PORTUGUÊS

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LÍNGUA PORTUGUESA

ORTOGRAFIA - FONOLOGIA
A fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da língua. É a fonologia que se ocupa com a ortoépia
(correta pronúncia das palavras) e com a prosódia (correta acentuação das palavras). O objeto de estudo da
fonologia é o fonema. Fonema é a menor unidade sonora da língua, capaz de estabelecer distinção entre as
palavras. Há três tipos de fonemas: vogal, semivogal e consoante.
OBS.: Não confunda fonema com letra. Fonema é o som; letra é a representação gráfica (escrita) do fonema.
Por exemplo, o fonema /z/ pode ser representado pela letra z (batizar), pela letra s (casa) e pela letra x (exame).
Vogal: É o fonema resultante da livre passagem do ar pela boca. A vogal é a base da sílaba, ou seja, não
existe sílaba sem vogal, bem como não há duas vogais na mesma sílaba. São elas: a, e, i, o, u.
Semivogal: É representada pelas letras e, i, o, u, quando estiverem na mesma sílaba com uma vogal.
Portanto, só existe semivogal nos encontros vocálicos (ditongo e tritongo).
Consoante: É o fonema produzido quando o ar, ao passar pela boca, encontra algum obstáculo. São
consoantes: b, d, f, g (ga, go, gu), j (ge, gi, j) k (c ou qu), l, m (antes de vogal), n (antes de vogal), p, r, s (s, c, ç,
ss, sc, sç, xc), t, v, x (inclusive ch), z (s, z), nh, lh, rr.
OBS.: A letra a sempre é vogal; i e u geralmente são semivogais. Já as letras e e o ora são vogais, ora
semivogais (quando soarem como i e u, respectivamente).
Encontros Vocálicos: É o agrupamento de vogais e semivogais. Há três tipos de encontros vocálicos:
Hiato = É a sequência de duas vogais, cada qual em uma sílaba diferente.
Ex. Lu-a-na a-fi-a-do pi-a-da
Ditongo = É a sequência de dois sons vocálicos na mesma sílaba. Quando a vogal estiver antes da
semivogal, chama-se de Ditongo Decrescente e, quando a vogal estiver depois da semivogal, de Ditongo
Crescente.
Os ditongos são classificados ainda em oral e nasal, conforme ocorrer a saída do ar pelas narinas ou somente
pela boca.
Ex. Cai-xa = Ditongo decrescente oral. Cin-quen-ta = Ditongo crescente nasal.
Tritongo = É a sequência de três sons vocálicos na mesma sílaba. Também pode ser oral ou nasal.
Ex. A-guei = Tritongo oral. Sa-guão = Tritongo nasal.
OBS.: As letras am e em, quando estiverem no fim da palavra, formam ditongo nasal.
Ex. casaram (pronuncia-se ãu)
querem (pronuncia-se ~ei)
Encontros Consonantais: É o agrupamento de consoantes. Há três tipos:
Puro ou Perfeito = É o agrupamento de consoantes, lado a lado, na mesma sílaba.
Ex. Bra-sil, pla-ne-ta, a-dre-na-li-na.
Disjunto ou Imperfeito = É o agrupamento de consoantes, lado a lado, em sílabas diferentes.
Ex. ap-to, cac-to, as-pec-to.
Fonético = É a letra x com som de ks.
Ex. nexo - axila (pronuncia-se nekso, aksila)
Dígrafos: É o agrupamento de duas letras representando um único som. Os principais dígrafos são rr, ss, sc,
sç, xc, xs, lh, nh, ch, qu, gu.
Ex. arroz, assar, nascer, desço, exceção, exsudar, alho, banho, cacho, querida, sangue.

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Dígrafo Vocálico: Também chamado Ressôo Nasal, são duas letras representando um único fonema
vocálico. É representado pelas letras am, an, em, en, im, in, om, on, um, un, quando estiverem no final da
sílaba. (am e em são dígrafos só no interior do vocábulo.
Ex. tampa (pronuncia-se tãpa) canto (pronuncia-se kãtu) bomba (pronuncia-se bõba)

SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DAS PALAVRAS


Na significação contextual, o significado de um item lexical é determinado por elementos subjetivos
associados aos itens lexicais que o acompanham.
O significado do item lexical tem em consideração não só as suas propriedades semânticas, mas também
o contexto em que é expresso e do qual fazem parte crenças e atitudes dos falantes, referências a entidades
que os falantes conhecem ou convenções sociais.
Por exemplo, a frase “O André caiu na armadilha” tem um significado distinto do significado frásico
transmitido pelas propriedades semânticas das palavras.
Com efeito, embora se deixe passar a afirmação “O André caiu e magoou-se”, sabemos que, na realidade, o
falante, ao emitir tal declaração, quer dizer que “Alguém prejudicou o André”.
A palavra armadilha não tem o significado literal de “artifício ou engenho para capturar animais ou pessoas”,
mas, sim, de “estratagema para fazer enganar alguém”, “artifício enganador ou ardil”.
O significado dado à palavra armadilha depende exclusivamente do contexto.
O significado literal indica o que o item lexical tipicamente quer dizer, ou seja, o significado de uma palavra
tal como é veiculado pelas suas propriedades semânticas, independentemente do contexto em que se insere e
da intenção do falante ao enunciá-la.
O significado literal expressa, pois, a relação entre a estrutura linguística e o mundo (real e/ou possível).

ORTOGRAFIA SEPARAÇÃO SILÁBICA


A divisão silábica deve ser feita a partir da soletração, ou seja, dando o som total das letras que formam cada
sílaba, respeitando-se a pronúncia.
Usa-se o hífen para marcar a separação silábica.
Não se separam os ditongos e tritongos:
Ex. cai-xa, má-goa, re-ló-gio, Pa-ra-guai, en-xa-guei.
Separam-se as vogais dos hiatos:
Ex. sa-ú-de, hi-a-to, le-em, en-jo-o.
Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, qu, gu: Ex. chu-va, te-lha, ba-nha, que-da, guei-xa.
Separam-se os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc e xs:
Ex. car-ro, pas-sar, nas-ce, cres-ço, ex-ce-to, ex-su-dar.
Separam-se os encontros consonantais impuros: Ex. es-co-la, des-cas-car, res-to, e-ner-gia.

Prefixos terminados em consoante:


Ligados a palavras iniciadas por consoante: Cada consoante fica em uma sílaba, pois haverá a formação
de encontro consonantal impuro.
Ex. des-te-mi-do, trans-pa-ren-te, hi-per-mer-ca-do.
Ligados a palavras iniciadas por vogal: A consoante do prefixo liga-se à vogal da palavra.
Ex. su-ben-ten-di-do, tran-sal-pi-no, hi-pe-ra-mi-go.
OBS.: Lembre-se de que não existe sílaba sem vogal. Por essa razão, a palavra pneu, por exemplo, não
pode ser separada, já que o p, sozinho, não forma sílaba. Ex.: psi-co- lo-gia, mne-mô-ni-ca.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Sílaba tônica: É a sílaba pronunciada com maior intensidade em uma palavra. Quanto à posição da sílaba
tônica, as palavras se classificam em:
Oxítona: Palavra cuja sílaba tônica é a última. Ex. angu, crachá
Paroxítona: Palavra cuja sílaba tônica é a penúltima. Ex. aluno, fácil
Proparoxítona: Palavra cuja sílaba tônica é antepenúltima.
Ex. elétrico, lâmpada
OBS.: Palavras formadas por uma só sílaba são chamadas monossílabas. As monossílabas se dividem em:
átonas (me, o, a, de, lhe, em, se) e tônicas (dor, mim, sol, ver, ti, luz)
Sílaba subtônica: Só existe em palavras derivadas.
Coincide com a tônica da palavra primitiva.
Ex. cafezinho - A sílaba tônica é zi, e a subtônica, fe. taxímetro - A sílaba tônica é xí, e a subtônica, ta.
Atenção: As sílabas que não são tônicas nem subtônicas são chamadas átonas.

REGRAS DE ACENTUAÇÃO
(Atualizadas conforme o Acordo Ortográfico de 2008)
Monossílabos Tônicos: Serão acentuados quando terminarem em A, E, O, seguidos ou não de s.
Ex. pá, más, fé, Jês, dó, cós.

Oxítonas: Serão acentuadas quando terminarem em A, E, O, seguidos ou não de s, e em EM, ENS.


Ex. Corumbá, maracujás, rapé, massapê, filó, vovô, amém, parabéns.
Paroxítonas: Serão acentuadas quando terminarem em
L, I(S), N, U(S), R, X, Ã, ÃO, UM, UNS, PS, EI(S), ditongo
crescente (s).
Ex: fácil, táxi, pólen, bônus, caráter, fênix, ímã, órgão, álbum, médiuns, tríceps, vôlei, relógio.
Proparoxítonas: Todas as proparoxítonas são acentuadas.
Ex. síndrome, ínterim, lêvedo, médico, árvore, sândalo.
Ditongos abertos EI e OI: São acentuados, exceto em palavras paroxítonas.
Ex. réis, anéis, ideia, dói, herói, jiboia.
Ditongo aberto EU: Sempre é acentuado. Ex. véu, chapéu, fogaréu.
Hiato: As letras I e U, quando formarem hiato com outra vogal e estiverem sozinhas na sílaba, ou seguidas de
S, receberão acento.
Ex. puída, país, construí-la, baú, ataúde, balaústre.

OBS. 1: Há algumas exceções para a regra do hiato de I e U. Não são acentuados:


1ª) Hiato de vogais idênticas _ xiita, sucuuba
2ª) Hiato seguido pelo dígrafo NH _ rainha, bainha
3ª) Hiato precedido de ditongo _ feiura, cauila, bocaiúva.

Verbos TER e VIR: Recebem acento circunflexo na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo.
Ex. Ele tem / Eles têm Ele vem / Eles vêm.
Já os verbos derivados de Ter e Vir recebem acento agudo na 3ª pessoa do singular e acento circunflexo na 3ª
pessoa do plural.
Ex. Ele detém / Eles detêm Ele intervém / Eles intervêm.
Verbos CRER/DAR/LER/VER e seus derivados: Recebem acento circunflexo na 3ª pessoa do singular e
têm E dobrado na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo (sem acento).
Ex. Ele crê / Eles creem Ele vê / Eles veem
Ele relê / Eles releem
Ele descrê / Eles descreem
Acento diferencial: A palavra pôde (pretérito perfeito) recebe acento para diferenciar de pode (presente). O
verbo pôr recebe acento para diferenciar da preposição por.
OBS.1: O acento diferencial foi eliminado nas palavras PARA, PERA, PELA, PELO, POLO.
OBS.2: O trema também foi extinto em todas as palavras (Ex. frequente, cinquenta, linguiça).

ORTOGRAFIA
Emprego do Ç
01) Utilizamos o sufixo -ção nas palavras derivadas de vocábulos terminados em -to, -tor, -tivo e os
substantivos derivados de verbos:
Ex. erudito = erudição exceto = exceção
setor = seção intuitivo = intuição educar = educação
exportar = exportação repartir = repartição
02) Emprega-se -tenção nos substantivos correspondentes aos verbos derivados do verbo ter.
Ex. manter = manutenção reter = retenção
deter = detenção conter = contenção
Emprego do S
01) Nas palavras derivadas de verbos terminados em - nder e –ndir.
Ex. pretender = pretensão defender = defesa, defensivo compreender =
compreensão fundir = fusão
expandir = expansão
02) Nas palavras derivadas de verbos terminados em - erter, -ertir e -ergir.
Ex. perverter = perversão converter = conversão divertir = diversão
imergir = imersão
03) Emprega-se -puls- nas palavras derivadas de verbos terminados em –pelir; e -curs-, nas palavras
derivadas de verbos terminados em -correr.
Ex. expelir = expulsão impelir = impulso compelir = compulsório concorrer =
concurso discorrer = discurso percorrer = percurso
04)Nas palavras terminadas em -oso e -osa, com exceção de gozo.
Ex. gostosa, saboroso, gasoso
05)Nas palavras terminadas em -ase, -ese, -ise e -ose, com exceção de gaze e deslize.
Ex. fase, crase, tese, osmose, análise.
06) Nas palavras femininas terminadas em -isa. Ex. poetisa, papisa, Marisa.
07) Em toda a conjugação dos verbos pôr, querer e
usar.
Ex. Eu pus Ele quis Nós usamos
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08) Nas palavras terminadas em -ês e -esa, que indicarem nacionalidade, origem e títulos de nobreza.
Ex. português, dinamarquesa, tailandesa, duquesa, marquês.
09) Nos verbos terminados em -isar, quando a palavra primitiva já possuir o -s-.
Ex. análise = analisar liso = alisar
pesquisa = pesquisar paralisia = paralisar
10) Nos diminutivos de palavras escritas com -s-. Ex.: casinha, asinha, portuguesinho, Inesita.
OBS.: Ç ou S? Após ditongo, emprega-se -ç-, quando houver som de ss, e escreve-se com -s-, quando
houver som de z. Ex. eleição, traição, lousa, coisa.
Emprego do Z
1) Nas palavras terminadas em -ez e -eza, que são substantivos derivados de adjetivos:
Ex. limpo = limpeza lúcido = lucidez nobre = nobreza pobre = pobreza
belo = beleza
2) Nos verbos terminados em -izar, quando a palavra primitiva não possuir -s-.
Ex. economia = economizar terror = aterrorizar
frágil = fragilizar
OBS.: Cuidado, pois há algumas exceções!
Ex. catequese = catequizar síntese = sintetizar
hipnose = hipnotizar batismo = batizar
3)Nos diminutivos terminados em -zinho e -zito, quando a palavra primitiva não possuir -s- .
Ex. mulherzinha, arvorezinha, alemãozinho, aviãozinho, pezinho
Emprego de SS
01) Nas palavras derivadas de verbos terminados em - ceder.
Ex. anteceder = antecessor exceder = excesso
conceder = concessão
02) Nas palavras derivadas de verbos terminados em - primir.
Ex. imprimir = impressão comprimir = compressa deprimir = depressivo
03) Nas palavras derivadas de verbos terminados em - gredir.
Ex. agredir = agressão progredir = progresso transgredir = transgressor
04) Nas palavras derivadas de verbos terminados em - meter.
Ex. comprometer = compromisso intrometer = intromissão
prometer = promessa
Emprego do J
Nas palavras derivadas dos verbos terminados em -
01)
jar.
Ex. trajar = traje, eu trajei encorajar = que eles encorajem viajar = que eles viajem
02) Nas palavras derivadas de vocábulos terminados em
-ja.
Ex. loja = lojista
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gorja = gorjeta, gorjeio canja = canjica
03) Nas palavras de origem tupi, africana ou popular. Ex. jiló, pajé, jiboia, jirau
Emprego do G
01) Em todas as palavras terminadas em -ágio, -égio, - ígio, -ógio, -úgio.
Ex. pedágio, colégio, sacrilégio, prestígio, relógio, refúgio.
02)Nas palavras terminadas em -gem, com exceção de pajem e lambujem:
Ex. viagem (subst.), coragem, personagem, ferrugem, penugem.
Emprego do X
01) Nas palavras iniciadas por mex-, com exceção de mecha.
Ex. mexilhão, mexerica, mexer
02)Nas palavras iniciadas por enx-, com exceção das derivadas de vocábulos iniciados por ch- e da palavra
enchova.
Ex. enxada, enxerto, enxerido, enxurrada.
03) Após ditongo, com exceção de recauchutar e
guache.
Ex. ameixa, deixar, queixa, feixe, peixe
UIR e OER
Os verbos terminados em -uir e -oer terão as 2ª e 3ª pessoas do singular do Presente do Indicativo escritas
com - i-.
Ex. tu possuis, ele possui, tu constróis, ele constrói, tu móis, ele mói
UAR e OAR
Os verbos terminados em -uar e -oar terão todas as pessoas do Presente do Subjuntivo escritas com -e-.
Ex. Que eu efetue, Que tu efetues, Que vós entoeis, Que eles entoem.

EMPREGO DO HÍFEN
As regras a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que
podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro,
entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró,
pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.
1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h. Ex. anti-higiênico, anti-histórico, co-
herdeiro, macro-história, super-homem.
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).
2.Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo
elemento.
Ex. aeroespacial, agroindustrial, anteontem, semianual, infraestrutura, plurianual.
Exceção: o prefixo co geralmente aglutina-se, com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o:
coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar.
3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante
diferente de r ou s.
Ex. anteprojeto, antipedagógico, coprodução, semideus, ultramoderno.
4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse
caso, duplicam-se essas letras.
Ex. antirrábico, antissocial, contrarregra, cosseno, infrassom.
5.Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal.
Ex. anti-ibérico, auto-observação, contra-atacar, micro- ondas, semi-interno.
6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma
consoante.
Ex. inter-racial, sub-base, super-realista.
Atenção: Nos demais casos, não se usa o hífen. Ex. hipermercado, intermunicipal, superproteção.
OBS.: Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r (sub-região). Já com os
prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal (circum-navegação, pan-
americano).
7.Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal.
Ex. hiperacidez, interescolar, superinteressante.
8.Com os prefixos vice, ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen.
Ex. vice-prefeito, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, pós- graduação, pré-história, pró-europeu, recém-casado,
sem-terra.
9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi- guarani: açu, guaçu e mirim.
Ex. amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
Além de ser empregado com os prefixos nos casos citados acima, o hífen também é utilizado na separação
silábica (e-le-fan-te), serve para ligar pronome pessoal oblíquo a verbo (ofereço-lhe) e une os elementos nas
palavras compostas.
(Ex. guarda-roupa, beija-flor, corre-corre, greco-latino).

PONTUAÇÃO
Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora não consigam
reproduzir toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles estruturam os textos e procuram estabelecer as
pausas e as entonações da fala. São eles:
Vírgula ( , )
A vírgula indica uma pausa pequena, deixando a voz em suspenso à espera da continuação do período.
Geralmente é usada:
1) nas datas, para separar o nome da localidade. Ex. Brasília, 25 de agosto de 2011.
2)após o uso dos advérbios "sim" ou "não", usados como resposta, no início da frase.
Ex. _ Você gostou da festa?
_ Sim, eu adorei.
3) após a saudação em correspondência (social e comercial).
Ex. Atenciosamente,
4) para separar termos de uma mesma função sintática. Ex. Comprei banana, maçã, laranja.
5) para destacar elementos intercalados na oração, tais como:
A – uma conjunção
Ex. Ele estudou, não alcançou, porém, um bom resultado.
B – um adjunto adverbial
Ex. Essas crianças, com certeza, serão aprovadas.
C – um vocativo
Ex. Todos vocês, meus amigos, estão convidados
D – um aposto
Ex. Juliana, irmã de Maria, passou no vestibular.
E – uma expressão explicativa ou corretiva (isto é, a saber, ou melhor, aliás, etc,)
Ex. O amor, ou seja, o mais sublime sentimento humano, inicia-se em Deus.

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6) para separar termos deslocados de sua posição normal na frase.
Ex. O documento, você trouxe?
7) para separar elementos paralelos de um provérbio. Ex. Tal pai, tal filho.
8) para indicar a elipse (omissão) de um termo. Ex. Daniel ficou alegre e eu, chateado.
9) para
separa orações intercaladas.
Ex. O importante, disse ela, era a segurança da escola.
10)para separar as orações coordenadas, exceto as aditivas.
Ex. Vá devagar, que a rua é perigosa.

ATENÇÃO! Embora a conjunção "e" seja aditiva,


há três casos em que se usa a vírgula antes dela:
1) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos
diferentes.
Ex. O homem vendeu o carro, e a mulher protestou.
2) Quando a conjunção "e" vier repetida com a
finalidade de dar ênfase (polissíndeto).
Ex. E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.
3) Quando a conjunção "e" assumir valores distintos
que não seja da adição (adversidade, consequência)
Ex. Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi
aprovada.
11) para separar orações subordinadas substantivas e adverbiais, principalmente quando vêm antes da
principal.
Ex.Quando José encontrar o livro, vai comprá-lo para mim.
12) para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas.
Ex. A professora, que ainda estava na faculdade, dominava todo o conteúdo.
Ponto-e-vírgula (;)
O ponto-e-vírgula indica uma pausa um pouco mais longa que a vírgula e um pouco mais breve que o ponto.
O emprego do ponto-e-vírgula depende muito do contexto em que ele aparece. Podem-se seguir as seguintes
orientações para empregar o ponto-e-vírgula:
1) Para separar duas orações coordenadas que já contenham vírgulas.
Ex. Estive a pensar, durante toda a noite, em Diana, minha antiga namorada; no entanto, desde o último
verão, estamos sem nos ver.
2) Para separar enumeração após dois pontos:
Ex. Os alunos devem respeitar as seguintes regras:
- não fumar dentro do colégio;
- não fazer algazarras na hora do intervalo;
- respeitar os funcionários e os colegas;
- trazer sempre o material escolar.

Dois-pontos (:)
1) Parainiciar uma enumeração:
Ex. Compramos para a casa o seguinte: mesa, cadeiras, tapetes e sofás.
2) Para introduzir a fala de uma personagem: Ex.Sempre que o professor Luís entra em sala-de-aula diz:
Essa moleza vai acabar!
3) Paraesclarecer ou concluir algo que já foi dito:
Ex. Subjetividade e Nacionalismo: essas são as características do Romantismo.
Reticências ( ... )
1) Para
indicar uma certa indecisão, surpresa ou dúvida na fala da personagem:
Ex. João Antônio! Diga-me... você... me traiu?
2) Para indicar que, num diálogo, a fala de uma personagem foi interrompida:
Ex. Como todos já deram sua opinião, creio que...
3)Para indicar, numa citação, que certos trechos do texto foram exclusos:
Ex. "No momento em que a tia foi pagar a conta, Joana pegou o livro..." (Clarice Lispector)
Aspas ( " " )
As aspas têm como função destacar uma parte do texto.
São empregadas:
1) antes e depois de citações ou transcrições textuais.
Ex. Como disse Machado de Assis: “A melhor definição de amor não vale um beijo.”
2) para assinalar estrangeirismo, neologismos, gírias, expressões populares, ironia.
Ex. O "lobby" dos fabricantes de pneus está cada vez mais explícito.
Com a chegada da polícia, os três suspeitos "vazaram".
Que "maravilha": Felipe tirou zero na prova!
OBS.: Em trechos que já estiverem entre aspas, se necessário usá-las novamente, empregam-se aspas simples.
Ex. "Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera deles, 'olhos de cigana oblíqua e dissimulada'. Eu
não sabia o que era oblíqua.” (Machado de Assis)

Travessão ( – )
O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser empregado:
1) no discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos.
Ex. _ O que isso, mãe?
_ É seu presente de Natal, minha filha.
2) para separar expressões ou frase explicativas, intercaladas.
Ex. "E logo me apresentou à mulher – uma estimável senhora – e à filha." (Machado de Assis)
3) para destacar algum elemento no interior da frase, podendo também realçar o aposto.
Ex. "Junto do leito meus poetas dormem – Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron – na mesa confundidos."
(Álvares de Azevedo)

SEMÂNTICA
A semântica estuda o significado e a interpretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou
de uma expressão em um determinado contexto.
Esse campo de estudo analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas linguísticas
devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico.
Ambiguidade: Possibilidade de dupla interpretação para um mesmo enunciado.
Polissemia: É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar mais de um significado nos múltiplos
contextos em que aparece.
Ex. cabo (posto militar, acidente geográfico, parte da vassoura)
Sinônimos: São palavras que apresentam, entre si, o mesmo significado.
Ex. triste = melancólico resgatar = recuperar ratificar = confirmar digno = decente,
honesto
reminiscências = lembranças insipiente = ignorante.
Antônimos: São palavras que apresentam, entre si, sentidos opostos, contrários.
Ex. bom x mau bem x mal condenar x absolver simplificar x complicar
Homônimos: São palavras iguais na forma e diferentes na significação. Há três tipos de homônimos:
1) Homônimos Perfeitos _ Têm a mesma grafia e a mesma pronúncia.
Ex. cedo (advérbio) e cedo (verbo ceder) meio (numeral) e meio (substantivo)
2) Homônimos Homófonos _ Têm a mesma pronúncia e grafias diferentes.
Ex. sessão (reunião) seção (repartição) e cessão (ato de ceder)
3) Homônimos Homógrafos _ Têm a mesma grafia e pronúncias diferentes.
Ex. almoço (refeição) e almoço (verbo almoçar) sede (vontade de beber) e sede (residência).
Parônimos: São palavras de significação diferente, mas de forma parecida, semelhante.
Ex. retificar e ratificar inflação e infração tráfico e tráfego eminente e iminente
Segue abaixo uma lista com alguns homônimos e parônimos:
- acender = atear fogo ascender = subir
- acerca de = a respeito de, sobre
há cerca de = faz, existe aproximadamente
- afim = semelhante, com afinidade a fim de = com a finalidade de
- amoral = indiferente à moral
imoral = contra a moral, libertino, devasso
- apreçar = marcar o preço apressar = acelerar
- arrear = pôr arreios arriar = abaixar
- bucho = estômago de ruminantes buxo = arbusto ornamental
- caçar = abater a caça cassar = anular
- cela = aposento sela = arreio
- censo = recenseamento senso = juízo
cessão = ato de doar
- seção = corte, divisão sessão = reunião
- chalé = casa campestre
xale = cobertura para os ombros
- cheque = ordem de pagamento xeque = lance do jogo de xadrez
- comprimento = extensão cumprimento = saudação
- concertar = harmonizar, combinar consertar = remendar, reparar
- conjetura = suposição, hipótese conjuntura = situação, circunstância
- deferir = conceder diferir = adiar
- descrição = representação discrição = ato de ser discreto
- descriminar = inocentar discriminar = diferençar, distinguir
- despensa = compartimento dispensa = desobrigação
- despercebido = sem ser notado desapercebido = desprevenido
- eminente = nobre, alto, excelente iminente = prestes a acontecer
- esperto = ativo, inteligente, vivo experto = perito, entendido
- espiar = olhar sorrateiramente expiar = sofrer pena ou castigo
- estada = permanência de pessoa estadia = permanência de veículo
- flagrante = evidente fragrante = aromático
- incerto = duvidoso inserto = inserido, incluso
- incipiente = iniciante insipiente = ignorante

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- infligir= aplicar pena ou castigo
infringir = transgredir, violar, desrespeitar
- intercessão = súplica, rogo
interse(c)ção = ponto de encontro de duas linhas
- ratificar = confirmar retificar = corrigir
- soar = produzir som suar = transpirar
- sortir = abastecer surtir = originar
- tacha = pequeno prego taxa = tributo
- tachar = censurar, notar defeito em taxar = estabelecer o preço

Hipônimo: É a palavra que indica uma parte, um item específico de um todo.


Ex. sabiá, curió, gavião, águia (pertencem ao grupo das aves, portanto são hipônimos da palavra AVE).
Hiperônimo: É a palavra que indica o todo, do qual se originam várias partes ou ramificações.
Ex. Calçado (Hiperônimo de sandália, tênis, sapato, etc.) Animal (Hiperônimo de vaca, zebra, gato, etc.)
OBS.: A Hiponímia particulariza, enquanto a Hiperonímia generaliza.

MORFOLOGIA
Morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia
é estudar as palavras analisando-as isoladamente, independentes de contexto.
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das palavras.
Assim, compreendemos melhor o significado de cada uma delas.
As palavras podem ser divididas em unidades menores, a que damos o nome de elementos mórficos ou
morfemas.
Os elementos mórficos são os seguintes:
1)Radical : É o elemento que contém o sentido básico do vocábulo.
Ex. falar, comer, dormir, casa, carro.
Palavras que apresentam o mesmo radical são chamadas de palavras cognatas e constituem uma família
etimológica. Ex. árvore, arborizado, arvorismo, arbóreo.
OBS.: Em se tratando de verbos, descobre-se o radical, retirando-se a terminação AR, ER ou IR.
2) Vogal Temática : É uma vogal colocada após o radical, que o prepara para receber os demais
elementos. Ex. cadeira, livro, casa.
Os verbos apresentam as vogais temáticas A, E ou I, presentes à terminação verbal. Elas indicam a que
conjugação o verbo pertence:
- 1ª conjugação = vogal temática A (comprar, amar)
- 2ª conjugação = vogal temática E (viver, beber)
- 3ª conjugação = vogal temática I (dormir, sentir)

OBS.: O verbo pôr e seus derivados (supor, compor, repor, etc.) pertencem à 2ª conjugação, já que se
originam do antigo verbo poer.
3) Tema: É a junção do radical com a vogal temática. Se não existir a vogal temática, o tema e o radical serão o
mesmo elemento.
Ex. estuda = estud+a ferro = ferr+o leal = leal (radical e tema coincidem)
4) Desinências: É o elemento que indica a flexão da palavra. Existem dois tipos de desinências:
a) Desinênciasverbais
- Modo-temporais = indicam o modo e o tempo. Ex. cantava (pretérito imperfeito do indicativo)
- Número-pessoais = indicam a pessoa e o número. Ex. cantaram (3ª pessoa do plural)

b) Desinências nominais
- de gênero = indica o gênero da palavra. A palavra terá desinência nominal de gênero, quando houver a
oposição masculino - feminino.
Ex. cabeleireiro - cabeleireira.
A vogal a será desinência nominal de gênero sempre que indicar o feminino de uma palavra, mesmo que o
masculino não seja terminado em o.
Ex. crua, ela, traidora.
- de número = indica o plural da palavra. É a letra s, somente quando indicar plural.
Ex. cadeiras, macacos
5) Afixos: São elementos que se juntam ao radical para formar novas palavras.
São eles:
- Prefixo: É o afixo que aparece antes do radical. Ex. destampar, incapaz, amoral.
- Sufixo: É o afixo que aparece depois do radical ou do tema.
Ex. pensamento, acusação
Vogais e consoantes de ligação: São vogais e consoantes que surgem entre dois morfemas, para tornar
mais fácil e agradável a pronúncia de certas palavras. Ex. flores, bambuzal, gasômetro. As vogais e consoantes
de ligação não são consideradas morfemas, mas simples elementos utilizados, principalmente, em palavras
derivadas e compostas.
PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Haverá derivação quando, a partir de uma palavra primitiva na Língua Portuguesa, formar-se uma nova
palavra, a derivada.
Há seis tipos de derivação:
Derivação Prefixal: a palavra derivada é obtida pela anexação de um prefixo à palavra primitiva.
Ex. conceder, imoral, transplantar
Derivação Sufixal: A palavra nova é obtida por acréscimo de sufixo.
Ex. felizmente, moralidade
Derivação Prefixal e Sufixal: A palavra nova recebe prefixo e sufixo.
Ex . imoralidade, transplantado
Derivação Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por
parassíntese, formam-se principalmente verbos.
Ex. entristecer, enevoar
OBS.: Não confunda a derivação parassintética com a prefixal e sufixal.
No caso da parassíntese, a nova palavra só existe com ambos os afixos, pois o acréscimo é simultâneo.
No caso de entristecer, por exemplo, não existe “entriste” (sem o sufixo) e nem “tristecer” (sem o prefixo).
Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que haja a presença de afixos. São eles:
Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na
formação de substantivos derivados de verbos.
Ex. pesca (subst. deriv. do verbo pescar)
Derivação imprópria: a palavra nova é obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra primitiva.
Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão-somente na classe gramatical.
Ex. o porquê
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Haverá composição quando se juntarem dois ou mais radicais para formar uma nova palavra. A composição
pode ocorrer por:
Justaposição: os elementos que formam o composto são postos lado a lado, sem que haja alteração fonética
(a pronúncia não muda).
Ex. passatempo, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
Aglutinação: os elementos que formam o composto se aglutinam, havendo alteração fonética.
Ex. aguardente (água+ardente), alvinegro (alvo+negro).
Além da derivação e da composição, há alguns outros processos de formação de palavras:
Hibridismo: É a formação de novas palavras a partir da união de radicais de idiomas diferentes.
Ex. automóvel (grego+latim), sociologia (latim+grego), burocracia (francês+grego)
Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando imitar sons da natureza ou barulhos de máquinas. Ex.
zunzum, cricri, tique-taque, pingue-pongue.
Abreviação ou Redução Vocabular: Consiste na eliminação de um segmento da palavra, a fim de se obter
uma forma mais curta.
Ex. extra (de extraordinário), fone (de telefone)
Siglas: São formadas pela combinação das letras iniciais de uma sequência de palavras que constitui um nome:
Ex. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Empréstimo linguístico: É o aportuguesamento de palavras estrangeiras.
Ex. estresse, bife, sutiã

CLASSES DE PALAVRAS
A Morfologia dividiu as palavras em dez classes (também chamadas de classes gramaticais ou classes
morfológicas), considerando suas características e funções.
São elas: substantivo, adjetivo, artigo, pronome, numeral, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
SUBSTANTIVO
Substantivo é a palavra variável que dá nome aos seres, lugares, objetos, sentimentos. Para transformar uma
palavra de outra classe gramatical em um substantivo, basta precedê-la de artigo.
O substantivo pode ser classificado em: Primitivo: palavras que não derivam de outras. Ex. flor,
pedra, jardim.
Derivado: vem de outra palavra existente na língua. Ex. floricultura , pedreira, jardineiro.
Simples: tem apenas um radical. Ex. água, couve, sol
Composto: tem dois ou mais radicais. Ex. água-de-cheiro, couve-flor, girassol.
Concreto: designa seres reais ou fantásticos. Ex. homem, cadeira, anjo.
Abstrato: designa sentimentos, ideias ou conceitos, cuja existência está vinculada a alguém ou a alguma outra
coisa.
Ex. justiça, amor, trabalho,
Comum: denomina um conjunto de seres de maneira geral, ou seja, um ser sem diferenciar dos outros do mesmo
conjunto.
Ex. carro, aluno, cidade
Próprio: denota um elemento individual, sendo grafado sempre com letra maiúscula.
Ex. Fusca, Lucas, Ipatinga.
Coletivo: um substantivo coletivo designa um nome singular dado a um conjunto de seres.
Ex. legião, alcatéia, arquipélago.
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Flexão de gênero
Os substantivos flexionam-se nos gêneros masculino e feminino e, quanto às formas, podem ser:
Substantivos biformes: apresentam duas formas originadas do mesmo radical.
Ex. menino - menina, traidor - traidora, aluno - aluna.
Substantivos heterônimos: apresentam radicais distintos e dispensam artigo ou flexão para indicar
gênero, ou seja, apresentam duas formas: uma para o feminino e outra para o masculino.
Ex. arlequim - colombina, bode - cabra, homem – mulher.
Substantivos uniformes: apresentam a mesma forma para os dois gêneros, podendo ser classificados em:
Epicenos: referem-se a animais ou plantas e são invariáveis no artigo precedente, acrescentando as
palavras macho e fêmea, para distinção do sexo do animal. Ex. a onça macho - a onça fêmea; o jacaré
macho - o jacaré fêmea; a foca macho - a foca fêmea.
Comuns de dois gêneros: o gênero é indicado pelo artigo precedente. Ex. o/a dentista; o/a gerente.
Sobrecomuns: invariáveis no artigo precedente. Exemplos: a criança, o indivíduo, o algoz.
Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam também de significado. Eis alguns deles:
- o caixa = o funcionário a caixa = o objeto
- o capital = dinheiro
a capital = sede de governo
- o grama = medida de massa a grama = a relva, o capim
- o guia = cicerone
a guia = documento, formulário; meio-fio
- o moral = estado de espírito a moral = ética, conclusão

