QUESTIONARIO
QUESTIONARIO
QUESTIONARIO
MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO
MEDIANEIRA
2015
ANDRÉIA APARECIDA PIAIA
MEDIANEIRA
2015
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Especialização em Gestão Ambiental em Municípios
TERMO DE APROVAÇÃO
Por
Andréia Aparecida Piaia
______________________________________
Prof.ª Dr.ª Denise Pastore de Lima
UTFPR – Câmpus Medianeira
(orientadora)
____________________________________
Prof.ª Dr.ª Angela Laufer Rech
UTFPR – Câmpus Medianeira
_________________________________________
Prof.ª Dr.ª Eliane Rodrigues dos Santos Gomes
UTFPR – Câmpus Medianeira
A água doce é um recurso natural finito, cuja qualidade vem piorando devido ao
aumento da população e a ausência de políticas públicas voltadas para a sua
preservação. Estima-se que atualmente no mundo 1,7 milhões de pessoas sofrem
com a escassez de água e esta dificuldade também pode estar associada a fatores
qualitativos, ocasionados pela poluição. A qualidade da água em uma cidade é uma
das principais, senão a maior, referência de qualidade de vida na região. A cidade
de Medianeira-PR tem o manancial do rio Alegria bastante poluído, e este é tratado
e usado para o abastecimento público. Grande parte dos cidadãos acredita que a
água da rede não é de boa qualidade recorrendo aos poços artesianos na busca de
uma solução para o consumo próprio. A quantidade de poços na cidade e a grande
procura por essa alternativa hídrica poderá trazer problemas futuros tanto para o
ambiente, para o crescimento da cidade quanto para o público que utiliza essa fonte
sem saber da veracidade da potabilidade da mesma. Foram realizadas entrevistas
com 50 moradores enquanto buscavam água em um dos três poços selecionados,
localizados próximos ao centro da cidade. Também foi realizada uma entrevista com
um funcionário da Vigilância Sanitária para levantamento de informações sobre
todos os poços. Foi realizada a análise físico-química e microbiológica da água
desses três poços, sendo que, um destes estava em desacordo com a legislação
apresentando contaminação microbiológica.
Fresh water is a finite natural resource, the quality has worsened due to increased
population and the lack of public policies for its preservation. It is estimated that
currently the world 1.7 million people suffer from water scarcity and this difficulty can
also be associated with qualitative factors, caused by pollution. The city quality water
is a major, else the largest, quality reference of life in the region. The city of
Medianeira-PR have the Alegria's river very polluted, and this river's water is treated
and used for public supply. Much of the citizens believe that the tap water doesn't
have good quality using the artesian wells searching a solution for own consumption.
The number of wells in the city and the high demand for this alternative may bring
future problems for the environment, for the growth of the city and to the public that
uses this source without knowing the truth about the potability. Interviews were
conducted with 50 residents while they were fetching water in one of the 3 selected
wells, located near to the downtown. Also an interview with an official of the Health
Surveillance for collecting information on all wells was performed. Was performed the
physicochemical and microbiological water analysis from these three wells, and one
of these was at odds with the legislation presenting microbiological contamination.
