Ildineves Santos Bina TCC Pronto-Final
Ildineves Santos Bina TCC Pronto-Final
Ildineves Santos Bina TCC Pronto-Final
Itabuna
2018
ILDINEVES SANTOS BINA
Itabuna
2018
ILDINEVES SANTOS BINA
BANCA EXAMINADORA
Quero agradecer a Deus por me conceder forças, saúde e me iluminar nesta etapa
da caminhada.
Aos meus familiares pelo apoio incondicional e incentivo, em especial a minha mãe
Edna por ter me concedido a vida, me ensinar a lutar pelos meus ideais e nunca
desistir, mesmo que encontre dificuldades e entraves no caminho.
Ao meu esposo Gideval pelo companheirismo e amor, ao meu filho Ian pelos
momentos de compreensão quando pedia para que entendesse a minha ausência
em alguns eventos, para que eu pudesse estudar.
Aos meus irmãos por expressarem alegria e orgulho por mim em está me graduando
em nível superior.
Agradeço aos professores do curso de Serviço Social da instituição que transferiu
seus conhecimentos com dedicação.
À minha professora e supervisora de campo Fátima Inês Albuquerque L. de Souza,
pela oportunidade de estagiar no CRAM, pelas instruções das atividades em campo;
na construção do projeto de intervenção e incentivo aos estudos.
À minha professora e supervisora acadêmica Mírian Freitas de Oliveira Cabral, pela
supervisão e participação do projeto de intervenção.
Aos meus colegas da faculdade pela convivência durante os quatro anos, de
emoções, em que nos preocupamos com os trabalhos, rimos e choramos.
Aos meus amigos de infância.
“Desistir… eu já pensei seriamente nisso,
mas nunca me levei realmente a sério; é
que tem mais chão nos meus olhos do
que o cansaço nas minhas pernas, mais
esperança nos meus passos do que
tristeza nos meus ombros, mais estrada
no meu coração do que medo na minha
cabeça.”
(Cora Coralina)
BINA, Ildineves Santos. Violência contra mulher e o Serviço Social: O trabalho
intersetorial no atendimento. 2018. 40 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Serviço Social) - União Metropolitana de Educação e Cultura –
UNIME, Itabuna, 2018.
RESUMO
ABSTRACT
This work ends the understanding about the problematic that involves women in
situations of domestic violence and family, seeking from their historical and social
context in the period of colonization of the country through the discussions of the
feminist movement and the search for rights to women involved in this cycle of
violence, up to the present time, seeking the apprehension and knowledge of public
policies for coping and care, as well as the care and work of the Social Work
professional and intersectoral actions. Through this work, we sought the answer to
the question about the theme: How does intersectoral work proceed with Social
Work, and what is the effectiveness of care for women victims of violence?
Thus, this Course Completion Work has the general objective of understanding the
intersectoriality of public policies in the articulation of services to combat violence
against women. For the background and development of the work, the following
specific objectives were used: Understanding the historical context of violence
against women in Brazil; Discuss public policies for women in the face of violence
and Demonstrate the actions of Social Work with the intersectoriality in the care of
women victims of violence. The methodology consisted of a bibliographical review,
where articles from the year 2008 to 2017 were used.
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
CONCLUSÃO ....................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 37
11
INTRODUÇÃO
O Brasil colônia compreendeu o período dos anos 1530 até 1822, onde
Portugal com intuito de colonizar e extrair riquezas da flora enviou expedições às
terras brasileiras. Caracterizada por uma economia baseada por três fatores como a
monocultura, as grandes extensões latifundiárias e de utilização da mão de obra
escrava, vem demonstrando ser um país onde foi formado com múltiplas questões
sócio-históricas, que para o entendimento e percepção das questões ligadas a
violência contra mulher, faz-se necessária a busca da fonte, ou seja, a origem
dessas questões (VELLOSO, 2013). Assim para uma melhor visibilidade da
“complexidade, é indispensável efetuarmos as devidas contextualizações sócio -
históricas para não decairmos em formulações generalistas: a problemática da
violência (que não é uma, mas sim múltipla) emerge de relações sociais que se
modificam ao longo da história”. (VELLOSO, 2013, p.16)
Percebe-se que no Brasil houve (e ainda há) muitas formas de violência
contra mulher, se perpetuando até os dias atuais como nos fala Silva (2017),
afetando mulheres independendo de classe social, sua cultura ou região brasileira.
Após muitos anos de sofrer no silêncio arraigado na sociedade, esse cenário obteve
algumas mudanças e na atualidade “a violência contra as mulheres é entendida não
como um problema de ordem privada ou individual, mas como um fenômeno
estrutural, de responsabilidade da sociedade como um todo” (SILVA, 2017, p.8).
Outros autores como Guimarães e Pedroza (2015) reforçam que essa violência em
questão “tem sido um problema cada vez mais em pauta nas discussões e
preocupações da sociedade brasileira.” Não sendo um fenômeno exclusivo da
contemporaneidade, a percepção é que a “visibilidade política e social desta
problemática tem um caráter recente” onde apenas
1
Período do Brasil colonial entre os anos 1500 a 1822.