Flexão de número
Os substantivos apresentam singular e plural. Os substantivos simples fazem o plural da seguinte forma, se
forem terminados em:
1) n, vogal ou ditongo, acrescenta-se o s. Ex. elétrons, copos, cáries
2) ão, substitui-se por ões, ães ou ãos. Ex. anões, cães, mãos
3) r e z, acrescenta-se es. Ex. flores, luzes.
4) x, são invariáveis. Ex. tórax, fênix
5) al, el, ol, ul, trocam o l por is, com as seguintes exceções: "mal" (males), "cônsul" (cônsules), "mol"
(mols), "gol" (gols).
Ex. jornais, anéis.
6) il, troca-se o l por is (quando oxítona) ou o il por eis
(quando paroxítona).
Ex. fuzis, projéteis.
7) s, acrescenta-se es nas oxítonas e nas monossílabas; as demais ficam invariáveis.
Ex. países, áses, lápis, ônibus. (Exceção: cais é invariável)
Os substantivos compostos ligados por hífen flexionam- se da seguinte forma:
- se os elementos são formados por palavras repetidas ou por onomatopeia, só o segundo elemento varia
(tico-ticos, pingue-pongues).
- nos demais casos, somente os elementos originariamente substantivos, adjetivos e numerais variam
(couves-flores, guardas-noturnos, amores-perfeitos, bem- amados, vale-tudo).
OBS.: Metafonia é a mudança no timbre da vogal o (que passa de fechada ‘ô’ a aberta ‘ó’), observada no
plural de alguns substantivos: ovo – ovos , posto – postos.
Flexão de grau
Os substantivos apresenta os graus aumentativo e
diminutivo, que são formados por dois processos:
Analítico: o substantivo é modificado por adjetivos que indicam sua proporção (rato grande, gato pequeno).
Sintético: são utilizados sufixos. (ratão, gatinho)
Alguns substantivos apresentam um diminutivo erudito, formado com os sufixos latinos ículo(a), ulo(a),
únculo(a) e úsculo(a).
Segue abaixo uma lista de diminutivos eruditos:
corpo – corpúsculo cela – célula
febre – febrícula feixe – fascículo globo – glóbulo grão – grânulo gota –
gotícula
homem – homúnculo monte – montículo nó – nódulo
núcleo – nucléolo obra – opúsculo orelha – aurícula ovo – óvulo
parte – partícula porção – porciúncula pele – película
questão – questiúncula raiz – radícula
rede – retículo verso – versículo

ADJETIVO
Adjetivo é a palavra que modifica um substantivo, atribuindo-lhe qualidade, estado ou modo de ser. Os
adjetivos podem ser:
1) Adjetivo explicativo _ Denota qualidade essencial
do ser, qualidade inerente.
Ex. Homem mortal, leite branco.
2) Adjetivo restritivo _ Denota qualidade adicionada ao ser, ou seja, qualidade que pode ser retirada do
substantivo.
Ex. Homem inteligente, leite enriquecido.
Quanto à formação, os adjetivos se classificam em: Primitivo: não se originam de outra palavra.
Ex. verde
Derivado: origina-se de uma palavra já existente. Ex. esverdeado
Simples: apresenta somente um radical. Ex. azul
Composto: apresenta mais de um radical. Ex. azul-marinho
Adjetivo Pátrio: Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Ex. acreano, belo-horizontino, estadunidense, porto- riquenho, nordestino.
Locução Adjetiva: É uma expressão que exerce a mesma função do adjetivo.
Ex. olhos de águia (=aquilinos) carinha de anjo (= angelical)
fé sem limite (=ilimitada)
Flexão de gênero
O adjetivo concorda com o substantivo a que se refere em gênero e número (masculino e feminino; singular e
plural). Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser:
Uniforme: apresenta uma única forma para os dois gêneros.
Ex. amável, persistente
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Biforme: apresenta uma forma diferente para cada gênero.
Ex. bonito/bonita, chinês/chinesa
Flexão de número
Os adjetivos simples se flexionam obedecendo às mesmas regras dos substantivos simples. Já no caso dos
adjetivos compostos, somente o último elemento flexiona.
Ex. cabelos castanho-escuros, obras anglo- germânicas.
OBS.: Caso o adjetivo seja representado por um substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela não se flexiona.
Ex. motos vinho, comícios monstro, tons pastel, camisas branco-gelo, bandeiras amarelo-ouro.
Azul-marinho, azul-celeste, furta-cor, ultravioleta e qualquer adjetivo composto iniciado por cor de ... são
sempre invariáveis.
Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os dois elementos flexionados.
Flexão de Grau
1) Grau Comparativo: compara uma qualidade entre dois elementos ou duas qualidade de um mesmo
elemento. São três os comparativos:
- de superioridade: Para alguns alunos, Português é mais fácil que Química.
- de igualdade: Para alguns alunos, Português é tão fácil quanto Química.
- de inferioridade: Para alguns alunos, Português é menos fácil que Química.

OBS.: Os adjetivos bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (melhor, pior, maior e menor);
porém, em comparações feitas entre duas qualidades de um mesmo elemento, devem-se usar as formas
analíticas mais bom, mais mau, mais grande e mais pequeno.
Ex. Pedro é maior do que Paulo, pois se está comparando dois elementos, mas Pedro é mais grande que
forte, pois se está fazendo a comparação de duas qualidades de um mesmo elemento.
2) Grau Superlativo: engrandece a qualidade de um elemento. São dois os superlativos:
Superlativo absoluto
- analítico = o adjetivo é modificado por um advérbio. Ex. Carla é muito inteligente.
- sintético = quando há o acréscimo de um sufixo. Ex. Carla é inteligentíssima.
Superlativo relativo
- de superioridade = Enaltece a qualidade do substantivo como "o mais" dentre todos os outros.
Ex. Carla é a mais inteligente.
- de inferioridade = Enaltece a qualidade do substantivo como "o menos" dentre todos os outros.
Ex. Carla é a menos inteligente.
ARTIGO
É a palavra variável em gênero e número que precede um substantivo, determinando-o de modo preciso
(artigo definido) ou vago (artigo indefinido). Os artigos classificam- se em:
01) Artigos Definidos: o, a, os, as.
Ex. O garoto pediu dinheiro. (sabe-se quem é o garoto.)
02)Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Ex. Um garoto pediu dinheiro. (Refere-se a um garoto qualquer, de forma genérica.)
OBS.: O artigo tem a capacidade de substantivar qualquer palavra, isto é, ao precedermos uma palavra de
artigo, automaticamente, ela passa a atuar como substantivo.
Ex. Maria não aceitava um não como resposta. O andar do rapaz era trôpego e engraçado.
Emprego dos artigos
Ambos: Usa-se o artigo entre o numeral ambos e o elemento posterior, caso este exija o seu uso.
Ex. Ambos os atletas foram declarados vencedores. (atletas é substantivo que exige artigo.)
Todos: Usa-se o artigo entre o pronome indefinido
todos e o elemento posterior, caso este exija o seu uso.
Ex. Todas as leis devem ser cumpridas.
Todo: Diante do pronome indefinido todo, usa-se o artigo, para indicar totalidade; não se usa, para indicar
generalização.
Ex. Todo o país participou da greve. (O país inteiro) Todo país sofre por algum motivo. (Qualquer país,
todos os países)
Cujo: Não se usa artigo após o pronome relativo cujo.
Ex. As mulheres, cujas bolsas desapareceram, ficaram revoltadas. (e não cujo as bolsas)
Pronomes Possessivos: Diante de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo.
Ex. Encontrei seus amigos no Shopping. / Encontrei os seus amigos no Shopping.
Nomes de pessoas: Diante de nome de pessoas, só se usa artigo para indicar afetividade ou familiaridade.
Ex. O Pedrinho mandou uma carta a Fernando Henrique Cardoso.
Casa: Só se usa artigo diante da palavra casa, se ela estiver especificada.
Ex. Saí de casa há pouco.
Saí da casa do Gilberto há pouco.
Terra: Se a palavra terra significar "chão firme", só haverá artigo quando estiver especificada. Se significar
planeta, usa-se com artigo.
Ex. Os marinheiros voltaram de terra, pois irão à terra do comandante.
Os astronautas tiraram fotos da Terra.
OBS.: Não se deve combinar com preposição o artigo que faz parte do nome de jornais, revistas, obras
literárias, etc.
(Ex. Li a notícia em O Estado.)
De igual forma, não se combina com preposição o artigo que integra o sujeito de um verbo.
(Ex. Está na hora de a onça beber água.)

PRONOME
Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha o nome, indicando-o
como pessoa do discurso.
OBS.: São três as pessoas do discurso: 1ª pessoa = emissor (transmite a mensagem); 2ª pessoa = receptor
(recebe a mensagem) e 3ª pessoa = referente (assunto da mensagem).
Quando o pronome substituir um substantivo, será denominado pronome substantivo
Ex. Ele é amigo de Pedro.
Quando o pronome acompanhar um substantivo, será denominado pronome adjetivo.
Ex. Pedro é meu professor.
PRONOMES PESSOAIS
Os pronomes pessoais são aqueles que indicam uma das três pessoas do discurso: a que fala, a com quem se
fala e a de quem se fala. São de dois tipos:
Pronomes pessoais do caso reto: são os que desempenham a função sintática de sujeito da oração _ eu, tu,
ele, ela, nós, vós eles, elas.
Pronomes pessoais do caso oblíquo: são os que desempenham a função sintática de complemento verbal
(objeto direto ou indireto), complemento nominal, agente da passiva, adjunto adverbial, adjunto adnominal.

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Os pronomes pessoais oblíquos se subdividem em dois tipos: os átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os,
as, lhes), que não são antecedidos por preposição e se apoiam diretamente no verbo; e os tônicos (mim,
comigo, ti, contigo, ele, ela, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas), precedidos por preposição.
Emprego dos Pronomes Pessoais
Eu e tu exercem a função sintática de sujeito. Mim e ti exercem a função sintática de complemento verbal ou
nominal, agente da passiva ou adjunto adverbial e sempre são precedidos de preposição.
Ex. Trouxeram aquela encomenda para mim. Era para eu conversar com o diretor.
Se, si, consigo são pronomes reflexivos ou recíprocos; portanto, só poderão ser usados na voz reflexiva ou
na voz reflexiva recíproca.
Ex. Quem não se cuida, acaba ficando doente. Gilberto trouxe consigo os três irmãos.
Com nós ou com vós são usados quando, à frente, surgir qualquer palavra que indique quem "somos nós"
ou quem "sois vós". Nos demais casos, usa-se sempre conosco ou convosco.
Ex. Ele disse que sairia com nós dois.
O engenheiro foi ao canteiro de obras conosco.
OBS.: Quando os pronomes pessoais ele(s), ela(s) funcionarem como sujeito, não devem ser aglutinados
com a preposição de.
Ex. No momento de ele discursar, faltou-lhe a palavra.
Os pronomes oblíquos átonos podem exercer diversas funções sintáticas nas orações. São elas:
- ObjetoDireto - me, te, se, o, a, nos, vos, os, as. Ex. Quando encontrar seu material, traga-o até mim.
Respeite-me, garoto.
- Objeto
Indireto - me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Ex. Traga-me as apostilas
Obedecemos-lhe cegamente.
Adjunto adnominal - me, te, lhe, nos, vos, lhes, quando indicarem posse.
Ex. Quando Clodoaldo morreu, Soraia recebeu-lhe a herança. (a herança dele)
Complemento nominal - me, te, lhe, nos, vos, lhes, quando complementarem o sentido de adjetivos,
advérbios ou substantivos abstratos.
Ex. Tenha-me respeito. (respeito a mim)
Sujeito acusativo - me, te, se, o, a, nos, vos, os, as, quando estiverem em um período composto formado
pelos verbos fazer, mandar, ver, deixar, sentir ou ouvir e um verbo no infinitivo ou no gerúndio.
Ex. Deixei-a entrar atrasada. Mandaram-me conversar com ele.
Se o verbo for terminado em M, ÃO ou ÕE, os pronomes
o, a, os, as se transformarão em no, na, nos, nas.
Ex. Quando encontrarem o material, tragam-no até mim.
Se o verbo terminar em R, S ou Z, essas terminações serão retiradas, e os pronomes o, a, os, as mudarão
para lo, la, los, las.
Ex. Quando encontrarem as apostilas, deverão trazê- las até mim.
Se o verbo terminar em mos, seguido de nos ou de vos, retira-se a terminação -s.
Ex. Encontramo-nos ontem à noite.
Se o verbo for transitivo indireto terminado em s, seguido de lhe, lhes, não se retira a terminação s.
Ex. Tu obedeces-lhe?
Pronomes de Tratamento: Constituem um tipo de especial de pronome pessoal. Os pronomes de
tratamento, embora se refiram a 2ª pessoa gramatical, fazem concordância em 3ª pessoa.
Pronomes Abreviatur Usados para:
de a
tratamento
Você V. Tratamento
íntimo, familiar,
informal.
Senhor Sr., Sr.ª Tratamento mais
, respeitoso,
Senhor cerimonioso.
a
Textos escritos, como:
Vossa correspondências,
V. S.ª
Senhori ofícios, cartas
a comerciais,
requerimentos, etc.
Altas autoridades,
Vossa como: Presidente
Excelênci V. Ex.ª da República,
a Senadores,
Embaixadores,
Ministros de Estado,
Juízes.
Vossa V. Em.ª Cardeais.
Eminência
Vossa Alteza V. A. Príncipes e duques.
Vossa V.S. Papa.
Santidade
Vossa V. Rev.mª Sacerdotes e
Reverendíssim Religiosos em
a geral.
Vossa V. P. Superiores de Ordens
Paternidade Religiosas.
Vossa V. Mag.ª Reitores de
Magnificênc Universidad
ia es
Vossa V. M. Reis e Rainhas.
Majestade
1. Ao se dirigir respeitosamente a uma autoridade, você usa o "Vossa".
A próclise será de rigor, ainda, em frases com preposição + verbo no infinitivo flexionado (Ex. Ao nos
posicionarmos a favor dela, ganhamos alguns desafetos.)
2) Ênclise:
Ocorre ênclise nos seguintes casos:
Quando o verbo iniciar a oração.
Ex. Arrependi-me do que fiz a você.
Com o verbo no imperativo afirmativo.
Ex. Pecadores, arrependei-vos!
Com o verbo no infinitivo impessoal.
Ex. É preciso queixar-se menos e agradecer mais.
Com o verbo no gerúndio.
Ex. Leia poesia, estudando-se Literatura.
OBS.: Se antes do verbo no gerúndio, houver a preposição em, ocorrerá próclise. Ex. Em se tratando de
gastronomia, a Itália é perfeita.)
Casos facultativos: Se antes do verbo houver pronome pessoal reto ou substantivo, admite-se tanto próclise
quanto ênclise.
Ex. Eu te amo ou Eu amo-te
Os alunos se foram ou Os alunos foram-se.
3) Mesóclise: Só ocorre mesóclise se o verbo estiver em um dos tempos verbais abaixo:
Futuro do Presente
Ex. Oferecer-lhe-á um buquê de flores.
Futuro do Pretérito
Ex. Queixar-me-ia de você todos os dias.
OBS.: Verbos no Futuro do Presente e no Futuro do Pretérito jamais admitem ênclise. Mas se o verbo
conjugado nesses tempos não estiver no início da frase, tanto
Ex. Vossa Excelência foi muito útil na resolução do problema.
2. Ao se dirigir a outra pessoa, referindo-se àquela mesma autoridade, você usa o "Sua".
Ex. Sua Excelência, o deputado José, foi muito útil na resolução do problema.
3. Ao usar o pronome de tratamento como vocativo (para chamar, avisar, interpelar), dispensa-se o pronome
possessivo (Vossa, Sua).
Ex. Cuidado, Excelência. Perdão, Alteza!
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Como já mencionado anteriormente, o pronome oblíquo átono sempre se apoia no verbo, em relação ao qual
pode ocupar três posições: próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) e mesóclise (no meio do verbo).
Veremos a seguir as regras de colocação pronominal.
1) Próclise: Ocorre próclise sempre que antes do verbo aparecer uma palavra atrativa, ou seja, um vocábulo
que atraia o pronome para perto de si. São as seguintes as palavras atrativas:
Palavras de sentido negativo
Ex. Ninguém te fere sem tua permissão.
Advérbios
Ex. Aqui se faz, aqui se paga.
Conjunções subordinativas
Ex. Escrevi a frase, conforme me lembrava.
Pronomes indefinidos
Ex. Algo lhe perturba profundamente.
Pronomes relativos
Ex. Este é o rapaz que o convidou.
Pronomes demonstrativos
Ex. Isso nos convém no momento.
Também ocorre próclise nas orações exclamativas (Ex. Quantas injúrias se cometeram naquele dia!), optativas
(Ex. Deus te proteja.) e interrogativas (Ex. Quem lhe contou essa história?).
poderemos usar próclise, quanto mesóclise.
Ex. Eu me queixarei de você ou Eu queixar-me-ei de você. Os alunos se esforçarão ou Os alunos esforçar-
se-ão.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS

01) Auxiliar + Infinitivo ou Gerúndio: Quando o verbo principal da locução verbal estiver no infinitivo ou no
gerúndio, há duas colocações pronominais possíveis:
Em relação ao verbo auxiliar, seguem-se as mesmas regras dos tempos simples, ou seja, próclise, em
qualquer circunstância (menos em início de frase); mesóclise, com verbo no futuro; e ênclise, sem atração, nem
futuro.
Em relação ao verbo principal, deve-se colocar o pronome depois do verbo (ênclise).
Ex. Eles se vão esforçar mais. Eles não se vão esforçar mais. Eles se irão esforçar mais. Eles vão-se
esforçar mais. Eles ir-se-ão esforçar mais. Eles vão esforçar-se mais. Eles não vão esforçar-se mais. Eles irão
esforçar-se mais.
02) Auxiliar + Particípio: Quando o verbo principal da locução verbal estiver no particípio, o pronome
oblíquo átono só poderá ser colocado junto do verbo auxiliar, nunca após o verbo principal.
Ex. Eles se têm esforçado. Eles não se têm esforçado. Eles se terão esforçado. Eles têm-se esforçado. Eles
ter-se- ão esforçado.
PRONOMES POSSESSIVOS
São aqueles que indicam posse, em relação às três pessoas do discurso. São eles: meu(s), minha(s),
teu(s), tua(s), seu(s), sua(s), nosso(s), nossa(s), vosso(s), vossa(s).
Empregos dos pronomes possessivos
01) O emprego dos possessivos de terceira pessoa seu(s), sua(s) pode dar duplo sentido à frase
(ambiguidade). Ex. Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus documentos.
Nesse caso, para evitar a ambiguidade, basta substituir o possessivo por dele ou dela.

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02) É facultativo o uso de artigo diante dos possessivos. Ex. Trate bem seus amigos.
Trate bem os seus amigos.
03)Não se devem usar pronomes possessivos diante de partes do próprio corpo.
Ex. Vou lavar as mãos. (e não “minhas mãos”) Cuidado para não machucar os pés!
OBS.: Não confunda a abreviação coloquial do pronome de tratamento senhor (“seu”), com o pronome
possessivo de 3ª pessoa. Ex. Seu João, como vai a família?
v
04) Os possessivos de 3ª pessoa também podem ser usados para indicar aproximação numérica, em vez de
posse.
Ex. A secretária devia ter seus 20 anos. (= aproximadamente 20 anos)

PRONOMES DEMONSTRATIVOS
São aqueles que situam os seres no tempo e no espaço, em relação às pessoas do discurso.
01) Este(s), esta(s), isto: São usados para o que está próximo da 1ª pessoa e para o tempo presente.
Ex. Este chapéu que estou usando é de couro. Este ano está sendo surpreendente.
02)Esse(s), essa(s), isso: São usados para o que está próximo da 2ª pessoa e para o tempo passado recente.
Ex. Esse chapéu que você está usando é de couro?
Em novembro de 2009, inauguramos a loja. Até esse ano, nada sabíamos sobre comércio.
03) Aquele(s), aquela(s), aquilo: São usados para o que está distante do falante e do ouvinte e para o tempo
passado distante.
Ex. Aquele chapéu que ele está usando é de couro?
Em 1974, eu tinha 15 anos. Naquela época, Londrina era uma cidade pequena.
Outros usos dos demonstrativos
01) Em uma citação oral ou escrita, usa-se este, esta, isto para o que ainda vai ser dito ou escrito, e esse,
essa, isso para o que já foi dito ou escrito.
Ex. Esta é a verdade: existe a violência, porque a sociedade a permitiu.
Existe a violência, porque a sociedade a permitiu. A verdade é essa.
02) Usa-se este, esta, isto em referência a um termo imediatamente anterior.
Ex. O fumo é prejudicial à saúde, e esta deve ser preservada.
v
03) Para estabelecer-se a distinção entre dois elementos anteriormente citados, usa-se este, esta, isto em
relação ao que foi mencionado por último e aquele, aquela, aquilo, em relação ao que foi nomeado em primeiro
lugar.
Ex. Sabemos que a relação entre o Brasil e os Estados Unidos é de domínio destes sobre aquele.
04) O, a, os, as são pronomes demonstrativos, quando equivalem a isto, isso, aquilo ou aquele(s), aquela(s).
Ex. Não concordo com o que ele falou. (aquilo que ele falou)
05) Os pronomes demonstrativos podem aparecer combinados com preposições.
Ex. deste (de+este), nessa (em+essa), àquilo (a+aquilo).
06)Os pronomes este, esse e aquele (e suas variações), quando contraídos com a preposição de, pospostos a
substantivos, são usados apenas no plural.
Ex. Com um frio desses não sairei de casa.
07) As expressões por isso, além disso, não obedecem às regras convencionais; sua forma é fixa.

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PRONOMES INDEFINIDOS

São aqueles que se referem à terceira pessoa do discurso de uma maneira vaga, imprecisa, genérica. São
eles: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, cada, outrem, algum, alguns, alguma(s), nenhum, nenhuns,
nenhuma(s), outro(s), outra(s), todo(s), toda(s),
muito(s), muita(s), bastante(s), pouco(s), pouca(s),
certo(s), certa(s), tanto(s), tanta(s), quanto(s), quanta(s), um, uns, uma(s), qualquer, quaisquer, além
das locuções pronominais indefinidas cada um, cada qual, quem quer que, todo aquele que.

Emprego dos Pronomes Indefinidos


Algum: Adquire sentido negativo, quando estiver depois do substantivo.
Ex. Amigo algum o ajudou. (Nenhum amigo) Algum amigo o ajudará. (Alguém)

Cada: Não deve ser utilizado desacompanhado de substantivo ou numeral.


Ex. As blusas custam dez reais cada uma (e não “dez reais cada”)
Certo: Será pronome indefinido, quando anteceder substantivo e será adjetivo, quando estiver posposto a
substantivo.
Ex. Certas pessoas não se preocupam com os demais. As pessoas certas sempre nos ajudam.
Qualquer: Não deve ser usado em sentido negativo. Em seu lugar, deve-se usar algum, posteriormente ao
substantivo, ou nenhum.
Ex. Ele entrou na festa sem qualquer problema. (frase inadequada gramaticalmente).
Muito, pouco, bastante: Serão pronomes indefinidos, quando estiverem referindo-se a substantivo; caso
modifiquem palavra que não seja substantivo, serão advérbios.
Ex. Janice comprou muitas flores. (pron. indefinido) / Janice trabalha muito. (advérbio)
Todo, toda: Usados com artigo, dão ideia de totalidade; usados sem artigo, significam qualquer, todos.
Ex. Fiquei em cada todo o dia. (o dia inteiro) Todo dia telefono para ela. (todos os dias)

OBS.: Se o pronome todo(a) estiver no plural, o emprego do artigo é obrigatório. Ex. Todos os cidadãos têm
direito à liberdade. (e não “todos cidadãos”)

PRONOMES INTERROGATIVOS
São os pronomes que, quem, qual e quanto usados em frases interrogativas diretas ou indiretas.
Ex. Que farei agora? - Interrogativa direta. Quanto te devo, meu amigo? - Interrogativa direta.
Não sei quanto devo cobrar por esse trabalho. - Interrogativa indireta.
01) Na expressão interrogativa Que é de? subentende- se a palavra feito: Que é de José? (= Que é feito de
José?)
02) Não se deve usar a forma o que como pronome interrogativo; usa-se apenas que, a não ser que o
pronome seja colocado depois do verbo.
Ex. Que você faz? (e não “O que você faz?”) Você fará o quê?

OBS.: Conforme alguns gramáticos, os advérbios interrrogativos onde, quando e como podem ser
classificados como pronomes interrogativos adverbiais.
Ex. Onde você mora? (pron. int. lugar) Quando você terá férias? (pron. int. tempo) Como ele fez isso?
(pron. int. modo)
PRONOMES RELATIVOS
São pronomes que substituem um termo da oração anterior, estabelecendo relação entre duas orações. São
eles: que, quem, o qual (e flexões), cujo (e flexões), onde, quanto (e flexões).
Ex. Não conhecemos o aluno. O aluno saiu. = Não conhecemos o aluno que saiu.
Como se pode perceber, o que, na frase acima, está substituindo o termo aluno e está relacionando a segunda
oração com a primeira.
Emprego dos pronomes relativos
1. Os pronomes relativos virão precedidos de preposição se a regência assim determinar.

Termo regente
Prep. Pron.
(que exige a
preposição)
nos
Havia a que
opúnhamos.
condições
(opor-se a)
não
Havia com que
concordávamos.
condições
(concordar com)
desconfiávamo
Havia de que
s. (desconfiar
condições
de)
Havia - que nos prejudicavam.
condições
b) aonde é empregado com verbos que dão ideia de movimento e é resultado da combinação da preposição
a + onde.
Ex. As crianças não sabiam aonde ir.
Função sintática dos pronomes relativos
Para descobrir qual a função sintática exercida pelo pronome relativo na oração, basta substituí-lo por seu
antecedente; a função exercida pelo antecedente será a mesma do pronome relativo.
Ex.: Maria é a mulher de quem João gosta. (antecedente do pron. rel.: a mulher. – Fazendo a substituição:
João gosta da mulher – da mulher = objeto indireto – função do pron. quem = obj. ind.)
Bethânia era o bairro onde ele trabalhava. (antecedente do pron. rel.: o bairro – Fazendo a substituição: Ele
trabalhava no bairro - no bairro = adj. adv. lugar – função do pron. onde = adj. adv.)

2.O pronome relativo quem só pode fazer referência a pessoa.


Ex. Não conheço a médica de quem você falou.
3. Quando o relativo quem aparecer sem antecedente explícito, é classificado como pronome relativo
indefinido.
Ex. Quem atravessou, foi multado.
NUMERAL
É a palavra que indica a quantidade de elementos ou sua ordem de sucessão. Dependendo do que o
numeral indica, ele pode ser:
-Cardinal: É o numeral que indica a quantidade de seres.
Ex. três, dez
- Ordinal: É o numeral que indica ordem de sucessão, a posição ocupada por um ser numa determinada
série.
Ex. terceiro, décimo
-Multiplicativo: É o numeral que indica a multiplicação de seres.
Ex. triplo, décuplo
- Fracionário: É o numeral que indica divisão, fração. Ex. meio, um quinto
- Coletivo: É o numeral que indica uma quantidade específica de um conjunto de seres.
4. Quando possuir antecedente, o pronome relativo quem sempre virá precedido de preposição, mesmo que o
verbo não exija.
Ex. João era o filho a quem ele amava.
5. O pronome relativo que é chamado de relativo universal, pois pode ser empregado com referência a
pessoas, lugares ou coisas.
Ex. Conheço bem a moça que saiu. Não gostei do vestido que comprei.
6.O pronome relativo que pode ter por antecedente o demonstrativo o (a, os, as).
Ex. Sei o que digo. (o pronome o equivale a aquilo)
7. Quando precedido de preposição monossilábica, emprega-se o pronome relativo que. Com preposições de
mais de uma sílaba, usa-se o relativo o qual (e flexões).
Ex. Aquele é o machado com que trabalho. Aquele é o empresário para o qual trabalho.
Exceções: As preposições sem e sob. Com elas, usa-se de preferência o qual (e flexões).
8. O pronome relativo cujo (e flexões) é relativo possessivo e equivale a do qual, de que, de quem. Concorda
em gênero e número com a coisa possuída.
Ex. Cortaram as árvores cujos troncos estavam podres.
9. O pronome relativo quanto, quantos e quantas são pronomes relativos quando seguem os pronomes
indefinidos tudo, todos ou todas.
Ex. Ele recolheu tudo quanto viu.
10. O relativo onde só deve ser usado para indicar lugar. Ex. Esta é a terra onde habito.
a) onde é empregado com verbos que não dão ideia de movimento. Pode ser usado sem antecedente.
Ex. Nunca mais morei na cidade onde nasci.
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Ex. par, dezena, dúzia, cento, milheiro, milhar
Emprego dos Numerais
01) Intercala-se
a conjunção e entre as centenas e as dezenas e entre as dezenas e as unidades.
Ex. 562.983.665 = Quinhentos e sessenta e dois milhões novecentos e oitenta e três mil seiscentos e
sessenta e cinco.
02) Na designação de séculos, reis, papas, príncipes, imperadores, capítulos, festas, feiras, etc.,
utilizam-se algarismos romanos.
A leitura será por ordinal até X; a partir daí (XI, XII ...), por cardinal. Se o numeral preceder o substantivo,
sempre será lido como ordinal.
Ex. II Bienal Cultural = Segunda Bienal Cultural. Papa João Paulo II = Papa João Paulo segundo.
Papa João XXIII = Papa João vinte e três.
03) Na designação dos artigos de leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até o nono e o cardinal de dez
em diante.
Ex. Artigo 7º (sétimo); Artigo 21 (vinte e um).

VERBO

Verbo é a palavra que indica ação, praticada ou sofrida pelo sujeito; fato, de que o sujeito participa
ativamente; estado ou qualidade do sujeito; ou fenômeno da natureza.

Classificação dos verbos


Os verbos classificam-se em:
01)Verbos Regulares: são aqueles que não sofrem alterações no radical.
Ex. trabalhar, trabalhei, trabalhou, trabalhava, trabalhamos.
02) Verbos Irregulares: são aqueles que sofrem pequenas alterações no radical.
Ex. fazer, faço, fiz. trazer, trago, trouxera.
03) Verbos Anômalos: são aqueles que apresentam radicais diferentes.
Ex. ser, sou, é, fui, era, sois. ir, vou, fui, vamos, fostes.
04)Verbos Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação completa.
Ex. falir, reaver, precaver (não possuem as 1ª, 2ª e 3ª pessoas do presente do indicativo, nem o presente do
subjuntivo inteiro).
05) Verbos Abundantes: são aqueles que apresentam duas formas de mesmo valor. Geralmente a
abundância ocorre no particípio.
Ex. aceitado / aceito, entregado / entregue, limpado / limpo.
OBS.: Os verbos abrir, cobrir, dizer, escrever, fazer, pôr, ver e vir só possuem o particípio irregular (que não
é terminado em ado/ido): aberto, coberto, dito, escrito, feito, posto, visto, vindo.
06) Verbos Pronominais: são aqueles que só se conjugam acompanhados de pronome oblíquo.
Ex. queixar-se, arrepender-se, ajoelhar-se, suicidar-se, zangar-se.
Locução Verbal _ Também chamada de conjugação perifrástica, a locução verbal é o conjunto formado por um
verbo auxiliar mais um verbo principal. Nas locuções verbais é sempre o verbo auxiliar que flexiona, enquanto o
verbo principal é apresentado no gerúndio ou no infinitivo.
Ex. Estou lendo um ótimo romance. Amanhã deve chover.
Conjugação verbal: Há três conjugações para os verbos da língua portuguesa:
1ª conjugação: verbos terminados em -ar. Ex. amar, sonhar.
2ª conjugação: verbos terminados em -er. Ex. viver, crescer.
3ª conjugação: verbos terminados em -ir. Ex. sentir, sorrir.
Formas Nominais do Verbo: São formas em que o verbo pode atuar como nome, ou seja, exercer funções
sintáticas próprias de substantivo ou adjetivo. São três as formas nominais:
1) Particípio: Expressa ações que já foram concluídas e pode ser empregado com ou sem verbo auxiliar. É
marcado pelas terminações ado / ido.
Ex. Terminada a festa, todos foram para casa. / Tínhamos falado pra ele ir à minha casa.
OBS.: O particípio é a única forma nominal que flexiona em gênero e número, concordando com o substantivo a
que se refere.
Ex. copo quebrado / taças quebradas.

