Ildineves Santos Bina TCC Pronto-Final

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UNIÃO METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA

CURSO SERVIÇO SOCIAL

ILDINEVES SANTOS BINA

A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER E O SERVIÇO SOCIAL:


Todo trabalho, em cada uma das etapas, será submetido às ferramentas todos itens
O TRABALHO
obrigatórios INTERSETORIAL
e os critérios utilizados na correção. NO ATENDIMENTO

Itabuna
2018
ILDINEVES SANTOS BINA

A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER E O SERVIÇO SOCIAL:


O TRABALHO INTERSETORIAL NO ATENDIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à União Metropolitana de Educação e Cultura-
UNIME, como requisito parcial para a obtenção
do título de graduado em Serviço Social.

Orientadora: Prof (ª). Vanessa Ramos

Itabuna
2018
ILDINEVES SANTOS BINA

A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER E O SERVIÇO SOCIAL:


O TRABALHO INTERSETORIAL NO ATENDIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à União Metropolitana de Educação e Cultura-
UNIME, como requisito parcial para a obtenção
do título de graduado em Serviço Social.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Maria Vitória Cunha Freitas

Prof. Kayobi de Azevedo Vargas

Itabuna, 15 de Junho de 2018.


Dedico este trabalho aos meus pais Ed (in
memoriam) e Edna, ao meu esposo
Gideval e filho Ian e aos meus irmãos Ed
Santos e Ângelo.
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a Deus por me conceder forças, saúde e me iluminar nesta etapa
da caminhada.
Aos meus familiares pelo apoio incondicional e incentivo, em especial a minha mãe
Edna por ter me concedido a vida, me ensinar a lutar pelos meus ideais e nunca
desistir, mesmo que encontre dificuldades e entraves no caminho.
Ao meu esposo Gideval pelo companheirismo e amor, ao meu filho Ian pelos
momentos de compreensão quando pedia para que entendesse a minha ausência
em alguns eventos, para que eu pudesse estudar.
Aos meus irmãos por expressarem alegria e orgulho por mim em está me graduando
em nível superior.
Agradeço aos professores do curso de Serviço Social da instituição que transferiu
seus conhecimentos com dedicação.
À minha professora e supervisora de campo Fátima Inês Albuquerque L. de Souza,
pela oportunidade de estagiar no CRAM, pelas instruções das atividades em campo;
na construção do projeto de intervenção e incentivo aos estudos.
À minha professora e supervisora acadêmica Mírian Freitas de Oliveira Cabral, pela
supervisão e participação do projeto de intervenção.
Aos meus colegas da faculdade pela convivência durante os quatro anos, de
emoções, em que nos preocupamos com os trabalhos, rimos e choramos.
Aos meus amigos de infância.
“Desistir… eu já pensei seriamente nisso,
mas nunca me levei realmente a sério; é
que tem mais chão nos meus olhos do
que o cansaço nas minhas pernas, mais
esperança nos meus passos do que
tristeza nos meus ombros, mais estrada
no meu coração do que medo na minha
cabeça.”

(Cora Coralina)
BINA, Ildineves Santos. Violência contra mulher e o Serviço Social: O trabalho
intersetorial no atendimento. 2018. 40 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Serviço Social) - União Metropolitana de Educação e Cultura –
UNIME, Itabuna, 2018.

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso expõe a compreensão a cerca da problemática


que envolve as mulheres em situação de violência no âmbito doméstico e familiar,
buscando desde seu contexto histórico e social no período de colonização do país
perpassando pelas discussões do movimento feminista e a busca dos direitos às
mulheres envoltas neste ciclo de violência, até a atualidade, buscando a apreensão
e conhecimento das políticas públicas para o enfrentamento e atendimento, como
também o atendimento e trabalho do profissional do Serviço Social e as ações
intersetoriais. Através deste trabalho buscou-se a resposta para a indagação sobre a
temática: Como procede o trabalho intersetorial juntamente com o Serviço Social, e
qual a efetivação do atendimento às mulheres vitimas de violência?
Sendo assim, este Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo geral
compreender a intersetorialidade das políticas públicas na articulação dos serviços
para o enfrentamento da violência contra mulher. Para embasamento e
desenvolvimento do trabalho foram utilizados os seguintes objetivos específicos:
Compreender o contexto histórico da violência contra mulher no Brasil; Discutir sobre
as políticas públicas para mulheres no enfrentamento a violência e Demonstrar as
ações do Serviço Social com a intersetorialidade no atendimento às mulheres
vítimas de violência. A metodologia constou de revisão bibliográfica, onde foram
utilizados artigos do ano de 2008 a 2017.

Palavras-chave: Violência contra mulher; Intersetorialidade; Serviço Social.


BINA, Ildineves Santos. Violence against women and Social Work: Intersectoral
work in care. 2018. 40 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Serviço Social) - União Metropolitana de Educação e Cultura – UNIME, Itabuna,
2018.

ABSTRACT

This work ends the understanding about the problematic that involves women in
situations of domestic violence and family, seeking from their historical and social
context in the period of colonization of the country through the discussions of the
feminist movement and the search for rights to women involved in this cycle of
violence, up to the present time, seeking the apprehension and knowledge of public
policies for coping and care, as well as the care and work of the Social Work
professional and intersectoral actions. Through this work, we sought the answer to
the question about the theme: How does intersectoral work proceed with Social
Work, and what is the effectiveness of care for women victims of violence?
Thus, this Course Completion Work has the general objective of understanding the
intersectoriality of public policies in the articulation of services to combat violence
against women. For the background and development of the work, the following
specific objectives were used: Understanding the historical context of violence
against women in Brazil; Discuss public policies for women in the face of violence
and Demonstrate the actions of Social Work with the intersectoriality in the care of
women victims of violence. The methodology consisted of a bibliographical review,
where articles from the year 2008 to 2017 were used.

