QUESTIONARIO

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL EM MUNICÍPIOS

ANDRÉIA APARECIDA PIAIA

PERFIL DOS CONSUMIDORES DE ÁGUA DE POÇO ARTESIANO NA


CIDADE DE MEDIANEIRA

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

MEDIANEIRA
2015
ANDRÉIA APARECIDA PIAIA

PERFIL DOS CONSUMIDORES DE ÁGUA DE POÇO ARTESIANO NA


CIDADE DE MEDIANEIRA

Monografia apresentada como requisito parcial à


obtenção do título de Especialista na Pós
Graduação em Gestão Ambiental em Municípios
– Polo UAB do Município de Foz do Iguaçu,
Modalidade de Ensino a Distância, da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
UTFPR – Câmpus Medianeira.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Denise Pastore de Lima

MEDIANEIRA
2015
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Especialização em Gestão Ambiental em Municípios

TERMO DE APROVAÇÃO

PERFIL DOS CONSUMIDORES DE ÁGUA DE POÇO ARTESIANO NA CIDADE


DE MEDIANEIRA

Por
Andréia Aparecida Piaia

Esta monografia foi apresentada às 11:00 h do dia 14 de março de 2015 como


requisito parcial para a obtenção do título de Especialista no Curso de
Especialização em Gestão Ambiental em Municípios – Polo de Foz do Iguaçu,
Modalidade de Ensino a Distância, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Câmpus Medianeira. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta
pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora
considerou o trabalho aprovado.

______________________________________
Prof.ª Dr.ª Denise Pastore de Lima
UTFPR – Câmpus Medianeira
(orientadora)

____________________________________
Prof.ª Dr.ª Angela Laufer Rech
UTFPR – Câmpus Medianeira

_________________________________________
Prof.ª Dr.ª Eliane Rodrigues dos Santos Gomes
UTFPR – Câmpus Medianeira

O Termo de Aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso.


AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida, pela fé e perseverança para vencer os obstáculos.


Aos meus pais, pela orientação, dedicação e incentivo nessa fase do curso
de pós-graduação e durante toda minha vida.
A minha orientadora, professora Dr.ª Denise Pastore de Lima pelas
orientações ao longo do desenvolvimento da pesquisa.
Agradeço aos professores do curso de Especialização em Gestão Ambiental
em Municípios, professores da UTFPR, Câmpus Medianeira.
Agradeço aos tutores presenciais e a distância que nos auxiliaram no
decorrer da pós-graduação.
Agradeço ao meu Noivo por me auxiliar no trabalho e por sua dedicação e
empenho que teve para comigo durante todo o curso.
Enfim, sou grata a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para
realização desta monografia.
“As espécies que sobrevivem não são as mais fortes
nem as mais inteligentes e sim as que se adaptam
melhor as mudanças”. (CHARLES DARWIN)
RESUMO

PIAIA, Andréia Aparecida. Perfil dos consumidores de água de poço artesiano na


cidade de Medianeira. 2015. 66 f. Monografia (Especialização em Gestão Ambiental
em Municípios). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2015.

A água doce é um recurso natural finito, cuja qualidade vem piorando devido ao
aumento da população e a ausência de políticas públicas voltadas para a sua
preservação. Estima-se que atualmente no mundo 1,7 milhões de pessoas sofrem
com a escassez de água e esta dificuldade também pode estar associada a fatores
qualitativos, ocasionados pela poluição. A qualidade da água em uma cidade é uma
das principais, senão a maior, referência de qualidade de vida na região. A cidade
de Medianeira-PR tem o manancial do rio Alegria bastante poluído, e este é tratado
e usado para o abastecimento público. Grande parte dos cidadãos acredita que a
água da rede não é de boa qualidade recorrendo aos poços artesianos na busca de
uma solução para o consumo próprio. A quantidade de poços na cidade e a grande
procura por essa alternativa hídrica poderá trazer problemas futuros tanto para o
ambiente, para o crescimento da cidade quanto para o público que utiliza essa fonte
sem saber da veracidade da potabilidade da mesma. Foram realizadas entrevistas
com 50 moradores enquanto buscavam água em um dos três poços selecionados,
localizados próximos ao centro da cidade. Também foi realizada uma entrevista com
um funcionário da Vigilância Sanitária para levantamento de informações sobre
todos os poços. Foi realizada a análise físico-química e microbiológica da água
desses três poços, sendo que, um destes estava em desacordo com a legislação
apresentando contaminação microbiológica.

Palavras-chave: Poço artesiano. Qualidade da água. Perfil dos consumidores.


ABSTRACT

PIAIA, Andréia Aparecida. Profile of artesian water consumers in the city of


Medianeira. 2015. 66 f. Monografia (Especialização em Gestão Ambiental em
Municípios). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2015.

Fresh water is a finite natural resource, the quality has worsened due to increased
population and the lack of public policies for its preservation. It is estimated that
currently the world 1.7 million people suffer from water scarcity and this difficulty can
also be associated with qualitative factors, caused by pollution. The city quality water
is a major, else the largest, quality reference of life in the region. The city of
Medianeira-PR have the Alegria's river very polluted, and this river's water is treated
and used for public supply. Much of the citizens believe that the tap water doesn't
have good quality using the artesian wells searching a solution for own consumption.
The number of wells in the city and the high demand for this alternative may bring
future problems for the environment, for the growth of the city and to the public that
uses this source without knowing the truth about the potability. Interviews were
conducted with 50 residents while they were fetching water in one of the 3 selected
wells, located near to the downtown. Also an interview with an official of the Health
Surveillance for collecting information on all wells was performed. Was performed the
physicochemical and microbiological water analysis from these three wells, and one
of these was at odds with the legislation presenting microbiological contamination.

Keywords: Artesian well. Water quality. Profile of consumers.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Percentual de água (a) na biosfera terrestre, e (b) água doce ................. 15
Figura 2 – Exemplo de infiltração de esgoto no lençol freático ................................. 16
Figura 3 – Problema com o rebaixamento do substrato ............................................ 18
Figura 4 – Foto de subsidência ocorrida em dezembro de 2005 em Vazante MG.... 19
Figura 5 – Localização dos poços analisados ........................................................... 20
Figura 6 – Idade e sexo dos entrevistados ................................................................ 28
Figura 7 – Nível de escolaridade ............................................................................... 29
Figura 8 – Renda familiar .......................................................................................... 29
Figura 9 – Quem busca água com mais frequência .................................................. 30
Figura 10 – Poço onde busca água........................................................................... 31
Figura 11 – Frequência que busca água ................................................................... 32
Figura 12 – Quantidade de água por semana ........................................................... 32
Figura 13 – Limpeza dos reservatórios ..................................................................... 33
Figura 14 – Utilização de filtro ................................................................................... 34
Figura 15 – Utilidade para a água do poço................................................................ 35
Figura 16 – Saneamento ou fossa perto do poço...................................................... 35
Figura 17 – Tratamento na água do poço ................................................................. 36
Figura 18 – Qualidade da água da rede .................................................................... 37
Figura 19 – Respostas considerando o gosto da água da rede ................................ 38
Figura 20 – Respostas considerando o rio Alegria .................................................... 39
Figura 21 – Respostas considerando a qualidade da água....................................... 39
Figura 22 – Respostas considerando a qualidade da água....................................... 40
Figura 23 – Coleta da água no (a) poço 3, (b) poço 1 e (c) poço 2 ........................... 41
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 11
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................... 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 12
2.1 A ÁGUA .............................................................................................................. 12
2.2 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ................................................................................. 15
2.3 QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO....................................... 17
2.4 LEGISLAÇÃO PARA POÇOS ARTESIANOS .................................................... 17
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 20
3.1 LOCAL DA PESQUISA....................................................................................... 20
3.2 TIPO DE PESQUISA .......................................................................................... 21
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................... 21
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ...................................................... 22
3.5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................. 25
4.1 ENETREVISTA COM O FUNCIONÁRIO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA ............. 25
4.1.1 Quantidade de Poços Existentes Atualmente na Cidade ................................ 25
4.1.2 Outorga e Atendimento às Normas Ambientais .............................................. 25
4.1.3 Data da Perfuração e Profundidade dos Poços .............................................. 26
4.1.4 Análise da Água e Controle de Qualidade ...................................................... 27
4.1.5 Preferencia pela Água dos Poços ................................................................... 27
4.2 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO .................................................................... 27
4.2.1 Idade e Sexo dos Entrevistados...................................................................... 28
4.2.2 Escolaridade ................................................................................................... 28
4.2.3 Renda Familiar ................................................................................................ 29
4.2.4 Local Onde Reside.......................................................................................... 30
4.2.5 Quem Busca Água com Mais Frequência ....................................................... 30
4.2.6 Poço onde Busca Água ................................................................................... 31
4.2.7 Frequência e Quantidade de Água.................................................................. 31
4.2.8 Onde Armazena e Como Lava os Reservatórios ............................................ 33
4.2.9 Ferve ou Utiliza Filtros..................................................................................... 34
4.2.10 Utilidade da Água do Poço .............................................................................. 34
4.2.11 Saneamento e Fossa Séptica Perto do Poço.................................................. 35
4.2.12 Tratamento na Água........................................................................................ 36
4.2.13 Conhecimento Sobre o Resultado de Análises ............................................... 36
4.2.14 Qualidade da Água da Rede de Abastecimento ............................................. 37
4.2.15 Por que Busca Água no Poço ......................................................................... 37
4.3 RESULTADO DAS ANÁLISES ........................................................................... 41
4.3.1 Análises Físico-Químicas ................................................................................ 41
4.3.2 Análises Microbiológicas ................................................................................. 42
4.4 DISCUSSÃO....................................................................................................... 43
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 46
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO ......................................................... 50
APÊNDICE B – RESPOSTAS .................................................................................. 52
ANEXO A – AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO DA ENTREVISTA .................. 56
ANEXO B – RESULTADO DAS ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ............................ 58
ANEXO C – RESULTADO DAS ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ......................... 62
10

