casar: das pessoas sob cuja dependên- as provas e o nome de quem a
I – o viúvo ou a viúva que tiver cia legal estiverem, ou ato judicial ofereceu.
filho do cônjuge falecido, enquan- que a supra; Parágrafo único. Podem os
236
Código Civil
nubentes requerer prazo razo- perante mim, de vos receber- tido a retratar-se no mesmo dia.
ável para fazer prova contrária des por marido e mulher, eu,
aos fatos alegados, e promover em nome da lei, vos declaro Art. 1.539. No caso de molés-
as ações civis e criminais contra casados.” tia grave de um dos nubentes, o
o oponente de má-fé. presidente do ato irá celebrá-lo
Art. 1.536. Do casamento, logo onde se encontrar o impedido,
Art. 1.531. Cumpridas as forma- depois de celebrado, lavrar-se-á sendo urgente, ainda que à noite,
lidades dos arts. 1.526 e 1.527 e o assento no livro de registro. No perante duas testemunhas que
verificada a inexistência de fato assento, assinado pelo presidente saibam ler e escrever.
obstativo, o oficial do registro ex- do ato, pelos cônjuges, as teste- § 1o A falta ou impedimento
trairá o certificado de habilitação. munhas, e o oficial do registro, da autoridade competente para
serão exarados: presidir o casamento suprir-se-á
Art. 1.532. A eficácia da habi- I – os prenomes, sobrenomes, por qualquer dos seus substitutos
litação será de noventa dias, a datas de nascimento, profissão, legais, e a do oficial do Registro
contar da data em que foi extraído domicílio e residência atual dos Civil por outro ad hoc, nomeado
o certificado. cônjuges; pelo presidente do ato.
II – os prenomes, sobreno- § 2o O termo avulso, lavrado
mes, datas de nascimento ou pelo oficial ad hoc, será registrado
CAPÍTULO VI – DA de morte, domicílio e residência no respectivo registro dentro em
CELEBRAÇÃO DO atual dos pais; cinco dias, perante duas testemu-
CASAMENTO III – o prenome e sobrenome nhas, ficando arquivado.
do cônjuge precedente e a data
Art. 1.533. Celebrar-se-á o ca- da dissolução do casamento an- Art. 1.540. Quando algum dos
samento, no dia, hora e lugar pre- terior; contraentes estiver em iminen-
viamente designados pela autori- IV – a data da publicação dos te risco de vida, não obtendo a
dade que houver de presidir o ato, proclamas e da celebração do presença da autoridade à qual
mediante petição dos contraen- casamento; incumba presidir o ato, nem a de
tes, que se mostrem habilitados V – a relação dos documen- seu substituto, poderá o casa-
com a certidão do art. 1.531. tos apresentados ao oficial do mento ser celebrado na presença
registro; de seis testemunhas, que com os
Art. 1.534. A solenidade reali- VI – o prenome, sobrenome, nubentes não tenham parentesco
zar-se-á na sede do cartório, com profissão, domicílio e residência em linha reta, ou, na colateral, até
toda publicidade, a portas aber- atual das testemunhas; segundo grau.
tas, presentes pelo menos duas VII – o regime do casamen-
testemunhas, parentes ou não to, com a declaração da data e Art. 1.541. Realizado o casa-
dos contraentes, ou, querendo do cartório em cujas notas foi mento, devem as testemunhas
as partes e consentindo a auto- lavrada a escritura antenupcial, comparecer perante a autoridade
ridade celebrante, noutro edifício quando o regime não for o da judicial mais próxima, dentro em
público ou particular. comunhão parcial, ou o obriga- dez dias, pedindo que lhes tome
§ 1o Quando o casamento for toriamente estabelecido. por termo a declaração de:
em edifício particular, ficará este I – que foram convocadas por
de portas abertas durante o ato. Art. 1.537. O instrumento da au- parte do enfermo;
§ 2o Serão quatro as teste- torização para casar transcrever- II – que este parecia em pe-
munhas na hipótese do parágrafo -se-á integralmente na escritura rigo de vida, mas em seu juízo;
anterior e se algum dos contra- antenupcial. III – que, em sua presença,
entes não souber ou não puder declararam os contraentes, livre
escrever. Art. 1.538. A celebração do e espontaneamente, receber-se
casamento será imediatamen- por marido e mulher.
Art. 1.535. Presentes os contra- te suspensa se algum dos con- § 1o Autuado o pedido e to-
entes, em pessoa ou por procu- traentes: madas as declarações, o juiz pro-
rador especial, juntamente com I – recusar a solene afirmação cederá às diligências necessárias
as testemunhas e o oficial do da sua vontade; para verificar se os contraentes
registro, o presidente do ato, ou- II – declarar que esta não é podiam ter-se habilitado, na for-
vida aos nubentes a afirmação de livre e espontânea; ma ordinária, ouvidos os interes-
que pretendem casar por livre e III – manifestar-se arrepen- sados que o requererem, dentro
espontânea vontade, declarará dido. em quinze dias.
efetuado o casamento, nestes Parágrafo único. O nubente § 2o Verificada a idoneidade
termos: que, por algum dos fatos mencio- dos cônjuges para o casamento,
“De acordo com a vontade nados neste artigo, der causa à assim o decidirá a autoridade
que ambos acabais de afirmar suspensão do ato, não será admi- competente, com recurso volun-
237
Código Civil
tário às partes. Brasil, no cartório do respectivo termos dos arts. 1.556 a 1.558;
§ 3o Se da decisão não se domicílio, ou, em sua falta, no 1o IV – do incapaz de consentir
tiver recorrido, ou se ela passar Ofício da Capital do Estado em ou manifestar, de modo inequí-
em julgado, apesar dos recur- que passarem a residir. voco, o consentimento;
sos interpostos, o juiz mandará V – realizado pelo mandatário,
registrá-la no livro do Registro Art. 1.545. O casamento de pes- sem que ele ou o outro contraente
dos Casamentos. soas que, na posse do estado de soubesse da revogação do man-
§ 4o O assento assim lavra- casadas, não possam manifestar dato, e não sobrevindo coabitação
do retrotrairá os efeitos do ca- vontade, ou tenham falecido, não entre os cônjuges;
samento, quanto ao estado dos se pode contestar em prejuízo da VI – por incompetência da
cônjuges, à data da celebração. prole comum, salvo mediante cer- autoridade celebrante.
§ 5o Serão dispensadas as tidão do Registro Civil que prove § 1o Equipara-se à revogação
formalidades deste e do artigo que já era casada alguma delas, a invalidade do mandato judicial-
antecedente, se o enfermo con- quando contraiu o casamento mente decretada.
valescer e puder ratificar o ca- impugnado. § 2o A pessoa com deficiên-
samento na presença da auto- cia mental ou intelectual em idade
ridade competente e do oficial Art. 1.546. Quando a prova da núbia poderá contrair matrimô-
do registro. celebração legal do casamento nio, expressando sua vontade
resultar de processo judicial, o diretamente ou por meio de seu
Art. 1.542. O casamento pode registro da sentença no livro do responsável ou curador.
celebrar-se mediante procura- Registro Civil produzirá, tanto
ção, por instrumento público, com no que toca aos cônjuges como Art. 1.551. Não se anulará, por
poderes especiais. no que respeita aos filhos, todos motivo de idade, o casamento
§ 1o A revogação do mandato os efeitos civis desde a data do de que resultou gravidez.
não necessita chegar ao conhe- casamento.
cimento do mandatário; mas, ce- Art. 1.552. A anulação do casa-
lebrado o casamento sem que o Art. 1.547. Na dúvida entre as mento dos menores de dezesseis
mandatário ou o outro contraente provas favoráveis e contrárias, anos será requerida:
tivessem ciência da revogação, julgar-se-á pelo casamento, se os I – pelo próprio cônjuge me-
responderá o mandante por per- cônjuges, cujo casamento se im- nor;
das e danos. pugna, viverem ou tiverem vivido II – por seus representantes
§ 2o O nubente que não es- na posse do estado de casados. legais;
tiver em iminente risco de vida III – por seus ascendentes.
poderá fazer-se representar no
casamento nuncupativo. CAPÍTULO VIII – DA Art. 1.553. O menor que não
§ 3o A eficácia do mandato INVALIDADE DO atingiu a idade núbil poderá, de-
não ultrapassará noventa dias. CASAMENTO pois de completá-la, confirmar
§ 4o Só por instrumento pú- seu casamento, com a autori-
blico se poderá revogar o man- Art. 1.548. É nulo o casamento zação de seus representantes
dato. contraído: legais, se necessária, ou com
I – (Revogado); suprimento judicial.
II – por infringência de im-
CAPÍTULO VII – DAS pedimento. Art. 1.554. Subsiste o casamen-
PROVAS DO CASAMENTO to celebrado por aquele que, sem
Art. 1.549. A decretação de possuir a competência exigida
Art. 1.543. O casamento ce- nulidade de casamento, pelos na lei, exercer publicamente as
lebrado no Brasil prova-se pela motivos previstos no artigo an- funções de juiz de casamentos e,
certidão do registro. tecedente, pode ser promovida nessa qualidade, tiver registrado
Parágrafo único. Justificada mediante ação direta, por qual- o ato no Registro Civil.
a falta ou perda do registro civil, quer interessado, ou pelo Minis-
é admissível qualquer outra es- tério Público. Art. 1.555. O casamento do me-
pécie de prova. nor em idade núbil, quando não
Art. 1.550. É anulável o casa- autorizado por seu representante
Art. 1.544. O casamento de bra- mento: legal, só poderá ser anulado se
sileiro, celebrado no estrangeiro, I – de quem não completou a a ação for proposta em cento e
perante as respectivas autorida- idade mínima para casar; oitenta dias, por iniciativa do in-
des ou os cônsules brasileiros, II – do menor em idade núbil, capaz, ao deixar de sê-lo, de seus
deverá ser registrado em cento e quando não autorizado por seu representantes legais ou de seus
oitenta dias, a contar da volta de representante legal; herdeiros necessários.
um ou de ambos os cônjuges ao III – por vício da vontade, nos § 1o O prazo estabelecido
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Código Civil
neste artigo será contado do dia casamento, a contar da data da Art. 1.564. Quando o casamento
em que cessou a incapacidade, no celebração, é de: for anulado por culpa de um dos
primeiro caso; a partir do casa- I – cento e oitenta dias, no cônjuges, este incorrerá:
mento, no segundo; e, no terceiro, caso do inciso IV do art. 1.550; I – na perda de todas as van-
da morte do incapaz. II – dois anos, se incompe- tagens havidas do cônjuge ino-
§ 2o Não se anulará o casa- tente a autoridade celebrante; cente;
mento quando à sua celebração III – três anos, nos casos dos II – na obrigação de cumprir
houverem assistido os represen- incisos I a IV do art. 1.557; as promessas que lhe fez no con-
tantes legais do incapaz, ou tive- IV – quatro anos, se houver trato antenupcial.
rem, por qualquer modo, manifes- coação.
tado sua aprovação. § 1o Extingue-se, em cento
e oitenta dias, o direito de anu- CAPÍTULO IX – DA
Art. 1.556. O casamento pode lar o casamento dos menores de EFICÁCIA DO CASAMENTO
ser anulado por vício da vonta- dezesseis anos, contado o prazo
de, se houve por parte de um dos para o menor do dia em que per- Art. 1.565. Pelo casamento, ho-
nubentes, ao consentir, erro es- fez essa idade; e da data do casa- mem e mulher assumem mutua-
sencial quanto à pessoa do outro. mento, para seus representantes mente a condição de consortes,
legais ou ascendentes. companheiros e responsáveis
Art. 1.557. Considera-se erro § 2o Na hipótese do inciso V pelos encargos da família.
essencial sobre a pessoa do ou- do art. 1.550, o prazo para anula- § 1o Qualquer dos nubentes,
tro cônjuge: ção do casamento é de cento e querendo, poderá acrescer ao seu
I – o que diz respeito à sua oitenta dias, a partir da data em o sobrenome do outro.
identidade, sua honra e boa fama, que o mandante tiver conheci- § 2o O planejamento fami-
sendo esse erro tal que o seu mento da celebração. liar é de livre decisão do casal,
conhecimento ulterior torne in- competindo ao Estado propiciar
suportável a vida em comum ao Art. 1.561. Embora anulável ou recursos educacionais e financei-
cônjuge enganado; mesmo nulo, se contraído de bo- ros para o exercício desse direito,
II – a ignorância de crime, a-fé por ambos os cônjuges, o vedado qualquer tipo de coerção
anterior ao casamento, que, por casamento, em relação a estes por parte de instituições privadas
sua natureza, torne insuportável como aos filhos, produz todos ou públicas.
a vida conjugal; os efeitos até o dia da sentença
III – a ignorância, anterior ao anulatória. Art. 1.566. São deveres de am-
casamento, de defeito físico ir- § 1o Se um dos cônjuges es- bos os cônjuges:
remediável que não caracterize tava de boa-fé ao celebrar o ca- I – fidelidade recíproca;
deficiência ou de moléstia grave samento, os seus efeitos civis só II – vida em comum, no do-
e transmissível, por contágio ou a ele e aos filhos aproveitarão. micílio conjugal;
por herança, capaz de pôr em § 2o Se ambos os cônjuges III – mútua assistência;
risco a saúde do outro cônjuge estavam de má-fé ao celebrar o IV – sustento, guarda e edu-
ou de sua descendência; casamento, os seus efeitos civis cação dos filhos;
IV – (Revogado). só aos filhos aproveitarão. V – respeito e consideração
mútuos.
Art. 1.558. É anulável o casa- Art. 1.562. Antes de mover a
mento em virtude de coação, ação de nulidade do casamen- Art. 1.567. A direção da socie-
quando o consentimento de um to, a de anulação, a de separa- dade conjugal será exercida, em
ou de ambos os cônjuges houver ção judicial, a de divórcio direto colaboração, pelo marido e pela
sido captado mediante funda- ou a de dissolução de união es- mulher, sempre no interesse do
do temor de mal considerável e tável, poderá requerer a parte, casal e dos filhos.
iminente para a vida, a saúde e a comprovando sua necessidade, Parágrafo único. Havendo
honra, sua ou de seus familiares. a separação de corpos, que será divergência, qualquer dos cônju-
concedida pelo juiz com a possível ges poderá recorrer ao juiz, que
Art. 1.559. Somente o cônjuge brevidade. decidirá tendo em consideração
que incidiu em erro, ou sofreu co- aqueles interesses.
ação, pode demandar a anulação Art. 1.563. A sentença que de-
do casamento; mas a coabitação, cretar a nulidade do casamento Art. 1.568. Os cônjuges são obri-
havendo ciência do vício, valida retroagirá à data da sua celebra- gados a concorrer, na proporção
o ato, ressalvadas as hipóteses ção, sem prejudicar a aquisição de seus bens e dos rendimentos
dos incisos III e IV do art. 1.557. de direitos, a título oneroso, por do trabalho, para o sustento da
terceiros de boa-fé, nem a re- família e a educação dos filhos,
Art. 1.560. O prazo para ser in- sultante de sentença transitada qualquer que seja o regime pa-
tentada a ação de anulação do em julgado. trimonial.
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Código Civil
Art. 1.569. O domicílio do ca- constituição. mologada pelo juiz ou por este
sal será escolhido por ambos os § 2o O cônjuge pode ainda decidida.
cônjuges, mas um e outro podem pedir a separação judicial quan-
ausentar-se do domicílio conjugal do o outro estiver acometido de Art. 1.576. A separação judicial
para atender a encargos públicos, doença mental grave, manifesta- põe termo aos deveres de coabi-
ao exercício de sua profissão, da após o casamento, que torne tação e fidelidade recíproca e ao
ou a interesses particulares re- impossível a continuação da vida regime de bens.
levantes. em comum, desde que, após uma Parágrafo único. O proce-
duração de dois anos, a enfermi- dimento judicial da separação
Art. 1.570. Se qualquer dos côn- dade tenha sido reconhecida de caberá somente aos cônjuges, e,
juges estiver em lugar remoto ou cura improvável. no caso de incapacidade, serão
não sabido, encarcerado por mais § 3o No caso do parágrafo 2o, representados pelo curador, pelo
de cento e oitenta dias, interdi- reverterão ao cônjuge enfermo, ascendente ou pelo irmão.
tado judicialmente ou privado, que não houver pedido a separa-
episodicamente, de consciência, ção judicial, os remanescentes Art. 1.577. Seja qual for a causa
em virtude de enfermidade ou de dos bens que levou para o casa- da separação judicial e o modo
acidente, o outro exercerá com mento, e se o regime dos bens como esta se faça, é lícito aos
exclusividade a direção da famí- adotado o permitir, a meação cônjuges restabelecer, a todo
lia, cabendo-lhe a administração dos adquiridos na constância da tempo, a sociedade conjugal, por
dos bens. sociedade conjugal. ato regular em juízo.
Parágrafo único. A reconci-
Art. 1.573. Podem caracterizar liação em nada prejudicará o di-
CAPÍTULO X – DA a impossibilidade da comunhão reito de terceiros, adquirido antes
DISSOLUÇÃO DA de vida a ocorrência de algum dos e durante o estado de separado,
SOCIEDADE E DO VÍNCULO seguintes motivos: seja qual for o regime de bens.
CONJUGAL I – adultério;
II – tentativa de morte; Art. 1.578. O cônjuge declarado
Art. 1.571. A sociedade conjugal III – sevícia ou injúria grave; culpado na ação de separação
termina: IV – abandono voluntário do judicial perde o direito de usar o
I – pela morte de um dos côn- lar conjugal, durante um ano con- sobrenome do outro, desde que
juges; tínuo; expressamente requerido pelo
II – pela nulidade ou anulação V – condenação por crime cônjuge inocente e se a alteração
do casamento; infamante; não acarretar:
III – pela separação judicial; VI – conduta desonrosa. I – evidente prejuízo para a
IV – pelo divórcio. Parágrafo único. O juiz po- sua identificação;
§ 1o O casamento válido só derá considerar outros fatos que II – manifesta distinção entre
se dissolve pela morte de um tornem evidente a impossibilida- o seu nome de família e o dos fi-
dos cônjuges ou pelo divórcio, de da vida em comum. lhos havidos da união dissolvida;
aplicando-se a presunção es- III – dano grave reconhecido
tabelecida neste Código quanto Art. 1.574. Dar-se-á a separação na decisão judicial.
ao ausente. judicial por mútuo consentimento § 1o O cônjuge inocente na
§ 2o Dissolvido o casamento dos cônjuges se forem casados ação de separação judicial poderá
pelo divórcio direto ou por conver- por mais de um ano e o manifes- renunciar, a qualquer momento,
são, o cônjuge poderá manter o tarem perante o juiz, sendo por ao direito de usar o sobrenome
nome de casado; salvo, no segun- ele devidamente homologada a do outro.
do caso, dispondo em contrário a convenção. § 2o Nos demais casos ca-
sentença de separação judicial. Parágrafo único. O juiz pode berá a opção pela conservação
recusar a homologação e não de- do nome de casado.
Art. 1.572. Qualquer dos côn- cretar a separação judicial se apu-
juges poderá propor a ação de rar que a convenção não preserva Art. 1.579. O divórcio não modi-
separação judicial, imputando ao suficientemente os interesses ficará os direitos e deveres dos
outro qualquer ato que importe dos filhos ou de um dos cônjuges. pais em relação aos filhos.
grave violação dos deveres do Parágrafo único. Novo casa-
casamento e torne insuportável Art. 1.575. A sentença de se- mento de qualquer dos pais, ou
a vida em comum. paração judicial importa a se- de ambos, não poderá importar
§ 1o A separação judicial pode paração de corpos e a partilha restrições aos direitos e deveres
também ser pedida se um dos de bens. previstos neste artigo.
cônjuges provar ruptura da vida Parágrafo único. A partilha
em comum há mais de um ano de bens poderá ser feita median- Art. 1.580. Decorrido um ano do
e a impossibilidade de sua re- te proposta dos cônjuges e ho- trânsito em julgado da sentença
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Código Civil
que houver decretado a separa- § 4o (Vetado) § 4o A alteração não autori-
ção judicial, ou da decisão con- § 5o A guarda unilateral obri- zada ou o descumprimento imo-
cessiva da medida cautelar de ga o pai ou a mãe que não a dete- tivado de cláusula de guarda uni-
separação de corpos, qualquer nha a supervisionar os interesses lateral ou compartilhada poderá
das partes poderá requerer sua dos filhos, e, para possibilitar tal implicar a redução de prerroga-
conversão em divórcio. supervisão, qualquer dos geni- tivas atribuídas ao seu detentor.
§ 1o A conversão em divórcio tores sempre será parte legítima § 5o Se o juiz verificar que o
da separação judicial dos cônju- para solicitar informações e/ou filho não deve permanecer sob a
ges será decretada por sentença, prestação de contas, objetivas guarda do pai ou da mãe, deferi-
da qual não constará referência à ou subjetivas, em assuntos ou rá a guarda a pessoa que revele
causa que a determinou. situações que direta ou indire- compatibilidade com a natureza
§ 2o O divórcio poderá ser tamente afetem a saúde física da medida, considerados, de pre-
requerido, por um ou por ambos e psicológica e a educação de ferência, o grau de parentesco e
os cônjuges, no caso de compro- seus filhos. as relações de afinidade e afe-
vada separação de fato por mais tividade.
de dois anos. Art. 1.584. A guarda, unilateral § 6o Qualquer estabeleci-
ou compartilhada, poderá ser: mento público ou privado é obri-
Art. 1.581. O divórcio pode ser I – requerida, por consenso, gado a prestar informações a
concedido sem que haja prévia pelo pai e pela mãe, ou por qual- qualquer dos genitores sobre os
partilha de bens. quer deles, em ação autônoma filhos destes, sob pena de mul-
de separação, de divórcio, de dis- ta de R$ 200,00 (duzentos reais)
Art. 1.582. O pedido de divórcio solução de união estável ou em a R$ 500,00 (quinhentos reais)
somente competirá aos cônjuges. medida cautelar; por dia pelo não atendimento da
Parágrafo único. Se o cônju- II – decretada pelo juiz, em solicitação.
ge for incapaz para propor a ação atenção a necessidades espe-
ou defender-se, poderá fazê-lo o cíficas do filho, ou em razão da Art. 1.585. Em sede de medida
curador, o ascendente ou o irmão. distribuição de tempo necessá- cautelar de separação de corpos,
rio ao convívio deste com o pai e em sede de medida cautelar de
com a mãe. guarda ou em outra sede de fixa-
CAPÍTULO XI – DA § 1o Na audiência de conci- ção liminar de guarda, a decisão
PROTEÇÃO DA PESSOA DOS liação, o juiz informará ao pai e sobre guarda de filhos, mesmo
FILHOS à mãe o significado da guarda que provisória, será proferida
compartilhada, a sua importân- preferencialmente após a oitiva
Art. 1.583. A guarda será unila- cia, a similitude de deveres e di- de ambas as partes perante o juiz,
teral ou compartilhada. reitos atribuídos aos genitores e salvo se a proteção aos interesses
§ 1 o Compreende-se por as sanções pelo descumprimento dos filhos exigir a concessão de
guarda unilateral a atribuída a de suas cláusulas. liminar sem a oitiva da outra par-
um só dos genitores ou a alguém § 2o Quando não houver acor- te, aplicando-se as disposições
que o substitua (art. 1.584, § 5o) do entre a mãe e o pai quanto à do art. 1.584.
e, por guarda compartilhada a guarda do filho, encontrando-se
responsabilização conjunta e o ambos os genitores aptos a exer- Art. 1.586. Havendo motivos
exercício de direitos e deveres do cer o poder familiar, será aplicada graves, poderá o juiz, em qualquer
pai e da mãe que não vivam sob a guarda compartilhada, salvo se caso, a bem dos filhos, regular de
o mesmo teto, concernentes ao um dos genitores declarar ao ma- maneira diferente da estabele-
poder familiar dos filhos comuns. gistrado que não deseja a guarda cida nos artigos antecedentes a
§ 2o Na guarda compartilha- da criança ou do adolescente ou situação deles para com os pais.
da, o tempo de convívio com os quando houver elementos que
filhos deve ser dividido de forma evidenciem a probabilidade de Art. 1.587. No caso de invalida-
equilibrada com a mãe e com o risco de violência doméstica ou de do casamento, havendo filhos
pai, sempre tendo em vista as familiar. comuns, observar-se-á o disposto
condições fáticas e os interesses § 3o Para estabelecer as atri- nos arts. 1.584 e 1.586.
dos filhos: buições do pai e da mãe e os pe-
I – (Revogado); ríodos de convivência sob guarda Art. 1.588. O pai ou a mãe que
II – (Revogado); compartilhada, o juiz, de ofício contrair novas núpcias não perde
III – (Revogado). ou a requerimento do Ministério o direito de ter consigo os filhos,
§ 3o Na guarda compartilha- Público, poderá basear-se em que só lhe poderão ser retirados
da, a cidade considerada base de orientação técnico-profissional por mandado judicial, provado
moradia dos filhos será aquela ou de equipe interdisciplinar, que que não são tratados convenien-
que melhor atender aos interes- deverá visar à divisão equilibrada temente.
ses dos filhos. do tempo com o pai e com a mãe.
241
Código Civil
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em estável. reito de contestar a paternidade
cuja guarda não estejam os filhos, dos filhos nascidos de sua mu-
poderá visitá-los e tê-los em sua lher, sendo tal ação imprescritível.
companhia, segundo o que acor- CAPÍTULO II – DA FILIAÇÃO Parágrafo único. Contestada
dar com o outro cônjuge, ou for a filiação, os herdeiros do impug-
fixado pelo juiz, bem como fisca- Art. 1.596. Os filhos, havidos ou nante têm direito de prosseguir
lizar sua manutenção e educação. não da relação de casamento, ou na ação.
Parágrafo único. O direito de por adoção, terão os mesmos di-
visita estende-se a qualquer dos reitos e qualificações, proibidas Art. 1.602. Não basta a confis-
avós, a critério do juiz, observa- quaisquer designações discrimi- são materna para excluir a pa-
dos os interesses da criança ou natórias relativas à filiação. ternidade.
do adolescente.
Art. 1.597. Presumem-se con- Art. 1.603. A filiação prova-se
Art. 1.590. As disposições rela- cebidos na constância do casa- pela certidão do termo de nas-
tivas à guarda e prestação de ali- mento os filhos: cimento registrada no Registro
mentos aos filhos menores esten- I – nascidos cento e oitenta Civil.
dem-se aos maiores incapazes. dias, pelo menos, depois de esta-
belecida a convivência conjugal; Art. 1.604. Ninguém pode vindi-
II – nascidos nos trezentos car estado contrário ao que re-
SUBTÍTULO II – DAS dias subsequentes à dissolução sulta do registro de nascimento,
RELAÇÕES DE da sociedade conjugal, por mor- salvo provando-se erro ou falsi-
PARENTESCO te, separação judicial, nulidade e dade do registro.
anulação do casamento;
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES III – havidos por fecundação Art. 1.605. Na falta, ou defeito,
GERAIS artificial homóloga, mesmo que do termo de nascimento, poderá
falecido o marido; provar-se a filiação por qualquer
Art. 1.591. São parentes em linha IV – havidos, a qualquer tem- modo admissível em direito:
reta as pessoas que estão umas po, quando se tratar de embriões I – quando houver começo de
para com as outras na relação excedentários, decorrentes de prova por escrito, proveniente dos
de ascendentes e descendentes. concepção artificial homóloga; pais, conjunta ou separadamente;
V – havidos por insemina- II – quando existirem vee-
Art. 1.592. São parentes em li- ção artificial heteróloga, desde mentes presunções resultantes
nha colateral ou transversal, até que tenha prévia autorização do de fatos já certos.
o quarto grau, as pessoas pro- marido.
venientes de um só tronco, sem Art. 1.606. A ação de prova de
descenderem uma da outra. Art. 1.598. Salvo prova em con- filiação compete ao filho, enquan-
trário, se, antes de decorrido o to viver, passando aos herdeiros,
Art. 1.593. O parentesco é natu- prazo previsto no inciso II do se ele morrer menor ou incapaz.
ral ou civil, conforme resulte de art. 1.523, a mulher contrair no- Parágrafo único. Se iniciada
consanguinidade ou outra origem. vas núpcias e lhe nascer algum a ação pelo filho, os herdeiros
filho, este se presume do primei- poderão continuá-la, salvo se jul-
Art. 1.594. Contam-se, na linha ro marido, se nascido dentro dos gado extinto o processo.
reta, os graus de parentesco pelo trezentos dias a contar da data
número de gerações, e, na cola- do falecimento deste e, do se-
teral, também pelo número delas, gundo, se o nascimento ocorrer CAPÍTULO III – DO
subindo de um dos parentes até após esse período e já decorrido RECONHECIMENTO DOS
ao ascendente comum, e descen- o prazo a que se refere o inciso I FILHOS
do até encontrar o outro parente. do art. 1.597.
Art. 1.607. O filho havido fora
Art. 1.595. Cada cônjuge ou Art. 1.599. A prova da impotên- do casamento pode ser reco-
companheiro é aliado aos pa- cia do cônjuge para gerar, à época nhecido pelos pais, conjunta ou
rentes do outro pelo vínculo da da concepção, ilide a presunção separadamente.
afinidade. da paternidade.
§ 1o O parentesco por afini- Art. 1.608. Quando a materni-
dade limita-se aos ascendentes, Art. 1.600. Não basta o adultério dade constar do termo do nasci-
aos descendentes e aos irmãos do da mulher, ainda que confessado, mento do filho, a mãe só poderá
cônjuge ou companheiro. para ilidir a presunção legal da contestá-la, provando a falsidade
§ 2o Na linha reta, a afinida- paternidade. do termo, ou das declarações nele
de não se extingue com a disso- contidas.
lução do casamento ou da união Art. 1.601. Cabe ao marido o di-
242
Código Civil
Art. 1.609. O reconhecimento ou daquele que lhe contestou mãe não for conhecida ou ca-
dos filhos havidos fora do casa- essa qualidade. paz de exercê-lo, dar-se-á tutor
mento é irrevogável e será feito: ao menor.
I – no registro do nascimento; Art. 1.617. A filiação materna ou
II – por escritura pública ou paterna pode resultar de casa-
escrito particular, a ser arquivado mento declarado nulo, ainda mes-
Seção II – Do Exercício do
em cartório; mo sem as condições do putativo. Poder Familiar
III – por testamento, ainda que
incidentalmente manifestado; Art. 1.634. Compete a ambos os
IV – por manifestação direta CAPÍTULO IV – DA ADOÇÃO pais, qualquer que seja a sua situ-
e expressa perante o juiz, ainda ação conjugal, o pleno exercício
que o reconhecimento não haja Art. 1.618. A adoção de crianças do poder familiar, que consiste
sido o objeto único e principal do e adolescentes será deferida na em, quanto aos filhos:
ato que o contém. forma prevista pela Lei no 8.069, I – dirigir-lhes a criação e a
Parágrafo único. O reconhe- de 13 de julho de 1990 – Estatu- educação;
cimento pode preceder o nasci- to da Criança e do Adolescente. II – exercer a guarda unilate-
mento do filho ou ser posterior ral ou compartilhada nos termos
ao seu falecimento, se ele deixar Art. 1.619. A adoção de maiores do art. 1.584;
descendentes. de 18 (dezoito) anos dependerá da III – conceder-lhes ou negar-
assistência efetiva do poder pú- -lhes consentimento para ca-
Art. 1.610. O reconhecimento blico e de sentença constitutiva, sarem;
não pode ser revogado, nem mes- aplicando-se, no que couber, as IV – conceder-lhes ou negar-
mo quando feito em testamento. regras gerais da Lei no 8.069, de -lhes consentimento para viaja-
13 de julho de 1990 – Estatuto da rem ao exterior;
Art. 1.611. O filho havido fora do Criança e do Adolescente. V – conceder-lhes ou negar-
casamento, reconhecido por um -lhes consentimento para muda-
dos cônjuges, não poderá residir Arts. 1.620 a 1.629. (Revogados) rem sua residência permanente
no lar conjugal sem o consenti- para outro Município;
mento do outro. VI – nomear-lhes tutor por
CAPÍTULO V – DO PODER testamento ou documento au-
Art. 1.612. O filho reconhecido, FAMILIAR têntico, se o outro dos pais não
enquanto menor, ficará sob a lhe sobreviver, ou o sobrevivo não
Seção I – Disposições Gerais
guarda do genitor que o reco- puder exercer o poder familiar;
nheceu, e, se ambos o reconhe- VII – representá-los judicial
ceram e não houver acordo, sob Art. 1.630. Os filhos estão sujei- e extrajudicialmente até os 16
a de quem melhor atender aos tos ao poder familiar, enquanto (dezesseis) anos, nos atos da vida
interesses do menor. menores. civil, e assisti-los, após essa ida-
de, nos atos em que forem partes,
Art. 1.613. São ineficazes a con- Art. 1.631. Durante o casamento suprindo-lhes o consentimento;
dição e o termo apostos ao ato de e a união estável, compete o po- VIII – reclamá-los de quem
reconhecimento do filho. der familiar aos pais; na falta ou ilegalmente os detenha;
impedimento de um deles, o outro IX – exigir que lhes prestem
Art. 1.614. O filho maior não o exercerá com exclusividade. obediência, respeito e os serviços
pode ser reconhecido sem o seu Parágrafo único. Divergindo próprios de sua idade e condição.
consentimento, e o menor pode os pais quanto ao exercício do
impugnar o reconhecimento, nos poder familiar, é assegurado a
quatro anos que se seguirem à qualquer deles recorrer ao juiz
Seção III – Da Suspensão e
maioridade, ou à emancipação. para solução do desacordo. Extinção do Poder Familiar
Art. 1.615. Qualquer pessoa, que Art. 1.632. A separação judicial, Art. 1.635. Extingue-se o poder
justo interesse tenha, pode con- o divórcio e a dissolução da união familiar:
testar a ação de investigação estável não alteram as relações I – pela morte dos pais ou
de paternidade, ou maternidade. entre pais e filhos senão quanto do filho;
ao direito, que aos primeiros cabe, II – pela emancipação, nos
Art. 1.616. A sentença que julgar de terem em sua companhia os termos do art. 5o, parágrafo único;
procedente a ação de investiga- segundos. III – pela maioridade;
ção produzirá os mesmos efeitos IV – pela adoção;
do reconhecimento; mas poderá Art. 1.633. O filho, não reco- V – por decisão judicial, na
ordenar que o filho se crie e edu- nhecido pelo pai, fica sob poder forma do artigo 1.638.
que fora da companhia dos pais familiar exclusivo da mãe; se a
243
Código Civil
Art. 1.636. O pai ou a mãe que b) estupro ou outro crime casamento:
contrai novas núpcias, ou esta- contra a dignidade sexual sujeito I – das pessoas que o con-
belece união estável, não perde, à pena de reclusão; traírem com inobservância das
quanto aos filhos do relaciona- II – praticar contra filho, filha causas suspensivas da celebra-
mento anterior, os direitos ao ou outro descendente: ção do casamento;
poder familiar, exercendo-os sem a) homicídio, feminicídio ou II – da pessoa maior de 70
qualquer interferência do novo lesão corporal de natureza grave (setenta) anos;
cônjuge ou companheiro. ou seguida de morte, quando se III – de todos os que depen-
Parágrafo único. Igual pre- tratar de crime doloso envolvendo derem, para casar, de suprimento
ceito ao estabelecido neste artigo violência doméstica e familiar ou judicial.
aplica-se ao pai ou à mãe solteiros menosprezo ou discriminação à
que casarem ou estabelecerem condição de mulher; Art. 1.642. Qualquer que seja o
união estável. b) estupro, estupro de vul- regime de bens, tanto o marido
nerável ou outro crime contra a quanto a mulher podem livre-
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, dignidade sexual sujeito à pena mente:
abusar de sua autoridade, faltan- de reclusão. I – praticar todos os atos de
do aos deveres a eles inerentes disposição e de administração ne-
ou arruinando os bens dos filhos, cessários ao desempenho de sua
cabe ao juiz, requerendo algum TÍTULO II – DO DIREITO profissão, com as limitações esta-
parente, ou o Ministério Público, PATRIMONIAL belecidas no inciso I do art. 1.647;
adotar a medida que lhe pareça II – administrar os bens pró-
reclamada pela segurança do me- SUBTÍTULO I – DO REGIME prios;
nor e seus haveres, até suspen- DE BENS ENTRE OS III – desobrigar ou reivindi-
dendo o poder familiar, quando CÔNJUGES car os imóveis que tenham sido
convenha. gravados ou alienados sem o seu
Parágrafo único. Suspende- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES consentimento ou sem suprimen-
-se igualmente o exercício do po- GERAIS to judicial;
der familiar ao pai ou à mãe con- IV – demandar a rescisão dos
denados por sentença irrecorrível, Art. 1.639. É lícito aos nubentes, contratos de fiança e doação, ou
em virtude de crime cuja pena antes de celebrado o casamento, a invalidação do aval, realizados
exceda a dois anos de prisão. estipular, quanto aos seus bens, pelo outro cônjuge com infração
o que lhes aprouver. do disposto nos incisos III e IV do
Art. 1.638. Perderá por ato ju- § 1o O regime de bens entre art. 1.647;
dicial o poder familiar o pai ou os cônjuges começa a vigorar V – reivindicar os bens co-
a mãe que: desde a data do casamento. muns, móveis ou imóveis, doa-
I – castigar imoderadamen- § 2o É admissível alteração dos ou transferidos pelo outro
te o filho; do regime de bens, mediante cônjuge ao concubino, desde que
II – deixar o filho em aban- autorização judicial em pedido provado que os bens não foram
dono; motivado de ambos os cônju- adquiridos pelo esforço comum
III – praticar atos contrários ges, apurada a procedência das destes, se o casal estiver separa-
à moral e aos bons costumes; razões invocadas e ressalvados do de fato por mais de cinco anos;
IV – incidir, reiteradamente, os direitos de terceiros. VI – praticar todos os atos
nas faltas previstas no artigo an- que não lhes forem vedados ex-
tecedente; Art. 1.640. Não havendo con- pressamente.
V – entregar de forma irre- venção, ou sendo ela nula ou ine-
gular o filho a terceiros para fins ficaz, vigorará, quanto aos bens Art. 1.643. Podem os cônjuges,
de adoção. entre os cônjuges, o regime da independentemente de autoriza-
Parágrafo único. Perderá comunhão parcial. ção um do outro:
também por ato judicial o poder Parágrafo único. Poderão os I – comprar, ainda a crédito,
familiar aquele que: nubentes, no processo de habi- as coisas necessárias à economia
I – praticar contra outrem litação, optar por qualquer dos doméstica;
igualmente titular do mesmo po- regimes que este código regula. II – obter, por empréstimo, as
der familiar: Quanto à forma, reduzir-se-á a quantias que a aquisição dessas
a) homicídio, feminicídio ou termo a opção pela comunhão coisas possa exigir.
lesão corporal de natureza grave parcial, fazendo-se o pacto an-
ou seguida de morte, quando se tenupcial por escritura pública, Art. 1.644. As dívidas contraídas
tratar de crime doloso envolvendo nas demais escolhas. para os fins do artigo antecedente
violência doméstica e familiar ou obrigam solidariamente ambos
menosprezo ou discriminação à Art. 1.641. É obrigatório o re- os cônjuges.
condição de mulher; gime da separação de bens no
244
Código Civil
Art. 1.645. As ações fundadas juges não puder exercer a ad- CAPÍTULO III – DO REGIME
nos incisos III, IV e V do art. 1.642 ministração dos bens que lhe DE COMUNHÃO PARCIAL
competem ao cônjuge prejudica- incumbe, segundo o regime de
do e a seus herdeiros. bens, caberá ao outro: Art. 1.658. No regime de comu-
I – gerir os bens comuns e os nhão parcial, comunicam-se os
Art. 1.646. No caso dos incisos do consorte; bens que sobrevierem ao casal, na
III e IV do art. 1.642, o terceiro, II – alienar os bens móveis constância do casamento, com as
prejudicado com a sentença fa- comuns; exceções dos artigos seguintes.
vorável ao autor, terá direito re- III – alienar os imóveis co-
gressivo contra o cônjuge, que muns e os móveis ou imóveis do Art. 1.659. Excluem-se da co-
realizou o negócio jurídico, ou consorte, mediante autorização munhão:
seus herdeiros. judicial. I – os bens que cada côn-
juge possuir ao casar, e os que
Art. 1.647. Ressalvado o dis- Art. 1.652. O cônjuge, que esti- lhe sobrevierem, na constância
posto no art. 1.648, nenhum dos ver na posse dos bens particula- do casamento, por doação ou
cônjuges pode, sem autorização res do outro, será para com este sucessão, e os sub-rogados em
do outro, exceto no regime da e seus herdeiros responsável: seu lugar;
separação absoluta: I – como usufrutuário, se o II – os bens adquiridos com
I – alienar ou gravar de ônus rendimento for comum; valores exclusivamente perten-
real os bens imóveis; II – como procurador, se tiver centes a um dos cônjuges em
II – pleitear, como autor ou mandato expresso ou tácito para sub-rogação dos bens particu-
réu, acerca desses bens ou di- os administrar; lares;
reitos; III – como depositário, se não III – as obrigações anteriores
III – prestar fiança ou aval; for usufrutuário, nem adminis- ao casamento;
IV – fazer doação, não sendo trador. IV – as obrigações provenien-
remuneratória, de bens comuns, tes de atos ilícitos, salvo reversão
ou dos que possam integrar fu- em proveito do casal;
tura meação. CAPÍTULO II – DO PACTO V – os bens de uso pesso-
Parágrafo único. São válidas ANTENUPCIAL al, os livros e instrumentos de
as doações nupciais feitas aos profissão;
filhos quando casarem ou esta- Art. 1.653. É nulo o pacto ante- VI – os proventos do trabalho
belecerem economia separada. nupcial se não for feito por escri- pessoal de cada cônjuge;
tura pública, e ineficaz se não lhe VII – as pensões, meios-sol-
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos ca- seguir o casamento. dos, montepios e outras rendas
sos do artigo antecedente, suprir semelhantes.
a outorga, quando um dos cônju- Art. 1.654. A eficácia do pacto
ges a denegue sem motivo justo, antenupcial, realizado por menor, Art. 1.660. Entram na comu-
ou lhe seja impossível concedê-la. fica condicionada à aprovação de nhão:
seu representante legal, salvo as I – os bens adquiridos na
Art. 1.649. A falta de autoriza- hipóteses de regime obrigatório constância do casamento por
ção, não suprida pelo juiz, quando de separação de bens. título oneroso, ainda que só em
necessária (art. 1.647), tornará nome de um dos cônjuges;
anulável o ato praticado, poden- Art. 1.655. É nula a convenção II – os bens adquiridos por
do o outro cônjuge pleitear-lhe a ou cláusula dela que contravenha fato eventual, com ou sem o con-
anulação, até dois anos depois de disposição absoluta de lei. curso de trabalho ou despesa
terminada a sociedade conjugal. anterior;
Parágrafo único. A aprova- Art. 1.656. No pacto antenup- III – os bens adquiridos por
ção torna válido o ato, desde que cial, que adotar o regime de par- doação, herança ou legado, em
feita por instrumento público, ou ticipação final nos aquestos, po- favor de ambos os cônjuges;
particular, autenticado. der-se-á convencionar a livre dis- IV – as benfeitorias em bens
posição dos bens imóveis, desde particulares de cada cônjuge;
Art. 1.650. A decretação de in- que particulares. V – os frutos dos bens co-
validade dos atos praticados sem muns, ou dos particulares de cada
outorga, sem consentimento, ou Art. 1.657. As convenções ante- cônjuge, percebidos na constân-
sem suprimento do juiz, só pode- nupciais não terão efeito perante cia do casamento, ou pendentes
rá ser demandada pelo cônjuge terceiros senão depois de regis- ao tempo de cessar a comunhão.
a quem cabia concedê-la, ou por tradas, em livro especial, pelo
seus herdeiros. oficial do Registro de Imóveis do Art. 1.661. São incomunicáveis
domicílio dos cônjuges. os bens cuja aquisição tiver por
Art. 1.651. Quando um dos côn- título uma causa anterior ao ca-
245
Código Civil
samento. Art. 1.668. São excluídos da co- cada cônjuge, que os poderá livre-
munhão: mente alienar, se forem móveis.
Art. 1.662. No regime da co- I – os bens doados ou herda-
munhão parcial, presumem-se dos com a cláusula de incomuni- Art. 1.674. Sobrevindo a dissolu-
adquiridos na constância do ca- cabilidade e os sub-rogados em ção da sociedade conjugal, apu-
samento os bens móveis, quando seu lugar; rar-se-á o montante dos aques-
não se provar que o foram em II – os bens gravados de fidei- tos, excluindo-se da soma dos
data anterior. comisso e o direito do herdeiro fi- patrimônios próprios:
deicomissário, antes de realizada I – os bens anteriores ao ca-
Art. 1.663. A administração do a condição suspensiva; samento e os que em seu lugar
patrimônio comum compete a III – as dívidas anteriores ao se sub-rogaram;
qualquer dos cônjuges. casamento, salvo se provierem de II – os que sobrevieram a cada
§ 1o As dívidas contraídas no despesas com seus aprestos, ou cônjuge por sucessão ou libe-
exercício da administração obri- reverterem em proveito comum; ralidade;
gam os bens comuns e particula- IV – as doações antenupciais III – as dívidas relativas a es-
res do cônjuge que os administra, feitas por um dos cônjuges ao ses bens.
e os do outro na razão do proveito outro com a cláusula de incomu- Parágrafo único. Salvo prova
que houver auferido. nicabilidade; em contrário, presumem-se ad-
§ 2o A anuência de ambos V – os bens referidos nos in- quiridos durante o casamento os
os cônjuges é necessária para os cisos V a VII do art. 1.659. bens móveis.
atos, a título gratuito, que impli-
quem cessão do uso ou gozo dos Art. 1.669. A incomunicabilidade Art. 1.675. Ao determinar-se o
bens comuns. dos bens enumerados no artigo montante dos aquestos, com-
§ 3o Em caso de malversação antecedente não se estende aos putar-se-á o valor das doações
dos bens, o juiz poderá atribuir a frutos, quando se percebam ou feitas por um dos cônjuges, sem
administração a apenas um dos vençam durante o casamento. a necessária autorização do ou-
cônjuges. tro; nesse caso, o bem poderá ser
Art. 1.670. Aplica-se ao regime reivindicado pelo cônjuge preju-
Art. 1.664. Os bens da comu- da comunhão universal o disposto dicado ou por seus herdeiros, ou
nhão respondem pelas obriga- no Capítulo antecedente, quanto declarado no monte partilhável,
ções contraídas pelo marido ou à administração dos bens. por valor equivalente ao da época
pela mulher para atender aos en- da dissolução.
cargos da família, às despesas de Art. 1.671. Extinta a comunhão,
administração e às decorrentes e efetuada a divisão do ativo e do Art. 1.676. Incorpora-se ao mon-
de imposição legal. passivo, cessará a responsabili- te o valor dos bens alienados em
dade de cada um dos cônjuges detrimento da meação, se não
Art. 1.665. A administração e a para com os credores do outro. houver preferência do cônjuge
disposição dos bens constitutivos lesado, ou de seus herdeiros, de
do patrimônio particular compe- os reivindicar.
tem ao cônjuge proprietário, sal- CAPÍTULO V – DO REGIME
vo convenção diversa em pacto DE PARTICIPAÇÃO FINAL Art. 1.677. Pelas dívidas poste-
antenupcial. NOS AQUESTOS riores ao casamento, contraídas
por um dos cônjuges, somente
Art. 1.666. As dívidas, contra- Art. 1.672. No regime de parti- este responderá, salvo prova de
ídas por qualquer dos cônjuges cipação final nos aquestos, cada terem revertido, parcial ou total-
na administração de seus bens cônjuge possui patrimônio pró- mente, em benefício do outro.
particulares e em benefício des- prio, consoante disposto no artigo
tes, não obrigam os bens comuns. seguinte, e lhe cabe, à época da Art. 1.678. Se um dos cônjuges
dissolução da sociedade conjugal, solveu uma dívida do outro com
direito à metade dos bens adqui- bens do seu patrimônio, o valor do
CAPÍTULO IV – DO REGIME ridos pelo casal, a título oneroso, pagamento deve ser atualizado e
DE COMUNHÃO UNIVERSAL na constância do casamento. imputado, na data da dissolução,
à meação do outro cônjuge.
Art. 1.667. O regime de comu- Art. 1.673. Integram o patrimô-
nhão universal importa a comuni- nio próprio os bens que cada côn- Art. 1.679. No caso de bens ad-
cação de todos os bens presentes juge possuía ao casar e os por ele quiridos pelo trabalho conjunto,
e futuros dos cônjuges e suas dí- adquiridos, a qualquer título, na terá cada um dos cônjuges uma
vidas passivas, com as exceções constância do casamento. quota igual no condomínio ou
do artigo seguinte. Parágrafo único. A adminis- no crédito por aquele modo es-
tração desses bens é exclusiva de tabelecido.
246
Código Civil
Art. 1.680. As coisas móveis, em gravar de ônus real. curador especial.
face de terceiros, presumem-se
do domínio do cônjuge devedor, Art. 1.688. Ambos os cônjuges Art. 1.693. Excluem-se do usu-
salvo se o bem for de uso pessoal são obrigados a contribuir para as fruto e da administração dos pais:
do outro. despesas do casal na proporção I – os bens adquiridos pelo
dos rendimentos de seu traba- filho havido fora do casamento,
Art. 1.681. Os bens imóveis são lho e de seus bens, salvo esti- antes do reconhecimento;
de propriedade do cônjuge cujo pulação em contrário no pacto II – os valores auferidos pelo
nome constar no registro. antenupcial. filho maior de dezesseis anos, no
Parágrafo único. Impugnada exercício de atividade profissio-
a titularidade, caberá ao cônjuge nal e os bens com tais recursos
proprietário provar a aquisição SUBTÍTULO II – DO adquiridos;
regular dos bens. USUFRUTO E DA III – os bens deixados ou do-
ADMINISTRAÇÃO DOS BENS ados ao filho, sob a condição de
Art. 1.682. O direito à meação DE FILHOS MENORES não serem usufruídos, ou admi-
não é renunciável, cessível ou nistrados, pelos pais;
penhorável na vigência do regime Art. 1.689. O pai e a mãe, en- IV – os bens que aos filhos
matrimonial. quanto no exercício do poder couberem na herança, quando os
familiar: pais forem excluídos da sucessão.
Art. 1.683. Na dissolução do re- I – são usufrutuários dos bens
gime de bens por separação judi- dos filhos;
cial ou por divórcio, verificar-se-á II – têm a administração dos SUBTÍTULO III – DOS
o montante dos aquestos à data bens dos filhos menores sob sua ALIMENTOS
em que cessou a convivência. autoridade.
Art. 1.694. Podem os parentes,
Art. 1.684. Se não for possível Art. 1.690. Compete aos pais, os cônjuges ou companheiros
nem conveniente a divisão de e na falta de um deles ao outro, pedir uns aos outros os alimen-
todos os bens em natureza, cal- com exclusividade, representar tos de que necessitem para viver
cular-se-á o valor de alguns ou de os filhos menores de dezesseis de modo compatível com a sua
todos para reposição em dinheiro anos, bem como assisti-los até condição social, inclusive para
ao cônjuge não proprietário. completarem a maioridade ou atender às necessidades de sua
Parágrafo único. Não se po- serem emancipados. educação.
dendo realizar a reposição em di- Parágrafo único. Os pais de- § 1o Os alimentos devem ser
nheiro, serão avaliados e, median- vem decidir em comum as ques- fixados na proporção das neces-
te autorização judicial, alienados tões relativas aos filhos e a seus sidades do reclamante e dos re-
tantos bens quantos bastarem. bens; havendo divergência, po- cursos da pessoa obrigada.
derá qualquer deles recorrer ao § 2o Os alimentos serão ape-
Art. 1.685. Na dissolução da so- juiz para a solução necessária. nas os indispensáveis à subsis-
ciedade conjugal por morte, veri- tência, quando a situação de ne-
ficar-se-á a meação do cônjuge Art. 1.691. Não podem os pais cessidade resultar de culpa de
sobrevivente de conformidade alienar, ou gravar de ônus real os quem os pleiteia.
com os artigos antecedentes, imóveis dos filhos, nem contrair,
deferindo-se a herança aos her- em nome deles, obrigações que Art. 1.695. São devidos os ali-
deiros na forma estabelecida nes- ultrapassem os limites da simples mentos quando quem os pretende
te Código. administração, salvo por neces- não tem bens suficientes, nem
sidade ou evidente interesse da pode prover, pelo seu trabalho,
Art. 1.686. As dívidas de um dos prole, mediante prévia autoriza- à própria mantença, e aquele, de
cônjuges, quando superiores à ção do juiz. quem se reclamam, pode fornecê-
sua meação, não obrigam ao ou- Parágrafo único. Podem plei- -los, sem desfalque do necessário
tro, ou a seus herdeiros. tear a declaração de nulidade dos ao seu sustento.
atos previstos neste artigo:
I – os filhos; Art. 1.696. O direito à prestação
CAPÍTULO VI – DO REGIME II – os herdeiros; de alimentos é recíproco entre
DE SEPARAÇÃO DE BENS III – o representante legal. pais e filhos, e extensivo a to-
dos os ascendentes, recaindo
Art. 1.687. Estipulada a separa- Art. 1.692. Sempre que no exer- a obrigação nos mais próximos
ção de bens, estes permanecerão cício do poder familiar colidir o em grau, uns em falta de outros.
sob a administração exclusiva interesse dos pais com o do fi-
de cada um dos cônjuges, que lho, a requerimento deste ou do Art. 1.697. Na falta dos ascen-
os poderá livremente alienar ou Ministério Público o juiz lhe dará dentes cabe a obrigação aos des-
247
Código Civil
cendentes, guardada a ordem de diante pensão a ser fixada pelo destinar parte de seu patrimônio
sucessão e, faltando estes, aos juiz, caso não tenha sido decla- para instituir bem de família, des-
irmãos, assim germanos como rado culpado na ação de separa- de que não ultrapasse um terço
unilaterais. ção judicial. do patrimônio líquido existente ao
Parágrafo único. Se o côn- tempo da instituição, mantidas as
Art. 1.698. Se o parente, que juge declarado culpado vier a regras sobre a impenhorabilidade
deve alimentos em primeiro lu- necessitar de alimentos, e não do imóvel residencial estabeleci-
gar, não estiver em condições de tiver parentes em condições de da em lei especial.
suportar totalmente o encargo, prestá-los, nem aptidão para o Parágrafo único. O terceiro
serão chamados a concorrer os trabalho, o outro cônjuge será poderá igualmente instituir bem
de grau imediato; sendo várias obrigado a assegurá-los, fixan- de família por testamento ou doa-
as pessoas obrigadas a prestar do o juiz o valor indispensável à ção, dependendo a eficácia do ato
alimentos, todas devem concor- sobrevivência. da aceitação expressa de ambos
rer na proporção dos respectivos os cônjuges beneficiados ou da
recursos, e, intentada ação contra Art. 1.705. Para obter alimentos, entidade familiar beneficiada.
uma delas, poderão as demais ser o filho havido fora do casamen-
chamadas a integrar a lide. to pode acionar o genitor, sendo Art. 1.712. O bem de família con-
facultado ao juiz determinar, a sistirá em prédio residencial urba-
Art. 1.699. Se, fixados os ali- pedido de qualquer das partes, no ou rural, com suas pertenças
mentos, sobrevier mudança na que a ação se processe em se- e acessórios, destinando-se em
situação financeira de quem os gredo de justiça. ambos os casos a domicílio fa-
supre, ou na de quem os recebe, miliar, e poderá abranger valores
poderá o interessado reclamar ao Art. 1.706. Os alimentos provi- mobiliários, cuja renda será apli-
juiz, conforme as circunstâncias, sionais serão fixados pelo juiz, cada na conservação do imóvel e
exoneração, redução ou majora- nos termos da lei processual. no sustento da família.
ção do encargo.
Art. 1.707. Pode o credor não Art. 1.713. Os valores mobiliá-
Art. 1.700. A obrigação de pres- exercer, porém lhe é vedado re- rios, destinados aos fins previs-
tar alimentos transmite-se aos nunciar o direito a alimentos, sen- tos no artigo antecedente, não
herdeiros do devedor, na forma do o respectivo crédito insusce- poderão exceder o valor do prédio
do art. 1.694. tível de cessão, compensação instituído em bem de família, à
ou penhora. época de sua instituição.
Art. 1.701. A pessoa obrigada a § 1o Deverão os valores mo-
suprir alimentos poderá pensio- Art. 1.708. Com o casamento, a biliários ser devidamente indi-
nar o alimentando, ou dar-lhe hos- união estável ou o concubinato do vidualizados no instrumento de
pedagem e sustento, sem prejuízo credor, cessa o dever de prestar instituição do bem de família.
do dever de prestar o necessário alimentos. § 2o Se se tratar de títulos
à sua educação, quando menor. Parágrafo único. Com rela- nominativos, a sua instituição
Parágrafo único. Compete ção ao credor cessa, também, o como bem de família deverá
ao juiz, se as circunstâncias o direito a alimentos, se tiver pro- constar dos respectivos livros
exigirem, fixar a forma do cum- cedimento indigno em relação de registro.
primento da prestação. ao devedor. § 3o O instituidor poderá de-
terminar que a administração dos
Art. 1.702. Na separação judi- Art. 1.709. O novo casamento do valores mobiliários seja confiada a
cial litigiosa, sendo um dos côn- cônjuge devedor não extingue a instituição financeira, bem como
juges inocente e desprovido de obrigação constante da sentença disciplinar a forma de pagamento
recursos, prestar-lhe-á o outro de divórcio. da respectiva renda aos benefi-
a pensão alimentícia que o juiz ciários, caso em que a respon-
fixar, obedecidos os critérios es- Art. 1.710. As prestações ali- sabilidade dos administradores
tabelecidos no art. 1.694. mentícias, de qualquer natureza, obedecerá às regras do contrato
serão atualizadas segundo índice de depósito.
Art. 1.703. Para a manutenção oficial regularmente estabelecido.
dos filhos, os cônjuges separa- Art. 1.714. O bem de família, quer
dos judicialmente contribuirão instituído pelos cônjuges ou por
na proporção de seus recursos. SUBTÍTULO IV – DO BEM terceiro, constitui-se pelo re-
DE FAMÍLIA gistro de seu título no Registro
Art. 1.704. Se um dos cônjuges de Imóveis.
separados judicialmente vier a Art. 1.711. Podem os cônjuges,
necessitar de alimentos, será o ou a entidade familiar, mediante Art. 1.715. O bem de família é
outro obrigado a prestá-los me- escritura pública ou testamento, isento de execução por dívidas
248
Código Civil
posteriores à sua instituição, sal- contrário, a seu tutor. Art. 1.727. As relações não even-
vo as que provierem de tributos tuais entre o homem e a mulher,
relativos ao prédio, ou de despe- Art. 1.721. A dissolução da so- impedidos de casar, constituem
sas de condomínio. ciedade conjugal não extingue o concubinato.
Parágrafo único. No caso de bem de família.
execução pelas dívidas referidas Parágrafo único. Dissolvida a
neste artigo, o saldo existente sociedade conjugal pela morte de TÍTULO IV – DA TUTELA, DA
será aplicado em outro prédio, um dos cônjuges, o sobrevivente CURATELA E DA TOMADA
como bem de família, ou em tí- poderá pedir a extinção do bem DE DECISÃO APOIADA
tulos da dívida pública, para sus- de família, se for o único bem
tento familiar, salvo se motivos do casal. CAPÍTULO I – DA TUTELA
relevantes aconselharem outra Seção I – Dos Tutores
solução, a critério do juiz. Art. 1.722. Extingue-se, igual-
mente, o bem de família com a
Art. 1.716. A isenção de que trata morte de ambos os cônjuges e a Art. 1.728. Os filhos menores
o artigo antecedente durará en- maioridade dos filhos, desde que são postos em tutela:
quanto viver um dos cônjuges, ou, não sujeitos a curatela. I – com o falecimento dos
na falta destes, até que os filhos pais, ou sendo estes julgados
completem a maioridade. ausentes;
TÍTULO III – DA UNIÃO II – em caso de os pais deca-
Art. 1.717. O prédio e os valores ESTÁVEL írem do poder familiar.
mobiliários, constituídos como
bem da família, não podem ter Art. 1.723. É reconhecida como Art. 1.729. O direito de nome-
destino diverso do previsto no entidade familiar a união estável ar tutor compete aos pais, em
art. 1.712 ou serem alienados sem entre o homem e a mulher, con- conjunto.
o consentimento dos interessa- figurada na convivência pública, Parágrafo único. A nomea-
dos e seus representantes legais, contínua e duradoura e estabe- ção deve constar de testamento
ouvido o Ministério Público. lecida com o objetivo de consti- ou de qualquer outro documento
tuição de família.3 autêntico.
Art. 1.718. Qualquer forma de § 1o A união estável não se
liquidação da entidade adminis- constituirá se ocorrerem os im- Art. 1.730. É nula a nomeação de
tradora, a que se refere o § 3o do pedimentos do art. 1.521; não se tutor pelo pai ou pela mãe que, ao
art. 1.713, não atingirá os valores aplicando a incidência do inciso tempo de sua morte, não tinha o
a ela confiados, ordenando o juiz VI no caso de a pessoa casada poder familiar.
a sua transferência para outra se achar separada de fato ou ju-
instituição semelhante, obede- dicialmente. Art. 1.731. Em falta de tutor no-
cendo-se, no caso de falência, § 2o As causas suspensivas meado pelos pais incumbe a tu-
ao disposto sobre pedido de res- do art. 1.523 não impedirão a ca- tela aos parentes consanguíneos
tituição. racterização da união estável. do menor, por esta ordem:
I – aos ascendentes, prefe-
Art. 1.719. Comprovada a im- Art. 1.724. As relações pessoais rindo o de grau mais próximo ao
possibilidade da manutenção do entre os companheiros obedece- mais remoto;
bem de família nas condições em rão aos deveres de lealdade, res- II – aos colaterais até o ter-
que foi instituído, poderá o juiz, a peito e assistência, e de guarda, ceiro grau, preferindo os mais
requerimento dos interessados, sustento e educação dos filhos. próximos aos mais remotos, e,
extingui-lo ou autorizar a sub-ro- no mesmo grau, os mais velhos
gação dos bens que o constituem Art. 1.725. Na união estável, aos mais moços; em qualquer dos
em outros, ouvidos o instituidor salvo contrato escrito entre os casos, o juiz escolherá entre eles
e o Ministério Público. companheiros, aplica-se às rela- o mais apto a exercer a tutela em
ções patrimoniais, no que couber, benefício do menor.
Art. 1.720. Salvo disposição em o regime da comunhão parcial
contrário do ato de instituição, a de bens. Art. 1.732. O juiz nomeará tutor
administração do bem de família idôneo e residente no domicílio
compete a ambos os cônjuges, Art. 1.726. A união estável po- do menor:
resolvendo o juiz em caso de di- derá converter-se em casamen- I – na falta de tutor testamen-
vergência. to, mediante pedido dos com- tário ou legítimo;
Parágrafo único. Com o fale- panheiros ao juiz e assento no II – quando estes forem ex-
cimento de ambos os cônjuges, Registro Civil. cluídos ou escusados da tutela;
a administração passará ao filho III – quando removidos por
mais velho, se for maior, e, do 3
NE: ver ADI no 4.277 e ADPF no 132. não idôneos o tutor legítimo e o
249
Código Civil
testamentário. e as culpadas de abuso em tuto- videncie, como houver por bem,
rias anteriores; quando o menor haja mister cor-
Art. 1.733. Aos irmãos órfãos VI – aqueles que exercerem reção;
dar-se-á um só tutor. função pública incompatível com III – adimplir os demais de-
§ 1o No caso de ser nomeado a boa administração da tutela. veres que normalmente cabem
mais de um tutor por disposição aos pais, ouvida a opinião do me-
testamentária sem indicação de nor, se este já contar doze anos
precedência, entende-se que a
Seção III – Da Escusa dos de idade.
tutela foi cometida ao primeiro, e Tutores
que os outros lhe sucederão pela Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob
ordem de nomeação, se ocorrer Art. 1.736. Podem escusar-se a inspeção do juiz, administrar
morte, incapacidade, escusa ou da tutela: os bens do tutelado, em proveito
qualquer outro impedimento. I – mulheres casadas; deste, cumprindo seus deveres
§ 2o Quem institui um menor II – maiores de sessenta anos; com zelo e boa-fé.
herdeiro, ou legatário seu, poderá III – aqueles que tiverem sob
nomear-lhe curador especial para sua autoridade mais de três filhos; Art. 1.742. Para fiscalização dos
os bens deixados, ainda que o IV – os impossibilitados por atos do tutor, pode o juiz nomear
beneficiário se encontre sob o enfermidade; um protutor.
poder familiar, ou tutela. V – aqueles que habitarem
longe do lugar onde se haja de Art. 1.743. Se os bens e inte-
Art. 1.734. As crianças e os exercer a tutela; resses administrativos exigirem
adolescentes cujos pais forem VI – aqueles que já exercerem conhecimentos técnicos, forem
desconhecidos, falecidos ou que tutela ou curatela; complexos, ou realizados em
tiverem sido suspensos ou des- VII – militares em serviço. lugares distantes do domicílio
tituídos do poder familiar terão do tutor, poderá este, mediante
tutores nomeados pelo Juiz ou Art. 1.737. Quem não for parente aprovação judicial, delegar a ou-
serão incluídos em programa de do menor não poderá ser obriga- tras pessoas físicas ou jurídicas o
colocação familiar, na forma pre- do a aceitar a tutela, se houver exercício parcial da tutela.
vista pela Lei no 8.069, de 13 de ju- no lugar parente idôneo, consan-
lho de 1990 – Estatuto da Criança guíneo ou afim, em condições de Art. 1.744. A responsabilidade
e do Adolescente. exercê-la. do juiz será:
I – direta e pessoal, quando
Art. 1.738. A escusa apresentar- não tiver nomeado o tutor, ou não
Seção II – Dos Incapazes de -se-á nos dez dias subsequentes o houver feito oportunamente;
Exercer a Tutela à designação, sob pena de enten- II – subsidiária, quando não
der-se renunciado o direito de tiver exigido garantia legal do
Art. 1.735. Não podem ser tuto- alegá-la; se o motivo escusatório tutor, nem o removido, tanto que
res e serão exonerados da tutela, ocorrer depois de aceita a tutela, se tornou suspeito.
caso a exerçam: os dez dias contar-se-ão do em
I – aqueles que não tiverem a que ele sobrevier. Art. 1.745. Os bens do menor
livre administração de seus bens; serão entregues ao tutor me-
II – aqueles que, no momento Art. 1.739. Se o juiz não admitir diante termo especificado deles
de lhes ser deferida a tutela, se a escusa, exercerá o nomeado a e seus valores, ainda que os pais
acharem constituídos em obriga- tutela, enquanto o recurso in- o tenham dispensado.
ção para com o menor, ou tiverem terposto não tiver provimento, Parágrafo único. Se o pa-
que fazer valer direitos contra e responderá desde logo pelas trimônio do menor for de valor
este, e aqueles cujos pais, filhos perdas e danos que o menor ve- considerável, poderá o juiz con-
ou cônjuges tiverem demanda nha a sofrer. dicionar o exercício da tutela à
contra o menor; prestação de caução bastante,
III – os inimigos do menor, ou podendo dispensá-la se o tutor
de seus pais, ou que tiverem sido
Seção IV – Do Exercício da for de reconhecida idoneidade.
por estes expressamente excluí- Tutela
dos da tutela; Art. 1.746. Se o menor possuir
IV – os condenados por cri- Art. 1.740. Incumbe ao tutor, bens, será sustentado e educado
me de furto, roubo, estelionato, quanto à pessoa do menor: a expensas deles, arbitrando o
falsidade, contra a família ou os I – dirigir-lhe a educação, de- juiz para tal fim as quantias que
costumes, tenham ou não cum- fendê-lo e prestar-lhe alimen- lhe pareçam necessárias, consi-
prido pena; tos, conforme os seus haveres derado o rendimento da fortuna
V – as pessoas de mau proce- e condição; do pupilo quando o pai ou a mãe
dimento, ou falhas em probidade, II – reclamar do juiz que pro- não as houver fixado.
250
Código Civil
Art. 1.747. Compete mais ao Art. 1.751. Antes de assumir a que não os exime da obrigação,
tutor: tutela, o tutor declarará tudo o que o juiz fará efetiva, da referida
I – representar o menor, até que o menor lhe deva, sob pena aplicação.
os dezesseis anos, nos atos da de não lhe poder cobrar, enquanto
vida civil, e assisti-lo, após essa exerça a tutoria, salvo provando Art. 1.754. Os valores que exis-
idade, nos atos em que for parte; que não conhecia o débito quando tirem em estabelecimento ban-
II – receber as rendas e pen- a assumiu. cário oficial, na forma do artigo
sões do menor, e as quantias a antecedente, não se poderão re-
ele devidas; Art. 1.752. O tutor responde pe- tirar, senão mediante ordem do
III – fazer-lhe as despesas de los prejuízos que, por culpa, ou juiz, e somente:
subsistência e educação, bem dolo, causar ao tutelado; mas tem I – para as despesas com o
como as de administração, con- direito a ser pago pelo que real- sustento e educação do tutelado,
servação e melhoramentos de mente despender no exercício da ou a administração de seus bens;
seus bens; tutela, salvo no caso do art. 1.734, II – para se comprarem bens
IV – alienar os bens do menor e a perceber remuneração pro- imóveis e títulos, obrigações ou
destinados a venda; porcional à importância dos bens letras, nas condições previstas no
V – promover-lhe, mediante administrados. § 1o do artigo antecedente;
preço conveniente, o arrenda- § 1o Ao protutor será arbitra- III – para se empregarem em
mento de bens de raiz. da uma gratificação módica pela conformidade com o disposto
fiscalização efetuada. por quem os houver doado, ou
Art. 1.748. Compete também ao § 2o São solidariamente res- deixado;
tutor, com autorização do juiz: ponsáveis pelos prejuízos as pes- IV – para se entregarem aos
I – pagar as dívidas do menor; soas às quais competia fiscalizar órfãos, quando emancipados, ou
II – aceitar por ele heranças, a atividade do tutor, e as que maiores, ou, mortos eles, aos seus
legados ou doações, ainda que concorreram para o dano. herdeiros.
com encargos;
III – transigir;
IV – vender-lhe os bens mó-
Seção V – Dos Bens do Seção VI – Da Prestação de
veis, cuja conservação não con- Tutelado Contas
vier, e os imóveis nos casos em
que for permitido; Art. 1.753. Os tutores não podem Art. 1.755. Os tutores, embora
V – propor em juízo as ações, conservar em seu poder dinheiro o contrário tivessem disposto
ou nelas assistir o menor, e pro- dos tutelados, além do necessário os pais dos tutelados, são obri-
mover todas as diligências a bem para as despesas ordinárias com gados a prestar contas da sua
deste, assim como defendê-lo nos o seu sustento, a sua educação administração.
pleitos contra ele movidos. e a administração de seus bens.
Parágrafo único. No caso de § 1o Se houver necessidade, Art. 1.756. No fim de cada ano
falta de autorização, a eficácia de os objetos de ouro e prata, pedras de administração, os tutores sub-
ato do tutor depende da aprova- preciosas e móveis serão avalia- meterão ao juiz o balanço respec-
ção ulterior do juiz. dos por pessoa idônea e, após tivo, que, depois de aprovado, se
autorização judicial, alienados, anexará aos autos do inventário.
Art. 1.749. Ainda com a autori- e o seu produto convertido em
zação judicial, não pode o tutor, títulos, obrigações e letras de Art. 1.757. Os tutores prestarão
sob pena de nulidade: responsabilidade direta ou in- contas de dois em dois anos, e
I – adquirir por si, ou por in- direta da União ou dos Estados, também quando, por qualquer
terposta pessoa, mediante con- atendendo-se preferentemente motivo, deixarem o exercício da
trato particular, bens móveis ou à rentabilidade, e recolhidos ao tutela ou toda vez que o juiz achar
imóveis pertencentes ao menor; estabelecimento bancário oficial conveniente.
II – dispor dos bens do menor ou aplicado na aquisição de imó- Parágrafo único. As contas
a título gratuito; veis, conforme for determinado serão prestadas em juízo, e jul-
III – constituir-se cessionário pelo juiz. gadas depois da audiência dos
de crédito ou de direito, contra § 2o O mesmo destino pre- interessados, recolhendo o tutor
o menor. visto no parágrafo antecedente imediatamente a estabelecimen-
terá o dinheiro proveniente de to bancário oficial os saldos, ou
Art. 1.750. Os imóveis perten- qualquer outra procedência. adquirindo bens imóveis, ou tí-
centes aos menores sob tutela § 3o Os tutores respondem tulos, obrigações ou letras, na
somente podem ser vendidos pela demora na aplicação dos forma do § 1o do art. 1.753.
quando houver manifesta vanta- valores acima referidos, pagan-
gem, mediante prévia avaliação do os juros legais desde o dia em Art. 1.758. Finda a tutela pela
judicial e aprovação do juiz. que deveriam dar esse destino, o emancipação ou maioridade, a
251
Código Civil
quitação do menor não produ- CAPÍTULO II – DA Seção II – Da Curatela do
zirá efeito antes de aprovadas CURATELA Nascituro e do Enfermo ou
as contas pelo juiz, subsistindo Portador de Deficiência
inteira, até então, a responsabi- Seção I – Dos Interditos Física
lidade do tutor.
Art. 1.767. Estão sujeitos a cura- Art. 1.779. Dar-se-á curador ao
Art. 1.759. Nos casos de morte, tela: nascituro, se o pai falecer estando
ausência, ou interdição do tu- I – aqueles que, por causa grávida a mulher, e não tendo o
tor, as contas serão prestadas transitória ou permanente, não poder familiar.
por seus herdeiros ou represen- puderem exprimir sua vontade; Parágrafo único. Se a mulher
tantes. II – (Revogado); estiver interdita, seu curador será
III – os ébrios habituais e os o do nascituro.
Art. 1.760. Serão levadas a cré- viciados em tóxico;
dito do tutor todas as despesas IV – (Revogado); Art. 1.780. (Revogado)
justificadas e reconhecidamente V – os pródigos.
proveitosas ao menor.
Arts. 1.768 a 1.773. (Revogados)
Seção III – Do Exercício da
Art. 1.761. As despesas com a Curatela
prestação das contas serão pa- Art. 1.774. Aplicam-se à curatela
gas pelo tutelado. as disposições concernentes à Art. 1.781. As regras a respeito
tutela, com as modificações dos do exercício da tutela aplicam-se
Art. 1.762. O alcance do tutor, artigos seguintes. ao da curatela, com a restrição do
bem como o saldo contra o tute- art. 1.772 e as desta Seção.
lado, são dívidas de valor e ven- Art. 1.775. O cônjuge ou compa-
cem juros desde o julgamento nheiro, não separado judicialmen- Art. 1.782. A interdição do pró-
definitivo das contas. te ou de fato, é, de direito, curador digo só o privará de, sem curador,
do outro, quando interdito. emprestar, transigir, dar quitação,
§ 1o Na falta do cônjuge ou alienar, hipotecar, demandar ou
Seção VII – Da Cessação da companheiro, é curador legítimo ser demandado, e praticar, em
Tutela o pai ou a mãe; na falta destes, o geral, os atos que não sejam de
descendente que se demonstrar mera administração.
Art. 1.763. Cessa a condição de mais apto.
tutelado: § 2o Entre os descendentes, Art. 1.783. Quando o curador
I – com a maioridade ou a os mais próximos precedem aos for o cônjuge e o regime de bens
emancipação do menor; mais remotos. do casamento for de comunhão
II – ao cair o menor sob o § 3o Na falta das pessoas universal, não será obrigado à
poder familiar, no caso de reco- mencionadas neste artigo, com- prestação de contas, salvo de-
nhecimento ou adoção. pete ao juiz a escolha do curador. terminação judicial.
252
Código Civil
tes do apoio a ser oferecido e os matéria. que couber a cada um daqueles;
compromissos dos apoiadores, § 11. Aplicam-se à tomada III – se concorrer com outros
inclusive o prazo de vigência do de decisão apoiada, no que cou- parentes sucessíveis, terá direito
acordo e o respeito à vontade, ber, as disposições referentes à a um terço da herança;
aos direitos e aos interesses da prestação de contas na curatela. IV – não havendo parentes
pessoa que devem apoiar. sucessíveis, terá direito à tota-
§ 2o O pedido de tomada de lidade da herança.
decisão apoiada será requerido LIVRO V – DO DIREITO DAS
pela pessoa a ser apoiada, com SUCESSÕES
indicação expressa das pessoas CAPÍTULO II – DA HERANÇA
aptas a prestarem o apoio previs- TÍTULO I – DA SUCESSÃO E DE SUA ADMINISTRAÇÃO
to no caput deste artigo. EM GERAL
§ 3o Antes de se pronunciar Art. 1.791. A herança defere-se
sobre o pedido de tomada de CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES como um todo unitário, ainda que
decisão apoiada, o juiz, assistido GERAIS vários sejam os herdeiros.
por equipe multidisciplinar, após Parágrafo único. Até a par-
oitiva do Ministério Público, ouvirá Art. 1.784. Aberta a sucessão, tilha, o direito dos coerdeiros,
pessoalmente o requerente e as a herança transmite-se, desde quanto à propriedade e posse da
pessoas que lhe prestarão apoio. logo, aos herdeiros legítimos e herança, será indivisível, e regu-
§ 4o A decisão tomada por testamentários. lar-se-á pelas normas relativas
pessoa apoiada terá validade e ao condomínio.
efeitos sobre terceiros, sem res- Art. 1.785. A sucessão abre-se
trições, desde que esteja inserida no lugar do último domicílio do Art. 1.792. O herdeiro não res-
nos limites do apoio acordado. falecido. ponde por encargos superiores
§ 5o Terceiro com quem a às forças da herança; incumbe-
pessoa apoiada mantenha rela- Art. 1.786. A sucessão dá-se -lhe, porém, a prova do excesso,
ção negocial pode solicitar que por lei ou por disposição de últi- salvo se houver inventário que a
os apoiadores contra-assinem ma vontade. escuse, demostrando o valor dos
o contrato ou acordo, especifi- bens herdados.
cando, por escrito, sua função Art. 1.787. Regula a sucessão e
em relação ao apoiado. a legitimação para suceder a lei Art. 1.793. O direito à sucessão
§ 6o Em caso de negócio ju- vigente ao tempo da abertura aberta, bem como o quinhão de
rídico que possa trazer risco ou daquela. que disponha o coerdeiro, pode
prejuízo relevante, havendo diver- ser objeto de cessão por escri-
gência de opiniões entre a pessoa Art. 1.788. Morrendo a pessoa tura pública.
apoiada e um dos apoiadores, sem testamento, transmite a he- § 1o Os direitos, conferidos
deverá o juiz, ouvido o Ministério rança aos herdeiros legítimos; o ao herdeiro em consequência
Público, decidir sobre a questão. mesmo ocorrerá quanto aos bens de substituição ou de direito
§ 7o Se o apoiador agir com que não forem compreendidos de acrescer, presumem-se não
negligência, exercer pressão in- no testamento; e subsiste a su- abrangidos pela cessão feita an-
devida ou não adimplir as obriga- cessão legítima se o testamento teriormente.
ções assumidas, poderá a pes- caducar, ou for julgado nulo. § 2o É ineficaz a cessão, pelo
soa apoiada ou qualquer pessoa coerdeiro, de seu direito heredi-
apresentar denúncia ao Ministério Art. 1.789. Havendo herdeiros tário sobre qualquer bem da he-
Público ou ao juiz. necessários, o testador só pode- rança considerado singularmente.
§ 8o Se procedente a denún- rá dispor da metade da herança. § 3o Ineficaz é a disposição,
cia, o juiz destituirá o apoiador e sem prévia autorização do juiz
nomeará, ouvida a pessoa apoiada Art. 1.790. A companheira ou da sucessão, por qualquer her-
e se for de seu interesse, outra o companheiro participará da deiro, de bem componente do
pessoa para prestação de apoio. sucessão do outro, quanto aos acervo hereditário, pendente a
§ 9o A pessoa apoiada pode, a bens adquiridos onerosamente indivisibilidade.
qualquer tempo, solicitar o térmi- na vigência da união estável, nas
no de acordo firmado em proces- condições seguintes: Art. 1.794. O coerdeiro não po-
so de tomada de decisão apoiada. I – se concorrer com filhos derá ceder a sua quota hereditária
§ 10. O apoiador pode so- comuns, terá direito a uma quo- a pessoa estranha à sucessão, se
licitar ao juiz a exclusão de sua ta equivalente à que por lei for outro coerdeiro a quiser, tanto
participação do processo de to- atribuída ao filho; por tanto.
mada de decisão apoiada, sendo II – se concorrer com des-
seu desligamento condicionado cendentes só do autor da he- Art. 1.795. O coerdeiro, a quem
à manifestação do juiz sobre a rança, tocar-lhe-á a metade do não se der conhecimento da ces-
253
Código Civil
são, poderá, depositado o preço, do artigo antecedente, os bens da CAPÍTULO IV – DA
haver para si a quota cedida a es- herança serão confiados, após a ACEITAÇÃO E RENÚNCIA
tranho, se o requerer até cento e liquidação ou partilha, a curador
oitenta dias após a transmissão. nomeado pelo juiz.
DA HERANÇA
Parágrafo único. Sendo vá- § 1o Salvo disposição testa-
rios os coerdeiros a exercer a mentária em contrário, a curatela Art. 1.804. Aceita a herança, tor-
preferência, entre eles se distri- caberá à pessoa cujo filho o tes- na-se definitiva a sua transmissão
buirá o quinhão cedido, na pro- tador esperava ter por herdeiro, ao herdeiro, desde a abertura da
porção das respectivas quotas e, sucessivamente, às pessoas sucessão.
hereditárias. indicadas no art. 1.775. Parágrafo único. A transmis-
§ 2o Os poderes, deveres e são tem-se por não verificada
Art. 1.796. No prazo de trinta responsabilidades do curador, quando o herdeiro renuncia à
dias, a contar da abertura da su- assim nomeado, regem-se pe- herança.
cessão, instaurar-se-á inventário las disposições concernentes à
do patrimônio hereditário, peran- curatela dos incapazes, no que Art. 1.805. A aceitação da he-
te o juízo competente no lugar da couber. rança, quando expressa, faz-se
sucessão, para fins de liquidação § 3o Nascendo com vida o por declaração escrita; quando
e, quando for o caso, de partilha herdeiro esperado, ser-lhe-á de- tácita, há de resultar tão somente
da herança. ferida a sucessão, com os frutos de atos próprios da qualidade de
e rendimentos relativos à deixa, herdeiro.
Art. 1.797. Até o compromisso do a partir da morte do testador. § 1o Não exprimem aceita-
inventariante, a administração da § 4o Se, decorridos dois anos ção de herança os atos oficio-
herança caberá, sucessivamente: após a abertura da sucessão, não sos, como o funeral do finado,
I – ao cônjuge ou companhei- for concebido o herdeiro espera- os meramente conservatórios,
ro, se com o outro convivia ao do, os bens reservados, salvo dis- ou os de administração e guarda
tempo da abertura da sucessão; posição em contrário do testador, provisória.
II – ao herdeiro que estiver na caberão aos herdeiros legítimos. § 2o Não importa igualmente
posse e administração dos bens, aceitação a cessão gratuita, pura
e, se houver mais de um nessas Art. 1.801. Não podem ser nome- e simples, da herança, aos demais
condições, ao mais velho; ados herdeiros nem legatários: coerdeiros.
III – ao testamenteiro; I – a pessoa que, a rogo, es-
IV – a pessoa de confiança do creveu o testamento, nem o seu Art. 1.806. A renúncia da heran-
juiz, na falta ou escusa das indi- cônjuge ou companheiro, ou os ça deve constar expressamente
cadas nos incisos antecedentes, seus ascendentes e irmãos; de instrumento público ou termo
ou quando tiverem de ser afas- II – as testemunhas do tes- judicial.
tadas por motivo grave levado ao tamento;
conhecimento do juiz. III – o concubino do testador Art. 1.807. O interessado em que
casado, salvo se este, sem culpa o herdeiro declare se aceita, ou
sua, estiver separado de fato do não, a herança, poderá, vinte dias
CAPÍTULO III – DA cônjuge há mais de cinco anos; após aberta a sucessão, requerer
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA IV – o tabelião, civil ou militar, ao juiz prazo razoável, não maior
ou o comandante ou escrivão, pe- de trinta dias, para, nele, se pro-
Art. 1.798. Legitimam-se a su- rante quem se fizer, assim como o nunciar o herdeiro, sob pena de
ceder as pessoas nascidas ou que fizer ou aprovar o testamento. se haver a herança por aceita.
já concebidas no momento da
abertura da sucessão. Art. 1.802. São nulas as disposi- Art. 1.808. Não se pode aceitar
ções testamentárias em favor de ou renunciar a herança em parte,
Art. 1.799. Na sucessão testa- pessoas não legitimadas a suce- sob condição ou a termo.
mentária podem ainda ser cha- der, ainda quando simuladas sob a § 1o O herdeiro, a quem se
mados a suceder: forma de contrato oneroso, ou fei- testarem legados, pode aceitá-
I – os filhos, ainda não conce- tas mediante interposta pessoa. -los, renunciando a herança; ou,
bidos, de pessoas indicadas pelo Parágrafo único. Presumem- aceitando-a, repudiá-los.
testador, desde que vivas estas -se pessoas interpostas os ascen- § 2o O herdeiro, chamado,
ao abrir-se a sucessão; dentes, os descendentes, os ir- na mesma sucessão, a mais de
II – as pessoas jurídicas; mãos e o cônjuge ou companheiro um quinhão hereditário, sob tí-
III – as pessoas jurídicas, cuja do não legitimado a suceder. tulos sucessórios diversos, pode
organização for determinada pelo livremente deliberar quanto aos
testador sob a forma de fundação. Art. 1.803. É lícita a deixa ao quinhões que aceita e aos que
filho do concubino, quando tam- renuncia.
Art. 1.800. No caso do inciso I bém o for do testador.
254
Código Civil
Art. 1.809. Falecendo o herdeiro ge, companheiro, ascendente ou que dos bens da herança houver
antes de declarar se aceita a he- descendente; percebido, mas tem direito a ser
rança, o poder de aceitar passa- II – que houverem acusado indenizado das despesas com a
-lhe aos herdeiros, a menos que caluniosamente em juízo o autor conservação deles.
se trate de vocação adstrita a da herança ou incorrerem em cri-
uma condição suspensiva, ainda me contra a sua honra, ou de seu Art. 1.818. Aquele que incorreu
não verificada. cônjuge ou companheiro; em atos que determinem a ex-
Parágrafo único. Os chama- III – que, por violência ou clusão da herança será admi-
dos à sucessão do herdeiro faleci- meios fraudulentos, inibirem ou tido a suceder, se o ofendido o
do antes da aceitação, desde que obstarem o autor da herança de tiver expressamente reabilitado
concordem em receber a segunda dispor livremente de seus bens em testamento, ou em outro ato
herança, poderão aceitar ou re- por ato de última vontade. autêntico.
nunciar a primeira. Parágrafo único. Não haven-
Art. 1.815. A exclusão do her- do reabilitação expressa, o indig-
Art. 1.810. Na sucessão legítima, deiro ou legatário, em qualquer no, contemplado em testamento
a parte do renunciante acresce à desses casos de indignidade, será do ofendido, quando o testador,
dos outros herdeiros da mesma declarada por sentença. ao testar, já conhecia a causa da
classe e, sendo ele o único desta, § 1o O direito de demandar a indignidade, pode suceder no li-
devolve-se aos da subsequente. exclusão do herdeiro ou legatário mite da disposição testamentária.
extingue-se em quatro anos, con-
Art. 1.811. Ninguém pode su- tados da abertura da sucessão.
ceder, representando herdeiro § 2o Na hipótese do inciso I CAPÍTULO VI – DA
renunciante. Se, porém, ele for do art. 1.814, o Ministério Público HERANÇA JACENTE
o único legítimo da sua classe, tem legitimidade para demandar a
ou se todos os outros da mesma exclusão do herdeiro ou legatário. Art. 1.819. Falecendo alguém
classe renunciarem a herança, sem deixar testamento nem
poderão os filhos vir à sucessão, Art. 1.815-A. Em qualquer dos herdeiro legítimo notoriamente
por direito próprio, e por cabeça. casos de indignidade previstos conhecido, os bens da herança,
no art. 1.814, o trânsito em julgado depois de arrecadados, ficarão
Art. 1.812. São irrevogáveis os da sentença penal condenatória sob a guarda e administração de
atos de aceitação ou de renúncia acarretará a imediata exclusão um curador, até a sua entrega ao
da herança. do herdeiro ou legatário indigno, sucessor devidamente habilitado
independentemente da sentença ou à declaração de sua vacância.
Art. 1.813. Quando o herdeiro prevista no caput do art. 1.815
prejudicar os seus credores, re- deste Código. Art. 1.820. Praticadas as diligên-
nunciando à herança, poderão cias de arrecadação e ultimado o
eles, com autorização do juiz, Art. 1.816. São pessoais os efei- inventário, serão expedidos edi-
aceitá-la em nome do renun- tos da exclusão; os descendentes tais na forma da lei processual, e,
ciante. do herdeiro excluído sucedem, decorrido um ano de sua primeira
§ 1o A habilitação dos cre- como se ele morto fosse antes publicação, sem que haja herdeiro
dores se fará no prazo de trinta da abertura da sucessão. habilitado, ou penda habilitação,
dias seguintes ao conhecimento Parágrafo único. O excluído será a herança declarada vacante.
do fato. da sucessão não terá direito ao
§ 2o Pagas as dívidas do re- usufruto ou à administração dos Art. 1.821. É assegurado aos cre-
nunciante, prevalece a renúncia bens que a seus sucessores cou- dores o direito de pedir o paga-
quanto ao remanescente, que berem na herança, nem à suces- mento das dívidas reconhecidas,
será devolvido aos demais her- são eventual desses bens. nos limites das forças da herança.
deiros.
Art. 1.817. São válidas as aliena- Art. 1.822. A declaração de va-
ções onerosas de bens hereditá- cância da herança não prejudica-
CAPÍTULO V – DOS rios a terceiros de boa-fé, e os rá os herdeiros que legalmente se
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO atos de administração legalmente habilitarem; mas, decorridos cin-
praticados pelo herdeiro, antes co anos da abertura da sucessão,
Art. 1.814. São excluídos da su- da sentença de exclusão; mas os bens arrecadados passarão
cessão os herdeiros ou legatários: aos herdeiros subsiste, quando ao domínio do Município ou do
I – que houverem sido auto- prejudicados, o direito de deman- Distrito Federal, se localizados
res, coautores ou partícipes de dar-lhe perdas e danos. nas respectivas circunscrições,
homicídio doloso, ou tentativa Parágrafo único. O excluído incorporando-se ao domínio da
deste, contra a pessoa de cuja da sucessão é obrigado a res- União quando situados em ter-
sucessão se tratar, seu cônju- tituir os frutos e rendimentos ritório federal.
255
Código Civil
Parágrafo único. Não se habi- TÍTULO II – DA SUCESSÃO direitos à sucessão de seus as-
litando até a declaração de vacân- LEGÍTIMA cendentes.
cia, os colaterais ficarão excluídos
da sucessão. CAPÍTULO I – DA ORDEM DA Art. 1.835. Na linha descenden-
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA te, os filhos sucedem por cabeça,
Art. 1.823. Quando todos os cha- e os outros descendentes, por
mados a suceder renunciarem à Art. 1.829. A sucessão legítima cabeça ou por estirpe, conforme
herança, será esta desde logo defere-se na ordem seguinte: se achem ou não no mesmo grau.
declarada vacante. I – aos descendentes, em con-
corrência com o cônjuge sobrevi- Art. 1.836. Na falta de descen-
vente, salvo se casado este com o dentes, são chamados à sucessão
CAPÍTULO VII – DA falecido no regime da comunhão os ascendentes, em concorrên-
PETIÇÃO DE HERANÇA universal, ou no da separação cia com o cônjuge sobrevivente.
obrigatória de bens (art. 1.640, § 1o Na classe dos ascenden-
Art. 1.824. O herdeiro pode, em parágrafo único); ou se, no regime tes, o grau mais próximo exclui
ação de petição de herança, de- da comunhão parcial, o autor da o mais remoto, sem distinção
mandar o reconhecimento de herança não houver deixado bens de linhas.
seu direito sucessório, para ob- particulares; § 2o Havendo igualdade em
ter a restituição da herança, ou II – aos ascendentes, em con- grau e diversidade em linha, os
de parte dela, contra quem, na corrência com o cônjuge; ascendentes da linha paterna her-
qualidade de herdeiro, ou mesmo III – ao cônjuge sobrevivente; dam a metade, cabendo a outra
sem título, a possua. IV – aos colaterais. aos da linha materna.
Art. 1.825. A ação de petição Art. 1.830. Somente é reconhe- Art. 1.837. Concorrendo com
de herança, ainda que exercida cido direito sucessório ao côn- ascendente em primeiro grau,
por um só dos herdeiros, poderá juge sobrevivente se, ao tempo ao cônjuge tocará um terço da
compreender todos os bens he- da morte do outro, não estavam herança; caber-lhe-á a metade
reditários. separados judicialmente, nem se- desta se houver um só ascenden-
parados de fato há mais de dois te, ou se maior for aquele grau.
Art. 1.826. O possuidor da he- anos, salvo prova, neste caso, de
rança está obrigado à restituição que essa convivência se tornara Art. 1.838. Em falta de descen-
dos bens do acervo, fixando-se- impossível sem culpa do sobre- dentes e ascendentes, será de-
-lhe a responsabilidade segundo a vivente. ferida a sucessão por inteiro ao
sua posse, observado o disposto cônjuge sobrevivente.
nos arts. 1.214 a 1.222. Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevi-
Parágrafo único. A partir da vente, qualquer que seja o regime Art. 1.839. Se não houver côn-
citação, a responsabilidade do de bens, será assegurado, sem juge sobrevivente, nas condições
possuidor se há de aferir pelas prejuízo da participação que lhe estabelecidas no art. 1.830, serão
regras concernentes à posse de caiba na herança, o direito real chamados a suceder os colaterais
má-fé e à mora. de habitação relativamente ao até o quarto grau.
imóvel destinado à residência da
Art. 1.827. O herdeiro pode de- família, desde que seja o único Art. 1.840. Na classe dos cola-
mandar os bens da herança, mes- daquela natureza a inventariar. terais, os mais próximos excluem
mo em poder de terceiros, sem os mais remotos, salvo o direito
prejuízo da responsabilidade do Art. 1.832. Em concorrência de representação concedido aos
possuidor originário pelo valor com os descendentes (art. 1.829, filhos de irmãos.
dos bens alienados. inciso I) caberá ao cônjuge qui-
Parágrafo único. São efica- nhão igual ao dos que sucederem Art. 1.841. Concorrendo à heran-
zes as alienações feitas, a título por cabeça, não podendo a sua ça do falecido irmãos bilaterais
oneroso, pelo herdeiro aparente quota ser inferior à quarta parte com irmãos unilaterais, cada um
a terceiro de boa-fé. da herança, se for ascendente destes herdará metade do que
dos herdeiros com que concorrer. cada um daqueles herdar.
Art. 1.828. O herdeiro aparen-
te, que de boa-fé houver pago Art. 1.833. Entre os descenden- Art. 1.842. Não concorrendo à
um legado, não está obrigado a tes, os em grau mais próximo ex- herança irmão bilateral, herdarão,
prestar o equivalente ao verdadei- cluem os mais remotos, salvo o em partes iguais, os unilaterais.
ro sucessor, ressalvado a este o direito de representação.
direito de proceder contra quem Art. 1.843. Na falta de irmãos,
o recebeu. Art. 1.834. Os descendentes da herdarão os filhos destes e, não
mesma classe têm os mesmos os havendo, os tios.
256
Código Civil
§ 1o Se concorrerem à he- Art. 1.849. O herdeiro necessá- ções testamentárias de caráter
rança somente filhos de irmãos rio, a quem o testador deixar a sua não patrimonial, ainda que o tes-
falecidos, herdarão por cabeça. parte disponível, ou algum legado, tador somente a elas se tenha
§ 2o Se concorrem filhos de não perderá o direito à legítima. limitado.
irmãos bilaterais com filhos de ir-
mãos unilaterais, cada um destes Art. 1.850. Para excluir da su- Art. 1.858. O testamento é ato
herdará a metade do que herdar cessão os herdeiros colaterais, personalíssimo, podendo ser mu-
cada um daqueles. basta que o testador disponha dado a qualquer tempo.
§ 3o Se todos forem filhos de seu patrimônio sem os con-
de irmãos bilaterais, ou todos templar. Art. 1.859. Extingue-se em cin-
de irmãos unilaterais, herdarão co anos o direito de impugnar a
por igual. validade do testamento, contado
CAPÍTULO III – DO DIREITO o prazo da data do seu registro.
Art. 1.844. Não sobrevivendo DE REPRESENTAÇÃO
cônjuge, ou companheiro, nem
parente algum sucessível, ou ten- Art. 1.851. Dá-se o direito de CAPÍTULO II – DA
do eles renunciado a herança, representação, quando a lei cha- CAPACIDADE DE TESTAR
esta se devolve ao Município ou ma certos parentes do falecido a
ao Distrito Federal, se localizada suceder em todos os direitos, em Art. 1.860. Além dos incapazes,
nas respectivas circunscrições, que ele sucederia, se vivo fosse. não podem testar os que, no ato
ou à União, quando situada em de fazê-lo, não tiverem pleno dis-
território federal. Art. 1.852. O direito de represen- cernimento.
tação dá-se na linha reta descen- Parágrafo único. Podem tes-
dente, mas nunca na ascendente. tar os maiores de dezesseis anos.
CAPÍTULO II – DOS
HERDEIROS NECESSÁRIOS Art. 1.853. Na linha transversal, Art. 1.861. A incapacidade su-
somente se dá o direito de repre- perveniente do testador não in-
Art. 1.845. São herdeiros ne- sentação em favor dos filhos de valida o testamento, nem o tes-
cessários os descendentes, os irmãos do falecido, quando com tamento do incapaz se valida com
ascendentes e o cônjuge. irmãos deste concorrerem. a superveniência da capacidade.
257
Código Civil
II – lavrado o instrumento, ser III – que o tabelião lavre, des- tamento foi aprovado e entregue.
lido em voz alta pelo tabelião ao de logo, o auto de aprovação, na
testador e a duas testemunhas, presença de duas testemunhas, Art. 1.875. Falecido o testador, o
a um só tempo; ou pelo testador, e o leia, em seguida, ao testador testamento será apresentado ao
se o quiser, na presença destas e testemunhas; juiz, que o abrirá e o fará registrar,
e do oficial; IV – que o auto de aprovação ordenando seja cumprido, se não
III – ser o instrumento, em seja assinado pelo tabelião, pe- achar vício externo que o torne
seguida à leitura, assinado pelo las testemunhas e pelo testador. eivado de nulidade ou suspeito
testador, pelas testemunhas e Parágrafo único. O testa- de falsidade.
pelo tabelião. mento cerrado pode ser escrito
Parágrafo único. O testamen- mecanicamente, desde que seu
to público pode ser escrito manu- subscritor numere e autentique,
Seção IV – Do Testamento
almente ou mecanicamente, bem com a sua assinatura, todas as Particular
como ser feito pela inserção da páginas.
declaração de vontade em partes Art. 1.876. O testamento par-
impressas de livro de notas, desde Art. 1.869. O tabelião deve co- ticular pode ser escrito de pró-
que rubricadas todas as páginas meçar o auto de aprovação ime- prio punho ou mediante processo
pelo testador, se mais de uma. diatamente depois da última pa- mecânico.
lavra do testador, declarando, § 1o Se escrito de próprio pu-
Art. 1.865. Se o testador não sob sua fé, que o testador lhe nho, são requisitos essenciais à
souber, ou não puder assinar, o entregou para ser aprovado na sua validade seja lido e assinado
tabelião ou seu substituto legal presença das testemunhas; pas- por quem o escreveu, na presença
assim o declarará, assinando, sando a cerrar e coser o instru- de pelo menos três testemunhas,
neste caso, pelo testador, e, a mento aprovado. que o devem subscrever.
seu rogo, uma das testemunhas Parágrafo único. Se não hou- § 2o Se elaborado por pro-
instrumentárias. ver espaço na última folha do cesso mecânico, não pode con-
testamento, para início da apro- ter rasuras ou espaços em bran-
Art. 1.866. O indivíduo inteira- vação, o tabelião aporá nele o co, devendo ser assinado pelo
mente surdo, sabendo ler, lerá o seu sinal público, mencionando testador, depois de o ter lido na
seu testamento, e, se não o sou- a circunstância no auto. presença de pelo menos três tes-
ber, designará quem o leia em seu temunhas, que o subscreverão.
lugar, presentes as testemunhas. Art. 1.870. Se o tabelião tiver
escrito o testamento a rogo do Art. 1.877. Morto o testador, pu-
Art. 1.867. Ao cego só se per- testador, poderá, não obstante, blicar-se-á em juízo o testamen-
mite o testamento público, que aprová-lo. to, com citação dos herdeiros
lhe será lido, em voz alta, duas legítimos.
vezes, uma pelo tabelião ou por Art. 1.871. O testamento pode
seu substituto legal, e a outra por ser escrito em língua nacional ou Art. 1.878. Se as testemunhas
uma das testemunhas, designa- estrangeira, pelo próprio testador, forem contestes sobre o fato da
da pelo testador, fazendo-se de ou por outrem, a seu rogo. disposição, ou, ao menos, sobre
tudo circunstanciada menção no a sua leitura perante elas, e se
testamento. Art. 1.872. Não pode dispor de reconhecerem as próprias assina-
seus bens em testamento cerrado turas, assim como a do testador,
quem não saiba ou não possa ler. o testamento será confirmado.
Seção III – Do Testamento Parágrafo único. Se falta-
Cerrado Art. 1.873. Pode fazer testamen- rem testemunhas, por morte ou
to cerrado o surdo-mudo, contan- ausência, e se pelo menos uma
Art. 1.868. O testamento es- to que o escreva todo, e o assine delas o reconhecer, o testamen-
crito pelo testador, ou por outra de sua mão, e que, ao entregá-lo to poderá ser confirmado, se, a
pessoa, a seu rogo, e por aquele ao oficial público, ante as duas critério do juiz, houver prova su-
assinado, será válido se aprovado testemunhas, escreva, na face ficiente de sua veracidade.
pelo tabelião ou seu substituto externa do papel ou do envoltório,
legal, observadas as seguintes que aquele é o seu testamento, Art. 1.879. Em circunstâncias
formalidades: cuja aprovação lhe pede. excepcionais declaradas na cé-
I – que o testador o entregue dula, o testamento particular de
ao tabelião em presença de duas Art. 1.874. Depois de aprovado próprio punho e assinado pelo
testemunhas; e cerrado, será o testamento en- testador, sem testemunhas, po-
II – que o testador declare que tregue ao testador, e o tabelião derá ser confirmado, a critério
aquele é o seu testamento e quer lançará, no seu livro, nota do lu- do juiz.
que seja aprovado; gar, dia, mês e ano em que o tes-
258
Código Civil
Art. 1.880. O testamento parti- Seção II – Do Testamento ou não souber assinar, caso em
cular pode ser escrito em língua Marítimo e do Testamento que assinará por ele uma delas.
estrangeira, contanto que as tes- Aeronáutico § 1o Se o testador perten-
temunhas a compreendam. cer a corpo ou seção de corpo
Art. 1.888. Quem estiver em via- destacado, o testamento será
gem, a bordo de navio nacional, de escrito pelo respectivo coman-
CAPÍTULO IV – DOS guerra ou mercante, pode testar dante, ainda que de graduação
CODICILOS perante o comandante, em pre- ou posto inferior.
sença de duas testemunhas, por § 2o Se o testador estiver em
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de forma que corresponda ao tes- tratamento em hospital, o testa-
testar poderá, mediante escrito tamento público ou ao cerrado. mento será escrito pelo respecti-
particular seu, datado e assinado, Parágrafo único. O registro vo oficial de saúde, ou pelo diretor
fazer disposições especiais sobre do testamento será feito no di- do estabelecimento.
o seu enterro, sobre esmolas de ário de bordo. § 3o Se o testador for o ofi-
pouca monta a certas e deter- cial mais graduado, o testamen-
minadas pessoas, ou, indetermi- Art. 1.889. Quem estiver em via- to será escrito por aquele que o
nadamente, aos pobres de certo gem, a bordo de aeronave militar substituir.
lugar, assim como legar móveis, ou comercial, pode testar perante
roupas ou joias, de pouco valor, pessoa designada pelo coman- Art. 1.894. Se o testador souber
de seu uso pessoal. dante, observado o disposto no escrever, poderá fazer o testa-
artigo antecedente. mento de seu punho, contanto
Art. 1.882. Os atos a que se re- que o date e assine por extenso,
fere o artigo antecedente, salvo Art. 1.890. O testamento marí- e o apresente aberto ou cerrado,
direito de terceiro, valerão como timo ou aeronáutico ficará sob na presença de duas testemu-
codicilos, deixe ou não testamen- a guarda do comandante, que o nhas ao auditor, ou ao oficial de
to o autor. entregará às autoridades admi- patente, que lhe faça as vezes
nistrativas do primeiro porto ou neste mister.
Art. 1.883. Pelo modo estabe- aeroporto nacional, contra reci- Parágrafo único. O auditor,
lecido no art. 1.881, poder-se-ão bo averbado no diário de bordo. ou o oficial a quem o testamento
nomear ou substituir testamen- se apresente notará, em qualquer
teiros. Art. 1.891. Caducará o testamen- parte dele, lugar, dia, mês e ano,
to marítimo, ou aeronáutico, se o em que lhe for apresentado, nota
Art. 1.884. Os atos previstos nos testador não morrer na viagem, esta que será assinada por ele e
artigos antecedentes revogam-se nem nos noventa dias subsequen- pelas testemunhas.
por atos iguais, e consideram- tes ao seu desembarque em terra,
-se revogados, se, havendo tes- onde possa fazer, na forma ordi- Art. 1.895. Caduca o testamento
tamento posterior, de qualquer nária, outro testamento. militar, desde que, depois dele,
natureza, este os não confirmar o testador esteja, noventa dias
ou modificar. Art. 1.892. Não valerá o testa- seguidos, em lugar onde possa
mento marítimo, ainda que feito testar na forma ordinária, sal-
Art. 1.885. Se estiver fechado no curso de uma viagem, se, ao vo se esse testamento apresen-
o codicilo, abrir-se-á do mesmo tempo em que se fez, o navio tar as solenidades prescritas no
modo que o testamento cerrado. estava em porto onde o testador parágrafo único do artigo ante-
pudesse desembarcar e testar na cedente.
forma ordinária.
CAPÍTULO V – DOS Art. 1.896. As pessoas designa-
TESTAMENTOS ESPECIAIS das no art. 1.893, estando empe-
Seção III – Do Testamento nhadas em combate, ou feridas,
Seção I – Disposições Gerais Militar podem testar oralmente, confian-
do a sua última vontade a duas
Art. 1.886. São testamentos Art. 1.893. O testamento dos mi- testemunhas.
especiais: litares e demais pessoas a serviço Parágrafo único. Não terá
I – o marítimo; das Forças Armadas em campa- efeito o testamento se o testador
II – o aeronáutico; nha, dentro do País ou fora dele, não morrer na guerra ou conva-
III – o militar. assim como em praça sitiada, ou lescer do ferimento.
que esteja de comunicações in-
Art. 1.887. Não se admitem ou- terrompidas, poderá fazer-se, não
tros testamentos especiais além havendo tabelião ou seu substitu-
dos contemplados neste Código. to legal, ante duas, ou três teste-
munhas, se o testador não puder,
259
Código Civil
CAPÍTULO VI – mentos particulares de caridade, posições testamentárias inqui-
DAS DISPOSIÇÕES ou dos de assistência pública, en- nadas de erro, dolo ou coação.
tender-se-á relativa aos pobres Parágrafo único. Extingue-se
TESTAMENTÁRIAS do lugar do domicílio do testador em quatro anos o direito de anular
ao tempo de sua morte, ou dos a disposição, contados de quando
Art. 1.897. A nomeação de her- estabelecimentos aí sitos, salvo o interessado tiver conhecimen-
deiro, ou legatário, pode fazer-se se manifestamente constar que to do vício.
pura e simplesmente, sob condi- tinha em mente beneficiar os de
ção, para certo fim ou modo, ou outra localidade. Art. 1.910. A ineficácia de uma
por certo motivo. Parágrafo único. Nos casos disposição testamentária impor-
deste artigo, as instituições par- ta a das outras que, sem aquela,
Art. 1.898. A designação do tem- ticulares preferirão sempre às não teriam sido determinadas
po em que deva começar ou ces- públicas. pelo testador.
sar o direito do herdeiro, salvo
nas disposições fideicomissárias, Art. 1.903. O erro na designação Art. 1.911. A cláusula de inaliena-
ter-se-á por não escrita. da pessoa do herdeiro, do lega- bilidade, imposta aos bens por ato
tário, ou da coisa legada anula a de liberalidade, implica impenho-
Art. 1.899. Quando a cláusula disposição, salvo se, pelo con- rabilidade e incomunicabilidade.
testamentária for suscetível de texto do testamento, por outros Parágrafo único. No caso de
interpretações diferentes, pre- documentos, ou por fatos ine- desapropriação de bens clausu-
valecerá a que melhor assegu- quívocos, se puder identificar a lados, ou de sua alienação, por
re a observância da vontade do pessoa ou coisa a que o testador conveniência econômica do do-
testador. queria referir-se. natário ou do herdeiro, mediante
autorização judicial, o produto da
Art. 1.900. É nula a disposição: Art. 1.904. Se o testamento venda converter-se-á em outros
I – que institua herdeiro ou le- nomear dois ou mais herdeiros, bens, sobre os quais incidirão as
gatário sob a condição captatória sem discriminar a parte de cada restrições apostas aos primeiros.
de que este disponha, também um, partilhar-se-á por igual, en-
por testamento, em benefício do tre todos, a porção disponível do
testador, ou de terceiro; testador. CAPÍTULO VII – DOS
II – que se refira a pessoa LEGADOS
incerta, cuja identidade não se Art. 1.905. Se o testador nomear
Seção I – Disposições Gerais
possa averiguar; certos herdeiros individualmente
III – que favoreça a pessoa e outros coletivamente, a herança
incerta, cometendo a determina- será dividida em tantas quotas Art. 1.912. É ineficaz o legado de
ção de sua identidade a terceiro; quantos forem os indivíduos e coisa certa que não pertença ao
IV – que deixe a arbítrio do os grupos designados. testador no momento da abertura
herdeiro, ou de outrem, fixar o da sucessão.
valor do legado; Art. 1.906. Se forem determina-
V – que favoreça as pessoas das as quotas de cada herdeiro, e Art. 1.913. Se o testador ordenar
a que se referem os arts. 1.801 não absorverem toda a herança, que o herdeiro ou legatário en-
e 1.802. o remanescente pertencerá aos tregue coisa de sua propriedade
herdeiros legítimos, segundo a a outrem, não o cumprindo ele,
Art. 1.901. Valerá a disposição: ordem da vocação hereditária. entender-se-á que renunciou à
I – em favor de pessoa incer- herança ou ao legado.
ta que deva ser determinada por Art. 1.907. Se forem determina-
terceiro, dentre duas ou mais pes- dos os quinhões de uns e não os Art. 1.914. Se tão somente em
soas mencionadas pelo testador, de outros herdeiros, distribuir- parte a coisa legada pertencer
ou pertencentes a uma família, ou -se-á por igual a estes últimos ao testador, ou, no caso do artigo
a um corpo coletivo, ou a um es- o que restar, depois de comple- antecedente, ao herdeiro ou ao
tabelecimento por ele designado; tas as porções hereditárias dos legatário, só quanto a essa parte
II – em remuneração de ser- primeiros. valerá o legado.
viços prestados ao testador, por
ocasião da moléstia de que fale- Art. 1.908. Dispondo o testador Art. 1.915. Se o legado for de coi-
ceu, ainda que fique ao arbítrio do que não caiba ao herdeiro insti- sa que se determine pelo gênero,
herdeiro ou de outrem determinar tuído certo e determinado objeto, será o mesmo cumprido, ainda
o valor do legado. dentre os da herança, tocará ele que tal coisa não exista entre
aos herdeiros legítimos. os bens deixados pelo testador.
Art. 1.902. A disposição geral em
favor dos pobres, dos estabeleci- Art. 1.909. São anuláveis as dis- Art. 1.916. Se o testador legar
260
Código Civil
coisa sua, singularizando-a, só Seção II – Dos Efeitos do ro, ao herdeiro tocará escolhê-la,
terá eficácia o legado se, ao tem- Legado e do Seu Pagamento guardando o meio-termo entre
po do seu falecimento, ela se as congêneres da melhor e pior
achava entre os bens da heran- Art. 1.923. Desde a abertura da qualidade.
ça; se a coisa legada existir en- sucessão, pertence ao legatário
tre os bens do testador, mas em a coisa certa, existente no acer- Art. 1.930. O estabelecido no ar-
quantidade inferior à do legado, vo, salvo se o legado estiver sob tigo antecedente será observado,
este será eficaz apenas quanto condição suspensiva. quando a escolha for deixada a
à existente. § 1o Não se defere de ime- arbítrio de terceiro; e, se este não
diato a posse da coisa, nem nela a quiser ou não a puder exercer,
Art. 1.917. O legado de coisa que pode o legatário entrar por auto- ao juiz competirá fazê-la, guar-
deva encontrar-se em determina- ridade própria. dado o disposto na última parte
do lugar só terá eficácia se nele § 2o O legado de coisa certa do artigo antecedente.
for achada, salvo se removida a existente na herança transfere
título transitório. também ao legatário os frutos Art. 1.931. Se a opção foi dei-
que produzir, desde a morte do xada ao legatário, este poderá
Art. 1.918. O legado de crédito, testador, exceto se dependente escolher, do gênero determinado,
ou de quitação de dívida, terá efi- de condição suspensiva, ou de a melhor coisa que houver na he-
cácia somente até a importância termo inicial. rança; e, se nesta não existir coisa
desta, ou daquele, ao tempo da de tal gênero, dar-lhe-á de outra
morte do testador. Art. 1.924. O direito de pedir o congênere o herdeiro, observada
§ 1o Cumpre-se o legado, en- legado não se exercerá, enquan- a disposição na última parte do
tregando o herdeiro ao legatário to se litigue sobre a validade do art. 1.929.
o título respectivo. testamento, e, nos legados con-
§ 2o Este legado não com- dicionais, ou a prazo, enquanto Art. 1.932. No legado alternativo,
preende as dívidas posteriores esteja pendente a condição ou presume-se deixada ao herdeiro
à data do testamento. o prazo não se vença. a opção.
Art. 1.919. Não o declarando ex- Art. 1.925. O legado em dinheiro Art. 1.933. Se o herdeiro ou le-
pressamente o testador, não se só vence juros desde o dia em que gatário a quem couber a opção
reputará compensação da sua se constituir em mora a pessoa falecer antes de exercê-la, passa-
dívida o legado que ele faça ao obrigada a prestá-lo. rá este poder aos seus herdeiros.
credor.
Parágrafo único. Subsistirá Art. 1.926. Se o legado consis- Art. 1.934. No silêncio do tes-
integralmente o legado, se a dí- tir em renda vitalícia ou pensão tamento, o cumprimento dos le-
vida lhe foi posterior, e o testador periódica, esta ou aquela correrá gados incumbe aos herdeiros e,
a solveu antes de morrer. da morte do testador. não os havendo, aos legatários,
na proporção do que herdaram.
Art. 1.920. O legado de alimen- Art. 1.927. Se o legado for de Parágrafo único. O encargo
tos abrange o sustento, a cura, quantidades certas, em presta- estabelecido neste artigo, não ha-
o vestuário e a casa, enquanto o ções periódicas, datará da morte vendo disposição testamentária
legatário viver, além da educação, do testador o primeiro período, em contrário, caberá ao herdei-
se ele for menor. e o legatário terá direito a cada ro ou legatário incumbido pelo
prestação, uma vez encetado testador da execução do legado;
Art. 1.921. O legado de usufruto, cada um dos períodos sucessi- quando indicados mais de um, os
sem fixação de tempo, entende- vos, ainda que venha a falecer onerados dividirão entre si o ônus,
-se deixado ao legatário por toda antes do termo dele. na proporção do que recebam da
a sua vida. herança.
Art. 1.928. Sendo periódicas as
Art. 1.922. Se aquele que legar prestações, só no termo de cada Art. 1.935. Se algum legado con-
um imóvel lhe ajuntar depois no- período se poderão exigir. sistir em coisa pertencente a her-
vas aquisições, estas, ainda que Parágrafo único. Se as pres- deiro ou legatário (art. 1.913), só
contíguas, não se compreendem tações forem deixadas a título de a ele incumbirá cumpri-lo, com
no legado, salvo expressa decla- alimentos, pagar-se-ão no come- regresso contra os coerdeiros,
ração em contrário do testador. ço de cada período, sempre que pela quota de cada um, salvo se o
Parágrafo único. Não se apli- outra coisa não tenha disposto contrário expressamente dispôs
ca o disposto neste artigo às ben- o testador. o testador.
feitorias necessárias, úteis ou vo-
luptuárias feitas no prédio legado. Art. 1.929. Se o legado consiste Art. 1.936. As despesas e os ris-
em coisa determinada pelo gêne- cos da entrega do legado correm
261
Código Civil
à conta do legatário, se não dis- deles não puder ou não quiser faltar acresce aos colegatários.
puser diversamente o testador. aceitá-la, a sua parte acrescerá Parágrafo único. Se não hou-
à dos coerdeiros, salvo o direito ver conjunção entre os colegatá-
Art. 1.937. A coisa legada entre- do substituto. rios, ou se, apesar de conjuntos,
gar-se-á, com seus acessórios, no só lhes foi legada certa parte do
lugar e estado em que se achava Art. 1.942. O direito de acres- usufruto, consolidar-se-ão na
ao falecer o testador, passando ao cer competirá aos colegatários, propriedade as quotas dos que
legatário com todos os encargos quando nomeados conjuntamen- faltarem, à medida que eles fo-
que a onerarem. te a respeito de uma só coisa, rem faltando.
determinada e certa, ou quando
Art. 1.938. Nos legados com o objeto do legado não puder ser
encargo, aplica-se ao legatário dividido sem risco de desvalori- CAPÍTULO IX – DAS
o disposto neste Código quanto zação. SUBSTITUIÇÕES
às doações de igual natureza.
Seção I – Da Substituição
Art. 1.943. Se um dos coerdeiros
ou colegatários, nas condições Vulgar e da Recíproca
Seção III – Da Caducidade do artigo antecedente, morrer
dos Legados antes do testador; se renunciar a Art. 1.947. O testador pode
herança ou legado, ou destes for substituir outra pessoa ao herdei-
Art. 1.939. Caducará o legado: excluído, e, se a condição sob a ro ou ao legatário nomeado, para
I – se, depois do testamen- qual foi instituído não se verificar, o caso de um ou outro não querer
to, o testador modificar a coisa acrescerá o seu quinhão, salvo ou não poder aceitar a herança
legada, ao ponto de já não ter a o direito do substituto, à parte ou o legado, presumindo-se que
forma nem lhe caber a denomi- dos coerdeiros ou colegatários a substituição foi determinada
nação que possuía; conjuntos. para as duas alternativas, ainda
II – se o testador, por qual- Parágrafo único. Os coer- que o testador só a uma se refira.
quer título, alienar no todo ou em deiros ou colegatários, aos quais
parte a coisa legada; nesse caso, acresceu o quinhão daquele que Art. 1.948. Também é lícito ao
caducará até onde ela deixou de não quis ou não pôde suceder, testador substituir muitas pes-
pertencer ao testador; ficam sujeitos às obrigações ou soas por uma só, ou vice-versa,
III – se a coisa perecer ou encargos que o oneravam. e ainda substituir com reciproci-
for evicta, vivo ou morto o tes- dade ou sem ela.
tador, sem culpa do herdeiro ou Art. 1.944. Quando não se efe-
legatário incumbido do seu cum- tua o direito de acrescer, trans- Art. 1.949. O substituto fica
primento; mite-se aos herdeiros legítimos sujeito à condição ou encargo
IV – se o legatário for exclu- a quota vaga do nomeado. imposto ao substituído, quando
ído da sucessão, nos termos do Parágrafo único. Não exis- não for diversa a intenção ma-
art. 1.815; tindo o direito de acrescer entre nifestada pelo testador, ou não
V – se o legatário falecer an- os colegatários, a quota do que resultar outra coisa da natureza
tes do testador. faltar acresce ao herdeiro ou ao da condição ou do encargo.
legatário incumbido de satisfazer
Art. 1.940. Se o legado for de esse legado, ou a todos os her- Art. 1.950. Se, entre muitos co-
duas ou mais coisas alternati- deiros, na proporção dos seus erdeiros ou legatários de partes
vamente, e algumas delas pe- quinhões, se o legado se deduziu desiguais, for estabelecida subs-
recerem, subsistirá quanto às da herança. tituição recíproca, a proporção
restantes; perecendo parte de dos quinhões fixada na primeira
uma, valerá, quanto ao seu re- Art. 1.945. Não pode o benefi- disposição entender-se-á man-
manescente, o legado. ciário do acréscimo repudiá-lo tida na segunda; se, com as ou-
separadamente da herança ou tras anteriormente nomeadas,
legado que lhe caiba, salvo se o for incluída mais alguma pessoa
CAPÍTULO VIII – DO acréscimo comportar encargos na substituição, o quinhão vago
DIREITO DE ACRESCER especiais impostos pelo testador; pertencerá em partes iguais aos
ENTRE HERDEIROS E nesse caso, uma vez repudiado, substitutos.
LEGATÁRIOS reverte o acréscimo para a pes-
soa a favor de quem os encargos
Art. 1.941. Quando vários herdei- foram instituídos.
Seção II – Da Substituição
ros, pela mesma disposição tes- Fideicomissária
tamentária, forem conjuntamente Art. 1.946. Legado um só usu-
chamados à herança em quinhões fruto conjuntamente a duas ou Art. 1.951. Pode o testador ins-
não determinados, e qualquer mais pessoas, a parte da que tituir herdeiros ou legatários, es-
262
Código Civil
tabelecendo que, por ocasião de -se no fiduciário, nos termos do anos, a contar da data da aber-
sua morte, a herança ou o lega- art. 1.955. tura do testamento.
do se transmita ao fiduciário,
resolvendo-se o direito deste, Art. 1.959. São nulos os fidei-
por sua morte, a certo tempo ou comissos além do segundo grau. CAPÍTULO XI – DA
sob certa condição, em favor de REDUÇÃO DAS
outrem, que se qualifica de fidei- Art. 1.960. A nulidade da substi- DISPOSIÇÕES
comissário. tuição ilegal não prejudica a insti- TESTAMENTÁRIAS
tuição, que valerá sem o encargo
Art. 1.952. A substituição fidei- resolutório. Art. 1.966. O remanescente per-
comissária somente se permite tencerá aos herdeiros legítimos,
em favor dos não concebidos ao quando o testador só em parte
tempo da morte do testador. CAPÍTULO X – DA dispuser da quota hereditária
Parágrafo único. Se, ao tem- DESERDAÇÃO disponível.
po da morte do testador, já hou-
ver nascido o fideicomissário, Art. 1.961. Os herdeiros neces- Art. 1.967. As disposições que
adquirirá este a propriedade dos sários podem ser privados de sua excederem a parte disponível re-
bens fideicometidos, converten- legítima, ou deserdados, em to- duzir-se-ão aos limites dela, de
do-se em usufruto o direito do dos os casos em que podem ser conformidade com o disposto
fiduciário. excluídos da sucessão. nos parágrafos seguintes.
§ 1o Em se verificando exce-
Art. 1.953. O fiduciário tem a Art. 1.962. Além das causas derem as disposições testamen-
propriedade da herança ou le- mencionadas no art. 1.814, auto- tárias a porção disponível, serão
gado, mas restrita e resolúvel. rizam a deserdação dos descen- proporcionalmente reduzidas as
Parágrafo único. O fiduciário dentes por seus ascendentes: quotas do herdeiro ou herdeiros
é obrigado a proceder ao inventá- I – ofensa física; instituídos, até onde baste, e, não
rio dos bens gravados, e a prestar II – injúria grave; bastando, também os legados, na
caução de restituí-los se o exigir III – relações ilícitas com a proporção do seu valor.
o fideicomissário. madrasta ou com o padrasto; § 2o Se o testador, preve-
IV – desamparo do ascenden- nindo o caso, dispuser que se
Art. 1.954. Salvo disposição em te em alienação mental ou grave inteirem, de preferência, certos
contrário do testador, se o fidu- enfermidade. herdeiros e legatários, a redução
ciário renunciar a herança ou o far-se-á nos outros quinhões ou
legado, defere-se ao fideicomis- Art. 1.963. Além das causas enu- legados, observando-se a seu
sário o poder de aceitar. meradas no art. 1.814, autorizam respeito a ordem estabelecida
a deserdação dos ascendentes no parágrafo antecedente.
Art. 1.955. O fideicomissário pelos descendentes:
pode renunciar a herança ou o I – ofensa física; Art. 1.968. Quando consistir em
legado, e, neste caso, o fideico- II – injúria grave; prédio divisível o legado sujeito a
misso caduca, deixando de ser III – relações ilícitas com a redução, far-se-á esta dividindo-o
resolúvel a propriedade do fidu- mulher ou companheira do filho proporcionalmente.
ciário, se não houver disposição ou a do neto, ou com o marido ou § 1o Se não for possível a
contrária do testador. companheiro da filha ou o da neta; divisão, e o excesso do legado
IV – desamparo do filho ou montar a mais de um quarto do
Art. 1.956. Se o fideicomissário neto com deficiência mental ou valor do prédio, o legatário dei-
aceitar a herança ou o legado, terá grave enfermidade. xará inteiro na herança o imóvel
direito à parte que, ao fiduciário, legado, ficando com o direito de
em qualquer tempo acrescer. Art. 1.964. Somente com ex- pedir aos herdeiros o valor que
pressa declaração de causa pode couber na parte disponível; se o
Art. 1.957. Ao sobrevir a suces- a deserdação ser ordenada em excesso não for de mais de um
são, o fideicomissário responde testamento. quarto, aos herdeiros fará tornar
pelos encargos da herança que em dinheiro o legatário, que ficará
ainda restarem. Art. 1.965. Ao herdeiro institu- com o prédio.
ído, ou àquele a quem aproveite § 2o Se o legatário for ao
Art. 1.958. Caduca o fideicomis- a deserdação, incumbe provar mesmo tempo herdeiro neces-
so se o fideicomissário morrer a veracidade da causa alegada sário, poderá inteirar sua legítima
antes do fiduciário, ou antes de pelo testador. no mesmo imóvel, de preferência
realizar-se a condição resolutó- Parágrafo único. O direito aos outros, sempre que ela e a
ria do direito deste último; nesse de provar a causa da deserdação parte subsistente do legado lhe
caso, a propriedade consolida- extingue-se no prazo de quatro absorverem o valor.
263
Código Civil
CAPÍTULO XII – DA CAPÍTULO XIV – DO testamentaria.
REVOGAÇÃO DO TESTAMENTEIRO Parágrafo único. Pode esse
prazo ser prorrogado se houver
TESTAMENTO Art. 1.976. O testador pode no- motivo suficiente.
mear um ou mais testamenteiros,
Art. 1.969. O testamento pode conjuntos ou separados, para lhe Art. 1.984. Na falta de testa-
ser revogado pelo mesmo modo darem cumprimento às disposi- menteiro nomeado pelo testa-
e forma como pode ser feito. ções de última vontade. dor, a execução testamentária
compete a um dos cônjuges, e,
Art. 1.970. A revogação do tes- Art. 1.977. O testador pode con- em falta destes, ao herdeiro no-
tamento pode ser total ou parcial. ceder ao testamenteiro a posse e meado pelo juiz.
Parágrafo único. Se parcial, a administração da herança, ou de
ou se o testamento posterior não parte dela, não havendo cônjuge Art. 1.985. O encargo da testa-
contiver cláusula revogatória ex- ou herdeiros necessários. mentaria não se transmite aos
pressa, o anterior subsiste em Parágrafo único. Qualquer herdeiros do testamenteiro, nem
tudo que não for contrário ao herdeiro pode requerer partilha é delegável; mas o testamenteiro
posterior. imediata, ou devolução da heran- pode fazer-se representar em
ça, habilitando o testamenteiro juízo e fora dele, mediante man-
Art. 1.971. A revogação produ- com os meios necessários para datário com poderes especiais.
zirá seus efeitos, ainda quando o o cumprimento dos legados, ou
testamento, que a encerra, vier dando caução de prestá-los. Art. 1.986. Havendo simultane-
a caducar por exclusão, incapa- amente mais de um testamentei-
cidade ou renúncia do herdeiro Art. 1.978. Tendo o testamentei- ro, que tenha aceitado o cargo,
nele nomeado; não valerá, se o ro a posse e a administração dos poderá cada qual exercê-lo, em
testamento revogatório for anu- bens, incumbe-lhe requerer in- falta dos outros; mas todos ficam
lado por omissão ou infração de ventário e cumprir o testamento. solidariamente obrigados a dar
solenidades essenciais ou por conta dos bens que lhes forem
vícios intrínsecos. Art. 1.979. O testamenteiro no- confiados, salvo se cada um tiver,
meado, ou qualquer parte interes- pelo testamento, funções distin-
Art. 1.972. O testamento cerrado sada, pode requerer, assim como tas, e a elas se limitar.
que o testador abrir ou dilacerar, o juiz pode ordenar, de ofício, ao
ou for aberto ou dilacerado com detentor do testamento, que o Art. 1.987. Salvo disposição tes-
seu consentimento, haver-se-á leve a registro. tamentária em contrário, o testa-
como revogado. menteiro, que não seja herdeiro
Art. 1.980. O testamenteiro é ou legatário, terá direito a um
obrigado a cumprir as disposições prêmio, que, se o testador não o
CAPÍTULO XIII – DO testamentárias, no prazo marca- houver fixado, será de um a cin-
ROMPIMENTO DO do pelo testador, e a dar contas co por cento, arbitrado pelo juiz,
TESTAMENTO do que recebeu e despendeu, sobre a herança líquida, confor-
subsistindo sua responsabilida- me a importância dela e maior ou
Art. 1.973. Sobrevindo descen- de enquanto durar a execução do menor dificuldade na execução
dente sucessível ao testador, que testamento. do testamento.
não o tinha ou não o conhecia Parágrafo único. O prêmio
quando testou, rompe-se o tes- Art. 1.981. Compete ao testa- arbitrado será pago à conta da
tamento em todas as suas dis- menteiro, com ou sem o concurso parte disponível, quando houver
posições, se esse descendente do inventariante e dos herdeiros herdeiro necessário.
sobreviver ao testador. instituídos, defender a validade
do testamento. Art. 1.988. O herdeiro ou o lega-
Art. 1.974. Rompe-se também tário nomeado testamenteiro po-
o testamento feito na ignorân- Art. 1.982. Além das atribuições derá preferir o prêmio à herança
cia de existirem outros herdeiros exaradas nos artigos anteceden- ou ao legado.
necessários. tes, terá o testamenteiro as que
lhe conferir o testador, nos limi- Art. 1.989. Reverterá à herança
Art. 1.975. Não se rompe o tes- tes da lei. o prêmio que o testamenteiro
tamento, se o testador dispuser perder, por ser removido ou por
da sua metade, não contemplando Art. 1.983. Não concedendo o não ter cumprido o testamento.
os herdeiros necessários de cuja testador prazo maior, cumprirá
existência saiba, ou quando os o testamenteiro o testamento e Art. 1.990. Se o testador tiver
exclua dessa parte. prestará contas em cento e oiten- distribuído toda a herança em
ta dias, contados da aceitação da legados, exercerá o testamen-
264
Código Civil
teiro as funções de inventariante. inventariar e partir, assim como partilhada igualmente entre to-
arguir o herdeiro, depois de de- dos, salvo se a maioria consentir
clarar-se no inventário que não que o débito seja imputado intei-
TÍTULO IV – DO os possui. ramente no quinhão do devedor.
INVENTÁRIO E DA
PARTILHA
CAPÍTULO III – DO CAPÍTULO IV – DA
CAPÍTULO I – DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS COLAÇÃO
INVENTÁRIO
Art. 1.997. A herança responde Art. 2.002. Os descendentes
Art. 1.991. Desde a assinatura do pelo pagamento das dívidas do que concorrerem à sucessão do
compromisso até a homologação falecido; mas, feita a partilha, ascendente comum são obriga-
da partilha, a administração da só respondem os herdeiros, cada dos, para igualar as legítimas, a
herança será exercida pelo in- qual em proporção da parte que conferir o valor das doações que
ventariante. na herança lhe coube. dele em vida receberam, sob pena
§ 1o Quando, antes da parti- de sonegação.
lha, for requerido no inventário o Parágrafo único. Para cálcu-
CAPÍTULO II – DOS pagamento de dívidas constantes lo da legítima, o valor dos bens
SONEGADOS de documentos, revestidos de conferidos será computado na
formalidades legais, constituin- parte indisponível, sem aumentar
Art. 1.992. O herdeiro que sone- do prova bastante da obrigação, a disponível.
gar bens da herança, não os des- e houver impugnação, que não se
crevendo no inventário quando funde na alegação de pagamento, Art. 2.003. A colação tem por
estejam em seu poder, ou, com o acompanhada de prova valiosa, o fim igualar, na proporção estabe-
seu conhecimento, no de outrem, juiz mandará reservar, em poder lecida neste Código, as legítimas
ou que os omitir na colação, a do inventariante, bens suficientes dos descendentes e do cônjuge
que os deva levar, ou que deixar para solução do débito, sobre os sobrevivente, obrigando também
de restituí-los, perderá o direito quais venha a recair oportuna- os donatários que, ao tempo do
que sobre eles lhe cabia. mente a execução. falecimento do doador, já não
§ 2o No caso previsto no pa- possuírem os bens doados.
Art. 1.993. Além da pena comi- rágrafo antecedente, o credor Parágrafo único. Se, com-
nada no artigo antecedente, se o será obrigado a iniciar a ação de putados os valores das doações
sonegador for o próprio inventa- cobrança no prazo de trinta dias, feitas em adiantamento de legí-
riante, remover-se-á, em se pro- sob pena de se tornar de nenhum tima, não houver no acervo bens
vando a sonegação, ou negando efeito a providência indicada. suficientes para igualar as legí-
ele a existência dos bens, quando timas dos descendentes e do
indicados. Art. 1.998. As despesas funerá- cônjuge, os bens assim doados
rias, haja ou não herdeiros legíti- serão conferidos em espécie, ou,
Art. 1.994. A pena de sonegados mos, sairão do monte da herança; quando deles já não disponha o
só se pode requerer e impor em mas as de sufrágios por alma do donatário, pelo seu valor ao tempo
ação movida pelos herdeiros ou falecido só obrigarão a herança da liberalidade.
pelos credores da herança. quando ordenadas em testamen-
Parágrafo único. A sentença to ou codicilo. Art. 2.004. O valor de colação
que se proferir na ação de sone- dos bens doados será aquele, cer-
gados, movida por qualquer dos Art. 1.999. Sempre que houver to ou estimativo, que lhes atribuir
herdeiros ou credores, aproveita ação regressiva de uns contra o ato de liberalidade.
aos demais interessados. outros herdeiros, a parte do co- § 1o Se do ato de doação não
erdeiro insolvente dividir-se-á constar valor certo, nem houver
Art. 1.995. Se não se restituí- em proporção entre os demais. estimação feita naquela época, os
rem os bens sonegados, por já bens serão conferidos na partilha
não os ter o sonegador em seu Art. 2.000. Os legatários e cre- pelo que então se calcular vales-
poder, pagará ele a importância dores da herança podem exigir sem ao tempo da liberalidade.
dos valores que ocultou, mais as que do patrimônio do falecido § 2o Só o valor dos bens do-
perdas e danos. se discrimine o do herdeiro, e, ados entrará em colação; não as-
em concurso com os credores sim o das benfeitorias acrescidas,
Art. 1.996. Só se pode arguir de deste, ser-lhes-ão preferidos no as quais pertencerão ao herdeiro
sonegação o inventariante depois pagamento. donatário, correndo também à
de encerrada a descrição dos conta deste os rendimentos ou
bens, com a declaração, por ele Art. 2.001. Se o herdeiro for de- lucros, assim como os danos e
feita, de não existirem outros por vedor ao espólio, sua dívida será perdas que eles sofrerem.
265
Código Civil
Art. 2.005. São dispensadas da a trazer à colação, ainda que não Art. 2.018. É válida a partilha fei-
colação as doações que o doa- o hajam herdado, o que os pais ta por ascendente, por ato entre
dor determinar saiam da parte teriam de conferir. vivos ou de última vontade, con-
disponível, contanto que não a tanto que não prejudique a legí-
excedam, computado o seu valor Art. 2.010. Não virão à colação tima dos herdeiros necessários.
ao tempo da doação. os gastos ordinários do ascen-
Parágrafo único. Presume-se dente com o descendente, en- Art. 2.019. Os bens insuscetí-
imputada na parte disponível a quanto menor, na sua educação, veis de divisão cômoda, que não
liberalidade feita a descendente estudos, sustento, vestuário, tra- couberem na meação do cônjuge
que, ao tempo do ato, não seria tamento nas enfermidades, en- sobrevivente ou no quinhão de
chamado à sucessão na qualidade xoval, assim como as despesas um só herdeiro, serão vendidos
de herdeiro necessário. de casamento, ou as feitas no judicialmente, partilhando-se o
interesse de sua defesa em pro- valor apurado, a não ser que haja
Art. 2.006. A dispensa da cola- cesso-crime. acordo para serem adjudicados
ção pode ser outorgada pelo doa- a todos.
dor em testamento, ou no próprio Art. 2.011. As doações remu- § 1o Não se fará a venda ju-
título de liberalidade. neratórias de serviços feitos ao dicial se o cônjuge sobrevivente
ascendente também não estão ou um ou mais herdeiros reque-
Art. 2.007. São sujeitas à redu- sujeitas a colação. rerem lhes seja adjudicado o bem,
ção as doações em que se apurar repondo aos outros, em dinhei-
excesso quanto ao que o doador Art. 2.012. Sendo feita a doação ro, a diferença, após avaliação
poderia dispor, no momento da por ambos os cônjuges, no inven- atualizada.
liberalidade. tário de cada um se conferirá por § 2o Se a adjudicação for re-
§ 1o O excesso será apurado metade. querida por mais de um herdei-
com base no valor que os bens ro, observar-se-á o processo da
doados tinham, no momento da licitação.
liberalidade. CAPÍTULO V – DA
§ 2o A redução da liberalida- PARTILHA Art. 2.020. Os herdeiros em pos-
de far-se-á pela restituição ao se dos bens da herança, o cônjuge
monte do excesso assim apura- Art. 2.013. O herdeiro pode sem- sobrevivente e o inventariante são
do; a restituição será em espécie, pre requerer a partilha, ainda que obrigados a trazer ao acervo os
ou, se não mais existir o bem em o testador o proíba, cabendo igual frutos que perceberam, desde a
poder do donatário, em dinheiro, faculdade aos seus cessionários abertura da sucessão; têm direito
segundo o seu valor ao tempo e credores. ao reembolso das despesas ne-
da abertura da sucessão, obser- cessárias e úteis que fizeram, e
vadas, no que forem aplicáveis, Art. 2.014. Pode o testador indi- respondem pelo dano a que, por
as regras deste Código sobre a car os bens e valores que devem dolo ou culpa, deram causa.
redução das disposições testa- compor os quinhões hereditários,
mentárias. deliberando ele próprio a partilha, Art. 2.021. Quando parte da he-
§ 3o Sujeita-se a redução, que prevalecerá, salvo se o valor rança consistir em bens remotos
nos termos do parágrafo ante- dos bens não corresponder às do lugar do inventário, litigiosos,
cedente, a parte da doação feita quotas estabelecidas. ou de liquidação morosa ou difí-
a herdeiros necessários que ex- cil, poderá proceder-se, no prazo
ceder a legítima e mais a quota Art. 2.015. Se os herdeiros fo- legal, à partilha dos outros, reser-
disponível. rem capazes, poderão fazer parti- vando-se aqueles para uma ou
§ 4o Sendo várias as doações lha amigável, por escritura públi- mais sobrepartilhas, sob a guarda
a herdeiros necessários, feitas ca, termo nos autos do inventário, e a administração do mesmo ou
em diferentes datas, serão elas ou escrito particular, homologado diverso inventariante, e consen-
reduzidas a partir da última, até pelo juiz. timento da maioria dos herdeiros.
a eliminação do excesso.
Art. 2.016. Será sempre judicial Art. 2.022. Ficam sujeitos a so-
Art. 2.008. Aquele que renun- a partilha, se os herdeiros divergi- brepartilha os bens sonegados e
ciou a herança ou dela foi excluí- rem, assim como se algum deles quaisquer outros bens da heran-
do, deve, não obstante, conferir as for incapaz. ça de que se tiver ciência após
doações recebidas, para o fim de a partilha.
repor o que exceder o disponível. Art. 2.017. No partilhar os bens,
observar-se-á, quanto ao seu va-
Art. 2.009. Quando os netos, re- lor, natureza e qualidade, a maior
presentando os seus pais, suce- igualdade possível.
derem aos avós, serão obrigados
266
Código Civil
CAPÍTULO VI – DA rágrafo único do art. 1.242 serão blica, tais como os estabelecidos
GARANTIA DOS QUINHÕES acrescidos de dois anos, qualquer por este Código para assegurar
que seja o tempo transcorrido na a função social da propriedade
HEREDITÁRIOS vigência do anterior, Lei no 3.071, e dos contratos.
de 1o de janeiro de 1916.
Art. 2.023. Julgada a partilha, Art. 2.036. A locação de pré-
fica o direito de cada um dos Art. 2.030. O acréscimo de que dio urbano, que esteja sujeita à
herdeiros circunscrito aos bens trata o artigo antecedente, será lei especial, por esta continua a
do seu quinhão. feito nos casos a que se refere o ser regida.
§ 4o do art. 1.228.
Art. 2.024. Os coerdeiros são Art. 2.037. Salvo disposição em
reciprocamente obrigados a in- Art. 2.031. As associações, so- contrário, aplicam-se aos empre-
denizar-se no caso de evicção ciedades e fundações, constituí- sários e sociedades empresárias
dos bens aquinhoados. das na forma das leis anteriores, as disposições de lei não revoga-
bem como os empresários, de- das por este Código, referentes
Art. 2.025. Cessa a obrigação verão se adaptar às disposições a comerciantes, ou a sociedades
mútua estabelecida no artigo an- deste Código até 11 de janeiro comerciais, bem como a ativida-
tecedente, havendo convenção de 2007. des mercantis.
em contrário, e bem assim dando- Parágrafo único. O disposto
-se a evicção por culpa do evicto, neste artigo não se aplica às or- Art. 2.038. Fica proibida a cons-
ou por fato posterior à partilha. ganizações religiosas nem aos tituição de enfiteuses e suben-
partidos políticos. fiteuses, subordinando-se as
Art. 2.026. O evicto será indeni- existentes, até sua extinção, às
zado pelos coerdeiros na propor- Art. 2.032. As fundações, insti- disposições do Código Civil ante-
ção de suas quotas hereditárias, tuídas segundo a legislação ante- rior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro
mas, se algum deles se achar rior, inclusive as de fins diversos de 1916, e leis posteriores.
insolvente, responderão os de- dos previstos no parágrafo único § 1o Nos aforamentos a que
mais na mesma proporção, pela do art. 62, subordinam-se, quanto se refere este artigo é defeso:
parte desse, menos a quota que ao seu funcionamento, ao dispos- I – cobrar laudêmio ou pres-
corresponderia ao indenizado. to neste Código. tação análoga nas transmissões
de bem aforado, sobre o valor
Art. 2.033. Salvo o disposto em das construções ou plantações;
CAPÍTULO VII – DA lei especial, as modificações dos II – constituir subenfiteuse.
ANULAÇÃO DA PARTILHA atos constitutivos das pessoas § 2o A enfiteuse dos terrenos
jurídicas referidas no art. 44, bem de marinha e acrescidos regula-
Art. 2.027. A partilha é anulá- como a sua transformação, incor- -se por lei especial.
vel pelos vícios e defeitos que poração, cisão ou fusão, regem-
invalidam, em geral, os negócios -se desde logo por este Código. Art. 2.039. O regime de bens
jurídicos. nos casamentos celebrados na
Parágrafo único. Extingue-se Art. 2.034. A dissolução e a li- vigência do Código Civil ante-
em um ano o direito de anular a quidação das pessoas jurídicas rior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro
partilha. referidas no artigo antecedente, de 1916, é o por ele estabelecido.
quando iniciadas antes da vigên-
cia deste Código, obedecerão ao Art. 2.040. A hipoteca legal dos
LIVRO COMPLEMENTAR – disposto nas leis anteriores. bens do tutor ou curador, inscrita
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E em conformidade com o inciso IV
TRANSITÓRIAS Art. 2.035. A validade dos ne- do art. 827 do Código Civil ante-
gócios e demais atos jurídicos, rior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de
Art. 2.028. Serão os da lei an- constituídos antes da entrada 1916, poderá ser cancelada, obe-
terior os prazos, quando redu- em vigor deste Código, obedece decido o disposto no parágrafo
zidos por este Código, e se, na ao disposto nas leis anteriores, único do art. 1.745 deste Código.
data de sua entrada em vigor, referidas no art. 2.045, mas os
já houver transcorrido mais da seus efeitos, produzidos após a Art. 2.041. As disposições des-
metade do tempo estabelecido vigência deste Código, aos precei- te Código relativas à ordem da
na lei revogada. tos dele se subordinam, salvo se vocação hereditária (arts. 1.829
houver sido prevista pelas partes a 1.844) não se aplicam à suces-
Art. 2.029. Até dois anos após determinada forma de execução. são aberta antes de sua vigên-
a entrada em vigor deste Código, Parágrafo único. Nenhuma cia, prevalecendo o disposto na
os prazos estabelecidos no pará- convenção prevalecerá se con- lei anterior (Lei no 3.071, de 1o de
grafo único do art. 1.238 e no pa- trariar preceitos de ordem pú- janeiro de 1916).
267
Código Civil
Art. 2.042. Aplica-se o dispos-
to no caput do art. 1.848, quando
aberta a sucessão no prazo de um
ano após a entrada em vigor deste
Código, ainda que o testamento
tenha sido feito na vigência do an-
terior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro
de 1916; se, no prazo, o testador
não aditar o testamento para de-
clarar a justa causa de cláusula
aposta à legítima, não subsistirá
a restrição.
268
Código de Processo
Civil
Lei no 13.105/2015
277 PARTE GERAL
277 LIVRO I – DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
277 TÍTULO ÚNICO – DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS
PROCESSUAIS
277 CAPÍTULO I – DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
278 CAPÍTULO II – DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
278 LIVRO II – DA FUNÇÃO JURISDICIONAL
278 TÍTULO I – DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO
278 TÍTULO II – DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
278 CAPÍTULO I – DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
279 CAPÍTULO II – DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
279 Seção I – Disposições Gerais
279 Seção II – Do Auxílio Direto
280 Seção III – Da Carta Rogatória
280 Seção IV – Disposições Comuns às Seções Anteriores
280 TÍTULO III – DA COMPETÊNCIA INTERNA
280 CAPÍTULO I – DA COMPETÊNCIA
280 Seção I – Disposições Gerais
281 Seção II – Da Modificação da Competência
282 Seção III – Da Incompetência
282 CAPÍTULO II – DA COOPERAÇÃO NACIONAL
282 LIVRO III – DOS SUJEITOS DO PROCESSO
282 TÍTULO I – DAS PARTES E DOS PROCURADORES
282 CAPÍTULO I – DA CAPACIDADE PROCESSUAL
283 CAPÍTULO II – DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES
283 Seção I – Dos Deveres
284 Seção II – Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual
284 Seção III – Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas
287 Seção IV – Da Gratuidade da Justiça
288 CAPÍTULO III – DOS PROCURADORES
289 CAPÍTULO IV – DA SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES
289 TÍTULO II – DO LITISCONSÓRCIO
290 TÍTULO III – DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
290 CAPÍTULO I – DA ASSISTÊNCIA
290 Seção I – Disposições Comuns
290 Seção II – Da Assistência Simples
290 Seção III – Da Assistência Litisconsorcial
290 CAPÍTULO II – DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE
291 CAPÍTULO III – DO CHAMAMENTO AO PROCESSO
291 CAPÍTULO IV – DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
291 CAPÍTULO V – DO AMICUS CURIAE
292 TÍTULO IV – DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
292 CAPÍTULO I – DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ
292 CAPÍTULO II – DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
293 CAPÍTULO III – DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
293 Seção I – Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça
294 Seção II – Do Perito
295 Seção III – Do Depositário e do Administrador
295 Seção IV – Do Intérprete e do Tradutor
295 Seção V – Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais
297 TÍTULO V – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
297 TÍTULO VI – DA ADVOCACIA PÚBLICA
297 TÍTULO VII – DA DEFENSORIA PÚBLICA
297 LIVRO IV – DOS ATOS PROCESSUAIS
297 TÍTULO I – DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
297 CAPÍTULO I – DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS
297 Seção I – Dos Atos em Geral
298 Seção II – Da Prática Eletrônica de Atos Processuais
299 Seção III – Dos Atos das Partes
299 Seção IV – Dos Pronunciamentos do Juiz
299 Seção V – Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria
299 CAPÍTULO II – DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
299 Seção I – Do Tempo
300 Seção II – Do Lugar
300 CAPÍTULO III – DOS PRAZOS
300 Seção I – Disposições Gerais
301 Seção II – Da Verificação dos Prazos e das Penalidades
302 TÍTULO II – DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
302 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
302 CAPÍTULO II – DA CITAÇÃO
305 CAPÍTULO III – DAS CARTAS
306 CAPÍTULO IV – DAS INTIMAÇÕES
306 TÍTULO III – DAS NULIDADES
307 TÍTULO IV – DA DISTRIBUIÇÃO E DO REGISTRO
307 TÍTULO V – DO VALOR DA CAUSA
308 LIVRO V – DA TUTELA PROVISÓRIA
308 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
308 TÍTULO II – DA TUTELA DE URGÊNCIA
308 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
308 CAPÍTULO II – DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER
ANTECEDENTE
309 CAPÍTULO III – DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER
ANTECEDENTE
309 TÍTULO III – DA TUTELA DA EVIDÊNCIA
310 LIVRO VI – DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
310 TÍTULO I – DA FORMAÇÃO DO PROCESSO
310 TÍTULO II – DA SUSPENSÃO DO PROCESSO
311 TÍTULO III – DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
311 PARTE ESPECIAL
311 LIVRO I – DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
311 TÍTULO I – DO PROCEDIMENTO COMUM
311 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
311 CAPÍTULO II – DA PETIÇÃO INICIAL
311 Seção I – Dos Requisitos da Petição Inicial
311 Seção II – Do Pedido
312 Seção III – Do Indeferimento da Petição Inicial
312 CAPÍTULO III – DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
312 CAPÍTULO IV – DA CONVERSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL EM AÇÃO COLETIVA
312 CAPÍTULO V – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO
313 CAPÍTULO VI – DA CONTESTAÇÃO
314 CAPÍTULO VII – DA RECONVENÇÃO
314 CAPÍTULO VIII – DA REVELIA
314 CAPÍTULO IX – DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO
315 Seção I – Da Não Incidência dos Efeitos da Revelia
315 Seção II – Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do Direito do Autor
315 Seção III – Das Alegações do Réu
315 CAPÍTULO X – DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
315 Seção I – Da Extinção do Processo
315 Seção II – Do Julgamento Antecipado do Mérito
315 Seção III – Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
315 Seção IV – Do Saneamento e da Organização do Processo
316 CAPÍTULO XI – DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
317 CAPÍTULO XII – DAS PROVAS
317 Seção I – Disposições Gerais
318 Seção II – Da Produção Antecipada da Prova
318 Seção III – Da Ata Notarial
318 Seção IV – Do Depoimento Pessoal
318 Seção V – Da Confissão
319 Seção VI – Da Exibição de Documento ou Coisa
320 Seção VII – Da Prova Documental
320 Subseção I – Da Força Probante dos Documentos
321 Subseção II – Da Arguição de Falsidade
322 Subseção III – Da Produção da Prova Documental
322 Seção VIII – Dos Documentos Eletrônicos
322 Seção IX – Da Prova Testemunhal
322 Subseção I – Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal
323 Subseção II – Da Produção da Prova Testemunhal
325 Seção X – Da Prova Pericial
327 Seção XI – Da Inspeção Judicial
327 CAPÍTULO XIII – DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
327 Seção I – Disposições Gerais
328 Seção II – Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença
329 Seção III – Da Remessa Necessária
329 Seção IV – Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não Fazer e de
Entregar Coisa
329 Seção V – Da Coisa Julgada
330 CAPÍTULO XIV – DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
330 TÍTULO II – DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
330 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
331 CAPÍTULO II – DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
332 CAPÍTULO III – DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
333 CAPÍTULO IV – DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS
334 CAPÍTULO V – DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA
335 CAPÍTULO VI – DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE NÃO FAZER OU DE ENTREGAR COISA
335 Seção I – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de
Fazer ou de Não Fazer
336 Seção II – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de
Entregar Coisa
336 TÍTULO III – DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
336 CAPÍTULO I – DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
337 CAPÍTULO II – DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
337 CAPÍTULO III – DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
337 Seção I – Disposições Gerais
338 Seção II – Da Manutenção e da Reintegração de Posse
338 Seção III – Do Interdito Proibitório
338 CAPÍTULO IV – DA AÇÃO DE DIVISÃO E DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES
338 Seção I – Disposições Gerais
339 Seção II – Da Demarcação
339 Seção III – Da Divisão
340 CAPÍTULO V – DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE
342 CAPÍTULO VI – DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
342 Seção I – Disposições Gerais
342 Seção II – Da Legitimidade para Requerer o Inventário
342 Seção III – Do Inventariante e das Primeiras Declarações
343 Seção IV – Das Citações e das Impugnações
344 Seção V – Da Avaliação e do Cálculo do Imposto
344 Seção VI – Das Colações
345 Seção VII – Do Pagamento das Dívidas
345 Seção VIII – Da Partilha
346 Seção IX – Do Arrolamento
347 Seção X – Disposições Comuns a Todas as Seções
347 CAPÍTULO VII – DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
348 CAPÍTULO VIII – DA OPOSIÇÃO
348 CAPÍTULO IX – DA HABILITAÇÃO
348 CAPÍTULO X – DAS AÇÕES DE FAMÍLIA
349 CAPÍTULO XI – DA AÇÃO MONITÓRIA
350 CAPÍTULO XII – DA HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL
350 CAPÍTULO XIII – DA REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA
351 CAPÍTULO XIV – DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS
351 CAPÍTULO XV – DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
351 Seção I – Disposições Gerais
352 Seção II – Da Notificação e da Interpelação
352 Seção III – Da Alienação Judicial
352 Seção IV – Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União
Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio
353 Seção V – Dos Testamentos e dos Codicilos
353 Seção VI – Da Herança Jacente
354 Seção VII – Dos Bens dos Ausentes
354 Seção VIII – Das Coisas Vagas
354 Seção IX – Da Interdição
355 Seção X – Disposições Comuns à Tutela e à Curatela
356 Seção XI – Da Organização e da Fiscalização das Fundações
356 Seção XII – Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos Testemunháveis
Formados a Bordo
357 LIVRO II – DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
357 TÍTULO I – DA EXECUÇÃO EM GERAL
357 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
357 CAPÍTULO II – DAS PARTES
358 CAPÍTULO III – DA COMPETÊNCIA
358 CAPÍTULO IV – DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER EXECUÇÃO
358 Seção I – Do Título Executivo
358 Seção II – Da Exigibilidade da Obrigação
359 CAPÍTULO V – DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
360 TÍTULO II – DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO
360 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
361 CAPÍTULO II – DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA
361 Seção I – Da Entrega de Coisa Certa
361 Seção II – Da Entrega de Coisa Incerta
362 CAPÍTULO III – DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER OU DE NÃO FAZER
362 Seção I – Disposições Comuns
362 Seção II – Da Obrigação de Fazer
362 Seção III – Da Obrigação de Não Fazer
362 CAPÍTULO IV – DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA
362 Seção I – Disposições Gerais
362 Seção II – Da Citação do Devedor e do Arresto
363 Seção III – Da Penhora, do Depósito e da Avaliação
363 Subseção I – Do Objeto da Penhora
364 Subseção II – Da Documentação da Penhora, de Seu Registro e do Depósito
365 Subseção III – Do Lugar de Realização da Penhora
365 Subseção IV – Das Modificações da Penhora
366 Subseção V – Da Penhora de Dinheiro em Depósito ou em Aplicação Financeira
366 Subseção VI – Da Penhora de Créditos
367 Subseção VII – Da Penhora das Quotas ou das Ações de Sociedades Personificadas
367 Subseção VIII – Da Penhora de Empresa, de Outros Estabelecimentos e de Semoventes
368 Subseção IX – Da Penhora de Percentual de Faturamento de Empresa
368 Subseção X – Da Penhora de Frutos e Rendimentos de Coisa Móvel ou Imóvel
368 Subseção XI – Da Avaliação
369 Seção IV – Da Expropriação de Bens
369 Subseção I – Da Adjudicação
369 Subseção II – Da Alienação
373 Seção V – Da Satisfação do Crédito
373 CAPÍTULO V – DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
374 CAPÍTULO VI – DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
374 TÍTULO III – DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
375 TÍTULO IV – DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
375 CAPÍTULO I – DA SUSPENSÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
376 CAPÍTULO II – DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
376 LIVRO III – DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES
JUDICIAIS
376 TÍTULO I – DA ORDEM DOS PROCESSOS E DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
DOS TRIBUNAIS
376 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
376 CAPÍTULO II – DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL
379 CAPÍTULO III – DO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA
379 CAPÍTULO IV – DO INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
379 CAPÍTULO V – DO CONFLITO DE COMPETÊNCIA
380 CAPÍTULO VI – DA HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA E DA CONCESSÃO DO
EXEQUATUR À CARTA ROGATÓRIA
381 CAPÍTULO VII – DA AÇÃO RESCISÓRIA
382 CAPÍTULO VIII – DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS
384 CAPÍTULO IX – DA RECLAMAÇÃO
384 TÍTULO II – DOS RECURSOS
384 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
385 CAPÍTULO II – DA APELAÇÃO
386 CAPÍTULO III – DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
387 CAPÍTULO IV – DO AGRAVO INTERNO
387 CAPÍTULO V – DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
388 CAPÍTULO VI – DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
388 Seção I – Do Recurso Ordinário
389 Seção II – Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial
389 Subseção I – Disposições Gerais
390 Subseção II – Do Julgamento dos Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos
392 Seção III – Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário
392 Seção IV – Dos Embargos de Divergência
393 LIVRO COMPLEMENTAR – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Código de Processo Civil
Lei no 13.105/2015
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Código de Processo Civil
manentemente à disposição para CAPÍTULO II – DA falsidade de documento.
consulta pública em cartório e na APLICAÇÃO DAS NORMAS
rede mundial de computadores. Art. 20. É admissível a ação
§ 2o Estão excluídos da regra
PROCESSUAIS meramente declaratória, ainda
do caput: que tenha ocorrido a violação
I – as sentenças proferidas Art. 13. A jurisdição civil será do direito.
em audiência, homologatórias regida pelas normas processu-
de acordo ou de improcedência ais brasileiras, ressalvadas as
liminar do pedido; disposições específicas previs- TÍTULO II – DOS LIMITES
II – o julgamento de processos tas em tratados, convenções ou DA JURISDIÇÃO NACIONAL
em bloco para aplicação de tese acordos internacionais de que o E DA COOPERAÇÃO
jurídica firmada em julgamento Brasil seja parte. INTERNACIONAL
de casos repetitivos;
III – o julgamento de recursos Art. 14. A norma processual não CAPÍTULO I – DOS LIMITES
repetitivos ou de incidente de re- retroagirá e será aplicável imedia- DA JURISDIÇÃO NACIONAL
solução de demandas repetitivas; tamente aos processos em curso,
IV – as decisões proferidas respeitados os atos processuais Art. 21. Compete à autoridade
com base nos arts. 485 e 932; praticados e as situações jurídi- judiciária brasileira processar e
V – o julgamento de embargos cas consolidadas sob a vigência julgar as ações em que:
de declaração; da norma revogada. I – o réu, qualquer que seja a
VI – o julgamento de agravo sua nacionalidade, estiver domi-
interno; Art. 15. Na ausência de normas ciliado no Brasil;
VII – as preferências legais que regulem processos eleitorais, II – no Brasil tiver de ser cum-
e as metas estabelecidas pelo trabalhistas ou administrativos, prida a obrigação;
Conselho Nacional de Justiça; as disposições deste Código lhes III – o fundamento seja fato
VIII – os processos criminais, serão aplicadas supletiva e sub- ocorrido ou ato praticado no
nos órgãos jurisdicionais que te- sidiariamente. Brasil.
nham competência penal; Parágrafo único. Para o fim
IX – a causa que exija urgência do disposto no inciso I, considera-
no julgamento, assim reconhecida LIVRO II – DA FUNÇÃO -se domiciliada no Brasil a pessoa
por decisão fundamentada. JURISDICIONAL jurídica estrangeira que nele tiver
§ 3o Após elaboração de lista agência, filial ou sucursal.
própria, respeitar-se-á a ordem TÍTULO I – DA JURISDIÇÃO
cronológica das conclusões entre E DA AÇÃO Art. 22. Compete, ainda, à au-
as preferências legais. toridade judiciária brasileira pro-
§ 4o Após a inclusão do pro- Art. 16. A jurisdição civil é exer- cessar e julgar as ações:
cesso na lista de que trata o § 1o, cida pelos juízes e pelos tribu- I – de alimentos, quando:
o requerimento formulado pela nais em todo o território nacional, a) o credor tiver domicílio ou
parte não altera a ordem cro- conforme as disposições deste residência no Brasil;
nológica para a decisão, exceto Código. b) o réu mantiver vínculos no
quando implicar a reabertura da Brasil, tais como posse ou pro-
instrução ou a conversão do jul- Art. 17. Para postular em juízo priedade de bens, recebimento de
gamento em diligência. é necessário ter interesse e le- renda ou obtenção de benefícios
§ 5o Decidido o requerimen- gitimidade. econômicos;
to previsto no § 4o, o processo II – decorrentes de relações
retornará à mesma posição em Art. 18. Ninguém poderá pleitear de consumo, quando o consumi-
que anteriormente se encontra- direito alheio em nome próprio, dor tiver domicílio ou residência
va na lista. salvo quando autorizado pelo or- no Brasil;
§ 6o Ocupará o primeiro lu- denamento jurídico. III – em que as partes, expres-
gar na lista prevista no § 1o ou, Parágrafo único. Havendo sa ou tacitamente, se submete-
conforme o caso, no § 3o, o pro- substituição processual, o subs- rem à jurisdição nacional.
cesso que: tituído poderá intervir como as-
I – tiver sua sentença ou acór- sistente litisconsorcial. Art. 23. Compete à autoridade
dão anulado, salvo quando houver judiciária brasileira, com exclusão
necessidade de realização de di- Art. 19. O interesse do autor de qualquer outra:
ligência ou de complementação pode limitar-se à declaração: I – conhecer de ações relati-
da instrução; I – da existência, da inexis- vas a imóveis situados no Brasil;
II – se enquadrar na hipótese tência ou do modo de ser de uma II – em matéria de sucessão
do art. 1.040, inciso II. relação jurídica; hereditária, proceder à confirma-
II – da autenticidade ou da ção de testamento particular e ao
278
Código de Processo Civil
inventário e à partilha de bens si- relação ao acesso à justiça e à Art. 29. A solicitação de auxílio
tuados no Brasil, ainda que o autor tramitação dos processos, asse- direto será encaminhada pelo
da herança seja de nacionalidade gurando-se assistência judiciária órgão estrangeiro interessado
estrangeira ou tenha domicílio aos necessitados; à autoridade central, cabendo
fora do território nacional; III – a publicidade processu- ao Estado requerente assegu-
III – em divórcio, separação al, exceto nas hipóteses de sigilo rar a autenticidade e a clareza
judicial ou dissolução de união previstas na legislação brasileira do pedido.
estável, proceder à partilha de ou na do Estado requerente;
bens situados no Brasil, ainda que IV – a existência de autori- Art. 30. Além dos casos previs-
o titular seja de nacionalidade es- dade central para recepção e tos em tratados de que o Brasil
trangeira ou tenha domicílio fora transmissão dos pedidos de co- faz parte, o auxílio direto terá os
do território nacional. operação; seguintes objetos:
V – a espontaneidade na I – obtenção e prestação de
Art. 24. A ação proposta peran- transmissão de informações a informações sobre o ordenamen-
te tribunal estrangeiro não induz autoridades estrangeiras. to jurídico e sobre processos ad-
litispendência e não obsta a que § 1o Na ausência de tratado, a ministrativos ou jurisdicionais
a autoridade judiciária brasileira cooperação jurídica internacional findos ou em curso;
conheça da mesma causa e das poderá realizar-se com base em II – colheita de provas, sal-
que lhe são conexas, ressalvadas reciprocidade, manifestada por vo se a medida for adotada em
as disposições em contrário de via diplomática. processo, em curso no estran-
tratados internacionais e acor- § 2o Não se exigirá a recipro- geiro, de competência exclusiva
dos bilaterais em vigor no Brasil. cidade referida no § 1o para homo- de autoridade judiciária brasileira;
Parágrafo único. A pendência logação de sentença estrangeira. III – qualquer outra medida
de causa perante a jurisdição bra- § 3o Na cooperação jurídica judicial ou extrajudicial não proi-
sileira não impede a homologação internacional não será admitida bida pela lei brasileira.
de sentença judicial estrangeira a prática de atos que contrariem
quando exigida para produzir efei- ou que produzam resultados in- Art. 31. A autoridade central
tos no Brasil. compatíveis com as normas fun- brasileira comunicar-se-á dire-
damentais que regem o Estado tamente com suas congêneres e,
Art. 25. Não compete à autori- brasileiro. se necessário, com outros órgãos
dade judiciária brasileira o pro- § 4o O Ministério da Justiça estrangeiros responsáveis pela
cessamento e o julgamento da exercerá as funções de autorida- tramitação e pela execução de
ação quando houver cláusula de de central na ausência de desig- pedidos de cooperação enviados
eleição de foro exclusivo estran- nação específica. e recebidos pelo Estado brasilei-
geiro em contrato internacional, ro, respeitadas disposições es-
arguida pelo réu na contestação. Art. 27. A cooperação jurídica pecíficas constantes de tratado.
§ 1o Não se aplica o disposto internacional terá por objeto:
no caput às hipóteses de com- I – citação, intimação e no- Art. 32. No caso de auxílio di-
petência internacional exclusiva tificação judicial e extrajudicial; reto para a prática de atos que,
previstas neste Capítulo. II – colheita de provas e ob- segundo a lei brasileira, não ne-
§ 2o Aplica-se à hipótese do tenção de informações; cessitem de prestação jurisdicio-
caput o art. 63, §§ 1o a 4o. III – homologação e cumpri- nal, a autoridade central adotará
mento de decisão; as providências necessárias para
IV – concessão de medida seu cumprimento.
CAPÍTULO II – DA judicial de urgência;
COOPERAÇÃO V – assistência jurídica in- Art. 33. Recebido o pedido de
INTERNACIONAL ternacional; auxílio direto passivo, a autori-
VI – qualquer outra medida dade central o encaminhará à
Seção I – Disposições Gerais judicial ou extrajudicial não proi- Advocacia-Geral da União, que
bida pela lei brasileira. requererá em juízo a medida so-
Art. 26. A cooperação jurídi- licitada.
ca internacional será regida por Parágrafo único. O Ministé-
tratado de que o Brasil faz parte
Seção II – Do Auxílio Direto rio Público requererá em juízo
e observará: a medida solicitada quando for
I – o respeito às garantias do Art. 28. Cabe auxílio direto autoridade central.
devido processo legal no Estado quando a medida não decorrer
requerente; diretamente de decisão de auto- Art. 34. Compete ao juízo fe-
II – a igualdade de tratamento ridade jurisdicional estrangeira a deral do lugar em que deva ser
entre nacionais e estrangeiros, ser submetida a juízo de delibação executada a medida apreciar pe-
residentes ou não no Brasil, em no Brasil. dido de auxílio direto passivo que
279
Código de Processo Civil
demande prestação de atividade Art. 41. Considera-se autêntico ção de atividade profissional, na
jurisdicional. o documento que instruir pedido qualidade de parte ou de terceiro
de cooperação jurídica interna- interveniente, exceto as ações:
cional, inclusive tradução para a I – de recuperação judicial,
Seção III – Da Carta língua portuguesa, quando enca- falência, insolvência civil e aci-
Rogatória minhado ao Estado brasileiro por dente de trabalho;
meio de autoridade central ou por II – sujeitas à justiça eleitoral
Art. 35. (Vetado) via diplomática, dispensando-se e à justiça do trabalho.
ajuramentação, autenticação ou § 1o Os autos não serão re-
Art. 36. O procedimento da car- qualquer procedimento de lega- metidos se houver pedido cuja
ta rogatória perante o Superior lização. apreciação seja de competência
Tribunal de Justiça é de jurisdi- Parágrafo único. O disposto do juízo perante o qual foi pro-
ção contenciosa e deve assegurar no caput não impede, quando ne- posta a ação.
às partes as garantias do devido cessária, a aplicação pelo Estado § 2o Na hipótese do § 1o, o
processo legal. brasileiro do princípio da recipro- juiz, ao não admitir a cumulação
§ 1o A defesa restringir-se-á cidade de tratamento. de pedidos em razão da incom-
à discussão quanto ao atendimen- petência para apreciar qualquer
to dos requisitos para que o pro- deles, não examinará o mérito
nunciamento judicial estrangeiro TÍTULO III – DA daquele em que exista interesse
produza efeitos no Brasil. COMPETÊNCIA INTERNA da União, de suas entidades au-
§ 2o Em qualquer hipótese, tárquicas ou de suas empresas
é vedada a revisão do mérito do CAPÍTULO I – DA públicas.
pronunciamento judicial estran- COMPETÊNCIA § 3o O juízo federal restituirá
geiro pela autoridade judiciária Seção I – Disposições Gerais os autos ao juízo estadual sem
brasileira. suscitar conflito se o ente federal
cuja presença ensejou a remessa
Art. 42. As causas cíveis serão for excluído do processo.
Seção IV – Disposições processadas e decididas pelo juiz
Comuns às Seções nos limites de sua competência, Art. 46. A ação fundada em di-
Anteriores ressalvado às partes o direito reito pessoal ou em direito real
de instituir juízo arbitral, na for- sobre bens móveis será propos-
Art. 37. O pedido de cooperação ma da lei. ta, em regra, no foro de domicí-
jurídica internacional oriundo de lio do réu.
autoridade brasileira competente Art. 43. Determina-se a compe- § 1o Tendo mais de um do-
será encaminhado à autoridade tência no momento do registro ou micílio, o réu será demandado
central para posterior envio ao da distribuição da petição inicial, no foro de qualquer deles.
Estado requerido para lhe dar sendo irrelevantes as modifica- § 2o Sendo incerto ou des-
andamento. ções do estado de fato ou de di- conhecido o domicílio do réu, ele
reito ocorridas posteriormente, poderá ser demandado onde for
Art. 38. O pedido de cooperação salvo quando suprimirem órgão encontrado ou no foro de domi-
oriundo de autoridade brasileira judiciário ou alterarem a compe- cílio do autor.
competente e os documentos tência absoluta. § 3o Quando o réu não tiver
anexos que o instruem serão en- domicílio ou residência no Brasil,
caminhados à autoridade cen- Art. 44. Obedecidos os limites a ação será proposta no foro de
tral, acompanhados de tradução estabelecidos pela Constituição domicílio do autor, e, se este tam-
para a língua oficial do Estado Federal, a competência é deter- bém residir fora do Brasil, a ação
requerido. minada pelas normas previstas será proposta em qualquer foro.
neste Código ou em legislação § 4o Havendo 2 (dois) ou mais
Art. 39. O pedido passivo de co- especial, pelas normas de or- réus com diferentes domicílios,
operação jurídica internacional ganização judiciária e, ainda, no serão demandados no foro de
será recusado se configurar ma- que couber, pelas constituições qualquer deles, à escolha do au-
nifesta ofensa à ordem pública. dos Estados. tor.
§ 5o A execução fiscal será
Art. 40. A cooperação jurídi- Art. 45. Tramitando o proces- proposta no foro de domicílio do
ca internacional para execução so perante outro juízo, os autos réu, no de sua residência ou no
de decisão estrangeira dar-se- serão remetidos ao juízo federal do lugar onde for encontrado.2
-á por meio de carta rogatória competente se nele intervier a
ou de ação de homologação de União, suas empresas públicas, Art. 47. Para as ações fundadas
sentença estrangeira, de acordo entidades autárquicas e funda-
com o art. 960. ções, ou conselho de fiscaliza- 2
NE: ver ADIs nos 5.492 e 5.737.
280
Código de Processo Civil
em direito real sobre imóveis é Art. 52. É competente o foro de b) em que for réu administra-
competente o foro de situação domicílio do réu para as causas dor ou gestor de negócios alheios;
da coisa. em que seja autor Estado ou o V – de domicílio do autor ou do
§ 1o O autor pode optar pelo Distrito Federal. local do fato, para a ação de repa-
foro de domicílio do réu ou pelo Parágrafo único. Se Estado ração de dano sofrido em razão
foro de eleição se o litígio não re- ou o Distrito Federal for o deman- de delito ou acidente de veículos,
cair sobre direito de propriedade, dado, a ação poderá ser proposta inclusive aeronaves.
vizinhança, servidão, divisão e no foro de domicílio do autor, no
demarcação de terras e de nun- de ocorrência do ato ou fato que
ciação de obra nova. originou a demanda, no de situ-
Seção II – Da Modificação da
§ 2o A ação possessória imo- ação da coisa ou na capital do Competência
biliária será proposta no foro de respectivo ente federado.3
situação da coisa, cujo juízo tem Art. 54. A competência relativa
competência absoluta. Art. 53. É competente o foro: poderá modificar-se pela conexão
I – para a ação de divórcio, se- ou pela continência, observado o
Art. 48. O foro de domicílio do paração, anulação de casamento disposto nesta Seção.
autor da herança, no Brasil, é o e reconhecimento ou dissolução
competente para o inventário, a de união estável: Art. 55. Reputam-se conexas
partilha, a arrecadação, o cum- a) de domicílio do guardião 2 (duas) ou mais ações quando
primento de disposições de úl- de filho incapaz; lhes for comum o pedido ou a
tima vontade, a impugnação ou b) do último domicílio do ca- causa de pedir.
anulação de partilha extrajudicial sal, caso não haja filho incapaz; § 1o Os processos de ações
e para todas as ações em que o c) de domicílio do réu, se conexas serão reunidos para de-
espólio for réu, ainda que o óbito nenhuma das partes residir no cisão conjunta, salvo se um deles
tenha ocorrido no estrangeiro. antigo domicílio do casal; já houver sido sentenciado.
Parágrafo único. Se o autor d) de domicílio da vítima de § 2o Aplica-se o disposto no
da herança não possuía domicílio violência doméstica e familiar, caput:
certo, é competente: nos termos da Lei no 11.340, de I – à execução de título extra-
I – o foro de situação dos bens 7 de agosto de 2006 (Lei Maria judicial e à ação de conhecimento
imóveis; da Penha); relativa ao mesmo ato jurídico;
II – havendo bens imóveis em II – de domicílio ou residência II – às execuções fundadas no
foros diferentes, qualquer destes; do alimentando, para a ação em mesmo título executivo.
III – não havendo bens imó- que se pedem alimentos; § 3o Serão reunidos para jul-
veis, o foro do local de qualquer III – do lugar: gamento conjunto os processos
dos bens do espólio. a) onde está a sede, para a que possam gerar risco de pro-
ação em que for ré pessoa ju- lação de decisões conflitantes
Art. 49. A ação em que o ausen- rídica; ou contraditórias caso decididos
te for réu será proposta no foro b) onde se acha agência ou separadamente, mesmo sem co-
de seu último domicílio, também sucursal, quanto às obrigações nexão entre eles.
competente para a arrecadação, que a pessoa jurídica contraiu;
o inventário, a partilha e o cum- c) onde exerce suas ativi- Art. 56. Dá-se a continência en-
primento de disposições testa- dades, para a ação em que for tre 2 (duas) ou mais ações quan-
mentárias. ré sociedade ou associação sem do houver identidade quanto às
personalidade jurídica; partes e à causa de pedir, mas o
Art. 50. A ação em que o incapaz d) onde a obrigação deve ser pedido de uma, por ser mais am-
for réu será proposta no foro de satisfeita, para a ação em que se plo, abrange o das demais.
domicílio de seu representante lhe exigir o cumprimento;
ou assistente. e) de residência do idoso, Art. 57. Quando houver conti-
para a causa que verse sobre nência e a ação continente tiver
Art. 51. É competente o foro de direito previsto no respectivo sido proposta anteriormente, no
domicílio do réu para as causas estatuto; processo relativo à ação contida
em que seja autora a União. f) da sede da serventia nota- será proferida sentença sem re-
Parágrafo único. Se a União rial ou de registro, para a ação de solução de mérito, caso contrário,
for a demandada, a ação poderá reparação de dano por ato prati- as ações serão necessariamente
ser proposta no foro de domicílio cado em razão do ofício; reunidas.
do autor, no de ocorrência do ato IV – do lugar do ato ou fato
ou fato que originou a demanda, para a ação: Art. 58. A reunião das ações
no de situação da coisa ou no a) de reparação de dano; propostas em separado far-se-á
Distrito Federal. no juízo prevento, onde serão de-
3
NE: ver ADIs nos 5.492 e 5.737. cididas simultaneamente.
281
Código de Processo Civil
Art. 59. O registro ou a distri- competência seja acolhida, os II – reunião ou apensamento
buição da petição inicial torna autos serão remetidos ao juízo de processos;
prevento o juízo. competente. III – prestação de informa-
§ 4o Salvo decisão judicial ções;
Art. 60. Se o imóvel se achar em sentido contrário, conser- IV – atos concertados entre
situado em mais de um Estado, var-se-ão os efeitos de decisão os juízes cooperantes.
comarca, seção ou subseção ju- proferida pelo juízo incompetente § 1o As cartas de ordem, pre-
diciária, a competência territorial até que outra seja proferida, se catória e arbitral seguirão o regi-
do juízo prevento estender-se-á for o caso, pelo juízo competente. me previsto neste Código.
sobre a totalidade do imóvel. § 2o Os atos concertados
Art. 65. Prorrogar-se-á a com- entre os juízes cooperantes po-
Art. 61. A ação acessória será petência relativa se o réu não derão consistir, além de outros,
proposta no juízo competente alegar a incompetência em pre- no estabelecimento de procedi-
para a ação principal. liminar de contestação. mento para:
Parágrafo único. A incompe- I – a prática de citação, in-
Art. 62. A competência deter- tência relativa pode ser alegada timação ou notificação de ato;
minada em razão da matéria, da pelo Ministério Público nas causas II – a obtenção e apresenta-
pessoa ou da função é inderro- em que atuar. ção de provas e a coleta de de-
gável por convenção das partes. poimentos;
Art. 66. Há conflito de compe- III – a efetivação de tutela
Art. 63. As partes podem modi- tência quando: provisória;
ficar a competência em razão do I – 2 (dois) ou mais juízes se IV – a efetivação de medidas e
valor e do território, elegendo foro declaram competentes; providências para recuperação e
onde será proposta ação oriunda II – 2 (dois) ou mais juízes preservação de empresas;
de direitos e obrigações. se consideram incompetentes, V – a facilitação de habilita-
§ 1o A eleição de foro só atribuindo um ao outro a com- ção de créditos na falência e na
produz efeito quando constar petência; recuperação judicial;
de instrumento escrito e aludir III – entre 2 (dois) ou mais VI – a centralização de pro-
expressamente a determinado juízes surge controvérsia acer- cessos repetitivos;
negócio jurídico. ca da reunião ou separação de VII – a execução de decisão
§ 2o O foro contratual obriga processos. jurisdicional.
os herdeiros e sucessores das Parágrafo único. O juiz que § 3o O pedido de cooperação
partes. não acolher a competência decli- judiciária pode ser realizado entre
§ 3o Antes da citação, a cláu- nada deverá suscitar o conflito, órgãos jurisdicionais de diferen-
sula de eleição de foro, se abusi- salvo se a atribuir a outro juízo. tes ramos do Poder Judiciário.
va, pode ser reputada ineficaz de
ofício pelo juiz, que determinará
a remessa dos autos ao juízo do CAPÍTULO II – DA LIVRO III – DOS SUJEITOS
foro de domicílio do réu. COOPERAÇÃO NACIONAL DO PROCESSO
§ 4o Citado, incumbe ao réu
alegar a abusividade da cláusula Art. 67. Aos órgãos do Poder TÍTULO I – DAS PARTES E
de eleição de foro na contestação, Judiciário, estadual ou federal, DOS PROCURADORES
sob pena de preclusão. especializado ou comum, em to-
das as instâncias e graus de ju- CAPÍTULO I – DA
risdição, inclusive aos tribunais CAPACIDADE PROCESSUAL
Seção III – Da Incompetência superiores, incumbe o dever de
recíproca cooperação, por meio Art. 70. Toda pessoa que se en-
Art. 64. A incompetência, ab- de seus magistrados e servidores. contre no exercício de seus direi-
soluta ou relativa, será alega- tos tem capacidade para estar
da como questão preliminar de Art. 68. Os juízos poderão for- em juízo.
contestação. mular entre si pedido de coope-
§ 1o A incompetência absolu- ração para prática de qualquer Art. 71. O incapaz será repre-
ta pode ser alegada em qualquer ato processual. sentado ou assistido por seus
tempo e grau de jurisdição e deve pais, por tutor ou por curador,
ser declarada de ofício. Art. 69. O pedido de cooperação na forma da lei.
§ 2o Após manifestação da jurisdicional deve ser prontamen-
parte contrária, o juiz decidirá te atendido, prescinde de forma Art. 72. O juiz nomeará curador
imediatamente a alegação de específica e pode ser executa- especial ao:
incompetência. do como: I – incapaz, se não tiver repre-
§ 3o Caso a alegação de in- I – auxílio direto; sentante legal ou se os interesses
282
Código de Processo Civil
deste colidirem com os daquele, deral, por seus procuradores; derá de autorização do respectivo
enquanto durar a incapacidade; III – o Município, por seu pre- chefe do Poder Executivo muni-
II – réu preso revel, bem como feito, procurador ou Associação cipal, com indicação específica
ao réu revel citado por edital ou de Representação de Municípios, do direito ou da obrigação a ser
com hora certa, enquanto não for quando expressamente autori- objeto das medidas judiciais.
constituído advogado. zada;
Parágrafo único. A curatela IV – a autarquia e a fundação Art. 76. Verificada a incapacida-
especial será exercida pela Defen- de direito público, por quem a lei de processual ou a irregularidade
soria Pública, nos termos da lei. do ente federado designar; da representação da parte, o juiz
V – a massa falida, pelo ad- suspenderá o processo e desig-
Art. 73. O cônjuge necessitará ministrador judicial; nará prazo razoável para que seja
do consentimento do outro para VI – a herança jacente ou va- sanado o vício.
propor ação que verse sobre di- cante, por seu curador; § 1o Descumprida a determi-
reito real imobiliário, salvo quando VII – o espólio, pelo inven- nação, caso o processo esteja na
casados sob o regime de separa- tariante; instância originária:
ção absoluta de bens. VIII – a pessoa jurídica, por I – o processo será extinto,
§ 1o Ambos os cônjuges serão quem os respectivos atos cons- se a providência couber ao autor;
necessariamente citados para titutivos designarem ou, não ha- II – o réu será considerado
a ação: vendo essa designação, por seus revel, se a providência lhe couber;
I – que verse sobre direito real diretores; III – o terceiro será considera-
imobiliário, salvo quando casados IX – a sociedade e a associa- do revel ou excluído do processo,
sob o regime de separação abso- ção irregulares e outros entes dependendo do polo em que se
luta de bens; organizados sem personalidade encontre.
II – resultante de fato que diga jurídica, pela pessoa a quem cou- § 2o Descumprida a determi-
respeito a ambos os cônjuges ou ber a administração de seus bens; nação em fase recursal perante
de ato praticado por eles; X – a pessoa jurídica estran- tribunal de justiça, tribunal regio-
III – fundada em dívida con- geira, pelo gerente, representan- nal federal ou tribunal superior,
traída por um dos cônjuges a bem te ou administrador de sua filial, o relator:
da família; agência ou sucursal aberta ou I – não conhecerá do recur-
IV – que tenha por objeto o re- instalada no Brasil; so, se a providência couber ao
conhecimento, a constituição ou XI – o condomínio, pelo ad- recorrente;
a extinção de ônus sobre imóvel ministrador ou síndico. II – determinará o desentra-
de um ou de ambos os cônjuges. § 1o Quando o inventariante nhamento das contrarrazões, se a
§ 2o Nas ações possessó- for dativo, os sucessores do fale- providência couber ao recorrido.
rias, a participação do cônjuge cido serão intimados no processo
do autor ou do réu somente é no qual o espólio seja parte.
indispensável nas hipóteses de § 2o A sociedade ou associa- CAPÍTULO II – DOS
composse ou de ato por ambos ção sem personalidade jurídica DEVERES DAS PARTES E
praticado. não poderá opor a irregularida- DE SEUS PROCURADORES
§ 3o Aplica-se o dispos- de de sua constituição quando
to neste artigo à união estável demandada. Seção I – Dos Deveres
comprovada nos autos. § 3o O gerente de filial ou
agência presume-se autorizado Art. 77. Além de outros previstos
Art. 74. O consentimento pre- pela pessoa jurídica estrangeira neste Código, são deveres das
visto no art. 73 pode ser suprido a receber citação para qualquer partes, de seus procuradores e
judicialmente quando for negado processo. de todos aqueles que de qualquer
por um dos cônjuges sem justo § 4o Os Estados e o Distrito forma participem do processo:
motivo, ou quando lhe seja im- Federal poderão ajustar com- I – expor os fatos em juízo
possível concedê-lo. promisso recíproco para práti- conforme a verdade;
Parágrafo único. A falta de ca de ato processual por seus II – não formular pretensão
consentimento, quando necessá- procuradores em favor de outro ou de apresentar defesa quando
rio e não suprido pelo juiz, invalida ente federado, mediante convê- cientes de que são destituídas de
o processo. nio firmado pelas respectivas fundamento;
procuradorias. III – não produzir provas e não
Art. 75. Serão representados § 5o A representação judicial praticar atos inúteis ou desneces-
em juízo, ativa e passivamente: do Município pela Associação de sários à declaração ou à defesa
I – a União, pela Advocacia- Representação de Municípios so- do direito;
-Geral da União, diretamente ou mente poderá ocorrer em ques- IV – cumprir com exatidão as
mediante órgão vinculado; tões de interesse comum dos decisões jurisdicionais, de na-
II – o Estado e o Distrito Fe- Municípios associados e depen- tureza provisória ou final, e não
283
Código de Processo Civil
criar embaraços à sua efetivação; classe ou corregedoria, ao qual o ato do processo;
V – declinar, no primeiro mo- juiz oficiará. VI – provocar incidente ma-
mento que lhes couber falar nos § 7o Reconhecida violação nifestamente infundado;
autos, o endereço residencial ao disposto no inciso VI, o juiz VII – interpuser recurso com
ou profissional onde receberão determinará o restabelecimen- intuito manifestamente prote-
intimações, atualizando essa in- to do estado anterior, podendo, latório.
formação sempre que ocorrer ainda, proibir a parte de falar nos
qualquer modificação temporária autos até a purgação do atentado, Art. 81. De ofício ou a requeri-
ou definitiva; sem prejuízo da aplicação do § 2o. mento, o juiz condenará o litigante
VI – não praticar inovação § 8o O representante judicial de má-fé a pagar multa, que de-
ilegal no estado de fato de bem da parte não pode ser compelido verá ser superior a um por cento
ou direito litigioso; a cumprir decisão em seu lugar. e inferior a dez por cento do valor
VII – informar e manter atu- corrigido da causa, a indenizar a
alizados seus dados cadastrais Art. 78. É vedado às partes, a parte contrária pelos prejuízos
perante os órgãos do Poder Judi- seus procuradores, aos juízes, que esta sofreu e a arcar com os
ciário e, no caso do § 6o do art. 246 aos membros do Ministério Pú- honorários advocatícios e com
deste Código, da Administração blico e da Defensoria Pública e todas as despesas que efetuou.
Tributária, para recebimento de a qualquer pessoa que partici- § 1o Quando forem 2 (dois) ou
citações e intimações. pe do processo empregar ex- mais os litigantes de má-fé, o juiz
§ 1o Nas hipóteses dos inci- pressões ofensivas nos escritos condenará cada um na proporção
sos IV e VI, o juiz advertirá qual- apresentados. de seu respectivo interesse na
quer das pessoas mencionadas § 1o Quando expressões ou causa ou solidariamente aque-
no caput de que sua conduta po- condutas ofensivas forem mani- les que se coligaram para lesar
derá ser punida como ato aten- festadas oral ou presencialmente, a parte contrária.
tatório à dignidade da justiça. o juiz advertirá o ofensor de que § 2o Quando o valor da cau-
§ 2o A violação ao disposto não as deve usar ou repetir, sob sa for irrisório ou inestimável, a
nos incisos IV e VI constitui ato pena de lhe ser cassada a palavra. multa poderá ser fixada em até
atentatório à dignidade da justi- § 2o De ofício ou a requeri- 10 (dez) vezes o valor do salário
ça, devendo o juiz, sem prejuízo mento do ofendido, o juiz determi- mínimo.
das sanções criminais, civis e nará que as expressões ofensivas § 3o O valor da indenização
processuais cabíveis, aplicar ao sejam riscadas e, a requerimento será fixado pelo juiz ou, caso não
responsável multa de até vinte por do ofendido, determinará a ex- seja possível mensurá-lo, liqui-
cento do valor da causa, de acor- pedição de certidão com inteiro dado por arbitramento ou pelo
do com a gravidade da conduta. teor das expressões ofensivas e procedimento comum, nos pró-
§ 3o Não sendo paga no pra- a colocará à disposição da parte prios autos.
zo a ser fixado pelo juiz, a multa interessada.
prevista no § 2o será inscrita como
dívida ativa da União ou do Esta-
Seção III – Das Despesas,
do após o trânsito em julgado da
Seção II – Da dos Honorários Advocatícios
decisão que a fixou, e sua execu- Responsabilidade das Partes e das Multas
ção observará o procedimento da por Dano Processual
execução fiscal, revertendo-se Art. 82. Salvo as disposições
aos fundos previstos no art. 97. Art. 79. Responde por perdas e concernentes à gratuidade da
§ 4o A multa estabelecida danos aquele que litigar de má-fé justiça, incumbe às partes prover
no § 2o poderá ser fixada inde- como autor, réu ou interveniente. as despesas dos atos que realiza-
pendentemente da incidência rem ou requererem no processo,
das previstas nos arts. 523, § 1o, Art. 80. Considera-se litigante antecipando-lhes o pagamento,
e 536, § 1o. de má-fé aquele que: desde o início até a sentença fi-
§ 5o Quando o valor da cau- I – deduzir pretensão ou de- nal ou, na execução, até a plena
sa for irrisório ou inestimável, a fesa contra texto expresso de lei satisfação do direito reconhecido
multa prevista no § 2o poderá ser ou fato incontroverso; no título.
fixada em até 10 (dez) vezes o valor II – alterar a verdade dos fa- § 1o Incumbe ao autor adian-
do salário mínimo. tos; tar as despesas relativas a ato
§ 6o Aos advogados públicos III – usar do processo para cuja realização o juiz determinar
ou privados e aos membros da conseguir objetivo ilegal; de ofício ou a requerimento do
Defensoria Pública e do Ministério IV – opuser resistência injus- Ministério Público, quando sua
Público não se aplica o disposto tificada ao andamento do pro- intervenção ocorrer como fiscal
nos §§ 2o a 5o, devendo eventual cesso; da ordem jurídica.
responsabilidade disciplinar ser V – proceder de modo teme- § 2o A sentença condenará o
apurada pelo respectivo órgão de rário em qualquer incidente ou vencido a pagar ao vencedor as
284
Código de Processo Civil
despesas que antecipou. advogado e o tempo exigido para § 5o Quando, conforme o
o seu serviço. caso, a condenação contra a
Art. 83. O autor, brasileiro ou § 3o Nas causas em que a Fazenda Pública ou o benefício
estrangeiro, que residir fora do Fazenda Pública for parte, a fi- econômico obtido pelo vencedor
Brasil ou deixar de residir no país xação dos honorários observará ou o valor da causa for superior
ao longo da tramitação de pro- os critérios estabelecidos nos ao valor previsto no inciso I do
cesso prestará caução suficiente incisos I a IV do § 2o e os seguin- § 3o, a fixação do percentual de
ao pagamento das custas e dos tes percentuais: honorários deve observar a faixa
honorários de advogado da parte I – mínimo de dez e máximo inicial e, naquilo que a exceder,
contrária nas ações que propuser, de vinte por cento sobre o valor a faixa subsequente, e assim su-
se não tiver no Brasil bens imóveis da condenação ou do proveito cessivamente.
que lhes assegurem o pagamento. econômico obtido até 200 (du- § 6o Os limites e critérios
§ 1o Não se exigirá a caução zentos) salários mínimos; previstos nos §§ 2o e 3o aplicam-
de que trata o caput: II – mínimo de oito e máximo -se independentemente de qual
I – quando houver dispensa de dez por cento sobre o valor seja o conteúdo da decisão, inclu-
prevista em acordo ou tratado da condenação ou do proveito sive aos casos de improcedência
internacional de que o Brasil faz econômico obtido acima de 200 ou de sentença sem resolução
parte; (duzentos) salários mínimos até de mérito.
II – na execução fundada em 2.000 (dois mil) salários mínimos; § 6o-A. Quando o valor da
título extrajudicial e no cumpri- III – mínimo de cinco e má- condenação ou do proveito eco-
mento de sentença; ximo de oito por cento sobre o nômico obtido ou o valor atu-
III – na reconvenção. valor da condenação ou do pro- alizado da causa for líquido ou
§ 2o Verificando-se no trâmi- veito econômico obtido acima de liquidável, para fins de fixação
te do processo que se desfalcou 2.000 (dois mil) salários mínimos dos honorários advocatícios, nos
a garantia, poderá o interessado até 20.000 (vinte mil) salários mí- termos dos §§ 2o e 3o, é proibida a
exigir reforço da caução, justifi- nimos; apreciação equitativa, salvo nas
cando seu pedido com a indicação IV – mínimo de três e máxi- hipóteses expressamente previs-
da depreciação do bem dado em mo de cinco por cento sobre o tas no § 8o deste artigo.
garantia e a importância do refor- valor da condenação ou do pro- § 7o Não serão devidos ho-
ço que pretende obter. veito econômico obtido acima norários no cumprimento de sen-
de 20.000 (vinte mil) salários mí- tença contra a Fazenda Pública
Art. 84. As despesas abrangem nimos até 100.000 (cem mil) sa- que enseje expedição de preca-
as custas dos atos do processo, a lários mínimos; tório, desde que não tenha sido
indenização de viagem, a remu- V – mínimo de um e máximo impugnada.
neração do assistente técnico e de três por cento sobre o valor da § 8o Nas causas em que for
a diária de testemunha. condenação ou do proveito eco- inestimável ou irrisório o provei-
nômico obtido acima de 100.000 to econômico ou, ainda, quando
Art. 85. A sentença condenará (cem mil) salários mínimos. o valor da causa for muito baixo,
o vencido a pagar honorários ao § 4o Em qualquer das hipó- o juiz fixará o valor dos honorá-
advogado do vencedor. teses do § 3o: rios por apreciação equitativa,
§ 1o São devidos honorários I – os percentuais previstos observando o disposto nos inci-
advocatícios na reconvenção, no nos incisos I a V devem ser apli- sos do § 2o.
cumprimento de sentença, provi- cados desde logo, quando for § 8o-A. Na hipótese do § 8o
sório ou definitivo, na execução, líquida a sentença; deste artigo, para fins de fixação
resistida ou não, e nos recursos II – não sendo líquida a sen- equitativa de honorários sucum-
interpostos, cumulativamente. tença, a definição do percentual, benciais, o juiz deverá observar
§ 2o Os honorários serão fi- nos termos previstos nos incisos os valores recomendados pelo
xados entre o mínimo de dez e o I a V, somente ocorrerá quando Conselho Seccional da Ordem
máximo de vinte por cento sobre o liquidado o julgado; dos Advogados do Brasil a título
valor da condenação, do proveito III – não havendo condenação de honorários advocatícios ou o
econômico obtido ou, não sendo principal ou não sendo possível limite mínimo de 10% (dez por
possível mensurá-lo, sobre o valor mensurar o proveito econômico cento) estabelecido no § 2o des-
atualizado da causa, atendidos: obtido, a condenação em hono- te artigo, aplicando-se o que for
I – o grau de zelo do profis- rários dar-se-á sobre o valor atu- maior.
sional; alizado da causa; § 9o Na ação de indenização
II – o lugar de prestação do IV – será considerado o salá- por ato ilícito contra pessoa, o
serviço; rio mínimo vigente quando pro- percentual de honorários incidi-
III – a natureza e a importân- latada sentença líquida ou o que rá sobre a soma das prestações
cia da causa; estiver em vigor na data da de- vencidas acrescida de 12 (doze)
IV – o trabalho realizado pelo cisão de liquidação. prestações vincendas.
285
Código de Processo Civil
§ 10. Nos casos de perda do bência, nos termos da lei.4 quanto às despesas, estas serão
objeto, os honorários serão de- § 20. O disposto nos §§ 2o, 3o, divididas igualmente.
vidos por quem deu causa ao 4o, 5o, 6o, 6o-A, 8o, 8o-A, 9o e 10 des- § 3o Se a transação ocorrer
processo. te artigo aplica-se aos honorários antes da sentença, as partes fi-
§ 11. O tribunal, ao julgar re- fixados por arbitramento judicial. cam dispensadas do pagamento
curso, majorará os honorários das custas processuais remanes-
fixados anteriormente levando Art. 86. Se cada litigante for, em centes, se houver.
em conta o trabalho adicional parte, vencedor e vencido, serão § 4o Se o réu reconhecer a
realizado em grau recursal, ob- proporcionalmente distribuídas procedência do pedido e, simul-
servando, conforme o caso, o entre eles as despesas. taneamente, cumprir integral-
disposto nos §§ 2o a 6o, sendo Parágrafo único. Se um liti- mente a prestação reconhecida,
vedado ao tribunal, no cômputo gante sucumbir em parte mínima os honorários serão reduzidos
geral da fixação de honorários do pedido, o outro responderá, pela metade.
devidos ao advogado do vence- por inteiro, pelas despesas e pelos
dor, ultrapassar os respectivos honorários. Art. 91. As despesas dos atos
limites estabelecidos nos §§ 2o e processuais praticados a reque-
3o para a fase de conhecimento. Art. 87. Concorrendo diversos rimento da Fazenda Pública, do
§ 12. Os honorários referidos autores ou diversos réus, os ven- Ministério Público ou da Defen-
no § 11 são cumuláveis com multas cidos respondem proporcional- soria Pública serão pagas ao final
e outras sanções processuais, mente pelas despesas e pelos pelo vencido.
inclusive as previstas no art. 77. honorários. § 1o As perícias requeridas
§ 13. As verbas de sucum- § 1o A sentença deverá dis- pela Fazenda Pública, pelo Minis-
bência arbitradas em embargos tribuir entre os litisconsortes, de tério Público ou pela Defensoria
à execução rejeitados ou julga- forma expressa, a responsabilida- Pública poderão ser realizadas
dos improcedentes e em fase de de proporcional pelo pagamento por entidade pública ou, haven-
cumprimento de sentença serão das verbas previstas no caput. do previsão orçamentária, ter os
acrescidas no valor do débito § 2o Se a distribuição de que valores adiantados por aquele que
principal, para todos os efeitos trata o § 1o não for feita, os venci- requerer a prova.
legais. dos responderão solidariamente § 2o Não havendo previ-
§ 14. Os honorários cons- pelas despesas e pelos hono- são orçamentária no exercício
tituem direito do advogado e rários. financeiro para adiantamento
têm natureza alimentar, com os dos honorários periciais, eles se-
mesmos privilégios dos créditos Art. 88. Nos procedimentos de rão pagos no exercício seguinte
oriundos da legislação do traba- jurisdição voluntária, as despesas ou ao final, pelo vencido, caso
lho, sendo vedada a compensação serão adiantadas pelo requerente o processo se encerre antes do
em caso de sucumbência parcial. e rateadas entre os interessados. adiantamento a ser feito pelo
§ 15. O advogado pode reque- ente público.
rer que o pagamento dos honorá- Art. 89. Nos juízos divisórios,
rios que lhe caibam seja efetuado não havendo litígio, os interes- Art. 92. Quando, a requerimento
em favor da sociedade de advoga- sados pagarão as despesas pro- do réu, o juiz proferir sentença
dos que integra na qualidade de porcionalmente a seus quinhões. sem resolver o mérito, o autor
sócio, aplicando-se à hipótese o não poderá propor novamente
disposto no § 14. Art. 90. Proferida sentença com a ação sem pagar ou depositar
§ 16. Quando os honorários fundamento em desistência, em em cartório as despesas e os
forem fixados em quantia certa, renúncia ou em reconhecimento honorários a que foi condenado.
os juros moratórios incidirão a do pedido, as despesas e os ho-
partir da data do trânsito em jul- norários serão pagos pela parte Art. 93. As despesas de atos
gado da decisão. que desistiu, renunciou ou re- adiados ou cuja repetição for ne-
§ 17. Os honorários serão de- conheceu. cessária ficarão a cargo da parte,
vidos quando o advogado atuar § 1o Sendo parcial a desis- do auxiliar da justiça, do órgão do
em causa própria. tência, a renúncia ou o reconhe- Ministério Público ou da Defen-
§ 18. Caso a decisão tran- cimento, a responsabilidade pelas soria Pública ou do juiz que, sem
sitada em julgado seja omissa despesas e pelos honorários será justo motivo, houver dado causa
quanto ao direito aos honorários proporcional à parcela reconhe- ao adiamento ou à repetição.
ou ao seu valor, é cabível ação cida, à qual se renunciou ou da
autônoma para sua definição e qual se desistiu. Art. 94. Se o assistido for venci-
cobrança. § 2o Havendo transação e do, o assistente será condenado
§ 19. Os advogados públicos nada tendo as partes disposto ao pagamento das custas em
perceberão honorários de sucum- proporção à atividade que houver
4
NE: ver ADI no 6.053. exercido no processo.
286
Código de Processo Civil
Art. 95. Cada parte adiantará a tencerá ao Estado ou à União. efetivação de decisão judicial
remuneração do assistente téc- ou à continuidade de processo
nico que houver indicado, sendo Art. 97. A União e os Estados po- judicial no qual o benefício tenha
a do perito adiantada pela parte dem criar fundos de moderniza- sido concedido.
que houver requerido a perícia ção do Poder Judiciário, aos quais § 2o A concessão de gratui-
ou rateada quando a perícia for serão revertidos os valores das dade não afasta a responsabilida-
determinada de ofício ou reque- sanções pecuniárias processuais de do beneficiário pelas despesas
rida por ambas as partes. destinadas à União e aos Estados, processuais e pelos honorários
§ 1o O juiz poderá determi- e outras verbas previstas em lei. advocatícios decorrentes de sua
nar que a parte responsável pelo sucumbência.
pagamento dos honorários do § 3o Vencido o beneficiário,
perito deposite em juízo o valor
Seção IV – Da Gratuidade da as obrigações decorrentes de sua
correspondente. Justiça sucumbência ficarão sob condi-
§ 2o A quantia recolhida em ção suspensiva de exigibilidade e
depósito bancário à ordem do Art. 98. A pessoa natural ou ju- somente poderão ser executadas
juízo será corrigida monetaria- rídica, brasileira ou estrangeira, se, nos 5 (cinco) anos subsequen-
mente e paga de acordo com o com insuficiência de recursos tes ao trânsito em julgado da de-
art. 465, § 4o. para pagar as custas, as despe- cisão que as certificou, o credor
§ 3o Quando o pagamento da sas processuais e os honorários demonstrar que deixou de existir
perícia for de responsabilidade advocatícios tem direito à gratui- a situação de insuficiência de re-
de beneficiário de gratuidade da dade da justiça, na forma da lei. cursos que justificou a concessão
justiça, ela poderá ser: § 1o A gratuidade da justiça de gratuidade, extinguindo-se,
I – custeada com recursos compreende: passado esse prazo, tais obriga-
alocados no orçamento do ente I – as taxas ou as custas ju- ções do beneficiário.
público e realizada por servidor diciais; § 4o A concessão de gra-
do Poder Judiciário ou por órgão II – os selos postais; tuidade não afasta o dever de
público conveniado; III – as despesas com publi- o beneficiário pagar, ao final, as
II – paga com recursos alo- cação na imprensa oficial, dis- multas processuais que lhe sejam
cados no orçamento da União, pensando-se a publicação em impostas.
do Estado ou do Distrito Federal, outros meios; § 5o A gratuidade poderá ser
no caso de ser realizada por par- IV – a indenização devida à concedida em relação a algum ou
ticular, hipótese em que o valor testemunha que, quando em- a todos os atos processuais, ou
será fixado conforme tabela do pregada, receberá do emprega- consistir na redução percentual
tribunal respectivo ou, em caso dor salário integral, como se em de despesas processuais que o
de sua omissão, do Conselho Na- serviço estivesse; beneficiário tiver de adiantar no
cional de Justiça. V – as despesas com a rea- curso do procedimento.
§ 4o Na hipótese do § 3o, o lização de exame de código ge- § 6o Conforme o caso, o juiz
juiz, após o trânsito em julgado da nético – DNA e de outros exames poderá conceder direito ao parce-
decisão final, oficiará a Fazenda considerados essenciais; lamento de despesas processuais
Pública para que promova, contra VI – os honorários do advoga- que o beneficiário tiver de adian-
quem tiver sido condenado ao pa- do e do perito e a remuneração tar no curso do procedimento.
gamento das despesas processu- do intérprete ou do tradutor no- § 7o Aplica-se o disposto no
ais, a execução dos valores gastos meado para apresentação de ver- art. 95, §§ 3o a 5o, ao custeio dos
com a perícia particular ou com são em português de documento emolumentos previstos no § 1o, in-
a utilização de servidor público redigido em língua estrangeira; ciso IX, do presente artigo, obser-
ou da estrutura de órgão público, VII – o custo com a elabo- vada a tabela e as condições da lei
observando-se, caso o responsá- ração de memória de cálculo, estadual ou distrital respectiva.
vel pelo pagamento das despesas quando exigida para instauração § 8o Na hipótese do § 1o, in-
seja beneficiário de gratuidade da da execução; ciso IX, havendo dúvida fundada
justiça, o disposto no art. 98, § 2o. VIII – os depósitos previstos quanto ao preenchimento atual
§ 5o Para fins de aplicação em lei para interposição de re- dos pressupostos para a conces-
do § 3o, é vedada a utilização de curso, para propositura de ação e são de gratuidade, o notário ou
recursos do fundo de custeio da para a prática de outros atos pro- registrador, após praticar o ato,
Defensoria Pública. cessuais inerentes ao exercício da pode requerer, ao juízo compe-
ampla defesa e do contraditório; tente para decidir questões no-
Art. 96. O valor das sanções IX – os emolumentos devi- tariais ou registrais, a revogação
impostas ao litigante de má-fé dos a notários ou registradores total ou parcial do benefício ou
reverterá em benefício da parte em decorrência da prática de a sua substituição pelo parcela-
contrária, e o valor das sanções registro, averbação ou qualquer mento de que trata o § 6o deste
impostas aos serventuários per- outro ato notarial necessário à artigo, caso em que o beneficiário
287
Código de Processo Civil
será citado para, em 15 (quinze) superveniente ou formulado por CAPÍTULO III – DOS
dias, manifestar-se sobre esse terceiro, por meio de petição sim- PROCURADORES
requerimento. ples, a ser apresentada no prazo
de 15 (quinze) dias, nos autos do Art. 103. A parte será repre-
Art. 99. O pedido de gratuidade próprio processo, sem suspensão sentada em juízo por advogado
da justiça pode ser formulado na de seu curso. regularmente inscrito na Ordem
petição inicial, na contestação, na Parágrafo único. Revogado o dos Advogados do Brasil.
petição para ingresso de terceiro benefício, a parte arcará com as Parágrafo único. É lícito à
no processo ou em recurso. despesas processuais que tiver parte postular em causa própria
§ 1o Se superveniente à pri- deixado de adiantar e pagará, quando tiver habilitação legal.
meira manifestação da parte na em caso de má-fé, até o décu-
instância, o pedido poderá ser plo de seu valor a título de multa, Art. 104. O advogado não será
formulado por petição simples, que será revertida em benefício admitido a postular em juízo sem
nos autos do próprio processo, e da Fazenda Pública estadual ou procuração, salvo para evitar pre-
não suspenderá seu curso. federal e poderá ser inscrita em clusão, decadência ou prescrição,
§ 2o O juiz somente poderá dívida ativa. ou para praticar ato considerado
indeferir o pedido se houver nos urgente.
autos elementos que evidenciem Art. 101. Contra a decisão que § 1o Nas hipóteses previs-
a falta dos pressupostos legais indeferir a gratuidade ou a que tas no caput, o advogado deverá,
para a concessão de gratuida- acolher pedido de sua revogação independentemente de caução,
de, devendo, antes de indeferir caberá agravo de instrumento, exibir a procuração no prazo de 15
o pedido, determinar à parte a exceto quando a questão for re- (quinze) dias, prorrogável por igual
comprovação do preenchimen- solvida na sentença, contra a qual período por despacho do juiz.
to dos referidos pressupostos. caberá apelação. § 2o O ato não ratificado será
§ 3o Presume-se verdadeira § 1o O recorrente estará dis- considerado ineficaz relativa-
a alegação de insuficiência dedu- pensado do recolhimento de cus- mente àquele em cujo nome foi
zida exclusivamente por pessoa tas até decisão do relator sobre praticado, respondendo o advo-
natural. a questão, preliminarmente ao gado pelas despesas e por per-
§ 4o A assistência do reque- julgamento do recurso. das e danos.
rente por advogado particular não § 2o Confirmada a denegação
impede a concessão de gratuida- ou a revogação da gratuidade, o Art. 105. A procuração geral
de da justiça. relator ou o órgão colegiado de- para o foro, outorgada por ins-
§ 5o Na hipótese do § 4o, o terminará ao recorrente o recolhi- trumento público ou particular
recurso que verse exclusivamente mento das custas processuais, no assinado pela parte, habilita o
sobre valor de honorários de su- prazo de 5 (cinco) dias, sob pena advogado a praticar todos os atos
cumbência fixados em favor do de não conhecimento do recurso. do processo, exceto receber ci-
advogado de beneficiário estará tação, confessar, reconhecer a
sujeito a preparo, salvo se o pró- Art. 102. Sobrevindo o trânsito procedência do pedido, transigir,
prio advogado demonstrar que em julgado de decisão que revoga desistir, renunciar ao direito sobre
tem direito à gratuidade. a gratuidade, a parte deverá efe- o qual se funda a ação, receber,
§ 6o O direito à gratuidade da tuar o recolhimento de todas as dar quitação, firmar compromisso
justiça é pessoal, não se esten- despesas de cujo adiantamento e assinar declaração de hipossu-
dendo a litisconsorte ou a suces- foi dispensada, inclusive as re- ficiência econômica, que devem
sor do beneficiário, salvo requeri- lativas ao recurso interposto, se constar de cláusula específica.
mento e deferimento expressos. houver, no prazo fixado pelo juiz, § 1o A procuração pode ser
§ 7o Requerida a concessão sem prejuízo de aplicação das assinada digitalmente, na for-
de gratuidade da justiça em re- sanções previstas em lei. ma da lei.
curso, o recorrente estará dis- Parágrafo único. Não efetu- § 2o A procuração deve-
pensado de comprovar o reco- ado o recolhimento, o processo rá conter o nome do advogado,
lhimento do preparo, incumbindo será extinto sem resolução de seu número de inscrição na Or-
ao relator, neste caso, apreciar mérito, tratando-se do autor, e, dem dos Advogados do Brasil e
o requerimento e, se indeferi-lo, nos demais casos, não poderá ser endereço completo.
fixar prazo para realização do deferida a realização de nenhum § 3o Se o outorgado integrar
recolhimento. ato ou diligência requerida pela sociedade de advogados, a pro-
parte enquanto não efetuado o curação também deverá conter
Art. 100. Deferido o pedido, a depósito. o nome dessa, seu número de
parte contrária poderá oferecer registro na Ordem dos Advogados
impugnação na contestação, na do Brasil e endereço completo.
réplica, nas contrarrazões de re- § 4o Salvo disposição expres-
curso ou, nos casos de pedido sa em sentido contrário cons-
288
Código de Processo Civil
tante do próprio instrumento, a junto ou mediante prévio ajuste, prazo de 15 (quinze) dias, obser-
procuração outorgada na fase de por petição nos autos. var-se-á o disposto no art. 76.
conhecimento é eficaz para todas § 3o Na hipótese do § 2o, é
as fases do processo, inclusive lícito ao procurador retirar os Art. 112. O advogado poderá re-
para o cumprimento de sentença. autos para obtenção de cópias, nunciar ao mandato a qualquer
pelo prazo de 2 (duas) a 6 (seis) tempo, provando, na forma pre-
Art. 106. Quando postular em horas, independentemente de vista neste Código, que comuni-
causa própria, incumbe ao ad- ajuste e sem prejuízo da conti- cou a renúncia ao mandante, a
vogado: nuidade do prazo. fim de que este nomeie sucessor.
I – declarar, na petição inicial § 4o O procurador perderá no § 1o Durante os 10 (dez) dias
ou na contestação, o endereço, mesmo processo o direito a que seguintes, o advogado continu-
seu número de inscrição na Or- se refere o § 3o se não devolver os ará a representar o mandante,
dem dos Advogados do Brasil e o autos tempestivamente, salvo se desde que necessário para lhe
nome da sociedade de advogados o prazo for prorrogado pelo juiz. evitar prejuízo.
da qual participa, para o recebi- § 5o O disposto no inciso I § 2o Dispensa-se a comuni-
mento de intimações; do caput deste artigo aplica-se cação referida no caput quando
II – comunicar ao juízo qual- integralmente a processos ele- a procuração tiver sido outorga-
quer mudança de endereço. trônicos. da a vários advogados e a parte
§ 1o Se o advogado descum- continuar representada por outro,
prir o disposto no inciso I, o juiz apesar da renúncia.
ordenará que se supra a omissão, CAPÍTULO IV – DA
no prazo de 5 (cinco) dias, antes SUCESSÃO DAS PARTES E
de determinar a citação do réu, DOS PROCURADORES TÍTULO II – DO
sob pena de indeferimento da LITISCONSÓRCIO
petição. Art. 108. No curso do proces-
§ 2o Se o advogado infringir so, somente é lícita a sucessão Art. 113. Duas ou mais pessoas
o previsto no inciso II, serão con- voluntária das partes nos casos podem litigar, no mesmo proces-
sideradas válidas as intimações expressos em lei. so, em conjunto, ativa ou passi-
enviadas por carta registrada vamente, quando:
ou meio eletrônico ao endereço Art. 109. A alienação da coisa ou I – entre elas houver comu-
constante dos autos. do direito litigioso por ato entre nhão de direitos ou de obrigações
vivos, a título particular, não altera relativamente à lide;
Art. 107. O advogado tem di- a legitimidade das partes. II – entre as causas houver
reito a: § 1o O adquirente ou cessio- conexão pelo pedido ou pela cau-
I – examinar, em cartório de nário não poderá ingressar em sa de pedir;
fórum e secretaria de tribunal, juízo, sucedendo o alienante ou III – ocorrer afinidade de
mesmo sem procuração, autos cedente, sem que o consinta a questões por ponto comum de
de qualquer processo, indepen- parte contrária. fato ou de direito.
dentemente da fase de tramita- § 2o O adquirente ou cessio- § 1o O juiz poderá limitar o
ção, assegurados a obtenção de nário poderá intervir no processo litisconsórcio facultativo quanto
cópias e o registro de anotações, como assistente litisconsorcial do ao número de litigantes na fase de
salvo na hipótese de segredo de alienante ou cedente. conhecimento, na liquidação de
justiça, nas quais apenas o ad- § 3o Estendem-se os efeitos sentença ou na execução, quando
vogado constituído terá acesso da sentença proferida entre as este comprometer a rápida solu-
aos autos; partes originárias ao adquirente ção do litígio ou dificultar a defesa
II – requerer, como procu- ou cessionário. ou o cumprimento da sentença.
rador, vista dos autos de qual- § 2o O requerimento de limi-
quer processo, pelo prazo de 5 Art. 110. Ocorrendo a morte de tação interrompe o prazo para
(cinco) dias; qualquer das partes, dar-se-á a manifestação ou resposta, que
III – retirar os autos do car- sucessão pelo seu espólio ou pe- recomeçará da intimação da de-
tório ou da secretaria, pelo prazo los seus sucessores, observado cisão que o solucionar.
legal, sempre que neles lhe cou- o disposto no art. 313, §§ 1o e 2o.
ber falar por determinação do Art. 114. O litisconsórcio será
juiz, nos casos previstos em lei. Art. 111. A parte que revogar o necessário por disposição de lei
§ 1o Ao receber os autos, o mandato outorgado a seu advo- ou quando, pela natureza da re-
advogado assinará carga em livro gado constituirá, no mesmo ato, lação jurídica controvertida, a
ou documento próprio. outro que assuma o patrocínio eficácia da sentença depender
§ 2o Sendo o prazo comum às da causa. da citação de todos que devam
partes, os procuradores poderão Parágrafo único. Não sendo ser litisconsortes.
retirar os autos somente em con- constituído novo procurador no
289
Código de Processo Civil
Art. 115. A sentença de mérito, em que se encontre. influir na relação jurídica entre
quando proferida sem a integra- ele e o adversário do assistido.
ção do contraditório, será: Art. 120. Não havendo impug-
I – nula, se a decisão deveria nação no prazo de 15 (quinze)
ser uniforme em relação a to- dias, o pedido do assistente será CAPÍTULO II – DA
dos que deveriam ter integrado deferido, salvo se for caso de re- DENUNCIAÇÃO DA LIDE
o processo; jeição liminar.
II – ineficaz, nos outros casos, Parágrafo único. Se qualquer Art. 125. É admissível a denun-
apenas para os que não foram parte alegar que falta ao reque- ciação da lide, promovida por
citados. rente interesse jurídico para in- qualquer das partes:
Parágrafo único. Nos casos tervir, o juiz decidirá o incidente, I – ao alienante imediato, no
de litisconsórcio passivo neces- sem suspensão do processo. processo relativo à coisa cujo
sário, o juiz determinará ao autor domínio foi transferido ao de-
que requeira a citação de todos nunciante, a fim de que possa
que devam ser litisconsortes,
Seção II – Da Assistência exercer os direitos que da evicção
dentro do prazo que assinar, sob Simples lhe resultam;
pena de extinção do processo. II – àquele que estiver obri-
Art. 121. O assistente simples gado, por lei ou pelo contrato, a
Art. 116. O litisconsórcio será atuará como auxiliar da parte indenizar, em ação regressiva, o
unitário quando, pela natureza principal, exercerá os mesmos prejuízo de quem for vencido no
da relação jurídica, o juiz tiver de poderes e sujeitar-se-á aos mes- processo.
decidir o mérito de modo unifor- mos ônus processuais que o as- § 1 o O direito regressivo
me para todos os litisconsortes. sistido. será exercido por ação autôno-
Parágrafo único. Sendo re- ma quando a denunciação da
Art. 117. Os litisconsortes serão vel ou, de qualquer outro modo, lide for indeferida, deixar de ser
considerados, em suas relações omisso o assistido, o assistente promovida ou não for permitida.
com a parte adversa, como liti- será considerado seu substituto § 2o Admite-se uma única
gantes distintos, exceto no litis- processual. denunciação sucessiva, promo-
consórcio unitário, caso em que vida pelo denunciado, contra seu
os atos e as omissões de um não Art. 122. A assistência simples antecessor imediato na cadeia
prejudicarão os outros, mas os não obsta a que a parte principal dominial ou quem seja responsá-
poderão beneficiar. reconheça a procedência do pe- vel por indenizá-lo, não podendo
dido, desista da ação, renuncie o denunciado sucessivo promover
Art. 118. Cada litisconsorte tem o ao direito sobre o que se funda nova denunciação, hipótese em
direito de promover o andamento a ação ou transija sobre direitos que eventual direito de regresso
do processo, e todos devem ser controvertidos. será exercido por ação autônoma.
intimados dos respectivos atos.
Art. 123. Transitada em julgado Art. 126. A citação do denun-
a sentença no processo em que ciado será requerida na petição
TÍTULO III – DA interveio o assistente, este não inicial, se o denunciante for au-
INTERVENÇÃO DE poderá, em processo posterior, tor, ou na contestação, se o de-
TERCEIROS discutir a justiça da decisão, salvo nunciante for réu, devendo ser
se alegar e provar que: realizada na forma e nos prazos
CAPÍTULO I – DA I – pelo estado em que rece- previstos no art. 131.
ASSISTÊNCIA beu o processo ou pelas decla-
rações e pelos atos do assistido, Art. 127. Feita a denunciação
Seção I – Disposições foi impedido de produzir provas pelo autor, o denunciado poderá
Comuns suscetíveis de influir na sentença; assumir a posição de litisconsor-
II – desconhecia a existên- te do denunciante e acrescentar
Art. 119. Pendendo causa entre 2 cia de alegações ou de provas novos argumentos à petição ini-
(duas) ou mais pessoas, o terceiro das quais o assistido, por dolo cial, procedendo-se em seguida
juridicamente interessado em que ou culpa, não se valeu. à citação do réu.
a sentença seja favorável a uma
delas poderá intervir no processo Art. 128. Feita a denunciação
para assisti-la.
Seção III – Da Assistência pelo réu:
Parágrafo único. A assistên- Litisconsorcial I – se o denunciado contestar
cia será admitida em qualquer o pedido formulado pelo autor, o
procedimento e em todos os Art. 124. Considera-se litiscon- processo prosseguirá tendo, na
graus de jurisdição, recebendo sorte da parte principal o assis- ação principal, em litisconsórcio,
o assistente o processo no estado tente sempre que a sentença denunciante e denunciado;
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Código de Processo Civil
II – se o denunciado for re- seção ou subseção judiciárias, ou te, o sócio ou a pessoa jurídica
vel, o denunciante pode deixar em lugar incerto, o prazo será de será citado para manifestar-se
de prosseguir com sua defesa, 2 (dois) meses. e requerer as provas cabíveis no
eventualmente oferecida, e abs- prazo de 15 (quinze) dias.
ter-se de recorrer, restringindo Art. 132. A sentença de proce-
sua atuação à ação regressiva; dência valerá como título executi- Art. 136. Concluída a instrução,
III – se o denunciado confes- vo em favor do réu que satisfizer a se necessária, o incidente será re-
sar os fatos alegados pelo autor dívida, a fim de que possa exigi-la, solvido por decisão interlocutória.
na ação principal, o denunciante por inteiro, do devedor principal, Parágrafo único. Se a decisão
poderá prosseguir com sua defe- ou, de cada um dos codevedores, for proferida pelo relator, cabe
sa ou, aderindo a tal reconheci- a sua quota, na proporção que agravo interno.
mento, pedir apenas a procedên- lhes tocar.
cia da ação de regresso. Art. 137. Acolhido o pedido de
Parágrafo único. Procedente desconsideração, a alienação ou
o pedido da ação principal, pode CAPÍTULO IV – DO a oneração de bens, havida em
o autor, se for o caso, requerer o INCIDENTE DE fraude de execução, será ineficaz
cumprimento da sentença tam- DESCONSIDERAÇÃO DA em relação ao requerente.
bém contra o denunciado, nos PERSONALIDADE JURÍDICA
limites da condenação deste na
ação regressiva. Art. 133. O incidente de des- CAPÍTULO V – DO AMICUS
consideração da personalidade CURIAE
Art. 129. Se o denunciante for jurídica será instaurado a pedido
vencido na ação principal, o juiz da parte ou do Ministério Públi- Art. 138. O juiz ou o relator, con-
passará ao julgamento da denun- co, quando lhe couber intervir siderando a relevância da matéria,
ciação da lide. no processo. a especificidade do tema objeto
Parágrafo único. Se o de- § 1o O pedido de desconsi- da demanda ou a repercussão so-
nunciante for vencedor, a ação deração da personalidade jurí- cial da controvérsia, poderá, por
de denunciação não terá o seu dica observará os pressupostos decisão irrecorrível, de ofício ou
pedido examinado, sem prejuízo previstos em lei. a requerimento das partes ou de
da condenação do denunciante ao § 2o Aplica-se o dispos- quem pretenda manifestar-se, so-
pagamento das verbas de sucum- to neste Capítulo à hipótese de licitar ou admitir a participação de
bência em favor do denunciado. desconsideração inversa da per- pessoa natural ou jurídica, órgão
sonalidade jurídica. ou entidade especializada, com
representatividade adequada,
CAPÍTULO III – DO Art. 134. O incidente de des- no prazo de 15 (quinze) dias de
CHAMAMENTO AO consideração é cabível em to- sua intimação.
PROCESSO das as fases do processo de co- § 1o A intervenção de que tra-
nhecimento, no cumprimento de ta o caput não implica alteração
Art. 130. É admissível o chama- sentença e na execução fundada de competência nem autoriza a
mento ao processo, requerido em título executivo extrajudicial. interposição de recursos, ressal-
pelo réu: § 1o A instauração do inci- vadas a oposição de embargos de
I – do afiançado, na ação em dente será imediatamente co- declaração e a hipótese do § 3o.
que o fiador for réu; municada ao distribuidor para § 2o Caberá ao juiz ou ao re-
II – dos demais fiadores, na as anotações devidas. lator, na decisão que solicitar ou
ação proposta contra um ou al- § 2o Dispensa-se a instaura- admitir a intervenção, definir os
guns deles; ção do incidente se a desconsi- poderes do amicus curiae.
III – dos demais devedores deração da personalidade jurídica § 3o O amicus curiae pode
solidários, quando o credor exigir for requerida na petição inicial, recorrer da decisão que julgar
de um ou de alguns o pagamento hipótese em que será citado o o incidente de resolução de de-
da dívida comum. sócio ou a pessoa jurídica. mandas repetitivas.
§ 3o A instauração do inci-
Art. 131. A citação daqueles que dente suspenderá o processo,
devam figurar em litisconsórcio salvo na hipótese do § 2o.
passivo será requerida pelo réu § 4o O requerimento deve de-
na contestação e deve ser promo- monstrar o preenchimento dos
vida no prazo de 30 (trinta) dias, pressupostos legais específicos
sob pena de ficar sem efeito o para desconsideração da perso-
chamamento. nalidade jurídica.
Parágrafo único. Se o cha-
mado residir em outra comarca, Art. 135. Instaurado o inciden-
291
Código de Processo Civil
TÍTULO IV – DO JUIZ E DOS no 8.078, de 11 de setembro de I – em que interveio como
AUXILIARES DA JUSTIÇA 1990, para, se for o caso, promo- mandatário da parte, oficiou
ver a propositura da ação coletiva como perito, funcionou como
CAPÍTULO I – DOS respectiva. membro do Ministério Público
PODERES, DOS DEVERES Parágrafo único. A dilação de ou prestou depoimento como
E DA RESPONSABILIDADE prazos prevista no inciso VI so- testemunha;
mente pode ser determinada an- II – de que conheceu em outro
DO JUIZ tes de encerrado o prazo regular. grau de jurisdição, tendo profe-
rido decisão;
Art. 139. O juiz dirigirá o proces- Art. 140. O juiz não se exime de III – quando nele estiver pos-
so conforme as disposições deste decidir sob a alegação de lacuna tulando, como defensor público,
Código, incumbindo-lhe: ou obscuridade do ordenamento advogado ou membro do Ministé-
I – assegurar às partes igual- jurídico. rio Público, seu cônjuge ou com-
dade de tratamento; Parágrafo único. O juiz só panheiro, ou qualquer parente,
II – velar pela duração razo- decidirá por equidade nos casos consanguíneo ou afim, em linha
ável do processo; previstos em lei. reta ou colateral, até o terceiro
III – prevenir ou reprimir qual- grau, inclusive;
quer ato contrário à dignidade da Art. 141. O juiz decidirá o mérito IV – quando for parte no pro-
justiça e indeferir postulações nos limites propostos pelas par- cesso ele próprio, seu cônjuge ou
meramente protelatórias; tes, sendo-lhe vedado conhecer companheiro, ou parente, con-
IV – determinar todas as de questões não suscitadas a sanguíneo ou afim, em linha reta
medidas indutivas, coercitivas, cujo respeito a lei exige iniciati- ou colateral, até o terceiro grau,
mandamentais ou sub-rogató- va da parte. inclusive;
rias necessárias para assegurar V – quando for sócio ou mem-
o cumprimento de ordem judicial, Art. 142. Convencendo-se, pe- bro de direção ou de administra-
inclusive nas ações que tenham las circunstâncias, de que autor ção de pessoa jurídica parte no
por objeto prestação pecuniária; e réu se serviram do processo processo;
V – promover, a qualquer tem- para praticar ato simulado ou VI – quando for herdeiro pre-
po, a autocomposição, preferen- conseguir fim vedado por lei, o suntivo, donatário ou empregador
cialmente com auxílio de conci- juiz proferirá decisão que impeça de qualquer das partes;
liadores e mediadores judiciais; os objetivos das partes, aplican- VII – em que figure como par-
VI – dilatar os prazos proces- do, de ofício, as penalidades da te instituição de ensino com a
suais e alterar a ordem de pro- litigância de má-fé. qual tenha relação de emprego
dução dos meios de prova, ade- ou decorrente de contrato de
quando-os às necessidades do Art. 143. O juiz responderá, civil prestação de serviços;
conflito de modo a conferir maior e regressivamente, por perdas e VIII – em que figure como
efetividade à tutela do direito; danos quando: parte cliente do escritório de ad-
VII – exercer o poder de po- I – no exercício de suas fun- vocacia de seu cônjuge, compa-
lícia, requisitando, quando ne- ções, proceder com dolo ou frau- nheiro ou parente, consanguíneo
cessário, força policial, além da de; ou afim, em linha reta ou colate-
segurança interna dos fóruns e II – recusar, omitir ou retardar, ral, até o terceiro grau, inclusi-
tribunais; sem justo motivo, providência ve, mesmo que patrocinado por
VIII – determinar, a qualquer que deva ordenar de ofício ou a advogado de outro escritório;5
tempo, o comparecimento pes- requerimento da parte. IX – quando promover ação
soal das partes, para inquiri-las Parágrafo único. As hipó- contra a parte ou seu advogado.
sobre os fatos da causa, hipóte- teses previstas no inciso II so- § 1o Na hipótese do inciso
se em que não incidirá a pena de mente serão verificadas depois III, o impedimento só se verifica
confesso; que a parte requerer ao juiz que quando o defensor público, o ad-
IX – determinar o suprimen- determine a providência e o re- vogado ou o membro do Ministério
to de pressupostos processuais querimento não for apreciado no Público já integrava o processo
e o saneamento de outros vícios prazo de 10 (dez) dias. antes do início da atividade judi-
processuais; cante do juiz.
X – quando se deparar com § 2o É vedada a criação de
diversas demandas individuais CAPÍTULO II – DOS fato superveniente a fim de ca-
repetitivas, oficiar o Ministério IMPEDIMENTOS E DA racterizar impedimento do juiz.
Público, a Defensoria Pública e, SUSPEIÇÃO § 3o O impedimento previsto
na medida do possível, outros no inciso III também se verifica
legitimados a que se referem o Art. 144. Há impedimento do no caso de mandato conferido a
art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de juiz, sendo-lhe vedado exercer
julho de 1985, e o art. 82 da Lei suas funções no processo: 5
NE: ver ADI no 5.953.
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Código de Processo Civil
membro de escritório de advoca- do incidente ao tribunal. § 2o O juiz mandará proces-
cia que tenha em seus quadros § 2o Distribuído o incidente, sar o incidente em separado e
advogado que individualmente o relator deverá declarar os seus sem suspensão do processo, ou-
ostente a condição nele prevista, efeitos, sendo que, se o incidente vindo o arguido no prazo de 15
mesmo que não intervenha dire- for recebido: (quinze) dias e facultando a produ-
tamente no processo. I – sem efeito suspensivo, o ção de prova, quando necessária.
processo voltará a correr; § 3o Nos tribunais, a arguição
Art. 145. Há suspeição do juiz: II – com efeito suspensivo, o a que se refere o § 1o será disci-
I – amigo íntimo ou inimigo de processo permanecerá suspenso plinada pelo regimento interno.
qualquer das partes ou de seus até o julgamento do incidente. § 4o O disposto nos §§ 1o e
advogados; § 3o Enquanto não for decla- 2o não se aplica à arguição de
II – que receber presentes de rado o efeito em que é recebido o impedimento ou de suspeição
pessoas que tiverem interesse na incidente ou quando este for re- de testemunha.
causa antes ou depois de iniciado cebido com efeito suspensivo, a
o processo, que aconselhar algu- tutela de urgência será requerida
ma das partes acerca do objeto ao substituto legal. CAPÍTULO III – DOS
da causa ou que subministrar § 4o Verificando que a alega- AUXILIARES DA JUSTIÇA
meios para atender às despesas ção de impedimento ou de sus-
do litígio; peição é improcedente, o tribunal Art. 149. São auxiliares da Jus-
III – quando qualquer das par- rejeitá-la-á. tiça, além de outros cujas atribui-
tes for sua credora ou devedora, § 5o Acolhida a alegação, tra- ções sejam determinadas pelas
de seu cônjuge ou companheiro tando-se de impedimento ou de normas de organização judiciária,
ou de parentes destes, em linha manifesta suspeição, o tribunal o escrivão, o chefe de secretaria,
reta até o terceiro grau, inclusive; condenará o juiz nas custas e o oficial de justiça, o perito, o de-
IV – interessado no julgamen- remeterá os autos ao seu substi- positário, o administrador, o in-
to do processo em favor de qual- tuto legal, podendo o juiz recorrer térprete, o tradutor, o mediador,
quer das partes. da decisão. o conciliador judicial, o partidor,
§ 1o Poderá o juiz declarar-se § 6o Reconhecido o impedi- o distribuidor, o contabilista e o
suspeito por motivo de foro ínti- mento ou a suspeição, o tribunal regulador de avarias.
mo, sem necessidade de declarar fixará o momento a partir do qual
suas razões. o juiz não poderia ter atuado.
§ 2o Será ilegítima a alegação § 7o O tribunal decretará
Seção I – Do Escrivão, do
de suspeição quando: a nulidade dos atos do juiz, se Chefe de Secretaria e do
I – houver sido provocada por praticados quando já presente Oficial de Justiça
quem a alega; o motivo de impedimento ou de
II – a parte que a alega hou- suspeição. Art. 150. Em cada juízo haverá
ver praticado ato que signifique um ou mais ofícios de justiça,
manifesta aceitação do arguido. Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais cujas atribuições serão deter-
juízes forem parentes, consan- minadas pelas normas de orga-
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) guíneos ou afins, em linha reta nização judiciária.
dias, a contar do conhecimento ou colateral, até o terceiro grau,
do fato, a parte alegará o impe- inclusive, o primeiro que conhecer Art. 151. Em cada comarca, se-
dimento ou a suspeição, em pe- do processo impede que o outro ção ou subseção judiciária have-
tição específica dirigida ao juiz nele atue, caso em que o segundo rá, no mínimo, tantos oficiais de
do processo, na qual indicará o se escusará, remetendo os autos justiça quantos sejam os juízos.
fundamento da recusa, podendo ao seu substituto legal.
instruí-la com documentos em Art. 152. Incumbe ao escrivão
que se fundar a alegação e com Art. 148. Aplicam-se os motivos ou ao chefe de secretaria:
rol de testemunhas. de impedimento e de suspeição: I – redigir, na forma legal, os
§ 1o Se reconhecer o impedi- I – ao membro do Ministério ofícios, os mandados, as cartas
mento ou a suspeição ao receber Público; precatórias e os demais atos que
a petição, o juiz ordenará imedia- II – aos auxiliares da justiça; pertençam ao seu ofício;
tamente a remessa dos autos a III – aos demais sujeitos im- II – efetivar as ordens judi-
seu substituto legal, caso contrá- parciais do processo. ciais, realizar citações e intima-
rio, determinará a autuação em § 1o A parte interessada de- ções, bem como praticar todos
apartado da petição e, no prazo de verá arguir o impedimento ou a os demais atos que lhe forem
15 (quinze) dias, apresentará suas suspeição, em petição fundamen- atribuídos pelas normas de or-
razões, acompanhadas de docu- tada e devidamente instruída, na ganização judiciária;
mentos e de rol de testemunhas, primeira oportunidade em que lhe III – comparecer às audiên-
se houver, ordenando a remessa couber falar nos autos. cias ou, não podendo fazê-lo, de-
293
Código de Processo Civil
signar servidor para substituí-lo; ção, o juiz determinará o imediato gãos técnicos ou científicos de-
IV – manter sob sua guarda cumprimento do ato e a instau- vidamente inscritos em cadastro
e responsabilidade os autos, não ração de processo administrati- mantido pelo tribunal ao qual o
permitindo que saiam do cartó- vo disciplinar contra o servidor. juiz está vinculado.
rio, exceto: § 2o Para formação do ca-
a) quando tenham de seguir Art. 154. Incumbe ao oficial de dastro, os tribunais devem rea-
à conclusão do juiz; justiça: lizar consulta pública, por meio
b) com vista a procurador, à I – fazer pessoalmente cita- de divulgação na rede mundial
Defensoria Pública, ao Ministério ções, prisões, penhoras, arrestos de computadores ou em jornais
Público ou à Fazenda Pública; e demais diligências próprias do de grande circulação, além de
c) quando devam ser remeti- seu ofício, sempre que possível consulta direta a universidades,
dos ao contabilista ou ao partidor; na presença de 2 (duas) testemu- a conselhos de classe, ao Minis-
d) quando forem remetidos nhas, certificando no mandado o tério Público, à Defensoria Públi-
a outro juízo em razão da modi- ocorrido, com menção ao lugar, ca e à Ordem dos Advogados do
ficação da competência; ao dia e à hora; Brasil, para a indicação de pro-
V – fornecer certidão de qual- II – executar as ordens do juiz fissionais ou de órgãos técnicos
quer ato ou termo do processo, a que estiver subordinado; interessados.
independentemente de despa- III – entregar o mandado em § 3o Os tribunais realizarão
cho, observadas as disposições cartório após seu cumprimento; avaliações e reavaliações peri-
referentes ao segredo de justiça; IV – auxiliar o juiz na manu- ódicas para manutenção do ca-
VI – praticar, de ofício, os atos tenção da ordem; dastro, considerando a formação
meramente ordinatórios. V – efetuar avaliações, quan- profissional, a atualização do co-
§ 1o O juiz titular editará ato a do for o caso; nhecimento e a experiência dos
fim de regulamentar a atribuição VI – certificar, em manda- peritos interessados.
prevista no inciso VI. do, proposta de autocomposição § 4o Para verificação de
§ 2o No impedimento do es- apresentada por qualquer das eventual impedimento ou moti-
crivão ou chefe de secretaria, o partes, na ocasião de realização vo de suspeição, nos termos dos
juiz convocará substituto e, não o de ato de comunicação que lhe arts. 148 e 467, o órgão técnico ou
havendo, nomeará pessoa idônea couber. científico nomeado para realiza-
para o ato. Parágrafo único. Certificada ção da perícia informará ao juiz os
a proposta de autocomposição nomes e os dados de qualificação
Art. 153. O escrivão ou o chefe prevista no inciso VI, o juiz orde- dos profissionais que participarão
de secretaria atenderá, preferen- nará a intimação da parte contrá- da atividade.
cialmente, à ordem cronológica ria para manifestar-se, no prazo § 5o Na localidade onde não
de recebimento para publicação de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do houver inscrito no cadastro dispo-
e efetivação dos pronunciamen- andamento regular do processo, nibilizado pelo tribunal, a nome-
tos judiciais. entendendo-se o silêncio como ação do perito é de livre escolha
§ 1o A lista de processos re- recusa. pelo juiz e deverá recair sobre
cebidos deverá ser disponibiliza- profissional ou órgão técnico ou
da, de forma permanente, para Art. 155. O escrivão, o chefe de científico comprovadamente de-
consulta pública. secretaria e o oficial de justiça tentor do conhecimento necessá-
§ 2o Estão excluídos da regra são responsáveis, civil e regres- rio à realização da perícia.
do caput: sivamente, quando:
I – os atos urgentes, assim I – sem justo motivo, se recu- Art. 157. O perito tem o dever
reconhecidos pelo juiz no pronun- sarem a cumprir no prazo os atos de cumprir o ofício no prazo que
ciamento judicial a ser efetivado; impostos pela lei ou pelo juiz a lhe designar o juiz, empregan-
II – as preferências legais. que estão subordinados; do toda sua diligência, podendo
§ 3o Após elaboração de lista II – praticarem ato nulo com escusar-se do encargo alegando
própria, respeitar-se-ão a ordem dolo ou culpa. motivo legítimo.
cronológica de recebimento entre § 1o A escusa será apresen-
os atos urgentes e as preferên- tada no prazo de 15 (quinze) dias,
cias legais.
Seção II – Do Perito contado da intimação, da suspei-
§ 4o A parte que se conside- ção ou do impedimento superve-
rar preterida na ordem cronoló- Art. 156. O juiz será assistido por nientes, sob pena de renúncia ao
gica poderá reclamar, nos pró- perito quando a prova do fato de- direito a alegá-la.
prios autos, ao juiz do processo, pender de conhecimento técnico § 2o Será organizada lista de
que requisitará informações ao ou científico. peritos na vara ou na secretaria,
servidor, a serem prestadas no § 1o Os peritos serão no- com disponibilização dos docu-
prazo de 2 (dois) dias. meados entre os profissionais mentos exigidos para habilitação
§ 5o Constatada a preteri- legalmente habilitados e os ór- à consulta de interessados, para
294
Código de Processo Civil
que a nomeação seja distribuída Seção IV – Do Intérprete e do soluções para o litígio, sendo ve-
de modo equitativo, observadas Tradutor dada a utilização de qualquer tipo
a capacidade técnica e a área de de constrangimento ou intimida-
conhecimento. Art. 162. O juiz nomeará intér- ção para que as partes conciliem.
prete ou tradutor quando neces- § 3o O mediador, que atuará
Art. 158. O perito que, por dolo sário para: preferencialmente nos casos em
ou culpa, prestar informações I – traduzir documento redigi- que houver vínculo anterior entre
inverídicas responderá pelos pre- do em língua estrangeira; as partes, auxiliará aos interessa-
juízos que causar à parte e ficará II – verter para o português dos a compreender as questões
inabilitado para atuar em outras as declarações das partes e das e os interesses em conflito, de
perícias no prazo de 2 (dois) a 5 testemunhas que não conhece- modo que eles possam, pelo res-
(cinco) anos, independentemen- rem o idioma nacional; tabelecimento da comunicação,
te das demais sanções previstas III – realizar a interpretação identificar, por si próprios, so-
em lei, devendo o juiz comunicar simultânea dos depoimentos das luções consensuais que gerem
o fato ao respectivo órgão de clas- partes e testemunhas com defi- benefícios mútuos.
se para adoção das medidas que ciência auditiva que se comuni-
entender cabíveis. quem por meio da Língua Brasi- Art. 166. A conciliação e a me-
leira de Sinais, ou equivalente, diação são informadas pelos
quando assim for solicitado. princípios da independência, da
Seção III – Do Depositário e imparcialidade, da autonomia da
do Administrador Art. 163. Não pode ser intérprete vontade, da confidencialidade, da
ou tradutor quem: oralidade, da informalidade e da
Art. 159. A guarda e a conserva- I – não tiver a livre adminis- decisão informada.
ção de bens penhorados, arresta- tração de seus bens; § 1o A confidencialidade es-
dos, sequestrados ou arrecada- II – for arrolado como teste- tende-se a todas as informações
dos serão confiadas a depositário munha ou atuar como perito no produzidas no curso do procedi-
ou a administrador, não dispondo processo; mento, cujo teor não poderá ser
a lei de outro modo. III – estiver inabilitado para o utilizado para fim diverso daquele
exercício da profissão por senten- previsto por expressa deliberação
Art. 160. Por seu trabalho o ça penal condenatória, enquanto das partes.
depositário ou o administrador durarem seus efeitos. § 2o Em razão do dever de
perceberá remuneração que o sigilo, inerente às suas funções,
juiz fixará levando em conta a Art. 164. O intérprete ou tra- o conciliador e o mediador, as-
situação dos bens, ao tempo do dutor, oficial ou não, é obrigado sim como os membros de suas
serviço e às dificuldades de sua a desempenhar seu ofício, apli- equipes, não poderão divulgar
execução. cando-se-lhe o disposto nos arts. ou depor acerca de fatos ou ele-
Parágrafo único. O juiz pode- 157 e 158. mentos oriundos da conciliação
rá nomear um ou mais prepostos ou da mediação.
por indicação do depositário ou § 3o Admite-se a aplicação
do administrador.
Seção V – Dos Conciliadores de técnicas negociais, com o ob-
e Mediadores Judiciais jetivo de proporcionar ambiente
Art. 161. O depositário ou o ad- favorável à autocomposição.
ministrador responde pelos preju- Art. 165. Os tribunais criarão § 4o A mediação e a conci-
ízos que, por dolo ou culpa, causar centros judiciários de solução liação serão regidas conforme a
à parte, perdendo a remuneração consensual de conflitos, respon- livre autonomia dos interessados,
que lhe foi arbitrada, mas tem o sáveis pela realização de sessões inclusive no que diz respeito à
direito a haver o que legitima- e audiências de conciliação e me- definição das regras procedi-
mente despendeu no exercício diação e pelo desenvolvimento de mentais.
do encargo. programas destinados a auxiliar,
Parágrafo único. O deposi- orientar e estimular a autocom- Art. 167. Os conciliadores, os
tário infiel responde civilmente posição. mediadores e as câmaras priva-
pelos prejuízos causados, sem § 1o A composição e a organi- das de conciliação e mediação
prejuízo de sua responsabilidade zação dos centros serão definidas serão inscritos em cadastro na-
penal e da imposição de sanção pelo respectivo tribunal, obser- cional e em cadastro de tribunal
por ato atentatório à dignidade vadas as normas do Conselho de justiça ou de tribunal regional
da justiça. Nacional de Justiça. federal, que manterá registro de
§ 2o O conciliador, que atuará profissionais habilitados, com in-
preferencialmente nos casos em dicação de sua área profissional.
que não houver vínculo anterior § 1o Preenchendo o requisito
entre as partes, poderá sugerir da capacitação mínima, por meio
295
Código de Processo Civil
de curso realizado por entida- ciliador, o mediador ou a câma- função, o conciliador ou mediador
de credenciada, conforme pa- ra privada de conciliação e de informará o fato ao centro, prefe-
râmetro curricular definido pelo mediação. rencialmente por meio eletrônico,
Conselho Nacional de Justiça § 1o O conciliador ou media- para que, durante o período em
em conjunto com o Ministério da dor escolhido pelas partes po- que perdurar a impossibilidade,
Justiça, o conciliador ou o media- derá ou não estar cadastrado não haja novas distribuições.
dor, com o respectivo certificado, no tribunal.
poderá requerer sua inscrição no § 2o Inexistindo acordo quan- Art. 172. O conciliador e o me-
cadastro nacional e no cadastro to à escolha do mediador ou con- diador ficam impedidos, pelo
de tribunal de justiça ou de tribu- ciliador, haverá distribuição entre prazo de 1 (um) ano, contado do
nal regional federal. aqueles cadastrados no registro término da última audiência em
§ 2o Efetivado o registro, que do tribunal, observada a respec- que atuaram, de assessorar, re-
poderá ser precedido de concur- tiva formação. presentar ou patrocinar qualquer
so público, o tribunal remeterá ao § 3o Sempre que recomendá- das partes.
diretor do foro da comarca, seção vel, haverá a designação de mais
ou subseção judiciária onde atu- de um mediador ou conciliador. Art. 173. Será excluído do cadas-
ará o conciliador ou o mediador tro de conciliadores e mediadores
os dados necessários para que Art. 169. Ressalvada a hipótese aquele que:
seu nome passe a constar da do art. 167, § 6o, o conciliador e I – agir com dolo ou culpa na
respectiva lista, a ser observada o mediador receberão pelo seu condução da conciliação ou da
na distribuição alternada e alea- trabalho remuneração prevista mediação sob sua responsabilida-
tória, respeitado o princípio da em tabela fixada pelo tribunal, de ou violar qualquer dos deveres
igualdade dentro da mesma área conforme parâmetros estabe- decorrentes do art. 166, §§ 1o e 2o;
de atuação profissional. lecidos pelo Conselho Nacional II – atuar em procedimento de
§ 3o Do credenciamento das de Justiça. mediação ou conciliação, apesar
câmaras e do cadastro de conci- § 1o A mediação e a concilia- de impedido ou suspeito.
liadores e mediadores constarão ção podem ser realizadas como § 1o Os casos previstos neste
todos os dados relevantes para a trabalho voluntário, observada a artigo serão apurados em proces-
sua atuação, tais como o número legislação pertinente e a regula- so administrativo.
de processos de que participou, mentação do tribunal. § 2o O juiz do processo ou
o sucesso ou insucesso da ati- § 2o Os tribunais determina- o juiz coordenador do centro de
vidade, a matéria sobre a qual rão o percentual de audiências conciliação e mediação, se hou-
versou a controvérsia, bem como não remuneradas que deverão ver, verificando atuação inade-
outros dados que o tribunal julgar ser suportadas pelas câmaras pri- quada do mediador ou conci-
relevantes. vadas de conciliação e mediação, liador, poderá afastá-lo de suas
§ 4o Os dados colhidos na com o fim de atender aos proces- atividades por até 180 (cento e
forma do § 3o serão classificados sos em que deferida gratuidade oitenta) dias, por decisão fun-
sistematicamente pelo tribunal, da justiça, como contrapartida damentada, informando o fato
que os publicará, ao menos anu- de seu credenciamento. imediatamente ao tribunal para
almente, para conhecimento da instauração do respectivo pro-
população e para fins estatísticos Art. 170. No caso de impedimen- cesso administrativo.
e de avaliação da conciliação, da to, o conciliador ou mediador o
mediação, das câmaras privadas comunicará imediatamente, de Art. 174. A União, os Estados, o
de conciliação e de mediação, dos preferência por meio eletrônico, Distrito Federal e os Municípios
conciliadores e dos mediadores. e devolverá os autos ao juiz do criarão câmaras de mediação e
§ 5o Os conciliadores e me- processo ou ao coordenador do conciliação, com atribuições re-
diadores judiciais cadastrados na centro judiciário de solução de lacionadas à solução consensual
forma do caput, se advogados, conflitos, devendo este realizar de conflitos no âmbito adminis-
estarão impedidos de exercer a nova distribuição. trativo, tais como:
advocacia nos juízos em que de- Parágrafo único. Se a cau- I – dirimir conflitos envolven-
sempenhem suas funções. sa de impedimento for apurada do órgãos e entidades da admi-
§ 6o O tribunal poderá optar quando já iniciado o procedimen- nistração pública;
pela criação de quadro próprio de to, a atividade será interrompida, II – avaliar a admissibilidade
conciliadores e mediadores, a ser lavrando-se ata com relatório do dos pedidos de resolução de con-
preenchido por concurso público ocorrido e solicitação de distri- flitos, por meio de conciliação, no
de provas e títulos, observadas as buição para novo conciliador ou âmbito da administração pública;
disposições deste Capítulo. mediador. III – promover, quando cou-
ber, a celebração de termo de
Art. 168. As partes podem es- Art. 171. No caso de impossibili- ajustamento de conduta.
colher, de comum acordo, o con- dade temporária do exercício da
296
Código de Processo Civil
Art. 175. As disposições desta § 1o Findo o prazo para ma- exercerá a orientação jurídica, a
Seção não excluem outras for- nifestação do Ministério Público promoção dos direitos humanos
mas de conciliação e mediação sem o oferecimento de parecer, e a defesa dos direitos individuais
extrajudiciais vinculadas a órgãos o juiz requisitará os autos e dará e coletivos dos necessitados, em
institucionais ou realizadas por andamento ao processo. todos os graus, de forma integral
intermédio de profissionais inde- § 2o Não se aplica o benefício e gratuita.
pendentes, que poderão ser re- da contagem em dobro quando a
gulamentadas por lei específica. lei estabelecer, de forma expres- Art. 186. A Defensoria Pública
Parágrafo único. Os disposi- sa, prazo próprio para o Ministério gozará de prazo em dobro para
tivos desta Seção aplicam-se, no Público. todas as suas manifestações pro-
que couber, às câmaras privadas cessuais.
de conciliação e mediação. Art. 181. O membro do Ministério § 1o O prazo tem início com
Público será civil e regressiva- a intimação pessoal do defensor
mente responsável quando agir público, nos termos do art. 183,
TÍTULO V – DO MINISTÉRIO com dolo ou fraude no exercício § 1o.
PÚBLICO de suas funções. § 2o A requerimento da De-
fensoria Pública, o juiz determi-
Art. 176. O Ministério Público nará a intimação pessoal da parte
atuará na defesa da ordem ju- TÍTULO VI – DA ADVOCACIA patrocinada quando o ato proces-
rídica, do regime democrático e PÚBLICA sual depender de providência ou
dos interesses e direitos sociais informação que somente por ela
e individuais indisponíveis. Art. 182. Incumbe à Advocacia possa ser realizada ou prestada.
Pública, na forma da lei, defender § 3o O disposto no caput apli-
Art. 177. O Ministério Público e promover os interesses públicos ca-se aos escritórios de prática
exercerá o direito de ação em da União, dos Estados, do Distri- jurídica das faculdades de Di-
conformidade com suas atribui- to Federal e dos Municípios, por reito reconhecidas na forma da
ções constitucionais. meio da representação judicial, lei e às entidades que prestam
em todos os âmbitos federativos, assistência jurídica gratuita em
Art. 178. O Ministério Público das pessoas jurídicas de direito razão de convênios firmados com
será intimado para, no prazo de 30 público que integram a adminis- a Defensoria Pública.
(trinta) dias, intervir como fiscal tração direta e indireta. § 4o Não se aplica o benefício
da ordem jurídica nas hipóteses da contagem em dobro quando a
previstas em lei ou na Constitui- Art. 183. A União, os Estados, lei estabelecer, de forma expres-
ção Federal e nos processos que o Distrito Federal, os Municípios sa, prazo próprio para a Defenso-
envolvam: e suas respectivas autarquias ria Pública.
I – interesse público ou social; e fundações de direito público
II – interesse de incapaz; gozarão de prazo em dobro para Art. 187. O membro da Defenso-
III – litígios coletivos pela pos- todas as suas manifestações pro- ria Pública será civil e regressiva-
se de terra rural ou urbana. cessuais, cuja contagem terá iní- mente responsável quando agir
Parágrafo único. A partici- cio a partir da intimação pessoal. com dolo ou fraude no exercício
pação da Fazenda Pública não § 1o A intimação pessoal far- de suas funções.
configura, por si só, hipótese de -se-á por carga, remessa ou meio
intervenção do Ministério Público. eletrônico.
§ 2o Não se aplica o benefício LIVRO IV – DOS ATOS
Art. 179. Nos casos de interven- da contagem em dobro quando PROCESSUAIS
ção como fiscal da ordem jurídica, a lei estabelecer, de forma ex-
o Ministério Público: pressa, prazo próprio para o ente TÍTULO I – DA FORMA, DO
I – terá vista dos autos depois público. TEMPO E DO LUGAR DOS
das partes, sendo intimado de to- ATOS PROCESSUAIS
dos os atos do processo; Art. 184. O membro da Advoca-
II – poderá produzir provas, cia Pública será civil e regressiva- CAPÍTULO I – DA FORMA
requerer as medidas processuais mente responsável quando agir DOS ATOS PROCESSUAIS
pertinentes e recorrer. com dolo ou fraude no exercício
de suas funções. Seção I – Dos Atos em Geral
Art. 180. O Ministério Público
gozará de prazo em dobro para Art. 188. Os atos e os termos
manifestar-se nos autos, que TÍTULO VII – DA processuais independem de for-
terá início a partir de sua inti- DEFENSORIA PÚBLICA ma determinada, salvo quando a
mação pessoal, nos termos do lei expressamente a exigir, con-
art. 183, § 1o. Art. 185. A Defensoria Pública siderando-se válidos os que, re-
297
Código de Processo Civil
alizados de outro modo, lhe pre- § 1o O calendário vincula as casos que tramitem em segre-
encham a finalidade essencial. partes e o juiz, e os prazos nele do de justiça, confidencialidade,
previstos somente serão modi- observada a infraestrutura de
Art. 189. Os atos processuais ficados em casos excepcionais, chaves públicas unificada na-
são públicos, todavia tramitam devidamente justificados. cionalmente, nos termos da lei.
em segredo de justiça os pro- § 2o Dispensa-se a intimação
cessos: das partes para a prática de ato Art. 196. Compete ao Conselho
I – em que o exija o interesse processual ou a realização de Nacional de Justiça e, supletiva-
público ou social; audiência cujas datas tiverem mente, aos tribunais, regulamen-
II – que versem sobre casa- sido designadas no calendário. tar a prática e a comunicação ofi-
mento, separação de corpos, di- cial de atos processuais por meio
vórcio, separação, união estável, Art. 192. Em todos os atos e ter- eletrônico e velar pela compatibi-
filiação, alimentos e guarda de mos do processo é obrigatório o lidade dos sistemas, disciplinando
crianças e adolescentes; uso da língua portuguesa. a incorporação progressiva de
III – em que constem dados Parágrafo único. O documen- novos avanços tecnológicos e
protegidos pelo direito constitu- to redigido em língua estrangeira editando, para esse fim, os atos
cional à intimidade; somente poderá ser juntado aos que forem necessários, respei-
IV – que versem sobre arbi- autos quando acompanhado de tadas as normas fundamentais
tragem, inclusive sobre cumpri- versão para a língua portuguesa deste Código.
mento de carta arbitral, desde que tramitada por via diplomática ou
a confidencialidade estipulada pela autoridade central, ou fir- Art. 197. Os tribunais divulgarão
na arbitragem seja comprovada mada por tradutor juramentado. as informações constantes de seu
perante o juízo. sistema de automação em página
§ 1o O direito de consultar os própria na rede mundial de com-
autos de processo que tramite em
Seção II – Da Prática putadores, gozando a divulgação
segredo de justiça e de pedir cer- Eletrônica de Atos de presunção de veracidade e
tidões de seus atos é restrito às Processuais confiabilidade.
partes e aos seus procuradores. Parágrafo único. Nos casos
§ 2o O terceiro que demons- Art. 193. Os atos processuais de problema técnico do sistema
trar interesse jurídico pode reque- podem ser total ou parcialmen- e de erro ou omissão do auxiliar
rer ao juiz certidão do dispositivo te digitais, de forma a permitir da justiça responsável pelo re-
da sentença, bem como de inven- que sejam produzidos, comunica- gistro dos andamentos, poderá
tário e de partilha resultantes de dos, armazenados e validados por ser configurada a justa causa
divórcio ou separação. meio eletrônico, na forma da lei. prevista no art. 223, caput e § 1o.
Parágrafo único. O disposto
Art. 190. Versando o processo nesta Seção aplica-se, no que for Art. 198. As unidades do Po-
sobre direitos que admitam au- cabível, à prática de atos notariais der Judiciário deverão manter
tocomposição, é lícito às partes e de registro. gratuitamente, à disposição dos
plenamente capazes estipular interessados, equipamentos ne-
mudanças no procedimento para Art. 194. Os sistemas de auto- cessários à prática de atos pro-
ajustá-lo às especificidades da mação processual respeitarão a cessuais e à consulta e ao acesso
causa e convencionar sobre os publicidade dos atos, o acesso e ao sistema e aos documentos
seus ônus, poderes, faculdades a participação das partes e de dele constantes.
e deveres processuais, antes ou seus procuradores, inclusive nas Parágrafo único. Será admiti-
durante o processo. audiências e sessões de julga- da a prática de atos por meio não
Parágrafo único. De ofício ou mento, observadas as garantias eletrônico no local onde não esti-
a requerimento, o juiz controlará da disponibilidade, independên- verem disponibilizados os equi-
a validade das convenções previs- cia da plataforma computacional, pamentos previstos no caput.
tas neste artigo, recusando-lhes acessibilidade e interoperabilida-
aplicação somente nos casos de de dos sistemas, serviços, dados Art. 199. As unidades do Poder
nulidade ou de inserção abusiva e informações que o Poder Judi- Judiciário assegurarão às pesso-
em contrato de adesão ou em ciário administre no exercício de as com deficiência acessibilidade
que alguma parte se encontre suas funções. aos seus sítios na rede mundial
em manifesta situação de vul- de computadores, ao meio eletrô-
nerabilidade. Art. 195. O registro de ato pro- nico de prática de atos judiciais,
cessual eletrônico deverá ser feito à comunicação eletrônica dos
Art. 191. De comum acordo, o em padrões abertos, que atende- atos processuais e à assinatura
juiz e as partes podem fixar ca- rão aos requisitos de autenticida- eletrônica.
lendário para a prática dos atos de, integridade, temporalidade,
processuais, quando for o caso. não repúdio, conservação e, nos
298
Código de Processo Civil
Seção III – Dos Atos das Art. 205. Os despachos, as de- cesso total ou parcialmente do-
Partes cisões, as sentenças e os acór- cumentado em autos eletrônicos,
dãos serão redigidos, datados e os atos processuais praticados na
Art. 200. Os atos das partes assinados pelos juízes. presença do juiz poderão ser pro-
consistentes em declarações uni- § 1o Quando os pronuncia- duzidos e armazenados de modo
laterais ou bilaterais de vontade mentos previstos no caput forem integralmente digital em arquivo
produzem imediatamente a cons- proferidos oralmente, o servidor eletrônico inviolável, na forma da
tituição, modificação ou extinção os documentará, submetendo-os lei, mediante registro em termo,
de direitos processuais. aos juízes para revisão e assi- que será assinado digitalmente
Parágrafo único. A desistên- natura. pelo juiz e pelo escrivão ou chefe
cia da ação só produzirá efeitos § 2o A assinatura dos juízes, de secretaria, bem como pelos
após homologação judicial. em todos os graus de jurisdição, advogados das partes.
pode ser feita eletronicamente, § 2o Na hipótese do § 1o, even-
Art. 201. As partes poderão exi- na forma da lei. tuais contradições na transcrição
gir recibo de petições, arrazoa- § 3o Os despachos, as deci- deverão ser suscitadas oralmente
dos, papéis e documentos que sões interlocutórias, o disposi- no momento de realização do ato,
entregarem em cartório. tivo das sentenças e a ementa sob pena de preclusão, devendo
dos acórdãos serão publicados o juiz decidir de plano e ordenar
Art. 202. É vedado lançar nos no Diário de Justiça Eletrônico. o registro, no termo, da alegação
autos cotas marginais ou inter- e da decisão.
lineares, as quais o juiz mandará
riscar, impondo a quem as es-
Seção V – Dos Atos do Art. 210. É lícito o uso da taqui-
crever multa correspondente à Escrivão ou do Chefe de grafia, da estenotipia ou de outro
metade do salário mínimo. Secretaria método idôneo em qualquer juízo
ou tribunal.
Art. 206. Ao receber a petição
Seção IV – Dos inicial de processo, o escrivão ou Art. 211. Não se admitem nos
Pronunciamentos do Juiz o chefe de secretaria a autuará, atos e termos processuais es-
mencionando o juízo, a natureza paços em branco, salvo os que
Art. 203. Os pronunciamentos do processo, o número de seu forem inutilizados, assim como
do juiz consistirão em senten- registro, os nomes das partes e entrelinhas, emendas ou rasuras,
ças, decisões interlocutórias e a data de seu início, e procederá exceto quando expressamente
despachos. do mesmo modo em relação aos ressalvadas.
§ 1o Ressalvadas as dispo- volumes em formação.
sições expressas dos procedi-
mentos especiais, sentença é o Art. 207. O escrivão ou o chefe CAPÍTULO II – DO TEMPO
pronunciamento por meio do qual de secretaria numerará e rubri- E DO LUGAR DOS ATOS
o juiz, com fundamento nos arts. cará todas as folhas dos autos. PROCESSUAIS
485 e 487, põe fim à fase cogni- Parágrafo único. À parte,
tiva do procedimento comum, ao procurador, ao membro do Seção I – Do Tempo
bem como extingue a execução. Ministério Público, ao defensor
§ 2o Decisão interlocutória público e aos auxiliares da justi- Art. 212. Os atos processuais
é todo pronunciamento judicial ça é facultado rubricar as folhas serão realizados em dias úteis,
de natureza decisória que não correspondentes aos atos em que das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
se enquadre no § 1o. intervierem. § 1o Serão concluídos após
§ 3o São despachos todos as 20 (vinte) horas os atos inicia-
os demais pronunciamentos do Art. 208. Os termos de juntada, dos antes, quando o adiamento
juiz praticados no processo, de vista, conclusão e outros seme- prejudicar a diligência ou causar
ofício ou a requerimento da parte. lhantes constarão de notas data- grave dano.
§ 4o Os atos meramente or- das e rubricadas pelo escrivão ou § 2o Independentemente de
dinatórios, como a juntada e a pelo chefe de secretaria. autorização judicial, as citações,
vista obrigatória, independem de intimações e penhoras poderão
despacho, devendo ser praticados Art. 209. Os atos e os termos do realizar-se no período de férias
de ofício pelo servidor e revistos processo serão assinados pelas forenses, onde as houver, e nos
pelo juiz quando necessário. pessoas que neles intervierem, feriados ou dias úteis fora do ho-
todavia, quando essas não pude- rário estabelecido neste artigo,
Art. 204. Acórdão é o julgamen- rem ou não quiserem firmá-los, o observado o disposto no art. 5o,
to colegiado proferido pelos tri- escrivão ou o chefe de secretaria inciso XI, da Constituição Federal.
bunais. certificará a ocorrência. § 3o Quando o ato tiver de ser
§ 1o Quando se tratar de pro- praticado por meio de petição em
299
Código de Processo Civil
autos não eletrônicos, essa de- CAPÍTULO III – DOS Poder Judiciário para promover
verá ser protocolada no horário PRAZOS a autocomposição, incumbindo
de funcionamento do fórum ou aos tribunais especificar, com
tribunal, conforme o disposto na Seção I – Disposições Gerais antecedência, a duração dos tra-
lei de organização judiciária local. balhos.
Art. 218. Os atos processuais
Art. 213. A prática eletrônica serão realizados nos prazos pres- Art. 222. Na comarca, seção
de ato processual pode ocorrer critos em lei. ou subseção judiciária onde for
em qualquer horário até as 24 § 1o Quando a lei for omissa, difícil o transporte, o juiz pode-
(vinte e quatro) horas do último o juiz determinará os prazos em rá prorrogar os prazos por até 2
dia do prazo. consideração à complexidade (dois) meses.
Parágrafo único. O horário do ato. § 1o Ao juiz é vedado reduzir
vigente no juízo perante o qual o § 2o Quando a lei ou o juiz não prazos peremptórios sem anu-
ato deve ser praticado será consi- determinar prazo, as intimações ência das partes.
derado para fins de atendimento somente obrigarão a compareci- § 2o Havendo calamidade pú-
do prazo. mento após decorridas 48 (qua- blica, o limite previsto no caput
renta e oito) horas. para prorrogação de prazos po-
Art. 214. Durante as férias fo- § 3o Inexistindo preceito le- derá ser excedido.
renses e nos feriados, não se gal ou prazo determinado pelo
praticarão atos processuais, ex- juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo Art. 223. Decorrido o prazo, ex-
cetuando-se: para a prática de ato processual tingue-se o direito de praticar ou
I – os atos previstos no a cargo da parte. de emendar o ato processual,
art. 212, § 2o; § 4o Será considerado tem- independentemente de declara-
II – a tutela de urgência. pestivo o ato praticado antes do ção judicial, ficando assegurado,
termo inicial do prazo. porém, à parte provar que não o
Art. 215. Processam-se durante realizou por justa causa.
as férias forenses, onde as hou- Art. 219. Na contagem de prazo § 1o Considera-se justa causa
ver, e não se suspendem pela em dias, estabelecido por lei ou o evento alheio à vontade da parte
superveniência delas: pelo juiz, computar-se-ão somen- e que a impediu de praticar o ato
I – os procedimentos de juris- te os dias úteis. por si ou por mandatário.
dição voluntária e os necessários Parágrafo único. O disposto § 2o Verificada a justa causa,
à conservação de direitos, quando neste artigo aplica-se somente o juiz permitirá à parte a prática
puderem ser prejudicados pelo aos prazos processuais. do ato no prazo que lhe assinar.
adiamento;
II – a ação de alimentos e os Art. 220. Suspende-se o cur- Art. 224. Salvo disposição em
processos de nomeação ou re- so do prazo processual nos dias contrário, os prazos serão con-
moção de tutor e curador; compreendidos entre 20 de de- tados excluindo o dia do começo
III – os processos que a lei zembro e 20 de janeiro, inclusive. e incluindo o dia do vencimento.
determinar. § 1o Ressalvadas as férias in- § 1o Os dias do começo e do
dividuais e os feriados instituídos vencimento do prazo serão pro-
Art. 216. Além dos declarados por lei, os juízes, os membros do traídos para o primeiro dia útil
em lei, são feriados, para efeito Ministério Público, da Defensoria seguinte, se coincidirem com dia
forense, os sábados, os domingos Pública e da Advocacia Pública e em que o expediente forense for
e os dias em que não haja expe- os auxiliares da Justiça exercerão encerrado antes ou iniciado de-
diente forense. suas atribuições durante o perí- pois da hora normal ou houver
odo previsto no caput. indisponibilidade da comunica-
§ 2o Durante a suspensão do ção eletrônica.
Seção II – Do Lugar prazo, não se realizarão audiên- § 2o Considera-se como data
cias nem sessões de julgamento. de publicação o primeiro dia útil
Art. 217. Os atos processuais seguinte ao da disponibilização da
realizar-se-ão ordinariamente Art. 221. Suspende-se o curso informação no Diário da Justiça
na sede do juízo, ou, excepcional- do prazo por obstáculo criado eletrônico.
mente, em outro lugar em razão em detrimento da parte ou ocor- § 3o A contagem do prazo
de deferência, de interesse da rendo qualquer das hipóteses do terá início no primeiro dia útil que
justiça, da natureza do ato ou de art. 313, devendo o prazo ser res- seguir ao da publicação.
obstáculo arguido pelo interes- tituído por tempo igual ao que fal-
sado e acolhido pelo juiz. tava para sua complementação. Art. 225. A parte poderá renun-
Parágrafo único. Suspen- ciar ao prazo estabelecido exclu-
dem-se os prazos durante a exe- sivamente em seu favor, desde
cução de programa instituído pelo que o faça de maneira expressa.
300
Código de Processo Civil
Art. 226. O juiz proferirá: do começo do prazo: em que se der a comunicação.
I – os despachos no prazo de I – a data de juntada aos autos § 4o Aplica-se o disposto no
5 (cinco) dias; do aviso de recebimento, quando inciso II do caput à citação com
II – as decisões interlocu- a citação ou a intimação for pelo hora certa.
tórias no prazo de 10 (dez) dias; correio;
III – as sentenças no prazo de II – a data de juntada aos au- Art. 232. Nos atos de comuni-
30 (trinta) dias. tos do mandado cumprido, quan- cação por carta precatória, roga-
do a citação ou a intimação for tória ou de ordem, a realização
Art. 227. Em qualquer grau de por oficial de justiça; da citação ou da intimação será
jurisdição, havendo motivo jus- III – a data de ocorrência da imediatamente informada, por
tificado, pode o juiz exceder, por citação ou da intimação, quando meio eletrônico, pelo juiz depre-
igual tempo, os prazos a que está ela se der por ato do escrivão ou cado ao juiz deprecante.
submetido. do chefe de secretaria;
IV – o dia útil seguinte ao fim
Art. 228. Incumbirá ao serven- da dilação assinada pelo juiz,
Seção II – Da Verificação dos
tuário remeter os autos conclusos quando a citação ou a intima- Prazos e das Penalidades
no prazo de 1 (um) dia e executar ção for por edital;
os atos processuais no prazo de V – o dia útil seguinte à con- Art. 233. Incumbe ao juiz veri-
5 (cinco) dias, contado da data sulta ao teor da citação ou da ficar se o serventuário excedeu,
em que: intimação ou ao término do pra- sem motivo legítimo, os prazos
I – houver concluído o ato zo para que a consulta se dê, estabelecidos em lei.
processual anterior, se lhe foi quando a citação ou a intimação § 1o Constatada a falta, o juiz
imposto pela lei; for eletrônica; ordenará a instauração de pro-
II – tiver ciência da ordem, VI – a data de juntada do co- cesso administrativo, na forma
quando determinada pelo juiz. municado de que trata o art. 232 da lei.
§ 1o Ao receber os autos, o ou, não havendo esse, a data de § 2o Qualquer das partes, o
serventuário certificará o dia e juntada da carta aos autos de Ministério Público ou a Defensoria
a hora em que teve ciência da origem devidamente cumprida, Pública poderá representar ao juiz
ordem referida no inciso II. quando a citação ou a intima- contra o serventuário que injus-
§ 2o Nos processos em autos ção se realizar em cumprimento tificadamente exceder os prazos
eletrônicos, a juntada de petições de carta; previstos em lei.
ou de manifestações em geral VII – a data de publicação,
ocorrerá de forma automática, quando a intimação se der pelo Art. 234. Os advogados públicos
independentemente de ato de Diário da Justiça impresso ou ou privados, o defensor público e
serventuário da justiça. eletrônico; o membro do Ministério Público
VIII – o dia da carga, quando devem restituir os autos no prazo
Art. 229. Os litisconsortes que a intimação se der por meio da do ato a ser praticado.
tiverem diferentes procuradores, retirada dos autos, em carga, do § 1o É lícito a qualquer inte-
de escritórios de advocacia dis- cartório ou da secretaria; ressado exigir os autos do advo-
tintos, terão prazos contados em IX – o quinto dia útil seguinte gado que exceder prazo legal.
dobro para todas as suas mani- à confirmação, na forma prevista § 2o Se, intimado, o advogado
festações, em qualquer juízo ou na mensagem de citação, do re- não devolver os autos no prazo de
tribunal, independentemente de cebimento da citação realizada 3 (três) dias, perderá o direito à
requerimento. por meio eletrônico. vista fora de cartório e incorrerá
§ 1o Cessa a contagem do § 1o Quando houver mais de em multa correspondente à me-
prazo em dobro se, havendo ape- um réu, o dia do começo do prazo tade do salário mínimo.
nas 2 (dois) réus, é oferecida de- para contestar corresponderá à § 3o Verificada a falta, o juiz
fesa por apenas um deles. última das datas a que se referem comunicará o fato à seção local
§ 2o Não se aplica o disposto os incisos I a VI do caput. da Ordem dos Advogados do Brasil
no caput aos processos em autos § 2o Havendo mais de um para procedimento disciplinar e
eletrônicos. intimado, o prazo para cada um imposição de multa.
é contado individualmente. § 4o Se a situação envolver
Art. 230. O prazo para a parte, o § 3o Quando o ato tiver de membro do Ministério Público, da
procurador, a Advocacia Pública, ser praticado diretamente pela Defensoria Pública ou da Advoca-
a Defensoria Pública e o Ministério parte ou por quem, de qualquer cia Pública, a multa, se for o caso,
Público será contado da citação, forma, participe do processo, sem será aplicada ao agente público
da intimação ou da notificação. a intermediação de representante responsável pelo ato.
judicial, o dia do começo do prazo § 5o Verificada a falta, o juiz
Art. 231. Salvo disposição em para cumprimento da determina- comunicará o fato ao órgão com-
sentido diverso, considera-se dia ção judicial corresponderá à data petente responsável pela instau-
301
Código de Processo Civil
ração de procedimento discipli- dos limites territoriais do local de § 1o O comparecimento es-
nar contra o membro que atuou sua sede. pontâneo do réu ou do execu-
no feito. § 3o Admite-se a prática de tado supre a falta ou a nulidade
atos processuais por meio de vi- da citação, fluindo a partir desta
Art. 235. Qualquer parte, o Mi- deoconferência ou outro recurso data o prazo para apresentação
nistério Público ou a Defenso- tecnológico de transmissão de de contestação ou de embargos
ria Pública poderá representar sons e imagens em tempo real. à execução.
ao corregedor do tribunal ou ao § 2o Rejeitada a alegação de
Conselho Nacional de Justiça Art. 237. Será expedida carta: nulidade, tratando-se de proces-
contra juiz ou relator que injus- I – de ordem, pelo tribunal, so de:
tificadamente exceder os prazos na hipótese do § 2o do art. 236; I – conhecimento, o réu será
previstos em lei, regulamento ou II – rogatória, para que órgão considerado revel;
regimento interno. jurisdicional estrangeiro pratique II – execução, o feito terá se-
§ 1o Distribuída a representa- ato de cooperação jurídica inter- guimento.
ção ao órgão competente e ouvi- nacional, relativo a processo em
do previamente o juiz, não sendo curso perante órgão jurisdicional Art. 240. A citação válida, ainda
caso de arquivamento liminar, brasileiro; quando ordenada por juízo in-
será instaurado procedimento III – precatória, para que ór- competente, induz litispendência,
para apuração da responsabili- gão jurisdicional brasileiro prati- torna litigiosa a coisa e constitui
dade, com intimação do repre- que ou determine o cumprimento, em mora o devedor, ressalvado o
sentado por meio eletrônico para, na área de sua competência terri- disposto nos arts. 397 e 398 da
querendo, apresentar justificativa torial, de ato relativo a pedido de Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
no prazo de 15 (quinze) dias. cooperação judiciária formulado 2002 (Código Civil).
§ 2o Sem prejuízo das san- por órgão jurisdicional de compe- § 1o A interrupção da pres-
ções administrativas cabíveis, tência territorial diversa; crição, operada pelo despacho
em até 48 (quarenta e oito) horas IV – arbitral, para que órgão que ordena a citação, ainda que
após a apresentação ou não da do Poder Judiciário pratique ou proferido por juízo incompetente,
justificativa de que trata o § 1o, determine o cumprimento, na retroagirá à data de propositura
se for o caso, o corregedor do área de sua competência terri- da ação.
tribunal ou o relator no Conselho torial, de ato objeto de pedido de § 2o Incumbe ao autor ado-
Nacional de Justiça determinará cooperação judiciária formulado tar, no prazo de 10 (dez) dias, as
a intimação do representado por por juízo arbitral, inclusive os que providências necessárias para
meio eletrônico para que, em 10 importem efetivação de tutela viabilizar a citação, sob pena de
(dez) dias, pratique o ato. provisória. não se aplicar o disposto no § 1o.
§ 3o Mantida a inércia, os au- Parágrafo único. Se o ato § 3o A parte não será pre-
tos serão remetidos ao substituto relativo a processo em curso na judicada pela demora imputá-
legal do juiz ou do relator contra o justiça federal ou em tribunal su- vel exclusivamente ao serviço
qual se representou para decisão perior houver de ser praticado em judiciário.
em 10 (dez) dias. local onde não haja vara federal, a § 4o O efeito retroativo a que
carta poderá ser dirigida ao juízo se refere o § 1o aplica-se à deca-
estadual da respectiva comarca. dência e aos demais prazos ex-
TÍTULO II – DA tintivos previstos em lei.
COMUNICAÇÃO DOS ATOS
PROCESSUAIS CAPÍTULO II – DA CITAÇÃO Art. 241. Transitada em julgado
a sentença de mérito proferida
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 238. Citação é o ato pelo em favor do réu antes da citação,
GERAIS qual são convocados o réu, o exe- incumbe ao escrivão ou ao chefe
cutado ou o interessado para in- de secretaria comunicar-lhe o
Art. 236. Os atos processuais tegrar a relação processual. resultado do julgamento.
serão cumpridos por ordem ju- Parágrafo único. A citação
dicial. será efetivada em até 45 (qua- Art. 242. A citação será pessoal,
§ 1o Será expedida carta para renta e cinco) dias a partir da podendo, no entanto, ser feita na
a prática de atos fora dos limites propositura da ação. pessoa do representante legal ou
territoriais do tribunal, da comar- do procurador do réu, do execu-
ca, da seção ou da subseção judi- Art. 239. Para a validade do pro- tado ou do interessado.
ciárias, ressalvadas as hipóteses cesso é indispensável a citação do § 1o Na ausência do citando,
previstas em lei. réu ou do executado, ressalvadas a citação será feita na pessoa de
§ 2o O tribunal poderá expe- as hipóteses de indeferimento da seu mandatário, administrador,
dir carta para juízo a ele vinculado, petição inicial ou de improcedên- preposto ou gerente, quando a
se o ato houver de se realizar fora cia liminar do pedido. ação se originar de atos por eles
302
Código de Processo Civil
praticados. § 3o Dispensa-se a nomea- ça, passível de multa de até 5%
§ 2o O locador que se au- ção de que trata o § 2o se pessoa (cinco por cento) do valor da cau-
sentar do Brasil sem cientificar da família apresentar declaração sa, deixar de confirmar no prazo
o locatário de que deixou, na lo- do médico do citando que ateste legal, sem justa causa, o recebi-
calidade onde estiver situado o a incapacidade deste. mento da citação recebida por
imóvel, procurador com poderes § 4o Reconhecida a impossi- meio eletrônico.
para receber citação será citado bilidade, o juiz nomeará curador § 2o O disposto no § 1o apli-
na pessoa do administrador do ao citando, observando, quanto ca-se à União, aos Estados, ao
imóvel encarregado do recebi- à sua escolha, a preferência es- Distrito Federal, aos Municípios
mento dos aluguéis, que será tabelecida em lei e restringindo e às entidades da administração
considerado habilitado para re- a nomeação à causa. indireta.
presentar o locador em juízo. § 5o A citação será feita na § 3o Na ação de usucapião
§ 3o A citação da União, dos pessoa do curador, a quem in- de imóvel, os confinantes serão
Estados, do Distrito Federal, dos cumbirá a defesa dos interesses citados pessoalmente, exceto
Municípios e de suas respectivas do citando. quando tiver por objeto unidade
autarquias e fundações de direito autônoma de prédio em condo-
público será realizada perante o Art. 246. A citação será feita mínio, caso em que tal citação é
órgão de Advocacia Pública res- preferencialmente por meio ele- dispensada.
ponsável por sua representação trônico, no prazo de até 2 (dois) § 4o As citações por correio
judicial. dias úteis, contado da decisão eletrônico serão acompanhadas
que a determinar, por meio dos das orientações para realização
Art. 243. A citação poderá ser endereços eletrônicos indicados da confirmação de recebimen-
feita em qualquer lugar em que pelo citando no banco de dados to e de código identificador que
se encontre o réu, o executado do Poder Judiciário, conforme re- permitirá a sua identificação na
ou o interessado. gulamento do Conselho Nacional página eletrônica do órgão judi-
Parágrafo único. O militar em de Justiça. cial citante.
serviço ativo será citado na uni- I – (Revogado); § 5o As microempresas e as
dade em que estiver servindo, se II – (Revogado); pequenas empresas somente se
não for conhecida sua residência III – (Revogado); sujeitam ao disposto no § 1o des-
ou nela não for encontrado. IV – (Revogado); te artigo quando não possuírem
V – (Revogado). endereço eletrônico cadastrado
Art. 244. Não se fará a citação, § 1o As empresas públicas e no sistema integrado da Rede
salvo para evitar o perecimento privadas são obrigadas a manter Nacional para a Simplificação
do direito: cadastro nos sistemas de pro- do Registro e da Legalização de
I – de quem estiver partici- cesso em autos eletrônicos, para Empresas e Negócios (Redesim).
pando de ato de culto religioso; efeito de recebimento de citações § 6o Para os fins do § 5o deste
II – de cônjuge, de compa- e intimações, as quais serão efe- artigo, deverá haver compartilha-
nheiro ou de qualquer parente tuadas preferencialmente por mento de cadastro com o órgão
do morto, consanguíneo ou afim, esse meio. do Poder Judiciário, incluído o
em linha reta ou na linha colate- § 1o-A. A ausência de con- endereço eletrônico constante
ral em segundo grau, no dia do firmação, em até 3 (três) dias do sistema integrado da Redesim,
falecimento e nos 7 (sete) dias úteis, contados do recebimento nos termos da legislação aplicável
seguintes; da citação eletrônica, implicará ao sigilo fiscal e ao tratamento de
III – de noivos, nos 3 (três) a realização da citação: dados pessoais.
primeiros dias seguintes ao ca- I – pelo correio;
samento; II – por oficial de justiça; Art. 247. A citação será feita
IV – de doente, enquanto gra- III – pelo escrivão ou chefe de por meio eletrônico ou pelo cor-
ve o seu estado. secretaria, se o citando compa- reio para qualquer comarca do
recer em cartório; País, exceto:
Art. 245. Não se fará citação IV – por edital. I – nas ações de estado, ob-
quando se verificar que o citando § 1o-B. Na primeira oportu- servado o disposto no art. 695,
é mentalmente incapaz ou está nidade de falar nos autos, o réu § 3o;
impossibilitado de recebê-la. citado nas formas previstas nos II – quando o citando for in-
§ 1o O oficial de justiça des- incisos I, II, III e IV do § 1o‑A deste capaz;
creverá e certificará minuciosa- artigo deverá apresentar justa III – quando o citando for pes-
mente a ocorrência. causa para a ausência de confir- soa de direito público;
§ 2o Para examinar o citan- mação do recebimento da citação IV – quando o citando residir
do, o juiz nomeará médico, que enviada eletronicamente. em local não atendido pela entre-
apresentará laudo no prazo de 5 § 1 o-C. Considera-se ato ga domiciliar de correspondência;
(cinco) dias. atentatório à dignidade da justi- V – quando o autor, justifi-
303
Código de Processo Civil
cadamente, a requerer de outra defensor público, à audiência de se recusar a receber o mandado.
forma. conciliação ou de mediação, com § 3o Da certidão da ocorrên-
a menção do dia, da hora e do lu- cia, o oficial de justiça deixará
Art. 248. Deferida a citação pelo gar do comparecimento; contrafé com qualquer pessoa
correio, o escrivão ou o chefe de V – a cópia da petição inicial, da família ou vizinho, conforme
secretaria remeterá ao citan- do despacho ou da decisão que o caso, declarando-lhe o nome.
do cópias da petição inicial e do deferir tutela provisória; § 4o O oficial de justiça fará
despacho do juiz e comunicará o VI – a assinatura do escrivão constar do mandado a advertên-
prazo para resposta, o endereço ou do chefe de secretaria e a de- cia de que será nomeado curador
do juízo e o respectivo cartório. claração de que o subscreve por especial se houver revelia.