16
2
A ordem patriarcal de gênero ou patriarcado diz respeito ao poder dos homens, ou do masculino,
enquanto categoria social. O patriarcado é uma forma de organização social na qual as relações são
regidas por dois princípios básicos: 1) as mulheres estão hierarquicamente subordinadas aos homens
e, 2) os jovens estão hierarquicamente subordinados aos homens mais velhos. (TELES, 2014, p. 21)
17
3
“o homicídio contra a mulher era compreendido como um crime de paixão”. (SANTIAGO; COELHO,
2011, p. 10).
18
conceituação e discussão sobre a violência contra mulher no país ganha mais força
e cada vez mais foram produzidos artigos; teses e intensos diálogos sobre a mulher
e sobre o gênero (SILVA, 2017).
O termo violência de gênero é utilizado pelas pesquisadoras e estudiosas na
década de 80, sendo considerado como uma categoria que analisa o todo, ou seja,
envolve as relações sociais e interliga outras categorias como etnia, aspectos
culturais e classe social. Lisboa e Pinheiro (2005, p.4) explanam que “a discussão
sobre relações de gênero tenta mostrar que as diferenças sexuais superam a
“simples” definição biológica, pois agregam em si características socialmente
construídas, podendo os papéis de homem e mulher variar conforme a cultura”. A
partir de então outras definições foram dadas a violência às mulheres com relação
ao espaço onde são cometidos os crimes e as pessoas envolvidas. Essas definições
resultam em: violência doméstica e violência intrafamiliar.
Violência doméstica: segundo Lisboa e Pinheiro (2005, p.4) definem como “as
violências que ocorrem dentro das casas, na maioria das vezes, são cometidas
pelos companheiros, maridos, namorados amantes, ou seja, por aquela pessoa com
a qual a mulher mantém uma relação afetiva/conjugal”. Esta, interferindo não
somente nas relações entre os casais, como também gerando consequências a
outros membros familiares.
Violência intrafamiliar: “é toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a
integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de
outro membro da família” (LISBOA; PINHEIRO, 2005, p.4). Deve-se ter a
compreensão de um grupo não somente ligados por laços de sangue (filhos (as);
sobrinhos (as)), mas também aqueles que têm relação de parentesco, a exemplo de:
filhos (as) adotivos (as), afilhados (as). Enfim, envolvendo os familiares em situações
de perigo e vulnerabilidade que estivessem sujeitos a violência.
Com efeito, os movimentos feministas tiveram grandes influencias e
transformações, com o que diz respeito em especial ao direito da mulher, em que
provocaram muitas mudanças tanto no meio social, quanto legislativo. A respeito da
mudança na legislação temos a Constituição Federal de 1988 (também intitulada
Constituição Cidadã) que representa essa mudança, onde traz nos direitos e
garantias fundamentais no art. 5º,
19
modo mais amplo, à existência dos vários tipos de violência e a criação de leis ainda
mais rigorosas que pudessem punir verdadeiramente os agressores.
Em 1983 um dos casos que ocorreu no Brasil e que teve grande repercussão
foi o de Maria da Penha Maia Fernandes, onde sofreu duas tentativas de homicídio
por parte de seu esposo, na cidade de Fortaleza capital do estado do Ceará. O
agressor proferiu tiro em suas costas quando ela estava dormindo, resultando numa
paraplegia irreversível, meses depois tentou matá-la com choque elétrico no banho.
Depois de prolongados 15 anos o agressor ainda permanecia em liberdade. No ano
de 1998, Maria da Penha buscou apoio de duas organizações não governamentais e
entrou com uma petição contra o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos
Humanos da Organização dos Estados Americanos (CDIH/OEA), onde denunciou a
tolerância do Estado brasileiro com a violência doméstica (SILVA, 2017). Em 2001 o
Brasil foi responsabilizado por ser omisso, negligente e tolerante, em relação à
violência doméstica e sendo punido com a necessidade de criação de lei que fosse
adequada a violência contra mulher. Somente no ano de 2006 foi sancionada a Lei
11.340 - Lei Maria da Penha, sobre esta temos no artigo 5º onde diz
De acordo com Silva (2016) um dos tipos de violência que tem pouca
divulgação e pouco conhecida entre as mulheres é a violência psicológica, esta não
ocasiona marcas físicas, porem deixa “cicatrizes internas que destroem a autoestima
da vítima por toda a vida”. Podendo chegar ao ponto mais extremo quando o
“agressor usa meios de descriminação, [...] desprezo ou culpabilização da vítima
entre outras. [...] pode levar a vítima, além do sofrimento intenso, chegar a tentar ou
cometer suicídio”.
A referida Lei 11.340 - Lei Maria da Penha, dispõe sobre a violência sexual no
artigo 7º
Considerando que as políticas públicas são o macro dos direitos sociais, onde
estão abarcadas na Constituição Federal de 1988, tendo como premissa ações do
Estado, formulando programas, projetos e criação de leis, visa o bem estar da
sociedade. Contudo através de dados e pesquisas onde demonstram um olhar mais
aprofundado para as questões envolvendo as mulheres, assim tornam-se viáveis
políticas publicas que deem maior atenção voltada à mulher.