1 INTRODUÇÃO

Grande parte da população da cidade de Medianeira PR tem dúvidas com


relação à qualidade da água que chega as suas residências. Isso ocorre devido à
grande concentração de cloro encontrada da água (em alguns casos a água chega a
ser branca) e a péssima visão que a população tem do Rio Alegria, manancial de
onde é captada a água para tratamento e posterior abastecimento na cidade
(SOUZA et al, 2011).
Pode-se considerar que a má visão em relação ao rio seja pelo fato de
grande parte de sua extensão esteja em perímetro urbano, sofrendo muitos reflexos
antrópicos (SOUZA et al, 2011). O estado de conservação do rio atente aos padrões
mínimos exigidos pelos órgãos reguladores, no caso, o CONAMA 357/05, que
classifica o manancial de abastecimento, como classe 2, enquadrando-se na
utilização de abastecimento após tratamento convencional.
Segundo os órgãos competentes (SANEPAR, 2013), o Rio Alegria possui
qualidade suficiente para sua utilização, necessitando, apenas, de um simples
tratamento para que sua água se torne potável.
No entanto, devido a não confiabilidade de grande parte da população de
Medianeira, muitos habitantes dirigem-se aos poços artesianos da cidade para pegar
água para beber e preparar seus alimentos, deixando a água que abastece suas
residências apenas para a limpeza doméstica, lavagens de roupas e banho.
Sabendo que a água da rede de abastecimento não oferece riscos a saúde,
investigar a preferencia pela água dos poços e identificar o perfil dos cidadãos que
preferem a água de poço é importante devido essa água não passar por nenhum
tipo de tratamento e monitoramento contínuo.
A legislação determina que a análise da água seja feita associada ao uso
pretendido, logo, analisar a água dos principais poços artesianos tem por pretensão
proporcionar informações aos habitantes da cidade de Medianeira, particularmente
no que se refere aos riscos de contaminação microbiológica.
11

1.1 OBJETIVO GERAL

Identificar o perfil dos moradores que utilizam água de poço artesiano na


cidade de Medianeira.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Realizar o levantamento de dados sobre os poços da cidade de Medianeira


junto aos órgãos competentes;
• Desenvolver e aplicar um questionário com um grupo de moradores que
utilizam a água dos poços;
• Analisar a potabilidade da água realizando a coleta da mesma forma feita
pelos cidadãos.
12

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Serão apresentadas algumas informações importantes sobre a água, a


qualidade da água para o consumo humano, e sobre algumas normas e
regulamentos sobre o assunto.

2.1 A ÁGUA

A água tem papel imensurável na manutenção, surgimento e qualidade das


formas de vida que existem na terra. É de absoluta importância para nossa
sobrevivência, pois sem ela a raça humana não conseguiria se manter, suprir suas
necessidades ou manter suas funções orgânicas (ROCHA et al, 2011).
Segundo Miranda (2004), a água representa mais da metade da composição
dos muitos dos seres vivos, logo, não pode haver vida sem água.
A água é o solvente universal, propiciando a higiene e a limpeza dos seres
vivos e contribuindo para o processo de absorção dos nutrientes do solo pelos
vegetais (OTTONI, 1999).
O que se acreditava ser um recurso natural inesgotável está sendo motivo
de preocupações, os homens possuem uma falsa ideia de que os recursos hídricos
são infinitos, e assim, estão poluindo cada vez mais os mananciais e gerando cada
vez mais água de qualidade duvidosa (MIRANDA, 2004).
A qualidade da água vem se deteriorando cada vez mais rápido, e o
consumo não diminui apesar dos frequentes incentivos e esforços de órgãos
competentes para economizar e preservar a água (FREITAS et al., 2001).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que nos próximos 50 anos
os níveis atuais de uso de água potável não poderão ser mantidos. Esta situação
tem se agravado cada dia mais, devido à falta de consciência da população, que
com seu desenvolvimento desordenado, junto de uma sociedade consumista
contribui para contaminar as fontes e os mananciais de água doce, com despejo de
efluentes industriais e também dejetos de diversas origens através dos esgotos,
principalmente lixo e esgoto doméstico.
13

Estima-se que cerca de 40% da população mundial viva hoje com a situação
de estresse hídrico. Parte dessa população vive em regiões em que a oferta anual é
inferior a 1.700 metros cúbicos de água por habitante, limite mínimo considerado
seguro pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar, até
2050 aproximadamente 4,8 bilhões de pessoas estará em situação de estresse
hídrico (REVISTA ÁGUA, 2014).
O comprometimento da qualidade da água pode inviabilizar o seu uso ou
tornar impraticável o seu tratamento, tanto em termos técnicos quanto econômicos
(SOUZA, 2007).
Diversas são as substâncias tóxicas geradas nas diferentes atividades
humanas. Nas práticas agrícolas, por exemplo, o uso sem controle de defensivos
químicos pode representar um grande perigo ao meio ambiente, aos ecossistemas e
à saúde humana (LEITE, 2002).
A garantia para o consumo humano de água, segundo padrões de
potabilidade adequado, é questão relevante até mesmo para o setor de saúde
pública (SILVA; ARAUJO, 2003).
O sistema urbano típico de uso da água apresenta hoje um ciclo imperfeito.
A água é bombeada de uma fonte local, passa por um tratamento, é utilizada e,
após, retorna para o rio ou lago, para ser bombeada novamente. Mas a água que
volta a fonte dificilmente tem as mesmas qualidades que a água que foi recebida.
Sais minerais, matéria orgânica, calor e outros resíduos que caracterizam a poluição
da água são encontrados (MIRANDA, 2007).
A qualidade dos rios, lagos e nascentes em uma cidade é uma das principais
(senão a maior) referência de qualidade de vida da cidade. A água, como bem
natural, tem muito valor econômico, deve ser garantida tanto para a manutenção do
equilíbrio ecológico, como para os múltiplos usos exigidos pela sociedade,
garantindo, assim, a sua conservação para as futuras gerações (OLIVEIRA, 2004).
O desenvolvimento das cidades sem um correto planejamento ambiental
resulta em prejuízos significativos para a sociedade. Uma das consequências do
crescimento urbano foi o acréscimo da poluição doméstica e industrial, criando
condições ambientais inadequadas e propiciando o desenvolvimento de doenças,
poluição do ar e sonora, aumento da temperatura, contaminação da água
subterrânea e muitos outros problemas (AMORIM, 2010).
14

As águas podem ter sua qualidade modificada ou até mesmo deteriorada por
agentes de origem inorgânica, como metais e outros compostos inorgânicos, ou os
de origem orgânica, como é o caso dos coliformes e de outros compostos
provenientes de esgotos domésticos ou industriais. Ressalta-se que a decomposição
natural da matéria orgânica, quando acumulada, pode causar mudanças importantes
na concentração de oxigênio e nos valores de pH, com consequências irreparáveis
para diversos seres vivos (MULLER, 2001).
O aumento de evidências sobre os efeitos nocivos à saúde, provenientes do
uso de água fora dos padrões de potabilidade adequados, são difíceis de serem
mensurados. São vários os fatores que influenciam, e nem sempre são baseados
em associações diretas (SILVA; ARARUJO, 2003). Fatores como o estado
nutricional, acesso e disponibilidades de serviços de saúde e a informação, podem
interferir nessa associação, também fatores individuais podem acrescentar
respostas ao contato com água contaminada.
Conforme Oliveira (2004), a qualidade da água resulta não só dos
fenômenos naturais, mas da atuação do homem. É certo que a precipitação
pluviométrica pode afetar o escoamento superficial e a infiltração no solo, mas a
interferência do homem quer de uma forma concentrada (como na geração de
despejos domésticos ou industriais), quer de uma forma dispersa (como na
aplicação de defensivos agrícolas no solo) contribui para a introdução de compostos
na água, provocando sua contaminação e colocando em risco a qualidade da água
que abastece a população.
A diminuição da qualidade da água nos países em desenvolvimento é um
grave problema que precisa ser enfrentado com urgência. No terceiro mundo, mais
de cinco milhões de crianças com menos de cinco anos de idade morrem por ano,
em consequência da qualidade da água que bebem.
Cerca de 80% de todas as doenças ocorrem devido à água contaminada por
esgoto, resultado da ineficácia dos órgãos públicos em estabelecer uma
infraestrutura sanitária. Um entre quatro leitos hospitalares é ocupado por pessoas
que possuem doenças transmitidas pela água (LEMOS, 2004).
Os problemas são maiores em bacias hidrográficas onde a retirada de água
supera a disponibilidade hídrica, o que obriga a busca de fontes alternativas de água
pela população. As bacias próximas a grandes centros urbanos são as mais
prejudicadas, além de ter a agravante do comprometimento da qualidade das águas
15

devido à urbanização descontrolada, que ocasiona o aumento nos custos de


tratamento e restringe os usos da água (ANA, 2005).

