TCC - Ana Carolina Mafra Almeida Oficial.1

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ANA CAROLINA MAFRA ALMEIDA

ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO


ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA DOMÉSTICA E
FEMINICÍDIO.

Cidade
Ano
ANA CAROLINA MAFRA ALMEIDA

ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL


NO ENTRENTAMENTO DA VIOLENCIA DOMÉSTICA E
FEMINICÍDIO.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Estácio de Sá, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Bacharel em
Serviço Social.

Orientador: Prof.ª Marcia Maria Gil Ramos

Cururupu-MA
2024
Dedico este trabalho à minha mãe Dilma a
qual sou eternamente grata.
A Deus que me mantem sempre firme.
A todas as mulheres vítimas de violências
doméstica, estimo que vocês encontrem
apoio e consigam sair.
E as que foram silenciadas através do
feminicidio, que Deus lhes deem descanso
as suas almas.
AGRADECIMENTOS
A Deus em primeiro lugar sempre em minha vida.

A minha mãe Dilma da Conceição de França Mafra, que sempre cuidou de mim e,
nunca desacreditou que eu venceria mais um degrau na vida.

As minhas supervisoras de campo durante os estágios, Nadilma Silva, Gracielle


Fonseca e Eloá Franco e, supervisora acadêmica Iracyran Conde, obrigada por todos
ensinamentos e orientações.

A minha tutora Marcia Maria, que a distância não foi obstáculos para sanar minhas
dúvidas.

A minha coordenadora de polo Dilane Ribeiro, que me ajudou desde do início do curso
até aqui, não me permitiu quando as coisas não estavam muito bem.

Aos meus amigos Bruno Silva, Liciane Nunes, pelas orientações que nessa etapa
foram essenciais quando me senti perdida durante a produção deste.

E por fim, aos meus demais colegas de cursos aos quais unimos forças para que
ninguém ficasse para trás.
A todos, muito obrigada!
Já somos sementes e brotaremos até mesmo do
asfalto.
Marielle Franco
ALMEIDA MAFRA, Ana Carolina. Estratégias de intervenção do serviço social no
enfrentamento da violência doméstica e feminicídio. 2024. 25. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Estácio de Sá, Cururupu-MA,
2024.

RESUMO
Este trabalho foi elaborado por meio de pesquisa bibliográfica, que inicialmente foi
feita uma análise de dados fornecidos por mídias digitais, portais, artigos publicados
e uso de legislação. O objetivo geral deste, visa mostrar a ineficiência do sistema que
mesmo tendo legislação, medidas e ações de combate e prevenção, cada vez mais
mulheres são vítimas em uma frequência significativa em todo o país, pois essas
vítimas se veem presas em um ciclo de agressões. Além disso, foi exposto como os
assistentes sociais atuam em questões de violência doméstica contra a mulher e, quão
necessários, são esses profissionais para tal abordagem no enfrentamento dessa
violência. Deparou-se com profissionais de linha de frente incapacitados para acolhida
dessas vítimas. Os resultados indicam que mesmo tendo legislação, medidas e ações
de combate e prevenção, cada vez mais mulheres são vítimas em uma frequência
significativa em todo o país, pois essas vítimas se veem presas a um ciclo de
agressões. Esses achados confirmaram pesquisas que destacaram este aumento,
provando um sistema falho. Também, foram abordadas as medidas de enfrentamento
do Poder Público para o fortalecimento das redes de apoio as essas mulheres.

Palavras-chave: Violência doméstica. Mulher. Violência contra a mulher. Assistente


Social.
ALMEIDA MAFRA, Ana Carolina. Social service intervention strategies in
addressing domestic violence and femicide. 2024. 20. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Serviço Social) – Estácio de Sá, Cururupu-MA, 2024.

ABSTRACT

This work was prepared through bibliographical research, which initially included an
analysis of data provided by digital media, portals, published articles and the use of
legislation. The general objective of this, aims to show the inefficiency of the system
that despite having legislation, measures and combat and prevention actions, more
and more women are victims at a significant frequency across the country, as these
victims find themselves trapped in a cycle of aggression. . Furthermore, it was exposed
how social workers work on issues of domestic violence against women and how
necessary these professionals are for such an approach in combating this violence.
Frontline professionals were found to be incapable of welcoming these victims. The
results indicate that even with legislation, measures and actions to combat and
prevent, more and more women are victims at a significant frequency across the
country, as these victims find themselves trapped in a cycle of aggression. These
findings confirmed research that highlighted this increase, proving a flawed system.
Also, the Public Power's coping measures were addressed to strengthen support
networks for these women.