§ 1o A carta será registrada ordem do juiz.
para entrega ao citando, exigindo- Art. 254. Feita a citação com
-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, Art. 251. Incumbe ao oficial de hora certa, o escrivão ou chefe de
que assine o recibo. justiça procurar o citando e, onde secretaria enviará ao réu, execu-
§ 2o Sendo o citando pessoa o encontrar, citá-lo: tado ou interessado, no prazo de
jurídica, será válida a entrega do I – lendo-lhe o mandado e 10 (dez) dias, contado da data da
mandado a pessoa com poderes entregando-lhe a contrafé; juntada do mandado aos autos,
de gerência geral ou de adminis- II – portando por fé se rece- carta, telegrama ou correspon-
tração ou, ainda, a funcionário beu ou recusou a contrafé; dência eletrônica, dando-lhe de
responsável pelo recebimento III – obtendo a nota de ciente tudo ciência.
de correspondências. ou certificando que o citando não
§ 3o Da carta de citação no a apôs no mandado. Art. 255. Nas comarcas contí-
processo de conhecimento cons- guas de fácil comunicação e nas
tarão os requisitos do art. 250. Art. 252. Quando, por 2 (duas) que se situem na mesma região
§ 4o Nos condomínios edi- vezes, o oficial de justiça houver metropolitana, o oficial de justi-
lícios ou nos loteamentos com procurado o citando em seu do- ça poderá efetuar, em qualquer
controle de acesso, será válida a micílio ou residência sem o en- delas, citações, intimações, no-
entrega do mandado a funcioná- contrar, deverá, havendo suspeita tificações, penhoras e quaisquer
rio da portaria responsável pelo de ocultação, intimar qualquer outros atos executivos.
recebimento de correspondência, pessoa da família ou, em sua falta,
que, entretanto, poderá recusar qualquer vizinho de que, no dia útil Art. 256. A citação por edital
o recebimento, se declarar, por imediato, voltará a fim de efetuar será feita:
escrito, sob as penas da lei, que o a citação, na hora que designar. I – quando desconhecido ou
destinatário da correspondência Parágrafo único. Nos con- incerto o citando;
está ausente. domínios edilícios ou nos lotea- II – quando ignorado, incerto
mentos com controle de acesso, ou inacessível o lugar em que se
Art. 249. A citação será feita será válida a intimação a que se encontrar o citando;
por meio de oficial de justiça nas refere o caput feita a funcionário III – nos casos expressos em
hipóteses previstas neste Código da portaria responsável pelo re- lei.
ou em lei, ou quando frustrada a cebimento de correspondência. § 1o Considera-se inacessí-
citação pelo correio. vel, para efeito de citação por
Art. 253. No dia e na hora de- edital, o país que recusar o cum-
Art. 250. O mandado que o ofi- signados, o oficial de justiça, in- primento de carta rogatória.
cial de justiça tiver de cumprir dependentemente de novo des- § 2o No caso de ser inacessí-
conterá: pacho, comparecerá ao domicílio vel o lugar em que se encontrar o
I – os nomes do autor e do ou à residência do citando a fim réu, a notícia de sua citação será
citando e seus respectivos do- de realizar a diligência. divulgada também pelo rádio, se
micílios ou residências; § 1o Se o citando não esti- na comarca houver emissora de
II – a finalidade da citação, ver presente, o oficial de justiça radiodifusão.
com todas as especificações procurará informar-se das razões § 3o O réu será considerado
constantes da petição inicial, bem da ausência, dando por feita a em local ignorado ou incerto se
como a menção do prazo para citação, ainda que o citando se infrutíferas as tentativas de sua
contestar, sob pena de revelia, tenha ocultado em outra comar- localização, inclusive mediante
ou para embargar a execução; ca, seção ou subseção judiciárias. requisição pelo juízo de infor-
III – a aplicação de sanção § 2o A citação com hora cer- mações sobre seu endereço nos
para o caso de descumprimento ta será efetivada mesmo que a cadastros de órgãos públicos ou
da ordem, se houver; pessoa da família ou o vizinho de concessionárias de serviços
IV – se for o caso, a intima- que houver sido intimado esteja públicos.
ção do citando para comparecer, ausente, ou se, embora presente,
acompanhado de advogado ou de a pessoa da família ou o vizinho Art. 257. São requisitos da ci-
304
Código de Processo Civil
tação por edital: mento do mandato conferido ao assinatura do juiz deverá ser ele-
I – a afirmação do autor ou advogado; trônica, na forma da lei.
a certidão do oficial informando III – a menção do ato proces-
a presença das circunstâncias sual que lhe constitui o objeto; Art. 264. A carta de ordem e a
autorizadoras; IV – o encerramento com a carta precatória por meio ele-
II – a publicação do edital na assinatura do juiz. trônico, por telefone ou por te-
rede mundial de computadores, § 1o O juiz mandará trasladar legrama conterão, em resumo
no sítio do respectivo tribunal e na para a carta quaisquer outras substancial, os requisitos men-
plataforma de editais do Conselho peças, bem como instruí-la com cionados no art. 250, especial-
Nacional de Justiça, que deve ser mapa, desenho ou gráfico, sem- mente no que se refere à aferição
certificada nos autos; pre que esses documentos devam da autenticidade.
III – a determinação, pelo ser examinados, na diligência, pe-
juiz, do prazo, que variará entre las partes, pelos peritos ou pelas Art. 265. O secretário do tri-
20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, testemunhas. bunal, o escrivão ou o chefe de
fluindo da data da publicação § 2o Quando o objeto da carta secretaria do juízo deprecante
única ou, havendo mais de uma, for exame pericial sobre docu- transmitirá, por telefone, a carta
da primeira; mento, este será remetido em de ordem ou a carta precatória
IV – a advertência de que será original, ficando nos autos re- ao juízo em que houver de se
nomeado curador especial em produção fotográfica. cumprir o ato, por intermédio do
caso de revelia. § 3o A carta arbitral atende- escrivão do primeiro ofício da pri-
Parágrafo único. O juiz pode- rá, no que couber, aos requisitos meira vara, se houver na comar-
rá determinar que a publicação do a que se refere o caput e será ca mais de um ofício ou de uma
edital seja feita também em jornal instruída com a convenção de vara, observando-se, quanto aos
local de ampla circulação ou por arbitragem e com as provas da requisitos, o disposto no art. 264.
outros meios, considerando as nomeação do árbitro e de sua § 1o O escrivão ou o chefe de
peculiaridades da comarca, da aceitação da função. secretaria, no mesmo dia ou no
seção ou da subseção judiciárias. dia útil imediato, telefonará ou
Art. 261. Em todas as cartas o enviará mensagem eletrônica ao
Art. 258. A parte que requerer juiz fixará o prazo para cumpri- secretário do tribunal, ao escrivão
a citação por edital, alegando mento, atendendo à facilidade ou ao chefe de secretaria do juízo
dolosamente a ocorrência das das comunicações e à natureza deprecante, lendo-lhe os termos
circunstâncias autorizadoras da diligência. da carta e solicitando-lhe que os
para sua realização, incorrerá § 1o As partes deverão ser confirme.
em multa de 5 (cinco) vezes o intimadas pelo juiz do ato de ex- § 2o Sendo confirmada, o es-
salário mínimo. pedição da carta. crivão ou o chefe de secretaria
Parágrafo único. A multa re- § 2o Expedida a carta, as par- submeterá a carta a despacho.
verterá em benefício do citando. tes acompanharão o cumprimen-
to da diligência perante o juízo Art. 266. Serão praticados de
Art. 259. Serão publicados edi- destinatário, ao qual compete a ofício os atos requisitados por
tais: prática dos atos de comunicação. meio eletrônico e de telegrama,
I – na ação de usucapião de § 3o A parte a quem interes- devendo a parte depositar, con-
imóvel; sar o cumprimento da diligência tudo, na secretaria do tribunal ou
II – na ação de recuperação ou cooperará para que o prazo a que no cartório do juízo deprecante,
substituição de título ao portador; se refere o caput seja cumprido. a importância correspondente
III – em qualquer ação em que às despesas que serão feitas no
seja necessária, por determina- Art. 262. A carta tem caráter juízo em que houver de praticar-
ção legal, a provocação, para par- itinerante, podendo, antes ou de- -se o ato.
ticipação no processo, de interes- pois de lhe ser ordenado o cum-
sados incertos ou desconhecidos. primento, ser encaminhada a juízo Art. 267. O juiz recusará cum-
diverso do que dela consta, a fim primento a carta precatória ou
de se praticar o ato. arbitral, devolvendo-a com de-
CAPÍTULO III – DAS CARTAS Parágrafo único. O encami- cisão motivada quando:
nhamento da carta a outro juízo I – a carta não estiver reves-
Art. 260. São requisitos das será imediatamente comunicado tida dos requisitos legais;
cartas de ordem, precatória e ao órgão expedidor, que intimará II – faltar ao juiz competên-
rogatória: as partes. cia em razão da matéria ou da
I – a indicação dos juízes de hierarquia;
origem e de cumprimento do ato; Art. 263. As cartas deverão, pre- III – o juiz tiver dúvida acerca
II – o inteiro teor da petição, ferencialmente, ser expedidas por de sua autenticidade.
do despacho judicial e do instru- meio eletrônico, caso em que a Parágrafo único. No caso
305
Código de Processo Civil
de incompetência em razão da Ordem dos Advogados do Brasil. de todos os atos do processo os
matéria ou da hierarquia, o juiz § 2o Sob pena de nulidade, é advogados das partes:
deprecado, conforme o ato a ser indispensável que da publicação I – pessoalmente, se tiverem
praticado, poderá remeter a carta constem os nomes das partes e domicílio na sede do juízo;
ao juiz ou ao tribunal competente. de seus advogados, com o res- II – por carta registrada, com
pectivo número de inscrição na aviso de recebimento, quando
Art. 268. Cumprida a carta, será Ordem dos Advogados do Brasil, forem domiciliados fora do juízo.
devolvida ao juízo de origem no ou, se assim requerido, da socie-
prazo de 10 (dez) dias, indepen- dade de advogados. Art. 274. Não dispondo a lei de
dentemente de traslado, pagas § 3o A grafia dos nomes das outro modo, as intimações serão
as custas pela parte. partes não deve conter abrevia- feitas às partes, aos seus repre-
turas. sentantes legais, aos advogados e
§ 4o A grafia dos nomes dos aos demais sujeitos do processo
CAPÍTULO IV – DAS advogados deve corresponder ao pelo correio ou, se presentes em
INTIMAÇÕES nome completo e ser a mesma cartório, diretamente pelo escri-
que constar da procuração ou vão ou chefe de secretaria.
Art. 269. Intimação é o ato pelo que estiver registrada na Ordem Parágrafo único. Presumem-
qual se dá ciência a alguém dos dos Advogados do Brasil. -se válidas as intimações dirigi-
atos e dos termos do processo. § 5o Constando dos autos das ao endereço constante dos
§ 1o É facultado aos advo- pedido expresso para que as co- autos, ainda que não recebidas
gados promover a intimação do municações dos atos processuais pessoalmente pelo interessado,
advogado da outra parte por meio sejam feitas em nome dos advo- se a modificação temporária ou
do correio, juntando aos autos, a gados indicados, o seu desatendi- definitiva não tiver sido devida-
seguir, cópia do ofício de intima- mento implicará nulidade. mente comunicada ao juízo, fluin-
ção e do aviso de recebimento. § 6o A retirada dos autos do do os prazos a partir da juntada
§ 2o O ofício de intimação cartório ou da secretaria em car- aos autos do comprovante de
deverá ser instruído com cópia ga pelo advogado, por pessoa cre- entrega da correspondência no
do despacho, da decisão ou da denciada a pedido do advogado primitivo endereço.
sentença. ou da sociedade de advogados,
§ 3o A intimação da União, pela Advocacia Pública, pela De- Art. 275. A intimação será fei-
dos Estados, do Distrito Federal, fensoria Pública ou pelo Ministé- ta por oficial de justiça quando
dos Municípios e de suas res- rio Público implicará intimação frustrada a realização por meio
pectivas autarquias e fundações de qualquer decisão contida no eletrônico ou pelo correio.
de direito público será realizada processo retirado, ainda que pen- § 1o A certidão de intimação
perante o órgão de Advocacia dente de publicação. deve conter:
Pública responsável por sua re- § 7o O advogado e a socie- I – a indicação do lugar e a
presentação judicial. dade de advogados deverão re- descrição da pessoa intimada,
querer o respectivo credencia- mencionando, quando possível,
Art. 270. As intimações reali- mento para a retirada de autos o número de seu documento de
zam-se, sempre que possível, por por preposto. identidade e o órgão que o ex-
meio eletrônico, na forma da lei. § 8o A parte arguirá a nuli- pediu;
Parágrafo único. Aplica-se ao dade da intimação em capítulo II – a declaração de entrega
Ministério Público, à Defensoria preliminar do próprio ato que lhe da contrafé;
Pública e à Advocacia Pública o caiba praticar, o qual será tido III – a nota de ciente ou a cer-
disposto no § 1o do art. 246. por tempestivo se o vício for re- tidão de que o interessado não a
conhecido. apôs no mandado.
Art. 271. O juiz determinará de § 9o Não sendo possível a § 2o Caso necessário, a inti-
ofício as intimações em proces- prática imediata do ato diante mação poderá ser efetuada com
sos pendentes, salvo disposição da necessidade de acesso prévio hora certa ou por edital.
em contrário. aos autos, a parte limitar-se-á a
arguir a nulidade da intimação,
Art. 272. Quando não realizadas caso em que o prazo será conta- TÍTULO III – DAS
por meio eletrônico, consideram- do da intimação da decisão que NULIDADES
-se feitas as intimações pela pu- a reconheça.
blicação dos atos no órgão oficial. Art. 276. Quando a lei prescrever
§ 1o Os advogados poderão Art. 273. Se inviável a intimação determinada forma sob pena de
requerer que, na intimação a eles por meio eletrônico e não houver nulidade, a decretação desta não
dirigida, figure apenas o nome da na localidade publicação em ór- pode ser requerida pela parte que
sociedade a que pertençam, des- gão oficial, incumbirá ao escrivão lhe deu causa.
de que devidamente registrada na ou chefe de secretaria intimar
306
Código de Processo Civil
Art. 277. Quando a lei prescrever nem mandará repetir o ato ou eletrônico.
determinada forma, o juiz consi- suprir-lhe a falta. Parágrafo único. Dispensa-
derará válido o ato se, realizado -se a juntada da procuração:
de outro modo, lhe alcançar a Art. 283. O erro de forma do I – no caso previsto no
finalidade. processo acarreta unicamente a art. 104;
anulação dos atos que não pos- II – se a parte estiver repre-
Art. 278. A nulidade dos atos sam ser aproveitados, devendo sentada pela Defensoria Pública;
deve ser alegada na primeira ser praticados os que forem ne- III – se a representação de-
oportunidade em que couber à cessários a fim de se observarem correr diretamente de norma
parte falar nos autos, sob pena as prescrições legais. prevista na Constituição Fede-
de preclusão. Parágrafo único. Dar-se-á o ral ou em lei.
Parágrafo único. Não se apli- aproveitamento dos atos pratica-
ca o disposto no caput às nulida- dos desde que não resulte preju- Art. 288. O juiz, de ofício ou a
des que o juiz deva decretar de ízo à defesa de qualquer parte. requerimento do interessado,
ofício, nem prevalece a preclusão corrigirá o erro ou compensará
provando a parte legítimo impe- a falta de distribuição.
dimento. TÍTULO IV – DA
DISTRIBUIÇÃO E DO Art. 289. A distribuição pode-
Art. 279. É nulo o processo REGISTRO rá ser fiscalizada pela parte, por
quando o membro do Ministé- seu procurador, pelo Ministério
rio Público não for intimado a Art. 284. Todos os processos Público e pela Defensoria Pública.
acompanhar o feito em que deva estão sujeitos a registro, deven-
intervir. do ser distribuídos onde houver Art. 290. Será cancelada a dis-
§ 1o Se o processo tiver tra- mais de um juiz. tribuição do feito se a parte, inti-
mitado sem conhecimento do mada na pessoa de seu advogado,
membro do Ministério Público, o Art. 285. A distribuição, que po- não realizar o pagamento das
juiz invalidará os atos praticados derá ser eletrônica, será alternada custas e despesas de ingresso
a partir do momento em que ele e aleatória, obedecendo-se rigo- em 15 (quinze) dias.
deveria ter sido intimado. rosa igualdade.
§ 2o A nulidade só pode ser Parágrafo único. A lista de
decretada após a intimação do distribuição deverá ser publicada TÍTULO V – DO VALOR DA
Ministério Público, que se mani- no Diário de Justiça. CAUSA
festará sobre a existência ou a
inexistência de prejuízo. Art. 286. Serão distribuídas por Art. 291. A toda causa será atri-
dependência as causas de qual- buído valor certo, ainda que não
Art. 280. As citações e as inti- quer natureza: tenha conteúdo econômico ime-
mações serão nulas quando feitas I – quando se relacionarem, diatamente aferível.
sem observância das prescrições por conexão ou continência, com
legais. outra já ajuizada; Art. 292. O valor da causa cons-
II – quando, tendo sido extinto tará da petição inicial ou da re-
Art. 281. Anulado o ato, con- o processo sem resolução de mé- convenção e será:
sideram-se de nenhum efeito rito, for reiterado o pedido, ainda I – na ação de cobrança de
todos os subsequentes que dele que em litisconsórcio com outros dívida, a soma monetariamente
dependam, todavia, a nulidade autores ou que sejam parcialmen- corrigida do principal, dos juros
de uma parte do ato não preju- te alterados os réus da demanda; de mora vencidos e de outras pe-
dicará as outras que dela sejam III – quando houver ajuiza- nalidades, se houver, até a data
independentes. mento de ações nos termos do de propositura da ação;
art. 55, § 3o, ao juízo prevento. II – na ação que tiver por ob-
Art. 282. Ao pronunciar a nu- Parágrafo único. Havendo jeto a existência, a validade, o
lidade, o juiz declarará que atos intervenção de terceiro, recon- cumprimento, a modificação, a
são atingidos e ordenará as provi- venção ou outra hipótese de am- resolução, a resilição ou a resci-
dências necessárias a fim de que pliação objetiva do processo, o são de ato jurídico, o valor do ato
sejam repetidos ou retificados. juiz, de ofício, mandará proce- ou o de sua parte controvertida;
§ 1o O ato não será repetido der à respectiva anotação pelo III – na ação de alimentos,
nem sua falta será suprida quando distribuidor. a soma de 12 (doze) prestações
não prejudicar a parte. mensais pedidas pelo autor;
§ 2o Quando puder decidir o Art. 287. A petição inicial deve IV – na ação de divisão, de
mérito a favor da parte a quem vir acompanhada de procura- demarcação e de reivindicação,
aproveite a decretação da nu- ção, que conterá os endereços o valor de avaliação da área ou
lidade, o juiz não a pronunciará do advogado, eletrônico e não do bem objeto do pedido;
307
Código de Processo Civil
V – na ação indenizatória, in- tal independe do pagamento de sarcir os danos que a outra par-
clusive a fundada em dano moral, custas. te possa vir a sofrer, podendo a
o valor pretendido; caução ser dispensada se a parte
VI – na ação em que há cumu- Art. 296. A tutela provisória economicamente hipossuficiente
lação de pedidos, a quantia cor- conserva sua eficácia na pen- não puder oferecê-la.
respondente à soma dos valores dência do processo, mas pode, § 2o A tutela de urgência
de todos eles; a qualquer tempo, ser revogada pode ser concedida liminarmente
VII – na ação em que os pedi- ou modificada. ou após justificação prévia.
dos são alternativos, o de maior Parágrafo único. Salvo deci- § 3o A tutela de urgência de
valor; são judicial em contrário, a tutela natureza antecipada não será
VIII – na ação em que houver provisória conservará a eficácia concedida quando houver perigo
pedido subsidiário, o valor do pe- durante o período de suspensão de irreversibilidade dos efeitos
dido principal. do processo. da decisão.
§ 1o Quando se pedirem pres-
tações vencidas e vincendas, con- Art. 297. O juiz poderá determi- Art. 301. A tutela de urgência de
siderar-se-á o valor de umas e nar as medidas que considerar natureza cautelar pode ser efeti-
outras. adequadas para efetivação da vada mediante arresto, sequestro,
§ 2o O valor das prestações tutela provisória. arrolamento de bens, registro de
vincendas será igual a uma pres- Parágrafo único. A efetivação protesto contra alienação de bem
tação anual, se a obrigação for da tutela provisória observará as e qualquer outra medida idônea
por tempo indeterminado ou por normas referentes ao cumpri- para asseguração do direito.
tempo superior a 1 (um) ano, e, se mento provisório da sentença,
por tempo inferior, será igual à no que couber. Art. 302. Independentemente
soma das prestações. da reparação por dano processu-
§ 3o O juiz corrigirá, de ofí- Art. 298. Na decisão que conce- al, a parte responde pelo prejuízo
cio e por arbitramento, o valor der, negar, modificar ou revogar que a efetivação da tutela de ur-
da causa quando verificar que a tutela provisória, o juiz motiva- gência causar à parte adversa, se:
não corresponde ao conteúdo rá seu convencimento de modo I – a sentença lhe for des-
patrimonial em discussão ou ao claro e preciso. favorável;
proveito econômico perseguido II – obtida liminarmente a tu-
pelo autor, caso em que se proce- Art. 299. A tutela provisória tela em caráter antecedente, não
derá ao recolhimento das custas será requerida ao juízo da causa fornecer os meios necessários
correspondentes. e, quando antecedente, ao juízo para a citação do requerido no
competente para conhecer do prazo de 5 (cinco) dias;
Art. 293. O réu poderá impug- pedido principal. III – ocorrer a cessação da
nar, em preliminar da contesta- Parágrafo único. Ressalvada eficácia da medida em qualquer
ção, o valor atribuído à causa pelo disposição especial, na ação de hipótese legal;
autor, sob pena de preclusão, e o competência originária de tribu- IV – o juiz acolher a alegação
juiz decidirá a respeito, impondo, nal e nos recursos a tutela pro- de decadência ou prescrição da
se for o caso, a complementação visória será requerida ao órgão pretensão do autor.
das custas. jurisdicional competente para Parágrafo único. A indeniza-
apreciar o mérito. ção será liquidada nos autos em
que a medida tiver sido concedi-
LIVRO V – DA TUTELA da, sempre que possível.
PROVISÓRIA TÍTULO II – DA TUTELA DE
URGÊNCIA
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES CAPÍTULO II – DO
GERAIS CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PROCEDIMENTO DA
GERAIS TUTELA ANTECIPADA
Art. 294. A tutela provisória REQUERIDA EM CARÁTER
pode fundamentar-se em ur- Art. 300. A tutela de urgência ANTECEDENTE
gência ou evidência. será concedida quando houver
Parágrafo único. A tutela pro- elementos que evidenciem a pro- Art. 303. Nos casos em que a
visória de urgência, cautelar ou babilidade do direito e o perigo de urgência for contemporânea à
antecipada, pode ser concedida dano ou o risco ao resultado útil propositura da ação, a petição
em caráter antecedente ou in- do processo. inicial pode limitar-se ao reque-
cidental. § 1o Para a concessão da tu- rimento da tutela antecipada e
tela de urgência, o juiz pode, con- à indicação do pedido de tutela
Art. 295. A tutela provisória forme o caso, exigir caução real final, com a exposição da lide, do
requerida em caráter inciden- ou fidejussória idônea para res- direito que se busca realizar e do
308
Código de Processo Civil
perigo de dano ou do risco ao re- não revista, reformada ou invali- -se-á o procedimento comum.
sultado útil do processo. dada por decisão de mérito pro-
§ 1o Concedida a tutela an- ferida na ação de que trata o § 2o. Art. 308. Efetivada a tutela cau-
tecipada a que se refere o caput § 4o Qualquer das partes po- telar, o pedido principal terá de
deste artigo: derá requerer o desarquivamento ser formulado pelo autor no prazo
I – o autor deverá aditar a dos autos em que foi concedida de 30 (trinta) dias, caso em que
petição inicial, com a comple- a medida, para instruir a petição será apresentado nos mesmos
mentação de sua argumentação, inicial da ação a que se refere o autos em que deduzido o pedido
a juntada de novos documentos e § 2o, prevento o juízo em que a de tutela cautelar, não depen-
a confirmação do pedido de tutela tutela antecipada foi concedida. dendo do adiantamento de novas
final, em 15 (quinze) dias ou em § 5o O direito de rever, re- custas processuais.
outro prazo maior que o juiz fixar; formar ou invalidar a tutela an- § 1o O pedido principal pode
II – o réu será citado e inti- tecipada, previsto no § 2o deste ser formulado conjuntamente
mado para a audiência de conci- artigo, extingue-se após 2 (dois) com o pedido de tutela cautelar.
liação ou de mediação na forma anos, contados da ciência da de- § 2o A causa de pedir pode-
do art. 334; cisão que extinguiu o processo, rá ser aditada no momento de
III – não havendo autocompo- nos termos do § 1o. formulação do pedido principal.
sição, o prazo para contestação § 6o A decisão que concede § 3o Apresentado o pedido
será contado na forma do art. 335. a tutela não fará coisa julgada, principal, as partes serão intima-
§ 2o Não realizado o adita- mas a estabilidade dos respec- das para a audiência de concilia-
mento a que se refere o inciso I do tivos efeitos só será afastada ção ou de mediação, na forma do
§ 1o deste artigo, o processo será por decisão que a revir, reformar art. 334, por seus advogados ou
extinto sem resolução do mérito. ou invalidar, proferida em ação pessoalmente, sem necessidade
§ 3o O aditamento a que se ajuizada por uma das partes, nos de nova citação do réu.
refere o inciso I do § 1o deste ar- termos do § 2o deste artigo. § 4o Não havendo autocom-
tigo dar-se-á nos mesmos autos, posição, o prazo para contestação
sem incidência de novas custas será contado na forma do art. 335.
processuais. CAPÍTULO III – DO
§ 4o Na petição inicial a que PROCEDIMENTO DA Art. 309. Cessa a eficácia da
se refere o caput deste artigo, o TUTELA CAUTELAR tutela concedida em caráter an-
autor terá de indicar o valor da REQUERIDA EM CARÁTER tecedente, se:
causa, que deve levar em consi- ANTECEDENTE I – o autor não deduzir o pedi-
deração o pedido de tutela final. do principal no prazo legal;
§ 5o O autor indicará na pe- Art. 305. A petição inicial da II – não for efetivada dentro
tição inicial, ainda, que pretende ação que visa à prestação de de 30 (trinta) dias;
valer-se do benefício previsto no tutela cautelar em caráter ante- III – o juiz julgar improcedente
caput deste artigo. cedente indicará a lide e seu fun- o pedido principal formulado pelo
§ 6o Caso entenda que não damento, a exposição sumária do autor ou extinguir o processo sem
há elementos para a concessão direito que se objetiva assegurar resolução de mérito.
de tutela antecipada, o órgão ju- e o perigo de dano ou o risco ao Parágrafo único. Se por qual-
risdicional determinará a emenda resultado útil do processo. quer motivo cessar a eficácia da
da petição inicial em até 5 (cinco) Parágrafo único. Caso enten- tutela cautelar, é vedado à parte
dias, sob pena de ser indeferida da que o pedido a que se refere o renovar o pedido, salvo sob novo
e de o processo ser extinto sem caput tem natureza antecipada, fundamento.
resolução de mérito. o juiz observará o disposto no
art. 303. Art. 310. O indeferimento da tu-
Art. 304. A tutela antecipada, tela cautelar não obsta a que a
concedida nos termos do art. 303, Art. 306. O réu será citado para, parte formule o pedido principal,
torna-se estável se da decisão no prazo de 5 (cinco) dias, contes- nem influi no julgamento desse,
que a conceder não for interposto tar o pedido e indicar as provas salvo se o motivo do indeferi-
o respectivo recurso. que pretende produzir. mento for o reconhecimento de
§ 1o No caso previsto no decadência ou de prescrição.
caput, o processo será extinto. Art. 307. Não sendo contesta-
§ 2o Qualquer das partes do o pedido, os fatos alegados
poderá demandar a outra com pelo autor presumir-se-ão acei- TÍTULO III – DA TUTELA DA
o intuito de rever, reformar ou tos pelo réu como ocorridos, caso EVIDÊNCIA
invalidar a tutela antecipada es- em que o juiz decidirá dentro de
tabilizada nos termos do caput. 5 (cinco) dias. Art. 311. A tutela da evidência
§ 3o A tutela antecipada con- Parágrafo único. Contestado será concedida, independente-
servará seus efeitos enquanto o pedido no prazo legal, observar- mente da demonstração de perigo
309
Código de Processo Civil
de dano ou de risco ao resultado dente de resolução de demandas mérito.
útil do processo, quando: repetitivas; § 3o No caso de morte do
I – ficar caracterizado o abuso V – quando a sentença de procurador de qualquer das par-
do direito de defesa ou o manifes- mérito: tes, ainda que iniciada a audiência
to propósito protelatório da parte; a) depender do julgamento de instrução e julgamento, o juiz
II – as alegações de fato pu- de outra causa ou da declaração determinará que a parte consti-
derem ser comprovadas apenas de existência ou de inexistência tua novo mandatário, no prazo
documentalmente e houver tese de relação jurídica que constitua de 15 (quinze) dias, ao final do
firmada em julgamento de ca- o objeto principal de outro pro- qual extinguirá o processo sem
sos repetitivos ou em súmula cesso pendente; resolução de mérito, se o autor
vinculante; b) tiver de ser proferida so- não nomear novo mandatário,
III – se tratar de pedido rei- mente após a verificação de de- ou ordenará o prosseguimento
persecutório fundado em prova terminado fato ou a produção de do processo à revelia do réu, se
documental adequada do contra- certa prova, requisitada a outro falecido o procurador deste.
to de depósito, caso em que será juízo; § 4o O prazo de suspensão do
decretada a ordem de entrega do VI – por motivo de força processo nunca poderá exceder 1
objeto custodiado, sob comina- maior; (um) ano nas hipóteses do inciso V
ção de multa; VII – quando se discutir em ju- e 6 (seis) meses naquela prevista
IV – a petição inicial for ins- ízo questão decorrente de aciden- no inciso II.
truída com prova documental su- tes e fatos da navegação de com- § 5o O juiz determinará o
ficiente dos fatos constitutivos petência do Tribunal Marítimo; prosseguimento do processo
do direito do autor, a que o réu VIII – nos demais casos que assim que esgotados os prazos
não oponha prova capaz de gerar este Código regula; previstos no § 4o.
dúvida razoável. IX – pelo parto ou pela con- § 6o No caso do inciso IX, o
Parágrafo único. Nas hipóte- cessão de adoção, quando a ad- período de suspensão será de 30
ses dos incisos II e III, o juiz pode- vogada responsável pelo proces- (trinta) dias, contado a partir da
rá decidir liminarmente. so constituir a única patrona da data do parto ou da concessão da
causa; adoção, mediante apresentação
X – quando o advogado res- de certidão de nascimento ou do-
LIVRO VI – DA FORMAÇÃO, ponsável pelo processo consti- cumento similar que comprove a
DA SUSPENSÃO E DA tuir o único patrono da causa e realização do parto, ou de termo
EXTINÇÃO DO PROCESSO tornar-se pai. judicial que tenha concedido a
§ 1o Na hipótese do inciso I, o adoção, desde que haja notifi-
TÍTULO I – DA FORMAÇÃO juiz suspenderá o processo, nos cação ao cliente.
DO PROCESSO termos do art. 689. § 7o No caso do inciso X, o
§ 2o Não ajuizada ação de período de suspensão será de
Art. 312. Considera-se proposta habilitação, ao tomar conheci- 8 (oito) dias, contado a partir da
a ação quando a petição inicial for mento da morte, o juiz determi- data do parto ou da concessão da
protocolada, todavia, a proposi- nará a suspensão do processo e adoção, mediante apresentação
tura da ação só produz quanto observará o seguinte: de certidão de nascimento ou do-
ao réu os efeitos mencionados I – falecido o réu, ordenará cumento similar que comprove a
no art. 240 depois que for vali- a intimação do autor para que realização do parto, ou de termo
damente citado. promova a citação do respectivo judicial que tenha concedido a
espólio, de quem for o sucessor adoção, desde que haja notifi-
ou, se for o caso, dos herdeiros, cação ao cliente.
TÍTULO II – DA SUSPENSÃO no prazo que designar, de no mí-
DO PROCESSO nimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) Art. 314. Durante a suspensão
meses; é vedado praticar qualquer ato
Art. 313. Suspende-se o pro- II – falecido o autor e sendo processual, podendo o juiz, to-
cesso: transmissível o direito em litígio, davia, determinar a realização
I – pela morte ou pela per- determinará a intimação de seu de atos urgentes a fim de evitar
da da capacidade processual espólio, de quem for o sucessor dano irreparável, salvo no caso
de qualquer das partes, de seu ou, se for o caso, dos herdeiros, de arguição de impedimento e
representante legal ou de seu pelos meios de divulgação que de suspeição.
procurador; reputar mais adequados, para
II – pela convenção das par- que manifestem interesse na su- Art. 315. Se o conhecimento do
tes; cessão processual e promovam mérito depender de verificação da
III – pela arguição de impedi- a respectiva habilitação no prazo existência de fato delituoso, o juiz
mento ou de suspeição; designado, sob pena de extinção pode determinar a suspensão do
IV – pela admissão de inci- do processo sem resolução de processo até que se pronuncie a
310
Código de Processo Civil
justiça criminal. I – o juízo a que é dirigida; Seção II – Do Pedido
§ 1o Se a ação penal não for II – os nomes, os prenomes, o
proposta no prazo de 3 (três) me- estado civil, a existência de união Art. 322. O pedido deve ser
ses, contado da intimação do ato estável, a profissão, o número de certo.
de suspensão, cessará o efeito inscrição no Cadastro de Pessoas § 1o Compreendem-se no
desse, incumbindo ao juiz cível Físicas ou no Cadastro Nacional principal os juros legais, a cor-
examinar incidentemente a ques- da Pessoa Jurídica, o endereço reção monetária e as verbas de
tão prévia. eletrônico, o domicílio e a resi- sucumbência, inclusive os hono-
§ 2o Proposta a ação penal, dência do autor e do réu; rários advocatícios.
o processo ficará suspenso pelo III – o fato e os fundamentos § 2o A interpretação do pe-
prazo máximo de 1 (um) ano, ao jurídicos do pedido; dido considerará o conjunto da
final do qual aplicar-se-á o dis- IV – o pedido com as suas postulação e observará o prin-
posto na parte final do § 1o. especificações; cípio da boa-fé.
V – o valor da causa;
VI – as provas com que o autor Art. 323. Na ação que tiver por
TÍTULO III – DA EXTINÇÃO pretende demonstrar a verdade objeto cumprimento de obrigação
DO PROCESSO dos fatos alegados; em prestações sucessivas, essas
VII – a opção do autor pela serão consideradas incluídas no
Art. 316. A extinção do processo realização ou não de audiência pedido, independentemente de
dar-se-á por sentença. de conciliação ou de mediação. declaração expressa do autor, e
§ 1o Caso não disponha das serão incluídas na condenação,
Art. 317. Antes de proferir de- informações previstas no inciso enquanto durar a obrigação, se
cisão sem resolução de mérito, II, poderá o autor, na petição ini- o devedor, no curso do processo,
o juiz deverá conceder à parte cial, requerer ao juiz diligências deixar de pagá-las ou de con-
oportunidade para, se possível, necessárias a sua obtenção. signá-las.
corrigir o vício. § 2o A petição inicial não será
indeferida se, a despeito da falta Art. 324. O pedido deve ser de-
de informações a que se refere terminado.
PARTE ESPECIAL o inciso II, for possível a citação § 1o É lícito, porém, formular
LIVRO I – DO PROCESSO do réu. pedido genérico:
§ 3o A petição inicial não será I – nas ações universais, se
DE CONHECIMENTO E indeferida pelo não atendimento o autor não puder individuar os
DO CUMPRIMENTO DE ao disposto no inciso II deste bens demandados;
SENTENÇA artigo se a obtenção de tais in- II – quando não for possível
formações tornar impossível ou determinar, desde logo, as con-
TÍTULO I – DO excessivamente oneroso o acesso sequências do ato ou do fato;
PROCEDIMENTO COMUM à justiça. III – quando a determinação
do objeto ou do valor da conde-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 320. A petição inicial será nação depender de ato que deva
GERAIS instruída com os documentos ser praticado pelo réu.
indispensáveis à propositura da § 2o O disposto neste artigo
Art. 318. Aplica-se a todas as ação. aplica-se à reconvenção.
causas o procedimento comum,
salvo disposição em contrário Art. 321. O juiz, ao verificar que Art. 325. O pedido será alter-
deste Código ou de lei. a petição inicial não preenche os nativo quando, pela natureza
Parágrafo único. O procedi- requisitos dos arts. 319 e 320 ou da obrigação, o devedor puder
mento comum aplica-se subsi- que apresenta defeitos e irregu- cumprir a prestação de mais de
diariamente aos demais procedi- laridades capazes de dificultar um modo.
mentos especiais e ao processo o julgamento de mérito, deter- Parágrafo único. Quando,
de execução. minará que o autor, no prazo de pela lei ou pelo contrato, a es-
15 (quinze) dias, a emende ou a colha couber ao devedor, o juiz lhe
complete, indicando com preci- assegurará o direito de cumprir
CAPÍTULO II – DA PETIÇÃO são o que deve ser corrigido ou a prestação de um ou de outro
INICIAL completado. modo, ainda que o autor não te-
Parágrafo único. Se o autor nha formulado pedido alternativo.
Seção I – Dos Requisitos da
não cumprir a diligência, o juiz
Petição Inicial indeferirá a petição inicial. Art. 326. É lícito formular mais
de um pedido em ordem subsidi-
Art. 319. A petição inicial in- ária, a fim de que o juiz conheça
dicará: do posterior, quando não acolher
311
Código de Processo Civil
o anterior. Seção III – Do Indeferimento CAPÍTULO III – DA
Parágrafo único. É lícito for- da Petição Inicial IMPROCEDÊNCIA LIMINAR
mular mais de um pedido, alterna-
tivamente, para que o juiz acolha Art. 330. A petição inicial será
DO PEDIDO
um deles. indeferida quando:
I – for inepta; Art. 332. Nas causas que dis-
Art. 327. É lícita a cumulação, II – a parte for manifestamen- pensem a fase instrutória, o juiz,
em um único processo, contra te ilegítima; independentemente da citação do
o mesmo réu, de vários pedidos, III – o autor carecer de inte- réu, julgará liminarmente impro-
ainda que entre eles não haja resse processual; cedente o pedido que contrariar:
conexão. IV – não atendidas as prescri- I – enunciado de súmula do
§ 1o São requisitos de ad- ções dos arts. 106 e 321. Supremo Tribunal Federal ou do
missibilidade da cumulação que: § 1o Considera-se inepta a Superior Tribunal de Justiça;
I – os pedidos sejam compa- petição inicial quando: II – acórdão proferido pelo
tíveis entre si; I – lhe faltar pedido ou causa Supremo Tribunal Federal ou pelo
II – seja competente para co- de pedir; Superior Tribunal de Justiça em
nhecer deles o mesmo juízo; II – o pedido for indetermi- julgamento de recursos repe-
III – seja adequado para to- nado, ressalvadas as hipóteses titivos;
dos os pedidos o tipo de proce- legais em que se permite o pe- III – entendimento firmado
dimento. dido genérico; em incidente de resolução de
§ 2o Quando, para cada pe- III – da narração dos fatos demandas repetitivas ou de as-
dido, corresponder tipo diverso não decorrer logicamente a con- sunção de competência;
de procedimento, será admitida clusão; IV – enunciado de súmula de
a cumulação se o autor empre- IV – contiver pedidos incom- tribunal de justiça sobre direi-
gar o procedimento comum, sem patíveis entre si. to local.
prejuízo do emprego das técnicas § 2o Nas ações que tenham § 1o O juiz também poderá
processuais diferenciadas previs- por objeto a revisão de obrigação julgar liminarmente improcedente
tas nos procedimentos especiais decorrente de empréstimo, de fi- o pedido se verificar, desde logo,
a que se sujeitam um ou mais pe- nanciamento ou de alienação de a ocorrência de decadência ou de
didos cumulados, que não forem bens, o autor terá de, sob pena prescrição.
incompatíveis com as disposições de inépcia, discriminar na peti- § 2o Não interposta a apela-
sobre o procedimento comum. ção inicial, dentre as obrigações ção, o réu será intimado do trân-
§ 3o O inciso I do § 1o não se contratuais, aquelas que pretende sito em julgado da sentença, nos
aplica às cumulações de pedidos controverter, além de quantificar termos do art. 241.
de que trata o art. 326. o valor incontroverso do débito. § 3o Interposta a apelação,
§ 3o Na hipótese do § 2o, o o juiz poderá retratar-se em 5
Art. 328. Na obrigação indivisí- valor incontroverso deverá conti- (cinco) dias.
vel com pluralidade de credores, nuar a ser pago no tempo e modo § 4o Se houver retratação, o
aquele que não participou do pro- contratados. juiz determinará o prosseguimen-
cesso receberá sua parte, dedu- to do processo, com a citação do
zidas as despesas na proporção Art. 331. Indeferida a petição ini- réu, e, se não houver retratação,
de seu crédito. cial, o autor poderá apelar, facul- determinará a citação do réu para
tado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) apresentar contrarrazões, no pra-
Art. 329. O autor poderá: dias, retratar-se. zo de 15 (quinze) dias.
I – até a citação, aditar ou § 1o Se não houver retrata-
alterar o pedido ou a causa de ção, o juiz mandará citar o réu
pedir, independentemente de para responder ao recurso. CAPÍTULO IV – DA
consentimento do réu; § 2o Sendo a sentença re- CONVERSÃO DA AÇÃO
II – até o saneamento do pro- formada pelo tribunal, o prazo INDIVIDUAL EM AÇÃO
cesso, aditar ou alterar o pedido para a contestação começará a COLETIVA
e a causa de pedir, com consen- correr da intimação do retorno
timento do réu, assegurado o dos autos, observado o disposto Art. 333. (Vetado)
contraditório mediante a possi- no art. 334.
bilidade de manifestação deste § 3o Não interposta a apela-
no prazo mínimo de 15 (quinze) ção, o réu será intimado do trân- CAPÍTULO V – DA
dias, facultado o requerimento sito em julgado da sentença. AUDIÊNCIA DE
de prova suplementar. CONCILIAÇÃO OU DE
Parágrafo único. Aplica-se o MEDIAÇÃO
disposto neste artigo à reconven-
ção e à respectiva causa de pedir. Art. 334. Se a petição inicial
312
Código de Processo Civil
preencher os requisitos essen- acompanhadas por seus advo- as provas que pretende produzir.
ciais e não for o caso de impro- gados ou defensores públicos.
cedência liminar do pedido, o juiz § 10. A parte poderá cons- Art. 337. Incumbe ao réu, antes
designará audiência de concilia- tituir representante, por meio de discutir o mérito, alegar:
ção ou de mediação com ante- de procuração específica, com I – inexistência ou nulidade
cedência mínima de 30 (trinta) poderes para negociar e transigir. da citação;
dias, devendo ser citado o réu § 11. A autocomposição ob- II – incompetência absoluta
com pelo menos 20 (vinte) dias tida será reduzida a termo e ho- e relativa;
de antecedência. mologada por sentença. III – incorreção do valor da
§ 1o O conciliador ou media- § 12. A pauta das audiências causa;
dor, onde houver, atuará neces- de conciliação ou de mediação IV – inépcia da petição inicial;
sariamente na audiência de con- será organizada de modo a res- V – perempção;
ciliação ou de mediação, obser- peitar o intervalo mínimo de 20 VI – litispendência;
vando o disposto neste Código, (vinte) minutos entre o início de VII – coisa julgada;
bem como as disposições da lei uma e o início da seguinte. VIII – conexão;
de organização judiciária. IX – incapacidade da parte,
§ 2o Poderá haver mais de defeito de representação ou falta
uma sessão destinada à concilia- CAPÍTULO VI – DA de autorização;
ção e à mediação, não podendo CONTESTAÇÃO X – convenção de arbitragem;
exceder a 2 (dois) meses da data XI – ausência de legitimidade
de realização da primeira sessão, Art. 335. O réu poderá oferecer ou de interesse processual;
desde que necessárias à compo- contestação, por petição, no pra- XII – falta de caução ou de
sição das partes. zo de 15 (quinze) dias, cujo termo outra prestação que a lei exige
§ 3o A intimação do autor inicial será a data: como preliminar;
para a audiência será feita na I – da audiência de concilia- XIII – indevida concessão do
pessoa de seu advogado. ção ou de mediação, ou da última benefício de gratuidade de jus-
§ 4o A audiência não será sessão de conciliação, quando tiça.
realizada: qualquer parte não comparecer § 1o Verifica-se a litispen-
I – se ambas as partes ma- ou, comparecendo, não houver dência ou a coisa julgada quando
nifestarem, expressamente, de- autocomposição; se reproduz ação anteriormente
sinteresse na composição con- II – do protocolo do pedido ajuizada.
sensual; de cancelamento da audiência § 2o Uma ação é idêntica a
II – quando não se admitir a de conciliação ou de mediação outra quando possui as mesmas
autocomposição. apresentado pelo réu, quando partes, a mesma causa de pedir
§ 5o O autor deverá indicar, ocorrer a hipótese do art. 334, e o mesmo pedido.
na petição inicial, seu desinte- § 4o, inciso I; § 3o Há litispendência quan-
resse na autocomposição, e o III – prevista no art. 231, de do se repete ação que está em
réu deverá fazê-lo, por petição, acordo com o modo como foi curso.
apresentada com 10 (dez) dias de feita a citação, nos demais casos. § 4o Há coisa julgada quando
antecedência, contados da data § 1o No caso de litisconsórcio se repete ação que já foi deci-
da audiência. passivo, ocorrendo a hipótese do dida por decisão transitada em
§ 6o Havendo litisconsórcio, art. 334, § 6o, o termo inicial pre- julgado.
o desinteresse na realização da visto no inciso II será, para cada § 5o Excetuadas a convenção
audiência deve ser manifestado um dos réus, a data de apresen- de arbitragem e a incompetên-
por todos os litisconsortes. tação de seu respectivo pedido cia relativa, o juiz conhecerá de
§ 7o A audiência de concilia- de cancelamento da audiência. ofício das matérias enumeradas
ção ou de mediação pode reali- § 2o Quando ocorrer a hipó- neste artigo.
zar-se por meio eletrônico, nos tese do art. 334, § 4o, inciso II, § 6o A ausência de alegação
termos da lei. havendo litisconsórcio passivo da existência de convenção de
§ 8o O não comparecimen- e o autor desistir da ação em arbitragem, na forma prevista
to injustificado do autor ou do relação a réu ainda não citado, o neste Capítulo, implica aceitação
réu à audiência de conciliação prazo para resposta correrá da da jurisdição estatal e renúncia
é considerado ato atentatório à data de intimação da decisão que ao juízo arbitral.
dignidade da justiça e será san- homologar a desistência.
cionado com multa de até dois por Art. 338. Alegando o réu, na
cento da vantagem econômica Art. 336. Incumbe ao réu alegar, contestação, ser parte ilegítima
pretendida ou do valor da cau- na contestação, toda a matéria de ou não ser o responsável pelo
sa, revertida em favor da União defesa, expondo as razões de fato prejuízo invocado, o juiz faculta-
ou do Estado. e de direito com que impugna o rá ao autor, em 15 (quinze) dias, a
§ 9o As partes devem estar pedido do autor e especificando alteração da petição inicial para
313
Código de Processo Civil
substituição do réu. Art. 341. Incumbe também ao processual, o reconvinte deverá
Parágrafo único. Realizada réu manifestar-se precisamen- afirmar ser titular de direito em
a substituição, o autor reembol- te sobre as alegações de fato face do substituído, e a reconven-
sará as despesas e pagará os constantes da petição inicial, pre- ção deverá ser proposta em face
honorários ao procurador do réu sumindo-se verdadeiras as não do autor, também na qualidade de
excluído, que serão fixados entre impugnadas, salvo se: substituto processual.
três e cinco por cento do valor da I – não for admissível, a seu § 6o O réu pode propor re-
causa ou, sendo este irrisório, nos respeito, a confissão; convenção independentemente
termos do art. 85, § 8o. II – a petição inicial não esti- de oferecer contestação.
ver acompanhada de instrumento
Art. 339. Quando alegar sua ile- que a lei considerar da substân-
gitimidade, incumbe ao réu indi- cia do ato; CAPÍTULO VIII – DA
car o sujeito passivo da relação III – estiverem em contradi- REVELIA
jurídica discutida sempre que ção com a defesa, considerada
tiver conhecimento, sob pena em seu conjunto. Art. 344. Se o réu não contestar
de arcar com as despesas pro- Parágrafo único. O ônus da a ação, será considerado revel e
cessuais e de indenizar o autor impugnação especificada dos presumir-se-ão verdadeiras as
pelos prejuízos decorrentes da fatos não se aplica ao defensor alegações de fato formuladas
falta de indicação. público, ao advogado dativo e ao pelo autor.
§ 1o O autor, ao aceitar a in- curador especial.
dicação, procederá, no prazo de Art. 345. A revelia não produz o
15 (quinze) dias, à alteração da Art. 342. Depois da contesta- efeito mencionado no art. 344 se:
petição inicial para a substituição ção, só é lícito ao réu deduzir I – havendo pluralidade de
do réu, observando-se, ainda, o novas alegações quando: réus, algum deles contestar a
parágrafo único do art. 338. I – relativas a direito ou a fato ação;
§ 2o No prazo de 15 (quinze) superveniente; II – o litígio versar sobre di-
dias, o autor pode optar por alte- II – competir ao juiz conhecer reitos indisponíveis;
rar a petição inicial para incluir, delas de ofício; III – a petição inicial não esti-
como litisconsorte passivo, o su- III – por expressa autorização ver acompanhada de instrumento
jeito indicado pelo réu. legal, puderem ser formuladas que a lei considere indispensável
em qualquer tempo e grau de à prova do ato;
Art. 340. Havendo alegação de jurisdição. IV – as alegações de fato for-
incompetência relativa ou abso- muladas pelo autor forem inve-
luta, a contestação poderá ser rossímeis ou estiverem em con-
protocolada no foro de domicílio CAPÍTULO VII – DA tradição com prova constante
do réu, fato que será imediata- RECONVENÇÃO dos autos.
mente comunicado ao juiz da
causa, preferencialmente por Art. 343. Na contestação, é lí- Art. 346. Os prazos contra o re-
meio eletrônico. cito ao réu propor reconvenção vel que não tenha patrono nos au-
§ 1o A contestação será sub- para manifestar pretensão pró- tos fluirão da data de publicação
metida a livre distribuição ou, se pria, conexa com a ação principal do ato decisório no órgão oficial.
o réu houver sido citado por meio ou com o fundamento da defesa. Parágrafo único. O revel po-
de carta precatória, juntada aos § 1o Proposta a reconven- derá intervir no processo em qual-
autos dessa carta, seguindo-se ção, o autor será intimado, na quer fase, recebendo-o no estado
a sua imediata remessa para o pessoa de seu advogado, para em que se encontrar.
juízo da causa. apresentar resposta no prazo de
§ 2o Reconhecida a compe- 15 (quinze) dias.
tência do foro indicado pelo réu, § 2o A desistência da ação CAPÍTULO IX – DAS
o juízo para o qual for distribuída ou a ocorrência de causa extin- PROVIDÊNCIAS
a contestação ou a carta preca- tiva que impeça o exame de seu PRELIMINARES E DO
tória será considerado prevento. mérito não obsta ao prossegui- SANEAMENTO
§ 3o Alegada a incompetên- mento do processo quanto à re-
cia nos termos do caput, será sus- convenção. Art. 347. Findo o prazo para a
pensa a realização da audiência § 3o A reconvenção pode contestação, o juiz tomará, con-
de conciliação ou de mediação, ser proposta contra o autor e forme o caso, as providências
se tiver sido designada. terceiro. preliminares constantes das se-
§ 4o Definida a competência, § 4o A reconvenção pode ser ções deste Capítulo.
o juízo competente designará proposta pelo réu em litisconsór-
nova data para a audiência de cio com terceiro.
conciliação ou de mediação. § 5o Se o autor for substituto
314
Código de Processo Civil
Seção I – Da Não Incidência CAPÍTULO X – DO parcialmente o mérito poderão
dos Efeitos da Revelia JULGAMENTO CONFORME ser processados em autos su-
plementares, a requerimento da
Art. 348. Se o réu não contes-
O ESTADO DO PROCESSO parte ou a critério do juiz.
tar a ação, o juiz, verificando a Seção I – Da Extinção do § 5o A decisão proferida com
inocorrência do efeito da revelia Processo base neste artigo é impugnável
previsto no art. 344, ordenará que por agravo de instrumento.
o autor especifique as provas que Art. 354. Ocorrendo qualquer
pretenda produzir, se ainda não das hipóteses previstas nos
as tiver indicado. arts. 485 e 487, incisos II e III, o
Seção IV – Do Saneamento e
juiz proferirá sentença. da Organização do Processo
Art. 349. Ao réu revel será lícita Parágrafo único. A decisão a
a produção de provas, contra- que se refere o caput pode dizer Art. 357. Não ocorrendo nenhu-
postas às alegações do autor, respeito a apenas parcela do pro- ma das hipóteses deste Capítulo,
desde que se faça representar cesso, caso em que será impug- deverá o juiz, em decisão de sa-
nos autos a tempo de praticar os nável por agravo de instrumento. neamento e de organização do
atos processuais indispensáveis processo:
a essa produção. I – resolver as questões pro-
Seção II – Do Julgamento cessuais pendentes, se houver;
Antecipado do Mérito II – delimitar as questões de
Seção II – Do Fato Impeditivo, fato sobre as quais recairá a ati-
Modificativo ou Extintivo do Art. 355. O juiz julgará anteci- vidade probatória, especificando
Direito do Autor padamente o pedido, proferindo os meios de prova admitidos;
sentença com resolução de mé- III – definir a distribuição
Art. 350. Se o réu alegar fato rito, quando: do ônus da prova, observado o
impeditivo, modificativo ou ex- I – não houver necessidade art. 373;
tintivo do direito do autor, este de produção de outras provas; IV – delimitar as questões de
será ouvido no prazo de 15 (quinze) II – o réu for revel, ocorrer o direito relevantes para a decisão
dias, permitindo-lhe o juiz a pro- efeito previsto no art. 344 e não do mérito;
dução de prova. houver requerimento de prova, V – designar, se necessário,
na forma do art. 349. audiência de instrução e julga-
mento.
Seção III – Das Alegações § 1o Realizado o saneamento,
do Réu Seção III – Do Julgamento as partes têm o direito de pedir
Antecipado Parcial do Mérito esclarecimentos ou solicitar ajus-
Art. 351. Se o réu alegar qual- tes, no prazo comum de 5 (cinco)
quer das matérias enumeradas Art. 356. O juiz decidirá par- dias, findo o qual a decisão se
no art. 337, o juiz determinará cialmente o mérito quando um torna estável.
a oitiva do autor no prazo de 15 ou mais dos pedidos formulados § 2o As partes podem apre-
(quinze) dias, permitindo-lhe a ou parcela deles: sentar ao juiz, para homologação,
produção de prova. I – mostrar-se incontroverso; delimitação consensual das ques-
II – estiver em condições de tões de fato e de direito a que se
Art. 352. Verificando a existên- imediato julgamento, nos termos referem os incisos II e IV, a qual,
cia de irregularidades ou de vícios do art. 355. se homologada, vincula as par-
sanáveis, o juiz determinará sua § 1o A decisão que julgar par- tes e o juiz.
correção em prazo nunca superior cialmente o mérito poderá reco- § 3o Se a causa apresentar
a 30 (trinta) dias. nhecer a existência de obrigação complexidade em matéria de fato
líquida ou ilíquida. ou de direito, deverá o juiz desig-
Art. 353. Cumpridas as provi- § 2o A parte poderá liquidar nar audiência para que o sanea-
dências preliminares ou não ha- ou executar, desde logo, a obri- mento seja feito em cooperação
vendo necessidade delas, o juiz gação reconhecida na decisão com as partes, oportunidade em
proferirá julgamento conforme o que julgar parcialmente o mérito, que o juiz, se for o caso, convidará
estado do processo, observando independentemente de caução, as partes a integrar ou esclarecer
o que dispõe o Capítulo X. ainda que haja recurso contra suas alegações.
essa interposto. § 4o Caso tenha sido deter-
§ 3o Na hipótese do § 2o, se minada a produção de prova tes-
houver trânsito em julgado da de- temunhal, o juiz fixará prazo co-
cisão, a execução será definitiva. mum não superior a 15 (quinze)
§ 4o A liquidação e o cum- dias para que as partes apresen-
primento da decisão que julgar tem rol de testemunhas.
315
Código de Processo Civil
§ 5o Na hipótese do § 3o, as tidão, todos os requerimentos Art. 364. Finda a instrução, o
partes devem levar, para a audi- apresentados em audiência. juiz dará a palavra ao advogado
ência prevista, o respectivo rol do autor e do réu, bem como ao
de testemunhas. Art. 361. As provas orais serão membro do Ministério Público,
§ 6o O número de testemu- produzidas em audiência, ouvin- se for o caso de sua intervenção,
nhas arroladas não pode ser su- do-se nesta ordem, preferen- sucessivamente, pelo prazo de
perior a 10 (dez), sendo 3 (três), cialmente: 20 (vinte) minutos para cada um,
no máximo, para a prova de cada I – o perito e os assistentes prorrogável por 10 (dez) minutos,
fato. técnicos, que responderão aos a critério do juiz.
§ 7o O juiz poderá limitar o quesitos de esclarecimentos re- § 1o Havendo litisconsorte ou
número de testemunhas levan- queridos no prazo e na forma do terceiro interveniente, o prazo,
do em conta a complexidade da art. 477, caso não respondidos que formará com o da prorroga-
causa e dos fatos individualmente anteriormente por escrito; ção um só todo, dividir-se-á entre
considerados. II – o autor e, em seguida, o os do mesmo grupo, se não con-
§ 8o Caso tenha sido deter- réu, que prestarão depoimentos vencionarem de modo diverso.
minada a produção de prova pe- pessoais; § 2o Quando a causa apre-
ricial, o juiz deve observar o dis- III – as testemunhas arroladas sentar questões complexas de
posto no art. 465 e, se possível, pelo autor e pelo réu, que serão fato ou de direito, o debate oral
estabelecer, desde logo, calen- inquiridas. poderá ser substituído por ra-
dário para sua realização. Parágrafo único. Enquanto zões finais escritas, que serão
§ 9o As pautas deverão ser depuserem o perito, os assis- apresentadas pelo autor e pelo
preparadas com intervalo mí- tentes técnicos, as partes e as réu, bem como pelo Ministério
nimo de 1 (uma) hora entre as testemunhas, não poderão os Público, se for o caso de sua in-
audiências. advogados e o Ministério Público tervenção, em prazos sucessivos
intervir ou apartear, sem licença de 15 (quinze) dias, assegurada
do juiz. vista dos autos.
CAPÍTULO XI – DA
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO Art. 362. A audiência poderá Art. 365. A audiência é una e
E JULGAMENTO ser adiada: contínua, podendo ser excepcio-
I – por convenção das partes; nal e justificadamente cindida na
Art. 358. No dia e na hora de- II – se não puder comparecer, ausência de perito ou de testemu-
signados, o juiz declarará aberta por motivo justificado, qualquer nha, desde que haja concordância
a audiência de instrução e julga- pessoa que dela deva necessa- das partes.
mento e mandará apregoar as riamente participar; Parágrafo único. Diante da
partes e os respectivos advoga- III – por atraso injustificado impossibilidade de realização da
dos, bem como outras pessoas de seu início em tempo superior instrução, do debate e do julga-
que dela devam participar. a 30 (trinta) minutos do horário mento no mesmo dia, o juiz mar-
marcado. cará seu prosseguimento para a
Art. 359. Instalada a audiência, § 1o O impedimento deverá data mais próxima possível, em
o juiz tentará conciliar as partes, ser comprovado até a abertura pauta preferencial.
independentemente do emprego da audiência, e, não o sendo, o
anterior de outros métodos de juiz procederá à instrução. Art. 366. Encerrado o debate ou
solução consensual de conflitos, § 2o O juiz poderá dispensar oferecidas as razões finais, o juiz
como a mediação e a arbitragem. a produção das provas reque- proferirá sentença em audiência
ridas pela parte cujo advogado ou no prazo de 30 (trinta) dias.
Art. 360. O juiz exerce o poder ou defensor público não tenha
de polícia, incumbindo-lhe: comparecido à audiência, apli- Art. 367. O servidor lavrará, sob
I – manter a ordem e o decoro cando-se a mesma regra ao Mi- ditado do juiz, termo que conterá,
na audiência; nistério Público. em resumo, o ocorrido na audi-
II – ordenar que se retirem da § 3o Quem der causa ao adia- ência, bem como, por extenso,
sala de audiência os que se com- mento responderá pelas despe- os despachos, as decisões e a
portarem inconvenientemente; sas acrescidas. sentença, se proferida no ato.
III – requisitar, quando neces- § 1o Quando o termo não for
sário, força policial; Art. 363. Havendo antecipação registrado em meio eletrônico, o
IV – tratar com urbanidade as ou adiamento da audiência, o juiz, juiz rubricar-lhe-á as folhas, que
partes, os advogados, os mem- de ofício ou a requerimento da serão encadernadas em volume
bros do Ministério Público e da parte, determinará a intimação próprio.
Defensoria Pública e qualquer dos advogados ou da sociedade § 2o Subscreverão o termo o
pessoa que participe do processo; de advogados para ciência da juiz, os advogados, o membro do
V – registrar em ata, com exa- nova designação. Ministério Público e o escrivão ou
316
Código de Processo Civil
chefe de secretaria, dispensadas de seu convencimento. que ordinariamente acontece e,
as partes, exceto quando houver ainda, as regras de experiência
ato de disposição para cuja prá- Art. 372. O juiz poderá admitir a técnica, ressalvado, quanto a es-
tica os advogados não tenham utilização de prova produzida em tas, o exame pericial.
poderes. outro processo, atribuindo-lhe o
§ 3o O escrivão ou chefe de valor que considerar adequado, Art. 376. A parte que alegar di-
secretaria trasladará para os au- observado o contraditório. reito municipal, estadual, estran-
tos cópia autêntica do termo de geiro ou consuetudinário provar-
audiência. Art. 373. O ônus da prova in- -lhe-á o teor e a vigência, se assim
§ 4o Tratando-se de autos cumbe: o juiz determinar.
eletrônicos, observar-se-á o dis- I – ao autor, quanto ao fato
posto neste Código, em legislação constitutivo de seu direito; Art. 377. A carta precatória, a
específica e nas normas internas II – ao réu, quanto à existência carta rogatória e o auxílio direto
dos tribunais. de fato impeditivo, modificativo suspenderão o julgamento da
§ 5o A audiência poderá ser ou extintivo do direito do autor. causa no caso previsto no art. 313,
integralmente gravada em ima- § 1o Nos casos previstos em inciso V, alínea “b”, quando, tendo
gem e em áudio, em meio digital lei ou diante de peculiaridades da sido requeridos antes da decisão
ou analógico, desde que assegure causa relacionadas à impossibili- de saneamento, a prova neles so-
o rápido acesso das partes e dos dade ou à excessiva dificuldade licitada for imprescindível.
órgãos julgadores, observada a de cumprir o encargo nos termos Parágrafo único. A carta pre-
legislação específica. do caput ou à maior facilidade de catória e a carta rogatória não de-
§ 6o A gravação a que se re- obtenção da prova do fato contrá- volvidas no prazo ou concedidas
fere o § 5o também pode ser rea- rio, poderá o juiz atribuir o ônus da sem efeito suspensivo poderão
lizada diretamente por qualquer prova de modo diverso, desde que ser juntadas aos autos a qualquer
das partes, independentemente o faça por decisão fundamentada, momento.
de autorização judicial. caso em que deverá dar à parte
a oportunidade de se desincum- Art. 378. Ninguém se exime do
Art. 368. A audiência será pú- bir do ônus que lhe foi atribuído. dever de colaborar com o Poder
blica, ressalvadas as exceções § 2o A decisão prevista no § 1o Judiciário para o descobrimento
legais. deste artigo não pode gerar situ- da verdade.
ação em que a desincumbência
do encargo pela parte seja impos- Art. 379. Preservado o direito
CAPÍTULO XII – DAS sível ou excessivamente difícil. de não produzir prova contra si
PROVAS § 3o A distribuição diversa própria, incumbe à parte:
do ônus da prova também pode I – comparecer em juízo, res-
Seção I – Disposições Gerais
ocorrer por convenção das partes, pondendo ao que lhe for inter-
salvo quando: rogado;
Art. 369. As partes têm o direito I – recair sobre direito indis- II – colaborar com o juízo na
de empregar todos os meios le- ponível da parte; realização de inspeção judicial
gais, bem como os moralmente II – tornar excessivamente que for considerada necessária;
legítimos, ainda que não especifi- difícil a uma parte o exercício III – praticar o ato que lhe for
cados neste Código, para provar a do direito. determinado.
verdade dos fatos em que se fun- § 4o A convenção de que tra-
da o pedido ou a defesa e influir ta o § 3o pode ser celebrada antes Art. 380. Incumbe ao terceiro,
eficazmente na convicção do juiz. ou durante o processo. em relação a qualquer causa:
I – informar ao juiz os fatos e
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofí- Art. 374. Não dependem de pro- as circunstâncias de que tenha
cio ou a requerimento da parte, va os fatos: conhecimento;
determinar as provas necessárias I – notórios; II – exibir coisa ou documento
ao julgamento do mérito. II – afirmados por uma parte e que esteja em seu poder.
Parágrafo único. O juiz inde- confessados pela parte contrária; Parágrafo único. Poderá o
ferirá, em decisão fundamentada, III – admitidos no processo juiz, em caso de descumprimento,
as diligências inúteis ou mera- como incontroversos; determinar, além da imposição de
mente protelatórias. IV – em cujo favor milita pre- multa, outras medidas indutivas,
sunção legal de existência ou de coercitivas, mandamentais ou
Art. 371. O juiz apreciará a pro- veracidade. sub-rogatórias.
va constante dos autos, inde-
pendentemente do sujeito que Art. 375. O juiz aplicará as re-
a tiver promovido, e indicará na gras de experiência comum sub-
decisão as razões da formação ministradas pela observação do
317
Código de Processo Civil
Seção II – Da Produção § 2o O juiz não se pronunciará daquela onde tramita o processo
Antecipada da Prova sobre a ocorrência ou a inocor- poderá ser colhido por meio de vi-
rência do fato, nem sobre as res- deoconferência ou outro recurso
Art. 381. A produção antecipada pectivas consequências jurídicas. tecnológico de transmissão de
da prova será admitida nos casos § 3o Os interessados poderão sons e imagens em tempo real,
em que: requerer a produção de qualquer o que poderá ocorrer, inclusive,
I – haja fundado receio de que prova no mesmo procedimento, durante a realização da audiência
venha a tornar-se impossível ou desde que relacionada ao mesmo de instrução e julgamento.
muito difícil a verificação de cer- fato, salvo se a sua produção con-
tos fatos na pendência da ação; junta acarretar excessiva demora. Art. 386. Quando a parte, sem
II – a prova a ser produzi- § 4o Neste procedimento, motivo justificado, deixar de res-
da seja suscetível de viabilizar a não se admitirá defesa ou re- ponder ao que lhe for pergunta-
autocomposição ou outro meio curso, salvo contra decisão que do ou empregar evasivas, o juiz,
adequado de solução de conflito; indeferir totalmente a produção apreciando as demais circuns-
III – o prévio conhecimento da prova pleiteada pelo reque- tâncias e os elementos de prova,
dos fatos possa justificar ou evitar rente originário. declarará, na sentença, se houve
o ajuizamento de ação. recusa de depor.
§ 1o O arrolamento de bens Art. 383. Os autos permanece-
observará o disposto nesta Se- rão em cartório durante 1 (um) Art. 387. A parte responderá
ção quando tiver por finalidade mês para extração de cópias e pessoalmente sobre os fatos ar-
apenas a realização de documen- certidões pelos interessados. ticulados, não podendo servir-se
tação e não a prática de atos de Parágrafo único. Findo o pra- de escritos anteriormente prepa-
apreensão. zo, os autos serão entregues ao rados, permitindo-lhe o juiz, to-
§ 2o A produção antecipada promovente da medida. davia, a consulta a notas breves,
da prova é da competência do desde que objetivem completar
juízo do foro onde esta deva ser esclarecimentos.
produzida ou do foro de domicí-
Seção III – Da Ata Notarial
lio do réu. Art. 388. A parte não é obrigada
§ 3o A produção antecipada Art. 384. A existência e o modo a depor sobre fatos:
da prova não previne a compe- de existir de algum fato podem I – criminosos ou torpes que
tência do juízo para a ação que ser atestados ou documentados, lhe forem imputados;
venha a ser proposta. a requerimento do interessado, II – a cujo respeito, por estado
§ 4o O juízo estadual tem mediante ata lavrada por tabelião. ou profissão, deva guardar sigilo;
competência para produção an- Parágrafo único. Dados re- III – acerca dos quais não
tecipada de prova requerida em presentados por imagem ou som possa responder sem desonra
face da União, de entidade au- gravados em arquivos eletrônicos própria, de seu cônjuge, de seu
tárquica ou de empresa públi- poderão constar da ata notarial. companheiro ou de parente em
ca federal se, na localidade, não grau sucessível;
houver vara federal. IV – que coloquem em perigo
§ 5o Aplica-se o disposto
Seção IV – Do Depoimento a vida do depoente ou das pesso-
nesta Seção àquele que preten- Pessoal as referidas no inciso III.
der justificar a existência de al- Parágrafo único. Esta dispo-
gum fato ou relação jurídica para Art. 385. Cabe à parte requerer sição não se aplica às ações de
simples documento e sem cará- o depoimento pessoal da outra estado e de família.
ter contencioso, que exporá, em parte, a fim de que esta seja inter-
petição circunstanciada, a sua rogada na audiência de instrução
intenção. e julgamento, sem prejuízo do po-
Seção V – Da Confissão
der do juiz de ordená-lo de ofício.
Art. 382. Na petição, o reque- § 1o Se a parte, pessoalmente Art. 389. Há confissão, judicial
rente apresentará as razões que intimada para prestar depoimen- ou extrajudicial, quando a parte
justificam a necessidade de an- to pessoal e advertida da pena admite a verdade de fato contrá-
tecipação da prova e mencionará de confesso, não comparecer rio ao seu interesse e favorável ao
com precisão os fatos sobre os ou, comparecendo, se recusar a do adversário.
quais a prova há de recair. depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.
§ 1o O juiz determinará, de § 2o É vedado a quem ainda Art. 390. A confissão judicial
ofício ou a requerimento da par- não depôs assistir ao interroga- pode ser espontânea ou provo-
te, a citação de interessados na tório da outra parte. cada.
produção da prova ou no fato a § 3o O depoimento pessoal da § 1o A confissão espontânea
ser provado, salvo se inexistente parte que residir em comarca, se- pode ser feita pela própria parte
caráter contencioso. ção ou subseção judiciária diversa ou por representante com poder
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Código de Processo Civil
especial. Seção VI – Da Exibição de que o documento seja exibido.
§ 2o A confissão provocada Documento ou Coisa
constará do termo de depoimen- Art. 401. Quando o documento
to pessoal. Art. 396. O juiz pode ordenar que ou a coisa estiver em poder de
a parte exiba documento ou coisa terceiro, o juiz ordenará sua ci-
Art. 391. A confissão judicial faz que se encontre em seu poder. tação para responder no prazo
prova contra o confitente, não de 15 (quinze) dias.
prejudicando, todavia, os litis- Art. 397. O pedido formulado
consortes. pela parte conterá: Art. 402. Se o terceiro negar
Parágrafo único. Nas ações I – a descrição, tão completa a obrigação de exibir ou a pos-
que versarem sobre bens imóveis quanto possível, do documento ou se do documento ou da coisa, o
ou direitos reais sobre imóveis da coisa, ou das categorias de do- juiz designará audiência especial,
alheios, a confissão de um côn- cumentos ou de coisas buscados; tomando-lhe o depoimento, bem
juge ou companheiro não valerá II – a finalidade da prova, com como o das partes e, se neces-
sem a do outro, salvo se o regime indicação dos fatos que se rela- sário, o de testemunhas, e em
de casamento for o de separação cionam com o documento ou com seguida proferirá decisão.
absoluta de bens. a coisa, ou com suas categorias;
III – as circunstâncias em que Art. 403. Se o terceiro, sem jus-
Art. 392. Não vale como confis- se funda o requerente para afir- to motivo, se recusar a efetuar a
são a admissão, em juízo, de fatos mar que o documento ou a coi- exibição, o juiz ordenar-lhe-á que
relativos a direitos indisponíveis. sa existe, ainda que a referência proceda ao respectivo depósito
§ 1o A confissão será ineficaz seja a categoria de documentos em cartório ou em outro lugar
se feita por quem não for capaz de ou de coisas, e se acha em poder designado, no prazo de 5 (cin-
dispor do direito a que se referem da parte contrária. co) dias, impondo ao requerente
os fatos confessados. que o ressarça pelas despesas
§ 2o A confissão feita por um Art. 398. O requerido dará sua que tiver.
representante somente é eficaz resposta nos 5 (cinco) dias sub- Parágrafo único. Se o ter-
nos limites em que este pode sequentes à sua intimação. ceiro descumprir a ordem, o juiz
vincular o representado. Parágrafo único. Se o reque- expedirá mandado de apreen-
rido afirmar que não possui o do- são, requisitando, se necessário,
Art. 393. A confissão é irrevo- cumento ou a coisa, o juiz permi- força policial, sem prejuízo da
gável, mas pode ser anulada se tirá que o requerente prove, por responsabilidade por crime de
decorreu de erro de fato ou de qualquer meio, que a declaração desobediência, pagamento de
coação. não corresponde à verdade. multa e outras medidas induti-
Parágrafo único. A legiti- vas, coercitivas, mandamentais
midade para a ação prevista no Art. 399. O juiz não admitirá a ou sub-rogatórias necessárias
caput é exclusiva do confitente recusa se: para assegurar a efetivação da
e pode ser transferida a seus I – o requerido tiver obrigação decisão.
herdeiros se ele falecer após a legal de exibir;
propositura. II – o requerido tiver aludi- Art. 404. A parte e o terceiro
do ao documento ou à coisa, no se escusam de exibir, em juízo,
Art. 394. A confissão extrajudi- processo, com o intuito de cons- o documento ou a coisa se:
cial, quando feita oralmente, só tituir prova; I – concernente a negócios
terá eficácia nos casos em que a III – o documento, por seu da própria vida da família;
lei não exija prova literal. conteúdo, for comum às partes. II – sua apresentação puder
violar dever de honra;
Art. 395. A confissão é, em re- Art. 400. Ao decidir o pedido, o III – sua publicidade redundar
gra, indivisível, não podendo a juiz admitirá como verdadeiros os em desonra à parte ou ao terceiro,
parte que a quiser invocar como fatos que, por meio do documen- bem como a seus parentes con-
prova aceitá-la no tópico que a to ou da coisa, a parte pretendia sanguíneos ou afins até o terceiro
beneficiar e rejeitá-la no que lhe provar se: grau, ou lhes representar perigo
for desfavorável, porém cindir- I – o requerido não efetuar de ação penal;
-se-á quando o confitente a ela a exibição nem fizer nenhuma IV – sua exibição acarretar a
aduzir fatos novos, capazes de declaração no prazo do art. 398; divulgação de fatos a cujo res-
constituir fundamento de defe- II – a recusa for havida por peito, por estado ou profissão,
sa de direito material ou de re- ilegítima. devam guardar segredo;
convenção. Parágrafo único. Sendo ne- V – subsistirem outros moti-
cessário, o juiz pode adotar me- vos graves que, segundo o pru-
didas indutivas, coercitivas, man- dente arbítrio do juiz, justifiquem
damentais ou sub-rogatórias para a recusa da exibição;
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Código de Processo Civil
VI – houver disposição le- datado o documento particular: assinado pelo remetente.
gal que justifique a recusa da I – no dia em que foi regis- Parágrafo único. A firma do
exibição. trado; remetente poderá ser reconhe-
Parágrafo único. Se os mo- II – desde a morte de algum cida pelo tabelião, declarando-se
tivos de que tratam os incisos I dos signatários; essa circunstância no original de-
a VI do caput disserem respeito a III – a partir da impossibilida- positado na estação expedidora.
apenas uma parcela do documen- de física que sobreveio a qualquer
to, a parte ou o terceiro exibirá a dos signatários; Art. 414. O telegrama ou o ra-
outra em cartório, para dela ser IV – da sua apresentação em diograma presume-se conforme
extraída cópia reprográfica, de repartição pública ou em juízo; com o original, provando as datas
tudo sendo lavrado auto circuns- V – do ato ou do fato que es- de sua expedição e de seu rece-
tanciado. tabeleça, de modo certo, a an- bimento pelo destinatário.
terioridade da formação do do-
cumento. Art. 415. As cartas e os registros
Seção VII – Da Prova domésticos provam contra quem
Documental Art. 410. Considera-se autor do os escreveu quando:
Subseção I – Da Força documento particular: I – enunciam o recebimento
Probante dos Documentos I – aquele que o fez e o as- de um crédito;
sinou; II – contêm anotação que visa
Art. 405. O documento público II – aquele por conta de quem a suprir a falta de título em favor
faz prova não só da sua forma- ele foi feito, estando assinado; de quem é apontado como credor;
ção, mas também dos fatos que III – aquele que, mandando III – expressam conhecimento
o escrivão, o chefe de secretaria, compô-lo, não o firmou porque, de fatos para os quais não se exija
o tabelião ou o servidor declarar conforme a experiência comum, determinada prova.
que ocorreram em sua presença. não se costuma assinar, como
livros empresariais e assentos Art. 416. A nota escrita pelo cre-
Art. 406. Quando a lei exigir ins- domésticos. dor em qualquer parte de docu-
trumento público como da subs- mento representativo de obriga-
tância do ato, nenhuma outra Art. 411. Considera-se autêntico ção, ainda que não assinada, faz
prova, por mais especial que seja, o documento quando: prova em benefício do devedor.
pode suprir-lhe a falta. I – o tabelião reconhecer a Parágrafo único. Aplica-se
firma do signatário; essa regra tanto para o documen-
Art. 407. O documento feito por II – a autoria estiver identi- to que o credor conservar em seu
oficial público incompetente ou ficada por qualquer outro meio poder quanto para aquele que se
sem a observância das forma- legal de certificação, inclusive achar em poder do devedor ou
lidades legais, sendo subscrito eletrônico, nos termos da lei; de terceiro.
pelas partes, tem a mesma efi- III – não houver impugnação
cácia probatória do documento da parte contra quem foi produ- Art. 417. Os livros empresariais
particular. zido o documento. provam contra seu autor, sen-
do lícito ao empresário, todavia,
Art. 408. As declarações cons- Art. 412. O documento particu- demonstrar, por todos os meios
tantes do documento particular lar de cuja autenticidade não se permitidos em direito, que os
escrito e assinado ou somente duvida prova que o seu autor fez lançamentos não correspondem
assinado presumem-se verda- a declaração que lhe é atribuída. à verdade dos fatos.
deiras em relação ao signatário. Parágrafo único. O documen-
Parágrafo único. Quando, to particular admitido expressa ou Art. 418. Os livros empresariais
todavia, contiver declaração de tacitamente é indivisível, sendo que preencham os requisitos exi-
ciência de determinado fato, o vedado à parte que pretende uti- gidos por lei provam a favor de seu
documento particular prova a lizar-se dele aceitar os fatos que autor no litígio entre empresários.
ciência, mas não o fato em si, lhe são favoráveis e recusar os
incumbindo o ônus de prová-lo ao que são contrários ao seu inte- Art. 419. A escrituração contábil
interessado em sua veracidade. resse, salvo se provar que estes é indivisível, e, se dos fatos que
não ocorreram. resultam dos lançamentos, uns
Art. 409. A data do documento são favoráveis ao interesse de seu
particular, quando a seu respeito Art. 413. O telegrama, o radio- autor e outros lhe são contrários,
surgir dúvida ou impugnação en- grama ou qualquer outro meio ambos serão considerados em
tre os litigantes, provar-se-á por de transmissão tem a mesma conjunto, como unidade.
todos os meios de direito. força probatória do documento
Parágrafo único. Em rela- particular se o original constante Art. 420. O juiz pode ordenar, a
ção a terceiros, considerar-se-á da estação expedidora tiver sido requerimento da parte, a exibição
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Código de Processo Civil
integral dos livros empresariais que os originais: Art. 427. Cessa a fé do docu-
e dos documentos do arquivo: I – as certidões textuais de mento público ou particular sen-
I – na liquidação de socie- qualquer peça dos autos, do pro- do-lhe declarada judicialmente a
dade; tocolo das audiências ou de outro falsidade.
II – na sucessão por morte livro a cargo do escrivão ou do Parágrafo único. A falsidade
de sócio; chefe de secretaria, se extraídas consiste em:
III – quando e como deter- por ele ou sob sua vigilância e por I – formar documento não
minar a lei. ele subscritas; verdadeiro;
II – os traslados e as certi- II – alterar documento ver-
Art. 421. O juiz pode, de ofício, dões extraídas por oficial público dadeiro.
ordenar à parte a exibição par- de instrumentos ou documentos
cial dos livros e dos documentos, lançados em suas notas; Art. 428. Cessa a fé do docu-
extraindo-se deles a suma que III – as reproduções dos do- mento particular quando:
interessar ao litígio, bem como cumentos públicos, desde que I – for impugnada sua auten-
reproduções autenticadas. autenticadas por oficial público ticidade e enquanto não se com-
ou conferidas em cartório com provar sua veracidade;
Art. 422. Qualquer reprodução os respectivos originais; II – assinado em branco, for
mecânica, como a fotográfica, a IV – as cópias reprográficas impugnado seu conteúdo, por
cinematográfica, a fonográfica de peças do próprio processo preenchimento abusivo.
ou de outra espécie, tem aptidão judicial declaradas autênticas Parágrafo único. Dar-se-á
para fazer prova dos fatos ou das pelo advogado, sob sua respon- abuso quando aquele que recebeu
coisas representadas, se a sua sabilidade pessoal, se não lhes documento assinado com texto
conformidade com o documento for impugnada a autenticidade; não escrito no todo ou em parte
original não for impugnada por V – os extratos digitais de formá-lo ou completá-lo por si
aquele contra quem foi produzida. bancos de dados públicos e priva- ou por meio de outrem, violando
§ 1o As fotografias digitais e dos, desde que atestado pelo seu o pacto feito com o signatário.
as extraídas da rede mundial de emitente, sob as penas da lei, que
computadores fazem prova das as informações conferem com o Art. 429. Incumbe o ônus da
imagens que reproduzem, deven- que consta na origem; prova quando:
do, se impugnadas, ser apresen- VI – as reproduções digitaliza- I – se tratar de falsidade de
tada a respectiva autenticação das de qualquer documento públi- documento ou de preenchimen-
eletrônica ou, não sendo possível, co ou particular, quando juntadas to abusivo, à parte que a arguir;
realizada perícia. aos autos pelos órgãos da justiça II – se tratar de impugnação
§ 2o Se se tratar de fotogra- e seus auxiliares, pelo Ministério da autenticidade, à parte que
fia publicada em jornal ou revista, Público e seus auxiliares, pela produziu o documento.
será exigido um exemplar original Defensoria Pública e seus auxi-
do periódico, caso impugnada a liares, pelas procuradorias, pelas
veracidade pela outra parte. repartições públicas em geral e
Subseção II – Da Arguição de
§ 3o Aplica-se o disposto por advogados, ressalvada a ale- Falsidade
neste artigo à forma impressa gação motivada e fundamentada
de mensagem eletrônica. de adulteração. Art. 430. A falsidade deve ser
§ 1o Os originais dos docu- suscitada na contestação, na ré-
Art. 423. As reproduções dos mentos digitalizados menciona- plica ou no prazo de 15 (quinze)
documentos particulares, foto- dos no inciso VI deverão ser pre- dias, contado a partir da intima-
gráficas ou obtidas por outros servados pelo seu detentor até o ção da juntada do documento
processos de repetição, valem final do prazo para propositura de aos autos.
como certidões sempre que o ação rescisória. Parágrafo único. Uma vez ar-
escrivão ou o chefe de secretaria § 2o Tratando-se de cópia guida, a falsidade será resolvida
certificar sua conformidade com digital de título executivo extraju- como questão incidental, salvo
o original. dicial ou de documento relevante se a parte requerer que o juiz a
à instrução do processo, o juiz decida como questão principal,
Art. 424. A cópia de documen- poderá determinar seu depósito nos termos do inciso II do art. 19.
to particular tem o mesmo valor em cartório ou secretaria.
probante que o original, cabendo Art. 431. A parte arguirá a fal-
ao escrivão, intimadas as partes, Art. 426. O juiz apreciará fun- sidade expondo os motivos em
proceder à conferência e certifi- damentadamente a fé que deva que funda a sua pretensão e os
car a conformidade entre a cópia merecer o documento, quando meios com que provará o alegado.
e o original. em ponto substancial e sem res-
salva contiver entrelinha, emenda, Art. 432. Depois de ouvida a
Art. 425. Fazem a mesma prova borrão ou cancelamento. outra parte no prazo de 15 (quin-
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Código de Processo Civil
ze) dias, será realizado o exame III – suscitar sua falsidade, Seção VIII – Dos Documentos
pericial. com ou sem deflagração do in- Eletrônicos
Parágrafo único. Não se pro- cidente de arguição de falsidade;
cederá ao exame pericial se a IV – manifestar-se sobre seu Art. 439. A utilização de docu-
parte que produziu o documento conteúdo. mentos eletrônicos no processo
concordar em retirá-lo. Parágrafo único. Nas hipó- convencional dependerá de sua
teses dos incisos II e III, a im- conversão à forma impressa e da
Art. 433. A declaração sobre a pugnação deverá basear-se em verificação de sua autenticidade,
falsidade do documento, quando argumentação específica, não na forma da lei.
suscitada como questão princi- se admitindo alegação genérica
pal, constará da parte dispositiva de falsidade. Art. 440. O juiz apreciará o valor
da sentença e sobre ela incidirá probante do documento eletrôni-
também a autoridade da coisa Art. 437. O réu manifestar-se-á co não convertido, assegurado
julgada. na contestação sobre os docu- às partes o acesso ao seu teor.
mentos anexados à inicial, e o
autor manifestar-se-á na réplica Art. 441. Serão admitidos docu-
Subseção III – Da Produção sobre os documentos anexados mentos eletrônicos produzidos e
da Prova Documental à contestação. conservados com a observância
§ 1o Sempre que uma das da legislação específica.
Art. 434. Incumbe à parte ins- partes requerer a juntada de do-
truir a petição inicial ou a contes- cumento aos autos, o juiz ouvirá,
tação com os documentos desti- a seu respeito, a outra parte, que
Seção IX – Da Prova
nados a provar suas alegações. disporá do prazo de 15 (quinze) Testemunhal
Parágrafo único. Quando o dias para adotar qualquer das Subseção I – Da
documento consistir em repro- posturas indicadas no art. 436. Admissibilidade e do Valor
dução cinematográfica ou fono- § 2o Poderá o juiz, a reque-
da Prova Testemunhal
gráfica, a parte deverá trazê-lo rimento da parte, dilatar o prazo
nos termos do caput, mas sua para manifestação sobre a prova
exposição será realizada em audi- documental produzida, levando Art. 442. A prova testemunhal é
ência, intimando-se previamente em consideração a quantidade e a sempre admissível, não dispondo
as partes. complexidade da documentação. a lei de modo diverso.
Art. 435. É lícito às partes, em Art. 438. O juiz requisitará às Art. 443. O juiz indeferirá a in-
qualquer tempo, juntar aos au- repartições públicas, em qual- quirição de testemunhas sobre
tos documentos novos, quando quer tempo ou grau de jurisdição: fatos:
destinados a fazer prova de fatos I – as certidões necessárias à I – já provados por documento
ocorridos depois dos articulados prova das alegações das partes; ou confissão da parte;
ou para contrapô-los aos que fo- II – os procedimentos admi- II – que só por documento ou
ram produzidos nos autos. nistrativos nas causas em que por exame pericial puderem ser
Parágrafo único. Admite-se forem interessados a União, os provados.
também a juntada posterior de Estados, o Distrito Federal, os
documentos formados após a Municípios ou entidades da ad- Art. 444. Nos casos em que a lei
petição inicial ou a contestação, ministração indireta. exigir prova escrita da obrigação,
bem como dos que se tornaram § 1o Recebidos os autos, o é admissível a prova testemunhal
conhecidos, acessíveis ou dispo- juiz mandará extrair, no prazo quando houver começo de prova
níveis após esses atos, cabendo à máximo e improrrogável de 1 (um) por escrito, emanado da parte
parte que os produzir comprovar o mês, certidões ou reproduções contra a qual se pretende pro-
motivo que a impediu de juntá-los fotográficas das peças que in- duzir a prova.
anteriormente e incumbindo ao dicar e das que forem indicadas
juiz, em qualquer caso, avaliar a pelas partes, e, em seguida, de- Art. 445. Também se admite
conduta da parte de acordo com volverá os autos à repartição de a prova testemunhal quando o
o art. 5o. origem. credor não pode ou não podia,
§ 2o As repartições públicas moral ou materialmente, obter a
Art. 436. A parte, intimada a poderão fornecer todos os do- prova escrita da obrigação, em
falar sobre documento constante cumentos em meio eletrônico, casos como o de parentesco, de
dos autos, poderá: conforme disposto em lei, certi- depósito necessário ou de hos-
I – impugnar a admissibilidade ficando, pelo mesmo meio, que pedagem em hotel ou em razão
da prova documental; se trata de extrato fiel do que das práticas comerciais do local
II – impugnar sua autenti- consta em seu banco de dados onde contraída a obrigação.
cidade; ou no documento digitalizado.
322
Código de Processo Civil
Art. 446. É lícito à parte provar possam merecer. excluir o seu nome.
com testemunhas:
I – nos contratos simulados, a Art. 448. A testemunha não é Art. 453. As testemunhas de-
divergência entre a vontade real obrigada a depor sobre fatos: põem, na audiência de instrução
e a vontade declarada; I – que lhe acarretem grave e julgamento, perante o juiz da
II – nos contratos em geral, os dano, bem como ao seu cônjuge causa, exceto:
vícios de consentimento. ou companheiro e aos seus pa- I – as que prestam depoimen-
rentes consanguíneos ou afins, to antecipadamente;
Art. 447. Podem depor como em linha reta ou colateral, até o II – as que são inquiridas por
testemunhas todas as pessoas, terceiro grau; carta.
exceto as incapazes, impedidas II – a cujo respeito, por estado § 1o A oitiva de testemunha
ou suspeitas. ou profissão, deva guardar sigilo. que residir em comarca, seção
§ 1o São incapazes: ou subseção judiciária diversa
I – o interdito por enfermidade Art. 449. Salvo disposição es- daquela onde tramita o processo
ou deficiência mental; pecial em contrário, as teste- poderá ser realizada por meio de
II – o que, acometido por en- munhas devem ser ouvidas na videoconferência ou outro recur-
fermidade ou retardamento men- sede do juízo. so tecnológico de transmissão e
tal, ao tempo em que ocorreram Parágrafo único. Quando a recepção de sons e imagens em
os fatos, não podia discerni-los, parte ou a testemunha, por en- tempo real, o que poderá ocorrer,
ou, ao tempo em que deve depor, fermidade ou por outro motivo inclusive, durante a audiência de
não está habilitado a transmitir as relevante, estiver impossibilitada instrução e julgamento.
percepções; de comparecer, mas não de pres- § 2o Os juízos deverão man-
III – o que tiver menos de 16 tar depoimento, o juiz designará, ter equipamento para a transmis-
(dezesseis) anos; conforme as circunstâncias, dia, são e recepção de sons e imagens
IV – o cego e o surdo, quando hora e lugar para inquiri-la. a que se refere o § 1o.
a ciência do fato depender dos
sentidos que lhes faltam. Art. 454. São inquiridos em sua
§ 2o São impedidos:
Subseção II – Da Produção residência ou onde exercem sua
I – o cônjuge, o companheiro, da Prova Testemunhal função:
o ascendente e o descendente I – o presidente e o vice-pre-
em qualquer grau e o colateral, Art. 450. O rol de testemunhas sidente da República;
até o terceiro grau, de alguma conterá, sempre que possível, o II – os ministros de Estado;
das partes, por consanguinidade nome, a profissão, o estado civil, III – os ministros do Supremo
ou afinidade, salvo se o exigir o a idade, o número de inscrição Tribunal Federal, os conselheiros
interesse público ou, tratando- no Cadastro de Pessoas Físicas, do Conselho Nacional de Justiça
-se de causa relativa ao estado o número de registro de identi- e os ministros do Superior Tribu-
da pessoa, não se puder obter dade e o endereço completo da nal de Justiça, do Superior Tribu-
de outro modo a prova que o juiz residência e do local de trabalho. nal Militar, do Tribunal Superior
repute necessária ao julgamento Eleitoral, do Tribunal Superior do
do mérito; Art. 451. Depois de apresentado Trabalho e do Tribunal de Contas
II – o que é parte na causa; o rol de que tratam os §§ 4o e 5o do da União;
III – o que intervém em nome art. 357, a parte só pode substituir IV – o procurador-geral da
de uma parte, como o tutor, o re- a testemunha: República e os conselheiros do
presentante legal da pessoa jurí- I – que falecer; Conselho Nacional do Ministério
dica, o juiz, o advogado e outros II – que, por enfermidade, não Público;
que assistam ou tenham assistido estiver em condições de depor; V – o advogado-geral da
as partes. III – que, tendo mudado de re- União, o procurador-geral do Es-
§ 3o São suspeitos: sidência ou de local de trabalho, tado, o procurador-geral do Mu-
I – o inimigo da parte ou o seu não for encontrada. nicípio, o defensor público-geral
amigo íntimo; federal e o defensor público-geral
II – o que tiver interesse no Art. 452. Quando for arrola- do Estado;
litígio. do como testemunha, o juiz da VI – os senadores e os depu-
§ 4o Sendo necessário, pode causa: tados federais;
o juiz admitir o depoimento das I – declarar-se-á impedido, se VII – os governadores dos Es-
testemunhas menores, impedidas tiver conhecimento de fatos que tados e do Distrito Federal;
ou suspeitas. possam influir na decisão, caso VIII – o prefeito;
§ 5o Os depoimentos referi- em que será vedado à parte que IX – os deputados estaduais
dos no § 4o serão prestados inde- o incluiu no rol desistir de seu e distritais;
pendentemente de compromisso, depoimento; X – os desembargadores dos
e o juiz lhes atribuirá o valor que II – se nada souber, mandará Tribunais de Justiça, dos Tribu-
323
Código de Processo Civil
nais Regionais Federais, dos Tri- prevista no § 1o deste artigo; a testemunha prestará o com-
bunais Regionais do Trabalho e II – sua necessidade for devi- promisso de dizer a verdade do
dos Tribunais Regionais Eleitorais damente demonstrada pela parte que souber e lhe for perguntado.
e os conselheiros dos Tribunais ao juiz; Parágrafo único. O juiz adver-
de Contas dos Estados e do Dis- III – figurar no rol de testemu- tirá à testemunha que incorre em
trito Federal; nhas servidor público ou militar, sanção penal quem faz afirmação
XI – o procurador-geral de hipótese em que o juiz o requisi- falsa, cala ou oculta a verdade.
justiça; tará ao chefe da repartição ou ao
XII – o embaixador de país comando do corpo em que servir; Art. 459. As perguntas serão
que, por lei ou tratado, concede IV – a testemunha houver sido formuladas pelas partes direta-
idêntica prerrogativa a agente arrolada pelo Ministério Público mente à testemunha, começando
diplomático do Brasil. ou pela Defensoria Pública; pela que a arrolou, não admitin-
§ 1o O juiz solicitará à autori- V – a testemunha for uma do o juiz aquelas que puderem
dade que indique dia, hora e local daquelas previstas no art. 454. induzir a resposta, não tiverem
a fim de ser inquirida, remeten- § 5o A testemunha que, in- relação com as questões de fato
do-lhe cópia da petição inicial ou timada na forma do § 1o ou do objeto da atividade probatória ou
da defesa oferecida pela parte § 4o, deixar de comparecer sem importarem repetição de outra já
que a arrolou como testemunha. motivo justificado será conduzida respondida.
§ 2o Passado 1 (um) mês sem e responderá pelas despesas do § 1o O juiz poderá inquirir a
manifestação da autoridade, o juiz adiamento. testemunha tanto antes quanto
designará dia, hora e local para o depois da inquirição feita pelas
depoimento, preferencialmente Art. 456. O juiz inquirirá as tes- partes.
na sede do juízo. temunhas separada e sucessi- § 2o As testemunhas devem
§ 3o O juiz também designa- vamente, primeiro as do autor e ser tratadas com urbanidade, não
rá dia, hora e local para o depoi- depois as do réu, e providenciará se lhes fazendo perguntas ou
mento, quando a autoridade não para que uma não ouça o depoi- considerações impertinentes,
comparecer, injustificadamente, mento das outras. capciosas ou vexatórias.
à sessão agendada para a colheita Parágrafo único. O juiz pode- § 3o As perguntas que o juiz
de seu testemunho no dia, hora rá alterar a ordem estabelecida no indeferir serão transcritas no ter-
e local por ela mesma indicados. caput se as partes concordarem. mo, se a parte o requerer.
Art. 455. Cabe ao advogado da Art. 457. Antes de depor, a tes- Art. 460. O depoimento poderá
parte informar ou intimar a tes- temunha será qualificada, decla- ser documentado por meio de
temunha por ele arrolada do dia, rará ou confirmará seus dados gravação.
da hora e do local da audiência e informará se tem relações de § 1o Quando digitado ou re-
designada, dispensando-se a in- parentesco com a parte ou in- gistrado por taquigrafia, este-
timação do juízo. teresse no objeto do processo. notipia ou outro método idôneo
§ 1o A intimação deverá ser § 1o É lícito à parte contradi- de documentação, o depoimen-
realizada por carta com aviso tar a testemunha, arguindo-lhe a to será assinado pelo juiz, pelo
de recebimento, cumprindo ao incapacidade, o impedimento ou depoente e pelos procuradores.
advogado juntar aos autos, com a suspeição, bem como, caso a § 2o Se houver recurso em
antecedência de pelo menos 3 testemunha negue os fatos que processo em autos não eletrôni-
(três) dias da data da audiência, lhe são imputados, provar a con- cos, o depoimento somente será
cópia da correspondência de in- tradita com documentos ou com digitado quando for impossível
timação e do comprovante de testemunhas, até 3 (três), apre- o envio de sua documentação
recebimento. sentadas no ato e inquiridas em eletrônica.
§ 2o A parte pode compro- separado. § 3o Tratando-se de autos
meter-se a levar a testemunha § 2o Sendo provados ou con- eletrônicos, observar-se-á o dis-
à audiência, independentemente fessados os fatos a que se refere posto neste Código e na legisla-
da intimação de que trata o § 1o, o § 1o, o juiz dispensará a testemu- ção específica sobre a prática
presumindo-se, caso a testemu- nha ou lhe tomará o depoimento eletrônica de atos processuais.
nha não compareça, que a parte como informante.
desistiu de sua inquirição. § 3o A testemunha pode re- Art. 461. O juiz pode ordenar, de
§ 3o A inércia na realização querer ao juiz que a escuse de ofício ou a requerimento da parte:
da intimação a que se refere o § 1o depor, alegando os motivos pre- I – a inquirição de testemu-
importa desistência da inquirição vistos neste Código, decidindo nhas referidas nas declarações
da testemunha. o juiz de plano após ouvidas as da parte ou das testemunhas;
§ 4o A intimação será feita partes. II – a acareação de 2 (duas) ou
pela via judicial quando: mais testemunhas ou de alguma
I – for frustrada a intimação Art. 458. Ao início da inquirição, delas com a parte, quando, sobre
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Código de Processo Civil
fato determinado que possa influir § 4o Durante a arguição, o Art. 466. O perito cumprirá es-
na decisão da causa, divergirem especialista, que deverá ter for- crupulosamente o encargo que
as suas declarações. mação acadêmica específica na lhe foi cometido, independente-
§ 1o Os acareados serão re- área objeto de seu depoimento, mente de termo de compromisso.
perguntados para que expliquem poderá valer-se de qualquer re- § 1o Os assistentes técnicos
os pontos de divergência, redu- curso tecnológico de transmissão são de confiança da parte e não
zindo-se a termo o ato de aca- de sons e imagens com o fim de estão sujeitos a impedimento ou
reação. esclarecer os pontos controver- suspeição.
§ 2o A acareação pode ser tidos da causa. § 2o O perito deve assegu-
realizada por videoconferência ou rar aos assistentes das partes o
por outro recurso tecnológico de Art. 465. O juiz nomeará perito acesso e o acompanhamento das
transmissão de sons e imagens especializado no objeto da perícia diligências e dos exames que re-
em tempo real. e fixará de imediato o prazo para alizar, com prévia comunicação,
a entrega do laudo. comprovada nos autos, com ante-
Art. 462. A testemunha pode § 1o Incumbe às partes, den- cedência mínima de 5 (cinco) dias.
requerer ao juiz o pagamento da tro de 15 (quinze) dias contados
despesa que efetuou para compa- da intimação do despacho de Art. 467. O perito pode escusar-
recimento à audiência, devendo a nomeação do perito: -se ou ser recusado por impedi-
parte pagá-la logo que arbitrada I – arguir o impedimento ou a mento ou suspeição.
ou depositá-la em cartório dentro suspeição do perito, se for o caso; Parágrafo único. O juiz, ao
de 3 (três) dias. II – indicar assistente técnico; aceitar a escusa ou ao julgar pro-
III – apresentar quesitos. cedente a impugnação, nomeará
Art. 463. O depoimento presta- § 2o Ciente da nomeação, novo perito.
do em juízo é considerado servi- o perito apresentará em 5 (cin-
ço público. co) dias: Art. 468. O perito pode ser subs-
Parágrafo único. A testemu- I – proposta de honorários; tituído quando:
nha, quando sujeita ao regime da II – currículo, com comprova- I – faltar-lhe conhecimento
legislação trabalhista, não sofre, ção de especialização; técnico ou científico;
por comparecer à audiência, per- III – contatos profissionais, II – sem motivo legítimo, dei-
da de salário nem desconto no em especial o endereço eletrô- xar de cumprir o encargo no prazo
tempo de serviço. nico, para onde serão dirigidas que lhe foi assinado.
as intimações pessoais. § 1o No caso previsto no in-
§ 3o As partes serão intima- ciso II, o juiz comunicará a ocor-
Seção X – Da Prova Pericial das da proposta de honorários rência à corporação profissional
para, querendo, manifestar-se respectiva, podendo, ainda, impor
Art. 464. A prova pericial con- no prazo comum de 5 (cinco) dias, multa ao perito, fixada tendo em
siste em exame, vistoria ou ava- após o que o juiz arbitrará o valor, vista o valor da causa e o possível
liação. intimando-se as partes para os prejuízo decorrente do atraso no
§ 1o O juiz indeferirá a perí- fins do art. 95. processo.
cia quando: § 4o O juiz poderá autorizar o § 2o O perito substituído res-
I – a prova do fato não depen- pagamento de até cinquenta por tituirá, no prazo de 15 (quinze)
der de conhecimento especial cento dos honorários arbitrados a dias, os valores recebidos pelo
de técnico; favor do perito no início dos tra- trabalho não realizado, sob pena
II – for desnecessária em vis- balhos, devendo o remanescente de ficar impedido de atuar como
ta de outras provas produzidas; ser pago apenas ao final, depois perito judicial pelo prazo de 5
III – a verificação for impra- de entregue o laudo e prestados (cinco) anos.
ticável. todos os esclarecimentos ne- § 3o Não ocorrendo a resti-
§ 2o De ofício ou a requeri- cessários. tuição voluntária de que trata o
mento das partes, o juiz poderá, § 5o Quando a perícia for in- § 2o, a parte que tiver realizado o
em substituição à perícia, de- conclusiva ou deficiente, o juiz adiantamento dos honorários po-
terminar a produção de prova poderá reduzir a remuneração derá promover execução contra
técnica simplificada, quando o inicialmente arbitrada para o o perito, na forma dos arts. 513 e
ponto controvertido for de menor trabalho. seguintes deste Código, com fun-
complexidade. § 6o Quando tiver de reali- damento na decisão que deter-
§ 3o A prova técnica sim- zar-se por carta, poder-se-á pro- minar a devolução do numerário.
plificada consistirá apenas na ceder à nomeação de perito e à
inquirição de especialista, pelo indicação de assistentes técnicos Art. 469. As partes poderão
juiz, sobre ponto controvertido da no juízo ao qual se requisitar a apresentar quesitos suplemen-
causa que demande especial co- perícia. tares durante a diligência, que
nhecimento científico ou técnico. poderão ser respondidos pelo
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Código de Processo Civil
perito previamente ou na audi- § 1o No laudo, o perito deve dever de, no prazo de 15 (quinze)
ência de instrução e julgamento. apresentar sua fundamentação dias, esclarecer ponto:
Parágrafo único. O escrivão em linguagem simples e com co- I – sobre o qual exista diver-
dará à parte contrária ciência da erência lógica, indicando como gência ou dúvida de qualquer
juntada dos quesitos aos autos. alcançou suas conclusões. das partes, do juiz ou do órgão
§ 2o É vedado ao perito ultra- do Ministério Público;
Art. 470. Incumbe ao juiz: passar os limites de sua designa- II – divergente apresentado
I – indeferir quesitos imper- ção, bem como emitir opiniões no parecer do assistente técni-
tinentes; pessoais que excedam o exame co da parte.
II – formular os quesitos que técnico ou científico do objeto § 3o Se ainda houver neces-
entender necessários ao escla- da perícia. sidade de esclarecimentos, a par-
recimento da causa. § 3o Para o desempenho de te requererá ao juiz que mande
sua função, o perito e os assis- intimar o perito ou o assistente
Art. 471. As partes podem, de tentes técnicos podem valer-se técnico a comparecer à audiência
comum acordo, escolher o perito, de todos os meios necessários, de instrução e julgamento, formu-
indicando-o mediante requeri- ouvindo testemunhas, obtendo lando, desde logo, as perguntas,
mento, desde que: informações, solicitando docu- sob forma de quesitos.
I – sejam plenamente capa- mentos que estejam em poder § 4o O perito ou o assistente
zes; da parte, de terceiros ou em re- técnico será intimado por meio
II – a causa possa ser resolvi- partições públicas, bem como eletrônico, com pelo menos 10
da por autocomposição. instruir o laudo com planilhas, (dez) dias de antecedência da
§ 1o As partes, ao escolher o mapas, plantas, desenhos, fo- audiência.
perito, já devem indicar os res- tografias ou outros elementos
pectivos assistentes técnicos necessários ao esclarecimento Art. 478. Quando o exame tiver
para acompanhar a realização da do objeto da perícia. por objeto a autenticidade ou a
perícia, que se realizará em data falsidade de documento ou for de
e local previamente anunciados. Art. 474. As partes terão ciência natureza médico-legal, o perito
§ 2o O perito e os assistentes da data e do local designados pelo será escolhido, de preferência,
técnicos devem entregar, respec- juiz ou indicados pelo perito para entre os técnicos dos estabeleci-
tivamente, laudo e pareceres em ter início a produção da prova. mentos oficiais especializados, a
prazo fixado pelo juiz. cujos diretores o juiz autorizará a
§ 3o A perícia consensual Art. 475. Tratando-se de perí- remessa dos autos, bem como do
substitui, para todos os efeitos, cia complexa que abranja mais material sujeito a exame.
a que seria realizada por perito de uma área de conhecimen- § 1o Nas hipóteses de gra-
nomeado pelo juiz. to especializado, o juiz poderá tuidade de justiça, os órgãos e
nomear mais de um perito, e a as repartições oficiais deverão
Art. 472. O juiz poderá dispensar parte, indicar mais de um assis- cumprir a determinação judicial
prova pericial quando as partes, tente técnico. com preferência, no prazo esta-
na inicial e na contestação, apre- belecido.
sentarem, sobre as questões de Art. 476. Se o perito, por motivo § 2o A prorrogação do prazo
fato, pareceres técnicos ou do- justificado, não puder apresentar referido no § 1o pode ser requerida
cumentos elucidativos que con- o laudo dentro do prazo, o juiz motivadamente.
siderar suficientes. poderá conceder-lhe, por uma § 3o Quando o exame tiver
vez, prorrogação pela metade por objeto a autenticidade da
Art. 473. O laudo pericial de- do prazo originalmente fixado. letra e da firma, o perito poderá
verá conter: requisitar, para efeito de compa-
I – a exposição do objeto da Art. 477. O perito protocolará o ração, documentos existentes em
perícia; laudo em juízo, no prazo fixado repartições públicas e, na falta
II – a análise técnica ou cien- pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) destes, poderá requerer ao juiz
tífica realizada pelo perito; dias antes da audiência de ins- que a pessoa a quem se atribuir
III – a indicação do método trução e julgamento. a autoria do documento lance em
utilizado, esclarecendo-o e de- § 1o As partes serão intima- folha de papel, por cópia ou sob
monstrando ser predominante- das para, querendo, manifestar- ditado, dizeres diferentes, para
mente aceito pelos especialistas -se sobre o laudo do perito do fins de comparação.
da área do conhecimento da qual juízo no prazo comum de 15 (quin-
se originou; ze) dias, podendo o assistente Art. 479. O juiz apreciará a prova
IV – resposta conclusiva a técnico de cada uma das partes, pericial de acordo com o disposto
todos os quesitos apresentados em igual prazo, apresentar seu no art. 371, indicando na sentença
pelo juiz, pelas partes e pelo órgão respectivo parecer. os motivos que o levaram a con-
do Ministério Público. § 2o O perito do juízo tem o siderar ou a deixar de considerar
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Código de Processo Civil
as conclusões do laudo, levan- nele tudo quanto for útil ao jul- em julgado.
do em conta o método utilizado gamento da causa. § 4o Oferecida a contesta-
pelo perito. Parágrafo único. O auto po- ção, o autor não poderá, sem o
derá ser instruído com desenho, consentimento do réu, desistir
Art. 480. O juiz determinará, gráfico ou fotografia. da ação.
de ofício ou a requerimento da § 5o A desistência da ação
parte, a realização de nova perí- pode ser apresentada até a sen-
cia quando a matéria não estiver CAPÍTULO XIII – DA tença.
suficientemente esclarecida. SENTENÇA E DA COISA § 6o Oferecida a contesta-
§ 1o A segunda perícia tem JULGADA ção, a extinção do processo por
por objeto os mesmos fatos sobre abandono da causa pelo autor
os quais recaiu a primeira e desti- Seção I – Disposições Gerais depende de requerimento do réu.
na-se a corrigir eventual omissão § 7o Interposta a apelação
ou inexatidão dos resultados a Art. 485. O juiz não resolverá o em qualquer dos casos de que
que esta conduziu. mérito quando: tratam os incisos deste artigo,
§ 2o A segunda perícia rege- I – indeferir a petição inicial; o juiz terá 5 (cinco) dias para re-
-se pelas disposições estabele- II – o processo ficar parado tratar-se.
cidas para a primeira. durante mais de 1 (um) ano por
§ 3o A segunda perícia não negligência das partes; Art. 486. O pronunciamento ju-
substitui a primeira, cabendo ao III – por não promover os atos dicial que não resolve o mérito
juiz apreciar o valor de uma e e as diligências que lhe incumbir, não obsta a que a parte proponha
de outra. o autor abandonar a causa por de novo a ação.
mais de 30 (trinta) dias; § 1o No caso de extinção em
IV – verificar a ausência de razão de litispendência e nos ca-
Seção XI – Da Inspeção pressupostos de constituição e sos dos incisos I, IV, VI e VII do
Judicial de desenvolvimento válido e re- art. 485, a propositura da nova
gular do processo; ação depende da correção do
Art. 481. O juiz, de ofício ou a V – reconhecer a existência vício que levou à sentença sem
requerimento da parte, pode, em de perempção, de litispendência resolução do mérito.
qualquer fase do processo, ins- ou de coisa julgada; § 2o A petição inicial, todavia,
pecionar pessoas ou coisas, a VI – verificar ausência de le- não será despachada sem a pro-
fim de se esclarecer sobre fato gitimidade ou de interesse pro- va do pagamento ou do depósito
que interesse à decisão da causa. cessual; das custas e dos honorários de
VII – acolher a alegação de advogado.
Art. 482. Ao realizar a inspeção, existência de convenção de arbi- § 3o Se o autor der causa, por
o juiz poderá ser assistido por um tragem ou quando o juízo arbitral 3 (três) vezes, a sentença fundada
ou mais peritos. reconhecer sua competência; em abandono da causa, não po-
VIII – homologar a desistên- derá propor nova ação contra o
Art. 483. O juiz irá ao local onde cia da ação; réu com o mesmo objeto, fican-
se encontre a pessoa ou a coisa IX – em caso de morte da par- do-lhe ressalvada, entretanto, a
quando: te, a ação for considerada intrans- possibilidade de alegar em defesa
I – julgar necessário para a missível por disposição legal; e o seu direito.
melhor verificação ou interpreta- X – nos demais casos pres-
ção dos fatos que deva observar; critos neste Código. Art. 487. Haverá resolução de
II – a coisa não puder ser § 1o Nas hipóteses descritas mérito quando o juiz:
apresentada em juízo sem con- nos incisos II e III, a parte será in- I – acolher ou rejeitar o pe-
sideráveis despesas ou graves timada pessoalmente para suprir dido formulado na ação ou na
dificuldades; a falta no prazo de 5 (cinco) dias. reconvenção;
III – determinar a reconstitui- § 2o No caso do § 1o, quanto II – decidir, de ofício ou a re-
ção dos fatos. ao inciso II, as partes pagarão querimento, sobre a ocorrência
Parágrafo único. As partes proporcionalmente as custas, e, de decadência ou prescrição;
têm sempre direito a assistir à quanto ao inciso III, o autor será III – homologar:
inspeção, prestando esclareci- condenado ao pagamento das a) o reconhecimento da pro-
mentos e fazendo observações despesas e dos honorários de cedência do pedido formulado na
que considerem de interesse para advogado. ação ou na reconvenção;
a causa. § 3o O juiz conhecerá de ofí- b) a transação;
cio da matéria constante dos in- c) a renúncia à pretensão
Art. 484. Concluída a diligên- cisos IV, V, VI e IX, em qualquer formulada na ação ou na recon-
cia, o juiz mandará lavrar auto tempo e grau de jurisdição, en- venção.
circunstanciado, mencionando quanto não ocorrer o trânsito Parágrafo único. Ressalvada
327
Código de Processo Civil
a hipótese do § 1o do art. 332, a precedente invocado pela parte, titutivo, modificativo ou extintivo
prescrição e a decadência não se- sem demonstrar a existência de do direito influir no julgamento do
rão reconhecidas sem que antes distinção no caso em julgamento mérito, caberá ao juiz tomá-lo em
seja dada às partes oportunidade ou a superação do entendimento. consideração, de ofício ou a re-
de manifestar-se. § 2o No caso de colisão en- querimento da parte, no momento
tre normas, o juiz deve justificar de proferir a decisão.
Art. 488. Desde que possível, o objeto e os critérios gerais da Parágrafo único. Se cons-
o juiz resolverá o mérito sempre ponderação efetuada, enunciando tatar de ofício o fato novo, o juiz
que a decisão for favorável à par- as razões que autorizam a inter- ouvirá as partes sobre ele antes
te a quem aproveitaria eventual ferência na norma afastada e as de decidir.
pronunciamento nos termos do premissas fáticas que fundamen-
art. 485. tam a conclusão. Art. 494. Publicada a sentença,
§ 3o A decisão judicial deve o juiz só poderá alterá-la:
ser interpretada a partir da con- I – para corrigir-lhe, de ofí-
Seção II – Dos Elementos e jugação de todos os seus ele- cio ou a requerimento da parte,
dos Efeitos da Sentença mentos e em conformidade com inexatidões materiais ou erros
o princípio da boa-fé. de cálculo;
Art. 489. São elementos essen- II – por meio de embargos de
ciais da sentença: Art. 490. O juiz resolverá o mé- declaração.
I – o relatório, que conterá os rito acolhendo ou rejeitando, no
nomes das partes, a identificação todo ou em parte, os pedidos Art. 495. A decisão que conde-
do caso, com a suma do pedido e formulados pelas partes. nar o réu ao pagamento de pres-
da contestação, e o registro das tação consistente em dinheiro e
principais ocorrências havidas no Art. 491. Na ação relativa à obri- a que determinar a conversão
andamento do processo; gação de pagar quantia, ainda de prestação de fazer, de não
II – os fundamentos, em que que formulado pedido genérico, fazer ou de dar coisa em pres-
o juiz analisará as questões de a decisão definirá desde logo a tação pecuniária valerão como
fato e de direito; extensão da obrigação, o índice título constitutivo de hipoteca
III – o dispositivo, em que o de correção monetária, a taxa de judiciária.
juiz resolverá as questões prin- juros, o termo inicial de ambos e § 1o A decisão produz a hipo-
cipais que as partes lhe subme- a periodicidade da capitalização teca judiciária:
terem. dos juros, se for o caso, salvo I – embora a condenação seja
§ 1o Não se considera funda- quando: genérica;
mentada qualquer decisão judi- I – não for possível determi- II – ainda que o credor possa
cial, seja ela interlocutória, sen- nar, de modo definitivo, o mon- promover o cumprimento provisó-
tença ou acórdão, que: tante devido; rio da sentença ou esteja penden-
I – se limitar à indicação, à II – a apuração do valor de- te arresto sobre bem do devedor;
reprodução ou à paráfrase de vido depender da produção de III – mesmo que impugna-
ato normativo, sem explicar sua prova de realização demorada da por recurso dotado de efeito
relação com a causa ou a ques- ou excessivamente dispendiosa, suspensivo.
tão decidida; assim reconhecida na sentença. § 2o A hipoteca judiciária po-
II – empregar conceitos jurí- § 1o Nos casos previstos nes- derá ser realizada mediante apre-
dicos indeterminados, sem ex- te artigo, seguir-se-á a apuração sentação de cópia da sentença
plicar o motivo concreto de sua do valor devido por liquidação. perante o cartório de registro
incidência no caso; § 2o O disposto no caput tam- imobiliário, independentemente
III – invocar motivos que se bém se aplica quando o acórdão de ordem judicial, de declaração
prestariam a justificar qualquer alterar a sentença. expressa do juiz ou de demons-
outra decisão; tração de urgência.
IV – não enfrentar todos os ar- Art. 492. É vedado ao juiz pro- § 3o No prazo de até 15 (quin-
gumentos deduzidos no processo ferir decisão de natureza diversa ze) dias da data de realização da
capazes de, em tese, infirmar a da pedida, bem como condenar hipoteca, a parte informá-la-á ao
conclusão adotada pelo julgador; a parte em quantidade superior juízo da causa, que determinará
V – se limitar a invocar pre- ou em objeto diverso do que lhe a intimação da outra parte para
cedente ou enunciado de súmula, foi demandado. que tome ciência do ato.
sem identificar seus fundamentos Parágrafo único. A decisão § 4o A hipoteca judiciária,
determinantes nem demonstrar deve ser certa, ainda que resol- uma vez constituída, implicará,
que o caso sob julgamento se va relação jurídica condicional. para o credor hipotecário, o di-
ajusta àqueles fundamentos; reito de preferência, quanto ao
VI – deixar de seguir enuncia- Art. 493. Se, depois da propo- pagamento, em relação a outros
do de súmula, jurisprudência ou situra da ação, algum fato cons- credores, observada a prioridade
328
Código de Processo Civil
no registro. rior; Art. 500. A indenização por per-
§ 5o Sobrevindo a reforma II – acórdão proferido pelo das e danos dar-se-á sem prejuízo
ou a invalidação da decisão que Supremo Tribunal Federal ou pelo da multa fixada periodicamente
impôs o pagamento de quantia, a Superior Tribunal de Justiça em para compelir o réu ao cumpri-
parte responderá, independente- julgamento de recursos repe- mento específico da obrigação.
mente de culpa, pelos danos que titivos;
a outra parte tiver sofrido em ra- III – entendimento firmado Art. 501. Na ação que tenha por
zão da constituição da garantia, em incidente de resolução de objeto a emissão de declaração
devendo o valor da indenização demandas repetitivas ou de as- de vontade, a sentença que julgar
ser liquidado e executado nos sunção de competência; procedente o pedido, uma vez
próprios autos. IV – entendimento coinciden- transitada em julgado, produzirá
te com orientação vinculante fir- todos os efeitos da declaração
mada no âmbito administrativo do não emitida.
Seção III – Da Remessa próprio ente público, consolidada
Necessária em manifestação, parecer ou sú-
mula administrativa.
Seção V – Da Coisa Julgada
Art. 496. Está sujeita ao duplo
grau de jurisdição, não produzin- Art. 502. Denomina-se coisa
do efeito senão depois de confir-
Seção IV – Do Julgamento julgada material a autoridade que
mada pelo tribunal, a sentença: das Ações Relativas às torna imutável e indiscutível a de-
I – proferida contra a União, Prestações de Fazer, de Não cisão de mérito não mais sujeita
os Estados, o Distrito Federal, Fazer e de Entregar Coisa a recurso.
os Municípios e suas respecti-
vas autarquias e fundações de Art. 497. Na ação que tenha por Art. 503. A decisão que julgar
direito público; objeto a prestação de fazer ou de total ou parcialmente o mérito
II – que julgar procedentes, no não fazer, o juiz, se procedente o tem força de lei nos limites da
todo ou em parte, os embargos à pedido, concederá a tutela espe- questão principal expressamente
execução fiscal. cífica ou determinará providên- decidida.
§ 1o Nos casos previstos nes- cias que assegurem a obtenção § 1o O disposto no caput apli-
te artigo, não interposta a apela- de tutela pelo resultado prático ca-se à resolução de questão
ção no prazo legal, o juiz ordenará equivalente. prejudicial, decidida expressa e
a remessa dos autos ao tribunal, Parágrafo único. Para a con- incidentemente no processo, se:
e, se não o fizer, o presidente do cessão da tutela específica desti- I – dessa resolução depender
respectivo tribunal avocá-los-á. nada a inibir a prática, a reitera- o julgamento do mérito;
§ 2o Em qualquer dos casos ção ou a continuação de um ilícito, II – a seu respeito tiver havido
referidos no § 1o, o tribunal julgará ou a sua remoção, é irrelevante a contraditório prévio e efetivo, não
a remessa necessária. demonstração da ocorrência de se aplicando no caso de revelia;
§ 3o Não se aplica o dispos- dano ou da existência de culpa III – o juízo tiver competência
to neste artigo quando a conde- ou dolo. em razão da matéria e da pessoa
nação ou o proveito econômico para resolvê-la como questão
obtido na causa for de valor certo Art. 498. Na ação que tenha por principal.
e líquido inferior a: objeto a entrega de coisa, o juiz, § 2o A hipótese do § 1o não
I – 1.000 (mil) salários míni- ao conceder a tutela específica, se aplica se no processo houver
mos para a União e as respec- fixará o prazo para o cumprimento restrições probatórias ou limita-
tivas autarquias e fundações de da obrigação. ções à cognição que impeçam o
direito público; Parágrafo único. Tratando-se aprofundamento da análise da
II – 500 (quinhentos) salá- de entrega de coisa determinada questão prejudicial.
rios mínimos para os Estados, o pelo gênero e pela quantidade, o
Distrito Federal, as respectivas autor individualizá-la-á na petição Art. 504. Não fazem coisa jul-
autarquias e fundações de di- inicial, se lhe couber a escolha, gada:
reito público e os Municípios que ou, se a escolha couber ao réu, I – os motivos, ainda que im-
constituam capitais dos Estados; este a entregará individualizada, portantes para determinar o al-
III – 100 (cem) salários míni- no prazo fixado pelo juiz. cance da parte dispositiva da
mos para todos os demais Muni- sentença;
cípios e respectivas autarquias Art. 499. A obrigação somente II – a verdade dos fatos, es-
e fundações de direito público. será convertida em perdas e da- tabelecida como fundamento da
§ 4o Também não se aplica nos se o autor o requerer ou se sentença.
o disposto neste artigo quando impossível a tutela específica ou a
a sentença estiver fundada em: obtenção de tutela pelo resultado Art. 505. Nenhum juiz decidirá
I – súmula de tribunal supe- prático equivalente. novamente as questões já decidi-
329
Código de Processo Civil
das relativas à mesma lide, salvo: discutir de novo a lide ou modi- do não tiver procurador cons-
I – se, tratando-se de relação ficar a sentença que a julgou. tituído nos autos, ressalvada a
jurídica de trato continuado, so- hipótese do inciso IV;
breveio modificação no estado de Art. 510. Na liquidação por arbi- III – por meio eletrôni-
fato ou de direito, caso em que tramento, o juiz intimará as partes co, quando, no caso do § 1o do
poderá a parte pedir a revisão para a apresentação de pareceres art. 246, não tiver procurador
do que foi estatuído na sentença; ou documentos elucidativos, no constituído nos autos;
II – nos demais casos pres- prazo que fixar, e, caso não possa IV – por edital, quando, citado
critos em lei. decidir de plano, nomeará perito, na forma do art. 256, tiver sido
observando-se, no que couber, o revel na fase de conhecimento.
Art. 506. A sentença faz coisa procedimento da prova pericial. § 3o Na hipótese do § 2o, inci-
julgada às partes entre as quais é sos II e III, considera-se realizada
dada, não prejudicando terceiros. Art. 511. Na liquidação pelo pro- a intimação quando o devedor
cedimento comum, o juiz deter- houver mudado de endereço sem
Art. 507. É vedado à parte discu- minará a intimação do requerido, prévia comunicação ao juízo, ob-
tir no curso do processo as ques- na pessoa de seu advogado ou da servado o disposto no parágrafo
tões já decididas a cujo respeito sociedade de advogados a que único do art. 274.
se operou a preclusão. estiver vinculado, para, querendo, § 4o Se o requerimento a que
apresentar contestação no prazo alude o § 1o for formulado após 1
Art. 508. Transitada em julgado de 15 (quinze) dias, observando- (um) ano do trânsito em julgado da
a decisão de mérito, conside- -se, a seguir, no que couber, o sentença, a intimação será feita
rar-se-ão deduzidas e repelidas disposto no Livro I da Parte Es- na pessoa do devedor, por meio
todas as alegações e as defesas pecial deste Código. de carta com aviso de recebi-
que a parte poderia opor tanto mento encaminhada ao endereço
ao acolhimento quanto à rejeição Art. 512. A liquidação poderá constante dos autos, observado
do pedido. ser realizada na pendência de o disposto no parágrafo único
recurso, processando-se em au- do art. 274 e no § 3o deste artigo.
tos apartados no juízo de origem, § 5o O cumprimento da sen-
CAPÍTULO XIV – DA cumprindo ao liquidante instruir tença não poderá ser promovido
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA o pedido com cópias das peças em face do fiador, do coobrigado
processuais pertinentes. ou do corresponsável que não
Art. 509. Quando a sentença tiver participado da fase de co-
condenar ao pagamento de quan- nhecimento.
tia ilíquida, proceder-se-á à sua TÍTULO II – DO
liquidação, a requerimento do CUMPRIMENTO DA Art. 514. Quando o juiz decidir
credor ou do devedor: SENTENÇA relação jurídica sujeita a condi-
I – por arbitramento, quan- ção ou termo, o cumprimento da
do determinado pela sentença, CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES sentença dependerá de demons-
convencionado pelas partes ou GERAIS tração de que se realizou a con-
exigido pela natureza do objeto dição ou de que ocorreu o termo.
da liquidação; Art. 513. O cumprimento da
II – pelo procedimento co- sentença será feito segundo as Art. 515. São títulos executivos
mum, quando houver necessida- regras deste Título, observando- judiciais, cujo cumprimento dar-
de de alegar e provar fato novo. -se, no que couber e conforme a -se-á de acordo com os artigos
§ 1o Quando na sentença hou- natureza da obrigação, o dispos- previstos neste Título:
ver uma parte líquida e outra ilí- to no Livro II da Parte Especial I – as decisões proferidas no
quida, ao credor é lícito promo- deste Código. processo civil que reconheçam
ver simultaneamente a execução § 1o O cumprimento da sen- a exigibilidade de obrigação de
daquela e, em autos apartados, a tença que reconhece o dever de pagar quantia, de fazer, de não
liquidação desta. pagar quantia, provisório ou de- fazer ou de entregar coisa;
§ 2o Quando a apuração do finitivo, far-se-á a requerimento II – a decisão homologatória
valor depender apenas de cál- do exequente. de autocomposição judicial;
culo aritmético, o credor poderá § 2o O devedor será intimado III – a decisão homologatória
promover, desde logo, o cumpri- para cumprir a sentença: de autocomposição extrajudicial
mento da sentença. I – pelo Diário da Justiça, na de qualquer natureza;
§ 3o O Conselho Nacional de pessoa de seu advogado consti- IV – o formal e a certidão de
Justiça desenvolverá e colocará à tuído nos autos; partilha, exclusivamente em re-
disposição dos interessados pro- II – por carta com aviso de re- lação ao inventariante, aos her-
grama de atualização financeira. cebimento, quando representado deiros e aos sucessores a título
§ 4o Na liquidação é vedado pela Defensoria Pública ou quan- singular ou universal;
330
Código de Processo Civil
V – o crédito de auxiliar da § 2o A certidão de teor da formada, a reparar os danos que
justiça, quando as custas, emo- decisão deverá ser fornecida no o executado haja sofrido;
lumentos ou honorários tiverem prazo de 3 (três) dias e indicará II – fica sem efeito, sobrevin-
sido aprovados por decisão ju- o nome e a qualificação do exe- do decisão que modifique ou anu-
dicial; quente e do executado, o número le a sentença objeto da execução,
VI – a sentença penal con- do processo, o valor da dívida e restituindo-se as partes ao estado
denatória transitada em julgado; a data de decurso do prazo para anterior e liquidando-se eventu-
VII – a sentença arbitral; pagamento voluntário. ais prejuízos nos mesmos autos;
VIII – a sentença estrangeira § 3o O executado que tiver III – se a sentença objeto de
homologada pelo Superior Tribu- proposto ação rescisória para cumprimento provisório for mo-
nal de Justiça; impugnar a decisão exequenda dificada ou anulada apenas em
IX – a decisão interlocutória pode requerer, a suas expensas parte, somente nesta ficará sem
estrangeira, após a concessão e sob sua responsabilidade, a efeito a execução;
do exequatur à carta rogatória anotação da propositura da ação IV – o levantamento de de-
pelo Superior Tribunal de Justiça; à margem do título protestado. pósito em dinheiro e a prática de
X – (Vetado). § 4o A requerimento do exe- atos que importem transferência
§ 1o Nos casos dos incisos cutado, o protesto será cance- de posse ou alienação de proprie-
VI a IX, o devedor será citado no lado por determinação do juiz, dade ou de outro direito real, ou
juízo cível para o cumprimento da mediante ofício a ser expedido dos quais possa resultar grave
sentença ou para a liquidação no ao cartório, no prazo de 3 (três) dano ao executado, dependem de
prazo de 15 (quinze) dias. dias, contado da data de proto- caução suficiente e idônea, arbi-
§ 2o A autocomposição judi- colo do requerimento, desde que trada de plano pelo juiz e prestada
cial pode envolver sujeito estra- comprovada a satisfação integral nos próprios autos.
nho ao processo e versar sobre da obrigação. § 1o No cumprimento provi-
relação jurídica que não tenha sório da sentença, o executado
sido deduzida em juízo. Art. 518. Todas as questões rela- poderá apresentar impugnação,
tivas à validade do procedimento se quiser, nos termos do art. 525.
Art. 516. O cumprimento da sen- de cumprimento da sentença e § 2o A multa e os honorários
tença efetuar-se-á perante: dos atos executivos subsequen- a que se refere o § 1o do art. 523
I – os tribunais, nas causas tes poderão ser arguidas pelo são devidos no cumprimento pro-
de sua competência originária; executado nos próprios autos e visório de sentença condenatória
II – o juízo que decidiu a causa nestes serão decididas pelo juiz. ao pagamento de quantia certa.
no primeiro grau de jurisdição; § 3o Se o executado com-
III – o juízo cível competente, Art. 519. Aplicam-se as disposi- parecer tempestivamente e de-
quando se tratar de sentença ções relativas ao cumprimento da positar o valor, com a finalidade
penal condenatória, de sentença sentença, provisório ou definitivo, de isentar-se da multa, o ato não
arbitral, de sentença estrangeira e à liquidação, no que couber, às será havido como incompatível
ou de acórdão proferido pelo Tri- decisões que concederem tutela com o recurso por ele interposto.
bunal Marítimo. provisória. § 4o A restituição ao estado
Parágrafo único. Nas hipóte- anterior a que se refere o inciso
ses dos incisos II e III, o exequente II não implica o desfazimento
poderá optar pelo juízo do atual CAPÍTULO II – DO da transferência de posse ou da
domicílio do executado, pelo ju- CUMPRIMENTO alienação de propriedade ou de
ízo do local onde se encontrem PROVISÓRIO DA SENTENÇA outro direito real eventualmente
os bens sujeitos à execução ou QUE RECONHECE A já realizada, ressalvado, sempre, o
pelo juízo do local onde deva ser EXIGIBILIDADE DE direito à reparação dos prejuízos
executada a obrigação de fazer causados ao executado.
ou de não fazer, casos em que a OBRIGAÇÃO DE PAGAR § 5o Ao cumprimento provi-
remessa dos autos do processo QUANTIA CERTA sório de sentença que reconheça
será solicitada ao juízo de origem. obrigação de fazer, de não fazer
Art. 520. O cumprimento pro- ou de dar coisa aplica-se, no que
Art. 517. A decisão judicial tran- visório da sentença impugnada couber, o disposto neste Capítulo.
sitada em julgado poderá ser leva- por recurso desprovido de efei-
da a protesto, nos termos da lei, to suspensivo será realizado da Art. 521. A caução prevista no
depois de transcorrido o prazo mesma forma que o cumprimento inciso IV do art. 520 poderá ser
para pagamento voluntário pre- definitivo, sujeitando-se ao se- dispensada nos casos em que:
visto no art. 523. guinte regime: I – o crédito for de natureza
§ 1o Para efetivar o protesto, I – corre por iniciativa e res- alimentar, independentemente
incumbe ao exequente apresen- ponsabilidade do exequente, que de sua origem;
tar certidão de teor da decisão. se obriga, se a sentença for re- II – o credor demonstrar si-
331
Código de Processo Civil
tuação de necessidade; do de custas, se houver. dos em poder de terceiros ou do
III – pender o agravo do § 1o Não ocorrendo paga- executado, o juiz poderá requisi-
art. 1.042; mento voluntário no prazo do tá-los, sob cominação do crime
IV – a sentença a ser provi- caput, o débito será acrescido de desobediência.
soriamente cumprida estiver em de multa de dez por cento e, tam- § 4o Quando a complementa-
consonância com súmula da ju- bém, de honorários de advogado ção do demonstrativo depender
risprudência do Supremo Tribunal de dez por cento. de dados adicionais em poder do
Federal ou do Superior Tribunal de § 2o Efetuado o pagamento executado, o juiz poderá, a reque-
Justiça ou em conformidade com parcial no prazo previsto no caput, rimento do exequente, requisi-
acórdão proferido no julgamento a multa e os honorários previstos tá-los, fixando prazo de até 30
de casos repetitivos. no § 1o incidirão sobre o restante. (trinta) dias para o cumprimento
Parágrafo único. A exigência § 3o Não efetuado tempes- da diligência.
de caução será mantida quando tivamente o pagamento volun- § 5o Se os dados adicionais
da dispensa possa resultar mani- tário, será expedido, desde logo, a que se refere o § 4o não forem
festo risco de grave dano de difícil mandado de penhora e avaliação, apresentados pelo executado,
ou incerta reparação. seguindo-se os atos de expro- sem justificativa, no prazo de-
priação. signado, reputar-se-ão corretos
Art. 522. O cumprimento pro- os cálculos apresentados pelo
visório da sentença será reque- Art. 524. O requerimento pre- exequente apenas com base nos
rido por petição dirigida ao juízo visto no art. 523 será instruído dados de que dispõe.
competente. com demonstrativo discriminado
Parágrafo único. Não sendo e atualizado do crédito, devendo Art. 525. Transcorrido o prazo
eletrônicos os autos, a petição a petição conter: previsto no art. 523 sem o pa-
será acompanhada de cópias das I – o nome completo, o núme- gamento voluntário, inicia-se o
seguintes peças do processo, cuja ro de inscrição no Cadastro de prazo de 15 (quinze) dias para que
autenticidade poderá ser certifi- Pessoas Físicas ou no Cadastro o executado, independentemente
cada pelo próprio advogado, sob Nacional da Pessoa Jurídica do de penhora ou nova intimação,
sua responsabilidade pessoal: exequente e do executado, ob- apresente, nos próprios autos,
I – decisão exequenda; servado o disposto no art. 319, sua impugnação.
II – certidão de interposição §§ 1o a 3o; § 1o Na impugnação, o exe-
do recurso não dotado de efeito II – o índice de correção mo- cutado poderá alegar:
suspensivo; netária adotado; I – falta ou nulidade da citação
III – procurações outorgadas III – os juros aplicados e as se, na fase de conhecimento, o
pelas partes; respectivas taxas; processo correu à revelia;
IV – decisão de habilitação, IV – o termo inicial e o termo II – ilegitimidade de parte;
se for o caso; final dos juros e da correção mo- III – inexequibilidade do título
V – facultativamente, outras netária utilizados; ou inexigibilidade da obrigação;
peças processuais consideradas V – a periodicidade da capi- IV – penhora incorreta ou ava-
necessárias para demonstrar a talização dos juros, se for o caso; liação errônea;
existência do crédito. VI – especificação dos even- V – excesso de execução ou
tuais descontos obrigatórios re- cumulação indevida de execu-
alizados; ções;
CAPÍTULO III – DO VII – indicação dos bens pas- VI – incompetência absoluta
CUMPRIMENTO síveis de penhora, sempre que ou relativa do juízo da execução;
DEFINITIVO DA SENTENÇA possível. VII – qualquer causa modifi-
QUE RECONHECE A § 1o Quando o valor apontado cativa ou extintiva da obrigação,
EXIGIBILIDADE DE no demonstrativo aparentemente como pagamento, novação, com-
exceder os limites da condena- pensação, transação ou prescri-
OBRIGAÇÃO DE PAGAR ção, a execução será iniciada pelo ção, desde que supervenientes à
QUANTIA CERTA valor pretendido, mas a penhora sentença.
terá por base a importância que § 2o A alegação de impedi-
Art. 523. No caso de condena- o juiz entender adequada. mento ou suspeição observará
ção em quantia certa, ou já fixada § 2o Para a verificação dos o disposto nos arts. 146 e 148.
em liquidação, e no caso de de- cálculos, o juiz poderá valer-se § 3o Aplica-se à impugnação
cisão sobre parcela incontrover- de contabilista do juízo, que terá o disposto no art. 229.
sa, o cumprimento definitivo da o prazo máximo de 30 (trinta) dias § 4o Quando o executado ale-
sentença far-se-á a requerimento para efetuá-la, exceto se outro lhe gar que o exequente, em excesso
do exequente, sendo o executado for determinado. de execução, pleiteia quantia su-
intimado para pagar o débito, no § 3o Quando a elaboração do perior à resultante da sentença,
prazo de 15 (quinze) dias, acresci- demonstrativo depender de da- cumprir-lhe-á declarar de ime-
332
Código de Processo Civil
diato o valor que entende corre- atos executivos subsequentes, subsequentes.
to, apresentando demonstrativo podem ser arguidas por simples § 3o Se o autor não se opu-
discriminado e atualizado de seu petição, tendo o executado, em ser, o juiz declarará satisfeita a
cálculo. qualquer dos casos, o prazo de 15 obrigação e extinguirá o processo.
§ 5o Na hipótese do § 4o, não (quinze) dias para formular esta
apontado o valor correto ou não arguição, contado da comprovada Art. 527. Aplicam-se as dispo-
apresentado o demonstrativo, a ciência do fato ou da intimação sições deste Capítulo ao cumpri-
impugnação será liminarmente do ato. mento provisório da sentença, no
rejeitada, se o excesso de execu- § 12. Para efeito do disposto que couber.
ção for o seu único fundamento, no inciso III do § 1o deste artigo,
ou, se houver outro, a impugnação considera-se também inexigível a
será processada, mas o juiz não obrigação reconhecida em título CAPÍTULO IV – DO
examinará a alegação de excesso executivo judicial fundado em lei CUMPRIMENTO DE
de execução. ou ato normativo considerado SENTENÇA QUE
§ 6o A apresentação de im- inconstitucional pelo Supremo RECONHEÇA A
pugnação não impede a prática Tribunal Federal, ou fundado em EXIGIBILIDADE DE
dos atos executivos, inclusive aplicação ou interpretação da
os de expropriação, podendo o lei ou do ato normativo tido pelo OBRIGAÇÃO DE PRESTAR
juiz, a requerimento do execu- Supremo Tribunal Federal como ALIMENTOS
tado e desde que garantido o incompatível com a Constituição
juízo com penhora, caução ou Federal, em controle de consti- Art. 528. No cumprimento de
depósito suficientes, atribuir-lhe tucionalidade concentrado ou sentença que condene ao paga-
efeito suspensivo, se seus funda- difuso. mento de prestação alimentícia
mentos forem relevantes e se o § 13. No caso do § 12, os efei- ou de decisão interlocutória que
prosseguimento da execução for tos da decisão do Supremo Tri- fixe alimentos, o juiz, a requeri-
manifestamente suscetível de bunal Federal poderão ser mo- mento do exequente, mandará in-
causar ao executado grave dano dulados no tempo, em atenção timar o executado pessoalmente
de difícil ou incerta reparação. à segurança jurídica. para, em 3 (três) dias, pagar o dé-
§ 7o A concessão de efeito § 14. A decisão do Supremo bito, provar que o fez ou justificar
suspensivo a que se refere o § 6o Tribunal Federal referida no § 12 a impossibilidade de efetuá-lo.
não impedirá a efetivação dos deve ser anterior ao trânsito em § 1o Caso o executado, no
atos de substituição, de reforço julgado da decisão exequenda. prazo referido no caput, não efe-
ou de redução da penhora e de § 15. Se a decisão referida no tue o pagamento, não prove que
avaliação dos bens. § 12 for proferida após o trânsito o efetuou ou não apresente jus-
§ 8o Quando o efeito suspen- em julgado da decisão exequen- tificativa da impossibilidade de
sivo atribuído à impugnação dis- da, caberá ação rescisória, cujo efetuá-lo, o juiz mandará pro-
ser respeito apenas a parte do prazo será contado do trânsito testar o pronunciamento judicial,
objeto da execução, esta pros- em julgado da decisão proferida aplicando-se, no que couber, o
seguirá quanto à parte restante. pelo Supremo Tribunal Federal. disposto no art. 517.
§ 9o A concessão de efeito § 2o Somente a comprovação
suspensivo à impugnação dedu- Art. 526. É lícito ao réu, antes de de fato que gere a impossibilida-
zida por um dos executados não ser intimado para o cumprimen- de absoluta de pagar justificará
suspenderá a execução contra to da sentença, comparecer em o inadimplemento.
os que não impugnaram, quando juízo e oferecer em pagamento o § 3o Se o executado não pa-
o respectivo fundamento disser valor que entender devido, apre- gar ou se a justificativa apresen-
respeito exclusivamente ao im- sentando memória discriminada tada não for aceita, o juiz, além
pugnante. do cálculo. de mandar protestar o pronun-
§ 10. Ainda que atribuído § 1o O autor será ouvido no ciamento judicial na forma do
efeito suspensivo à impugnação, prazo de 5 (cinco) dias, poden- § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo
é lícito ao exequente requerer o do impugnar o valor depositado, prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
prosseguimento da execução, sem prejuízo do levantamento § 4o A prisão será cumprida
oferecendo e prestando, nos pró- do depósito a título de parcela em regime fechado, devendo o
prios autos, caução suficiente e incontroversa. preso ficar separado dos presos
idônea a ser arbitrada pelo juiz. § 2o Concluindo o juiz pela comuns.
§ 11. As questões relativas insuficiência do depósito, so- § 5o O cumprimento da pena
a fato superveniente ao término bre a diferença incidirão multa não exime o executado do paga-
do prazo para apresentação da de dez por cento e honorários mento das prestações vencidas
impugnação, assim como aquelas advocatícios, também fixados e vincendas.
relativas à validade e à adequação em dez por cento, seguindo-se § 6o Paga a prestação ali-
da penhora, da avaliação e dos a execução com penhora e atos mentícia, o juiz suspenderá o
333
Código de Processo Civil
cumprimento da ordem de prisão. trapasse cinquenta por cento de poderá ser fixada tomando por
§ 7o O débito alimentar que seus ganhos líquidos. base o salário mínimo.
autoriza a prisão civil do alimen- § 5o Finda a obrigação de
tante é o que compreende até Art. 530. Não cumprida a obri- prestar alimentos, o juiz man-
as 3 (três) prestações anterio- gação, observar-se-á o disposto dará liberar o capital, cessar o
res ao ajuizamento da execução nos arts. 831 e seguintes. desconto em folha ou cancelar
e as que se vencerem no curso as garantias prestadas.
do processo. Art. 531. O disposto neste Ca-
§ 8o O exequente pode optar pítulo aplica-se aos alimentos
por promover o cumprimento da definitivos ou provisórios. CAPÍTULO V – DO
sentença ou decisão desde logo, § 1o A execução dos alimen- CUMPRIMENTO DE
nos termos do disposto neste Li- tos provisórios, bem como a dos SENTENÇA QUE
vro, Título II, Capítulo III, caso em alimentos fixados em sentença RECONHEÇA A
que não será admissível a prisão ainda não transitada em julgado, EXIGIBILIDADE DE
do executado, e, recaindo a pe- se processa em autos apartados.
nhora em dinheiro, a concessão § 2o O cumprimento defi- OBRIGAÇÃO DE PAGAR
de efeito suspensivo à impugna- nitivo da obrigação de prestar QUANTIA CERTA PELA
ção não obsta a que o exequente alimentos será processado nos FAZENDA PÚBLICA
levante mensalmente a importân- mesmos autos em que tenha sido
cia da prestação. proferida a sentença. Art. 534. No cumprimento de
§ 9o Além das opções previs- sentença que impuser à Fazenda
tas no art. 516, parágrafo único, Art. 532. Verificada a conduta Pública o dever de pagar quantia
o exequente pode promover o procrastinatória do executado, certa, o exequente apresentará
cumprimento da sentença ou de- o juiz deverá, se for o caso, dar demonstrativo discriminado e
cisão que condena ao pagamento ciência ao Ministério Público dos atualizado do crédito contendo:
de prestação alimentícia no juízo indícios da prática do crime de I – o nome completo e o nú-
de seu domicílio. abandono material. mero de inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas ou no Cadastro
Art. 529. Quando o executado Art. 533. Quando a indenização Nacional da Pessoa Jurídica do
for funcionário público, militar, por ato ilícito incluir prestação de exequente;
diretor ou gerente de empresa alimentos, caberá ao executa- II – o índice de correção mo-
ou empregado sujeito à legislação do, a requerimento do exequen- netária adotado;
do trabalho, o exequente poderá te, constituir capital cuja renda III – os juros aplicados e as
requerer o desconto em folha de assegure o pagamento do valor respectivas taxas;
pagamento da importância da mensal da pensão. IV – o termo inicial e o termo
prestação alimentícia. § 1o O capital a que se refere final dos juros e da correção mo-
§ 1o Ao proferir a decisão, o caput, representado por imó- netária utilizados;
o juiz oficiará à autoridade, à veis ou por direitos reais sobre V – a periodicidade da capi-
empresa ou ao empregador, de- imóveis suscetíveis de alienação, talização dos juros, se for o caso;
terminando, sob pena de crime títulos da dívida pública ou aplica- VI – a especificação dos even-
de desobediência, o desconto a ções financeiras em banco oficial, tuais descontos obrigatórios re-
partir da primeira remuneração será inalienável e impenhorável alizados.
posterior do executado, a contar enquanto durar a obrigação do § 1o Havendo pluralidade
do protocolo do ofício. executado, além de constituir- de exequentes, cada um deverá
§ 2o O ofício conterá o nome -se em patrimônio de afetação. apresentar o seu próprio demons-
e o número de inscrição no Ca- § 2o O juiz poderá substituir trativo, aplicando-se à hipótese,
dastro de Pessoas Físicas do exe- a constituição do capital pela se for o caso, o disposto nos §§ 1o
quente e do executado, a impor- inclusão do exequente em folha e 2o do art. 113.
tância a ser descontada mensal- de pagamento de pessoa jurídica § 2o A multa prevista no § 1o
mente, o tempo de sua duração de notória capacidade econômica do art. 523 não se aplica à Fazen-
e a conta na qual deve ser feito ou, a requerimento do executado, da Pública.
o depósito. por fiança bancária ou garantia
§ 3o Sem prejuízo do paga- real, em valor a ser arbitrado de Art. 535. A Fazenda Pública será
mento dos alimentos vincendos, imediato pelo juiz. intimada na pessoa de seu re-
o débito objeto de execução pode § 3o Se sobrevier modifica- presentante judicial, por carga,
ser descontado dos rendimen- ção nas condições econômicas, remessa ou meio eletrônico, para,
tos ou rendas do executado, de poderá a parte requerer, confor- querendo, no prazo de 30 (trinta)
forma parcelada, nos termos do me as circunstâncias, redução ou dias e nos próprios autos, impug-
caput deste artigo, contanto que, aumento da prestação. nar a execução, podendo arguir:
somado à parcela devida, não ul- § 4o A prestação alimentícia I – falta ou nulidade da citação
334
Código de Processo Civil
se, na fase de conhecimento, o aplicação ou interpretação da força policial.
processo correu à revelia; lei ou do ato normativo tido pelo § 2o O mandado de busca e
II – ilegitimidade de parte; Supremo Tribunal Federal como apreensão de pessoas e coisas
III – inexequibilidade do título incompatível com a Constituição será cumprido por 2 (dois) ofi-
ou inexigibilidade da obrigação; Federal, em controle de consti- ciais de justiça, observando-se
IV – excesso de execução ou tucionalidade concentrado ou o disposto no art. 846, §§ 1o a 4o,
cumulação indevida de execu- difuso. se houver necessidade de arrom-
ções; § 6o No caso do § 5o, os efei- bamento.
V – incompetência absoluta tos da decisão do Supremo Tri- § 3o O executado incidirá
ou relativa do juízo da execução; bunal Federal poderão ser mo- nas penas de litigância de má-
VI – qualquer causa modifi- dulados no tempo, de modo a -fé quando injustificadamente
cativa ou extintiva da obrigação, favorecer a segurança jurídica. descumprir a ordem judicial, sem
como pagamento, novação, com- § 7o A decisão do Supremo prejuízo de sua responsabilização
pensação, transação ou prescri- Tribunal Federal referida no § 5o por crime de desobediência.
ção, desde que supervenientes ao deve ter sido proferida antes do § 4o No cumprimento de sen-
trânsito em julgado da sentença. trânsito em julgado da decisão tença que reconheça a exigibili-
§ 1o A alegação de impedi- exequenda. dade de obrigação de fazer ou de
mento ou suspeição observará § 8o Se a decisão referida no não fazer, aplica-se o art. 525, no
o disposto nos arts. 146 e 148. § 5o for proferida após o trânsito que couber.
§ 2o Quando se alegar que o em julgado da decisão exequen- § 5o O disposto neste arti-
exequente, em excesso de exe- da, caberá ação rescisória, cujo go aplica-se, no que couber, ao
cução, pleiteia quantia superior prazo será contado do trânsito cumprimento de sentença que
à resultante do título, cumprirá à em julgado da decisão proferida reconheça deveres de fazer e
executada declarar de imediato pelo Supremo Tribunal Federal. de não fazer de natureza não
o valor que entende correto, sob obrigacional.
pena de não conhecimento da
arguição. CAPÍTULO VI – DO Art. 537. A multa independe de
§ 3o Não impugnada a exe- CUMPRIMENTO DE requerimento da parte e poderá
cução ou rejeitadas as arguições SENTENÇA QUE ser aplicada na fase de conhe-
da executada: RECONHEÇA A cimento, em tutela provisória ou
I – expedir-se-á, por inter- EXIGIBILIDADE DE na sentença, ou na fase de exe-
médio do presidente do tribunal cução, desde que seja suficiente
competente, precatório em favor OBRIGAÇÃO DE FAZER, e compatível com a obrigação e
do exequente, observando-se o DE NÃO FAZER OU DE que se determine prazo razoável
disposto na Constituição Federal; ENTREGAR COISA para cumprimento do preceito.
II – por ordem do juiz, dirigida § 1o O juiz poderá, de ofício
à autoridade na pessoa de quem o Seção I – Do Cumprimento ou a requerimento, modificar o
ente público foi citado para o pro- de Sentença que Reconheça valor ou a periodicidade da mul-
cesso, o pagamento de obrigação a Exigibilidade de Obrigação ta vincenda ou excluí-la, caso
de pequeno valor será realizado de Fazer ou de Não Fazer verifique que:
no prazo de 2 (dois) meses con- I – se tornou insuficiente ou
tado da entrega da requisição, Art. 536. No cumprimento de excessiva;
mediante depósito na agência sentença que reconheça a exi- II – o obrigado demonstrou
de banco oficial mais próxima da gibilidade de obrigação de fazer cumprimento parcial superve-
residência do exequente.6 ou de não fazer, o juiz poderá, de niente da obrigação ou justa cau-
§ 4o Tratando-se de impug- ofício ou a requerimento, para a sa para o descumprimento.
nação parcial, a parte não ques- efetivação da tutela específica ou § 2o O valor da multa será
tionada pela executada será, des- a obtenção de tutela pelo resul- devido ao exequente.
de logo, objeto de cumprimento.7 tado prático equivalente, deter- § 3o A decisão que fixa a mul-
§ 5o Para efeito do disposto minar as medidas necessárias à ta é passível de cumprimento
no inciso III do caput deste artigo, satisfação do exequente. provisório, devendo ser deposi-
considera-se também inexigível a § 1o Para atender ao dispos- tada em juízo, permitido o levan-
obrigação reconhecida em título to no caput, o juiz poderá deter- tamento do valor após o trânsito
executivo judicial fundado em lei minar, entre outras medidas, a em julgado da sentença favorável
ou ato normativo considerado imposição de multa, a busca e à parte.
inconstitucional pelo Supremo apreensão, a remoção de pes- § 4o A multa será devida des-
Tribunal Federal, ou fundado em soas e coisas, o desfazimento de o dia em que se configurar o
de obras e o impedimento de descumprimento da decisão e in-
6
NE: ver ADIs nos 5.492 e 5.534. atividade nociva, podendo, caso cidirá enquanto não for cumprida
7
NE: ver ADI no 5.534. necessário, requisitar o auxílio de a decisão que a tiver cominado.
335
Código de Processo Civil
§ 5o O disposto neste arti- § 2o Decorrido o prazo do a entrega, sob pena de depósito.
go aplica-se, no que couber, ao § 1 , contado do retorno do aviso
o
cumprimento de sentença que de recebimento, sem a manifes- Art. 544. Na contestação, o réu
reconheça deveres de fazer e tação de recusa, considerar-se-á poderá alegar que:
de não fazer de natureza não o devedor liberado da obrigação, I – não houve recusa ou mora
obrigacional. ficando à disposição do credor a em receber a quantia ou a coisa
quantia depositada. devida;
§ 3o Ocorrendo a recusa, ma- II – foi justa a recusa;
Seção II – Do Cumprimento nifestada por escrito ao estabe- III – o depósito não se efe-
de Sentença que Reconheça lecimento bancário, poderá ser tuou no prazo ou no lugar do pa-
a Exigibilidade de Obrigação proposta, dentro de 1 (um) mês, gamento;
de Entregar Coisa a ação de consignação, instruin- IV – o depósito não é integral.
do-se a inicial com a prova do Parágrafo único. No caso do
Art. 538. Não cumprida a obri- depósito e da recusa. inciso IV, a alegação somente
gação de entregar coisa no prazo § 4o Não proposta a ação no será admissível se o réu indicar
estabelecido na sentença, será prazo do § 3o, ficará sem efeito o o montante que entende devido.
expedido mandado de busca e depósito, podendo levantá-lo o
apreensão ou de imissão na posse depositante. Art. 545. Alegada a insuficiên-
em favor do credor, conforme se cia do depósito, é lícito ao autor
tratar de coisa móvel ou imóvel. Art. 540. Requerer-se-á a con- completá-lo, em 10 (dez) dias, sal-
§ 1o A existência de benfei- signação no lugar do pagamento, vo se corresponder a prestação
torias deve ser alegada na fase cessando para o devedor, à data cujo inadimplemento acarrete a
de conhecimento, em contesta- do depósito, os juros e os riscos, rescisão do contrato.
ção, de forma discriminada e com salvo se a demanda for julgada § 1o No caso do caput, poderá
atribuição, sempre que possível improcedente. o réu levantar, desde logo, a quan-
e justificadamente, do respec- tia ou a coisa depositada, com a
tivo valor. Art. 541. Tratando-se de presta- consequente liberação parcial do
§ 2o O direito de retenção ções sucessivas, consignada uma autor, prosseguindo o processo
por benfeitorias deve ser exer- delas, pode o devedor continuar a quanto à parcela controvertida.
cido na contestação, na fase de depositar, no mesmo processo e § 2o A sentença que concluir
conhecimento. sem mais formalidades, as que se pela insuficiência do depósito
§ 3o Aplicam-se ao procedi- forem vencendo, desde que o faça determinará, sempre que possí-
mento previsto neste artigo, no em até 5 (cinco) dias contados da vel, o montante devido e valerá
que couber, as disposições sobre data do respectivo vencimento. como título executivo, facultado
o cumprimento de obrigação de ao credor promover-lhe o cumpri-
fazer ou de não fazer. Art. 542. Na petição inicial, o mento nos mesmos autos, após
autor requererá: liquidação, se necessária.
I – o depósito da quantia ou
TÍTULO III – DOS da coisa devida, a ser efetivado Art. 546. Julgado procedente o
PROCEDIMENTOS no prazo de 5 (cinco) dias conta- pedido, o juiz declarará extinta a
ESPECIAIS dos do deferimento, ressalvada a obrigação e condenará o réu ao
hipótese do art. 539, § 3o; pagamento de custas e honorá-
CAPÍTULO I – DA AÇÃO II – a citação do réu para le- rios advocatícios.
DE CONSIGNAÇÃO EM vantar o depósito ou oferecer Parágrafo único. Proceder-
PAGAMENTO contestação. -se-á do mesmo modo se o credor
Parágrafo único. Não realiza- receber e der quitação.
Art. 539. Nos casos previstos do o depósito no prazo do inciso
em lei, poderá o devedor ou ter- I, o processo será extinto sem Art. 547. Se ocorrer dúvida so-
ceiro requerer, com efeito de pa- resolução do mérito. bre quem deva legitimamente
gamento, a consignação da quan- receber o pagamento, o autor
tia ou da coisa devida. Art. 543. Se o objeto da pres- requererá o depósito e a citação
§ 1o Tratando-se de obriga- tação for coisa indeterminada e dos possíveis titulares do crédito
ção em dinheiro, poderá o valor a escolha couber ao credor, será para provarem o seu direito.
ser depositado em estabeleci- este citado para exercer o direito
mento bancário, oficial onde hou- dentro de 5 (cinco) dias, se outro Art. 548. No caso do art. 547:
ver, situado no lugar do pagamen- prazo não constar de lei ou do I – não comparecendo pre-
to, cientificando-se o credor por contrato, ou para aceitar que o tendente algum, converter-se-á
carta com aviso de recebimento, devedor a faça, devendo o juiz, ao o depósito em arrecadação de
assinado o prazo de 10 (dez) dias despachar a petição inicial, fixar coisas vagas;
para a manifestação de recusa. lugar, dia e hora em que se fará II – comparecendo apenas
336
Código de Processo Civil
um, o juiz decidirá de plano; aplicação das despesas e os in- Público e, se envolver pessoas em
III – comparecendo mais de vestimentos, se houver. situação de hipossuficiência eco-
um, o juiz declarará efetuado o § 1o Havendo impugnação nômica, da Defensoria Pública.
depósito e extinta a obrigação, específica e fundamentada pelo § 2o Para fim da citação pes-
continuando o processo a correr autor, o juiz estabelecerá prazo soal prevista no § 1o, o oficial de
unicamente entre os presuntivos razoável para que o réu apresente justiça procurará os ocupantes
credores, observado o procedi- os documentos justificativos dos no local por uma vez, citando-se
mento comum. lançamentos individualmente im- por edital os que não forem en-
pugnados. contrados.
Art. 549. Aplica-se o procedi- § 2o As contas do autor, para § 3o O juiz deverá determi-
mento estabelecido neste Capí- os fins do art. 550, § 5o, serão nar que se dê ampla publicidade
tulo, no que couber, ao resgate apresentadas na forma adequada, da existência da ação prevista
do aforamento. já instruídas com os documentos no § 1o e dos respectivos prazos
justificativos, especificando-se processuais, podendo, para tanto,
as receitas, a aplicação das des- valer-se de anúncios em jornal
CAPÍTULO II – DA AÇÃO DE pesas e os investimentos, se hou- ou rádio locais, da publicação de
EXIGIR CONTAS ver, bem como o respectivo saldo. cartazes na região do conflito e
de outros meios.
Art. 550. Aquele que afirmar ser Art. 552. A sentença apurará o
titular do direito de exigir contas saldo e constituirá título execu- Art. 555. É lícito ao autor cumu-
requererá a citação do réu para tivo judicial. lar ao pedido possessório o de:
que as preste ou ofereça contes- I – condenação em perdas
tação no prazo de 15 (quinze) dias. Art. 553. As contas do inven- e danos;
§ 1o Na petição inicial, o autor tariante, do tutor, do curador, do II – indenização dos frutos.
especificará, detalhadamente, depositário e de qualquer outro Parágrafo único. Pode o au-
as razões pelas quais exige as administrador serão prestadas tor requerer, ainda, imposição
contas, instruindo-a com docu- em apenso aos autos do processo de medida necessária e adequa-
mentos comprobatórios dessa em que tiver sido nomeado. da para:
necessidade, se existirem. Parágrafo único. Se qualquer I – evitar nova turbação ou
§ 2o Prestadas as contas, o dos referidos no caput for conde- esbulho;
autor terá 15 (quinze) dias para nado a pagar o saldo e não o fizer II – cumprir-se a tutela pro-
se manifestar, prosseguindo-se no prazo legal, o juiz poderá des- visória ou final.
o processo na forma do Capítulo tituí-lo, sequestrar os bens sob
X do Título I deste Livro. sua guarda, glosar o prêmio ou a Art. 556. É lícito ao réu, na con-
§ 3o A impugnação das con- gratificação a que teria direito e testação, alegando que foi o ofen-
tas apresentadas pelo réu deverá determinar as medidas executi- dido em sua posse, demandar a
ser fundamentada e específica, vas necessárias à recomposição proteção possessória e a indeni-
com referência expressa ao lan- do prejuízo. zação pelos prejuízos resultantes
çamento questionado. da turbação ou do esbulho come-
§ 4o Se o réu não contestar o tido pelo autor.
pedido, observar-se-á o disposto CAPÍTULO III – DAS AÇÕES
no art. 355. POSSESSÓRIAS Art. 557. Na pendência de ação
§ 5o A decisão que julgar pro- possessória é vedado, tanto ao
Seção I – Disposições Gerais
cedente o pedido condenará o réu autor quanto ao réu, propor ação
a prestar as contas no prazo de de reconhecimento do domínio,
15 (quinze) dias, sob pena de não Art. 554. A propositura de uma exceto se a pretensão for dedu-
lhe ser lícito impugnar as que o ação possessória em vez de ou- zida em face de terceira pessoa.
autor apresentar. tra não obstará a que o juiz co- Parágrafo único. Não obsta à
§ 6o Se o réu apresentar as nheça do pedido e outorgue a manutenção ou à reintegração de
contas no prazo previsto no § 5o, proteção legal correspondente posse a alegação de propriedade
seguir-se-á o procedimento do àquela cujos pressupostos es- ou de outro direito sobre a coisa.
§ 2o, caso contrário, o autor apre- tejam provados.
sentá-las-á no prazo de 15 (quinze) § 1o No caso de ação posses- Art. 558. Regem o procedimento
dias, podendo o juiz determinar a sória em que figure no polo pas- de manutenção e de reintegração
realização de exame pericial, se sivo grande número de pessoas, de posse as normas da Seção II
necessário. serão feitas a citação pessoal dos deste Capítulo quando a ação for
ocupantes que forem encontra- proposta dentro de ano e dia da
Art. 551. As contas do réu serão dos no local e a citação por edital turbação ou do esbulho afirmado
apresentadas na forma adequada, dos demais, determinando-se, na petição inicial.
especificando-se as receitas, a ainda, a intimação do Ministério Parágrafo único. Passado o
337
Código de Processo Civil
prazo referido no caput, será co- ou de reintegração. Seção III – Do Interdito
mum o procedimento, não per- Proibitório
dendo, contudo, o caráter pos- Art. 564. Concedido ou não o
sessório. mandado liminar de manutenção Art. 567. O possuidor direto ou
ou de reintegração, o autor pro- indireto que tenha justo receio de
Art. 559. Se o réu provar, em moverá, nos 5 (cinco) dias subse- ser molestado na posse poderá
qualquer tempo, que o autor pro- quentes, a citação do réu para, requerer ao juiz que o segure da
visoriamente mantido ou reinte- querendo, contestar a ação no turbação ou esbulho iminente,
grado na posse carece de idonei- prazo de 15 (quinze) dias. mediante mandado proibitório
dade financeira para, no caso Parágrafo único. Quando for em que se comine ao réu de-
de sucumbência, responder por ordenada a justificação prévia, o terminada pena pecuniária caso
perdas e danos, o juiz designar- prazo para contestar será conta- transgrida o preceito.
-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias do da intimação da decisão que
para requerer caução, real ou deferir ou não a medida liminar. Art. 568. Aplica-se ao interdito
fidejussória, sob pena de ser de- proibitório o disposto na Seção II
positada a coisa litigiosa, ressal- Art. 565. No litígio coletivo pela deste Capítulo.
vada a impossibilidade da parte posse de imóvel, quando o esbu-
economicamente hipossuficiente. lho ou a turbação afirmado na
petição inicial houver ocorrido há CAPÍTULO IV – DA
mais de ano e dia, o juiz, antes de AÇÃO DE DIVISÃO E DA
Seção II – Da Manutenção e apreciar o pedido de concessão DEMARCAÇÃO DE TERRAS
da Reintegração de Posse da medida liminar, deverá de- PARTICULARES
signar audiência de mediação,
Art. 560. O possuidor tem di- a realizar-se em até 30 (trinta) Seção I – Disposições Gerais
reito a ser mantido na posse em dias, que observará o disposto
caso de turbação e reintegrado nos §§ 2o e 4o. Art. 569. Cabe:
em caso de esbulho. § 1o Concedida a liminar, se I – ao proprietário a ação de
essa não for executada no prazo demarcação, para obrigar o seu
Art. 561. Incumbe ao autor pro- de 1 (um) ano, a contar da data de confinante a estremar os respec-
var: distribuição, caberá ao juiz desig- tivos prédios, fixando-se novos
I – a sua posse; nar audiência de mediação, nos limites entre eles ou aviventan-
II – a turbação ou o esbulho termos dos §§ 2o a 4o deste artigo. do-se os já apagados;
praticado pelo réu; § 2o O Ministério Público será II – ao condômino a ação de
III – a data da turbação ou intimado para comparecer à au- divisão, para obrigar os demais
do esbulho; diência, e a Defensoria Pública consortes a estremar os qui-
IV – a continuação da posse, será intimada sempre que houver nhões.
embora turbada, na ação de ma- parte beneficiária de gratuidade
nutenção, ou a perda da posse, na da justiça. Art. 570. É lícita a cumulação
ação de reintegração. § 3o O juiz poderá compare- dessas ações, caso em que de-
cer à área objeto do litígio quando verá processar-se primeiramente
Art. 562. Estando a petição ini- sua presença se fizer necessária à a demarcação total ou parcial da
cial devidamente instruída, o juiz efetivação da tutela jurisdicional. coisa comum, citando-se os con-
deferirá, sem ouvir o réu, a ex- § 4o Os órgãos responsáveis finantes e os condôminos.
pedição do mandado liminar de pela política agrária e pela polí-
manutenção ou de reintegração, tica urbana da União, de Estado Art. 571. A demarcação e a divi-
caso contrário, determinará que ou do Distrito Federal e de Muni- são poderão ser realizadas por es-
o autor justifique previamente o cípio onde se situe a área objeto critura pública, desde que maio-
alegado, citando-se o réu para do litígio poderão ser intimados res, capazes e concordes todos
comparecer à audiência que for para a audiência, a fim de se ma- os interessados, observando-se,
designada. nifestarem sobre seu interesse no no que couber, os dispositivos
Parágrafo único. Contra as processo e sobre a existência de deste Capítulo.
pessoas jurídicas de direito públi- possibilidade de solução para o
co não será deferida a manuten- conflito possessório. Art. 572. Fixados os marcos da
ção ou a reintegração liminar sem § 5o Aplica-se o disposto linha de demarcação, os confi-
prévia audiência dos respectivos neste artigo ao litígio sobre pro- nantes considerar-se-ão tercei-
representantes judiciais. priedade de imóvel. ros quanto ao processo divisório,
ficando-lhes, porém, ressalvado
Art. 563. Considerada suficien- Art. 566. Aplica-se, quanto ao o direito de vindicar os terrenos
te a justificação, o juiz fará logo mais, o procedimento comum. de que se julguem despojados
expedir mandado de manutenção por invasão das linhas limítrofes
338
Código de Processo Civil
constitutivas do perímetro ou de Art. 578. Após o prazo de res- IV – a composição geológica
reclamar indenização correspon- posta do réu, observar-se-á o dos terrenos, bem como a quali-
dente ao seu valor. procedimento comum. dade e a extensão dos campos,
§ 1o No caso do caput, se- das matas e das capoeiras;
rão citados para a ação todos os Art. 579. Antes de proferir a sen- V – as vias de comunicação;
condôminos, se a sentença ho- tença, o juiz nomeará um ou mais VI – as distâncias a pontos de
mologatória da divisão ainda não peritos para levantar o traçado da referência, tais como rodovias
houver transitado em julgado, e linha demarcanda. federais e estaduais, ferrovias,
todos os quinhoeiros dos terrenos portos, aglomerações urbanas
vindicados, se a ação for proposta Art. 580. Concluídos os estudos, e polos comerciais;
posteriormente. os peritos apresentarão minu- VII – a indicação de tudo o
§ 2o Neste último caso, a cioso laudo sobre o traçado da mais que for útil para o levanta-
sentença que julga procedente linha demarcanda, considerando mento da linha ou para a iden-
a ação, condenando a restituir os os títulos, os marcos, os rumos, tificação da linha já levantada.
terrenos ou a pagar a indenização, a fama da vizinhança, as infor-
valerá como título executivo em mações de antigos moradores Art. 584. É obrigatória a colo-
favor dos quinhoeiros para have- do lugar e outros elementos que cação de marcos tanto na esta-
rem dos outros condôminos que coligirem. ção inicial, dita marco primordial,
forem parte na divisão ou de seus quanto nos vértices dos ângulos,
sucessores a título universal, na Art. 581. A sentença que julgar salvo se algum desses últimos
proporção que lhes tocar, a com- procedente o pedido determinará pontos for assinalado por aciden-
posição pecuniária do desfalque o traçado da linha demarcanda. tes naturais de difícil remoção ou
sofrido. Parágrafo único. A sentença destruição.
proferida na ação demarcatória
Art. 573. Tratando-se de imóvel determinará a restituição da área Art. 585. A linha será percorrida
georreferenciado, com averbação invadida, se houver, declarando pelos peritos, que examinarão os
no registro de imóveis, pode o juiz o domínio ou a posse do prejudi- marcos e os rumos, consignando
dispensar a realização de prova cado, ou ambos. em relatório escrito a exatidão do
pericial. memorial e da planta apresenta-
Art. 582. Transitada em julgado dos pelo agrimensor ou as diver-
a sentença, o perito efetuará a de- gências porventura encontradas.
Seção II – Da Demarcação marcação e colocará os marcos
necessários. Art. 586. Juntado aos autos o
Art. 574. Na petição inicial, ins- Parágrafo único. Todas as relatório dos peritos, o juiz deter-
truída com os títulos da proprie- operações serão consignadas minará que as partes se manifes-
dade, designar-se-á o imóvel pela em planta e memorial descritivo tem sobre ele no prazo comum de
situação e pela denominação, com as referências convenientes 15 (quinze) dias.
descrever-se-ão os limites por para a identificação, em qualquer Parágrafo único. Executadas
constituir, aviventar ou renovar tempo, dos pontos assinalados, as correções e as retificações que
e nomear-se-ão todos os con- observada a legislação especial o juiz determinar, lavrar-se-á, em
finantes da linha demarcanda. que dispõe sobre a identificação seguida, o auto de demarcação
do imóvel rural. em que os limites demarcandos
Art. 575. Qualquer condômino serão minuciosamente descri-
é parte legítima para promover Art. 583. As plantas serão tos de acordo com o memorial
a demarcação do imóvel comum, acompanhadas das cadernetas e a planta.
requerendo a intimação dos de- de operações de campo e do me-
mais para, querendo, intervir no morial descritivo, que conterá: Art. 587. Assinado o auto pelo
processo. I – o ponto de partida, os ru- juiz e pelos peritos, será profe-
mos seguidos e a aviventação rida a sentença homologatória
Art. 576. A citação dos réus será dos antigos com os respectivos da demarcação.
feita por correio, observado o cálculos;
disposto no art. 247. II – os acidentes encontrados,
Parágrafo único. Será publi- as cercas, os valos, os marcos
Seção III – Da Divisão
cado edital, nos termos do inciso antigos, os córregos, os rios, as
III do art. 259. lagoas e outros; Art. 588. A petição inicial será
III – a indicação minuciosa instruída com os títulos de do-
Art. 577. Feitas as citações, te- dos novos marcos cravados, dos mínio do promovente e conterá:
rão os réus o prazo comum de 15 antigos aproveitados, das cultu- I – a indicação da origem da
(quinze) dias para contestar. ras existentes e da sua produ- comunhão e a denominação, a
ção anual; situação, os limites e as carac-
339
Código de Processo Civil
terísticas do imóvel; vel dividendo podem demandar a IV – se outra coisa não acor-
II – o nome, o estado civil, a restituição dos terrenos que lhes darem as partes, as compensa-
profissão e a residência de todos tenham sido usurpados. ções e as reposições serão feitas
os condôminos, especificando-se § 1o Serão citados para a em dinheiro.
os estabelecidos no imóvel com ação todos os condôminos, se a
benfeitorias e culturas; sentença homologatória da divi- Art. 597. Terminados os traba-
III – as benfeitorias comuns. são ainda não houver transitado lhos e desenhados na planta os
em julgado, e todos os quinho- quinhões e as servidões aparen-
Art. 589. Feitas as citações eiros dos terrenos vindicados, tes, o perito organizará o memo-
como preceitua o art. 576, pros- se a ação for proposta poste- rial descritivo.
seguir-se-á na forma dos arts. riormente. § 1o Cumprido o disposto no
577 e 578. § 2o Nesse último caso te- art. 586, o escrivão, em seguida,
rão os quinhoeiros o direito, pela lavrará o auto de divisão, acompa-
Art. 590. O juiz nomeará um ou mesma sentença que os obrigar nhado de uma folha de pagamento
mais peritos para promover a me- à restituição, a haver dos outros para cada condômino.
dição do imóvel e as operações condôminos do processo divisório § 2o Assinado o auto pelo juiz
de divisão, observada a legislação ou de seus sucessores a título uni- e pelo perito, será proferida sen-
especial que dispõe sobre a iden- versal a composição pecuniária tença homologatória da divisão.
tificação do imóvel rural. proporcional ao desfalque sofrido. § 3o O auto conterá:
Parágrafo único. O perito de- I – a confinação e a extensão
verá indicar as vias de comunica- Art. 595. Os peritos proporão, superficial do imóvel;
ção existentes, as construções e em laudo fundamentado, a forma II – a classificação das terras
as benfeitorias, com a indicação da divisão, devendo consultar, com o cálculo das áreas de cada
dos seus valores e dos respecti- quanto possível, a comodidade consorte e com a respectiva ava-
vos proprietários e ocupantes, as das partes, respeitar, para adju- liação ou, quando a homogenei-
águas principais que banham o dicação a cada condômino, a pre- dade das terras não determinar
imóvel e quaisquer outras infor- ferência dos terrenos contíguos diversidade de valores, a avalia-
mações que possam concorrer às suas residências e benfeito- ção do imóvel na sua integridade;
para facilitar a partilha. rias e evitar o retalhamento dos III – o valor e a quantidade
quinhões em glebas separadas. geométrica que couber a cada
Art. 591. Todos os condôminos condômino, declarando-se as
serão intimados a apresentar, Art. 596. Ouvidas as partes, no reduções e as compensações
dentro de 10 (dez) dias, os seus prazo comum de 15 (quinze) dias, resultantes da diversidade de
títulos, se ainda não o tiverem sobre o cálculo e o plano da divi- valores das glebas componentes
feito, e a formular os seus pe- são, o juiz deliberará a partilha. de cada quinhão.
didos sobre a constituição dos Parágrafo único. Em cum- § 4o Cada folha de pagamen-
quinhões. primento dessa decisão, o peri- to conterá:
to procederá à demarcação dos I – a descrição das linhas divi-
Art. 592. O juiz ouvirá as par- quinhões, observando, além do sórias do quinhão, mencionadas
tes no prazo comum de 15 (quin- disposto nos arts. 584 e 585, as as confinantes;
ze) dias. seguintes regras: II – a relação das benfeito-
§ 1o Não havendo impugna- I – as benfeitorias comuns rias e das culturas do próprio
ção, o juiz determinará a divisão que não comportarem divisão quinhoeiro e das que lhe foram
geodésica do imóvel. cômoda serão adjudicadas a um adjudicadas por serem comuns
§ 2o Havendo impugnação, o dos condôminos mediante com- ou mediante compensação;
juiz proferirá, no prazo de 10 (dez) pensação; III – a declaração das servi-
dias, decisão sobre os pedidos e II – instituir-se-ão as servi- dões instituídas, especificados
os títulos que devam ser atendi- dões que forem indispensáveis os lugares, a extensão e o modo
dos na formação dos quinhões. em favor de uns quinhões sobre de exercício.
os outros, incluindo o respectivo
Art. 593. Se qualquer linha do valor no orçamento para que, não Art. 598. Aplica-se às divisões
perímetro atingir benfeitorias se tratando de servidões natu- o disposto nos arts. 575 a 578.
permanentes dos confinantes rais, seja compensado o condô-
feitas há mais de 1 (um) ano, se- mino aquinhoado com o prédio
rão elas respeitadas, bem como serviente; CAPÍTULO V – DA AÇÃO DE
os terrenos onde estiverem, os III – as benfeitorias particula- DISSOLUÇÃO PARCIAL DE
quais não se computarão na área res dos condôminos que excede- SOCIEDADE
dividenda. rem à área a que têm direito serão
adjudicadas ao quinhoeiro vizinho Art. 599. A ação de dissolução
Art. 594. Os confinantes do imó- mediante reposição; parcial de sociedade pode ter
340
Código de Processo Civil
por objeto: Art. 601. Os sócios e a sociedade sexagésimo dia seguinte ao do
I – a resolução da sociedade serão citados para, no prazo de 15 recebimento, pela sociedade, da
empresária contratual ou simples (quinze) dias, concordar com o pe- notificação do sócio retirante;
em relação ao sócio falecido, ex- dido ou apresentar contestação. III – no recesso, o dia do re-
cluído ou que exerceu o direito de Parágrafo único. A socieda- cebimento, pela sociedade, da
retirada ou recesso; e de não será citada se todos os notificação do sócio dissidente;
II – a apuração dos haveres seus sócios o forem, mas ficará IV – na retirada por justa cau-
do sócio falecido, excluído ou que sujeita aos efeitos da decisão e sa de sociedade por prazo deter-
exerceu o direito de retirada ou à coisa julgada. minado e na exclusão judicial de
recesso; ou sócio, a do trânsito em julgado
III – somente a resolução ou Art. 602. A sociedade poderá da decisão que dissolver a so-
a apuração de haveres. formular pedido de indenização ciedade; e
§ 1o A petição inicial será ne- compensável com o valor dos V – na exclusão extrajudicial, a
cessariamente instruída com o haveres a apurar. data da assembleia ou da reunião
contrato social consolidado. de sócios que a tiver deliberado.
§ 2o A ação de dissolução Art. 603. Havendo manifestação
parcial de sociedade pode ter expressa e unânime pela con- Art. 606. Em caso de omissão
também por objeto a sociedade cordância da dissolução, o juiz do contrato social, o juiz definirá,
anônima de capital fechado quan- a decretará, passando-se ime- como critério de apuração de ha-
do demonstrado, por acionista ou diatamente à fase de liquidação. veres, o valor patrimonial apura-
acionistas que representem cin- § 1o Na hipótese prevista no do em balanço de determinação,
co por cento ou mais do capital caput, não haverá condenação tomando-se por referência a data
social, que não pode preencher em honorários advocatícios de da resolução e avaliando-se bens
o seu fim. nenhuma das partes, e as custas e direitos do ativo, tangíveis e in-
serão rateadas segundo a partici- tangíveis, a preço de saída, além
Art. 600. A ação pode ser pro- pação das partes no capital social. do passivo também a ser apurado
posta: § 2o Havendo contestação, de igual forma.
I – pelo espólio do sócio fa- observar-se-á o procedimento Parágrafo único. Em todos
lecido, quando a totalidade dos comum, mas a liquidação da sen- os casos em que seja necessária
sucessores não ingressar na so- tença seguirá o disposto neste a realização de perícia, a nome-
ciedade; Capítulo. ação do perito recairá preferen-
II – pelos sucessores, após cialmente sobre especialista em
concluída a partilha do sócio fa- Art. 604. Para apuração dos avaliação de sociedades.
lecido; haveres, o juiz:
III – pela sociedade, se os I – fixará a data da resolução Art. 607. A data da resolução e
sócios sobreviventes não admi- da sociedade; o critério de apuração de haveres
tirem o ingresso do espólio ou II – definirá o critério de apu- podem ser revistos pelo juiz, a pe-
dos sucessores do falecido na ração dos haveres à vista do dis- dido da parte, a qualquer tempo
sociedade, quando esse direito posto no contrato social; e antes do início da perícia.
decorrer do contrato social; III – nomeará o perito.
IV – pelo sócio que exerceu § 1o O juiz determinará à so- Art. 608. Até a data da resolu-
o direito de retirada ou recesso, ciedade ou aos sócios que nela ção, integram o valor devido ao
se não tiver sido providenciada, permanecerem que depositem ex-sócio, ao espólio ou aos suces-
pelos demais sócios, a alteração em juízo a parte incontroversa sores a participação nos lucros ou
contratual consensual forma- dos haveres devidos. os juros sobre o capital próprio
lizando o desligamento, depois § 2o O depósito poderá ser, declarados pela sociedade e, se
de transcorridos 10 (dez) dias do desde logo, levantando pelo ex- for o caso, a remuneração como
exercício do direito; -sócio, pelo espólio ou pelos su- administrador.
V – pela sociedade, nos ca- cessores. Parágrafo único. Após a data
sos em que a lei não autoriza a § 3o Se o contrato social es- da resolução, o ex-sócio, o espó-
exclusão extrajudicial; ou tabelecer o pagamento dos have- lio ou os sucessores terão direito
VI – pelo sócio excluído. res, será observado o que nele apenas à correção monetária dos
Parágrafo único. O cônjuge se dispôs no depósito judicial da valores apurados e aos juros con-
ou companheiro do sócio cujo parte incontroversa. tratuais ou legais.
casamento, união estável ou con-
vivência terminou poderá reque- Art. 605. A data da resolução Art. 609. Uma vez apurados, os
rer a apuração de seus haveres da sociedade será: haveres do sócio retirante serão
na sociedade, que serão pagos I – no caso de falecimento do pagos conforme disciplinar o con-
à conta da quota social titulada sócio, a do óbito; trato social e, no silêncio deste,
por este sócio. II – na retirada imotivada, o nos termos do § 2o do art. 1.031
341
Código de Processo Civil
da Lei no 10.406, de 10 de janeiro dano a que, por dolo ou culpa, do espólio ou se toda a herança
de 2002 (Código Civil). der causa. estiver distribuída em legados;
VI – o cessionário do herdeiro
ou do legatário;
CAPÍTULO VI – DO Seção II – Da Legitimidade VII – o inventariante judicial,
INVENTÁRIO E DA para Requerer o Inventário se houver;
PARTILHA VIII – pessoa estranha idônea,
Art. 615. O requerimento de in- quando não houver inventariante
Seção I – Disposições Gerais ventário e de partilha incumbe a judicial.
quem estiver na posse e na ad- Parágrafo único. O inventa-
Art. 610. Havendo testamento ministração do espólio, no prazo riante, intimado da nomeação,
ou interessado incapaz, proce- estabelecido no art. 611. prestará, dentro de 5 (cinco) dias,
der-se-á ao inventário judicial. Parágrafo único. O requeri- o compromisso de bem e fielmen-
§ 1o Se todos forem capa- mento será instruído com a certi- te desempenhar a função.
zes e concordes, o inventário e dão de óbito do autor da herança.
a partilha poderão ser feitos por Art. 618. Incumbe ao inventa-
escritura pública, a qual consti- Art. 616. Têm, contudo, legiti- riante:
tuirá documento hábil para qual- midade concorrente: I – representar o espólio ativa
quer ato de registro, bem como I – o cônjuge ou companheiro e passivamente, em juízo ou fora
para levantamento de importân- supérstite; dele, observando-se, quanto ao
cia depositada em instituições II – o herdeiro; dativo, o disposto no art. 75, § 1o;
financeiras. III – o legatário; II – administrar o espólio, ve-
§ 2o O tabelião somente la- IV – o testamenteiro; lando-lhe os bens com a mes-
vrará a escritura pública se todas V – o cessionário do herdeiro ma diligência que teria se seus
as partes interessadas estiverem ou do legatário; fossem;
assistidas por advogado ou por VI – o credor do herdeiro, do III – prestar as primeiras e
defensor público, cuja qualifica- legatário ou do autor da herança; as últimas declarações pesso-
ção e assinatura constarão do VII – o Ministério Público, ha- almente ou por procurador com
ato notarial. vendo herdeiros incapazes; poderes especiais;
VIII – a Fazenda Pública, quan- IV – exibir em cartório, a qual-
Art. 611. O processo de inventá- do tiver interesse; quer tempo, para exame das par-
rio e de partilha deve ser instau- IX – o administrador judicial tes, os documentos relativos ao
rado dentro de 2 (dois) meses, a da falência do herdeiro, do le- espólio;
contar da abertura da sucessão, gatário, do autor da herança ou V – juntar aos autos certidão
ultimando-se nos 12 (doze) me- do cônjuge ou companheiro su- do testamento, se houver;
ses subsequentes, podendo o pérstite. VI – trazer à colação os bens
juiz prorrogar esses prazos, de recebidos pelo herdeiro ausente,
ofício ou a requerimento de parte. renunciante ou excluído;
Seção III – Do Inventariante e VII – prestar contas de sua
Art. 612. O juiz decidirá todas das Primeiras Declarações gestão ao deixar o cargo ou sem-
as questões de direito desde que pre que o juiz lhe determinar;
os fatos relevantes estejam pro- Art. 617. O juiz nomeará inventa- VIII – requerer a declaração
vados por documento, só reme- riante na seguinte ordem: de insolvência.
tendo para as vias ordinárias as I – o cônjuge ou companheiro
questões que dependerem de sobrevivente, desde que estivesse Art. 619. Incumbe ainda ao in-
outras provas. convivendo com o outro ao tempo ventariante, ouvidos os interes-
da morte deste; sados e com autorização do juiz:
Art. 613. Até que o inventariante II – o herdeiro que se achar I – alienar bens de qualquer
preste o compromisso, continu- na posse e na administração do espécie;
ará o espólio na posse do admi- espólio, se não houver cônjuge II – transigir em juízo ou fora
nistrador provisório. ou companheiro sobrevivente dele;
ou se estes não puderem ser no- III – pagar dívidas do espólio;
Art. 614. O administrador pro- meados; IV – fazer as despesas neces-
visório representa ativa e pas- III – qualquer herdeiro, quan- sárias para a conservação e o me-
sivamente o espólio, é obrigado do nenhum deles estiver na posse lhoramento dos bens do espólio.
a trazer ao acervo os frutos que e na administração do espólio;
desde a abertura da sucessão IV – o herdeiro menor, por seu Art. 620. Dentro de 20 (vinte)
percebeu, tem direito ao reem- representante legal; dias contados da data em que
bolso das despesas necessárias V – o testamenteiro, se lhe ti- prestou o compromisso, o inven-
e úteis que fez e responde pelo ver sido confiada a administração tariante fará as primeiras declara-
342
Código de Processo Civil
ções, das quais se lavrará termo se o autor da herança era sócio ao substituto os bens do espó-
circunstanciado, assinado pelo de sociedade que não anônima. lio e, caso deixe de fazê-lo, será
juiz, pelo escrivão e pelo inven- § 2o As declarações podem compelido mediante mandado de
tariante, no qual serão exarados: ser prestadas mediante petição, busca e apreensão ou de imissão
I – o nome, o estado, a idade firmada por procurador com po- na posse, conforme se tratar de
e o domicílio do autor da herança, deres especiais, à qual o termo bem móvel ou imóvel, sem pre-
o dia e o lugar em que faleceu e se reportará. juízo da multa a ser fixada pelo
se deixou testamento; juiz em montante não superior a
II – o nome, o estado, a idade, Art. 621. Só se pode arguir so- três por cento do valor dos bens
o endereço eletrônico e a resi- negação ao inventariante depois inventariados.
dência dos herdeiros e, havendo de encerrada a descrição dos
cônjuge ou companheiro supérs- bens, com a declaração, por ele
tite, além dos respectivos dados feita, de não existirem outros por
Seção IV – Das Citações e
pessoais, o regime de bens do inventariar. das Impugnações
casamento ou da união estável;
III – a qualidade dos herdei- Art. 622. O inventariante será Art. 626. Feitas as primeiras
ros e o grau de parentesco com removido de ofício ou a reque- declarações, o juiz mandará citar,
o inventariado; rimento: para os termos do inventário e
IV – a relação completa e in- I – se não prestar, no prazo da partilha, o cônjuge, o compa-
dividualizada de todos os bens legal, as primeiras ou as últimas nheiro, os herdeiros e os legatá-
do espólio, inclusive aqueles que declarações; rios e intimar a Fazenda Pública,
devem ser conferidos à colação, e II – se não der ao inventário o Ministério Público, se houver
dos bens alheios que nele forem andamento regular, se suscitar herdeiro incapaz ou ausente, e
encontrados, descrevendo-se: dúvidas infundadas ou se praticar o testamenteiro, se houver tes-
a) os imóveis, com as suas atos meramente protelatórios; tamento.
especificações, nomeadamente III – se, por culpa sua, bens do § 1o O cônjuge ou o compa-
local em que se encontram, ex- espólio se deteriorarem, forem nheiro, os herdeiros e os legatá-
tensão da área, limites, confron- dilapidados ou sofrerem dano; rios serão citados pelo correio,
tações, benfeitorias, origem dos IV – se não defender o espólio observado o disposto no art. 247,
títulos, números das matrículas nas ações em que for citado, se sendo, ainda, publicado edital, nos
e ônus que os gravam; deixar de cobrar dívidas ativas termos do inciso III do art. 259.
b) os móveis, com os sinais ou se não promover as medidas § 2o Das primeiras declara-
característicos; necessárias para evitar o pereci- ções extrair-se-ão tantas cópias
c) os semoventes, seu núme- mento de direitos; quantas forem as partes.
ro, suas espécies, suas marcas e V – se não prestar contas ou § 3o A citação será acom-
seus sinais distintivos; se as que prestar não forem jul- panhada de cópia das primeiras
d) o dinheiro, as joias, os ob- gadas boas; declarações.
jetos de ouro e prata e as pedras VI – se sonegar, ocultar ou § 4o Incumbe ao escrivão
preciosas, declarando-se-lhes desviar bens do espólio. remeter cópias à Fazenda Pú-
especificadamente a qualidade, blica, ao Ministério Público, ao
o peso e a importância; Art. 623. Requerida a remoção testamenteiro, se houver, e ao
e) os títulos da dívida pública, com fundamento em qualquer dos advogado, se a parte já estiver
bem como as ações, as quotas e incisos do art. 622, será intimado representada nos autos.
os títulos de sociedade, mencio- o inventariante para, no prazo de
nando-se-lhes o número, o valor 15 (quinze) dias, defender-se e Art. 627. Concluídas as citações,
e a data; produzir provas. abrir-se-á vista às partes, em
f) as dívidas ativas e passi- Parágrafo único. O incidente cartório e pelo prazo comum de
vas, indicando-se-lhes as datas, da remoção correrá em apenso 15 (quinze) dias, para que se ma-
os títulos, a origem da obrigação aos autos do inventário. nifestem sobre as primeiras de-
e os nomes dos credores e dos clarações, incumbindo às partes:
devedores; Art. 624. Decorrido o prazo, com I – arguir erros, omissões e
g) direitos e ações; a defesa do inventariante ou sem sonegação de bens;
h) o valor corrente de cada ela, o juiz decidirá. II – reclamar contra a nome-
um dos bens do espólio. Parágrafo único. Se remover ação de inventariante;
§ 1o O juiz determinará que o inventariante, o juiz nomeará III – contestar a qualidade
se proceda: outro, observada a ordem esta- de quem foi incluído no título de
I – ao balanço do estabeleci- belecida no art. 617. herdeiro.
mento, se o autor da herança era § 1o Julgando procedente a
empresário individual; Art. 625. O inventariante remo- impugnação referida no inciso
II – à apuração de haveres, vido entregará imediatamente I, o juiz mandará retificar as pri-
343
Código de Processo Civil
meiras declarações. arts. 872 e 873. remessa dos autos ao contabi-
§ 2o Se acolher o pedido de lista, determinando as alterações
que trata o inciso II, o juiz nomea- Art. 632. Não se expedirá carta que devam ser feitas no cálculo.
rá outro inventariante, observada precatória para a avaliação de § 2o Cumprido o despacho,
a preferência legal. bens situados fora da comarca o juiz julgará o cálculo do tributo.
§ 3o Verificando que a dispu- onde corre o inventário se eles
ta sobre a qualidade de herdeiro forem de pequeno valor ou per-
a que alude o inciso III demanda feitamente conhecidos do perito
Seção VI – Das Colações
produção de provas que não a nomeado.
documental, o juiz remeterá a Art. 639. No prazo estabelecido
parte às vias ordinárias e sobres- Art. 633. Sendo capazes todas no art. 627, o herdeiro obrigado
tará, até o julgamento da ação, a as partes, não se procederá à à colação conferirá por termo
entrega do quinhão que na parti- avaliação se a Fazenda Pública, nos autos ou por petição à qual
lha couber ao herdeiro admitido. intimada pessoalmente, concor- o termo se reportará os bens que
dar de forma expressa com o valor recebeu ou, se já não os possuir,
Art. 628. Aquele que se julgar atribuído, nas primeiras declara- trar-lhes-á o valor.
preterido poderá demandar sua ções, aos bens do espólio. Parágrafo único. Os bens
admissão no inventário, reque- a serem conferidos na partilha,
rendo-a antes da partilha. Art. 634. Se os herdeiros con- assim como as acessões e as
§ 1o Ouvidas as partes no cordarem com o valor dos bens benfeitorias que o donatário fez,
prazo de 15 (quinze) dias, o juiz declarados pela Fazenda Públi- calcular-se-ão pelo valor que ti-
decidirá. ca, a avaliação cingir-se-á aos verem ao tempo da abertura da
§ 2o Se para solução da ques- demais. sucessão.
tão for necessária a produção de
provas que não a documental, o Art. 635. Entregue o laudo de Art. 640. O herdeiro que renun-
juiz remeterá o requerente às avaliação, o juiz mandará que as ciou à herança ou o que dela foi
vias ordinárias, mandando reser- partes se manifestem no prazo excluído não se exime, pelo fato
var, em poder do inventariante, o de 15 (quinze) dias, que correrá da renúncia ou da exclusão, de
quinhão do herdeiro excluído até em cartório. conferir, para o efeito de repor a
que se decida o litígio. § 1o Versando a impugnação parte inoficiosa, as liberalidades
sobre o valor dado pelo perito, o que obteve do doador.
Art. 629. A Fazenda Pública, no juiz a decidirá de plano, à vista do § 1o É lícito ao donatário es-
prazo de 15 (quinze) dias, após a que constar dos autos. colher, dentre os bens doados,
vista de que trata o art. 627, in- § 2o Julgando procedente a tantos quantos bastem para per-
formará ao juízo, de acordo com impugnação, o juiz determinará fazer a legítima e a metade dis-
os dados que constam de seu que o perito retifique a avaliação, ponível, entrando na partilha o
cadastro imobiliário, o valor dos observando os fundamentos da excedente para ser dividido entre
bens de raiz descritos nas pri- decisão. os demais herdeiros.
meiras declarações. § 2o Se a parte inoficiosa da
Art. 636. Aceito o laudo ou re- doação recair sobre bem imóvel
solvidas as impugnações susci- que não comporte divisão cômo-
Seção V – Da Avaliação e do tadas a seu respeito, lavrar-se-á da, o juiz determinará que sobre
Cálculo do Imposto em seguida o termo de últimas ela se proceda a licitação entre
declarações, no qual o inventa- os herdeiros.
Art. 630. Findo o prazo previsto riante poderá emendar, aditar ou § 3o O donatário poderá con-
no art. 627 sem impugnação ou completar as primeiras. correr na licitação referida no
decidida a impugnação que hou- § 2o e, em igualdade de condi-
ver sido oposta, o juiz nomeará, Art. 637. Ouvidas as partes so- ções, terá preferência sobre os
se for o caso, perito para avaliar bre as últimas declarações no herdeiros.
os bens do espólio, se não houver prazo comum de 15 (quinze) dias,
na comarca avaliador judicial. proceder-se-á ao cálculo do tri- Art. 641. Se o herdeiro negar o
Parágrafo único. Na hipóte- buto. recebimento dos bens ou a obri-
se prevista no art. 620, § 1o, o juiz gação de os conferir, o juiz, ouvi-
nomeará perito para avaliação Art. 638. Feito o cálculo, sobre das as partes no prazo comum de
das quotas sociais ou apuração ele serão ouvidas todas as par- 15 (quinze) dias, decidirá à vista
dos haveres. tes no prazo comum de 5 (cinco) das alegações e das provas pro-
dias, que correrá em cartório, e, duzidas.
Art. 631. Ao avaliar os bens do em seguida, a Fazenda Pública. § 1o Declarada improceden-
espólio, o perito observará, no § 1o Se acolher eventual im- te a oposição, se o herdeiro, no
que for aplicável, o disposto nos pugnação, o juiz ordenará nova prazo improrrogável de 15 (quinze)
344
Código de Processo Civil
dias, não proceder à conferência, credor, será o pedido remetido cota desse herdeiro, cabendo a
o juiz mandará sequestrar-lhe, às vias ordinárias. este, desde o deferimento, todos
para serem inventariados e par- Parágrafo único. O juiz man- os ônus e bônus decorrentes do
tilhados, os bens sujeitos à co- dará, porém, reservar, em poder exercício daqueles direitos.
lação ou imputar ao seu quinhão do inventariante, bens suficien-
hereditário o valor deles, se já não tes para pagar o credor quando Art. 648. Na partilha, serão ob-
os possuir. a dívida constar de documento servadas as seguintes regras:
§ 2o Se a matéria exigir dila- que comprove suficientemente I – a máxima igualdade pos-
ção probatória diversa da docu- a obrigação e a impugnação não sível quanto ao valor, à natureza
mental, o juiz remeterá as partes se fundar em quitação. e à qualidade dos bens;
às vias ordinárias, não podendo o II – a prevenção de litígios
herdeiro receber o seu quinhão Art. 644. O credor de dívida lí- futuros;
hereditário, enquanto pender a quida e certa, ainda não vencida, III – a máxima comodidade
demanda, sem prestar caução pode requerer habilitação no in- dos coerdeiros, do cônjuge ou
correspondente ao valor dos bens ventário. do companheiro, se for o caso.
sobre os quais versar a confe- Parágrafo único. Concordan-
rência. do as partes com o pedido re- Art. 649. Os bens insuscetíveis
ferido no caput, o juiz, ao julgar de divisão cômoda que não cou-
habilitado o crédito, mandará que berem na parte do cônjuge ou
Seção VII – Do Pagamento se faça separação de bens para companheiro supérstite ou no
das Dívidas o futuro pagamento. quinhão de um só herdeiro serão
licitados entre os interessados
Art. 642. Antes da partilha, po- Art. 645. O legatário é parte le- ou vendidos judicialmente, parti-
derão os credores do espólio re- gítima para manifestar-se sobre lhando-se o valor apurado, salvo
querer ao juízo do inventário o as dívidas do espólio: se houver acordo para que sejam
pagamento das dívidas vencidas I – quando toda a herança for adjudicados a todos.
e exigíveis. dividida em legados;
§ 1o A petição, acompanha- II – quando o reconhecimen- Art. 650. Se um dos interessa-
da de prova literal da dívida, será to das dívidas importar redução dos for nascituro, o quinhão que
distribuída por dependência e dos legados. lhe caberá será reservado em
autuada em apenso aos autos do poder do inventariante até o seu
processo de inventário. Art. 646. Sem prejuízo do dis- nascimento.
§ 2o Concordando as partes posto no art. 860, é lícito aos her-
com o pedido, o juiz, ao declarar deiros, ao separarem bens para o Art. 651. O partidor organizará o
habilitado o credor, mandará que pagamento de dívidas, autorizar esboço da partilha de acordo com
se faça a separação de dinheiro que o inventariante os indique à a decisão judicial, observando nos
ou, em sua falta, de bens suficien- penhora no processo em que o pagamentos a seguinte ordem:
tes para o pagamento. espólio for executado. I – dívidas atendidas;
§ 3o Separados os bens, tan- II – meação do cônjuge;
tos quantos forem necessários III – meação disponível;
para o pagamento dos credores
Seção VIII – Da Partilha IV – quinhões hereditários,
habilitados, o juiz mandará alie- a começar pelo coerdeiro mais
ná-los, observando-se as dispo- Art. 647. Cumprido o disposto velho.
sições deste Código relativas à no art. 642, § 3o, o juiz facultará
expropriação. às partes que, no prazo comum Art. 652. Feito o esboço, as par-
§ 4o Se o credor requerer de 15 (quinze) dias, formulem o tes manifestar-se-ão sobre esse
que, em vez de dinheiro, lhe sejam pedido de quinhão e, em seguida, no prazo comum de 15 (quinze)
adjudicados, para o seu pagamen- proferirá a decisão de deliberação dias, e, resolvidas as reclama-
to, os bens já reservados, o juiz da partilha, resolvendo os pedidos ções, a partilha será lançada nos
deferir-lhe-á o pedido, concor- das partes e designando os bens autos.
dando todas as partes. que devam constituir quinhão de
§ 5o Os donatários serão cha- cada herdeiro e legatário. Art. 653. A partilha constará:
mados a pronunciar-se sobre a Parágrafo único. O juiz po- I – de auto de orçamento, que
aprovação das dívidas, sempre derá, em decisão fundamenta- mencionará:
que haja possibilidade de resultar da, deferir antecipadamente a a) os nomes do autor da he-
delas a redução das liberalidades. qualquer dos herdeiros o exer- rança, do inventariante, do côn-
cício dos direitos de usar e de juge ou companheiro supérstite,
Art. 643. Não havendo concor- fruir de determinado bem, com dos herdeiros, dos legatários e
dância de todas as partes sobre o a condição de que, ao término dos credores admitidos;
pedido de pagamento feito pelo do inventário, tal bem integre a b) o ativo, o passivo e o líqui-
345
Código de Processo Civil
do partível, com as necessárias rigir-lhe as inexatidões materiais. de arrolamento sumário, inde-
especificações; pendentemente da lavratura de
c) o valor de cada quinhão; Art. 657. A partilha amigável, termos de qualquer espécie, os
II – de folha de pagamento lavrada em instrumento público, herdeiros:
para cada parte, declarando a reduzida a termo nos autos do in- I – requererão ao juiz a no-
quota a pagar-lhe, a razão do ventário ou constante de escrito meação do inventariante que de-
pagamento e a relação dos bens particular homologado pelo juiz, signarem;
que lhe compõem o quinhão, as pode ser anulada por dolo, coa- II – declararão os títulos dos
características que os individu- ção, erro essencial ou intervenção herdeiros e os bens do espólio,
alizam e os ônus que os gravam. de incapaz, observado o disposto observado o disposto no art. 630;
Parágrafo único. O auto e no § 4o do art. 966. III – atribuirão valor aos bens
cada uma das folhas serão as- Parágrafo único. O direito à do espólio, para fins de partilha.
sinados pelo juiz e pelo escrivão. anulação de partilha amigável ex-
tingue-se em 1 (um) ano, contado Art. 661. Ressalvada a hipóte-
Art. 654. Pago o imposto de esse prazo: se prevista no parágrafo único
transmissão a título de morte I – no caso de coação, do dia do art. 663, não se procederá à
e juntada aos autos certidão ou em que ela cessou; avaliação dos bens do espólio
informação negativa de dívida II – no caso de erro ou dolo, para nenhuma finalidade.
para com a Fazenda Pública, o juiz do dia em que se realizou o ato;
julgará por sentença a partilha. III – quanto ao incapaz, do dia Art. 662. No arrolamento, não
Parágrafo único. A existência em que cessar a incapacidade. serão conhecidas ou apreciadas
de dívida para com a Fazenda questões relativas ao lançamen-
Pública não impedirá o julgamen- Art. 658. É rescindível a partilha to, ao pagamento ou à quitação
to da partilha, desde que o seu julgada por sentença: de taxas judiciárias e de tributos
pagamento esteja devidamente I – nos casos mencionados incidentes sobre a transmissão da
garantido. no art. 657; propriedade dos bens do espólio.
II – se feita com preterição § 1o A taxa judiciária, se de-
Art. 655. Transitada em julga- de formalidades legais; vida, será calculada com base
do a sentença mencionada no III – se preteriu herdeiro ou no valor atribuído pelos herdei-
art. 654, receberá o herdeiro os incluiu quem não o seja. ros, cabendo ao fisco, se apurar
bens que lhe tocarem e um formal em processo administrativo va-
de partilha, do qual constarão as lor diverso do estimado, exigir a
seguintes peças:
Seção IX – Do Arrolamento eventual diferença pelos meios
I – termo de inventariante e adequados ao lançamento de cré-
título de herdeiros; Art. 659. A partilha amigável, ditos tributários em geral.
II – avaliação dos bens que celebrada entre partes capazes, § 2o O imposto de transmis-
constituíram o quinhão do her- nos termos da lei, será homo- são será objeto de lançamento
deiro; logada de plano pelo juiz, com administrativo, conforme dispu-
III – pagamento do quinhão observância dos arts. 660 a 663. ser a legislação tributária, não
hereditário; § 1o O disposto neste artigo ficando as autoridades fazen-
IV – quitação dos impostos; aplica-se, também, ao pedido dárias adstritas aos valores dos
V – sentença. de adjudicação, quando houver bens do espólio atribuídos pelos
Parágrafo único. O formal de herdeiro único. herdeiros.
partilha poderá ser substituído § 2o Transitada em julgado
por certidão de pagamento do a sentença de homologação de Art. 663. A existência de cre-
quinhão hereditário quando esse partilha ou de adjudicação, será dores do espólio não impedirá a
não exceder a 5 (cinco) vezes o lavrado o formal de partilha ou homologação da partilha ou da
salário mínimo, caso em que se elaborada a carta de adjudicação adjudicação, se forem reservados
transcreverá nela a sentença de e, em seguida, serão expedidos bens suficientes para o pagamen-
partilha transitada em julgado. os alvarás referentes aos bens e to da dívida.
às rendas por ele abrangidos, inti- Parágrafo único. A reserva
Art. 656. A partilha, mesmo de- mando-se o fisco para lançamen- de bens será realizada pelo valor
pois de transitada em julgado a to administrativo do imposto de estimado pelas partes, salvo se o
sentença, pode ser emendada transmissão e de outros tributos credor, regularmente notificado,
nos mesmos autos do inventário, porventura incidentes, conforme impugnar a estimativa, caso em
convindo todas as partes, quan- dispuser a legislação tributária, que se promoverá a avaliação dos
do tenha havido erro de fato na nos termos do § 2o do art. 662. bens a serem reservados.
descrição dos bens, podendo o
juiz, de ofício ou a requerimento Art. 660. Na petição de inventá- Art. 664. Quando o valor dos
da parte, a qualquer tempo, cor- rio, que se processará na forma bens do espólio for igual ou infe-
346
Código de Processo Civil
rior a 1.000 (mil) salários mínimos, tutela provisória prevista nas Se- convier ao interesse das partes ou
o inventário processar-se-á na ções deste Capítulo: à celeridade processual.
forma de arrolamento, cabendo I – se a ação não for proposta
ao inventariante nomeado, inde- em 30 (trinta) dias contados da Art. 673. No caso previsto no
pendentemente de assinatura de data em que da decisão foi inti- art. 672, inciso II, prevalecerão
termo de compromisso, apre- mado o impugnante, o herdeiro as primeiras declarações, assim
sentar, com suas declarações, excluído ou o credor não admitido; como o laudo de avaliação, sal-
a atribuição de valor aos bens II – se o juiz extinguir o pro- vo se alterado o valor dos bens.
do espólio e o plano da partilha. cesso de inventário com ou sem
§ 1o Se qualquer das partes resolução de mérito.
ou o Ministério Público impugnar CAPÍTULO VII – DOS
a estimativa, o juiz nomeará ava- Art. 669. São sujeitos à sobre- EMBARGOS DE TERCEIRO
liador, que oferecerá laudo em 10 partilha os bens:
(dez) dias. I – sonegados; Art. 674. Quem, não sendo parte
§ 2o Apresentado o laudo, II – da herança descobertos no processo, sofrer constrição ou
o juiz, em audiência que desig- após a partilha; ameaça de constrição sobre bens
nar, deliberará sobre a partilha, III – litigiosos, assim como os que possua ou sobre os quais te-
decidindo de plano todas as re- de liquidação difícil ou morosa; nha direito incompatível com o
clamações e mandando pagar as IV – situados em lugar remoto ato constritivo, poderá requerer
dívidas não impugnadas. da sede do juízo onde se processa seu desfazimento ou sua inibição
§ 3o Lavrar-se-á de tudo um o inventário. por meio de embargos de terceiro.
só termo, assinado pelo juiz, pelo Parágrafo único. Os bens § 1o Os embargos podem ser
inventariante e pelas partes pre- mencionados nos incisos III e IV de terceiro proprietário, inclusive
sentes ou por seus advogados. serão reservados à sobrepartilha fiduciário, ou possuidor.
§ 4o Aplicam-se a essa espé- sob a guarda e a administração do § 2o Considera-se terceiro,
cie de arrolamento, no que cou- mesmo ou de diverso inventarian- para ajuizamento dos embargos:
ber, as disposições do art. 672, te, a consentimento da maioria I – o cônjuge ou companheiro,
relativamente ao lançamento, ao dos herdeiros. quando defende a posse de bens
pagamento e à quitação da taxa próprios ou de sua meação, res-
judiciária e do imposto sobre a Art. 670. Na sobrepartilha dos salvado o disposto no art. 843;
transmissão da propriedade dos bens, observar-se-á o processo II – o adquirente de bens cuja
bens do espólio. de inventário e de partilha. constrição decorreu de decisão
§ 5o Provada a quitação dos Parágrafo único. A sobrepar- que declara a ineficácia da alie-
tributos relativos aos bens do tilha correrá nos autos do inven- nação realizada em fraude à exe-
espólio e às suas rendas, o juiz tário do autor da herança. cução;
julgará a partilha. III – quem sofre constrição
Art. 671. O juiz nomeará curador judicial de seus bens por força
Art. 665. O inventário proces- especial: de desconsideração da persona-
sar-se-á também na forma do I – ao ausente, se não o tiver; lidade jurídica, de cujo incidente
art. 664, ainda que haja interes- II – ao incapaz, se concorrer não fez parte;
sado incapaz, desde que concor- na partilha com o seu represen- IV – o credor com garantia
dem todas as partes e o Ministério tante, desde que exista colisão real para obstar expropriação
Público. de interesses. judicial do objeto de direito real
de garantia, caso não tenha sido
Art. 666. Independerá de inven- Art. 672. É lícita a cumulação intimado, nos termos legais dos
tário ou de arrolamento o paga- de inventários para a partilha de atos expropriatórios respectivos.
mento dos valores previstos na heranças de pessoas diversas
Lei no 6.858, de 24 de novembro quando houver: Art. 675. Os embargos podem
de 1980. I – identidade de pessoas en- ser opostos a qualquer tempo no
tre as quais devam ser repartidos processo de conhecimento en-
Art. 667. Aplicam-se subsidia- os bens; quanto não transitada em julgado
riamente a esta Seção as dispo- II – heranças deixadas pelos a sentença e, no cumprimento de
sições das Seções VII e VIII deste dois cônjuges ou companheiros; sentença ou no processo de exe-
Capítulo. III – dependência de uma das cução, até 5 (cinco) dias depois
partilhas em relação à outra. da adjudicação, da alienação por
Parágrafo único. No caso iniciativa particular ou da arre-
Seção X – Disposições previsto no inciso III, se a de- matação, mas sempre antes da
Comuns a Todas as Seções pendência for parcial, por haver assinatura da respectiva carta.
outros bens, o juiz pode ordenar Parágrafo único. Caso iden-
Art. 668. Cessa a eficácia da a tramitação separada, se melhor tifique a existência de terceiro
347
Código de Processo Civil
titular de interesse em embargar Art. 680. Contra os embargos processo.
o ato, o juiz mandará intimá-lo do credor com garantia real, o
pessoalmente. embargado somente poderá ale- Art. 686. Cabendo ao juiz decidir
gar que: simultaneamente a ação originá-
Art. 676. Os embargos serão I – o devedor comum é in- ria e a oposição, desta conhecerá
distribuídos por dependência ao solvente; em primeiro lugar.
juízo que ordenou a constrição e II – o título é nulo ou não obri-
autuados em apartado. ga a terceiro;
Parágrafo único. Nos casos III – outra é a coisa dada em CAPÍTULO IX – DA
de ato de constrição realizado garantia. HABILITAÇÃO
por carta, os embargos serão
oferecidos no juízo deprecado, Art. 681. Acolhido o pedido ini- Art. 687. A habilitação ocor-
salvo se indicado pelo juízo de- cial, o ato de constrição judicial re quando, por falecimento de
precante o bem constrito ou se indevida será cancelado, com o qualquer das partes, os interes-
já devolvida a carta. reconhecimento do domínio, da sados houverem de suceder-lhe
manutenção da posse ou da rein- no processo.
Art. 677. Na petição inicial, o tegração definitiva do bem ou do
embargante fará a prova sumária direito ao embargante. Art. 688. A habilitação pode ser
de sua posse ou de seu domínio requerida:
e da qualidade de terceiro, ofe- I – pela parte, em relação aos
recendo documentos e rol de CAPÍTULO VIII – DA sucessores do falecido;
testemunhas. OPOSIÇÃO II – pelos sucessores do fale-
§ 1o É facultada a prova da cido, em relação à parte.
posse em audiência preliminar Art. 682. Quem pretender, no
designada pelo juiz. todo ou em parte, a coisa ou o Art. 689. Proceder-se-á à ha-
§ 2o O possuidor direto pode direito sobre que controvertem bilitação nos autos do processo
alegar, além da sua posse, o do- autor e réu poderá, até ser pro- principal, na instância em que
mínio alheio. ferida a sentença, oferecer opo- estiver, suspendendo-se, a partir
§ 3o A citação será pessoal, sição contra ambos. de então, o processo.
se o embargado não tiver procu-
rador constituído nos autos da Art. 683. O opoente deduzirá o Art. 690. Recebida a petição,
ação principal. pedido em observação aos requi- o juiz ordenará a citação dos re-
§ 4o Será legitimado passivo sitos exigidos para propositura queridos para se pronunciarem
o sujeito a quem o ato de constri- da ação. no prazo de 5 (cinco) dias.
ção aproveita, assim como o será Parágrafo único. Distribuída Parágrafo único. A citação
seu adversário no processo prin- a oposição por dependência, se- será pessoal, se a parte não tiver
cipal quando for sua a indicação rão os opostos citados, na pessoa procurador constituído nos autos.
do bem para a constrição judicial. de seus respectivos advogados,
para contestar o pedido no prazo Art. 691. O juiz decidirá o pedido
Art. 678. A decisão que reco- comum de 15 (quinze) dias. de habilitação imediatamente,
nhecer suficientemente provado salvo se este for impugnado e
o domínio ou a posse determinará Art. 684. Se um dos opostos houver necessidade de dilação
a suspensão das medidas cons- reconhecer a procedência do pe- probatória diversa da documental,
tritivas sobre os bens litigiosos dido, contra o outro prosseguirá caso em que determinará que o
objeto dos embargos, bem como o opoente. pedido seja autuado em aparta-
a manutenção ou a reintegração do e disporá sobre a instrução.
provisória da posse, se o embar- Art. 685. Admitido o processa-
gante a houver requerido. mento, a oposição será apensada Art. 692. Transitada em julgado
Parágrafo único. O juiz po- aos autos e tramitará simultane- a sentença de habilitação, o pro-
derá condicionar a ordem de amente à ação originária, sen- cesso principal retomará o seu
manutenção ou de reintegração do ambas julgadas pela mesma curso, e cópia da sentença será
provisória de posse à prestação sentença. juntada aos autos respectivos.
de caução pelo requerente, res- Parágrafo único. Se a opo-
salvada a impossibilidade da parte sição for proposta após o início
economicamente hipossuficiente. da audiência de instrução, o juiz CAPÍTULO X – DAS AÇÕES
suspenderá o curso do processo DE FAMÍLIA
Art. 679. Os embargos pode- ao fim da produção das provas,
rão ser contestados no prazo de salvo se concluir que a unidade Art. 693. As normas deste Ca-
15 (quinze) dias, findo o qual se da instrução atende melhor ao pítulo aplicam-se aos processos
seguirá o procedimento comum. princípio da duração razoável do contenciosos de divórcio, separa-
348
Código de Processo Civil
ção, reconhecimento e extinção Art. 697. Não realizado o acordo, cumbe ao autor explicitar, con-
de união estável, guarda, visitação passarão a incidir, a partir de en- forme o caso:
e filiação. tão, as normas do procedimento I – a importância devida, ins-
Parágrafo único. A ação de comum, observado o art. 335. truindo-a com memória de cál-
alimentos e a que versar sobre culo;
interesse de criança ou de adoles- Art. 698. Nas ações de família, II – o valor atual da coisa re-
cente observarão o procedimento o Ministério Público somente in- clamada;
previsto em legislação específica, tervirá quando houver interesse III – o conteúdo patrimonial
aplicando-se, no que couber, as de incapaz e deverá ser ouvido em discussão ou o proveito eco-
disposições deste Capítulo. previamente à homologação de nômico perseguido.
acordo. § 3o O valor da causa deverá
Art. 694. Nas ações de família, Parágrafo único. O Ministério corresponder à importância pre-
todos os esforços serão empreen- Público intervirá, quando não for vista no § 2o, incisos I a III.
didos para a solução consensual parte, nas ações de família em § 4o Além das hipóteses do
da controvérsia, devendo o juiz que figure como parte vítima de art. 330, a petição inicial será
dispor do auxílio de profissionais violência doméstica e familiar, indeferida quando não atendido
de outras áreas de conhecimento nos termos da Lei no 11.340, de o disposto no § 2o deste artigo.
para a mediação e conciliação. 7 de agosto de 2006 (Lei Maria § 5o Havendo dúvida quanto
Parágrafo único. A reque- da Penha). à idoneidade de prova documental
rimento das partes, o juiz pode apresentada pelo autor, o juiz inti-
determinar a suspensão do pro- Art. 699. Quando o processo má-lo-á para, querendo, emendar
cesso enquanto os litigantes se envolver discussão sobre fato re- a petição inicial, adaptando-a ao
submetem a mediação extraju- lacionado a abuso ou a alienação procedimento comum.
dicial ou a atendimento multi- parental, o juiz, ao tomar o depoi- § 6o É admissível ação moni-
disciplinar. mento do incapaz, deverá estar tória em face da Fazenda Pública.
acompanhado por especialista. § 7o Na ação monitória, ad-
Art. 695. Recebida a petição mite-se citação por qualquer dos
inicial e, se for o caso, tomadas Art. 699-A. Nas ações de guar- meios permitidos para o proce-
as providências referentes à tu- da, antes de iniciada a audiência dimento comum.
tela provisória, o juiz ordenará a de mediação e conciliação de que
citação do réu para comparecer trata o art. 695 deste Código, o Art. 701. Sendo evidente o direi-
à audiência de mediação e con- juiz indagará às partes e ao Mi- to do autor, o juiz deferirá a expe-
ciliação, observado o disposto nistério Público se há risco de dição de mandado de pagamen-
no art. 694. violência doméstica ou familiar, to, de entrega de coisa ou para
§ 1o O mandado de citação fixando o prazo de 5 (cinco) dias execução de obrigação de fazer
conterá apenas os dados neces- para a apresentação de prova ou ou de não fazer, concedendo ao
sários à audiência e deverá estar de indícios pertinentes. réu prazo de 15 (quinze) dias para
desacompanhado de cópia da pe- o cumprimento e o pagamento
tição inicial, assegurado ao réu o de honorários advocatícios de
direito de examinar seu conteúdo CAPÍTULO XI – DA AÇÃO cinco por cento do valor atribu-
a qualquer tempo. MONITÓRIA ído à causa.
§ 2o A citação ocorrerá com § 1o O réu será isento do pa-
antecedência mínima de 15 (quin- Art. 700. A ação monitória pode gamento de custas processuais
ze) dias da data designada para ser proposta por aquele que afir- se cumprir o mandado no prazo.
a audiência. mar, com base em prova escrita § 2o Constituir-se-á de pleno
§ 3o A citação será feita na sem eficácia de título executivo, direito o título executivo judicial,
pessoa do réu. ter direito de exigir do devedor independentemente de qualquer
§ 4o Na audiência, as partes capaz: formalidade, se não realizado o
deverão estar acompanhadas de I – o pagamento de quantia pagamento e não apresentados
seus advogados ou de defensores em dinheiro; os embargos previstos no art. 702,
públicos. II – a entrega de coisa fungí- observando-se, no que couber,
vel ou infungível ou de bem móvel o Título II do Livro I da Parte Es-
Art. 696. A audiência de media- ou imóvel; pecial.
ção e conciliação poderá dividir- III – o adimplemento de obri- § 3o É cabível ação rescisó-
-se em tantas sessões quantas gação de fazer ou de não fazer. ria da decisão prevista no caput
sejam necessárias para viabilizar § 1o A prova escrita pode con- quando ocorrer a hipótese do § 2o.
a solução consensual, sem pre- sistir em prova oral documentada, § 4o Sendo a ré Fazenda Pú-
juízo de providências jurisdicio- produzida antecipadamente nos blica, não apresentados os em-
nais para evitar o perecimento termos do art. 381. bargos previstos no art. 702, apli-
do direito. § 2o Na petição inicial, in- car-se-á o disposto no art. 496,
349
Código de Processo Civil
observando-se, a seguir, no que tor de ação monitória proposta tos a penhor legal;
couber, o Título II do Livro I da indevidamente e de má-fé ao IV – alegação de haver sido
Parte Especial. pagamento, em favor do réu, de ofertada caução idônea, rejeitada
§ 5o Aplica-se à ação moni- multa de até dez por cento sobre pelo credor.
tória, no que couber, o art. 916. o valor da causa.
§ 11. O juiz condenará o réu Art. 705. A partir da audiência
Art. 702. Independentemente que de má-fé opuser embargos preliminar, observar-se-á o pro-
de prévia segurança do juízo, o réu à ação monitória ao pagamento cedimento comum.
poderá opor, nos próprios autos, de multa de até dez por cento
no prazo previsto no art. 701, em- sobre o valor atribuído à causa, Art. 706. Homologado judicial-
bargos à ação monitória. em favor do autor. mente o penhor legal, consoli-
§ 1o Os embargos podem se dar-se-á a posse do autor sobre
fundar em matéria passível de o objeto.
alegação como defesa no pro- CAPÍTULO XII – DA § 1o Negada a homologação,
cedimento comum. HOMOLOGAÇÃO DO o objeto será entregue ao réu,
§ 2o Quando o réu alegar que PENHOR LEGAL ressalvado ao autor o direito de
o autor pleiteia quantia superior cobrar a dívida pelo procedimento
à devida, cumprir-lhe-á declarar Art. 703. Tomado o penhor le- comum, salvo se acolhida a ale-
de imediato o valor que entende gal nos casos previstos em lei, gação de extinção da obrigação.
correto, apresentando demons- requererá o credor, ato contínuo, § 2o Contra a sentença cabe-
trativo discriminado e atualizado a homologação. rá apelação, e, na pendência de
da dívida. § 1o Na petição inicial, ins- recurso, poderá o relator ordenar
§ 3o Não apontado o valor truída com o contrato de locação que a coisa permaneça deposita-
correto ou não apresentado o de- ou a conta pormenorizada das da ou em poder do autor.
monstrativo, os embargos serão despesas, a tabela dos preços
liminarmente rejeitados, se esse e a relação dos objetos retidos,
for o seu único fundamento, e, o credor pedirá a citação do de- CAPÍTULO XIII – DA
se houver outro fundamento, os vedor para pagar ou contestar REGULAÇÃO DE AVARIA
embargos serão processados, na audiência preliminar que for GROSSA
mas o juiz deixará de examinar a designada.
alegação de excesso. § 2o A homologação do pe- Art. 707. Quando inexistir con-
§ 4o A oposição dos embar- nhor legal poderá ser promovida senso acerca da nomeação de
gos suspende a eficácia da deci- pela via extrajudicial mediante um regulador de avarias, o juiz
são referida no caput do art. 701 requerimento, que conterá os de direito da comarca do pri-
até o julgamento em primeiro requisitos previstos no § 1o deste meiro porto onde o navio houver
grau. artigo, do credor a notário de sua chegado, provocado por qualquer
§ 5o O autor será intimado livre escolha. parte interessada, nomeará um de
para responder aos embargos no § 3o Recebido o requerimen- notório conhecimento.
prazo de 15 (quinze) dias. to, o notário promoverá a notifi-
§ 6o Na ação monitória ad- cação extrajudicial do devedor Art. 708. O regulador declarará
mite-se a reconvenção, sendo para, no prazo de 5 (cinco) dias, justificadamente se os danos são
vedado o oferecimento de recon- pagar o débito ou impugnar sua passíveis de rateio na forma de
venção à reconvenção. cobrança, alegando por escri- avaria grossa e exigirá das par-
§ 7o A critério do juiz, os em- to uma das causas previstas no tes envolvidas a apresentação
bargos serão autuados em apar- art. 704, hipótese em que o pro- de garantias idôneas para que
tado, se parciais, constituindo-se cedimento será encaminhado ao possam ser liberadas as cargas
de pleno direito o título executivo juízo competente para decisão. aos consignatários.
judicial em relação à parcela in- § 4o Transcorrido o prazo § 1o A parte que não con-
controversa. sem manifestação do devedor, cordar com o regulador quanto à
§ 8o Rejeitados os embargos, o notário formalizará a homolo- declaração de abertura da avaria
constituir-se-á de pleno direito o gação do penhor legal por escri- grossa deverá justificar suas ra-
título executivo judicial, prosse- tura pública. zões ao juiz, que decidirá no prazo
guindo-se o processo em obser- de 10 (dez) dias.
vância ao disposto no Título II do Art. 704. A defesa só pode con- § 2o Se o consignatário não
Livro I da Parte Especial, no que sistir em: apresentar garantia idônea a cri-
for cabível. I – nulidade do processo; tério do regulador, este fixará o
§ 9o Cabe apelação contra a II – extinção da obrigação; valor da contribuição provisória
sentença que acolhe ou rejeita os III – não estar a dívida com- com base nos fatos narrados e
embargos. preendida entre as previstas em nos documentos que instruírem
§ 10. O juiz condenará o au- lei ou não estarem os bens sujei- a petição inicial, que deverá ser
350
Código de Processo Civil
caucionado sob a forma de de- clarará a parte o estado do pro- termos.
pósito judicial ou de garantia cesso ao tempo do desapareci- Parágrafo único. Aparecendo
bancária. mento dos autos, oferecendo: os autos originais, neles se pros-
§ 3o Recusando-se o consig- I – certidões dos atos cons- seguirá, sendo-lhes apensados os
natário a prestar caução, o regu- tantes do protocolo de audiências autos da restauração.
lador requererá ao juiz a alienação do cartório por onde haja corrido
judicial de sua carga na forma dos o processo; Art. 717. Se o desaparecimento
arts. 879 a 903. II – cópia das peças que tenha dos autos tiver ocorrido no tri-
§ 4o É permitido o levanta- em seu poder; bunal, o processo de restaura-
mento, por alvará, das quantias III – qualquer outro documen- ção será distribuído, sempre que
necessárias ao pagamento das to que facilite a restauração. possível, ao relator do processo.
despesas da alienação a serem § 1o A restauração far-se-á
arcadas pelo consignatário, man- Art. 714. A parte contrária será no juízo de origem quanto aos
tendo-se o saldo remanescente citada para contestar o pedido no atos nele realizados.
em depósito judicial até o encer- prazo de 5 (cinco) dias, cabendo- § 2o Remetidos os autos ao
ramento da regulação. -lhe exibir as cópias, as contrafés tribunal, nele completar-se-á a
e as reproduções dos atos e dos restauração e proceder-se-á ao
Art. 709. As partes deverão documentos que estiverem em julgamento.
apresentar nos autos os docu- seu poder.
mentos necessários à regulação § 1o Se a parte concordar Art. 718. Quem houver dado cau-
da avaria grossa em prazo razo- com a restauração, lavrar-se-á sa ao desaparecimento dos au-
ável a ser fixado pelo regulador. o auto que, assinado pelas partes tos responderá pelas custas da
e homologado pelo juiz, suprirá o restauração e pelos honorários
Art. 710. O regulador apresenta- processo desaparecido. de advogado, sem prejuízo da
rá o regulamento da avaria grossa § 2o Se a parte não contestar responsabilidade civil ou penal
no prazo de até 12 (doze) meses, ou se a concordância for parcial, em que incorrer.
contado da data da entrega dos observar-se-á o procedimento
documentos nos autos pelas par- comum.
tes, podendo o prazo ser esten- CAPÍTULO XV – DOS
dido a critério do juiz. Art. 715. Se a perda dos autos PROCEDIMENTOS DE
§ 1o Oferecido o regulamento tiver ocorrido depois da produção JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
da avaria grossa, dele terão vista das provas em audiência, o juiz, se
as partes pelo prazo comum de necessário, mandará repeti-las. Seção I – Disposições Gerais
15 (quinze) dias, e, não havendo § 1o Serão reinquiridas as
impugnação, o regulamento será mesmas testemunhas, que, em Art. 719. Quando este Código
homologado por sentença. caso de impossibilidade, pode- não estabelecer procedimento
§ 2o Havendo impugnação rão ser substituídas de ofício ou especial, regem os procedimen-
ao regulamento, o juiz decidirá a requerimento. tos de jurisdição voluntária as dis-
no prazo de 10 (dez) dias, após a § 2o Não havendo certidão posições constantes desta Seção.
oitiva do regulador. ou cópia do laudo, far-se-á nova
perícia, sempre que possível pelo Art. 720. O procedimento terá
Art. 711. Aplicam-se ao regula- mesmo perito. início por provocação do interes-
dor de avarias os arts. 156 a 158, § 3o Não havendo certidão sado, do Ministério Público ou da
no que couber. de documentos, esses serão re- Defensoria Pública, cabendo-lhes
constituídos mediante cópias ou, formular o pedido devidamente
na falta dessas, pelos meios or- instruído com os documentos
CAPÍTULO XIV – DA dinários de prova. necessários e com a indicação
RESTAURAÇÃO DE AUTOS § 4o Os serventuários e os da providência judicial.
auxiliares da justiça não podem
Art. 712. Verificado o desapare- eximir-se de depor como teste- Art. 721. Serão citados todos os
cimento dos autos, eletrônicos ou munhas a respeito de atos que interessados, bem como intimado
não, pode o juiz, de ofício, qual- tenham praticado ou assistido. o Ministério Público, nos casos
quer das partes ou o Ministério § 5o Se o juiz houver proferi- do art. 178, para que se manifes-
Público, se for o caso, promo- do sentença da qual ele próprio tem, querendo, no prazo de 15
ver-lhes a restauração. ou o escrivão possua cópia, esta (quinze) dias.
Parágrafo único. Havendo será juntada aos autos e terá a
autos suplementares, nesses mesma autoridade da original. Art. 722. A Fazenda Pública será
prosseguirá o processo. sempre ouvida nos casos em que
Art. 716. Julgada a restaura- tiver interesse.
Art. 713. Na petição inicial, de- ção, seguirá o processo os seus
351
Código de Processo Civil
Art. 723. O juiz decidirá o pedido § 2o Aplica-se o disposto II – as disposições relativas
no prazo de 10 (dez) dias. nesta Seção, no que couber, ao à pensão alimentícia entre os
Parágrafo único. O juiz não protesto judicial. cônjuges;
é obrigado a observar critério III – o acordo relativo à guarda
de legalidade estrita, podendo Art. 727. Também poderá o in- dos filhos incapazes e ao regime
adotar em cada caso a solução teressado interpelar o requerido, de visitas; e
que considerar mais conveniente no caso do art. 726, para que faça IV – o valor da contribuição
ou oportuna. ou deixe de fazer o que o reque- para criar e educar os filhos.
rente entenda ser de seu direito. Parágrafo único. Se os côn-
Art. 724. Da sentença caberá juges não acordarem sobre a
apelação. Art. 728. O requerido será pre- partilha dos bens, far-se-á esta
viamente ouvido antes do de- depois de homologado o divórcio,
Art. 725. Processar-se-á na for- ferimento da notificação ou do na forma estabelecida nos arts.
ma estabelecida nesta Seção o respectivo edital: 647 a 658.
pedido de: I – se houver suspeita de que
I – emancipação; o requerente, por meio da noti- Art. 732. As disposições relati-
II – sub-rogação; ficação ou do edital, pretende vas ao processo de homologação
III – alienação, arrendamento alcançar fim ilícito; judicial de divórcio ou de sepa-
ou oneração de bens de crianças II – se tiver sido requerida ração consensuais aplicam-se,
ou adolescentes, de órfãos e de a averbação da notificação em no que couber, ao processo de
interditos; registro público. homologação da extinção con-
IV – alienação, locação e ad- sensual de união estável.
ministração da coisa comum; Art. 729. Deferida e realizada
V – alienação de quinhão em a notificação ou interpelação, Art. 733. O divórcio consensu-
coisa comum; os autos serão entregues ao re- al, a separação consensual e a
VI – extinção de usufruto, querente. extinção consensual de união
quando não decorrer da morte estável, não havendo nascituro
do usufrutuário, do termo da sua ou filhos incapazes e observados
duração ou da consolidação, e de
Seção III – Da Alienação os requisitos legais, poderão ser
fideicomisso, quando decorrer de Judicial realizados por escritura pública,
renúncia ou quando ocorrer an- da qual constarão as disposições
tes do evento que caracterizar a Art. 730. Nos casos expressos de que trata o art. 731.
condição resolutória; em lei, não havendo acordo en- § 1o A escritura não depende
VII – expedição de alvará ju- tre os interessados sobre o modo de homologação judicial e consti-
dicial; como se deve realizar a alienação tui título hábil para qualquer ato
VIII – homologação de au- do bem, o juiz, de ofício ou a re- de registro, bem como para levan-
tocomposição extrajudicial, de querimento dos interessados ou tamento de importância deposi-
qualquer natureza ou valor. do depositário, mandará aliená-lo tada em instituições financeiras.
Parágrafo único. As normas em leilão, observando-se o dis- § 2o O tabelião somente la-
desta Seção aplicam-se, no que posto na Seção I deste Capítulo vrará a escritura se os interes-
couber, aos procedimentos re- e, no que couber, o disposto nos sados estiverem assistidos por
gulados nas seções seguintes. arts. 879 a 903. advogado ou por defensor públi-
co, cuja qualificação e assinatura
constarão do ato notarial.
Seção II – Da Notificação e Seção IV – Do Divórcio e da
da Interpelação Separação Consensuais, Art. 734. A alteração do regime
da Extinção Consensual de de bens do casamento, observa-
Art. 726. Quem tiver interesse União Estável e da Alteração dos os requisitos legais, poderá
em manifestar formalmente sua do Regime de Bens do ser requerida, motivadamente,
vontade a outrem sobre assunto Matrimônio em petição assinada por ambos
juridicamente relevante poderá os cônjuges, na qual serão ex-
notificar pessoas participantes Art. 731. A homologação do di- postas as razões que justificam a
da mesma relação jurídica para vórcio ou da separação consen- alteração, ressalvados os direitos
dar-lhes ciência de seu propósito. suais, observados os requisitos de terceiros.
§ 1o Se a pretensão for a de legais, poderá ser requerida em § 1o Ao receber a petição
dar conhecimento geral ao pú- petição assinada por ambos os inicial, o juiz determinará a inti-
blico, mediante edital, o juiz só cônjuges, da qual constarão: mação do Ministério Público e a
a deferirá se a tiver por fundada I – as disposições relativas à publicação de edital que divulgue
e necessária ao resguardo de descrição e à partilha dos bens a pretendida alteração de bens,
direito. comuns; somente podendo decidir depois
352
Código de Processo Civil
de decorrido o prazo de 30 (trin- grafos do art. 735. disposto nos arts. 159 a 161.
ta) dias da publicação do edital.
§ 2o Os cônjuges, na petição Art. 737. A publicação do tes- Art. 740. O juiz ordenará que
inicial ou em petição avulsa, po- tamento particular poderá ser o oficial de justiça, acompanha-
dem propor ao juiz meio alterna- requerida, depois da morte do do do escrivão ou do chefe de
tivo de divulgação da alteração do testador, pelo herdeiro, pelo le- secretaria e do curador, arrole
regime de bens, a fim de resguar- gatário ou pelo testamenteiro, os bens e descreva-os em auto
dar direitos de terceiros. bem como pelo terceiro detentor circunstanciado.
§ 3o Após o trânsito em jul- do testamento, se impossibilitado § 1o Não podendo compare-
gado da sentença, serão expe- de entregá-lo a algum dos outros cer ao local, o juiz requisitará à
didos mandados de averbação legitimados para requerê-la. autoridade policial que proceda à
aos cartórios de registro civil e § 1o Serão intimados os her- arrecadação e ao arrolamento dos
de imóveis e, caso qualquer dos deiros que não tiverem requerido bens, com 2 (duas) testemunhas,
cônjuges seja empresário, ao Re- a publicação do testamento. que assistirão às diligências.
gistro Público de Empresas Mer- § 2o Verificando a presença § 2o Não estando ainda no-
cantis e Atividades Afins. dos requisitos da lei, ouvido o Mi- meado o curador, o juiz designará
nistério Público, o juiz confirmará depositário e lhe entregará os
o testamento. bens, mediante simples termo nos
Seção V – Dos Testamentos § 3o Aplica-se o disposto autos, depois de compromissado.
e dos Codicilos neste artigo ao codicilo e aos § 3o Durante a arrecadação,
testamentos marítimo, aeronáu- o juiz ou a autoridade policial in-
Art. 735. Recebendo testamen- tico, militar e nuncupativo. quirirá os moradores da casa e da
to cerrado, o juiz, se não achar § 4o Observar-se-á, no cum- vizinhança sobre a qualificação do
vício externo que o torne suspeito primento do testamento, o dis- falecido, o paradeiro de seus su-
de nulidade ou falsidade, o abrirá posto nos parágrafos do art. 735. cessores e a existência de outros
e mandará que o escrivão o leia bens, lavrando-se de tudo auto de
em presença do apresentante. inquirição e informação.
§ 1o Do termo de abertura
Seção VI – Da Herança § 4o O juiz examinará reser-
constarão o nome do apresentan- Jacente vadamente os papéis, as cartas
te e como ele obteve o testamen- missivas e os livros domésticos e,
to, a data e o lugar do falecimento Art. 738. Nos casos em que a verificando que não apresentam
do testador, com as respectivas lei considere jacente a heran- interesse, mandará empacotá-los
provas, e qualquer circunstância ça, o juiz em cuja comarca tiver e lacrá-los para serem assim en-
digna de nota. domicílio o falecido procederá tregues aos sucessores do fale-
§ 2o Depois de ouvido o Mi- imediatamente à arrecadação cido ou queimados quando os
nistério Público, não havendo dos respectivos bens. bens forem declarados vacantes.
dúvidas a serem esclarecidas, o § 5o Se constar ao juiz a exis-
juiz mandará registrar, arquivar Art. 739. A herança jacente fi- tência de bens em outra comarca,
e cumprir o testamento. cará sob a guarda, a conservação mandará expedir carta precató-
§ 3o Feito o registro, será in- e a administração de um curador ria a fim de serem arrecadados.
timado o testamenteiro para as- até a respectiva entrega ao su- § 6o Não se fará a arrecada-
sinar o termo da testamentária. cessor legalmente habilitado ou ção, ou essa será suspensa, quan-
§ 4o Se não houver testa- até a declaração de vacância. do, iniciada, apresentarem-se
menteiro nomeado ou se ele es- § 1o Incumbe ao curador: para reclamar os bens o cônjuge
tiver ausente ou não aceitar o I – representar a herança em ou companheiro, o herdeiro ou o
encargo, o juiz nomeará testa- juízo ou fora dele, com interven- testamenteiro notoriamente re-
menteiro dativo, observando-se ção do Ministério Público; conhecido e não houver oposição
a preferência legal. II – ter em boa guarda e con- motivada do curador, de qualquer
§ 5o O testamenteiro deverá servação os bens arrecadados e interessado, do Ministério Público
cumprir as disposições testamen- promover a arrecadação de ou- ou do representante da Fazenda
tárias e prestar contas em juízo tros porventura existentes; Pública.
do que recebeu e despendeu, III – executar as medidas
observando-se o disposto em lei. conservatórias dos direitos da Art. 741. Ultimada a arrecada-
herança; ção, o juiz mandará expedir edi-
Art. 736. Qualquer interessado, IV – apresentar mensalmen- tal, que será publicado na rede
exibindo o traslado ou a certidão te ao juiz balancete da receita e mundial de computadores, no
de testamento público, poderá da despesa; sítio do tribunal a que estiver
requerer ao juiz que ordene o seu V – prestar contas ao final de vinculado o juízo e na plataforma
cumprimento, observando-se, no sua gestão. de editais do Conselho Nacional
que couber, o disposto nos pará- § 2o Aplica-se ao curador o de Justiça, onde permanecerá
353
Código de Processo Civil
por 3 (três) meses, ou, não ha- nem habilitação pendente, será a citados para contestar o pedi-
vendo sítio, no órgão oficial e na herança declarada vacante. do os sucessores provisórios ou
imprensa da comarca, por 3 (três) § 1o Pendendo habilitação, definitivos, o Ministério Público
vezes com intervalos de 1 (um) a vacância será declarada pela e o representante da Fazenda
mês, para que os sucessores do mesma sentença que a julgar Pública, seguindo-se o procedi-
falecido venham a habilitar-se no improcedente, aguardando-se, no mento comum.
prazo de 6 (seis) meses contado caso de serem diversas as habi-
da primeira publicação. litações, o julgamento da última.
§ 1o Verificada a existência § 2o Transitada em julgado a
Seção VIII – Das Coisas
de sucessor ou de testamentei- sentença que declarou a vacân- Vagas
ro em lugar certo, far-se-á a sua cia, o cônjuge, o companheiro,
citação, sem prejuízo do edital. os herdeiros e os credores só Art. 746. Recebendo do des-
§ 2o Quando o falecido for es- poderão reclamar o seu direito cobridor coisa alheia perdida, o
trangeiro, será também comuni- por ação direta. juiz mandará lavrar o respectivo
cado o fato à autoridade consular. auto, do qual constará a descri-
§ 3o Julgada a habilitação do ção do bem e as declarações do
herdeiro, reconhecida a qualida-
Seção VII – Dos Bens dos descobridor.
de do testamenteiro ou provada Ausentes § 1o Recebida a coisa por au-
a identidade do cônjuge ou com- toridade policial, esta a remeterá
panheiro, a arrecadação conver- Art. 744. Declarada a ausência em seguida ao juízo competente.
ter-se-á em inventário. nos casos previstos em lei, o juiz § 2o Depositada a coisa, o juiz
§ 4o Os credores da herança mandará arrecadar os bens do au- mandará publicar edital na rede
poderão habilitar-se como nos sente e nomear-lhes-á curador na mundial de computadores, no sí-
inventários ou propor a ação de forma estabelecida na Seção VI, tio do tribunal a que estiver vincu-
cobrança. observando-se o disposto em lei. lado e na plataforma de editais do
Conselho Nacional de Justiça ou,
Art. 742. O juiz poderá autorizar Art. 745. Feita a arrecadação, o não havendo sítio, no órgão oficial
a alienação: juiz mandará publicar editais na e na imprensa da comarca, para
I – de bens móveis, se forem rede mundial de computadores, que o dono ou o legítimo possui-
de conservação difícil ou dis- no sítio do tribunal a que esti- dor a reclame, salvo se se tratar
pendiosa; ver vinculado e na plataforma de de coisa de pequeno valor e não
II – de semoventes, quando editais do Conselho Nacional de for possível a publicação no sítio
não empregados na exploração Justiça, onde permanecerá por 1 do tribunal, caso em que o edital
de alguma indústria; (um) ano, ou, não havendo sítio, será apenas afixado no átrio do
III – de títulos e papéis de no órgão oficial e na imprensa edifício do fórum.
crédito, havendo fundado receio da comarca, durante 1 (um) ano, § 3o Observar-se-á, quanto
de depreciação; reproduzida de 2 (dois) em 2 (dois) ao mais, o disposto em lei.
IV – de ações de sociedade meses, anunciando a arrecadação
quando, reclamada a integrali- e chamando o ausente a entrar
zação, não dispuser a herança na posse de seus bens.
Seção IX – Da Interdição
de dinheiro para o pagamento; § 1o Findo o prazo previsto no
V – de bens imóveis: edital, poderão os interessados Art. 747. A interdição pode ser
a) se ameaçarem ruína, não requerer a abertura da sucessão promovida:
convindo a reparação; provisória, observando-se o dis- I – pelo cônjuge ou compa-
b) se estiverem hipotecados posto em lei. nheiro;
e vencer-se a dívida, não havendo § 2o O interessado, ao reque- II – pelos parentes ou tutores;
dinheiro para o pagamento. rer a abertura da sucessão provi- III – pelo representante da
§ 1o Não se procederá, en- sória, pedirá a citação pessoal dos entidade em que se encontra
tretanto, à venda se a Fazenda herdeiros presentes e do curador abrigado o interditando;
Pública ou o habilitando adiantar e, por editais, a dos ausentes para IV – pelo Ministério Público.
a importância para as despesas. requererem habilitação, na forma Parágrafo único. A legitimi-
§ 2o Os bens com valor de dos arts. 689 a 692. dade deverá ser comprovada por
afeição, como retratos, objetos § 3o Presentes os requisitos documentação que acompanhe a
de uso pessoal, livros e obras de legais, poderá ser requerida a petição inicial.
arte, só serão alienados depois de conversão da sucessão provisória
declarada a vacância da herança. em definitiva. Art. 748. O Ministério Público só
§ 4o Regressando o ausente promoverá interdição em caso de
Art. 743. Passado 1 (um) ano da ou algum de seus descendentes doença mental grave:
primeira publicação do edital e ou ascendentes para requerer I – se as pessoas designadas
não havendo herdeiro habilitado ao juiz a entrega de bens, serão nos incisos I, II e III do art. 747 não
354
Código de Processo Civil
existirem ou não promoverem a § 2o O interditando poderá (seis) meses, na imprensa local,
interdição; constituir advogado, e, caso não 1 (uma) vez, e no órgão oficial, por
II – se, existindo, forem inca- o faça, deverá ser nomeado cura- 3 (três) vezes, com intervalo de 10
pazes as pessoas mencionadas dor especial. (dez) dias, constando do edital os
nos incisos I e II do art. 747. § 3o Caso o interditando não nomes do interdito e do curador,
constitua advogado, o seu côn- a causa da interdição, os limites
Art. 749. Incumbe ao autor, na juge, companheiro ou qualquer da curatela e, não sendo total a
petição inicial, especificar os parente sucessível poderá intervir interdição, os atos que o interdito
fatos que demonstram a inca- como assistente. poderá praticar autonomamente.
pacidade do interditando para
administrar seus bens e, se for o Art. 753. Decorrido o prazo pre- Art. 756. Levantar-se-á a cura-
caso, para praticar atos da vida visto no art. 752, o juiz determi- tela quando cessar a causa que a
civil, bem como o momento em nará a produção de prova pericial determinou.
que a incapacidade se revelou. para avaliação da capacidade do § 1o O pedido de levantamen-
Parágrafo único. Justificada interditando para praticar atos to da curatela poderá ser feito
a urgência, o juiz pode nomear da vida civil. pelo interdito, pelo curador ou
curador provisório ao interditan- § 1o A perícia pode ser rea- pelo Ministério Público e será
do para a prática de determina- lizada por equipe composta por apensado aos autos da interdição.
dos atos. expertos com formação multi- § 2o O juiz nomeará perito
disciplinar. ou equipe multidisciplinar para
Art. 750. O requerente deverá § 2o O laudo pericial indicará proceder ao exame do interdito e
juntar laudo médico para fazer especificadamente, se for o caso, designará audiência de instrução
prova de suas alegações ou infor- os atos para os quais haverá ne- e julgamento após a apresenta-
mar a impossibilidade de fazê-lo. cessidade de curatela. ção do laudo.
§ 3o Acolhido o pedido, o juiz
Art. 751. O interditando será Art. 754. Apresentado o laudo, decretará o levantamento da in-
citado para, em dia designado, produzidas as demais provas e terdição e determinará a publica-
comparecer perante o juiz, que ouvidos os interessados, o juiz ção da sentença, após o trânsito
o entrevistará minuciosamente proferirá sentença. em julgado, na forma do art. 755,
acerca de sua vida, negócios, § 3o, ou, não sendo possível, na
bens, vontades, preferências e Art. 755. Na sentença que de- imprensa local e no órgão oficial,
laços familiares e afetivos e sobre cretar a interdição, o juiz: por 3 (três) vezes, com intervalo
o que mais lhe parecer necessário I – nomeará curador, que po- de 10 (dez) dias, seguindo-se a
para convencimento quanto à sua derá ser o requerente da interdi- averbação no registro de pesso-
capacidade para praticar atos da ção, e fixará os limites da curatela, as naturais.
vida civil, devendo ser reduzidas a segundo o estado e o desenvolvi- § 4o A interdição poderá ser
termo as perguntas e respostas. mento mental do interdito; levantada parcialmente quando
§ 1o Não podendo o interdi- II – considerará as caracterís- demonstrada a capacidade do
tando deslocar-se, o juiz o ouvirá ticas pessoais do interdito, obser- interdito para praticar alguns atos
no local onde estiver. vando suas potencialidades, habi- da vida civil.
§ 2o A entrevista poderá ser lidades, vontades e preferências.
acompanhada por especialista. § 1o A curatela deve ser atri- Art. 757. A autoridade do cura-
§ 3o Durante a entrevista, é buída a quem melhor possa aten- dor estende-se à pessoa e aos
assegurado o emprego de re- der aos interesses do curatelado. bens do incapaz que se encontrar
cursos tecnológicos capazes de § 2o Havendo, ao tempo da sob a guarda e a responsabilidade
permitir ou de auxiliar o interdi- interdição, pessoa incapaz sob do curatelado ao tempo da inter-
tando a expressar suas vontades a guarda e a responsabilidade do dição, salvo se o juiz considerar
e preferências e a responder às interdito, o juiz atribuirá a curate- outra solução como mais conve-
perguntas formuladas. la a quem melhor puder atender niente aos interesses do incapaz.
§ 4o A critério do juiz, poderá aos interesses do interdito e do
ser requisitada a oitiva de paren- incapaz. Art. 758. O curador deverá bus-
tes e de pessoas próximas. § 3o A sentença de interdição car tratamento e apoio apropria-
será inscrita no registro de pes- dos à conquista da autonomia
Art. 752. Dentro do prazo de soas naturais e imediatamente pelo interdito.
15 (quinze) dias contado da en- publicada na rede mundial de
trevista, o interditando poderá computadores, no sítio do tri-
impugnar o pedido. bunal a que estiver vinculado o
Seção X – Disposições
§ 1o O Ministério Público in- juízo e na plataforma de editais Comuns à Tutela e à Curatela
tervirá como fiscal da ordem ju- do Conselho Nacional de Jus-
rídica. tiça, onde permanecerá por 6 Art. 759. O tutor ou o curador
355
Código de Processo Civil
será intimado a prestar compro- § 1o Caso o tutor ou o cura- livro Diário da Navegação deve-
misso no prazo de 5 (cinco) dias dor não requeira a exoneração do rão ser apresentados pelo co-
contado da: encargo dentro dos 10 (dez) dias mandante ao juiz de direito do
I – nomeação feita em con- seguintes à expiração do termo, primeiro porto, nas primeiras 24
formidade com a lei; entender-se-á reconduzido, salvo (vinte e quatro) horas de chegada
II – intimação do despacho se o juiz o dispensar. da embarcação, para sua ratifi-
que mandar cumprir o testamen- § 2o Cessada a tutela ou a cação judicial.
to ou o instrumento público que curatela, é indispensável a pres-
o houver instituído. tação de contas pelo tutor ou pelo Art. 767. A petição inicial conte-
§ 1o O tutor ou o curador curador, na forma da lei civil. rá a transcrição dos termos lança-
prestará o compromisso por ter- dos no livro Diário da Navegação
mo em livro rubricado pelo juiz. e deverá ser instruída com cópias
§ 2o Prestado o compromis-
Seção XI – Da Organização das páginas que contenham os
so, o tutor ou o curador assume e da Fiscalização das termos que serão ratificados, dos
a administração dos bens do tu- Fundações documentos de identificação do
telado ou do interditado. comandante e das testemunhas
Art. 764. O juiz decidirá sobre a arroladas, do rol de tripulantes,
Art. 760. O tutor ou o curador aprovação do estatuto das funda- do documento de registro da em-
poderá eximir-se do encargo ções e de suas alterações sem- barcação e, quando for o caso, do
apresentando escusa ao juiz no pre que o requeira o interessado, manifesto das cargas sinistradas
prazo de 5 (cinco) dias contado: quando: e a qualificação de seus con-
I – antes de aceitar o encar- I – ela for negada previamen- signatários, traduzidos, quando
go, da intimação para prestar te pelo Ministério Público ou por for o caso, de forma livre para o
compromisso; este forem exigidas modificações português.
II – depois de entrar em exer- com as quais o interessado não
cício, do dia em que sobrevier o concorde; Art. 768. A petição inicial deve-
motivo da escusa. II – o interessado discordar rá ser distribuída com urgência e
§ 1o Não sendo requerida a do estatuto elaborado pelo Mi- encaminhada ao juiz, que ouvirá,
escusa no prazo estabelecido nistério Público. sob compromisso a ser prestado
neste artigo, considerar-se-á re- § 1o O estatuto das funda- no mesmo dia, o comandante e
nunciado o direito de alegá-la. ções deve observar o disposto as testemunhas em número mí-
§ 2o O juiz decidirá de pla- na Lei no 10.406, de 10 de janeiro nimo de 2 (duas) e máximo de 4
no o pedido de escusa, e, não o de 2002 (Código Civil). (quatro), que deverão compare-
admitindo, exercerá o nomeado § 2o Antes de suprir a apro- cer ao ato independentemente
a tutela ou a curatela enquanto vação, o juiz poderá mandar fa- de intimação.
não for dispensado por sentença zer no estatuto modificações a § 1o Tratando-se de estran-
transitada em julgado. fim de adaptá-lo ao objetivo do geiros que não dominem a língua
instituidor. portuguesa, o autor deverá fa-
Art. 761. Incumbe ao Ministério zer-se acompanhar por tradutor,
Público ou a quem tenha legítimo Art. 765. Qualquer interessado que prestará compromisso em
interesse requerer, nos casos ou o Ministério Público promoverá audiência.
previstos em lei, a remoção do em juízo a extinção da fundação § 2o Caso o autor não se faça
tutor ou do curador. quando: acompanhar por tradutor, o juiz
Parágrafo único. O tutor ou I – se tornar ilícito o seu ob- deverá nomear outro que preste
o curador será citado para con- jeto; compromisso em audiência.
testar a arguição no prazo de 5 II – for impossível a sua ma-
(cinco) dias, findo o qual obser- nutenção; Art. 769. Aberta a audiência, o
var-se-á o procedimento comum. III – vencer o prazo de sua juiz mandará apregoar os consig-
existência. natários das cargas indicados na
Art. 762. Em caso de extrema petição inicial e outros eventuais
gravidade, o juiz poderá suspen- interessados, nomeando para os
der o tutor ou o curador do exer-
Seção XII – Da Ratificação ausentes curador para o ato.
cício de suas funções, nomeando dos Protestos Marítimos
substituto interino. e dos Processos Art. 770. Inquiridos o coman-
Testemunháveis Formados dante e as testemunhas, o juiz,
Art. 763. Cessando as funções a Bordo convencido da veracidade dos
do tutor ou do curador pelo decur- termos lançados no Diário da Na-
so do prazo em que era obrigado Art. 766. Todos os protestos vegação, em audiência, ratifica-
a servir, ser-lhe-á lícito requerer e os processos testemunháveis rá por sentença o protesto ou o
a exoneração do encargo. formados a bordo e lançados no processo testemunhável lavrado
356
Código de Processo Civil
a bordo, dispensado o relatório. sárias para assegurar a confiden- prática de ato atentatório à dig-
Parágrafo único. Indepen- cialidade. nidade da justiça será promovida
dentemente do trânsito em julga- nos próprios autos do processo.
do, o juiz determinará a entrega Art. 774. Considera-se aten-
dos autos ao autor ou ao seu ad- tatória à dignidade da justiça a
vogado, mediante a apresentação conduta comissiva ou omissiva CAPÍTULO II – DAS PARTES
de traslado. do executado que:
I – frauda a execução; Art. 778. Pode promover a exe-
II – se opõe maliciosamente cução forçada o credor a quem a
LIVRO II – DO PROCESSO à execução, empregando ardis e lei confere título executivo.
DE EXECUÇÃO meios artificiosos; § 1o Podem promover a exe-
III – dificulta ou embaraça a cução forçada ou nela prosse-
TÍTULO I – DA EXECUÇÃO realização da penhora; guir, em sucessão ao exequente
EM GERAL IV – resiste injustificadamen- originário:
te às ordens judiciais; I – o Ministério Público, nos
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES V – intimado, não indica ao casos previstos em lei;
GERAIS juiz quais são e onde estão os II – o espólio, os herdeiros ou
bens sujeitos à penhora e os res- os sucessores do credor, sempre
Art. 771. Este Livro regula o pro- pectivos valores, nem exibe pro- que, por morte deste, lhes for
cedimento da execução fundada va de sua propriedade e, se for o transmitido o direito resultante
em título extrajudicial, e suas dis- caso, certidão negativa de ônus. do título executivo;
posições aplicam-se, também, no Parágrafo único. Nos casos III – o cessionário, quando o
que couber, aos procedimentos previstos neste artigo, o juiz fixará direito resultante do título exe-
especiais de execução, aos atos multa em montante não superior cutivo lhe for transferido por ato
executivos realizados no proce- a vinte por cento do valor atua- entre vivos;
dimento de cumprimento de sen- lizado do débito em execução, a IV – o sub-rogado, nos casos
tença, bem como aos efeitos de qual será revertida em proveito do de sub-rogação legal ou conven-
atos ou fatos processuais a que a exequente, exigível nos próprios cional.
lei atribuir força executiva. autos do processo, sem prejuízo § 2o A sucessão prevista no
Parágrafo único. Aplicam-se de outras sanções de natureza § 1 independe de consentimento
o
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Código de Processo Civil
CAPÍTULO III – DA CAPÍTULO IV – DOS atos por ela praticados, fixados
COMPETÊNCIA REQUISITOS NECESSÁRIOS nas tabelas estabelecidas em lei;
XI-A – o contrato de contra-
Art. 781. A execução fundada em
PARA REALIZAR QUALQUER garantia ou qualquer outro instru-
título extrajudicial será processa- EXECUÇÃO mento que materialize o direito
da perante o juízo competente, Seção I – Do Título Executivo de ressarcimento da seguradora
observando-se o seguinte: contra tomadores de seguro-ga-
I – a execução poderá ser Art. 783. A execução para co- rantia e seus garantidores;
proposta no foro de domicílio do brança de crédito fundar-se-á XII – todos os demais títulos
executado, de eleição constante sempre em título de obrigação aos quais, por disposição expres-
do título ou, ainda, de situação certa, líquida e exigível. sa, a lei atribuir força executiva.
dos bens a ela sujeitos; § 1o A propositura de qual-
II – tendo mais de um do- Art. 784. São títulos executivos quer ação relativa a débito cons-
micílio, o executado poderá ser extrajudiciais: tante de título executivo não ini-
demandado no foro de qualquer I – a letra de câmbio, a nota be o credor de promover-lhe a
deles; promissória, a duplicata, a de- execução.
III – sendo incerto ou desco- bênture e o cheque; § 2o Os títulos executivos
nhecido o domicílio do executado, II – a escritura pública ou ou- extrajudiciais oriundos de país
a execução poderá ser proposta tro documento público assinado estrangeiro não dependem de
no lugar onde for encontrado ou pelo devedor; homologação para serem exe-
no foro de domicílio do exequente; III – o documento particular cutados.
IV – havendo mais de um de- assinado pelo devedor e por 2 § 3o O título estrangeiro só
vedor, com diferentes domicílios, (duas) testemunhas; terá eficácia executiva quando
a execução será proposta no foro IV – o instrumento de transa- satisfeitos os requisitos de for-
de qualquer deles, à escolha do ção referendado pelo Ministério mação exigidos pela lei do lugar
exequente; Público, pela Defensoria Pública, de sua celebração e quando o
V – a execução poderá ser pela Advocacia Pública, pelos ad- Brasil for indicado como o lugar
proposta no foro do lugar em vogados dos transatores ou por de cumprimento da obrigação.
que se praticou o ato ou em que conciliador ou mediador creden- § 4o Nos títulos executivos
ocorreu o fato que deu origem ao ciado por tribunal; constituídos ou atestados por
título, mesmo que nele não mais V – o contrato garantido por meio eletrônico, é admitida qual-
resida o executado. hipoteca, penhor, anticrese ou quer modalidade de assinatura
outro direito real de garantia e eletrônica prevista em lei, dis-
Art. 782. Não dispondo a lei de aquele garantido por caução; pensada a assinatura de teste-
modo diverso, o juiz determinará VI – o contrato de seguro de munhas quando sua integridade
os atos executivos, e o oficial de vida em caso de morte; for conferida por provedor de
justiça os cumprirá. VII – o crédito decorrente de assinatura.
§ 1o O oficial de justiça po- foro e laudêmio;
derá cumprir os atos executivos VIII – o crédito, documen- Art. 785. A existência de título
determinados pelo juiz também talmente comprovado, decor- executivo extrajudicial não impe-
nas comarcas contíguas, de fácil rente de aluguel de imóvel, bem de a parte de optar pelo processo
comunicação, e nas que se situem como de encargos acessórios, de conhecimento, a fim de obter
na mesma região metropolitana. tais como taxas e despesas de título executivo judicial.
§ 2o Sempre que, para efeti- condomínio;
var a execução, for necessário o IX – a certidão de dívida ativa
emprego de força policial, o juiz da Fazenda Pública da União, dos
Seção II – Da Exigibilidade da
a requisitará. Estados, do Distrito Federal e dos Obrigação
§ 3o A requerimento da parte, Municípios, correspondente aos
o juiz pode determinar a inclusão créditos inscritos na forma da lei; Art. 786. A execução pode ser
do nome do executado em cadas- X – o crédito referente às con- instaurada caso o devedor não
tros de inadimplentes. tribuições ordinárias ou extraor- satisfaça a obrigação certa, lí-
§ 4o A inscrição será cance- dinárias de condomínio edilício, quida e exigível consubstanciada
lada imediatamente se for efetua- previstas na respectiva conven- em título executivo.
do o pagamento, se for garantida ção ou aprovadas em assembleia Parágrafo único. A necessi-
a execução ou se a execução for geral, desde que documentalmen- dade de simples operações arit-
extinta por qualquer outro motivo. te comprovadas; méticas para apurar o crédito
§ 5o O disposto nos §§ 3o e 4o XI – a certidão expedida por exequendo não retira a liquidez
aplica-se à execução definitiva de serventia notarial ou de registro da obrigação constante do título.
título judicial. relativa a valores de emolumentos
e demais despesas devidas pelos Art. 787. Se o devedor não for
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Código de Processo Civil
obrigado a satisfazer sua pres- sos de desconsideração da per- V – nos demais casos expres-
tação senão mediante a contra- sonalidade jurídica. sos em lei.
prestação do credor, este deverá § 1o A alienação em fraude à
provar que a adimpliu ao requerer Art. 791. Se a execução tiver execução é ineficaz em relação
a execução, sob pena de extinção por objeto obrigação de que seja ao exequente.
do processo. sujeito passivo o proprietário de § 2o No caso de aquisição
Parágrafo único. O executado terreno submetido ao regime do de bem não sujeito a registro, o
poderá eximir-se da obrigação, direito de superfície, ou o super- terceiro adquirente tem o ônus
depositando em juízo a prestação ficiário, responderá pela dívida, de provar que adotou as caute-
ou a coisa, caso em que o juiz não exclusivamente, o direito real do las necessárias para a aquisição,
permitirá que o credor a receba qual é titular o executado, recain- mediante a exibição das certidões
sem cumprir a contraprestação do a penhora ou outros atos de pertinentes, obtidas no domicílio
que lhe tocar. constrição exclusivamente sobre do vendedor e no local onde se
o terreno, no primeiro caso, ou so- encontra o bem.
Art. 788. O credor não poderá bre a construção ou a plantação, § 3o Nos casos de descon-
iniciar a execução ou nela pros- no segundo caso. sideração da personalidade jurí-
seguir se o devedor cumprir a § 1o Os atos de constrição dica, a fraude à execução verifi-
obrigação, mas poderá recusar a que se refere o caput serão ca-se a partir da citação da parte
o recebimento da prestação se averbados separadamente na ma- cuja personalidade se pretende
ela não corresponder ao direito trícula do imóvel, com a identi- desconsiderar.
ou à obrigação estabelecidos no ficação do executado, do valor § 4o Antes de declarar a frau-
título executivo, caso em que po- do crédito e do objeto sobre o de à execução, o juiz deverá in-
derá requerer a execução forçada, qual recai o gravame, devendo o timar o terceiro adquirente, que,
ressalvado ao devedor o direito de oficial destacar o bem que res- se quiser, poderá opor embargos
embargá-la. ponde pela dívida, se o terreno, de terceiro, no prazo de 15 (quin-
a construção ou a plantação, de ze) dias.
modo a assegurar a publicidade
CAPÍTULO V – DA da responsabilidade patrimonial Art. 793. O exequente que es-
RESPONSABILIDADE de cada um deles pelas dívidas e tiver, por direito de retenção, na
PATRIMONIAL pelas obrigações que a eles estão posse de coisa pertencente ao
vinculadas. devedor não poderá promover a
Art. 789. O devedor responde § 2o Aplica-se, no que cou- execução sobre outros bens se-
com todos os seus bens presen- ber, o disposto neste artigo à não depois de excutida a coisa
tes e futuros para o cumprimen- enfiteuse, à concessão de uso que se achar em seu poder.
to de suas obrigações, salvo as especial para fins de moradia e à
restrições estabelecidas em lei. concessão de direito real de uso. Art. 794. O fiador, quando exe-
cutado, tem o direito de exigir
Art. 790. São sujeitos à execu- Art. 792. A alienação ou a onera- que primeiro sejam executados
ção os bens: ção de bem é considerada fraude os bens do devedor situados na
I – do sucessor a título sin- à execução: mesma comarca, livres e desem-
gular, tratando-se de execução I – quando sobre o bem pen- bargados, indicando-os pormeno-
fundada em direito real ou obri- der ação fundada em direito real rizadamente à penhora.
gação reipersecutória; ou com pretensão reipersecu- § 1o Os bens do fiador fica-
II – do sócio, nos termos da tória, desde que a pendência do rão sujeitos à execução se os
lei; processo tenha sido averbada do devedor, situados na mesma
III – do devedor, ainda que em no respectivo registro público, comarca que os seus, forem in-
poder de terceiros; se houver; suficientes à satisfação do direito
IV – do cônjuge ou compa- II – quando tiver sido averba- do credor.
nheiro, nos casos em que seus da, no registro do bem, a pendên- § 2o O fiador que pagar a dí-
bens próprios ou de sua meação cia do processo de execução, na vida poderá executar o afiançado
respondem pela dívida; forma do art. 828; nos autos do mesmo processo.
V – alienados ou gravados III – quando tiver sido averba- § 3o O disposto no caput não
com ônus real em fraude à exe- do, no registro do bem, hipoteca se aplica se o fiador houver re-
cução; judiciária ou outro ato de constri- nunciado ao benefício de ordem.
VI – cuja alienação ou gra- ção judicial originário do processo
vação com ônus real tenha sido onde foi arguida a fraude; Art. 795. Os bens particulares
anulada em razão do reconheci- IV – quando, ao tempo da alie- dos sócios não respondem pelas
mento, em ação autônoma, de nação ou da oneração, tramitava dívidas da sociedade, senão nos
fraude contra credores; contra o devedor ação capaz de casos previstos em lei.
VII – do responsável, nos ca- reduzi-lo à insolvência; § 1o O sócio réu, quando res-
359
Código de Processo Civil
ponsável pelo pagamento da dí- que lhe corresponde ou que lhe real de uso, quando a penhora re-
vida da sociedade, tem o direito assegura o cumprimento, se o cair sobre imóvel submetido ao
de exigir que primeiro sejam ex- executado não for obrigado a sa- regime do direito de superfície,
cutidos os bens da sociedade. tisfazer a sua prestação senão enfiteuse ou concessão;
§ 2o Incumbe ao sócio que mediante a contraprestação do VI – requerer a intimação do
alegar o benefício do § 1o nomear exequente; proprietário de terreno com regi-
quantos bens da sociedade situ- II – indicar: me de direito de superfície, enfi-
ados na mesma comarca, livres a) a espécie de execução de teuse, concessão de uso especial
e desembargados, bastem para sua preferência, quando por mais para fins de moradia ou conces-
pagar o débito. de um modo puder ser realizada; são de direito real de uso, quando
§ 3o O sócio que pagar a dívi- b) os nomes completos do a penhora recair sobre direitos do
da poderá executar a sociedade exequente e do executado e seus superficiário, do enfiteuta ou do
nos autos do mesmo processo. números de inscrição no Cadastro concessionário;
§ 4o Para a desconsideração de Pessoas Físicas ou no Cadas- VII – requerer a intimação da
da personalidade jurídica é obri- tro Nacional da Pessoa Jurídica; sociedade, no caso de penhora de
gatória a observância do inciden- c) os bens suscetíveis de pe- quota social ou de ação de socie-
te previsto neste Código. nhora, sempre que possível. dade anônima fechada, para o fim
Parágrafo único. O demons- previsto no art. 876, § 7o;
Art. 796. O espólio responde pe- trativo do débito deverá conter: VIII – pleitear, se for o caso,
las dívidas do falecido, mas, feita I – o índice de correção mo- medidas urgentes;
a partilha, cada herdeiro respon- netária adotado; IX – proceder à averbação
de por elas dentro das forças da II – a taxa de juros aplicada; em registro público do ato de
herança e na proporção da parte III – os termos inicial e final propositura da execução e dos
que lhe coube. de incidência do índice de corre- atos de constrição realizados,
ção monetária e da taxa de juros para conhecimento de terceiros;
utilizados; X – requerer a intimação do
TÍTULO II – DAS DIVERSAS IV – a periodicidade da capi- titular da construção-base, bem
ESPÉCIES DE EXECUÇÃO talização dos juros, se for o caso; como, se for o caso, do titular de
V – a especificação de des- lajes anteriores, quando a pe-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES conto obrigatório realizado. nhora recair sobre o direito real
GERAIS de laje;
Art. 799. Incumbe ainda ao exe- XI – requerer a intimação do
Art. 797. Ressalvado o caso de quente: titular das lajes, quando a penhora
insolvência do devedor, em que I – requerer a intimação do recair sobre a construção-base.
tem lugar o concurso universal, credor pignoratício, hipotecário,
realiza-se a execução no interes- anticrético ou fiduciário, quan- Art. 800. Nas obrigações alter-
se do exequente que adquire, pela do a penhora recair sobre bens nativas, quando a escolha couber
penhora, o direito de preferência gravados por penhor, hipoteca, ao devedor, esse será citado para
sobre os bens penhorados. anticrese ou alienação fiduciária; exercer a opção e realizar a pres-
Parágrafo único. Recaindo II – requerer a intimação do tação dentro de 10 (dez) dias, se
mais de uma penhora sobre o titular de usufruto, uso ou habi- outro prazo não lhe foi determi-
mesmo bem, cada exequente tação, quando a penhora recair nado em lei ou em contrato.
conservará o seu título de pre- sobre bem gravado por usufruto, § 1o Devolver-se-á ao credor
ferência. uso ou habitação; a opção, se o devedor não a exer-
III – requerer a intimação do cer no prazo determinado.
Art. 798. Ao propor a execução, promitente comprador, quando § 2o A escolha será indica-
incumbe ao exequente: a penhora recair sobre bem em da na petição inicial da execu-
I – instruir a petição inicial relação ao qual haja promessa ção quando couber ao credor
com: de compra e venda registrada; exercê-la.
a) o título executivo extra- IV – requerer a intimação do
judicial; promitente vendedor, quando a Art. 801. Verificando que a pe-
b) o demonstrativo do débito penhora recair sobre direito aqui- tição inicial está incompleta ou
atualizado até a data de propo- sitivo derivado de promessa de que não está acompanhada dos
situra da ação, quando se tratar compra e venda registrada; documentos indispensáveis à
de execução por quantia certa; V – requerer a intimação do propositura da execução, o juiz
c) a prova de que se verificou superficiário, enfiteuta ou con- determinará que o exequente a
a condição ou ocorreu o termo, cessionário, em caso de direito corrija, no prazo de 15 (quinze)
se for o caso; de superfície, enfiteuse, conces- dias, sob pena de indeferimento.
d) a prova, se for o caso, de são de uso especial para fins de
que adimpliu a contraprestação moradia ou concessão de direito Art. 802. Na execução, o despa-
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Código de Processo Civil
cho que ordena a citação, desde do enfiteuta, do concessionário prejuízos, se houver.
que realizada em observância ao de direito real de uso ou do con-
disposto no § 2o do art. 240, in- cessionário de uso especial para Art. 808. Alienada a coisa quan-
terrompe a prescrição, ainda que fins de moradia será ineficaz em do já litigiosa, será expedido man-
proferido por juízo incompetente. relação ao proprietário do respec- dado contra o terceiro adquirente,
Parágrafo único. A interrup- tivo imóvel não intimado. que somente será ouvido após
ção da prescrição retroagirá à § 6o A alienação de bem so- depositá-la.
data de propositura da ação. bre o qual tenha sido instituído
usufruto, uso ou habitação será Art. 809. O exequente tem di-
Art. 803. É nula a execução se: ineficaz em relação ao titular des- reito a receber, além de perdas
I – o título executivo extrajudi- ses direitos reais não intimado. e danos, o valor da coisa, quan-
cial não corresponder a obrigação do essa se deteriorar, não lhe for
certa, líquida e exigível; Art. 805. Quando por vários entregue, não for encontrada ou
II – o executado não for regu- meios o exequente puder pro- não for reclamada do poder de
larmente citado; mover a execução, o juiz mandará terceiro adquirente.
III – for instaurada antes de se que se faça pelo modo menos § 1o Não constando do título o
verificar a condição ou de ocor- gravoso para o executado. valor da coisa e sendo impossível
rer o termo. Parágrafo único. Ao execu- sua avaliação, o exequente apre-
Parágrafo único. A nulidade tado que alegar ser a medida sentará estimativa, sujeitando-a
de que cuida este artigo será executiva mais gravosa incumbe ao arbitramento judicial.
pronunciada pelo juiz, de ofício indicar outros meios mais efica- § 2o Serão apurados em li-
ou a requerimento da parte, in- zes e menos onerosos, sob pena quidação o valor da coisa e os
dependentemente de embargos de manutenção dos atos execu- prejuízos.
à execução. tivos já determinados.
Art. 810. Havendo benfeitorias
Art. 804. A alienação de bem indenizáveis feitas na coisa pelo
gravado por penhor, hipoteca ou CAPÍTULO II – DA executado ou por terceiros de
anticrese será ineficaz em relação EXECUÇÃO PARA A cujo poder ela houver sido tirada,
ao credor pignoratício, hipotecá- ENTREGA DE COISA a liquidação prévia é obrigatória.
rio ou anticrético não intimado. Parágrafo único. Havendo
§ 1o A alienação de bem ob- Seção I – Da Entrega de saldo:
jeto de promessa de compra e Coisa Certa I – em favor do executado
venda ou de cessão registrada ou de terceiros, o exequente o
será ineficaz em relação ao pro- Art. 806. O devedor de obriga- depositará ao requerer a entre-
mitente comprador ou ao cessio- ção de entrega de coisa certa, ga da coisa;
nário não intimado. constante de título executivo II – em favor do exequente,
§ 2o A alienação de bem so- extrajudicial, será citado para, esse poderá cobrá-lo nos autos
bre o qual tenha sido instituído em 15 (quinze) dias, satisfazer a do mesmo processo.
direito de superfície, seja do solo, obrigação.
da plantação ou da construção, § 1o Ao despachar a inicial,
será ineficaz em relação ao con- o juiz poderá fixar multa por dia
Seção II – Da Entrega de
cedente ou ao concessionário de atraso no cumprimento da Coisa Incerta
não intimado. obrigação, ficando o respectivo
§ 3o A alienação de direito valor sujeito a alteração, caso se Art. 811. Quando a execução re-
aquisitivo de bem objeto de pro- revele insuficiente ou excessivo. cair sobre coisa determinada pelo
messa de venda, de promessa de § 2o Do mandado de citação gênero e pela quantidade, o exe-
cessão ou de alienação fiduciária constará ordem para imissão na cutado será citado para entregá-
será ineficaz em relação ao pro- posse ou busca e apreensão, con- -la individualizada, se lhe couber
mitente vendedor, ao promitente forme se tratar de bem imóvel ou a escolha.
cedente ou ao proprietário fidu- móvel, cujo cumprimento se dará Parágrafo único. Se a escolha
ciário não intimado. de imediato, se o executado não couber ao exequente, esse deverá
§ 4o A alienação de imóvel satisfizer a obrigação no prazo indicá-la na petição inicial.
sobre o qual tenha sido instituí- que lhe foi designado.
da enfiteuse, concessão de uso Art. 812. Qualquer das partes
especial para fins de moradia Art. 807. Se o executado entre- poderá, no prazo de 15 (quinze)
ou concessão de direito real de gar a coisa, será lavrado o termo dias, impugnar a escolha feita
uso será ineficaz em relação ao respectivo e considerada satisfei- pela outra, e o juiz decidirá de
enfiteuta ou ao concessionário ta a obrigação, prosseguindo-se plano ou, se necessário, ouvindo
não intimado. a execução para o pagamento perito de sua nomeação.
§ 5o A alienação de direitos de frutos ou o ressarcimento de
361
Código de Processo Civil
Art. 813. Aplicar-se-ão à execu- Art. 818. Realizada a prestação, mora do executado, o exequente
ção para entrega de coisa incerta, o juiz ouvirá as partes no prazo requererá ao juiz que mande des-
no que couber, as disposições da de 10 (dez) dias e, não havendo fazer o ato à custa daquele, que
Seção I deste Capítulo. impugnação, considerará satis- responderá por perdas e danos.
feita a obrigação. Parágrafo único. Não sendo
Parágrafo único. Caso haja possível desfazer-se o ato, a obri-
CAPÍTULO III – DA impugnação, o juiz a decidirá. gação resolve-se em perdas e da-
EXECUÇÃO DAS nos, caso em que, após a liquida-
OBRIGAÇÕES DE FAZER OU Art. 819. Se o terceiro contra- ção, se observará o procedimento
DE NÃO FAZER tado não realizar a prestação no de execução por quantia certa.
prazo ou se o fizer de modo in-
Seção I – Disposições completo ou defeituoso, poderá
Comuns o exequente requerer ao juiz, no CAPÍTULO IV – DA
prazo de 15 (quinze) dias, que o au- EXECUÇÃO POR QUANTIA
Art. 814. Na execução de obri- torize a concluí-la ou a repará-la CERTA
gação de fazer ou de não fazer à custa do contratante.
fundada em título extrajudicial, ao Parágrafo único. Ouvido o Seção I – Disposições Gerais
despachar a inicial, o juiz fixará contratante no prazo de 15 (quin-
multa por período de atraso no ze) dias, o juiz mandará avaliar o Art. 824. A execução por quan-
cumprimento da obrigação e a custo das despesas necessárias tia certa realiza-se pela expro-
data a partir da qual será devida. e o condenará a pagá-lo. priação de bens do executado,
Parágrafo único. Se o valor ressalvadas as execuções es-
da multa estiver previsto no títu- Art. 820. Se o exequente quiser peciais.
lo e for excessivo, o juiz poderá executar ou mandar executar,
reduzi-lo. sob sua direção e vigilância, as Art. 825. A expropriação con-
obras e os trabalhos necessá- siste em:
rios à realização da prestação, I – adjudicação;
Seção II – Da Obrigação de terá preferência, em igualdade de II – alienação;
Fazer condições de oferta, em relação III – apropriação de frutos
ao terceiro. e rendimentos de empresa ou
Art. 815. Quando o objeto da Parágrafo único. O direito de de estabelecimentos e de ou-
execução for obrigação de fazer, preferência deverá ser exercido tros bens.
o executado será citado para sa- no prazo de 5 (cinco) dias, após
tisfazê-la no prazo que o juiz lhe aprovada a proposta do terceiro. Art. 826. Antes de adjudicados
designar, se outro não estiver ou alienados os bens, o executado
determinado no título executivo. Art. 821. Na obrigação de fazer, pode, a todo tempo, remir a exe-
quando se convencionar que o cução, pagando ou consignando
Art. 816. Se o executado não executado a satisfaça pessoal- a importância atualizada da dívi-
satisfizer a obrigação no prazo mente, o exequente poderá re- da, acrescida de juros, custas e
designado, é lícito ao exequente, querer ao juiz que lhe assine prazo honorários advocatícios.
nos próprios autos do processo, para cumpri-la.
requerer a satisfação da obri- Parágrafo único. Havendo re-
gação à custa do executado ou cusa ou mora do executado, sua
Seção II – Da Citação do
perdas e danos, hipótese em que obrigação pessoal será convertida Devedor e do Arresto
se converterá em indenização. em perdas e danos, caso em que
Parágrafo único. O valor das se observará o procedimento de Art. 827. Ao despachar a ini-
perdas e danos será apurado em execução por quantia certa. cial, o juiz fixará, de plano, os
liquidação, seguindo-se a exe- honorários advocatícios de dez
cução para cobrança de quan- por cento, a serem pagos pelo
tia certa.