2.2 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

A quantidade de água existente na biosfera terrestre é considerada


constante a muitos milhões de anos, porém a maior parte dela, que corresponde a
97,5%, está contida nos mares e oceanos e, portanto, é salgada (CETESB, 2014). A
água congelada nos polos representa 1,9%, e a água doce representa apenas 0,6%
do total, como pode ser observado na Figura 1. Levando-se em consideração a água
doce, 98% está contida nos aquíferos e apenas 2% são lagos e rios.

0,6% 1,9% 2%
Salgada
Doce Subterrâneas
Congelada 98% Superficiais
97,5%

(a) (b)
Figura 1 – Percentual de água (a) na biosfera terrestre, e (b) água doce
Fonte: CETESB (2014).

O uso de águas subterrâneas está aumentando devido ao comprometimento


da qualidade das águas superficiais, e também pelo desenvolvimento de novas
tecnologias para a exportação das águas subterrâneas, o que acarreta no
barateamento dos custos de abertura de poços tubulares. Entretanto, não existe um
controle efetivo da utilização desta água (CASALI, 2008). Em várias regiões aonde
não chega o abastecimento de água convencional, a água subterrânea representa o
principal manancial hídrico, sendo utilizado para consumo humano, irrigação,
indústria e lazer. Contudo, apesar da importância destas águas, ainda existem
poucos estudos hidrogeológicos no Brasil (CASALI, 2008).
Muitos fatores podem comprometer a qualidade das águas subterrâneas,
como a ocupação desordenada das áreas de recarga, por meio da utilização
indiscriminada de defensivos agrícolas e os efluentes industriais. Além disso, existe
16

um grande número de poços rasos e profundos que são construídos, utilizados por
algum tempo, até serem simplesmente abandonados (ZANATTA; COITINHO, 2002).
A Figura 2 mostra o caso onde existe uma fossa negra (séptica) próxima ao
poço. Pode-se observar que o esgoto despejado na fossa está se infiltrando no solo
e atingindo o lençol freático.

Figura 2 – Exemplo de infiltração de esgoto no lençol freático


Fonte: Ribeiro (2013).

Neste caso, a água que está sendo bombeada do lençol freático para a
residência está contaminada pelo esgoto.
Segundo pesquisas da Organização Panamericana da Saúde (OPS), em
torno de 20% da população dos países em desenvolvimento dispõem de fossas
sépticas ou outro tratamento como medida de proteção de salubridade da sua
residência. Essas pesquisas concluíram que esse tipo de técnica tem grande
tendência à liberação de patógenos que se infiltram e podem alcançar as aguas
subterrâneas.
Importantes sistemas aquíferos no país são atualmente explorados sem
qualquer controle sobre a proliferação indiscriminada de poços, que são muitas
vezes mal construídos e não seguem normas técnicas (ANA, 2005).
17

2.3 QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

Água de qualidade (que atenda aos padrões de potabilidade estabelecidos


pelos órgãos responsáveis) é uma necessidade básica de qualquer ser humano
(SILVA, 2004). De acordo com a Portaria MS Nº 2914 de 12/12/2011 (Federal) Toda
água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por meio de sistema
ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, deve ser objeto de
controle e vigilância da qualidade da água, também as provenientes de solução
alternativa individual de abastecimento, independentemente da forma de acesso da
população, que é o caso dos poços artesianos da Cidade de Medianeira.
Neste caso, a portaria estabelece uma série de atividades que devem ser
realizadas regularmente pelo responsável pelo sistema ou por solução alternativa
coletiva de abastecimento de água, destinadas a verificar se a água fornecida é
potável e a garantir que essa condição seja mantida (Portaria MS Nº 2914).
A água é dita contaminada quando é constatada a presença de micro-
organismos patogênicos capazes de causar doenças e até mesmo epidemias ou
substâncias químicas que fazem mal a saúde dos seres humanos e animais
(BATALHA, 1985).
Os padrões de qualidade, segundo a ABNT (NBR 9896/87), são constituídos
por um conjunto de parâmetros e respectivos limites, em relação aos quais os
resultados dos exames de uma amostra de água são comparados, avaliando-se a
qualidade da água para um determinado fim. Os padrões são estabelecidos com
base em critérios científicos que avaliam o risco para uma dada vítima e o dano
causado pela exposição a uma dose conhecida de um determinado poluente.

2.4 LEGISLAÇÃO PARA POÇOS ARTESIANOS

A Lei federal nº 11.455/2007 trata sobre a proibição da utilização de água de


fontes alternativas em locais onde existe o abastecimento público. O Rio Grande do
Sul é o único estado brasileiro que vem trabalhando para a proibição de captação e
uso da água de poços artesianos em locais onde existe o abastecimento de água
18

potável, tolerando apenas em áreas de agricultura e em alguns casos industriais. Os


efeitos do uso de água de fontes alternativas são prejudiciais, podendo causar
problemas relacionados com a saúde publica, ambiental e também comprometendo
a manutenção e ampliação da rede de saneamento básico (VIEGAS, 2007).
O Ministério Público do Rio Grande do Sul se baseia no princípio da
precaução quando menciona a proibição da abertura de poços artesianos. Os
estudos de detecção de contaminação dos aquíferos que abastecem esses poços
são ainda limitados e o conhecimento real da extensão do problema é praticamente
inexistente (HIRATA, 2003). De acordo com Freitas (2001, p 56), uma vez que a
água do subterrâneo tenha sido poluída, o restabelecimento da sua característica
encontrada inicialmente demora milhares de anos.
O conjunto de perfurações de poços artesianos acarreta em um
rebaixamento do lençol freático diminuindo o nível da água, podendo atingir a
umidade da terra (FREITAS, 2001). O consumo da água dos poços supera a recarga
em alguns lugares, dificultada pela impermeabilização do solo nas cidades.
Com base nos dados da divisão de assessoramento técnico do Ministério
Público do RS, Viegas (2007) aponta que são vários os problemas ambientais que
podem ocorrer com a exploração excessiva de água subterrânea. Dentre eles, um
decréscimo progressivo de descarga das nascentes e até mesmo em locais onde os
aquíferos são compostos por rochas ou terreno sedimentado, parcialmente
consolidados, pode ocorrer rebaixamento do substrato, ou subsidência. Na Figura 3
pode-se ver o exemplo de uma situação onde houve o rebaixamento do substrato, o
que levou uma residência a parar dentro de um buraco.

Figura 3 – Problema com o rebaixamento do substrato


Fonte: Ecodenúncia (2006).
19

Na Figura 4 pode-se ver um caso com muita gravidade, ocorrido na cidade


de Vazante do estado de Minas Gerais, onde foi tão grande o volume de água
extraída do subsolo, que ocasionou além do rebaixamento do solo, secagem de
lagoas e contaminação do lençol freático (ECODENUNCIA, 2006).

Figura 4 – Foto de subsidência ocorrida em dezembro de 2005 em Vazante MG


Fonte: Ecodenúncia (2006).

Observa-se que não é mais possível a utilização dessa estrada e também


que é grande a possibilidade de haver mais deslizamento de terra.
Uma boa parte da população crê que a água subterrânea sempre é de boa
qualidade, mas essa visão está parcialmente correta. A água do subsolo é mais
protegida do que a água superficial, no entanto, ela não está livre de contaminação
nociva causada pelo homem. Lixões irregulares, cemitérios, defensivos agrícolas,
esgoto e muitos outros contaminantes existentes na superfície, acabam por
contaminar os aquíferos em decorrência da infiltração (VIEGAS, 2007).
20

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nos próximos itens serão apresentados os procedimentos utilizados para a


coleta de dados e os procedimentos necessários para a estruturação da pesquisa.

3.1 LOCAL DA PESQUISA

A área de estudo destinada a essa pesquisa foi à região urbana da cidade


de Medianeira-PR. Na Figura 5 pode ser observada uma parte do mapa de
Medianeira referente ao Centro e ao Bairro Cidade Alta. Também pode ser
observada a localização aproximada dos 3 poços artesianos, que são muito
utilizados pela população, e que foram selecionados para a pesquisa.

Figura 5 – Localização dos poços analisados


Fonte: Adaptado de Prefeitura Municipal (2014).

De acordo com informações da Prefeitura Municipal, Medianeira possui uma


população estimada de 41.830 habitantes (censo IBGE 2010), dentro de uma área
de 328,7 km² (PREFEITURA MUNICIPAL, 2014). Localiza-se na microrregião 36, no
oeste do estado do Paraná, tendo 402 metros de altitude e situada na latitude
25º17’40" ao sul e longitude 54º05’30" W-GR.
21

O clima é subtropical úmido mesotérmico, com verões muito quentes e


geadas pouco frequentes, com tendência a concentração de chuvas nos meses de
verão, sem estação seca definida. A média das temperaturas dos meses mais
quentes é superior a 22ºC e a dos meses mais frios é inferior a 18ºC (MENEGOL;
MUCELIN; JUCHEN, 2002).
O rio Alegria é um dos principais mananciais do município, nasce na zona
rural e logo no início do perímetro urbano é captado para o abastecimento. No
perímetro urbano o rio é altamente contaminado por efluentes humanos e industriais.
As margens do rio são desprovidas de mata ciliar e são ocupadas de maneira
irregular por alguns habitantes da cidade, em algumas partes do percurso é
encontrado depósitos de lixo, além disso, o rio também sofre muito com o
assoreamento (PRESTES et al, 2011).
No rio Alegria é lançada boa parte do esgoto doméstico sem nenhum
tratamento. O município não se diferencia dos demais municípios brasileiros em
relação às medidas de saneamento básico adotadas. Somente 8% do esgoto é
recolhido e tratado, o restante ou é lançado em fossas assépticas, que podem
contaminar o lençol freático, ou no curso de água do rio (PRESTES et al, 2011).