Key-words: Violence against women; Intersectoriality; Social service.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Distribuição do percentual dos relatos de violência contra mulher,


segundo tipo de violência - ano 2013.........................................................................25
Figura 2 – Quadro de distinção entre rede de enfrentamento e rede de
atendimento................................................................................................................27
Figura 3 – Quadro sistematizando os desafios enfrentados pelo Assistente
Social..........................................................................................................................33
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CRAM Centro de Referencia de Atendimento à Mulher


CRAS Centro de Referencia de Assistência Social
CREAS Centro de Referencia Especializado de Assistência Social
DEAM Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher
NUDEM Núcleo de Defesa da Mulher
SPM Secretaria de Políticas para as Mulheres
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11

1. A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER NO BRASIL ..................................................... 14

1.1 FATORES SOCIO-HISTÓRICOS DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER NO PAÍS ........... 15


1.2 CONCEITUANDO A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER E VIOLÊNCIA DE GÊNERO ....... 17
1.3 ROMPENDO O SILÊNCIO ............................................................................................. 19

2. AS POLÍTICAS PÚBLICAS E AS LEIS QUE AMPARAM A MULHER EM SITUAÇÃO


DE VIOLÊNCIA ........................................................................................................... 23

2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ENFRENTAMENTO A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER . 23


2.2 REDE DE ATENDIMENTO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA .......................... 26
2.3 LEIS QUE AMPARAM A MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA ............................... 28

3. SERVIÇO SOCIAL E A INTERSETORIALIDADE: OS DESAFIOS DO/DA


ASSISTENTE SOCIAL FRENTE O ATENDIMENTO ...................................................... 30

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 35

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 37
11

INTRODUÇÃO

Os atos de violência cometidos contra as mulheres representam a violação


dos seus direitos, desrespeitando a vida; a integridade física e mental, agredindo
também a liberdade e autonomia. Esta questão está diretamente relacionada ao
conceito de gênero, ocorrendo uma relação de poder, onde o gênero masculino usa
a superioridade, tratando o gênero feminino submisso e como sua propriedade. A
violência contra mulher verifica-se em vários espaços na sociedade, no entanto a
violência doméstica ocorre no ambiente familiar, e os crimes são cometidos por
parceiros ou ex-parceiros das vítimas, com quem a mulher mantém ou manteve uma
relação de afeto ou conjugal. Como as agressões acontecem na residência, muitas
mulheres não denunciam seus agressores, gerando muito sofrimento e perpetuando
o ciclo de violência. A violência doméstica causa danos não só para a mulher
agredida como também para outras pessoas pertencentes ao convívio familiar.
A discussão sobre o atendimento intersetorial traz uma forma de englobar
vários setores das políticas públicas para fortalecer e ampliar a assistência às
mulheres em situação de violência, onde visa proporcionar maior qualidade nos
serviços prestados para este público. A intersetorialidade no atendimento a mulher
envolve os setores da saúde; da educação; da segurança pública; da assistência
social, no intuito de ofertar programas e serviços.
O interesse pelo tema proposto surgiu através de estudo acadêmico pela
disciplina políticas setoriais em que se pesquisou sobre as questões da mulher, mais
especificamente sobre a violação dos direitos; os índices de violência doméstica,
como também seus impactos na sociedade e as políticas públicas para este setor.
Com o conhecimento adquirido nas aulas, buscou-se a ampliação do mesmo, em
diversas palestras referentes ao enfretamento à violência contra mulher e a
oportunidade de estagiar no Centro de Referencia de Atendimento à Mulher –
CRAM, situado no município de Ilhéus/BA. Assim, por se tratar de uma área a qual
traz estimulo a buscar informações e em que o Serviço Social atua na perspectiva
dos conflitos das relações humanas, onde deve contribuir para o rompimento do
ciclo de violência, na garantia de direitos; no fortalecimento e empoderamento
dessas mulheres, é de suma importância maior aprofundamento sobre essa
temática, para compreender a realidade e os sujeitos envolvidos nesse processo;
12

seu contexto histórico e social; a atuação dos profissionais; a ligação entre os


setores e a efetivação dos mesmos no enfrentamento a violência contra mulher.
Neste cenário é primordial uma visão mais extensa e que possa ser difundido com
frequência esse tópico, envolvendo a todos nesse debate: a sociedade civil; a
academia; os órgãos públicos; privados; etc.
Observam-se cotidianamente dados alarmantes da violência contra mulher no
Brasil, essas agressões configuram-se como violência domestica e são cometidas
por pessoas as quais as mulheres tinham relação afetiva: companheiro, ex –
companheiro, cônjuges, namorados. Com essa questão grave e o sofrimento que
acontece com inúmeras mulheres na sociedade, surge a indagação sobre a
temática: Como procede o trabalho intersetorial juntamente com o Serviço Social, e
qual a efetivação do atendimento às mulheres vítimas de violência?
Sendo assim, este Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo geral
compreender a intersetorialidade das políticas públicas na articulação dos serviços
para o enfrentamento da violência contra mulher. Para embasamento e
desenvolvimento do trabalho foram utilizados os seguintes objetivos específicos:
Compreender o contexto histórico da violência contra mulher no Brasil; Discutir sobre
as políticas públicas para mulheres no enfrentamento a violência e Demonstrar as
ações do Serviço Social com a intersetorialidade no atendimento às mulheres
vítimas de violência.
A metodologia constou de revisão bibliográfica com abordagem qualitativa, e
quanto ao objetivo da pesquisa sendo exploratória, já que a mesma proporcionou
maior compreensão da intersetorialidade das políticas públicas na articulação dos
serviços para o enfrentamento da violência contra mulher. Foram utilizados artigos
com base em autores como: Santiago e Coelho (2011); Lisboa e Pinheiro (2005);
Custódio e Silva (2015); Lima, Sousa; Oliveira (2015); Pougy (2012); Iamamoto; e
em leis: Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006); Código de ética do/a Assistente
Social (Lei 8.662/93), todos esses abordando o tema proposto e extraído de sites na
internet como, Google acadêmico, Scielo. O período dos artigos e documentos são
os publicados entre 2008 a 2017. Os descritores utilizados foram: Violência contra
mulher; Intersetorialidade; Serviço Social.
O trabalho é composto por três capítulos. O capítulo I, com o titulo “A
violência contra mulher no Brasil” aborda os fatores sociais e históricos do processo
13

de formação do país bem como o tratamento dado as mulheres deste período,


dando enfoque as de etnias diferentes - tidas como inferiores - as dos colonizadores
que aqui chegaram. Trazendo a complexidade da formação de uma sociedade
patriarcal, tornado a mulher um “objeto” e evidenciando um longo trajeto de
sofrimento e violência. No capítulo II foi abordado sobre a discussão, entendimento e
aprofundamento sobre as políticas públicas e as leis que amparam a mulher em
situação de violência. O capítulo III reflete a atuação dos profissionais do Serviço
Social, bem como seu atendimento a mulher vítima de violência, entre os setores de
atendimento.
14