Figura 1 – Percentual de água (a) na biosfera terrestre, e (b) água doce ................. 15
Figura 2 – Exemplo de infiltração de esgoto no lençol freático ................................. 16
Figura 3 – Problema com o rebaixamento do substrato ............................................ 18
Figura 4 – Foto de subsidência ocorrida em dezembro de 2005 em Vazante MG.... 19
Figura 5 – Localização dos poços analisados ........................................................... 20
Figura 6 – Idade e sexo dos entrevistados ................................................................ 28
Figura 7 – Nível de escolaridade ............................................................................... 29
Figura 8 – Renda familiar .......................................................................................... 29
Figura 9 – Quem busca água com mais frequência .................................................. 30
Figura 10 – Poço onde busca água........................................................................... 31
Figura 11 – Frequência que busca água ................................................................... 32
Figura 12 – Quantidade de água por semana ........................................................... 32
Figura 13 – Limpeza dos reservatórios ..................................................................... 33
Figura 14 – Utilização de filtro ................................................................................... 34
Figura 15 – Utilidade para a água do poço................................................................ 35
Figura 16 – Saneamento ou fossa perto do poço...................................................... 35
Figura 17 – Tratamento na água do poço ................................................................. 36
Figura 18 – Qualidade da água da rede .................................................................... 37
Figura 19 – Respostas considerando o gosto da água da rede ................................ 38
Figura 20 – Respostas considerando o rio Alegria .................................................... 39
Figura 21 – Respostas considerando a qualidade da água....................................... 39
Figura 22 – Respostas considerando a qualidade da água....................................... 40
Figura 23 – Coleta da água no (a) poço 3, (b) poço 1 e (c) poço 2 ........................... 41
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 11
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................... 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 12
2.1 A ÁGUA .............................................................................................................. 12
2.2 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ................................................................................. 15
2.3 QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO....................................... 17
2.4 LEGISLAÇÃO PARA POÇOS ARTESIANOS .................................................... 17
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 20
3.1 LOCAL DA PESQUISA....................................................................................... 20
3.2 TIPO DE PESQUISA .......................................................................................... 21
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................... 21
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ...................................................... 22
3.5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................. 25
4.1 ENETREVISTA COM O FUNCIONÁRIO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA ............. 25
4.1.1 Quantidade de Poços Existentes Atualmente na Cidade ................................ 25
4.1.2 Outorga e Atendimento às Normas Ambientais .............................................. 25
4.1.3 Data da Perfuração e Profundidade dos Poços .............................................. 26
4.1.4 Análise da Água e Controle de Qualidade ...................................................... 27
4.1.5 Preferencia pela Água dos Poços ................................................................... 27
4.2 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO .................................................................... 27
4.2.1 Idade e Sexo dos Entrevistados...................................................................... 28
4.2.2 Escolaridade ................................................................................................... 28
4.2.3 Renda Familiar ................................................................................................ 29
4.2.4 Local Onde Reside.......................................................................................... 30
4.2.5 Quem Busca Água com Mais Frequência ....................................................... 30
4.2.6 Poço onde Busca Água ................................................................................... 31
4.2.7 Frequência e Quantidade de Água.................................................................. 31
4.2.8 Onde Armazena e Como Lava os Reservatórios ............................................ 33
4.2.9 Ferve ou Utiliza Filtros..................................................................................... 34
4.2.10 Utilidade da Água do Poço .............................................................................. 34
4.2.11 Saneamento e Fossa Séptica Perto do Poço.................................................. 35
4.2.12 Tratamento na Água........................................................................................ 36
4.2.13 Conhecimento Sobre o Resultado de Análises ............................................... 36
4.2.14 Qualidade da Água da Rede de Abastecimento ............................................. 37
4.2.15 Por que Busca Água no Poço ......................................................................... 37
4.3 RESULTADO DAS ANÁLISES ........................................................................... 41
4.3.1 Análises Físico-Químicas ................................................................................ 41
4.3.2 Análises Microbiológicas ................................................................................. 42
4.4 DISCUSSÃO....................................................................................................... 43
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 46
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO ......................................................... 50
APÊNDICE B – RESPOSTAS .................................................................................. 52
ANEXO A – AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO DA ENTREVISTA .................. 56
ANEXO B – RESULTADO DAS ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ............................ 58
ANEXO C – RESULTADO DAS ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ......................... 62
10
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A ÁGUA
Estima-se que cerca de 40% da população mundial viva hoje com a situação
de estresse hídrico. Parte dessa população vive em regiões em que a oferta anual é
inferior a 1.700 metros cúbicos de água por habitante, limite mínimo considerado
seguro pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar, até
2050 aproximadamente 4,8 bilhões de pessoas estará em situação de estresse
hídrico (REVISTA ÁGUA, 2014).
O comprometimento da qualidade da água pode inviabilizar o seu uso ou
tornar impraticável o seu tratamento, tanto em termos técnicos quanto econômicos
(SOUZA, 2007).