3.2 TIPO DE PESQUISA

De acordo com Gil (2008) quando se determina um objeto de estudo, neste


caso a água, selecionam-se as variáveis capazes de influenciá-la e definem-se as
formas de controle e de observação dos feitos que a variável produz. Também por
ser um tipo de pesquisa muito específica, quase sempre ela assume a forma de um
estudo de caso, classificando a pesquisa como experimental e exploratória.

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Foi realizada uma entrevista semiestruturada com um funcionário da


vigilância sanitária de Medianeira a fim de levantar dados importantes sobre os
poços artesianos da cidade, antes de aplicar o questionário com os moradores.
22

O publico alvo da pesquisa foram 50 pessoas entrevistadas no momento em


que estavam buscando água em um dos 3 poços selecionados. Não foi
descriminada nenhuma pessoa, todos os indivíduos, independente de sexo, idade e
escolaridade que decidiram participar da pesquisa foram selecionados.
Foram coletadas amostras de água de 3 poços muito utilizados pela
população de Medianeira para que fossem realizadas as análises físico-química e
microbiológica.

3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

A entrevista com o funcionário da vigilância sanitária da cidade de


Medianeira teve como objetivo a investigação dos itens listados a seguir:
• Quantidade de poços existentes atualmente na cidade
• Como é realizada a análise de água e controle de qualidade.
• Quando os poços foram perfurados e qual a profundidade
• Existência de outorga e atendimento às normas ambientais
• Por que as pessoas costumam utilizar a água dos poço

Entre os dias 05 e 25 do mês de outubro de 2014 foi aplicado o questionário


(que pode ser encontrado no Apêndice A) com alguns cidadãos da cidade de
Medianeira, para levantamento de dados relevantes à pesquisa. As entrevistas
foram realizadas no fim da tarde, entre as 17:00 e 19:00 horas, com 50 moradores
que foram buscar água em um dos 3 poços selecionados.
Os três poços selecionados, onde foi aplicado o questionário, tiveram água
coletada no dia 29 de outubro de 2014 no período da manhã entre às 6:00 e 7:00
horas pois, de acordo com CEMIG (2009) neste período a temperatura do ar é mais
baixa e há menor probabilidade de distorção dos resultados.
Não foi realizado nenhum tipo de assepsia no local da coleta (nas torneiras e
canos) e nem mesmo foi desprezado o primeiro jato de água. Desta maneira foi
possível analisar a água na forma em que realmente a população coleta, armazena
e leva para sua residência.
23

Foram fornecidos 3 frascos esterilizados pelo Laboratório de Análises


Microbiológicas e Físico Químicas de Alimentos e Água (LAMAG) localizado no
câmpus da URFPR em Medianeira-PR para as análises físico-químicas. Os 3
frascos para as análises microbiológicas foram submetidos a uma simples assepsia
com água de abastecimento público em casa e posteriormente lavados apenas com
água do poço, conforme feito pela maioria dos usuários entrevistados.
Após a coleta da água os frascos foram devidamente armazenados em uma
caixa de isopor com gelo, e encaminhadas ao laboratório LAMAG do câmpus da
UTFPR no mesmo dia.
As análises físico-químicas pedidas foram às mesmas exigidas pela
vigilância sanitária, conforme informação obtida na entrevista feita dia 03 de outubro
de 2014 com funcionário do órgão responsável, os parâmetros analisados foram: ph;
Alcalinidade; Dureza; Cloreto; Turbidez; e Condutividade Elétrica.
Os parâmetros microbiológicos foram apenas a pesquisa e a contagem de
coliformes totais e termotolerantes.
A metodologia utilizada pelo laboratório, para os parâmetros microbiológicos,
foi de acordo com os limites indicados na portaria nº 518, de 25 de março de 2004.
Usando o método STANDARD METHODS, 2005, 21ª edição conforme apresentado
nos laudos encontrados no Anexo C.
Para os parâmetros físico-químicos foi utilizado standard methods for the
examination of water and wastewater, APHA, 2005, 21ª edição, usando como
referência a portaria MS nº 2914 de 12/12/2011 que dispõe sobre os procedimentos
de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

A entrevista semiestruturada realizada com o funcionário da Vigilância


Sanitária foi descrita na forma de texto, sendo cada resposta separada em subtítulos
apresentados no capítulo de Resultados e Discussão.
Foi possível tomar nota de dados muito importantes e relevantes que podem
futuramente dar início a outras pesquisas.
24

Os dados obtidos através das entrevistas com os moradores da cidade, que


utilizam a água dos poços, foram organizados em gráficos com a utilização do
software Excel. Todos esses dados foram agrupados, analisados, e apresentados
em forma de subitens no Capítulo 4.
As amostras de água dos três poços foram enviadas para a realização de
análises microbiológicas e físico-químicas no laboratório LAMAG da UTFPR
Medianeira. Os resultados das análises emitidas pelo laboratório informam sobre a
qualidade da água que os cidadãos levam para as suas residências, e podem ser
encontrados em anexo a este trabalho.
25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo serão apresentadas as informações e resultados obtidos com


a realização do trabalho. Inicialmente apresentando a entrevista realizada com o
funcionário da Vigilância Sanitária. Na sequência, o resultado das entrevistas
realizadas com os 50 moradores enquanto buscavam água nos poços artesianos.
Por fim, o resultado das análises da água coletada nos 3 poços selecionados.

4.1 ENETREVISTA COM O FUNCIONÁRIO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

No dia 3 de outubro de 2014 foi realizada uma entrevista com o senhor


Sebastião Marcolino da Silva, funcionário da Vigilância Sanitária da cidade de
Medianeira-PR, referente aos poços artesianos da cidade (a autorização para a
publicação das informações encontra-se no Anexo A). Foram realizadas 5 perguntas
e a respostas estão apresentadas nos itens a seguir.

4.1.1 Quantidade de Poços Existentes Atualmente na Cidade

Segundo Silva (2014), atualmente são 67 poços listados, sendo 29 de uso


individual e 38 de uso comunitário, a maioria situada no interior. Além desses,
também existem poços clandestinos, que foram perfurados em menos de 2 anos
pelos proprietários das terras, sem nenhum tipo de autorização.

4.1.2 Outorga e Atendimento às Normas Ambientais

Poucos poços possuem outorga e apenas alguns poços particulares foram


feitos de acordo com as normas exigidas na época. É necessário regularizar e
26

contratar um responsável técnico que faça a manutenção desses poços para que
não sejam fechados futuramente.
De acordo com Silva (2014), o responsável precisa ser devidamente
qualificado, coletar água do poço e enviar, todos os meses, ao laboratório registrado
para fazer as análises exigidas pela vigilância sanitária que são: temperatura, ph,
cor, turbidez, condutividade elétrica 25º, alcalinidade e dureza. Além disso, o
responsável deve medir o cloro da água todos os dias, emitir um relatório das
análises e enviar para a vigilância sanitária. Atualmente o trabalho está sendo
realizando em apenas um dos poços artesianos, os demais correm o risco de serem
fechados caso não aja acordo.

4.1.3 Data da Perfuração e Profundidade dos Poços

Os poços artesianos tem profundidade entre 90 e 120 metros, e foram


perfurados entre 15 e 20 anos atrás. Entre esses poços na cidade de Medianeira
existem muitos poços rasos que possuem somente entre 20 e 30 metros de
profundidade. A maior parte desses poços rasos possui a mesma idade de
perfuração dos poços artesianos.
Um grande problema dos poços rasos hoje em dia é a utilização desses
como fossa séptica. Conforme relata Silva (2014), não é permitida, por Lei, fossa
séptica com mais de 5 metros de profundidade, e essas fossas, que antigamente
eram usadas como poço, podem contaminar o lençol freático e comprometer a
qualidade da água dos poços mais profundos, de onde os habitantes da cidade
costumam pegar água.
O relato de Silva (2014) foi confirmado durante a aplicação do questionário
com os moradores que buscavam água. Uma das entrevistadas declarou ter
comprado uma casa bastante antiga, próxima ao centro da cidade. Certa vez ela e
foi informada por sua vizinha (uma senhora de 90 anos) que ela e outros moradores
costumavam pegar água em um poço que havia ao lado da casa da entrevistada e
que hoje não existe mais. A entrevistada inicialmente não sabia da existência do
poço, mas confirmou que hoje em dia o antigo poço é uma fossa séptica, possuindo
mais do que os 5 metros de profundidade permitidos.
27

4.1.4 Análise da Água e Controle de Qualidade

Silva (2014) informa que é realizada coleta de água dos poços 3 vezes ao
ano, para controle da vigilância sanitária. Porém são feitas apenas as análises
pagas pela prefeitura, que são as microbiológicas. Silva ressalta que ao menos nos
poços do interior, que ficam em área de plantações onde defensivos agrícolas e
fertilizantes são utilizados frequentemente, a água deveria passar por análise de
metal pesado, porém essas análises possuem o custo elevado.
Mesmo com o risco de contaminação, muitos dos moradores do interior não
têm interesse em analisar a água de seus poços, afirmando que a água é de boa
qualidade.