2) Gerúndio: Expressa ações que ainda estão em andamento, ou simplesmente uma ação que está sendo
feita no mesmo momento que outra, para dar assim a ideia de duração. É marcado pela terminação ndo.
Ex. Chegando ao baile, a debutante se assustou. Ele estava voltando para casa, quando saímos.
OBS.: Evite o “gerundismo”, vício de linguagem que consiste em utilizar o gerúndio de forma excessiva e
artificial, para indicar ação futura.
Ex. O atendente vai estar realizando uma pesquisa.
3) Infinitivo: Expressa um ação sem situá-la no tempo. É o verbo sem ser conjugado, marcado pela terminação
-r.
Ex. Sonhar bem alto é quase um passo para levantar voo.
OBS.: O infinitivo pode ser pessoal, ou seja, flexionado em pessoa (Ex. para tu cantares, para nós
cantarmos) ou impessoal, não-flexionado (Ex. É proibido andar de bicicleta.)

FLEXÕES DO VERBO
Flexão de Pessoa: O verbo flexiona em pessoa (1ª, 2ª e 3ª pessoas gramaticais) para concordar com o
sujeito da oração.
Ex. Eu trabalho / Tu trabalhas / Ele trabalha
Flexão de Número: O verbo flexiona em número (singular e plural), concordando, geralmente, com o
sujeito da oração.
Ex. Eu canto / Nós cantamos
Flexão de Modo: São três os modos verbais na língua portuguesa: Indicativo, Subjuntivo e Imperativo.
1)Indicativo - Expressa certeza, isto é, o enunciado dá o fato como certo, preciso. Os tempos verbais do
modo indicativo são:
a - Presente: Indica fato que ocorre corriqueiramente ou no momento em que se fala.
Ex. Todos os dias, caminho no parque. Ela estuda no Curso Oficial.
b - Pretérito Perfeito: Indica fato que ocorreu no passado em determinado momento, observado depois de
concluído.
Ex. Ontem caminhei no parque.
Ela estudou no Curso Oficial no ano passado.
c - Pretérito Imperfeito: Indica fato que ocorria com frequência no passado, ou fato que não havia chegado
ao final no momento em que estava sendo observado.
Ex. Naquela época, eu caminhava no parque.
Ela estudava no Curso Oficial, quando me conheceu.
d - Pretérito Mais-que-perfeito: Indica fato ocorrido antes de outro no Pretérito Perfeito do Indicativo.
Ex. Quando você foi ao parque, eu já caminhara 6 Km.
e - Futuro do Presente: Indica fato que ocorre em momento posterior ao que se fala.
Ex. Amanhã caminharei no parque pela manhã. Ela estudará no Curso Oficial no ano que vem.
f - Futuro do Pretérito: Indica fato futuro, dependente de outro anterior a ele.
Ex. Eu caminharia todos os dias, se não trabalhasse tanto.
2)Subjuntivo - Expressa dúvida, possibilidade; ou seja, o enunciado coloca o fato como hipotético.
Os tempos verbais do modo subjuntivo são:
a - Presente: Indica desejo atual, dúvida que ocorre no momento da fala.
Ex. Espero que eu caminhe bastante este ano.
b - Pretérito Imperfeito: Indica condição, hipótese; normalmente é usado com o Futuro do Pretérito do
Indicativo.
Ex. Eu caminharia todos os dias, se não trabalhasse tanto.
c - Futuro: Indica hipótese futura.
Ex. Quando eu for à Europa, visitarei o Museu do Louvre.
3)Imperativo - Expressa ordem, pedido, sugestão ou conselho.
Ex. Caminhe todos os dias, para a saúde melhorar. / Traga-me um café bem forte, por favor.
Flexão de Tempo: O tempo verbal refere-se ao momento em que ocorre o fato expresso pelo verbo.
Os tempos simples já foram apresentados acima; vejamos agora os tempos compostos.
Tempos Compostos: São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter e haver e
como principal, qualquer verbo no particípio.

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São eles:
a - Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: Indica fato que tem ocorrido com frequência.
Ex. Eu tenho estudado demais ultimamente.
b - Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: Indica desejo de que algo já tenha ocorrido.
Ex. Espero que você tenha estudado o suficiente para conseguir a aprovação.
c- Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Indicativo: Indica fato passado anterior a outro, também
passado.
Ex. Ontem, quando você foi ao parque, eu já tinha caminhado 6 Km.
d - Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo: Indica condição, hipótese.
Ex. Ela estaria menos cansada, se não tivesse trabalhado tanto.
e - Futuro do Presente Composto do Indicativo:
Indica fato que ocorre em momento posterior ao que se fala.
Ex. Quando você chegar ao parque, eu já terei caminhado 6 Km.
f - Futuro do Pretérito Composto do Indicativo: Tem o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do
Indicativo.
Ex. Eu teria caminhado todos os dias, se não fosse a falta de tempo.
g - Futuro Composto do Subjuntivo: Indica fato hipotético no futuro.
Ex. Quando você tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km.
h - Infinitivo Pessoal Composto: Indica ação passada em relação ao momento da fala.
Ex. Para você ter comprado esse carro, necessitou de muito dinheiro.
Vozes Verbais - Flexão de Voz: Indica se o sujeito pratica, ou recebe, ou pratica e recebe a ação verbal.
01) Voz Ativa: O sujeito é agente, ou seja, pratica a ação verbal ou participa ativamente de um fato.
Ex. As meninas exigiram a presença da diretora. A torcida aplaudiu os jogadores.
02) Voz Passiva: O sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação verbal. Pode ser:
a - Sintética ou Pronominal_ É formada por verbo transitivo direto + pronome se (partícula ou pronome
apassivador)
Ex. Entrega-se encomenda. Compram-se roupas usadas.
b - Analítica _ É formada por verbo auxiliar ser ou estar
+ particípio do verbo principal.
Ex. A encomenda foi entregue.
As roupas foram compradas por uma elegante senhora.
03)Voz Reflexiva: O sujeito, simultaneamente, pratica e sofre a ação.
Essa voz será chamada simplesmente de reflexiva, quando o sujeito praticar a ação sobre si mesmo.
Ex. Carla machucou-se. Tu te feristes?
Eu me olhava no espelho.
Há também a chamada de reflexiva recíproca, quando houver mais de um elemento como sujeito: um
pratica a ação sobre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro.
Ex. Paula e Renato amam-se. Nós nos olhávamos amorosamente.
OBS.: Na voz reflexiva, o pronome se significa “a si mesmo(s)”; enquanto na voz reflexiva recíproca o
pronome se é sinônimo de “um ao outro” ou “uns aos outros”.
Conversão de Voz
Para efetivar a conversão da ativa para a passiva e vice- versa, procede-se da seguinte maneira:

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1 - O sujeito da voz ativa passará a ser o agente da passiva.
2 - O objeto direto da voz ativa passará a ser o sujeito da voz passiva.
3 - Na passiva, o verbo ser estará no mesmo tempo e modo do verbo transitivo direto da ativa e o verbo
principal ficará no particípio.
Voz ativa
A torcida aplaudiu os jogadores.
- Sujeito = a torcida
- Verbo transitivo direto = aplaudiu Objeto direto = os jogadores.

Voz passiva analítica


Os jogadores foram aplaudidos pela torcida.
- Sujeito = os jogadores.
- Locução verbal passiva = foram aplaudidos.
- Agente da passiva = pela torcida.

ADVÉRBIO
Advérbio é a palavra invariável que modifica o verbo, um adjetivo, outro advérbio, ou até mesmo uma oração
inteira, exprimindo uma circunstância.
Locução Adverbial: É um conjunto de palavras que exerce a função de advérbio.
Ex.: De modo algum irei lá.
Às vezes, ela começava a chorar sem motivo.
TIPOS DE ADVÉRBIOS
DE MODO: Bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, à toa, à
vontade, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de
cor, em vão, calmamente, tristemente, propositadamente, pacientemente, etc.
DE INTENSIDADE: Muito, demais, pouco, tão, menos, em excesso, bastante, pouco, mais, menos,
demasiado, quanto, quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito, por
completo, etc.
DE TEMPO: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constantemente,
entrementes, imediatamente, primeiramente, provisoriamente, etc.
DE LUGAR: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém,
embaixo, externamente, a distancia, à distancia de, de longe, de perto, em cima...
DE NEGAÇÃO: Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tampouco, etc.
DE DÚVIDA: Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, quem sabe, etc.
DE AFIRMAÇÃO: Sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, decididamente, realmente, etc.
Palavras Denotativas
Há uma série de palavras que se assemelham a advérbios. A Nomenclatura Gramatical Brasileira não faz
nenhuma classificação especial para essas palavras, por isso elas são chamadas simplesmente de palavras
denotativas.
Podem exprimir ideia de:
1) ADIÇÃO: Ainda, além disso,
2) AFASTAMENTO: embora
3) AFETIVIDADE: Ainda bem, felizmente, infelizmente
4) APROXIMAÇÃO: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de
5) DESIGNAÇÃO: eis
6) EXCLUSÃO: Apenas, salvo, menos, exceto, só, somente, exclusive, sequer, senão,
7) EXPLICAÇÃO: isto é, por exemplo, a saber, ou seja
8) INCLUSÃO: Até, inclusive, também, mesmo, ademais
9) LIMITAÇÃO: só, somente, unicamente, apenas
10) REALCE: Ex.: é que, cá, lá, não, mas, é porque, só, ainda, sobretudo.
11) RETIFICAÇÃO: aliás, isto é, ou melhor, ou antes
12) SITUAÇÃO: então, mas, se, agora, afinal

Grau dos Advérbios


Os advérbios, embora pertençam à categoria das palavras invariáveis, podem apresentar variações com
relação ao grau. Além do grau normal, o advérbio pode-se apresentar no grau comparativo e no superlativo.
- GRAU COMPARATIVO: quando a circunstância expressa pelo advérbio aparece em relação de comparação.
Para indicar esse grau, utilizam-se as formas tão…quanto, mais…que, menos…que.
=> comparativo de igualdade:
Ex.: Chegarei tão cedo quanto você.
=>comparativo de superioridade:
Ex.: Chegarei mais cedo que você.
=>comparativo de inferioridade:
Ex.: Chegarei menos cedo que você.
- GRAU SUPERLATIVO: nesse caso, a circunstancia expressa pelo advérbio aparecerá intensificada.
O grau superlativo do advérbio pode ser formado tanto pelo processo sintético (acréscimo de sufixo), como pelo
processo analítico (outro advérbio estará indicando o grau)
=>superlativo sintético: formado com o acréscimo de sufixo.
Ex.: Cheguei tardíssimo.
=>superlativo analítico: expresso com um advérbio de intensidade.
Ex.: Cheguei muito tarde.

PREPOSIÇÃO
Preposição é a palavra invariável que liga dois elementos da oração, subordinando um ao outro. Por exemplo,
na frase Os alunos do colégio assistiram ao filme de Walter Salles, temos as preposições de e a.
O termo que antecede a preposição é denominado
regente; e o termo que a sucede, regido.
Há dois tipos de preposição:
1) Essenciais: por, para, perante, a, ante, até, após, de, desde, em, entre, com, contra, sem, sob, sobre, trás.
As essenciais são as palavras que só desempenham a função de preposição.
2) Acidentais: afora, fora, exceto, salvo, malgrado, durante, mediante, segundo, menos. As acidentais são
palavras de outras classes gramaticais que eventualmente são empregadas como preposições.
Locução Prepositiva: São duas ou mais palavras, exercendo a função de uma preposição: acerca de, a fim
de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de, junto de, para com, à procura de, à busca de, à distância de,
além de, antes de, depois de, à maneira de, junto de, junto a, a par de, etc.
Combinação: Junção de uma preposição com outra palavra, quando não há alteração fonética.
Ex. ao (a + o); aonde (a + onde)
Contração: Junção de uma preposição com outra palavra, quando há alteração fonética.
Ex. do (de + o); neste (em + este); à (a + a)
As preposições podem indicar diversas circunstâncias:
- Lugar = Estivemos em São Paulo.
- Origem = Essas maçãs vieram da Argentina.
- Causa = Ele morreu, por cair de um andaime.
- Assunto = Conversamos bastante sobre você.
- Meio = Passeei de bicicleta ontem.
- Posse = Recebeu a herança do avô.
- Matéria = Comprei roupas de lã.
CONJUNÇÃO
As conjunções são vocábulos de função estritamente gramatical, utilizados para o estabelecimento da
relação entre duas orações, ou ainda para relacionar dois termos que se assemelham gramaticalmente
dentro da mesma oração.
As conjunções podem ser de dois tipos principais: conjunções coordenativas ou conjunções subordinativas.
1) Conjunções coordenativas: Vocábulos que estabelecem relações entre dois termos ou duas orações
independentes entre si, que possuem as mesmas funções gramaticais.
As conjunções coordenativas podem ser dos seguintes tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas,
explicativas.
Ex. Entre, que está muito frio.
Estava fazendo frio, mas ele saiu sem casaco.
2) Conjunções subordinativas: Têm a função de estabelecer uma relação entre duas orações, relação
esta que se caracteriza pela dependência do sentido de uma oração com relação à outra. Uma das orações
completa ou determina o sentido da outra.
As conjunções subordinativas são classificadas em: causais, concessivas, condicionais, comparativas,
conformativas, consecutivas, proporcionais, finais e integrantes.
Ex. Os balões sobem, porque são mais leves que o ar. Embora fosse inverno, ele saiu sem casaco.
Locução Conjuntiva: Expressão que exerce a mesma função que a conjunção: ligar orações.
Ex. à medida que, no entanto, ao passo que, visto que,
etc.

INTERJEIÇÃO
As interjeições são os vocábulos de representação das emoções ou sensações dos falantes. Podem exprimir
satisfação, espanto, dor, surpresa, desejo, terror, etc.
O sentido deste tipo de vocábulo depende muito do contexto enunciativo em que se encontram e da forma
como são pronunciados.
Ex. Oh! Eia!
Psiu! Ui! Nossa!!!
Locução Interjetiva: Expressão formada por mais de um vocábulo, usada também para exprimir
emoções e sensações.
Ex. Cruz credo! Puxa vida!
Arre égua!

SINTAXE
A Sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no discurso,
bem como a relação lógica das frases entre si.
Ao emitir uma mensagem verbal, o emissor procura transmitir um significado completo e compreensível. Para
isso, as palavras são relacionadas e combinadas entre si.
A sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio satisfatório das múltiplas possibilidades que existem
para combinar palavras e orações.
Para o estudo da sintaxe, é importante diferenciar frase, oração e período:
- Frase: É todo enunciado de sentido completo, podendo ser formada por uma só palavra ou por várias,
podendo ter verbos ou não.
Ex. Silêncio!
O telefone está tocando.
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- Oração: É o enunciado que se organiza em torno de um verbo.
Ex. Quem é você?
O telefone está tocando.
- Período: É a frase constituída de uma ou mais orações, formando um todo, com sentido completo. O
período pode ser simples (com apenas uma oração) ou composto (com mais de uma oração).
Ex. O telefone está tocando. Ele saiu, mas volta logo.
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO SUJEITO
Sujeito é o ser a respeito do qual se informa algo. São os seguintes os tipos de sujeito:
01) Sujeito Simples: É aquele que possui apenas um núcleo.
O núcleo do sujeito será representado por um substantivo, por um pronome substantivo ou por qualquer
palavra substantivada. Núcleo é a palavra mais significativa na função sintática.
Ex. Os homens destroem a natureza.
OBS.: Uma forma simples de se encontrar o sujeito de uma oração é perguntar ao verbo. Ex. Quem destrói a
natureza?
Resposta: Os homens (sujeito) Núcleo = homens.
02) Sujeito Composto: É aquele que possui dois ou mais núcleos.
Os núcleos do sujeito composto são, quase sempre, ligados pela conjunção e, pela conjunção ou, pela
preposição com ou pelos conectivos correlatos assim
...como, não só ... mas também, tanto ... como, tanto ... quanto, nem ... nem.
Ex. Tanto os cientistas quanto os religiosos estão temerosos.
03) Sujeito Oculto: Teremos sujeito oculto em três circunstâncias:
a- Quando perguntarmos ao verbo quem é o sujeito e obtivermos como resposta os pronomes eu, tu, ele, ela,
você, nós ou vós, sem surgirem escritos na oração. O sujeito oculto também pode ser chamado de sujeito
elíptico, sujeito desinencial ou sujeito subentendido.
Ex. Estudaremos a matéria toda. (suj. oculto: nós)
b- Quando
o verbo estiver no Imperativo, ou seja, quando o verbo indicar ordem, pedido, sugestão ou conselho.
Ex. Estudem, meninos! (suj. oculto: vocês)
c- Quando não houver sujeito escrito na oração, porém estiver claro em orações anteriores.
Ex. Os governadores chegaram a Brasília ontem à noite. Terão um encontro com o presidente.
Quem chegou a Brasília?
Resp.: Os governadores. Núcleo = governadores. Sujeito Simples.
Quem terá um encontro?
Resposta: Não há sujeito escrito na oração, porém na oração anterior aparece, com clareza, quem é o sujeito =
os governadores. Portanto, sujeito oculto.
04) Sujeito Indeterminado: Ocorre quando a oração tem um sujeito, mas não é possível determina-lo. Há
duas formas de se indeterminar o sujeito de uma oração:
a-Com o verbo na terceira pessoa do plural, desde que não haja, no contexto, referência anterior ao sujeito.
Ex. Deixaram uma bomba na casa do deputado.
b- Com verbo que não seja Transitivo Direto na terceira pessoa do singular + se (índice de indeterminação do
sujeito).
Ex. Trata-se de uma questão muito grave.
05) Sujeito Oracional: É o sujeito com verbo, ou seja, uma oração que exerce a função de sujeito.
Ex. É preciso estudar mais. (Que é preciso? Resposta: estudar mais)
OBS.: O sujeito oracional faz parte do período composto e é classificado como oração subordinada
substantiva subjetiva. As orações subordinadas serão estudadas posteriormente.
06) Sujeito Acusativo: É o sujeito de um verbo no infinitivo ou no gerúndio, em uma oração que funcione
como objeto direto de outra, quando o verbo da oração principal for fazer, mandar, deixar (verbos causativos) ou
sentir, ver e ouvir (verbos sensitivos).
Ex. O garçom mandou a garota se retirar.
No exemplo, temos um período composto. O sujeito da primeira oração é o garçom; e o sujeito da segunda
oração é a garota, chamado de sujeito acusativo, porque integra uma oração subordinada substantiva objetiva
direta que completa um dos verbos acima mencionados.
07) Orações sem sujeito: Haverá oração sem sujeito (também chamado de sujeito inexistente) nos
seguintes casos:
a- Verbos que indiquem fenômeno da natureza. Ex. Choveu ontem. / Ventou demasiadamente. Se a
frase tiver sentido figurado, haverá sujeito:
Ex. Choveram papeizinhos coloridos sobre os soldados que desfilavam.
b- Ser, estar, parecer, ficar, indicando fenômeno da natureza.
Ex. É primavera, mas parece verão. Está frio hoje.
c- Fazer, indicando fenômeno da natureza ou tempo decorrido.
Ex. Faz dias friíssimos no inverno. Faz três dias que aqui cheguei.
d-Haver, significando existir ou acontecer, ou indicando tempo decorrido.
Ex. Houve muitos problemas naquela noite. Há dois anos ele esteve aqui em casa.
e- Passar de, indicando horas. Ex. Já passa das 15h.
f- Chegar de e bastar de, no imperativo. Ex. Chega de matéria.
Basta de reclamações!
g- Ser, indicando horas, datas e distância. O verbo ser é o único verbo impessoal que não fica
obrigatoriamente na terceira pessoa do singular, pois concorda com o numeral.
Ex. São duas horas.
É um quilômetro daqui até lá. Hoje são 06 de maio.

PREDICADO
Predicado é aquilo que se informa sobre o sujeito. Então, retirando-se o sujeito de uma oração, tudo o que
restar é o predicado.
Para distinguir os tipos de predicado, é necessário estudar a predicação verbal.
Predicação Verbal: É o estudo do comportamento do verbo na oração. É a partir da predicação verbal que
analisamos se ocorre ação ou fato, se existe qualidade ou estado ou modo de ser de sujeito.
Quanto à predicação verbal, os verbos podem ser: Intransitivos, Transitivos ou de Ligação.
Verbos Intransitivos: São aqueles que não necessitam de complementação, pois já possuem sentido
completo.
Ex. Rei Hussein morre aos 63 anos.
2ª parcela do IPVA vence a partir de hoje.
OBS.: Há verbos intransitivos que vêm acompanhados de um termo acessório, exprimindo alguma
circunstância (lugar, tempo, modo, causa, etc.) Não confunda esse elemento acessório com complemento de
verbo.
Ex. Garotinho diz que irá a Brasília para reunião.
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Aparentemente, o verbo ir apresenta complementação, pois quem vai, vai a algum lugar. Porém, "lugar" é uma
circunstância e não complementação, como à primeira vista possa parecer. Todos os verbos que indicam destino
ou procedência são verbos intransitivos, normalmente acompanhados de circunstância de lugar (adjunto adverbial).
São eles ir, vir, voltar, chegar, morar, residir, situar-se, etc.

Verbos Transitivos: São aqueles que necessitam de complementação, pois têm sentido incompleto. Dividem-
se em três tipos:
a- Transitivos diretos: exigem complemento (denominado objeto direto) sem preposição obrigatória.
Ex. Presidente receberá governadores. Falta de verbas causa problemas.
b-Transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto) com preposição obrigatória.
Ex. Eleitor obedece à convocação do TRE. População não acredita nos políticos.
c- Transitivos diretos e indiretos (ou bitransitivos):
exigem dois complementos: um sem e outro com preposição.
Ex. Governador perdoa traição a deputado. Empresário doa lucros à UNICEF.
Verbos de Ligação: São aqueles que servem para ligar o sujeito a seu atributo (qualidade), denominado
Predicativo do Sujeito. Os principais verbos de ligação são ser, estar, parecer, permanecer, ficar, continuar.
Ex. Investimento direto será menor em 2013. Matéria-prima fica mais cara.

TIPOS DE PREDICADO
Todo predicado tem um núcleo (uma palavra que contém a ideia principal).
De acordo com o núcleo, o predicado se classifica em:
1)Verbal: O núcleo é um verbo nocional, significativo (VT ou VI).
Ex. A moça ensinava a meia dúzia de garotos. O aluno questionou o professor
2)Nominal: O núcleo é um nome (substantivo, adjetivo, pronome); o verbo é de ligação.
Ex. Minha namorada está atrasada. Nós ficamos alegres.
A novela continua enfadonha.
OBS.: No predicado nominal, o verbo tem tão pouca importância que podemos retirá-lo, sem haver perda
significativa do entendimento:
Ex. A novela enfadonha. Nós alegres.
Minha namorada atrasada.
3) Verbo-Nominal: Apresenta dois núcleos: um formado por um verbo que expressa ação (significativo) e outro,
por um ou mais nomes que indicam uma qualidade ou estado do sujeito ou do objeto. É uma construção sintética
que funde duas orações.
Ex. Elas viajarão (ação) sozinhas (estado).
A velha voltou (ação) para casa tranquila (estado).

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO


COMPLEMENTO VERBAL: É o termo da oração que completa o sentido de um verbo. São dois:
1)Objeto Direto: É o complemento, sem preposição, do verbo transitivo direto.
Ex. Buscaram o carro de Maria. Janice quer liberdade e respeito.

OBS.: Em alguns casos o objeto direto pode ser preposicionado. Ex. Ao homem a mulher consola (obj. prep.
para evitar ambiguidade) / O assaltante sacou da arma (obj.
prep. para dar ênfase) / Ele comeu do bolo (obj. prep. para realçar valor partitivo) / Casos obrigatórios: Rubião
esqueceu a si (pron. oblíquo tônico) / Ela amava a quem nunca a amou. (pron. relativo quem)

2)Objeto Indireto: É o complemento, com preposição obrigatória, do verbo transitivo indireto.


Ex. Algumas alunas gostam de lutas marciais. Já assisti a esse filme várias vezes.
COMPLEMENTO NOMINAL: É o termo da oração que completa o sentido de um substantivo abstrato, de
um adjetivo ou de um advérbio. É sempre introduzido por preposição.
Ex. O militar deve ter amor à Pátria. (o substantivo
amor é completado pelo termo Pátria)
José é igual ao pai. (o adjetivo igual é completado pelo termo pai)
Agiu contrariamente ao esperado. (o advérbio
contrariamente é completado pelo termo esperado)
PREDICATIVO DO SUJEITO: É o termo que apresenta uma qualidade, modo de ser ou estado do sujeito.
Ex. Maria estava impaciente.
As crianças brincavam despreocupadas. Alegre, Juca foi embora.
PREDICATIVO DO OBJETO: É o termo que apresenta uma qualidade, modo de ser ou estado do objeto.
Ex. O vilarejo elegeu Otaviano prefeito. Chamavam-lhe falsário.

AGENTE DA PASSIVA: É o elemento que pratica a ação quando o verbo da oração está na voz passiva. O
agente da passiva é sempre introduzido por uma preposição.
Ex. Os índios foram exterminados pelo colonizador. O testamento será lido por um advogado.

TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO


ADJUNTO ADNOMINAL: São palavras que acompanham o substantivo, núcleo de uma função sintática,
para caracterizá-lo, determiná-lo ou individualizá-lo.
O adjunto adnominal pode ser representado por: adjetivos, artigos, numerais, pronomes e locuções adjetivas.
Ex. As casas antigas eram mais trabalhadas. (referem-se ao núcleo do sujeito = casas)
Ele acompanhava duas crianças pequenas. (referem-se ao núcleo do objeto = crianças)
Paulo era o professor de matemática. (referem-se ao núcleo do predicativo = professor)
OBS.: Não confunda adjunto adnominal com complemento nominal. Embora ambos possam se referir a
substantivos abstratos, para diferenciá-los lembre-se de que o complemento nominal tem sentido passivo;
enquanto o adjunto tem sentido ativo. Por exemplo: As críticas do ator ao diretor eram infundadas. Observe que
temos dois elementos introduzidos por preposição, ambos se referindo ao substantivo abstrato críticas. O primeiro é
adjunto, já que tem sentido ativo (do ator = o ator criticou). O segundo é complemento, pois tem sentido passivo
(ao diretor = o diretor foi criticado)

ADJUNTO ADVERBIAL: Termo que se refere ao verbo, ao adjetivo ou a outro advérbio, para indicar uma
circunstância (tempo, lugar, causa, modo, concessão, etc.)
Ex. Só obtivemos os gabaritos do vestibular no dia seguinte. (adj. adv. tempo)
O trânsito está engarrafado na Avenida Recife. (adj. adv. lugar)
Os turistas foram recebidos alegremente. (adj. adv. modo) Estávamos tremendo de frio. (adj. adv. causa)
Vou sair com você. (adj. adv. companhia)
Com a vassoura, retirou a sujeira da sala. (adj. adv. instrumento)
Prefiro viajar de carro. (adj. adv. meio) Conversamos sobre economia. (adj. adv. assunto)

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APOSTO: É o termo que tem por objetivo explicar, esclarecer, resumir, especificar ou comentar algo sobre um
substantivo.
Ex. Recife, a Veneza brasileira, sofre durante o período chuvoso.
AMD_ fabricante de processadores _ vem ganhando mercado.
Maria telefonou para os amigos: Júnior, André, Carla, Bianca e Dulce.
O estado de Minas Gerais destaca-se na produção de leite e derivados.
No último exemplo, observa-se o único tipo de aposto que não é separado por sinal de pontuação, o aposto
especificador ou aposto de especificação.
Para não confundi-lo com o adjunto adnominal, lembre- se de que é possível estabelecer uma relação de
igualdade entre o aposto e o substantivo a que ele se refere (estado = Minas Gerais).
Já em A população de Minas Gerais é cordial, o termo sublinhado é adjunto adnominal, pois não há relação de
igualdade (população não é = Minas Gerais).
OBS.: O aposto pode aparecer anteposto ao termo a que se refere. Ex. Veneza brasileira , Recife está
sofrendo com as chuvas. Ele também pode aparecer precedido de expressões explicativas. Ex. Algumas matérias,
a saber, Matemática, Física e Química apresentam maiores dificuldades de aprovação no vestibular.
VOCATIVO: É considerado um termo independente da oração porque não faz parte de sua estrutura. É usado
para invocar, chamar, interpelar ou apelar a quem o falante se dirige.
Ex. Menino, venha cá! Tenham calma, meus filhos. Você, Dora, reclama demais.

PERÍODO COMPOSTO
Período Composto é aquele que apresenta mais de uma oração, podendo ser formado por coordenação ou por
subordinação. No período composto por coordenação, as orações são independentes, estando ligadas apenas
pelo sentido. Já no período composto por subordinação, uma oração – a subordinada – depende da outra,
denominada principal; ou seja, a ligação entre elas é semântica, mas também sintática.

ORAÇÕES COORDENADAS
As orações coordenadas que não apresentam conjunção são chamadas de assindéticas e as que têm
conjunção, sindéticas. Estas últimas se classificam, de acordo com a conjunção que apresentam, em:
1)Aditivas: Exprimem ideia de adição, sendo iniciadas pelas conjunções e, nem, mas também, mas ainda, etc.
Ex. Adilson foi ao trabalho a pé e voltou de automóvel. Estudou não somente Português, como também Geografia.
2) Adversativas: Exprimem uma ideia oposta à oração principal. Principais conjunções: mas, contudo, todavia,
entretanto, porém, no entanto, senão.
Ex. Argumentou durante duas horas, mas não convenceu.
Nesse particular, você tem razão, contudo não me convenceu.
3) Alternativas: Expressam alternância. São identificadas pelas conjunções ou, ora, quer, seja.
Ex. A babá ora acariciava o nenê, ora beslicava-o. Quer você queira, quer não, iremos ao hospital.
4) Conclusivas: Apresentam a conclusão da oração anterior. São introduzidas pelas conjunções logo,
portanto, por fim, por conseguinte, assim, entre outras.
Ex. Vivia zombando de todos; logo, não merecia complacência.
O funcionário era muito competente; então, foi aprovado.
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5) Explicativas: Expressam explicação, justificativa. Conjunções e locuções utilizadas: isto é, ou seja, a
saber, na verdade, pois, que, visto que.
Ex. A criança devia estar doente, porque chorava de forma incessante.
Venha para casa, que já é tarde.
OBS.: A conjunção pois pode ser conclusiva ou explicativa. Se estiver antes do verbo, será conjunção
explicativa. (Ex. José estava resfriado, pois tossia muito.) Entretanto, se a conjunção estiver após o verbo, será
conclusiva. (Ex. Não tenho dinheiro; não posso, pois, pagar a conta.)

ORAÇÕES SUBORDINADAS
No período composto por subordinação sempre aparecem dois tipos de oração: oração principal e oração
subordinada.
Oração principal: é um tipo de oração que no período não exerce nenhuma função sintática e tem
associada a si uma oração subordinada.
Oração subordinada: é toda oração que se associa a uma oração principal e exerce uma função sintática
(sujeito, objeto, adjunto adverbial etc.) em relação à oração principal.
As orações subordinadas classificam-se, de acordo com seu valor ou função, em:
Orações subordinadas substantivas
1) Subjetivas: são aquelas que exercem a função de sujeito em relação à outra oração.
Ex. Importa que nós estudemos continuamente.
Sabe-se que a situação econômico-financeira ainda vai ficar pior.
2)Objetivas diretas: são aquelas que exercem a função de objeto direto de outra oração.
Ex. Informamos que os alunos sairão pela porta dos fundos. Amaral não sabia como realizar o sorteio.
3) Objetivas indiretas: são aquelas que exercem a função de objeto indireto de outra oração.
Ex. Ivo tinha se esquecido de que sua proposta não agradara.
O jovem obedecia a quem se revelava superior.
4) Completivas nominais: são aquelas que completam o sentido de um substantivo abstrato, de um adjetivo
ou de um advérbio.
Ex. Alencar estava esperançoso de que tudo se resolveria.
A população tem necessidade de que seus clamores sejam ouvidos.
5) Predicativas: são aquelas que funcionam como predicativo do sujeito. Exemplos:
Ex. O bom é que você não desconfia nunca. O certo era que Sérgio não se casaria.
6)Apositivas: são aquelas que funcionam como aposto. Ex. Sua instrução foi única: estudar sempre.
Pedi-lhe um favor: que me chamasse às sete horas.
OBS.: Para verificar se uma oração subordinada é substantiva, tente substituí-la pela palavra “isso”. Ex. Eles
ignoram que o mundo é cheio de mistérios. / Eles ignoram isso. Se a substituição for possível, ou seja, se criar
um enunciado lógico, é porque a oração realmente é substantiva.
Orações subordinadas adjetivas
1) Orações adjetivas explicativas: são aquelas que indicam qualidade inerente ao substantivo a que se
referem.
Justapõem-se a um substantivo já plenamente definido pelo contexto e são menos comuns que a restritiva.
Além disso, as orações adjetivas explicativas podem ser eliminadas sem prejuízo do sentido.
Têm função meramente estilística.
Ex. O inverno suíço de 1987, que foi muito rigoroso, matou 100 pessoas.
O lírio, que é branco, já não é símbolo de candura.
2) Orações adjetivas restritivas: são aquelas que delimitam o sentido do substantivo antecedente. São
indispensáveis ao sentido total da oração.
Ex. Todo aluno que é estudioso é digno de aprovação.. Não acredito no médico do qual
me falaste.
O professor cujas orientações não são diretivas tem conseguido melhores resultados.
OBS.: Todas as orações subordinadas adjetivas são introduzidas por pronome relativo (que, quem, o qual,
quanto, onde, cujo).
Para diferenciar a explicativa da restritiva, lembre-se de que a explicativa é separada por vírgula; a restritiva não.
Orações subordinadas adverbiais
1) Causais: são aquelas que modificam a oração principal apresentando uma circunstância de causa, isto é,
respondem à pergunta "por quê?" feita à oração principal.
Ex. Carlos saiu porque precisava espairecer.
Nilo Lusa deixou o magistério porquanto sua saúde era precária.
São conjunções causais: porque, pois, que, porquanto, visto que, como, uma vez que, já que.
2) Comparativas: são aquelas que correspondem ao segundo termo de uma comparação.
Ex. Marisa é tão boa digitadora quanto Teresa (é). "A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o
ferro."
São conjunções comparativas: como, mais que, menos que, assim como, bem como, tanto quanto.
3) Consecutivas: são aquelas que apresentam a consequência do fato expresso na oração principal.
Ex. Otávio bebia tanto que morreu de cirrose hepática.
Faça seu trabalho de tal modo que não venha a lastimar-se do resultado.
São conjunções consecutivas: (tanto) que, (tão) que, (tal) que, (tamanho) que
4) Concessivas: são aquelas que se caracterizam pela ideia de concessão que transmitem à oração principal.
Têm sempre a ideia de “apesar de”.
Ex. Ainda que faça frio, o jogo se realizará. Cristiano foi ao parque, embora estivesse chovendo.
São conjunções concessivas: embora, posto que, se bem que, ainda que, desde que, conquanto, mesmo que,
por mais que.
5)Condicionais: são aquelas que transmitem ideia de condição à oração principal.
Ex. Se o filme for ruim, sairei do cinema.
Caso tivesse realizado as obras necessárias, não teria perdido a eleição.
São conjunções condicionais: se, salvo se, senão, caso, desde que, exceto se, contanto que, a menos que, sem
que.
6) Conformativas: são aquelas que indicam conformidade com a ação expressa na oração principal.
Ex. Conforme as últimas notícias, o mundo corre risco de uma guerra generalizada.
Realizei seus desejos como você me havia sugerido.
São conjunções conformativas: do modo que, assim como, bem como, de maneira que, de sorte que, de forma
que, do mesmo modo que, segundo, como, conforme.
7) Finais: são aquelas que indicam o objetivo, a finalidade do fato expresso na oração principal.
Ex. Acenei-lhe para que silenciasse.
Antônio Carlos falou baixinho a fim de que não fosse percebida sua revolta.