Diversas são as substâncias tóxicas geradas nas diferentes atividades
humanas. Nas práticas agrícolas, por exemplo, o uso sem controle de defensivos
químicos pode representar um grande perigo ao meio ambiente, aos ecossistemas e
à saúde humana (LEITE, 2002).
A garantia para o consumo humano de água, segundo padrões de
potabilidade adequado, é questão relevante até mesmo para o setor de saúde
pública (SILVA; ARAUJO, 2003).
O sistema urbano típico de uso da água apresenta hoje um ciclo imperfeito.
A água é bombeada de uma fonte local, passa por um tratamento, é utilizada e,
após, retorna para o rio ou lago, para ser bombeada novamente. Mas a água que
volta a fonte dificilmente tem as mesmas qualidades que a água que foi recebida.
Sais minerais, matéria orgânica, calor e outros resíduos que caracterizam a poluição
da água são encontrados (MIRANDA, 2007).
A qualidade dos rios, lagos e nascentes em uma cidade é uma das principais
(senão a maior) referência de qualidade de vida da cidade. A água, como bem
natural, tem muito valor econômico, deve ser garantida tanto para a manutenção do
equilíbrio ecológico, como para os múltiplos usos exigidos pela sociedade,
garantindo, assim, a sua conservação para as futuras gerações (OLIVEIRA, 2004).
O desenvolvimento das cidades sem um correto planejamento ambiental
resulta em prejuízos significativos para a sociedade. Uma das consequências do
crescimento urbano foi o acréscimo da poluição doméstica e industrial, criando
condições ambientais inadequadas e propiciando o desenvolvimento de doenças,
poluição do ar e sonora, aumento da temperatura, contaminação da água
subterrânea e muitos outros problemas (AMORIM, 2010).
14
As águas podem ter sua qualidade modificada ou até mesmo deteriorada por
agentes de origem inorgânica, como metais e outros compostos inorgânicos, ou os
de origem orgânica, como é o caso dos coliformes e de outros compostos
provenientes de esgotos domésticos ou industriais. Ressalta-se que a decomposição
natural da matéria orgânica, quando acumulada, pode causar mudanças importantes
na concentração de oxigênio e nos valores de pH, com consequências irreparáveis
para diversos seres vivos (MULLER, 2001).
O aumento de evidências sobre os efeitos nocivos à saúde, provenientes do
uso de água fora dos padrões de potabilidade adequados, são difíceis de serem
mensurados. São vários os fatores que influenciam, e nem sempre são baseados
em associações diretas (SILVA; ARARUJO, 2003). Fatores como o estado
nutricional, acesso e disponibilidades de serviços de saúde e a informação, podem
interferir nessa associação, também fatores individuais podem acrescentar
respostas ao contato com água contaminada.
Conforme Oliveira (2004), a qualidade da água resulta não só dos
fenômenos naturais, mas da atuação do homem. É certo que a precipitação
pluviométrica pode afetar o escoamento superficial e a infiltração no solo, mas a
interferência do homem quer de uma forma concentrada (como na geração de
despejos domésticos ou industriais), quer de uma forma dispersa (como na
aplicação de defensivos agrícolas no solo) contribui para a introdução de compostos
na água, provocando sua contaminação e colocando em risco a qualidade da água
que abastece a população.
A diminuição da qualidade da água nos países em desenvolvimento é um
grave problema que precisa ser enfrentado com urgência. No terceiro mundo, mais
de cinco milhões de crianças com menos de cinco anos de idade morrem por ano,
em consequência da qualidade da água que bebem.
Cerca de 80% de todas as doenças ocorrem devido à água contaminada por
esgoto, resultado da ineficácia dos órgãos públicos em estabelecer uma
infraestrutura sanitária. Um entre quatro leitos hospitalares é ocupado por pessoas
que possuem doenças transmitidas pela água (LEMOS, 2004).