4.1.5 Preferencia pela Água dos Poços

O senhor Silva (2014) declarou que as pessoas consideram o rio Alegria


como sendo muito poluído, e de fato ele é, pois recebe muito esgoto sem
tratamento. Além de reclamar do gosto forte do cloro da água do abastecimento
público. Entretanto, a água do abastecimento é de boa qualidade e não apresenta
risco de contaminação, porque a SANEPAR realiza todo o tratamento necessário
para que a água chegue com boa qualidade nas residências.

4.2 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

Foram realizadas entrevistas, com a utilização do questionário que pode ser


observado no Apêndice A, com 50 pessoas que estavam buscando água em 1 dos 3
poços selecionados. Os dados foram organizados em planilha eletrônica, encontrada
no Apêndice B, para posterior desenvolvimento dos gráficos. Os resultados foram
agrupados, analisados, e são apresentados nos próximos subtítulos.
28

4.2.1 Idade e Sexo dos Entrevistados

A idade dos entrevistados variou de 15 a 78 anos, sendo 4 jovens (até 18


anos), 31 adultos (de 19 a 59 anos) e 15 idosos (acima de 60 anos). A Figura 6
mostra a divisão dos entrevistados de acordo com a faixa etária.

11
10
9
8 5 3
Quantidade

7
3
6
5 4 Mulheres
1
4 2
3 7 Homens
6
3 5
2 4
3 3
1
1
0
10 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79
Faixa etária

Figura 6 – Idade e sexo dos entrevistados


Fonte: A autora.

Observa-se que a faixa etária entre 20 e 29 anos, onde encontram-se os


estudantes universitários, possui a menor quantidade de entrevistados, apenas 4
pessoas (8% do total). A faixa etária dos 50 aos 59 anos possui 11 pessoas,
representando 22% do total de entrevistados.
Também observa-se na Figura 6 a relação entre homens e mulheres que
foram buscar água nos poços. Foram entrevistados 29 homens (que representam
58% do total) e 21 mulheres (42% do total).

4.2.2 Escolaridade

A Figura 7 apresenta o resultado da pergunta sobre o nível de escolaridade


do entrevistado. Observa-se que 16% (8 pessoas) possuem somente o primeiro
grau, 38% (19 pessoas) possuem o segundo grau e 20% (10 pessoas) possuem
curso superior.
29

16%
26%
Primeiro grau

Segundo grau

Superior completo
20% 38%
Não respondeu

Figura 7 – Nível de escolaridade


Fonte: A autora.

Observa-se também, que 26% (13 entrevistados) não informaram o seu nível
de escolaridade. Existem dois possíveis motivos, pode ser que não tenham ouvido a
pergunta (por estarem mexendo com as garrafas de água) ou que tenham se sentido
desconfortáveis em respondê-la.

4.2.3 Renda Familiar

A pergunta referente à renda familiar revelou que metade dos entrevistados


(25 pessoas) possui a renda familiar entre 2 e 3 salários mínimos, seguida da faixa
entre 3 e 5 salários mínimos com 35% (16 pessoas), como pode ser observado na
Figura 8.

2%
2%
14% 1 salário mínimo

2 a 3 salários mínimos

50% 3 a 5 salários mínimos


32%
acima de 5 salários mínimos

Não respondeu

Figura 8 – Renda familiar


Fonte: A autora.
30

Observa-se que de 7 pessoas (14%) não souberam informar, ou ficaram


desconfortáveis em revelar esta informação. Dentre essas 7 pessoas, 3 possuem
idade menor ou igual a 18 anos. Deve-se lembrar que foram entrevistados 4 jovens
(com idade até 18 anos), portanto, a maioria não soube informar a renda familiar.

4.2.4 Local Onde Reside

A pergunta sobre o local da residência possuía 3 opções de resposta, sendo


Centro, Bairros e Interior. Foram 10 pessoas (20%) que responderam que residem
no centro de Medianeira e 40 pessoas (80%) residem nos bairros. Nenhum dos
entrevistados reside no interior.

4.2.5 Quem Busca Água com Mais Frequência

A pergunta para identificar quem busca água com mais frequência aceita a
marcação de mais de uma opção de resposta. Na Figura 9 pode ser observado que
a maioria, representando 70% (35 pessoas) declarou que são eles próprios os que
mais vão até os poços buscar água. Na segunda resposta com maior repetição, 8
pessoas (16%) declararam que além do próprio entrevistado os filhos maiores de 16
anos também buscam água com frequência.

2%

16% O pai
O próprio entevistado
6%
4% Pai e Mãe
2% 70%
O pai e o entrevistado
A mãe e o entrevistado
Filho maior de 16 anos e o entrevistado

Figura 9 – Quem busca água com mais frequência


Fonte: A autora.
31

4.2.6 Poço onde Busca Água

A maioria dos entrevistados, 36 pessoas (equivalente a 72% do total)


informou que busca água sempre no mesmo poço e não utiliza outros poços. Por
outro lado, 13 pessoas (26%) declararam que não buscam água sempre no mesmo
poço, e também utilizam outros poços da cidade.

2%

26% Pegam água sempre no mesmo poço

Pegam água em outros poços

72% Não sabe informar

Figura 10 – Poço onde busca água


Fonte: A autora.

Como pôde ser observado, apenas um entrevistado, um adolescente de 17


anos, declarou que não sabe se a sua família busca água sempre no mesmo poço
ou se utiliza outros poços.

4.2.7 Frequência e Quantidade de Água

A pergunta sobre a frequência com que o entrevistado vai até o poço buscar
água possuía quatro opções de resposta. A maioria dos entrevistados, 39 pessoas
(correspondendo a 78% do total), vão até os poços 1 vez por semana, como pode
ser observado na Figura 11. Duas pessoas (4%) revelaram que buscam água 2
vezes por mês, e também duas pessoas responderam que buscam água ou quando
for necessário. Um dado interessante é que 7 entrevistados (14%) se dirigem até os
poços para buscar água todos os dias.
32

4% 4%

14%
Todos os dias

1 vez por semana

2 vezes por mês


78%

Quando necessário

Figura 11 – Frequência que busca água


Fonte: A autora.

Os entrevistados também foram interrogados sobre a quantidade de água


(em litros) que eles costumam buscar nos poços semanalmente. A maioria dos
entrevistados, 28 pessoas (56% do total), responderam que buscam de 21 a 30 litros
de água por semana. Apenas 1 entrevistado respondeu que busca mais de 30 litros
de água por semana, como pode ser observado na Figura 12.

2%
8%
0 a 10 litros

10 a 20 litros
34%
56% 21 a 30 litros

Mais de 30 litros

Figura 12 – Quantidade de água por semana


Fonte: A autora.

A partir da Figura 12 serão realizadas algumas considerações: 4 pessoas


buscam 10 litros de água por semana; 17 pessoas buscam 20 litros; 28 pessoas
buscam 30 litros; e 1 pessoa busca mais de 30 litros, mas neste caso, será
considerado como sendo 30 litros. Desta forma, obtêm-se um total de 1250 litros por
semana, ou 5000 litros por mês. A quantidade média de água de poço buscada por
cada entrevistado é de 100 litros por mês.
33

Comercialmente existem galões de água mineral de 5 litros. Uma breve


pesquisa foi realizada em três supermercados de Medianeira e revelou um preço
médio de R$ 7,69 para o galão. Considerando os 100 litros de água mensais, seria
necessária a compra de 20 galões de água por cada entrevistado, resultando em um
total de R$ 153,76 por mês em compra de água mineral.

4.2.8 Onde Armazena e Como Lava os Reservatórios

Os entrevistados responderam onde armazenam a água do poço que levam


para as suas residências, tendo quatro opções de resposta: Garrafas descartáveis,
Garrafões, Baldes, e Outros.
Somente duas respostas foram citadas, 33 pessoas (66%) responderam que
armazenam a água em garrafas descartáveis e 17 pessoas (34%) responderam que
armazenam a água em garrafões.
Quando foi perguntado como os entrevistados lavam os reservatórios, a
grande maioria, correspondendo a 84% (42 pessoas), respondeu que lavam os
reservatórios somente com água, 4% (2 pessoas) utilizam água e detergente, e 6
pessoas (12%) lavam os reservatórios com água, detergente e água sanitária.

0%

4% 12%
Somente com água

Água e detergente

Água, detergente e água sanitária


84%
Não lava

Figura 13 – Limpeza dos reservatórios


Fonte: A autora.

Todos os entrevistados declararam que lavam os recipientes, porém, utilizar


somente a água não é uma forma correta.
34

4.2.9 Ferve ou Utiliza Filtros

Duas questões da entrevista eram sobre o procedimento adotado em casa


antes de utilizar a água do poço. A grande maioria, 48 pessoas (correspondente a
98% do total) declararam que não fervem a água, 1 pessoa não soube responder, e
1 pessoa disse que ferve a água. No entanto, a entrevistada que respondeu ferver a
água, declarou que utiliza essa água para tomar chimarrão. Portanto,
desconsiderando 1 entrevistado que não soube informar, nenhum dos entrevistados
ferve a água, para matar os micro-organismos, antes de armazená-la.
Como pode ser observado na Figura 14, 16 pessoas (32%) colocam a água
em filtros, 33 pessoas (66%) não filtra a água, e 1 pessoa não soube informar.

2%

32% Coloca a água em filtro

Não filtra
66%
Não sabe

Figura 14 – Utilização de filtro


Fonte: A autora.