São conjunções subordinativas finais: para que, a fim de que.


8) Proporcionais: são aquelas que transmitem ideia de proporcionalidade à oração principal.
Ex. À proporção que o tempo passa, a agonia recrudesce.
O barulho de algazarra aumenta à medida que se aproxima das crianças.

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São conjunções subordinativas proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto
mais...mais, quanto menos...menos.
9) Temporais: são aquelas que indicam relação de tempo naquilo que se refere à ação expressa pela
oração principal.
Ex. Enquanto leio poesia, recupero o equilíbrio emocional. “Quando penso em você, fecho os olhos de saudade...”
São conjunções subordinadas temporais: quando, enquanto, agora que, logo que, desde que, assim que,
tanto que, apenas, antes que, até que, sempre que, depois que, cada vez que, tão logo.

ORAÇÕES REDUZIDAS
São denominadas orações reduzidas aquelas que não têm conjunção e que apresentam o verbo em uma
das formas nominais, ou seja, infinitivo, gerúndio e particípio.
Ex. Urge partir imediatamente. (Oração Sub. Subst.
Subjetiva Reduzida de Infinitivo).
Retornando de férias, volte ao trabalho. (Oração Sub.
Adv. Temporal Reduzida de Gerúndio)
O rapaz, pego em flagrante, tentou fugir. (Oração Sub.
Adj. Explicativa Reduzida de Particípio)

CONCORDÂNCIA VERBAL
Estudar a concordância verbal é, basicamente, estudar o sujeito, pois é com este que o verbo concorda, em
número e pessoa. Entretanto, há alguns casos que podem suscitar dúvidas e devem ser analisados mais
detalhadamente.
Coletivo: Quando o sujeito for um substantivo coletivo (bando, multidão, arquipélago, cacho, etc.) ou uma
palavra no singular que indique diversos elementos (maioria, pequena parte, grande parte, metade, porção, etc.)
poderão ocorrer duas circunstâncias:
A) O coletivo funciona como sujeito, sem acompanhamento de qualquer adjunto:
Nesse caso, o verbo ficará no singular, concordando com o coletivo, que é singular.
Ex. A multidão invadiu o campo após o jogo. A maioria está contra as medidas do governo.
B) O coletivo funciona como sujeito, acompanhado de restritivo no plural:
Nesse caso, o verbo tanto poderá ficar no singular, quanto no plural.
Ex. A multidão de torcedores invadiu / invadiram o campo após o jogo.
A maioria dos cidadãos está / estão contra as medidas do governo.
Um milhão, um bilhão, um trilhão: O verbo deverá ficar no singular. Caso surja a conjunção e, o verbo
ficará no plural.
Ex. Um milhão de pessoas assistiu ao comício. Um milhão e cem mil pessoas assistiram ao comício.
Mais de, menos de, cerca de...: Quando o sujeito for iniciado por uma dessas expressões, o verbo
concordará com o numeral que vier imediatamente à frente.
Ex. Mais de uma criança se machucou no brinquedo. Cerca de duzentos mil reais foram roubados.

OBS.: Quando Mais de um estiver indicando reciprocidade ou a expressão estiver repetida, o verbo ficará no
plural. Ex. Mais de uma pessoa agrediram-se. / Mais de um rapaz, mais de uma moça estiveram no evento.

Nomes no plural: Quando houver um nome usado apenas no plural, deve-se analisar o elemento a que ele
se refere:
A) Se for nome de obra, o verbo tanto poderá ficar no
singular, quanto no plural.
Ex. Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
B) Se for nome de lugar - cidade, estado, país... - o verbo concordará com o artigo; caso não haja artigo, o
verbo ficará no singular.
Ex. Os Estados Unidos comandam o mundo. Campinas fica em São Paulo.
C)Se for um substantivo comum, o verbo só vai para o plural se o nome estiver determinado:
Ex. Pêsames não traz conforto. Os pêsames não trazem conforto.
Qual de nós / Quais de nós: Quando o sujeito contiver as expressões ...de nós, ...de vós ou ...de vocês,
deve-se analisar o elemento que surgir antes dessas expressões:
A) Se o elemento que surgir antes das expressões estiver no singular (qual, quem, cada um, alguém,
algum...), o verbo deverá ficar no singular.
Ex. Quem de nós irá conseguir o intento? Cada um de vocês deve cuidar do seu material.
B) Se o elemento que surgir antes das expressões estiver no plural (quais, alguns, muitos...), o verbo tanto
poderá ficar na terceira pessoa do plural, quanto concordar com o pronome nós ou vós.
Ex. Alguns de nós irão / iremos conseguir o intento. Quais de vós trarão / trareis o que pedi?
Pronome relativo: Quando o pronome relativo exercer a função de sujeito, deveremos analisar o seguinte:
A) Pronome Relativo que: O verbo concordará com o elemento antecedente.
Ex. Fui eu que quebrei a vidraça.
Estes são os garotos que foram expulsos da escola.
B) Pronome Demonstrativo o, a, os, as + Pronome Relativo que: O verbo concordará com o pronome
demonstrativo.
Ex. Fui eu o que quebrou a vidraça. Foram vocês os que me enganaram.
C) Pronome Relativo quem: O verbo pode ficar na 3ª pessoa do singular ou concordar com o antecedente.
Ex. Fui eu quem quebrou/quebrei a vidraça. Fomos nós quem quebrou/quebraram a vidraça.
Um dos... que: Quando o sujeito for iniciado pela expressão Um dos que, deveremos analisar o seguinte:
A)Se o elemento for o único a praticar a ação, o verbo ficará no singular.
Ex. O Corinthians é um dos times paulistas que mais vezes foi campeão estadual.
A frase tem o verbo no singular, pois é certo que, dos times de São Paulo, o Corinthians foi mais vezes
campeão.
B)Se o elemento não for o único a praticar a ação, o verbo ficará no plural.
Ex. Casagrande é um dos ex-jogadores de futebol que trabalham como comentarista esportivo.
A frase tem o verbo no plural, pois é certo que, além de Casagrande, há outros ex-jogadores de futebol,
trabalhando como comentarista esportivo.
Nenhum dos... Que: Quando o sujeito for iniciado pela expressão Nenhum dos que, o primeiro verbo ficará no
plural, e o segundo, no singular.
Ex. Nenhuma das pessoas que chegaram atrasadas tem justificativa.
Porcentagem + Substantivo: Há três possibilidades nesse caso:
A) Porcentagem + Substantivo, sem modificador da porcentagem:
Facultativamente o verbo poderá concordar com a porcentagem ou com o substantivo.
Ex. 1% da turma estuda muito.
1% dos alunos estuda / estudam muito. 10% da turma estuda / estudam muito. 10% dos alunos
estudam muito.
B) Porcentagem + Substantivo, com modificador da porcentagem: O verbo concordará com o modificador
(pronome demonstrativo, pronome possessivo, artigo...)
Ex. Os 10% da turma estudam muito. Este 1% dos alunos estuda mais.
C) Mais de, menos de, cerca de, perto de, antes da porcentagem: O verbo concordará apenas com o
numeral da porcentagem.
Ex. Mais de 1% dos alunos estuda muito. Menos de 10% da turma estudam muito.
Pronomes de Tratamento: Fazem a concordância em terceira pessoa.
Ex. Vossa Senhoria deve trazer seus documentos consigo.
Vossa Excelência é um bom juiz.
Sujeito Composto - Núcleos ligados pela conjunção
"e"
01) Verbo após os núcleos: Ficará no plural o verbo que estiver após o sujeito composto cujos núcleos sejam
ligados pela conjunção e:
Ex. Machado de Assis e Guimarães Rosa estão entre os melhores escritores do mundo.
OBS.: Quando os núcleos forem sinônimos, verbos no infinitivo, ou estiverem formando gradação, o verbo
deverá ficar no singular.
Ex. A lisura e a honestidade frequenta pouco o Congresso Nacional. (lisura = honestidade). Cantar e
dançar era a vida daquela menina. (Cantar, dançar – infinitivo) Um olhar, um aceno, um sorriso bastava para a
paquera fluir. (olhar, aceno, sorriso _ Gradação)
02) Verbo antes dos núcleos: Ficará no plural ou concordará com o núcleo mais próximo.
Ex. Fugiram o cão e o gato. Fugiu o cão e o gato.
Sujeito composto com pessoas gramaticais diferentes: A 1ª pessoa prevalece sobre as demais; se
houver só 2ª e 3ª pessoas, a concordância é facultativa.
Ex. Teté e eu passamos as férias em Santa Bárbara. Tu e Walmor estais/estão equivocados.
Sujeito Composto - Núcleos ligados pela conjunção “ou”
01) Havendo ideia de exclusão, o verbo ficará no singular.
Ex. Victor ou Fábio será o goleiro titular da seleção.
02) Não havendo ideia de exclusão, o verbo ficará no plural. Ex. Victor ou Fábio poderão ser convocados
para a
Copa de 2014.
Aposto resumidor:
O verbo ficará no singular, concordando com o aposto resumidor (tudo, nada, ninguém, isto, isso,
aquilo...).
Ex. Brinquedos, roupas, jogos, nada tirava a angústia daquele jovem.
Amigos, parentes, companheiros de trabalho, ninguém se incomodou com sua ausência.
Conectivos Correlatos:
Quando o sujeito composto tem os elementos ligados por conectivos correlatos (assim... como, não só...
mas também, tanto... como), o verbo ficará no plural.
Ex. Tanto o irmão como a esposa ignoraram seu pedido de ajuda.
Não só Pedro mas também Eduardo estão à sua procura.
Verbo SER
A) Quando o verbo “ser” e o predicativo do sujeito forem numericamente diferentes (um no singular, outro no
plural), o verbo deverá ficar no plural.
Ex. O vestibular são as esperanças dos estudantes.
B) Havendo nome próprio de pessoa ou pronome pessoal, o verbo concordará com ele.
Ex. Aline é as alegrias do namorado. A família éramos nós.

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C) Se o sujeito for uma quantidade no plural, e o predicativo do sujeito, palavra ou expressão como muito,
pouco, o bastante, o suficiente, uma fortuna, uma miséria, o verbo ficará no singular.
Ex. Cem reais é muito, por esse produto. Duzentos gramas de carne é pouco.
D) Na indicação de horas ou distância, o verbo concordará com o numeral.
Ex. Era meio-dia, quando ele chegou. São duas horas.
E) Se o sujeito for o pronome interrogativo QUE ou QUEM, o verbo concordará com o predicativo:
Ex. Quem eram aquelas garotas? Que são bromélias?
Verbo Haver: É impessoal, no sentido de existir, de acontecer ou indicando tempo decorrido; por isso fica na 3ª
pessoa do singular.
Ex. Havia um mês, nós estávamos à sua procura. Poderá haver confrontos entre os grevistas.
Verbo Fazer:
É impessoal, indicando tempo decorrido e fenômeno natural; por isso fica na 3ª pessoa do singular.
Ex. Deve fazer três meses que não o vejo. Faz 35º no verão, em Londrina.
Verbos Dar, Bater e Soar (indicando horas):
Concordam com o sujeito, que pode ser:
A)o relógio, a torre, o sino...
Ex. O relógio deu quatro horas. O sino soou cinco horas.
B)as horas.
Ex. o relógio, deram quatro horas. Soaram cinco horas, no sino da igreja.
Verbo Parecer + infinitivo:
Quando o verbo parecer surgir antes de outro verbo no infinitivo, duas ocorrências podem acontecer:
A) Pode ocorrer a formação de uma locução verbal. Nesse caso, o verbo parecer concordará com o sujeito, e o
verbo no infinitivo ficará invariável.
Ex. As meninas parecem estar nervosas. Os alunos parecem estudar muito.
B) Pode ocorrer a formação de um período composto, com o verbo parecer na oração principal, invariável, e o
verbo no infinitivo, formando oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo, concordando com o
sujeito.
Ex. As meninas parece estarem nervosas. Os alunos parece estudarem muito.
Verbo + Partícula Apassivadora:
Verbo na voz passiva sintética, construída com o pronome se, concorda normalmente com o sujeito.
A maneira mais fácil de se comprovar que a oração está na voz passiva sintética é passando-a para a voz
passiva analítica: Alugam-se casas muda para Casas são alugadas.
Ex. Entregam-se encomendas. Ouviram-se muitas histórias.
Verbo+ Índice de Indeterminação do Sujeito:
O pronome se, sendo índice de indeterminação do sujeito, deixa o verbo na terceira pessoa do singular.
Haverá I.I.S. quando surgir na oração VI, sem sujeito claro; VTI, com OI; ou VL, com PS.
Ex. Morre-se de fome no Brasil. Assiste-se a filmes interessantes. Aqui se está satisfeito.

CONCORDÂNCIA NOMINAL
Os adjetivos e as palavras adjetivadas concordam em gênero e número com os elementos a que se referem.
Por exemplo: gatas malhadas e cachorros brancos. Quando o adjetivo surgir junto de mais de um substantivo,
teremos regras especiais, que veremos agora:
01) Adjetivo posposto a dois ou mais substantivos
Adjunto adnominal: Quando o adjetivo, posposto a dois ou mais substantivos de gêneros diferentes,
funcionar como adjunto adnominal, concordará no masculino.
Ex. O Estado compra carros e maçãs argentinos.
Há dois casos em que o adjunto adnominal concordará apenas com o elemento mais próximo:
A) Se qualificar apenas o elemento mais próximo: Ex. Comprei óculos e frutas frescas.
B) Se
os substantivos forem sinônimos:
Ex. Desrespeitaram o povo e a gente brasileira.
Predicativo do sujeito ou do objeto: Quando o adjetivo imediatamente posposto a dois ou mais substantivos
funcionar como predicativo do sujeito ou como predicativo do objeto, deverá concordar com a soma dos
elementos.
Ex. O operário e a esposa, preocupados, saíram para o trabalho.
Encontrei o operário e a esposa preocupados com a situação da empresa.
OBS.: Uma maneira fácil de se estabelecer a diferença entre o adjunto adnominal e o predicativo é substituir
o substantivo por um pronome: todos os adjuntos adnominais que gravitam ao redor do substantivo
desaparecem.
Portanto, se o adjetivo não desaparecer na substituição, será predicativo. Ex. Encontrei-os preocupados com
a situação da empresa.
02)Adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos
Adjunto adnominal: Quando o adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos funcionar como adjunto
adnominal e estiver qualificando todos os substantivos apresentados, deverá concordar apenas com o elemento
mais próximo.
Ex. Trouxe belas rosas e cravos. Trouxe belos cravos e rosas.
Predicativo do sujeito ou do objeto: Quando o adjetivo imediatamente anteposto a dois ou mais substantivos
funcionar como predicativo do sujeito ou como predicativo do objeto, deverá concordar com a soma dos
elementos.
Ex. Preocupados, o operário e a esposa saíram para o trabalho.
Encontrei preocupados com a situação da empresa o operário e a esposa.
03) Dois ou mais adjetivos, modificando um só substantivo
Quando houver apenas um substantivo qualificado por dois ou mais adjetivos, há duas maneiras de se construir
a frase:
A) Coloca-se o substantivo no plural e enumeram-se os adjetivos.
Ex. Ele estuda as línguas inglesa e francesa.
B) Coloca-se o substantivo no singular e, ao se enumerarem os adjetivos, acrescenta-se artigo a cada um deles.
Ex. Ele estuda a língua inglesa e a francesa.
Obrigado / Mesmo / Próprio
Esses três elementos concordam com o substantivo ou com o pronome a que se referem, ou seja, se o
substantivo for feminino plural, usam-se mesmas, próprias e obrigadas.
Caso a palavra mesmo significar realmente, ficará invariável, pois será advérbio.
Ex. Elas mesmas disseram, em coro: Muito obrigadas, professor.
Os próprios jogadores reconheceram o erro.
As meninas trouxeram mesmo o radialista. (realmente trouxeram)
Só / Sós
Essa palavra concordará com o elemento a que se refere, quando significar sozinho(s), sozinha(s); ficará
invariável, quando significar apenas, somente.
A locução a sós é sempre invariável.
Ex. Só as garotas queriam andar sós; os meninos queriam a companhia delas.
Gosto de estar a sós.
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Quite / Anexo / Incluso
Esses três elementos concordam com o substantivo a que se referem.
Ex. Deixarei as promissórias quites, para não ter problemas.
Anexas, seguem as fotocópias dos documentos solicitados. Estão inclusos o café da manhã e o almoço.
Meio
Concordará com o elemento a que se referir, quando significar metade; ficará invariável, quando significar um
pouco, mais ou menos. Quando formar substantivo composto, ambos os elementos variarão.
Ex. Era meio-dia e meia. Ela estava meio nervosa.
Os meios-fios foram construídos em lugar errado.
Verbo de ligação + Predicativo do sujeito
Quando o substantivo que integra o sujeito não estiver determinado, o verbo ser - ou qualquer outro verbo de
ligação - ficará no singular e o predicativo do sujeito no masculino, singular. Se o sujeito vier determinado por
qualquer palavra, a concordância do verbo e do predicativo será regular, ou seja, concordarão com o sujeito em
número e pessoa.
Ex. Caminhada é bom para a saúde. Esta caminhada está muito boa.
É proibido entrada. É proibida a entrada.
Menos / Pseudo
Essas duas palavras são sempre invariáveis. Ex. Houve menos reclamações dessa vez. As pseudo-
escritoras foram desmascaradas.
Muito / Bastante / Pouco
Quando modificarem substantivo, concordarão com ele, por serem pronomes indefinidos adjetivos; quando
modificarem verbo, adjetivo, ou outro advérbio, ficarão invariáveis, por serem advérbios.
Ex. Bastantes funcionários ficaram bastante revoltados com a empresa.
Caro / Barato / Longe
Se forem adjetivos, concordarão com o substantivo; se forem advérbios, não flexionarão.
Ex. Esta blusa é muito cara. A blusa custou caro.
Ele mora longe.
Quero conhecer lugares longes.
Possível
Em expressões superlativas, como o mais, o menos, o melhor, o pior, as mais, os menos, os piores, as
melhores, a palavra possível concordará com o artigo.
Ex. Visitei cidades o mais interessantes possível. Visitei cidades as mais interessantes possíveis.

REGÊNCIA VERBAL
A regência verbal estuda a relação de dependência que se estabelece entre os verbos e seus complementos. Na
realidade, o que estudamos na regência verbal é se o verbo é transitivo direto, transitivo indireto, transitivo direto e
indireto ou intransitivo e qual é a preposição que se relaciona com ele.
Verbos Transitivos Diretos
1) Aspirar (significado: sorver, absorver) Ex. Como é bom aspirar a brisa da tarde.
2) Assistir (significado: auxiliar, dar assistência) Ex. A enfermeira assistia o paciente.
3) Visar (significado: mirar ou dar visto)
Ex. O atirador visou o alvo, mas errou o tiro. O gerente visou o cheque do cliente.
4) Querer (significado: desejar, tencionar)
Ex. Quero que me digam quem é o culpado.
5) Chamar (significado: convocar, mandar vir) Ex. Chamei todos os sócios para a reunião.
6) Implicar (significado: acarretar, fazer supor) Ex. A crise econômica implicará demissões.

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7) Desfrutare Usufruir são VTD sempre. Ex. Desfrutei os bens deixados por meu pai.
8) Namorar é sempre VTD.
Ex. Joanilda namorava o filho do delegado.
9) Compartilhar é sempre VTD.
Ex. Ela compartilhou o sofrimento e a alegria.
10) Esquecer e Lembrar serão VTD, quando não forem pronominais, ou seja, caso não sejam usados com
pronome, não serão usados também com preposição.
Ex. Esqueci que havíamos combinado sair. Ela não lembrou o meu nome.
OBS.: Somente verbos transitivos diretos admitem voz passiva. As exceções são obedecer (VTI), pagar (VTDI) e
perdoar (VTDI), que, embora não sejam TD, podem ser colocados na voz passiva.
Verbos Transitivos Indiretos
1) Aspirar (significado: almejar, objetivar)
Ex. Aspiramos a uma vaga naquela universidade.
2) Visar (significado: almejar, objetivar) Ex. Sempre visei a uma vida melhor.
3) Querer (significado: estimar)
Ex. Quero aos meus amigos, como aos meus irmãos.
4) Assistir (significado: ver ou ter direito) Ex. Gosto de assistir aos jogos do Santos. Assiste ao
trabalhador o direito a férias.
5) Custar (significado: ser difícil) Ex. Custa-me acreditar em você.
6) Proceder (significado: dar início, executar) Ex. Os fiscais procederam à prova com atraso.
7) Obedecer e desobedecer são sempre VTI. Ex. Obedeço a todas as regras da empresa.
8) Revidar é sempre VTI.
Ex. Ele revidou ao ataque instintivamente.
9) Simpatizar e Antipatizar sempre são VTI, com a prep. com. Não são verbos pronominais, portanto não
existe o verbo simpatizar-se, nem antipatizar-se.
Ex. Sempre simpatizei com Eleodora, mas antipatizo com o irmão dela.
10) Implicar (significado: perturbar)
Ex. Não sei por que o professor implica comigo.
11) Esquecer-se e lembrar-se serão VTI, com a prep. de, quando forem pronominais, ou seja, somente
quando forem usados com pronome, poderão ser usados com a prep. de.
Ex. Esqueci-me de que havíamos combinado sair. Ela não se lembrou do meu nome.
12) Sobressair é sempre VTI, com a prep. em. Não é verbo pronominal, portanto não existe o verbo
sobressair-se.
Ex. Quando estava no colegial, sobressaía em todas as matérias.
OBS.: Alguns verbos transitivos indiretos, que regem a preposição a, não admitem a utilização do complemento
lhe. No lugar, deveremos colocar a ele(s), a ela(s). Dentre eles, destacam- se os seguintes: Aspirar, visar, assistir(ver),
aludir, referir-se, anuir.
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
1) Chamar(significado: repreender)
Ex. Chamei o menino à atenção, pois estava conversando.
OBS.: A expressão “chamar a atenção” de alguém não significa repreender, e sim fazer-se notado.
Ex. O cartaz chamava a atenção de todos que por ali passavam.
2) Implicar (significado: envolver alguém)
Ex. Implicaram o advogado em negócios ilícitos. 3 ) Custar (significado: causar trabalho, transtorno)
Ex. Sua irresponsabilidade custou sofrimento a toda a família.
4) Agradecer, Pagar e Perdoar são VTDI, com a prep. a. O objeto direto sempre será a coisa, e o objeto
indireto, a pessoa.
Ex. Agradeci a ela o convite. Perdoo os erros ao amigo.
5) Pedir é VTDI, com a prep. a. Ex. Pedimos dinheiro ao pai.
OBS.: O verbo pedir só pode ser utilizado com a preposição para quando houver a palavra licença, escrita ou
subentendida.
Ex. O aluno pediu (licença) para ir ao banheiro.
6) Preferir é sempre VTDI, com a prep. a. Com esse verbo, não se deve usar mais, muito mais, mil vezes, nem
que ou do que.
Ex. Prefiro cinema a teatro.
7) Avisar, advertir, certificar, cientificar, comunicar, informar, lembrar, noticiar, notificar, prevenir são VTDI,
admitindo duas construções:
Ex. Advertimos aos usuários que não nos responsabilizamos por furtos ou roubos.
Advertimos os usuários de que não nos responsabilizamos por furtos ou roubos.
Verbos Intransitivos
1) Assistir (significado: morar)
Ex. Assisto em Londrina desde que nasci.
2) Custar (significado: ter preço)
Ex. Estes sapatos custaram R$ 80,00.
3) Proceder (significado: ter fundamento) Ex. Suas palavras não procedem!
4) Ir, vir, voltar, chegar, cair, comparecer e dirigir-se são intransitivos. Esses verbos exigem a prep. a, na
indicação de destino, e de, na indicação de procedência.
Ex. Cheguei de Curitiba há meia hora. Vou a São Paulo no avião das 8h.
OBS.: São erradas construções que apresentam um mesmo complemento para verbos de regências distintas.
Ex. Conhecemos e duvidamos de José. (Correção: Conhecemos José e duvidamos dele.)

REGÊNCIA NOMINAL
A regência nominal estuda a relação entre os nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) e os termos regidos
por esses nomes.
Essa relação é intermediada por uma preposição.
Vejamos abaixo uma lista de nomes com a preposição que eles regem:
Acessível a Acostumado a ou com
Alheio a Alusão a
Ansioso por Atenção a ou para
Atento a ou em Benéfico a
Compatível com Cuidadoso com
Desatento a Desacostumado a ou com
Desfavorável a Desrespeito a
Estranho a Favorável a
Fiel a Grato a
Hábil em Habituado a
Inacessível a Indeciso em
Invasão de Junto a ou de
Leal a Maior de
Morador em Natural de
Necessário a Necessidade de
Nocivo a Ódio a ou contra
Odioso a ou para Posterior a Preferência a ou por Preferível a Prejudicial a Próprio de ou
para
Próximo a ou de Querido de ou por
Residente em Respeito a ou por
Sensível a Simpatia por
Simpático a Útil a ou para
Versado em
CRASE
A palavra crase provém do grego (krâsis) e significa mistura. Na língua portuguesa, crase é a fusão de duas
vogais idênticas, mas essa denominação visa a especificar principalmente a contração ou fusão da preposição a
com os artigos definidos femininos (a, as) ou com os pronomes
demonstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo.
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Para saber se ocorre ou não a crase, basta seguir três regras básicas:
01) Só ocorre crase diante de palavras femininas, portanto, nunca use o acento grave diante de palavras
que não sejam femininas.
Ex. O sol estava a pino. (sem crase, pois pino não é palavra feminina).
Ela recorreu a mim. (sem crase, pois mim não é palavra feminina).
Exceção: Se antes da palavra masculina, estiver subentendida a expressão “à moda de” ou “à maneira de”,
ocorrerá crase.
Ex. Decorei minha casa à Luís XV. (à moda de Luís
XV)
02) Se a preposição a vier após um verbo que indica destino (ir, vir, voltar, chegar, cair, comparecer, dirigir-
se...), troque este verbo por outro que indique procedência (vir, voltar, chegar...). Se, diante do verbo que indicar
procedência, surgir da, ocorrerá crase; caso contrário, não ocorrerá crase.
Ex. Vou a Porto Alegre. (sem crase, pois “Venho de Porto Alegre”).
Vou à Bahia. (com crase, pois “Venho da Bahia”).
03) Se não houver verbo indicando movimento, troca-se a palavra feminina por outra masculina; se, diante
da masculina, surgir ao, diante da feminina, ocorrerá crase.
Ex. Assisti à peça. (com crase, pois “Assisti ao filme”).
Ele respeita as regras. (sem crase, pois “Ele respeita os regulamentos”).