Seção III – Da Obrigação de executado.
Não Fazer § 1o No caso de integral paga-
Art. 817. Se a obrigação puder mento no prazo de 3 (três) dias, o
ser satisfeita por terceiro, é lícito Art. 822. Se o executado prati- valor dos honorários advocatícios
ao juiz autorizar, a requerimento cou ato a cuja abstenção estava será reduzido pela metade.
do exequente, que aquele a satis- obrigado por lei ou por contrato, § 2o O valor dos honorários
faça à custa do executado. o exequente requererá ao juiz que poderá ser elevado até vinte por
Parágrafo único. O exequente assine prazo ao executado para cento, quando rejeitados os em-
adiantará as quantias previstas na desfazê-lo. bargos à execução, podendo a
proposta que, ouvidas as partes, majoração, caso não opostos os
o juiz houver aprovado. Art. 823. Havendo recusa ou embargos, ocorrer ao final do pro-
362
Código de Processo Civil
cedimento executivo, levando-se restar-lhe-á tantos bens quantos nadas ao sustento do devedor
em conta o trabalho realizado pelo bastem para garantir a execução. e de sua família, os ganhos de
advogado do exequente. § 1o Nos 10 (dez) dias seguin- trabalhador autônomo e os ho-
tes à efetivação do arresto, o norários de profissional liberal,
Art. 828. O exequente poderá oficial de justiça procurará o exe- ressalvado o § 2o;
obter certidão de que a execução cutado 2 (duas) vezes em dias V – os livros, as máquinas, as
foi admitida pelo juiz, com identi- distintos e, havendo suspeita de ferramentas, os utensílios, os ins-
ficação das partes e do valor da ocultação, realizará a citação com trumentos ou outros bens móveis
causa, para fins de averbação no hora certa, certificando porme- necessários ou úteis ao exercício
registro de imóveis, de veículos ou norizadamente o ocorrido. da profissão do executado;
de outros bens sujeitos a penho- § 2o Incumbe ao exequente VI – o seguro de vida;
ra, arresto ou indisponibilidade. requerer a citação por edital, uma VII – os materiais necessários
§ 1o No prazo de 10 (dez) dias vez frustradas a pessoal e a com para obras em andamento, salvo
de sua concretização, o exequen- hora certa. se essas forem penhoradas;
te deverá comunicar ao juízo as § 3o Aperfeiçoada a citação VIII – a pequena propriedade
averbações efetivadas. e transcorrido o prazo de paga- rural, assim definida em lei, des-
§ 2o Formalizada penhora so- mento, o arresto converter-se-á de que trabalhada pela família;
bre bens suficientes para cobrir o em penhora, independentemente IX – os recursos públicos re-
valor da dívida, o exequente provi- de termo. cebidos por instituições privadas
denciará, no prazo de 10 (dez) dias, para aplicação compulsória em
o cancelamento das averbações educação, saúde ou assistên-
relativas àqueles não penhorados.
Seção III – Da Penhora, do cia social;
§ 3o O juiz determinará o can- Depósito e da Avaliação X – a quantia depositada em
celamento das averbações, de Subseção I – Do Objeto da caderneta de poupança, até o
ofício ou a requerimento, caso o Penhora limite de 40 (quarenta) salários
exequente não o faça no prazo. mínimos;
§ 4o Presume-se em frau- Art. 831. A penhora deverá re- XI – os recursos públicos do
de à execução a alienação ou a cair sobre tantos bens quantos fundo partidário recebidos por
oneração de bens efetuada após bastem para o pagamento do partido político, nos termos da lei;
a averbação. principal atualizado, dos juros, XII – os créditos oriundos de
§ 5o O exequente que pro- das custas e dos honorários ad- alienação de unidades imobiliá-
mover averbação manifestamen- vocatícios. rias, sob regime de incorporação
te indevida ou não cancelar as imobiliária, vinculados à execução
averbações nos termos do § 2o Art. 832. Não estão sujeitos à da obra.
indenizará a parte contrária, pro- execução os bens que a lei con- § 1o A impenhorabilidade não
cessando-se o incidente em autos sidera impenhoráveis ou inalie- é oponível à execução de dívida
apartados. náveis. relativa ao próprio bem, inclu-
sive àquela contraída para sua
Art. 829. O executado será cita- Art. 833. São impenhoráveis: aquisição.
do para pagar a dívida no prazo de I – os bens inalienáveis e os § 2o O disposto nos incisos
3 (três) dias, contado da citação. declarados, por ato voluntário, IV e X do caput não se aplica à
§ 1o Do mandado de citação não sujeitos à execução; hipótese de penhora para paga-
constarão, também, a ordem de II – os móveis, os pertences mento de prestação alimentícia,
penhora e a avaliação a serem e as utilidades domésticas que independentemente de sua ori-
cumpridas pelo oficial de justi- guarnecem a residência do exe- gem, bem como às importâncias
ça tão logo verificado o não pa- cutado, salvo os de elevado valor excedentes a 50 (cinquenta) salá-
gamento no prazo assinalado, ou os que ultrapassem as neces- rios mínimos mensais, devendo a
de tudo lavrando-se auto, com sidades comuns correspondentes constrição observar o disposto no
intimação do executado. a um médio padrão de vida; art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
§ 2o A penhora recairá sobre III – os vestuários, bem como § 3o Incluem-se na impenho-
os bens indicados pelo exequente, os pertences de uso pessoal do rabilidade prevista no inciso V do
salvo se outros forem indicados executado, salvo se de elevado caput os equipamentos, os imple-
pelo executado e aceitos pelo valor; mentos e as máquinas agrícolas
juiz, mediante demonstração de IV – os vencimentos, os sub- pertencentes a pessoa física ou
que a constrição proposta lhe sídios, os soldos, os salários, as a empresa individual produtora
será menos onerosa e não trará remunerações, os proventos de rural, exceto quando tais bens
prejuízo ao exequente. aposentadoria, as pensões, os tenham sido objeto de financia-
pecúlios e os montepios, bem mento e estejam vinculados em
Art. 830. Se o oficial de justiça como as quantias recebidas por garantia a negócio jurídico ou
não encontrar o executado, ar- liberalidade de terceiro e desti- quando respondam por dívida de
363
Código de Processo Civil
natureza alimentar, trabalhista ou te absorvido pelo pagamento das tado ou o Distrito Federal possua
previdenciária. custas da execução. mais da metade do capital social
§ 1o Quando não encontrar integralizado, ou, na falta desses
Art. 834. Podem ser penhora- bens penhoráveis, independen- estabelecimentos, em qualquer
dos, à falta de outros bens, os temente de determinação judi- instituição de crédito designada
frutos e os rendimentos dos bens cial expressa, o oficial de justiça pelo juiz;8
inalienáveis. descreverá na certidão os bens II – os móveis, os semoven-
que guarnecem a residência ou tes, os imóveis urbanos e os di-
Art. 835. A penhora observará, o estabelecimento do executado, reitos aquisitivos sobre imóveis
preferencialmente, a seguinte quando este for pessoa jurídica. urbanos, em poder do depositá-
ordem: § 2o Elaborada a lista, o exe- rio judicial;
I – dinheiro, em espécie ou cutado ou seu representante legal III – os imóveis rurais, os di-
em depósito ou aplicação em será nomeado depositário pro- reitos aquisitivos sobre imóveis
instituição financeira; visório de tais bens até ulterior rurais, as máquinas, os utensílios
II – títulos da dívida pública determinação do juiz. e os instrumentos necessários ou
da União, dos Estados e do Dis- úteis à atividade agrícola, me-
trito Federal com cotação em diante caução idônea, em poder
mercado;
Subseção II – Da do executado.
III – títulos e valores mobili- Documentação da Penhora, § 1o No caso do inciso II do
ários com cotação em mercado; de Seu Registro e do caput, se não houver depositário
IV – veículos de via terrestre; Depósito judicial, os bens ficarão em poder
V – bens imóveis; do exequente.
VI – bens móveis em geral; Art. 837. Obedecidas as normas § 2o Os bens poderão ser de-
VII – semoventes; de segurança instituídas sob cri- positados em poder do executado
VIII – navios e aeronaves; térios uniformes pelo Conselho nos casos de difícil remoção ou
IX – ações e quotas de so- Nacional de Justiça, a penho- quando anuir o exequente.
ciedades simples e empresárias; ra de dinheiro e as averbações § 3o As joias, as pedras e os
X – percentual do faturamen- de penhoras de bens imóveis e objetos preciosos deverão ser
to de empresa devedora; móveis podem ser realizadas por depositados com registro do valor
XI – pedras e metais precio- meio eletrônico. estimado de resgate.
sos;
XII – direitos aquisitivos de- Art. 838. A penhora será rea- Art. 841. Formalizada a penhora
rivados de promessa de compra lizada mediante auto ou termo, por qualquer dos meios legais,
e venda e de alienação fiduciária que conterá: dela será imediatamente intimado
em garantia; I – a indicação do dia, do mês, o executado.
XIII – outros direitos. do ano e do lugar em que foi feita; § 1o A intimação da penhora
§ 1o É prioritária a penhora II – os nomes do exequente e será feita ao advogado do execu-
em dinheiro, podendo o juiz, nas do executado; tado ou à sociedade de advogados
demais hipóteses, alterar a or- III – a descrição dos bens pe- a que aquele pertença.
dem prevista no caput de acordo nhorados, com as suas caracte- § 2o Se não houver constitu-
com as circunstâncias do caso rísticas; ído advogado nos autos, o execu-
concreto. IV – a nomeação do deposi- tado será intimado pessoalmente,
§ 2o Para fins de substituição tário dos bens. de preferência por via postal.
da penhora, equiparam-se a di- § 3o O disposto no § 1o não se
nheiro a fiança bancária e o se- Art. 839. Considerar-se-á feita aplica aos casos de penhora rea-
guro garantia judicial, desde que a penhora mediante a apreensão lizada na presença do executado,
em valor não inferior ao do débito e o depósito dos bens, lavrando- que se reputa intimado.
constante da inicial, acrescido de -se um só auto se as diligências § 4o Considera-se realizada
trinta por cento. forem concluídas no mesmo dia. a intimação a que se refere o
§ 3o Na execução de crédi- Parágrafo único. Havendo § 2o quando o executado houver
to com garantia real, a penhora mais de uma penhora, serão la- mudado de endereço sem prévia
recairá sobre a coisa dada em vrados autos individuais. comunicação ao juízo, observado
garantia, e, se a coisa pertencer o disposto no parágrafo único do
a terceiro garantidor, este tam- Art. 840. Serão preferencial- art. 274.
bém será intimado da penhora. mente depositados:
I – as quantias em dinheiro, Art. 842. Recaindo a penhora
Art. 836. Não se levará a efeito os papéis de crédito e as pedras sobre bem imóvel ou direito real
a penhora quando ficar evidente e os metais preciosos, no Banco sobre imóvel, será intimado tam-
que o produto da execução dos do Brasil, na Caixa Econômica
bens encontrados será totalmen- Federal ou em banco do qual o Es- 8
NE: ver ADI no 5.492.
364
Código de Processo Civil
bém o cônjuge do executado, sal- as portas da casa a fim de obstar que a representa e a data do ven-
vo se forem casados em regime a penhora dos bens, o oficial de cimento; e
de separação absoluta de bens. justiça comunicará o fato ao juiz, V – atribuir, em qualquer caso,
solicitando-lhe ordem de arrom- valor aos bens indicados à pe-
Art. 843. Tratando-se de penho- bamento. nhora, além de especificar os
ra de bem indivisível, o equivalen- § 1o Deferido o pedido, 2 ônus e os encargos a que este-
te à quota-parte do coproprietário (dois) oficiais de justiça cum- jam sujeitos.
ou do cônjuge alheio à execução prirão o mandado, arrombando § 2o Requerida a substituição
recairá sobre o produto da alie- cômodos e móveis em que se do bem penhorado, o executado
nação do bem. presuma estarem os bens, e la- deve indicar onde se encontram
§ 1o É reservada ao copro- vrarão de tudo auto circunstan- os bens sujeitos à execução, exi-
prietário ou ao cônjuge não exe- ciado, que será assinado por 2 bir a prova de sua propriedade e
cutado a preferência na arrema- (duas) testemunhas presentes a certidão negativa ou positiva
tação do bem em igualdade de à diligência. de ônus, bem como abster-se
condições. § 2o Sempre que necessário, de qualquer atitude que dificul-
§ 2o Não será levada a efeito o juiz requisitará força policial, a te ou embarace a realização da
expropriação por preço inferior fim de auxiliar os oficiais de jus- penhora.
ao da avaliação na qual o valor tiça na penhora dos bens. § 3o O executado somente
auferido seja incapaz de garantir, § 3o Os oficiais de justiça la- poderá oferecer bem imóvel em
ao coproprietário ou ao cônjuge vrarão em duplicata o auto da substituição caso o requeira com
alheio à execução, o correspon- ocorrência, entregando uma via a expressa anuência do cônjuge,
dente à sua quota-parte calculado ao escrivão ou ao chefe de secre- salvo se o regime for o de sepa-
sobre o valor da avaliação. taria, para ser juntada aos autos, ração absoluta de bens.
e a outra à autoridade policial a § 4o O juiz intimará o exe-
Art. 844. Para presunção abso- quem couber a apuração criminal quente para manifestar-se sobre
luta de conhecimento por tercei- dos eventuais delitos de desobe- o requerimento de substituição
ros, cabe ao exequente providen- diência ou de resistência. do bem penhorado.
ciar a averbação do arresto ou da § 4o Do auto da ocorrência
penhora no registro competente, constará o rol de testemunhas, Art. 848. As partes poderão
mediante apresentação de cópia com a respectiva qualificação. requerer a substituição da pe-
do auto ou do termo, indepen- nhora se:
dentemente de mandado judicial. I – ela não obedecer à or-
Subseção IV – Das dem legal;
Modificações da Penhora II – ela não incidir sobre os
Subseção III – Do Lugar de bens designados em lei, contrato
Realização da Penhora Art. 847. O executado pode, no ou ato judicial para o pagamento;
prazo de 10 (dez) dias contado da III – havendo bens no foro da
Art. 845. Efetuar-se-á a penho- intimação da penhora, requerer execução, outros tiverem sido
ra onde se encontrem os bens, a substituição do bem penhora- penhorados;
ainda que sob a posse, a detenção do, desde que comprove que lhe IV – havendo bens livres, ela
ou a guarda de terceiros. será menos onerosa e não trará tiver recaído sobre bens já pe-
§ 1o A penhora de imóveis, prejuízo ao exequente. nhorados ou objeto de gravame;
independentemente de onde se § 1o O juiz só autorizará a V – ela incidir sobre bens de
localizem, quando apresentada substituição se o executado: baixa liquidez;
certidão da respectiva matrícula, I – comprovar as respectivas VI – fracassar a tentativa de
e a penhora de veículos automo- matrículas e os registros por cer- alienação judicial do bem; ou
tores, quando apresentada certi- tidão do correspondente ofício, VII – o executado não indicar o
dão que ateste a sua existência, quanto aos bens imóveis; valor dos bens ou omitir qualquer
serão realizadas por termo nos II – descrever os bens móveis, das indicações previstas em lei.
autos. com todas as suas propriedades Parágrafo único. A penhora
§ 2o Se o executado não ti- e características, bem como o pode ser substituída por fiança
ver bens no foro do processo, estado deles e o lugar onde se bancária ou por seguro garantia
não sendo possível a realização encontram; judicial, em valor não inferior ao
da penhora nos termos do § 1o, III – descrever os semoventes, do débito constante da inicial,
a execução será feita por carta, com indicação de espécie, de acrescido de trinta por cento.
penhorando-se, avaliando-se e número, de marca ou sinal e do
alienando-se os bens no foro da local onde se encontram; Art. 849. Sempre que ocorrer
situação. IV – identificar os créditos, a substituição dos bens inicial-
indicando quem seja o devedor, mente penhorados, será lavrado
Art. 846. Se o executado fechar qual a origem da dívida, o título novo termo.
365
Código de Processo Civil
Art. 850. Será admitida a redu- quatro) horas a contar da respos- ção ou pelo juiz, bem como na
ção ou a ampliação da penhora, ta, de ofício, o juiz determinará o hipótese de não cancelamento
bem como sua transferência para cancelamento de eventual indis- da indisponibilidade no prazo de
outros bens, se, no curso do pro- ponibilidade excessiva, o que de- 24 (vinte e quatro) horas, quando
cesso, o valor de mercado dos verá ser cumprido pela instituição assim determinar o juiz.
bens penhorados sofrer alteração financeira em igual prazo. § 9o Quando se tratar de exe-
significativa. § 2o Tornados indisponíveis cução contra partido político, o
os ativos financeiros do executa- juiz, a requerimento do exequen-
Art. 851. Não se procede à se- do, este será intimado na pessoa te, determinará às instituições
gunda penhora, salvo se: de seu advogado ou, não o tendo, financeiras, por meio de sistema
I – a primeira for anulada; pessoalmente. eletrônico gerido por autoridade
II – executados os bens, o § 3o Incumbe ao executado, supervisora do sistema bancário,
produto da alienação não bastar no prazo de 5 (cinco) dias, com- que tornem indisponíveis ativos
para o pagamento do exequente; provar que: financeiros somente em nome do
III – o exequente desistir da I – as quantias tornadas in- órgão partidário que tenha con-
primeira penhora, por serem li- disponíveis são impenhoráveis; traído a dívida executada ou que
tigiosos os bens ou por estarem II – ainda remanesce indis- tenha dado causa à violação de
submetidos a constrição judicial. ponibilidade excessiva de ativos direito ou ao dano, ao qual cabe
financeiros. exclusivamente a responsabili-
Art. 852. O juiz determinará a § 4o Acolhida qualquer das dade pelos atos praticados, na
alienação antecipada dos bens arguições dos incisos I e II do § 3o, forma da lei.
penhorados quando: o juiz determinará o cancelamen-
I – se tratar de veículos au- to de eventual indisponibilidade
tomotores, de pedras e metais irregular ou excessiva, a ser cum-
Subseção VI – Da Penhora de
preciosos e de outros bens mó- prido pela instituição financeira Créditos
veis sujeitos à depreciação ou à em 24 (vinte e quatro) horas.
deterioração; § 5o Rejeitada ou não apre- Art. 855. Quando recair em cré-
II – houver manifesta van- sentada a manifestação do exe- dito do executado, enquanto não
tagem. cutado, converter-se-á a indis- ocorrer a hipótese prevista no
ponibilidade em penhora, sem art. 856, considerar-se-á feita a
Art. 853. Quando uma das par- necessidade de lavratura de ter- penhora pela intimação:
tes requerer alguma das medidas mo, devendo o juiz da execução I – ao terceiro devedor para
previstas nesta Subseção, o juiz determinar à instituição financei- que não pague ao executado,
ouvirá sempre a outra, no prazo ra depositária que, no prazo de 24 seu credor;
de 3 (três) dias, antes de decidir. (vinte e quatro) horas, transfira o II – ao executado, credor do
Parágrafo único. O juiz deci- montante indisponível para conta terceiro, para que não pratique
dirá de plano qualquer questão vinculada ao juízo da execução. ato de disposição do crédito.
suscitada. § 6o Realizado o pagamento
da dívida por outro meio, o juiz Art. 856. A penhora de crédito
determinará, imediatamente, por representado por letra de câm-
Subseção V – Da Penhora de sistema eletrônico gerido pela au- bio, nota promissória, duplicata,
Dinheiro em Depósito ou em toridade supervisora do sistema cheque ou outros títulos far-se-á
Aplicação Financeira financeiro nacional, a notificação pela apreensão do documento,
da instituição financeira para que, esteja ou não este em poder do
Art. 854. Para possibilitar a pe- em até 24 (vinte e quatro) horas, executado.
nhora de dinheiro em depósito ou cancele a indisponibilidade. § 1o Se o título não for apre-
em aplicação financeira, o juiz, § 7o As transmissões das or- endido, mas o terceiro confessar
a requerimento do exequente, dens de indisponibilidade, de seu a dívida, será este tido como de-
sem dar ciência prévia do ato ao cancelamento e de determinação positário da importância.
executado, determinará às insti- de penhora previstas neste artigo § 2o O terceiro só se exone-
tuições financeiras, por meio de far-se-ão por meio de sistema rará da obrigação depositando
sistema eletrônico gerido pela eletrônico gerido pela autoridade em juízo a importância da dívida.
autoridade supervisora do sis- supervisora do sistema financei- § 3o Se o terceiro negar o
tema financeiro nacional, que ro nacional. débito em conluio com o execu-
torne indisponíveis ativos finan- § 8o A instituição financeira tado, a quitação que este lhe der
ceiros existentes em nome do será responsável pelos prejuízos caracterizará fraude à execução.
executado, limitando-se a indis- causados ao executado em de- § 4o A requerimento do exe-
ponibilidade ao valor indicado na corrência da indisponibilidade quente, o juiz determinará o com-
execução. de ativos financeiros em valor parecimento, em audiência espe-
§ 1o No prazo de 24 (vinte e superior ao indicado na execu- cialmente designada, do execu-
366
Código de Processo Civil
tado e do terceiro, a fim de lhes dade simples ou empresária, o Subseção VIII – Da Penhora
tomar os depoimentos. juiz assinará prazo razoável, não de Empresa, de Outros
superior a 3 (três) meses, para Estabelecimentos e de
Art. 857. Feita a penhora em que a sociedade: Semoventes
direito e ação do executado, e I – apresente balanço espe-
não tendo ele oferecido embar- cial, na forma da lei; Art. 862. Quando a penhora re-
gos ou sendo estes rejeitados, o II – ofereça as quotas ou as cair em estabelecimento comer-
exequente ficará sub-rogado nos ações aos demais sócios, obser- cial, industrial ou agrícola, bem
direitos do executado até a con- vado o direito de preferência legal como em semoventes, plantações
corrência de seu crédito. ou contratual; ou edifícios em construção, o juiz
§ 1o O exequente pode pre- III – não havendo interes- nomeará administrador-deposi-
ferir, em vez da sub-rogação, a se dos sócios na aquisição das tário, determinando-lhe que apre-
alienação judicial do direito pe- ações, proceda à liquidação das sente em 10 (dez) dias o plano de
nhorado, caso em que declarará quotas ou das ações, depositan- administração.
sua vontade no prazo de 10 (dez) do em juízo o valor apurado, em § 1o Ouvidas as partes, o juiz
dias contado da realização da dinheiro. decidirá.
penhora. § 1o Para evitar a liquidação § 2o É lícito às partes ajus-
§ 2o A sub-rogação não im- das quotas ou das ações, a so- tar a forma de administração e
pede o sub-rogado, se não re- ciedade poderá adquiri-las sem escolher o depositário, hipótese
ceber o crédito do executado, redução do capital social e com em que o juiz homologará por
de prosseguir na execução, nos utilização de reservas, para ma- despacho a indicação.
mesmos autos, penhorando ou- nutenção em tesouraria. § 3o Em relação aos edifí-
tros bens. § 2o O disposto no caput e cios em construção sob regime
no § 1o não se aplica à sociedade de incorporação imobiliária, a
Art. 858. Quando a penhora re- anônima de capital aberto, cujas penhora somente poderá recair
cair sobre dívidas de dinheiro a ações serão adjudicadas ao exe- sobre as unidades imobiliárias
juros, de direito a rendas ou de quente ou alienadas em bolsa de ainda não comercializadas pelo
prestações periódicas, o exe- valores, conforme o caso. incorporador.
quente poderá levantar os juros, § 3o Para os fins da liquida- § 4o Sendo necessário afas-
os rendimentos ou as prestações ção de que trata o inciso III do tar o incorporador da adminis-
à medida que forem sendo depo- caput, o juiz poderá, a requeri- tração da incorporação, será ela
sitados, abatendo-se do crédito mento do exequente ou da so- exercida pela comissão de re-
as importâncias recebidas, con- ciedade, nomear administrador, presentantes dos adquirentes
forme as regras de imputação do que deverá submeter à aprovação ou, se se tratar de construção
pagamento. judicial a forma de liquidação. financiada, por empresa ou pro-
§ 4o O prazo previsto no fissional indicado pela instituição
Art. 859. Recaindo a penhora caput poderá ser ampliado pelo fornecedora dos recursos para a
sobre direito a prestação ou a juiz, se o pagamento das quotas obra, devendo ser ouvida, neste
restituição de coisa determina- ou das ações liquidadas: último caso, a comissão de re-
da, o executado será intimado I – superar o valor do saldo presentantes dos adquirentes.
para, no vencimento, depositá-la, de lucros ou reservas, exceto a
correndo sobre ela a execução. legal, e sem diminuição do capital Art. 863. A penhora de empresa
social, ou por doação; ou que funcione mediante conces-
Art. 860. Quando o direito es- II – colocar em risco a esta- são ou autorização far-se-á, con-
tiver sendo pleiteado em juízo, bilidade financeira da sociedade forme o valor do crédito, sobre a
a penhora que recair sobre ele simples ou empresária. renda, sobre determinados bens
será averbada, com destaque, nos § 5o Caso não haja interesse ou sobre todo o patrimônio, e o
autos pertinentes ao direito e na dos demais sócios no exercício juiz nomeará como depositário,
ação correspondente à penhora, a de direito de preferência, não de preferência, um de seus di-
fim de que esta seja efetivada nos ocorra a aquisição das quotas retores.
bens que forem adjudicados ou ou das ações pela sociedade e a § 1o Quando a penhora recair
que vierem a caber ao executado. liquidação do inciso III do caput sobre a renda ou sobre determi-
seja excessivamente onerosa nados bens, o administrador-de-
para a sociedade, o juiz poderá positário apresentará a forma
Subseção VII – Da Penhora determinar o leilão judicial das de administração e o esquema
das Quotas ou das Ações de quotas ou das ações. de pagamento, observando-se,
Sociedades Personificadas quanto ao mais, o disposto em
relação ao regime de penhora
Art. 861. Penhoradas as quotas de frutos e rendimentos de coisa
ou as ações de sócio em socie- móvel e imóvel.
367
Código de Processo Civil
§ 2o Recaindo a penhora so- Subseção X – Da Penhora § 5o As quantias recebidas
bre todo o patrimônio, prossegui- de Frutos e Rendimentos de pelo administrador serão entre-
rá a execução em seus ulteriores Coisa Móvel ou Imóvel gues ao exequente, a fim de se-
termos, ouvindo-se, antes da ar- rem imputadas ao pagamento
rematação ou da adjudicação, o Art. 867. O juiz pode ordenar a da dívida.
ente público que houver outor- penhora de frutos e rendimentos § 6o O exequente dará ao
gado a concessão. de coisa móvel ou imóvel quando executado, por termo nos autos,
a considerar mais eficiente para o quitação das quantias recebidas.
Art. 864. A penhora de navio recebimento do crédito e menos
ou de aeronave não obsta que gravosa ao executado.
continuem navegando ou ope-
Subseção XI – Da Avaliação
rando até a alienação, mas o juiz, Art. 868. Ordenada a penhora
ao conceder a autorização para de frutos e rendimentos, o juiz Art. 870. A avaliação será feita
tanto, não permitirá que saiam nomeará administrador-deposi- pelo oficial de justiça.
do porto ou do aeroporto antes tário, que será investido de todos Parágrafo único. Se forem
que o executado faça o seguro os poderes que concernem à ad- necessários conhecimentos es-
usual contra riscos. ministração do bem e à fruição de pecializados e o valor da execu-
seus frutos e utilidades, perdendo ção o comportar, o juiz nomeará
Art. 865. A penhora de que tra- o executado o direito de gozo do avaliador, fixando-lhe prazo não
ta esta Subseção somente será bem, até que o exequente seja superior a 10 (dez) dias para en-
determinada se não houver outro pago do principal, dos juros, das trega do laudo.
meio eficaz para a efetivação do custas e dos honorários advo-
crédito. catícios. Art. 871. Não se procederá à
§ 1o A medida terá eficácia avaliação quando:
em relação a terceiros a partir I – uma das partes aceitar a
Subseção IX – Da Penhora de da publicação da decisão que estimativa feita pela outra;
Percentual de Faturamento a conceda ou de sua averbação II – se tratar de títulos ou de
de Empresa no ofício imobiliário, em caso de mercadorias que tenham cota-
imóveis. ção em bolsa, comprovada por
Art. 866. Se o executado não § 2o O exequente providen- certidão ou publicação no órgão
tiver outros bens penhoráveis ciará a averbação no ofício imo- oficial;
ou se, tendo-os, esses forem de biliário mediante a apresentação III – se tratar de títulos da
difícil alienação ou insuficientes de certidão de inteiro teor do ato, dívida pública, de ações de so-
para saldar o crédito executado, independentemente de mandado ciedades e de títulos de crédito
o juiz poderá ordenar a penhora judicial. negociáveis em bolsa, cujo valor
de percentual de faturamento será o da cotação oficial do dia,
de empresa. Art. 869. O juiz poderá nomear comprovada por certidão ou pu-
§ 1o O juiz fixará percentu- administrador-depositário o exe- blicação no órgão oficial;
al que propicie a satisfação do quente ou o executado, ouvida IV – se tratar de veículos au-
crédito exequendo em tempo a parte contrária, e, não haven- tomotores ou de outros bens
razoável, mas que não torne in- do acordo, nomeará profissional cujo preço médio de mercado
viável o exercício da atividade qualificado para o desempenho possa ser conhecido por meio
empresarial. da função. de pesquisas realizadas por ór-
§ 2o O juiz nomeará adminis- § 1o O administrador subme- gãos oficiais ou de anúncios de
trador-depositário, o qual subme- terá à aprovação judicial a forma venda divulgados em meios de
terá à aprovação judicial a forma de administração e a de prestar comunicação, caso em que ca-
de sua atuação e prestará contas contas periodicamente. berá a quem fizer a nomeação o
mensalmente, entregando em ju- § 2o Havendo discordância encargo de comprovar a cotação
ízo as quantias recebidas, com os entre as partes ou entre essas e de mercado.
respectivos balancetes mensais, o administrador, o juiz decidirá a Parágrafo único. Ocorrendo a
a fim de serem imputadas no pa- melhor forma de administração hipótese do inciso I deste artigo,
gamento da dívida. do bem. a avaliação poderá ser realizada
§ 3o Na penhora de percen- § 3o Se o imóvel estiver ar- quando houver fundada dúvida do
tual de faturamento de empresa, rendado, o inquilino pagará o alu- juiz quanto ao real valor do bem.
observar-se-á, no que couber, o guel diretamente ao exequente,
disposto quanto ao regime de salvo se houver administrador. Art. 872. A avaliação realizada
penhora de frutos e rendimentos § 4o O exequente ou o admi- pelo oficial de justiça constará
de coisa móvel e imóvel. nistrador poderá celebrar locação de vistoria e de laudo anexados
do móvel ou do imóvel, ouvido o ao auto de penhora ou, em caso
executado. de perícia realizada por avaliador,
368
Código de Processo Civil
de laudo apresentado no prazo Seção IV – Da Expropriação dade anônima fechada realizada
fixado pelo juiz, devendo-se, em de Bens em favor de exequente alheio à
qualquer hipótese, especificar: sociedade, esta será intimada,
I – os bens, com as suas ca- Subseção I – Da Adjudicação ficando responsável por infor-
racterísticas, e o estado em que mar aos sócios a ocorrência da
se encontram; Art. 876. É lícito ao exequente, penhora, assegurando-se a estes
II – o valor dos bens. oferecendo preço não inferior a preferência.
§ 1o Quando o imóvel for sus- ao da avaliação, requerer que
cetível de cômoda divisão, a ava- lhe sejam adjudicados os bens Art. 877. Transcorrido o prazo de
liação, tendo em conta o crédito penhorados. 5 (cinco) dias, contado da última
reclamado, será realizada em par- § 1o Requerida a adjudica- intimação, e decididas eventu-
tes, sugerindo-se, com a apre- ção, o executado será intimado ais questões, o juiz ordenará a
sentação de memorial descritivo, do pedido: lavratura do auto de adjudicação.
os possíveis desmembramentos I – pelo Diário da Justiça, na § 1o Considera-se perfeita
para alienação. pessoa de seu advogado consti- e acabada a adjudicação com a
§ 2o Realizada a avaliação tuído nos autos; lavratura e a assinatura do auto
e, sendo o caso, apresentada a II – por carta com aviso de re- pelo juiz, pelo adjudicatário, pelo
proposta de desmembramento, cebimento, quando representado escrivão ou chefe de secretaria,
as partes serão ouvidas no prazo pela Defensoria Pública ou quan- e, se estiver presente, pelo exe-
de 5 (cinco) dias. do não tiver procurador constitu- cutado, expedindo-se:
ído nos autos; I – a carta de adjudicação e
Art. 873. É admitida nova ava- III – por meio eletrônico, o mandado de imissão na posse,
liação quando: quando, sendo o caso do § 1o do quando se tratar de bem imóvel;
I – qualquer das partes arguir, art. 246, não tiver procurador II – a ordem de entrega ao
fundamentadamente, a ocorrên- constituído nos autos. adjudicatário, quando se tratar
cia de erro na avaliação ou dolo § 2o Considera-se realizada de bem móvel.
do avaliador; a intimação quando o executa- § 2o A carta de adjudicação
II – se verificar, posterior- do houver mudado de endereço conterá a descrição do imóvel,
mente à avaliação, que houve sem prévia comunicação ao juízo, com remissão à sua matrícula
majoração ou diminuição no va- observado o disposto no art. 274, e aos seus registros, a cópia do
lor do bem; parágrafo único. auto de adjudicação e a prova de
III – o juiz tiver fundada dúvida § 3o Se o executado, citado quitação do imposto de trans-
sobre o valor atribuído ao bem na por edital, não tiver procurador missão.
primeira avaliação. constituído nos autos, é dispen- § 3o No caso de penhora de
Parágrafo único. Aplica-se o sável a intimação prevista no § 1o. bem hipotecado, o executado po-
art. 480 à nova avaliação prevista § 4o Se o valor do crédito for: derá remi-lo até a assinatura do
no inciso III do caput deste artigo. I – inferior ao dos bens, o re- auto de adjudicação, oferecendo
querente da adjudicação deposi- preço igual ao da avaliação, se
Art. 874. Após a avaliação, o tará de imediato a diferença, que não tiver havido licitantes, ou ao
juiz poderá, a requerimento do ficará à disposição do executado; do maior lance oferecido.
interessado e ouvida a parte con- II – superior ao dos bens, a § 4o Na hipótese de falência
trária, mandar: execução prosseguirá pelo saldo ou de insolvência do devedor hi-
I – reduzir a penhora aos bens remanescente. potecário, o direito de remição
suficientes ou transferi-la para § 5o Idêntico direito pode ser previsto no § 3o será deferido à
outros, se o valor dos bens pe- exercido por aqueles indicados massa ou aos credores em con-
nhorados for consideravelmente no art. 889, incisos II a VIII, pe- curso, não podendo o exequen-
superior ao crédito do exequente los credores concorrentes que te recusar o preço da avaliação
e dos acessórios; hajam penhorado o mesmo bem, do imóvel.
II – ampliar a penhora ou pelo cônjuge, pelo companheiro,
transferi-la para outros bens mais pelos descendentes ou pelos as- Art. 878. Frustradas as tenta-
valiosos, se o valor dos bens pe- cendentes do executado. tivas de alienação do bem, será
nhorados for inferior ao crédito § 6o Se houver mais de um reaberta oportunidade para re-
do exequente. pretendente, proceder-se-á a li- querimento de adjudicação, caso
citação entre eles, tendo prefe- em que também se poderá pleite-
Art. 875. Realizadas a penhora rência, em caso de igualdade de ar a realização de nova avaliação.
e a avaliação, o juiz dará início oferta, o cônjuge, o companheiro,
aos atos de expropriação do bem. o descendente ou o ascendente,
nessa ordem.
Subseção II – Da Alienação
§ 7o No caso de penhora de
quota social ou de ação de socie- Art. 879. A alienação far-se-á:
369
Código de Processo Civil
I – por iniciativa particular; Art. 882. Não sendo possível a poderá ser alienado, as condições
II – em leilão judicial eletrô- sua realização por meio eletrôni- de pagamento e, se for o caso, a
nico ou presencial. co, o leilão será presencial. comissão do leiloeiro designado;
§ 1o A alienação judicial por III – o lugar onde estiverem
Art. 880. Não efetivada a ad- meio eletrônico será realizada, os móveis, os veículos e os se-
judicação, o exequente poderá observando-se as garantias pro- moventes e, tratando-se de cré-
requerer a alienação por sua pró- cessuais das partes, de acordo ditos ou direitos, a identificação
pria iniciativa ou por intermédio com regulamentação específica dos autos do processo em que
de corretor ou leiloeiro público do Conselho Nacional de Justiça. foram penhorados;
credenciado perante o órgão ju- § 2o A alienação judicial por IV – o sítio, na rede mundial
diciário. meio eletrônico deverá atender de computadores, e o período em
§ 1o O juiz fixará o prazo em aos requisitos de ampla publici- que se realizará o leilão, salvo se
que a alienação deve ser efeti- dade, autenticidade e segurança, este se der de modo presencial,
vada, a forma de publicidade, o com observância das regras es- hipótese em que serão indica-
preço mínimo, as condições de tabelecidas na legislação sobre dos o local, o dia e a hora de sua
pagamento, as garantias e, se certificação digital. realização;
for o caso, a comissão de cor- § 3o O leilão presencial será V – a indicação de local, dia
retagem. realizado no local designado pelo e hora de segundo leilão presen-
§ 2o A alienação será forma- juiz. cial, para a hipótese de não haver
lizada por termo nos autos, com interessado no primeiro;
a assinatura do juiz, do exequen- Art. 883. Caberá ao juiz a desig- VI – menção da existência
te, do adquirente e, se estiver nação do leiloeiro público, que po- de ônus, recurso ou processo
presente, do executado, expe- derá ser indicado pelo exequente. pendente sobre os bens a serem
dindo-se: leiloados.
I – a carta de alienação e o Art. 884. Incumbe ao leiloeiro Parágrafo único. No caso de
mandado de imissão na posse, público: títulos da dívida pública e de títu-
quando se tratar de bem imóvel; I – publicar o edital, anuncian- los negociados em bolsa, cons-
II – a ordem de entrega ao do a alienação; tará do edital o valor da última
adquirente, quando se tratar de II – realizar o leilão onde se cotação.
bem móvel. encontrem os bens ou no lugar
§ 3o Os tribunais poderão designado pelo juiz; Art. 887. O leiloeiro público
editar disposições complemen- III – expor aos pretendentes designado adotará providências
tares sobre o procedimento da os bens ou as amostras das mer- para a ampla divulgação da alie-
alienação prevista neste artigo, cadorias; nação.
admitindo, quando for o caso, o IV – receber e depositar, den- § 1o A publicação do edital
concurso de meios eletrônicos, tro de 1 (um) dia, à ordem do juiz, deverá ocorrer pelo menos 5 (cin-
e dispor sobre o credenciamento o produto da alienação; co) dias antes da data marcada
dos corretores e leiloeiros pú- V – prestar contas nos 2 (dois) para o leilão.
blicos, os quais deverão estar dias subsequentes ao depósito. § 2o O edital será publicado
em exercício profissional por não Parágrafo único. O leiloeiro na rede mundial de computado-
menos que 3 (três) anos. tem o direito de receber do arre- res, em sítio designado pelo juízo
§ 4o Nas localidades em que matante a comissão estabelecida da execução, e conterá descrição
não houver corretor ou leiloeiro em lei ou arbitrada pelo juiz. detalhada e, sempre que possível,
público credenciado nos termos ilustrada dos bens, informando
do § 3o, a indicação será de livre Art. 885. O juiz da execução es- expressamente se o leilão se re-
escolha do exequente. tabelecerá o preço mínimo, as alizará de forma eletrônica ou
condições de pagamento e as presencial.
Art. 881. A alienação far-se-á em garantias que poderão ser pres- § 3o Não sendo possível a
leilão judicial se não efetivada a tadas pelo arrematante. publicação na rede mundial de
adjudicação ou a alienação por computadores ou considerando o
iniciativa particular. Art. 886. O leilão será precedi- juiz, em atenção às condições da
§ 1o O leilão do bem penho- do de publicação de edital, que sede do juízo, que esse modo de
rado será realizado por leiloeiro conterá: divulgação é insuficiente ou ina-
público. I – a descrição do bem penho- dequado, o edital será afixado em
§ 2o Ressalvados os casos rado, com suas características, e, local de costume e publicado, em
de alienação a cargo de corre- tratando-se de imóvel, sua situa- resumo, pelo menos uma vez em
tores de bolsa de valores, todos ção e suas divisas, com remissão jornal de ampla circulação local.
os demais bens serão alienados à matrícula e aos registros; § 4o Atendendo ao valor dos
em leilão público. II – o valor pelo qual o bem foi bens e às condições da sede do
avaliado, o preço mínimo pelo qual juízo, o juiz poderá alterar a forma
370
Código de Processo Civil
e a frequência da publicidade na de uso, quando a penhora recair postos, quanto aos bens de cuja
imprensa, mandar publicar o edi- sobre tais direitos reais; venda estejam encarregados;
tal em local de ampla circulação V – o credor pignoratício, hi- VI – dos advogados de qual-
de pessoas e divulgar avisos em potecário, anticrético, fiduciário quer das partes.
emissora de rádio ou televisão lo- ou com penhora anteriormen-
cal, bem como em sítios distintos te averbada, quando a penho- Art. 891. Não será aceito lance
do indicado no § 2o. ra recair sobre bens com tais que ofereça preço vil.
§ 5o Os editais de leilão de gravames, caso não seja o cre- Parágrafo único. Considera-
imóveis e de veículos automo- dor, de qualquer modo, parte na -se vil o preço inferior ao mínimo
tores serão publicados pela im- execução; estipulado pelo juiz e constante
prensa ou por outros meios de VI – o promitente compra- do edital, e, não tendo sido fixa-
divulgação, preferencialmente dor, quando a penhora recair so- do preço mínimo, considera-se
na seção ou no local reservados bre bem em relação ao qual haja vil o preço inferior a cinquenta
à publicidade dos respectivos promessa de compra e venda por cento do valor da avaliação.
negócios. registrada;
§ 6o O juiz poderá determi- VII – o promitente vendedor, Art. 892. Salvo pronunciamen-
nar a reunião de publicações em quando a penhora recair sobre to judicial em sentido diverso, o
listas referentes a mais de uma direito aquisitivo derivado de pagamento deverá ser realizado
execução. promessa de compra e venda de imediato pelo arrematante,
registrada; por depósito judicial ou por meio
Art. 888. Não se realizando o VIII – a União, o Estado e o eletrônico.
leilão por qualquer motivo, o juiz Município, no caso de alienação § 1o Se o exequente arrema-
mandará publicar a transferên- de bem tombado. tar os bens e for o único credor,
cia, observando-se o disposto Parágrafo único. Se o exe- não estará obrigado a exibir o
no art. 887. cutado for revel e não tiver advo- preço, mas, se o valor dos bens
Parágrafo único. O escrivão, gado constituído, não constando exceder ao seu crédito, depo-
o chefe de secretaria ou o leiloei- dos autos seu endereço atual ou, sitará, dentro de 3 (três) dias, a
ro que culposamente der causa ainda, não sendo ele encontrado diferença, sob pena de tornar-se
à transferência responde pelas no endereço constante do pro- sem efeito a arrematação, e, nes-
despesas da nova publicação, cesso, a intimação considerar- se caso, realizar-se-á novo leilão,
podendo o juiz aplicar-lhe a pena -se-á feita por meio do próprio à custa do exequente.
de suspensão por 5 (cinco) dias a edital de leilão. § 2o Se houver mais de um
3 (três) meses, em procedimento pretendente, proceder-se-á en-
administrativo regular. Art. 890. Pode oferecer lance tre eles à licitação, e, no caso de
quem estiver na livre administra- igualdade de oferta, terá prefe-
Art. 889. Serão cientificados ção de seus bens, com exceção: rência o cônjuge, o companheiro,
da alienação judicial, com pelo I – dos tutores, dos curadores, o descendente ou o ascendente
menos 5 (cinco) dias de ante- dos testamenteiros, dos admi- do executado, nessa ordem.
cedência: nistradores ou dos liquidantes, § 3o No caso de leilão de bem
I – o executado, por meio de quanto aos bens confiados à sua tombado, a União, os Estados e os
seu advogado ou, se não tiver pro- guarda e à sua responsabilidade; Municípios terão, nessa ordem, o
curador constituído nos autos, por II – dos mandatários, quanto direito de preferência na arrema-
carta registrada, mandado, edital aos bens de cuja administração tação, em igualdade de oferta.
ou outro meio idôneo; ou alienação estejam encarre-
II – o coproprietário de bem gados; Art. 893. Se o leilão for de di-
indivisível do qual tenha sido pe- III – do juiz, do membro do versos bens e houver mais de um
nhorada fração ideal; Ministério Público e da Defenso- lançador, terá preferência aquele
III – o titular de usufruto, uso, ria Pública, do escrivão, do chefe que se propuser a arrematá-los
habitação, enfiteuse, direito de de secretaria e dos demais servi- todos, em conjunto, oferecendo,
superfície, concessão de uso es- dores e auxiliares da justiça, em para os bens que não tiverem
pecial para fins de moradia ou relação aos bens e direitos objeto lance, preço igual ao da avaliação
concessão de direito real de uso, de alienação na localidade onde e, para os demais, preço igual ao
quando a penhora recair sobre servirem ou a que se estender a do maior lance que, na tentativa
bem gravado com tais direitos sua autoridade; de arrematação individualizada,
reais; IV – dos servidores públicos tenha sido oferecido para eles.
IV – o proprietário do terreno em geral, quanto aos bens ou aos
submetido ao regime de direito de direitos da pessoa jurídica a que Art. 894. Quando o imóvel ad-
superfície, enfiteuse, concessão servirem ou que estejam sob sua mitir cômoda divisão, o juiz, a
de uso especial para fins de mo- administração direta ou indireta; requerimento do executado, or-
radia ou concessão de direito real V – dos leiloeiros e seus pre- denará a alienação judicial de
371
Código de Processo Civil
parte dele, desde que suficiente posta prevista neste artigo não tante que pagar o valor do lance
para o pagamento do exequente suspende o leilão. e a multa poderá requerer que a
e para a satisfação das despesas § 7o A proposta de pagamen- arrematação lhe seja transferida.
da execução. to do lance à vista sempre pre-
§ 1o Não havendo lançador, valecerá sobre as propostas de Art. 899. Será suspensa a arre-
far-se-á a alienação do imóvel pagamento parcelado. matação logo que o produto da
em sua integridade. § 8o Havendo mais de uma alienação dos bens for suficien-
§ 2o A alienação por partes proposta de pagamento parce- te para o pagamento do credor e
deverá ser requerida a tempo de lado: para a satisfação das despesas
permitir a avaliação das glebas I – em diferentes condições, o da execução.
destacadas e sua inclusão no juiz decidirá pela mais vantajosa,
edital, e, nesse caso, caberá ao assim compreendida, sempre, a Art. 900. O leilão prosseguirá
executado instruir o requerimento de maior valor; no dia útil imediato, à mesma
com planta e memorial descri- II – em iguais condições, o hora em que teve início, inde-
tivo subscritos por profissional juiz decidirá pela formulada em pendentemente de novo edital,
habilitado. primeiro lugar. se for ultrapassado o horário de
§ 9o No caso de arrematação expediente forense.
Art. 895. O interessado em ad- a prazo, os pagamentos feitos
quirir o bem penhorado em pres- pelo arrematante pertencerão Art. 901. A arrematação cons-
tações poderá apresentar, por ao exequente até o limite de seu tará de auto que será lavrado
escrito: crédito, e os subsequentes, ao de imediato e poderá abranger
I – até o início do primeiro executado. bens penhorados em mais de
leilão, proposta de aquisição do uma execução, nele menciona-
bem por valor não inferior ao da Art. 896. Quando o imóvel de das as condições nas quais foi
avaliação; incapaz não alcançar em leilão alienado o bem.
II – até o início do segundo pelo menos oitenta por cento do § 1o A ordem de entrega do
leilão, proposta de aquisição do valor da avaliação, o juiz o con- bem móvel ou a carta de arre-
bem por valor que não seja con- fiará à guarda e à administração matação do bem imóvel, com o
siderado vil. de depositário idôneo, adiando a respectivo mandado de imissão
§ 1o A proposta conterá, em alienação por prazo não superior na posse, será expedida depois de
qualquer hipótese, oferta de pa- a 1 (um) ano. efetuado o depósito ou prestadas
gamento de pelo menos vinte e § 1o Se, durante o adiamen- as garantias pelo arrematante,
cinco por cento do valor do lance to, algum pretendente assegurar, bem como realizado o pagamen-
à vista e o restante parcelado em mediante caução idônea, o preço to da comissão do leiloeiro e das
até 30 (trinta) meses, garantido da avaliação, o juiz ordenará a demais despesas da execução.
por caução idônea, quando se alienação em leilão. § 2o A carta de arrematação
tratar de móveis, e por hipoteca § 2o Se o pretendente à ar- conterá a descrição do imóvel,
do próprio bem, quando se tratar rematação se arrepender, o juiz com remissão à sua matrícula ou
de imóveis. impor-lhe-á multa de vinte por individuação e aos seus registros,
§ 2o As propostas para aqui- cento sobre o valor da avaliação, a cópia do auto de arrematação e
sição em prestações indicarão o em benefício do incapaz, valendo a prova de pagamento do imposto
prazo, a modalidade, o indexador a decisão como título executivo. de transmissão, além da indica-
de correção monetária e as con- § 3o Sem prejuízo do disposto ção da existência de eventual
dições de pagamento do saldo. nos §§ 1o e 2o, o juiz poderá autori- ônus real ou gravame.
§ 3o (Vetado) zar a locação do imóvel no prazo
§ 4o No caso de atraso no do adiamento. Art. 902. No caso de leilão de
pagamento de qualquer das pres- § 4o Findo o prazo do adia- bem hipotecado, o executado
tações, incidirá multa de dez por mento, o imóvel será submetido poderá remi-lo até a assinatura
cento sobre a soma da parce- a novo leilão. do auto de arrematação, ofere-
la inadimplida com as parcelas cendo preço igual ao do maior
vincendas. Art. 897. Se o arrematante ou lance oferecido.
§ 5o O inadimplemento auto- seu fiador não pagar o preço no Parágrafo único. No caso de
riza o exequente a pedir a resolu- prazo estabelecido, o juiz impor- falência ou insolvência do de-
ção da arrematação ou promover, -lhe-á, em favor do exequente, vedor hipotecário, o direito de
em face do arrematante, a exe- a perda da caução, voltando os remição previsto no caput de-
cução do valor devido, devendo bens a novo leilão, do qual não fere-se à massa ou aos credo-
ambos os pedidos ser formulados serão admitidos a participar o res em concurso, não podendo
nos autos da execução em que se arrematante e o fiador remissos. o exequente recusar o preço da
deu a arrematação. avaliação do imóvel.
§ 6o A apresentação da pro- Art. 898. O fiador do arrema-
372
Código de Processo Civil
Art. 903. Qualquer que seja a apresente a desistência no prazo ao juízo para outra indicada pelo
modalidade de leilão, assinado o de que dispõe para responder a exequente.
auto pelo juiz, pelo arrematante essa ação.
e pelo leiloeiro, a arrematação § 6o Considera-se ato aten- Art. 907. Pago ao exequente o
será considerada perfeita, aca- tatório à dignidade da justiça a principal, os juros, as custas e os
bada e irretratável, ainda que ve- suscitação infundada de vício honorários, a importância que so-
nham a ser julgados procedentes com o objetivo de ensejar a desis- brar será restituída ao executado.
os embargos do executado ou a tência do arrematante, devendo
ação autônoma de que trata o o suscitante ser condenado, sem Art. 908. Havendo pluralidade
§ 4o deste artigo, assegurada a prejuízo da responsabilidade por de credores ou exequentes, o
possibilidade de reparação pelos perdas e danos, ao pagamento de dinheiro lhes será distribuído e
prejuízos sofridos. multa, a ser fixada pelo juiz e de- entregue consoante a ordem das
§ 1o Ressalvadas outras si- vida ao exequente, em montante respectivas preferências.
tuações previstas neste Código, não superior a vinte por cento do § 1o No caso de adjudicação
a arrematação poderá, no en- valor atualizado do bem. ou alienação, os créditos que re-
tanto, ser: caem sobre o bem, inclusive os de
I – invalidada, quando rea- natureza propter rem, sub-rogam-
lizada por preço vil ou com ou-
Seção V – Da Satisfação do -se sobre o respectivo preço, ob-
tro vício; Crédito servada a ordem de preferência.
II – considerada ineficaz, se § 2o Não havendo título legal
não observado o disposto no Art. 904. A satisfação do crédito à preferência, o dinheiro será dis-
art. 804; exequendo far-se-á: tribuído entre os concorrentes,
III – resolvida, se não for pago I – pela entrega do dinheiro; observando-se a anterioridade
o preço ou se não for prestada II – pela adjudicação dos bens de cada penhora.
a caução. penhorados.
§ 2o O juiz decidirá acerca Art. 909. Os exequentes formu-
das situações referidas no § 1o, Art. 905. O juiz autorizará que larão as suas pretensões, que ver-
se for provocado em até 10 (dez) o exequente levante, até a sa- sarão unicamente sobre o direito
dias após o aperfeiçoamento da tisfação integral de seu crédito, de preferência e a anterioridade
arrematação. o dinheiro depositado para segu- da penhora, e, apresentadas as
§ 3o Passado o prazo previsto rar o juízo ou o produto dos bens razões, o juiz decidirá.
no § 2o sem que tenha havido ale- alienados, bem como do fatura-
gação de qualquer das situações mento de empresa ou de outros
previstas no § 1o, será expedida a frutos e rendimentos de coisas ou CAPÍTULO V – DA
carta de arrematação e, confor- empresas penhoradas, quando: EXECUÇÃO CONTRA A
me o caso, a ordem de entrega I – a execução for movida só a FAZENDA PÚBLICA
ou mandado de imissão na posse. benefício do exequente singular, a
§ 4o Após a expedição da car- quem, por força da penhora, cabe Art. 910. Na execução fundada
ta de arrematação ou da ordem o direito de preferência sobre os em título extrajudicial, a Fazenda
de entrega, a invalidação da ar- bens penhorados e alienados; Pública será citada para opor em-
rematação poderá ser pleitea- II – não houver sobre os bens bargos em 30 (trinta) dias.
da por ação autônoma, em cujo alienados outros privilégios ou § 1o Não opostos embargos
processo o arrematante figurará preferências instituídos ante- ou transitada em julgado a deci-
como litisconsorte necessário. riormente à penhora. são que os rejeitar, expedir-se-á
§ 5o O arrematante poderá Parágrafo único. Durante precatório ou requisição de pe-
desistir da arrematação, sendo- o plantão judiciário, veda-se a queno valor em favor do exequen-
-lhe imediatamente devolvido o concessão de pedidos de levan- te, observando-se o disposto no
depósito que tiver feito: tamento de importância em di- art. 100 da Constituição Federal.
I – se provar, nos 10 (dez) dias nheiro ou valores ou de liberação § 2o Nos embargos, a Fazen-
seguintes, a existência de ônus de bens apreendidos. da Pública poderá alegar qualquer
real ou gravame não menciona- matéria que lhe seria lícito dedu-
do no edital; Art. 906. Ao receber o mandado zir como defesa no processo de
II – se, antes de expedida a de levantamento, o exequente conhecimento.
carta de arrematação ou a ordem dará ao executado, por termo nos § 3o Aplica-se a este Capítu-
de entrega, o executado alegar autos, quitação da quantia paga. lo, no que couber, o disposto nos
alguma das situações previstas Parágrafo único. A expedi- artigos 534 e 535.
no § 1o; ção de mandado de levantamen-
III – uma vez citado para res- to poderá ser substituída pela
ponder a ação autônoma de que transferência eletrônica do valor
trata o § 4o deste artigo, desde que depositado em conta vinculada
373
Código de Processo Civil
CAPÍTULO VI – DA to ou caução, poderá se opor à precante.
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS execução por meio de embargos.
§ 1o Os embargos à execução Art. 916. No prazo para embar-
Art. 911. Na execução funda- serão distribuídos por depen- gos, reconhecendo o crédito do
da em título executivo extraju- dência, autuados em apartado e exequente e comprovando o de-
dicial que contenha obrigação instruídos com cópias das peças pósito de trinta por cento do valor
alimentar, o juiz mandará citar o processuais relevantes, que po- em execução, acrescido de custas
executado para, em 3 (três) dias, derão ser declaradas autênticas e de honorários de advogado, o
efetuar o pagamento das parcelas pelo próprio advogado, sob sua executado poderá requerer que
anteriores ao início da execução responsabilidade pessoal. lhe seja permitido pagar o res-
e das que se vencerem no seu § 2o Na execução por carta, tante em até 6 (seis) parcelas
curso, provar que o fez ou justi- os embargos serão oferecidos mensais, acrescidas de correção
ficar a impossibilidade de fazê-lo. no juízo deprecante ou no juízo monetária e de juros de um por
Parágrafo único. Aplicam- deprecado, mas a competência cento ao mês.
-se, no que couber, os §§ 2o a 7o para julgá-los é do juízo depre- § 1o O exequente será inti-
do art. 528. cante, salvo se versarem unica- mado para manifestar-se sobre
mente sobre vícios ou defeitos o preenchimento dos pressupos-
Art. 912. Quando o executado da penhora, da avaliação ou da tos do caput, e o juiz decidirá o
for funcionário público, militar, alienação dos bens efetuadas no requerimento em 5 (cinco) dias.
diretor ou gerente de empresa, juízo deprecado. § 2o Enquanto não apreciado
bem como empregado sujeito à o requerimento, o executado terá
legislação do trabalho, o exequen- Art. 915. Os embargos serão ofe- de depositar as parcelas vincen-
te poderá requerer o desconto recidos no prazo de 15 (quinze) das, facultado ao exequente seu
em folha de pagamento de pes- dias, contado, conforme o caso, levantamento.
soal da importância da prestação na forma do art. 231. § 3o Deferida a proposta, o
alimentícia. § 1o Quando houver mais de exequente levantará a quantia
§ 1o Ao despachar a inicial, um executado, o prazo para cada depositada, e serão suspensos
o juiz oficiará à autoridade, à um deles embargar conta-se a os atos executivos.
empresa ou ao empregador, de- partir da juntada do respectivo § 4o Indeferida a proposta,
terminando, sob pena de crime comprovante da citação, salvo no seguir-se-ão os atos executivos,
de desobediência, o desconto a caso de cônjuges ou de compa- mantido o depósito, que será con-
partir da primeira remuneração nheiros, quando será contado a vertido em penhora.
posterior do executado, a contar partir da juntada do último. § 5o O não pagamento de
do protocolo do ofício. § 2o Nas execuções por car- qualquer das prestações acar-
§ 2o O ofício conterá os no- ta, o prazo para embargos será retará cumulativamente:
mes e o número de inscrição no contado: I – o vencimento das presta-
Cadastro de Pessoas Físicas do I – da juntada, na carta, da ções subsequentes e o prossegui-
exequente e do executado, a im- certificação da citação, quando mento do processo, com o ime-
portância a ser descontada men- versarem unicamente sobre ví- diato reinício dos atos executivos;
salmente, a conta na qual deve ser cios ou defeitos da penhora, da II – a imposição ao executado
feito o depósito e, se for o caso, avaliação ou da alienação dos de multa de dez por cento sobre o
o tempo de sua duração. bens; valor das prestações não pagas.
II – da juntada, nos autos de § 6o A opção pelo parcela-
Art. 913. Não requerida a exe- origem, do comunicado de que mento de que trata este artigo
cução nos termos deste Capí- trata o § 4o deste artigo ou, não importa renúncia ao direito de
tulo, observar-se-á o disposto havendo este, da juntada da carta opor embargos.
no art. 824 e seguintes, com a devidamente cumprida, quando § 7o O disposto neste artigo
ressalva de que, recaindo a pe- versarem sobre questões diver- não se aplica ao cumprimento
nhora em dinheiro, a concessão sas da prevista no inciso I deste da sentença.
de efeito suspensivo aos embar- parágrafo.
gos à execução não obsta a que o § 3o Em relação ao prazo Art. 917. Nos embargos à execu-
exequente levante mensalmente para oferecimento dos embar- ção, o executado poderá alegar:
a importância da prestação. gos à execução, não se aplica o I – inexequibilidade do título
disposto no art. 229. ou inexigibilidade da obrigação;
§ 4o Nos atos de comunica- II – penhora incorreta ou ava-
TÍTULO III – DOS ção por carta precatória, roga- liação errônea;
EMBARGOS À EXECUÇÃO tória ou de ordem, a realização III – excesso de execução ou
da citação será imediatamente cumulação indevida de execu-
Art. 914. O executado, indepen- informada, por meio eletrônico, ções;
dentemente de penhora, depósi- pelo juiz deprecado ao juiz de- IV – retenção por benfeito-
374
Código de Processo Civil
rias necessárias ou úteis, nos ção ou depositando o valor devido prazo de 15 (quinze) dias;
casos de execução para entrega pelas benfeitorias ou resultante II – a seguir, o juiz julgará ime-
de coisa certa; da compensação. diatamente o pedido ou designará
V – incompetência absoluta § 7o A arguição de impedi- audiência;
ou relativa do juízo da execução; mento e suspeição observará o III – encerrada a instrução, o
VI – qualquer matéria que lhe disposto nos arts. 146 e 148. juiz proferirá sentença.
seria lícito deduzir como defesa
em processo de conhecimento. Art. 918. O juiz rejeitará liminar-
§ 1o A incorreção da penhora mente os embargos: TÍTULO IV – DA
ou da avaliação poderá ser im- I – quando intempestivos; SUSPENSÃO E DA
pugnada por simples petição, no II – nos casos de indeferimen- EXTINÇÃO DO PROCESSO
prazo de 15 (quinze) dias, contado to da petição inicial e de improce- DE EXECUÇÃO
da ciência do ato. dência liminar do pedido;
§ 2o Há excesso de execu- III – manifestamente prote- CAPÍTULO I – DA
ção quando: latórios. SUSPENSÃO DO PROCESSO
I – o exequente pleiteia quan- Parágrafo único. Considera- DE EXECUÇÃO
tia superior à do título; -se conduta atentatória à digni-
II – ela recai sobre coisa di- dade da justiça o oferecimento Art. 921. Suspende-se a exe-
versa daquela declarada no título; de embargos manifestamente cução:
III – ela se processa de modo protelatórios. I – nas hipóteses dos arts. 313
diferente do que foi determinado e 315, no que couber;
no título; Art. 919. Os embargos à execu- II – no todo ou em parte, quan-
IV – o exequente, sem cumprir ção não terão efeito suspensivo. do recebidos com efeito suspen-
a prestação que lhe corresponde, § 1o O juiz poderá, a reque- sivo os embargos à execução;
exige o adimplemento da presta- rimento do embargante, atribuir III – quando não for localizado
ção do executado; efeito suspensivo aos embargos o executado ou bens penhoráveis;
V – o exequente não prova que quando verificados os requisitos IV – se a alienação dos bens
a condição se realizou. para a concessão da tutela pro- penhorados não se realizar por
§ 3o Quando alegar que o visória e desde que a execução falta de licitantes e o exequente,
exequente, em excesso de exe- já esteja garantida por penhora, em 15 (quinze) dias, não requerer
cução, pleiteia quantia superior depósito ou caução suficientes. a adjudicação nem indicar outros
à do título, o embargante decla- § 2o Cessando as circunstân- bens penhoráveis;
rará na petição inicial o valor que cias que a motivaram, a decisão V – quando concedido o par-
entende correto, apresentando relativa aos efeitos dos embargos celamento de que trata o art. 916.
demonstrativo discriminado e poderá, a requerimento da par- § 1o Na hipótese do inciso
atualizado de seu cálculo. te, ser modificada ou revogada III, o juiz suspenderá a execução
§ 4o Não apontado o valor a qualquer tempo, em decisão pelo prazo de 1 (um) ano, durante o
correto ou não apresentado o fundamentada. qual se suspenderá a prescrição.
demonstrativo, os embargos à § 3o Quando o efeito suspen- § 2o Decorrido o prazo má-
execução: sivo atribuído aos embargos dis- ximo de 1 (um) ano sem que seja
I – serão liminarmente rejei- ser respeito apenas a parte do localizado o executado ou que
tados, sem resolução de mérito, objeto da execução, esta pros- sejam encontrados bens penho-
se o excesso de execução for o seguirá quanto à parte restante. ráveis, o juiz ordenará o arquiva-
seu único fundamento; § 4o A concessão de efeito mento dos autos.
II – serão processados, se suspensivo aos embargos ofere- § 3o Os autos serão desar-
houver outro fundamento, mas cidos por um dos executados não quivados para prosseguimento
o juiz não examinará a alegação suspenderá a execução contra da execução se a qualquer tem-
de excesso de execução. os que não embargaram quando po forem encontrados bens pe-
§ 5o Nos embargos de reten- o respectivo fundamento disser nhoráveis.
ção por benfeitorias, o exequente respeito exclusivamente ao em- § 4o O termo inicial da pres-
poderá requerer a compensação bargante. crição no curso do processo será
de seu valor com o dos frutos ou § 5o A concessão de efeito a ciência da primeira tentativa
dos danos considerados devidos suspensivo não impedirá a efeti- infrutífera de localização do de-
pelo executado, cumprindo ao vação dos atos de substituição, de vedor ou de bens penhoráveis,
juiz, para a apuração dos res- reforço ou de redução da penhora e será suspensa, por uma única
pectivos valores, nomear perito, e de avaliação dos bens. vez, pelo prazo máximo previsto
observando-se, então, o art. 464. no § 1o deste artigo.
§ 6o O exequente poderá a Art. 920. Recebidos os embar- § 4o-A. A efetiva citação, inti-
qualquer tempo ser imitido na gos: mação do devedor ou constrição
posse da coisa, prestando cau- I – o exequente será ouvido no de bens penhoráveis interrompe
375
Código de Processo Civil
o prazo de prescrição, que não V – ocorrer a prescrição in- estiverem vinculados.
corre pelo tempo necessário à tercorrente. § 1o Os juízes e os tribunais
citação e à intimação do deve- observarão o disposto no art. 10 e
dor, bem como para as formali- Art. 925. A extinção só produz no art. 489, § 1o, quando decidirem
dades da constrição patrimonial, efeito quando declarada por sen- com fundamento neste artigo.
se necessária, desde que o credor tença. § 2o A alteração de tese jurí-
cumpra os prazos previstos na lei dica adotada em enunciado de sú-
processual ou fixados pelo juiz. mula ou em julgamento de casos
§ 5o O juiz, depois de ouvidas LIVRO III – DOS repetitivos poderá ser precedida
as partes, no prazo de 15 (quin- PROCESSOS NOS de audiências públicas e da par-
ze) dias, poderá, de ofício, reco- TRIBUNAIS E DOS MEIOS ticipação de pessoas, órgãos ou
nhecer a prescrição no curso do DE IMPUGNAÇÃO DAS entidades que possam contribuir
processo e extingui-lo, sem ônus DECISÕES JUDICIAIS para a rediscussão da tese.
para as partes. § 3o Na hipótese de alteração
§ 6o A alegação de nulida- TÍTULO I – DA ORDEM de jurisprudência dominante do
de quanto ao procedimento pre- DOS PROCESSOS E Supremo Tribunal Federal e dos
visto neste artigo somente será tribunais superiores ou daquela
conhecida caso demonstrada a DOS PROCESSOS DE oriunda de julgamento de casos
ocorrência de efetivo prejuízo, COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA repetitivos, pode haver modula-
que será presumido apenas em DOS TRIBUNAIS ção dos efeitos da alteração no
caso de inexistência da intimação interesse social e no da seguran-
de que trata o § 4o deste artigo. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES ça jurídica.
§ 7o Aplica-se o disposto GERAIS § 4o A modificação de enun-
neste artigo ao cumprimento de ciado de súmula, de jurisprudên-
sentença de que trata o art. 523 Art. 926. Os tribunais devem cia pacificada ou de tese adotada
deste Código. uniformizar sua jurisprudência em julgamento de casos repetiti-
e mantê-la estável, íntegra e co- vos observará a necessidade de
Art. 922. Convindo as partes, o erente. fundamentação adequada e espe-
juiz declarará suspensa a execu- § 1o Na forma estabelecida e cífica, considerando os princípios
ção durante o prazo concedido segundo os pressupostos fixados da segurança jurídica, da prote-
pelo exequente para que o exe- no regimento interno, os tribunais ção da confiança e da isonomia.
cutado cumpra voluntariamente editarão enunciados de súmula § 5o Os tribunais darão pu-
a obrigação. correspondentes a sua jurispru- blicidade a seus precedentes,
Parágrafo único. Findo o pra- dência dominante. organizando-os por questão ju-
zo sem cumprimento da obriga- § 2o Ao editar enunciados rídica decidida e divulgando-os,
ção, o processo retomará o seu de súmula, os tribunais devem preferencialmente, na rede mun-
curso. ater-se às circunstâncias fáticas dial de computadores.
dos precedentes que motivaram
Art. 923. Suspensa a execução, sua criação. Art. 928. Para os fins deste Có-
não serão praticados atos proces- digo, considera-se julgamento
suais, podendo o juiz, entretan- Art. 927. Os juízes e os tribunais de casos repetitivos a decisão
to, salvo no caso de arguição de observarão: proferida em:
impedimento ou de suspeição, I – as decisões do Supremo I – incidente de resolução de
ordenar providências urgentes. Tribunal Federal em controle con- demandas repetitivas;
centrado de constitucionalidade; II – recursos especial e extra-
II – os enunciados de súmula ordinário repetitivos.
CAPÍTULO II – DA vinculante; Parágrafo único. O julgamen-
EXTINÇÃO DO PROCESSO III – os acórdãos em inciden- to de casos repetitivos tem por
DE EXECUÇÃO te de assunção de competência objeto questão de direito material
ou de resolução de demandas ou processual.
Art. 924. Extingue-se a execu- repetitivas e em julgamento de
ção quando: recursos extraordinário e espe-
I – a petição inicial for in- cial repetitivos; CAPÍTULO II – DA ORDEM
deferida; IV – os enunciados das súmu- DOS PROCESSOS NO
II – a obrigação for satisfeita; las do Supremo Tribunal Federal TRIBUNAL
III – o executado obtiver, por em matéria constitucional e do
qualquer outro meio, a extinção Superior Tribunal de Justiça em Art. 929. Os autos serão regis-
total da dívida; matéria infraconstitucional; trados no protocolo do tribunal
IV – o exequente renunciar V – a orientação do plenário no dia de sua entrada, cabendo à
ao crédito; ou do órgão especial aos quais secretaria ordená-los, com ime-
376
Código de Processo Civil
diata distribuição. de Justiça ou do próprio tribunal; oficial.
Parágrafo único. A critério do b) acórdão proferido pelo Su-
tribunal, os serviços de protoco- premo Tribunal Federal ou pelo Art. 935. Entre a data de pu-
lo poderão ser descentralizados, Superior Tribunal de Justiça em blicação da pauta e a da sessão
mediante delegação a ofícios de julgamento de recursos repe- de julgamento decorrerá, pelo
justiça de primeiro grau. titivos; menos, o prazo de 5 (cinco) dias,
c) entendimento firmado em incluindo-se em nova pauta os
Art. 930. Far-se-á a distribuição incidente de resolução de deman- processos que não tenham sido
de acordo com o regimento inter- das repetitivas ou de assunção de julgados, salvo aqueles cujo julga-
no do tribunal, observando-se a competência; mento tiver sido expressamente
alternatividade, o sorteio eletrô- VI – decidir o incidente de adiado para a primeira sessão
nico e a publicidade. desconsideração da persona- seguinte.
Parágrafo único. O primeiro lidade jurídica, quando este for § 1o Às partes será permiti-
recurso protocolado no tribunal instaurado originariamente pe- da vista dos autos em cartório
tornará prevento o relator para rante o tribunal; após a publicação da pauta de
eventual recurso subsequente VII – determinar a intimação julgamento.
interposto no mesmo processo do Ministério Público, quando for § 2o Afixar-se-á a pauta na
ou em processo conexo. o caso; entrada da sala em que se realizar
VIII – exercer outras atribui- a sessão de julgamento.
Art. 931. Distribuídos, os autos ções estabelecidas no regimento
serão imediatamente conclusos interno do tribunal. Art. 936. Ressalvadas as prefe-
ao relator, que, em 30 (trinta) dias, Parágrafo único. Antes de rências legais e regimentais, os
depois de elaborar o voto, restituí- considerar inadmissível o recur- recursos, a remessa necessária
-los-á, com relatório, à secretaria. so, o relator concederá o prazo e os processos de competência
de 5 (cinco) dias ao recorrente originária serão julgados na se-
Art. 932. Incumbe ao relator: para que seja sanado vício ou guinte ordem:
I – dirigir e ordenar o processo complementada a documenta- I – aqueles nos quais houver
no tribunal, inclusive em relação ção exigível. sustentação oral, observada a
à produção de prova, bem como, ordem dos requerimentos;
quando for o caso, homologar au- Art. 933. Se o relator constatar II – os requerimentos de pre-
tocomposição das partes; a ocorrência de fato superve- ferência apresentados até o início
II – apreciar o pedido de tu- niente à decisão recorrida ou a da sessão de julgamento;
tela provisória nos recursos e existência de questão apreciável III – aqueles cujo julgamento
nos processos de competência de ofício ainda não examinada tenha iniciado em sessão an-
originária do tribunal; que devam ser considerados no terior; e
III – não conhecer de recur- julgamento do recurso, intimará IV – os demais casos.
so inadmissível, prejudicado ou as partes para que se manifestem
que não tenha impugnado espe- no prazo de 5 (cinco) dias. Art. 937. Na sessão de julga-
cificamente os fundamentos da § 1o Se a constatação ocorrer mento, depois da exposição da
decisão recorrida; durante a sessão de julgamento, causa pelo relator, o presidente
IV – negar provimento a re- esse será imediatamente sus- dará a palavra, sucessivamente,
curso que for contrário a: penso a fim de que as partes se ao recorrente, ao recorrido e,
a) súmula do Supremo Tribu- manifestem especificamente. nos casos de sua intervenção,
nal Federal, do Superior Tribunal § 2o Se a constatação se der ao membro do Ministério Públi-
de Justiça ou do próprio tribunal; em vista dos autos, deverá o juiz co, pelo prazo improrrogável de
b) acórdão proferido pelo Su- que a solicitou encaminhá-los 15 (quinze) minutos para cada
premo Tribunal Federal ou pelo ao relator, que tomará as provi- um, a fim de sustentarem suas
Superior Tribunal de Justiça em dências previstas no caput e, em razões, nas seguintes hipóteses,
julgamento de recursos repe- seguida, solicitará a inclusão do nos termos da parte final do caput
titivos; feito em pauta para prossegui- do art. 1.021:
c) entendimento firmado em mento do julgamento, com sub- I – no recurso de apelação;
incidente de resolução de deman- missão integral da nova questão II – no recurso ordinário;
das repetitivas ou de assunção de aos julgadores. III – no recurso especial;
competência; IV – no recurso extraordinário;
V – depois de facultada a Art. 934. Em seguida, os autos V – nos embargos de diver-
apresentação de contrarrazões, serão apresentados ao presiden- gência;
dar provimento ao recurso se a te, que designará dia para julga- VI – na ação rescisória, no
decisão recorrida for contrária a: mento, ordenando, em todas as mandado de segurança e na re-
a) súmula do Supremo Tribu- hipóteses previstas neste Livro, clamação;
nal Federal, do Superior Tribunal a publicação da pauta no órgão VII – (Vetado);
377
Código de Processo Civil
VIII – no agravo de instrumen- das pelo relator, as providências dão para todos os fins legais,
to interposto contra decisões indicadas nos §§ 1o e 3o pode- inclusive de prequestionamento.
interlocutórias que versem sobre rão ser determinadas pelo órgão
tutelas provisórias de urgência ou competente para julgamento do Art. 942. Quando o resultado
da evidência; recurso. da apelação for não unânime, o
IX – em outras hipóteses pre- julgamento terá prosseguimento
vistas em lei ou no regimento Art. 939. Se a preliminar for re- em sessão a ser designada com
interno do tribunal. jeitada ou se a apreciação do a presença de outros julgadores,
§ 1o A sustentação oral no mérito for com ela compatível, que serão convocados nos ter-
incidente de resolução de deman- seguir-se-ão a discussão e o jul- mos previamente definidos no
das repetitivas observará o dis- gamento da matéria principal, so- regimento interno, em número
posto no art. 984, no que couber. bre a qual deverão se pronunciar suficiente para garantir a possi-
§ 2o O procurador que dese- os juízes vencidos na preliminar. bilidade de inversão do resultado
jar proferir sustentação oral po- inicial, assegurado às partes e a
derá requerer, até o início da ses- Art. 940. O relator ou outro juiz eventuais terceiros o direito de
são, que o processo seja julgado que não se considerar habilitado sustentar oralmente suas razões
em primeiro lugar, sem prejuízo a proferir imediatamente seu voto perante os novos julgadores.
das preferências legais. poderá solicitar vista pelo prazo § 1o Sendo possível, o prosse-
§ 3o Nos processos de com- máximo de 10 (dez) dias, após o guimento do julgamento dar-se-á
petência originária previstos no qual o recurso será reincluído em na mesma sessão, colhendo-se
inciso VI, caberá sustentação pauta para julgamento na sessão os votos de outros julgadores
oral no agravo interno interpos- seguinte à data da devolução. que porventura componham o
to contra decisão de relator que § 1o Se os autos não forem órgão colegiado.
o extinga. devolvidos tempestivamente ou § 2o Os julgadores que já ti-
§ 4o É permitido ao advo- se não for solicitada pelo juiz pror- verem votado poderão rever seus
gado com domicílio profissional rogação de prazo de no máximo votos por ocasião do prossegui-
em cidade diversa daquela onde mais 10 (dez) dias, o presidente do mento do julgamento.
está sediado o tribunal realizar órgão fracionário os requisitará § 3o A técnica de julgamento
sustentação oral por meio de vi- para julgamento do recurso na prevista neste artigo aplica-se,
deoconferência ou outro recurso sessão ordinária subsequente, igualmente, ao julgamento não
tecnológico de transmissão de com publicação da pauta em que unânime proferido em:
sons e imagens em tempo real, for incluído. I – ação rescisória, quando o
desde que o requeira até o dia § 2o Quando requisitar os resultado for a rescisão da sen-
anterior ao da sessão. autos na forma do § 1o, se aquele tença, devendo, nesse caso, seu
que fez o pedido de vista ainda prosseguimento ocorrer em órgão
Art. 938. A questão preliminar não se sentir habilitado a votar, o de maior composição previsto no
suscitada no julgamento será de- presidente convocará substituto regimento interno;
cidida antes do mérito, deste não para proferir voto, na forma es- II – agravo de instrumento,
se conhecendo caso seja incom- tabelecida no regimento interno quando houver reforma da de-
patível com a decisão. do tribunal. cisão que julgar parcialmente
§ 1o Constatada a ocorrência o mérito.
de vício sanável, inclusive aquele Art. 941. Proferidos os votos, o § 4o Não se aplica o disposto
que possa ser conhecido de ofício, presidente anunciará o resultado neste artigo ao julgamento:
o relator determinará a realização do julgamento, designando para I – do incidente de assunção
ou a renovação do ato processual, redigir o acórdão o relator ou, se de competência e ao de resolução
no próprio tribunal ou em primei- vencido este, o autor do primeiro de demandas repetitivas;
ro grau de jurisdição, intimadas voto vencedor. II – da remessa necessária;
as partes. § 1o O voto poderá ser altera- III – não unânime proferido,
§ 2o Cumprida a diligência de do até o momento da proclama- nos tribunais, pelo plenário ou
que trata o § 1o, o relator, sempre ção do resultado pelo presidente, pela corte especial.
que possível, prosseguirá no jul- salvo aquele já proferido por juiz
gamento do recurso. afastado ou substituído. Art. 943. Os votos, os acórdãos
§ 3o Reconhecida a neces- § 2o No julgamento de apela- e os demais atos processuais
sidade de produção de prova, o ção ou de agravo de instrumen- podem ser registrados em do-
relator converterá o julgamento to, a decisão será tomada, no cumento eletrônico inviolável e
em diligência, que se realizará no órgão colegiado, pelo voto de 3 assinados eletronicamente, na
tribunal ou em primeiro grau de (três) juízes. forma da lei, devendo ser im-
jurisdição, decidindo-se o recurso § 3o O voto vencido será ne- pressos para juntada aos autos
após a conclusão da instrução. cessariamente declarado e consi- do processo quando este não for
§ 4o Quando não determina- derado parte integrante do acór- eletrônico.
378
Código de Processo Civil
§ 1o Todo acórdão conterá de competência. poderá manifestar-se, por escrito,
ementa. § 3o O acórdão proferido em sobre a questão constitucional
§ 2o Lavrado o acórdão, sua assunção de competência vin- objeto de apreciação, no prazo
ementa será publicada no órgão culará todos os juízes e órgãos previsto pelo regimento interno,
oficial no prazo de 10 (dez) dias. fracionários, exceto se houver sendo-lhe assegurado o direito de
revisão de tese. apresentar memoriais ou de re-
Art. 944. Não publicado o acór- § 4o Aplica-se o disposto querer a juntada de documentos.
dão no prazo de 30 (trinta) dias, neste artigo quando ocorrer re- § 3o Considerando a relevân-
contado da data da sessão de levante questão de direito a res- cia da matéria e a representati-
julgamento, as notas taquigráfi- peito da qual seja conveniente a vidade dos postulantes, o relator
cas o substituirão, para todos os prevenção ou a composição de poderá admitir, por despacho
fins legais, independentemente divergência entre câmaras ou irrecorrível, a manifestação de
de revisão. turmas do tribunal. outros órgãos ou entidades.
Parágrafo único. No caso do
caput, o presidente do tribunal la-
vrará, de imediato, as conclusões CAPÍTULO IV – DO CAPÍTULO V – DO
e a ementa e mandará publicar o INCIDENTE DE CONFLITO DE
acórdão. ARGUIÇÃO DE COMPETÊNCIA
INCONSTITUCIONALIDADE
Art. 945. (Revogado) Art. 951. O conflito de compe-
Art. 948. Arguida, em controle tência pode ser suscitado por
Art. 946. O agravo de instru- difuso, a inconstitucionalidade de qualquer das partes, pelo Minis-
mento será julgado antes da lei ou de ato normativo do poder tério Público ou pelo juiz.
apelação interposta no mesmo público, o relator, após ouvir o Parágrafo único. O Ministério
processo. Ministério Público e as partes, Público somente será ouvido nos
Parágrafo único. Se ambos submeterá a questão à turma conflitos de competência relati-
os recursos de que trata o caput ou à câmara à qual competir o vos aos processos previstos no
houverem de ser julgados na mes- conhecimento do processo. art. 178, mas terá qualidade de
ma sessão, terá precedência o parte nos conflitos que suscitar.
agravo de instrumento. Art. 949. Se a arguição for:
I – rejeitada, prosseguirá o Art. 952. Não pode suscitar con-
julgamento; flito a parte que, no processo,
CAPÍTULO III – DO II – acolhida, a questão será arguiu incompetência relativa.
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO submetida ao plenário do tribunal Parágrafo único. O confli-
DE COMPETÊNCIA ou ao seu órgão especial, onde to de competência não obsta,
houver. porém, a que a parte que não o
Art. 947. É admissível a assun- Parágrafo único. Os órgãos arguiu suscite a incompetência.
ção de competência quando o fracionários dos tribunais não
julgamento de recurso, de re- submeterão ao plenário ou ao Art. 953. O conflito será susci-
messa necessária ou de processo órgão especial a arguição de in- tado ao tribunal:
de competência originária envol- constitucionalidade quando já I – pelo juiz, por ofício;
ver relevante questão de direito, houver pronunciamento destes ou II – pela parte e pelo Ministério
com grande repercussão social, do plenário do Supremo Tribunal Público, por petição.
sem repetição em múltiplos pro- Federal sobre a questão. Parágrafo único. O ofício e a
cessos. petição serão instruídos com os
§ 1o Ocorrendo a hipótese Art. 950. Remetida cópia do documentos necessários à prova
de assunção de competência, acórdão a todos os juízes, o pre- do conflito.
o relator proporá, de ofício ou sidente do tribunal designará a
a requerimento da parte, do Mi- sessão de julgamento. Art. 954. Após a distribuição,
nistério Público ou da Defensoria § 1o As pessoas jurídicas de o relator determinará a oitiva
Pública, que seja o recurso, a re- direito público responsáveis pela dos juízes em conflito ou, se um
messa necessária ou o processo edição do ato questionado pode- deles for suscitante, apenas do
de competência originária julgado rão manifestar-se no incidente de suscitado.
pelo órgão colegiado que o regi- inconstitucionalidade se assim o Parágrafo único. No prazo
mento indicar. requererem, observados os pra- designado pelo relator, incum-
§ 2o O órgão colegiado julga- zos e as condições previstos no birá ao juiz ou aos juízes prestar
rá o recurso, a remessa neces- regimento interno do tribunal. as informações.
sária ou o processo de compe- § 2o A parte legitimada à pro-
tência originária se reconhecer positura das ações previstas no Art. 955. O relator poderá, de
interesse público na assunção art. 103 da Constituição Federal ofício ou a requerimento de
379
Código de Processo Civil
qualquer das partes, determi- cisão estrangeira será requerida Art. 962. É passível de execução
nar, quando o conflito for positivo, por ação de homologação de deci- a decisão estrangeira concessiva
o sobrestamento do processo e, são estrangeira, salvo disposição de medida de urgência.
nesse caso, bem como no de con- especial em sentido contrário § 1o A execução no Brasil de
flito negativo, designará um dos prevista em tratado. decisão interlocutória estrangeira
juízes para resolver, em caráter § 1o A decisão interlocutória concessiva de medida de urgên-
provisório, as medidas urgentes. estrangeira poderá ser executa- cia dar-se-á por carta rogatória.
Parágrafo único. O relator da no Brasil por meio de carta § 2o A medida de urgência
poderá julgar de plano o conflito rogatória. concedida sem audiência do réu
de competência quando sua de- § 2o A homologação obe- poderá ser executada, desde que
cisão se fundar em: decerá ao que dispuserem os garantido o contraditório em mo-
I – súmula do Supremo Tribu- tratados em vigor no Brasil e o mento posterior.
nal Federal, do Superior Tribunal Regimento Interno do Superior § 3o O juízo sobre a urgência
de Justiça ou do próprio tribunal; Tribunal de Justiça. da medida compete exclusiva-
II – tese firmada em julga- § 3o A homologação de deci- mente à autoridade jurisdicional
mento de casos repetitivos ou são arbitral estrangeira obedece- prolatora da decisão estrangeira.
em incidente de assunção de rá ao disposto em tratado e em lei, § 4o Quando dispensada a
competência. aplicando-se, subsidiariamente, homologação para que a senten-
as disposições deste Capítulo. ça estrangeira produza efeitos no
Art. 956. Decorrido o prazo de- Brasil, a decisão concessiva de
signado pelo relator, será ouvido Art. 961. A decisão estrangeira medida de urgência dependerá,
o Ministério Público, no prazo de somente terá eficácia no Brasil para produzir efeitos, de ter sua
5 (cinco) dias, ainda que as infor- após a homologação de senten- validade expressamente reconhe-
mações não tenham sido presta- ça estrangeira ou a concessão do cida pelo juiz competente para
das, e, em seguida, o conflito irá exequatur às cartas rogatórias, dar-lhe cumprimento, dispensa-
a julgamento. salvo disposição em sentido con- da a homologação pelo Superior
trário de lei ou tratado. Tribunal de Justiça.
Art. 957. Ao decidir o conflito, § 1o É passível de homologa-
o tribunal declarará qual o juízo ção a decisão judicial definitiva, Art. 963. Constituem requisitos
competente, pronunciando-se bem como a decisão não judicial indispensáveis à homologação
também sobre a validade dos atos que, pela lei brasileira, teria na- da decisão:
do juízo incompetente. tureza jurisdicional. I – ser proferida por autori-
Parágrafo único. Os autos do § 2o A decisão estrangeira dade competente;
processo em que se manifestou poderá ser homologada parcial- II – ser precedida de citação
o conflito serão remetidos ao juiz mente. regular, ainda que verificada a
declarado competente. § 3o A autoridade judiciária revelia;
brasileira poderá deferir pedidos III – ser eficaz no país em que
Art. 958. No conflito que envolva de urgência e realizar atos de foi proferida;
órgãos fracionários dos tribunais, execução provisória no proces- IV – não ofender a coisa jul-
desembargadores e juízes em so de homologação de decisão gada brasileira;
exercício no tribunal, observar- estrangeira. V – estar acompanhada de
-se-á o que dispuser o regimento § 4o Haverá homologação de tradução oficial, salvo disposi-
interno do tribunal. decisão estrangeira para fins de ção que a dispense prevista em
execução fiscal quando prevista tratado;
Art. 959. O regimento interno do em tratado ou em promessa de VI – não conter manifesta
tribunal regulará o processo e o reciprocidade apresentada à au- ofensa à ordem pública.
julgamento do conflito de atribui- toridade brasileira. Parágrafo único. Para a con-
ções entre autoridade judiciária e § 5o A sentença estrangeira cessão do exequatur às cartas
autoridade administrativa. de divórcio consensual produz rogatórias, observar-se-ão os
efeitos no Brasil, independen- pressupostos previstos no caput
temente de homologação pelo deste artigo e no art. 962, § 2o.
CAPÍTULO VI – DA Superior Tribunal de Justiça.
HOMOLOGAÇÃO DE § 6o Na hipótese do § 5o, Art. 964. Não será homologada
DECISÃO ESTRANGEIRA competirá a qualquer juiz exa- a decisão estrangeira na hipóte-
E DA CONCESSÃO DO minar a validade da decisão, em se de competência exclusiva da
EXEQUATUR À CARTA caráter principal ou incidental, autoridade judiciária brasileira.
quando essa questão for susci- Parágrafo único. O dispositi-
ROGATÓRIA tada em processo de sua com- vo também se aplica à concessão
petência. do exequatur à carta rogatória.
Art. 960. A homologação de de-
380
Código de Processo Civil
Art. 965. O cumprimento de de- julgado que, embora não seja de blico será intimado para intervir
cisão estrangeira far-se-á peran- mérito, impeça: como fiscal da ordem jurídica
te o juízo federal competente, I – nova propositura da de- quando não for parte.
a requerimento da parte, con- manda; ou
forme as normas estabelecidas II – admissibilidade do recurso Art. 968. A petição inicial será
para o cumprimento de decisão correspondente. elaborada com observância dos
nacional. § 3o A ação rescisória pode requisitos essenciais do art. 319,
Parágrafo único. O pedido ter por objeto apenas 1 (um) ca- devendo o autor:
de execução deverá ser instruído pítulo da decisão. I – cumular ao pedido de res-
com cópia autenticada da decisão § 4o Os atos de disposição de cisão, se for o caso, o de novo
homologatória ou do exequatur, direitos, praticados pelas partes julgamento do processo;
conforme o caso. ou por outros participantes do II – depositar a importância
processo e homologados pelo de cinco por cento sobre o va-
juízo, bem como os atos homo- lor da causa, que se converterá
CAPÍTULO VII – DA AÇÃO logatórios praticados no curso da em multa caso a ação seja, por
RESCISÓRIA execução, estão sujeitos à anu- unanimidade de votos, declarada
lação, nos termos da lei. inadmissível ou improcedente.
Art. 966. A decisão de mérito, § 5o Cabe ação rescisória, § 1o Não se aplica o dispos-
transitada em julgado, pode ser com fundamento no inciso V do to no inciso II à União, aos Es-
rescindida quando: caput deste artigo, contra deci- tados, ao Distrito Federal, aos
I – se verificar que foi profe- são baseada em enunciado de Municípios, às suas respectivas
rida por força de prevaricação, súmula ou acórdão proferido em autarquias e fundações de direi-
concussão ou corrupção do juiz; julgamento de casos repetitivos to público, ao Ministério Público,
II – for proferida por juiz impe- que não tenha considerado a à Defensoria Pública e aos que
dido ou por juízo absolutamente existência de distinção entre a tenham obtido o benefício de
incompetente; questão discutida no processo gratuidade da justiça.
III – resultar de dolo ou coação e o padrão decisório que lhe deu § 2o O depósito previsto no
da parte vencedora em detrimen- fundamento. inciso II do caput deste artigo
to da parte vencida ou, ainda, de § 6o Quando a ação rescisó- não será superior a 1.000 (mil)
simulação ou colusão entre as ria fundar-se na hipótese do § 5o salários mínimos.
partes, a fim de fraudar a lei; deste artigo, caberá ao autor, § 3o Além dos casos previs-
IV – ofender a coisa julgada; sob pena de inépcia, demonstrar, tos no art. 330, a petição inicial
V – violar manifestamente fundamentadamente, tratar-se de será indeferida quando não efetu-
norma jurídica; situação particularizada por hipó- ado o depósito exigido pelo inciso
VI – for fundada em prova tese fática distinta ou de questão II do caput deste artigo.
cuja falsidade tenha sido apurada jurídica não examinada, a impor § 4o Aplica-se à ação resci-
em processo criminal ou venha a outra solução jurídica. sória o disposto no art. 332.
ser demonstrada na própria ação § 5o Reconhecida a incom-
rescisória; Art. 967. Têm legitimidade para petência do tribunal para julgar
VII – obtiver o autor, poste- propor a ação rescisória: a ação rescisória, o autor será
riormente ao trânsito em julgado, I – quem foi parte no processo intimado para emendar a petição
prova nova cuja existência ignora- ou o seu sucessor a título univer- inicial, a fim de adequar o objeto
va ou de que não pôde fazer uso, sal ou singular; da ação rescisória, quando a deci-
capaz, por si só, de lhe assegurar II – o terceiro juridicamente são apontada como rescindenda:
pronunciamento favorável; interessado; I – não tiver apreciado o méri-
VIII – for fundada em erro de III – o Ministério Público: to e não se enquadrar na situação
fato verificável do exame dos a) se não foi ouvido no pro- prevista no § 2o do art. 966;
autos. cesso em que lhe era obrigatória II – tiver sido substituída por
§ 1o Há erro de fato quando a a intervenção; decisão posterior.
decisão rescindenda admitir fato b) quando a decisão rescin- § 6o Na hipótese do § 5o, após
inexistente ou quando conside- denda é o efeito de simulação ou a emenda da petição inicial, será
rar inexistente fato efetivamente de colusão das partes, a fim de permitido ao réu complementar
ocorrido, sendo indispensável, em fraudar a lei; os fundamentos de defesa, e, em
ambos os casos, que o fato não c) em outros casos em que seguida, os autos serão remetidos
represente ponto controvertido se imponha sua atuação; ao tribunal competente.
sobre o qual o juiz deveria ter se IV – aquele que não foi ouvido
pronunciado. no processo em que lhe era obri- Art. 969. A propositura da ação
§ 2o Nas hipóteses previstas gatória a intervenção. rescisória não impede o cumpri-
nos incisos do caput, será res- Parágrafo único. Nas hipó- mento da decisão rescindenda,
cindível a decisão transitada em teses do art. 178, o Ministério Pú- ressalvada a concessão de tutela
381
Código de Processo Civil
provisória. cesso. petitivas quando um dos tribu-
§ 1o Prorroga-se até o primei- nais superiores, no âmbito de sua
Art. 970. O relator ordenará a ro dia útil imediatamente subse- respectiva competência, já tiver
citação do réu, designando-lhe quente o prazo a que se refere o afetado recurso para definição
prazo nunca inferior a 15 (quinze) caput, quando expirar durante de tese sobre questão de direito
dias nem superior a 30 (trinta) férias forenses, recesso, feriados material ou processual repetitiva.
dias para, querendo, apresentar ou em dia em que não houver ex- § 5o Não serão exigidas cus-
resposta, ao fim do qual, com ou pediente forense. tas processuais no incidente de
sem contestação, observar-se-á, § 2o Se fundada a ação no resolução de demandas repe-
no que couber, o procedimento inciso VII do art. 966, o termo titivas.
comum. inicial do prazo será a data de
descoberta da prova nova, obser- Art. 977. O pedido de instaura-
Art. 971. Na ação rescisória, de- vado o prazo máximo de 5 (cinco) ção do incidente será dirigido ao
volvidos os autos pelo relator, a anos, contado do trânsito em jul- presidente de tribunal:
secretaria do tribunal expedirá gado da última decisão proferida I – pelo juiz ou relator, por
cópias do relatório e as distribui- no processo. ofício;
rá entre os juízes que compuse- § 3o Nas hipóteses de simu- II – pelas partes, por petição;
rem o órgão competente para o lação ou de colusão das partes, III – pelo Ministério Público
julgamento. o prazo começa a contar, para o ou pela Defensoria Pública, por
Parágrafo único. A escolha terceiro prejudicado e para o Mi- petição.
de relator recairá, sempre que nistério Público, que não interveio Parágrafo único. O ofício ou
possível, em juiz que não haja no processo, a partir do momento a petição será instruído com os
participado do julgamento res- em que têm ciência da simulação documentos necessários à de-
cindendo. ou da colusão. monstração do preenchimento
dos pressupostos para a instau-
Art. 972. Se os fatos alegados ração do incidente.
pelas partes dependerem de pro- CAPÍTULO VIII – DO
va, o relator poderá delegar a INCIDENTE DE RESOLUÇÃO Art. 978. O julgamento do inci-
competência ao órgão que profe- DE DEMANDAS dente caberá ao órgão indicado
riu a decisão rescindenda, fixando REPETITIVAS pelo regimento interno dentre
prazo de 1 (um) a 3 (três) meses aqueles responsáveis pela uni-
para a devolução dos autos. Art. 976. É cabível a instaura- formização de jurisprudência do
ção do incidente de resolução tribunal.
Art. 973. Concluída a instrução, de demandas repetitivas quando Parágrafo único. O órgão co-
será aberta vista ao autor e ao réu houver, simultaneamente: legiado incumbido de julgar o in-
para razões finais, sucessivamen- I – efetiva repetição de pro- cidente e de fixar a tese jurídica
te, pelo prazo de 10 (dez) dias. cessos que contenham contro- julgará igualmente o recurso, a
Parágrafo único. Em seguida, vérsia sobre a mesma questão remessa necessária ou o pro-
os autos serão conclusos ao rela- unicamente de direito; cesso de competência originária
tor, procedendo-se ao julgamento II – risco de ofensa à isonomia de onde se originou o incidente.
pelo órgão competente. e à segurança jurídica.
§ 1o A desistência ou o aban- Art. 979. A instauração e o jul-
Art. 974. Julgando procedente dono do processo não impede o gamento do incidente serão su-
o pedido, o tribunal rescindirá a exame de mérito do incidente. cedidos da mais ampla e espe-
decisão, proferirá, se for o caso, § 2o Se não for o requeren- cífica divulgação e publicidade,
novo julgamento e determinará te, o Ministério Público intervirá por meio de registro eletrônico
a restituição do depósito a que obrigatoriamente no incidente e no Conselho Nacional de Justiça.
se refere o inciso II do art. 968. deverá assumir sua titularidade § 1o Os tribunais manterão
Parágrafo único. Consideran- em caso de desistência ou de banco eletrônico de dados atu-
do, por unanimidade, inadmissí- abandono. alizados com informações es-
vel ou improcedente o pedido, o § 3o A inadmissão do inci- pecíficas sobre questões de di-
tribunal determinará a reversão, dente de resolução de deman- reito submetidas ao incidente,
em favor do réu, da importância das repetitivas por ausência de comunicando-o imediatamente
do depósito, sem prejuízo do dis- qualquer de seus pressupostos ao Conselho Nacional de Justiça
posto no § 2o do art. 82. de admissibilidade não impede para inclusão no cadastro.
que, uma vez satisfeito o requi- § 2o Para possibilitar a iden-
Art. 975. O direito à rescisão se sito, seja o incidente novamente tificação dos processos abran-
extingue em 2 (dois) anos con- suscitado. gidos pela decisão do incidente,
tados do trânsito em julgado da § 4o É incabível o incidente o registro eletrônico das teses
última decisão proferida no pro- de resolução de demandas re- jurídicas constantes do cadastro
382
Código de Processo Civil
conterá, no mínimo, os funda- em curso no território nacional nentes à tese jurídica discutida,
mentos determinantes da decisão que versem sobre a questão ob- sejam favoráveis ou contrários.
e os dispositivos normativos a ela jeto do incidente já instaurado.
relacionados. § 4o Independentemente dos Art. 985. Julgado o incidente, a
§ 3o Aplica-se o disposto limites da competência territorial, tese jurídica será aplicada:
neste artigo ao julgamento de a parte no processo em curso no I – a todos os processos indi-
recursos repetitivos e da reper- qual se discuta a mesma questão viduais ou coletivos que versem
cussão geral em recurso extra- objeto do incidente é legitimada sobre idêntica questão de direito
ordinário. para requerer a providência pre- e que tramitem na área de juris-
vista no § 3o deste artigo. dição do respectivo tribunal, in-
Art. 980. O incidente será jul- § 5o Cessa a suspensão a clusive àqueles que tramitem nos
gado no prazo de 1 (um) ano e que se refere o inciso I do caput juizados especiais do respectivo
terá preferência sobre os demais deste artigo se não for interpos- Estado ou região;
feitos, ressalvados os que envol- to recurso especial ou recurso II – aos casos futuros que
vam réu preso e os pedidos de extraordinário contra a decisão versem idêntica questão de di-
habeas corpus. proferida no incidente. reito e que venham a tramitar
Parágrafo único. Superado no território de competência do
o prazo previsto no caput, ces- Art. 983. O relator ouvirá as par- tribunal, salvo revisão na forma
sa a suspensão dos processos tes e os demais interessados, do art. 986.
prevista no art. 982, salvo deci- inclusive pessoas, órgãos e enti- § 1o Não observada a tese
são fundamentada do relator em dades com interesse na contro- adotada no incidente, caberá re-
sentido contrário. vérsia, que, no prazo comum de clamação.
15 (quinze) dias, poderão requerer § 2o Se o incidente tiver por
Art. 981. Após a distribuição, a juntada de documentos, bem objeto questão relativa a presta-
o órgão colegiado competente como as diligências necessárias ção de serviço concedido, permi-
para julgar o incidente procede- para a elucidação da questão de tido ou autorizado, o resultado do
rá ao seu juízo de admissibilida- direito controvertida, e, em segui- julgamento será comunicado ao
de, considerando a presença dos da, manifestar-se-á o Ministério órgão, ao ente ou à agência regu-
pressupostos do art. 976. Público, no mesmo prazo. ladora competente para fiscaliza-
§ 1o Para instruir o incidente, ção da efetiva aplicação, por parte
Art. 982. Admitido o incidente, o relator poderá designar data dos entes sujeitos a regulação, da
o relator: para, em audiência pública, ou- tese adotada.
I – suspenderá os processos vir depoimentos de pessoas com
pendentes, individuais ou cole- experiência e conhecimento na Art. 986. A revisão da tese ju-
tivos, que tramitam no Estado matéria. rídica firmada no incidente far-
ou na região, conforme o caso; § 2o Concluídas as diligên- -se-á pelo mesmo tribunal, de
II – poderá requisitar infor- cias, o relator solicitará dia para ofício ou mediante requerimento
mações a órgãos em cujo juí- o julgamento do incidente. dos legitimados mencionados no
zo tramita processo no qual se art. 977, inciso III.
discute o objeto do incidente, Art. 984. No julgamento do inci-
que as prestarão no prazo de 15 dente, observar-se-á a seguinte Art. 987. Do julgamento do mé-
(quinze) dias; ordem: rito do incidente caberá recurso
III – intimará o Ministério Pú- I – o relator fará a exposição extraordinário ou especial, con-
blico para, querendo, manifestar- do objeto do incidente; forme o caso.
-se no prazo de 15 (quinze) dias. II – poderão sustentar suas § 1o O recurso tem efeito sus-
§ 1o A suspensão será comu- razões, sucessivamente: pensivo, presumindo-se a reper-
nicada aos órgãos jurisdicionais a) o autor e o réu do processo cussão geral de questão constitu-
competentes. originário e o Ministério Público, cional eventualmente discutida.
§ 2o Durante a suspensão, pelo prazo de 30 (trinta) minutos; § 2o Apreciado o mérito do
o pedido de tutela de urgência b) os demais interessados, recurso, a tese jurídica adotada
deverá ser dirigido ao juízo onde no prazo de 30 (trinta) minutos, pelo Supremo Tribunal Federal ou
tramita o processo suspenso. divididos entre todos, sendo exi- pelo Superior Tribunal de Justiça
§ 3o Visando à garantia da gida inscrição com 2 (dois) dias será aplicada no território nacio-
segurança jurídica, qualquer le- de antecedência. nal a todos os processos indivi-
gitimado mencionado no art. 977, § 1o Considerando o número duais ou coletivos que versem
incisos II e III, poderá requerer, ao de inscritos, o prazo poderá ser sobre idêntica questão de direito.
tribunal competente para conhe- ampliado.
cer do recurso extraordinário ou § 2o O conteúdo do acórdão
especial, a suspensão de todos os abrangerá a análise de todos os
processos individuais ou coletivos fundamentos suscitados concer-
383
Código de Processo Civil
CAPÍTULO IX – DA prática do ato impugnado, que as suspensa por decisão do rela-
RECLAMAÇÃO prestará no prazo de 10 (dez) dias; tor, se da imediata produção de
II – se necessário, ordenará seus efeitos houver risco de dano
Art. 988. Caberá reclamação da a suspensão do processo ou do grave, de difícil ou impossível re-
parte interessada ou do Ministério ato impugnado para evitar dano paração, e ficar demonstrada a
Público para: irreparável; probabilidade de provimento do
I – preservar a competência III – determinará a citação recurso.
do tribunal; do beneficiário da decisão im-
II – garantir a autoridade das pugnada, que terá prazo de 15 Art. 996. O recurso pode ser
decisões do tribunal; (quinze) dias para apresentar a interposto pela parte vencida,
III – garantir a observância de sua contestação. pelo terceiro prejudicado e pelo
enunciado de súmula vinculante e Ministério Público, como parte
de decisão do Supremo Tribunal Art. 990. Qualquer interessado ou como fiscal da ordem jurídica.
Federal em controle concentrado poderá impugnar o pedido do Parágrafo único. Cumpre ao
de constitucionalidade; reclamante. terceiro demonstrar a possibilida-
IV – garantir a observância de de de a decisão sobre a relação
acórdão proferido em julgamento Art. 991. Na reclamação que não jurídica submetida à apreciação
de incidente de resolução de de- houver formulado, o Ministério judicial atingir direito de que se
mandas repetitivas ou de inciden- Público terá vista do processo por afirme titular ou que possa dis-
te de assunção de competência. 5 (cinco) dias, após o decurso do cutir em juízo como substituto
§ 1o A reclamação pode ser prazo para informações e para o processual.
proposta perante qualquer tribu- oferecimento da contestação pelo
nal, e seu julgamento compete ao beneficiário do ato impugnado. Art. 997. Cada parte interporá
órgão jurisdicional cuja compe- o recurso independentemente,
tência se busca preservar ou cuja Art. 992. Julgando procedente no prazo e com observância das
autoridade se pretenda garantir. a reclamação, o tribunal cassará exigências legais.
§ 2o A reclamação deverá ser a decisão exorbitante de seu jul- § 1o Sendo vencidos autor
instruída com prova documental e gado ou determinará medida ade- e réu, ao recurso interposto por
dirigida ao presidente do tribunal. quada à solução da controvérsia. qualquer deles poderá aderir o
§ 3o Assim que recebida, a outro.
reclamação será autuada e dis- Art. 993. O presidente do tribu- § 2o O recurso adesivo fica
tribuída ao relator do processo nal determinará o imediato cum- subordinado ao recurso inde-
principal, sempre que possível. primento da decisão, lavrando-se pendente, sendo-lhe aplicáveis
§ 4o As hipóteses dos incisos o acórdão posteriormente. as mesmas regras deste quanto
III e IV compreendem a aplicação aos requisitos de admissibilidade
indevida da tese jurídica e sua e julgamento no tribunal, salvo
não aplicação aos casos que a TÍTULO II – DOS RECURSOS disposição legal diversa, obser-
ela correspondam. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES vado, ainda, o seguinte:
§ 5o É inadmissível a recla- I – será dirigido ao órgão pe-
mação: GERAIS rante o qual o recurso indepen-
I – proposta após o trânsito dente fora interposto, no prazo
em julgado da decisão reclamada; Art. 994. São cabíveis os se- de que a parte dispõe para res-
II – proposta para garantir a guintes recursos: ponder;
observância de acórdão de re- I – apelação; II – será admissível na apela-
curso extraordinário com reper- II – agravo de instrumento; ção, no recurso extraordinário e
cussão geral reconhecida ou de III – agravo interno; no recurso especial;
acórdão proferido em julgamento IV – embargos de declaração; III – não será conhecido, se
de recursos extraordinário ou es- V – recurso ordinário; houver desistência do recurso
pecial repetitivos, quando não es- VI – recurso especial; principal ou se for ele conside-
gotadas as instâncias ordinárias. VII – recurso extraordinário; rado inadmissível.
§ 6o A inadmissibilidade ou o VIII – agravo em recurso es-
julgamento do recurso interposto pecial ou extraordinário; Art. 998. O recorrente poderá, a
contra a decisão proferida pelo IX – embargos de divergência. qualquer tempo, sem a anuência
órgão reclamado não prejudica do recorrido ou dos litisconsortes,
a reclamação. Art. 995. Os recursos não impe- desistir do recurso.
dem a eficácia da decisão, salvo Parágrafo único. A desistên-
Art. 989. Ao despachar a recla- disposição legal ou decisão judi- cia do recurso não impede a aná-
mação, o relator: cial em sentido diverso. lise de questão cuja repercussão
I – requisitará informações da Parágrafo único. A eficácia geral já tenha sido reconhecida
autoridade a quem for imputada a da decisão recorrida poderá ser e daquela objeto de julgamento
384
Código de Processo Civil
de recursos extraordinários ou ou de seu advogado ou ocorrer do, para realizar o recolhimento
especiais repetitivos. motivo de força maior que sus- em dobro, sob pena de deserção.
penda o curso do processo, será § 5o É vedada a complemen-
Art. 999. A renúncia ao direito tal prazo restituído em proveito da tação se houver insuficiência par-
de recorrer independe da acei- parte, do herdeiro ou do sucessor, cial do preparo, inclusive porte de
tação da outra parte. contra quem começará a correr remessa e de retorno, no recolhi-
novamente depois da intimação. mento realizado na forma do § 4o.
Art. 1.000. A parte que aceitar § 6o Provando o recorrente
expressa ou tacitamente a deci- Art. 1.005. O recurso interposto justo impedimento, o relator re-
são não poderá recorrer. por um dos litisconsortes a todos levará a pena de deserção, por
Parágrafo único. Conside- aproveita, salvo se distintos ou decisão irrecorrível, fixando-lhe
ra-se aceitação tácita a prática, opostos os seus interesses. prazo de 5 (cinco) dias para efe-
sem nenhuma reserva, de ato Parágrafo único. Havendo tuar o preparo.
incompatível com a vontade de solidariedade passiva, o recur- § 7o O equívoco no preen-
recorrer. so interposto por um devedor chimento da guia de custas não
aproveitará aos outros quando implicará a aplicação da pena de
Art. 1.001. Dos despachos não as defesas opostas ao credor deserção, cabendo ao relator, na
cabe recurso. lhes forem comuns. hipótese de dúvida quanto ao re-
colhimento, intimar o recorrente
Art. 1.002. A decisão pode ser Art. 1.006. Certificado o trânsito para sanar o vício no prazo de 5
impugnada no todo ou em parte. em julgado, com menção expres- (cinco) dias.
sa da data de sua ocorrência, o
Art. 1.003. O prazo para interpo- escrivão ou o chefe de secretaria, Art. 1.008. O julgamento pro-
sição de recurso conta-se da data independentemente de despacho, ferido pelo tribunal substituirá a
em que os advogados, a socieda- providenciará a baixa dos autos decisão impugnada no que tiver
de de advogados, a Advocacia ao juízo de origem, no prazo de sido objeto de recurso.
Pública, a Defensoria Pública ou 5 (cinco) dias.
o Ministério Público são intimados
da decisão. Art. 1.007. No ato de interpo- CAPÍTULO II – DA
§ 1o Os sujeitos previstos no sição do recurso, o recorrente APELAÇÃO
caput considerar-se-ão intimados comprovará, quando exigido pela
em audiência quando nesta for legislação pertinente, o respec- Art. 1.009. Da sentença cabe
proferida a decisão. tivo preparo, inclusive porte de apelação.
§ 2o Aplica-se o disposto no remessa e de retorno, sob pena § 1o As questões resolvidas
art. 231, incisos I a VI, ao prazo de de deserção. na fase de conhecimento, se a
interposição de recurso pelo réu § 1o São dispensados de pre- decisão a seu respeito não com-
contra decisão proferida anterior- paro, inclusive porte de remessa portar agravo de instrumento, não
mente à citação. e de retorno, os recursos inter- são cobertas pela preclusão e
§ 3o No prazo para interpo- postos pelo Ministério Público, devem ser suscitadas em prelimi-
sição de recurso, a petição será pela União, pelo Distrito Federal, nar de apelação, eventualmente
protocolada em cartório ou con- pelos Estados, pelos Municípios, interposta contra a decisão final,
forme as normas de organização e respectivas autarquias, e pelos ou nas contrarrazões.
judiciária, ressalvado o disposto que gozam de isenção legal. § 2o Se as questões referi-
em regra especial. § 2o A insuficiência no valor das no § 1o forem suscitadas em
§ 4o Para aferição da tem- do preparo, inclusive porte de contrarrazões, o recorrente será
pestividade do recurso remetido remessa e de retorno, implicará intimado para, em 15 (quinze) dias,
pelo correio, será considerada deserção se o recorrente, intima- manifestar-se a respeito delas.
como data de interposição a data do na pessoa de seu advogado, § 3o O disposto no caput des-
de postagem. não vier a supri-lo no prazo de 5 te artigo aplica-se mesmo quan-
§ 5o Excetuados os embar- (cinco) dias. do as questões mencionadas no
gos de declaração, o prazo para § 3o É dispensado o recolhi- art. 1.015 integrarem capítulo da
interpor os recursos e para res- mento do porte de remessa e de sentença.
ponder-lhes é de 15 (quinze) dias. retorno no processo em autos
§ 6o O recorrente comprova- eletrônicos. Art. 1.010. A apelação, interpos-
rá a ocorrência de feriado local no § 4o O recorrente que não ta por petição dirigida ao juízo de
ato de interposição do recurso. comprovar, no ato de interposi- primeiro grau, conterá:
ção do recurso, o recolhimento I – os nomes e a qualificação
Art. 1.004. Se, durante o prazo do preparo, inclusive porte de das partes;
para a interposição do recurso, remessa e de retorno, será inti- II – a exposição do fato e do
sobrevier o falecimento da parte mado, na pessoa de seu advoga- direito;
385
Código de Processo Civil
III – as razões do pedido de a apelação. CAPÍTULO III – DO AGRAVO
reforma ou de decretação de § 4o Nas hipóteses do § 1o, a DE INSTRUMENTO
nulidade; eficácia da sentença poderá ser
IV – o pedido de nova decisão. suspensa pelo relator se o ape- Art. 1.015. Cabe agravo de ins-
§ 1o O apelado será intimado lante demonstrar a probabilidade trumento contra as decisões in-
para apresentar contrarrazões no de provimento do recurso ou se, terlocutórias que versarem sobre:
prazo de 15 (quinze) dias. sendo relevante a fundamenta- I – tutelas provisórias;
§ 2o Se o apelado interpuser ção, houver risco de dano grave II – mérito do processo;
apelação adesiva, o juiz intimará ou de difícil reparação. III – rejeição da alegação de
o apelante para apresentar con- convenção de arbitragem;
trarrazões. Art. 1.013. A apelação devolverá IV – incidente de desconside-
§ 3o Após as formalidades ao tribunal o conhecimento da ração da personalidade jurídica;
previstas nos §§ 1o e 2o, os autos matéria impugnada. V – rejeição do pedido de gra-
serão remetidos ao tribunal pelo § 1o Serão, porém, objeto de tuidade da justiça ou acolhimento
juiz, independentemente de juízo apreciação e julgamento pelo do pedido de sua revogação;
de admissibilidade. tribunal todas as questões sus- VI – exibição ou posse de do-
citadas e discutidas no processo, cumento ou coisa;
Art. 1.011. Recebido o recurso de ainda que não tenham sido solu- VII – exclusão de litisconsorte;
apelação no tribunal e distribuído cionadas, desde que relativas ao VIII – rejeição do pedido de
imediatamente, o relator: capítulo impugnado. limitação do litisconsórcio;
I – decidi-lo-á monocratica- § 2o Quando o pedido ou a de- IX – admissão ou inadmissão
mente apenas nas hipóteses do fesa tiver mais de um fundamento de intervenção de terceiros;
art. 932, incisos III a V; e o juiz acolher apenas um deles, X – concessão, modificação
II – se não for o caso de deci- a apelação devolverá ao tribunal o ou revogação do efeito suspen-
são monocrática, elaborará seu conhecimento dos demais. sivo aos embargos à execução;
voto para julgamento do recurso § 3o Se o processo estiver em XI – redistribuição do ônus da
pelo órgão colegiado. condições de imediato julgamen- prova nos termos do art. 373, § 1o;
to, o tribunal deve decidir desde XII – (Vetado);
Art. 1.012. A apelação terá efeito logo o mérito quando: XIII – outros casos expressa-
suspensivo. I – reformar sentença fundada mente referidos em lei.
§ 1o Além de outras hipóteses no art. 485; Parágrafo único. Também
previstas em lei, começa a produ- II – decretar a nulidade da caberá agravo de instrumento
zir efeitos imediatamente após a sentença por não ser ela con- contra decisões interlocutórias
sua publicação a sentença que: gruente com os limites do pedido proferidas na fase de liquidação
I – homologa divisão ou de- ou da causa de pedir; de sentença ou de cumprimen-
marcação de terras; III – constatar a omissão no to de sentença, no processo de
II – condena a pagar alimen- exame de um dos pedidos, hi- execução e no processo de in-
tos; pótese em que poderá julgá-lo; ventário.
III – extingue sem resolução IV – decretar a nulidade de
do mérito ou julga improceden- sentença por falta de fundamen- Art. 1.016. O agravo de instru-
tes os embargos do executado; tação. mento será dirigido diretamente
IV – julga procedente o pedi- § 4o Quando reformar sen- ao tribunal competente, por meio
do de instituição de arbitragem; tença que reconheça a decadên- de petição com os seguintes re-
V – confirma, concede ou re- cia ou a prescrição, o tribunal, se quisitos:
voga tutela provisória; possível, julgará o mérito, exami- I – os nomes das partes;
VI – decreta a interdição. nando as demais questões, sem II – a exposição do fato e do
§ 2o Nos casos do § 1o, o ape- determinar o retorno do processo direito;
lado poderá promover o pedido de ao juízo de primeiro grau. III – as razões do pedido de
cumprimento provisório depois § 5o O capítulo da sentença reforma ou de invalidação da de-
de publicada a sentença. que confirma, concede ou revoga cisão e o próprio pedido;
§ 3o O pedido de concessão a tutela provisória é impugnável IV – o nome e o endereço
de efeito suspensivo nas hipóte- na apelação. completo dos advogados cons-
ses do § 1o poderá ser formulado tantes do processo.
por requerimento dirigido ao: Art. 1.014. As questões de fato
I – tribunal, no período com- não propostas no juízo inferior po- Art. 1.017. A petição de agravo
preendido entre a interposição derão ser suscitadas na apelação, de instrumento será instruída:
da apelação e sua distribuição, se a parte provar que deixou de I – obrigatoriamente, com có-
ficando o relator designado para fazê-lo por motivo de força maior. pias da petição inicial, da contes-
seu exame prevento para julgá-la; tação, da petição que ensejou
II – relator, se já distribuída a decisão agravada, da própria
386
Código de Processo Civil
decisão agravada, da certidão da relação dos documentos que interno para o respectivo órgão
da respectiva intimação ou outro instruíram o recurso. colegiado, observadas, quanto
documento oficial que comprove § 1o Se o juiz comunicar que ao processamento, as regras do
a tempestividade e das procura- reformou inteiramente a decisão, regimento interno do tribunal.
ções outorgadas aos advogados o relator considerará prejudicado § 1o Na petição de agravo in-
do agravante e do agravado; o agravo de instrumento. terno, o recorrente impugnará es-
II – com declaração de inexis- § 2o Não sendo eletrônicos pecificadamente os fundamentos
tência de qualquer dos documen- os autos, o agravante tomará a da decisão agravada.
tos referidos no inciso I, feita pelo providência prevista no caput, § 2o O agravo será dirigido
advogado do agravante, sob pena no prazo de 3 (três) dias a con- ao relator, que intimará o agra-
de sua responsabilidade pessoal; tar da interposição do agravo de vado para manifestar-se sobre
III – facultativamente, com instrumento. o recurso no prazo de 15 (quinze)
outras peças que o agravante § 3o O descumprimento da dias, ao final do qual, não havendo
reputar úteis. exigência de que trata o § 2o, des- retratação, o relator levá-lo-á a
§ 1o Acompanhará a petição de que arguido e provado pelo julgamento pelo órgão colegiado,
o comprovante do pagamento agravado, importa inadmissibi- com inclusão em pauta.
das respectivas custas e do por- lidade do agravo de instrumento. § 3o É vedado ao relator li-
te de retorno, quando devidos, mitar-se à reprodução dos fun-
conforme tabela publicada pelos Art. 1.019. Recebido o agravo de damentos da decisão agravada
tribunais. instrumento no tribunal e distri- para julgar improcedente o agravo
§ 2o No prazo do recurso, o buído imediatamente, se não for interno.
agravo será interposto por: o caso de aplicação do art. 932, § 4o Quando o agravo interno
I – protocolo realizado dire- incisos III e IV, o relator, no prazo for declarado manifestamente
tamente no tribunal competente de 5 (cinco) dias: inadmissível ou improcedente em
para julgá-lo; I – poderá atribuir efeito sus- votação unânime, o órgão cole-
II – protocolo realizado na pensivo ao recurso ou deferir, em giado, em decisão fundamentada,
própria comarca, seção ou sub- antecipação de tutela, total ou condenará o agravante a pagar
seção judiciárias; parcialmente, a pretensão re- ao agravado multa fixada entre
III – postagem, sob registro, cursal, comunicando ao juiz sua um e cinco por cento do valor
com aviso de recebimento; decisão; atualizado da causa.
IV – transmissão de dados II – ordenará a intimação do § 5o A interposição de qual-
tipo fac-símile, nos termos da lei; agravado pessoalmente, por carta quer outro recurso está condi-
V – outra forma prevista em com aviso de recebimento, quan- cionada ao depósito prévio do
lei. do não tiver procurador constitu- valor da multa prevista no § 4o,
§ 3o Na falta da cópia de ído, ou pelo Diário da Justiça ou à exceção da Fazenda Pública e
qualquer peça ou no caso de al- por carta com aviso de recebi- do beneficiário de gratuidade da
gum outro vício que comprome- mento dirigida ao seu advogado, justiça, que farão o pagamento
ta a admissibilidade do agravo para que responda no prazo de ao final.
de instrumento, deve o relator 15 (quinze) dias, facultando-lhe
aplicar o disposto no art. 932, juntar a documentação que en-
parágrafo único. tender necessária ao julgamento CAPÍTULO V – DOS
§ 4o Se o recurso for inter- do recurso; EMBARGOS DE
posto por sistema de transmis- III – determinará a intimação DECLARAÇÃO
são de dados tipo fac-símile ou do Ministério Público, preferen-
similar, as peças devem ser jun- cialmente por meio eletrônico, Art. 1.022. Cabem embargos de
tadas no momento de protocolo quando for o caso de sua inter- declaração contra qualquer de-
da petição original. venção, para que se manifeste no cisão judicial para:
§ 5o Sendo eletrônicos os au- prazo de 15 (quinze) dias. I – esclarecer obscuridade ou
tos do processo, dispensam-se eliminar contradição;
as peças referidas nos incisos Art. 1.020. O relator solicitará II – suprir omissão de ponto
I e II do caput, facultando-se ao dia para julgamento em prazo ou questão sobre o qual devia
agravante anexar outros docu- não superior a 1 (um) mês da in- se pronunciar o juiz de ofício ou
mentos que entender úteis para timação do agravado. a requerimento;
a compreensão da controvérsia. III – corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-
Art. 1.018. O agravante poderá CAPÍTULO IV – DO AGRAVO -se omissa a decisão que:
requerer a juntada, aos autos do INTERNO I – deixe de se manifestar
processo, de cópia da petição do sobre tese firmada em julgamen-
agravo de instrumento, do com- Art. 1.021. Contra decisão pro- to de casos repetitivos ou em
provante de sua interposição e ferida pelo relator caberá agravo incidente de assunção de com-
387
Código de Processo Civil
petência aplicável ao caso sob § 5o Se os embargos de de- CAPÍTULO VI – DOS
julgamento; claração forem rejeitados ou não RECURSOS PARA O
II – incorra em qualquer das alterarem a conclusão do julga-
condutas descritas no art. 489, mento anterior, o recurso inter-
SUPREMO TRIBUNAL
§ 1o. posto pela outra parte antes da FEDERAL E PARA O
publicação do julgamento dos SUPERIOR TRIBUNAL DE
Art. 1.023. Os embargos serão embargos de declaração será JUSTIÇA
opostos, no prazo de 5 (cinco) processado e julgado indepen-
dias, em petição dirigida ao juiz, dentemente de ratificação. Seção I – Do Recurso
com indicação do erro, obscuri- Ordinário
dade, contradição ou omissão, e Art. 1.025. Consideram-se in-
não se sujeitam a preparo. cluídos no acórdão os elementos Art. 1.027. Serão julgados em
§ 1o Aplica-se aos embargos que o embargante suscitou, para recurso ordinário:
de declaração o art. 229. fins de prequestionamento, ainda I – pelo Supremo Tribunal Fe-
§ 2o O juiz intimará o em- que os embargos de declaração deral, os mandados de segurança,
bargado para, querendo, mani- sejam inadmitidos ou rejeitados, os habeas data e os mandados de
festar-se, no prazo de 5 (cinco) caso o tribunal superior considere injunção decididos em única ins-
dias, sobre os embargos opostos, existentes erro, omissão, contra- tância pelos tribunais superiores,
caso seu eventual acolhimento dição ou obscuridade. quando denegatória a decisão;
implique a modificação da deci- II – pelo Superior Tribunal de
são embargada. Art. 1.026. Os embargos de de- Justiça:
claração não possuem efeito sus- a) os mandados de seguran-
Art. 1.024. O juiz julgará os em- pensivo e interrompem o prazo ça decididos em única instância
bargos em 5 (cinco) dias. para a interposição de recurso. pelos tribunais regionais federais
§ 1o Nos tribunais, o relator § 1o A eficácia da decisão ou pelos tribunais de justiça dos
apresentará os embargos em monocrática ou colegiada pode- Estados e do Distrito Federal e
mesa na sessão subsequente, rá ser suspensa pelo respectivo Territórios, quando denegatória
proferindo voto, e, não havendo juiz ou relator se demonstrada a a decisão;
julgamento nessa sessão, será o probabilidade de provimento do b) os processos em que fo-
recurso incluído em pauta auto- recurso ou, sendo relevante a fun- rem partes, de um lado, Estado
maticamente. damentação, se houver risco de estrangeiro ou organismo inter-
§ 2o Quando os embargos dano grave ou de difícil reparação. nacional e, de outro, Município ou
de declaração forem opostos § 2o Quando manifestamen- pessoa residente ou domiciliada
contra decisão de relator ou ou- te protelatórios os embargos de no País.
tra decisão unipessoal proferida declaração, o juiz ou o tribunal, § 1o Nos processos referidos
em tribunal, o órgão prolator da em decisão fundamentada, con- no inciso II, alínea “b”, contra as
decisão embargada decidi-los-á denará o embargante a pagar ao decisões interlocutórias caberá
monocraticamente. embargado multa não exceden- agravo de instrumento dirigido ao
§ 3o O órgão julgador conhe- te a dois por cento sobre o valor Superior Tribunal de Justiça, nas
cerá dos embargos de declaração atualizado da causa. hipóteses do art. 1.015.
como agravo interno se entender § 3o Na reiteração de em- § 2o Aplica-se ao recurso or-
ser este o recurso cabível, des- bargos de declaração manifes- dinário o disposto nos arts. 1.013,
de que determine previamente a tamente protelatórios, a multa § 3o, e 1.029, § 5o.
intimação do recorrente para, no será elevada a até dez por cento
prazo de 5 (cinco) dias, comple- sobre o valor atualizado da cau- Art. 1.028. Ao recurso mencio-
mentar as razões recursais, de sa, e a interposição de qualquer nado no art. 1.027, inciso II, alí-
modo a ajustá-las às exigências recurso ficará condicionada ao nea “b”, aplicam-se, quanto aos
do art. 1.021, § 1o. depósito prévio do valor da multa, requisitos de admissibilidade e
§ 4o Caso o acolhimento dos à exceção da Fazenda Pública e ao procedimento, as disposições
embargos de declaração implique do beneficiário de gratuidade da relativas à apelação e o Regimen-
modificação da decisão embar- justiça, que a recolherão ao final. to Interno do Superior Tribunal
gada, o embargado que já tiver § 4o Não serão admitidos no- de Justiça.
interposto outro recurso contra vos embargos de declaração se § 1o Na hipótese do art. 1.027,
a decisão originária tem o direi- os 2 (dois) anteriores houverem § 1 , aplicam-se as disposições re-
o
388
Código de Processo Civil
tribunal de origem, cabendo ao Tribunal Federal ou do Superior do Supremo Tribunal Federal ou
seu presidente ou vice-presiden- Tribunal de Justiça receber re- do Superior Tribunal de Justiça,
te determinar a intimação do re- querimento de suspensão de respectivamente, exarado no re-
corrido para, em 15 (quinze) dias, processos em que se discuta gime de julgamento de recursos
apresentar as contrarrazões. questão federal constitucional repetitivos;
§ 3o Findo o prazo referido ou infraconstitucional, poderá, II – encaminhar o processo
no § 2o, os autos serão remetidos considerando razões de segu- ao órgão julgador para realiza-
ao respectivo tribunal superior, rança jurídica ou de excepcional ção do juízo de retratação, se o
independentemente de juízo de interesse social, estender a sus- acórdão recorrido divergir do en-
admissibilidade. pensão a todo o território nacio- tendimento do Supremo Tribunal
nal, até ulterior decisão do recur- Federal ou do Superior Tribunal
so extraordinário ou do recurso de Justiça exarado, conforme o
Seção II – Do Recurso especial a ser interposto. caso, nos regimes de repercussão
Extraordinário e do Recurso § 5o O pedido de concessão geral ou de recursos repetitivos;
Especial de efeito suspensivo a recurso III – sobrestar o recurso que
Subseção I – Disposições extraordinário ou a recurso es- versar sobre controvérsia de ca-
pecial poderá ser formulado por ráter repetitivo ainda não decidi-
Gerais
requerimento dirigido: da pelo Supremo Tribunal Fede-
I – ao tribunal superior res- ral ou pelo Superior Tribunal de
Art. 1.029. O recurso extraor- pectivo, no período compreendido Justiça, conforme se trate de
dinário e o recurso especial, nos entre a publicação da decisão de matéria constitucional ou infra-
casos previstos na Constituição admissão do recurso e sua distri- constitucional;
Federal, serão interpostos peran- buição, ficando o relator desig- IV – selecionar o recurso
te o presidente ou o vice-presi- nado para seu exame prevento como representativo de contro-
dente do tribunal recorrido, em para julgá-lo; vérsia constitucional ou infra-
petições distintas que conterão: II – ao relator, se já distribuído constitucional, nos termos do
I – a exposição do fato e do o recurso; § 6o do art. 1.036;
direito; III – ao presidente ou ao vice- V – realizar o juízo de admis-
II – a demonstração do ca- -presidente do tribunal recorrido, sibilidade e, se positivo, remeter
bimento do recurso interposto; no período compreendido entre a o feito ao Supremo Tribunal Fe-
III – as razões do pedido de interposição do recurso e a pu- deral ou ao Superior Tribunal de
reforma ou de invalidação da de- blicação da decisão de admissão Justiça, desde que:
cisão recorrida. do recurso, assim como no caso a) o recurso ainda não tenha
§ 1o Quando o recurso fun- de o recurso ter sido sobrestado, sido submetido ao regime de re-
dar-se em dissídio jurispruden- nos termos do art. 1.037. percussão geral ou de julgamento
cial, o recorrente fará a prova da de recursos repetitivos;
divergência com a certidão, cópia Art. 1.030. Recebida a petição b) o recurso tenha sido se-
ou citação do repositório de juris- do recurso pela secretaria do tri- lecionado como representativo
prudência, oficial ou credenciado, bunal, o recorrido será intimado da controvérsia; ou
inclusive em mídia eletrônica, em para apresentar contrarrazões no c) o tribunal recorrido tenha
que houver sido publicado o acór- prazo de 15 (quinze) dias, findo o refutado o juízo de retratação.
dão divergente, ou ainda com a qual os autos serão conclusos ao § 1o Da decisão de inadmis-
reprodução de julgado disponível presidente ou ao vice-presidente sibilidade proferida com funda-
na rede mundial de computadores, do tribunal recorrido, que deverá: mento no inciso V caberá agravo
com indicação da respectiva fon- I – negar seguimento: ao tribunal superior, nos termos
te, devendo-se, em qualquer caso, a) a recurso extraordinário do art. 1.042.
mencionar as circunstâncias que que discuta questão constitu- § 2o Da decisão proferida
identifiquem ou assemelhem os cional à qual o Supremo Tribunal com fundamento nos incisos I
casos confrontados. Federal não tenha reconhecido e III caberá agravo interno, nos
§ 2o (Revogado) a existência de repercussão ge- termos do art. 1.021.
§ 3o O Supremo Tribunal Fe- ral ou a recurso extraordinário
deral ou o Superior Tribunal de interposto contra acórdão que Art. 1.031. Na hipótese de in-
Justiça poderá desconsiderar esteja em conformidade com en- terposição conjunta de recurso
vício formal de recurso tempes- tendimento do Supremo Tribunal extraordinário e recurso espe-
tivo ou determinar sua correção, Federal exarado no regime de cial, os autos serão remetidos
desde que não o repute grave. repercussão geral; ao Superior Tribunal de Justiça.
§ 4o Quando, por ocasião do b) a recurso extraordinário § 1o Concluído o julgamento
processamento do incidente de ou a recurso especial interposto do recurso especial, os autos
resolução de demandas repeti- contra acórdão que esteja em serão remetidos ao Supremo Tri-
tivas, o presidente do Supremo conformidade com entendimento bunal Federal para apreciação do
389
Código de Processo Civil
recurso extraordinário, se este traordinário quando a questão negará seguimento aos recursos
não estiver prejudicado. constitucional nele versada não extraordinários sobrestados na
§ 2o Se o relator do recurso tiver repercussão geral, nos ter- origem que versem sobre maté-
especial considerar prejudicial o mos deste artigo. ria idêntica.
recurso extraordinário, em deci- § 1o Para efeito de repercus- § 9o O recurso que tiver a
são irrecorrível, sobrestará o jul- são geral, será considerada a repercussão geral reconhecida
gamento e remeterá os autos ao existência ou não de questões deverá ser julgado no prazo de 1
Supremo Tribunal Federal. relevantes do ponto de vista eco- (um) ano e terá preferência sobre
§ 3o Na hipótese do § 2o, se o nômico, político, social ou jurídico os demais feitos, ressalvados os
relator do recurso extraordinário, que ultrapassem os interesses que envolvam réu preso e os pe-
em decisão irrecorrível, rejeitar subjetivos do processo. didos de habeas corpus.
a prejudicialidade, devolverá os § 2o O recorrente deverá § 10. (Revogado)
autos ao Superior Tribunal de demonstrar a existência de re- § 11. A súmula da decisão so-
Justiça para o julgamento do re- percussão geral para apreciação bre a repercussão geral constará
curso especial. exclusiva pelo Supremo Tribunal de ata, que será publicada no diá-
Federal. rio oficial e valerá como acórdão.
Art. 1.032. Se o relator, no Su- § 3o Haverá repercussão ge-
perior Tribunal de Justiça, en- ral sempre que o recurso impug-
tender que o recurso especial nar acórdão que:
Subseção II – Do Julgamento
versa sobre questão constitu- I – contrarie súmula ou juris- dos Recursos Extraordinário
cional, deverá conceder prazo de prudência dominante do Supremo e Especial Repetitivos
15 (quinze) dias para que o recor- Tribunal Federal;
rente demonstre a existência de II – (Revogado); Art. 1.036. Sempre que houver
repercussão geral e se manifeste III – tenha reconhecido a in- multiplicidade de recursos ex-
sobre a questão constitucional. constitucionalidade de tratado traordinários ou especiais com
Parágrafo único. Cumprida a ou de lei federal, nos termos do fundamento em idêntica ques-
diligência de que trata o caput, o art. 97 da Constituição Federal. tão de direito, haverá afetação
relator remeterá o recurso ao Su- § 4o O relator poderá admitir, para julgamento de acordo com
premo Tribunal Federal, que, em na análise da repercussão geral, a as disposições desta Subseção,
juízo de admissibilidade, poderá manifestação de terceiros, subs- observado o disposto no Regi-
devolvê-lo ao Superior Tribunal crita por procurador habilitado, mento Interno do Supremo Tri-
de Justiça. nos termos do Regimento Inter- bunal Federal e no do Superior
no do Supremo Tribunal Federal. Tribunal de Justiça.
Art. 1.033. Se o Supremo Tri- § 5o Reconhecida a reper- § 1o O presidente ou o vice-
bunal Federal considerar como cussão geral, o relator no Supre- -presidente de tribunal de justiça
reflexa a ofensa à Constituição mo Tribunal Federal determinará ou de tribunal regional federal
afirmada no recurso extraordi- a suspensão do processamento selecionará 2 (dois) ou mais re-
nário, por pressupor a revisão da de todos os processos pendentes, cursos representativos da contro-
interpretação de lei federal ou de individuais ou coletivos, que ver- vérsia, que serão encaminhados
tratado, remetê-lo-á ao Superior sem sobre a questão e tramitem ao Supremo Tribunal Federal ou
Tribunal de Justiça para julga- no território nacional. ao Superior Tribunal de Justiça
mento como recurso especial. § 6o O interessado pode re- para fins de afetação, determi-
querer, ao presidente ou ao vice- nando a suspensão do trâmite
Art. 1.034. Admitido o recurso -presidente do tribunal de origem, de todos os processos penden-
extraordinário ou o recurso espe- que exclua da decisão de sobres- tes, individuais ou coletivos, que
cial, o Supremo Tribunal Federal tamento e inadmita o recurso tramitem no Estado ou na região,
ou o Superior Tribunal de Justi- extraordinário que tenha sido conforme o caso.
ça julgará o processo, aplicando interposto intempestivamente, § 2o O interessado pode re-
o direito. tendo o recorrente o prazo de 5 querer, ao presidente ou ao vice-
Parágrafo único. Admitido o (cinco) dias para manifestar-se -presidente, que exclua da deci-
recurso extraordinário ou o recur- sobre esse requerimento. são de sobrestamento e inadmita
so especial por um fundamento, § 7o Da decisão que indeferir o recurso especial ou o recurso
devolve-se ao tribunal superior o o requerimento referido no § 6o ou extraordinário que tenha sido
conhecimento dos demais funda- que aplicar entendimento firmado interposto intempestivamente,
mentos para a solução do capítulo em regime de repercussão geral tendo o recorrente o prazo de 5
impugnado. ou em julgamento de recursos (cinco) dias para manifestar-se
repetitivos caberá agravo interno. sobre esse requerimento.
Art. 1.035. O Supremo Tribunal § 8o Negada a repercussão § 3o Da decisão que indeferir
Federal, em decisão irrecorrível, geral, o presidente ou o vice- o requerimento referido no § 2o
não conhecerá do recurso ex- -presidente do tribunal de origem caberá apenas agravo interno.
390
Código de Processo Civil
§ 4o A escolha feita pelo pre- deverão ser julgados no prazo de lator comunicará a decisão ao
sidente ou vice-presidente do 1 (um) ano e terão preferência so- presidente ou ao vice-presidente
tribunal de justiça ou do tribunal bre os demais feitos, ressalvados que houver determinado o so-
regional federal não vinculará o os que envolvam réu preso e os brestamento, para que o recurso
relator no tribunal superior, que pedidos de habeas corpus. especial ou o recurso extraordiná-
poderá selecionar outros recursos § 5o (Revogado) rio seja encaminhado ao respec-
representativos da controvérsia. § 6o Ocorrendo a hipótese do tivo tribunal superior, na forma do
§ 5o O relator em tribunal su- § 5o, é permitido a outro relator art. 1.030, parágrafo único.
perior também poderá selecionar do respectivo tribunal superior § 13. Da decisão que resolver
2 (dois) ou mais recursos repre- afetar 2 (dois) ou mais recursos o requerimento a que se refere o
sentativos da controvérsia para representativos da controvérsia § 9o caberá:
julgamento da questão de direito na forma do art. 1.036. I – agravo de instrumento,
independentemente da iniciativa § 7o Quando os recursos re- se o processo estiver em pri-
do presidente ou do vice-presi- quisitados na forma do inciso III meiro grau;
dente do tribunal de origem. do caput contiverem outras ques- II – agravo interno, se a deci-
§ 6o Somente podem ser se- tões além daquela que é objeto são for de relator.
lecionados recursos admissíveis da afetação, caberá ao tribunal
que contenham abrangente argu- decidir esta em primeiro lugar Art. 1.038. O relator poderá:
mentação e discussão a respeito e depois as demais, em acórdão I – solicitar ou admitir ma-
da questão a ser decidida. específico para cada processo. nifestação de pessoas, órgãos
§ 8o As partes deverão ser in- ou entidades com interesse na
Art. 1.037. Selecionados os re- timadas da decisão de suspensão controvérsia, considerando a re-
cursos, o relator, no tribunal su- de seu processo, a ser proferida levância da matéria e consoante
perior, constatando a presen- pelo respectivo juiz ou relator dispuser o regimento interno;
ça do pressuposto do caput do quando informado da decisão a II – fixar data para, em audi-
art. 1.036, proferirá decisão de que se refere o inciso II do caput. ência pública, ouvir depoimentos
afetação, na qual: § 9o Demonstrando distinção de pessoas com experiência e
I – identificará com precisão entre a questão a ser decidida no conhecimento na matéria, com
a questão a ser submetida a jul- processo e aquela a ser julgada a finalidade de instruir o proce-
gamento; no recurso especial ou extraor- dimento;
II – determinará a suspensão dinário afetado, a parte poderá III – requisitar informações
do processamento de todos os requerer o prosseguimento do aos tribunais inferiores a respei-
processos pendentes, individuais seu processo. to da controvérsia e, cumprida a
ou coletivos, que versem sobre a § 10. O requerimento a que se diligência, intimará o Ministério
questão e tramitem no território refere o § 9o será dirigido: Público para manifestar-se.
nacional; I – ao juiz, se o processo so- § 1o No caso do inciso III,
III – poderá requisitar aos pre- brestado estiver em primeiro os prazos respectivos são de 15
sidentes ou aos vice-presiden- grau; (quinze) dias, e os atos serão pra-
tes dos tribunais de justiça ou II – ao relator, se o processo ticados, sempre que possível, por
dos tribunais regionais federais sobrestado estiver no tribunal meio eletrônico.
a remessa de um recurso repre- de origem; § 2o Transcorrido o prazo
sentativo da controvérsia. III – ao relator do acórdão re- para o Ministério Público e re-
§ 1o Se, após receber os re- corrido, se for sobrestado recurso metida cópia do relatório aos de-
cursos selecionados pelo presi- especial ou recurso extraordinário mais ministros, haverá inclusão
dente ou pelo vice-presidente de no tribunal de origem; em pauta, devendo ocorrer o jul-
tribunal de justiça ou de tribunal IV – ao relator, no tribunal gamento com preferência sobre
regional federal, não se proceder superior, de recurso especial ou os demais feitos, ressalvados os
à afetação, o relator, no tribunal de recurso extraordinário cujo que envolvam réu preso e os pe-
superior, comunicará o fato ao processamento houver sido so- didos de habeas corpus.
presidente ou ao vice-presidente brestado. § 3o O conteúdo do acórdão
que os houver enviado, para que § 11. A outra parte deverá ser abrangerá a análise dos funda-
seja revogada a decisão de sus- ouvida sobre o requerimento a mentos relevantes da tese jurí-
pensão referida no art. 1.036, § 1o. que se refere o § 9o, no prazo de dica discutida.
§ 2o (Revogado) 5 (cinco) dias.
§ 3o Havendo mais de uma § 12. Reconhecida a distin- Art. 1.039. Decididos os recur-
afetação, será prevento o rela- ção no caso: sos afetados, os órgãos colegia-
tor que primeiro tiver proferido a I – dos incisos I, II e IV do § 10, dos declararão prejudicados os
decisão a que se refere o inciso o próprio juiz ou relator dará pros- demais recursos versando sobre
I do caput. seguimento ao processo; idêntica controvérsia ou os deci-
§ 4o Os recursos afetados II – do inciso III do § 10, o re- dirão aplicando a tese firmada.
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Código de Processo Civil
Parágrafo único. Negada a o recurso especial ou extraordi- resposta no prazo de 15 (quin-
existência de repercussão geral nário será remetido ao respecti- ze) dias.
no recurso extraordinário afetado, vo tribunal superior, na forma do § 4o Após o prazo de res-
serão considerados automatica- art. 1.036, § 1o. posta, não havendo retratação, o
mente inadmitidos os recursos § 1o Realizado o juízo de re- agravo será remetido ao tribunal
extraordinários cujo processa- tratação, com alteração do acór- superior competente.
mento tenha sido sobrestado. dão divergente, o tribunal de ori- § 5o O agravo poderá ser jul-
gem, se for o caso, decidirá as gado, conforme o caso, conjun-
Art. 1.040. Publicado o acórdão demais questões ainda não deci- tamente com o recurso especial
paradigma: didas cujo enfrentamento se tor- ou extraordinário, assegurada,
I – o presidente ou o vice- nou necessário em decorrência neste caso, sustentação oral, ob-
-presidente do tribunal de origem da alteração. servando-se, ainda, o disposto
negará seguimento aos recursos § 2o Quando ocorrer a hi- no regimento interno do tribunal
especiais ou extraordinários so- pótese do inciso II do caput do respectivo.
brestados na origem, se o acór- art. 1.040 e o recurso versar so- § 6o Na hipótese de interpo-
dão recorrido coincidir com a bre outras questões, caberá ao sição conjunta de recursos extra-
orientação do tribunal superior; presidente ou ao vice-presidente ordinário e especial, o agravante
II – o órgão que proferiu o do tribunal recorrido, depois do deverá interpor um agravo para
acórdão recorrido, na origem, reexame pelo órgão de origem e cada recurso não admitido.
reexaminará o processo de com- independentemente de ratifica- § 7o Havendo apenas um
petência originária, a remessa ção do recurso, sendo positivo o agravo, o recurso será remetido
necessária ou o recurso ante- juízo de admissibilidade, deter- ao tribunal competente, e, ha-
riormente julgado, se o acórdão minar a remessa do recurso ao vendo interposição conjunta, os
recorrido contrariar a orientação tribunal superior para julgamento autos serão remetidos ao Supe-
do tribunal superior; das demais questões. rior Tribunal de Justiça.
III – os processos suspensos § 8o Concluído o julgamento
em primeiro e segundo graus de do agravo pelo Superior Tribunal
jurisdição retomarão o curso para
Seção III – Do Agravo em de Justiça e, se for o caso, do
julgamento e aplicação da tese Recurso Especial e em recurso especial, independente-
firmada pelo tribunal superior; Recurso Extraordinário mente de pedido, os autos serão
IV – se os recursos versarem remetidos ao Supremo Tribunal
sobre questão relativa a presta- Art. 1.042. Cabe agravo contra Federal para apreciação do agra-
ção de serviço público objeto de decisão do presidente ou do vice- vo a ele dirigido, salvo se estiver
concessão, permissão ou autori- -presidente do tribunal recorrido prejudicado.
zação, o resultado do julgamen- que inadmitir recurso extraordi-
to será comunicado ao órgão, nário ou recurso especial, salvo
ao ente ou à agência reguladora quando fundada na aplicação de
Seção IV – Dos Embargos de
competente para fiscalização da entendimento firmado em regime Divergência
efetiva aplicação, por parte dos de repercussão geral ou em jul-
entes sujeitos a regulação, da gamento de recursos repetitivos. Art. 1.043. É embargável o acór-
tese adotada. I – (Revogado); dão de órgão fracionário que:
§ 1o A parte poderá desistir II – (Revogado); I – em recurso extraordinário
da ação em curso no primeiro III – (Revogado). ou em recurso especial, divergir
grau de jurisdição, antes de pro- § 1o (Revogado): do julgamento de qualquer outro
ferida a sentença, se a questão I – (Revogado); órgão do mesmo tribunal, sendo
nela discutida for idêntica à resol- II – (Revogado): os acórdãos, embargado e para-
vida pelo recurso representativo a) (Revogada); digma, de mérito;
da controvérsia. b) (Revogada). II – (Revogado);
§ 2o Se a desistência ocorrer § 2o A petição de agravo será III – em recurso extraordinário
antes de oferecida contestação, a dirigida ao presidente ou ao vice- ou em recurso especial, divergir
parte ficará isenta do pagamen- -presidente do tribunal de ori- do julgamento de qualquer outro
to de custas e de honorários de gem e independe do pagamento órgão do mesmo tribunal, sendo
sucumbência. de custas e despesas postais, um acórdão de mérito e outro
§ 3o A desistência apresenta- aplicando-se a ela o regime de que não tenha conhecido do re-
da nos termos do § 1o independe repercussão geral e de recursos curso, embora tenha apreciado
de consentimento do réu, ainda repetitivos, inclusive quanto à a controvérsia;
que apresentada contestação. possibilidade de sobrestamento IV – (Revogado).
e do juízo de retratação. § 1o Poderão ser confronta-
Art. 1.041. Mantido o acórdão di- § 3o O agravado será intima- das teses jurídicas contidas em
vergente pelo tribunal de origem, do, de imediato, para oferecer julgamentos de recursos e de
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Código de Processo Civil
ações de competência originária. este Código, suas disposições se III – em que figure como par-
§ 2o A divergência que auto- aplicarão desde logo aos processos te a vítima de violência domésti-
riza a interposição de embargos pendentes, ficando revogada a Lei ca e familiar, nos termos da Lei
de divergência pode verificar-se no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. no 11.340, de 7 de agosto de 2006
na aplicação do direito material § 1o As disposições da Lei (Lei Maria da Penha);
ou do direito processual. n 5.869, de 11 de janeiro de 1973,
o
IV – em que se discuta a aplica-
§ 3o Cabem embargos de relativas ao procedimento sumá- ção do disposto nas normas gerais
divergência quando o acórdão rio e aos procedimentos especiais de licitação e contratação a que se
paradigma for da mesma turma que forem revogadas aplicar-se- refere o inciso XXVII do caput do
que proferiu a decisão embarga- -ão às ações propostas e não sen- art. 22 da Constituição Federal.
da, desde que sua composição tenciadas até o início da vigência § 1o A pessoa interessada na
tenha sofrido alteração em mais deste Código. obtenção do benefício, juntando
da metade de seus membros. § 2o Permanecem em vigor prova de sua condição, deverá
§ 4o O recorrente provará a as disposições especiais dos pro- requerê-lo à autoridade judiciária
divergência com certidão, cópia cedimentos regulados em outras competente para decidir o feito,
ou citação de repositório oficial leis, aos quais se aplicará suple- que determinará ao cartório do
ou credenciado de jurisprudência, tivamente este Código. juízo as providências a serem
inclusive em mídia eletrônica, § 3o Os processos menciona- cumpridas.
onde foi publicado o acórdão di- dos no art. 1.218 da Lei no 5.869, § 2o Deferida a prioridade,
vergente, ou com a reprodução de de 11 de janeiro de 1973, cujo pro- os autos receberão identificação
julgado disponível na rede mun- cedimento ainda não tenha sido própria que evidencie o regime de
dial de computadores, indicando incorporado por lei submetem-se tramitação prioritária.
a respectiva fonte, e mencionará ao procedimento comum previsto § 3o Concedida a prioridade,
as circunstâncias que identifi- neste Código. essa não cessará com a morte do
cam ou assemelham os casos § 4o As remissões a disposi- beneficiado, estendendo-se em
confrontados. ções do Código de Processo Civil favor do cônjuge supérstite ou do
§ 5o (Revogado) revogado, existentes em outras companheiro em união estável.
leis, passam a referir-se às que § 4o A tramitação prioritá-
Art. 1.044. No recurso de em- lhes são correspondentes neste ria independe de deferimento
bargos de divergência, será ob- Código. pelo órgão jurisdicional e deverá
servado o procedimento esta- § 5o A primeira lista de pro- ser imediatamente concedida
belecido no regimento interno cessos para julgamento em ordem diante da prova da condição de
do respectivo tribunal superior. cronológica observará a antigui- beneficiário.
§ 1o A interposição de embar- dade da distribuição entre os já
gos de divergência no Superior conclusos na data da entrada em Art. 1.049. Sempre que a lei re-
Tribunal de Justiça interrompe vigor deste Código. meter a procedimento previsto na
o prazo para interposição de re- lei processual sem especificá-lo,
curso extraordinário por qualquer Art. 1.047. As disposições de será observado o procedimento
das partes. direito probatório adotadas neste comum previsto neste Código.
§ 2o Se os embargos de di- Código aplicam-se apenas às pro- Parágrafo único. Na hipótese
vergência forem desprovidos ou vas requeridas ou determinadas de a lei remeter ao procedimento
não alterarem a conclusão do de ofício a partir da data de início sumário, será observado o pro-
julgamento anterior, o recurso de sua vigência. cedimento comum previsto nes-
extraordinário interposto pela te Código, com as modificações
outra parte antes da publicação Art. 1.048. Terão prioridade de previstas na própria lei especial,
do julgamento dos embargos de tramitação, em qualquer juízo se houver.
divergência será processado e ou tribunal, os procedimentos
julgado independentemente de judiciais: Art. 1.050. A União, os Estados,
ratificação. I – em que figure como parte o Distrito Federal, os Municípios,
ou interessado pessoa com idade suas respectivas entidades da ad-
igual ou superior a 60 (sessenta) ministração indireta, o Ministério
LIVRO COMPLEMENTAR anos ou portadora de doença Público, a Defensoria Pública e a
– DISPOSIÇÕES FINAIS E grave, assim compreendida qual- Advocacia Pública, no prazo de 30
TRANSITÓRIAS quer das enumeradas no art. 6o, (trinta) dias a contar da data da
inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 entrada em vigor deste Código,
Art. 1.045. Este Código entra em de dezembro de 1988; deverão se cadastrar perante
vigor após decorrido 1 (um) ano da II – regulados pela Lei a administração do tribunal no
data de sua publicação oficial. no 8.069, de 13 de julho de 1990 qual atuem para cumprimento
(Estatuto da Criança e do Ado- do disposto nos arts. 246, § 2o, e
Art. 1.046. Ao entrar em vigor lescente); 270, parágrafo único.
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Código de Processo Civil
Art. 1.051. As empresas públicas que houver recolhimento de im- no 4.737, de 15 de julho de 1965
e privadas devem cumprir o dis- portância em dinheiro, esta será (Código Eleitoral), passa a vigorar
posto no art. 246, § 1o, no prazo de depositada em nome da parte ou com a seguinte redação:
30 (trinta) dias, a contar da data do interessado, em conta especial ��������������������������������������������������
de inscrição do ato constitutivo movimentada por ordem do juiz,
da pessoa jurídica, perante o juízo nos termos do art. 840, inciso I. Art. 1.068. O art. 274 e o caput
onde tenham sede ou filial. do art. 2.027 da Lei no 10.406, de
Parágrafo único. O disposto Art. 1.059. À tutela provisória re- 10 de janeiro de 2002 (Código
no caput não se aplica às mi- querida contra a Fazenda Pública Civil), passam a vigorar com a
croempresas e às empresas de aplica-se o disposto nos arts. 1o a seguinte redação:
pequeno porte. 4o da Lei no 8.437, de 30 de junho ��������������������������������������������������
de 1992, e no art. 7o, § 2o, da Lei
Art. 1.052. Até a edição de lei no 12.016, de 7 de agosto de 2009. Art. 1.069. O Conselho Nacional
específica, as execuções contra de Justiça promoverá, periodi-
devedor insolvente, em curso ou Art. 1.060. O inciso II do art. 14 camente, pesquisas estatísticas
que venham a ser propostas, per- da Lei no 9.289, de 4 de julho de para avaliação da efetividade das
manecem reguladas pelo Livro II, 1996, passa a vigorar com a se- normas previstas neste Código.
Título IV, da Lei no 5.869, de 11 de guinte redação:
janeiro de 1973. �������������������������������������������������� Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias
o prazo para a interposição de
Art. 1.053. Os atos processuais Art. 1.061. O § 3o do art. 33 da qualquer agravo, previsto em lei
praticados por meio eletrônico até Lei no 9.307, de 23 de setembro ou em regimento interno de tri-
a transição definitiva para certifi- de 1996 (Lei de Arbitragem), passa bunal, contra decisão de relator
cação digital ficam convalidados, a vigorar com a seguinte redação: ou outra decisão unipessoal pro-
ainda que não tenham observado �������������������������������������������������� ferida em tribunal.
os requisitos mínimos estabele-
cidos por este Código, desde que Art. 1.062. O incidente de des- Art. 1.071. O Capítulo III do Título
tenham atingido sua finalidade e consideração da personalidade V da Lei no 6.015, de 31 de dezem-
não tenha havido prejuízo à defesa jurídica aplica-se ao processo bro de 1973 (Lei de Registros Pú-
de qualquer das partes. de competência dos juizados es- blicos), passa a vigorar acrescida
peciais. do seguinte art. 216‑A:
Art. 1.054. O disposto no ��������������������������������������������������
art. 503, § 1o, somente se aplica Art. 1.063. Até a edição de lei
aos processos iniciados após a específica, os juizados especiais Art. 1.072. Revogam-se:
vigência deste Código, aplicando- cíveis previstos na Lei no 9.099, de I – o art. 22 do Decreto-lei
-se aos anteriores o disposto nos 26 de setembro de 1995, continuam no 25, de 30 de novembro de 1937;
arts. 5o, 325 e 470 da Lei no 5.869, competentes para o processamen- II – os arts. 227, caput, 229,
de 11 de janeiro de 1973. to e julgamento das causas pre- 230, 456, 1.482, 1.483 e 1.768 a
vistas no art. 275, inciso II, da Lei 1.773 da Lei no 10.406, de 10 de
Art. 1.055. (Vetado) no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. janeiro de 2002 (Código Civil);
III – os arts. 2o, 3o, 4o, 6o, 7o,
Art. 1.056. Considerar-se-á Art. 1.064. O caput do art. 48 da 11, 12 e 17 da Lei no 1.060, de 5 de
como termo inicial do prazo da Lei no 9.099, de 26 de setembro fevereiro de 1950;
prescrição prevista no art. 924, de 1995, passa a vigorar com a IV – os arts. 13 a 18, 26 a 29 e
inciso V, inclusive para as execu- seguinte redação: 38 da Lei no 8.038, de 28 de maio
ções em curso, a data de vigência �������������������������������������������������� de 1990;
deste Código. V – os arts. 16 a 18 da Lei
Art. 1.065. O art. 50 da Lei no 5.478, de 25 de julho de 1968; e
Art. 1.057. O disposto no no 9.099, de 26 de setembro de VI – o art. 98, § 4o, da Lei
art. 525, §§ 14 e 15, e no art. 535, 1995, passa a vigorar com a se- n 12.529, de 30 de novembro de
o
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Lei de Introdução do
Código Penal
Decreto-lei no 3.914/1941
Lei de Introdução do Código Penal de um conto de réis a dez contos mínimo, três anos.
(Decreto-lei no 2.848, de 7 de de- de réis, ou com ambas as penas, § 2o Se o menor completar
zembro de 1940) e da Lei das Con- cumulativamente. vinte e um anos, sem que tenha
travenções Penais (Decreto-lei sido revogada a medida de in-
no 3.688, de 3 de outubro de 1941). Art. 4o Quem cometer contra- ternação, será transferido para
venção prevista no Código Flo- colônia agrícola ou para instituto
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, restal será punido com pena de de trabalho, de reeducação ou de
usando da atribuição que lhe prisão simples, por quinze dias ensino profissional, ou seção es-
confere o art. 180 da Consti- a três meses, ou de multa, de pecial de outro estabelecimento,
tuição, duzentos mil-réis a cinco contos à disposição do juiz criminal.
de réis, ou com ambas as penas, § 3o Aplicar-se-á, quanto à
DECRETA: cumulativamente. revogação da medida, o dispos-
to no Código Penal sobre a revo-
Art. 1o Considera-se crime a in- Art. 5o Os fatos definidos como gação de medida de segurança.
fração penal a que a lei comina crimes no Código de Pesca (De-
pena de reclusão ou de detenção, creto-lei no 794, de 19 de outu- Art. 8o As interdições perma-
quer isoladamente, quer alterna- bro de 1938) passam a constituir nentes, previstas na legislação
tiva ou cumulativamente com a contravenções, punidas com a especial como efeito de sentença
pena de multa; contravenção, a pena de prisão simples, por três condenatória, durarão pelo tempo
infração penal a que a lei comi- meses a um ano, ou de multa, de de vinte anos.
na, isoladamente, pena de prisão quinhentos mil-réis a dez contos
simples ou de multa, ou ambas, de réis, ou com ambas as penas, Art. 9o As interdições perma-
alternativa ou cumulativamente. cumulativamente. nentes, impostas em sentença
condenatória passada em julgado,
Art. 2o Quem incorrer em falên- Art. 6o Quem, depois de punido ou desta decorrentes, de acor-
cia será punido: administrativamente por infração do com a Consolidação das Leis
I – se fraudulenta a falência, da legislação especial sobre a Penais, durarão pelo prazo máxi-
com a pena de reclusão, por 2 caça, praticar qualquer infração mo estabelecido no Código Penal
a 6 anos; definida na mesma legislação, para a espécie correspondente.
II – se culposa, com a pena ficará sujeito à pena de prisão Parágrafo único. Aplicar-se-á
de detenção, por 6 meses a três simples, por quinze dias a três o disposto neste artigo às inter-
anos. meses. dições temporárias com prazo
de duração superior ao limite
Art. 3o Os fatos definidos como Art. 7o No caso do art. 71 do Códi- máximo fixado no Código Penal.
crimes no Código Florestal, quan- go de Menores (Decreto no 17.943-
do não compreendidos em dispo- A, de 12 de outubro de 1927), o juiz Art. 10. O disposto nos arts. 8o
sição do Código Penal, passam a determinará a internação do me- e 9o não se aplica às interdições
constituir contravenções, punidas nor em seção especial de escola que, segundo o Código Penal, po-
com a pena de prisão simples, por de reforma. dem consistir em incapacidades
três meses a um ano, ou de multa, § 1o A internação durará, no permanentes.
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Lei de Introdução do Código Penal
Art. 11. Observar-se-á, quanto ao que não exceda de dois, o juiz em que vier a saber quem é o
prazo de duração das interdições, poderá conceder a suspensão autor do fato.
nos casos dos arts. 8o e 9o, o dis- condicional da pena, desde que
posto no art. 72 do Código Penal, reunidas as demais condições Art. 21. Nos casos em que o Có-
no que for aplicável. exigidas pelo art. 57 do Código digo Penal exige representação,
Penal. sem esta não poderá ser intenta-
Art. 12. Quando, por fato come- da ação pública por fato pratica-
tido antes da vigência do Código Art. 17. Aplicar-se-á o disposto do antes de 1o de janeiro de 1942;
Penal, se tiver de pronunciar con- no art. 81, § 1o, nos II e III, do Código prosseguindo-se, entretanto, na
denação, de acordo com a lei an- Penal, aos indivíduos recolhidos a que tiver sido anteriormente ini-
terior, atender-se-á ao seguinte: manicômio judiciário ou a outro ciada, haja ou não representação.
I – a pena de prisão celular, estabelecimento em virtude do Parágrafo único. Atender-
ou de prisão com trabalho, será disposto no art. 29, 1a parte, da -se-á, no que for aplicável, ao
substituída pela de reclusão, ou Consolidação das Leis Penais. disposto no parágrafo único do
de detenção, se uma destas for artigo anterior.
a pena cominada para o mesmo Art. 18. As condenações anterio-
fato pelo Código Penal; res serão levadas em conta para Art. 22. Onde não houver es-
II – a pena de prisão celular ou determinação da reincidência em tabelecimento adequado para
de prisão com trabalho será subs- relação a fato praticado depois de a execução de medida de segu-
tituída pela de prisão simples, entrar em vigor o Código Penal. rança detentiva estabelecida no
se o fato estiver definido como art. 88, § 1o, no III, do Código Penal,
contravenção na lei anterior, ou Art. 19. O juiz aplicará o dispos- aplicar-se-á a de liberdade vigia-
na Lei das Contravenções Penais. to no art. 2o, parágrafo único, in da, até que seja criado aquele
fine, do Código Penal, nos seguin- estabelecimento ou adotada qual-
Art. 13. A pena de prisão celular tes casos: quer das providências previstas
ou de prisão com trabalho impos- I – se o Código ou a Lei das no art. 89, e seu parágrafo, do
ta em sentença irrecorrível, ainda Contravenções penais cominar mesmo Código.
que já iniciada a execução, será para o fato pena de multa, iso- Parágrafo único. Enquanto
convertida em reclusão, detenção ladamente, e na sentença tiver não existir estabelecimento ade-
ou prisão simples, de conformi- sido imposta pena privativa de quado, as medidas detentivas
dade com as normas prescritas liberdade; estabelecidas no art. 88, § 1o, nos I
no artigo anterior. II – se o Código ou a Lei das e II, do Código Penal poderão ser
Contravenções cominar para o executadas em seções especiais
Art. 14. A pena convertida em fato pena privativa de liberdade de manicômio comum, asilo ou
prisão simples, em virtude do por tempo inferior ao da pena casa de saúde.
art. 409 da Consolidação das Leis cominada na lei aplicada pela
Penais, será convertida em reclu- sentença. Art. 23. Onde não houver esta-
são, detenção ou prisão simples, Parágrafo único. Em nenhum belecimento adequado ou adap-
segundo o disposto no art. 13, caso, porém, o juiz reduzirá a tado à execução das penas de
desde que o condenado possa pena abaixo do limite que fixaria reclusão, detenção ou prisão, po-
ser recolhido a estabelecimento se pronunciasse condenação de derão estas ser cumpridas em
destinado à execução da pena acordo com o Código Penal. prisão comum.
resultante da conversão.
Parágrafo único. Abstrair- Art. 20. Não poderá ser pro- Art. 24. Não se aplicará o dis-
-se-á, no caso de conversão, do movida ação pública por fato posto no art. 79, no II, do Código
aumento que tiver sido aplica- praticado antes da vigência do Penal a indivíduo que, antes de
do, de acordo com o disposto no Código Penal: 1o de janeiro de 1942, tenha sido
art. 609, in fine, da Consolidação I – quando, pela lei anterior, absolvido por sentença passada
das Leis Penais. somente cabia ação privada; em julgado.
II – quando, ao contrário
Art. 15. A substituição ou con- do que dispunha a lei anterior, Art. 25. A medida de segurança
versão da pena, na forma desta o Código Penal só admite ação aplicável ao condenado que, a 1o
Lei, não impedirá a suspensão privada. de janeiro de 1942, ainda não te-
condicional, se lei anterior não Parágrafo único. O prazo es- nha cumprido a pena, é a liber-
a excluía. tabelecido no art. 105 do Código dade vigiada.
Penal correrá, na hipótese do no II:
Art. 16. Se, em virtude da subs- a) de 1o de janeiro de 1942, se Art. 26. A presente Lei não se
tituição da pena, for imposta a de o ofendido sabia, anteriormente, aplica aos crimes referidos no
detenção ou a de prisão simples, quem era o autor do fato; art. 360 do Código Penal, salvo
por tempo superior a um ano e b) no caso contrário, do dia os de falência.
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Lei de Introdução do Código Penal
Art. 27. Esta Lei entrará em
vigor em 1o de janeiro de 1942;
revogadas as disposições em
contrário.
GETÚLIO VARGAS
398
Código Penal
CÓDIGO PENAL
Decreto-lei no 2.848/1940
403 PARTE GERAL
403 TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
404 TÍTULO II – DO CRIME
405 TÍTULO III – DA IMPUTABILIDADE PENAL
406 TÍTULO IV – DO CONCURSO DE PESSOAS
406 TÍTULO V – DAS PENAS
406 CAPÍTULO I – DAS ESPÉCIES DE PENA
406 Seção I – Das Penas Privativas de Liberdade
407 Seção II – Das Penas Restritivas de Direitos
408 Seção III – Da Pena de Multa
408 CAPÍTULO II – DA COMINAÇÃO DAS PENAS
409 CAPÍTULO III – DA APLICAÇÃO DA PENA
410 CAPÍTULO IV – DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
411 CAPÍTULO V – DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
412 CAPÍTULO VI – DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
412 CAPÍTULO VII – DA REABILITAÇÃO
413 TÍTULO VI – DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
413 TÍTULO VII – DA AÇÃO PENAL
414 TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
415 PARTE ESPECIAL
415 TÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
415 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A VIDA
417 CAPÍTULO II – DAS LESÕES CORPORAIS
417 CAPÍTULO III – DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
418 CAPÍTULO IV – DA RIXA
418 CAPÍTULO V – DOS CRIMES CONTRA A HONRA
419 CAPÍTULO VI – DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
419 Seção I – Dos Crimes contra a Liberdade Pessoal
420 Seção II – Dos Crimes contra a Inviolabilidade do Domicílio
421 Seção III – Dos Crimes contra a Inviolabilidade de Correspondência
421 Seção IV – Dos Crimes contra a Inviolabilidade dos Segredos
422 TÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
422 CAPÍTULO I – DO FURTO
422 CAPÍTULO II – DO ROUBO E DA EXTORSÃO
423 CAPÍTULO III – DA USURPAÇÃO
423 CAPÍTULO IV – DO DANO
424 CAPÍTULO V – DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
424 CAPÍTULO VI – DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
426 CAPÍTULO VII – DA RECEPTAÇÃO
427 CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES GERAIS
427 TÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
427 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL
427 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O PRIVILÉGIO DE INVENÇÃO
427 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA AS MARCAS DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO
427 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES DE CONCORRÊNCIA DESLEAL
427 TÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
428 TÍTULO V – DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS
MORTOS
428 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO
429 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
429 TÍTULO VI – DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
429 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
429 CAPÍTULO I-A – DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
429 CAPÍTULO II – DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
430 CAPÍTULO III – DO RAPTO
430 CAPÍTULO IV – DISPOSIÇÕES GERAIS
430 CAPÍTULO V – DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU
OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
431 CAPÍTULO VI – DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
431 CAPÍTULO VII – DISPOSIÇÕES GERAIS
432 TÍTULO VII – DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
432 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO
432 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO
432 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR
433 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA
433 TÍTULO VIII – DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
433 CAPÍTULO I – DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
434 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E
TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
435 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
437 TÍTULO IX – DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
437 TÍTULO X – DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
437 CAPÍTULO I – DA MOEDA FALSA
438 CAPÍTULO II – DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
438 CAPÍTULO III – DA FALSIDADE DOCUMENTAL
439 CAPÍTULO IV – DE OUTRAS FALSIDADES
440 CAPÍTULO V – DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
440 TÍTULO XI – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
440 CAPÍTULO I – DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
442 CAPÍTULO II – DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM
GERAL
444 CAPÍTULO II-A – DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA ESTRANGEIRA
444 CAPÍTULO II-B – DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
445 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
447 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
448 TÍTULO XII – DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
448 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A SOBERANIA NACIONAL
448 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
448 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES
DEMOCRÁTICAS NO PROCESSO ELEITORAL
449 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS
449 CAPÍTULO V – (VETADO)
449 CAPÍTULO VI – DISPOSIÇÕES COMUNS
449 DISPOSIÇÕES FINAIS
Código Penal
Decreto-lei no 2.848/1940
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Art. 4o Considera-se praticado Art. 7o Ficam sujeitos à lei bra-
usando da atribuição que lhe o crime no momento da ação ou sileira, embora cometidos no es-
confere o art. 180 da Consti- omissão, ainda que outro seja o trangeiro:
tuição, momento do resultado. I – os crimes:
a) contra a vida ou a liberda-
DECRETA a seguinte Lei: Territorialidade de do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a
Art. 5o Aplica-se a lei brasilei- fé pública da União, do Distrito
PARTE GERAL ra, sem prejuízo de convenções, Federal, de Estado, de Território,
TÍTULO I – DA APLICAÇÃO tratados e regras de direito in- de Município, de empresa pública,
ternacional, ao crime cometido sociedade de economia mista,
DA LEI PENAL no território nacional. autarquia ou fundação instituída
§ 1o Para os efeitos penais, pelo Poder Público;
Anterioridade da Lei consideram-se como extensão c) contra a administração
do território nacional as embar- pública, por quem está a seu
Art. 1o Não há crime sem lei an- cações e aeronaves brasileiras, serviço;
terior que o defina. Não há pena de natureza pública ou a serviço d) de genocídio, quando o
sem prévia cominação legal. do governo brasileiro onde quer agente for brasileiro ou domici-
que se encontrem, bem como as liado no Brasil;
Lei penal no tempo aeronaves e as embarcações bra- II – os crimes:
sileiras, mercantes ou de proprie- a) que, por tratado ou con-
Art. 2o Ninguém pode ser punido dade privada, que se achem, res- venção, o Brasil se obrigou a re-
por fato que lei posterior deixa pectivamente, no espaço aéreo primir;
de considerar crime, cessando correspondente ou em alto-mar. b) praticados por brasileiro;
em virtude dela a execução e os § 2o É também aplicável a lei c) praticados em aeronaves
efeitos penais da sentença con- brasileira aos crimes praticados a ou embarcações brasileiras, mer-
denatória. bordo de aeronaves ou embarca- cantes ou de propriedade privada,
Parágrafo único. A lei pos- ções estrangeiras de propriedade quando em território estrangeiro
terior, que de qualquer modo fa- privada, achando-se aquelas em e aí não sejam julgados.
vorecer o agente, aplica-se aos pouso no território nacional ou em § 1o Nos casos do inciso I,
fatos anteriores, ainda que deci- voo no espaço aéreo correspon- o agente é punido segundo a lei
didos por sentença condenatória dente, e estas em porto ou mar brasileira, ainda que absolvido ou
transitada em julgado. territorial do Brasil. condenado no estrangeiro.
§ 2o Nos casos do inciso II,
Lei excepcional ou temporária Lugar do crime a aplicação da lei brasileira de-
pende do concurso das seguintes
Art. 3o A lei excepcional ou tem- Art. 6o Considera-se praticado condições:
porária, embora decorrido o perí- o crime no lugar em que ocor- a) entrar o agente no terri-
odo de sua duração ou cessadas reu a ação ou omissão, no todo tório nacional;
as circunstâncias que a determi- ou em parte, bem como onde se b) ser o fato punível também
naram, aplica-se ao fato praticado produziu ou deveria produzir-se no país em que foi praticado;
durante sua vigência. o resultado. c) estar o crime incluído en-
403
Código Penal
tre aqueles pelos quais a lei brasi- Frações não computáveis da pena Tentativa
leira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente ab- Art. 11. Desprezam-se, nas pe- II – tentado, quando, iniciada
solvido no estrangeiro ou não ter nas privativas de liberdade e nas a execução, não se consuma por
aí cumprido a pena; restritivas de direitos, as frações circunstâncias alheias à vontade
e) não ter sido o agente per- de dia, e, na pena de multa, as do agente.
doado no estrangeiro ou, por ou- frações de cruzeiro.
tro motivo, não estar extinta a Pena de tentativa
punibilidade, segundo a lei mais Legislação especial
favorável. Parágrafo único. Salvo dis-
§ 3o A lei brasileira aplica-se Art. 12. As regras gerais deste posição em contrário, pune-se
também ao crime cometido por Código aplicam-se aos fatos incri- a tentativa com a pena corres-
estrangeiro contra brasileiro fora minados por lei especial, se esta pondente ao crime consumado,
do Brasil, se, reunidas as con- não dispuser de modo diverso. diminuída de um a dois terços.
dições previstas no parágrafo
anterior: Desistência voluntária e
a) não foi pedida ou foi ne- TÍTULO II – DO CRIME arrependimento eficaz
gada a extradição;
b) houve requisição do Mi- Relação de causalidade Art. 15. O agente que, volunta-
nistro da Justiça. riamente, desiste de prosseguir
Art. 13. O resultado, de que de- na execução ou impede que o re-
Pena cumprida no estrangeiro pende a existência do crime, so- sultado se produza, só responde
mente é imputável a quem lhe deu pelos atos já praticados.
Art. 8o A pena cumprida no es- causa. Considera-se causa a ação
trangeiro atenua a pena impos- ou omissão sem a qual o resultado Arrependimento posterior
ta no Brasil pelo mesmo crime, não teria ocorrido.
quando diversas, ou nela é com- Art. 16. Nos crimes cometidos
putada, quando idênticas. Superveniência de causa sem violência ou grave ameaça à
independente pessoa, reparado o dano ou resti-
Eficácia de sentença estrangeira tuída a coisa, até o recebimento
§ 1o A superveniência de cau- da denúncia ou da queixa, por ato
Art. 9 A sentença estrangeira,
o
sa relativamente independente voluntário do agente, a pena será
quando a aplicação da lei brasilei- exclui a imputação quando, por si reduzida de um a dois terços.
ra produz na espécie as mesmas só, produziu o resultado; os fatos
consequências, pode ser homo- anteriores, entretanto, imputam- Crime impossível
logada no Brasil para: -se a quem os praticou.
I – obrigar o condenado à re- Art. 17. Não se pune a tentativa
paração do dano, a restituições e Relevância da omissão quando, por ineficácia absoluta
a outros efeitos civis; do meio ou por absoluta impro-
II – sujeitá-lo à medida de § 2o A omissão é penalmen- priedade do objeto, é impossível
segurança. te relevante quando o omitente consumar-se o crime.
Parágrafo único. A homolo- devia e podia agir para evitar o
gação depende: resultado. O dever de agir incum- Art. 18. Diz-se o crime:
a) para os efeitos previstos be a quem:
no inciso I, de pedido da parte a) tenha por lei obrigação de Crime doloso
interessada; cuidado, proteção ou vigilância;
b) para os outros efeitos, da b) de outra forma, assumiu I – doloso, quando o agente
existência de tratado de extradi- a responsabilidade de impedir quis o resultado ou assumiu o
ção com o país de cuja autoridade o resultado; risco de produzi-lo;
judiciária emanou a sentença, ou, c) com seu comportamento
na falta de tratado, de requisição anterior, criou o risco da ocorrên- Crime culposo
do Ministro da Justiça. cia do resultado.
II – culposo, quando o agente
Contagem de prazo Art. 14. Diz-se o crime: deu causa ao resultado por impru-
dência, negligência ou imperícia.
Art. 10. O dia do começo inclui- Crime consumado Parágrafo único. Salvo os ca-
-se no cômputo do prazo. Con- sos expressos em lei, ninguém
tam-se os dias, os meses e os I – consumado, quando nele pode ser punido por fato previs-
anos pelo calendário comum. se reúnem todos os elementos to como crime, senão quando o
de sua definição legal; pratica dolosamente.
404
Código Penal
Agravação pelo resultado coação irresistível ou em estrita prática de crimes.3
obediência a ordem, não mani-
Art. 19. Pelo resultado que agra- festamente ilegal, de superior
va especialmente a pena, só res- hierárquico, só é punível o autor TÍTULO III – DA
ponde o agente que o houver da coação ou da ordem. IMPUTABILIDADE PENAL
causado ao menos culposamente.
Exclusão de ilicitude Inimputáveis
Erro sobre elementos do tipo
Art. 23. Não há crime quando o Art. 26. É isento de pena o
Art. 20. O erro sobre elemento agente pratica o fato: agente que, por doença mental
constitutivo do tipo legal de cri- I – em estado de necessidade; ou desenvolvimento mental in-
me exclui o dolo, mas permite a II – em legítima defesa;1 completo ou retardado, era, ao
punição por crime culposo, se III – em estrito cumprimento tempo da ação ou da omissão,
previsto em lei. de dever legal ou no exercício inteiramente incapaz de enten-
regular de direito. der o caráter ilícito do fato ou de
Descriminantes putativas determinar-se de acordo com
Excesso punível esse entendimento.
§ 1o É isento de pena quem,
por erro plenamente justificado Parágrafo único. O agente, Redução de pena
pelas circunstâncias, supõe si- em qualquer das hipóteses deste
tuação de fato que, se existisse, artigo, responderá pelo excesso Parágrafo único. A pena pode
tornaria a ação legítima. Não há doloso ou culposo. ser reduzida de um a dois ter-
isenção de pena quando o erro ços, se o agente, em virtude de
deriva de culpa e o fato é punível Estado de necessidade perturbação de saúde mental
como crime culposo. ou por desenvolvimento mental
Art. 24. Considera-se em esta- incompleto ou retardado não era
Erro determinado por terceiro do de necessidade quem pratica inteiramente capaz de entender
o fato para salvar de perigo atual, o caráter ilícito do fato ou de de-
§ 2o Responde pelo crime o que não provocou por sua von- terminar-se de acordo com esse
terceiro que determina o erro. tade, nem podia de outro modo entendimento.
evitar, direito próprio ou alheio,
Erro sobre a pessoa cujo sacrifício, nas circunstân- Menores de dezoito anos
cias, não era razoável exigir-se.
§ 3o O erro quanto à pessoa § 1o Não pode alegar estado Art. 27. Os menores de 18 (de-
contra a qual o crime é praticado de necessidade quem tinha o zoito) anos são penalmente inim-
não isenta de pena. Não se consi- dever legal de enfrentar o perigo. putáveis, ficando sujeitos às nor-
deram, neste caso, as condições § 2o Embora seja razoável mas estabelecidas na legislação
ou qualidades da vítima, senão as exigir-se o sacrifício do direito especial.
da pessoa contra quem o agente ameaçado, a pena poderá ser
queria praticar o crime. reduzida de um a dois terços. Emoção e paixão
Erro sobre a ilicitude do fato Legítima defesa Art. 28. Não excluem a imputa-
bilidade penal:
Art. 21. O desconhecimento da Art. 25. Entende-se em legí- I – a emoção ou a paixão;
lei é inescusável. O erro sobre a tima defesa quem, usando mo-
ilicitude do fato, se inevitável, deradamente dos meios neces- Embriaguez
isenta de pena; se evitável, po- sários, repele injusta agressão,
derá diminuí-la de um sexto a atual ou iminente, a direito seu II – a embriaguez, voluntária
um terço. ou de outrem.2 ou culposa, pelo álcool ou subs-
Parágrafo único. Conside- Parágrafo único. Observados tância de efeitos análogos.
ra-se evitável o erro se o agente os requisitos previstos no caput § 1o É isento de pena o agen-
atua ou se omite sem a consciên- deste artigo, considera-se tam- te que, por embriaguez comple-
cia da ilicitude do fato, quando lhe bém em legítima defesa o agente ta, proveniente de caso fortuito
era possível, nas circunstâncias, de segurança pública que repele ou força maior, era, ao tempo
ter ou atingir essa consciência. agressão ou risco de agressão a da ação ou da omissão, intei-
vítima mantida refém durante a ramente incapaz de entender o
Coação irresistível e caráter ilícito do fato ou de de-
obediência hierárquica terminar-se de acordo com esse
1
Nota do Editor (NE): ver ADPF no 779.
Art. 22. Se o fato é cometido sob 2
NE: ver ADPF no 779. 3
NE: ver ADPF no 779.
405
Código Penal
entendimento. Seção I – Das Penas da pena, a exame criminológico
§ 2o A pena pode ser reduzi- Privativas de Liberdade de classificação para individua-
da de um a dois terços, se o agen- lização da execução.
te, por embriaguez, proveniente Reclusão e detenção § 1o O condenado fica sujeito
de caso fortuito ou força maior, a trabalho no período diurno e a
não possuía, ao tempo da ação Art. 33. A pena de reclusão deve isolamento durante o repouso
ou da omissão, a plena capaci- ser cumprida em regime fechado, noturno.
dade de entender o caráter ilícito semiaberto ou aberto. A de de- § 2o O trabalho será em co-
do fato ou de determinar-se de tenção, em regime semiaberto, mum dentro do estabelecimento,
acordo com esse entendimento. ou aberto, salvo necessidade de na conformidade das aptidões ou
transferência a regime fechado. ocupações anteriores do conde-
§ 1o Considera-se: nado, desde que compatíveis com
TÍTULO IV – DO CONCURSO a) regime fechado a execu- a execução da pena.
DE PESSOAS ção da pena em estabelecimento § 3o O trabalho externo é ad-
de segurança máxima ou média; missível, no regime fechado, em
Art. 29. Quem, de qualquer b) regime semiaberto a exe- serviços ou obras públicas.
modo, concorre para o crime in- cução da pena em colônia agríco-
cide nas penas a este cominadas, la, industrial ou estabelecimento Regras do regime semiaberto
na medida de sua culpabilidade. similar;
§ 1o Se a participação for de c) regime aberto a execução Art. 35. Aplica-se a norma do
menor importância, a pena pode da pena em casa de albergado ou art. 34 deste Código, caput, ao
ser diminuída de um sexto a um estabelecimento adequado. condenado que inicie o cumpri-
terço. § 2o As penas privativas de mento da pena em regime se-
§ 2o Se algum dos concor- liberdade deverão ser executadas miaberto.
rentes quis participar de crime em forma progressiva, segundo o § 1o O condenado fica sujeito
menos grave, ser-lhe-á aplicada mérito do condenado, observados a trabalho em comum durante o
a pena deste; essa pena será au- os seguintes critérios e ressalva- período diurno, em colônia agríco-
mentada até metade, na hipótese das as hipóteses de transferência la, industrial ou estabelecimento
de ter sido previsível o resultado a regime mais rigoroso: similar.
mais grave. a) o condenado a pena supe- § 2o O trabalho externo é ad-
rior a 8 (oito) anos deverá começar missível, bem como a frequência
Circunstâncias incomunicáveis a cumpri-la em regime fechado; a cursos supletivos profissionali-
b) o condenado não reinci- zantes, de instrução de segundo
Art. 30. Não se comunicam as dente, cuja pena seja superior a grau ou superior.
circunstâncias e as condições 4 (quatro) anos e não exceda a 8
de caráter pessoal, salvo quando (oito), poderá, desde o princípio, Regras do regime aberto
elementares do crime. cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reinci- Art. 36. O regime aberto baseia-
Casos de impunibilidade dente, cuja pena seja igual ou -se na autodisciplina e senso de
inferior a 4 (quatro) anos, pode- responsabilidade do condenado.
Art. 31. O ajuste, a determinação rá, desde o início, cumpri-la em § 1o O condenado deverá,
ou instigação e o auxílio, salvo regime aberto. fora do estabelecimento e sem
disposição expressa em contrário, § 3o A determinação do re- vigilância, trabalhar, frequentar
não são puníveis, se o crime não gime inicial de cumprimento da curso ou exercer outra atividade
chega, pelo menos, a ser tentado. pena far-se-á com observância autorizada, permanecendo reco-
dos critérios previstos no art. 59 lhido durante o período noturno
deste Código. e nos dias de folga.
TÍTULO V – DAS PENAS § 4o O condenado por crime § 2o O condenado será trans-
CAPÍTULO I – DAS contra a administração pública ferido do regime aberto, se pra-
terá a progressão de regime do ticar fato definido como crime
ESPÉCIES DE PENA cumprimento da pena condicio- doloso, se frustrar os fins da exe-
nada à reparação do dano que cução ou se, podendo, não pagar a
Art. 32. As penas são: causou, ou à devolução do pro- multa cumulativamente aplicada.
I – privativas de liberdade; duto do ilícito praticado, com os
II – restritivas de direitos; acréscimos legais. Regime especial
III – de multa.
Regras do regime fechado Art. 37. As mulheres cumprem
pena em estabelecimento pró-
Art. 34. O condenado será sub- prio, observando-se os deveres
metido, no início do cumprimento e direitos inerentes à sua condi-
406
Código Penal
ção pessoal, bem como, no que III – (Vetado); penal decidirá sobre a conversão,
couber, o disposto neste Capítulo. IV – prestação de serviço à podendo deixar de aplicá-la se for
comunidade ou a entidades pú- possível ao condenado cumprir a
Direitos do preso blicas; pena substitutiva anterior.
V – interdição temporária de
Art. 38. O preso conserva todos direitos; Conversão das penas
os direitos não atingidos pela VI – limitação de fim de se- restritivas de direitos
perda da liberdade, impondo-se mana.
a todas as autoridades o respeito Art. 45. Na aplicação da substi-
à sua integridade física e moral. Art. 44. As penas restritivas de tuição prevista no artigo anterior,
direitos são autônomas e substi- proceder-se-á na forma deste e
Trabalho do preso tuem as privativas de liberdade, dos arts. 46, 47 e 48.
quando: § 1o A prestação pecuniá-
Art. 39. O trabalho do preso será I – aplicada pena privativa de ria consiste no pagamento em
sempre remunerado, sendo-lhe liberdade não superior a quatro dinheiro à vítima, a seus depen-
garantidos os benefícios da Pre- anos e o crime não for cometido dentes ou a entidade pública ou
vidência Social. com violência ou grave ameaça privada com destinação social, de
à pessoa ou, qualquer que seja importância fixada pelo juiz, não
Legislação especial a pena aplicada, se o crime for inferior a 1 (um) salário mínimo
culposo; nem superior a 360 (trezentos
Art. 40. A legislação especial II – o réu não for reincidente e sessenta) salários mínimos. O
regulará a matéria prevista nos em crime doloso; valor pago será deduzido do mon-
arts. 38 e 39 deste Código, bem III – a culpabilidade, os an- tante de eventual condenação
como especificará os deveres tecedentes, a conduta social e em ação de reparação civil, se
e direitos do preso, os critérios a personalidade do condenado, coincidentes os beneficiários.
para revogação e transferência bem como os motivos e as cir- § 2o No caso do parágrafo
dos regimes e estabelecerá as cunstâncias indicarem que essa anterior, se houver aceitação do
infrações disciplinares e corres- substituição seja suficiente. beneficiário, a prestação pecuni-
pondentes sanções. § 1o (Vetado) ária pode consistir em prestação
§ 2o Na condenação igual ou de outra natureza.
Superveniência de doença mental inferior a um ano, a substituição § 3o A perda de bens e valo-
pode ser feita por multa ou por res pertencentes aos condenados
Art. 41. O condenado a quem so- uma pena restritiva de direitos; dar-se-á, ressalvada a legislação
brevém doença mental deve ser se superior a um ano, a pena pri- especial, em favor do Fundo Pe-
recolhido a hospital de custódia vativa de liberdade pode ser subs- nitenciário Nacional, e seu valor
e tratamento psiquiátrico ou, à tituída por uma pena restritiva terá como teto – o que for maior
falta, a outro estabelecimento de direitos e multa ou por duas – o montante do prejuízo causado
adequado. restritivas de direitos. ou do provento obtido pelo agente
§ 3o Se o condenado for rein- ou por terceiro, em consequência
Detração cidente, o juiz poderá aplicar a da prática do crime.
substituição, desde que, em face § 4o (Vetado)
Art. 42. Computam-se, na pena de condenação anterior, a medida
privativa de liberdade e na medida seja socialmente recomendável Prestação de serviços à comunidade
de segurança, o tempo de prisão e a reincidência não se tenha ou a entidades públicas
provisória, no Brasil ou no estran- operado em virtude da prática
geiro, o de prisão administrativa do mesmo crime. Art. 46. A prestação de serviços
e o de internação em qualquer § 4o A pena restritiva de di- à comunidade ou a entidades
dos estabelecimentos referidos reitos converte-se em privativa públicas é aplicável às condena-
no artigo anterior. de liberdade quando ocorrer o ções superiores a seis meses de
descumprimento injustificado privação da liberdade.
da restrição imposta. No cálculo § 1o A prestação de serviços
Seção II – Das Penas da pena privativa de liberdade a à comunidade ou a entidades pú-
Restritivas de Direitos executar será deduzido o tempo blicas consiste na atribuição de
cumprido da pena restritiva de tarefas gratuitas ao condenado.
Penas restritivas de direitos direitos, respeitado o saldo mí- § 2o A prestação de servi-
nimo de trinta dias de detenção ço à comunidade dar-se-á em
Art. 43. As penas restritivas de ou reclusão. entidades assistenciais, hospi-
direitos são: § 5o Sobrevindo condenação tais, escolas, orfanatos e outros
I – prestação pecuniária; a pena privativa de liberdade, por estabelecimentos congêneres,
II – perda de bens e valores; outro crime, o juiz da execução em programas comunitários ou
407
Código Penal
estatais. (dez) e, no máximo, de 360 (tre- Suspensão da execução da multa
§ 3o As tarefas a que se re- zentos e sessenta) dias-multa.
fere o § 1o serão atribuídas con- § 1o O valor do dia-multa será Art. 52. É suspensa a execução
forme as aptidões do condenado, fixado pelo juiz não podendo ser da pena de multa, se sobrevém ao
devendo ser cumpridas à razão inferior a um trigésimo do maior condenado doença mental.
de uma hora de tarefa por dia de salário mínimo mensal vigente ao
condenação, fixadas de modo a tempo do fato, nem superior a 5
não prejudicar a jornada normal (cinco) vezes esse salário. CAPÍTULO II – DA
de trabalho. § 2o O valor da multa será COMINAÇÃO DAS PENAS
§ 4o Se a pena substituída for atualizado, quando da execução,
superior a um ano, é facultado ao pelos índices de correção mo- Penas privativas de liberdade
condenado cumprir a pena subs- netária.
titutiva em menor tempo (art. 55), Art. 53. As penas privativas de
nunca inferior à metade da pena Pagamento da multa liberdade têm seus limites esta-
privativa de liberdade fixada. belecidos na sanção correspon-
Art. 50. A multa deve ser paga dente a cada tipo legal de crime.
Interdição temporária de direitos dentro de 10 (dez) dias depois de
transitada em julgado a sentença. Penas restritivas de direitos
Art. 47. As penas de interdição A requerimento do condenado e
temporária de direitos são: conforme as circunstâncias, o juiz Art. 54. As penas restritivas de
I – proibição do exercício de pode permitir que o pagamento direitos são aplicáveis, indepen-
cargo, função ou atividade públi- se realize em parcelas mensais. dentemente de cominação na
ca, bem como de mandato eletivo; § 1o A cobrança da multa parte especial, em substituição
II – proibição do exercício de pode efetuar-se mediante des- à pena privativa de liberdade, fi-
profissão, atividade ou ofício que conto no vencimento ou salário xada em quantidade inferior a 1
dependam de habilitação espe- do condenado quando: (um) ano, ou nos crimes culposos.
cial, de licença ou autorização do a) aplicada isoladamente;
poder público; b) aplicada cumulativamente Art. 55. As penas restritivas de
III – suspensão de autoriza- com pena restritiva de direitos; direitos referidas nos incisos III,
ção ou de habilitação para dirigir c) concedida a suspensão IV, V e VI do art. 43 terão a mes-
veículo; condicional da pena. ma duração da pena privativa de
IV – proibição de frequentar § 2o O desconto não deve in- liberdade substituída, ressalvado
determinados lugares; cidir sobre os recursos indispen- o disposto no § 4o do art. 46.
V – proibição de inscrever-se sáveis ao sustento do condenado
em concurso, avaliação ou exame e de sua família. Art. 56. As penas de interdi-
públicos. ção, previstas nos incisos I e II do
Conversão da multa e revogação art. 47 deste Código, aplicam-se
Limitação de fim de semana para todo o crime cometido no
Art. 51. Transitada em julgado a exercício de profissão, atividade,
Art. 48. A limitação de fim de sentença condenatória, a multa ofício, cargo ou função, sempre
semana consiste na obrigação será executada perante o juiz da que houver violação dos deveres
de permanecer, aos sábados e execução penal e será conside- que lhes são inerentes.
domingos, por 5 (cinco) horas rada dívida de valor, aplicáveis as
diárias, em casa de albergado ou normas relativas à dívida ativa da Art. 57. A pena de interdição,
outro estabelecimento adequado. Fazenda Pública, inclusive no que prevista no inciso III do art. 47
Parágrafo único. Durante a concerne às causas interruptivas deste Código, aplica-se aos cri-
permanência poderão ser mi- e suspensivas da prescrição.4 mes culposos de trânsito.
nistrados ao condenado cursos e
palestras ou atribuídas atividades Modo de conversão Pena de multa
educativas.
§ 1o (Revogado) Art. 58. A multa, prevista em
cada tipo legal de crime, tem os
Seção III – Da Pena de Multa Revogação da conversão limites fixados no art. 49 e seus
Multa parágrafos deste Código.
§ 2o (Revogado) Parágrafo único. A multa pre-
Art. 49. A pena de multa con- vista no parágrafo único do art. 44
siste no pagamento ao fundo pe- e no § 2o do art. 60 deste Código
nitenciário da quantia fixada na aplica-se independentemente
sentença e calculada em dias- de cominação na parte especial.
-multa. Será, no mínimo, de 10 4
NE: ver ADI no 3.150.
408
Código Penal
CAPÍTULO III – DA rar a execução, a ocultação, a julgado a sentença que, no País
APLICAÇÃO DA PENA impunidade ou vantagem de ou- ou no estrangeiro, o tenha con-
tro crime; denado por crime anterior.
Fixação da pena c) à traição, de emboscada,
ou mediante dissimulação, ou Art. 64. Para efeito de reinci-
Art. 59. O juiz, atendendo à cul- outro recurso que dificultou ou dência:
pabilidade, aos antecedentes, à tornou impossível a defesa do I – não prevalece a conde-
conduta social, à personalidade ofendido; nação anterior, se entre a data
do agente, aos motivos, às cir- d) com emprego de veneno, do cumprimento ou extinção da
cunstâncias e consequências do fogo, explosivo, tortura ou outro pena e a infração posterior tiver
crime, bem como ao comporta- meio insidioso ou cruel, ou de decorrido período de tempo supe-
mento da vítima, estabelecerá, que podia resultar perigo comum; rior a 5 (cinco) anos, computado
conforme seja necessário e su- e) contra ascendente, des- o período de prova da suspensão
ficiente para reprovação e pre- cendente, irmão ou cônjuge; ou do livramento condicional, se
venção do crime: f) com abuso de autoridade não ocorrer revogação;
I – as penas aplicáveis dentre ou prevalecendo-se de relações II – não se consideram os cri-
as cominadas; domésticas, de coabitação ou de mes militares próprios e políticos.
II – a quantidade de pena apli- hospitalidade, ou com violência
cável, dentro dos limites previs- contra a mulher na forma da lei Circunstâncias atenuantes
tos; específica;
III – o regime inicial de cum- g) com abuso de poder ou Art. 65. São circunstâncias que
primento da pena privativa de violação de dever inerente a car- sempre atenuam a pena:
liberdade; go, ofício, ministério ou profissão; I – ser o agente menor de 21
IV – a substituição da pena h) contra criança, maior de (vinte e um), na data do fato, ou
privativa da liberdade aplicada, 60 (sessenta) anos, enfermo ou maior de 70 (setenta) anos, na
por outra espécie de pena, se mulher grávida; data da sentença;
cabível. i) quando o ofendido esta- II – o desconhecimento da lei;
va sob a imediata proteção da III – ter o agente:
Critérios especiais da pena de multa autoridade; a) cometido o crime por mo-
j) em ocasião de incêndio, tivo de relevante valor social ou
Art. 60. Na fixação da pena de naufrágio, inundação ou qual- moral;
multa o juiz deve atender, princi- quer calamidade pública, ou de b) procurado, por sua espon-
palmente, à situação econômica desgraça particular do ofendido; tânea vontade e com eficiência,
do réu. l) em estado de embriaguez logo após o crime, evitar-lhe ou
§ 1o A multa pode ser aumen- preordenada. minorar-lhe as consequências,
tada até o triplo, se o juiz consi- ou ter, antes do julgamento, re-
derar que, em virtude da situação Agravantes no caso de parado o dano;
econômica do réu, é ineficaz, em- concurso de pessoas c) cometido o crime sob co-
bora aplicada no máximo. ação a que podia resistir, ou em
Art. 62. A pena será ainda agra- cumprimento de ordem de autori-
Multa substitutiva vada em relação ao agente que: dade superior, ou sob a influência
I – promove, ou organiza a de violenta emoção, provocada
§ 2o A pena privativa de li- cooperação no crime ou dirige por ato injusto da vítima;
berdade aplicada, não superior a atividade dos demais agentes; d) confessado espontanea-
a 6 (seis) meses, pode ser subs- II – coage ou induz outrem mente, perante a autoridade, a
tituída pela de multa, observados à execução material do crime; autoria do crime;
os critérios dos incisos II e III do III – instiga ou determina a e) cometido o crime sob a in-
art. 44 deste Código. cometer o crime alguém sujeito fluência de multidão em tumulto,
à sua autoridade ou não punível se não o provocou.
Circunstâncias agravantes em virtude de condição ou qua-
lidade pessoal; Art. 66. A pena poderá ser ain-
Art. 61. São circunstâncias que IV – executa o crime, ou nele da atenuada em razão de cir-
sempre agravam a pena, quando participa, mediante paga ou pro- cunstância relevante, anterior ou
não constituem ou qualificam o messa de recompensa. posterior ao crime, embora não
crime: prevista expressamente em lei.
I – a reincidência; Reincidência
II – ter o agente cometido Concurso de circunstâncias
o crime: Art. 63. Verifica-se a reincidên- agravantes e atenuantes
a) por motivo fútil ou torpe; cia quando o agente comete novo
b) para facilitar ou assegu- crime, depois de transitar em Art. 67. No concurso de agra-
409
Código Penal
vantes e atenuantes, a pena deve iguais, somente uma delas, mas atingida a pessoa que o agente
aproximar-se do limite indicado aumentada, em qualquer caso, de pretendia ofender, aplica-se a
pelas circunstâncias prepon- um sexto até metade. As penas regra do art. 70 deste Código.
derantes, entendendo-se como aplicam-se, entretanto, cumulati-
tais as que resultam dos moti- vamente, se a ação ou omissão é Resultado diverso do pretendido
vos determinantes do crime, da dolosa e os crimes concorrentes
personalidade do agente e da resultam de desígnios autôno- Art. 74. Fora dos casos do arti-
reincidência. mos, consoante o disposto no go anterior, quando, por acidente
artigo anterior. ou erro na execução do crime,
Cálculo da pena Parágrafo único. Não poderá sobrevém resultado diverso do
a pena exceder a que seria cabível pretendido, o agente responde
Art. 68. A pena-base será fixa- pela regra do art. 69 deste Código. por culpa, se o fato é previsto
da atendendo-se ao critério do como crime culposo; se ocorre
art. 59 deste Código; em seguida Crime continuado também o resultado pretendido,
serão consideradas as circuns- aplica-se a regra do art. 70 des-
tâncias atenuantes e agravantes; Art. 71. Quando o agente, me- te Código.
por último, as causas de diminui- diante mais de uma ação ou omis-
ção e de aumento. são, pratica dois ou mais crimes Limite das penas
Parágrafo único. No concur- da mesma espécie e, pelas con-
so de causas de aumento ou de dições de tempo, lugar, maneira Art. 75. O tempo de cumprimen-
diminuição previstas na parte de execução e outras semelhan- to das penas privativas de liber-
especial, pode o juiz limitar-se tes, devem os subsequentes ser dade não pode ser superior a 40
a um só aumento ou a uma só havidos como continuação do (quarenta) anos.
diminuição, prevalecendo, toda- primeiro, aplica-se-lhe a pena de § 1o Quando o agente for con-
via, a causa que mais aumente um só dos crimes, se idênticas, denado a penas privativas de li-
ou diminua. ou a mais grave, se diversas, au- berdade cuja soma seja superior
mentada, em qualquer caso, de a 40 (quarenta) anos, devem elas
Concurso material um sexto a dois terços. ser unificadas para atender ao li-
Parágrafo único. Nos crimes mite máximo deste artigo.
Art. 69. Quando o agente, me- dolosos, contra vítimas diferen- § 2o Sobrevindo condenação
diante mais de uma ação ou tes, cometidos com violência ou por fato posterior ao início do
omissão, pratica dois ou mais grave ameaça à pessoa, poderá o cumprimento da pena, far-se-á
crimes, idênticos ou não, apli- juiz, considerando a culpabilidade, nova unificação, desprezando-se,
cam-se cumulativamente as pe- os antecedentes, a conduta social para esse fim, o período de pena
nas privativas de liberdade em e a personalidade do agente, bem já cumprido.
que haja incorrido. No caso de como os motivos e as circuns-
aplicação cumulativa de penas tâncias, aumentar a pena de um Concurso de infrações
de reclusão e de detenção, exe- só dos crimes, se idênticas, ou
cuta-se primeiro aquela. a mais grave, se diversas, até o Art. 76. No concurso de infra-
§ 1o Na hipótese deste artigo, triplo, observadas as regras do ções, executar-se-á primeira-
quando ao agente tiver sido apli- parágrafo único do art. 70 e do mente a pena mais grave.
cada pena privativa de liberdade, art. 75 deste Código.
não suspensa, por um dos crimes,
para os demais será incabível a Multas no concurso de crimes CAPÍTULO IV – DA
substituição de que trata o art. 44 SUSPENSÃO CONDICIONAL
deste Código. Art. 72. No concurso de crimes, DA PENA
§ 2o Quando forem aplicadas as penas de multa são aplicadas
penas restritivas de direitos, o distinta e integralmente. Requisitos da suspensão da pena
condenado cumprirá simultane-
amente as que forem compatí- Erro na execução Art. 77. A execução da pena pri-
veis entre si e sucessivamente vativa de liberdade, não superior a
as demais. Art. 73. Quando, por acidente ou 2 (dois) anos, poderá ser suspen-
erro no uso dos meios de execu- sa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
Concurso formal ção, o agente, ao invés de atingir desde que:
a pessoa que pretendia ofender, I – o condenado não seja rein-
Art. 70. Quando o agente, me- atinge pessoa diversa, responde cidente em crime doloso;
diante uma só ação ou omissão, como se tivesse praticado o crime II – a culpabilidade, os an-
pratica dois ou mais crimes, idên- contra aquela, atendendo-se ao tecedentes, a conduta social e
ticos ou não, aplica-se-lhe a mais disposto no § 3o do art. 20 deste personalidade do agente, bem
grave das penas cabíveis ou, se Código. No caso de ser também como os motivos e as circuns-
410
Código Penal
tâncias autorizem a concessão I – é condenado, em senten- rante a execução da pena;
do benefício; ça irrecorrível, por crime doloso; b) não cometimento de falta
III – não seja indicada ou ca- II – frustra, embora solvente, grave nos últimos 12 (doze) meses;
bível a substituição prevista no a execução de pena de multa ou c) bom desempenho no tra-
art. 44 deste Código. não efetua, sem motivo justifica- balho que lhe foi atribuído; e
§ 1o A condenação anterior do, a reparação do dano; d) aptidão para prover a pró-
a pena de multa não impede a III – descumpre a condição pria subsistência mediante traba-
concessão do benefício. do § 1o do art. 78 deste Código. lho honesto;
§ 2o A execução da pena pri- IV – tenha reparado, salvo
vativa de liberdade, não superior a Revogação facultativa efetiva impossibilidade de fazê-
quatro anos, poderá ser suspensa, -lo, o dano causado pela infração;
por quatro a seis anos, desde que § 1o A suspensão poderá ser V – cumpridos mais de dois
o condenado seja maior de seten- revogada se o condenado des- terços da pena, nos casos de
ta anos de idade, ou razões de cumpre qualquer outra condição condenação por crime hediondo,
saúde justifiquem a suspensão. imposta ou é irrecorrivelmente prática de tortura, tráfico ilícito
condenado, por crime culposo de entorpecentes e drogas afins,
Art. 78. Durante o prazo da sus- ou por contravenção, a pena pri- tráfico de pessoas e terrorismo,
pensão, o condenado ficará sujei- vativa de liberdade ou restritiva se o apenado não for reinciden-
to à observação e ao cumprimen- de direitos. te específico em crimes dessa
to das condições estabelecidas natureza.
pelo juiz. Prorrogação do período de prova Parágrafo único. Para o con-
§ 1o No primeiro ano do pra- denado por crime doloso, cometi-
zo, deverá o condenado prestar § 2o Se o beneficiário está do com violência ou grave ameaça
serviços à comunidade (art. 46) sendo processado por outro crime à pessoa, a concessão do livra-
ou submeter-se à limitação de ou contravenção, considera-se mento ficará também subordi-
fim de semana (art. 48). prorrogado o prazo da suspen- nada à constatação de condições
§ 2o Se o condenado houver são até o julgamento definitivo. pessoais que façam presumir que
reparado o dano, salvo impossibi- § 3o Quando facultativa a re- o liberado não voltará a delinquir.
lidade de fazê-lo, e se as circuns- vogação, o juiz pode, ao invés de
tâncias do art. 59 deste Código lhe decretá-la, prorrogar o período de Soma de penas
forem inteiramente favoráveis, o prova até o máximo, se este não
juiz poderá substituir a exigên- foi o fixado. Art. 84. As penas que corres-
cia do parágrafo anterior pelas pondem a infrações diversas
seguintes condições, aplicadas Cumprimento das condições devem somar-se para efeito do
cumulativamente: livramento.
a) proibição de frequentar Art. 82. Expirado o prazo sem
determinados lugares; que tenha havido revogação, con- Especificações das condições
b) proibição de ausentar-se sidera-se extinta a pena privativa
da comarca onde reside, sem de liberdade. Art. 85. A sentença especificará
autorização do juiz; as condições a que fica subordi-
c) comparecimento pessoal nado o livramento.
e obrigatório a juízo, mensalmen- CAPÍTULO V – DO
te, para informar e justificar suas LIVRAMENTO CONDICIONAL Revogação do livramento
atividades.
Requisitos do livramento condicional Art. 86. Revoga-se o livramento,
Art. 79. A sentença poderá es- se o liberado vem a ser condenado
pecificar outras condições a que Art. 83. O juiz poderá conceder a pena privativa de liberdade, em
fica subordinada a suspensão, livramento condicional ao conde- sentença irrecorrível:
desde que adequadas ao fato e à nado a pena privativa de liberdade I – por crime cometido duran-
situação pessoal do condenado. igual ou superior a 2 (dois) anos, te a vigência do benefício;
desde que: II – por crime anterior, obser-
Art. 80. A suspensão não se I – cumprida mais de um terço vado o disposto no art. 84 deste
estende às penas restritivas de da pena se o condenado não for Código.
direitos nem à multa. reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes; Revogação facultativa
Revogação obrigatória II – cumprida mais da metade
se o condenado for reincidente Art. 87. O juiz poderá, também,
Art. 81. A suspensão será re- em crime doloso; revogar o livramento, se o liberado
vogada se, no curso do prazo, o III – comprovado: deixar de cumprir qualquer das
beneficiário: a) bom comportamento du- obrigações constantes da sen-
411
Código Penal
tença, ou for irrecorrivelmente tas na legislação processual po- pública ou mandato eletivo:
condenado, por crime ou con- derão abranger bens ou valores a) quando aplicada pena pri-
travenção, a pena que não seja equivalentes do investigado ou vativa de liberdade por tempo
privativa de liberdade. acusado para posterior decre- igual ou superior a um ano, nos
tação de perda. crimes praticados com abuso de
Efeitos da revogação poder ou violação de dever para
Art. 91-A. Na hipótese de con- com a Administração Pública;
Art. 88. Revogado o livramento, denação por infrações às quais b) quando for aplicada pena
não poderá ser novamente conce- a lei comine pena máxima supe- privativa de liberdade por tempo
dido, e, salvo quando a revogação rior a 6 (seis) anos de reclusão, superior a 4 (quatro) anos nos
resulta de condenação por outro poderá ser decretada a perda, demais casos;
crime anterior àquele benefício, como produto ou proveito do cri- II – a incapacidade para o
não se desconta na pena o tempo me, dos bens correspondentes à exercício do poder familiar, da
em que esteve solto o condenado. diferença entre o valor do patri- tutela ou da curatela nos crimes
mônio do condenado e aquele dolosos sujeitos à pena de re-
Extinção que seja compatível com o seu clusão cometidos contra outrem
rendimento lícito. igualmente titular do mesmo po-
Art. 89. O juiz não poderá de- § 1o Para efeito da perda der familiar, contra filho, filha
clarar extinta a pena, enquanto prevista no caput deste artigo, ou outro descendente ou contra
não passar em julgado a sentença entende-se por patrimônio do tutelado ou curatelado;
em processo a que responde o condenado todos os bens: III – a inabilitação para dirigir
liberado, por crime cometido na I – de sua titularidade, ou em veículo, quando utilizado como
vigência do livramento. relação aos quais ele tenha o do- meio para a prática de crime do-
mínio e o benefício direto ou in- loso.
Art. 90. Se até o seu término o direto, na data da infração penal Parágrafo único. Os efeitos
livramento não é revogado, con- ou recebidos posteriormente; e de que trata este artigo não são
sidera-se extinta a pena privativa II – transferidos a terceiros a automáticos, devendo ser motiva-
de liberdade. título gratuito ou mediante con- damente declarados na sentença.
traprestação irrisória, a partir do
início da atividade criminal.
CAPÍTULO VI – DOS § 2o O condenado poderá de- CAPÍTULO VII – DA
EFEITOS DA CONDENAÇÃO monstrar a inexistência da incom- REABILITAÇÃO
patibilidade ou a procedência
Efeitos genéricos e específicos lícita do patrimônio. Reabilitação
§ 3o A perda prevista nes-
Art. 91. São efeitos da conde- te artigo deverá ser requerida Art. 93. A reabilitação alcan-
nação: expressamente pelo Ministério ça quaisquer penas aplicadas
I – tornar certa a obrigação Público, por ocasião do ofereci- em sentença definitiva, assegu-
de indenizar o dano causado pelo mento da denúncia, com indica- rando ao condenado o sigilo dos
crime; ção da diferença apurada. registros sobre seu processo e
II – a perda em favor da União, § 4o Na sentença condenató- condenação.
ressalvado o direito do lesado ou ria, o juiz deve declarar o valor da Parágrafo único. A reabilita-
de terceiro de boa-fé: diferença apurada e especificar ção poderá, também, atingir os
a) dos instrumentos do cri- os bens cuja perda for decretada. efeitos da condenação, previstos
me, desde que consistam em § 5o Os instrumentos utili- no art. 92 deste Código, vedada
coisas cujo fabrico, alienação, zados para a prática de crimes reintegração na situação ante-
uso, porte ou detenção constitua por organizações criminosas e rior, nos casos dos incisos I e II
fato ilícito; milícias deverão ser declarados do mesmo artigo.
b) do produto do crime ou de perdidos em favor da União ou do
qualquer bem ou valor que consti- Estado, dependendo da Justiça Art. 94. A reabilitação pode-
tua proveito auferido pelo agente onde tramita a ação penal, ainda rá ser requerida, decorridos 2
com a prática do fato criminoso. que não ponham em perigo a se- (dois) anos do dia em que for ex-
§ 1o Poderá ser decretada a gurança das pessoas, a moral ou tinta, de qualquer modo, a pena
perda de bens ou valores equi- a ordem pública, nem ofereçam ou terminar sua execução, com-
valentes ao produto ou proveito sério risco de ser utilizados para putando-se o período de prova
do crime quando estes não forem o cometimento de novos crimes. da suspensão e o do livramento
encontrados ou quando se loca- condicional, se não sobrevier re-
lizarem no exterior. Art. 92. São também efeitos da vogação, desde que o condenado:
§ 2o Na hipótese do § 1o, as condenação: I – tenha tido domicílio no País
medidas assecuratórias previs- I – a perda de cargo, função no prazo acima referido;
412
Código Penal
II – tenha dado, durante esse do enquanto não for averiguada, a declara privativa do ofendido.
tempo, demonstração efetiva e mediante perícia médica, a ces- § 1o A ação pública é promo-
constante de bom comportamen- sação de periculosidade. O prazo vida pelo Ministério Público, de-
to público e privado; mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 pendendo, quando a lei o exige, de
III – tenha ressarcido o dano (três) anos. representação do ofendido ou de
causado pelo crime ou demons- requisição do Ministro da Justiça.
tre a absoluta impossibilidade de Perícia médica § 2o A ação de iniciativa pri-
o fazer, até o dia do pedido, ou vada é promovida mediante quei-
exiba documento que comprove § 2o A perícia médica reali- xa do ofendido ou de quem tenha
a renúncia da vítima ou novação zar-se-á ao termo do prazo míni- qualidade para representá-lo.
da dívida. mo fixado e deverá ser repetida § 3o A ação de iniciativa pri-
Parágrafo único. Negada a de ano em ano, ou a qualquer vada pode intentar-se nos crimes
reabilitação, poderá ser requeri- tempo, se o determinar o juiz da de ação pública, se o Ministério
da, a qualquer tempo, desde que execução. Público não oferece denúncia no
o pedido seja instruído com novos prazo legal.
elementos comprobatórios dos Desinternação ou liberação § 4o No caso de morte do
requisitos necessários. condicional ofendido ou de ter sido declara-
do ausente por decisão judicial,
Art. 95. A reabilitação será re- § 3o A desinternação, ou a li- o direito de oferecer queixa ou
vogada, de ofício ou a requeri- beração, será sempre condicional de prosseguir na ação passa ao
mento do Ministério Público, se o devendo ser restabelecida a situ- cônjuge, ascendente, descenden-
reabilitado for condenado, como ação anterior se o agente, antes te ou irmão.
reincidente, por decisão definiti- do decurso de 1 (um) ano, pratica
va, a pena que não seja de multa. fato indicativo de persistência de A ação penal no crime complexo
sua periculosidade.
§ 4o Em qualquer fase do tra- Art. 101. Quando a lei considera
TÍTULO VI – DAS MEDIDAS tamento ambulatorial, poderá o como elemento ou circunstân-
DE SEGURANÇA juiz determinar a internação do cias do tipo legal fatos que, por
agente, se essa providência for si mesmos, constituem crimes,
Espécies de medidas de segurança necessária para fins curativos. cabe ação pública em relação
àquele, desde que, em relação a
Art. 96. As medidas de segu- Substituição da pena por medida de qualquer destes, se deva proce-
rança são: segurança para o semi-imputável der por iniciativa do Ministério
I – internação em hospital de Público.
custódia e tratamento psiquiátri- Art. 98. Na hipótese do parágra-
co ou, à falta, em outro estabele- fo único do art. 26 deste Código Irretratabilidade da representação
cimento adequado; e necessitando o condenado de
II – sujeição a tratamento am- especial tratamento curativo, a Art. 102. A representação será
bulatorial. pena privativa de liberdade pode irretratável depois de oferecida
Parágrafo único. Extinta a ser substituída pela internação, a denúncia.
punibilidade, não se impõe me- ou tratamento ambulatorial, pelo
dida de segurança nem subsiste prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) Decadência do direito de
a que tenha sido imposta. anos, nos termos do artigo ante- queixa ou de representação
rior e respectivos §§ 1o a 4o.
Imposição da medida de Art. 103. Salvo disposição ex-
segurança para inimputável Direitos do internado pressa em contrário, o ofendido
decai do direito de queixa ou de
Art. 97. Se o agente for inim- Art. 99. O internado será reco- representação se não o exerce
putável, o juiz determinará sua lhido a estabelecimento dotado dentro do prazo de 6 (seis) meses,
internação (art. 26). Se, todavia, de características hospitalares contado do dia em que veio a sa-
o fato previsto como crime for e será submetido a tratamento. ber quem é o autor do crime, ou,
punível com detenção, poderá no caso do § 3o do art. 100 deste
o juiz submetê-lo a tratamento Código, do dia em que se esgota
ambulatorial. TÍTULO VII – DA AÇÃO o prazo para oferecimento da
PENAL denúncia.
Prazo
Ação pública e de iniciativa privada Renúncia expressa ou tácita
§ 1o A internação, ou tra- do direito de queixa
tamento ambulatorial, será por Art. 100. A ação penal é pública,
tempo indeterminado, perduran- salvo quando a lei expressamente Art. 104. O direito de queixa não
413
Código Penal
pode ser exercido quando renun- Art. 108. A extinção da puni- curso, regula-se pela pena apli-
ciado expressa ou tacitamente. bilidade de crime que é pressu- cada, não podendo, em nenhuma
Parágrafo único. Importa re- posto, elemento constitutivo ou hipótese, ter por termo inicial data
núncia tácita ao direito de queixa circunstância agravante de outro anterior à da denúncia ou queixa.
a prática de ato incompatível com não se estende a este. Nos crimes § 2o (Revogado)
a vontade de exercê-lo; não a im- conexos, a extinção da punibili-
plica, todavia, o fato de receber o dade de um deles não impede, Termo inicial da prescrição antes de
ofendido a indenização do dano quanto aos outros, a agravação transitar em julgado a sentença final
causado pelo crime. da pena resultante da conexão.
Art. 111. A prescrição, antes de
Perdão do ofendido Prescrição antes de transitar transitar em julgado a sentença
em julgado a sentença final, começa a correr:
Art. 105. O perdão do ofendido, I – do dia em que o crime se
nos crimes em que somente se Art. 109. A prescrição, antes de consumou;
procede mediante queixa, obsta transitar em julgado a sentença II – no caso de tentativa, do
ao prosseguimento da ação. final, salvo o disposto no § 1o do dia em que cessou a atividade
art. 110 deste Código, regula-se criminosa;
Art. 106. O perdão, no processo pelo máximo da pena privativa III – nos crimes permanentes,
ou fora dele, expresso ou tácito: de liberdade cominada ao crime, do dia em que cessou a perma-
I – se concedido a qualquer verificando-se: nência;
dos querelados, a todos aproveita; I – em vinte anos, se o máximo IV – nos de bigamia e nos
II – se concedido por um dos da pena é superior a doze; de falsificação ou alteração de
ofendidos, não prejudica o direito II – em dezesseis anos, se o assentamento do registro civil,
dos outros; máximo da pena é superior a oito da data em que o fato se tornou
III – se o querelado o recusa, anos e não excede a doze; conhecido;
não produz efeito. III – em doze anos, se o má- V – nos crimes contra a dig-
§ 1o Perdão tácito é o que ximo da pena é superior a quatro nidade sexual ou que envolvam
resulta da prática de ato incom- anos e não excede a oito; violência contra a criança e o
patível com a vontade de prosse- IV – em oito anos, se o máxi- adolescente, previstos neste Có-
guir na ação. mo da pena é superior a dois anos digo ou em legislação especial, da
§ 2o Não é admissível o per- e não excede a quatro; data em que a vítima completar
dão depois que passa em julgado V – em quatro anos, se o má- 18 (dezoito) anos, salvo se a esse
a sentença condenatória. ximo da pena é igual a um ano ou, tempo já houver sido proposta a
sendo superior, não excede a dois; ação penal.
VI – em 3 (três) anos, se o
TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO máximo da pena é inferior a 1 Termo inicial da prescrição após a
DA PUNIBILIDADE (um) ano. sentença condenatória irrecorrível
Extinção da punibilidade Prescrição das penas Art. 112. No caso do art. 110 des-
restritivas de direito te Código, a prescrição começa
Art. 107. Extingue-se a puni- a correr:
bilidade: Parágrafo único. Aplicam-se I – do dia em que transita em
I – pela morte do agente; às penas restritivas de direito os julgado a sentença condenatória,
II – pela anistia, graça ou in- mesmos prazos previstos para as para a acusação, ou a que revoga
dulto; privativas de liberdade. a suspensão condicional da pena
III – pela retroatividade de lei ou o livramento condicional;
que não mais considera o fato Prescrição depois de transitar em II – do dia em que se inter-
como criminoso; julgado sentença final condenatória rompe a execução, salvo quan-
IV – pela prescrição, deca- do o tempo da interrupção deva
dência ou perempção; Art. 110. A prescrição depois de computar-se na pena.
V – pela renúncia do direito de transitar em julgado a sentença
queixa ou pelo perdão aceito, nos condenatória regula-se pela pena Prescrição no caso de evasão
crimes de ação privada; aplicada e verifica-se nos pra- do condenado ou de revogação
VI – pela retratação do agen- zos fixados no artigo anterior, os do livramento condicional
te, nos casos em que a lei a ad- quais se aumentam de um terço,
mite; se o condenado é reincidente. Art. 113. No caso de evadir-se
VII – (Revogado); § 1o A prescrição, depois da o condenado ou de revogar-se o
VIII – (Revogado); sentença condenatória com trân- livramento condicional, a pres-
IX – pelo perdão judicial, nos sito em julgado para a acusação crição é regulada pelo tempo que
casos previstos em lei. ou depois de improvido seu re- resta da pena.
414
Código Penal
Prescrição da multa V – pelo início ou continuação Homicídio qualificado
do cumprimento da pena;
Art. 114. A prescrição da pena VI – pela reincidência. § 2o Se o homicídio é come-
de multa ocorrerá: § 1o Excetuados os casos dos tido:
I – em 2 (dois) anos, quando incisos V e VI deste artigo, a in- I – mediante paga ou promes-
a multa for a única cominada ou terrupção da prescrição produz sa de recompensa, ou por outro
aplicada; efeitos relativamente a todos os motivo torpe;
II – no mesmo prazo estabe- autores do crime. Nos crimes II – por motivo fútil;
lecido para prescrição da pena conexos, que sejam objeto do III – com emprego de veneno,
privativa de liberdade, quando a mesmo processo, estende-se aos fogo, explosivo, asfixia, tortura
multa for alternativa ou cumula- demais a interrupção relativa a ou outro meio insidioso ou cruel,
tivamente cominada ou cumula- qualquer deles. ou de que possa resultar perigo
tivamente aplicada. § 2o Interrompida a prescri- comum;
ção, salvo a hipótese do inciso V IV – à traição, de emboscada,
Redução dos prazos de prescrição deste artigo, todo o prazo come- ou mediante dissimulação ou ou-
ça a correr, novamente, do dia da tro recurso que dificulte ou torne
Art. 115. São reduzidos de meta- interrupção. impossível a defesa do ofendido;
de os prazos de prescrição quan- V – para assegurar a execu-
do o criminoso era, ao tempo do Art. 118. As penas mais leves ção, a ocultação, a impunidade ou
crime, menor de 21 (vinte e um) prescrevem com as mais graves. vantagem de outro crime;
anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (setenta) anos. Art. 119. No caso de concurso de Feminicídio
crimes, a extinção da punibilidade
Causas impeditivas da prescrição incidirá sobre a pena de cada um, VI – contra a mulher por ra-
isoladamente. zões da condição de sexo femi-
Art. 116. Antes de passar em nino;
julgado a sentença final, a pres- Perdão judicial VII – contra autoridade ou
crição não corre: agente descrito nos arts. 142 e
I – enquanto não resolvida, Art. 120. A sentença que con- 144 da Constituição Federal, in-
em outro processo, questão de ceder perdão judicial não será tegrantes do sistema prisional e
que dependa o reconhecimento considerada para efeitos de rein- da Força Nacional de Segurança
da existência do crime; cidência. Pública, no exercício da função ou
II – enquanto o agente cumpre em decorrência dela, ou contra
pena no exterior; seu cônjuge, companheiro ou pa-
III – na pendência de embar- PARTE ESPECIAL rente consanguíneo até terceiro
gos de declaração ou de recursos TÍTULO I – DOS CRIMES grau, em razão dessa condição;
aos Tribunais Superiores, quando VIII – com emprego de arma
inadmissíveis; e CONTRA A PESSOA de fogo de uso restrito ou proi-
IV – enquanto não cumprido CAPÍTULO I – DOS CRIMES bido;
ou não rescindido o acordo de
não persecução penal. CONTRA A VIDA Homicídio contra menor
Parágrafo único. Depois de de 14 (quatorze) anos
passada em julgado a sentença Homicídio simples
condenatória, a prescrição não IX – contra menor de 14 (qua-
corre durante o tempo em que o Art. 121. Matar alguém: torze) anos:
condenado está preso por outro Pena – reclusão, de seis a Pena – reclusão, de doze a
motivo. vinte anos. trinta anos.
§ 2o-A. Considera-se que há
Causas interruptivas da prescrição Caso de diminuição de pena razões de condição de sexo fe-
minino quando o crime envolve:
Art. 117. O curso da prescrição § 1o Se o agente comete o I – violência doméstica e fa-
interrompe-se: crime impelido por motivo de re- miliar;
I – pelo recebimento da de- levante valor social ou moral, ou II – menosprezo ou discri-
núncia ou da queixa; sob o domínio de violenta emoção, minação à condição de mulher.
II – pela pronúncia; logo em seguida a injusta provo- § 2o-B. A pena do homicídio
III – pela decisão confirma- cação da vítima, o juiz pode redu- contra menor de 14 (quatorze)
tória da pronúncia; zir a pena de um sexto a um terço. anos é aumentada de:
IV – pela publicação da sen- I – 1/3 (um terço) até a metade
tença ou acórdão condenatórios se a vítima é pessoa com deficiên-
recorríveis; cia ou com doença que implique o
415
Código Penal
aumento de sua vulnerabilidade; cendente da vítima; rio discernimento para a prática
II – 2/3 (dois terços) se o au- IV – em descumprimento das do ato, ou que, por qualquer outra
tor é ascendente, padrasto ou medidas protetivas de urgência causa, não pode oferecer resis-
madrasta, tio, irmão, cônjuge, previstas nos incisos I, II e III do tência, responde o agente pelo
companheiro, tutor, curador, pre- caput do art. 22 da Lei no 11.340, crime de homicídio, nos termos
ceptor ou empregador da vítima de 7 de agosto de 2006. do art. 121 deste Código.
ou por qualquer outro título tiver
autoridade sobre ela. Induzimento, instigação ou auxílio Infanticídio
a suicídio ou a automutilação
Homicídio culposo Art. 123. Matar, sob a influência
Art. 122. Induzir ou instigar al- do estado puerperal, o próprio fi-
§ 3o Se o homicídio é cul- guém a suicidar-se ou a praticar lho, durante o parto ou logo após:
poso: automutilação ou prestar-lhe au- Pena – detenção, de dois a
Pena – detenção, de um a xílio material para que o faça: seis anos.
três anos. Pena – reclusão, de 6 (seis)
meses a 2 (dois) anos. Aborto provocado pela gestante
Aumento de pena § 1o Se da automutilação ou ou com seu consentimento
da tentativa de suicídio resulta
§ 4o No homicídio culposo, lesão corporal de natureza gra- Art. 124. Provocar aborto em si
a pena é aumentada de 1/3 (um ve ou gravíssima, nos termos dos mesma ou consentir que outrem
terço), se o crime resulta de ino- §§ 1o e 2o do art. 129 deste Código: lho provoque:5
bservância de regra técnica de Pena – reclusão, de 1 (um) a Pena – detenção, de um a
profissão, arte ou ofício, ou se o 3 (três) anos. três anos.
agente deixa de prestar imedia- § 2o Se o suicídio se con-
to socorro à vítima, não procura suma ou se da automutilação Aborto provocado por terceiro
diminuir as consequências do resulta morte:
seu ato, ou foge para evitar pri- Pena – reclusão, de 2 (dois) a Art. 125. Provocar aborto, sem
são em flagrante. Sendo doloso 6 (seis) anos. o consentimento da gestante:
o homicídio, a pena é aumenta- § 3o A pena é duplicada: Pena – reclusão, de três a
da de 1/3 (um terço) se o crime é I – se o crime é praticado por dez anos.
praticado contra pessoa menor motivo egoístico, torpe ou fútil;
de 14 (quatorze) ou maior de 60 II – se a vítima é menor ou tem Art. 126. Provocar aborto com
(sessenta) anos. diminuída, por qualquer causa, a o consentimento da gestante:6
§ 5o Na hipótese de homicí- capacidade de resistência. Pena – reclusão, de um a qua-
dio culposo, o juiz poderá deixar § 4o A pena é aumentada até tro anos.
de aplicar a pena, se as conse- o dobro se a conduta é realizada Parágrafo único. Aplica-se
quências da infração atingiram por meio da rede de computado- a pena do artigo anterior, se a
o próprio agente de forma tão res, de rede social ou transmitida gestante não é maior de quator-
grave que a sanção penal se torne em tempo real. ze anos, ou é alienada ou débil
desnecessária. § 5o Aumenta-se a pena em mental, ou se o consentimento
§ 6o A pena é aumentada de metade se o agente é líder ou é obtido mediante fraude, grave
1/3 (um terço) até a metade se o coordenador de grupo ou de rede ameaça ou violência.
crime for praticado por milícia pri- virtual.
vada, sob o pretexto de prestação § 6o Se o crime de que trata o Forma qualificada
de serviço de segurança, ou por § 1o deste artigo resulta em lesão
grupo de extermínio. corporal de natureza gravíssima Art. 127. As penas cominadas
§ 7o A pena do feminicídio é e é cometido contra menor de 14 nos dois artigos anteriores são
aumentada de 1/3 (um terço) até a (quatorze) anos ou contra quem, aumentadas de um terço, se, em
metade se o crime for praticado: por enfermidade ou deficiência consequência do aborto ou dos
I – durante a gestação ou mental, não tem o necessário meios empregados para provocá-
nos 3 (três) meses posteriores discernimento para a prática do -lo, a gestante sofre lesão corpo-
ao parto; ato, ou que, por qualquer outra ral de natureza grave; e são du-
II – contra pessoa maior de causa, não pode oferecer resis- plicadas, se, por qualquer dessas
60 (sessenta) anos, com defici- tência, responde o agente pelo causas, lhe sobrevém a morte.
ência ou com doenças degene- crime descrito no § 2o do art. 129
rativas que acarretem condição deste Código. Art. 128. Não se pune o aborto
limitante ou de vulnerabilidade § 7o Se o crime de que trata o
física ou mental; § 2 deste artigo é cometido con-
o
416
Código Penal
praticado por médico:7 doze anos. te artigo, a pena será aumentada
de um terço se o crime for come-
Aborto necessário Diminuição de pena tido contra pessoa portadora de
deficiência.
I – se não há outro meio de § 4o Se o agente comete o § 12. Se a lesão for pratica-
salvar a vida da gestante; crime impelido por motivo de re- da contra autoridade ou agente
levante valor social ou moral ou descrito nos arts. 142 e 144 da
Aborto no caso de gravidez sob o domínio de violenta emoção, Constituição Federal, integrantes
resultante de estupro logo em seguida a injusta provo- do sistema prisional e da Força
cação da vítima, o juiz pode redu- Nacional de Segurança Pública,
II – se a gravidez resulta de zir a pena de um sexto a um terço. no exercício da função ou em
estupro e o aborto é precedido decorrência dela, ou contra seu
de consentimento da gestante Substituição da pena cônjuge, companheiro ou parente
ou, quando incapaz, de seu re- consanguíneo até terceiro grau,
presentante legal. § 5o O juiz, não sendo graves em razão dessa condição, a pena
as lesões, pode ainda substituir a é aumentada de um a dois terços.
pena de detenção pela de multa8: § 13. Se a lesão for pratica-
CAPÍTULO II – DAS LESÕES I – se ocorre qualquer das da contra a mulher, por razões
CORPORAIS hipóteses do parágrafo anterior; da condição do sexo feminino,
II – se as lesões são recípro- nos termos do § 2o‑A do art. 121
Lesão corporal cas. deste Código:
Pena – reclusão, de 1 (um) a
Art. 129. Ofender a integridade Lesão corporal culposa 4 (quatro anos).
corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três me- § 6o Se a lesão é culposa:
ses a um ano. Pena – detenção, de dois me- CAPÍTULO III – DA
ses a um ano. PERICLITAÇÃO DA VIDA E
Lesão corporal de natureza grave DA SAÚDE
Aumento de pena
§ 1o Se resulta: Perigo de contágio venéreo
I – incapacidade para as ocu- § 7o Aumenta-se a pena de
pações habituais, por mais de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer Art. 130. Expor alguém, por meio
trinta dias; das hipóteses dos §§ 4o e 6o do de relações sexuais ou qualquer
II – perigo de vida; art. 121 deste Código. ato libidinoso, a contágio de mo-
III – debilidade permanente § 8o Aplica-se à lesão culpo- léstia venérea, de que sabe ou
de membro, sentido ou função; sa o disposto no § 5o do art. 121. deve saber que está contami-
IV – aceleração de parto: nado:
Pena – reclusão, de um a cin- Violência doméstica Pena – detenção, de três me-
co anos. ses a um ano, ou multa.
§ 2o Se resulta: § 9o Se a lesão for praticada § 1o Se é intenção do agente
I – incapacidade permanente contra ascendente, descendente, transmitir a moléstia:
para o trabalho; irmão, cônjuge ou companheiro, Pena – reclusão, de um a qua-
II – enfermidade incurável; ou com quem conviva ou tenha tro anos, e multa.
III – perda ou inutilização de convivido, ou, ainda, prevalecen- § 2o Somente se procede
membro, sentido ou função; do-se o agente das relações do- mediante representação.
IV – deformidade permanen- mésticas, de coabitação ou de
te; hospitalidade: Perigo de contágio de moléstia grave
V – aborto: Pena – detenção, de 3 (três)
Pena – reclusão, de dois a meses a 3 (três) anos. Art. 131. Praticar, com o fim de
oito anos. § 10. Nos casos previstos nos transmitir a outrem moléstia gra-
§§ 1o a 3o deste artigo, se as cir- ve de que está contaminado, ato
Lesão corporal seguida de morte cunstâncias são as indicadas no capaz de produzir o contágio:
§ 9o deste artigo, aumenta-se a Pena – reclusão, de um a qua-
§ 3o Se resulta morte e as pena em 1/3 (um terço). tro anos, e multa.
circunstâncias evidenciam que o § 11. Na hipótese do § 9o des-
agente não quis o resultado, nem Perigo para a vida ou saúde de outrem
assumiu o risco de produzi-lo:
Pena – reclusão, de quatro a
8
NE: conforme determinação do art. 2 da Lei
o
Art. 132. Expor a vida ou a saú-
no 7.209/1984, em razão do cancelamento das
referências a valores de multas, a expressão de de outrem a perigo direto e
7
NE: ver ADPF no 54. “multa de” foi substituída por “multa”. iminente:
417
Código Penal
Pena – detenção, de três me- Omissão de socorro contra pessoa menor de cator-
ses a um ano, se o fato não cons- ze anos.
titui crime mais grave. Art. 135. Deixar de prestar as-
Parágrafo único. A pena é sistência, quando possível fazê-
aumentada de um sexto a um -lo sem risco pessoal, a criança CAPÍTULO IV – DA RIXA
terço se a exposição da vida ou abandonada ou extraviada, ou a
da saúde de outrem a perigo de- pessoa inválida ou ferida, ao de- Rixa
corre do transporte de pessoas samparo ou em grave e iminen-
para a prestação de serviços em te perigo; ou não pedir, nesses Art. 137. Participar de rixa, sal-
estabelecimentos de qualquer casos, o socorro da autoridade vo para separar os contendores:
natureza, em desacordo com as pública: Pena – detenção, de quinze
normas legais. Pena – detenção, de um a seis dias a dois meses, ou multa.
meses, ou multa. Parágrafo único. Se ocorre
Abandono de incapaz Parágrafo único. A pena é morte ou lesão corporal de na-
aumentada de metade, se da tureza grave, aplica-se, pelo fato
Art. 133. Abandonar pessoa que omissão resulta lesão corporal da participação na rixa, a pena
está sob seu cuidado, guarda, de natureza grave, e triplicada, de detenção, de seis meses a
vigilância ou autoridade, e, por se resulta a morte. dois anos.
qualquer motivo, incapaz de de-
fender-se dos riscos resultantes Condicionamento de atendimento
do abandono: médico-hospitalar emergencial CAPÍTULO V – DOS CRIMES
Pena – detenção, de seis me- CONTRA A HONRA
ses a três anos. Art. 135-A. Exigir cheque-cau-
§ 1o Se do abandono resulta ção, nota promissória ou qual- Calúnia
lesão corporal de natureza grave: quer garantia, bem como o pre-
Pena – reclusão, de um a cin- enchimento prévio de formulários Art. 138. Caluniar alguém, impu-
co anos. administrativos, como condição tando-lhe falsamente fato defini-
§ 2o Se resulta a morte: para o atendimento médico-hos- do como crime:
Pena – reclusão, de quatro a pitalar emergencial: Pena – detenção, de seis me-
doze anos. Pena – detenção, de 3 (três) ses a dois anos, e multa.
meses a 1 (um) ano, e multa. § 1o Na mesma pena incorre
Aumento de pena Parágrafo único. A pena é quem, sabendo falsa a imputação,
aumentada até o dobro se da a propala ou divulga.
§ 3o As penas cominadas negativa de atendimento resulta § 2o É punível a calúnia con-
neste artigo aumentam-se de lesão corporal de natureza grave, tra os mortos.
um terço: e até o triplo se resulta a morte.
I – se o abandono ocorre em Exceção da verdade
lugar ermo; Maus-tratos
II – se o agente é ascendente § 3o Admite-se a prova da
ou descendente, cônjuge, irmão, Art. 136. Expor a perigo a vida verdade, salvo:
tutor ou curador da vítima; ou a saúde de pessoa sob sua I – se, constituindo o fato im-
III – se a vítima é maior de 60 autoridade, guarda ou vigilân- putado crime de ação privada, o
(sessenta) anos. cia, para fim de educação, ensi- ofendido não foi condenado por
no, tratamento ou custódia, quer sentença irrecorrível;
Exposição ou abandono privando-a de alimentação ou II – se o fato é imputado a
de recém-nascido cuidados indispensáveis, quer qualquer das pessoas indicadas
sujeitando-a a trabalho excessivo no no I do art. 141;
Art. 134. Expor ou abandonar ou inadequado, quer abusando de III – se do crime imputado,
recém-nascido, para ocultar de- meios de correção ou disciplina: embora de ação pública, o ofen-
sonra própria: Pena – detenção, de dois me- dido foi absolvido por sentença
Pena – detenção, de seis me- ses a um ano, ou multa. irrecorrível.
ses a dois anos. § 1o Se do fato resulta lesão
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Difamação
corporal de natureza grave: Pena – reclusão, de um a qua-
Pena – detenção, de um a tro anos. Art. 139. Difamar alguém, im-
três anos. § 2o Se resulta a morte: putando-lhe fato ofensivo à sua
§ 2o Se resulta a morte: Pena – reclusão, de quatro a reputação:
Pena – detenção, de dois a doze anos. Pena – detenção, de três me-
seis anos. § 3o Aumenta-se a pena de ses a um ano, e multa.
um terço, se o crime é praticado
418
Código Penal
Exceção da verdade no § 3o do art. 140 deste Código. violência resulta lesão corporal.
§ 1o Se o crime é cometido Parágrafo único. Procede-se
Parágrafo único. A exceção mediante paga ou promessa de mediante requisição do Ministro
da verdade somente se admite se recompensa, aplica-se a pena da Justiça, no caso do inciso I
o ofendido é funcionário público em dobro. do caput do art. 141 deste Códi-
e a ofensa é relativa ao exercício § 2o Se o crime é cometido go, e mediante representação do
de suas funções. ou divulgado em quaisquer mo- ofendido, no caso do inciso II do
dalidades das redes sociais da mesmo artigo, bem como no caso
Injúria rede mundial de computadores, do § 3o do art. 140 deste Código.
aplica-se em triplo a pena.
Art. 140. Injuriar alguém, ofen-
dendo-lhe a dignidade ou o de- Exclusão do crime CAPÍTULO VI – DOS CRIMES
coro: CONTRA A LIBERDADE
Pena – detenção, de um a seis Art. 142. Não constituem injúria INDIVIDUAL
meses, ou multa. ou difamação punível:
§ 1o O juiz pode deixar de apli- I – a ofensa irrogada em juízo, Seção I – Dos Crimes contra
car a pena: na discussão da causa, pela parte a Liberdade Pessoal
I – quando o ofendido, de for- ou por seu procurador;
ma reprovável, provocou direta- II – a opinião desfavorável da Constrangimento ilegal
mente a injúria; crítica literária, artística ou cien-
II – no caso de retorsão ime- tífica, salvo quando inequívoca a Art. 146. Constranger alguém,
diata, que consista em outra in- intenção de injuriar ou difamar; mediante violência ou grave ame-
júria. III – o conceito desfavorável aça, ou depois de lhe haver redu-
§ 2o Se a injúria consiste em emitido por funcionário público, zido, por qualquer outro meio, a
violência ou vias de fato, que, por em apreciação ou informação capacidade de resistência, a não
sua natureza ou pelo meio empre- que preste no cumprimento de fazer o que a lei permite, ou a fa-
gado, se considerem aviltantes: dever do ofício. zer o que ela não manda:
Pena – detenção, de três me- Parágrafo único. Nos casos Pena – detenção, de três me-
ses a um ano, e multa, além da dos nos I e III, responde pela injúria ses a um ano, ou multa.
pena correspondente à violência. ou pela difamação quem lhe dá
§ 3o Se a injúria consiste na publicidade. Aumento de pena
utilização de elementos referen-
tes a religião ou à condição de Retratação § 1o As penas aplicam-se
pessoa idosa ou com deficiência: cumulativamente e em dobro,
Pena – reclusão, de 1 (um) a Art. 143. O querelado que, antes quando, para a execução do cri-
3 (três) anos, e multa. da sentença, se retrata cabalmen- me, se reúnem mais de três pes-
te da calúnia ou da difamação, soas, ou há emprego de armas.
Disposições comuns fica isento de pena. § 2o Além das penas comi-
Parágrafo único. Nos casos nadas, aplicam-se as correspon-
Art. 141. As penas cominadas em que o querelado tenha pra- dentes à violência.
neste Capítulo aumentam-se de ticado a calúnia ou a difamação § 3o Não se compreendem na
um terço, se qualquer dos crimes utilizando-se de meios de comu- disposição deste artigo:
é cometido: nicação, a retratação dar-se-á, se I – a intervenção médica ou
I – contra o Presidente da assim desejar o ofendido, pelos cirúrgica, sem o consentimento
República, ou contra chefe de mesmos meios em que se prati- do paciente ou de seu represen-
governo estrangeiro; cou a ofensa. tante legal, se justificada por imi-
II – contra funcionário públi- nente perigo de vida;
co, em razão de suas funções, ou Art. 144. Se, de referências, alu- II – a coação exercida para
contra os Presidentes do Senado sões ou frases, se infere calúnia, impedir suicídio.
Federal, da Câmara dos Depu- difamação ou injúria, quem se
tados ou do Supremo Tribunal julga ofendido pode pedir expli- Ameaça
Federal; cações em juízo. Aquele que se
III – na presença de várias recusa a dá-las ou, a critério do Art. 147. Ameaçar alguém, por
pessoas, ou por meio que faci- juiz, não as dá satisfatórias, res- palavra, escrito ou gesto, ou qual-
lite a divulgação da calúnia, da ponde pela ofensa. quer outro meio simbólico, de
difamação ou da injúria; causar-lhe mal injusto e grave:
IV – contra criança, adoles- Art. 145. Nos crimes previstos Pena – detenção, de um a seis
cente, pessoa maior de 60 (ses- neste Capítulo somente se proce- meses, ou multa.
senta) anos ou pessoa com defici- de mediante queixa, salvo quan- Parágrafo único. Somente se
ência, exceto na hipótese prevista do, no caso do art. 140, § 2o, da procede mediante representação.
419
Código Penal
Perseguição panheiro do agente ou maior de cia, coação, fraude ou abuso, com
60 (sessenta) anos; a finalidade de:
Art. 147-A. Perseguir alguém, II – se o crime é praticado I – remover-lhe órgãos, teci-
reiteradamente e por qualquer mediante internação da vítima dos ou partes do corpo;
meio, ameaçando-lhe a integri- em casa de saúde ou hospital; II – submetê-la a trabalho em
dade física ou psicológica, res- III – se a privação da liberdade condições análogas à de escravo;
tringindo-lhe a capacidade de dura mais de quinze dias; III – submetê-la a qualquer
locomoção ou, de qualquer forma, IV – se o crime é praticado tipo de servidão;
invadindo ou perturbando sua es- contra menor de 18 (dezoito) anos; IV – adoção ilegal; ou
fera de liberdade ou privacidade: V – se o crime é praticado V – exploração sexual:
Pena – reclusão, de 6 (seis) com fins libidinosos. Pena – reclusão, de 4 (quatro)
meses a 2 (dois) anos, e multa. § 2o Se resulta à vítima, em a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1o A pena é aumentada de razão de maus-tratos ou da na- § 1o A pena é aumentada de
metade se o crime é cometido: tureza da detenção, grave sofri- um terço até a metade se:
I – contra criança, adolescen- mento físico ou moral: I – o crime for cometido por
te ou idoso; Pena – reclusão, de dois a funcionário público no exercício
II – contra mulher por razões oito anos. de suas funções ou a pretexto de
da condição de sexo feminino, exercê-las;
nos termos do § 2o‑A do art. 121 Redução a condição II – o crime for cometido con-
deste Código; análoga à de escravo tra criança, adolescente ou pes-
III – mediante concurso de 2 soa idosa ou com deficiência;
(duas) ou mais pessoas ou com o Art. 149. Reduzir alguém a con- III – o agente se prevalecer de
emprego de arma. dição análoga à de escravo, quer relações de parentesco, domésti-
§ 2o As penas deste artigo submetendo-o a trabalhos for- cas, de coabitação, de hospitali-
são aplicáveis sem prejuízo das çados ou a jornada exaustiva, dade, de dependência econômica,
correspondentes à violência. quer sujeitando-o a condições de autoridade ou de superioridade
§ 3o Somente se procede degradantes de trabalho, quer hierárquica inerente ao exercício
mediante representação. restringindo, por qualquer meio, de emprego, cargo ou função; ou
sua locomoção em razão de dívi- IV – a vítima do tráfico de
Violência psicológica contra a mulher da contraída com o empregador pessoas for retirada do territó-
ou preposto: rio nacional.
Art. 147-B. Causar dano emo- Pena – reclusão, de dois a § 2o A pena é reduzida de um
cional à mulher que a prejudique oito anos, e multa, além da pena a dois terços se o agente for pri-
e perturbe seu pleno desenvolvi- correspondente à violência. mário e não integrar organização
mento ou que vise a degradar ou § 1o Nas mesmas penas in- criminosa.
a controlar suas ações, compor- corre quem:
tamentos, crenças e decisões, I – cerceia o uso de qualquer
mediante ameaça, constrangi- meio de transporte por parte do
Seção II – Dos Crimes contra
mento, humilhação, manipulação, trabalhador, com o fim de retê-lo a Inviolabilidade do Domicílio
isolamento, chantagem, ridicula- no local de trabalho;
rização, limitação do direito de II – mantém vigilância os- Violação de domicílio
ir e vir ou qualquer outro meio tensiva no local de trabalho ou
que cause prejuízo à sua saúde se apodera de documentos ou Art. 150. Entrar ou permanecer,
psicológica e autodeterminação: objetos pessoais do trabalhador, clandestina ou astuciosamente,
Pena – reclusão, de 6 (seis) com o fim de retê-lo no local de ou contra a vontade expressa ou
meses a 2 (dois) anos, e multa, trabalho. tácita de quem de direito, em casa
se a conduta não constitui crime § 2o A pena é aumentada de alheia ou em suas dependências:
mais grave. metade, se o crime é cometido: Pena – detenção, de um a três
I – contra criança ou ado- meses, ou multa.
Sequestro e cárcere privado lescente; § 1o Se o crime é cometido
II – por motivo de precon- durante a noite, ou em lugar ermo,
Art. 148. Privar alguém de sua ceito de raça, cor, etnia, religião ou com o emprego de violência
liberdade, mediante sequestro ou origem. ou de arma, ou por duas ou mais
ou cárcere privado: pessoas:
Pena – reclusão, de um a três Tráfico de pessoas Pena – detenção, de seis me-
anos. ses a dois anos, além da pena
§ 1o A pena é de reclusão, de Art. 149-A. Agenciar, aliciar, correspondente à violência.
dois a cinco anos: recrutar, transportar, transferir, § 2o (Revogado)
I – se a vítima é ascendente, comprar, alojar ou acolher pessoa, § 3o Não constitui crime a
descendente, cônjuge ou com- mediante grave ameaça, violên- entrada ou permanência em casa
420
Código Penal
alheia ou em suas dependências: no número anterior; ação penal será incondicionada.
I – durante o dia, com obser- IV – quem instala ou utiliza
vância das formalidades legais, estação ou aparelho radioelétri- Violação do segredo profissional
para efetuar prisão ou outra di- co, sem observância de disposi-
ligência; ção legal. Art. 154. Revelar alguém, sem
II – a qualquer hora do dia ou § 2o As penas aumentam- justa causa, segredo, de que tem
da noite, quando algum crime -se de metade, se há dano para ciência em razão de função, mi-
está sendo ali praticado ou na outrem. nistério, ofício ou profissão, e
iminência de o ser. § 3o Se o agente comete o cuja revelação possa produzir
§ 4o A expressão “casa” com- crime, com abuso de função em dano a outrem:
preende: serviço postal, telegráfico, radio- Pena – detenção, de três me-
I – qualquer compartimento elétrico ou telefônico: ses a um ano, ou multa.
habitado; Pena – detenção, de um a Parágrafo único. Somente se
II – aposento ocupado de ha- três anos. procede mediante representação.
bitação coletiva; § 4o Somente se procede
III – compartimento não aber- mediante representação, salvo Invasão de dispositivo informático
to ao público, onde alguém exerce nos casos do § 1o, no IV, e do § 3o.
profissão ou atividade. Art. 154-A. Invadir dispositivo
§ 5o Não se compreendem Correspondência comercial informático de uso alheio, conec-
na expressão “casa”: tado ou não à rede de computado-
I – hospedaria, estalagem ou Art. 152. Abusar da condição de res, com o fim de obter, adulterar
qualquer outra habitação coletiva, sócio ou empregado de estabele- ou destruir dados ou informações
enquanto aberta, salvo a restrição cimento comercial ou industrial sem autorização expressa ou tá-
do no II do parágrafo anterior; para, no todo ou em parte, des- cita do usuário do dispositivo ou
II – taverna, casa de jogo e viar, sonegar, subtrair ou suprimir de instalar vulnerabilidades para
outras do mesmo gênero. correspondência, ou revelar a obter vantagem ilícita:
estranho o seu conteúdo: Pena – reclusão, de 1 (um) a
Pena – detenção, de três me- 4 (quatro) anos, e multa.
Seção III – Dos Crimes ses a dois anos. § 1o Na mesma pena incorre
contra a Inviolabilidade de Parágrafo único. Somente se quem produz, oferece, distribui,
Correspondência procede mediante representação. vende ou difunde dispositivo ou
programa de computador com o
Violação de correspondência intuito de permitir a prática da
Seção IV – Dos Crimes conduta definida no caput.
Art. 151. Devassar indevidamen- contra a Inviolabilidade dos § 2o Aumenta-se a pena de
te o conteúdo de correspondência Segredos 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços)
fechada, dirigida a outrem: se da invasão resulta prejuízo
Pena – detenção, de um a seis Divulgação de segredo econômico.
meses, ou multa. § 3o Se da invasão resul-
Art. 153. Divulgar alguém, sem tar a obtenção de conteúdo de
Sonegação ou destruição justa causa, conteúdo de docu- comunicações eletrônicas pri-
de correspondência mento particular ou de corres- vadas, segredos comerciais ou
pondência confidencial, de que industriais, informações sigilo-
§ 1o Na mesma pena incorre: é destinatário ou detentor, e cuja sas, assim definidas em lei, ou o
I – quem se apossa indevida- divulgação possa produzir dano controle remoto não autorizado
mente de correspondência alheia, a outrem: do dispositivo invadido:
embora não fechada e, no todo ou Pena – detenção, de um a seis Pena – reclusão, de 2 (dois) a
em parte, a sonega ou destrói; meses, ou multa. 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o Somente se procede me- § 4o Na hipótese do § 3o, au-
Violação de comunicação telegráfica, diante representação. menta-se a pena de um a dois
radioelétrica ou telefônica § 1o-A. Divulgar, sem justa terços se houver divulgação, co-
causa, informações sigilosas ou mercialização ou transmissão a
II – quem indevidamente di- reservadas, assim definidas em terceiro, a qualquer título, dos
vulga, transmite a outrem ou uti- lei, contidas ou não nos sistemas dados ou informações obtidos.
liza abusivamente comunicação de informações ou banco de da- § 5o Aumenta-se a pena de
telegráfica ou radioelétrica diri- dos da Administração Pública: um terço à metade se o crime
gida a terceiro, ou conversação Pena – detenção, de 1 (um) a for praticado contra:
telefônica entre outras pessoas; 4 (quatro) anos, e multa. I – Presidente da República,
III – quem impede a comuni- § 2o Quando resultar prejuízo governadores e prefeitos;
cação ou a conversação referidas para a Administração Pública, a II – Presidente do Supremo
421
Código Penal
Tribunal Federal; ou mediante fraude, escalada ou § 1o Somente se procede me-
III – Presidente da Câmara destreza; diante representação.
dos Deputados, do Senado Fe- III – com emprego de cha- § 2o Não é punível a subtra-
deral, de Assembleia Legislativa ve falsa; ção de coisa comum fungível,
de Estado, da Câmara Legislativa IV – mediante concurso de cujo valor não excede a quota a
do Distrito Federal ou de Câmara duas ou mais pessoas. que tem direito o agente.
Municipal; ou § 4o-A. A pena é de reclu-
IV – dirigente máximo da ad- são de 4 (quatro) a 10 (dez) anos
ministração direta e indireta fe- e multa, se houver emprego de CAPÍTULO II – DO ROUBO E
deral, estadual, municipal ou do explosivo ou de artefato análogo DA EXTORSÃO
Distrito Federal. que cause perigo comum.
§ 4o-B. A pena é de reclusão, Roubo
Ação penal de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul-
ta, se o furto mediante fraude é Art. 157. Subtrair coisa móvel
Art. 154-B. Nos crimes definidos cometido por meio de dispositivo alheia, para si ou para outrem,
no art. 154‑A, somente se procede eletrônico ou informático, conec- mediante grave ameaça ou vio-
mediante representação, salvo tado ou não à rede de computa- lência a pessoa, ou depois de ha-
se o crime é cometido contra a dores, com ou sem a violação de vê-la, por qualquer meio, reduzido
administração pública direta ou mecanismo de segurança ou a à impossibilidade de resistência:
indireta de qualquer dos Pode- utilização de programa malicio- Pena – reclusão, de quatro a
res da União, Estados, Distrito so, ou por qualquer outro meio dez anos, e multa.
Federal ou Municípios ou contra fraudulento análogo. § 1o Na mesma pena incorre
empresas concessionárias de § 4o-C. A pena prevista no quem, logo depois de subtraída a
serviços públicos. § 4 ‑B deste artigo, considerada
o
coisa, emprega violência contra
a relevância do resultado gravoso: pessoa ou grave ameaça, a fim de
I – aumenta-se de 1/3 (um ter- assegurar a impunidade do crime
TÍTULO II – DOS CRIMES ço) a 2/3 (dois terços), se o crime ou a detenção da coisa para si ou
CONTRA O PATRIMÔNIO é praticado mediante a utilização para terceiro.
de servidor mantido fora do ter- § 2o A pena aumenta-se de
CAPÍTULO I – DO FURTO ritório nacional; 1/3 (um terço) até metade:
II – aumenta-se de 1/3 (um I – (Revogado);
Furto terço) ao dobro, se o crime é pra- II – se há o concurso de duas
ticado contra idoso ou vulnerável. ou mais pessoas;
Art. 155. Subtrair, para si ou para § 5o A pena é de reclusão de III – se a vítima está em ser-
outrem, coisa alheia móvel: três a oito anos, se a subtração viço de transporte de valores e o
Pena – reclusão, de um a qua- for de veículo automotor que ve- agente conhece tal circunstância;
tro anos, e multa. nha a ser transportado para outro IV – se a subtração for de ve-
§ 1o A pena aumenta-se de Estado ou para o exterior. ículo automotor que venha a ser
um terço, se o crime é praticado § 6o A pena é de reclusão transportado para outro Estado
durante o repouso noturno. de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a ou para o exterior;
§ 2o Se o criminoso é primá- subtração for de semovente do- V – se o agente mantém a ví-
rio, e é de pequeno valor a coisa mesticável de produção, ainda tima em seu poder, restringindo
furtada, o juiz pode substituir a que abatido ou dividido em partes sua liberdade;
pena de reclusão pela de deten- no local da subtração. VI – se a subtração for de
ção, diminuí-la de um a dois ter- § 7o A pena é de reclusão de substâncias explosivas ou de
ços, ou aplicar somente a pena 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, acessórios que, conjunta ou iso-
de multa. se a subtração for de substâncias ladamente, possibilitem sua fabri-
§ 3o Equipara-se à coisa mó- explosivas ou de acessórios que, cação, montagem ou emprego;
vel a energia elétrica ou qualquer conjunta ou isoladamente, possi- VII – se a violência ou grave
outra que tenha valor econômico. bilitem sua fabricação, montagem ameaça é exercida com emprego
ou emprego. de arma branca.
Furto qualificado § 2o-A. A pena aumenta-se
Furto de coisa comum de 2/3 (dois terços):
§ 4o A pena é de reclusão I – se a violência ou ameaça é
de dois a oito anos, e multa, se o Art. 156. Subtrair o condômino, exercida com emprego de arma
crime é cometido: coerdeiro ou sócio, para si ou para de fogo;
I – com destruição ou rompi- outrem, a quem legitimamente a II – se há destruição ou rom-
mento de obstáculo à subtração detém, a coisa comum: pimento de obstáculo mediante
da coisa; Pena – detenção, de seis me- o emprego de explosivo ou de
II – com abuso de confiança, ses a dois anos, ou multa. artefato análogo que cause pe-
422
Código Penal
rigo comum. vinte anos. ticular, e não há emprego de vio-
§ 2o-B. Se a violência ou gra- § 2o Se do fato resulta lesão lência, somente se procede me-
ve ameaça é exercida com em- corporal de natureza grave: diante queixa.
prego de arma de fogo de uso Pena – reclusão, de dezesseis
restrito ou proibido, aplica-se em a vinte e quatro anos. Supressão ou alteração de
dobro a pena prevista no caput § 3o Se resulta a morte: marca em animais
deste artigo. Pena – reclusão, de vinte e
§ 3o Se da violência resulta: quatro a trinta anos. Art. 162. Suprimir ou alterar,
I – lesão corporal grave, a § 4o Se o crime é cometido indevidamente, em gado ou re-
pena é de reclusão de 7 (sete) a em concurso, o concorrente que o banho alheio, marca ou sinal in-
18 (dezoito) anos, e multa; denunciar à autoridade, facilitan- dicativo de propriedade:
II – morte, a pena é de re- do a libertação do sequestrado, Pena – detenção, de seis me-
clusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) terá sua pena reduzida de um a ses a três anos, e multa.
anos, e multa. dois terços.
Art. 158. Constranger alguém, Art. 160. Exigir ou receber, como Dano
mediante violência ou grave ame- garantia de dívida, abusando da
aça, e com o intuito de obter para situação de alguém, documento Art. 163. Destruir, inutilizar ou
si ou para outrem indevida vanta- que pode dar causa a procedi- deteriorar coisa alheia:
gem econômica, a fazer, tolerar mento criminal contra a vítima Pena – detenção, de um a seis
que se faça ou deixar de fazer ou contra terceiro: meses, ou multa.
alguma coisa: Pena – reclusão, de um a três
Pena – reclusão, de quatro a anos, e multa. Dano qualificado
dez anos, e multa.
§ 1o Se o crime é cometido Parágrafo único. Se o crime
por duas ou mais pessoas, ou com CAPÍTULO III – DA é cometido:
emprego de arma, aumenta-se a USURPAÇÃO I – com violência a pessoa ou
pena de um terço até metade. grave ameaça;
§ 2o Aplica-se à extorsão Alteração de limites II – com emprego de subs-
praticada mediante violência o tância inflamável ou explosiva,
disposto no § 3o do artigo anterior. Art. 161. Suprimir ou deslocar se o fato não constitui crime mais
§ 3o Se o crime é cometido tapume, marco, ou qualquer outro grave;
mediante a restrição da liberda- sinal indicativo de linha divisória, III – contra o patrimônio da
de da vítima, e essa condição é para apropriar-se, no todo ou em União, de Estado, do Distrito Fe-
necessária para a obtenção da parte, de coisa imóvel alheia: deral, de Município ou de autar-
vantagem econômica, a pena é Pena – detenção, de um a seis quia, fundação pública, empresa
de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) meses, e multa. pública, sociedade de economia
anos, além da multa; se resulta § 1o Na mesma pena incor- mista ou empresa concessionária
lesão corporal grave ou morte, re quem: de serviços públicos;
aplicam-se as penas previstas IV – por motivo egoístico ou
no art. 159, §§ 2o e 3o, respecti- Usurpação de águas com prejuízo considerável para
vamente. a vítima:
I – desvia ou represa, em pro- Pena – detenção, de seis me-
Extorsão mediante sequestro veito próprio ou de outrem, águas ses a três anos, e multa, além da
alheias; pena correspondente à violência.
Art. 159. Sequestrar pessoa com
o fim de obter, para si ou para ou- Esbulho possessório Introdução ou abandono de
trem, qualquer vantagem, como animais em propriedade alheia
condição ou preço do resgate: II – invade, com violência
Pena – reclusão, de oito a a pessoa ou grave ameaça, ou Art. 164. Introduzir ou deixar
quinze anos. mediante concurso de mais de animais em propriedade alheia,
§ 1o Se o sequestro dura mais duas pessoas, terreno ou edifí- sem consentimento de quem de
de 24 (vinte e quatro) horas, se o cio alheio, para o fim de esbulho direito, desde que do fato resul-
sequestrado é menor de 18 (de- possessório. te prejuízo:
zoito) ou maior de 60 (sessenta) § 2o Se o agente usa de vio- Pena – detenção, de quinze
anos, ou se o crime é cometido lência, incorre também na pena dias a seis meses, ou multa.
por bando ou quadrilha: a esta cominada.
Pena – reclusão, de doze a § 3o Se a propriedade é par-
423
Código Penal
Dano em coisa de valor artístico, Pena – reclusão, de 2 (dois) a Apropriação de coisa havida por erro,
arqueológico ou histórico 5 (cinco) anos, e multa. caso fortuito ou força da natureza
§ 1o Nas mesmas penas in-
Art. 165. Destruir, inutilizar ou corre quem deixar de: Art. 169. Apropriar-se alguém de
deteriorar coisa tombada pela I – recolher, no prazo legal, coisa alheia vinda ao seu poder
autoridade competente em virtu- contribuição ou outra importân- por erro, caso fortuito ou força
de de valor artístico, arqueológico cia destinada à previdência social da natureza:
ou histórico: que tenha sido descontada de Pena – detenção, de um mês
Pena – detenção, de seis me- pagamento efetuado a segura- a um ano, ou multa.
ses a dois anos, e multa. dos, a terceiros ou arrecadada Parágrafo único. Na mesma
do público; pena incorre:
Alteração de local II – recolher contribuições
especialmente protegido devidas à previdência social que Apropriação de tesouro
tenham integrado despesas con-
Art. 166. Alterar, sem licença da tábeis ou custos relativos à venda I – quem acha tesouro em
autoridade competente, o aspec- de produtos ou à prestação de prédio alheio e se apropria, no
to de local especialmente prote- serviços; todo ou em parte, da quota a
gido por lei: III – pagar benefício devido a que tem direito o proprietário
Pena – detenção, de um mês segurado, quando as respectivas do prédio;
a um ano, ou multa. cotas ou valores já tiverem sido
reembolsados à empresa pela Apropriação de coisa achada
Ação penal previdência social.
§ 2o É extinta a punibilidade II – quem acha coisa alheia
Art. 167. Nos casos do art. 163, se o agente, espontaneamen- perdida e dela se apropria, total
do no IV do seu parágrafo e do te, declara, confessa e efetua o ou parcialmente, deixando de
art. 164, somente se procede me- pagamento das contribuições, restituí-la ao dono ou legítimo
diante queixa. importâncias ou valores e presta possuidor ou de entregá-la à au-
as informações devidas à previ- toridade competente, dentro no
dência social, na forma definida prazo de quinze dias.
CAPÍTULO V – DA em lei ou regulamento, antes do
APROPRIAÇÃO INDÉBITA início da ação fiscal. Art. 170. Nos crimes previstos
§ 3o É facultado ao juiz deixar neste Capítulo, aplica-se o dis-
Apropriação indébita de aplicar a pena ou aplicar so- posto no art. 155, § 2o.
mente a de multa se o agente for
Art. 168. Apropriar-se de coisa primário e de bons antecedentes,
alheia móvel, de que tem a posse desde que: CAPÍTULO VI – DO
ou a detenção: I – tenha promovido, após ESTELIONATO E OUTRAS
Pena – reclusão, de um a qua- o início da ação fiscal e antes FRAUDES
tro anos, e multa. de oferecida a denúncia, o pa-
gamento da contribuição social Estelionato
Aumento de pena previdenciária, inclusive aces-
sórios; ou Art. 171. Obter, para si ou para
§ 1o A pena é aumentada de II – o valor das contribuições outrem, vantagem ilícita, em pre-
um terço, quando o agente rece- devidas, inclusive acessórios, seja juízo alheio, induzindo ou man-
beu a coisa: igual ou inferior àquele estabele- tendo alguém em erro, mediante
I – em depósito necessário; cido pela previdência social, ad- artifício, ardil, ou qualquer outro
II – na qualidade de tutor, ministrativamente, como sendo meio fraudulento:
curador, síndico, liquidatário, o mínimo para o ajuizamento de Pena – reclusão, de um a cin-
inventariante, testamenteiro ou suas execuções fiscais. co anos, e multa.
depositário judicial; § 4o A faculdade prevista no § 1o Se o criminoso é primá-
III – em razão de ofício, em- § 3o deste artigo não se aplica aos rio, e é de pequeno valor o prejuí-
prego ou profissão. casos de parcelamento de contri- zo, o juiz pode aplicar a pena con-
buições cujo valor, inclusive dos forme o disposto no art. 155, § 2o.
Apropriação indébita previdenciária acessórios, seja superior àquele § 2o Nas mesmas penas in-
estabelecido, administrativamen- corre quem:
Art. 168-A. Deixar de repassar te, como sendo o mínimo para o
à previdência social as contri- ajuizamento de suas execuções Disposição de coisa
buições recolhidas dos contri- fiscais. alheia como própria
buintes, no prazo e forma legal
ou convencional: I – vende, permuta, dá em pa-
424
Código Penal
gamento, em locação ou em ga- § 2o-B. A pena prevista no mas penas incorrerá aquele que
rantia coisa alheia como própria; § 2 ‑A deste artigo, considerada
o
falsificar ou adulterar a escri-
a relevância do resultado gravo- turação do Livro de Registro de
Alienação ou oneração so, aumenta-se de 1/3 (um terço) Duplicatas.
fraudulenta de coisa própria a 2/3 (dois terços), se o crime é
praticado mediante a utilização Abuso de incapazes
II – vende, permuta, dá em de servidor mantido fora do ter-
pagamento ou em garantia coi- ritório nacional. Art. 173. Abusar, em proveito
sa própria inalienável, gravada § 3o A pena aumenta-se de próprio ou alheio, de necessida-
de ônus ou litigiosa, ou imóvel um terço, se o crime é cometido de, paixão ou inexperiência de
que prometeu vender a terceiro, em detrimento de entidade de menor, ou da alienação ou debi-
mediante pagamento em presta- direito público ou de instituto de lidade mental de outrem, indu-
ções, silenciando sobre qualquer economia popular, assistência zindo qualquer deles à prática de
dessas circunstâncias; social ou beneficência. ato suscetível de produzir efeito
jurídico, em prejuízo próprio ou
Defraudação de penhor Estelionato contra idoso ou vulnerável de terceiro:
Pena – reclusão, de dois a seis
III – defrauda, mediante alie- § 4o A pena aumenta-se de anos, e multa.
nação não consentida pelo credor 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime
ou por outro modo, a garantia é cometido contra idoso ou vul- Induzimento à especulação
pignoratícia, quando tem a posse nerável, considerada a relevância
do objeto empenhado; do resultado gravoso. Art. 174. Abusar, em proveito
§ 5o Somente se procede próprio ou alheio, da inexperi-
Fraude na entrega de coisa mediante representação, salvo ência ou da simplicidade ou in-
se a vítima for: ferioridade mental de outrem,
IV – defrauda substância, I – a Administração Pública, induzindo-o à prática de jogo ou
qualidade ou quantidade de coi- direta ou indireta; aposta, ou à especulação com
sa que deve entregar a alguém; II – criança ou adolescente; títulos ou mercadorias, sabendo
III – pessoa com deficiência ou devendo saber que a operação
Fraude para recebimento de mental; ou é ruinosa:
indenização ou valor de seguro IV – maior de 70 (setenta) anos Pena – reclusão, de um a três
de idade ou incapaz. anos, e multa.
V – destrói, total ou parcial-
mente, ou oculta coisa própria, ou Fraude com a utilização de ativos Fraude no comércio
lesa o próprio corpo ou a saúde, virtuais, valores mobiliários
ou agrava as consequências da ou ativos financeiros Art. 175. Enganar, no exercício
lesão ou doença, com o intuito de atividade comercial, o adqui-
de haver indenização ou valor Art. 171-A. Organizar, gerir, ofer- rente ou consumidor:
de seguro; tar ou distribuir carteiras ou inter- I – vendendo, como verdadei-
mediar operações que envolvam ra ou perfeita, mercadoria falsi-
Fraude no pagamento ativos virtuais, valores mobiliários ficada ou deteriorada;
por meio de cheque ou quaisquer ativos financeiros II – entregando uma merca-
com o fim de obter vantagem doria por outra:
VI – emite cheque, sem su- ilícita, em prejuízo alheio, indu- Pena – detenção, de seis me-
ficiente provisão de fundos em zindo ou mantendo alguém em ses a dois anos, ou multa.
poder do sacado, ou lhe frustra erro, mediante artifício, ardil ou § 1o Alterar em obra que lhe
o pagamento. qualquer outro meio fraudulento: é encomendada a qualidade ou
Pena – reclusão, de 4 (quatro) o peso de metal ou substituir, no
Fraude eletrônica a 8 (oito) anos, e multa. mesmo caso, pedra verdadeira
por falsa ou por outra de menor
§ 2o-A. A pena é de reclu- Duplicata simulada valor; vender pedra falsa por ver-
são, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, dadeira; vender, como precioso,
e multa, se a fraude é cometida Art. 172. Emitir fatura, duplicata metal de outra qualidade:
com a utilização de informações ou nota de venda que não corres- Pena – reclusão, de um a cin-
fornecidas pela vítima ou por ter- ponda à mercadoria vendida, em co anos, e multa.
ceiro induzido a erro por meio de quantidade ou qualidade, ou ao § 2o É aplicável o disposto
redes sociais, contatos telefôni- serviço prestado: no art. 155, § 2o.
cos ou envio de correio eletrôni- Pena – detenção, de 2 (dois)
co fraudulento, ou por qualquer a 4 (quatro) anos, e multa.
outro meio fraudulento análogo. Parágrafo único. Nas mes-
425
Código Penal
Outras fraudes VI – o diretor ou o gerente Receptação qualificada
que, na falta de balanço, em de-
Art. 176. Tomar refeição em res- sacordo com este, ou mediante § 1o Adquirir, receber, trans-
taurante, alojar-se em hotel ou balanço falso, distribui lucros ou portar, conduzir, ocultar, ter em
utilizar-se de meio de transpor- dividendos fictícios; depósito, desmontar, montar, re-
te sem dispor de recursos para VII – o diretor, o gerente ou montar, vender, expor à venda,
efetuar o pagamento: o fiscal que, por interposta pes- ou de qualquer forma utilizar,
Pena – detenção, de quinze soa, ou conluiado com acionista, em proveito próprio ou alheio, no
dias a dois meses, ou multa. consegue a aprovação de conta exercício de atividade comercial
Parágrafo único. Somente ou parecer; ou industrial, coisa que deve sa-
se procede mediante represen- VIII – o liquidante, nos casos ber ser produto de crime:
tação, e o juiz pode, conforme as dos nos I, II, III, IV, V e VII; Pena – reclusão, de três a oito
circunstâncias, deixar de aplicar IX – o representante da so- anos, e multa.
a pena. ciedade anônima estrangeira, § 2o Equipara-se à atividade
autorizada a funcionar no país, comercial, para efeito do pará-
Fraudes e abusos na fundação ou que pratica os atos mencionados grafo anterior, qualquer forma
administração de sociedade por ações nos nos I e II, ou dá falsa informa- de comércio irregular ou clan-
ção ao Governo. destino, inclusive o exercido em
Art. 177. Promover a fundação § 2o Incorre na pena de de- residência.
de sociedade por ações, fazendo, tenção, de seis meses a dois anos, § 3o Adquirir ou receber coi-
em prospecto ou em comunica- e multa, o acionista que, a fim de sa que, por sua natureza ou pela
ção ao público ou à assembleia, obter vantagem para si ou para desproporção entre o valor e o
afirmação falsa sobre a cons- outrem, negocia o voto nas de- preço, ou pela condição de quem
tituição da sociedade, ou ocul- liberações de assembleia geral. a oferece, deve presumir-se ob-
tando fraudulentamente fato a tida por meio criminoso:
ela relativo: Emissão irregular de conhecimento Pena – detenção, de um mês
Pena – reclusão, de um a qua- de depósito ou warrant a um ano, ou multa, ou ambas
tro anos, e multa, se o fato não as penas.
constitui crime contra a econo- Art. 178. Emitir conhecimento § 4o A receptação é punível,
mia popular. de depósito ou warrant, em de- ainda que desconhecido ou isento
§ 1o Incorrem na mesma sacordo com disposição legal: de pena o autor do crime de que
pena, se o fato não constitui cri- Pena – reclusão, de um a qua- proveio a coisa.
me contra a economia popular: tro anos, e multa. § 5o Na hipótese do § 3o, se
I – o diretor, o gerente ou o o criminoso é primário, pode o
fiscal de sociedade por ações, Fraude à execução juiz, tendo em consideração as
que, em prospecto, relatório, pa- circunstâncias, deixar de aplicar
recer, balanço ou comunicação ao Art. 179. Fraudar execução, alie- a pena. Na receptação dolosa
público ou à assembleia, faz afir- nando, desviando, destruindo ou aplica-se o disposto no § 2o do
mação falsa sobre as condições danificando bens, ou simulando art. 155.
econômicas da sociedade, ou dívidas: § 6o Tratando-se de bens do
oculta fraudulentamente, no todo Pena – detenção, de seis me- patrimônio da União, de Estado,
ou em parte, fato a elas relativo; ses a dois anos, ou multa. do Distrito Federal, de Município
II – o diretor, o gerente ou o Parágrafo único. Somente se ou de autarquia, fundação públi-
fiscal que promove, por qualquer procede mediante queixa. ca, empresa pública, sociedade
artifício, falsa cotação das ações de economia mista ou empresa
ou de outros títulos da sociedade; concessionária de serviços públi-
III – o diretor ou o gerente que CAPÍTULO VII – DA cos, aplica-se em dobro a pena
toma empréstimo à sociedade RECEPTAÇÃO prevista no caput deste artigo.
ou usa, em proveito próprio ou
de terceiro, dos bens ou haveres Receptação Receptação de animal
sociais, sem prévia autorização
da assembleia geral; Art. 180. Adquirir, receber, Art. 180-A. Adquirir, receber,
IV – o diretor ou o gerente que transportar, conduzir ou ocul- transportar, conduzir, ocultar,
compra ou vende, por conta da tar, em proveito próprio ou alheio, ter em depósito ou vender, com
sociedade, ações por ela emiti- coisa que sabe ser produto de a finalidade de produção ou de
das, salvo quando a lei o permite; crime, ou influir para que tercei- comercialização, semovente do-
V – o diretor ou o gerente que, ro, de boa-fé, a adquira, receba mesticável de produção, ainda
como garantia de crédito social, ou oculte: que abatido ou dividido em par-
aceita em penhor ou em caução Pena – reclusão, de um a qua- tes, que deve saber ser produto
ações da própria sociedade; tro anos, e multa. de crime:
426
Código Penal
Pena – reclusão, de 2 (dois) a grama, sem autorização expressa II – ação penal pública incon-
5 (cinco) anos, e multa. do autor, do artista intérprete ou dicionada, nos crimes previstos
executante, do produtor, con- nos §§ 1o e 2o do art. 184;
forme o caso, ou de quem os III – ação penal pública incon-
CAPÍTULO VIII – represente: dicionada, nos crimes cometidos
DISPOSIÇÕES GERAIS Pena – reclusão, de 2 (dois) a em desfavor de entidades de di-
4 (quatro) anos, e multa. reito público, autarquia, empresa
Art. 181. É isento de pena quem § 2o Na mesma pena do § 1o pública, sociedade de economia
comete qualquer dos crimes pre- incorre quem, com o intuito de mista ou fundação instituída pelo
vistos neste título, em prejuízo: lucro direto ou indireto, distribui, Poder Público;
I – do cônjuge, na constância vende, expõe à venda, aluga, in- IV – ação penal pública condi-
da sociedade conjugal; troduz no País, adquire, oculta, cionada à representação, nos cri-
II – de ascendente ou descen- tem em depósito, original ou cópia mes previstos no § 3o do art. 184.
dente, seja o parentesco legítimo de obra intelectual ou fonograma
ou ilegítimo, seja civil ou natural. reproduzido com violação do di-
reito de autor, do direito de artista CAPÍTULO II – DOS CRIMES
Art. 182. Somente se procede intérprete ou executante ou do CONTRA O PRIVILÉGIO DE
mediante representação, se o direito do produtor de fonograma, INVENÇÃO
crime previsto neste título é co- ou, ainda, aluga original ou cópia
metido em prejuízo: de obra intelectual ou fonograma, Arts. 187 a 191. (Revogados)
I – do cônjuge desquitado ou sem a expressa autorização dos
judicialmente separado; titulares dos direitos ou de quem
II – de irmão, legítimo ou ile- os represente. CAPÍTULO III – DOS CRIMES
gítimo; § 3o Se a violação consistir CONTRA AS MARCAS DE
III – de tio ou sobrinho, com no oferecimento ao público, me- INDÚSTRIA E COMÉRCIO
quem o agente coabita. diante cabo, fibra ótica, satélite,
ondas ou qualquer outro sistema Arts. 192 a 195. (Revogados)
Art. 183. Não se aplica o dispos- que permita ao usuário realizar a
to nos dois artigos anteriores: seleção da obra ou produção para
I – se o crime é de roubo ou recebê-la em um tempo e lugar CAPÍTULO IV – DOS
de extorsão, ou, em geral, quando previamente determinados por CRIMES DE CONCORRÊNCIA
haja emprego de grave ameaça quem formula a demanda, com DESLEAL
ou violência a pessoa; intuito de lucro, direto ou indi-
II – ao estranho que participa reto, sem autorização expressa, Art. 196. (Revogado)
do crime; conforme o caso, do autor, do
III – se o crime é praticado artista intérprete ou executante,
contra pessoa com idade igual do produtor de fonograma, ou de TÍTULO IV – DOS CRIMES
ou superior a 60 (sessenta) anos. quem os represente: CONTRA A ORGANIZAÇÃO
Pena – reclusão, de 2 (dois) a DO TRABALHO
4 (quatro) anos, e multa.