4.2.10 Utilidade da Água do Poço

Os entrevistados responderam qual é a utilidade para essa água do poço,


como pode ser observado na Figura 15. A resposta poderia ter mais do que uma
alternativa, sendo elas: Beber; Preparar alimentos; Limpeza e higiene; Não sei.
A maioria dos entrevistados, 60% (30 pessoas), revelou que a utilização da
água é somente para beber. Nenhum entrevistado utiliza á água somente para
preparar alimentos, no entanto, 38% (19 pessoas) utilizam a água para Beber e
também preparar alimentos. Somente 1 entrevistado respondeu que utiliza a água
pra limpeza e higiene, sem informar maiores detalhes.
35

38% Beber

Preparar alimentos
60%
Limpeza e higiene

Beber e Preparar alimentos


2%
0%
Figura 15 – Utilidade para a água do poço
Fonte: A autora.

4.2.11 Saneamento e Fossa Séptica Perto do Poço

Duas perguntas tratavam sobre o conhecimento da existência de fossa


séptica ou saneamento básico perto dos poços. A relação da quantidade de
respostas pode ser observada na Figura 16.
Ao serem perguntados se tinham conhecimento da existência de alguma
fossa séptica perto do poço, 9 pessoas (18%) declararam que não tem fossa séptica
perto do poço, e 1 pessoa afirmou que existe fossa séptica perto do poço. A maioria,
composta por 40 pessoas (80%), não soube informar.

40
40 38
35
Quantidade de respostas

30
Fossa séptica perto do poço
25
20 Saneamento básico perto do poço

15
9 10
10
5 1 2
0
Tem Não tem Não sabe
Figura 16 – Saneamento ou fossa perto do poço
Fonte: A autora.

Sobre a existência de saneamento básico perto do poço, 10 pessoas (20%)


informaram que existe saneamento básico perto do poço, 2 pessoas (4%) afirmaram
não haver, e 38 pessoas (76%) não souberam informar.
36

Silva e Araújo (2003) analisando a água de um manancial subterrâneo


questionou os entrevistados com uma questão semelhante e também constatou que
os cidadãos não sabiam informar a distância do poço o qual buscavam água da
fossa mais próxima. Também em sua pesquisa verificou que alguns dos
entrevistados usam fossas sépticas enquanto outros já tinham o serviço de
esgotamento público, e também alguns entrevistados não souberam responder a
destinação final do esgoto de suas residências.

4.2.12 Tratamento na Água

Uma pergunta era para saber se os entrevistados tinham conhecimento


sobre algum tratamento realizado na água do poço. Como pode ser observado na
Figura 17, 24% dos entrevistados (12 pessoas) declararam que a água do poço
passa por tratamento, 4% (2 pessoas) responderam que a água não passa por
nenhum tratamento, e 72% (36 pessoas) não souberam responder.

24%
Sim

4% Não

72% Não sei

Figura 17 – Tratamento na água do poço


Fonte: A autora.

4.2.13 Conhecimento Sobre o Resultado de Análises

Foi feita uma pergunta para saber se os entrevistados tinham conhecimento


sobre resultados de análises realizadas nos poços. Apenas 3 pessoas (6% do total)
37

responderam que tem conhecimento sobre o resultado de análises, sem informar


como ficaram sabendo.
Quando interrogados se gostariam de saber se a água do poço é potável,
todos os entrevistados declararam que sim.

4.2.14 Qualidade da Água da Rede de Abastecimento

Os entrevistados responderam sobre como classificam a qualidade da água


da rede de abastecimento. Como pode ser observado na Figura 18, 8% (4 pessoas)
consideram que a água de abastecimento possui boa qualidade, 70% (35 pessoas)
classificaram a qualidade da água da rede como ruim, e 22% (11 pessoas) não
souberam responder.

8%
22%
Boa

Ruim

Não sabe
70%

Figura 18 – Qualidade da água da rede


Fonte: A autora.

4.2.15 Por que Busca Água no Poço

A última pergunta do questionário foi: “Por que você pega essa água?”. Esta
pergunta não tinha opções pré-definidas para a resposta, era necessário que o
entrevistado apresentasse os seus motivos. Desta forma puderam-se obter novas
informações que são de relevância para o trabalho.
38

Dentre os 50 entrevistados, 28 pessoas (ou seja, 56% do total) mencionaram


o gosto da água nas suas respostas, sendo comentários sobre gosto estranho, gosto
forte, gosto ruim, entre outros. Para facilitar a apresentação e diminuir a legenda da
Figura 19, a parte inicial das respostas foi omitida. Deve-se considerar que todas as
respostas citadas na Figura 19 iniciam com: “Eu pego água do poço porque a água
de abastecimento tem...”.

Gosto na água 8

Gosto estranho 2

Gosto ruim 7

Gosto forte 2

Gosto de cloro 8

Gosto de água sanitária 1

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Figura 19 – Respostas considerando o gosto da água da rede
Fonte: A autora.

Observa-se que oito pessoas citaram simplesmente o “gosto” na água, sem


maiores detalhes. Duas pessoas consideraram o gosto estranho e, outras duas, o
gosto forte. Sete pessoas mencionaram o gosto ruim e uma pessoa respondeu que
a água de abastecimento possui gosto de água sanitária. Apenas 8 (entre essas 28
pessoas) responderam que pegam a água do poço porque a água de abastecimento
possui gosto de cloro.
Deve-se ressaltar que as respostas não sofreram influência do entrevistador.
Portanto, essas 20 pessoas podem ter se esquecido de mencionar o cloro, ou,
podem não saber como é realizado o tratamento da água de abastecimento.
Para o desenvolvimento de questionários para trabalhos futuros, deve ser
considerada a elaboração de perguntas que sirvam para identificar o que os
entrevistados conhecem sobre o processo de tratamento da água.
O Rio Alegria foi citado nas respostas por um total de 8 pessoas (16%) que
consideraram o rio como sendo mal cuidado, sujo e poluído. Um entrevistado
chegou a mencionar que podem ser encontrados muitos animais mortos no rio.
39

Rio mal cuidado 1

Rio sujo 3

Rio poluído 4

0 1 2 3 4
Figura 20 – Respostas considerando o rio Alegria
Fonte: A autora.

Na Figura 21 podem ser observadas algumas respostas referentes à


qualidade da água. Três pessoas não mencionaram o gosto, o cloro ou o rio Alegria,
eles utilizam a água do poço porque ouviram outras pessoas falando que ela é
melhor. Uma pessoa respondeu que a água da rede não é boa e duas pessoas
declararam simplesmente que não gostam da água da rede de abastecimento, sem
maiores detalhes. Esses seis entrevistados não conseguiram apresentar argumentos
claros que justifiquem a necessidade da utilização da água dos poços.

Falam que do poço é melhor 3

A água da rede não é boa 1

Não gosta da água da rede 2

A água da rede dá dor de barriga 3

0 1 2 3 4
Figura 21 – Respostas considerando a qualidade da água
Fonte: A autora.

Três entrevistados citaram em suas respostas que preferem beber a água do


poço porque a água de abastecimento causaria dor de barriga. Essa afirmação pode
não ser bem fundamentada, uma vez que a companhia de abastecimento
(SANEPAR) realiza análises periódicas para comprovar a qualidade da água. No
entanto, a água que sai da torneira no interior da residência pode sim estar
contaminada, e talvez, até imprópria para o consumo, porque isso depende
diretamente de como é realizado o armazenamento da água na residência.
40

A caixa d’agua deve passar por limpezas periódicas, algumas pessoas não
sabem dessa necessidade e passam vários anos sem realizar uma limpeza. A
tampa da caixa d’agua apresentando problemas ou estando posicionada
incorretamente pode permitir que sujeira e até mesmo animais caiam na água.
A falta de cuidado (manutenção) da própria caixa d’agua pode ser um fator
importante que leva as pessoas a reclamar da qualidade da água da rede de
abastecimento e optar por buscar constantemente a água dos poços artesianos.
Na Figura 22 podem ser observadas respostas onde duas pessoas
justificaram a preferência pela água do poço pelo fato da água ser “natural” e não ter
passado por tratamento com a utilização de cloro.

A água do poço é natural, sem cloro 2

A qualidade da água do poço é melhor 2

Muito produto químico na água da rede 1

0 1 2 3
Figura 22 – Respostas considerando a qualidade da água
Fonte: A autora.

Duas pessoas consideram que a qualidade da água do poço é melhor do


que a qualidade da água de abastecimento, e um entrevistado respondeu que utiliza
a água dos poços porque a água da rede possui muitos produtos químicos.
Amaral et al (2003) observou em sua pesquisa com moradores de uma área
rural no estado de São Paulo que 100% dos seus entrevistados consideram a água
dos poços, das suas respectivas propriedades, são de boa qualidade, justificando
assim a necessidade de qualquer tipo de tratamento.
Segundo Seoane (1988) fatos assim ocorrem devido a longos prazos sem a
ocorrência de problemas com a água e ao bom aspecto da mesma.
Crenças como esta fazem com que os consumidores não agreguem valor no
sentido de tratar adequadamente a água, ou ao menos que a água passe por um
simples processo de desinfeção, o que poderia diminuir o possível risco de
contaminação (AMARAL et al, 2003)
41

4.3 RESULTADO DAS ANÁLISES

A água dos 3 poços foi coletada no dia 29 de outubro de 2014 no início da


manhã. No momento em que era realizada a coleta no poço 3, às 6:37 da manhã,
chegou um morador para buscar água. Na Figura 23a podem ser observados os
frascos para a coleta da água para as análises (à esquerda), e o galão de água
utilizado pelo morador (à direita). Em seguida, às 6:43 da manhã, foi realizada a
coleta da água do poço 1 (Figura 23b) e na sequência, às 6:48, a coleta da água no
poço 2 (Figura 23c).