Casos especiais
01) Nos adjuntos adverbiais de modo, de lugar e de tempo, formados com palavra feminina, o uso do acento
grave é obrigatório.
Ex. à tarde, à noite, às pressas, às escondidas, às escuras, às tontas, à direita, à vontade.
02) Nas locuções prepositivas e conjuntivas, formadas com palavras femininas, ocorre crase.
Ex. à maneira de, à moda de, às custas de, à procura de, à espera de, à medida que.
03) Diante do pronome relativo que ou da preposição de, quando houver fusão da preposição a com o
pronome demonstrativo a, as (= aquela, aquelas), ocorre crase.
Ex. Essa roupa é igual à que comprei ontem. (igual àquela que comprei ontem).
04) Diante dos pronomes relativos a qual, as quais, quando o verbo da oração subordinada adjetiva exigir a
preposição a, ocorre crase.
Ex. A cena à qual assisti foi chocante. (Assiste à cena.)
05) Quando o a estiver no singular, diante de uma palavra no plural, não ocorre crase.
Ex. Não gosto de ir a festas desacompanhado.
06) Diante de pronomes possessivos femininos, é facultativa a ocorrência de crase.
Ex. Referi-me a sua professora. Referi-me à sua professora.
07) Não ocorre crase antes de verbos. Ex. De repente, começou a chover.
08) A palavra CASA:
A palavra casa só terá artigo, se estiver especificada, portanto só ocorrerá crase diante da palavra casa
nesse caso.
Ex. Cheguei a casa antes de todos. Cheguei à casa de Ronaldo antes de todos.
09) A palavra TERRA:
Significando planeta, é substantivo próprio e tem artigo; consequentemente, quando houver a preposição a,
ocorrerá a crase; significando chão firme, solo, só tem artigo, quando estiver especificada, portanto só nesse
caso poderá ocorrer a crase.
Ex. Os astronautas voltaram à Terra. Os marinheiros voltaram a terra.
Irei à terra de meus avós.
DICAS GERAIS DE GRAMÁTICA
Emprego dos Porquês
1)Porquê: É um substantivo, geralmente significando “motivo”, “causa”.
Ex. Ninguém entende o porquê de tanta confusão. Quantos porquês existem na Língua Portuguesa?
2) Por quê: Sempre que a palavra que estiver em final de frase, deverá receber acento, não importando qual
seja o elemento que surja antes dela.
Ex. Ela não me ligou e nem disse por quê. Você está rindo de quê?
Você veio aqui para quê?
3) Por que: Usa-se por que, quando houver a junção da preposição por com o pronome interrogativo que ou
com o pronome relativo que. Para facilitar, dizemos que se pode substituí-lo por qual razão, pelo qual, pela qual,
pelos quais, pelas quais, por qual.
Ex. Por que não me disse a verdade? (= por qual razão)
Ester é a mulher por que vivo. (= pela qual)
4) Porque: É uma conjunção, portanto estará ligando duas orações, indicando causa ou explicação. Para
facilitar, dizemos que se pode substituí-lo por pois.
Ex. Não saí de casa, porque estava doente. (= pois)
A palavra Que
01) Substantivo: Significa “alguma coisa” e é antecedida por artigo, pronome ou numeral. Como substantivo,
a palavra que é sempre acentuada.
Ex. A decisão do tribunal teve um quê de corrupção.
02) Advérbio: Intensifica adjetivos e advérbios. Nesse caso, pode ser substituída por quão ou muito; em geral,
é usada em frases exclamativas.
Ex. Que linda é essa garota!
Que mal você fez a ela!
03) Preposição: Equivale à preposição de em locuções verbais que tenham, como auxiliares, os verbos ter ou
haver.
Ex. Temos que estudar bastante. Tive que trazer todo o material.
04)Interjeição: Exprime uma emoção, um estado de espírito; é sempre exclamativa e acentuada.
Ex. Quê?! Você não dormiu em casa hoje?!
05) Partícula Expletiva ou de Realce: Sua retirada não altera o sentido da frase. Pode também ser usada com
o verbo ser, na locução é que.
Ex. Nós é que precisamos de sua ajuda. Eles que procuraram você ontem.
06) Pronome Interrogativo: Empregada em frases interrogativas. Quando estiver iniciando a frase, não se
deve usar o antes do pronome. Quando estiver em final de frase, será acentuada.
Ex. Que vocês farão hoje à noite? Vocês farão o quê?
07) Pronome Indefinido: Aparece antes de substantivos em frases geralmente exclamativas. Pode ser
substituída por quanto(s), quanta(s).
Ex. Que sujeira!
Que bagunça em seu quarto!
08)Pronome Relativo: Relaciona orações, podendo ser substituída por o qual e suas flexões.
Ex. Julguei belíssima a garota que (= a qual) você me apresentou.
09) Conjunção: Liga duas orações, coordenadas ou subordinadas entre si.
Ex. Venha até aqui, que precisamos conversar. Ele se esforçou tanto, que acabou desmaiando.
A Palavra Se
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01) Pronome Reflexivo: Indica que o sujeito pratica a ação sobre si mesmo. Nesse caso, a palavra se
equivale a “a si mesmo (a)(s)” e o verbo concorda com o sujeito.
Ex. A menina machucou-se ao cair do brinquedo.
02) Pronome Recíproco: Indica ação trocada entre os elementos que compõem o sujeito. Nesse caso, a
palavra se significa “um(s) ao outro(s)” e o verbo concorda com o sujeito.
Ex. Sandro e Carla se amam muito.
03) Parte Integrante do Verbo: Aparece junto de verbos pronominais, que são os que não se conjugam sem
pronome (suicidar-se, arrepender-se, queixar-se...). O verbo concorda com o sujeito.
Ex. Alfredo suicidou-se depois que seus sócios se queixaram dele para o advogado.
04) Partícula Expletiva ou de Realce: Pode ser retirado da frase sem alteração do seu sentido. Ocorrerá a
partícula expletiva com verbo intransitivo que tenha sujeito claro.
Ex. As nossas esperanças se foram para sempre.
05) Pronome Apassivador: Forma, junto de um verbo transitivo direto, a voz passiva sintética; indica que o
sujeito é paciente e, nesse caso, o verbo concorda com o sujeito.
Ex. Compram-se carros usados. (= Carros usados são comprados)
06) Índice de Indeterminação do Sujeito: Acompanha verbo que não seja transitivo direto, sem sujeito
claro. Nesse caso, o verbo deverá ficar, obrigatoriamente, na terceira pessoa do singular.
Ex. Necessita-se de pessoas qualificadas. Ainda se morre de tuberculose no Brasil.
07) Sujeito Acusativo: Aparece em estruturas formadas pelos verbos fazer, mandar, deixar, ver, ouvir e
sentir, seguidos de objeto direto na forma de oração reduzida (verbo no infinitivo ou no gerúndio).
Ex. Ela deixou-se estar à janela.
08) Conjunção Subordinativa Integrante : Inicia oração subordinada substantiva.
Ex. Não sei se todos terão condições de acompanhar a matéria.
09) Conjunção Subordinativa Condicional: Inicia oração subordinada adverbial condicional.
Ex. Tudo estaria resolvido, se ele tivesse devolvido o dinheiro.
Mas, Más e Mais
1) Mas é uma conjunção adversativa e equivale a "porém".
Ex. Eu iria ao cinema, mas não tenho dinheiro.
2) Másé adjetivo feminino, plural de má.
Ex. Infelizmente, o mundo está cheio de pessoas más.
3) Mais é um advérbio de intensidade; tem sentido oposto a “menos”.
Ex. Ela é a mais bonita da escola.
Onde, Aonde e Donde
1) Onde é utilizado com verbos que não indicam deslocamento.
Ex. Onde você colocou a bolsa?
2) Aonde é utilizado com verbos que indicam deslocamento.
Ex. Aonde você foi ontem à noite?
3) Donde é utilizado com verbos que indicam procedência.
Ex. Donde tu vieste?
OBS. Onde, Aonde e Donde só podem ser utilizados para se referir a lugar.
Mal e Mau
1) Mal é advérbio, antônimo de "bem". Ex. José estava se sentido mal.
2) Maué adjetivo, antônimo de "bom"
Ex. A Chapeuzinho Vermelho encontrou o Lobo Mau.
OBS.: Mal também é substantivo, podendo significar "doença, moléstia, aquilo que é prejudicial ou nocivo".
Ex. O mal da sociedade moderna é a violência urbana.
Ao encontro de e De encontro a
1)Ao encontro de indica "ser favorável a", "ter posição convergente" ou "aproximar-se de".
Ex. Suas ideias vêm ao encontro das minhas, por isso concordo com você.
2) Deencontro a indica oposição, choque, colisão.
Ex. A polícia foi de encontro aos manifestantes, na tentativa de reprimi-los.
Há e A (na expressão de tempo)
1) Há é usado para indicar tempo decorrido, passado. Ex. Ele partiu há duas semanas.
2) A é usado para indicar tempo futuro. Ex. Ele partirá daqui a duas semanas.
Acerca de, A cerca de e Há cerca de
1) Acerca de é locução prepositiva equivalente a "sobre, a respeito de".
Ex. Estávamos falando acerca de política.
2) A cerca de significa “a aproximadamente”. Ex. Moro a cerca de 2 Km daqui.
3) Há cerca de indica tempo decorrido aproximado. Ex. Viajamos há cerca de dois meses.
Afim e A fim de
1) Afim é adjetivo equivalente a "igual, semelhante". Ex. Aqueles alunos têm ideias afins.
2) A fim de é locução prepositiva que indica finalidade. Ex. Ele veio a fim de estudar bastante.
Senão e Se não
1) Senão significa "caso contrário, a não ser". Ex. Nada fazia senão reclamar.
2) Senão ocorre equivale a "se por acaso não". Ex. Se não estudar, ficará de castigo.
Se não estudar, não sairá sábado à noite.
Ao invés de e Em vez de
1) Ao invés de significa "ao contrário de". Ex. Descemos a escada, ao invés de subir.
2) Em
vez de significa "no lugar de".
Ex. Em vez de ir ao cinema, fui ao teatro.
Estadia e Estada
1) Estadia
é usado para veículos em geral.
Ex. Paguei a estadia do automóvel no estacionamento.
2) Estadaé usado para pessoas.
Ex. Foi curta minha estada na cidade.
Perca e Perda
1) Perca
é verbo.
Ex. Não perca a paciência com tanta facilidade.
2) Perda
é substantivo.
Ex. A perda de um ente querido traz muito sofrimento.
Haja vista e Hajam vista
1) Haja vista pode-se usar, havendo ou não a preposição a à frente, estando o substantivo posterior no
singular ou no plural.
Ex. Haja vista os problemas. Haja vista ao problema.
2) Hajam vista pode-se usar, quando não houver a preposição a à frente e somente quando o substantivo
posterior estiver no plural.
Ex. Hajam vista os problemas.
ESTILÍSTICA / FIGURAS DE LINGUAGEM
A Estilística é a parte da gramática que estuda os recursos utilizados nos textos (principalmente literários)
para conferir à mensagem mais impacto, estilo, beleza ou qualquer outro recurso expressivo. Esses recursos
expressivos são chamados figuras de linguagem.
São três as figuras de linguagem: figuras de sintaxe (ou construção); figuras de palavras e figuras de
pensamentos.
Figuras de sintaxe
a) Elipse: Significa, em gramática, omissão. Quando se omite da frase algum termo ou palavra cujo sentido
pode ser deduzido pelo contexto, tem-se a elipse.
Ex. Solicitamos seja enviado o ofício. (elipse da conjunção que: Solicitamos que seja...)
b)Zeugma: É a omissão de um termo que já apareceu antes, em alguma oração anterior.
Ex. Na terra dele só havia mato; na minha, só prédios. (...na minha, só havia prédios)
c) Pleonasmo: É a reiteração, o reforço de uma ideia já expressa por alguma palavra, termo ou expressão.
É reconhecido como figura de sintaxe quando utilizado com fins estilísticos, como a ênfase intencional a uma
ideia; sendo resultado da ignorância ou do descuido do usuário da língua, é considerado como um vício de
linguagem (pleonasmo vicioso).
Ex. “Eu nasci há dez mil anos atrás.” (Raul Seixas)
“A ti trocou-te a máquina mercante.”(Gregório de Mattos)
d) Inversão: É qualquer inversão da ordem natural de termos num enunciado, a fim de conferir-lhe especiais
efeitos e reforços de sentido. Podem-se considerar como tipos de inversão o hipérbato, a anástrofe, a prolepse e
a sínquise.
Ex. Sua mãe eu nunca conheci / Compraram as mulheres vários presentes para os maridos.
e) Assíndeto: É a ausência de conjunções coordenativas no encadeamento dos enunciados.
Ex. Ela me olhava, lavava, olhava novamente, espirrava, voltava a trabalhar.
f) Polissíndeto: É a repetição das conjunções coordenativas, com o fim de incutir no discurso a noção de
movimento, rapidez e ritmo.
Ex. Ela me olhava, e lavava, e olhava novamente, e espirrava, e voltava a trabalhar.
g) Anacoluto: É a quebra da sequência sintática de uma frase. É como se o escritor de repente decidisse
mudar de ideia, alterando a estrutura e o nexo sintáticos da oração.
Ex. O José, sinceramente parece que ele está ficando louco. (perceba que O José deveria ser sujeito da
oração, mas ficou sem predicado, solto na frase; houve a quebra da sequência sintática esperada).
h) Silepse: É a concordância que se faz com a ideia, e não com a palavra expressa. É também chamada de
concordância ideológica ou concordância figurada. Há três tipos de silepse: de gênero, de número e de pessoa.
Ex. São Paulo realmente é linda. (silepse de gênero)
Os paulistas somos bem tratados no Paraná. (silepse de pessoa)
A gente não quer só alimento. Queremos amor e paz. (silepse de número)
i) Repetição: É a repetição de palavras que tem por finalidade exprimir a ideia de insistência, progressão e
intensificação. Quando se repetem adjetivos ou advérbios, é uma maneira de se fazer o grau superlativo.
Ex. Gisele era linda, linda, linda.
Enquanto tudo acontecia, a garota crescia, crescia.
j) Onomatopeia: Consiste na criação de palavras com o intuito de imitar sons ou vozes naturais dos seres.
É, na verdade, um dos processos de formação das palavras, que cabe à Morfologia.
Ex. Ouviu o tilintar das moedas. Quando a insultei, slapt!

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Figuras de palavras
a) Comparação: É a comparação direta de qualificações entre seres, com o uso do conectivo comparativo
(como, assim como, bem como, tal qual, etc.).
Ex. Minha irmã é bondosa como um anjo.
b) Metáfora: Assim como a comparação, consiste numa relação de semelhança de qualificações. É, porém,
mais sutil e exige muita atenção do leitor para ser captada, porque dispensa os conectivos que aparecem na
comparação.
Ex. Minha irmã é um anjo.
c) Metonímia: É a utilização de uma palavra por outra, devido a uma relação que existe entre elas.
- O autor pela obra: Você já leu Camões? (algum livro de Camões)
- O efeito pela causa: O rapaz encomendou a própria morte. (algo que causaria a sua própria morte)
- O instrumento pela pessoa que o utiliza: Júlio é um excelente garfo. (Júlio come muito; o garfo é um dos
instrumentos utilizados para comer)
- O recipiente (continente) pelo conteúdo: Jonas já bebeu duas garrafas de uísque. (ele bebeu, na verdade, o
conteúdo de duas garrafas de uísque)
- O símbolo pela coisa significada: O povo aplaudiu as medidas tomadas pela Coroa. (a coroa, nessa acepção,
é símbolo da monarquia, do rei).
- O lugar pelo produto: Todos gostam de um bom madeira. (o vinho produzido na Ilha de Madeira).
- A parte pelo todo: Havia várias pernas passeando no ônibus. (eram as pessoas que passeavam)
- O abstrato pelo concreto: A juventude de hoje não pensa como a de antigamente. (Os jovens)
- O singular pelo plural: O paulista adora trabalhar. (Os paulistas)
- A espécie ou classe pelo indivíduo: "Andai como filhos da luz", recomenda-nos o Apóstolo. (refere-se a São
Paulo, que foi um dos apóstolos)
- A qualidade pela espécie: Os acadêmicos estão reunidos. (os membros da academia)
- A matéria pelo objeto: Você tem fogo? (isqueiro)

d) Sinestesia: É a figura que envolve mistura de percepções, mistura de sentidos.


Ex. Você gosta de cheiro-verde? (cheiro – olfato , verde – visão)
Que voz aveludada Renata tem! (voz – audição, aveludada – tato)
e) Perífrase (ou antonomásia): É uma espécie de apelido que se confere aos seres, valorizando algum de
seus feitos ou atributos. Ressalte-se que se consideram perífrases somente os "apelidos" de valor expressivo,
nacionalmente relevantes e conhecidos.
Ex. Gosto muito da obra do Poeta dos Escravos (antonomásia para Castro Alves).
Tu gostas da Terra da Garoa? (antonomásia para a cidade de São Paulo)
Figuras de pensamentos
a)Antítese: É a aproximação de palavras ou expressões que exprimem ideias contrárias, adversas.
Ex. Carlos, jovem de idade e velho de espírito, aproximou-se.
b) Eufemismo: É uma maneira de, por meio de palavras mais polidas, tornar mais suave e sutil uma
informação de cunho desagradável e chocante.
Ex. Infelizmente, ele partiu desta para melhor. (em vez de “ele morreu”)
c)Gradação: É a maneira ascendente ou descendente como as ideias podem ser organizadas na frase.
Ex. Ela queria dominar o bairro, a cidade, o país, o mundo.
d) Ironia: Figura que consiste em dizer, com intenções sarcásticas e zombadoras, exatamente o contrário do
que se pensa, do que realmente se quer afirmar.
Ex. O “nobre” deputado era acusado de cometer mais de sete crimes.
e) Hipérbole:Modo exagerado de exprimir uma ideia. Ex. Estou morrendo de sede.
“Queria querer gritar setecentas mil vezes...” (Caetano Veloso)
f) Prosopopeia (ou personificação): É a atribuição de características humanas a seres não-humanos, ou
de seres animados a seres inanimados.
Ex. Depois que o sol me cumprimentou, dirigi-me à cozinha.
g) Retificação: Consiste em corrigir uma afirmação anterior.
Ex. Os deputados se reuniram para trabalhar. Ou melhor, para fazer-nos pensar que iriam trabalhar.

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTO

A interpretação de textos exigida nos concursos públicos requer dos candidatos muita atenção e cuidado.
Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finalidade a identificação de um leitor
autônomo.
Portanto, o candidato deve compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de
necessitar de um bom léxico (vocabulário) internalizado.
As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto em que estão inseridas.
Então, torna-se necessário sempre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto.
Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas por trás do texto e as inferências que ele
possibilita. Esse procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do autor
diante de uma temática qualquer.

Uso e Adequação da Língua às Situações de Comunicação: Níveis de linguagem


A língua pertence a todos os membros de uma comunidade e é uma entidade viva em constante mutação.
Novas palavras são criadas ou assimiladas de outras línguas, à medida que surgem novos hábitos, objetos e
conhecimentos. Os dicionários vão incorporando esses novos vocábulos (neologismos), quando consagrados
pelo uso. De fato, quem determina as transformações linguísticas e os níveis de linguagem é o conjunto de
usuários, estejam escrevendo ou falando, uma vez que tanto a língua escrita quanto a oral apresentam
variações condicionadas por diversos fatores: regionais, sociais, culturais, etc.
Embora as variações linguísticas e os níveis da linguagem sejam condicionados pelas circunstâncias, tanto a
língua falada quanto a escrita cumprem sua finalidade, que é a comunicação.
A língua escrita obedece a normas gramaticais e será sempre diferente da língua oral, mais espontânea,
solta, livre, visto que acompanhada de mímica e entonação, que preenchem importantes papéis significativos.
Mais sujeita a falhas, a linguagem empregada coloquialmente, no dia a dia, difere substancialmente do
padrão culto.
Com base nessas considerações, não se deve reger o ensino da língua pelas noções de certo e errado, mas
pelos conceitos de adequado e inadequado, que são mais convenientes e exatos, porque refletem o uso da
língua nos mais diferentes contextos.
Não se espera que um adolescente, reunido a outros em uma lanchonete, assim se expresse: “Vamos ao
shopping assistir a um filme”, mas se aceita: “Vamos no shopping assistir um filme”.
Por outro lado, não seria adequado a um professor universitário assim se manifestar: “Fazem dez anos que
participo de palestras nesta Universidade, nas quais sempre houveram estudantes interessados”.

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Dessa forma, pode-se falar em dois níveis de linguagem:
Nível informal ou coloquial: É aquele usado espontânea e fluentemente pelo povo.
Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregado de vícios de linguagem (solecismo - erros
de regência e concordância; barbarismo - erros de pronúncia, grafia e flexão; cacofonia; pleonasmo), expressões
vulgares, gírias e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.
A linguagem popular está presente nas mais diversas situações: conversas familiares ou entre amigos,
anedotas, irradiação de esportes, programas de TV, novelas, textos publicitários, etc.
Ex.: “Onde cê vai?” “Ele tá com sede.” “Cheguei na escola.”
“Esse livro é pra mim ler.”
Nível culto ou padrão: É aquele ensinado nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta
com terminologia especial.
É usado pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas
gramaticais.
Mais comumente usado na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais
estável, menos sujeito a variações.
Está presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de
TV, programas culturais, etc.
Ex. “Passe-me o sal, por favor.” “Cheguei à escola.”
“Esse livro é para eu ler.”
Variações Linguísticas: Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da língua padrão,
quanto às construções gramaticais, empregos de certas palavras e expressões e do ponto de vista fonológico.
Há, no Brasil, por exemplo, falares amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
Além de sofrer variações de região para região, a língua também sofre alterações entre os diversos grupos
sociais, devido a fatores econômicos, culturais, etários, profissionais, etc.
Elementos do Processo Comunicativo e Funções da Linguagem
O processo comunicativo envolve os seguintes elementos:
1) Emissor: Aquele que emite a mensagem, codificando- a em palavras.
2) Receptor: Quem recebe a mensagem e a decodifica, ou seja, apreende a ideia.
3) Mensagem: É o próprio texto transmitido, aquilo que passa do emissor para o receptor.
4) Código: É o sistema linguístico escolhido para a transmissão e recepção da mensagem.
5) Canal: Meio pelo qual a mensagem é transmitida.
6) Referente: Conteúdo da mensagem, objeto ou situação a que a mensagem se refere.
Considerando o destaque que é dado a cada um desses elementos, há seis funções básicas da
linguagem verbal:
Função Emotiva / Expressiva
É centralizada no emissor. Como o próprio nome já diz, tem o papel de exprimir emoções, impressões pessoais
a respeito de determinado assunto.
Por esse motivo, ela normalmente vem escrita em primeira pessoa e de forma bem subjetiva.
Em textos que utilizam a função emotiva, há uma presença marcante de figuras de linguagem, mensagens
subentendidas, etc.
Os textos que mais comumente utilizam esse tipo de linguagem são as cartas, as poesias líricas, as memórias,
as biografias, entre outros.
Ex.: “É bonito ser amigo, mas, confesso, é tão difícil aprender!” (Fernando Pessoa)
Função Referencial
Esse tipo de linguagem é centralizado no referente.
Como seu foco é transmitir a mensagem da melhor maneira possível, a linguagem utilizada é objetiva, recorrendo
a conceitos gerais, vocabulário simples e claro ou, dependendo do público- alvo, vocabulário mais adequado a ele.
Há objetividade nas informações e clareza nas ideias. Prevalece o uso da terceira pessoa, o que torna o
texto ainda mais impessoal.
Os textos que normalmente fazem uso dessa função são os jornalísticos e os científicos.
Ex.: “Bancos terão novas regras para acesso de deficientes.” (Jornal O Popular, 16 out. 2008)
Função Apelativa / Conativa
Como sugere o nome, essa função serve para fazer apelos, pedidos, para comover ou convencer alguém a
respeito do que se diz.
Centralizada no receptor, procura influenciá-lo em seus pensamentos ou ações. É bastante frequente o uso
da segunda pessoa, dos vocativos e dos imperativos.
Essa função é aplicada particularmente nas propagandas ou outros textos publicitários, e também em
campanhas sociais.
Ex.: “Não perca a chance de ir ao cinema pagando menos.” (Propaganda do ItaúCard)
Função fática
Centraliza-se no canal.
Tem o objetivo de estabelecer um contato ou comunicação, não necessariamente com uma carga semântica
aparente.
É utilizada em saudações, cumprimentos do dia a dia, expressões idiomáticas, marcas orais, etc.
Ex.: “Alô!” (ao atender o telefone) “Entendeu?” (durante um diálogo)
Função poética
Caracteriza-se basicamente pelo uso de linguagem figurada, metáforas e demais figuras de linguagem, rima,
métrica, etc.
É semelhante à linguagem emotiva, sendo que não necessariamente revela sentimentos ou impressões a
respeito do mundo.
Essa função é aplicada em poesias, músicas e em algumas obras literárias, centralizando a própria
mensagem.
Ex.: “Sou um mulato nato/ no sentido lato / mulato democrático do litoral...” (Caetano Veloso)
Função metalinguística
Caracteriza-se por utilizar a metalinguagem, ou seja, o código explicando o próprio código.
Está presente principalmente em dicionários e gramáticas, mas pode ocorrer também em poesias, obras
literárias, etc.
Ex. “A poesia é incomunicável/ Fique torto no seu canto / Não ame” (Carlos Drummond de Andrade)
Denotação e Conotação
Sabe-se que não há associação necessária entre significante (expressão gráfica, palavra) e
significado, pois essa ligação representa uma convenção.
É baseado nesse conceito de signo linguístico (significante + significado) que se constroem as noções de
denotação e conotação.
O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicionários, o chamado sentido verdadeiro, real.
(Ex. O gato tinha o pelo macio e branco.)
Já o uso conotativo das palavras é a atribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua
compreensão, depende do contexto.
Sendo assim, estabelece-se, numa determinada construção frasal, uma nova relação entre significante e
significado.
(Ex. O vizinho fez um gato no poste de luz.)
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O sentido conotativo também é chamado de linguagem figurada.
Os textos literários exploram bastante as construções de base conotativa, numa tentativa de extrapolar o
espaço do texto e provocar reações diferenciadas em seus leitores.
Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polissemia (possibilidade que a palavra tem de
apresentar várias significações).
Algumas palavras, dependendo do contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra
ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz...
Nesse caso, não se está atribuindo um sentido figurado à palavra ponto, e sim ampliando sua significação
através de expressões que lhe completem e esclareçam o sentido.
Discurso Direto e Indireto
Em uma narrativa, o narrador pode apresentar a fala das personagens através do discurso direto ou do
discurso indireto.
No discurso direto, o narrador coloca os personagens em cena e cede-lhes a palavra; isto é, o próprio
personagem fala.
Para construir o discurso direto, usa-se o travessão e certos verbos especiais, que chamamos de verbos de
elocução ou verbos dicendi.
São exemplo de verbos de elocução os verbos falar, dizer, responder, retrucar, indagar, declarar, exclamar, etc.
Na seguinte passagem do romance "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, ficamos sabendo do sofrimento e da
rudeza de Fabiano, o protagonista, através da forma como ele se dirige ao filho:
"Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no
chão.
_ Anda, condenado do diabo_ gritou-lhe o pai."
No discurso indireto, o narrador "conta" o que o personagem disse. Conhecemos suas palavras indiretamente.
A passagem mencionada acima ficaria assim:
"O pai gritou-lhe que andasse, chamando-o de condenado do diabo."
Há, ainda, uma terceira forma de conhecer o que as personagens dizem. É o discurso indireto livre.
Nesse caso o narrador passa do discurso indireto para o direto sem usar nenhum verbo dicendi ou travessão.
Por exemplo, numa outra passagem de Vidas Secas, o narrador usa o discurso indireto livre para caracterizar a
personagem de seu Tomé:
“Seu Tomé da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não sabia mandar:
pedia”.
Esquisitice de um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava aquelas maneiras. Mas todos
obedeciam a ele. Ah! Quem disse que não obedeciam?"
Podemos observar que a última reflexão não é do narrador, mas sim do personagem, pensando sobre a
questão.

GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS: CARACTERÍSTICAS DISTINTIVAS


Os textos, independentemente do gênero a que pertencem, se constituem de sequências com determinadas
características linguísticas, como classe gramatical predominante, estrutura sintática, predomínio de determinados
tempos e modos verbais, relações lógicas.
Assim, dependendo dessas características, temos os diferentes tipos textuais.
Se os gêneros textuais são inúmeros, os tipos textuais são limitados: Narrativo, descritivo, argumentativo,
explicativo ou expositivo, injuntivo ou instrucional.
Tipos e Gêneros textuais
Narrativo: tipo textual predominante em gêneros como crônica, romance, fábula, piada, novela, conto de fadas
etc.
Descritivo: tipo textual predominante em gêneros como retrato, anúncio, classificado, lista de ingredientes de
uma receita, guias turísticos, listas de compras, legenda, cardápio, entre outros.

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Argumentativo: tipo textual predominante em gêneros como manifesto, sermão, ensaio, editorial de um
jornal, crítica, monografia, redações dissertativas, tese de doutorado etc.
Explicativo ou expositivo: tipo textual predominante em gêneros como aulas expositivas, conferências,
capítulo de livro didático, verbetes de dicionários, enciclopédias, entre outros.
Instrucional ou injuntivo: tipo textual predominante em gêneros como horóscopo, propaganda, bula,
receita culinária, manual de instruções de um aparelho, livros de autoajuda etc.
Ao se falar em tipo textual , costuma-se utilizar o adjetivo predominante.
Observe:
- gênero romance - tipo textual predominante: narrativo;
- carta de opinião - tipo textual predominante: argumentativo;
- manual de instruções - tipo textual predominante: injuntivo.

Sequências textuais
Sequência narrativa: é marcada pela temporalidade; como seu material é o fato e a ação, a progressão
temporal é essencial para seu desenrolar, ou seja, desenvolve-se necessariamente numa linha e num
determinado espaço.
Sequência descritiva: nesse tipo de sequência, marcada pela espacialidade, não há sucessão de
acontecimentos no tempo, mas sim a apresentação de uma imagem que busca reproduzir o estado do ser
descrito, em um determinado momento.
Sequência argumentativa: é aquela em que se faz a defesa de um ponto de vista, de uma ideia, ou em que
se questiona algum fato.
Intenta-se persuadir o leitor ou ouvinte, fundamentando o que se diz com argumentos de acordo com o
assunto ou tema, a situação ou o contexto e o interlocutor;
Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias e requer uma linguagem mais sóbria, objetiva, denotativa.
Sequência explicativa ou expositiva: intenta explicar dar informações a respeito de alguma coisa. O
objetivo é fazer com que o interlocutor/ adquira um saber, um conhecimento que até então não tinha.
É fundamental destacar que, nos textos explicativos, não se faz defesa de uma ideia, de um ponto de vista, -
características básicas do texto argumentativo.
Os textos explicativos tratam da identificação de fenômenos, de conceitos, de definições.
Sequência injuntiva ou instrucional: a marca fundamental da sequência injuntiva ou instrucional é o verbo
no imperativo (injuntivo é sinônimo de "obrigatório", "imperativo"), ou outras formas que indicam ordem,
orientação.
Lembre-se de que o texto injuntivo é aquele no qual predomina a função conativa/apelativa, e tenta
convencer o receptor (quem ouve) a atender a vontade do emissor(quem fala).
Como Ler e Entender Bem um Texto
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e de reconhecimento e a interpretativa.
A primeira deve ser feita de maneira cautelosa, por ser o primeiro contato com o novo texto.
Dessa leitura, extraem-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura.
Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como
usar uma frase para resumir a ideia central de cada parágrafo.
Esse tipo de procedimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento.
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjetiva, há limites.
A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca
considerou pertinentes.
No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto com outras formas de cultura, outros
textos e manifestações de arte da época em que o autor viveu.
Se não houver essa visão global dos momentos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar
comprometida.
Não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação do autor.
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções de resposta.
Nesse momento, são fundamentais marcações de palavras como não, exceto, errada, respectivamente, etc.,
que fazem diferença na escolha adequada.
Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do "mais adequado", isto é, o que responde melhor
ao questionamento proposto.
Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à pergunta, mas não ser a adotada como gabarito
pela banca examinadora por haver uma outra alternativa mais completa.
Cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento do texto transcrito para ser a base de análise.
Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo.
A descontextualização de palavras ou frases, certas vezes, é também um recurso para instaurar a dúvida no
candidato.
Leia a frase anterior e a posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor. Dessa maneira, a
resposta será mais consciente e segura.

MARCAS DE TEXTUALIDADE: INTERTEXTUALIDADE


A expressão intertextualidade se refere, basicamente, à influência de um texto sobre outro.
Na verdade, em diferentes graus, todo texto é um intertexto, pois, ao escrever, estabelecemos um diálogo - às
vezes inconsciente, às vezes não - com tudo o que já foi escrito.
Assim, cada texto é como um elo na corrente de produções verbais; cada texto retoma textos anteriores,
reafirmando uns e contestando outros.
Quando a intertextualidade é intencional, ela pode se manifestar em diferentes níveis.
Vejamos cada um deles:
- Epígrafe: é um fragmento de texto que serve de lema ou divisa de uma obra, capítulo, ou poema. Costuma
existir um vínculo entre a epígrafe e o texto que vem abaixo dela; nesses casos, a epígrafe dá apoio temático ao
texto - ou resume o sentido, a motivação dele. Massaud Moisés observa que o exame atento das epígrafes pode
"nos fornecer uma ideia da doutrina básica de um poeta ou romancista, o seu nível intelectual etc.".
- Citação: é a frase ou passagem de certa obra que um autor reproduz (com indicação do autor original) como
complementação, exemplo, ilustração, reforço ou abonação daquilo que ele pretende dizer ou demonstrar.
- Alusão: é toda referência, direta ou indireta, propositada ou casual, a certa obra, personagem, situação etc.,
pertencente ao mundo literário, artístico, mitológico etc. No geral, a alusão insere a obra que a contém numa
tradição comum julgada digna de preservar-se. Camões, por exemplo, ao dizer, em Os Lusíadas, "cessem do
sábio Grego e do Troiano / As navegações grandes que fizeram", alude a Ulisses (herói da Odisseia) e Eneias
(herói da Eneida).
- Paráfrase: é a interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto (ou parte dele) com o objetivo de
ou torná-lo mais inteligível ou sugerir um novo enfoque para o seu sentido. Veja, por exemplo, o poema abaixo,
de Carlos Drummond de Andrade, no qual o poeta parafraseia o poema "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias:
- Europa, França e Bahia
Meus olhos brasileiros sonhando exotismos.
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Paris. A torre Eiffel alastrada de antenas como um caranguejo.
Os cais bolorentos de livros judeus
e a água suja do Sena escorrendo sabedoria. O pulo da Mancha num segundo,
Meus olhos espiam olhos ingleses vigilantes nas docas. Tarifas bancos fábricas trustes craques.
Milhões de dorsos agachados em colônias longínquas [formam um tapete para Sua Graciosa Majestade
Britânica pisar.
E a lua de Londres como um remorso. [...]
Chega!
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos. Como era mesmo a "Canção do Exílio"?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras onde canta o sabiá!
- Paródia: trata-se de uma composição literária que imita, cômica ou satiricamente, o tema ou/e a forma de
uma obra séria.
O intuito da paródia consiste em ridicularizar uma tendência ou um estilo que, por qualquer motivo, se torna
conhecido ou dominante. Como exemplo, o poema "Canto de Regresso à Pátria", de Oswald de Andrade, que
parodia a "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias:

Minha terra tem palmares Onde gorjeia o mar


Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu
quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
- Tradução: traduzir consiste em passar um texto (ou parte dele) escrito numa determinada língua para o
equivalente em outra língua. Na opinião de alguns estudiosos, a tradução pode ser estudada no âmbito da
intertextualidade, pois é uma forma de recriação a partir de um texto-fonte.
- Pasticho (ou pastiche): imitação servil e grosseira de uma obra literária.

Alguns Conceitos Importantes


É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a preocupação com a interpretação de textos.
Isso acontece porque lhes faltam informações específicas a respeito dessa tarefa constante em provas de
concursos públicos. Por isso, vão aqui alguns conceitos que poderão ajudar no momento de responder as
questões relacionadas a textos:
TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz
de produzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar).
CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que
a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser
transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão
grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um
significado diferente daquele inicial.
- LÍNGUA PORTUGUESA -

INTERTEXTUALIDADE - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores e


a outros textos por meio de citação, alusão, paráfrase, etc. Esse tipo de recurso denomina-se intertextualidade.
COESÃO - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos
entre si. Em outras palavras, a coesão se dá quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (conectivo),
um pronome pessoal ou outro vocábulo, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo da interpretação de um texto é a identificação de sua ideia
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias e as argumentações, ou explicações, que levem ao
esclarecimento das questões apresentadas na prova.
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma
época (nesse caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).
2. COMPARAR – é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações apresentadas no
texto.
3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito.
4. RESUMIR – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo.
5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com outras palavras, mantendo seu sentido original.
Para interpretar de forma adequada, dependendo do texto, fazem-se necessários:
a) Conhecimento histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática;
b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico;
c) Capacidade de observação e de síntese; e
d) Capacidade de raciocínio.

INTERPRETAR x COMPREENDER

INTERPRETA COMPREENDE
R SIGNIFICA R SIGNIFICA
- EXPLICAR,
COMENTAR, - INTELECÇÃO,
JULGAR, TIRAR ENTENDIMENTO,
CONCLUSÕES, ATENÇÃO AO QUE
DEDUZIR. REALMENTE ESTÁ
- TIPOS DE ESCRITO.
ENUNCIADOS - TIPOS DE
• Através do ENUNCIADOS:
texto, INFERE- • O texto DIZ que...
SE que... • É SUGERIDO pelo autor
• É possível que...
DEDUZIR • De acordo com o
que... texto, é CORRETA ou
• O autor ERRADA a
permite afirmação..
CONCLUIR .
que... • O narrador AFIRMA...
• Qual é a INTENÇÃO
do autor ao afirmar
que...

7
- LÍNGUA PORTUGUESA -
ERROS DE INTERPRETAÇÃO MAIS COMUNS
a) Extrapolação (“viagem”): Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no texto,
quer por conhecimento prévio do tema, quer pela imaginação.
b) Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, ou a um trecho do texto,
esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total entendimento do tema
desenvolvido.
c) Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões
equivocadas e, consequentemente, errando a questão.
Dicas para interpretação de texto
01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;

32

7
- LÍNGUA PORTUGUESA -
02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim, ininterruptamente;
03. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
04. Voltar ao texto tantas vezes quantas precisar;
05. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as ideias do autor;
06. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compreensão;
07. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto correspondente;
08. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
09. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta, incorreta, certa, errada, falsa,
verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, podem confundir o
candidato;
10. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa;
11. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de lógica objetiva;
12. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
13. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opção que melhor se enquadre
no sentido do texto;
14. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a resposta;
15. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, definindo o tema e a mensagem.