TÍTULO III – DOS CRIMES § 4o O disposto nos §§ 1o, 2o Atentado contra a
CONTRA A PROPRIEDADE e 3 não se aplica quando se tra-
o
liberdade de trabalho
IMATERIAL tar de exceção ou limitação ao
direito de autor ou os que lhe são Art. 197. Constranger alguém,
CAPÍTULO I – DOS CRIMES conexos, em conformidade com o mediante violência ou grave ame-
CONTRA A PROPRIEDADE previsto na Lei no 9.610, de 19 de aça:
INTELECTUAL fevereiro de 1998, nem a cópia de I – a exercer ou não exercer
obra intelectual ou fonograma, em arte, ofício, profissão ou indústria,
Violação de direito autoral um só exemplar, para uso privado ou a trabalhar ou não trabalhar
do copista, sem intuito de lucro durante certo período ou em de-
Art. 184. Violar direitos de autor direto ou indireto. terminados dias:
e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de um mês
Pena – detenção, de 3 (três) Usurpação de nome ou a um ano, e multa, além da pena
meses a 1 (um) ano, ou multa. pseudônimo alheio correspondente à violência;
§ 1o Se a violação consistir II – a abrir ou fechar o seu
em reprodução total ou parcial, Art. 185. (Revogado) estabelecimento de trabalho, ou
com intuito de lucro direto ou a participar de parede ou parali-
indireto, por qualquer meio ou Art. 186. Procede-se mediante: sação de atividade econômica:
processo, de obra intelectual, I – queixa, nos crimes previs- Pena – detenção, de três me-
interpretação, execução ou fono- tos no caput do art. 184; ses a um ano, e multa, além da
427
Código Penal
pena correspondente à violência. belecimento industrial, comercial Aliciamento para o fim de emigração
ou agrícola, com o intuito de im-
Atentado contra a liberdade pedir ou embaraçar o curso nor- Art. 206. Recrutar trabalhado-
de contrato de trabalho e mal do trabalho, ou com o mesmo res, mediante fraude, com o fim
boicotagem violenta fim danificar o estabelecimento de levá-los para território es-
ou as coisas nele existentes ou trangeiro:
Art. 198. Constranger alguém, delas dispor: Pena – detenção, de um a três
mediante violência ou grave ame- Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
aça, a celebrar contrato de traba- anos, e multa.
lho, ou a não fornecer a outrem Aliciamento de trabalhadores de um
ou não adquirir de outrem maté- Frustração de direito assegurado local para outro do território nacional
ria-prima ou produto industrial por lei trabalhista
ou agrícola: Art. 207. Aliciar trabalhadores,
Pena – detenção, de um mês Art. 203. Frustrar, mediante com o fim de levá-los de uma
a um ano, e multa, além da pena fraude ou violência, direito as- para outra localidade do territó-
correspondente à violência. segurado pela legislação do tra- rio nacional:
balho: Pena – detenção, de um a três
Atentado contra a liberdade Pena – detenção de um ano a anos, e multa.
de associação dois anos, e multa, além da pena § 1o Incorre na mesma pena
correspondente à violência. quem recrutar trabalhadores
Art. 199. Constranger alguém, § 1o Na mesma pena incor- fora da localidade de execução
mediante violência ou grave ame- re quem: do trabalho, dentro do territó-
aça, a participar ou deixar de par- I – obriga ou coage alguém a rio nacional, mediante fraude ou
ticipar de determinado sindicato usar mercadorias de determinado cobrança de qualquer quantia do
ou associação profissional: estabelecimento, para impossibi- trabalhador, ou, ainda, não asse-
Pena – detenção, de um mês litar o desligamento do serviço gurar condições do seu retorno
a um ano, e multa, além da pena em virtude de dívida; ao local de origem.
correspondente à violência. II – impede alguém de se des- § 2o A pena é aumentada de
ligar de serviços de qualquer na- um sexto a um terço se a vítima
Paralisação de trabalho, seguida de tureza, mediante coação ou por é menor de dezoito anos, idosa,
violência ou perturbação da ordem meio da retenção de seus docu- gestante, indígena ou portadora
mentos pessoais ou contratuais. de deficiência física ou mental.
Art. 200. Participar de suspen- § 2o A pena é aumentada de
são ou abandono coletivo de tra- um sexto a um terço se a vítima
balho, praticando violência contra é menor de dezoito anos, idosa, TÍTULO V – DOS CRIMES
pessoa ou contra coisa: gestante, indígena ou portadora CONTRA O SENTIMENTO
Pena – detenção, de um mês de deficiência física ou mental. RELIGIOSO E CONTRA O
a um ano, e multa, além da pena RESPEITO AOS MORTOS
correspondente à violência. Frustração de lei sobre a
Parágrafo único. Para que nacionalização do trabalho CAPÍTULO I – DOS CRIMES
se considere coletivo o abando- CONTRA O SENTIMENTO
no de trabalho é indispensável o Art. 204. Frustrar, mediante RELIGIOSO
concurso de, pelo menos, três fraude ou violência, obrigação
empregados. legal relativa à nacionalização Ultraje a culto e impedimento ou
do trabalho: perturbação de ato a ele relativo
Paralisação de trabalho Pena – detenção, de um mês
de interesse coletivo a um ano, e multa, além da pena Art. 208. Escarnecer de al-
correspondente à violência. guém publicamente, por motivo
Art. 201. Participar de suspen- de crença ou função religiosa;
são ou abandono coletivo de tra- Exercício de atividade com infração impedir ou perturbar cerimônia
balho, provocando a interrupção de decisão administrativa ou prática de culto religioso; vi-
de obra pública ou serviço de lipendiar publicamente ato ou
interesse coletivo: Art. 205. Exercer atividade, de objeto de culto religioso:
Pena – detenção, de seis me- que está impedido por decisão Pena – detenção, de um mês
ses a dois anos, e multa. administrativa: a um ano, ou multa.
Pena – detenção, de três me- Parágrafo único. Se há em-
Invasão de estabelecimento industrial, ses a dois anos, ou multa. prego de violência, a pena é au-
comercial ou agrícola. Sabotagem mentada de um terço, sem prejuí-
zo da correspondente à violência.
Art. 202. Invadir ou ocupar esta-
428
Código Penal
CAPÍTULO II – DOS CRIMES Pena – reclusão, de 8 (oito) a CAPÍTULO I-A – DA
CONTRA O RESPEITO AOS 12 (doze) anos. EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE
§ 2o Se da conduta resulta
MORTOS morte:
SEXUAL
Impedimento ou perturbação Pena – reclusão, de 12 (doze) Registro não autorizado
de cerimônia funerária a 30 (trinta) anos. da intimidade sexual
Art. 209. Impedir ou perturbar Atentado violento ao pudor Art. 216-B. Produzir, fotografar,
enterro ou cerimônia funerária: filmar ou registrar, por qualquer
Pena – detenção, de um mês Art. 214. (Revogado) meio, conteúdo com cena de nu-
a um ano, ou multa. dez ou ato sexual ou libidinoso
Parágrafo único. Se há em- Violação sexual mediante fraude de caráter íntimo e privado sem
prego de violência, a pena é au- autorização dos participantes:
mentada de um terço, sem prejuí- Art. 215. Ter conjunção carnal Pena – detenção, de 6 (seis)
zo da correspondente à violência. ou praticar outro ato libidinoso meses a 1 (um) ano, e multa.
com alguém, mediante fraude Parágrafo único. Na mesma
Violação de sepultura ou outro meio que impeça ou pena incorre quem realiza mon-
dificulte a livre manifestação de tagem em fotografia, vídeo, áudio
Art. 210. Violar ou profanar se- vontade da vítima: ou qualquer outro registro com o
pultura ou urna funerária: Pena – reclusão, de 2 (dois) a fim de incluir pessoa em cena de
Pena – reclusão, de um a três 6 (seis) anos. nudez ou ato sexual ou libidinoso
anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime de caráter íntimo.
é cometido com o fim de obter
Destruição, subtração ou vantagem econômica, aplica-se
ocultação de cadáver também multa. CAPÍTULO II – DOS
CRIMES SEXUAIS CONTRA
Art. 211. Destruir, subtrair ou Importunação sexual VULNERÁVEL
ocultar cadáver ou parte dele:
Pena – reclusão, de um a três Art. 215-A. Praticar contra al- Sedução
anos, e multa. guém e sem a sua anuência ato
libidinoso com o objetivo de sa- Art. 217. (Revogado)
Vilipêndio a cadáver tisfazer a própria lascívia ou a
de terceiro: Estupro de vulnerável
Art. 212. Vilipendiar cadáver ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 5
suas cinzas: (cinco) anos, se o ato não constitui Art. 217-A. Ter conjunção carnal
Pena – detenção, de um a três crime mais grave. ou praticar outro ato libidinoso
anos, e multa. com menor de 14 (catorze) anos:
Atentado ao pudor mediante fraude Pena – reclusão, de 8 (oito) a
15 (quinze) anos.
TÍTULO VI – DOS CRIMES Art. 216. (Revogado) § 1o Incorre na mesma pena
CONTRA A DIGNIDADE quem pratica as ações descritas
SEXUAL Assédio sexual no caput com alguém que, por en-
fermidade ou deficiência mental,
CAPÍTULO I – DOS CRIMES Art. 216-A. Constranger alguém não tem o necessário discerni-
CONTRA A LIBERDADE com o intuito de obter vantagem mento para a prática do ato, ou
SEXUAL ou favorecimento sexual, preva- que, por qualquer outra causa,
lecendo-se o agente da sua con- não pode oferecer resistência.
Estupro dição de superior hierárquico ou § 2o (Vetado)
ascendência inerentes ao exercí- § 3o Se da conduta resulta
Art. 213. Constranger alguém, cio de emprego, cargo ou função: lesão corporal de natureza grave:
mediante violência ou grave ame- Pena – detenção, de 1 (um) a Pena – reclusão, de 10 (dez) a
aça, a ter conjunção carnal ou a 2 (dois) anos. 20 (vinte) anos.
praticar ou permitir que com ele Parágrafo único. (Vetado) § 4o Se da conduta resulta
se pratique outro ato libidinoso: § 2o A pena é aumentada em morte:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a até um terço se a vítima é menor Pena – reclusão, de 12 (doze)
10 (dez) anos. de 18 (dezoito) anos. a 30 (trinta) anos.
§ 1o Se da conduta resulta le- § 5o As penas previstas no
são corporal de natureza grave ou caput e nos §§ 1o, 3o e 4o deste
se a vítima é menor de 18 (dezoito) artigo aplicam-se independente-
ou maior de 14 (catorze) anos: mente do consentimento da víti-
429
Código Penal
ma ou do fato de ela ter mantido cionamento do estabelecimento. Ação penal
relações sexuais anteriormente
ao crime. Divulgação de cena de estupro ou Art. 225. Nos crimes definidos
de cena de estupro de vulnerável, nos Capítulos I e II deste Título,
Corrupção de menores de cena de sexo ou de pornografia procede-se mediante ação penal
pública incondicionada.
Art. 218. Induzir alguém menor Art. 218-C. Oferecer, trocar, dis- Parágrafo único. (Revogado)
de 14 (catorze) anos a satisfazer ponibilizar, transmitir, vender ou
a lascívia de outrem: expor à venda, distribuir, publicar Aumento de pena
Pena – reclusão, de 2 (dois) a ou divulgar, por qualquer meio
5 (cinco) anos. – inclusive por meio de comuni- Art. 226. A pena é aumentada:
Parágrafo único. (Vetado) cação de massa ou sistema de I – de quarta parte, se o crime
informática ou telemática –, fo- é cometido com o concurso de 2
Satisfação de lascívia mediante tografia, vídeo ou outro registro (duas) ou mais pessoas;
presença de criança ou adolescente audiovisual que contenha cena II – de metade, se o agente é
de estupro ou de estupro de vul- ascendente, padrasto ou madras-
Art. 218-A. Praticar, na presen- nerável ou que faça apologia ou ta, tio, irmão, cônjuge, compa-
ça de alguém menor de 14 (cator- induza a sua prática, ou, sem o nheiro, tutor, curador, preceptor
ze) anos, ou induzi-lo a presenciar, consentimento da vítima, cena ou empregador da vítima ou por
conjunção carnal ou outro ato de sexo, nudez ou pornografia: qualquer outro título tiver auto-
libidinoso, a fim de satisfazer Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 ridade sobre ela;
lascívia própria ou de outrem: (cinco) anos, se o fato não cons- III – (Revogado);
Pena – reclusão, de 2 (dois) a titui crime mais grave. IV – de 1/3 (um terço) a 2/3
4 (quatro) anos. (dois terços), se o crime é pra-
Aumento de pena ticado:
Favorecimento da prostituição
ou de outra forma de § 1o A pena é aumentada de Estupro coletivo
exploração sexual de criança ou 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços)
adolescente ou de vulnerável se o crime é praticado por agente a) mediante concurso de 2
que mantém ou tenha mantido (dois) ou mais agentes;
Art. 218-B. Submeter, induzir ou relação íntima de afeto com a
atrair à prostituição ou outra for- vítima ou com o fim de vingança Estupro corretivo
ma de exploração sexual alguém ou humilhação.
menor de 18 (dezoito) anos ou que, b) para controlar o com-
por enfermidade ou deficiência Exclusão de ilicitude portamento social ou sexual da
mental, não tem o necessário vítima.
discernimento para a prática do § 2o Não há crime quando o
ato, facilitá-la, impedir ou dificul- agente pratica as condutas des-
tar que a abandone: critas no caput deste artigo em CAPÍTULO V – DO
Pena – reclusão, de 4 (quatro) publicação de natureza jornalís- LENOCÍNIO E DO TRÁFICO
a 10 (dez) anos. tica, científica, cultural ou aca- DE PESSOA PARA FIM DE
§ 1o Se o crime é praticado dêmica com a adoção de recurso PROSTITUIÇÃO OU OUTRA
com o fim de obter vantagem eco- que impossibilite a identificação FORMA DE EXPLORAÇÃO
nômica, aplica-se também multa. da vítima, ressalvada sua prévia
§ 2o Incorre nas mesmas autorização, caso seja maior de SEXUAL
penas: 18 (dezoito) anos.
I – quem pratica conjunção Mediação para servir a
carnal ou outro ato libidinoso com lascívia de outrem
alguém menor de 18 (dezoito) e CAPÍTULO III – DO RAPTO
maior de 14 (catorze) anos na si- Art. 227. Induzir alguém a satis-
tuação descrita no caput deste Arts. 219 a 222. (Revogados) fazer a lascívia de outrem:
artigo; Pena – reclusão, de um a três
II – o proprietário, o gerente anos.
ou o responsável pelo local em CAPÍTULO IV – § 1o Se a vítima é maior de 14
que se verifiquem as práticas DISPOSIÇÕES GERAIS (catorze) e menor de 18 (dezoito)
referidas no caput deste artigo. anos, ou se o agente é seu as-
§ 3o Na hipótese do inciso II Art. 223. (Revogado) cendente, descendente, cônjuge
do § 2o, constitui efeito obrigató- ou companheiro, irmão, tutor ou
rio da condenação a cassação da Art. 224. (Revogado) curador ou pessoa a quem esteja
licença de localização e de fun- confiada para fins de educação,
430
Código Penal
de tratamento ou de guarda: parte, por quem a exerça: § 3o A pena prevista para o
Pena – reclusão, de dois a Pena – reclusão, de um a qua- crime será aplicada sem prejuízo
cinco anos. tro anos, e multa. das correspondentes às infrações
§ 2o Se o crime é cometido § 1o Se a vítima é menor de 18 conexas.
com emprego de violência, grave (dezoito) e maior de 14 (catorze)
ameaça ou fraude: anos ou se o crime é cometido
Pena – reclusão, de dois a por ascendente, padrasto, ma- CAPÍTULO VI – DO
oito anos, além da pena corres- drasta, irmão, enteado, cônjuge, ULTRAJE PÚBLICO AO
pondente à violência. companheiro, tutor ou curador, PUDOR
§ 3o Se o crime é cometi- preceptor ou empregador da ví-
do com o fim de lucro, aplica-se tima, ou por quem assumiu, por Ato obsceno
também multa. lei ou outra forma, obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância: Art. 233. Praticar ato obsceno
Favorecimento da prostituição ou Pena – reclusão, de 3 (três) a em lugar público, ou aberto ou
outra forma de exploração sexual 6 (seis) anos, e multa. exposto ao público:
§ 2o Se o crime é cometido Pena – detenção, de três me-
Art. 228. Induzir ou atrair al- mediante violência, grave ame- ses a um ano, ou multa.
guém à prostituição ou outra for- aça, fraude ou outro meio que
ma de exploração sexual, facili- impeça ou dificulte a livre mani- Escrito ou objeto obsceno
tá-la, impedir ou dificultar que festação da vontade da vítima:
alguém a abandone: Pena – reclusão, de 2 (dois) Art. 234. Fazer, importar, ex-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a a 8 (oito) anos, sem prejuízo da portar, adquirir ou ter sob sua
5 (cinco) anos, e multa. pena correspondente à violência. guarda, para fim de comércio,
§ 1o Se o agente é ascenden- de distribuição ou de exposição
te, padrasto, madrasta, irmão, Tráfico internacional de pessoa pública, escrito, desenho, pintu-
enteado, cônjuge, companhei- para fim de exploração sexual ra, estampa ou qualquer objeto
ro, tutor ou curador, preceptor obsceno:
ou empregador da vítima, ou se Art. 231. (Revogado) Pena – detenção, de seis me-
assumiu, por lei ou outra forma, ses a dois anos, ou multa.
obrigação de cuidado, proteção Tráfico interno de pessoa para Parágrafo único. Incorre na
ou vigilância: fim de exploração sexual mesma pena quem:
Pena – reclusão, de 3 (três) a I – vende, distribui ou expõe à
8 (oito) anos. Art. 231-A. (Revogado) venda ou ao público qualquer dos
§ 2o Se o crime é cometido objetos referidos neste artigo;
com emprego de violência, grave Art. 232. (Revogado) II – realiza, em lugar público
ameaça ou fraude: ou acessível ao público, represen-
Pena – reclusão, de quatro a Promoção de migração ilegal tação teatral, ou exibição cinema-
dez anos, além da pena corres- tográfica de caráter obsceno, ou
pondente à violência. Art. 232-A. Promover, por qual- qualquer outro espetáculo, que
§ 3o Se o crime é cometi- quer meio, com o fim de obter tenha o mesmo caráter;
do com o fim de lucro, aplica-se vantagem econômica, a entrada III – realiza, em lugar público
também multa. ilegal de estrangeiro em território ou acessível ao público, ou pelo
nacional ou de brasileiro em país rádio, audição ou recitação de
Casa de prostituição estrangeiro: caráter obsceno.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a
Art. 229. Manter, por conta pró- 5 (cinco) anos, e multa.
pria ou de terceiro, estabeleci- § 1o Na mesma pena incor- CAPÍTULO VII –
mento em que ocorra explora- re quem promover, por qualquer DISPOSIÇÕES GERAIS
ção sexual, haja, ou não, intuito meio, com o fim de obter vanta-
de lucro ou mediação direta do gem econômica, a saída de es- Aumento de pena
proprietário ou gerente: trangeiro do território nacional
Pena – reclusão, de dois a para ingressar ilegalmente em Art. 234-A. Nos crimes pre-
cinco anos, e multa. país estrangeiro. vistos neste Título a pena é au-
§ 2o A pena é aumentada de mentada:
Rufianismo 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: I – (Vetado);
I – o crime é cometido com II – (Vetado);
Art. 230. Tirar proveito da pros- violência; ou III – de metade a 2/3 (dois ter-
tituição alheia, participando dire- II – a vítima é submetida a ços), se do crime resulta gravidez;
tamente de seus lucros ou fazen- condição desumana ou degra- IV – de 1/3 (um terço) a 2/3
do-se sustentar, no todo ou em dante. (dois terços), se o agente trans-
431
Código Penal
mite à vítima doença sexualmen- pedimento que lhe cause a nuli- Sonegação de estado de filiação
te transmissível de que sabe ou dade absoluta:
deveria saber ser portador, ou se Pena – detenção, de três me- Art. 243. Deixar em asilo de
a vítima é idosa ou pessoa com ses a um ano. expostos ou outra instituição
deficiência. de assistência filho próprio ou
Simulação de autoridade para alheio, ocultando-lhe a filiação
Art. 234-B. Os processos em celebração de casamento ou atribuindo-lhe outra, com o
que se apuram crimes definidos fim de prejudicar direito inerente
neste Título correrão em segredo Art. 238. Atribuir-se falsamente ao estado civil:
de justiça. autoridade para celebração de Pena – reclusão, de um a cin-
casamento: co anos, e multa.
Art. 234-C. (Vetado) Pena – detenção, de um a três
anos, se o fato não constitui crime
mais grave. CAPÍTULO III – DOS CRIMES
TÍTULO VII – DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA
CONTRA A FAMÍLIA Simulação de casamento FAMILIAR
CAPÍTULO I – DOS CRIMES Art. 239. Simular casamento Abandono material
CONTRA O CASAMENTO mediante engano de outra pes-
soa: Art. 244. Deixar, sem justa cau-
Bigamia Pena – detenção, de um a sa, de prover a subsistência do
três anos, se o fato não constitui cônjuge, ou de filho menor de 18
Art. 235. Contrair alguém, sendo elemento de crime mais grave. (dezoito) anos ou inapto para o
casado, novo casamento: trabalho, ou de ascendente in-
Pena – reclusão, de dois a Adultério válido ou maior de 60 (sessenta)
seis anos. anos, não lhes proporcionando os
§ 1o Aquele que, não sendo Art. 240. (Revogado) recursos necessários ou faltan-
casado, contrai casamento com do ao pagamento de pensão ali-
pessoa casada, conhecendo essa mentícia judicialmente acordada,
circunstância, é punido com re- CAPÍTULO II – DOS CRIMES fixada ou majorada; deixar, sem
clusão ou detenção, de um a três CONTRA O ESTADO DE justa causa, de socorrer descen-
anos. FILIAÇÃO dente ou ascendente, gravemente
§ 2o Anulado por qualquer enfermo:
motivo o primeiro casamento, Registro de nascimento inexistente Pena – detenção, de 1 (um) a
ou o outro por motivo que não 4 (quatro) anos e multa, de uma a
a bigamia, considera-se inexis- Art. 241. Promover no registro dez vezes o maior salário mínimo
tente o crime. civil a inscrição de nascimento vigente no País.
inexistente: Parágrafo único. Nas mes-
Induzimento a erro essencial e Pena – reclusão, de dois a mas penas incide quem, sendo
ocultação de impedimento seis anos. solvente, frustra ou ilide, de qual-
quer modo, inclusive por abando-
Art. 236. Contrair casamento, Parto suposto. Supressão ou no injustificado de emprego ou
induzindo em erro essencial o alteração de direito inerente ao função, o pagamento de pensão
outro contraente, ou ocultando- estado civil de recém-nascido alimentícia judicialmente acor-
-lhe impedimento que não seja dada, fixada ou majorada.
casamento anterior: Art. 242. Dar parto alheio como
Pena – detenção, de seis me- próprio; registrar como seu o filho Entrega de filho menor
ses a dois anos. de outrem; ocultar recém-nas- a pessoa inidônea
Parágrafo único. A ação pe- cido ou substituí-lo, suprimindo
nal depende de queixa do contra- ou alterando direito inerente ao Art. 245. Entregar filho menor
ente enganado e não pode ser in- estado civil: de 18 (dezoito) anos a pessoa em
tentada senão depois de transitar Pena – reclusão, de dois a cuja companhia saiba ou deva
em julgado a sentença que, por seis anos. saber que o menor fica moral ou
motivo de erro ou impedimento, Parágrafo único. Se o crime materialmente em perigo:
anule o casamento. é praticado por motivo de reco- Pena – detenção, de 1 (um) a
nhecida nobreza: 2 (dois) anos.
Conhecimento prévio de impedimento Pena – detenção, de um a § 1o A pena é de 1 (um) a 4
dois anos, podendo o juiz deixar (quatro) anos de reclusão, se o
Art. 237. Contrair casamento, de aplicar a pena. agente pratica delito para obter
conhecendo a existência de im- lucro, ou se o menor é enviado
432
Código Penal
para o exterior. Subtração de incapazes combustível ou inflamável;
§ 2o Incorre, também, na g) em poço petrolífero ou
pena do parágrafo anterior quem, Art. 249. Subtrair menor de de- galeria de mineração;
embora excluído o perigo moral zoito anos ou interdito ao poder h) em lavoura, pastagem,
ou material, auxilia a efetivação de quem o tem sob sua guarda em mata ou floresta.
de ato destinado ao envio de me- virtude de lei ou de ordem judicial:
nor para o exterior, com o fito de Pena – detenção, de dois me- Incêndio culposo
obter lucro. ses a dois anos, se o fato não
constitui elemento de outro cri- § 2o Se culposo o incêndio,
Abandono intelectual me. a pena é de detenção, de seis
§ 1o O fato de ser o agente pai meses a dois anos.
Art. 246. Deixar, sem justa cau- ou tutor do menor ou curador do
sa, de prover à instrução primária interdito não o exime de pena, se Explosão
de filho em idade escolar: destituído ou temporariamente
Pena – detenção, de quinze privado do pátrio poder, tutela, Art. 251. Expor a perigo a vida, a
dias a um mês, ou multa. curatela ou guarda. integridade física ou o patrimônio
§ 2o No caso de restituição de outrem, mediante explosão,
Art. 247. Permitir alguém que do menor ou do interdito, se este arremesso ou simples colocação
menor de dezoito anos, sujeito não sofreu maus-tratos ou priva- de engenho de dinamite ou de
a seu poder ou confiado a sua ções, o juiz pode deixar de apli- substância de efeitos análogos:
guarda ou vigilância: car pena. Pena – reclusão, de três a seis
I – frequente casa de jogo ou anos, e multa.
mal-afamada, ou conviva com § 1o Se a substância utilizada
pessoa viciosa ou de má vida; TÍTULO VIII – DOS CRIMES não é dinamite ou explosivo de
II – frequente espetáculo ca- CONTRA A INCOLUMIDADE efeitos análogos:
paz de pervertê-lo ou de ofen- PÚBLICA Pena – reclusão, de um a qua-
der-lhe o pudor, ou participe de tro anos, e multa.
representação de igual natureza; CAPÍTULO I – DOS CRIMES
III – resida ou trabalhe em DE PERIGO COMUM Aumento de pena
casa de prostituição;
IV – mendigue ou sirva a men- Incêndio § 2o As penas aumentam-se
digo para excitar a comiseração de um terço, se ocorre qualquer
pública: Art. 250. Causar incêndio, ex- das hipóteses previstas no § 1o,
Pena – detenção, de um a três pondo a perigo a vida, a integri- no I, do artigo anterior, ou é visada
meses, ou multa. dade física ou o patrimônio de ou atingida qualquer das coisas
outrem: enumeradas no no II do mesmo
Pena – reclusão, de três a seis parágrafo.
CAPÍTULO IV – DOS CRIMES anos, e multa.
CONTRA O PÁTRIO PODER, Modalidade culposa
TUTELA OU CURATELA Aumento de pena
§ 3o No caso de culpa, se a
Induzimento a fuga, entrega arbitrária § 1 As penas aumentam-se
o
explosão é de dinamite ou subs-
ou sonegação de incapazes de um terço: tância de efeitos análogos, a pena
I – se o crime é cometido com é de detenção, de seis meses a
Art. 248. Induzir menor de de- intuito de obter vantagem pecuni- dois anos; nos demais casos, é
zoito anos, ou interdito, a fugir do ária em proveito próprio ou alheio; de detenção, de três meses a
lugar em que se acha por determi- II – se o incêndio é: um ano.
nação de quem sobre ele exerce a) em casa habitada ou des-
autoridade, em virtude de lei ou de tinada a habitação; Uso de gás tóxico ou asfixiante
ordem judicial; confiar a outrem b) em edifício público ou des-
sem ordem do pai, do tutor ou do tinado a uso público ou a obra de Art. 252. Expor a perigo a vida, a
curador algum menor de dezoito assistência social ou de cultura; integridade física ou o patrimônio
anos ou interdito, ou deixar, sem c) em embarcação, aerona- de outrem, usando de gás tóxico
justa causa, de entregá-lo a quem ve, comboio ou veículo de trans- ou asfixiante:
legitimamente o reclame: porte coletivo; Pena – reclusão, de um a qua-
Pena – detenção, de um mês d) em estação ferroviária ou tro anos, e multa.
a um ano, ou multa. aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou Modalidade culposa
oficina;
f) em depósito de explosivo, Parágrafo único. Se o crime
433
Código Penal
é culposo: inutilizar, por ocasião de incêndio, linha;
Pena – detenção, de três me- inundação, naufrágio, ou outro III – transmitindo falso aviso
ses a um ano. desastre ou calamidade, apare- acerca do movimento dos veícu-
lho, material ou qualquer meio los ou interrompendo ou embara-
Fabrico, fornecimento, aquisição, destinado a serviço de combate çando o funcionamento de telé-
posse ou transporte de explosivos ao perigo, de socorro ou salva- grafo, telefone ou radiotelegrafia;
ou gás tóxico, ou asfixiante mento; ou impedir ou dificultar IV – praticando outro ato de
serviço de tal natureza: que possa resultar desastre:
Art. 253. Fabricar, fornecer, ad- Pena – reclusão, de dois a Pena – reclusão, de dois a
quirir, possuir ou transportar, sem cinco anos, e multa. cinco anos, e multa.
licença da autoridade, substância
ou engenho explosivo, gás tóxico Formas qualificadas de Desastre ferroviário
ou asfixiante, ou material desti- crime de perigo comum
nado à sua fabricação: § 1o Se do fato resulta de-
Pena – detenção, de seis me- Art. 258. Se do crime doloso de sastre:
ses a dois anos, e multa. perigo comum resulta lesão cor- Pena – reclusão, de quatro a
poral de natureza grave, a pena doze anos, e multa.
Inundação privativa de liberdade é aumen- § 2o No caso de culpa, ocor-
tada de metade; se resulta morte, rendo desastre:
Art. 254. Causar inundação, é aplicada em dobro. No caso de Pena – detenção, de seis me-
expondo a perigo a vida, a in- culpa, se do fato resulta lesão ses a dois anos.
tegridade física ou o patrimônio corporal, a pena aumenta-se de § 3o Para os efeitos deste
de outrem: metade; se resulta morte, aplica- artigo, entende-se por estrada
Pena – reclusão, de três a seis -se a pena cominada ao homicídio de ferro qualquer via de comuni-
anos, e multa, no caso de dolo, ou culposo, aumentada de um terço. cação em que circulem veículos
detenção, de seis meses a dois de tração mecânica, em trilhos ou
anos, no caso de culpa. Difusão de doença ou praga por meio de cabo aéreo.
434
Código Penal
Modalidade culposa virtude de subtração de material Omissão de notificação de doença
essencial ao funcionamento dos
§ 3o No caso de culpa, se serviços. Art. 269. Deixar o médico de
ocorre o sinistro: denunciar à autoridade pública
Pena – detenção, de seis me- Interrupção ou perturbação de doença cuja notificação é com-
ses a dois anos. serviço telegráfico, telefônico, pulsória:
informático, telemático ou de Pena – detenção, de seis me-
Atentado contra a segurança informação de utilidade pública ses a dois anos, e multa.
de outro meio de transporte
Art. 266. Interromper ou pertur- Envenenamento de água potável ou de
Art. 262. Expor a perigo outro bar serviço telegráfico, radiotele- substância alimentícia ou medicinal
meio de transporte público, im- gráfico ou telefônico, impedir ou
pedir-lhe ou dificultar-lhe o fun- dificultar-lhe o restabelecimento: Art. 270. Envenenar água po-
cionamento: Pena – detenção, de um a três tável, de uso comum ou particu-
Pena – detenção, de um a anos, e multa. lar, ou substância alimentícia ou
dois anos. § 1o Incorre na mesma pena medicinal destinada a consumo:
§ 1o Se do fato resulta desas- quem interrompe serviço telemá- Pena – reclusão, de dez a
tre, a pena é de reclusão, de dois tico ou de informação de utilidade quinze anos.
a cinco anos. pública, ou impede ou dificulta- § 1o Está sujeito à mesma
§ 2o No caso de culpa, se -lhe o restabelecimento. pena quem entrega a consumo
ocorre desastre: § 2o Aplicam-se as penas em ou tem em depósito, para o fim
Pena – detenção, de três me- dobro se o crime é cometido por de ser distribuída, a água ou a
ses a um ano. ocasião de calamidade pública. substância envenenada.
435
Código Penal
Pena – reclusão, de 4 (quatro) terapêutico ou de sua atividade; Outras substâncias nocivas
a 8 (oito) anos, e multa. V – de procedência ignorada; à saúde pública
§ 1o-A. Incorre nas penas VI – adquiridos de estabeleci-
deste artigo quem fabrica, ven- mento sem licença da autoridade Art. 278. Fabricar, vender, expor
de, expõe à venda, importa, tem sanitária competente. à venda, ter em depósito para
em depósito para vender ou, de vender ou, de qualquer forma, en-
qualquer forma, distribui ou en- Modalidade culposa tregar a consumo coisa ou subs-
trega a consumo a substância tância nociva à saúde, ainda que
alimentícia ou o produto falsifi- § 2o Se o crime é culposo: não destinada à alimentação ou
cado, corrompido ou adulterado. Pena – detenção, de 1 (um) a a fim medicinal:
§ 1o Está sujeito às mesmas 3 (três) anos, e multa. Pena – detenção, de um a três
penas quem pratica as ações anos, e multa.
previstas neste artigo em rela- Emprego de processo proibido ou
ção a bebidas, com ou sem teor de substância não permitida Modalidade culposa
alcoólico.
Art. 274. Empregar, no fabrico Parágrafo único. Se o crime
Modalidade culposa de produto destinado ao consu- é culposo:
mo, revestimento, gaseificação Pena – detenção, de dois me-
§ 2o Se o crime é culposo: artificial, matéria corante, subs- ses a um ano.
Pena – detenção, de 1 (um) a tância aromática, antisséptica,
2 (dois) anos, e multa. conservadora ou qualquer outra Substância avariada
não expressamente permitida
Falsificação, corrupção, adulteração pela legislação sanitária: Art. 279. (Revogado)
ou alteração de produto destinado Pena – reclusão, de 1 (um) a
a fins terapêuticos ou medicinais 5 (cinco) anos, e multa. Medicamento em desacordo
com receita médica
Art. 273. Falsificar, corrom- Invólucro ou recipiente
per, adulterar ou alterar produto com falsa indicação Art. 280. Fornecer substância
destinado a fins terapêuticos ou medicinal em desacordo com re-
medicinais: Art. 275. Inculcar, em invólucro ceita médica:
Pena – reclusão, de 10 (dez) a ou recipiente de produtos alimen- Pena – detenção, de um a três
15 (quinze) anos, e multa. tícios, terapêuticos ou medici- anos, ou multa.
§ 1o Nas mesmas penas in- nais, a existência de substância
corre quem importa, vende, expõe que não se encontra em seu con- Modalidade culposa
à venda, tem em depósito para teúdo ou que nele existe em quan-
vender ou, de qualquer forma, tidade menor que a mencionada: Parágrafo único. Se o crime
distribui ou entrega a consumo o Pena – reclusão, de 1 (um) a é culposo:
produto falsificado, corrompido, 5 (cinco) anos, e multa. Pena – detenção, de dois me-
adulterado ou alterado. ses a um ano.
§ 1o-A. Incluem-se entre os Produto ou substância nas condições
produtos a que se refere este dos dois artigos anteriores Art. 281. (Revogado)
artigo os medicamentos, as ma-
térias-primas, os insumos farma- Art. 276. Vender, expor à venda, Exercício ilegal da medicina, arte
cêuticos, os cosméticos, os sane- ter em depósito para vender ou, dentária ou farmacêutica
antes e os de uso em diagnóstico. de qualquer forma, entregar a
§ 1o-B. Está sujeito às pe- consumo produto nas condições Art. 282. Exercer, ainda que a
nas deste artigo quem pratica dos arts. 274 e 275: título gratuito, a profissão de mé-
as ações previstas no § 1o em Pena – reclusão, de 1 (um) a dico, dentista ou farmacêutico,
relação a produtos em qualquer 5 (cinco) anos, e multa. sem autorização legal ou exce-
das seguintes condições: dendo-lhe os limites:
I – sem registro, quando exi- Substância destinada à falsificação Pena – detenção, de seis me-
gível, no órgão de vigilância sa- ses a dois anos.
nitária competente; Art. 277. Vender, expor à venda, Parágrafo único. Se o crime
II – em desacordo com a fór- ter em depósito ou ceder subs- é praticado com o fim de lucro,
mula constante do registro pre- tância destinada à falsificação aplica-se também multa.
visto no inciso anterior; de produtos alimentícios, tera-
III – sem as características de pêuticos ou medicinais: Charlatanismo
identidade e qualidade admitidas Pena – reclusão, de 1 (um) a
para a sua comercialização; 5 (cinco) anos, e multa. Art. 283. Inculcar ou anunciar
IV – com redução de seu valor cura por meio secreto ou infalível:
436
Código Penal
Pena – detenção, de três me- 3 (três) anos. moeda, cuja circulação não es-
ses a um ano, e multa. Parágrafo único. A pena au- tava ainda autorizada.
menta-se até a metade se a as-
Curandeirismo sociação é armada ou se hou- Crimes assimilados ao de moeda falsa
ver a participação de criança ou
Art. 284. Exercer o curandei- adolescente. Art. 290. Formar cédula, nota ou
rismo: bilhete representativo de moeda
I – prescrevendo, ministran- Constituição de milícia privada com fragmentos de cédulas, no-
do ou aplicando, habitualmente, tas ou bilhetes verdadeiros; su-
qualquer substância; Art. 288-A. Constituir, organi- primir, em nota, cédula ou bilhete
II – usando gestos, palavras zar, integrar, manter ou custear recolhidos, para o fim de restituí-
ou qualquer outro meio; organização paramilitar, milícia -los à circulação, sinal indicativo
III – fazendo diagnósticos: particular, grupo ou esquadrão de sua inutilização; restituir à
Pena – detenção, de seis me- com a finalidade de praticar qual- circulação cédula, nota ou bilhete
ses a dois anos. quer dos crimes previstos neste em tais condições, ou já recolhi-
Parágrafo único. Se o crime Código: dos para o fim de inutilização:
é praticado mediante remunera- Pena – reclusão, de 4 (quatro) Pena – reclusão, de dois a oito
ção, o agente fica também sujeito a 8 (oito) anos. anos, e multa.
à multa. Parágrafo único. O máximo
da reclusão é elevado a doze anos
Forma qualificada TÍTULO X – DOS CRIMES e o da multa a11, se o crime é co-
CONTRA A FÉ PÚBLICA metido por funcionário que traba-
Art. 285. Aplica-se o disposto lha na repartição onde o dinheiro
no art. 258 aos crimes previstos CAPÍTULO I – DA MOEDA se achava recolhido, ou nela tem
neste Capítulo, salvo quanto ao FALSA fácil ingresso, em razão do cargo.
definido no art. 267.
Moeda falsa Petrechos para falsificação de moeda
TÍTULO IX – DOS CRIMES Art. 289. Falsificar, fabricando- Art. 291. Fabricar, adquirir, for-
CONTRA A PAZ PÚBLICA -a ou alterando-a, moeda metáli- necer, a título oneroso ou gratuito,
ca ou papel-moeda de curso legal possuir ou guardar maquinismo,
Incitação ao crime no país ou no estrangeiro: aparelho, instrumento ou qual-
Pena – reclusão, de três a quer objeto especialmente des-
Art. 286. Incitar, publicamente, doze anos, e multa. tinado à falsificação de moeda:
a prática de crime: § 1o Nas mesmas penas in- Pena – reclusão, de dois a seis
Pena – detenção, de três a corre quem, por conta própria ou anos, e multa.
seis meses, ou multa. alheia, importa ou exporta, adqui-
Parágrafo único. Incorre na re, vende, troca, cede, empresta, Emissão de título ao portador
mesma pena quem incita, publi- guarda ou introduz na circulação sem permissão legal
camente, animosidade entre as moeda falsa.
Forças Armadas, ou delas contra § 2o Quem, tendo recebido Art. 292. Emitir, sem permissão
os poderes constitucionais, as de boa-fé, como verdadeira, mo- legal, nota, bilhete, ficha, vale ou
instituições civis ou a sociedade. eda falsa ou alterada, a restitui à título que contenha promessa de
circulação, depois de conhecer a pagamento em dinheiro ao por-
Apologia de crime ou criminoso falsidade, é punido com deten- tador ou a que falte indicação
ção, de seis meses a dois anos, do nome da pessoa a quem deva
Art. 287. Fazer, publicamente, e multa. ser pago:
apologia de fato criminoso ou de § 3o É punido com reclusão, Pena – detenção, de um a seis
autor de crime:10 de três a quinze anos, e multa, o meses, ou multa.
Pena – detenção, de três a funcionário público ou diretor, Parágrafo único. Quem rece-
seis meses, ou multa. gerente, ou fiscal de banco de be ou utiliza como dinheiro qual-
emissão que fabrica, emite ou quer dos documentos referidos
Associação criminosa autoriza a fabricação ou emissão: neste artigo, incorre na pena de
I – de moeda com título ou detenção, de quinze dias a três
Art. 288. Associarem-se 3 (três) peso inferior ao determinado meses, ou multa.
ou mais pessoas, para o fim espe- em lei;
cífico de cometer crimes: II – de papel-moeda em quan-
Pena – reclusão, de 1 (um) a tidade superior à autorizada.
11
NE: o valor máximo da multa foi suprimido
conforme o estabelecido pelo art. 2o da Lei
§ 4o Nas mesmas penas in- n 7.209/1984, que determinou o cancela-
o
10
NE: ver ADPF no 187. corre quem desvia e faz circular mento das referências a valores de multas.
437
Código Penal
CAPÍTULO II – DA com o fim de torná-los novamente I – quem faz uso do selo ou
FALSIDADE DE TÍTULOS E utilizáveis, carimbo ou sinal indi- sinal falsificado;
cativo de sua inutilização: II – quem utiliza indevidamen-
OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS Pena – reclusão, de um a qua- te o selo ou sinal verdadeiro em
Falsificação de papéis públicos tro anos, e multa. prejuízo de outrem ou em proveito
§ 3o Incorre na mesma pena próprio ou alheio;
Art. 293. Falsificar, fabricando- quem usa, depois de alterado, III – quem altera, falsifica ou
-os ou alterando-os: qualquer dos papéis a que se re- faz uso indevido de marcas, logo-
I – selo destinado a controle fere o parágrafo anterior. tipos, siglas ou quaisquer outros
tributário, papel selado ou qual- § 4o Quem usa ou restitui à símbolos utilizados ou identifica-
quer papel de emissão legal des- circulação, embora recebido de dores de órgãos ou entidades da
tinado à arrecadação de tributo; boa-fé, qualquer dos papéis fal- Administração Pública.
II – papel de crédito público sificados ou alterados, a que se § 2o Se o agente é funcio-
que não seja moeda de curso referem este artigo e o seu § 2o, nário público, e comete o crime
legal; depois de conhecer a falsidade prevalecendo-se do cargo, au-
III – vale postal; ou alteração, incorre na pena de menta-se a pena de sexta parte.
IV – cautela de penhor, cader- detenção, de seis meses a dois
neta de depósito de caixa econô- anos, ou multa. Falsificação de documento público
mica ou de outro estabelecimento § 5o Equipara-se a atividade
mantido por entidade de direito comercial, para os fins do inciso Art. 297. Falsificar, no todo ou
público; III do § 1o, qualquer forma de co- em parte, documento público,
V – talão, recibo, guia, alvará mércio irregular ou clandestino, ou alterar documento público
ou qualquer outro documento inclusive o exercido em vias, pra- verdadeiro:
relativo a arrecadação de ren- ças ou outros logradouros públi- Pena – reclusão, de dois a seis
das públicas ou a depósito ou cos e em residências. anos, e multa.
caução por que o poder público § 1o Se o agente é funcionário
seja responsável; Petrechos de falsificação público, e comete o crime preva-
VI – bilhete, passe ou conheci- lecendo-se do cargo, aumenta-se
mento de empresa de transporte Art. 294. Fabricar, adquirir, for- a pena de sexta parte.
administrada pela União, por Es- necer, possuir ou guardar objeto § 2o Para os efeitos penais,
tado ou por Município: especialmente destinado à falsi- equiparam-se a documento pú-
Pena – reclusão, de dois a oito ficação de qualquer dos papéis blico o emanado de entidade pa-
anos, e multa. referidos no artigo anterior: raestatal, o título ao portador ou
§ 1o Incorre na mesma pena Pena – reclusão, de um a três transmissível por endosso, as
quem: anos, e multa. ações de sociedade comercial, os
I – usa, guarda, possui ou de- livros mercantis e o testamento
tém qualquer dos papéis falsifi- Art. 295. Se o agente é funcio- particular.
cados a que se refere este artigo; nário público, e comete o crime § 3o Nas mesmas penas in-
II – importa, exporta, adqui- prevalecendo-se do cargo, au- corre quem insere ou faz inserir:
re, vende, troca, cede, empresta, menta-se a pena de sexta parte. I – na folha de pagamento ou
guarda, fornece ou restitui à cir- em documento de informações
culação selo falsificado destinado que seja destinado a fazer prova
a controle tributário; CAPÍTULO III – DA perante a previdência social, pes-
III – importa, exporta, adquire, FALSIDADE DOCUMENTAL soa que não possua a qualidade
vende, expõe à venda, mantém de segurado obrigatório;
em depósito, guarda, troca, cede, Falsificação do selo ou sinal público II – na Carteira de Trabalho e
empresta, fornece, porta ou, de Previdência Social do empregado
qualquer forma, utiliza em pro- Art. 296. Falsificar, fabricando- ou em documento que deva pro-
veito próprio ou alheio, no exer- -os ou alterando-os: duzir efeito perante a previdência
cício de atividade comercial ou I – selo público destinado a social, declaração falsa ou diversa
industrial, produto ou mercadoria: autenticar atos oficiais da União, da que deveria ter sido escrita;
a) em que tenha sido aplica- de Estado ou de Município; III – em documento contábil
do selo que se destine a controle II – selo ou sinal atribuído por ou em qualquer outro documento
tributário, falsificado; lei a entidade de direito público, relacionado com as obrigações da
b) sem selo oficial, nos casos ou a autoridade, ou sinal público empresa perante a previdência
em que a legislação tributária de tabelião: social, declaração falsa ou diver-
determina a obrigatoriedade de Pena – reclusão, de dois a seis sa da que deveria ter constado.
sua aplicação. anos, e multa. § 4o Nas mesmas penas in-
§ 2o Suprimir, em qualquer § 1o Incorre nas mesmas corre quem omite, nos documen-
desses papéis, quando legítimos, penas: tos mencionados no § 3o, nome do
438
Código Penal
segurado e seus dados pessoais, Certidão ou atestado Uso de documento falso
a remuneração, a vigência do con- ideologicamente falso
trato de trabalho ou de prestação Art. 304. Fazer uso de qual-
de serviços. Art. 301. Atestar ou certificar quer dos papéis falsificados ou
falsamente, em razão de função alterados, a que se referem os
Falsificação de documento particular pública, fato ou circunstância arts. 297 a 302:
que habilite alguém a obter car- Pena – a cominada à falsifi-
Art. 298. Falsificar, no todo ou go público, isenção de ônus ou cação ou à alteração.
em parte, documento particular de serviço de caráter público, ou
ou alterar documento particular qualquer outra vantagem: Supressão de documento
verdadeiro: Pena – detenção, de dois me-
Pena – reclusão, de um a cin- ses a um ano. Art. 305. Destruir, suprimir ou
co anos, e multa. ocultar, em benefício próprio ou
Falsidade material de de outrem, ou em prejuízo alheio,
Falsificação de cartão atestado ou certidão documento público ou particu-
lar verdadeiro, de que não podia
Parágrafo único. Para fins do § 1o Falsificar, no todo ou em dispor:
disposto no caput, equipara-se a parte, atestado ou certidão, ou Pena – reclusão, de dois a seis
documento particular o cartão de alterar o teor de certidão ou de anos, e multa, se o documento é
crédito ou débito. atestado verdadeiro, para prova público, e reclusão, de um a cinco
de fato ou circunstância que habi- anos, e multa, se o documento é
Falsidade ideológica lite alguém a obter cargo público, particular.
isenção de ônus ou de serviço de
Art. 299. Omitir, em documento caráter público, ou qualquer outra
público ou particular, declaração vantagem: CAPÍTULO IV – DE OUTRAS
que dele devia constar, ou nele Pena – detenção, de três me- FALSIDADES
inserir ou fazer inserir declaração ses a dois anos.
falsa ou diversa da que devia ser § 2o Se o crime é praticado Falsificação do sinal empregado
escrita, com o fim de prejudicar com o fim de lucro, aplica-se, no contraste de metal precioso
direito, criar obrigação ou alterar além da pena privativa de liber- ou na fiscalização alfandegária,
a verdade sobre fato juridicamen- dade, a de multa. ou para outros fins
te relevante:
Pena – reclusão, de um a cin- Falsidade de atestado médico Art. 306. Falsificar, fabricando-
co anos, e multa, se o documento -o ou alterando-o, marca ou sinal
é público, e reclusão, de um a três Art. 302. Dar o médico, no exer- empregado pelo poder público no
anos, e multa, se o documento é cício da sua profissão, atestado contraste de metal precioso ou na
particular. falso: fiscalização alfandegária, ou usar
Parágrafo único. Se o agente Pena – detenção, de um mês marca ou sinal dessa natureza,
é funcionário público, e comete o a um ano. falsificado por outrem:
crime prevalecendo-se do cargo, Parágrafo único. Se o crime Pena – reclusão, de dois a seis
ou se a falsificação ou alteração é cometido com o fim de lucro, anos, e multa.
é de assentamento de registro aplica-se também multa. Parágrafo único. Se a marca
civil, aumenta-se a pena de sex- ou sinal falsificado é o que usa a
ta parte. Reprodução ou adulteração autoridade pública para o fim de
de selo ou peça filatélica fiscalização sanitária, ou para
Falso reconhecimento autenticar ou encerrar determina-
de firma ou letra Art. 303. Reproduzir ou alterar dos objetos, ou comprovar o cum-
selo ou peça filatélica que tenha primento de formalidade legal:
Art. 300. Reconhecer, como valor para coleção, salvo quando Pena – reclusão ou detenção,
verdadeira, no exercício de fun- a reprodução ou a alteração está de um a três anos, e multa.
ção pública, firma ou letra que o visivelmente anotada na face ou
não seja: no verso do selo ou peça: Falsa identidade
Pena – reclusão, de um a Pena – detenção, de um a três
cinco anos, e multa, se o docu- anos, e multa. Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a
mento é público; e de um a três Parágrafo único. Na mesma terceiro falsa identidade para ob-
anos, e multa, se o documento é pena incorre quem, para fins de ter vantagem, em proveito próprio
particular. comércio, faz uso do selo ou peça ou alheio, ou para causar dano a
filatélica. outrem:
Pena – detenção, de três me-
ses a um ano, ou multa, se o fato
439
Código Penal
não constitui elemento de crime I – o funcionário público que IV – exame ou processo se-
mais grave. contribui para o licenciamento letivo previstos em lei:
ou registro do veículo remarcado Pena – reclusão, de 1 (um) a
Art. 308. Usar, como próprio, ou adulterado, fornecendo inde- 4 (quatro) anos, e multa.
passaporte, título de eleitor, ca- vidamente material ou informa- § 1o Nas mesmas penas in-
derneta de reservista ou qualquer ção oficial; corre quem permite ou facilita,
documento de identidade alheia II – aquele que adquire, rece- por qualquer meio, o acesso de
ou ceder a outrem, para que dele be, transporta, oculta, mantém pessoas não autorizadas às infor-
se utilize, documento dessa na- em depósito, fabrica, fornece, a mações mencionadas no caput.
tureza, próprio ou de terceiro: título oneroso ou gratuito, possui § 2o Se da ação ou omissão
Pena – detenção, de quatro ou guarda maquinismo, aparelho, resulta dano à administração pú-
meses a dois anos, e multa, se o instrumento ou objeto especial- blica:
fato não constitui elemento de mente destinado à falsificação Pena – reclusão, de 2 (dois) a
crime mais grave. e/ou adulteração de que trata o 6 (seis) anos, e multa.
caput deste artigo; ou § 3o Aumenta-se a pena de
Fraude de lei sobre estrangeiro III – aquele que adquire, re- 1/3 (um terço) se o fato é cometido
cebe, transporta, conduz, oculta, por funcionário público.
Art. 309. Usar o estrangeiro, mantém em depósito, desmonta,
para entrar ou permanecer no monta, remonta, vende, expõe à
território nacional, nome que não venda, ou de qualquer forma utili- TÍTULO XI – DOS CRIMES
é o seu: za, em proveito próprio ou alheio, CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
Pena – detenção, de um a três veículo automotor, elétrico, híbri- PÚBLICA
anos, e multa. do, de reboque, semirreboque ou
Parágrafo único. Atribuir a suas combinações ou partes, com CAPÍTULO I – DOS
estrangeiro falsa qualidade para número de chassi ou monobloco, CRIMES PRATICADOS POR
promover-lhe a entrada em terri- placa de identificação ou qual- FUNCIONÁRIO PÚBLICO
tório nacional: quer sinal identificador veicular CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
Pena – reclusão, de um a qua- que devesse saber estar adulte-
tro anos, e multa. rado ou remarcado. EM GERAL
§ 3o Praticar as condutas de
Art. 310. Prestar-se a figurar que tratam os incisos II ou III do Peculato
como proprietário ou possuidor § 2o deste artigo no exercício de
de ação, título ou valor perten- atividade comercial ou industrial: Art. 312. Apropriar-se o funcio-
cente a estrangeiro, nos casos em Pena – reclusão, de 4 (quatro) nário público de dinheiro, valor
que a este é vedada por lei a pro- a 8 (oito) anos, e multa. ou qualquer outro bem móvel,
priedade ou a posse de tais bens: § 4o Equipara-se a atividade público ou particular, de que tem
Pena – detenção, de seis me- comercial, para efeito do disposto a posse em razão do cargo, ou
ses a três anos, e multa. no § 3o deste artigo, qualquer for- desviá-lo, em proveito próprio
ma de comércio irregular ou clan- ou alheio:
Adulteração de sinal destino, inclusive aquele exercido Pena – reclusão, de dois a
identificador de veículo em residência. doze anos, e multa.
§ 1o Aplica-se a mesma pena,
Art. 311. Adulterar, remarcar ou se o funcionário público, embora
suprimir número de chassi, mono- CAPÍTULO V – DAS não tendo a posse do dinheiro,
bloco, motor, placa de identifica- FRAUDES EM CERTAMES valor ou bem, o subtrai, ou con-
ção, ou qualquer sinal identifica- DE INTERESSE PÚBLICO corre para que seja subtraído,
dor de veículo automotor, elétrico, em proveito próprio ou alheio,
híbrido, de reboque, de semirre- Fraudes em certames de valendo-se de facilidade que lhe
boque ou de suas combinações, interesse público proporciona a qualidade de fun-
bem como de seus componentes cionário.
ou equipamentos, sem autoriza- Art. 311-A. Utilizar ou divulgar,
ção do órgão competente: indevidamente, com o fim de be- Peculato culposo
Pena – reclusão, de três a seis neficiar a si ou a outrem, ou de
anos, e multa. comprometer a credibilidade do § 2o Se o funcionário con-
§ 1o Se o agente comete o certame, conteúdo sigiloso de: corre culposamente para o crime
crime no exercício da função pú- I – concurso público; de outrem:
blica ou em razão dela, a pena é II – avaliação ou exame pú- Pena – detenção, de três me-
aumentada de um terço. blicos; ses a um ano.
§ 2o Incorrem nas mesmas III – processo seletivo para § 3o No caso do parágrafo
penas do caput deste artigo: ingresso no ensino superior; ou anterior, a reparação do dano, se
440
Código Penal
precede a sentença irrecorrível, Emprego irregular de verbas Facilitação de contrabando
extingue a punibilidade; se lhe ou rendas públicas ou descaminho
é posterior, reduz de metade a
pena imposta. Art. 315. Dar às verbas ou ren- Art. 318. Facilitar, com infra-
das públicas aplicação diversa da ção de dever funcional, a prática
Peculato mediante erro de outrem estabelecida em lei: de contrabando ou descaminho
Pena – detenção, de um a três (art. 334):
Art. 313. Apropriar-se de dinhei- meses, ou multa. Pena – reclusão, de 3 (três) a
ro ou qualquer utilidade que, no 8 (oito) anos, e multa.
exercício do cargo, recebeu por Concussão
erro de outrem: Prevaricação
Pena – reclusão, de um a qua- Art. 316. Exigir, para si ou para
tro anos, e multa. outrem, direta ou indiretamente, Art. 319. Retardar ou deixar de
ainda que fora da função ou antes praticar, indevidamente, ato de
Inserção de dados falsos em de assumi-la, mas em razão dela, ofício, ou praticá-lo contra dis-
sistema de informações vantagem indevida: posição expressa de lei, para sa-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a tisfazer interesse ou sentimento
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o 12 (doze) anos, e multa. pessoal:
funcionário autorizado, a inserção Pena – detenção, de três me-
de dados falsos, alterar ou excluir Excesso de exação ses a um ano, e multa.
indevidamente dados corretos
nos sistemas informatizados ou § 1o Se o funcionário exige Art. 319-A. Deixar o Diretor de
bancos de dados da Administra- tributo ou contribuição social que Penitenciária e/ou agente públi-
ção Pública com o fim de obter sabe ou deveria saber indevido, co, de cumprir seu dever de ve-
vantagem indevida para si ou para ou, quando devido, emprega na dar ao preso o acesso a aparelho
outrem ou para causar dano: cobrança meio vexatório ou gra- telefônico, de rádio ou similar,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a voso, que a lei não autoriza: que permita a comunicação com
12 (doze) anos, e multa. Pena – reclusão, de 3 (três) a outros presos ou com o ambien-
8 (oito) anos, e multa. te externo:
Modificação ou alteração não § 2o Se o funcionário desvia, Pena – detenção, de 3 (três)
autorizada de sistema de informações em proveito próprio ou de outrem, meses a 1 (um) ano.
o que recebeu indevidamente
Art. 313-B. Modificar ou alterar, para recolher aos cofres públicos: Condescendência criminosa
o funcionário, sistema de infor- Pena – reclusão, de dois a
mações ou programa de informá- doze anos, e multa. Art. 320. Deixar o funcionário,
tica sem autorização ou solicita- por indulgência, de responsabi-
ção de autoridade competente: Corrupção passiva lizar subordinado que cometeu
Pena – detenção, de 3 (três) infração no exercício do cargo
meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 317. Solicitar ou receber, ou, quando lhe falte competência,
Parágrafo único. As penas para si ou para outrem, direta não levar o fato ao conhecimento
são aumentadas de um terço ou indiretamente, ainda que fora da autoridade competente:
até a metade se da modificação da função ou antes de assumi-la, Pena – detenção, de quinze
ou alteração resulta dano para a mas em razão dela, vantagem dias a um mês, ou multa.
Administração Pública ou para o indevida, ou aceitar promessa
administrado. de tal vantagem: Advocacia administrativa
Pena – reclusão, de 2 (dois) a
Extravio, sonegação ou inutilização 12 (doze) anos, e multa. Art. 321. Patrocinar, direta ou
de livro ou documento § 1o A pena é aumentada de indiretamente, interesse privado
um terço, se, em consequência da perante a administração públi-
Art. 314. Extraviar livro oficial vantagem ou promessa, o funcio- ca, valendo-se da qualidade de
ou qualquer documento, de que nário retarda ou deixa de praticar funcionário:
tem a guarda em razão do cargo; qualquer ato de ofício ou o pratica Pena – detenção, de um a três
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou infringindo dever funcional. meses, ou multa.
parcialmente: § 2o Se o funcionário pratica, Parágrafo único. Se o inte-
Pena – reclusão, de um a qua- deixa de praticar ou retarda ato resse é ilegítimo:
tro anos, se o fato não constitui de ofício, com infração de dever Pena – detenção, de três me-
crime mais grave. funcional, cedendo a pedido ou ses a um ano, além da multa.
influência de outrem:
Pena – detenção, de três me-
ses a um ano, ou multa.
441
Código Penal
Violência arbitrária resulta dano à Administração Pú- Resistência
blica ou a outrem:
Art. 322. Praticar violência, no Pena – reclusão, de 2 (dois) a Art. 329. Opor-se à execução de
exercício de função ou a pretexto 6 (seis) anos, e multa. ato legal, mediante violência ou
de exercê-la: ameaça a funcionário competen-
Pena – detenção, de seis me- Violação do sigilo de proposta te para executá-lo ou a quem lhe
ses a três anos, além da pena de concorrência esteja prestando auxílio:
correspondente à violência. Pena – detenção, de dois me-
Art. 326. Devassar o sigilo de ses a dois anos.
Abandono de função proposta de concorrência públi- § 1o Se o ato, em razão da
ca, ou proporcionar a terceiro o resistência, não se executa:
Art. 323. Abandonar cargo pú- ensejo de devassá-lo: Pena – reclusão, de um a três
blico, fora dos casos permitidos Pena – detenção, de três me- anos.
em lei: ses a um ano, e multa. § 2o As penas deste artigo
Pena – detenção, de quinze são aplicáveis sem prejuízo das
dias a um mês, ou multa. Funcionário público correspondentes à violência.
§ 1o Se do fato resulta pre-
juízo público: Art. 327. Considera-se funcio- Desobediência
Pena – detenção, de três me- nário público, para os efeitos
ses a um ano, e multa. penais, quem, embora transito- Art. 330. Desobedecer a ordem
§ 2o Se o fato ocorre em lu- riamente ou sem remuneração, legal de funcionário público:
gar compreendido na faixa de exerce cargo, emprego ou fun- Pena – detenção, de quinze
fronteira: ção pública. dias a seis meses, e multa.
Pena – detenção, de um a três § 1o Equipara-se a funcioná-
anos, e multa. rio público quem exerce cargo, Desacato
emprego ou função em entidade
Exercício funcional ilegalmente paraestatal, e quem trabalha para Art. 331. Desacatar funcionário
antecipado ou prolongado empresa prestadora de serviço público no exercício da função ou
contratada ou conveniada para em razão dela:
Art. 324. Entrar no exercício de a execução de atividade típica Pena – detenção, de seis me-
função pública antes de satisfei- da Administração Pública. ses a dois anos, ou multa.
tas as exigências legais, ou conti- § 2o A pena será aumentada
nuar a exercê-la, sem autorização, da terça parte quando os autores Tráfico de influência
depois de saber oficialmente que dos crimes previstos neste Capí-
foi exonerado, removido, substi- tulo forem ocupantes de cargos Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar
tuído ou suspenso: em comissão ou de função de ou obter, para si ou para outrem,
Pena – detenção, de quinze direção ou assessoramento de vantagem ou promessa de vanta-
dias a um mês, ou multa. órgão da administração direta, gem, a pretexto de influir em ato
sociedade de economia mista, praticado por funcionário público
Violação de sigilo funcional empresa pública ou fundação no exercício da função:
instituída pelo poder público. Pena – reclusão, de dois a
Art. 325. Revelar fato de que cinco anos, e multa.
tem ciência em razão do cargo e Parágrafo único. A pena é au-
que deva permanecer em segre- CAPÍTULO II – DOS mentada da metade, se o agente
do, ou facilitar-lhe a revelação: CRIMES PRATICADOS POR alega ou insinua que a vantagem
Pena – detenção, de seis me- PARTICULAR CONTRA A é também destinada ao funcio-
ses a dois anos, ou multa, se o fato ADMINISTRAÇÃO EM GERAL nário.
não constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas des- Usurpação de função pública Corrupção ativa
te artigo incorre quem:
I – permite ou facilita, me- Art. 328. Usurpar o exercício de Art. 333. Oferecer ou prometer
diante atribuição, fornecimento e função pública: vantagem indevida a funcioná-
empréstimo de senha ou qualquer Pena – detenção, de três me- rio público, para determiná-lo a
outra forma, o acesso de pessoas ses a dois anos, e multa. praticar, omitir ou retardar ato
não autorizadas a sistemas de Parágrafo único. Se do fato o de ofício:
informações ou banco de dados agente aufere vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a
da Administração Pública; Pena – reclusão, de dois a 12 (doze) anos, e multa.
II – se utiliza, indevidamente, cinco anos, e multa. Parágrafo único. A pena é
do acesso restrito. aumentada de um terço, se, em
§ 2o Se da ação ou omissão razão da vantagem ou promessa,
442
Código Penal
o funcionário retarda ou omite ato I – pratica fato assimilado, zar selo ou sinal empregado, por
de ofício, ou o pratica infringindo em lei especial, a contrabando; determinação legal ou por ordem
dever funcional. II – importa ou exporta clan- de funcionário público, para iden-
destinamente mercadoria que tificar ou cerrar qualquer objeto:
Descaminho dependa de registro, análise ou Pena – detenção, de um mês
autorização de órgão público a um ano, ou multa.
Art. 334. Iludir, no todo ou em competente;
parte, o pagamento de direito III – reinsere no território na- Subtração ou inutilização
ou imposto devido pela entrada, cional mercadoria brasileira des- de livro ou documento
pela saída ou pelo consumo de tinada à exportação;
mercadoria: IV – vende, expõe à venda, Art. 337. Subtrair, ou inutilizar,
Pena – reclusão, de 1 (um) a mantém em depósito ou, de qual- total ou parcialmente, livro oficial,
4 (quatro) anos. quer forma, utiliza em proveito processo ou documento confia-
§ 1o Incorre na mesma pena próprio ou alheio, no exercício do à custódia de funcionário, em
quem: de atividade comercial ou indus- razão de ofício, ou de particular
I – pratica navegação de ca- trial, mercadoria proibida pela lei em serviço público:
botagem, fora dos casos permi- brasileira; Pena – reclusão, de dois a cin-
tidos em lei; V – adquire, recebe ou oculta, co anos, se o fato não constitui
II – pratica fato assimilado, em proveito próprio ou alheio, no crime grave.
em lei especial, a descaminho; exercício de atividade comercial
III – vende, expõe à venda, ou industrial, mercadoria proibida Sonegação de contribuição
mantém em depósito ou, de qual- pela lei brasileira. previdenciária
quer forma, utiliza em proveito § 2o Equipara-se às ativida-
próprio ou alheio, no exercício des comerciais, para os efeitos Art. 337-A. Suprimir ou reduzir
de atividade comercial ou indus- deste artigo, qualquer forma de contribuição social previdenciária
trial, mercadoria de procedência comércio irregular ou clandestino e qualquer acessório, mediante
estrangeira que introduziu clan- de mercadorias estrangeiras, in- as seguintes condutas:
destinamente no País ou importou clusive o exercido em residências. I – omitir de folha de paga-
fraudulentamente ou que sabe § 3o A pena aplica-se em do- mento da empresa ou de docu-
ser produto de introdução clan- bro se o crime de contrabando é mento de informações previsto
destina no território nacional ou praticado em transporte aéreo, pela legislação previdenciária se-
de importação fraudulenta por marítimo ou fluvial. gurados empregado, empresário,
parte de outrem; trabalhador avulso ou trabalhador
IV – adquire, recebe ou oculta, Impedimento, perturbação ou autônomo ou a este equiparado
em proveito próprio ou alheio, no fraude de concorrência que lhe prestem serviços;
exercício de atividade comercial II – deixar de lançar mensal-
ou industrial, mercadoria de pro- Art. 335. Impedir, perturbar ou mente nos títulos próprios da con-
cedência estrangeira, desacom- fraudar concorrência pública ou tabilidade da empresa as quantias
panhada de documentação legal venda em hasta pública, promo- descontadas dos segurados ou as
ou acompanhada de documentos vida pela administração federal, devidas pelo empregador ou pelo
que sabe serem falsos. estadual ou municipal, ou por tomador de serviços;
§ 2o Equipara-se às ativida- entidade paraestatal; afastar ou III – omitir, total ou parcial-
des comerciais, para os efeitos procurar afastar concorrente ou mente, receitas ou lucros aufe-
deste artigo, qualquer forma de licitante, por meio de violência, ridos, remunerações pagas ou
comércio irregular ou clandestino grave ameaça, fraude ou ofere- creditadas e demais fatos gera-
de mercadorias estrangeiras, in- cimento de vantagem: dores de contribuições sociais
clusive o exercido em residências. Pena – detenção, de seis me- previdenciárias:
§ 3o A pena aplica-se em do- ses a dois anos, ou multa, além da Pena – reclusão, de 2 (dois) a
bro se o crime de descaminho é pena correspondente à violência. 5 (cinco) anos, e multa.
praticado em transporte aéreo, Parágrafo único. Incorre na § 1o É extinta a punibilidade
marítimo ou fluvial. mesma pena quem se abstém de se o agente, espontaneamente,
concorrer ou licitar, em razão da declara e confessa as contribui-
Contrabando vantagem oferecida. ções, importâncias ou valores e
presta as informações devidas à
Art. 334-A. Importar ou expor- Inutilização de edital ou de sinal previdência social, na forma defi-
tar mercadoria proibida: nida em lei ou regulamento, antes
Pena – reclusão, de 2 (dois) a Art. 336. Rasgar ou, de qualquer do início da ação fiscal.
5 (cinco) anos. forma, inutilizar ou conspurcar § 2o É facultado ao juiz deixar
§ 1o Incorre na mesma pena edital afixado por ordem de fun- de aplicar a pena ou aplicar so-
quem: cionário público; violar ou inutili- mente a de multa se o agente for
443
Código Penal
primário e de bons antecedentes, estrangeiro no exercício de suas Patrocínio de contratação indevida
desde que: funções, relacionado a transação
I – (Vetado); comercial internacional: Art. 337-G. Patrocinar, direta ou
II – o valor das contribuições Pena – reclusão, de 2 (dois) a indiretamente, interesse privado
devidas, inclusive acessórios, seja 5 (cinco) anos, e multa. perante a Administração Pública,
igual ou inferior àquele estabele- Parágrafo único. A pena é au- dando causa à instauração de li-
cido pela previdência social, ad- mentada da metade, se o agente citação ou à celebração de con-
ministrativamente, como sendo alega ou insinua que a vantagem trato cuja invalidação vier a ser
o mínimo para o ajuizamento de é também destinada a funcionário decretada pelo Poder Judiciário:
suas execuções fiscais. estrangeiro. Pena – reclusão, de 6 (seis)
§ 3o Se o empregador não é meses a 3 (três) anos, e multa.
pessoa jurídica e sua folha de pa- Funcionário público estrangeiro
gamento mensal não ultrapassa Modificação ou pagamento irregular
R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e Art. 337-D. Considera-se fun- em contrato administrativo
dez reais), o juiz poderá reduzir a cionário público estrangeiro,
pena de um terço até a metade ou para os efeitos penais, quem, Art. 337-H. Admitir, possibilitar
aplicar apenas a de multa. ainda que transitoriamente ou ou dar causa a qualquer modifica-
§ 4o O valor a que se refere sem remuneração, exerce cargo, ção ou vantagem, inclusive pror-
o parágrafo anterior será rea- emprego ou função pública em rogação contratual, em favor do
justado nas mesmas datas e nos entidades estatais ou em repre- contratado, durante a execução
mesmos índices do reajuste dos sentações diplomáticas de país dos contratos celebrados com
benefícios da previdência social. estrangeiro. a Administração Pública, sem
Parágrafo único. Equipara-se autorização em lei, no edital da
a funcionário público estrangeiro licitação ou nos respectivos ins-
CAPÍTULO II-A – DOS quem exerce cargo, emprego ou trumentos contratuais, ou, ainda,
CRIMES PRATICADOS POR função em empresas controladas, pagar fatura com preterição da
PARTICULAR CONTRA A diretamente ou indiretamente, ordem cronológica de sua exi-
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA pelo Poder Público de país es- gibilidade:
ESTRANGEIRA trangeiro ou em organizações Pena – reclusão, de 4 (quatro)
públicas internacionais. anos a 8 (oito) anos, e multa.
Corrupção ativa em transação
comercial internacional Perturbação de processo licitatório
CAPÍTULO II-B – DOS
Art. 337-B. Prometer, oferecer CRIMES EM LICITAÇÕES Art. 337-I. Impedir, perturbar ou
ou dar, direta ou indiretamente, E CONTRATOS fraudar a realização de qualquer
vantagem indevida a funcionário ADMINISTRATIVOS ato de processo licitatório:
público estrangeiro, ou a terceira Pena – detenção, de 6 (seis)
pessoa, para determiná-lo a pra- Contratação direta ilegal meses a 3 (três) anos, e multa.
ticar, omitir ou retardar ato de
ofício relacionado à transação Art. 337-E. Admitir, possibili- Violação de sigilo em licitação
comercial internacional: tar ou dar causa à contratação
Pena – reclusão, de 1 (um) a direta fora das hipóteses pre- Art. 337-J. Devassar o sigilo de
8 (oito) anos, e multa. vistas em lei: proposta apresentada em proces-
Parágrafo único. A pena é au- Pena – reclusão, de 4 (quatro) so licitatório ou proporcionar a
mentada de 1/3 (um terço), se, em a 8 (oito) anos, e multa. terceiro o ensejo de devassá-lo:
razão da vantagem ou promessa, Pena – detenção, de 2 (dois)
o funcionário público estrangeiro Frustração do caráter anos a 3 (três) anos, e multa.
retarda ou omite o ato de ofício, competitivo de licitação
ou o pratica infringindo dever Afastamento de licitante
funcional. Art. 337-F. Frustrar ou fraudar,
com o intuito de obter para si ou Art. 337-K. Afastar ou tentar
Tráfico de influência em transação para outrem vantagem decorren- afastar licitante por meio de vio-
comercial internacional te da adjudicação do objeto da lência, grave ameaça, fraude ou
licitação, o caráter competitivo oferecimento de vantagem de
Art. 337-C. Solicitar, exigir, co- do processo licitatório: qualquer tipo:
brar ou obter, para si ou para Pena – reclusão, de 4 (quatro) Pena – reclusão, de 3 (três)
outrem, direta ou indiretamente, anos a 8 (oito) anos, e multa. anos a 5 (cinco) anos, e multa,
vantagem ou promessa de vanta- além da pena correspondente
gem a pretexto de influir em ato à violência.
praticado por funcionário público Parágrafo único. Incorre na
444
Código Penal
mesma pena quem se abstém ver indevidamente a alteração, CAPÍTULO III – DOS CRIMES
ou desiste de licitar em razão de a suspensão ou o cancelamento CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
vantagem oferecida. de registro do inscrito:
Pena – reclusão, de 6 (seis)
DA JUSTIÇA
Fraude em licitação ou contrato meses a 2 (dois) anos, e multa. Reingresso de estrangeiro expulso
Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo Omissão grave de dado ou de Art. 338. Reingressar no terri-
da Administração Pública, licita- informação por projetista tório nacional o estrangeiro que
ção ou contrato dela decorrente, dele foi expulso:
mediante: Art. 337-O. Omitir, modificar ou Pena – reclusão, de um a qua-
I – entrega de mercadoria ou entregar à Administração Pública tro anos, sem prejuízo de nova
prestação de serviços com quali- levantamento cadastral ou con- expulsão após o cumprimento
dade ou em quantidade diversas dição de contorno em relevante da pena.
das previstas no edital ou nos dissonância com a realidade, em
instrumentos contratuais; frustração ao caráter competiti- Denunciação caluniosa
II – fornecimento, como ver- vo da licitação ou em detrimen-
dadeira ou perfeita, de mercado- to da seleção da proposta mais Art. 339. Dar causa à instaura-
ria falsificada, deteriorada, inser- vantajosa para a Administração ção de inquérito policial, de pro-
vível para consumo ou com prazo Pública, em contratação para a cedimento investigatório crimi-
de validade vencido; elaboração de projeto básico, nal, de processo judicial, de pro-
III – entrega de uma merca- projeto executivo ou anteprojeto, cesso administrativo disciplinar,
doria por outra; em diálogo competitivo ou em de inquérito civil ou de ação de
IV – alteração da substância, procedimento de manifestação improbidade administrativa con-
qualidade ou quantidade da mer- de interesse: tra alguém, imputando-lhe crime,
cadoria ou do serviço fornecido; Pena – reclusão, de 6 (seis) infração ético-disciplinar ou ato
V – qualquer meio fraudulen- meses a 3 (três) anos, e multa. ímprobo de que o sabe inocente:
to que torne injustamente mais § 1o Consideram-se condi- Pena – reclusão, de dois a oito
onerosa para a Administração ção de contorno as informações anos, e multa.
Pública a proposta ou a execução e os levantamentos suficientes § 1o A pena é aumentada
do contrato: e necessários para a definição de sexta parte, se o agente se
Pena – reclusão, de 4 (quatro) da solução de projeto e dos res- serve de anonimato ou de nome
anos a 8 (oito) anos, e multa. pectivos preços pelo licitante, suposto.
incluídos sondagens, topografia, § 2o A pena é diminuída de
Contratação inidônea estudos de demanda, condições metade, se a imputação é de prá-
ambientais e demais elementos tica de contravenção.
Art. 337-M. Admitir à licitação ambientais impactantes, consi-
empresa ou profissional decla- derados requisitos mínimos ou Comunicação falsa de crime
rado inidôneo: obrigatórios em normas técni- ou de contravenção
Pena – reclusão, de 1 (um) ano cas que orientam a elaboração
a 3 (três) anos, e multa. de projetos. Art. 340. Provocar a ação de
§ 1o Celebrar contrato com § 2o Se o crime é praticado autoridade, comunicando-lhe a
empresa ou profissional decla- com o fim de obter benefício, di- ocorrência de crime ou de con-
rado inidôneo: reto ou indireto, próprio ou de ou- travenção que sabe não se ter
Pena – reclusão, de 3 (três) trem, aplica-se em dobro a pena verificado:
anos a 6 (seis) anos, e multa. prevista no caput deste artigo. Pena – detenção, de um a seis
§ 2o Incide na mesma pena meses, ou multa.
do caput deste artigo aquele que, Art. 337-P. A pena de multa co-
declarado inidôneo, venha a par- minada aos crimes previstos nes- Autoacusação falsa
ticipar de licitação e, na mesma te Capítulo seguirá a metodologia
pena do § 1o deste artigo, aquele de cálculo prevista neste Código Art. 341. Acusar-se, perante a
que, declarado inidôneo, venha e não poderá ser inferior a 2% autoridade, de crime inexistente
a contratar com a Administra- (dois por cento) do valor do con- ou praticado por outrem:
ção Pública. trato licitado ou celebrado com Pena – detenção, de três me-
contratação direta. ses a dois anos, ou multa.
Impedimento indevido
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 337-N. Obstar, impedir ou
dificultar injustamente a inscri- Art. 342. Fazer afirmação falsa,
ção de qualquer interessado nos ou negar ou calar a verdade como
registros cadastrais ou promo- testemunha, perito, contador, tra-
445
Código Penal
dutor ou intérprete em processo Exercício arbitrário das tornar seguro o proveito do crime:
judicial, ou administrativo, inqué- próprias razões Pena – detenção, de um a seis
rito policial, ou em juízo arbitral: meses, e multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a Art. 345. Fazer justiça pelas
4 (quatro) anos, e multa. próprias mãos, para satisfazer Art. 349-A. Ingressar, promover,
§ 1o As penas aumentam-se pretensão, embora legítima, salvo intermediar, auxiliar ou facilitar a
de um sexto a um terço, se o cri- quando a lei o permite: entrada de aparelho telefônico de
me é praticado mediante subor- Pena – detenção, de quinze comunicação móvel, de rádio ou
no ou se cometido com o fim de dias a um mês, ou multa, além da similar, sem autorização legal,
obter prova destinada a produzir pena correspondente à violência. em estabelecimento prisional:
efeito em processo penal, ou em Parágrafo único. Se não há Pena – detenção, de 3 (três)
processo civil em que for parte emprego de violência, somente meses a 1 (um) ano.
entidade da administração pú- se procede mediante queixa.
blica direta ou indireta. Exercício arbitrário ou abuso de poder
§ 2o O fato deixa de ser pu- Art. 346. Tirar, suprimir, des-
nível se, antes da sentença no truir ou danificar coisa própria, Art. 350. (Revogado)
processo em que ocorreu o ilícito, que se acha em poder de tercei-
o agente se retrata ou declara a ro por determinação judicial ou Fuga de pessoa presa ou submetida
verdade. convenção: a medida de segurança
Pena – detenção, de seis me-
Art. 343. Dar, oferecer ou pro- ses a dois anos, e multa. Art. 351. Promover ou facilitar a
meter dinheiro ou qualquer outra fuga de pessoa legalmente presa
vantagem a testemunha, perito, Fraude processual ou submetida a medida de segu-
contador, tradutor ou intérprete, rança detentiva:
para fazer afirmação falsa, negar Art. 347. Inovar artificiosamen- Pena – detenção, de seis me-
ou calar a verdade em depoimen- te, na pendência de processo ses a dois anos.
to, perícia, cálculos, tradução ou civil ou administrativo, o estado § 1o Se o crime é praticado à
interpretação: de lugar, de coisa ou de pessoa, mão armada, ou por mais de uma
Pena – reclusão, de três a com o fim de induzir a erro o juiz pessoa, ou mediante arromba-
quatro anos, e multa. ou o perito: mento, a pena é de reclusão, de
Parágrafo único. As penas Pena – detenção, de três me- dois a seis anos.
aumentam-se de um sexto a um ses a dois anos, e multa. § 2o Se há emprego de vio-
terço, se o crime é cometido com Parágrafo único. Se a inova- lência contra pessoa, aplica-se
o fim de obter prova destinada a ção se destina a produzir efeito também a pena correspondente
produzir efeito em processo penal em processo penal, ainda que à violência.
ou em processo civil em que for não iniciado, as penas aplicam- § 3o A pena é de reclusão,
parte entidade da administração -se em dobro. de um a quatro anos, se o crime
pública direta ou indireta. é praticado por pessoa sob cuja
Favorecimento pessoal custódia ou guarda está o preso
Coação no curso do processo ou o internado.
Art. 348. Auxiliar a subtrair-se à § 4o No caso de culpa do fun-
Art. 344. Usar de violência ou ação de autoridade pública autor cionário incumbido da custódia
grave ameaça, com o fim de favo- de crime a que é cominada pena ou guarda, aplica-se a pena de
recer interesse próprio ou alheio, de reclusão: detenção, de três meses a um
contra autoridade, parte, ou qual- Pena – detenção, de um a seis ano, ou multa.
quer outra pessoa que funciona meses, e multa.
ou é chamada a intervir em pro- § 1o Se ao crime não é comi- Evasão mediante violência
cesso judicial, policial ou admi- nada pena de reclusão: contra a pessoa
nistrativo, ou em juízo arbitral: Pena – detenção, de quinze
Pena – reclusão, de um a qua- dias a três meses, e multa. Art. 352. Evadir-se ou tentar
tro anos, e multa, além da pena § 2o Se quem presta o auxí- evadir-se o preso ou o indivíduo
correspondente à violência. lio é ascendente, descendente, submetido a medida de seguran-
Parágrafo único. A pena au- cônjuge ou irmão do criminoso, ça detentiva, usando de violência
menta-se de 1/3 (um terço) até a fica isento de pena. contra a pessoa:
metade se o processo envolver Pena – detenção, de três me-
crime contra a dignidade sexual. Favorecimento real ses a um ano, além da pena cor-
respondente à violência.
Art. 349. Prestar a criminoso,
fora dos casos de coautoria ou
de receptação, auxílio destinado a
446
Código Penal
Arrebatamento de preso co anos, e multa. a inscrição em restos a pagar, de
Parágrafo único. As penas despesa que não tenha sido pre-
Art. 353. Arrebatar preso, a fim aumentam-se de um terço, se viamente empenhada ou que ex-
de maltratá-lo, do poder de quem o agente alega ou insinua que o ceda limite estabelecido em lei:
o tenha sob custódia ou guarda: dinheiro ou utilidade também se Pena – detenção, de 6 (seis)
Pena – reclusão, de um a qua- destina a qualquer das pessoas meses a 2 (dois) anos.
tro anos, além da pena correspon- referidas neste artigo.
dente à violência. Assunção de obrigação no último
Violência ou fraude em ano do mandato ou legislatura
Motim de presos arrematação judicial
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar
Art. 354. Amotinarem-se pre- Art. 358. Impedir, perturbar a assunção de obrigação, nos dois
sos, perturbando a ordem ou dis- ou fraudar arrematação judicial; últimos quadrimestres do último
ciplina da prisão: afastar ou procurar afastar con- ano do mandato ou legislatura,
Pena – detenção, de seis me- corrente ou licitante, por meio de cuja despesa não possa ser paga
ses a dois anos, além da pena violência, grave ameaça, fraude no mesmo exercício financeiro ou,
correspondente à violência. ou oferecimento de vantagem: caso reste parcela a ser paga no
Pena – detenção, de dois me- exercício seguinte, que não te-
Patrocínio infiel ses a um ano, ou multa, além da nha contrapartida suficiente de
pena correspondente à violência. disponibilidade de caixa:
Art. 355. Trair, na qualidade de Pena – reclusão, de 1 (um) a
advogado ou procurador, o dever Desobediência a decisão judicial 4 (quatro) anos.
profissional, prejudicando inte- sobre perda ou suspensão de direito
resse, cujo patrocínio, em juízo, Ordenação de despesa não autorizada
lhe é confiado: Art. 359. Exercer função, ati-
Pena – detenção, de seis me- vidade, direito, autoridade ou Art. 359-D. Ordenar despesa
ses a três anos, e multa. múnus, de que foi suspenso ou não autorizada por lei:
privado por decisão judicial: Pena – reclusão, de 1 (um) a
Patrocínio simultâneo Pena – detenção, de três me- 4 (quatro) anos.
ou tergiversação ses a dois anos, ou multa.
Prestação de garantia graciosa
Parágrafo único. Incorre na
pena deste artigo o advogado ou CAPÍTULO IV – DOS CRIMES Art. 359-E. Prestar garantia em
procurador judicial que defende CONTRA AS FINANÇAS operação de crédito sem que
na mesma causa, simultânea ou PÚBLICAS tenha sido constituída contraga-
sucessivamente, partes contrá- rantia em valor igual ou superior
rias. Contratação de operação de crédito ao valor da garantia prestada, na
forma da lei:
Sonegação de papel ou objeto Art. 359-A. Ordenar, autorizar Pena – detenção, de 3 (três)
de valor probatório ou realizar operação de crédito, meses a 1 (um) ano.
interno ou externo, sem prévia
Art. 356. Inutilizar, total ou par- autorização legislativa: Não cancelamento de restos a pagar
cialmente, ou deixar de restituir Pena – reclusão, de 1 (um) a
autos, documento ou objeto de 2 (dois) anos. Art. 359-F. Deixar de ordenar,
valor probatório, que recebeu na Parágrafo único. Incide na de autorizar ou de promover o
qualidade de advogado ou pro- mesma pena quem ordena, auto- cancelamento do montante de
curador: riza ou realiza operação de cré- restos a pagar inscrito em valor
Pena – detenção, de seis me- dito, interno ou externo: superior ao permitido em lei:
ses a três anos, e multa. I – com inobservância de limi- Pena – detenção, de 6 (seis)
te, condição ou montante esta- meses a 2 (dois) anos.
Exploração de prestígio belecido em lei ou em resolução
do Senado Federal; Aumento de despesa total
Art. 357. Solicitar ou receber II – quando o montante da com pessoal no último ano do
dinheiro ou qualquer outra uti- dívida consolidada ultrapassa o mandato ou legislatura
lidade, a pretexto de influir em limite máximo autorizado por lei.
juiz, jurado, órgão do Ministério Art. 359-G. Ordenar, autorizar
Público, funcionário de justiça, Inscrição de despesas não ou executar ato que acarrete
perito, tradutor, intérprete ou empenhadas em restos a pagar aumento de despesa total com
testemunha: pessoal, nos cento e oitenta dias
Pena – reclusão, de um a cin- Art. 359-B. Ordenar ou autorizar anteriores ao final do mandato ou
447
Código Penal
da legislatura: Espionagem Golpe de Estado
Pena – reclusão, de 1 (um) a
4 (quatro) anos. Art. 359-K. Entregar a governo Art. 359-M. Tentar depor, por
estrangeiro, a seus agentes, ou a meio de violência ou grave ame-
Oferta pública ou colocação organização criminosa estran- aça, o governo legitimamente
de títulos no mercado geira, em desacordo com deter- constituído:
minação legal ou regulamentar, Pena – reclusão, de 4 (quatro)
Art. 359-H. Ordenar, autorizar documento ou informação clas- a 12 (doze) anos, além da pena
ou promover a oferta pública ou a sificados como secretos ou ul- correspondente à violência.
colocação no mercado financeiro trassecretos nos termos da lei,
de títulos da dívida pública sem cuja revelação possa colocar em
que tenham sido criados por lei perigo a preservação da ordem CAPÍTULO III – DOS
ou sem que estejam registrados constitucional ou a soberania CRIMES CONTRA O
em sistema centralizado de liqui- nacional: FUNCIONAMENTO
dação e de custódia: Pena – reclusão, de 3 (três) a DAS INSTITUIÇÕES
Pena – reclusão, de 1 (um) a 12 (doze) anos. DEMOCRÁTICAS NO
4 (quatro) anos. § 1o Incorre na mesma pena
quem presta auxílio a espião, co- PROCESSO ELEITORAL
nhecendo essa circunstância,
TÍTULO XII – DOS CRIMES para subtraí-lo à ação da autori- Interrupção do processo eleitoral
CONTRA O ESTADO dade pública.
DEMOCRÁTICO DE DIREITO § 2o Se o documento, dado Art. 359-N. Impedir ou pertur-
ou informação é transmitido ou bar a eleição ou a aferição de
CAPÍTULO I – DOS CRIMES revelado com violação do dever seu resultado, mediante violação
CONTRA A SOBERANIA de sigilo: indevida de mecanismos de se-
NACIONAL Pena – reclusão, de 6 (seis) a gurança do sistema eletrônico de
15 (quinze) anos. votação estabelecido pela Justiça
Atentado à soberania § 3o Facilitar a prática de Eleitoral:
qualquer dos crimes previstos Pena – reclusão, de 3 (três) a
Art. 359-I. Negociar com gover- neste artigo mediante atribuição, 6 (seis) anos, e multa.
no ou grupo estrangeiro, ou seus fornecimento ou empréstimo de
agentes, com o fim de provocar senha, ou de qualquer outra forma (Vetado)
atos típicos de guerra contra o de acesso de pessoas não autori-
País ou invadi-lo: zadas a sistemas de informações: Art. 359-O. (Vetado)
Pena – reclusão, de 3 (três) a Pena – detenção, de 1 (um) a
8 (oito) anos. 4 (quatro) anos. Violência política
§ 1o Aumenta-se a pena de § 4o Não constitui crime a
metade até o dobro, se decla- comunicação, a entrega ou a pu- Art. 359-P. Restringir, impedir
rada guerra em decorrência das blicação de informações ou de ou dificultar, com emprego de
condutas previstas no caput des- documentos com o fim de expor violência física, sexual ou psi-
te artigo. a prática de crime ou a violação cológica, o exercício de direitos
§ 2o Se o agente participa de direitos humanos. políticos a qualquer pessoa em
de operação bélica com o fim de razão de seu sexo, raça, cor, etnia,
submeter o território nacional, religião ou procedência nacional:
ou parte dele, ao domínio ou à CAPÍTULO II – DOS CRIMES Pena – reclusão, de 3 (três)
soberania de outro país: CONTRA AS INSTITUIÇÕES a 6 (seis) anos, e multa, além da
Pena – reclusão, de 4 (quatro) DEMOCRÁTICAS pena correspondente à violência.
a 12 (doze) anos.
Abolição violenta do Estado (Vetado)
Atentado à integridade nacional Democrático de Direito
Art. 359-Q. (Vetado)
Art. 359-J. Praticar violência ou Art. 359-L. Tentar, com empre-
grave ameaça com a finalidade de go de violência ou grave ameaça,
desmembrar parte do território abolir o Estado Democrático de
nacional para constituir país in- Direito, impedindo ou restringindo
dependente: o exercício dos poderes consti-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a tucionais:
6 (seis) anos, além da pena cor- Pena – reclusão, de 4 (quatro)
respondente à violência. a 8 (oito) anos, além da pena cor-
respondente à violência.
448
Código Penal
CAPÍTULO IV – DOS e 52o da República.
CRIMES CONTRA O
GETÚLIO VARGAS
FUNCIONAMENTO DOS
SERVIÇOS ESSENCIAIS Decretado em 7/12/1940, publicado no
DOU de 31/12/1940 e retificado no DOU
Sabotagem de 3/1/1941.
CAPÍTULO V – (VETADO)
CAPÍTULO VI –
DISPOSIÇÕES COMUNS
(Vetado)
DISPOSIÇÕES FINAIS
449
Lei das Contravenções
Penais
Decreto-lei no 3.688/1941
452 PARTE GERAL
453 PARTE ESPECIAL
453 CAPÍTULO I – DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA
454 CAPÍTULO II – DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO
454 CAPÍTULO III – DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMIDADE PÚBLICA
455 CAPÍTULO IV – DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA
455 CAPÍTULO V – DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA
455 CAPÍTULO VI – DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
455 CAPÍTULO VII – DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE COSTUMES
457 CAPÍTULO VIII – DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
457 DISPOSIÇÕES FINAIS
Lei das Contravenções
Penais
Decreto-lei no 3.688/1941
452
Lei das Contravenções Penais
do poder público; e tratamento é de seis meses. consigo;
II – a suspensão dos direitos Parágrafo único. O juiz, en- c) omite as cautelas neces-
políticos. tretanto, pode, ao invés de de- sárias para impedir que dela se
Parágrafo único. Incorrem: cretar a internação, submeter apodere facilmente alienado, me-
a) na interdição sob no I, por o indivíduo a liberdade vigiada. nor de 18 anos ou pessoa inexpe-
um mês a dois anos, o condenado riente em manejá-la.
por motivo de contravenção co- Ação penal
metida com abuso de profissão Anúncio de meio abortivo
ou atividade ou com infração de Art. 17. A ação penal é pública,
dever a ela inerente; devendo a autoridade proceder Art. 20. Anunciar processo,
b) na interdição sob no II, o de ofício. substância ou objeto destinado
condenado a pena privativa de a provocar aborto:
liberdade, enquanto dure a exe- Pena – multa.
cução do pena ou a aplicação da PARTE ESPECIAL
medida de segurança detentiva. CAPÍTULO I – DAS Vias de fato
453
Lei das Contravenções Penais
CAPÍTULO II – DAS adjacências, em via pública ou Pena – multa.
CONTRAVENÇÕES em direção a ela:
Pena – prisão simples, de um Direção não licenciada de aeronave
REFERENTES AO a seis meses, ou multa.
PATRIMÔNIO Parágrafo único. Incorre na Art. 33. Dirigir aeronave sem
pena de prisão simples, de quin- estar devidamente licenciado:
Instrumento de emprego ze dias a dois meses, ou multa, Pena – prisão simples, de
usual na prática de furto quem, em lugar habitado ou em quinze dias a três meses, e multa.
suas adjacências, em via pública
Art. 24. Fabricar, ceder ou ven- ou em direção a ela, sem licença Direção perigosa de
der gazua ou instrumento em- da autoridade, causa deflagração veículo na via pública
pregado usualmente na prática perigosa, queima fogo de artifício
de crime de furto: ou solta balão aceso. Art. 34. Dirigir veículos na via
Pena – prisão simples, de seis pública, ou embarcações em
meses a dois anos, e multa. Desabamento de construção águas públicas, pondo em peri-
go a segurança alheia:
Posse não justificada de instrumento Art. 29. Provocar o desabamen- Pena – prisão simples, de
de emprego usual na prática de furto to de construção ou, por erro no quinze dias a três meses, ou
projeto ou na execução, dar-lhe multa.
Art. 25. Ter alguém em seu po- causa:
der, depois de condenado, por Pena – multa, se o fato não Abuso na prática da aviação
crime de furto ou roubo, ou en- constitui crime contra a incolu-
quanto sujeito a liberdade vigiada midade pública. Art. 35. Entregar-se, na práti-
ou quando conhecido como vadio ca da aviação, a acrobacias ou a
ou mendigo, gazuas, chaves fal- Perigo de desabamento voos baixos, fora da zona em que
sas ou alteradas ou instrumentos a lei o permite, ou fazer descer a
empregados usualmente na prá- Art. 30. Omitir alguém a pro- aeronave fora dos lugares desti-
tica de crime de furto, desde que vidência reclamada pelo Estado nados a esse fim:
não prove destinação legítima: ruinoso de construção que lhe Pena – prisão simples, de
Pena – prisão simples, de dois pertence ou cuja conservação quinze dias a três meses, ou
meses a um ano, e multa. lhe incumbe: multa.
Pena – multa.
Violação de lugar ou objeto Sinais de perigo
Omissão de cautela na guarda
Art. 26. Abrir alguém, no exer- ou condução de animais Art. 36. Deixar de colocar na via
cício de profissão de serralheiro pública sinal ou obstáculo, deter-
ou ofício análogo, a pedido ou por Art. 31. Deixar em liberdade, minado em lei ou pela autorida-
incumbência de pessoa de cuja confiar à guarda de pessoa inex- de e destinado a evitar perigo a
legitimidade não se tenha certifi- periente, ou não guardar com a transeuntes:
cado previamente, fechadura ou devida cautela animal perigoso: Pena – prisão simples, de dez
qualquer outro aparelho destina- Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa.
do à defesa de lugar ou objeto: dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único. Incorre na
Pena – prisão simples, de Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
quinze dias a três meses, ou mesma pena quem: a) apaga sinal luminoso, des-
multa. a) na via pública, abandona trói ou remove sinal de outra na-
animal de tiro, carga ou corrida, tureza ou obstáculo destinado a
Exploração da credulidade pública ou o confia a pessoa inexperiente; evitar perigo a transeuntes;
b) excita ou irrita animal, b) remove qualquer outro si-
Art. 27. (Revogado) expondo a perigo a segurança nal de serviço público.
alheia;
c) conduz animal, na via pú- Arremesso ou colocação perigosa
CAPÍTULO III – DAS blica, pondo em perigo a segu-
CONTRAVENÇÕES rança alheia. Art. 37. Arremessar ou derra-
REFERENTES À mar em via pública, ou em lugar
INCOLUMIDADE PÚBLICA Falta de habilitação para dirigir veículo de uso comum, ou de uso alheio,
coisa que possa ofender, sujar ou
Disparo de arma de fogo Art. 32. Dirigir, sem a devida molestar alguém:
habilitação, veículo na via públi- Pena – multa.
Art. 28. Disparar arma de fogo ca, ou embarcação a motor em Parágrafo único. Na mesma
em lugar habitado ou em suas águas públicas: pena incorre aquele que, sem as
454
Lei das Contravenções Penais
devidas cautelas, coloca ou dei- tos sonoros ou sinais acústicos; atividade econômica ou anunciar
xa suspensa coisa que, caindo IV – provocando ou não pro- que a exerce, sem preencher as
em via pública ou em lugar de curando impedir barulho produ- condições a que por lei está su-
uso comum ou de uso alheio, zido por animal de que tem a bordinado o seu exercício:
possa ofender, sujar ou moles- guarda: Pena – prisão simples, de
tar alguém. Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
quinze dias a três meses, ou multa.
Emissão de fumaça, vapor ou gás multa.
Exercício ilegal do comércio de
Art. 38. Provocar, abusivamen- coisas antigas e obras de arte
te, emissão de fumaça, vapor ou CAPÍTULO V – DAS
gás, que possa ofender ou mo- CONTRAVENÇÕES Art. 48. Exercer, sem obser-
lestar alguém: REFERENTES À FÉ vância das prescrições legais,
Pena – multa. PÚBLICA comércio de antiguidades, de
obras de arte, ou de manuscritos
Recusa de moeda de curso legal e livros antigos ou raros:
CAPÍTULO IV – DAS Pena – prisão simples de um
CONTRAVENÇÕES Art. 43. Recusar-se a receber, a seis meses, ou multa.
REFERENTES À PAZ pelo seu valor, moeda de curso
PÚBLICA legal no país: Matrícula ou escrituração
Pena – multa. de indústria e profissão
Associação secreta
Imitação de moeda para propaganda Art. 49. Infringir determinação
Art. 39. (Revogado) legal relativa à matrícula ou à es-
Art. 44. Usar, como propaganda, crituração de indústria, de comér-
Provocação de tumulto. de impresso ou objeto que pes- cio, ou de outra atividade:
Conduta inconveniente soa inexperiente ou rústica possa Pena – multa.
confundir com moeda:
Art. 40. Provocar tumulto ou Pena – multa.
portar-se de modo inconveniente CAPÍTULO VII – DAS
ou desrespeitoso, em solenida- Simulação da qualidade de funcionário CONTRAVENÇÕES
de ou ato oficial, em assembleia RELATIVAS À POLÍCIA DE
ou espetáculo público, se o fato Art. 45. Fingir-se funcionário COSTUMES
não constitui infração penal mais público:
grave: Pena – prisão simples, de um Jogo de azar
Pena – prisão simples, de a três meses, ou multa.
quinze dias a seis meses, ou Art. 50. Estabelecer ou explo-
multa. Uso ilegítimo de uniforme ou distintivo rar jogo de azar em lugar público
ou acessível ao público, median-
Falso alarma Art. 46. Usar, publicamente, de te o pagamento de entrada ou
uniforme, ou distintivo de função sem ele:
Art. 41. Provocar alarma, anun- pública que não exerce; usar, in- Pena – prisão simples, de três
ciando desastre ou perigo ine- devidamente, de sinal, distintivo meses a um ano, e multa, esten-
xistente, ou praticar qualquer ou denominação cujo emprego dendo-se os efeitos da condena-
ato capaz de produzir pânico ou seja regulado por lei: ção à perda dos móveis e objetos
tumulto: Pena – multa, se o fato não de decoração do local.
Pena – prisão simples, de constitui infração penal mais § 1o A pena é aumentada de
quinze dias a seis meses, ou grave. um terço, se existe entre os em-
multa. pregados ou participa do jogo
pessoa menor de dezoito anos.
Perturbação do trabalho CAPÍTULO VI – DAS § 2o Incorre na pena de mul-
ou do sossego alheios CONTRAVENÇÕES ta, de R$ 2.000,00 (dois mil reais)
RELATIVAS À a R$ 200.000,00 (duzentos mil
Art. 42. Perturbar alguém o tra- ORGANIZAÇÃO DO reais), quem é encontrado a par-
balho ou o sossego alheios: TRABALHO ticipar do jogo, ainda que pela in-
I – com gritaria ou algazarra; ternet ou por qualquer outro meio
II – exercendo profissão incô- Exercício ilegal de profissão de comunicação, como ponteiro
moda ou ruidosa, em desacordo ou atividade ou apostador.
com as prescrições legais; § 3o Consideram-se jogos
III – abusando de instrumen- Art. 47. Exercer profissão ou de azar:
455
Lei das Contravenções Penais
a) o jogo em que o ganho e o fim de comércio, bilhete de lote- possa legalmente circular:
a perda dependem exclusiva ou ria, rifa ou tômbola estrangeiras: Pena – prisão simples, de um
principalmente da sorte; Pena – prisão simples, de a três meses, e multa.
b) as apostas sobre corrida quatro meses a um ano, e multa.
de cavalos fora de hipódromo ou Parágrafo único. Incorre na Publicidade de sorteio
de local onde sejam autorizadas; mesma pena quem vende, expõe
c) as apostas sobre qualquer à venda, tem sob sua guarda, para Art. 57. Divulgar, por meio de
outra competição esportiva. o fim de venda, introduz ou tenta jornal ou outro impresso, de rádio,
§ 4o Equiparam-se, para os introduzir na circulação, bilhete cinema, ou qualquer outra forma,
efeitos penais, a lugar acessível de loteria estrangeira. ainda que disfarçadamente, anún-
ao público: cio, aviso ou resultado de extra-
a) a casa particular em que Loteria estadual ção de loteria, onde a circulação
se realizam jogos de azar, quando dos seus bilhetes não seja legal:
deles habitualmente participam Art. 53. Introduzir, para o fim Pena – multa.
pessoas que não sejam da família de comércio, bilhete de loteria
de quem a ocupa; estadual em território onde não Jogo do bicho
b) o hotel ou casa de habita- possa legalmente circular:
ção coletiva, a cujos hóspedes e Pena – prisão simples, de dois Art. 58. Explorar ou realizar a
moradores se proporciona jogo a seis meses, e multa. loteria denominada jogo do bicho,
de azar; Parágrafo único. Incorre na ou praticar qualquer ato relativo
c) a sede ou dependência de mesma pena quem vende, expõe a sua realização ou exploração:
sociedade ou associação, em que à venda, tem sob sua guarda, para Pena – prisão simples, de
se realiza jogo de azar; o fim de venda, introduz ou tenta quatro meses a um ano, e multa.
d) o estabelecimento des- introduzir na circulação, bilhete Parágrafo único. Incorre na
tinado à exploração de jogo de de loteria estadual, em territó- pena de multa aquele que parti-
azar, ainda que se dissimule esse rio onde não possa legalmente cipa da loteria, visando a obten-
destino. circular. ção de prêmio, para si ou para
terceiro.
Loteria não autorizada Exibição ou guarda de lista de sorteio
Vadiagem
Art. 51. Promover ou fazer ex- Art. 54. Exibir ou ter sob sua
trair loteria, sem autorização guarda lista de sorteio de loteria Art. 59. Entregar-se alguém ha-
legal: estrangeira: bitualmente à ociosidade, sendo
Pena – prisão simples, de Pena – prisão simples, de um válido para o trabalho, sem ter
seis meses a dois anos, e mul- a três meses, e multa. renda que lhe assegure meios
ta, estendendo-se os efeitos da Parágrafo único. Incorre na bastantes de subsistência, ou
condenação à perda dos móveis mesma pena quem exibe ou tem prover à própria subsistência me-
existentes no local. sob sua guarda lista de sorteio diante ocupação ilícita:
§ 1o Incorre na mesma pena de loteria estadual, em território Pena – prisão simples, de
quem guarda, vende ou expõe à onde esta não possa legalmente quinze dias a três meses.
venda, tem sob sua guarda, para circular. Parágrafo único. A aquisi-
o fim de venda, introduz ou tenta ção superveniente de renda, que
introduzir na circulação bilhete de Impressão de bilhetes, assegure ao condenado meios
loteria não autorizada. lista ou anúncios bastantes de subsistência, ex-
§ 2o Considera-se loteria tingue a pena.
toda operação que, mediante Art. 55. Imprimir ou executar
a distribuição de bilhete, listas, qualquer serviço de feitura de Mendicância
cupões, vales, sinais, símbolos bilhetes, lista de sorteio, avisos
ou meios análogos, faz depender ou cartazes relativos a loteria, Art. 60. (Revogado)
de sorteio a obtenção de prêmio em lugar onde ela não possa le-
em dinheiro ou bens de outra galmente circular: Importunação ofensiva ao pudor
natureza. Pena – prisão simples, de um
§ 3o Não se compreendem a seis meses, e multa. Art. 61. (Revogado)
na definição do parágrafo ante-
rior os sorteios autorizados na Distribuição ou transporte Embriaguez
legislação especial. de listas ou avisos
Art. 62. Apresentar-se publica-
Loteria estrangeira Art. 56. Distribuir ou transpor- mente em estado de embriaguez,
tar cartazes, listas de sorteio ou de modo que cause escândalo ou
Art. 52. Introduzir, no país, para avisos de loteria, onde ela não ponha em perigo a segurança
456
Lei das Contravenções Penais
própria ou alheia: que teve conhecimento no exer- especial sobre florestas, caça e
Pena – prisão simples, de cício de função pública, desde pesca, revogam-se as disposi-
quinze dias a três meses, ou que a ação penal não dependa ções em contrário.
multa. de representação;
Parágrafo único. Se habitual II – crime de ação pública, Art. 72. Esta lei entrará em vigor
a embriaguez, o contraventor é de que teve conhecimento no no dia 1o de janeiro de 1942.
internado em casa de custódia exercício da medicina ou de outra
e tratamento. profissão sanitária, desde que a Rio de Janeiro, 3 de outubro de
ação penal não dependa de re- 1941; 120o da Independência e 53o
Bebidas alcoólicas presentação e a comunicação da República.
não exponha o cliente a proce-
Art. 63. Servir bebidas alcoó- dimento criminal: GETULIO VARGAS
licas: Pena – multa.
I – (Revogado); Decretado em 3/10/1941 e publicado no
II – a quem se acha em estado Inumação ou exumação de cadáver DOU de 13/10/1941.
de embriaguez;
III – a pessoa que o agen- Art. 67. Inumar ou exumar ca-
te sabe sofrer das faculdades dáver, com infração das dispo-
mentais; sições legais:
IV – a pessoa que o agente Pena – prisão simples, de um
sabe estar judicialmente proibi- mês a um ano, ou multa.
da de frequentar lugares onde se
consome bebida de tal natureza: Recusa de dados sobre a própria
Pena – prisão simples, de dois identidade ou qualificação
meses a um ano, ou multa.
Art. 68. Recusar à autoridade,
Crueldade contra animais quando por esta, justificadamente
solicitados ou exigidos, dados ou
Art. 64. Tratar animal com indicações concernentes à pró-
crueldade ou submetê-lo a tra- pria identidade, estado, profissão,
balho excessivo: domicílio e residência:
Pena – prisão simples, de dez Pena – multa.
dias a um mês, ou multa. Parágrafo único. Incorre
§ 1o Na mesma pena incor- na pena de prisão simples, de
re aquele que, embora para fins um a seis meses, e multa, se o
didáticos ou científicos, realiza fato não constitui infração penal
em lugar público ou exposto ao mais grave, quem, nas mesmas
público, experiência dolorosa ou circunstâncias, faz declarações
cruel em animal vivo. inverídicas a respeito de sua iden-
§ 2o Aplica-se a pena com tidade pessoal, estado, profissão,
aumento de metade, se o animal domicílio e residência.
é submetido a trabalho excessivo
ou tratado com crueldade, em Proibição de atividade
exibição ou espetáculo público. remunerada a estrangeiro
457
Código de Processo
Penal
Decreto-lei no 3.689/1941
463 LIVRO I – DO PROCESSO EM GERAL
463 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
465 TÍTULO II – DO INQUÉRITO POLICIAL
467 TÍTULO III – DA AÇÃO PENAL
470 TÍTULO IV – DA AÇÃO CIVIL
471 TÍTULO V – DA COMPETÊNCIA
471 CAPÍTULO I – DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
471 CAPÍTULO II – DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU
471 CAPÍTULO III – DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO
471 CAPÍTULO IV – DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
471 CAPÍTULO V – DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
472 CAPÍTULO VI – DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
472 CAPÍTULO VII – DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
473 CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
473 TÍTULO VI – DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
473 CAPÍTULO I – DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS
473 CAPÍTULO II – DAS EXCEÇÕES
474 CAPÍTULO III – DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS
474 CAPÍTULO IV – DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO
475 CAPÍTULO V – DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS
475 CAPÍTULO VI – DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
477 CAPÍTULO VII – DO INCIDENTE DE FALSIDADE
477 CAPÍTULO VIII – DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO
478 TÍTULO VII – DA PROVA
478 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
478 CAPÍTULO II – DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS
EM GERAL
481 CAPÍTULO III – DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
483 CAPÍTULO IV – DA CONFISSÃO
483 CAPÍTULO V – DO OFENDIDO
483 CAPÍTULO VI – DAS TESTEMUNHAS
485 CAPÍTULO VII – DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
485 CAPÍTULO VIII – DA ACAREAÇÃO
485 CAPÍTULO IX – DOS DOCUMENTOS
486 CAPÍTULO X – DOS INDÍCIOS
486 CAPÍTULO XI – DA BUSCA E DA APREENSÃO
487 TÍTULO VIII – DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS
ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA
487 CAPÍTULO I – DO JUIZ
487 CAPÍTULO II – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
487 CAPÍTULO III – DO ACUSADO E SEU DEFENSOR
488 CAPÍTULO IV – DOS ASSISTENTES
488 CAPÍTULO V – DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
488 CAPÍTULO VI – DOS PERITOS E INTÉRPRETES
489 TÍTULO IX – DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISÓRIA
489 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
491 CAPÍTULO II – DA PRISÃO EM FLAGRANTE
492 CAPÍTULO III – DA PRISÃO PREVENTIVA
493 CAPÍTULO IV – DA PRISÃO DOMICILIAR
493 CAPÍTULO V – DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
493 CAPÍTULO VI – DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA
495 TÍTULO X – DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
495 CAPÍTULO I – DAS CITAÇÕES
496 CAPÍTULO II – DAS INTIMAÇÕES
497 TÍTULO XI – DA APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE INTERDIÇÕES DE DIREITOS E MEDIDAS DE
SEGURANÇA
497 TÍTULO XII – DA SENTENÇA
499 LIVRO II – DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
499 TÍTULO I – DO PROCESSO COMUM
499 CAPÍTULO I – DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
500 CAPÍTULO II – DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO
TRIBUNAL DO JÚRI
500 Seção I – Da Acusação e da Instrução Preliminar
501 Seção II – Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária
501 Seção III – Da Preparação do Processo para Julgamento em Plenário
502 Seção IV – Do Alistamento dos Jurados
502 Seção V – Do Desaforamento
502 Seção VI – Da Organização da Pauta
503 Seção VII – Do Sorteio e da Convocação dos Jurados
503 Seção VIII – Da Função do Jurado
504 Seção IX – Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação do Conselho de Sentença
504 Seção X – Da Reunião e das Sessões do Tribunal do Júri
505 Seção XI – Da Instrução em Plenário
506 Seção XII – Dos Debates
507 Seção XIII – Do Questionário e Sua Votação
508 Seção XIV – Da Sentença
508 Seção XV – Da Ata dos Trabalhos
509 Seção XVI – Das Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri
509 CAPÍTULO III – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA DO JUIZ
SINGULAR
509 TÍTULO II – DOS PROCESSOS ESPECIAIS
509 CAPÍTULO I – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE FALÊNCIA
509 CAPÍTULO II – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
509 CAPÍTULO III – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE CALÚNIA E INJÚRIA, DE
COMPETÊNCIA DO JUIZ SINGULAR
510 CAPÍTULO IV – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE
IMATERIAL
510 CAPÍTULO V – DO PROCESSO SUMÁRIO
511 CAPÍTULO VI – DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS
512 CAPÍTULO VII – DO PROCESSO DE APLICAÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA POR FATO NÃO
CRIMINOSO
512 TÍTULO III – DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DOS
TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
512 CAPÍTULO I – DA INSTRUÇÃO
512 CAPÍTULO II – DO JULGAMENTO
512 LIVRO III – DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL
512 TÍTULO I – DAS NULIDADES
513 TÍTULO II – DOS RECURSOS EM GERAL
513 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
514 CAPÍTULO II – DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
515 CAPÍTULO III – DA APELAÇÃO
516 CAPÍTULO IV – DO PROTESTO POR NOVO JÚRI
516 CAPÍTULO V – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO E
DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
516 CAPÍTULO VI – DOS EMBARGOS
517 CAPÍTULO VII – DA REVISÃO
518 CAPÍTULO VIII – DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
518 CAPÍTULO IX – DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
518 CAPÍTULO X – DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
520 LIVRO IV – DA EXECUÇÃO
520 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
520 TÍTULO II – DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
520 CAPÍTULO I – DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
521 CAPÍTULO II – DAS PENAS PECUNIÁRIAS
522 CAPÍTULO III – DAS PENAS ACESSÓRIAS
522 TÍTULO III – DOS INCIDENTES DA EXECUÇÃO
522 CAPÍTULO I – DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
523 CAPÍTULO II – DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
525 TÍTULO IV – DA GRAÇA, DO INDULTO, DA ANISTIA E DA REABILITAÇÃO
525 CAPÍTULO I – DA GRAÇA, DO INDULTO E DA ANISTIA
526 CAPÍTULO II – DA REABILITAÇÃO
526 TÍTULO V – DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
528 LIVRO V – DAS RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADE ESTRANGEIRA
528 TÍTULO ÚNICO
528 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
529 CAPÍTULO II – DAS CARTAS ROGATÓRIAS
529 CAPÍTULO III – DA HOMOLOGAÇÃO DAS SENTENÇAS ESTRANGEIRAS
530 LIVRO VI – DISPOSIÇÕES GERAIS
Código de Processo Penal
Decreto-lei no 3.689/1941
463
Código de Processo Penal
guimento;10 horas, momento em que se rea- acautelados na secretaria do juízo
X – requisitar documentos, lizará audiência com a presença das garantias.18
laudos e informações ao delegado do Ministério Público e da De-
de polícia sobre o andamento da fensoria Pública ou de advogado Art. 3o-D. O juiz que, na fase de
investigação; constituído, vedado o emprego de investigação, praticar qualquer
XI – decidir sobre os reque- videoconferência.12 ato incluído nas competências
rimentos de: § 2o Se o investigado estiver dos arts. 4o e 5o deste Código
a) interceptação telefônica, preso, o juiz das garantias poderá, ficará impedido de funcionar no
do fluxo de comunicações em mediante representação da auto- processo.19
sistemas de informática e tele- ridade policial e ouvido o Ministé- Parágrafo único. Nas comar-
mática ou de outras formas de rio Público, prorrogar, uma única cas em que funcionar apenas um
comunicação; vez, a duração do inquérito por juiz, os tribunais criarão um sis-
b) afastamento dos sigilos até 15 (quinze) dias, após o que, tema de rodízio de magistrados,
fiscal, bancário, de dados e te- se ainda assim a investigação a fim de atender às disposições
lefônico; não for concluída, a prisão será deste Capítulo.20
c) busca e apreensão do- imediatamente relaxada.13
miciliar; Art. 3o-E. O juiz das garantias
d) acesso a informações si- Art. 3 -C. A competência do juiz
o
será designado conforme as nor-
gilosas; das garantias abrange todas as mas de organização judiciária da
e) outros meios de obtenção infrações penais, exceto as de União, dos Estados e do Distrito
da prova que restrinjam direitos menor potencial ofensivo, e cessa Federal, observando critérios ob-
fundamentais do investigado; com o recebimento da denúncia jetivos a serem periodicamente
XII – julgar o habeas corpus ou queixa na forma do art. 399 divulgados pelo respectivo tri-
impetrado antes do oferecimento deste Código.14 bunal.21
da denúncia; § 1o Recebida a denúncia ou
XIII – determinar a instaura- queixa, as questões pendentes Art. 3o-F. O juiz das garantias
ção de incidente de insanidade serão decididas pelo juiz da ins- deverá assegurar o cumprimen-
mental; trução e julgamento.15 to das regras para o tratamento
XIV – decidir sobre o recebi- § 2o As decisões proferidas dos presos, impedindo o acordo
mento da denúncia ou queixa, nos pelo juiz das garantias não vin- ou ajuste de qualquer autorida-
termos do art. 399 deste Código;11 culam o juiz da instrução e julga- de com órgãos da imprensa para
XV – assegurar prontamente, mento, que, após o recebimento explorar a imagem da pessoa
quando se fizer necessário, o di- da denúncia ou queixa, deverá submetida à prisão, sob pena de
reito outorgado ao investigado e reexaminar a necessidade das responsabilidade civil, adminis-
ao seu defensor de acesso a to- medidas cautelares em curso, no trativa e penal.
dos os elementos informativos e prazo máximo de 10 (dez) dias.16 Parágrafo único. Por meio
provas produzidos no âmbito da § 3o Os autos que compõem de regulamento, as autoridades
investigação criminal, salvo no as matérias de competência do deverão disciplinar, em 180 (cento
que concerne, estritamente, às juiz das garantias ficarão acaute- e oitenta) dias, o modo pelo qual
diligências em andamento; lados na secretaria desse juízo, à as informações sobre a realização
XVI – deferir pedido de ad- disposição do Ministério Público e da prisão e a identidade do preso
missão de assistente técnico da defesa, e não serão apensados serão, de modo padronizado e
para acompanhar a produção aos autos do processo enviados respeitada a programação nor-
da perícia; ao juiz da instrução e julgamen- mativa aludida no caput deste
XVII – decidir sobre a homo- to, ressalvados os documentos artigo, transmitidas à imprensa,
logação de acordo de não perse- relativos às provas irrepetíveis, assegurados a efetividade da per-
cução penal ou os de colaboração medidas de obtenção de provas secução penal, o direito à infor-
premiada, quando formalizados ou de antecipação de provas, que mação e a dignidade da pessoa
durante a investigação; deverão ser remetidos para apen- submetida à prisão.22
XVIII – outras matérias ine- samento em apartado.17
rentes às atribuições definidas § 4o Fica assegurado às par-
no caput deste artigo. tes o amplo acesso aos autos
§ 1o O preso em flagrante ou
por força de mandado de prisão
provisória será encaminhado à
12
NE: ver ADIs nos 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305.
presença do juiz de garantias NE: ver ADIs nos 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305. NE: ver ADIs nos 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305.
13 18
464
Código de Processo Penal
TÍTULO II – DO INQUÉRITO Art. 6o Logo que tiver conheci- Art. 8o Havendo prisão em fla-
POLICIAL mento da prática da infração pe- grante, será observado o dis-
nal, a autoridade policial deverá: posto no Capítulo II do Título IX
Art. 4o A polícia judiciária será I – dirigir-se ao local, provi- deste Livro.
exercida pelas autoridades poli- denciando para que não se alte-
ciais no território de suas respec- rem o estado e conservação das Art. 9o Todas as peças do in-
tivas circunscrições e terá por fim coisas, até a chegada dos peritos quérito policial serão, num só
a apuração das infrações penais criminais; processado, reduzidas a escrito
e da sua autoria. II – apreender os objetos que ou datilografadas e, neste caso,
Parágrafo único. A compe- tiverem relação com o fato, após rubricadas pela autoridade.
tência definida neste artigo não liberados pelos peritos criminais;
excluirá a de autoridades admi- III – colher todas as provas Art. 10. O inquérito deverá ter-
nistrativas, a quem por lei seja que servirem para o esclareci- minar no prazo de 10 dias, se o
cometida a mesma função. mento do fato e suas circuns- indiciado tiver sido preso em fla-
tâncias; grante, ou estiver preso preventi-
Art. 5o Nos crimes de ação pú- IV – ouvir o ofendido; vamente, contado o prazo, nesta
blica o inquérito policial será ini- V – ouvir o indiciado, com hipótese, a partir do dia em que
ciado: observância, no que for aplicá- se executar a ordem de prisão,
I – de ofício; vel, do disposto no Capítulo III do ou no prazo de 30 dias, quando
II – mediante requisição da Título VII, deste Livro, devendo o estiver solto, mediante fiança
autoridade judiciária ou do Minis- respectivo termo ser assinado ou sem ela.
tério Público, ou a requerimento por duas testemunhas que lhe § 1o A autoridade fará minu-
do ofendido ou de quem tiver qua- tenham ouvido a leitura; cioso relatório do que tiver sido
lidade para representá-lo. VI – proceder a reconheci- apurado e enviará autos ao juiz
§ 1o O requerimento a que mento de pessoas e coisas e a competente.
se refere o no II conterá sempre acareações; § 2o No relatório poderá a
que possível: VII – determinar, se for caso, autoridade indicar testemunhas
a) a narração do fato, com que se proceda a exame de cor- que não tiverem sido inquiridas,
todas as circunstâncias; po de delito e a quaisquer outras mencionando o lugar onde pos-
b) a individualização do indi- perícias; sam ser encontradas.
ciado ou seus sinais característi- VIII – ordenar a identifica- § 3o Quando o fato for de di-
cos e as razões de convicção ou ção do indiciado pelo processo fícil elucidação, e o indiciado es-
de presunção de ser ele o autor datiloscópico, se possível, e fa- tiver solto, a autoridade poderá
da infração, ou os motivos de im- zer juntar aos autos sua folha de requerer ao juiz a devolução dos
possibilidade de o fazer; antecedentes; autos, para ulteriores diligências,
c) a nomeação das teste- IX – averiguar a vida pregres- que serão realizadas no prazo
munhas, com indicação de sua sa do indiciado, sob o ponto de marcado pelo juiz.
profissão e residência. vista individual, familiar e social,
§ 2o Do despacho que inde- sua condição econômica, sua ati- Art. 11. Os instrumentos do cri-
ferir o requerimento de abertura tude e estado de ânimo antes e me, bem como os objetos que
de inquérito caberá recurso para depois do crime e durante ele, e interessarem à prova, acompa-
o chefe de Polícia. quaisquer outros elementos que nharão os autos do inquérito.
§ 3o Qualquer pessoa do povo contribuírem para a apreciação
que tiver conhecimento da exis- do seu temperamento e caráter; Art. 12. O inquérito policial
tência de infração penal em que X – colher informações sobre acompanhará a denúncia ou quei-
caiba ação pública poderá, ver- a existência de filhos, respecti- xa, sempre que servir de base a
balmente ou por escrito, comu- vas idades e se possuem alguma uma ou outra.
nicá-la à autoridade policial, e deficiência e o nome e o contato
esta, verificada a procedência de eventual responsável pelos Art. 13. Incumbirá ainda à auto-
das informações, mandará ins- cuidados dos filhos, indicado pela ridade policial:
taurar inquérito. pessoa presa. I – fornecer às autoridades
§ 4o O inquérito, nos crimes judiciárias as informações neces-
em que a ação pública depender Art. 7o Para verificar a possibi- sárias à instrução e julgamento
de representação, não poderá lidade de haver a infração sido dos processos;
sem ela ser iniciado. praticada de determinado modo, a II – realizar as diligências re-
§ 5o Nos crimes de ação pri- autoridade policial poderá proce- quisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
vada, a autoridade policial somen- der à reprodução simulada dos fa- nistério Público;
te poderá proceder a inquérito tos, desde que esta não contrarie III – cumprir os mandados de
a requerimento de quem tenha a moralidade ou a ordem pública. prisão expedidos pelas autorida-
qualidade para intentá-la. des judiciárias;
465
Código de Processo Penal
IV – representar acerca da a 30 (trinta) dias, renovável por sor pelo investigado, a autoridade
prisão preventiva. uma única vez, por igual período; responsável pela investigação
III – para períodos superiores deverá intimar a instituição a que
Art. 13-A. Nos crimes previs- àquele de que trata o inciso II, estava vinculado o investigado à
tos nos arts. 148, 149 e 149‑A, será necessária a apresentação época da ocorrência dos fatos,
no § 3o do art. 158 e no art. 159 de ordem judicial. para que essa, no prazo de 48
do Decreto-lei no 2.848, de 7 de § 3o Na hipótese prevista (quarenta e oito) horas, indique
dezembro de 1940 (Código Pe- neste artigo, o inquérito policial defensor para a representação
nal), e no art. 239 da Lei no 8.069, deverá ser instaurado no prazo do investigado.
de 13 de julho de 1990 (Estatuto máximo de 72 (setenta e duas) § 3o Havendo necessidade
da Criança e do Adolescente), o horas, contado do registro da de indicação de defensor nos
membro do Ministério Público ou respectiva ocorrência policial. termos do § 2o deste artigo, a de-
o delegado de polícia poderá re- § 4o Não havendo manifesta- fesa caberá preferencialmente à
quisitar, de quaisquer órgãos do ção judicial no prazo de 12 (doze) Defensoria Pública, e, nos locais
poder público ou de empresas da horas, a autoridade competente em que ela não estiver instalada,
iniciativa privada, dados e infor- requisitará às empresas presta- a União ou a Unidade da Federa-
mações cadastrais da vítima ou doras de serviço de telecomu- ção correspondente à respec-
de suspeitos. nicações e/ou telemática que tiva competência territorial do
Parágrafo único. A requisi- disponibilizem imediatamente procedimento instaurado deverá
ção, que será atendida no pra- os meios técnicos adequados – disponibilizar profissional para
zo de 24 (vinte e quatro) horas, como sinais, informações e ou- acompanhamento e realização
conterá: tros – que permitam a localização de todos os atos relacionados
I – o nome da autoridade re- da vítima ou dos suspeitos do à defesa administrativa do in-
quisitante; delito em curso, com imediata vestigado.
II – o número do inquérito comunicação ao juiz. § 4o A indicação do profis-
policial; e sional a que se refere o § 3o deste
III – a identificação da unidade Art. 14. O ofendido, ou seu re- artigo deverá ser precedida de
de polícia judiciária responsável presentante legal, e o indiciado manifestação de que não existe
pela investigação. poderão requerer qualquer di- defensor público lotado na área
ligência, que será realizada, ou territorial onde tramita o inqué-
Art. 13-B. Se necessário à pre- não, a juízo da autoridade. rito e com atribuição para nele
venção e à repressão dos crimes atuar, hipótese em que poderá
relacionados ao tráfico de pes- Art. 14-A. Nos casos em que ser indicado profissional que não
soas, o membro do Ministério servidores vinculados às insti- integre os quadros próprios da
Público ou o delegado de polícia tuições dispostas no art. 144 da Administração.
poderão requisitar, mediante au- Constituição Federal figurarem § 5o Na hipótese de não atu-
torização judicial, às empresas como investigados em inquéritos ação da Defensoria Pública, os
prestadoras de serviço de teleco- policiais, inquéritos policiais mi- custos com o patrocínio dos in-
municações e/ou telemática que litares e demais procedimentos teresses dos investigados nos
disponibilizem imediatamente extrajudiciais, cujo objeto for a procedimentos de que trata este
os meios técnicos adequados – investigação de fatos relaciona- artigo correrão por conta do or-
como sinais, informações e ou- dos ao uso da força letal pratica- çamento próprio da instituição a
tros – que permitam a localização dos no exercício profissional, de que este esteja vinculado à época
da vítima ou dos suspeitos do forma consumada ou tentada, da ocorrência dos fatos investi-
delito em curso. incluindo as situações dispostas gados.
§ 1o Para os efeitos deste no art. 23 do Decreto-lei no 2.848, § 6o As disposições constan-
artigo, sinal significa posiciona- de 7 de dezembro de 1940 (Código tes deste artigo se aplicam aos
mento da estação de cobertura, Penal), o indiciado poderá cons- servidores militares vinculados às
setorização e intensidade de ra- tituir defensor. instituições dispostas no art. 142
diofrequência. § 1o Para os casos previs- da Constituição Federal, desde
§ 2o Na hipótese de que trata tos no caput deste artigo, o in- que os fatos investigados digam
o caput, o sinal: vestigado deverá ser citado da respeito a missões para a Garantia
I – não permitirá acesso ao instauração do procedimento da Lei e da Ordem.
conteúdo da comunicação de investigatório, podendo consti-
qualquer natureza, que depen- tuir defensor no prazo de até 48 Art. 15. Se o indiciado for menor,
derá de autorização judicial, con- (quarenta e oito) horas a contar ser-lhe-á nomeado curador pela
forme disposto em lei; do recebimento da citação. autoridade policial.
II – deverá ser fornecido pela § 2o Esgotado o prazo dis-
prestadora de telefonia móvel posto no § 1o deste artigo com Art. 16. O Ministério Público não
celular por período não superior ausência de nomeação de defen- poderá requerer a devolução do
466
Código de Processo Penal
inquérito à autoridade policial, uma delas poderá, nos inquéritos ções sobre o fato e a autoria e
senão para novas diligências, im- a que esteja procedendo, orde- indicando o tempo, o lugar e os
prescindíveis ao oferecimento da nar diligências em circunscrição elementos de convicção.
denúncia. de outra, independentemente
de precatórias ou requisições, e Art. 28. Ordenado o arquiva-
Art. 17. A autoridade policial não bem assim providenciará, até que mento do inquérito policial ou de
poderá mandar arquivar autos de compareça a autoridade compe- quaisquer elementos informati-
inquérito. tente, sobre qualquer fato que vos da mesma natureza, o órgão
ocorra em sua presença, noutra do Ministério Público comunicará
Art. 18. Depois de ordenado o circunscrição. à vítima, ao investigado e à auto-
arquivamento do inquérito pela ridade policial e encaminhará os
autoridade judiciária, por falta Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos para a instância de revisão
de base para a denúncia, a au- autos do inquérito ao juiz compe- ministerial para fins de homolo-
toridade policial poderá proceder tente, a autoridade policial oficia- gação, na forma da lei.23
a novas pesquisas, se de outras rá ao Instituto de Identificação e § 1o Se a vítima, ou seu re-
provas tiver notícia. Estatística, ou repartição congê- presentante legal, não concordar
nere, mencionando o juízo a que com o arquivamento do inquéri-
Art. 19. Nos crimes em que não tiverem sido distribuídos, e os to policial, poderá, no prazo de
couber ação pública, os autos do dados relativos à infração penal 30 (trinta) dias do recebimen-
inquérito serão remetidos ao juízo e à pessoa do indiciado. to da comunicação, submeter
competente, onde aguardarão a a matéria à revisão da instância
iniciativa do ofendido ou de seu competente do órgão ministerial,
representante legal, ou serão en- TÍTULO III – DA AÇÃO conforme dispuser a respectiva
tregues ao requerente, se o pedir, PENAL lei orgânica.24
mediante traslado. § 2o Nas ações penais re-
Art. 24. Nos crimes de ação pú- lativas a crimes praticados em
Art. 20. A autoridade assegurará blica, esta será promovida por detrimento da União, Estados
no inquérito o sigilo necessário à denúncia do Ministério Público, e Municípios, a revisão do ar-
elucidação do fato ou exigido pelo mas dependerá, quando a lei o quivamento do inquérito policial
interesse da sociedade. exigir, de requisição do Ministro poderá ser provocada pela chefia
Parágrafo único. Nos ates- da Justiça, ou de representação do órgão a quem couber a sua
tados de antecedentes que lhe do ofendido ou de quem tiver qua- representação judicial.
forem solicitados, a autoridade lidade para representá-lo.
policial não poderá mencionar § 1o No caso de morte do Art. 28-A. Não sendo caso de
quaisquer anotações referentes ofendido ou quando declarado arquivamento e tendo o inves-
a instauração de inquérito contra ausente por decisão judicial, o tigado confessado formal e cir-
os requerentes. direito de representação passará cunstancialmente a prática de
ao cônjuge, ascendente, descen- infração penal sem violência ou
Art. 21. A incomunicabilidade do dente ou irmão. grave ameaça e com pena míni-
indiciado dependerá sempre de § 2o Seja qual for o crime, ma inferior a 4 (quatro) anos, o
despacho nos autos e somente quando praticado em detrimen- Ministério Público poderá propor
será permitida quando o interesse to do patrimônio ou interesse da acordo de não persecução penal,
da sociedade ou a conveniência União, Estado e Município, a ação desde que necessário e suficien-
da investigação o exigir. penal será pública. te para reprovação e prevenção
Parágrafo único. A incomu- do crime, mediante as seguintes
nicabilidade, que não excederá Art. 25. A representação será condições ajustadas cumulativa
de três dias, será decretada por irretratável, depois de oferecida e alternativamente:
despacho fundamentado do Juiz, a denúncia. I – reparar o dano ou restituir
a requerimento da autoridade a coisa à vítima, exceto na impos-
policial, ou do órgão do Ministério Art. 26. A ação penal, nas con- sibilidade de fazê-lo;
Público, respeitado, em qualquer travenções, será iniciada com o II – renunciar voluntariamente
hipótese, o disposto no artigo auto de prisão em flagrante ou por a bens e direitos indicados pelo
89, inciso III, do Estatuto da Or- meio de portaria expedida pela Ministério Público como instru-
dem dos Advogados do Brasil (Lei autoridade judiciária ou policial. mentos, produto ou proveito do
no 4.215, de 27 de abril de 1963). crime;
Art. 27. Qualquer pessoa do povo III – prestar serviço à comu-
Art. 22. No Distrito Federal e nas poderá provocar a iniciativa do nidade ou a entidades públicas
comarcas em que houver mais Ministério Público, nos casos em
de uma circunscrição policial, que caiba a ação pública, forne- 23
NE: ver ADIs nos 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305.
a autoridade com exercício em cendo-lhe, por escrito, informa- 24
NE: ver ADIs nos 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305.
467
Código de Processo Penal
por período correspondente à § 4o Para a homologação do te o acordo de não persecução
pena mínima cominada ao delito acordo de não persecução penal, penal, o juízo competente decre-
diminuída de um a dois terços, será realizada audiência na qual o tará a extinção de punibilidade.
em local a ser indicado pelo juízo juiz deverá verificar a sua volun- § 14. No caso de recusa, por
da execução, na forma do art. 46 tariedade, por meio da oitiva do parte do Ministério Público, em
do Decreto-lei no 2.848, de 7 de investigado na presença do seu propor o acordo de não persecu-
dezembro de 1940 (Código Penal); defensor, e sua legalidade. ção penal, o investigado poderá
IV – pagar prestação pecuni- § 5o Se o juiz considerar ina- requerer a remessa dos autos
ária, a ser estipulada nos termos dequadas, insuficientes ou abu- a órgão superior, na forma do
do art. 45 do Decreto-lei no 2.848, sivas as condições dispostas no art. 28 deste Código.
de 7 de dezembro de 1940 (Código acordo de não persecução penal,
Penal), a entidade pública ou de devolverá os autos ao Ministério Art. 29. Será admitida ação pri-
interesse social, a ser indicada Público para que seja reformu- vada nos crimes de ação pública,
pelo juízo da execução, que tenha, lada a proposta de acordo, com se esta não for intentada no prazo
preferencialmente, como função concordância do investigado e legal, cabendo ao Ministério Pú-
proteger bens jurídicos iguais ou seu defensor. blico aditar a queixa, repudiá-la
semelhantes aos aparentemente § 6o Homologado judicial- e oferecer denúncia substitutiva,
lesados pelo delito; ou mente o acordo de não perse- intervir em todos os termos do
V – cumprir, por prazo deter- cução penal, o juiz devolverá os processo, fornecer elementos de
minado, outra condição indicada autos ao Ministério Público para prova, interpor recurso e, a todo
pelo Ministério Público, desde que que inicie sua execução perante tempo, no caso de negligência do
proporcional e compatível com a o juízo de execução penal. querelante, retomar a ação como
infração penal imputada. § 7o O juiz poderá recusar parte principal.
§ 1o Para aferição da pena homologação à proposta que não
mínima cominada ao delito a que atender aos requisitos legais ou Art. 30. Ao ofendido ou a quem
se refere o caput deste artigo, quando não for realizada a ade- tenha qualidade para representá-
serão consideradas as causas de quação a que se refere o § 5o -lo caberá intentar a ação privada.
aumento e diminuição aplicáveis deste artigo.
ao caso concreto. § 8o Recusada a homologa- Art. 31. No caso de morte do
§ 2o O disposto no caput des- ção, o juiz devolverá os autos ao ofendido ou quando declarado
te artigo não se aplica nas seguin- Ministério Público para a análise ausente por decisão judicial, o
tes hipóteses: da necessidade de complemen- direito de oferecer queixa ou
I – se for cabível transação tação das investigações ou o ofe- prosseguir na ação passará ao
penal de competência dos Jui- recimento da denúncia. cônjuge, ascendente, descen-
zados Especiais Criminais, nos § 9o A vítima será intimada dente ou irmão.
termos da lei; da homologação do acordo de
II – se o investigado for rein- não persecução penal e de seu Art. 32. Nos crimes de ação pri-
cidente ou se houver elementos descumprimento. vada, o juiz, a requerimento da
probatórios que indiquem con- § 10. Descumpridas quais- parte que comprovar a sua po-
duta criminal habitual, reiterada quer das condições estipuladas breza, nomeará advogado para
ou profissional, exceto se insig- no acordo de não persecução promover a ação penal.
nificantes as infrações penais penal, o Ministério Público deverá § 1o Considerar-se-á pobre
pretéritas; comunicar ao juízo, para fins de a pessoa que não puder prover
III – ter sido o agente benefi- sua rescisão e posterior ofereci- às despesas do processo, sem
ciado nos 5 (cinco) anos anterio- mento de denúncia. privar-se dos recursos indispen-
res ao cometimento da infração, § 11. O descumprimento do sáveis ao próprio sustento ou da
em acordo de não persecução acordo de não persecução penal família.
penal, transação penal ou suspen- pelo investigado também pode- § 2o Será prova suficiente de
são condicional do processo; e rá ser utilizado pelo Ministério pobreza o atestado da autorida-
IV – nos crimes praticados no Público como justificativa para de policial em cuja circunscrição
âmbito de violência doméstica ou o eventual não oferecimento de residir o ofendido.
familiar, ou praticados contra a suspensão condicional do pro-
mulher por razões da condição cesso. Art. 33. Se o ofendido for me-
de sexo feminino, em favor do § 12. A celebração e o cum- nor de 18 anos, ou mentalmente
agressor. primento do acordo de não per- enfermo, ou retardado mental, e
§ 3o O acordo de não perse- secução penal não constarão de não tiver representante legal, ou
cução penal será formalizado por certidão de antecedentes crimi- colidirem os interesses deste com
escrito e será firmado pelo mem- nais, exceto para os fins previstos os daquele, o direito de queixa
bro do Ministério Público, pelo no inciso III do § 2o deste artigo. poderá ser exercido por curador
investigado e por seu defensor. § 13. Cumprido integralmen- especial, nomeado, de ofício ou
468
Código de Processo Penal
a requerimento do Ministério Pú- cada do ofendido, de seu repre- ser previamente requeridas no
blico, pelo juiz competente para sentante legal ou procurador, será juízo criminal.
o processo penal. reduzida a termo, perante o juiz
ou autoridade policial, presente o Art. 45. A queixa, ainda quan-
Art. 34. Se o ofendido for menor órgão do Ministério Público, quan- do a ação penal for privativa do
de 21 e maior de 18 anos, o direito do a este houver sido dirigida. ofendido, poderá ser aditada pelo
de queixa poderá ser exercido § 2o A representação con- Ministério Público, a quem caberá
por ele ou por seu representan- terá todas as informações que intervir em todos os termos sub-
te legal. possam servir à apuração do fato sequentes do processo.
e da autoria.
Art. 35. (Revogado) § 3o Oferecida ou reduzida a Art. 46. O prazo para ofereci-
termo a representação, a autori- mento da denúncia, estando o réu
Art. 36. Se comparecer mais dade policial procederá a inquéri- preso, será de 5 dias, contado da
de uma pessoa com direito de to, ou, não sendo competente, re- data em que o órgão do Ministé-
queixa, terá preferência o côn- metê-lo-á à autoridade que o for. rio Público receber os autos do
juge, e, em seguida, o parente § 4o A representação, quan- inquérito policial, e de 15 dias, se
mais próximo na ordem de enu- do feita ao juiz ou perante este o réu estiver solto ou afiançado.
meração constante do art. 31, reduzida a termo, será remetida à No último caso, se houver devo-
podendo, entretanto, qualquer autoridade policial para que esta lução do inquérito à autoridade
delas prosseguir na ação, caso proceda a inquérito. policial (art. 16), contar-se-á o
o querelante desista da instância § 5o O órgão do Ministério prazo da data em que o órgão do
ou a abandone. Público dispensará o inquérito, Ministério Público receber nova-
se com a representação forem mente os autos.
Art. 37. As fundações, associa- oferecidos elementos que o habi- § 1o Quando o Ministério Pú-
ções ou sociedades legalmente litem a promover a ação penal, e, blico dispensar o inquérito poli-
constituídas poderão exercer a neste caso, oferecerá a denúncia cial, o prazo para o oferecimento
ação penal, devendo ser repre- no prazo de quinze dias. da denúncia contar-se-á da data
sentadas por quem os respec- em que tiver recebido as peças de
tivos contratos ou estatutos de- Art. 40. Quando, em autos ou informações ou a representação.
signarem ou, no silêncio destes, papéis de que conhecerem, os § 2o O prazo para o adita-
pelos seus diretores ou sócios- juízes ou tribunais verificarem mento da queixa será de 3 dias,
-gerentes. a existência de crime de ação contado da data em que o órgão
pública, remeterão ao Ministério do Ministério Público receber os
Art. 38. Salvo disposição em Público as cópias e os documen- autos, e, se este não se pronun-
contrário, o ofendido, ou seu re- tos necessários ao oferecimento ciar dentro do tríduo, entender-
presentante legal, decairá no di- da denúncia. -se-á que não tem o que aditar,
reito de queixa ou de representa- prosseguindo-se nos demais ter-
ção, se não o exercer dentro do Art. 41. A denúncia ou quei- mos do processo.
prazo de seis meses, contado do xa conterá a exposição do fato
dia em que vier a saber quem é criminoso, com todas as suas Art. 47. Se o Ministério Público
o autor do crime, ou, no caso do circunstâncias, a qualificação julgar necessários maiores escla-
art. 29, do dia em que se esgotar do acusado ou esclarecimen- recimentos e documentos com-
o prazo para o oferecimento da tos pelos quais se possa identi- plementares ou novos elementos
denúncia. ficá-lo, a classificação do crime de convicção, deverá requisitá-
Parágrafo único. Verificar- e, quando necessário, o rol das -los, diretamente, de quaisquer
-se-á a decadência do direito de testemunhas. autoridades ou funcionários que
queixa ou representação, dentro devam ou possam fornecê-los.
do mesmo prazo, nos casos dos Art. 42. O Ministério Público não
arts. 24, parágrafo único, e 31. poderá desistir da ação penal. Art. 48. A queixa contra qual-
quer dos autores do crime obri-
Art. 39. O direito de representa- Art. 43. (Revogado) gará ao processo de todos, e o
ção poderá ser exercido, pesso- Ministério Público velará pela sua
almente ou por procurador com Art. 44. A queixa poderá ser indivisibilidade.
poderes especiais, mediante de- dada por procurador com pode-
claração, escrita ou oral, feita res especiais, devendo constar Art. 49. A renúncia ao exercício
ao juiz, ao órgão do Ministério do instrumento do mandato o do direito de queixa, em relação a
Público, ou à autoridade policial. nome do querelante e a menção um dos autores do crime, a todos
§ 1o A representação feita do fato criminoso, salvo quando se estenderá.
oralmente ou por escrito, sem tais esclarecimentos depende-
assinatura devidamente autenti- rem de diligências que devem Art. 50. A renúncia expressa
469
Código de Processo Penal
constará de declaração assinada Art. 59. A aceitação do perdão promover-lhe a execução, no juízo
pelo ofendido, por seu represen- fora do processo constará de cível, para o efeito da reparação
tante legal ou procurador com declaração assinada pelo que- do dano, o ofendido, seu repre-
poderes especiais. relado, por seu representante sentante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único. A renúncia legal ou procurador com poderes Parágrafo único. Transitada
do representante legal do menor especiais. em julgado a sentença conde-
que houver completado 18 anos natória, a execução poderá ser
não privará este do direito de Art. 60. Nos casos em que so- efetuada pelo valor fixado nos
queixa, nem a renúncia do últi- mente se procede mediante quei- termos do inciso IV do caput do
mo excluirá o direito do primeiro. xa, considerar-se-á perempta a art. 387 deste Código sem prejuízo
ação penal: da liquidação para a apuração do
Art. 51. O perdão concedido a I – quando, iniciada esta, o dano efetivamente sofrido.
um dos querelados aproveitará querelante deixar de promover o
a todos, sem que produza, to- andamento do processo durante Art. 64. Sem prejuízo do dis-
davia, efeito em relação ao que 30 dias seguidos; posto no artigo anterior, a ação
o recusar. II – quando, falecendo o que- para ressarcimento do dano po-
relante, ou sobrevindo sua inca- derá ser proposta no juízo cível,
Art. 52. Se o querelante for pacidade, não comparecer em contra o autor do crime e, se for
menor de 21 e maior de 18 anos, juízo, para prosseguir no proces- caso, contra o responsável civil.
o direito de perdão poderá ser so, dentro do prazo de 60 dias, Parágrafo único. Intentada a
exercido por ele ou por seu repre- qualquer das pessoas a quem ação penal, o juiz da ação civil po-
sentante legal, mas o perdão con- couber fazê-lo, ressalvado o dis- derá suspender o curso desta, até
cedido por um, havendo oposição posto no art. 36; o julgamento definitivo daquela.
do outro, não produzirá efeito. III – quando o querelante dei-
xar de comparecer, sem motivo Art. 65. Faz coisa julgada no
Art. 53. Se o querelado for men- justificado, a qualquer ato do pro- cível a sentença penal que re-
talmente enfermo ou retardado cesso a que deva estar presente, conhecer ter sido o ato pratica-
mental e não tiver representante ou deixar de formular o pedido de do em estado de necessidade,
legal, ou colidirem os interesses condenação nas alegações finais; em legítima defesa, em estrito
deste com os do querelado, a IV – quando, sendo o que- cumprimento de dever legal ou
aceitação do perdão caberá ao relante pessoa jurídica, esta se no exercício regular de direito.25
curador que o juiz lhe nomear. extinguir sem deixar sucessor.
Art. 66. Não obstante a senten-
Art. 54. Se o querelado for me- Art. 61. Em qualquer fase do ça absolutória no juízo criminal,
nor de 21 anos, observar-se-á, processo, o juiz, se reconhecer a ação civil poderá ser proposta
quanto à aceitação do perdão, o extinta a punibilidade, deverá de- quando não tiver sido, categorica-
disposto no art. 52. clará-lo de ofício. mente, reconhecida a inexistência
Parágrafo único. No caso de material do fato.
Art. 55. O perdão poderá ser requerimento do Ministério Públi-
aceito por procurador com po- co, do querelante ou do réu, o juiz Art. 67. Não impedirão igual-
deres especiais. mandará autuá-lo em apartado, mente a propositura da ação civil:
ouvirá a parte contrária e, se o I – o despacho de arquiva-
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão julgar conveniente, concederá o mento do inquérito ou das peças
extraprocessual expresso o dis- prazo de cinco dias para a pro- de informação;
posto no art. 50. va, proferindo a decisão dentro II – a decisão que julgar ex-
de cinco dias ou reservando-se tinta a punibilidade;
Art. 57. A renúncia tácita e o para apreciar a matéria na sen- III – a sentença absolutória
perdão tácito admitirão todos os tença final. que decidir que o fato imputado
meios de prova. não constitui crime.
Art. 62. No caso de morte do
Art. 58. Concedido o perdão, acusado, o juiz somente à vista Art. 68. Quando o titular do direi-
mediante declaração expressa da certidão de óbito, e depois to à reparação do dano for pobre
nos autos, o querelado será inti- de ouvido o Ministério Público, (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da
mado a dizer, dentro de três dias, declarará extinta a punibilidade. sentença condenatória (art. 63)
se o aceita, devendo, ao mesmo ou a ação civil (art. 64) será pro-
tempo, ser cientificado de que o movida, a seu requerimento, pelo
seu silêncio importará aceitação. TÍTULO IV – DA AÇÃO CIVIL Ministério Público.
Parágrafo único. Aceito o
perdão, o juiz julgará extinta a Art. 63. Transitada em julgado a
punibilidade. sentença condenatória, poderão 25
NE: ver ADPF no 779.
470
Código de Processo Penal
TÍTULO V – DA firmar-se-á pela prevenção. de juiz singular, observar-se-á
COMPETÊNCIA o disposto no art. 410; mas, se
Art. 71. Tratando-se de infração a desclassificação for feita pelo
Art. 69. Determinará a compe- continuada ou permanente, pra- próprio Tribunal do Júri, a seu
tência jurisdicional: ticada em território de duas ou presidente caberá proferir a sen-
I – o lugar da infração; mais jurisdições, a competência tença (art. 492, § 2o).
II – o domicílio ou residência firmar-se-á pela prevenção.
do réu;
III – a natureza da infração; CAPÍTULO IV – DA
IV – a distribuição; CAPÍTULO II – DA COMPETÊNCIA POR
V – a conexão ou continência; COMPETÊNCIA PELO DISTRIBUIÇÃO
VI – a prevenção; DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA
VII – a prerrogativa de função. DO RÉU Art. 75. A precedência da dis-
tribuição fixará a competência
Art. 72. Não sendo conhecido o quando, na mesma circunscrição
CAPÍTULO I – DA lugar da infração, a competência judiciária, houver mais de um juiz
COMPETÊNCIA PELO regular-se-á pelo domicílio ou igualmente competente.
LUGAR DA INFRAÇÃO residência do réu. Parágrafo único. A distribui-
§ 1o Se o réu tiver mais de ção realizada para o efeito da
Art. 70. A competência será, de uma residência, a competência concessão de fiança ou da de-
regra, determinada pelo lugar em firmar-se-á pela prevenção. cretação de prisão preventiva ou
que se consumar a infração, ou, § 2o Se o réu não tiver resi- de qualquer diligência anterior à
no caso de tentativa, pelo lugar dência certa ou for ignorado o denúncia ou queixa prevenirá a
em que for praticado o último ato seu paradeiro, será competente da ação penal.
de execução. o juiz que primeiro tomar conhe-
§ 1o Se, iniciada a execução cimento do fato.
no território nacional, a infração CAPÍTULO V – DA
se consumar fora dele, a com- Art. 73. Nos casos de exclusiva COMPETÊNCIA POR
petência será determinada pelo ação privada, o querelante poderá CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
lugar em que tiver sido prati- preferir o foro de domicílio ou da
cado, no Brasil, o último ato de residência do réu, ainda quando Art. 76. A competência será de-
execução. conhecido o lugar da infração. terminada pela conexão:
§ 2o Quando o último ato de I – se, ocorrendo duas ou mais
execução for praticado fora do infrações, houverem sido pratica-
território nacional, será compe- CAPÍTULO III – DA das, ao mesmo tempo, por várias
tente o juiz do lugar em que o cri- COMPETÊNCIA PELA pessoas reunidas, ou por várias
me, embora parcialmente, tenha NATUREZA DA INFRAÇÃO pessoas em concurso, embora
produzido ou devia produzir seu diverso o tempo e o lugar, ou
resultado. Art. 74. A competência pela na- por várias pessoas, umas contra
§ 3o Quando incerto o limi- tureza da infração será regulada as outras;
te territorial entre duas ou mais pelas leis de organização judiciá- II – se, no mesmo caso, hou-
jurisdições, ou quando incerta a ria, salvo a competência privativa verem sido umas praticadas para
jurisdição por ter sido a infração do Tribunal do Júri. facilitar ou ocultar as outras, ou
consumada ou tentada nas divi- § 1o Compete ao Tribunal do para conseguir impunidade ou
sas de duas ou mais jurisdições, Júri o julgamento dos crimes pre- vantagem em relação a qualquer
a competência firmar-se-á pela vistos nos arts. 121, §§ 1o e 2o, 122, delas;
prevenção. parágrafo único, 123, 124, 125, 126 III – quando a prova de uma
§ 4o Nos crimes previstos no e 127 do Código Penal, consuma- infração ou de qualquer de suas
art. 171 do Decreto-lei no 2.848, de dos ou tentados. circunstâncias elementares in-
7 de dezembro de 1940 (Código § 2o Se, iniciado o processo fluir na prova de outra infração.
Penal), quando praticados me- perante um juiz, houver desclas-
diante depósito, mediante emis- sificação para infração da com- Art. 77. A competência será
são de cheques sem suficiente petência de outro, a este será determinada pela continência
provisão de fundos em poder do remetido o processo, salvo se quando:
sacado ou com o pagamento frus- mais graduada for a jurisdição I – duas ou mais pessoas fo-
trado ou mediante transferência do primeiro, que, em tal caso, rem acusadas pela mesma in-
de valores, a competência será terá sua competência prorrogada. fração;
definida pelo local do domicílio § 3o Se o juiz da pronúncia II – no caso de infração come-
da vítima, e, em caso de plurali- desclassificar a infração para tida nas condições previstas nos
dade de vítimas, a competência outra atribuída à competência arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e
471
Código de Processo Penal
54 do Código Penal.26 Art. 81. Verificada a reunião dos bunais de Justiça dos Estados e
processos por conexão ou conti- do Distrito Federal, relativamente
Art. 78. Na determinação da nência, ainda que no processo da às pessoas que devam responder
competência por conexão ou sua competência própria venha o perante eles por crimes comuns
continência, serão observadas juiz ou tribunal a proferir sentença e de responsabilidade.27
as seguintes regras: absolutória ou que desclassifique § 1o A competência especial
I – no concurso entre a com- a infração para outra que não se por prerrogativa de função, re-
petência do Júri e a de outro inclua na sua competência, con- lativa a atos administrativos do
órgão da jurisdição comum, pre- tinuará competente em relação agente, prevalece ainda que o
valecerá a competência do Júri; aos demais processos. inquérito ou a ação judicial se-
II – no concurso de jurisdições Parágrafo único. Reconheci- jam iniciados após a cessação
da mesma categoria: da inicialmente ao júri a compe- do exercício da função pública.
a) preponderará a do lugar tência por conexão ou continên- § 2o A ação de improbidade,
da infração, à qual for cominada cia, o juiz, se vier a desclassificar de que trata a Lei no 8.429, de 2
a pena mais grave; a infração ou impronunciar ou de junho de 1992, será proposta
b) prevalecerá a do lugar absolver o acusado, de manei- perante o tribunal competente
em que houver ocorrido o maior ra que exclua a competência do para processar e julgar criminal-
número de infrações, se as res- júri, remeterá o processo ao juízo mente o funcionário ou autorida-
pectivas penas forem de igual competente. de na hipótese de prerrogativa
gravidade; de foro em razão do exercício
c) firmar-se-á a competência Art. 82. Se, não obstante a co- de função pública, observado o
pela prevenção, nos outros casos; nexão ou continência, forem ins- disposto no § 1o.
III – no concurso de jurisdi- taurados processos diferentes, a
ções de diversas categorias, pre- autoridade de jurisdição preva- Art. 85. Nos processos por cri-
dominará a de maior graduação; lente deverá avocar os processos me contra a honra, em que forem
IV – no concurso entre a ju- que corram perante os outros querelantes as pessoas que a
risdição comum e a especial, pre- juízes, salvo se já estiverem com Constituição sujeita à jurisdição
valecerá esta. sentença definitiva. Neste caso, a do Supremo Tribunal Federal e
unidade dos processos só se dará, dos Tribunais de Apelação, àquele
Art. 79. A conexão e a conti- ulteriormente, para o efeito de ou a estes caberá o julgamento,
nência importarão unidade de soma ou de unificação das penas. quando oposta e admitida a ex-
processo e julgamento, salvo: ceção da verdade.
I – no concurso entre a juris-
dição comum e a militar; CAPÍTULO VI – DA Art. 86. Ao Supremo Tribunal Fe-
II – no concurso entre a ju- COMPETÊNCIA POR deral competirá, privativamente,
risdição comum e a do juízo de PREVENÇÃO processar e julgar:
menores. I – os seus ministros, nos cri-
§ 1o Cessará, em qualquer Art. 83. Verificar-se-á a com- mes comuns;
caso, a unidade do processo, se, petência por prevenção toda vez II – os ministros de Estado,
em relação a algum corréu, so- que, concorrendo dois ou mais salvo nos crimes conexos com
brevier o caso previsto no art. 152. juízes igualmente competentes os do Presidente da República;
§ 2o A unidade do processo ou com jurisdição cumulativa, III – o procurador-geral da
não importará a do julgamento, um deles tiver antecedido aos República, os desembargadores
se houver corréu foragido que outros na prática de algum ato dos Tribunais de Apelação, os
não possa ser julgado à revelia, do processo ou de medida a este ministros do Tribunal de Contas
ou ocorrer a hipótese do art. 461. relativa, ainda que anterior ao e os embaixadores e ministros
oferecimento da denúncia ou da diplomáticos, nos crimes comuns
Art. 80. Será facultativa a sepa- queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e de responsabilidade.
ração dos processos quando as e 78, II, “c”).
infrações tiverem sido praticadas Art. 87. Competirá, originaria-
em circunstâncias de tempo ou mente, aos Tribunais de Apelação
de lugar diferentes, ou, quando CAPÍTULO VII – DA o julgamento dos governadores
pelo excessivo número de acu- COMPETÊNCIA PELA ou interventores nos Estados ou
sados e para não lhes prolongar PRERROGATIVA DE FUNÇÃO Territórios e prefeito do Distrito
a prisão provisória, ou por outro Federal, seus respectivos secre-
motivo relevante, o juiz reputar Art. 84. A competência pela tários e chefes de Polícia, juízes
conveniente a separação. prerrogativa de função é do Su- de instância inferior e órgãos do
premo Tribunal Federal, do Supe- Ministério Público.
26
NE: os dispositivos mencionados são os rior Tribunal de Justiça, dos Tri-
do texto original do Código Penal. bunais Regionais Federais e Tri- 27
NE: ver ADIs nos 2.797 e 2.860.
472
Código de Processo Penal
CAPÍTULO VIII – passada em julgado, sem prejuí- III – litispendência;
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS zo, entretanto, da inquirição das IV – ilegitimidade de parte;
testemunhas e de outras provas V – coisa julgada.
Art. 88. No processo por crimes de natureza urgente.
praticados fora do território bra- Parágrafo único. Se for o cri- Art. 96. A arguição de suspei-
sileiro, será competente o juízo me de ação pública, o Ministério ção precederá a qualquer outra,
da Capital do Estado onde houver Público, quando necessário, pro- salvo quando fundada em motivo
por último residido o acusado. moverá a ação civil ou prosseguirá superveniente.
Se este nunca tiver residido no na que tiver sido iniciada, com a
Brasil, será competente o juízo citação dos interessados. Art. 97. O juiz que espontanea-
da Capital da República. mente afirmar suspeição deverá
Art. 93. Se o reconhecimento fazê-lo por escrito, declarando
Art. 89. Os crimes cometidos da existência da infração penal o motivo legal, e remeterá ime-
em qualquer embarcação nas depender de decisão sobre ques- diatamente o processo ao seu
águas territoriais da República, tão diversa da prevista no artigo substituto, intimadas as partes.
ou nos rios e lagos fronteiriços, anterior, da competência do juízo
bem como a bordo de embar- cível, e se neste houver sido pro- Art. 98. Quando qualquer das
cações nacionais, em alto-mar, posta ação para resolvê-la, o juiz partes pretender recusar o juiz,
serão processados e julgados criminal poderá, desde que essa deverá fazê-lo em petição assi-
pela justiça do primeiro porto questão seja de difícil solução e nada por ela própria ou por pro-
brasileiro em que tocar a embar- não verse sobre direito cuja prova curador com poderes especiais,
cação, após o crime, ou, quando a lei civil limite, suspender o curso aduzindo as suas razões acom-
se afastar do País, pela do último do processo, após a inquirição das panhadas de prova documental
em que houver tocado. testemunhas e realização das ou- ou do rol de testemunhas.
tras provas de natureza urgente.
Art. 90. Os crimes praticados § 1o O juiz marcará o prazo Art. 99. Se reconhecer a sus-
a bordo de aeronave nacional, da suspensão, que poderá ser peição, o juiz sustará a marcha
dentro do espaço aéreo corres- razoavelmente prorrogado, se a do processo, mandará juntar aos
pondente ao território brasileiro, demora não for imputável à par- autos a petição do recusante com
ou ao alto-mar, ou a bordo de te. Expirado o prazo, sem que o os documentos que a instruam, e
aeronave estrangeira, dentro do juiz cível tenha proferido decisão, por despacho se declarará sus-
espaço aéreo correspondente ao o juiz criminal fará prosseguir o peito, ordenando a remessa dos
território nacional, serão proces- processo, retomando sua com- autos ao substituto.
sados e julgados pela justiça da petência para resolver, de fato
comarca em cujo território se e de direito, toda a matéria da Art. 100. Não aceitando a sus-
verificar o pouso após o crime, ou acusação ou da defesa. peição, o juiz mandará autuar
pela da comarca de onde houver § 2o Do despacho que de- em apartado a petição, dará sua
partido a aeronave. negar a suspensão não caberá resposta dentro em três dias,
recurso. podendo instruí-la e oferecer tes-
Art. 91. Quando incerta e não § 3o Suspenso o processo, temunhas, e, em seguida, deter-
se determinar de acordo com as e tratando-se de crime de ação minará sejam os autos da exce-
normas estabelecidas nos arts. 89 pública, incumbirá ao Ministério ção remetidos, dentro em vinte
e 90, a competência se firmará Público intervir imediatamente e quatro horas, ao juiz ou tribunal
pela prevenção. na causa cível, para o fim de pro- a quem competir o julgamento.
mover-lhe o rápido andamento. § 1o Reconhecida, preliminar-
mente, a relevância da arguição,
TÍTULO VI – DAS QUESTÕES Art. 94. A suspensão do curso o juiz ou tribunal, com citação das
E PROCESSOS INCIDENTES da ação penal, nos casos dos ar- partes, marcará dia e hora para a
tigos anteriores, será decretada inquirição das testemunhas, se-
CAPÍTULO I – DAS pelo juiz, de ofício ou a requeri- guindo-se o julgamento, indepen-
QUESTÕES PREJUDICIAIS mento das partes. dentemente de mais alegações.
§ 2o Se a suspeição for de
Art. 92. Se a decisão sobre a manifesta improcedência, o juiz
existência da infração depender CAPÍTULO II – DAS ou relator a rejeitará liminar-
da solução de controvérsia, que o EXCEÇÕES mente.
juiz repute séria e fundada, sobre
o estado civil das pessoas, o cur- Art. 95. Poderão ser opostas as Art. 101. Julgada procedente a
so da ação penal ficará suspenso exceções de: suspeição, ficarão nulos os atos
até que no juízo cível seja a con- I – suspeição; do processo principal, pagando
trovérsia dirimida por sentença II – incompetência de juízo; o juiz as custas, no caso de erro
473
Código de Processo Penal
inescusável; rejeitada, eviden- Art. 106. A suspeição dos jura- CAPÍTULO III – DAS
ciando-se a malícia do excipiente, dos deverá ser arguida oralmente, INCOMPATIBILIDADES E
a este será imposta a multa de decidindo de plano o presidente
duzentos mil-réis a dois contos do Tribunal do Júri, que a rejeita-
IMPEDIMENTOS
de réis. rá se, negada pelo recusado, não
for imediatamente comprovada, o Art. 112. O juiz, o órgão do Mi-
Art. 102. Quando a parte con- que tudo constará da ata. nistério Público, os serventuá-
trária reconhecer a procedência rios ou funcionários de justiça
da arguição, poderá ser sustado, Art. 107. Não se poderá opor e os peritos ou intérpretes abs-
a seu requerimento, o processo suspeição às autoridades poli- ter-se-ão de servir no processo,
principal, até que se julgue o in- ciais nos atos do inquérito, mas quando houver incompatibilidade
cidente da suspeição. deverão elas declarar-se suspei- ou impedimento legal, que decla-
tas, quando ocorrer motivo legal. rarão nos autos. Se não se der a
Art. 103. No Supremo Tribunal abstenção, a incompatibilidade
Federal e nos Tribunais de Ape- Art. 108. A exceção de incompe- ou impedimento poderá ser ar-
lação, o juiz que se julgar suspei- tência do juízo poderá ser oposta, guido pelas partes, seguindo-se
to deverá declará-lo nos autos verbalmente ou por escrito, no o processo estabelecido para a
e, se for revisor, passar o feito prazo de defesa. exceção de suspeição.
ao seu substituto na ordem da § 1o Se, ouvido o Ministério
precedência, ou, se for relator, Público, for aceita a declinató-
apresentar os autos em mesa ria, o feito será remetido ao juízo CAPÍTULO IV – DO
para nova distribuição. competente, onde, ratificados CONFLITO DE JURISDIÇÃO
§ 1o Se não for relator nem os atos anteriores, o processo
revisor, o juiz que houver de dar- prosseguirá. Art. 113. As questões atinentes à
-se por suspeito, deverá fazê-lo § 2o Recusada a incompetên- competência resolver-se-ão não
verbalmente, na sessão de jul- cia, o juiz continuará no feito, fa- só pela exceção própria, como
gamento, registrando-se na ata zendo tomar por termo a declina- também pelo conflito positivo ou
a declaração. tória, se formulada verbalmente. negativo de jurisdição.
§ 2o Se o presidente do tribu-
nal se der por suspeito, competirá Art. 109. Se em qualquer fase Art. 114. Haverá conflito de ju-
ao seu substituto designar dia do processo o juiz reconhecer risdição:
para o julgamento e presidi-lo. motivo que o torne incompeten- I – quando duas ou mais au-
§ 3o Observar-se-á, quanto à te, declará-lo-á nos autos, haja toridades judiciárias se conside-
arguição de suspeição pela parte, ou não alegação da parte, pros- rarem competentes, ou incompe-
o disposto nos arts. 98 a 101, no seguindo-se na forma do artigo tentes, para conhecer do mesmo
que lhe for aplicável, atendido, se anterior. fato criminoso;
o juiz a reconhecer, o que esta- II – quando entre elas surgir
belece este artigo. Art. 110. Nas exceções de litis- controvérsia sobre unidade de
§ 4o A suspeição, não sendo pendência, ilegitimidade de parte juízo, junção ou separação de
reconhecida, será julgada pelo e coisa julgada, será observado, processos.
tribunal pleno, funcionando como no que lhes for aplicável, o dis-
relator o presidente. posto sobre a exceção de incom- Art. 115. O conflito poderá ser
§ 5o Se o recusado for o pre- petência do juízo. suscitado:
sidente do tribunal, o relator será § 1o Se a parte houver de opor I – pela parte interessada;
o vice-presidente. mais de uma dessas exceções, II – pelos órgãos do Ministé-
deverá fazê-lo numa só petição rio Público junto a qualquer dos
Art. 104. Se for arguida a sus- ou articulado. juízos em dissídio;
peição do órgão do Ministério § 2o A exceção de coisa jul- III – por qualquer dos juízes
Público, o juiz, depois de ouvi-lo, gada somente poderá ser oposta ou tribunais em causa.
decidirá, sem recurso, podendo em relação ao fato principal, que
antes admitir a produção de pro- tiver sido objeto da sentença. Art. 116. Os juízes e tribunais,
vas no prazo de três dias. sob a forma de representação, e
Art. 111. As exceções serão pro- a parte interessada, sob a de re-
Art. 105. As partes poderão cessadas em autos apartados e querimento, darão parte escrita
também arguir de suspeitos os não suspenderão, em regra, o e circunstanciada do conflito, pe-
peritos, os intérpretes e os ser- andamento da ação penal. rante o tribunal competente, ex-
ventuários ou funcionários de pondo os fundamentos e juntando
justiça, decidindo o juiz de plano os documentos comprobatórios.
e sem recurso, à vista da matéria § 1o Quando negativo o con-
alegada e prova imediata. flito, os juízes e tribunais poderão
474
Código de Processo Penal
suscitá-lo nos próprios autos do que não exista dúvida quanto ao Art. 124. Os instrumentos do
processo. direito do reclamante. crime, cuja perda em favor da
§ 2o Distribuído o feito, se o § 1o Se duvidoso esse direito, União for decretada, e as coisas
conflito for positivo, o relator po- o pedido de restituição autuar-se- confiscadas, de acordo com o
derá determinar imediatamente -á em apartado, assinando-se ao disposto no art. 100 do Código
que se suspenda o andamento requerente o prazo de 5 dias para Penal, serão inutilizados ou reco-
do processo. a prova. Em tal caso, só o juiz cri- lhidos a museu criminal, se houver
§ 3o Expedida ou não a ordem minal poderá decidir o incidente. interesse na sua conservação.29
de suspensão, o relator requisita- § 2o O incidente autuar-se-á
rá informações às autoridades em também em apartado e só a au- Art. 124-A. Na hipótese de de-
conflito, remetendo-lhes cópia do toridade judicial o resolverá, se cretação de perdimento de obras
requerimento ou representação. as coisas forem apreendidas em de arte ou de outros bens de re-
§ 4o As informações serão poder de terceiro de boa-fé, que levante valor cultural ou artístico,
prestadas no prazo marcado pelo será intimado para alegar e pro- se o crime não tiver vítima deter-
relator. var o seu direito, em prazo igual minada, poderá haver destinação
§ 5o Recebidas as informa- e sucessivo ao do reclamante, dos bens a museus públicos.
ções, e depois de ouvido o pro- tendo um e outro dois dias para
curador-geral, o conflito será de- arrazoar.
cidido na primeira sessão, salvo § 3o Sobre o pedido de res- CAPÍTULO VI – DAS
se a instrução do feito depender tituição será sempre ouvido o MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
de diligência. Ministério Público.
§ 6o Proferida a decisão, as § 4o Em caso de dúvida sobre Art. 125. Caberá o sequestro
cópias necessárias serão reme- quem seja o verdadeiro dono, o dos bens imóveis, adquiridos pelo
tidas, para a sua execução, às juiz remeterá as partes para o indiciado com os proventos da in-
autoridades contra as quais tiver juízo cível, ordenando o depósito fração, ainda que já tenham sido
sido levantado o conflito ou que das coisas em mãos de deposi- transferidos a terceiro.
o houverem suscitado. tário ou do próprio terceiro que
as detinha, se for pessoa idônea. Art. 126. Para a decretação do
Art. 117. O Supremo Tribunal § 5o Tratando-se de coisas sequestro, bastará a existência
Federal, mediante avocatória, facilmente deterioráveis, serão de indícios veementes da prove-
restabelecerá a sua jurisdição, avaliadas e levadas a leilão pú- niência ilícita dos bens.
sempre que exercida por qualquer blico, depositando-se o dinheiro
dos juízes ou tribunais inferiores. apurado, ou entregues ao terceiro Art. 127. O juiz, de ofício, a re-
que as detinha, se este for pes- querimento do Ministério Público
soa idônea e assinar termo de ou do ofendido, ou mediante re-
CAPÍTULO V – DA responsabilidade. presentação da autoridade poli-
RESTITUIÇÃO DAS COISAS cial, poderá ordenar o sequestro,
APREENDIDAS Art. 121. No caso de apreensão em qualquer fase do processo ou
de coisa adquirida com os proven- ainda antes de oferecida a denún-
Art. 118. Antes de transitar em tos da infração, aplica-se o dis- cia ou queixa.
julgado a sentença final, as coisas posto no art. 133 e seu parágrafo.
apreendidas não poderão ser res- Art. 128. Realizado o sequestro,
tituídas enquanto interessarem Art. 122. Sem prejuízo do dis- o juiz ordenará a sua inscrição no
ao processo. posto no art. 120, as coisas apre- Registro de Imóveis.
endidas serão alienadas nos ter-
Art. 119. As coisas a que se re- mos do disposto no art. 133 deste Art. 129. O sequestro autuar-
ferem os arts. 74 e 100 do Código Código. -se-á em apartado e admitirá
Penal não poderão ser restituídas, Parágrafo único. (Revogado) embargos de terceiro.
mesmo depois de transitar em
julgado a sentença final, salvo Art. 123. Fora dos casos pre- Art. 130. O sequestro poderá,
se pertencerem ao lesado ou a vistos nos artigos anteriores, se ainda, ser embargado:
terceiro de boa-fé.28 dentro no prazo de 90 dias, a I – pelo acusado, sob o fun-
contar da data em que transi- damento de não terem os bens
Art. 120. A restituição, quando tar em julgado a sentença final, sido adquiridos com os proventos
cabível, poderá ser ordenada pela condenatória ou absolutória, os da infração;
autoridade policial ou juiz, me- objetos apreendidos não forem II – pelo terceiro, a quem hou-
diante termo nos autos, desde reclamados ou não pertencerem verem os bens sido transferidos a
ao réu, serão vendidos em leilão,
28
NE: os dispositivos mencionados são os depositando-se o saldo à disposi- 29
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
do texto original do Código Penal. ção do juízo de ausentes. original do Código Penal.
475
Código de Processo Penal
título oneroso, sob o fundamento § 1o O órgão de segurança tos comprobatórios do domínio.
de tê-los adquirido de boa-fé. pública participante das ações de § 2o O arbitramento do valor
Parágrafo único. Não poderá investigação ou repressão da in- da responsabilidade e a avalia-
ser pronunciada decisão nesses fração penal que ensejou a cons- ção dos imóveis designados far-
embargos antes de passar em trição do bem terá prioridade na -se-ão por perito nomeado pelo
julgado a sentença condenatória. sua utilização. juiz, onde não houver avaliador
§ 2o Fora das hipóteses ante- judicial, sendo-lhe facultada a
Art. 131. O sequestro será le- riores, demonstrado o interesse consulta dos autos do processo
vantado: público, o juiz poderá autorizar o respectivo.
I – se a ação penal não for uso do bem pelos demais órgãos § 3o O juiz, ouvidas as partes
intentada no prazo de sessenta públicos. no prazo de dois dias, que correrá
dias, contado da data em que ficar § 3o Se o bem a que se re- em cartório, poderá corrigir o ar-
concluída a diligência; fere o caput deste artigo for ve- bitramento do valor da responsa-
II – se o terceiro, a quem ti- ículo, embarcação ou aeronave, bilidade, se lhe parecer excessivo
verem sido transferidos os bens, o juiz ordenará à autoridade de ou deficiente.
prestar caução que assegure a trânsito ou ao órgão de registro § 4o O juiz autorizará so-
aplicação do disposto no art. 74, e controle a expedição de certi- mente a inscrição da hipoteca
II, “b”, segunda parte, do Código ficado provisório de registro e do imóvel ou imóveis necessários
Penal; licenciamento em favor do órgão à garantia da responsabilidade.
III – se for julgada extinta a público beneficiário, o qual estará § 5o O valor da responsabi-
punibilidade ou absolvido o réu, isento do pagamento de multas, lidade será liquidado definitiva-
por sentença transitada em jul- encargos e tributos anteriores à mente após a condenação, po-
gado. disponibilização do bem para a dendo ser requerido novo arbitra-
sua utilização, que deverão ser mento se qualquer das partes não
Art. 132. Proceder-se-á ao se- cobrados de seu responsável. se conformar com o arbitramento
questro dos bens móveis se, veri- § 4o Transitada em julgado anterior à sentença condenatória.
ficadas as condições previstas no a sentença penal condenatória § 6o Se o réu oferecer caução
art. 126, não for cabível a medida com a decretação de perdimen- suficiente, em dinheiro ou em tí-
regulada no Capítulo XI do Título to dos bens, ressalvado o direito tulos de dívida pública, pelo valor
VII deste Livro. do lesado ou terceiro de boa-fé, de sua cotação em Bolsa, o juiz
o juiz poderá determinar a trans- poderá deixar de mandar proce-
Art. 133. Transitada em julgado a ferência definitiva da propriedade der à inscrição da hipoteca legal.
sentença condenatória, o juiz, de ao órgão público beneficiário ao
ofício ou a requerimento do inte- qual foi custodiado o bem. Art. 136. O arresto do imóvel
ressado ou do Ministério Público, poderá ser decretado de início,
determinará a avaliação e a venda Art. 134. A hipoteca legal sobre revogando-se, porém, se no prazo
dos bens em leilão público cujo os imóveis do indiciado poderá de 15 (quinze) dias não for promo-
perdimento tenha sido decretado. ser requerida pelo ofendido em vido o processo de inscrição da
§ 1o Do dinheiro apurado, qualquer fase do processo, des- hipoteca legal.
será recolhido aos cofres públi- de que haja certeza da infração
cos o que não couber ao lesado e indícios suficientes da autoria. Art. 137. Se o responsável não
ou a terceiro de boa-fé. possuir bens imóveis ou os pos-
§ 2o O valor apurado deverá Art. 135. Pedida a especializa- suir de valor insuficiente, poderão
ser recolhido ao Fundo Peniten- ção mediante requerimento, em ser arrestados bens móveis sus-
ciário Nacional, exceto se houver que a parte estimará o valor da cetíveis de penhora, nos termos
previsão diversa em lei especial. responsabilidade civil, e designa- em que é facultada a hipoteca
rá e estimará o imóvel ou imóveis legal dos imóveis.
Art. 133-A. O juiz poderá au- que terão de ficar especialmente § 1o Se esses bens forem coi-
torizar, constatado o interesse hipotecados, o juiz mandará logo sas fungíveis e facilmente dete-
público, a utilização de bem se- proceder ao arbitramento do valor rioráveis, proceder-se-á na forma
questrado, apreendido ou sujeito da responsabilidade e à avaliação do § 5o do art. 120.
a qualquer medida assecuratória do imóvel ou imóveis. § 2o Das rendas dos bens
pelos órgãos de segurança públi- § 1o A petição será instruí- móveis poderão ser fornecidos
ca previstos no art. 144 da Cons- da com as provas ou indicação recursos arbitrados pelo juiz, para
tituição Federal, do sistema pri- das provas em que se fundar a a manutenção do indiciado e de
sional, do sistema socioeducativo, estimação da responsabilidade, sua família.
da Força Nacional de Segurança com a relação dos imóveis que
Pública e do Instituto Geral de o responsável possuir, se outros Art. 138. O processo de especia-
Perícia, para o desempenho de tiver, além dos indicados no re- lização da hipoteca e do arresto
suas atividades. querimento, e com os documen- correrão em auto apartado.
476
Código de Processo Penal
Art. 139. O depósito e a admi- nal do processo, procedendo-se e remetê-lo, com os autos do
nistração dos bens arrestados à sua conversão em renda para processo incidente, ao Ministé-
ficarão sujeitos ao regime do pro- a União, Estado ou Distrito Fe- rio Público.
cesso civil. deral, no caso de condenação,
ou, no caso de absolvição, à sua Art. 146. A arguição de falsidade,
Art. 140. As garantias do res- devolução ao acusado. feita por procurador, exige pode-
sarcimento do dano alcançarão § 4o Quando a indisponibili- res especiais.
também as despesas processuais dade recair sobre dinheiro, inclu-
e as penas pecuniárias, tendo pre- sive moeda estrangeira, títulos, Art. 147. O juiz poderá, de ofí-
ferência sobre estas a reparação valores mobiliários ou cheques cio, proceder à verificação da
do dano ao ofendido. emitidos como ordem de paga- falsidade.
mento, o juízo determinará a con-
Art. 141. O arresto será levanta- versão do numerário apreendido Art. 148. Qualquer que seja a
do ou cancelada a hipoteca, se, em moeda nacional corrente e o decisão, não fará coisa julgada
por sentença irrecorrível, o réu depósito das correspondentes em prejuízo de ulterior processo
for absolvido ou julgada extinta quantias em conta judicial. penal ou civil.
a punibilidade. § 5o No caso da alienação de
veículos, embarcações ou aerona-
Art. 142. Caberá ao Ministério ves, o juiz ordenará à autoridade CAPÍTULO VIII – DA
Público promover as medidas de trânsito ou ao equivalente ór- INSANIDADE MENTAL DO
estabelecidas nos arts. 134, 136 gão de registro e controle a expe- ACUSADO
e 137, se houver interesse da Fa- dição de certificado de registro
zenda Pública, ou se o ofendido e licenciamento em favor do ar- Art. 149. Quando houver dúvida
for pobre e o requerer. rematante, ficando este livre do sobre a integridade mental do
pagamento de multas, encargos e acusado, o juiz ordenará, de ofício
Art. 143. Passando em julgado tributos anteriores, sem prejuízo ou a requerimento do Ministério
a sentença condenatória, serão de execução fiscal em relação ao Público, do defensor, do curador,
os autos de hipoteca ou arresto antigo proprietário. do ascendente, descendente, ir-
remetidos ao juiz do cível (art. 63). § 6o O valor dos títulos da mão ou cônjuge do acusado, seja
dívida pública, das ações das so- este submetido a exame médi-
Art. 144. Os interessados ou, ciedades e dos títulos de crédito co-legal.
nos casos do art. 142, o Ministé- negociáveis em bolsa será o da § 1o O exame poderá ser or-
rio Público poderão requerer no cotação oficial do dia, provada denado ainda na fase do inquérito,
juízo cível contra o responsável por certidão ou publicação no mediante representação da auto-
civil as medidas previstas nos órgão oficial. ridade policial ao juiz competente.
arts. 134, 136 e 137. § 7o (Vetado) § 2o O juiz nomeará curador
ao acusado, quando determinar
Art. 144-A. O juiz determina- o exame, ficando suspenso o pro-
rá a alienação antecipada para CAPÍTULO VII – DO cesso, se já iniciada a ação penal,
preservação do valor dos bens INCIDENTE DE FALSIDADE salvo quanto às diligências que
sempre que estiverem sujeitos a possam ser prejudicadas pelo
qualquer grau de deterioração ou Art. 145. Arguida, por escrito, adiamento.
depreciação, ou quando houver a falsidade de documento cons-
dificuldade para sua manutenção. tante dos autos, o juiz observará Art. 150. Para o efeito do exame,
§ 1o O leilão far-se-á prefe- o seguinte processo: o acusado, se estiver preso, será
rencialmente por meio eletrônico. I – mandará autuar em apar- internado em manicômio judici-
§ 2o Os bens deverão ser ven- tado a impugnação, e em segui- ário, onde houver, ou, se estiver
didos pelo valor fixado na avalia- da ouvirá a parte contrária, que, solto, e o requererem os peritos,
ção judicial ou por valor maior. no prazo de 48 horas, oferecerá em estabelecimento adequado
Não alcançado o valor estipulado resposta; que o juiz designar.
pela administração judicial, será II – assinará o prazo de três § 1o O exame não durará mais
realizado novo leilão, em até 10 dias, sucessivamente, a cada uma de quarenta e cinco dias, salvo se
(dez) dias contados da realização das partes, para prova de suas os peritos demonstrarem a ne-
do primeiro, podendo os bens ser alegações; cessidade de maior prazo.
alienados por valor não inferior a III – conclusos os autos, po- § 2o Se não houver prejuízo
80% (oitenta por cento) do estipu- derá ordenar as diligências que para a marcha do processo, o juiz
lado na avaliação judicial. entender necessárias; poderá autorizar sejam os autos
§ 3o O produto da alienação IV – se reconhecida a falsida- entregues aos peritos, para faci-
ficará depositado em conta vin- de por decisão irrecorrível, man- litar o exame.
culada ao juízo até a decisão fi- dará desentranhar o documento
477
Código de Processo Penal
Art. 151. Se os peritos concluí- I – ordenar, mesmo antes de tar de crime que envolva:
rem que o acusado era, ao tempo iniciada a ação penal, a produção I – violência doméstica e fa-
da infração, irresponsável nos antecipada de provas considera- miliar contra mulher;
termos do art. 22 do Código Pe- das urgentes e relevantes, obser- II – violência contra criança,
nal, o processo prosseguirá, com vando a necessidade, adequação adolescente, idoso ou pessoa com
a presença do curador. e proporcionalidade da medida; deficiência.
II – determinar, no curso da
Art. 152. Se se verificar que a instrução, ou antes de proferir Art. 158-A. Considera-se cadeia
doença mental sobreveio à in- sentença, a realização de dili- de custódia o conjunto de todos
fração o processo continuará gências para dirimir dúvida sobre os procedimentos utilizados para
suspenso até que o acusado se ponto relevante. manter e documentar a história
restabeleça, observado o § 2o do cronológica do vestígio coleta-
art. 149. Art. 157. São inadmissíveis, de- do em locais ou em vítimas de
§ 1o O juiz poderá, nesse vendo ser desentranhadas do crimes, para rastrear sua posse
caso, ordenar a internação do processo, as provas ilícitas, as- e manuseio a partir de seu reco-
acusado em manicômio judiciá- sim entendidas as obtidas em nhecimento até o descarte.
rio ou em outro estabelecimento violação a normas constitucio- § 1o O início da cadeia de cus-
adequado. nais ou legais. tódia dá-se com a preservação do
§ 2o O processo retomará o § 1o São também inadmis- local de crime ou com procedi-
seu curso, desde que se restabe- síveis as provas derivadas das mentos policiais ou periciais nos
leça o acusado, ficando-lhe asse- ilícitas, salvo quando não evi- quais seja detectada a existência
gurada a faculdade de reinquirir denciado o nexo de causalidade de vestígio.
as testemunhas que houverem entre umas e outras, ou quando § 2o O agente público que
prestado depoimento sem a sua as derivadas puderem ser obtidas reconhecer um elemento como
presença. por uma fonte independente das de potencial interesse para a
primeiras. produção da prova pericial fica
Art. 153. O incidente da insa- § 2o Considera-se fonte in- responsável por sua preservação.
nidade mental processar-se-á dependente aquela que por si só, § 3o Vestígio é todo objeto ou
em auto apartado, que só depois seguindo os trâmites típicos e de material bruto, visível ou latente,
da apresentação do laudo, será praxe, próprios da investigação ou constatado ou recolhido, que se
apenso ao processo principal. instrução criminal, seria capaz de relaciona à infração penal.
conduzir ao fato objeto da prova.
Art. 154. Se a insanidade mental § 3o Preclusa a decisão de Art. 158-B. A cadeia de custódia
sobrevier no curso da execução desentranhamento da prova de- compreende o rastreamento do
da pena, observar-se-á o disposto clarada inadmissível, esta será vestígio nas seguintes etapas:
no art. 682. inutilizada por decisão judicial, I – reconhecimento: ato de
facultado às partes acompanhar distinguir um elemento como de
o incidente. potencial interesse para a produ-
TÍTULO VII – DA PROVA § 4o (Vetado) ção da prova pericial;
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES § 5o O juiz que conhecer do II – isolamento: ato de evitar
conteúdo da prova declarada que se altere o estado das coi-
GERAIS inadmissível não poderá profe- sas, devendo isolar e preservar
rir a sentença ou acórdão.30 o ambiente imediato, mediato e
Art. 155. O juiz formará sua con- relacionado aos vestígios e local
vicção pela livre apreciação da de crime;
prova produzida em contraditório CAPÍTULO II – DO EXAME III – fixação: descrição de-
judicial, não podendo fundamen- DE CORPO DE DELITO, DA talhada do vestígio conforme se
tar sua decisão exclusivamente CADEIA DE CUSTÓDIA E encontra no local de crime ou no
nos elementos informativos co- DAS PERÍCIAS EM GERAL corpo de delito, e a sua posição na
lhidos na investigação, ressal- área de exames, podendo ser ilus-
vadas as provas cautelares, não Art. 158. Quando a infração dei- trada por fotografias, filmagens
repetíveis e antecipadas. xar vestígios, será indispensável ou croqui, sendo indispensável a
Parágrafo único. Somente o exame de corpo de delito, direto sua descrição no laudo pericial
quanto ao estado das pessoas ou indireto, não podendo supri-lo produzido pelo perito responsável
serão observadas as restrições a confissão do acusado. pelo atendimento;
estabelecidas na lei civil. Parágrafo único. Dar-se-á IV – coleta: ato de recolher
prioridade à realização do exame o vestígio que será submetido à
Art. 156. A prova da alegação de corpo de delito quando se tra- análise pericial, respeitando suas
incumbirá a quem a fizer, sendo, características e natureza;
porém, facultado ao juiz de ofício: 30
NE: ver ADIs nos 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305. V – acondicionamento: pro-
478
Código de Processo Penal
cedimento por meio do qual cada mentares. e documentos, possibilitando a
vestígio coletado é embalado de § 1o Todos vestígios cole- seleção, a classificação e a distri-
forma individualizada, de acordo tados no decurso do inquérito buição de materiais, devendo ser
com suas características físi- ou processo devem ser tratados um espaço seguro e apresentar
cas, químicas e biológicas, para como descrito nesta Lei, ficando condições ambientais que não
posterior análise, com anotação órgão central de perícia oficial interfiram nas características
da data, hora e nome de quem de natureza criminal responsá- do vestígio.
realizou a coleta e o acondicio- vel por detalhar a forma do seu § 2o Na central de custódia,
namento; cumprimento. a entrada e a saída de vestígio
VI – transporte: ato de trans- § 2o É proibida a entrada em deverão ser protocoladas, con-
ferir o vestígio de um local para locais isolados bem como a re- signando-se informações sobre
o outro, utilizando as condições moção de quaisquer vestígios de a ocorrência no inquérito que a
adequadas (embalagens, veícu- locais de crime antes da liberação eles se relacionam.
los, temperatura, entre outras), por parte do perito responsável, § 3o Todas as pessoas que
de modo a garantir a manuten- sendo tipificada como fraude pro- tiverem acesso ao vestígio arma-
ção de suas características ori- cessual a sua realização. zenado deverão ser identificadas
ginais, bem como o controle de e deverão ser registradas a data
sua posse; Art. 158-D. O recipiente para e a hora do acesso.
VII – recebimento: ato formal acondicionamento do vestígio § 4o Por ocasião da trami-
de transferência da posse do ves- será determinado pela natureza tação do vestígio armazenado,
tígio, que deve ser documentado do material. todas as ações deverão ser regis-
com, no mínimo, informações § 1o Todos os recipientes de- tradas, consignando-se a identi-
referentes ao número de pro- verão ser selados com lacres, ficação do responsável pela tra-
cedimento e unidade de polícia com numeração individualizada, mitação, a destinação, a data e
judiciária relacionada, local de ori- de forma a garantir a inviolabili- horário da ação.
gem, nome de quem transportou dade e a idoneidade do vestígio
o vestígio, código de rastreamen- durante o transporte. Art. 158-F. Após a realização
to, natureza do exame, tipo do § 2o O recipiente deverá in- da perícia, o material deverá ser
vestígio, protocolo, assinatura e dividualizar o vestígio, preservar devolvido à central de custódia,
identificação de quem o recebeu; suas características, impedir con- devendo nela permanecer.
VIII – processamento: exame taminação e vazamento, ter grau Parágrafo único. Caso a cen-
pericial em si, manipulação do de resistência adequado e espa- tral de custódia não possua es-
vestígio de acordo com a me- ço para registro de informações paço ou condições de armazenar
todologia adequada às suas ca- sobre seu conteúdo. determinado material, deverá a
racterísticas biológicas, físicas § 3o O recipiente só poderá autoridade policial ou judiciária
e químicas, a fim de se obter o ser aberto pelo perito que vai pro- determinar as condições de depó-
resultado desejado, que deverá ceder à análise e, motivadamente, sito do referido material em local
ser formalizado em laudo pro- por pessoa autorizada. diverso, mediante requerimento
duzido por perito; § 4o Após cada rompimento do diretor do órgão central de pe-
IX – armazenamento: proce- de lacre, deve se fazer constar na rícia oficial de natureza criminal.
dimento referente à guarda, em ficha de acompanhamento de
condições adequadas, do mate- vestígio o nome e a matrícula do Art. 159. O exame de corpo de
rial a ser processado, guardado responsável, a data, o local, a fina- delito e outras perícias serão rea-
para realização de contraperícia, lidade, bem como as informações lizados por perito oficial, portador
descartado ou transportado, com referentes ao novo lacre utilizado. de diploma de curso superior.
vinculação ao número do laudo § 5o O lacre rompido deverá § 1o Na falta de perito ofi-
correspondente; ser acondicionado no interior do cial, o exame será realizado por 2
X – descarte: procedimento novo recipiente. (duas) pessoas idôneas, portado-
referente à liberação do vestígio, ras de diploma de curso superior
respeitando a legislação vigente Art. 158-E. Todos os Institutos preferencialmente na área es-
e, quando pertinente, mediante de Criminalística deverão ter uma pecífica, dentre as que tiverem
autorização judicial. central de custódia destinada à habilitação técnica relacionada
guarda e controle dos vestígios, e com a natureza do exame.
Art. 158-C. A coleta dos vestí- sua gestão deve ser vinculada di- § 2o Os peritos não oficiais
gios deverá ser realizada prefe- retamente ao órgão central de pe- prestarão o compromisso de
rencialmente por perito oficial, rícia oficial de natureza criminal. bem e fielmente desempenhar
que dará o encaminhamento ne- § 1o Toda central de custódia o encargo.
cessário para a central de custó- deve possuir os serviços de proto- § 3o Serão facultadas ao Mi-
dia, mesmo quando for necessária colo, com local para conferência, nistério Público, ao assistente de
a realização de exames comple- recepção, devolução de materiais acusação, ao ofendido, ao quere-
479
Código de Processo Penal
lante e ao acusado a formulação Art. 162. A autópsia será feita Parágrafo único. Em qual-
de quesitos e indicação de assis- pelo menos seis horas depois quer caso, serão arrecadados e
tente técnico. do óbito, salvo se os peritos, pela autenticados todos os objetos en-
§ 4o O assistente técnico evidência dos sinais de morte, jul- contrados, que possam ser úteis
atuará a partir de sua admissão garem que possa ser feita antes para a identificação do cadáver.
pelo juiz e após a conclusão dos daquele prazo, o que declararão
exames e elaboração do laudo no auto. Art. 167. Não sendo possível o
pelos peritos oficiais, sendo as Parágrafo único. Nos casos exame de corpo de delito, por
partes intimadas desta decisão. de morte violenta, bastará o sim- haverem desaparecido os vestí-
§ 5o Durante o curso do pro- ples exame externo do cadáver, gios, a prova testemunhal poderá
cesso judicial, é permitido às par- quando não houver infração penal suprir-lhe a falta.
tes, quanto à perícia: que apurar, ou quando as lesões
I – requerer a oitiva dos pe- externas permitirem precisar a Art. 168. Em caso de lesões cor-
ritos para esclarecerem a prova causa da morte e não houver ne- porais, se o primeiro exame peri-
ou para responderem a quesitos, cessidade de exame interno para cial tiver sido incompleto, proce-
desde que o mandado de intima- a verificação de alguma circuns- der-se-á a exame complementar
ção e os quesitos ou questões a tância relevante. por determinação da autoridade
serem esclarecidas sejam en- policial ou judiciária, de ofício, ou
caminhados com antecedência Art. 163. Em caso de exumação a requerimento do Ministério Pú-
mínima de 10 (dez) dias, podendo para exame cadavérico, a autori- blico, do ofendido ou do acusado,
apresentar as respostas em laudo dade providenciará para que, em ou de seu defensor.
complementar; dia e hora previamente marcados, § 1o No exame complemen-
II – indicar assistentes téc- se realize a diligência, da qual tar, os peritos terão presente o
nicos que poderão apresentar se lavrará auto circunstanciado. auto de corpo de delito, a fim
pareceres em prazo a ser fixado Parágrafo único. O admi- de suprir-lhe a deficiência ou
pelo juiz ou ser inquiridos em nistrador de cemitério público retificá-lo.
audiência. ou particular indicará o lugar da § 2o Se o exame tiver por fim
§ 6o Havendo requerimento sepultura, sob pena de desobe- precisar a classificação do delito
das partes, o material probatório diência. No caso de recusa ou de no art. 129, § 1o, I, do Código Penal,
que serviu de base à perícia será falta de quem indique a sepultura, deverá ser feito logo que decorra
disponibilizado no ambiente do ou de encontrar-se o cadáver em o prazo de 30 dias, contado da
órgão oficial, que manterá sem- lugar não destinado a inumações, data do crime.
pre sua guarda, e na presença de a autoridade procederá às pes- § 3o A falta de exame com-
perito oficial, para exame pelos quisas necessárias, o que tudo plementar poderá ser suprida
assistentes, salvo se for impos- constará do auto. pela prova testemunhal.
sível a sua conservação.
§ 7o Tratando-se de perícia Art. 164. Os cadáveres serão Art. 169. Para o efeito de exame
complexa que abranja mais de sempre fotografados na posição do local onde houver sido pratica-
uma área de conhecimento es- em que forem encontrados, bem da a infração, a autoridade pro-
pecializado, poder-se-á designar como, na medida do possível, to- videnciará imediatamente para
a atuação de mais de um perito das as lesões externas e vestígios que não se altere o estado das
oficial, e a parte indicar mais de deixados no local do crime. coisas até a chegada dos peritos,
um assistente técnico. que poderão instruir seus laudos
Art. 165. Para representar as com fotografias, desenhos ou
Art. 160. Os peritos elaborarão o lesões encontradas no cadáver, esquemas elucidativos.
laudo pericial, onde descreverão os peritos, quando possível, jun- Parágrafo único. Os peritos
minuciosamente o que examina- tarão ao laudo do exame provas registrarão, no laudo, as alte-
rem, e responderão aos quesitos fotográficas, esquemas ou dese- rações do estado das coisas e
formulados. nhos, devidamente rubricados. discutirão, no relatório, as con-
Parágrafo único. O laudo pe- sequências dessas alterações
ricial será elaborado no prazo Art. 166. Havendo dúvida sobre na dinâmica dos fatos.
máximo de 10 dias, podendo este a identidade do cadáver exumado,
prazo ser prorrogado, em casos proceder-se-á ao reconhecimen- Art. 170. Nas perícias de labora-
excepcionais, a requerimento dos to pelo Instituto de Identifica- tório, os peritos guardarão mate-
peritos. ção e Estatística ou repartição rial suficiente para a eventualida-
congênere ou pela inquirição de de de nova perícia. Sempre que
Art. 161. O exame de corpo de testemunhas, lavrando-se auto de conveniente, os laudos serão ilus-
delito poderá ser feito em qual- reconhecimento e de identidade, trados com provas fotográficas,
quer dia e a qualquer hora. no qual se descreverá o cadáver, ou microfotográficas, desenhos
com todos os sinais e indicações. ou esquemas.
480
Código de Processo Penal
Art. 171. Nos crimes cometidos poderá ser feita por precatória, esclarecer o laudo.
com destruição ou rompimen- em que se consignarão as pala- Parágrafo único. A autorida-
to de obstáculo a subtração da vras que a pessoa será intimada de poderá também ordenar que se
coisa, ou por meio de escalada, a escrever. proceda a novo exame, por outros
os peritos, além de descrever os peritos, se julgar conveniente.
vestígios, indicarão com que ins- Art. 175. Serão sujeitos a exa-
trumentos, por que meios e em me os instrumentos empregados Art. 182. O juiz não ficará adstri-
que época presumem ter sido o para a prática da infração, a fim to ao laudo, podendo aceitá-lo ou
fato praticado. de se lhes verificar a natureza e rejeitá-lo, no todo ou em parte.
a eficiência.
Art. 172. Proceder-se-á, quando Art. 183. Nos crimes em que não
necessário, à avaliação de coisas Art. 176. A autoridade e as par- couber ação pública, observar-
destruídas, deterioradas ou que tes poderão formular quesitos até -se-á o disposto no art. 19.
constituam produto do crime. o ato da diligência.
Parágrafo único. Se impossí- Art. 184. Salvo o caso de exame
vel a avaliação direta, os peritos Art. 177. No exame por preca- de corpo de delito, o juiz ou a au-
procederão à avaliação por meio tória, a nomeação dos peritos toridade policial negará a perícia
dos elementos existentes nos far-se-á no juízo deprecado. Ha- requerida pelas partes, quando
autos e dos que resultarem de vendo, porém, no caso de ação não for necessária ao esclareci-
diligências. privada, acordo das partes, essa mento da verdade.
nomeação poderá ser feita pelo
Art. 173. No caso de incêndio, juiz deprecante.
os peritos verificarão a causa e Parágrafo único. Os quesitos CAPÍTULO III – DO
o lugar em que houver começado, do juiz e das partes serão trans- INTERROGATÓRIO DO
o perigo que dele tiver resultado critos na precatória. ACUSADO
para a vida ou para o patrimônio
alheio, a extensão do dano e o seu Art. 178. No caso do art. 159, o Art. 185. O acusado que compa-
valor e as demais circunstâncias exame será requisitado pela au- recer perante a autoridade judici-
que interessarem à elucidação toridade ao diretor da repartição, ária, no curso do processo penal,
do fato. juntando-se ao processo o laudo será qualificado e interrogado na
assinado pelos peritos. presença de seu defensor, cons-
Art. 174. No exame para o re- tituído ou nomeado.
conhecimento de escritos, por Art. 179. No caso do § 1o do § 1o O interrogatório do réu
comparação de letra, observar- art. 159, o escrivão lavrará o auto preso será realizado, em sala
-se-á o seguinte: respectivo, que será assinado própria, no estabelecimento em
I – a pessoa a quem se atri- pelos peritos e, se presente ao que estiver recolhido, desde que
bua ou se possa atribuir o escrito exame, também pela autoridade. estejam garantidas a segurança
será intimada para o ato, se for Parágrafo único. No caso do do juiz, do membro do Ministé-
encontrada; art. 160, parágrafo único, o laudo, rio Público e dos auxiliares bem
II – para a comparação, pode- que poderá ser datilografado, como a presença do defensor e
rão servir quaisquer documentos será subscrito e rubricado em a publicidade do ato.
que a dita pessoa reconhecer ou suas folhas por todos os peritos. § 2o Excepcionalmente, o
já tiverem sido judicialmente re- juiz, por decisão fundamentada,
conhecidos como de seu punho, Art. 180. Se houver divergên- de ofício ou a requerimento das
ou sobre cuja autenticidade não cia entre os peritos, serão con- partes, poderá realizar o interro-
houver dúvida; signadas no auto do exame as gatório do réu preso por sistema
III – a autoridade, quando ne- declarações e respostas de um de videoconferência ou outro re-
cessário, requisitará, para o exa- e de outro, ou cada um redigirá curso tecnológico de transmissão
me, os documentos que existirem separadamente o seu laudo, e a de sons e imagens em tempo
em arquivos ou estabelecimentos autoridade nomeará um terceiro; real, desde que a medida seja
públicos, ou nestes realizará a se este divergir de ambos, a auto- necessária para atender a uma
diligência, se daí não puderem ridade poderá mandar proceder das seguintes finalidades:
ser retirados; a novo exame por outros peritos. I – prevenir risco à segurança
IV – quando não houver es- pública, quando exista fundada
critos para a comparação ou fo- Art. 181. No caso de inobser- suspeita de que o preso integre
rem insuficientes os exibidos, a vância de formalidades, ou no organização criminosa ou de que,
autoridade mandará que a pessoa caso de omissões, obscurida- por outra razão, possa fugir du-
escreva o que lhe for ditado. Se des ou contradições, a autori- rante o deslocamento;
estiver ausente a pessoa, mas em dade judiciária mandará suprir a II – viabilizar a participação
lugar certo, esta última diligência formalidade, complementar ou do réu no referido ato processual,
481
Código de Processo Penal
quando haja relevante dificulda- do ofendido. V – se conhece as vítimas e
de para seu comparecimento em § 9o Na hipótese do § 8o deste testemunhas já inquiridas ou por
juízo, por enfermidade ou outra artigo, fica garantido o acompa- inquirir, e desde quando, e se tem
circunstância pessoal; nhamento do ato processual pelo o que alegar contra elas;
III – impedir a influência do acusado e seu defensor. VI – se conhece o instrumento
réu no ânimo de testemunha ou § 10. Do interrogatório deve- com que foi praticada a infração,
da vítima, desde que não seja pos- rá constar a informação sobre a ou qualquer objeto que com esta
sível colher o depoimento destas existência de filhos, respectivas se relacione e tenha sido apre-
por videoconferência, nos termos idades e se possuem alguma de- endido;
do art. 217 deste Código; ficiência e o nome e o contato de VII – todos os demais fatos
IV – responder à gravíssima eventual responsável pelos cui- e pormenores que conduzam à
questão de ordem pública. dados dos filhos, indicado pela elucidação dos antecedentes e
§ 3o Da decisão que determi- pessoa presa. circunstâncias da infração;
nar a realização de interrogatório VIII – se tem algo mais a ale-
por videoconferência, as partes Art. 186. Depois de devidamente gar em sua defesa.
serão intimadas com 10 (dez) dias qualificado e cientificado do in-
de antecedência. teiro teor da acusação, o acusado Art. 188. Após proceder ao in-
§ 4o Antes do interrogatório será informado pelo juiz, antes de terrogatório, o juiz indagará das
por videoconferência, o preso iniciar o interrogatório, do seu partes se restou algum fato para
poderá acompanhar, pelo mesmo direito de permanecer calado e ser esclarecido, formulando as
sistema tecnológico, a realização de não responder perguntas que perguntas correspondentes se o
de todos os atos da audiência lhe forem formuladas. entender pertinente e relevante.
única de instrução e julgamento Parágrafo único. O silêncio,
de que tratam os arts. 400, 411 e que não importará em confissão, Art. 189. Se o interrogando ne-
531 deste Código. não poderá ser interpretado em gar a acusação, no todo ou em
§ 5o Em qualquer modalidade prejuízo da defesa. parte, poderá prestar esclareci-
de interrogatório, o juiz garanti- mentos e indicar provas.
rá ao réu o direito de entrevista Art. 187. O interrogatório será
prévia e reservada com o seu constituído de duas partes: so- Art. 190. Se confessar a autoria,
defensor; se realizado por video- bre a pessoa do acusado e sobre será perguntado sobre os motivos
conferência, fica também garan- os fatos. e circunstâncias do fato e se ou-
tido o acesso a canais telefônicos § 1o Na primeira parte o inter- tras pessoas concorreram para a
reservados para comunicação rogando será perguntado sobre infração, e quais sejam.
entre o defensor que esteja no a residência, meios de vida ou
presídio e o advogado presente profissão, oportunidades sociais, Art. 191. Havendo mais de um
na sala de audiência do Fórum, e lugar onde exerce a sua atividade, acusado, serão interrogados se-
entre este e o preso. vida pregressa, notadamente se paradamente.
§ 6o A sala reservada no es- foi preso ou processado alguma
tabelecimento prisional para a vez e, em caso afirmativo, qual Art. 192. O interrogatório do
realização de atos processuais o juízo do processo, se houve mudo, do surdo ou do surdo-mudo
por sistema de videoconferência suspensão condicional ou con- será feito pela forma seguinte:
será fiscalizada pelos correge- denação, qual a pena imposta, I – ao surdo serão apresen-
dores e pelo juiz de cada causa, se a cumpriu e outros dados fa- tadas por escrito as perguntas,
como também pelo Ministério miliares e sociais. que ele responderá oralmente;
Público e pela Ordem dos Advo- § 2o Na segunda parte será II – ao mudo as perguntas
gados do Brasil. perguntado sobre: serão feitas oralmente, respon-
§ 7o Será requisitada a apre- I – ser verdadeira a acusação dendo-as por escrito;
sentação do réu preso em juízo que lhe é feita; III – ao surdo-mudo as per-
nas hipóteses em que o interro- II – não sendo verdadeira a guntas serão formuladas por es-
gatório não se realizar na forma acusação, se tem algum moti- crito e do mesmo modo dará as
prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. vo particular a que atribuí-la, se respostas.
§ 8o Aplica-se o disposto nos conhece a pessoa ou pessoas a Parágrafo único. Caso o in-
§§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no quem deva ser imputada a prática terrogando não saiba ler ou es-
que couber, à realização de outros do crime, e quais sejam, e se com crever, intervirá no ato, como
atos processuais que dependam elas esteve antes da prática da intérprete e sob compromisso,
da participação de pessoa que infração ou depois dela; pessoa habilitada a entendê-lo.
esteja presa, como acareação, III – onde estava ao tempo em
reconhecimento de pessoas e que foi cometida a infração e se Art. 193. Quando o interrogando
coisas, e inquirição de testemu- teve notícia desta; não falar a língua nacional, o in-
nha ou tomada de declarações IV – as provas já apuradas; terrogatório será feito por meio
482
Código de Processo Penal
de intérprete. autoridade. prestado oralmente, não sendo
§ 2o O ofendido será comu- permitido à testemunha trazê-lo
Art. 194. (Revogado) nicado dos atos processuais re- por escrito.
lativos ao ingresso e à saída do Parágrafo único. Não será
Art. 195. Se o interrogado não acusado da prisão, à designação vedada à testemunha, entretanto,
souber escrever, não puder ou de data para audiência e à sen- breve consulta a apontamentos.
não quiser assinar, tal fato será tença e respectivos acórdãos que
consignado no termo. a mantenham ou modifiquem. Art. 205. Se ocorrer dúvida so-
§ 3o As comunicações ao bre a identidade da testemunha, o
Art. 196. A todo tempo o juiz ofendido deverão ser feitas no juiz procederá à verificação pelos
poderá proceder a novo inter- endereço por ele indicado, admi- meios ao seu alcance, podendo,
rogatório de ofício ou a pedido tindo-se, por opção do ofendido, entretanto, tomar-lhe o depoi-
fundamentado de qualquer das o uso de meio eletrônico. mento desde logo.
partes. § 4o Antes do início da audi-
ência e durante a sua realização, Art. 206. A testemunha não po-
será reservado espaço separado derá eximir-se da obrigação de
CAPÍTULO IV – DA para o ofendido. depor. Poderão, entretanto, re-
CONFISSÃO § 5o Se o juiz entender ne- cusar-se a fazê-lo o ascendente
cessário, poderá encaminhar o ou descendente, o afim em linha
Art. 197. O valor da confissão ofendido para atendimento mul- reta, o cônjuge, ainda que desqui-
se aferirá pelos critérios adota- tidisciplinar, especialmente nas tado, o irmão e o pai, a mãe, ou
dos para os outros elementos de áreas psicossocial, de assistência o filho adotivo do acusado, salvo
prova, e para a sua apreciação o jurídica e de saúde, a expensas do quando não for possível, por outro
juiz deverá confrontá-la com as ofensor ou do Estado. modo, obter-se ou integrar-se a
demais provas do processo, veri- § 6o O juiz tomará as provi- prova do fato e de suas circuns-
ficando se entre ela e estas existe dências necessárias à preser- tâncias.
compatibilidade ou concordância. vação da intimidade, vida priva-
da, honra e imagem do ofendido, Art. 207. São proibidas de de-
Art. 198. O silêncio do acusado podendo, inclusive, determinar por as pessoas que, em razão
não importará confissão, mas o segredo de justiça em rela- de função, ministério, ofício ou
poderá constituir elemento para ção aos dados, depoimentos e profissão, devam guardar segre-
a formação do convencimento outras informações constantes do, salvo se, desobrigadas pela
do juiz. dos autos a seu respeito para parte interessada, quiserem dar
evitar sua exposição aos meios o seu testemunho.
Art. 199. A confissão, quando de comunicação.
feita fora do interrogatório, será Art. 208. Não se deferirá o com-
tomada por termo nos autos, ob- promisso a que alude o art. 203
servado o disposto no art. 195. CAPÍTULO VI – DAS aos doentes e deficientes mentais
TESTEMUNHAS e aos menores de 14 anos, nem às
Art. 200. A confissão será di- pessoas a que se refere o art. 206.
visível e retratável, sem prejuízo Art. 202. Toda pessoa poderá
do livre convencimento do juiz, ser testemunha. Art. 209. O juiz, quando julgar
fundado no exame das provas necessário, poderá ouvir outras
em conjunto. Art. 203. A testemunha fará, sob testemunhas, além das indicadas
palavra de honra, a promessa de pelas partes.
dizer a verdade do que souber § 1o Se ao juiz parecer con-
CAPÍTULO V – DO e lhe for perguntado, devendo veniente, serão ouvidas as pes-
OFENDIDO declarar seu nome, sua idade, soas a que as testemunhas se
seu estado e sua residência, sua referirem.
Art. 201. Sempre que possível, o profissão, lugar onde exerce sua § 2o Não será computada
ofendido será qualificado e per- atividade, se é parente, e em que como testemunha a pessoa que
guntado sobre as circunstâncias grau, de alguma das partes, ou nada souber que interesse à de-
da infração, quem seja ou pre- quais suas relações com qual- cisão da causa.
suma ser o seu autor, as provas quer delas, e relatar o que souber,
que possa indicar, tomando-se explicando sempre as razões de Art. 210. As testemunhas serão
por termo as suas declarações. sua ciência ou as circunstâncias inquiridas cada uma de per si, de
§ 1o Se, intimado para esse pelas quais possa avaliar-se de modo que umas não saibam nem
fim, deixar de comparecer sem sua credibilidade. ouçam os depoimentos das ou-
motivo justo, o ofendido pode- tras, devendo o juiz adverti-las
rá ser conduzido à presença da Art. 204. O depoimento será das penas cominadas ao falso
483
Código de Processo Penal
testemunho. frases. Judiciário, os Ministros e Juízes
Parágrafo único. Antes do dos Tribunais de Contas da União,
início da audiência e durante a Art. 216. O depoimento da tes- dos Estados, do Distrito Federal,
sua realização, serão reserva- temunha será reduzido a termo, bem como os do Tribunal Marítimo
dos espaços separados para a assinado por ela, pelo juiz e pelas serão inquiridos em local, dia e
garantia da incomunicabilidade partes. Se a testemunha não sou- hora previamente ajustados entre
das testemunhas. ber assinar, ou não puder fazê-lo, eles e o Juiz.
pedirá a alguém que o faça por § 1o O Presidente e o Vice-
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar ela, depois de lido na presença -Presidente da República, os Pre-
sentença final, reconhecer que al- de ambos. sidentes do Senado Federal, da
guma testemunha fez afirmação Câmara dos Deputados e do Su-
falsa, calou ou negou a verdade, Art. 217. Se o juiz verificar que premo Tribunal Federal poderão
remeterá cópia do depoimento à a presença do réu poderá causar optar pela prestação de depoi-
autoridade policial para a instau- humilhação, temor, ou sério cons- mento por escrito, caso em que
ração de inquérito. trangimento à testemunha ou ao as perguntas, formuladas pelas
Parágrafo único. Tendo o de- ofendido, de modo que prejudique partes e deferidas pelo juiz, lhes
poimento sido prestado em plená- a verdade do depoimento, fará a serão transmitidas por ofício.
rio de julgamento, o juiz, no caso inquirição por videoconferência e, § 2o Os militares deverão
de proferir decisão na audiência somente na impossibilidade dessa ser requisitados à autoridade
(art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), forma, determinará a retirada do superior.
ou o conselho de sentença, após réu, prosseguindo na inquirição, § 3o Aos funcionários públi-
a votação dos quesitos, poderão com a presença do seu defensor. cos aplicar-se-á o disposto no
fazer apresentar imediatamente a Parágrafo único. A adoção art. 218, devendo, porém, a ex-
testemunha à autoridade policial. de qualquer das medidas previs- pedição do mandado ser ime-
tas no caput deste artigo deverá diatamente comunicada ao chefe
Art. 212. As perguntas serão for- constar do termo, assim como da repartição em que servirem,
muladas pelas partes diretamente os motivos que a determinaram. com indicação do dia e da hora
à testemunha, não admitindo o marcados.
juiz aquelas que puderem induzir Art. 218. Se, regularmente in-
a resposta, não tiverem relação timada, a testemunha deixar de Art. 222. A testemunha que mo-
com a causa ou importarem na comparecer sem motivo justifica- rar fora da jurisdição do juiz, será
repetição de outra já respondida. do, o juiz poderá requisitar à auto- inquirida pelo juiz do lugar de
Parágrafo único. Sobre os ridade policial a sua apresentação sua residência, expedindo-se,
pontos não esclarecidos, o juiz ou determinar seja conduzida por para esse fim, carta precatória,
poderá complementar a inqui- oficial de justiça, que poderá so- com prazo razoável, intimadas
rição. licitar o auxílio da força pública. as partes.
§ 1o A expedição da precató-
Art. 213. O juiz não permitirá Art. 219. O juiz poderá aplicar à ria não suspenderá a instrução
que a testemunha manifeste suas testemunha faltosa a multa pre- criminal.
apreciações pessoais, salvo quan- vista no art. 453, sem prejuízo do § 2o Findo o prazo marcado,
do inseparáveis da narrativa do processo penal por crime de de- poderá realizar-se o julgamento,
fato. sobediência, e condená-la ao pa- mas, a todo tempo, a precatória,
gamento das custas da diligência. uma vez devolvida, será junta
Art. 214. Antes de iniciado o de- aos autos.
poimento, as partes poderão con- Art. 220. As pessoas impos- § 3o Na hipótese prevista no
traditar a testemunha ou arguir sibilitadas, por enfermidade ou caput deste artigo, a oitiva de
circunstâncias ou defeitos, que a por velhice, de comparecer para testemunha poderá ser realiza-
tornem suspeita de parcialidade, depor, serão inquiridas onde es- da por meio de videoconferência
ou indigna de fé. O juiz fará con- tiverem. ou outro recurso tecnológico de
signar a contradita ou arguição e transmissão de sons e imagens
a resposta da testemunha, mas só Art. 221. O Presidente e o Vi- em tempo real, permitida a pre-
excluirá a testemunha ou não lhe ce-Presidente da República, os sença do defensor e podendo
deferirá compromisso nos casos Senadores e Deputados Fede- ser realizada, inclusive, durante
previstos nos arts. 207 e 208. rais, os Ministros de Estado, os a realização da audiência de ins-
Governadores de Estado e Terri- trução e julgamento.
Art. 215. Na redação do depoi- tórios, os Secretários de Estado,
mento, o juiz deverá cingir-se, os Prefeitos do Distrito Federal Art. 222-A. As cartas rogató-
tanto quanto possível, às expres- e dos Municípios, os Deputados rias só serão expedidas se de-
sões usadas pelas testemunhas, às Assembleias Legislativas Es- monstrada previamente a sua
reproduzindo fielmente as suas taduais, os membros do Poder imprescindibilidade, arcando a
484
Código de Processo Penal
parte requerente com os custos IV – do ato de reconhecimento para a testemunha presente. Esta
de envio. lavrar-se-á auto pormenorizado, diligência só se realizará quando
Parágrafo único. Aplica-se às subscrito pela autoridade, pela não importe demora prejudicial
cartas rogatórias o disposto nos pessoa chamada para proceder ao processo e o juiz a entenda
§§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. ao reconhecimento e por duas conveniente.
testemunhas presenciais.
Art. 223. Quando a testemunha Parágrafo único. O disposto
não conhecer a língua nacional, no no III deste artigo não terá apli- CAPÍTULO IX – DOS
será nomeado intérprete para cação na fase da instrução crimi- DOCUMENTOS
traduzir as perguntas e respostas. nal ou em plenário de julgamento.
Parágrafo único. Tratando-se Art. 231. Salvo os casos expres-
de mudo, surdo ou surdo-mudo, Art. 227. No reconhecimento sos em lei, as partes poderão
proceder-se-á na conformidade de objeto, proceder-se-á com as apresentar documentos em qual-
do art. 192. cautelas estabelecidas no artigo quer fase do processo.
anterior, no que for aplicável.
Art. 224. As testemunhas co- Art. 232. Consideram-se do-
municarão ao juiz, dentro de um Art. 228. Se várias forem as cumentos quaisquer escritos,
ano, qualquer mudança de resi- pessoas chamadas a efetuar o instrumentos ou papéis, públicos
dência, sujeitando-se, pela sim- reconhecimento de pessoa ou de ou particulares.
ples omissão, às penas do não objeto, cada uma fará a prova em Parágrafo único. À fotografia
comparecimento. separado, evitando-se qualquer do documento, devidamente au-
comunicação entre elas. tenticada, se dará o mesmo valor
Art. 225. Se qualquer testemu- do original.
nha houver de ausentar-se, ou,
por enfermidade ou por velhice, CAPÍTULO VIII – DA Art. 233. As cartas particula-
inspirar receio de que ao tem- ACAREAÇÃO res, interceptadas ou obtidas por
po da instrução criminal já não meios criminosos, não serão ad-
exista, o juiz poderá, de ofício Art. 229. A acareação será ad- mitidas em juízo.
ou a requerimento de qualquer mitida entre acusados, entre Parágrafo único. As cartas
das partes, tomar-lhe antecipa- acusado e testemunha, entre poderão ser exibidas em juízo
damente o depoimento. testemunhas, entre acusado ou pelo respectivo destinatário, para
testemunha e a pessoa ofendida, a defesa de seu direito, ainda
e entre as pessoas ofendidas, que não haja consentimento do
CAPÍTULO VII – DO sempre que divergirem, em suas signatário.
RECONHECIMENTO DE declarações, sobre fatos ou cir-
PESSOAS E COISAS cunstâncias relevantes. Art. 234. Se o juiz tiver notícia
Parágrafo único. Os acare- da existência de documento re-
Art. 226. Quando houver neces- ados serão reperguntados, para lativo a ponto relevante da acusa-
sidade de fazer-se o reconheci- que expliquem os pontos de di- ção ou da defesa, providenciará,
mento de pessoa, proceder-se-á vergências, reduzindo-se a termo independentemente de requeri-
pela seguinte forma: o ato de acareação. mento de qualquer das partes,
I – a pessoa que tiver de fazer para sua juntada aos autos, se
o reconhecimento será convidada Art. 230. Se ausente alguma possível.
a descrever a pessoa que deva ser testemunha, cujas declarações
reconhecida; divirjam das de outra, que es- Art. 235. A letra e firma dos do-
II – a pessoa, cujo reconheci- teja presente, a esta se darão cumentos particulares serão sub-
mento se pretender, será coloca- a conhecer os pontos da diver- metidas a exame pericial, quando
da, se possível, ao lado de outras gência, consignando-se no auto contestada a sua autenticidade.
que com ela tiverem qualquer se- o que explicar ou observar. Se
melhança, convidando-se quem subsistir a discordância, expedir- Art. 236. Os documentos em
tiver de fazer o reconhecimento -se-á precatória à autoridade do língua estrangeira, sem prejuí-
a apontá-la; lugar onde resida a testemunha zo de sua juntada imediata, se-
III – se houver razão para re- ausente, transcrevendo-se as rão, se necessário, traduzidos
cear que a pessoa chamada para declarações desta e as da tes- por tradutor público, ou, na falta,
o reconhecimento, por efeito de temunha presente, nos pontos por pessoa idônea nomeada pela
intimidação ou outra influência, em que divergirem, bem como o autoridade.
não diga a verdade em face da texto do referido auto, a fim de
pessoa que deve ser reconhecida, que se complete a diligência, ou- Art. 237. As públicas-formas
a autoridade providenciará para vindo-se a testemunha ausente, só terão valor quando conferidas
que esta não veja aquela; pela mesma forma estabelecida com o original, em presença da
485
Código de Processo Penal
autoridade. mencionados nas letras “b” a “f” § 2o Em caso de desobedi-
e letra “h” do parágrafo anterior. ência, será arrombada a porta e
Art. 238. Os documentos ori- forçada a entrada.
ginais, juntos a processo findo, Art. 241. Quando a própria au- § 3o Recalcitrando o mora-
quando não exista motivo rele- toridade policial ou judiciária não dor, será permitido o emprego de
vante que justifique a sua con- a realizar pessoalmente, a busca força contra coisas existentes no
servação nos autos, poderão, me- domiciliar deverá ser precedida interior da casa, para o descobri-
diante requerimento, e ouvido o da expedição de mandado. mento do que se procura.
Ministério Público, ser entregues § 4o Observar-se-á o dispos-
à parte que os produziu, ficando Art. 242. A busca poderá ser to nos §§ 2o e 3o, quando ausentes
traslado nos autos. determinada de ofício ou a reque- os moradores, devendo, neste
rimento de qualquer das partes. caso, ser intimado a assistir à
diligência qualquer vizinho, se
CAPÍTULO X – DOS Art. 243. O mandado de busca houver e estiver presente.
INDÍCIOS deverá: § 5o Se é determinada a pes-
I – indicar, o mais precisa- soa ou coisa que se vai procu-
Art. 239. Considera-se indício a mente possível, a casa em que rar, o morador será intimado a
circunstância conhecida e prova- será realizada a diligência e o mostrá-la.
da, que, tendo relação com o fato, nome do respectivo proprietário § 6o Descoberta a pessoa ou
autorize, por indução, concluir-se ou morador; ou, no caso de busca coisa que se procura, será ime-
a existência de outra ou outras pessoal, o nome da pessoa que diatamente apreendida e posta
circunstâncias. terá de sofrê-la ou os sinais que sob custódia da autoridade ou
a identifiquem; de seus agentes.
II – mencionar o motivo e os § 7o Finda a diligência, os
CAPÍTULO XI – DA BUSCA E fins da diligência; executores lavrarão auto circuns-
DA APREENSÃO III – ser subscrito pelo escri- tanciado, assinando-o com duas
vão e assinado pela autoridade testemunhas presenciais, sem
Art. 240. A busca será domiciliar que o fizer expedir. prejuízo do disposto no § 4o.
ou pessoal. § 1o Se houver ordem de pri-
§ 1o Proceder-se-á à busca são, constará do próprio texto do Art. 246. Aplicar-se-á também o
domiciliar, quando fundadas ra- mandado de busca. disposto no artigo anterior, quan-
zões a autorizarem, para: § 2o Não será permitida a do se tiver de proceder a busca
a) prender criminosos; apreensão de documento em po- em compartimento habitado ou
b) apreender coisas achadas der do defensor do acusado, salvo em aposento ocupado de habi-
ou obtidas por meios criminosos; quando constituir elemento do tação coletiva ou em compar-
c) apreender instrumentos corpo de delito. timento não aberto ao público,
de falsificação ou de contrafação onde alguém exercer profissão
e objetos falsificados ou con- Art. 244. A busca pessoal inde- ou atividade.
trafeitos; penderá de mandado, no caso de
d) apreender armas e muni- prisão ou quando houver fundada Art. 247. Não sendo encontrada
ções, instrumentos utilizados na suspeita de que a pessoa esteja a pessoa ou coisa procurada, os
prática de crime ou destinados a na posse de arma proibida ou de motivos da diligência serão co-
fim delituoso; objetos ou papéis que constitu- municados a quem tiver sofrido
e) descobrir objetos neces- am corpo de delito, ou quando a a busca, se o requerer.
sários à prova de infração ou à medida for determinada no curso
defesa do réu; de busca domiciliar. Art. 248. Em casa habitada, a
f) apreender cartas, abertas busca será feita de modo que não
ou não, destinadas ao acusado Art. 245. As buscas domiciliares moleste os moradores mais do
ou em seu poder, quando haja serão executadas de dia, salvo que o indispensável para o êxito
suspeita de que o conhecimento se o morador consentir que se da diligência.
do seu conteúdo possa ser útil à realizem à noite, e, antes de pe-
elucidação do fato; netrarem na casa, os executores Art. 249. A busca em mulher
g) apreender pessoas vítimas mostrarão e lerão o mandado ao será feita por outra mulher, se
de crimes; morador, ou a quem o represen- não importar retardamento ou
h) colher qualquer elemento te, intimando-o, em seguida, a prejuízo da diligência.
de convicção. abrir a porta.
§ 2o Proceder-se-á à busca § 1o Se a própria autoridade Art. 250. A autoridade ou seus
pessoal quando houver fundada der a busca, declarará previa- agentes poderão penetrar no ter-
suspeita de que alguém oculte mente sua qualidade e o objeto ritório de jurisdição alheia, ainda
consigo arma proibida ou objetos da diligência. que de outro Estado, quando, para
486
Código de Processo Penal
o fim de apreensão, forem no III – tiver funcionado como CAPÍTULO II – DO
seguimento de pessoa ou coisa, juiz de outra instância, pronun- MINISTÉRIO PÚBLICO
devendo apresentar-se à com- ciando-se, de fato ou de direito,
petente autoridade local, antes sobre a questão; Art. 257. Ao Ministério Públi-
da diligência ou após, conforme IV – ele próprio ou seu cônju- co cabe:
a urgência desta. ge ou parente, consanguíneo ou I – promover, privativamente,
§ 1o Entender-se-á que a au- afim em linha reta ou colateral até a ação penal pública, na forma es-
toridade ou seus agentes vão em o 3o grau inclusive, for parte ou tabelecida neste Código; e
seguimento da pessoa ou coisa, diretamente interessado no feito. II – fiscalizar a execução da
quando: lei.
a) tendo conhecimento dire- Art. 253. Nos juízos coletivos,
to de sua remoção ou transporte, não poderão servir no mesmo Art. 258. Os órgãos do Ministério
a seguirem sem interrupção, em- processo os juízes que forem en- Público não funcionarão nos pro-
bora depois a percam de vista; tre si parentes, consanguíneos ou cessos em que o juiz ou qualquer
b) ainda que não a tenham afins, em linha reta ou colateral das partes for seu cônjuge, ou
avistado, mas sabendo, por infor- até o 3o grau, inclusive. parente, consanguíneo ou afim,
mações fidedignas ou circunstân- em linha reta ou colateral, até o
cias indiciárias, que está sendo Art. 254. O juiz dar-se-á por terceiro grau, inclusive, e a eles
removida ou transportada em suspeito, e, se não o fizer, po- se estendem, no que lhes for apli-
determinada direção, forem ao derá ser recusado por qualquer cável, as prescrições relativas à
seu encalço. das partes: suspeição e aos impedimentos
§ 2o Se as autoridades locais I – se for amigo íntimo ou ini- dos juízes.
tiverem fundadas razões para du- migo capital de qualquer deles;
vidar da legitimidade das pesso- II – se ele, seu cônjuge, as-
as que, nas referidas diligências, cendente ou descendente, estiver CAPÍTULO III – DO
entrarem pelos seus distritos, ou respondendo a processo por fato ACUSADO E SEU
da legalidade dos mandados que análogo, sobre cujo caráter cri- DEFENSOR
apresentarem, poderão exigir as minoso haja controvérsia;
provas dessa legitimidade, mas III – se ele, seu cônjuge, ou Art. 259. A impossibilidade de
de modo que não se frustre a parente, consanguíneo, ou afim, identificação do acusado com
diligência. até o terceiro grau, inclusive, sus- o seu verdadeiro nome ou ou-
tentar demanda ou responder a tros qualificativos não retarda-
processo que tenha de ser julgado rá a ação penal, quando certa
TÍTULO VIII – DO JUIZ, DO por qualquer das partes; a identidade física. A qualquer
MINISTÉRIO PÚBLICO, DO IV – se tiver aconselhado tempo, no curso do processo,
ACUSADO E DEFENSOR, qualquer das partes; do julgamento ou da execução
DOS ASSISTENTES E V – se for credor ou devedor, da sentença, se for descober-
AUXILIARES DA JUSTIÇA tutor ou curador, de qualquer ta a sua qualificação, far-se-á a
das partes; retificação, por termo, nos autos,
CAPÍTULO I – DO JUIZ VI – se for sócio, acionista sem prejuízo da validade dos atos
ou administrador de sociedade precedentes.
Art. 251. Ao juiz incumbirá pro- interessada no processo.
ver à regularidade do processo Art. 260. Se o acusado não aten-
e manter a ordem no curso dos Art. 255. O impedimento ou sus- der à intimação para o interroga-
respectivos atos, podendo, para peição decorrente de parentesco tório, reconhecimento ou qual-
tal fim, requisitar a força pública. por afinidade cessará pela dis- quer outro ato que, sem ele, não
solução do casamento que lhe possa ser realizado, a autoridade
Art. 252. O juiz não poderá exer- tiver dado causa, salvo sobre- poderá mandar conduzi-lo à sua
cer jurisdição no processo em vindo descendentes; mas, ainda presença.31
que: que dissolvido o casamento sem Parágrafo único. O manda-
I – tiver funcionado seu côn- descendentes, não funcionará do conterá, além da ordem de
juge ou parente, consanguíneo como juiz o sogro, o padrasto, condução, os requisitos men-
ou afim, em linha reta ou colate- o cunhado, o genro ou enteado cionados no art. 352, no que lhe
ral até o 3o grau, inclusive, como de quem for parte no processo. for aplicável.
defensor ou advogado, órgão do
Ministério Público, autoridade po- Art. 256. A suspeição não po- Art. 261. Nenhum acusado, ain-
licial, auxiliar da justiça ou perito; derá ser declarada nem reco- da que ausente ou foragido, será
II – ele próprio houver desem- nhecida, quando a parte injuriar processado ou julgado sem de-
penhado qualquer dessas funções o juiz ou de propósito der motivo
ou servido como testemunha; para criá-la. 31
NE: ver ADPFs nos 395 e 444.
487
Código de Processo Penal
fensor. CAPÍTULO IV – DOS -se aos serventuários e funcio-
Parágrafo único. A defesa ASSISTENTES nários da justiça, no que lhes for
técnica, quando realizada por aplicável.
defensor público ou dativo, será Art. 268. Em todos os termos
sempre exercida através de ma- da ação pública, poderá intervir,
nifestação fundamentada. como assistente do Ministério CAPÍTULO VI – DOS
Público, o ofendido ou seu re- PERITOS E INTÉRPRETES
Art. 262. Ao acusado menor dar- presentante legal, ou, na falta,
-se-á curador. qualquer das pessoas mencio- Art. 275. O perito, ainda quando
nadas no art. 31. não oficial, estará sujeito à disci-
Art. 263. Se o acusado não o ti- plina judiciária.
ver, ser-lhe-á nomeado defensor Art. 269. O assistente será ad-
pelo juiz, ressalvado o seu direito mitido enquanto não passar em Art. 276. As partes não intervi-
de, a todo tempo, nomear outro de julgado a sentença e receberá a rão na nomeação do perito.
sua confiança, ou a si mesmo de- causa no estado em que se achar.
fender-se, caso tenha habilitação. Art. 277. O perito nomeado pela
Parágrafo único. O acusado, Art. 270. O corréu no mesmo autoridade será obrigado a acei-
que não for pobre, será obrigado processo não poderá intervir tar o encargo, sob pena de multa
a pagar os honorários do defensor como assistente do Ministério de cem a quinhentos mil-réis,
dativo, arbitrados pelo juiz. Público. salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá
Art. 264. Salvo motivo relevante, Art. 271. Ao assistente será per- na mesma multa o perito que,
os advogados e solicitadores se- mitido propor meios de prova, sem justa causa, provada ime-
rão obrigados, sob pena de multa requerer perguntas às testemu- diatamente:
de cem a quinhentos mil-réis, a nhas, aditar o libelo e os articu- a) deixar de acudir à intima-
prestar seu patrocínio aos acusa- lados, participar do debate oral e ção ou ao chamado da autoridade;
dos, quando nomeados pelo Juiz. arrazoar os recursos interpostos b) não comparecer no dia e
pelo Ministério Público, ou por ele local designados para o exame;
Art. 265. O defensor não poderá próprio, nos casos dos arts. 584, c) não der o laudo, ou con-
abandonar o processo senão por § 1o, e 598. correr para que a perícia não seja
motivo imperioso, comunicado § 1o O juiz, ouvido o Ministério feita, nos prazos estabelecidos.
previamente o juiz, sob pena de Público, decidirá acerca da reali-
multa de 10 (dez) a 100 (cem) sa- zação das provas propostas pelo Art. 278. No caso de não com-
lários mínimos, sem prejuízo das assistente. parecimento do perito, sem justa
demais sanções cabíveis. § 2o O processo prosseguirá causa, a autoridade poderá deter-
§ 1o A audiência poderá ser independentemente de nova in- minar a sua condução.
adiada se, por motivo justifica- timação do assistente, quando
do, o defensor não puder com- este, intimado, deixar de com- Art. 279. Não poderão ser pe-
parecer. parecer a qualquer dos atos da ritos:32
§ 2o Incumbe ao defensor instrução ou do julgamento, sem I – os que estiverem sujeitos
provar o impedimento até a aber- motivo de força maior devidamen- à interdição de direito mencio-
tura da audiência. Não o fazendo, te comprovado. nada nos nos I e IV do art. 69 do
o juiz não determinará o adia- Código Penal;
mento de ato algum do processo, Art. 272. O Ministério Público II – os que tiverem presta-
devendo nomear defensor subs- será ouvido previamente sobre do depoimento no processo ou
tituto, ainda que provisoriamente a admissão do assistente. opinado anteriormente sobre o
ou só para o efeito do ato. objeto da perícia;
Art. 273. Do despacho que ad- III – os analfabetos e os me-
Art. 266. A constituição de de- mitir, ou não, o assistente, não nores de 21 anos.
fensor independerá de instru- caberá recurso, devendo, entre-
mento de mandato, se o acusado tanto, constar dos autos o pedido Art. 280. É extensivo aos pe-
o indicar por ocasião do interro- e a decisão. ritos, no que lhes for aplicável,
gatório. o disposto sobre suspeição dos
juízes.
Art. 267. Nos termos do art. 252, CAPÍTULO V – DOS
não funcionarão como defensores FUNCIONÁRIOS DA Art. 281. Os intérpretes são, para
os parentes do juiz. JUSTIÇA todos os efeitos, equiparados
488
Código de Processo Penal
aos peritos. § 5o O juiz poderá, de ofício qualidade para dar-lhe execução.
ou a pedido das partes, revogar
a medida cautelar ou substituí-la Art. 286. O mandado será pas-
TÍTULO IX – DA PRISÃO, quando verificar a falta de motivo sado em duplicata, e o executor
DAS MEDIDAS CAUTELARES para que subsista, bem como vol- entregará ao preso, logo depois
E DA LIBERDADE tar a decretá-la, se sobrevierem da prisão, um dos exemplares
PROVISÓRIA razões que a justifiquem. com declaração do dia, hora e
§ 6o A prisão preventiva so- lugar da diligência. Da entrega
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES mente será determinada quando deverá o preso passar recibo no
GERAIS não for cabível a sua substituição outro exemplar; se recusar, não
por outra medida cautelar, ob- souber ou não puder escrever,
Art. 282. As medidas cautelares servado o art. 319 deste Código, o fato será mencionado em de-
previstas neste Título deverão ser e o não cabimento da substitui- claração, assinada por duas tes-
aplicadas observando-se a: ção por outra medida cautelar temunhas.
I – necessidade para aplica- deverá ser justificado de forma
ção da lei penal, para a investiga- fundamentada nos elementos Art. 287. Se a infração for ina-
ção ou a instrução criminal e, nos presentes do caso concreto, de fiançável, a falta de exibição do
casos expressamente previstos, forma individualizada. mandado não obstará a prisão,
para evitar a prática de infrações e o preso, em tal caso, será ime-
penais; Art. 283. Ninguém poderá ser diatamente apresentado ao juiz
II – adequação da medida à preso senão em flagrante delito que tiver expedido o mandado,
gravidade do crime, circunstân- ou por ordem escrita e funda- para a realização de audiência
cias do fato e condições pessoais mentada da autoridade judiciária de custódia.
do indiciado ou acusado. competente, em decorrência de
§ 1o As medidas cautelares prisão cautelar ou em virtude de Art. 288. Ninguém será recolhi-
poderão ser aplicadas isolada ou condenação criminal transitada do à prisão, sem que seja exibido
cumulativamente. em julgado. o mandado ao respectivo diretor
§ 2o As medidas cautelares § 1o As medidas cautelares ou carcereiro, a quem será entre-
serão decretadas pelo juiz a re- previstas neste Título não se apli- gue cópia assinada pelo executor
querimento das partes ou, quando cam à infração a que não for iso- ou apresentada a guia expedida
no curso da investigação criminal, lada, cumulativa ou alternativa- pela autoridade competente, de-
por representação da autoridade mente cominada pena privativa vendo ser passado recibo da en-
policial ou mediante requerimen- de liberdade. trega do preso, com declaração
to do Ministério Público. § 2o A prisão poderá ser efe- de dia e hora.
§ 3o Ressalvados os casos de tuada em qualquer dia e a qual- Parágrafo único. O recibo
urgência ou de perigo de ineficá- quer hora, respeitadas as restri- poderá ser passado no próprio
cia da medida, o juiz, ao receber o ções relativas à inviolabilidade exemplar do mandado, se este
pedido de medida cautelar, deter- do domicílio. for o documento exibido.
minará a intimação da parte con-
trária, para se manifestar no prazo Art. 284. Não será permitido o Art. 289. Quando o acusado es-
de 5 (cinco) dias, acompanhada de emprego de força, salvo a indis- tiver no território nacional, fora
cópia do requerimento e das pe- pensável no caso de resistência da jurisdição do juiz processan-
ças necessárias, permanecendo ou de tentativa de fuga do preso. te, será deprecada a sua prisão,
os autos em juízo, e os casos de devendo constar da precatória o
urgência ou de perigo deverão ser Art. 285. A autoridade que or- inteiro teor do mandado.
justificados e fundamentados em denar a prisão fará expedir o res- § 1o Havendo urgência, o juiz
decisão que contenha elementos pectivo mandado. poderá requisitar a prisão por
do caso concreto que justifiquem Parágrafo único. O mandado qualquer meio de comunicação,
essa medida excepcional. de prisão: do qual deverá constar o motivo
§ 4o No caso de descumpri- a) será lavrado pelo escrivão da prisão, bem como o valor da
mento de qualquer das obriga- e assinado pela autoridade; fiança se arbitrada.
ções impostas, o juiz, mediante b) designará a pessoa, que § 2o A autoridade a quem se
requerimento do Ministério Pú- tiver de ser presa, por seu nome, fizer a requisição tomará as pre-
blico, de seu assistente ou do alcunha ou sinais característicos; cauções necessárias para averi-
querelante, poderá substituir a c) mencionará a infração pe- guar a autenticidade da comu-
medida, impor outra em cumula- nal que motivar a prisão; nicação.
ção, ou, em último caso, decretar d) declarará o valor da fian- § 3o O juiz processante de-
a prisão preventiva, nos termos ça arbitrada, quando afiançável verá providenciar a remoção do
do parágrafo único do art. 312 a infração; preso no prazo máximo de 30
deste Código. e) será dirigido a quem tiver (trinta) dias, contados da efeti-
489
Código de Processo Penal
vação da medida. a remoção do preso. preciso; sendo noite, o executor,
§ 1o Entender-se-á que o depois da intimação ao morador,
Art. 289-A. O juiz competente executor vai em perseguição do se não for atendido, fará guar-
providenciará o imediato registro réu, quando: dar todas as saídas, tornando a
do mandado de prisão em banco a) tendo-o avistado, for per- casa incomunicável, e, logo que
de dados mantido pelo Conselho seguindo-o sem interrupção, em- amanheça, arrombará as portas
Nacional de Justiça para essa bora depois o tenha perdido de e efetuará a prisão.
finalidade. vista; Parágrafo único. O morador
§ 1o Qualquer agente policial b) sabendo, por indícios ou que se recusar a entregar o réu
poderá efetuar a prisão deter- informações fidedignas, que o oculto em sua casa será levado
minada no mandado de prisão réu tenha passado, há pouco tem- à presença da autoridade, para
registrado no Conselho Nacio- po, em tal ou qual direção, pelo que se proceda contra ele como
nal de Justiça, ainda que fora da lugar em que o procure, for no for de direito.
competência territorial do juiz seu encalço.
que o expediu. § 2o Quando as autoridades Art. 294. No caso de prisão em
§ 2o Qualquer agente policial locais tiverem fundadas razões flagrante, observar-se-á o dis-
poderá efetuar a prisão decre- para duvidar da legitimidade da posto no artigo anterior, no que
tada, ainda que sem registro no pessoa do executor ou da legali- for aplicável.
Conselho Nacional de Justiça, dade do mandado que apresen-
adotando as precauções neces- tar, poderão pôr em custódia o Art. 295. Serão recolhidos a
sárias para averiguar a autentici- réu, até que fique esclarecida quartéis ou a prisão especial, à
dade do mandado e comunicando a dúvida. disposição da autoridade com-
ao juiz que a decretou, devendo petente, quando sujeitos a prisão
este providenciar, em seguida, o Art. 291. A prisão em virtude antes de condenação definitiva:
registro do mandado na forma do de mandado entender-se-á feita I – os ministros de Estado;
caput deste artigo. desde que o executor, fazendo-se II – os governadores ou inter-
§ 3o A prisão será imedia- conhecer do réu, lhe apresente ventores de Estados e Territórios,
tamente comunicada ao juiz do o mandado e o intime a acom- o Prefeito do Distrito Federal, seus
local de cumprimento da medida panhá-lo. respectivos secretários, os pre-
o qual providenciará a certidão feitos municipais, os vereadores
extraída do registro do Conselho Art. 292. Se houver, ainda que e chefes de Polícia;
Nacional de Justiça e informará por parte de terceiros, resistên- III – os membros do Parla-
ao juízo que a decretou. cia à prisão em flagrante ou à mento Nacional, do Conselho de
§ 4o O preso será informado determinada por autoridade com- Economia Nacional e das Assem-
de seus direitos, nos termos do petente, o executor e as pessoas bleias Legislativas dos Estados;
inciso LXIII do art. 5o da Consti- que o auxiliarem poderão usar IV – os cidadãos inscritos no
tuição Federal e, caso o autua- dos meios necessários para de- “Livro de Mérito”;
do não informe o nome de seu fender-se ou para vencer a re- V – os oficiais das Forças
advogado, será comunicado à sistência, do que tudo se lavrará Armadas e os militares dos Es-
Defensoria Pública. auto subscrito também por duas tados, do Distrito Federal e dos
§ 5o Havendo dúvidas das testemunhas. Territórios;
autoridades locais sobre a legi- Parágrafo único. É vedado VI – os magistrados;
timidade da pessoa do executor o uso de algemas em mulheres VII – os diplomados por qual-
ou sobre a identidade do preso, grávidas durante os atos médico- quer das faculdades superiores
aplica-se o disposto no § 2o do -hospitalares preparatórios para da República;33
art. 290 deste Código. a realização do parto e durante o VIII – os ministros de confis-
§ 6o O Conselho Nacional de trabalho de parto, bem como em são religiosa;
Justiça regulamentará o registro mulheres durante o período de IX – os ministros do Tribunal
do mandado de prisão a que se puerpério imediato. de Contas;
refere o caput deste artigo. X – os cidadãos que já tiverem
Art. 293. Se o executor do man- exercido efetivamente a função
Art. 290. Se o réu, sendo per- dado verificar, com segurança, de jurado, salvo quando excluídos
seguido, passar ao território de que o réu entrou ou se encontra da lista por motivo de incapaci-
outro município ou comarca, o em alguma casa, o morador será dade para o exercício daquela
executor poderá efetuar-lhe a intimado a entregá-lo, à vista da função;
prisão no lugar onde o alcançar, ordem de prisão. Se não for obe- XI – os delegados de polícia
apresentando-o imediatamente decido imediatamente, o execu- e os guardas-civis dos Estados
à autoridade local, que, depois tor convocará duas testemunhas e Territórios, ativos e inativos.
de lavrado, se for o caso, o auto e, sendo dia, entrará à força na
de flagrante, providenciará para casa, arrombando as portas, se 33
NE: ver ADPF no 334.
490
Código de Processo Penal
§ 1o A prisão especial, pre- da instituição a que pertencer, se caso, com o condutor, deverão
vista neste Código ou em outras onde ficará preso à disposição assiná-lo pelo menos duas pes-
leis, consiste exclusivamente no das autoridades competentes. soas que hajam testemunhado
recolhimento em local distinto da a apresentação do preso à au-
prisão comum. toridade.
§ 2o Não havendo estabele- CAPÍTULO II – DA PRISÃO § 3o Quando o acusado se re-
cimento específico para o preso EM FLAGRANTE cusar a assinar, não souber ou não
especial, este será recolhido em puder fazê-lo, o auto de prisão em
cela distinta do mesmo estabe- Art. 301. Qualquer do povo po- flagrante será assinado por duas
lecimento. derá e as autoridades policiais e testemunhas, que tenham ouvido
§ 3o A cela especial poderá seus agentes deverão prender sua leitura na presença deste.
consistir em alojamento cole- quem quer que seja encontrado § 4o Da lavratura do auto de
tivo, atendidos os requisitos de em flagrante delito. prisão em flagrante deverá cons-
salubridade do ambiente, pela tar a informação sobre a existên-
concorrência dos fatores de aera- Art. 302. Considera-se em fla- cia de filhos, respectivas idades
ção, insolação e condicionamento grante delito quem: e se possuem alguma deficiência
térmico adequados à existência I – está cometendo a infra- e o nome e o contato de eventual
humana. ção penal; responsável pelos cuidados dos
§ 4o O preso especial não II – acaba de cometê-la; filhos, indicado pela pessoa presa.
será transportado juntamente III – é perseguido, logo após,
com o preso comum. pela autoridade, pelo ofendido ou Art. 305. Na falta ou no impe-
§ 5o Os demais direitos e de- por qualquer pessoa, em situa- dimento do escrivão, qualquer
veres do preso especial serão os ção que faça presumir ser autor pessoa designada pela autoridade
mesmos do preso comum. da infração; lavrará o auto, depois de prestado
IV – é encontrado, logo de- o compromisso legal.
Art. 296. Os inferiores e pra- pois, com instrumentos, armas,
ças de pré, onde for possível, objetos ou papéis que façam pre- Art. 306. A prisão de qualquer
serão recolhidos à prisão, em sumir ser ele autor da infração. pessoa e o local onde se encon-
estabelecimentos militares, de tre serão comunicados imedia-
acordo com os respectivos re- Art. 303. Nas infrações perma- tamente ao juiz competente, ao
gulamentos. nentes, entende-se o agente em Ministério Público e à família do
flagrante delito enquanto não preso ou à pessoa por ele in-
Art. 297. Para o cumprimento cessar a permanência. dicada.
de mandado expedido pela au- § 1o Em até 24 (vinte e qua-
toridade judiciária, a autoridade Art. 304. Apresentado o preso tro) horas após a realização da
policial poderá expedir tantos à autoridade competente, ouvirá prisão, será encaminhado ao juiz
outros quantos necessários às esta o condutor e colherá, desde competente o auto de prisão em
diligências, devendo neles ser logo, sua assinatura, entregando flagrante e, caso o autuado não
fielmente reproduzido o teor do a este cópia do termo e recibo de informe o nome de seu advogado,
mandado original. entrega do preso. Em seguida, cópia integral para a Defensoria
procederá à oitiva das testemu- Pública.
Art. 298. (Revogado) nhas que o acompanharem e ao § 2o No mesmo prazo, será
interrogatório do acusado sobre entregue ao preso, mediante re-
Art. 299. A captura poderá ser a imputação que lhe é feita, co- cibo, a nota de culpa, assinada
requisitada, à vista de mandado lhendo, após cada oitiva suas res- pela autoridade, com o motivo
judicial, por qualquer meio de co- pectivas assinaturas, lavrando, a da prisão, o nome do condutor e
municação, tomadas pela autori- autoridade, afinal, o auto. os das testemunhas.
dade, a quem se fizer a requisição, § 1o Resultando das respos-
as precauções necessárias para tas fundada suspeita contra o Art. 307. Quando o fato for pra-
averiguar a autenticidade desta. conduzido, a autoridade man- ticado em presença da autorida-
dará recolhê-lo à prisão, exceto de, ou contra esta, no exercício
Art. 300. As pessoas presas pro- no caso de livrar-se solto ou de de suas funções, constarão do
visoriamente ficarão separadas prestar fiança, e prosseguirá nos auto a narração deste fato, a voz
das que já estiverem definitiva- atos do inquérito ou processo, se de prisão, as declarações que
mente condenadas, nos termos para isso for competente; se não fizer o preso e os depoimentos
da lei de execução penal. o for, enviará os autos à autori- das testemunhas, sendo tudo
Parágrafo único. O militar dade que o seja. assinado pela autoridade, pelo
preso em flagrante delito, após § 2o A falta de testemunhas preso e pelas testemunhas e re-
a lavratura dos procedimentos da infração não impedirá o auto metido imediatamente ao juiz
legais, será recolhido a quartel de prisão em flagrante; mas, nes- a quem couber tomar conheci-
491
Código de Processo Penal
mento do fato delituoso, se não não realização da audiência de dos com pena privativa de liber-
o for a autoridade que houver custódia no prazo estabelecido dade máxima superior a 4 (qua-
presidido o auto. no caput deste artigo responderá tro) anos;
administrativa, civil e penalmente II – se tiver sido condena-
Art. 308. Não havendo auto- pela omissão. do por outro crime doloso, em
ridade no lugar em que se tiver § 4o Transcorridas 24 (vinte sentença transitada em julgado,
efetuado a prisão, o preso será e quatro) horas após o decurso ressalvado o disposto no inciso I
logo apresentado à do lugar mais do prazo estabelecido no caput do caput do art. 64 do Decreto-
próximo. deste artigo, a não realização de -lei no 2.848, de 7 de dezembro
audiência de custódia sem moti- de 1940 – Código Penal;
Art. 309. Se o réu se livrar solto, vação idônea ensejará também a III – se o crime envolver vio-
deverá ser posto em liberdade, ilegalidade da prisão, a ser relaxa- lência doméstica e familiar contra
depois de lavrado o auto de pri- da pela autoridade competente, a mulher, criança, adolescente,
são em flagrante. sem prejuízo da possibilidade de idoso, enfermo ou pessoa com
imediata decretação de prisão deficiência, para garantir a exe-
Art. 310. Após receber o auto preventiva.35 cução das medidas protetivas
de prisão em flagrante, no prazo de urgência;
máximo de até 24 (vinte e quatro) IV – (Revogado).
horas após a realização da prisão, CAPÍTULO III – DA PRISÃO § 1o Também será admitida a
o juiz deverá promover audiência PREVENTIVA prisão preventiva quando houver
de custódia com a presença do dúvida sobre a identidade civil da
acusado, seu advogado consti- Art. 311. Em qualquer fase da in- pessoa ou quando esta não for-
tuído ou membro da Defensoria vestigação policial ou do processo necer elementos suficientes para
Pública e o membro do Ministério penal, caberá a prisão preventiva esclarecê-la, devendo o preso ser
Público, e, nessa audiência, o juiz decretada pelo juiz, a requeri- colocado imediatamente em li-
deverá, fundamentadamente:34 mento do Ministério Público, do berdade após a identificação, sal-
I – relaxar a prisão ilegal; ou querelante ou do assistente, ou vo se outra hipótese recomendar
II – converter a prisão em por representação da autorida- a manutenção da medida.
flagrante em preventiva, quando de policial. § 2o Não será admitida a de-
presentes os requisitos constan- cretação da prisão preventiva
tes do art. 312 deste Código, e se Art. 312. A prisão preventiva po- com a finalidade de antecipação
revelarem inadequadas ou insu- derá ser decretada como garantia de cumprimento de pena ou como
ficientes as medidas cautelares da ordem pública, da ordem eco- decorrência imediata de investi-
diversas da prisão; ou nômica, por conveniência da ins- gação criminal ou da apresenta-
III – conceder liberdade provi- trução criminal ou para assegurar ção ou recebimento de denúncia.
sória, com ou sem fiança. a aplicação da lei penal, quando
§ 1o Se o juiz verificar, pelo houver prova da existência do cri- Art. 314. A prisão preventiva em
auto de prisão em flagrante, que me e indício suficiente de autoria nenhum caso será decretada se o
o agente praticou o fato em qual- e de perigo gerado pelo estado de juiz verificar pelas provas cons-
quer das condições constantes liberdade do imputado. tantes dos autos ter o agente
dos incisos I, II ou III do caput do § 1o A prisão preventiva tam- praticado o fato nas condições
art. 23 do Decreto-lei no 2.848, bém poderá ser decretada em previstas nos incisos I, II e III do
de 7 de dezembro de 1940 (Códi- caso de descumprimento de qual- caput do art. 23 do Decreto-lei
go Penal), poderá, fundamenta- quer das obrigações impostas por no 2.848, de 7 de dezembro de
damente, conceder ao acusado força de outras medidas cautela- 1940 – Código Penal.
liberdade provisória, mediante res (art. 282, § 4o).
termo de comparecimento obri- § 2o A decisão que decretar Art. 315. A decisão que decre-
gatório a todos os atos proces- a prisão preventiva deve ser mo- tar, substituir ou denegar a prisão
suais, sob pena de revogação. tivada e fundamentada em receio preventiva será sempre motivada
§ 2o Se o juiz verificar que o de perigo e existência concreta de e fundamentada.
agente é reincidente ou que inte- fatos novos ou contemporâneos § 1o Na motivação da decre-
gra organização criminosa arma- que justifiquem a aplicação da tação da prisão preventiva ou de
da ou milícia, ou que porta arma medida adotada. qualquer outra cautelar, o juiz
de fogo de uso restrito, deverá deverá indicar concretamente
denegar a liberdade provisória, Art. 313. Nos termos do art. 312 a existência de fatos novos ou
com ou sem medidas cautelares. deste Código, será admitida a contemporâneos que justifiquem
§ 3o A autoridade que deu decretação da prisão preventiva: a aplicação da medida adotada.
causa, sem motivação idônea, à I – nos crimes dolosos puni- § 2o Não se considera fun-
damentada qualquer decisão
34
NE: ver ADIs nos 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305. 35
NE: ver ADIs nos 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305. judicial, seja ela interlocutória,
492
Código de Processo Penal
sentença ou acórdão, que: a prisão preventiva pela domiciliar quando, por circunstâncias rela-
I – limitar-se à indicação, à quando o agente for: cionadas ao fato, deva o indicia-
reprodução ou à paráfrase de I – maior de 80 (oitenta) anos; do ou acusado dela permanecer
ato normativo, sem explicar sua II – extremamente debilitado distante;
relação com a causa ou a ques- por motivo de doença grave; IV – proibição de ausentar-
tão decidida; III – imprescindível aos cuida- -se da Comarca quando a per-
II – empregar conceitos jurí- dos especiais de pessoa menor manência seja conveniente ou
dicos indeterminados, sem ex- de 6 (seis) anos de idade ou com necessária para a investigação
plicar o motivo concreto de sua deficiência; ou instrução;
incidência no caso; IV – gestante; V – recolhimento domiciliar
III – invocar motivos que se V – mulher com filho de até 12 no período noturno e nos dias
prestariam a justificar qualquer (doze) anos de idade incompletos; de folga quando o investigado
outra decisão; VI – homem, caso seja o úni- ou acusado tenha residência e
IV – não enfrentar todos os ar- co responsável pelos cuidados trabalho fixos;
gumentos deduzidos no processo do filho de até 12 (doze) anos de VI – suspensão do exercício
capazes de, em tese, infirmar a idade incompletos. de função pública ou de atividade
conclusão adotada pelo julgador; Parágrafo único. Para a subs- de natureza econômica ou finan-
V – limitar-se a invocar pre- tituição, o juiz exigirá prova idô- ceira quando houver justo receio
cedente ou enunciado de súmula, nea dos requisitos estabelecidos de sua utilização para a prática
sem identificar seus fundamentos neste artigo. de infrações penais;
determinantes nem demonstrar VII – internação provisória do
que o caso sob julgamento se Art. 318-A. A prisão preventiva acusado nas hipóteses de crimes
ajusta àqueles fundamentos; imposta à mulher gestante ou praticados com violência ou grave
VI – deixar de seguir enuncia- que for mãe ou responsável por ameaça, quando os peritos con-
do de súmula, jurisprudência ou crianças ou pessoas com defici- cluírem ser inimputável ou semi-
precedente invocado pela parte, ência será substituída por prisão -imputável (art. 26 do Código Pe-
sem demonstrar a existência de domiciliar, desde que: nal) e houver risco de reiteração;
distinção no caso em julgamento I – não tenha cometido crime VIII – fiança, nas infrações
ou a superação do entendimento. com violência ou grave ameaça que a admitem, para assegurar o
a pessoa; comparecimento a atos do pro-
Art. 316. O juiz poderá, de ofício II – não tenha cometido o cri- cesso, evitar a obstrução do seu
ou a pedido das partes, revogar me contra seu filho ou depen- andamento ou em caso de re-
a prisão preventiva se, no correr dente. sistência injustificada à ordem
da investigação ou do processo, judicial;
verificar a falta de motivo para Art. 318-B. A substituição de IX – monitoração eletrônica.
que ela subsista, bem como nova- que tratam os arts. 318 e 318‑A § 1o (Revogado)
mente decretá-la, se sobrevierem poderá ser efetuada sem prejuízo § 2o (Revogado)
razões que a justifiquem. da aplicação concomitante das § 3o (Revogado)
Parágrafo único. Decretada medidas alternativas previstas § 4o A fiança será aplicada
a prisão preventiva, deverá o ór- no art. 319 deste Código. de acordo com as disposições
gão emissor da decisão revisar a do Capítulo VI deste Título, po-
necessidade de sua manutenção dendo ser cumulada com outras
a cada 90 (noventa) dias, me- CAPÍTULO V – DAS OUTRAS medidas cautelares.
diante decisão fundamentada, MEDIDAS CAUTELARES
de ofício, sob pena de tornar a Art. 320. A proibição de ausen-
prisão ilegal.36 Art. 319. São medidas cautela- tar-se do País será comunicada
res diversas da prisão: pelo juiz às autoridades encarre-
I – comparecimento peri- gadas de fiscalizar as saídas do
CAPÍTULO IV – DA PRISÃO ódico em juízo, no prazo e nas território nacional, intimando-se
DOMICILIAR condições fixadas pelo juiz, para o indiciado ou acusado para en-
informar e justificar atividades; tregar o passaporte, no prazo de
Art. 317. A prisão domiciliar con- II – proibição de acesso ou 24 (vinte e quatro) horas.
siste no recolhimento do indiciado frequência a determinados lu-
ou acusado em sua residência, só gares quando, por circunstâncias
podendo dela ausentar-se com relacionadas ao fato, deva o in- CAPÍTULO VI – DA
autorização judicial. diciado ou acusado permanecer LIBERDADE PROVISÓRIA,
distante desses locais para evitar COM OU SEM FIANÇA
Art. 318. Poderá o juiz substituir o risco de novas infrações;
III – proibição de manter con- Art. 321. Ausentes os requisitos
36
NE: ver ADIs nos 6.581 e 6.582. tato com pessoa determinada que autorizam a decretação da
493
Código de Processo Penal
prisão preventiva, o juiz deverá II – de 10 (dez) a 200 (duzen- quem prestar a fiança serão pelo
conceder liberdade provisória, tos) salários mínimos, quando escrivão notificados das obriga-
impondo, se for o caso, as me- o máximo da pena privativa de ções e da sanção previstas nos
didas cautelares previstas no liberdade cominada for superior arts. 327 e 328, o que constará
art. 319 deste Código e observa- a 4 (quatro) anos. dos autos.
dos os critérios constantes do § 1o Se assim recomendar a
art. 282 deste Código. situação econômica do preso, a Art. 330. A fiança, que será
I – (Revogado); fiança poderá ser: sempre definitiva, consistirá em
II – (Revogado). I – dispensada, na forma do depósito de dinheiro, pedras, ob-
art. 350 deste Código; jetos ou metais preciosos, títulos
Art. 322. A autoridade policial II – reduzida até o máximo de da dívida pública, federal, estadu-
somente poderá conceder fiança 2/3 (dois terços); ou al ou municipal, ou em hipoteca
nos casos de infração cuja pena III – aumentada em até 1.000 inscrita em primeiro lugar.
privativa de liberdade máxima não (mil) vezes. § 1o A avaliação de imóvel,
seja superior a 4 (quatro) anos. § 2o (Revogado) ou de pedras, objetos ou metais
Parágrafo único. Nos demais preciosos será feita imediata-
casos, a fiança será requerida ao Art. 326. Para determinar o va- mente por perito nomeado pela
juiz, que decidirá em 48 (quarenta lor da fiança, a autoridade terá autoridade.
e oito) horas. em consideração a natureza da § 2o Quando a fiança consis-
infração, as condições pessoais tir em caução de títulos da dívida
Art. 323. Não será concedida de fortuna e vida pregressa do pública, o valor será determinado
fiança: acusado, as circunstâncias in- pela sua cotação em Bolsa, e, sen-
I – nos crimes de racismo; dicativas de sua periculosidade, do nominativos, exigir-se-á prova
II – nos crimes de tortura, bem como a importância provável de que se acham livres de ônus.
tráfico ilícito de entorpecentes e das custas do processo, até final
drogas afins, terrorismo e nos de- julgamento. Art. 331. O valor em que con-
finidos como crimes hediondos; sistir a fiança será recolhido à
III – nos crimes cometidos por Art. 327. A fiança tomada por repartição arrecadadora federal
grupos armados, civis ou milita- termo obrigará o afiançado a ou estadual, ou entregue ao de-
res, contra a ordem constitucional comparecer perante a autori- positário público, juntando-se
e o Estado Democrático; dade, todas as vezes que for in- aos autos os respectivos conhe-
IV – (Revogado); timado para atos do inquérito e cimentos.
V – (Revogado). da instrução criminal e para o Parágrafo único. Nos lugares
julgamento. Quando o réu não em que o depósito não se puder
Art. 324. Não será, igualmente, comparecer, a fiança será havida fazer de pronto, o valor será en-
concedida fiança: como quebrada. tregue ao escrivão ou pessoa
I – aos que, no mesmo proces- abonada, a critério da autorida-
so, tiverem quebrado fiança an- Art. 328. O réu afiançado não de, e dentro de três dias dar-se-á
teriormente concedida ou infrin- poderá, sob pena de quebramento ao valor o destino que lhe assina
gido, sem motivo justo, qualquer da fiança, mudar de residência, este artigo, o que tudo constará
das obrigações a que se referem sem prévia permissão da auto- do termo de fiança.
os arts. 327 e 328 deste Código; ridade processante, ou ausen-
II – em caso de prisão civil tar-se por mais de oito dias de Art. 332. Em caso de prisão em
ou militar; sua residência, sem comunicar flagrante, será competente para
III – (Revogado); àquela autoridade o lugar onde conceder a fiança a autoridade
IV – quando presentes os mo- será encontrado. que presidir ao respectivo auto, e,
tivos que autorizam a decretação em caso de prisão por mandado,
da prisão preventiva (art. 312). Art. 329. Nos juízos criminais o juiz que o houver expedido, ou
e delegacias de polícia, haverá a autoridade judiciária ou policial
Art. 325. O valor da fiança será um livro especial, com termos a quem tiver sido requisitada a
fixado pela autoridade que a con- de abertura e de encerramento, prisão.
ceder nos seguintes limites: numerado e rubricado em todas
a) (Revogada); as suas folhas pela autoridade, Art. 333. Depois de prestada a
b) (Revogada); destinado especialmente aos fiança, que será concedida inde-
c) (Revogada). termos de fiança. O termo será pendentemente de audiência do
I – de 1 (um) a 100 (cem) sa- lavrado pelo escrivão e assinado Ministério Público, este terá vista
lários mínimos, quando se tratar pela autoridade e por quem pres- do processo a fim de requerer o
de infração cuja pena privativa tar a fiança, e dele extrair-se-á que julgar conveniente.
de liberdade, no grau máximo, certidão para juntar-se aos autos.
não for superior a 4 (quatro) anos; Parágrafo único. O réu e Art. 334. A fiança poderá ser
494
Código de Processo Penal
prestada enquanto não transi- recolhido à prisão, quando, na Art. 348. Nos casos em que a
tar em julgado a sentença con- conformidade deste artigo, não fiança tiver sido prestada por
denatória. for reforçada. meio de hipoteca, a execução
será promovida no juízo cível pelo
Art. 335. Recusando ou retar- Art. 341. Julgar-se-á quebrada órgão do Ministério Público.
dando a autoridade policial a a fiança quando o acusado:
concessão da fiança, o preso, I – regularmente intimado Art. 349. Se a fiança consistir
ou alguém por ele, poderá pres- para ato do processo, deixar de em pedras, objetos ou metais
tá-la, mediante simples petição, comparecer, sem motivo justo; preciosos, o juiz determinará a
perante o juiz competente, que II – deliberadamente praticar venda por leiloeiro ou corretor.
decidirá em 48 (quarenta e oito) ato de obstrução ao andamento
horas. do processo; Art. 350. Nos casos em que cou-
III – descumprir medida cau- ber fiança, o juiz, verificando a
Art. 336. O dinheiro ou objetos telar imposta cumulativamente situação econômica do preso,
dados como fiança servirão ao com a fiança; poderá conceder-lhe liberdade
pagamento das custas, da inde- IV – resistir injustificadamen- provisória, sujeitando-o às obri-
nização do dano, da prestação te a ordem judicial; gações constantes dos arts. 327
pecuniária e da multa, se o réu V – praticar nova infração e 328 deste Código e a outras
for condenado. penal dolosa. medidas cautelares, se for o caso.
Parágrafo único. Este dispo- Parágrafo único. Se o bene-
sitivo terá aplicação ainda no caso Art. 342. Se vier a ser reformado ficiado descumprir, sem motivo
da prescrição depois da sentença o julgamento em que se declarou justo, qualquer das obrigações ou
condenatória (art. 110 do Código quebrada a fiança, esta subsistirá medidas impostas, aplicar-se-á o
Penal). em todos os seus efeitos. disposto no § 4o do art. 282 des-
te Código.
Art. 337. Se a fiança for declara- Art. 343. O quebramento injus-
da sem efeito ou passar em julga- tificado da fiança importará na
do sentença que houver absolvido perda de metade do seu valor, TÍTULO X – DAS CITAÇÕES
o acusado ou declarada extinta a cabendo ao juiz decidir sobre a E INTIMAÇÕES
ação penal, o valor que a consti- imposição de outras medidas
tuir, atualizado, será restituído cautelares ou, se for o caso, a CAPÍTULO I – DAS
sem desconto, salvo o disposto decretação da prisão preventiva. CITAÇÕES
no parágrafo único do art. 336
deste Código. Art. 344. Entender-se-á per- Art. 351. A citação inicial far-
dido, na totalidade, o valor da -se-á por mandado, quando o
Art. 338. A fiança que se reco- fiança, se, condenado, o acusado réu estiver no território sujeito
nheça não ser cabível na espécie não se apresentar para o início do à jurisdição do juiz que a houver
será cassada em qualquer fase cumprimento da pena definitiva- ordenado.
do processo. mente imposta.
Art. 352. O mandado de citação
Art. 339. Será também cassada Art. 345. No caso de perda da indicará:
a fiança quando reconhecida a fiança, o seu valor, deduzidas as I – o nome do juiz;
existência de delito inafiançável, custas e mais encargos a que o II – o nome do querelante nas
no caso de inovação na classifi- acusado estiver obrigado, será ações iniciadas por queixa;
cação do delito. recolhido ao fundo penitenciário, III – o nome do réu, ou, se for
na forma da lei. desconhecido, os seus sinais ca-
Art. 340. Será exigido o reforço racterísticos;
da fiança: Art. 346. No caso de quebra- IV – a residência do réu, se
I – quando a autoridade to- mento de fiança, feitas as dedu- for conhecida;
mar, por engano, fiança insufi- ções previstas no art. 345 deste V – o fim para que é feita a
ciente; Código, o valor restante será re- citação;
II – quando houver deprecia- colhido ao fundo penitenciário, VI – o juízo e o lugar, o dia
ção material ou perecimento dos na forma da lei. e a hora em que o réu deverá
bens hipotecados ou cauciona- comparecer;
dos, ou depreciação dos metais Art. 347. Não ocorrendo a hi- VII – a subscrição do escrivão
ou pedras preciosas; pótese do art. 345, o saldo será e a rubrica do juiz.
III – quando for inovada a clas- entregue a quem houver presta-
sificação do delito. do a fiança, depois de deduzidos Art. 353. Quando o réu estiver
Parágrafo único. A fiança os encargos a que o réu estiver fora do território da jurisdição
ficará sem efeito e o réu será obrigado. do juiz processante, será citado
495
Código de Processo Penal
mediante precatória. Art. 360. Se o réu estiver preso, afixação.
será pessoalmente citado. Parágrafo único. O edital será
Art. 354. A precatória indicará: afixado à porta do edifício onde
I – o juiz deprecado e o juiz Art. 361. Se o réu não for encon- funcionar o juízo e será publicado
deprecante; trado, será citado por edital, com pela imprensa, onde houver, de-
II – a sede da jurisdição de o prazo de quinze dias. vendo a afixação ser certificada
um e de outro; pelo oficial que a tiver feito e a
III – o fim para que é feita a Art. 362. Verificando que o réu publicação provada por exemplar
citação, com todas as especifi- se oculta para não ser citado, do jornal ou certidão do escrivão,
cações; o oficial de justiça certificará a da qual conste a página do jornal
IV – o juízo do lugar, o dia e a ocorrência e procederá à citação com a data da publicação.
hora em que o réu deverá com- com hora certa, na forma esta-
parecer. belecida nos arts. 227 a 229 da Art. 366. Se o acusado, citado
Lei no 5.869, de 11 de janeiro de por edital, não comparecer, nem
Art. 355. A precatória será de- 1973 – Código de Processo Civil. constituir advogado, ficarão sus-
volvida ao juiz deprecante, in- Parágrafo único. Completa- pensos o processo e o curso do
dependentemente de traslado, da a citação com hora certa, se prazo prescricional, podendo o
depois de lançado o “cumpra-se” o acusado não comparecer, ser- juiz determinar a produção ante-
e de feita a citação por mandado -lhe-á nomeado defensor dativo. cipada das provas consideradas
do juiz deprecado. urgentes e, se for o caso, decretar
§ 1o Verificado que o réu se Art. 363. O processo terá com- prisão preventiva, nos termos do
encontra em território sujeito à pletada a sua formação quando disposto no art. 312.
jurisdição de outro juiz, a este re- realizada a citação do acusado. § 1o (Revogado)
meterá o juiz deprecado os autos I – (Revogado); § 2o (Revogado)
para efetivação da diligência, des- II – (Revogado).
de que haja tempo para fazer-se § 1o Não sendo encontrado o Art. 367. O processo seguirá
a citação. acusado, será procedida a citação sem a presença do acusado que,
§ 2o Certificado pelo oficial por edital. citado ou intimado pessoalmente
de justiça que o réu se oculta para § 2o (Vetado) para qualquer ato, deixar de com-
não ser citado, a precatória será § 3o (Vetado) parecer sem motivo justificado,
imediatamente devolvida, para o § 4o Comparecendo o acusa- ou, no caso de mudança de re-
fim previsto no art. 362. do citado por edital, em qualquer sidência, não comunicar o novo
tempo, o processo observará o endereço ao juízo.
Art. 356. Se houver urgência, a disposto nos arts. 394 e seguin-
precatória, que conterá em re- tes deste Código. Art. 368. Estando o acusado
sumo os requisitos enumerados no estrangeiro, em lugar sabido,
no art. 354, poderá ser expedida Art. 364. No caso do artigo an- será citado mediante carta ro-
por via telegráfica, depois de re- terior, no I, o prazo será fixado pelo gatória, suspendendo-se o curso
conhecida a firma do juiz, o que a juiz entre quinze e noventa dias, do prazo de prescrição até o seu
estação expedidora mencionará. de acordo com as circunstâncias, cumprimento.
e, no caso do no II, o prazo será
Art. 357. São requisitos da ci- de trinta dias. Art. 369. As citações que hou-
tação por mandado: verem de ser feitas em legações
I – leitura do mandado ao ci- Art. 365. O edital de citação in- estrangeiras serão efetuadas me-
tando pelo oficial e entrega da dicará: diante carta rogatória.
contrafé, na qual se mencionarão I – o nome do juiz que a de-
dia e hora da citação; terminar;
II – declaração do oficial, na II – o nome do réu, ou, se não CAPÍTULO II – DAS
certidão, da entrega da contrafé, for conhecido, os seus sinais ca- INTIMAÇÕES
e sua aceitação ou recusa. racterísticos, bem como sua resi-
dência e profissão, se constarem Art. 370. Nas intimações dos
Art. 358. A citação do militar do processo; acusados, das testemunhas e
far-se-á por intermédio do chefe III – o fim para que é feita a demais pessoas que devam to-
do respectivo serviço. citação; mar conhecimento de qualquer
IV – o juízo e o dia, a hora e o ato, será observado, no que for
Art. 359. O dia designado para lugar em que o réu deverá com- aplicável, o disposto no Capítulo
funcionário público comparecer parecer; anterior.
em juízo, como acusado, será V – o prazo, que será contado § 1o A intimação do defensor
notificado assim a ele como ao do dia da publicação do edital na constituído, do advogado do que-
chefe de sua repartição. imprensa, se houver, ou da sua relante e do assistente far-se-á
496
Código de Processo Penal
por publicação no órgão incum- § 2o Decretada a medida, se- tuição ou a revogação da ante-
bido da publicidade dos atos ju- rão feitas as comunicações ne- riormente aplicada poderão ser
diciais da comarca, incluindo, cessárias para a sua execução, na determinadas, também, na sen-
sob pena de nulidade, o nome forma do disposto no Capítulo III tença absolutória;
do acusado. do Título II do Livro IV. IV – decretada a medida,
§ 2o Caso não haja órgão de atender-se-á ao disposto no
publicação dos atos judiciais na Art. 374. Não caberá recurso do Título V do Livro IV, no que for
comarca, a intimação far-se-á despacho ou da parte da sentença aplicável.
diretamente pelo escrivão, por que decretar ou denegar a apli-
mandado, ou via postal com com- cação provisória de interdições Art. 379. Transitando em jul-
provante de recebimento, ou por de direitos, mas estas poderão gado a sentença, observar-se-á,
qualquer outro meio idôneo. ser substituídas ou revogadas: quanto à execução das medidas
§ 3o A intimação pessoal, I – se aplicadas no curso da de segurança definitivamente
feita pelo escrivão, dispensará a instrução criminal, durante esta aplicadas, o disposto no Título V
aplicação a que alude o § 1o. ou pelas sentenças a que se re- do Livro IV.
§ 4o A intimação do Ministé- ferem os nos II, III e IV do artigo
rio Público e do defensor nome- anterior; Art. 380. A aplicação provisória
ado será pessoal. II – se aplicadas na sentença de medida de segurança obstará
de pronúncia, pela decisão que, à concessão de fiança, e torna-
Art. 371. Será admissível a inti- em grau de recurso, a confirmar, rá sem efeito a anteriormente
mação por despacho na petição total ou parcialmente, ou pela concedida.
em que for requerida, observado sentença condenatória recorrível;
o disposto no art. 357. III – se aplicadas na decisão
a que se refere o no III do artigo TÍTULO XII – DA SENTENÇA
Art. 372. Adiada, por qualquer anterior, pela sentença condena-
motivo, a instrução criminal, o juiz tória recorrível. Art. 381. A sentença conterá:
marcará desde logo, na presença I – os nomes das partes ou,
das partes e testemunhas, dia e Art. 375. O despacho que apli- quando não possível, as indica-
hora para seu prosseguimento, do car, provisoriamente, substituir ções necessárias para identi-
que se lavrará termo nos autos. ou revogar interdição de direito, ficá-las;
será fundamentado. II – a exposição sucinta da
acusação e da defesa;
TÍTULO XI – DA APLICAÇÃO Art. 376. A decisão que impro- III – a indicação dos motivos
PROVISÓRIA DE nunciar ou absolver o réu fará de fato e de direito em que se
INTERDIÇÕES DE DIREITOS cessar a aplicação provisória da fundar a decisão;
E MEDIDAS DE SEGURANÇA interdição anteriormente deter- IV – a indicação dos artigos
minada. de lei aplicados;
Art. 373. A aplicação provisória V – o dispositivo;
de interdições de direitos pode- Art. 377. Transitando em jul- VI – a data e a assinatura do
rá ser determinada pelo juiz, de gado a sentença condenatória, juiz.
ofício, ou a requerimento do Mi- serão executadas somente as
nistério Público, do querelante, interdições nela aplicadas ou que Art. 382. Qualquer das partes
do assistente, do ofendido, ou derivarem da imposição da pena poderá, no prazo de dois dias,
de seu representante legal, ainda principal. pedir ao juiz que declare a sen-
que este não se tenha constituído tença, sempre que nela houver
como assistente: Art. 378. A aplicação provisória obscuridade, ambiguidade, con-
I – durante a instrução cri- de medida de segurança obe- tradição ou omissão.
minal após a apresentação da decerá ao disposto nos artigos
defesa ou do prazo concedido anteriores, com as modificações Art. 383. O juiz, sem modificar
para esse fim; seguintes: a descrição do fato contida na
II – na sentença de pronúncia; I – o juiz poderá aplicar, provi- denúncia ou queixa, poderá atri-
III – na decisão confirmatória soriamente, a medida de seguran- buir-lhe definição jurídica diversa,
da pronúncia ou na que, em grau ça, de ofício, ou a requerimento ainda que, em consequência, te-
de recurso, pronunciar o réu; do Ministério Público; nha de aplicar pena mais grave.
IV – na sentença condenatória II – a aplicação poderá ser § 1o Se, em consequência de
recorrível. determinada ainda no curso do definição jurídica diversa, houver
§ 1o No caso do no I, havendo inquérito, mediante representa- possibilidade de proposta de sus-
requerimento de aplicação da ção da autoridade policial; pensão condicional do processo,
medida, o réu ou seu defensor III – a aplicação provisória de o juiz procederá de acordo com
será ouvido no prazo de dois dias. medida de segurança, a substi- o disposto na lei.
497
Código de Processo Penal
§ 2o Tratando-se de infração fração penal; de prisão preventiva ou de outra
da competência de outro juízo, IV – estar provado que o réu medida cautelar, sem prejuízo do
a este serão encaminhados os não concorreu para a infração conhecimento de apelação que
autos. penal; vier a ser interposta.
V – não existir prova de ter § 2o O tempo de prisão pro-
Art. 384. Encerrada a instrução o réu concorrido para a infra- visória, de prisão administrativa
probatória, se entender cabível ção penal; ou de internação, no Brasil ou
nova definição jurídica do fato, VI – existirem circunstâncias no estrangeiro, será computado
em consequência de prova exis- que excluam o crime ou isentem o para fins de determinação do
tente nos autos de elemento ou réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 regime inicial de pena privativa
circunstância da infração penal e § 1o do art. 28, todos do Código de liberdade.
não contida na acusação, o Mi- Penal), ou mesmo se houver fun-
nistério Público deverá aditar a dada dúvida sobre sua existência; Art. 388. A sentença poderá ser
denúncia ou queixa, no prazo de VII – não existir prova sufi- datilografada e neste caso o juiz
5 (cinco) dias, se em virtude desta ciente para a condenação. a rubricará em todas as folhas.
houver sido instaurado o processo Parágrafo único. Na senten-
em crime de ação pública, redu- ça absolutória, o juiz: Art. 389. A sentença será pu-
zindo-se a termo o aditamento, I – mandará, se for o caso, pôr blicada em mão do escrivão, que
quando feito oralmente. o réu em liberdade; lavrará nos autos o respectivo
§ 1o Não procedendo o órgão II – ordenará a cessação das termo, registrando-a em livro es-
do Ministério Público ao adita- medidas cautelares e provisoria- pecialmente destinado a esse fim.
mento, aplica-se o art. 28 deste mente aplicadas;
Código. III – aplicará medida de segu- Art. 390. O escrivão, dentro de
§ 2o Ouvido o defensor do rança, se cabível. três dias após a publicação, e sob
acusado no prazo de 5 (cinco) dias pena de suspensão de cinco dias,
e admitido o aditamento, o juiz, Art. 387. O juiz, ao proferir sen- dará conhecimento da sentença
a requerimento de qualquer das tença condenatória: ao órgão do Ministério Público.
partes, designará dia e hora para I – mencionará as circunstân-
continuação da audiência, com cias agravantes ou atenuantes Art. 391. O querelante ou o assis-
inquirição de testemunhas, novo definidas no Código Penal, e cuja tente será intimado da sentença,
interrogatório do acusado, reali- existência reconhecer; pessoalmente ou na pessoa de
zação de debates e julgamento. II – mencionará as outras cir- seu advogado. Se nenhum deles
§ 3o Aplicam-se as disposi- cunstâncias apuradas e tudo o for encontrado no lugar da sede
ções dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao mais que deva ser levado em con- do juízo, a intimação será feita
caput deste artigo. ta na aplicação da pena, de acor- mediante edital com o prazo de 10
§ 4o Havendo aditamento, do com o disposto nos arts. 59 e dias, afixado no lugar de costume.
cada parte poderá arrolar até 3 60 do Decreto-lei no 2.848, de 7 de
(três) testemunhas, no prazo de dezembro de 1940 – Código Penal; Art. 392. A intimação da sen-
5 (cinco) dias, ficando o juiz, na III – aplicará as penas de acor- tença será feita:
sentença, adstrito aos termos do do com essas conclusões; I – ao réu, pessoalmente, se
aditamento. IV – fixará valor mínimo para estiver preso;
§ 5o Não recebido o adita- reparação dos danos causados II – ao réu, pessoalmente, ou
mento, o processo prosseguirá. pela infração, considerando os ao defensor por ele constituído,
prejuízos sofridos pelo ofendido; quando se livrar solto, ou, sendo
Art. 385. Nos crimes de ação V – atenderá, quanto à apli- afiançável a infração, tiver pres-
pública, o juiz poderá proferir cação provisória de interdições tado fiança;
sentença condenatória, ainda que de direitos e medidas de segu- III – ao defensor constituído
o Ministério Público tenha opina- rança, ao disposto no Título XI pelo réu, se este, afiançável, ou
do pela absolvição, bem como deste Livro; não, a infração, expedido o man-
reconhecer agravantes, embo- VI – determinará se a senten- dado de prisão, não tiver sido
ra nenhuma tenha sido alegada. ça deverá ser publicada na íntegra encontrado, e assim o certificar
ou em resumo e designará o jornal o oficial de justiça;
Art. 386. O juiz absolverá o réu, em que será feita a publicação IV – mediante edital, nos ca-
mencionando a causa na parte (art. 73, § 1o, do Código Penal).37 sos do no II, se o réu e o defensor
dispositiva, desde que reconheça: § 1o O juiz decidirá, funda- que houver constituído não forem
I – estar provada a inexistên- mentadamente, sobre a manuten- encontrados, e assim o certificar
cia do fato; ção ou, se for o caso, a imposição o oficial de justiça;
II – não haver prova da exis- V – mediante edital, nos casos
tência do fato; 37
NE: o dispositivo mencionado é o do texto do no III, se o defensor que o réu
III – não constituir o fato in- original do Código Penal. houver constituído também não
498
Código de Processo Penal
for encontrado, e assim o certi- penais de primeiro grau, ainda I – a existência manifesta de
ficar o oficial de justiça; que não regulados neste Código. causa excludente da ilicitude do
VI – mediante edital, se o réu, § 5o Aplicam-se subsidiaria- fato;
não tendo constituído defensor, mente aos procedimentos es- II – a existência manifesta de
não for encontrado, e assim o pecial, sumário e sumaríssimo causa excludente da culpabilidade
certificar o oficial de justiça. as disposições do procedimento do agente, salvo inimputabilidade;
§ 1o O prazo do edital será de ordinário. III – que o fato narrado evi-
90 dias, se tiver sido imposta pena dentemente não constitui cri-
privativa de liberdade por tempo Art. 394-A. Os processos que me; ou
igual ou superior a um ano, e de apurem a prática de crime he- IV – extinta a punibilidade
60 dias, nos outros casos. diondo terão prioridade de tra- do agente.