Embora seja um assunto de grande preocupação, autores como Custódio e
Silva (2015) trazem reflexão, para uma análise e estudo de todo contexto social,
para efetividade e garantia de direitos. Assim torna-se primordial o entendimento
sobre o conceito de políticas públicas dando ênfase as mulheres que sofrem com a
violência em todos os ambitos. Reforçando a importância no pensar em formulação
das políticas públicas como sendo, “imprescindível, [...] a análise dos seus principais
conceitos, processos de elaboração, bem como, procedimentos e técnicas de
controle e avaliação como pressuposto de gestão eficiente das políticas”
(CUSTÓDIO;SILVA, 2015, p.2). Estes acrescentam ainda, que no país fragmentar e
setorizar políticas públicas tornam-se de alto custo e ineficiente, pois produzem
ações e resulta em objetivos distantes do que se esperava alcançar. Concluem que,
a intersetorialiadade se faz necessária na construção das políticas, buscando interar,
integrar diversas instituições com compromisso único, garantindo também a
participação da sociedade.
4
Dados referentes ao balanço anual de 2016 feitos pela central de atendimento à mulher- Ligue 180,
da Secretaria Nacional de Políticas para mulheres.
25
Fonte: Brasil, Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. SPM (2011, p. 15)
Embora a Lei Maria da Penha tenha grande importância e seja um marco nos
direitos as mulheres, não bastou para conter outra questão que é a morte de
mulheres por seus parceiros ou indivíduos que integram a família. Assim, houve a
urgência na criação de outra lei, devido a esses inúmeros casos, sendo sancionada
em 2015 a Lei do Feminicídio - Lei 13. 104/2015, “que altera o Código Penal
Brasileiro, passando a prever o feminicídio como uma das circunstâncias
qualificadoras do homicídio no Código Penal brasileiro (1940), além de incluir o
feminicídio como crime hediondo” (BRASIL, 2015, p.1).
Neste sentido, segundo Gomes (2012) “os feminicídios são a expressão letal
da violência de gênero, é a última e mais cruel maneira de exterminar as mulheres”.
29
Esta lei prevê que a pena aos crimes praticados as mulheres: durante o
período de gestação ou 3 meses após o parto; em mulheres maior de sessenta
anos; pessoa com deficiência; e tenho tido a presença de descendentes da vítima,
tenham aumento na pena de até um terço. Entretanto o grande desafio para a
compreensão desta lei, se da, pelo fato do reconhecimento das causas desses
assassinatos se enquadrarem nas circunstâncias, pois deve haver uma investigação
da realidade que se apresenta, para compreensão das causas dessas mortes.
30
A Assistente Social como profissional que compõe a equipe técnica tem como
objetivo atender às demandas da Instituição, pautado no Código de Ética
profissional e no Projeto Ético Político do Serviço Social sendo esse, importante na
medida em que serve de base para atuação da Assistente Social em campo, uma
vez, que se fundamenta nas premissas básicas de reconhecimento da liberdade
como valor central; do posicionamento em favor da equidade e da justiça social, na
perspectiva da universalização dos direitos e consolidação da cidadania, estando
vinculado a um projeto de transformação da sociedade, pela própria exigência que a
intervenção profissional impõe.
Assim, o trabalho da Assistente Social no CRAM tem por ações e utilização
de instrumentos como: Formulário de registro de atendimento social; Escuta das
usuárias, sendo realizado o aprofundamento dos casos para com isso a profissional
do Serviço Social fazer análise do contexto socioeconômico e identificação do grupo
familiar ao qual a usuária é pertencente, onde também são dadas informações sobre
a existência dos diversos tipos de violência contra a mulher; são produzidas fichas
de encaminhamentos – as usuárias são encaminhadas para locais parceiros onde
terão atendimentos para cada situação especifica; Estudo de caso - discussão dos
casos com a equipe multidisciplinar para desenvolver estratégias de intervenção,
promoção e empoderamento e assegurar a proteção e segurança para usuária; são
produzidos relatórios – com intuito de documentar os casos e as situações de
violência sofridas pelas usuárias, como também para anexar aos relatórios que
serão encaminhados para outros locais da rede de atendimento.
Contudo Iamamoto (2006) resalta, o compromisso do/da Assistente Social em
se dispor na defesa das usuárias. O/A profissional deve informar e provocar
autonomia nas mesmas, fazendo com que possam participar dos serviços e políticas
públicas ofertadas. Na maioria dos casos essas usuárias, não são sabedoras dos
seus direitos.
Não distante dos entraves que todo o profissional independente da área a
qual está inserido, perpassa, também está o/a Assistente Social na busca de
promover o acesso dos/das usuários/as em serviços e atendimentos de qualidade.
Assim os desafios que se impõe aos profissionais do Serviço Social que atuam em
diversas áreas da assistência, saúde, entre outros, seriam: a identificação das
mulheres que sofrem violência - para posterior encaminhamento correto e com
33
Atender a mulher
distanciar-se da
naturalização e integrantes do convívio
familiar
capacitação profissional
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS