POVOS INDIGENAS e COMUNIDADES QUILOMBOLAS MS

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POVOS INDÍGENAS e COMUNIDADES QUILOMBOLAS - MS

História Regional do Mato Grosso do Sul

by José Rodolfo Monteiro


Edital UFMS
POVOS INDÍGENAS – MS (PROF. ELOY TERENA)

1 Diversidade Indígena - segunda maior população indígena do Brasil


Mato Grosso do Sul abriga a segunda maior população indígena do Brasil, com diversos povos espalhados
por 29 municípios. O estado é marcado por uma rica diversidade cultural e linguística, com a presença de
três grandes troncos linguísticos: Macro-Jê, Tupi e Aruak.

2 Grupos Indígenas - Macro-Jê, Tupi e Aruak


Alguns dos principais grupos indígenas de Mato Grosso do Sul incluem os Ofayé, Kadiwéu, Guató, Guarani,
Kinikinau e Terena. Cada grupo possui sua história, cultura, língua e território.

3 Resistência e Legado identitário


A presença indígena em Mato Grosso do Sul é um legado de resistência e tradição. Os povos indígenas
lutaram para preservar sua cultura e identidade, mesmo diante de diversas dificuldades. É fundamental
conhecer e valorizar a história e a cultura dos povos indígenas para compreender a formação da
identidade do Estado.
O termo “índio”
Origem do Termo Manifestações Artísticas

O termo “índio” foi dado pelos europeus ao chegarem As manifestações artísticas indígenas, expressas em
à costa atlântica do Brasil, acreditando estar na Índia. artefatos e grafismos, são frequentemente
incompreendidas e desvalorizadas pela maioria dos
Essa crença, originada de um erro de localização
brasileiros.
geográfica, acabou se perpetuando, resultando na
designação de “índios” para os povos nativos da Mesmo em um contexto de proteção dos patrimônios
América. culturais indígenas, a arte ameríndia é vista como uma
“curiosidade” ou algo “exótico”.
Questão do "Índio"

1 Índio Didático - Everaldo Guimarães Rocha


O antropólogo Everaldo Guimarães Rocha analisou a representação do indígena na literatura brasileira.
Ele observou a definição dos nativos como primitivos, selvagens e cruéis, evidenciada em obras como
“Caramuru”.

2 Quinhentismo e Literatura Jesuítica


A literatura jesuítica do período colonial tinha como objetivo catequizar os indígenas, usando a escrita
como ferramenta de conversão religiosa. A representação do indígena nessa literatura era inflexível e
missionária.

3 Estereótipo e “O Guarani”
O estereótipo de que o indígena não pode usufruir dos bens da civilização persiste até os dias atuais. Em
“O Guarani” de José de Alencar, a figura do indígena idealizado se torna símbolo nacional.
Marçal de Souza (1920-1983)

1 Líder Indígena 2 Demarcação de Terras


Marçal de Souza, conhecido como Marçal Tupã- Foi um defensor da demarcação das terras
Y, foi um importante líder e ativista indígena indígenas, acreditando que a garantia da posse e
brasileiro, da etnia Guarani-Kaiowá, que se da gestão das terras tradicionais era
destacou na luta pelos direitos dos povos fundamental para a sobrevivência e a
indígenas. preservação das culturas indígenas.

3 Autodeterminação e Autonomia 4 Cultura e Identidade


Defendia a ideia de que os povos indígenas Valorizava profundamente a cultura e a
deveriam ter o direito de determinar seus identidade indígena, seria importante preservar
próprios destinos e de governar suas as tradições, línguas e costumes indígenas como
comunidades de acordo com suas tradições e parte fundamental da herança cultural do
valores. Brasil.
Art. 231. C.F. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os
direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e
fazer respeitar todos os seus bens.
Atikum - Macro-Jê
História e Cultura - Nioaque Identidade Atikum - Toré e Anjuca
Os Atikum são um povo indígena do tronco Os Atikum desafiam a visão tradicional de "índio",
linguístico Macro-Jê, com raízes em Pernambuco e pois diferem do estereótipo. Sua identidade se
Mato Grosso do Sul (Nioaque). Eles enfrentam manifesta principalmente através do ritual do
desafios para preservar suas tradições, demarcar Toré, em que os "encantos de luz" são invocados, e
suas terras e superar questões socioeconômicas. através da bebida sagrada "anjucá".

Migrações em 1970-80 Toré e "Ciência do Índio"


Os Atikum mais velhos em Mato Grosso do Sul O Toré se tornou um ritual central para os Atikum.
migraram da Serra do Umã, Pernambuco, entre Eles desenvolveram um corpo de conhecimento que
1970 e 1980. Suas famílias se deslocaram chamam de "ciência do índio", utilizando a casca
separadamente até se reunirem em um território da raiz da jurema macerada para a bebida sagrada
cedido pelos Terena na Terra Indígena Nioaque. "anjucá" durante os rituais.
Os Guarani - Tupi

1 Excelentes Agricultores - algodão, 2 Invasão e Subjugação - investidas


milho e erva-mate escravagistas dos bandeirantes
Os índios Guarani foram e são excelentes
paulistas
agricultores, cultivando algodão, milho e erva- Suas aldeias tornaram-se alvos constantes das
mate, elementos fundamentais de sua cultura. investidas escravagistas dos bandeirantes
paulistas, que levaram à drástica redução
populacional e à subjugação de sua cultura.

3 Província Jesuítica do Itatim 4 Localização - sul e sudeste do


O modelo missionário transformou o território
Estado
Guarani no Estado na Província Jesuítica do Em Mato Grosso do Sul, ocupavam a porção sul
Itatim, subordinada ao Colégio Jesuíta de e sudeste do Estado. Eldorado, Dourados
Assunção. Naviraí e Panambi.
Aspectos Essenciais da Identidade Guarani

1 Ava ñe'ë - língua


A língua guarani é um elemento fundamental da identidade cultural, transmitindo conhecimentos
ancestrais e valores através da oralidade, preservando a história e a tradição.

2 Tamõi - ancestrais
Os ancestrais míticos comuns são centrais na visão de mundo e nos ritos dos guarani, conectando-os à sua
história e cosmovisão.

3 Ava reko - comportamento


O comportamento em sociedade, sustentado em um arsenal mítico e ideológico, define o "modo de ser
guarani" e orienta sua conduta social.

Esses três aspectos - língua, ancestrais e comportamento - informam ao ava (homem guarani) como entender as
situações vividas e o mundo que o cerca, fornecendo pautas e referências essenciais para sua identidade e forma de
estar no mundo.
Taxa de suicídios entre indígenas é três
vezes superior à média do País

1 Suicídio entre Homens Indígenas 2 Comparação com a Média Nacional


O suicídio é uma realidade alarmante entre os A média nacional de suicídios é de 6,5 óbitos por
homens indígenas, com uma taxa de 23,1 mortes 100 mil habitantes, com a maioria dos casos
por 100 mil habitantes, bem acima da média ocorrendo entre jovens de 15 a 29 anos.
nacional.

3 Guarani-Kaiowá e a Crise de 4 Impacto na Cultura Indígena


Identidade A falta de terras impede a realização de rituais
Os Guarani-Kaiowá, especialmente no Mato tradicionais, como a roça para a esposa,
Grosso do Sul, enfrentam altas taxas de suicídio, impactando a formação de jovens e a
relacionadas à perda de suas terras e da reprodução da cultura.
capacidade de realizar seus costumes. Anomia
A Reação dos Guarani-Kaiowá - 1980

Aty Guasu - assembleia Reações Violentas Terror e Sofrimento


anual Os fazendeiros reagiram de forma Essas reações dos proprietários
Diante da violenta expulsão de brutal, contratando pistoleiros, geraram terror e sofrimento entre
suas terras, os Guarani-Kaiowá se obtendo ordens de despejo e os Guarani-Kaiowá, que lutam para
uniram na Aty Guasu, em 1980, pressionando por mudanças preservar sua cultura e terras
uma assembleia anual para legislativas para enfraquecer os ancestrais.
expressar suas demandas e direitos territoriais indígenas.
organizar estratégias de luta.
GUAICURU (ARUAK) – ÍNDIOS CAVALEIROS

1 História - Chaco 2 Resistência até 1768


Os Guaicuru eram um povo indígena do grupo Eles ofereceram forte resistência à colonização
Aruak que habitavam o Chaco paraguaio no ibérica e formaram uma aliança com os Paiagua
século XVII. Sua área de ocupação se estendeu até até 1768, quando assinaram um tratado de paz
o Pantanal e a Serra da Bodoquena no século com Portugal.
XVIII.

3 Expansão e Guerra 4 Presente


A expansão da fronteira brasileira no século XIX Após a guerra, o governo brasileiro reconheceu
afetou o povo Kadiwéu, levando-os a recuar em um acordo de paz e amizade com os Kadiwéu.
território e enfrentar os desafios da Guerra do Hoje, a população Kadiwéu gira em torno de
Paraguai (1864-1870). 1500 indivíduos.
Arte Kadiwéu

Pintura Corporal Cerâmica


Desenhos corporais são uma arte Kadiwéu, mostrando Mulheres Kadiwéu criam vasos, pratos, animais e
habilidades e tradição. Pinturas eram usadas para enfeites em cerâmica, com padrões e cores específicas.
diferenciar nobres, guerreiros e cativos, com tinta de Os pigmentos são de areias coloridas, e alguns detalhes
jenipapo e carvão. são envernizados com resina de pau-santo.
No passado, a pintura corporal marcava a diferença entre nobres, guerreiros e cativos. Os finos desenhos
corporais realizados pelos Kadiwéu constituem-se em uma forma notável da expressão de sua arte. Hábeis
desenhistas estampam rostos com desenhos minuciosos e simétricos, traçados com a tinta obtida da mistura de
suco de jenipapo com pó de carvão.
O Movimento Guaicuru (1980-90)

1 Retomada da Identidade
Nas décadas de 1980 e 1990, o Movimento Guaicuru surgiu com o objetivo de resgatar a identidade do povo
guaicuru, que habitou a região do Mato Grosso do Sul. O movimento defendia a retomada dessa identidade
como referência para que os próprios sul-mato-grossenses se reconhecessem.

2 Difusão da Cultura
O Movimento Guaicuru se organizou em torno da Unidade Guaicuru de Cultura, com o intuito de divulgar as
artes e expressões culturais do povo guaicuru. Realizaram dezenas de mostras artísticas e produziram
obras expressivas de pintura e desenho sul-mato-grossenses, expandindo-se para Dourados e Coxim.

3 Liderança - Henrique Spengler


Henrique Spengler, artista plástico e historiador, se destacou como o principal mentor do movimento, com
um discurso que enfatizava a identidade guaicuru como nativista, guerreira e corajosa.
TERENA (ARUAK)

1 Agricultores 2 Cerâmica
Os Terena eram conhecidos por sua habilidade A cerâmica era uma expressão artística
em agricultura, cultivando milho, mandioca e importante na cultura Terena, produzindo
outros alimentos essenciais para sua vasos, pratos e outros objetos utilitários e
subsistência. decorativos.

3 Território Terena - rio Miranda 4 Estrutura Social


Os Terena se estabeleceram na bacia do rio A sociedade Terena era estratificada, com um
Miranda, onde cultivavam suas terras e sistema social que incluia nobres (Naati),
construíam suas aldeias. Nioaque, Miranda e homens comuns (Wahe) e cativos.
Aquidauana
A Guerra do Paraguai (1864-70)
Palco de Conflitos Envolvimento Indígena Impacto na
Territorialidade
Durante a Guerra do Paraguai, a Os índios Terena tiveram
região do Pantanal foi palco de vários participação direta na guerra, A construção da Estrada de
episódios bélicos, incluindo a famosa chegando a formar batalhões Ferro Noroeste do Brasil (NOB)
"Retirada da Laguna". Nesse conflito, que lutaram ao lado das tropas dissecou o território Terena,
os índios Guaikuru e Terena ficaram do Império Brasileiro. levando à concentração desse
entre os dois lados inimigos. povo em áreas reduzidas.
Os Terena após a Guerra do Paraguai

Reconhecimento Negado
Apesar da intensa participação dos Terena na Guerra do Paraguai ao lado das forças imperiais, o
1 governo do Império não reconheceu seus esforços, não lhes concedendo um palmo sequer de terras -
como o faria, em 1880, para os Kadiwéu na concessão de cerca de 400 mil hectares de terras na
região do Nabileque/Bodoquena.

Exploração sob a República

2 Com a chegada da República, a situação dos Terena só piorou, com os chefes políticos regionais
explorando e subjugando esses povos indígenas.