Keywords: Domestic violence. Woman. Violence against women. Social


Worker.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Ciclo da Violência ................................................................................... 14


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DEAM Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher


CAPS Centro de Atendimento Psicossocial
CRAM Centro de Referência de Atendimento à Mulher
CRAS Centro de Referência da Assistência Social
CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social
CTA Centro de Testagem e Aconselhamento
OMV Observatório da Mulher Contra a Violência
UBS Unidade Básica de Saúde
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. IDENTIFICANDO PADRÕES DE COMPORTAMENTO .................................... 14
2.1 RAZÕES PELAS QUAIS AS MULHERES NÃO DENUNCIAM...........................15
3. O SERVIÇO SOCIAL E A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ...................................... .16
3.1 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER E O FEMINICÍDIO.................17
4. O PODER PÚBLICO NO COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA MULHER . 18
4.1 O SISTEMA É FALHO:LACUNAS NA ABORDAGEM VIOLÊNCIA....................19
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 22
REFERÊNCIAS .........................................................................................................23
13

1. INTRODUÇÃO
De acordo com a 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, a cada
dez brasileiras, três já foram vítimas de violência doméstica. Apesar de um vasto rol
de medidas de proteção e prevenção, essa é a realidade de muitas brasileiras, que
acabam vivenciando a violência dentro de seu próprio lar, muitas vezes, com quem
deveria lhe dar amparo e segura, o companheiro afetivo.
A atuação do Serviço Social frente à violência doméstica ajuda a combater, de
forma direta na promoção de políticas públicas mais eficazes. Além disso, é essencial
reconhecer que a violência doméstica é um grave e complexo problema social, que
requer uma abordagem multidisciplinar e integrada que não pode ser tratada apenas
pelo viés do direito penal.
Embora as leis representem um avanço significativo na proteção das mulheres,
ainda há muito a ser feito para garantir sua eficácia na execução, incluindo a
implementação efetiva de políticas de proteção às vítimas, o fortalecimento das redes
de apoio e suporte, educação sobre os direitos das mulheres e um fácil acesso aos
recursos disponíveis para mulheres que sofrem esse tipo de violência.
Ainda que existam medidas no âmbito jurídico para prevenir e combater esse
tipo de violência a sua implementação apresenta falhas, como falta de celeridade e
questões burocráticas na aplicação da legislação. O que leva muitas mulheres vítimas
de violência a não procurarem ajuda.
Existem padrões de comportamento por parte do companheiro agressor,
evidenciam um ciclo de relacionamento abusivo e violento, é importante identificar o
mais cedo possível, para que não evolua para a violência na sua forma mais extrema,
o feminicídio. Entendendo melhor o conceito de violência doméstica e de feminicídio,
destacando a atuação interventiva do Serviço Social, de forma que todas as mulheres
vítimas tenham acesso e conhecimento aos seus direitos. Observou-se também o
papel e desempenho das instituições que atuam na prevenção e no combate à
violência doméstica e ao feminicídio no Brasil, falhas e eficácias.
Desta forma, a pesquisa bibliográfica foi utilizada como metodologia para a
criação deste trabalho. Foram utilizados recortes, artigos científicos, parte da
legislação e mídias digitais de grande alcance que aborda a temática do Serviço Social
no ciclo da violência doméstica pautada no feminicidio, juntamente fazendo a análise
das barreiras de proteção utilizada pelo poder público.
14