Os problemas são maiores em bacias hidrográficas onde a retirada de água
supera a disponibilidade hídrica, o que obriga a busca de fontes alternativas de água
pela população. As bacias próximas a grandes centros urbanos são as mais
prejudicadas, além de ter a agravante do comprometimento da qualidade das águas
15
0,6% 1,9% 2%
Salgada
Doce Subterrâneas
Congelada 98% Superficiais
97,5%
(a) (b)
Figura 1 – Percentual de água (a) na biosfera terrestre, e (b) água doce
Fonte: CETESB (2014).
um grande número de poços rasos e profundos que são construídos, utilizados por
algum tempo, até serem simplesmente abandonados (ZANATTA; COITINHO, 2002).
A Figura 2 mostra o caso onde existe uma fossa negra (séptica) próxima ao
poço. Pode-se observar que o esgoto despejado na fossa está se infiltrando no solo
e atingindo o lençol freático.
Neste caso, a água que está sendo bombeada do lençol freático para a
residência está contaminada pelo esgoto.
Segundo pesquisas da Organização Panamericana da Saúde (OPS), em
torno de 20% da população dos países em desenvolvimento dispõem de fossas
sépticas ou outro tratamento como medida de proteção de salubridade da sua
residência. Essas pesquisas concluíram que esse tipo de técnica tem grande
tendência à liberação de patógenos que se infiltram e podem alcançar as aguas
subterrâneas.
Importantes sistemas aquíferos no país são atualmente explorados sem
qualquer controle sobre a proliferação indiscriminada de poços, que são muitas
vezes mal construídos e não seguem normas técnicas (ANA, 2005).
17
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
contratar um responsável técnico que faça a manutenção desses poços para que
não sejam fechados futuramente.
De acordo com Silva (2014), o responsável precisa ser devidamente
qualificado, coletar água do poço e enviar, todos os meses, ao laboratório registrado
para fazer as análises exigidas pela vigilância sanitária que são: temperatura, ph,
cor, turbidez, condutividade elétrica 25º, alcalinidade e dureza. Além disso, o
responsável deve medir o cloro da água todos os dias, emitir um relatório das
análises e enviar para a vigilância sanitária. Atualmente o trabalho está sendo
realizando em apenas um dos poços artesianos, os demais correm o risco de serem
fechados caso não aja acordo.
Silva (2014) informa que é realizada coleta de água dos poços 3 vezes ao
ano, para controle da vigilância sanitária. Porém são feitas apenas as análises
pagas pela prefeitura, que são as microbiológicas. Silva ressalta que ao menos nos
poços do interior, que ficam em área de plantações onde defensivos agrícolas e
fertilizantes são utilizados frequentemente, a água deveria passar por análise de
metal pesado, porém essas análises possuem o custo elevado.
Mesmo com o risco de contaminação, muitos dos moradores do interior não
têm interesse em analisar a água de seus poços, afirmando que a água é de boa
qualidade.
11
10
9
8 5 3
Quantidade
7
3
6
5 4 Mulheres
1
4 2
3 7 Homens
6
3 5
2 4
3 3
1
1
0
10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79
Faixa etária
4.2.2 Escolaridade
16%
26%
Primeiro grau
Segundo grau
Superior completo
20% 38%
Não respondeu
Observa-se também, que 26% (13 entrevistados) não informaram o seu nível
de escolaridade. Existem dois possíveis motivos, pode ser que não tenham ouvido a
pergunta (por estarem mexendo com as garrafas de água) ou que tenham se sentido
desconfortáveis em respondê-la.
2%
2%
14% 1 salário mínimo
2 a 3 salários mínimos
Não respondeu
A pergunta para identificar quem busca água com mais frequência aceita a
marcação de mais de uma opção de resposta. Na Figura 9 pode ser observado que
a maioria, representando 70% (35 pessoas) declarou que são eles próprios os que
mais vão até os poços buscar água. Na segunda resposta com maior repetição, 8
pessoas (16%) declararam que além do próprio entrevistado os filhos maiores de 16
anos também buscam água com frequência.