Condição de Servidão observou Marechal Rondon


Os Terena eram comumente explorados pelos fazendeiros, muitas vezes sujeitando-se a uma
3
condição de servidão, com dívidas impagáveis e risco de violência, como observou Marechal
Rondon em seus escritos.
Os Terena utilizam os poderes dos seus "porangueiros", como dizem, ou curadores. Recorrem a estes para a cura de
doenças, interpretadas como "males do espírito" que afetam o corpo do indivíduo.
Kinikinau (Aruak)

1 Tradição e Resistência
O povo Kinikinau lutou por sua identidade, resistindo à pressão de se autodeclararem Terena, e buscando
reconhecimento de sua singularidade.

2 Dança do Bate-Pau
A Dança do Bate-Pau, uma tradição compartilhada com os Terena, celebra a história Kinikinau, incluindo a
participação na Guerra do Paraguai.

3 Território Tradicional - Porto Murtinho


A maior parte do grupo Kinikinau vive na Aldeia São João, na Reserva Indígena Kadiwéu, em Porto Murtinho,
com outras comunidades em Aquidauana, Miranda e Nioaque.
A Dança do Bate-Pau dos Kinikinau

Ritmo e Tradição
1 Flauta e tambor guiam os passos

Cores Rituais
2
Vermelho, azul e branco marcam a celebração

Participação na Guerra
3
Relembrando a história de luta do povo Kinikinau

As cores rituais do vermelho, azul e branco remetem à identidade e história deste povo, incluindo sua
participação na Guerra do Paraguai.
A Cerâmica Kinikinau: Preservação da
Identidade

1 Tradição Guaná
A cerâmica Kinikinau possui raízes profundas na antiga tradição
dos povos Guaná, transmitida de geração em geração pelas
mulheres artesãs.

2 Expressão Cultural
Essa produção artesanal é fundamental para a afirmação da
singularidade do povo Kinikinau, refletindo sua identidade e
valores.

3 Continuidade Histórica
A cerâmica Kinikinau dá continuidade a uma longa tradição,
preservando seus elementos culturais únicos mesmo diante
das pressões assimilacionistas.
GUATÓ (MACRO-JÊ OU ISOLADO)

1 Sociedade Fluvial - Canoas 2 Organização Social


Os Guató habitam o Pantanal, com uma vida Sua organização social era baseada em pequenas
intimamente ligada aos rios e lagoas. Eles se unidades familiares, que se reuniam em
deslocam em canoas e construíam casas em ocasiões especiais, como festas e casamentos.
terrenos elevados, próximo à água. Essa estrutura era adaptada ao ambiente
pantaneiro, onde as áreas secas eram limitadas.

3 Relação com a Colonização 4 Registro Histórico - século XVI


Os Guató eram considerados um povo amistoso, O explorador espanhol Alvar Núñez Cabeza de
não oferecendo resistência significativa à Vaca foi o primeiro a registrar a existência dos
colonização europeia na região. Essa postura Guató, no século XVI. Ele descreveu os Guató
facilitou a interação com os colonizadores. como um povo que dominava a arte do cururu e
instrumentos musicais como a viola de cocho e o
ganzá.
História dos Ofayé (Macro-Jê)

1 Perseguição e Extinção Ameaçada - Caminho das Monções


Por séculos, a partir do século XVII, os Ofayé sofreram violência e perseguição, sendo atacados por vizinhos
Guarani e capturados por bandeirantes para trabalho escravo. Caminho das Monções

2 Nomadismo Forçado
Para sobreviver, os Ofayé eram obrigados a viver em constante nomadismo, refugiando-se nas matas e
evitando contato com a sociedade envolvente. Os Ofayé eram pessoas de estatura pequena e bastante
arredios a qualquer contato com o "branco" ou mesmo com outro índio.

3 Luta pela Sobrevivência - 1960 e 1970


Após serem considerados extintos, nas décadas de 1960 e 1970, a comunidade Ofayé descendente luta até
hoje pelo reconhecimento de seus direitos étnicos e a demarcação de suas terras em Brasilândia.
Mitologia Ofayé

O Sol e a Lua Transformação em O Engano do Sol Origem dos


O Sol, considerado chefe
Animais O Sol enganou os
Animais
dos homens, era descrito O Sol, com sua natureza homens, prometendo A transformação em
como um ser maldoso, traiçoeira, desejava frutas saborosas, e os animais explica a origem
enquanto a Lua era vista transformar os homens transformou em da fauna do Pantanal,
como uma aliada da em animais, mas a Lua o diferentes animais. Tatu conectando os Ofayé à
humanidade. impedia. parente natureza.
Os Payaguá (Aruak): Senhores do Rio
Paraguai