REESCRITURA DE FRASES: OPERAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO, DESLOCAMENTO E ALTERAÇÃO


Paráfrase
A Paráfrase é um texto que procura tornar mais claro e objetivo aquilo que se disse em outro texto. Portanto,
é sempre a reescritura de um texto já existente, uma espécie de 'tradução' dentro da própria língua.
O autor da paráfrase deve demonstrar que entendeu claramente a ideia do texto. Além disso, são exigências
de uma boa paráfrase:
- Utilizar a mesma ordem de ideias que aparece no texto original.
- Não omitir nenhuma informação essencial.
- Não fazer qualquer comentário acerca do que se diz no texto original.
- Utilizar construções que não sejam uma simples repetição daquelas que estão no original e, sempre que
possível, um vocabulário também diferente.
Figuras de estilo, Figuras ou Desvios de linguagem são nomes dados a alguns processos que priorizam a
palavra ou o todo para tornar o texto mais rico e expressivo ou buscar um novo significado, possibilitando uma
reescritura correta de textos. Podem-ser:
FIGURAS DE PALAVRAS
1. metáfora: consiste numa alteração de significado por traços de similaridade entre dois conceitos.
Normalmente, uma palavra que designa uma coisa passa a designar outra, por haver entre elas traços de
semelhança. A metáfora é, pois, uma comparação implícita, isto é, sem o conectivo comparativo.
Ex.: “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)
Observe que, no contexto, “rio subterrâneo” passa a designar “pensamento”, por haver entre estes dois
elementos alguma semelhança. A metáfora vem, pois, evidenciar tal semelhança.
OBS.: Na frase “Meu pensamento é como um rio subterrâneo”. Não há metáfora, e sim comparação.
Outros exemplos de metáfora:
Aquela mulher é uma víbora. Suas palavras são um bálsamo.
“Éramos nós / Estreitos nós / Enquanto tu / És laço frouxo ... (Chico Buarque e Ruy Guerra)

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2. Metonímia ou sinédoque: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, isto é, uma palavra
que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de
significados não mais é feita com base em traços de semelhança, e sim por existir um relacionamento entre eles.
Observe:
Pão para quem tem fome. (“pão” em lugar de “alimento”)
Não tinha teto em que se abrigasse. (“teto” em lugar de “casa”)
Nas horas de folga escutava Mozart. (o autor em lugar da obra)
OBS.: Atualmente não se tem mais feito a distinção entre metonímia e sinédoque, uma vez que que o
conceito de sinédoque está contido no de metonímia.
3. Catacrese: é o emprego de palavras fora do seu significado real; entretanto, devido ao uso contínuo, não
mais se percebe que estão sendo empregadas em sentido figurado.
As metáforas desgastadas ou viciadas são consideradas catacrese.
Exs.:
Quando embarquei no avião, fui dominado pelo medo. O pé da mesa estava quebrado.
O pé de laranja foi serrado.
Não deixe de colocar dois dentes de alho na comida.
OBS.: A catacrese ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro
por empréstimo. Note que, por falta de uma palavra específica para designar o objeto que sustenta o tampo da
mesa, tomamos por empréstimo a palavra pé e a usamos fora do seu sentido habitual. Verifique ainda que essa
transposição tem por fundamento a vaga semelhança entre um conceito e outro.
4. Antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com
facilidade.
Exemplos.:
Os quatros rapazes de Liverpool (em vez de Beatles); O maior estádio do mundo (em vez de Maracanã);
A Cidade Eterna (em vez de Roma).
5. Sinestesia: consiste em se mesclar numa mesma expressão sensações percebidas por diferentes órgãos
do sentido.
Exemplos:
A luz crua da madrugada invadia meu quarto. Um áspero sabor de indiferença a atormentava.

COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAL


Na construção de um texto, assim como na fala, usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a
compreensão do que é dito, ou lido.
Esses mecanismos linguísticos que estabelecem a conectividade e retomada do que foi escrito ou dito, são os
referentes textuais e buscam garantir a coesão textual para que haja coerência, não só entre os elementos que
compõem a oração, como também entre a sequência de orações dentro do texto.
Essa coesão também pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores que
os participantes do processo têm com o tema. Por exemplo, o uso de uma determinada sigla, que para o público a
quem se dirige deveria ser de conhecimento geral, evita que se lance mão de repetições inúteis.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha imaginária - composta de termos e expressões - que une os
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações de sentido entre eles.
Dessa forma, com o emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substituição, associação),
sejam gramaticais (emprego de pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases, orações,
períodos, que irão apresentar o contexto – decorre daí a coerência textual.

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Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa
incoerência é resultado do mau uso daqueles elementos de coesão textual. Na organização de períodos e de
parágrafos, um erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais prejudica o entendimento do texto.
Construído com os elementos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado não se constrói com um amontoado de palavras e
orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e independência sintática e semântica,
recobertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
Desta lição, extrai-se que não se deve escrever frases ou textos desconexos – é imprescindível que haja
uma unidade, ou seja, que essas frases estejam coesas e coerentes formando o texto.
Além disso, relembre-se que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre os elementos que
compõem a estrutura textual.
Há diversas formas de se garantir a coesão entre os elementos de uma frase ou de um texto:
1. Substituição de palavras com o emprego de sinônimos, ou de palavras ou expressões do mesmo campo
associativo.
2. Nominalização – emprego alternativo entre um verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente
(desgastar / desgaste / desgastante).
3. Repetição na ligação semântica dos termos, empregada como recurso estilístico de intenção articulatória,
e não uma redundância - resultado da pobreza de vocabulário. Por exemplo, “Grande no pensamento, grande na
ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só.” (Rocha Lima)
4. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com base na maior especificidade do significado de um
deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais genérico).
5. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de sentido mais amplo com outros de sentido mais
específico. Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com gato.
6. Substitutos universais, como os verbos vicários (ex.: Necessito viajar, porém só o farei no ano vindouro)
A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de conectivos, como certos pronomes, certos advérbios e
expressões adverbiais, conjunções, elipses, entre outros.
A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente identificável
(Ex.: O jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O termo o jovem deixa de ser
repetido e, assim, estabelece a relação entre as duas orações).
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a propriedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao
próprio discurso.
Exerce, por excelência, essa função de progressão textual, dada sua característica: são elementos que não
significam, apenas indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa.
Já os componentes concentram em si a significação. Elisa Guimarães nos ensina a esse respeito:
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os participantes do ato do discurso”.
“Os pronomes demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios de tempo,
referenciam o momento da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou posterioridade”.
“Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns dias,
antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo ano, depois de (futuro).”
Esse conceito será de grande valia quando tratarmos do uso dos pronomes demonstrativos. Somente a
coesão, contudo, não é suficiente para que haja sentido no texto, esse é o papel da coerência, e coerência
se relaciona intimamente a contexto.

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São variadas as maneiras como os diversos autores descrevem e classificam os mecanismos de coesão.
Consideramos que é necessário perceber como esses mecanismos estão presentes no texto (quando
estão) e de que maneira contribuem para sua tessitura, sua organização. Para Mira Mateus (1983), "todos os
processos de sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre
os elementos que ocorrem na superfície textual podem ser encarados como
instrumentos de coesão."
Esses instrumentos se organizam da seguinte forma:
- Coesão
- Gramatical: frásica, interfrásica (junção), temporal, referencial (anáfora e catáfora)
- Lexical: reiteração, substituição (sinonímia - antonímia
- hiperonímia - hiponímia)
Coesão Gramatical
Faz-se por meio das concordâncias nominais e verbais, da ordem dos vocábulos, dos conectores, dos
pronomes pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos,
interrogativos, relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, aí), artigos definidos, de expressões de
valor temporal.
De acordo com o quadro antes apresentado, passamos a ver separadamente cada um dos tipos de conexão
gramatical, a saber, frásica, interfrásica, temporal e referencial.
Coesão Frásica - este tipo de coesão estabelece uma ligação significativa entre os componentes da frase, com
base na concordância entre o nome e seus determinantes, entre o sujeito e o verbo, entre o sujeito e seus
predicadores, na ordem dos vocábulos na oração, na regência nominal e verbal.
Exemplos:
1) Florianópolis tem praias para todos os gostos, desertas, agitadas, com ondas, sem ondas, rústicas,
sofisticadas.
Concordância nominal
Praias desertas, agitadas, rústicas, sofisticadas (subst) (adjetivos)
Todos os gostos (pron) (artigo) (substantivo)
Concordância verbal
Florianópolis tem
(sujeito) (verbo)
2) A voz de Elza Soares é um patrimônio da música brasileira. Rascante, oclusiva, suingada, é algo que poucas
cantoras, no mundo inteiro, têm.
Concordância nominal
voz rascante, oclusiva, suingada poucas cantoras
música brasileira mundo inteiro
Concordância verbal
voz é cantoras têm
Com respeito à ordem dos vocábulos na oração, deslocamentos de vocábulos ou expressões dentro da
oração podem levar a diferentes interpretações de um mesmo enunciado.
Observe estas frases:
a) O barão admirava a bailarina que dançava com um olhar lânguido.
A expressão com um olhar lânguido, devido à posição em que foi colocada, causa ambiguidade, pois tanto
pode se referir ao barão como à bailarina.
Para deixar claro um ou outro sentido, é preciso alterar a ordem dos vocábulos.
O barão, com um olhar lânguido, admirava a bailarina que dançava.
O barão admirava a bailarina que, com um olhar lânguido, dançava.

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b) A moto em que ele estava passeando lentamente saiu da estrada..
A análise deste período mostra que ele é formado de duas orações:
A moto saiu da estrada e em que ele estava passeando. A qual das duas, no entanto, se liga o advérbio
lentamente? Da forma como foi colocado, pode se ligar a qualquer uma das orações. Para evitar a ambiguidade,
recorremos a uma mudança na ordem dos vocábulos. Poderíamos ter, então:
A moto em que lentamente ele estava passeando saiu da estrada.
A moto em que ele estava passeando saiu lentamente da estrada.
Também em relação à regência verbal, a coesão pode ficar prejudicada se não forem tomados alguns
cuidados. Há verbos que mudam de sentido conforme a regência, isto é, conforme a relação que estabelecem
com o seu complemento.
Por exemplo, o verbo assistir é usado com a preposição a quando significa ser espectador, estar
presente, presenciar.
Exemplo: A cidade inteira assistiu ao desfile das escolas de samba.
Entretanto, na linguagem coloquial, este verbo é usado sem a preposição.
Por isso, com frequência, temos frases como: Ainda não assisti o filme que foi premiado no festival. Ou A
peça que assisti ontem foi muito bem montada (ao invés de a que assisti).
No sentido de acompanhar, ajudar, prestar assistência, socorrer, usa-se com proposição ou não.
Observe:
O médico assistiu ao doente durante toda a noite. Os Anjos do Asfalto assistiram as vítimas do acidente.
No que diz respeito à regência nominal, há também casos em que os enunciados podem se prestar a mais
de uma interpretação.
Se dissermos: A liquidação da Mesbla foi realizada no fim do verão, podemos entender que a Mesbla foi
liquidada, foi vendida ou que a Mesbla promoveu uma liquidação de seus produtos.
Isso acontece porque o nome liquidação está acompanhado de um outro termo (da Mesbla).
Dependendo do sentido que queremos dar à frase, podemos reescrevê-la de duas maneiras:
A Mesbla foi liquidada no fim do verão.
A Mesbla promoveu uma liquidação no fim do verão.

Coesão Interfrásica - designa os variados tipos de interdependência semântica existente entre as frases na
superfície textual.
Essas relações são expressas pelos conectores ou operadores discursivos.
É necessário, portanto, usar o conector adequado à relação que queremos expressar.
Seguem exemplos dos diferentes tipos de conectores que podemos empregar:
a) As baleias que acabam de chegar ao Brasil saíram da Antártida há pouco mais de um mês. No banco de
Abrolhos, uma faixa com cerca de 500 quilômetros de água rasa e cálida, entre o Espírito Santo e a Bahia, as
baleias encontram as condições ideais para acasalar, parir e amamentar. As primeiras a chegar são as mães,
que ainda amamentam os filhotes nascidos há um ano. Elas têm pressa, porque é difícil conciliar amamentação
e viagem, já que um filhote tem necessidade de mamar cerca de 100 litros de leite por dia para atingir a média
ideal de aumento de peso: 35 quilos por semana. Depois, vêm os machos, as fêmeas sem filhote e, por último,
as grávidas. Ao todo, são cerca de 1000 baleias que chegam a Abrolhos todos os anos. Já foram dezenas de
milhares na época do descobrimento, quando estacionavam em vários pontos da costa brasileira. Em 1576,
Pero de Magalhães Gândavo registrou ter visto centenas delas na baía de Guanabara. (Revista VEJA)

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b) Como suas glândulas mamárias são internas, ela espirra o leite na água.
c) Ao longo dos meses, porém, a música vai sofrendo pequenas mudanças, até que, depois de cinco anos,
é completamente diferente da original.
d) A baleia vem devagar, afunda a cabeça, ergue o corpanzil em forma de arco e desaparece um instante. Sua
cauda, então, ressurge gloriosa sobre a água como se fosse uma enorme borboleta molhada. A coreografia dura
segundos, porém tão grande é a baleia que parece um balé em câmara lenta.
e) Tão grande quanto as baleias é a sua discrição. Nunca um ser humano presenciou uma cópula de jubartes,
mas sabe-se que seu intercurso é muito rápido, dura apenas alguns segundos.
f) A jubarte é engenhosa na hora de se alimentar. Como sua comida costuma ficar na superfície, ela mergulha
e nada em volta dos peixes, soltando bolhas de água. Ao subir, as bolhas concentram o alimento num círculo. Em
seguida, a baleia abocanha tudo, elimina a água pelo canto da boca e usa a língua como uma canaleta a fim de
jogar o que interessa goela adentro.
g) Várias publicações estrangeiras foram traduzidas,
embora muitas vezes valha a pena comprar a versão original.
h) Como guia de Paris, o livro é um embuste. Não espere, portanto, descobrir através dele o horário de
funcionamento dos museus. A autora faz uma lista dos lugares onde o turista pode comprar roupas, óculos, sapatos,
discos, livros, no entanto, não fornece as faixas de preço das lojas.
i) Se já não é possível espantar a chicotadas os vendilhões do templo, a solução é integrá-los à paisagem da
fé. (...) As críticas vêm não só dos vendilhões ameaçados de ficar de fora, mas também das pessoas que
frequentam o interior do templo para exercer a mais legítima de suas funções, a oração.
j) Na verdade, muitos habitantes de Aparecida estão entre a cruz e a caixa registradora. Vivem a dúvida de
preservar a pureza da Casa de Deus ou apoiar um empreendimento que pode trazer benesses materiais.(idem)
l) A Igreja e a prefeitura estimam que o shopping deve gerar pelo menos 1000 empregos.
m) Aparentemente boa, a infraestrutura da Basílica se transforma em pó em outubro, por exemplo, quando
num único fim de semana surgem 300 mil fiéis.
n) O shopping da fé também contará com um centro de eventos com palco giratório.

CONECTORES:
. e (exemplos a, d, f) - liga termos ou argumentos.
. porque (exemplo a), já que (exemplo a), como (exemplos b, f) - introduzem uma explicação ou
justificativa.
. para (exemplos a, i), a fim de (exemplo f) - indicam uma finalidade.
. porém (exemplos c, d), mas (e) , embora (g) , no entanto (h) - indicam uma contraposição.
. como (exemplo d) , tão ... que (exemplo d), tão ... quanto (exemplo e) - indicam uma comparação.
. portanto (h) - evidencia uma conclusão.
. Depois (a) , por último (a), quando (a), já (a), ao longo dos meses (c), depois de cinco anos (c), em
seguida (f), até que (c) - servem para explicar a ordem dos fatos, para encadear os acontecimentos.
. então (d) - operador que serve para dar continuidade ao texto.
. se (exemplo i) - indica uma forma de condicionar uma proposição a outra.
. não só...mas também (exemplo i) - serve para mostrar uma soma de argumentos.
. na verdade (exemplo j) - expressa uma generalização, uma amplificação.
. ou (exemplo j) - apresenta um disjunção argumentativa, uma alternativa.
. por exemplo (exemplo m) - serve para especificar o que foi dito antes.
. também (exemplo n) - operador para reforçar mais um argumento apresentado.

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Ainda dentro da coesão interfrásica, existe o processo de justaposição, em que a coesão se dá em função da
sequência do texto, da ordem em que as informações, as proposições, os argumentos vão sendo apresentados.
Quando isto acontece, ainda que os operadores não tenham sido explicitados, eles são depreendidos da
relação que está implícita entre as partes da frase.
O trecho abaixo é um exemplo de justaposição.
Foi em cabarés e mesas de bar que Di Cavalcanti fez amigos, conquistou mulheres, foi apresentado a
medalhões das artes e da política. Nos anos 20, trocou o Rio por longas temporadas em São Paulo; em seguida
foi para Paris. Acabou conhecendo Picasso, Matisse e Braque nos cafés de Montparnasse. Di Cavalcanti era
irreverente demais e calculista de menos em relação aos famosos e poderosos. Quando se irritava com alguém,
não media palavras. Teve um inimigo na vida. O também pintor Cândido Portinari. A briga entre ambos começou
nos anos 40. Jamais se reconciliaram. Portinari não tocava publicamente no nome de Di. (Revista VEJA)
Há, neste trecho, apenas uma coesão interfrásica explicitada: trata-se da oração "Quando se irritava com
alguém, não media palavras". Os demais possíveis conectores são indicados por ponto e ponto-e-vírgula.
Coesão Temporal - uma sequência só se apresenta coesa e coerente quando a ordem dos enunciados
estiver de acordo com aquilo que sabemos ser possível de ocorrer no universo a que o texto se refere, ou no
qual o texto se insere.
Se essa ordenação temporal não satisfizer essas condições, o texto apresentará problemas no seu sentido.
A coesão temporal é assegurada pelo emprego adequado dos tempos verbais, obedecendo a uma
sequência plausível, ao uso de advérbios que ajudam a situar o leitor no tempo (são, de certa forma, os
conectores temporais).
Exemplo:
A dita Era da Televisão é, relativamente, nova. Embora os princípios técnicos de base sobre os quais
repousa a transmissão televisual já estivessem em experimentação entre 1908 e 1914, nos Estados Unidos, no
decorrer de pesquisas sobre a amplificação eletrônica, somente na década de vinte chegou-se ao tubo catódico,
principal peça do aparelho de tevê.
Após várias experiências por sociedades eletrônicas, tiveram início, em 1939, as transmissões regulares
entre Nova Iorque e Chicago - mas quase não havia aparelhos particulares. A guerra impôs um hiato às
experiências.
A ascensão vertiginosa do novo veículo deu-se após 1945.
No Brasil, a despeito de algumas experiências pioneiras de laboratório (Roquete Pinto chegou a interessar-
se pela transmissão da imagem), a tevê só foi mesmo implantada em setembro de 1950, com a inauguração do
Canal 3 (TV Tupi), por Assis Chateaubriand.
Nesse mesmo ano, nos Estados Unidos, já havia cerca de cem estações, servindo a doze milhões de
aparelhos. Existem hoje mais de 50 canais em funcionamento, em todo o território brasileiro, e perto de 4
milhões de aparelhos receptores. [dados de 1971] (Muniz Sodré, A comunicação do grotesco)
Temos, neste parágrafo, a apresentação da trajetória da televisão no Brasil, e o que contribui para a
clareza desta trajetória é a sequência coerente das datas: entre 1908 e 1914, na década de vinte, em 1939,
Após várias experiências por sociedades eletrônicas, (época da) guerra, após 1945, em setembro de 1950,
nesse mesmo ano, hoje.
Embora o assunto neste tópico seja a coesão temporal, vale a pena mostrar também a ordenação espacial
que acompanha as diversas épocas apontadas no parágrafo: nos Estados Unidos, entre Nova Iorque e
Chicago, no Brasil, em todo o território brasileiro.

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Coesão Referencial - neste tipo de coesão, um componente da superfície textual faz referência a outro
componente, que, é claro, já ocorreu antes. Para esta referência são largamente empregados os pronomes
pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos,
relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, aí), artigos. Exemplos:
a) Durante o período da amamentação, a mãe ensina os segredos da sobrevivência ao filhote e é arremedada
por ele. A baleiona salta, o filhote a imita. Ela bate a cauda, ele também o faz. (Revista VEJA)
. ela, a - retomam o termo baleiona, que, por sua vez, substitui o vocábulo mãe.
. ele - retoma o termo filhote
. ele também o faz - o retoma as ações de saltar, bater, que a mãe pratica.
b) Madre Teresa de Calcutá, que em 1979 ganhou o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho com os destituídos
do mundo, estava triste na semana passada. Perdera uma amiga, a princesa Diana. Além disso, seus problemas
de saúde agravaram-se. Instalada em uma cadeira de rodas, ela mantinha-se, como sempre, na ativa. Já que não
podia ir a Londres, pretendia participar, no sábado, de um ato em memória da princesa, em Calcutá, onde morava
há quase setenta anos. Na noite de sexta-feira, seu médico foi chamado às pressas. Não adiantou. Aos 87 anos,
Madre Teresa perdeu a batalha entre seu organismo debilitado e frágil e sua vontade de ferro e morreu vítima de
ataque cardíaco. O Papa João Paulo II declarou-se "sentido e entristecido". Madre Teresa e o papa tinham grande
afinidade. (Revista VEJA)
. que, seu, seus, ela, sua referem-se a Madre Teresa.
. princesa retoma a expressão princesa Diana.
. papa retoma a expressão Papa João Paulo II.
. onde refere-se à cidade de Calcutá.
Há ainda outros elementos de coesão, como Além disso, já que, que introduzem, respectivamente, um
acréscimo ao que já fora dito e uma justificativa.
c) Em Abrolhos, as jubartes fazem a maior esbórnia. Elas se reúnem em grupos de três a oito animais, sempre
com uma única fêmea no comando. É ela, por exemplo, que determina a velocidade e a direção a seguir. Os
machos vão atrás, na expectativa de ver se a fêmea cai na rede, com o perdão do trocadilho,e aceita copular.
Como há mais machos que fêmeas, elas copulam com vários deles para ter certeza de que engravidarão. (Revista
VEJA)
Neste exemplo, ocorre um tipo bastante comum de referência - a anafórica. Os pronomes elas (que retoma
jubartes), ela (que retoma fêmea), elas (que se refere a fêmeas) e deles (que se refere a machos) ocorrem depois
dos nomes que representam.
d) Elefoi o único sobrevivente do acidente que matou a princesa, mas o guarda-costas não se lembra de
nada. (Revista VEJA)
e) Elas estão divididas entre a criação dos filhos e o desenvolvimento profissional, por isso, muitas vezes, as
mulheres precisam fazer escolhas difíceis. (Revista VEJA)
Nas letras d, e temos o que se chama uma referência catafórica. Isto acontece porque os pronomes Ele e
Elas, que se referem, respectivamente a guarda-costas e mulheres aparecem antes do nome que retomam.
f) Aexpedição de Vasco da Gama reunia o melhor que Portugal podia oferecer em tecnologia náutica.
Dispunha das mais avançadas cartas de navegação e levava pilotos experientes. (Revista VEJA)
Temos neste período uma referência por elipse. O sujeito dos verbos dispunha e levava é A expedição de
Vasco da Gama, que não é retomada pelo pronome correspondente ela, mas por elipse, isto é, a concordância
do verbo - 3ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do indicativo - é que indica a referência.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
Existe ainda a possibilidade de uma ideia inteira ser retomada por um pronome, como acontece nas frases a
seguir:
a) Todos os detalhes sobre a vida das jubartes são resultado de anos de observação de pesquisadores
apaixonados pelo objeto de estudo. Trabalhos como esse vêm alcançando bons resultados. (Revista VEJA)
. O pronome esse retoma toda a sequência anterior.
b) Se ninguém tomar uma providência, haverá um desastre sem precedentes na Amazônia brasileira. Ainda
há tempo de evitá-lo.(Revista VEJA)
. O pronome lo se refere ao desastre sem precedentes
citado antes.
c) A lei é um absurdo do começo ao fim. Primeiro, porque permite aos moradores da superquadra isolar
uma área pública, não permitindo que os demais habitantes transitem por ali. Segundo, o projeto não repassa
aos moradores o custo disso, ou seja, a responsabilidade pela coleta de lixo, pelos serviços de água e luz e pela
instalação de telefones. Pelo contrário, a taxa de limpeza pública seria reduzida para os moradores. Além
disso, a aprovação do texto foi obtida mediante emprego de argumentos falsos.(Revista VEJA)
Este texto apresenta diferentes tipo de elementos de coesão.
. ali - faz referência a área pública, anteriormente citada.
. disso - retoma o que é considerado um absurdo dentro da nova lei. Ao mesmo tempo, disso é explicado a
partir do operador ou seja.
. ou seja, pelo contrário - conectores que introduzem uma retificação, uma correção.
. Além disso - conector que tem por função acrescentar mais um argumento ao que está sendo discutido.
. Primeiro e Segundo - estes conectores indicam a ordem dos argumentos, dos assuntos.
Coesão Lexical
Neste tipo de coesão, usamos termos que retomam vocábulos ou expressões que já ocorreram, porque
existem entre eles traços semânticos semelhantes, até mesmo opostos. Dentro da coesão lexical, podemos
distinguir a reiteração e a substituição. Por reiteração entendemos a repetição de expressões linguísticas;
neste caso, existe identidade de traços semânticos.
Este recurso é, em geral, bastante usado nas propagandas, com o objetivo de fazer o ouvinte/leitor reter o
nome e as qualidades do que é anunciado.
Observe, nesta propaganda da Ipiranga, quantas vezes é repetido o nome da refinaria.
Em 1937, quando a Ipiranga foi fundada, muitos afirmavam que seria difícil uma refinaria brasileira dar certo.
Quando a Ipiranga começou a produzir querosene de padrão internacional, muitos afirmavam, também, que
dificilmente isso seria possível.
Quando a Ipiranga comprou as multinacionais Gulf Oil e Atlantic, muitos disseram que isso era incomum.
E, a cada passo que a Ipiranga deu nesses anos todos, nunca faltaram previsões que indicavam outra
direção.
Quem poderia imaginar que a partir de uma refinaria como aquela a Ipiranga se transformaria numa das
principais empresas do país, com 5600 postos de abastecimento anual de 5,4 bilhões de dólares?
E, que além de tudo, está preparada para o futuro?
É que, além de ousadia, a Ipiranga teve sorte: a gente estava tão ocupado trabalhando que nunca sobrou
muito tempo para prestar atenção em profecias. (Revista VEJA)
Outro exemplo:
A história de Porto Belo envolve invasão de aventureiros espanhóis, aventureiros ingleses e aventureiros
franceses, que procuraram portos naturais, portos seguros para proteger suas embarcações de tempestades.
A substituição é mais ampla, pois pode se efetuar por meio da sinonímia, da antonímia, da hiperonímia, da
hiponímia. Vamos ilustrar cada um desses mecanismos por meio de exemplos.

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Sinonímia
a) Pelo jeito, só Clinton insiste no isolamento de Cuba. João Paulo II decidiu visitar em janeiro a ilha da
Fantasia. (Revista VEJA)
Os termos assinalados têm o mesmo referente. Entretanto, é preciso esclarecer que, neste caso, há um
julgamento de valor na substituição de Cuba por ilha da Fantasia, numa alusão a lugar onde não há seriedade.
b) Aos 26 anos, o zagueiro Júnior Baiano deu uma grande virada em sua carreira. Conhecido por suas
inconsequentes "tesouras voadoras", ele passou a agir de maneira mais sensata, atitude que já levou até a
Seleção Brasileira.
Patrícia, a esposa, e os filhos Patrícia Caroline e Patrick são as maiores alegrias desse baiano nascido na
cidade de Feira de Santana. "Eles são a minha razão de viver e lutar por coisas boas", comenta o zagueiro.
Na galeria do ídolos, Júnior Baiano coloca três craques: Leandro, Mozer a Aldair. "Eles sabem tudo de bola,
diz o jogador.
O zagueiro da Seleção só questiona se um dia terá o mesmo prestígio deles.
Deixando para trás a fase de desajustado e brigão, o zagueiro rubro-negro agora orienta os mais jovens
e aposta nesta nova geração do Flamengo. (Jornal dos Sports) Este tipo de procedimento é muito útil para evitar
as constantes repetições que tornam um texto cansativo e
pouco atraente.
Observe quantas diferentes maneiras foram empregadas para fazer alusão à mesma pessoa.
Dentro desse parágrafo, observamos ainda outros mecanismos de coesão já vistos anteriormente: sua, ele, o,
que retomam o jogador Júnior Baiano, e deles, que retoma os três craques.
c) Como uma ilha entre as pessoas que se comprimiam no abrigo do bonde, o homem mantinha-se
concentrado no seu serviço.
Era especialista em colorir retrato e fazia caricatura em cinco minutos. No momento, ele retocava uma foto de
Getúlio Vargas, que mostrava um dos melhores sorrisos do presidente morto.
d) Vestia um camisolão azul, sem cintura. Tinha cabelos longos como Jesus e barbas longas. Nos pés calçava
sandálias para enfrentar o pó das estradas e, a cabeça, protegia-a do sol inclemente com um chapelão de abas
largas. Nas mãos levava um cajado, como os profetas, os santos, os guiadores de gente, os escolhidos, os que
sabiam o caminho do céu. Chamava os outros de "meu irmão". Os outros chamavam-no "meu pai". Foi conhecido
como Antônio dos Mares, uma certa época, e também como Irmão Antônio. Os mais devotos o intitulavam "Bom
Jesus", "Santo Antônio". De batismo, era Antônio Vicente Mendes Maciel. Quando fixou sua fama, era Antônio
Conselheiro, nome com o qual conquistou os sertões e além. (Revista VEJA)
Os vocábulos assinalados indicam a sinonímia para o nome de Antônio Conselheiro.
Por ser um parágrafo rico em mecanismos de coesão, vale a pena mostrar mais alguns deles.
Por exemplo, o sujeito de vestia, tinha, calçava, levava, chamava, foi conhecido, fixou é sempre o mesmo, isto
é, Antônio Conselheiro, mas só ao final do texto esse sujeito é esclarecido.
Dizemos, então, que, neste caso, houve uma referência por elipse.
Chamavam-no e o intitulavam - os pronomes oblíquos no e o retomam a figura de Antônio Conselheiro.
Da mesma forma, o pronome a (protegia-a) refere-se ao nome cabeça, e o possessivo sua (sua fama) tem
como referente o mesmo Antônio Conselheiro.
e) Depois do ciclo Romário, o Flamengo entra na era Sávio. Pelo menos é essa a intenção do presidente
Kleber Leite. O dirigente nega a intenção do clube em fazer de seu atacante uma moeda de troca. "No ano
passado me ofereceram US $ 9 milhões e mais o passe do Romário pelo Sávio e eu não fiz negócio", lembrou.
Segundo Kleber, o

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jogador tem categoria suficiente para se transformar em um ídolo nacional. Por falar em prata da casa, o
presidente do Flamengo, apoiado por Zico, vai apostar nos jovens valores do clube para o segundo semestre.
Ele acha que, mantendo a base, com Sávio, Júnior Baiano, Athirson, Evandro e Lúcio, o time rubro-negro terá
condições de chegar às finais do Campeonato Brasileiro e Supercopa. (Jornal dos Sports)
As expressões assinaladas em negrito se referem à mesma pessoa.
Na verdade, temos em dirigente um sinônimo de fato, enquanto as outras substituições podem ser
chamadas de elipses parciais, embora todas remetam ao presidente do clube carioca.
Existe igualmente sinonímia entre Sávio, atacante e
jogador.
f) Penando para tentar reduzir a conta dos direitos e benefícios dos trabalhadores, todo governante europeu
hoje em dia baba de inveja dos Estados Unidos - o país do cada um por si e o governo, de preferência,
bem longe dessas questões. Pois foi justamente na terra do vale-tudo entre patrão e empregado que 185000
filiados de um sindicato cruzaram os braços neste mês e pararam por quinze dias a UPS, a maior empresa de
entregas terrestres do mudo. (Revista VEJA)
Não podemos deixar de apontar que, neste exemplo, os sinônimos escolhidos para Estados Unidos se
revestem de um juízo de valor, são denominações de caráter pejorativo.
Antonímia - é a seleção de expressões linguísticas com traços semânticos opostos. Exemplos:
a) Gelada no inverno, a praia de Garopaba oferece no
verão uma das mais belas paisagens catarinenses.
Hiperonímia e Hiponímia - Por hiperonímia temos o caso em que a primeira expressão mantém com a
segunda uma relação de todo-parte ou classe-elemento.
Por hiponímia designamos o caso inverso: a primeira expressão mantém com a segunda uma relação de
parte- todo ou elemento-classe.
Em outras palavras, essas substituições ocorrem quando um termo mais geral - o hiperônimo - é substituído
por um termo menos geral - o hipônimo, ou vice-versa.
Os exemplo ajudam a entender melhor.
a) Tão grande quanto as baleias é a sua discrição. Nunca um ser humano presenciou uma cópula de
jubartes, mas sabe-se que seu intercurso é muito rápido, dura apenas alguns segundos.(Revista VEJA)
b) Em Abrolhos, as jubartes fazem a maior esbórnia. Elas se reúnem em grupos de três a oito animais,
sempre com uma única fêmea no comando. É ela, por exemplo, que determina a velocidade e a direção a
seguir. (Idem)
c) Dentre as 79 espécies de cetáceos, as jubartes são as únicas que cantam - tanto que são conhecidas
também por "baleias cantoras". (Idem)
d) A renda de bilro é a mais conhecida e criativa forma de artesanato catarinense.
e) O litoral norte de Santa Catarina tem um verdadeiro festival de localidades famosas: a praia de
Camboriú, a ilha de São Francisco do Sul, a enseada do Brito. (Idem)
f) Dado que, entre os assentados, é expressivo o número de analfabetos, pode-se ter uma ideia de quanto é
difícil elaborar um projeto ou usar novas tecnologias. Com pouco dinheiro e escassa assistência, eles costumam
usar sementes de qualidade baixa e voltar-se para a produção de consumo familiar. Mesmo entre os
instrumentos de trabalho mais corriqueiros, também há escassez brutal, e a maioria dos assentados não dispõe
nem mesmo de uma pá ou de uma picareta. Entre eles, ainda que os sem-terra tenham escolhido a foice como
um dos seus símbolos de luta pela reforma agrária, o instrumento mais comum ainda é a velha enxada.(Revista
VEJA)
Hiperônimos (termos mais gerais)
baleias - animais - cetáceos - artesanato - litoral norte - instrumentos
Hipônimos (termos mais específicos)
jubartes - jubartes - baleias - renda de bilro - praia, ilha, enseada - pá, picareta, foice, enxada

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Vale a pena apontar também a coesão lexical por sinonímia, entre assentados e sem-terra (exemplo f) e entre
jubartes e baleias cantoras (exemplo c). Os pronomes eles (caso reto) e se (caso oblíquo) são exemplos de
coesão gramatical

DIVERSIDADE LINGUÍSTICA (LÍNGUA PADRÃO, LÍNGUA NÃO PADRÃO)


LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL
Falado e Escrito / Formal e Informal
Linguagem coloquial (Informal)
Os dois amigos encontraram-se no pátio do colégio, na hora do intervalo, e Marcos perguntou:
- Como é que é, Zé? Tá a fim de dar uns giros por aí depois da aula?
- Normal! A gente pode chamar o Nandinho e ir pra uma esplanada - respondeu José bastante animado.
- É isso. Vou nessa! - disse Marcos apertando o passo.
Gíria
A gíria é um elemento de linguagem que denota expressividade e revela grande criatividade, desde que,
naturalmente, adequada à mensagem, ao meio e ao receptor.
Mesmo que seja criativa a gíria só é admitida na língua falada. Sendo que a língua escrita a tolera. Só em
casos especiais na comunicação entre amigos, familiares, namorados, sendo que isto é caracterizada pela
linguagem informal.