§ 2o O prazo para apelação mitação em todas as instâncias.
correrá após o término do fixado Art. 398. (Revogado)
no edital, salvo se, no curso deste, Art. 395. A denúncia ou queixa
for feita a intimação por qualquer será rejeitada quando: Art. 399. Recebida a denúncia
das outras formas estabelecidas I – for manifestamente inepta; ou queixa, o juiz designará dia e
neste artigo. II – faltar pressuposto proces- hora para a audiência, ordenando
sual ou condição para o exercício a intimação do acusado, de seu
Art. 393. (Revogado) da ação penal; ou defensor, do Ministério Público
III – faltar justa causa para o e, se for o caso, do querelante e
exercício da ação penal. do assistente.
LIVRO II – DOS PROCESSOS Parágrafo único. (Revogado) § 1o O acusado preso será
EM ESPÉCIE requisitado para comparecer ao
Art. 396. Nos procedimentos or- interrogatório, devendo o poder
TÍTULO I – DO PROCESSO dinário e sumário, oferecida a de- público providenciar sua apre-
COMUM núncia ou queixa, o juiz, se não a sentação.
rejeitar liminarmente, recebê-la-á § 2o O juiz que presidiu a ins-
CAPÍTULO I – DA e ordenará a citação do acusado trução deverá proferir a sentença.
INSTRUÇÃO CRIMINAL para responder à acusação, por
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Art. 400. Na audiência de ins-
Art. 394. O procedimento será Parágrafo único. No caso de trução e julgamento, a ser re-
comum ou especial. citação por edital, o prazo para a alizada no prazo máximo de 60
§ 1o O procedimento comum defesa começará a fluir a partir do (sessenta) dias, proceder-se-á à
será ordinário, sumário ou su- comparecimento pessoal do acu- tomada de declarações do ofendi-
maríssimo: sado ou do defensor constituído. do, à inquirição das testemunhas
I – ordinário, quando tiver por arroladas pela acusação e pela
objeto crime cuja sanção máxima Art. 396-A. Na resposta, o acu- defesa, nesta ordem, ressalvado o
cominada for igual ou superior a sado poderá arguir preliminares disposto no art. 222 deste Código,
4 (quatro) anos de pena privativa e alegar tudo o que interesse à bem como aos esclarecimentos
de liberdade; sua defesa, oferecer documen- dos peritos, às acareações e ao
II – sumário, quando tiver por tos e justificações, especificar reconhecimento de pessoas e
objeto crime cuja sanção máxi- as provas pretendidas e arrolar coisas, interrogando-se, em se-
ma cominada seja inferior a 4 testemunhas, qualificando-as e guida, o acusado.
(quatro) anos de pena privativa requerendo sua intimação, quan- § 1o As provas serão produzi-
de liberdade; do necessário. das numa só audiência, podendo
III – sumaríssimo, para as in- § 1o A exceção será proces- o juiz indeferir as consideradas
frações penais de menor poten- sada em apartado, nos termos irrelevantes, impertinentes ou
cial ofensivo, na forma da lei. dos arts. 95 a 112 deste Código. protelatórias.
§ 2o Aplica-se a todos os pro- § 2o Não apresentada a res- § 2o Os esclarecimentos dos
cessos o procedimento comum, posta no prazo legal, ou se o acu- peritos dependerão de prévio re-
salvo disposições em contrário sado, citado, não constituir de- querimento das partes.
deste Código ou de lei especial. fensor, o juiz nomeará defensor
§ 3o Nos processos de com- para oferecê-la, concedendo-lhe Art. 400-A. Na audiência de
petência do Tribunal do Júri, o vista dos autos por 10 (dez) dias. instrução e julgamento, e, em
procedimento observará as especial, nas que apurem cri-
disposições estabelecidas nos Art. 397. Após o cumprimen- mes contra a dignidade sexual,
arts. 406 a 497 deste Código. to do disposto no art. 396‑A, e todas as partes e demais sujei-
§ 4o As disposições dos parágrafos, deste Código, o juiz tos processuais presentes no ato
arts. 395 a 398 deste Código apli- deverá absolver sumariamente o deverão zelar pela integridade fí-
cam-se a todos os procedimentos acusado quando verificar: sica e psicológica da vítima, sob
499
Código de Processo Penal
pena de responsabilização civil, considerada imprescindível, de alegar tudo que interesse a sua
penal e administrativa, cabendo ofício ou a requerimento da parte, defesa, oferecer documentos e
ao juiz garantir o cumprimento do a audiência será concluída sem justificações, especificar as pro-
disposto neste artigo, vedadas: as alegações finais. vas pretendidas e arrolar teste-
I – a manifestação sobre cir- Parágrafo único. Realizada, munhas, até o máximo de 8 (oito),
cunstâncias ou elementos alheios em seguida, a diligência deter- qualificando-as e requerendo sua
aos fatos objeto de apuração nos minada, as partes apresentarão, intimação, quando necessário.
autos; no prazo sucessivo de 5 (cinco)
II – a utilização de linguagem, dias, suas alegações finais, por Art. 407. As exceções serão
de informações ou de material memorial, e, no prazo de 10 (dez) processadas em apartado, nos
que ofendam a dignidade da ví- dias, o juiz proferirá a sentença. termos dos arts. 95 a 112 deste
tima ou de testemunhas. Código.
Art. 405. Do ocorrido em au-
Art. 401. Na instrução poderão diência será lavrado termo em Art. 408. Não apresentada a
ser inquiridas até 8 (oito) teste- livro próprio, assinado pelo juiz resposta no prazo legal, o juiz no-
munhas arroladas pela acusação e pelas partes, contendo breve meará defensor para oferecê-la
e 8 (oito) pela defesa. resumo dos fatos relevantes nela em até 10 (dez) dias, conceden-
§ 1o Nesse número não se ocorridos. do-lhe vista dos autos.
compreendem as que não pres- § 1o Sempre que possível, o
tem compromisso e as referidas. registro dos depoimentos do in- Art. 409. Apresentada a defesa,
§ 2o A parte poderá desistir vestigado, indiciado, ofendido o juiz ouvirá o Ministério Público
da inquirição de qualquer das tes- e testemunhas será feito pelos ou o querelante sobre prelimi-
temunhas arroladas, ressalvado o meios ou recursos de gravação nares e documentos, em 5 (cin-
disposto no art. 209 deste Código. magnética, estenotipia, digital co) dias.
ou técnica similar, inclusive au-
Art. 402. Produzidas as provas, diovisual, destinada a obter maior Art. 410. O juiz determinará a
ao final da audiência, o Ministério fidelidade das informações. inquirição das testemunhas e
Público, o querelante e o assisten- § 2o No caso de registro por a realização das diligências re-
te e, a seguir, o acusado poderão meio audiovisual, será encami- queridas pelas partes, no prazo
requerer diligências cuja necessi- nhado às partes cópia do regis- máximo de 10 (dez) dias.
dade se origine de circunstâncias tro original, sem necessidade de
ou fatos apurados na instrução. transcrição. Art. 411. Na audiência de ins-
trução, proceder-se-á à tomada
Art. 403. Não havendo reque- de declarações do ofendido, se
rimento de diligências, ou sendo CAPÍTULO II – DO possível, à inquirição das teste-
indeferido, serão oferecidas ale- PROCEDIMENTO RELATIVO munhas arroladas pela acusa-
gações finais orais por 20 (vinte) AOS PROCESSOS DA ção e pela defesa, nesta ordem,
minutos, respectivamente, pela COMPETÊNCIA DO bem como aos esclarecimentos
acusação e pela defesa, prorrogá- TRIBUNAL DO JÚRI dos peritos, às acareações e ao
veis por mais 10 (dez), proferindo reconhecimento de pessoas e
o juiz, a seguir, sentença. Seção I – Da Acusação e da coisas, interrogando-se, em se-
§ 1o Havendo mais de um Instrução Preliminar guida, o acusado e procedendo-
acusado, o tempo previsto para a -se o debate.
defesa de cada um será individual. Art. 406. O juiz, ao receber a § 1o Os esclarecimentos dos
§ 2o Ao assistente do Ministé- denúncia ou a queixa, ordenará peritos dependerão de prévio re-
rio Público, após a manifestação a citação do acusado para res- querimento e de deferimento pelo
desse, serão concedidos 10 (dez) ponder a acusação, por escrito, juiz.
minutos, prorrogando-se por igual no prazo de 10 (dez) dias. § 2o As provas serão produzi-
período o tempo de manifestação § 1o O prazo previsto no caput das em uma só audiência, poden-
da defesa. deste artigo será contado a partir do o juiz indeferir as consideradas
§ 3o O juiz poderá, conside- do efetivo cumprimento do man- irrelevantes, impertinentes ou
rada a complexidade do caso ou dado ou do comparecimento, em protelatórias.
o número de acusados, conceder juízo, do acusado ou de defensor § 3o Encerrada a instrução
às partes o prazo de 5 (cinco) dias constituído, no caso de citação probatória, observar-se-á, se for
sucessivamente para a apresen- inválida ou por edital. o caso, o disposto no art. 384
tação de memoriais. Nesse caso, § 2o A acusação deverá arro- deste Código.
terá o prazo de 10 (dez) dias para lar testemunhas, até o máximo de § 4o As alegações serão
proferir a sentença. 8 (oito), na denúncia ou na queixa. orais, concedendo-se a palavra,
§ 3o Na resposta, o acusa- respectivamente, à acusação e
Art. 404. Ordenado diligência do poderá arguir preliminares e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte)
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Código de Processo Penal
minutos, prorrogáveis por mais ção, revogação ou substituição o acusado fique sujeito a pena
10 (dez). da prisão ou medida restritiva de mais grave.
§ 5o Havendo mais de 1 (um) liberdade anteriormente decre-
acusado, o tempo previsto para a tada e, tratando-se de acusado Art. 419. Quando o juiz se con-
acusação e a defesa de cada um solto, sobre a necessidade da vencer, em discordância com a
deles será individual. decretação da prisão ou impo- acusação, da existência de cri-
§ 6o Ao assistente do Ministé- sição de quaisquer das medidas me diverso dos referidos no § 1o
rio Público, após a manifestação previstas no Título IX do Livro I do art. 74 deste Código e não for
deste, serão concedidos 10 (dez) deste Código. competente para o julgamento,
minutos, prorrogando-se por igual remeterá os autos ao juiz que
período o tempo de manifestação Art. 414. Não se convencendo o seja.
da defesa. da materialidade do fato ou da Parágrafo único. Remetidos
§ 7o Nenhum ato será adia- existência de indícios suficientes os autos do processo a outro juiz,
do, salvo quando imprescindível de autoria ou de participação, o à disposição deste ficará o acu-
à prova faltante, determinando juiz, fundamentadamente, impro- sado preso.
o juiz a condução coercitiva de nunciará o acusado.
quem deva comparecer. Parágrafo único. Enquanto Art. 420. A intimação da decisão
§ 8o A testemunha que com- não ocorrer a extinção da punibi- de pronúncia será feita:
parecer será inquirida, indepen- lidade, poderá ser formulada nova I – pessoalmente ao acusado,
dentemente da suspensão da denúncia ou queixa se houver ao defensor nomeado e ao Minis-
audiência, observada em qual- prova nova. tério Público;
quer caso a ordem estabelecida II – ao defensor constituído,
no caput deste artigo. Art. 415. O juiz, fundamenta- ao querelante e ao assistente
§ 9o Encerrados os debates, damente, absolverá desde logo do Ministério Público, na forma
o juiz proferirá a sua decisão, ou o o acusado, quando: do disposto no § 1o do art. 370
fará em 10 (dez) dias, ordenando I – provada a inexistência do deste Código.
que os autos para isso lhe sejam fato; Parágrafo único. Será inti-
conclusos. II – provado não ser ele autor mado por edital o acusado solto
ou partícipe do fato; que não for encontrado.
Art. 412. O procedimento será III – o fato não constituir in-
concluído no prazo máximo de fração penal; Art. 421. Preclusa a decisão de
90 (noventa) dias. IV – demonstrada causa de pronúncia, os autos serão enca-
isenção de pena ou de exclusão minhados ao juiz presidente do
do crime. Tribunal do Júri.
Seção II – Da Pronúncia, da Parágrafo único. Não se apli- § 1o Ainda que preclusa a
Impronúncia e da Absolvição ca o disposto no inciso IV do caput decisão de pronúncia, havendo
Sumária deste artigo ao caso de inimpu- circunstância superveniente que
tabilidade prevista no caput do altere a classificação do crime, o
Art. 413. O juiz, fundamentada- art. 26 do Decreto-lei no 2.848, de juiz ordenará a remessa dos autos
mente, pronunciará o acusado, 7 de dezembro de 1940 – Código ao Ministério Público.
se convencido da materialidade Penal, salvo quando esta for a § 2o Em seguida, os autos
do fato e da existência de indí- única tese defensiva. serão conclusos ao juiz para de-
cios suficientes de autoria ou de cisão.
participação. Art. 416. Contra a sentença de
§ 1o A fundamentação da pro- impronúncia ou de absolvição
núncia limitar-se-á à indicação sumária caberá apelação.
Seção III – Da Preparação do
da materialidade do fato e da Processo para Julgamento
existência de indícios suficien- Art. 417. Se houver indícios de em Plenário
tes de autoria ou de participa- autoria ou de participação de
ção, devendo o juiz declarar o outras pessoas não incluídas na Art. 422. Ao receber os autos,
dispositivo legal em que julgar acusação, o juiz, ao pronunciar o presidente do Tribunal do Júri
incurso o acusado e especificar ou impronunciar o acusado, de- determinará a intimação do ór-
as circunstâncias qualificadoras terminará o retorno dos autos ao gão do Ministério Público ou do
e as causas de aumento de pena. Ministério Público, por 15 (quinze) querelante, no caso de queixa,
§ 2o Se o crime for afian- dias, aplicável, no que couber, o e do defensor, para, no prazo de
çável, o juiz arbitrará o valor da art. 80 deste Código. 5 (cinco) dias, apresentarem rol
fiança para a concessão ou ma- de testemunhas que irão depor
nutenção da liberdade provisória. Art. 418. O juiz poderá dar ao em plenário, até o máximo de
§ 3o O juiz decidirá, motiva- fato definição jurídica diversa da 5 (cinco), oportunidade em que
damente, no caso de manuten- constante da acusação, embora poderão juntar documentos e
501
Código de Processo Penal
requerer diligência. repartições públicas e outros nú- mento será distribuído imedia-
cleos comunitários a indicação de tamente e terá preferência de
Art. 423. Deliberando sobre os pessoas que reúnam as condições julgamento na Câmara ou Turma
requerimentos de provas a serem para exercer a função de jurado. competente.
produzidas ou exibidas no plená- § 2o Sendo relevantes os mo-
rio do júri, e adotadas as providên- Art. 426. A lista geral dos jura- tivos alegados, o relator poderá
cias devidas, o juiz presidente: dos, com indicação das respec- determinar, fundamentadamen-
I – ordenará as diligências tivas profissões, será publicada te, a suspensão do julgamento
necessárias para sanar qualquer pela imprensa até o dia 10 de pelo júri.
nulidade ou esclarecer fato que outubro de cada ano e divulgada § 3o Será ouvido o juiz presi-
interesse ao julgamento da causa; em editais afixados à porta do dente, quando a medida não tiver
II – fará relatório sucinto do Tribunal do Júri. sido por ele solicitada.
processo, determinando sua in- § 1o A lista poderá ser alte- § 4o Na pendência de recurso
clusão em pauta da reunião do rada, de ofício ou mediante re- contra a decisão de pronúncia ou
Tribunal do Júri. clamação de qualquer do povo quando efetivado o julgamento,
ao juiz presidente até o dia 10 de não se admitirá o pedido de de-
Art. 424. Quando a lei local de novembro, data de sua publica- saforamento, salvo, nesta última
organização judiciária não atribuir ção definitiva. hipótese, quanto a fato ocorrido
ao presidente do Tribunal do Júri § 2o Juntamente com a lista, durante ou após a realização de
o preparo para julgamento, o juiz serão transcritos os arts. 436 a julgamento anulado.
competente remeter-lhe-á os au- 446 deste Código.
tos do processo preparado até 5 § 3o Os nomes e endereços Art. 428. O desaforamento tam-
(cinco) dias antes do sorteio a que dos alistados, em cartões iguais, bém poderá ser determinado, em
se refere o art. 433 deste Código. após serem verificados na pre- razão do comprovado excesso de
Parágrafo único. Deverão ser sença do Ministério Público, de serviço, ouvidos o juiz presidente
remetidos, também, os processos advogado indicado pela Seção e a parte contrária, se o julga-
preparados até o encerramento local da Ordem dos Advogados mento não puder ser realizado no
da reunião, para a realização de do Brasil e de defensor indicado prazo de 6 (seis) meses, contado
julgamento. pelas Defensorias Públicas com- do trânsito em julgado da decisão
petentes, permanecerão guar- de pronúncia.
dados em urna fechada a chave, § 1o Para a contagem do pra-
Seção IV – Do Alistamento sob a responsabilidade do juiz zo referido neste artigo, não se
dos Jurados presidente. computará o tempo de adiamen-
§ 4o O jurado que tiver inte- tos, diligências ou incidentes de
Art. 425. Anualmente, serão grado o Conselho de Sentença interesse da defesa.
alistados pelo presidente do Tri- nos 12 (doze) meses que antece- § 2o Não havendo excesso
bunal do Júri de 800 (oitocentos) derem à publicação da lista geral de serviço ou existência de pro-
a 1.500 (um mil e quinhentos) ju- fica dela excluído. cessos aguardando julgamento
rados nas comarcas de mais de § 5o Anualmente, a lista geral em quantidade que ultrapasse a
1.000.000 (um milhão) de habi- de jurados será, obrigatoriamen- possibilidade de apreciação pelo
tantes, de 300 (trezentos) a 700 te, completada. Tribunal do Júri, nas reuniões pe-
(setecentos) nas comarcas de riódicas previstas para o exercí-
mais de 100.000 (cem mil) ha- cio, o acusado poderá requerer ao
bitantes e de 80 (oitenta) a 400
Seção V – Do Desaforamento Tribunal que determine a imediata
(quatrocentos) nas comarcas de realização do julgamento.
menor população. Art. 427. Se o interesse da or-
§ 1o Nas comarcas onde for dem pública o reclamar ou houver
necessário, poderá ser aumenta- dúvida sobre a imparcialidade do
Seção VI – Da Organização
do o número de jurados e, ainda, júri ou a segurança pessoal do da Pauta
organizada lista de suplentes, acusado, o Tribunal, a requeri-
depositadas as cédulas em urna mento do Ministério Público, do Art. 429. Salvo motivo relevante
especial, com as cautelas men- assistente, do querelante ou do que autorize alteração na ordem
cionadas na parte final do § 3o do acusado ou mediante represen- dos julgamentos, terão prefe-
art. 426 deste Código. tação do juiz competente, poderá rência:
§ 2o O juiz presidente requi- determinar o desaforamento do I – os acusados presos;
sitará às autoridades locais, as- julgamento para outra comarca II – dentre os acusados pre-
sociações de classe e de bairro, da mesma região, onde não exis- sos, aqueles que estiverem há
entidades associativas e cultu- tam aqueles motivos, preferindo- mais tempo na prisão;
rais, instituições de ensino em -se as mais próximas. III – em igualdade de condi-
geral, universidades, sindicatos, § 1o O pedido de desafora- ções, os precedentemente pro-
502
Código de Processo Penal
nunciados. Art. 434. Os jurados sorteados vidores da polícia e da segurança
§ 1o Antes do dia designado serão convocados pelo correio pública;
para o primeiro julgamento da ou por qualquer outro meio hábil VIII – os militares em servi-
reunião periódica, será afixada para comparecer no dia e hora ço ativo;
na porta do edifício do Tribunal designados para a reunião, sob IX – os cidadãos maiores de
do Júri a lista dos processos a se- as penas da lei. 70 (setenta) anos que requeiram
rem julgados, obedecida a ordem Parágrafo único. No mesmo sua dispensa;
prevista no caput deste artigo. expediente de convocação serão X – aqueles que o requere-
§ 2o O juiz presidente reser- transcritos os arts. 436 a 446 rem, demonstrando justo impe-
vará datas na mesma reunião pe- deste Código. dimento.
riódica para a inclusão de proces-
so que tiver o julgamento adiado. Art. 435. Serão afixados na por- Art. 438. A recusa ao serviço
ta do edifício do Tribunal do Júri a do júri fundada em convicção
Art. 430. O assistente somente relação dos jurados convocados, religiosa, filosófica ou política
será admitido se tiver requerido os nomes do acusado e dos pro- importará no dever de prestar
sua habilitação até 5 (cinco) dias curadores das partes, além do serviço alternativo, sob pena de
antes da data da sessão na qual dia, hora e local das sessões de suspensão dos direitos políticos,
pretenda atuar. instrução e julgamento. enquanto não prestar o serviço
imposto.
Art. 431. Estando o processo em § 1o Entende-se por serviço
ordem, o juiz presidente mandará
Seção VIII – Da Função do alternativo o exercício de ativida-
intimar as partes, o ofendido, se Jurado des de caráter administrativo, as-
for possível, as testemunhas e os sistencial, filantrópico ou mesmo
peritos, quando houver requeri- Art. 436. O serviço do júri é produtivo, no Poder Judiciário, na
mento, para a sessão de instrução obrigatório. O alistamento com- Defensoria Pública, no Ministério
e julgamento, observando, no que preenderá os cidadãos maiores Público ou em entidade convenia-
couber, o disposto no art. 420 de 18 (dezoito) anos de notória da para esses fins.
deste Código. idoneidade. § 2o O juiz fixará o serviço
§ 1o Nenhum cidadão poderá alternativo atendendo aos prin-
ser excluído dos trabalhos do júri cípios da proporcionalidade e da
Seção VII – Do Sorteio e da ou deixar de ser alistado em ra- razoabilidade.
Convocação dos Jurados zão de cor ou etnia, raça, credo,
sexo, profissão, classe social ou Art. 439. O exercício efetivo da
Art. 432. Em seguida à organi- econômica, origem ou grau de função de jurado constituirá ser-
zação da pauta, o juiz presidente instrução. viço público relevante e estabe-
determinará a intimação do Minis- § 2o A recusa injustificada ao lecerá presunção de idoneidade
tério Público, da Ordem dos Advo- serviço do júri acarretará multa moral.
gados do Brasil e da Defensoria no valor de 1 (um) a 10 (dez) salá-
Pública para acompanharem, em rios mínimos, a critério do juiz, Art. 440. Constitui também di-
dia e hora designados, o sorteio de acordo com a condição eco- reito do jurado, na condição do
dos jurados que atuarão na reu- nômica do jurado. art. 439 deste Código, preferên-
nião periódica. cia, em igualdade de condições,
Art. 437. Estão isentos do ser- nas licitações públicas e no pro-
Art. 433. O sorteio, presidido viço do júri: vimento, mediante concurso, de
pelo juiz, far-se-á a portas aber- I – o Presidente da República cargo ou função pública, bem
tas, cabendo-lhe retirar as cédu- e os Ministros de Estado; como nos casos de promoção
las até completar o número de 25 II – os Governadores e seus funcional ou remoção voluntária.
(vinte e cinco) jurados, para a reu- respectivos Secretários;
nião periódica ou extraordinária. III – os membros do Congres- Art. 441. Nenhum desconto será
§ 1o O sorteio será realizado so Nacional, das Assembleias Le- feito nos vencimentos ou salário
entre o 15o (décimo quinto) e o 10o gislativas e das Câmaras Distrital do jurado sorteado que compa-
(décimo) dia útil antecedente à e Municipais; recer à sessão do júri.
instalação da reunião. IV – os Prefeitos Municipais;
§ 2o A audiência de sorteio V – os Magistrados e mem- Art. 442. Ao jurado que, sem
não será adiada pelo não com- bros do Ministério Público e da causa legítima, deixar de com-
parecimento das partes. Defensoria Pública; parecer no dia marcado para a
§ 3o O jurado não sorteado VI – os servidores do Poder sessão ou retirar-se antes de ser
poderá ter o seu nome novamente Judiciário, do Ministério Público dispensado pelo presidente será
incluído para as reuniões futuras. e da Defensoria Pública; aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez)
VII – as autoridades e os ser- salários mínimos, a critério do
503
Código de Processo Penal
juiz, de acordo com a sua condi- o disposto sobre os impedimen- o primeiro dia desimpedido da
ção econômica. tos, a suspeição e as incompa- mesma reunião, cientificadas as
tibilidades dos juízes togados. partes e as testemunhas.
Art. 443. Somente será aceita Parágrafo único. Se a au-
escusa fundada em motivo rele- Art. 449. Não poderá servir o sência não for justificada, o fato
vante devidamente comprovado jurado que: será imediatamente comunicado
e apresentada, ressalvadas as hi- I – tiver funcionado em julga- ao Procurador-Geral de Justi-
póteses de força maior, até o mo- mento anterior do mesmo proces- ça com a data designada para a
mento da chamada dos jurados. so, independentemente da cau- nova sessão.
sa determinante do julgamento
Art. 444. O jurado somente será posterior; Art. 456. Se a falta, sem escusa
dispensado por decisão motivada II – no caso do concurso de legítima, for do advogado do acu-
do juiz presidente, consignada na pessoas, houver integrado o Con- sado, e se outro não for por este
ata dos trabalhos. selho de Sentença que julgou o constituído, o fato será imedia-
outro acusado; tamente comunicado ao presi-
Art. 445. O jurado, no exercí- III – tiver manifestado prévia dente da seccional da Ordem dos
cio da função ou a pretexto de disposição para condenar ou ab- Advogados do Brasil, com a data
exercê-la, será responsável cri- solver o acusado. designada para a nova sessão.
minalmente nos mesmos termos § 1o Não havendo escusa le-
em que o são os juízes togados. Art. 450. Dos impedidos entre gítima, o julgamento será adiado
si por parentesco ou relação de somente uma vez, devendo o acu-
Art. 446. Aos suplentes, quando convivência, servirá o que houver sado ser julgado quando chamado
convocados, serão aplicáveis os sido sorteado em primeiro lugar. novamente.
dispositivos referentes às dispen- § 2o Na hipótese do § 1o deste
sas, faltas e escusas e à equipa- Art. 451. Os jurados excluídos artigo, o juiz intimará a Defensoria
ração de responsabilidade penal por impedimento, suspeição ou Pública para o novo julgamento,
prevista no art. 445 deste Código. incompatibilidade serão consi- que será adiado para o primeiro
derados para a constituição do dia desimpedido, observado o
número legal exigível para a re- prazo mínimo de 10 (dez) dias.
Seção IX – Da Composição alização da sessão.
do Tribunal do Júri e da Art. 457. O julgamento não será
Formação do Conselho de Art. 452. O mesmo Conselho adiado pelo não comparecimento
Sentença de Sentença poderá conhecer de do acusado solto, do assistente ou
mais de um processo, no mesmo do advogado do querelante, que
Art. 447. O Tribunal do Júri é dia, se as partes o aceitarem, tiver sido regularmente intimado.
composto por 1 (um) juiz togado, hipótese em que seus integran- § 1o Os pedidos de adiamento
seu presidente e por 25 (vinte e tes deverão prestar novo com- e as justificações de não com-
cinco) jurados que serão sortea- promisso. parecimento deverão ser, sal-
dos dentre os alistados, 7 (sete) vo comprovado motivo de força
dos quais constituirão o Conselho maior, previamente submetidos
de Sentença em cada sessão de
Seção X – Da Reunião e das à apreciação do juiz presidente
julgamento. Sessões do Tribunal do Júri do Tribunal do Júri.
§ 2o Se o acusado preso não
Art. 448. São impedidos de ser- Art. 453. O Tribunal do Júri reu- for conduzido, o julgamento será
vir no mesmo Conselho: nir-se-á para as sessões de ins- adiado para o primeiro dia desim-
I – marido e mulher; trução e julgamento nos períodos pedido da mesma reunião, salvo
II – ascendente e descen- e na forma estabelecida pela lei se houver pedido de dispensa de
dente; local de organização judiciária. comparecimento subscrito por
III – sogro e genro ou nora; ele e seu defensor.
IV – irmãos e cunhados, du- Art. 454. Até o momento de
rante o cunhadio; abertura dos trabalhos da sessão, Art. 458. Se a testemunha, sem
V – tio e sobrinho; o juiz presidente decidirá os casos justa causa, deixar de compare-
VI – padrasto, madrasta ou de isenção e dispensa de jurados cer, o juiz presidente, sem prejuí-
enteado. e o pedido de adiamento de julga- zo da ação penal pela desobediên-
§ 1o O mesmo impedimento mento, mandando consignar em cia, aplicar-lhe-á a multa prevista
ocorrerá em relação às pessoas ata as deliberações. no § 2o do art. 436 deste Código.
que mantenham união estável
reconhecida como entidade fa- Art. 455. Se o Ministério Públi- Art. 459. Aplicar-se-á às teste-
miliar. co não comparecer, o juiz presi- munhas a serviço do Tribunal do
§ 2o Aplicar-se-á aos jurados dente adiará o julgamento para Júri o disposto no art. 441 deste
504
Código de Processo Penal
Código. Art. 465. Os nomes dos suplen- § 2o Determinada a separa-
tes serão consignados em ata, ção dos julgamentos, será julga-
Art. 460. Antes de constituído o remetendo-se o expediente de do em primeiro lugar o acusado
Conselho de Sentença, as teste- convocação, com observância a quem foi atribuída a autoria do
munhas serão recolhidas a lugar do disposto nos arts. 434 e 435 fato ou, em caso de coautoria,
onde umas não possam ouvir os deste Código. aplicar-se-á o critério de prefe-
depoimentos das outras. rência disposto no art. 429 deste
Art. 466. Antes do sorteio dos Código.
Art. 461. O julgamento não será membros do Conselho de Senten-
adiado se a testemunha deixar de ça, o juiz presidente esclarecerá Art. 470. Desacolhida a arguição
comparecer, salvo se uma das sobre os impedimentos, a sus- de impedimento, de suspeição
partes tiver requerido a sua inti- peição e as incompatibilidades ou de incompatibilidade contra
mação por mandado, na oportuni- constantes dos arts. 448 e 449 o juiz presidente do Tribunal do
dade de que trata o art. 422 deste deste Código. Júri, órgão do Ministério Público,
Código, declarando não prescindir § 1o O juiz presidente tam- jurado ou qualquer funcionário, o
do depoimento e indicando a sua bém advertirá os jurados de que, julgamento não será suspenso,
localização. uma vez sorteados, não poderão devendo, entretanto, constar da
§ 1o Se, intimada, a testemu- comunicar-se entre si e com ou- ata o seu fundamento e a decisão.
nha não comparecer, o juiz pre- trem, nem manifestar sua opinião
sidente suspenderá os trabalhos sobre o processo, sob pena de Art. 471. Se, em consequên-
e mandará conduzi-la ou adiará exclusão do Conselho e multa, cia do impedimento, suspeição,
o julgamento para o primeiro dia na forma do § 2o do art. 436 des- incompatibilidade, dispensa ou
desimpedido, ordenando a sua te Código. recusa, não houver número para
condução. § 2o A incomunicabilidade a formação do Conselho, o julga-
§ 2o O julgamento será rea- será certificada nos autos pelo mento será adiado para o primeiro
lizado mesmo na hipótese de a oficial de justiça. dia desimpedido, após sorteados
testemunha não ser encontrada os suplentes, com observância do
no local indicado, se assim for Art. 467. Verificando que se en- disposto no art. 464 deste Código.
certificado por oficial de justiça. contram na urna as cédulas re-
lativas aos jurados presentes, o Art. 472. Formado o Conselho
Art. 462. Realizadas as diligên- juiz presidente sorteará 7 (sete) de Sentença, o presidente, le-
cias referidas nos arts. 454 a 461 dentre eles para a formação do vantando-se, e, com ele, todos
deste Código, o juiz presidente Conselho de Sentença. os presentes, fará aos jurados a
verificará se a urna contém as seguinte exortação:
cédulas dos 25 (vinte e cinco) Art. 468. À medida que as cé- Em nome da lei, concito-vos
jurados sorteados, mandando dulas forem sendo retiradas da a examinar esta causa com
que o escrivão proceda à cha- urna, o juiz presidente as lerá, e imparcialidade e a proferir
mada deles. a defesa e, depois dela, o Minis- a vossa decisão de acordo
tério Público poderão recusar os com a vossa consciência e
Art. 463. Comparecendo, pelo jurados sorteados, até 3 (três) os ditames da justiça.
menos, 15 (quinze) jurados, o juiz cada parte, sem motivar a recusa. Os jurados, nominalmente chama-
presidente declarará instalados Parágrafo único. O jurado dos pelo presidente, responderão:
os trabalhos, anunciando o pro- recusado imotivadamente por Assim o prometo.
cesso que será submetido a jul- qualquer das partes será exclu- Parágrafo único. O jurado,
gamento. ído daquela sessão de instrução em seguida, receberá cópias da
§ 1o O oficial de justiça fará o e julgamento, prosseguindo-se pronúncia ou, se for o caso, das
pregão, certificando a diligência o sorteio para a composição do decisões posteriores que julga-
nos autos. Conselho de Sentença com os ram admissível a acusação e do
§ 2o Os jurados excluídos por jurados remanescentes. relatório do processo.
impedimento ou suspeição serão
computados para a constituição Art. 469. Se forem 2 (dois) ou
do número legal. mais os acusados, as recusas
Seção XI – Da Instrução em
poderão ser feitas por um só de- Plenário
Art. 464. Não havendo o número fensor.
referido no art. 463 deste Códi- § 1o A separação dos julga- Art. 473. Prestado o compro-
go, proceder-se-á ao sorteio de mentos somente ocorrerá se, em misso pelos jurados, será iniciada
tantos suplentes quantos neces- razão das recusas, não for obti- a instrução plenária quando o juiz
sários, e designar-se-á nova data do o número mínimo de 7 (sete) presidente, o Ministério Público,
para a sessão do júri. jurados para compor o Conselho o assistente, o querelante e o
de Sentença. defensor do acusado tomarão,
505
Código de Processo Penal
sucessiva e diretamente, as de- aos fatos objeto de apuração nos ção e a defesa será acrescido de
clarações do ofendido, se possí- autos; 1 (uma) hora e elevado ao dobro o
vel, e inquirirão as testemunhas II – a utilização de linguagem, da réplica e da tréplica, observado
arroladas pela acusação. de informações ou de material o disposto no § 1o deste artigo.
§ 1o Para a inquirição das tes- que ofendam a dignidade da ví-
temunhas arroladas pela defesa, tima ou de testemunhas. Art. 478. Durante os debates as
o defensor do acusado formulará partes não poderão, sob pena de
as perguntas antes do Ministério Art. 475. O registro dos depoi- nulidade, fazer referências:
Público e do assistente, mantidos mentos e do interrogatório será I – à decisão de pronúncia, às
no mais a ordem e os critérios feito pelos meios ou recursos de decisões posteriores que julga-
estabelecidos neste artigo. gravação magnética, eletrônica, ram admissível a acusação ou à
§ 2o Os jurados poderão for- estenotipia ou técnica similar, determinação do uso de algemas
mular perguntas ao ofendido e às destinada a obter maior fidelidade como argumento de autoridade
testemunhas, por intermédio do e celeridade na colheita da prova. que beneficiem ou prejudiquem
juiz presidente. Parágrafo único. A transcri- o acusado;
§ 3o As partes e os jurados ção do registro, após feita a de- II – ao silêncio do acusado
poderão requerer acareações, gravação, constará dos autos. ou à ausência de interrogatório
reconhecimento de pessoas e por falta de requerimento, em
coisas e esclarecimento dos peri- seu prejuízo.
tos, bem como a leitura de peças
Seção XII – Dos Debates
que se refiram, exclusivamente, Art. 479. Durante o julgamen-
às provas colhidas por carta pre- Art. 476. Encerrada a instru- to não será permitida a leitura
catória e às provas cautelares, ção, será concedida a palavra de documento ou a exibição de
antecipadas ou não repetíveis. ao Ministério Público, que fará objeto que não tiver sido junta-
a acusação, nos limites da pro- do aos autos com a antecedên-
Art. 474. A seguir será o acu- núncia ou das decisões poste- cia mínima de 3 (três) dias úteis,
sado interrogado, se estiver pre- riores que julgaram admissível a dando-se ciência à outra parte.
sente, na forma estabelecida no acusação, sustentando, se for o Parágrafo único. Compreen-
Capítulo III do Título VII do Livro I caso, a existência de circunstân- de-se na proibição deste artigo a
deste Código, com as alterações cia agravante. leitura de jornais ou qualquer ou-
introduzidas nesta Seção. § 1o O assistente falará de- tro escrito, bem como a exibição
§ 1o O Ministério Público, o pois do Ministério Público. de vídeos, gravações, fotografias,
assistente, o querelante e o de- § 2o Tratando-se de ação pe- laudos, quadros, croqui ou qual-
fensor, nessa ordem, poderão nal de iniciativa privada, falará quer outro meio assemelhado,
formular, diretamente, perguntas em primeiro lugar o querelante e, cujo conteúdo versar sobre a ma-
ao acusado. em seguida, o Ministério Público, téria de fato submetida à apre-
§ 2o Os jurados formularão salvo se este houver retomado a ciação e julgamento dos jurados.
perguntas por intermédio do juiz titularidade da ação, na forma do
presidente. art. 29 deste Código. Art. 480. A acusação, a defesa
§ 3o Não se permitirá o uso § 3o Finda a acusação, terá e os jurados poderão, a qualquer
de algemas no acusado durante a palavra a defesa. momento e por intermédio do juiz
o período em que permanecer § 4o A acusação poderá re- presidente, pedir ao orador que
no plenário do júri, salvo se ab- plicar e a defesa treplicar, sendo indique a folha dos autos onde se
solutamente necessário à ordem admitida a reinquirição de tes- encontra a peça por ele lida ou
dos trabalhos, à segurança das temunha já ouvida em plenário. citada, facultando-se, ainda, aos
testemunhas ou à garantia da jurados solicitar-lhe, pelo mesmo
integridade física dos presentes. Art. 477. O tempo destinado à meio, o esclarecimento de fato
acusação e à defesa será de uma por ele alegado.
Art. 474-A. Durante a instru- hora e meia para cada, e de uma § 1o Concluídos os debates, o
ção em plenário, todas as partes hora para a réplica e outro tanto presidente indagará dos jurados
e demais sujeitos processuais para a tréplica. se estão habilitados a julgar ou
presentes no ato deverão res- § 1o Havendo mais de um se necessitam de outros escla-
peitar a dignidade da vítima, sob acusador ou mais de um defen- recimentos.
pena de responsabilização civil, sor, combinarão entre si a dis- § 2o Se houver dúvida sobre
penal e administrativa, caben- tribuição do tempo, que, na falta questão de fato, o presidente
do ao juiz presidente garantir o de acordo, será dividido pelo juiz prestará esclarecimentos à vista
cumprimento do disposto neste presidente, de forma a não exce- dos autos.
artigo, vedadas: der o determinado neste artigo. § 3o Os jurados, nesta fase
I – a manifestação sobre cir- § 2o Havendo mais de 1 (um) do procedimento, terão acesso
cunstâncias ou elementos alheios acusado, o tempo para a acusa- aos autos e aos instrumentos
506
Código de Processo Penal
do crime se solicitarem ao juiz mais de 3 (três) jurados, a qual- o assistente, o querelante, o de-
presidente. quer dos quesitos referidos nos fensor do acusado, o escrivão e
incisos I e II do caput deste arti- o oficial de justiça dirigir-se-ão
Art. 481. Se a verificação de go encerra a votação e implica a à sala especial a fim de ser pro-
qualquer fato, reconhecida como absolvição do acusado. cedida a votação.
essencial para o julgamento da § 2o Respondidos afirmativa- § 1o Na falta de sala especial,
causa, não puder ser realizada mente por mais de 3 (três) jurados o juiz presidente determinará que
imediatamente, o juiz presidente os quesitos relativos aos incisos o público se retire, permanecendo
dissolverá o Conselho, ordenan- I e II do caput deste artigo será somente as pessoas menciona-
do a realização das diligências formulado quesito com a seguinte das no caput deste artigo.
entendidas necessárias. redação:39 § 2o O juiz presidente adver-
Parágrafo único. Se a dili- O jurado absolve o acusado? tirá as partes de que não será
gência consistir na produção de § 3o Decidindo os jurados permitida qualquer intervenção
prova pericial, o juiz presiden- pela condenação, o julgamento que possa perturbar a livre ma-
te, desde logo, nomeará perito e prossegue, devendo ser formu- nifestação do Conselho e fará
formulará quesitos, facultando lados quesitos sobre: retirar da sala quem se portar
às partes também formulá-los e I – causa de diminuição de inconvenientemente.
indicar assistentes técnicos, no pena alegada pela defesa;
prazo de 5 (cinco) dias. II – circunstância qualifica- Art. 486. Antes de proceder-se
dora ou causa de aumento de à votação de cada quesito, o juiz
pena, reconhecidas na pronúncia presidente mandará distribuir aos
Seção XIII – Do Questionário ou em decisões posteriores que jurados pequenas cédulas, feitas
e Sua Votação julgaram admissível a acusação. de papel opaco e facilmente do-
§ 4o Sustentada a desclas- bráveis, contendo 7 (sete) delas a
Art. 482. O Conselho de Sen- sificação da infração para outra palavra sim, 7 (sete) a palavra não.
tença será questionado sobre de competência do juiz singular,
matéria de fato e se o acusado será formulado quesito a respei- Art. 487. Para assegurar o si-
deve ser absolvido. to, para ser respondido após o 2o gilo do voto, o oficial de justiça
Parágrafo único. Os quesitos (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, recolherá em urnas separadas
serão redigidos em proposições conforme o caso. as cédulas correspondentes aos
afirmativas, simples e distintas, § 5o Sustentada a tese de votos e as não utilizadas.
de modo que cada um deles pos- ocorrência do crime na sua forma
sa ser respondido com suficiente tentada ou havendo divergên- Art. 488. Após a resposta, ve-
clareza e necessária precisão. cia sobre a tipificação do delito, rificados os votos e as cédulas
Na sua elaboração, o presidente sendo este da competência do não utilizadas, o presidente de-
levará em conta os termos da Tribunal do Júri, o juiz formulará terminará que o escrivão regis-
pronúncia ou das decisões pos- quesito acerca destas questões, tre no termo a votação de cada
teriores que julgaram admissível para ser respondido após o se- quesito, bem como o resultado
a acusação, do interrogatório e gundo quesito. do julgamento.
das alegações das partes. § 6o Havendo mais de um Parágrafo único. Do termo
crime ou mais de um acusado, também constará a conferência
Art. 483. Os quesitos serão for- os quesitos serão formulados em das cédulas não utilizadas.
mulados na seguinte ordem, in- séries distintas.
dagando sobre: Art. 489. As decisões do Tri-
I – a materialidade do fato; Art. 484. A seguir, o presiden- bunal do Júri serão tomadas por
II – a autoria ou participação; te lerá os quesitos e indagará maioria de votos.
III – se o acusado deve ser das partes se têm requerimento
absolvido;38 ou reclamação a fazer, devendo Art. 490. Se a resposta a qual-
IV – se existe causa de di- qualquer deles, bem como a de- quer dos quesitos estiver em con-
minuição de pena alegada pela cisão, constar da ata. tradição com outra ou outras já
defesa; Parágrafo único. Ainda em dadas, o presidente, explicando
V – se existe circunstância plenário, o juiz presidente expli- aos jurados em que consiste a
qualificadora ou causa de au- cará aos jurados o significado de contradição, submeterá nova-
mento de pena reconhecidas na cada quesito. mente à votação os quesitos a
pronúncia ou em decisões pos- que se referirem tais respostas.
teriores que julgaram admissível Art. 485. Não havendo dúvida a Parágrafo único. Se, pela res-
a acusação. ser esclarecida, o juiz presidente, posta dada a um dos quesitos, o
§ 1o A resposta negativa, de os jurados, o Ministério Público, presidente verificar que ficam
prejudicados os seguintes, as-
38
NE: ver ADPF no 779. 39
NE: ver ADPF no 779. sim o declarará, dando por finda
507
Código de Processo Penal
a votação. § 2o Em caso de desclassi- julgamento o escrivão lavrará
ficação, o crime conexo que não ata, assinada pelo presidente e
Art. 491. Encerrada a votação, seja doloso contra a vida será pelas partes.
será o termo a que se refere o julgado pelo juiz presidente do
art. 488 deste Código assinado Tribunal do Júri, aplicando-se, Art. 495. A ata descreverá fiel-
pelo presidente, pelos jurados e no que couber, o disposto no § 1o mente todas as ocorrências, men-
pelas partes. deste artigo. cionando obrigatoriamente:
§ 3o O presidente poderá, ex- I – a data e a hora da instala-
cepcionalmente, deixar de auto- ção dos trabalhos;
Seção XIV – Da Sentença rizar a execução provisória das II – o magistrado que presidiu
penas de que trata a alínea “e” a sessão e os jurados presentes;
Art. 492. Em seguida, o presi- do inciso I do caput deste artigo, III – os jurados que deixaram
dente proferirá sentença que: se houver questão substancial de comparecer, com escusa ou
I – no caso de condenação: cuja resolução pelo tribunal ao sem ela, e as sanções aplicadas;
a) fixará a pena-base; qual competir o julgamento possa IV – o ofício ou requerimento
b) considerará as circuns- plausivelmente levar à revisão da de isenção ou dispensa;
tâncias agravantes ou atenuantes condenação. V – o sorteio dos jurados su-
alegadas nos debates; § 4o A apelação interpos- plentes;
c) imporá os aumentos ou ta contra decisão condenatória VI – o adiamento da sessão, se
diminuições da pena, em aten- do Tribunal do Júri a uma pena houver ocorrido, com a indicação
ção às causas admitidas pelo júri; igual ou superior a 15 (quinze) do motivo;
d) observará as demais dis- anos de reclusão não terá efeito VII – a abertura da sessão e
posições do art. 387 deste Código; suspensivo. a presença do Ministério Público,
e) mandará o acusado re- § 5o Excepcionalmente, po- do querelante e do assistente,
colher-se ou recomendá-lo-á à derá o tribunal atribuir efeito se houver, e a do defensor do
prisão em que se encontra, se suspensivo à apelação de que acusado;
presentes os requisitos da pri- trata o § 4o deste artigo, quando VIII – o pregão e a sanção
são preventiva, ou, no caso de verificado cumulativamente que imposta, no caso de não com-
condenação a uma pena igual o recurso: parecimento;
ou superior a 15 (quinze) anos de I – não tem propósito mera- IX – as testemunhas dispen-
reclusão, determinará a execu- mente protelatório; e sadas de depor;
ção provisória das penas, com II – levanta questão substan- X – o recolhimento das tes-
expedição do mandado de prisão, cial e que pode resultar em ab- temunhas a lugar de onde umas
se for o caso, sem prejuízo do solvição, anulação da sentença, não pudessem ouvir o depoimento
conhecimento de recursos que novo julgamento ou redução da das outras;
vierem a ser interpostos; pena para patamar inferior a 15 XI – a verificação das cédulas
f) estabelecerá os efeitos (quinze) anos de reclusão. pelo juiz presidente;
genéricos e específicos da con- § 6o O pedido de concessão XII – a formação do Conselho
denação; de efeito suspensivo poderá ser de Sentença, com o registro dos
II – no caso de absolvição: feito incidentemente na apela- nomes dos jurados sorteados e
a) mandará colocar em li- ção ou por meio de petição em recusas;
berdade o acusado se por outro separado dirigida diretamente XIII – o compromisso e o inter-
motivo não estiver preso; ao relator, instruída com cópias rogatório, com simples referência
b) revogará as medidas res- da sentença condenatória, das ao termo;
tritivas provisoriamente decre- razões da apelação e de prova XIV – os debates e as alega-
tadas; da tempestividade, das con- ções das partes com os respec-
c) imporá, se for o caso, a trarrazões e das demais peças tivos fundamentos;
medida de segurança cabível. necessárias à compreensão da XV – os incidentes;
§ 1o Se houver desclassifi- controvérsia. XVI – o julgamento da causa;
cação da infração para outra, XVII – a publicidade dos atos
de competência do juiz singu- Art. 493. A sentença será lida da instrução plenária, das dili-
lar, ao presidente do Tribunal do em plenário pelo presidente antes gências e da sentença.
Júri caberá proferir sentença em de encerrada a sessão de instru-
seguida, aplicando-se, quando o ção e julgamento. Art. 496. A falta da ata sujeitará
delito resultante da nova tipifica- o responsável a sanções adminis-
ção for considerado pela lei como trativa e penal.
infração penal de menor potencial
Seção XV – Da Ata dos
ofensivo, o disposto nos arts. 69 Trabalhos
e seguintes da Lei no 9.099, de 26
de setembro de 1995. Art. 494. De cada sessão de
508
Código de Processo Penal
Seção XVI – Das Atribuições serão acrescidos ao tempo des- concedido para a resposta, os
do Presidente do Tribunal ta última. autos permanecerão em cartório,
do Júri onde poderão ser examinados
pelo acusado ou por seu defensor.
Art. 497. São atribuições do juiz CAPÍTULO III – DO Parágrafo único. A resposta
presidente do Tribunal do Júri, PROCESSO E DO poderá ser instruída com docu-
além de outras expressamente JULGAMENTO DOS CRIMES mentos e justificações.
referidas neste Código: DA COMPETÊNCIA DO JUIZ
I – regular a polícia das ses- SINGULAR Art. 516. O juiz rejeitará a queixa
sões e prender os desobedientes; ou denúncia, em despacho fun-
II – requisitar o auxílio da for- Arts. 498 a 502. (Revogados) damentado, se convencido, pela
ça pública, que ficará sob sua resposta do acusado ou do seu
exclusiva autoridade; defensor, da inexistência do cri-
III – dirigir os debates, inter- TÍTULO II – DOS me ou da improcedência da ação.
vindo em caso de abuso, excesso PROCESSOS ESPECIAIS
de linguagem ou mediante reque- Art. 517. Recebida a denúncia ou
rimento de uma das partes; CAPÍTULO I – DO a queixa, será o acusado citado,
IV – resolver as questões in- PROCESSO E DO na forma estabelecida no Capítulo
cidentes que não dependam de JULGAMENTO DOS CRIMES I do Título X do Livro I.
pronunciamento do júri; DE FALÊNCIA
V – nomear defensor ao acu- Art. 518. Na instrução criminal e
sado, quando considerá-lo indefe- Arts. 503 a 512. (Revogados) nos demais termos do processo,
so, podendo, neste caso, dissolver observar-se-á o disposto nos Ca-
o Conselho e designar novo dia pítulos I e III, Título I, deste Livro.
para o julgamento, com a nome- CAPÍTULO II – DO
ação ou a constituição de novo PROCESSO E DO
defensor; JULGAMENTO DOS CRIMES CAPÍTULO III – DO
VI – mandar retirar da sala DE RESPONSABILIDADE PROCESSO E DO
o acusado que dificultar a re- DOS FUNCIONÁRIOS JULGAMENTO DOS CRIMES
alização do julgamento, o qual DE CALÚNIA E INJÚRIA,
prosseguirá sem a sua presença; PÚBLICOS
DE COMPETÊNCIA DO JUIZ
VII – suspender a sessão pelo
tempo indispensável à realização Art. 513. Nos crimes de res- SINGULAR
das diligências requeridas ou en- ponsabilidade dos funcionários
tendidas necessárias, mantida a públicos, cujo processo e julga- Art. 519. No processo por crime
incomunicabilidade dos jurados; mento competirão aos juízes de de calúnia ou injúria, para o qual
VIII – interromper a sessão direito, a queixa ou a denúncia não haja outra forma estabelecida
por tempo razoável, para profe- será instruída com documentos em lei especial, observar-se-á o
rir sentença e para repouso ou ou justificação que façam pre- disposto nos Capítulos I e III, Ti-
refeição dos jurados; sumir a existência do delito ou tulo I, deste Livro, com as modi-
IX – decidir, de ofício, ouvidos com declaração fundamentada ficações constantes dos artigos
o Ministério Público e a defesa, da impossibilidade de apresen- seguintes.
ou a requerimento de qualquer tação de qualquer dessas provas.
destes, a arguição de extinção Art. 520. Antes de receber a
de punibilidade; Art. 514. Nos crimes afiançá- queixa, o juiz oferecerá às partes
X – resolver as questões de veis, estando a denúncia ou quei- oportunidade para se reconcilia-
direito suscitadas no curso do xa em devida forma, o juiz manda- rem, fazendo-as comparecer em
julgamento; rá autuá-la e ordenará a notifica- juízo e ouvindo-as, separadamen-
XI – determinar, de ofício ou ção do acusado, para responder te, sem a presença dos seus ad-
a requerimento das partes ou de por escrito, dentro do prazo de vogados, não se lavrando termo.
qualquer jurado, as diligências quinze dias.
destinadas a sanar nulidade ou Parágrafo único. Se não for Art. 521. Se depois de ouvir o
a suprir falta que prejudique o conhecida a residência do acu- querelante e o querelado, o juiz
esclarecimento da verdade; sado, ou este se achar fora da achar provável a reconciliação,
XII – regulamentar, duran- jurisdição do juiz, ser-lhe-á no- promoverá entendimento entre
te os debates, a intervenção de meado defensor, a quem caberá eles, na sua presença.
uma das partes, quando a outra apresentar a resposta preliminar.
estiver com a palavra, podendo Art. 522. No caso de reconcilia-
conceder até 3 (três) minutos Art. 515. No caso previsto no ção, depois de assinado pelo que-
para cada aparte requerido, que artigo anterior, durante o prazo relante o termo da desistência, a
509
Código de Processo Penal
queixa será arquivada. Art. 529. Nos crimes de ação do juiz quando do ajuizamento
privativa do ofendido, não será da ação.
Art. 523. Quando for ofereci- admitida queixa com fundamen-
da a exceção da verdade ou da to em apreensão e em perícia, se Art. 530-F. Ressalvada a possi-
notoriedade do fato imputado, decorrido o prazo de 30 dias, após bilidade de se preservar o corpo
o querelante poderá contestar a homologação do laudo. de delito, o juiz poderá determi-
a exceção no prazo de dois dias, Parágrafo único. Será dada nar, a requerimento da vítima, a
podendo ser inquiridas as teste- vista ao Ministério Público dos destruição da produção ou re-
munhas arroladas na queixa, ou autos de busca e apreensão re- produção apreendida quando não
outras indicadas naquele prazo, queridas pelo ofendido, se o crime houver impugnação quanto à sua
em substituição às primeiras, ou for de ação pública e não tiver ilicitude ou quando a ação penal
para completar o máximo legal. sido oferecida queixa no prazo não puder ser iniciada por falta
fixado neste artigo. de determinação de quem seja o
autor do ilícito.
CAPÍTULO IV – DO Art. 530. Se ocorrer prisão em
PROCESSO E DO flagrante e o réu não for posto em Art. 530-G. O juiz, ao prolatar
JULGAMENTO DOS CRIMES liberdade, o prazo a que se refere a sentença condenatória, pode-
CONTRA A PROPRIEDADE o artigo anterior será de oito dias. rá determinar a destruição dos
IMATERIAL bens ilicitamente produzidos ou
Art. 530-A. O disposto nos reproduzidos e o perdimento dos
Art. 524. No processo e julga- arts. 524 a 530 será aplicável equipamentos apreendidos, des-
mento dos crimes contra a pro- aos crimes em que se proceda de que precipuamente destina-
priedade imaterial, observar-se-á mediante queixa. dos à produção e reprodução dos
o disposto nos Capítulos I e III do bens, em favor da Fazenda Na-
Título I deste Livro, com as modi- Art. 530-B. Nos casos das in- cional, que deverá destruí-los ou
ficações constantes dos artigos frações previstas nos §§ 1o, 2o e doá-los aos Estados, Municípios
seguintes. 3o do art. 184 do Código Penal, a e Distrito Federal, a instituições
autoridade policial procederá à públicas de ensino e pesquisa ou
Art. 525. No caso de haver o apreensão dos bens ilicitamen- de assistência social, bem como
crime deixado vestígio, a queixa te produzidos ou reproduzidos, incorporá-los, por economia ou
ou a denúncia não será recebida em sua totalidade, juntamente interesse público, ao patrimônio
se não for instruída com o exame com os equipamentos, suportes da União, que não poderão retor-
pericial dos objetos que consti- e materiais que possibilitaram a ná-los aos canais de comércio.
tuam o corpo de delito. sua existência, desde que estes
se destinem precipuamente à Art. 530-H. As associações de
Art. 526. Sem a prova de direi- prática do ilícito. titulares de direitos de autor e os
to à ação, não será recebida a que lhes são conexos poderão,
queixa, nem ordenada qualquer Art. 530-C. Na ocasião da apre- em seu próprio nome, funcionar
diligência preliminarmente re- ensão será lavrado termo, assina- como assistente da acusação nos
querida pelo ofendido. do por 2 (duas) ou mais testemu- crimes previstos no art. 184 do
nhas, com a descrição de todos os Código Penal, quando praticado
Art. 527. A diligência de busca bens apreendidos e informações em detrimento de qualquer de
ou de apreensão será realizada sobre suas origens, o qual deverá seus associados.
por dois peritos nomeados pelo integrar o inquérito policial ou o
juiz, que verificarão a existência processo. Art. 530-I. Nos crimes em que
de fundamento para a apreensão, caiba ação penal pública incondi-
e quer esta se realize, quer não, o Art. 530-D. Subsequente à cionada ou condicionada, obser-
laudo pericial será apresentado apreensão, será realizada, por var-se-ão as normas constantes
dentro de três dias após o encer- perito oficial, ou, na falta deste, dos arts. 530‑B, 530‑C, 530‑D,
ramento da diligência. por pessoa tecnicamente habili- 530‑E, 530‑F, 530‑G e 530‑H.
Parágrafo único. O requeren- tada, perícia sobre todos os bens
te da diligência poderá impugnar apreendidos e elaborado o laudo
o laudo contrário à apreensão, e o que deverá integrar o inquérito CAPÍTULO V – DO
juiz ordenará que esta se efetue, policial ou o processo. PROCESSO SUMÁRIO
se reconhecer a improcedência
das razões aduzidas pelos peritos. Art. 530-E. Os titulares de direi- Art. 531. Na audiência de instru-
to de autor e os que lhe são co- ção e julgamento, a ser realizada
Art. 528. Encerradas as diligên- nexos serão os fiéis depositários no prazo máximo de 30 (trinta)
cias, os autos serão conclusos ao de todos os bens apreendidos, dias, proceder-se-á à tomada
juiz para homologação do laudo. devendo colocá-los à disposição de declarações do ofendido, se
510
Código de Processo Penal
possível, à inquirição das teste- de menor potencial ofensivo, partes serão ouvidas, mencionan-
munhas arroladas pela acusação quando o juizado especial cri- do-se em termo circunstanciado
e pela defesa, nesta ordem, res- minal encaminhar ao juízo co- os pontos em que estiverem acor-
salvado o disposto no art. 222 mum as peças existentes para a des e a exibição e a conferência
deste Código, bem como aos es- adoção de outro procedimento, das certidões e mais reprodu-
clarecimentos dos peritos, às observar-se-á o procedimento ções do processo apresentadas
acareações e ao reconhecimento sumário previsto neste Capítulo. e conferidas.
de pessoas e coisas, interrogan- § 1o (Revogado)
do-se, em seguida, o acusado e § 2o (Revogado) Art. 543. O juiz determinará as
procedendo-se, finalmente, ao § 3o (Revogado) diligências necessárias para a
debate. § 4o (Revogado) restauração, observando-se o
seguinte:
Art. 532. Na instrução, poderão Art. 539. (Revogado) I – caso ainda não tenha sido
ser inquiridas até 5 (cinco) teste- proferida a sentença, reinquirir-
munhas arroladas pela acusação Art. 540. (Revogado) -se-ão as testemunhas, podendo
e 5 (cinco) pela defesa. ser substituídas as que tiverem
falecido ou se encontrarem em
Art. 533. Aplica-se ao procedi- CAPÍTULO VI – DO lugar não sabido;
mento sumário o disposto nos pa- PROCESSO DE II – os exames periciais, quan-
rágrafos do art. 400 deste Código. RESTAURAÇÃO DE do possível, serão repetidos, e
§ 1o (Revogado) AUTOS EXTRAVIADOS OU de preferência pelos mesmos
§ 2o (Revogado) DESTRUÍDOS peritos;
§ 3o (Revogado) III – a prova documental será
§ 4o (Revogado) Art. 541. Os autos originais de reproduzida por meio de cópia
processo penal extraviados ou autêntica ou, quando impossível,
Art. 534. As alegações finais destruídos, em primeira ou se- por meio de testemunhas;
serão orais, concedendo-se a gunda instância, serão restau- IV – poderão também ser in-
palavra, respectivamente, à acu- rados. quiridas sobre os atos do proces-
sação e à defesa, pelo prazo de 20 § 1o Se existir e for exibida so, que deverá ser restaurado, as
(vinte) minutos, prorrogáveis por cópia autêntica ou certidão do autoridades, os serventuários,
mais 10 (dez), proferindo o juiz, a processo, será uma ou outra con- os peritos e mais pessoas que
seguir, sentença. siderada como original. tenham nele funcionado;
§ 1o Havendo mais de um § 2o Na falta de cópia au- V – o Ministério Público e as
acusado, o tempo previsto para a têntica ou certidão do proces- partes poderão oferecer teste-
defesa de cada um será individual. so, o juiz mandará, de ofício, ou munhas e produzir documentos,
§ 2o Ao assistente do Ministé- a requerimento de qualquer das para provar o teor do processo
rio Público, após a manifestação partes, que: extraviado ou destruído.
deste, serão concedidos 10 (dez) a) o escrivão certifique o
minutos, prorrogando-se por igual estado do processo, segundo a Art. 544. Realizadas as diligên-
período o tempo de manifestação sua lembrança, e reproduza o cias que, salvo motivo de força
da defesa. que houver a respeito em seus maior, deverão concluir-se den-
protocolos e registros; tro de vinte dias, serão os autos
Art. 535. Nenhum ato será adia- b) sejam requisitadas cópias conclusos para julgamento.
do, salvo quando imprescindível do que constar a respeito no Ins- Parágrafo único. No curso do
a prova faltante, determinando tituto Médico-Legal, no Instituto processo, e depois de subirem os
o juiz a condução coercitiva de de Identificação e Estatística ou autos conclusos para sentença,
quem deva comparecer. em estabelecimentos congêne- o juiz poderá, dentro em cinco
§ 1o (Revogado) res, repartições públicas, peni- dias, requisitar de autoridades
§ 2o (Revogado) tenciárias ou cadeias; ou de repartições todos os escla-
c) as partes sejam citadas recimentos para a restauração.
Art. 536. A testemunha que pessoalmente, ou, se não forem
comparecer será inquirida, in- encontradas, por edital, com o Art. 545. Os selos e as taxas
dependentemente da suspensão prazo de dez dias, para o processo judiciárias, já pagos nos autos
da audiência, observada em qual- de restauração dos autos. originais, não serão novamente
quer caso a ordem estabelecida § 3o Proceder-se-á à restau- cobrados.
no art. 531 deste Código. ração na primeira instância, ainda
que os autos se tenham extravia- Art. 546. Os causadores de ex-
Art. 537. (Revogado) do na segunda. travio de autos responderão pelas
custas, em dobro, sem prejuízo da
Art. 538. Nas infrações penais Art. 542. No dia designado, as responsabilidade criminal.
511
Código de Processo Penal
Art. 547. Julgada a restauração, Art. 553. O Ministério Público, ao LIVRO III – DAS NULIDADES
os autos respectivos valerão pe- fazer o requerimento inicial, e a E DOS RECURSOS EM
los originais. defesa, no prazo estabelecido no
Parágrafo único. Se no curso artigo anterior, poderão requerer
GERAL
da restauração aparecerem os exames, diligências e arrolar até TÍTULO I – DAS NULIDADES
autos originais, nestes continu- três testemunhas.
ará o processo, apensos a eles os Art. 563. Nenhum ato será de-
autos da restauração. Art. 554. Após o prazo de defesa clarado nulo, se da nulidade não
ou a realização dos exames e di- resultar prejuízo para a acusação
Art. 548. Até à decisão que jul- ligências ordenados pelo juiz, de ou para a defesa.
gue restaurados os autos, a sen- ofício ou a requerimento das par-
tença condenatória em execução tes, será marcada audiência, em Art. 564. A nulidade ocorrerá
continuará a produzir efeito, des- que, inquiridas as testemunhas e nos seguintes casos:
de que conste da respectiva guia produzidas alegações orais pelo I – por incompetência, sus-
arquivada na cadeia ou na peni- órgão do Ministério Público e pelo peição ou suborno do juiz;
tenciária, onde o réu estiver cum- defensor, dentro de dez minutos II – por ilegitimidade de parte;
prindo a pena, ou de registro que para cada um, o juiz proferirá III – por falta das fórmulas ou
torne a sua existência inequívoca. sentença. dos termos seguintes:
Parágrafo único. Se o juiz não a) a denúncia ou a queixa e
se julgar habilitado a proferir a a representação e, nos proces-
CAPÍTULO VII – DO decisão, designará, desde logo, sos de contravenções penais, a
PROCESSO DE APLICAÇÃO outra audiência, que se realizará portaria ou o auto de prisão em
DE MEDIDA DE SEGURANÇA dentro de cinco dias, para publi- flagrante;
POR FATO NÃO CRIMINOSO car a sentença. b) o exame do corpo de delito
nos crimes que deixam vestígios,
Art. 549. Se a autoridade poli- Art. 555. Quando, instaurado ressalvado o disposto no art. 167;
cial tiver conhecimento de fato processo por infração penal, o c) a nomeação de defensor
que, embora não constituindo juiz, absolvendo ou impronuncian- ao réu presente, que o não tiver,
infração penal, possa determinar do o réu, reconhecer a existência ou ao ausente, e de curador ao
a aplicação de medida de segu- de qualquer dos fatos previstos menor de 21 anos;
rança (Código Penal, arts. 14 e 27), no art. 14 ou no art. 27 do Código d) a intervenção do Ministé-
deverá proceder a inquérito, a fim Penal, aplicar-lhe-á, se for caso, rio Público em todos os termos
de apurá-lo e averiguar todos os medida de segurança.41 da ação por ele intentada e nos
elementos que possam interessar da intentada pela parte ofendi-
à verificação da periculosidade da, quando se tratar de crime de
do agente.40 TÍTULO III – DOS ação pública;
PROCESSOS DE e) a citação do réu para ver-
Art. 550. O processo será pro- COMPETÊNCIA DO -se processar, o seu interrogató-
movido pelo Ministério Público, SUPREMO TRIBUNAL rio, quando presente, e os pra-
mediante requerimento que con- FEDERAL E DOS TRIBUNAIS zos concedidos à acusação e à
terá a exposição sucinta do fato, defesa;
as suas circunstâncias e todos DE APELAÇÃO f) a sentença de pronúncia,
os elementos em que se fundar CAPÍTULO I – DA o libelo e a entrega da respectiva
o pedido. cópia, com o rol de testemunhas,
INSTRUÇÃO nos processos perante o Tribunal
Art. 551. O juiz, ao deferir o re- do Júri;
querimento, ordenará a intimação Arts. 556 a 560. (Revogados) g) a intimação do réu para a
do interessado para comparecer sessão de julgamento, pelo Tri-
em juízo, a fim de ser interrogado. bunal do Júri, quando a lei não
CAPÍTULO II – DO permitir o julgamento à revelia;
Art. 552. Após o interrogatório JULGAMENTO h) a intimação das testemu-
ou dentro do prazo de dois dias, nhas arroladas no libelo e na con-
o interessado ou seu defensor Art. 561. (Revogado) trariedade, nos termos estabele-
poderá oferecer alegações. cidos pela lei;
Parágrafo único. O juiz no- Art. 562. (Revogado) i) a presença pelo menos de
meará defensor ao interessado 15 jurados para a constituição
que não o tiver. do júri;
j) o sorteio dos jurados do
40
NE: os dispositivos mencionados são os 41
NE: os dispositivos mencionados são os conselho de sentença em número
do texto original do Código Penal. do texto original do Código Penal. legal e sua incomunicabilidade;
512
Código de Processo Penal
k) os quesitos e as respec- ficação estará sanada, desde que citamente, tiver aceito os seus
tivas respostas; o interessado compareça, antes efeitos.
l) a acusação e a defesa, na de o ato consumar-se, embora
sessão de julgamento; declare que o faz para o único fim Art. 573. Os atos, cuja nulidade
m) a sentença; de argui-la. O juiz ordenará, toda- não tiver sido sanada, na forma
n) o recurso de oficio, nos via, a suspensão ou o adiamento dos artigos anteriores, serão re-
casos em que a lei o tenha es- do ato, quando reconhecer que a novados ou retificados.
tabelecido; irregularidade poderá prejudicar § 1o A nulidade de um ato,
o) a intimação, nas condi- direito da parte. uma vez declarada, causará a dos
ções estabelecidas pela lei, para atos que dele diretamente de-
ciência de sentenças e despachos Art. 571. As nulidades deverão pendam ou sejam consequência.
de que caiba recurso; ser arguidas: § 2o O juiz que pronunciar a
p) no Supremo Tribunal Fe- I – as da instrução criminal nulidade declarará os atos a que
deral e nos Tribunais de Apelação, dos processos da competência ela se estende.
o quorum legal para o julgamento; do júri, nos prazos a que se re-
IV – por omissão de forma- fere o art. 406;
lidade que constitua elemento II – as da instrução criminal TÍTULO II – DOS RECURSOS
essencial do ato; dos processos de competência EM GERAL
V – em decorrência de deci- do juiz singular e dos processos
são carente de fundamentação. especiais, salvo os dos Capítulos CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
Parágrafo único. Ocorrerá V e VII do Título II do Livro II, nos GERAIS
ainda a nulidade, por deficiência prazos a que se refere o art. 500;
dos quesitos ou das suas respos- III – as do processo sumário, Art. 574. Os recursos serão
tas, e contradição entre estas. no prazo a que se refere o art. 537, voluntários, excetuando-se os
ou, se verificadas depois desse seguintes casos, em que deve-
Art. 565. Nenhuma das partes prazo, logo depois de aberta a rão ser interpostos, de ofício,
poderá arguir nulidade a que haja audiência e apregoadas as partes; pelo juiz:
dado causa, ou para que tenha IV – as do processo regula- I – da sentença que conceder
concorrido, ou referente a for- do no Capítulo VII do Título II do habeas corpus;
malidade cuja observância só à Livro II, logo depois de aberta a II – da que absolver desde
parte contrária interesse. audiência; logo o réu com fundamento na
V – as ocorridas posterior- existência de circunstância que
Art. 566. Não será declarada a mente à pronúncia, logo depois de exclua o crime ou isente o réu
nulidade de ato processual que anunciado o julgamento e apre- de pena, nos termos do art. 411.
não houver influído na apuração goadas as partes (art. 447);
da verdade substancial ou na de- VI – as de instrução criminal Art. 575. Não serão prejudica-
cisão da causa. dos processos de competência dos os recursos que, por erro,
do Supremo Tribunal Federal e falta ou omissão dos funcioná-
Art. 567. A incompetência do dos Tribunais de Apelação, nos rios, não tiverem seguimento ou
juízo anula somente os atos de- prazos a que se refere o art. 500; não forem apresentados dentro
cisórios, devendo o processo, VII – se verificadas após a de- do prazo.
quando for declarada a nulidade, cisão da primeira instância, nas
ser remetido ao juiz competente. razões de recurso ou logo depois Art. 576. O Ministério Público
de anunciado o julgamento do não poderá desistir de recurso
Art. 568. A nulidade por ilegi- recurso e apregoadas as partes; que haja interposto.
timidade do representante da VIII – as do julgamento em
parte poderá ser a todo tempo plenário, em audiência ou em Art. 577. O recurso poderá ser
sanada, mediante ratificação dos sessão do tribunal, logo depois interposto pelo Ministério Público,
atos processuais. de ocorrerem. ou pelo querelante, ou pelo réu,
seu procurador ou seu defensor.
Art. 569. As omissões da de- Art. 572. As nulidades previstas Parágrafo único. Não se ad-
núncia ou da queixa, da repre- no art. 564, III, “d” e “e”, segunda mitirá, entretanto, recurso da par-
sentação, ou, nos processos das parte, “g” e “h”, e IV, considerar- te que não tiver interesse na re-
contravenções penais, da portaria -se-ão sanadas: forma ou modificação da decisão.
ou do auto de prisão em flagran- I – se não forem arguidas, em
te, poderão ser supridas a todo o tempo oportuno, de acordo com o Art. 578. O recurso será inter-
tempo, antes da sentença final. disposto no artigo anterior; posto por petição ou por termo
II – se, praticado por outra for- nos autos, assinado pelo recor-
Art. 570. A falta ou a nulidade ma, o ato tiver atingido o seu fim; rente ou por seu representante.
da citação, da intimação ou noti- III – se a parte, ainda que ta- § 1o Não sabendo ou não po-
513
Código de Processo Penal
dendo o réu assinar o nome, o VII – que julgar quebrada a Art. 583. Subirão nos próprios
termo será assinado por alguém, fiança ou perdido o seu valor; autos os recursos:
a seu rogo, na presença de duas VIII – que decretar a prescri- I – quando interpostos de
testemunhas. ção ou julgar, por outro modo, ofício;
§ 2o A petição de interposi- extinta a punibilidade; II – nos casos do art. 581, nos I,
ção de recurso, com o despacho IX – que indeferir o pedido de III, IV, VI, VIII e X;
do juiz, será, até o dia seguinte reconhecimento da prescrição III – quando o recurso não
ao último do prazo, entregue ao ou de outra causa extintiva da prejudicar o andamento do pro-
escrivão, que certificará no ter- punibilidade; cesso.
mo da juntada a data da entrega. X – que conceder ou negar a Parágrafo único. O recurso
§ 3o Interposto por termo o ordem de habeas corpus; da pronúncia subirá em traslado,
recurso, o escrivão, sob pena de XI – que conceder, negar ou quando, havendo dois ou mais
suspensão por dez a trinta dias, revogar a suspensão condicional réus, qualquer deles se confor-
fará conclusos os autos ao juiz, da pena; mar com a decisão ou todos não
até o dia seguinte ao último do XII – que conceder, negar ou tiverem sido ainda intimados da
prazo. revogar livramento condicional; pronúncia.
XIII – que anular o processo
Art. 579. Salvo a hipótese de da instrução criminal, no todo ou Art. 584. Os recursos terão efei-
má-fé, a parte não será preju- em parte; to suspensivo nos casos de perda
dicada pela interposição de um XIV – que incluir jurado na lis- da fiança, de concessão de livra-
recurso por outro. ta geral ou desta o excluir; mento condicional e dos nos XV,
Parágrafo único. Se o juiz, XV – que denegar a apelação XVII e XXIV do art. 581.
desde logo, reconhecer a impro- ou a julgar deserta; § 1o Ao recurso interposto de
priedade do recurso interposto XVI – que ordenar a suspen- sentença de impronúncia ou no
pela parte, mandará processá-lo são do processo, em virtude de caso do no VIII do art. 581, apli-
de acordo com o rito do recurso questão prejudicial; car-se-á o disposto nos arts. 596
cabível. XVII – que decidir sobre a uni- e 598.
ficação de penas; § 2o O recurso da pronún-
Art. 580. No caso de concurso XVIII – que decidir o incidente cia suspenderá tão somente o
de agentes (Código Penal, art. 25), de falsidade; julgamento.
a decisão do recurso interposto XIX – que decretar medida de § 3o O recurso do despacho
por um dos réus, se fundado em segurança, depois de transitar a que julgar quebrada a fiança sus-
motivos que não sejam de caráter sentença em julgado; penderá unicamente o efeito de
exclusivamente pessoal, aprovei- XX – que impuser medida de perda da metade do seu valor.
tará aos outros.42 segurança por transgressão de
outra; Art. 585. O réu não poderá re-
XXI – que mantiver ou substi- correr da pronúncia senão depois
CAPÍTULO II – DO RECURSO tuir a medida de segurança, nos de preso, salvo se prestar fiança,
EM SENTIDO ESTRITO casos do art. 774; nos casos em que a lei a admitir.
XXII – que revogar a medida
Art. 581. Caberá recurso, no sen- de segurança; Art. 586. O recurso voluntário
tido estrito, da decisão, despacho XXIII – que deixar de revogar a poderá ser interposto no prazo
ou sentença: medida de segurança, nos casos de cinco dias.
I – que não receber a denún- em que a lei admita a revogação; Parágrafo único. No caso do
cia ou a queixa; XXIV – que converter a mul- art. 581, XIV, o prazo será de vinte
II – que concluir pela incom- ta em detenção ou em prisão dias, contado da data da publica-
petência do juízo; simples; ção definitiva da lista de jurados.
III – que julgar procedentes as XXV – que recusar homolo-
exceções, salvo a de suspeição; gação à proposta de acordo de Art. 587. Quando o recurso hou-
IV – que pronunciar o réu; não persecução penal, previsto ver de subir por instrumento, a
V – que conceder, negar, ar- no art. 28‑A desta Lei. parte indicará, no respectivo ter-
bitrar, cassar ou julgar inidônea mo, ou em requerimento avulso,
a fiança, indeferir requerimento Art. 582. Os recursos serão as peças dos autos de que pre-
de prisão preventiva ou revogá- sempre para o Tribunal de Ape- tenda traslado.
-la, conceder liberdade provisória lação, salvo nos casos dos nos V, Parágrafo único. O traslado
ou relaxar a prisão em flagrante; X e XIV. será extraído, conferido e con-
VI – (Revogado); Parágrafo único. O recurso, certado no prazo de cinco dias,
no caso do no XIV, será para o pre- e dele constarão sempre a deci-
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NE: o dispositivo mencionado é o do texto sidente do Tribunal de Apelação. são recorrida, a certidão de sua
original do Código Penal. intimação, se por outra forma não
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Código de Processo Penal
for possível verificar-se a oportu- II – das decisões definitivas, art. 393, a aplicação provisória
nidade do recurso, e o termo de ou com força de definitivas, profe- de interdições de direitos e de
interposição. ridas por Juiz singular, nos casos medidas de segurança (arts. 374
não previstos no Capítulo anterior; e 378), e o caso de suspensão
Art. 588. Dentro de dois dias, III – das decisões do Tribunal condicional de pena.
contados da interposição do re- do Júri, quando:
curso, ou do dia em que o escri- a) ocorrer nulidade posterior Art. 598. Nos crimes de com-
vão, extraído o traslado, o fizer à pronúncia; petência do Tribunal do Júri, ou
com vista ao recorrente, este b) for a sentença do Juiz Pre- do juiz singular, se da sentença
oferecerá as razões e, em segui- sidente contrária à lei expressa ou não for interposta apelação pelo
da, será aberta vista ao recorrido à decisão dos jurados; Ministério Público no prazo legal,
por igual prazo. c) houver erro ou injustiça no o ofendido ou qualquer das pes-
Parágrafo único. Se o recor- tocante à aplicação da pena ou da soas enumeradas no art. 31, ainda
rido for o réu, será intimado do medida de segurança; que não se tenha habilitado como
prazo na pessoa do defensor. d) for a decisão dos jurados assistente, poderá interpor ape-
manifestamente contrária à prova lação, que não terá, porém, efeito
Art. 589. Com a resposta do re- dos autos. suspensivo.
corrido ou sem ela, será o recurso § 1o Se a sentença do Juiz Parágrafo único. O prazo para
concluso ao juiz, que, dentro de Presidente for contrária à lei ex- interposição desse recurso será
dois dias, reformará ou sustentará pressa ou divergir das respos- de quinze dias e correrá do dia
o seu despacho, mandando ins- tas dos jurados aos quesitos, o em que terminar o do Ministério
truir o recurso com os traslados Tribunal ad quem fará a devida Público.
que lhe parecerem necessários. retificação.
Parágrafo único. Se o juiz § 2o Interposta a apelação Art. 599. As apelações poderão
reformar o despacho recorrido, com fundamento no no III, “c”, ser interpostas quer em relação
a parte contrária, por simples deste artigo, o Tribunal ad quem, a todo o julgado, quer em relação
petição, poderá recorrer da nova se lhe der provimento, retificará a a parte dele.
decisão, se couber recurso, não aplicação da pena ou da medida
sendo mais lícito ao juiz modifi- de segurança. Art. 600. Assinado o termo de
cá-la. Neste caso, independen- § 3o Se a apelação se fundar apelação, o apelante e, depois
temente de novos arrazoados, no no III, “d”, deste artigo, e o Tri- dele, o apelado terão o prazo de
subirá o recurso nos próprios bunal ad quem se convencer de oito dias cada um para oferecer
autos ou em traslado. que a decisão dos jurados é mani- razões, salvo nos processos de
festamente contrária à prova dos contravenção, em que o prazo
Art. 590. Quando for impossível autos, dar-lhe-á provimento para será de três dias.
ao escrivão extrair o traslado no sujeitar o réu a novo julgamento; § 1o Se houver assistente,
prazo da lei, poderá o juiz pror- não se admite, porém, pelo mes- este arrazoará, no prazo de três
rogá-lo até o dobro. mo motivo, segunda apelação. dias, após o Ministério Público.
§ 4o Quando cabível a ape- § 2o Se a ação penal for mo-
Art. 591. Os recursos serão apre- lação, não poderá ser usado o vida pela parte ofendida, o Minis-
sentados ao juiz ou tribunal ad recurso em sentido estrito, ainda tério Público terá vista dos autos,
quem, dentro de cinco dias da que somente de parte da decisão no prazo do parágrafo anterior.
publicação da resposta do juiz se recorra. § 3o Quando forem dois ou
a quo, ou entregues ao Correio mais os apelantes ou apelados,
dentro do mesmo prazo. Art. 594. (Revogado) os prazos serão comuns.
§ 4o Se o apelante declarar,
Art. 592. Publicada a decisão Art. 595. (Revogado) na petição ou no termo, ao inter-
do juiz ou do tribunal ad quem, por a apelação, que deseja arra-
deverão os autos ser devolvidos, Art. 596. A apelação da senten- zoar na Superior Instância serão
dentro de cinco dias, ao juiz a quo. ça absolutória não impedirá que os autos remetidos ao Tribunal
o réu seja posto imediatamente ad quem onde será aberta vista
em liberdade. às partes, observados os prazos
CAPÍTULO III – DA Parágrafo único. A apelação legais, notificadas as partes pela
APELAÇÃO não suspenderá a execução da publicação oficial.
medida de segurança aplicada
Art. 593. Caberá apelação no provisoriamente. Art. 601. Findos os prazos para
prazo de cinco dias: razões, os autos serão remeti-
I – das sentenças definitivas Art. 597. A apelação de sen- dos à instância superior, com
de condenação ou absolvição tença condenatória terá efeito as razões ou sem elas, no prazo
proferidas por Juiz singular; suspensivo, salvo o disposto no de cinco dias, salvo no caso do
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Código de Processo Penal
art. 603, segunda parte, em que for unânime a decisão de segunda dade de observância de qualquer
o prazo será de trinta dias. instância, desfavorável ao réu, ad- dos prazos marcados nos arts. 610
§ 1o Se houver mais de um mitem-se embargos infringentes e 613, os motivos da demora serão
réu, e não houverem todos sido e de nulidade, que poderão ser declarados nos autos.
julgados, ou não tiverem todos opostos dentro de 10 (dez) dias, a
apelado, caberá ao apelante pro- contar da publicação de acórdão, Art. 615. O tribunal decidirá por
mover extração do traslado dos na forma do art. 613. Se o desa- maioria de votos.
autos, o qual deverá ser remetido cordo for parcial, os embargos § 1o Havendo empate de vo-
à instância superior no prazo de serão restritos à matéria objeto tos no julgamento de recursos, se
trinta dias, contado da data da de divergência. o presidente do tribunal, câmara
entrega das últimas razões de ou turma, não tiver tomado parte
apelação, ou do vencimento do Art. 610. Nos recursos em sen- na votação, proferirá o voto de
prazo para a apresentação das tido estrito, com exceção do de desempate; no caso contrário,
do apelado. habeas corpus, e nas apelações prevalecerá a decisão mais fa-
§ 2o As despesas do traslado interpostas das sentenças em vorável ao réu.
correrão por conta de quem o so- processo de contravenção ou § 2o O acórdão será apresen-
licitar, salvo se o pedido for de réu de crime a que a lei comine pena tado à conferência na primeira
pobre ou do Ministério Público. de detenção, os autos irão ime- sessão seguinte à do julgamento,
diatamente com vista ao procu- ou no prazo de duas sessões, pelo
Art. 602. Os autos serão, den- rador-geral pelo prazo de cinco juiz incumbido de lavrá-lo.
tro dos prazos do artigo ante- dias, e, em seguida, passarão,
rior, apresentados ao tribunal ad por igual prazo, ao relator, que Art. 616. No julgamento das ape-
quem ou entregues ao Correio, pedirá designação de dia para o lações poderá o tribunal, câmara
sob registro. julgamento. ou turma proceder a novo inter-
Parágrafo único. Anunciado rogatório do acusado, reinquirir
Art. 603. A apelação subirá nos o julgamento pelo presidente, testemunhas ou determinar ou-
autos originais e, a não ser no Dis- e apregoadas as partes, com a tras diligências.
trito Federal e nas comarcas que presença destas ou à sua reve-
forem sede de Tribunal de Apela- lia, o relator fará a exposição do Art. 617. O tribunal, câmara ou
ção, ficará em cartório traslado feito e, em seguida, o presiden- turma atenderá nas suas deci-
dos termos essenciais do pro- te concederá, pelo prazo de dez sões ao disposto nos arts. 383,
cesso referidos no art. 564, no III. minutos, a palavra aos advogados 386 e 387, no que for aplicável,
ou às partes que a solicitarem e não podendo, porém, ser agra-
Arts. 604 a 606. (Revogados) ao procurador-geral, quando o vada a pena, quando somente o
requerer, por igual prazo. réu houver apelado da sentença.
CAPÍTULO IV – DO Art. 611. (Revogado) Art. 618. Os regimentos dos Tri-
PROTESTO POR NOVO JÚRI bunais de Apelação estabelecerão
Art. 612. Os recursos de habeas as normas complementares para
Art. 607. (Revogado) corpus, designado o relator, se- o processo e julgamento dos re-
rão julgados na primeira sessão. cursos e apelações.
Art. 608. (Revogado)
Art. 613. As apelações interpos-
tas das sentenças proferidas em CAPÍTULO VI – DOS
CAPÍTULO V – DO processos por crime a que a lei EMBARGOS
PROCESSO E DO comine pena de reclusão, deverão
JULGAMENTO DOS ser processadas e julgadas pela Art. 619. Aos acórdãos proferi-
RECURSOS EM forma estabelecida no art. 610, dos pelos Tribunais de Apelação,
SENTIDO ESTRITO E com as seguintes modificações: câmaras ou turmas, poderão ser
I – exarado o relatório nos opostos embargos de declaração,
DAS APELAÇÕES, NOS autos, passarão estes ao revisor, no prazo de dois dias contados da
TRIBUNAIS DE APELAÇÃO que terá igual prazo para o exame sua publicação, quando houver na
do processo, e pedirá designação sentença ambiguidade, obscuri-
Art. 609. Os recursos, apelações de dia para o julgamento; dade, contradição ou omissão.
e embargos serão julgados pelos II – os prazos serão ampliados
Tribunais de Justiça, Câmaras ou ao dobro; Art. 620. Os embargos de de-
Turmas criminais, de acordo com III – o tempo para os debates claração serão deduzidos em
a competência estabelecida nas será de um quarto de hora. requerimento de que constem
leis de organização judiciária. os pontos em que o acórdão é
Parágrafo único. Quando não Art. 614. No caso de impossibili- ambíguo, obscuro, contraditório
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Código de Processo Penal
ou omisso. § 2o Nos Tribunais de Jus- rar a classificação da infração,
§ 1o O requerimento será tiça ou de Alçada, o julgamento absolver o réu, modificar a pena
apresentado pelo relator e jul- será efetuado pelas Câmaras ou ou anular o processo.
gado, independentemente de re- Turmas Criminais, reunidas em Parágrafo único. De qualquer
visão, na primeira sessão. sessão conjunta, quando houver maneira, não poderá ser agrava-
§ 2o Se não preenchidas as mais de uma, e, no caso contrário, da a pena imposta pela decisão
condições enumeradas neste ar- pelo Tribunal pleno. revista.
tigo, o relator indeferirá desde § 3o Nos Tribunais onde hou-
logo o requerimento. ver quatro ou mais Câmaras ou Art. 627. A absolvição implicará
Turmas Criminais, poderão ser o restabelecimento de todos os
constituídos dois ou mais Grupos direitos perdidos em virtude da
CAPÍTULO VII – DA de Câmaras ou Turmas para o jul- condenação, devendo o tribunal,
REVISÃO gamento de revisão, obedecido o se for caso, impor a medida de
que for estabelecido no respec- segurança cabível.
Art. 621. A revisão dos proces- tivo Regimento Interno.
sos findos será admitida: Art. 628. Os regimentos inter-
I – quando a sentença con- Art. 625. O requerimento será nos dos Tribunais de Apelação
denatória for contrária ao texto distribuído a um relator e a um estabelecerão as normas comple-
expresso da lei penal ou à evidên- revisor, devendo funcionar como mentares para o processo e jul-
cia dos autos; relator um desembargador que gamento das revisões criminais.
II – quando a sentença con- não tenha pronunciado decisão
denatória se fundar em depoi- em qualquer fase do processo. Art. 629. À vista da certidão do
mentos, exames ou documentos § 1o O requerimento será ins- acórdão que cassar a senten-
comprovadamente falsos; truído com a certidão de haver ça condenatória, o juiz mandará
III – quando, após a senten- passado em julgado a sentença juntá-la imediatamente aos au-
ça, se descobrirem novas provas condenatória e com as peças tos, para inteiro cumprimento
de inocência do condenado ou necessárias à comprovação dos da decisão.
de circunstância que determine fatos arguidos.
ou autorize diminuição especial § 2o O relator poderá deter- Art. 630. O tribunal, se o inte-
da pena. minar que se apensem os autos ressado o requerer, poderá reco-
originais, se daí não advier difi- nhecer o direito a uma justa inde-
Art. 622. A revisão poderá ser culdade à execução normal da nização pelos prejuízos sofridos.
requerida em qualquer tempo, an- sentença. § 1o Por essa indenização,
tes da extinção da pena ou após. § 3o Se o relator julgar insu- que será liquidada no juízo cível,
Parágrafo único. Não será ficientemente instruído o pedido responderá a União, se a conde-
admissível a reiteração do pedi- e inconveniente ao interesse da nação tiver sido proferida pela
do, salvo se fundado em novas justiça que se apensem os autos justiça do Distrito Federal ou de
provas. originais, indeferi-lo-á in limine, Território, ou o Estado, se o tiver
dando recurso para as câmaras sido pela respectiva justiça.
Art. 623. A revisão poderá ser reunidas ou para o tribunal, con- § 2o A indenização não será
pedida pelo próprio réu ou por forme o caso (art. 624, parágrafo devida:
procurador legalmente habilitado único). a) se o erro ou a injustiça da
ou, no caso de morte do réu, pelo § 4o Interposto o recurso por condenação proceder de ato ou
cônjuge, ascendente, descenden- petição e independentemente falta imputável ao próprio impe-
te ou irmão. de termo, o relator apresentará trante, como a confissão ou a
o processo em mesa para o jul- ocultação de prova em seu poder;
Art. 624. As revisões criminais gamento e o relatará, sem tomar b) se a acusação houver sido
serão processadas e julgadas: parte na discussão. meramente privada.
I – pelo Supremo Tribunal Fe- § 5o Se o requerimento não
deral, quanto às condenações por for indeferido in limine, abrir-se-á Art. 631. Quando, no curso da
ele proferidas; vista dos autos ao procurador-ge- revisão, falecer a pessoa, cuja
II – pelo Tribunal Federal de ral, que dará parecer no prazo de condenação tiver de ser revista,
Recursos, Tribunais de Justiça dez dias. Em seguida, examinados o presidente do tribunal nomeará
ou de Alçada, nos demais casos. os autos, sucessivamente, em curador para a defesa.
§ 1o No Supremo Tribunal Fe- igual prazo, pelo relator e revisor,
deral e no Tribunal Federal de Re- julgar-se-á o pedido na sessão
cursos o processo e julgamento que o presidente designar.
obedecerão ao que for estabe-
lecido no respectivo Regimento Art. 626. Julgando procedente
Interno. a revisão, o tribunal poderá alte-
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Código de Processo Penal
CAPÍTULO VIII o instrumento, será suspenso IV – quando houver cessado
– DO RECURSO por trinta dias. O juiz, ou o presi- o motivo que autorizou a coação;
dente do Tribunal de Apelação, V – quando não for alguém
EXTRAORDINÁRIO em face de representação do admitido a prestar fiança, nos
testemunhante, imporá a pena casos em que a lei a autoriza;
Arts. 632 a 636. (Revogados) e mandará que seja extraído o VI – quando o processo for
instrumento, sob a mesma san- manifestamente nulo;
Art. 637. O recurso extraordi- ção, pelo substituto do escrivão VII – quando extinta a puni-
nário não tem efeito suspensi- ou do secretário do tribunal. Se o bilidade.
vo, e uma vez arrazoados pelo testemunhante não for atendido,
recorrido os autos do traslado, poderá reclamar ao presidente do Art. 649. O juiz ou o tribunal,
os originais baixarão à primeira tribunal ad quem, que avocará os dentro dos limites da sua jurisdi-
instância, para a execução da autos, para o efeito do julgamento ção, fará passar imediatamente a
sentença. do recurso e imposição da pena. ordem impetrada, nos casos em
que tenha cabimento, seja qual
Art. 638. O recurso extraordi- Art. 643. Extraído e autuado for a autoridade coatora.
nário e o recurso especial serão o instrumento, observar-se-á o
processados e julgados no Supre- disposto nos arts. 588 a 592, no Art. 650. Competirá conhecer,
mo Tribunal Federal e no Supe- caso de recurso em sentido es- originariamente, do pedido de
rior Tribunal de Justiça na forma trito, ou o processo estabelecido habeas corpus:
estabelecida por leis especiais, para o recurso extraordinário, se I – ao Supremo Tribunal Fede-
pela lei processual civil e pelos deste se tratar. ral, nos casos previstos no art. 101,
respectivos regimentos internos. I, “g”, da Constituição;
Art. 644. O tribunal, câmara ou II – aos Tribunais de Apelação,
turma a que competir o julga- sempre que os atos de violên-
CAPÍTULO IX – DA CARTA mento da carta, se desta tomar cia ou coação forem atribuídos a
TESTEMUNHÁVEL conhecimento, mandará proces- governadores, ou interventores,
sar o recurso, ou, se estiver su- dos Estados ou Territórios e ao
Art. 639. Dar-se-á carta teste- ficientemente instruída, decidirá prefeito do Distrito Federal, ou a
munhável: logo, de meritis. seus secretários, ou aos chefes
I – da decisão que denegar de Polícia.
o recurso; Art. 645. O processo da car- § 1o A competência do juiz
II – da que, admitindo embo- ta testemunhável na instância cessará sempre que a violência
ra o recurso, obstar à sua expe- superior seguirá o processo do ou coação provier de autoridade
dição e seguimento para o juízo recurso denegado. judiciária de igual ou superior
ad quem. jurisdição.
Art. 646. A carta testemunhável § 2o Não cabe o habeas cor-
Art. 640. A carta testemunhável não terá efeito suspensivo. pus contra a prisão administra-
será requerida ao escrivão, ou ao tiva, atual ou iminente, dos res-
secretário do tribunal, conforme ponsáveis por dinheiro ou valor
o caso, nas quarenta e oito ho- CAPÍTULO X – DO HABEAS pertencente à Fazenda Pública,
ras seguintes ao despacho que CORPUS E SEU PROCESSO alcançados ou omissos em fa-
denegar o recurso, indicando o zer o seu recolhimento nos pra-
requerente as peças do proces- Art. 647. Dar-se-á habeas cor- zos legais, salvo se o pedido for
so que deverão ser trasladadas. pus sempre que alguém sofrer ou acompanhado de prova de qui-
se achar na iminência de sofrer tação ou de depósito do alcance
Art. 641. O escrivão, ou o secre- violência ou coação ilegal na sua verificado, ou se a prisão exceder
tário do tribunal, dará recibo da liberdade de ir e vir, salvo nos ca- o prazo legal.
petição à parte e, no prazo má- sos de punição disciplinar.
ximo de cinco dias, no caso de Art. 651. A concessão do habe-
recurso no sentido estrito, ou de Art. 648. A coação considerar- as corpus não obstará, nem porá
sessenta dias, no caso de recurso -se-á ilegal: termo ao processo, desde que
extraordinário, fará entrega da I – quando não houver justa este não esteja em conflito com
carta, devidamente conferida e causa; os fundamentos daquela.
concertada. II – quando alguém estiver
preso por mais tempo do que Art. 652. Se o habeas corpus for
Art. 642. O escrivão, ou o se- determina a lei; concedido em virtude de nulidade
cretário do tribunal, que se ne- III – quando quem ordenar a do processo, este será renovado.
gar a dar o recibo, ou deixar de coação não tiver competência
entregar, sob qualquer pretexto, para fazê-lo; Art. 653. Ordenada a soltura do
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Código de Processo Penal
paciente em virtude de habeas Art. 656. Recebida a petição de anexados aos do inquérito policial
corpus, será condenada nas cus- habeas corpus, o juiz, se julgar ou aos do processo judicial.
tas a autoridade que, por má-fé necessário, e estiver preso o pa- § 4o Se a ordem de habeas
ou evidente abuso de poder, tiver ciente, mandará que este lhe seja corpus for concedida para evitar
determinado a coação. imediatamente apresentado em ameaça de violência ou coação
Parágrafo único. Neste caso, dia e hora que designar. ilegal, dar-se-á ao paciente sal-
será remetida ao Ministério Públi- Parágrafo único. Em caso vo-conduto assinado pelo juiz.
co cópia das peças necessárias de desobediência, será expedi- § 5o Será incontinenti envia-
para ser promovida a responsa- do mandado de prisão contra o da cópia da decisão à autoridade
bilidade da autoridade. detentor, que será processado na que tiver ordenado a prisão ou ti-
forma da lei, e o juiz providenciará ver o paciente à sua disposição,
Art. 654. O habeas corpus po- para que o paciente seja tirado da a fim de juntar-se aos autos do
derá ser impetrado por qualquer prisão e apresentado em juízo. processo.
pessoa, em seu favor ou de ou- § 6o Quando o paciente esti-
trem, bem como pelo Ministério Art. 657. Se o paciente estiver ver preso em lugar que não seja
Público. preso, nenhum motivo escusará o da sede do juízo ou do tribunal
§ 1o A petição de habeas cor- a sua apresentação, salvo: que conceder a ordem, o alvará
pus conterá: I – grave enfermidade do pa- de soltura será expedido pelo
a) o nome da pessoa que so- ciente; telégrafo, se houver, observadas
fre ou está ameaçada de sofrer II – não estar ele sob a guar- as formalidades estabelecidas no
violência ou coação e o de quem da da pessoa a quem se atribui art. 289, parágrafo único, in fine,
exercer a violência, coação ou a detenção; ou por via postal.
ameaça; III – se o comparecimento não
b) a declaração da espécie tiver sido determinado pelo juiz Art. 661. Em caso de competên-
de constrangimento ou, em caso ou pelo tribunal. cia originária do Tribunal de Ape-
de simples ameaça de coação, as Parágrafo único. O juiz pode- lação, a petição de habeas corpus
razões em que funda o seu temor; rá ir ao local em que o paciente será apresentada ao secretário,
c) a assinatura do impe- se encontrar, se este não puder que a enviará imediatamente ao
trante, ou de alguém a seu rogo, ser apresentado por motivo de presidente do tribunal, ou da câ-
quando não souber ou não puder doença. mara criminal, ou da turma, que
escrever, e a designação das res- estiver reunida, ou primeiro tiver
pectivas residências. Art. 658. O detentor declarará de reunir-se.
§ 2o Os juízes e os tribunais à ordem de quem o paciente es-
têm competência para expedir de tiver preso. Art. 662. Se a petição contiver
ofício ordem de habeas corpus, os requisitos do art. 654, § 1o, o
quando no curso de processo Art. 659. Se o juiz ou o tribunal presidente, se necessário, re-
verificarem que alguém sofre verificar que já cessou a violência quisitará da autoridade indicada
ou está na iminência de sofrer ou coação ilegal, julgará prejudi- como coatora informações por
coação ilegal. cado o pedido. escrito. Faltando, porém, qual-
quer daqueles requisitos, o presi-
Art. 655. O carcereiro ou o dire- Art. 660. Efetuadas as diligên- dente mandará preenchê-lo, logo
tor da prisão, o escrivão, o oficial cias, e interrogado o paciente, o que lhe for apresentada a petição.
de justiça ou a autoridade judi- juiz decidirá, fundamentadamen-
ciária ou policial que embaraçar te, dentro de vinte e quatro horas. Art. 663. As diligências do artigo
ou procrastinar a expedição de § 1o Se a decisão for favorável anterior não serão ordenadas, se
ordem de habeas corpus, as infor- ao paciente, será logo posto em o presidente entender que o ha-
mações sobre a causa da prisão, liberdade, salvo se por outro mo- beas corpus deva ser indeferido in
a condução e apresentação do tivo dever ser mantido na prisão. limine. Nesse caso, levará a peti-
paciente, ou a sua soltura, será § 2o Se os documentos que ção ao tribunal, câmara ou turma,
multado na quantia de duzentos instruírem a petição evidenciarem para que delibere a respeito.
mil-réis a um conto de réis, sem a ilegalidade da coação, o juiz ou o
prejuízo das penas em que in- tribunal ordenará que cesse ime- Art. 664. Recebidas as informa-
correr. As multas serão impostas diatamente o constrangimento. ções, ou dispensadas, o habeas
pelo juiz do tribunal que julgar o § 3o Se a ilegalidade decorrer corpus será julgado na primei-
habeas corpus, salvo quando se do fato de não ter sido o paciente ra sessão, podendo, entretanto,
tratar de autoridade judiciária, admitido a prestar fiança, o juiz adiar-se o julgamento para a ses-
caso em que caberá ao Supremo arbitrará o valor desta, que poderá são seguinte.
Tribunal Federal ou ao Tribunal de ser prestada perante ele, reme- Parágrafo único. A decisão
Apelação impor as multas. tendo, neste caso, à autoridade será tomada por maioria de votos.
os respectivos autos, para serem Havendo empate, se o presidente
519
Código de Processo Penal
não tiver tomado parte na vota- o efeito de sujeitar o réu a prisão, o juiz ordenará a expedição de
ção, proferirá voto de desempate; ainda no caso de crime afiançá- carta de guia para o cumprimen-
no caso contrário, prevalecerá a vel, enquanto não for prestada to da pena.
decisão mais favorável ao pa- a fiança; Parágrafo único. Na hipótese
ciente. II – quando absolutória, para do art. 82, última parte, a expedi-
o fim de imediata soltura do réu, ção da carta de guia será orde-
Art. 665. O secretário do tribu- desde que não proferida em pro- nada pelo juiz competente para
nal lavrará a ordem que, assinada cesso por crime a que a lei comi- a soma ou unificação das penas.
pelo presidente do tribunal, câ- ne pena de reclusão, no máximo,
mara ou turma, será dirigida, por por tempo igual ou superior a Art. 675. No caso de ainda não
ofício ou telegrama, ao detentor, oito anos. ter sido expedido mandado de
ao carcereiro ou autoridade que prisão, por tratar-se de infração
exercer ou ameaçar exercer o Art. 670. No caso de decisão ab- penal em que o réu se livra solto
constrangimento. solutória confirmada ou proferida ou por estar afiançado, o juiz, ou
Parágrafo único. A ordem em grau de apelação, incumbirá o presidente da câmara ou tribu-
transmitida por telegrama obe- ao relator fazer expedir o alvará nal, se tiver havido recurso, fará
decerá ao disposto no art. 289, de soltura, de que dará imediata- expedir o mandado de prisão,
parágrafo único, in fine. mente conhecimento ao juiz de logo que transite em julgado a
primeira instância. sentença condenatória.
Art. 666. Os regimentos dos Tri- § 1o No caso de reformada
bunais de Apelação estabelece- Art. 671. Os incidentes da exe- pela superior instância, em grau
rão as normas complementares cução serão resolvidos pelo res- de recurso, a sentença absolutó-
para o processo e julgamento do pectivo juiz. ria, estando o réu solto, o presi-
pedido de habeas corpus de sua dente da câmara ou do tribunal
competência originária. Art. 672. Computar-se-á na fará, logo após a sessão de jul-
pena privativa da liberdade o gamento, remeter ao chefe de
Art. 667. No processo e julga- tempo: Polícia o mandado de prisão do
mento do habeas corpus de com- I – de prisão preventiva no condenado.
petência originária do Supremo Brasil ou no estrangeiro; § 2o Se o réu estiver em pri-
Tribunal Federal, bem como nos II – de prisão provisória no são especial, deverá, ressalvado
de recurso das decisões de última Brasil ou no estrangeiro; o disposto na legislação relativa
ou única instância, denegatórias III – de internação em hospital aos militares, ser expedida ordem
de habeas corpus, observar-se- ou manicômio. para sua imediata remoção para
-á, no que lhes for aplicável, o prisão comum, até que se verifi-
disposto nos artigos anteriores, Art. 673. Verificado que o réu, que a expedição de carta de guia
devendo o regimento interno do pendente a apelação por ele in- para o cumprimento da pena.
tribunal estabelecer as regras terposta, já sofreu prisão por
complementares. tempo igual ao da pena a que Art. 676. A carta de guia, extra-
foi condenado, o relator do feito ída pelo escrivão e assinada pelo
mandará pô-lo imediatamente juiz, que a rubricará em todas as
LIVRO IV – DA EXECUÇÃO em liberdade, sem prejuízo do folhas, será remetida ao diretor
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES julgamento do recurso, salvo se, do estabelecimento em que te-
no caso de crime a que a lei comi- nha de ser cumprida a sentença
GERAIS ne pena de reclusão, no máximo, condenatória, e conterá:
por tempo igual ou superior a 8 I – o nome do réu e a alcunha
Art. 668. A execução, onde não anos, o querelante ou o Ministério por que for conhecido;
houver juiz especial, incumbirá Público também houver apelado II – a sua qualificação civil
ao juiz da sentença, ou, se a de- da sentença condenatória. (naturalidade, filiação, idade, es-
cisão for do Tribunal do Júri, ao tado, profissão), instrução e, se
seu presidente. constar, número do registro ge-
Parágrafo único. Se a decisão TÍTULO II – DA EXECUÇÃO ral do Instituto de Identificação
for de tribunal superior, nos casos DAS PENAS EM ESPÉCIE e Estatística ou de repartição
de sua competência originária, congênere;
caberá ao respectivo presidente CAPÍTULO I – DAS PENAS III – o teor integral da sen-
prover-lhe a execução. PRIVATIVAS DE LIBERDADE tença condenatória e a data da
terminação da pena.
Art. 669. Só depois de passar Art. 674. Transitando em julga- Parágrafo único. Expedida
em julgado, será exequível a sen- do a sentença que impuser pena carta de guia para cumprimen-
tença, salvo: privativa de liberdade, se o réu já to de uma pena, se o réu estiver
I – quando condenatória, para estiver preso, ou vier a ser preso, cumprindo outra, só depois de
520
Código de Processo Penal
terminada a execução desta será Art. 683. O diretor da prisão a § 2o A permissão para o pa-
aquela executada. Retificar-se-á que o réu tiver sido recolhido gamento em parcelas será re-
a carta de guia sempre que so- provisoriamente ou em cumpri- vogada, se o juiz verificar que o
brevenha modificação quanto ao mento de pena comunicará ime- condenado dela se vale para frau-
início da execução ou ao tempo diatamente ao juiz o óbito, a fuga dar a execução da pena. Nesse
de duração da pena. ou a soltura do detido ou senten- caso, a caução resolver-se-á em
ciado para que fique constando valor monetário, devolvendo-se
Art. 677. Da carta de guia e seus dos autos. ao condenado o que exceder à
aditamentos se remeterá cópia ao Parágrafo único. A certidão satisfação da multa e das custas
Conselho Penitenciário. de óbito acompanhará a comu- processuais.
nicação.
Art. 678. O diretor do estabe- Art. 688. Findo o decêndio ou a
lecimento, em que o réu tiver de Art. 684. A recaptura do réu prorrogação sem que o condena-
cumprir a pena, passará recibo evadido não depende de prévia do efetue o pagamento, ou ocor-
da carta de guia para juntar-se ordem judicial e poderá ser efe- rendo a hipótese prevista no § 2o
aos autos do processo. tuada por qualquer pessoa. do artigo anterior, observar-se-á
o seguinte:43
Art. 679. As cartas de guia se- Art. 685. Cumprida ou extinta I – possuindo o condenado
rão registradas em livro especial, a pena, o condenado será posto, bens sobre os quais possa recair
segundo a ordem cronológica imediatamente, em liberdade, a execução, será extraída certidão
do recebimento, fazendo-se no mediante alvará do juiz, no qual da sentença condenatória, a fim
curso da execução as anotações se ressalvará a hipótese de dever de que o Ministério Público pro-
necessárias. o condenado continuar na prisão ceda à cobrança judicial;
por outro motivo legal. II – sendo o condenado insol-
Art. 680. Computar-se-á no Parágrafo único. Se tiver sido vente, far-se-á a cobrança:
tempo da pena o período em imposta medida de segurança a) mediante desconto de
que o condenado, por sentença detentiva, o condenado será re- quarta parte de sua remunera-
irrecorrível, permanecer preso movido para estabelecimento ção (arts. 29, § 1o, e 37 do Código
em estabelecimento diverso do adequado (art. 762). Penal), quando cumprir pena pri-
destinado ao cumprimento dela. vativa da liberdade, cumulativa-
mente imposta com a de multa;
Art. 681. Se impostas cumulati- CAPÍTULO II – DAS PENAS b) mediante desconto em
vamente penas privativas da liber- PECUNIÁRIAS seu vencimento ou salário, se,
dade, será executada primeiro a cumprida a pena privativa da li-
de reclusão, depois a de detenção Art. 686. A pena de multa será berdade, ou concedido o livra-
e por último a de prisão simples. paga dentro em 10 dias após haver mento condicional, a multa não
transitado em julgado a sentença houver sido resgatada;
Art. 682. O sentenciado a que que a impuser. c) mediante esse desconto,
sobrevier doença mental, veri- Parágrafo único. Se inter- se a multa for a única pena im-
ficada por perícia médica, será posto recurso da sentença, esse posta ou no caso de suspensão
internado em manicômio judi- prazo será contado do dia em que condicional da pena.
ciário, ou, à falta, em outro es- o juiz ordenar o cumprimento da § 1o O desconto, nos casos
tabelecimento adequado, onde decisão da superior instância. das letras “b” e “c”, será feito me-
lhe seja assegurada a custódia. diante ordem ao empregador,
§ 1o Em caso de urgência, o Art. 687. O juiz poderá, desde à repartição competente ou à
diretor do estabelecimento penal que o condenado o requeira: administração da entidade pa-
poderá determinar a remoção do I – prorrogar o prazo do paga- raestatal, e, antes de fixá-lo, o
sentenciado, comunicando ime- mento da multa até três meses, juiz requisitará informações e
diatamente a providência ao juiz, se as circunstâncias justificarem ordenará diligências, inclusive
que, em face da perícia médica, essa prorrogação; arbitramento, quando necessário,
ratificará ou revogará a medida. II – permitir, nas mesmas cir- para observância do art. 37, § 3o,
§ 2o Se a internação se pro- cunstâncias, que o pagamento do Código Penal.
longar até o término do prazo se faça em parcelas mensais, no § 2o Sob pena de desobedi-
restante da pena e não houver prazo que fixar, mediante cau- ência e sem prejuízo da execução
sido imposta medida de segu- ção real ou fidejussória, quando a que ficará sujeito, o empregador
rança detentiva, o indivíduo terá necessário. será intimado a recolher mensal-
o destino aconselhado pela sua § 1o O requerimento, tanto no mente, até o dia fixado pelo juiz,
enfermidade, feita a devida co- caso do no I, como no do no II, será
municação ao juiz de incapazes. feito dentro do decêndio conce- 43
NE: os dispositivos mencionados neste ar-
dido para o pagamento da multa. tigo são os do texto original do Código Penal.
521
Código de Processo Penal
a importância correspondente pagamento. TÍTULO III – DOS
ao desconto, em selo peniten- Parágrafo único. No caso do INCIDENTES DA EXECUÇÃO
ciário, que será inutilizado nos no II, antes de homologada a cau-
autos pelo juiz. ção, será ouvido o Ministério Pú- CAPÍTULO I – DA
§ 3o Se o condenado for fun- blico dentro do prazo de dois dias. SUSPENSÃO CONDICIONAL
cionário estadual ou municipal ou DA PENA
empregado de entidade paraes-
tatal, a importância do desconto CAPÍTULO III – DAS PENAS
será, semestralmente, recolhida ACESSÓRIAS Art. 696. O juiz poderá suspen-
ao Tesouro Nacional, delegacia der, por tempo não inferior a dois
fiscal ou coletoria federal, como Art. 691. O juiz dará à autorida- nem superior a seis anos, a exe-
receita do selo penitenciário. de administrativa competente cução das penas de reclusão e de
§ 4o As quantias desconta- conhecimento da sentença tran- detenção que não excedam a dois
das em folha de pagamento de sitada em julgado, que impuser anos, ou, por tempo não inferior
funcionário federal constituirão ou de que resultar a perda da a um nem superior a três anos, a
renda do selo penitenciário. função pública ou a incapacidade execução da pena de prisão sim-
temporária para investidura em ples, desde que o sentenciado:
Art. 689. A multa será converti- função pública ou para exercício I – não haja sofrido, no País
da, à razão de dez mil-réis por dia, de profissão ou atividade. ou no estrangeiro, condenação
em detenção ou prisão simples, irrecorrível por outro crime a pena
no caso de crime ou de contra- Art. 692. No caso de incapaci- privativa da liberdade, salvo o
venção: dade temporária ou permanente disposto no parágrafo único do
I – se o condenado solvente para o exercício do pátrio poder, art. 46 do Código Penal;45
frustrar o pagamento da multa; da tutela ou da curatela, o juiz II – os antecedentes e a per-
II – se não forem pagas pelo providenciará para que sejam sonalidade do sentenciado, os
condenado solvente as parce- acautelados, no juízo competente, motivos e as circunstâncias do
las mensais autorizadas sem a pessoa e os bens do menor ou crime autorizem a presunção de
garantia. do interdito. que não tornará a delinquir.
§ 1o Se o juiz reconhecer des- Parágrafo único. Processado
de logo a existência de causa para Art. 693. A incapacidade per- o beneficiário por outro crime ou
a conversão, a ela procederá de manente ou temporária para o contravenção, considerar-se-á
ofício ou a requerimento do Minis- exercício da autoridade marital prorrogado o prazo da suspen-
tério Público, independentemente ou do pátrio poder será averbada são da pena até o julgamento
de audiência do condenado; caso no registro civil. definitivo.
contrário, depois de ouvir o con-
denado, se encontrado no lugar Art. 694. As penas acessórias Art. 697. O Juiz ou tribunal, na
da sede do juízo, poderá admitir consistentes em interdições de decisão que aplicar pena privativa
a apresentação de prova pelas direitos serão comunicadas ao da liberdade não superior a dois
partes, inclusive testemunhal, Instituto de Identificação e Esta- anos, deverá pronunciar-se, mo-
no prazo de três dias. tística ou estabelecimento congê- tivadamente, sobre a suspensão
§ 2o O juiz, desde que transite nere, figurarão na folha de ante- condicional, quer a conceda quer
em julgado a decisão, ordenará a cedentes do condenado e serão a denegue.
expedição de mandado de prisão mencionadas no rol de culpados.
ou aditamento à carta de guia, Art. 698. Concedida a suspen-
conforme esteja o condenado Art. 695. Iniciada a execução são, o juiz especificará as condi-
solto ou em cumprimento de pena das interdições temporárias ções a que fica sujeito o conde-
privativa da liberdade. (art. 72, “a” e “b”, do Código Pe- nado, pelo prazo previsto, come-
§ 3o Na hipótese do inciso nal), o juiz, de ofício, a requeri- çando este a correr da audiência
II deste artigo, a conversão será mento do Ministério Público ou em que se der conhecimento da
feita pelo valor das parcelas não do condenado, fixará o seu termo sentença ao beneficiário e lhe
pagas. final, completando as providên- for entregue documento similar
cias determinadas nos artigos ao descrito no art. 724.
Art. 690. O juiz tornará sem efei- anteriores.44 § 1o As condições serão ade-
to a conversão, expedindo alvará quadas ao delito e à personalida-
de soltura ou cassando a ordem de do condenado.
de prisão, se o condenado, em § 2o Poderão ser impos-
qualquer tempo: tas, além das estabelecidas no
I – pagar a multa;
II – prestar caução real ou 44
NE: os dispositivos mencionados são os 45
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
fidejussória que lhe assegure o do texto original do Código Penal. original do Código Penal.
522
Código de Processo Penal
art. 767, como normas de con- são condicional da pena compe- efetua, sem motivo justificado,
duta e obrigações, as seguintes tirá ao seu presidente. a reparação do dano.
condições: Parágrafo único. O juiz po-
I – frequentar curso de habi- Art. 700. A suspensão não com- derá revogar a suspensão, se o
litação profissional ou de instru- preende a multa, as penas aces- beneficiário deixa de cumprir
ção escolar; sórias, os efeitos da condenação qualquer das obrigações cons-
II – prestar serviços em favor nem as custas. tantes da sentença, de obser-
da comunidade; var proibições inerentes à pena
III – atender aos encargos Art. 701. O juiz, ao conceder a acessória, ou é irrecorrivelmente
de família; suspensão, fixará, tendo em con- condenado a pena que não seja
IV – submeter-se a tratamen- ta as condições econômicas ou privativa da liberdade; se não a
to de desintoxicação. profissionais do réu, o prazo para revogar, deverá advertir o benefi-
§ 3o O juiz poderá fixar, a o pagamento, integral ou em pres- ciário, ou exacerbar as condições
qualquer tempo, de ofício ou a tações, das custas do processo e ou, ainda, prorrogar o período da
requerimento do Ministério Pú- taxa penitenciária. suspensão até o máximo, se esse
blico, outras condições além das limite não foi o fixado.
especificadas na sentença e das Art. 702. Em caso de coautoria,
referidas no parágrafo anterior, a suspensão poderá ser concedi- Art. 708. Expirado o prazo de
desde que as circunstâncias o da a uns e negada a outros réus. suspensão ou a prorrogação, sem
aconselhem. que tenha ocorrido motivo de
§ 4o A fiscalização do cum- Art. 703. O juiz que conceder a revogação, a pena privativa de
primento das condições deverá suspensão lerá ao réu, em audi- liberdade será declarada extinta.
ser regulada, nos Estados, Ter- ência, a sentença respectiva, e o Parágrafo único. O juiz, quan-
ritórios e Distrito Federal, por advertirá das consequências de do julgar necessário, requisitará,
normas supletivas e atribuída a nova infração penal e da trans- antes do julgamento, nova folha
serviço social penitenciário, pa- gressão das obrigações impostas. de antecedentes do beneficiário.
tronato, conselho de comunidade
ou entidades similares, inspecio- Art. 704. Quando for concedida Art. 709. A condenação será ins-
nadas pelo Conselho Penitenciá- a suspensão pela superior instân- crita, com a nota de suspensão,
rio, pelo Ministério Público ou am- cia, a esta caberá estabelecer-lhe em livros especiais do Instituto
bos, devendo o juiz da execução as condições, podendo a audi- de Identificação e Estatística, ou
na comarca suprir, por ato, a falta ência ser presidida por qualquer repartição congênere, averban-
das normas supletivas. membro do Tribunal ou câmara, do-se, mediante comunicação
§ 5o O beneficiário deverá pelo juiz do processo ou por ou- do juiz ou do tribunal, a revoga-
comparecer periodicamente à tro designado pelo presidente do ção da suspensão ou a extinção
entidade fiscalizadora, para com- Tribunal ou câmara. da pena. Em caso de revogação,
provar a observância das condi- será feita a averbação definitiva
ções a que está sujeito, comuni- Art. 705. Se, intimado pesso- no registro geral.
cando, também, a sua ocupação, almente ou por edital com prazo § 1o Nos lugares onde não
os salários ou proventos de que de 20 dias, o réu não compare- houver Instituto de Identificação
vive, as economias que conse- cer à audiência a que se refere o e Estatística ou repartição con-
guiu realizar e as dificuldades art. 703, a suspensão ficará sem gênere, o registro e a averbação
materiais ou sociais que enfrenta. efeito e será executada imedia- serão feitos em livro próprio no
§ 6o A entidade fiscalizadora tamente a pena, salvo prova de juízo ou no tribunal.
deverá comunicar imediatamente justo impedimento, caso em que § 2o O registro será secreto,
ao órgão de inspeção, para os fins será marcada nova audiência. salvo para efeito de informações
legais (arts. 730 e 731), qualquer requisitadas por autoridade judi-
fato capaz de acarretar a revoga- Art. 706. A suspensão também ciária, no caso de novo processo.
ção do benefício, a prorrogação ficará sem efeito se, em virtude § 3o Não se aplicará o dis-
do prazo ou a modificação das de recurso, for aumentada a pena posto no § 2o, quando houver sido
condições. de modo que exclua a concessão imposta ou resultar de condena-
§ 7o Se for permitido ao be- do benefício. ção pena acessória consistente
neficiário mudar-se, será feita em interdição de direitos.
comunicação ao juiz e à entidade Art. 707. A suspensão será re-
fiscalizadora do local da nova re- vogada se o beneficiário:
sidência, aos quais deverá apre- I – é condenado, por senten- CAPÍTULO II – DO
sentar-se imediatamente. ça irrecorrível, a pena privativa LIVRAMENTO CONDICIONAL
da liberdade;
Art. 699. No caso de condena- II – frustra, embora solvente, Art. 710. O livramento condi-
ção pelo tribunal do júri, a suspen- o pagamento da multa, ou não cional poderá ser concedido ao
523
Código de Processo Penal
condenado a pena privativa da IV – seu grau de instrução e juiz, ao especificar as condições
liberdade igual ou superior a dois aptidão profissional, com a indi- a que ficará subordinado o livra-
anos, desde que se verifiquem as cação dos serviços em que haja mento, atenderá ao disposto no
condições seguintes: sido empregado e da especiali- art. 698, §§ 1o, 2o e 5o.
I – cumprimento de mais da zação anterior ou adquirida na § 1o Se for permitido ao libe-
metade da pena, ou mais de três prisão; rado residir fora da jurisdição do
quartos, se reincidente o sen- V – sua situação financeira, juiz da execução, remeter-se-á
tenciado; e seus propósitos quanto ao seu cópia da sentença do livramento
II – ausência ou cessação de futuro meio de vida, juntando o à autoridade judiciária do lugar
periculosidade; diretor, quando dada por pessoa para onde ele se houver transfe-
III – bom comportamento du- idônea, promessa escrita de co- rido, e à entidade de observação
rante a vida carcerária; locação do liberando, com indi- cautelar e proteção.
IV – aptidão para prover à cação do serviço e do salário. § 2o O liberado será advertido
própria subsistência mediante Parágrafo único. O relatório da obrigação de apresentar-se
trabalho honesto; será, dentro do prazo de quinze imediatamente à autoridade judi-
V – reparação do dano cau- dias, remetido ao Conselho, com ciária e à entidade de observação
sado pela infração, salvo impos- o prontuário do sentenciado, e, cautelar e proteção.
sibilidade de fazê-lo. na falta, o Conselho opinará li-
vremente, comunicando à auto- Art. 719. O livramento ficará
Art. 711. As penas que corres- ridade competente a omissão do também subordinado à obriga-
pondem a infrações diversas, diretor da prisão. ção de pagamento das custas
podem somar-se, para efeito do do processo e da taxa peniten-
livramento. Art. 715. Se tiver sido imposta ciária, salvo caso de insolvência
medida de segurança detenti- comprovada.
Art. 712. O livramento condicio- va, o livramento não poderá ser Parágrafo único. O juiz pode-
nal poderá ser concedido median- concedido sem que se verifique, rá fixar o prazo para o pagamento
te requerimento do sentenciado, mediante exame das condições integral ou em prestações, tendo
de seu cônjuge ou de parente em do sentenciado, a cessação da em consideração as condições
linha reta, ou por proposta do di- periculosidade. econômicas ou profissionais do
retor do estabelecimento penal, Parágrafo único. Consistin- liberado.
ou por iniciativa do Conselho Pe- do a medida de segurança em
nitenciário. internação em casa de custódia Art. 720. A forma de paga-
Parágrafo único. No caso do e tratamento, proceder-se-á a mento da multa, ainda não paga
artigo anterior, a concessão do exame mental do sentenciado. pelo liberando, será determina-
livramento competirá ao juiz da da de acordo com o disposto no
execução da pena que o conde- Art. 716. A petição ou a proposta art. 688.
nado estiver cumprindo. de livramento será remetida ao
juiz ou ao tribunal por ofício do Art. 721. Reformada a sentença
Art. 713. As condições de ad- presidente do Conselho Peniten- denegatória do livramento, os au-
missibilidade, conveniência e ciário, com a cópia do respectivo tos baixarão ao juiz da primeira
oportunidade da concessão do parecer e do relatório do diretor instância, a fim de que determi-
livramento serão verificadas pelo da prisão. ne as condições que devam ser
Conselho Penitenciário, a cujo § 1o Para emitir parecer, o impostas ao liberando.
parecer não ficará, entretanto, Conselho poderá determinar di-
adstrito o juiz. ligências e requisitar os autos Art. 722. Concedido o livramen-
do processo. to, será expedida carta de guia,
Art. 714. O diretor do estabele- § 2o O juiz ou o tribunal man- com a cópia integral da sentença
cimento penal remeterá ao Con- dará juntar a petição ou a propos- em duas vias, remetendo-se uma
selho Penitenciário minucioso ta, com o ofício ou documento ao diretor do estabelecimento
relatório sobre: que a acompanhar, aos autos do penal e outra ao presidente do
I – o caráter do sentenciado, processo, e proferirá sua decisão, Conselho Penitenciário.
revelado pelos seus antecedentes previamente ouvido o Ministério
e conduta na prisão; Público. Art. 723. A cerimônia do livra-
II – o procedimento do libe- mento condicional será realizada
rando na prisão, sua aplicação Art. 717. Na ausência da condi- solenemente, em dia marcado
ao trabalho e seu trato com os ção prevista no art. 710, inciso I, o pela autoridade que deva presi-
companheiros e funcionários do requerimento será liminarmente di-la, observando-se o seguinte:
estabelecimento; indeferido. I – a sentença será lida ao li-
III – suas relações, quer com berando, na presença dos demais
a família, quer com estranhos; Art. 718. Deferido o pedido, o presos, salvo motivo relevante,
524
Código de Processo Penal
pelo presidente do Conselho Pe- cadas na sentença concessiva Art. 731. O juiz, de ofício, a re-
nitenciário, ou pelo seu represen- do benefício; querimento do Ministério Público,
tante junto ao estabelecimento II – proteger o beneficiário, ou mediante representação do
penal, ou, na falta, pela autoridade orientando-o na execução de suas Conselho Penitenciário, poderá
judiciária local; obrigações e auxiliando-o na ob- modificar as condições ou nor-
II – o diretor do estabeleci- tenção de atividade laborativa. mas de conduta especificadas na
mento penal chamará a atenção Parágrafo único. As entida- sentença, devendo a respectiva
do liberando para as condições des encarregadas de observação decisão ser lida ao liberado por
impostas na sentença de livra- cautelar e proteção do liberado uma das autoridades ou por um
mento; apresentarão relatório ao Con- dos funcionários indicados no
III – o preso declarará se acei- selho Penitenciário, para efeito inciso I do art. 723, observado o
ta as condições. da representação prevista nos disposto nos incisos II e III, e §§ 1o
§ 1o De tudo, em livro pró- arts. 730 e 731. e 2o do mesmo artigo.
prio, se lavrará termo, subscrito
por quem presidir a cerimônia, e Art. 726. Revogar-se-á o livra- Art. 732. Praticada pelo liberado
pelo liberando, ou alguém a seu mento condicional, se o liberado nova infração, o juiz ou o tribunal
rogo, se não souber ou não puder vier, por crime ou contravenção, poderá ordenar a sua prisão, ouvi-
escrever. a ser condenado por sentença do o Conselho Penitenciário, sus-
§ 2o Desse termo, se reme- irrecorrível a pena privativa de pendendo o curso do livramento
terá cópia ao juiz do processo. liberdade. condicional, cuja revogação fi-
cará, entretanto, dependendo da
Art. 724. Ao sair da prisão o li- Art. 727. O juiz pode, também, decisão final no novo processo.
berado, ser-lhe-á entregue, além revogar o livramento, se o libe-
do saldo do seu pecúlio e do que rado deixar de cumprir qualquer Art. 733. O juiz, de ofício, ou a
lhe pertencer, uma caderneta que das obrigações constantes da requerimento do interessado, do
exibirá à autoridade judiciária ou sentença, de observar proibições Ministério Público, ou do Conse-
administrativa sempre que lhe for inerentes à pena acessória ou for lho Penitenciário, julgará extinta
exigido. Essa caderneta conterá: irrecorrivelmente condenado, por a pena privativa de liberdade, se
I – a reprodução da ficha de crime, a pena que não seja priva- expirar o prazo do livramento sem
identidade, ou o retrato do libe- tiva da liberdade. revogação, ou na hipótese do
rado, sua qualificação e sinais Parágrafo único. Se o juiz artigo anterior, for o liberado ab-
característicos; não revogar o livramento, deverá solvido por sentença irrecorrível.
II – o texto impresso dos arti- advertir o liberado ou exacerbar
gos do presente capítulo; as condições.
III – as condições impostas TÍTULO IV – DA GRAÇA, DO
ao liberado; Art. 728. Se a revogação for mo- INDULTO, DA ANISTIA E DA
IV – a pena acessória a que tivada por infração penal anterior REABILITAÇÃO
esteja sujeito. à vigência do livramento, com-
§ 1o Na falta de caderneta, putar-se-á no tempo da pena o CAPÍTULO I – DA GRAÇA,
será entregue ao liberado um sal- período em que esteve solto o DO INDULTO E DA ANISTIA
vo-conduto, em que constem as liberado, sendo permitida, para a
condições do livramento e a pena concessão de novo livramento, a Art. 734. A graça poderá ser
acessória, podendo substituir-se soma do tempo das duas penas. provocada por petição do con-
a ficha de identidade ou o retrato denado, de qualquer pessoa do
do liberado pela descrição dos Art. 729. No caso de revogação povo, do Conselho Penitenciário,
sinais que possam identificá-lo. por outro motivo, não se com- ou do Ministério Público, ressalva-
§ 2o Na caderneta e no salvo- putará na pena o tempo em que da, entretanto, ao Presidente da
-conduto deve haver espaço para esteve solto o liberado, e tam- República, a faculdade de conce-
consignar o cumprimento das pouco se concederá, em relação dê-la espontaneamente.
condições referidas no art. 718. à mesma pena, novo livramento.
Art. 735. A petição de graça,
Art. 725. A observação cautelar Art. 730. A revogação do livra- acompanhada dos documentos
e proteção realizadas por servi- mento será decretada mediante com que o impetrante a instruir,
ço social penitenciário, patro- representação do Conselho Pe- será remetida ao Ministro da Jus-
nato, conselho de comunidade nitenciário, ou a requerimento do tiça por intermédio do Conselho
ou entidades similares, terá a Ministério Público, ou de ofício, Penitenciário.
finalidade de: pelo juiz, que, antes, ouvirá o libe-
I – fazer observar o cumpri- rado, podendo ordenar diligências Art. 736. O Conselho Penitenciá-
mento da pena acessória, bem e permitir a produção de prova, rio, à vista dos autos do processo,
como das condições especifi- no prazo de cinco dias. e depois de ouvir o diretor do es-
525
Código de Processo Penal
tabelecimento penal a que esti- trate de condenado ou reinci- tação, o condenado não poderá
ver recolhido o condenado, fará, dente, contados do dia em que renovar o pedido senão após o
em relatório, a narração do fato houver terminado a execução decurso de dois anos, salvo se
criminoso, examinará as provas, da pena principal ou da medida o indeferimento tiver resultado
mencionará qualquer formalidade de segurança detentiva, devendo de falta ou insuficiência de do-
ou circunstância omitida na peti- o requerente indicar as comar- cumentos.
ção e exporá os antecedentes do cas em que haja residido durante
condenado e seu procedimento aquele tempo. Art. 750. A revogação de rea-
depois de preso, opinando sobre bilitação (Código Penal, art. 120)
o mérito do pedido. Art. 744. O requerimento será será decretada pelo juiz, de ofício
instruído com: ou a requerimento do Ministério
Art. 737. Processada no Minis- I – certidões comprobatórias Público.46
tério da Justiça, com os docu- de não ter o requerente respon-
mentos e o relatório do Conselho dido, nem estar respondendo a
Penitenciário, a petição subirá a processo penal, em qualquer das TÍTULO V – DA EXECUÇÃO
despacho do Presidente da Repú- comarcas em que houver residido DAS MEDIDAS DE
blica, a quem serão presentes os durante o prazo a que se refere o SEGURANÇA
autos do processo ou a certidão artigo anterior;
de qualquer de suas peças, se ele II – atestados de autoridades Art. 751. Durante a execução
o determinar. policiais ou outros documentos da pena ou durante o tempo em
que comprovem ter residido nas que a ela se furtar o condenado,
Art. 738. Concedida a graça e comarcas indicadas e mantido, poderá ser imposta medida de
junta aos autos cópia do decreto, efetivamente, bom comporta- segurança, se:
o juiz declarará extinta a pena ou mento; I – o juiz ou o tribunal, na sen-
penas, ou ajustará a execução aos III – atestados de bom com- tença:
termos do decreto, no caso de portamento fornecidos por pes- a) omitir sua decretação, nos
redução ou comutação de pena. soas a cujo serviço tenha estado; casos de periculosidade presu-
IV – quaisquer outros docu- mida;
Art. 739. O condenado poderá mentos que sirvam como prova b) deixar de aplicá-la ou de
recusar a comutação da pena. de sua regeneração; excluí-la expressamente;
V – prova de haver ressarcido c) declarar os elementos
Art. 740. Os autos da petição o dano causado pelo crime ou per- constantes do processo insu-
de graça serão arquivados no sistir a impossibilidade de fazê-lo. ficientes para a imposição ou
Ministério da Justiça. exclusão da medida e ordenar
Art. 745. O juiz poderá ordenar indagações para a verificação
Art. 741. Se o réu for beneficiado as diligências necessárias para da periculosidade do condenado;
por indulto, o juiz, de ofício ou a apreciação do pedido, cercan- II – tendo sido, expressa-
requerimento do interessado, do do-as do sigilo possível e, antes mente, excluída na sentença a
Ministério Público ou por inicia- da decisão final, ouvirá o Minis- periculosidade do condenado,
tiva do Conselho Penitenciário, tério Público. novos fatos demonstrarem ser
providenciará de acordo com o ele perigoso.
disposto no art. 738. Art. 746. Da decisão que conce-
der a reabilitação haverá recurso Art. 752. Poderá ser imposta
Art. 742. Concedida a anistia de ofício. medida de segurança, depois de
após transitar em julgado a sen- transitar em julgado a senten-
tença condenatória, o juiz, de Art. 747. A reabilitação, depois ça, ainda quando não iniciada
ofício ou a requerimento do in- de sentença irrecorrível, será co- a execução da pena, por motivo
teressado, do Ministério Públi- municada ao Instituto de Identifi- diverso de fuga ou ocultação do
co ou por iniciativa do Conselho cação e Estatística ou repartição condenado:
Penitenciário, declarará extinta congênere. I – no caso da letra “a” do no I
a pena. do artigo anterior, bem como no
Art. 748. A condenação ou con- da letra “b”, se tiver sido alegada
denações anteriores não serão a periculosidade;
CAPÍTULO II – DA mencionadas na folha de ante- II – no caso da letra “c” do no I
REABILITAÇÃO cedentes do reabilitado, nem em do mesmo artigo.
certidão extraída dos livros do
Art. 743. A reabilitação será re- juízo, salvo quando requisitadas Art. 753. Ainda depois de tran-
querida ao juiz da condenação, por juiz criminal.
após o decurso de quatro ou oito 46
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
anos, pelo menos, conforme se Art. 749. Indeferida a reabili- original do Código Penal.
526
Código de Processo Penal
sitar em julgado a sentença ab- mandar submeter o condenado à União, e o restante será depo-
solutória, poderá ser imposta a a exame mental, internando-o, sitado em nome do internado
medida de segurança, enquanto desde logo, em estabelecimento ou, se este preferir, entregue à
não decorrido tempo equivalente adequado. sua família.
ao da sua duração mínima, a indi-
víduo que a lei presuma perigoso. Art. 760. Para a verificação da Art. 766. A internação das mu-
periculosidade, no caso do § 3o lheres será feita em estabele-
Art. 754. A aplicação da medida do art. 78 do Código Penal, obser- cimento próprio ou em seção
de segurança, nos casos previs- var-se-á o disposto no art. 757, no especial.
tos nos arts. 751 e 752, competi- que for aplicável.47
rá ao juiz da execução da pena, Art. 767. O juiz fixará as normas
e, no caso do art. 753, ao juiz da Art. 761. Para a providência de- de conduta que serão observadas
sentença. terminada no art. 84, § 2o, do Có- durante a liberdade vigiada.
digo Penal, se as sentenças forem § 1o Serão normas obrigató-
Art. 755. A imposição da medi- proferidas por juízes diferentes, rias, impostas ao indivíduo sujeito
da de segurança, nos casos dos será competente o juiz que tiver à liberdade vigiada:
arts. 751 a 753, poderá ser decre- sentenciado por último ou a au- a) tomar ocupação, dentro
tada de ofício ou a requerimento toridade de jurisdição prevalente de prazo razoável, se for apto
do Ministério Público. no caso do art. 82.48 para o trabalho;
Parágrafo único. O diretor b) não mudar do território
do estabelecimento penal, que Art. 762. A ordem de interna- da jurisdição do juiz, sem prévia
tiver conhecimento de fatos in- ção, expedida para executar-se autorização deste.
dicativos da periculosidade do medida de segurança detentiva, § 2o Poderão ser impostas
condenado a quem não tenha sido conterá: ao indivíduo sujeito à liberdade
imposta medida de segurança, I – a qualificação do inter- vigiada, entre outras obrigações,
deverá logo comunicá-los ao juiz. nando; as seguintes:
II – o teor da decisão que tiver a) não mudar de habitação
Art. 756. Nos casos do no I, “a” e imposto a medida de segurança; sem aviso prévio ao juiz, ou à au-
“b”, do art. 751, e no I do art. 752, III – a data em que terminará toridade incumbida da vigilância;
poderá ser dispensada nova au- o prazo mínimo da internação. b) recolher-se cedo à ha-
diência do condenado. bitação;
Art. 763. Se estiver solto o inter- c) não trazer consigo armas
Art. 757. Nos casos do no I, “c”, e nando, expedir-se-á mandado de ofensivas ou instrumentos capa-
no II do art. 751 e no II do art. 752, captura, que será cumprido por zes de ofender;
o juiz, depois de proceder às dili- oficial de justiça ou por autori- d) não frequentar casas de
gências que julgar convenientes, dade policial. bebidas ou de tavolagem, nem
ouvirá o Ministério Público e con- certas reuniões, espetáculos ou
cederá ao condenado o prazo de Art. 764. O trabalho nos estabe- diversões públicas.
três dias para alegações, devendo lecimentos referidos no art. 88, § 3o Será entregue ao indi-
a prova requerida ou reputada ne- § 1o, III, do Código Penal, será edu- víduo sujeito à liberdade vigiada
cessária pelo juiz ser produzida cativo e remunerado, de modo uma caderneta, de que constarão
dentro em dez dias. que assegure ao internado meios as obrigações impostas.
§ 1o O juiz nomeará defensor de subsistência, quando cessar a
ao condenado que o requerer. internação.49 Art. 768. As obrigações esta-
§ 2o Se o réu estiver foragido, § 1o O trabalho poderá ser belecidas na sentença serão co-
o juiz procederá às diligências praticado ao ar livre. municadas à autoridade policial.
que julgar convenientes, conce- § 2o Nos outros estabeleci-
dendo o prazo de provas, quando mentos, o trabalho dependerá das Art. 769. A vigilância será exer-
requerido pelo Ministério Público. condições pessoais do internado. cida discretamente, de modo que
§ 3o Findo o prazo de provas, não prejudique o indivíduo a ela
o juiz proferirá a sentença dentro Art. 765. A quarta parte do sa- sujeito.
de três dias. lário caberá ao Estado, ou, no
Distrito Federal e nos Territórios, Art. 770. Mediante represen-
Art. 758. A execução da medida tação da autoridade incumbida
de segurança incumbirá ao juiz da da vigilância, a requerimento do
47
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
execução da sentença. original do Código Penal. Ministério Público ou de ofício,
48
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
poderá o juiz modificar as normas
Art. 759. No caso do art. 753, o original do Código Penal. fixadas ou estabelecer outras.
juiz ouvirá o curador já nomeado 49
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
ou que então nomear, podendo original do Código Penal. Art. 771. Para execução do exí-
527
Código de Processo Penal
lio local, o juiz comunicará sua sobre a cessação ou permanência tério Público ou do interessado,
decisão à autoridade policial do da medida; seu defensor ou curador, orde-
lugar ou dos lugares onde o exi- II – se o indivíduo estiver in- nar o exame, para a verificação
lado está proibido de permanecer ternado em manicômio judiciário da cessação da periculosidade.
ou de residir. ou em casa de custódia e trata- § 1o Designado o relator e
§ 1o O infrator da medida será mento, o relatório será acompa- ouvido o procurador-geral, se
conduzido à presença do juiz que nhado do laudo de exame pericial a medida não tiver sido por ele
poderá mantê-lo detido até pro- feito por dois médicos designados requerida, o pedido será julgado
ferir decisão. pelo diretor do estabelecimento; na primeira sessão.
§ 2o Se for reconhecida a III – o diretor do estabeleci- § 2o Deferido o pedido, a de-
transgressão e imposta, conse- mento de internação ou a autori- cisão será imediatamente comu-
quentemente, a liberdade vigiada, dade policial deverá, no relatório, nicada ao juiz, que requisitará,
determinará o juiz que a autori- concluir pela conveniência da marcando prazo, o relatório e o
dade policial providencie a fim de revogação, ou não, da medida exame a que se referem os nos I e
que o infrator siga imediatamente de segurança; II do art. 775 ou ordenará as dili-
para o lugar de residência por ele IV – se a medida de segurança gências mencionadas no no IV do
escolhido, e oficiará à autoridade for o exílio local ou a proibição de mesmo artigo, prosseguindo de
policial desse lugar, observando- frequentar determinados lugares, acordo com o disposto nos outros
-se o disposto no art. 768. o juiz, até um mês ou quinze dias incisos do citado artigo.
antes de expirado o prazo mínimo
Art. 772. A proibição de frequen- de duração, ordenará as diligên- Art. 778. Transitando em julgado
tar determinados lugares será cias necessárias, para verificar a sentença de revogação, o juiz
comunicada pelo juiz à autorida- se desapareceram as causas da expedirá ordem para a desinter-
de policial, que lhe dará conheci- aplicação da medida; nação, quando se tratar de me-
mento de qualquer transgressão. V – junto aos autos o relató- dida detentiva, ou para que cesse
rio, ou realizadas as diligências, a vigilância ou a proibição, nos
Art. 773. A medida de fecha- serão ouvidos sucessivamente o outros casos.
mento de estabelecimento ou Ministério Público e o curador ou
de interdição de associação será o defensor, no prazo de três dias Art. 779. O confisco dos ins-
comunicada pelo juiz à autorida- para cada um; trumentos e produtos do crime,
de policial, para que a execute. VI – o juiz nomeará curador no caso previsto no art. 100 do
ou defensor ao interessado que Código Penal, será decretado no
Art. 774. Nos casos do pará- o não tiver; despacho de arquivamento do
grafo único do art. 83 do Código VII – o juiz, de ofício, ou a inquérito, na sentença de im-
Penal, ou quando a transgressão requerimento de qualquer das pronúncia ou na sentença ab-
de uma medida de segurança im- partes, poderá determinar novas solutória.52
portar a imposição de outra, ob- diligências, ainda que já expirado
servar-se-á o disposto no art. 757, o prazo de duração mínima da
no que for aplicável.50 medida de segurança; LIVRO V – DAS RELAÇÕES
VIII – ouvidas as partes ou JURISDICIONAIS
Art. 775. A cessação ou não da realizadas as diligências a que COM AUTORIDADE
periculosidade se verificará ao se refere o número anterior o juiz ESTRANGEIRA
fim do prazo mínimo de duração proferirá a sua decisão, no prazo
da medida de segurança pelo de três dias. TÍTULO ÚNICO
exame das condições da pessoa
a que tiver sido imposta, obser- Art. 776. Nos exames sucessi- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
vando-se o seguinte: vos a que se referem o § 1o, II, e GERAIS
I – o diretor do estabeleci- § 2o do art. 81 do Código Penal,
mento de internação ou a au- observar-se-á, no que lhes for Art. 780. Sem prejuízo de con-
toridade policial incumbida da aplicável, o disposto no artigo venções ou tratados, aplicar-se-
vigilância, até um mês antes de anterior.51 -á o disposto neste Título à ho-
expirado o prazo de duração mí- mologação de sentenças penais
nima da medida, se não for infe- Art. 777. Em qualquer tempo, estrangeiras e à expedição e ao
rior a um ano, ou até quinze dias ainda durante o prazo mínimo de cumprimento de cartas rogató-
nos outros casos, remeterá ao duração da medida de seguran- rias para citações, inquirições e
juiz da execução minucioso re- ça, poderá o tribunal, câmara ou outras diligências necessárias
latório, que o habilite a resolver turma, a requerimento do Minis- à instrução de processo penal.
50
NE: o dispositivo mencionado é o do texto 51
NE: os dispositivos mencionados são os 52
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
original do Código Penal. do texto original do Código Penal. original do Código Penal.
528
Código de Processo Penal
Art. 781. As sentenças estran- Tribunal Federal, por intermédio imposto medida de segurança
geiras não serão homologadas, do presidente do Tribunal de Ape- pessoal ou pena acessória que
nem as cartas rogatórias cumpri- lação, o qual, antes de devolvê- deva ser cumprida no Brasil, pe-
das, se contrárias à ordem pública -la, mandará completar qualquer dirá ao Ministro da Justiça pro-
e aos bons costumes. diligência ou sanar qualquer nu- vidências para obtenção de ele-
lidade. mentos que o habilitem a requerer
Art. 782. O trânsito, por via di- a homologação da sentença.
plomática, dos documentos apre- Art. 786. O despacho que con- § 1o A homologação de sen-
sentados constituirá prova bas- ceder o exequatur marcará, para o tença emanada de autoridade
tante de sua autenticidade. cumprimento da diligência, prazo judiciária de Estado, que não ti-
razoável, que poderá ser excedi- ver tratado de extradição com o
do, havendo justa causa, ficando Brasil, dependerá de requisição
CAPÍTULO II – DAS CARTAS esta consignada em ofício dirigido do Ministro da Justiça.
ROGATÓRIAS ao presidente do Supremo Tri- § 2o Distribuído o requeri-
bunal Federal, juntamente com mento de homologação, o relator
Art. 783. As cartas rogatórias a carta rogatória. mandará citar o interessado para
serão, pelo respectivo juiz, reme- deduzir embargos, dentro de dez
tidas ao Ministro da Justiça, a fim dias, se residir no Distrito Federal,
de ser pedido o seu cumprimento, CAPÍTULO III – DA de trinta dias, no caso contrário.
por via diplomática, às autorida- HOMOLOGAÇÃO § 3o Se nesse prazo o inte-
des estrangeiras competentes. DAS SENTENÇAS ressado não deduzir os embargos,
ESTRANGEIRAS ser-lhe-á pelo relator nomeado
Art. 784. As cartas rogatórias defensor, o qual dentro de dez
emanadas de autoridades es- Art. 787. As sentenças estran- dias produzirá a defesa.
trangeiras competentes não de- geiras deverão ser previamente § 4o Os embargos somente
pendem de homologação e serão homologadas pelo Supremo Tri- poderão fundar-se em dúvida
atendidas se encaminhadas por bunal Federal para que produzam sobre a autenticidade do docu-
via diplomática e desde que o os efeitos do art. 7o do Código mento, sobre a inteligência da
crime, segundo a lei brasileira, Penal.53 sentença, ou sobre a falta de qual-
não exclua a extradição. quer dos requisitos enumerados
§ 1o As rogatórias, acompa- Art. 788. A sentença penal es- nos arts. 781 e 788.
nhadas de tradução em língua trangeira será homologada, quan- § 5o Contestados os em-
nacional, feita por tradutor oficial do a aplicação da lei brasileira bargos dentro de dez dias, pelo
ou juramentado, serão, após exe- produzir na espécie as mesmas procurador-geral, irá o processo
quatur do presidente do Supremo consequências e concorrerem os ao relator e ao revisor, obser-
Tribunal Federal, cumpridas pelo seguintes requisitos: vando-se no seu julgamento o
juiz criminal do lugar onde as di- I – estar revestida das for- Regimento Interno do Supremo
ligências tenham de efetuar-se, malidades externas necessárias, Tribunal Federal.
observadas as formalidades pres- segundo a legislação do país de § 6o Homologada a sentença,
critas neste Código. origem; a respectiva carta será remeti-
§ 2o A carta rogatória será II – haver sido proferida por da ao presidente do Tribunal de
pelo presidente do Supremo Tri- juiz competente, mediante cita- Apelação do Distrito Federal, do
bunal Federal remetida ao presi- ção regular, segundo a mesma Estado, ou do Território.
dente do Tribunal de Apelação do legislação; § 7o Recebida a carta de sen-
Estado, do Distrito Federal, ou do III – ter passado em julgado; tença, o presidente do Tribunal de
Território, a fim de ser encami- IV – estar devidamente au- Apelação a remeterá ao juiz do
nhada ao juiz competente. tenticada por cônsul brasileiro; lugar de residência do condena-
§ 3o Versando sobre crime V – estar acompanhada de do, para a aplicação da medida de
de ação privada, segundo a lei tradução, feita por tradutor pú- segurança ou da pena acessória,
brasileira, o andamento, após blico. observadas as disposições do
o exequatur, dependerá do in- Título II, Capítulo III, e Título V do
teressado, a quem incumbirá o Art. 789. O procurador-geral da Livro IV deste Código.
pagamento das despesas. República, sempre que tiver co-
§ 4o Ficará sempre na secre- nhecimento da existência de sen- Art. 790. O interessado na exe-
taria do Supremo Tribunal Federal tença penal estrangeira, emanada cução de sentença penal estran-
cópia da carta rogatória. de Estado que tenha com o Brasil geira, para a reparação do dano,
tratado de extradição e que haja restituição e outros efeitos civis,
Art. 785. Concluídas as diligên- poderá requerer ao Supremo Tri-
cias, a carta rogatória será devol- 53
NE: o dispositivo mencionado é o do texto bunal Federal a sua homologação,
vida ao presidente do Supremo original do Código Penal. observando-se o que a respeito
529
Código de Processo Penal
prescreve o Código de Proces- for conveniente à manutenção nifestar nos autos ciência inequí-
so Civil. da ordem. Para tal fim, requisi- voca da sentença ou despacho.
tarão força pública, que ficará
exclusivamente à sua disposição. Art. 798-A. Suspende-se o cur-
LIVRO VI – DISPOSIÇÕES so do prazo processual nos dias
GERAIS Art. 795. Os espectadores das compreendidos entre 20 de de-
audiências ou das sessões não zembro e 20 de janeiro, inclusive,
Art. 791. Em todos os juízos e poderão manifestar-se. salvo nos seguintes casos:
tribunais do crime, além das au- Parágrafo único. O juiz ou I – que envolvam réus pre-
diências e sessões ordinárias, ha- o presidente fará retirar da sala sos, nos processos vinculados a
verá as extraordinárias, de acordo os desobedientes, que, em caso essas prisões;
com as necessidades do rápido de resistência, serão presos e II – nos procedimentos re-
andamento dos feitos. autuados. gidos pela Lei no 11.340, de 7 de
agosto de 2006 (Lei Maria da Pe-
Art. 792. As audiências, sessões Art. 796. Os atos de instrução ou nha);
e os atos processuais serão, em julgamento prosseguirão com a III – nas medidas conside-
regra, públicos e se realizarão assistência do defensor, se o réu radas urgentes, mediante des-
nas sedes dos juízos e tribunais, se portar inconvenientemente. pacho fundamentado do juízo
com assistência dos escrivães, competente.
do secretário, do oficial de justi- Art. 797. Excetuadas as sessões Parágrafo único. Durante o
ça que servir de porteiro, em dia de julgamento, que não serão período a que se refere o caput
e hora certos, ou previamente marcadas para domingo ou dia deste artigo, fica vedada a reali-
designados. feriado, os demais atos do pro- zação de audiências e de sessões
§ 1o Se da publicidade da au- cesso poderão ser praticados em de julgamento, salvo nas hipóte-
diência, da sessão ou do ato pro- período de férias, em domingos e ses dos incisos I, II e III do caput
cessual, puder resultar escândalo, dias feriados. Todavia, os julga- deste artigo.
inconveniente grave ou perigo de mentos iniciados em dia útil não
perturbação da ordem, o juiz, ou se interromperão pela superve- Art. 799. O escrivão, sob pena de
o tribunal, câmara, ou turma, po- niência de feriado ou domingo. multa de cinquenta a quinhentos
derá, de ofício ou a requerimento mil-réis e, na reincidência, sus-
da parte ou do Ministério Público, Art. 798. Todos os prazos corre- pensão até trinta dias, executará
determinar que o ato seja realiza- rão em cartório e serão contínuos dentro do prazo de dois dias os
do a portas fechadas, limitando o e peremptórios, não se interrom- atos determinados em lei ou or-
número de pessoas que possam pendo por férias, domingo ou dia denados pelo juiz.
estar presentes. feriado.
§ 2o As audiências, as ses- § 1o Não se computará no Art. 800. Os juízes singulares
sões e os atos processuais, em prazo o dia do começo, incluin- darão seus despachos e deci-
caso de necessidade, poderão do-se, porém, o do vencimento. sões dentro dos prazos seguin-
realizar-se na residência do juiz, § 2o A terminação dos pra- tes, quando outros não estiverem
ou em outra casa por ele espe- zos será certificada nos autos estabelecidos:
cialmente designada. pelo escrivão; será, porém, con- I – de dez dias, se a decisão
siderado findo o prazo, ainda que for definitiva, ou interlocutória
Art. 793. Nas audiências e nas omitida aquela formalidade, se mista;
sessões, os advogados, as partes, feita a prova do dia em que co- II – de cinco dias, se for inter-
os escrivães e os espectadores meçou a correr. locutória simples;
poderão estar sentados. Todos, § 3o O prazo que terminar III – de um dia, se se tratar de
porém, se levantarão quando se em domingo ou dia feriado con- despacho de expediente.
dirigirem aos juízes ou quando siderar-se-á prorrogado até o dia § 1o Os prazos para o juiz con-
estes se levantarem para qual- útil imediato. tar-se-ão do termo de conclusão.
quer ato do processo. § 4o Não correrão os prazos, § 2o Os prazos do Ministério
Parágrafo único. Nos atos se houver impedimento do juiz, Público contar-se-ão do termo de
da instrução criminal, perante força maior, ou obstáculo judi- vista, salvo para a interposição do
os juízes singulares, os advoga- cial oposto pela parte contrária. recurso (art. 798, § 5o).
dos poderão requerer sentados. § 5o Salvo os casos expres- § 3o Em qualquer instância,
sos, os prazos correrão: declarando motivo justo, poderá
Art. 794. A polícia das audiên- a) da intimação; o juiz exceder por igual tempo os
cias e das sessões compete aos b) da audiência ou sessão prazos a ele fixados neste Código.
respectivos juízes ou ao presiden- em que for proferida a decisão, § 4o O escrivão que não en-
te do tribunal, câmara, ou turma, se a ela estiver presente a parte; viar os autos ao juiz ou ao órgão
que poderão determinar o que c) do dia em que a parte ma- do Ministério Público no dia em
530
Código de Processo Penal
que assinar termo de conclusão requerida ou deserção do recurso gações de habeas corpus.
ou de vista estará sujeito à sanção interposto. § 1o Os dados acima enume-
estabelecida no art. 799. § 3o A falta de qualquer prova rados constituem o mínimo exi-
ou diligência que deixe de reali- gível, podendo ser acrescidos de
Art. 801. Findos os respectivos zar-se em virtude do não paga- outros elementos úteis ao serviço
prazos, os juízes e os órgãos do mento de custas não implicará a da estatística criminal.
Ministério Público, responsáveis nulidade do processo, se a prova § 2o Esses dados serão lan-
pelo retardamento, perderão tan- de pobreza do acusado só poste- çados semestralmente em mapa
tos dias de vencimentos quantos riormente foi feita. e remetidos ao Serviço de Estatís-
forem os excedidos. Na contagem tica Demográfica Moral e Política
do tempo de serviço, para o efei- Art. 807. O disposto no artigo do Ministério da Justiça.
to de promoção e aposentadoria, anterior não obstará à faculdade § 3o O boletim individual a que
a perda será do dobro dos dias atribuída ao juiz de determinar de se refere este artigo é dividido em
excedidos. ofício inquirição de testemunhas três partes destacáveis, confor-
ou outras diligências. me modelo anexo a este Código,
Art. 802. O desconto referido e será adotado nos Estados, no
no artigo antecedente far-se-á Art. 808. Na falta ou impedi- Distrito Federal e nos Territórios.
à vista da certidão do escrivão mento do escrivão e seu substitu- A primeira parte ficará arquiva-
do processo ou do secretário do to, servirá pessoa idônea, nomea- da no cartório policial; a segun-
tribunal, que deverão, de ofício, ou da pela autoridade, perante quem da será remetida ao Instituto de
a requerimento de qualquer inte- prestará compromisso, lavrando Identificação e Estatística, ou
ressado, remetê-la às repartições o respectivo termo. repartição congênere; e a ter-
encarregadas do pagamento e da ceira acompanhará o processo,
contagem do tempo de serviço, Art. 809. A estatística judiciá- e, depois de passar em julgado
sob pena de incorrerem, de pleno ria criminal, a cargo do Instituto a sentença definitiva, lançados
direito, na multa de quinhentos de Identificação e Estatística ou os dados finais, será enviada ao
mil-réis, imposta por autorida- repartições congêneres, terá por referido Instituto ou repartição
de fiscal. base o boletim individual, que é congênere.
parte integrante dos processos
Art. 803. Salvo nos casos ex- e versará sobre: Art. 810. Este Código entrará em
pressos em lei, é proibida a reti- I – os crimes e as contraven- vigor no dia 1o de janeiro de 1942.
rada de autos do cartório, ainda ções praticados durante o trimes-
que em confiança, sob pena de tre, com especificação da nature- Art. 811. Revogam-se as dispo-
responsabilidade do escrivão. za de cada um, meios utilizados e sições em contrário.
circunstâncias de tempo e lugar;
Art. 804. A sentença ou o acór- II – as armas proibidas que Rio de Janeiro, em 3 de outubro
dão, que julgar a ação, qualquer tenham sido apreendidas; de 1941; 120o da Independência e
incidente ou recurso, condenará III – o número de delinquen- 53o da República.
nas custas o vencido. tes, mencionadas as infrações
que praticaram, sua nacionali- GETÚLIO VARGAS
Art. 805. As custas serão con- dade, sexo, idade, filiação, estado
tadas e cobradas de acordo com civil, prole, residência, meios de Decretado em 3/10/1941, publicado no
os regulamentos expedidos pela vida e condições econômicas, DOU de 13/10/1941 e retificado no DOU
União e pelos Estados. grau de instrução, religião, e con- de 24/10/1941.
dições de saúde física e psíquica;
Art. 806. Salvo o caso do art. 32, IV – o número dos casos de
nas ações intentadas mediante codelinquência;
queixa, nenhum ato ou diligência V – a reincidência e os ante-
se realizará, sem que seja depo- cedentes judiciários;
sitada em cartório a importância VI – as sentenças condenató-
das custas. rias ou absolutórias, bem como as
§ 1o Igualmente, nenhum ato de pronúncia ou de impronúncia;
requerido no interesse da defesa VII – a natureza das penas
será realizado, sem o prévio pa- impostas;
gamento das custas, salvo se o VIII – a natureza das medidas
acusado for pobre. de segurança aplicadas;
§ 2o A falta do pagamento IX – a suspensão condicional
das custas, nos prazos fixados da execução da pena, quando
em lei, ou marcados pelo juiz, concedida;
importará renúncia à diligência X – as concessões ou dene-
531
Lei de Execução Penal
Lei no 7.210/1984
535 TÍTULO I – DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
535 TÍTULO II – DO CONDENADO E DO INTERNADO
535 CAPÍTULO I – DA CLASSIFICAÇÃO
536 CAPÍTULO II – DA ASSISTÊNCIA
536 Seção I – Disposições Gerais
536 Seção II – Da Assistência Material
536 Seção III – Da Assistência à Saúde
536 Seção IV – Da Assistência Jurídica
536 Seção V – Da Assistência Educacional
537 Seção VI – Da Assistência Social
537 Seção VII – Da Assistência Religiosa
537 Seção VIII – Da Assistência ao Egresso
537 CAPÍTULO III – DO TRABALHO
537 Seção I – Disposições Gerais
538 Seção II – Do Trabalho Interno
538 Seção III – Do Trabalho Externo
538 CAPÍTULO IV – DOS DEVERES, DOS DIREITOS E DA DISCIPLINA
538 Seção I – Dos Deveres
539 Seção II – Dos Direitos
539 Seção III – Da Disciplina
539 Subseção I – Disposições Gerais
539 Subseção II – Das Faltas Disciplinares
540 Subseção III – Das Sanções e das Recompensas
540 Subseção IV – Da Aplicação das Sanções
541 Subseção V – Do Procedimento Disciplinar
541 TÍTULO III – DOS ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL
541 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
541 CAPÍTULO II – DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA
541 CAPÍTULO III – DO JUÍZO DA EXECUÇÃO
542 CAPÍTULO IV – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
542 CAPÍTULO V – DO CONSELHO PENITENCIÁRIO
542 CAPÍTULO VI – DOS DEPARTAMENTOS PENITENCIÁRIOS
542 Seção I – Do Departamento Penitenciário Nacional
543 Seção II – Do Departamento Penitenciário Local
543 Seção III – Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Penais
543 CAPÍTULO VII – DO PATRONATO
543 CAPÍTULO VIII – DO CONSELHO DA COMUNIDADE
543 CAPÍTULO IX – DA DEFENSORIA PÚBLICA
544 TÍTULO IV – DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS
544 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
545 CAPÍTULO II – DA PENITENCIÁRIA
545 CAPÍTULO III – DA COLÔNIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU SIMILAR
545 CAPÍTULO IV – DA CASA DO ALBERGADO
545 CAPÍTULO V – DO CENTRO DE OBSERVAÇÃO
546 CAPÍTULO VI – DO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO
546 CAPÍTULO VII – DA CADEIA PÚBLICA
546 TÍTULO V – DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
546 CAPÍTULO I – DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
546 Seção I – Disposições Gerais
546 Seção II – Dos Regimes
548 Seção III – Das Autorizações de Saída
548 Subseção I – Da Permissão de Saída
548 Subseção II – Da Saída Temporária
548 Seção IV – Da Remição
549 Seção V – Do Livramento Condicional
550 Seção VI – Da Monitoração Eletrônica
550 CAPÍTULO II – DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
550 Seção I – Disposições Gerais
551 Seção II – Da Prestação de Serviços à Comunidade
551 Seção III – Da Limitação de Fim de Semana
551 Seção IV – Da Interdição Temporária de Direitos
551 CAPÍTULO III – DA SUSPENSÃO CONDICIONAL
552 CAPÍTULO IV – DA PENA DE MULTA
552 TÍTULO VI – DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
552 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
553 CAPÍTULO II – DA CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE
553 TÍTULO VII – DOS INCIDENTES DE EXECUÇÃO
553 CAPÍTULO I – DAS CONVERSÕES
554 CAPÍTULO II – DO EXCESSO OU DESVIO
554 CAPÍTULO III – DA ANISTIA E DO INDULTO
554 TÍTULO VIII – DO PROCEDIMENTO JUDICIAL
554 TÍTULO IX – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Lei de Execução Penal
Lei no 7.210/1984
535
Lei de Execução Penal
acesso ao banco de dados de V – social; nados sem recursos financeiros
identificação de perfil genético. VI – religiosa. para constituir advogado.
§ 3o Deve ser viabilizado ao
titular de dados genéticos o aces- Art. 16. As Unidades da Fede-
so aos seus dados constantes nos
Seção II – Da Assistência ração deverão ter serviços de
bancos de perfis genéticos, bem Material assistência jurídica, integral e
como a todos os documentos da gratuita, pela Defensoria Pública,
cadeia de custódia que gerou Art. 12. A assistência material dentro e fora dos estabelecimen-
esse dado, de maneira que pos- ao preso e ao internado consis- tos penais.
sa ser contraditado pela defesa. tirá no fornecimento de alimen- § 1o As Unidades da Fede-
§ 4o O condenado pelos cri- tação, vestuário e instalações ração deverão prestar auxílio
mes previstos no caput deste ar- higiênicas. estrutural, pessoal e material à
tigo que não tiver sido submetido Defensoria Pública, no exercício
à identificação do perfil genético Art. 13. O estabelecimento dis- de suas funções, dentro e fora
por ocasião do ingresso no es- porá de instalações e serviços dos estabelecimentos penais.
tabelecimento prisional deverá que atendam aos presos nas suas § 2o Em todos os estabeleci-
ser submetido ao procedimento necessidades pessoais, além de mentos penais, haverá local apro-
durante o cumprimento da pena. locais destinados à venda de pro- priado destinado ao atendimento
§ 5o A amostra biológica co- dutos e objetos permitidos e não pelo Defensor Público.
letada só poderá ser utilizada para fornecidos pela Administração. § 3o Fora dos estabelecimen-
o único e exclusivo fim de permitir tos penais, serão implementados
a identificação pelo perfil gené- Núcleos Especializados da Defen-
tico, não estando autorizadas as
Seção III – Da Assistência à soria Pública para a prestação
práticas de fenotipagem genética Saúde de assistência jurídica integral e
ou de busca familiar. gratuita aos réus, sentenciados
§ 6o Uma vez identificado o Art. 14. A assistência à saúde do em liberdade, egressos e seus
perfil genético, a amostra biológi- preso e do internado, de caráter familiares, sem recursos finan-
ca recolhida nos termos do caput preventivo e curativo, compreen- ceiros para constituir advogado.
deste artigo deverá ser correta e derá atendimento médico, farma-
imediatamente descartada, de cêutico e odontológico.
maneira a impedir a sua utilização § 1o (Vetado)
Seção V – Da Assistência
para qualquer outro fim. § 2o Quando o estabeleci- Educacional
§ 7o A coleta da amostra bio- mento penal não estiver apare-
lógica e a elaboração do respec- lhado para prover a assistência Art. 17. A assistência educacio-
tivo laudo serão realizadas por médica necessária, esta será nal compreenderá a instrução
perito oficial. prestada em outro local, me- escolar e a formação profissional
§ 8o Constitui falta grave a diante autorização da direção do preso e do internado.
recusa do condenado em sub- do estabelecimento.
meter-se ao procedimento de § 3o Será assegurado acom- Art. 18. O ensino de primeiro
identificação do perfil genético. panhamento médico à mulher, grau será obrigatório, integrando-
principalmente no pré-natal e -se no sistema escolar da unidade
no pós-parto, extensivo ao re- federativa.
CAPÍTULO II – DA cém-nascido.
ASSISTÊNCIA § 4o Será assegurado tra- Art. 18-A. O ensino médio, re-
tamento humanitário à mulher gular ou supletivo, com formação
Seção I – Disposições Gerais
grávida durante os atos médico- geral ou educação profissional
-hospitalares preparatórios para de nível médio, será implantado
Art. 10. A assistência ao preso e a realização do parto e durante nos presídios, em obediência ao
ao internado é dever do Estado, o trabalho de parto, bem como à preceito constitucional de sua
objetivando prevenir o crime e mulher no período de puerpério, universalização.
orientar o retorno à convivência cabendo ao poder público pro- § 1o O ensino ministrado aos
em sociedade. mover a assistência integral à presos e presas integrar-se-á ao
Parágrafo único. A assistên- sua saúde e à do recém-nascido. sistema estadual e municipal de
cia estende-se ao egresso. ensino e será mantido, adminis-
trativa e financeiramente, com
Art. 11. A assistência será:
Seção IV – Da Assistência o apoio da União, não só com os
I – material; Jurídica recursos destinados à educação,
II – à saúde; mas pelo sistema estadual de
III – jurídica; Art. 15. A assistência jurídica é justiça ou administração peni-
IV – educacional; destinada aos presos e aos inter- tenciária.
536
Lei de Execução Penal
§ 2o Os sistemas de ensino retorno à liberdade. Parágrafo único. O prazo es-
oferecerão aos presos e às presas tabelecido no inciso II poderá
cursos supletivos de educação de Art. 23. Incumbe ao serviço de ser prorrogado uma única vez,
jovens e adultos. assistência social: comprovado, por declaração do
§ 3o A União, os Estados, os I – conhecer os resultados dos assistente social, o empenho na
Municípios e o Distrito Federal diagnósticos e exames; obtenção de emprego.
incluirão em seus programas de II – relatar, por escrito, ao
educação à distância e de utili- diretor do estabelecimento, os Art. 26. Considera-se egresso
zação de novas tecnologias de problemas e as dificuldades en- para os efeitos desta Lei:
ensino, o atendimento aos presos frentados pelo assistido; I – o liberado definitivo, pelo
e às presas. III – acompanhar o resultado prazo de um ano a contar da saída
das permissões de saídas e das do estabelecimento;
Art. 19. O ensino profissional saídas temporárias; II – o liberado condicional,
será ministrado em nível de ini- IV – promover, no estabeleci- durante o período de prova.
ciação ou de aperfeiçoamento mento, pelos meios disponíveis,
técnico. a recreação; Art. 27. O serviço de assistência
Parágrafo único. A mulher V – promover a orientação do social colaborará com o egresso
condenada terá ensino profis- assistido, na fase final do cumpri- para a obtenção de trabalho.
sional adequado à sua condição. mento da pena, e do liberando, de
modo a facilitar o seu retorno à
Art. 20. As atividades educa- liberdade; CAPÍTULO III – DO
cionais podem ser objeto de con- VI – providenciar a obtenção TRABALHO
vênio com entidades públicas ou de documentos, dos benefícios
Seção I – Disposições Gerais
particulares, que instalem esco- da previdência social e do seguro
las ou ofereçam cursos especia- por acidente no trabalho;
lizados. VII – orientar e amparar, Art. 28. O trabalho do condena-
quando necessário, a família do do, como dever social e condição
Art. 21. Em atendimento às con- preso, do internado e da vítima. de dignidade humana, terá finali-
dições locais, dotar-se-á cada es- dade educativa e produtiva.
tabelecimento de uma biblioteca, § 1o Aplicam-se à organiza-
para uso de todas as categorias
Seção VII – Da Assistência ção e aos métodos de trabalho as
de reclusos, provida de livros ins- Religiosa precauções relativas à segurança
trutivos, recreativos e didáticos. e à higiene.
Art. 24. A assistência religiosa, § 2o O trabalho do preso não
Art. 21-A. O censo penitenciário com liberdade de culto, será pres- está sujeito ao regime da Con-
deverá apurar: tada aos presos e aos internados, solidação das Leis do Trabalho.
I – o nível de escolaridade dos permitindo-se-lhes a participação
presos e das presas; nos serviços organizados no es- Art. 29. O trabalho do preso será
II – a existência de cursos tabelecimento penal, bem como remunerado, mediante prévia ta-
nos níveis fundamental e médio a posse de livros de instrução bela, não podendo ser inferior a
e o número de presos e presas religiosa. três quartos do salário mínimo.
atendidos; § 1o No estabelecimento ha- § 1o O produto da remunera-
III – a implementação de cur- verá local apropriado para os cul- ção pelo trabalho deverá atender:
sos profissionais em nível de ini- tos religiosos. a) à indenização dos danos
ciação ou aperfeiçoamento técni- § 2o Nenhum preso ou in- causados pelo crime, desde que
co e o número de presos e presas ternado poderá ser obrigado a determinados judicialmente e
atendidos; participar de atividade religiosa. não reparados por outros meios;
IV – a existência de bibliote- b) à assistência à família;
cas e as condições de seu acervo; c) a pequenas despesas pes-
V – outros dados relevantes
Seção VIII – Da Assistência soais;
para o aprimoramento educacio- ao Egresso d) ao ressarcimento ao Esta-
nal de presos e presas. do das despesas realizadas com
Art. 25. A assistência ao egres- a manutenção do condenado, em
so consiste: proporção a ser fixada e sem pre-
Seção VI – Da Assistência I – na orientação e apoio para juízo da destinação prevista nas
Social reintegrá-lo à vida em liberdade; letras anteriores.
II – na concessão, se necessá- § 2o Ressalvadas outras apli-
Art. 22. A assistência social tem rio, de alojamento e alimentação, cações legais, será depositada
por finalidade amparar o preso e em estabelecimento adequado, a parte restante para constitui-
o internado e prepará-los para o pelo prazo de dois meses. ção do pecúlio, em cadernetas
537
Lei de Execução Penal
de poupança, que será entregue dução, com critérios e métodos responsabilidade, além do cum-
ao condenado quando posto em empresariais, encarregar-se de primento mínimo de um sexto
liberdade. sua comercialização, bem como da pena.
suportar despesas, inclusive pa- Parágrafo único. Revogar-
Art. 30. As tarefas executa- gamento de remuneração ade- -se-á a autorização de trabalho
das como prestação de serviço quada. externo ao preso que vier a prati-
à comunidade não serão remu- § 2o Os governos federal, car fato definido como crime, for
neradas. estadual e municipal poderão punido por falta grave, ou tiver
celebrar convênio com a inicia- comportamento contrário aos
tiva privada, para implantação de requisitos estabelecidos neste
Seção II – Do Trabalho oficinas de trabalho referentes a artigo.
Interno setores de apoio dos presídios.
Art. 31. O condenado à pena pri- Art. 35. Os órgãos da adminis- CAPÍTULO IV – DOS
vativa de liberdade está obrigado tração direta ou indireta da União, DEVERES, DOS DIREITOS E
ao trabalho na medida de suas Estados, Territórios, Distrito Fe- DA DISCIPLINA
aptidões e capacidade. deral e dos Municípios adquirirão,
Parágrafo único. Para o preso com dispensa de concorrência Seção I – Dos Deveres
provisório, o trabalho não é obri- pública, os bens ou produtos do
gatório e só poderá ser executado trabalho prisional, sempre que Art. 38. Cumpre ao condena-
no interior do estabelecimento. não for possível ou recomendável do, além das obrigações legais
realizar-se a venda a particulares. inerentes ao seu estado, sub-
Art. 32. Na atribuição do traba- Parágrafo único. Todas as meter-se às normas de execu-
lho deverão ser levadas em conta importâncias arrecadadas com ção da pena.
a habilitação, a condição pessoal as vendas reverterão em favor
e as necessidades futuras do pre- da fundação ou empresa pública Art. 39. Constituem deveres do
so, bem como as oportunidades a que alude o artigo anterior ou, condenado:
oferecidas pelo mercado. na sua falta, do estabelecimen- I – comportamento disci-
§ 1o Deverá ser limitado, tan- to penal. plinado e cumprimento fiel da
to quanto possível, o artesanato sentença;
sem expressão econômica, salvo II – obediência ao servidor e
nas regiões de turismo.
Seção III – Do Trabalho respeito a qualquer pessoa com
§ 2o Os maiores de sessenta Externo quem deva relacionar-se;
anos poderão solicitar ocupação III – urbanidade e respeito no
adequada à sua idade. Art. 36. O trabalho externo será trato com os demais condenados;
§ 3o Os doentes ou deficien- admissível para os presos em re- IV – conduta oposta aos mo-
tes físicos somente exercerão gime fechado somente em servi- vimentos individuais ou coletivos
atividades apropriadas ao seu ço ou obras públicas realizados de fuga ou de subversão à ordem
estado. por órgãos da administração di- ou à disciplina;
reta ou indireta, ou entidades V – execução do trabalho, das
Art. 33. A jornada normal de tra- privadas, desde que tomadas as tarefas e das ordens recebidas;
balho não será inferior a seis, nem cautelas contra a fuga e em favor VI – submissão à sanção dis-
superior a oito horas, com des- da disciplina. ciplinar imposta;
canso nos domingos e feriados. § 1o O limite máximo do nú- VII – indenização à vítima ou
Parágrafo único. Poderá ser mero de presos será de dez por aos seus sucessores;
atribuído horário especial de tra- cento do total de empregados VIII – indenização ao Estado,
balho aos presos designados para na obra. quando possível, das despesas re-
os serviços de conservação e § 2o Caberá ao órgão da ad- alizadas com a sua manutenção,
manutenção do estabelecimen- ministração, à entidade ou à em- mediante desconto proporcional
to penal. presa empreiteira a remuneração da remuneração do trabalho;
desse trabalho. IX – higiene pessoal e asseio
Art. 34. O trabalho poderá ser § 3o A prestação de traba- da cela ou alojamento;
gerenciado por fundação, ou em- lho a entidade privada depende X – conservação dos objetos
presa pública, com autonomia do consentimento expresso do de uso pessoal.
administrativa, e terá por obje- preso. Parágrafo único. Aplica-se ao
tivo a formação profissional do preso provisório, no que couber,
condenado. Art. 37. A prestação de trabalho o disposto neste artigo.
§ 1o Nessa hipótese, incum- externo, a ser autorizada pela
birá à entidade gerenciadora direção do estabelecimento, de-
promover e supervisionar a pro- penderá de aptidão, disciplina e
538
Lei de Execução Penal
Seção II – Dos Direitos de segurança, no que couber, o graves, a autoridade represen-
disposto nesta Seção. tará ao juiz da execução para os
Art. 40. Impõe-se a todas as au- fins dos arts. 118, inciso I, 125, 127,
toridades o respeito à integridade Art. 43. É garantida a liberdade 181, §§ 1o, letra “d”, e 2o desta Lei.
física e moral dos condenados e de contratar médico de confian-
dos presos provisórios. ça pessoal do internado ou do
submetido a tratamento ambu-
Subseção II – Das Faltas
Art. 41. Constituem direitos do latorial, por seus familiares ou Disciplinares
preso: dependentes, a fim de orientar e
I – alimentação suficiente e acompanhar o tratamento. Art. 49. As faltas disciplinares
vestuário; Parágrafo único. As diver- classificam-se em leves, médias
II – atribuição de trabalho e gências entre o médico oficial e e graves. A legislação local espe-
sua remuneração; o particular serão resolvidas pelo cificará as leves e médias, bem
III – previdência social; juiz de execução. assim as respectivas sanções.
IV – constituição de pecúlio; Parágrafo único. Pune-se a
V – proporcionalidade na dis- tentativa com a sanção corres-
tribuição do tempo para o traba-
Seção III – Da Disciplina pondente à falta consumada.
lho, o descanso e a recreação; Subseção I – Disposições
VI – exercício das atividades Gerais Art. 50. Comete falta grave o
profissionais, intelectuais, artís- condenado à pena privativa de
ticas e desportivas anteriores, Art. 44. A disciplina consiste liberdade que:
desde que compatíveis com a na colaboração com a ordem, na I – incitar ou participar de mo-
execução da pena; obediência às determinações das vimento para subverter a ordem
VII – assistência material, à autoridades e seus agentes e no ou a disciplina;
saúde, jurídica, educacional, so- desempenho do trabalho. II – fugir;
cial e religiosa; Parágrafo único. Estão su- III – possuir, indevidamente,
VIII – proteção contra qual- jeitos à disciplina o condenado instrumento capaz de ofender
quer forma de sensacionalismo; à pena privativa de liberdade ou a integridade física de outrem;
IX – entrevista pessoal e re- restritiva de direitos e o preso IV – provocar acidente de
servada com o advogado; provisório. trabalho;
X – visita do cônjuge, da com- V – descumprir, no regime
panheira, de parentes e amigos Art. 45. Não haverá falta nem aberto, as condições impostas;
em dias determinados; sanção disciplinar sem expres- VI – inobservar os deveres
XI – chamamento nominal; sa e anterior previsão legal ou previstos nos incisos II e V do
XII – igualdade de tratamen- regulamentar. art. 39 desta Lei;
to salvo quanto às exigências da § 1o As sanções não poderão VII – tiver em sua posse, uti-
individualização da pena; colocar em perigo a integridade lizar ou fornecer aparelho tele-
XIII – audiência especial com física e moral do condenado. fônico, de rádio ou similar, que
o diretor do estabelecimento; § 2o É vedado o emprego de permita a comunicação com ou-
XIV – representação e petição cela escura. tros presos ou com o ambiente
a qualquer autoridade, em defesa § 3o São vedadas as sanções externo;
de direito; coletivas. VIII – recusar submeter-se ao
XV – contato com o mundo procedimento de identificação do
exterior por meio de correspon- Art. 46. O condenado ou de- perfil genético.
dência escrita, da leitura e de nunciado, no início da execução Parágrafo único. O disposto
outros meios de informação que da pena ou da prisão, será cienti- neste artigo aplica-se, no que
não comprometam a moral e os ficado das normas disciplinares. couber, ao preso provisório.
bons costumes;
XVI – atestado de pena a Art. 47. O poder disciplinar, na Art. 51. Comete falta grave o
cumprir, emitido anualmente, execução da pena privativa de condenado à pena restritiva de
sob pena da responsabilidade da liberdade, será exercido pela au- direitos que:
autoridade judiciária competente. toridade administrativa conforme I – descumprir, injustificada-
Parágrafo único. Os direitos as disposições regulamentares. mente, a restrição imposta;
previstos nos incisos V, X e XV II – retardar, injustificada-
poderão ser suspensos ou res- Art. 48. Na execução das penas mente, o cumprimento da obri-
tringidos mediante ato motivado restritivas de direitos, o poder dis- gação imposta;
do diretor do estabelecimento. ciplinar será exercido pela autori- III – inobservar os deveres
dade administrativa a que estiver previstos nos incisos II e V do
Art. 42. Aplica-se ao preso pro- sujeito o condenado. art. 39 desta Lei.
visório e ao submetido à medida Parágrafo único. Nas faltas
539
Lei de Execução Penal
Art. 52. A prática de fato previs- § 3o Existindo indícios de que Subseção III – Das Sanções e
to como crime doloso constitui o preso exerce liderança em or- das Recompensas
falta grave e, quando ocasionar ganização criminosa, associação
subversão da ordem ou disciplina criminosa ou milícia privada, ou Art. 53. Constituem sanções
internas, sujeitará o preso provi- que tenha atuação criminosa em disciplinares:
sório, ou condenado, nacional ou 2 (dois) ou mais Estados da Fede- I – advertência verbal;
estrangeiro, sem prejuízo da san- ração, o regime disciplinar dife- II – repreensão;
ção penal, ao regime disciplinar renciado será obrigatoriamente III – suspensão ou restrição
diferenciado, com as seguintes cumprido em estabelecimento de direitos (art. 41, parágrafo úni-
características: prisional federal. co);
I – duração máxima de até 2 § 4o Na hipótese dos pará- IV – isolamento na própria
(dois) anos, sem prejuízo de re- grafos anteriores, o regime dis- cela, ou em local adequado, nos
petição da sanção por nova falta ciplinar diferenciado poderá ser estabelecimentos que possuam
grave de mesma espécie; prorrogado sucessivamente, por alojamento coletivo, observado
II – recolhimento em cela in- períodos de 1 (um) ano, existindo o disposto no art. 88 desta Lei;
dividual; indícios de que o preso: V – inclusão no regime disci-
III – visitas quinzenais, de 2 I – continua apresentando plinar diferenciado.
(duas) pessoas por vez, a serem alto risco para a ordem e a segu-
realizadas em instalações equi- rança do estabelecimento penal Art. 54. As sanções dos incisos
padas para impedir o contato fí- de origem ou da sociedade; I a IV do art. 53 serão aplicadas
sico e a passagem de objetos, por II – mantém os vínculos com por ato motivado do diretor do
pessoa da família ou, no caso de organização criminosa, associa- estabelecimento e a do inciso V,
terceiro, autorizado judicialmen- ção criminosa ou milícia privada, por prévio e fundamentado des-
te, com duração de 2 (duas) horas; considerados também o perfil pacho do juiz competente.
IV – direito do preso à saída criminal e a função desempenha- § 1o A autorização para a in-
da cela por 2 (duas) horas diárias da por ele no grupo criminoso, a clusão do preso em regime disci-
para banho de sol, em grupos de operação duradoura do grupo, a plinar dependerá de requerimento
até 4 (quatro) presos, desde que superveniência de novos proces- circunstanciado elaborado pelo
não haja contato com presos do sos criminais e os resultados do diretor do estabelecimento ou
mesmo grupo criminoso; tratamento penitenciário. outra autoridade administrativa.
V – entrevistas sempre moni- § 5o Na hipótese prevista § 2o A decisão judicial sobre
toradas, exceto aquelas com seu no § 3o deste artigo, o regime inclusão de preso em regime dis-
defensor, em instalações equipa- disciplinar diferenciado deverá ciplinar será precedida de mani-
das para impedir o contato físico contar com alta segurança in- festação do Ministério Público e
e a passagem de objetos, salvo terna e externa, principalmente da defesa e prolatada no prazo
expressa autorização judicial em no que diz respeito à necessida- máximo de quinze dias.
contrário; de de se evitar contato do preso
VI – fiscalização do conteúdo com membros de sua organização Art. 55. As recompensas têm
da correspondência; criminosa, associação criminosa em vista o bom comportamento
VII – participação em audiên- ou milícia privada, ou de grupos reconhecido em favor do conde-
cias judiciais preferencialmente rivais. nado, de sua colaboração com a
por videoconferência, garantin- § 6o A visita de que trata o disciplina e de sua dedicação ao
do-se a participação do defensor inciso III do caput deste artigo trabalho.
no mesmo ambiente do preso. será gravada em sistema de áu-
§ 1o O regime disciplinar di- dio ou de áudio e vídeo e, com Art. 56. São recompensas:
ferenciado também será aplicado autorização judicial, fiscalizada I – o elogio;
aos presos provisórios ou conde- por agente penitenciário. II – a concessão de regalias.
nados, nacionais ou estrangeiros: § 7o Após os primeiros 6 Parágrafo único. A legislação
I – que apresentem alto ris- (seis) meses de regime discipli- local e os regulamentos estabe-
co para a ordem e a segurança nar diferenciado, o preso que lecerão a natureza e a forma de
do estabelecimento penal ou da não receber a visita de que trata concessão de regalias.
sociedade; o inciso III do caput deste artigo
II – sob os quais recaiam fun- poderá, após prévio agendamen-
dadas suspeitas de envolvimento to, ter contato telefônico, que
Subseção IV – Da Aplicação
ou participação, a qualquer títu- será gravado, com uma pessoa das Sanções
lo, em organização criminosa, da família, 2 (duas) vezes por mês
associação criminosa ou milícia e por 10 (dez) minutos. Art. 57. Na aplicação das san-
privada, independentemente da ções disciplinares, levar-se-ão em
prática de falta grave. conta a natureza, os motivos, as
§ 2o (Revogado) circunstâncias e as consequên-
540
Lei de Execução Penal
cias do fato, bem como a pessoa VI – o Patronato; albergados;
do faltoso e seu tempo de prisão. VII – o Conselho da Comu- VII – estabelecer os critérios
Parágrafo único. Nas faltas nidade; para a elaboração da estatística
graves, aplicam-se as sanções VIII – a Defensoria Pública. criminal;
previstas nos incisos III a V do VIII – inspecionar e fiscalizar
art. 53 desta Lei. os estabelecimentos penais, bem
CAPÍTULO II – DO assim informar-se, mediante re-
Art. 58. O isolamento, a suspen- CONSELHO NACIONAL latórios do Conselho Penitenciá-
são e a restrição de direitos não DE POLÍTICA CRIMINAL E rio, requisições, visitas ou outros
poderão exceder a trinta dias, PENITENCIÁRIA meios, acerca do desenvolvimen-
ressalvada a hipótese do regime to da execução penal nos Esta-
disciplinar diferenciado. Art. 62. O Conselho Nacional de dos, Territórios e Distrito Federal,
Parágrafo único. O isolamen- Política Criminal e Penitenciária, propondo às autoridades dela in-
to será sempre comunicado ao com sede na Capital da Repúbli- cumbida as medidas necessárias
juiz da execução. ca, é subordinado ao Ministério ao seu aprimoramento;
da Justiça. IX – representar ao juiz da
execução ou à autoridade ad-
Subseção V – Do Art. 63. O Conselho Nacional de ministrativa para instauração
Procedimento Disciplinar Política Criminal e Penitenciária de sindicância ou procedimento
será integrado por treze mem- administrativo, em caso de vio-
Art. 59. Praticada a falta dis- bros designados através de ato lação das normas referentes à
ciplinar, deverá ser instaurado o do Ministério da Justiça, dentre execução penal;
procedimento para sua apuração, professores e profissionais da X – representar à autoridade
conforme regulamento, assegu- área do Direito Penal, Processu- competente para a interdição, no
rado o direito de defesa. al Penal, Penitenciário e ciências todo ou em parte, de estabeleci-
Parágrafo único. A decisão correlatas, bem como por repre- mento penal.
será motivada. sentantes da comunidade e dos
Ministérios da área social.
Art. 60. A autoridade adminis- Parágrafo único. O mandato CAPÍTULO III – DO JUÍZO
trativa poderá decretar o isola- dos membros do Conselho terá DA EXECUÇÃO
mento preventivo do faltoso pelo duração de dois anos, renovado
prazo de até dez dias. A inclusão um terço em cada ano. Art. 65. A execução penal com-
do preso no regime disciplinar petirá ao juiz indicado na lei local
diferenciado, no interesse da dis- Art. 64. Ao Conselho Nacional de de organização judiciária e, na sua
ciplina e da averiguação do fato, Política Criminal e Penitenciária, ausência, ao da sentença.
dependerá de despacho do juiz no exercício de suas atividades,
competente. em âmbito federal ou estadual, Art. 66. Compete ao juiz da exe-
Parágrafo único. O tempo de incumbe: cução:
isolamento ou inclusão preventiva I – propor diretrizes da políti- I – aplicar aos casos julga-
no regime disciplinar diferencia- ca criminal quanto a prevenção do dos lei posterior que de qualquer
do será computado no período delito, Administração da Justiça modo favorecer o condenado;
de cumprimento da sanção dis- Criminal e execução das penas e II – declarar extinta a puni-
ciplinar. das medidas de segurança; bilidade;
II – contribuir na elaboração III – decidir sobre:
de planos nacionais de desen- a) soma ou unificação de
TÍTULO III – DOS ÓRGÃOS volvimento, sugerindo as metas penas;
DA EXECUÇÃO PENAL e prioridades da política criminal b) progressão ou regressão
e penitenciária; nos regimes;
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES III – promover a avaliação pe- c) detração e remição da
GERAIS riódica do sistema criminal para pena;
a sua adequação às necessida- d) suspensão condicional
Art. 61. São órgãos da execu- des do País; da pena;
ção penal: IV – estimular e promover a e) livramento condicional;
I – o Conselho Nacional de pesquisa criminológica; f) incidentes da execução;
Política Criminal e Penitenciária; V – elaborar programa nacio- IV – autorizar saídas tempo-
II – o Juízo da Execução; nal penitenciário de formação e rárias;
III – o Ministério Público; aperfeiçoamento do servidor; V – determinar:
IV – o Conselho Penitenciário; VI – estabelecer regras sobre a) a forma de cumprimento
V – os Departamentos Peni- a arquitetura e construção de es- da pena restritiva de direitos e
tenciários; tabelecimentos penais e casas de fiscalizar sua execução;
541
Lei de Execução Penal
b) a conversão da pena res- dentes de excesso ou desvio de trabalhos efetuados no exercício
tritiva de direitos e de multa em execução; anterior;
privativa de liberdade; c) a aplicação de medida de IV – supervisionar os patro-
c) a conversão da pena pri- segurança, bem como a substi- natos, bem como a assistência
vativa de liberdade em restritiva tuição da pena por medida de aos egressos.
de direitos; segurança;
d) a aplicação da medida de d) a revogação da medida de
segurança, bem como a substi- segurança; CAPÍTULO VI – DOS
tuição da pena por medida de e) a conversão de penas, DEPARTAMENTOS
segurança; a progressão ou regressão nos PENITENCIÁRIOS
e) a revogação da medida de regimes e a revogação da sus-
segurança; pensão condicional da pena e do Seção I – Do Departamento
f) a desinternação e o resta- livramento condicional; Penitenciário Nacional
belecimento da situação anterior; f) a internação, a desinter-
g) o cumprimento de pena nação e o restabelecimento da Art. 71. O Departamento Peni-
ou medida de segurança em ou- situação anterior; tenciário Nacional, subordinado
tra Comarca; III – interpor recursos de de- ao Ministério da Justiça, é órgão
h) a remoção do condenado cisões proferidas pela autoridade executivo da Política Penitenciá-
na hipótese prevista no § 1o do judiciária, durante a execução. ria Nacional e de apoio adminis-
art. 86 desta Lei; Parágrafo único. O órgão do trativo e financeiro do Conselho
i) (Vetada); Ministério Público visitará men- Nacional de Política Criminal e
VI – zelar pelo correto cum- salmente os estabelecimentos Penitenciária.
primento da pena e da medida penais, registrando a sua pre-
de segurança; sença em livro próprio. Art. 72. São atribuições do De-
VII – inspecionar, mensalmen- partamento Penitenciário Na-
te, os estabelecimentos penais, cional:
tomando providências para o ade- CAPÍTULO V – DO I – acompanhar a fiel aplica-
quado funcionamento e promo- CONSELHO PENITENCIÁRIO ção das normas de execução pe-
vendo, quando for o caso, a apu- nal em todo o território nacional;
ração de responsabilidade; Art. 69. O Conselho Penitenciá- II – inspecionar e fiscalizar
VIII – interditar, no todo ou em rio é órgão consultivo e fiscaliza- periodicamente os estabeleci-
parte, estabelecimento penal que dor da execução da pena. mentos e serviços penais;
estiver funcionando em condi- § 1o O Conselho será integra- III – assistir tecnicamente as
ções inadequadas ou com infrin- do por membros nomeados pelo unidades federativas na imple-
gência aos dispositivos desta Lei; Governador do Estado, do Distrito mentação dos princípios e regras
IX – compor e instalar o Con- Federal e dos Territórios, dentre estabelecidos nesta Lei;
selho da Comunidade; professores e profissionais da IV – colaborar com as unida-
X – emitir anualmente ates- área do Direito Penal, Proces- des federativas, mediante con-
tado de pena a cumprir. sual Penal, Penitenciário e ciên- vênios, na implantação de esta-
cias correlatas, bem como por belecimentos e serviços penais;
representantes da comunidade. V – colaborar com as unida-
CAPÍTULO IV – DO A legislação federal e estadual des federativas para a realização
MINISTÉRIO PÚBLICO regulará o seu funcionamento. de cursos de formação de pessoal
§ 2o O mandato dos membros penitenciário e de ensino profis-
Art. 67. O Ministério Público fis- do Conselho Penitenciário terá a sionalizante do condenado e do
calizará a execução da pena e da duração de quatro anos. internado;
medida de segurança, oficiando VI – estabelecer, mediante
no processo executivo e nos in- Art. 70. Incumbe ao Conselho convênios com as unidades fe-
cidentes da execução. Penitenciário: derativas, o cadastro nacional
I – emitir parecer sobre in- das vagas existentes em estabe-
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Mi- dulto e comutação de pena, ex- lecimentos locais destinadas ao
nistério Público: cetuada a hipótese de pedido de cumprimento de penas privativas
I – fiscalizar a regularidade indulto com base no estado de de liberdade aplicadas pela justiça
formal das guias de recolhimento saúde do preso; de outra unidade federativa, em
e de internamento; II – inspecionar os estabeleci- especial para presos sujeitos a
II – requerer: mentos e serviços penais; regime disciplinar;
a) todas as providências ne- III – apresentar, no primeiro VII – acompanhar a execução
cessárias ao desenvolvimento do trimestre de cada ano, ao Con- da pena das mulheres beneficia-
processo executivo; selho Nacional de Política Crimi- das pela progressão especial de
b) a instauração dos inci- nal e Penitenciária, relatório dos que trata o § 3o do art. 112 desta
542
Lei de Execução Penal
Lei, monitorando sua integração cologia, ou Ciências Sociais, ou do cumprimento das condições
social e a ocorrência de reinci- Pedagogia, ou Serviços Sociais; da suspensão e do livramento
dência, específica ou não, me- II – possuir experiência ad- condicional.
diante a realização de avaliações ministrativa na área;
periódicas e de estatísticas cri- III – ter idoneidade moral e
minais. reconhecida aptidão para o de- CAPÍTULO VIII –
§ 1o Incumbem também ao sempenho da função. DO CONSELHO DA
Departamento a coordenação e Parágrafo único. O diretor COMUNIDADE
supervisão dos estabelecimen- deverá residir no estabelecimen-
tos penais e de internamento to, ou nas proximidades, e dedi- Art. 80. Haverá, em cada comar-
federais. cará tempo integral à sua função. ca, um Conselho da Comunidade
§ 2o Os resultados obtidos composto, no mínimo, por 1 (um)
por meio do monitoramento e das Art. 76. O Quadro do Pessoal representante de associação co-
avaliações periódicas previstas Penitenciário será organizado mercial ou industrial, 1 (um) ad-
no inciso VII do caput deste artigo em diferentes categorias funcio- vogado indicado pela Seção da
serão utilizados para, em função nais, segundo as necessidades do Ordem dos Advogados do Brasil,
da efetividade da progressão es- serviço, com especificação de 1 (um) Defensor Público indicado
pecial para a ressocialização das atribuições relativas às funções pelo Defensor Público Geral e 1
mulheres de que trata o § 3o do de direção, chefia e assessora- (um) assistente social escolhi-
art. 112 desta Lei, avaliar eventual mento do estabelecimento e às do pela Delegacia Seccional do
desnecessidade do regime fe- demais funções. Conselho Nacional de Assisten-
chado de cumprimento de pena tes Sociais.
para essas mulheres nos casos de Art. 77. A escolha do pessoal Parágrafo único. Na falta da
crimes cometidos sem violência administrativo, especializado, de representação prevista neste ar-
ou grave ameaça. instrução técnica e de vigilância tigo, ficará a critério do juiz da
atenderá a vocação, preparação execução a escolha dos integran-
profissional e antecedentes pes- tes do Conselho.
Seção II – Do Departamento soais do candidato.
Penitenciário Local § 1o O ingresso do pessoal Art. 81. Incumbe ao Conselho
penitenciário, bem como a pro- da Comunidade:
Art. 73. A legislação local poderá gressão ou a ascensão funcional I – visitar, pelo menos men-
criar Departamento Penitenciário dependerão de cursos específi- salmente, os estabelecimentos
ou órgão similar, com as atribui- cos de formação, procedendo-se penais existentes na Comarca;
ções que estabelecer. à reciclagem periódica dos ser- II – entrevistar presos;
vidores em exercício. III – apresentar relatórios
Art. 74. O Departamento Peni- § 2o No estabelecimento mensais ao juiz da execução e
tenciário local, ou órgão similar, para mulheres somente se per- ao Conselho Penitenciário;
tem por finalidade supervisionar mitirá o trabalho de pessoal do IV – diligenciar a obtenção de
e coordenar os estabelecimentos sexo feminino, salvo quando se recursos materiais e humanos
penais da unidade da Federação tratar de pessoal técnico espe- para melhor assistência ao preso
a que pertencer. cializado. ou internado, em harmonia com
Parágrafo único. Os órgãos a direção do estabelecimento.
referidos no caput deste artigo
realizarão o acompanhamento de CAPÍTULO VII – DO
que trata o inciso VII do caput do PATRONATO CAPÍTULO IX – DA
art. 72 desta Lei e encaminharão DEFENSORIA PÚBLICA
ao Departamento Penitenciário Art. 78. O Patronato público ou
Nacional os resultados obtidos. particular destina-se a prestar Art. 81-A. A Defensoria Pública
assistência aos albergados e aos velará pela regular execução da
egressos (art. 26). pena e da medida de segurança,
Seção III – Da Direção oficiando, no processo executivo
e do Pessoal dos Art. 79. Incumbe também ao e nos incidentes da execução,
Estabelecimentos Penais Patronato: para a defesa dos necessitados
I – orientar os condenados à em todos os graus e instâncias,
Art. 75. O ocupante do cargo pena restritiva de direitos; de forma individual e coletiva.
de diretor de estabelecimento II – fiscalizar o cumprimento
deverá satisfazer os seguintes das penas de prestação de ser- Art. 81-B. Incumbe, ainda, à De-
requisitos: viço à comunidade e de limitação fensoria Pública:
I – ser portador de diploma de de fim de semana; I – requerer:
nível superior de Direito, ou Psi- III – colaborar na fiscalização a) todas as providências ne-
543
Lei de Execução Penal
cessárias ao desenvolvimento do ça em livro próprio. volvidas em estabelecimentos
processo executivo; penais, e notadamente:
b) a aplicação aos casos I – serviços de conservação,
julgados de lei posterior que de TÍTULO IV – DOS limpeza, informática, copeiragem,
qualquer modo favorecer o con- ESTABELECIMENTOS portaria, recepção, reprografia,
denado; PENAIS telecomunicações, lavanderia e
c) a declaração de extinção manutenção de prédios, insta-
da punibilidade; CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES lações e equipamentos internos
d) a unificação de penas; GERAIS e externos;
e) a detração e remição da II – serviços relacionados à
pena; Art. 82. Os estabelecimentos execução de trabalho pelo preso.
f) a instauração dos inci- penais destinam-se ao conde- § 1o A execução indireta será
dentes de excesso ou desvio de nado, ao submetido à medida de realizada sob supervisão e fisca-
execução; segurança, ao preso provisório e lização do poder público.
g) a aplicação de medida de ao egresso. § 2o Os serviços relacionados
segurança e sua revogação, bem § 1o A mulher e o maior de neste artigo poderão compreen-
como a substituição da pena por sessenta anos, separadamente, der o fornecimento de materiais,
medida de segurança; serão recolhidos a estabeleci- equipamentos, máquinas e pro-
h) a conversão de penas, a mento próprio e adequado à sua fissionais.
progressão nos regimes, a sus- condição pessoal.
pensão condicional da pena, o § 2o O mesmo conjunto ar- Art. 83-B. São indelegáveis as
livramento condicional, a comu- quitetônico poderá abrigar es- funções de direção, chefia e co-
tação de pena e o indulto; tabelecimentos de destinação ordenação no âmbito do sistema
i) a autorização de saídas diversa desde que devidamente penal, bem como todas as ativi-
temporárias; isolados. dades que exijam o exercício do
j) a internação, a desinter- poder de polícia, e notadamente:
nação e o restabelecimento da Art. 83. O estabelecimento pe- I – classificação de conde-
situação anterior; nal, conforme a sua natureza, nados;
k) o cumprimento de pena deverá contar em suas depen- II – aplicação de sanções dis-
ou medida de segurança em ou- dências com áreas e serviços ciplinares;
tra comarca; destinados a dar assistência, III – controle de rebeliões;
l) a remoção do condenado educação, trabalho, recreação IV – transporte de presos para
na hipótese prevista no § 1o do e prática esportiva. órgãos do Poder Judiciário, hos-
art. 86 desta Lei; § 1o Haverá instalação des- pitais e outros locais externos aos
II – requerer a emissão anual tinada a estágio de estudantes estabelecimentos penais.
do atestado de pena a cumprir; universitários.
III – interpor recursos de de- § 2o Os estabelecimentos Art. 84. O preso provisório fi-
cisões proferidas pela autorida- penais destinados a mulheres cará separado do condenado por
de judiciária ou administrativa serão dotados de berçário, onde sentença transitada em julgado.
durante a execução; as condenadas possam cuidar de § 1o Os presos provisórios fi-
IV – representar ao Juiz da seus filhos, inclusive amamentá- carão separados de acordo com
execução ou à autoridade admi- -los, no mínimo, até 6 (seis) meses os seguintes critérios:
nistrativa para instauração de de idade. I – acusados pela prática de
sindicância ou procedimento ad- § 3o Os estabelecimentos crimes hediondos ou equipara-
ministrativo em caso de violação de que trata o § 2o deste artigo dos;
das normas referentes à execu- deverão possuir, exclusivamen- II – acusados pela prática de
ção penal; te, agentes do sexo feminino na crimes cometidos com violência
V – visitar os estabelecimen- segurança de suas dependências ou grave ameaça à pessoa;
tos penais, tomando providências internas. III – acusados pela prática de
para o adequado funcionamento, § 4o Serão instaladas salas outros crimes ou contravenções
e requerer, quando for o caso, a de aulas destinadas a cursos diversos dos apontados nos in-
apuração de responsabilidade; do ensino básico e profissiona- cisos I e II.
VI – requerer à autoridade lizante. § 2o O preso que, ao tempo
competente a interdição, no todo § 5o Haverá instalação desti- do fato, era funcionário da Ad-
ou em parte, de estabelecimen- nada à Defensoria Pública. ministração da Justiça Criminal
to penal. ficará em dependência separada.
Parágrafo único. O órgão da Art. 83-A. Poderão ser objeto de § 3o Os presos condenados
Defensoria Pública visitará perio- execução indireta as atividades ficarão separados de acordo com
dicamente os estabelecimentos materiais acessórias, instrumen- os seguintes critérios:
penais, registrando a sua presen- tais ou complementares desen- I – condenados pela prática
544
Lei de Execução Penal
de crimes hediondos ou equi- CAPÍTULO II – DA CAPÍTULO III – DA COLÔNIA
parados; PENITENCIÁRIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU
II – reincidentes condenados
pela prática de crimes cometidos Art. 87. A Penitenciária desti-
SIMILAR
com violência ou grave ameaça na-se ao condenado à pena de
à pessoa; reclusão, em regime fechado. Art. 91. A Colônia Agrícola, In-
III – primários condenados Parágrafo único. A União Fe- dustrial ou similar destina-se ao
pela prática de crimes cometidos deral, os Estados, o Distrito Fede- cumprimento da pena em regime
com violência ou grave ameaça ral e os Territórios poderão cons- semiaberto.
à pessoa; truir Penitenciárias destinadas,
IV – demais condenados pela exclusivamente, aos presos provi- Art. 92. O condenado poderá
prática de outros crimes ou con- sórios e condenados que estejam ser alojado em compartimento
travenções em situação diversa em regime fechado, sujeitos ao coletivo, observados os requisitos
das previstas nos incisos I, II e III. regime disciplinar diferenciado, da letra “a” do parágrafo único do
§ 4o O preso que tiver sua nos termos do art. 52 desta Lei. art. 88 desta Lei.
integridade física, moral ou psi- Parágrafo único. São tam-
cológica ameaçada pela convi- Art. 88. O condenado será aloja- bém requisitos básicos das de-
vência com os demais presos do em cela individual que conterá pendências coletivas:
ficará segregado em local próprio. dormitório, aparelho sanitário e a) a seleção adequada dos
lavatório. presos;
Art. 85. O estabelecimento pe- Parágrafo único. São requi- b) o limite de capacidade má-
nal deverá ter lotação compatível sitos básicos da unidade celular: xima que atenda os objetivos de
com a sua estrutura e finalidade. a) salubridade do ambiente individualização da pena.
Parágrafo único. O Conselho pela concorrência dos fatores
Nacional de Política Criminal e de aeração, insolação e condi-
Penitenciária determinará o li- cionamento térmico adequado CAPÍTULO IV – DA CASA DO
mite máximo de capacidade do à existência humana; ALBERGADO
estabelecimento, atendendo a b) área mínima de seis me-
sua natureza e peculiaridades. tros quadrados. Art. 93. A Casa do Albergado
destina-se ao cumprimento de
Art. 86. As penas privativas de Art. 89. Além dos requisitos re- pena privativa de liberdade, em
liberdade aplicadas pela Justiça feridos no art. 88, a penitenciária regime aberto, e da pena de limi-
de uma unidade federativa podem de mulheres será dotada de se- tação de fim de semana.
ser executadas em outra unida- ção para gestante e parturiente
de, em estabelecimento local ou e de creche para abrigar crian- Art. 94. O prédio deverá situar-
da União. ças maiores de 6 (seis) meses e -se em centro urbano, separado
§ 1o A União Federal poderá menores de 7 (sete) anos, com a dos demais estabelecimentos, e
construir estabelecimento penal finalidade de assistir a criança caracterizar-se pela ausência de
em local distante da condenação desamparada cuja responsável obstáculos físicos contra a fuga.
para recolher os condenados, estiver presa.
quando a medida se justifique no Parágrafo único. São requisi- Art. 95. Em cada região haverá,
interesse da segurança pública ou tos básicos da seção e da creche pelo menos, uma Casa do Alber-
do próprio condenado. referidas neste artigo: gado, a qual deverá conter, além
§ 2o Conforme a natureza do I – atendimento por pessoal dos aposentos para acomodar
estabelecimento, nele poderão qualificado, de acordo com as os presos, local adequado para
trabalhar os liberados ou egres- diretrizes adotadas pela legisla- cursos e palestras.
sos que se dediquem a obras ção educacional e em unidades Parágrafo único. O estabele-
públicas ou ao aproveitamento autônomas; e cimento terá instalações para os
de terras ociosas. II – horário de funcionamento serviços de fiscalização e orien-
§ 3o Caberá ao juiz compe- que garanta a melhor assistência tação dos condenados.
tente, a requerimento da auto- à criança e à sua responsável.
ridade administrativa definir o
estabelecimento prisional ade- Art. 90. A penitenciária de ho- CAPÍTULO V – DO CENTRO
quado para abrigar o preso pro- mens será construída em local DE OBSERVAÇÃO
visório ou condenado, em aten- afastado do centro urbano a dis-
ção ao regime e aos requisitos tância que não restrinja a visi- Art. 96. No Centro de Obser-
estabelecidos. tação. vação realizar-se-ão os exames
gerais e o criminológico, cujos
resultados serão encaminhados
à Comissão Técnica de Classi-
545
Lei de Execução Penal
ficação. Art. 104. O estabelecimento de Art. 107. Ninguém será recolhi-
Parágrafo único. No Centro que trata este Capítulo será ins- do, para cumprimento de pena
poderão ser realizadas pesquisas talado próximo de centro urbano, privativa de liberdade, sem a
criminológicas. observando-se na construção guia expedida pela autoridade
as exigências mínimas referidas judiciária.
Art. 97. O Centro de Observa- no art. 88 e seu parágrafo único § 1o A autoridade adminis-
ção será instalado em unidade desta Lei. trativa incumbida da execução
autônoma ou em anexo a esta- passará recibo da guia de reco-
belecimento penal. lhimento, para juntá-la aos autos
TÍTULO V – DA EXECUÇÃO do processo, e dará ciência dos
Art. 98. Os exames poderão ser DAS PENAS EM ESPÉCIE seus termos ao condenado.
realizados pela Comissão Técnica § 2o As guias de recolhimen-
de Classificação, na falta do Cen- CAPÍTULO I – DAS PENAS to serão registradas em livro es-
tro de Observação. PRIVATIVAS DE LIBERDADE pecial, segundo a ordem cronoló-
Seção I – Disposições Gerais gica do recebimento, e anexadas
ao prontuário do condenado, adi-
CAPÍTULO VI – DO tando-se, no curso da execução, o
HOSPITAL DE CUSTÓDIA Art. 105. Transitando em julga- cálculo das remições e de outras
E TRATAMENTO do a sentença que aplicar pena retificações posteriores.
PSIQUIÁTRICO privativa de liberdade, se o réu
estiver ou vier a ser preso, o Juiz Art. 108. O condenado a quem
Art. 99. O Hospital de Custódia e ordenará a expedição de guia de sobrevier doença mental será
Tratamento Psiquiátrico destina- recolhimento para a execução. internado em Hospital de Cus-
-se aos inimputáveis e semi-im- tódia e Tratamento Psiquiátrico.
putáveis referidos no art. 26 e seu Art. 106. A guia de recolhimen-
parágrafo único do Código Penal. to, extraída pelo escrivão, que a Art. 109. Cumprida ou extinta
Parágrafo único. Aplica-se rubricará em todas as folhas e a a pena, o condenado será posto
ao Hospital, no que couber, o assinará com o juiz, será reme- em liberdade, mediante alvará
disposto no parágrafo único do tida à autoridade administrativa do juiz, se por outro motivo não
art. 88 desta Lei. incumbida da execução e conterá: estiver preso.
I – o nome do condenado;
Art. 100. O exame psiquiátrico e II – a sua qualificação civil e o
os demais exames necessários ao número do registro geral no órgão
Seção II – Dos Regimes
tratamento são obrigatórios para oficial de identificação;
todos os internados. III – o inteiro teor da denún- Art. 110. O juiz, na sentença, es-
cia e da sentença condenatória, tabelecerá o regime no qual o
Art. 101. O tratamento ambula- bem como certidão do trânsito condenado iniciará o cumprimen-
torial, previsto no art. 97, segun- em julgado; to da pena privativa de liberdade,
da parte, do Código Penal, será IV – a informação sobre os an- observado o disposto no art. 33 e
realizado no Hospital de Custó- tecedentes e o grau de instrução; seus parágrafos do Código Penal.
dia e Tratamento Psiquiátrico ou V – a data da terminação da
em outro local com dependência pena; Art. 111. Quando houver conde-
médica adequada. VI – outras peças do processo nação por mais de um crime, no
reputadas indispensáveis ao ade- mesmo processo ou em proces-
quado tratamento penitenciário. sos distintos, a determinação
CAPÍTULO VII – DA CADEIA § 1o Ao Ministério Público se do regime de cumprimento será
PÚBLICA dará ciência da guia de recolhi- feita pelo resultado da soma ou
mento. unificação das penas, observada,
Art. 102. A Cadeia Pública desti- § 2o A guia de recolhimento quando for o caso, a detração ou
na-se ao recolhimento de presos será retificada sempre que so- remição.
provisórios. brevier modificação quanto ao Parágrafo único. Sobrevindo
início da execução ou ao tempo condenação no curso da execu-
Art. 103. Cada Comarca terá, de duração da pena. ção, somar-se-á a pena ao restan-
pelo menos, uma Cadeia Pública a § 3o Se o condenado, ao tem- te da que está sendo cumprida,
fim de resguardar o interesse da po do fato, era funcionário da Ad- para determinação do regime.
Administração da Justiça Crimi- ministração da Justiça Criminal,
nal e a permanência do preso em far-se-á, na guia, menção dessa Art. 112. A pena privativa de li-
local próximo ao seu meio social circunstância, para fins do dis- berdade será executada em forma
e familiar. posto no § 2o do art. 84 desta Lei. progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser
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Lei de Execução Penal
determinada pelo juiz, quando o Ministério Público e do defen- denado que:
preso tiver cumprido ao menos: sor, procedimento que também I – estiver trabalhando ou
I – 16% (dezesseis por cento) será adotado na concessão de comprovar a possibilidade de
da pena, se o apenado for primá- livramento condicional, indulto e fazê-lo imediatamente;
rio e o crime tiver sido cometido comutação de penas, respeitados II – apresentar, pelos seus
sem violência à pessoa ou grave os prazos previstos nas normas antecedentes ou pelo resultado
ameaça; vigentes. dos exames a que foi submeti-
II – 20% (vinte por cento) da § 3o No caso de mulher ges- do, fundados indícios de que irá
pena, se o apenado for reinciden- tante ou que for mãe ou respon- ajustar-se, com autodisciplina e
te em crime cometido sem vio- sável por crianças ou pessoas senso de responsabilidade, ao
lência à pessoa ou grave ameaça; com deficiência, os requisitos novo regime.
III – 25% (vinte e cinco por para progressão de regime são, Parágrafo único. Poderão
cento) da pena, se o apenado cumulativamente: ser dispensadas do trabalho as
for primário e o crime tiver sido I – não ter cometido crime pessoas referidas no art. 117 des-
cometido com violência à pessoa com violência ou grave ameaça ta Lei.
ou grave ameaça; a pessoa;
IV – 30% (trinta por cento) da II – não ter cometido o crime Art. 115. O juiz poderá estabe-
pena, se o apenado for reinciden- contra seu filho ou dependente; lecer condições especiais para a
te em crime cometido com vio- III – ter cumprido ao menos concessão de regime aberto, sem
lência à pessoa ou grave ameaça; 1/8 (um oitavo) da pena no regi- prejuízo das seguintes condições
V – 40% (quarenta por cen- me anterior; gerais e obrigatórias:
to) da pena, se o apenado for IV – ser primária e ter bom I – permanecer no local que
condenado pela prática de cri- comportamento carcerário, com- for designado, durante o repouso
me hediondo ou equiparado, se provado pelo diretor do estabe- e nos dias de folga;
for primário; lecimento; II – sair para o trabalho e re-
VI – 50% (cinquenta por cen- V – não ter integrado organi- tornar, nos horários fixados;
to) da pena, se o apenado for: zação criminosa. III – não se ausentar da cida-
a) condenado pela prática § 4o O cometimento de novo de onde reside, sem autorização
de crime hediondo ou equipara- crime doloso ou falta grave im- judicial;
do, com resultado morte, se for plicará a revogação do benefício IV – comparecer a juízo, para
primário, vedado o livramento previsto no § 3o deste artigo. informar e justificar as suas ativi-
condicional; § 5o Não se considera he- dades, quando for determinado.
b) condenado por exercer o diondo ou equiparado, para os
comando, individual ou coletivo, fins deste artigo, o crime de trá- Art. 116. O juiz poderá modifi-
de organização criminosa estru- fico de drogas previsto no § 4o do car as condições estabelecidas,
turada para a prática de crime art. 33 da Lei no 11.343, de 23 de de ofício, a requerimento do Mi-
hediondo ou equiparado; ou agosto de 2006. nistério Público, da autoridade
c) condenado pela prática § 6o O cometimento de falta administrativa ou do condenado,
do crime de constituição de mi- grave durante a execução da pena desde que as circunstâncias as-
lícia privada; privativa de liberdade interrompe sim o recomendem.
VII – 60% (sessenta por cen- o prazo para a obtenção da pro-
to) da pena, se o apenado for gressão no regime de cumpri- Art. 117. Somente se admitirá
reincidente na prática de crime mento da pena, caso em que o o recolhimento do beneficiário
hediondo ou equiparado; reinício da contagem do requisito de regime aberto em residência
VIII – 70% (setenta por cento) objetivo terá como base a pena particular quando se tratar de:
da pena, se o apenado for rein- remanescente. I – condenado maior de se-
cidente em crime hediondo ou § 7o O bom comportamento tenta anos;
equiparado com resultado morte, é readquirido após 1 (um) ano II – condenado acometido de
vedado o livramento condicional. da ocorrência do fato, ou antes, doença grave;
§ 1o Em todos os casos, o após o cumprimento do requisito III – condenada com filho me-
apenado só terá direito à progres- temporal exigível para a obtenção nor ou deficiente físico ou mental;
são de regime se ostentar boa do direito. IV – condenada gestante.
conduta carcerária, comprovada
pelo diretor do estabelecimento, Art. 113. O ingresso do conde- Art. 118. A execução da pena
respeitadas as normas que vedam nado em regime aberto supõe privativa de liberdade ficará su-
a progressão. a aceitação de seu programa e jeita à forma regressiva, com a
§ 2o A decisão do juiz que das condições impostas pelo juiz. transferência para qualquer dos
determinar a progressão de re- regimes mais rigorosos, quando
gime será sempre motivada e Art. 114. Somente poderá in- o condenado:
precedida de manifestação do gressar no regime aberto o con- I – praticar fato definido como
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Lei de Execução Penal
crime doloso ou falta grave; para saída temporária do estabe- te, de instrução de ensino médio
II – sofrer condenação, por lecimento, sem vigilância direta, ou superior, o tempo de saída será
crime anterior, cuja pena, somada nos seguintes casos: o necessário para o cumprimento
ao restante da pena em execução, I – visita à família; das atividades discentes.
torne incabível o regime (art. 111). II – frequência a curso suple- § 3o Nos demais casos, as
§ 1o O condenado será trans- tivo profissionalizante, bem como autorizações de saída somen-
ferido do regime aberto se, além de instrução do segundo grau ou te poderão ser concedidas com
das hipóteses referidas nos in- superior, na Comarca do Juízo da prazo mínimo de 45 (quarenta
cisos anteriores, frustrar os fins Execução; e cinco) dias de intervalo entre
da execução ou não pagar, po- III – participação em ativida- uma e outra.
dendo, a multa cumulativamente des que concorram para o retorno
imposta. ao convívio social. Art. 125. O benefício será auto-
§ 2o Nas hipóteses do inciso § 1o A ausência de vigilância maticamente revogado quando o
I e do parágrafo anterior, deverá direta não impede a utilização condenado praticar fato definido
ser ouvido previamente o con- de equipamento de monitora- como crime doloso, for punido
denado. ção eletrônica pelo condenado, por falta grave, desatender as
quando assim determinar o juiz condições impostas na autori-
Art. 119. A legislação local po- da execução. zação ou revelar baixo grau de
derá estabelecer normas com- § 2o Não terá direito à saída aproveitamento do curso.
plementares para o cumprimento temporária a que se refere o caput Parágrafo único. A recupe-
da pena privativa de liberdade deste artigo o condenado que ração do direito à saída tempo-
em regime aberto (art. 36, § 1o, cumpre pena por praticar crime rária dependerá da absolvição no
do Código Penal). hediondo com resultado morte. processo penal, do cancelamento
da punição disciplinar ou da de-
Art. 123. A autorização será con- monstração do merecimento do
Seção III – Das Autorizações cedida por ato motivado do juiz condenado.
de Saída da execução, ouvidos o Ministério
Subseção I – Da Permissão Público e a administração peni-
tenciária, e dependerá da satis-
Seção IV – Da Remição
de Saída
fação dos seguintes requisitos:
Art. 120. Os condenados que I – comportamento adequado; Art. 126. O condenado que cum-
cumprem pena em regime fe- II – cumprimento mínimo de pre a pena em regime fechado
chado ou semiaberto e os presos um sexto da pena, se o condena- ou semiaberto poderá remir, por
provisórios poderão obter permis- do for primário, e um quarto, se trabalho ou por estudo, parte do
são para sair do estabelecimento, reincidente; tempo de execução da pena.
mediante escolta, quando ocorrer III – compatibilidade do be- § 1o A contagem de tempo
um dos seguintes fatos: nefício com os objetivos da pena. referida no caput será feita à ra-
I – falecimento ou doença gra- zão de:
ve do cônjuge, companheira, as- Art. 124. A autorização será con- I – 1 (um) dia de pena a cada 12
cendente, descendente ou irmão; cedida por prazo não superior a (doze) horas de frequência escolar
II – necessidade de trata- sete dias, podendo ser renovada – atividade de ensino fundamen-
mento médico (parágrafo único por mais quatro vezes durante tal, médio, inclusive profissiona-
do art. 14). o ano. lizante, ou superior, ou ainda de
Parágrafo único. A permis- § 1o Ao conceder a saída tem- requalificação profissional – divi-
são de saída será concedida pelo porária, o juiz imporá ao benefici- didas, no mínimo, em 3 (três) dias;
diretor do estabelecimento onde ário as seguintes condições, entre II – 1 (um) dia de pena a cada
se encontra o preso. outras que entender compatíveis 3 (três) dias de trabalho.
com as circunstâncias do caso e § 2o As atividades de estudo
Art. 121. A permanência do pre- a situação pessoal do condenado: a que se refere o § 1o deste artigo
so fora do estabelecimento terá a I – fornecimento do endereço poderão ser desenvolvidas de for-
duração necessária à finalidade onde reside a família a ser visitada ma presencial ou por metodologia
da saída. ou onde poderá ser encontrado de ensino a distância e deverão
durante o gozo do benefício; ser certificadas pelas autorida-
II – recolhimento à residên- des educacionais competentes
Subseção II – Da Saída cia visitada, no período noturno; dos cursos frequentados.
Temporária III – proibição de frequentar § 3o Para fins de cumulação
bares, casas noturnas e estabe- dos casos de remição, as horas
Art. 122. Os condenados que lecimentos congêneres. diárias de trabalho e de estudo
cumprem pena em regime semia- § 2o Quando se tratar de fre- serão definidas de forma a se
berto poderão obter autorização quência a curso profissionalizan- compatibilizarem.
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Lei de Execução Penal
§ 4o O preso impossibilitado, Art. 130. Constitui o crime do Art. 135. Reformada a senten-
por acidente, de prosseguir no art. 299 do Código Penal declarar ça denegatória do livramento,
trabalho ou nos estudos continua- ou atestar falsamente prestação os autos baixarão ao Juízo da
rá a beneficiar-se com a remição. de serviço para fim de instruir Execução, para as providências
§ 5o O tempo a remir em fun- pedido de remição. cabíveis.
ção das horas de estudo será
acrescido de 1/3 (um terço) no Art. 136. Concedido o benefício,
caso de conclusão do ensino
Seção V – Do Livramento será expedida a carta de livra-
fundamental, médio ou superior Condicional mento com a cópia integral da
durante o cumprimento da pena, sentença em duas vias, remeten-
desde que certificada pelo ór- Art. 131. O livramento condicio- do-se uma à autoridade adminis-
gão competente do sistema de nal poderá ser concedido pelo trativa incumbida da execução e
educação. Juiz da execução, presentes os outra ao Conselho Penitenciário.
§ 6o O condenado que cum- requisitos do art. 83, incisos e
pre pena em regime aberto ou parágrafo único, do Código Penal, Art. 137. A cerimônia do livra-
semiaberto e o que usufrui liber- ouvidos o Ministério Público e o mento condicional será realizada
dade condicional poderão remir, Conselho Penitenciário. solenemente no dia marcado pelo
pela frequência a curso de ensino presidente do Conselho Peniten-
regular ou de educação profissio- Art. 132. Deferido o pedido, o juiz ciário, no estabelecimento onde
nal, parte do tempo de execução especificará as condições a que está sendo cumprida a pena, ob-
da pena ou do período de prova, fica subordinado o livramento. servando-se o seguinte:
observado o disposto no inciso I § 1o Serão sempre impostas I – a sentença será lida ao li-
do § 1o deste artigo. ao liberado condicional as obri- berando, na presença dos demais
§ 7o O disposto neste artigo gações seguintes: condenados, pelo presidente do
aplica-se às hipóteses de prisão a) obter ocupação lícita, den- Conselho Penitenciário ou mem-
cautelar. tro de prazo razoável se for apto bro por ele designado, ou, na falta,
§ 8o A remição será declara- para o trabalho; pelo juiz;
da pelo juiz da execução, ouvidos b) comunicar periodicamen- II – a autoridade administrati-
o Ministério Público e a defesa. te ao juiz sua ocupação; va chamará a atenção do liberan-
c) não mudar do território da do para as condições impostas na
Art. 127. Em caso de falta grave, Comarca do Juízo da Execução, sentença de livramento;
o juiz poderá revogar até 1/3 (um sem prévia autorização deste. III – o liberando declarará se
terço) do tempo remido, observa- § 2o Poderão ainda ser im- aceita as condições.
do o disposto no art. 57, recome- postas ao liberado condicional, § 1o De tudo, em livro próprio,
çando a contagem a partir da data entre outras obrigações, as se- será lavrado termo subscrito por
da infração disciplinar. guintes: quem presidir a cerimônia e pelo
a) não mudar de residência liberando, ou alguém a seu rogo,
Art. 128. O tempo remido será sem comunicação ao juiz e à auto- se não souber ou não puder es-
computado como pena cumprida, ridade incumbida da observação crever.
para todos os efeitos. cautelar e de proteção; § 2o Cópia desse termo de-
b) recolher-se à habitação verá ser remetida ao Juiz da exe-
Art. 129. A autoridade adminis- em hora fixada; cução.
trativa encaminhará mensalmen- c) não frequentar determi-
te ao juízo da execução cópia do nados lugares; Art. 138. Ao sair o liberado do
registro de todos os condenados d) (Vetada). estabelecimento penal, ser-lhe-á
que estejam trabalhando ou es- entregue, além do saldo de seu
tudando, com informação dos Art. 133. Se for permitido ao li- pecúlio e do que lhe pertencer,
dias de trabalho ou das horas de berado residir fora da Comarca do uma caderneta, que exibirá à au-
frequência escolar ou de ativida- Juízo da Execução, remeter-se-á toridade judiciária ou administra-
des de ensino de cada um deles. cópia da sentença do livramento tiva, sempre que lhe for exigida.
§ 1o O condenado autorizado ao juízo do lugar para onde ele se § 1o A caderneta conterá:
a estudar fora do estabelecimento houver transferido e à autoridade a) a identificação do libe-
penal deverá comprovar mensal- incumbida da observação caute- rado;
mente, por meio de declaração da lar e de proteção. b) o texto impresso do pre-
respectiva unidade de ensino, a sente Capítulo;
frequência e o aproveitamento Art. 134. O liberado será adverti- c) as condições impostas.
escolar. do da obrigação de apresentar-se § 2o Na falta de caderneta,
§ 2o Ao condenado dar-se-á imediatamente às autoridades será entregue ao liberado um
a relação de seus dias remidos. referidas no artigo anterior. salvo-conduto, em que constem
as condições do livramento, po-
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Lei de Execução Penal
dendo substituir-se a ficha de tação do Conselho Penitenciário, I – receber visitas do servidor
identificação ou o seu retrato pela ou, de ofício, pelo juiz, ouvido o responsável pela monitoração
descrição dos sinais que possam liberado. eletrônica, responder aos seus
identificá-lo. contatos e cumprir suas orien-
§ 3o Na caderneta e no sal- Art. 144. O Juiz, de ofício, a re- tações;
vo-conduto deverá haver espaço querimento do Ministério Público, II – abster-se de remover, de
para consignar-se o cumprimen- da Defensoria Pública ou median- violar, de modificar, de danificar
to das condições referidas no te representação do Conselho de qualquer forma o dispositivo
art. 132 desta Lei. Penitenciário, e ouvido o liberado, de monitoração eletrônica ou de
poderá modificar as condições permitir que outrem o faça;
Art. 139. A observação cautelar especificadas na sentença, de- III – (Vetado).
e a proteção realizadas por servi- vendo o respectivo ato decisó- Parágrafo único. A violação
ço social penitenciário, Patronato rio ser lido ao liberado por uma comprovada dos deveres previs-
ou Conselho da Comunidade terão das autoridades ou funcionários tos neste artigo poderá acarretar,
a finalidade de: indicados no inciso I do caput do a critério do juiz da execução,
I – fazer observar o cumpri- art. 137 desta Lei, observado o ouvidos o Ministério Público e
mento das condições especifi- disposto nos incisos II e III e §§ 1o a defesa:
cadas na sentença concessiva e 2o do mesmo artigo. I – a regressão do regime;
do benefício; II – a revogação da autoriza-
II – proteger o beneficiário, Art. 145. Praticada pelo liberado ção de saída temporária;
orientando-o na execução de suas outra infração penal, o juiz pode- III – (Vetado);
obrigações e auxiliando-o na ob- rá ordenar a sua prisão, ouvidos IV – (Vetado);
tenção de atividade laborativa. o Conselho Penitenciário e o Mi- V – (Vetado);
Parágrafo único. A entidade nistério Público, suspendendo o VI – a revogação da prisão
encarregada da observação cau- curso do livramento condicional, domiciliar;
telar e da proteção do liberado cuja revogação, entretanto, fica- VII – advertência, por escrito,
apresentará relatório ao Con- rá dependendo da decisão final. para todos os casos em que o juiz
selho Penitenciário, para efeito da execução decida não aplicar
da representação prevista nos Art. 146. O juiz, de ofício, a re- alguma das medidas previstas nos
arts. 143 e 144 desta Lei. querimento do interessado, do incisos de I a VI deste parágrafo.
Ministério Público ou median-
Art. 140. A revogação do livra- te representação do Conselho Art. 146-D. A monitoração ele-
mento condicional dar-se-á nas Penitenciário, julgará extinta a trônica poderá ser revogada:
hipóteses previstas nos arts. 86 pena privativa de liberdade, se I – quando se tornar desne-
e 87 do Código Penal. expirar o prazo do livramento cessária ou inadequada;
Parágrafo único. Mantido o sem revogação. II – se o acusado ou condena-
livramento condicional, na hipó- do violar os deveres a que estiver
tese da revogação facultativa, o sujeito durante a sua vigência ou
juiz deverá advertir o liberado ou
Seção VI – Da Monitoração cometer falta grave.
agravar as condições. Eletrônica
Art. 141. Se a revogação for Art. 146-A. (Vetado) CAPÍTULO II – DAS PENAS
motivada por infração penal an- RESTRITIVAS DE DIREITOS
terior à vigência do livramento, Art. 146-B. O juiz poderá definir
Seção I – Disposições Gerais
computar-se-á como tempo de a fiscalização por meio da moni-
cumprimento da pena o período toração eletrônica quando:
de prova, sendo permitida, para I – (Vetado); Art. 147. Transitada em julgado a
a concessão de novo livramento, II – autorizar a saída temporá- sentença que aplicou a pena res-
a soma do tempo das duas penas. ria no regime semiaberto; tritiva de direitos, o juiz da execu-
III – (Vetado); ção, de ofício ou a requerimento
Art. 142. No caso de revogação IV – determinar a prisão do- do Ministério Público, promoverá
por outro motivo, não se com- miciliar; a execução, podendo, para tanto,
putará na pena o tempo em que V – (Vetado). requisitar, quando necessário, a
esteve solto o liberado, e tam- Parágrafo único. (Vetado) colaboração de entidades públi-
pouco se concederá, em relação cas ou solicitá-la a particulares.
à mesma pena, novo livramento. Art. 146-C. O condenado será
instruído acerca dos cuidados Art. 148. Em qualquer fase da
Art. 143. A revogação será de- que deverá adotar com o equipa- execução, poderá o juiz, motiva-
cretada a requerimento do Minis- mento eletrônico e dos seguintes damente, alterar a forma de cum-
tério Público, mediante represen- deveres: primento das penas de prestação
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Lei de Execução Penal
de serviços à comunidade e de meiro comparecimento. CAPÍTULO III – DA
limitação de fim de semana, ajus- SUSPENSÃO CONDICIONAL
tando-as às condições pessoais Art. 152. Poderão ser minis-
do condenado e às características trados ao condenado, durante o Art. 156. O juiz poderá suspen-
do estabelecimento, da entidade tempo de permanência, cursos e der, pelo período de dois a quatro
ou do programa comunitário ou palestras, ou atribuídas atividades anos, a execução da pena priva-
estatal. educativas. tiva de liberdade, não superior a
Parágrafo único. Nos casos dois anos, na forma prevista nos
de violência doméstica e familiar arts. 77 a 82 do Código Penal.
Seção II – Da Prestação de contra a criança, o adolescente e
Serviços à Comunidade a mulher e de tratamento cruel ou Art. 157. O juiz ou Tribunal, na
degradante, ou de uso de formas sentença que aplicar pena pri-
Art. 149. Caberá ao juiz da exe- violentas de educação, correção vativa de liberdade, na situação
cução: ou disciplina contra a criança e determinada no artigo anterior,
I – designar a entidade ou o adolescente, o juiz poderá de- deverá pronunciar-se, motivada-
programa comunitário ou esta- terminar o comparecimento obri- mente, sobre a suspensão con-
tal, devidamente credenciado gatório do agressor a programas dicional, quer a conceda, quer a
ou convencionado, junto ao qual de recuperação e reeducação. denegue.
o condenado deverá trabalhar
gratuitamente, de acordo com Art. 153. O estabelecimento Art. 158. Concedida a suspen-
as suas aptidões; designado encaminhará, men- são, o juiz especificará as condi-
II – determinar a intimação salmente, ao juiz da execução, ções a que fica sujeito o condena-
do condenado, cientificando-o da relatório, bem assim comunicará, do, pelo prazo fixado, começando
entidade, dias e horário em que a qualquer tempo, a ausência ou este a correr da audiência previs-
deverá cumprir a pena; falta disciplinar do condenado. ta no art. 160 desta Lei.
III – alterar a forma de exe- § 1o As condições serão ade-
cução, a fim de ajustá-la às mo- quadas ao fato e à situação pes-
dificações ocorridas na jornada
Seção IV – Da Interdição soal do condenado, devendo ser
de trabalho. Temporária de Direitos incluída entre as mesmas a de
§ 1o O trabalho terá a duração prestar serviços à comunidade,
de oito horas semanais e será Art. 154. Caberá ao juiz da exe- ou limitação de fim de semana,
realizado aos sábados, domingos cução comunicar à autoridade salvo hipótese do art. 78, § 2o, do
e feriados, ou em dias úteis, de competente a pena aplicada, de- Código Penal.
modo a não prejudicar a jornada terminada a intimação do con- § 2o O juiz poderá, a qualquer
normal de trabalho, nos horários denado. tempo, de ofício, a requerimento
estabelecidos pelo juiz. § 1o Na hipótese de pena de do Ministério Público ou mediante
§ 2o A execução terá início a interdição do art. 47, inciso I, do proposta do Conselho Peniten-
partir da data do primeiro com- Código Penal, a autoridade de- ciário, modificar as condições e
parecimento. verá, em vinte e quatro horas, regras estabelecidas na sentença,
contadas do recebimento do ofí- ouvido o condenado.
Art. 150. A entidade beneficiada cio, baixar ato, a partir do qual a § 3o A fiscalização do cum-
com a prestação de serviços en- execução terá seu início. primento das condições, regulada
caminhará mensalmente, ao juiz § 2o Nas hipóteses do art. 47, nos Estados, Territórios e Distrito
da execução, relatório circunstan- incisos II e III, do Código Penal, o Federal por normas supletivas,
ciado das atividades do condena- Juízo da Execução determinará a será atribuída a serviço social
do, bem como, a qualquer tempo, apreensão dos documentos, que penitenciário, patronato, Conse-
comunicação sobre ausência ou autorizam o exercício do direito lho da Comunidade ou instituição
falta disciplinar. interditado. beneficiada com a prestação de
serviços, inspecionados pelo Con-
Art. 155. A autoridade deverá selho Penitenciário, pelo Ministé-
Seção III – Da Limitação de comunicar imediatamente ao juiz rio Público, ou ambos, devendo o
Fim de Semana da execução o descumprimento juiz da execução suprir, por ato,
da pena. a falta das normas supletivas.
Art. 151. Caberá ao juiz da exe- Parágrafo único. A comuni- § 4o O beneficiário, ao com-
cução determinar a intimação cação prevista neste artigo po- parecer periodicamente à entida-
do condenado, cientificando-o derá ser feita por qualquer pre- de fiscalizadora, para comprovar
do local, dias e horário em que judicado. a observância das condições a
deverá cumprir a pena. que está sujeito, comunicará,
Parágrafo único. A execução também, a sua ocupação e os
terá início a partir da data do pri- salários ou proventos de que vive.
551
Lei de Execução Penal
§ 5o A entidade fiscalizadora § 1o Revogada a suspensão II – o desconto será feito me-
deverá comunicar imediatamen- ou extinta a pena, será o fato diante ordem do juiz a quem de
te ao órgão de inspeção, para os averbado à margem do registro. direito;
fins legais, qualquer fato capaz § 2o O registro e a averbação III – o responsável pelo des-
de acarretar a revogação do be- serão sigilosos, salvo para efeito conto será intimado a recolher
nefício, a prorrogação do prazo de informações requisitadas por mensalmente, até o dia fixado
ou a modificação das condições. órgão judiciário ou pelo Ministé- pelo juiz, a importância deter-
§ 6o Se for permitido ao be- rio Público, para instruir proces- minada.
neficiário mudar-se, será feita so penal.
comunicação ao juiz e à entida- Art. 169. Até o término do prazo
de fiscalizadora do local da nova a que se refere o art. 164 desta
residência, aos quais o primeiro CAPÍTULO IV – DA PENA DE Lei, poderá o condenado reque-
deverá apresentar-se imedia- MULTA rer ao juiz o pagamento da multa
tamente. em prestações mensais, iguais e
Art. 164. Extraída certidão da sucessivas.
Art. 159. Quando a suspensão sentença condenatória com trân- § 1o O juiz, antes de decidir,
condicional da pena for conce- sito em julgado, que valerá como poderá determinar diligências
dida por Tribunal, a este cabe- título executivo judicial, o Minis- para verificar a real situação eco-
rá estabelecer as condições do tério Público requererá, em autos nômica do condenado e, ouvido
benefício. apartados, a citação do conde- o Ministério Público, fixará o nú-
§ 1o De igual modo proceder- nado para, no prazo de dez dias, mero de prestações.
-se-á quando o tribunal modificar pagar o valor da multa ou nomear § 2o Se o condenado for im-
as condições estabelecidas na bens à penhora. pontual ou se melhorar de situ-
sentença recorrida. § 1o Decorrido o prazo sem ação econômica, o juiz, de ofício
§ 2o O Tribunal, ao conceder o pagamento da multa, ou o de- ou a requerimento do Ministé-
a suspensão condicional da pena, pósito da respectiva importân- rio Público, revogará o benefício
poderá, todavia, conferir ao Juízo cia, proceder-se-á à penhora de executando-se a multa, na for-
da Execução a incumbência de tantos bens quantos bastem para ma prevista neste Capítulo, ou
estabelecer as condições do be- garantir a execução. prosseguindo-se na execução
nefício, e, em qualquer caso, a de § 2o A nomeação de bens à já iniciada.
realizar a audiência admonitória. penhora e a posterior execução
seguirão o que dispuser a lei pro- Art. 170. Quando a pena de mul-
Art. 160. Transitada em julgado cessual civil. ta for aplicada cumulativamente
a sentença condenatória, o juiz a com pena privativa da liberdade,
lerá ao condenado, em audiên- Art. 165. Se a penhora recair em enquanto esta estiver sendo exe-
cia, advertindo-o das consequên- bem imóvel, os autos apartados cutada, poderá aquela ser cobra-
cias de nova infração penal e do serão remetidos ao juízo cível da mediante desconto na remu-
descumprimento das condições para prosseguimento. neração do condenado (art. 168).
impostas. § 1o Se o condenado cumprir
Art. 166. Recaindo a penhora a pena privativa de liberdade ou
Art. 161. Se, intimado pessoal- em outros bens, dar-se-á pros- obtiver livramento condicional,
mente ou por edital com prazo de seguimento nos termos do § 2o sem haver resgatado a multa,
vinte dias, o réu não comparecer do art. 164 desta Lei. far-se-á a cobrança nos termos
injustificadamente à audiência deste Capítulo.
admonitória, a suspensão fica- Art. 167. A execução da pena § 2o Aplicar-se-á o disposto
rá sem efeito e será executada de multa será suspensa quando no parágrafo anterior aos casos
imediatamente a pena. sobrevier ao condenado doença em que for concedida a suspen-
mental (art. 52 do Código Penal). são condicional da pena.
Art. 162. A revogação da sus-
pensão condicional da pena e a Art. 168. O juiz poderá determi-
prorrogação do período de prova nar que a cobrança da multa se TÍTULO VI – DA EXECUÇÃO
dar-se-ão na forma do art. 81 e efetue mediante desconto no ven- DAS MEDIDAS DE
respectivos parágrafos do Có- cimento ou salário do condenado, SEGURANÇA
digo Penal. nas hipóteses do art. 50, § 1o, do
Código Penal, observando-se o CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
Art. 163. A sentença condena- seguinte: GERAIS
tória será registrada, com a nota I – o limite máximo do descon-
de suspensão, em livro especial to mensal será o da quarta parte Art. 171. Transitada em julgado
do juízo a que couber a execução da remuneração e o mínimo o de a sentença que aplicar medida de
da pena. um décimo; segurança, será ordenada a ex-
552
Lei de Execução Penal
pedição de guia para a execução. cioso relatório que o habilite a TÍTULO VII – DOS
resolver sobre a revogação ou INCIDENTES DE EXECUÇÃO
Art. 172. Ninguém será inter- permanência da medida;
nado em Hospital de Custódia e II – o relatório será instruído CAPÍTULO I – DAS
Tratamento Psiquiátrico, ou sub- com o laudo psiquiátrico; CONVERSÕES
metido a tratamento ambulatorial, III – juntado aos autos o rela-
para cumprimento de medida de tório ou realizadas as diligências, Art. 180. A pena privativa de
segurança, sem a guia expedida serão ouvidos, sucessivamente, liberdade, não superior a dois
pela autoridade judiciária. o Ministério Público e o curador anos, poderá ser convertida em
ou defensor, no prazo de três dias restritiva de direitos, desde que:
Art. 173. A guia de internamen- para cada um; I – o condenado a esteja cum-
to ou de tratamento ambulato- IV – o juiz nomeará curador prindo em regime aberto;
rial, extraída pelo escrivão, que ou defensor para o agente que II – tenha sido cumprido pelo
a rubricará em todas as folhas não o tiver; menos um quarto da pena;
e a subscreverá com o juiz, será V – o juiz, de ofício ou a reque- III – os antecedentes e a per-
remetida à autoridade adminis- rimento de qualquer das partes, sonalidade do condenado indi-
trativa incumbida da execução poderá determinar novas diligên- quem ser a conversão recomen-
e conterá: cias, ainda que expirado o prazo dável.
I – a qualificação do agente de duração mínima da medida de
e o número do registro geral do segurança; Art. 181. A pena restritiva de di-
órgão oficial de identificação; VI – ouvidas as partes ou re- reitos será convertida em priva-
II – o inteiro teor da denúncia alizadas as diligências a que se tiva de liberdade nas hipóteses e
e da sentença que tiver aplicado a refere o inciso anterior, o juiz na forma do art. 45 e seus incisos
medida de segurança, bem como proferirá a sua decisão, no prazo do Código Penal.
a certidão do trânsito em julgado; de cinco dias. § 1o A pena de prestação de
III – a data em que terminará serviços à comunidade será con-
o prazo mínimo de internação, Art. 176. Em qualquer tempo, vertida quando o condenado:
ou do tratamento ambulatorial; ainda no decorrer do prazo mí- a) não for encontrado por
IV – outras peças do proces- nimo de duração da medida de estar em lugar incerto e não sa-
so reputadas indispensáveis ao segurança, poderá o juiz da exe- bido, ou desatender a intimação
adequado tratamento ou inter- cução, diante de requerimen- por edital;
namento. to fundamentado do Ministério b) não comparecer, injustifi-
§ 1o Ao Ministério Público Público ou do interessado, seu cadamente, à entidade ou progra-
será dada ciência da guia de re- procurador ou defensor, ordenar ma em que deva prestar serviço;
colhimento e de sujeição a tra- o exame para que se verifique c) recusar-se, injustificada-
tamento. a cessação da periculosidade, mente, a prestar o serviço que lhe
§ 2o A guia será retificada procedendo-se nos termos do foi imposto;
sempre que sobrevier modifica- artigo anterior. d) praticar falta grave;
ção quanto ao prazo de execução. e) sofrer condenação por
Art. 177. Nos exames sucessivos outro crime à pena privativa de
Art. 174. Aplicar-se-á, na exe- para verificar-se a cessação da liberdade, cuja execução não te-
cução da medida de segurança, periculosidade, observar-se-á, no nha sido suspensa.
naquilo que couber, o disposto que lhes for aplicável, o disposto § 2o A pena de limitação de
nos arts. 8o e 9o desta Lei. no artigo anterior. fim de semana será convertida
quando o condenado não com-
Art. 178. Nas hipóteses de desin- parecer ao estabelecimento de-
CAPÍTULO II – DA ternação ou de liberação (art. 97, signado para o cumprimento da
CESSAÇÃO DA § 3o, do Código Penal), aplicar-se- pena, recusar-se a exercer a ati-
PERICULOSIDADE -á o disposto nos arts. 132 e 133 vidade determinada pelo juiz ou
desta Lei. se ocorrer qualquer das hipóteses
Art. 175. A cessação da pericu- das letras “a”, “d” e “e” do parágra-
losidade será averiguada no fim Art. 179. Transitada em julga- fo anterior.
do prazo mínimo de duração da do a sentença, o juiz expedirá § 3o A pena de interdição
medida de segurança, pelo exame ordem para a desinternação ou temporária de direitos será con-
das condições pessoais do agen- a liberação. vertida quando o condenado exer-
te, observando-se o seguinte: cer, injustificadamente, o direito
I – a autoridade administrati- interditado ou se ocorrer qualquer
va, até um mês antes de expirar das hipóteses das letras “a” e “e”
o prazo de duração mínima da do § 1o deste artigo.
medida, remeterá ao juiz minu-
553
Lei de Execução Penal
Art. 182. (Revogado) acompanhada dos documentos iniciar-se-á de ofício, a requeri-
que a instruírem, será entregue mento do Ministério Público, do
Art. 183. Quando, no curso da ao Conselho Penitenciário, para a interessado, de quem o repre-
execução da pena privativa de li- elaboração de parecer e posterior sente, de seu cônjuge, parente ou
berdade, sobrevier doença mental encaminhamento ao Ministério descendente, mediante proposta
ou perturbação da saúde mental, da Justiça. do Conselho Penitenciário, ou,
o Juiz, de ofício, a requerimento ainda, da autoridade adminis-
do Ministério Público, da Defen- Art. 190. O Conselho Penitenciá- trativa.
soria Pública ou da autoridade rio, à vista dos autos do processo
administrativa, poderá determi- e do prontuário, promoverá as dili- Art. 196. A portaria ou petição
nar a substituição da pena por gências que entender necessárias será autuada ouvindo-se, em três
medida de segurança. e fará, em relatório, a narração dias, o condenado e o Ministé-
do ilícito penal e dos fundamen- rio Público, quando não figurem
Art. 184. O tratamento ambula- tos da sentença condenatória, a como requerentes da medida.
torial poderá ser convertido em exposição dos antecedentes do § 1o Sendo desnecessária a
internação se o agente revelar condenado e do procedimento produção de prova, o juiz decidirá
incompatibilidade com a medida. deste depois da prisão, emitindo de plano, em igual prazo.
Parágrafo único. Nesta hipó- seu parecer sobre o mérito do § 2o Entendendo indispensá-
tese, o prazo mínimo de interna- pedido e esclarecendo qualquer vel a realização de prova pericial
ção será de um ano. formalidade ou circunstâncias ou oral, o juiz a ordenará, decidin-
omitidas na petição. do após a produção daquela ou
na audiência designada.
CAPÍTULO II – DO EXCESSO Art. 191. Processada no Ministé-
OU DESVIO rio da Justiça com documentos e Art. 197. Das decisões proferi-
o relatório do Conselho Penitenci- das pelo juiz caberá recurso de
Art. 185. Haverá excesso ou des- ário, a petição será submetida a agravo, sem efeito suspensivo.
vio de execução sempre que al- despacho do Presidente da Repú-
gum ato for praticado além dos blica, a quem serão presentes os
limites fixados na sentença, em autos do processo ou a certidão TÍTULO IX – DAS
normas legais ou regulamentares. de qualquer de suas peças, se ele DISPOSIÇÕES FINAIS E
o determinar. TRANSITÓRIAS
Art. 186. Podem suscitar o in-
cidente de excesso ou desvio de Art. 192. Concedido o indulto Art. 198. É defesa ao integrante
execução: e anexada aos autos cópia do dos órgãos da execução penal, e
I – o Ministério Público; decreto, o juiz declarará extinta ao servidor, a divulgação de ocor-
II – o Conselho Penitenciário; a pena ou ajustará a execução rência que perturbe a segurança
III – o sentenciado; aos termos do decreto, no caso e a disciplina dos estabelecimen-
IV – qualquer dos demais ór- de comutação. tos, bem como exponha o preso
gãos da execução penal. a inconveniente notoriedade, du-
Art. 193. Se o sentenciado for rante o cumprimento da pena.
beneficiado por indulto coletivo, o
CAPÍTULO III – DA ANISTIA juiz, de ofício, a requerimento do Art. 199. O emprego de algemas
E DO INDULTO interessado, do Ministério Públi- será disciplinado por decreto fe-
co, ou por iniciativa do Conselho deral.
Art. 187. Concedida a anistia, o Penitenciário ou da autoridade
juiz, de ofício, a requerimento do administrativa, providenciará de Art. 200. O condenado por cri-
interessado ou do Ministério Pú- acordo com o disposto no artigo me político não está obrigado ao
blico, por proposta da autoridade anterior. trabalho.
administrativa ou do Conselho
Penitenciário, declarará extinta Art. 201. Na falta de estabeleci-
a punibilidade. TÍTULO VIII – DO mento adequado, o cumprimento
PROCEDIMENTO JUDICIAL da prisão civil e da prisão admi-
Art. 188. O indulto individual po- nistrativa se efetivará em seção
derá ser provocado por petição Art. 194. O procedimento cor- especial da Cadeia Pública.
do condenado, por iniciativa do respondente às situações pre-
Ministério Público, do Conselho vistas nesta Lei será judicial, de- Art. 202. Cumprida ou extinta
Penitenciário, ou da autoridade senvolvendo-se perante o Juízo a pena, não constarão da folha
administrativa. da Execução. corrida, atestados ou certidões
fornecidas por autoridade poli-
Art. 189. A petição do indulto, Art. 195. O procedimento judicial cial ou por auxiliares da Justiça,
554
Lei de Execução Penal
qualquer notícia ou referência à
condenação, salvo para instruir
processo pela prática de nova
infração penal ou outros casos
expressos em lei.
JOÃO FIGUEIREDO
555
Lei dos Crimes
Hediondos
Lei no 8.072/1990
Dispõe sobre os crimes hedion- restrição de liberdade da vítima visto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei
dos, nos termos do art. 5o, inciso (art. 157, § 2o, inciso V); no 2.889, de 1o de outubro de 1956;
XLIII, da Constituição Federal, e b) circunstanciado pelo em- II – o crime de posse ou por-
determina outras providências. prego de arma de fogo (art. 157, te ilegal de arma de fogo de uso
§ 2o‑A, inciso I) ou pelo emprego proibido, previsto no art. 16 da
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA de arma de fogo de uso proibido Lei no 10.826, de 22 de dezem-
ou restrito (art. 157, § 2o‑B); bro de 2003;
Faço saber que o Congresso Na- c) qualificado pelo resultado III – o crime de comércio ile-
cional decreta e eu sanciono a lesão corporal grave ou morte gal de armas de fogo, previsto no
seguinte Lei:1 (art. 157, § 3o); art. 17 da Lei no 10.826, de 22 de
III – extorsão qualificada pela dezembro de 2003;
Art. 1o São considerados hedion- restrição da liberdade da vítima, IV – o crime de tráfico interna-
dos os seguintes crimes, todos ti- ocorrência de lesão corporal ou cional de arma de fogo, acessório
pificados no Decreto-lei no 2.848, morte (art. 158, § 3o); ou munição, previsto no art. 18 da
de 7 de dezembro de 1940 – Código IV – extorsão mediante se- Lei no 10.826, de 22 de dezembro
Penal, consumados ou tentados: questro e na forma qualificada de 2003;
I – homicídio (art. 121), quando (art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o); V – o crime de organização
praticado em atividade típica de V – estupro (art. 213, caput e criminosa, quando direcionado
grupo de extermínio, ainda que §§ 1o e 2o); à prática de crime hediondo ou
cometido por um só agente, e VI – estupro de vulnerável equiparado;
homicídio qualificado (art. 121, (art. 217‑A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); VI – os crimes previstos no
§ 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VII – epidemia com resultado Decreto-lei no 1.001, de 21 de ou-
VIII e IX); morte (art. 267, § 1o); tubro de 1969 (Código Penal Mili-
I-A – lesão corporal dolosa VII-A – (Vetado); tar), que apresentem identidade
de natureza gravíssima (art. 129, VII-B – falsificação, corrup- com os crimes previstos no art. 1o
§ 2o) e lesão corporal seguida ção, adulteração ou alteração desta Lei.
de morte (art. 129, § 3o), quando de produto destinado a fins tera-
praticadas contra autoridade ou pêuticos ou medicinais (art. 273, Art. 2o Os crimes hediondos, a
agente descrito nos arts. 142 e caput e § 1o, § 1o‑A e § 1o‑B, com prática da tortura, o tráfico ilícito
144 da Constituição Federal, in- a redação dada pela Lei no 9.677, de entorpecentes e drogas afins e
tegrantes do sistema prisional e de 2 de julho de 1998); o terrorismo são insuscetíveis de:
da Força Nacional de Segurança VIII – favorecimento da pros- I – anistia, graça e indulto;
Pública, no exercício da função ou tituição ou de outra forma de II – fiança.
em decorrência dela, ou contra exploração sexual de criança ou § 1o A pena por crime pre-
seu cônjuge, companheiro ou pa- adolescente ou de vulnerável visto neste artigo será cumprida
rente consanguíneo até terceiro (art. 218‑B, caput, e §§ 1o e 2o); inicialmente em regime fechado.
grau, em razão dessa condição; IX – furto qualificado pelo § 2o (Revogado)
II – roubo: emprego de explosivo ou de ar- § 3o Em caso de sentença
a) circunstanciado pela tefato análogo que cause perigo condenatória, o juiz decidirá fun-
comum (art. 155, § 4o‑A). damentadamente se o réu poderá
Parágrafo único. Conside- apelar em liberdade.
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que ram-se também hediondos, ten- § 4o A prisão temporária, so-
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- tados ou consumados: bre a qual dispõe a Lei no 7.960,
poradas às normas às quais se destinam. I – o crime de genocídio, pre- de 21 de dezembro de 1989, nos
557
Lei dos Crimes Hediondos
crimes previstos neste artigo, tima em qualquer das hipóteses
terá o prazo de 30 (trinta) dias, referidas no art. 224 também do
prorrogável por igual período em Código Penal.
caso de extrema e comprovada
necessidade. Art. 10. O art. 35 da Lei no 6.368,
de 21 de outubro de 1976, passa
Art. 3o A União manterá estabe- a vigorar acrescido de parágrafo
lecimentos penais, de segurança único, com a seguinte redação:
máxima, destinados ao cumpri- ��������������������������������������������������
mento de penas impostas a con-
denados de alta periculosidade, Art. 11. (Vetado)
cuja permanência em presídios
estaduais ponha em risco a ordem Art. 12. Esta Lei entra em vigor
ou incolumidade pública. na data de sua publicação.
558
Lei dos Crimes contra
a Ordem Tributária
Lei no 8.137/1990
585 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
585 Seção I – Dos Crimes Praticados por Particulares
585 Seção II – Dos Crimes Praticados por Funcionários Públicos
586 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA E AS RELAÇÕES DE CONSUMO
586 CAPÍTULO III – DAS MULTAS
587 CAPÍTULO IV – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Lei dos Crimes
contra a Ordem
Tributária
Lei no 8.137/1990
Define crimes contra a ordem III – falsificar ou alterar nota zo legal, valor de tributo ou de
tributária, econômica e contra as fiscal, fatura, duplicata, nota de contribuição social, desconta-
relações de consumo, e dá outras venda, ou qualquer outro docu- do ou cobrado, na qualidade de
providências. mento relativo à operação tri- sujeito passivo de obrigação e
butável; que deveria recolher aos cofres
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA IV – elaborar, distribuir, forne- públicos;
cer, emitir ou utilizar documento III – exigir, pagar ou receber,
Faço saber que o Congresso Na- que saiba ou deva saber falso ou para si ou para o contribuinte
cional decreta e eu sanciono a inexato; beneficiário, qualquer percenta-
seguinte Lei:1 V – negar ou deixar de for- gem sobre a parcela dedutível ou
necer, quando obrigatório, nota deduzida de imposto ou de con-
fiscal ou documento equivalente, tribuição como incentivo fiscal;
CAPÍTULO I – DOS CRIMES relativa a venda de mercadoria IV – deixar de aplicar, ou apli-
CONTRA A ORDEM ou prestação de serviço, efeti- car em desacordo com o estatu-
TRIBUTÁRIA vamente realizada, ou fornecê-la ído, incentivo fiscal ou parcelas
em desacordo com a legislação; de imposto liberadas por órgão
Seção I – Dos Crimes Pena – reclusão, de 2 (dois) a ou entidade de desenvolvimento;
Praticados por Particulares 5 (cinco) anos, e multa. V – utilizar ou divulgar progra-
Parágrafo único. A falta de ma de processamento de dados
Art. 1o Constitui crime contra a atendimento da exigência da que permita ao sujeito passivo
ordem tributária suprimir ou redu- autoridade, no prazo de 10 (dez) da obrigação tributária possuir
zir tributo, ou contribuição social dias, que poderá ser convertido informação contábil diversa da-
e qualquer acessório, mediante em horas em razão da maior ou quela que é, por lei, fornecida à
as seguintes condutas: menor complexidade da matéria Fazenda Pública.
I – omitir informação, ou pres- ou da dificuldade quanto ao aten- Pena – detenção, de 6 (seis)
tar declaração falsa às autorida- dimento da exigência, caracteriza meses a 2 (dois) anos, e multa.
des fazendárias; a infração prevista no inciso V.
II – fraudar a fiscalização tri-
butária, inserindo elementos ine- Art. 2o Constitui crime da mes-
Seção II – Dos Crimes
xatos, ou omitindo operação de ma natureza: Praticados por Funcionários
qualquer natureza, em documen- I – fazer declaração falsa ou Públicos
to ou livro exigido pela lei fiscal; omitir declaração sobre rendas,
bens ou fatos, ou empregar ou- Art. 3o Constitui crime funcio-
tra fraude, para eximir-se, total nal contra a ordem tributária,
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que ou parcialmente, de pagamento além dos previstos no Decreto-
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- de tributo; -lei no 2.848, de 7 de dezembro
poradas às normas às quais se destinam. II – deixar de recolher, no pra- de 1940 – Código Penal (Título XI,
561
Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária
Capítulo I): distribuição ou de fornecedores. ilegais;
I – extraviar livro oficial, pro- Pena – reclusão, de 2 (dois) a VI – sonegar insumos ou bens,
cesso fiscal ou qualquer docu- 5 (cinco) anos e multa. recusando-se a vendê-los a quem
mento, de que tenha a guarda III – (Revogado); pretenda comprá-los nas con-
em razão da função; sonegá-lo, IV – (Revogado); dições publicamente ofertadas,
ou inutilizá-lo, total ou parcial- V – (Revogado); ou retê-los para o fim de espe-
mente, acarretando pagamento VI – (Revogado); culação;
indevido ou inexato de tributo ou VII – (Revogado). VII – induzir o consumidor ou
contribuição social; usuário a erro, por via de indica-
II – exigir, solicitar ou receber, Art. 5o (Revogado) ção ou afirmação falsa ou enga-
para si ou para outrem, direta ou nosa sobre a natureza, qualidade
indiretamente, ainda que fora da Art. 6o (Revogado) de bem ou serviço, utilizando-
função ou antes de iniciar seu -se de qualquer meio, inclusive
exercício, mas em razão dela, Art. 7o Constitui crime contra a veiculação ou divulgação pu-
vantagem indevida; ou aceitar as relações de consumo: blicitária;
promessa de tal vantagem, para I – favorecer ou preferir, sem VIII – destruir, inutilizar ou da-
deixar de lançar ou cobrar tributo justa causa, comprador ou fre- nificar matéria-prima ou merca-
ou contribuição social, ou cobrá- guês, ressalvados os sistemas doria, com o fim de provocar alta
-los parcialmente; de entrega ao consumo por in- de preço, em proveito próprio ou
Pena – reclusão, de 3 (três) a termédio de distribuidores ou de terceiros;
8 (oito) anos, e multa. revendedores; IX – vender, ter em depósito
III – patrocinar, direta ou in- II – vender ou expor à venda para vender ou expor à venda
diretamente, interesse privado mercadoria cuja embalagem, tipo, ou, de qualquer forma, entre-
perante a administração fazen- especificação, peso ou composi- gar matéria-prima ou mercado-
dária, valendo-se da qualidade ção esteja em desacordo com as ria, em condições impróprias ao
de funcionário público. prescrições legais, ou que não consumo;
Pena – reclusão, de 1 (um) a corresponda à respectiva clas- Pena – detenção, de 2 (dois)
4 (quatro) anos, e multa. sificação oficial; a 5 (cinco) anos, ou multa.
III – misturar gêneros e mer- Parágrafo único. Nas hipóte-
cadorias de espécies diferentes, ses dos incisos II, III e IX pune-se
CAPÍTULO II – DOS para vendê-los ou expô-los à ven- a modalidade culposa, reduzin-
CRIMES CONTRA A da como puros; misturar gêneros do-se a pena e a detenção de
ORDEM ECONÔMICA E AS e mercadorias de qualidades desi- 1/3 (um terço) ou a de multa à
RELAÇÕES DE CONSUMO guais para vendê-los ou expô-los quinta parte.
à venda por preço estabelecido
Art. 4o Constitui crime contra a para os de mais alto custo;
ordem econômica: IV – fraudar preços por meio CAPÍTULO III – DAS
I – abusar do poder econô- de: MULTAS
mico, dominando o mercado ou a) alteração, sem modifica-
eliminando, total ou parcialmente, ção essencial ou de qualidade, Art. 8o Nos crimes definidos nos
a concorrência mediante qual- de elementos tais como deno- arts. 1o a 3o desta Lei, a pena de
quer forma de ajuste ou acordo minação, sinal externo, marca, multa será fixada entre 10 (dez) e
de empresas; embalagem, especificação téc- 360 (trezentos e sessenta) dias-
a) (Revogada); nica, descrição, volume, peso, -multa, conforme seja necessário
b) (Revogada); pintura ou acabamento de bem e suficiente para reprovação e
c) (Revogada); ou serviço; prevenção do crime.
d) (Revogada); b) divisão em partes de bem Parágrafo único. O dia-mul-
e) (Revogada); ou serviço, habitualmente ofere- ta será fixado pelo juiz em valor
f) (Revogada); cido à venda em conjunto; não inferior a 14 (quatorze) nem
II – formar acordo, convênio, c) junção de bens ou ser- superior a 200 (duzentos) Bônus
ajuste ou aliança entre ofertan- viços, comumente oferecidos à do Tesouro Nacional – BTN.
tes, visando: venda em separado;
a) à fixação artificial de pre- d) aviso de inclusão de in- Art. 9o A pena de detenção ou
ços ou quantidades vendidas ou sumo não empregado na produ- reclusão poderá ser convertida
produzidas; ção do bem ou na prestação dos em multa de valor equivalente a:
b) ao controle regionalizado serviços; I – 200.000 (duzentos mil) até
do mercado por empresa ou gru- V – elevar o valor cobrado 5.000.000 (cinco milhões) de BTN,
po de empresas; nas vendas a prazo de bens ou nos crimes definidos no art. 4o;
c) ao controle, em detrimen- serviços, mediante a exigência II – 5.000 (cinco mil) até
to da concorrência, de rede de de comissão ou de taxa de juros 200.000 (duzentos mil) BTN, nos
562
Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária
crimes definidos nos arts. 5o e 6o; II – ser o crime cometido por no mercado ou colapso no abas-
III – 50.000 (cinquenta mil) até servidor público no exercício de tecimento.
1.000.000 (um milhão de BTN), nos suas funções;
crimes definidos no art. 7o. III – ser o crime praticado em Art. 18. (Revogado)
relação à prestação de serviços
Art. 10. Caso o juiz, considerado ou ao comércio de bens essen- Art. 19. O caput do art. 172 do
o ganho ilícito e a situação eco- ciais à vida ou à saúde. Decreto-lei no 2.848, de 7 de de-
nômica do réu, verifique a insufi- zembro de 1940 – Código Penal,
ciência ou excessiva onerosidade Art. 13. (Vetado) passa a ter a seguinte redação:
das penas pecuniárias previstas ��������������������������������������������������
nesta Lei, poderá diminuí-las até Art. 14. (Revogado)
a décima parte ou elevá-las ao Art. 20. O § 1o do art. 316 do De-
décuplo. Art. 15. Os crimes previstos nes- creto-lei no 2.848, de 7 de dezem-
ta Lei são de ação penal pública, bro de 1940 – Código Penal, passa
aplicando-se-lhes o disposto no a ter a seguinte redação:
CAPÍTULO IV – DAS art. 100 do Decreto-lei no 2.848, ��������������������������������������������������
DISPOSIÇÕES GERAIS de 7 de dezembro de 1940 – Có-
digo Penal. Art. 21. O art. 318 do Decreto-
Art. 11. Quem, de qualquer modo, -lei no 2.848, de 7 de dezembro
inclusive por meio de pessoa ju- Art. 16. Qualquer pessoa poderá de 1940 – Código Penal, quanto
rídica, concorre para os crimes provocar a iniciativa do Ministé- à fixação da pena, passa a ter a
definidos nesta Lei, incide nas rio Público nos crimes descritos seguinte redação:
penas a estes cominadas, na me- nesta Lei, fornecendo-lhe por ��������������������������������������������������
dida de sua culpabilidade. escrito informações sobre o fato
Parágrafo único. Quando a e a autoria, bem como indicando Art. 22. Esta Lei entra em vigor
venda ao consumidor for efetu- o tempo, o lugar e os elementos na data de sua publicação.
ada por sistema de entrega ao de convicção.
consumo ou por intermédio de Parágrafo único. Nos crimes Art. 23. Revogam-se as disposi-
distribuidor ou revendedor, seja previstos nesta Lei, cometidos em ções em contrário e, em especial,
em regime de concessão comer- quadrilha ou coautoria, o coautor o art. 279 do Decreto-lei no 2.848,
cial ou outro em que o preço ao ou partícipe que através de con- de 7 de dezembro de 1940 – Có-
consumidor é estabelecido ou fissão espontânea revelar à auto- digo Penal.
sugerido pelo fabricante ou con- ridade policial ou judicial toda a
cedente, o ato por este pratica- trama delituosa terá a sua pena Brasília, 27 de dezembro de 1990;
do não alcança o distribuidor ou reduzida de um a dois terços. 169o da Independência e 102o da
revendedor. República.
Art. 16-A. (Vetado)
Art. 12. São circunstâncias que FERNANDO COLLOR
podem agravar de 1/3 (um terço) Art. 17. Compete ao Departa-
até a metade as penas previstas mento Nacional de Abastecimen- Promulgada em 27/12/1990 e publicada
nos arts. 1o, 2o e 4o a 7o: to e Preços, quando e se necessá- no DOU de 28/12/1990.
I – ocasionar grave dano à rio, providenciar a desapropriação
coletividade; de estoques, a fim de evitar crise
563
Código Eleitoral
CÓDIGO ELEITORAL
Lei no 4.737/1965
567 PARTE PRIMEIRA – INTRODUÇÃO
568 PARTE SEGUNDA – DOS ÓRGÃOS DA JUSTIÇA ELEITORAL
568 TÍTULO I – DO TRIBUNAL SUPERIOR
570 TÍTULO II – DOS TRIBUNAIS REGIONAIS
572 TÍTULO III – DOS JUÍZES ELEITORAIS
573 TÍTULO IV – DAS JUNTAS ELEITORAIS
573 PARTE TERCEIRA – DO ALISTAMENTO
573 TÍTULO I – DA QUALIFICAÇÃO E INSCRIÇÃO
575 CAPÍTULO I – DA SEGUNDA VIA
576 CAPÍTULO II – DA TRANSFERÊNCIA
577 CAPÍTULO III – DOS PREPARADORES
577 CAPÍTULO IV – DOS DELEGADOS DE PARTIDO PERANTE O ALISTAMENTO
577 CAPÍTULO V – DO ENCERRAMENTO DO ALISTAMENTO
577 TÍTULO II – DO CANCELAMENTO E DA EXCLUSÃO
578 PARTE QUARTA – DAS ELEIÇÕES
578 TÍTULO I – DO SISTEMA ELEITORAL
578 CAPÍTULO I – DO REGISTRO DOS CANDIDATOS
580 CAPÍTULO II – DO VOTO SECRETO
580 CAPÍTULO III – DA CÉDULA OFICIAL
581 CAPÍTULO IV – DA REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL
581 TÍTULO II – DOS ATOS PREPARATÓRIOS DA VOTAÇÃO
582 CAPÍTULO I – DAS SEÇÕES ELEITORAIS
582 CAPÍTULO II – DAS MESAS RECEPTORAS
583 CAPÍTULO III – DA FISCALIZAÇÃO PERANTE AS MESAS RECEPTORAS
584 TÍTULO III – DO MATERIAL PARA A VOTAÇÃO
584 TÍTULO IV – DA VOTAÇÃO
584 CAPÍTULO I – DOS LUGARES DA VOTAÇÃO
585 CAPÍTULO II – DA POLÍCIA DOS TRABALHOS ELEITORAIS
585 CAPÍTULO III – DO INÍCIO DA VOTAÇÃO
586 CAPÍTULO IV – DO ATO DE VOTAR
587 CAPÍTULO V – DO ENCERRAMENTO DA VOTAÇÃO
588 TÍTULO V – DA APURAÇÃO
588 CAPÍTULO I – DOS ÓRGÃOS APURADORES
588 CAPÍTULO II – DA APURAÇÃO NAS JUNTAS
588 Seção I – Disposições Preliminares
589 Seção II – Da Abertura da Urna
590 Seção III – Das Impugnações e dos Recursos
590 Seção IV – Da Contagem dos Votos
592 Seção V – Da Contagem dos Votos pela Mesa Receptora
593 CAPÍTULO III – DA APURAÇÃO NOS TRIBUNAIS REGIONAIS
595 CAPÍTULO IV – DA APURAÇÃO NO TRIBUNAL SUPERIOR
596 CAPÍTULO V – DOS DIPLOMAS
596 CAPÍTULO VI – DAS NULIDADES DA VOTAÇÃO
597 CAPÍTULO VII – DO VOTO NO EXTERIOR
598 PARTE QUINTA – DISPOSIÇÕES VÁRIAS
598 TÍTULO I – DAS GARANTIAS ELEITORAIS
599 TÍTULO II – DA PROPAGANDA PARTIDÁRIA
600 TÍTULO III – DOS RECURSOS
600 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
601 CAPÍTULO II – DOS RECURSOS PERANTE AS JUNTAS E JUÍZOS ELEITORAIS
602 CAPÍTULO III – DOS RECURSOS NOS TRIBUNAIS REGIONAIS
603 CAPÍTULO IV – DOS RECURSOS NO TRIBUNAL SUPERIOR
603 TÍTULO IV – DISPOSIÇÕES PENAIS
603 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
604 CAPÍTULO II – DOS CRIMES ELEITORAIS
608 CAPÍTULO III – DO PROCESSO DAS INFRAÇÕES
609 TÍTULO V – DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Código Eleitoral
Lei no 4.737/1965
567
Código Eleitoral
car no prazo de 6 (seis) meses, a que recolheu a multa comunicará cargo eletivo registrado na cir-
contar da data da última eleição o fato ao da zona de inscrição e cunscrição.
a que deveria ter comparecido. fornecerá ao requerente compro- § 4o No caso de recondução
§ 4o O disposto no inciso V vante do pagamento. para o segundo biênio, obser-
do § 1o não se aplica ao eleitor var-se-ão as mesmas formali-
no exterior que requeira novo dades indispensáveis à primeira
passaporte para identificação e PARTE SEGUNDA – DOS investidura.
retorno ao Brasil. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA
ELEITORAL Art. 15. Os substitutos dos mem-
Art. 8o O brasileiro nato que não bros efetivos dos Tribunais Eleito-
se alistar até os dezenove anos ou Art. 12. São órgãos da Justiça rais serão escolhidos, na mesma
o naturalizado que não se alistar Eleitoral: ocasião e pelo mesmo processo,
até um ano depois de adquirida a I – o Tribunal Superior Eleito- em número igual para cada ca-
nacionalidade brasileira incorrerá ral, com sede na Capital da Repú- tegoria.
na multa de três a dez por cento blica e jurisdição em todo o País;
sobre o valor do salário mínimo II – um Tribunal Regional, na
da região, imposta pelo juiz e co- Capital de cada Estado, no Distri- TÍTULO I – DO TRIBUNAL
brada no ato da inscrição eleitoral to Federal e, mediante proposta SUPERIOR
através de selo federal inutilizado do Tribunal Superior, na Capital
no próprio requerimento. de Território; Art. 16. Compõe-se o Tribunal
Parágrafo único. Não se apli- III – juntas eleitorais; Superior Eleitoral:
cará a pena ao não alistado que IV – juízes eleitorais. I – mediante eleição, pelo voto
requerer sua inscrição eleito- secreto:
ral até o centésimo primeiro dia Art. 13. O número de juízes dos a) de três juízes, dentre os
anterior à eleição subsequente Tribunais Regionais não será re- Ministros do Supremo Tribunal
à data em que completar deze- duzido, mas poderá ser elevado Federal; e
nove anos. até nove, mediante proposta do b) de dois juízes, dentre os
Tribunal Superior, e na forma por membros do Tribunal Federal de
Art. 9o Os responsáveis pela ele sugerida. Recursos;
inobservância do disposto nos II – por nomeação do Presi-
arts. 7o e 8o incorrerão na multa Art. 14. Os juízes dos Tribunais dente da República de dois dentre
de 1 (um) a 3 (três) salários míni- Eleitorais, salvo motivo justifica- seis advogados de notável saber
mos vigentes na zona eleitoral ou do, servirão obrigatoriamente por jurídico e idoneidade moral, in-
de suspensão disciplinar até 30 dois anos, e nunca por mais de dicados pelo Supremo Tribunal
(trinta) dias. dois biênios consecutivos. Federal.
§ 1o Os biênios serão con- § 1o Não podem fazer parte
Art. 10. O juiz eleitoral fornecerá tados, ininterruptamente, sem do Tribunal Superior Eleitoral ci-
aos que não votarem por motivo o desconto de qualquer afasta- dadãos que tenham entre si pa-
justificado e aos não alistados mento, nem mesmo o decorren- rentesco, ainda que por afinidade,
nos termos dos arts. 5o e 6o, no I, te de licença, férias, ou licença até o quarto grau, seja o vínculo
documento que os isente das especial, salvo no caso do § 3o. legítimo ou ilegítimo, excluindo-
sanções legais. § 2o Os juízes afastados por -se neste caso o que tiver sido
motivo de licença, férias e licen- escolhido por último.
Art. 11. O eleitor que não votar e ça especial, de suas funções na § 2o A nomeação de que trata
não pagar a multa, se se encon- Justiça comum, ficarão automa- o inciso II deste artigo não pode-
trar fora de sua zona e necessitar ticamente afastados da Justiça rá recair em cidadão que ocupe
documento de quitação com a Eleitoral pelo tempo correspon- cargo público de que seja demis-
Justiça Eleitoral, poderá efetuar dente, exceto quando, com perí- sível ad nutum; que seja diretor,
o pagamento perante o Juízo da odos de férias coletivas, coincidir proprietário ou sócio de empre-
zona em que estiver. a realização de eleição, apuração sa beneficiada com subvenção,
§ 1o A multa será cobrada no ou encerramento de alistamento. privilégio, isenção ou favor em
máximo previsto, salvo se o elei- § 3o Da homologação da res- virtude de contrato com a admi-
tor quiser aguardar que o juiz da pectiva convenção partidária até nistração pública; ou que exer-
zona em que se encontrar solicite a diplomação e nos feitos de- ça mandato de caráter político,
informações sobre o arbitramento correntes do processo eleitoral, federal, estadual ou municipal.
ao Juízo da inscrição. não poderão servir como juízes
§ 2o Em qualquer das hipóte- nos Tribunais Eleitorais, ou como Art. 17. O Tribunal Superior Elei-
ses, efetuado o pagamento atra- juiz eleitoral, o cônjuge ou o pa- toral elegerá para seu presidente
vés de selos federais inutilizados rente consanguíneo ou afim, até um dos ministros do Supremo Tri-
no próprio requerimento, o juiz o segundo grau, de candidato a bunal Federal, cabendo ao outro
568
Código Eleitoral
a vice-presidência, e para Corre- perior, qualquer interessado po- g) as impugnações à apura-
gedor Geral da Justiça Eleitoral derá arguir a suspeição ou impe- ção do resultado geral, proclama-
um dos seus membros. dimento dos seus membros, do ção dos eleitos e expedição de
§ 1o As atribuições do Cor- Procurador-Geral ou de funcioná- diploma na eleição de Presidente
regedor Geral serão fixadas pelo rios de sua Secretaria, nos casos e Vice-Presidente da República;
Tribunal Superior Eleitoral. previstos na lei processual civil ou h) os pedidos de desafora-
§ 2o No desempenho de suas penal e por motivo de parcialidade mento dos feitos não decididos
atribuições o Corregedor Geral partidária, mediante o processo nos Tribunais Regionais dentro
se locomoverá para os Estados previsto em regimento. de trinta dias da conclusão ao
e Territórios nos seguintes casos: Parágrafo único. Será ilegí- relator, formulados por partido,
I – por determinação do Tri- tima a suspeição quando o exci- candidato, Ministério Público ou
bunal Superior Eleitoral; piente a provocar ou, depois de parte legitimamente interessada;
II – a pedido dos Tribunais manifestada a causa, praticar ato i) as reclamações contra os
Regionais Eleitorais; que importe aceitação do arguido. seus próprios juízes que, no prazo
III – a requerimento de Partido de trinta dias a contar da conclu-
deferido pelo Tribunal Superior Art. 21. Os Tribunais e juízes in- são, não houverem julgado os
Eleitoral; feriores devem dar imediato cum- feitos a eles distribuídos;
IV – sempre que entender primento às decisões, mandados, j) a ação rescisória, nos ca-
necessário. instruções e outros atos emana- sos de inelegibilidade, desde
§ 3o Os provimentos emana- dos do Tribunal Superior Eleitoral. que intentada dentro do prazo
dos da Corregedoria Geral vincu- de cento e vinte dias de decisão
lam os Corregedores Regionais, Art. 22. Compete ao Tribunal irrecorrível, possibilitando-se o
que lhes devem dar imediato e Superior: exercício do mandato eletivo até
preciso cumprimento. I – processar e julgar origi- o seu trânsito em julgado;
nariamente: II – julgar os recursos inter-
Art. 18. Exercerá as funções de a) o registro e a cassação postos das decisões dos Tribunais
Procurador-Geral, junto ao Tribu- de registro de partidos políticos, Regionais nos termos do art. 276
nal Superior Eleitoral, o Procura- dos seus diretórios nacionais e inclusive os que versarem matéria
dor-Geral da República, funcio- de candidatos à Presidência e administrativa.
nando, em suas faltas e impe- Vice-Presidência da República; Parágrafo único. As decisões
dimentos, seu substituto legal. b) os conflitos de jurisdição do Tribunal Superior são irrecor-
Parágrafo único. O Procura- entre Tribunais Regionais e juízes ríveis, salvo nos casos do art. 281.
dor-Geral poderá designar outros eleitorais de Estados diferentes;
membros do Ministério Público da c) a suspeição ou impedi- Art. 23. Compete, ainda, priva-
União, com exercício no Distrito mento aos seus membros, ao tivamente, ao Tribunal Superior:
Federal, e sem prejuízo das res- Procurador-Geral e aos funcio- I – elaborar o seu regimento
pectivas funções, para auxiliá-lo nários da sua Secretaria; interno;
junto ao Tribunal Superior Eleito- d) os crimes eleitorais e os II – organizar a sua Secretaria
ral, onde não poderão ter assento. comuns que lhes forem conexos e a Corregedoria Geral, propondo
cometidos pelos seus próprios ju- ao Congresso Nacional a criação
Art. 19. O Tribunal Superior de- ízes e pelos juízes dos Tribunais ou extinção dos cargos adminis-
libera por maioria de votos, em Regionais; trativos e a fixação dos respec-
sessão pública, com a presença e) o habeas corpus ou man- tivos vencimentos, provendo-os
da maioria de seus membros. dado de segurança, em matéria na forma da lei;
Parágrafo único. As decisões eleitoral, relativos a atos do Pre- III – conceder aos seus mem-
do Tribunal Superior, assim na sidente da República, dos Minis- bros licença e férias, assim como
interpretação do Código Eleito- tros de Estado e dos Tribunais afastamento do exercício dos
ral em face da Constituição e Regionais; ou, ainda, o habeas cargos efetivos;
cassação de registro de partidos corpus, quando houver perigo de IV – aprovar o afastamento
políticos, como sobre quaisquer se consumar a violência antes que do exercício dos cargos efetivos
recursos que importem anulação o juiz competente possa prover dos juízes dos Tribunais Regionais
geral de eleições ou perda de di- sobre a impetração;1 Eleitorais;
plomas, só poderão ser tomadas f) as reclamações relativas a V – propor a criação de Tribu-
com a presença de todos os seus obrigações impostas por lei aos nal Regional na sede de qualquer
membros. Se ocorrer impedimen- partidos políticos, quanto à sua dos Territórios;
to de algum juiz, será convoca- contabilidade e à apuração da VI – propor ao Poder Legis-
do o substituto ou o respectivo origem dos seus recursos; lativo o aumento do número dos
suplente. juízes de qualquer Tribunal Elei-
1
Nota do Editor (NE): ver Resolução do Se- toral, indicando a forma desse
Art. 20. Perante o Tribunal Su- nado Federal no 132, de 1984. aumento;
569
Código Eleitoral
VII – fixar as datas para as dor-Geral, como Chefe do Minis- dicados pelo Tribunal de Justiça.
eleições de Presidente e Vice- tério Público Eleitoral: § 1o A lista tríplice organiza-
-Presidente da República, se- I – assistir às sessões do Tri- da pelo Tribunal de Justiça será
nadores e deputados federais, bunal Superior e tomar parte nas enviada ao Tribunal Superior Elei-
quando não o tiverem sido por lei; discussões; toral.