1 Canoeiros Experientes
Os Payaguá eram hábeis navegadores, vivendo quase todo o tempo a bordo de suas canoas e explorando os
rios e lagos do Pantanal. Ainda na primeira metade do século XVI, eram esses índios senhores absolutos
desse trecho do rio

2 Mestres da Pesca e sem aldeias


Conheciam profundamente as técnicas e os segredos da pesca nos rios e lagoas, sendo exímios no manejo
de suas embarcações. Payaguá não construíam aldeias, viviam quase que todo o tempo a bordo de suas
canoas e só desembarcavam delas, por períodos mais longos, para participarem de festas tradicionais ou
de confraternização étnica.

3 Resistência à Colonização
Uniram-se a outros grupos indígenas Guaicuru para resistir ao avanço da colonização espanhola e
portuguesa durante séculos. Já em meados do século XIX os Payaguá estavam praticamente extintos.
A guerra do Paraguai não poupou nenhum segmento da população paraguaia, e os homens e as mulheres payaguá
seguiram a mesma sorte que os demais paraguaios. Alguns anos após a guerra só havia sobrevivido 1% dos
Payaguá.
O Caminho de Peabiru

Origem - sistema de Intercâmbio Cultural Trajeto Principal


trilhas ancestrais O Caminho de Peabiru permitiu um O principal caminho começava no
O termo "Peabiru" vem da língua grande intercâmbio cultural entre litoral atlântico, passava pelo atual
Tupi, significando "caminho as diferentes etnias indígenas, estado do Paraná, atravessava o
gramado" ou "caminho batido", promovendo a troca de Paraguai e terminava nos Andes, na
um sistema de trilhas ancestrais que conhecimentos, tradições e região do Peru e da Bolívia.
se estendia por mais de 3.000 técnicas. "Tradição São Francisco"
quilômetros.
COMUNIDADES QUILOMBOLAS EM MATO GROSSO
DO SUL

1 Furnas de Dionísio - Jaraguari


Localizado em Jaraguari, o quilombo de Furnas de Dionísio representa um importante marco na história da
resistência negra em Mato Grosso do Sul. As Furnas de Dionísio foram um importante refúgio para escravos
fugitivos.

2 Comunidade São Benedito – Tia Eva (Campo Grande)


Situado em Campo Grande, a Comunidade São Benedito, conhecida como “Tia Eva”, é um exemplo de
comunidade quilombola com forte identidade cultural e ancestral. A comunidade é um importante centro
de preservação da cultura afro-brasileira.

3 Furnas de Boa Sorte - Corguinho


Localizado em Corguinho, o quilombo de Furnas de Boa Sorte é um exemplo de como os quilombos
contribuíram para o desenvolvimento da região, com a prática da agricultura e da pecuária.
Lei nº 10.639/2003: Reconhecimento das
Comunidades Quilombolas

1 1. Trajetória Histórica 2 2. Relações Territoriais Específicas


Comunidades quilombolas reconhecidas devem As comunidades devem apresentar uma relação
possuir uma trajetória histórica própria, especial com o território, evidenciando a
demonstrando sua resistência e legado cultural. ocupação e uso do espaço de forma tradicional.

3 3. Ancestralidade Negra 4 4. Reconhecimento da FCP - 22


A ancestralidade negra é fundamental para a
comunidades quilombolas
identificação da comunidade, demonstrando a A Fundação Cultural Palmares (FCP) reconhece
resistência à opressão histórica durante o atualmente 22 comunidades quilombolas em
período escravista e pós-abolição. Mato Grosso do Sul, promovendo políticas de
reparação histórica.
Geógrafo João Batista Alves de Souza

Migrações Pós-Abolição Origens das Migrações Busca por Terras e


A formação das comunidades As ondas migratórias vieram
Trabalho
quilombolas em Mato Grosso principalmente de Goiás, Minas Os libertos da escravidão
(parte sul) se deu após a Lei Áurea, Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. buscavam terras e trabalho, pois
em 1888. não receberam políticas públicas
de inclusão social e acesso à terra.
Nomes das Comunidades Quilombolas em MS
As comunidades quilombolas em Mato Grosso do Sul são nomeadas com base em diferentes critérios, incluindo
localização geográfica, santos padroeiros ou lideranças.