2. IDENTIFICANDO PADRÕES DE COMPORTAMENTO

Há diversos padrões de comportamento que podem sinalizar que aquele que


poderia prover pelo lar, seja um possível agressor. Neste capitulo abordaremos alguns
destes sinais que, identificados no início pode custar a vida de uma mãe, filha, irmã,
vizinha, mulher.
O comportamento possessivo, o agressor demonstra ciúmes exageradamente
pela vítima, o controle obsessivo sobre a parceira muitas vezes precede atos extremos
de violência. Tendo em mente que a companheira “propriedade” sua, com controles
excessivos sobre todas as áreas da vida da companheira.
A não aceitação do término de um relacionamento, este pode ser um dos
gatilhos mais perigosos para uma série de comportamentos prejudiciais, incluindo o
aumento da violência e vingança, que podem culminar em feminicídio.
Segundo o levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública
(FBSP) apontou que:
Ao menos 10.655 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, entre os
anos de 2015 e 2023. Segundo o relatório, o número de feminicídios no país
cresceu 1,4% entre 2022 e 2023 e atingiu a marca de 1.463 vítimas no ano
passado, indicando que mais de quatro mulheres foram vitimadas a cada dia .

A violência de gênero possui o seguinte ciclo: tensão aumentada, ato violento


e a chamada lua de mel. A mulher sofre vários tipos de violência (física, moral,
psicológica, sexual e patrimonial) durante essas três fases. Esses tipos de violência
podem ocorrer isoladamente ou em conjunto.

FIGURA 1- CICLOS DA VIOLENCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER

Fonte: Agência CNJ de Notícias


15

É importante que as mulheres identifiquem esses sinais de violência doméstica


para que possam buscar assistência e proteção. Reconhecer os sinais logo quando
eles aparecem pode permitir que as vítimas ajam antes que a situação se agrave.

2.1 RAZÕES PELAS QUAIS MULHERES NÃO DENUNCIAM

Existem várias razões que impedem inúmeras mulheres de denunciar os


autores e, lhe restando a opção de permanecerem no relacionamento abusivo por
longos anos. A vítima fica confusa sobre sobreviver ou perder tudo, pois há uma linha
tênue entre ficar ou ir embora.
Na maioria das vezes, essas mulheres não tendem a ter apoio familiar, logo
elas se veem obrigadas a continuarem sob o mesmo teto, principalmente se elas
dependerem financeiramente de seu agressor. O que gera outra razão para não
denunciar, o medo de mais agressões em forma de represálias, já que estas mulheres
não encontram meios para se manterem e nem os possíveis filhos da relação.
A ideia cruel imposta pelo patriarcado de que a culpa é sempre da mulher,
prejudica ainda mais a vítima já fragilizada e vulnerável. Exatamente neste ponto que
muitas mulheres são silenciadas e forçadas a continuar a não denunciar. A
culpabilização da vítima acaba dando a sensação de impunidade para o agressor.
A violência institucional também gera impedimento na mulher, que acontece,
por exemplo, quando a vítima busca uma delegacia, que durante a conversa com
autoridades policiais acaba sendo forçada a reviver toda a situação sofrida por ela,
inúmeras vezes, ocorrendo a descredibilização dos seus relatos. Elas passam a não
confiar na atuação policial, logo, desistem de procurarem ajuda no sistema.
É evidente que essas vítimas realmente, desacreditam na responsabilização
de seus algozes. E que elas continuarão expostas a mais violências se o denunciarem
as autoridades, elas temem em provocar ainda mais a fúria dos agressores, levando-
as a permanecerem em um silêncio ensurdecedor.
16

3. O SERVIÇO SOCIAL E A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Este capítulo abordará a atuação do assistente social em relação a esse


fenômeno social, onde a violência contra a mulher é um enfrentamento constante no
seu dia a dia profissional, superando barreiras em cada intervenção. E desenvolvendo
meios para melhor acolher e mudar realidades dramáticas destas mulheres.
As percepções dos assistentes sociais sobre a violência doméstica contra a
mulher, podem ajudar a melhorar a qualidade de vida das mulheres em situações de
violência e fornecer fundos para intervenções que atendam às necessidades dessas
mulheres e, consequentemente prevenindo mais violências a essa vítima.
Assim, essas intervenções exigem dinâmicas, recursos, organização e
informação e vão construindo e desconstruindo a identidade profissional nas
condições históricas. Então, é muito válido poder contar com o serviço social
em termos de apoio e de ajuda perante esse problema que afeta milhões de
mulheres em todo o mundo (Backer, 2014).