VIII – aprovar a divisão dos II – exercer a ação pública e § 2o A lista não poderá conter
Estados em zonas eleitorais ou promovê-la até final, em todos os nome de magistrado aposenta-
a criação de novas zonas; feitos de competência originária do ou de membro do Ministério
IX – expedir as instruções que do Tribunal; Público.
julgar convenientes à execução III – oficiar em todos os recur- § 3o Recebidas as indicações
deste Código; sos encaminhados ao Tribunal; o Tribunal Superior divulgará a lis-
X – fixar a diária do Correge- IV – manifestar-se, por escrito ta através de edital, podendo os
dor Geral, dos Corregedores Re- ou oralmente, em todos os assun- partidos, no prazo de cinco dias,
gionais e auxiliares em diligência tos submetidos à deliberação do impugná-la com fundamento em
fora da sede; Tribunal, quando solicitada sua incompatibilidade.
XI – enviar ao Presidente da audiência por qualquer dos juízes, § 4o Se a impugnação for jul-
República a lista tríplice organi- ou por iniciativa sua, se entender gada procedente quanto a qual-
zada pelos Tribunais de Justiça necessário; quer dos indicados, a lista será
nos termos do art. 25; V – defender a jurisdição do devolvida ao Tribunal de origem
XII – responder, sobre matéria Tribunal; para complementação.
eleitoral, às consultas que lhe fo- VI – representar ao Tribunal § 5o Não havendo impugna-
rem feitas em tese por autoridade sobre a fiel observância das leis ção, ou desprezada esta, o Tri-
com jurisdição federal ou órgão eleitorais, especialmente quan- bunal Superior encaminhará a
nacional de partido político; to à sua aplicação uniforme em lista ao Poder Executivo para a
XIII – autorizar a contagem todo o País; nomeação.
dos votos pelas mesas receptoras VII – requisitar diligências, § 6o Não podem fazer parte
nos Estados em que essa provi- certidões e esclarecimentos ne- do Tribunal Regional pessoas que
dência for solicitada pelo Tribunal cessários ao desempenho de suas tenham entre si parentesco, ainda
Regional respectivo; atribuições; que por afinidade, até o 4o grau,
XIV – requisitar força federal VIII – expedir instruções aos seja o vínculo legítimo ou ilegíti-
necessária ao cumprimento da lei, órgãos do Ministério Público junto mo, excluindo-se neste caso a que
de suas próprias decisões ou das aos Tribunais Regionais; tiver sido escolhida por último.
decisões dos Tribunais Regionais IX – acompanhar, quando § 7o A nomeação de que tra-
que o solicitarem, e para garantir solicitado, o Corregedor Geral, ta o no II deste artigo não pode-
a votação e a apuração; pessoalmente ou por intermédio rá recair em cidadão que tenha
XV – organizar e divulgar a de Procurador que designe, nas qualquer das incompatibilidades
Súmula de sua jurisprudência; diligências a serem realizadas. mencionadas no art. 16, § 4o.2
XVI – requisitar funcionário da
União e do Distrito Federal quando Art. 26. O Presidente e o Vice-
o exigir o acúmulo ocasional do TÍTULO II – DOS TRIBUNAIS -Presidente do Tribunal Regional
serviço de sua Secretaria; REGIONAIS serão eleitos por este dentre os
XVII – publicar um boletim três desembargadores do Tri-
eleitoral; Art. 25. Os Tribunais Regionais bunal de Justiça; o terceiro de-
XVIII – tomar quaisquer outras Eleitorais compor-se-ão: sembargador será o Corregedor
providências que julgar conve- I – mediante eleição, pelo voto Regional da Justiça Eleitoral.
nientes à execução da legislação secreto: § 1o As atribuições do Cor-
eleitoral. a) de dois juízes, dentre os regedor Regional serão fixadas
desembargadores do Tribunal pelo Tribunal Superior Eleitoral
Art. 23-A. A competência nor- de Justiça; e e, em caráter supletivo ou com-
mativa regulamentar prevista no b) de dois juízes de direi- plementar, pelo Tribunal Regional
parágrafo único do art. 1o e no in- to, escolhidos pelo Tribunal de Eleitoral perante o qual servir.
ciso IX do caput do art. 23 deste Justiça; § 2o No desempenho de suas
Código restringe-se a matérias II – do juiz federal e, havendo atribuições o Corregedor Regio-
especificamente autorizadas em mais de um, do que for escolhi- nal se locomoverá para as zonas
lei, sendo vedado ao Tribunal Su- do pelo Tribunal Federal de Re- eleitorais nos seguintes casos:
perior Eleitoral tratar de matéria cursos; e
relativa à organização dos parti- III – por nomeação do Presi-
dos políticos. dente da República de dois dentre
2
NE: em razão das alterações determina-
das pelo Decreto-lei no 441/1969 e pela Lei
seis cidadãos de notável saber n 7.191/1984, a matéria constante no art. 16,
o
Art. 24. Compete ao Procura- jurídico e idoneidade moral, in- § 4o, passou a ser objeto do art. 16, § 2o.
570
Código Eleitoral
I – por determinação do Tri- de parcialidade partidária, me- g) os pedidos de desafora-
bunal Superior Eleitoral ou do diante o processo previsto em mento dos feitos não decididos
Tribunal Regional Eleitoral; regimento. pelos juízes eleitorais em trinta
II – a pedido dos juízes elei- § 3o No caso previsto no pa- dias da sua conclusão para jul-
torais; rágrafo anterior será observado gamento, formulados por partido,
III – a requerimento de Par- o disposto no parágrafo único candidato, Ministério Público ou
tido, deferido pelo Tribunal Re- do art. 20. parte legitimamente interessada,
gional; § 4o As decisões dos Tribu- sem prejuízo das sanções decor-
IV – sempre que entender nais Regionais sobre quaisquer rentes do excesso de prazo;
necessário. ações que importem cassação II – julgar os recursos inter-
de registro, anulação geral de postos:
Art. 27. Servirá como Procura- eleições ou perda de diplomas a) dos atos e das decisões
dor Regional junto a cada Tribunal somente poderão ser tomadas proferidas pelos juízes e juntas
Regional Eleitoral o Procurador da com a presença de todos os seus eleitorais;
República no respectivo Estado e, membros. b) das decisões dos juízes
onde houver mais de um, aquele § 5o No caso do § 4o, se ocor- eleitorais que concederem ou
que for designado pelo Procura- rer impedimento de algum juiz, denegarem habeas corpus ou
dor-Geral da República. será convocado o suplente da mandado de segurança.
§ 1o No Distrito Federal, se- mesma classe. Parágrafo único. As decisões
rão as funções de Procurador dos Tribunais Regionais são ir-
Regional Eleitoral exercidas pelo Art. 29. Compete aos Tribunais recorríveis, salvo nos casos do
Procurador-Geral da Justiça do Regionais: art. 276.
Distrito Federal. I – processar e julgar origi-
§ 2o Substituirá o Procurador nariamente: Art. 30. Compete, ainda, privati-
Regional, em suas faltas ou impe- a) o registro e o cancelamen- vamente, aos Tribunais Regionais:
dimentos, o seu substituto legal. to do registro dos diretórios esta- I – elaborar o seu regimento
§ 3o Compete aos Procura- duais e municipais de partidos po- interno;
dores Regionais exercer, peran- líticos, bem como de candidatos a II – organizar a sua Secretaria
te os Tribunais junto aos quais Governador, Vice-Governadores, e a Corregedoria Regional, pro-
servirem, as atribuições do Pro- e membro do Congresso Nacional vendo-lhes os cargos na forma
curador-Geral. e das Assembleias Legislativas; da lei, e propor ao Congresso Na-
§ 4o Mediante prévia autori- b) os conflitos de jurisdição cional, por intermédio do Tribunal
zação do Procurador-Geral, po- entre juízes eleitorais do respec- Superior, a criação ou supressão
dendo os Procuradores Regionais tivo Estado; de cargos e a fixação dos respec-
requisitar, para auxiliá-los nas c) a suspeição ou impedi- tivos vencimentos;
suas funções, membros do Mi- mentos aos seus membros, ao III – conceder aos seus mem-
nistério Público local, não tendo Procurador Regional e aos fun- bros e aos juízes eleitorais licença
estes, porém, assento nas ses- cionários da sua Secretaria as- e férias, assim como afastamento
sões do Tribunal. sim como aos juízes e escrivães do exercício dos cargos efetivos,
eleitorais; submetendo, quanto àqueles, a
Art. 28. Os Tribunais Regionais d) os crimes eleitorais co- decisão à aprovação do Tribunal
deliberam por maioria de votos, metidos pelos juízes eleitorais; Superior Eleitoral;
em sessão pública, com a presen- e) o habeas corpus ou man- IV – fixar a data das eleições
ça da maioria de seus membros. dado de segurança, em matéria de Governador e Vice-Governador,
§ 1o No caso de impedimento eleitoral, contra ato de autori- deputados estaduais, prefeitos,
e não existindo quorum, será o dades que respondam perante vice-prefeitos, vereadores e juí-
membro do Tribunal substituído os Tribunais de Justiça por cri- zes de paz, quando não determi-
por outro da mesma categoria, me de responsabilidade e, em nada por disposição constitucio-
designado na forma prevista na grau de recurso, os denegados nal ou legal;
Constituição. ou concedidos pelos juízes elei- V – constituir as juntas eleito-
§ 2o Perante o Tribunal Re- torais; ou, ainda, o habeas cor- rais e designar a respectiva sede
gional, e com recurso voluntário pus, quando houver perigo de se e jurisdição;
para o Tribunal Superior qual- consumar a violência antes que VI – indicar ao Tribunal Su-
quer interessado poderá arguir o juiz competente possa prover perior as zonas eleitorais ou se-
a suspeição dos seus membros, sobre a impetração; ções em que a contagem dos
do Procurador Regional, ou de f) as reclamações relativas a votos deva ser feita pela mesa
funcionários da sua Secretaria, obrigações impostas por lei aos receptora;
assim como dos juízes e escrivães partidos políticos, quanto à sua VII – apurar, com os resulta-
eleitorais, nos casos previstos na contabilidade e à apuração da dos parciais enviados pelas juntas
lei processual civil e por motivo origem dos seus recursos; eleitorais, os resultados finais
571
Código Eleitoral
das eleições de Governador e Vi- menor número de candidatos às ao Tribunal Regional a que deve
ce-Governador, de membros do eleições proporcionais justifique ter o anexo da escrivania eleitoral
Congresso Nacional e expedir os a supressão, observadas as se- pelo prazo de dois anos.
respectivos diplomas, remetendo, guintes normas: § 1o Não poderá servir como
dentro do prazo de 10 (dez) dias a) qualquer candidato ou escrivão eleitoral, sob pena de
após a diplomação, ao Tribunal partido poderá requerer ao Tri- demissão, o membro de diretório
Superior, cópia das atas de seus bunal Regional que suprima a de partido político, nem o candi-
trabalhos; exigência dos mapas parciais de dato a cargo eletivo, seu cônjuge
VIII – responder, sobre maté- apuração; e parente consanguíneo ou afim
ria eleitoral, às consultas que lhe b) da decisão do Tribunal Re- até o segundo grau.
forem feitas, em tese, por autori- gional qualquer candidato ou par- § 2o O escrivão eleitoral, em
dade pública ou partido político; tido poderá, no prazo de três dias, suas faltas e impedimentos, será
IX – dividir a respectiva cir- recorrer para o Tribunal Superior, substituído na forma prevista pela
cunscrição em zonas eleitorais, que decidirá em cinco dias; lei de organização judiciária local.
submetendo essa divisão, assim c) a supressão dos mapas
como a criação de novas zonas, parciais de apuração só será ad- Art. 34. Os juízes despacharão
à aprovação do Tribunal Superior; mitida até seis meses antes da todos os dias na sede da sua zona
X – aprovar a designação do data da eleição; eleitoral.
Ofício de Justiça que deva res- d) os boletins e mapas de
ponder pela escrivania eleitoral apuração serão impressos pelos Art. 35. Compete aos juízes:
durante o biênio; Tribunais Regionais, depois de I – cumprir e fazer cumprir
XI – (Revogado); aprovados pelo Tribunal Superior; as decisões e determinações do
XII – requisitar a força neces- e) o Tribunal Regional ouvirá Tribunal Superior e do Regional;
sária ao cumprimento de suas os partidos na elaboração dos II – processar e julgar os cri-
decisões e solicitar ao Tribunal modelos dos boletins e mapas mes eleitorais e os comuns que
Superior a requisição de força de apuração a fim de que estes lhe forem conexos, ressalvada a
federal; atendam às peculiaridades lo- competência originária do Tri-
XIII – autorizar, no Distrito Fe- cais, encaminhando os modelos bunal Superior e dos Tribunais
deral e nas capitais dos Estados, que aprovar, acompanhados das Regionais;
ao seu presidente e, no interior, sugestões ou impugnações for- III – decidir habeas corpus e
aos juízes eleitorais, a requisição muladas pelos partidos, à decisão mandado de segurança, em ma-
de funcionários federais, estadu- do Tribunal Superior. téria eleitoral, desde que essa
ais ou municipais para auxiliarem competência não esteja atribu-
os escrivães eleitorais, quando Art. 31. Faltando num Territó- ída privativamente à instância
o exigir o acúmulo ocasional do rio o Tribunal Regional, ficará a superior;
serviço; respectiva circunscrição eleito- IV – fazer as diligências que
XIV – requisitar funcionários ral sob a jurisdição do Tribunal julgar necessárias à ordem e pres-
da União e, ainda, no Distrito Fe- Regional que o Tribunal Superior teza do serviço eleitoral;
deral e em cada Estado ou Territó- designar. V – tomar conhecimento das
rio, funcionários dos respectivos reclamações que lhe forem feitas
quadros administrativos, no caso verbalmente ou por escrito, re-
de acúmulo ocasional de serviço TÍTULO III – DOS JUÍZES duzindo-as a termo, e determi-
de suas Secretarias; ELEITORAIS nando as providências que cada
XV – aplicar as penas dis- caso exigir;
ciplinares de advertência e de Art. 32. Cabe a jurisdição de VI – indicar, para aprovação
suspensão até 30 (trinta) dias aos cada uma das zonas eleitorais do Tribunal Regional, a serventia
juízes eleitorais; a um juiz de direito em efetivo de justiça que deve ter o anexo
XVI – cumprir e fazer cumprir exercício e, na falta deste, ao da escrivania eleitoral;
as decisões e instruções do Tri- seu substituto legal que goze das VII – (Revogado);
bunal Superior; prerrogativas do art. 95 da Cons- VIII – dirigir os processos elei-
XVII – determinar, em caso tituição. torais e determinar a inscrição e
de urgência, providências para Parágrafo único. Onde hou- a exclusão de eleitores;
a execução da lei na respectiva ver mais de uma vara o Tribunal IX – expedir títulos eleitorais e
circunscrição; Regional designará aquela ou conceder transferência de eleitor;
XVIII – organizar o fichário aquelas, a que incumbe o servi- X – dividir a zona em seções
dos eleitores do Estado; ço eleitoral. eleitorais;
XIX – suprimir os mapas par- XI – mandar organizar, em
ciais de apuração, mandando uti- Art. 33. Nas zonas eleitorais ordem alfabética, relação dos
lizar apenas os boletins e os ma- onde houver mais de uma ser- eleitores de cada seção, para
pas totalizadores, desde que o ventia de justiça, o juiz indicará remessa à mesa receptora, jun-
572
Código Eleitoral
tamente com a pasta das folhas do Estado, podendo qualquer par- II – tomar por termo ou pro-
individuais de votação; tido, no prazo de 3 (três) dias, em tocolar os recursos, neles funcio-
XII – ordenar o registro e cas- petição fundamentada, impugnar nando como escrivão;
sação do registro dos candidatos as indicações. III – totalizar os votos apu-
aos cargos eletivos municipais § 3o Não podem ser nomea- rados.
e comunicá-los ao Tribunal Re- dos membros das Juntas, escru-
gional; tinadores ou auxiliares: Art. 39. Até 30 (trinta) dias antes
XIII – designar, até 60 (ses- I – os candidatos e seus pa- da eleição o presidente da Jun-
senta) dias antes das eleições, rentes, ainda que por afinidade, ta comunicará ao Presidente do
os locais das seções; até o segundo grau, inclusive, e Tribunal Regional as nomeações
XIV – nomear, 60 (sessenta) bem assim o cônjuge; que houver feito e divulgará a
dias antes da eleição, em audiên- II – os membros de diretó- composição do órgão por edital
cia pública anunciada com pelo rios de partidos políticos devi- publicado ou afixado, podendo
menos 5 (cinco) dias de antece- damente registrados e cujos no- qualquer partido oferecer im-
dência, os membros das mesas mes tenham sido oficialmente pugnação motivada no prazo de
receptoras; publicados; 3 (três) dias.
XV – instruir os membros das III – as autoridades e agentes
mesas receptoras sobre as suas policiais, bem como os funcioná- Art. 40. Compete à Junta Elei-
funções; rios no desempenho de cargos de toral:
XVI – providenciar para a so- confiança do Executivo; I – apurar, no prazo de 10 (dez)
lução das ocorrências que se ve- IV – os que pertencerem ao dias, as eleições realizadas nas
rificarem nas mesas receptoras; serviço eleitoral. zonas eleitorais sob a sua juris-
XVII – tomar todas as provi- dição;
dências ao seu alcance para evi- Art. 37. Poderão ser organizadas II – resolver as impugnações
tar os atos viciosos das eleições; tantas Juntas quantas permitir o e demais incidentes verificados
XVIII – fornecer aos que não número de juízes de direito que durante os trabalhos da contagem
votaram por motivo justificado e gozem das garantias do art. 95 e da apuração;
aos não alistados, por dispensa- da Constituição, mesmo que não III – expedir os boletins
dos do alistamento, um certifi- sejam juízes eleitorais. de apuração mencionados no
cado que os isente das sanções Parágrafo único. Nas zonas art. 179;
legais; em que houver de ser organizada IV – expedir diploma aos elei-
XIX – comunicar, até às 12 ho- mais de uma Junta, ou quando tos para cargos municipais.
ras do dia seguinte à realização da estiver vago o cargo de juiz elei- Parágrafo único. Nos muni-
eleição, ao Tribunal Regional e aos toral ou estiver este impedido, o cípios onde houver mais de uma
delegados de partidos credencia- presidente do Tribunal Regional, junta eleitoral a expedição dos
dos, o número de eleitores que com a aprovação deste, designará diplomas será feita pela que for
votarem em cada uma das seções juízes de direito da mesma ou de presidida pelo juiz eleitoral mais
da zona sob sua jurisdição, bem outras comarcas, para presidirem antigo, à qual as demais enviarão
como o total de votantes da zona. as juntas eleitorais. os documentos da eleição.
573
Código Eleitoral
toral o lugar de residência ou to, converter o julgamento em logo que seja desprovido o re-
moradia do requerente, e, ve- diligência para que o alistando curso em instância superior, o
rificado ter o alistando mais de esclareça ou complete a prova juiz inutilizará a folha individual
uma, considerar-se-á domicílio ou, se for necessário, compareça de votação assinada pelo reque-
qualquer delas. pessoalmente à sua presença. rente, a qual ficará fazendo par-
§ 3o Se se tratar de qualquer te integrante do processo e não
Art. 43. O alistando apresentará omissão ou irregularidade que poderá, em qualquer tempo, ser
em cartório ou local previamente possa ser sanada, fixará o juiz substituída, nem dele retirada,
designado, requerimento em fór- para isso prazo razoável. sob pena de incorrer o respon-
mula que obedecerá ao modelo § 4o Deferido o pedido, no sável nas sanções previstas no
aprovado pelo Tribunal Superior. prazo de cinco dias, o título e o art. 293.
documento que instruiu o pedido § 10. No caso de indeferi-
Art. 44. O requerimento, acom- serão entregues pelo juiz, escri- mento do pedido, o Cartório de-
panhado de 3 (três) retratos, será vão, funcionário ou preparador. A volverá ao requerente, mediante
instruído com um dos seguintes entrega far-se-á ao próprio elei- recibo, as fotografias e o docu-
documentos, que não poderão ser tor, mediante recibo, ou a quem mento com que houver instruído
supridos mediante justificação: o eleitor autorizar por escrito o seu requerimento.
I – carteira de identidade ex- o recebimento, cancelando-se § 11. O título eleitoral e a folha
pedida pelo órgão competente do o título cuja assinatura não for individual de votação somente
Distrito Federal ou dos Estados; idêntica à do requerimento de serão assinados pelo juiz eleito-
II – certificado de quitação inscrição e à do recibo. O recibo ral depois de preenchidos pelo
do serviço militar; será obrigatoriamente anexado cartório e de deferido o pedido,
III – certidão de idade extraída ao processo eleitoral, incorrendo sob as penas do art. 293.
do Registro Civil; o juiz que não o fizer na multa de § 12. É obrigatória a remes-
IV – instrumento público do um a cinco salários mínimos re- sa ao Tribunal Regional da ficha
qual se infira, por direito, ter o re- gionais, na qual incorrerão ainda do eleitor, após a expedição do
querente idade superior a dezoito o escrivão, funcionário ou prepa- seu título.
anos e do qual conste, também, rador, se responsáveis, bem como
os demais elementos necessários qualquer deles, se entregarem ao Art. 46. As folhas individuais de
à sua qualificação; eleitor o título cuja assinatura não votação e os títulos serão con-
V – documento do qual se for idêntica à do requerimento feccionados de acordo com o
infira a nacionalidade brasilei- de inscrição e do recibo ou o fi- modelo aprovado pelo Tribunal
ra, originária ou adquirida, do zerem a pessoa não autorizada Superior Eleitoral.
requerente. por escrito. § 1o Da folha individual de
Parágrafo único. Será de- § 5o A restituição de qualquer votação e do título eleitoral cons-
volvido o requerimento que não documento não poderá ser feita tará a indicação da seção em que
contenha os dados constantes do antes de despachado o pedido o eleitor tiver sido inscrito a qual
modelo oficial, na mesma ordem, de alistamento pelo juiz eleitoral. será localizada dentro do distrito
e em caracteres inequívocos. § 6o Quinzenalmente o juiz judiciário ou administrativo de
eleitoral fará publicar pela im- sua residência e o mais próximo
Art. 45. O escrivão, o funcioná- prensa, onde houver, ou por edi- dela, considerados a distância e
rio ou o preparador recebendo a tais, a lista dos pedidos de inscri- os meios de transporte.
fórmula e documentos determi- ção, mencionando os deferidos, § 2o As folhas individuais
nará que o alistando date e assine os indeferidos e os convertidos de votação serão conservadas
a petição e em ato contínuo ates- em diligência, contando-se dessa em pastas, uma para cada seção
tará terem sido a data e a assi- publicação o prazo para os recur- eleitoral; remetidas, por ocasião
natura lançados na sua presença; sos a que se refere o parágrafo das eleições, às mesas recep-
em seguida, tomará a assinatura seguinte. toras, serão por estas encami-
do requerente na “folha individual § 7o Do despacho que inde- nhadas com a urna e os demais
de votação” e nas duas vias do ferir o requerimento de inscrição documentos da eleição às Juntas
título eleitoral, dando recibo da caberá recurso interposto pelo Eleitorais, que as devolverão, fin-
petição e do documento. alistando e do que o deferir po- dos os trabalhos da apuração, ao
§ 1o O requerimento será derá recorrer qualquer delegado respectivo cartório, onde ficarão
submetido ao despacho do juiz de partido. guardadas.
nas 48 (quarenta e oito) horas § 8o Os recursos referidos no § 3o O eleitor ficará vinculado
seguintes. parágrafo anterior serão julgados permanentemente à seção elei-
§ 2o Poderá o juiz, se tiver pelo Tribunal Regional Eleitoral toral indicada no seu título, salvo:
dúvida quanto à identidade do dentro de 5 (cinco) dias. I – se se transferir de zona
requerente ou sobre qualquer § 9o Findo esse prazo, sem ou Município, hipótese em que
outro requisito para o alistamen- que o alistando se manifeste, ou deverá requerer transferência;
574
Código Eleitoral
II – se, até 100 (cem) dias an- neste artigo sujeitará o escrivão CAPÍTULO I – DA SEGUNDA
tes da eleição, provar, perante às penas do art. 293. VIA
o Juiz Eleitoral, que mudou de
residência dentro do mesmo Mu- Art. 48. O empregado mediante Art. 52. No caso de perda ou
nicípio, de um distrito para ou- comunicação com 48 (quarenta extravio de seu título, requererá
tro ou para lugar muito distante e oito) horas de antecedência, o eleitor ao juiz do seu domicílio
da seção em que se acha ins- poderá deixar de comparecer ao eleitoral, até 10 (dez) dias antes
crito, caso em que serão feitas serviço, sem prejuízo do salário da eleição, que lhe expeça se-
na folha de votação e no título e por tempo não excedente a 2 gunda via.
eleitoral, para esse fim exibido, (dois) dias, para o fim de se alistar § 1o O pedido de segunda via
as alterações correspondentes, eleitor ou requerer transferência. será apresentado em cartório,
devidamente autenticadas pela pessoalmente, pelo eleitor, ins-
autoridade judiciária. Art. 49. Os cegos alfabetizados truído o requerimento, no caso de
§ 4o O eleitor poderá, a qual- pelo sistema “Braille”, que reu- inutilização ou dilaceração, com
quer tempo, requerer ao juiz elei- nirem as demais condições de a primeira via do título.
toral a retificação de seu título alistamento, podem qualificar-se § 2o No caso de perda ou ex-
eleitoral ou de sua folha individual mediante o preenchimento da travio do título, o juiz, após rece-
de votação, quando neles constar fórmula impressa e a aposição ber o requerimento de segunda
erro evidente, ou indicação de se- do nome com as letras do refe- via, fará publicar, pelo prazo de 5
ção diferente daquela a que de- rido alfabeto. (cinco) dias, pela imprensa, onde
vesse corresponder a residência § 1o De forma idêntica serão houver, ou por editais, a notícia
indicada no pedido de inscrição assinadas a folha individual de do extravio ou perda e do requeri-
ou transferência. votação e as vias do título. mento de segunda via, deferindo
§ 5o O título eleitoral servi- § 2o Esses atos serão feitos o pedido, findo este prazo, se não
rá de prova de que o eleitor está na presença também de funcio- houver impugnação.
inscrito na seção em que deve nários de estabelecimento espe-
votar. E, uma vez datado e as- cializado de amparo e proteção Art. 53. Se o eleitor estiver fora
sinado pelo presidente da mesa de cegos, conhecedor do siste- do seu domicílio eleitoral poderá
receptora, servirá também de ma “Braille”, que subscreverá, requerer a segunda via ao juiz da
prova de haver o eleitor votado. com o Escrivão ou funcionário zona em que se encontrar, es-
designado, a seguinte declara- clarecendo se vai recebê-la na
Art. 47. As certidões de nas- ção a ser lançada no modelo de sua zona ou na em que requereu.
cimento ou casamento, quando requerimento: “Atestamos que § 1o O requerimento, acom-
destinadas ao alistamento elei- a presente fórmula bem como panhado de um novo título as-
toral, serão fornecidas gratui- a folha individual de votação e sinado pelo eleitor na presença
tamente, segundo a ordem dos vias do título foram subscritas do escrivão ou de funcionário
pedidos apresentados em cartó- pelo próprio, em nossa presença”. designado e de uma fotografia,
rio pelos alistandos ou delegados será encaminhado ao juiz da zona
de partido. Art. 50. O juiz eleitoral provi- do eleitor.
§ 1o Os cartórios de Registro denciará para que se proceda ao § 2o Antes de processar o pe-
Civil farão, ainda, gratuitamente, alistamento nas próprias sedes dido, na forma prevista no artigo
o registro de nascimento, visan- dos estabelecimentos de prote- anterior, o juiz determinará que
do ao fornecimento de certidão ção aos cegos, marcando, pre- se confira a assinatura constan-
aos alistandos, desde que pro- viamente, dia e hora para tal fim, te do novo título com a da folha
vem carência de recursos, ou podendo se inscrever na zona individual de votação ou do re-
aos Delegados de Partido, para eleitoral correspondente todos querimento de inscrição.
fins eleitorais. os cegos do município. § 3o Deferido o pedido, o títu-
§ 2o Em cada Cartório de Re- § 1o Os eleitores inscritos em lo será enviado ao juiz da Zona que
gistro Civil haverá um livro espe- tais condições deverão ser loca- remeteu o requerimento, caso o
cial, aberto e rubricado pelo Juiz lizados em uma mesma seção da eleitor haja solicitado essa pro-
Eleitoral, onde o cidadão, ou o respectiva zona. vidência, ou ficará em cartório
delegado de partido deixará ex- § 2o Se no alistamento re- aguardando que o interessado
presso o pedido de certidão para alizado pela forma prevista nos o procure.
fins eleitorais, datando-o. artigos anteriores, o número de § 4o O pedido de segunda
§ 3o O escrivão, dentro de eleitores não alcançar o mínimo via formulado nos termos deste
quinze dias da data do pedido, exigido, este se completará com a artigo só poderá ser recebido até
concederá a certidão, ou justi- inclusão de outros ainda que não 60 (sessenta) dias antes do pleito.
ficará, perante o Juiz Eleitoral, sejam cegos.
por que deixa de fazê-lo. Art. 54. O requerimento de se-
§ 4o A infração ao disposto Art. 51. (Revogado) gunda via, em qualquer das hipó-
575
Código Eleitoral
teses, deverá ser assinado sobre está em vigor, e, ainda, qual o de seu título.
selos federais, correspondentes número e a data da inscrição § 3o O processo de transfe-
a 2% (dois por cento) do salário respectiva. rência só será arquivado após o
mínimo da zona eleitoral de ins- § 2o A informação menciona- recebimento da folha individual
crição. da no parágrafo anterior suprirá a de votação da Zona de origem,
Parágrafo único. Somente falta do título extraviado, ou perdi- que dele ficará constando, de-
será expedida segunda via ao do, para o efeito da transferência, vidamente inutilizada, median-
eleitor que estiver quite com a devendo fazer parte integrante te aposição de carimbo a tinta
Justiça Eleitoral, exigindo-se, do processo. vermelha.
para o que foi multado e ainda § 4o No caso de transferência
não liquidou a dívida, o prévio pa- Art. 57. O requerimento de de município ou distrito dentro da
gamento, através de selo federal transferência de domicílio elei- mesma zona, deferido o pedido, o
inutilizado nos autos. toral será imediatamente publica- juiz determinará a transposição
do na imprensa oficial na Capital, da folha individual de votação
e em cartório nas demais locali- para a pasta correspondente ao
CAPÍTULO II – DA dades, podendo os interessados novo domicílio, a anotação de
TRANSFERÊNCIA impugná-lo no prazo de dez dias. mudança no título eleitoral e co-
§ 1o Certificado o cumpri- municará ao Tribunal Regional
Art. 55. Em caso de mudança mento do disposto neste artigo, para a necessária averbação na
de domicílio, cabe ao eleitor re- o pedido deverá ser desde logo ficha do eleitor.
querer ao juiz do novo domicílio decidido, devendo o despacho
sua transferência, juntando o tí- do juiz ser publicado pela mes- Art. 59. Na Zona de origem, re-
tulo anterior. ma forma. cebida do juiz do novo domicílio
§ 1o A transferência só será § 2o Poderá recorrer para o a comunicação de transferência,
admitida satisfeitas as seguintes Tribunal Regional Eleitoral, no o juiz tomará as seguintes provi-
exigências: prazo de 3 (três) dias, o eleitor que dências:
I – entrada do requerimento pediu a transferência, sendo-lhe I – determinará o cancela-
no cartório eleitoral do novo do- a mesma negada, ou qualquer mento da inscrição do transferido
micílio até 100 (cem) dias antes delegado de partido, quando o e a remessa dentro de três dias,
da data da eleição; pedido for deferido. da folha individual de votação ao
II – transcorrência de pelo § 3o Dentro de 5 (cinco) dias, juiz requisitante;
menos 1 (um) ano da inscrição o Tribunal Regional Eleitoral de- II – ordenará a retirada do fi-
primitiva; cidirá do recurso interposto nos chário da segunda parte do título;
III – residência mínima de 3 termos do parágrafo anterior. III – comunicará o cancela-
(três) meses no novo domicílio, § 4o Só será expedido o novo mento ao Tribunal Regional a que
atestada pela autoridade poli- título decorridos os prazos pre- estiver subordinado, que fará a
cial ou provada por outros meios vistos neste artigo e respectivos devida anotação na ficha de seus
convincentes. parágrafos. arquivos;
§ 2o O disposto nos incisos IV – se o eleitor havia assinado
II e III do parágrafo anterior não Art. 58. Expedido o novo título ficha de registro de partido, co-
se aplica quando se tratar de o juiz comunicará a transferência municará ao juiz do novo domicílio
transferência de título eleitoral ao Tribunal Regional competente, e, ainda, ao Tribunal Regional, se a
de servidor público civil, militar, no prazo de 10 (dez) dias, envian- transferência foi concedida para
autárquico, ou de membro de sua do-lhe o título eleitoral, se houver, outro Estado.
família, por motivo de remoção ou ou documento a que se refere o
transferência. § 1o do art. 56. Art. 60. O eleitor transferido não
§ 1o Na mesma data comu- poderá votar no novo domicílio
Art. 56. No caso de perda ou ex- nicará ao juiz da zona de origem eleitoral em eleição suplementar
travio do título anterior declarado a concessão da transferência e à que tiver sido realizada antes de
esse fato na petição de transfe- requisitará a “folha individual de sua transferência.
rência, o juiz do novo domicílio, votação”.
como ato preliminar, requisitará, § 2o Na nova folha individual Art. 61. Somente será concedida
por telegrama, a confirmação do de votação ficará consignado, na transferência ao eleitor que esti-
alegado à Zona Eleitoral onde o coluna destinada a “anotações”, ver quite com a Justiça Eleitoral.
requerente se achava inscrito. que a inscrição foi obtida por § 1o Se o requerente não ins-
§ 1o O Juiz do antigo domicí- transferência, e, de acordo com truir o pedido de transferência
lio, no prazo de 5 (cinco) dias, res- os elementos constantes do título com o título anterior, o juiz do
ponderá por ofício ou telegrama, primitivo, qual o último pleito em novo domicílio, ao solicitar in-
esclarecendo se o interessado é que o eleitor transferido votou. formação ao da zona de origem,
realmente eleitor, se a inscrição Essa anotação constará, também, indagará se o eleitor está quite
576
Código Eleitoral
com a Justiça Eleitoral, ou não rador do Estado, assim como o tregues até 30 (trinta) dias antes
o estando, qual a importância da delegado credenciado perante o da eleição.
multa imposta e não paga. Tribunal Superior Eleitoral pode- Parágrafo único. A segunda
§ 2o Instruído o pedido com rá representar o partido perante via poderá ser entregue ao eleitor
o título, e verificado que o eleitor qualquer Tribunal Regional, juízo até a véspera do pleito.
não votou em eleição anterior, o ou preparador.
juiz do novo domicílio solicitará in- Art. 70. O alistamento reabrir-
formações sobre o valor da multa -se-á em cada zona, logo que
arbitrada na zona de origem, salvo CAPÍTULO V – DO estejam concluídos os trabalhos
se o eleitor não quiser aguardar a ENCERRAMENTO DO da sua junta eleitoral.
resposta, hipótese em que pagará ALISTAMENTO
o máximo previsto.
§ 3o O pagamento da mul- Art. 67. Nenhum requerimento TÍTULO II – DO
ta, em qualquer das hipóteses de inscrição eleitoral ou de trans- CANCELAMENTO E DA
dos parágrafos anteriores, será ferência será recebido dentro dos EXCLUSÃO
comunicado ao juízo de origem 100 (cem) dias anteriores à data
para as necessárias anotações. da eleição. Art. 71. São causas de cance-
lamento:
Art. 68. Em audiência pública, I – a infração dos arts. 5o e 42;
CAPÍTULO III – DOS que se realizará às 14 (quatorze) II – a suspensão ou perda dos
PREPARADORES horas do 69o (sexagésimo nono) direitos políticos;
dia anterior à eleição, o juiz elei- III – a pluralidade de inscrição;
Arts. 62 a 65. (Revogados) toral declarará encerrada a ins- IV – o falecimento do eleitor;
crição de eleitores na respectiva V – deixar de votar em 3 (três)
zona e proclamará o número dos eleições consecutivas.
CAPÍTULO IV – DOS inscritos até às 18 (dezoito) horas § 1o A ocorrência de qualquer
DELEGADOS DE PARTIDO do dia anterior, o que comunicará das causas enumeradas neste
PERANTE O ALISTAMENTO incontinenti ao Tribunal Regional artigo acarretará a exclusão do
Eleitoral, por telegrama, e fará eleitor, que poderá ser promovi-
Art. 66. É lícito aos partidos po- público em edital, imediatamen- da ex officio, a requerimento de
líticos, por seus delegados: te afixado no lugar próprio do delegado de partido ou de qual-
I – acompanhar os processos juízo e divulgado pela imprensa, quer eleitor.
de inscrição; onde houver, declarando nele o § 2o No caso de ser algum ci-
II – promover a exclusão de nome do último eleitor inscrito dadão maior de 18 (dezoito) anos
qualquer eleitor inscrito ilegal- e o número do respectivo título, privado temporária ou definitiva-
mente e assumir a defesa do elei- fornecendo aos diretórios munici- mente dos direitos políticos, a au-
tor cuja exclusão esteja sendo pais dos partidos cópia autêntica toridade que impuser essa pena
promovida; desse edital. providenciará para que o fato seja
III – examinar, sem pertur- § 1o Na mesma data será en- comunicado ao juiz eleitoral ou ao
bação do serviço e em presença cerrada a transferência de elei- Tribunal Regional da circunscri-
dos servidores designados, os tores, devendo constar do tele- ção em que residir o réu.
documentos relativos ao alista- grama do juiz eleitoral ao Tribunal § 3o Os oficiais de Registro
mento eleitoral, podendo deles Regional Eleitoral, do edital e da Civil, sob as penas do art. 293,
tirar cópias ou fotocópias. cópia deste fornecida aos diretó- enviarão, até o dia 15 (quinze) de
§ 1o Perante o juízo eleitoral, rios municipais dos partidos e da cada mês, ao juiz eleitoral da zona
cada partido poderá nomear 3 publicação da imprensa, os no- em que oficiarem, comunicação
(três) delegados. mes dos 10 (dez) últimos eleitores, dos óbitos de cidadãos alistáveis,
§ 2o Perante os preparado- cujos processos de transferência ocorridos no mês anterior, para
res, cada partido poderá nomear estejam definitivamente ultima- cancelamento das inscrições.
até 2 (dois) delegados, que assis- dos e o número dos respectivos § 4o Quando houver denún-
tam e fiscalizem os seus atos. títulos eleitorais. cia fundamentada de fraude no
§ 3o Os delegados a que se § 2o O despacho de pedido alistamento de uma zona ou mu-
refere este artigo serão registra- de inscrição, transferência, ou nicípio, o Tribunal Regional po-
dos perante os juízes eleitorais, segunda via, proferido após es- derá determinar a realização de
a requerimento do presidente do gotado o prazo legal, sujeita o correição e, provada a fraude
Diretório Municipal. juiz eleitoral às penas do art. 291. em proporção comprometedora,
§ 4o O delegado credenciado ordenará a revisão do eleitora-
junto ao Tribunal Regional Eleito- Art. 69. Os títulos eleitorais re- do, obedecidas as Instruções do
ral poderá representar o partido sultantes dos pedidos de inscri- Tribunal Superior e as recomen-
junto a qualquer juízo ou prepa- ção ou de transferência serão en- dações que, subsidiariamente,
577
Código Eleitoral
baixar, com o cancelamento de ou representação com os docu- sal e direto; o voto, obrigatório
ofício das inscrições correspon- mentos que a instruírem; e secreto.
dentes aos títulos que não forem II – fará publicar edital com
apresentados à revisão. prazo de 10 (dez) dias para ciência Art. 83. Na eleição direta para
dos interessados, que poderão o Senado Federal, para Prefeito
Art. 72. Durante o processo e contestar dentro de 5 (cinco) dias; e Vice-Prefeito, adotar-se-á o
até a exclusão pode o eleitor vo- III – concederá dilação proba- princípio majoritário.
tar validamente. tória de 5 (cinco) a 10 (dez) dias,
Parágrafo único. Tratando-se se requerida; Art. 84. A eleição para a Câma-
de inscrições contra as quais ha- IV – decidirá no prazo de 5 ra dos Deputados, Assembleias
jam sido interpostos recursos das (cinco) dias. Legislativas e Câmaras Munici-
decisões que as deferiram, desde pais, obedecerá ao princípio da
que tais recursos venham a ser Art. 78. Determinado, por sen- representação proporcional na
providos pelo Tribunal Regional tença, o cancelamento, o car- forma desta Lei.
ou Tribunal Superior, serão nu- tório tomará as seguintes pro-
los os votos se o seu número for vidências: Art. 85. A eleição para deputa-
suficiente para alterar qualquer I – retirará, da respectiva pas- dos federais, senadores e suplen-
representação partidária ou clas- ta, a folha de votação, registrará a tes, presidente e vice-presiden-
sificação de candidato eleito pelo ocorrência no local próprio para te da República, governadores,
princípio majoritário. “Anotações” e juntá-la-á ao pro- vice-governadores e deputados
cesso de cancelamento; estaduais far-se-á, simultanea-
Art. 73. No caso de exclusão, a II – registrará a ocorrência na mente, em todo o País.
defesa pode ser feita pelo inte- coluna de “observações” do livro
ressado, por outro eleitor ou por de inscrição; Art. 86. Nas eleições presiden-
delegado de partido. III – excluirá dos fichários as ciais a circunscrição será o País;
respectivas fichas, colecionan- nas eleições federais e estaduais,
Art. 74. A exclusão será manda- do-as à parte; o Estado; e, nas municipais, o
da processar ex officio pelo juiz IV – anotará, de forma sis- respectivo município.
eleitoral, sempre que tiver conhe- temática, os claros abertos na
cimento de alguma das causas do pasta de votação para o oportu-
cancelamento. no preenchimento dos mesmos; CAPÍTULO I – DO REGISTRO
V – comunicará o cancela- DOS CANDIDATOS
Art. 75. O Tribunal Regional, to- mento ao Tribunal Regional para
mando conhecimento através de anotação no seu fichário. Art. 87. Somente podem con-
seu fichário, da inscrição do mes- correr às eleições candidatos
mo eleitor em mais de uma zona Art. 79. No caso de exclusão por registrados por partidos.
sob sua jurisdição, comunicará falecimento, tratando-se de caso Parágrafo único. Nenhum
o fato ao juiz competente para o notório, serão dispensadas as registro será admitido fora do
cancelamento, que de preferência formalidades previstas nos nos II período de 6 (seis) meses antes
deverá recair: e III do art. 77. da eleição.
I – na inscrição que não cor-
responda ao domicílio eleitoral; Art. 80. Da decisão do juiz elei- Art. 88. Não é permitido registro
II – naquela cujo título não toral caberá recurso no prazo de 3 de candidato embora para cargos
haja sido entregue ao eleitor; (três) dias, para o Tribunal Regio- diferentes, por mais de uma cir-
III – naquela cujo título não nal, interposto pelo excluendo ou cunscrição ou para mais de um
haja sido utilizado para o exer- por delegado de partido. cargo na mesma circunscrição.
cício do voto na última eleição; Parágrafo único. Nas elei-
IV – na mais antiga. Art. 81. Cessada a causa do can- ções realizadas pelo sistema pro-
celamento, poderá o interessado porcional o candidato deverá ser
Art. 76. Qualquer irregularidade requerer novamente a sua quali- filiado ao partido, na circunscri-
determinante de exclusão será ficação e inscrição. ção em que concorrer, pelo tem-
comunicada por escrito e por po que for fixado nos respectivos
iniciativa de qualquer interessado estatutos.
ao juiz eleitoral, que observará o PARTE QUARTA – DAS
processo estabelecido no artigo ELEIÇÕES Art. 89. Serão registrados:
seguinte. I – no Tribunal Superior Elei-
TÍTULO I – DO SISTEMA toral os candidatos a presidente
Art. 77. O juiz eleitoral processa- ELEITORAL e vice-presidente da República;
rá a exclusão pela forma seguinte: II – nos Tribunais Regionais
I – mandará autuar a petição Art. 82. O sufrágio é univer- Eleitorais os candidatos a sena-
578
Código Eleitoral
dor, deputado federal, governador rante o Tribunal, se o relator não tro a candidato que, pública ou
e vice-governador e deputado apresentar o acórdão no prazo de ostensivamente, faça parte, ou
estadual; 2 (dois) dias, será designado outro seja adepto de partido político
III – nos Juízos Eleitorais os relator, na ordem da votação, o cujo registro tenha sido cassado
candidatos a vereador, prefeito e qual deverá lavrar o acórdão no com fundamento no art. 141, § 13,
vice-prefeito e juiz de paz. prazo de 3 (três) dias, podendo o da Constituição Federal.4
recorrente, nesse mesmo prazo,
Art. 90. Somente poderão ins- aditar as suas razões. Art. 97. Protocolado o requeri-
crever candidatos os partidos que mento de registro, o presidente
possuam diretório devidamente Art. 94. O registro pode ser pro- do Tribunal ou o juiz eleitoral,
registrado na circunscrição em movido por delegado de partido, no caso de eleição municipal ou
que se realizar a eleição. autorizado em documento autên- distrital, fará publicar imediata-
tico, inclusive telegrama de quem mente edital para ciência dos
Art. 91. O registro de candidatos responda pela direção partidária interessados.
a presidente e vice-presidente, e sempre com assinatura reco- § 1o O edital será publicado
governador e vice-governador, nhecida por tabelião. na Imprensa Oficial, nas capitais,
ou prefeito e vice-prefeito, far- § 1o O requerimento de regis- e afixado em cartório, no local
-se-á sempre em chapa única tro deverá ser instruído: de costume, nas demais zonas.
e indivisível, ainda que resulte a I – com a cópia autêntica da § 2o Do pedido de registro
indicação de aliança de partidos. ata da convenção que houver caberá, no prazo de 2 (dois) dias, a
§ 1o O registro de candidatos feito a escolha do candidato, a contar da publicação ou afixação
a senador far-se-á com o do su- qual deverá ser conferida com o do edital, impugnação articulada
plente partidário. original na Secretaria do Tribunal por parte de candidato ou de par-
§ 2o Nos Territórios far-se-á ou no cartório eleitoral; tido político.
o registro do candidato a depu- II – com autorização do candi- § 3o Poderá, também, qual-
tado com o do suplente. dato, em documento com a assi- quer eleitor, com fundamento em
§ 3o É facultado aos partidos natura reconhecida por tabelião; inelegibilidade ou incompatibi-
políticos celebrar coligações no III – com certidão fornecida lidade do candidato ou na inci-
registro de candidatos às eleições pelo cartório eleitoral da zona de dência deste no art. 96 impugnar
majoritárias. inscrição, em que conste que o o pedido de registro, dentro do
registrando é eleitor; mesmo prazo, oferecendo prova
Art. 92. (Revogado) IV – com prova de filiação par- do alegado.
tidária, salvo para os candidatos § 4o Havendo impugnação,
Art. 93. O prazo de entrada em a presidente e vice-presidente, o partido requerente do registro
cartório ou na Secretaria do Tri- senador e respectivo suplente, terá vista dos autos, por 2 (dois)
bunal, conforme o caso, de reque- governador e vice-governador, dias, para falar sobre a mesma,
rimento de registro de candidato prefeito e vice-prefeito; feita a respectiva intimação na
a cargo eletivo terminará, impror- V – com folha corrida forneci- forma do § 1o.
rogavelmente, às dezenove horas da pelos cartórios competentes,
do dia 15 de agosto do ano em que para que se verifique se o can- Art. 98. Os militares alistáveis
se realizarem as eleições. didato está no gozo dos direitos são elegíveis, atendidas as se-
§ 1o Até vinte dias antes da políticos (arts. 132, III, e 135 da guintes condições:
data das eleições, todos os re- Constituição Federal);3 I – o militar que tiver menos
querimentos, inclusive os que VI – com declaração de bens, de 5 (cinco) anos de serviço será,
tiverem sido impugnados, devem de que constem a origem e as ao se candidatar a cargo eletivo,
estar julgados pelas instâncias mutações patrimoniais. excluído do serviço ativo;
ordinárias, e publicadas as de- § 2o A autorização do candi- II – o militar em atividade com
cisões a eles relativas. dato pode ser dirigida diretamen- 5 (cinco) ou mais anos de serviço,
§ 2o As convenções partidá- te ao órgão ou juiz competente ao se candidatar a cargo eletivo,
rias para a escolha dos candidatos para o registro. será afastado, temporariamen-
serão realizadas, no máximo, até te, do serviço ativo, como agre-
5 de agosto do ano em que se re- Art. 95. O candidato poderá ser gado, para tratar de interesse
alizarem as eleições. registrado sem o prenome, ou particular;
§ 3o Nesse caso, se se tratar com o nome abreviado, desde III – o militar não excluído e
de eleição municipal, o juiz eleito- que a supressão não estabeleça que vier a ser eleito, será, no ato
ral deverá apresentar a sentença dúvida quanto à sua identidade. da diplomação, transferido para
no prazo de 2 (dois) dias, podendo a reserva ou reformado (Emenda
o recorrente, nos 2 (dois) dias se- Art. 96. Será negado o regis-
guintes, aditar as razões do recur-
so; no caso de registro feito pe- 3
NE: o texto refere-se à Constituição de 1946. 4
NE: o texto refere-se à Constituição de 1946.
579
Código Eleitoral
Constitucional no 9, art. 3o).5 § 4o Concorrendo 10 (dez) ou atribuído o número anteriormente
Parágrafo único. O juízo ou mais Partidos, a cada um corres- dado ao candidato cujo registro
Tribunal que deferir o registro de ponderá uma centena a partir de foi cancelado.
militar candidato a cargo eletivo, 1.101 (um mil cento e um), de ma- § 5o Em caso de morte, re-
comunicará imediatamente a de- neira que a todos os candidatos núncia, inelegibilidade e preen-
cisão à autoridade a que o mes- sejam atribuídos sempre 4 (qua- chimento de vagas existentes
mo estiver subordinado, cabendo tro) algarismos, suprimindo-se nas respectivas chapas, tanto
igual obrigação ao Partido, quan- a numeração correspondente à em eleições proporcionais quanto
do lançar a candidatura. série 2.001 (dois mil e um) a 2.100 majoritárias, as substituições e
(dois mil e cem), para reiniciá-la indicações se processarão pelas
Art. 99. Nas eleições majoritá- em 2.101 (dois mil cento e um), a Comissões Executivas.
rias poderá qualquer partido re- partir do décimo Partido.
gistrar na mesma circunscrição § 5o Na mesma sessão, o Tri- Art. 102. Os registros efetua-
candidato já por outro registra- bunal Superior Eleitoral sorteará dos pelo Tribunal Superior serão
do, desde que o outro partido as séries correspondentes aos imediatamente comunicados aos
e o candidato o consintam por Deputados Estaduais e Vereado- Tribunais Regionais e por estes
escrito até 10 (dez) dias antes da res, observando, no que couber, aos juízes eleitorais.
eleição, observadas as formali- as normas constantes dos pará- Parágrafo único. Os Tribunais
dades do art. 94. grafos anteriores, e de maneira Regionais comunicarão também
Parágrafo único. A falta de que a todos os candidatos, sejam ao Tribunal Superior os registros
consentimento expresso acarre- atribuídos sempre número de 4 efetuados por eles e pelos juízes
tará a anulação do registro pro- (quatro) algarismos. eleitorais.
movido, podendo o partido preju-
dicado requerê-la ou recorrer da Art. 101. Pode qualquer candida-
resolução que ordenar o registro. to requerer, em petição com firma CAPÍTULO II – DO VOTO
reconhecida, o cancelamento do SECRETO
Art. 100. Nas eleições realiza- registro do seu nome.
das pelo sistema proporcional, § 1o Desse fato, o presidente Art. 103. O sigilo do voto é as-
o Tribunal Superior Eleitoral, até do Tribunal ou o juiz, conforme o segurado mediante as seguintes
6 (seis) meses antes do pleito, caso, dará ciência imediata ao providências:
reservará para cada Partido, por partido que tenha feito a inscri- I – uso de cédulas oficiais em
sorteio, em sessão realizada com ção, ao qual ficará ressalvado o todas as eleições, de acordo com
a presença dos Delegados de Par- direito de substituir por outro modelo aprovado pelo Tribunal
tido, uma série de números a o nome cancelado, observadas Superior;
partir de 100 (cem). todas as formalidades exigidas II – isolamento do eleitor em
§ 1o A sessão a que se refere para o registro e desde que o novo cabine indevassável para o só
o caput deste artigo será anun- pedido seja apresentado até 60 efeito de assinalar na cédula o
ciada aos Partidos com antece- (sessenta) dias antes do pleito. candidato de sua escolha e, em
dência mínima de 5 (cinco) dias. § 2o Nas eleições majoritá- seguida, fechá-la;
§ 2o As convenções partidá- rias, se o candidato vier a falecer III – verificação da autenti-
rias para escolha dos candidatos ou renunciar dentro do período de cidade da cédula oficial à vista
sortearão, por sua vez, em cada 60 (sessenta) dias mencionados das rubricas;
Estado e município, os números no parágrafo anterior, o partido IV – emprego de urna que as-
que devam corresponder a cada poderá substituí-lo; se o registro segure a inviolabilidade do sufrá-
candidato. do novo candidato estiver defe- gio e seja suficientemente ampla
§ 3o Nas eleições para Depu- rido até 30 (trinta) dias antes do para que não se acumulem as
tado Federal, se o número de Par- pleito serão confeccionadas no- cédulas na ordem em que forem
tidos não for superior a 9 (nove), a vas cédulas, caso contrário serão introduzidas.
cada um corresponderá obrigato- utilizadas as já impressas, compu-
riamente uma centena, devendo tando-se para o novo candidato
a numeração dos candidatos ser os votos dados ao anteriormente CAPÍTULO III – DA CÉDULA
sorteada a partir da unidade, para registrado. OFICIAL
que ao primeiro candidato do § 3o Considerar-se-á nulo o
primeiro Partido corresponda o voto dado ao candidato que haja Art. 104. As cédulas oficiais se-
número 101 (cento e um), ao do pedido o cancelamento de sua rão confeccionadas e distribuí-
segundo Partido, 201 (duzentos inscrição, salvo na hipótese pre- das exclusivamente pela Justiça
e um), e assim sucessivamente. vista no parágrafo anterior, in fine. Eleitoral, devendo ser impressas
§ 4o Nas eleições proporcio- em papel branco, opaco e pouco
5
NE: o texto refere-se à Emenda Consti- nais, ocorrendo a hipótese previs- absorvente. A impressão será em
tucional no 9/1964 à Constituição de 1946. ta neste artigo, ao substituto será tinta preta, com tipos uniformes
580
Código Eleitoral
de letra. inferior a meio, equivalente a um, os partidos que participaram do
§ 1o Os nomes dos candida- se superior. pleito, desde que tenham obti-
tos para as eleições majoritárias Parágrafo único. (Revogado) do pelo menos 80% (oitenta por
devem figurar na ordem determi- cento) do quociente eleitoral, e
nada por sorteio. Art. 107. Determina-se para os candidatos que tenham ob-
§ 2o O sorteio será realizado cada partido o quociente parti- tido votos em número igual ou
após o deferimento do último dário dividindo-se pelo quociente superior a 20% (vinte por cento)
pedido de registro, em audiência eleitoral o número de votos váli- desse quociente.
presidida pelo juiz ou presidente dos dados sob a mesma legenda,
do Tribunal, na presença dos can- desprezada a fração. Art. 110. Em caso de empate,
didatos e delegados de partido. haver-se-á por eleito o candidato
§ 3o A realização da audiên- Art. 108. Estarão eleitos, entre mais idoso.
cia será anunciada com 3 (três) os candidatos registrados por um
dias de antecedência, no mesmo partido que tenham obtido votos Art. 111. Se nenhum partido al-
dia em que for deferido o último em número igual ou superior a cançar o quociente eleitoral, con-
pedido de registro, devendo os 10% (dez por cento) do quociente siderar-se-ão eleitos, até serem
delegados de partido ser inti- eleitoral, tantos quantos o res- preenchidos todos os lugares, os
mados por ofício sob protocolo. pectivo quociente partidário indi- candidatos mais votados.
§ 4o Havendo substituição de car, na ordem da votação nominal
candidatos após o sorteio, o nome que cada um tenha recebido. Art. 112. Considerar-se-ão su-
do novo candidato deverá figurar Parágrafo único. Os lugares plentes da representação par-
na cédula na seguinte ordem: não preenchidos em razão da tidária:
I – se forem apenas 2 (dois), exigência de votação nominal I – os mais votados sob a mes-
em último lugar; mínima a que se refere o caput ma legenda e não eleitos efeti-
II – se forem 3 (três), em se- serão distribuídos de acordo com vos das listas dos respectivos
gundo lugar; as regras do art. 109. partidos;
III – se forem mais de 3 (três), II – em caso de empate na
em penúltimo lugar; Art. 109. Os lugares não pre- votação, na ordem decrescente
IV – se permanecer apenas enchidos com a aplicação dos da idade.
1 (um) candidato e forem subs- quocientes partidários e em razão Parágrafo único. Na defini-
tituídos 2 (dois) ou mais, aquele da exigência de votação nominal ção dos suplentes da represen-
ficará em primeiro lugar, sendo mínima a que se refere o art. 108 tação partidária, não há exigên-
realizado novo sorteio em relação serão distribuídos de acordo com cia de votação nominal mínima
aos demais. as seguintes regras: prevista pelo art. 108.
§ 5o Para as eleições realiza- I – dividir-se-á o número de
das pelo sistema proporcional a votos válidos atribuídos a cada Art. 113. Na ocorrência de vaga,
cédula conterá espaço para que partido pelo número de lugares não havendo suplente para pre-
o eleitor escreva o nome ou o nú- por ele obtido mais 1 (um), ca- enchê-la, far-se-á eleição, salvo
mero do candidato de sua prefe- bendo ao partido que apresentar se faltarem menos de nove meses
rência e indique a sigla do partido. a maior média um dos lugares a para findar o período de mandato.
§ 6o As cédulas oficiais se- preencher, desde que tenha can-
rão confeccionadas de maneira didato que atenda à exigência de
tal que, dobradas, resguardem o votação nominal mínima; TÍTULO II – DOS ATOS
sigilo do voto, sem que seja ne- II – repetir-se-á a operação PREPARATÓRIOS DA
cessário o emprego de cola para para cada um dos lugares a pre- VOTAÇÃO
fechá-las. encher;
III – quando não houver mais Art. 114. Até 70 (setenta) dias
partidos com candidatos que antes da data marcada para a
CAPÍTULO IV – DA atendam às duas exigências do eleição, todos os que requere-
REPRESENTAÇÃO inciso I deste caput, as cadeiras rem inscrição como eleitor, ou
PROPORCIONAL serão distribuídas aos partidos transferência, já devem estar
que apresentarem as maiores devidamente qualificados e os
Art. 105. (Revogado) médias. respectivos títulos prontos para
§ 1o O preenchimento dos lu- a entrega, se deferidos pelo juiz
Art. 106. Determina-se o quo- gares com que cada partido for eleitoral.
ciente eleitoral dividindo-se o contemplado far-se-á segundo a Parágrafo único. Será puni-
número de votos válidos apura- ordem de votação recebida por do nos termos do art. 293 o juiz
dos pelo de lugares a preencher seus candidatos. eleitoral, o escrivão eleitoral, o
em cada circunscrição eleitoral, § 2o Poderão concorrer à preparador ou o funcionário res-
desprezada a fração se igual ou distribuição dos lugares todos ponsável pela transgressão do
581
Código Eleitoral
preceituado neste artigo ou pela CAPÍTULO II – DAS MESAS receptora qualquer partido pode-
não entrega do título pronto ao RECEPTORAS rá reclamar ao juiz eleitoral, no
eleitor que o procurar. prazo de 2 (dois) dias, a contar da
Art. 119. A cada seção eleitoral audiência, devendo a decisão ser
Art. 115. Os juízes eleitorais, sob corresponde uma mesa recep- proferida em igual prazo.
pena de responsabilidade, co- tora de votos. § 1o Da decisão do juiz eleito-
municarão ao Tribunal Regional, ral caberá recurso para o Tribunal
até 30 (trinta) dias antes de cada Art. 120. Constituem a mesa Regional, interposto dentro de 3
eleição, o número de eleitores receptora um presidente, um pri- (três) dias, devendo, dentro de
alistados. meiro e um segundo mesários, igual prazo, ser resolvido.
dois secretários e um suplen- § 2o Se o vício da constitui-
Art. 116. A Justiça Eleitoral fará te, nomeados pelo juiz eleitoral ção da mesa resultar da incompa-
ampla divulgação, através dos co- sessenta dias antes da eleição, tibilidade prevista no no I, do § 1o,
municados transmitidos em obe- em audiência pública, anuncia- do art. 120, e o registro do candi-
diência ao disposto no art. 250, da pelo menos com cinco dias dato for posterior à nomeação do
§ 5o, pelo rádio e televisão, bem de antecedência. mesário, o prazo para reclamação
assim por meio de cartazes afi- § 1o Não podem ser nomea- será contado da publicação dos
xados em lugares públicos, dos dos presidentes e mesários: nomes dos candidatos registra-
nomes dos candidatos registra- I – os candidatos e seus pa- dos. Se resultar de qualquer das
dos, com indicação do partido a rentes ainda que por afinidade, proibições dos nos II, III e IV, e em
que pertençam, bem como do nú- até o segundo grau, inclusive, e virtude de fato superveniente, o
mero sob que foram inscritos, no bem assim o cônjuge; prazo se contará do ato da no-
caso dos candidatos a deputado II – os membros de diretórios meação ou eleição.
e a vereador. de partidos desde que exerçam § 3o O partido que não houver
função executiva; reclamado contra a composição
III – as autoridades e agentes da mesa não poderá arguir, sob
CAPÍTULO I – DAS SEÇÕES policiais, bem como os funcioná- esse fundamento, a nulidade da
ELEITORAIS rios no desempenho de cargos de seção respectiva.
confiança do Executivo;
Art. 117. As seções eleitorais, IV – os que pertencerem ao Art. 122. Os juízes deverão ins-
organizadas à medida em que serviço eleitoral. truir os mesários sobre o pro-
forem sendo deferidos os pedidos § 2o Os mesários serão no- cesso da eleição, em reuniões
de inscrição, não terão mais de meados, de preferência entre para esse fim convocadas com
400 (quatrocentos) eleitores nas os eleitores da própria seção, e, a necessária antecedência.
capitais e de 300 (trezentos) nas dentre estes, os diplomados em
demais localidades, nem menos escola superior, os professores Art. 123. Os mesários substitui-
de 50 (cinquenta) eleitores. e os serventuários da Justiça. rão o presidente, de modo que
§ 1o Em casos excepcionais, § 3o O juiz eleitoral mandará haja sempre quem responda pes-
devidamente justificados, o Tribu- publicar no jornal oficial, onde soalmente pela ordem e regula-
nal Regional poderá autorizar que houver, e, não havendo, em cartó- ridade do processo eleitoral, e
sejam ultrapassados os índices rio, as nomeações que tiver feito, assinarão a ata da eleição.
previstos neste artigo, desde que e intimará os mesários através § 1o O presidente deve es-
essa providência venha facilitar dessa publicação, para consti- tar presente ao ato de abertura
o exercício do voto, aproximando tuírem as mesas no dia e lugares e de encerramento da eleição,
o eleitor do local designado para designados, às 7 horas. salvo força maior, comunicando
a votação. § 4o Os motivos justos que o impedimento aos mesários e
§ 2o Se em seção destinada tiverem os nomeados para recu- secretários, pelo menos 24 (vinte
aos cegos, o número de eleitores sar a nomeação, e que ficarão à e quatro) horas antes da abertu-
não alcançar o mínimo exigido, livre apreciação do juiz eleitoral, ra dos trabalhos, ou imediata-
este se completará com outros, somente poderão ser alegados mente, se o impedimento se der
ainda que não sejam cegos. até 5 (cinco) dias a contar da no- dentro desse prazo ou no curso
meação, salvo se sobrevindos da eleição.
Art. 118. Os juízes eleitorais or- depois desse prazo. § 2o Não comparecendo o
ganizarão relação de eleitores de § 5o Os nomeados que não presidente até as sete horas e
cada seção, a qual será remetida declararem a existência de qual- trinta minutos, assumirá a pre-
aos presidentes das mesas recep- quer dos impedimentos referidos sidência o primeiro mesário e,
toras para facilitação do processo no § 1o incorrem na pena estabe- na sua falta ou impedimento, o
de votação. lecida pelo art. 310. segundo mesário, um dos secre-
tários ou o suplente.
Art. 121. Da nomeação da mesa § 3o Poderá o presidente, ou
582
Código Eleitoral
membro da mesa que assumir a que comparecer, ou pelo próprio I – distribuir aos eleitores as
presidência, nomear ad hoc, den- juiz, ou pessoa que ele designar senhas de entrada previamente
tre os eleitores presentes e obe- para esse fim, acompanhando-a rubricadas ou carimbadas segun-
decidas as prescrições do § 1o, do os fiscais que o desejarem. do a respectiva ordem numérica;
art. 120, os que forem necessários II – lavrar a ata da eleição;
para completar a mesa. Art. 126. Se no dia designado III – cumprir as demais obri-
para o pleito deixarem de se reu- gações que lhes forem atribuídas
Art. 124. O membro da mesa re- nir todas as mesas de um muni- em instruções.
ceptora que não comparecer no cípio, o presidente do Tribunal Parágrafo único. As atribui-
local, em dia e hora determinados Regional determinará dia para ções mencionadas no no I serão
para a realização de eleição, sem se realizar o mesmo, instauran- exercidas por um dos secretá-
justa causa apresentada ao juiz do-se inquérito para a apuração rios e os constantes dos nos II e
eleitoral até 30 (trinta) dias após, das causas da irregularidade e III pelo outro.
incorrerá na multa de 50% (cin- punição dos responsáveis.
quenta por cento) a 1 (um) salário Parágrafo único. Essa eleição Art. 129. Nas eleições propor-
mínimo vigente na zona eleitoral, deverá ser marcada dentro de 15 cionais os presidentes das me-
cobrada mediante selo federal (quinze) dias, pelo menos, para se sas receptoras deverão zelar
inutilizado no requerimento em realizar no prazo máximo de 30 pela preservação das listas de
que for solicitado o arbitramento (trinta) dias. candidatos afixadas dentro das
ou através de executivo fiscal. cabinas indevassáveis, tomando
§ 1o Se o arbitramento e pa- Art. 127. Compete ao presiden- imediatas providências para a
gamento da multa não for reque- te da mesa receptora, e, em sua colocação de nova lista no caso
rido pelo mesário faltoso, a multa falta, a quem o substituir: de inutilização total ou parcial.
será arbitrada e cobrada na forma I – receber os votos dos elei- Parágrafo único. O eleitor
prevista no art. 367. tores; que inutilizar ou arrebatar as
§ 2o Se o faltoso for servidor II – decidir imediatamente listas afixadas nas cabinas in-
público ou autárquico, a pena será todas as dificuldades ou dúvidas devassáveis ou nos edifícios onde
de suspensão até 15 (quinze) dias. que ocorrerem; funcionarem mesas receptoras,
§ 3o As penas previstas neste III – manter a ordem, para incorrerá nas penas do art. 297.
artigo serão aplicadas em dobro o que disporá de força pública
se a mesa receptora deixar de necessária; Art. 130. Nos estabelecimentos
funcionar por culpa dos faltosos. IV – comunicar ao juiz eleito- de internação coletiva de hanse-
§ 4o Será também aplicada ral, que providenciará imediata- nianos os membros das mesas
em dobro observado o disposto mente as ocorrências cuja solu- receptoras serão escolhidos de
nos §§ 1o e 2o, a pena ao membro ção deste dependerem; preferência entre os médicos e
da mesa que abandonar os traba- V – remeter à Junta Eleitoral funcionários sadios do próprio
lhos no decurso da votação sem todos os papéis que tiverem sido estabelecimento.
justa causa apresentada ao juiz utilizados durante a recepção
até 3 (três) dias após a ocorrência. dos votos;
VI – autenticar, com a sua ru- CAPÍTULO III – DA
Art. 125. Não se reunindo, por brica, as cédulas oficiais e nume- FISCALIZAÇÃO PERANTE
qualquer motivo, a mesa recep- rá-las nos termos das Instruções AS MESAS RECEPTORAS
tora, poderão os eleitores perten- do Tribunal Superior Eleitoral;
centes à respectiva seção votar VII – assinar as fórmulas de Art. 131. Cada partido poderá no-
na seção mais próxima, sob a observações dos fiscais ou de- mear 2 (dois) delegados em cada
jurisdição do mesmo juiz, reco- legados de partido, sobre as vo- município e 2 (dois) fiscais junto
lhendo-se os seus votos à urna tações; a cada mesa receptora, funcio-
da seção em que deveriam votar, VIII – fiscalizar a distribuição nando um de cada vez.
a qual será transportada para das senhas e, verificando que não § 1o Quando o município
aquela em que tiverem de votar. estão sendo distribuídas segundo abranger mais de uma zona elei-
§ 1o As assinaturas dos elei- a sua ordem numérica, recolher toral cada partido poderá nomear
tores serão recolhidas nas folhas as de numeração intercalada, 2 (dois) delegados junto a cada
de votação da seção a que perten- acaso retidas, as quais não se uma delas.
cerem, as quais, juntamente com poderão mais distribuir; § 2o A escolha de fiscal e
as cédulas oficiais e o material IX – anotar o não compareci- delegado de partido não poderá
restante, acompanharão a urna. mento do eleitor no verso da folha recair em quem, por nomeação
§ 2o O transporte da urna e individual de votação. do juiz eleitoral, já faça parte da
dos documentos da seção será mesa receptora.
providenciado pelo presidente Art. 128. Compete aos secre- § 3o As credenciais expedi-
da mesa, mesário ou secretário tários: das pelos partidos, para os fis-
583
Código Eleitoral
cais, deverão ser visadas pelo lugar visível, e dentro das cabinas fechar e lacrar as urnas, se estas
juiz eleitoral. indevassáveis as relações de can- estão completamente vazias; fe-
§ 4o Para esse fim, o dele- didatos a eleições proporcionais; chadas, enviará uma das chaves,
gado do partido encaminhará as III – as folhas individuais de se houver, ao presidente da Junta
credenciais ao Cartório, junta- votação dos eleitores da seção, Eleitoral e a da fenda, também se
mente com os títulos eleitorais devidamente acondicionadas; houver, ao presidente da mesa re-
dos fiscais credenciados, para IV – uma folha de votação ceptora, juntamente com a urna.
que, verificado pelo escrivão que para os eleitores de outras se-
as inscrições correspondentes ções, devidamente rubricada; Art. 134. Nos estabelecimentos
aos títulos estão em vigor e se V – uma urna vazia, vedada de internação coletiva para han-
referem aos nomeados, carimbe pelo juiz eleitoral, com tiras de senianos serão sempre utilizadas
as credenciais e as apresente ao papel ou pano forte; urnas de lona.
juiz para o visto. VI – sobrecartas maiores para
§ 5o As credenciais que não os votos impugnados ou sobre os
forem encaminhadas ao Cartório quais haja dúvida; TÍTULO IV – DA VOTAÇÃO
pelos delegados de partido, para VII – cédulas oficiais; CAPÍTULO I – DOS
os fins do parágrafo anterior, po- VIII – sobrecartas especiais
derão ser apresentadas pelos para remessa à Junta Eleitoral, LUGARES DA VOTAÇÃO
próprios fiscais para a obtenção dos documentos relativos à elei-
do visto do juiz eleitoral. ção; Art. 135. Funcionarão as mesas
§ 6o Se a credencial apre- IX – senhas para serem dis- receptoras nos lugares desig-
sentada ao presidente da mesa tribuídas aos eleitores; nados pelos juízes eleitorais 60
receptora não estiver autenticada X – tinta, canetas, penas, lá- (sessenta) dias antes da eleição,
na forma do § 4o, o fiscal poderá pis e papel, necessários aos tra- publicando-se a designação.
funcionar perante a mesa, mas o balhos; § 1o A publicação deverá con-
seu voto não será admitido, a não XI – folhas apropriadas para ter a seção com a numeração
ser na seção em que o seu nome impugnação e folhas para ob- ordinal e local em que deverá
estiver incluído. servação de fiscais de partidos; funcionar com a indicação da
§ 7o O fiscal de cada partido XII – modelo da ata a ser la- rua, número e qualquer outro ele-
poderá ser substituído por outro vrada pela mesa receptora; mento que facilite a localização
no curso dos trabalhos eleitorais. XIII – material necessário para pelo eleitor.
vedar, após a votação, a fenda § 2o Dar-se-á preferência
Art. 132. Pelas mesas recepto- da urna; aos edifícios públicos, recorren-
ras serão admitidos a fiscalizar XIV – um exemplar das Ins- do-se aos particulares se faltarem
a votação, formular protestos truções do Tribunal Superior aqueles em número e condições
e fazer impugnações, inclusive Eleitoral; adequadas.
sobre a identidade do eleitor, os XV – material necessário à § 3o A propriedade particular
candidatos registrados, os dele- contagem dos votos quando au- será obrigatória e gratuitamente
gados e os fiscais dos partidos. torizada; cedida para esse fim.
XVI – outro qualquer material § 4o É expressamente veda-
que o Tribunal Regional julgue do o uso de propriedade perten-
TÍTULO III – DO MATERIAL necessário ao regular funciona- cente a candidato, membro do
PARA A VOTAÇÃO mento da mesa. diretório de partido, delegado
§ 1o O material de que trata de partido ou autoridade policial,
Art. 133. Os juízes eleitorais este artigo deverá ser remeti- bem como dos respectivos côn-
enviarão ao presidente de cada do por protocolo ou pelo correio juges e parentes, consanguíneos
mesa receptora, pelo menos 72 acompanhado de uma relação ou afins, até o 2o grau, inclusive.
(setenta e duas) horas antes da ao pé da qual o destinatário de- § 5o Não poderão ser locali-
eleição, o seguinte material: clarará o que recebeu e como o zadas seções eleitorais em fazen-
I – relação dos eleitores da recebeu, e aporá sua assinatura. da, sítio ou qualquer propriedade
seção, que poderá ser dispen- § 2o Os presidentes da mesa rural privada, mesmo existindo no
sada, no todo ou em parte, pelo que não tiverem recebido até 48 local prédio público, incorrendo
respectivo Tribunal Regional Elei- (quarenta e oito) horas antes do o juiz nas penas do Art. 312, em
toral em decisão fundamentada e pleito o referido material deve- caso de infringência.
aprovada pelo Tribunal Superior rão diligenciar para o seu rece- § 6o Os Tribunais Regionais,
Eleitoral; bimento. nas capitais, e os juízes eleitorais,
II – relações dos partidos e § 3o O juiz eleitoral, em dia e nas demais zonas, farão ampla
dos candidatos registrados, as hora previamente designados, em divulgação da localização das
quais deverão ser afixadas no presença dos fiscais e delegados seções.
recinto das seções eleitorais em dos partidos, verificará, antes de § 6o-A. Os Tribunais Regio-
584
Código Eleitoral
nais Eleitorais deverão, a cada to separado do público; ao lado Art. 143. Às 8 (oito) horas, su-
eleição, expedir instruções aos haverá uma cabina indevassável pridas as deficiências declarará
Juízes Eleitorais para orientá-los onde os eleitores, à medida que o presidente iniciados os traba-
na escolha dos locais de votação, comparecerem, possam assina- lhos, procedendo-se em seguida
de maneira a garantir acessibili- lar a sua preferência na cédula. à votação, que começará pelos
dade para o eleitor com deficiên- Parágrafo único. O juiz elei- candidatos e eleitores presentes.
cia ou com mobilidade reduzida, toral providenciará para que nos § 1o Os membros da mesa e
inclusive em seu entorno e nos edifícios escolhidos sejam feitas os fiscais de partido deverão votar
sistemas de transporte que lhe as necessárias adaptações. no correr da votação, depois que
dão acesso. tiverem votado os eleitores que já
§ 6o-B. (Vetado) se encontravam presentes no mo-
§ 7o Da designação dos luga- CAPÍTULO II – DA mento da abertura dos trabalhos,
res de votação poderá qualquer POLÍCIA DOS TRABALHOS ou no encerramento da votação.
partido reclamar ao juiz eleitoral, ELEITORAIS § 2o Observada a priorida-
dentro de três dias a contar da de assegurada aos candidatos,
publicação, devendo a decisão Art. 139. Ao presidente da mesa têm preferência para votar o juiz
ser proferida dentro de quarenta receptora e ao juiz eleitoral cabe eleitoral da zona, seus auxiliares
e oito horas. a polícia dos trabalhos eleitorais. de serviço, os eleitores de idade
§ 8o Da decisão do juiz elei- avançada, os enfermos e as mu-
toral caberá recurso para o Tri- Art. 140. Somente podem per- lheres grávidas.
bunal Regional, interposto dentro manecer no recinto da mesa re-
de três dias, devendo, no mesmo ceptora os seus membros, os Art. 144. O recebimento dos vo-
prazo, ser resolvido. candidatos, um fiscal, um dele- tos começará às 8 (oito) e termi-
§ 9o Esgotados os prazos re- gado de cada partido e, durante nará, salvo o disposto no art. 153,
feridos nos §§ 7o e 8o deste artigo, o tempo necessário à votação, às 17 (dezessete) horas.
não mais poderá ser alegada, no o eleitor.
processo eleitoral, a proibição § 1o O presidente da mesa, Art. 145. O presidente, mesá-
contida em seu § 5o. que é, durante os trabalhos, a rios, secretários, suplentes e os
autoridade superior, fará retirar delegados e fiscais de partido
Art. 136. Deverão ser instaladas do recinto ou do edifício quem votarão perante as mesas em que
seções nas vilas e povoados, as- não guardar a ordem e compos- servirem, sendo que os delegados
sim como nos estabelecimentos tura devidas e estiver praticando e fiscais desde que a credencial
de internação coletiva, inclusive qualquer ato atentatório da liber- esteja visada na forma do art. 131,
para cegos, e nos leprosários dade eleitoral. § 3o; quando eleitores de outras
onde haja, pelo menos, 50 (cin- § 2o Nenhuma autoridade es- seções, seus votos serão tomados
quenta) eleitores. tranha à mesa poderá intervir, sob em separado.
Parágrafo único. A mesa re- pretexto algum, em seu funcio- Parágrafo único. Com as cau-
ceptora designada para qualquer namento, salvo o juiz eleitoral. telas constantes do art. 147, § 2o,
dos estabelecimentos de inter- poderão ainda votar fora da res-
nação coletiva deverá funcionar Art. 141. A força armada conser- pectiva seção:
em local indicado pelo respectivo var-se-á a cem metros da seção I – o juiz eleitoral, em qualquer
diretor; o mesmo critério será eleitoral e não poderá aproximar- seção da zona sob sua jurisdição,
adotado para os estabelecimen- -se do lugar da votação, ou nele salvo em eleições municipais, nas
tos especializados para proteção penetrar, sem ordem do presi- quais poderá votar em qualquer
dos cegos. dente da mesa. seção do município em que for
eleitor;
Art. 137. Até 10 (dez) dias antes II – o Presidente da República,
da eleição, pelo menos, comu- CAPÍTULO III – DO INÍCIO o qual poderá votar em qualquer
nicarão os juízes eleitorais aos DA VOTAÇÃO seção eleitoral do país, nas elei-
chefes das repartições públicas ções presidenciais; em qualquer
e aos proprietários, arrendatários Art. 142. No dia marcado para a seção do Estado em que for elei-
ou administradores das proprie- eleição, às 7 (sete) horas, o presi- tor nas eleições para governador,
dades particulares a resolução dente da mesa receptora, os me- vice-governador, senador, depu-
de que serão os respectivos edi- sários e os secretários verificarão tado federal e estadual; em qual-
fícios, ou parte deles, utilizados se no lugar designado estão em quer seção do município em que
para o funcionamento das mesas ordem o material remetido pelo estiver inscrito, nas eleições para
receptoras. juiz e a urna destinada a recolher prefeito, vice-prefeito e vereador;
os votos, bem como se estão III – os candidatos à Presi-
Art. 138. No local destinado à presentes os fiscais de partido. dência da República, em qualquer
votação, a mesa ficará em recin- seção eleitoral do país, nas elei-
585
Código Eleitoral
ções presidenciais, e, em qual- III – admitido a penetrar no causa da omissão. Se tiver havido
quer seção do Estado em que recinto da mesa, segundo a ordem culpa ou dolo, será aplicada ao
forem eleitores, nas eleições de numérica das senhas, o eleitor responsável, na primeira hipó-
âmbito estadual; apresentará ao presidente seu tese, a multa de até 2 (dois) sa-
IV – os governadores, vice- título, o qual poderá ser exami- lários mínimos, e, na segunda, a
-governadores, senadores, de- nado por fiscal ou delegado de de suspensão até 30 (trinta) dias;
putados federais e estaduais, partido, entregando, no mesmo IX – na cabina indevassável,
em qualquer seção do Estado, ato, a senha; onde não poderá permanecer
nas eleições de âmbito nacional IV – pelo número anotado no mais de um minuto, o eleitor indi-
e estadual; em qualquer seção do verso da senha, o presidente, ou cará os candidatos de sua prefe-
município de que sejam eleitores, mesário, localizará a folha indi- rência e dobrará a cédula oficial,
nas eleições municipais; vidual de votação, que será con- observadas as seguintes normas:
V – os candidatos a governa- frontada com o título e poderá a) assinalando com uma
dor, vice-governador, senador, também ser examinada por fiscal cruz, ou de modo que torne ex-
deputado federal e estadual, em ou delegado de partido; pressa a sua intenção, o quadrilá-
qualquer seção do Estado de que V – achando-se em ordem o tero correspondente ao candidato
sejam eleitores, nas eleições de título e a folha individual e não majoritário de sua preferência;
âmbito nacional e estadual; havendo dúvida sobre a identi- b) escrevendo o nome, o pre-
VI – os prefeitos, vice-prefei- dade do eleitor, o presidente da nome, ou o número do candidato
tos e vereadores, em qualquer mesa o convidará a lançar sua de sua preferência nas eleições
seção de município que repre- assinatura no verso da folha in- proporcionais;
sentarem, desde que eleitores dividual de votação; em seguida c) escrevendo apenas a sigla
do Estado, sendo que, no caso entregar-lhe-á a cédula única ru- do partido de sua preferência, se
de eleições municipais, nelas so- bricada no ato pelo presidente e pretender votar só na legenda;
mente poderão votar se inscritos mesários e numerada de acordo X – ao sair da cabina o eleitor
no município; com as Instruções do Tribunal Su- depositará na urna a cédula;
VII – os candidatos a prefeito, perior, instruindo-o sobre a forma XI – ao depositar a cédula na
vice-prefeito e vereador, em qual- de dobrá-la, fazendo-o passar à urna o eleitor deverá fazê-lo de
quer seção de município, desde cabina indevassável, cuja porta maneira a mostrar a parte ru-
que dele sejam eleitores; ou cortina será encerrada em bricada à mesa e aos fiscais de
VIII – os militares, removidos seguida; partido, para que verifiquem, sem
ou transferidos dentro do período VI – o eleitor será admitido a nela tocar, se não foi substituída;
de 6 (seis) meses antes do pleito, votar, ainda que deixe de exibir XII – se a cédula oficial não for
poderão votar nas eleições para no ato da votação o seu título, a mesma, será o eleitor convidado
presidente e vice-presidente da desde que seja inscrito na seção a voltar à cabina indevassável e
República na localidade em que e conste da respectiva pasta a a trazer seu voto na cédula que
estiverem servindo; sua folha individual de votação; recebeu; se não quiser tornar
IX – os policiais militares em nesse caso, a prova de ter votado à cabina ser-lhe-á recusado o
serviço. será feita mediante certidão que direito de voto, anotando-se a
obterá posteriormente, no juízo ocorrência na ata e ficando o
competente; eleitor retido pela mesa, e à sua
CAPÍTULO IV – DO ATO DE VII – no caso da omissão da disposição, até o término da vo-
VOTAR folha individual na respectiva pas- tação ou a devolução da cédula
ta verificada no ato da votação, oficial já rubricada e numerada;
Art. 146. Observar-se-á na vo- será o eleitor, ainda, admitido a XIII – se o eleitor, ao receber
tação o seguinte: votar, desde que exiba o seu título a cédula ou ao recolher-se à ca-
I – o eleitor receberá, ao apre- eleitoral e dele conste que o por- bina de votação, verificar que a
sentar-se na seção, e antes de tador é inscrito na seção, sendo o cédula se acha estragada ou, de
penetrar no recinto da mesa, uma seu voto, nesta hipótese, tomado qualquer modo, viciada ou as-
senha numerada, que o secretário em separado e colhida sua assina- sinalada ou se ele próprio, por
rubricará, no momento, depois de tura na folha de votação modelo imprudência, imprevidência ou
verificar pela relação dos eleito- 2 (dois). Como ato preliminar da ignorância, a inutilizar, estragar
res da seção, que o seu nome apuração do voto, averiguar-se-á ou assinalar erradamente, pode-
consta da respectiva pasta; se se trata de eleitor em condi- rá pedir uma outra ao presidente
II – no verso da senha o se- ções de votar, inclusive se real- da seção eleitoral, restituindo,
cretário anotará o número de or- mente pertence à seção; porém, a primeira, a qual será
dem da folha individual da pasta, VIII – verificada a ocorrência imediatamente inutilizada à vista
número esse que constará da de que trata o número anterior, dos presentes e sem quebra do
relação enviada pelo cartório à a Junta Eleitoral, antes de encer- sigilo do que o eleitor haja nela
mesa receptora; rar os seus trabalhos, apurará a assinalado;
586
Código Eleitoral
XIV – introduzida a sobrecarta dos no art. 145 não será permitido Art. 154. Terminada a votação
na urna, o presidente da mesa de- votar sem a exibição do título, e e declarado o seu encerramento
volverá o título ao eleitor, depois nas folhas de votação modelo 2 pelo presidente, tomará este as
de datá-lo e assiná-lo; em seguida (dois), nas quais lançarão suas seguintes providências:
rubricará, no local próprio, a folha assinaturas, serão sempre ano- I – vedará a fenda de introdu-
individual de votação. tadas na coluna própria as seções ção da cédula na urna, de modo
mencionadas nos títulos retidos. a cobri-la inteiramente com tiras
Art. 147. O presidente da mesa § 3o Quando se tratar de can- de papel ou pano forte, rubricadas
dispensará especial atenção à didato, o presidente da mesa re- pelo presidente e mesários e, fa-
identidade de cada eleitor ad- ceptora verificará, previamente, cultativamente, pelos fiscais pre-
mitido a votar. Existindo dúvida se o nome figura na relação en- sentes; separará todas as folhas
a respeito, deverá exigir-lhe a exi- viada à seção, e quando se tratar de votação correspondentes aos
bição da respectiva carteira, e, na de fiscal de partido, se a creden- eleitores faltosos e fará constar,
falta desta, interrogá-lo sobre os cial está devidamente visada pelo no verso de cada uma delas, na
dados constantes do título, ou da juiz eleitoral. parte destinada à assinatura do
folha individual de votação, con- § 4o (Revogado) eleitor, a falta verificada, por meio
frontando a assinatura do mesmo § 5o (Revogado) de breve registro, que autenticará
com a feita na sua presença pelo com a sua assinatura;
eleitor, e mencionando na ata a Art. 149. Não será admitido re- II – encerrará, com a sua assi-
dúvida suscitada. curso contra a votação, se não natura, a folha de votação modelo
§ 1o A impugnação à identi- tiver havido impugnação perante 2 (dois), que poderá ser também
dade do eleitor, formulada pelos a mesa receptora, no ato da vota- assinada pelos fiscais;
membros da mesa, fiscais, de- ção, contra as nulidades arguidas. III – mandará lavrar, por um
legados, candidatos ou qualquer dos secretários, a ata da eleição,
eleitor, será apresentada verbal- Art. 150. O eleitor cego poderá: preenchendo o modelo forneci-
mente ou por escrito, antes de ser I – assinar a folha individual do pela Justiça Eleitoral, para
o mesmo admitido a votar. de votação em letras do alfabeto que conste:
§ 2o Se persistir a dúvida ou comum ou do sistema Braille; a) os nomes dos membros
for mantida a impugnação, to- II – assinalar a cédula oficial, da mesa que hajam comparecido,
mará o presidente da mesa as utilizando também qualquer sis- inclusive o suplente;
seguintes providências: tema; b) as substituições e nome-
I – escreverá numa sobrecar- III – usar qualquer elemento ações feitas;
ta branca o seguinte: “Impugnado mecânico que trouxer consigo, c) os nomes dos fiscais que
por “F””; ou lhe for fornecido pela mesa, hajam comparecido e dos que
II – entregará ao eleitor a so- e que lhe possibilite exercer o se retiraram durante a votação;
brecarta branca, para que ele, na direito de voto. d) a causa, se houver, do re-
presença da mesa e dos fiscais, tardamento para o começo da
nela coloque a cédula oficial que Art. 151. (Revogado) votação;
assinalou, assim como o seu títu- e) o número, por extenso, dos
lo, a folha de impugnação e qual- Art. 152. Poderão ser utilizadas eleitores da seção que compare-
quer outro documento oferecido máquinas de votar, a critério e ceram e votaram e o número dos
pelo impugnante; mediante regulamentação do Tri- que deixaram de comparecer;
III – determinará ao eleitor bunal Superior Eleitoral. f) o número, por extenso, de
que feche a sobrecarta branca eleitores de outras seções que
e a deposite na urna; hajam votado e cujos votos ha-
IV – anotará a impugnação CAPÍTULO V – DO jam sido recolhidos ao invólucro
na ata. ENCERRAMENTO DA especial;
§ 3o O voto em separado, por VOTAÇÃO g) o motivo de não haverem
qualquer motivo, será sempre to- votado alguns dos eleitores que
mado na forma prevista no pará- Art. 153. Às 17 (dezessete) ho- compareceram;
grafo anterior. ras, o presidente fará entregar h) os protestos e as impug-
as senhas a todos os eleitores nações apresentados pelos fis-
Art. 148. O eleitor somente po- presentes e, em seguida, os con- cais, assim como as decisões
derá votar na seção eleitoral em vidará, em voz alta, a entregar à sobre eles proferidas, tudo em
que estiver incluído o seu nome. mesa seus títulos, para que sejam seu inteiro teor;
§ 1o Essa exigência somente admitidos a votar. i) a razão de interrupção da
poderá ser dispensada nos ca- Parágrafo único. A votação votação, se tiver havido, e o tempo
sos previstos no art. 145 e seus continuará na ordem numérica de interrupção;
parágrafos. das senhas e o título será devolvido j) a ressalva das rasuras,
§ 2o Aos eleitores menciona- ao eleitor, logo que tenha votado. emendas e entrelinhas porven-
587
Código Eleitoral
tura existentes nas folhas de vo- § 2o A urna ficará permanen- CAPÍTULO II – DA
tação e na ata, ou a declaração temente à vista dos interessados APURAÇÃO NAS JUNTAS
de não existirem; e sob a guarda de pessoa desig-
IV – mandará, em caso de in- nada pelo presidente da Junta Seção I – Disposições
suficiência de espaço no mode- Eleitoral. Preliminares
lo destinado ao preenchimento,
prosseguir a ata em outra folha Art. 156. Até as 12 (doze) horas Art. 159. A apuração começará
devidamente rubricada por ele, do dia seguinte à realização da no dia seguinte ao das eleições e,
mesários e fiscais que o deseja- eleição, o juiz eleitoral é obrigado, salvo motivo justificado, deverá
rem, mencionando esse fato na sob pena de responsabilidade e terminar dentro de 10 (dez) dias.
própria ata; multa de 1 (um) a 2 (dois) salários § 1o Iniciada a apuração, os
V – assinará a ata com os mínimos, a comunicar ao Tribunal trabalhos não serão interrom-
demais membros da mesa, se- Regional, e aos delegados de par- pidos aos sábados, domingos e
cretários e fiscais que quiserem; tido perante ele credenciados, o dias feriados, devendo a Junta
VI – entregará a urna e os número de eleitores que votaram funcionar das 8 (oito) às 18 (de-
documentos do ato eleitoral ao em cada uma das seções da zona zoito) horas, pelo menos.
presidente da Junta ou à agên- sob sua jurisdição, bem como o § 2o Em caso de impossibi-
cia do Correio mais próxima, ou total de votantes da zona. lidade de observância do prazo
a outra vizinha que ofereça me- § 1o Se houver retardamento previsto neste artigo, o fato deve-
lhores condições de segurança nas medidas referidas no art. 154, rá ser imediatamente justificado
e expedição, sob recibo em tri- o juiz eleitoral, assim que receba perante o Tribunal Regional, men-
plicata com a indicação de hora, o ofício constante desse dispo- cionando-se as horas ou dias ne-
devendo aqueles documentos sitivo, no VII, fará a comunicação cessários para o adiamento, que
ser encerrados em sobrecartas constante deste artigo. não poderá exceder a cinco dias.
rubricadas por ele e pelos fiscais § 2o Essa comunicação será § 3o Esgotado o prazo e a
que o quiserem; feita por via postal, em ofícios re- prorrogação estipulada neste ar-
VII – comunicará em ofício, ou gistrados de que o juiz eleitoral tigo, ou não tendo havido em tem-
impresso próprio, ao juiz eleitoral guardará cópia no arquivo da zona, po hábil o pedido de prorrogação,
da zona a realização da eleição, o acompanhada do recibo do Correio. a respectiva Junta Eleitoral perde
número de eleitores que votaram § 3o Qualquer candidato, de- a competência para prosseguir na
e a remessa da urna e dos docu- legado ou fiscal de partido po- apuração, devendo o seu presi-
mentos à Junta Eleitoral; derá obter, por certidão, o teor dente remeter, imediatamente, ao
VIII – enviará em sobrecarta da comunicação a que se refere Tribunal Regional, todo o material
fechada uma das vias do recibo este artigo, sendo defeso ao juiz relativo à votação.
do Correio à Junta Eleitoral e a eleitoral recusá-la ou procrasti- § 4o Ocorrendo a hipótese
outra ao Tribunal Regional. nar a sua entrega ao requerente. prevista no parágrafo anterior,
§ 1o Os Tribunais Regionais competirá ao Tribunal Regional
poderão prescrever outros meios Art. 157. (Revogado) fazer a apuração.
de vedação das urnas. § 5o Os membros da Junta
§ 2o No Distrito Federal e nas Eleitoral responsáveis pela ino-
capitais dos Estados poderão os TÍTULO V – DA APURAÇÃO bservância injustificada dos pra-
Tribunais Regionais determinar CAPÍTULO I – DOS ÓRGÃOS zos fixados neste artigo estarão
normas diversas para a entrega sujeitos à multa de dois a dez
de urnas e papéis eleitorais, com APURADORES salários mínimos, aplicada pelo
as cautelas destinadas a evitar Tribunal Regional.
violação ou extravio. Art. 158. A apuração compete:
I – às Juntas Eleitorais quan- Art. 160. Havendo conveniência,
Art. 155. O presidente da Junta to às eleições realizadas na zona em razão do número de urnas a
Eleitoral e as agências do Correio sob sua jurisdição; apurar, a Junta poderá subdivi-
tomarão as providências neces- II – aos Tribunais Regionais a dir-se em turmas, até o limite de
sárias para o recebimento da urna referente às eleições para gover- 5 (cinco), todas presididas por
e dos documentos referidos no nador, vice-governador, senador, algum dos seus componentes.
artigo anterior. deputado federal e estadual, de Parágrafo único. As dúvidas
§ 1o Os fiscais e delegados acordo com os resultados parciais que forem levantadas em cada
de partidos têm direito de vigiar enviados pelas Juntas Eleitorais; turma serão decididas por maioria
e acompanhar a urna desde o III – ao Tribunal Superior Elei- de votos dos membros da Junta.
momento da eleição, durante a toral nas eleições para presidente
permanência nas agências do e vice-presidente da República, Art. 161. Cada partido poderá
Correio e até a entrega à Junta pelos resultados parciais reme- credenciar perante as Juntas até
Eleitoral. tidos pelos Tribunais Regionais. 3 (três) fiscais, que se revezem na
588
Código Eleitoral
fiscalização dos trabalhos. (dois) são autênticas; abertura desta.
§ 1o Em caso de divisão da IV – se a eleição se realizou § 3o Verificado qualquer dos
Junta em turmas, cada partido no dia, hora e local designados e casos dos nos II, III, IV e V do artigo,
poderá credenciar até 3 (três) se a votação não foi encerrada a Junta anulará a votação, fará a
fiscais para cada turma. antes das 17 (dezessete) horas; apuração dos votos em separado
§ 2o Não será permitida, V – se foram infringidas as e recorrerá de ofício para o Tri-
na Junta ou turma, a atuação condições que resguardam o si- bunal Regional.
de mais de 1 (um) fiscal de cada gilo do voto; § 4o Nos casos dos nos VI, VII,
partido. VI – se a seção eleitoral foi VIII, IX e X, a Junta decidirá se a
localizada com infração ao dis- votação é válida, procedendo à
Art. 162. Cada partido poderá posto nos §§ 4o e 5o do art. 135; apuração definitiva em caso afir-
credenciar mais de 1 (um) dele- VII – se foi recusada, sem mativo, ou na forma do parágrafo
gado perante a Junta, mas no fundamento legal, a fiscalização anterior, se resolver pela nulidade
decorrer da apuração só funcio- de partidos aos atos eleitorais; da votação.
nará 1 (um) de cada vez. VIII – se votou eleitor excluí- § 5o A junta deixará de apurar
do do alistamento, sem ser o seu os votos de urna que não estiver
Art. 163. Iniciada a apuração da voto tomado em separado; acompanhada dos documentos
urna, não será a mesma inter- IX – se votou eleitor de outra legais e lavrará termo relativo ao
rompida, devendo ser concluída. seção, a não ser nos casos ex- fato, remetendo-a, com cópia da
Parágrafo único. Em caso de pressamente admitidos; sua decisão, ao Tribunal Regional.
interrupção por motivo de força X – se houve demora na en-
maior, as cédulas e as folhas de trega da urna e dos documentos Art. 166. Aberta a urna, a Junta
apuração serão recolhidas à urna conforme determina o no VI, do verificará se o número de cédu-
e esta fechada e lacrada, o que art. 154; las oficiais corresponde ao de
constará da ata. XI – se consta nas folhas in- votantes.
dividuais de votação dos eleito- § 1o A incoincidência entre o
Art. 164. É vedado às Juntas res faltosos o devido registro de número de votantes e o de cédu-
Eleitorais a divulgação, por qual- sua falta. las oficiais encontradas na urna
quer meio, de expressões, frases § 1o Se houver indício de vio- não constituirá motivo de nuli-
ou desenhos estranhos ao pleito, lação da urna, proceder-se-á da dade da votação, desde que não
apostos ou contidos nas cédulas. seguinte forma: resulte de fraude comprovada.
§ 1o Aos membros, escruti- I – antes da apuração, o pre- § 2o Se a Junta entender que
nadores e auxiliares das Juntas sidente da Junta indicará pessoa a incoincidência resulta de frau-
que infringirem o disposto neste idônea para servir como perito e de, anulará a votação, fará a apu-
artigo será aplicada a multa de examinar a urna com assistência ração em separado e recorrerá de
1 (um) a 2 (dois) salários míni- do representante do Ministério ofício para o Tribunal Regional.
mos vigentes na Zona Eleitoral, Público;
cobrados através de executivo II – se o perito concluir pela Art. 167. Resolvida a apuração
fiscal ou da inutilização de selos existência de violação e o seu da urna, deverá a Junta inicial-
federais no processo em que for parecer for aceito pela Junta, o mente:
arbitrada a multa. presidente desta comunicará a I – examinar as sobrecartas
§ 2o Será considerada dívi- ocorrência ao Tribunal Regional, brancas contidas na urna, anu-
da líquida e certa, para efeito para as providências de lei; lando os votos referentes aos
de cobrança, a que for arbitrada III – se o perito e o repre- eleitores que não podiam votar;
pelo Tribunal Regional e inscrita sentante do Ministério Público II – misturar as cédulas ofi-
em livro próprio na Secretaria concluírem pela inexistência de ciais dos que podiam votar com
desse órgão. violação, far-se-á a apuração; as demais existentes na urna;
IV – se apenas o represen- III – (Revogado);
tante do Ministério Público en- IV – (Revogado).
Seção II – Da Abertura da tender que a urna foi violada, a
Urna Junta decidirá, podendo aquele, Art. 168. As questões relativas
se a decisão não for unânime, à existência de rasuras, emen-
Art. 165. Antes de abrir cada recorrer imediatamente para o das e entrelinhas nas folhas de
urna a Junta verificará: Tribunal Regional; votação e na ata da eleição, so-
I – se há indício de violação V – não poderão servir de mente poderão ser suscitadas na
da urna; peritos os referidos no art. 36, fase correspondente à abertura
II – se a mesa receptora se § 3o, nos I a IV. das urnas.
constituiu legalmente; § 2o As impugnações funda-
III – se as folhas individuais das em violação da urna somente
de votação e as folhas modelo 2 poderão ser apresentadas até a
589
Código Eleitoral
Seção III – Das Impugnações Seção IV – Da Contagem dos for indicado, através do nome
e dos Recursos Votos ou do número, com clareza sufi-
ciente para distingui-lo de outro
Art. 169. À medida que os votos Art. 173. Resolvidas as impug- candidato ao mesmo cargo, mas
forem sendo apurados, poderão nações a Junta passará a apurar de outro partido, e o eleitor não
os fiscais e delegados de partido, os votos. indicar a legenda;
assim como os candidatos, apre- Parágrafo único. Na apura- II – se o eleitor escrever o
sentar impugnações que serão ção, poderá ser utilizado sistema nome de mais de um candidato
decididas de plano pela Junta. eletrônico, a critério do Tribunal ao mesmo cargo, pertencentes a
§ 1o As Juntas decidirão por Superior Eleitoral e na forma por partidos diversos ou, indicando
maioria de votos as impugnações. ele estabelecida. apenas os números, o fizer tam-
§ 2o De suas decisões cabe bém de candidatos de partidos
recurso imediato, interposto ver- Art. 174. As cédulas oficiais, diferentes;
balmente ou por escrito, que de- à medida em que forem sendo III – se o eleitor, não manifes-
verá ser fundamentado no prazo abertas, serão examinadas e lidas tando preferência por candidato,
de 48 (quarenta e oito) horas para em voz alta por um dos compo- ou o fazendo de modo que não se
que tenha seguimento. nentes da Junta. possa identificar o de sua prefe-
§ 3o O recurso, quando ocor- § 1o Após fazer a declaração rência, escrever duas ou mais
rerem eleições simultâneas, in- dos votos em branco e antes de legendas diferentes no espaço
dicará expressamente a eleição ser anunciado o seguinte, será relativo à mesma eleição.
a que se refere. aposto na cédula, no lugar cor- § 3o Serão nulos, para to-
§ 4o Os recursos serão ins- respondente à indicação do voto, dos os efeitos, os votos dados
truídos de ofício, com certidão da um carimbo com a expressão “em a candidatos inelegíveis ou não
decisão recorrida; se interpostos branco”, além da rubrica do pre- registrados.
verbalmente, constará também sidente da turma. § 4o O disposto no parágrafo
da certidão o trecho correspon- § 2o O mesmo processo será anterior não se aplica quando a
dente do boletim. adaptado para o voto nulo. decisão de inelegibilidade ou de
§ 3o Não poderá ser inicia- cancelamento de registro for pro-
Art. 170. As impugnações quan- da a apuração dos votos da urna ferida após a realização da eleição
to à identidade do eleitor, apre- subsequente, sob as penas do a que concorreu o candidato al-
sentadas no ato da votação, se- art. 345, sem que os votos em cançado pela sentença, caso em
rão resolvidas pelo confronto da branco da anterior estejam to- que os votos serão contados para
assinatura tomada no verso da dos registrados pela forma re- o partido pelo qual tiver sido feito
folha individual de votação com ferida no § 1o. o seu registro.
a existente no anverso; se o elei- § 4o As questões relativas
tor votou em separado, no caso às cédulas somente poderão ser Art. 176. Contar-se-á o voto ape-
de omissão da folha individual na suscitadas nessa oportunidade. nas para a legenda, nas eleições
respectiva pasta, confrontando- pelo sistema proporcional:
-se a assinatura da folha modelo Art. 175. Serão nulas as cédulas: I – se o eleitor escrever ape-
2 (dois) com a do título eleitoral. I – que não corresponderem nas a sigla partidária, não indi-
ao modelo oficial; cando o candidato de sua pre-
Art. 171. Não será admitido re- II – que não estiverem devi- ferência;
curso contra a apuração, se não damente autenticadas; II – se o eleitor escrever o
tiver havido impugnação perante III – que contiverem expres- nome de mais de um candidato
a Junta, no ato da apuração, con- sões, frases ou sinais que possam do mesmo Partido;
tra as nulidades arguidas. identificar o voto. III – se o eleitor, escreven-
§ 1o Serão nulos os votos, em do apenas os números, indicar
Art. 172. Sempre que houver re- cada eleição majoritária: mais de um candidato do mes-
curso fundado em contagem er- I – quando forem assinalados mo Partido;
rônea de votos, vícios de cédulas os nomes de dois ou mais candi- IV – se o eleitor não indicar
ou de sobrecartas para votos em datos para o mesmo cargo; o candidato através do nome ou
separado, deverão as cédulas ser II – quando a assinalação esti- do número com clareza suficiente
conservadas em invólucro lacra- ver colocada fora do quadrilátero para distingui-lo de outro candi-
do, que acompanhará o recurso próprio, desde que torne duvido- dato do mesmo Partido.
e deverá ser rubricado pelo juiz sa a manifestação da vontade
eleitoral, pelo recorrente e pe- do eleitor. Art. 177. Na contagem dos vo-
los delegados de partido que o § 2o Serão nulos os votos, tos para as eleições realizadas
desejarem. em cada eleição pelo sistema pelo sistema proporcional ob-
proporcional: servar-se-ão, ainda, as seguin-
I – quando o candidato não tes normas:
590
Código Eleitoral
I – a inversão, omissão ou erro apuração, serão assinados pelo ração de cada urna e antes de se
de grafia do nome ou prenome presidente e membros da Junta passar à subsequente, sob qual-
não invalidará o voto, desde que e pelos fiscais de partido que o quer pretexto, constitui o crime
seja possível a identificação do desejarem. previsto no art. 313.
candidato; § 2o O boletim a que se refere
II – se o eleitor escrever o este artigo obedecerá a modelo Art. 180. O disposto no artigo
nome de um candidato e o nú- aprovado pelo Tribunal Superior anterior e em todos os seus pa-
mero correspondente a outro Eleitoral, podendo porém, na sua rágrafos aplica-se às eleições
da mesma legenda ou não, con- falta, ser substituído por qual- municipais, observadas somente
tar-se-á o voto para o candidato quer outro expedido por Tribunal as seguintes alterações:
cujo nome foi escrito, bem como Regional ou pela própria Junta I – o boletim de apuração po-
para a legenda a que pertence; Eleitoral. derá ser apresentado à Junta até
III – se o eleitor escrever o § 3o Um dos exemplares do 3 (três) dias depois de totalizados
nome ou o número de um can- boletim de apuração será ime- os resultados, devendo os parti-
didato e a legenda de outro Par- diatamente afixado na sede da dos ser cientificados, através de
tido, contar-se-á o voto para o Junta, em local que possa ser seus delegados, da data em que
candidato cujo nome ou número copiado por qualquer pessoa. começará a correr esse prazo;
foi escrito; § 4o Cópia autenticada do II – apresentado o boletim
IV – se o eleitor escrever o boletim de apuração será entre- será observado o disposto nos
nome ou o número de um candi- gue a cada partido, por intermédio §§ 7o e 8o, do artigo anterior, de-
dato a Deputado Federal na parte do delegado ou fiscal presente, vendo a recontagem ser proce-
da cédula referente a Deputado mediante recibo. dida pela própria Junta.
Estadual ou vice-versa, o voto § 5o O boletim de apuração
será contado para o candidato ou sua cópia autenticada com a Art. 181. Salvo nos casos men-
cujo nome ou número foi escrito; assinatura do juiz e pelo menos cionados nos artigos anteriores,
V – se o eleitor escrever o de um dos membros da Junta, a recontagem de votos só poderá
nome ou o número de candidatos fará prova do resultado apura- ser deferida pelos Tribunais Re-
em espaço da cédula que não seja do, podendo ser apresentado ao gionais, em recurso interposto
o correspondente ao cargo para Tribunal Regional, nas eleições imediatamente após a apuração
o qual o candidato foi registrado, federais e estaduais, sempre que de cada urna.
será o voto computado para o o número de votos constantes dos Parágrafo único. Em nenhu-
candidato e respectiva legenda, mapas recebidos pela Comissão ma outra hipótese poderá a Junta
conforme o registro. Apuradora não coincidir com os determinar a reabertura de urnas
nele consignados. já apuradas para recontagem de
Art. 178. O voto dado ao candi- § 6o O partido ou candida- votos.
dato a Presidente da República to poderá apresentar o boletim
entender-se-á dado também ao na oportunidade concedida pelo Art. 182. Os títulos dos eleito-
candidato a vice-presidente, as- art. 200, quando terá vista do re- res estranhos à seção serão se-
sim como o dado aos candidatos latório da Comissão Apuradora, parados, para remessa, depois
a governador, senador, deputado ou antes, se durante os trabalhos de terminados os trabalhos da
federal nos territórios, prefeito e da Comissão tiver conhecimento Junta, ao juiz eleitoral da zona
juiz de paz entender-se-á dado da incoincidência de qualquer neles mencionada, a fim de que
ao respectivo vice ou suplente. resultado. seja anotado na folha individual
§ 7o Apresentado o boletim, de votação o voto dado em ou-
Art. 179. Concluída a contagem será aberta vista aos demais tra seção.
dos votos a Junta ou turma de- partidos, pelo prazo de 2 (dois) Parágrafo único. Se, ao ser
verá: dias, os quais somente poderão feita a anotação, no confronto
I – transcrever nos mapas contestar o erro indicado com a do título com a folha individual, se
referentes à urna a votação apu- apresentação de boletim da mes- verificar incoincidência ou outro
rada; ma urna, revestido das mesmas indício de fraude, serão autuados
II – expedir boletim conten- formalidades. tais documentos e o juiz determi-
do o resultado da respectiva se- § 8o Se o boletim apresen- nará as providências necessárias
ção, no qual serão consignados tado na contestação consignar para apuração do fato e conse-
o número de votantes, a votação outro resultado, coincidente ou quentes medidas legais.
individual de cada candidato, os não com o que figurar no mapa
votos de cada legenda partidária, enviado pela Junta, a urna será Art. 183. Concluída a apuração, e
os votos nulos e os em branco, requisitada e recontada pelo pró- antes de se passar à subsequen-
bem como recursos, se houver. prio Tribunal Regional, em sessão. te, as cédulas serão recolhidas
§ 1o Os mapas, em todas § 9o A não expedição do bo- à urna, sendo esta fechada e la-
as suas folhas, e os boletins de letim imediatamente após a apu- crada, não podendo ser reaberta
591
Código Eleitoral
senão depois de transitada em a qualquer pessoa, inclusive ao votar, poderão alterar a repre-
julgado a diplomação, salvo nos Juiz, o seu exame na ocasião da sentação de qualquer partido ou
casos de recontagem de votos. incineração. classificação de candidato eleito
Parágrafo único. O descum- Parágrafo único. Poderá ain- pelo princípio majoritário, nas
primento do disposto no presen- da a Justiça Eleitoral, tomadas as eleições municipais, fará imediata
te artigo, sob qualquer pretexto, medidas necessárias à garantia comunicação do fato ao Tribunal
constitui o crime eleitoral previsto do sigilo, autorizar a reciclagem Regional, que marcará, se for o
no art. 314. industrial das cédulas, em pro- caso, dia para a renovação da
veito do ensino público de pri- votação naquelas seções.
Art. 184. Terminada a apuração, meiro grau ou de instituições § 1o Nas eleições suplemen-
a Junta remeterá ao Tribunal Re- beneficentes. tares municipais observar-se-
gional, no prazo de vinte e quatro -á, no que couber, o disposto
horas, todos os papéis eleitorais Art. 186. Com relação às elei- no art. 201.
referentes às eleições estaduais ções municipais e distritais, uma § 2o Essas eleições serão
ou federais, acompanhados dos vez terminada a apuração de to- realizadas perante novas mesas
documentos referentes à apura- das as urnas, a Junta resolverá receptoras, nomeadas pelo juiz
ção, juntamente com a ata geral as dúvidas não decididas, verifi- eleitoral, e apuradas pela pró-
dos seus trabalhos, na qual serão cará o total dos votos apurados, pria Junta que, considerando os
consignadas as votações apura- inclusive os votos em branco, anteriores e os novos resultados
das para cada legenda e candida- determinará o quociente eleito- confirmará ou invalidará os diplo-
to e os votos não apurados, com a ral e os quocientes partidários e mas que houver expedido.
declaração dos motivos por que proclamará os candidatos eleitos. § 3o Havendo renovação de
o não foram. § 1o O presidente da Junta eleições para os cargos de pre-
§ 1o Essa remessa será feita fará lavrar, por um dos secretá- feito e vice-prefeito, os diplomas
em invólucro fechado, lacrado e rios, a ata geral concernente às somente serão expedidos depois
rubricado pelos membros da Jun- eleições referidas neste artigo, da de apuradas as eleições suple-
ta, delegados e fiscais de Partido, qual constará o seguinte: mentares.
por via postal ou sob protocolo, I – as seções apuradas e o § 4o Nas eleições suplemen-
conforme for mais rápida e segura número de votos apurados em tares, quando se referirem a man-
a chegada ao destino. cada urna; datos de representação propor-
§ 2o Se a remessa dos pa- II – as seções anuladas, os cional, a votação e a apuração
péis eleitorais de que trata este motivos por que foram e o número far-se-ão exclusivamente para
artigo não se verificar no prazo de votos não apurados; as legendas registradas.
nele estabelecido, os membros III – as seções onde não houve
da Junta estarão sujeitos à mul- eleição e os motivos;
ta correspondente à metade do IV – as impugnações feitas,
Seção V – Da Contagem dos
salário mínimo regional por dia a solução que lhes foi dada e os Votos pela Mesa Receptora
de retardamento. recursos interpostos;
§ 3o Decorridos quinze dias V – a votação de cada legenda Art. 188. O Tribunal Superior
sem que o Tribunal Regional te- na eleição para vereador; Eleitoral poderá autorizar a con-
nha recebido os papéis referi- VI – o quociente eleitoral e os tagem de votos pelas mesas re-
dos neste artigo ou comunicação quocientes partidários; ceptoras, nos Estados em que o
de sua expedição, determinará VII – a votação dos candidatos Tribunal Regional indicar as zonas
ao Corregedor Regional ou Juiz a vereador, incluídos em cada lista ou seções em que esse sistema
Eleitoral mais próximo que os registrada, na ordem da votação deva ser adotado.
faça apreender e enviar imedia- recebida;
tamente, transferindo-se para o VIII – a votação dos candida- Art. 189. Os mesários das se-
Tribunal Regional a competência tos a prefeito, vice-prefeito e a ções em que for efetuada a con-
para decidir sobre os mesmos. juiz de paz, na ordem da votação tagem dos votos serão nomeados
recebida. escrutinadores da Junta.
Art. 185. Sessenta dias após § 2o Cópia da ata geral da
o trânsito em julgado da diplo- eleição municipal, devidamente Art. 190. Não será efetuada a
mação de todos os candidatos autenticada pelo juiz, será en- contagem dos votos pela mesa
eleitos nos pleitos eleitorais rea- viada ao Tribunal Regional e ao se esta não se julgar suficiente-
lizados simultaneamente e prévia Tribunal Superior Eleitoral. mente garantida, ou se qualquer
publicação de edital de convoca- eleitor houver votado sob impug-
ção, as cédulas serão retiradas Art. 187. Verificando a Junta nação, devendo a mesa, em um
das urnas e imediatamente in- Apuradora que os votos das se- ou outro caso, proceder na forma
cineradas, na presença do Juiz ções anuladas e daquelas cujos determinada para as demais, das
Eleitoral e em ato público, vedado eleitores foram impedidos de zonas em que a contagem não foi
592
Código Eleitoral
autorizada. e entregue ao juiz eleitoral pelo esta sob a supervisão do juiz e
presidente da mesa ou por um dos demais membros da Junta,
Art. 191. Terminada a votação, dos mesários, mediante recibo. aos quais caberá decidir, em cada
o presidente da mesa tomará as § 1o O juiz eleitoral poderá, caso, as impugnações e demais
providências mencionadas nas havendo possibilidade, designar incidentes verificados durante
alíneas II, III, IV e V do art. 154. funcionários para recolher as ur- os trabalhos.
nas e demais documentos nos
Art. 192. Lavrada e assinada a próprios locais da votação ou
ata, o presidente da mesa, na instalar postos e locais diversos CAPÍTULO III – DA
presença dos demais membros, para o seu recebimento. APURAÇÃO NOS TRIBUNAIS
fiscais e delegados do partido, § 2o Os fiscais e delegados de REGIONAIS
abrirá a urna e o invólucro e veri- partido podem vigiar e acompa-
ficará se o número de cédulas ofi- nhar a urna desde o momento da Art. 197. Na apuração, compete
ciais coincide com o de votantes. eleição, durante a permanência ao Tribunal Regional:
§ 1o Se não houver coincidên- nos postos arrecadadores e até I – resolver as dúvidas não de-
cia entre o número de votantes e a entrega à Junta. cididas e os recursos interpostos
o de cédulas oficiais encontradas sobre as eleições federais e es-
na urna e no invólucro, a mesa Art. 195. Recebida a urna e do- taduais e apurar as votações que
receptora não fará a contagem cumentos, a Junta deverá: haja validado, em grau de recurso;
dos votos. I – examinar a sua regularida- II – verificar o total dos vo-
§ 2o Ocorrendo a hipótese de, inclusive quanto ao funciona- tos apurados entre os quais se
prevista no parágrafo anterior, o mento normal da seção; incluem os em branco;
presidente da mesa determinará II – rever o boletim de conta- III – determinar os quocien-
que as cédulas e as sobrecartas gem de votos da mesa receptora, tes, eleitoral e partidário, bem
sejam novamente recolhidas à a fim de verificar se está aritme- como a distribuição das sobras;
urna e ao invólucro, os quais serão ticamente certo, fazendo dele IV – proclamar os eleitos e
fechados e lacrados, procedendo, constar que, conferido, nenhum expedir os respectivos diplomas;
em seguida, na forma recomen- erro foi encontrado; V – fazer a apuração parcial
dada pelas alíneas VI, VII e VIII III – abrir a urna e conferir os das eleições para Presidente e
do art. 154. votos sempre que a contagem Vice-presidente da República.
da mesa receptora não permitir
Art. 193. Havendo coincidência o fechamento dos resultados; Art. 198. A apuração pelo Tri-
entre o número de cédulas e o IV – proceder à apuração se bunal Regional começará no dia
de votantes deverá a mesa, ini- da ata da eleição constar im- seguinte ao em que receber os
cialmente, misturar as cédulas pugnação de fiscal, delegado, primeiros resultados parciais das
contidas nas sobrecartas bran- candidato ou membro da própria Juntas e prosseguirá sem inter-
cas, da urna e do invólucro, com mesa em relação ao resultado de rupção, inclusive nos sábados,
as demais. contagem dos votos; domingos e feriados, de acordo
§ 1o Em seguida proceder- V – resolver todas as im- com o horário previamente publi-
-se-á à abertura das cédulas e pugnações constantes da ata cado, devendo terminar 30 (trinta)
contagem dos votos, observan- da eleição; dias depois da eleição.
do-se o disposto nos arts. 169 e VI – praticar todos os atos § 1o Ocorrendo motivos re-
seguintes, no que couber. previstos na competência das levantes, expostos com a neces-
§ 2o Terminada a contagem Juntas Eleitorais. sária antecedência, o Tribunal
dos votos será lavrada ata re- Superior poderá conceder pror-
sumida, de acordo com modelo Art. 196. De acordo com as ins- rogação desse prazo, uma só vez
aprovado pelo Tribunal Superior truções recebidas a Junta Apura- e por quinze dias.
e da qual constarão apenas as dora poderá reunir os membros § 2o Se o Tribunal Regional
impugnações acaso apresenta- das mesas receptoras e demais não terminar a apuração no pra-
das, figurando os resultados no componentes da Junta em local zo legal, seus membros estarão
boletim que se incorporará à ata, amplo e adequado no dia seguinte sujeitos à multa correspondente
e do qual se dará cópia aos fiscais ao da eleição, em horário previa- à metade do salário mínimo re-
dos partidos. mente fixado, e a proceder à apu- gional por dia de retardamento.
ração na forma estabelecida nos
Art. 194. Após a lavratura da arts. 159 e seguintes, de uma só Art. 199. Antes de iniciar a apu-
ata, que deverá ser assinada pe- vez ou em duas ou mais etapas. ração o Tribunal Regional consti-
los membros da mesa e fiscais e Parágrafo único. Nesse caso tuirá, com 3 (três) de seus mem-
delegados de partido, as cédulas e cada partido poderá credenciar bros, presidida por um destes,
as sobrecartas serão recolhidas à um fiscal para acompanhar a apu- uma Comissão Apuradora.
urna, sendo esta fechada, lacrada ração de cada urna, realizando-se § 1o O Presidente da Comis-
593
Código Eleitoral
são designará um funcionário do os partidos poderão apresentar uma seção for anulada, o juiz elei-
Tribunal para servir de secretário as suas reclamações, dentro de toral respectivo presidirá a mesa
e para auxiliarem os seus traba- 2 (dois) dias, sendo estas sub- receptora; se houver mais de uma
lhos, tantos outros quantos julgar metidas a parecer da Comissão seção anulada, o presidente do
necessários. Apuradora que, no prazo de 3 Tribunal Regional designará os
§ 2o De cada sessão da Co- (três) dias, apresentará aditamen- juízes presidentes das respecti-
missão Apuradora será lavrada to ao relatório com a proposta vas mesas receptoras;
ata resumida. das modificações que julgar pro- V – as eleições realizar-se-ão
§ 3o A Comissão Apuradora cedentes, ou com a justificação nos mesmos locais anteriormente
fará publicar no órgão oficial, da improcedência das arguições. designados, servindo os mesários
diariamente, um boletim com a in- § 2o O Tribunal Regional, e secretários que pelo juiz forem
dicação dos trabalhos realizados antes de aprovar o relatório da nomeados, com a antecedência
e do número de votos atribuídos Comissão Apuradora e, em três de, pelo menos, cinco dias, salvo
a cada candidato. dias improrrogáveis, julgará as se a anulação for decretada por
§ 4o Os trabalhos da Co- impugnações e as reclamações infração dos §§ 4o e 5o do art. 135;
missão Apuradora poderão ser não providas pela Comissão Apu- VI – as eleições assim realiza-
acompanhados por delegados dos radora, e, se as deferir, voltará o das serão apuradas pelo Tribunal
partidos interessados, sem que, relatório à Comissão para que Regional.
entretanto, neles intervenham sejam feitas as alterações resul-
com protestos, impugnações ou tantes da decisão. Art. 202. Da reunião do Tribunal
recursos. Regional será lavrada ata geral,
§ 5o Ao final dos trabalhos, a Art. 201. De posse do relatório assinada pelos seus membros e
Comissão Apuradora apresenta- referido no artigo anterior, reunir- da qual constarão:
rá ao Tribunal Regional os mapas -se-á o Tribunal, no dia seguinte, I – as seções apuradas e o
gerais da apuração e um relatório, para o conhecimento do total dos número de votos apurados em
que mencione: votos apurados, e, em seguida, se cada uma;
I – o número de votos válidos e verificar que os votos das seções II – as seções anuladas, as ra-
anulados em cada Junta Eleitoral, anuladas e daquelas cujos eleito- zões por que o foram e o número
relativos a cada eleição; res foram impedidos de votar, po- de votos não apurados;
II – as seções apuradas e os derão alterar a representação de III – as seções onde não te-
votos nulos e anulados de cada qualquer partido ou classificação nha havido eleição e os motivos;
uma; de candidato eleito pelo princípio IV – as impugnações apresen-
III – as seções anuladas, os majoritário, ordenará a realização tadas às juntas eleitorais e como
motivos por que o foram e o nú- de novas eleições. foram resolvidas;
mero de votos anulados ou não Parágrafo único. As novas V – as seções em que se vai
apurados; eleições obedecerão às seguin- realizar ou renovar a eleição;
IV – as seções onde não houve tes normas: VI – a votação obtida pelos
eleição e os motivos; I – o Presidente do Tribunal partidos;
V – as impugnações apresen- fixará, imediatamente, a data, VII – o quociente eleitoral e
tadas às Juntas e como foram para que se realizem dentro de 15 o partidário;
resolvidas por elas, assim como (quinze) dias, no mínimo, e de 30 VIII – os nomes dos votados
os recursos que tenham sido in- (trinta) dias no máximo, a contar na ordem decrescente dos votos;
terpostos; do despacho que a fixar, desde IX – os nomes dos eleitos;
VI – a votação de cada par- que não tenha havido recurso X – os nomes dos suplentes,
tido; contra a anulação das seções; na ordem em que devem substi-
VII – a votação de cada can- II – somente serão admitidos tuir ou suceder.
didato; a votar os eleitores da seção, § 1o Na mesma sessão o Tri-
VIII – o quociente eleitoral; que hajam comparecido à eleição bunal Regional proclamará os
IX – os quocientes partidários; anulada, e os de outras seções eleitos e os respectivos suplentes
X – a distribuição das sobras. que ali houverem votado; e marcará a data para a expedição
III – nos casos de coação que solene dos diplomas em sessão
Art. 200. O relatório a que se haja impedido o comparecimen- pública, salvo quanto a governa-
refere o artigo anterior ficará na to dos eleitores às urnas, no de dor e vice-governador, se ocorrer
Secretaria do Tribunal, pelo pra- encerramento da votação antes a hipótese prevista na Emenda
zo de 3 (três) dias, para exame da hora legal, e quando a votação Constitucional no 13.6
dos partidos e candidatos inte- tiver sido realizada em dia, hora e § 2o O vice-governador e o
ressados, que poderão examinar lugar diferentes dos designados, suplente de senador, considerar-
também os documentos em que poderão votar todos os eleitores
ele se baseou. da seção e somente estes; 6
NE: o texto refere-se à Emenda Consti-
§ 1o Terminado o prazo supra, IV – nas zonas onde apenas tucional no 13/1965 à Constituição de 1946.
594
Código Eleitoral
-se-ão eleitos em virtude da elei- sob registro postal ou por porta- tor de cada grupo de Estados, ao
ção do governador e do senador dor, os mapas de todas as urnas qual serão distribuídos todos os
com os quais se candidatarem. apuradas no dia; recursos e documentos da eleição
§ 3o Os candidatos a gover- III – os mapas serão acom- referentes ao respectivo grupo.
nador e vice-governador somente panhados de ofício sucinto, que
serão diplomados depois de reali- esclareça apenas a que seções Art. 207. Recebidos os resulta-
zadas as eleições suplementares correspondem e quantas ainda dos de cada Estado, e julgados
referentes a esses cargos. faltam para completar a apura- os recursos interpostos das de-
§ 4o Um traslado da ata da ção da zona; cisões dos Tribunais Regionais, o
sessão, autenticado com a as- IV – havendo sido interposto relator terá o prazo de 5 (cinco)
sinatura de todos os membros recurso em relação a urna cor- dias para apresentar seu relatório,
do Tribunal que assinaram a ata respondente aos mapas enviados, com as conclusões seguintes:
original, será remetido ao Presi- o juiz fará constar do ofício, em I – os totais dos votos válidos
dente do Tribunal Superior. seguida à indicação da seção, e nulos do Estado;
§ 5o O Tribunal Regional co- entre parênteses, apenas esse II – os votos apurados pelo
municará o resultado da eleição esclarecimento – “houve recurso”; Tribunal Regional que devem ser
ao Senado Federal, Câmara dos V – a ata final da junta não anulados;
Deputados e Assembleia Legis- mencionará, no seu texto, a vota- III – os votos anulados pelo
lativa. ção obtida pelos partidos e candi- Tribunal Regional que devem ser
datos, a qual ficará constando dos computados como válidos;
Art. 203. Sempre que forem re- boletins de apuração do Juízo, IV – a votação de cada can-
alizadas eleições de âmbito es- que dela ficarão fazendo parte didato;
tadual juntamente com eleições integrante; V – o resumo das decisões do
para presidente e vice-presidente VI – cópia autenticada da ata, Tribunal Regional sobre as dúvi-
da República, o Tribunal Regional assinada por todos os que assi- das e impugnações, bem como
desdobrará os seus trabalhos naram o original, será enviada dos recursos que hajam sido in-
de apuração, fazendo tanto para ao Tribunal Regional na forma terpostos para o Tribunal Supe-
aquelas como para esta, uma prevista no art. 184; rior, com as respectivas decisões
ata geral. VII – a Comissão Apuradora, e indicação das implicações sobre
§ 1o A Comissão Apuradora à medida em que for receben- os resultados.
deverá, também, apresentar re- do os mapas, passará a totalizar
latórios distintos, um dos quais os votos, aguardando, porém, a Art. 208. O relatório referente a
referente apenas às eleições pre- chegada da cópia autêntica da cada Estado ficará na Secretaria
sidenciais. ata para encerrar a totalização do Tribunal, pelo prazo de dois
§ 2o Concluídos os trabalhos referente a cada zona; dias, para exame dos partidos
da apuração o Tribunal Regional VIII – no caso de extravio de e candidatos interessados, que
remeterá ao Tribunal Superior os mapa o juiz eleitoral providenciará poderão examinar também os
resultados parciais das eleições a remessa de 2a via, preenchida documentos em que ele se ba-
para presidente e vice-presidente à vista dos delegados de parti- seou e apresentar alegações ou
da República, acompanhados de do especialmente convocados documentos sobre o relatório, no
todos os papéis que lhe digam para esse fim e pelos resultados prazo de 2 (dois) dias.
respeito. constantes do boletim de apura- Parágrafo único. Findo esse
ção que deverá ficar arquivado prazo serão os autos conclusos
Art. 204. O Tribunal Regional no Juízo. ao relator, que, dentro em 2 (dois)
julgando conveniente, poderá de- dias, os apresentará a julgamento,
terminar que a totalização dos que será previamente anunciado.
resultados de cada urna seja re- CAPÍTULO IV – DA
alizada pela própria Comissão APURAÇÃO NO TRIBUNAL Art. 209. Na sessão designada
Apuradora. SUPERIOR será o feito chamado a julgamen-
Parágrafo único. Ocorrendo to de preferência a qualquer outro
essa hipótese serão observadas Art. 205. O Tribunal Superior processo.
as seguintes regras: fará a apuração geral das eleições § 1o Se o relatório tiver sido
I – a decisão do Tribunal será para presidente e vice-presiden- impugnado, os partidos interes-
comunicada, até 30 (trinta) dias te da República pelos resultados sados poderão, no prazo de 15
antes da eleição aos juízes elei- verificados pelos Tribunais Regio- (quinze) minutos, sustentar oral-
torais, aos diretórios dos partidos nais em cada Estado. mente as suas conclusões.
e ao Tribunal Superior; § 2o Se do julgamento resul-
II – iniciada a apuração os Art. 206. Antes da realização da tarem alterações na apuração
juízes eleitorais remeterão ao eleição o Presidente do Tribunal efetuada pelo Tribunal Regional,
Tribunal Regional, diariamente, sorteará, dentre os juízes, o rela- o acórdão determinará que a Se-
595
Código Eleitoral
cretaria, dentro em 5 (cinco) dias, didos de votar, em todo o país, CAPÍTULO V – DOS
levante as folhas de apuração poderão alterar a classificação DIPLOMAS
parcial das seções cujos resulta- de candidato, ordenará o Tribunal
dos tiverem sido alterados, bem Superior a realização de novas Art. 215. Os candidatos eleitos,
como o mapa geral da respectiva eleições. assim como os suplentes, re-
circunscrição, de acordo com as § 1o Essas eleições serão ceberão diploma assinado pelo
alterações decorrentes do jul- marcadas desde logo pelo Pre- Presidente do Tribunal Superior,
gado, devendo o mapa, após o sidente do Tribunal Superior e do Tribunal Regional ou da Junta
visto do relator, ser publicado terão lugar no primeiro domingo Eleitoral, conforme o caso.
na Secretaria. ou feriado que ocorrer após o 15o Parágrafo único. Do diploma
§ 3o A esse mapa admitir- (décimo quinto) dia a contar da deverá constar o nome do can-
-se-á, dentro em 48 (quarenta data do despacho, devendo ser didato, a indicação da legenda
e oito) horas de sua publicação, observado o disposto nos nos II a sob a qual concorreu, o cargo
impugnação fundada em erro de VI do parágrafo único do art. 201. para o qual foi eleito ou a sua
conta ou de cálculo, decorrente § 2o Os candidatos a presi- classificação como suplente, e,
da própria sentença. dente e vice-presidente da Repú- facultativamente, outros dados
blica somente serão diplomados a critério do juiz ou do Tribunal.
Art. 210. Os mapas gerais de depois de realizadas as eleições
todas as circunscrições com as suplementares referentes a es- Art. 216. Enquanto o Tribunal
impugnações, se houver, e a fo- ses cargos. Superior não decidir o recurso
lha de apuração final levantada interposto contra a expedição
pela Secretaria, serão autuados Art. 213. Não se verificando a do diploma, poderá o diplomado
e distribuídos a um relator geral, maioria absoluta, o Congresso exercer o mandato em toda a sua
designado pelo Presidente. Nacional, dentro de quinze dias plenitude.
Parágrafo único. Recebidos após haver recebido a respectiva
os autos, após a audiência do Pro- comunicação do Presidente do Art. 217. Apuradas as eleições
curador-Geral, o relator, dentro Tribunal Superior Eleitoral, reu- suplementares o juiz ou o Tribu-
de 48 (quarenta e oito) horas, re- nir-se-á em sessão pública para nal reverá a apuração anterior,
solverá as impugnações relativas se manifestar sobre o candidato confirmando ou invalidando os
aos erros de conta ou de cálculo, mais votado, que será considera- diplomas que houver expedido.
mandando fazer as correções, do eleito se, em escrutínio secre- Parágrafo único. No caso de
se for o caso, e apresentará, a to, obtiver metade mais um dos provimento, após a diplomação,
seguir, o relatório final com os votos dos seus membros. de recurso contra o registro de
nomes dos candidatos que de- § 1o Se não ocorrer a maioria candidato ou de recurso parcial,
verão ser proclamados eleitos absoluta referida no caput deste será também revista a apuração
e os dos demais candidatos, na artigo, renovar-se-á, até 30 (trin- anterior, para confirmação ou in-
ordem decrescente das votações. ta) dias depois, a eleição em todo validação de diplomas, observado
o país, à qual concorrerão os dois o disposto no § 3o do art. 261.
Art. 211. Aprovada em sessão candidatos mais votados, cujos
especial a apuração geral, o Pre- registros estarão automatica- Art. 218. O presidente de Jun-
sidente anunciará a votação dos mente revalidados. ta ou de Tribunal que diplomar
candidatos, proclamando a seguir § 2o No caso de renúncia militar candidato a cargo eleti-
eleito presidente da República o ou morte, concorrerá à eleição vo, comunicará imediatamente a
candidato mais votado que tiver prevista no parágrafo anterior o diplomação à autoridade a que o
obtido maioria absoluta de votos, substituto registrado pelo mes- mesmo estiver subordinado, para
excluídos, para a apuração desta, mo partido político ou coligação os fins do art. 98.
os em branco e os nulos. partidária.
§ 1o O vice-presidente con-
siderar-se-á eleito em virtude da Art. 214. O presidente e o vice- CAPÍTULO VI – DAS
eleição do presidente com o qual -presidente da República tomarão NULIDADES DA VOTAÇÃO
se candidatar. posse a 15 (quinze) de março, em
§ 2o Na mesma sessão o Pre- sessão do Congresso Nacional. Art. 219. Na aplicação da lei elei-
sidente do Tribunal Superior de- Parágrafo único. No caso do toral o juiz atenderá sempre aos
signará a data para a expedição § 1o do artigo anterior, a posse re- fins e resultados a que ela se di-
solene dos diplomas em sessão alizar-se-á dentro de 15 (quinze) rige, abstendo-se de pronunciar
pública. dias a contar da proclamação do nulidades sem demonstração de
resultado da segunda eleição, ex- prejuízo.
Art. 212. Verificando que os vo- pirando, porém, o mandato a 15 Parágrafo único. A declara-
tos das seções anuladas e daque- (quinze) de março do quarto ano. ção de nulidade não poderá ser
las cujos eleitores foram impe- requerida pela parte que lhe deu
596
Código Eleitoral
causa nem a ela aproveitar. Art. 223. A nulidade de qual- número de votos anulados.7
quer ato, não decretada de ofício § 4o A eleição a que se refere
Art. 220. É nula a votação: pela Junta, só poderá ser arguida o § 3o correrá a expensas da Jus-
I – quando feita perante mesa quando de sua prática, não mais tiça Eleitoral e será:8
não nomeada pelo juiz eleitoral, podendo ser alegada, salvo se I – indireta, se a vacância do
ou constituída com ofensa à le- a arguição se basear em moti- cargo ocorrer a menos de seis
tra da lei; vo superveniente ou de ordem meses do final do mandato;
II – quando efetuada em fo- constitucional. II – direta, nos demais casos.
lhas de votação falsas; § 1o Se a nulidade ocorrer em
III – quando realizada em dia, fase na qual não possa ser alega-
hora, ou local diferentes do de- da no ato, poderá ser arguida na CAPÍTULO VII – DO VOTO
signado ou encerrada antes das primeira oportunidade que para NO EXTERIOR
17 horas; tanto se apresente.
IV – quando preterida for- § 2o Se se basear em motivo Art. 225. Nas eleições para pre-
malidade essencial do sigilo dos superveniente deverá ser alega- sidente e vice-presidente da Re-
sufrágios; da imediatamente, assim que se pública poderá votar o eleitor que
V – quando a seção eleitoral tornar conhecida, podendo as se encontrar no exterior.
tiver sido localizada com infra- razões do recurso ser aditadas § 1o Para esse fim serão or-
ção do disposto nos §§ 4o e 5o no prazo de 2 (dois) dias. ganizadas seções eleitorais, nas
do art. 135. § 3o A nulidade de qualquer sedes das Embaixadas e Consu-
Parágrafo único. A nulidade ato, baseada em motivo de or- lados Gerais.
será pronunciada quando o ór- dem constitucional, não poderá § 2o Sendo necessário insta-
gão apurador conhecer do ato ser conhecida em recurso inter- lar duas ou mais seções poderá
ou dos seus efeitos e a encontrar posto fora de prazo. Perdido o ser utilizado local em que funcio-
provada, não lhe sendo lícito su- prazo numa fase própria, só em ne serviço do governo brasileiro.
pri-la, ainda que haja consenso outra que se apresentar poderá
das partes. ser arguida. Art. 226. Para que se organize
uma seção eleitoral no exterior é
Art. 221. É anulável a votação: Art. 224. Se a nulidade atingir necessário que na circunscrição
I – quando houver extravio de a mais de metade dos votos do sob a jurisdição da Missão Diplo-
documento reputado essencial; país nas eleições presidenciais, mática ou do Consulado Geral haja
II – quando for negado ou so- do Estado nas eleições federais um mínimo de 30 (trinta) eleitores
frer restrição o direito de fiscali- e estaduais ou do município nas inscritos.
zar, e o fato constar da ata ou de eleições municipais, julgar-se-ão Parágrafo único. Quando o
protesto interposto, por escrito, prejudicadas as demais votações número de eleitores não atingir
no momento; e o Tribunal marcará dia para o mínimo previsto no parágrafo
III – quando votar, sem as nova eleição dentro do prazo de anterior, os eleitores poderão
cautelas do art. 147, § 2o: 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias. votar na mesa receptora mais
a) eleitor excluído por sen- § 1o Se o Tribunal Regional na próxima, desde que localizada
tença não cumprida por ocasião área de sua competência, deixar no mesmo país, de acordo com
da remessa das folhas individu- de cumprir o disposto neste arti- a comunicação que lhes for feita.
ais de votação à mesa, desde go, o Procurador Regional levará
que haja oportuna reclamação o fato ao conhecimento do Pro- Art. 227. As mesas receptoras
de partido; curador-Geral, que providenciará serão organizadas pelo Tribunal
b) eleitor de outra seção, sal- junto ao Tribunal Superior para Regional do Distrito Federal me-
vo a hipótese do art. 145; que seja marcada imediatamente diante proposta dos chefes de
c) alguém com falsa iden- nova eleição. Missão e cônsules gerais, que
tidade em lugar do eleitor cha- § 2o Ocorrendo qualquer dos ficarão investidos, no que for apli-
mado. casos previstos neste capítulo o cável, das funções administrati-
Ministério Público promoverá, vas de juiz eleitoral.
Art. 222. É também anulável a imediatamente, a punição dos Parágrafo único. Será aplicá-
votação, quando viciada de fal- culpados. vel às mesas receptoras o proces-
sidade, fraude, coação, uso de § 3o A decisão da Justiça so de composição e fiscalização
meios de que trata o art. 237, ou Eleitoral que importe o indeferi- partidária vigente para as que
emprego de processo de propa- mento do registro, a cassação do funcionam no território nacional.
ganda ou captação de sufrágios diploma ou a perda do mandato
vedado por lei. de candidato eleito em pleito ma- Art. 228. Até 30 (trinta) dias an-
§ 1o (Revogado) joritário acarreta, após o trânsito
§ 2o (Revogado) em julgado, a realização de novas 7
NE: ver ADI no 5.525.
eleições, independentemente do 8
NE: ver ADI no 5.525.
597
Código Eleitoral
tes da realização da eleição todos diretamente subordinado ao Tri- data das eleições, a listagem dos
os brasileiros eleitores, residen- bunal Regional do Distrito Federal. que estarão em serviço no dia da
tes no estrangeiro, comunicarão eleição com indicação das seções
à sede da Missão Diplomática ou Art. 233. O Tribunal Superior eleitorais de origem e destino.
ao consulado geral, em carta, Eleitoral e o Ministério das Rela- § 4o Os eleitores menciona-
telegrama ou qualquer outra via, ções Exteriores baixarão as ins- dos no § 2o, uma vez habilitados na
a sua condição de eleitor e sua truções necessárias e adotarão forma do § 3o, serão cadastrados e
residência. as medidas adequadas para o votarão nas seções eleitorais indi-
§ 1o Com a relação dessas voto no exterior. cadas nas listagens mencionadas
comunicações e com os dados no § 3o independentemente do
do registro consular, serão or- Art. 233-A. Aos eleitores em número de eleitores do Município.
ganizadas as folhas de votação, trânsito no território nacional
e notificados os eleitores da hora é assegurado o direito de votar
e local da votação. para Presidente da República, PARTE QUINTA –
§ 2o No dia da eleição só se- Governador, Senador, Deputa- DISPOSIÇÕES VÁRIAS
rão admitidos a votar os que cons- do Federal, Deputado Estadual
tem da folha de votação e os pas- e Deputado Distrital em urnas TÍTULO I – DAS GARANTIAS
sageiros e tripulantes de navios especialmente instaladas nas ca- ELEITORAIS
e aviões de guerra e mercantes pitais e nos Municípios com mais
que, no dia, estejam na sede das de cem mil eleitores. Art. 234. Ninguém poderá im-
sessões eleitorais. § 1o O exercício do direito pedir ou embaraçar o exercício
previsto neste artigo sujeita-se à do sufrágio.
Art. 229. Encerrada a votação, observância das regras seguintes:
as urnas serão enviadas pelos I – para votar em trânsito, o Art. 235. O juiz eleitoral, ou o
cônsules gerais às sedes das Mis- eleitor deverá habilitar-se perante presidente da mesa receptora,
sões Diplomáticas. Estas as re- a Justiça Eleitoral no período de pode expedir salvo-conduto com
meterão, pela mala diplomática, até quarenta e cinco dias da data a cominação de prisão por de-
ao Ministério das Relações Exte- marcada para a eleição, indicando sobediência até 5 (cinco) dias,
riores, que delas fará entrega ao o local em que pretende votar; em favor do eleitor que sofrer
Tribunal Regional Eleitoral do Dis- II – aos eleitores que se en- violência, moral ou física, na sua
trito Federal, a quem competirá a contrarem fora da unidade da Fe- liberdade de votar, ou pelo fato
apuração dos votos e julgamento deração de seu domicílio eleitoral de haver votado.
das dúvidas e recursos que hajam somente é assegurado o direito à Parágrafo único. A medida
sido interpostos. habilitação para votar em trânsito será válida para o período com-
Parágrafo único. Todo o ser- nas eleições para Presidente da preendido entre 72 (setenta e
viço de transporte do material República; duas) horas antes até 48 (quaren-
eleitoral será feito por via aérea. III – os eleitores que se en- ta e oito) horas depois do pleito.
contrarem em trânsito dentro
Art. 230. Todos os eleitores que da unidade da Federação de seu Art. 236. Nenhuma autorida-
votarem no exterior terão os seus domicílio eleitoral poderão votar de poderá, desde 5 (cinco) dias
títulos apreendidos pela mesa nas eleições para Presidente da antes e até 48 (quarenta e oito)
receptora. República, Governador, Senador, horas depois do encerramento da
Parágrafo único. A todo elei- Deputado Federal, Deputado Es- eleição, prender ou deter qual-
tor que votar no exterior será tadual e Deputado Distrital. quer eleitor, salvo em flagrante
concedido comprovante para a § 2o Os membros das Forças delito ou em virtude de sentença
comunicação legal ao juiz elei- Armadas, os integrantes dos ór- criminal condenatória por crime
toral de sua zona. gãos de segurança pública a que inafiançável, ou, ainda, por des-
se refere o art. 144 da Constituição respeito a salvo-conduto.
Art. 231. Todo aquele que, es- Federal, bem como os integrantes § 1o Os membros das me-
tando obrigado a votar, não o das guardas municipais mencio- sas receptoras e os fiscais de
fizer, fica sujeito, além das penali- nados no § 8o do mesmo art. 144, partido, durante o exercício de
dades previstas para o eleitor que poderão votar em trânsito se es- suas funções, não poderão ser
não vota no território nacional, à tiverem em serviço por ocasião detidos ou presos, salvo o caso
proibição de requerer qualquer das eleições. de flagrante delito; da mesma
documento perante a repartição § 3o As chefias ou coman- garantia gozarão os candidatos
diplomática a que estiver subordi- dos dos órgãos a que estiverem desde 15 (quinze) dias antes da
nado, enquanto não se justificar. subordinados os eleitores men- eleição.9
cionados no § 2o enviarão obri- § 2o Ocorrendo qualquer pri-
Art. 232. Todo o processo elei- gatoriamente à Justiça Eleitoral,
toral realizado no estrangeiro fica em até quarenta e cinco dias da 9
NE: ver ADPF no 1.017.
598
Código Eleitoral
são o preso será imediatamen- to do ano da eleição. vantagem de qualquer natureza;
te conduzido à presença do juiz Parágrafo único. É vedada, VI – que perturbe o sossego
competente que, se verificar a ile- desde quarenta e oito horas antes público, com algazarra ou abusos
galidade da detenção, a relaxará até vinte e quatro horas depois de instrumentos sonoros ou sinais
e promoverá a responsabilidade da eleição, qualquer propaganda acústicos;
do coator. política mediante radiodifusão, VII – por meio de impressos
televisão, comícios ou reuniões ou de objeto que pessoa inexpe-
Art. 237. A interferência do po- públicas. riente ou rústica possa confundir
der econômico e o desvio ou abu- com moeda;
so do poder de autoridade, em Art. 241. Toda propaganda elei- VIII – que prejudique a higie-
desfavor da liberdade do voto, toral será realizada sob a respon- ne e a estética urbana ou con-
serão coibidos e punidos. sabilidade dos partidos e por eles travenha a posturas municipais
§ 1o O eleitor é parte legítima paga, imputando-se-lhes solida- ou a outra qualquer restrição de
para denunciar os culpados e riedade nos excessos praticados direito;
promover-lhes a responsabilida- pelos seus candidatos e adeptos. IX – que caluniar, difamar ou
de, e a nenhum servidor público, Parágrafo único. A solida- injuriar quaisquer pessoas, bem
inclusive de autarquia, de entida- riedade prevista neste artigo é como órgãos ou entidades que
de paraestatal e de sociedade de restrita aos candidatos e aos res- exerçam autoridade pública;
economia mista, será lícito negar pectivos partidos, não alcançando X – que deprecie a condi-
ou retardar ato de ofício tendente outros partidos, mesmo quando ção de mulher ou estimule sua
a esse fim. integrantes de uma mesma co- discriminação em razão do sexo
§ 2o Qualquer eleitor ou par- ligação. feminino, ou em relação à sua
tido político poderá se dirigir ao cor, raça ou etnia.
Corregedor Geral ou Regional, Art. 242. A propaganda, qual- § 1o O ofendido por calúnia,
relatando fatos e indicando pro- quer que seja a sua forma ou difamação ou injúria, sem prejuízo
vas, e pedir abertura de investi- modalidade, mencionará sempre e independentemente da ação pe-
gação para apurar uso indevido a legenda partidária e só poderá nal competente, poderá deman-
do poder econômico, desvio ou ser feita em língua nacional, não dar, no Juízo Cível, a reparação
abuso do poder de autoridade, devendo empregar meios publi- do dano moral respondendo por
em benefício de candidato ou de citários destinados a criar, arti- este o ofensor e, solidariamente,
partido político. ficialmente, na opinião pública, o partido político deste, quando
§ 3o O Corregedor, verificada estados mentais, emocionais ou responsável por ação ou omissão,
a seriedade da denúncia proce- passionais. e quem quer que favorecido pelo
derá ou mandará proceder a in- Parágrafo único. Sem pre- crime, haja de qualquer modo
vestigações, regendo-se estas, juízo do processo e das penas contribuído para ele.
no que lhes for aplicável, pela Lei cominadas, a Justiça Eleitoral § 2o No que couber, aplicar-
no 1.579, de 18 de março de 1952. adotará medidas para fazer im- -se-ão na reparação do dano mo-
pedir ou cessar imediatamente ral, referido no parágrafo anterior,
Art. 238. É proibida, durante o a propaganda realizada com in- os arts. 81 a 88 da Lei no 4.117, de
ato eleitoral, a presença de força fração do disposto neste artigo. 27 de agosto de 1962.
pública no edifício em que fun- § 3o É assegurado o direito
cionar mesa receptora, ou nas Art. 243. Não será tolerada pro- de resposta a quem for injuriado,
imediações, observado o disposto paganda: difamado ou caluniado através
no art. 141. I – de guerra, de processos da imprensa, rádio, televisão, ou
violentos para subverter o re- alto-falante, aplicando-se, no que
Art. 239. Aos partidos políticos gime, a ordem política e social couber, os arts. 90 e 96 da Lei
é assegurada a prioridade pos- ou de preconceitos de raça ou no 4.117, de 27 de agosto de 1962.
tal durante os 60 (sessenta) dias de classes;
anteriores à realização das elei- II – que provoque animosi- Art. 244. É assegurado aos
ções, para remessa de material de dade entre as forças armadas partidos políticos registrados o
propaganda de seus candidatos ou contra elas, ou delas contra direito de, independentemente
registrados. as classes e instituições civis; de licença da autoridade públi-
III – de incitamento de atenta- ca e do pagamento de qualquer
do contra pessoa ou bens; contribuição:
TÍTULO II – DA IV – de instigação à desobe- I – fazer inscrever, na fachada
PROPAGANDA PARTIDÁRIA diência coletiva ao cumprimento de suas sedes e dependências, o
da lei de ordem pública; nome que os designe, pela forma
Art. 240. A propaganda de can- V – que implique em ofereci- que melhor lhes parecer;
didatos a cargos eletivos somente mento, promessa ou solicitação II – instalar e fazer funcionar,
é permitida após o dia 15 de agos- de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio ou normalmente, das quatorze às
599
Código Eleitoral
vinte e duas horas, nos três me- distribuição equitativa dos locais TÍTULO III – DOS
ses que antecederem as eleições, aos partidos. RECURSOS
alto-falantes, ou amplificadores
de voz, nos locais referidos, as- Art. 246. (Revogado) CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
sim como em veículos seus, ou PRELIMINARES
à sua disposição, em território Art. 247. (Revogado)
nacional, com observância da Art. 257. Os recursos eleitorais
legislação comum. Art. 248. Ninguém poderá im- não terão efeito suspensivo.
Parágrafo único. Os meios de pedir a propaganda eleitoral, nem § 1o A execução de qualquer
propaganda a que se refere o no II inutilizar, alterar ou perturbar os acórdão será feita imediatamen-
deste artigo não serão permitidos, meios lícitos nela empregados. te, através de comunicação por
a menos de 500 metros: ofício, telegrama, ou, em casos
I – das sedes do Executivo Art. 249. O direito de propagan- especiais, a critério do presiden-
Federal, dos Estados, Territó- da não importa restrição ao poder te do Tribunal, através de cópia
rios e respectivas Prefeituras de polícia quando este deva ser do acórdão.
Municipais; exercido em benefício da ordem § 2o O recurso ordinário in-
II – das Câmaras Legislativas pública. terposto contra decisão proferida
Federais, Estaduais e Municipais; por juiz eleitoral ou por Tribunal
III – dos Tribunais Judiciais; Art. 250. (Revogado) Regional Eleitoral que resulte em
IV – dos hospitais e casas cassação de registro, afastamen-
de saúde; Art. 251. No período destinado à to do titular ou perda de man-
V – das escolas, bibliotecas propaganda eleitoral gratuita não dato eletivo será recebido pelo
públicas, igrejas e teatros, quando prevalecerão quaisquer contratos Tribunal competente com efeito
em funcionamento; ou ajustes firmados pelas empre- suspensivo.
VI – dos quartéis e outros es- sas que possam burlar ou tornar § 3o O Tribunal dará prefe-
tabelecimentos militares. inexequível qualquer dispositivo rência ao recurso sobre quaisquer
deste Código ou das instruções outros processos, ressalvados os
Art. 245. A realização de qual- baixadas pelo Tribunal Superior de habeas corpus e de mandado
quer ato de propaganda partidária Eleitoral. de segurança.
ou eleitoral, em recinto aberto,
não depende de licença da polícia. Arts. 252 a 254. (Revogados) Art. 258. Sempre que a lei não
§ 1o Quando o ato de propa- fixar prazo especial, o recurso de-
ganda tiver de realizar-se em lu- Art. 255. Nos 15 (quinze) dias verá ser interposto em três dias
gar designado para a celebração anteriores ao pleito é proibida a da publicação do ato, resolução
de comício, na forma do disposto divulgação, por qualquer forma, ou despacho.
no art. 3o da Lei no 1.207, de 25 de de resultados de prévias ou testes
outubro de 1950, deverá ser feita pré-eleitorais. Art. 259. São preclusivos os pra-
comunicação à autoridade poli- zos para interposição de recurso,
cial, pelo menos 24 (vinte e quatro) Art. 256. As autoridades admi- salvo quando neste se discutir
horas antes de sua realização. nistrativas federais, estaduais e matéria constitucional.
§ 2o Não havendo local ante- municipais proporcionarão aos Parágrafo único. O recurso
riormente fixado para a celebra- partidos, em igualdade de con- em que se discutir matéria cons-
ção de comício, ou sendo impos- dições, as facilidades permitidas titucional não poderá ser inter-
sível ou difícil nele realizar-se o para a respectiva propaganda. posto fora do prazo. Perdido o
ato de propaganda eleitoral, ou § 1o No período da campanha prazo numa fase própria, só em
havendo pedido para designação eleitoral, independentemente do outra que se apresentar poderá
de outro local, a comunicação a critério de prioridade, os serviços ser interposto.
que se refere o parágrafo ante- telefônicos, oficiais ou concedi-
rior será feita, no mínimo, com dos, farão instalar, na sede dos Art. 260. A distribuição do pri-
antecedência, de 72 (setenta e diretórios devidamente regis- meiro recurso que chegar ao Tri-
duas) horas, devendo a autoridade trados, telefones necessários, bunal Regional ou Tribunal Su-
policial, em qualquer desses ca- mediante requerimento do res- perior, prevenirá a competência
sos, nas 24 (vinte e quatro) horas pectivo presidente e pagamento do relator para todos os demais
seguintes, designar local amplo e das taxas devidas. casos do mesmo município ou
de fácil acesso, de modo que não § 2o O Tribunal Superior Elei- Estado.
impossibilite ou frustre a reunião. toral baixará as instruções ne-
§ 3o Aos órgãos da Justiça cessárias ao cumprimento do Art. 261. Os recursos parciais,
Eleitoral compete julgar das recla- disposto no parágrafo anterior entre os quais não se incluem os
mações sobre a localização dos fixando as condições a serem que versarem matéria referente
comícios e providências sobre a observadas. ao registro de candidatos, inter-
600
Código Eleitoral
postos para os Tribunais Regio- I – (Revogado); derá de termo e será interposto
nais no caso de eleições munici- II – (Revogado); por petição devidamente funda-
pais, e para o Tribunal Superior III – (Revogado); mentada, dirigida ao juiz eleitoral
no caso de eleições estaduais ou IV – (Revogado). e acompanhada, se o entender o
federais, serão julgados à medida § 1o A inelegibilidade super- recorrente, de novos documentos.
que derem entrada nas respecti- veniente que atrai restrição à Parágrafo único. Se o recor-
vas Secretarias. candidatura, se formulada no âm- rente se reportar a coação, frau-
§ 1o Havendo dois ou mais bito do processo de registro, não de, uso de meios de que trata
recursos parciais de um mesmo poderá ser deduzida no recurso o art. 237 ou emprego de pro-
município ou Estado, ou se todos, contra expedição de diploma. cesso de propaganda ou cap-
inclusive os de diplomação já es- § 2o A inelegibilidade super- tação de sufrágios vedado por
tiverem no Tribunal Regional ou veniente apta a viabilizar o recur- lei, dependentes de prova a ser
no Tribunal Superior, serão eles so contra a expedição de diploma, determinada pelo Tribunal, bas-
julgados seguidamente, em uma decorrente de alterações fáticas tar-lhe-á indicar os meios a elas
ou mais sessões. ou jurídicas, deverá ocorrer até a conducentes.
§ 2o As decisões com os es- data fixada para que os partidos
clarecimentos necessários ao políticos e as coligações apre- Art. 267. Recebida a petição,
cumprimento serão comunica- sentem os seus requerimentos mandará o juiz intimar o recorrido
das de uma só vez ao juiz eleito- de registros de candidatos. para ciência do recurso, abrindo-
ral ou ao presidente do Tribunal § 3o O recurso de que trata -se-lhe vista dos autos a fim de,
Regional. este artigo deverá ser interpos- em prazo igual ao estabelecido
§ 3o Se os recursos de um to no prazo de 3 (três) dias após para a sua interposição, oferecer
mesmo município ou Estado de- o último dia limite fixado para a razões, acompanhadas ou não de
ram entrada em datas diversas, diplomação e será suspenso no novos documentos.
sendo julgados separadamente, período compreendido entre os § 1o A intimação se fará pela
o juiz eleitoral ou o presidente dias 20 de dezembro e 20 de ja- publicação da notícia da vista no
do Tribunal Regional aguardará neiro, a partir do qual retomará jornal que publicar o expediente
a comunicação de todas as de- seu cômputo. da Justiça Eleitoral, onde houver,
cisões para cumpri-las, salvo se e nos demais lugares, pessoal-
o julgamento dos demais impor- Art. 263. No julgamento de um mente pelo escrivão, indepen-
tar em alteração do resultado do mesmo pleito eleitoral, as deci- dente de iniciativa do recorrente.
pleito que não tenha relação com sões anteriores sobre questões § 2o Onde houver jornal ofi-
o recurso já julgado. de direito constituem prejulgados cial, se a publicação não ocorrer
§ 4o Em todos os recursos, para os demais casos, salvo se no prazo de 3 (três) dias, a inti-
no despacho que determinar a contra a tese votarem dois terços mação se fará pessoalmente ou
remessa dos autos à instância dos membros do Tribunal. na forma prevista no parágrafo
superior, o juízo a quo esclare- seguinte.
cerá quais os ainda em fase de Art. 264. Para os Tribunais Re- § 3o Nas zonas em que se fi-
processamento e, no último, quais gionais e para o Tribunal Superior zer intimação pessoal, se não for
os anteriormente remetidos. caberá, dentro de 3 (três) dias, encontrado o recorrido dentro de
§ 5o Ao se realizar a diplo- recurso dos atos, resoluções ou 48 (quarenta e oito) horas, a inti-
mação, se ainda houver recurso despachos dos respectivos pre- mação se fará por edital afixado
pendente de decisão em outra sidentes. no fórum, no local de costume.
instância, será consignado que § 4o Todas as citações e in-
os resultados poderão sofrer al- timações serão feitas na forma
terações decorrentes desse jul- CAPÍTULO II – DOS estabelecida neste artigo.
gamento. RECURSOS PERANTE § 5o Se o recorrido juntar no-
§ 6o Realizada a diplomação, AS JUNTAS E JUÍZOS vos documentos, terá o recorren-
e decorrido o prazo para recurso, ELEITORAIS te vista dos autos por 48 (quarenta
o juiz ou presidente do Tribunal e oito) horas para falar sobre os
Regional comunicará à instância Art. 265. Dos atos, resoluções mesmos, contado o prazo na for-
superior se foi ou não interposto ou despachos dos juízes ou juntas ma deste artigo.
recurso. eleitorais caberá recurso para o § 6o Findos os prazos a que
Tribunal Regional. se referem os parágrafos ante-
Art. 262. O recurso contra expe- Parágrafo único. Os recursos riores, o juiz eleitoral fará, dentro
dição de diploma caberá somente das decisões das Juntas serão de quarenta e oito horas, subir os
nos casos de inelegibilidade su- processados na forma estabe- autos ao Tribunal Regional com a
perveniente ou de natureza cons- lecida pelos arts. 169 e seguintes. sua resposta e os documentos em
titucional e de falta de condição que se fundar, sujeito à multa de
de elegibilidade. Art. 266. O recurso indepen- dez por cento do salário mínimo
601
Código Eleitoral
regional por dia de retardamento, Ministério Público. 5 (cinco) dias.
salvo se entender de reformar a § 2o Indeferindo o relator a § 1o O acórdão conterá uma
sua decisão. prova, serão os autos, a requeri- síntese das questões debatidas
§ 7o Se o juiz reformar a deci- mento do interessado, nas vinte e e decididas.
são recorrida, poderá o recorrido, quatro horas seguintes, presentes § 2o Sem prejuízo do dispos-
dentro de 3 (três) dias, requerer à primeira sessão do Tribunal, que to no parágrafo anterior, se o Tri-
suba o recurso como se por ele deliberará a respeito. bunal dispuser de serviço taqui-
interposto. § 3o Protocoladas as diligên- gráfico, serão juntas ao processo
cias probatórias, ou com a juntada as notas respectivas.
das justificações ou diligências, a
CAPÍTULO III – DOS Secretaria do Tribunal abrirá, sem Art. 274. O acórdão, devida-
RECURSOS NOS TRIBUNAIS demora, vista dos autos, por vin- mente assinado, será publicado,
REGIONAIS te e quatro horas, seguidamente, valendo como tal a inserção da
ao recorrente e ao recorrido para sua conclusão no órgão oficial.
Art. 268. No Tribunal Regional dizerem a respeito. § 1o Se o órgão oficial não
nenhuma alegação escrita ou § 4o Findo o prazo acima, se- publicar o acórdão no prazo de
nenhum documento poderá ser rão os autos conclusos ao relator. 3 (três) dias, as partes serão in-
oferecido por qualquer das par- timadas pessoalmente e, se não
tes, salvo o disposto no art. 270. Art. 271. O relator devolverá os forem encontradas no prazo de
autos à Secretaria no prazo im- 48 (quarenta e oito) horas, a inti-
Art. 269. Os recursos serão prorrogável de 8 (oito) dias para, mação se fará por edital afixado
distribuídos a um relator em 24 nas 24 (vinte e quatro) horas se- no Tribunal, no local de costume.
(vinte e quatro) horas e na ordem guintes, ser o caso incluído na § 2o O disposto no parágrafo
rigorosa da antiguidade dos res- pauta de julgamento do Tribunal. anterior aplicar-se-á a todos os
pectivos membros, esta última § 1o Tratando-se de recurso casos de citação ou intimação.
exigência sob pena de nulidade contra a expedição de diploma,
de qualquer ato ou decisão do os autos, uma vez devolvidos pelo Art. 275. São admissíveis em-
relator ou do Tribunal. relator, serão conclusos ao juiz bargos de declaração nas hipó-
§ 1o Feita a distribuição, a imediato em antiguidade como teses previstas no Código de Pro-
Secretaria do Tribunal abrirá vista revisor, o qual deverá devolvê-los cesso Civil.
dos autos à Procuradoria Regio- em 4 (quatro) dias. § 1o Os embargos de decla-
nal, que deverá emitir parecer no § 2o As pautas serão orga- ração serão opostos no prazo de
prazo de 5 (cinco) dias. nizadas com um número de pro- 3 (três) dias, contado da data de
§ 2o Se a Procuradoria não cessos que possam ser realmente publicação da decisão embarga-
emitir parecer no prazo fixado, julgados, obedecendo-se rigoro- da, em petição dirigida ao juiz ou
poderá a parte interessada re- samente a ordem da devolução relator, com a indicação do ponto
querer a inclusão do processo dos mesmos à Secretaria pelo que lhes deu causa.
na pauta, devendo o Procurador, relator, ou revisor, nos recursos § 2o Os embargos de declara-
nesse caso, proferir parecer oral contra a expedição de diploma, ção não estão sujeitos a preparo.
na assentada do julgamento. ressalvadas as preferências de- § 3o O juiz julgará os embar-
terminadas pelo regimento do gos em 5 (cinco) dias.
Art. 270. Se o recurso versar so- Tribunal. § 4o Nos tribunais:
bre coação, fraude, uso de meios I – o relator apresentará os
de que trata o art. 237, ou empre- Art. 272. Na sessão do julga- embargos em mesa na sessão
go de processo de propaganda ou mento, uma vez feito o relatório subsequente, proferindo voto;
captação de sufrágios vedado por pelo relator, cada uma das partes II – não havendo julgamento
lei dependente de prova indicada poderá, no prazo improrrogável de na sessão referida no inciso I,
pelas partes ao interpô-lo ou ao dez minutos, sustentar oralmente será o recurso incluído em pauta;
impugná-lo, o relator no Tribunal as suas conclusões. III – vencido o relator, ou-
Regional deferi-la-á em vinte e Parágrafo único. Quando se tro será designado para lavrar
quatro horas da conclusão, rea- tratar de julgamento de recursos o acórdão.
lizando-se ela no prazo impror- contra a expedição de diploma, § 5o Os embargos de decla-
rogável de cinco dias. cada parte terá vinte minutos ração interrompem o prazo para
§ 1 o Admitir-se-ão como para sustentação oral. a interposição de recurso.
meios de prova para apreciação § 6o Quando manifestamen-
pelo Tribunal as justificações e as Art. 273. Realizado o julgamen- te protelatórios os embargos de
perícias processadas perante o to, o relator, se vitorioso, ou o declaração, o juiz ou o tribunal,
juiz eleitoral da zona, com citação relator designado para redigir o em decisão fundamentada, con-
dos partidos que concorreram acórdão, apresentará a redação denará o embargante a pagar ao
ao pleito e do representante do deste, o mais tardar, dentro em embargado multa não excedente
602
Código Eleitoral
a 2 (dois) salários mínimos. 48 (quarenta e oito) horas do re- cessos semelhantes, pagas as
§ 7o Na reiteração de em- cebimento dos autos conclusos, despesas, pelo preço do custo,
bargos de declaração manifes- proferirá despacho fundamenta- pelas partes, em relação às peças
tamente protelatórios, a multa do, admitindo ou não o recurso. que indicarem.
será elevada a até 10 (dez) salá- § 2o Admitido o recurso, será
rios mínimos. aberta vista dos autos ao recor-
rido para que, no mesmo prazo, CAPÍTULO IV – DOS
Art. 276. As decisões dos Tri- apresente as suas razões. RECURSOS NO TRIBUNAL
bunais Regionais são terminati- § 3o Em seguida serão os au- SUPERIOR
vas, salvo os casos seguintes em tos conclusos ao presidente, que
que cabe recurso para o Tribunal mandará remetê-los ao Tribunal Art. 280. Aplicam-se ao Tribu-
Superior: Superior. nal Superior as disposições dos
I – especial: arts. 268, 269, 270, 271 (caput),
a) quando forem proferidas Art. 279. Denegado o recurso 272, 273, 274 e 275.
contra expressa disposição de lei; especial, o recorrente poderá
b) quando ocorrer divergên- interpor, dentro em 3 (três) dias, Art. 281. São irrecorríveis as de-
cia na interpretação de lei entre agravo de instrumento. cisões do Tribunal Superior, salvo
dois ou mais tribunais eleitorais; § 1o O agravo de instrumento as que declararem a invalidade
II – ordinário: será interposto por petição que de lei ou ato contrário à Consti-
a) quando versarem sobre conterá: tuição Federal e as denegatórias
expedição de diplomas nas elei- I – a exposição do fato e do de habeas corpus ou mandado de
ções federais e estaduais; direito; segurança, das quais caberá re-
b) quando denegarem ha- II – as razões do pedido de curso ordinário para o Supremo
beas corpus ou mandado de se- reforma da decisão; Tribunal Federal, interposto no
gurança. III – a indicação das peças prazo de 3 (três) dias.
§ 1o É de 3 (três) dias o prazo do processo que devem ser tras- § 1o Juntada a petição nas
para a interposição do recurso, ladadas. 48 (quarenta e oito) horas seguin-
contado da publicação da decisão § 2o Serão obrigatoriamente tes, os autos serão conclusos ao
nos casos dos nos I, letras “a” e “b” trasladadas a decisão recorrida e presidente do Tribunal, que, no
e II, letra “b” e da sessão da diplo- a certidão da intimação. mesmo prazo, proferirá despacho
mação no caso do no II, letra “a”. § 3o Deferida a formação do fundamentado, admitindo ou não
§ 2o Sempre que o Tribunal agravo, será intimado o recorrido o recurso.
Regional determinar a realização para, no prazo de 3 (três) dias, § 2o Admitido o recurso será
de novas eleições, o prazo para apresentar as suas razões e indi- aberta vista dos autos ao recor-
a interposição dos recursos, no car as peças dos autos que serão rido para que, dentro de 3 (três)
caso do no II, “a”, contar-se-á da também trasladadas. dias, apresente as suas razões.
sessão em que, feita a apuração § 4o Concluída a formação § 3o Findo esse prazo os au-
das sessões renovadas, for pro- do instrumento o presidente do tos serão remetidos ao Supremo
clamado o resultado das eleições Tribunal determinará a remessa Tribunal Federal.
suplementares. dos autos ao Tribunal Superior,
podendo, ainda, ordenar a ex- Art. 282. Denegado o recurso, o
Art. 277. Interposto recurso or- tração e a juntada de peças não recorrente poderá interpor, den-
dinário contra decisão do Tribunal indicadas pelas partes. tro de 3 (três) dias, agravo de ins-
Regional, o presidente poderá, na § 5o O presidente do Tribunal trumento, observado o disposto
própria petição, mandar abrir vis- não poderá negar seguimento ao no art. 279 e seus parágrafos, apli-
ta ao recorrido para que, no mes- agravo, ainda que interposto fora cada a multa a que se refere o § 6o
mo prazo, ofereça as suas razões. do prazo legal. pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. Juntadas § 6o Se o agravo de instru-
as razões do recorrido, serão os mento não for conhecido, porque
autos remetidos ao Tribunal Su- interposto fora do prazo legal, o TÍTULO IV – DISPOSIÇÕES
perior. Tribunal Superior imporá ao re- PENAIS
corrente multa correspondente
Art. 278. Interposto recurso es- ao valor do maior salário mínimo CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
pecial contra decisão do Tribunal vigente no país, multa essa que PRELIMINARES
Regional, a petição será juntada será inscrita e cobrada na forma
nas 48 (quarenta e oito) horas se- prevista no art. 367. Art. 283. Para os efeitos penais
guintes e os autos conclusos ao § 7o Se o Tribunal Regional são considerados membros e fun-
presidente dentro de 24 (vinte e dispuser de aparelhamento pró- cionários da Justiça Eleitoral:
quatro) horas. prio, o instrumento deverá ser I – os magistrados que, mes-
§ 1o O presidente, dentro em formado com fotocópias ou pro- mo não exercendo funções elei-
603
Código Eleitoral
torais, estejam presidindo Juntas cominada, ainda que no máximo, que prejudique os trabalhos elei-
Apuradoras ou se encontrem no ao crime de que se trate. torais:
exercício de outra função por Pena – detenção até dois
designação de Tribunal Eleitoral; Art. 287. Aplicam-se aos fatos meses e pagamento de 60 a 90
II – os cidadãos que tempo- incriminados nesta Lei as regras dias-multa.
rariamente integram órgãos da gerais do Código Penal.
Justiça Eleitoral; Art. 297. Impedir ou embaraçar
III – os cidadãos que hajam Art. 288. Nos crimes eleitorais o exercício do sufrágio:
sido nomeados para as mesas cometidos por meio da imprensa, Pena – detenção até seis
receptoras ou Juntas Apuradoras; do rádio ou da televisão, aplicam- meses e pagamento de 60 a 100
IV – os funcionários requisita- -se exclusivamente as normas dias-multa.
dos pela Justiça Eleitoral. deste Código e as remissões a
§ 1o Considera-se funcionário outra lei nele contempladas. Art. 298. Prender ou deter elei-
público, para os efeitos penais, tor, membro de mesa receptora,
além dos indicados no presente fiscal, delegado de partido ou
artigo, quem, embora transito- CAPÍTULO II – DOS CRIMES candidato, com violação do dis-
riamente ou sem remuneração, ELEITORAIS posto no art. 236:
exerce cargo, emprego ou fun- Pena – reclusão até quatro
ção pública. Art. 289. Inscrever-se fraudu- anos.
§ 2o Equipara-se a funcioná- lentamente eleitor:
rio público quem exerce cargo, Pena – reclusão até cinco Art. 299. Dar, oferecer, prome-
emprego ou função em entidade anos e pagamento de cinco a 15 ter, solicitar ou receber, para si
paraestatal ou em sociedade de dias-multa. ou para outrem, dinheiro, dádiva,
economia mista. ou qualquer outra vantagem, para
Art. 290. Induzir alguém a se obter ou dar voto e para conseguir
Art. 284. Sempre que este Có- inscrever eleitor com infração ou prometer abstenção, ainda que
digo não indicar o grau mínimo, de qualquer dispositivo deste a oferta não seja aceita:
entende-se que será ele de quin- Código: Pena – reclusão até quatro
ze dias para a pena de detenção Pena – reclusão até 2 anos e anos e pagamento de cinco a
e de um ano para a de reclusão. pagamento de 15 a 30 dias-multa. quinze dias-multa.
Art. 285. Quando a lei determi- Art. 291. Efetuar o juiz, fraudu- Art. 300. Valer-se o servidor
na a agravação ou atenuação da lentamente, a inscrição de alis- público da sua autoridade para
pena sem mencionar o quantum, tando: coagir alguém a votar ou não vo-
deve o juiz fixá-lo entre um quinto Pena – reclusão até 5 anos tar em determinado candidato
e um terço, guardados os limites e pagamento de cinco a quinze ou partido:
da pena cominada ao crime. dias-multa. Pena – detenção até seis
meses e pagamento de 60 a 100
Art. 286. A pena de multa con- Art. 292. Negar ou retardar a dias-multa.
siste no pagamento ao Tesouro autoridade judiciária, sem fun- Parágrafo único. Se o agen-
Nacional, de uma soma de dinhei- damento legal, a inscrição re- te é membro ou funcionário da
ro, que é fixada em dias-multa. querida: Justiça Eleitoral e comete o cri-
Seu montante é, no mínimo, 1 Pena – pagamento de 30 a 60 me prevalecendo-se do cargo a
(um) dia-multa e, no máximo, 300 dias-multa. pena é agravada.
(trezentos) dias-multa.
§ 1o O montante do dia-multa Art. 293. Perturbar ou impedir Art. 301. Usar de violência ou
é fixado segundo o prudente arbí- de qualquer forma o alistamento: grave ameaça para coagir alguém
trio do juiz, devendo este ter em Pena – detenção de 15 dias a a votar, ou não votar, em determi-
conta as condições pessoais e seis meses ou pagamento de 30 nado candidato ou partido, ainda
econômicas do condenado, mas a 60 dias-multa. que os fins visados não sejam
não pode ser inferior ao salá- conseguidos:
rio mínimo diário da região, nem Art. 294. (Revogado) Pena – reclusão até quatro
superior ao valor de um salário anos e pagamento de cinco a
mínimo mensal. Art. 295. Reter título eleitoral quinze dias-multa.
§ 2o A multa pode ser au- contra a vontade do eleitor:
mentada até o triplo, embora não Pena – detenção até dois me- Art. 302. Promover, no dia da
possa exceder o máximo genérico ses ou pagamento de 30 a 60 eleição, com o fim de impedir,
(caput), se o juiz considerar que, dias-multa. embaraçar ou fraudar o exercí-
em virtude da situação econô- cio do voto a concentração de
mica do condenado, é ineficaz a Art. 296. Promover desordem eleitores, sob qualquer forma,
604
Código Eleitoral
inclusive o fornecimento gratuito Art. 310. Praticar, ou permitir votos for procedida pela mesa
de alimento e transporte coletivo: o membro da mesa receptora receptora incorrerão na mesma
Pena – reclusão de 4 (quatro) que seja praticada, qualquer ir- pena o presidente e os mesários
a 6 (seis) anos e pagamento de regularidade que determine a que não fecharem e lacrarem a
200 a 300 dias-multa. anulação de votação, salvo no urna após a contagem.
caso do art. 311:
Art. 303. Majorar os preços de Pena – detenção até seis me- Art. 315. Alterar nos mapas ou
utilidades e serviços necessá- ses ou pagamento de 90 a 120 nos boletins de apuração a vota-
rios à realização de eleições, tais dias-multa. ção obtida por qualquer candida-
como transporte e alimentação to ou lançar nesses documentos
de eleitores, impressão, publi- Art. 311. Votar em seção elei- votação que não corresponda às
cidade e divulgação de matéria toral em que não está inscrito, cédulas apuradas:
eleitoral: salvo nos casos expressamente Pena – reclusão até cinco
Pena – pagamento de 250 a previstos, e permitir, o presiden- anos e pagamento de 5 a 15 dias-
300 dias-multa. te da mesa receptora, que o voto -multa.
seja admitido:
Art. 304. Ocultar, sonegar, Pena – detenção até um mês Art. 316. Não receber ou não
açambarcar ou recusar no dia ou pagamento de 5 a 15 dias-multa mencionar nas atas da eleição
da eleição o fornecimento, nor- para o eleitor e de 20 a 30 dias- ou da apuração os protestos devi-
malmente a todos, de utilidades, -multa para o presidente da mesa. damente formulados ou deixar de
alimentação e meios de transpor- remetê-los à instância superior:
te, ou conceder exclusividade dos Art. 312. Violar ou tentar violar Pena – reclusão até cinco
mesmos a determinado partido o sigilo do voto: anos e pagamento de 5 a 15 dias-
ou candidato: Pena – detenção até dois -multa.
Pena – pagamento de 250 a anos.
300 dias-multa. Art. 317. Violar ou tentar violar o
Art. 313. Deixar o juiz e os mem- sigilo da urna ou dos invólucros:
Art. 305. Intervir autoridade es- bros da Junta de expedir o bole- Pena – reclusão de três a cin-
tranha à mesa receptora, salvo tim de apuração imediatamente co anos.
o juiz eleitoral, no seu funcio- após a apuração de cada urna e
namento sob qualquer pretexto: antes de passar à subsequente, Art. 318. Efetuar a mesa recep-
Pena – detenção até seis sob qualquer pretexto e ainda que tora a contagem dos votos da urna
meses e pagamento de 60 a 90 dispensada a expedição pelos quando qualquer eleitor houver
dias-multa. fiscais, delegados ou candidatos votado sob impugnação (art. 190):
presentes: Pena – detenção até um mês
Art. 306. Não observar a ordem Pena – pagamento de 90 a ou pagamento de 30 a 60 dias-
em que os eleitores devem ser 120 dias-multa. -multa.
chamados a votar: Parágrafo único. Nas seções
Pena – pagamento de 15 a 30 eleitorais em que a contagem Art. 319. Subscrever o eleitor
dias-multa. for procedida pela mesa recep- mais de uma ficha de registro de
tora incorrerão na mesma pena um ou mais partidos:
Art. 307. Fornecer ao eleitor cé- o presidente e os mesários que Pena – detenção até 1 mês ou
dula oficial já assinalada ou por não expedirem imediatamente o pagamento de 10 a 30 dias-multa.
qualquer forma marcada: respectivo boletim.
Pena – reclusão até cinco Art. 320. Inscrever-se o eleitor,
anos e pagamento de 5 a 15 dias- Art. 314. Deixar o juiz e os mem- simultaneamente, em dois ou
-multa. bros da Junta de recolher as cé- mais partidos:
dulas apuradas na respectiva Pena – pagamento de 10 a 20
Art. 308. Rubricar e fornecer a urna, fechá-la e lacrá-la, assim dias-multa.
cédula oficial em outra oportu- que terminar a apuração de cada
nidade que não a de entrega da seção e antes de passar à subse- Art. 321. Colher a assinatura do
mesma ao eleitor: quente, sob qualquer pretexto e eleitor em mais de uma ficha de
Pena – reclusão até cinco ainda que dispensada a provi- registro de partido:
anos e pagamento de 60 a 90 dência pelos fiscais, delegados Pena – detenção até dois me-
dias-multa. ou candidatos presentes: ses ou pagamento de 20 a 40
Pena – detenção até dois me- dias-multa.
Art. 309. Votar ou tentar votar ses ou pagamento de 90 a 120
mais de uma vez, ou em lugar dias-multa. Art. 322. (Revogado)
de outrem: Parágrafo único. Nas seções
Pena – reclusão até três anos. eleitorais em que a contagem dos Art. 323. Divulgar, na propagan-
605
Código Eleitoral
da eleitoral ou durante período Parágrafo único. A exceção çar, por qualquer meio, candidata
de campanha eleitoral, fatos que da verdade somente se admite se a cargo eletivo ou detentora de
sabe inverídicos em relação a par- o ofendido é funcionário público mandato eletivo, utilizando-se de
tidos ou a candidatos e capazes e a ofensa é relativa ao exercício menosprezo ou discriminação à
de exercer influência perante o de suas funções. condição de mulher ou à sua cor,
eleitorado: raça ou etnia, com a finalidade
Pena – detenção de dois me- Art. 326. Injuriar alguém, na pro- de impedir ou de dificultar a sua
ses a um ano, ou pagamento de paganda eleitoral, ou visando a campanha eleitoral ou o desem-
120 a 150 dias-multa. fins de propaganda, ofendendo- penho de seu mandato eletivo.
Parágrafo único. (Revogado) -lhe a dignidade ou o decoro: Pena – reclusão, de 1 (um) a
§ 1o Nas mesmas penas in- Pena – detenção até seis me- 4 (quatro) anos, e multa.
corre quem produz, oferece ou ses, ou pagamento de 30 a 60 Parágrafo único. Aumenta-se
vende vídeo com conteúdo in- dias-multa. a pena em 1/3 (um terço), se o
verídico acerca de partidos ou § 1o O juiz pode deixar de apli- crime é cometido contra mulher:
candidatos. car a pena: I – gestante;
§ 2o Aumenta-se a pena de I – se o ofendido, de forma II – maior de 60 (sessenta)
1/3 (um terço) até metade se o reprovável, provocou diretamen- anos;
crime: te a injúria; III – com deficiência.
I – é cometido por meio da im- II – no caso de retorsão ime-
prensa, rádio ou televisão, ou por diata, que consista em outra in- Art. 327. As penas cominadas
meio da internet ou de rede social, júria. nos arts. 324, 325 e 326 aumen-
ou é transmitido em tempo real; § 2o Se a injúria consiste em tam-se de 1/3 (um terço) até me-
II – envolve menosprezo ou violência ou vias de fato, que, por tade, se qualquer dos crimes é
discriminação à condição de mu- sua natureza ou meio empregado, cometido:
lher ou à sua cor, raça ou etnia. se considerem aviltantes: I – contra o Presidente da
Pena – detenção de três me- República ou chefe de governo
Art. 324. Caluniar alguém, na ses a um ano e pagamento de 5 estrangeiro;
propaganda eleitoral, ou visando a 20 dias-multa, além das penas II – contra funcionário públi-
fins de propaganda, imputan- correspondentes à violência pre- co, em razão de suas funções;
do-lhe falsamente fato definido vista no Código Penal. III – na presença de várias
como crime: pessoas, ou por meio que facilite
Pena – detenção de seis me- Art. 326-A. Dar causa à instau- a divulgação da ofensa;
ses a dois anos, e pagamento de ração de investigação policial, de IV – com menosprezo ou dis-
10 a 40 dias-multa. processo judicial, de investigação criminação à condição de mulher
§ 1o Nas mesmas penas in- administrativa, de inquérito civil ou à sua cor, raça ou etnia;
corre quem, sabendo falsa a im- ou ação de improbidade admi- V – por meio da internet ou de
putação, a propala ou divulga. nistrativa, atribuindo a alguém a rede social ou com transmissão
§ 2o A prova da verdade do prática de crime ou ato infracio- em tempo real.
fato imputado exclui o crime, mas nal de que o sabe inocente, com
não é admitida: finalidade eleitoral: Art. 328. (Revogado)
I – se, constituindo o fato im- Pena – reclusão, de 2 (dois) a
putado crime de ação privada, o 8 (oito) anos, e multa. Art. 329. (Revogado)
ofendido não foi condenado por § 1o A pena é aumentada
sentença irrecorrível; de sexta parte, se o agente se Art. 330. Nos casos dos
II – se o fato é imputado ao serve do anonimato ou de nome arts. 328 e 329 se o agente re-
Presidente da República ou chefe suposto. para o dano antes da sentença
de governo estrangeiro; § 2o A pena é diminuída de final, o juiz pode reduzir a pena.10
III – se do crime imputado, metade, se a imputação é de prá-
embora de ação pública, o ofen- tica de contravenção. Art. 331. Inutilizar, alterar ou
dido foi absolvido por sentença § 3o Incorrerá nas mesmas perturbar meio de propaganda
irrecorrível. penas deste artigo quem, com- devidamente empregado:
provadamente ciente da inocên- Pena – detenção até seis me-
Art. 325. Difamar alguém, na cia do denunciado e com finali- ses ou pagamento de 90 a 120
propaganda eleitoral, ou visando dade eleitoral, divulga ou propala, dias-multa.
a fins de propaganda, imputan- por qualquer meio ou forma, o ato
do-lhe fato ofensivo à sua re- ou fato que lhe foi falsamente Art. 332. Impedir o exercício de
putação: atribuído. propaganda:
Pena – detenção de três me-
ses a um ano, e pagamento de 5 Art. 326-B. Assediar, constran- 10
NE: os artigos mencionados foram revo-
a 30 dias-multa. ger, humilhar, perseguir ou amea- gados pela Lei no 9.504/1997.
606
Código Eleitoral
Pena – detenção até seis pena incorrerá o responsável pe- disposto no § 3o do art. 357:
meses e pagamento de 30 a 60 las emissoras de rádio ou televi- Pena – detenção até dois me-
dias-multa. são que autorizar transmissões de ses ou pagamento de 60 a 90
que participem os mencionados dias-multa.
Art. 333. (Revogado) neste artigo, bem como o dire-
tor de jornal que lhes divulgar os Art. 344. Recusar ou abando-
Art. 334. Utilizar organização pronunciamentos. nar o serviço eleitoral sem justa
comercial de vendas, distribui- causa:
ção de mercadorias, prêmios e Art. 338. Não assegurar o fun- Pena – detenção até dois me-
sorteios para propaganda ou ali- cionário postal a prioridade pre- ses ou pagamento de 90 a 120
ciamento de eleitores: vista no art. 239: dias-multa.
Pena – detenção de seis me- Pena – pagamento de 30 a 60
ses a um ano e cassação do re- dias-multa. Art. 345. Não cumprir a autori-
gistro se o responsável for can- dade judiciária, ou qualquer fun-
didato. Art. 339. Destruir, suprimir ou cionário dos órgãos da Justiça
ocultar urna contendo votos, ou Eleitoral, nos prazos legais, os
Art. 335. Fazer propaganda, documentos relativos à eleição: deveres impostos por este Có-
qualquer que seja a sua forma, Pena – reclusão de dois a seis digo, se a infração não estiver
em língua estrangeira: anos e pagamento de 5 a 15 dias- sujeita a outra penalidade:
Pena – detenção de três a -multa. Pena – pagamento de trinta
seis meses e pagamento de 30 Parágrafo único. Se o agen- a noventa dias-multa.
a 60 dias-multa. te é membro ou funcionário da
Parágrafo único. Além da Justiça Eleitoral e comete o cri- Art. 346. Violar o disposto no
pena cominada, a infração ao me prevalecendo-se do cargo, a art. 377:
presente artigo importa na apre- pena é agravada. Pena – detenção até seis
ensão e perda do material utili- meses e pagamento de 30 a 60
zado na propaganda. Art. 340. Fabricar, mandar fa- dias-multa.
bricar, adquirir, fornecer, ainda Parágrafo único. Incorrerão
Art. 336. Na sentença que jul- que gratuitamente, subtrair ou na pena, além da autoridade res-
gar ação penal pela infração de guardar urnas, objetos, mapas, ponsável, os servidores que pres-
qualquer dos arts. 322, 323, 324, cédulas ou papéis de uso exclu- tarem serviços e os candidatos,
325, 326, 328, 329, 331, 332, 333, sivo da Justiça Eleitoral: membros ou diretores de partido
334 e 335, deve o juiz verificar, Pena – reclusão até três anos que derem causa à infração.
de acordo com o seu livre con- e pagamento de 3 a 15 dias-multa.
vencimento, se o diretório local Parágrafo único. Se o agen- Art. 347. Recusar alguém cum-
do partido, por qualquer dos seus te é membro ou funcionário da primento ou obediência a diligên-
membros, concorreu para a práti- Justiça Eleitoral e comete o cri- cias, ordens ou instruções da Jus-
ca de delito, ou dela se beneficiou me prevalecendo-se do cargo, a tiça Eleitoral ou opor embaraços
conscientemente.11 pena é agravada. à sua execução:
Parágrafo único. Nesse caso, Pena – detenção de três me-
imporá o juiz ao diretório respon- Art. 341. Retardar a publicação ses a um ano e pagamento de 10
sável pena de suspensão de sua ou não publicar, o diretor ou qual- a 20 dias-multa.
atividade eleitoral por prazo de 6 quer outro funcionário de órgão
a 12 meses, agravada até o dobro oficial federal, estadual, ou mu- Art. 348. Falsificar, no todo ou
nas reincidências. nicipal, as decisões, citações ou em parte, documento público,
intimações da Justiça Eleitoral: ou alterar documento público
Art. 337. Participar, o estrangei- Pena – detenção até um mês verdadeiro, para fins eleitorais:
ro ou brasileiro que não estiver no ou pagamento de 30 a 60 dias- Pena – reclusão de dois a seis
gozo dos seus direitos políticos, -multa. anos e pagamento de 15 a 30
de atividades partidárias, inclusi- dias-multa.
ve comícios e atos de propaganda Art. 342. Não apresentar o ór- § 1o Se o agente é funcio-
em recintos fechados ou abertos: gão do Ministério Público, no pra- nário público e comete o crime
Pena – detenção até seis zo legal, denúncia ou deixar de prevalecendo-se do cargo, a pena
meses e pagamento de 90 a 120 promover a execução de sentença é agravada.
dias-multa. condenatória: § 2o Para os efeitos penais,
Parágrafo único. Na mesma Pena – detenção até dois me- equipara-se a documento público
ses ou pagamento de 60 a 90 o emanado de entidade paraesta-
dias-multa. tal inclusive Fundação do Estado.
11
NE: os artigos 322, 328, 329 e 333, men-
cionados neste caput, foram revogados pela
Lei no 9.504/1997. Art. 343. Não cumprir o juiz o Art. 349. Falsificar, no todo ou
607
Código Eleitoral
em parte, documento particular cação ou à alteração. exposição do fato criminoso com
ou alterar documento particular todas as suas circunstâncias, a
verdadeiro, para fins eleitorais: Art. 354-A. Apropriar-se o can- qualificação do acusado ou escla-
Pena – reclusão até cinco didato, o administrador financeiro recimentos pelos quais se possa
anos e pagamento de 3 a 10 dias- da campanha, ou quem de fato identificá-lo, a classificação do
-multa. exerça essa função, de bens, re- crime e, quando necessário, o
cursos ou valores destinados ao rol das testemunhas.
Art. 350. Omitir, em documento financiamento eleitoral, em pro- § 3o Se o órgão do Ministério
público ou particular, declaração veito próprio ou alheio: Público não oferecer a denún-
que dele devia constar, ou nele Pena – reclusão, de dois a seis cia no prazo legal representará
inserir ou fazer inserir declaração anos, e multa. contra ele a autoridade judiciá-
falsa ou diversa da que devia ser ria, sem prejuízo da apuração da
escrita, para fins eleitorais: responsabilidade penal.
Pena – reclusão até cinco CAPÍTULO III – DO § 4o Ocorrendo a hipótese
anos e pagamento de 5 a 15 dias- PROCESSO DAS INFRAÇÕES prevista no parágrafo anterior
-multa, se o documento é público, o juiz solicitará ao Procurador
e reclusão até três anos e paga- Art. 355. As infrações penais Regional a designação de outro
mento de 3 a 10 dias-multa se o definidas neste Código são de promotor, que, no mesmo prazo,
documento é particular. ação pública. oferecerá a denúncia.
Parágrafo único. Se o agente § 5o Qualquer eleitor poderá
da falsidade documental é funcio- Art. 356. Todo cidadão que tiver provocar a representação contra
nário público e comete o crime conhecimento de infração penal o órgão do Ministério Público se
prevalecendo-se do cargo, ou se deste Código deverá comunicá-la o juiz, no prazo de 10 (dez) dias,
a falsificação ou alteração é de ao juiz eleitoral da zona onde a não agir de ofício.
assentamentos de registro civil, mesma se verificou.
a pena é agravada. § 1o Quando a comunicação Art. 358. A denúncia será rejei-
for verbal, mandará a autoridade tada quando:
Art. 351. Equipara-se a docu- judicial reduzi-la a termo, assi- I – o fato narrado evidente-
mento (348, 349 e 350) para os nado pelo apresentante e por mente não constituir crime;
efeitos penais, a fotografia, o duas testemunhas, e a remeterá II – já estiver extinta a puni-
filme cinematográfico, o disco ao órgão do Ministério Público bilidade, pela prescrição ou ou-
fonográfico ou fita de ditafone a local, que procederá na forma tra causa;
que se incorpore declaração ou deste Código. III – for manifesta a ilegitimi-
imagem destinada à prova de fato § 2o Se o Ministério Público dade da parte ou faltar condição
juridicamente relevante. julgar necessários maiores escla- exigida pela lei para o exercício
recimentos e documentos com- da ação penal.
Art. 352. Reconhecer, como ver- plementares ou outros elementos Parágrafo único. Nos casos
dadeira, no exercício da função de convicção, deverá requisitá- do no III, a rejeição da denún-
pública, firma ou letra que o não -los diretamente de quaisquer cia não obstará ao exercício da
seja, para fins eleitorais: autoridades ou funcionários que ação penal, desde que promovida
Pena – reclusão até cinco possam fornecê-los. por parte legítima ou satisfeita a
anos e pagamento de 5 a 15 dias- condição.
-multa se o documento é público, Art. 357. Verificada a infração
e reclusão até três anos e paga- penal, o Ministério Público ofere- Art. 359. Recebida a denúncia,
mento de 3 a 10 dias-multa se o cerá a denúncia dentro do prazo o juiz designará dia e hora para o
documento é particular. de 10 (dez) dias. depoimento pessoal do acusado,
§ 1o Se o órgão do Ministério ordenando a citação deste e a
Art. 353. Fazer uso de qualquer Público, ao invés de apresentar a notificação do Ministério Público.
dos documentos falsificados ou denúncia, requerer o arquivamen- Parágrafo único. O réu ou
alterados, a que se referem os to da comunicação, o juiz, no caso seu defensor terá o prazo de 10
arts. 348 a 352: de considerar improcedentes as (dez) dias para oferecer alegações
Pena – a cominada à falsifi- razões invocadas, fará remessa escritas e arrolar testemunhas.
cação ou à alteração. da comunicação ao Procurador
Regional, e este oferecerá a de- Art. 360. Ouvidas as testemu-
Art. 354. Obter, para uso pró- núncia, designará outro Promo- nhas da acusação e da defesa e
prio ou de outrem, documento tor para oferecê-la, ou insistirá praticadas as diligências reque-
público ou particular, material no pedido de arquivamento, ao ridas pelo Ministério Público e
ou ideologicamente falso para qual só então estará o juiz obri- deferidas ou ordenadas pelo juiz,
fins eleitorais: gado a atender. abrir-se-á o prazo de 5 (cinco) dias
Pena – a cominada à falsifi- § 2o A denúncia conterá a a cada uma das partes – acusação
608
Código Eleitoral
e defesa – para alegações finais. I – no arbitramento será le- do infrator, é ineficaz, embora
vada em conta a condição eco- aplicada no máximo.
Art. 361. Decorrido esse prazo, e nômica do eleitor; § 3o O alistando, ou o eleitor,
conclusos os autos ao juiz dentro II – arbitrada a multa, de ofí- que comprovar devidamente o
de quarenta e oito horas, terá o cio ou a requerimento do eleitor, seu estado de pobreza, ficará
mesmo 10 (dez) dias para proferir o pagamento será feito através de isento do pagamento de multa.
a sentença. selo federal inutilizado no próprio § 4o Fica autorizado o Te-
requerimento ou no respectivo souro Nacional a emitir selos,
Art. 362. Das decisões finais de processo; sob a designação “Selo Eleito-
condenação ou absolvição cabe III – se o eleitor não satisfizer ral”, destinados ao pagamento de
recurso para o Tribunal Regional, o pagamento no prazo de 30 (trin- emolumentos, custas, despesas
a ser interposto no prazo de 10 ta) dias, será considerada dívida e multas, tanto as administrativas
(dez) dias. líquida e certa, para efeito de co- como as penais, devidas à Justi-
brança mediante executivo fiscal, ça Eleitoral.
Art. 363. Se a decisão do Tri- a que for inscrita em livro próprio § 5o Os pagamentos de mul-
bunal Regional for condenató- no Cartório Eleitoral; tas poderão ser feitos através de
ria, baixarão imediatamente os IV – a cobrança judicial da dí- guias de recolhimento, se a Jus-
autos à instância inferior para a vida será feita por ação executiva, tiça Eleitoral não dispuser de selo
execução da sentença, que será na forma prevista para a cobrança eleitoral em quantidade suficiente
feita no prazo de 5 (cinco) dias, da dívida ativa da Fazenda Públi- para atender aos interessados.
contados da data da vista ao Mi- ca, correndo a ação perante os
nistério Público. juízos eleitorais; Art. 368. Os atos requeridos ou
Parágrafo único. Se o órgão V – nas Capitais e nas co- propostos em tempo oportuno,
do Ministério Público deixar de marcas onde houver mais de um mesmo que não sejam apreciados
promover a execução da sen- Promotor de Justiça, a cobrança no prazo legal, não prejudicarão
tença serão aplicadas as normas da dívida far-se-á por intermédio aos interessados.
constantes dos parágrafos 3o, 4o do que for designado pelo Procu-
e 5o do art. 357. rador Regional Eleitoral; Art. 368-A. A prova testemunhal
VI – os recursos cabíveis, nos singular, quando exclusiva, não
Art. 364. No processo e julga- processos para cobrança da dí- será aceita nos processos que
mento dos crimes eleitorais e vida decorrente de multa, serão possam levar à perda do mandato.
dos comuns que lhes forem co- interpostos para a instância su-
nexos, assim como nos recursos perior da Justiça Eleitoral; Art. 369. O Governo da União
e na execução, que lhes digam VII – em nenhum caso haverá fornecerá, para ser distribuído
respeito, aplicar-se-á, como lei recurso de ofício; por intermédio dos Tribunais Re-
subsidiária ou supletiva, o Código VIII – as custas, nos Estados, gionais, todo o material destina-
de Processo Penal. Distrito Federal e Territórios serão do ao alistamento eleitoral e às
cobradas nos termos dos res- eleições.
pectivos Regimentos de Custas;
TÍTULO V – DISPOSIÇÕES IX – os juízes eleitorais comu- Art. 370. As transmissões de
GERAIS E TRANSITÓRIAS nicarão aos Tribunais Regionais, natureza eleitoral, feitas por au-
trimestralmente, a importância toridades e repartições compe-
Art. 365. O serviço eleitoral pre- total das multas impostas nesse tentes, gozam de franquia postal,
fere a qualquer outro, é obrigató- período e quanto foi arrecadado telegráfica, telefônica, radiote-
rio e não interrompe o interstício através de pagamentos feitos na legráfica ou radiotelefônica, em
de promoção dos funcionários forma dos nos II e III; linhas oficiais ou nas que sejam
para ele requisitados. X – idêntica comunicação obrigadas a serviço oficial.
será feita pelos Tribunais Regio-
Art. 366. Os funcionários de nais ao Tribunal Superior. Art. 371. As repartições públicas
qualquer órgão da Justiça Elei- § 1o As multas aplicadas pe- são obrigadas, no prazo máximo
toral não poderão pertencer a los Tribunais Eleitorais serão con- de 10 (dez) dias, a fornecer às au-
diretório de partido político ou sideradas líquidas e certas, para toridades, aos representantes de
exercer qualquer atividade par- efeito de cobrança mediante exe- partidos ou a qualquer alistando
tidária, sob pena de demissão. cutivo fiscal desde que inscritas as informações e certidões que
em livro próprio na Secretaria do solicitarem relativas à matéria
Art. 367. A imposição e a co- Tribunal competente. eleitoral, desde que os interessa-
brança de qualquer multa, salvo § 2o A multa pode ser au- dos manifestem especificamente
no caso das condenações crimi- mentada até dez vezes, se o juiz, as razões e os fins do pedido.
nais, obedecerão às seguintes ou Tribunal considerar que, em
normas: virtude da situação econômica Art. 372. Os tabeliães não po-
609
Código Eleitoral
derão deixar de reconhecer nos Art. 377. O serviço de qualquer de data fixada pela Constituição
documentos necessários à instru- repartição, federal, estadual, mu- Federal; nos demais casos, serão
ção dos requerimentos e recursos nicipal, autarquia, fundação do as eleições marcadas para um
eleitorais, as firmas de pessoas Estado, sociedade de economia domingo ou dia já considerado
de seu conhecimento, ou das que mista, entidade mantida ou sub- feriado por lei anterior.
se apresentarem com 2 (dois) vencionada pelo poder público, ou
abonadores conhecidos. que realiza contrato com este, in- Art. 381. Esta Lei não altera a
clusive o respectivo prédio e suas situação das candidaturas a Pre-
Art. 373. São isentos de selo os dependências não poderá ser uti- sidente ou Vice-Presidente da
requerimentos e todos os papéis lizado para beneficiar partido ou República e a Governador ou Vice-
destinados a fins eleitorais e é organização de caráter político. -Governador de Estado, desde que
gratuito o reconhecimento de Parágrafo único. O disposto resultantes de convenções parti-
firma pelos tabeliães, para os neste artigo será tornado efeti- dárias regulares e já registradas
mesmos fins. vo, a qualquer tempo, pelo órgão ou em processo de registro, salvo
Parágrafo único. Nos pro- competente da Justiça Eleito- a ocorrência de outros motivos de
cessos-crimes e nos executivos ral, conforme o âmbito nacional, ordem legal ou constitucional que
fiscais referentes à cobrança de regional ou municipal do órgão as prejudiquem.
multas serão pagas custas nos infrator, mediante representa- Parágrafo único. Se o re-
termos do Regimento de Custas ção fundamentada de autoridade gistro requerido se referir iso-
de cada Estado, sendo as devidas pública, representante partidário, ladamente a Presidente ou a Vi-
à União pagas através de selos ou de qualquer eleitor. ce-Presidente da República e a
federais inutilizados nos autos. Governador ou Vice-Governador
Art. 378. O Tribunal Superior de Estado, a validade respectiva
Art. 374. Os membros dos tribu- organizará, mediante proposta dependerá de complementação
nais eleitorais, os juízes eleitorais do Corregedor Geral, os serviços da chapa conjunta na forma e
e os servidores públicos requisi- da Corregedoria, designando para nos prazos previstos neste Có-
tados para os órgãos da Justiça desempenhá-los funcionários digo (Constituição, art. 81, com a
Eleitoral que, em virtude de suas efetivos do seu quadro e trans- redação dada pela Emenda Cons-
funções nos mencionados órgãos, formando o cargo de um deles, titucional no 9).12
não tiverem as férias que lhes diplomado em direito e de con-
couberem, poderão gozá-las no duta moral irrepreensível, no de Art. 382. Este Código entrará
ano seguinte, acumuladas ou não. Escrivão da Corregedoria, símbolo em vigor 30 dias após a sua pu-
Parágrafo único. (Revogado) PJ‑1, a cuja nomeação serão ine- blicação.
rentes, assim na Secretaria como
Art. 375. Nas áreas contestadas, nas diligências, as atribuições de Art. 383. Revogam-se as dispo-
enquanto não forem fixados defi- titular de ofício de Justiça. sições em contrário.
nitivamente os limites interesta-
duais, far-se-ão as eleições sob a Art. 379. Serão considerados de Brasília, 15 de julho de 1965; 144o
jurisdição do Tribunal Regional da relevância os serviços prestados da Independência e 77o da Re-
circunscrição eleitoral em que, do pelos mesários e componentes pública.
ponto de vista da administração das Juntas Apuradoras.
judiciária estadual, estejam elas § 1o Tratando-se de servidor H. CASTELLO BRANCO
incluídas. público, em caso de promoção,
a prova de haver prestado tais Promulgada em 15/7/1965, publicada no
Art. 376. A proposta orçamen- serviços será levada em consi- DOU de 19/7/1965 e retificada no DOU
tária da Justiça Eleitoral será deração para efeito de desem- de 30/7/1965.
anualmente elaborada pelo Tri- pate, depois de observados os
bunal Superior, de acordo com critérios já previstos em leis ou
as propostas parciais que lhe regulamentos.
forem remetidas pelos Tribunais § 2o Persistindo o empate
Regionais, e dentro das normas de que trata o parágrafo ante-
legais vigentes. rior, terá preferência, para a pro-
Parágrafo único. Os pedidos moção, o funcionário que tenha
de créditos adicionais que se fi- servido maior número de vezes.
zerem necessários ao bom an- § 3o O disposto neste artigo
damento dos serviços eleitorais, não se aplica aos membros ou
durante o exercício, serão enca- servidores da Justiça Eleitoral.
minhados em relação trimestral
à Câmara dos Deputados, por Art. 380. Será feriado nacional o 12
NE: o texto refere-se à Constituição de
intermédio do Tribunal Superior. dia em que se realizarem eleições 1946 e à Emenda Constitucional no 9/1964.
610
Código de Defesa do
Consumidor
Lei no 8.078/1990
613 TÍTULO I – DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR
613 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
613 CAPÍTULO II – DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO
614 CAPÍTULO III – DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
614 CAPÍTULO IV – DA QUALIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS, DA PREVENÇÃO E DA
REPARAÇÃO DOS DANOS
614 Seção I – Da Proteção à Saúde e Segurança
615 Seção II – Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
616 Seção III – Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço
617 Seção IV – Da Decadência e da Prescrição
617 Seção V – Da Desconsideração da Personalidade Jurídica
617 CAPÍTULO V – DAS PRÁTICAS COMERCIAIS
617 Seção I – Das Disposições Gerais
617 Seção II – Da Oferta
618 Seção III – Da Publicidade
618 Seção IV – Das Práticas Abusivas
619 Seção V – Da Cobrança de Dívidas
619 Seção VI – Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores
619 CAPÍTULO VI – DA PROTEÇÃO CONTRATUAL
619 Seção I – Disposições Gerais
620 Seção II – Das Cláusulas Abusivas
621 Seção III – Dos Contratos de Adesão
621 CAPÍTULO VI-A – DA PREVENÇÃO E DO TRATAMENTO DO SUPERENDIVIDAMENTO
622 CAPÍTULO VII – DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
623 TÍTULO II – DAS INFRAÇÕES PENAIS
625 TÍTULO III – DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
625 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
626 CAPÍTULO II – DAS AÇÕES COLETIVAS PARA A DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS
626 CAPÍTULO III – DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE PRODUTOS E
SERVIÇOS
626 CAPÍTULO IV – DA COISA JULGADA
627 CAPÍTULO V – DA CONCILIAÇÃO NO SUPERENDIVIDAMENTO
628 TÍTULO IV – DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR
628 TÍTULO V – DA CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO
628 TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES FINAIS
Código de Defesa do
Consumidor
Lei no 8.078/1990
Dispõe sobre a proteção do con- Art. 3o Fornecedor é toda pes- II – ação governamental no
sumidor e dá outras providências. soa física ou jurídica, pública ou sentido de proteger efetivamente
privada, nacional ou estrangeira, o consumidor:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA bem como os entes despersonali- a) por iniciativa direta;
zados, que desenvolvem atividade b) por incentivos à criação e
Faço saber que o Congresso Na- de produção, montagem, criação, desenvolvimento de associações
cional decreta e eu sanciono a construção, transformação, im- representativas;
seguinte Lei:1 portação, exportação, distribui- c) pela presença do Estado
ção ou comercialização de pro- no mercado de consumo;
dutos ou prestação de serviços. d) pela garantia dos produtos
TÍTULO I – DOS DIREITOS § 1o Produto é qualquer bem, e serviços com padrões adequa-
DO CONSUMIDOR móvel ou imóvel, material ou ima- dos de qualidade, segurança, du-
terial. rabilidade e desempenho;
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES § 2o Serviço é qualquer ati- III – harmonização dos in-
GERAIS vidade fornecida no mercado de teresses dos participantes das
consumo, mediante remunera- relações de consumo e compa-
Art. 1o O presente Código es- ção, inclusive as de natureza ban- tibilização da proteção do con-
tabelece normas de proteção e cária, financeira, de crédito e se- sumidor com a necessidade de
defesa do consumidor, de ordem curitária, salvo as decorrentes das desenvolvimento econômico e
pública e interesse social, nos relações de caráter trabalhista. tecnológico, de modo a viabilizar
termos dos arts. 5o, inciso XXXII, os princípios nos quais se funda
170, inciso V, da Constituição Fe- a ordem econômica (art. 170, da
deral e art. 48 de suas Disposições CAPÍTULO II – DA POLÍTICA Constituição Federal), sempre
Transitórias. NACIONAL DE RELAÇÕES com base na boa-fé e equilíbrio
DE CONSUMO nas relações entre consumidores
Art. 2o Consumidor é toda pes- e fornecedores;
soa física ou jurídica que adquire Art. 4o A Política Nacional das IV – educação e informação
ou utiliza produto ou serviço como Relações de Consumo tem por de fornecedores e consumido-
destinatário final. objetivo o atendimento das ne- res, quanto aos seus direitos e
Parágrafo único. Equipara-se cessidades dos consumidores, o deveres, com vistas à melhoria
a consumidor a coletividade de respeito à sua dignidade, saúde do mercado de consumo;
pessoas, ainda que indetermi- e segurança, a proteção de seus V – incentivo à criação pelos
náveis, que haja intervindo nas interesses econômicos, a melho- fornecedores de meios eficientes
relações de consumo. ria da sua qualidade de vida, bem de controle de qualidade e se-
como a transparência e harmonia gurança de produtos e serviços,
das relações de consumo, aten- assim como de mecanismos al-
didos os seguintes princípios: ternativos de solução de conflitos
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que I – reconhecimento da vul- de consumo;
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- nerabilidade do consumidor no VI – coibição e repressão efi-
poradas às normas às quais se destinam. mercado de consumo; cientes de todos os abusos prati-
613
Código de Defesa do Consumidor
cados no mercado de consumo, CAPÍTULO III – DOS X – a adequada e eficaz pres-
inclusive a concorrência desleal DIREITOS BÁSICOS DO tação dos serviços públicos em
e utilização indevida de inventos geral;
e criações industriais das marcas
CONSUMIDOR XI – a garantia de práticas de
e nomes comerciais e signos dis- crédito responsável, de educa-
tintivos, que possam causar pre- Art. 6o São direitos básicos do ção financeira e de prevenção e
juízos aos consumidores; consumidor: tratamento de situações de su-
VII – racionalização e melho- I – a proteção da vida, saú- perendividamento, preservado o
ria dos serviços públicos; de e segurança contra os riscos mínimo existencial, nos termos da
VIII – estudo constante das provocados por práticas no for- regulamentação, por meio da re-
modificações do mercado de necimento de produtos e servi- visão e da repactuação da dívida,
consumo; ços considerados perigosos ou entre outras medidas;
IX – fomento de ações dire- nocivos; XII – a preservação do mínimo
cionadas à educação financeira II – a educação e divulgação existencial, nos termos da regu-
e ambiental dos consumidores; sobre o consumo adequado dos lamentação, na repactuação de
X – prevenção e tratamento produtos e serviços, asseguradas dívidas e na concessão de crédito;
do superendividamento como a liberdade de escolha e a igual- XIII – a informação acerca dos
forma de evitar a exclusão social dade nas contratações; preços dos produtos por unidade
do consumidor. III – a informação adequada e de medida, tal como por quilo,
clara sobre os diferentes produtos por litro, por metro ou por outra
Art. 5o Para a execução da Po- e serviços, com especificação unidade, conforme o caso.
lítica Nacional das Relações de correta de quantidade, caracte- Parágrafo único. A infor-
Consumo, contará o poder público rísticas, composição, qualidade, mação de que trata o inciso III
com os seguintes instrumentos, tributos incidentes e preço, bem do caput deste artigo deve ser
entre outros: como sobre os riscos que apre- acessível à pessoa com defici-
I – manutenção de assistência sentem; ência, observado o disposto em
jurídica, integral e gratuita para o IV – a proteção contra a pu- regulamento.
consumidor carente; blicidade enganosa e abusiva,
II – instituição de Promotorias métodos comerciais coercitivos Art. 7o Os direitos previstos nes-
de Justiça de Defesa do Consu- ou desleais, bem como contra te Código não excluem outros
midor, no âmbito do Ministério práticas e cláusulas abusivas ou decorrentes de tratados ou con-
Público; impostas no fornecimento de pro- venções internacionais de que o
III – criação de delegacias de dutos e serviços; Brasil seja signatário, da legisla-
polícia especializadas no atendi- V – a modificação das cláusu- ção interna ordinária, de regula-
mento de consumidores vítimas las contratuais que estabeleçam mentos expedidos pelas autori-
de infrações penais de consumo; prestações desproporcionais ou dades administrativas competen-
IV – criação de Juizados Es- sua revisão em razão de fatos tes, bem como dos que derivem
peciais de Pequenas Causas e Va- supervenientes que as tornem dos princípios gerais do direito,
ras Especializadas para a solução excessivamente onerosas; analogia, costumes e equidade.
de litígios de consumo; VI – a efetiva prevenção e Parágrafo único. Tendo mais
V – concessão de estímulos reparação de danos patrimoniais de um autor a ofensa, todos res-
à criação e desenvolvimento das e morais, individuais, coletivos e ponderão solidariamente pela
Associações de Defesa do Con- difusos; reparação dos danos previstos
sumidor; VII – o acesso aos órgãos ju- nas normas de consumo.
VI – instituição de mecanis- diciários e administrativos com
mos de prevenção e tratamento vistas à prevenção ou reparação
extrajudicial e judicial do supe- de danos patrimoniais e morais, CAPÍTULO IV – DA
rendividamento e de proteção individuais, coletivos ou difusos, QUALIDADE DE
do consumidor pessoa natural; assegurada a proteção jurídica, PRODUTOS E SERVIÇOS,
VII – instituição de núcleos administrativa e técnica aos ne- DA PREVENÇÃO E DA
de conciliação e mediação de cessitados; REPARAÇÃO DOS DANOS
conflitos oriundos de superen- VIII – a facilitação da defesa
dividamento. de seus direitos, inclusive com a Seção I – Da Proteção à
§ 1o (Vetado) inversão do ônus da prova, a seu Saúde e Segurança
§ 2o (Vetado) favor, no processo civil, quando,
a critério do juiz, for verossímil Art. 8o Os produtos e serviços
a alegação ou quando for ele hi- colocados no mercado de con-
possuficiente, segundo as regras sumo não acarretarão riscos à
ordinárias de experiências; saúde ou segurança dos consu-
IX – (Vetado); midores, exceto os considerados
614
Código de Defesa do Consumidor
normais e previsíveis em decor- informá-los a respeito. fabricante, produtor, construtor
rência de sua natureza e fruição, ou importador;
obrigando-se os fornecedores, Art. 11. (Vetado) III – não conservar adequa-
em qualquer hipótese, a dar as damente os produtos perecíveis.
informações necessárias e ade- Art. 11-A. (Vetado) Parágrafo único. Aquele que
quadas a seu respeito. efetivar o pagamento ao preju-
§ 1o Em se tratando de produ- dicado poderá exercer o direito
to industrial, ao fabricante cabe
Seção II – Da de regresso contra os demais
prestar as informações a que se Responsabilidade pelo Fato responsáveis, segundo sua par-
refere este artigo, através de im- do Produto e do Serviço ticipação na causação do evento
pressos apropriados que devam danoso.
acompanhar o produto. Art. 12. O fabricante, o produtor,
§ 2o O fornecedor deverá hi- o construtor, nacional ou estran- Art. 14. O fornecedor de servi-
gienizar os equipamentos e uten- geiro, e o importador respondem, ços responde, independentemen-
sílios utilizados no fornecimento independentemente da existên- te da existência de culpa, pela
de produtos ou serviços, ou co- cia de culpa, pela reparação dos reparação dos danos causados
locados à disposição do consu- danos causados aos consumido- aos consumidores por defeitos
midor, e informar, de maneira res por defeitos decorrentes de relativos à prestação dos servi-
ostensiva e adequada, quando projeto, fabricação, construção, ços, bem como por informações
for o caso, sobre o risco de con- montagem, fórmulas, manipu- insuficientes ou inadequadas so-
taminação. lação, apresentação ou acondi- bre sua fruição e riscos.
cionamento de seus produtos, § 1o O serviço é defeituoso
Art. 9o O fornecedor de produ- bem como por informações in- quando não fornece a segurança
tos e serviços potencialmente suficientes ou inadequadas sobre que o consumidor dele pode es-
nocivos ou perigosos à saúde sua utilização e riscos. perar, levando-se em considera-
ou segurança deverá informar, § 1o O produto é defeituoso ção as circunstâncias relevantes,
de maneira ostensiva e adequa- quando não oferece a segurança entre as quais:
da, a respeito da sua nocividade que dele legitimamente se espera, I – o modo de seu forneci-
ou periculosidade, sem prejuízo levando-se em consideração as mento;
da adoção de outras medidas circunstâncias relevantes, entre II – o resultado e os riscos que
cabíveis em cada caso concreto. as quais: razoavelmente dele se esperam;
I – sua apresentação; III – a época em que foi for-
Art. 10. O fornecedor não poderá II – o uso e os riscos que ra- necido.
colocar no mercado de consumo zoavelmente dele se esperam; § 2o O serviço não é consi-
produto ou serviço que sabe ou III – a época em que foi colo- derado defeituoso pela adoção
deveria saber apresentar alto grau cado em circulação. de novas técnicas.
de nocividade ou periculosidade § 2o O produto não é consi- § 3o O fornecedor de servi-
à saúde ou segurança. derado defeituoso pelo fato de ços só não será responsabilizado
§ 1o O fornecedor de produ- outro de melhor qualidade ter quando provar:
tos e serviços que, posteriormen- sido colocado no mercado. I – que, tendo prestado o ser-
te à sua introdução no mercado § 3o O fabricante, o constru- viço, o defeito inexiste;
de consumo, tiver conhecimento tor, o produtor ou importador só II – a culpa exclusiva do con-
da periculosidade que apresen- não será responsabilizado quan- sumidor ou de terceiro.
tem, deverá comunicar o fato do provar: § 4o A responsabilidade pes-
imediatamente às autoridades I – que não colocou o produto soal dos profissionais liberais será
competentes e aos consumido- no mercado; apurada mediante a verificação
res, mediante anúncios publi- II – que, embora haja colocado de culpa.
citários. o produto no mercado, o defeito
§ 2o Os anúncios publicitá- inexiste; Art. 15. (Vetado)
rios a que se refere o parágrafo III – a culpa exclusiva do con-
anterior serão veiculados na im- sumidor ou de terceiro. Art. 16. (Vetado)
prensa, rádio e televisão, às ex-
pensas do fornecedor do produto Art. 13. O comerciante é igual- Art. 17. Para os efeitos desta Se-
ou serviço. mente responsável, nos termos ção, equiparam-se aos consumi-
§ 3o Sempre que tiverem co- do artigo anterior, quando: dores todas as vítimas do evento.
nhecimento de periculosidade de I – o fabricante, o construtor,
produtos ou serviços à saúde ou o produtor ou o importador não
segurança dos consumidores, puderem ser identificados;
a União, os Estados, o Distrito II – o produto for fornecido
Federal e os Municípios deverão sem identificação clara do seu
615
Código de Defesa do Consumidor
Seção III – Da tação ou restituição de eventual ao consumo ou lhes diminuam
Responsabilidade por Vício diferença de preço, sem prejuízo o valor, assim como por aque-
do Produto e do Serviço do disposto nos incisos II e III do les decorrentes da disparidade
§ 1o deste artigo. com as indicações constantes da
Art. 18. Os fornecedores de pro- § 5o No caso de fornecimen- oferta ou mensagem publicitária,
dutos de consumo duráveis ou to de produtos in natura, será res- podendo o consumidor exigir, al-
não duráveis respondem solida- ponsável perante o consumidor ternativamente e à sua escolha:
riamente pelos vícios de quali- o fornecedor imediato, exceto I – a reexecução dos serviços,
dade ou quantidade que os tor- quando identificado claramente sem custo adicional e quando
nem impróprios ou inadequados seu produtor. cabível;
ao consumo a que se destinam § 6o São impróprios ao uso II – a restituição imediata da
ou lhes diminuam o valor, assim e consumo: quantia paga, monetariamente
como por aqueles decorrentes I – os produtos cujos prazos atualizada, sem prejuízo de even-
da disparidade, com as indica- de validade estejam vencidos; tuais perdas e danos;
ções constantes do recipiente, da II – os produtos deteriorados, III – o abatimento proporcio-
embalagem, rotulagem ou men- alterados, adulterados, avariados, nal do preço.
sagem publicitária, respeitadas falsificados, corrompidos, frau- § 1o A reexecução dos ser-
as variações decorrentes de sua dados, nocivos à vida ou à saú- viços poderá ser confiada a ter-
natureza, podendo o consumidor de, perigosos ou, ainda, aqueles ceiros devidamente capacitados,
exigir a substituição das partes em desacordo com as normas por conta e risco do fornecedor.
viciadas. regulamentares de fabricação, § 2o São impróprios os ser-
§ 1o Não sendo o vício sa- distribuição ou apresentação; viços que se mostrem inadequa-
nado no prazo máximo de trinta III – os produtos que, por qual- dos para os fins que razoavel-
dias, pode o consumidor exigir, quer motivo, se revelem inade- mente deles se esperam, bem
alternativamente e à sua escolha: quados ao fim a que se destinam. como aqueles que não atendam
I – a substituição do produto as normas regulamentares de
por outro da mesma espécie, em Art. 19. Os fornecedores respon- prestabilidade.
perfeitas condições de uso; dem solidariamente pelos vícios
II – a restituição imediata da de quantidade do produto sem- Art. 21. No fornecimento de
quantia paga, monetariamente pre que, respeitadas as variações serviços que tenham por ob-
atualizada, sem prejuízo de even- decorrentes de sua natureza, seu jetivo a reparação de qualquer
tuais perdas e danos; conteúdo líquido for inferior às produto considerar-se-á implí-
III – o abatimento proporcio- indicações constantes do reci- cita a obrigação do fornecedor
nal do preço. piente, da embalagem, rotulagem de empregar componentes de
§ 2o Poderão as partes con- ou de mensagem publicitária, reposição originais adequados
vencionar a redução ou ampliação podendo o consumidor exigir, e novos, ou que mantenham as
do prazo previsto no parágrafo alternativamente e à sua escolha: especificações técnicas do fa-
anterior, não podendo ser infe- I – o abatimento proporcional bricante, salvo, quanto a estes
rior a sete nem superior a cento do preço; últimos, autorização em contrário
e oitenta dias. Nos contratos de II – complementação do peso do consumidor.
adesão, a cláusula de prazo de- ou medida;
verá ser convencionada em sepa- III – a substituição do produ- Art. 22. Os órgãos públicos, por
rado, por meio de manifestação to por outro da mesma espécie, si ou suas empresas, concessio-
expressa do consumidor. marca ou modelo, sem os aludi- nárias, permissionárias ou sob
§ 3o O consumidor poderá fa- dos vícios; qualquer outra forma de empre-
zer uso imediato das alternativas IV – a restituição imediata da endimento, são obrigados a for-
do § 1o deste artigo sempre que, quantia paga, monetariamente necer serviços adequados, efi-
em razão da extensão do vício, a atualizada, sem prejuízo de even- cientes, seguros e, quanto aos
substituição das partes viciadas tuais perdas e danos. essenciais, contínuos.
puder comprometer a qualidade § 1o Aplica-se a este artigo o Parágrafo único. Nos casos
ou características do produto, disposto no § 4o do artigo anterior. de descumprimento, total ou par-
diminuir-lhe o valor ou se tratar § 2o O fornecedor imediato cial, das obrigações referidas nes-
de produto essencial. será responsável quando fizer a te artigo, serão as pessoas jurí-
§ 4o Tendo o consumidor op- pesagem ou a medição e o instru- dicas compelidas a cumpri-las
tado pela alternativa do inciso I mento utilizado não estiver aferi- e a reparar os danos causados,
do § 1o deste artigo, e não sendo do segundo os padrões oficiais. na forma prevista neste Código.
possível a substituição do bem,
poderá haver substituição por ou- Art. 20. O fornecedor de servi- Art. 23. A ignorância do fornece-
tro de espécie, marca ou modelo ços responde pelos vícios de qua- dor sobre os vícios de qualidade
diversos, mediante complemen- lidade que os tornem impróprios por inadequação dos produtos e
616
Código de Defesa do Consumidor
serviços não o exime de respon- anos a pretensão à reparação Seção II – Da Oferta
sabilidade. pelos danos causados por fato
do produto ou do serviço pre- Art. 30. Toda informação ou pu-
Art. 24. A garantia legal de ade- vista na Seção II deste Capítulo, blicidade, suficientemente preci-
quação do produto ou serviço iniciando-se a contagem do prazo sa, veiculada por qualquer forma
independe de termo expresso, a partir do conhecimento do dano ou meio de comunicação com
vedada a exoneração contratual e de sua autoria. relação a produtos e serviços ofe-
do fornecedor. Parágrafo único. (Vetado) recidos ou apresentados, obriga
o fornecedor que a fizer veicular
Art. 25. É vedada a estipulação ou dela se utilizar e integra o con-
contratual de cláusula que im-
Seção V – Da trato que vier a ser celebrado.
possibilite, exonere ou atenue a Desconsideração da
obrigação de indenizar prevista Personalidade Jurídica Art. 31. A oferta e apresentação
nesta e nas Seções anteriores. de produtos ou serviços devem
§ 1o Havendo mais de um res- Art. 28. O juiz poderá descon- assegurar informações corre-
ponsável pela causação do dano, siderar a personalidade jurídica tas, claras, precisas, ostensivas
todos responderão solidariamen- da sociedade quando, em detri- e em língua portuguesa sobre
te pela reparação prevista nesta mento do consumidor, houver suas características, qualidades,
e nas Seções anteriores. abuso de direito, excesso de po- quantidade, composição, preço,
§ 2o Sendo o dano causado der, infração da lei, fato ou ato garantia, prazos de validade e
por componente ou peça incor- ilícito ou violação dos estatutos origem, entre outros dados, bem
porada ao produto ou serviço, são ou contrato social. A desconsi- como sobre os riscos que apre-
responsáveis solidários seu fabri- deração também será efetivada sentam à saúde e segurança dos
cante, construtor ou importador quando houver falência, estado consumidores.
e o que realizou a incorporação. de insolvência, encerramento ou Parágrafo único. As informa-
inatividade da pessoa jurídica pro- ções de que trata este artigo, nos
vocados por má administração. produtos refrigerados oferecidos
Seção IV – Da Decadência e § 1o (Vetado) ao consumidor, serão gravadas
da Prescrição § 2o As sociedades inte- de forma indelével.
grantes dos grupos societários
Art. 26. O direito de reclamar e as sociedades controladas, são Art. 32. Os fabricantes e im-
pelos vícios aparentes ou de fácil subsidiariamente responsáveis portadores deverão assegurar a
constatação caduca em: pelas obrigações decorrentes oferta de componentes e peças
I – trinta dias, tratando-se deste Código. de reposição enquanto não ces-
de fornecimento de serviço e de § 3o As sociedades consor- sar a fabricação ou importação
produto não duráveis; ciadas são solidariamente res- do produto.
II – noventa dias, tratando-se ponsáveis pelas obrigações de- Parágrafo único. Cessadas
de fornecimento de serviço e de correntes deste Código. a produção ou importação, a
produto duráveis. § 4o As sociedades coligadas oferta deverá ser mantida por
§ 1o Inicia-se a contagem do só responderão por culpa. período razoável de tempo, na
prazo decadencial a partir da en- § 5o Também poderá ser des- forma da lei.
trega efetiva do produto ou do tér- considerada a pessoa jurídica
mino da execução dos serviços. sempre que sua personalidade Art. 33. Em caso de oferta ou
§ 2o Obstam a decadência: for, de alguma forma, obstáculo venda por telefone ou reembolso
I – a reclamação comprova- ao ressarcimento de prejuízos postal, deve constar o nome do
damente formulada pelo consu- causados aos consumidores. fabricante e endereço na emba-
midor perante o fornecedor de lagem, publicidade e em todos os
produtos e serviços até a res- impressos utilizados na transação
posta negativa correspondente, CAPÍTULO V – DAS comercial.
que deve ser transmitida de forma PRÁTICAS COMERCIAIS Parágrafo único. É proibida
inequívoca; a publicidade de bens e serviços
Seção I – Das Disposições
II – (Vetado); por telefone, quando a chamada
III – a instauração de inqué- Gerais for onerosa ao consumidor que
rito civil, até seu encerramento. a origina.
§ 3o Tratando-se de vício Art. 29. Para os fins deste Capí-
oculto, o prazo decadencial ini- tulo e do seguinte, equiparam-se Art. 34. O fornecedor do pro-
cia-se no momento em que ficar aos consumidores todas as pes- duto ou serviço é solidariamente
evidenciado o defeito. soas determináveis ou não, ex- responsável pelos atos de seus
postas às práticas nele previstas. prepostos ou representantes au-
Art. 27. Prescreve em cinco tônomos.
617
Código de Defesa do Consumidor
Art. 35. Se o fornecedor de pro- sa por omissão quando deixar de oficiais competentes ou, se nor-
dutos ou serviços recusar cum- informar sobre dado essencial do mas específicas não existirem,
primento à oferta, apresentação produto ou serviço. pela Associação Brasileira de Nor-
ou publicidade, o consumidor po- § 4o (Vetado) mas Técnicas ou outra entidade
derá, alternativamente e à sua credenciada pelo Conselho Nacio-
livre escolha: Art. 38. O ônus da prova da vera- nal de Metrologia, Normalização e
I – exigir o cumprimento for- cidade e correção da informação Qualidade Industrial (Conmetro);
çado da obrigação, nos termos ou comunicação publicitária cabe IX – recusar a venda de bens
da oferta, apresentação ou pu- a quem as patrocina. ou a prestação de serviços, di-
blicidade; retamente a quem se disponha
II – aceitar outro produto ou a adquiri-los mediante pronto
prestação de serviço equivalente;
Seção IV – Das Práticas pagamento, ressalvados os casos
III – rescindir o contrato, com Abusivas de intermediação regulados em
direito à restituição de quantia leis especiais;
eventualmente antecipada, mo- Art. 39. É vedado ao fornecedor X – elevar sem justa causa o
netariamente atualizada, e a per- de produtos ou serviços, dentre preço de produtos ou serviços;
das e danos. outras práticas abusivas:2 XII – deixar de estipular pra-
I – condicionar o fornecimen- zo para o cumprimento de sua
to de produto ou de serviço ao obrigação ou deixar a fixação de
Seção III – Da Publicidade fornecimento de outro produto seu termo inicial a seu exclusivo
ou serviço, bem como, sem jus- critério;
Art. 36. A publicidade deve ser ta causa, a limites quantitativos; XIII – aplicar fórmula ou índi-
veiculada de tal forma que o con- II – recusar atendimento às ce de reajuste diverso do legal ou
sumidor, fácil e imediatamente, demandas dos consumidores, contratualmente estabelecido;
a identifique como tal. na exata medida de suas dispo- XIV – permitir o ingresso em
Parágrafo único. O fornece- nibilidades de estoque, e, ainda, estabelecimentos comerciais ou
dor, na publicidade de seus pro- de conformidade com os usos e de serviços de um número maior
dutos ou serviços, manterá, em costumes; de consumidores que o fixado
seu poder, para informação dos III – enviar ou entregar ao con- pela autoridade administrativa
legítimos interessados, os dados sumidor, sem solicitação prévia, como máximo;
fáticos, técnicos e científicos que qualquer produto, ou fornecer XV – (Vetado).
dão sustentação à mensagem. qualquer serviço; Parágrafo único. Os serviços
IV – prevalecer-se da fraque- prestados e os produtos remeti-
Art. 37. É proibida toda publici- za ou ignorância do consumidor, dos ou entregues ao consumidor,
dade enganosa ou abusiva. tendo em vista sua idade, saúde, na hipótese prevista no inciso
§ 1o É enganosa qualquer conhecimento ou condição social, III, equiparam-se às amostras
modalidade de informação ou co- para impingir-lhe seus produtos grátis, inexistindo obrigação de
municação de caráter publicitário, ou serviços; pagamento.
inteira ou parcialmente falsa, ou, V – exigir do consumidor
por qualquer outro modo, mesmo vantagem manifestamente ex- Art. 40. O fornecedor de servi-
por omissão, capaz de induzir em cessiva; ço será obrigado a entregar ao
erro o consumidor a respeito da VI – executar serviços sem a consumidor orçamento prévio
natureza, características, quali- prévia elaboração de orçamento discriminando o valor da mão
dade, quantidade, propriedades, e autorização expressa do consu- de obra, dos materiais e equipa-
origem, preço e quaisquer outros midor, ressalvadas as decorren- mentos a serem empregados, as
dados sobre produtos e serviços. tes de práticas anteriores entre condições de pagamento, bem
§ 2o É abusiva, dentre outras, as partes; como as datas de início e término
a publicidade discriminatória de VII – repassar informação de- dos serviços.
qualquer natureza, a que incite preciativa, referente a ato prati- § 1o Salvo estipulação em
à violência, explore o medo ou cado pelo consumidor no exercí- contrário, o valor orçado terá
a superstição, se aproveite da cio de seus direitos; validade pelo prazo de dez dias,
deficiência de julgamento e ex- VIII – colocar, no mercado de contado de seu recebimento pelo
periência da criança, desrespeita consumo, qualquer produto ou consumidor.
valores ambientais, ou que seja serviço em desacordo com as § 2o Uma vez aprovado pelo
capaz de induzir o consumidor a normas expedidas pelos órgãos consumidor, o orçamento obriga
se comportar de forma prejudi- os contraentes e somente pode
cial ou perigosa à sua saúde ou ser alterado mediante livre nego-
segurança.
2
NE: o inciso XI foi incluído pela Medida ciação das partes.
Provisória no 1.890-67/1999 e transformado
§ 3o Para os efeitos deste em inciso XIII, quando da conversão na Lei § 3o O consumidor não res-
Código, a publicidade é engano- no 9.870/1999. ponde por quaisquer ônus ou
618
Código de Defesa do Consumidor
acréscimos decorrentes da con- § 1o Os cadastros e dados Art. 45. (Vetado)
tratação de serviços de tercei- de consumidores devem ser ob-
ros não previstos no orçamento jetivos, claros, verdadeiros e em
prévio. linguagem de fácil compreensão, CAPÍTULO VI – DA
não podendo conter informações PROTEÇÃO CONTRATUAL
Art. 41. No caso de fornecimento negativas referentes a período
Seção I – Disposições Gerais
de produtos ou de serviços sujei- superior a cinco anos.
tos ao regime de controle ou de § 2o A abertura de cadastro,
tabelamento de preços, os for- ficha, registro e dados pessoais e Art. 46. Os contratos que re-
necedores deverão respeitar os de consumo deverá ser comuni- gulam as relações de consumo
limites oficiais sob pena de, não cada por escrito ao consumidor, não obrigarão os consumidores,
o fazendo, responderem pela res- quando não solicitada por ele. se não lhes for dada a oportu-
tituição da quantia recebida em § 3o O consumidor, sempre nidade de tomar conhecimento
excesso, monetariamente atu- que encontrar inexatidão nos prévio de seu conteúdo, ou se os
alizada, podendo o consumidor seus dados e cadastros, pode- respectivos instrumentos forem
exigir, à sua escolha, o desfazi- rá exigir sua imediata correção, redigidos de modo a dificultar a
mento do negócio, sem prejuízo devendo o arquivista, no prazo de compreensão de seu sentido e
de outras sanções cabíveis. cinco dias úteis, comunicar a al- alcance.
teração aos eventuais destinatá-
rios das informações incorretas. Art. 47. As cláusulas contratuais
Seção V – Da Cobrança de § 4o Os bancos de dados e serão interpretadas de maneira
Dívidas cadastros relativos a consumi- mais favorável ao consumidor.
dores, os serviços de proteção
Art. 42. Na cobrança de débi- ao crédito e congêneres são con- Art. 48. As declarações de von-
tos, o consumidor inadimplente siderados entidades de caráter tade constantes de escritos par-
não será exposto a ridículo, nem público. ticulares, recibos e pré-contratos
será submetido a qualquer tipo § 5o Consumada a prescrição relativos às relações de consumo
de constrangimento ou ameaça. relativa à cobrança de débitos do vinculam o fornecedor, ensejan-
Parágrafo único. O consumi- consumidor, não serão forneci- do inclusive execução específica,
dor cobrado em quantia indevida das, pelos respectivos Sistemas nos termos do art. 84 e pará-
tem direito à repetição do indé- de Proteção ao Crédito, quaisquer grafos.
bito, por valor igual ao dobro do informações que possam impe-
que pagou em excesso, acrescido dir ou dificultar novo acesso ao Art. 49. O consumidor pode de-
de correção monetária e juros crédito junto aos fornecedores. sistir do contrato, no prazo de 7
legais, salvo hipótese de engano § 6o Todas as informações de dias a contar de sua assinatu-
justificável. que trata o caput deste artigo de- ra ou do ato de recebimento do
vem ser disponibilizadas em for- produto ou serviço, sempre que a
Art. 42-A. Em todos os docu- matos acessíveis, inclusive para a contratação de fornecimento de
mentos de cobrança de débitos pessoa com deficiência, mediante produtos e serviços ocorrer fora
apresentados ao consumidor, solicitação do consumidor. do estabelecimento comercial,
deverão constar o nome, o en- especialmente por telefone ou
dereço e o número de inscrição Art. 44. Os órgãos públicos de a domicílio.
no Cadastro de Pessoas Físicas defesa do consumidor manterão Parágrafo único. Se o con-
– CPF ou no Cadastro Nacional cadastros atualizados de recla- sumidor exercitar o direito de
de Pessoa Jurídica – CNPJ do mações fundamentadas contra arrependimento previsto neste
fornecedor do produto ou serviço fornecedores de produtos e servi- artigo, os valores eventualmente
correspondente. ços, devendo divulgá-lo pública e pagos, a qualquer título, durante o
anualmente. A divulgação indicará prazo de reflexão, serão devolvi-
se a reclamação foi atendida ou dos, de imediato, monetariamente
Seção VI – Dos Bancos não pelo fornecedor. atualizados.
de Dados e Cadastros de § 1o É facultado o acesso às
Consumidores informações lá constantes para Art. 50. A garantia contratual
orientação e consulta por qual- é complementar à legal e será
Art. 43. O consumidor, sem pre- quer interessado. conferida mediante termo escrito.
juízo do disposto no art. 86, terá § 2o Aplicam-se a este artigo, Parágrafo único. O termo de
acesso às informações existentes no que couber, as mesmas regras garantia ou equivalente deve ser
em cadastros, fichas, registros enunciadas no artigo anterior e padronizado e esclarecer, de ma-
e dados pessoais e de consumo as do parágrafo único do art. 22 neira adequada, em que consiste
arquivados sobre ele, bem como deste Código. a mesma garantia, bem como a
sobre as suas respectivas fontes. forma, o prazo e o lugar em que
619
Código de Defesa do Consumidor
pode ser exercitada e os ônus a XII – obriguem o consumidor Código ou de qualquer forma não
cargo do consumidor, devendo a ressarcir os custos de cobrança assegure o justo equilíbrio entre
ser-lhe entregue, devidamente de sua obrigação, sem que igual direitos e obrigações das partes.
preenchido pelo fornecedor, no direito lhe seja conferido contra
ato do fornecimento, acompa- o fornecedor; Art. 52. No fornecimento de pro-
nhado de manual de instrução, XIII – autorizem o fornece- dutos ou serviços que envolva
de instalação e uso do produ- dor a modificar unilateralmente outorga de crédito ou concessão
to em linguagem didática, com o conteúdo ou a qualidade do de financiamento ao consumidor,
ilustrações. contrato, após sua celebração; o fornecedor deverá, entre outros
XIV – infrinjam ou possibilitem requisitos, informá-lo prévia e
a violação de normas ambientais; adequadamente sobre:
Seção II – Das Cláusulas XV – estejam em desacordo I – preço do produto ou servi-
Abusivas com o sistema de proteção ao ço em moeda corrente nacional;
consumidor; II – montante dos juros de
Art. 51. São nulas de pleno direi- XVI – possibilitem a renúncia mora e da taxa efetiva anual de
to, entre outras, as cláusulas con- do direito de indenização por ben- juros;
tratuais relativas ao fornecimento feitorias necessárias; III – acréscimos legalmente
de produtos e serviços que: XVII – condicionem ou limi- previstos;
I – impossibilitem, exonerem tem de qualquer forma o acesso IV – número e periodicidade
ou atenuem a responsabilidade do aos órgãos do Poder Judiciário; das prestações;
fornecedor por vícios de qualquer XVIII – estabeleçam prazos de V – soma total a pagar, com
natureza dos produtos e serviços carência em caso de impontuali- e sem financiamento.
ou impliquem renúncia ou dispo- dade das prestações mensais ou § 1o As multas de mora de-
sição de direitos. Nas relações impeçam o restabelecimento in- correntes do inadimplemento
de consumo entre o fornecedor tegral dos direitos do consumidor de obrigações no seu termo não
e o consumidor pessoa jurídica, e de seus meios de pagamento a poderão ser superiores a dois
a indenização poderá ser limitada, partir da purgação da mora ou do por cento do valor da prestação.
em situações justificáveis; acordo com os credores; § 2o É assegurado ao con-
II – subtraiam ao consumidor XIX – (Vetado). sumidor a liquidação antecipada
a opção de reembolso da quan- § 1o Presume-se exagerada, do débito, total ou parcialmente,
tia já paga, nos casos previstos entre outros casos, a vantagem mediante redução proporcional
neste Código; que: dos juros e demais acréscimos.
III – transfiram responsabili- I – ofende os princípios fun- § 3o (Vetado)
dades a terceiros; damentais do sistema jurídico a
IV – estabeleçam obrigações que pertence; Art. 53. Nos contratos de com-
consideradas iníquas, abusivas, II – restringe direitos ou obri- pra e venda de móveis ou imóveis
que coloquem o consumidor em gações fundamentais inerentes mediante pagamento em presta-
desvantagem exagerada, ou se- à natureza do contrato, de tal ções, bem como nas alienações
jam incompatíveis com a boa-fé modo a ameaçar seu objeto ou fiduciárias em garantia, consi-
ou a equidade; o equilíbrio contratual; deram-se nulas de pleno direito
V – (Vetado); III – se mostra excessivamen- as cláusulas que estabeleçam a
VI – estabeleçam inversão te onerosa para o consumidor, perda total das prestações pagas
do ônus da prova em prejuízo do considerando-se a natureza e em benefício do credor que, em
consumidor; conteúdo do contrato, o interesse razão do inadimplemento, plei-
VII – determinem a utilização das partes e outras circunstân- tear a resolução do contrato e a
compulsória de arbitragem; cias peculiares ao caso. retomada do produto alienado.
VIII – imponham representan- § 2o A nulidade de uma cláu- § 1o (Vetado)
te para concluir ou realizar outro sula contratual abusiva não inva- § 2o Nos contratos do sis-
negócio jurídico pelo consumidor; lida o contrato, exceto quando de tema de consórcio de produtos
IX – deixem ao fornecedor a sua ausência, apesar dos esfor- duráveis, a compensação ou a
opção de concluir ou não o con- ços de integração, decorrer ônus restituição das parcelas quita-
trato, embora obrigando o con- excessivo a qualquer das partes. das, na forma deste artigo, terá
sumidor; § 3o (Vetado) descontada, além da vantagem
X – permitam ao fornecedor, § 4o É facultado a qualquer econômica auferida com a frui-
direta ou indiretamente, variação consumidor ou entidade que o ção, os prejuízos que o desistente
do preço de maneira unilateral; represente requerer ao Ministé- ou inadimplente causar ao grupo.
XI – autorizem o fornecedor rio Público que ajuíze a compe- § 3o Os contratos de que
a cancelar o contrato unilateral- tente ação para ser declarada a trata o caput deste artigo serão
mente, sem que igual direito seja nulidade de cláusula contratual expressos em moeda corrente
conferido ao consumidor; que contrarie o disposto neste nacional.
620
Código de Defesa do Consumidor
Seção III – Dos Contratos de ção de consumo, inclusive ope- § 3o Sem prejuízo do disposto
Adesão rações de crédito, compras a no art. 37 deste Código, a oferta
prazo e serviços de prestação de crédito ao consumidor e a ofer-
Art. 54. Contrato de adesão é continuada. ta de venda a prazo, ou a fatura
aquele cujas cláusulas tenham § 3o O disposto neste Capí- mensal, conforme o caso, devem
sido aprovadas pela autoridade tulo não se aplica ao consumi- indicar, no mínimo, o custo efe-
competente ou estabelecidas uni- dor cujas dívidas tenham sido tivo total, o agente financiador e
lateralmente pelo fornecedor de contraídas mediante fraude ou a soma total a pagar, com e sem
produtos ou serviços, sem que má-fé, sejam oriundas de con- financiamento.
o consumidor possa discutir ou tratos celebrados dolosamente
modificar substancialmente seu com o propósito de não realizar o Art. 54-C. É vedado, expressa
conteúdo. pagamento ou decorram da aqui- ou implicitamente, na oferta de
§ 1o A inserção de cláusula sição ou contratação de produtos crédito ao consumidor, publici-
no formulário não desfigura a e serviços de luxo de alto valor. tária ou não:
natureza de adesão do contrato. I – (Vetado);
§ 2o Nos contratos de adesão Art. 54-B. No fornecimento de II – indicar que a operação de
admite-se cláusula resolutória, crédito e na venda a prazo, além crédito poderá ser concluída sem
desde que alternativa, cabendo das informações obrigatórias pre- consulta a serviços de proteção
a escolha ao consumidor, res- vistas no art. 52 deste Código e ao crédito ou sem avaliação da si-
salvando-se o disposto no § 2o na legislação aplicável à matéria, tuação financeira do consumidor;
do artigo anterior. o fornecedor ou o intermediário III – ocultar ou dificultar a
§ 3o Os contratos de adesão deverá informar o consumidor, compreensão sobre os ônus e os
escritos serão redigidos em ter- prévia e adequadamente, no mo- riscos da contratação do crédito
mos claros e com caracteres os- mento da oferta, sobre: ou da venda a prazo;
tensivos e legíveis, cujo tamanho I – o custo efetivo total e a IV – assediar ou pressionar
da fonte não será inferior ao cor- descrição dos elementos que o o consumidor para contratar o
po doze, de modo a facilitar sua compõem; fornecimento de produto, servi-
compreensão pelo consumidor. II – a taxa efetiva mensal de ço ou crédito, principalmente se
§ 4o As cláusulas que impli- juros, bem como a taxa dos juros se tratar de consumidor idoso,
carem limitação de direito do de mora e o total de encargos, de analfabeto, doente ou em estado
consumidor deverão ser redigi- qualquer natureza, previstos para de vulnerabilidade agravada ou se
das com destaque, permitindo o atraso no pagamento; a contratação envolver prêmio;
sua imediata e fácil compreensão. III – o montante das pres- V – condicionar o atendimen-
§ 5o (Vetado) tações e o prazo de validade da to de pretensões do consumidor
oferta, que deve ser, no mínimo, ou o início de tratativas à renúncia
de 2 (dois) dias; ou à desistência de demandas ju-
CAPÍTULO VI-A – DA IV – o nome e o endereço, diciais, ao pagamento de honorá-
PREVENÇÃO E DO inclusive o eletrônico, do forne- rios advocatícios ou a depósitos
TRATAMENTO DO cedor; judiciais.
SUPERENDIVIDAMENTO V – o direito do consumidor Parágrafo único. (Vetado)
à liquidação antecipada e não
Art. 54-A. Este Capítulo dispõe onerosa do débito, nos termos Art. 54-D. Na oferta de crédi-
sobre a prevenção do superen- do § 2o do art. 52 deste Código to, previamente à contratação,
dividamento da pessoa natural, e da regulamentação em vigor. o fornecedor ou o intermediário
sobre o crédito responsável e § 1o As informações referi- deverá, entre outras condutas:
sobre a educação financeira do das no art. 52 deste Código e no I – informar e esclarecer ade-
consumidor. caput deste artigo devem cons- quadamente o consumidor, con-
§ 1o Entende-se por supe- tar de forma clara e resumida do siderada sua idade, sobre a na-
rendividamento a impossibilida- próprio contrato, da fatura ou de tureza e a modalidade do crédito
de manifesta de o consumidor instrumento apartado, de fácil oferecido, sobre todos os custos
pessoa natural, de boa-fé, pagar acesso ao consumidor. incidentes, observado o disposto
a totalidade de suas dívidas de § 2o Para efeitos deste Códi- nos arts. 52 e 54‑B deste Código,
consumo, exigíveis e vincendas, go, o custo efetivo total da ope- e sobre as consequências gené-
sem comprometer seu mínimo ração de crédito ao consumidor ricas e específicas do inadim-
existencial, nos termos da regu- consistirá em taxa percentual plemento;
lamentação. anual e compreenderá todos os II – avaliar, de forma respon-
§ 2o As dívidas referidas no valores cobrados do consumidor, sável, as condições de crédito do
§ 1 deste artigo englobam quais-
o
sem prejuízo do cálculo padroni- consumidor, mediante análise
quer compromissos financeiros zado pela autoridade reguladora das informações disponíveis em
assumidos decorrentes de rela- do sistema financeiro. bancos de dados de proteção ao
621
Código de Defesa do Consumidor
crédito, observado o disposto deste artigo caberá igualmente ou do contrato de crédito, em pa-
neste Código e na legislação so- ao consumidor: pel ou outro suporte duradouro,
bre proteção de dados; I – contra o portador de che- disponível e acessível, e, após a
III – informar a identidade do que pós-datado emitido para conclusão, cópia do contrato;
agente financiador e entregar ao aquisição de produto ou serviço III – impedir ou dificultar, em
consumidor, ao garante e a outros a prazo; caso de utilização fraudulenta do
coobrigados cópia do contrato II – contra o administrador cartão de crédito ou similar, que
de crédito. ou o emitente de cartão de cré- o consumidor peça e obtenha,
Parágrafo único. O descum- dito ou similar quando o cartão quando aplicável, a anulação ou o
primento de qualquer dos deveres de crédito ou similar e o produto imediato bloqueio do pagamento,
previstos no caput deste artigo e ou serviço forem fornecidos pelo ou ainda a restituição dos valores
nos arts. 52 e 54‑C deste Código mesmo fornecedor ou por enti- indevidamente recebidos.
poderá acarretar judicialmente dades pertencentes a um mesmo § 1o Sem prejuízo do dever
a redução dos juros, dos encar- grupo econômico. de informação e esclarecimento
gos ou de qualquer acréscimo § 4o A invalidade ou a ineficá- do consumidor e de entrega da
ao principal e a dilação do prazo cia do contrato principal implica- minuta do contrato, no emprés-
de pagamento previsto no con- rá, de pleno direito, a do contrato timo cuja liquidação seja feita
trato original, conforme a gravi- de crédito que lhe seja conexo, mediante consignação em folha
dade da conduta do fornecedor nos termos do caput deste arti- de pagamento, a formalização e
e as possibilidades financeiras go, ressalvado ao fornecedor do a entrega da cópia do contrato ou
do consumidor, sem prejuízo de crédito o direito de obter do for- do instrumento de contratação
outras sanções e de indenização necedor do produto ou serviço a ocorrerão após o fornecedor do
por perdas e danos, patrimoniais devolução dos valores entregues, crédito obter da fonte pagadora
e morais, ao consumidor. inclusive relativamente a tributos. a indicação sobre a existência de
margem consignável.
Art. 54-E. (Vetado) Art. 54-G. Sem prejuízo do dis- § 2o Nos contratos de ade-
posto no art. 39 deste Código e na são, o fornecedor deve prestar ao
Art. 54-F. São conexos, coliga- legislação aplicável à matéria, é consumidor, previamente, as in-
dos ou interdependentes, entre vedado ao fornecedor de produto formações de que tratam o art. 52
outros, o contrato principal de ou serviço que envolva crédito, e o caput do art. 54‑B deste Có-
fornecimento de produto ou ser- entre outras condutas: digo, além de outras porventura
viço e os contratos acessórios de I – realizar ou proceder à co- determinadas na legislação em
crédito que lhe garantam o finan- brança ou ao débito em conta vigor, e fica obrigado a entregar
ciamento quando o fornecedor de qualquer quantia que houver ao consumidor cópia do contrato,
de crédito: sido contestada pelo consumidor após a sua conclusão.
I – recorrer aos serviços do em compra realizada com cartão
fornecedor de produto ou serviço de crédito ou similar, enquanto
para a preparação ou a conclusão não for adequadamente solucio- CAPÍTULO VII –
do contrato de crédito; nada a controvérsia, desde que DAS SANÇÕES
II – oferecer o crédito no local o consumidor haja notificado a ADMINISTRATIVAS
da atividade empresarial do for- administradora do cartão com
necedor de produto ou serviço antecedência de pelo menos 10 Art. 55. A União, os Estados e o
financiado ou onde o contrato (dez) dias contados da data de Distrito Federal, em caráter con-
principal for celebrado. vencimento da fatura, vedada a corrente e nas suas respectivas
§ 1o O exercício do direito de manutenção do valor na fatura áreas de atuação administrativa,
arrependimento nas hipóteses seguinte e assegurado ao con- baixarão normas relativas à pro-
previstas neste Código, no con- sumidor o direito de deduzir do dução, industrialização, distri-
trato principal ou no contrato de total da fatura o valor em dis- buição e consumo de produtos
crédito, implica a resolução de puta e efetuar o pagamento da e serviços.
pleno direito do contrato que lhe parte não contestada, podendo § 1o A União, os Estados, o
seja conexo. o emissor lançar como crédito Distrito Federal e os Municípios
§ 2o Nos casos dos incisos I e em confiança o valor idêntico fiscalizarão e controlarão a pro-
II do caput deste artigo, se houver ao da transação contestada que dução, industrialização, distribui-
inexecução de qualquer das obri- tenha sido cobrada, enquanto não ção, a publicidade de produtos e
gações e deveres do fornecedor encerrada a apuração da con- serviços e o mercado de consu-
de produto ou serviço, o consu- testação; mo, no interesse da preservação
midor poderá requerer a rescisão II – recusar ou não entregar ao da vida, da saúde, da segurança,
do contrato não cumprido contra consumidor, ao garante e aos ou- da informação e do bem-estar do
o fornecedor do crédito. tros coobrigados cópia da minuta consumidor, baixando as normas
§ 3o O direito previsto no § 2o do contrato principal de consumo que se fizerem necessárias.
622
Código de Defesa do Consumidor
§ 2o (Vetado) ada de acordo com a gravidade penalidade administrativa, não
§ 3o Os órgãos federais, es- da infração, a vantagem auferida haverá reincidência até o trânsito
taduais, do Distrito Federal e mu- e a condição econômica do for- em julgado da sentença.
nicipais com atribuições para necedor, será aplicada median-
fiscalizar e controlar o mercado te procedimento administrativo, Art. 60. A imposição de con-
de consumo manterão comissões revertendo para o Fundo de que trapropaganda será cominada
permanentes para elaboração, trata a Lei no 7.347, de 24 de ju- quando o fornecedor incorrer na
revisão e atualização das normas lho de 1985, os valores cabíveis à prática de publicidade enganosa
referidas no § 1o, sendo obrigatória União, ou para os Fundos estadu- ou abusiva, nos termos do art. 36
a participação dos consumidores ais ou municipais de proteção ao e seus parágrafos, sempre às ex-
e fornecedores. consumidor nos demais casos. pensas do infrator.
§ 4o Os órgãos oficiais pode- Parágrafo único. A multa § 1o A contrapropaganda será
rão expedir notificações aos for- será em montante não inferior divulgada pelo responsável da
necedores para que, sob pena de a duzentas e não superior a três mesma forma, frequência e di-
desobediência, prestem informa- milhões de vezes o valor da Uni- mensão e, preferencialmente no
ções sobre questões de interesse dade Fiscal de Referência (Ufir), mesmo veículo, local, espaço e
do consumidor, resguardado o ou índice equivalente que venha horário, de forma capaz de des-
segredo industrial. a substituí-lo. fazer o malefício da publicidade
enganosa ou abusiva.
Art. 56. As infrações das normas Art. 58. As penas de apreensão, § 2o (Vetado)
de defesa do consumidor ficam de inutilização de produtos, de § 3o (Vetado)
sujeitas, conforme o caso, às se- proibição de fabricação de pro-
guintes sanções administrativas, dutos, de suspensão do forneci-
sem prejuízo das de natureza civil, mento de produto ou serviço, de TÍTULO II – DAS
penal e das definidas em normas cassação do registro do produto INFRAÇÕES PENAIS
específicas: e revogação da concessão ou
I – multa; permissão de uso serão aplica- Art. 61. Constituem crimes con-
II – apreensão do produto; das pela administração, median- tra as relações de consumo pre-
III – inutilização do produto; te procedimento administrativo, vistas neste Código, sem prejuízo
IV – cassação do registro do assegurada ampla defesa, quan- do disposto no Código Penal e leis
produto junto ao órgão compe- do forem constatados vícios de especiais, as condutas tipificadas
tente; quantidade ou de qualidade por nos artigos seguintes.
V – proibição de fabricação inadequação ou insegurança do
do produto; produto ou serviço. Art. 62. (Vetado)
VI – suspensão de forneci-
mento de produtos ou serviço; Art. 59. As penas de cassação Art. 63. Omitir dizeres ou sinais
VII – suspensão temporária de alvará de licença, de interdi- ostensivos sobre a nocividade ou
de atividade; ção e de suspensão temporária periculosidade de produtos, nas
VIII – revogação de concessão da atividade, bem como a de in- embalagens, nos invólucros, re-
ou permissão de uso; tervenção administrativa serão cipientes ou publicidade:
IX – cassação de licença do aplicadas mediante procedimento Pena – Detenção de seis me-
estabelecimento ou de atividade; administrativo, assegurada am- ses a dois anos e multa.
X – interdição, total ou parcial, pla defesa, quando o fornecedor § 1o Incorrerá nas mesmas
de estabelecimento, de obra ou reincidir na prática das infra- penas quem deixar de alertar,
de atividade; ções de maior gravidade previs- mediante recomendações escri-
XI – intervenção administra- tas neste Código e na legislação tas ostensivas, sobre a periculo-
tiva; de consumo. sidade do serviço a ser prestado.
XII – imposição de contra- § 1o A pena de cassação da § 2o Se o crime é culposo:
propaganda. concessão será aplicada à con- Pena – Detenção de um a seis
Parágrafo único. As sanções cessionária de serviço público, meses ou multa.
previstas neste artigo serão apli- quando violar obrigação legal ou
cadas pela autoridade adminis- contratual. Art. 64. Deixar de comunicar
trativa, no âmbito de sua atri- § 2o A pena de intervenção à autoridade competente e aos
buição, podendo ser aplicadas administrativa será aplicada sem- consumidores a nocividade ou
cumulativamente, inclusive por pre que as circunstâncias de fato periculosidade de produtos cujo
medida cautelar antecedente ou desaconselharem a cassação de conhecimento seja posterior à
incidente de procedimento admi- licença, a interdição ou suspen- sua colocação no mercado:
nistrativo. são da atividade. Pena – Detenção de seis me-
§ 3o Pendendo ação judicial ses a dois anos e multa.
Art. 57. A pena de multa, gradu- na qual se discuta a imposição de Parágrafo único. Incorrerá
623
Código de Defesa do Consumidor
nas mesmas penas quem deixar Art. 70. Empregar, na repara- agravantes dos crimes tipifica-
de retirar do mercado, imedia- ção de produtos, peça ou com- dos neste Código:
tamente quando determinado ponentes de reposição usados, I – serem cometidos em épo-
pela autoridade competente, os sem autorização do consumidor: ca de grave crise econômica ou
produtos nocivos ou perigosos, Pena – Detenção de três me- por ocasião de calamidade;
na forma deste artigo. ses a um ano e multa. II – ocasionarem grave dano
individual ou coletivo;
Art. 65. Executar serviço de alto Art. 71. Utilizar, na cobrança III – dissimular-se a natureza
grau de periculosidade, contra- de dívidas, de ameaça, coação, ilícita do procedimento;
riando determinação de autori- constrangimento físico ou moral, IV – quando cometidos:
dade competente: afirmações falsas, incorretas ou a) por servidor público, ou
Pena – Detenção de seis me- enganosas ou de qualquer ou- por pessoa cuja condição econô-
ses a dois anos e multa. tro procedimento que exponha o mico-social seja manifestamente
§ 1o As penas deste artigo consumidor, injustificadamente, superior à da vítima;
são aplicáveis sem prejuízo das a ridículo ou interfira com seu tra- b) em detrimento de operário
correspondentes à lesão corporal balho, descanso ou lazer: ou rurícola; de menor de dezoito
e à morte. Pena – Detenção de três me- ou maior de sessenta anos ou de
§ 2o A prática do disposto ses a um ano e multa. pessoas portadoras de deficiên-
no inciso XIV do art. 39 desta cia mental, interditadas ou não;
Lei também caracteriza o crime Art. 72. Impedir ou dificultar o V – serem praticados em ope-
previsto no caput deste artigo. acesso do consumidor às infor- rações que envolvam alimentos,
mações que sobre ele constem medicamentos ou quaisquer ou-
Art. 66. Fazer afirmação falsa em cadastros, banco de dados, tros produtos ou serviços es-
ou enganosa, ou omitir informa- fichas e registros: senciais.
ção relevante sobre a natureza, Pena – Detenção de seis me-
característica, qualidade, quan- ses a um ano ou multa. Art. 77. A pena pecuniária pre-
tidade, segurança, desempenho, vista nesta Seção será fixada
durabilidade, preço ou garantia de Art. 73. Deixar de corrigir ime- em dias-multa, correspondente
produtos ou serviços: diatamente informação sobre ao mínimo e ao máximo de dias
Pena – Detenção de três me- consumidor constante de ca- de duração da pena privativa da
ses a um ano e multa. dastro, banco de dados, fichas liberdade cominada ao crime.
§ 1o Incorrerá nas mesmas ou registros que sabe ou deveria Na individualização desta mul-
penas quem patrocinar a oferta. saber ser inexata: ta, o juiz observará o disposto
§ 2o Se o crime é culposo: Pena – Detenção de um a seis no art. 60, § 1o do Código Penal.
Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.
meses ou multa. Art. 78. Além das penas priva-
Art. 74. Deixar de entregar ao tivas de liberdade e de multa,
Art. 67. Fazer ou promover pu- consumidor o termo de garantia podem ser impostas, cumulativa
blicidade que sabe ou deveria adequadamente preenchido e ou alternadamente, observado
saber ser enganosa ou abusiva: com especificação clara de seu o disposto nos arts. 44 a 47, do
Pena – Detenção de três me- conteúdo: Código Penal:
ses a um ano e multa. Pena – Detenção de um a seis I – a interdição temporária
Parágrafo único. (Vetado) meses ou multa. de direitos;
II – a publicação em órgãos
Art. 68. Fazer ou promover pu- Art. 75. Quem, de qualquer for- de comunicação de grande circu-
blicidade que sabe ou deveria ma, concorrer para os crimes re- lação ou audiência, às expensas
saber ser capaz de induzir o con- feridos neste Código incide nas do condenado, de notícia sobre
sumidor a se comportar de for- penas a esses cominadas na me- os fatos e a condenação;
ma prejudicial ou perigosa a sua dida de sua culpabilidade, bem III – a prestação de serviços
saúde ou segurança: como o diretor, administrador à comunidade.
Pena – Detenção de seis me- ou gerente da pessoa jurídica
ses a dois anos e multa. que promover, permitir ou por Art. 79. O valor da fiança, nas in-
Parágrafo único. (Vetado) qualquer modo aprovar o forneci- frações de que trata este Código,
mento, oferta, exposição à venda será fixado pelo juiz, ou pela au-
Art. 69. Deixar de organizar da- ou manutenção em depósito de toridade que presidir o inquérito,
dos fáticos, técnicos e científicos produtos ou a oferta e prestação entre cem e duzentas mil vezes
que dão base à publicidade: de serviços nas condições por ele o valor do Bônus do Tesouro Na-
Pena – Detenção de um a seis proibidas. cional (BTN), ou índice equivalente
meses ou multa. que venha a substituí-lo.
Art. 76. São circunstâncias Parágrafo único. Se assim
624
Código de Defesa do Consumidor
recomendar a situação econômi- II – a União, os Estados, os tado o réu.
ca do indiciado ou réu, a fiança Municípios e o Distrito Federal; § 4o O juiz poderá, na hipóte-
poderá ser: III – as entidades e órgãos da se do § 3o ou na sentença, impor
a) reduzida até a metade de Administração Pública, direta ou multa diária ao réu, independen-
seu valor mínimo; indireta, ainda que sem persona- temente de pedido do autor, se for
b) aumentada pelo juiz até lidade jurídica, especificamente suficiente ou compatível com a
vinte vezes. destinados à defesa dos inte- obrigação, fixando prazo razoável
resses e direitos protegidos por para o cumprimento do preceito.
Art. 80. No processo penal ati- este Código; § 5o Para a tutela específica
nente aos crimes previstos neste IV – as associações legalmen- ou para a obtenção do resultado
Código, bem como a outros cri- te constituídas há pelo menos um prático equivalente, poderá o juiz
mes e contravenções que envol- ano e que incluam entre seus fins determinar as medidas necessá-
vam relações de consumo, pode- institucionais a defesa dos inte- rias, tais como busca e apreen-
rão intervir, como assistentes do resses e direitos protegidos por são, remoção de coisas e pessoas,
Ministério Público, os legitimados este Código, dispensada a auto- desfazimento de obra, impedi-
indicados no art. 82, inciso III e rização assemblear. mento de atividade nociva, além
IV, aos quais também é facultado § 1o O requisito da pré-cons- de requisição de força policial.
propor ação penal subsidiária, se tituição pode ser dispensado
a denúncia não for oferecida no pelo juiz, nas ações previstas Art. 85. (Vetado)
prazo legal. nos arts. 91 e seguintes, quando
haja manifesto interesse social Art. 86. (Vetado)
evidenciado pela dimensão ou
TÍTULO III – DA DEFESA DO característica do dano, ou pela Art. 87. Nas ações coletivas de
CONSUMIDOR EM JUÍZO relevância do bem jurídico a ser que trata este Código não haverá
protegido. adiantamento de custas, emolu-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES § 2o (Vetado) mentos, honorários periciais e
GERAIS § 3o (Vetado) quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação auto-
Art. 81. A defesa dos interesses Art. 83. Para a defesa dos di- ra, salvo comprovada má-fé, em
e direitos dos consumidores e das reitos e interesses protegidos honorários de advogados, custas
vítimas poderá ser exercida em por este Código são admissíveis e despesas processuais.
juízo individualmente, ou a título todas as espécies de ações ca- Parágrafo único. Em caso de
coletivo. pazes de propiciar sua adequada litigância de má-fé, a associação
Parágrafo único. A defesa e efetiva tutela. autora e os diretores responsá-
coletiva será exercida quando Parágrafo único. (Vetado) veis pela propositura da ação
se tratar de: serão solidariamente condenados
I – interesses ou direitos di- Art. 84. Na ação que tenha por em honorários advocatícios e ao
fusos, assim entendidos, para objeto o cumprimento da obri- décuplo das custas, sem prejuízo
efeitos deste Código, os transin- gação de fazer ou não fazer, o da responsabilidade por perdas
dividuais, de natureza indivisível, juiz concederá a tutela específi- e danos.
de que sejam titulares pessoas ca da obrigação ou determinará
indeterminadas e ligadas por cir- providências que assegurem o Art. 88. Na hipótese do art. 13,
cunstâncias de fato; resultado prático equivalente ao parágrafo único deste Código,
II – interesses ou direitos co- do adimplemento. a ação de regresso poderá ser
letivos, assim entendidos, para § 1o A conversão da obriga- ajuizada em processo autôno-
efeitos deste Código, os transin- ção em perdas e danos somente mo, facultada a possibilidade de
dividuais de natureza indivisível será admissível se por elas optar prosseguir-se nos mesmos autos,
de que seja titular grupo, catego- o autor ou se impossível a tutela vedada a denunciação da lide.
ria ou classe de pessoas ligadas específica ou a obtenção do re-
entre si ou com a parte contrária sultado prático correspondente. Art. 89. (Vetado)
por uma relação jurídica base; § 2o A indenização por per-
III – interesses ou direitos das e danos se fará sem prejuízo Art. 90. Aplicam-se às ações
individuais homogêneos, assim da multa (art. 287, do Código de previstas neste Título as normas
entendidos os decorrentes de Processo Civil). do Código de Processo Civil e da
origem comum. § 3o Sendo relevante o fun- Lei no 7.347, de 24 de julho de
damento da demanda e havendo 1985, inclusive no que respeita
Art. 82. Para os fins do art. 81, justificado receio de ineficácia do ao inquérito civil, naquilo que
parágrafo único, são legitimados provimento final, é lícito ao juiz não contrariar suas disposições.
concorrentemente: conceder a tutela liminarmente
I – o Ministério Público; ou após justificação prévia, ci-
625
Código de Defesa do Consumidor
CAPÍTULO II – DAS AÇÕES abrangendo as vítimas cujas inde- produtos e serviços, sem preju-
COLETIVAS PARA A nizações já tiverem sido fixadas ízo do disposto nos Capítulos I e
em sentença de liquidação, sem II deste Título, serão observadas
DEFESA DE INTERESSES prejuízo do ajuizamento de outras as seguintes normas:
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS execuções. I – a ação pode ser proposta
§ 1o A execução coletiva far- no domicílio do autor;
Art. 91. Os legitimados de que -se-á com base em certidão das II – o réu que houver contra-
trata o art. 82 poderão propor, em sentenças de liquidação, da qual tado seguro de responsabilidade
nome próprio e no interesse das deverá constar a ocorrência ou poderá chamar ao processo o
vítimas ou seus sucessores, ação não do trânsito em julgado. segurador, vedada a integração
civil coletiva de responsabilidade § 2o É competente para a do contraditório pelo Instituto
pelos danos individualmente so- execução o juízo: de Resseguros do Brasil. Nesta
fridos, de acordo com o disposto I – da liquidação da sentença hipótese, a sentença que julgar
nos artigos seguintes. ou da ação condenatória, no caso procedente o pedido condenará
de execução individual; o réu nos termos do art. 80 do
Art. 92. O Ministério Público, se II – da ação condenatória, Código de Processo Civil. Se o
não ajuizar a ação, atuará sempre quando coletiva a execução. réu houver sido declarado falido,
como fiscal da lei. o síndico será intimado a informar
Parágrafo único. (Vetado) Art. 99. Em caso de concurso de a existência de seguro de res-
créditos decorrentes de conde- ponsabilidade, facultando-se, em
Art. 93. Ressalvada a competên- nação prevista na Lei no 7.347, de caso afirmativo, o ajuizamento de
cia da Justiça Federal, é compe- 24 de julho de 1985, e de indeniza- ação de indenização diretamen-
tente para a causa a justiça local: ções pelos prejuízos individuais te contra o segurador, vedada a
I – no foro do lugar onde ocor- resultantes do mesmo evento denunciação da lide ao Instituto
reu ou deva ocorrer o dano, quan- danoso, estas terão preferência de Resseguros do Brasil e dispen-
do de âmbito local; no pagamento. sado o litisconsórcio obrigatório
II – no foro da Capital do Es- Parágrafo único. Para efei- com este.
tado ou no do Distrito Federal, to do disposto neste artigo, a
para os danos de âmbito nacio- destinação da importância re- Art. 102. Os legitimados a agir
nal ou regional, aplicando-se as colhida ao fundo criado pela Lei na forma deste Código poderão
regras do Código de Processo no 7.347, de 24 de julho de 1985, propor ação visando compelir
Civil aos casos de competência ficará sustada enquanto penden- o Poder Público competente a
concorrente. tes de decisão de segundo grau proibir, em todo o território na-
as ações de indenização pelos cional, a produção, divulgação,
Art. 94. Proposta a ação, será danos individuais, salvo na hipó- distribuição ou venda, ou a deter-
publicado edital no órgão oficial, tese de o patrimônio do devedor minar alteração na composição,
a fim de que os interessados pos- ser manifestamente suficiente estrutura, fórmula ou acondicio-
sam intervir no processo como para responder pela integralidade namento de produto, cujo uso ou
litisconsortes, sem prejuízo de das dívidas. consumo regular se revele nocivo
ampla divulgação pelos meios de ou perigoso à saúde pública e à
comunicação social por parte dos Art. 100. Decorrido o prazo de incolumidade pessoal.
órgãos de defesa do consumidor. um ano sem habilitação de inte- § 1o (Vetado)
ressados em número compatível § 2o (Vetado)
Art. 95. Em caso de procedência com a gravidade do dano, poderão
do pedido, a condenação será ge- os legitimados do art. 82 promo-
nérica, fixando a responsabilidade ver a liquidação e execução da CAPÍTULO IV – DA COISA
do réu pelos danos causados. indenização devida. JULGADA
Parágrafo único. O produto
Art. 96. (Vetado) da indenização devida reverte- Art. 103. Nas ações coletivas de
rá para o fundo criado pela Lei que trata este Código, a sentença
Art. 97. A liquidação e a exe- no 7.347, de 24 de julho de 1985. fará coisa julgada:
cução de sentença poderão ser I – erga omnes, exceto se o
promovidas pela vítima e seus pedido for julgado improcedente
sucessores, assim como pelos CAPÍTULO III – DAS AÇÕES por insuficiência de provas, hipó-
legitimados de que trata o art. 82. DE RESPONSABILIDADE tese em que qualquer legitimado
Parágrafo único. (Vetado) DO FORNECEDOR DE poderá intentar outra ação, com
PRODUTOS E SERVIÇOS idêntico fundamento, valendo-
Art. 98. A execução poderá ser -se de nova prova, na hipótese
coletiva, sendo promovida pelos Art. 101. Na ação de responsa- do inciso I do parágrafo único
legitimados de que trata o art. 82, bilidade civil do fornecedor de do art. 81;
626
Código de Defesa do Consumidor
II – ultra partes, mas limita- CAPÍTULO V – DA I – medidas de dilação dos
damente ao grupo, categoria ou CONCILIAÇÃO NO prazos de pagamento e de re-
classe, salvo improcedência por dução dos encargos da dívida ou
insuficiência de provas, nos ter-
SUPERENDIVIDAMENTO da remuneração do fornecedor,
mos do inciso anterior, quando entre outras destinadas a facilitar
se tratar da hipótese prevista Art. 104-A. A requerimento do o pagamento da dívida;
no inciso II do parágrafo único consumidor superendividado pes- II – referência à suspensão
do art. 81; soa natural, o juiz poderá instau- ou à extinção das ações judiciais
III – erga omnes, apenas no rar processo de repactuação de em curso;
caso de procedência do pedido, dívidas, com vistas à realização III – data a partir da qual será
para beneficiar todas as vítimas de audiência conciliatória, pre- providenciada a exclusão do con-
e seus sucessores, na hipótese sidida por ele ou por concilia- sumidor de bancos de dados e
do inciso III do parágrafo único dor credenciado no juízo, com a de cadastros de inadimplentes;
do art. 81. presença de todos os credores IV – condicionamento de seus
§ 1o Os efeitos da coisa julga- de dívidas previstas no art. 54‑A efeitos à abstenção, pelo consu-
da previstos nos incisos I e II não deste Código, na qual o consu- midor, de condutas que importem
prejudicarão interesses e direitos midor apresentará proposta de no agravamento de sua situação
individuais dos integrantes da plano de pagamento com prazo de superendividamento.
coletividade, do grupo, categoria máximo de 5 (cinco) anos, preser- § 5o O pedido do consumidor
ou classe. vados o mínimo existencial, nos a que se refere o caput deste ar-
§ 2o Na hipótese prevista no termos da regulamentação, e as tigo não importará em declaração
inciso III, em caso de improce- garantias e as formas de paga- de insolvência civil e poderá ser
dência do pedido, os interessa- mento originalmente pactuadas. repetido somente após decorrido
dos que não tiverem intervindo § 1o Excluem-se do processo o prazo de 2 (dois) anos, conta-
no processo como litisconsortes de repactuação as dívidas, ainda do da liquidação das obrigações
poderão propor ação de indeni- que decorrentes de relações de previstas no plano de pagamen-
zação a título individual. consumo, oriundas de contratos to homologado, sem prejuízo de
§ 3o Os efeitos da coisa julga- celebrados dolosamente sem o eventual repactuação.
da de que cuida o art. 16, combi- propósito de realizar pagamento,
nado com o art. 13 da Lei no 7.347, bem como as dívidas provenien- Art. 104-B. Se não houver êxi-
de 24 de julho de 1985, não preju- tes de contratos de crédito com to na conciliação em relação a
dicarão as ações de indenização garantia real, de financiamentos quaisquer credores, o juiz, a pe-
por danos pessoalmente sofridos, imobiliários e de crédito rural. dido do consumidor, instaura-
propostas individualmente ou na § 2o O não comparecimento rá processo por superendivida-
forma prevista neste Código, mas, injustificado de qualquer credor, mento para revisão e integração
se procedente o pedido, benefi- ou de seu procurador com pode- dos contratos e repactuação das
ciarão as vítimas e seus suces- res especiais e plenos para tran- dívidas remanescentes median-
sores, que poderão proceder à sigir, à audiência de conciliação te plano judicial compulsório e
liquidação e à execução, nos ter- de que trata o caput deste artigo procederá à citação de todos os
mos dos arts. 96 a 99. acarretará a suspensão da exigi- credores cujos créditos não te-
§ 4o Aplica-se o disposto no bilidade do débito e a interrupção nham integrado o acordo porven-
parágrafo anterior à sentença dos encargos da mora, bem como tura celebrado.
penal condenatória. a sujeição compulsória ao plano § 1o Serão considerados no
de pagamento da dívida se o mon- processo por superendividamen-
Art. 104. As ações coletivas, tante devido ao credor ausente for to, se for o caso, os documentos
previstas nos incisos I e II do certo e conhecido pelo consumi- e as informações prestadas em
parágrafo único do art. 81, não dor, devendo o pagamento a esse audiência.
induzem litispendência para as credor ser estipulado para ocorrer § 2o No prazo de 15 (quinze)
ações individuais, mas os efei- apenas após o pagamento aos dias, os credores citados juntarão
tos da coisa julgada erga omnes credores presentes à audiência documentos e as razões da nega-
ou ultra partes a que aludem os conciliatória. tiva de aceder ao plano voluntário
incisos II e III do artigo anterior § 3o No caso de conciliação, ou de renegociar.
não beneficiarão os autores das com qualquer credor, a sentença § 3o O juiz poderá nomear
ações individuais, se não for re- judicial que homologar o acordo administrador, desde que isso
querida sua suspensão no prazo descreverá o plano de pagamento não onere as partes, o qual, no
de trinta dias, a contar da ciên- da dívida e terá eficácia de título prazo de até 30 (trinta) dias, após
cia nos autos do ajuizamento da executivo e força de coisa julgada. cumpridas as diligências eventu-
ação coletiva. § 4o Constarão do plano de almente necessárias, apresentará
pagamento referido no § 3o des- plano de pagamento que contem-
te artigo: ple medidas de temporização ou
627
Código de Defesa do Consumidor
de atenuação dos encargos. rendividamento, especialmente a quantidade e segurança de bens
§ 4o O plano judicial compul- de contrair novas dívidas. e serviços;
sório assegurará aos credores, IX – incentivar, inclusive com
no mínimo, o valor do principal recursos financeiros e outros pro-
devido, corrigido monetariamen- TÍTULO IV – DO SISTEMA gramas especiais, a formação de
te por índices oficiais de preço, e NACIONAL DE DEFESA DO entidades de defesa do consumi-
preverá a liquidação total da dívi- CONSUMIDOR dor pela população e pelos órgãos
da, após a quitação do plano de públicos estaduais e municipais;
pagamento consensual previsto Art. 105. Integram o Sistema Na- X – (Vetado);
no art. 104‑A deste Código, em, cional de Defesa do Consumidor XI – (Vetado);
no máximo, 5 (cinco) anos, sen- (SNDC) os órgãos federais, esta- XII – (Vetado);
do que a primeira parcela será duais, do Distrito Federal e mu- XIII – desenvolver outras ati-
devida no prazo máximo de 180 nicipais e as entidades privadas vidades compatíveis com suas
(cento e oitenta) dias, contado de defesa do consumidor. finalidades.
de sua homologação judicial, e Parágrafo único. Para a con-
o restante do saldo será devido Art. 106. O Departamento Na- secução de seus objetivos, o De-
em parcelas mensais iguais e cional de Defesa do Consumidor, partamento Nacional de Defesa
sucessivas. da Secretaria Nacional de Direito do Consumidor poderá solicitar o
Econômico (MJ), ou órgão federal concurso de órgãos e entidades
Art. 104-C. Compete concorren- que venha substituí-lo, é organis- de notória especialização técni-
te e facultativamente aos órgãos mo de coordenação da política do co-científica.
públicos integrantes do Sistema Sistema Nacional de Defesa do
Nacional de Defesa do Consumi- Consumidor, cabendo-lhe:
dor a fase conciliatória e preventi- I – planejar, elaborar, propor, TÍTULO V – DA CONVENÇÃO
va do processo de repactuação de coordenar e executar a política COLETIVA DE CONSUMO
dívidas, nos moldes do art. 104‑A nacional de proteção ao consu-
deste Código, no que couber, com midor; Art. 107. As entidades civis de
possibilidade de o processo ser II – receber, analisar, avaliar consumidores e as associações
regulado por convênios específi- e encaminhar consultas, denún- de fornecedores ou sindicatos
cos celebrados entre os referidos cias ou sugestões apresentadas de categoria econômica podem
órgãos e as instituições credoras por entidades representativas regular, por convenção escrita,
ou suas associações. ou pessoas jurídicas de direito relações de consumo que tenham
§ 1o Em caso de conciliação público ou privado; por objeto estabelecer condições
administrativa para prevenir o III – prestar aos consumido- relativas ao preço, à qualidade, à
superendividamento do consu- res orientação permanente sobre quantidade, à garantia e caracte-
midor pessoa natural, os órgãos seus direitos e garantias; rísticas de produtos e serviços,
públicos poderão promover, nas IV – informar, conscientizar bem como à reclamação e com-
reclamações individuais, audi- e motivar o consumidor através posição do conflito de consumo.