Linguagem formal
No corredor de uma universidade, um eminente professor de Direito Penal encontra um ex-aluno, agora seu
colega. O professor diz-lhe:
- Que prazer encontrá-lo depois de tanto tempo!
- Como está, professor? É bom revê-lo - sorriu o ex- aluno emocionado. - O senhor nem pode imaginar o
quanto me foram úteis os conhecimentos que adquiri nas suas aulas.
- Você sempre foi um bom aluno. Tinha a certeza de que se tornaria um advogado notável.
A distinção linguagem popular / linguagem cuidada, por exemplo, apoia-se num critério sociocultural, ao passo
que a distinção linguagem informal / linguagem oratória se apoia sobretudo numa diferença de situação (o mesmo
indivíduo não empregará a mesma linguagem ao fazer um discurso e ao conversar com amigos num bar).
Ademais, na expressão oral, as incorreções gramaticais são geralmente em função de restrições materiais:
dificilmente poderá um comentarista esportivo manter uma linguagem cuidada ao descrever e comentar uma
partida ao vivo. De modo geral, a linguagem cuidada emprega um vocabulário mais preciso, mais raro, e uma
sintaxe mais elaborada que a da linguagem comum.
Para resolver esse impasse se poderia, à primeira vista, propor a obediência à norma na escrita e sua
flexibilização na fala, o que, no entanto, seria ainda inexato. Na verdade, a dicotomia correta é formal versus
informal e não escrito versus falado.
Em circunstâncias formais, a comunidade espera que se empregue, seja escrevendo ou falando, a língua-
padrão (cf. ing. standard language), entendida aqui como a variedade formal culta e até certo ponto supra regional
do idioma, que corresponde, em parte ao menos, à língua descrita pela gramática escolar.
Em situações informais, ao contrário, seja na fala ou na escrita, a expectativa da comunidade é que se
empreguem as variedades informais da língua.
Em outras palavras: o binômio decisivo para a obediência à norma gramatical é o referente ao grau de
formalidade da comunicação e não à natureza oral ou escrita desta. Não se conclua daí, entretanto, que não haja
correlação entre modalidade escrita e formalidade, por um lado, e entre informalidade e fala, por outro.

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De fato, a comunicação escrita tende a ser mais formal do que a falada.
Na verdade, a oposição formal / informal é uma simplificação didática. Há no mínimo quatro graus de
formalidade (registros) no português do Brasil: o ultraformal, o formal, o semiformal e o informal, de que são
exemplos, respectivamente (no uso oral da língua);
O discurso solene de um paraninfo numa cerimônia de formatura (ultraformal), uma conferência (formal), uma
conversa entre cientistas que se conhecem há muito tempo sobre assunto de sua especialidade (que não ficará
totalmente formal, pela intimidade existente entre os interlocutores, nem totalmente informal, pela natureza
"intelectual" do assunto tratado) (semiformal) e a conversação diária (informal).
Exemplos na modalidade escrita:
- do ultra formal - certos textos jurídicos e um ou outro texto burocrático;
- do formal - um verbete de enciclopédia;
- do semiformal - uma crônica esportiva (na mídia impressa);
- do informal - um bilhete.
Ainda numa visão um tanto esquemática, mas didaticamente necessária, diríamos que a necessidade de
obediência à norma gramatical existe no registro ultra formal e no formal, não existindo nos dois últimos.
Além do grau de formalidade, outros fatores interferem na escolha do tipo de linguagem adequado a cada
situação, a saber:
- o status dos interlocutores;
- o local, o assunto;
- o gênero textual (o que é virtude num gênero pode ser defeito em outro);
- a modalidade escrita ou oral e
- a natureza monolocutiva ou interlocutiva, privada ou pública etc. da comunicação.
O princípio geral, porém, é sempre o mesmo: o da adequação.
Precisamos levar em conta
- A quem nossos textos ou palavras se dirigem, ou seja, nosso interlocutor na interação verbal ou oral;
- o assunto sobre o qual versa o texto ou a fala;
- e o papel desempenhado pela língua.
Essa distinção permite diferenciar linguagem informal de linguagem formal.
Devemos ficar atentos para não utilizar, na redação de nossos textos na universidade ou na empresa, ou
mesmo em nossas falas elementos próprios da linguagem informal e, portanto, inadequados à linguagem
acadêmica ou empresarial e às vezes em interlocuções orais que requerem certa formalidade.
Essas diferenças de situação envolvendo o tema, a forma de comunicação e os interlocutores são
chamadas de registro e elas determinam diferentes níveis de linguagem:
- mais formal,
- menos formal;
- mais distante,
- menos distante.
Nós também escolhemos níveis de linguagem diferentes conforme as situações de comunicação em que nos
encontramos.
Assim é que não usaremos em uma carta para a namorada, por exemplo, o mesmo tipo de linguagem que
utilizamos para redigir um requerimento à diretoria da Faculdade.
É importante estarmos conscientes da necessidade de adequação da linguagem às situações de interação e,
especificamente, da importância da utilização de uma linguagem formal nos textos acadêmicos ou empresariais.
Por isso, é muito importante que compreendamos o que se entende por registro, para podermos identificá-lo
em situações concretas e fazer uso dele, adequando nossa linguagem às situações as mais diversas a que
somos postos.

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REDAÇÃO – O TEXTO DISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO

Além da narração e da descrição, há um terceiro tipo de redação ou de discurso: a DISSERTAÇÃO.


Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito de um determinado tema, expressando o ponto de
vista de quem escreve em relação a esse tema.
Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira convincente, ou seja, de maneira que elas sejam compreendidas
e aceitas pelo leitor; e isso só acontece quando tais opiniões estão bem fundamentadas, comprovadas, explicadas,
exemplificadas, em suma: bem argumentadas (argumentar = convencer, influenciar, persuadir).
A argumentação é o elemento mais importante de uma dissertação.
Embora dissertar seja emitir opiniões, o ideal é que o seu autor coloque no texto seus pontos de vista como se
não fossem dele e sim, de outra pessoa (de prestígio, famosa, especialista no assunto...), ou seja, de maneira
impessoal, objetiva e sem prolixidade (sem “encher linguiça”).
Para alcançar a impessoalidade, é importante que a dissertação seja elaborada com verbos e pronomes na
terceira pessoa.
O texto impessoal soa como verdade e, como já citado, fazer crer é um dos objetivos de quem disserta.
Na dissertação, as ideias devem ser colocadas de maneira clara, coerente e organizadas de maneira lógica:
a) o elo entre pontos de vista e argumento se faz de maneira coerente e lógica através das conjunções
(=conectivos). É por isso que as conjunções são chamadas de marcadores argumentativos.

b) todo texto dissertativo é composto por três partes coesas e coerentes: introdução, desenvolvimento e
conclusão.
A introdução é a parte em que se dá a apresentação do tema, através de um conceito ou de questionamento(s)
que ele sugere.
A seguir, apresenta-se um ponto de vista e seu argumento principal. Para que a introdução fique perfeita, é
interessante seguir esses passos:
1. Transforme o tema numa pergunta;
2. Responda a pergunta (e obtém-se o ponto de vista);
3. Coloque o porquê da resposta (e obtém-se o argumento).
O desenvolvimento contém as ideias que reforçam o argumento principal, ou seja, os argumentos auxiliares e
os fatos-exemplos (verdadeiros, reconhecidos publicamente).
O desenvolvimento deve dar sustentação à tese, que é a ideia principal defendida pelo autor.
A conclusão é a parte final da redação dissertativa, em que o autor deve "amarrar" resumidamente (se possível,
numa frase) todas as ideias do texto para que o ponto de vista inicial se mostre irrefutável, ou seja, seja imposto e
aceito como verdadeiro.
Antes de iniciar a dissertação, no entanto, é preciso que seu autor:
1. Entenda bem o tema;
2. Reflita a respeito dele;
3. Passe para o papel as ideias que o tema lhe sugere;
4. Faça a organização textual (o "esqueleto do texto"), pois a quantidade de ideias sugeridas pelo tema é
igual à quantidade de parágrafos que a dissertação terá no desenvolvimento do texto.

Como fazer uma dissertação argumentativa


Vamos supor que o tema proposto seja Nenhum homem é uma ilha.
Primeiro, precisamos entender o tema. Ilha, naturalmente, está em sentido figurado, significando solidão,
isolamento.
Vamos sugerir alguns passos para a elaboração do rascunho de sua redação.

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1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum homem é uma ilha?
2. Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando (ou, ainda,
concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto de vista.
3. Pergunte a você mesmo o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua
posição: aí estará o seu argumento principal.
4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua
posição. Esses serão argumentos auxiliares.
5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode
vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você leu. Pode ser um fato da vida política,
econômica, social. Pode ser um fato histórico.
Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato-exemplo, geralmente, dá
força e clareza à nossa argumentação. Esclarece a nossa opinião, fortalece os nossos argumentos. Além disso,
pessoaliza o nosso texto, diferencia o nosso texto: como ele nasce da experiência de vida, ele dá uma marca
pessoal à dissertação.
6. A partir desses elementos, procure juntá-los num texto, que é o rascunho de sua redação. Por enquanto,
você pode agrupá-los na sequência que foi sugerida:

Os passos
1) interrogar o tema;
2) responder, com a opinião;
3) apresentar argumento básico;
4) apresentar argumentos auxiliares;
5) apresentar fato- exemplo;
6) concluir.

Como ficaria o esquema


1º parágrafo: a tese
2º parágrafo: argumento 1 3º parágrafo: argumento 2 4º parágrafo: fato-exemplo
5º parágrafo: conclusão
Exemplo de redação com esse esquema: Tema: Como encarar a questão do erro
Título: Buscar o sucesso

Tese:
1º§ O homem nunca pôde conhecer acertos sem lidar com seus erros.

Argumentação
2º§ O erro pressupõe a falta de conhecimento ou experiência, a deficiência de sintonia entre o que se propõe
a fazer e os meios para a realização do ato. Deriva-se de inúmeras causas, que incluem tanto a falta de
informação, como a inabilidade em lidar com elas.

3º§ Já acertar, obter sucesso, constitui-se na exata coordenação entre informação e execução de qualquer
atividade. É o alinhamento preciso entre o que fazer e como fazer, sendo esses dois pontos indispensáveis e
inseparáveis.

Fato-exemplo
4º§ Como atingir o acerto? A experiência é fundamental e, na maioria das vezes, é alicerçada em erros
anteriores, que ensinarão os caminhos para que cada experiência ruim não mais ocorra. Assim, um jovem que
presta seu primeiro vestibular e fracassa pode, a partir do erro, descobrir seus pontos falhos e, aos poucos, aliar
seus conhecimentos à capacidade de enfrentar uma situação de nova prova e pressão.

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Esse mesmo jovem, no mercado de trabalho, poderá estar envolvido em situações semelhantes: seus
momentos de fracasso estimularão sua criatividade e maior empenho, o que fatalmente levará a posteriores
acertos fundamentais em seu trabalho.

Conclusão
5º§ Assim, a ocorrência dos erros nos atos humanos é inevitável. Porém, é preciso, acima de tudo, saber lidar
com eles, conscientizar-se de cada ato falho e tomá-los como desafio, nunca se conformando, sempre buscando a
superação e o sucesso. Antes do alcance da luz, será sempre preciso percorrer o túnel.

Outro esquema interessante


O texto abaixo, de Bertrand Russel, revela uma estrutura que o candidato poderá usar em sua redação. Leia o
texto:
Aquilo por que vivi
Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do
conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais,
impeliram-me para aqui e acolá, em curso, instável, por sobre o profundo oceano de angústia, chegando às raias
do desespero.
Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase – um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava
todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta
da solidão – essa solidão terrível através da qual nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo,
esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que
prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer
demasiado bom para a vida humana, foi isso que – afinal – encontrei.
Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber
por que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo
dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.
Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade
sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas
torturadas por opressores, velhos desvalidos a construir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão,
pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por avaliar o mal, mas
não posso, e também sofro.
Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la,
se me fosse dada tal oportunidade.
(Bertrand Russel, Autobiografia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967).
O texto, cujo tema está explícito no título – os motivos fundamentais da vida do autor – apresenta cinco
parágrafos. No primeiro parágrafo, o autor revela as suas “três paixões”: amor, conhecimento e piedade. Em
seguida, dedica três parágrafos, um para cada uma dessas paixões. O segundo parágrafo fala sobre a busca do
amor; o terceiro, sobre a procura do conhecimento; e o quarto, sobre a importância do sentimento piedade diante
do sofrimento.
O quinto e último parágrafo realiza a conclusão do texto. Eis o esquema:
1º§ - a, b, c;
2º§ - a;
3º§ - b;
4º§ - c;
5º§ - a, b, c.
Observar a estrutura dos textos dissertativos é um bom momento de aprendizagem. Recomenda-se tal
exercício aos concursandos: ler editoriais e artigos de jornais.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
Características do Texto Dissertativo
1) Impessoalidade: Procure se distanciar do assunto abordado, tratando os fatos com objetividade. A
impessoalidade confere maior credibilidade ao texto, como se ele contivesse verdades universais e
inquestionáveis. Para alcançar a impessoalidade no texto, substitua expressões como “eu acho”, “no meu ponto
de vista”, etc. por “É importante destacar...”, “Convém ressaltar...”, “Percebe-se...”, etc.
2)Objetividade: Vá direto ao tema, não faça rodeios nem digressões.
Não coloque emoções nem subjetividade no texto e utilize os adjetivos com moderação.
Faça um texto conciso, “enxuto”: releia-o ao passar a limpo e retire tudo o que for desnecessário.
3) Clareza: O texto dissertativo deve ser claro, de fácil entendimento.
Para dar clareza ao texto, evite palavras rebuscadas, períodos muito longos e inversões na ordem da
oração.
A linguagem deve ser adequada e simples. Cuidado com ambiguidades no texto.
4)Correção: Escreva conforme a norma culta da língua, respeitando as regras gramaticais.
Fique atento à ortografia, pontuação, regência e concordância.
5) Elegância: Não utilize expressões coloquiais, chavões, gírias, frases feitas.
Evite a redundância, que é a repetição de uma ideia por meio de palavras diferentes (Ex. outra alternativa).
Cuidado com a cacofonia, isto é, a formação de palavras chulas ou obscenas no encadeamento de
vocábulos ou na separação de sílabas (Ex. Vou-me já).
6)Coerência: A coerência é a correspondência entre as ideias do texto de forma lógica.
Para que a coerência ocorra, as ideias devem se completar. Uma deve ser a continuação da outra.
Caso não ocorra uma concatenação de ideias entre as frases, elas acabarão por se contradizer ou por
quebrar a linha de raciocínio.
A coerência é resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com relação ao mundo.
7) Informatividade: O texto não pode apenas reproduzir o senso comum; é preciso que ofereça informações
relevantes ao leitor.
Evite afirmações óbvias, como “o homem depende da natureza para viver” ou “as crianças são o futuro do
país”.
Assim, para produzir um texto realmente informativo, é necessário pesquisar e confrontar diversas fontes
sobre a mesma temática, a fim de que o texto apresente argumentos suficientes para levar o leitor a
compreender seu raciocínio lógico e a aceitar seu ponto de vista.

Dicas de redação
- Leia muito, a leitura enriquece o vocabulário, você olha visualmente as palavras e envia para a sua
memória a forma correta de escrita delas;
- Escreva muito. Escreva em diários, faça poemas, copie receitas, utilize o recurso da escrita até mesmo para
tornar a letra mais legível e bonita;
- Treine fazer redação com temas que poderão ser relacionados com prova de concurso que irá fazer. Ou
faça com temas da atualidade, notícias constantes nos meios de comunicação;
- Seja crítico de si mesmo, revise os textos de treino, retire os excessos, deixe seu texto “enxuto”.
- Cronometre o tempo que é gasto nas suas redações de treino e tente sempre diminuir o tempo gasto na
próxima;
- Não faça parágrafos prolongados;
- Não ultrapasse as margens nem o limite de linhas estabelecidas na prova;
- Seja objetivo: o que você gastaria três parágrafos para escrever tente colocar apenas em um;

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
- Mantenha o mesmo padrão de letra do início ao fim do texto. Não inicie com letra legível e arredondada, por
exemplo, e termine com ela ilegível e “apressada”, isso dará uma péssima impressão para o examinador da banca
quando for ler;
- Não faça marcas, rabiscos, não suje e nem amasse sua redação; tenha o máximo de asseio possível;
- Faça as redações de provas anteriores do concurso que você prestará;
- Fique focado no enunciado do que a banca está pedindo, não redija um texto lindo, mas que está totalmente
fora do tema. Nunca fuja do tema proposto;
- Na introdução faça uma pequena abordagem, apresentação inicial, no desenvolvimento exponha suas ideias
de forma clara, argumente e, por fim, na conclusão, feche o texto retomando o foco. Nunca inverta as ordens entre
introdução, desenvolvimento e conclusão;
- Use sinônimos, evite repetir as mesmas palavras;
- Tenha seus argumentos fundamentados. Seja coeso e coerente;
- Tenha domínio sobre pontuação, concordância, regência e ortografia;
- Saiba colocar suas ideias no papel de forma que outros possam ler e entender realmente o que você quis
dizer.

ADEQUAÇÃO CONCEITUAL: PERTINÊNCIA, RELEVÂNCIA E ARTICULAÇÃO DOS ARGUMENTOS


A questão da pertinência: Para convencer o leitor de que nossa posição sobre um assunto é razoável,
necessitamos muito mais do que emitir uma opinião pessoal. É preciso justificar, reunir dados ou exemplos que
tenham credibilidade, ou seja, apresentar uma série de evidências que deem sustentação aos argumentos
elaborados.
As evidências indicam a pertinência dos argumentos expostos.
Elas são apresentadas por meio de estratégias discursivas, isto é, de recursos que procuram fundamentar os
argumentos.
As estratégias podem ser a ênfase na objetividade, a utilização do testemunho de autoridade, o uso intenso de
fatos-exemplo, etc.
A seguir, são apresentados exemplos de como a argumentação pode ser desenvolvida com pertinência, a partir
do tema “O papel social da televisão no Brasil”.
Argumentação por exemplificação
Já foi criada até uma campanha – "Quem financia a baixaria é contra a cidadania" – para que sejam divulgados
os nomes das empresas que anunciam nos programas que mais recebem denúncias de desrespeito aos direitos
humanos.
O mais importante nessa iniciativa é a participação da sociedade, que pode abandonar a passividade e interferir
na qualidade da programação que chega às casas dos brasileiros.
Argumentação histórica
Quem assiste à TV hoje talvez nem imagine que seu compromisso inicial, quando chegou ao País, há pouco
mais de meio século, fosse com educação, informação e entretenimento. Não se pode negar que ela evoluiu:
transformou-se na maior representante da mídia, mas em contrapartida esqueceu-se de educar, informa
relativamente e entretém de
maneira discutível.
Argumentação por constatação
Para além daquilo que a televisão exibe, deve-se levar em conta também seu papel social.
Quem nunca renunciou a um encontro com um amigo ou a um passeio com a família para não perder a novela
ou a participação de algum artista num programa de auditório?
Ao que tudo indica, muitos têm elegido a tevê como companhia favorita.
Argumentação por comparação
Enquanto países como Inglaterra e Canadá têm leis que protegem as crianças da exposição ao sexo e à
violência na televisão, no Brasil não há nenhum controle efetivo sobre a programação.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
Não é de surpreender que muitos brasileiros estejam defendendo alguma forma de censura sobre a TV
aberta.
Argumentação por testemunho
Conforme citado pelo jornalista Nelson Hoineff, "o que a televisão tem de mais fascinante para quem a faz é
justamente o que ela tem de mais nocivo para quem a vê: sua capacidade aparentemente infinita de
massificação".
De fato, mais de 80% da população brasileira têm esse veículo como principal fonte de informação e
referência.
A questão da relevância
A ordem em que os argumentos são apresentados, sem dúvida, influencia na forma como são recebidos pelo
leitor.
Os argumentos devem ser apresentados, de preferência, em ordem crescente de relevância, ou seja, do
argumento mais fraco para o mais forte.
Isso prende a atenção do leitor, cada vez mais, às razões apresentadas.
A questão da articulação
Além de todos os aspectos gramaticais relevantes para a escrita de qualquer gênero textual, no texto
dissertativo é extremamente importante a questão da articulação.
Por não se caracterizar como uma lista de argumentos, esse texto pressupõe uma ligação entre suas
diferentes partes, encaminhando-o a uma conclusão.
Eis algumas palavras e expressões que cumprem essa função, contribuindo para a construção da coerência
textual:

Palavras ou Exemplos:
expressões
que:
“Observa-se
que”, “Convém
Anunciam a posição ressaltar”,
do autor diante do “É importante
que está sendo destacar”
enunciado “indubitavelmente”,
“provavelmente”,
“infelizmente”;
Introduzem “porque”, “pois”, “por
argumentos, isso”, “embora”,
estabelecendo “apesar de”, “para”, “a
relações lógicas fim de”,
entre as partes dos “portanto”, “então”;

enunciados
(orações, períodos)
Apresentam o “consequentemente”,
fechamento, a “por
conclusão do conseguinte”,
texto “assim”, “então”,
“desse modo”;
Articulam o texto “em primeiro lugar
como um todo (...) em segundo
(grupos de períodos, lugar (...)
parágrafos, partes finalmente”, “afinal”
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- LÍNGUA PORTUGUESA -
maiores do texto) “por um lado (...)
por outro lado”

A MULTIFORMIDADE DA LÍNGUA.
Em uma linguagem sistemática e coerente podem ocorrer formas diferentes de se efetuar a língua, uma
vez que variam no espaço – variação diatópica –, no tempo – variação diacrônica – e no indivíduo.
Ao encontrarmos pessoas de regiões diferentes do Brasil, não raro nos deparamos com expressões
linguísticas diferentes.
Na fala de interioranos de São Paulo, por exemplo, o r é retroflexo, como em porta, celular; já na região
Nordeste temos o uso das vogais o e e abertas, como em “Rónaldo”, “semente”.
Segundo CAMACHO(1988) existem múltiplos fatores originando as variações, as quais recebem diferentes
denominações. Eis alguns exemplos:
- Dialetos – variações faladas por comunidades geograficamente definidas. Idioma é um termo
intermediário na distinção dialeto-linguagem e é usado para se referir ao sistema comunicativo estudado quando
sua condição a iguala a linguagem.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
- Socioletos – variações faladas por comunidades socialmente definidas. É a linguagem padrão
estandardizada em função da comunicação pública e da educação.
- Idioletos – é uma variação particular, isto é, o vocabulário especializado e/ou a gramática de certas
atividades ou profissões.
- Etnoletos – variação para um grupo étnico.
- Ecoletos – um idioleto adotado por uma casa.

É inegável as diferenças que existem dentro de uma mesma comunidade de fala. A partir de um ponto qualquer
vão se assinalando diferenças à medida que se avança no espaço geográfico. Da mesma forma se constatam
diferenças dentro de uma mesma área geográfica, resultantes das diferenças sociológicas tais como educação do
indivíduo, sua profissão, grupos com os quais convive, enfim, sua identidade. Tudo isso pode interferir e operar
como modelador à fala de alguém.

ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

Abreviaturas: quando usar?


- Pessoal e internamente, podem-se usá-las livremente, já que neste caso são de "consumo interno".
- Em correspondência oficial e empresarial há abreviaturas consagradas que igualmente podem ser usadas
livremente. Exemplos: Exmo., Ilmo. Sr., Sra., V. Exa., V. Sa. (todos os pronomes de tratamento), Ltda., S.A. ou S/A,
a/c (aos cuidados), etc.
- Há circunstâncias em que o uso de abreviaturas fica restrito a alguns casos. Em textos técnicos ou
científicos, por exemplo, são poucos os casos. A rigidez não é absoluta, mas exige-se bom senso. São de uso
consagrado e liberado, mesmo em textos técnico-científicos, além das mencionadas no item 2, acima, abreviaturas
como : no, art., p. ou pág., cel, av., gen., a.C. ou A.C., entre outras.
Abreviaturas: como formar?
- Forma-se abreviatura com a primeira ou as primeiras letras da palavra, encerrando-se em consoante: cap.
(capítulo), m. (masculino), art. (artigo); quando se trata de encontro consonantal, a abreviação é feita usando todo o
encontro: dipl. (diploma), constr. (construção).
- A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) fixa algumas abreviaturas com vogal final e outras na
consoante inicial de encontros consonantais: ago. (agosto), téc. (técnico).
- Devem ser mantidos os acentos e hífens que figuram nas palavras usadas de forma abreviada: séc. (século),
dec.- lei (decreto-lei).
- No caso de abreviaturas em que se deveriam usar letras elevadas, devido à dificuldade de elevá-las e
também devido à consagração de uso, admite-se colocar essas letras na mesma altura e em igual tamanho das
demais, usando-se o ponto no final: cel. (cel - coronel), sra. (sra), dra. (dra).
- No caso de o ponto abreviativo coincidir com o ponto final, não se deve repetir o ponto: etc. Quando ao ponto
indicativo de abreviatura seguir outro sinal de pontuação, usam-se os dois: sra., sra.; sra.?
- Há abreviaturas que servem para mais de uma palavra:
v. (verbo, veja, vapor, você), p. (pé, página, palmo), gr. (grão, grátis, grau, grosa).
- Há palavras e expressões contempladas com mais de uma abreviatura: f., fl., fol. (folha); a.C., A.C. (antes de
Cristo).
- No plural, em regra se acrescenta s: dras., sras., caps.; em alguns casos, dobram-se as letras (maiúsculas):
AA. (autores). Às vezes as letras maiúsculas dobradas representam superlativos: DD. (digníssimo).
- O erro mais freqüente é o uso da abreviatura sem o ponto que a encerra.

Siglas: quando e como usar


- Todas as letras da sigla deverão ser maiúsculas quando forem usadas apenas as iniciais das palavras que
compõem o nome: PUC (Pontifícia Universidade Católica). São as chamadas siglas próprias ou puras.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
- Quando se usarem também outras letras que não as iniciais das palavras que formam o nome, prefere-se
usar apenas inicial maiúsucula: Bacen (Banco Central), Copesul (Companhia Petroquímica do Sul). São as
chamadas siglas impróprias ou impuras.
- Quando se trata de siglas consagradas, podem ser usadas diretamente, sem escrever o nome das
entidades por extenso. Caso contrário, na primeira vez que aparecerem no texto devem ser identificadas, entre
parênteses ou separadas por travessão. Em trabalhos mais extensos, pode- se também apresentar lista de
siglas no início ou no final.
Símbolos: quando e como usar?
- Os símbolos são abreviados sem o uso de ponto: cm
(centímetro), g (grama), min (minuto), kg (quilograma).
- A forma do plural é sempre igual à do singular, sendo errado acrescentar s: m (metro e metros), l (litro e
litros), km (quilômetro e quilômetros).
- O uso dos símbolos é universal, podendo ser usados em quaisquer circunstâncias, ao contrário das
abreviaturas.

A REPETIÇÃO DE TERMOS NOS TEXTOS: DÊIXIS E ANÁFORA.

Pronome: o que está no lugar do nome. Alguma “etimologia” e exemplos de um tipo só podem levar a
concluir que tudo o que se pode dizer sobre pronomes está contido nesta definição. Mas as coisas são um
pouco mais complexas, especialmente se forem consideradas algumas subdivisões (pessoais, demonstrativos
etc.). Seguem-se duas anotações, só para mostrar que nem tudo é tão óbvio.
1) há uma nítida diferença de funcionamento entre os pronomes eu/tu, de um lado, e ele, de outro. Ele até
pode estar no lugar de nomes, mas eu/tu, não. Eu e tu referem-se sempre àquele que fala e àquele a quem a
fala é dirigida, e não substituem nomes. Inclusive, a reversibilidade é total. Suponhamos a mais simples situação
de diálogo, duas pessoas conversando. Uma pode dizer: - Eu te odeio. A resposta da outra pode ser: Eu
também te odeio.
Todos podemos perceber que:
a) esses pronomes não substituem nomes, isto é, as falas não podem ser substituídas por Maria odeia José
e por José também odeia Maria. Ou melhor, isto até pode ocorrer em condições especiais: ou se trata de
crianças ou de personalidades que se referem a si mesmas em terceira pessoa (o papa declarou uma vez no
Rio: O papa é carioca, ao invés de Eu sou carioca);
b) eu se refere uma vez a Maria e outra a José, o mesmo ocorrendo com tu. E essa mudança de referência
não é casual; depende de quem fala.
Esta diferença de funcionamento tem algum reflexo na gramática. Por exemplo: eu e tu não têm marcas de
gênero nem plural. Ou seja, eu e tu são formas invariáveis empregadas tanto por mulheres quanto por homens
(e as eventuais concordâncias dependerão disso: Eu estou cansada/o; Você está envelhecido/a), e sempre
individualmente.
Nós e vós não são plurais de eu e de tu, isto é, nós não é uma soma de eu+eu (+eu...), e sim de eu+tu
(+tu...) ou de eu+ele/s (+ele/s...) ou eu+tu+ele/s (+ele/s). Vós até pode referir-se a tu+tu (+tu...), se os ouvintes
são muitos, mas também pode ser tu+ele/s (+ele/s). Ou seja, vós pode incluir também não-ouvintes. As
variedades do português em que se usa você no lugar de tu exigem, evidentemente, outra análise, já que você
pode receber flexão de número, embora não de gênero. Já ele pode ter flexão de gênero e de número (eles, ela,
elas). Acrescente-se que pode referir-se a não- humanos. Ou seja, além de ele não ser uma pessoa de discurso
(não participa de conversa, embora possa ser assunto dela), também pode referir-se a animais (A gata... Ela...) e
a objetos (O muro... Ele...). Os psicanalistas dirão que o elemento mais importante em qualquer conversa é ele
(o super-ego, o pai...), e não como assunto, mas isso são outros quinhentos.

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Ao fenômeno das línguas representado por eu e tu (especialmente pela propriedade de poderem referir
diferentemente a cada uso) se chama de dêixis e a cada um desses elementos, dêitico.
Observe-se que advérbios como aqui, agora, antes, depois, aqui, lá, hoje, amanhã e até expressões como
no ano passado são dêiticos (a referência de no ano passado depende do ano em que isso se enuncia; o mesmo
vale para os outros casos, mutatis mutandis).
2) Pronomes como ele, toda a série dos demonstrativos e mesmo advérbios e locuções como os acima
mencionados podem ter um funcionamento dêitico e outro a que os linguistas chamam de anafórico. Isto é, pode-
se usar ele para identificar uma pessoa que passa, até mesmo apontando com o dedo (Ele é o delegado), e então
temos um caso de dêixis. Mas também se pode empregar ele para “substituir” um nome já enunciado - e temos
então um caso de anáfora (Estava com Pedro. Ele...; Era uma vez um rei. Ele...). O que vale para ele vale para
este, esse, aquele, assim, aí, lá etc.

PARALELISMO

Paralelismo é a correspondência de funções gramaticais e semânticas existentes nas orações. Além de


melhorar a compreensão de texto, o fato de respeitar o paralelismo torna a sua leitura mais agradável.

Exemplos:
- Não só canta, como bolos é sua especialidade.
- Não só canta, como faz bolos com especialidade.
Apenas na segunda oração há a presença de paralelismo. Isso porque há uma relação de equivalência dos
termos.
O núcleo do primeiro período é o verbo cantar. O núcleo do segundo período é o verbo fazer. Assim, a oração
apresenta uma estrutura simétrica, o que ocorre através dos dois verbos (canta, faz).
Na primeira oração, o núcleo do primeiro período é o verbo cantar. No segundo período, porém, o núcleo
é
o substantivo bolos.
Daí decorre que não houve correspondência entre ambos os períodos (canta, bolos).
Lembre-se: Para que o paralelismo esteja presente no
discurso, é preciso que haja simetria estrutural!
Há dois tipos de paralelismo: sintático e semântico.

Paralelismo sintático
O paralelismo sintático, ou paralelismo gramatical, observa a ligação existente entre as funções sintáticas ou
morfológicas dos elementos da oração.

Exemplos:
1) O que espero das férias: viagens, praia e visitar lugares diferentes.
Há aqui uma quebra na estrutura da oração, a partir do momento em que se utiliza o verbo visitar em vez de
continuar a sequência morfológica com substantivos.
O ideal seria: O que espero das férias: viagens, praia e visitas a lugares diferentes.
2) Quando eu der a notícia, eles ficariam tristes.
Neste caso, ocorreu uma alternância nos tempos verbais.
No primeiro período o verbo está no futuro do subjuntivo,
o que obriga que o verbo do segundo período esteja no futuro do presente e não no futuro do pretérito.
O correto seria assim: Quando eu der a notícia, eles ficarão tristes.
Outra alternativa seria: Quando eu desse a notícia, eles ficariam tristes.

Paralelismo semântico
O paralelismo semântico observa a correspondência de valores existentes no discurso.

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Exemplos:
1) O evento durou o dia todo e algumas dores nos pés.
O sentido da oração foi interrompido. No que respeita à duração da festa era esperado algo como “O evento
durou o dia todo e adentrou a noite.”, por exemplo.
2) Preocupado, perguntou o quanto a namorada gostava dele. Ela respondeu que gostava milhares de reais
que ele tinha no banco.
Também neste caso, há ausência de paralelismo. A namorada deveria dizer que gostava muito ou pouco do
namorado. Não faz sentido tentar estabelecer uma relação entre valor sentimental e quantia financeira.