2%
16% O pai
O próprio entevistado
6%
4% Pai e Mãe
2% 70%
O pai e o entrevistado
A mãe e o entrevistado
Filho maior de 16 anos e o entrevistado
2%
A pergunta sobre a frequência com que o entrevistado vai até o poço buscar
água possuía quatro opções de resposta. A maioria dos entrevistados, 39 pessoas
(correspondendo a 78% do total), vão até os poços 1 vez por semana, como pode
ser observado na Figura 11. Duas pessoas (4%) revelaram que buscam água 2
vezes por mês, e também duas pessoas responderam que buscam água ou quando
for necessário. Um dado interessante é que 7 entrevistados (14%) se dirigem até os
poços para buscar água todos os dias.
32
4% 4%
14%
Todos os dias
Quando necessário
2%
8%
0 a 10 litros
10 a 20 litros
34%
56% 21 a 30 litros
Mais de 30 litros
0%
4% 12%
Somente com água
Água e detergente
2%
Não filtra
66%
Não sabe
38% Beber
Preparar alimentos
60%
Limpeza e higiene
40
40 38
35
Quantidade de respostas
30
Fossa séptica perto do poço
25
20 Saneamento básico perto do poço
15
9 10
10
5 1 2
0
Tem Não tem Não sabe
Figura 16 – Saneamento ou fossa perto do poço
Fonte: A autora.
24%
Sim
4% Não
8%
22%
Boa
Ruim
Não sabe
70%
A última pergunta do questionário foi: “Por que você pega essa água?”. Esta
pergunta não tinha opções pré-definidas para a resposta, era necessário que o
entrevistado apresentasse os seus motivos. Desta forma puderam-se obter novas
informações que são de relevância para o trabalho.
38
Gosto na água 8
Gosto estranho 2
Gosto ruim 7
Gosto forte 2
Gosto de cloro 8
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Figura 19 – Respostas considerando o gosto da água da rede
Fonte: A autora.
Rio sujo 3
Rio poluído 4
0 1 2 3 4
Figura 20 – Respostas considerando o rio Alegria
Fonte: A autora.
0 1 2 3 4
Figura 21 – Respostas considerando a qualidade da água
Fonte: A autora.
A caixa d’agua deve passar por limpezas periódicas, algumas pessoas não
sabem dessa necessidade e passam vários anos sem realizar uma limpeza. A
tampa da caixa d’agua apresentando problemas ou estando posicionada
incorretamente pode permitir que sujeira e até mesmo animais caiam na água.
A falta de cuidado (manutenção) da própria caixa d’agua pode ser um fator
importante que leva as pessoas a reclamar da qualidade da água da rede de
abastecimento e optar por buscar constantemente a água dos poços artesianos.
Na Figura 22 podem ser observadas respostas onde duas pessoas
justificaram a preferência pela água do poço pelo fato da água ser “natural” e não ter
passado por tratamento com a utilização de cloro.
0 1 2 3
Figura 22 – Respostas considerando a qualidade da água
Fonte: A autora.
uma vez que a manutenção da mesma não seja feita corretamente; Sujeira no
encanamento e torneira, pois foi observada muita sujeira (limo e fungos) no local de
coleta; Sujeira na garrafa, que pode ser originada da má higienização da mesma; e,
por fim, a contaminação na água do poço.
No entanto, só depois de se eliminar as três primeiras possibilidades citadas
anteriormente é que deve-se considerar a possibilidade do poço estar contaminado.
Sendo assim, não é possível afirmar que a água do poço esteja contaminada, é
necessário coletar novamente as amostras.
Para o resultado na análise representar fielmente as características da água
que se encontra armazenada no poço, devem ser eliminadas todas as outras
possibilidades de contaminação. Desta forma, a água deveria ser coletada
diretamente após ser bombeada (direto da tubulação que trás a água do subsolo),
antes de entrar em contato com a água da caixa d’agua, e também, todos os frascos
utilizados deveriam ser corretamente esterilizados.
O objetivo do trabalho não foi a análise da qualidade da água dos poços,
mas sim, a qualidade da água que os habitantes levam para suas residências
armazenadas nas suas garrafas e galões. Por este motivo, o procedimento realizado
para a coleta da água foi o mesmo adotado pelos moradores, ou seja, simplesmente
abrir a torneira, enxaguar a garrafa, e coletar a água.