Atualmente, o Serviço Social está posicionado de uma perspectiva ético-


político, com o principal objetivo de defender o acesso aos direitos sociais. Ficou claro
que a expansão do campo de atuação do Serviço Social em relação às políticas para
mulheres acaba sendo crucial, pois garante o acesso a serviços de apoio psicológico,
jurídico, médico e social que, também desempenha funções essenciais de orientar
sobre seus direitos fundamentais, medidas protetivas e políticas ou programas sociais
que são ofertadas para protegê-las fisicamente, mentalmente e patrimonialmente.
Para uma melhor avaliação e intervenção, o profissional usa instrumentos
técnicos operativos: entrevistas, escuta ativa, mediação, acompanhamento
psicossocial, trabalho em rede, educação e sensibilização. Uma intervenção
adequada do assistente social além de facilitar a compreensão sobre os direitos das
mulheres, favorece com que essa mulher se sinta segura em denunciar.

Portanto, frente à violência o Assistente Social tem o dever de pensar formas


interventivas eficazes, buscar, cobrar do poder público políticas públicas,
contribuindo para o bem-estar social, a cidadania e a dignidade humana,
voltando suas práticas para a justiça social, igualdade, melhor oportunidades
para todos os sujeitos (Bezerra, 2014)

Sendo eficaz o enfrentamento da violência contra a mulher, quando os serviços


e instituições trabalham juntos e de forma integrada. O trabalho dos serviços no âmbito
da assistência é feito a partir de uma perspectiva Inter setorial, essencial para abordar
a complexidade da violência doméstica e, de gênero, promovendo uma resposta
ampla, coordenada e, eficaz que envolve todos os setores da sociedade.
17

Desta maneira, o profissional de serviço social, com toda sua particularidade e


intervenções hábeis, busca minimizar essas práticas de abuso. Dando os devidos
encaminhamentos a estas vítimas.

3.1 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER E O FEMINICÍDIO

Ao longo da história, as mulheres têm sido vítimas de uma variedade de tipos


distintos de abusos. Uma das formas mais graves de violação dos direitos humanos é
a violência doméstica e familiar contra as mulheres. Baseado em relações de gênero
desiguais que foram construídas historicamente em sociedades patriarcais.
Vale ressaltar, seu conceito jurídico que está expresso no art. 5º da Lei
11.340/2006:
“(...) qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”,
no âmbito da unidade doméstica, familiar ou em qualquer relação íntima de
afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida
independentemente de coabitação.

Portanto, a violência doméstica contra a mulher se define como qualquer tipo


de agressão física, psicológica ou patrimonial que machuca uma mulher no contexto
de sua casa. Podendo evoluir para uma forma mais extrema, o feminicídio. É o tipo
de violência que representa a negação do direito fundamental das mulheres à vida e
à segurança.
Segundo o boletim 'Elas Vivem: Liberdade de Ser e Viver’, em 2023 tivemos
um cenário crítico e alarmante. Das violências registradas, 586 foram feminicídios, em
mais de 70% foram cometidos pelos companheiros ou ex-companheiros da vítima. A
cada 15 horas, cerca de uma mulher é morta por feminicídio.
O governo federal sancionou a Lei do Feminicídio em 2015, Lei n. º13.104/15,
que torna o assassinato de mulheres causado por violência doméstica ou
discriminação de gênero um crime hediondo. Como todos sabem, não é suficiente que
a vítima seja mulher para ser considerada uma vítima de feminicídio. No § 2°-A do art.
121 do Código Penal, as "razões de condição de sexo feminino" são as seguintes:
violência doméstica e familiar contra a mulher, menosprezo à condição de mulher e
discriminação à condição de mulher.
Assim, a violência contra as mulheres vem aos poucos sendo revelada e
demonstrada em sua complexidade, recorrência e ambivalência e, sendo um desafio
de grandes proporções a ser enfrentada.
18

4- O PODER PÚBLICO NO COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A


MULHER

Todas as mulheres no Brasil têm direito a uma rede de serviços públicos para
lidar com as diversas violências que podem vir a sofrer. Esses serviços incluem
instituições da Segurança Pública, Justiça, Saúde, Assistência Social e Educação,
entre outras. Infelizmente, nem todas as pessoas estão cientes de sua existência ou
de como eles funcionam.

É obrigação do Governo Federal, tanto pela legislação nacional quanto pelos


acordos internacionais assinados, garantir que todos sejam tratados no Brasil
sem distinção de gênero. Tendo em vista o relativo pouco tempo em que as
mulheres adquiriram igualdade de direitos em relação aos homens, o
Governo Federal tem programas e serviços que visam garantir a manutenção
desta igualdade. A área responsável pela gestão destas políticas é a
Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres (SNPM), do Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

A fim de combater a violência contra as mulheres e ajudar após ter seus direitos
violados, existem algumas alternativas que podem ser usadas pelas mulheres em
situações de emergência, de acordo com as circunstâncias e os riscos associados a
cada caso.
É possível mencionar as seguintes opções que essas mulheres podem buscar
em situações de emergência:
 Ligação no Disque 180 ou 100- serve para fazer denúncias, sem custo.
O serviço funciona todos os dias, inclusive sábados, domingos e feriados. O serviço
registra os casos e encaminha-os aos órgãos correspondentes
 Delegacia da Mulher (DEAM) ou Delegacia de Polícia Civil mais
próxima ou ainda Polícia Militar através do número 190- atendimentos de
urgência, pedidos de medidas protetivas e registro de boletim de ocorrência.
 Casa da Mulher- oferecem serviços como orientação jurídica,
atendimento psicológico, apoio social e encaminhamento para outros serviços de
proteção e assistência.
 Serviços de Saúde (Unidades Básicas de Saúde- UBS, Centro de
Atendimento Psicossocial- CAPS, Centro de Testagem e Aconselhamento-
CTAS) - atendimento médico hospitalar e de saúde mental.

 Casa Abrigo- são locais fechados e seguros, fornecem abrigo


temporário, proteção ao longo do dia, alimentação, assistência médica e psicossocial
19

e, caso haja necessidade, apoio para a reconstrução da vida das mulheres e seus
filhos.
 Serviços de assistência como, Centro de Referência de
Atendimento à Mulher (CRAM), Centro de Referência da Assistência Social
(CRAS) ou Centro de Referência (CREAS)- Esses serviços trabalham em conjunto
com outros órgãos e instituições, como delegacias, hospitais, escolas e organizações
da sociedade civil, para garantir uma rede abrangente e eficaz de proteção.
 Defensoria Pública- assistência jurídica gratuita para mulheres vítimas
de feminicídio e violência doméstica.
 Aplicativos virtuais de emergência- são ferramentas que ajuda essas
vítimas de forma rápida e discreta.
 Legislação Especifica- O Brasil possui também legislação específica
que tratam de violência doméstica e feminicídio, a Lei Maria da Penha (Lei no
11.340/2006) e a Lei do Feminicídio (Lei no 13.104/2015). Essas leis tipificam crimes,
aumentam as penas e asseguram a proteção das mulheres.
Além dos serviços mencionados acima, existem outras iniciativas e programas
na área da saúde, bem como projetos e campanhas que variam em cada estado do
país. Compreender as dificuldades que elas enfrentam ao usar esses serviços
evidenciam a dimensão social do problema, principalmente, a falta de denúncias ainda
tão pertinentes nos dias de hoje.

4.1- O SISTEMA É FALHO: LACUNAS NA BORDAGEM DA VIOLÊNCIA


CONTRA A MULHER

Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948 resultou em vários


tratados internacionais que abordaram os direitos fundamentais de várias partes da
sociedade. Ainda que a Declaração proclamou o direito à igualdade, as mulheres não
foram abordadas especificamente nessa Declaração. Elas foram excluídas de todos
os documentos posteriores à declaração e sempre foram colocadas em um papel
marginalizado na vida social e política.
Foi nos anos 90, quando começaram a surgir as notícias de que mulheres foram
mortas por seus companheiros ou ex-companheiros, que ocorreram mudanças
significativas na forma de como a violência contra as mulheres era tratada. Antes
desse período, muitas vezes, esses crimes eram rotulados como "crimes passionais",
20

