Saúde Idosos
Saúde Idosos
Saúde Idosos
Teófilo Otoni – MG
2011
Ariane Rodrigues do Carmo Lopes
Teófilo Otoni – MG
2011
Ariane Rodrigues do Carmo Lopes
Banca Examinadora
O Brasil poderá ser em breve, o sexto país do mundo em número de idosos. Esta população
apresenta características próprias relacionadas à sua fisiologia e aos problemas de saúde mais
freqüentemente vivenciados. Essas características levam os idosos, em alguns casos, a
necessitar de alguém para auxiliá-los em atividades que antes pareciam de simples execução.
Dentro deste quadro surge a ocupação de “cuidador de idosos”. Grande parte destes
profissionais não possui a devida capacitação e o despreparo resulta em desgaste tanto para o
ser cuidado, quanto para o cuidador. O trabalho a ser apresentado visa desenvolver uma
revisão da literatura sobre os conhecimentos sobre saúde e promoção de saúde bucal de
cuidadores envolvidos na atenção à população idosa.
The Brazil might be soon, the sixth country in the world in number of elderly. This population
presents characteristics related to your physiology and health problems most often
experienced. These characteristics bring the elderly, in some cases, you need someone to help
them in activities that before seemed simple implementation. Within this framework the
profession of "caregiver elderly". Large proportions of these professionals do not have
adequate training and preparation results in wear for both be careful, as for the caregiver. The
work to be presented aims to develop a review of Brazilian literature on knowledge about
health and promoção de saúde bucal de caregivers involved in attention to the elderly
population.
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................08
2 METODOLOGIA.................................................................................................................. .....................10
3 REVISÃO DA LITERATURA
1 INTRODUÇÃO
O Sistema Único de Saúde (SUS) não consegue atender plenamente à resolução das
necessidades de saúde, em especial necessidades odontológicas, de determinados grupos
especiais (no caso, a população idosa) graças à insuficiente formação técnica de sua mão de
obra e, em alguns casos, devido à precariedade de recursos humanos, administrativos e/ou
financeiros destinados para o fim.
Atribui-se este fato como um dos principais motivos pela preferência da extração de
dentes que poderiam ser recuperados, já que tal alternativa é considerada a mais prática e,
também, mais econômica. Como resultado, idosos que perdem a dentição se vêem
impossibilitados de recompor as perdas com as próteses, principalmente devido à falta de
recursos financeiros. Além disso, para aqueles que fazem uso destas, permanecem com sua
utilização por mais tempo que o recomendado.
Os dados preliminares do SB Brasil 2010 (Brasil, 2010) demonstram melhoria nos
indicadores de saúde bucal da população brasileira, principalmente na população adulta, com
redução na demanda por próteses. Entretanto, o grande problema ainda se concentra na
população entre 65 a 74 anos. Nesta população, o CPOD aparentemente não se alterou com
média de 27,1 em 2010 (em 2003 a média era de 27,8) com a maioria dos elementos
correspondendo ao componente extraído. Até a publicação da “Nota para a Imprensa” em 28
de dezembro de 2010, cerca de mais de 3 milhões de idosos que necessitavam de prótese total
em pelo menos um maxilar e mais de 4 milhões que necessitavam de prótese parcial. De
2003 para 2010 a proporção de idosos que necessitam de próteses totais caiu de 24% para
23% e de 16% para 15% para os que necessitam de próteses parciais. Em relação aos
problemas gengivais, que de modo geral avançam com a idade, os resultados do SB Brasil
2010 demonstram que o percentual de indivíduos sem nenhum problema periodontal foi de
1,8% nos idosos de 65 a 74 anos.
Por muito tempo, os serviços públicos promovidos pelo SUS voltados para a saúde
bucal possibilitaram à população brasileira um atendimento basicamente curativo, apesar de
mutilador, de custo elevado, de mínima cobertura e baixo impacto epidemiológico. A partir
daí, devido à necessidade, criou-se uma enorme procura por tratamentos adequados e eficazes
mesmo para os casos de maior complexidade. A incapacidade estatal de suprir esta
necessidade é preenchida pela iniciativa privada restrita apenas àqueles que podem pagar
pelos serviços. Por isso, a odontologia apesar de apresentar soluções tecnológicas avançadas e
satisfatórias para o problema da perda dentária se restringe apenas para aqueles que tenham
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Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento da literatura atual sobre os
conhecimentos sobre promoção de saúde bucal de cuidadores de idosos produzidos em língua
portuguesa.
2 METODOLOGIA
Essa revisão da literatura procura investigar conceitos sobre saúde bucal e grupos
operativos na saúde e foi realizada a partir de buscas nas seguintes bases de dados: BBO,
LILACS e MEDILINE e teve como critério de inclusão o idioma português.
3 REVISÃO DE LITERATURA
De acordo com a Constituição Brasileira (na Seção II, Artigo 196), sobre a questão da
saúde, encontra-se:
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação”.
Para Custódio (2007), a relação entre saúde e doença, por ser abstrata, é difícil de
definir, pois se refere a eventos complexos e antagônicos, cujos significados podem variar de
acordo com a realidade individual.
