Atividade de Avaliação 01

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 2

A partir da primeira invasão de Cristóvão Colombo ao continente americano, há

mais de 508 anos, a denominação de índios dada aos habitantes nativos dessas terras
continua até os dias de hoje. Para os europeus que chegavam às terras indígenas, a
denominação tinha um sentido pejorativo, resultado de todo o processo histórico de
discriminação e preconceito contra os povos nativos da região. A primeira visão que eles
tinham, era de que o índio representava um ser sem civilização, sem cultura, incapaz,
selvagem, preguiçoso, traiçoeiro etc. Para outros ainda, o índio era um ser
romântico, protetor das florestas, símbolo da pureza, quase um ser como o das
lendas e dos romances.

Desde a chegada dos portugueses e europeus que se instalaram por aqui, os


habitantes nativos foram alvo de diferentes percepções e julgamentos, esses fatores
transitavam entre o preconceito, a incompreensão e a inadequação ligada aos povos
indígenas e o território, até então, inexplorado. A visão dos cronistas colonialistas
apontada em seus textos e em gravuras, traziam um conjunto de aspectos ligados
diretamente às características, aos comportamentos, às capacidades e à natureza biológica
e espiritual que lhes são próprias. Alguns religiosos europeus, por exemplo,
duvidavam que os índios tivessem alma. Outros não acreditavam que os nativos
pertencessem à natureza humana pois, segundo eles, os indígenas mais pareciam
animais selvagens.

Estas são algumas maneiras diferentes de como “os brancos” concebem a


totalidade dos povos indígenas a partir da visão etnocêntrica predominante no mundo
ocidental europeu. Dessa visão limitada e discriminatória, que pautou a relação entre
índios e brancos no Brasil desde 1500, resultou uma série de ambiguidades e contradições
ainda hoje presentes no imaginário da sociedade atual e dos próprios povos indígenas. A
sociedade, como um todo, permeada pela visão evolucionista da história e das culturas,
continua considerando os povos indígenas como culturas em estágios inferiores, cuja
única perspectiva é a integração e a assimilação à cultura global.

Uma das outras características ligadas a visão do europeu, é a incompreensão no


que diz respeito à antiga visão romântica sobre os índios, presente desde a chegada
dos primeiros povos ao Brasil. É a visão que concebe o índio como ligado à natureza,
protetor das florestas, ingênuo, pouco capaz ou incapaz de compreender o mundo
branco com suas regras e valores. O índio viveria numa sociedade contrária à sociedade
moderna. Essa visão criada por cronistas, romancistas e intelectuais, desde a chegada de
Pedro Álvares Cabral em 1500, perdura até os dias de hoje e tem fundamentado toda a
relação tutelar e paternalista entre os índios e a sociedade nacional, institucionalizada
pelas políticas indigenistas do último século, inicialmente, por meio do Serviço de
Proteção ao Índio (SPI) e, atualmente, pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Aqui
o índio é percebido sempre como uma vítima e um coitado que precisa de tutor para
protegê-lo e sustentá-lo, isto é, sem tutor ou protetor os índios não conseguiriam se
defender, se proteger, se desenvolver e sobreviver. Daí a ideia da FUNAI como pai e
mãe, ainda muito presente entre vários povos indígenas do Brasil.

Uma outra perspectiva é sustentada pelo preconceito e pela visão do índio cruel,
bárbaro, canibal, animal selvagem, preguiçoso, traiçoeiro e tantos outros adjetivos
e denominações negativos. Essa visão também surgiu desde a chegada dos europeus,
através principalmente do seguimento econômico, que queria ver os índios totalmente
extintos para se apossarem de suas terras para fins econômicos. As denominações e os
adjetivos eram para justificar suas práticas de massacre, como autodefesa e defesa dos
interesses da Coroa. Ainda hoje essa visão continua sendo sustentada por grupos
econômicos que têm interesse pelas terras indígenas e pelos recursos naturais nelas
existentes.

Alguns dos historiadores que estudaram a relação do primeiro contato entre índios
e colonizadores chamaram esse acontecimento entre portugueses e indígenas de
“encontro de culturas” como uma tentativa de apaziguar e tornar calma as péssimas
relações que foram mantidas entre esses dois grupos, mas percebe-se que, quando se dá
início ao processo de colonização feita pelos colonizadores, o que acontece é um
“desencontro de culturas”, que desencadeou uma série de ações que levaram os índios a
serem tratados com inferioridade e submissão pelo homem “branco”.

Em suma, todos esses acontecimentos carregam um peso que é trazido até os dias
de hoje em forma de preconceito e intolerância para com a comunidade indígena. Os
povos indígenas, através de sua memória histórica de resistência e luta, nos mostram que,
além de possível, é necessário recriar. Esses são os laços que unem o homem com a terra,
e que determinam sua relação com o mundo, reafirmando sua condição de humanidade,
contra a perda e a tomada de posse das suas terras e da sua cultura.

Você também pode gostar