(a) (b) (c)


Figura 23 – Coleta da água no (a) poço 3, (b) poço 1 e (c) poço 2
Fonte: A autora.

4.3.1 Análises Físico-Químicas

As características físico-químicas analisadas são as mesmas exigidas pela


vigilância sanitária da cidade de Medianeira. Os procedimentos para análise foram
realizados com base na Portaria MS nº 2914 de 12/12/2011 que dispões de controle
e vigilância da qualidade da água para consumo humano.
Todas as amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Análises
Microbiológicas e Físico-Químicas de Alimentos e Água (LAMAG) da UTFPR -
Câmpus Medianeira.
42

As análises físico-químicas de pH, Alcalinidade Total, Dureza Total,


Cloretos, Turbidez e Condutividade Elétrica das três amostras corresponderam ao
exigido pela Portaria MS nº 2914 de 12/12/2011 todas estão em conformidade com o
padrão de potabilidade não causando nenhum perigo aos cidadãos que utilizam da
água. Os resultados podem ser observados no Anexo B.
Tavares (2012) analisou os componentes físico-químicos: Cloretos,
Alcalinidade e Dureza em poços e também encontrou resultados semelhantes, todos
em acordo com o que a portaria exige.
As analises feitas por Silva e Araújo (2003) em um manancial subterrâneo foi
encontrado alternância no pH, que aumentava conforme a profundidade do poço,
deixando as amostras fora do padrão exigido. Em relação aos cloretos nenhuma das
amostras dos poços atenderam os parâmetros recomendados pela portaria
competente.

4.3.2 Análises Microbiológicas

A melhor maneira de identificar se a água do poço é boa para consumo


humano é com a realização dos testes microbiológicos, onde é analisada a
contagem de coliformes totais e termotolerantes. Os resultados podem ser
encontrados no Anexo C.
Das três amostras entregues ao Laboratório LAMAG duas estão em acordo
com a Portaria nº 518, de 25 de março de 2004 estando dentro do limite dos valores
de referência exigidos.
Uma amostra apresentou contagem de coliformes totais e também de
coliformes termotolerantes superior a 0,06 para cada 100 ml de água, entrando em
desacordo com a legislação, o que pode causar riscos à saúde dos cidadãos que
utilizam dessa água.
Silva e Araújo (2003) tiveram em suas pesquisas com água de poço um
expressivo percentual positivos em suas amostras com coliformes totais e fecais,
demostrando a potabilidade da água comprometida.
Existem 4 possibilidades para a origem desta contaminação de uma das
amostras dos poços da cidade de Medianeira: Sujeira na caixa d’agua (se houver),
43

uma vez que a manutenção da mesma não seja feita corretamente; Sujeira no
encanamento e torneira, pois foi observada muita sujeira (limo e fungos) no local de
coleta; Sujeira na garrafa, que pode ser originada da má higienização da mesma; e,
por fim, a contaminação na água do poço.
No entanto, só depois de se eliminar as três primeiras possibilidades citadas
anteriormente é que deve-se considerar a possibilidade do poço estar contaminado.
Sendo assim, não é possível afirmar que a água do poço esteja contaminada, é
necessário coletar novamente as amostras.
Para o resultado na análise representar fielmente as características da água
que se encontra armazenada no poço, devem ser eliminadas todas as outras
possibilidades de contaminação. Desta forma, a água deveria ser coletada
diretamente após ser bombeada (direto da tubulação que trás a água do subsolo),
antes de entrar em contato com a água da caixa d’agua, e também, todos os frascos
utilizados deveriam ser corretamente esterilizados.
O objetivo do trabalho não foi a análise da qualidade da água dos poços,
mas sim, a qualidade da água que os habitantes levam para suas residências
armazenadas nas suas garrafas e galões. Por este motivo, o procedimento realizado
para a coleta da água foi o mesmo adotado pelos moradores, ou seja, simplesmente
abrir a torneira, enxaguar a garrafa, e coletar a água.
Os resultados obtidos nesse trabalho levam a considerar um planejamento
de educação ambiental para os cidadãos que utilizam dessa água assim como
sugeriu Silva e Araújo (2003) em sua pesquisa. Medianeira precisa de um plano de
gestão de recursos hídricos enfatizando a utilização da água dos poços somente em
como medida preventiva, como no caso de falta de água em algum ponto da cidade
por exemplo. Também por questões de preservação ambiental e preservação do
manancial da região.

4.4 DISCUSSÃO

Segundo o funcionário da Vigilância Sanitária os mais de sessenta poços


podem causar danos ambientais irreparáveis. Podem futuramente secar rios e
nascentes, o que pode comprometer o abastecimento de água da cidade.
44

Ainda na entrevista, ele ressaltou que existem mais poços na cidade que
foram perfurados clandestinamente sem autorização. O problema maior fica na
questão em que muitos dos poços rasos, com pouco mais de 20 metros, que foram
desativados quando se obteve água encanada, acabaram virando fossa séptica e
podem contaminar o lençol de água que o abastecia. Esse lençol freático pode ser o
mesmo que abastece outros poços na cidade.
Esses poços, com 20 metros, são bastante antigos, foram perfurados logo
no início da urbanização da cidade, um problema difícil de identificar e solucionar,
mas que foi comprovado ao entrevistar uma moradora da cidade que revelou ter
comprado uma casa (próxima ao centro) e nunca ter precisado pedir a limpeza da
fossa, sendo que reside na casa a mais de 10 anos.
A cidade de Medianeira está atrasada na questão da gestão ambiental,
principalmente no que se refere na gestão de recursos hídricos. Para uma cidade
que foi planejada não poderia haver tantos problemas com o rio que a abastece,
ocasionando uma visão desfavorável para os habitantes da cidade em relação à
água da rede de abastecimento público e fazendo-os preferir pela água dos poços
artesianos.
No questionário aplicado aos cidadãos, que foram buscar água dos poços,
ficou claro que eles possuem muitas dúvidas. Muitos acreditam que a água do poço
não precisa de nenhum tipo de tratamento para ser potável, e também acreditam
que essa água não corra nenhum risco de ser poluída. Não consideram que uma
fossa séptica próxima ao poço possa contaminar a água nem mesmo a falta de
saneamento básico próximo a ele.
A maioria dos entrevistados não ferve a água e não a coloca em filtro em
casa, além disso, também foi possível observar a má higienização das garrafas pet
utilizadas por alguns para a coleta da água, as garrafas tinham aparência de velhas
e mal lavadas.
A água coletada para análise teve resultado satisfatório para dois dos poços
selecionados. O poço para o qual a água apresentou contaminação, estando em
desacordo com a legislação, deveria passar novamente por análise.
Deve ser verificada a caixa d’água (se possuir), deve ser coletada água
realizando a assepsia na torneira e desprezando o primeiro jato de água, devem ser
verificados os canos e tubulações. Antes disso seria incerto dizer que a água do
poço esteja contaminada.
45

Devido aos problemas com falta de água nos últimos meses no Brasil, em
muitos lugares estão abrindo poços para suprir esse volume, entretanto o que
deveria se preservar e usar em casos de estrema urgência é esbanjado
inconsequentemente.
Caso esse que pôde ser confirmado mesmo na cidade de Medianeira, pois
conversas com populares e notícias recentes relatam flagrantes de pessoas lavando
carros, lavando seus animais de estimação, interioranos lavando e descascando
mandiocas para vender na cidade, e até mesmo pessoas tomando banho, isso tudo
nos locais onde a água dos poços é liberada gratuitamente para os cidadãos.
46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para se realizar uma melhor Gestão Ambiental, Medianeira precisa de um


estudo de campo, mapeando todos os poços e verificando a legalidade de cada um
deles, desta forma, problemas ambientais muito graves podem ser evitados. Um
projeto de gestão dos recursos hídricos deveria ser estudado para a cidade.
A preservação dos recursos hídricos deve ser evidenciada, sabendo que se
trata de um recurso finito, usar a água dos poços frequentemente pode causar
problemas futuros como até mesmo o secamento de nascentes.
A evolução e o crescimento da cidade ficam comprometidos quando não há
perspectiva de cuidados em relação aos recursos hídricos. A água e principalmente
água de boa qualidade não podem faltar.
Os cidadãos que utilizam dessas fontes devem ser conscientizados que a
água que chega a suas residências é de boa qualidade e que não necessitam usar
essas fontes alternativas.
Os órgãos competentes deveriam ser mais rigorosos nessas questões,
principalmente o setor da secretaria ambiental da cidade que nem mesmo soube dar
alguma informação sobre os poços da cidade de Medianeira.
Muitos desses poços podem estar contaminados com metais pesados,
principalmente os que pertencem ao interior da cidade, por se tratar de uma região
com muitas plantações a utilização de defensivos e fertilizantes podem contaminar
os lençóis contaminando a água. Análises para identificar esses metais não são
autorizadas pela prefeitura porque possuem um custo elevado.
Novas pesquisas e novas análises deveriam ser feitas, além da realização
de um tratamento preventivo, como a cloração, deveria ser incentivada para prevenir
problemas futuros.
47

REFERÊNCIAS

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Terminologia - NBR 9896. Rio de Janeiro, 1987.

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guarani para abastecimento público em Santa Catarina. Congresso Brasileiro de
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50

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO


51

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR


Pesquisa para Monografia da especialização em Gestão Ambiental em Municípios – EaD
UTFPR, através do questionário, objetivando estudar a qualidade da água de poço artesiano
de Medianeira-PR.