Localização Geográfica
1 Ex: Furnas de Boa Sorte

Santos Padroeiros
2
Ex: São João Batista e São Miguel

Lideranças
3
Ex: Tia Eva e Família Ozório

As comunidades enfrentam desafios para obter direitos básicos, como saúde, moradia, educação e delimitação de
terras. Apenas três comunidades receberam a titulação de seus territórios tradicionais pelo INCRA. ( São Miguel -
Maracaju, Chácara Buriti - CG e Furnas Boa Sorte - Corg.)
Comunidade Furnas de Dionísio - Jaraguari

1 Fundador - Dionísio Antônio Vieira 2 Localização - cana


(1901) A comunidade está localizada a 40 km de Campo
A comunidade foi fundada em 1901 por Dionísio Grande, no município de Jaraguari, em um local
Antônio Vieira, um ex-escravo que se mudou de propício para o cultivo da cana-de-açúcar.
Minas Gerais em busca de um novo lar para sua
família.

3 Famílias - 89 famílias 4 Produção de cana e artesanato


Composta por 89 famílias e cerca de 400 A comunidade é conhecida por sua produção de
pessoas, a comunidade mantém viva a história e açúcar mascavo, rapadura e mel de cana, além
a tradição dos descendentes de Dionísio. de queijos, farinha de mandioca e artesanato.
Comunidade São Benedito – Tia Eva

Liberdade em GO - 1887 Fé e Gratidão - 1912 Legado duradouro


Eva Maria de Jesus obteve a Tia Eva construiu uma capela em Tia Eva teve três filhas e deixou um
liberdade em 1887. Ela deixou 1912, em agradecimento a São legado importante para a
Mineiros (GO) e veio para Campo Benedito por sua cura. A capela foi comunidade negra de Campo
Grande em busca de um novo lar reconstruída em 1919, e hoje Grande. Estima-se que existam 2 mil
para sua família. abriga os restos mortais de Tia Eva. descendentes de Tia Eva
espalhados pelo MS.
Igreja de São Benedito (1912-19)
A Igreja de São Benedito, um importante marco histórico, foi
construída no início do século XX pelos moradores da comunidade
quilombola, simbolizando a fé e a resistência do povo negro.

A Igreja foi um espaço fundamental para a comunidade, servindo como


centro de reuniões, celebrações religiosas, e um local para fortalecer
os laços comunitário.
Furnas de Boa Sorte - Corguinho

Fundadores - José Matias Ribeiro, Bonifácio Lino Maria e João Bonifácio


1
José Matias Ribeiro, Bonifácio Lino Maria e João Bonifácio, ex-escravos vindos de Minas Gerais,
chegaram ao Mato Grosso no final do século XIX, logo após a abolição da escravidão.

Reconhecimento em 2001 - mil quatrocentos hectares


2
Em 2001, a Fundação Palmares titulou de mil quatrocentos hectares de Furnas de Boa Sorte como
área remanescente de quilombo. A titulação foi realizada com base no artigo 68 e artigo 231 da
Constituição Federal de 1988, que determina que os estados titulem terras quilombolas.

Produção - rapadura, farinha e cestaria


3
Atualmente, 45 famílias, cerca de 250 pessoas, vivem na antiga fazenda São Sebastião, produzindo
rapadura, farinha e artesanato, principalmente cestaria.
Artigo 231 da C.F.: Marco Legal para os
Direitos Quilombolas e Indígenas

1 Reconhecimento dos Direitos 2 Demarcação das Terras (Estado)


Originários O artigo determina que compete à União
O artigo 231 da C.F. Brasileira reconhece os demarcar as terras, garantindo-lhes o usufruto
direitos originários dos povos quilombolas e exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
indígenas sobre as terras que tradicionalmente lagos nelas existentes.
ocupam.

3 Consulta Prévia - decisões que 4 Proteção do Patrimônio Cultural


afetam seus direitos (vida, costumes, crenças e
A consulta prévia aos povos quilombolas e
tradições)
indígenas sobre decisões que afetam seus O artigo assegura a preservação dos modos de
direitos, como a exploração de recursos vida, costumes, crenças e tradições dos povos
naturais, é um direito fundamental garantido quilombolas, reconhecendo sua importância
pelo artigo 231. para a identidade cultural brasileira.

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