1. A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER NO BRASIL

O Brasil colônia compreendeu o período dos anos 1530 até 1822, onde
Portugal com intuito de colonizar e extrair riquezas da flora enviou expedições às
terras brasileiras. Caracterizada por uma economia baseada por três fatores como a
monocultura, as grandes extensões latifundiárias e de utilização da mão de obra
escrava, vem demonstrando ser um país onde foi formado com múltiplas questões
sócio-históricas, que para o entendimento e percepção das questões ligadas a
violência contra mulher, faz-se necessária a busca da fonte, ou seja, a origem
dessas questões (VELLOSO, 2013). Assim para uma melhor visibilidade da
“complexidade, é indispensável efetuarmos as devidas contextualizações sócio -
históricas para não decairmos em formulações generalistas: a problemática da
violência (que não é uma, mas sim múltipla) emerge de relações sociais que se
modificam ao longo da história”. (VELLOSO, 2013, p.16)
Percebe-se que no Brasil houve (e ainda há) muitas formas de violência
contra mulher, se perpetuando até os dias atuais como nos fala Silva (2017),
afetando mulheres independendo de classe social, sua cultura ou região brasileira.
Após muitos anos de sofrer no silêncio arraigado na sociedade, esse cenário obteve
algumas mudanças e na atualidade “a violência contra as mulheres é entendida não
como um problema de ordem privada ou individual, mas como um fenômeno
estrutural, de responsabilidade da sociedade como um todo” (SILVA, 2017, p.8).
Outros autores como Guimarães e Pedroza (2015) reforçam que essa violência em
questão “tem sido um problema cada vez mais em pauta nas discussões e
preocupações da sociedade brasileira.” Não sendo um fenômeno exclusivo da
contemporaneidade, a percepção é que a “visibilidade política e social desta
problemática tem um caráter recente” onde apenas

[...] nos últimos 50 anos é que tem se destacado a gravidade e seriedade


das situações de violências sofridas pelas mulheres em suas relações de
afeto. As trajetórias históricas dos movimentos feministas e de mulheres
demonstram uma diversidade de pautas discutidas e de lutas empreendidas
por elas, sobretudo, a partir do século XVIII. No século XX, a partir da
década de 60, essas mobilizações enfocaram, principalmente, as denúncias
das violências cometidas contra mulheres no âmbito doméstico.
(GUIMARÃES; PEDROZA, 2015, p. 257)
15

Os movimentos feministas trouxeram muita visibilidade ao assunto, pois


deixou de ser uma questão restrita ao âmbito privado. Portanto segundo Velloso
(2013) é de grande importância “um maior embasamento para tratar da violência
contra a mulher, visto que nenhum fenômeno formado no interior da sociedade pode
ser apreendido fora de um contexto histórico e social”.

1.1 FATORES SOCIO-HISTÓRICOS DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER NO PAÍS

A mulher é alvo de várias formas de violência geradas pela desigualdade nas


relações de poder, sejam no afeto, econômicas, política e cujo contexto histórico
vem desde a colonização do Brasil1. Essas relações de poder são entendidas e
manifestadas pela centralização das forças, baseadas no controle e opressão por
parte de um dominador sobre o dominado. Segundo Santiago e Coelho (2011) essa
cultura de tornar a mulher um ser inferior e objeto de posse tem raízes de uma
sociedade baseada na escravidão, onde pessoas - em sua grande maioria,
negros/negras e povos indígenas - eram forçadas a trabalhos desumanos e a
castigos cruéis, fundada em modelo opressor e com características de exploração e
exterminação.
Desta forma, há no processo de formação do país uma forte herança de
comportamentos e costumes trazidos de outras civilizações, costumes esses que
rebaixou e trouxe humilhação ao gênero feminino, mais especificamente, as
mulheres que aqui já habitavam, como no caso das indígenas; as de origem africana
trazidas como escravas, onde sofreram todos os tipos de violência, entre eles (a
violência sexual), o mais praticado era estupro pelos senhores de escravos.
Sobre a formação social brasileira e a naturalização da violência sexual contra
as mulheres indígenas e negras, temos:

No Brasil e na América Latina, a violação colonial perpetrada pelos


senhores brancos contra as mulheres negras e indígenas e a miscigenação
daí resultante está na origem de todas as construções de nossa identidade
nacional. [...] Essa violência sexual colonial é, também, o “cimento” de todas
as hierarquias de gênero e raça presentes em nossas sociedades, [...] “O
papel da mulher negra é negado na formação da cultura nacional; a

1
Período do Brasil colonial entre os anos 1500 a 1822.
16

desigualdade entre homens e mulheres é erotizada; e a violência sexual


contra as mulheres negras foi convertida em um romance”.
(CARNEIRO, 2003, p.1)

Nesse período segundo Julio (2015, p.1) em artigo sobre o panorama da


trajetória histórica das mulheres indígenas no contexto colonial, resalta “Cabe
lembrar que as concepções da sociedade luso-brasileira sobre as mulheres
relacionavam-se intimamente com a tradição europeia de inferiorização do gênero
feminino. Assim, sobre as índias pesava um duplo estigma: étnico e de gênero”.
Se por um lado, por parte dos colonizadores, havia a tradição de subjugar as
mulheres de etnias ditas “inferiores”, por outro as mulheres colonas - mulheres
brancas - também passavam por atos violentos praticados por seus companheiros,
onde exemplifica as autoras Baseggio e Da Silva em “As condições femininas no
Brasil colonial”,

As colonas, assim dizendo, eram as que mais sofriam em silêncio com a


poligamia, pois seus maridos, em diversos casos, mantinham
relacionamentos com escravas e índias e, em troca, era exigido das
mulheres brancas, virgindade, sutileza, submissão à moral masculina e
também castidade. Ou seja, deviam preservar costumes como a fidelidade e
a submissão ao marido em uma terra onde a poligamia era praticada
diariamente pelos grandes senhores e seus descendentes.
(BASEGGIO; DA SILVA, 2015, p. 1)

Percebe - se através de uma visão de toda complexidade que a sociedade


deste período esperava da mulher, de modo geral, um papel determinado a
desempenhar numa sociedade de base patriarcal2, em que as colocou em
conjunções de violência simbólica, física e sexual. Portanto, para a autora Silva
(2012, p.7) pensar na transformação “envolve transgredir as normas de
comportamento, dominação e de poder impostas pela sociedade aos gêneros”,
significando um processo de distintas construções simbólicas atribuídas ao longo
dos anos. Assim, durante séculos a mulher é tida como propriedade, de um
patriarcado em que vem subjugando o gênero feminino e ditando seu lugar na esfera
social, isso através de grande repressão.

2
A ordem patriarcal de gênero ou patriarcado diz respeito ao poder dos homens, ou do masculino,
enquanto categoria social. O patriarcado é uma forma de organização social na qual as relações são
regidas por dois princípios básicos: 1) as mulheres estão hierarquicamente subordinadas aos homens
e, 2) os jovens estão hierarquicamente subordinados aos homens mais velhos. (TELES, 2014, p. 21)
17

Avançado na história, entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras


décadas do XX de acordo com Blay (2003) os maridos assassinavam suas esposas3
alegando adultério, constando no código criminal da época a atenuação do crime.
Existiam ainda, alguns setores da mídia que culpabilizava a mulher vítima de crime
passional, - pois acusavam as mulheres de ser o estopim da morte das mesmas por
terem traído seus maridos - causando dor e sofrimento aos familiares (SANTIAGO;
COELHO, 2011). Observa-se a diferença pelo fato de ser mulher e como havia a
busca de justificativa do assassinato embasada em leis. Trazendo mais informações
sobre as penalidades impostas às mulheres no país no período do império, os
autores Santiago e Coelho (2011, p. 9) expressam que “O adultério passou a ser
punido pelo Código Criminal de 1830, no qual a esposa adúltera cumpria pena de
prisão de um a três anos, com trabalhos forçados. [...] a infidelidade conjugal da
mulher era vista como uma afronta aos direitos do marido e um insulto ao cônjuge
enganado”. Entretanto neste mesmo período caso o homem mantivesse relação com
duas mulheres era considerado concubinato.
As evidencias na história sobre a violência contra mulher atravessa um longo
processo, em que traz todo o sofrimento, angustias e submissão da mulher ao sexo
masculino, estando entranhado na sociedade que assim foi formada, tornando-se
muitas vezes assunto banal e trazendo penalidades as mesmas. Para maior
compreensão faz-se necessário entender o momento em que se voltou o olhar para
essa problemática e a importância sobre discutir o conceito de violência contra
mulher e suas várias concepções.

1.2 CONCEITUANDO A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER E VIOLÊNCIA DE


GÊNERO

Nos anos de 1970-1980 o interesse pela discussão sobre as “questões da


mulher” surge no centro das universidades, onde muitas professoras e estudantes
dos cursos de graduação e pós – graduação deram foco ao tema, a partir de então o
movimento feminista teve íntima relação com a pesquisa acadêmica, assim a

3
“o homicídio contra a mulher era compreendido como um crime de paixão”. (SANTIAGO; COELHO,
2011, p. 10).
18

conceituação e discussão sobre a violência contra mulher no país ganha mais força
e cada vez mais foram produzidos artigos; teses e intensos diálogos sobre a mulher
e sobre o gênero (SILVA, 2017).
O termo violência de gênero é utilizado pelas pesquisadoras e estudiosas na
década de 80, sendo considerado como uma categoria que analisa o todo, ou seja,
envolve as relações sociais e interliga outras categorias como etnia, aspectos
culturais e classe social. Lisboa e Pinheiro (2005, p.4) explanam que “a discussão
sobre relações de gênero tenta mostrar que as diferenças sexuais superam a
“simples” definição biológica, pois agregam em si características socialmente
construídas, podendo os papéis de homem e mulher variar conforme a cultura”. A
partir de então outras definições foram dadas a violência às mulheres com relação
ao espaço onde são cometidos os crimes e as pessoas envolvidas. Essas definições
resultam em: violência doméstica e violência intrafamiliar.
Violência doméstica: segundo Lisboa e Pinheiro (2005, p.4) definem como “as
violências que ocorrem dentro das casas, na maioria das vezes, são cometidas
pelos companheiros, maridos, namorados amantes, ou seja, por aquela pessoa com
a qual a mulher mantém uma relação afetiva/conjugal”. Esta, interferindo não
somente nas relações entre os casais, como também gerando consequências a
outros membros familiares.
Violência intrafamiliar: “é toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a
integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de
outro membro da família” (LISBOA; PINHEIRO, 2005, p.4). Deve-se ter a
compreensão de um grupo não somente ligados por laços de sangue (filhos (as);
sobrinhos (as)), mas também aqueles que têm relação de parentesco, a exemplo de:
filhos (as) adotivos (as), afilhados (as). Enfim, envolvendo os familiares em situações
de perigo e vulnerabilidade que estivessem sujeitos a violência.
Com efeito, os movimentos feministas tiveram grandes influencias e
transformações, com o que diz respeito em especial ao direito da mulher, em que
provocaram muitas mudanças tanto no meio social, quanto legislativo. A respeito da
mudança na legislação temos a Constituição Federal de 1988 (também intitulada
Constituição Cidadã) que representa essa mudança, onde traz nos direitos e
garantias fundamentais no art. 5º,
19

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,


garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;
[...]
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
(BRASIL, 1988, Capítulo I, p.14)

Na mesma Constituição no capitulo VII quando diz respeito à família e as


pessoas que fazem parte da mesma, no art. 226, § 8º fala sobre o papel do Estado
que “assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988, p.124). De fato a integração desse artigo obriga
o Estado a promover intervenções na relação familiar no intuito de coibir a violência
doméstica / intrafamiliar, prestando assistência aos indivíduos envolvidos. Partindo
destes princípios que asseguram igualdade de direitos entre ambos - homens e
mulheres – buscou-se gradativamente a criação de mecanismos para enfrentar e
atender essas demandas.
Haja vista o movimento feminista tenha incorporado em suas agendas de
discussões sobre a violência contra mulher e o direito das mesmas viver em
ambientes - seja no lar, no trabalho, etc. - sem serem maltratadas e violentadas, e
posteriormente as grandes conquistas de leis que fossem voltadas a essa questão,
havia ainda o grande desafio das mulheres envoltas nessa problemática ter a
percepção e o entendimento de serem vítimas de inúmeras formas de violências.
Entretanto, nesse período houve casos de crimes que se tornaram públicos, assim
para mudar esse quadro, mais e mais mulheres teriam que ser informadas para
assim, buscar ajuda, denunciando seus agressores.