Os resultados obtidos nesse trabalho levam a considerar um planejamento
de educação ambiental para os cidadãos que utilizam dessa água assim como
sugeriu Silva e Araújo (2003) em sua pesquisa. Medianeira precisa de um plano de
gestão de recursos hídricos enfatizando a utilização da água dos poços somente em
como medida preventiva, como no caso de falta de água em algum ponto da cidade
por exemplo. Também por questões de preservação ambiental e preservação do
manancial da região.
4.4 DISCUSSÃO
Ainda na entrevista, ele ressaltou que existem mais poços na cidade que
foram perfurados clandestinamente sem autorização. O problema maior fica na
questão em que muitos dos poços rasos, com pouco mais de 20 metros, que foram
desativados quando se obteve água encanada, acabaram virando fossa séptica e
podem contaminar o lençol de água que o abastecia. Esse lençol freático pode ser o
mesmo que abastece outros poços na cidade.
Esses poços, com 20 metros, são bastante antigos, foram perfurados logo
no início da urbanização da cidade, um problema difícil de identificar e solucionar,
mas que foi comprovado ao entrevistar uma moradora da cidade que revelou ter
comprado uma casa (próxima ao centro) e nunca ter precisado pedir a limpeza da
fossa, sendo que reside na casa a mais de 10 anos.
A cidade de Medianeira está atrasada na questão da gestão ambiental,
principalmente no que se refere na gestão de recursos hídricos. Para uma cidade
que foi planejada não poderia haver tantos problemas com o rio que a abastece,
ocasionando uma visão desfavorável para os habitantes da cidade em relação à
água da rede de abastecimento público e fazendo-os preferir pela água dos poços
artesianos.
No questionário aplicado aos cidadãos, que foram buscar água dos poços,
ficou claro que eles possuem muitas dúvidas. Muitos acreditam que a água do poço
não precisa de nenhum tipo de tratamento para ser potável, e também acreditam
que essa água não corra nenhum risco de ser poluída. Não consideram que uma
fossa séptica próxima ao poço possa contaminar a água nem mesmo a falta de
saneamento básico próximo a ele.
A maioria dos entrevistados não ferve a água e não a coloca em filtro em
casa, além disso, também foi possível observar a má higienização das garrafas pet
utilizadas por alguns para a coleta da água, as garrafas tinham aparência de velhas
e mal lavadas.
A água coletada para análise teve resultado satisfatório para dois dos poços
selecionados. O poço para o qual a água apresentou contaminação, estando em
desacordo com a legislação, deveria passar novamente por análise.
Deve ser verificada a caixa d’água (se possuir), deve ser coletada água
realizando a assepsia na torneira e desprezando o primeiro jato de água, devem ser
verificados os canos e tubulações. Antes disso seria incerto dizer que a água do
poço esteja contaminada.
45
Devido aos problemas com falta de água nos últimos meses no Brasil, em
muitos lugares estão abrindo poços para suprir esse volume, entretanto o que
deveria se preservar e usar em casos de estrema urgência é esbanjado
inconsequentemente.
Caso esse que pôde ser confirmado mesmo na cidade de Medianeira, pois
conversas com populares e notícias recentes relatam flagrantes de pessoas lavando
carros, lavando seus animais de estimação, interioranos lavando e descascando
mandiocas para vender na cidade, e até mesmo pessoas tomando banho, isso tudo
nos locais onde a água dos poços é liberada gratuitamente para os cidadãos.
46
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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saúde em propriedades rurais. Revista de Saúde Pública, 37(4), p. 510-514. 2003.
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rio de Janeiro: enfoque para coliformes fecais, nitrato e alumínio. Revista de Saúde
Pública, 17(3), p. 651-660. Rio de Janeiro, 2001.
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo:
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HIRATA, Ricardo César Aoki. Gestão dos recursos hídricos subterrâneos. Anais do
7º Congresso Brasileiro do Direito Ambiental, São Paulo, p. 785-796, junho de
2003.
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IFRN - Campus Apodi. Anais do VII Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e
Inovação. Palmas, TO, p. 1-6, outubro 2012.