o que minimizava a gravidade do problema e frequentemente justificava ou


desculpava a violência.
Conforme diz o § 1º do art. 121 do Código Penal.
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço (BRASIL, Decreto Lei
2.848, 1940).
Apesar de haver todo um ordenamento jurídico, ainda assim, há aspectos que
causam controvérsias. Permitindo que o acusado desenvolva uma sensação de
impunidade e esteja pronto para cometer novas agressões com intensidade cada vez
mais aviltante que, acaba muitas vezes culminando, no feminicídio.
A morosidade na impetração de medidas protetivas, a falta de fiscalização na
aplicação destas, são lacunas que encorajam o agressor em descumprir as medidas
protetivas, mesmo sendo crime, sujeito a pena de 3 meses a 2 anos de detenção.
De acordo com Schwingel e Nodari (2020):

Apesar de todos os esforços legislativos para coibir a violência contra a


mulher, esta vem crescendo cada dia mais no Brasil. As medidas protetivas,
menina dos olhos do legislador, mostrou-se ineficaz frente à uma sociedade
machista e um Estado precário.

A violência institucional é mais uma brecha das instituições que deveriam


fornecer serviços de apoio a mulher vítima de violência. Praticada por agentes que
não receberam mínima capacitação, pois possuem condutas e falas machistas,
demonstrando desinteresse na causa da vítima, a desencorajando de prosseguir com
a denúncia. O preconceito estereotipado contra as mulheres vítimas de violência
doméstica é frequentemente motivado pela falta de confiança no conteúdo da
denúncia.
Chai, Santos e Chaves (2018), afirmam que:
Alguns estudos e pesquisas contemporâneas que argumentam sobre a
aplicação da Lei Maria da Penha, têm observado a constância da banalização
dos casos de violência contra a mulher, mostrando com isso, a relutância e
reacomodação do sistema de justiça através de práticas que revitimizam a
mulher e reproduzem estereótipos machistas.
(Chai; Santos; Chaves; 2019, p. 649)

A falta de estrutura dos órgãos governamentais é só mais um dos pontos em


que o Estado falha com as mulheres vítimas de violência doméstica. O Estado recebe
a denúncia e frequentemente não dispõe de ambientes seguro como, abrigos dignos
21

com profissionais qualificados a receber essas vítimas que sofreram traumas,


deixando com que elas fiquem à mercê do seu agressor novamente.
Observando o cenário de lacunas, existe uma grande divergência no tocante
Delegacias Especializadas de Atendimento da Mulher (Deam). A começar pela
quantidade de unidades no país, pois ainda há Estados que possuem apenas uma
única unidade em todo seu território. O funcionamento de boa parte das unidades não
funciona 24 horas e, nem aos finais de semana. A estrutura das Delegacias da Mulher
(Deam), contam com agentes despreparados e déficit de pessoal. Várias cidades
afirmam possuir delegacias especializadas para mulheres, porém não correspondem
à realidade. Considerando que se tratam apenas de setores localizados em
delegacias convencionais.

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a criação e o funcionamento ininterrupto de


Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam).
Art. 2º Além das funções de atendimento policial especializado para as
mulheres e de polícia judiciária, o Poder Público prestará, por meio da
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), e mediante
convênio com a Defensoria Pública, os órgãos do Sistema Único de
Assistência Social e os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher ou varas criminais competentes, a assistência psicológica e jurídica à
mulher vítima de violência.
Art. 3º As Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam) têm
como finalidade o atendimento de todas as mulheres que tenham sido vítimas
de violência doméstica e familiar, crimes contra a dignidade sexual e
feminicídios, e funcionarão ininterruptamente, inclusive em feriados e finais
de semana.
§ 1º O atendimento às mulheres nas delegacias será realizado em sala
reservada e, preferencialmente, por policiais do sexo feminino.
§ 2º Os policiais encarregados do atendimento a que se refere o § 1º deste
artigo deverão receber treinamento adequado para permitir o acolhimento das
vítimas de maneira eficaz e humanitária. (BRASIL,2023)