1.3 ROMPENDO O SILÊNCIO

Após anos de reivindicações e publicização de casos de violência contra


mulher, muitos destes causando graves sequelas, e outros levando a morte de
muitas mulheres, houve a urgência de chegar ao conhecimento da população de
20

modo mais amplo, à existência dos vários tipos de violência e a criação de leis ainda
mais rigorosas que pudessem punir verdadeiramente os agressores.
Em 1983 um dos casos que ocorreu no Brasil e que teve grande repercussão
foi o de Maria da Penha Maia Fernandes, onde sofreu duas tentativas de homicídio
por parte de seu esposo, na cidade de Fortaleza capital do estado do Ceará. O
agressor proferiu tiro em suas costas quando ela estava dormindo, resultando numa
paraplegia irreversível, meses depois tentou matá-la com choque elétrico no banho.
Depois de prolongados 15 anos o agressor ainda permanecia em liberdade. No ano
de 1998, Maria da Penha buscou apoio de duas organizações não governamentais e
entrou com uma petição contra o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos
Humanos da Organização dos Estados Americanos (CDIH/OEA), onde denunciou a
tolerância do Estado brasileiro com a violência doméstica (SILVA, 2017). Em 2001 o
Brasil foi responsabilizado por ser omisso, negligente e tolerante, em relação à
violência doméstica e sendo punido com a necessidade de criação de lei que fosse
adequada a violência contra mulher. Somente no ano de 2006 foi sancionada a Lei
11.340 - Lei Maria da Penha, sobre esta temos no artigo 5º onde diz

Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a


mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de


convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços
naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou
tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
(BRASIL, 2006, p.2)

Segundo a mesma Lei os tipos de agressões contra a mulher são


classificados em cinco categorias. Temos no Art. 7º sobre as formas de violência
doméstica e familiar contra a mulher,

I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua


integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause
dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância
21

constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização,


exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe
cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
(BRASIL, 2006, p.2)

De acordo com Silva (2016) um dos tipos de violência que tem pouca
divulgação e pouco conhecida entre as mulheres é a violência psicológica, esta não
ocasiona marcas físicas, porem deixa “cicatrizes internas que destroem a autoestima
da vítima por toda a vida”. Podendo chegar ao ponto mais extremo quando o
“agressor usa meios de descriminação, [...] desprezo ou culpabilização da vítima
entre outras. [...] pode levar a vítima, além do sofrimento intenso, chegar a tentar ou
cometer suicídio”.
A referida Lei 11.340 - Lei Maria da Penha, dispõe sobre a violência sexual no
artigo 7º

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a


presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada,
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a
impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de
seus direitos sexuais e reprodutivos;
(BRASIL, 2006, p.2)

Sobre a violência sexual Carvalho; Ferreira e Santos (2010) caracterizam que


várias mulheres que sofrem essa violência não têm a compreensão, de serem
forçadas a tal ato pelos parceiros. As autoras reafirmam que as mesmas “vêem
como um dever conjugal, devido a uma visão conservadora instituindo estereótipos
do comportamento feminino que leva a submissão da mulher, interferindo em sua
auto-estima causando sentimento de impotência que bloqueia sua personalidade”.
(CARVALHO; FERREIRA; SANTOS, 2010, p.5).
Ainda citando entre as cinco tipificações de violência segundo a Lei 11.340 -
Lei Maria da Penha, no artigo 7º, a mesma traz as configurações da violência
patrimonial e moral

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure


retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos,
instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas
necessidades;
22

V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure


calúnia, difamação ou injúria.
(BRASIL, 2006, p.2)

O processo de elaboração da Lei Maira da Penha, contou com todo estudo


teórico de quase 30 anos, sobre essa temática. Esta, visando criar “mecanismos
para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher; dispõe sobre
a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher” (LEI
MARIA DA PENHA - Lei 11.340, 2006, p.2), e estabelecer medidas para assistir e
proteger as mulheres que se encontram em situação de violência doméstica e
familiar. A Lei Maira da Penha reforça a criação e implementação de políticas
públicas que garantem ações: a prevenção, a assistência e garantia de direitos.
Para dar continuidade e maior discussão sobre as políticas publicas e as leis
voltadas para o enfretamento à violência contra mulher, serão aprofundadas no
decorrer do próximo capítulo.
23

2. AS POLÍTICAS PÚBLICAS E AS LEIS QUE AMPARAM A MULHER EM


SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA

Considerando que as políticas públicas são o macro dos direitos sociais, onde
estão abarcadas na Constituição Federal de 1988, tendo como premissa ações do
Estado, formulando programas, projetos e criação de leis, visa o bem estar da
sociedade. Contudo através de dados e pesquisas onde demonstram um olhar mais
aprofundado para as questões envolvendo as mulheres, assim tornam-se viáveis
políticas publicas que deem maior atenção voltada à mulher.
Embora seja um assunto de grande preocupação, autores como Custódio e
Silva (2015) trazem reflexão, para uma análise e estudo de todo contexto social,
para efetividade e garantia de direitos. Assim torna-se primordial o entendimento
sobre o conceito de políticas públicas dando ênfase as mulheres que sofrem com a
violência em todos os ambitos. Reforçando a importância no pensar em formulação
das políticas públicas como sendo, “imprescindível, [...] a análise dos seus principais
conceitos, processos de elaboração, bem como, procedimentos e técnicas de
controle e avaliação como pressuposto de gestão eficiente das políticas”
(CUSTÓDIO;SILVA, 2015, p.2). Estes acrescentam ainda, que no país fragmentar e
setorizar políticas públicas tornam-se de alto custo e ineficiente, pois produzem
ações e resulta em objetivos distantes do que se esperava alcançar. Concluem que,
a intersetorialiadade se faz necessária na construção das políticas, buscando interar,
integrar diversas instituições com compromisso único, garantindo também a
participação da sociedade.

2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ENFRENTAMENTO A VIOLÊNCIA CONTRA


MULHER

Após um longo debate sobre a visibilidade da temática, onde há


imprescindibilidade e urgência na intervenção a este público, foram tomadas ações a
fim de ampliar, prevenir e garantir direitos, sendo criada em 2003 a Secretaria de
Políticas para as Mulheres – atualmente Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres, vinculada em 2016 ao Ministério da Justiça e Cidadania. Assim está
24

registrado na cartilha que aborda sobre a Rede de Enfrentamento à Violência contra


as Mulheres, explanando a integração de serviços para atendimento e
acompanhamento às mesmas que estão neste quadro.

No eixo da assistência, a rede de atendimento às mulheres em situação de


violência foi redimensionada, passando a compreender outros serviços que
não somente os abrigos e as DEAMs, tais como: centros de referência da
mulher, defensorias da mulher, promotorias da mulher ou núcleos de gênero
nos Ministérios Públicos, juizados especializados de violência doméstica e
familiar contra a mulher, Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), entre
outros.
(BRASIL, 2011, p. 7)

Ao constituir uma rede de enfrentamento buscou-se desempenhar ações para


a complexidade que envolve a violência contra mulher e do caráter de várias
dimensões do problema, perpassando inúmeras áreas quem abrangem os direitos
sociais. Neste sentido, a cartilha - Rede de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres apresenta diretrizes gerais para implementar serviços da rede de
atendimento, cujos parceiro de financiamento são, a Secretaria de Políticas para
Mulheres e Governo Federal (BRASIL, 2011).
Com a criação desses serviços especializados reforçou a responsabilidade
dos governos, principalmente estaduais e municipais na implantação de centros
especializados, através dessas políticas públicas. No ano de 2005, também foi
criada a central de atendimento à mulher- Ligue 180, cujo objetivo é realizar
atendimentos; fazer encaminhamentos para a rede de serviços; dar informações
sobre os direitos e abastecer os dados da violência contra mulher, anualmente.
Assim segundo os dados do ano de 2016, “a Central realizou 1.133.345 (um milhão
cento e trinta e três mil trezentos e quarenta e cinco) atendimentos, fato que resultou
numa média de 94.445 atendimentos/mês, e 3.096 atendimentos ao dia. Essa
quantidade foi 51% superior ao número de 2015 (749.024)” 4 (BRASIL, 2016, p.3).
Dentre esses atendimentos a central de atendimento à mulher- Ligue 180,
trazem dados do percentual dos tipos de violência acometidos as mulheres,

Figura 1- Distribuição do percentual dos relatos de violência contra mulher, segundo


tipo de violência- ano 2013

4
Dados referentes ao balanço anual de 2016 feitos pela central de atendimento à mulher- Ligue 180,
da Secretaria Nacional de Políticas para mulheres.
25

Fonte: Brasil, Central de atendimento à mulher- ligue 180, (2016, p.4)

A figura mostra um percentual muito considerável de violência física,


chegando a 54,2% em relação a outros tipos de violências.
Contudo, além da criação e aplicação das políticas públicas passou-se a
incluir ações que trouxessem integralidade às mesmas como:

criação de normas e padrões de atendimento, aperfeiçoamento da


legislação, incentivo à constituição de redes de serviços, o apoio a projetos
educativos e culturais de prevenção à violência e ampliação do acesso das
mulheres à justiça e aos serviços de segurança pública.
(BRASIL, 2011, p.12).

Em 2007 foi criado um Pacto Nacional de Enfrentamento a Violência contra


Mulher buscando ações que integram as esferas governamentais: Federal, Estadual
e Municipal, perfazendo a interligação dos acompanhamentos as vítimas de
violência, a partir de então surge a intersetorialidade, cujo objetivo, ser uma base
estratégica de ações conjuntas de vários setores públicos: assistência social, saúde,
justiça, segurança pública, entre outros, promovendo atenção integral dessas
usuárias (LIMA, SOUSA; OLIVEIRA, 2015). As ações do Pacto Nacional de
Enfrentamento a Violência contra Mulher entendem que a violência não se dar
26

isoladamente, requerendo amplas ações articuladas em diferentes esferas da


sociedade. Como cita,

Prevê não apenas a resposta à violência já cometida às mulheres, como


espera atuar também na dimensão da prevenção, assistência, proteção e
garantia de direitos. Entre outras ações, o Pacto busca a ampliação e
fortalecimento da rede de serviços para mulheres em situação de violência.
(TELES, 2014, p. 24)

Em adição este mesmo Pacto traz a definição de objetivos gerais e


específicos das ações de enfrentamento sendo eles:

Geral: Enfrentar todas as formas de violência contra as mulheres a partir de


uma visão integral deste fenômeno.
Específicos: Reduzir os índices de violência contra as mulheres; Promover
uma mudança cultural a partir da disseminação de atitudes igualitárias e
valores éticos de irrestrito respeito às diversidades de gênero e de
valorização da paz; Garantir e proteger os direitos das mulheres em
situação de violência considerando as questões raciais, étnicas,
geracionais, de orientação sexual, de deficiência e de inserção social,
econômica e regional.
(BRASIL, 2010, p.21)

Dessa forma o Pacto Nacional de Enfrentamento a Violência contra Mulher


abrange todo contexto sociopolítico e cultural, que alinha orientações sobre como
proceder no modo de gestão e na forma de implementar políticas públicas;
construção de protocolos; normatizações e fluxos, visando a legitimação dos
serviços prestados.

2.2 REDE DE ATENDIMENTO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA

A rede de atendimento tem um conceito focalizado “no micro”, onde estão


vinculadas as políticas sociais, refere - se à conjunção de ações e serviços dos
setores que participam da assistência social, justiça, segurança pública e saúde,
com objetivo de melhor qualidade do atendimento; identificar e encaminhar
adequadamente as mulheres em situação de violência, tendo de grande relevância o
sigilo profissional e atendimento humanizado. Desse modo, faz-se necessário
distinguir os dois termos: rede de enfrentamento/ rede de atendimento. Onde como
foi discutido anteriormente a rede de enfrentamento como sendo de maior amplitude
27

na atuação articulada das instituições do governo, instituições não- governamentais


e comunidade, na estratégia, criação e efetivação das políticas públicas. Sobre essa
diferenciação temos na figura 2,

Figura 2- Quadro de distinção entre rede de enfrentamento e rede de atendimento

Fonte: Brasil, Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. SPM (2011, p. 15)

No caso da figura acima se observa detalhadamente o que cada rede abarca,


embora uma seja o complemento da outra. Pougy (2012) salienta, essas ações
recompõe e viabilizam o acesso à cidadania para mulheres, sendo estas
possuidoras de direitos, e ainda reforça que todas iniciativas devem contemplar as
demandas da mulher em sua diversidade, rompendo com o tradicionalismo na
gestão, bem como a perspectiva de serviços com atendimentos interligados entre os
setores.
Nesse sentido a rede de atendimento esta dividido em serviços não
especializados de atendimento à mulher, ou seja, a porta de entrada: Hospitais – de
acordo com Silva (2016) resalta como sendo locais que “caracterizam-se como a
porta de entrada preferencial, para que a vítima tenha os primeiros cuidados no caso
da violência física” Silva (2016, p. 9), CRAS, CREAS, Ministério Público,
Defensorias.
Os serviços especializados no atendimento que são: os Centros de
Atendimentos à Mulher em situação de violência – CRAMs (Centro de Referencia de
Atendimento a Mulher), Núcleos de Atendimento à Mulher em situação de violência;
28

Casas Abrigos; DEAMs (Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher);


Núcleos das Mulheres nas Defensorias Públicas; entre outros. (BRASIL, 2011, p. 15)
São notórios os ganhos com a criação dessas redes na prestação dos
serviços e atendimentos, entretanto para o bom funcionamento e efetividade, requer
uma constante qualificação profissional, para romper o senso comum desse tipo de
“questão social” incrustada na história e presente na sociedade.

2.3 LEIS QUE AMPARAM A MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA

De fato, as criações das leis nascem do fruto de uma necessidade maior, em


que a sociedade almeja respostas significativas para as questões das relações
humanas, sedo estas normas para promover a ordem e a paz na sociedade. Neste
contexto de violência envolvendo a mulher, há duas leis especificas: a Lei
11.340/2006 de nome Lei Maria da Penha, (como já mencionada do presente
trabalho), dispõe em estabelecer ações de assistência e proteger às mulheres em
situação de violência doméstica e familiar (LEI MARIA DA PENHA - Lei 11.340,
2006) e integram segundo a mesma sobre a assistência, no Art. 9º

A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será


prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes
previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de
Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e
políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
(BRASIL, 2006, p.4)

Embora a Lei Maria da Penha tenha grande importância e seja um marco nos
direitos as mulheres, não bastou para conter outra questão que é a morte de
mulheres por seus parceiros ou indivíduos que integram a família. Assim, houve a
urgência na criação de outra lei, devido a esses inúmeros casos, sendo sancionada
em 2015 a Lei do Feminicídio - Lei 13. 104/2015, “que altera o Código Penal
Brasileiro, passando a prever o feminicídio como uma das circunstâncias
qualificadoras do homicídio no Código Penal brasileiro (1940), além de incluir o
feminicídio como crime hediondo” (BRASIL, 2015, p.1).
Neste sentido, segundo Gomes (2012) “os feminicídios são a expressão letal
da violência de gênero, é a última e mais cruel maneira de exterminar as mulheres”.
29

Esta lei prevê que a pena aos crimes praticados as mulheres: durante o
período de gestação ou 3 meses após o parto; em mulheres maior de sessenta
anos; pessoa com deficiência; e tenho tido a presença de descendentes da vítima,
tenham aumento na pena de até um terço. Entretanto o grande desafio para a
compreensão desta lei, se da, pelo fato do reconhecimento das causas desses
assassinatos se enquadrarem nas circunstâncias, pois deve haver uma investigação
da realidade que se apresenta, para compreensão das causas dessas mortes.
30

3. SERVIÇO SOCIAL E A INTERSETORIALIDADE: OS DESAFIOS DO/DA


ASSISTENTE SOCIAL FRENTE O ATENDIMENTO

Como descrito por Czapski (2012) o Serviço Social atua em diversas


instituições que atendem a mulher vítima de violência, pois cada vez mais “a
profissão tem sido reconhecida, valorizada e requisitada, configurando um espaço
na divisão sócio técnica do trabalho, merecendo a confiança das outras profissões e
entidades diversas, conquistando espaço e demarcando a identidade da assistência
social”. (CZAPSKI, 2012, p.324). Contudo para que haja uma atuação que garanta a
inserção das usuárias nos direitos a elas garantidos, os/as profissionais precisam
estar constantemente embasados nas dimensões: ético-política; teórico-
metodológica e técnico-operativa.
Czapski (2012, p.325) reafirma sobre a dimensão ético-política como tendo
“orientado a profissão a exercer um papel no sentido de orientar as mulheres
discutindo com estas seus direitos, e se posicionando a favor da luta por políticas
que venham a suprir as necessidades reais das vítimas desse mal”. Criando assim,
uma apreensão da utilização correta da instrumentalidade e instrumentos relativos
ao fazer profissional.
Nesse sentido, de acordo com LISBOA (2014) o Serviço Social e sua
atuação contra a violência à mulher, constitui uma área que demonstra um
panorama das interfaces que configuram um âmbito para a intervenção dos/das
profissionais, assim contribuindo

com o conhecimento voltado para a elaboração, gestão e operacionalização


das políticas públicas, com compromisso de promover a equidade de
gênero. O cotidiano de intervenção profissional nos possibilita conhecer a
realidade multifacetada das mulheres em seus diferentes contextos,
principalmente as que se encontram em situação de violência, e ter acesso
a dados que poderão contribuir para a construção do aporte teórico da área,
o qual, por sua vez, pode subsidiar as políticas públicas com perspectiva de
gênero.
(LISBOA, 2014, p. 39)

Como a problemática da violência contra mulher envolve vários setores, o


trabalho do/da Assistente Social exige um vasto conhecimento da rede de
atendimento e suas funções para fazer os encaminhamentos adequados, não
somente isso, como está comprometido a realizar o trabalho com eficiência e
31

eficácia. Sobre isso temos no princípio fundamental V do Código de Ética do


Assistente Social onde diz,

Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure


universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e
políticas sociais, bem como sua gestão democrática;
(BRASIL, 1993, p.23)

Dentre as articulações que o atendimento intersetorial propõe estão os/as


profissionais do Serviço Social inseridos em diversas instituições que fazem o
atendimento à mulher, a exemplo, os CRAMs, CRAS, CREAS, Juizado de Violência
Doméstica e Familiar, Hospitais -, DEAMs, Defensoria Pública - NUDEM, entre
outros órgãos, com o trabalho de acolhimento; discutir estratégias de acordo a cada
caso; orientação e mobilizando ações entre estes e vários setores para
encaminhamento das usuárias. Os/ as Assistentes Sociais trabalham para atender
as demandas das mulheres em situação de violência juntamente com uma equipe
multidisciplinar que dará suporte necessário (LISBOA, 2014).
O atendimento às mulheres em situação de violência entre os setores, em
especial nos equipamentos socioassitenciais como CRAS e CREAS, traz a
importância deste trabalho em conjunto, pois estes estão em contato direto com a
comunidade e suas diversas demandas. Sobre esse enfoque Lima, Sousa; Oliveira
(2015, p.5) afirmam que são locais onde tem o objetivo de “promover o atendimento
integral dos usuários respondendo com qualidade e eficiência as necessidades
sociais vivenciadas pelos mesmos, bem como, otimiza e potencializa os serviços e
as ações prestadas a sociedade.” Assim os/ as assistentes sociais devem estar em
constante contato para abastecer os dados e informações sobre seus assistidos.
Sobre esse trabalho com equipe composta por profissionais de várias áreas ,
está a instituição especializada no atendimento - Centro de Referência de
Atendimento a Mulher (CRAM), onde traz à visualização de inúmeros casos de
violência no âmbito doméstico em que as vítimas buscam apoio e atendimento,
assim o Serviço Social da Instituição atua (com equipe multiprofissional formada por
mulheres) com a responsabilidade de prover a garantia de direitos das suas
usuárias, visando à quebra do ciclo de violência contra a mulher e emancipação das
mesmas.
32