Casos frequentes
1) não só ... mas também
Sem paralelismo: Não só corrigiu os seus erros e é a ajuda do seu grupo de estudos.
Com paralelismo: Não só corrigiu os seus erros, mas também ajudou o seu grupo de estudos.
2) por um lado ... por outro
Sem paralelismo: Por um lado, eu concordo com a atitude dela, por outro, eu acho que ela fez o que era
certo.
Com paralelismo: Por um lado, eu concordo com a atitude dela, por outro, fico preocupada com as
consequências.
3) quanto mais ... mais
Sem paralelismo: Quanto mais eu o vejo, talvez não case com ele.
Com paralelismo: Quanto mais eu o vejo, mais certeza tenho que não quero casar com ele.
4) tanto ... quanto
Sem paralelismo: Tanto foram convidados adultos e crianças.
Com paralelismo: Tanto foram convidados adultos quanto crianças.
5) ora ... ora, seja ... seja
Sem paralelismo: Ora faz os deveres, mas não faz tudo. Com paralelismo: Ora faz os deveres, ora não faz.
6) não ... nem
Sem paralelismo: Não posso contar para o patrão, provavelmente para a patroa.
Com paralelismo: Não posso contar para o patrão, nem para a patroa.
7) primeiro ... segundo
Sem paralelismo: Primeiro porque eu não como carne, segundo porque eu sou vegetariana.
Com paralelismo: Primeiro porque eu não como carne, segundo porque não quero sair com você.

Paralelismo na literatura
O paralelismo costuma ser usado intencionalmente na literatura. É o caso do exemplo acima, em que a falta
de paralelismo pode ser uma forma de trazer alguma comicidade ao texto.
Nesses casos, a sua falta não deve ser considerada um erro.
Na produção literária, a utilização do paralelismo pode ser um recurso para tornar o texto agradável.
Assim, ele propicia a musicalidade dos poemas, tal como as figuras de linguagem.
Na literatura, o paralelismo pode ser chamado de paralelismo anafórico. Isso porque na figura de
sintaxe anáfora há uma tendência em seguir uma simetria sintática e semântica nas suas repetições no início
dos versos.

Exemplo:
"Era uma estrela tão alta! Era uma estrela tão fria! Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia."
(Primeira estrofe do poema A Estrela, de Manuel Bandeira)

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- LÍNGUA PORTUGUESA -

LEITURA: CAPACIDADE DE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DO CONTEXTO SOCIAL,


ECONÔMICO E CULTURAL (LEITURA DE MUNDO)
Chamamos de leitura de mundo o conjunto de percepções que temos do mundo que nos cerca e que nos leva
a formar um conceito sobre esse mundo e a interpretar as coisas, pessoas, fatos e relações, presentes nesse
mundo, a partir desse conceito.
Cada um de nós percebe a realidade de forma específica, particular em função das crenças e dos valores que
adquirimos e desenvolvemos ao longo da vida e também em função das limitações de nossos sentidos.
Alinhar percepções significa reduzir ao mínimo as discrepâncias perceptivas com relação à interpretação que
temos de pessoas, coisas, fatos e relações.
O que nos faz ver de forma diferente é o nosso “filtro perceptual”. Dele, fazem parte nossos valores, nossas
limitações e nossas crenças, adquiridos através de nossas experiências, que são fruto da forma através da qual
interagimos com pessoas, coisas, fatos e relações ao longo da nossa vida.
O filtro perceptual é a nossa marca registrada, é a nossa forma individual de ver a realidade.
Para crescermos, precisamos confrontar nossas percepções para que nossa forma de ver a realidade se
amplie e passemos a enxergar coisas que não víamos antes. Até a adolescência, lutamos para construir uma
opinião própria, uma forma específica de encarar o mundo e, quando nos tornamos adultos, precisamos aprender
a abrir mão
dessa visão peculiar se quisermos crescer e amadurecer.
Para conseguir ver “além dos nossos olhos” temos que desenvolver nossa habilidade empática.
Empatia é a habilidade de enxergarmos o mundo o mais próximo possível da forma como os outros enxergam.
O olhar empático amplia o sentido que damos à realidade e é essa a essência do crescimento humano:
ampliar, cada vez mais, o sentido que temos do mundo.
Crescemos através de novas aprendizagens, que ocorrem a cada vez que acrescentamos novas informações
ao sentido que construímos a respeito da realidade.
A leitura para muitos é considerada simplesmente um hábito, porém, restringir a leitura a um mero hábito é
demasiadamente simplório, pois a leitura é um processo bastante complexo. Cabe ainda ressaltar que “nenhuma
metodologia de leitura, moderna ou não, garante, por si só, a existência de leitores efetivos” (MARTINS, 1994,
p.42).
Percebe-se, evidentemente, que o professor não precisa de tantos conselhos no que tange os problemas da
leitura, pois ele sabe que seu aluno precisa ler. Urge antes de diferentes métodos e materiais, o conhecimento da
historicidade de cada aluno sobre sua relação com a leitura, uma vez que a leitura precisa significar na vida do
sujeito- aluno, no momento em que isso acontecer, torna-se indiferente o método para o aluno. O gosto pelo
processo da leitura é que determina a própria prática.
Ler é uma das competências mais importantes a serem trabalhadas com o aluno, neste sentido, muito tem-se
discutido para desenvolver o gosto da leitura e de transformar o aluno em um sujeito-leitor, pois o processo da
leitura transcende a simples decodificação, visto que ler é um ato de compor significados, de (re)significar. Segundo
Neves (2000, p.22) “ler não é tentar decifrar ou adivinhar de forma isenta o sentido de um texto, mas é, atribuir-lhe
significados”. Afinal, ler é um ato de atribuir significados e de produzir sentidos não só em âmbito escolar, mas
também na vida, participando da própria constituição do sujeito. Portanto, a importância de introduzir a leitura no
cotidiano é fundamental para Bamberger (apud SOUZA 2003.
A leitura envolve muito mais do que os elementos linguísticos presentes no texto, trata-se de efeitos de sentido,
de subjetividade, de historicidade que estão presentes no processo da leitura. Conforme Rummelhart Mcclelland
(apud DOLL, 2002, p.87).

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
Nesse aspecto, denota-se um elemento importantíssimo: o de significar, pois a leitura só terá valor aos
nossos alunos no momento em que ela assumir uma posição sócio axiológica, isto é, significar nas suas vidas.
Uma vez que a compreensão não se dá apenas no texto, há elementos pertinentes que interferem, como o
contexto, o conhecimento de mundo de cada leitor e a sua historicidade.
Daí a importância de um outro olhar, o da ressignificação da leitura, podendo começar-se pelos textos
literários. Também Paulo Freire (2003) ressaltava a necessidade de aprender a fazer a leitura do mundo,
veiculando a linguagem e a realidade: a cosmovisão.
Para tanto, é primordial contextualizar os textos lidos e explorar seus possíveis sentidos: a plurissignificação.
Segundo Freire (2003, p.13) “[…] processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se
esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que antecipa e se alonga na
inteligência do mundo”.
Também Bakhtin ressalta a importância da língua ser percebida de forma contextualizada, inserida e
compreendida dentro de um contexto sócio histórico, e o mesmo deve acontecer com a leitura.
Dessa forma, deve-se pensar a leitura não apenas como mera reprodução de informações ou uma simples
leitura mecânica, mas procurar desenvolver o gosto da leitura e da imaginação, utilizando-se de textos literários.
Os textos literários são facilmente absorvidos e contextualizados, conforme a individualidade e a vida de
cada um, em linguagem acessível, de modo que possam vivenciar e identificar-se com personagens, logo:
significando a leitura.
Uma leitura que não é mera reprodução ou decodificação, porém, algo significativo para a constituição de
si próprio.
Neste viés, a leitura assume papel importante na educação, pois ela pode vivenciar ficticiamente muitas
situações e assim preparar-se para a vida. Portanto, esse encontro de significado na vida e para a vida
também pode se dar por meio de significativas leituras.
Neste sentido, “o texto literário é literário por permitir ao leitor transitar entre o mundo do escrito e do não
escrito” (FERREIRA, 2001, p.44), e cada nova leitura novos significados são atribuídos, pois os significados mais
profundos dos textos literários são “diferentes para cada pessoa, e diferente para a mesma pessoa em vários
momentos de sua vida” (BETTELHEIM, 1980, p.21).
Esses textos estão carregados de signos plurissignificativos e são atualizados a cada leitura com base na
historicidade de cada sujeito.
As investigações do autor soviético, Bakhtin, apontam para a importância do texto e o reconhecimento do
papel do texto, como fulcro: lugar central de toda investigação sobre o homem, portanto, numa perspectiva de
constituição do próprio sujeito ”Quaisquer que sejam os objetivos de um estudo, o ponto de partida só pode ser o
texto.” (BAKHTIN, 2003, p.330).
Sendo assim, o texto literário pode desempenhar uma posição axiológica na vida, ou seja, o valor da leitura,
não só para o aumento do conhecimento, mas da observação de aspectos valorativos da vida e da capacidade
de comunicação com o mundo.
Ademais, a leitura vai além do texto e começa antes do contato com ele, pois o leitor assume um papel
atuante, deixando de ser apenas decodificador e ou receptor passivo. Isto porque, como já ressaltado
anteriormente, cada construção do significado do texto baseia-se na historicidade de cada leitor.
Além do mais, há outro elemento pertinente na leitura: a legibilidade do texto, ou seja, tanto o leitor quanto o
autor ocupam um lugar social que interfere na relação com o texto.
Logo, a legibilidade do texto se constitui num viés imaginário dos envolvidos nesse processo da leitura e não
como um objeto que contém o sentido em si mesmo e pronto.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -
A leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da
continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.
A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e
o contexto (FREIRE, 2003 p.11).
É nessa perspectiva que a leitura não pode simplesmente ser um hábito, é um processo que angaria vários
elementos complexos e constitutivos da e na vida.
Ademais, sabemos que a leitura de um texto, um livro modifica o sujeito, produz efeitos de sentido. Implica
considerar a relação com o “outro”, seja este um texto, uma ideia, um objeto ou uma pessoa, como algo que nos
possibilita uma experiência, na qual modificamos esse “outro”, produzindo sentido a partir dele, e nos modificamos
na interação com ele. (GROTTA, 2001, p.132) Neste sentido, é pouco considerar, aproveitar apenas leituras de
livros didáticos, que, muitas vezes, são apáticos para os alunos.
Precisa-se historicizar a leitura dos e para os alunos, a fim de promover interação e gosto pela leitura, pois
segundo Larossa (apud GROTTA, 2001, p.133) “na leitura e na escrita, o eu não deixa de fazer, de se desfazer e
se refazer”. Dessa forma, a leitura é um processo que participa da constituição da subjetividade dos sujeitos.

TEXTO:
OS DIVERSOS TEXTOS QUE SE APRESENTAM NO COTIDIANO, ESCRITOS NAS MAIS DIFERENTES
LINGUAGENS VERBAIS E NÃO-VERBAIS

Naturalmente há uma multiplicidade de códigos, passíveis de serem utilizados pelos seres humanos nos atos
de comunicação. Cada um de nós utiliza vários desses códigos, por vezes em simultâneo.
Tradicionalmente distingue-se entre códigos verbais (também chamados linguagens verbais) e códigos não
verbais (ou linguagens não verbais).
Por vezes, códigos dos dois tipos são utilizados em simultâneo, como acontece na banda desenhada.
É evidente que o critério de distinção utilizado é o caráter verbal ou não verbal de um código, e isso porque,
consensualmente, consideramos os códigos verbais (as línguas naturais) como os mais importantes.
Tendo em consideração aquilo que foi dito até agora, podemos então definir alguns conceitos frequentemente
utilizados na disciplina de Português.
Linguagem — Capacidade que os seres humanos têm de transmitirem uns aos outros informações, utilizando
signos; naturalmente está implícita na noção de linguagem, não apenas a utilização de signos pré-existentes, mas
também a capacidade de criar novos signos, o que de fato acontece, sem que disso nos apercebamos claramente.
Língua — É um sistema particular de signos e regras (código), historicamente determinado, através do qual se
exerce a capacidade da linguagem.
Fala — Designa a utilização individual e concreta de um sistema linguístico.
A linguagem é uma capacidade inerente a todos os seres humanos, que os distingue dos demais seres vivos.
Mas essa capacidade só pode ser exercida pelo recurso a uma língua (um código). Para que um ser humano
(uma criança, por exemplo) possa comunicar é necessário que aprenda (ou crie) um código (linguístico ou não).
O exercício da faculdade da linguagem exige a presença de uma língua.
A língua é de natureza social, supra individual, na medida em que é um conjunto de signos e regras
reconhecido pelos membros de uma dada comunidade, enquanto a fala é sempre individual, visto que designa a
utilização que um dado indivíduo, num dado momento, faz da língua.

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O discurso é o produto do ato de fala. De fato, a fala é uma ação, um processo, que se esgota no próprio
momento em que se conclui, mas que deixa um produto que perdura, ao menos virtualmente, para além do ato.
O ato de falar perante uma dada assembleia esgota-se no próprio momento em que termina, mas o produto
desse ato (o Sermão de Santo António aos peixes, do P. António Vieira, por exemplo) pode ser registrado num
suporte durável e conservado para a posteridade.

CONTEXTO COMUNICATIVO
Intencionalmente, o esquema da comunicação apresentado atrás representa o contexto como uma caixa
retangular que envolve os restantes cinco elementos (emissor, receptor, mensagem, código e canal). De fato, o
contexto determina o tipo de comunicação estabelecido e dele, contexto, fazem parte todos os elementos que
interferem no ato comunicativo.
Interlocutores (emissor e receptor)
O estatuto social, cultural, profissional dos interlocutores e a relação que existe entre eles condicionam
necessariamente a comunicação. É fácil perceber que a relação comunicativa entre um chefe e o seu subordinado
é diferente da que se estabelece entre dois colegas de trabalho.
Situação espaço-temporal
As circunstâncias de espaço e tempo integram também o contexto e condicionam a comunicação.
A comunicação pode ser presencial, com os interlocutores no mesmo espaço, ou à distância, o que obriga à
utilização de canais e "linguagens" diferenciados.
Apenas a título de exemplo, repare que numa conversa telefônica as pessoas veem-se frequentemente
obrigadas a fazer referência ao espaço onde se encontram, o que não seria necessário se estivessem frente a
frente.
Por outro lado, na comunicação à distância não é possível recorrer aos gestos e expressões faciais, que
devem ser substituídos por recursos linguísticos. Mesmo em situação presencial e com os mesmos
interlocutores, a interação comunicativa é diferente consoante o espaço concreto em que ela se efetua: imagine
dois interlocutores num café e depois num espaço religioso...
Relativamente ao tempo, a comunicação pode ser direta, se a mensagem é imediatamente recebida pelo
receptor, ou diferida, quando entre a emissão e a recepção existe um intervalo temporal.
A possibilidade (ou não) de reagir imediatamente a um ato de fala condiciona fortemente a comunicação. O
exemplo mais evidente disso é a diferença que existe, e de que todos temos consciência, entre a linguagem oral e
a linguagem escrita.
Embora sejam variantes do mesmo código linguístico, é por demais evidente que existem entre elas diferenças
substanciais. E na comunicação diferida é também necessário suprir a falta de linguagens auxiliares (gestos,
mímica...). É também necessário ao emissor prever de alguma maneira a reação do receptor, de forma a
antecipar uma resposta.

Conhecimento que os interlocutores têm do mundo


O saber que temos sobre o mundo em que vivemos determina igualmente a comunicação. Uma conversa
sobre um determinado assunto será necessariamente diferente se envolver apenas especialistas ou se nela
participarem, direta ou indiretamente, outras pessoas menos informadas.
Por outro lado, os jovens e adultos não falam com uma criança do mesmo modo que falam entre si.

Contexto verbal
Outro elemento importante naquilo que designamos por "contexto comunicativo" é o próprio contexto verbal,
isto é o(s) discurso(s) que a pouco e pouco se vai(vão) construindo num ato comunicativo, isto porque
numerosos elementos linguísticos (os pronomes, por exemplo) só adquirem verdadeiramente sentido por
referência a informações fornecidas anteriormente.

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- LÍNGUA PORTUGUESA -

ESTUDO E ANÁLISE DOS GÊNEROS TEXTUAIS:


AVISO, ANÚNCIO, PROPAGANDA, TIRINHA, PIADA, CONTRACHEQUE, FÁBULA.

AVISO

O QUE É?
É um documento escrito por meio do qual as empresas e instituições transmitem informações, ordens, convites,
notificações a empregados ou a terceiros com quem elas tenham interesse em comum.

COMO FAZER?
- Deve ser escrito em papel timbrado (com a marca da instituição);
- Deve conter apenas o teor da comunicação. O conteúdo deve ser escrito em linguagem e objetiva, para que
não haja dúvidas quanto à interpretação;

Sua estrutura é bem simples:


Título, que é a palavra AVISO (em letras maiúsculas); Indicação da pessoa a quem se destina o aviso;
Texto contendo a mensagem;
Fecho simples (dispensável conforme o caso); Local e data;
Assinatura, nome e qualificação (cargo) ou identificação do responsável.

MODELO DE AVISO:

AVISO

AOS ESTUDANTES DO BECO DA CULTURA

As Diretorias das Escolas do Beco da Cultura levam ao conhecimento de todos que, a partir do próximo mês de
abril, darão inicio à pintura externa dos muros das escolas, e desejam informar àqueles estudantes que realizarão
pinturas, desenhos e artes nestes, com a intenção de decorar e personalizar o patrimônio escolar que é de todos
nós, devem comparecer à Diretoria no dia 1ode Abril para acertarmos as atividades e materiais.

Atenciosamente,

Juiz de Fora, 22 de março de 2021.

(assinatura da diretora da Escola do Beco) Maria José Navarro.


Diretora da Escola Sorrindo e Educando.

OBS: este tipo de aviso acima pode ser distribuído individualmente ou afixado em local considerado
visível pelos interessados, como os quadros de aviso.
MODELO DE AVISO PRÉVIO: DISPENSA DO EMPREGADO SEM JUSTA CAUSA.
Juiz de Fora, ...../..../.....
Prezado
Sr. José da Silva
C.T.P.S no......, série. Ba
Ref. AVISO PRÉVIO
Servimo-nos da presente para comunicar a V.Sa. que, a partir do dia .../.../. , seus serviços não mais serão
utilizados
por esta instituição, valendo esta carta como Aviso Prévio de 30 (trinta) dias, de acordo com o que determina a
legislação trabalhista vigente, a ser cumprido na forma da letra do
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quadro abaixo.
Solicitamos seu comparecimento em nosso escritório no dia .../.../..., às ...horas, munido de sua CTPS, a fim, de
receber seus direitos, conforme determina a legislação em vigor.

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Atenciosamente,

(carimbo e assinatura da Instituição) ciente: .../.../...


(assinatura do empregado)

FORMA DE CUMPRIMENTO:
- Trabalhar durante ( ) dias, com redução de acordo com a opção abaixo;
- Desobrigado do cumprimento (Aviso Prévio Indenizado).

OPÇÃO DE CUMPRIMENTO:
( ) Redução de 2 (duas) horas no inicio do trabalho; ( ) Redução de 2 (duas) horas no final do trabalho;

ANÚNCIO

A todo instante nos deparamos com uma infinidade de propagandas, seja em outdoors, seja em panfletos
espalhados pelas ruas ou através da mídia. Elas fazem parte dos chamados “gêneros textuais”, pois participam
de uma situação sócio comunicativa entre as pessoas.
A finalidade deste tipo de texto é de persuadir, ou seja, o anunciante (emissor) tem o objetivo de convencer o
telespectador (receptor) sobre a boa qualidade de um determinado produto, convencendo-o a adquiri-lo.
Isto nos remete à ideia daquele velho ditado popular, o qual diz que “a propaganda é a alma do negócio”, e
se analisarmos, concluiremos que a afirmação é totalmente verídica, porque quanto mais criativo e objetivo for o
anúncio, mais haverá a possibilidade de aceitação.
Para isso, é importante saber o público-alvo, fator decisivo perante a elaboração das estratégias a serem
aplicadas.
Quanto à estrutura do texto em questão, ele compõe-se da seguinte forma:
Título - Geralmente é bastante criativo e atraente, baseado em um jogo de palavras carregadas de
linguagem conotativa, justamente com o intento de atrair o consumidor.
Imagens - As mais inusitadas possíveis, dispostas de forma a chamar a atenção de acordo com as
características do produto anunciado.
Corpo do texto - Nesta parte é desenvolvida a ideia sugerida no título, com frases curtas, claras e objetivas,
adequando o vocabulário aos interlocutores destinados.
Identificação do produto ou marca - funciona como uma “assinatura” do anunciante. Ocorre também de
aparecer o Slogan junto à marca anunciada, para dar mais ênfase à comunicação. Certos slogans são de nosso
conhecimento. Como por exemplo: “TIM - Viver sem Fronteiras”, RED BULL - Te dá Asas!

PROPAGANDA

Você já dever ter ouvido falar de persuasão, não é mesmo? Vamos relembrar o significado desse termo?
Persuasão vem do verbo persuadir: levar a crer ou a acreditar (Aurélio). Ou seja, é o ato de você tentar
convencer o outro a acreditar em você.
A propaganda, como já deve ter percebido, tem por objetivo justamente o que foi exposto na definição acima:
tentar convencer o público de alguma coisa.
Por isso, sempre quando vir ou ouvir um anúncio, lembre-se que os publicitários estão usando a linguagem
persuasiva para conquistar você, seja através de palavras, de cores, de imagens, etc. E, principalmente, fazê-
lo comprar mais e mais!
A fabricação de uma propaganda exige saber:
a) o produto: utilidade, características, qualidades, desvantagens e vantagens.

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b) o público: qual é o público-alvo: jovens, adolescentes, adultos, crianças. É importante determiná-lo para
saber o tipo de linguagem que deverá ser utilizada.
c) Objetivo: vender sempre é a principal meta. Contudo, pode ser apresentar algo novo, causar impacto,
despertar a curiosidade, aumentar a venda ou audiência, etc.
d) Estilo: cores, tamanhos, tipos de objetos, tipo de letra, pano de fundo, etc.
Então, se o professor solicitar um trabalho sobre linguagem persuasiva com o uso da propaganda, já sabe,
fique atento ao que foi exposto e bom trabalho!
Curiosidade:
A propaganda também é chamada de “merchandising”, que tem origem na palavra inglesa merchandiser que
significa “negociante”. Como se vê, até na origem, a propaganda é um tipo de negociação: eu te convenço e você
compra.

TIRINHA
As análises que se seguem têm o propósito de oferecer uma reflexão sobre os recursos linguísticos (verbais e
não verbais) de que um autor se vale para transmitir uma determinada mensagem.
Para isso, utilizaremos a “tirinha”, um gênero textual de cunho humorístico – às vezes político –, muito comum
em jornais, cuja constituição se estabelece pela combinação de frases curtas – geralmente de efeito ambíguo –
com desenhos que ilustram e complementam o sentido da obra.
1. Jornal digital (tira do cartunista Glauco, presente no livro "Geraldão, vol.3: Ligadão, taradão na Televisão",
mas retirada na folha online):

Os verbos que aparecem no primeiro quadro da tira, "está" e "salve", estão, respectivamente, no presente do
indicativo e no imperativo.
Ambos nos remetem à ideia de que o que está sendo anunciado ocorre agora, e a solução pode ser encontrada
também no presente.
A primeira parte da frase, "o fim está próximo", já nos remete ao que virá, ou seja, é do conhecimento comum
que "fim próximo" está relacionado ao fim do mundo.
E essa hipótese é confirmada com a introdução da segunda oração da frase, "salve sua alma!".
Por meio dessa expressão é possível perceber a complementação da primeira oração, bem como compreender
o sentido real da frase.
Ainda na primeira tira, é possível verificar a ausência de pontuação, bem como a de conectivos, salvo o
ponto de exclamação no final da frase, com o claro intuito de impor uma ordem imediata ou, ao menos, uma
sugestão veemente.
Enquanto na primeira, o destaque fica por conta da voz de quem anuncia “o fim está próximo” e sugere “salve
sua alma”, na segunda, apenas a voz questionadora de quem se interessa pelo anúncio se faz presente: "Como
posso salvar minha alma?".
Por meio dessa expressão, percebe-se que a intenção de quem anuncia começa a gerar resultados, haja
vista o interesse de alguém sobre o que já foi anunciado.
Nessa segunda tira os verbos "posso" e "salvar" estão no presente do indicativo e no infinitivo.
Nota-se que a seleção de ambos não só dá continuidade no sentido da primeira tirinha como também o reforça,
uma vez que eles também nos remetem à ideia de algo a acontecer agora e, em relação ao "salvar", obviamente,
não
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alude a uma salvação imediatista, mas que se perpetuará em uma suposta vida pós morte.
Na última tira, a fala é retomada pelo primeiro personagem - aquele que anuncia o problema e propõe a
solução -, que logo trata de explicar as intenções do autor.
Ou seja, já que o fim do mundo está próximo, salve ao menos sua alma.
Mas, para isso, é imprescindível já ter um local reservado, e ele, o primeiro personagem, tem a solução,
“disponibilizando” para venda um “magnífico terreno no vale do amanhecer!"
A tira é, enfim, fechada com "chave de ouro", uma vez que, para dar ênfase à preciosidade do terreno a ser
vendido/comprado, seu anunciante o define como "magnífico", exaltando sua beleza, sua utilidade incomparável.
E tudo isso é reforçado pelo fato de o terreno estar situado em um local que se apresenta com ares de
indiscutível grandiosidade: o "vale do amanhecer".
Além de estar o dito terreno localizado em um "vale", o que nos remete à um local tranquilo, sereno, o léxico
"amanhecer" sugere um momento futuro e, ao mesmo tempo, de começo, uma nova vida, uma nova "chance".
Considerando o gênero textual escolhido, isto é, a tira, é possível perceber as características específicas do
texto selecionado, a começar pelo seu arcabouço formado por quadros que separam as partes da história a ser
contada, frases curtas, imagens verbais e não verbais.
Contudo, percebe-se que a seleção dos léxicos está ligada não somente à estrutura do gênero, mas também
ao público-alvo que, geralmente, são leitores assíduos desse tipo de texto, além de outros interessados no
assunto.
Assim, considerando a mídia em que a tira está veiculada (o jornal online), é possível perceber que
quatro são as características que especificam o texto: a linguagem informal, a presença das linguagens (verbal e
não verbal), a utilização de metáfora e a maneira direta de construção da mensagem, sem gorduras, ou seja,
sem acessórios desnecessários.

2. Jornal impresso (tira retirada do Jornal Estado de Minas: Vereda Tropical):

O uso dos verbos no infinitivo "precisar" e "providenciar" nos dá a ideia de ação, que deverá ser executada
por aquele que deseja abrir uma empresa "...precisa providenciar 37 documentos para abrir a empresa."
E o homem que está responsável pela abertura, para se certificar de que o outro o compreendeu, pergunta:
"entende?"
Ao que o outro responde com um "sim." No entanto, ele pensa "mas como diria o outro: burocracia de
merda."
Nessa última frase, o léxico "o outro" é alguém indefinido. “Como diria o outro” corresponde a “como se diz”,
expressão muito utilizada no cotidiano. Há também nela a ideia de ira e inconformismo mediante a burocracia,
que pode ser comprovada por ambas as linguagens (verbal e não-verbal).
Ainda no último quadro, pelo uso do "balão", expressa-se a sua verdadeira vontade de, ao invés de agir com
tanta calma e educação como fez, esbravejar, chutar tudo.

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3. Jornal radiofônico (frase retirada do site da Central Brasileira de Notícias - CBN):
“Lula não é um político, é um fenômeno religioso.”
A frase de Jabor, além de respeitar a norma padrão, é ao mesmo tempo simples e sofisticada. Simples, porque
não se vale de palavras rebuscadas ou pouco usuais, que mais servem para ostentar a competência do redator
que para transmitir sua mensagem; sofisticada, porque usa com habilidade o recurso da vírgula para separar duas
orações antagônicas (Lula não é um político – negativa) e (lula é um fenômeno religioso – afirmativa) dentro de
uma única frase, suprimindo a repetição do substantivo Lula.
O verbo no presente aponta para a intenção de manter a ideia sempre atual, em qualquer tempo que se leia a
frase.
Além disso, apela para a ironia, quando provoca o sentimento religioso das pessoas, ao propor uma analogia
entre o político e alguma entidade santificada; sugerindo que só a fé mantém a lealdade de seus partidários.
A linguagem é estritamente verbal e estimula o leitor à reflexão.
O texto é curto; bem escrito; direcionado aos eleitores, tendo em vista a proximidade das eleições
presidenciais; e apropriado ao veículo de divulgação – o rádio –, já que não precisa de elementos não-verbais que
lhe deem suporte.
4.Revista impressa (Nova Escola: Calvin): na tira não há nenhum uso de linguagem verbal. É a linguagem
não- verbal, utilizada quadro a quadro, que conduz o leitor à compreensão da mensagem que Calvin deseja
propagar.

No primeiro quadro, o personagem caminha com um guarda-chuva na mão.


No segundo, começa a perceber a precipitação de alguns pingos de chuva. Já no terceiro, começa a abrir o
guarda-chuva. Até aí, nenhum estranhamento – o autor passa a ideia de que o personagem lançará mão do
guarda- chuva para se proteger.
De repente, no quarto e último quadrinho, a quebra da expectativa, do óbvio.
A grande surpresa!
Ao invés do esperado, o personagem aparece brincando dentro do guarda-chuva, que está virado ao contrário,
cheio de água, como se fosse uma bela piscina.
Talvez a escolha da linguagem não-verbal seja o que garanta o ápice da intenção do autor. Houvesse ele feito
uso da linguagem verbal, seu propósito de prender a atenção do leitor até o desfecho da história provavelmente
teria se perdido, antes mesmo do último quadro.
Quadro a quadro, cada imagem vai instigando o leitor a fazer uso dos seus conhecimentos e, então, imaginar o
que poderá acontecer posteriormente. E é quando, ao final, tudo é desfeito com total inversão das probabilidades
inferidas pelo leitor. Esta tirinha pode parecer, em princípio, muito simplória e sem relevância, mas, na verdade,
pode nos remeter a um provérbio chinês muito antigo e bonito que diz mais ou menos o seguinte: “Diante da chuva
iminente, o tolo pragueja, o homem comum se conforma e o sábio planta.”
O que ocorreu, foi que o personagem não se queixou nem se conformou simplesmente; o que ele fez,
simbolicamente, foi plantar, isto é, aproveitar o que a chuva oferecia: a água.

PIADA
"Uma piada é um texto narrativo curto de final engraçado e às vezes surpreendente, cujo objetivo é provocar
risos ou gargalhadas em quem a ouve ou lê".

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O senso de humor varia em cada cultura.
O que é engraçado para um povo pode não ser para outro.
ERRO DE E MAIL
Um casal decide passar férias numa praia do Caribe, no mesmo hotel onde passou a lua de mel 20 anos
antes.
Por causa do trabalho, a mulher não pode viajar com o marido.
Deixa para ir alguns dias depois.
Quando o homem chega ao seu quarto do hotel, vê que há um computador com acesso à internet.
Decide então enviar um e-mail à mulher, mas erra uma letra sem perceber e o envia a outro endereço.
O e-mail é recebido por uma viúva que acabara de chegar do enterro do marido.
Ao conferir seus e-mails, ela desmaia instantaneamente.
O filho, ao entrar em casa, encontra a mãe caída perto do computador.
Na tela está escrito:
Querida esposa,
Cheguei bem, provavelmente você se surpreenda ao receber noticias minhas por e-mail. Mas agora tem
computador aqui e pode-se enviar mensagens às pessoas queridas. Acabo de chegar e já me certifiquei de que
esta tudo preparado para você vir na sexta-feira que vem. E espero que a sua viajem seja tão tranquila como está
sendo a minha.
SÓ UM DETALHE: Não traga muita roupa, Aqui faz um calor infernal.

FÁBULA

Fábula é uma pequena narrativa em que se aproveita a ficção alegórica para sugerir uma verdade ou
reflexão de ordem moral, com intervenção de pessoa, animais e até entidades inanimadas.
(Moderno Dicionário de Língua portuguesa -Michaelis)
Características das Fábulas
A fábula trata de certas atitudes humanas, como a disputa entre fortes e fracos, a esperteza, a ganância, a
gratidão, o ser bondoso, o não ser tolo.
Muitas vezes, no finalzinho das fábulas aparece uma frase destacada chamada de MORAL DA HISTÓRIA,
com provérbio ou não; outras vezes essa moral está implícita.
Não há necessidade de descrever com muitos detalhes os personagens, pois o que representam nas fábulas
(qualidades, defeitos) já é bastante conhecido.
Tempo indeterminado na história.
É breve, pois a história é só um exemplo para o ensinamento ou o conselho que o autor quer transmitir.
Conflito entre querer / poder.
O título não deve antecipar o assunto, pois não sobraria quase nada para contar.
A resolução do problema deve combinar com a sua intenção ao contar a fábula e com a moral da história.
Este texto representa uma releitura da fábula "A cigarra e a Formiga" original de Esopo.
A Cigarra e a Formiga é uma das fábulas atribuídas a Esopo e recontada por Jean de La Fontaine.
Tendo a cigarra cantado durante o verão, apavorou-se com o frio da próxima estação.
Sem mosca ou verme para se alimentar, com fome, foi ver a formiga, sua vizinha, pedindo-lhe alguns grãos
para aguentar até vir uma época mais quentinha!
- "Eu lhe pagarei", disse ela,
- "Antes do verão, palavra de animal, os juros e também o capital".
A formiga não gosta de emprestar, é esse um de seus defeitos.
"O que você fazia no calor de outrora?" Perguntou-lhe ela com certa esperteza.
- "Noite e dia, eu cantava no meu posto, sem querer dar- lhe desgosto".
- "Você cantava? Que beleza! Pois, então, dance agora!"

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