ência global de conciliação com dos diferentes meios de comu- § 1o A convenção tornar-se-á
todos os credores e, em todos nicação; obrigatória a partir do registro do
os casos, facilitar a elaboração V – solicitar à polícia judiciária instrumento no cartório de títulos
de plano de pagamento, preser- a instauração de inquérito policial e documentos.
vado o mínimo existencial, nos para a apreciação de delito contra § 2o A convenção somente
termos da regulamentação, sob os consumidores, nos termos da obrigará os filiados às entidades
a supervisão desses órgãos, sem legislação vigente; signatárias.
prejuízo das demais atividades de VI – representar ao Ministério § 3o Não se exime de cumprir
reeducação financeira cabíveis. Público competente para fins de a convenção o fornecedor que se
§ 2o O acordo firmado peran- adoção de medidas processuais desligar da entidade em data pos-
te os órgãos públicos de defesa no âmbito de suas atribuições; terior ao registro do instrumento.
do consumidor, em caso de su- VII – levar ao conhecimento
perendividamento do consumidor dos órgãos competentes as in- Art. 108. (Vetado)
pessoa natural, incluirá a data a frações de ordem administrativa
partir da qual será providencia- que violarem os interesses difu-
da a exclusão do consumidor de sos, coletivos, ou individuais dos TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES
bancos de dados e de cadastros consumidores; FINAIS
de inadimplentes, bem como o VIII – solicitar o concurso de
condicionamento de seus efeitos órgãos e entidades da União, Es- Art. 109. (Vetado)
à abstenção, pelo consumidor, de tados, do Distrito Federal e Muni-
condutas que importem no agra- cípios, bem como auxiliar a fisca- Art. 110. Acrescente-se o se-
vamento de sua situação de supe- lização de preços, abastecimento, guinte inciso IV ao art. 1o da Lei
628
Código de Defesa do Consumidor
no 7.347, de 24 de julho de 1985:
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FERNANDO COLLOR
629
Estatuto da Criança e
do Adolescente
Lei no 8.069/1990
633 LIVRO I – PARTE GERAL
633 TÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
633 TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
633 CAPÍTULO I – DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
635 CAPÍTULO II – DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
636 CAPÍTULO III – DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
636 Seção I – Disposições Gerais
638 Seção II – Da Família Natural
638 Seção III – Da Família Substituta
638 Subseção I – Disposições Gerais
638 Subseção II – Da Guarda
639 Subseção III – Da Tutela
639 Subseção IV – Da Adoção
644 CAPÍTULO IV – DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
644 CAPÍTULO V – DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO TRABALHO
645 TÍTULO III – DA PREVENÇÃO
645 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
646 CAPÍTULO II – DA PREVENÇÃO ESPECIAL
646 Seção I – Da Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos
646 Seção II – Dos Produtos e Serviços
647 Seção III – Da Autorização para Viajar
647 LIVRO II – PARTE ESPECIAL
647 TÍTULO I – DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
647 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
648 CAPÍTULO II – DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
648 Seção I – Disposições Gerais
650 Seção II – Da Fiscalização das Entidades
650 TÍTULO II – DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
650 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
650 CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
652 TÍTULO III – DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
652 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
652 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
652 CAPÍTULO III – DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
653 CAPÍTULO IV – DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
653 Seção I – Disposições Gerais
653 Seção II – Da Advertência
653 Seção III – Da Obrigação de Reparar o Dano
653 Seção IV – Da Prestação de Serviços à Comunidade
653 Seção V – Da Liberdade Assistida
653 Seção VI – Do Regime de Semiliberdade
654 Seção VII – Da Internação
654 CAPÍTULO V – DA REMISSÃO
655 TÍTULO IV – DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
655 TÍTULO V – DO CONSELHO TUTELAR
655 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
655 CAPÍTULO II – DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
656 CAPÍTULO III – DA COMPETÊNCIA
656 CAPÍTULO IV – DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS
656 CAPÍTULO V – DOS IMPEDIMENTOS
656 TÍTULO VI – DO ACESSO À JUSTIÇA
656 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
657 CAPÍTULO II – DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
657 Seção I – Disposições Gerais
657 Seção II – Do Juiz
658 Seção III – Dos Serviços Auxiliares
658 CAPÍTULO III – DOS PROCEDIMENTOS
658 Seção I – Disposições Gerais
658 Seção II – Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
659 Seção III – Da Destituição da Tutela
659 Seção IV – Da Colocação em Família Substituta
660 Seção V – Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente
662 Seção V-A – Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de Crimes contra a
Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente
663 Seção VI – Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento
663 Seção VII – Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao
Adolescente
664 Seção VIII – Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
665 CAPÍTULO IV – DOS RECURSOS
665 CAPÍTULO V – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
666 CAPÍTULO VI – DO ADVOGADO
666 CAPÍTULO VII – DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFUSOS E
COLETIVOS
668 TÍTULO VII – DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
668 CAPÍTULO I – DOS CRIMES
668 Seção I – Disposições Gerais
668 Seção II – Dos Crimes em Espécie
670 CAPÍTULO II – DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
672 DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Estatuto da Criança e do
Adolescente
Lei no 8.069/1990
Dispõe sobre o Estatuto da Crian- humana, sem prejuízo da prote- b) precedência de atendi-
ça e do Adolescente, e dá outras ção integral de que trata esta Lei, mento nos serviços públicos ou
providências. assegurando-se-lhes, por lei ou de relevância pública;
por outros meios, todas as opor- c) preferência na formula-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA tunidades e facilidades, a fim de ção e na execução das políticas
lhes facultar o desenvolvimento sociais públicas;
Faço saber que o Congresso Na- físico, mental, moral, espiritual e d) destinação privilegiada
cional decreta e eu sanciono a social, em condições de liberdade de recursos públicos nas áreas
seguinte Lei:1 e de dignidade. relacionadas com a proteção à
Parágrafo único. Os direitos infância e à juventude.
enunciados nesta Lei aplicam-se
LIVRO I – PARTE GERAL a todas as crianças e adolescen- Art. 5o Nenhuma criança ou ado-
TÍTULO I – DAS tes, sem discriminação de nasci- lescente será objeto de qualquer
mento, situação familiar, idade, forma de negligência, discrimina-
DISPOSIÇÕES sexo, raça, etnia ou cor, religião ção, exploração, violência, cruel-
PRELIMINARES ou crença, deficiência, condição dade e opressão, punido na forma
pessoal de desenvolvimento e da lei qualquer atentado, por ação
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a aprendizagem, condição econô- ou omissão, aos seus direitos
proteção integral à criança e ao mica, ambiente social, região e fundamentais.
adolescente. local de moradia ou outra con-
dição que diferencie as pessoas, Art. 6o Na interpretação desta
Art. 2 Considera-se criança,
o
as famílias ou a comunidade em Lei levar-se-ão em conta os fins
para os efeitos desta Lei, a pessoa que vivem. sociais a que ela se dirige, as
até doze anos de idade incomple- exigências do bem comum, os
tos, e adolescente aquela entre Art. 4o É dever da família, da direitos e deveres individuais e
doze e dezoito anos de idade. comunidade, da sociedade em coletivos, e a condição peculiar
Parágrafo único. Nos casos geral e do poder público asse- da criança e do adolescente como
expressos em lei, aplica-se ex- gurar, com absoluta prioridade, a pessoas em desenvolvimento.
cepcionalmente este Estatuto efetivação dos direitos referentes
às pessoas entre dezoito e vinte à vida, à saúde, à alimentação, à
e um anos de idade. educação, ao esporte, ao lazer, TÍTULO II – DOS DIREITOS
à profissionalização, à cultura, FUNDAMENTAIS
Art. 3o A criança e o adolescente à dignidade, ao respeito, à liber-
gozam de todos os direitos fun- dade e à convivência familiar e CAPÍTULO I – DO DIREITO À
damentais inerentes à pessoa comunitária. VIDA E À SAÚDE
Parágrafo único. A garantia
de prioridade compreende: Art. 7o A criança e o adolescente
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que a) primazia de receber pro- têm direito a proteção à vida e à
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- teção e socorro em quaisquer saúde, mediante a efetivação de
poradas às normas às quais se destinam. circunstâncias; políticas sociais públicas que per-
633
Estatuto da Criança e do Adolescente
mitam o nascimento e o desenvol- a criação de vínculos afetivos e tação e à avaliação de ações de
vimento sadio e harmonioso, em de estimular o desenvolvimento promoção, proteção e apoio ao
condições dignas de existência. integral da criança. aleitamento materno e à alimen-
§ 8o A gestante tem direito a tação complementar saudável, de
Art. 8o É assegurado a todas as acompanhamento saudável du- forma contínua.
mulheres o acesso aos programas rante toda a gestação e a parto § 2o Os serviços de unida-
e às políticas de saúde da mulher natural cuidadoso, estabelecen- des de terapia intensiva neonatal
e de planejamento reprodutivo e, do-se a aplicação de cesariana e deverão dispor de banco de leite
às gestantes, nutrição adequada, outras intervenções cirúrgicas humano ou unidade de coleta de
atenção humanizada à gravidez, por motivos médicos. leite humano.
ao parto e ao puerpério e aten- § 9o A atenção primária à
dimento pré-natal, perinatal e saúde fará a busca ativa da ges- Art. 10. Os hospitais e demais
pós-natal integral no âmbito do tante que não iniciar ou que aban- estabelecimentos de atenção à
Sistema Único de Saúde. donar as consultas de pré-natal, saúde de gestantes, públicos e
§ 1o O atendimento pré-natal bem como da puérpera que não particulares, são obrigados a:
será realizado por profissionais comparecer às consultas pós- I – manter registro das ati-
da atenção primária. -parto. vidades desenvolvidas, através
§ 2o Os profissionais de saú- § 10. Incumbe ao poder pú- de prontuários individuais, pelo
de de referência da gestante ga- blico garantir, à gestante e à mu- prazo de dezoito anos;
rantirão sua vinculação, no último lher com filho na primeira infância II – identificar o recém-nas-
trimestre da gestação, ao estabe- que se encontrem sob custódia cido mediante o registro de sua
lecimento em que será realizado em unidade de privação de liber- impressão plantar e digital e da
o parto, garantido o direito de dade, ambiência que atenda às impressão digital da mãe, sem
opção da mulher. normas sanitárias e assistenciais prejuízo de outras formas nor-
§ 3o Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde para matizadas pela autoridade ad-
onde o parto for realizado asse- o acolhimento do filho, em arti- ministrativa competente;
gurarão às mulheres e aos seus culação com o sistema de ensino III – proceder a exames visan-
filhos recém-nascidos alta hos- competente, visando ao desen- do ao diagnóstico e terapêutica
pitalar responsável e contrarrefe- volvimento integral da criança. de anormalidades no metabolis-
rência na atenção primária, bem mo do recém-nascido, bem como
como o acesso a outros serviços Art. 8o-A. Fica instituída a Se- prestar orientação aos pais;
e a grupos de apoio à amamen- mana Nacional de Prevenção da IV – fornecer declaração de
tação. Gravidez na Adolescência, a ser nascimento onde constem ne-
§ 4o Incumbe ao poder pú- realizada anualmente na semana cessariamente as intercorrências
blico proporcionar assistência que incluir o dia 1o de fevereiro, do parto e do desenvolvimento
psicológica à gestante e à mãe, com o objetivo de disseminar do neonato;
no período pré e pós-natal, in- informações sobre medidas pre- V – manter alojamento con-
clusive como forma de prevenir ventivas e educativas que contri- junto, possibilitando ao neonato
ou minorar as consequências do buam para a redução da incidên- a permanência junto à mãe;
estado puerperal. cia da gravidez na adolescência. VI – acompanhar a prática
§ 5o A assistência referida Parágrafo único. As ações do processo de amamentação,
no § 4o deste artigo deverá ser destinadas a efetivar o dispos- prestando orientações quanto
prestada também a gestantes e to no caput deste artigo fica- à técnica adequada, enquanto a
mães que manifestem interes- rão a cargo do poder público, mãe permanecer na unidade hos-
se em entregar seus filhos para em conjunto com organizações pitalar, utilizando o corpo técnico
adoção, bem como a gestantes da sociedade civil, e serão diri- já existente.
e mães que se encontrem em gidas prioritariamente ao público § 1o Os testes para o rastre-
situação de privação de liberdade. adolescente. amento de doenças no recém-
§ 6o A gestante e a partu- -nascido serão disponibilizados
riente têm direito a 1 (um) acom- Art. 9o O poder público, as insti- pelo Sistema Único de Saúde, no
panhante de sua preferência du- tuições e os empregadores pro- âmbito do Programa Nacional de
rante o período do pré-natal, do piciarão condições adequadas ao Triagem Neonatal (PNTN), na for-
trabalho de parto e do pós-parto aleitamento materno, inclusive ma da regulamentação elaborada
imediato. aos filhos de mães submetidas pelo Ministério da Saúde, com
§ 7o A gestante deverá rece- a medida privativa de liberdade. implementação de forma escalo-
ber orientação sobre aleitamento § 1o Os profissionais das uni- nada, de acordo com a seguinte
materno, alimentação comple- dades primárias de saúde de- ordem de progressão:
mentar saudável e crescimento senvolverão ações sistemáticas, I – etapa 1:
e desenvolvimento infantil, bem individuais ou coletivas, visando a) fenilcetonúria e outras hi-
como sobre formas de favorecer ao planejamento, à implemen- perfenilalaninemias;
634
Estatuto da Criança e do Adolescente
b) hipotireoidismo congê- § 1o A criança e o adolescente Sistema de Garantia de Direitos
nito; com deficiência serão atendidos, da Criança e do Adolescente de-
c) doença falciforme e outras sem discriminação ou segrega- verão conferir máxima prioridade
hemoglobinopatias; ção, em suas necessidades gerais ao atendimento das crianças na
d) fibrose cística; de saúde e específicas de habili- faixa etária da primeira infância
e) hiperplasia adrenal con- tação e reabilitação. com suspeita ou confirmação de
gênita; § 2o Incumbe ao poder pú- violência de qualquer natureza,
f) deficiência de biotinidase; blico fornecer gratuitamente, formulando projeto terapêutico
g) toxoplasmose congênita; àqueles que necessitarem, me- singular que inclua intervenção
II – etapa 2: dicamentos, órteses, próteses em rede e, se necessário, acom-
a) galactosemias; e outras tecnologias assistivas panhamento domiciliar.
b) aminoacidopatias; relativas ao tratamento, habilita-
c) distúrbios do ciclo da ção ou reabilitação para crianças Art. 14. O Sistema Único de Saú-
ureia; e adolescentes, de acordo com de promoverá programas de as-
d) distúrbios da betaoxida- as linhas de cuidado voltadas às sistência médica e odontológica
ção dos ácidos graxos; suas necessidades específicas. para a prevenção das enfermida-
III – etapa 3: doenças lisos- § 3o Os profissionais que atu- des que ordinariamente afetam a
sômicas; am no cuidado diário ou frequente população infantil, e campanhas
IV – etapa 4: imunodeficiên- de crianças na primeira infância de educação sanitária para pais,
cias primárias; receberão formação específica educadores e alunos.
V – etapa 5: atrofia muscular e permanente para a detecção § 1o É obrigatória a vacina-
espinhal. de sinais de risco para o desen- ção das crianças nos casos re-
§ 2o A delimitação de doen- volvimento psíquico, bem como comendados pelas autoridades
ças a serem rastreadas pelo teste para o acompanhamento que se sanitárias.
do pezinho, no âmbito do PNTN, fizer necessário. § 2o O Sistema Único de Saú-
será revisada periodicamente, de promoverá a atenção à saúde
com base em evidências cientí- Art. 12. Os estabelecimentos bucal das crianças e das gestan-
ficas, considerados os benefícios de atendimento à saúde, inclu- tes, de forma transversal, integral
do rastreamento, do diagnóstico sive as unidades neonatais, de e intersetorial com as demais
e do tratamento precoce, prio- terapia intensiva e de cuidados linhas de cuidado direcionadas
rizando as doenças com maior intermediários, deverão propor- à mulher e à criança.
prevalência no País, com proto- cionar condições para a perma- § 3o A atenção odontológica
colo de tratamento aprovado e nência em tempo integral de um à criança terá função educativa
com tratamento incorporado no dos pais ou responsável, nos ca- protetiva e será prestada, ini-
Sistema Único de Saúde. sos de internação de criança ou cialmente, antes de o bebê nas-
§ 3o O rol de doenças cons- adolescente. cer, por meio de aconselhamento
tante do § 1o deste artigo poderá pré-natal, e, posteriormente, no
ser expandido pelo poder público Art. 13. Os casos de suspeita ou sexto e no décimo segundo anos
com base nos critérios estabele- confirmação de castigo físico, de de vida, com orientações sobre
cidos no § 2o deste artigo. tratamento cruel ou degradante saúde bucal.
§ 4o Durante os atendimen- e de maus-tratos contra criança § 4o A criança com necessi-
tos de pré-natal e de puerpé- ou adolescente serão obrigatoria- dade de cuidados odontológicos
rio imediato, os profissionais de mente comunicados ao Conselho especiais será atendida pelo Sis-
saúde devem informar a gestan- Tutelar da respectiva localidade, tema Único de Saúde.
te e os acompanhantes sobre a sem prejuízo de outras providên- § 5o É obrigatória a aplicação
importância do teste do pezinho cias legais. a todas as crianças, nos seus pri-
e sobre as eventuais diferenças § 1o As gestantes ou mães meiros dezoito meses de vida, de
existentes entre as modalidades que manifestem interesse em protocolo ou outro instrumento
oferecidas no Sistema Único de entregar seus filhos para adoção construído com a finalidade de
Saúde e na rede privada de saúde. serão obrigatoriamente encami- facilitar a detecção, em consulta
nhadas, sem constrangimento, pediátrica de acompanhamento
Art. 11. É assegurado acesso in- à Justiça da Infância e da Ju- da criança, de risco para o seu
tegral às linhas de cuidado vol- ventude. desenvolvimento psíquico.
tadas à saúde da criança e do § 2o Os serviços de saúde em
adolescente, por intermédio do suas diferentes portas de entrada,
Sistema Único de Saúde, obser- os serviços de assistência social CAPÍTULO II – DO
vado o princípio da equidade no em seu componente especializa- DIREITO À LIBERDADE, AO
acesso a ações e serviços para do, o Centro de Referência Espe- RESPEITO E À DIGNIDADE
promoção, proteção e recupe- cializado de Assistência Social
ração da saúde. (Creas) e os demais órgãos do Art. 15. A criança e o adoles-
635
Estatuto da Criança e do Adolescente
cente têm direito à liberdade, natureza disciplinar ou punitiva nalmente, em família substituta,
ao respeito e à dignidade como aplicada com o uso da força física assegurada a convivência fami-
pessoas humanas em processo de sobre a criança ou o adolescente liar e comunitária, em ambiente
desenvolvimento e como sujeitos que resulte em: que garanta seu desenvolvimento
de direitos civis, humanos e so- a) sofrimento físico; ou integral.
ciais garantidos na Constituição b) lesão; § 1o Toda criança ou adoles-
e nas leis. II – tratamento cruel ou de- cente que estiver inserido em
gradante: conduta ou forma cruel programa de acolhimento familiar
Art. 16. O direito à liberdade de tratamento em relação à crian- ou institucional terá sua situação
compreende os seguintes as- ça ou ao adolescente que: reavaliada, no máximo, a cada
pectos: a) humilhe; ou 3 (três) meses, devendo a au-
I – ir, vir e estar nos logradou- b) ameace gravemente; ou toridade judiciária competente,
ros públicos e espaços comuni- c) ridicularize. com base em relatório elaborado
tários, ressalvadas as restrições por equipe interprofissional ou
legais; Art. 18-B. Os pais, os integrantes multidisciplinar, decidir de forma
II – opinião e expressão; da família ampliada, os responsá- fundamentada pela possibilidade
III – crença e culto religioso; veis, os agentes públicos execu- de reintegração familiar ou pela
IV – brincar, praticar esportes tores de medidas socioeducativas colocação em família substituta,
e divertir-se; ou qualquer pessoa encarregada em quaisquer das modalidades
V – participar da vida fami- de cuidar de crianças e de ado- previstas no art. 28 desta Lei.
liar e comunitária, sem discri- lescentes, tratá-los, educá-los § 2o A permanência da crian-
minação; ou protegê-los que utilizarem ça e do adolescente em programa
VI – participar da vida política, castigo físico ou tratamento cruel de acolhimento institucional não
na forma da lei; ou degradante como formas de se prolongará por mais de 18 (de-
VII – buscar refúgio, auxílio e correção, disciplina, educação ou zoito meses), salvo comprovada
orientação. qualquer outro pretexto estarão necessidade que atenda ao seu
sujeitos, sem prejuízo de outras superior interesse, devidamente
Art. 17. O direito ao respeito con- sanções cabíveis, às seguintes fundamentada pela autoridade
siste na inviolabilidade da integri- medidas, que serão aplicadas de judiciária.
dade física, psíquica e moral da acordo com a gravidade do caso: § 3o A manutenção ou a
criança e do adolescente, abran- I – encaminhamento a pro- reintegração de criança ou ado-
gendo a preservação da imagem, grama oficial ou comunitário de lescente à sua família terá pre-
da identidade, da autonomia, dos proteção à família; ferência em relação a qualquer
valores, ideias e crenças, dos es- II – encaminhamento a tra- outra providência, caso em que
paços e objetos pessoais. tamento psicológico ou psiqui- será esta incluída em serviços e
átrico; programas de proteção, apoio e
Art. 18. É dever de todos velar III – encaminhamento a cur- promoção, nos termos do § 1o do
pela dignidade da criança e do sos ou programas de orientação; art. 23, dos incisos I e IV do caput
adolescente, pondo-os a salvo de IV – obrigação de encami- do art. 101 e dos incisos I a IV do
qualquer tratamento desumano, nhar a criança a tratamento es- caput do art. 129 desta Lei.
violento, aterrorizante, vexatório pecializado; § 4o Será garantida a convi-
ou constrangedor. V – advertência; vência da criança e do adolescen-
VI – garantia de tratamento te com a mãe ou o pai privado de
Art. 18-A. A criança e o adoles- de saúde especializado à vítima. liberdade, por meio de visitas pe-
cente têm o direito de ser edu- Parágrafo único. As medi- riódicas promovidas pelo respon-
cados e cuidados sem o uso de das previstas neste artigo serão sável ou, nas hipóteses de acolhi-
castigo físico ou de tratamento aplicadas pelo Conselho Tutelar, mento institucional, pela entidade
cruel ou degradante, como formas sem prejuízo de outras providên- responsável, independentemente
de correção, disciplina, educação cias legais. de autorização judicial.
ou qualquer outro pretexto, pelos § 5o Será garantida a convi-
pais, pelos integrantes da família vência integral da criança com a
ampliada, pelos responsáveis, pe- CAPÍTULO III – DO DIREITO mãe adolescente que estiver em
los agentes públicos executores À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E acolhimento institucional.
de medidas socioeducativas ou COMUNITÁRIA § 6o A mãe adolescente será
por qualquer pessoa encarre- assistida por equipe especializada
gada de cuidar deles, tratá-los, Seção I – Disposições Gerais multidisciplinar.
educá-los ou protegê-los.
Parágrafo único. Para os fins Art. 19. É direito da criança e do Art. 19-A. A gestante ou mãe
desta Lei, considera-se: adolescente ser criado e educado que manifeste interesse em en-
I – castigo físico: ação de no seio de sua família e, excepcio- tregar seu filho para adoção, an-
636
Estatuto da Criança e do Adolescente
tes ou logo após o nascimento, ção, contado do dia seguinte à pela Justiça da Infância e da Ju-
será encaminhada à Justiça da data do término do estágio de ventude poderão ser executados
Infância e da Juventude. convivência. por órgãos públicos ou por orga-
§ 1o A gestante ou mãe será § 8o Na hipótese de desistên- nizações da sociedade civil.
ouvida pela equipe interprofis- cia pelos genitores – manifestada § 6o Se ocorrer violação das
sional da Justiça da Infância e em audiência ou perante a equi- regras de apadrinhamento, os
da Juventude, que apresentará pe interprofissional – da entrega responsáveis pelo programa e
relatório à autoridade judiciária, da criança após o nascimento, pelos serviços de acolhimento de-
considerando inclusive os eventu- a criança será mantida com os verão imediatamente notificar a
ais efeitos do estado gestacional genitores, e será determinado autoridade judiciária competente.
e puerperal. pela Justiça da Infância e da Ju-
§ 2o De posse do relatório, ventude o acompanhamento fa- Art. 20. Os filhos, havidos ou
a autoridade judiciária poderá miliar pelo prazo de 180 (cento e não da relação do casamento,
determinar o encaminhamento oitenta) dias. ou por adoção, terão os mesmos
da gestante ou mãe, mediante § 9o É garantido à mãe o di- direitos e qualificações, proibidas
sua expressa concordância, à reito ao sigilo sobre o nascimento, quaisquer designações discrimi-
rede pública de saúde e assis- respeitado o disposto no art. 48 natórias relativas à filiação.
tência social para atendimento desta Lei.
especializado. § 10. Serão cadastrados para Art. 21. O poder familiar será
§ 3o A busca à família exten- adoção recém-nascidos e crian- exercido, em igualdade de con-
sa, conforme definida nos termos ças acolhidas não procuradas dições, pelo pai e pela mãe, na
do parágrafo único do art. 25 des- por suas famílias no prazo de 30 forma do que dispuser a legisla-
ta Lei, respeitará o prazo máximo (trinta) dias, contado a partir do ção civil, assegurado a qualquer
de 90 (noventa) dias, prorrogável dia do acolhimento. deles o direito de, em caso de
por igual período. discordância, recorrer à autori-
§ 4o Na hipótese de não ha- Art. 19-B. A criança e o adoles- dade judiciária competente para
ver a indicação do genitor e de cente em programa de acolhi- a solução da divergência.
não existir outro representante mento institucional ou familiar
da família extensa apto a receber poderão participar de programa Art. 22. Aos pais incumbe o de-
a guarda, a autoridade judiciária de apadrinhamento. ver de sustento, guarda e edu-
competente deverá decretar a § 1o O apadrinhamento con- cação dos filhos menores, ca-
extinção do poder familiar e de- siste em estabelecer e propor- bendo-lhes ainda, no interesse
terminar a colocação da criança cionar à criança e ao adolescente destes, a obrigação de cumprir e
sob a guarda provisória de quem vínculos externos à instituição fazer cumprir as determinações
estiver habilitado a adotá-la ou de para fins de convivência familiar e judiciais.
entidade que desenvolva progra- comunitária e colaboração com o Parágrafo único. A mãe e
ma de acolhimento familiar ou seu desenvolvimento nos aspec- o pai, ou os responsáveis, têm
institucional. tos social, moral, físico, cognitivo, direitos iguais e deveres e res-
§ 5o Após o nascimento da educacional e financeiro. ponsabilidades compartilhados
criança, a vontade da mãe ou de § 2o Podem ser padrinhos ou no cuidado e na educação da
ambos os genitores, se houver pai madrinhas pessoas maiores de 18 criança, devendo ser resguardado
registral ou pai indicado, deve ser (dezoito) anos não inscritas nos o direito de transmissão familiar
manifestada na audiência a que cadastros de adoção, desde que de suas crenças e culturas, asse-
se refere o § 1o do art. 166 desta cumpram os requisitos exigidos gurados os direitos da criança
Lei, garantido o sigilo sobre a pelo programa de apadrinhamen- estabelecidos nesta Lei.
entrega. to de que fazem parte.
§ 6o Na hipótese de não com- § 3o Pessoas jurídicas podem Art. 23. A falta ou a carência de
parecerem à audiência nem o apadrinhar criança ou adolescen- recursos materiais não constitui
genitor nem representante da te a fim de colaborar para o seu motivo suficiente para a perda ou
família extensa para confirmar desenvolvimento. a suspensão do poder familiar.
a intenção de exercer o poder § 4o O perfil da criança ou do § 1o Não existindo outro mo-
familiar ou a guarda, a autorida- adolescente a ser apadrinhado tivo que por si só autorize a decre-
de judiciária suspenderá o poder será definido no âmbito de cada tação da medida, a criança ou o
familiar da mãe, e a criança será programa de apadrinhamento, adolescente será mantido em sua
colocada sob a guarda provisó- com prioridade para crianças ou família de origem, a qual deverá
ria de quem esteja habilitado a adolescentes com remota pos- obrigatoriamente ser incluída em
adotá-la. sibilidade de reinserção familiar serviços e programas oficiais de
§ 7o Os detentores da guarda ou colocação em família adotiva. proteção, apoio e promoção.
possuem o prazo de 15 (quinze) § 5o Os programas ou servi- § 2o A condenação criminal
dias para propor a ação de ado- ços de apadrinhamento apoiados do pai ou da mãe não implicará
637
Estatuto da Criança e do Adolescente
a destituição do poder familiar, Seção III – Da Família respeitadas sua identidade social
exceto na hipótese de condena- Substituta e cultural, os seus costumes e
ção por crime doloso sujeito à tradições, bem como suas insti-
pena de reclusão contra outrem Subseção I – Disposições tuições, desde que não sejam in-
igualmente titular do mesmo po- Gerais compatíveis com os direitos fun-
der familiar ou contra filho, filha damentais reconhecidos por esta
ou outro descendente. Art. 28. A colocação em famí- Lei e pela Constituição Federal;
lia substituta far-se-á mediante II – que a colocação familiar
Art. 24. A perda e a suspensão guarda, tutela ou adoção, inde- ocorra prioritariamente no seio
do poder familiar serão decreta- pendentemente da situação ju- de sua comunidade ou junto a
das judicialmente, em procedi- rídica da criança ou adolescente, membros da mesma etnia;
mento contraditório, nos casos nos termos desta Lei. III – a intervenção e oitiva
previstos na legislação civil, bem § 1o Sempre que possível, a de representantes do órgão fe-
como na hipótese de descumpri- criança ou o adolescente será deral responsável pela política
mento injustificado dos deveres e previamente ouvido por equipe indigenista, no caso de crianças
obrigações a que alude o art. 22. interprofissional, respeitado seu e adolescentes indígenas, e de
estágio de desenvolvimento e antropólogos, perante a equipe
grau de compreensão sobre as interprofissional ou multidisci-
Seção II – Da Família Natural implicações da medida, e terá plinar que irá acompanhar o caso.
sua opinião devidamente con-
Art. 25. Entende-se por família siderada. Art. 29. Não se deferirá colo-
natural a comunidade formada § 2o Tratando-se de maior cação em família substituta a
pelos pais ou qualquer deles e de 12 (doze) anos de idade, será pessoa que revele, por qualquer
seus descendentes. necessário seu consentimento, modo, incompatibilidade com a
Parágrafo único. Entende-se colhido em audiência. natureza da medida ou não ofe-
por família extensa ou ampliada § 3o Na apreciação do pedido reça ambiente familiar adequado.
aquela que se estende para além levar-se-á em conta o grau de pa-
da unidade pais e filhos ou da rentesco e a relação de afinidade Art. 30. A colocação em família
unidade do casal, formada por ou de afetividade, a fim de evitar substituta não admitirá transfe-
parentes próximos com os quais ou minorar as consequências de- rência da criança ou adolescente
a criança ou adolescente convive correntes da medida. a terceiros ou a entidades gover-
e mantém vínculos de afinidade § 4o Os grupos de irmãos se- namentais ou não governamen-
e afetividade. rão colocados sob adoção, tutela tais, sem autorização judicial.
ou guarda da mesma família subs-
Art. 26. Os filhos havidos fora tituta, ressalvada a comprovada Art. 31. A colocação em família
do casamento poderão ser reco- existência de risco de abuso ou substituta estrangeira consti-
nhecidos pelos pais, conjunta ou outra situação que justifique ple- tui medida excepcional, somen-
separadamente, no próprio termo namente a excepcionalidade de te admissível na modalidade de
de nascimento, por testamento, solução diversa, procurando-se, adoção.
mediante escritura ou outro do- em qualquer caso, evitar o rom-
cumento público, qualquer que pimento definitivo dos vínculos Art. 32. Ao assumir a guarda ou
seja a origem da filiação. fraternais. a tutela, o responsável prestará
Parágrafo único. O reconhe- § 5o A colocação da criança compromisso de bem e fielmente
cimento pode preceder o nasci- ou adolescente em família subs- desempenhar o encargo, median-
mento do filho ou suceder-lhe tituta será precedida de sua pre- te termo nos autos.
ao falecimento, se deixar des- paração gradativa e acompanha-
cendentes. mento posterior, realizados pela
equipe interprofissional a serviço
Subseção II – Da Guarda
Art. 27. O reconhecimento do da Justiça da Infância e da Ju-
estado de filiação é direito perso- ventude, preferencialmente com Art. 33. A guarda obriga à pres-
nalíssimo, indisponível e impres- o apoio dos técnicos responsá- tação de assistência material,
critível, podendo ser exercitado veis pela execução da política moral e educacional à criança
contra os pais ou seus herdeiros, municipal de garantia do direito ou adolescente, conferindo a seu
sem qualquer restrição, observa- à convivência familiar. detentor o direito de opor-se a
do o segredo de Justiça. § 6o Em se tratando de crian- terceiros, inclusive aos pais.
ça ou adolescente indígena ou § 1o A guarda destina-se a
proveniente de comunidade re- regularizar a posse de fato, po-
manescente de quilombo, é ainda dendo ser deferida, liminar ou
obrigatório: incidentalmente, nos procedi-
I – que sejam consideradas e mentos de tutela e adoção, exceto
638
Estatuto da Criança e do Adolescente
no de adoção por estrangeiros. das que não estejam no cadastro adolescente reger-se-á segundo
§ 2o Excepcionalmente, de- de adoção. o disposto nesta Lei.
ferir-se-á a guarda, fora dos casos § 4o Poderão ser utiliza- § 1o A adoção é medida ex-
de tutela e adoção, para atender dos recursos federais, estadu- cepcional e irrevogável, à qual
a situações peculiares ou suprir ais, distritais e municipais para se deve recorrer apenas quando
a falta eventual dos pais ou res- a manutenção dos serviços de esgotados os recursos de manu-
ponsável, podendo ser deferido acolhimento em família acolhe- tenção da criança ou adolescen-
o direito de representação para dora, facultando-se o repasse de te na família natural ou extensa,
a prática de atos determinados. recursos para a própria família na forma do parágrafo único do
§ 3o A guarda confere à acolhedora. art. 25 desta Lei.
criança ou adolescente a condi- § 2o É vedada a adoção por
ção de dependente, para todos os Art. 35. A guarda poderá ser procuração.
fins e efeitos de direito, inclusive revogada a qualquer tempo, me- § 3o Em caso de conflito
previdenciários. diante ato judicial fundamentado, entre direitos e interesses do
§ 4o Salvo expressa e funda- ouvido o Ministério Público. adotando e de outras pessoas,
mentada determinação em con- inclusive seus pais biológicos,
trário, da autoridade judiciária devem prevalecer os direitos e
competente, ou quando a medida
Subseção III – Da Tutela os interesses do adotando.
for aplicada em preparação para
adoção, o deferimento da guarda Art. 36. A tutela será deferida, Art. 40. O adotando deve contar
de criança ou adolescente a ter- nos termos da lei civil, a pessoa de com, no máximo, dezoito anos à
ceiros não impede o exercício até 18 (dezoito) anos incompletos. data do pedido, salvo se já esti-
do direito de visitas pelos pais, Parágrafo único. O defe- ver sob a guarda ou tutela dos
assim como o dever de prestar rimento da tutela pressupõe a adotantes.
alimentos, que serão objeto de prévia decretação da perda ou
regulamentação específica, a pe- suspensão do poder familiar e Art. 41. A adoção atribui a con-
dido do interessado ou do Minis- implica necessariamente o dever dição de filho ao adotado, com os
tério Público. de guarda. mesmos direitos e deveres, inclu-
sive sucessórios, desligando-o
Art. 34. O poder público esti- Art. 37. O tutor nomeado por de qualquer vínculo com pais e
mulará, por meio de assistên- testamento ou qualquer do- parentes, salvo os impedimentos
cia jurídica, incentivos fiscais e cumento autêntico, conforme matrimoniais.
subsídios, o acolhimento, sob a previsto no parágrafo único do § 1o Se um dos cônjuges ou
forma de guarda, de criança ou art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 concubinos adota o filho do outro,
adolescente afastado do conví- de janeiro de 2002 – Código Civil, mantêm-se os vínculos de filia-
vio familiar. deverá, no prazo de 30 (trinta) dias ção entre o adotado e o cônjuge
§ 1o A inclusão da criança ou após a abertura da sucessão, in- ou concubino do adotante e os
adolescente em programas de gressar com pedido destinado ao respectivos parentes.
acolhimento familiar terá prefe- controle judicial do ato, observan- § 2o É recíproco o direito su-
rência a seu acolhimento institu- do o procedimento previsto nos cessório entre o adotado, seus
cional, observado, em qualquer arts. 165 a 170 desta Lei. descendentes, o adotante, seus
caso, o caráter temporário e ex- Parágrafo único. Na aprecia- ascendentes, descendentes e co-
cepcional da medida, nos termos ção do pedido, serão observa- laterais até o 4o grau, observada
desta Lei. dos os requisitos previstos nos a ordem de vocação hereditária.
§ 2o Na hipótese do § 1o deste arts. 28 e 29 desta Lei, somente
artigo a pessoa ou casal cadastra- sendo deferida a tutela à pessoa Art. 42. Podem adotar os maio-
do no programa de acolhimento indicada na disposição de última res de 18 (dezoito) anos, indepen-
familiar poderá receber a criança vontade, se restar comprovado dentemente do estado civil.
ou adolescente mediante guarda, que a medida é vantajosa ao tu- § 1o Não podem adotar os
observado o disposto nos arts. 28 telando e que não existe outra ascendentes e os irmãos do ado-
a 33 desta Lei. pessoa em melhores condições tando.
§ 3o A União apoiará a im- de assumi-la. § 2o Para adoção conjunta,
plementação de serviços de aco- é indispensável que os adotan-
lhimento em família acolhedora Art. 38. Aplica-se à destituição tes sejam casados civilmente ou
como política pública, os quais da tutela o disposto no art. 24. mantenham união estável, com-
deverão dispor de equipe que or- provada a estabilidade da família.
ganize o acolhimento temporário § 3o O adotante há de ser,
de crianças e de adolescentes em
Subseção IV – Da Adoção pelo menos, dezesseis anos mais
residências de famílias seleciona- velho do que o adotando.
das, capacitadas e acompanha- Art. 39. A adoção de criança e de § 4o Os divorciados, os ju-
639
Estatuto da Criança e do Adolescente
dicialmente separados e os ex- tando já estiver sob a tutela ou ascendentes.
-companheiros podem adotar guarda legal do adotante durante § 2o O mandado judicial, que
conjuntamente, contanto que tempo suficiente para que seja será arquivado, cancelará o regis-
acordem sobre a guarda e o re- possível avaliar a conveniência tro original do adotado.
gime de visitas e desde que o es- da constituição do vínculo. § 3o A pedido do adotante, o
tágio de convivência tenha sido § 2o A simples guarda de fato novo registro poderá ser lavrado
iniciado na constância do período não autoriza, por si só, a dispen- no Cartório do Registro Civil do
de convivência e que seja com- sa da realização do estágio de Município de sua residência.
provada a existência de vínculos convivência. § 4o Nenhuma observação
de afinidade e afetividade com § 2o-A. O prazo máximo es- sobre a origem do ato poderá
aquele não detentor da guarda, tabelecido no caput deste artigo constar nas certidões do registro.
que justifiquem a excepcionali- pode ser prorrogado por até igual § 5o A sentença conferirá ao
dade da concessão. período, mediante decisão funda- adotado o nome do adotante e, a
§ 5o Nos casos do § 4o deste mentada da autoridade judiciária. pedido de qualquer deles, pode-
artigo, desde que demonstrado § 3o Em caso de adoção por rá determinar a modificação do
efetivo benefício ao adotando, pessoa ou casal residente ou do- prenome.
será assegurada a guarda com- miciliado fora do País, o estágio § 6o Caso a modificação de
partilhada, conforme previsto no de convivência será de, no míni- prenome seja requerida pelo ado-
art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 mo, 30 (trinta) dias e, no máxi- tante, é obrigatória a oitiva do
de janeiro de 2002 – Código Civil. mo, 45 (quarenta e cinco) dias, adotando, observado o disposto
§ 6o A adoção poderá ser prorrogável por até igual período, nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
deferida ao adotante que, após uma única vez, mediante decisão § 7o A adoção produz seus
inequívoca manifestação de von- fundamentada da autoridade ju- efeitos a partir do trânsito em
tade, vier a falecer no curso do diciária. julgado da sentença constituti-
procedimento, antes de prolatada § 3o-A. Ao final do prazo pre- va, exceto na hipótese prevista
a sentença. visto no § 3o deste artigo, deverá no § 6o do art. 42 desta Lei, caso
ser apresentado laudo fundamen- em que terá força retroativa à
Art. 43. A adoção será deferida tado pela equipe mencionada no data do óbito.
quando apresentar reais vanta- § 4o deste artigo, que recomen- § 8o O processo relativo à
gens para o adotando e fundar-se dará ou não o deferimento da adoção assim como outros a ele
em motivos legítimos. adoção à autoridade judiciária. relacionados serão mantidos em
§ 4o O estágio de convivência arquivo, admitindo-se seu ar-
Art. 44. Enquanto não der con- será acompanhado pela equipe mazenamento em microfilme ou
ta de sua administração e saldar interprofissional a serviço da Jus- por outros meios, garantida a
o seu alcance, não pode o tutor tiça da Infância e da Juventude, sua conservação para consulta
ou o curador adotar o pupilo ou preferencialmente com apoio dos a qualquer tempo.
o curatelado. técnicos responsáveis pela exe- § 9o Terão prioridade de tra-
cução da política de garantia do mitação os processos de adoção
Art. 45. A adoção depende do direito à convivência familiar, que em que o adotando for criança ou
consentimento dos pais ou do apresentarão relatório minucioso adolescente com deficiência ou
representante legal do adotando. acerca da conveniência do defe- com doença crônica.
§ 1o O consentimento será rimento da medida. § 10. O prazo máximo para
dispensado em relação à criança § 5o O estágio de convivên- conclusão da ação de adoção
ou adolescente cujos pais sejam cia será cumprido no território será de 120 (cento e vinte) dias,
desconhecidos ou tenham sido nacional, preferencialmente na prorrogável uma única vez por
destituídos do poder familiar. comarca de residência da criança igual período, mediante decisão
§ 2o Em se tratando de ado- ou adolescente, ou, a critério do fundamentada da autoridade ju-
tando maior de doze anos de ida- juiz, em cidade limítrofe, respei- diciária.
de, será também necessário o seu tada, em qualquer hipótese, a
consentimento. competência do juízo da comarca Art. 48. O adotado tem direito
de residência da criança. de conhecer sua origem bioló-
Art. 46. A adoção será prece- gica, bem como de obter acesso
dida de estágio de convivência Art. 47. O vínculo da adoção irrestrito ao processo no qual a
com a criança ou adolescente, constitui-se por sentença judi- medida foi aplicada e seus even-
pelo prazo máximo de 90 (no- cial, que será inscrita no registro tuais incidentes, após completar
venta) dias, observadas a idade civil mediante mandado do qual 18 (dezoito) anos.
da criança ou adolescente e as não se fornecerá certidão. Parágrafo único. O acesso
peculiaridades do caso. § 1o A inscrição consigna- ao processo de adoção poderá
§ 1o O estágio de convivência rá o nome dos adotantes como ser também deferido ao adotado
poderá ser dispensado se o ado- pais, bem como o nome de seus menor de 18 (dezoito) anos, a seu
640
Estatuto da Criança e do Adolescente
pedido, assegurada orientação e no § 5o deste artigo. detém a tutela ou guarda legal de
assistência jurídica e psicológica. § 7o As autoridades estadu- criança maior de 3 (três) anos ou
ais e federais em matéria de ado- adolescente, desde que o lapso de
Art. 49. A morte dos adotantes ção terão acesso integral aos ca- tempo de convivência comprove
não restabelece o poder familiar dastros, incumbindo-lhes a troca a fixação de laços de afinidade e
dos pais naturais. de informações e a cooperação afetividade, e não seja constatada
mútua, para melhoria do sistema. a ocorrência de má-fé ou qual-
Art. 50. A autoridade judiciá- § 8o A autoridade judiciária quer das situações previstas nos
ria manterá, em cada comarca providenciará, no prazo de 48 arts. 237 ou 238 desta Lei.
ou foro regional, um registro de (quarenta e oito) horas, a inscri- § 14. Nas hipóteses previstas
crianças e adolescentes em con- ção das crianças e adolescentes no § 13 deste artigo, o candidato
dições de serem adotados e ou- em condições de serem adotados deverá comprovar, no curso do
tro de pessoas interessadas na que não tiveram colocação fami- procedimento, que preenche os
adoção. liar na comarca de origem, e das requisitos necessários à adoção,
§ 1o O deferimento da inscri- pessoas ou casais que tiveram conforme previsto nesta Lei.
ção dar-se-á após prévia consulta deferida sua habilitação à adoção § 15. Será assegurada prio-
aos órgãos técnicos do Juizado, nos cadastros estadual e nacional ridade no cadastro a pessoas
ouvido o Ministério Público. referidos no § 5o deste artigo, sob interessadas em adotar criança
§ 2o Não será deferida a ins- pena de responsabilidade. ou adolescente com deficiência,
crição se o interessado não sa- § 9o Compete à Autoridade com doença crônica ou com ne-
tisfizer os requisitos legais, ou Central Estadual zelar pela ma- cessidades específicas de saúde,
verificada qualquer das hipóteses nutenção e correta alimentação além de grupo de irmãos.
previstas no art. 29. dos cadastros, com posterior co-
§ 3o A inscrição de postu- municação à Autoridade Central Art. 51. Considera-se adoção
lantes à adoção será precedida Federal Brasileira. internacional aquela na qual o
de um período de preparação § 10. Consultados os cadas- pretendente possui residência
psicossocial e jurídica, orientado tros e verificada a ausência de habitual em país-parte da Con-
pela equipe técnica da Justiça da pretendentes habilitados residen- venção de Haia, de 29 de maio
Infância e da Juventude, prefe- tes no País com perfil compatível de 1993, Relativa à Proteção das
rencialmente com apoio dos téc- e interesse manifesto pela adoção Crianças e à Cooperação em Ma-
nicos responsáveis pela execução de criança ou adolescente inscri- téria de Adoção Internacional,
da política municipal de garantia to nos cadastros existentes, será promulgada pelo Decreto no 3.087,
do direito à convivência familiar. realizado o encaminhamento da de 21 junho de 1999, e deseja ado-
§ 4o Sempre que possível e criança ou adolescente à adoção tar criança em outro país-parte
recomendável, a preparação re- internacional. da Convenção.
ferida no § 3o deste artigo incluirá § 11. Enquanto não localizada § 1o A adoção internacional
o contato com crianças e adoles- pessoa ou casal interessado em de criança ou adolescente bra-
centes em acolhimento familiar sua adoção, a criança ou o ado- sileiro ou domiciliado no Brasil
ou institucional em condições de lescente, sempre que possível somente terá lugar quando restar
serem adotados, a ser realizado e recomendável, será colocado comprovado:
sob a orientação, supervisão e sob guarda de família cadastra- I – que a colocação em família
avaliação da equipe técnica da da em programa de acolhimento adotiva é a solução adequada ao
Justiça da Infância e da Juven- familiar. caso concreto;
tude, com apoio dos técnicos § 12. A alimentação do ca- II – que foram esgotadas to-
responsáveis pelo programa de dastro e a convocação criteriosa das as possibilidades de coloca-
acolhimento e pela execução da dos postulantes à adoção se- ção da criança ou adolescente
política municipal de garantia rão fiscalizadas pelo Ministério em família adotiva brasileira, com
do direito à convivência familiar. Público. a comprovação, certificada nos
§ 5o Serão criados e imple- § 13. Somente poderá ser de- autos, da inexistência de ado-
mentados cadastros estaduais ferida adoção em favor de can- tantes habilitados residentes no
e nacional de crianças e adoles- didato domiciliado no Brasil não Brasil com perfil compatível com
centes em condições de serem cadastrado previamente nos ter- a criança ou adolescente, após
adotados e de pessoas ou casais mos desta Lei quando: consulta aos cadastros mencio-
habilitados à adoção. I – se tratar de pedido de ado- nados nesta Lei;
§ 6o Haverá cadastros distin- ção unilateral; III – que, em se tratando de
tos para pessoas ou casais resi- II – for formulada por paren- adoção de adolescente, este foi
dentes fora do País, que somente te com o qual a criança ou ado- consultado, por meios adequados
serão consultados na inexistência lescente mantenha vínculos de ao seu estágio de desenvolvimen-
de postulantes nacionais habilita- afinidade e afetividade; to, e que se encontra preparado
dos nos cadastros mencionados III – oriundo o pedido de quem para a medida, mediante parecer
641
Estatuto da Criança e do Adolescente
elaborado por equipe interpro- tradução, por tradutor público de integridade moral, competên-
fissional, observado o disposto juramentado; cia profissional, experiência e
nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. VI – a Autoridade Central Es- responsabilidade exigidas pelos
§ 2o Os brasileiros residentes tadual poderá fazer exigências e países respectivos e pela Autori-
no exterior terão preferência aos solicitar complementação sobre o dade Central Federal Brasileira;
estrangeiros, nos casos de ado- estudo psicossocial do postulante III – forem qualificados por
ção internacional de criança ou estrangeiro à adoção, já realizado seus padrões éticos e sua for-
adolescente brasileiro. no país de acolhida; mação e experiência para atuar
§ 3o A adoção internacional VII – verificada, após estudo na área de adoção internacional;
pressupõe a intervenção das Au- realizado pela Autoridade Cen- IV – cumprirem os requisitos
toridades Centrais Estaduais e tral Estadual, a compatibilidade exigidos pelo ordenamento jurí-
Federal em matéria de adoção da legislação estrangeira com a dico brasileiro e pelas normas
internacional. nacional, além do preenchimen- estabelecidas pela Autoridade
§ 4o (Revogado) to por parte dos postulantes à Central Federal Brasileira.
medida dos requisitos objetivos § 4o Os organismos creden-
Art. 52. A adoção internacional e subjetivos necessários ao seu ciados deverão ainda:
observará o procedimento previs- deferimento, tanto à luz do que I – perseguir unicamente fins
to nos arts. 165 a 170 desta Lei, dispõe esta Lei como da legis- não lucrativos, nas condições e
com as seguintes adaptações: lação do país de acolhida, será dentro dos limites fixados pelas
I – a pessoa ou casal estran- expedido laudo de habilitação à autoridades competentes do país
geiro, interessado em adotar adoção internacional, que terá va- onde estiverem sediados, do país
criança ou adolescente brasi- lidade por, no máximo, 1 (um) ano; de acolhida e pela Autoridade
leiro, deverá formular pedido de VIII – de posse do laudo de Central Federal Brasileira;
habilitação à adoção perante a habilitação, o interessado será II – ser dirigidos e administra-
Autoridade Central em matéria de autorizado a formalizar pedido dos por pessoas qualificadas e de
adoção internacional no país de de adoção perante o Juízo da reconhecida idoneidade moral,
acolhida, assim entendido aquele Infância e da Juventude do local com comprovada formação ou
onde está situada sua residência em que se encontra a criança ou experiência para atuar na área de
habitual; adolescente, conforme indicação adoção internacional, cadastra-
II – se a Autoridade Central do efetuada pela Autoridade Central das pelo Departamento de Polícia
país de acolhida considerar que Estadual. Federal e aprovadas pela Autori-
os solicitantes estão habilitados e § 1o Se a legislação do país dade Central Federal Brasileira,
aptos para adotar, emitirá um re- de acolhida assim o autorizar, mediante publicação de portaria
latório que contenha informações admite-se que os pedidos de ha- do órgão federal competente;
sobre a identidade, a capacidade bilitação à adoção internacional III – estar submetidos à su-
jurídica e adequação dos solici- sejam intermediados por orga- pervisão das autoridades com-
tantes para adotar, sua situação nismos credenciados. petentes do país onde estiverem
pessoal, familiar e médica, seu § 2o Incumbe à Autorida- sediados e no país de acolhida,
meio social, os motivos que os de Central Federal Brasileira o inclusive quanto à sua composi-
animam e sua aptidão para as- credenciamento de organismos ção, funcionamento e situação
sumir uma adoção internacional; nacionais e estrangeiros encarre- financeira;
III – a Autoridade Central do gados de intermediar pedidos de IV – apresentar à Autoridade
país de acolhida enviará o relató- habilitação à adoção internacio- Central Federal Brasileira, a cada
rio à Autoridade Central Estadu- nal, com posterior comunicação ano, relatório geral das atividades
al, com cópia para a Autoridade às Autoridades Centrais Estaduais desenvolvidas, bem como rela-
Central Federal Brasileira; e publicação nos órgãos oficiais tório de acompanhamento das
IV – o relatório será instruído de imprensa e em sítio próprio adoções internacionais efetua-
com toda a documentação ne- da internet. das no período, cuja cópia será
cessária, incluindo estudo psi- § 3o Somente será admissí- encaminhada ao Departamento
cossocial elaborado por equi- vel o credenciamento de orga- de Polícia Federal;
pe interprofissional habilitada e nismos que: V – enviar relatório pós-ado-
cópia autenticada da legislação I – sejam oriundos de paí- tivo semestral para a Autoridade
pertinente, acompanhada da res- ses que ratificaram a Convenção Central Estadual, com cópia para
pectiva prova de vigência; de Haia e estejam devidamente a Autoridade Central Federal Bra-
V – os documentos em língua credenciados pela Autoridade sileira, pelo período mínimo de 2
estrangeira serão devidamen- Central do país onde estiverem (dois) anos. O envio do relatório
te autenticados pela autoridade sediados e no país de acolhida do será mantido até a juntada de có-
consular, observados os trata- adotando para atuar em adoção pia autenticada do registro civil,
dos e convenções internacionais, internacional no Brasil; estabelecendo a cidadania do
e acompanhados da respectiva II – satisfizerem as condições país de acolhida para o adotado;
642
Estatuto da Criança e do Adolescente
VI – tomar as medidas ne- entidade credenciada para atuar uma vez reingressado no Brasil,
cessárias para garantir que os na cooperação em adoção inter- deverá requerer a homologação
adotantes encaminhem à Auto- nacional. da sentença estrangeira pelo Su-
ridade Central Federal Brasileira § 13. A habilitação de postu- perior Tribunal de Justiça.
cópia da certidão de registro de lante estrangeiro ou domiciliado
nascimento estrangeira e do cer- fora do Brasil terá validade má- Art. 52-C. Nas adoções interna-
tificado de nacionalidade tão logo xima de 1 (um) ano, podendo ser cionais, quando o Brasil for o país
lhes sejam concedidos. renovada. de acolhida, a decisão da autori-
§ 5o A não apresentação dos § 14. É vedado o contato di- dade competente do país de ori-
relatórios referidos no § 4o deste reto de representantes de orga- gem da criança ou do adolescente
artigo pelo organismo credencia- nismos de adoção, nacionais ou será conhecida pela Autoridade
do poderá acarretar a suspensão estrangeiros, com dirigentes de Central Estadual que tiver pro-
de seu credenciamento. programas de acolhimento insti- cessado o pedido de habilitação
§ 6o O credenciamento de or- tucional ou familiar, assim como dos pais adotivos, que comuni-
ganismo nacional ou estrangeiro com crianças e adolescentes em cará o fato à Autoridade Central
encarregado de intermediar pedi- condições de serem adotados, Federal e determinará as provi-
dos de adoção internacional terá sem a devida autorização judicial. dências necessárias à expedição
validade de 2 (dois) anos. § 15. A Autoridade Central do Certificado de Naturalização
§ 7o A renovação do creden- Federal Brasileira poderá limitar Provisório.
ciamento poderá ser concedida ou suspender a concessão de § 1o A Autoridade Central Es-
mediante requerimento proto- novos credenciamentos sempre tadual, ouvido o Ministério Públi-
colado na Autoridade Central Fe- que julgar necessário, mediante co, somente deixará de reconhe-
deral Brasileira nos 60 (sessenta) ato administrativo fundamentado. cer os efeitos daquela decisão se
dias anteriores ao término do res- restar demonstrado que a adoção
pectivo prazo de validade. Art. 52-A. É vedado, sob pena é manifestamente contrária à
§ 8o Antes de transitada em de responsabilidade e descre- ordem pública ou não atende ao
julgado a decisão que concedeu denciamento, o repasse de recur- interesse superior da criança ou
a adoção internacional, não será sos provenientes de organismos do adolescente.
permitida a saída do adotando do estrangeiros encarregados de § 2o Na hipótese de não reco-
território nacional. intermediar pedidos de adoção nhecimento da adoção, prevista
§ 9o Transitada em julgado internacional a organismos na- no § 1o deste artigo, o Ministério
a decisão, a autoridade judiciá- cionais ou a pessoas físicas. Público deverá imediatamen-
ria determinará a expedição de Parágrafo único. Eventuais te requerer o que for de direito
alvará com autorização de via- repasses somente poderão ser para resguardar os interesses
gem, bem como para obtenção efetuados via Fundo dos Direi- da criança ou do adolescente,
de passaporte, constando, obriga- tos da Criança e do Adolescente comunicando-se as providências
toriamente, as características da e estarão sujeitos às deliberações à Autoridade Central Estadual,
criança ou adolescente adotado, do respectivo Conselho de Direi- que fará a comunicação à Auto-
como idade, cor, sexo, eventuais tos da Criança e do Adolescente. ridade Central Federal Brasileira
sinais ou traços peculiares, assim e à Autoridade Central do país
como foto recente e a aposição da Art. 52-B. A adoção por brasilei- de origem.
impressão digital do seu polegar ro residente no exterior em país
direito, instruindo o documento ratificante da Convenção de Haia, Art. 52-D. Nas adoções interna-
com cópia autenticada da decisão cujo processo de adoção tenha cionais, quando o Brasil for o país
e certidão de trânsito em julgado. sido processado em conformi- de acolhida e a adoção não tenha
§ 10. A Autoridade Central dade com a legislação vigente sido deferida no país de origem
Federal Brasileira poderá, a qual- no país de residência e atendido porque a sua legislação a delega
quer momento, solicitar informa- o disposto na alínea “c” do Artigo ao país de acolhida, ou, ainda, na
ções sobre a situação das crian- 17 da referida Convenção, será hipótese de, mesmo com decisão,
ças e adolescentes adotados. automaticamente recepcionada a criança ou o adolescente ser
§ 11. A cobrança de valores com o reingresso no Brasil. oriundo de país que não tenha
por parte dos organismos creden- § 1o Caso não tenha sido aderido à Convenção referida, o
ciados, que sejam considerados atendido o disposto na alínea “c” processo de adoção seguirá as
abusivos pela Autoridade Central do Artigo 17 da Convenção de regras da adoção nacional.
Federal Brasileira e que não este- Haia, deverá a sentença ser ho-
jam devidamente comprovados, é mologada pelo Superior Tribunal
causa de seu descredenciamento. de Justiça.
§ 12. Uma mesma pessoa § 2o O pretendente brasileiro
ou seu cônjuge não podem ser residente no exterior em país não
representados por mais de uma ratificante da Convenção de Haia,
643
Estatuto da Criança e do Adolescente
CAPÍTULO IV – DO DIREITO V – acesso aos níveis mais de cultura.
À EDUCAÇÃO, À CULTURA, elevados do ensino, da pesquisa
e da criação artística, segundo a Art. 59. Os Municípios, com
AO ESPORTE E AO LAZER capacidade de cada um; apoio dos Estados e da União,
VI – oferta de ensino noturno estimularão e facilitarão a des-
Art. 53. A criança e o adolescen- regular, adequado às condições tinação de recursos e espaços
te têm direito à educação, visando do adolescente trabalhador; para programações culturais, es-
ao pleno desenvolvimento de sua VII – atendimento no ensino portivas e de lazer voltadas para
pessoa, preparo para o exercício fundamental, através de progra- a infância e a juventude.
da cidadania e qualificação para mas suplementares de material
o trabalho, assegurando-se-lhes: didático-escolar, transporte, ali-
I – igualdade de condições mentação e assistência à saúde. CAPÍTULO V – DO DIREITO
para o acesso e permanência § 1o O acesso ao ensino obri- À PROFISSIONALIZAÇÃO
na escola; gatório e gratuito é direito público E À PROTEÇÃO NO
II – direito de ser respeitado subjetivo. TRABALHO
por seus educadores; § 2o O não oferecimento do
III – direito de contestar cri- ensino obrigatório pelo poder Art. 60. É proibido qualquer
térios avaliativos, podendo re- público ou sua oferta irregular trabalho a menores de quatorze
correr às instâncias escolares importa responsabilidade da au- anos de idade, salvo na condição
superiores; toridade competente. de aprendiz.
IV – direito de organização e § 3o Compete ao poder pú-
participação em entidades es- blico recensear os educandos no Art. 61. A proteção ao trabalho
tudantis; ensino fundamental, fazer-lhes a dos adolescentes é regulada por
V – acesso à escola pública chamada e zelar, junto aos pais legislação especial, sem prejuízo
e gratuita, próxima de sua re- ou responsável, pela frequência do disposto nesta Lei.
sidência, garantindo-se vagas à escola.
no mesmo estabelecimento a Art. 62. Considera-se aprendi-
irmãos que frequentem a mes- Art. 55. Os pais ou responsável zagem a formação técnico-pro-
ma etapa ou ciclo de ensino da têm a obrigação de matricular fissional ministrada segundo as
educação básica. seus filhos ou pupilos na rede diretrizes e bases da legislação
Parágrafo único. É direito dos regular de ensino. de educação em vigor.
pais ou responsáveis ter ciência
do processo pedagógico, bem Art. 56. Os dirigentes de esta- Art. 63. A formação técnico-
como participar da definição das belecimentos de ensino funda- -profissional obedecerá aos se-
propostas educacionais. mental comunicarão ao Conselho guintes princípios:
Tutelar os casos de: I – garantia de acesso e fre-
Art. 53-A. É dever da instituição I – maus-tratos envolvendo quência obrigatória ao ensino
de ensino, clubes e agremiações seus alunos; regular;
recreativas e de estabelecimen- II – reiteração de faltas in- II – atividade compatível com
tos congêneres assegurar medi- justificadas e de evasão escolar, o desenvolvimento do adoles-
das de conscientização, preven- esgotados os recursos escolares; cente;
ção e enfrentamento ao uso ou III – elevados níveis de re- III – horário especial para o
dependência de drogas ilícitas. petência. exercício das atividades.
Art. 54. É dever do Estado asse- Art. 57. O poder público esti- Art. 64. Ao adolescente até qua-
gurar à criança e ao adolescente: mulará pesquisas, experiências torze anos de idade é assegurada
I – ensino fundamental, obri- e novas propostas relativas a bolsa de aprendizagem.
gatório e gratuito, inclusive para calendário, seriação, currículo,
os que a ele não tiveram acesso metodologia, didática e avaliação, Art. 65. Ao adolescente apren-
na idade própria; com vistas à inserção de crian- diz, maior de quatorze anos, são
II – progressiva extensão da ças e adolescentes excluídos do assegurados os direitos traba-
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino fundamental obrigatório. lhistas e previdenciários.
ensino médio;
III – atendimento educacional Art. 58. No processo educacio- Art. 66. Ao adolescente porta-
especializado aos portadores de nal respeitar-se-ão os valores dor de deficiência é assegurado
deficiência, preferencialmente na culturais, artísticos e históricos trabalho protegido.
rede regular de ensino; próprios do contexto social da
IV – atendimento em creche criança e do adolescente, ga- Art. 67. Ao adolescente empre-
e pré-escola às crianças de zero rantindo-se a estes a liberdade gado, aprendiz, em regime fami-
a cinco anos de idade; de criação e o acesso às fontes liar de trabalho, aluno de escola
644
Estatuto da Criança e do Adolescente
técnica, assistido em entidade Art. 70-A. A União, os Estados, intersetoriais locais para a arti-
governamental ou não governa- o Distrito Federal e os Municípios culação de ações e a elaboração
mental, é vedado trabalho: deverão atuar de forma articu- de planos de atuação conjunta
I – noturno, realizado entre lada na elaboração de políticas focados nas famílias em situação
as vinte e duas horas de um dia públicas e na execução de ações de violência, com participação de
e as cinco horas do dia seguinte; destinadas a coibir o uso de cas- profissionais de saúde, de assis-
II – perigoso, insalubre ou tigo físico ou de tratamento cruel tência social e de educação e de
penoso; ou degradante e difundir formas órgãos de promoção, proteção e
III – realizado em locais pre- não violentas de educação de defesa dos direitos da criança e
judiciais à sua formação e ao seu crianças e de adolescentes, tendo do adolescente;
desenvolvimento físico, psíquico, como principais ações: VII – a promoção de estudos
moral e social; I – a promoção de campanhas e pesquisas, de estatísticas e de
IV – realizado em horários e educativas permanentes para a outras informações relevantes às
locais que não permitam a fre- divulgação do direito da criança consequências e à frequência
quência à escola. e do adolescente de serem edu- das formas de violência contra
cados e cuidados sem o uso de a criança e o adolescente para a
Art. 68. O programa social que castigo físico ou de tratamento sistematização de dados nacio-
tenha por base o trabalho educa- cruel ou degradante e dos instru- nalmente unificados e a avaliação
tivo, sob responsabilidade de en- mentos de proteção aos direitos periódica dos resultados das me-
tidade governamental ou não go- humanos; didas adotadas;
vernamental sem fins lucrativos, II – a integração com os ór- VIII – o respeito aos valores da
deverá assegurar ao adolescente gãos do Poder Judiciário, do Mi- dignidade da pessoa humana, de
que dele participe condições de nistério Público e da Defensoria forma a coibir a violência, o trata-
capacitação para o exercício de Pública, com o Conselho Tutelar, mento cruel ou degradante e as
atividade regular remunerada. com os Conselhos de Direitos da formas violentas de educação,
§ 1o Entende-se por trabalho Criança e do Adolescente e com correção ou disciplina;
educativo a atividade laboral em as entidades não governamentais IX – a promoção e a realiza-
que as exigências pedagógicas que atuam na promoção, pro- ção de campanhas educativas
relativas ao desenvolvimento pes- teção e defesa dos direitos da direcionadas ao público escolar e
soal e social do educando preva- criança e do adolescente; à sociedade em geral e a difusão
lecem sobre o aspecto produtivo. III – a formação continuada e desta Lei e dos instrumentos de
§ 2o A remuneração que o a capacitação dos profissionais proteção aos direitos humanos
adolescente recebe pelo traba- de saúde, educação e assistên- das crianças e dos adolescentes,
lho efetuado ou a participação cia social e dos demais agentes incluídos os canais de denúncia
na venda dos produtos de seu que atuam na promoção, pro- existentes;
trabalho não desfigura o caráter teção e defesa dos direitos da X – a celebração de convê-
educativo. criança e do adolescente para o nios, de protocolos, de ajustes,
desenvolvimento das competên- de termos e de outros instru-
Art. 69. O adolescente tem di- cias necessárias à prevenção, à mentos de promoção de parce-
reito à profissionalização e à pro- identificação de evidências, ao ria entre órgãos governamentais
teção no trabalho, observados os diagnóstico e ao enfrentamento ou entre estes e entidades não
seguintes aspectos, entre outros: de todas as formas de violência governamentais, com o objetivo
I – respeito à condição pe- contra a criança e o adolescente; de implementar programas de
culiar de pessoa em desenvol- IV – o apoio e o incentivo às erradicação da violência, de tra-
vimento; práticas de resolução pacífica de tamento cruel ou degradante e
II – capacitação profissional conflitos que envolvam violência de formas violentas de educação,
adequada ao mercado de tra- contra a criança e o adolescente; correção ou disciplina;
balho. V – a inclusão, nas políticas XI – a capacitação perma-
públicas, de ações que visem a nente das Polícias Civil e Militar,
garantir os direitos da criança e da Guarda Municipal, do Corpo de
TÍTULO III – DA do adolescente, desde a atenção Bombeiros, dos profissionais nas
PREVENÇÃO pré-natal, e de atividades junto escolas, dos Conselhos Tutelares
aos pais e responsáveis com o ob- e dos profissionais pertencentes
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES jetivo de promover a informação, aos órgãos e às áreas referidos
GERAIS a reflexão, o debate e a orienta- no inciso II deste caput, para que
ção sobre alternativas ao uso de identifiquem situações em que
Art. 70. É dever de todos pre- castigo físico ou de tratamento crianças e adolescentes viven-
venir a ocorrência de ameaça ou cruel ou degradante no processo ciam violência e agressões no
violação dos direitos da criança educativo; âmbito familiar ou institucional;
e do adolescente. VI – a promoção de espaços XII – a promoção de progra-
645
Estatuto da Criança e do Adolescente
mas educacionais que dissemi- rá em responsabilidade da pes- desacordo com a classificação
nem valores éticos de irrestrito soa física ou jurídica, nos termos atribuída pelo órgão competente.
respeito à dignidade da pessoa desta Lei. Parágrafo único. As fitas a
humana, bem como de programas que alude este artigo deverão
de fortalecimento da parentali- exibir, no invólucro, informação
dade positiva, da educação sem CAPÍTULO II – DA sobre a natureza da obra e a faixa
castigos físicos e de ações de PREVENÇÃO ESPECIAL etária a que se destinam.
prevenção e enfrentamento da
Seção I – Da Informação,
violência doméstica e familiar Art. 78. As revistas e publica-
contra a criança e o adolescente; Cultura, Lazer, Esportes, ções contendo material impró-
XIII – o destaque, nos currícu- Diversões e Espetáculos prio ou inadequado a crianças
los escolares de todos os níveis de e adolescentes deverão ser co-
ensino, dos conteúdos relativos Art. 74. O poder público, através mercializadas em embalagem
à prevenção, à identificação e à do órgão competente, regulará as lacrada, com a advertência de
resposta à violência doméstica diversões e espetáculos públicos, seu conteúdo.
e familiar. informando sobre a natureza de- Parágrafo único. As editoras
Parágrafo único. As famílias les, as faixas etárias a que não cuidarão para que as capas que
com crianças e adolescentes com se recomendem, locais e horá- contenham mensagens porno-
deficiência terão prioridade de rios em que sua apresentação gráficas ou obscenas sejam pro-
atendimento nas ações e políticas se mostre inadequada. tegidas com embalagem opaca.
públicas de prevenção e proteção. Parágrafo único. Os respon-
sáveis pelas diversões e espe- Art. 79. As revistas e publica-
Art. 70-B. As entidades, públi- táculos públicos deverão afixar, ções destinadas ao público in-
cas e privadas, que atuem nas em lugar visível e de fácil acesso, fanto-juvenil não poderão conter
áreas da saúde e da educação, à entrada do local de exibição, ilustrações, fotografias, legendas,
além daquelas às quais se refere informação destacada sobre a crônicas ou anúncios de bebidas
o art. 71 desta Lei, entre outras, natureza do espetáculo e a faixa alcoólicas, tabaco, armas e mu-
devem contar, em seus quadros, etária especificada no certificado nições, e deverão respeitar os
com pessoas capacitadas a reco- de classificação. valores éticos e sociais da pessoa
nhecer e a comunicar ao Conselho e da família.
Tutelar suspeitas ou casos de cri- Art. 75. Toda criança ou adoles-
mes praticados contra a criança cente terá acesso às diversões Art. 80. Os responsáveis por
e o adolescente. e espetáculos públicos classi- estabelecimentos que explorem
Parágrafo único. São igual- ficados como adequados à sua comercialmente bilhar, sinuca ou
mente responsáveis pela comuni- faixa etária. congênere ou por casas de jogos,
cação de que trata este artigo, as Parágrafo único. As crianças assim entendidas as que realizem
pessoas encarregadas, por razão menores de dez anos somente apostas, ainda que eventualmen-
de cargo, função, ofício, minis- poderão ingressar e permanecer te, cuidarão para que não seja
tério, profissão ou ocupação, do nos locais de apresentação ou permitida a entrada e a perma-
cuidado, assistência ou guarda exibição quando acompanhadas nência de crianças e adolescen-
de crianças e adolescentes, pu- dos pais ou responsável. tes no local, afixando aviso para
nível, na forma deste Estatuto, orientação do público.
o injustificado retardamento ou Art. 76. As emissoras de rádio
omissão, culposos ou dolosos. e televisão somente exibirão, no
horário recomendado para o pú-
Seção II – Dos Produtos e
Art. 71. A criança e o adoles- blico infanto-juvenil, programas Serviços
cente têm direito a informação, com finalidades educativas, ar-
cultura, lazer, esportes, diversões, tísticas, culturais e informativas. Art. 81. É proibida a venda à
espetáculos e produtos e servi- Parágrafo único. Nenhum criança ou ao adolescente de:
ços que respeitem sua condição espetáculo será apresentado ou I – armas, munições e ex-
peculiar de pessoa em desenvol- anunciado sem aviso de sua clas- plosivos;
vimento. sificação, antes de sua transmis- II – bebidas alcoólicas;
são, apresentação ou exibição. III – produtos cujos compo-
Art. 72. As obrigações previstas nentes possam causar depen-
nesta Lei não excluem da preven- Art. 77. Os proprietários, dire- dência física ou psíquica ainda
ção especial outras decorrentes tores, gerentes e funcionários de que por utilização indevida;
dos princípios por ela adotados. empresas que explorem a venda IV – fogos de estampido e
ou aluguel de fitas de programa- de artifício, exceto aqueles que
Art. 73. A inobservância das ção em vídeo cuidarão para que pelo seu reduzido potencial sejam
normas de prevenção importa- não haja venda ou locação em incapazes de provocar qualquer
646
Estatuto da Criança e do Adolescente
dano físico em caso de utilização autorização judicial, nenhuma sidades específicas de saúde ou
indevida; criança ou adolescente nascido com deficiências e de grupos de
V – revistas e publicações a em território nacional poderá sair irmãos.
que alude o art. 78; do País em companhia de estran- Parágrafo único. A linha de
VI – bilhetes lotéricos e equi- geiro residente ou domiciliado ação da política de atendimen-
valentes. no exterior. to a que se refere o inciso IV do
caput deste artigo será executada
Art. 82. É proibida a hospeda- em cooperação com o Cadastro
gem de criança ou adolescente LIVRO II – PARTE ESPECIAL Nacional de Pessoas Desapare-
em hotel, motel, pensão ou es- TÍTULO I – DA POLÍTICA DE cidas, criado pela Lei no 13.812,
tabelecimento congênere, salvo de 16 de março de 2019, com o
se autorizado ou acompanhado ATENDIMENTO Cadastro Nacional de Crianças
pelos pais ou responsável. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES e Adolescentes Desaparecidos,
criado pela Lei no 12.127, de 17
GERAIS de dezembro de 2009, e com os
Seção III – Da Autorização demais cadastros, sejam eles na-
para Viajar Art. 86. A política de atendi- cionais, estaduais ou municipais.
mento dos direitos da criança
Art. 83. Nenhuma criança ou e do adolescente far-se-á atra- Art. 88. São diretrizes da política
adolescente menor de 16 (de- vés de um conjunto articulado de atendimento:
zesseis) anos poderá viajar para de ações governamentais e não I – municipalização do aten-
fora da comarca onde reside de- governamentais, da União, dos dimento;
sacompanhado dos pais ou dos Estados, do Distrito Federal e II – criação de conselhos mu-
responsáveis sem expressa au- dos Municípios. nicipais, estaduais e nacional dos
torização judicial. direitos da criança e do adoles-
§ 1o A autorização não será Art. 87. São linhas de ação da cente, órgãos deliberativos e con-
exigida quando: política de atendimento: troladores das ações em todos
a) tratar-se de comarca con- I – políticas sociais básicas; os níveis, assegurada a partici-
tígua à da residência da criança II – serviços, programas, pro- pação popular paritária por meio
ou do adolescente menor de 16 jetos e benefícios de assistência de organizações representativas,
(dezesseis) anos, se na mesma social de garantia de proteção segundo leis federal, estaduais e
unidade da Federação, ou incluída social e de prevenção e redução municipais;
na mesma região metropolitana; de violações de direitos, seus III – criação e manutenção
b) a criança ou o adolescen- agravamentos ou reincidências; de programas específicos, ob-
te menor de 16 (dezesseis) anos III – serviços especiais de pre- servada a descentralização po-
estiver acompanhado: venção e atendimento médico e lítico-administrativa;
1) de ascendente ou cola- psicossocial às vítimas de negli- IV – manutenção de fundos
teral maior, até o terceiro grau, gência, maus-tratos, exploração, nacional, estaduais e municipais
comprovado documentalmente abuso, crueldade e opressão; vinculados aos respectivos con-
o parentesco; IV – serviço de identificação selhos dos direitos da criança e
2) de pessoa maior, expres- e localização de pais, respon- do adolescente;
samente autorizada pelo pai, mãe sável, crianças e adolescentes V – integração operacional de
ou responsável. desaparecidos; órgãos do Judiciário, Ministério
§ 2o A autoridade judiciária V – proteção jurídico-social Público, Defensoria, Segurança
poderá, a pedido dos pais ou res- por entidades de defesa dos direi- Pública e Assistência Social, pre-
ponsável, conceder autorização tos da criança e do adolescente; ferencialmente em um mesmo
válida por dois anos. VI – políticas e programas local, para efeito de agilização do
destinados a prevenir ou abre- atendimento inicial a adolescente
Art. 84. Quando se tratar de via- viar o período de afastamento a quem se atribua autoria de ato
gem ao exterior, a autorização do convívio familiar e a garantir infracional;
é dispensável, se a criança ou o efetivo exercício do direito à VI – integração operacional
adolescente: convivência familiar de crianças de órgãos do Judiciário, Ministé-
I – estiver acompanhado de e adolescentes; rio Público, Defensoria, Conselho
ambos os pais ou responsável; VII – campanhas de estímu- Tutelar e encarregados da execu-
II – viajar na companhia de lo ao acolhimento sob forma de ção das políticas sociais básicas e
um dos pais, autorizado expres- guarda de crianças e adolescen- de assistência social, para efeito
samente pelo outro através de do- tes afastados do convívio fami- de agilização do atendimento de
cumento com firma reconhecida. liar e à adoção, especificamente crianças e de adolescentes inseri-
inter-racial, de crianças maiores dos em programas de acolhimen-
Art. 85. Sem prévia e expressa ou de adolescentes, com neces- to familiar ou institucional, com
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Estatuto da Criança e do Adolescente
vista na sua rápida reintegração comunidade; funcionar depois de registradas
à família de origem ou, se tal so- VI – liberdade assistida; no Conselho Municipal dos Direi-
lução se mostrar comprovada- VII – semiliberdade; e tos da Criança e do Adolescente,
mente inviável, sua colocação em VIII – internação. o qual comunicará o registro ao
família substituta, em quaisquer § 1o As entidades governa- Conselho Tutelar e à autoridade
das modalidades previstas no mentais e não governamentais judiciária da respectiva locali-
art. 28 desta Lei; deverão proceder à inscrição de dade.
VII – mobilização da opinião seus programas, especificando § 1o Será negado o registro
pública para a indispensável par- os regimes de atendimento, na à entidade que:
ticipação dos diversos segmentos forma definida neste artigo, no a) não ofereça instalações
da sociedade; Conselho Municipal dos Direitos físicas em condições adequadas
VIII – especialização e forma- da Criança e do Adolescente, o de habitabilidade, higiene, salu-
ção continuada dos profissionais qual manterá registro das inscri- bridade e segurança;
que trabalham nas diferentes áre- ções e de suas alterações, do que b) não apresente plano de
as da atenção à primeira infân- fará comunicação ao Conselho trabalho compatível com os prin-
cia, incluindo os conhecimentos Tutelar e à autoridade judiciária. cípios desta Lei;
sobre direitos da criança e sobre § 2o Os recursos destinados c) esteja irregularmente
desenvolvimento infantil; à implementação e manutenção constituída;
IX – formação profissional dos programas relacionados nes- d) tenha em seus quadros
com abrangência dos diversos di- te artigo serão previstos nas do- pessoas inidôneas;
reitos da criança e do adolescente tações orçamentárias dos órgãos e) não se adequar ou deixar
que favoreça a intersetorialidade públicos encarregados das áreas de cumprir as resoluções e deli-
no atendimento da criança e do de Educação, Saúde e Assistência berações relativas à modalidade
adolescente e seu desenvolvi- Social, dentre outros, observan- de atendimento prestado expedi-
mento integral; do-se o princípio da prioridade das pelos Conselhos de Direitos
X – realização e divulgação absoluta à criança e ao adoles- da Criança e do Adolescente, em
de pesquisas sobre desenvolvi- cente preconizado pelo caput do todos os níveis.
mento infantil e sobre prevenção art. 227 da Constituição Federal e § 2o O registro terá validade
da violência. pelo caput e parágrafo único do máxima de 4 (quatro) anos, ca-
art. 4o desta Lei. bendo ao Conselho Municipal dos
Art. 89. A função de membro do § 3o Os programas em exe- Direitos da Criança e do Adoles-
Conselho Nacional e dos conse- cução serão reavaliados pelo cente, periodicamente, reavaliar
lhos estaduais e municipais dos Conselho Municipal dos Direitos o cabimento de sua renovação,
direitos da criança e do adoles- da Criança e do Adolescente, no observado o disposto no § 1o des-
cente é considerada de interes- máximo, a cada 2 (dois) anos, te artigo.
se público relevante e não será constituindo-se critérios para
remunerada. renovação da autorização de fun- Art. 92. As entidades que de-
cionamento: senvolvam programas de aco-
I – o efetivo respeito às regras lhimento familiar ou institucio-
CAPÍTULO II – DAS e princípios desta Lei, bem como nal deverão adotar os seguintes
ENTIDADES DE às resoluções relativas à moda- princípios:
ATENDIMENTO lidade de atendimento prestado I – preservação dos vínculos
expedidas pelos Conselhos de familiares e promoção da reinte-
Seção I – Disposições Gerais Direitos da Criança e do Adoles- gração familiar;
cente, em todos os níveis; II – integração em família
Art. 90. As entidades de atendi- II – a qualidade e eficiência substituta, quando esgotados
mento são responsáveis pela ma- do trabalho desenvolvido, ates- os recursos de manutenção na
nutenção das próprias unidades, tadas pelo Conselho Tutelar, pelo família natural ou extensa;
assim como pelo planejamento e Ministério Público e pela Justiça III – atendimento personaliza-
execução de programas de prote- da Infância e da Juventude; do e em pequenos grupos;
ção e socioeducativos destinados III – em se tratando de pro- IV – desenvolvimento de ativi-
a crianças e adolescentes, em gramas de acolhimento institu- dades em regime de coeducação;
regime de: cional ou familiar, serão consi- V – não desmembramento de
I – orientação e apoio socio- derados os índices de sucesso grupos de irmãos;
familiar; na reintegração familiar ou de VI – evitar, sempre que pos-
II – apoio socioeducativo em adaptação à família substituta, sível, a transferência para outras
meio aberto; conforme o caso. entidades de crianças e adoles-
III – colocação familiar; centes abrigados;
IV – acolhimento institucional; Art. 91. As entidades não go- VII – participação na vida da
V – prestação de serviços à vernamentais somente poderão comunidade local;
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Estatuto da Criança e do Adolescente
VIII – preparação gradativa § 7o Quando se tratar de casos em que se mostre inviável
para o desligamento; criança de 0 (zero) a 3 (três) anos ou impossível o reatamento dos
IX – participação de pesso- em acolhimento institucional, vínculos familiares;
as da comunidade no processo dar-se-á especial atenção à atua- VII – oferecer instalações fí-
educativo. ção de educadores de referência sicas em condições adequadas
§ 1o O dirigente de entidade estáveis e qualitativamente sig- de habitabilidade, higiene, salu-
que desenvolve programa de aco- nificativos, às rotinas específicas bridade e segurança e os objetos
lhimento institucional é equipa- e ao atendimento das necessida- necessários à higiene pessoal;
rado ao guardião, para todos os des básicas, incluindo as de afeto VIII – oferecer vestuário e ali-
efeitos de direito. como prioritárias. mentação suficientes e adequa-
§ 2o Os dirigentes de entida- dos à faixa etária dos adolescen-
des que desenvolvem programas Art. 93. As entidades que man- tes atendidos;
de acolhimento familiar ou insti- tenham programa de acolhimento IX – oferecer cuidados médi-
tucional remeterão à autoridade institucional poderão, em cará- cos, psicológicos, odontológicos
judiciária, no máximo a cada 6 ter excepcional e de urgência, e farmacêuticos;
(seis) meses, relatório circunstan- acolher crianças e adolescen- X – propiciar escolarização e
ciado acerca da situação de cada tes sem prévia determinação da profissionalização;
criança ou adolescente acolhido autoridade competente, fazendo XI – propiciar atividades cul-
e sua família, para fins da reava- comunicação do fato em até 24 turais, esportivas e de lazer;
liação prevista no § 1o do art. 19 (vinte e quatro) horas ao Juiz da XII – propiciar assistência re-
desta Lei. Infância e da Juventude, sob pena ligiosa àqueles que desejarem, de
§ 3o Os entes federados, por de responsabilidade. acordo com suas crenças;
intermédio dos Poderes Executivo Parágrafo único. Recebida a XIII – proceder a estudo social
e Judiciário, promoverão conjun- comunicação, a autoridade judi- e pessoal de cada caso;
tamente a permanente qualifica- ciária, ouvido o Ministério Público XIV – reavaliar periodicamen-
ção dos profissionais que atuam e se necessário com o apoio do te cada caso, com intervalo má-
direta ou indiretamente em pro- Conselho Tutelar local, tomará as ximo de seis meses, dando ciên-
gramas de acolhimento institu- medidas necessárias para promo- cia dos resultados à autoridade
cional e destinados à colocação ver a imediata reintegração fami- competente;
familiar de crianças e adolescen- liar da criança ou do adolescente XV – informar, periodicamen-
tes, incluindo membros do Poder ou, se por qualquer razão não for te, o adolescente internado sobre
Judiciário, Ministério Público e isso possível ou recomendável, sua situação processual;
Conselho Tutelar. para seu encaminhamento a pro- XVI – comunicar às autorida-
§ 4o Salvo determinação em grama de acolhimento familiar, des competentes todos os casos
contrário da autoridade judiciária institucional ou a família subs- de adolescentes portadores de
competente, as entidades que tituta, observado o disposto no moléstias infectocontagiosas;
desenvolvem programas de aco- § 2o do art. 101 desta Lei. XVII – fornecer comprovante
lhimento familiar ou institucional, de depósito dos pertences dos
se necessário com o auxílio do Art. 94. As entidades que de- adolescentes;
Conselho Tutelar e dos órgãos de senvolvem programas de interna- XVIII – manter programas
assistência social, estimularão o ção têm as seguintes obrigações, destinados ao apoio e acompa-
contato da criança ou adolescen- entre outras: nhamento de egressos;
te com seus pais e parentes, em I – observar os direitos e ga- XIX – providenciar os docu-
cumprimento ao disposto nos in- rantias de que são titulares os mentos necessários ao exercício
cisos I e VIII do caput deste artigo. adolescentes; da cidadania àqueles que não os
§ 5o As entidades que de- II – não restringir nenhum tiverem;
senvolvem programas de aco- direito que não tenha sido ob- XX – manter arquivo de ano-
lhimento familiar ou institucional jeto de restrição na decisão de tações onde constem data e
somente poderão receber recur- internação; circunstâncias do atendimen-
sos públicos se comprovado o III – oferecer atendimento to, nome do adolescente, seus
atendimento dos princípios, exi- personalizado, em pequenas uni- pais ou responsável, parentes,
gências e finalidades desta Lei. dades e grupos reduzidos; endereços, sexo, idade, acom-
§ 6o O descumprimento das IV – preservar a identidade e panhamento da sua formação,
disposições desta Lei pelo diri- oferecer ambiente de respeito e relação de seus pertences e de-
gente de entidade que desenvolva dignidade ao adolescente; mais dados que possibilitem sua
programas de acolhimento fami- V – diligenciar no sentido do identificação e a individualização
liar ou institucional é causa de restabelecimento e da preserva- do atendimento.
sua destituição, sem prejuízo da ção dos vínculos familiares; § 1o Aplicam-se, no que cou-
apuração de sua responsabilidade VI – comunicar à autorida- ber, as obrigações constantes
administrativa, civil e criminal. de judiciária, periodicamente, os deste artigo às entidades que
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Estatuto da Criança e do Adolescente
mantêm programas de acolhi- de atendimento, que coloquem tes são os titulares dos direi-
mento institucional e familiar. em risco os direitos assegura- tos previstos nesta e em outras
§ 2o No cumprimento das dos nesta Lei, deverá ser o fato Leis, bem como na Constituição
obrigações a que alude este ar- comunicado ao Ministério Público Federal;
tigo as entidades utilizarão pre- ou representado perante autori- II – proteção integral e priori-
ferencialmente os recursos da dade judiciária competente para tária: a interpretação e aplicação
comunidade. as providências cabíveis, inclusi- de toda e qualquer norma con-
ve suspensão das atividades ou tida nesta Lei deve ser voltada
Art. 94-A. As entidades, públi- dissolução da entidade. à proteção integral e prioritária
cas ou privadas, que abriguem § 2o As pessoas jurídicas de dos direitos de que crianças e
ou recepcionem crianças e ado- direito público e as organizações adolescentes são titulares;
lescentes, ainda que em caráter não governamentais responde- III – responsabilidade primá-
temporário, devem ter, em seus rão pelos danos que seus agen- ria e solidária do poder públi-
quadros, profissionais capaci- tes causarem às crianças e aos co: a plena efetivação dos direi-
tados a reconhecer e reportar adolescentes, caracterizado o tos assegurados a crianças e a
ao Conselho Tutelar suspeitas descumprimento dos princípios adolescentes por esta Lei e pela
ou ocorrências de maus-tratos. norteadores das atividades de Constituição Federal, salvo nos
proteção específica. casos por esta expressamente
ressalvados, é de responsabili-
Seção II – Da Fiscalização dade primária e solidária das 3
das Entidades TÍTULO II – DAS MEDIDAS (três) esferas de governo, sem
DE PROTEÇÃO prejuízo da municipalização do
Art. 95. As entidades governa- atendimento e da possibilidade
mentais e não governamentais, CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES da execução de programas por
referidas no art. 90, serão fis- GERAIS entidades não governamentais;
calizadas pelo Judiciário, pelo IV – interesse superior da
Ministério Público e pelos Con- Art. 98. As medidas de prote- criança e do adolescente: a in-
selhos Tutelares. ção à criança e ao adolescente tervenção deve atender priorita-
são aplicáveis sempre que os riamente aos interesses e direitos
Art. 96. Os planos de aplicação direitos reconhecidos nesta Lei da criança e do adolescente, sem
e as prestações de contas serão forem ameaçados ou violados: prejuízo da consideração que for
apresentados ao Estado ou ao I – por ação ou omissão da devida a outros interesses legí-
Município, conforme a origem das sociedade ou do Estado; timos no âmbito da pluralidade
dotações orçamentárias. II – por falta, omissão ou abu- dos interesses presentes no caso
so dos pais ou responsável; concreto;
Art. 97. São medidas aplicáveis III – em razão de sua conduta. V – privacidade: a promoção
às entidades de atendimento que dos direitos e proteção da criança
descumprirem obrigação cons- e do adolescente deve ser efetu-
tante do art. 94, sem prejuízo da CAPÍTULO II – DAS ada no respeito pela intimidade,
responsabilidade civil e criminal MEDIDAS ESPECÍFICAS DE direito à imagem e reserva da sua
de seus dirigentes ou prepostos: PROTEÇÃO vida privada;
I – às entidades governa- VI – intervenção precoce:
mentais: Art. 99. As medidas previstas a intervenção das autoridades
a) advertência; neste Capítulo poderão ser aplica- competentes deve ser efetuada
b) afastamento provisório de das isolada ou cumulativamente, logo que a situação de perigo seja
seus dirigentes; bem como substituídas a qual- conhecida;
c) afastamento definitivo de quer tempo. VII – intervenção mínima: a
seus dirigentes; intervenção deve ser exercida
d) fechamento de unidade ou Art. 100. Na aplicação das me- exclusivamente pelas autoridades
interdição de programa; didas levar-se-ão em conta as e instituições cuja ação seja indis-
II – às entidades não gover- necessidades pedagógicas, pre- pensável à efetiva promoção dos
namentais: ferindo-se aquelas que visem direitos e à proteção da criança
a) advertência; ao fortalecimento dos vínculos e do adolescente;
b) suspensão total ou parcial familiares e comunitários. VIII – proporcionalidade e atu-
do repasse de verbas públicas; Parágrafo único. São tam- alidade: a intervenção deve ser a
c) interdição de unidades ou bém princípios que regem a apli- necessária e adequada à situa-
suspensão de programa; cação das medidas: ção de perigo em que a criança
d) cassação do registro. I – condição da criança e do ou o adolescente se encontram
§ 1o Em caso de reiteradas in- adolescente como sujeitos de no momento em que a decisão
frações cometidas por entidades direitos: crianças e adolescen- é tomada;
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Estatuto da Criança e do Adolescente
IX – responsabilidade pa- VI – inclusão em programa sável pelo programa de acolhi-
rental: a intervenção deve ser oficial ou comunitário de auxílio, mento institucional ou familiar
efetuada de modo que os pais orientação e tratamento a alcoó- elaborará um plano individual
assumam os seus deveres para latras e toxicômanos; de atendimento, visando à rein-
com a criança e o adolescente; VII – acolhimento institucio- tegração familiar, ressalvada a
X – prevalência da família: na nal; existência de ordem escrita e
promoção de direitos e na prote- VIII – inclusão em programa fundamentada em contrário de
ção da criança e do adolescen- de acolhimento familiar; autoridade judiciária competen-
te deve ser dada prevalência às IX – colocação em família te, caso em que também deverá
medidas que os mantenham ou substituta. contemplar sua colocação em
reintegrem na sua família natu- § 1o O acolhimento institu- família substituta, observadas
ral ou extensa ou, se isso não for cional e o acolhimento familiar as regras e princípios desta Lei.
possível, que promovam a sua são medidas provisórias e excep- § 5o O plano individual será
integração em família adotiva; cionais, utilizáveis como forma elaborado sob a responsabilidade
XI – obrigatoriedade da in- de transição para reintegração da equipe técnica do respectivo
formação: a criança e o adoles- familiar ou, não sendo esta pos- programa de atendimento e le-
cente, respeitado seu estágio de sível, para colocação em família vará em consideração a opinião
desenvolvimento e capacidade de substituta, não implicando priva- da criança ou do adolescente e a
compreensão, seus pais ou res- ção de liberdade. oitiva dos pais ou do responsável.
ponsável devem ser informados § 2o Sem prejuízo da tomada § 6o Constarão do plano in-
dos seus direitos, dos motivos que de medidas emergenciais para dividual, dentre outros:
determinaram a intervenção e da proteção de vítimas de violência I – os resultados da avaliação
forma como esta se processa; ou abuso sexual e das providên- interdisciplinar;
XII – oitiva obrigatória e parti- cias a que alude o art. 130 desta II – os compromissos assumi-
cipação: a criança e o adolescen- Lei, o afastamento da criança ou dos pelos pais ou responsável; e
te, em separado ou na companhia adolescente do convívio familiar III – a previsão das ativida-
dos pais, de responsável ou de é de competência exclusiva da des a serem desenvolvidas com
pessoa por si indicada, bem como autoridade judiciária e importa- a criança ou com o adolescente
os seus pais ou responsável, têm rá na deflagração, a pedido do acolhido e seus pais ou respon-
direito a ser ouvidos e a participar Ministério Público ou de quem sável, com vista na reintegração
nos atos e na definição da me- tenha legítimo interesse, de pro- familiar ou, caso seja esta ve-
dida de promoção dos direitos e cedimento judicial contencioso, dada por expressa e fundamen-
de proteção, sendo sua opinião no qual se garanta aos pais ou ao tada determinação judicial, as
devidamente considerada pela responsável legal o exercício do providências a serem tomadas
autoridade judiciária competente, contraditório e da ampla defesa. para sua colocação em família
observado o disposto nos §§ 1o e § 3o Crianças e adolescentes substituta, sob direta supervisão
2o do art. 28 desta Lei. somente poderão ser encaminha- da autoridade judiciária.
dos às instituições que executam § 7o O acolhimento familiar
Art. 101. Verificada qualquer das programas de acolhimento insti- ou institucional ocorrerá no local
hipóteses previstas no art. 98, a tucional, governamentais ou não, mais próximo à residência dos
autoridade competente pode- por meio de uma Guia de Acolhi- pais ou do responsável e, como
rá determinar, dentre outras, as mento, expedida pela autoridade parte do processo de reintegra-
seguintes medidas: judiciária, na qual obrigatoria- ção familiar, sempre que identi-
I – encaminhamento aos pais mente constará, dentre outros: ficada a necessidade, a família
ou responsável, mediante termo I – sua identificação e a qua- de origem será incluída em pro-
de responsabilidade; lificação completa de seus pais gramas oficiais de orientação,
II – orientação, apoio e acom- ou de seu responsável, se co- de apoio e de promoção social,
panhamento temporários; nhecidos; sendo facilitado e estimulado o
III – matrícula e frequência II – o endereço de residência contato com a criança ou com o
obrigatórias em estabelecimento dos pais ou do responsável, com adolescente acolhido.
oficial de ensino fundamental; pontos de referência; § 8o Verificada a possibili-
IV – inclusão em serviços e III – os nomes de parentes dade de reintegração familiar,
programas oficiais ou comuni- ou de terceiros interessados em o responsável pelo programa de
tários de proteção, apoio e pro- tê-los sob sua guarda; acolhimento familiar ou institu-
moção da família, da criança e do IV – os motivos da retirada ou cional fará imediata comunicação
adolescente; da não reintegração ao convívio à autoridade judiciária, que dará
V – requisição de tratamento familiar. vista ao Ministério Público, pelo
médico, psicológico ou psiquiá- § 4o Imediatamente após o prazo de 5 (cinco) dias, decidindo
trico, em regime hospitalar ou acolhimento da criança ou do em igual prazo.
ambulatorial; adolescente, a entidade respon- § 9o Em sendo constatada a
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Estatuto da Criança e do Adolescente
impossibilidade de reintegração § 1o Verificada a inexistência as medidas previstas no art. 101.
da criança ou do adolescente à de registro anterior, o assento de
família de origem, após seu enca- nascimento da criança ou adoles-
minhamento a programas oficiais cente será feito à vista dos ele- CAPÍTULO II – DOS
ou comunitários de orientação, mentos disponíveis, mediante re- DIREITOS INDIVIDUAIS
apoio e promoção social, será quisição da autoridade judiciária.
enviado relatório fundamenta- § 2o Os registros e certidões Art. 106. Nenhum adolescente
do ao Ministério Público, no qual necessárias à regularização de será privado de sua liberdade
conste a descrição pormenoriza- que trata este artigo são isentos senão em flagrante de ato in-
da das providências tomadas e a de multas, custas e emolumentos, fracional ou por ordem escrita
expressa recomendação, subscri- gozando de absoluta prioridade. e fundamentada da autoridade
ta pelos técnicos da entidade ou § 3o Caso ainda não definida judiciária competente.
responsáveis pela execução da a paternidade, será deflagrado Parágrafo único. O adoles-
política municipal de garantia do procedimento específico destina- cente tem direito à identificação
direito à convivência familiar, para do à sua averiguação, conforme dos responsáveis pela sua apre-
a destituição do poder familiar, ou previsto pela Lei no 8.560, de 29 ensão, devendo ser informado
destituição de tutela ou guarda. de dezembro de 1992. acerca de seus direitos.
§ 10. Recebido o relatório, § 4o Nas hipóteses previstas
o Ministério Público terá o prazo no § 3o deste artigo, é dispensá- Art. 107. A apreensão de qual-
de 15 (quinze) dias para o ingres- vel o ajuizamento de ação de in- quer adolescente e o local onde
so com a ação de destituição do vestigação de paternidade pelo se encontra recolhido serão
poder familiar, salvo se entender Ministério Público se, após o não incontinenti comunicados à au-
necessária a realização de estu- comparecimento ou a recusa do toridade judiciária competente
dos complementares ou de outras suposto pai em assumir a pater- e à família do apreendido ou à
providências indispensáveis ao nidade a ele atribuída, a criança pessoa por ele indicada.
ajuizamento da demanda. for encaminhada para adoção. Parágrafo único. Examinar-
§ 11. A autoridade judiciária § 5o Os registros e certidões -se-á, desde logo e sob pena de
manterá, em cada comarca ou necessários à inclusão, a qualquer responsabilidade, a possibilidade
foro regional, um cadastro con- tempo, do nome do pai no assen- de liberação imediata.
tendo informações atualizadas to de nascimento são isentos de
sobre as crianças e adolescen- multas, custas e emolumentos, Art. 108. A internação, antes da
tes em regime de acolhimento gozando de absoluta prioridade. sentença, pode ser determinada
familiar e institucional sob sua § 6o São gratuitas, a qualquer pelo prazo máximo de quarenta
responsabilidade, com informa- tempo, a averbação requerida do e cinco dias.
ções pormenorizadas sobre a si- reconhecimento de paternidade Parágrafo único. A decisão
tuação jurídica de cada um, bem no assento de nascimento e a deverá ser fundamentada e ba-
como as providências tomadas certidão correspondente. sear-se em indícios suficientes de
para sua reintegração familiar ou autoria e materialidade, demons-
colocação em família substituta, trada a necessidade imperiosa
em qualquer das modalidades TÍTULO III – DA PRÁTICA DE da medida.
previstas no art. 28 desta Lei. ATO INFRACIONAL
§ 12. Terão acesso ao cadas- Art. 109. O adolescente civil-
tro o Ministério Público, o Con- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES mente identificado não será sub-
selho Tutelar, o órgão gestor da GERAIS metido a identificação compul-
Assistência Social e os Conselhos sória pelos órgãos policiais, de
Municipais dos Direitos da Criança Art. 103. Considera-se ato infra- proteção e judiciais, salvo para
e do Adolescente e da Assistência cional a conduta descrita como efeito de confrontação, havendo
Social, aos quais incumbe deli- crime ou contravenção penal. dúvida fundada.
berar sobre a implementação de
políticas públicas que permitam Art. 104. São penalmente inim-
reduzir o número de crianças e putáveis os menores de dezoito CAPÍTULO III – DAS
adolescentes afastados do con- anos, sujeitos às medidas previs- GARANTIAS PROCESSUAIS
vívio familiar e abreviar o período tas nesta Lei.
de permanência em programa de Parágrafo único. Para os Art. 110. Nenhum adolescente
acolhimento. efeitos desta Lei, deve ser con- será privado de sua liberdade sem
siderada a idade do adolescente o devido processo legal.
Art. 102. As medidas de prote- à data do fato.
ção de que trata este Capítulo Art. 111. São asseguradas ao
serão acompanhadas da regula- Art. 105. Ao ato infracional prati- adolescente, entre outras, as
rização do registro civil. cado por criança corresponderão seguintes garantias:
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Estatuto da Criança e do Adolescente
I – pleno e formal conheci- tulo o disposto nos arts. 99 e 100. prejudicar a frequência à escola
mento da atribuição de ato in- ou à jornada normal de trabalho.
fracional, mediante citação ou Art. 114. A imposição das medi-
meio equivalente; das previstas nos incisos II a VI
II – igualdade na relação pro- do art. 112 pressupõe a existência
Seção V – Da Liberdade
cessual, podendo confrontar-se de provas suficientes da autoria e Assistida
com vítimas e testemunhas e da materialidade da infração, res-
produzir todas as provas neces- salvada a hipótese de remissão, Art. 118. A liberdade assistida
sárias à sua defesa; nos termos do art. 127. será adotada sempre que se afi-
III – defesa técnica por ad- Parágrafo único. A advertên- gurar a medida mais adequada
vogado; cia poderá ser aplicada sempre para o fim de acompanhar, au-
IV – assistência judiciária gra- que houver prova da materiali- xiliar e orientar o adolescente.
tuita e integral aos necessitados, dade e indícios suficientes da § 1o A autoridade designará
na forma da lei; autoria. pessoa capacitada para acom-
V – direito de ser ouvido pes- panhar o caso, a qual poderá ser
soalmente pela autoridade com- recomendada por entidade ou
petente;
Seção II – Da Advertência programa de atendimento.
VI – direito de solicitar a pre- § 2o A liberdade assistida
sença de seus pais ou respon- Art. 115. A advertência consisti- será fixada pelo prazo mínimo de
sável em qualquer fase do pro- rá em admoestação verbal, que seis meses, podendo a qualquer
cedimento. será reduzida a termo e assinada. tempo ser prorrogada, revogada
ou substituída por outra medida,
ouvido o orientador, o Ministério
CAPÍTULO IV – Seção III – Da Obrigação de Público e o defensor.
DAS MEDIDAS Reparar o Dano
SOCIOEDUCATIVAS Art. 119. Incumbe ao orientador,
Art. 116. Em se tratando de ato com o apoio e a supervisão da
Seção I – Disposições Gerais infracional com reflexos patrimo- autoridade competente, a rea-
niais, a autoridade poderá deter- lização dos seguintes encargos,
Art. 112. Verificada a prática de minar, se for o caso, que o adoles- entre outros:
ato infracional, a autoridade com- cente restitua a coisa, promova I – promover socialmente o
petente poderá aplicar ao ado- o ressarcimento do dano, ou, por adolescente e sua família, for-
lescente as seguintes medidas: outra forma, compense o prejuízo necendo-lhes orientação e in-
I – advertência; da vítima. serindo-os, se necessário, em
II – obrigação de reparar o Parágrafo único. Havendo programa oficial ou comunitário
dano; manifesta impossibilidade, a me- de auxílio e assistência social;
III – prestação de serviços à dida poderá ser substituída por II – supervisionar a frequência
comunidade; outra adequada. e o aproveitamento escolar do
IV – liberdade assistida; adolescente, promovendo, inclu-
V – inserção em regime de sive, sua matrícula;
semiliberdade;
Seção IV – Da Prestação de III – diligenciar no sentido da
VI – internação em estabele- Serviços à Comunidade profissionalização do adolescen-
cimento educacional; te e de sua inserção no mercado
VII – qualquer uma das pre- Art. 117. A prestação de serviços de trabalho;
vistas no art. 101, I a VI. comunitários consiste na rea- IV – apresentar relatório do
§ 1o A medida aplicada ao lização de tarefas gratuitas de caso.
adolescente levará em conta a interesse geral, por período não
sua capacidade de cumpri-la, excedente a seis meses, junto a
as circunstâncias e a gravidade entidades assistenciais, hospi-
Seção VI – Do Regime de
da infração. tais, escolas e outros estabele- Semiliberdade
§ 2o Em hipótese alguma e cimentos congêneres, bem como
sob pretexto algum, será admitida em programas comunitários ou Art. 120. O regime de semiliber-
a prestação de trabalho forçado. governamentais. dade pode ser determinado desde
§ 3o Os adolescentes porta- Parágrafo único. As tarefas o início, ou como forma de transi-
dores de doença ou deficiência serão atribuídas conforme as ap- ção para o meio aberto, possibi-
mental receberão tratamento in- tidões do adolescente, devendo litada a realização de atividades
dividual e especializado, em local ser cumpridas durante jornada externas, independentemente de
adequado às suas condições. máxima de oito horas semanais, autorização judicial.
aos sábados, domingos e feriados § 1o É obrigatória a escolari-
Art. 113. Aplica-se a este Capí- ou em dias úteis, de modo a não zação e a profissionalização, de-
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Estatuto da Criança e do Adolescente
vendo, sempre que possível, ser a 3 (três) meses, devendo ser cebendo comprovante daqueles
utilizados os recursos existentes decretada judicialmente após o porventura depositados em poder
na comunidade. devido processo legal. da entidade;
§ 2o A medida não comporta § 2o Em nenhuma hipótese XVI – receber, quando de sua
prazo determinado, aplicando-se, será aplicada a internação, ha- desinternação, os documentos
no que couber, as disposições vendo outra medida adequada. pessoais indispensáveis à vida
relativas à internação. em sociedade.
Art. 123. A internação deverá ser § 1o Em nenhum caso haverá
cumprida em entidade exclusiva incomunicabilidade.
Seção VII – Da Internação para adolescentes, em local dis- § 2o A autoridade judiciária
tinto daquele destinado ao abrigo, poderá suspender temporaria-
Art. 121. A internação constitui obedecida rigorosa separação por mente a visita, inclusive de pais
medida privativa da liberdade, critérios de idade, compleição ou responsável, se existirem mo-
sujeita aos princípios de brevida- física e gravidade da infração. tivos sérios e fundados de sua
de, excepcionalidade e respeito à Parágrafo único. Durante o prejudicialidade aos interesses
condição peculiar de pessoa em período de internação, inclusi- do adolescente.
desenvolvimento. ve provisória, serão obrigatórias
§ 1o Será permitida a rea- atividades pedagógicas. Art. 125. É dever do Estado zelar
lização de atividades externas, pela integridade física e mental
a critério da equipe técnica da Art. 124. São direitos do adoles- dos internos, cabendo-lhe adotar
entidade, salvo expressa deter- cente privado de liberdade, entre as medidas adequadas de con-
minação judicial em contrário. outros, os seguintes: tenção e segurança.
§ 2o A medida não comporta I – entrevistar-se pessoal-
prazo determinado, devendo sua mente com o representante do
manutenção ser reavaliada, me- Ministério Público; CAPÍTULO V – DA
diante decisão fundamentada, no II – peticionar diretamente a REMISSÃO
máximo a cada seis meses. qualquer autoridade;
§ 3o Em nenhuma hipótese III – avistar-se reservadamen- Art. 126. Antes de iniciado o pro-
o período máximo de internação te com seu defensor; cedimento judicial para apuração
excederá a três anos. IV – ser informado de sua si- de ato infracional, o represen-
§ 4o Atingido o limite esta- tuação processual, sempre que tante do Ministério Público po-
belecido no parágrafo anterior, o solicitada; derá conceder a remissão, como
adolescente deverá ser liberado, V – ser tratado com respeito forma de exclusão do processo,
colocado em regime de semiliber- e dignidade; atendendo às circunstâncias e
dade ou de liberdade assistida. VI – permanecer internado consequências do fato, ao con-
§ 5o A liberação será com- na mesma localidade ou naquela texto social, bem como à perso-
pulsória aos vinte e um anos de mais próxima ao domicílio de seus nalidade do adolescente e sua
idade. pais ou responsável; maior ou menor participação no
§ 6o Em qualquer hipótese VII – receber visitas, ao menos ato infracional.
a desinternação será precedida semanalmente; Parágrafo único. Iniciado o
de autorização judicial, ouvido o VIII – corresponder-se com procedimento, a concessão da
Ministério Público. seus familiares e amigos; remissão pela autoridade judici-
§ 7o A determinação judicial IX – ter acesso aos objetos ária importará na suspensão ou
mencionada no § 1o poderá ser necessários à higiene e asseio extinção do processo.
revista a qualquer tempo pela pessoal;
autoridade judiciária. X – habitar alojamento em Art. 127. A remissão não im-
condições adequadas de higiene plica necessariamente o reco-
Art. 122. A medida de internação e salubridade; nhecimento ou comprovação da
só poderá ser aplicada quando: XI – receber escolarização e responsabilidade, nem prevale-
I – tratar-se de ato infracional profissionalização; ce para efeito de antecedentes,
cometido mediante grave ameaça XII – realizar atividades cultu- podendo incluir eventualmente
ou violência a pessoa; rais, esportivas e de lazer; a aplicação de qualquer das me-
II – por reiteração no cometi- XIII – ter acesso aos meios de didas previstas em lei, exceto a
mento de outras infrações graves; comunicação social; colocação em regime de semili-
III – por descumprimento rei- XIV – receber assistência re- berdade e a internação.
terado e injustificável da medida ligiosa, segundo a sua crença, e
anteriormente imposta. desde que assim o deseje; Art. 128. A medida aplicada por
§ 1o O prazo de internação XV – manter a posse de seus força da remissão poderá ser re-
na hipótese do inciso III deste objetos pessoais e dispor de lo- vista judicialmente, a qualquer
artigo não poderá ser superior cal seguro para guardá-los, re- tempo, mediante pedido expresso
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Estatuto da Criança e do Adolescente
do adolescente ou de seu repre- TÍTULO V – DO CONSELHO tuirá serviço público relevante e
sentante legal, ou do Ministério TUTELAR estabelecerá presunção de ido-
Público. neidade moral.
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
TÍTULO IV – DAS MEDIDAS GERAIS CAPÍTULO II – DAS
PERTINENTES AOS PAIS OU Art. 131. O Conselho Tutelar é ór- ATRIBUIÇÕES DO
RESPONSÁVEL gão permanente e autônomo, não CONSELHO
jurisdicional, encarregado pela
Art. 129. São medidas aplicáveis sociedade de zelar pelo cumpri- Art. 136. São atribuições do Con-
aos pais ou responsável: mento dos direitos da criança e do selho Tutelar:
I – encaminhamento a servi- adolescente, definidos nesta Lei. I – atender as crianças e ado-
ços e programas oficiais ou co- lescentes nas hipóteses previs-
munitários de proteção, apoio e Art. 132. Em cada Município e tas nos arts. 98 e 105, aplicando
promoção da família; em cada Região Administrativa as medidas previstas no art. 101,
II – inclusão em programa do Distrito Federal haverá, no I a VII;
oficial ou comunitário de auxílio, mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar II – atender e aconselhar os
orientação e tratamento a alcoó- como órgão integrante da admi- pais ou responsável, aplicando
latras e toxicômanos; nistração pública local, composto as medidas previstas no art. 129,
III – encaminhamento a tra- de 5 (cinco) membros, escolhidos I a VII;
tamento psicológico ou psiqui- pela população local para manda- III – promover a execução
átrico; to de 4 (quatro) anos, permitida de suas decisões, podendo para
IV – encaminhamento a cur- recondução por novos processos tanto:
sos ou programas de orientação; de escolha. a) requisitar serviços públi-
V – obrigação de matricular cos nas áreas de saúde, educa-
o filho ou pupilo e acompanhar Art. 133. Para a candidatura a ção, serviço social, previdência,
sua frequência e aproveitamen- membro do Conselho Tutelar, trabalho e segurança;
to escolar; serão exigidos os seguintes re- b) representar junto à au-
VI – obrigação de encaminhar quisitos: toridade judiciária nos casos de
a criança ou adolescente a trata- I – reconhecida idoneidade descumprimento injustificado de
mento especializado; moral; suas deliberações;
VII – advertência; II – idade superior a vinte e IV – encaminhar ao Ministério
VIII – perda da guarda; um anos; Público notícia de fato que cons-
IX – destituição da tutela; III – residir no Município. titua infração administrativa ou
X – suspensão ou destituição penal contra os direitos da crian-
do poder familiar. Art. 134. Lei municipal ou dis- ça ou adolescente;
Parágrafo único. Na aplica- trital disporá sobre o local, dia V – encaminhar à autoridade
ção das medidas previstas nos e horário de funcionamento do judiciária os casos de sua com-
incisos IX e X deste artigo, obser- Conselho Tutelar, inclusive quanto petência;
var-se-á o disposto nos arts. 23 à remuneração dos respectivos VI – providenciar a medida
e 24. membros, aos quais é assegurado estabelecida pela autoridade ju-
o direito a: diciária, dentre as previstas no
Art. 130. Verificada a hipóte- I – cobertura previdenciária; art. 101, de I a VI, para o adoles-
se de maus-tratos, opressão ou II – gozo de férias anuais re- cente autor de ato infracional;
abuso sexual impostos pelos pais muneradas, acrescidas de 1/3 VII – expedir notificações;
ou responsável, a autoridade ju- (um terço) do valor da remune- VIII – requisitar certidões de
diciária poderá determinar, como ração mensal; nascimento e de óbito de crian-
medida cautelar, o afastamento III – licença-maternidade; ça ou adolescente quando ne-
do agressor da moradia comum. IV – licença-paternidade; cessário;
Parágrafo único. Da medida V – gratificação natalina. IX – assessorar o Poder Exe-
cautelar constará, ainda, a fixação Parágrafo único. Constará da cutivo local na elaboração da pro-
provisória dos alimentos de que lei orçamentária municipal e da posta orçamentária para planos
necessitem a criança ou o adoles- do Distrito Federal previsão dos e programas de atendimento dos
cente dependentes do agressor. recursos necessários ao funcio- direitos da criança e do adoles-
namento do Conselho Tutelar e à cente;
remuneração e formação conti- X – representar, em nome
nuada dos conselheiros tutelares. da pessoa e da família, contra a
violação dos direitos previstos no
Art. 135. O exercício efetivo da art. 220, § 3o, inciso II, da Consti-
função de conselheiro consti- tuição Federal;
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Estatuto da Criança e do Adolescente
XI – representar ao Ministé- criança e o adolescente; dos membros do Conselho Tu-
rio Público para efeito das ações XIX – receber e encaminhar, telar ocorrerá em data unificada
de perda ou suspensão do poder quando for o caso, as informações em todo o território nacional a
familiar, após esgotadas as pos- reveladas por noticiantes ou de- cada 4 (quatro) anos, no primeiro
sibilidades de manutenção da nunciantes relativas à prática de domingo do mês de outubro do
criança ou do adolescente junto violência, ao uso de tratamento ano subsequente ao da eleição
à família natural; cruel ou degradante ou de formas presidencial.
XII – promover e incentivar, violentas de educação, correção § 2o A posse dos conselhei-
na comunidade e nos grupos pro- ou disciplina contra a criança e o ros tutelares ocorrerá no dia 10
fissionais, ações de divulgação e adolescente; de janeiro do ano subsequente
treinamento para o reconheci- XX – representar à autorida- ao processo de escolha.
mento de sintomas de maus-tra- de judicial ou ao Ministério Pú- § 3o No processo de escolha
tos em crianças e adolescentes; blico para requerer a concessão dos membros do Conselho Tute-
XIII – adotar, na esfera de sua de medidas cautelares direta ou lar, é vedado ao candidato doar,
competência, ações articuladas indiretamente relacionada à efi- oferecer, prometer ou entregar ao
e efetivas direcionadas à identi- cácia da proteção de noticiante eleitor bem ou vantagem pessoal
ficação da agressão, à agilidade ou denunciante de informações de qualquer natureza, inclusive
no atendimento da criança e do de crimes que envolvam violên- brindes de pequeno valor.
adolescente vítima de violência cia doméstica e familiar contra a
doméstica e familiar e à respon- criança e o adolescente.
sabilização do agressor; Parágrafo único. Se, no exer- CAPÍTULO V – DOS
XIV – atender à criança e ao cício de suas atribuições, o Con- IMPEDIMENTOS
adolescente vítima ou testemu- selho Tutelar entender necessário
nha de violência doméstica e fa- o afastamento do convívio fami- Art. 140. São impedidos de ser-
miliar, ou submetido a tratamento liar, comunicará incontinenti o vir no mesmo Conselho marido e
cruel ou degradante ou a formas fato ao Ministério Público, pres- mulher, ascendentes e descen-
violentas de educação, correção tando-lhe informações sobre os dentes, sogro e genro ou nora,
ou disciplina, a seus familiares e motivos de tal entendimento e irmãos, cunhados, durante o
a testemunhas, de forma a pro- as providências tomadas para a cunhadio, tio e sobrinho, padrasto
ver orientação e aconselhamen- orientação, o apoio e a promoção ou madrasta e enteado.
to acerca de seus direitos e dos social da família. Parágrafo único. Estende-se
encaminhamentos necessários; o impedimento do conselheiro,
XV – representar à autoridade Art. 137. As decisões do Conse- na forma deste artigo, em re-
judicial ou policial para requerer lho Tutelar somente poderão ser lação à autoridade judiciária e
o afastamento do agressor do lar, revistas pela autoridade judiciária ao representante do Ministério
do domicílio ou do local de con- a pedido de quem tenha legítimo Público com atuação na Justiça
vivência com a vítima nos casos interesse. da Infância e da Juventude, em
de violência doméstica e familiar exercício na Comarca, Foro Re-
contra a criança e o adolescente; gional ou Distrital.
XVI – representar à autorida- CAPÍTULO III – DA
de judicial para requerer a con- COMPETÊNCIA
cessão de medida protetiva de TÍTULO VI – DO ACESSO À
urgência à criança ou ao adoles- Art. 138. Aplica-se ao Conselho JUSTIÇA
cente vítima ou testemunha de Tutelar a regra de competência
violência doméstica e familiar, constante do art. 147. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
bem como a revisão daquelas já GERAIS
concedidas;
XVII – representar ao Ministé- CAPÍTULO IV – DA Art. 141. É garantido o acesso
rio Público para requerer a propo- ESCOLHA DOS de toda criança ou adolescente à
situra de ação cautelar de anteci- CONSELHEIROS Defensoria Pública, ao Ministério
pação de produção de prova nas Público e ao Poder Judiciário, por
causas que envolvam violência Art. 139. O processo para a es- qualquer de seus órgãos.
contra a criança e o adolescente; colha dos membros do Conselho § 1o A assistência judiciária
XVIII – tomar as providências Tutelar será estabelecido em lei gratuita será prestada aos que
cabíveis, na esfera de sua compe- municipal e realizado sob a res- dela necessitarem, através de
tência, ao receber comunicação ponsabilidade do Conselho Mu- defensor público ou advogado
da ocorrência de ação ou omis- nicipal dos Direitos da Criança e nomeado.
são, praticada em local público ou do Adolescente, e a fiscalização § 2o As ações judiciais da
privado, que constitua violência do Ministério Público. competência da Justiça da In-
doméstica e familiar contra a § 1o O processo de escolha fância e da Juventude são isentas
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Estatuto da Criança e do Adolescente
de custas e emolumentos, res- Seção II – Do Juiz VI – aplicar penalidades ad-
salvada a hipótese de litigância ministrativas nos casos de infra-
de má-fé. Art. 146. A autoridade a que se ções contra norma de proteção a
refere esta Lei é o Juiz da Infân- criança ou adolescentes;
Art. 142. Os menores de dezes- cia e da Juventude, ou o Juiz que VII – conhecer de casos enca-
seis anos serão representados e exerce essa função, na forma minhados pelo Conselho Tutelar,
os maiores de dezesseis e meno- da Lei de Organização Judiciá- aplicando as medidas cabíveis.
res de vinte e um anos assistidos ria local. Parágrafo único. Quando se
por seus pais, tutores ou curado- tratar de criança ou adolescen-
res, na forma da legislação civil Art. 147. A competência será te nas hipóteses do art. 98, é
ou processual. determinada: também competente a Justiça
Parágrafo único. A autori- I – pelo domicílio dos pais ou da Infância e da Juventude para
dade judiciária dará curador es- responsável; o fim de:
pecial à criança ou adolescente, II – pelo lugar onde se en- a) conhecer de pedidos de
sempre que os interesses destes contre a criança ou adolescente, guarda e tutela;
colidirem com os de seus pais ou à falta dos pais ou responsável. b) conhecer de ações de
responsável, ou quando carecer § 1o Nos casos de ato infra- destituição do poder familiar,
de representação ou assistência cional, será competente a autori- perda ou modificação da tutela
legal ainda que eventual. dade do lugar da ação ou omissão, ou guarda;
observadas as regras de conexão, c) suprir a capacidade ou o
Art. 143. É vedada a divulgação continência e prevenção. consentimento para o casamento;
de atos judiciais, policiais e admi- § 2o A execução das medidas d) conhecer de pedidos ba-
nistrativos que digam respeito a poderá ser delegada à autoridade seados em discordância paterna
crianças e adolescentes a que se competente da residência dos ou materna, em relação ao exer-
atribua autoria de ato infracional. pais ou responsável, ou do local cício do poder familiar;
Parágrafo único. Qualquer onde sediar-se a entidade que e) conceder a emancipação,
notícia a respeito do fato não abrigar a criança ou adolescente. nos termos da lei civil, quando
poderá identificar a criança ou § 3o Em caso de infração co- faltarem os pais;
adolescente, vedando-se foto- metida através de transmissão f) designar curador especial
grafia, referência a nome, apelido, simultânea de rádio ou televisão, em casos de apresentação de
filiação, parentesco, residência que atinja mais de uma comarca, queixa ou representação, ou de
e, inclusive, iniciais do nome e será competente, para aplicação outros procedimentos judiciais ou
sobrenome. da penalidade, a autoridade ju- extrajudiciais em que haja inte-
diciária do local da sede estadu- resses de criança ou adolescente;
Art. 144. A expedição de cópia al da emissora ou rede, tendo a g) conhecer de ações de ali-
ou certidão de atos a que se re- sentença eficácia para todas as mentos;
fere o artigo anterior somente transmissoras ou retransmissoras h) determinar o cancelamen-
será deferida pela autoridade ju- do respectivo Estado. to, a retificação e o suprimento
diciária competente, se demons- dos registros de nascimento e
trado o interesse e justificada a Art. 148. A Justiça da Infância e óbito.
finalidade. da Juventude é competente para:
I – conhecer de representa- Art. 149. Compete à autoridade
ções promovidas pelo Ministério judiciária disciplinar, através de
CAPÍTULO II – DA JUSTIÇA Público, para apuração de ato in- portaria, ou autorizar, mediante
DA INFÂNCIA E DA fracional atribuído a adolescente, alvará:
JUVENTUDE aplicando as medidas cabíveis; I – a entrada e permanên-
II – conceder a remissão, cia de criança ou adolescente,
Seção I – Disposições Gerais como forma de suspensão ou desacompanhado dos pais ou
extinção do processo; responsável, em:
Art. 145. Os Estados e o Distrito III – conhecer de pedidos de a) estádio, ginásio e campo
Federal poderão criar varas espe- adoção e seus incidentes; desportivo;
cializadas e exclusivas da infância IV – conhecer de ações civis b) bailes ou promoções dan-
e da juventude, cabendo ao Po- fundadas em interesses indivi- çantes;
der Judiciário estabelecer sua duais, difusos ou coletivos afe- c) boate ou congêneres;
proporcionalidade por número tos à criança e ao adolescente, d) casa que explore comer-
de habitantes, dotá-las de infra- observado o disposto no art. 209; cialmente diversões eletrônicas;
estrutura e dispor sobre o aten- V – conhecer de ações de- e) estúdios cinematográfi-
dimento, inclusive em plantões. correntes de irregularidades em cos, de teatro, rádio e televisão;
entidades de atendimento, apli- II – a participação de criança
cando as medidas cabíveis; e adolescente em:
657
Estatuto da Criança e do Adolescente
a) espetáculos públicos e Lei no 13.105, de 16 de março de dicará:
seus ensaios; 2015 (Código de Processo Civil). I – a autoridade judiciária a
b) certames de beleza. que for dirigida;
§ 1o Para os fins do disposto II – o nome, o estado civil, a
neste artigo, a autoridade judi- CAPÍTULO III – DOS profissão e a residência do reque-
ciária levará em conta, dentre PROCEDIMENTOS rente e do requerido, dispensada
outros fatores: a qualificação em se tratando de
Seção I – Disposições Gerais
a) os princípios desta Lei; pedido formulado por represen-
b) as peculiaridades locais; tante do Ministério Público;
c) a existência de instalações Art. 152. Aos procedimentos III – a exposição sumária do
adequadas; regulados nesta Lei aplicam-se fato e o pedido;
d) o tipo de frequência habi- subsidiariamente as normas ge- IV – as provas que serão pro-
tual ao local; rais previstas na legislação pro- duzidas, oferecendo, desde logo,
e) a adequação do ambiente cessual pertinente. o rol de testemunhas e docu-
a eventual participação ou frequ- § 1o É assegurada, sob pena mentos.
ência de crianças e adolescentes; de responsabilidade, prioridade
f) a natureza do espetáculo. absoluta na tramitação dos pro- Art. 157. Havendo motivo grave,
§ 2o As medidas adotadas na cessos e procedimentos previstos poderá a autoridade judiciária, ou-
conformidade deste artigo deve- nesta Lei, assim como na execu- vido o Ministério Público, decretar
rão ser fundamentadas, caso a ção dos atos e diligências judiciais a suspensão do poder familiar,
caso, vedadas as determinações a eles referentes. liminar ou incidentalmente, até
de caráter geral. § 2o Os prazos estabeleci- o julgamento definitivo da causa,
dos nesta Lei e aplicáveis aos ficando a criança ou adolescente
seus procedimentos são conta- confiado a pessoa idônea, me-
Seção III – Dos Serviços dos em dias corridos, excluído o diante termo de responsabilidade.
Auxiliares dia do começo e incluído o dia do § 1o Recebida a petição ini-
vencimento, vedado o prazo em cial, a autoridade judiciária de-
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciá- dobro para a Fazenda Pública e terminará, concomitantemente
rio, na elaboração de sua proposta o Ministério Público. ao despacho de citação e inde-
orçamentária, prever recursos pendentemente de requerimento
para manutenção de equipe in- Art. 153. Se a medida judicial a do interessado, a realização de
terprofissional, destinada a as- ser adotada não corresponder a estudo social ou perícia por equi-
sessorar a Justiça da Infância e procedimento previsto nesta ou pe interprofissional ou multidisci-
da Juventude. em outra lei, a autoridade judici- plinar para comprovar a presença
ária poderá investigar os fatos e de uma das causas de suspensão
Art. 151. Compete à equipe inter- ordenar de ofício as providências ou destituição do poder familiar,
profissional, dentre outras atri- necessárias, ouvido o Ministério ressalvado o disposto no § 10 do
buições que lhe forem reservadas Público. art. 101 desta Lei, e observada a
pela legislação local, fornecer Parágrafo único. O disposto Lei no 13.431, de 4 de abril de 2017.
subsídios por escrito, mediante neste artigo não se aplica para § 2o Em sendo os pais oriun-
laudos, ou verbalmente, na audi- o fim de afastamento da criança dos de comunidades indígenas, é
ência, e bem assim desenvolver ou do adolescente de sua família ainda obrigatória a intervenção,
trabalhos de aconselhamento, de origem e em outros procedi- junto à equipe interprofissional
orientação, encaminhamento, mentos necessariamente con- ou multidisciplinar referida no
prevenção e outros, tudo sob a tenciosos. § 1o deste artigo, de representan-
imediata subordinação à auto- tes do órgão federal responsável
ridade judiciária, assegurada a Art. 154. Aplica-se às multas o pela política indigenista, obser-
livre manifestação do ponto de disposto no art. 214. vado o disposto no § 6o do art. 28
vista técnico. desta Lei.
Parágrafo único. Na ausên- § 3o A concessão da liminar
cia ou insuficiência de servidores
Seção II – Da Perda e da será, preferencialmente, prece-
públicos integrantes do Poder Suspensão do Poder Familiar dida de entrevista da criança ou
Judiciário responsáveis pela rea- do adolescente perante equipe
lização dos estudos psicossociais Art. 155. O procedimento para a multidisciplinar e de oitiva da
ou de quaisquer outras espécies perda ou a suspensão do poder outra parte, nos termos da Lei
de avaliações técnicas exigidas familiar terá início por provocação no 13.431, de 4 de abril de 2017.
por esta Lei ou por determinação do Ministério Público ou de quem § 4o Se houver indícios de ato
judicial, a autoridade judiciária tenha legítimo interesse. de violação de direitos de criança
poderá proceder à nomeação de ou de adolescente, o juiz comuni-
perito, nos termos do art. 156 da Art. 156. A petição inicial in- cará o fato ao Ministério Público
658
Estatuto da Criança e do Adolescente
e encaminhará os documentos Art. 161. Se não for contestado (dez) minutos.
pertinentes. o pedido e tiver sido concluído o § 3o A decisão será proferida
estudo social ou a perícia reali- na audiência, podendo a autorida-
Art. 158. O requerido será citado zada por equipe interprofissional de judiciária, excepcionalmente,
para, no prazo de dez dias, ofe- ou multidisciplinar, a autoridade designar data para sua leitura no
recer resposta escrita, indicando judiciária dará vista dos autos prazo máximo de 5 (cinco) dias.
as provas a serem produzidas e ao Ministério Público, por 5 (cin- § 4o Quando o procedimento
oferecendo desde logo o rol de co) dias, salvo quando este for o de destituição de poder familiar
testemunhas e documentos. requerente, e decidirá em igual for iniciado pelo Ministério Públi-
§ 1o A citação será pesso- prazo. co, não haverá necessidade de
al, salvo se esgotados todos os § 1o A autoridade judiciária, nomeação de curador especial em
meios para sua realização. de ofício ou a requerimento das favor da criança ou adolescente.
§ 2o O requerido privado de partes ou do Ministério Público,
liberdade deverá ser citado pes- determinará a oitiva de testemu- Art. 163. O prazo máximo para
soalmente. nhas que comprovem a presença conclusão do procedimento será
§ 3o Quando, por 2 (duas) ve- de uma das causas de suspensão de 120 (cento e vinte) dias, e ca-
zes, o oficial de justiça houver ou destituição do poder familiar berá ao juiz, no caso de notória
procurado o citando em seu do- previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da inviabilidade de manutenção do
micílio ou residência sem o en- Lei no 10.406, de 10 de janeiro de poder familiar, dirigir esforços
contrar, deverá, havendo suspeita 2002 (Código Civil), ou no art. 24 para preparar a criança ou o ado-
de ocultação, informar qualquer desta Lei. lescente com vistas à colocação
pessoa da família ou, em sua fal- § 2o (Revogado) em família substituta.
ta, qualquer vizinho do dia útil em § 3o Se o pedido importar Parágrafo único. A sentença
que voltará a fim de efetuar a ci- em modificação de guarda, será que decretar a perda ou a sus-
tação, na hora que designar, nos obrigatória, desde que possível pensão do poder familiar será
termos do art. 252 e seguintes da e razoável, a oitiva da criança averbada à margem do registro
Lei no 13.105, de 16 de março de ou adolescente, respeitado seu de nascimento da criança ou do
2015 (Código de Processo Civil). estágio de desenvolvimento e adolescente.
§ 4o Na hipótese de os ge- grau de compreensão sobre as
nitores encontrarem-se em lo- implicações da medida.
cal incerto ou não sabido, serão § 4o É obrigatória a oitiva dos
Seção III – Da Destituição da
citados por edital no prazo de 10 pais sempre que eles forem iden- Tutela
(dez) dias, em publicação única, tificados e estiverem em local
dispensado o envio de ofícios para conhecido, ressalvados os casos Art. 164. Na destituição da tu-
a localização. de não comparecimento perante tela, observar-se-á o procedi-
a Justiça quando devidamente mento para a remoção de tutor
Art. 159. Se o requerido não ti- citados. previsto na lei processual civil
ver possibilidade de constituir § 5o Se o pai ou a mãe es- e, no que couber, o disposto na
advogado, sem prejuízo do pró- tiverem privados de liberdade, seção anterior.
prio sustento e de sua família, a autoridade judicial requisitará
poderá requerer, em cartório, sua apresentação para a oitiva.
que lhe seja nomeado dativo, ao
Seção IV – Da Colocação em
qual incumbirá a apresentação de Art. 162. Apresentada a respos- Família Substituta
resposta, contando-se o prazo a ta, a autoridade judiciária dará
partir da intimação do despacho vista dos autos ao Ministério Pú- Art. 165. São requisitos para a
de nomeação. blico, por cinco dias, salvo quando concessão de pedidos de coloca-
Parágrafo único. Na hipótese este for o requerente, designando, ção em família substituta:
de requerido privado de liberdade, desde logo, audiência de instru- I – qualificação completa do
o oficial de justiça deverá per- ção e julgamento. requerente e de seu eventual
guntar, no momento da citação § 1o (Revogado) cônjuge, ou companheiro, com
pessoal, se deseja que lhe seja § 2o Na audiência, presentes expressa anuência deste;
nomeado defensor. as partes e o Ministério Público, II – indicação de eventual pa-
serão ouvidas as testemunhas, rentesco do requerente e de seu
Art. 160. Sendo necessário, a colhendo-se oralmente o parecer cônjuge, ou companheiro, com a
autoridade judiciária requisitará técnico, salvo quando apresenta- criança ou adolescente, especifi-
de qualquer repartição ou órgão do por escrito, manifestando-se cando se tem ou não parente vivo;
público a apresentação de do- sucessivamente o requerente, o III – qualificação completa da
cumento que interesse à causa, requerido e o Ministério Público, criança ou adolescente e de seus
de ofício ou a requerimento das pelo tempo de 20 (vinte) minutos pais, se conhecidos;
partes ou do Ministério Público. cada um, prorrogável por mais 10 IV – indicação do cartório
659
Estatuto da Criança e do Adolescente
onde foi inscrito nascimento, § 6o O consentimento so- de criança ou adolescente sob
anexando, se possível, uma có- mente terá valor se for dado após a guarda de pessoa inscrita em
pia da respectiva certidão; o nascimento da criança. programa de acolhimento familiar
V – declaração sobre a exis- § 7o A família natural e a fa- será comunicada pela autorida-
tência de bens, direitos ou ren- mília substituta receberão a de- de judiciária à entidade por este
dimentos relativos à criança ou vida orientação por intermédio de responsável no prazo máximo de
ao adolescente. equipe técnica interprofissional a 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Em se tra- serviço da Justiça da Infância e
tando de adoção, observar-se- da Juventude, preferencialmente
-ão também os requisitos es- com apoio dos técnicos respon-
Seção V – Da Apuração de
pecíficos. sáveis pela execução da política Ato Infracional Atribuído a
municipal de garantia do direito Adolescente
Art. 166. Se os pais forem fale- à convivência familiar.
cidos, tiverem sido destituídos Art. 171. O adolescente apreen-
ou suspensos do poder familiar, Art. 167. A autoridade judiciária, dido por força de ordem judicial
ou houverem aderido expressa- de ofício ou a requerimento das será, desde logo, encaminhado à
mente ao pedido de colocação em partes ou do Ministério Público, autoridade judiciária.
família substituta, este poderá ser determinará a realização de es-
formulado diretamente em car- tudo social ou, se possível, perí- Art. 172. O adolescente apre-
tório, em petição assinada pelos cia por equipe interprofissional, endido em flagrante de ato in-
próprios requerentes, dispensada decidindo sobre a concessão de fracional será, desde logo, en-
a assistência de advogado. guarda provisória, bem como, no caminhado à autoridade policial
§ 1o Na hipótese de concor- caso de adoção, sobre o estágio competente.
dância dos pais, o juiz: de convivência. Parágrafo único. Havendo
I – na presença do Ministério Parágrafo único. Deferida a repartição policial especializada
Público, ouvirá as partes, devida- concessão da guarda provisória para atendimento de adolescente
mente assistidas por advogado ou do estágio de convivência, a e em se tratando de ato infracio-
ou por defensor público, para criança ou o adolescente será en- nal praticado em coautoria com
verificar sua concordância com tregue ao interessado, mediante maior, prevalecerá a atribuição
a adoção, no prazo máximo de 10 termo de responsabilidade. da repartição especializada, que,
(dez) dias, contado da data do pro- após as providências necessárias
tocolo da petição ou da entrega Art. 168. Apresentado o relatório e conforme o caso, encaminha-
da criança em juízo, tomando por social ou o laudo pericial, e ouvida, rá o adulto à repartição policial
termo as declarações; e sempre que possível, a criança própria.
II – declarará a extinção do ou o adolescente, dar-se-á vista
poder familiar. dos autos ao Ministério Público, Art. 173. Em caso de flagrante
§ 2o O consentimento dos pelo prazo de cinco dias, deci- de ato infracional cometido me-
titulares do poder familiar será dindo a autoridade judiciária em diante violência ou grave ame-
precedido de orientações e es- igual prazo. aça a pessoa, a autoridade po-
clarecimentos prestados pela licial, sem prejuízo do disposto
equipe interprofissional da Justi- Art. 169. Nas hipóteses em que nos arts. 106, parágrafo único, e
ça da Infância e da Juventude, em a destituição da tutela, a perda 107, deverá:
especial, no caso de adoção, so- ou a suspensão do poder familiar I – lavrar auto de apreensão,
bre a irrevogabilidade da medida. constituir pressuposto lógico da ouvidos as testemunhas e o ado-
§ 3o São garantidos a livre medida principal de colocação em lescente;
manifestação de vontade dos família substituta, será observa- II – apreender o produto e os
detentores do poder familiar e o do o procedimento contraditório instrumentos da infração;
direito ao sigilo das informações. previsto nas seções II e III deste III – requisitar os exames ou
§ 4o O consentimento pres- Capítulo. perícias necessários à compro-
tado por escrito não terá validade Parágrafo único. A perda ou vação da materialidade e autoria
se não for ratificado na audiência a modificação da guarda poderá da infração.
a que se refere o § 1o deste artigo. ser decretada nos mesmos autos Parágrafo único. Nas demais
§ 5o O consentimento é re- do procedimento, observado o hipóteses de flagrante, a lavra-
tratável até a data da realização disposto no art. 35. tura do auto poderá ser substi-
da audiência especificada no § 1o tuída por boletim de ocorrência
deste artigo, e os pais podem Art. 170. Concedida a guarda ou circunstanciada.
exercer o arrependimento no pra- a tutela, observar-se-á o disposto
zo de 10 (dez) dias, contado da no art. 32, e, quanto à adoção, o Art. 174. Comparecendo qual-
data de prolação da sentença de contido no art. 47. quer dos pais ou responsável,
extinção do poder familiar. Parágrafo único. A colocação o adolescente será prontamen-
660
Estatuto da Criança e do Adolescente
te liberado pela autoridade poli- fechado de veículo policial, em que só então estará a autoridade
cial, sob termo de compromisso condições atentatórias à sua dig- judiciária obrigada a homologar.
e responsabilidade de sua apre- nidade, ou que impliquem risco à
sentação ao representante do sua integridade física ou mental, Art. 182. Se, por qualquer razão,
Ministério Público, no mesmo dia sob pena de responsabilidade. o representante do Ministério
ou, sendo impossível, no primeiro Público não promover o arqui-
dia útil imediato, exceto quando, Art. 179. Apresentado o adoles- vamento ou conceder a remis-
pela gravidade do ato infracional cente, o representante do Minis- são, oferecerá representação à
e sua repercussão social, deva tério Público, no mesmo dia e à autoridade judiciária, propondo
o adolescente permanecer sob vista do auto de apreensão, bo- a instauração de procedimento
internação para garantia de sua letim de ocorrência ou relatório para aplicação da medida socio-
segurança pessoal ou manuten- policial, devidamente autuados educativa que se afigurar a mais
ção da ordem pública. pelo cartório judicial e com in- adequada.
formação sobre os anteceden- § 1o A representação será
Art. 175. Em caso de não libera- tes do adolescente, procederá oferecida por petição, que con-
ção, a autoridade policial encami- imediata e informalmente à sua terá o breve resumo dos fatos e a
nhará, desde logo, o adolescente oitiva e, em sendo possível, de classificação do ato infracional e,
ao representante do Ministério seus pais ou responsável, vítima quando necessário, o rol de tes-
Público, juntamente com cópia e testemunhas. temunhas, podendo ser deduzida
do auto de apreensão ou boletim Parágrafo único. Em caso oralmente, em sessão diária ins-
de ocorrência. de não apresentação, o repre- talada pela autoridade judiciária.
§ 1o Sendo impossível a apre- sentante do Ministério Público § 2o A representação inde-
sentação imediata, a autoridade notificará os pais ou responsável pende de prova pré-constituída
policial encaminhará o adoles- para apresentação do adolescen- da autoria e materialidade.
cente a entidade de atendimento, te, podendo requisitar o concurso
que fará a apresentação ao repre- das Polícias Civil e Militar. Art. 183. O prazo máximo e im-
sentante do Ministério Público no prorrogável para a conclusão do
prazo de vinte e quatro horas. Art. 180. Adotadas as providên- procedimento, estando o adoles-
§ 2o Nas localidades onde cias a que alude o artigo anterior, cente internado provisoriamente,
não houver entidade de atendi- o representante do Ministério será de quarenta e cinco dias.
mento, a apresentação far-se-á Público poderá:
pela autoridade policial. À falta I – promover o arquivamento Art. 184. Oferecida a represen-
de repartição policial especiali- dos autos; tação, a autoridade judiciária de-
zada, o adolescente aguardará a II – conceder a remissão; signará audiência de apresenta-
apresentação em dependência III – representar à autoridade ção do adolescente, decidindo,
separada da destinada a maiores, judiciária para aplicação de me- desde logo, sobre a decretação
não podendo, em qualquer hipó- dida socioeducativa. ou manutenção da internação,
tese, exceder o prazo referido no observado o disposto no art. 108
parágrafo anterior. Art. 181. Promovido o arquiva- e parágrafo.
mento dos autos ou concedida a § 1o O adolescente e seus
Art. 176. Sendo o adolescen- remissão pelo representante do pais ou responsável serão cien-
te liberado, a autoridade policial Ministério Público, mediante ter- tificados do teor da representa-
encaminhará imediatamente ao mo fundamentado, que conterá o ção, e notificados a comparecer
representante do Ministério Pú- resumo dos fatos, os autos serão à audiência, acompanhados de
blico cópia do auto de apreensão conclusos à autoridade judiciária advogado.
ou boletim de ocorrência. para homologação. § 2o Se os pais ou responsá-
§ 1o Homologado o arqui- vel não forem localizados, a au-
Art. 177. Se, afastada a hipótese vamento ou a remissão, a au- toridade judiciária dará curador
de flagrante, houver indícios de toridade judiciária determinará, especial ao adolescente.
participação de adolescente na conforme o caso, o cumprimento § 3o Não sendo localizado o
prática de ato infracional, a au- da medida. adolescente, a autoridade judici-
toridade policial encaminhará ao § 2o Discordando, a auto- ária expedirá mandado de busca
representante do Ministério Pú- ridade judiciária fará remessa e apreensão, determinando o so-
blico relatório das investigações dos autos ao Procurador-Geral brestamento do feito, até a efetiva
e demais documentos. de Justiça, mediante despacho apresentação.
fundamentado, e este oferecerá § 4o Estando o adolescen-
Art. 178. O adolescente a quem representação, designará outro te internado, será requisitada a
se atribua autoria de ato infracio- membro do Ministério Público sua apresentação, sem prejuízo
nal não poderá ser conduzido ou para apresentá-la, ou ratificará da notificação dos pais ou res-
transportado em compartimento o arquivamento ou a remissão, ponsável.
661
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 185. A internação, decreta- Art. 187. Se o adolescente, de- com o fim de investigar os cri-
da ou mantida pela autoridade ju- vidamente notificado, não com- mes previstos nos arts. 240, 241,
diciária, não poderá ser cumprida parecer, injustificadamente à au- 241‑A, 241‑B, 241‑C e 241‑D des-
em estabelecimento prisional. diência de apresentação, a auto- ta Lei e nos arts. 154‑A, 217‑A,
§ 1o Inexistindo na comarca ridade judiciária designará nova 218, 218‑A e 218‑B do Decreto-lei
entidade com as características data, determinando sua condução no 2.848, de 7 de dezembro de
definidas no art. 123, o adoles- coercitiva. 1940 (Código Penal), obedecerá
cente deverá ser imediatamen- às seguintes regras:
te transferido para a localidade Art. 188. A remissão, como for- I – será precedida de autori-
mais próxima. ma de extinção ou suspensão do zação judicial devidamente cir-
§ 2 o Sendo impossível a processo, poderá ser aplicada em cunstanciada e fundamentada,
pronta transferência, o adoles- qualquer fase do procedimento, que estabelecerá os limites da
cente aguardará sua remoção antes da sentença. infiltração para obtenção de pro-
em repartição policial, desde que va, ouvido o Ministério Público;
em seção isolada dos adultos e Art. 189. A autoridade judici- II – dar-se-á mediante reque-
com instalações apropriadas, não ária não aplicará qualquer me- rimento do Ministério Público ou
podendo ultrapassar o prazo má- dida, desde que reconheça na representação de delegado de
ximo de cinco dias, sob pena de sentença: polícia e conterá a demonstração
responsabilidade. I – estar provada a inexistên- de sua necessidade, o alcance das
cia do fato; tarefas dos policiais, os nomes
Art. 186. Comparecendo o ado- II – não haver prova da exis- ou apelidos das pessoas inves-
lescente, seus pais ou responsá- tência do fato; tigadas e, quando possível, os
vel, a autoridade judiciária proce- III – não constituir o fato ato dados de conexão ou cadastrais
derá à oitiva dos mesmos, poden- infracional; que permitam a identificação
do solicitar opinião de profissional IV – não existir prova de ter dessas pessoas;
qualificado. o adolescente concorrido para o III – não poderá exceder o
§ 1o Se a autoridade judiciária ato infracional. prazo de 90 (noventa) dias, sem
entender adequada a remissão, Parágrafo único. Na hipótese prejuízo de eventuais renovações,
ouvirá o representante do Minis- deste artigo, estando o adoles- desde que o total não exceda
tério Público, proferindo decisão. cente internado, será imediata- a 720 (setecentos e vinte) dias
§ 2o Sendo o fato grave, pas- mente colocado em liberdade. e seja demonstrada sua efetiva
sível de aplicação de medida de necessidade, a critério da auto-
internação ou colocação em re- Art. 190. A intimação da senten- ridade judicial.
gime de semiliberdade, a autori- ça que aplicar medida de interna- § 1o A autoridade judicial
dade judiciária, verificando que o ção ou regime de semiliberdade e o Ministério Público poderão
adolescente não possui advogado será feita: requisitar relatórios parciais da
constituído, nomeará defensor, I – ao adolescente e ao seu operação de infiltração antes do
designando, desde logo, audi- defensor; término do prazo de que trata o
ência em continuação, podendo II – quando não for encon- inciso II do § 1o deste artigo.
determinar a realização de dili- trado o adolescente, a seus pais § 2o Para efeitos do dispos-
gências e estudo do caso. ou responsável, sem prejuízo do to no inciso I do § 1o deste artigo,
§ 3o O advogado constituído defensor. consideram-se:
ou o defensor nomeado, no prazo § 1o Sendo outra a medida I – dados de conexão: infor-
de três dias contado da audiência aplicada, a intimação far-se-á mações referentes a hora, data,
de apresentação, oferecerá defe- unicamente na pessoa do de- início, término, duração, endere-
sa prévia e rol de testemunhas. fensor. ço de Protocolo de Internet (IP)
§ 4o Na audiência em conti- § 2o Recaindo a intimação na utilizado e terminal de origem
nuação, ouvidas as testemunhas pessoa do adolescente, deverá da conexão;
arroladas na representação e na este manifestar se deseja ou não II – dados cadastrais: infor-
defesa prévia, cumpridas as di- recorrer da sentença. mações referentes a nome e en-
ligências e juntado o relatório dereço de assinante ou de usuário
da equipe interprofissional, será registrado ou autenticado para a
dada a palavra ao representante
Seção V-A – Da Infiltração conexão a quem endereço de IP,
do Ministério Público e ao defen- de Agentes de Polícia para identificação de usuário ou códi-
sor, sucessivamente, pelo tempo a Investigação de Crimes go de acesso tenha sido atribuído
de vinte minutos para cada um, contra a Dignidade Sexual de no momento da conexão.
prorrogável por mais dez, a crité- Criança e de Adolescente § 3o A infiltração de agentes
rio da autoridade judiciária, que de polícia na internet não será
em seguida proferirá decisão. Art. 190-A. A infiltração de admitida se a prova puder ser
agentes de polícia na internet obtida por outros meios.
662
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 190-B. As informações da Seção VI – Da Apuração de Seção VII – Da Apuração
operação de infiltração serão en- Irregularidades em Entidade de Infração Administrativa
caminhadas diretamente ao juiz de Atendimento às Normas de Proteção à
responsável pela autorização da Criança e ao Adolescente
medida, que zelará por seu sigilo. Art. 191. O procedimento de apu-
Parágrafo único. Antes da ração de irregularidades em en- Art. 194. O procedimento para
conclusão da operação, o acesso tidade governamental e não go- imposição de penalidade admi-
aos autos será reservado ao juiz, vernamental terá início mediante nistrativa por infração às normas
ao Ministério Público e ao dele- portaria da autoridade judiciária de proteção à criança e ao ado-
gado de polícia responsável pela ou representação do Ministério lescente terá início por represen-
operação, com o objetivo de ga- Público ou do Conselho Tutelar, tação do Ministério Público, ou
rantir o sigilo das investigações. onde conste, necessariamente, do Conselho Tutelar, ou auto de
resumo dos fatos. infração elaborado por servidor
Art. 190-C. Não comete crime o Parágrafo único. Havendo efetivo ou voluntário credenciado,
policial que oculta a sua identi- motivo grave, poderá a autorida- e assinado por duas testemunhas,
dade para, por meio da internet, de judiciária, ouvido o Ministério se possível.
colher indícios de autoria e mate- Público, decretar liminarmente § 1o No procedimento inicia-
rialidade dos crimes previstos nos o afastamento provisório do di- do com o auto de infração, pode-
arts. 240, 241, 241‑A, 241‑B, 241‑C e rigente da entidade, mediante rão ser usadas fórmulas impres-
241‑D desta Lei e nos arts. 154‑A, decisão fundamentada. sas, especificando-se a natureza
217‑A, 218, 218‑A e 218‑B do Decre- e as circunstâncias da infração.
to-lei no 2.848, de 7 de dezembro Art. 192. O dirigente da entidade § 2o Sempre que possível, à
de 1940 (Código Penal). será citado para, no prazo de dez verificação da infração seguir-
Parágrafo único. O agente dias, oferecer resposta escrita, -se-á a lavratura do auto, certifi-
policial infiltrado que deixar de podendo juntar documentos e cando-se, em caso contrário, dos
observar a estrita finalidade da indicar as provas a produzir. motivos do retardamento.
investigação responderá pelos
excessos praticados. Art. 193. Apresentada ou não a Art. 195. O requerido terá prazo
resposta, e sendo necessário, a de dez dias para apresentação
Art. 190-D. Os órgãos de registro autoridade judiciária designará de defesa, contado da data da
e cadastro público poderão incluir audiência de instrução e julga- intimação, que será feita:
nos bancos de dados próprios, mento, intimando as partes. I – pelo autuante, no próprio
mediante procedimento sigiloso § 1o Salvo manifestação em auto, quando este for lavrado na
e requisição da autoridade judi- audiência, as partes e o Ministé- presença do requerido;
cial, as informações necessárias rio Público terão cinco dias para II – por oficial de justiça ou
à efetividade da identidade fictí- oferecer alegações finais, deci- funcionário legalmente habilita-
cia criada. dindo a autoridade judiciária em do, que entregará cópia do auto
Parágrafo único. O procedi- igual prazo. ou da representação ao requeri-
mento sigiloso de que trata esta § 2o Em se tratando de afas- do, ou a seu representante legal,
Seção será numerado e tombado tamento provisório ou definitivo lavrando certidão;
em livro específico. de dirigente de entidade gover- III – por via postal, com avi-
namental, a autoridade judiciária so de recebimento, se não for
Art. 190-E. Concluída a investi- oficiará à autoridade administra- encontrado o requerido ou seu
gação, todos os atos eletrônicos tiva imediatamente superior ao representante legal;
praticados durante a operação afastado, marcando prazo para IV – por edital, com prazo de
deverão ser registrados, grava- a substituição. trinta dias, se incerto ou não sa-
dos, armazenados e encaminha- § 3o Antes de aplicar qual- bido o paradeiro do requerido ou
dos ao juiz e ao Ministério Pú- quer das medidas, a autoridade de seu representante legal.
blico, juntamente com relatório judiciária poderá fixar prazo para
circunstanciado. a remoção das irregularidades Art. 196. Não sendo apresen-
Parágrafo único. Os atos ele- verificadas. Satisfeitas as exigên- tada a defesa no prazo legal, a
trônicos registrados citados no cias, o processo será extinto, sem autoridade judiciária dará vista
caput deste artigo serão reunidos julgamento de mérito. dos autos ao Ministério Públi-
em autos apartados e apensados § 4o A multa e a advertência co, por cinco dias, decidindo em
ao processo criminal juntamente serão impostas ao dirigente da igual prazo.
com o inquérito policial, assegu- entidade ou programa de aten-
rando-se a preservação da identi- dimento. Art. 197. Apresentada a defesa,
dade do agente policial infiltrado a autoridade judiciária proce-
e a intimidade das crianças e dos derá na conformidade do artigo
adolescentes envolvidos. anterior, ou, sendo necessário,
663
Estatuto da Criança e do Adolescente
designará audiência de instrução deverá elaborar estudo psicos- do, conforme o caso, audiência de
e julgamento. social, que conterá subsídios que instrução e julgamento.
Parágrafo único. Colhida a permitam aferir a capacidade e Parágrafo único. Caso não
prova oral, manifestar-se-ão su- o preparo dos postulantes para sejam requeridas diligências, ou
cessivamente o Ministério Público o exercício de uma paternidade sendo essas indeferidas, a auto-
e o procurador do requerido, pelo ou maternidade responsável, à ridade judiciária determinará a
tempo de vinte minutos para cada luz dos requisitos e princípios juntada do estudo psicossocial,
um, prorrogável por mais dez, desta Lei. abrindo a seguir vista dos autos
a critério da autoridade judici- § 1o É obrigatória a participa- ao Ministério Público, por 5 (cinco)
ária, que em seguida proferirá ção dos postulantes em programa dias, decidindo em igual prazo.
sentença. oferecido pela Justiça da Infância
e da Juventude, preferencial- Art. 197-E. Deferida a habilita-
mente com apoio dos técnicos ção, o postulante será inscrito
Seção VIII – Da Habilitação responsáveis pela execução da nos cadastros referidos no art. 50
de Pretendentes à Adoção política municipal de garantia desta Lei, sendo a sua convoca-
do direito à convivência familiar ção para a adoção feita de acordo
Art. 197-A. Os postulantes à e dos grupos de apoio à adoção com ordem cronológica de habili-
adoção, domiciliados no Brasil, devidamente habilitados perante tação e conforme a disponibilida-
apresentarão petição inicial na a Justiça da Infância e da Juven- de de crianças ou adolescentes
qual conste: tude, que inclua preparação psi- adotáveis.
I – qualificação completa; cológica, orientação e estímulo à § 1o A ordem cronológica das
II – dados familiares; adoção inter-racial, de crianças habilitações somente poderá dei-
III – cópias autenticadas de ou de adolescentes com defici- xar de ser observada pela auto-
certidão de nascimento ou casa- ência, com doenças crônicas ou ridade judiciária nas hipóteses
mento, ou declaração relativa ao com necessidades específicas previstas no § 13 do art. 50 desta
período de união estável; de saúde, e de grupos de irmãos. Lei, quando comprovado ser essa
IV – cópias da cédula de iden- § 2o Sempre que possível e a melhor solução no interesse do
tidade e inscrição no Cadastro de recomendável, a etapa obriga- adotando.
Pessoas Físicas; tória da preparação referida no § 2o A habilitação à adoção
V – comprovante de renda e § 1o deste artigo incluirá o contato deverá ser renovada no mínimo
domicílio; com crianças e adolescentes em trienalmente mediante avaliação
VI – atestados de sanidade regime de acolhimento familiar por equipe interprofissional.
física e mental; ou institucional, a ser realiza- § 3o Quando o adotante can-
VII – certidão de anteceden- do sob orientação, supervisão didatar-se a uma nova adoção,
tes criminais; e avaliação da equipe técnica será dispensável a renovação da
VIII – certidão negativa de da Justiça da Infância e da Ju- habilitação, bastando a avaliação
distribuição cível. ventude e dos grupos de apoio à por equipe interprofissional.
adoção, com apoio dos técnicos § 4o Após 3 (três) recusas
Art. 197-B. A autoridade judici- responsáveis pelo programa de injustificadas, pelo habilitado, à
ária, no prazo de 48 (quarenta e acolhimento familiar e institu- adoção de crianças ou adoles-
oito) horas, dará vista dos autos cional e pela execução da política centes indicados dentro do perfil
ao Ministério Público, que no pra- municipal de garantia do direito escolhido, haverá reavaliação da
zo de 5 (cinco) dias poderá: à convivência familiar. habilitação concedida.
I – apresentar quesitos a se- § 3o É recomendável que as § 5o A desistência do preten-
rem respondidos pela equipe in- crianças e os adolescentes aco- dente em relação à guarda para
terprofissional encarregada de lhidos institucionalmente ou por fins de adoção ou a devolução da
elaborar o estudo técnico a que família acolhedora sejam prepa- criança ou do adolescente depois
se refere o art. 197‑C desta Lei; rados por equipe interprofissio- do trânsito em julgado da senten-
II – requerer a designação de nal antes da inclusão em família ça de adoção importará na sua
audiência para oitiva dos postu- adotiva. exclusão dos cadastros de ado-
lantes em juízo e testemunhas; ção e na vedação de renovação
III – requerer a juntada de Art. 197-D. Certificada nos autos da habilitação, salvo decisão judi-
documentos complementares e a conclusão da participação no cial fundamentada, sem prejuízo
a realização de outras diligências programa referido no art. 197‑C das demais sanções previstas na
que entender necessárias. desta Lei, a autoridade judiciária, legislação vigente.
no prazo de 48 (quarenta e oito)
Art. 197-C. Intervirá no feito, horas, decidirá acerca das dili- Art. 197-F. O prazo máximo para
obrigatoriamente, equipe inter- gências requeridas pelo Ministério conclusão da habilitação à adoção
profissional a serviço da Justiça Público e determinará a juntada será de 120 (cento e vinte) dias,
da Infância e da Juventude, que do estudo psicossocial, designan- prorrogável por igual período,
664
Estatuto da Criança e do Adolescente
mediante decisão fundamentada tratar de adoção internacional centes;
da autoridade judiciária. ou se houver perigo de dano ir- III – promover e acompa-
reparável ou de difícil reparação nhar as ações de alimentos e
ao adotando. os procedimentos de suspensão
CAPÍTULO IV – DOS e destituição do poder familiar,
RECURSOS Art. 199-B. A sentença que des- nomeação e remoção de tuto-
tituir ambos ou qualquer dos geni- res, curadores e guardiães, bem
Art. 198. Nos procedimentos tores do poder familiar fica sujeita como oficiar em todos os demais
afetos à Justiça da Infância e da a apelação, que deverá ser rece- procedimentos da competência
Juventude, inclusive os relativos bida apenas no efeito devolutivo. da Justiça da Infância e da Ju-
à execução das medidas socioe- ventude;
ducativas, adotar-se-á o sistema Art. 199-C. Os recursos nos pro- IV – promover, de ofício ou
recursal da Lei no 5.869, de 11 de cedimentos de adoção e de desti- por solicitação dos interessados,
janeiro de 1973 (Código de Pro- tuição de poder familiar, em face a especialização e a inscrição de
cesso Civil), com as seguintes da relevância das questões, serão hipoteca legal e a prestação de
adaptações: processados com prioridade ab- contas dos tutores, curadores e
I – os recursos serão inter- soluta, devendo ser imediatamen- quaisquer administradores de
postos independentemente de te distribuídos, ficando vedado bens de crianças e adolescentes
preparo; que aguardem, em qualquer si- nas hipóteses do art. 98;
II – em todos os recursos, sal- tuação, oportuna distribuição, e V – promover o inquérito civil
vo nos embargos de declaração, serão colocados em mesa para e a ação civil pública para a pro-
o prazo para o Ministério Público julgamento sem revisão e com teção dos interesses individuais,
e para a defesa será sempre de parecer urgente do Ministério difusos ou coletivos relativos à
10 (dez) dias; Público. infância e à adolescência, inclu-
III – os recursos terão prefe- sive os definidos no art. 220, § 3o,
rência de julgamento e dispen- Art. 199-D. O relator deverá co- inciso II, da Constituição Federal;
sarão revisor; locar o processo em mesa para VI – instaurar procedimentos
IV – (Revogado); julgamento no prazo máximo de administrativos e, para instruí-los:
V – (Revogado); 60 (sessenta) dias, contado da a) expedir notificações para
VI – (Revogado); sua conclusão. colher depoimentos ou esclareci-
VII – antes de determinar a Parágrafo único. O Ministério mentos e, em caso de não compa-
remessa dos autos à superior Público será intimado da data do recimento injustificado, requisitar
instância, no caso de apelação, julgamento e poderá na sessão, se condução coercitiva, inclusive
ou do instrumento, no caso de entender necessário, apresentar pela polícia civil ou militar;
agravo, a autoridade judiciária oralmente seu parecer. b) requisitar informações,
proferirá despacho fundamen- exames, perícias e documentos
tado, mantendo ou reformando Art. 199-E. O Ministério Público de autoridades municipais, esta-
a decisão, no prazo de cinco dias; poderá requerer a instauração de duais e federais, da administra-
VIII – mantida a decisão ape- procedimento para apuração de ção direta ou indireta, bem como
lada ou agravada, o escrivão re- responsabilidades se constatar promover inspeções e diligências
meterá os autos ou o instrumento o descumprimento das provi- investigatórias;
à superior instância dentro de dências e do prazo previstos nos c) requisitar informações e
vinte e quatro horas, indepen- artigos anteriores. documentos a particulares e ins-
dentemente de novo pedido do tituições privadas;
recorrente; se a reformar, a re- VII – instaurar sindicâncias,
messa dos autos dependerá de CAPÍTULO V – DO requisitar diligências investiga-
pedido expresso da parte inte- MINISTÉRIO PÚBLICO tórias e determinar a instauração
ressada ou do Ministério Público, de inquérito policial, para apu-
no prazo de cinco dias, contados Art. 200. As funções do Minis- ração de ilícitos ou infrações às
da intimação. tério Público, previstas nesta Lei, normas de proteção à infância e
serão exercidas nos termos da à juventude;
Art. 199. Contra as decisões pro- respectiva Lei Orgânica. VIII – zelar pelo efetivo respei-
feridas com base no art. 149 ca- to aos direitos e garantias legais
berá recurso de apelação. Art. 201. Compete ao Ministério assegurados às crianças e adoles-
Público: centes, promovendo as medidas
Art. 199-A. A sentença que defe- I – conceder a remissão como judiciais e extrajudiciais cabíveis;
rir a adoção produz efeito desde forma de exclusão do processo; IX – impetrar mandado de
logo, embora sujeita a apelação, II – promover e acompanhar segurança, de injunção e habeas
que será recebida exclusivamente os procedimentos relativos às corpus, em qualquer juízo, ins-
no efeito devolutivo, salvo se se infrações atribuídas a adoles- tância ou tribunal, na defesa dos
665
Estatuto da Criança e do Adolescente
interesses sociais e individuais rio previamente notificados ou ver defensor, ser-lhe-á nomeado
indisponíveis afetos à criança e acertados; pelo juiz, ressalvado o direito de,
ao adolescente; c) efetuar recomendações a todo tempo, constituir outro de
X – representar ao juízo visan- visando à melhoria dos serviços sua preferência.
do à aplicação de penalidade por públicos e de relevância pública § 2o A ausência do defensor
infrações cometidas contra as afetos à criança e ao adolescente, não determinará o adiamento de
normas de proteção à infância e fixando prazo razoável para sua nenhum ato do processo, devendo
à juventude, sem prejuízo da pro- perfeita adequação. o juiz nomear substituto, ainda
moção da responsabilidade civil e que provisoriamente, ou para o
penal do infrator, quando cabível; Art. 202. Nos processos e pro- só efeito do ato.
XI – inspecionar as entidades cedimentos em que não for parte, § 3o Será dispensada a outor-
públicas e particulares de aten- atuará obrigatoriamente o Mi- ga de mandato, quando se tratar
dimento e os programas de que nistério Público na defesa dos de defensor nomeado ou, sido
trata esta Lei, adotando de pronto direitos e interesses de que cuida constituído, tiver sido indicado
as medidas administrativas ou esta Lei, hipótese em que terá por ocasião de ato formal com a
judiciais necessárias à remoção vista dos autos depois das par- presença da autoridade judiciária.
de irregularidades porventura tes, podendo juntar documentos
verificadas; e requerer diligências, usando os
XII – requisitar força policial, recursos cabíveis. CAPÍTULO VII – DA
bem como a colaboração dos PROTEÇÃO JUDICIAL DOS
serviços médicos, hospitalares, Art. 203. A intimação do Minis- INTERESSES INDIVIDUAIS,
educacionais e de assistência so- tério Público, em qualquer caso, DIFUSOS E COLETIVOS
cial, públicos ou privados, para o será feita pessoalmente.
desempenho de suas atribuições; Art. 208. Regem-se pelas dis-
XIII – intervir, quando não for Art. 204. A falta de intervenção posições desta Lei as ações de
parte, nas causas cíveis e cri- do Ministério Público acarreta a responsabilidade por ofensa aos
minais decorrentes de violência nulidade do feito, que será decla- direitos assegurados à criança e
doméstica e familiar contra a rada de ofício pelo juiz ou a reque- ao adolescente, referentes ao não
criança e o adolescente. rimento de qualquer interessado. oferecimento ou oferta irregular:
§ 1o A legitimação do Minis- I – do ensino obrigatório;
tério Público para as ações cíveis Art. 205. As manifestações pro- II – de atendimento educacio-
previstas neste artigo não impe- cessuais do representante do nal especializado aos portadores
de a de terceiros, nas mesmas Ministério Público deverão ser de deficiência;
hipóteses, segundo dispuserem fundamentadas. III – de atendimento em cre-
a Constituição e esta Lei. che e pré-escola às crianças de
§ 2o As atribuições constan- zero a cinco anos de idade;
tes deste artigo não excluem ou- CAPÍTULO VI – DO IV – de ensino noturno regu-
tras, desde que compatíveis com ADVOGADO lar, adequado às condições do
a finalidade do Ministério Público. educando;
§ 3o O representante do Mi- Art. 206. A criança ou o adoles- V – de programas suplemen-
nistério Público, no exercício de cente, seus pais ou responsável, tares de oferta de material didá-
suas funções, terá livre acesso e qualquer pessoa que tenha legí- tico-escolar, transporte e assis-
a todo local onde se encontre timo interesse na solução da lide tência à saúde do educando do
criança ou adolescente. poderão intervir nos procedimen- ensino fundamental;
§ 4o O representante do Mi- tos de que trata esta Lei, através VI – de serviço de assistência
nistério Público será responsável de advogado, o qual será intimado social visando à proteção à famí-
pelo uso indevido das informa- para todos os atos, pessoalmente lia, à maternidade, à infância e à
ções e documentos que requisi- ou por publicação oficial, respei- adolescência, bem como ao am-
tar, nas hipóteses legais de sigilo. tado o segredo de justiça. paro às crianças e adolescentes
§ 5o Para o exercício da atri- Parágrafo único. Será pres- que dele necessitem;
buição de que trata o inciso VIII tada assistência judiciária inte- VII – de acesso às ações e
deste artigo, poderá o represen- gral e gratuita àqueles que dela serviços de saúde;
tante do Ministério Público: necessitarem. VIII – de escolarização e pro-
a) reduzir a termo as declara- fissionalização dos adolescentes
ções do reclamante, instaurando Art. 207. Nenhum adolescente a privados de liberdade;
o competente procedimento, sob quem se atribua a prática de ato IX – de ações, serviços e pro-
sua presidência; infracional, ainda que ausente ou gramas de orientação, apoio e
b) entender-se diretamen- foragido, será processado sem promoção social de famílias e
te com a pessoa ou autoridade defensor. destinados ao pleno exercício do
reclamada, em dia, local e horá- § 1o Se o adolescente não ti- direito à convivência familiar por
666
Estatuto da Criança e do Adolescente
crianças e adolescentes; fins institucionais a defesa dos dido do autor, se for suficiente
X – de programas de atendi- interesses e direitos protegidos ou compatível com a obrigação,
mento para a execução das medi- por esta Lei, dispensada a auto- fixando prazo razoável para o
das socioeducativas e aplicação rização da assembleia, se houver cumprimento do preceito.
de medidas de proteção; prévia autorização estatutária. § 3o A multa só será exigível
XI – de políticas e progra- § 1o Admitir-se-á litisconsór- do réu após o trânsito em julgado
mas integrados de atendimento cio facultativo entre os Ministé- da sentença favorável ao autor,
à criança e ao adolescente vítima rios Públicos da União e dos Es- mas será devida desde o dia em
ou testemunha de violência. tados na defesa dos interesses que se houver configurado o des-
§ 1o As hipóteses previstas e direitos de que cuida esta Lei. cumprimento.
neste artigo não excluem da pro- § 2o Em caso de desistência
teção judicial outros interesses ou abandono da ação por asso- Art. 214. Os valores das multas
individuais, difusos ou coletivos, ciação legitimada, o Ministério reverterão ao fundo gerido pelo
próprios da infância e da adoles- Público ou outro legitimado po- Conselho dos Direitos da Criança
cência, protegidos pela Constitui- derá assumir a titularidade ativa. e do Adolescente do respectivo
ção e pela Lei. Município.
§ 2o A investigação do de- Art. 211. Os órgãos públicos le- § 1o As multas não recolhidas
saparecimento de crianças ou gitimados poderão tomar dos até trinta dias após o trânsito em
adolescentes será realizada ime- interessados compromisso de julgado da decisão serão exigidas
diatamente após notificação aos ajustamento de sua conduta às através de execução promovi-
órgãos competentes, que deve- exigências legais, o qual terá da pelo Ministério Público, nos
rão comunicar o fato aos portos, eficácia de título executivo ex- mesmos autos, facultada igual
aeroportos, Polícia Rodoviária e trajudicial. iniciativa aos demais legitimados.
companhias de transporte in- § 2o Enquanto o fundo não
terestaduais e internacionais, Art. 212. Para defesa dos direi- for regulamentado, o dinheiro
fornecendo-lhes todos os dados tos e interesses protegidos por ficará depositado em estabele-
necessários à identificação do esta Lei, são admissíveis todas cimento oficial de crédito, em
desaparecido. as espécies de ações pertinentes. conta com correção monetária.
§ 3o A notificação a que se § 1o Aplicam-se às ações pre-
refere o § 2o deste artigo será vistas neste Capítulo as normas Art. 215. O juiz poderá conferir
imediatamente comunicada ao do Código de Processo Civil. efeito suspensivo aos recursos,
Cadastro Nacional de Pessoas § 2o Contra atos ilegais ou para evitar dano irreparável à
Desaparecidas e ao Cadastro Na- abusivos de autoridade pública parte.
cional de Crianças e Adolescentes ou agente de pessoa jurídica no
Desaparecidos, que deverão ser exercício de atribuições do poder Art. 216. Transitada em julgado
prontamente atualizados a cada público, que lesem direito líquido a sentença que impuser conde-
nova informação. e certo previsto nesta Lei, caberá nação ao poder público, o juiz
ação mandamental, que se regerá determinará a remessa de peças
Art. 209. As ações previstas pelas normas da lei do mandado à autoridade competente, para
neste Capítulo serão propostas de segurança. apuração da responsabilidade
no foro do local onde ocorreu ou civil e administrativa do agente a
deva ocorrer a ação ou omissão, Art. 213. Na ação que tenha por que se atribua a ação ou omissão.
cujo juízo terá competência ab- objeto o cumprimento de obriga-
soluta para processar a causa, ção de fazer ou não fazer, o juiz Art. 217. Decorridos sessenta
ressalvadas a competência da concederá a tutela específica da dias do trânsito em julgado da
Justiça Federal e a competên- obrigação ou determinará provi- sentença condenatória sem que
cia originária dos Tribunais Su- dências que assegurem o resul- a associação autora lhe promo-
periores. tado prático equivalente ao do va a execução, deverá fazê-lo o
adimplemento. Ministério Público, facultada igual
Art. 210. Para as ações cíveis § 1o Sendo relevante o fun- iniciativa aos demais legitimados.
fundadas em interesses coleti- damento da demanda e havendo
vos ou difusos, consideram-se justificado receio de ineficácia do Art. 218. O juiz condenará a as-
legitimados concorrentemente: provimento final, é lícito ao juiz sociação autora a pagar ao réu os
I – o Ministério Público; conceder a tutela liminarmente honorários advocatícios arbitra-
II – a União, os Estados, os ou após justificação prévia, ci- dos na conformidade do § 4o do
Municípios, o Distrito Federal e tando o réu. art. 20 da Lei no 5.869, de 11 de
os Territórios; § 2o O juiz poderá, na hipó- janeiro de 1973 – Código de Pro-
III – as associações legalmen- tese do parágrafo anterior ou na cesso Civil, quando reconhecer
te constituídas há pelo menos sentença, impor multa diária ao que a pretensão é manifesta-
um ano e que incluam entre seus réu, independentemente de pe- mente infundada.
667
Estatuto da Criança e do Adolescente
Parágrafo único. Em caso de sob pena de se incorrer em falta básica ou de outras de prestação
litigância de má-fé, a associação grave, no prazo de três dias, ao pecuniária, bem como a subs-
autora e os diretores responsá- Conselho Superior do Ministério tituição de pena que implique
veis pela propositura da ação Público. o pagamento isolado de multa.
serão solidariamente condena- § 3o Até que seja homolo-
dos ao décuplo das custas, sem gada ou rejeitada a promoção Art. 227. Os crimes definidos
prejuízo de responsabilidade por de arquivamento, em sessão do nesta Lei são de ação pública
perdas e danos. Conselho Superior do Ministério incondicionada.
Público, poderão as associações
Art. 219. Nas ações de que trata legitimadas apresentar razões es- Art. 227-A. Os efeitos da conde-
este Capítulo, não haverá adianta- critas ou documentos, que serão nação prevista no inciso I do caput
mento de custas, emolumentos, juntados aos autos do inquérito do art. 92 do Decreto-lei no 2.848,
honorários periciais e quaisquer ou anexados às peças de infor- de 7 de dezembro de 1940 (Código
outras despesas. mação. Penal), para os crimes previstos
§ 4o A promoção de arquiva- nesta Lei, praticados por ser-
Art. 220. Qualquer pessoa po- mento será submetida a exame e vidores públicos com abuso de
derá e o servidor público deverá deliberação do Conselho Superior autoridade, são condicionados à
provocar a iniciativa do Ministério do Ministério Público, conforme ocorrência de reincidência.
Público, prestando-lhe informa- dispuser o seu Regimento. Parágrafo único. A perda do
ções sobre fatos que constituam § 5o Deixando o Conselho Su- cargo, do mandato ou da função,
objeto de ação civil, e indicando- perior de homologar a promoção nesse caso, independerá da pena
-lhe os elementos de convicção. de arquivamento, designará, des- aplicada na reincidência.
de logo, outro órgão do Ministé-
Art. 221. Se, no exercício de suas rio Público para o ajuizamento
funções, os juízes e tribunais tive- da ação.
Seção II – Dos Crimes em
rem conhecimento de fatos que Espécie
possam ensejar a propositura de Art. 224. Aplicam-se subsidia-
ação civil, remeterão peças ao riamente, no que couber, as dis- Art. 228. Deixar o encarregado
Ministério Público para as provi- posições da Lei no 7.347, de 24 de de serviço ou o dirigente de esta-
dências cabíveis. julho de 1985. belecimento de atenção à saúde
de gestante de manter registro
Art. 222. Para instruir a peti- das atividades desenvolvidas, na
ção inicial, o interessado poderá TÍTULO VII – DOS CRIMES forma e prazo referidos no art. 10
requerer às autoridades com- E DAS INFRAÇÕES desta Lei, bem como de fornecer
petentes as certidões e infor- ADMINISTRATIVAS à parturiente ou a seu responsá-
mações que julgar necessárias, vel, por ocasião da alta médica,
que serão fornecidas no prazo CAPÍTULO I – DOS CRIMES declaração de nascimento, onde
de quinze dias. Seção I – Disposições Gerais constem as intercorrências do
parto e do desenvolvimento do
Art. 223. O Ministério Público neonato:
poderá instaurar, sob sua presi- Art. 225. Este Capítulo dispõe Pena – detenção de seis me-
dência, inquérito civil, ou requi- sobre crimes praticados contra ses a dois anos.
sitar, de qualquer pessoa, orga- a criança e o adolescente, por Parágrafo único. Se o crime
nismo público ou particular, cer- ação ou omissão, sem prejuízo é culposo:
tidões, informações, exames ou do disposto na legislação penal. Pena – detenção de dois a
perícias, no prazo que assinalar, seis meses, ou multa.
o qual não poderá ser inferior a Art. 226. Aplicam-se aos crimes
dez dias úteis. definidos nesta Lei as normas da Art. 229. Deixar o médico, en-
§ 1o Se o órgão do Ministé- Parte Geral do Código Penal e, fermeiro ou dirigente de estabe-
rio Público, esgotadas todas as quanto ao processo, as pertinen- lecimento de atenção à saúde de
diligências, se convencer da ine- tes ao Código de Processo Penal. gestante de identificar correta-
xistência de fundamento para a § 1o Aos crimes cometidos mente o neonato e a parturiente,
propositura da ação cível, promo- contra a criança e o adolescente, por ocasião do parto, bem como
verá o arquivamento dos autos independentemente da pena pre- deixar de proceder aos exames
do inquérito civil ou das peças vista, não se aplica a Lei no 9.099, referidos no art. 10 desta Lei:
informativas, fazendo-o funda- de 26 de setembro de 1995. Pena – detenção de seis me-
mentadamente. § 2o Nos casos de violência ses a dois anos.
§ 2o Os autos do inquérito doméstica e familiar contra a Parágrafo único. Se o crime
civil ou as peças de informação criança e o adolescente, é veda- é culposo:
arquivados serão remetidos, da a aplicação de penas de cesta Pena – detenção de dois a
668
Estatuto da Criança e do Adolescente
seis meses, ou multa. Art. 237. Subtrair criança ou ou afim até o terceiro grau, ou por
adolescente ao poder de quem o adoção, de tutor, curador, pre-
Art. 230. Privar a criança ou tem sob sua guarda em virtude de ceptor, empregador da vítima ou
o adolescente de sua liberda- lei ou ordem judicial, com o fim de quem, a qualquer outro título,
de, procedendo à sua apreensão de colocação em lar substituto: tenha autoridade sobre ela, ou
sem estar em flagrante de ato Pena – reclusão de dois a seis com seu consentimento.
infracional ou inexistindo ordem anos, e multa.
escrita da autoridade judiciária Art. 241. Vender ou expor à ven-
competente: Art. 238. Prometer ou efetivar da fotografia, vídeo ou outro re-
Pena – detenção de seis me- a entrega de filho ou pupilo a gistro que contenha cena de sexo
ses a dois anos. terceiro, mediante paga ou re- explícito ou pornográfica envol-
Parágrafo único. Incide na compensa: vendo criança ou adolescente:
mesma pena aquele que procede Pena – reclusão de um a qua- Pena – reclusão, de 4 (quatro)
à apreensão sem observância das tro anos, e multa. a 8 (oito) anos, e multa.
formalidades legais. Parágrafo único. Incide nas
mesmas penas quem oferece ou Art. 241-A. Oferecer, trocar, dis-
Art. 231. Deixar a autoridade efetiva a paga ou recompensa. ponibilizar, transmitir, distribuir,
policial responsável pela apre- publicar ou divulgar por qualquer
ensão de criança ou adolescente Art. 239. Promover ou auxiliar meio, inclusive por meio de siste-
de fazer imediata comunicação à a efetivação de ato destinado ao ma de informática ou telemático,
autoridade judiciária competen- envio de criança ou adolescente fotografia, vídeo ou outro registro
te e à família do apreendido ou à para o exterior com inobservância que contenha cena de sexo explí-
pessoa por ele indicada: das formalidades legais ou com cito ou pornográfica envolvendo
Pena – detenção de seis me- o fito de obter lucro: criança ou adolescente:
ses a dois anos. Pena – reclusão de quatro a Pena – reclusão, de 3 (três) a
seis anos, e multa. 6 (seis) anos, e multa.
Art. 232. Submeter criança ou Parágrafo único. Se há em- § 1o Nas mesmas penas in-
adolescente sob sua autoridade, prego de violência, grave ameaça corre quem:
guarda ou vigilância a vexame ou ou fraude: I – assegura os meios ou ser-
a constrangimento: Pena – reclusão, de 6 (seis) a viços para o armazenamento das
Pena – detenção de seis me- 8 (oito) anos, além da pena cor- fotografias, cenas ou imagens de
ses a dois anos. respondente à violência. que trata o caput deste artigo;
II – assegura, por qualquer
Art. 233. (Revogado) Art. 240. Produzir, reproduzir, meio, o acesso por rede de com-
dirigir, fotografar, filmar ou re- putadores às fotografias, cenas
Art. 234. Deixar a autoridade gistrar, por qualquer meio, cena ou imagens de que trata o caput
competente, sem justa causa, de sexo explícito ou pornográfi- deste artigo.
de ordenar a imediata liberação ca, envolvendo criança ou ado- § 2o As condutas tipificadas
de criança ou adolescente, tão lescente: nos incisos I e II do § 1o deste ar-
logo tenha conhecimento da ile- Pena – reclusão, de 4 (quatro) tigo são puníveis quando o res-
galidade da apreensão: a 8 (oito) anos, e multa. ponsável legal pela prestação do
Pena – detenção de seis me- § 1o Incorre nas mesmas pe- serviço, oficialmente notificado,
ses a dois anos. nas quem agencia, facilita, recru- deixa de desabilitar o acesso ao
ta, coage, ou de qualquer modo conteúdo ilícito de que trata o
Art. 235. Descumprir, injusti- intermedeia a participação de caput deste artigo.
ficadamente, prazo fixado nesta criança ou adolescente nas ce-
Lei em benefício de adolescente nas referidas no caput deste ar- Art. 241-B. Adquirir, possuir ou
privado de liberdade: tigo, ou ainda quem com esses armazenar, por qualquer meio,
Pena – detenção de seis me- contracena. fotografia, vídeo ou outra forma
ses a dois anos. § 2o Aumenta-se a pena de de registro que contenha cena de
1/3 (um terço) se o agente come- sexo explícito ou pornográfica en-
Art. 236. Impedir ou embaraçar te o crime: volvendo criança ou adolescente:
a ação de autoridade judiciária, I – no exercício de cargo ou Pena – reclusão, de 1 (um) a
membro do Conselho Tutelar ou função pública ou a pretexto de 4 (quatro) anos, e multa.
representante do Ministério Pú- exercê-la; § 1o A pena é diminuída de 1
blico no exercício de função pre- II – prevalecendo-se de rela- (um) a 2/3 (dois terços) se de pe-
vista nesta Lei: ções domésticas, de coabitação quena quantidade o material a
Pena – detenção de seis me- ou de hospitalidade; ou que se refere o caput deste artigo.
ses a dois anos. III – prevalecendo-se de rela- § 2o Não há crime se a pos-
ções de parentesco consanguíneo se ou o armazenamento tem a
669
Estatuto da Criança e do Adolescente
finalidade de comunicar às au- critas no caput deste artigo com Federação (Estado ou Distrito
toridades competentes a ocor- o fim de induzir criança a se exibir Federal) em que foi cometido o
rência das condutas descritas de forma pornográfica ou sexu- crime, ressalvado o direito de
nos arts. 240, 241, 241‑A e 241‑C almente explícita. terceiro de boa-fé.
desta Lei, quando a comunicação § 1o Incorrem nas mesmas
for feita por: Art. 241-E. Para efeito dos cri- penas o proprietário, o gerente ou
I – agente público no exercício mes previstos nesta Lei, a ex- o responsável pelo local em que
de suas funções; pressão “cena de sexo explícito se verifique a submissão de crian-
II – membro de entidade, le- ou pornográfica” compreende ça ou adolescente às práticas
galmente constituída, que inclua, qualquer situação que envolva referidas no caput deste artigo.
entre suas finalidades institucio- criança ou adolescente em ati- § 2o Constitui efeito obriga-
nais, o recebimento, o proces- vidades sexuais explícitas, reais tório da condenação a cassação
samento e o encaminhamento ou simuladas, ou exibição dos da licença de localização e de fun-
de notícia dos crimes referidos órgãos genitais de uma criança cionamento do estabelecimento.
neste parágrafo; ou adolescente para fins primor-
III – representante legal e dialmente sexuais. Art. 244-B. Corromper ou faci-
funcionários responsáveis de litar a corrupção de menor de 18
provedor de acesso ou serviço Art. 242. Vender, fornecer ainda (dezoito) anos, com ele praticando
prestado por meio de rede de que gratuitamente ou entregar, infração penal ou induzindo-o a
computadores, até o recebimento de qualquer forma, a criança ou praticá-la:
do material relativo à notícia feita adolescente arma, munição ou Pena – reclusão, de 1 (um) a
à autoridade policial, ao Ministério explosivo: 4 (quatro) anos.
Público ou ao Poder Judiciário. Pena – reclusão, de 3 (três) a § 1o Incorre nas penas previs-
§ 3o As pessoas referidas no 6 (seis) anos. tas no caput deste artigo quem
§ 2o deste artigo deverão man- pratica as condutas ali tipificadas
ter sob sigilo o material ilícito Art. 243. Vender, fornecer, ser- utilizando-se de quaisquer meios
referido. vir, ministrar ou entregar, ainda eletrônicos, inclusive salas de
que gratuitamente, de qualquer bate-papo da internet.
Art. 241-C. Simular a participa- forma, a criança ou a adolescen- § 2o As penas previstas no
ção de criança ou adolescente em te, bebida alcoólica ou, sem jus- caput deste artigo são aumen-
cena de sexo explícito ou porno- ta causa, outros produtos cujos tadas de um terço no caso de a
gráfica por meio de adulteração, componentes possam causar infração cometida ou induzida es-
montagem ou modificação de fo- dependência física ou psíquica: tar incluída no rol do art. 1o da Lei
tografia, vídeo ou qualquer outra Pena – detenção, de 2 (dois) a no 8.072, de 25 de julho de 1990.
forma de representação visual: 4 (quatro) anos, e multa, se o fato
Pena – reclusão, de 1 (um) a não constitui crime mais grave.
3 (três) anos, e multa. CAPÍTULO II –
Parágrafo único. Incorre Art. 244. Vender, fornecer ainda DAS INFRAÇÕES
nas mesmas penas quem ven- que gratuitamente ou entregar, ADMINISTRATIVAS
de, expõe à venda, disponibiliza, de qualquer forma, a criança ou
distribui, publica ou divulga por adolescente fogos de estampido Art. 245. Deixar o médico, pro-
qualquer meio, adquire, possui ou de artifício, exceto aqueles fessor ou responsável por esta-
ou armazena o material produzido que, pelo seu reduzido poten- belecimento de atenção à saúde
na forma do caput deste artigo. cial, sejam incapazes de provocar e de ensino fundamental, pré-es-
qualquer dano físico em caso de cola ou creche, de comunicar à
Art. 241-D. Aliciar, assediar, ins- utilização indevida: autoridade competente os casos
tigar ou constranger, por qualquer Pena – detenção de seis me- de que tenha conhecimento, en-
meio de comunicação, criança, ses a dois anos, e multa. volvendo suspeita ou confirmação
com o fim de com ela praticar de maus-tratos contra criança ou
ato libidinoso: Art. 244-A. Submeter criança adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a ou adolescente, como tais de- Pena – multa de três a vinte
3 (três) anos, e multa. finidos no caput do art. 2o desta salários de referência, aplican-
Parágrafo único. Nas mes- Lei, à prostituição ou à explora- do-se o dobro em caso de rein-
mas penas incorre quem: ção sexual: cidência.
I – facilita ou induz o acesso Pena – reclusão de quatro a
à criança de material contendo dez anos e multa, além da perda Art. 246. Impedir o responsável
cena de sexo explícito ou por- de bens e valores utilizados na ou funcionário de entidade de
nográfica com o fim de com ela prática criminosa em favor do atendimento o exercício dos di-
praticar ato libidinoso; Fundo dos Direitos da Criança reitos constantes nos incisos II, III,
II – pratica as condutas des- e do Adolescente da unidade da VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
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Estatuto da Criança e do Adolescente
Pena – multa de três a vinte § 1o Em caso de reincidência, peça, amostra ou congênere clas-
salários de referência, aplican- sem prejuízo da pena de multa, a sificado pelo órgão competente
do-se o dobro em caso de rein- autoridade judiciária poderá de- como inadequado às crianças
cidência. terminar o fechamento do estabe- ou adolescentes admitidos ao
lecimento por até 15 (quinze) dias. espetáculo:
Art. 247. Divulgar, total ou par- § 2o Se comprovada a rein- Pena – multa de vinte a cem
cialmente, sem autorização devi- cidência em período inferior a 30 salários de referência; na rein-
da, por qualquer meio de comuni- (trinta) dias, o estabelecimento cidência, a autoridade poderá
cação, nome, ato ou documento será definitivamente fechado e determinar a suspensão do espe-
de procedimento policial, admi- terá sua licença cassada. táculo ou o fechamento do esta-
nistrativo ou judicial relativo a belecimento por até quinze dias.
criança ou adolescente a que se Art. 251. Transportar criança ou
atribua ato infracional: adolescente, por qualquer meio, Art. 256. Vender ou locar a
Pena – multa de três a vinte com inobservância do disposto criança ou adolescente fita de
salários de referência, aplican- nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: programação em vídeo, em de-
do-se o dobro em caso de rein- Pena – multa de três a vinte sacordo com a classificação atri-
cidência. salários de referência, aplican- buída pelo órgão competente:
§ 1o Incorre na mesma pena do-se o dobro em caso de rein- Pena – multa de três a vinte
quem exibe, total ou parcialmen- cidência. salários de referência; em caso
te, fotografia de criança ou ado- de reincidência, a autoridade ju-
lescente envolvido em ato infra- Art. 252. Deixar o responsável diciária poderá determinar o fe-
cional, ou qualquer ilustração por diversão ou espetáculo pú- chamento do estabelecimento
que lhe diga respeito ou se refira blico de afixar, em lugar visível e por até quinze dias.
a atos que lhe sejam atribuídos, de fácil acesso, à entrada do local
de forma a permitir sua identifi- de exibição, informação destaca- Art. 257. Descumprir obriga-
cação, direta ou indiretamente. da sobre a natureza da diversão ção constante dos arts. 78 e 79
§ 2o Se o fato for praticado ou espetáculo e a faixa etária desta Lei:
por órgão de imprensa ou emisso- especificada no certificado de Pena – multa de três a vinte
ra de rádio ou televisão, além da classificação: salários de referência, duplican-
pena prevista neste artigo, a auto- Pena – multa de três a vinte do-se a pena em caso de reinci-
ridade judiciária poderá determi- salários de referência, aplican- dência, sem prejuízo de apre-
nar a apreensão da publicação ou do-se o dobro em caso de rein- ensão da revista ou publicação.
a suspensão da programação da cidência.
emissora até por dois dias, bem Art. 258. Deixar o responsá-
como da publicação do periódico Art. 253. Anunciar peças tea- vel pelo estabelecimento ou o
até por dois números.2 trais, filmes ou quaisquer repre- empresário de observar o que
sentações ou espetáculos, sem dispõe esta Lei sobre o acesso
Art. 248. (Revogado) indicar os limites de idade a que de criança ou adolescente aos
não se recomendem: locais de diversão, ou sobre sua
Art. 249. Descumprir, dolosa Pena – multa de três a vinte participação no espetáculo:
ou culposamente, os deveres salários de referência, duplicada Pena – multa de três a vinte
inerentes ao poder familiar ou em caso de reincidência, aplicá- salários de referência; em caso
decorrente de tutela ou guarda, vel, separadamente, à casa de de reincidência, a autoridade ju-
bem assim determinação da au- espetáculo e aos órgãos de di- diciária poderá determinar o fe-
toridade judiciária ou Conselho vulgação ou publicidade. chamento do estabelecimento
Tutelar: por até quinze dias.
Pena – multa de três a vinte Art. 254. Transmitir, através de
salários de referência, aplican- rádio ou televisão, espetáculo em Art. 258-A. Deixar a autoridade
do-se o dobro em caso de rein- horário diverso do autorizado ou competente de providenciar a ins-
cidência. sem aviso de sua classificação:3 talação e operacionalização dos
Pena – multa de vinte a cem cadastros previstos no art. 50 e
Art. 250. Hospedar criança ou salários de referência; duplicada no § 11 do art. 101 desta Lei:
adolescente desacompanhado em caso de reincidência a autori- Pena – multa de R$ 1.000,00
dos pais ou responsável, ou sem dade judiciária poderá determinar (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
autorização escrita desses ou a suspensão da programação da reais).
da autoridade judiciária, em ho- emissora por até dois dias. Parágrafo único. Incorre nas
tel, pensão, motel ou congênere: mesmas penas a autoridade que
Pena – multa. Art. 255. Exibir filme, trailer, deixa de efetuar o cadastramento
de crianças e de adolescentes em
2
NE: ver ADI no 869. 3
NE: ver ADI no 2.404. condições de serem adotadas, de
671
Estatuto da Criança e do Adolescente
pessoas ou casais habilitados à estaduais ou municipais, devi- ção dos projetos aprovados pelos
adoção e de crianças e adoles- damente comprovadas, sendo conselhos;
centes em regime de acolhimento essas integralmente deduzidas II – os projetos deverão ga-
institucional ou familiar. do imposto de renda, obedecidos rantir os direitos fundamentais
os seguintes limites: e humanos das crianças e dos
Art. 258-B. Deixar o médico, I – 1% (um por cento) do im- adolescentes;
enfermeiro ou dirigente de esta- posto sobre a renda devido apu- III – a captação de recursos
belecimento de atenção à saúde rado pelas pessoas jurídicas tri- por meio do Fundo dos Direitos
de gestante de efetuar imediato butadas com base no lucro real; e da Criança e do Adolescente de-
encaminhamento à autoridade II – 6% (seis por cento) do verá ser realizada pela instituição
judiciária de caso de que tenha imposto sobre a renda apurado proponente para o financiamento
conhecimento de mãe ou ges- pelas pessoas físicas na Declara- do respectivo projeto;
tante interessada em entregar ção de Ajuste Anual, observado o IV – os recursos captados se-
seu filho para adoção: disposto no art. 22 da Lei no 9.532, rão repassados para a instituição
Pena – multa de R$ 1.000,00 de 10 de dezembro de 1997. proponente mediante formaliza-
(mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil § 1o (Revogado) ção de instrumento de repasse de
reais). § 1o-A. Na definição das prio- recursos, conforme a legislação
Parágrafo único. Incorre na ridades a serem atendidas com os vigente;
mesma pena o funcionário de recursos captados pelos fundos V – os conselhos deverão fixar
programa oficial ou comunitário nacional, estaduais e municipais percentual de retenção dos recur-
destinado à garantia do direito à dos direitos da criança e do ado- sos captados, em cada chancela,
convivência familiar que deixa de lescente, serão consideradas as que serão destinados ao Fun-
efetuar a comunicação referida disposições do Plano Nacional de do dos Direitos da Criança e do
no caput deste artigo. Promoção, Proteção e Defesa do Adolescente;
Direito de Crianças e Adolescen- VI – o tempo de duração entre
Art. 258-C. Descumprir a proi- tes à Convivência Familiar e Co- a aprovação do projeto e a capta-
bição estabelecida no inciso II munitária e as do Plano Nacional ção dos recursos deverá ser de 2
do art. 81: pela Primeira Infância. (dois) anos e poderá ser prorro-
Pena – multa de R$ 3.000,00 § 2o Os conselhos nacional, gado por igual período;
(três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez estaduais e municipais dos direi- VII – a chancela do projeto não
mil reais); tos da criança e do adolescente deverá obrigar seu financiamento
Medida Administrativa – inter- fixarão critérios de utilização, por pelo Fundo dos Direitos da Crian-
dição do estabelecimento comer- meio de planos de aplicação, das ça e do Adolescente, caso não te-
cial até o recolhimento da multa dotações subsidiadas e demais nha sido captado valor suficiente.
aplicada. receitas, aplicando necessaria- § 3o O Departamento da Re-
mente percentual para incentivo ceita Federal, do Ministério da
ao acolhimento, sob a forma de Economia, Fazenda e Planeja-
DISPOSIÇÕES FINAIS E guarda, de crianças e adolescen- mento, regulamentará a com-
TRANSITÓRIAS tes e para programas de atenção provação das doações feitas aos
integral à primeira infância em fundos, nos termos deste artigo.
Art. 259. A União, no prazo de áreas de maior carência socio- § 4o O Ministério Público de-
noventa dias contados da publi- econômica e em situações de terminará em cada comarca a for-
cação deste Estatuto, elaborará calamidade. ma de fiscalização da aplicação,
projeto de lei dispondo sobre a § 2o-A. O contribuinte poderá pelo Fundo Municipal dos Direitos
criação ou adaptação de seus indicar o projeto que receberá a da Criança e do Adolescente, dos
órgãos às diretrizes da política destinação de recursos, entre os incentivos fiscais referidos nes-
de atendimento fixadas no art. 88 projetos aprovados por conselho te artigo.
e ao que estabelece o Título V dos direitos da criança e do ado- § 5o Observado o disposto no
do Livro II. lescente. § 4o do art. 3o da Lei no 9.249, de 26
Parágrafo único. Compete § 2o-B. É facultado aos con- de dezembro de 1995, a dedução
aos Estados e Municípios pro- selhos chancelar projetos ou ban- de que trata o inciso I do caput:
moverem a adaptação de seus co de projetos, por meio de regu- I – será considerada isola-
órgãos e programas às diretri- lamentação própria, observadas damente, não se submetendo a
zes e princípios estabelecidos as seguintes regras: limite em conjunto com outras
nesta Lei. I – a chancela deverá ser deduções do imposto; e
entendida como a autorização II – não poderá ser computa-
Art. 260. Os contribuintes po- para captação de recursos por da como despesa operacional na
derão efetuar doações aos Fun- meio dos Fundos dos Direitos da apuração do lucro real.
dos dos Direitos da Criança e do Criança e do Adolescente com a
Adolescente nacional, distrital, finalidade de viabilizar a execu- Art. 260-A. A partir do exercício
672
Estatuto da Criança e do Adolescente
de 2010, ano-calendário de 2009, inciso II do art. 260. te, informando também se houve
a pessoa física poderá optar pela avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e
doação de que trata o inciso II do Art. 260-B. A doação de que endereço dos avaliadores.
caput do art. 260 diretamente em trata o inciso I do art. 260 poderá
sua Declaração de Ajuste Anual. ser deduzida: Art. 260-E. Na hipótese da do-
§ 1o A doação de que trata I – do imposto devido no tri- ação em bens, o doador deverá:
o caput poderá ser deduzida até mestre, para as pessoas jurídicas I – comprovar a propriedade
os seguintes percentuais aplica- que apuram o imposto trimes- dos bens, mediante documen-
dos sobre o imposto apurado na tralmente; e tação hábil;
declaração: II – do imposto devido men- II – baixar os bens doados na
I – (Vetado); salmente e no ajuste anual, para declaração de bens e direitos,
II – (Vetado); as pessoas jurídicas que apuram quando se tratar de pessoa físi-
III – 3% (três por cento) a par- o imposto anualmente. ca, e na escrituração, no caso de
tir do exercício de 2012. Parágrafo único. A doação pessoa jurídica; e
§ 2o A dedução de que trata deverá ser efetuada dentro do III – considerar como valor
o caput: período a que se refere a apura- dos bens doados:
I – está sujeita ao limite de ção do imposto. a) para as pessoas físicas,
6% (seis por cento) do imposto o valor constante da última de-
sobre a renda apurado na decla- Art. 260-C. As doações de que claração do imposto de renda,
ração de que trata o inciso II do trata o art. 260 desta Lei podem desde que não exceda o valor
caput do art. 260; ser efetuadas em espécie ou em de mercado;
II – não se aplica à pessoa bens. b) para as pessoas jurídicas,
física que: Parágrafo único. As doações o valor contábil dos bens.
a) utilizar o desconto sim- efetuadas em espécie devem ser Parágrafo único. O preço ob-
plificado; depositadas em conta específica, tido em caso de leilão não será
b) apresentar declaração em em instituição financeira pública, considerado na determinação do
formulário; ou vinculadas aos respectivos fun- valor dos bens doados, exceto se
c) entregar a declaração fora dos de que trata o art. 260. o leilão for determinado por au-
do prazo; toridade judiciária.
III – só se aplica às doações Art. 260-D. Os órgãos respon-
em espécie; e sáveis pela administração das Art. 260-F. Os documentos a
IV – não exclui ou reduz outros contas dos Fundos dos Direitos que se referem os arts. 260‑D e
benefícios ou deduções em vigor. da Criança e do Adolescente na- 260‑E devem ser mantidos pelo
§ 3o O pagamento da doação cional, estaduais, distrital e mu- contribuinte por um prazo de 5
deve ser efetuado até a data de nicipais devem emitir recibo em (cinco) anos para fins de com-
vencimento da primeira quota favor do doador, assinado por provação da dedução perante a
ou quota única do imposto, ob- pessoa competente e pelo pre- Receita Federal do Brasil.
servadas instruções específicas sidente do Conselho correspon-
da Secretaria da Receita Federal dente, especificando: Art. 260-G. Os órgãos respon-
do Brasil. I – número de ordem; sáveis pela administração das
§ 4o O não pagamento da do- II – nome, Cadastro Nacional contas dos Fundos dos Direitos
ação no prazo estabelecido no § 3o da Pessoa Jurídica (CNPJ) e en- da Criança e do Adolescente na-
implica a glosa definitiva desta dereço do emitente; cional, estaduais, distrital e mu-
parcela de dedução, ficando a III – nome, CNPJ ou Cadas- nicipais devem:
pessoa física obrigada ao reco- tro de Pessoas Físicas (CPF) do I – manter conta bancária es-
lhimento da diferença de imposto doador; pecífica destinada exclusivamen-
devido apurado na Declaração de IV – data da doação e valor te a gerir os recursos do Fundo;
Ajuste Anual com os acréscimos efetivamente recebido; e II – manter controle das do-
legais previstos na legislação. V – ano-calendário a que se ações recebidas; e
§ 5o A pessoa física pode- refere a doação. III – informar anualmente à
rá deduzir do imposto apurado § 1o O comprovante de que Secretaria da Receita Federal do
na Declaração de Ajuste Anual trata o caput deste artigo pode Brasil as doações recebidas mês
as doações feitas, no respectivo ser emitido anualmente, desde a mês, identificando os seguintes
ano-calendário, aos fundos con- que discrimine os valores doados dados por doador:
trolados pelos Conselhos dos Di- mês a mês. a) nome, CNPJ ou CPF;
reitos da Criança e do Adolescen- § 2o No caso de doação em b) valor doado, especifican-
te municipais, distrital, estaduais bens, o comprovante deve conter do se a doação foi em espécie ou
e nacional concomitantemente a identificação dos bens, median- em bens.
com a opção de que trata o caput, te descrição em campo próprio ou
respeitado o limite previsto no em relação anexa ao comprovan- Art. 260-H. Em caso de des-
673
Estatuto da Criança e do Adolescente
cumprimento das obrigações pre- ano, arquivo eletrônico contendo deral, promoverão edição popular
vistas no art. 260‑G, a Secretaria a relação atualizada dos Fundos do texto integral deste Estatuto,
da Receita Federal do Brasil dará dos Direitos da Criança e do Ado- que será posto à disposição das
conhecimento do fato ao Minis- lescente nacional, distrital, esta- escolas e das entidades de aten-
tério Público. duais e municipais, com a indica- dimento e de defesa dos direitos
ção dos respectivos números de da criança e do adolescente.
Art. 260-I. Os Conselhos dos Di- inscrição no CNPJ e das contas
reitos da Criança e do Adolescen- bancárias específicas mantidas Art. 265-A. O poder público fará
te nacional, estaduais, distrital e em instituições financeiras públi- periodicamente ampla divulga-
municipais divulgarão amplamen- cas, destinadas exclusivamente ção dos direitos da criança e do
te à comunidade: a gerir os recursos dos Fundos. adolescente nos meios de comu-
I – o calendário de suas reu- nicação social.
niões; Art. 260-L. A Secretaria da Re- Parágrafo único. A divulga-
II – as ações prioritárias para ceita Federal do Brasil expedirá ção a que se refere o caput será
aplicação das políticas de atendi- as instruções necessárias à apli- veiculada em linguagem clara,
mento à criança e ao adolescente; cação do disposto nos arts. 260 compreensível e adequada a
III – os requisitos para a apre- a 260‑K. crianças e adolescentes, espe-
sentação de projetos a serem cialmente às crianças com idade
beneficiados com recursos dos Art. 261. À falta dos Conselhos inferior a 6 (seis) anos.
Fundos dos Direitos da Criança Municipais dos Direitos da Crian-
e do Adolescente nacional, es- ça e do Adolescente, os registros, Art. 266. Esta Lei entra em vigor
taduais, distrital ou municipais; inscrições e alterações a que se noventa dias após sua publicação.
IV – a relação dos projetos referem os arts. 90, parágrafo Parágrafo único. Durante o
aprovados em cada ano-calen- único, e 91 desta Lei serão efetu- período de vacância deverão ser
dário e o valor dos recursos pre- ados perante a autoridade judici- promovidas atividades e cam-
vistos para implementação das ária da comarca a que pertencer panhas de divulgação e escla-
ações, por projeto; a entidade. recimentos acerca do disposto
V – o total dos recursos rece- Parágrafo único. A União fica nesta Lei.
bidos e a respectiva destinação, autorizada a repassar aos Estados
por projeto atendido, inclusive e Municípios, e os Estados aos Mu- Art. 267. Revogam-se as Leis
com cadastramento na base de nicípios, os recursos referentes nos 4.513, de 1964, e 6.697, de 10
dados do Sistema de Informa- aos programas e atividades pre- de outubro de 1979 (Código de Me-
ções sobre a Infância e a Ado- vistos nesta Lei, tão logo estejam nores), e as demais disposições
lescência; e criados os Conselhos dos Direitos em contrário.
VI – a avaliação dos resulta- da Criança e do Adolescente nos
dos dos projetos beneficiados seus respectivos níveis. Brasília, 13 de julho de 1990; 169o
com recursos dos Fundos dos da Independência e 102o da Re-
Direitos da Criança e do Adoles- Art. 262. Enquanto não insta- pública.
cente nacional, estaduais, distri- lados os Conselhos Tutelares,
tal e municipais. as atribuições a eles conferidas FERNANDO COLLOR
serão exercidas pela autoridade
Art. 260-J. O Ministério Público judiciária. Promulgada em 13/7/1990, publicada no
determinará, em cada Comar- DOU de 16/7/1990 e retificada no DOU
ca, a forma de fiscalização da Art. 263. O Decreto-lei no 2.848, de 27/9/1990.
aplicação dos incentivos fiscais de 7 de dezembro de 1940, Códi-
referidos no art. 260 desta Lei. go Penal, passa a vigorar com as
Parágrafo único. O des- seguintes alterações:
cumprimento do disposto nos ��������������������������������������������������
arts. 260‑G e 260‑I sujeitará os
infratores a responder por ação Art. 264. O art. 102 da Lei
judicial proposta pelo Ministé- no 6.015, de 31 de dezembro de
rio Público, que poderá atuar de 1973, fica acrescido do seguin-
ofício, a requerimento ou repre- te item:
sentação de qualquer cidadão. ��������������������������������������������������
674
Estatuto da Pessoa
Idosa
Lei no 10.741/2003
677 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
678 TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
678 CAPÍTULO I – DO DIREITO À VIDA
678 CAPÍTULO II – DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
678 CAPÍTULO III – DOS ALIMENTOS
678 CAPÍTULO IV – DO DIREITO À SAÚDE
679 CAPÍTULO V – DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER
679 CAPÍTULO VI – DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO
680 CAPÍTULO VII – DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
680 CAPÍTULO VIII – DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
680 CAPÍTULO IX – DA HABITAÇÃO
681 CAPÍTULO X – DO TRANSPORTE
681 TÍTULO III – DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
681 CAPÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
681 CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
681 TÍTULO IV – DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO À PESSOA IDOSA
681 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
682 CAPÍTULO II – DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO À PESSOA IDOSA
682 CAPÍTULO III – DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
683 CAPÍTULO IV – DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
683 CAPÍTULO V – DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO À
PESSOA IDOSA
684 CAPÍTULO VI – DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE
ATENDIMENTO
684 TÍTULO V – DO ACESSO À JUSTIÇA
684 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
684 CAPÍTULO II – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
685 CAPÍTULO III – DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E
INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS
686 TÍTULO VI – DOS CRIMES
686 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
686 CAPÍTULO II – DOS CRIMES EM ESPÉCIE
687 TÍTULO VII – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Estatuto da Pessoa Idosa
Lei no 10.741/2003
Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa trabalho, à cidadania, à liberdade, § 2o Entre as pessoas idosas,
Idosa e dá outras providências. à dignidade, ao respeito e à con- é assegurada prioridade especial
vivência familiar e comunitária. aos maiores de 80 (oitenta) anos,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA § 1o A garantia de prioridade atendendo-se suas necessidades
compreende: sempre preferencialmente em re-
Faço saber que o Congresso Na- I – atendimento preferencial lação às demais pessoas idosas.
cional decreta e eu sanciono a imediato e individualizado junto
seguinte Lei:1 aos órgãos públicos e privados Art. 4o Nenhuma pessoa idosa
prestadores de serviços à po- será objeto de qualquer tipo de
pulação; negligência, discriminação, vio-
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES II – preferência na formulação lência, crueldade ou opressão, e
PRELIMINARES e na execução de políticas sociais todo atentado aos seus direitos,
públicas específicas; por ação ou omissão, será punido
Art. 1o É instituído o Estatuto da III – destinação privilegiada na forma da lei.
Pessoa Idosa, destinado a regular de recursos públicos nas áreas § 1o É dever de todos prevenir
os direitos assegurados às pes- relacionadas com a proteção à a ameaça ou violação aos direitos
soas com idade igual ou superior pessoa idosa; da pessoa idosa.
a 60 (sessenta) anos. IV – viabilização de formas § 2o As obrigações previs-
alternativas de participação, ocu- tas nesta Lei não excluem da
Art. 2o A pessoa idosa goza de pação e convívio da pessoa idosa prevenção outras decorrentes
todos os direitos fundamentais com as demais gerações; dos princípios por ela adotados.
inerentes à pessoa humana, sem V – priorização do atendi-
prejuízo da proteção integral de mento da pessoa idosa por sua Art. 5o A inobservância das nor-
que trata esta Lei, asseguran- própria família, em detrimento mas de prevenção importará em
do-se-lhe, por lei ou por outros do atendimento asilar, exceto dos responsabilidade à pessoa física
meios, todas as oportunidades e que não a possuam ou careçam ou jurídica nos termos da lei.
facilidades, para preservação de de condições de manutenção da
sua saúde física e mental e seu própria sobrevivência; Art. 6o Todo cidadão tem o de-
aperfeiçoamento moral, intelec- VI – capacitação e reciclagem ver de comunicar à autoridade
tual, espiritual e social, em con- dos recursos humanos nas áreas competente qualquer forma de
dições de liberdade e dignidade. de geriatria e gerontologia e na violação a esta Lei que tenha
prestação de serviços às pesso- testemunhado ou de que tenha
Art. 3o É obrigação da família, da as idosas; conhecimento.
comunidade, da sociedade e do VII – estabelecimento de me-
poder público assegurar à pessoa canismos que favoreçam a divul- Art. 7o Os Conselhos Nacional,
idosa, com absoluta prioridade, a gação de informações de caráter Estaduais, do Distrito Federal e
efetivação do direito à vida, à saú- educativo sobre os aspectos biop- Municipais da Pessoa Idosa, pre-
de, à alimentação, à educação, à sicossociais de envelhecimento; vistos na Lei no 8.842, de 4 de ja-
cultura, ao esporte, ao lazer, ao VIII – garantia de acesso à neiro de 1994, zelarão pelo cum-
rede de serviços de saúde e de primento dos direitos da pessoa
assistência social locais; idosa, definidos nesta Lei.
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que IX – prioridade no recebimen-
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- to da restituição do Imposto de
poradas às normas às quais se destinam. Renda.
677
Estatuto da Pessoa Idosa
TÍTULO II – DOS DIREITOS tratamento desumano, violento, população que dele necessitar e
FUNDAMENTAIS aterrorizante, vexatório ou cons- esteja impossibilitada de se loco-
trangedor. mover, inclusive para as pesso-
CAPÍTULO I – DO DIREITO as idosas abrigadas e acolhidas
À VIDA por instituições públicas, filan-
CAPÍTULO III – DOS trópicas ou sem fins lucrativos
Art. 8o O envelhecimento é um ALIMENTOS e eventualmente conveniadas
direito personalíssimo e a sua com o poder público, nos meios
proteção um direito social, nos Art. 11. Os alimentos serão pres- urbano e rural;
termos desta Lei e da legislação tados à pessoa idosa na forma V – reabilitação orientada pela
vigente. da lei civil. geriatria e gerontologia, para re-
dução das sequelas decorrentes
Art. 9o É obrigação do Estado, Art. 12. A obrigação alimentar é do agravo da saúde.
garantir à pessoa idosa a prote- solidária, podendo a pessoa idosa § 2o Incumbe ao poder pú-
ção à vida e à saúde, mediante optar entre os prestadores. blico fornecer às pessoas idosas,
efetivação de políticas sociais gratuitamente, medicamentos,
públicas que permitam um enve- Art. 13. As transações relativas a especialmente os de uso con-
lhecimento saudável e em condi- alimentos poderão ser celebradas tinuado, assim como próteses,
ções de dignidade. perante o Promotor de Justiça órteses e outros recursos rela-
ou Defensor Público, que as re- tivos ao tratamento, habilitação
ferendará, e passarão a ter efeito ou reabilitação.
CAPÍTULO II – DO de título executivo extrajudicial § 3o É vedada a discrimina-
DIREITO À LIBERDADE, AO nos termos da lei processual civil. ção da pessoa idosa nos planos
RESPEITO E À DIGNIDADE de saúde pela cobrança de valores
Art. 14. Se a pessoa idosa ou diferenciados em razão da idade.
Art. 10. É obrigação do Estado e seus familiares não possuírem § 4o As pessoas idosas com
da sociedade assegurar à pessoa condições econômicas de pro- deficiência ou com limitação in-
idosa a liberdade, o respeito e a ver o seu sustento, impõe-se ao capacitante terão atendimento
dignidade, como pessoa humana poder público esse provimento, especializado, nos termos da lei.
e sujeito de direitos civis, políti- no âmbito da assistência social. § 5o É vedado exigir o com-
cos, individuais e sociais, garan- parecimento da pessoa idosa en-
tidos na Constituição e nas leis. ferma perante os órgãos públicos,
§ 1o O direito à liberdade CAPÍTULO IV – DO DIREITO hipótese na qual será admitido o
compreende, entre outros, os À SAÚDE seguinte procedimento:
seguintes aspectos: I – quando de interesse do po-
I – faculdade de ir, vir e estar Art. 15. É assegurada a atenção der público, o agente promoverá
nos logradouros públicos e espa- integral à saúde da pessoa idosa, o contato necessário com a pes-
ços comunitários, ressalvadas as por intermédio do Sistema Único soa idosa em sua residência; ou
restrições legais; de Saúde (SUS), garantindo-lhe II – quando de interesse da
II – opinião e expressão; o acesso universal e igualitário, própria pessoa idosa, esta se fará
III – crença e culto religioso; em conjunto articulado e contí- representar por procurador legal-
IV – prática de esportes e de nuo das ações e serviços, para a mente constituído.
diversões; prevenção, promoção, proteção e § 6o É assegurado à pessoa
V – participação na vida fa- recuperação da saúde, incluindo idosa enferma o atendimento do-
miliar e comunitária; a atenção especial às doenças miciliar pela perícia médica do
VI – participação na vida po- que afetam preferencialmente Instituto Nacional do Seguro So-
lítica, na forma da lei; as pessoas idosas. cial (INSS), pelo serviço público de
VII – faculdade de buscar re- § 1o A prevenção e a manu- saúde ou pelo serviço privado de
fúgio, auxílio e orientação. tenção da saúde da pessoa idosa saúde, contratado ou conveniado,
§ 2o O direito ao respeito serão efetivadas por meio de: que integre o SUS, para expedição
consiste na inviolabilidade da I – cadastramento da popu- do laudo de saúde necessário ao
integridade física, psíquica e lação idosa em base territorial; exercício de seus direitos sociais
moral, abrangendo a preserva- II – atendimento geriátrico e e de isenção tributária.
ção da imagem, da identidade, gerontológico em ambulatórios; § 7o Em todo atendimento de
da autonomia, de valores, ideias III – unidades geriátricas de saúde, os maiores de 80 (oitenta)
e crenças, dos espaços e dos referência, com pessoal espe- anos terão preferência especial
objetos pessoais. cializado nas áreas de geriatria sobre as demais pessoas idosas,
§ 3o É dever de todos zelar e gerontologia social; exceto em caso de emergência.
pela dignidade da pessoa idosa, IV – atendimento domiciliar,
colocando-a a salvo de qualquer incluindo a internação, para a Art. 16. À pessoa idosa internada
678
Estatuto da Pessoa Idosa
ou em observação é assegurado o II – Ministério Público; Art. 23. A participação das
direito a acompanhante, devendo III – Conselho Municipal da pessoas idosas em atividades
o órgão de saúde proporcionar as Pessoa Idosa; culturais e de lazer será propor-
condições adequadas para a sua IV – Conselho Estadual da cionada mediante descontos de
permanência em tempo integral, Pessoa Idosa; pelo menos 50% (cinquenta por
segundo o critério médico. V – Conselho Nacional da Pes- cento) nos ingressos para eventos
Parágrafo único. Caberá ao soa Idosa. artísticos, culturais, esportivos e
profissional de saúde responsável § 1o Para os efeitos desta Lei, de lazer, bem como o acesso pre-
pelo tratamento conceder auto- considera-se violência contra a ferencial aos respectivos locais.
rização para o acompanhamen- pessoa idosa qualquer ação ou
to da pessoa idosa ou, no caso omissão praticada em local pú- Art. 24. Os meios de comunica-
de impossibilidade, justificá-la blico ou privado que lhe cause ção manterão espaços ou horá-
por escrito. morte, dano ou sofrimento físico rios especiais voltados às pessoas
ou psicológico. idosas, com finalidade informati-
Art. 17. À pessoa idosa que es- § 2o Aplica-se, no que cou- va, educativa, artística e cultural,
teja no domínio de suas facul- ber, à notificação compulsória e ao público sobre o processo de
dades mentais é assegurado o prevista no caput deste artigo, envelhecimento.
direito de optar pelo tratamento o disposto na Lei no 6.259, de 30
de saúde que lhe for reputado de outubro de 1975. Art. 25. As instituições de edu-
mais favorável. cação superior ofertarão às pes-
Parágrafo único. Não estan- soas idosas, na perspectiva da
do a pessoa idosa em condições CAPÍTULO V – DA educação ao longo da vida, cursos
de proceder à opção, esta será EDUCAÇÃO, CULTURA, e programas de extensão, pre-
feita: ESPORTE E LAZER senciais ou a distância, consti-
I – pelo curador, quando a tuídos por atividades formais e
pessoa idosa for interditada; Art. 20. A pessoa idosa tem di- não formais.
II – pelos familiares, quando reito a educação, cultura, esporte, Parágrafo único. O poder pú-
a pessoa idosa não tiver curador lazer, diversões, espetáculos, pro- blico apoiará a criação de univer-
ou este não puder ser contactado dutos e serviços que respeitem sidade aberta para as pessoas
em tempo hábil; sua peculiar condição de idade. idosas e incentivará a publicação
III – pelo médico, quando de livros e periódicos, de conteú-
ocorrer iminente risco de vida Art. 21. O poder público cria- do e padrão editorial adequados
e não houver tempo hábil para rá oportunidades de acesso da à pessoa idosa, que facilitem a
consulta a curador ou familiar; pessoa idosa à educação, ade- leitura, considerada a natural re-
IV – pelo próprio médico, quando currículos, metodologias dução da capacidade visual.
quando não houver curador ou e material didático aos programas
familiar conhecido, caso em que educacionais a ela destinados.
deverá comunicar o fato ao Minis- § 1o Os cursos especiais para CAPÍTULO VI – DA
tério Público. pessoas idosas incluirão conteú- PROFISSIONALIZAÇÃO E DO
do relativo às técnicas de comu- TRABALHO
Art. 18. As instituições de saú- nicação, computação e demais
de devem atender aos critérios avanços tecnológicos, para sua Art. 26. A pessoa idosa tem di-
mínimos para o atendimento às integração à vida moderna. reito ao exercício de atividade
necessidades da pessoa idosa, § 2o As pessoas idosas par- profissional, respeitadas suas
promovendo o treinamento e a ticiparão das comemorações de condições físicas, intelectuais
capacitação dos profissionais, caráter cívico ou cultural, para e psíquicas.
assim como orientação a cui- transmissão de conhecimentos
dadores familiares e grupos de e vivências às demais gerações, Art. 27. Na admissão da pes-
autoajuda. no sentido da preservação da me- soa idosa em qualquer trabalho
mória e da identidade culturais. ou emprego, são vedadas a dis-
Art. 19. Os casos de suspeita ou criminação e a fixação de limite
confirmação de violência pratica- Art. 22. Nos currículos míni- máximo de idade, inclusive para
da contra pessoas idosas serão mos dos diversos níveis de en- concursos, ressalvados os ca-
objeto de notificação compulsória sino formal serão inseridos con- sos em que a natureza do cargo
pelos serviços de saúde públicos teúdos voltados ao processo de o exigir.
e privados à autoridade sanitária, envelhecimento, ao respeito e à Parágrafo único. O primeiro
bem como serão obrigatoriamen- valorização da pessoa idosa, de critério de desempate em con-
te comunicados por eles a quais- forma a eliminar o preconceito e curso público será a idade, dan-
quer dos seguintes órgãos: a produzir conhecimentos sobre do-se preferência ao de idade
I – autoridade policial; a matéria. mais elevada.
679
Estatuto da Pessoa Idosa
Art. 28. O Poder Público criará e 1994, o disposto no art. 35 da Lei estabelecerá a forma de partici-
estimulará programas de: no 8.213, de 1991. pação prevista no § 1o deste artigo,
I – profissionalização espe- que não poderá exceder a 70%
cializada para as pessoas idosas, Art. 31. O pagamento de parce- (setenta por cento) de qualquer
aproveitando seus potenciais e las relativas a benefícios, efetua- benefício previdenciário ou de
habilidades para atividades re- do com atraso por responsabili- assistência social percebido pela
gulares e remuneradas; dade da Previdência Social, será pessoa idosa.
II – preparação dos traba- atualizado pelo mesmo índice § 3o Se a pessoa idosa for
lhadores para a aposentadoria, utilizado para os reajustamentos incapaz, caberá a seu represen-
com antecedência mínima de 1 dos benefícios do Regime Geral tante legal firmar o contrato a que
(um) ano, por meio de estímulo a de Previdência Social, verificado se refere o caput deste artigo.
novos projetos sociais, conforme no período compreendido entre
seus interesses, e de esclareci- o mês que deveria ter sido pago Art. 36. O acolhimento de pes-
mento sobre os direitos sociais e o mês do efetivo pagamento. soas idosas em situação de risco
e de cidadania; social, por adulto ou núcleo fami-
III – estímulo às empresas pri- Art. 32. O Dia Mundial do Tra- liar, caracteriza a dependência
vadas para admissão de pessoas balho, 1o de Maio, é a data-base econômica, para os efeitos legais.
idosas ao trabalho. dos aposentados e pensionistas.
CAPÍTULO IX – DA
CAPÍTULO VII – DA CAPÍTULO VIII – DA HABITAÇÃO
PREVIDÊNCIA SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 37. A pessoa idosa tem di-
Art. 29. Os benefícios de apo- Art. 33. A assistência social às reito a moradia digna, no seio da
sentadoria e pensão do Regime pessoas idosas será prestada, de família natural ou substituta, ou
Geral da Previdência Social obser- forma articulada, conforme os desacompanhada de seus fami-
varão, na sua concessão, critérios princípios e diretrizes previstos liares, quando assim o desejar,
de cálculo que preservem o valor na Lei Orgânica da Assistência ou, ainda, em instituição pública
real dos salários sobre os quais Social (Loas), na Política Nacio- ou privada.
incidiram contribuição, nos ter- nal da Pessoa Idosa, no SUS e § 1o A assistência integral na
mos da legislação vigente. nas demais normas pertinentes. modalidade de entidade de longa
Parágrafo único. Os valores permanência será prestada quan-
dos benefícios em manutenção Art. 34. Às pessoas idosas, a do verificada inexistência de gru-
serão reajustados na mesma data partir de 65 (sessenta e cinco) po familiar, casa-lar, abandono ou
de reajuste do salário mínimo, pro anos, que não possuam meios carência de recursos financeiros
rata, de acordo com suas respec- para prover sua subsistência, nem próprios ou da família.
tivas datas de início ou do seu de tê-la provida por sua família, § 2o Toda instituição dedica-
último reajustamento, com base é assegurado o benefício mensal da ao atendimento à pessoa idosa
em percentual definido em regu- de 1 (um) salário mínimo, nos ter- fica obrigada a manter identifica-
lamento, observados os critérios mos da Loas. ção externa visível, sob pena de
estabelecidos pela Lei no 8.213, de Parágrafo único. O benefício interdição, além de atender toda
24 de julho de 1991. já concedido a qualquer membro a legislação pertinente.
da família nos termos do caput § 3o As instituições que
Art. 30. A perda da condição de não será computado para os fins abrigarem pessoas idosas são
segurado não será considerada do cálculo da renda familiar per obrigadas a manter padrões de
para a concessão da aposentado- capita a que se refere a Loas. habitação compatíveis com as
ria por idade, desde que a pessoa necessidades delas, bem como
conte com, no mínimo, o tempo Art. 35. Todas as entidades de provê-las com alimentação re-
de contribuição correspondente longa permanência, ou casa-lar, gular e higiene indispensáveis
ao exigido para efeito de carên- são obrigadas a firmar contrato às normas sanitárias e com estas
cia na data de requerimento do de prestação de serviços com a condizentes, sob as penas da lei.
benefício. pessoa idosa abrigada.
Parágrafo único. O cálculo § 1o No caso de entidade fi- Art. 38. Nos programas habita-
do valor do benefício previsto lantrópica, ou casa-lar, é facul- cionais, públicos ou subsidiados
no caput observará o disposto tada a cobrança de participação com recursos públicos, a pes-
no caput e § 2o do art. 3o da Lei da pessoa idosa no custeio da soa idosa goza de prioridade na
no 9.876, de 26 de novembro de entidade. aquisição de imóvel para moradia
1999, ou, não havendo salários de § 2o O Conselho Municipal própria, observado o seguinte:
contribuição recolhidos a par- da Pessoa Idosa ou o Conselho I – reserva de pelo menos
tir da competência de julho de Municipal da Assistência Social 3% (três por cento) das unidades
680
Estatuto da Pessoa Idosa
habitacionais residenciais para II – desconto de 50% (cin- dos vínculos familiares e comu-
atendimento às pessoas idosas; quenta por cento), no mínimo, nitários.
II – implantação de equipa- no valor das passagens, para as
mentos urbanos comunitários pessoas idosas que excederem Art. 45. Verificada qualquer das
voltados à pessoa idosa; as vagas gratuitas, com renda hipóteses previstas no art. 43, o
III – eliminação de barreiras igual ou inferior a 2 (dois) salá- Ministério Público ou o Poder Ju-
arquitetônicas e urbanísticas, rios mínimos. diciário, a requerimento daquele,
para garantia de acessibilidade Parágrafo único. Caberá aos poderá determinar, dentre outras,
à pessoa idosa; órgãos competentes definir os as seguintes medidas:
IV – critérios de financiamen- mecanismos e os critérios para I – encaminhamento à família
to compatíveis com os rendimen- o exercício dos direitos previstos ou curador, mediante termo de
tos de aposentadoria e pensão. nos incisos I e II. responsabilidade;
Parágrafo único. As unida- II – orientação, apoio e acom-
des residenciais reservadas para Art. 41. É assegurada a reser- panhamento temporários;
atendimento a pessoas idosas de- va para as pessoas idosas, nos III – requisição para tratamen-
vem situar-se, preferencialmente, termos da lei local, de 5% (cinco to de sua saúde, em regime ambu-
no pavimento térreo. por cento) das vagas nos estacio- latorial, hospitalar ou domiciliar;
namentos públicos e privados, as IV – inclusão em programa
quais deverão ser posicionadas oficial ou comunitário de auxílio,
CAPÍTULO X – DO de forma a garantir a melhor co- orientação e tratamento a usuá-
TRANSPORTE modidade à pessoa idosa. rios dependentes de drogas lícitas
ou ilícitas, à própria pessoa idosa
Art. 39. Aos maiores de 65 (ses- Art. 42. São asseguradas a prio- ou à pessoa de sua convivência
senta e cinco) anos fica assegu- ridade e a segurança da pessoa que lhe cause perturbação;
rada a gratuidade dos transpor- idosa nos procedimentos de em- V – abrigo em entidade;
tes coletivos públicos urbanos e barque e desembarque nos veí- VI – abrigo temporário.
semiurbanos, exceto nos servi- culos do sistema de transporte
ços seletivos e especiais, quan- coletivo.
do prestados paralelamente aos TÍTULO IV – DA POLÍTICA
serviços regulares. DE ATENDIMENTO À
§ 1o Para ter acesso à gratui- TÍTULO III – DAS MEDIDAS PESSOA IDOSA
dade, basta que a pessoa idosa DE PROTEÇÃO
apresente qualquer documento CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
pessoal que faça prova de sua CAPÍTULO I – DAS GERAIS
idade. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 2o Nos veículos de trans- Art. 46. A política de atendi-
porte coletivo de que trata este Art. 43. As medidas de prote- mento à pessoa idosa far-se-á
artigo, serão reservados 10% (dez ção à pessoa idosa são aplicáveis por meio do conjunto articulado
por cento) dos assentos para as sempre que os direitos reconhe- de ações governamentais e não
pessoas idosas, devidamente cidos nesta Lei forem ameaçados governamentais da União, dos
identificados com a placa de re- ou violados: Estados, do Distrito Federal e
servado preferencialmente para I – por ação ou omissão da dos Municípios.
pessoas idosas. sociedade ou do Estado;
§ 3o No caso das pessoas II – por falta, omissão ou abu- Art. 47. São linhas de ação da
compreendidas na faixa etária so da família, curador ou entidade política de atendimento:
entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta de atendimento; I – políticas sociais básicas,
e cinco) anos, ficará a critério da III – em razão de sua condi- previstas na Lei no 8.842, de 4 de
legislação local dispor sobre as ção pessoal. janeiro de 1994;
condições para exercício da gra- II – políticas e programas de
tuidade nos meios de transporte assistência social, em caráter
previstos no caput deste artigo. CAPÍTULO II – DAS supletivo, para aqueles que ne-
MEDIDAS ESPECÍFICAS DE cessitarem;
Art. 40. No sistema de trans- PROTEÇÃO III – serviços especiais de
porte coletivo interestadual ob- prevenção e atendimento às ví-
servar-se-á, nos termos da legis- Art. 44. As medidas de proteção timas de negligência, maus-tra-
lação específica: à pessoa idosa previstas nesta Lei tos, exploração, abuso, crueldade
I – a reserva de 2 (duas) vagas poderão ser aplicadas, isolada e opressão;
gratuitas por veículo para pessoas ou cumulativamente, e levarão IV – serviço de identificação
idosas com renda igual ou inferior em conta os fins sociais a que e localização de parentes ou res-
a 2 (dois) salários mínimos; se destinam e o fortalecimento ponsáveis por pessoas idosas
681
Estatuto da Pessoa Idosa
abandonados em hospitais e ins- do e em pequenos grupos; rência de pessoa idosa com do-
tituições de longa permanência; III – manutenção da pessoa enças infectocontagiosas;
V – proteção jurídico-social idosa na mesma instituição, salvo XIII – providenciar ou solicitar
por entidades de defesa dos di- em caso de força maior; que o Ministério Público requisite
reitos das pessoas idosas; IV – participação da pessoa os documentos necessários ao
VI – mobilização da opinião idosa nas atividades comunitá- exercício da cidadania àqueles
pública no sentido da participa- rias, de caráter interno e externo; que não os tiverem, na forma
ção dos diversos segmentos da V – observância dos direitos da lei;
sociedade no atendimento da e garantias das pessoas idosas; XIV – fornecer comprovante
pessoa idosa. VI – preservação da identi- de depósito dos bens móveis que
dade da pessoa idosa e ofereci- receberem das pessoas idosas;
mento de ambiente de respeito XV – manter arquivo de ano-
CAPÍTULO II – DAS e dignidade. tações no qual constem data e
ENTIDADES DE Parágrafo único. O dirigente circunstâncias do atendimento,
ATENDIMENTO À PESSOA de instituição prestadora de aten- nome da pessoa idosa, responsá-
IDOSA dimento à pessoa idosa respon- vel, parentes, endereços, cidade,
derá civil e criminalmente pelos relação de seus pertences, bem
Art. 48. As entidades de aten- atos que praticar em detrimento como o valor de contribuições, e
dimento são responsáveis pela da pessoa idosa, sem prejuízo das suas alterações, se houver, e de-
manutenção das próprias uni- sanções administrativas. mais dados que possibilitem sua
dades, observadas as normas de identificação e a individualização
planejamento e execução ema- Art. 50. Constituem obrigações do atendimento;
nadas do órgão competente da das entidades de atendimento: XVI – comunicar ao Ministé-
Política Nacional da Pessoa Idosa, I – celebrar contrato escrito rio Público, para as providências
conforme a Lei no 8.842, de 4 de de prestação de serviço com a cabíveis, a situação de abandono
janeiro de 1994. pessoa idosa, especificando o moral ou material por parte dos
Parágrafo único. As entida- tipo de atendimento, as obriga- familiares;
des governamentais e não go- ções da entidade e prestações XVII – manter no quadro de
vernamentais de assistência à decorrentes do contrato, com os pessoal profissionais com for-
pessoa idosa ficam sujeitas à ins- respectivos preços, se for o caso; mação específica.
crição de seus programas perante II – observar os direitos e as
o órgão competente da Vigilância garantias de que são titulares as Art. 51. As instituições filantró-
Sanitária e o Conselho Municipal pessoas idosas; picas ou sem fins lucrativos pres-
da Pessoa Idosa e, em sua falta, III – fornecer vestuário ade- tadoras de serviço às pessoas
perante o Conselho Estadual ou quado, se for pública, e alimen- idosas terão direito à assistência
Nacional da Pessoa Idosa, espe- tação suficiente; judiciária gratuita.
cificando os regimes de atendi- IV – oferecer instalações físi-
mento, observados os seguintes cas em condições adequadas de
requisitos: habitabilidade; CAPÍTULO III – DA
I – oferecer instalações físi- V – oferecer atendimento per- FISCALIZAÇÃO DAS
cas em condições adequadas de sonalizado; ENTIDADES DE
habitabilidade, higiene, salubrida- VI – diligenciar no sentido ATENDIMENTO
de e segurança; da preservação dos vínculos fa-
II – apresentar objetivos es- miliares; Art. 52. As entidades governa-
tatutários e plano de trabalho VII – oferecer acomodações mentais e não governamentais de
compatíveis com os princípios apropriadas para recebimento atendimento à pessoa idosa serão
desta Lei; de visitas; fiscalizadas pelos Conselhos da
III – estar regularmente cons- VIII – proporcionar cuidados Pessoa Idosa, Ministério Público,
tituída; à saúde, conforme a necessidade Vigilância Sanitária e outros pre-
IV – demonstrar a idoneidade da pessoa idosa; vistos em lei.
de seus dirigentes. IX – promover atividades edu-
cacionais, esportivas, culturais e Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842,
Art. 49. As entidades que de- de lazer; de 1994, passa a vigorar com a
senvolvam programas de ins- X – propiciar assistência reli- seguinte redação:
titucionalização de longa per- giosa àqueles que desejarem, de ��������������������������������������������������
manência adotarão os seguintes acordo com suas crenças;
princípios: XI – proceder a estudo social Art. 54. Será dada publicidade
I – preservação dos vínculos e pessoal de cada caso; das prestações de contas dos
familiares; XII – comunicar à autoridade recursos públicos e privados re-
II – atendimento personaliza- competente de saúde toda ocor- cebidos pelas entidades de aten-
682
Estatuto da Pessoa Idosa
dimento. as circunstâncias agravantes ou CAPÍTULO V –
atenuantes e os antecedentes da DA APURAÇÃO
Art. 55. As entidades de aten- entidade.
dimento que descumprirem as
ADMINISTRATIVA DE
determinações desta Lei ficarão INFRAÇÃO ÀS NORMAS
sujeitas, sem prejuízo da res- CAPÍTULO IV – DE PROTEÇÃO À PESSOA
ponsabilidade civil e criminal de DAS INFRAÇÕES IDOSA
seus dirigentes ou prepostos, às ADMINISTRATIVAS
seguintes penalidades, observado Art. 59. Os valores monetários
o devido processo legal: Art. 56. Deixar a entidade de expressos no Capítulo IV serão
I – as entidades governa- atendimento de cumprir as de- atualizados anualmente, na for-
mentais: terminações do art. 50 desta Lei: ma da lei.
a) advertência; Pena – multa de R$ 500,00
b) afastamento provisório de (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 Art. 60. O procedimento para a
seus dirigentes; (três mil reais), se o fato não imposição de penalidade admi-
c) afastamento definitivo de for caracterizado como crime, nistrativa por infração às normas
seus dirigentes; podendo haver a interdição do de proteção à pessoa idosa terá
d) fechamento de unidade ou estabelecimento até que sejam início com requisição do Minis-
interdição de programa; cumpridas as exigências legais. tério Público ou auto de infração
II – as entidades não gover- Parágrafo único. No caso de elaborado por servidor efetivo e
namentais: interdição do estabelecimento de assinado, se possível, por 2 (duas)
a) advertência; longa permanência, as pessoas testemunhas.
b) multa; idosas abrigadas serão trans- § 1o No procedimento inicia-
c) suspensão parcial ou total feridas para outra instituição, do com o auto de infração pode-
do repasse de verbas públicas; a expensas do estabelecimen- rão ser usadas fórmulas impres-
d) interdição de unidade ou to interditado, enquanto durar a sas, especificando-se a natureza
suspensão de programa; interdição. e as circunstâncias da infração.
e) proibição de atendimento § 2o Sempre que possível, à
a pessoas idosas a bem do inte- Art. 57. Deixar o profissional verificação da infração seguir-se-
resse público. de saúde ou o responsável por -á a lavratura do auto, ou este será
§ 1o Havendo danos às pes- estabelecimento de saúde ou lavrado dentro de 24 (vinte e qua-
soas idosas abrigadas ou qual- instituição de longa permanên- tro) horas, por motivo justificado.
quer tipo de fraude em relação cia de comunicar à autoridade
ao programa, caberá o afasta- competente os casos de crimes Art. 61. O autuado terá prazo de
mento provisório dos dirigentes contra pessoa idosa de que tiver 10 (dez) dias para a apresentação
ou a interdição da unidade e a conhecimento: da defesa, contado da data da
suspensão do programa. Pena – multa de R$ 500,00 intimação, que será feita:
§ 2o A suspensão parcial ou (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 I – pelo autuante, no instru-
total do repasse de verbas públi- (três mil reais), aplicada em dobro mento de autuação, quando for
cas ocorrerá quando verificada a no caso de reincidência. lavrado na presença do infrator;
má aplicação ou desvio de finali- II – por via postal, com aviso
dade dos recursos. Art. 58. Deixar de cumprir as de recebimento.
§ 3o Na ocorrência de infra- determinações desta Lei sobre
ção por entidade de atendimento a prioridade no atendimento à Art. 62. Havendo risco para a
que coloque em risco os direitos pessoa idosa: vida ou à saúde da pessoa idosa,
assegurados nesta Lei, será o fato Pena – multa de R$ 500,00 a autoridade competente apli-
comunicado ao Ministério Público, (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 cará à entidade de atendimen-
para as providências cabíveis, in- (mil reais) e multa civil a ser esti- to as sanções regulamentares,
clusive para promover a suspen- pulada pelo juiz, conforme o dano sem prejuízo da iniciativa e das
são das atividades ou dissolução sofrido pela pessoa idosa. providências que vierem a ser
da entidade, com a proibição de adotadas pelo Ministério Públi-
atendimento a pessoas idosas a co ou pelas demais instituições
bem do interesse público, sem legitimadas para a fiscalização.
prejuízo das providências a serem
tomadas pela Vigilância Sanitária. Art. 63. Nos casos em que não
§ 4o Na aplicação das pe- houver risco para a vida ou a saú-
nalidades, serão consideradas a de da pessoa idosa abrigada, a
natureza e a gravidade da infra- autoridade competente aplicará
ção cometida, os danos que dela à entidade de atendimento as
provierem para a pessoa idosa, sanções regulamentares, sem
683
Estatuto da Pessoa Idosa
prejuízo da iniciativa e das pro- de dirigente de entidade gover- maior de 60 (sessenta) anos.
vidências que vierem a ser ado- namental, a autoridade judiciária § 3o A prioridade se estende
tadas pelo Ministério Público ou oficiará a autoridade adminis- aos processos e procedimentos
pelas demais instituições legiti- trativa imediatamente superior na Administração Pública, empre-
madas para a fiscalização. ao afastado, fixando-lhe prazo sas prestadoras de serviços públi-
de 24 (vinte e quatro) horas para cos e instituições financeiras, ao
proceder à substituição. atendimento preferencial junto à
CAPÍTULO VI – DA § 3o Antes de aplicar qual- Defensoria Pública da União, dos
APURAÇÃO JUDICIAL quer das medidas, a autoridade Estados e do Distrito Federal em
DE IRREGULARIDADES judiciária poderá fixar prazo para relação aos Serviços de Assistên-
EM ENTIDADE DE a remoção das irregularidades cia Judiciária.
ATENDIMENTO verificadas. Satisfeitas as exigên- § 4o Para o atendimento prio-
cias, o processo será extinto, sem ritário, será garantido à pessoa
Art. 64. Aplicam-se, subsidiaria- julgamento do mérito. idosa o fácil acesso aos assen-
mente, ao procedimento adminis- § 4o A multa e a advertência tos e caixas, identificados com a
trativo de que trata este Capítulo serão impostas ao dirigente da destinação a pessoas idosas em
as disposições das Leis nos 6.437, entidade ou ao responsável pelo local visível e caracteres legíveis.
de 20 de agosto de 1977, e 9.784, programa de atendimento. § 5o Dentre os processos de
de 29 de janeiro de 1999. pessoas idosas, dar-se-á priori-
dade especial aos das maiores
Art. 65. O procedimento de TÍTULO V – DO ACESSO À de 80 (oitenta) anos.
apuração de irregularidade em JUSTIÇA
entidade governamental e não
governamental de atendimento CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES CAPÍTULO II – DO
à pessoa idosa terá início me- GERAIS MINISTÉRIO PÚBLICO
diante petição fundamentada de
pessoa interessada ou iniciativa Art. 69. Aplica-se, subsidiaria- Art. 72. (Vetado)
do Ministério Público. mente, às disposições deste Ca-
pítulo, o procedimento sumário Art. 73. As funções do Ministé-
Art. 66. Havendo motivo grave, previsto no Código de Processo rio Público, previstas nesta Lei,
poderá a autoridade judiciária, Civil, naquilo que não contrarie os serão exercidas nos termos da
ouvido o Ministério Público, de- prazos previstos nesta Lei. respectiva Lei Orgânica.
cretar liminarmente o afasta-
mento provisório do dirigente da Art. 70. O poder público poderá Art. 74. Compete ao Ministério
entidade ou outras medidas que criar varas especializadas e ex- Público:
julgar adequadas, para evitar le- clusivas da pessoa idosa. I – instaurar o inquérito civil
são aos direitos da pessoa idosa, e a ação civil pública para a pro-
mediante decisão fundamentada. Art. 71. É assegurada priorida- teção dos direitos e interesses
de na tramitação dos processos difusos ou coletivos, individuais
Art. 67. O dirigente da entidade e procedimentos e na execução indisponíveis e individuais homo-
será citado para, no prazo de 10 dos atos e diligências judiciais em gêneos da pessoa idosa;
(dez) dias, oferecer resposta es- que figure como parte ou inter- II – promover e acompanhar
crita, podendo juntar documentos veniente pessoa com idade igual as ações de alimentos, de inter-
e indicar as provas a produzir. ou superior a 60 (sessenta) anos, dição total ou parcial, de desig-
em qualquer instância. nação de curador especial, em
Art. 68. Apresentada a defesa, § 1o O interessado na obten- circunstâncias que justifiquem
o juiz procederá na conformida- ção da prioridade a que alude este a medida e oficiar em todos os
de do art. 69 ou, se necessário, artigo, fazendo prova de sua ida- feitos em que se discutam os
designará audiência de instrução de, requererá o benefício à auto- direitos das pessoas idosas em
e julgamento, deliberando sobre ridade judiciária competente para condições de risco;
a necessidade de produção de decidir o feito, que determinará as III – atuar como substituto
outras provas. providências a serem cumpridas, processual da pessoa idosa em
§ 1o Salvo manifestação em anotando-se essa circunstân- situação de risco, conforme o
audiência, as partes e o Ministério cia em local visível nos autos do disposto no art. 43 desta Lei;
Público terão 5 (cinco) dias para processo. IV – promover a revogação
oferecer alegações finais, deci- § 2o A prioridade não cessa- de instrumento procuratório da
dindo a autoridade judiciária em rá com a morte do beneficiado, pessoa idosa, nas hipóteses pre-
igual prazo. estendendo-se em favor do côn- vistas no art. 43 desta Lei, quando
§ 2o Em se tratando de afas- juge supérstite, companheiro ou necessário ou o interesse público
tamento provisório ou definitivo companheira, com união estável, justificar;
684
Estatuto da Pessoa Idosa
V – instaurar procedimento suas funções, terá livre acesso a tros interesses difusos, coletivos,
administrativo e, para instruí-lo: toda entidade de atendimento à individuais indisponíveis ou ho-
a) expedir notificações, co- pessoa idosa. mogêneos, próprios da pessoa
lher depoimentos ou esclareci- idosa, protegidos em lei.
mentos e, em caso de não compa- Art. 75. Nos processos e proce-
recimento injustificado da pessoa dimentos em que não for parte, Art. 80. As ações previstas nes-
notificada, requisitar condução atuará obrigatoriamente o Mi- te Capítulo serão propostas no
coercitiva, inclusive pela Polícia nistério Público na defesa dos foro do domicílio da pessoa ido-
Civil ou Militar; direitos e interesses de que cuida sa, cujo juízo terá competência
b) requisitar informações, esta Lei, hipóteses em que terá absoluta para processar a causa,
exames, perícias e documentos vista dos autos depois das par- ressalvadas as competências da
de autoridades municipais, esta- tes, podendo juntar documentos, Justiça Federal e a competência
duais e federais, da administra- requerer diligências e produção originária dos Tribunais Supe-
ção direta e indireta, bem como de outras provas, usando os re- riores.
promover inspeções e diligências cursos cabíveis.
investigatórias; Art. 81. Para as ações cíveis fun-
c) requisitar informações e Art. 76. A intimação do Minis- dadas em interesses difusos, co-
documentos particulares de ins- tério Público, em qualquer caso, letivos, individuais indisponíveis
tituições privadas; será feita pessoalmente. ou homogêneos, consideram-se
VI – instaurar sindicâncias, legitimados, concorrentemente:
requisitar diligências investiga- Art. 77. A falta de intervenção I – o Ministério Público;
tórias e a instauração de inqué- do Ministério Público acarreta a II – a União, os Estados, o
rito policial, para a apuração de nulidade do feito, que será decla- Distrito Federal e os Municípios;
ilícitos ou infrações às normas de rada de ofício pelo juiz ou a reque- III – a Ordem dos Advogados
proteção à pessoa idosa; rimento de qualquer interessado. do Brasil;
VII – zelar pelo efetivo respei- IV – as associações legalmen-
to aos direitos e garantias legais te constituídas há pelo menos 1
assegurados à pessoa idosa, pro- CAPÍTULO III – DA (um) ano e que incluam entre os
movendo as medidas judiciais e PROTEÇÃO JUDICIAL DOS fins institucionais a defesa dos
extrajudiciais cabíveis; INTERESSES DIFUSOS, interesses e direitos da pessoa
VIII – inspecionar as entida- COLETIVOS E INDIVIDUAIS idosa, dispensada a autorização
des públicas e particulares de INDISPONÍVEIS OU da assembleia, se houver prévia
atendimento e os programas de autorização estatutária.
que trata esta Lei, adotando de HOMOGÊNEOS § 1o Admitir-se-á litisconsór-
pronto as medidas administra- cio facultativo entre os Ministé-
tivas ou judiciais necessárias à Art. 78. As manifestações pro- rios Públicos da União e dos Es-
remoção de irregularidades por- cessuais do representante do tados na defesa dos interesses
ventura verificadas; Ministério Público deverão ser e direitos de que cuida esta Lei.
IX – requisitar força policial, fundamentadas. § 2o Em caso de desistência
bem como a colaboração dos ou abandono da ação por asso-
serviços de saúde, educacionais Art. 79. Regem-se pelas dis- ciação legitimada, o Ministério
e de assistência social, públicos, posições desta Lei as ações de Público ou outro legitimado de-
para o desempenho de suas atri- responsabilidade por ofensa aos verá assumir a titularidade ativa.
buições; direitos assegurados à pessoa
X – referendar transações idosa, referentes à omissão ou Art. 82. Para defesa dos inte-
envolvendo interesses e direi- ao oferecimento insatisfatório de: resses e direitos protegidos por
tos das pessoas idosas previstos I – acesso às ações e serviços esta Lei, são admissíveis todas
nesta Lei. de saúde; as espécies de ação pertinentes.
§ 1o A legitimação do Minis- II – atendimento especializa- Parágrafo único. Contra atos
tério Público para as ações cíveis do à pessoa idosa com deficiência ilegais ou abusivos de autoridade
previstas neste artigo não impede ou com limitação incapacitante; pública ou agente de pessoa jurí-
a de terceiros, nas mesmas hi- III – atendimento especiali- dica no exercício de atribuições
póteses, segundo dispuser a lei. zado à pessoa idosa com doença de Poder Público, que lesem di-
§ 2o As atribuições cons- infectocontagiosa; reito líquido e certo previsto nesta
tantes deste artigo não excluem IV – serviço de assistência Lei, caberá ação mandamental,
outras, desde que compatíveis social visando ao amparo da pes- que se regerá pelas normas da
com a finalidade e atribuições soa idosa. lei do mandado de segurança.
do Ministério Público. Parágrafo único. As hipóte-
§ 3o O representante do Mi- ses previstas neste artigo não Art. 83. Na ação que tenha por
nistério Público, no exercício de excluem da proteção judicial ou- objeto o cumprimento de obri-
685
Estatuto da Pessoa Idosa
gação de fazer ou não fazer, o sentença condenatória favorável o seu arquivamento, fazendo-o
juiz concederá a tutela específi- à pessoa idosa sem que o autor fundamentadamente.
ca da obrigação ou determinará lhe promova a execução, deverá § 2o Os autos do inquérito
providências que assegurem o fazê-lo o Ministério Público, facul- civil ou as peças de informação
resultado prático equivalente ao tada igual iniciativa aos demais arquivados serão remetidos, sob
adimplemento. legitimados, como assistentes ou pena de se incorrer em falta gra-
§ 1o Sendo relevante o fun- assumindo o polo ativo, em caso ve, no prazo de 3 (três) dias, ao
damento da demanda e havendo de inércia desse órgão. Conselho Superior do Ministério
justificado receio de ineficácia do Público ou à Câmara de Coorde-
provimento final, é lícito ao juiz Art. 88. Nas ações de que trata nação e Revisão do Ministério
conceder a tutela liminarmente este Capítulo, não haverá adianta- Público.
ou após justificação prévia, na mento de custas, emolumentos, § 3o Até que seja homologa-
forma do art. 273 do Código de honorários periciais e quaisquer do ou rejeitado o arquivamento,
Processo Civil. outras despesas. pelo Conselho Superior do Mi-
§ 2o O juiz poderá, na hipóte- Parágrafo único. Não se im- nistério Público ou por Câmara
se do § 1o ou na sentença, impor porá sucumbência ao Ministério de Coordenação e Revisão do
multa diária ao réu, independen- Público. Ministério Público, as associações
temente do pedido do autor, se for legitimadas poderão apresentar
suficiente ou compatível com a Art. 89. Qualquer pessoa pode- razões escritas ou documentos,
obrigação, fixando prazo razoável rá, e o servidor deverá, provocar que serão juntados ou anexados
para o cumprimento do preceito. a iniciativa do Ministério Público, às peças de informação.
§ 3o A multa só será exigível prestando-lhe informações sobre § 4o Deixando o Conselho
do réu após o trânsito em julgado os fatos que constituam objeto Superior ou a Câmara de Coor-
da sentença favorável ao autor, de ação civil e indicando-lhe os denação e Revisão do Ministério
mas será devida desde o dia em elementos de convicção. Público de homologar a promoção
que se houver configurado. de arquivamento, será designado
Art. 90. Os agentes públicos outro membro do Ministério Pú-
Art. 84. Os valores das multas em geral, os juízes e tribunais, blico para o ajuizamento da ação.
previstas nesta Lei reverterão ao no exercício de suas funções,
Fundo da Pessoa Idosa, onde hou- quando tiverem conhecimento
ver, ou na falta deste, ao Fundo de fatos que possam configurar TÍTULO VI – DOS CRIMES
Municipal de Assistência Social, crime de ação pública contra a CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
ficando vinculados ao atendimen- pessoa idosa ou ensejar a pro-
to à pessoa idosa. positura de ação para sua defe- GERAIS
Parágrafo único. As multas sa, devem encaminhar as peças
não recolhidas até 30 (trinta) dias pertinentes ao Ministério Público, Art. 93. Aplicam-se subsidia-
após o trânsito em julgado da para as providências cabíveis. riamente, no que couber, as dis-
decisão serão exigidas por meio posições da Lei no 7.347, de 24 de
de execução promovida pelo Mi- Art. 91. Para instruir a petição julho de 1985.
nistério Público, nos mesmos au- inicial, o interessado poderá re-
tos, facultada igual iniciativa aos querer às autoridades compe- Art. 94. Aos crimes previstos
demais legitimados em caso de tentes as certidões e informa- nesta Lei, cuja pena máxima pri-
inércia daquele. ções que julgar necessárias, que vativa de liberdade não ultrapasse
serão fornecidas no prazo de 10 4 (quatro) anos, aplica-se o proce-
Art. 85. O juiz poderá conferir (dez) dias. dimento previsto na Lei no 9.099,
efeito suspensivo aos recursos, de 26 de setembro de 1995, e,
para evitar dano irreparável à Art. 92. O Ministério Público po- subsidiariamente, no que couber,
parte. derá instaurar sob sua presidên- as disposições do Código Penal
cia, inquérito civil, ou requisitar, e do Código de Processo Penal.2
Art. 86. Transitada em julgado de qualquer pessoa, organismo
a sentença que impuser conde- público ou particular, certidões,
nação ao Poder Público, o juiz informações, exames ou perícias, CAPÍTULO II – DOS CRIMES
determinará a remessa de peças no prazo que assinalar, o qual não EM ESPÉCIE
à autoridade competente, para poderá ser inferior a 10 (dez) dias.
apuração da responsabilidade § 1o Se o órgão do Ministé- Art. 95. Os crimes definidos
civil e administrativa do agente a rio Público, esgotadas todas as nesta Lei são de ação penal pú-
que se atribua a ação ou omissão. diligências, se convencer da ine- blica incondicionada, não se lhes
xistência de fundamento para a aplicando os arts. 181 e 182 do
Art. 87. Decorridos 60 (sessen- propositura da ação civil ou de
ta) dias do trânsito em julgado da peças informativas, determinará 2
NE: ver ADI no 3.096.
686
Estatuto da Pessoa Idosa
Código Penal. Pena – detenção de 2 (dois) benefícios, proventos ou pensão
meses a 1 (um) ano e multa. da pessoa idosa, bem como qual-
Art. 96. Discriminar pessoa ido- § 1o Se do fato resulta lesão quer outro documento com obje-
sa, impedindo ou dificultando seu corporal de natureza grave: tivo de assegurar recebimento ou
acesso a operações bancárias, Pena – reclusão de 1 (um) a 4 ressarcimento de dívida:
aos meios de transporte, ao di- (quatro) anos. Pena – detenção de 6 (seis)
reito de contratar ou por qualquer § 2o Se resulta a morte: meses a 2 (dois) anos e multa.
outro meio ou instrumento neces- Pena – reclusão de 4 (quatro)
sário ao exercício da cidadania, a 12 (doze) anos. Art. 105. Exibir ou veicular, por
por motivo de idade: qualquer meio de comunicação,
Pena – reclusão de 6 (seis) Art. 100. Constitui crime punível informações ou imagens depre-
meses a 1 (um) ano e multa. com reclusão de 6 (seis) meses a ciativas ou injuriosas à pessoa
§ 1o Na mesma pena incorre 1 (um) ano e multa: idosa:
quem desdenhar, humilhar, me- I – obstar o acesso de alguém Pena – detenção de 1 (um) a
nosprezar ou discriminar pessoa a qualquer cargo público por mo- 3 (três) anos e multa.
idosa, por qualquer motivo. tivo de idade;
§ 2o A pena será aumenta- II – negar a alguém, por moti- Art. 106. Induzir pessoa idosa
da de 1/3 (um terço) se a vítima vo de idade, emprego ou trabalho; sem discernimento de seus atos a
se encontrar sob os cuidados III – recusar, retardar ou di- outorgar procuração para fins de
ou responsabilidade do agente. ficultar atendimento ou deixar administração de bens ou deles
§ 3o Não constitui crime a de prestar assistência à saúde, dispor livremente:
negativa de crédito motivada por sem justa causa, a pessoa idosa; Pena – reclusão de 2 (dois) a
superendividamento da pessoa IV – deixar de cumprir, retar- 4 (quatro) anos.
idosa. dar ou frustrar, sem justo motivo,
a execução de ordem judicial ex- Art. 107. Coagir, de qualquer
Art. 97. Deixar de prestar as- pedida na ação civil a que alude modo, a pessoa idosa a doar,
sistência à pessoa idosa, quando esta Lei; contratar, testar ou outorgar
possível fazê-lo sem risco pes- V – recusar, retardar ou omitir procuração:
soal, em situação de iminente dados técnicos indispensáveis à Pena – reclusão de 2 (dois) a
perigo, ou recusar, retardar ou propositura da ação civil objeto 5 (cinco) anos.
dificultar sua assistência à saú- desta Lei, quando requisitados
de, sem justa causa, ou não pe- pelo Ministério Público. Art. 108. Lavrar ato notarial que
dir, nesses casos, o socorro de envolva pessoa idosa sem dis-
autoridade pública: Art. 101. Deixar de cumprir, cernimento de seus atos, sem a
Pena – detenção de 6 (seis) retardar ou frustrar, sem justo devida representação legal:
meses a 1 (um) ano e multa. motivo, a execução de ordem Pena – reclusão de 2 (dois) a
Parágrafo único. A pena é judicial expedida nas ações em 4 (quatro) anos.
aumentada de metade, se da que for parte ou interveniente a
omissão resulta lesão corporal pessoa idosa:
de natureza grave, e triplicada, Pena – detenção de 6 (seis) TÍTULO VII – DISPOSIÇÕES
se resulta a morte. meses a 1 (um) ano e multa. FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 98. Abandonar a pessoa ido- Art. 102. Apropriar-se de ou des- Art. 109. Impedir ou embaraçar
sa em hospitais, casas de saúde, viar bens, proventos, pensão ou ato do representante do Ministé-
entidades de longa permanência, qualquer outro rendimento da rio Público ou de qualquer outro
ou congêneres, ou não prover pessoa idosa, dando-lhes aplica- agente fiscalizador:
suas necessidades básicas, quan- ção diversa da de sua finalidade: Pena – reclusão de 6 (seis)
do obrigado por lei ou mandado: Pena – reclusão de 1 (um) a 4 meses a 1 (um) ano e multa.
Pena – detenção de 6 (seis) (quatro) anos e multa.
meses a 3 (três) anos e multa. Art. 110. O Decreto-lei no 2.848,
Art. 103. Negar o acolhimento ou de 7 de dezembro de 1940, Códi-
Art. 99. Expor a perigo a integri- a permanência da pessoa idosa, go Penal, passa a vigorar com as
dade e a saúde, física ou psíquica, como abrigada, por recusa desta seguintes alterações:
da pessoa idosa, submetendo-a a em outorgar procuração à enti- ��������������������������������������������������
condições desumanas ou degra- dade de atendimento:
dantes ou privando-a de alimen- Pena – detenção de 6 (seis) Art. 111. O art. 21 do Decreto-lei
tos e cuidados indispensáveis, meses a 1 (um) ano e multa. no 3.688, de 3 de outubro de 1941,
quando obrigado a fazê-lo, ou Lei das Contravenções Penais,
sujeitando-a a trabalho excessivo Art. 104. Reter o cartão magné- passa a vigorar acrescido do se-
ou inadequado: tico de conta bancária relativa a
687
Estatuto da Pessoa Idosa
guinte parágrafo único: ridade Social destinará ao Fundo com o estágio de desenvolvimen-
�������������������������������������������������� Nacional de Assistência Social, to socioeconômico alcançado
até que o Fundo Nacional da Pes- pelo País.
Art. 112. O inciso II do § 4o do soa Idosa seja criado, os recursos
art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de abril necessários, em cada exercício Art. 118. Esta Lei entra em vi-
de 1997, passa a vigorar com a financeiro, para aplicação em gor decorridos 90 (noventa) dias
seguinte redação: programas e ações relativos à da sua publicação, ressalvado o
�������������������������������������������������� pessoa idosa. disposto no caput do art. 36, que
vigorará a partir de 1o de janeiro
Art. 113. O inciso III do art. 18 Art. 116. Serão incluídos nos de 2004.
da Lei no 6.368, de 21 de outubro censos demográficos dados re-
de 1976, passa a vigorar com a lativos à população idosa do País. Brasília, 1o de outubro de 2003;
seguinte redação: 182o da Independência e 115o da
�������������������������������������������������� Art. 117. O Poder Executivo en- República.
caminhará ao Congresso Nacional
Art. 114. O art. 1o da Lei no 10.048, projeto de lei revendo os critérios LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
de 8 de novembro de 2000, passa de concessão do Benefício de
a vigorar com a seguinte redação: Prestação Continuada previsto Promulgada em 1o/10/2003 e publicada
�������������������������������������������������� na Lei Orgânica da Assistência no DOU de 3/10/2003.
Social, de forma a garantir que o
Art. 115. O Orçamento da Segu- acesso ao direito seja condizente
688
Estatuto da Igualdade
Racial
Lei no 12.288/2010
691 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
692 TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
692 CAPÍTULO I – DO DIREITO À SAÚDE
692 CAPÍTULO II – DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
692 Seção I – Disposições Gerais
692 Seção II – Da Educação
693 Seção III – Da Cultura
693 Seção IV – Do Esporte e Lazer
694 CAPÍTULO III – DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE
EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
694 CAPÍTULO IV – DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA
694 Seção I – Do Acesso à Terra
694 Seção II – Da Moradia
695 CAPÍTULO V – DO TRABALHO
696 CAPÍTULO VI – DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
696 TÍTULO III – DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL (SINAPIR)
696 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
696 CAPÍTULO II – DOS OBJETIVOS
696 CAPÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA
697 CAPÍTULO IV – DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA
697 CAPÍTULO V – DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
698 TÍTULO IV – DISPOSIÇÕES FINAIS
Estatuto da Igualdade Racial
Lei no 12.288/2010
691
Estatuto da Igualdade Racial
históricos, socioculturais e insti- nistração direta e indireta. rão beneficiários de incentivos
tucionais que impedem a repre- § 2o O poder público garanti- específicos para a garantia do
sentação da diversidade étnica rá que o segmento da população direito à saúde, incluindo melho-
nas esferas pública e privada; negra vinculado aos seguros pri- rias nas condições ambientais, no
VI – estímulo, apoio e forta- vados de saúde seja tratado sem saneamento básico, na segurança
lecimento de iniciativas oriundas discriminação. alimentar e nutricional e na aten-
da sociedade civil direcionadas à ção integral à saúde.
promoção da igualdade de opor- Art. 7o O conjunto de ações de
tunidades e ao combate às de- saúde voltadas à população negra
sigualdades étnicas, inclusive constitui a Política Nacional de CAPÍTULO II – DO DIREITO
mediante a implementação de Saúde Integral da População Ne- À EDUCAÇÃO, À CULTURA,
incentivos e critérios de condicio- gra, organizada de acordo com as AO ESPORTE E AO LAZER
namento e prioridade no acesso diretrizes abaixo especificadas:
aos recursos públicos; I – ampliação e fortalecimento Seção I – Disposições Gerais
VII – implementação de pro- da participação de lideranças dos
gramas de ação afirmativa desti- movimentos sociais em defesa Art. 9o A população negra tem
nados ao enfrentamento das de- da saúde da população negra direito a participar de atividades
sigualdades étnicas no tocante à nas instâncias de participação educacionais, culturais, esporti-
educação, cultura, esporte e lazer, e controle social do SUS; vas e de lazer adequadas a seus
saúde, segurança, trabalho, mo- II – produção de conhecimen- interesses e condições, de modo
radia, meios de comunicação de to científico e tecnológico em a contribuir para o patrimônio
massa, financiamentos públicos, saúde da população negra; cultural de sua comunidade e da
acesso à terra, à Justiça, e outros. III – desenvolvimento de pro- sociedade brasileira.
Parágrafo único. Os progra- cessos de informação, comunica-
mas de ação afirmativa consti- ção e educação para contribuir Art. 10. Para o cumprimento do
tuir-se-ão em políticas públicas com a redução das vulnerabili- disposto no art. 9o, os governos
destinadas a reparar as distor- dades da população negra. federal, estaduais, distrital e mu-
ções e desigualdades sociais e nicipais adotarão as seguintes
demais práticas discriminatórias Art. 8o Constituem objetivos da providências:
adotadas, nas esferas pública e Política Nacional de Saúde Inte- I – promoção de ações para
privada, durante o processo de gral da População Negra: viabilizar e ampliar o acesso da
formação social do País. I – a promoção da saúde in- população negra ao ensino gra-
tegral da população negra, prio- tuito e às atividades esportivas
Art. 5o Para a consecução dos rizando a redução das desigual- e de lazer;
objetivos desta Lei, é instituído dades étnicas e o combate à II – apoio à iniciativa de en-
o Sistema Nacional de Promoção discriminação nas instituições tidades que mantenham espaço
da Igualdade Racial (Sinapir), con- e serviços do SUS; para promoção social e cultural
forme estabelecido no Título III. II – a melhoria da qualidade da população negra;
dos sistemas de informação do III – desenvolvimento de cam-
SUS no que tange à coleta, ao panhas educativas, inclusive nas
TÍTULO II – DOS DIREITOS processamento e à análise dos escolas, para que a solidariedade
FUNDAMENTAIS dados desagregados por cor, et- aos membros da população ne-
nia e gênero; gra faça parte da cultura de toda
CAPÍTULO I – DO DIREITO À III – o fomento à realização de a sociedade;
SAÚDE estudos e pesquisas sobre racis- IV – implementação de políti-
mo e saúde da população negra; cas públicas para o fortalecimen-
Art. 6o O direito à saúde da po- IV – a inclusão do conteúdo to da juventude negra brasileira.
pulação negra será garantido pelo da saúde da população negra nos
poder público mediante políticas processos de formação e educa-
universais, sociais e econômicas ção permanente dos trabalhado-
Seção II – Da Educação
destinadas à redução do risco de res da saúde;
doenças e de outros agravos. V – a inclusão da temática Art. 11. Nos estabelecimentos de
§ 1o O acesso universal e saúde da população negra nos ensino fundamental e de ensino
igualitário ao Sistema Único de processos de formação política médio, públicos e privados, é obri-
Saúde (SUS) para promoção, pro- das lideranças de movimentos gatório o estudo da história geral
teção e recuperação da saúde da sociais para o exercício da parti- da África e da história da popula-
população negra será de respon- cipação e controle social no SUS. ção negra no Brasil, observado o
sabilidade dos órgãos e institui- Parágrafo único. Os mora- disposto na Lei no 9.394, de 20 de
ções públicas federais, estaduais, dores das comunidades de re- dezembro de 1996.
distritais e municipais, da admi- manescentes de quilombos se- § 1o Os conteúdos referentes
692
Estatuto da Igualdade Racial
à história da população negra IV – estabelecer programas tivará a celebração das perso-
no Brasil serão ministrados no de cooperação técnica, nos esta- nalidades e das datas comemo-
âmbito de todo o currículo esco- belecimentos de ensino públicos, rativas relacionadas à trajetória
lar, resgatando sua contribuição privados e comunitários, com as do samba e de outras manifesta-
decisiva para o desenvolvimento escolas de educação infantil, en- ções culturais de matriz africana,
social, econômico, político e cul- sino fundamental, ensino médio e bem como sua comemoração nas
tural do País. ensino técnico, para a formação instituições de ensino públicas e
§ 2o O órgão competente docente baseada em princípios privadas.
do Poder Executivo fomentará de equidade, de tolerância e de
a formação inicial e continuada respeito às diferenças étnicas. Art. 20. O poder público garan-
de professores e a elaboração tirá o registro e a proteção da
de material didático específico Art. 14. O poder público estimu- capoeira, em todas as suas mo-
para o cumprimento do disposto lará e apoiará ações socioeduca- dalidades, como bem de natu-
no caput deste artigo. cionais realizadas por entidades reza imaterial e de formação da
§ 3o Nas datas comemorati- do movimento negro que desen- identidade cultural brasileira, nos
vas de caráter cívico, os órgãos volvam atividades voltadas para a termos do art. 216 da Constitui-
responsáveis pela educação in- inclusão social, mediante coope- ção Federal.
centivarão a participação de in- ração técnica, intercâmbios, con- Parágrafo único. O poder pú-
telectuais e representantes do vênios e incentivos, entre outros blico buscará garantir, por meio
movimento negro para debater mecanismos. dos atos normativos necessários,
com os estudantes suas vivên- a preservação dos elementos for-
cias relativas ao tema em co- Art. 15. O poder público adotará madores tradicionais da capoeira
memoração. programas de ação afirmativa. nas suas relações internacionais.
Art. 12. Os órgãos federais, dis- Art. 16. O Poder Executivo fede-
tritais e estaduais de fomento ral, por meio dos órgãos respon-
Seção IV – Do Esporte e
à pesquisa e à pós-graduação sáveis pelas políticas de promo- Lazer
poderão criar incentivos a pes- ção da igualdade e de educação,
quisas e a programas de estudo acompanhará e avaliará os pro- Art. 21. O poder público fomen-
voltados para temas referentes gramas de que trata esta Seção. tará o pleno acesso da população
às relações étnicas, aos quilom- negra às práticas desportivas,
bos e às questões pertinentes à consolidando o esporte e o lazer
população negra.
Seção III – Da Cultura como direitos sociais.
Art. 13. O Poder Executivo fede- Art. 17. O poder público garantirá Art. 22. A capoeira é reconhe-
ral, por meio dos órgãos compe- o reconhecimento das sociedades cida como desporto de criação
tentes, incentivará as instituições negras, clubes e outras formas de nacional, nos termos do art. 217
de ensino superior públicas e pri- manifestação coletiva da popula- da Constituição Federal.
vadas, sem prejuízo da legislação ção negra, com trajetória históri- § 1o A atividade de capoeiris-
em vigor, a: ca comprovada, como patrimônio ta será reconhecida em todas as
I – resguardar os princípios histórico e cultural, nos termos modalidades em que a capoeira
da ética em pesquisa e apoiar dos arts. 215 e 216 da Constitui- se manifesta, seja como esporte,
grupos, núcleos e centros de pes- ção Federal. luta, dança ou música, sendo livre
quisa, nos diversos programas de o exercício em todo o território
pós-graduação que desenvolvam Art. 18. É assegurado aos rema- nacional.
temáticas de interesse da popu- nescentes das comunidades dos § 2o É facultado o ensino da
lação negra; quilombos o direito à preservação capoeira nas instituições públi-
II – incorporar nas matrizes de seus usos, costumes, tradi- cas e privadas pelos capoeiristas
curriculares dos cursos de for- ções e manifestos religiosos, sob e mestres tradicionais, pública e
mação de professores temas que a proteção do Estado. formalmente reconhecidos.
incluam valores concernentes à Parágrafo único. A preserva-
pluralidade étnica e cultural da ção dos documentos e dos sítios
sociedade brasileira; detentores de reminiscências
III – desenvolver programas históricas dos antigos quilombos,
de extensão universitária des- tombados nos termos do § 5o do
tinados a aproximar jovens ne- art. 216 da Constituição Federal,
gros de tecnologias avançadas, receberá especial atenção do
assegurado o princípio da pro- poder público.
porcionalidade de gênero entre
os beneficiários; Art. 19. O poder público incen-
693
Estatuto da Igualdade Racial
CAPÍTULO III – DO nos meios de comunicação e em no campo, o poder público pro-
DIREITO À LIBERDADE quaisquer outros locais. moverá ações para viabilizar e
ampliar o seu acesso ao finan-
DE CONSCIÊNCIA E DE Art. 25. É assegurada a assis- ciamento agrícola.
CRENÇA E AO LIVRE tência religiosa aos praticantes
EXERCÍCIO DOS CULTOS de religiões de matrizes africa- Art. 29. Serão assegurados à
RELIGIOSOS nas internados em hospitais ou população negra a assistência
em outras instituições de inter- técnica rural, a simplificação do
Art. 23. É inviolável a liberdade nação coletiva, inclusive àqueles acesso ao crédito agrícola e o for-
de consciência e de crença, sendo submetidos a pena privativa de talecimento da infraestrutura de
assegurado o livre exercício dos liberdade. logística para a comercialização
cultos religiosos e garantida, na da produção.
forma da lei, a proteção aos locais Art. 26. O poder público adotará
de culto e a suas liturgias. as medidas necessárias para o Art. 30. O poder público promo-
combate à intolerância com as verá a educação e a orientação
Art. 24. O direito à liberdade de religiões de matrizes africanas profissional agrícola para os tra-
consciência e de crença e ao livre e à discriminação de seus se- balhadores negros e as comuni-
exercício dos cultos religiosos guidores, especialmente com o dades negras rurais.
de matriz africana compreende: objetivo de:
I – a prática de cultos, a cele- I – coibir a utilização dos Art. 31. Aos remanescentes das
bração de reuniões relacionadas meios de comunicação social comunidades dos quilombos que
à religiosidade e a fundação e para a difusão de proposições, estejam ocupando suas terras é
manutenção, por iniciativa pri- imagens ou abordagens que ex- reconhecida a propriedade defini-
vada, de lugares reservados para ponham pessoa ou grupo ao ódio tiva, devendo o Estado emitir-lhes
tais fins; ou ao desprezo por motivos fun- os títulos respectivos.
II – a celebração de festivi- dados na religiosidade de matri-
dades e cerimônias de acordo zes africanas; Art. 32. O Poder Executivo fe-
com preceitos das respectivas II – inventariar, restaurar e deral elaborará e desenvolverá
religiões; proteger os documentos, obras políticas públicas especiais vol-
III – a fundação e a manu- e outros bens de valor artístico tadas para o desenvolvimento
tenção, por iniciativa privada, e cultural, os monumentos, ma- sustentável dos remanescentes
de instituições beneficentes li- nanciais, flora e sítios arqueoló- das comunidades dos quilom-
gadas às respectivas convicções gicos vinculados às religiões de bos, respeitando as tradições
religiosas; matrizes africanas; de proteção ambiental das co-
IV – a produção, a comer- III – assegurar a participação munidades.
cialização, a aquisição e o uso proporcional de representantes
de artigos e materiais religiosos das religiões de matrizes africa- Art. 33. Para fins de política
adequados aos costumes e às nas, ao lado da representação das agrícola, os remanescentes das
práticas fundadas na respecti- demais religiões, em comissões, comunidades dos quilombos re-
va religiosidade, ressalvadas as conselhos, órgãos e outras ins- ceberão dos órgãos competentes
condutas vedadas por legislação tâncias de deliberação vinculadas tratamento especial diferencia-
específica; ao poder público. do, assistência técnica e linhas
V – a produção e a divulgação especiais de financiamento pú-
de publicações relacionadas ao blico, destinados à realização de
exercício e à difusão das religiões CAPÍTULO IV – DO ACESSO suas atividades produtivas e de
de matriz africana; À TERRA E À MORADIA infraestrutura.
VI – a coleta de contribuições ADEQUADA
financeiras de pessoas naturais e Art. 34. Os remanescentes das
jurídicas de natureza privada para Seção I – Do Acesso à Terra comunidades dos quilombos se
a manutenção das atividades re- beneficiarão de todas as inicia-
ligiosas e sociais das respectivas Art. 27. O poder público ela- tivas previstas nesta e em outras
religiões; borará e implementará políticas leis para a promoção da igualda-
VII – o acesso aos órgãos e públicas capazes de promover de étnica.
aos meios de comunicação para o acesso da população negra à
divulgação das respectivas re- terra e às atividades produtivas
ligiões; no campo.
Seção II – Da Moradia
VIII – a comunicação ao Mi-
nistério Público para abertura de Art. 28. Para incentivar o de- Art. 35. O poder público garan-
ação penal em face de atitudes e senvolvimento das atividades tirá a implementação de políticas
práticas de intolerância religiosa produtivas da população negra públicas para assegurar o direito
694
Estatuto da Igualdade Racial
à moradia adequada da população Eliminação de Todas as Formas de ocupação por trabalhadores
negra que vive em favelas, corti- de Discriminação Racial, de 1965; negros de baixa escolarização.