A Assistente Social como profissional que compõe a equipe técnica tem como
objetivo atender às demandas da Instituição, pautado no Código de Ética
profissional e no Projeto Ético Político do Serviço Social sendo esse, importante na
medida em que serve de base para atuação da Assistente Social em campo, uma
vez, que se fundamenta nas premissas básicas de reconhecimento da liberdade
como valor central; do posicionamento em favor da equidade e da justiça social, na
perspectiva da universalização dos direitos e consolidação da cidadania, estando
vinculado a um projeto de transformação da sociedade, pela própria exigência que a
intervenção profissional impõe.
Assim, o trabalho da Assistente Social no CRAM tem por ações e utilização
de instrumentos como: Formulário de registro de atendimento social; Escuta das
usuárias, sendo realizado o aprofundamento dos casos para com isso a profissional
do Serviço Social fazer análise do contexto socioeconômico e identificação do grupo
familiar ao qual a usuária é pertencente, onde também são dadas informações sobre
a existência dos diversos tipos de violência contra a mulher; são produzidas fichas
de encaminhamentos – as usuárias são encaminhadas para locais parceiros onde
terão atendimentos para cada situação especifica; Estudo de caso - discussão dos
casos com a equipe multidisciplinar para desenvolver estratégias de intervenção,
promoção e empoderamento e assegurar a proteção e segurança para usuária; são
produzidos relatórios – com intuito de documentar os casos e as situações de
violência sofridas pelas usuárias, como também para anexar aos relatórios que
serão encaminhados para outros locais da rede de atendimento.
Contudo Iamamoto (2006) resalta, o compromisso do/da Assistente Social em
se dispor na defesa das usuárias. O/A profissional deve informar e provocar
autonomia nas mesmas, fazendo com que possam participar dos serviços e políticas
públicas ofertadas. Na maioria dos casos essas usuárias, não são sabedoras dos
seus direitos.
Não distante dos entraves que todo o profissional independente da área a
qual está inserido, perpassa, também está o/a Assistente Social na busca de
promover o acesso dos/das usuários/as em serviços e atendimentos de qualidade.
Assim os desafios que se impõe aos profissionais do Serviço Social que atuam em
diversas áreas da assistência, saúde, entre outros, seriam: a identificação das
mulheres que sofrem violência - para posterior encaminhamento correto e com
33

documentos produzidos pelos mesmos, relatando a situação apresentada, evitando


a revitimização das assistidas; capacitação profissional - e cada vez mais os/as
profissionais buscarem o conhecimento aprofundado na existência de locais
especializados no atendimento para este público, como também o devido sigilo
profissional, e escuta qualificada, sensibilização por parte profissional a esta
demanda; distanciar-se da naturalização - da violência praticada contra mulher;
apreender a real necessidade de entendimento dos métodos de trabalho
intersetorial, como também os serviços socioassistenciais, para atender não só a
mulher vítima, mas a todos quem fazem parte do convívio familiar.

Figura 3- Quadro sistematizando os desafios enfrentados pelo Assistente Social.

Desafios ao profissional do Serviço Social


Identificação Sensibilização

Atender a mulher
distanciar-se da
naturalização e integrantes do convívio
familiar

Evitar a revitimização das assistidas;

capacitação profissional

Fonte: Autoria própria (2018)

A figura acima demonstra tópicos importantes com relação ao trabalho feito


com as mulheres que estão em situação de violência, tendo todo cuidado e cautela,
pois exige um fazer profissional almejando melhoria para as mesmas.
34

Nesse sentido, encontramos no Código de Ética do Serviço Social - o


principio fundamental X - essa relevância sobre o “Compromisso com a qualidade
dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na
perspectiva da competência profissional” (BRASIL, 1993, p.24). Assim o/a
profissional do Serviço Social pode realizar um trabalho em que irá utilizar todo
aporte apreendido na trajetória que envolve a profissão, para alcançar a
minimização dos impactos causados no cotidiano das mulheres e sua família e como
consequência, que estes consigam quebrar o ciclo de violência e não reproduzam
nem um tipo de violência contra mulher.
35

CONCLUSÃO

Por meio da realização da pesquisa e construção deste trabalho pode-se


compreender o contexto socio-histórico da violência contra mulher no Brasil, a
discriminação e subjugação da mulher - independendo da sua etnia ou condição
social - pelo modo patriarcal, vindo desde a construção da identidade nacional. Ao
longo dos anos foram discutidas - através de movimentos feministas, que
provocaram debates no espaço acadêmico - formas de romper com este ciclo de
violência.
Os dias atuais a violência contra mulher perpassa vários ambitos de convívio,
entretanto no meio doméstico e familiar ainda acontecem com maior frequência as
agressões e que afetam todos os envolvidos neste âmbito, onde demonstrou a
violência contra a mulher como um fenômeno que deve envolver toda sociedade.
Portanto o estudo viabilizou a importância das políticas públicas no enfrentamento a
violência contra mulher, bem como o atendimento especifico a esta demanda; a
criação de leis que amparam a mulher e punem seus agressores - a Lei Maria da
Penha, trazendo os tipos de violências existentes e suas definições e a Lei do
Feminicídio; instituição de órgãos responsáveis em gestão e implementação de
políticas sociais, que foram criados serviços especializados nas três esferas dos
governos, principalmente estaduais e municipais na implantação de centros
especializados, na prestação dos atendimentos, resaltando uma constante
qualificação profissional, para romper o senso comum, com intuito de maior
eficiência e eficácia no trabalho.
A compreensão da intersetorialidade traz um norte sobre as ações em
conjunto entre os setores que atendem as mulheres em situação de violência
doméstica e familiar, a relevância da parceria em que esses setores devem manter e
onde os profissionais que atuam em equipe multiprofissional, nesta está inserido o
profissional do Serviço social, tendo que buscar cada vez mais capacitar-se para o
atendimento dessa faceta da questão social.
Ao longo da discussão foi possível apreender os desafios que os profissionais
enfrentam em sua atuação para não comprometer o trabalho e que possam
promover a inserção das usuárias nos direitos a elas garantidos, para isso os/as
36

profissionais precisam estar constantemente embasados nas dimensões: ético


política; teórico metodológica e técnico operativa.
37

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