Local da Entrevista:___________________________________________ Data:________________

Sexo:( ) Feminino ( ) Masculino Escolaridade:( )1 ano ( ) 2 ano ( ) 3 ano Idade: ____anos

1- Qual é a sua renda familiar? 11-Qual a utilidade dessa água?


( ) 1 salário mínimo ( ) Beber
( ) 2 a 3 salários mínimos ( ) Preparar alimentos
( ) 3 a 5 salários mínimos ( ) Limpeza e higiene
( ) acima de 5 salários ( ) Não sei

2-Local onde reside? 12-Coloca a água em filtro em casa?


( ) Centro ( ) Bairros ( ) Interior ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

3-Quem busca água com mais frequência na 13-Sabe se tem alguma fossa séptica perto do
sua casa? poço?
( ) Pai ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
( ) Mãe
( ) Filhos maiores de 16 anos 14-Sabe se tem saneamento básico perto
( ) Filhos menores de 16 anos desse poço?
( ) Outros especificar:_____________________ ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

4-Sempre pega água desse mesmo poço? 15-Tem conhecimento de algum tratamento
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei realizado nesta água?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
5-Pega água de outros poços?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei 16-Tem conhecimento de resultados das
análises realizadas neste poço?
6-Com que frequência vem buscar água? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
( ) Todos os dias
( ) 1 vez por semana 17-Gostaria de saber se essa agua é potável?
( ) 2 vezes por mês ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
( ) Quando necessário
18-Como você classifica a qualidade da água
7-Quantos litros de água você pega por da rede?
semana? ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Não sabe
( ) 0 a 10 litros
( ) 10 a 20 litros
( ) 21 a 30 litros Por que você pega essa água?
( ) Mais de 30 litros
_______________________________________
8-Onde armazena a água
( ) Garrafas descartáveis _______________________________________
( ) Garrafões
( ) Baldes _______________________________________
( ) Outros
_______________________________________
9-Como você lava estes reservatórios?
( ) Somente com água _______________________________________
( ) Água e detergente
( ) Água, detergente e água sanitária
( ) Não lava

10-Costuma ferver a água antes de usar?


( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
52

APÊNDICE B – RESPOSTAS
53

Entrevista Idade Escola. Sexo P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7


1 70 1 M 2 2 5 1 2 2 2
2 78 M 2 2 5 1 2 2 2
3 52 M 3 2 5 2 1 2 3
4 15 M 2 5 1 2 1 2
5 29 2 M 3 2 5 1 2 2 2
6 52 M 3 1 5 1 1 2 3
7 54 F 1 5 1 2 1 3
8 17 2 M 2 5 3 3 2 2
9 43 F 2 1 5 1 2 2 2
10 59 1 F 2 2 5 2 1 3 3
11 68 1 M 2 2 35 1 2 2 2
12 32 2 F 2 2 25 1 2 2 2
13 57 2 M 2 2 5 1 2 1 1
14 51 5 F 2 2 35 1 2 2 2
15 38 2 M 3 1 5 1 2 2 3
16 61 2 F 2 2 35 2 1 1 3
17 66 2 M 2 2 5 1 2 2 3
18 27 3 F 2 1 15 2 1 2 2
19 18 2 M 2 2 25 1 2 2 3
20 72 1 M 2 2 35 1 2 2 3
21 37 3 F 3 1 5 2 1 2 3
22 54 2 M 2 2 5 1 2 2 2
23 52 1 F 1 2 5 2 1 1 1
24 47 2 M 2 2 35 1 2 2 3
25 66 2 M 2 2 5 1 2 2 3
26 62 F 2 2 5 1 2 2 2
27 67 F 2 2 35 1 2 2 3
28 50 2 F 2 2 35 1 2 2 3
29 30 3 M 3 2 5 1 2 2 2
30 52 2 M 3 2 5 2 1 2 3
31 63 1 M 2 2 5 2 1 2 3
32 41 M 3 2 5 1 2 3 2
33 47 2 M 3 2 15 1 2 2 3
34 67 M 3 2 5 2 1 2 3
35 38 3 M 3 2 5 1 2 2 4
36 40 3 M 3 2 5 1 2 2 3
37 63 3 M 4 1 5 2 1 2 3
38 71 1 F 2 2 35 1 2 2 3
39 29 3 F 2 2 25 1 2 2 3
40 47 2 M 3 1 5 1 2 2 3
41 49 F 3 2 5 2 1 2 3
42 19 F 3 2 5 1 2 2 3
43 52 M 2 2 5 1 2 2 3
44 47 2 F 2 2 12 1 2 2 3
45 70 3 F 3 2 5 1 2 1 2
46 66 1 M 2 5 1 2 1 1
47 18 2 M 1 5 1 2 4 2
48 36 3 F 2 5 1 2 4 2
49 29 2 F 1 5 2 2 2 3
50 33 3 F 2 2 1 2 1 2 1
54

Entrevista P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18
1 1 1 2 1 2 1 3 3 3 1 2
2 1 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
3 1 1 2 12 2 1 1 1 3 1 2
4 1 1 2 12 2 1 3 3 3 1 3
5 1 1 3 1 1 3 1 3 3 1 2
6 1 1 2 1 2 3 1 3 3 1 1
7 1 1 2 1 2 3 3 1 3 1 2
8 1 1 2 1 1 3 3 3 3 1 3
9 1 1 2 3 2 1 3 1 3 1 3
10 1 1 2 1 2 3 1 3 3 1 2
11 1 1 2 1 2 1 3 1 2 1 2
12 1 1 2 1 1 1 3 1 3 1 3
13 1 1 2 1 1 1 3 3 3 1 2
14 1 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
15 2 1 2 1 1 1 1 3 3 1 3
16 2 1 2 12 2 1 3 3 3 1 2
17 2 1 2 1 1 3 3 1 2 1 2
18 1 1 2 1 1 3 3 1 2 1 3
19 2 1 2 12 2 3 3 1 2 1 3
20 2 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
21 2 2 2 12 2 3 3 3 3 1 3
22 1 1 2 1 1 3 3 3 3 1 2
23 1 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
24 1 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
25 2 1 2 12 2 3 3 3 3 1 3
26 1 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
27 1 1 2 1 1 3 3 3 3 1 2
28 2 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
29 2 3 2 12 1 3 3 3 3 1 3
30 2 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
31 2 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
32 1 1 2 1 2 3 1 3 3 1 1
33 1 1 2 1 2 3 3 3 3 1 2
34 2 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
35 1 3 1 12 1 3 3 1 1 1 2
36 1 1 2 12 1 3 3 1 2 1 3
37 2 3 2 1 2 3 1 2 1 1 2
38 1 1 2 1 1 3 3 3 3 1 2
39 1 1 2 1 1 3 3 1 3 1 1
40 2 3 2 12 1 3 3 3 3 1 2
41 2 1 2 1 2 3 2 3 3 1 2
42 1 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
43 1 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
44 1 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
45 1 2 2 1 2 3 1 3 3 1 2
46 1 1 2 1 2 3 1 1 3 1 1
47 2 3 2 1 1 3 1 3 1 1 2
48 2 3 2 1 3 3 3 3 3 1 2
49 1 1 2 12 2 3 3 3 3 1 2
50 1 1 2 1 2 2 2 2 2 1 2
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Entrevista Por que você pega essa água?


1 Rio muito sujo
2 Além de quente não é boa a água da rua
3 Gosto de cloro
4 A água da rede a mãe diz que é ruim
5 Gosto de cloro
6 Não dá para beber porque tem muito cloro
7 Muito cloro, gosto estranho
8 Porque a água da rede da dor de barriga
9 Muitos tem dor de barriga com a água da torneira
10 Sai branca de cloro da torneira
11 Gosto de cloro
12 Gosto de cloro
13 As vezes sai agua branca da torneira, gosto de cloro
14 A água da torneira sai branca, tem gosto ruim
15 Comentam que é melhor e a água da rede tem gosto de cloro
16 Muito produto químico na água, gosto forte
17 Gosto de cloro
18 Porque não é boa e dizem que dá dor de barriga
19 Porque a água da rede tem gosto
20 A água do poço é natural e não tem gosto
21 O gosto da água da rede é ruim
22 Porque o rio é poluído, tem muito bicho morto na água
23 O gosto da água do poço é melhor
24 Gosto ruim da água da rede
25 Gosto da água
26 Rio sujo, água da rede tem gosto ruim
27 Muito cloro na água da rede
28 Gosto forte da água da rede
29 A água da rede tem gosto ruim
30 A água da rede vem de um rio muito sujo
31 Rio muito poluído, mal cuidado, água com gosto ruim
32 Por causa do gosto
33 Gosto ruim da água da rede
34 A água da rede não é boa
35 Gosto da água
36 Gosto da água
37 Gosto da água da rede, muito cloro
38 Tem gosto ruim a água da rede
39 Gosto diferente
40 A água da rede tem gosto de cloro
41 Não cuidam do rio e tem muito cloro na água
42 Natural sem cloro
43 Rio muito poluído
44 O rio é muito mal cuidado e poluído
45 Muito cloro, gosto de água sanitária
46 Melhor qualidade
47 Porque água de poço é melhor
48 Não gosta da água da rede
49 Não gosta da água da rede
50 Porque falaram que é melhor do que a água da rede
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ANEXO A – AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO DA ENTREVISTA


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ANEXO B – RESULTADO DAS ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS


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ANEXO C – RESULTADO DAS ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS


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