ços, áreas urbanas subutilizadas, III – os compromissos assu- § 8o Os registros adminis-
degradadas ou em processo de midos pelo Brasil ao ratificar a trativos direcionados a órgãos
degradação, a fim de reintegrá- Convenção no 111, de 1958, da Orga- e entidades da Administração
-las à dinâmica urbana e promo- nização Internacional do Trabalho Pública, a empregadores priva-
ver melhorias no ambiente e na (OIT), que trata da discriminação dos e a trabalhadores que lhes
qualidade de vida. no emprego e na profissão; sejam subordinados conterão
Parágrafo único. O direito à IV – os demais compromis- campos destinados a identificar
moradia adequada, para os efei- sos formalmente assumidos pelo o segmento étnico e racial a que
tos desta Lei, inclui não apenas Brasil perante a comunidade in- pertence o trabalhador retratado
o provimento habitacional, mas ternacional. no respectivo documento, com
também a garantia da infraestru- utilização do critério da autoclas-
tura urbana e dos equipamentos Art. 39. O poder público pro- sificação em grupos previamente
comunitários associados à função moverá ações que assegurem a delimitados.
habitacional, bem como a assis- igualdade de oportunidades no § 9o Sem prejuízo de exten-
tência técnica e jurídica para a mercado de trabalho para a po- são obrigatória a outros docu-
construção, a reforma ou a regu- pulação negra, inclusive mediante mentos ou registros de mesma
larização fundiária da habitação a implementação de medidas vi- natureza identificados em regu-
em área urbana. sando à promoção da igualdade lamento, aplica-se o disposto no
nas contratações do setor público § 8o deste artigo a:
Art. 36. Os programas, projetos e o incentivo à adoção de medidas I – formulários de admissão
e outras ações governamentais similares nas empresas e organi- e demissão no emprego;
realizadas no âmbito do Sistema zações privadas. II – formulários de acidente
Nacional de Habitação de Interes- § 1o A igualdade de oportu- de trabalho;
se Social (SNHIS), regulado pela nidades será lograda mediante III – instrumentos de registro
Lei no 11.124, de 16 de junho de a adoção de políticas e progra- do Sistema Nacional de Emprego
2005, devem considerar as pe- mas de formação profissional, de (Sine), ou de estrutura que venha a
culiaridades sociais, econômicas emprego e de geração de renda suceder-lhe em suas finalidades;
e culturais da população negra. voltados para a população negra. IV – Relação Anual de Infor-
Parágrafo único. Os Estados, § 2o As ações visando a pro- mações Sociais (Rais), ou outro
o Distrito Federal e os Municí- mover a igualdade de oportunida- documento criado posteriormen-
pios estimularão e facilitarão a des na esfera da administração te com conteúdo e propósitos a
participação de organizações e pública far-se-ão por meio de ela assemelhados;
movimentos representativos da normas estabelecidas ou a serem V – documentos, inclusive os
população negra na composição estabelecidas em legislação es- disponibilizados em meio eletrô-
dos conselhos constituídos para pecífica e em seus regulamentos. nico, destinados à inscrição de
fins de aplicação do Fundo Na- § 3o O poder público esti- segurados e dependentes no Re-
cional de Habitação de Interesse mulará, por meio de incentivos, gime Geral de Previdência Social;
Social (FNHIS). a adoção de iguais medidas pelo VI – questionários de pesqui-
setor privado. sas levadas a termo pela Funda-
Art. 37. Os agentes financeiros, § 4o As ações de que trata o ção Instituto Brasileiro de Geo-
públicos ou privados, promoverão caput deste artigo assegurarão o grafia e Estatística (IBGE), ou por
ações para viabilizar o acesso da princípio da proporcionalidade de órgão ou entidade posteriormente
população negra aos financia- gênero entre os beneficiários. incumbida das atribuições impu-
mentos habitacionais. § 5o Será assegurado o aces- tadas a essa autarquia.
so ao crédito para a pequena pro-
dução, nos meios rural e urbano, Art. 40. O Conselho Deliberativo
CAPÍTULO V – DO com ações afirmativas para mu- do Fundo de Amparo ao Trabalha-
TRABALHO lheres negras. dor (Codefat) formulará políticas,
§ 6o O poder público promo- programas e projetos voltados
Art. 38. A implementação de po- verá campanhas de sensibilização para a inclusão da população
líticas voltadas para a inclusão da contra a marginalização da mu- negra no mercado de trabalho
população negra no mercado de lher negra no trabalho artístico e orientará a destinação de re-
trabalho será de responsabilidade e cultural. cursos para seu financiamento.
do poder público, observando-se: § 7o O poder público promo-
I – o instituído neste Estatuto; verá ações com o objetivo de ele- Art. 41. As ações de emprego e
II – os compromissos assu- var a escolaridade e a qualificação renda, promovidas por meio de fi-
midos pelo Brasil ao ratificar a profissional nos setores da eco- nanciamento para constituição e
Convenção Internacional sobre a nomia que contem com alto índice ampliação de pequenas e médias
695
Estatuto da Igualdade Racial
empresas e de programas de ge- dades de economia mista federais § 2o O poder público fede-
ração de renda, contemplarão o deverão incluir cláusulas de par- ral incentivará a sociedade e a
estímulo à promoção de empre- ticipação de artistas negros nos iniciativa privada a participar do
sários negros. contratos de realização de filmes, Sinapir.
Parágrafo único. O poder pú- programas ou quaisquer outras
blico estimulará as atividades peças de caráter publicitário.
voltadas ao turismo étnico com § 1o Os órgãos e entidades de CAPÍTULO II – DOS
enfoque nos locais, monumentos que trata este artigo incluirão, nas OBJETIVOS
e cidades que retratem a cultura, especificações para contratação
os usos e os costumes da popu- de serviços de consultoria, con- Art. 48. São objetivos do Si-
lação negra. ceituação, produção e realização napir:
de filmes, programas ou peças I – promover a igualdade étni-
Art. 42. O Poder Executivo fede- publicitárias, a obrigatoriedade ca e o combate às desigualdades
ral poderá implementar critérios da prática de iguais oportunida- sociais resultantes do racismo,
para provimento de cargos em des de emprego para as pessoas inclusive mediante adoção de
comissão e funções de confiança relacionadas com o projeto ou ações afirmativas;
destinados a ampliar a participa- serviço contratado. II – formular políticas desti-
ção de negros, buscando repro- § 2o Entende-se por práti- nadas a combater os fatores de
duzir a estrutura da distribuição ca de iguais oportunidades de marginalização e a promover a
étnica nacional ou, quando for o emprego o conjunto de medidas integração social da população
caso, estadual, observados os sistemáticas executadas com a negra;
dados demográficos oficiais. finalidade de garantir a diversi- III – descentralizar a imple-
dade étnica, de sexo e de idade mentação de ações afirmativas
na equipe vinculada ao projeto pelos governos estaduais, distrital
CAPÍTULO VI – DOS MEIOS ou serviço contratado. e municipais;
DE COMUNICAÇÃO § 3o A autoridade contratan- IV – articular planos, ações e
te poderá, se considerar neces- mecanismos voltados à promoção
Art. 43. A produção veiculada sário para garantir a prática de da igualdade étnica;
pelos órgãos de comunicação iguais oportunidades de emprego, V – garantir a eficácia dos
valorizará a herança cultural e a requerer auditoria por órgão do meios e dos instrumentos criados
participação da população negra poder público federal. para a implementação das ações
na história do País. § 4o A exigência disposta no afirmativas e o cumprimento das
caput não se aplica às produções metas a serem estabelecidas.
Art. 44. Na produção de filmes publicitárias quando abordarem
e programas destinados à veicu- especificidades de grupos étnicos
lação pelas emissoras de televi- determinados. CAPÍTULO III – DA
são e em salas cinematográficas, ORGANIZAÇÃO E
deverá ser adotada a prática de COMPETÊNCIA
conferir oportunidades de em- TÍTULO III – DO SISTEMA
prego para atores, figurantes e NACIONAL DE PROMOÇÃO Art. 49. O Poder Executivo fe-
técnicos negros, sendo vedada DA IGUALDADE RACIAL deral elaborará plano nacional
toda e qualquer discriminação (SINAPIR) de promoção da igualdade racial
de natureza política, ideológica, contendo as metas, princípios e
étnica ou artística. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO diretrizes para a implementação
Parágrafo único. A exigência PRELIMINAR da Política Nacional de Promoção
disposta no caput não se aplica da Igualdade Racial (PNPIR).
aos filmes e programas que abor- Art. 47. É instituído o Sistema § 1o A elaboração, implemen-
dem especificidades de grupos Nacional de Promoção da Igual- tação, coordenação, avaliação e
étnicos determinados. dade Racial (Sinapir) como forma acompanhamento da PNPIR, bem
de organização e de articulação como a organização, articulação
Art. 45. Aplica-se à produção de voltadas à implementação do e coordenação do Sinapir, serão
peças publicitárias destinadas à conjunto de políticas e serviços efetivados pelo órgão respon-
veiculação pelas emissoras de destinados a superar as desi- sável pela política de promoção
televisão e em salas cinemato- gualdades étnicas existentes no da igualdade étnica em âmbito
gráficas o disposto no art. 44. País, prestados pelo poder pú- nacional.
blico federal. § 2o É o Poder Executivo fe-
Art. 46. Os órgãos e entidades § 1o Os Estados, o Distrito deral autorizado a instituir fórum
da administração pública federal Federal e os Municípios poderão intergovernamental de promoção
direta, autárquica ou fundacional, participar do Sinapir mediante da igualdade étnica, a ser coor-
as empresas públicas e as socie- adesão. denado pelo órgão responsável
696
Estatuto da Igualdade Racial
pelas políticas de promoção da etnia ou cor e acompanhar a im- o inciso VII do art. 4o desta Lei e
igualdade étnica, com o objetivo plementação de medidas para a outras políticas públicas que te-
de implementar estratégias que promoção da igualdade. nham como objetivo promover
visem à incorporação da política a igualdade de oportunidades
nacional de promoção da igual- Art. 52. É assegurado às víti- e a inclusão social da popula-
dade étnica nas ações governa- mas de discriminação étnica o ção negra, especialmente no que
mentais de Estados e Municípios. acesso aos órgãos de Ouvidoria tange a:
§ 3o As diretrizes das políti- Permanente, à Defensoria Pú- I – promoção da igualdade
cas nacional e regional de pro- blica, ao Ministério Público e ao de oportunidades em educação,
moção da igualdade étnica serão Poder Judiciário, em todas as emprego e moradia;
elaboradas por órgão colegiado suas instâncias, para a garantia II – financiamento de pes-
que assegure a participação da do cumprimento de seus direitos. quisas, nas áreas de educação,
sociedade civil. Parágrafo único. O Estado saúde e emprego, voltadas para
§ 4o A Fundação Instituto assegurará atenção às mulheres a melhoria da qualidade de vida
Brasileiro de Geografia e Esta- negras em situação de violência, da população negra;
tística (IBGE) realizará, a cada 5 garantida a assistência física, III – incentivo à criação de
(cinco) anos, pesquisa destinada psíquica, social e jurídica. programas e veículos de comu-
a identificar o percentual de ocu- nicação destinados à divulgação
pação por parte de segmentos ét- Art. 53. O Estado adotará me- de matérias relacionadas aos in-
nicos e raciais no âmbito do setor didas especiais para coibir a vio- teresses da população negra;
público, a fim de obter subsídios lência policial incidente sobre a IV – incentivo à criação e à
direcionados à implementação população negra. manutenção de microempresas
da PNPIR. Parágrafo único. O Estado administradas por pessoas auto-
implementará ações de resso- declaradas negras;
Art. 50. Os Poderes Executivos cialização e proteção da juven- V – iniciativas que incremen-
estaduais, distrital e municipais, tude negra em conflito com a tem o acesso e a permanência
no âmbito das respectivas es- lei e exposta a experiências de das pessoas negras na educação
feras de competência, poderão exclusão social. fundamental, média, técnica e
instituir conselhos de promo- superior;
ção da igualdade étnica, de ca- Art. 54. O Estado adotará me- VI – apoio a programas e pro-
ráter permanente e consultivo, didas para coibir atos de discri- jetos dos governos estaduais,
compostos por igual número de minação e preconceito pratica- distrital e municipais e de enti-
representantes de órgãos e enti- dos por servidores públicos em dades da sociedade civil voltados
dades públicas e de organizações detrimento da população negra, para a promoção da igualdade
da sociedade civil representativas observado, no que couber, o dis- de oportunidades para a popu-
da população negra. posto na Lei no 7.716, de 5 de ja- lação negra;
Parágrafo único. O Poder neiro de 1989. VII – apoio a iniciativas em de-
Executivo priorizará o repasse fesa da cultura, da memória e das
dos recursos referentes aos pro- Art. 55. Para a apreciação judi- tradições africanas e brasileiras.
gramas e atividades previstos cial das lesões e das ameaças de § 1o O Poder Executivo fede-
nesta Lei aos Estados, Distrito lesão aos interesses da população ral é autorizado a adotar medidas
Federal e Municípios que tenham negra decorrentes de situações que garantam, em cada exercício,
criado conselhos de promoção da de desigualdade étnica, recorrer- a transparência na alocação e na
igualdade étnica. -se-á, entre outros instrumentos, execução dos recursos necessá-
à ação civil pública, disciplinada rios ao financiamento das ações
na Lei no 7.347, de 24 de julho previstas neste Estatuto, explici-
CAPÍTULO IV – de 1985. tando, entre outros, a proporção
DAS OUVIDORIAS dos recursos orçamentários des-
PERMANENTES E DO tinados aos programas de promo-
CAPÍTULO V – DO ção da igualdade, especialmente
ACESSO À JUSTIÇA E À
FINANCIAMENTO DAS nas áreas de educação, saúde,
SEGURANÇA
INICIATIVAS DE PROMOÇÃO emprego e renda, desenvolvimen-
Art. 51. O poder público federal DA IGUALDADE RACIAL to agrário, habitação popular, de-
instituirá, na forma da lei e no senvolvimento regional, cultura,
âmbito dos Poderes Legislativo Art. 56. Na implementação dos esporte e lazer.
e Executivo, Ouvidorias Perma- programas e das ações constan- § 2o Durante os 5 (cinco) pri-
nentes em Defesa da Igualdade tes dos planos plurianuais e dos meiros anos, a contar do exercício
Racial, para receber e encami- orçamentos anuais da União, de- subsequente à publicação deste
nhar denúncias de preconceito verão ser observadas as políticas Estatuto, os órgãos do Poder Exe-
e discriminação com base em de ação afirmativa a que se refere cutivo federal que desenvolvem
697
Estatuto da Igualdade Racial
políticas e programas nas áreas rir a eficácia social das medidas
referidas no § 1o deste artigo dis- previstas nesta Lei e efetuará seu
criminarão em seus orçamentos monitoramento constante, com a
anuais a participação nos progra- emissão e a divulgação de rela-
mas de ação afirmativa referidos tórios periódicos, inclusive pela
no inciso VII do art. 4o desta Lei. rede mundial de computadores.
§ 3o O Poder Executivo é
autorizado a adotar as medidas Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei
necessárias para a adequada im- no 7.716, de 1989, passam a vigorar
plementação do disposto neste com a seguinte redação:
artigo, podendo estabelecer pata- ��������������������������������������������������
mares de participação crescente
dos programas de ação afirmativa Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei
nos orçamentos anuais a que se no 9.029, de 13 de abril de 1995,
refere o § 2o deste artigo. passam a vigorar com a seguin-
§ 4o O órgão colegiado do te redação:
Poder Executivo federal respon- ��������������������������������������������������
sável pela promoção da igualdade
racial acompanhará e avaliará a Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347,
programação das ações referi- de 1985, passa a vigorar acrescido
das neste artigo nas propostas do seguinte § 2o, renumerando-se
orçamentárias da União. o atual parágrafo único como § 1o:
��������������������������������������������������
Art. 57. Sem prejuízo da des-
tinação de recursos ordinários, Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei
poderão ser consignados nos no 10.778, de 24 de novembro de
orçamentos fiscal e da seguri- 2003, passa a vigorar com a se-
dade social para financiamento guinte redação:
das ações de que trata o art. 56: ��������������������������������������������������
I – transferências voluntárias
dos Estados, do Distrito Federal Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei
e dos Municípios; no 7.716, de 1989, passa a vigorar
II – doações voluntárias de acrescido do seguinte inciso III:
particulares; ��������������������������������������������������
III – doações de empresas
privadas e organizações não go- Art. 65. Esta Lei entra em vigor
vernamentais, nacionais ou inter- 90 (noventa) dias após a data de
nacionais; sua publicação.
IV – doações voluntárias de
fundos nacionais ou internacio- Brasília, 20 de julho de 2010; 189o
nais; da Independência e 122o da Re-
V – doações de Estados es- pública.
trangeiros, por meio de convê-
nios, tratados e acordos inter- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
nacionais.
Promulgada em 20/7/2010 e publicada
no DOU de 21/7/2010.
TÍTULO IV – DISPOSIÇÕES
FINAIS
Art. 58. As medidas instituídas
nesta Lei não excluem outras
em prol da população negra que
tenham sido ou venham a ser
adotadas no âmbito da União,
dos Estados, do Distrito Federal
ou dos Municípios.
698
Estatuto da Pessoa
com Deficiência
Lei no 13.146/2015
701 LIVRO I – PARTE GERAL
701 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
701 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
703 CAPÍTULO II – DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
703 Seção Única – Do Atendimento Prioritário
703 TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
703 CAPÍTULO I – DO DIREITO À VIDA
704 CAPÍTULO II – DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À REABILITAÇÃO
704 CAPÍTULO III – DO DIREITO À SAÚDE
705 CAPÍTULO IV – DO DIREITO À EDUCAÇÃO
707 CAPÍTULO V – DO DIREITO À MORADIA
707 CAPÍTULO VI – DO DIREITO AO TRABALHO
707 Seção I – Disposições Gerais
707 Seção II – Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional
708 Seção III – Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho
708 CAPÍTULO VII – DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
709 CAPÍTULO VIII – DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
709 CAPÍTULO IX – DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE, AO TURISMO E AO LAZER
709 CAPÍTULO X – DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE
710 TÍTULO III – DA ACESSIBILIDADE
710 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
711 CAPÍTULO II – DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO
712 CAPÍTULO III – DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
713 CAPÍTULO IV – DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA E POLÍTICA
713 TÍTULO IV – DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
714 LIVRO II – PARTE ESPECIAL
714 TÍTULO I – DO ACESSO À JUSTIÇA
714 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
714 CAPÍTULO II – DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI
714 TÍTULO II – DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
715 TÍTULO III – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Estatuto da Pessoa com
Deficiência
Lei no 13.146/2015
701
Estatuto da Pessoa com Deficiência
pessoa com deficiência ou com que dificultam ou impedem o IX – pessoa com mobilidade
mobilidade reduzida; acesso da pessoa com deficiên- reduzida: aquela que tenha, por
II – desenho universal: con- cia às tecnologias; qualquer motivo, dificuldade de
cepção de produtos, ambientes, V – comunicação: forma movimentação, permanente ou
programas e serviços a serem de interação dos cidadãos que temporária, gerando redução efe-
usados por todas as pessoas, sem abrange, entre outras opções, as tiva da mobilidade, da flexibilida-
necessidade de adaptação ou de línguas, inclusive a Língua Brasi- de, da coordenação motora ou
projeto específico, incluindo os leira de Sinais (Libras), a visualiza- da percepção, incluindo idoso,
recursos de tecnologia assistiva; ção de textos, o Braille, o sistema gestante, lactante, pessoa com
III – tecnologia assistiva ou de sinalização ou de comunicação criança de colo e obeso;
ajuda técnica: produtos, equi- tátil, os caracteres ampliados, os X – residências inclusivas:
pamentos, dispositivos, recur- dispositivos multimídia, assim unidades de oferta do Serviço de
sos, metodologias, estratégias, como a linguagem simples, es- Acolhimento do Sistema Único
práticas e serviços que objeti- crita e oral, os sistemas auditivos de Assistência Social (Suas) lo-
vem promover a funcionalidade, e os meios de voz digitalizados calizadas em áreas residenciais
relacionada à atividade e à parti- e os modos, meios e formatos da comunidade, com estruturas
cipação da pessoa com deficiên- aumentativos e alternativos de adequadas, que possam contar
cia ou com mobilidade reduzida, comunicação, incluindo as tec- com apoio psicossocial para o
visando à sua autonomia, inde- nologias da informação e das atendimento das necessidades
pendência, qualidade de vida e comunicações; da pessoa acolhida, destinadas
inclusão social; VI – adaptações razoáveis: a jovens e adultos com deficiên-
IV – barreiras: qualquer en- adaptações, modificações e cia, em situação de dependência,
trave, obstáculo, atitude ou com- ajustes necessários e adequa- que não dispõem de condições
portamento que limite ou impeça dos que não acarretem ônus des- de autossustentabilidade e com
a participação social da pessoa, proporcional e indevido, quando vínculos familiares fragilizados
bem como o gozo, a fruição e o requeridos em cada caso, a fim ou rompidos;
exercício de seus direitos à aces- de assegurar que a pessoa com XI – moradia para a vida in-
sibilidade, à liberdade de movi- deficiência possa gozar ou exer- dependente da pessoa com defi-
mento e de expressão, à comu- cer, em igualdade de condições ciência: moradia com estruturas
nicação, ao acesso à informação, e oportunidades com as demais adequadas capazes de proporcio-
à compreensão, à circulação com pessoas, todos os direitos e liber- nar serviços de apoio coletivos e
segurança, entre outros, classi- dades fundamentais; individualizados que respeitem e
ficadas em: VII – elemento de urbaniza- ampliem o grau de autonomia de
a) barreiras urbanísticas: as ção: quaisquer componentes de jovens e adultos com deficiência;
existentes nas vias e nos espaços obras de urbanização, tais como XII – atendente pessoal: pes-
públicos e privados abertos ao os referentes a pavimentação, soa, membro ou não da família,
público ou de uso coletivo; saneamento, encanamento para que, com ou sem remuneração,
b) barreiras arquitetônicas: esgotos, distribuição de energia assiste ou presta cuidados bási-
as existentes nos edifícios públi- elétrica e de gás, iluminação pú- cos e essenciais à pessoa com
cos e privados; blica, serviços de comunicação, deficiência no exercício de suas
c) barreiras nos transpor- abastecimento e distribuição de atividades diárias, excluídas as
tes: as existentes nos sistemas água, paisagismo e os que mate- técnicas ou os procedimentos
e meios de transportes; rializam as indicações do plane- identificados com profissões le-
d) barreiras nas comunica- jamento urbanístico; galmente estabelecidas;
ções e na informação: qualquer VIII – mobiliário urbano: con- XIII – profissional de apoio
entrave, obstáculo, atitude ou junto de objetos existentes nas escolar: pessoa que exerce ati-
comportamento que dificulte ou vias e nos espaços públicos, su- vidades de alimentação, higiene
impossibilite a expressão ou o perpostos ou adicionados aos e locomoção do estudante com
recebimento de mensagens e de elementos de urbanização ou deficiência e atua em todas as
informações por intermédio de de edificação, de forma que sua atividades escolares nas quais
sistemas de comunicação e de modificação ou seu traslado não se fizer necessária, em todos os
tecnologia da informação; provoque alterações substanciais níveis e modalidades de ensino,
e) barreiras atitudinais: ati- nesses elementos, tais como se- em instituições públicas e pri-
tudes ou comportamentos que máforos, postes de sinalização vadas, excluídas as técnicas ou
impeçam ou prejudiquem a par- e similares, terminais e pontos os procedimentos identificados
ticipação social da pessoa com de acesso coletivo às telecomu- com profissões legalmente es-
deficiência em igualdade de con- nicações, fontes de água, lixei- tabelecidas;
dições e oportunidades com as ras, toldos, marquises, bancos, XIV – acompanhante: aquele
demais pessoas; quiosques e quaisquer outros de que acompanha a pessoa com
f) barreiras tecnológicas: as natureza análoga; deficiência, podendo ou não de-
702
Estatuto da Pessoa com Deficiência
sempenhar as funções de aten- e à convivência familiar e comu- dimento ao público;
dente pessoal. nitária; e III – disponibilização de recur-
VI – exercer o direito à guarda, sos, tanto humanos quanto tec-
à tutela, à curatela e à adoção, nológicos, que garantam atendi-
CAPÍTULO II – DA como adotante ou adotando, em mento em igualdade de condições
IGUALDADE E DA NÃO igualdade de oportunidades com com as demais pessoas;
DISCRIMINAÇÃO as demais pessoas. IV – disponibilização de pon-
tos de parada, estações e ter-
Art. 4o Toda pessoa com defici- Art. 7o É dever de todos comu- minais acessíveis de transporte
ência tem direito à igualdade de nicar à autoridade competente coletivo de passageiros e garantia
oportunidades com as demais qualquer forma de ameaça ou de de segurança no embarque e no
pessoas e não sofrerá nenhuma violação aos direitos da pessoa desembarque;
espécie de discriminação. com deficiência. V – acesso a informações e
§ 1o Considera-se discrimi- Parágrafo único. Se, no exer- disponibilização de recursos de
nação em razão da deficiência cício de suas funções, os juízes comunicação acessíveis;
toda forma de distinção, restrição e os tribunais tiverem conheci- VI – recebimento de restitui-
ou exclusão, por ação ou omis- mento de fatos que caracterizem ção de imposto de renda;
são, que tenha o propósito ou as violações previstas nesta Lei, VII – tramitação processual e
o efeito de prejudicar, impedir devem remeter peças ao Ministé- procedimentos judiciais e admi-
ou anular o reconhecimento ou rio Público para as providências nistrativos em que for parte ou
o exercício dos direitos e das li- cabíveis. interessada, em todos os atos e
berdades fundamentais de pes- diligências.
soa com deficiência, incluindo a Art. 8o É dever do Estado, da § 1o Os direitos previstos
recusa de adaptações razoáveis sociedade e da família assegu- neste artigo são extensivos ao
e de fornecimento de tecnologias rar à pessoa com deficiência, acompanhante da pessoa com
assistivas. com prioridade, a efetivação dos deficiência ou ao seu atendente
§ 2o A pessoa com deficiên- direitos referentes à vida, à saú- pessoal, exceto quanto ao dispos-
cia não está obrigada à fruição de de, à sexualidade, à paternidade to nos incisos VI e VII deste artigo.
benefícios decorrentes de ação e à maternidade, à alimentação, § 2o Nos serviços de emer-
afirmativa. à habitação, à educação, à pro- gência públicos e privados, a prio-
fissionalização, ao trabalho, à ridade conferida por esta Lei é
Art. 5o A pessoa com deficiência previdência social, à habilitação condicionada aos protocolos de
será protegida de toda forma de e à reabilitação, ao transporte, atendimento médico.
negligência, discriminação, explo- à acessibilidade, à cultura, ao
ração, violência, tortura, cruelda- desporto, ao turismo, ao lazer, à
de, opressão e tratamento desu- informação, à comunicação, aos TÍTULO II – DOS DIREITOS
mano ou degradante. avanços científicos e tecnológi- FUNDAMENTAIS
Parágrafo único. Para os cos, à dignidade, ao respeito, à
fins da proteção mencionada no liberdade, à convivência familiar e CAPÍTULO I – DO DIREITO
caput deste artigo, são considera- comunitária, entre outros decor- À VIDA
dos especialmente vulneráveis a rentes da Constituição Federal, da
criança, o adolescente, a mulher Convenção sobre os Direitos das Art. 10. Compete ao poder pú-
e o idoso, com deficiência. Pessoas com Deficiência e seu blico garantir a dignidade da pes-
Protocolo Facultativo e das leis e soa com deficiência ao longo de
Art. 6o A deficiência não afeta a de outras normas que garantam toda a vida.
plena capacidade civil da pessoa, seu bem-estar pessoal, social e Parágrafo único. Em situ-
inclusive para: econômico. ações de risco, emergência ou
I – casar-se e constituir união estado de calamidade pública,
estável; a pessoa com deficiência será
II – exercer direitos sexuais e
Seção Única – Do considerada vulnerável, devendo
reprodutivos; Atendimento Prioritário o poder público adotar medidas
III – exercer o direito de de- para sua proteção e segurança.
cidir sobre o número de filhos Art. 9o A pessoa com deficiência
e de ter acesso a informações tem direito a receber atendimen- Art. 11. A pessoa com deficiên-
adequadas sobre reprodução e to prioritário, sobretudo com a cia não poderá ser obrigada a se
planejamento familiar; finalidade de: submeter a intervenção clínica
IV – conservar sua fertilida- I – proteção e socorro em ou cirúrgica, a tratamento ou a
de, sendo vedada a esterilização quaisquer circunstâncias; institucionalização forçada.
compulsória; II – atendimento em todas as Parágrafo único. O consenti-
V – exercer o direito à família instituições e serviços de aten- mento da pessoa com deficiência
703
Estatuto da Pessoa com Deficiência
em situação de curatela poderá do no art. 14 desta Lei baseia-se plena participação social.
ser suprido, na forma da lei. em avaliação multidisciplinar das Parágrafo único. Os serviços
necessidades, habilidades e po- de que trata o caput deste artigo
Art. 12. O consentimento pré- tencialidades de cada pessoa, ob- podem fornecer informações e
vio, livre e esclarecido da pessoa servadas as seguintes diretrizes: orientações nas áreas de saúde,
com deficiência é indispensável I – diagnóstico e intervenção de educação, de cultura, de es-
para a realização de tratamento, precoces; porte, de lazer, de transporte, de
procedimento, hospitalização e II – adoção de medidas para previdência social, de assistência
pesquisa científica. compensar perda ou limitação social, de habitação, de trabalho,
§ 1o Em caso de pessoa com funcional, buscando o desenvol- de empreendedorismo, de acesso
deficiência em situação de cura- vimento de aptidões; ao crédito, de promoção, prote-
tela, deve ser assegurada sua III – atuação permanente, in- ção e defesa de direitos e nas
participação, no maior grau pos- tegrada e articulada de políticas demais áreas que possibilitem à
sível, para a obtenção de con- públicas que possibilitem a ple- pessoa com deficiência exercer
sentimento. na participação social da pessoa sua cidadania.
§ 2o A pesquisa científica com deficiência;
envolvendo pessoa com defici- IV – oferta de rede de ser-
ência em situação de tutela ou viços articulados, com atuação CAPÍTULO III – DO DIREITO
de curatela deve ser realizada, intersetorial, nos diferentes níveis À SAÚDE
em caráter excepcional, apenas de complexidade, para atender
quando houver indícios de benefí- às necessidades específicas da Art. 18. É assegurada atenção
cio direto para sua saúde ou para pessoa com deficiência; integral à saúde da pessoa com
a saúde de outras pessoas com V – prestação de serviços deficiência em todos os níveis de
deficiência e desde que não haja próximo ao domicílio da pessoa complexidade, por intermédio do
outra opção de pesquisa de eficá- com deficiência, inclusive na zona SUS, garantido acesso universal
cia comparável com participantes rural, respeitadas a organização e igualitário.
não tutelados ou curatelados. das Redes de Atenção à Saú- § 1o É assegurada a partici-
de (RAS) nos territórios locais e pação da pessoa com deficiência
Art. 13. A pessoa com deficiên- as normas do Sistema Único de na elaboração das políticas de
cia somente será atendida sem Saúde (SUS). saúde a ela destinadas.
seu consentimento prévio, livre § 2o É assegurado atendi-
e esclarecido em casos de risco Art. 16. Nos programas e servi- mento segundo normas éticas
de morte e de emergência em ços de habilitação e de reabilita- e técnicas, que regulamentarão
saúde, resguardado seu superior ção para a pessoa com deficiên- a atuação dos profissionais de
interesse e adotadas as salva- cia, são garantidos: saúde e contemplarão aspectos
guardas legais cabíveis. I – organização, serviços, relacionados aos direitos e às
métodos, técnicas e recursos especificidades da pessoa com
para atender às características deficiência, incluindo temas como
CAPÍTULO II – DO DIREITO de cada pessoa com deficiência; sua dignidade e autonomia.
À HABILITAÇÃO E À II – acessibilidade em todos § 3o Aos profissionais que
REABILITAÇÃO os ambientes e serviços; prestam assistência à pessoa
III – tecnologia assistiva, tec- com deficiência, especialmente
Art. 14. O processo de habilita- nologia de reabilitação, mate- em serviços de habilitação e de
ção e de reabilitação é um direito riais e equipamentos adequados reabilitação, deve ser garantida
da pessoa com deficiência. e apoio técnico profissional, de capacitação inicial e continuada.
Parágrafo único. O processo acordo com as especificidades § 4o As ações e os serviços
de habilitação e de reabilitação de cada pessoa com deficiência; de saúde pública destinados à
tem por objetivo o desenvolvi- IV – capacitação continuada pessoa com deficiência devem
mento de potencialidades, talen- de todos os profissionais que assegurar:
tos, habilidades e aptidões físicas, participem dos programas e ser- I – diagnóstico e intervenção
cognitivas, sensoriais, psicosso- viços. precoces, realizados por equipe
ciais, atitudinais, profissionais e multidisciplinar;
artísticas que contribuam para a Art. 17. Os serviços do SUS e do II – serviços de habilitação e
conquista da autonomia da pes- Suas deverão promover ações de reabilitação sempre que ne-
soa com deficiência e de sua par- articuladas para garantir à pes- cessários, para qualquer tipo de
ticipação social em igualdade de soa com deficiência e sua famí- deficiência, inclusive para a ma-
condições e oportunidades com lia a aquisição de informações, nutenção da melhor condição de
as demais pessoas. orientações e formas de acesso saúde e qualidade de vida;
às políticas públicas disponíveis, III – atendimento domiciliar
Art. 15. O processo menciona- com a finalidade de propiciar sua multidisciplinar, tratamento am-
704
Estatuto da Pessoa com Deficiência
bulatorial e internação; V – aprimoramento do aten- de recursos de tecnologia as-
IV – campanhas de vacinação; dimento neonatal, com a oferta sistiva e de todas as formas de
V – atendimento psicológico, de ações e serviços de prevenção comunicação previstas no inciso
inclusive para seus familiares e de danos cerebrais e sequelas V do art. 3o desta Lei.
atendentes pessoais; neurológicas em recém-nascidos,
VI – respeito à especificida- inclusive por telessaúde. Art. 25. Os espaços dos ser-
de, à identidade de gênero e à viços de saúde, tanto públicos
orientação sexual da pessoa com Art. 20. As operadoras de planos quanto privados, devem asse-
deficiência; e seguros privados de saúde são gurar o acesso da pessoa com
VII – atenção sexual e repro- obrigadas a garantir à pessoa com deficiência, em conformidade
dutiva, incluindo o direito à fer- deficiência, no mínimo, todos os com a legislação em vigor, me-
tilização assistida; serviços e produtos ofertados diante a remoção de barreiras,
VIII – informação adequada e aos demais clientes. por meio de projetos arquitetô-
acessível à pessoa com deficiên- nico, de ambientação de interior
cia e a seus familiares sobre sua Art. 21. Quando esgotados os e de comunicação que atendam
condição de saúde; meios de atenção à saúde da pes- às especificidades das pessoas
IX – serviços projetados para soa com deficiência no local de com deficiência física, sensorial,
prevenir a ocorrência e o desen- residência, será prestado atendi- intelectual e mental.
volvimento de deficiências e agra- mento fora de domicílio, para fins
vos adicionais; de diagnóstico e de tratamento, Art. 26. Os casos de suspeita
X – promoção de estratégias garantidos o transporte e a aco- ou de confirmação de violência
de capacitação permanente das modação da pessoa com defici- praticada contra a pessoa com
equipes que atuam no SUS, em ência e de seu acompanhante. deficiência serão objeto de notifi-
todos os níveis de atenção, no cação compulsória pelos serviços
atendimento à pessoa com defi- Art. 22. À pessoa com deficiên- de saúde públicos e privados à
ciência, bem como orientação a cia internada ou em observação autoridade policial e ao Ministé-
seus atendentes pessoais; é assegurado o direito a acompa- rio Público, além dos Conselhos
XI – oferta de órteses, pró- nhante ou a atendente pessoal, dos Direitos da Pessoa com De-
teses, meios auxiliares de loco- devendo o órgão ou a instituição ficiência.
moção, medicamentos, insumos de saúde proporcionar condições Parágrafo único. Para os
e fórmulas nutricionais, conforme adequadas para sua permanência efeitos desta Lei, considera-se
as normas vigentes do Ministério em tempo integral. violência contra a pessoa com de-
da Saúde. § 1o Na impossibilidade de ficiência qualquer ação ou omis-
§ 5o As diretrizes deste artigo permanência do acompanhante são, praticada em local público
aplicam-se também às institui- ou do atendente pessoal junto à ou privado, que lhe cause morte
ções privadas que participem de pessoa com deficiência, cabe ao ou dano ou sofrimento físico ou
forma complementar do SUS ou profissional de saúde responsá- psicológico.
que recebam recursos públicos vel pelo tratamento justificá-la
para sua manutenção. por escrito.
§ 2o Na ocorrência da impos- CAPÍTULO IV – DO DIREITO
Art. 19. Compete ao SUS desen- sibilidade prevista no § 1o deste À EDUCAÇÃO
volver ações destinadas à preven- artigo, o órgão ou a instituição
ção de deficiências por causas de saúde deve adotar as provi- Art. 27. A educação constitui di-
evitáveis, inclusive por meio de: dências cabíveis para suprir a reito da pessoa com deficiência,
I – acompanhamento da gra- ausência do acompanhante ou assegurados sistema educacio-
videz, do parto e do puerpério, do atendente pessoal. nal inclusivo em todos os níveis
com garantia de parto humani- e aprendizado ao longo de toda
zado e seguro; Art. 23. São vedadas todas as a vida, de forma a alcançar o má-
II – promoção de práticas ali- formas de discriminação contra a ximo desenvolvimento possível
mentares adequadas e saudáveis, pessoa com deficiência, inclusive de seus talentos e habilidades
vigilância alimentar e nutricional, por meio de cobrança de valores físicas, sensoriais, intelectuais e
prevenção e cuidado integral dos diferenciados por planos e segu- sociais, segundo suas caracterís-
agravos relacionados à alimen- ros privados de saúde, em razão ticas, interesses e necessidades
tação e nutrição da mulher e da de sua condição. de aprendizagem.
criança; Parágrafo único. É dever do
III – aprimoramento e expan- Art. 24. É assegurado à pessoa Estado, da família, da comunidade
são dos programas de imunização com deficiência o acesso aos escolar e da sociedade assegurar
e de triagem neonatal; serviços de saúde, tanto públicos educação de qualidade à pessoa
IV – identificação e controle como privados, e às informações com deficiência, colocando-a a
da gestante de alto risco; prestadas e recebidas, por meio salvo de toda forma de violên-
705
Estatuto da Pessoa com Deficiência
cia, negligência e discriminação. suas famílias nas diversas ins- públicas.
tâncias de atuação da comuni- § 1o Às instituições privadas,
Art. 28. Incumbe ao poder públi- dade escolar; de qualquer nível e modalidade de
co assegurar, criar, desenvolver, IX – adoção de medidas de ensino, aplica-se obrigatoriamen-
implementar, incentivar, acompa- apoio que favoreçam o desen- te o disposto nos incisos I, II, III, V,
nhar e avaliar: volvimento dos aspectos lin- VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV,
I – sistema educacional inclu- guísticos, culturais, vocacionais XVI, XVII e XVIII do caput deste
sivo em todos os níveis e modali- e profissionais, levando-se em artigo, sendo vedada a cobrança
dades, bem como o aprendizado conta o talento, a criatividade, de valores adicionais de qualquer
ao longo de toda a vida; as habilidades e os interesses natureza em suas mensalidades,
II – aprimoramento dos sis- do estudante com deficiência; anuidades e matrículas no cum-
temas educacionais, visando a X – adoção de práticas peda- primento dessas determinações.
garantir condições de acesso, gógicas inclusivas pelos progra- § 2o Na disponibilização de
permanência, participação e mas de formação inicial e conti- tradutores e intérpretes da Li-
aprendizagem, por meio da ofer- nuada de professores e oferta bras a que se refere o inciso XI
ta de serviços e de recursos de de formação continuada para o do caput deste artigo, deve-se
acessibilidade que eliminem as atendimento educacional espe- observar o seguinte:
barreiras e promovam a inclu- cializado; I – os tradutores e intérpretes
são plena; XI – formação e disponibiliza- da Libras atuantes na educação
III – projeto pedagógico que ção de professores para o atendi- básica devem, no mínimo, possuir
institucionalize o atendimento mento educacional especializado, ensino médio completo e certi-
educacional especializado, assim de tradutores e intérpretes da ficado de proficiência na Libras;
como os demais serviços e adap- Libras, de guias intérpretes e de II – os tradutores e intérpretes
tações razoáveis, para atender às profissionais de apoio; da Libras, quando direcionados à
características dos estudantes XII – oferta de ensino da Li- tarefa de interpretar nas salas de
com deficiência e garantir o seu bras, do Sistema Braille e de uso aula dos cursos de graduação e
pleno acesso ao currículo em con- de recursos de tecnologia assis- pós-graduação, devem possuir
dições de igualdade, promovendo tiva, de forma a ampliar habilida- nível superior, com habilitação,
a conquista e o exercício de sua des funcionais dos estudantes, prioritariamente, em Tradução
autonomia; promovendo sua autonomia e e Interpretação em Libras.
IV – oferta de educação bilín- participação;
gue, em Libras como primeira XIII – acesso à educação su- Art. 29. (Vetado)
língua e na modalidade escrita da perior e à educação profissional
língua portuguesa como segun- e tecnológica em igualdade de Art. 30. Nos processos seletivos
da língua, em escolas e classes oportunidades e condições com para ingresso e permanência nos
bilíngues e em escolas inclusivas; as demais pessoas; cursos oferecidos pelas institui-
V – adoção de medidas indivi- XIV – inclusão em conteúdos ções de ensino superior e de edu-
dualizadas e coletivas em ambien- curriculares, em cursos de nível cação profissional e tecnológica,
tes que maximizem o desenvol- superior e de educação profis- públicas e privadas, devem ser
vimento acadêmico e social dos sional técnica e tecnológica, de adotadas as seguintes medidas:
estudantes com deficiência, favo- temas relacionados à pessoa com I – atendimento preferencial
recendo o acesso, a permanência, deficiência nos respectivos cam- à pessoa com deficiência nas
a participação e a aprendizagem pos de conhecimento; dependências das Instituições
em instituições de ensino; XV – acesso da pessoa com de Ensino Superior (IES) e nos
VI – pesquisas voltadas para deficiência, em igualdade de con- serviços;
o desenvolvimento de novos mé- dições, a jogos e a atividades re- II – disponibilização de for-
todos e técnicas pedagógicas, creativas, esportivas e de lazer, mulário de inscrição de exames
de materiais didáticos, de equi- no sistema escolar; com campos específicos para
pamentos e de recursos de tec- XVI – acessibilidade para to- que o candidato com deficiência
nologia assistiva; dos os estudantes, trabalhadores informe os recursos de acessibili-
VII – planejamento de estudo da educação e demais integran- dade e de tecnologia assistiva ne-
de caso, de elaboração de plano tes da comunidade escolar às cessários para sua participação;
de atendimento educacional es- edificações, aos ambientes e às III – disponibilização de pro-
pecializado, de organização de atividades concernentes a todas vas em formatos acessíveis para
recursos e serviços de acessibili- as modalidades, etapas e níveis atendimento às necessidades
dade e de disponibilização e usa- de ensino; específicas do candidato com
bilidade pedagógica de recursos XVII – oferta de profissionais deficiência;
de tecnologia assistiva; de apoio escolar; IV – disponibilização de re-
VIII – participação dos es- XVIII – articulação interseto- cursos de acessibilidade e de
tudantes com deficiência e de rial na implementação de políticas tecnologia assistiva adequados,
706
Estatuto da Pessoa com Deficiência
previamente solicitados e esco- deficiência; § 1o As pessoas jurídicas de
lhidos pelo candidato com defi- II – (Vetado); direito público, privado ou de
ciência; III – em caso de edificação qualquer natureza são obrigadas
V – dilação de tempo, confor- multifamiliar, garantia de acessi- a garantir ambientes de trabalho
me demanda apresentada pelo bilidade nas áreas de uso comum acessíveis e inclusivos.
candidato com deficiência, tan- e nas unidades habitacionais no § 2o A pessoa com deficiên-
to na realização de exame para piso térreo e de acessibilidade cia tem direito, em igualdade de
seleção quanto nas atividades ou de adaptação razoável nos oportunidades com as demais
acadêmicas, mediante prévia demais pisos; pessoas, a condições justas e
solicitação e comprovação da IV – disponibilização de equi- favoráveis de trabalho, incluindo
necessidade; pamentos urbanos comunitários igual remuneração por trabalho
VI – adoção de critérios de acessíveis; de igual valor.
avaliação das provas escritas, V – elaboração de especifica- § 3o É vedada restrição ao
discursivas ou de redação que ções técnicas no projeto que per- trabalho da pessoa com defici-
considerem a singularidade lin- mitam a instalação de elevadores. ência e qualquer discriminação
guística da pessoa com defici- § 1o O direito à prioridade, em razão de sua condição, inclu-
ência, no domínio da modalidade previsto no caput deste artigo, sive nas etapas de recrutamento,
escrita da língua portuguesa; será reconhecido à pessoa com seleção, contratação, admissão,
VII – tradução completa do deficiência beneficiária apenas exames admissional e periódico,
edital e de suas retificações em uma vez. permanência no emprego, ascen-
Libras. § 2o Nos programas habita- são profissional e reabilitação
cionais públicos, os critérios de profissional, bem como exigência
financiamento devem ser com- de aptidão plena.
CAPÍTULO V – DO DIREITO patíveis com os rendimentos da § 4o A pessoa com deficiên-
À MORADIA pessoa com deficiência ou de cia tem direito à participação e
sua família. ao acesso a cursos, treinamentos,
Art. 31. A pessoa com deficiên- § 3o Caso não haja pessoa educação continuada, planos de
cia tem direito à moradia digna, com deficiência interessada nas carreira, promoções, bonifica-
no seio da família natural ou subs- unidades habitacionais reser- ções e incentivos profissionais
tituta, com seu cônjuge ou com- vadas por força do disposto no oferecidos pelo empregador, em
panheiro ou desacompanhada, ou inciso I do caput deste artigo, as igualdade de oportunidades com
em moradia para a vida indepen- unidades não utilizadas serão dis- os demais empregados.
dente da pessoa com deficiência, ponibilizadas às demais pessoas. § 5o É garantida aos traba-
ou, ainda, em residência inclusiva. lhadores com deficiência acessi-
§ 1o O poder público adotará Art. 33. Ao poder público com- bilidade em cursos de formação
programas e ações estratégicas pete: e de capacitação.
para apoiar a criação e a manu- I – adotar as providências
tenção de moradia para a vida necessárias para o cumprimen- Art. 35. É finalidade primordial
independente da pessoa com to do disposto nos arts. 31 e 32 das políticas públicas de trabalho
deficiência. desta Lei; e e emprego promover e garantir
§ 2o A proteção integral na II – divulgar, para os agen- condições de acesso e de perma-
modalidade de residência inclu- tes interessados e beneficiários, nência da pessoa com deficiência
siva será prestada no âmbito do a política habitacional prevista no campo de trabalho.
Suas à pessoa com deficiência nas legislações federal, estadu- Parágrafo único. Os progra-
em situação de dependência que ais, distrital e municipais, com mas de estímulo ao empreende-
não disponha de condições de ênfase nos dispositivos sobre dorismo e ao trabalho autônomo,
autossustentabilidade, com vín- acessibilidade. incluídos o cooperativismo e o
culos familiares fragilizados ou associativismo, devem prever a
rompidos. participação da pessoa com de-
CAPÍTULO VI – DO DIREITO ficiência e a disponibilização de
Art. 32. Nos programas habita- AO TRABALHO linhas de crédito, quando neces-
cionais, públicos ou subsidiados sárias.
Seção I – Disposições Gerais
com recursos públicos, a pessoa
com deficiência ou o seu res-
ponsável goza de prioridade na Art. 34. A pessoa com defici-
Seção II – Da Habilitação
aquisição de imóvel para moradia ência tem direito ao trabalho de Profissional e Reabilitação
própria, observado o seguinte: sua livre escolha e aceitação, em Profissional
I – reserva de, no mínimo, ambiente acessível e inclusivo, em
3% (três por cento) das unidades igualdade de oportunidades com Art. 36. O poder público deve
habitacionais para pessoa com as demais pessoas. implementar serviços e progra-
707
Estatuto da Pessoa com Deficiência
mas completos de habilitação reserva de vagas prevista em lei, Art. 38. A entidade contratada
profissional e de reabilitação desde que por tempo determina- para a realização de processo
profissional para que a pessoa do e concomitante com a inclusão seletivo público ou privado para
com deficiência possa ingressar, profissional na empresa, obser- cargo, função ou emprego está
continuar ou retornar ao campo vado o disposto em regulamento. obrigada à observância do dispos-
do trabalho, respeitados sua li- § 7o A habilitação profissio- to nesta Lei e em outras normas
vre escolha, sua vocação e seu nal e a reabilitação profissional de acessibilidade vigentes.
interesse. atenderão à pessoa com defi-
§ 1o Equipe multidisciplinar ciência.
indicará, com base em critérios CAPÍTULO VII – DO DIREITO
previstos no § 1o do art. 2o desta À ASSISTÊNCIA SOCIAL
Lei, programa de habilitação ou
Seção III – Da Inclusão da
de reabilitação que possibilite à Pessoa com Deficiência no Art. 39. Os serviços, os progra-
pessoa com deficiência restaurar Trabalho mas, os projetos e os benefícios
sua capacidade e habilidade pro- no âmbito da política pública de
fissional ou adquirir novas capa- Art. 37. Constitui modo de inclu- assistência social à pessoa com
cidades e habilidades de trabalho. são da pessoa com deficiência no deficiência e sua família têm
§ 2o A habilitação profissio- trabalho a colocação competitiva, como objetivo a garantia da se-
nal corresponde ao processo des- em igualdade de oportunidades gurança de renda, da acolhida,
tinado a propiciar à pessoa com com as demais pessoas, nos ter- da habilitação e da reabilitação,
deficiência aquisição de conhe- mos da legislação trabalhista e do desenvolvimento da autono-
cimentos, habilidades e aptidões previdenciária, na qual devem mia e da convivência familiar e
para exercício de profissão ou de ser atendidas as regras de aces- comunitária, para a promoção
ocupação, permitindo nível sufi- sibilidade, o fornecimento de re- do acesso a direitos e da plena
ciente de desenvolvimento pro- cursos de tecnologia assistiva e a participação social.
fissional para ingresso no campo adaptação razoável no ambiente § 1o A assistência social à
de trabalho. de trabalho. pessoa com deficiência, nos ter-
§ 3o Os serviços de habili- Parágrafo único. A colocação mos do caput deste artigo, deve
tação profissional, de reabilita- competitiva da pessoa com defi- envolver conjunto articulado de
ção profissional e de educação ciência pode ocorrer por meio de serviços do âmbito da Proteção
profissional devem ser dotados trabalho com apoio, observadas Social Básica e da Proteção So-
de recursos necessários para as seguintes diretrizes: cial Especial, ofertados pelo Suas,
atender a toda pessoa com de- I – prioridade no atendimento para a garantia de seguranças
ficiência, independentemente à pessoa com deficiência com fundamentais no enfrentamento
de sua característica específica, maior dificuldade de inserção no de situações de vulnerabilidade
a fim de que ela possa ser capa- campo de trabalho; e de risco, por fragilização de
citada para trabalho que lhe seja II – provisão de suportes in- vínculos e ameaça ou violação
adequado e ter perspectivas de dividualizados que atendam a de direitos.
obtê-lo, de conservá-lo e de nele necessidades específicas da pes- § 2o Os serviços socioassis-
progredir. soa com deficiência, inclusive a tenciais destinados à pessoa com
§ 4o Os serviços de habilita- disponibilização de recursos de deficiência em situação de de-
ção profissional, de reabilitação tecnologia assistiva, de agente pendência deverão contar com
profissional e de educação profis- facilitador e de apoio no ambiente cuidadores sociais para pres-
sional deverão ser oferecidos em de trabalho; tar-lhe cuidados básicos e ins-
ambientes acessíveis e inclusivos. III – respeito ao perfil voca- trumentais.
§ 5o A habilitação profissio- cional e ao interesse da pessoa
nal e a reabilitação profissional com deficiência apoiada; Art. 40. É assegurado à pessoa
devem ocorrer articuladas com as IV – oferta de aconselhamen- com deficiência que não possua
redes públicas e privadas, espe- to e de apoio aos empregadores, meios para prover sua subsistên-
cialmente de saúde, de ensino e com vistas à definição de estraté- cia nem de tê-la provida por sua
de assistência social, em todos os gias de inclusão e de superação família o benefício mensal de 1
níveis e modalidades, em entida- de barreiras, inclusive atitudinais; (um) salário mínimo, nos termos
des de formação profissional ou V – realização de avaliações da Lei no 8.742, de 7 de dezem-
diretamente com o empregador. periódicas; bro de 1993.
§ 6o A habilitação profissio- VI – articulação intersetorial
nal pode ocorrer em empresas por das políticas públicas;
meio de prévia formalização do VII – possibilidade de parti-
contrato de emprego da pessoa cipação de organizações da so-
com deficiência, que será con- ciedade civil.
siderada para o cumprimento da
708
Estatuto da Pessoa com Deficiência
CAPÍTULO VIII – DO dade de oportunidades com as deficiência ou com mobilidade
DIREITO À PREVIDÊNCIA demais pessoas; reduzida, em caso de emergência.
II – assegurar acessibilidade § 5o Todos os espaços das
SOCIAL nos locais de eventos e nos ser- edificações previstas no caput
viços prestados por pessoa ou deste artigo devem atender às
Art. 41. A pessoa com deficiên- entidade envolvida na organiza- normas de acessibilidade em vi-
cia segurada do Regime Geral de ção das atividades de que trata gor.
Previdência Social (RGPS) tem di- este artigo; e § 6o As salas de cinema de-
reito à aposentadoria nos termos III – assegurar a participação vem oferecer, em todas as ses-
da Lei Complementar no 142, de 8 da pessoa com deficiência em sões, recursos de acessibilidade
de maio de 2013. jogos e atividades recreativas, para a pessoa com deficiência.
esportivas, de lazer, culturais e § 7o O valor do ingresso da
artísticas, inclusive no sistema pessoa com deficiência não po-
CAPÍTULO IX – DO DIREITO escolar, em igualdade de con- derá ser superior ao valor cobrado
À CULTURA, AO ESPORTE, dições com as demais pessoas. das demais pessoas.
AO TURISMO E AO LAZER
Art. 44. Nos teatros, cinemas, Art. 45. Os hotéis, pousadas e
Art. 42. A pessoa com defici- auditórios, estádios, ginásios de similares devem ser construídos
ência tem direito à cultura, ao esporte, locais de espetáculos observando-se os princípios do
esporte, ao turismo e ao lazer e de conferências e similares, desenho universal, além de adotar
em igualdade de oportunidades serão reservados espaços livres todos os meios de acessibilidade,
com as demais pessoas, sendo- e assentos para a pessoa com conforme legislação em vigor.
-lhe garantido o acesso: deficiência, de acordo com a ca- § 1o Os estabelecimentos já
I – a bens culturais em for- pacidade de lotação da edifica- existentes deverão disponibilizar,
mato acessível; ção, observado o disposto em pelo menos, 10% (dez por cento)
II – a programas de televisão, regulamento. de seus dormitórios acessíveis,
cinema, teatro e outras ativida- § 1o Os espaços e assentos a garantida, no mínimo, 1 (uma) uni-
des culturais e desportivas em que se refere este artigo devem dade acessível.
formato acessível; e ser distribuídos pelo recinto em § 2o Os dormitórios mencio-
III – a monumentos e locais de locais diversos, de boa visibilida- nados no § 1o deste artigo de-
importância cultural e a espaços de, em todos os setores, próximos verão ser localizados em rotas
que ofereçam serviços ou eventos aos corredores, devidamente si- acessíveis.
culturais e esportivos. nalizados, evitando-se áreas se-
§ 1o É vedada a recusa de gregadas de público e obstrução
oferta de obra intelectual em das saídas, em conformidade com CAPÍTULO X – DO DIREITO
formato acessível à pessoa com as normas de acessibilidade. AO TRANSPORTE E À
deficiência, sob qualquer argu- § 2o No caso de não haver MOBILIDADE
mento, inclusive sob a alegação comprovada procura pelos as-
de proteção dos direitos de pro- sentos reservados, esses podem, Art. 46. O direito ao transporte
priedade intelectual. excepcionalmente, ser ocupados e à mobilidade da pessoa com
§ 2o O poder público deve por pessoas sem deficiência ou deficiência ou com mobilidade
adotar soluções destinadas à eli- que não tenham mobilidade re- reduzida será assegurado em
minação, à redução ou à supera- duzida, observado o disposto em igualdade de oportunidades com
ção de barreiras para a promoção regulamento. as demais pessoas, por meio de
do acesso a todo patrimônio cul- § 3o Os espaços e assentos a identificação e de eliminação de
tural, observadas as normas de que se refere este artigo devem todos os obstáculos e barreiras
acessibilidade, ambientais e de situar-se em locais que garantam ao seu acesso.
proteção do patrimônio histórico a acomodação de, no mínimo, 1 § 1o Para fins de acessibili-
e artístico nacional. (um) acompanhante da pessoa dade aos serviços de transporte
com deficiência ou com mobilida- coletivo terrestre, aquaviário e
Art. 43. O poder público deve de reduzida, resguardado o direito aéreo, em todas as jurisdições,
promover a participação da pes- de se acomodar proximamente consideram-se como integrantes
soa com deficiência em ativida- a grupo familiar e comunitário. desses serviços os veículos, os
des artísticas, intelectuais, cul- § 4o Nos locais referidos no terminais, as estações, os pon-
turais, esportivas e recreativas, caput deste artigo, deve haver, tos de parada, o sistema viário e
com vistas ao seu protagonismo, obrigatoriamente, rotas de fuga e a prestação do serviço.
devendo: saídas de emergência acessíveis, § 2o São sujeitas ao cum-
I – incentivar a provisão de conforme padrões das normas de primento das disposições desta
instrução, de treinamento e de acessibilidade, a fim de permitir Lei, sempre que houver interação
recursos adequados, em igual- a saída segura da pessoa com com a matéria nela regulada, a
709
Estatuto da Pessoa com Deficiência
outorga, a concessão, a permis- em operação no País devem ser dráulica, vidros elétricos e co-
são, a autorização, a renovação acessíveis, de forma a garantir mandos manuais de freio e de
ou a habilitação de linhas e de o seu uso por todas as pessoas. embreagem.
serviços de transporte coletivo. § 1o Os veículos e as estru-
§ 3o Para colocação do sím- turas de que trata o caput deste
bolo internacional de acesso nos artigo devem dispor de sistema TÍTULO III – DA
veículos, as empresas de trans- de comunicação acessível que ACESSIBILIDADE
porte coletivo de passageiros de- disponibilize informações sobre
pendem da certificação de aces- todos os pontos do itinerário. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
sibilidade emitida pelo gestor pú- § 2o São asseguradas à pes- GERAIS
blico responsável pela prestação soa com deficiência prioridade e
do serviço. segurança nos procedimentos de Art. 53. A acessibilidade é direi-
embarque e de desembarque nos to que garante à pessoa com defi-
Art. 47. Em todas as áreas de veículos de transporte coletivo, de ciência ou com mobilidade reduzi-
estacionamento aberto ao públi- acordo com as normas técnicas. da viver de forma independente e
co, de uso público ou privado de § 3o Para colocação do sím- exercer seus direitos de cidadania
uso coletivo e em vias públicas, bolo internacional de acesso nos e de participação social.
devem ser reservadas vagas pró- veículos, as empresas de trans-
ximas aos acessos de circulação porte coletivo de passageiros de- Art. 54. São sujeitas ao cum-
de pedestres, devidamente sina- pendem da certificação de aces- primento das disposições desta
lizadas, para veículos que trans- sibilidade emitida pelo gestor pú- Lei e de outras normas relativas à
portem pessoa com deficiência blico responsável pela prestação acessibilidade, sempre que hou-
com comprometimento de mo- do serviço. ver interação com a matéria nela
bilidade, desde que devidamente regulada:
identificados. Art. 49. As empresas de trans- I – a aprovação de projeto
§ 1o As vagas a que se refe- porte de fretamento e de turismo, arquitetônico e urbanístico ou
re o caput deste artigo devem na renovação de suas frotas, são de comunicação e informação, a
equivaler a 2% (dois por cento) obrigadas ao cumprimento do dis- fabricação de veículos de trans-
do total, garantida, no mínimo, posto nos arts. 46 e 48 desta Lei. porte coletivo, a prestação do
1 (uma) vaga devidamente sina- respectivo serviço e a execução
lizada e com as especificações Art. 50. O poder público incen- de qualquer tipo de obra, quan-
de desenho e traçado de acordo tivará a fabricação de veículos do tenham destinação pública
com as normas técnicas vigentes acessíveis e a sua utilização como ou coletiva;
de acessibilidade. táxis e vans, de forma a garantir II – a outorga ou a renovação
§ 2o Os veículos estaciona- o seu uso por todas as pessoas. de concessão, permissão, autori-
dos nas vagas reservadas devem zação ou habilitação de qualquer
exibir, em local de ampla visibili- Art. 51. As frotas de empresas natureza;
dade, a credencial de beneficiário, de táxi devem reservar 10% (dez III – a aprovação de financia-
a ser confeccionada e fornecida por cento) de seus veículos aces- mento de projeto com utilização
pelos órgãos de trânsito, que dis- síveis à pessoa com deficiência. de recursos públicos, por meio de
ciplinarão suas características e § 1o É proibida a cobrança renúncia ou de incentivo fiscal,
condições de uso. diferenciada de tarifas ou de va- contrato, convênio ou instrumen-
§ 3o A utilização indevida das lores adicionais pelo serviço de to congênere; e
vagas de que trata este artigo táxi prestado à pessoa com de- IV – a concessão de aval da
sujeita os infratores às sanções ficiência. União para obtenção de emprés-
previstas no inciso XX do art. 181 § 2o O poder público é autori- timo e de financiamento inter-
da Lei no 9.503, de 23 de setem- zado a instituir incentivos fiscais nacionais por entes públicos ou
bro de 1997 (Código de Trânsito com vistas a possibilitar a aces- privados.
Brasileiro). sibilidade dos veículos a que se
§ 4o A credencial a que se refere o caput deste artigo. Art. 55. A concepção e a im-
refere o § 2o deste artigo é vin- plantação de projetos que tratem
culada à pessoa com deficiência Art. 52. As locadoras de veículos do meio físico, de transporte, de
que possui comprometimento de são obrigadas a oferecer 1 (um) informação e comunicação, in-
mobilidade e é válida em todo o veículo adaptado para uso de clusive de sistemas e tecnologias
território nacional. pessoa com deficiência, a cada da informação e comunicação, e
conjunto de 20 (vinte) veículos de outros serviços, equipamentos
Art. 48. Os veículos de transpor- de sua frota. e instalações abertos ao público,
te coletivo terrestre, aquaviário Parágrafo único. O veículo de uso público ou privado de uso
e aéreo, as instalações, as es- adaptado deverá ter, no mínimo, coletivo, tanto na zona urbana
tações, os portos e os terminais câmbio automático, direção hi- como na rural, devem atender aos
710
Estatuto da Pessoa com Deficiência
princípios do desenho universal, ficação ou de serviço, determina- partir da publicação desta Lei;
tendo como referência as normas rá a colocação, em espaços ou em II – os códigos de obras, os
de acessibilidade. locais de ampla visibilidade, do códigos de postura, as leis de
§ 1o O desenho universal será símbolo internacional de acesso, uso e ocupação do solo e as leis
sempre tomado como regra de na forma prevista em legislação e do sistema viário;
caráter geral. em normas técnicas correlatas. III – os estudos prévios de
§ 2o Nas hipóteses em que impacto de vizinhança;
comprovadamente o desenho Art. 57. As edificações públicas IV – as atividades de fiscaliza-
universal não possa ser empre- e privadas de uso coletivo já exis- ção e a imposição de sanções; e
endido, deve ser adotada adap- tentes devem garantir acessibi- V – a legislação referente
tação razoável. lidade à pessoa com deficiência à prevenção contra incêndio e
§ 3o Caberá ao poder público em todas as suas dependências pânico.
promover a inclusão de conteúdos e serviços, tendo como referên- § 1o A concessão e a renova-
temáticos referentes ao desenho cia as normas de acessibilidade ção de alvará de funcionamen-
universal nas diretrizes curricu- vigentes. to para qualquer atividade são
lares da educação profissional condicionadas à observação e à
e tecnológica e do ensino supe- Art. 58. O projeto e a constru- certificação das regras de aces-
rior e na formação das carreiras ção de edificação de uso privado sibilidade.
de Estado. multifamiliar devem atender aos § 2o A emissão de carta de
§ 4o Os programas, os proje- preceitos de acessibilidade, na habite-se ou de habilitação equi-
tos e as linhas de pesquisa a se- forma regulamentar. valente e sua renovação, quando
rem desenvolvidos com o apoio de § 1o As construtoras e incor- esta tiver sido emitida anterior-
organismos públicos de auxílio à poradoras responsáveis pelo pro- mente às exigências de acessibi-
pesquisa e de agências de fomen- jeto e pela construção das edifi- lidade, é condicionada à observa-
to deverão incluir temas voltados cações a que se refere o caput ção e à certificação das regras de
para o desenho universal. deste artigo devem assegurar acessibilidade.
§ 5o Desde a etapa de con- percentual mínimo de suas uni-
cepção, as políticas públicas de- dades internamente acessíveis, Art. 61. A formulação, a imple-
verão considerar a adoção do na forma regulamentar. mentação e a manutenção das
desenho universal. § 2o É vedada a cobrança de ações de acessibilidade aten-
valores adicionais para a aquisi- derão às seguintes premissas
Art. 56. A construção, a reforma, ção de unidades internamente básicas:
a ampliação ou a mudança de uso acessíveis a que se refere o § 1o I – eleição de prioridades, ela-
de edificações abertas ao público, deste artigo. boração de cronograma e reserva
de uso público ou privadas de uso de recursos para implementação
coletivo deverão ser executadas Art. 59. Em qualquer interven- das ações; e
de modo a serem acessíveis. ção nas vias e nos espaços públi- II – planejamento contínuo e
§ 1o As entidades de fiscali- cos, o poder público e as empre- articulado entre os setores en-
zação profissional das atividades sas concessionárias responsáveis volvidos.
de Engenharia, de Arquitetura e pela execução das obras e dos
correlatas, ao anotarem a respon- serviços devem garantir, de forma Art. 62. É assegurado à pessoa
sabilidade técnica de projetos, segura, a fluidez do trânsito e a com deficiência, mediante solici-
devem exigir a responsabilidade livre circulação e acessibilidade tação, o recebimento de contas,
profissional declarada de aten- das pessoas, durante e após sua boletos, recibos, extratos e co-
dimento às regras de acessibi- execução. branças de tributos em formato
lidade previstas em legislação e acessível.
em normas técnicas pertinentes. Art. 60. Orientam-se, no que
§ 2o Para a aprovação, o li- couber, pelas regras de acessi-
cenciamento ou a emissão de bilidade previstas em legislação CAPÍTULO II – DO ACESSO
certificado de projeto executi- e em normas técnicas, observado À INFORMAÇÃO E À
vo arquitetônico, urbanístico e o disposto na Lei no 10.098, de 19 COMUNICAÇÃO
de instalações e equipamentos de dezembro de 2000, no 10.257,
temporários ou permanentes e de 10 de julho de 2001, e no 12.587, Art. 63. É obrigatória a acessibi-
para o licenciamento ou a emis- de 3 de janeiro de 2012: lidade nos sítios da internet man-
são de certificado de conclusão I – os planos diretores mu- tidos por empresas com sede ou
de obra ou de serviço, deve ser nicipais, os planos diretores de representação comercial no País
atestado o atendimento às regras transporte e trânsito, os planos ou por órgãos de governo, para
de acessibilidade. de mobilidade urbana e os planos uso da pessoa com deficiência,
§ 3o O poder público, após de preservação de sítios históri- garantindo-lhe acesso às infor-
certificar a acessibilidade de edi- cos elaborados ou atualizados a mações disponíveis, conforme as
711
Estatuto da Pessoa com Deficiência
melhores práticas e diretrizes de de livros em formatos acessíveis, meio, os recursos de acessibili-
acessibilidade adotadas interna- inclusive em publicações da ad- dade de que trata o art. 67 desta
cionalmente. ministração pública ou financia- Lei, a expensas do fornecedor do
§ 1o Os sítios devem conter das com recursos públicos, com produto ou do serviço, sem pre-
símbolo de acessibilidade em vistas a garantir à pessoa com juízo da observância do disposto
destaque. deficiência o direito de acesso nos arts. 36 a 38 da Lei no 8.078,
§ 2o Telecentros comunitá- à leitura, à informação e à co- de 11 de setembro de 1990.
rios que receberem recursos pú- municação. § 2o Os fornecedores devem
blicos federais para seu custeio § 1o Nos editais de compras disponibilizar, mediante solicita-
ou sua instalação e lan houses de livros, inclusive para o abaste- ção, exemplares de bulas, pros-
devem possuir equipamentos e cimento ou a atualização de acer- pectos, textos ou qualquer outro
instalações acessíveis. vos de bibliotecas em todos os tipo de material de divulgação em
§ 3o Os telecentros e as lan níveis e modalidades de educação formato acessível.
houses de que trata o § 2o deste e de bibliotecas públicas, o poder
artigo devem garantir, no mínimo, público deverá adotar cláusulas Art. 70. As instituições promo-
10% (dez por cento) de seus com- de impedimento à participação toras de congressos, seminários,
putadores com recursos de aces- de editoras que não ofertem sua oficinas e demais eventos de na-
sibilidade para pessoa com defi- produção também em formatos tureza científico-cultural devem
ciência visual, sendo assegurado acessíveis. oferecer à pessoa com deficiên-
pelo menos 1 (um) equipamento, § 2o Consideram-se forma- cia, no mínimo, os recursos de
quando o resultado percentual tos acessíveis os arquivos digitais tecnologia assistiva previstos no
for inferior a 1 (um). que possam ser reconhecidos e art. 67 desta Lei.
acessados por softwares leitores
Art. 64. A acessibilidade nos de telas ou outras tecnologias Art. 71. Os congressos, os se-
sítios da internet de que trata o assistivas que vierem a substi- minários, as oficinas e os demais
art. 63 desta Lei deve ser obser- tuí-los, permitindo leitura com eventos de natureza científico-
vada para obtenção do financia- voz sintetizada, ampliação de ca- -cultural promovidos ou finan-
mento de que trata o inciso III do racteres, diferentes contrastes e ciados pelo poder público de-
art. 54 desta Lei. impressão em Braille. vem garantir as condições de
§ 3o O poder público deve acessibilidade e os recursos de
Art. 65. As empresas presta- estimular e apoiar a adaptação e tecnologia assistiva.
doras de serviços de telecomu- a produção de artigos científicos
nicações deverão garantir pleno em formato acessível, inclusive Art. 72. Os programas, as linhas
acesso à pessoa com deficiên- em Libras. de pesquisa e os projetos a se-
cia, conforme regulamentação rem desenvolvidos com o apoio
específica. Art. 69. O poder público deve de agências de financiamento e
assegurar a disponibilidade de in- de órgãos e entidades integran-
Art. 66. Cabe ao poder público formações corretas e claras sobre tes da administração pública que
incentivar a oferta de aparelhos os diferentes produtos e serviços atuem no auxílio à pesquisa de-
de telefonia fixa e móvel celular ofertados, por quaisquer meios vem contemplar temas voltados
com acessibilidade que, entre ou- de comunicação empregados, à tecnologia assistiva.
tras tecnologias assistivas, pos- inclusive em ambiente virtual,
suam possibilidade de indicação e contendo a especificação correta Art. 73. Caberá ao poder públi-
de ampliação sonoras de todas as de quantidade, qualidade, carac- co, diretamente ou em parceria
operações e funções disponíveis. terísticas, composição e preço, com organizações da sociedade
bem como sobre os eventuais civil, promover a capacitação de
Art. 67. Os serviços de radiodi- riscos à saúde e à segurança do tradutores e intérpretes da Li-
fusão de sons e imagens devem consumidor com deficiência, em bras, de guias intérpretes e de
permitir o uso dos seguintes re- caso de sua utilização, aplicando- profissionais habilitados em Brail-
cursos, entre outros: -se, no que couber, os arts. 30 a le, audiodescrição, estenotipia e
I – subtitulação por meio de 41 da Lei no 8.078, de 11 de setem- legendagem.
legenda oculta; bro de 1990.
II – janela com intérprete da § 1o Os canais de comerciali-
Libras; zação virtual e os anúncios publi- CAPÍTULO III – DA
III – audiodescrição. citários veiculados na imprensa TECNOLOGIA ASSISTIVA
escrita, na internet, no rádio, na
Art. 68. O poder público deve televisão e nos demais veículos Art. 74. É garantido à pessoa
adotar mecanismos de incentivo de comunicação abertos ou por com deficiência acesso a pro-
à produção, à edição, à difusão, à assinatura devem disponibilizar, dutos, recursos, estratégias,
distribuição e à comercialização conforme a compatibilidade do práticas, processos, métodos e
712
Estatuto da Pessoa com Deficiência
serviços de tecnologia assistiva I – garantia de que os pro- deficiência e sua inclusão social.
que maximizem sua autonomia, cedimentos, as instalações, os § 1o O fomento pelo poder
mobilidade pessoal e qualidade materiais e os equipamentos para público deve priorizar a gera-
de vida. votação sejam apropriados, aces- ção de conhecimentos e técni-
síveis a todas as pessoas e de cas que visem à prevenção e ao
Art. 75. O poder público desen- fácil compreensão e uso, sendo tratamento de deficiências e ao
volverá plano específico de me- vedada a instalação de seções desenvolvimento de tecnologias
didas, a ser renovado em cada eleitorais exclusivas para a pes- assistiva e social.
período de 4 (quatro) anos, com soa com deficiência; § 2o A acessibilidade e as
a finalidade de: II – incentivo à pessoa com tecnologias assistiva e social de-
I – facilitar o acesso a crédito deficiência a candidatar-se e a vem ser fomentadas mediante a
especializado, inclusive com ofer- desempenhar quaisquer funções criação de cursos de pós-gra-
ta de linhas de crédito subsidia- públicas em todos os níveis de go- duação, a formação de recursos
das, específicas para aquisição verno, inclusive por meio do uso humanos e a inclusão do tema
de tecnologia assistiva; de novas tecnologias assistivas, nas diretrizes de áreas do co-
II – agilizar, simplificar e prio- quando apropriado; nhecimento.
rizar procedimentos de importa- III – garantia de que os pro- § 3o Deve ser fomentada a
ção de tecnologia assistiva, espe- nunciamentos oficiais, a propa- capacitação tecnológica de ins-
cialmente as questões atinentes ganda eleitoral obrigatória e os tituições públicas e privadas para
a procedimentos alfandegários e debates transmitidos pelas emis- o desenvolvimento de tecnologias
sanitários; soras de televisão possuam, pelo assistiva e social que sejam volta-
III – criar mecanismos de fo- menos, os recursos elencados no das para melhoria da funcionali-
mento à pesquisa e à produção art. 67 desta Lei; dade e da participação social da
nacional de tecnologia assistiva, IV – garantia do livre exercício pessoa com deficiência.
inclusive por meio de concessão do direito ao voto e, para tanto, § 4o As medidas previstas
de linhas de crédito subsidiado sempre que necessário e a seu neste artigo devem ser reavalia-
e de parcerias com institutos de pedido, permissão para que a das periodicamente pelo poder
pesquisa oficiais; pessoa com deficiência seja au- público, com vistas ao seu aper-
IV – eliminar ou reduzir a xiliada na votação por pessoa de feiçoamento.
tributação da cadeia produtiva sua escolha.
e de importação de tecnologia § 2o O poder público promo- Art. 78. Devem ser estimulados
assistiva; verá a participação da pessoa a pesquisa, o desenvolvimento,
V – facilitar e agilizar o pro- com deficiência, inclusive quan- a inovação e a difusão de tec-
cesso de inclusão de novos re- do institucionalizada, na condu- nologias voltadas para ampliar o
cursos de tecnologia assistiva ção das questões públicas, sem acesso da pessoa com deficiên-
no rol de produtos distribuídos discriminação e em igualdade cia às tecnologias da informação
no âmbito do SUS e por outros de oportunidades, observado o e comunicação e às tecnologias
órgãos governamentais. seguinte: sociais.
Parágrafo único. Para fazer I – participação em organiza- Parágrafo único. Serão esti-
cumprir o disposto neste artigo, ções não governamentais relacio- mulados, em especial:
os procedimentos constantes do nadas à vida pública e à política I – o emprego de tecnolo-
plano específico de medidas de- do País e em atividades e admi- gias da informação e comunica-
verão ser avaliados, pelo menos, nistração de partidos políticos; ção como instrumento de supe-
a cada 2 (dois) anos. II – formação de organizações ração de limitações funcionais
para representar a pessoa com e de barreiras à comunicação,
deficiência em todos os níveis; à informação, à educação e ao
CAPÍTULO IV – DO DIREITO III – participação da pessoa entretenimento da pessoa com
À PARTICIPAÇÃO NA VIDA com deficiência em organizações deficiência;
PÚBLICA E POLÍTICA que a representem. II – a adoção de soluções e a
difusão de normas que visem a
Art. 76. O poder público deve ampliar a acessibilidade da pes-
garantir à pessoa com deficiên- TÍTULO IV – DA CIÊNCIA E soa com deficiência à computa-
cia todos os direitos políticos e a TECNOLOGIA ção e aos sítios da internet, em
oportunidade de exercê-los em especial aos serviços de governo
igualdade de condições com as Art. 77. O poder público deve eletrônico.
demais pessoas. fomentar o desenvolvimento cien-
§ 1o À pessoa com deficiên- tífico, a pesquisa e a inovação e
cia será assegurado o direito de a capacitação tecnológicas, vol-
votar e de ser votada, inclusive tados à melhoria da qualidade de
por meio das seguintes ações: vida e ao trabalho da pessoa com
713
Estatuto da Pessoa com Deficiência
LIVRO II – PARTE ESPECIAL Art. 82. (Vetado) situação de institucionalização,
ao nomear curador, o juiz deve
TÍTULO I – DO ACESSO À Art. 83. Os serviços notariais e dar preferência a pessoa que
JUSTIÇA de registro não podem negar ou tenha vínculo de natureza fami-
criar óbices ou condições dife- liar, afetiva ou comunitária com
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES renciadas à prestação de seus o curatelado.
GERAIS serviços em razão de deficiência
do solicitante, devendo reconhe- Art. 86. Para emissão de docu-
Art. 79. O poder público deve as- cer sua capacidade legal plena, mentos oficiais, não será exigida
segurar o acesso da pessoa com garantida a acessibilidade. a situação de curatela da pessoa
deficiência à justiça, em igualda- Parágrafo único. O descum- com deficiência.
de de oportunidades com as de- primento do disposto no caput
mais pessoas, garantindo, sempre deste artigo constitui discrimi- Art. 87. Em casos de relevân-
que requeridos, adaptações e nação em razão de deficiência. cia e urgência e a fim de pro-
recursos de tecnologia assistiva. teger os interesses da pessoa
§ 1o A fim de garantir a atu- com deficiência em situação de
ação da pessoa com deficiência CAPÍTULO II – DO curatela, será lícito ao juiz, ouvi-
em todo o processo judicial, o RECONHECIMENTO IGUAL do o Ministério Público, de oficio
poder público deve capacitar os PERANTE A LEI ou a requerimento do interessa-
membros e os servidores que do, nomear, desde logo, curador
atuam no Poder Judiciário, no Art. 84. A pessoa com deficiên- provisório, o qual estará sujeito,
Ministério Público, na Defensoria cia tem assegurado o direito ao no que couber, às disposições do
Pública, nos órgãos de segurança exercício de sua capacidade legal Código de Processo Civil.
pública e no sistema penitenciá- em igualdade de condições com
rio quanto aos direitos da pessoa as demais pessoas.
com deficiência. § 1o Quando necessário, a TÍTULO II – DOS CRIMES
§ 2o Devem ser assegura- pessoa com deficiência será sub- E DAS INFRAÇÕES
dos à pessoa com deficiência metida à curatela, conforme a lei. ADMINISTRATIVAS
submetida a medida restritiva § 2o É facultado à pessoa
de liberdade todos os direitos e com deficiência a adoção de Art. 88. Praticar, induzir ou inci-
garantias a que fazem jus os ape- processo de tomada de decisão tar discriminação de pessoa em
nados sem deficiência, garantida apoiada. razão de sua deficiência:
a acessibilidade. § 3o A definição de curatela Pena – reclusão, de 1 (um) a
§ 3o A Defensoria Pública e de pessoa com deficiência consti- 3 (três) anos, e multa.
o Ministério Público tomarão as tui medida protetiva extraordiná- § 1o Aumenta-se a pena em
medidas necessárias à garantia ria, proporcional às necessidades 1/3 (um terço) se a vítima encon-
dos direitos previstos nesta Lei. e às circunstâncias de cada caso, trar-se sob cuidado e responsa-
e durará o menor tempo possível. bilidade do agente.
Art. 80. Devem ser oferecidos § 4o Os curadores são obri- § 2o Se qualquer dos crimes
todos os recursos de tecnologia gados a prestar, anualmente, previstos no caput deste artigo
assistiva disponíveis para que a contas de sua administração ao é cometido por intermédio de
pessoa com deficiência tenha ga- juiz, apresentando o balanço do meios de comunicação social
rantido o acesso à justiça, sempre respectivo ano. ou de publicação de qualquer
que figure em um dos polos da natureza:
ação ou atue como testemunha, Art. 85. A curatela afetará tão Pena – reclusão, de 2 (dois) a
partícipe da lide posta em juízo, somente os atos relacionados aos 5 (cinco) anos, e multa.
advogado, defensor público, ma- direitos de natureza patrimonial § 3o Na hipótese do § 2o deste
gistrado ou membro do Ministério e negocial. artigo, o juiz poderá determinar,
Público. § 1o A definição da curatela ouvido o Ministério Público ou
Parágrafo único. A pessoa não alcança o direito ao próprio a pedido deste, ainda antes do
com deficiência tem garantido corpo, à sexualidade, ao matri- inquérito policial, sob pena de
o acesso ao conteúdo de todos mônio, à privacidade, à educação, desobediência:
os atos processuais de seu inte- à saúde, ao trabalho e ao voto. I – recolhimento ou busca e
resse, inclusive no exercício da § 2o A curatela constitui apreensão dos exemplares do
advocacia. medida extraordinária, devendo material discriminatório;
constar da sentença as razões II – interdição das respectivas
Art. 81. Os direitos da pessoa e motivações de sua definição, mensagens ou páginas de infor-
com deficiência serão garanti- preservados os interesses do mação na internet.
dos por ocasião da aplicação de curatelado. § 4o Na hipótese do § 2o deste
sanções penais. § 3o No caso de pessoa em artigo, constitui efeito da conde-
714
Estatuto da Pessoa com Deficiência
nação, após o trânsito em julgado sar, sistematizar e disseminar Art. 93. Na realização de inspe-
da decisão, a destruição do ma- informações georreferenciadas ções e de auditorias pelos órgãos
terial apreendido. que permitam a identificação e a de controle interno e externo,
caracterização socioeconômica deve ser observado o cumprimen-
Art. 89. Apropriar-se de ou des- da pessoa com deficiência, bem to da legislação relativa à pessoa
viar bens, proventos, pensão, be- como das barreiras que impedem com deficiência e das normas de
nefícios, remuneração ou qual- a realização de seus direitos. acessibilidade vigentes.
quer outro rendimento de pessoa § 1o O Cadastro-Inclusão será
com deficiência: administrado pelo Poder Executi- Art. 94. Terá direito a auxílio-
Pena – reclusão, de 1 (um) a vo federal e constituído por base -inclusão, nos termos da lei, a
4 (quatro) anos, e multa. de dados, instrumentos, procedi- pessoa com deficiência moderada
Parágrafo único. Aumenta- mentos e sistemas eletrônicos. ou grave que:
-se a pena em 1/3 (um terço) se § 2o Os dados constituintes I – receba o benefício de
o crime é cometido: do Cadastro-Inclusão serão ob- prestação continuada previsto
I – por tutor, curador, síndi- tidos pela integração dos siste- no art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de
co, liquidatário, inventariante, mas de informação e da base de dezembro de 1993, e que passe
testamenteiro ou depositário ju- dados de todas as políticas pú- a exercer atividade remunerada
dicial; ou blicas relacionadas aos direitos que a enquadre como segurado
II – por aquele que se apro- da pessoa com deficiência, bem obrigatório do RGPS;
priou em razão de ofício ou de como por informações coletadas, II – tenha recebido, nos últi-
profissão. inclusive em censos nacionais e mos 5 (cinco) anos, o benefício
nas demais pesquisas realiza- de prestação continuada previsto
Art. 90. Abandonar pessoa com das no País, de acordo com os no art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de
deficiência em hospitais, casas de parâmetros estabelecidos pela dezembro de 1993, e que exerça
saúde, entidades de abrigamento Convenção sobre os Direitos das atividade remunerada que a en-
ou congêneres: Pessoas com Deficiência e seu quadre como segurado obrigató-
Pena – reclusão, de 6 (seis) Protocolo Facultativo. rio do RGPS.
meses a 3 (três) anos, e multa. § 3o Para coleta, transmissão
Parágrafo único. Na mesma e sistematização de dados, é fa- Art. 95. É vedado exigir o com-
pena incorre quem não prover as cultada a celebração de convê- parecimento de pessoa com defi-
necessidades básicas de pessoa nios, acordos, termos de parceria ciência perante os órgãos públi-
com deficiência quando obrigado ou contratos com instituições pú- cos quando seu deslocamento,
por lei ou mandado. blicas e privadas, observados os em razão de sua limitação fun-
requisitos e procedimentos pre- cional e de condições de acessi-
Art. 91. Reter ou utilizar cartão vistos em legislação específica. bilidade, imponha-lhe ônus des-
magnético, qualquer meio ele- § 4o Para assegurar a con- proporcional e indevido, hipótese
trônico ou documento de pes- fidencialidade, a privacidade e na qual serão observados os se-
soa com deficiência destinados as liberdades fundamentais da guintes procedimentos:
ao recebimento de benefícios, pessoa com deficiência e os prin- I – quando for de interesse do
proventos, pensões ou remune- cípios éticos que regem a utili- poder público, o agente promo-
ração ou à realização de opera- zação de informações, devem verá o contato necessário com a
ções financeiras, com o fim de ser observadas as salvaguardas pessoa com deficiência em sua
obter vantagem indevida para si estabelecidas em lei. residência;
ou para outrem: § 5o Os dados do Cadastro- II – quando for de interes-
Pena – detenção, de 6 (seis) -Inclusão somente poderão ser se da pessoa com deficiência,
meses a 2 (dois) anos, e multa. utilizados para as seguintes fi- ela apresentará solicitação de
Parágrafo único. Aumenta- nalidades: atendimento domiciliar ou fará
-se a pena em 1/3 (um terço) se I – formulação, gestão, moni- representar-se por procurador
o crime é cometido por tutor ou toramento e avaliação das políti- constituído para essa finalidade.
curador. cas públicas para a pessoa com Parágrafo único. É assegu-
deficiência e para identificar as rado à pessoa com deficiência
barreiras que impedem a reali- atendimento domiciliar pela pe-
TÍTULO III – DISPOSIÇÕES zação de seus direitos; rícia médica e social do Instituto
FINAIS E TRANSITÓRIAS II – realização de estudos e Nacional do Seguro Social (INSS),
pesquisas. pelo serviço público de saúde
Art. 92. É criado o Cadastro Na- § 6o As informações a que ou pelo serviço privado de saú-
cional de Inclusão da Pessoa com se refere este artigo devem ser de, contratado ou conveniado,
Deficiência (Cadastro-Inclusão), disseminadas em formatos aces- que integre o SUS e pelas enti-
registro público eletrônico com síveis. dades da rede socioassistencial
a finalidade de coletar, proces- integrantes do Suas, quando seu
715
Estatuto da Pessoa com Deficiência
deslocamento, em razão de sua li- sa a vigorar com as seguintes de 10 de janeiro de 2002 (Código
mitação funcional e de condições alterações: Civil), passa a vigorar acrescido
de acessibilidade, imponha-lhe �������������������������������������������������� do seguinte Capítulo III:
ônus desproporcional e indevido. ��������������������������������������������������
Art. 106. (Vetado)
Art. 96. O § 6o‑A do art. 135 da Art. 117. O art. 1o da Lei no 11.126,
Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 Art. 107. A Lei no 9.029, de 13 de de 27 de junho de 2005, passa a
(Código Eleitoral), passa a vigorar abril de 1995, passa a vigorar com vigorar com a seguinte redação:
com a seguinte redação: as seguintes alterações: ��������������������������������������������������
�������������������������������������������������� ��������������������������������������������������
Art. 118. O inciso IV do art. 46 da
Art. 97. A Consolidação das Leis Art. 108. O art. 35 da Lei no 9.250, Lei no 11.904, de 14 de janeiro de
do Trabalho (CLT), aprovada pelo de 26 de dezembro de 1995, passa 2009, passa a vigorar acrescido
Decreto-lei no 5.452, de 1o de maio a vigorar acrescido do seguin- da seguinte alínea “k”:
de 1943, passa a vigorar com as te § 5o: ��������������������������������������������������
seguintes alterações: ��������������������������������������������������
�������������������������������������������������� Art. 119. A Lei no 12.587, de 3 de
Art. 109. A Lei n 9.503, de 23
o
janeiro de 2012, passa a vigorar
Art. 98. A Lei no 7.853, de 24 de de setembro de 1997 (Código de acrescida do seguinte art. 12‑B:
outubro de 1989, passa a vigorar Trânsito Brasileiro), passa a vigo- ��������������������������������������������������
com as seguintes alterações: rar com as seguintes alterações:
�������������������������������������������������� �������������������������������������������������� Art. 120. Cabe aos órgãos com-
petentes, em cada esfera de go-
Art. 99. O art. 20 da Lei no 8.036, Art. 110. O inciso VI e o § 1o do verno, a elaboração de relatórios
de 11 de maio de 1990, passa a art. 56 da Lei no 9.615, de 24 de circunstanciados sobre o cumpri-
vigorar acrescido do seguinte março de 1998, passam a vigorar mento dos prazos estabelecidos
inciso XVIII: com a seguinte redação: por força das Leis no 10.048, de 8
�������������������������������������������������� �������������������������������������������������� de novembro de 2000, e no 10.098,
de 19 de dezembro de 2000, bem
Art. 100. A Lei no 8.078, de 11 Art. 111. O art. 1o da Lei no 10.048, como o seu encaminhamento ao
de setembro de 1990 (Código de de 8 de novembro de 2000, passa Ministério Público e aos órgãos
Defesa do Consumidor), passa a vigorar com a seguinte redação: de regulação para adoção das
a vigorar com as seguintes al- �������������������������������������������������� providências cabíveis.
terações: Parágrafo único. Os relató-
�������������������������������������������������� Art. 112. A Lei no 10.098, de 19 de rios a que se refere o caput deste
dezembro de 2000, passa a vigo- artigo deverão ser apresentados
Art. 101. A Lei no 8.213, de 24 de rar com as seguintes alterações: no prazo de 1 (um) ano a contar
julho de 1991, passa a vigorar com �������������������������������������������������� da entrada em vigor desta Lei.
as seguintes alterações:
�������������������������������������������������� Art. 113. A Lei no 10.257, de 10 de Art. 121. Os direitos, os prazos e
julho de 2001 (Estatuto da Cidade), as obrigações previstos nesta Lei
Art. 102. O art. 2o da Lei no 8.313, passa a vigorar com as seguintes não excluem os já estabelecidos
de 23 de dezembro de 1991, passa alterações: em outras legislações, inclusi-
a vigorar acrescido do seguin- �������������������������������������������������� ve em pactos, tratados, conven-
te § 3o: ções e declarações internacio-
�������������������������������������������������� Art. 114. A Lei no 10.406, de 10 nais aprovados e promulgados
de janeiro de 2002 (Código Civil), pelo Congresso Nacional, e devem
Art. 103. O art. 11 da Lei no 8.429, passa a vigorar com as seguintes ser aplicados em conformidade
de 2 de junho de 1992, passa a alterações: com as demais normas internas
vigorar acrescido do seguinte �������������������������������������������������� e acordos internacionais vincu-
inciso IX: lantes sobre a matéria.
�������������������������������������������������� Art. 115. O Título IV do Livro IV Parágrafo único. Prevalecerá
da Parte Especial da Lei no 10.406, a norma mais benéfica à pessoa
Art. 104. A Lei no 8.666, de 21 de de 10 de janeiro de 2002 (Código com deficiência.
junho de 1993, passa a vigorar com Civil), passa a vigorar com a se-
as seguintes alterações: guinte redação: Art. 122. Regulamento disporá
�������������������������������������������������� �������������������������������������������������� sobre a adequação do disposto
nesta Lei ao tratamento diferen-
Art. 105. O art. 20 da Lei no 8.742, Art. 116. O Título IV do Livro IV ciado, simplificado e favorecido a
de 7 de dezembro de 1993, pas- da Parte Especial da Lei no 10.406, ser dispensado às microempresas
716
Estatuto da Pessoa com Deficiência
e às empresas de pequeno porte, VI – os incisos II e IV do tro) meses;
previsto no § 3o do art. 1o da Lei art. 1.767 da Lei no 10.406, de 10 IV – art. 49, 48 (quarenta e
Complementar no 123, de 14 de de janeiro de 2002 (Código Civil); oito) meses.
dezembro de 2006. VII – os arts. 1.776 e 1.780 da
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de Art. 126. Prorroga-se até 31 de
Art. 123. Revogam-se os seguin- 2002 (Código Civil). dezembro de 2021 a vigência da
tes dispositivos: Lei no 8.989, de 24 de fevereiro
I – o inciso II do § 2o do art. 1o Art. 124. O § 1o do art. 2o desta de 1995.
da Lei no 9.008, de 21 de março Lei deverá entrar em vigor em até
de 1995; 2 (dois) anos, contados da entrada Art. 127. Esta Lei entra em vi-
II – os incisos I, II e III do art. 3o em vigor desta Lei. gor após decorridos 180 (cento
da Lei no 10.406, de 10 de janeiro e oitenta) dias de sua publica-
de 2002 (Código Civil); Art. 125. Devem ser observados ção oficial.
III – os incisos II e III do os prazos a seguir discriminados,
art. 228 da Lei no 10.406, de 10 a partir da entrada em vigor des- Brasília, 6 de julho de 2015; 194o
de janeiro de 2002 (Código Civil); ta Lei, para o cumprimento dos da Independência e 127o da Re-
IV – o inciso I do art. 1.548 da seguintes dispositivos: pública.
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de I – incisos I e II do § 2o do
2002 (Código Civil); art. 28, 48 (quarenta e oito) meses; DILMA ROUSSEFF
V – o inciso IV do art. 1.557 da II – § 6o do art. 44, 84 (oitenta
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de e quatro) meses; Promulgada em 6/7/2015 e publicada
2002 (Código Civil); III – art. 45, 24 (vinte e qua- no DOU de 7/7/2015.
717
Lei Maria da Penha
Lei no 11.340/2006
720 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
720 TÍTULO II – DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
720 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
721 CAPÍTULO II – DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
721 TÍTULO III – DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR
721 CAPÍTULO I – DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
721 CAPÍTULO II – DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR
722 CAPÍTULO III – DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
723 TÍTULO IV – DOS PROCEDIMENTOS
723 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
724 CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
724 Seção I – Disposições Gerais
724 Seção II – Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor
725 Seção III – Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
725 Seção IV – Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência
725 CAPÍTULO III – DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
726 CAPÍTULO IV – DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
726 TÍTULO V – DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
726 TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
726 TÍTULO VII – DISPOSIÇÕES FINAIS
Lei Maria da Penha
Lei no 11.340/2006
Cria mecanismos para coibir a blica Federativa do Brasil; dispõe Art. 4o Na interpretação desta
violência doméstica e familiar sobre a criação dos Juizados de Lei, serão considerados os fins
contra a mulher, nos termos do Violência Doméstica e Familiar sociais a que ela se destina e, es-
§ 8o do art. 226 da Constituição contra a Mulher; e estabelece pecialmente, as condições pecu-
Federal, da Convenção sobre a medidas de assistência e prote- liares das mulheres em situação
Eliminação de Todas as Formas de ção às mulheres em situação de de violência doméstica e familiar.
Discriminação contra as Mulheres violência doméstica e familiar.
e da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Art. 2o Toda mulher, indepen- TÍTULO II – DA VIOLÊNCIA
Violência contra a Mulher; dispõe dentemente de classe, raça, etnia, DOMÉSTICA E FAMILIAR
sobre a criação dos Juizados de orientação sexual, renda, cultura, CONTRA A MULHER
Violência Doméstica e Familiar nível educacional, idade e religião,
contra a Mulher; altera o Código goza dos direitos fundamentais CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
de Processo Penal, o Código Pe- inerentes à pessoa humana, sen- GERAIS
nal e a Lei de Execução Penal; e do-lhe asseguradas as oportuni-
dá outras providências. dades e facilidades para viver sem Art. 5o Para os efeitos desta Lei,
violência, preservar sua saúde configura violência doméstica e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA física e mental e seu aperfeiçoa- familiar contra a mulher qual-
mento moral, intelectual e social. quer ação ou omissão baseada
Faço saber que o Congresso Na- no gênero que lhe cause morte,
cional decreta e eu sanciono a Art. 3o Serão asseguradas às lesão, sofrimento físico, sexual
seguinte Lei:1 mulheres as condições para o ou psicológico e dano moral ou
exercício efetivo dos direitos à patrimonial:
vida, à segurança, à saúde, à ali- I – no âmbito da unidade do-
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES mentação, à educação, à cultura, méstica, compreendida como o
PRELIMINARES à moradia, ao acesso à justiça, ao espaço de convívio permanente
esporte, ao lazer, ao trabalho, à de pessoas, com ou sem vínculo
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos cidadania, à liberdade, à dignida- familiar, inclusive as esporadica-
para coibir e prevenir a violên- de, ao respeito e à convivência mente agregadas;
cia doméstica e familiar contra familiar e comunitária. II – no âmbito da família, com-
a mulher, nos termos do § 8o do § 1o O poder público desen- preendida como a comunidade
art. 226 da Constituição Federal, volverá políticas que visem ga- formada por indivíduos que são
da Convenção sobre a Eliminação rantir os direitos humanos das ou se consideram aparentados,
de Todas as Formas de Violência mulheres no âmbito das relações unidos por laços naturais, por afi-
contra a Mulher, da Convenção In- domésticas e familiares no senti- nidade ou por vontade expressa;
teramericana para Prevenir, Punir do de resguardá-las de toda forma III – em qualquer relação ín-
e Erradicar a Violência contra a de negligência, discriminação, tima de afeto, na qual o agressor
Mulher e de outros tratados inter- exploração, violência, crueldade conviva ou tenha convivido com
nacionais ratificados pela Repú- e opressão. a ofendida, independentemente
§ 2o Cabe à família, à socie- de coabitação.
dade e ao poder público criar Parágrafo único. As relações
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que as condições necessárias para pessoais enunciadas neste ar-
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- o efetivo exercício dos direitos tigo independem de orientação
poradas às normas às quais se destinam. enunciados no caput. sexual.
720
Lei Maria da Penha
Art. 6o A violência doméstica e bens, valores e direitos ou re- nas Delegacias de Atendimento
familiar contra a mulher constitui cursos econômicos, incluindo à Mulher;
uma das formas de violação dos os destinados a satisfazer suas V – a promoção e a realização
direitos humanos. necessidades; de campanhas educativas de pre-
V – a violência moral, enten- venção da violência doméstica e
dida como qualquer conduta que familiar contra a mulher, voltadas
CAPÍTULO II – DAS FORMAS configure calúnia, difamação ou ao público escolar e à sociedade
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA injúria. em geral, e a difusão desta Lei e
E FAMILIAR CONTRA A dos instrumentos de proteção aos
MULHER direitos humanos das mulheres;
TÍTULO III – DA VI – a celebração de convê-
Art. 7 São formas de violência
o ASSISTÊNCIA À MULHER nios, protocolos, ajustes, termos
doméstica e familiar contra a EM SITUAÇÃO DE ou outros instrumentos de pro-
mulher, entre outras: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E moção de parceria entre órgãos
I – a violência física, entendi- FAMILIAR governamentais ou entre estes e
da como qualquer conduta que entidades não governamentais,
ofenda sua integridade ou saúde CAPÍTULO I – DAS tendo por objetivo a implementa-
corporal; MEDIDAS INTEGRADAS DE ção de programas de erradicação
II – a violência psicológica, da violência doméstica e familiar
entendida como qualquer condu- PREVENÇÃO contra a mulher;
ta que lhe cause dano emocional VII – a capacitação perma-
e diminuição da autoestima ou Art. 8o A política pública que nente das Polícias Civil e Militar,
que lhe prejudique e perturbe o visa coibir a violência doméstica da Guarda Municipal, do Corpo
pleno desenvolvimento ou que e familiar contra a mulher far-se- de Bombeiros e dos profissio-
vise degradar ou controlar suas -á por meio de um conjunto ar- nais pertencentes aos órgãos e
ações, comportamentos, crenças ticulado de ações da União, dos às áreas enunciados no inciso I
e decisões, mediante ameaça, Estados, do Distrito Federal e dos quanto às questões de gênero e
constrangimento, humilhação, Municípios e de ações não gover- de raça ou etnia;
manipulação, isolamento, vigi- namentais, tendo por diretrizes: VIII – a promoção de progra-
lância constante, perseguição I – a integração operacional mas educacionais que dissemi-
contumaz, insulto, chantagem, do Poder Judiciário, do Ministério nem valores éticos de irrestrito
violação de sua intimidade, ridicu- Público e da Defensoria Pública respeito à dignidade da pessoa
larização, exploração e limitação com as áreas de segurança pú- humana com a perspectiva de
do direito de ir e vir ou qualquer blica, assistência social, saúde, gênero e de raça ou etnia;
outro meio que lhe cause prejuízo educação, trabalho e habitação; IX – o destaque, nos currícu-
à saúde psicológica e à autode- II – a promoção de estudos e los escolares de todos os níveis
terminação; pesquisas, estatísticas e outras de ensino, para os conteúdos
III – a violência sexual, en- informações relevantes, com a relativos aos direitos humanos,
tendida como qualquer conduta perspectiva de gênero e de raça à equidade de gênero e de raça
que a constranja a presenciar, a ou etnia, concernentes às causas, ou etnia e ao problema da violên-
manter ou a participar de relação às consequências e à frequência cia doméstica e familiar contra
sexual não desejada, median- da violência doméstica e familiar a mulher.
te intimidação, ameaça, coação contra a mulher, para a sistema-
ou uso da força; que a induza a tização de dados, a serem unifi-
comercializar ou a utilizar, de cados nacionalmente, e a avalia- CAPÍTULO II – DA
qualquer modo, a sua sexualida- ção periódica dos resultados das ASSISTÊNCIA À MULHER
de, que a impeça de usar qualquer medidas adotadas; EM SITUAÇÃO DE
método contraceptivo ou que III – o respeito, nos meios de VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
a force ao matrimônio, à gravi- comunicação social, dos valores FAMILIAR
dez, ao aborto ou à prostituição, éticos e sociais da pessoa e da fa-
mediante coação, chantagem, mília, de forma a coibir os papéis Art. 9o A assistência à mulher
suborno ou manipulação; ou que estereotipados que legitimem ou em situação de violência domés-
limite ou anule o exercício de seus exacerbem a violência doméstica tica e familiar será prestada de
direitos sexuais e reprodutivos; e familiar, de acordo com o esta- forma articulada e conforme os
IV – a violência patrimonial, belecido no inciso III do art. 1o, no princípios e as diretrizes pre-
entendida como qualquer condu- inciso IV do art. 3o e no inciso IV do vistos na Lei Orgânica da Assis-
ta que configure retenção, sub- art. 221 da Constituição Federal; tência Social, no Sistema Único
tração, destruição parcial ou total IV – a implementação de aten- de Saúde, no Sistema Único de
de seus objetos, instrumentos de dimento policial especializado Segurança Pública, entre outras
trabalho, documentos pessoais, para as mulheres, em particular normas e políticas públicas de
721
Lei Maria da Penha
proteção, e emergencialmente § 5o Os dispositivos de segu- nino – previamente capacitados.
quando for o caso. rança destinados ao uso em caso § 1o A inquirição de mulher
§ 1o O juiz determinará, por de perigo iminente e disponibili- em situação de violência domés-
prazo certo, a inclusão da mulher zados para o monitoramento das tica e familiar ou de testemunha
em situação de violência domés- vítimas de violência doméstica ou de violência doméstica, quan-
tica e familiar no cadastro de pro- familiar amparadas por medidas do se tratar de crime contra a
gramas assistenciais do governo protetivas terão seus custos res- mulher, obedecerá às seguintes
federal, estadual e municipal. sarcidos pelo agressor. diretrizes:
§ 2o O juiz assegurará à mu- § 6o O ressarcimento de que I – salvaguarda da integrida-
lher em situação de violência do- tratam os §§ 4o e 5o deste arti- de física, psíquica e emocional
méstica e familiar, para preservar go não poderá importar ônus de da depoente, considerada a sua
sua integridade física e psico- qualquer natureza ao patrimônio condição peculiar de pessoa em
lógica: da mulher e dos seus dependen- situação de violência doméstica
I – acesso prioritário à remo- tes, nem configurar atenuante ou e familiar;
ção quando servidora pública, in- ensejar possibilidade de substi- II – garantia de que, em ne-
tegrante da administração direta tuição da pena aplicada. nhuma hipótese, a mulher em si-
ou indireta; § 7o A mulher em situação de tuação de violência doméstica e
II – manutenção do vínculo violência doméstica e familiar tem familiar, familiares e testemunhas
trabalhista, quando necessário o prioridade para matricular seus terão contato direto com investi-
afastamento do local de trabalho, dependentes em instituição de gados ou suspeitos e pessoas a
por até seis meses; educação básica mais próxima eles relacionadas;
III – encaminhamento à as- de seu domicílio, ou transferi-los III – não revitimização da de-
sistência judiciária, quando for o para essa instituição, mediante a poente, evitando sucessivas in-
caso, inclusive para eventual ajui- apresentação dos documentos quirições sobre o mesmo fato
zamento da ação de separação comprobatórios do registro da nos âmbitos criminal, cível e ad-
judicial, de divórcio, de anulação ocorrência policial ou do processo ministrativo, bem como questio-
de casamento ou de dissolução de violência doméstica e familiar namentos sobre a vida privada.
de união estável perante o juízo em curso. § 2o Na inquirição de mulher
competente. § 8o Serão sigilosos os dados em situação de violência domés-
§ 3o A assistência à mulher da ofendida e de seus dependen- tica e familiar ou de testemunha
em situação de violência domés- tes matriculados ou transferidos de delitos de que trata esta Lei,
tica e familiar compreenderá o conforme o disposto no § 7o deste adotar-se-á, preferencialmente,
acesso aos benefícios decorren- artigo, e o acesso às informa- o seguinte procedimento:
tes do desenvolvimento científico ções será reservado ao juiz, ao I – a inquirição será feita em
e tecnológico, incluindo os ser- Ministério Público e aos órgãos recinto especialmente projetado
viços de contracepção de emer- competentes do poder público. para esse fim, o qual conterá os
gência, a profilaxia das Doenças equipamentos próprios e ade-
Sexualmente Transmissíveis (DST) quados à idade da mulher em
e da Síndrome da Imunodefici- CAPÍTULO III – DO situação de violência doméstica
ência Adquirida (AIDS) e outros ATENDIMENTO PELA e familiar ou testemunha e ao tipo
procedimentos médicos neces- AUTORIDADE POLICIAL e à gravidade da violência sofrida;
sários e cabíveis nos casos de II – quando for o caso, a in-
violência sexual. Art. 10. Na hipótese da iminên- quirição será intermediada por
§ 4o Aquele que, por ação ou cia ou da prática de violência profissional especializado em
omissão, causar lesão, violên- doméstica e familiar contra a violência doméstica e familiar
cia física, sexual ou psicológica mulher, a autoridade policial que designado pela autoridade judi-
e dano moral ou patrimonial a tomar conhecimento da ocorrên- ciária ou policial;
mulher fica obrigado a ressarcir cia adotará, de imediato, as pro- III – o depoimento será re-
todos os danos causados, inclu- vidências legais cabíveis. gistrado em meio eletrônico ou
sive ressarcir ao Sistema Único Parágrafo único. Aplica-se magnético, devendo a degrava-
de Saúde (SUS), de acordo com o disposto no caput deste artigo ção e a mídia integrar o inquérito.
a tabela SUS, os custos relativos ao descumprimento de medida
aos serviços de saúde prestados protetiva de urgência deferida. Art. 11. No atendimento à mulher
para o total tratamento das ví- em situação de violência domésti-
timas em situação de violência Art. 10-A. É direito da mulher em ca e familiar, a autoridade policial
doméstica e familiar, recolhidos situação de violência doméstica deverá, entre outras providências:
os recursos assim arrecadados ao e familiar o atendimento policial I – garantir proteção policial,
Fundo de Saúde do ente federado e pericial especializado, ininter- quando necessário, comunicando
responsável pelas unidades de rupto e prestado por servidores de imediato ao Ministério Público
saúde que prestarem os serviços. – preferencialmente do sexo femi- e ao Poder Judiciário;
722
Lei Maria da Penha
II – encaminhar a ofendida ao de existência, juntar aos autos Art. 12-C. Verificada a existência
hospital ou posto de saúde e ao essa informação, bem como no- de risco atual ou iminente à vida
Instituto Médico Legal; tificar a ocorrência à instituição ou à integridade física ou psico-
III – fornecer transporte para responsável pela concessão do lógica da mulher em situação de
a ofendida e seus dependentes registro ou da emissão do porte, violência doméstica e familiar, ou
para abrigo ou local seguro, quan- nos termos da Lei no 10.826, de 22 de seus dependentes, o agressor
do houver risco de vida; de dezembro de 2003 (Estatuto será imediatamente afastado do
IV – se necessário, acompa- do Desarmamento); lar, domicílio ou local de convivên-
nhar a ofendida para assegurar VII – remeter, no prazo legal, cia com a ofendida:
a retirada de seus pertences do os autos do inquérito policial ao I – pela autoridade judicial;
local da ocorrência ou do domi- juiz e ao Ministério Público. II – pelo delegado de polícia,
cílio familiar; § 1o O pedido da ofendida quando o Município não for sede
V – informar à ofendida os di- será tomado a termo pela auto- de comarca; ou
reitos a ela conferidos nesta Lei e ridade policial e deverá conter: III – pelo policial, quando o
os serviços disponíveis, inclusive I – qualificação da ofendida Município não for sede de comar-
os de assistência judiciária para e do agressor; ca e não houver delegado dispo-
o eventual ajuizamento perante II – nome e idade dos depen- nível no momento da denúncia.
o juízo competente da ação de dentes; § 1o Nas hipóteses dos inci-
separação judicial, de divórcio, III – descrição sucinta do fato sos II e III do caput deste artigo,
de anulação de casamento ou e das medidas protetivas solici- o juiz será comunicado no prazo
de dissolução de união estável. tadas pela ofendida; máximo de 24 (vinte e quatro)
IV – informação sobre a con- horas e decidirá, em igual prazo,
Art. 12. Em todos os casos de dição de a ofendida ser pessoa sobre a manutenção ou a revoga-
violência doméstica e familiar com deficiência e se da violên- ção da medida aplicada, devendo
contra a mulher, feito o registro cia sofrida resultou deficiência dar ciência ao Ministério Público
da ocorrência, deverá a autorida- ou agravamento de deficiência concomitantemente.
de policial adotar, de imediato, os preexistente. § 2o Nos casos de risco à in-
seguintes procedimentos, sem § 2o A autoridade policial de- tegridade física da ofendida ou à
prejuízo daqueles previstos no verá anexar ao documento referi- efetividade da medida protetiva
Código de Processo Penal: do no § 1o o boletim de ocorrência de urgência, não será concedida
I – ouvir a ofendida, lavrar o e cópia de todos os documentos liberdade provisória ao preso.
boletim de ocorrência e tomar a disponíveis em posse da ofendida.
representação a termo, se apre- § 3o Serão admitidos como
sentada;2 meios de prova os laudos ou pron- TÍTULO IV – DOS
II – colher todas as provas que tuários médicos fornecidos por PROCEDIMENTOS
servirem para o esclarecimento hospitais e postos de saúde.
do fato e de suas circunstâncias; CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
III – remeter, no prazo de 48 Art. 12-A. Os Estados e o Distrito GERAIS
(quarenta e oito) horas, expedien- Federal, na formulação de suas
te apartado ao juiz com o pedido políticas e planos de atendimento Art. 13. Ao processo, ao julga-
da ofendida, para a concessão de à mulher em situação de violência mento e à execução das causas
medidas protetivas de urgência; doméstica e familiar, darão prio- cíveis e criminais decorrentes da
IV – determinar que se proce- ridade, no âmbito da Polícia Civil, prática de violência doméstica e
da ao exame de corpo de delito à criação de Delegacias Especia- familiar contra a mulher aplicar-
da ofendida e requisitar outros lizadas de Atendimento à Mulher -se-ão as normas dos Códigos de
exames periciais necessários; (Deams), de Núcleos Investigati- Processo Penal e Processo Civil e
V – ouvir o agressor e as tes- vos de Feminicídio e de equipes da legislação específica relativa
temunhas; especializadas para o atendimen- à criança, ao adolescente e ao
VI – ordenar a identificação to e a investigação das violências idoso que não conflitarem com
do agressor e fazer juntar aos graves contra a mulher. o estabelecido nesta Lei.
autos sua folha de antecedentes
criminais, indicando a existência Art. 12-B. (Vetado) Art. 14. Os Juizados de Violên-
de mandado de prisão ou registro § 1o (Vetado) cia Doméstica e Familiar contra
de outras ocorrências policiais § 2o (Vetado) a Mulher, órgãos da Justiça Or-
contra ele; § 3o A autoridade policial po- dinária com competência cível
VI-A – verificar se o agressor derá requisitar os serviços pú- e criminal, poderão ser criados
possui registro de porte ou posse blicos necessários à defesa da pela União, no Distrito Federal e
de arma de fogo e, na hipótese mulher em situação de violência nos Territórios, e pelos Estados,
doméstica e familiar e de seus para o processo, o julgamento e a
2
NE: ver ADI no 4.424. dependentes. execução das causas decorrentes
723
Lei Maria da Penha
da prática de violência doméstica CAPÍTULO II – DAS juízo de cognição sumária a partir
e familiar contra a mulher. MEDIDAS PROTETIVAS DE do depoimento da ofendida pe-
Parágrafo único. Os atos pro- rante a autoridade policial ou da
cessuais poderão realizar-se em
URGÊNCIA apresentação de suas alegações
horário noturno, conforme dispu- Seção I – Disposições Gerais escritas e poderão ser indeferidas
serem as normas de organização no caso de avaliação pela auto-
judiciária. Art. 18. Recebido o expediente ridade de inexistência de risco à
com o pedido da ofendida, caberá integridade física, psicológica,
Art. 14-A. A ofendida tem a op- ao juiz, no prazo de 48 (quarenta sexual, patrimonial ou moral da
ção de propor ação de divórcio ou e oito) horas: ofendida ou de seus dependentes.
de dissolução de união estável no I – conhecer do expediente § 5o As medidas protetivas
Juizado de Violência Doméstica e e do pedido e decidir sobre as de urgência serão concedidas in-
Familiar contra a Mulher. medidas protetivas de urgência; dependentemente da tipificação
§ 1o Exclui-se da competên- II – determinar o encaminha- penal da violência, do ajuizamento
cia dos Juizados de Violência mento da ofendida ao órgão de de ação penal ou cível, da exis-
Doméstica e Familiar contra a assistência judiciária, quando tência de inquérito policial ou do
Mulher a pretensão relacionada for o caso, inclusive para o ajui- registro de boletim de ocorrência.
à partilha de bens. zamento da ação de separação § 6o As medidas protetivas
§ 2o Iniciada a situação de judicial, de divórcio, de anulação de urgência vigorarão enquanto
violência doméstica e familiar de casamento ou de dissolução persistir risco à integridade física,
após o ajuizamento da ação de de união estável perante o juízo psicológica, sexual, patrimonial
divórcio ou de dissolução de união competente; ou moral da ofendida ou de seus
estável, a ação terá preferência III – comunicar ao Ministério dependentes.
no juízo onde estiver. Público para que adote as provi-
dências cabíveis; Art. 20. Em qualquer fase do
Art. 15. É competente, por op- IV – determinar a apreensão inquérito policial ou da instrução
ção da ofendida, para os proces- imediata de arma de fogo sob a criminal, caberá a prisão preven-
sos cíveis regidos por esta Lei, o posse do agressor. tiva do agressor, decretada pelo
Juizado: juiz, de ofício, a requerimento do
I – do seu domicílio ou de sua Art. 19. As medidas protetivas Ministério Público ou median-
residência; de urgência poderão ser conce- te representação da autoridade
II – do lugar do fato em que didas pelo juiz, a requerimento policial.
se baseou a demanda; do Ministério Público ou a pedido Parágrafo único. O juiz pode-
III – do domicílio do agressor. da ofendida. rá revogar a prisão preventiva se,
§ 1o As medidas protetivas de no curso do processo, verificar a
Art. 16. Nas ações penais públi- urgência poderão ser concedidas falta de motivo para que subsis-
cas condicionadas à representa- de imediato, independentemente ta, bem como de novo decretá-
ção da ofendida de que trata esta de audiência das partes e de ma- -la, se sobrevierem razões que a
Lei, só será admitida a renúncia à nifestação do Ministério Público, justifiquem.
representação perante o juiz, em devendo este ser prontamente
audiência especialmente desig- comunicado. Art. 21. A ofendida deverá ser
nada com tal finalidade, antes do § 2o As medidas protetivas notificada dos atos processu-
recebimento da denúncia e ouvi- de urgência serão aplicadas iso- ais relativos ao agressor, espe-
do o Ministério Público.3 lada ou cumulativamente, e po- cialmente dos pertinentes ao in-
derão ser substituídas a qual- gresso e à saída da prisão, sem
Art. 17. É vedada a aplicação, quer tempo por outras de maior prejuízo da intimação do advo-
nos casos de violência domésti- eficácia, sempre que os direitos gado constituído ou do defensor
ca e familiar contra a mulher, de reconhecidos nesta Lei forem público.
penas de cesta básica ou outras ameaçados ou violados. Parágrafo único. A ofendida
de prestação pecuniária, bem § 3o Poderá o juiz, a reque- não poderá entregar intimação ou
como a substituição de pena que rimento do Ministério Público ou notificação ao agressor.
implique o pagamento isolado a pedido da ofendida, conceder
de multa. novas medidas protetivas de ur-
gência ou rever aquelas já con-
Seção II – Das Medidas
cedidas, se entender necessário Protetivas de Urgência que
à proteção da ofendida, de seus Obrigam o Agressor
familiares e de seu patrimônio,
ouvido o Ministério Público. Art. 22. Constatada a prática
§ 4o As medidas protetivas de violência doméstica e familiar
3
NE: ver ADIs nos 4.424 e 7.267. de urgência serão concedidas em contra a mulher, nos termos desta
724
Lei Maria da Penha
Lei, o juiz poderá aplicar, de ime- diato do agressor responsável I – restituição de bens indevi-
diato, ao agressor, em conjunto pelo cumprimento da determina- damente subtraídos pelo agressor
ou separadamente, as seguintes ção judicial, sob pena de incorrer à ofendida;
medidas protetivas de urgência, nos crimes de prevaricação ou de II – proibição temporária para
entre outras: desobediência, conforme o caso. a celebração de atos e contratos
I – suspensão da posse ou § 3o Para garantir a efetivi- de compra, venda e locação de
restrição do porte de armas, com dade das medidas protetivas de propriedade em comum, salvo
comunicação ao órgão compe- urgência, poderá o juiz requisitar, expressa autorização judicial;
tente, nos termos da Lei no 10.826, a qualquer momento, auxílio da III – suspensão das procu-
de 22 de dezembro de 2003; força policial. rações conferidas pela ofendida
II – afastamento do lar, domi- § 4o Aplica-se às hipóteses ao agressor;
cílio ou local de convivência com previstas neste artigo, no que IV – prestação de caução pro-
a ofendida; couber, o disposto no caput e visória, mediante depósito judi-
III – proibição de determi- nos §§ 5o e 6o do art. 461 da Lei cial, por perdas e danos materiais
nadas condutas, entre as quais: no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 decorrentes da prática de violên-
a) aproximação da ofendida, (Código de Processo Civil). cia doméstica e familiar contra a
de seus familiares e das testemu- ofendida.
nhas, fixando o limite mínimo de Parágrafo único. Deverá o
distância entre estes e o agressor;
Seção III – Das Medidas juiz oficiar ao cartório compe-
b) contato com a ofendida, Protetivas de Urgência à tente para os fins previstos nos
seus familiares e testemunhas Ofendida incisos II e III deste artigo.
por qualquer meio de comuni-
cação; Art. 23. Poderá o juiz, quando
c) frequentação de determi- necessário, sem prejuízo de ou-
Seção IV – Do Crime de
nados lugares a fim de preservar tras medidas: Descumprimento de Medidas
a integridade física e psicológica I – encaminhar a ofendida e Protetivas de Urgência
da ofendida; seus dependentes a programa
IV – restrição ou suspensão oficial ou comunitário de prote- Descumprimento de Medidas
de visitas aos dependentes me- ção ou de atendimento; Protetivas de Urgência
nores, ouvida a equipe de aten- II – determinar a recondução
dimento multidisciplinar ou ser- da ofendida e a de seus depen- Art. 24-A. Descumprir deci-
viço similar; dentes ao respectivo domicílio, são judicial que defere medidas
V – prestação de alimentos após afastamento do agressor; protetivas de urgência previstas
provisionais ou provisórios; III – determinar o afastamento nesta Lei:
VI – comparecimento do da ofendida do lar, sem prejuízo Pena – detenção, de 3 (três)
agressor a programas de recu- dos direitos relativos a bens, guar- meses a 2 (dois) anos.
peração e reeducação; e da dos filhos e alimentos; § 1o A configuração do crime
VII – acompanhamento psi- IV – determinar a separação independe da competência civil
cossocial do agressor, por meio de corpos; ou criminal do juiz que deferiu
de atendimento individual e/ou V – determinar a matrícula as medidas.
em grupo de apoio. dos dependentes da ofendida em § 2o Na hipótese de prisão
§ 1o As medidas referidas instituição de educação básica em flagrante, apenas a autoridade
neste artigo não impedem a apli- mais próxima do seu domicílio, judicial poderá conceder fiança.
cação de outras previstas na le- ou a transferência deles para essa § 3o O disposto neste artigo
gislação em vigor, sempre que a instituição, independentemente não exclui a aplicação de outras
segurança da ofendida ou as cir- da existência de vaga; sanções cabíveis.
cunstâncias o exigirem, devendo VI – conceder à ofendida au-
a providência ser comunicada ao xílio-aluguel, com valor fixado
Ministério Público. em função de sua situação de CAPÍTULO III – DA
§ 2o Na hipótese de aplica- vulnerabilidade social e econô- ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO
ção do inciso I, encontrando-se o mica, por período não superior a PÚBLICO
agressor nas condições mencio- 6 (seis) meses.
nadas no caput e incisos do art. 6o Art. 25. O Ministério Público in-
da Lei no 10.826, de 22 de dezem- Art. 24. Para a proteção patri- tervirá, quando não for parte, nas
bro de 2003, o juiz comunicará ao monial dos bens da sociedade causas cíveis e criminais decor-
respectivo órgão, corporação ou conjugal ou daqueles de proprie- rentes da violência doméstica e
instituição as medidas protetivas dade particular da mulher, o juiz familiar contra a mulher.
de urgência concedidas e deter- poderá determinar, liminarmen-
minará a restrição do porte de te, as seguintes medidas, entre Art. 26. Caberá ao Ministério
armas, ficando o superior ime- outras: Público, sem prejuízo de outras
725
Lei Maria da Penha
atribuições, nos casos de violên- e à Defensoria Pública, mediante deral, os Estados e os Municípios
cia doméstica e familiar contra a laudos ou verbalmente em audi- poderão criar e promover, no limi-
mulher, quando necessário: ência, e desenvolver trabalhos te das respectivas competências:
I – requisitar força policial e de orientação, encaminhamen- I – centros de atendimento
serviços públicos de saúde, de to, prevenção e outras medidas, integral e multidisciplinar para
educação, de assistência social voltados para a ofendida, o agres- mulheres e respectivos depen-
e de segurança, entre outros; sor e os familiares, com especial dentes em situação de violência
II – fiscalizar os estabeleci- atenção às crianças e aos ado- doméstica e familiar;
mentos públicos e particulares lescentes. II – casas-abrigos para mu-
de atendimento à mulher em si- lheres e respectivos dependentes
tuação de violência doméstica e Art. 31. Quando a complexida- menores em situação de violência
familiar, e adotar, de imediato, as de do caso exigir avaliação mais doméstica e familiar;
medidas administrativas ou judi- aprofundada, o juiz poderá deter- III – delegacias, núcleos de
ciais cabíveis no tocante a quais- minar a manifestação de profis- defensoria pública, serviços de
quer irregularidades constatadas; sional especializado, mediante saúde e centros de perícia médi-
III – cadastrar os casos de a indicação da equipe de aten- co-legal especializados no aten-
violência doméstica e familiar dimento multidisciplinar. dimento à mulher em situação de
contra a mulher. violência doméstica e familiar;
Art. 32. O Poder Judiciário, na IV – programas e campanhas
elaboração de sua proposta orça- de enfrentamento da violência
CAPÍTULO IV – DA mentária, poderá prever recursos doméstica e familiar;
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA para a criação e manutenção da V – centros de educação e de
equipe de atendimento multi- reabilitação para os agressores.
Art. 27. Em todos os atos pro- disciplinar, nos termos da Lei de
cessuais, cíveis e criminais, a Diretrizes Orçamentárias. Art. 36. A União, os Estados, o
mulher em situação de violência Distrito Federal e os Municípios
doméstica e familiar deverá es- promoverão a adaptação de seus
tar acompanhada de advogado, TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES órgãos e de seus programas às di-
ressalvado o previsto no art. 19 TRANSITÓRIAS retrizes e aos princípios desta Lei.
desta Lei.
Art. 33. Enquanto não estrutu- Art. 37. A defesa dos interes-
Art. 28. É garantido a toda mu- rados os Juizados de Violência ses e direitos transindividuais
lher em situação de violência do- Doméstica e Familiar contra a previstos nesta Lei poderá ser
méstica e familiar o acesso aos Mulher, as varas criminais acu- exercida, concorrentemente, pelo
serviços de Defensoria Pública ou mularão as competências cível Ministério Público e por asso-
de Assistência Judiciária Gratuita, e criminal para conhecer e julgar ciação de atuação na área, re-
nos termos da lei, em sede policial as causas decorrentes da prática gularmente constituída há pelo
e judicial, mediante atendimento de violência doméstica e familiar menos um ano, nos termos da
específico e humanizado. contra a mulher, observadas as legislação civil.
previsões do Título IV desta Lei, Parágrafo único. O requisi-
subsidiada pela legislação pro- to da pré-constituição poderá
TÍTULO V – DA EQUIPE cessual pertinente. ser dispensado pelo juiz quando
DE ATENDIMENTO Parágrafo único. Será garan- entender que não há outra en-
MULTIDISCIPLINAR tido o direito de preferência, nas tidade com representatividade
varas criminais, para o processo adequada para o ajuizamento da
Art. 29. Os Juizados de Violên- e o julgamento das causas refe- demanda coletiva.
cia Doméstica e Familiar contra a ridas no caput.
Mulher que vierem a ser criados Art. 38. As estatísticas sobre
poderão contar com uma equipe a violência doméstica e familiar
de atendimento multidisciplinar, TÍTULO VII – DISPOSIÇÕES contra a mulher serão incluídas
a ser integrada por profissionais FINAIS nas bases de dados dos órgãos
especializados nas áreas psicos- oficiais do Sistema de Justiça e
social, jurídica e de saúde. Art. 34. A instituição dos Juiza- Segurança a fim de subsidiar o
dos de Violência Doméstica e Fa- sistema nacional de dados e in-
Art. 30. Compete à equipe de miliar contra a Mulher poderá ser formações relativo às mulheres.
atendimento multidisciplinar, acompanhada pela implantação Parágrafo único. As Secre-
entre outras atribuições que lhe das curadorias necessárias e do tarias de Segurança Pública dos
forem reservadas pela legislação serviço de assistência judiciária. Estados e do Distrito Federal po-
local, fornecer subsídios por es- derão remeter suas informações
crito ao juiz, ao Ministério Público Art. 35. A União, o Distrito Fe- criminais para a base de dados do
726
Lei Maria da Penha
Ministério da Justiça. seguinte redação:
��������������������������������������������������
Art. 38-A. O juiz competente
providenciará o registro da me- Art. 44. O art. 129 do Decreto-
dida protetiva de urgência. -lei no 2.848, de 7 de dezembro de
Parágrafo único. As medi- 1940 (Código Penal), passa a vigo-
das protetivas de urgência serão, rar com as seguintes alterações:
após sua concessão, imediata- ��������������������������������������������������
mente registradas em banco de
dados mantido e regulamenta- Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210,
do pelo Conselho Nacional de de 11 de julho de 1984 (Lei de Exe-
Justiça, garantido o acesso ins- cução Penal), passa a vigorar com
tantâneo do Ministério Público, a seguinte redação:
da Defensoria Pública e dos ór- ��������������������������������������������������
gãos de segurança pública e de
assistência social, com vistas à Art. 46. Esta Lei entra em vigor
fiscalização e à efetividade das 45 (quarenta e cinco) dias após
medidas protetivas. sua publicação.
727
Lei de Diretrizes e
Bases da Educação
Nacional
Lei no 9.394/1996
730 TÍTULO I – DA EDUCAÇÃO
730 TÍTULO II – DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL
730 TÍTULO III – DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR
732 TÍTULO IV – DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL
734 TÍTULO V – DOS NÍVEIS E DAS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO
734 CAPÍTULO I – DA COMPOSIÇÃO DOS NÍVEIS ESCOLARES
734 CAPÍTULO II – DA EDUCAÇÃO BÁSICA
734 Seção I – Das Disposições Gerais
736 Seção II – Da Educação Infantil
736 Seção III – Do Ensino Fundamental
737 Seção IV – Do Ensino Médio
738 Seção IV-A – Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
739 Seção V – Da Educação de Jovens e Adultos
739 CAPÍTULO III – DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
740 CAPÍTULO IV – DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
743 CAPÍTULO V – DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
744 CAPÍTULO V-A – DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE SURDOS
744 TÍTULO VI – DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
745 TÍTULO VII – DOS RECURSOS FINANCEIROS
747 TÍTULO VIII – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
748 TÍTULO IX – DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional
Lei no 9.394/1996
730
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
e da criação artística, segundo a deverão prever técnicas, ferra- peticionar no Poder Judiciário,
capacidade de cada um; mentas e recursos digitais que na hipótese do § 2o do art. 208
VI – oferta de ensino noturno fortaleçam os papéis de docência da Constituição Federal, sendo
regular, adequado às condições e aprendizagem do professor e do gratuita e de rito sumário a ação
do educando; aluno e que criem espaços cole- judicial correspondente.
VII – oferta de educação esco- tivos de mútuo desenvolvimento. § 4o Comprovada a negligên-
lar regular para jovens e adultos, cia da autoridade competente
com características e modalida- Art. 4o-A. É assegurado aten- para garantir o oferecimento do
des adequadas às suas necessi- dimento educacional, durante o ensino obrigatório, poderá ela
dades e disponibilidades, garan- período de internação, ao aluno ser imputada por crime de res-
tindo-se aos que forem trabalha- da educação básica internado ponsabilidade.
dores as condições de acesso e para tratamento de saúde em § 5o Para garantir o cum-
permanência na escola; regime hospitalar ou domiciliar primento da obrigatoriedade de
VIII – atendimento ao educan- por tempo prolongado, confor- ensino, o Poder Público criará
do, em todas as etapas da educa- me dispuser o Poder Público em formas alternativas de acesso
ção básica, por meio de progra- regulamento, na esfera de sua aos diferentes níveis de ensino,
mas suplementares de material competência federativa. independentemente da escolari-
didático-escolar, transporte, ali- zação anterior.
mentação e assistência à saúde; Art. 5o O acesso à educação bá-
IX – padrões mínimos de qua- sica obrigatória é direito público Art. 6o É dever dos pais ou res-
lidade do ensino, definidos como subjetivo, podendo qualquer ci- ponsáveis efetuar a matrícula
a variedade e a quantidade míni- dadão, grupo de cidadãos, asso- das crianças na educação bá-
mas, por aluno, de insumos indis- ciação comunitária, organização sica a partir dos 4 (quatro) anos
pensáveis ao desenvolvimento sindical, entidade de classe ou de idade.
do processo de ensino-aprendi- outra legalmente constituída e,
zagem adequados à idade e às ainda, o Ministério Público, acio- Art. 7o O ensino é livre à iniciati-
necessidades específicas de cada nar o poder público para exigi-lo. va privada, atendidas as seguintes
estudante, inclusive mediante a § 1o O poder público, na es- condições:
provisão de mobiliário, equipa- fera de sua competência federa- I – cumprimento das normas
mentos e materiais pedagógicos tiva, deverá: gerais da educação nacional e do
apropriados; I – recensear anualmente as respectivo sistema de ensino;
X – vaga na escola pública de crianças e adolescentes em ida- II – autorização de funciona-
educação infantil ou de ensino de escolar, bem como os jovens mento e avaliação de qualidade
fundamental mais próxima de e adultos que não concluíram a pelo Poder Público;
sua residência a toda criança a educação básica; III – capacidade de autofi-
partir do dia em que completar II – fazer-lhes a chamada pú- nanciamento, ressalvado o pre-
4 (quatro) anos de idade; blica; visto no art. 213 da Constituição
XI – alfabetização plena e ca- III – zelar, junto aos pais ou Federal.
pacitação gradual para a leitu- responsáveis, pela frequência
ra ao longo da educação básica à escola; Art. 7o-A. Ao aluno regularmente
como requisitos indispensáveis IV – divulgar a lista de espera matriculado em instituição de en-
para a efetivação dos direitos e por vagas nos estabelecimentos sino pública ou privada, de qual-
objetivos de aprendizagem e para de educação básica de sua rede, quer nível, é assegurado, no exer-
o desenvolvimento dos indivíduos; inclusive creches, por ordem de cício da liberdade de consciência
XII – educação digital, com colocação e, sempre que pos- e de crença, o direito de, mediante
a garantia de conectividade de sível, por unidade escolar, bem prévio e motivado requerimen-
todas as instituições públicas como divulgar os critérios para to, ausentar-se de prova ou de
de educação básica e superior a elaboração da lista. aula marcada para dia em que,
à internet em alta velocidade, § 2o Em todas as esferas ad- segundo os preceitos de sua re-
adequada para o uso pedagógico, ministrativas, o Poder Público ligião, seja vedado o exercício de
com o desenvolvimento de com- assegurará em primeiro lugar tais atividades, devendo-se-lhe
petências voltadas ao letramento o acesso ao ensino obrigatório, atribuir, a critério da instituição
digital de jovens e adultos, criação nos termos deste artigo, con- e sem custos para o aluno, uma
de conteúdos digitais, comunica- templando em seguida os demais das seguintes prestações alter-
ção e colaboração, segurança e níveis e modalidades de ensino, nativas, nos termos do inciso VIII
resolução de problemas. conforme as prioridades consti- do caput do art. 5o da Constitui-
Parágrafo único. Para efeitos tucionais e legais. ção Federal:
do disposto no inciso XII do caput § 3o Qualquer das partes I – prova ou aula de reposição,
deste artigo, as relações entre o mencionadas no caput des- conforme o caso, a ser realizada
ensino e a aprendizagem digital te artigo tem legitimidade para em data alternativa, no turno de
731
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
estudo do aluno ou em outro ho- III – prestar assistência téc- de Educação, com funções nor-
rário agendado com sua anuência nica e financeira aos Estados, ao mativas e de supervisão e ativi-
expressa; Distrito Federal e aos Municípios dade permanente, criado por lei.
II – trabalho escrito ou ou- para o desenvolvimento de seus § 2o Para o cumprimento
tra modalidade de atividade de sistemas de ensino e o atendi- do disposto nos incisos V a IX,
pesquisa, com tema, objetivo e mento prioritário à escolaridade a União terá acesso a todos os
data de entrega definidos pela obrigatória, exercendo sua função dados e informações necessários
instituição de ensino. redistributiva e supletiva; de todos os estabelecimentos e
§ 1o A prestação alternativa IV – estabelecer, em colabo- órgãos educacionais.
deverá observar os parâmetros ração com os Estados, o Distrito § 3o As atribuições cons-
curriculares e o plano de aula do Federal e os Municípios, compe- tantes do inciso IX poderão ser
dia da ausência do aluno. tências e diretrizes para a educa- delegadas aos Estados e ao Dis-
§ 2o O cumprimento das for- ção infantil, o ensino fundamental trito Federal, desde que mante-
mas de prestação alternativa de e o ensino médio, que nortearão nham instituições de educação
que trata este artigo substituirá os currículos e seus conteúdos superior.
a obrigação original para todos os mínimos, de modo a assegurar
efeitos, inclusive regularização do formação básica comum; Art. 10. Os Estados incumbir-
registro de frequência. IV-A – estabelecer, em cola- -se-ão de:
§ 3o As instituições de ensino boração com os Estados, o Dis- I – organizar, manter e de-
implementarão progressivamen- trito Federal e os Municípios, di- senvolver os órgãos e institui-
te, no prazo de 2 (dois) anos, as retrizes e procedimentos para ções oficiais dos seus sistemas
providências e adaptações ne- identificação, cadastramento e de ensino;
cessárias à adequação de seu atendimento, na educação bá- II – definir, com os Municípios,
funcionamento às medidas pre- sica e na educação superior, de formas de colaboração na oferta
vistas neste artigo. alunos com altas habilidades ou do ensino fundamental, as quais
§ 4o O disposto neste artigo superdotação; devem assegurar a distribuição
não se aplica ao ensino militar a V – coletar, analisar e disse- proporcional das responsabilida-
que se refere o art. 83 desta Lei. minar informações sobre a edu- des, de acordo com a população a
cação; ser atendida e os recursos finan-
VI – assegurar processo na- ceiros disponíveis em cada uma
TÍTULO IV – DA cional de avaliação do rendimento dessas esferas do Poder Público;
ORGANIZAÇÃO DA escolar no ensino fundamental, III – elaborar e executar polí-
EDUCAÇÃO NACIONAL médio e superior, em colabora- ticas e planos educacionais, em
ção com os sistemas de ensino, consonância com as diretrizes e
Art. 8o A União, os Estados, o objetivando a definição de priori- planos nacionais de educação, in-
Distrito Federal e os Municípios dades e a melhoria da qualidade tegrando e coordenando as suas
organizarão, em regime de cola- do ensino; ações e as dos seus Municípios;
boração, os respectivos sistemas VII – baixar normas gerais IV – autorizar, reconhecer,
de ensino. sobre cursos de graduação e pós- credenciar, supervisionar e ava-
§ 1o Caberá à União a coor- -graduação; liar, respectivamente, os cursos
denação da política nacional de VII-A – assegurar, em colabo- das instituições de educação su-
educação, articulando os diferen- ração com os sistemas de ensino, perior e os estabelecimentos do
tes níveis e sistemas e exercendo processo nacional de avaliação seu sistema de ensino;
função normativa, redistributiva das instituições e dos cursos de V – baixar normas comple-
e supletiva em relação às demais educação profissional técnica e mentares para o seu sistema de
instâncias educacionais. tecnológica; ensino;
§ 2o Os sistemas de ensino VIII – assegurar processo na- VI – assegurar o ensino fun-
terão liberdade de organização cional de avaliação das institui- damental e oferecer, com prio-
nos termos desta Lei. ções de educação superior, com ridade, o ensino médio a todos
a cooperação dos sistemas que que o demandarem, respeitado
Art. 9o A União incumbir-se-á tiverem responsabilidade sobre o disposto no art. 38 desta Lei;
de: este nível de ensino; VII – assumir o transporte es-
I – elaborar o Plano Nacional IX – autorizar, reconhecer, colar dos alunos da rede estadual;
de Educação, em colaboração credenciar, supervisionar e ava- VIII – instituir, na forma da lei
com os Estados, o Distrito Federal liar, respectivamente, os cursos de que trata o art. 14, Conselhos
e os Municípios; das instituições de educação su- Escolares e Fóruns dos Conselhos
II – organizar, manter e de- perior e os estabelecimentos do Escolares.
senvolver os órgãos e instituições seu sistema de ensino. Parágrafo único. Ao Distrito
oficiais do sistema federal de en- § 1o Na estrutura educacio- Federal aplicar-se-ão as compe-
sino e o dos Territórios; nal, haverá um Conselho Nacional tências referentes aos Estados e
732
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
aos Municípios. rendimento; tados e Municípios e do Distrito
VI – articular-se com as fa- Federal definirá as normas da
Art. 11. Os Municípios incumbir- mílias e a comunidade, criando gestão democrática do ensino
-se-ão de: processos de integração da so- público na educação básica, de
I – organizar, manter e desen- ciedade com a escola; acordo com as suas peculiari-
volver os órgãos e instituições VII – informar pai e mãe, con- dades e conforme os seguintes
oficiais dos seus sistemas de viventes ou não com seus filhos, princípios:
ensino, integrando-os às políticas e, se for o caso, os responsáveis I – participação dos profissio-
e planos educacionais da União e legais, sobre a frequência e ren- nais da educação na elaboração
dos Estados; dimento dos alunos, bem como do projeto pedagógico da escola;
II – exercer ação redistribu- sobre a execução da proposta II – participação das comuni-
tiva em relação às suas escolas; pedagógica da escola; dades escolar e local em Conse-
III – baixar normas comple- VIII – notificar ao Conselho lhos Escolares e em Fóruns dos
mentares para o seu sistema de Tutelar do Município a relação Conselhos Escolares ou equi-
ensino; dos alunos que apresentem quan- valentes.
IV – autorizar, credenciar e tidade de faltas acima de 30% § 1o O Conselho Escolar, ór-
supervisionar os estabelecimen- (trinta por cento) do percentual gão deliberativo, será composto
tos do seu sistema de ensino; permitido em lei; do Diretor da Escola, membro
V – oferecer a educação in- IX – promover medidas de nato, e de representantes das
fantil em creches e pré-escolas, conscientização, de prevenção comunidades escolar e local, elei-
e, com prioridade, o ensino fun- e de combate a todos os tipos tos por seus pares nas seguintes
damental, permitida a atuação em de violência, especialmente a in- categorias:
outros níveis de ensino somen- timidação sistemática (bullying), I – professores, orientadores
te quando estiverem atendidas no âmbito das escolas; educacionais, supervisores e ad-
plenamente as necessidades de X – estabelecer ações des- ministradores escolares;
sua área de competência e com tinadas a promover a cultura de II – demais servidores pú-
recursos acima dos percentuais paz nas escolas; blicos que exerçam atividades
mínimos vinculados pela Cons- XI – promover ambiente esco- administrativas na escola;
tituição Federal à manutenção e lar seguro, adotando estratégias III – estudantes;
desenvolvimento do ensino; de prevenção e enfrentamento ao IV – pais ou responsáveis;
VI – assumir o transporte es- uso ou dependência de drogas; V – membros da comunida-
colar dos alunos da rede mu- XII – instituir, na forma da lei de local.
nicipal; de que trata o art. 14, os Conse- § 2o O Fórum dos Conselhos
VII – instituir, na forma da lei lhos Escolares. Escolares é um colegiado de ca-
de que trata o art. 14, Conselhos ráter deliberativo que tem como
Escolares e Fóruns dos Conselhos Art. 13. Os docentes incumbir- finalidades o fortalecimento dos
Escolares. -se-ão de: Conselhos Escolares de sua cir-
Parágrafo único. Os Municí- I – participar da elaboração cunscrição e a efetivação do pro-
pios poderão optar, ainda, por se da proposta pedagógica do es- cesso democrático nas unidades
integrar ao sistema estadual de tabelecimento de ensino; educacionais e nas diferentes
ensino ou compor com ele um sis- II – elaborar e cumprir plano instâncias decisórias, com vistas
tema único de educação básica. de trabalho, segundo a proposta a melhorar a qualidade da edu-
pedagógica do estabelecimento cação, norteado pelos seguintes
Art. 12. Os estabelecimentos de de ensino; princípios:
ensino, respeitadas as normas III – zelar pela aprendizagem I – democratização da gestão;
comuns e as do seu sistema de dos alunos; II – democratização do acesso
ensino, terão a incumbência de: IV – estabelecer estratégias e permanência;
I – elaborar e executar sua de recuperação para os alunos III – qualidade social da edu-
proposta pedagógica; de menor rendimento; cação.
II – administrar seu pessoal V – ministrar os dias letivos e § 3o O Fórum dos Conselhos
e seus recursos materiais e fi- horas-aula estabelecidos, além de Escolares será composto de:
nanceiros; participar integralmente dos perí- I – 2 (dois) representantes do
III – assegurar o cumprimento odos dedicados ao planejamento, órgão responsável pelo sistema
dos dias letivos e horas-aula es- à avaliação e ao desenvolvimento de ensino;
tabelecidas; profissional; II – 2 (dois) representantes
IV – velar pelo cumprimen- VI – colaborar com as ativi- de cada Conselho Escolar da cir-
to do plano de trabalho de cada dades de articulação da escola cunscrição de atuação do Fórum
docente; com as famílias e a comunidade. dos Conselhos Escolares.
V – prover meios para a re-
cuperação dos alunos de menor Art. 14. Lei dos respectivos Es- Art. 15. Os sistemas de ensino
733
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
assegurarão às unidades escola- II – privadas, assim entendi- ais, períodos semestrais, ciclos,
res públicas de educação básica das as mantidas e administradas alternância regular de períodos
que os integram progressivos por pessoas físicas ou jurídicas de estudos, grupos não seriados,
graus de autonomia pedagógica e de direito privado; com base na idade, na competên-
administrativa e de gestão finan- III – comunitárias, na forma cia e em outros critérios, ou por
ceira, observadas as normas ge- da lei. forma diversa de organização,
rais de direito financeiro público. § 1o As instituições de ensino sempre que o interesse do pro-
a que se referem os incisos II e cesso de aprendizagem assim o
Art. 16. O sistema federal de III do caput deste artigo podem recomendar.
ensino compreende: qualificar-se como confessionais, § 1o A escola poderá reclassi-
I – as instituições de ensino atendidas a orientação confes- ficar os alunos, inclusive quando
mantidas pela União; sional e a ideologia específicas. se tratar de transferências entre
II – as instituições de edu- § 2o As instituições de ensino estabelecimentos situados no
cação superior mantidas pela a que se referem os incisos II e III País e no exterior, tendo como
iniciativa privada; do caput deste artigo podem ser base as normas curriculares ge-
III – os órgãos federais de certificadas como filantrópicas, rais.
educação. na forma da lei. § 2o O calendário escolar de-
verá adequar-se às peculiarida-
Art. 17. Os sistemas de ensino Art. 20. (Revogado) des locais, inclusive climáticas e
dos Estados e do Distrito Federal econômicas, a critério do respec-
compreendem: tivo sistema de ensino, sem com
I – as instituições de ensino TÍTULO V – DOS NÍVEIS isso reduzir o número de horas
mantidas, respectivamente, pelo E DAS MODALIDADES DE letivas previsto nesta Lei.
Poder Público estadual e pelo EDUCAÇÃO E ENSINO
Distrito Federal; Art. 24. A educação básica, nos
II – as instituições de educa- CAPÍTULO I – DA níveis fundamental e médio, será
ção superior mantidas pelo Poder COMPOSIÇÃO DOS NÍVEIS organizada de acordo com as se-
Público municipal; ESCOLARES guintes regras comuns:
III – as instituições de ensino I – a carga horária mínima
fundamental e médio criadas e Art. 21. A educação escolar anual será de oitocentas horas
mantidas pela iniciativa privada; compõe-se de: para o ensino fundamental e para
IV – os órgãos de educação I – educação básica, forma- o ensino médio, distribuídas por
estaduais e do Distrito Federal, da pela educação infantil, ensino um mínimo de duzentos dias de
respectivamente. fundamental e ensino médio; efetivo trabalho escolar, excluído
Parágrafo único. No Distrito II – educação superior. o tempo reservado aos exames
Federal, as instituições de edu- finais, quando houver;
cação infantil, criadas e mantidas II – a classificação em qual-
pela iniciativa privada, integram CAPÍTULO II – DA quer série ou etapa, exceto a pri-
seu sistema de ensino. EDUCAÇÃO BÁSICA meira do ensino fundamental,
pode ser feita:
Seção I – Das Disposições
Art. 18. Os sistemas municipais a) por promoção, para alunos
de ensino compreendem: Gerais que cursaram, com aproveita-
I – as instituições do ensino mento, a série ou fase anterior,
fundamental, médio e de educa- Art. 22. A educação básica tem na própria escola;
ção infantil mantidas pelo Poder por finalidades desenvolver o edu- b) por transferência, para
Público municipal; cando, assegurar-lhe a formação candidatos procedentes de ou-
II – as instituições de educa- comum indispensável para o exer- tras escolas;
ção infantil criadas e mantidas cício da cidadania e fornecer-lhe c) independentemente de
pela iniciativa privada; meios para progredir no trabalho escolarização anterior, mediante
III – os órgãos municipais de e em estudos posteriores. avaliação feita pela escola, que
educação. Parágrafo único. São objeti- defina o grau de desenvolvimen-
vos precípuos da educação básica to e experiência do candidato e
Art. 19. As instituições de ensi- a alfabetização plena e a forma- permita sua inscrição na série
no dos diferentes níveis classifi- ção de leitores, como requisitos ou etapa adequada, conforme
cam-se nas seguintes categorias essenciais para o cumprimento regulamentação do respectivo
administrativas: das finalidades constantes do sistema de ensino;
I – públicas, assim entendi- caput deste artigo. III – nos estabelecimentos
das as criadas ou incorporadas, que adotam a progressão regu-
mantidas e administradas pelo Art. 23. A educação básica po- lar por série, o regimento escolar
Poder Público; derá organizar-se em séries anu- pode admitir formas de progres-
734
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
são parcial, desde que preservada § 2o Os sistemas de ensino IV – amparado pelo Decre-
a sequência do currículo, obser- disporão sobre a oferta de edu- to-lei no 1.044, de 21 de outubro
vadas as normas do respectivo cação de jovens e adultos e de de 1969;
sistema de ensino; ensino noturno regular, adequa- V – (Vetado);
IV – poderão organizar-se do às condições do educando, VI – que tenha prole.
classes, ou turmas, com alunos conforme o inciso VI do art. 4o. § 4o O ensino da História do
de séries distintas, com níveis Brasil levará em conta as con-
equivalentes de adiantamento na Art. 25. Será objetivo perma- tribuições das diferentes cultu-
matéria, para o ensino de línguas nente das autoridades responsá- ras e etnias para a formação do
estrangeiras, artes, ou outros veis alcançar relação adequada povo brasileiro, especialmente
componentes curriculares; entre o número de alunos e o das matrizes indígena, africana
V – a verificação do rendimen- professor, a carga horária e as e europeia.
to escolar observará os seguintes condições materiais do estabe- § 5o No currículo do ensino
critérios: lecimento. fundamental, a partir do sexto
a) avaliação contínua e Parágrafo único. Cabe ao ano, será ofertada a língua in-
cumulativa do desempenho do respectivo sistema de ensino, à glesa.
aluno, com prevalência dos as- vista das condições disponíveis § 6o As artes visuais, a dan-
pectos qualitativos sobre os e das características regionais ça, a música e o teatro são as
quantitativos e dos resultados e locais, estabelecer parâmetro linguagens que constituirão o
ao longo do período sobre os de para atendimento do disposto componente curricular de que
eventuais provas finais; neste artigo. trata o § 2o deste artigo.
b) possibilidade de acelera- § 7o A integralização curricu-
ção de estudos para alunos com Art. 26. Os currículos da edu- lar poderá incluir, a critério dos
atraso escolar; cação infantil, do ensino funda- sistemas de ensino, projetos e
c) possibilidade de avanço mental e do ensino médio devem pesquisas envolvendo os temas
nos cursos e nas séries mediante ter base nacional comum, a ser transversais de que trata o caput.
verificação do aprendizado; complementada, em cada sis- § 8o A exibição de filmes de
d) aproveitamento de estu- tema de ensino e em cada es- produção nacional constituirá
dos concluídos com êxito; tabelecimento escolar, por uma componente curricular com-
e) obrigatoriedade de estu- parte diversificada, exigida pelas plementar integrado à proposta
dos de recuperação, de preferên- características regionais e locais pedagógica da escola, sendo a
cia paralelos ao período letivo, da sociedade, da cultura, da eco- sua exibição obrigatória por, no
para os casos de baixo rendimen- nomia e dos educandos. mínimo, 2 (duas) horas mensais.
to escolar, a serem disciplinados § 1o Os currículos a que se § 9o Conteúdos relativos aos
pelas instituições de ensino em refere o caput devem abranger, direitos humanos e à prevenção
seus regimentos; obrigatoriamente, o estudo da lín- de todas as formas de violência
VI – o controle de frequência gua portuguesa e da matemática, contra a criança, o adolescente
fica a cargo da escola, conforme o conhecimento do mundo físico e a mulher serão incluídos, como
o disposto no seu regimento e nas e natural e da realidade social e temas transversais, nos currí-
normas do respectivo sistema política, especialmente do Brasil. culos de que trata o caput deste
de ensino, exigida a frequência § 2o O ensino da arte, espe- artigo, observadas as diretrizes
mínima de setenta e cinco por cialmente em suas expressões da legislação correspondente e a
cento do total de horas letivas regionais, constituirá compo- produção e distribuição de ma-
para aprovação; nente curricular obrigatório da terial didático adequado a cada
VII – cabe a cada instituição educação básica. nível de ensino.
de ensino expedir históricos esco- § 3o A educação física, inte- § 9o-A. A educação alimentar
lares, declarações de conclusão grada à proposta pedagógica da e nutricional será incluída entre
de série e diplomas ou certifica- escola, é componente curricular os temas transversais de que
dos de conclusão de cursos, com obrigatório da educação básica, trata o caput.
as especificações cabíveis. sendo sua prática facultativa ao § 10. A inclusão de novos
§ 1o A carga horária mínima aluno: componentes curriculares de ca-
anual de que trata o inciso I do I – que cumpra jornada de ráter obrigatório na Base Nacional
caput deverá ser ampliada de for- trabalho igual ou superior a seis Comum Curricular dependerá de
ma progressiva, no ensino médio, horas; aprovação do Conselho Nacional
para mil e quatrocentas horas, II – maior de trinta anos de de Educação e de homologação
devendo os sistemas de ensino idade; pelo Ministro de Estado da Edu-
oferecer, no prazo máximo de III – que estiver prestando cação.
cinco anos, pelo menos mil horas serviço militar inicial ou que, em § 11. (Vetado)
anuais de carga horária, a partir situação similar, estiver obriga-
de 2 de março de 2017. do à prática da educação física; Art. 26-A. Nos estabelecimen-
735
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
tos de ensino fundamental e de calendário escolar às fases do -escolar, exigida a frequência
ensino médio, públicos e privados, ciclo agrícola e às condições cli- mínima de 60% (sessenta por
torna-se obrigatório o estudo da máticas; cento) do total de horas;
história e cultura afro-brasileira III – adequação à natureza do V – expedição de documen-
e indígena. trabalho na zona rural. tação que permita atestar os
§ 1o O conteúdo programá- Parágrafo único. O fecha- processos de desenvolvimento
tico a que se refere este artigo mento de escolas do campo, in- e aprendizagem da criança.
incluirá diversos aspectos da his- dígenas e quilombolas será pre-
tória e da cultura que caracteri- cedido de manifestação do órgão
zam a formação da população normativo do respectivo sistema
Seção III – Do Ensino
brasileira, a partir desses dois de ensino, que considerará a jus- Fundamental
grupos étnicos, tais como o es- tificativa apresentada pela Secre-
tudo da história da África e dos taria de Educação, a análise do Art. 32. O ensino fundamental
africanos, a luta dos negros e dos diagnóstico do impacto da ação obrigatório, com duração de 9
povos indígenas no Brasil, a cul- e a manifestação da comunida- (nove) anos, gratuito na escola
tura negra e indígena brasileira e de escolar. pública, iniciando-se aos 6 (seis)
o negro e o índio na formação da anos de idade, terá por objetivo
sociedade nacional, resgatando a formação básica do cidadão,
as suas contribuições nas áre-
Seção II – Da Educação mediante:
as social, econômica e política, Infantil I – o desenvolvimento da
pertinentes à história do Brasil. capacidade de aprender, tendo
§ 2o Os conteúdos referentes Art. 29. A educação infantil, pri- como meios básicos o pleno do-
à história e cultura afro-brasileira meira etapa da educação básica, mínio da leitura, da escrita e do
e dos povos indígenas brasileiros tem como finalidade o desenvol- cálculo;
serão ministrados no âmbito de vimento integral da criança de até II – a compreensão do am-
todo o currículo escolar, em es- 5 (cinco) anos, em seus aspectos biente natural e social, do sistema
pecial nas áreas de educação físico, psicológico, intelectual e político, da tecnologia, das artes
artística e de literatura e história social, complementando a ação e dos valores em que se funda-
brasileiras. da família e da comunidade. menta a sociedade;
III – o desenvolvimento da
Art. 27. Os conteúdos curricula- Art. 30. A educação infantil será capacidade de aprendizagem,
res da educação básica observa- oferecida em: tendo em vista a aquisição de
rão, ainda, as seguintes diretrizes: I – creches, ou entidades conhecimentos e habilidades e
I – a difusão de valores funda- equivalentes, para crianças de a formação de atitudes e valores;
mentais ao interesse social, aos até três anos de idade; IV – o fortalecimento dos vín-
direitos e deveres dos cidadãos, II – pré-escolas, para as crian- culos de família, dos laços de soli-
de respeito ao bem comum e à ças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos dariedade humana e de tolerância
ordem democrática; de idade. recíproca em que se assenta a
II – consideração das condi- vida social.
ções de escolaridade dos alunos Art. 31. A educação infantil será § 1o É facultado aos sistemas
em cada estabelecimento; organizada de acordo com as se- de ensino desdobrar o ensino
III – orientação para o tra- guintes regras comuns: fundamental em ciclos.
balho; I – avaliação mediante acom- § 2o Os estabelecimentos
IV – promoção do desporto panhamento e registro do desen- que utilizam progressão regular
educacional e apoio às práticas volvimento das crianças, sem o por série podem adotar no ensino
desportivas não formais. objetivo de promoção, mesmo fundamental o regime de progres-
para o acesso ao ensino funda- são continuada, sem prejuízo da
Art. 28. Na oferta de educação mental; avaliação do processo de ensi-
básica para a população rural, os II – carga horária mínima no-aprendizagem, observadas
sistemas de ensino promoverão anual de 800 (oitocentas) horas, as normas do respectivo sistema
as adaptações necessárias à sua distribuída por um mínimo de de ensino.
adequação às peculiaridades da 200 (duzentos) dias de trabalho § 3o O ensino fundamental
vida rural e de cada região, es- educacional; regular será ministrado em língua
pecialmente: III – atendimento à criança portuguesa, assegurada às comu-
I – conteúdos curriculares de, no mínimo, 4 (quatro) horas nidades indígenas a utilização de
e metodologias apropriadas às diárias para o turno parcial e de suas línguas maternas e proces-
reais necessidades e interesses 7 (sete) horas para a jornada in- sos próprios de aprendizagem.
dos alunos da zona rural; tegral; § 4o O ensino fundamental
II – organização escolar pró- IV – controle de frequência será presencial, sendo o ensino
pria, incluindo adequação do pela instituição de educação pré- a distância utilizado como com-
736
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
plementação da aprendizagem terá como finalidades: médio incluirão, obrigatoriamen-
ou em situações emergenciais. I – a consolidação e o apro- te, o estudo da língua inglesa e
§ 5o O currículo do ensino fundamento dos conhecimentos poderão ofertar outras línguas
fundamental incluirá, obrigato- adquiridos no ensino fundamen- estrangeiras, em caráter optativo,
riamente, conteúdo que trate dos tal, possibilitando o prossegui- preferencialmente o espanhol, de
direitos das crianças e dos ado- mento de estudos; acordo com a disponibilidade de
lescentes, tendo como diretriz a II – a preparação básica para o oferta, locais e horários definidos
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, trabalho e a cidadania do educan- pelos sistemas de ensino.
que institui o Estatuto da Criança do, para continuar aprendendo, de § 5o A carga horária desti-
e do Adolescente, observada a modo a ser capaz de se adaptar nada ao cumprimento da Base
produção e distribuição de ma- com flexibilidade a novas condi- Nacional Comum Curricular não
terial didático adequado. ções de ocupação ou aperfeiço- poderá ser superior a mil e oito-
§ 6o O estudo sobre os sím- amento posteriores; centas horas do total da carga
bolos nacionais será incluído III – o aprimoramento do edu- horária do ensino médio, de acor-
como tema transversal nos cur- cando como pessoa humana, in- do com a definição dos sistemas
rículos do ensino fundamental. cluindo a formação ética e o de- de ensino.
senvolvimento da autonomia in- § 6o A União estabelecerá os
Art. 33. O ensino religioso, de telectual e do pensamento crítico; padrões de desempenho espe-
matrícula facultativa, é parte in- IV – a compreensão dos fun- rados para o ensino médio, que
tegrante da formação básica do damentos científico-tecnológicos serão referência nos processos
cidadão e constitui disciplina dos dos processos produtivos, rela- nacionais de avaliação, a partir da
horários normais das escolas pú- cionando a teoria com a prática, Base Nacional Comum Curricular.
blicas de ensino fundamental, no ensino de cada disciplina. § 7o Os currículos do ensino
assegurado o respeito à diversi- médio deverão considerar a for-
dade cultural religiosa do Brasil, Art. 35-A. A Base Nacional Co- mação integral do aluno, de ma-
vedadas quaisquer formas de mum Curricular definirá direitos neira a adotar um trabalho voltado
proselitismo. e objetivos de aprendizagem do para a construção de seu projeto
§ 1o Os sistemas de ensino ensino médio, conforme dire- de vida e para sua formação nos
regulamentarão os procedimen- trizes do Conselho Nacional de aspectos físicos, cognitivos e so-
tos para a definição dos conteú- Educação, nas seguintes áreas cioemocionais.
dos do ensino religioso e estabe- do conhecimento: § 8o Os conteúdos, as meto-
lecerão as normas para a habilita- I – linguagens e suas tec- dologias e as formas de avaliação
ção e admissão dos professores. nologias; processual e formativa serão or-
§ 2o Os sistemas de ensino II – matemática e suas tec- ganizados nas redes de ensino
ouvirão entidade civil, constituída nologias; por meio de atividades teóricas e
pelas diferentes denominações III – ciências da natureza e práticas, provas orais e escritas,
religiosas, para a definição dos suas tecnologias; seminários, projetos e atividades
conteúdos do ensino religioso. IV – ciências humanas e so- on-line, de tal forma que ao final
ciais aplicadas. do ensino médio o educando de-
Art. 34. A jornada escolar no § 1o A parte diversificada dos monstre:
ensino fundamental incluirá pelo currículos de que trata o caput do I – domínio dos princípios
menos quatro horas de trabalho art. 26, definida em cada sistema científicos e tecnológicos que
efetivo em sala de aula, sendo de ensino, deverá estar harmo- presidem a produção moderna;
progressivamente ampliado o pe- nizada à Base Nacional Comum II – conhecimento das formas
ríodo de permanência na escola. Curricular e ser articulada a partir contemporâneas de linguagem.
§ 1o São ressalvados os casos do contexto histórico, econômico,
do ensino noturno e das formas social, ambiental e cultural. Art. 36. O currículo do ensino
alternativas de organização au- § 2o A Base Nacional Comum médio será composto pela Base
torizadas nesta Lei. Curricular referente ao ensino Nacional Comum Curricular e por
§ 2o O ensino fundamental médio incluirá obrigatoriamente itinerários formativos, que de-
será ministrado progressivamen- estudos e práticas de educação verão ser organizados por meio
te em tempo integral, a critério física, arte, sociologia e filosofia. da oferta de diferentes arranjos
dos sistemas de ensino. § 3o O ensino da língua por- curriculares, conforme a rele-
tuguesa e da matemática será vância para o contexto local e
obrigatório nos três anos do en- a possibilidade dos sistemas de
Seção IV – Do Ensino Médio sino médio, assegurada às co- ensino, a saber:
munidades indígenas, também, a I – linguagens e suas tec-
Art. 35. O ensino médio, etapa utilização das respectivas línguas nologias;
final da educação básica, com maternas. II – matemática e suas tec-
duração mínima de três anos, § 4o Os currículos do ensino nologias;
737
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
III – ciências da natureza e sos Técnicos, no prazo de cinco Seção IV-A – Da Educação
suas tecnologias; anos, contados da data de oferta Profissional Técnica de Nível
IV – ciências humanas e so- inicial da formação. Médio
ciais aplicadas; § 8o A oferta de formação
V – formação técnica e pro- técnica e profissional a que se Art. 36-A. Sem prejuízo do dis-
fissional. refere o inciso V do caput, reali- posto na Seção IV deste Capítulo,
§ 1o A organização das áreas zada na própria instituição ou em o ensino médio, atendida a forma-
de que trata o caput e das respec- parceria com outras instituições, ção geral do educando, poderá
tivas competências e habilidades deverá ser aprovada previamente prepará-lo para o exercício de
será feita de acordo com critérios pelo Conselho Estadual de Educa- profissões técnicas.
estabelecidos em cada sistema ção, homologada pelo Secretário Parágrafo único. A prepara-
de ensino. Estadual de Educação e certifi- ção geral para o trabalho e, facul-
I – (Revogado); cada pelos sistemas de ensino. tativamente, a habilitação profis-
II – (Revogado); § 9o As instituições de en- sional poderão ser desenvolvidas
III – (Revogado). sino emitirão certificado com nos próprios estabelecimentos de
§ 2o (Revogado) validade nacional, que habilitará ensino médio ou em cooperação
§ 3o A critério dos sistemas o concluinte do ensino médio ao com instituições especializadas
de ensino, poderá ser composto prosseguimento dos estudos em em educação profissional.
itinerário formativo integrado, nível superior ou em outros cur-
que se traduz na composição sos ou formações para os quais Art. 36-B. A educação profis-
de componentes curriculares da a conclusão do ensino médio seja sional técnica de nível médio
Base Nacional Comum Curricular etapa obrigatória. será desenvolvida nas seguin-
– BNCC e dos itinerários formati- § 10. Além das formas de or- tes formas:
vos, considerando os incisos I a ganização previstas no art. 23, o I – articulada com o ensino
V do caput. ensino médio poderá ser orga- médio;
§ 4o (Revogado) nizado em módulos e adotar o II – subsequente, em cursos
§ 5o Os sistemas de ensi- sistema de créditos com termi- destinados a quem já tenha con-
no, mediante disponibilidade de nalidade específica. cluído o ensino médio.
vagas na rede, possibilitarão ao § 11. Para efeito de cumpri- § 1o A educação profissional
aluno concluinte do ensino médio mento das exigências curricula- técnica de nível médio deverá
cursar mais um itinerário forma- res do ensino médio, os sistemas observar:
tivo de que trata o caput. de ensino poderão reconhecer I – os objetivos e definições
§ 6o A critério dos sistemas competências e firmar convênios contidos nas diretrizes curricula-
de ensino, a oferta de formação com instituições de educação a res nacionais estabelecidas pelo
com ênfase técnica e profissional distância com notório reconhe- Conselho Nacional de Educação;
considerará: cimento, mediante as seguintes II – as normas complemen-
I – a inclusão de vivências formas de comprovação: tares dos respectivos sistemas
práticas de trabalho no setor pro- I – demonstração prática; de ensino;
dutivo ou em ambientes de simu- II – experiência de trabalho III – as exigências de cada ins-
lação, estabelecendo parcerias e supervisionado ou outra experi- tituição de ensino, nos termos de
fazendo uso, quando aplicável, de ência adquirida fora do ambiente seu projeto pedagógico.
instrumentos estabelecidos pela escolar; § 2o As formas referidas nos
legislação sobre aprendizagem III – atividades de educação incisos I e II do caput deste artigo
profissional; técnica oferecidas em outras ins- poderão também ser oferecidas
II – a possibilidade de con- tituições de ensino credenciadas; em articulação com a aprendiza-
cessão de certificados interme- IV – cursos oferecidos por gem profissional, nos termos da
diários de qualificação para o centros ou programas ocupa- Lei no 10.097, de 19 de dezembro
trabalho, quando a formação for cionais; de 2000.
estruturada e organizada em eta- V – estudos realizados em § 3o Quando a educação pro-
pas com terminalidade. instituições de ensino nacionais fissional técnica de nível médio
§ 7o A oferta de formações ou estrangeiras; for oferecida em articulação com
experimentais relacionadas ao VI – cursos realizados por a aprendizagem profissional, po-
inciso V do caput, em áreas que meio de educação a distância ou derá haver aproveitamento:
não constem do Catálogo Nacio- educação presencial mediada por I – das atividades pedagó-
nal dos Cursos Técnicos, depen- tecnologias. gicas de educação profissional
derá, para sua continuidade, do § 12. As escolas deverão técnica de nível médio, para efeito
reconhecimento pelo respectivo orientar os alunos no processo de cumprimento do contrato de
Conselho Estadual de Educação, de escolha das áreas de conheci- aprendizagem profissional, nos
no prazo de três anos, e da inser- mento ou de atuação profissional termos de regulamento;
ção no Catálogo Nacional dos Cur- previstas no caput. II – das horas de trabalho em
738
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
aprendizagem profissional para Seção V – Da Educação de cional, integra-se aos diferentes
efeito de integralização da car- Jovens e Adultos níveis e modalidades de educação
ga horária do ensino médio, no e às dimensões do trabalho, da
itinerário da formação técnica e Art. 37. A educação de jovens e ciência e da tecnologia.
profissional ou na educação pro- adultos será destinada àqueles § 1o Os cursos de educação
fissional técnica de nível médio, que não tiveram acesso ou con- profissional e tecnológica po-
nos termos de regulamento. tinuidade de estudos nos ensinos derão ser organizados por eixos
fundamental e médio na idade tecnológicos, possibilitando a
Art. 36-C. A educação profis- própria e constituirá instrumento construção de diferentes itine-
sional técnica de nível médio ar- para a educação e a aprendiza- rários formativos, observadas as
ticulada, prevista no inciso I do gem ao longo da vida. normas do respectivo sistema e
caput do art. 36‑B desta Lei, será § 1o Os sistemas de ensino nível de ensino.
desenvolvida de forma: assegurarão gratuitamente aos § 2o A educação profissio-
I – integrada, oferecida so- jovens e aos adultos, que não nal e tecnológica abrangerá os
mente a quem já tenha concluído puderam efetuar os estudos na seguintes cursos:
o ensino fundamental, sendo o idade regular, oportunidades edu- I – de formação inicial e con-
curso planejado de modo a con- cacionais apropriadas, conside- tinuada ou qualificação profis-
duzir o aluno à habilitação pro- radas as características do alu- sional;
fissional técnica de nível médio, nado, seus interesses, condições II – de educação profissional
na mesma instituição de ensino, de vida e de trabalho, mediante técnica de nível médio;
efetuando-se matrícula única cursos e exames. III – de educação profissional
para cada aluno; § 2o O Poder Público viabi- tecnológica de graduação e pós-
II – concomitante, oferecida lizará e estimulará o acesso e a -graduação.
a quem ingresse no ensino médio permanência do trabalhador na § 3o Os cursos de educação
ou já o esteja cursando, efetuan- escola, mediante ações integra- profissional tecnológica de gra-
do-se matrículas distintas para das e complementares entre si. duação e pós-graduação orga-
cada curso, e podendo ocorrer: § 3o A educação de jovens e nizar-se-ão, no que concerne a
a) na mesma instituição de adultos deverá articular-se, pre- objetivos, características e dura-
ensino, aproveitando-se as opor- ferencialmente, com a educação ção, de acordo com as diretrizes
tunidades educacionais dispo- profissional, na forma do regu- curriculares nacionais estabele-
níveis; lamento. cidas pelo Conselho Nacional de
b) em instituições de en- Educação.
sino distintas, aproveitando-se Art. 38. Os sistemas de ensino § 4o As instituições de edu-
as oportunidades educacionais manterão cursos e exames suple- cação superior deverão dar trans-
disponíveis; tivos, que compreenderão a base parência e estabelecer critérios e
c) em instituições de ensino nacional comum do currículo, procedimentos objetivos para o
distintas, mediante convênios de habilitando ao prosseguimento aproveitamento das experiências
intercomplementaridade, visando de estudos em caráter regular. e dos conhecimentos desenvol-
ao planejamento e ao desenvol- § 1o Os exames a que se re- vidos na educação profissional
vimento de projeto pedagógico fere este artigo realizar-se-ão: técnica de nível médio, sempre
unificado. I – no nível de conclusão do que o curso desse nível e o de ní-
ensino fundamental, para os vel superior sejam de áreas afins,
Art. 36-D. Os diplomas de cur- maiores de quinze anos; nos termos de regulamento.
sos de educação profissional téc- II – no nível de conclusão do
nica de nível médio, quando regis- ensino médio, para os maiores Art. 40. A educação profissional
trados, terão validade nacional e de dezoito anos. será desenvolvida em articulação
habilitarão ao prosseguimento de § 2o Os conhecimentos e ha- com o ensino regular ou por dife-
estudos na educação superior. bilidades adquiridos pelos edu- rentes estratégias de educação
Parágrafo único. Os cursos candos por meios informais serão continuada, em instituições es-
de educação profissional téc- aferidos e reconhecidos mediante pecializadas ou no ambiente de
nica de nível médio, nas formas exames. trabalho.
articulada concomitante e sub-
sequente, quando estruturados Art. 41. O conhecimento adqui-
e organizados em etapas com CAPÍTULO III – DA rido na educação profissional e
terminalidade, possibilitarão a EDUCAÇÃO PROFISSIONAL tecnológica, inclusive no trabalho,
obtenção de certificados de qua- E TECNOLÓGICA poderá ser objeto de avaliação,
lificação para o trabalho após a reconhecimento e certificação
conclusão, com aproveitamento, Art. 39. A educação profissional para prosseguimento ou conclu-
de cada etapa que caracterize e tecnológica, no cumprimento são de estudos.
uma qualificação para o trabalho. dos objetivos da educação na- Parágrafo único. (Revogado)
739
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Art. 42. As instituições de edu- de oferta, fluxo e rendimento, a quistas e benefícios resultantes
cação profissional e tecnológica, aprendizagem dos saberes do da criação cultural e da pesquisa
além dos seus cursos regula- trabalho, a aderência da oferta científica e tecnológica geradas
res, oferecerão cursos especiais, ao contexto social, econômico e na instituição;
abertos à comunidade, condicio- produtivo local e nacional, a in- VIII – atuar em favor da uni-
nada a matrícula à capacidade de serção dos egressos no mundo versalização e do aprimoramen-
aproveitamento e não necessaria- do trabalho e as condições ins- to da educação básica, median-
mente ao nível de escolaridade. titucionais de oferta. te a formação e a capacitação
de profissionais, a realização de
Art. 42-A. A educação profis- pesquisas pedagógicas e o de-
sional e tecnológica organizada CAPÍTULO IV – DA senvolvimento de atividades de
em eixos tecnológicos observará EDUCAÇÃO SUPERIOR extensão que aproximem os dois
o princípio da integração curricu- níveis escolares.
lar entre cursos e programas, de Art. 43. A educação superior
modo a viabilizar itinerários for- tem por finalidade: Art. 44. A educação superior
mativos contínuos e trajetórias I – estimular a criação cultu- abrangerá os seguintes cursos
progressivas de formação entre ral e o desenvolvimento do espí- e programas:
todos os níveis educacionais. rito científico e do pensamento I – cursos sequenciais por
§ 1o O itinerário contínuo de reflexivo; campo de saber, de diferentes
formação profissional e tecno- II – formar diplomados nas di- níveis de abrangência, abertos
lógica é o percurso formativo ferentes áreas de conhecimento, a candidatos que atendam aos
estruturado de forma a permitir aptos para a inserção em setores requisitos estabelecidos pelas
o aproveitamento incremental profissionais e para a participa- instituições de ensino, desde que
de experiências, certificações ção no desenvolvimento da so- tenham concluído o ensino médio
e conhecimentos desenvolvidos ciedade brasileira, e colaborar ou equivalente;
ao longo da trajetória individual na sua formação contínua; II – de graduação, abertos a
do estudante. III – incentivar o trabalho de candidatos que tenham concluí-
§ 2o O itinerário referido no pesquisa e investigação cientí- do o ensino médio ou equivalente
§ 1o deste artigo poderá integrar fica, visando o desenvolvimento e tenham sido classificados em
um ou mais eixos tecnológicos. da ciência e da tecnologia e da processo seletivo;
§ 3o O Catálogo Nacional de criação e difusão da cultura, e, III – de pós-graduação, com-
Cursos Técnicos (CNCT) e o Ca- desse modo, desenvolver o en- preendendo programas de mes-
tálogo Nacional de Cursos Su- tendimento do homem e do meio trado e doutorado, cursos de es-
periores de Tecnologia (CNCST) em que vive; pecialização, aperfeiçoamento
orientarão a organização dos cur- IV – promover a divulgação de e outros, abertos a candidatos
sos e itinerários, segundo eixos conhecimentos culturais, cientí- diplomados em cursos de gradua-
tecnológicos, de forma a permitir ficos e técnicos que constituem ção e que atendam às exigências
sua equivalência para o aproveita- patrimônio da humanidade e co- das instituições de ensino;
mento de estudos entre os níveis municar o saber através do ensi- IV – de extensão, abertos a
médio e superior. no, de publicações ou de outras candidatos que atendam aos re-
§ 4o O Ministério da Educa- formas de comunicação; quisitos estabelecidos em cada
ção, em colaboração com os sis- V – suscitar o desejo perma- caso pelas instituições de ensino.
temas de ensino, as instituições e nente de aperfeiçoamento cultu- § 1o O resultado do processo
as redes de educação profissional ral e profissional e possibilitar a seletivo referido no inciso II do
e tecnológica e as entidades re- correspondente concretização, caput deste artigo será tornado
presentativas de empregadores e integrando os conhecimentos público pela instituição de ensino
trabalhadores, observadas a Clas- que vão sendo adquiridos numa superior, sendo obrigatórios a di-
sificação Brasileira de Ocupações estrutura intelectual sistemati- vulgação da relação nominal dos
(CBO) e a dinâmica do mundo do zadora do conhecimento de cada classificados, a respectiva ordem
trabalho, manterá e periodica- geração; de classificação e o cronograma
mente atualizará os catálogos VI – estimular o conhecimen- das chamadas para matrícula, de
referidos no § 3o deste artigo. to dos problemas do mundo pre- acordo com os critérios para pre-
sente, em particular os nacionais enchimento das vagas constantes
Art. 42-B. A oferta de educação e regionais, prestar serviços es- do edital, assegurado o direito do
profissional técnica e tecnológica pecializados à comunidade e es- candidato, classificado ou não, a
será orientada pela avaliação da tabelecer com esta uma relação ter acesso a suas notas ou indica-
qualidade das instituições e dos de reciprocidade; dores de desempenho em provas,
cursos referida no inciso VII‑A VII – promover a extensão, exames e demais atividades da
do caput do art. 9o desta Lei, que aberta à participação da popula- seleção e a sua posição na or-
deverá considerar as estatísticas ção, visando à difusão das con- dem de classificação de todos
740
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
os candidatos. resses dos estudantes, comu- III – em local visível da ins-
§ 2o No caso de empate no tar as penalidades previstas nos tituição de ensino superior e de
processo seletivo, as instituições §§ 1o e 3o deste artigo por outras fácil acesso ao público;
públicas de ensino superior darão medidas, desde que adequadas IV – deve ser atualizada se-
prioridade de matrícula ao can- para superação das deficiências mestralmente ou anualmente, de
didato que comprove ter renda e irregularidades constatadas. acordo com a duração das disci-
familiar inferior a dez salários § 5o Para fins de regulação, plinas de cada curso oferecido,
mínimos, ou ao de menor renda os Estados e o Distrito Federal observando o seguinte:
familiar, quando mais de um can- deverão adotar os critérios defi- a) caso o curso mantenha
didato preencher o critério inicial. nidos pela União para autorização disciplinas com duração dife-
§ 3o O processo seletivo re- de funcionamento de curso de renciada, a publicação deve ser
ferido no inciso II considerará as graduação em Medicina. semestral;
competências e as habilidades b) a publicação deve ser fei-
definidas na Base Nacional Co- Art. 47. Na educação superior, ta até 1 (um) mês antes do início
mum Curricular. o ano letivo regular, independen- das aulas;
te do ano civil, tem, no mínimo, c) caso haja mudança na gra-
Art. 45. A educação superior duzentos dias de trabalho aca- de do curso ou no corpo docente
será ministrada em instituições dêmico efetivo, excluído o tem- até o início das aulas, os alunos
de ensino superior, públicas ou po reservado aos exames finais, devem ser comunicados sobre
privadas, com variados graus de quando houver. as alterações;
abrangência ou especialização. § 1o As instituições informa- V – deve conter as seguintes
rão aos interessados, antes de informações:
Art. 46. A autorização e o reco- cada período letivo, os progra- a) a lista de todos os cursos
nhecimento de cursos, bem como mas dos cursos e demais com- oferecidos pela instituição de
o credenciamento de instituições ponentes curriculares, sua dura- ensino superior;
de educação superior, terão pra- ção, requisitos, qualificação dos b) a lista das disciplinas que
zos limitados, sendo renovados, professores, recursos disponíveis compõem a grade curricular de
periodicamente, após processo e critérios de avaliação, obrigan- cada curso e as respectivas car-
regular de avaliação. do-se a cumprir as respectivas gas horárias;
§ 1o Após um prazo para sa- condições, e a publicação deve c) a identificação dos do-
neamento de deficiências even- ser feita, sendo as 3 (três) primei- centes que ministrarão as aulas
tualmente identificadas pela ava- ras formas concomitantemente: em cada curso, as disciplinas que
liação a que se refere este artigo, I – em página específica na efetivamente ministrará naquele
haverá reavaliação, que poderá internet no sítio eletrônico oficial curso ou cursos, sua titulação,
resultar, conforme o caso, em da instituição de ensino superior, abrangendo a qualificação pro-
desativação de cursos e habili- obedecido o seguinte: fissional do docente e o tempo
tações, em intervenção na insti- a) toda publicação a que se de casa do docente, de forma
tuição, em suspensão temporária refere esta Lei deve ter como total, contínua ou intermitente.
de prerrogativas da autonomia, ou título “Grade e Corpo Docente”; § 2o Os alunos que tenham
em descredenciamento. b) a página principal da ins- extraordinário aproveitamento
§ 2o No caso de instituição tituição de ensino superior, bem nos estudos, demonstrado por
pública, o Poder Executivo res- como a página da oferta de seus meio de provas e outros instru-
ponsável por sua manutenção cursos aos ingressantes sob a mentos de avaliação específicos,
acompanhará o processo de sa- forma de vestibulares, processo aplicados por banca examinadora
neamento e fornecerá recursos seletivo e outras com a mesma especial, poderão ter abreviada
adicionais, se necessários, para finalidade, deve conter a ligação a duração dos seus cursos, de
a superação das deficiências. desta com a página específica acordo com as normas dos sis-
§ 3o No caso de instituição prevista neste inciso; temas de ensino.
privada, além das sanções previs- c) caso a instituição de en- § 3o É obrigatória a frequ-
tas no § 1o deste artigo, o processo sino superior não possua sítio ência de alunos e professores,
de reavaliação poderá resultar eletrônico, deve criar página es- salvo nos programas de educação
em redução de vagas autoriza- pecífica para divulgação das in- a distância.
das e em suspensão temporária formações de que trata esta Lei; § 4o As instituições de edu-
de novos ingressos e de oferta d) a página específica deve cação superior oferecerão, no
de cursos. conter a data completa de sua período noturno, cursos de gra-
§ 4o É facultado ao Ministério última atualização; duação nos mesmos padrões de
da Educação, mediante procedi- II – em toda propaganda ele- qualidade mantidos no período
mento específico e com aquies- trônica da instituição de ensino diurno, sendo obrigatória a oferta
cência da instituição de ensino, superior, por meio de ligação para noturna nas instituições públicas,
com vistas a resguardar os inte- a página referida no inciso I; garantida a necessária previsão
741
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
orçamentária. do ensino médio, articulando-se vestimentos referentes a obras,
com os órgãos normativos dos serviços e aquisições em geral,
Art. 48. Os diplomas de cursos sistemas de ensino. bem como administrar rendimen-
superiores reconhecidos, quando tos conforme dispositivos insti-
registrados, terão validade na- Art. 52. As universidades são tucionais;
cional como prova da formação instituições pluridisciplinares de IX – administrar os rendimen-
recebida por seu titular. formação dos quadros profissio- tos e deles dispor na forma pre-
§ 1o Os diplomas expedidos nais de nível superior, de pesqui- vista no ato de constituição, nas
pelas universidades serão por sa, de extensão e de domínio e leis e nos respectivos estatutos;
elas próprias registrados, e aque- cultivo do saber humano, que se X – receber subvenções, do-
les conferidos por instituições caracterizam por: ações, heranças, legados e coo-
não universitárias serão regis- I – produção intelectual insti- peração financeira resultante de
trados em universidades indica- tucionalizada mediante o estudo convênios com entidades públi-
das pelo Conselho Nacional de sistemático dos temas e proble- cas e privadas.
Educação. mas mais relevantes, tanto do § 1o Para garantir a auto-
§ 2o Os diplomas de gradua- ponto de vista científico e cultu- nomia didático-científica das
ção expedidos por universidades ral, quanto regional e nacional; universidades, caberá aos seus
estrangeiras serão revalidados II – um terço do corpo do- colegiados de ensino e pesqui-
por universidades públicas que cente, pelo menos, com titula- sa decidir, dentro dos recursos
tenham curso do mesmo nível e ção acadêmica de mestrado ou orçamentários disponíveis, sobre:
área ou equivalente, respeitan- doutorado; I – criação, expansão, mo-
do-se os acordos internacionais III – um terço do corpo docen- dificação e extinção de cursos;
de reciprocidade ou equiparação. te em regime de tempo integral. II – ampliação e diminuição
§ 3o Os diplomas de Mestra- Parágrafo único. É facultada de vagas;
do e de Doutorado expedidos por a criação de universidades espe- III – elaboração da programa-
universidades estrangeiras só po- cializadas por campo do saber. ção dos cursos;
derão ser reconhecidos por uni- IV – programação das pesqui-
versidades que possuam cursos Art. 53. No exercício de sua sas e das atividades de extensão;
de pós-graduação reconhecidos autonomia, são asseguradas às V – contratação e dispensa
e avaliados, na mesma área de universidades, sem prejuízo de de professores;
conhecimento e em nível equi- outras, as seguintes atribuições: VI – planos de carreira do-
valente ou superior. I – criar, organizar e extinguir, cente.
§ 4o (Vetado) em sua sede, cursos e programas § 2o As doações, inclusive
de educação superior previstos monetárias, podem ser dirigidas
Art. 49. As instituições de edu- nesta Lei, obedecendo às nor- a setores ou projetos específicos,
cação superior aceitarão a trans- mas gerais da União e, quando conforme acordo entre doadores
ferência de alunos regulares, para for o caso, do respectivo sistema e universidades.
cursos afins, na hipótese de exis- de ensino; § 3o No caso das universi-
tência de vagas, e mediante pro- II – fixar os currículos dos dades públicas, os recursos das
cesso seletivo. seus cursos e programas, obser- doações devem ser dirigidos ao
Parágrafo único. As trans- vadas as diretrizes gerais perti- caixa único da instituição, com
ferências ex officio dar-se-ão na nentes; destinação garantida às unidades
forma da lei. III – estabelecer planos, pro- a serem beneficiadas.
gramas e projetos de pesquisa
Art. 50. As instituições de edu- científica, produção artística e Art. 54. As universidades man-
cação superior, quando da ocor- atividades de extensão; tidas pelo Poder Público gozarão,
rência de vagas, abrirão matrícula IV – fixar o número de va- na forma da lei, de estatuto ju-
nas disciplinas de seus cursos gas de acordo com a capacidade rídico especial para atender às
a alunos não regulares que de- institucional e as exigências do peculiaridades de sua estrutu-
monstrarem capacidade de cur- seu meio; ra, organização e financiamento
sá-las com proveito, mediante V – elaborar e reformar os pelo Poder Público, assim como
processo seletivo prévio. seus estatutos e regimentos em dos seus planos de carreira e do
consonância com as normas ge- regime jurídico do seu pessoal.
Art. 51. As instituições de edu- rais atinentes; § 1o No exercício da sua au-
cação superior credenciadas VI – conferir graus, diplomas tonomia, além das atribuições as-
como universidades, ao deliberar e outros títulos; seguradas pelo artigo anterior, as
sobre critérios e normas de se- VII – firmar contratos, acor- universidades públicas poderão:
leção e admissão de estudantes, dos e convênios; I – propor o seu quadro de
levarão em conta os efeitos des- VIII – aprovar e executar pla- pessoal docente, técnico e admi-
ses critérios sobre a orientação nos, programas e projetos de in- nistrativo, assim como um plano
742
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
de cargos e salários, atendidas como da escolha de dirigentes. ou superior, para atendimento
as normas gerais pertinentes e especializado, bem como profes-
os recursos disponíveis; Art. 57. Nas instituições públi- sores do ensino regular capaci-
II – elaborar o regulamento cas de educação superior, o pro- tados para a integração desses
de seu pessoal em conformida- fessor ficará obrigado ao mínimo educandos nas classes comuns;
de com as normas gerais con- de oito horas semanais de aulas. IV – educação especial para
cernentes; o trabalho, visando a sua efetiva
III – aprovar e executar pla- integração na vida em sociedade,
nos, programas e projetos de in- CAPÍTULO V – DA inclusive condições adequadas
vestimentos referentes a obras, EDUCAÇÃO ESPECIAL para os que não revelarem ca-
serviços e aquisições em geral, pacidade de inserção no trabalho
de acordo com os recursos alo- Art. 58. Entende-se por educa- competitivo, mediante articula-
cados pelo respectivo Poder man- ção especial, para os efeitos des- ção com os órgãos oficiais afins,
tenedor; ta Lei, a modalidade de educação bem como para aqueles que apre-
IV – elaborar seus orçamentos escolar oferecida preferencial- sentam uma habilidade superior
anuais e plurianuais; mente na rede regular de ensino, nas áreas artística, intelectual ou
V – adotar regime financeiro para educandos com deficiência, psicomotora;
e contábil que atenda às suas transtornos globais do desenvol- V – acesso igualitário aos be-
peculiaridades de organização vimento e altas habilidades ou nefícios dos programas sociais
e funcionamento; superdotação. suplementares disponíveis para o
VI – realizar operações de § 1o Haverá, quando necessá- respectivo nível do ensino regular.
crédito ou de financiamento, com rio, serviços de apoio especializa-
aprovação do Poder competente, do, na escola regular, para aten- Art. 59-A. O poder público de-
para aquisição de bens imóveis, der às peculiaridades da clientela verá instituir cadastro nacional
instalações e equipamentos; de educação especial. de alunos com altas habilidades
VII – efetuar transferências, § 2o O atendimento edu- ou superdotação matriculados
quitações e tomar outras provi- cacional será feito em classes, na educação básica e na educa-
dências de ordem orçamentária, escolas ou serviços especiali- ção superior, a fim de fomentar
financeira e patrimonial neces- zados, sempre que, em função a execução de políticas públicas
sárias ao seu bom desempenho. das condições específicas dos destinadas ao desenvolvimento
§ 2o Atribuições de autono- alunos, não for possível a sua pleno das potencialidades des-
mia universitária poderão ser es- integração nas classes comuns se alunado.
tendidas a instituições que com- de ensino regular. Parágrafo único. A identi-
provem alta qualificação para o § 3o A oferta de educação ficação precoce de alunos com
ensino ou para a pesquisa, com especial, nos termos do caput altas habilidades ou superdota-
base em avaliação realizada pelo deste artigo, tem início na edu- ção, os critérios e procedimen-
Poder Público. cação infantil e estende-se ao tos para inclusão no cadastro
longo da vida, observados o inciso referido no caput deste artigo,
Art. 55. Caberá à União asse- III do art. 4o e o parágrafo único as entidades responsáveis pelo
gurar, anualmente, em seu Orça- do art. 60 desta Lei. cadastramento, os mecanismos
mento Geral, recursos suficientes de acesso aos dados do cadastro
para manutenção e desenvolvi- Art. 59. Os sistemas de ensino e as políticas de desenvolvimento
mento das instituições de edu- assegurarão aos educandos com das potencialidades do alunado
cação superior por ela mantidas. deficiência, transtornos globais de que trata o caput serão defi-
do desenvolvimento e altas ha- nidos em regulamento.
Art. 56. As instituições públicas bilidades ou superdotação:
de educação superior obedecerão I – currículos, métodos, técni- Art. 60. Os órgãos normativos
ao princípio da gestão democrá- cas, recursos educativos e orga- dos sistemas de ensino estabe-
tica, assegurada a existência de nização específicos, para atender lecerão critérios de caracteri-
órgãos colegiados deliberativos, às suas necessidades; zação das instituições privadas
de que participarão os segmen- II – terminalidade específica sem fins lucrativos, especializa-
tos da comunidade institucional, para aqueles que não puderem das e com atuação exclusiva em
local e regional. atingir o nível exigido para a con- educação especial, para fins de
Parágrafo único. Em qual- clusão do ensino fundamental, apoio técnico e financeiro pelo
quer caso, os docentes ocuparão em virtude de suas deficiências, Poder Público.
setenta por cento dos assentos e aceleração para concluir em Parágrafo único. O poder
em cada órgão colegiado e comis- menor tempo o programa escolar público adotará, como alterna-
são, inclusive nos que tratarem para os superdotados; tiva preferencial, a ampliação
da elaboração e modificações III – professores com especia- do atendimento aos educandos
estatutárias e regimentais, bem lização adequada em nível médio com deficiência, transtornos glo-
743
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
bais do desenvolvimento e altas surdos com altas habilidades ou des do exercício de suas ativida-
habilidades ou superdotação na superdotação ou com outras de- des, bem como aos objetivos das
própria rede pública regular de ficiências associadas materiais diferentes etapas e modalidades
ensino, independentemente do didáticos e professores bilíngues da educação básica, terá como
apoio às instituições previstas com formação e especialização fundamentos:
neste artigo. adequadas, em nível superior. I – a presença de sólida for-
Parágrafo único. Nos proces- mação básica, que propicie o
sos de contratação e de avaliação conhecimento dos fundamen-
CAPÍTULO V-A – DA periódica dos professores a que tos científicos e sociais de suas
EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE se refere o caput deste artigo se- competências de trabalho;
SURDOS rão ouvidas as entidades repre- II – a associação entre teorias
sentativas das pessoas surdas. e práticas, mediante estágios
Art. 60-A. Entende-se por edu- supervisionados e capacitação
cação bilíngue de surdos, para os em serviço;
efeitos desta Lei, a modalidade TÍTULO VI – DOS III – o aproveitamento da for-
de educação escolar oferecida PROFISSIONAIS DA mação e experiências anteriores,
em Língua Brasileira de Sinais EDUCAÇÃO em instituições de ensino e em
(Libras), como primeira língua, outras atividades;
e em português escrito, como Art. 61. Consideram-se profis- IV – a proteção integral dos
segunda língua, em escolas bilín- sionais da educação escolar bási- direitos de crianças e adolescen-
gues de surdos, classes bilíngues ca os que, nela estando em efetivo tes e o apoio à formação perma-
de surdos, escolas comuns ou em exercício e tendo sido formados nente dos profissionais de que
polos de educação bilíngue de em cursos reconhecidos, são: trata o caput deste artigo para
surdos, para educandos surdos, I – professores habilitados identificação de maus-tratos, de
surdo-cegos, com deficiência em nível médio ou superior para negligência e de violência sexu-
auditiva sinalizantes, surdos com a docência na educação infantil e al praticados contra crianças e
altas habilidades ou superdotação nos ensinos fundamental e médio; adolescentes.
ou com outras deficiências asso- II – trabalhadores em edu-
ciadas, optantes pela modalidade cação portadores de diploma de Art. 62. A formação de docentes
de educação bilíngue de surdos. pedagogia, com habilitação em para atuar na educação básica
§ 1o Haverá, quando necessá- administração, planejamento, su- far-se-á em nível superior, em
rio, serviços de apoio educacio- pervisão, inspeção e orientação curso de licenciatura plena, ad-
nal especializado, como o aten- educacional, bem como com tí- mitida, como formação mínima
dimento educacional especia- tulos de mestrado ou doutorado para o exercício do magistério
lizado bilíngue, para atender às nas mesmas áreas; na educação infantil e nos cinco
especificidades linguísticas dos III – trabalhadores em edu- primeiros anos do ensino fun-
estudantes surdos. cação, portadores de diploma damental, a oferecida em nível
§ 2o A oferta de educação de curso técnico ou superior em médio, na modalidade normal.
bilíngue de surdos terá início ao área pedagógica ou afim; § 1o A União, o Distrito Fede-
zero ano, na educação infantil, e IV – profissionais com no- ral, os Estados e os Municípios,
se estenderá ao longo da vida. tório saber reconhecido pelos em regime de colaboração, deve-
§ 3o O disposto no caput respectivos sistemas de ensino, rão promover a formação inicial,
deste artigo será efetivado sem para ministrar conteúdos de áreas a continuada e a capacitação dos
prejuízo das prerrogativas de afins à sua formação ou experi- profissionais de magistério.
matrícula em escolas e classes ência profissional, atestados por § 2o A formação continuada
regulares, de acordo com o que titulação específica ou prática de e a capacitação dos profissionais
decidir o estudante ou, no que ensino em unidades educacionais de magistério poderão utilizar re-
couber, seus pais ou responsá- da rede pública ou privada ou das cursos e tecnologias de educação
veis, e das garantias previstas corporações privadas em que a distância.
na Lei no 13.146, de 6 de julho de tenham atuado, exclusivamente § 3o A formação inicial de
2015 (Estatuto da Pessoa com para atender ao inciso V do caput profissionais de magistério dará
Deficiência), que incluem, para do art. 36; preferência ao ensino presencial,
os surdos oralizados, o acesso a V – profissionais graduados subsidiariamente fazendo uso de
tecnologias assistivas. que tenham feito complemen- recursos e tecnologias de educa-
tação pedagógica, conforme dis- ção a distância.
Art. 60-B. Além do disposto no posto pelo Conselho Nacional de § 4o A União, o Distrito Fe-
art. 59 desta Lei, os sistemas de Educação. deral, os Estados e os Municípios
ensino assegurarão aos educan- Parágrafo único. A formação adotarão mecanismos facilitado-
dos surdos, surdo-cegos, com dos profissionais da educação, de res de acesso e permanência em
deficiência auditiva sinalizantes, modo a atender às especificida- cursos de formação de docentes
744
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
em nível superior para atuar na § 2o As instituições de ensi- sidade com curso de doutorado
educação básica pública. no responsáveis pela oferta de em área afim, poderá suprir a
§ 5o A União, o Distrito Fe- cursos de pedagogia e outras exigência de título acadêmico.
deral, os Estados e os Municí- licenciaturas definirão critérios
pios incentivarão a formação de adicionais de seleção sempre Art. 67. Os sistemas de ensino
profissionais do magistério para que acorrerem aos certames in- promoverão a valorização dos
atuar na educação básica pública teressados em número superior profissionais da educação, asse-
mediante programa institucional ao de vagas disponíveis para os gurando-lhes, inclusive nos ter-
de bolsa de iniciação à docência respectivos cursos. mos dos estatutos e dos planos
a estudantes matriculados em § 3o Sem prejuízo dos con- de carreira do magistério público:
cursos de licenciatura, de gra- cursos seletivos a serem defini- I – ingresso exclusivamente
duação plena, nas instituições dos em regulamento pelas uni- por concurso público de provas
de educação superior. versidades, terão prioridade de e títulos;
§ 6o O Ministério da Educa- ingresso os professores que op- II – aperfeiçoamento profis-
ção poderá estabelecer nota mí- tarem por cursos de licenciatura sional continuado, inclusive com
nima em exame nacional aplicado em matemática, física, química, licenciamento periódico remune-
aos concluintes do ensino médio biologia e língua portuguesa. rado para esse fim;
como pré-requisito para o ingres- III – piso salarial profissional;
so em cursos de graduação para Art. 63. Os institutos superiores IV – progressão funcional ba-
formação de docentes, ouvido de educação manterão: seada na titulação ou habilitação,
o Conselho Nacional de Educa- I – cursos formadores de pro- e na avaliação do desempenho;
ção – CNE. fissionais para a educação básica, V – período reservado a es-
§ 7o (Vetado) inclusive o curso normal superior, tudos, planejamento e avaliação,
§ 8o Os currículos dos cursos destinado à formação de docen- incluído na carga de trabalho;
de formação de docentes terão tes para a educação infantil e para VI – condições adequadas
por referência a Base Nacional as primeiras séries do ensino de trabalho.
Comum Curricular. fundamental; § 1o A experiência docente
II – programas de formação é pré-requisito para o exercício
Art. 62-A. A formação dos pro- pedagógica para portadores de profissional de quaisquer outras
fissionais a que se refere o inciso diplomas de educação superior funções de magistério, nos ter-
III do art. 61 far-se-á por meio que queiram se dedicar à edu- mos das normas de cada sistema
de cursos de conteúdo técnico- cação básica; de ensino.
-pedagógico, em nível médio ou III – programas de educação § 2o Para os efeitos do dis-
superior, incluindo habilitações continuada para os profissionais posto no § 5o do art. 40 e no § 8o
tecnológicas. de educação dos diversos níveis. do art. 201 da Constituição Fede-
Parágrafo único. Garantir- ral, são consideradas funções de
-se-á formação continuada para Art. 64. A formação de profis- magistério as exercidas por pro-
os profissionais a que se refere o sionais de educação para ad- fessores e especialistas em edu-
caput, no local de trabalho ou em ministração, planejamento, ins- cação no desempenho de ativida-
instituições de educação básica peção, supervisão e orientação des educativas, quando exercidas
e superior, incluindo cursos de educacional para a educação em estabelecimento de educação
educação profissional, cursos básica, será feita em cursos de básica em seus diversos níveis e
superiores de graduação plena ou graduação em pedagogia ou em modalidades, incluídas, além do
tecnológicos e de pós-graduação. nível de pós-graduação, a crité- exercício da docência, as de di-
rio da instituição de ensino, ga- reção de unidade escolar e as de
Art. 62-B. O acesso de profes- rantida, nesta formação, a base coordenação e assessoramento
sores das redes públicas de edu- comum nacional. pedagógico.
cação básica a cursos superiores § 3o A União prestará assis-
de pedagogia e licenciatura será Art. 65. A formação docente, tência técnica aos Estados, ao
efetivado por meio de processo exceto para a educação superior, Distrito Federal e aos Municípios
seletivo diferenciado. incluirá prática de ensino de, no na elaboração de concursos pú-
§ 1o Terão direito de pleitear mínimo, trezentas horas. blicos para provimento de cargos
o acesso previsto no caput deste dos profissionais da educação.
artigo os professores das redes Art. 66. A preparação para o
públicas municipais, estaduais exercício do magistério superior
e federal que ingressaram por far-se-á em nível de pós-gradua- TÍTULO VII – DOS
concurso público, tenham pelo ção, prioritariamente em progra- RECURSOS FINANCEIROS
menos três anos de exercício da mas de mestrado e doutorado.
profissão e não sejam portadores Parágrafo único. O notório Art. 68. Serão recursos públi-
de diploma de graduação. saber, reconhecido por univer- cos destinados à educação os
745
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
originários de: da União, dos Estados, do Distrito alunos ou à formação continuada
I – receita de impostos pró- Federal e dos Municípios ocorrerá dos profissionais da educação,
prios da União, dos Estados, do imediatamente ao órgão respon- tais como exposições, feiras ou
Distrito Federal e dos Municípios; sável pela educação, observados mostras de ciências da natureza
II – receita de transferências os seguintes prazos: ou humanas, matemática, língua
constitucionais e outras trans- I – recursos arrecadados do portuguesa ou língua estrangeira,
ferências; primeiro ao décimo dia de cada literatura e cultura.
III – receita do salário-edu- mês, até o vigésimo dia;
cação e de outras contribuições II – recursos arrecadados do Art. 71. Não constituirão des-
sociais; décimo primeiro ao vigésimo dia pesas de manutenção e desen-
IV – receita de incentivos de cada mês, até o trigésimo dia; volvimento do ensino aquelas
fiscais; III – recursos arrecadados do realizadas com:
V – outros recursos previs- vigésimo primeiro dia ao final de I – pesquisa, quando não vin-
tos em lei. cada mês, até o décimo dia do culada às instituições de ensino,
mês subsequente. ou, quando efetivada fora dos
Art. 69. A União aplicará, anual- § 6o O atraso da liberação sistemas de ensino, que não vise,
mente, nunca menos de dezoito, sujeitará os recursos a correção precipuamente, ao aprimoramen-
e os Estados, o Distrito Federal e monetária e à responsabilização to de sua qualidade ou à sua ex-
os Municípios, vinte e cinco por civil e criminal das autoridades pansão;
cento, ou o que consta nas res- competentes. II – subvenção a instituições
pectivas Constituições ou Leis públicas ou privadas de cará-
Orgânicas, da receita resultante Art. 70. Considerar-se-ão como ter assistencial, desportivo ou
de impostos, compreendidas as de manutenção e desenvolvimen- cultural;
transferências constitucionais, na to do ensino as despesas realiza- III – formação de quadros
manutenção e desenvolvimento das com vistas à consecução dos especiais para a administração
do ensino público. objetivos básicos das instituições pública, sejam militares ou civis,
§ 1o A parcela da arrecada- educacionais de todos os níveis, inclusive diplomáticos;
ção de impostos transferida pela compreendendo as que se des- IV – programas suplementa-
União aos Estados, ao Distrito Fe- tinam a: res de alimentação, assistência
deral e aos Municípios, ou pelos I – remuneração e aperfeiço- médico-odontológica, farmacêu-
Estados aos respectivos Municí- amento do pessoal docente e de- tica e psicológica, e outras formas
pios, não será considerada, para mais profissionais da educação; de assistência social;
efeito do cálculo previsto neste II – aquisição, manutenção, V – obras de infraestrutura,
artigo, receita do governo que a construção e conservação de ainda que realizadas para bene-
transferir. instalações e equipamentos ne- ficiar direta ou indiretamente a
§ 2o Serão consideradas ex- cessários ao ensino; rede escolar;
cluídas das receitas de impostos III – uso e manutenção de VI – pessoal docente e de-
mencionadas neste artigo as ope- bens e serviços vinculados ao mais trabalhadores da educação,
rações de crédito por antecipa- ensino; quando em desvio de função ou
ção de receita orçamentária de IV – levantamentos estatísti- em atividade alheia à manuten-
impostos. cos, estudos e pesquisas visando ção e desenvolvimento do ensino.
§ 3o Para fixação inicial dos precipuamente ao aprimoramen-
valores correspondentes aos mí- to da qualidade e à expansão do Art. 72. As receitas e despesas
nimos estatuídos neste artigo, ensino; com manutenção e desenvolvi-
será considerada a receita esti- V – realização de atividades- mento do ensino serão apuradas
mada na lei do orçamento anual, -meio necessárias ao funciona- e publicadas nos balanços do
ajustada, quando for o caso, por mento dos sistemas de ensino; Poder Público, assim como nos
lei que autorizar a abertura de VI – concessão de bolsas de relatórios a que se refere o § 3o do
créditos adicionais, com base no estudo a alunos de escolas pú- art. 165 da Constituição Federal.
eventual excesso de arrecadação. blicas e privadas;
§ 4o As diferenças entre a VII – amortização e custeio de Art. 73. Os órgãos fiscalizadores
receita e a despesa previstas e operações de crédito destinadas examinarão, prioritariamente, na
as efetivamente realizadas, que a atender ao disposto nos incisos prestação de contas de recur-
resultem no não atendimento dos deste artigo; sos públicos, o cumprimento do
percentuais mínimos obrigató- VIII – aquisição de material disposto no art. 212 da Consti-
rios, serão apuradas e corrigidas didático-escolar e manutenção de tuição Federal, no art. 60 do Ato
a cada trimestre do exercício fi- programas de transporte escolar; das Disposições Constitucionais
nanceiro. IX – realização de ativida- Transitórias e na legislação con-
§ 5o O repasse dos valores des curriculares complementa- cernente.
referidos neste artigo do caixa res voltadas ao aprendizado dos
746
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Art. 74. A União, em colabora- anterior ficará condicionada ao suas comunidades e povos, a re-
ção com os Estados, o Distrito efetivo cumprimento pelos Esta- cuperação de suas memórias
Federal e os Municípios, estabele- dos, Distrito Federal e Municípios históricas; a reafirmação de suas
cerá padrão mínimo de oportuni- do disposto nesta Lei, sem preju- identidades étnicas; a valorização
dades educacionais para o ensino ízo de outras prescrições legais. de suas línguas e ciências;
fundamental, baseado no cálculo II – garantir aos índios, suas
do custo mínimo por aluno, capaz Art. 77. Os recursos públicos comunidades e povos, o acesso
de assegurar ensino de qualidade. serão destinados às escolas pú- às informações, conhecimentos
Parágrafo único. O custo mí- blicas, podendo ser dirigidos a técnicos e científicos da socieda-
nimo de que trata este artigo será escolas comunitárias, confessio- de nacional e demais sociedades
calculado pela União ao final de nais ou filantrópicas que: indígenas e não índias.
cada ano, com validade para o I – comprovem finalidade não
ano subsequente, considerando lucrativa e não distribuam resul- Art. 78-A. Os sistemas de en-
variações regionais no custo dos tados, dividendos, bonificações, sino, em regime de colabora-
insumos e as diversas modalida- participações ou parcela de seu ção, desenvolverão programas
des de ensino. patrimônio sob nenhuma forma integrados de ensino e pesquisa,
ou pretexto; para oferta de educação escolar
Art. 75. A ação supletiva e redis- II – apliquem seus excedentes bilíngue e intercultural aos estu-
tributiva da União e dos Estados financeiros em educação; dantes surdos, surdo-cegos, com
será exercida de modo a corrigir, III – assegurem a destinação deficiência auditiva sinalizantes,
progressivamente, as disparida- de seu patrimônio a outra escola surdos com altas habilidades ou
des de acesso e garantir o padrão comunitária, filantrópica ou con- superdotação ou com outras de-
mínimo de qualidade de ensino. fessional, ou ao Poder Público, no ficiências associadas, com os
§ 1o A ação a que se refere caso de encerramento de suas seguintes objetivos:
este artigo obedecerá a fórmula atividades; I – proporcionar aos surdos a
de domínio público que inclua a IV – prestem contas ao Poder recuperação de suas memórias
capacidade de atendimento e a Público dos recursos recebidos. históricas, a reafirmação de suas
medida do esforço fiscal do res- § 1o Os recursos de que trata identidades e especificidades
pectivo Estado, do Distrito Federal este artigo poderão ser destina- e a valorização de sua língua e
ou do Município em favor da ma- dos a bolsas de estudo para a cultura;
nutenção e do desenvolvimento educação básica, na forma da II – garantir aos surdos o
do ensino. lei, para os que demonstrarem acesso às informações e conhe-
§ 2o A capacidade de aten- insuficiência de recursos, quan- cimentos técnicos e científicos
dimento de cada governo será do houver falta de vagas e cur- da sociedade nacional e demais
definida pela razão entre os re- sos regulares da rede pública de sociedades surdas e não surdas.
cursos de uso constitucionalmen- domicílio do educando, ficando o
te obrigatório na manutenção Poder Público obrigado a investir Art. 79. A União apoiará técnica
e desenvolvimento do ensino e prioritariamente na expansão da e financeiramente os sistemas de
o custo anual do aluno, relativo sua rede local. ensino no provimento da educa-
ao padrão mínimo de qualidade. § 2o As atividades universi- ção intercultural às comunida-
§ 3o Com base nos critérios tárias de pesquisa e extensão des indígenas, desenvolvendo
estabelecidos nos §§ 1o e 2o, a poderão receber apoio financeiro programas integrados de ensino
União poderá fazer a transferên- do Poder Público, inclusive me- e pesquisa.
cia direta de recursos a cada esta- diante bolsas de estudo. § 1o Os programas serão pla-
belecimento de ensino, conside- nejados com audiência das comu-
rado o número de alunos que efe- nidades indígenas.
tivamente frequentam a escola. TÍTULO VIII – DAS § 2o Os programas a que se
§ 4o A ação supletiva e redis- DISPOSIÇÕES GERAIS refere este artigo, incluídos nos
tributiva não poderá ser exercida Planos Nacionais de Educação,
em favor do Distrito Federal, dos Art. 78. O Sistema de Ensino terão os seguintes objetivos:
Estados e dos Municípios se es- da União, com a colaboração das I – fortalecer as práticas so-
tes oferecerem vagas, na área de agências federais de fomento à cioculturais e a língua materna
ensino de sua responsabilidade, cultura e de assistência aos ín- de cada comunidade indígena;
conforme o inciso VI do art. 10 e dios, desenvolverá programas II – manter programas de for-
o inciso V do art. 11 desta Lei, em integrados de ensino e pesquisa, mação de pessoal especializado,
número inferior à sua capacidade para oferta de educação escolar destinado à educação escolar nas
de atendimento. bilíngue e intercultural aos po- comunidades indígenas;
vos indígenas, com os seguintes III – desenvolver currículos
Art. 76. A ação supletiva e re- objetivos: e programas específicos, neles
distributiva prevista no artigo I – proporcionar aos índios, incluindo os conteúdos culturais
747
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
correspondentes às respectivas § 3o Na educação superior, desta Lei.
comunidades; sem prejuízo de outras ações, o
IV – elaborar e publicar sis- atendimento aos estudantes sur- Art. 82. Os sistemas de ensi-
tematicamente material didático dos, surdo-cegos, com deficiên- no estabelecerão as normas de
específico e diferenciado. cia auditiva sinalizantes, surdos realização de estágio em sua ju-
§ 3o No que se refere à edu- com altas habilidades ou superdo- risdição, observada a lei federal
cação superior, sem prejuízo de tação ou com outras deficiências sobre a matéria.
outras ações, o atendimento aos associadas efetivar-se-á median- Parágrafo único. (Revogado)
povos indígenas efetivar-se-á, nas te a oferta de ensino bilíngue e
universidades públicas e privadas, de assistência estudantil, assim Art. 83. O ensino militar é regu-
mediante a oferta de ensino e como de estímulo à pesquisa e lado em lei específica, admitida
de assistência estudantil, assim desenvolvimento de programas a equivalência de estudos, de
como de estímulo à pesquisa e especiais. acordo com as normas fixadas
desenvolvimento de programas pelos sistemas de ensino.
especiais. Art. 80. O Poder Público incen-
tivará o desenvolvimento e a vei- Art. 84. Os discentes da educa-
Art. 79-A. (Vetado) culação de programas de ensino ção superior poderão ser apro-
a distância, em todos os níveis veitados em tarefas de ensino e
Art. 79-B. O calendário escolar e modalidades de ensino, e de pesquisa pelas respectivas ins-
incluirá o dia 20 de novembro educação continuada. tituições, exercendo funções de
como “Dia Nacional da Consci- § 1o A educação a distância, monitoria, de acordo com seu ren-
ência Negra”. organizada com abertura e re- dimento e seu plano de estudos.
gime especiais, será oferecida
Art. 79-C. A União apoiará téc- por instituições especificamente Art. 85. Qualquer cidadão ha-
nica e financeiramente os siste- credenciadas pela União. bilitado com a titulação própria
mas de ensino no provimento da § 2o A União regulamentará poderá exigir a abertura de con-
educação bilíngue e intercultu- os requisitos para a realização curso público de provas e títulos
ral às comunidades surdas, com de exames e registro de diploma para cargo de docente de ins-
desenvolvimento de programas relativos a cursos de educação a tituição pública de ensino que
integrados de ensino e pesquisa. distância. estiver sendo ocupado por pro-
§ 1o Os programas serão pla- § 3o As normas para produ- fessor não concursado, por mais
nejados com participação das ção, controle e avaliação de pro- de seis anos, ressalvados os direi-
comunidades surdas, de insti- gramas de educação a distância tos assegurados pelos arts. 41 da
tuições de ensino superior e de e a autorização para sua imple- Constituição Federal e 19 do Ato
entidades representativas das mentação, caberão aos respecti- das Disposições Constitucionais
pessoas surdas. vos sistemas de ensino, podendo Transitórias.
§ 2o Os programas a que se haver cooperação e integração
refere este artigo, incluídos no entre os diferentes sistemas. Art. 86. As instituições de
Plano Nacional de Educação, te- § 4o A educação a distância educação superior constituídas
rão os seguintes objetivos: gozará de tratamento diferencia- como universidades integrar-se-
I – fortalecer as práticas so- do, que incluirá: -ão, também, na sua condição
cioculturais dos surdos e a Língua I – custos de transmissão re- de instituições de pesquisa, ao
Brasileira de Sinais; duzidos em canais comerciais de Sistema Nacional de Ciência e
II – manter programas de for- radiodifusão sonora e de sons e Tecnologia, nos termos da legis-
mação de pessoal especializado, imagens e em outros meios de co- lação específica.
destinados à educação bilíngue municação que sejam explorados
escolar dos surdos, surdo-cegos, mediante autorização, concessão
com deficiência auditiva sinali- ou permissão do poder público; TÍTULO IX – DAS
zantes, surdos com altas habili- II – concessão de canais com DISPOSIÇÕES
dades ou superdotação ou com finalidades exclusivamente edu- TRANSITÓRIAS
outras deficiências associadas; cativas;
III – desenvolver currículos, III – reserva de tempo mínimo, Art. 87. É instituída a Década da
métodos, formação e programas sem ônus para o Poder Público, Educação, a iniciar-se um ano a
específicos, neles incluídos os pelos concessionários de canais partir da publicação desta Lei.
conteúdos culturais correspon- comerciais. § 1o A União, no prazo de um
dentes aos surdos; ano a partir da publicação desta
IV – elaborar e publicar sis- Art. 81. É permitida a organi- Lei, encaminhará, ao Congresso
tematicamente material didá- zação de cursos ou instituições Nacional, o Plano Nacional de
tico bilíngue, específico e dife- de ensino experimentais, desde Educação, com diretrizes e metas
renciado. que obedecidas as disposições para os dez anos seguintes, em
748
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
sintonia com a Declaração Mun- Art. 89. As creches e pré-esco-
dial sobre Educação para Todos. las existentes ou que venham a
§ 2o (Revogado) ser criadas deverão, no prazo de
§ 3o O Distrito Federal, cada três anos, a contar da publicação
Estado e Município, e, supletiva- desta Lei, integrar-se ao respec-
mente, a União, devem: tivo sistema de ensino.
I – (Revogado):
a) (Revogada); Art. 90. As questões suscita-
b) (Revogada); das na transição entre o regime
c) (Revogada); anterior e o que se institui nesta
II – prover cursos presenciais Lei serão resolvidas pelo Con-
ou a distância aos jovens e adultos selho Nacional de Educação ou,
insuficientemente escolarizados; mediante delegação deste, pelos
III – realizar programas de órgãos normativos dos sistemas
capacitação para todos os pro- de ensino, preservada a autono-
fessores em exercício, utilizando mia universitária.
também, para isto, os recursos da
educação a distância; Art. 90-A. Até a entrada em vi-
IV – integrar todos os esta- gor da lei de que trata o art. 14, os
belecimentos de ensino funda- Conselhos Escolares e os Fóruns
mental do seu território ao sis- dos Conselhos Escolares já insti-
tema nacional de avaliação do tuídos continuarão a observar as
rendimento escolar. normas expedidas pelos respec-
§ 4o (Revogado) tivos sistemas de ensino.
§ 5o Serão conjugados to-
dos os esforços objetivando a Art. 91. Esta Lei entra em vigor
progressão das redes escolares na data de sua publicação.
públicas urbanas de ensino fun-
damental para o regime de esco- Art. 92. Revogam-se as dispo-
las de tempo integral. sições das Leis nos 4.024, de 20
§ 6o A assistência financeira de dezembro de 1961, e 5.540, de
da União aos Estados, ao Distrito 28 de novembro de 1968, não al-
Federal e aos Municípios, bem teradas pelas Leis nos 9.131, de 24
como a dos Estados aos seus de novembro de 1995 e 9.192, de
Municípios, ficam condiciona- 21 de dezembro de 1995 e, ainda,
das ao cumprimento do art. 212 as Leis nos 5.692, de 11 de agosto
da Constituição Federal e dispo- de 1971 e 7.044, de 18 de outubro
sitivos legais pertinentes pelos de 1982, e as demais leis e de-
governos beneficiados. cretos-lei que as modificaram
e quaisquer outras disposições
Art. 87-A. (Vetado) em contrário.
749
Consolidação das Leis
do Trabalho
Decreto-lei no 5.452/1943
756 TÍTULO I – INTRODUÇÃO
758 TÍTULO II – DAS NORMAS GERAIS DE TUTELA DO TRABALHO
758 CAPÍTULO I – DA IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL
758 Seção I – Da Carteira de Trabalho e Previdência Social
758 Seção II – Da Emissão da Carteira
758 Seção III – Da Entrega das Carteiras de Trabalho e Previdência Social
758 Seção IV – Das Anotações
759 Seção V – Das Reclamações por Falta ou Recusa de Anotação
759 Seção VI – Do Valor das Anotações
759 Seção VII – Dos Livros de Registro de Empregados
760 Seção VIII – Das Penalidades
760 CAPÍTULO II – DA DURAÇÃO DO TRABALHO
760 Seção I – Disposição Preliminar
760 Seção II – Da Jornada de Trabalho
762 Seção III – Dos Períodos de Descanso
763 Seção IV – Do Trabalho Noturno
763 Seção V – Do Quadro de Horário
763 Seção VI – Das Penalidades
763 CAPÍTULO II-A – DO TELETRABALHO
764 CAPÍTULO III – DO SALÁRIO MÍNIMO
764 Seção I – Do Conceito
764 Seção II – Das Regiões, Zonas e Subzonas
764 Seção III – Da Constituição das Comissões
765 Seção IV – Das Atribuições das Comissões de Salário Mínimo
765 Seção V – Da Fixação do Salário Mínimo
765 Seção VI – Disposições Gerais
765 CAPÍTULO IV – DAS FÉRIAS ANUAIS
765 Seção I – Do Direito a Férias e da Sua Duração
766 Seção II – Da Concessão e da Época das Férias
766 Seção III – Das Férias Coletivas
766 Seção IV – Da Remuneração e do Abono de Férias
767 Seção V – Dos Efeitos da Cessação do Contrato de Trabalho
767 Seção VI – Do Início da Prescrição
767 Seção VII – Disposições Especiais
768 Seção VIII – Das Penalidades
768 CAPÍTULO V – DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO
768 Seção I – Disposições Gerais
768 Seção II – Da Inspeção Prévia e do Embargo ou Interdição
769 Seção III – Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas Empresas
769 Seção IV – Do Equipamento de Proteção Individual
769 Seção V – Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho
770 Seção VI – Das Edificações
770 Seção VII – Da Iluminação
770 Seção VIII – Do Conforto Térmico
770 Seção IX – Das Instalações Elétricas
770 Seção X – Da Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
771 Seção XI – Das Máquinas e Equipamentos
771 Seção XII – Das Caldeiras, Fornos e Recipientes sob Pressão
771 Seção XIII – Das Atividades Insalubres ou Perigosas
772 Seção XIV – Da Prevenção da Fadiga
772 Seção XV – Das Outras Medidas Especiais de Proteção
773 Seção XVI – Das Penalidades
773 TÍTULO II-A – DO DANO EXTRAPATRIMONIAL
774 TÍTULO III – DAS NORMAS ESPECIAIS DE TUTELA DO TRABALHO
774 CAPÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES ESPECIAIS SOBRE DURAÇÃO E CONDIÇÕES DE TRABALHO
774 Seção I – Dos Bancários
774 Seção II – Dos Empregados nos Serviços de Telefonia, de Telegrafia Submarina e Subfluvial,
de Radiotelegrafia e Radiotelefonia
775 Seção III – Dos Músicos Profissionais
775 Seção IV – Dos Operadores Cinematográficos
775 Seção IV-A – Do Serviço do Motorista Profissional Empregado
777 Seção V – Do Serviço Ferroviário
779 Seção VI – Das Equipagens das Embarcações da Marinha Mercante Nacional, de Navegação
Fluvial e Lacustre, do Tráfego nos Portos e da Pesca
780 Seção VII – Dos Serviços Frigoríficos
780 Seção VIII – Dos Serviços de Estiva
780 Seção IX – Dos Serviços de Capatazias nos Portos
780 Seção X – Do Trabalho em Minas de Subsolo
780 Seção XI – Dos Jornalistas Profissionais
782 Seção XII – Dos Professores
782 Seção XIII – Dos Químicos
785 Seção XIV – Das Penalidades
785 CAPÍTULO II – DA NACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO
785 Seção I – Da Proporcionalidade de Empregados Brasileiros
786 Seção II – Das Relações Anuais de Empregados
787 Seção III – Das Penalidades
787 Seção IV – Disposições Gerais
787 Seção V – Das Disposições Especiais sobre a Nacionalização da Marinha Mercante
788 CAPÍTULO III – DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER
788 Seção I – Da Duração, Condições do Trabalho e da Discriminação contra a Mulher
788 Seção II – Do Trabalho Noturno
788 Seção III – Dos Períodos de Descanso
788 Seção IV – Dos Métodos e Locais de Trabalho
789 Seção V – Da Proteção à Maternidade
790 Seção VI – Das Penalidades
791 CAPÍTULO IV – DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DO MENOR
791 Seção I – Disposições Gerais
792 Seção II – Da Duração do Trabalho
792 Seção III – Da Admissão em Emprego e da Carteira de Trabalho e Previdência Social
792 Seção IV – Dos Deveres dos Responsáveis Legais de Menores e dos Empregadores. Da
Aprendizagem
794 Seção V – Das Penalidades
794 Seção VI – Disposições Finais
794 TÍTULO IV – DO CONTRATO INDIVIDUAL DO TRABALHO
794 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
796 CAPÍTULO II – DA REMUNERAÇÃO
799 CAPÍTULO III – DA ALTERAÇÃO
799 CAPÍTULO IV – DA SUSPENSÃO E DA INTERRUPÇÃO
800 CAPÍTULO V – DA RESCISÃO
802 CAPÍTULO VI – DO AVISO PRÉVIO
803 CAPÍTULO VII – DA ESTABILIDADE
803 CAPÍTULO VIII – DA FORÇA MAIOR
804 CAPÍTULO IX – DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
804 TÍTULO IV-A – DA REPRESENTAÇÃO DOS EMPREGADOS
805 TÍTULO V – DA ORGANIZAÇÃO SINDICAL
805 CAPÍTULO I – DA INSTITUIÇÃO SINDICAL
805 Seção I – Da Associação em Sindicato
806 Seção II – Do Reconhecimento e Investidura Sindical
807 Seção III – Da Administração do Sindicato
808 Seção IV – Das Eleições Sindicais
809 Seção V – Das Associações Sindicais de Grau Superior
809 Seção VI – Dos Direitos dos Exercentes de Atividades ou Profissões e dos Sindicalizados
811 Seção VII – Da Gestão Financeira do Sindicato e Sua Fiscalização
812 Seção VIII – Das Penalidades
813 Seção IX – Disposições Gerais
814 CAPÍTULO II – DO ENQUADRAMENTO SINDICAL
815 CAPÍTULO III – DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
815 Seção I – Da Fixação e do Recolhimento da Contribuição Sindical
817 Seção II – Da Aplicação da Contribuição Sindical
818 Seção III – Da Comissão da Contribuição Sindical
818 Seção IV – Das Penalidades
818 Seção V – Disposições Gerais
819 TÍTULO VI – DAS CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO
822 TÍTULO VI-A – DAS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
823 TÍTULO VII – DO PROCESSO DE MULTAS ADMINISTRATIVAS
823 CAPÍTULO I – DA FISCALIZAÇÃO, DA AUTUAÇÃO E DA IMPOSIÇÃO DE MULTAS
824 CAPÍTULO II – DOS RECURSOS
825 CAPÍTULO III – DO DEPÓSITO, DA INSCRIÇÃO E DA COBRANÇA
825 TÍTULO VII-A – DA PROVA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS TRABALHISTAS
825 TÍTULO VIII – DA JUSTIÇA DO TRABALHO
825 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
826 CAPÍTULO II – DAS JUNTAS DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO
826 Seção I – Da Composição e Funcionamento
826 Seção II – Da Jurisdição e Competência das Juntas
826 Seção III – Dos Presidentes das Juntas
828 Seção IV – Dos Vogais das Juntas
829 CAPÍTULO III – DOS JUÍZOS DE DIREITO
829 CAPÍTULO IV – DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO
829 Seção I – Da Composição e do Funcionamento
830 Seção II – Da Jurisdição e Competência
831 Seção III – Dos Presidentes dos Tribunais Regionais
832 Seção IV – Dos Juízes Representantes Classistas dos Tribunais Regionais
832 CAPÍTULO V – DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
832 Seção I – Disposições Preliminares
832 Seção II – Da Composição e Funcionamento do Tribunal Superior do Trabalho
833 Seção III – Da Competência do Tribunal Pleno
834 Seção IV – Da Competência da Câmara de Justiça do Trabalho
834 Seção V – Da Competência da Câmara de Previdência Social
834 Seção VI – Das Atribuições do Presidente do Tribunal Superior do Trabalho
834 Seção VII – Das Atribuições do Vice-Presidente
834 Seção VIII – Das Atribuições do Corregedor
834 CAPÍTULO VI – DOS SERVIÇOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO
834 Seção I – Da Secretaria das Juntas de Conciliação e Julgamento
835 Seção II – Dos Distribuidores
835 Seção III – Do Cartório dos Juízos de Direito
835 Seção IV – Das Secretarias dos Tribunais Regionais
836 Seção V – Dos Oficiais de Justiça
836 CAPÍTULO VII – DAS PENALIDADES
836 Seção I – Do Lock-out e da Greve
836 Seção II – Das Penalidades contra os Membros da Justiça do Trabalho
836 Seção III – De Outras Penalidades
837 CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES GERAIS
837 TÍTULO IX – DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
837 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
837 CAPÍTULO II – DA PROCURADORIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
837 Seção I – Da Organização
838 Seção II – Da Competência da Procuradoria-Geral
838 Seção III – Da Competência das Procuradorias Regionais
838 Seção IV – Das Atribuições do Procurador-Geral
839 Seção V – Das Atribuições dos Procuradores
839 Seção VI – Das Atribuições dos Procuradores Regionais
839 Seção VII – Da Secretaria
839 CAPÍTULO III – DA PROCURADORIA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
839 Seção I – Da Organização
839 Seção II – Da Competência da Procuradoria
840 Seção III – Das Atribuições do Procurador-Geral
840 Seção IV – Das Atribuições dos Procuradores
840 Seção V – Da Secretaria
840 TÍTULO X – DO PROCESSO JUDICIÁRIO DO TRABALHO
840 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
840 CAPÍTULO II – DO PROCESSO EM GERAL
840 Seção I – Dos Atos, Termos e Prazos Processuais
841 Seção II – Da Distribuição
841 Seção III – Das Custas e Emolumentos
843 Seção IV – Das Partes e dos Procuradores
843 Seção IV-A – Da Responsabilidade por Dano Processual
844 Seção V – Das Nulidades
844 Seção VI – Das Exceções
844 Seção VII – Dos Conflitos de Jurisdição
845 Seção VIII – Das Audiências
846 Seção IX – Das Provas
846 Seção X – Da Decisão e Sua Eficácia
847 CAPÍTULO III – DOS DISSÍDIOS INDIVIDUAIS
847 Seção I – Da Forma de Reclamação e da Notificação
848 Seção II – Da Audiência de Julgamento
849 Seção II-A – Do Procedimento Sumaríssimo
850 Seção III – Do Inquérito para Apuração de Falta Grave
850 Seção IV – Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica
850 CAPÍTULO III-A – DO PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA HOMOLOGAÇÃO DE
ACORDO EXTRAJUDICIAL
850 CAPÍTULO IV – DOS DISSÍDIOS COLETIVOS
850 Seção I – Da Instauração da Instância
850 Seção II – Da Conciliação e do Julgamento
851 Seção III – Da Extensão das Decisões
851 Seção IV – Do Cumprimento das Decisões
851 Seção V – Da Revisão
852 CAPÍTULO V – DA EXECUÇÃO
852 Seção I – Das Disposições Preliminares
852 Seção II – Do Mandado e da Penhora
853 Seção III – Dos Embargos à Execução e da Sua Impugnação
853 Seção IV – Do Julgamento e dos Trâmites Finais da Execução
854 Seção V – Da Execução por Prestações Sucessivas
854 CAPÍTULO VI – DOS RECURSOS
858 CAPÍTULO VII – DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
858 CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES FINAIS
858 TÍTULO XI – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Consolidação das Leis do
Trabalho
Decreto-lei no 5.452/1943
756
Consolidação das Leis do Trabalho
própria, buscar proteção pesso- industriais ou comerciais; o objetivo de desvirtuar, impe-
al, em caso de insegurança nas c) aos funcionários públicos dir ou fraudar a aplicação dos
vias públicas ou más condições da União, dos Estados e dos Muni- preceitos contidos na presente
climáticas, bem como adentrar ou cípios e aos respectivos extranu- Consolidação.
permanecer nas dependências da merários em serviço nas próprias
empresa para exercer atividades repartições; Art. 10. Qualquer alteração na
particulares, entre outras: d) aos servidores de autar- estrutura jurídica da empresa não
I – práticas religiosas; quias paraestatais, desde que afetará os direitos adquiridos por
II – descanso; sujeitos a regime próprio de pro- seus empregados.
III – lazer; teção ao trabalho que lhes as-
IV – estudo; segure situação análoga à dos Art. 10-A. O sócio retirante res-
V – alimentação; funcionários públicos; ponde subsidiariamente pelas
VI – atividades de relaciona- e) (Suprimida); obrigações trabalhistas da so-
mento social; f) às atividades de direção e ciedade relativas ao período em
VII – higiene pessoal; assessoramento nos órgãos, ins- que figurou como sócio, somente
VIII – troca de roupa ou uni- titutos e fundações dos partidos, em ações ajuizadas até dois anos
forme, quando não houver obri- assim definidas em normas inter- depois de averbada a modificação
gatoriedade de realizar a troca nas de organização partidária. do contrato, observada a seguinte
na empresa. Parágrafo único. (Revogado) ordem de preferência:
I – a empresa devedora;
Art. 5o A todo trabalho de igual Art. 8o As autoridades adminis- II – os sócios atuais; e
valor corresponderá salário igual, trativas e a Justiça do Trabalho, III – os sócios retirantes.
sem distinção de sexo. na falta de disposições legais ou Parágrafo único. O sócio re-
contratuais, decidirão, conforme tirante responderá solidariamen-
Art. 6o Não se distingue entre o o caso, pela jurisprudência, por te com os demais quando ficar
trabalho realizado no estabeleci- analogia, por equidade e outros comprovada fraude na alteração
mento do empregador, o executa- princípios e normas gerais de societária decorrente da modifi-
do no domicílio do empregado e o direito, principalmente do direito cação do contrato.
realizado a distância, desde que do trabalho, e, ainda, de acordo
estejam caracterizados os pres- com os usos e costumes, o direi- Art. 11. A pretensão quanto a
supostos da relação de emprego. to comparado, mas sempre de créditos resultantes das relações
Parágrafo único. Os meios maneira que nenhum interesse de trabalho prescreve em cinco
telemáticos e informatizados de de classe ou particular prevaleça anos para os trabalhadores urba-
comando, controle e supervisão sobre o interesse público. nos e rurais, até o limite de dois
se equiparam, para fins de su- § 1o O direito comum será anos após a extinção do contrato
bordinação jurídica, aos meios fonte subsidiária do direito do de trabalho.
pessoais e diretos de comando, trabalho. I – (Revogado);
controle e supervisão do traba- § 2o Súmulas e outros enun- II – (Revogado).
lho alheio. ciados de jurisprudência editados § 1o O disposto neste artigo
pelo Tribunal Superior do Trabalho não se aplica às ações que te-
Art. 7o Os preceitos constan- e pelos Tribunais Regionais do nham por objeto anotações para
tes da presente Consolidação, Trabalho não poderão restringir fins de prova junto à Previdência
salvo quando for, em cada caso, direitos legalmente previstos nem Social.
expressamente determinado em criar obrigações que não estejam § 2o Tratando-se de preten-
contrário, não se aplicam: previstas em lei. são que envolva pedido de pres-
a) aos empregados domés- § 3o No exame de conven- tações sucessivas decorrente de
ticos, assim considerados, de um ção coletiva ou acordo coletivo alteração ou descumprimento do
modo geral, os que prestam ser- de trabalho, a Justiça do Tra- pactuado, a prescrição é total,
viços de natureza não econômica balho analisará exclusivamente exceto quando o direito à parcela
à pessoa ou à família, no âmbito a conformidade dos elementos esteja também assegurado por
residencial destas; essenciais do negócio jurídico, preceito de lei.
b) aos trabalhadores rurais, respeitado o disposto no art. 104 § 3o A interrupção da pres-
assim considerados aqueles que, da Lei no 10.406, de 10 de janeiro crição somente ocorrerá pelo
exercendo funções diretamente de 2002 (Código Civil), e balizará ajuizamento de reclamação tra-
ligadas à agricultura e à pecuá- sua atuação pelo princípio da in- balhista, mesmo que em juízo
ria, não sejam empregados em tervenção mínima na autonomia incompetente, ainda que venha
atividades que, pelos métodos da vontade coletiva. a ser extinta sem resolução do
de execução dos respectivos tra- mérito, produzindo efeitos apenas
balhos ou pela finalidade de suas Art. 9o Serão nulos de pleno em relação aos pedidos idênticos.
operações, se classifiquem como direito os atos praticados com
757
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 11-A. Ocorre a prescrição § 3o (Revogado) anotar na CTPS, em relação aos
intercorrente no processo do § 4o (Revogado) trabalhadores que admitir, a data
trabalho no prazo de dois anos. de admissão, a remuneração e as
§ 1o A fluência do prazo pres- condições especiais, se houver,
cricional intercorrente inicia-se
Seção II – Da Emissão da facultada a adoção de sistema
quando o exequente deixa de Carteira manual, mecânico ou eletrôni-
cumprir determinação judicial co, conforme instruções a se-
no curso da execução. Art. 14. A CTPS será emitida pelo rem expedidas pelo Ministério
§ 2o A declaração da pres- Ministério da Economia preferen- da Economia.
crição intercorrente pode ser cialmente em meio eletrônico. § 1o As anotações concer-
requerida ou declarada de ofício Parágrafo único. Excepcio- nentes à remuneração devem
em qualquer grau de jurisdição. nalmente, a CTPS poderá ser emi- especificar o salário, qualquer
tida em meio físico, desde que: que seja sua forma de pagamento,
Art. 12. Os preceitos concernen- I – nas unidades descentra- seja ele em dinheiro ou em utili-
tes ao regime de seguro social são lizadas do Ministério da Econo- dades, bem como a estimativa
objeto de lei especial. mia que forem habilitadas para da gorjeta.
a emissão; § 2o As anotações na Carteira
II – mediante convênio, por de Trabalho e Previdência Social
TÍTULO II – DAS NORMAS órgãos federais, estaduais e mu- serão feitas:
GERAIS DE TUTELA DO nicipais da administração direta a) na data-base;
TRABALHO ou indireta; b) a qualquer tempo, por so-
III – mediante convênio com licitação do trabalhador;
CAPÍTULO I – DA serviços notariais e de registro, c) no caso de rescisão con-
IDENTIFICAÇÃO sem custos para a administração, tratual; ou
PROFISSIONAL garantidas as condições de segu- d) necessidade de compro-
rança das informações. vação perante a Previdência So-
Seção I – Da Carteira de cial.
Trabalho e Previdência Art. 15. Os procedimentos para § 3o A falta de cumprimento
Social emissão da CTPS ao interessado pelo empregador do disposto nes-
serão estabelecidos pelo Ministé- te artigo acarretará a lavratura do
Art. 13. A Carteira de Trabalho e rio da Economia em regulamento auto de infração, pelo Fiscal do
Previdência Social é obrigatória próprio, privilegiada a emissão em Trabalho, que deverá, de ofício,
para o exercício de qualquer em- formato eletrônico. comunicar a falta de anotação ao
prego, inclusive de natureza rural, órgão competente, para o fim de
ainda que em caráter temporá- Art. 16. A CTPS terá como iden- instaurar o processo de anotação.
rio, e para o exercício por conta tificação única do empregado o § 4o É vedado ao empregador
própria de atividade profissional número de inscrição no Cadastro efetuar anotações desabonado-
remunerada. de Pessoas Físicas (CPF). ras à conduta do empregado em
§ 1o O disposto neste artigo I – (Revogado); sua Carteira de Trabalho e Previ-
aplica-se, igualmente, a quem: II – (Revogado); dência Social.
I – proprietário rural ou não, III – (Revogado); § 5o O descumprimento do
trabalhe individualmente ou em IV – (Revogado). disposto no § 4o deste artigo sub-
regime de economia familiar, Parágrafo único. (Revogado): meterá o empregador ao paga-
assim entendido o trabalho dos a) (Revogada); mento de multa prevista no art. 52
membros da mesma família, in- b) (Revogada). deste Capítulo.
dispensável à própria subsistên- § 6o A comunicação pelo tra-
cia, e exercido em condições de Arts. 17 a 24. (Revogados) balhador do número de inscrição
mútua dependência e colabo- no CPF ao empregador equivale à
ração; apresentação da CTPS em meio
II – em regime de economia
Seção III – Da Entrega das digital, dispensado o empregador
familiar e sem empregado, explo- Carteiras de Trabalho e da emissão de recibo.
re área não excedente do módulo Previdência Social § 7o Os registros eletrônicos
rural ou de outro limite que venha gerados pelo empregador nos
a ser fixado, para cada região, Arts. 25 a 28. (Revogados) sistemas informatizados da CTPS
pelo Ministério do Trabalho e Pre- em meio digital equivalem às ano-
vidência Social. tações a que se refere esta Lei.
§ 2o A Carteira de Trabalho e
Seção IV – Das Anotações § 8o O trabalhador deverá ter
Previdência Social (CTPS) obede- acesso às informações da sua
cerá aos modelos que o Ministério Art. 29. O empregador terá o CTPS no prazo de até 48 (qua-
da Economia adotar. prazo de 5 (cinco) dias úteis para renta e oito) horas a partir de
758
Consolidação das Leis do Trabalho
sua anotação. Parágrafo único. Não compa- Seção VI – Do Valor das
recendo o reclamado, lavrar-se-á Anotações
Art. 29-A. O empregador que termo de ausência, sendo consi-
infringir o disposto no caput e derado revel e confesso sobre os Art. 40. A CTPS regularmen-
no § 1o do art. 29 desta Consoli- termos da reclamação feita, de- te emitida e anotada servirá de
dação ficará sujeito a multa no vendo as anotações ser efetuadas prova:
valor de R$ 3.000,00 (três mil re- por despacho da autoridade que I – nos casos de dissídio na
ais) por empregado prejudicado, tenha processado a reclamação. Justiça do Trabalho entre a em-
acrescido de igual valor em cada presa e o empregado por motivo
reincidência. Art. 38. Comparecendo o em- de salário, férias ou tempo de
§ 1o No caso de microem- pregador e recusando-se a fazer serviço;
presa ou de empresa de peque- as anotações reclamadas, será II – (Revogado);
no porte, o valor final da multa lavrado um termo de compareci- III – para cálculo de indeniza-
aplicada será de R$ 800,00 (oi- mento, que deverá conter, entre ção por acidente do trabalho ou
tocentos reais) por empregado outras indicações, o lugar, o dia moléstia profissional.
prejudicado. e hora de sua lavratura, o nome e
§ 2o A infração de que trata a residência do empregador, as-
o caput deste artigo constitui ex- segurando-se-lhe o prazo de 48
Seção VII – Dos Livros de
ceção ao critério da dupla visita. (quarenta e oito) horas, a contar Registro de Empregados
do termo, para apresentar defesa.
Art. 29-B. Na hipótese de não Parágrafo único. Findo o pra- Art. 41. Em todas as atividades
serem realizadas as anotações zo para a defesa, subirá o proces- será obrigatório para o empre-
a que se refere o § 2o do art. 29 so à autoridade administrativa gador o registro dos respectivos
desta Consolidação, o emprega- de primeira instância, para se trabalhadores, podendo ser ado-
dor ficará sujeito a multa no valor ordenarem diligências, que com- tados livros, fichas ou sistema
de R$ 600,00 (seiscentos reais) pletem a instrução do feito, ou eletrônico, conforme instruções
por empregado prejudicado. para julgamento, se o caso esti- a serem expedidas pelo Ministério
ver suficientemente esclarecido. do Trabalho.
Arts. 30 a 35. (Revogados) Parágrafo único. Além da
Art. 39. Verificando-se que as qualificação civil ou profissional
alegações feitas pelo reclamado de cada trabalhador, deverão ser
Seção V – Das Reclamações versam sobre a não existência de anotados todos os dados relati-
por Falta ou Recusa de relação de emprego ou sendo im- vos à sua admissão no emprego,
Anotação possível verificar essa condição duração e efetividade do traba-
pelos meios administrativos, será lho, a férias, acidentes e demais
Art. 36. Recusando-se a empre- o processo encaminhado à Jus- circunstâncias que interessem à
sa a fazer as anotações a que se tiça do Trabalho, ficando, nesse proteção do trabalhador.
refere o art. 29 ou a devolver a caso, sobrestado o julgamento
Carteira de Trabalho e Previdência do auto de infração que houver Arts. 42 a 46. (Revogados)
Social recebida, poderá o empre- sido lavrado.
gado comparecer, pessoalmente § 1o Se não houver acordo, a Art. 47. O empregador que man-
ou por intermédio de seu sindica- Junta de Conciliação e Julgamen- tiver empregado não registrado
to, perante a Delegacia Regional to, em sua sentença, ordenará nos termos do art. 41 desta Con-
ou órgão autorizado, para apre- que a Secretaria efetue as devidas solidação ficará sujeito a multa
sentar reclamação. anotações uma vez transitada em no valor de R$ 3.000,00 (três mil
julgado, e faça a comunicação à reais) por empregado não regis-
Art. 37. No caso do art. 36, la- autoridade competente para o fim trado, acrescido de igual valor em
vrado o termo de reclamação, de aplicar a multa cabível. cada reincidência.
determinar-se-á a realização de § 2o Igual procedimento ob- § 1o Especificamente quanto
diligência para instrução do feito, servar-se-á no caso de processo à infração a que se refere o caput
observado, se for o caso, o dis- trabalhista de qualquer natureza, deste artigo, o valor final da multa
posto no § 2o do art. 29, notifican- quando for verificada a falta de aplicada será de R$ 800,00 (oito-
do-se posteriormente o reclama- anotações na Carteira de Trabalho centos reais) por empregado não
do por carta registrada, caso per- e Previdência Social, devendo o registrado, quando se tratar de
sista a recusa, para que, em dia Juiz, nesta hipótese, mandar pro- microempresa ou empresa de
e hora previamente designados, ceder, desde logo, àquelas sobre pequeno porte.
venha prestar esclarecimentos ou as quais não houver controvérsia. § 2o A infração de que trata
efetuar as devidas anotações na o caput deste artigo constitui ex-
Carteira de Trabalho e Previdência ceção ao critério da dupla visita.
Social ou sua entrega.
759
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 47-A. Na hipótese de não expuser à venda qualquer tipo de quer meio de transporte, inclusi-
serem informados os dados a carteira igual ou semelhante ao ve o fornecido pelo empregador,
que se refere o parágrafo único tipo oficialmente adotado. não será computado na jornada
do art. 41 desta Consolidação, o de trabalho, por não ser tempo à
empregador ficará sujeito à multa Art. 52. O extravio ou inutili- disposição do empregador.
de R$ 600,00 (seiscentos reais) zação da Carteira de Trabalho e § 3o (Revogado)
por empregado prejudicado. Previdência Social por culpa da
empresa sujeitará esta a multa Art. 58-A. Considera-se traba-
Art. 48. As multas previstas nes- de valor igual à metade do salário lho em regime de tempo parcial
ta Seção serão aplicadas pela au- mínimo regional. aquele cuja duração não exceda a
toridade de primeira instância no trinta horas semanais, sem a pos-
Distrito Federal, e pelas autorida- Art. 53. (Revogado) sibilidade de horas suplementares
des regionais do Ministério do Tra- semanais, ou, ainda, aquele cuja
balho, Indústria e Comércio, nos Art. 54. (Revogado) duração não exceda a vinte e seis
Estados e no Território do Acre. horas semanais, com a possibi-
Art. 55. Incorrerá na multa de lidade de acréscimo de até seis
valor igual a 1 (um) salário mínimo horas suplementares semanais.
Seção VIII – Das Penalidades regional a empresa que infringir o § 1o O salário a ser pago aos
art. 13 e seus parágrafos. empregados sob o regime de tem-
Art. 49. Para os efeitos da emis- po parcial será proporcional à sua
são, substituição ou anotação de Art. 56. (Revogado) jornada, em relação aos emprega-
Carteiras de Trabalho e Previ- dos que cumprem, nas mesmas
dência Social, considerar-se-á funções, tempo integral.
crime de falsidade, com as pe- CAPÍTULO II – DA DURAÇÃO § 2o Para os atuais empre-
nalidades previstas no art. 299 DO TRABALHO gados, a adoção do regime de
do Código Penal: tempo parcial será feita median-
Seção I – Disposição
I – fazer, no todo ou em par- te opção manifestada perante a
te, qualquer documento falso ou Preliminar empresa, na forma prevista em
alterar o verdadeiro; instrumento decorrente de ne-
II – afirmar falsamente a sua Art. 57. Os preceitos deste Ca- gociação coletiva.
própria identidade, filiação, lugar pítulo aplicam-se a todas as ati- § 3o As horas suplementares
de nascimento, residência, profis- vidades, salvo as expressamente à duração do trabalho semanal
são ou estado civil e beneficiários, excluídas, constituindo exceções normal serão pagas com o acrés-
ou atestar os de outra pessoa; as disposições especiais, concer- cimo de 50% (cinquenta por cen-
III – servir-se de documentos, nentes estritamente a peculiari- to) sobre o salário-hora normal.
por qualquer forma falsificados; dades profissionais constantes do § 4o Na hipótese de o con-
IV – falsificar, fabricando ou Capítulo I do Título III. trato de trabalho em regime de
alterando, ou vender, usar ou pos- tempo parcial ser estabelecido
suir Carteiras de Trabalho e Pre- em número inferior a vinte e seis
vidência Social assim alteradas;
Seção II – Da Jornada de horas semanais, as horas su-
V – anotar dolosamente em Trabalho plementares a este quantitativo
Carteira de Trabalho e Previdência serão consideradas horas extras
Social ou registro de empregado, Art. 58. A duração normal do para fins do pagamento estipula-
ou confessar ou declarar em juízo trabalho, para os empregados do no § 3o, estando também limi-
ou fora dele, data de admissão em em qualquer atividade privada, tadas a seis horas suplementares
emprego diversa da verdadeira. não excederá de oito horas di- semanais.
árias, desde que não seja fixado § 5o As horas suplementa-
Art. 50. Comprovando-se falsi- expressamente outro limite. res da jornada de trabalho nor-
dade, quer nas declarações para § 1o Não serão descontadas mal poderão ser compensadas
emissão de Carteira de Trabalho nem computadas como jornada diretamente até a semana ime-
e Previdência Social, quer nas extraordinária as variações de diatamente posterior à da sua
respectivas anotações, o fato horário no registro de ponto não execução, devendo ser feita a sua
será levado ao conhecimento da excedentes de cinco minutos, quitação na folha de pagamento
autoridade que houver emitido a observado o limite máximo de do mês subsequente, caso não
carteira, para fins de direito. dez minutos diários. sejam compensadas.
§ 2o O tempo despendido § 6o É facultado ao empre-
Art. 51. Incorrerá em multa de pelo empregado desde a sua re- gado contratado sob regime de
valor igual a 3 (três) vezes o sa- sidência até a efetiva ocupação tempo parcial converter um terço
lário mínimo regional aquele que, do posto de trabalho e para o seu do período de férias a que tiver
comerciante ou não, vender ou retorno, caminhando ou por qual- direito em abono pecuniário.
760
Consolidação das Leis do Trabalho
§ 7o As férias do regime de los para repouso e alimentação. ou convencionado, seja para fa-
tempo parcial são regidas pelo Parágrafo único. A remu- zer face a motivo de força maior,
disposto no art. 130 desta Con- neração mensal pactuada pelo seja para atender à realização ou
solidação. horário previsto no caput deste conclusão de serviços inadiáveis
artigo abrange os pagamentos ou cuja inexecução possa acar-
Art. 59. A duração diária do tra- devidos pelo descanso semanal retar prejuízo manifesto.
balho poderá ser acrescida de remunerado e pelo descanso em § 1o O excesso, nos casos
horas extras, em número não feriados, e serão considerados deste artigo, pode ser exigido
excedente de duas, por acordo compensados os feriados e as independentemente de conven-
individual, convenção coletiva prorrogações de trabalho notur- ção coletiva ou acordo coletivo
ou acordo coletivo de trabalho. no, quando houver, de que tratam de trabalho.
§ 1o A remuneração da hora o art. 70 e o § 5o do art. 73 desta § 2o Nos casos de excesso
extra será, pelo menos, 50% (cin- Consolidação. de horário por motivo de força
quenta por cento) superior à da maior, a remuneração da hora
hora normal. Art. 59-B. O não atendimento excedente não será inferior à da
§ 2o Poderá ser dispensado o das exigências legais para com- hora normal. Nos demais casos
acréscimo de salário se, por força pensação de jornada, inclusive de excesso previstos neste artigo,
de acordo ou convenção coletiva quando estabelecida mediante a remuneração será, pelo menos,
de trabalho, o excesso de horas acordo tácito, não implica a re- 25% (vinte e cinco por cento)
em um dia for compensado pela petição do pagamento das horas superior à da hora normal, e o
correspondente diminuição em excedentes à jornada normal diá- trabalho não poderá exceder de
outro dia, de maneira que não ria se não ultrapassada a duração doze horas, desde que a lei não
exceda, no período máximo de um máxima semanal, sendo devido fixe expressamente outro limite.
ano, à soma das jornadas sema- apenas o respectivo adicional. § 3o Sempre que ocorrer in-
nais de trabalho previstas, nem Parágrafo único. A presta- terrupção do trabalho, resultante
seja ultrapassado o limite máximo ção de horas extras habituais de causas acidentais, ou de for-
de dez horas diárias. não descaracteriza o acordo de ça maior, que determinem a im-
§ 3o Na hipótese de rescisão compensação de jornada e o ban- possibilidade de sua realização,
do contrato de trabalho sem que co de horas. a duração do trabalho poderá
tenha havido a compensação in- ser prorrogada pelo tempo ne-
tegral da jornada extraordinária, Art. 60. Nas atividades insa- cessário até o máximo de duas
na forma dos §§ 2o e 5o deste ar- lubres, assim consideradas as horas, durante o número de dias
tigo, o trabalhador terá direito ao constantes dos quadros men- indispensáveis à recuperação do
pagamento das horas extras não cionados no capítulo “Da Segu- tempo perdido, desde que não
compensadas, calculadas sobre rança e da Medicina do Traba- exceda de dez horas diárias, em
o valor da remuneração na data lho”, ou que neles venham a ser período não superior a quarenta
da rescisão. incluídas por ato do Ministro do e cinco dias por ano, sujeita essa
§ 4o (Revogado) Trabalho, Indústria e Comércio, recuperação à prévia autorização
§ 5o O banco de horas de que quaisquer prorrogações só po- da autoridade competente.
trata o § 2o deste artigo poderá ser derão ser acordadas mediante
pactuado por acordo individual licença prévia das autoridades Art. 62. Não são abrangidos pelo
escrito, desde que a compensa- competentes em matéria de hi- regime previsto neste capítulo:
ção ocorra no período máximo giene do trabalho, as quais, para I – os empregados que exer-
de seis meses. esse efeito, procederão aos ne- cem atividade externa incompa-
§ 6o É lícito o regime de com- cessários exames locais e à veri- tível com a fixação de horário de
pensação de jornada estabelecido ficação dos métodos e processos trabalho, devendo tal condição ser
por acordo individual, tácito ou de trabalho, quer diretamente, anotada na Carteira de Trabalho
escrito, para a compensação no quer por intermédio de autorida- e Previdência Social e no registro
mesmo mês. des sanitárias federais, estaduais de empregados;
e municipais, com quem entrarão II – os gerentes, assim consi-
Art. 59-A. Em exceção ao dis- em entendimento para tal fim. derados os exercentes de cargos
posto no art. 59 desta Consolida- Parágrafo único. Excetuam- de gestão, aos quais se equipa-
ção, é facultado às partes, me- -se da exigência de licença pré- ram, para efeito do disposto neste
diante acordo individual escrito, via as jornadas de doze horas de artigo, os diretores e chefes de
convenção coletiva ou acordo trabalho por trinta e seis horas departamento ou filial;
coletivo de trabalho, estabelecer ininterruptas de descanso. III – os empregados em regi-
horário de trabalho de doze horas me de teletrabalho que prestam
seguidas por trinta e seis horas Art. 61. Ocorrendo necessidade serviço por produção ou tarefa.
ininterruptas de descanso, obser- imperiosa, poderá a duração do Parágrafo único. O regime
vados ou indenizados os interva- trabalho exceder do limite legal previsto neste capítulo será apli-
761
Consolidação das Leis do Trabalho
cável aos empregados mencio- to, mensalmente organizada e § 3o O limite mínimo de uma
nados no inciso II deste artigo, constando de quadro sujeito à hora para repouso ou refeição
quando o salário do cargo de con- fiscalização. poderá ser reduzido por ato do
fiança, compreendendo a gratifi- Ministro do Trabalho, Indústria e
cação de função, se houver, for Art. 68. O trabalho em domingo, Comércio, quando, ouvido o Servi-
inferior ao valor do respectivo seja total ou parcial, na forma do ço de Alimentação de Previdência
salário efetivo acrescido de 40% art. 67, será sempre subordinado Social, se verificar que o estabe-
(quarenta por cento). à permissão prévia da autorida- lecimento atende integralmente
de competente em matéria de às exigências concernentes à
Art. 63. Não haverá distinção trabalho. organização dos refeitórios, e
entre empregados e interessa- Parágrafo único. A permissão quando os respectivos empre-
dos, e a participação em lucros será concedida a título perma- gados não estiverem sob regime
e comissões, salvo em lucros de nente nas atividades que, por sua de trabalho prorrogado a horas
caráter social, não exclui o parti- natureza ou pela conveniência suplementares.
cipante do regime deste Capítulo. pública, devem ser exercidas aos § 4o A não concessão ou a
domingos, cabendo ao Ministro do concessão parcial do intervalo
Art. 64. O salário-hora normal, Trabalho, Indústria e Comércio intrajornada mínimo, para repou-
no caso de empregado mensa- expedir instruções em que sejam so e alimentação, a empregados
lista, será obtido dividindo-se o especificadas tais atividades. Nos urbanos e rurais, implica o paga-
salário mensal correspondente demais casos, ela será dada sob mento, de natureza indenizatória,
à duração do trabalho, a que se forma transitória, com discrimi- apenas do período suprimido,
refere o art. 58, por 30 (trinta) nação do período autorizado, o com acréscimo de 50% (cinquen-
vezes o número de horas dessa qual, de cada vez, não excederá ta por cento) sobre o valor da
duração. de sessenta dias. remuneração da hora normal de
Parágrafo único. Sendo o nú- trabalho.
mero de dias inferior a 30 (trinta), Art. 69. Na regulamentação do § 5o O intervalo expresso no
adotar-se-á para o cálculo, em funcionamento de atividades su- caput poderá ser reduzido e/ou
lugar desse número, o de dias de jeitas ao regime deste Capítulo, fracionado, e aquele estabeleci-
trabalho por mês. os municípios atenderão aos pre- do no § 1o poderá ser fracionado,
ceitos nele estabelecidos, e as quando compreendidos entre o
Art. 65. No caso do empregado regras que venham a fixar não término da primeira hora traba-
diarista, o salário-hora normal poderão contrariar tais preceitos lhada e o início da última hora tra-
será obtido dividindo-se o salá- nem as instruções que, para seu balhada, desde que previsto em
rio diário correspondente à du- cumprimento, forem expedidas convenção ou acordo coletivo de
ração do trabalho, estabelecido pelas autoridades competentes trabalho, ante a natureza do ser-
no art. 58, pelo número de horas em matéria de trabalho. viço e em virtude das condições
de efetivo trabalho. especiais de trabalho a que são
Art. 70. Salvo o disposto nos submetidos estritamente os mo-
artigos 68 e 69, é vedado o tra- toristas, cobradores, fiscalização
Seção III – Dos Períodos de balho em dias feriados nacionais de campo e afins nos serviços de
Descanso e feriados religiosos, nos termos operação de veículos rodoviários,
da legislação própria. empregados no setor de trans-
Art. 66. Entre duas jornadas de porte coletivo de passageiros,
trabalho haverá um período míni- Art. 71. Em qualquer trabalho mantida a remuneração e con-
mo de onze horas consecutivas contínuo, cuja duração exceda cedidos intervalos para descanso
para descanso. de seis horas, é obrigatória a menores ao final de cada viagem.
concessão de um intervalo para
Art. 67. Será assegurado a todo repouso ou alimentação, o qual Art. 72. Nos serviços permanen-
empregado um descanso sema- será, no mínimo, de uma hora e, tes de mecanografia (datilografia,
nal de vinte e quatro horas con- salvo acordo escrito ou contrato escrituração ou cálculo), a cada
secutivas, o qual, salvo motivo coletivo em contrário, não poderá período de noventa minutos de
de conveniência pública ou ne- exceder de duas horas. trabalho consecutivo correspon-
cessidade imperiosa do serviço, § 1o Não excedendo de seis derá um repouso de dez minutos
deverá coincidir com o domingo, horas o trabalho, será, entretanto, não deduzidos da duração normal
no todo ou em parte. obrigatório um intervalo de quinze de trabalho.
Parágrafo único. Nos ser- minutos quando a duração ultra-
viços que exijam trabalho aos passar quatro horas.
domingos, com exceção quanto § 2o Os intervalos de des-
aos elencos teatrais, será esta- canso não serão computados na
belecida escala de revezamen- duração do trabalho.
762
Consolidação das Leis do Trabalho
Seção IV – Do Trabalho expedidas pela Secretaria Espe- da que de modo habitual, às de-
Noturno cial de Previdência e Trabalho do pendências do empregador para
Ministério da Economia, permiti- a realização de atividades espe-
Art. 73. Salvo nos casos de re- da a pré-assinalação do período cíficas que exijam a presença do
vezamento semanal ou quinzenal, de repouso. empregado no estabelecimento
o trabalho noturno terá remune- § 3o Se o trabalho for execu- não descaracteriza o regime de
ração superior à do diurno e, para tado fora do estabelecimento, o teletrabalho ou trabalho remoto.
esse efeito, sua remuneração horário dos empregados consta- § 2o O empregado submeti-
terá um acréscimo de 20% (vinte rá do registro manual, mecânico do ao regime de teletrabalho ou
por cento), pelo menos, sobre a ou eletrônico em seu poder, sem trabalho remoto poderá prestar
hora diurna. prejuízo do que dispõe o caput serviços por jornada ou por pro-
§ 1o A hora do trabalho no- deste artigo. dução ou tarefa.
turno será computada como de § 4o Fica permitida a utili- § 3o Na hipótese da presta-
52 (cinquenta e dois) minutos e zação de registro de ponto por ção de serviços em regime de
30 (trinta) segundos. exceção à jornada regular de tra- teletrabalho ou trabalho remoto
§ 2o Considera-se noturno, balho, mediante acordo individual por produção ou tarefa, não se
para os efeitos deste artigo, o escrito, convenção coletiva ou aplicará o disposto no Capítulo
trabalho executado entre as 22 acordo coletivo de trabalho. II do Título II desta Consolidação.
(vinte e duas) horas de um dia e § 4o O regime de teletrabalho
as 5 (cinco) horas do dia seguinte. ou trabalho remoto não se con-
§ 3o O acréscimo, a que se
Seção VI – Das Penalidades funde nem se equipara à ocupa-
refere o presente artigo, em se ção de operador de telemarketing
tratando de empresas que não Art. 75. Os infratores dos dis- ou de teleatendimento.
mantêm, pela natureza de suas positivos do presente Capítulo § 5o O tempo de uso de equi-
atividades, trabalho noturno ha- incorrerão na multa de cinquen- pamentos tecnológicos e de infra-
bitual, será feito, tendo em vista ta a cinco mil cruzeiros, segun- estrutura necessária, bem como
os quantitativos pagos por traba- do a natureza da infração, sua de softwares, de ferramentas digi-
lhos diurnos de natureza seme- extensão e a intenção de quem tais ou de aplicações de internet
lhante. Em relação às empresas a praticou, aplicada em dobro utilizados para o teletrabalho, fora
cujo trabalho noturno decorra no caso de reincidência, e opo- da jornada de trabalho normal do
da natureza de suas atividades, sição à fiscalização ou desacato empregado não constitui tempo
o aumento será calculado sobre à autoridade. à disposição ou regime de pron-
o salário mínimo geral vigente na Parágrafo único. São compe- tidão ou de sobreaviso, exceto se
região, não sendo devido quando tentes para impor penalidades, no houver previsão em acordo indivi-
exceder desse limite, já acrescido Distrito Federal, a autoridade de dual ou em acordo ou convenção
da percentagem. 1a instância do Departamento Na- coletiva de trabalho.
§ 4o Nos horários mistos, as- cional do Trabalho e, nos Estados § 6o Fica permitida a adoção
sim entendidos os que abrangem e no Território do Acre, as autori- do regime de teletrabalho ou tra-
períodos diurnos e noturnos, apli- dades regionais do Ministério do balho remoto para estagiários e
ca-se às horas de trabalho notur- Trabalho, Indústria e Comércio. aprendizes.
no o disposto neste artigo e seus § 7o Aos empregados em re-
parágrafos. gime de teletrabalho aplicam-se
§ 5o Às prorrogações do tra- CAPÍTULO II-A – DO as disposições previstas na legis-
balho noturno aplica-se o dispos- TELETRABALHO lação local e nas convenções e
to neste Capítulo. nos acordos coletivos de traba-
Art. 75-A. A prestação de ser- lho relativas à base territorial do
viços pelo empregado em regime estabelecimento de lotação do
Seção V – Do Quadro de de teletrabalho observará o dis- empregado.
Horário posto neste Capítulo. § 8o Ao contrato de traba-
lho do empregado admitido no
Art. 74. O horário de trabalho Art. 75-B. Considera-se tele- Brasil que optar pela realização
será anotado em registro de em- trabalho ou trabalho remoto a de teletrabalho fora do território
pregados. prestação de serviços fora das nacional aplica-se a legislação
§ 1o (Revogado) dependências do empregador, de brasileira, excetuadas as dispo-
§ 2o Para os estabelecimen- maneira preponderante ou não, sições constantes da Lei no 7.064,
tos com mais de 20 (vinte) traba- com a utilização de tecnologias de 6 de dezembro de 1982, salvo
lhadores será obrigatória a anota- de informação e de comunicação, disposição em contrário estipu-
ção da hora de entrada e de saída, que, por sua natureza, não confi- lada entre as partes.
em registro manual, mecânico ou gure trabalho externo. § 9o Acordo individual pode-
eletrônico, conforme instruções § 1o O comparecimento, ain- rá dispor sobre os horários e os
763
Consolidação das Leis do Trabalho
meios de comunicação entre em- verão dar prioridade aos empre- rias com alimentação, habitação,
pregado e empregador, desde que gados com deficiência e aos em- vestuário, higiene e transporte
assegurados os repousos legais. pregados com filhos ou criança necessários à vida de um traba-
sob guarda judicial até 4 (quatro) lhador adulto.
Art. 75-C. A prestação de servi- anos de idade na alocação em § 1o A parcela corresponden-
ços na modalidade de teletrabalho vagas para atividades que pos- te à alimentação terá um valor
deverá constar expressamente sam ser efetuadas por meio do mínimo igual aos valores da lis-
do instrumento de contrato in- teletrabalho ou trabalho remoto. ta de provisões, constantes dos
dividual de trabalho. quadros devidamente aprovados
§ 1o Poderá ser realizada a e necessários à alimentação diá-
alteração entre regime presencial CAPÍTULO III – DO SALÁRIO ria do trabalhador adulto.
e de teletrabalho desde que haja MÍNIMO § 2o Poderão ser substituí-
mútuo acordo entre as partes, dos pelos equivalentes de cada
Seção I – Do Conceito
registrado em aditivo contratual. grupo, também mencionados nos
§ 2o Poderá ser realizada a quadros a que alude o parágrafo
alteração do regime de teletraba- Art. 76. Salário mínimo é a con- anterior, os alimentos, quando
lho para o presencial por determi- traprestação mínima devida e as condições da região, zona ou
nação do empregador, garantido paga diretamente pelo emprega- subzona o aconselharem, respei-
prazo de transição mínimo de dor a todo trabalhador, inclusive tados os valores nutritivos deter-
quinze dias, com correspondente ao trabalhador rural, sem distin- minados nos mesmos quadros.
registro em aditivo contratual. ção de sexo, por dia normal de § 3o O Ministério do Trabalho,
§ 3o O empregador não será serviço, e capaz de satisfazer, em Indústria e Comércio fará, perio-
responsável pelas despesas re- determinada época e região do dicamente, a revisão dos quadros
sultantes do retorno ao traba- País, as suas necessidades nor- a que se refere o § 1o deste artigo.
lho presencial, na hipótese de o mais de alimentação, habitação,
empregado optar pela realização vestuário, higiene e transporte. Art. 82. Quando o empregador
do teletrabalho ou trabalho re- fornecer, in natura, uma ou mais
moto fora da localidade previs- Art. 77. (Revogado) das parcelas do salário mínimo, o
ta no contrato, salvo disposição salário em dinheiro será determi-
em contrário estipulada entre Art. 78. Quando o salário for nado pela fórmula Sd = Sm – P, em
as partes. ajustado por empreitada, ou con- que Sd representa o salário em
vencionado por tarefa ou peça, dinheiro, Sm o salário mínimo e P
Art. 75-D. As disposições re- será garantida ao trabalhador a soma dos valores daquelas par-
lativas à responsabilidade pela uma remuneração diária nunca celas na região, zona ou subzona.
aquisição, manutenção ou for- inferior à do salário mínimo por Parágrafo único. O salário mí-
necimento dos equipamentos dia normal da região, zona ou nimo pago em dinheiro não será
tecnológicos e da infraestrutura subzona.1 inferior a 30% (trinta por cento)
necessária e adequada à pres- Parágrafo único. Quando o do salário mínimo fixado para a
tação do trabalho remoto, bem salário mínimo mensal do em- região, zona ou subzona.
como ao reembolso de despesas pregado a comissão ou que tenha
arcadas pelo empregado, serão direito a percentagem for integra- Art. 83. É devido o salário míni-
previstas em contrato escrito. do por parte fixa e parte variável, mo ao trabalhador em domicílio,
Parágrafo único. As utilida- ser-lhe-á sempre garantido o sa- considerado este como o execu-
des mencionadas no caput deste lário mínimo, vedado qualquer tado na habitação do empregado
artigo não integram a remunera- desconto em mês subsequente ou em oficina de família, por conta
ção do empregado. a título de compensação. de empregador que o remunere.
764
Consolidação das Leis do Trabalho
Seção IV – Das Atribuições zação do salário mínimo, podendo percepção do salário-materni-
das Comissões de Salário cometer essa fiscalização a qual- dade custeado pela Previdência
Mínimo quer dos órgãos componentes Social;
do respectivo Ministério, e, bem III – por motivo de acidente do
Arts. 101 a 111. (Revogados) assim, aos fiscais dos Institutos trabalho ou enfermidade atestada
de Aposentadoria e Pensões na pelo Instituto Nacional do Seguro
forma da legislação em vigor. Social – INSS, excetuada a hipóte-
Seção V – Da Fixação do se do inciso IV do art. 133;
Salário Mínimo Art. 127. (Revogado) IV – justificada pela empresa,
entendendo-se como tal a que
Arts. 112 a 116. (Revogados) Art. 128. (Revogado) não tiver determinado o desconto
do correspondente salário;
V – durante a suspensão pre-
Seção VI – Disposições CAPÍTULO IV – DAS FÉRIAS ventiva para responder a inquérito
Gerais ANUAIS administrativo ou de prisão pre-
ventiva, quando for impronuncia-
Seção I – Do Direito a Férias
Art. 117. Será nulo de pleno di- do ou absolvido; e
reito, sujeitando o empregador e da Sua Duração VI – nos dias em que não te-
às sanções do art. 120, qualquer nha havido serviço, salvo na hi-
contrato ou convenção que es- Art. 129. Todo empregado terá pótese do inciso III do art. 133.
tipule remuneração inferior ao direito anualmente ao gozo de um
salário mínimo estabelecido na período de férias, sem prejuízo da Art. 132. O tempo de traba-
região, zona ou subzona, em que remuneração. lho anterior à apresentação do
tiver de ser cumprido. empregado para serviço militar
Art. 130. Após cada período de obrigatório será computado no
Art. 118. O trabalhador a quem 12 (doze) meses de vigência do período aquisitivo, desde que ele
for pago salário inferior ao mí- contrato de trabalho, o empre- compareça ao estabelecimento
nimo terá direito, não obstante gado terá direito a férias, na se- dentro de 90 (noventa) dias da
qualquer contrato, ou conven- guinte proporção: data em que se verificar a res-
ção em contrário, a reclamar do I – 30 (trinta) dias corridos, pectiva baixa.
empregador o complemento de quando não houver faltado ao
seu salário mínimo estabelecido serviço mais de 5 (cinco) vezes; Art. 133. Não terá direito a fé-
na região, zona ou subzona, em II – 24 (vinte e quatro) dias rias o empregado que, no curso
que tiver de ser cumprido. corridos, quando houver tido de do período aquisitivo:
6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; I – deixar o emprego e não for
Art. 119. Prescreve em dois anos III – 18 (dezoito) dias corridos, readmitido dentro dos 60 (sessen-
a ação para reaver a diferença, quando houver tido de 15 (quinze) ta) dias subsequentes à sua saída;
contados, para cada pagamento, a 23 (vinte e três) faltas; II – permanecer em gozo de
da data em que o mesmo tenha IV – 12 (doze) dias corridos, licença, com percepção de salá-
sido efetuado. quando houver tido de 24 (vinte e rios, por mais de 30 (trinta) dias;
quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. III – deixar de trabalhar, com
Art. 120. Aquele que infringir § 1o É vedado descontar, do percepção do salário, por mais
qualquer dispositivo concernente período de férias, as faltas do de 30 (trinta) dias, em virtude de
ao salário mínimo será passível empregado ao serviço. paralisação parcial ou total dos
de multa de cinquenta a dois mil § 2o O período das férias será serviços da empresa; e
cruzeiros, elevada ao dobro na computado, para todos os efeitos, IV – tiver percebido da Pre-
reincidência. como tempo de serviço. vidência Social prestações de
acidente de trabalho ou de au-
Arts. 121 a 123. (Revogados) Art. 130-A. (Revogado) xílio-doença por mais de 6 (seis)
meses, embora descontínuos.
Art. 124. A aplicação dos pre- Art. 131. Não será considerada § 1o A interrupção da presta-
ceitos deste Capítulo não poderá, falta ao serviço, para os efeitos ção de serviços deverá ser ano-
em caso algum, ser causa deter- do artigo anterior, a ausência do tada na Carteira de Trabalho e
minante da redução do salário. empregado: Previdência Social.
I – nos casos referidos no § 2o Iniciar-se-á o decurso de
Art. 125. (Revogado) art. 473; novo período aquisitivo quando o
II – durante o licenciamento empregado, após o implemento
Art. 126. O Ministro do Trabalho, compulsório da empregada por de qualquer das condições pre-
Indústria e Comércio expedirá as motivo de maternidade ou abor- vistas neste artigo, retornar ao
instruções necessárias à fiscali- to, observados os requisitos para serviço.
765
Consolidação das Leis do Trabalho
§ 3o Para os fins previstos ma do regulamento, dispensadas § 1o As férias poderão ser
no inciso III deste artigo a em- as anotações de que tratam os gozadas em dois períodos anu-
presa comunicará ao órgão local §§ 1o e 2o deste artigo. ais, desde que nenhum deles seja
do Ministério do Trabalho, com inferior a 10 (dez) dias corridos.
antecedência mínima de quinze Art. 136. A época da conces- § 2o Para os fins previstos
dias, as datas de início e fim da são das férias será a que melhor neste artigo, o empregador comu-
paralisação total ou parcial dos consulte os interesses do em- nicará ao órgão local do Ministério
serviços da empresa, e, em igual pregador. do Trabalho, com a antecedência
prazo, comunicará, nos mesmos § 1o Os membros de uma fa- mínima de 15 (quinze) dias, as
termos, ao sindicato representati- mília, que trabalharem no mesmo datas de início e fim das férias,
vo da categoria profissional, bem estabelecimento ou empresa, precisando quais os estabeleci-
como afixará aviso nos respecti- terão direito a gozar férias no mentos ou setores abrangidos
vos locais de trabalho. mesmo período, se assim o de- pela medida.
§ 4o (Vetado) sejarem e se disto não resultar § 3o Em igual prazo o em-
prejuízo para o serviço. pregador enviará cópia da aludi-
§ 2o O empregado estudan- da comunicação aos sindicatos
Seção II – Da Concessão e da te, menor de 18 (dezoito) anos, representativos da respectiva
Época das Férias terá direito a fazer coincidir suas categoria profissional, e provi-
férias com as férias escolares. denciará a afixação de aviso nos
Art. 134. As férias serão con- locais de trabalho.
cedidas por ato do empregador, Art. 137. Sempre que as férias
em um só período, nos 12 (doze) forem concedidas após o prazo Art. 140. Os empregados con-
meses subsequentes à data em de que trata o art. 134, o emprega- tratados há menos de 12 (doze)
que o empregado tiver adquirido dor pagará em dobro a respectiva meses gozarão, na oportunidade,
o direito. remuneração. férias proporcionais, iniciando-se,
§ 1o Desde que haja concor- § 1o Vencido o mencionado então, novo período aquisitivo.
dância do empregado, as férias prazo sem que o empregador te-
poderão ser usufruídas em até nha concedido as férias, o empre- Art. 141. (Revogado)
três períodos, sendo que um deles gado poderá ajuizar reclamação
não poderá ser inferior a quatorze pedindo a fixação, por sentença,
dias corridos e os demais não po- da época de gozo das mesmas.
Seção IV – Da Remuneração
derão ser inferiores a cinco dias § 2o A sentença cominará e do Abono de Férias
corridos, cada um. pena diária de 5% (cinco por cen-
§ 2o (Revogado) to) do salário mínimo da região, Art. 142. O empregado percebe-
§ 3o É vedado o início das devida ao empregado até que rá, durante as férias, a remune-
férias no período de dois dias seja cumprida. ração que lhe for devida na data
que antecede feriado ou dia de § 3o Cópia da decisão judi- da sua concessão.
repouso semanal remunerado. cial transitada em julgado será § 1o Quando o salário for pago
remetida ao órgão local do Mi- por hora com jornadas variáveis,
Art. 135. A concessão das férias nistério do Trabalho, para fins apurar-se-á a média do período
será participada, por escrito, ao de aplicação da multa de caráter aquisitivo, aplicando-se o valor
empregado, com antecedência administrativo. do salário na data da concessão
de, no mínimo, 30 (trinta) dias. das férias.
Dessa participação o interessado Art. 138. Durante as férias, o § 2o Quando o salário for
dará recibo. empregado não poderá prestar pago por tarefa tomar-se-á por
§ 1o O empregado não pode- serviços a outro empregador, base a média da produção no
rá entrar no gozo das férias sem salvo se estiver obrigado a fa- período aquisitivo do direito a
que apresente ao empregador zê-lo em virtude de contrato de férias, aplicando-se o valor da
sua Carteira de Trabalho e Previ- trabalho regularmente mantido remuneração da tarefa na data
dência Social, para que nela seja com aquele. da concessão das férias.
anotada a respectiva concessão. § 3o Quando o salário for
§ 2o A concessão das férias pago por percentagem, comissão
será, igualmente, anotada no li-
Seção III – Das Férias ou viagem, apurar-se-á a média
vro ou nas fichas de registro dos Coletivas percebida pelo empregado nos 12
empregados. (doze) meses que precederem à
§ 3o Nos casos em que o em- Art. 139. Poderão ser concedi- concessão das férias.
pregado possua a CTPS em meio das férias coletivas a todos os § 4o A parte do salário paga
digital, a anotação será feita nos empregados de uma empresa em utilidades será computada
sistemas a que se refere o § 7o do ou de determinados estabeleci- de acordo com a anotação na
art. 29 desta Consolidação, na for- mentos ou setores da empresa. Carteira de Trabalho e Previdên-
766
Consolidação das Leis do Trabalho
cia Social. do dará quitação do pagamento, Seção VII – Disposições
§ 5o Os adicionais por tra- com indicação do início e do ter- Especiais
balho extraordinário, noturno, mo das férias.
insalubre ou perigoso serão com- Art. 150. O tripulante que, por
putados no salário que servirá de determinação do armador, for
base ao cálculo da remuneração
Seção V – Dos Efeitos da transferido para o serviço de
das férias. Cessação do Contrato de outro, terá computado, para o
§ 6o Se, no momento das fé- Trabalho efeito de gozo de férias, o tempo
rias, o empregado não estiver de serviço prestado ao primeiro,
percebendo o mesmo adicional Art. 146. Na cessação do con- ficando obrigado a concedê-las o
do período aquisitivo, ou quan- trato de trabalho, qualquer que armador em cujo serviço ele se
do o valor deste não tiver sido seja a sua causa, será devida encontra na época de gozá-las.
uniforme, será computada a mé- ao empregado a remuneração § 1o As férias poderão ser
dia duodecimal recebida naquele simples ou em dobro, conforme concedidas, a pedido dos inte-
período, após a atualização das o caso, correspondente ao perí- ressados e com aquiescência do
importâncias pagas, mediante odo de férias cujo direito tenha armador, parceladamente, nos
incidência dos percentuais dos adquirido. portos de escala de grande es-
reajustamentos salariais super- Parágrafo único. Na cessa- tadia do navio, aos tripulantes
venientes. ção do contrato de trabalho, após ali residentes.
12 (doze) meses de serviço, o em- § 2o Será considerada grande
Art. 143. É facultado ao empre- pregado, desde que não haja sido estadia a permanência no porto
gado converter 1/3 (um terço) do demitido por justa causa, terá por prazo excedente de seis dias.
período de férias a que tiver direi- direito à remuneração relativa § 3o Os embarcadiços, para
to em abono pecuniário, no valor ao período incompleto de férias, gozarem férias nas condições
da remuneração que lhe seria de acordo com o art. 130, na pro- deste artigo, deverão pedi-las,
devida nos dias correspondentes. porção de 1/12 (um doze avos) por por escrito, ao armador, antes
§ 1o O abono de férias deve- mês de serviço ou fração superior do início da viagem, no porto de
rá ser requerido até 15 (quinze) a 14 (quatorze) dias. registro ou armação.
dias antes do término do período § 4o O tripulante, ao termi-
aquisitivo. Art. 147. O empregado que for nar as férias, apresentar-se-á ao
§ 2o Tratando-se de férias despedido sem justa causa, ou armador, que deverá designá-lo
coletivas, a conversão a que se cujo contrato de trabalho se ex- para qualquer de suas embarca-
refere este artigo deverá ser ob- tinguir em prazo predetermina- ções ou o adir a algum dos seus
jeto de acordo coletivo entre o do, antes de completar 12 (doze) serviços terrestres, respeitadas
empregador e o sindicato repre- meses de serviço, terá direito à a condição pessoal e a remu-
sentativo da respectiva categoria remuneração relativa ao período neração.
profissional, independendo de incompleto de férias, de confor- § 5o Em caso de necessida-
requerimento individual a con- midade com o disposto no artigo de, determinada pelo interesse
cessão do abono. anterior. público, e comprovada pela au-
§ 3o (Revogado) toridade competente, poderá o
Art. 148. A remuneração das armador ordenar a suspensão
Art. 144. O abono de férias de férias, ainda quando devida após das férias já iniciadas ou a ini-
que trata o artigo anterior, bem a cessação do contrato de traba- ciar-se, ressalvado ao tripulante
como o concedido em virtude de lho, terá natureza salarial, para os o direito ao respectivo gozo pos-
cláusula do contrato de trabalho, efeitos do art. 449. teriormente.
do regulamento da empresa, de § 6o O Delegado do Traba-
convenção ou acordo coletivo, lho Marítimo poderá autorizar a
desde que não excedente de vin-
Seção VI – Do Início da acumulação de 2 (dois) períodos
te dias do salário, não integrarão Prescrição de férias do marítimo, mediante
a remuneração do empregado requerimento justificado:
para os efeitos da legislação do Art. 149. A prescrição do direi- I – do sindicato, quando se
trabalho. to de reclamar a concessão das tratar de sindicalizado; e
férias ou o pagamento da res- II – da empresa, quando o
Art. 145. O pagamento da re- pectiva remuneração é contada empregado não for sindicalizado.
muneração das férias e, se for do término do prazo mencionado
o caso, o do abono referido no no art. 134 ou, se for o caso, da Art. 151. Enquanto não se criar
art. 143 serão efetuados até 2 cessação do contrato de trabalho. um tipo especial de caderneta
(dois) dias antes do início do res- profissional para os marítimos, as
pectivo período. férias serão anotadas pela Capita-
Parágrafo único. O emprega- nia do Porto na caderneta-matrí-
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Consolidação das Leis do Trabalho
cula do tripulante, na página das de Acidentes do Trabalho; Art. 159. Mediante convênio au-
observações. III – conhecer, em última ins- torizado pelo Ministro do Trabalho,
tância, dos recursos, voluntários poderão ser delegadas a outros
Art. 152. A remuneração do tri- ou de ofício, das decisões profe- órgãos federais, estaduais ou
pulante, no gozo de férias, será ridas pelos Delegados Regionais municipais atribuições de fisca-
acrescida da importância cor- do Trabalho, em matéria de se- lização ou orientação às empre-
respondente à etapa que estiver gurança e medicina do trabalho. sas quanto ao cumprimento das
vencendo. disposições constantes deste
Art. 156. Compete especial- Capítulo.
mente às Delegacias Regionais
Seção VIII – Das Penalidades do Trabalho, nos limites de sua
jurisdição:
Seção II – Da Inspeção Prévia
Art. 153. As infrações ao dispos- I – promover a fiscalização do e do Embargo ou Interdição
to neste Capítulo serão punidas cumprimento das normas de se-