Diversos entraves no enfrentamento da violência doméstica contra mulher


foram identificadas por este estudo, uma ampla lista de informações que, deixaria a
presente pesquisa extensa. Tendo abordado apenas um pequeno rol, com a finalidade
de demonstrar que, ao longo dos anos uma séries de falhas ainda persistem, sendo
necessário, cada vez mais, a criação de medidas para o combate, com sucessos
mínimos diante deste grande problema social, a violência doméstica contra mulher.
22

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo constatou a importância do rompimento em fase inicial do ciclo de


agressão, muitas vezes, perpetuado pelo agressor, para que seja evitado atos de
violências mais extremas em seu próprio ambiente domiciliar. A maioria das mulheres
enxergam o ciclo, como uma fase passageira, que o companheiro vai mudar.
Desconhecer a rede de apoio e proteção garantidos por lei, pode tornar mais
complicado o romper desse esse ciclo.
O assistente social desempenha um papel primordial, no acolhimento como
ponto de partida no atendimento à vítima de violência doméstica. O profissional de
serviço social é habilitado para atuar em diversas áreas, pois possui uma sensibilidade
na escuta ativa, com práticas humanizadas, fazendo os encaminhamentos para
programas sociais e orientando sobre as políticas públicas que servirão de apoio na
situação delicada em que essa mulher se encontra.
Vimos que, mesmo havendo evolução das ferramentas de enfrentamento,
criação e alterações de leis, podemos dizer que a legislação ela é eficaz, a sua
aplicabilidade que não é. As falhas no sistema judicial, desencoraja a vítima e encoraja
o agressor, tudo contribui para a impunidade do autor que, se sente seguro a
perpetração continua de abusos e atos violentos, entre outros fatores de risco.
Destacando a necessidade urgente da implementação efetiva da Lei Maria da Penha
e, quem sabe assim no futuro, teremos dados mais satisfatórios diante desse cenário
de onde muitas mulheres saem perdendo saúde mental, integridade física e o pior de
todos, a vida.
Violência contra a Mulher ligue 180!
23

REFERÊNCIAS
BRASIL. AGÊNCIA SENADO. DataSenado aponta que 3 a cada 10 brasileiras já
sofreram violência doméstica. 2023. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/11/21/datasenado-aponta-que-
3-a-cada-10-brasileiras-ja-sofreram-violencia-domestica. Acesso em: 23 mar. 2024

BRASIL. ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA 2023. São Paulo:


Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ano 17, 2023. ISSN 1983-7364. Disponível
em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/07/anuario-2023.pdf.
Acesso em: 25 mar. 2024.

BEZERRA, Juliana. Lei Maria da Penha. 2014. ARTIGO. Disponível em:


https://www.todamateria.com.br/lei-maria-da-penha/. Acesso em: 6 abr. 2024

BAKER, Milena Gordon et al. A tutela da mulher no direito penal brasileiro: a


violência física contra o gênero feminino. a violência física contra o gênero
feminino. 2014. Disponível em: https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/6583.
Acesso em: 27 mar. 2024.

BRASIL. CONCELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Quebre o Ciclo: aprenda a


identificar os ciclos de violência contra a mulher. 2021. Disponível em:
https://www.cnj.jus.br/quebre-o-ciclo-aprenda-a-identificar-os-ciclos-de-violencia-
contra-a-mulher/. Acesso em: 20 mar. 2024

BRASIL. Artigo 121 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940.


Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10625629/artigo-121-do-decreto-
lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940. Acesso em: 01 maio 2024.

BRASIL. Política para mulheres. Disponível em: https://www.gov.br/pt-


br/temas/politica-para-mulheres. Acesso em: 27 abr. 2024.

BRASIL. LEI Nº 14.541, DE 3 DE ABRIL DE 2023. Criação e o funcionamento


ininterrupto de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/L14541.htm. Acesso
em: 04 maio 2024.

BRASIL. Lei nº11.340 de 7 de agosto de 2006. 2006. Lei Maria da Penha.


Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 04 abr. 2024

CHAI, Cássius Guimarães; SANTOS, Jéssica Pereira dos; CHAVES, Denisson


Gonçalves. Violência institucional contra a mulher: o Poder Judiciário, de
pretenso protetor a efetivo agressor. Revista eletrônica do Curso de Direito da
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