VIEGAS, Eduardo Coral. Nova lei restringe o uso de poços artesianos. Ministério
Público, Estado do rio Grande do Sul. Disponível em:
http://www.mprs.mp.br/atuacaomp/not_artigos/id15015.htm. Data da notícia: 22 de
outubro de 2007.
3-Quem busca água com mais frequência na 13-Sabe se tem alguma fossa séptica perto do
sua casa? poço?
( ) Pai ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
( ) Mãe
( ) Filhos maiores de 16 anos 14-Sabe se tem saneamento básico perto
( ) Filhos menores de 16 anos desse poço?
( ) Outros especificar:_____________________ ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
4-Sempre pega água desse mesmo poço? 15-Tem conhecimento de algum tratamento
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei realizado nesta água?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
5-Pega água de outros poços?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei 16-Tem conhecimento de resultados das
análises realizadas neste poço?
6-Com que frequência vem buscar água? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
( ) Todos os dias
( ) 1 vez por semana 17-Gostaria de saber se essa agua é potável?
( ) 2 vezes por mês ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
( ) Quando necessário
18-Como você classifica a qualidade da água
7-Quantos litros de água você pega por da rede?
semana? ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Não sabe
( ) 0 a 10 litros
( ) 10 a 20 litros
( ) 21 a 30 litros Por que você pega essa água?
( ) Mais de 30 litros
_______________________________________
8-Onde armazena a água
( ) Garrafas descartáveis _______________________________________
( ) Garrafões
( ) Baldes _______________________________________
( ) Outros
_______________________________________
9-Como você lava estes reservatórios?
( ) Somente com água _______________________________________
( ) Água e detergente
( ) Água, detergente e água sanitária
( ) Não lava
APÊNDICE B – RESPOSTAS
53
Entrevista P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18
1 1 1 2 1 2 1 3 3 3 1 2
2 1 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
3 1 1 2 12 2 1 1 1 3 1 2
4 1 1 2 12 2 1 3 3 3 1 3
5 1 1 3 1 1 3 1 3 3 1 2
6 1 1 2 1 2 3 1 3 3 1 1
7 1 1 2 1 2 3 3 1 3 1 2
8 1 1 2 1 1 3 3 3 3 1 3
9 1 1 2 3 2 1 3 1 3 1 3
10 1 1 2 1 2 3 1 3 3 1 2
11 1 1 2 1 2 1 3 1 2 1 2
12 1 1 2 1 1 1 3 1 3 1 3
13 1 1 2 1 1 1 3 3 3 1 2
14 1 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
15 2 1 2 1 1 1 1 3 3 1 3
16 2 1 2 12 2 1 3 3 3 1 2
17 2 1 2 1 1 3 3 1 2 1 2
18 1 1 2 1 1 3 3 1 2 1 3
19 2 1 2 12 2 3 3 1 2 1 3
20 2 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
21 2 2 2 12 2 3 3 3 3 1 3
22 1 1 2 1 1 3 3 3 3 1 2
23 1 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
24 1 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
25 2 1 2 12 2 3 3 3 3 1 3
26 1 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
27 1 1 2 1 1 3 3 3 3 1 2
28 2 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
29 2 3 2 12 1 3 3 3 3 1 3
30 2 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
31 2 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
32 1 1 2 1 2 3 1 3 3 1 1
33 1 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
34 2 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
35 1 3 1 12 1 3 3 1 1 1 2
36 1 1 2 12 1 3 3 1 2 1 3
37 2 3 2 1 2 3 1 2 1 1 2
38 1 1 2 1 1 3 3 3 3 1 2
39 1 1 2 1 1 3 3 1 3 1 1
40 2 3 2 12 1 3 3 3 3 1 2
41 2 1 2 1 2 3 2 3 3 1 2
42 1 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
43 1 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
44 1 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
45 1 2 2 1 2 3 1 3 3 1 2
46 1 1 2 1 2 3 1 1 3 1 1
47 2 3 2 1 1 3 1 3 1 1 2
48 2 3 2 1 3 3 3 3 3 1 2
49 1 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
50 1 1 2 1 2 2 2 2 2 1 2
55