De acordo com Silva e Fernandes(2001), idoso é o indivíduo que apresenta sessenta
anos ou mais. Na sociedade atual, o tema “idoso” é bastante difundido, mas a atitude da
sociedade em relação ao indivíduo em si é ambígua por não se encarar tal fase como fato que
merece respeito e atenção. E o momento em que começa a velhice é mal definido e varia de
acordo com as sociedades, as épocas e lugares e as condições físicas e mentais.
Envelhecer não é uma doença. É fato, entretanto, que o corpo passa a ser mais
susceptível à instalação dos eventos mórbidos. A doença é sentida e o corpo se defende. Já a
percepção em saúde bucal está associada aos aspectos físicos (dores) e subjetivos (vergonha
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de não ter dentição ou apresentar uma precária) e é influenciada por fatores sociais e
econômicos, pela idade, sexo e classe social do indivíduo. Assim, a avaliação da saúde por
pessoas leigas difere da que é feita por profissionais, uma vez que esta não foi percebida
separada da saúde geral. (MARTINS et al, 2008).
Silva e Fernandes (2001) alegam que o processo de envelhecimento se caracteriza por
provocar no indivíduo alterações morfológicas, funcionais e psicológicas, diminuindo a sua
capacidade de adaptação a mudanças no seu meio ambiente. A presença de saúde bucal é
associada (por muitos idosos) à realização de consultas ao dentista, pois há a crença que a
odontologia tem como objetivo o cuidado com o tratamento de doenças e não com a
promoção de saúde.
Apesar desta constatação e da demanda por serviços odontológicas destacadas nos
últimos levantamento epidemiológicos realizados no pais como um todo, a utilização dos
serviços odontológicos ainda é pequena. Pesquisas mostram que durante o envelhecimento, a
visita ao médico aumenta, enquanto ao dentista diminui (MELLO, 2008).
Além disso, a saúde bucal (para muitos idosos) é fortemente associada à estética e, por
este motivo, freqüentemente são utilizados para a sua higienização a escova dental, esponja de
aço, escova de lavar roupa, raspagem, água sanitária, sabão de coco e, finalmente, creme
dental. (PEREIRA e BONACHELA, 2003).
De acordo com Silva e Fernandes (2001), há vários significados associados à
qualidade de vida. Além disso, para Vargas e Paixão (2005), este tema também está
relacionado, principalmente, com o custo/benefício decorrente à manutenção da vida de
enfermos crônicos e/ou terminais. O fato é que deve ser analisada tanto do ponto de vista do
bem-estar e dos direitos individuais, quanto dos interesses e valores da sociedade.
expectativa de vida. O termo qualidade de vida refere-se a algo muito mais amplo que saúde,
é um processo dinâmico e difícil de mensurar . O rápido envelhecimento da população é uma
realidade, e assim, torna-se imprescindível a adoção de políticas sociais que possam suprir as
necessidades relativas à assistência social e de saúde, para garantir aos idosos uma melhor
qualidade aos anos de vida, que têm aumentado nas últimas décadas, com o aumento da
expectativa de vida (VARGAS e PAIXÃO, 2005).
Com relação à saúde bucal dos idosos, o edentulismo parece ser “natural” e inevitável
(VARGAS e PAIXÃO, 2005). Essa constatação também é verdade entre os cuidadores de
idosos entrevistados por Saliba et al., (2007) em Araçatuba. Portanto, este quadro pode ser
reflexo de uma política preventiva deficiente, que deveria ser direcionada a todos os grupos
etários e a todos os profissionais que atuam direta ou indiretamente na atenção ao idoso.
Dentro dessa realidade, para Colussi e Freitas (2002), o estado de saúde bucal dos
idosos, assim como o aumento da expectativa de vida têm despertado a atenção de estudiosos
adquirindo maior importância nos últimos anos, tanto nos países desenvolvidos ou em
desenvolvimento, visto que essa faixa da população cresce continuamente.
Dessa forma, com vistas à elaboração de estratégias que promovam saúde de idosos
institucionalizados, torna-se necessário conhecer a real situação de saúde bucal nesse grupo
populacional.
De acordo com Vargas e Paixão (2005), a preocupação com a qualidade de vida na
terceira idade ganhou relevância nos últimos 30 anos, a partir do momento em que o
crescimento do número de idosos e a expansão da longevidade passaram a ser alvo de
pesquisas em um número crescente de estudiosos nas mais variadas sociedades.
Para Sheiham (2000), a longevidade e uma boa qualidade de vida na velhice não são
apenas atributos do indivíduo biológico, psicológico ou social, nem uma responsabilidade
individual: são produtos da interação entre pessoas em mudança, vivendo numa sociedade
também mutante:
Pode-se dizer que sua conceituação constitui-se em parâmetro ou ideal, cuja análise
permite desvendar os valores vigentes numa sociedade, em relação ao significado da
velhice no curso de vida individual, dos grupos etários e das instituições. Portanto,
definir qualidade de vida na velhice implica em levar em conta critérios sócio-
culturais, médicos e psicológicos, numa perspectiva de continuidade ao longo do
curso de vida do indivíduo e da unidade sócio-cultural a que pertence (SHEIHAM,
2000, p. 25).
de vista dos indivíduos e das instituições sobre o significado da velhice e sobre o grau de
compromisso da sociedade com o bem estar dos seus idosos estão contextualizados
(COLUSSI e FREITAS, 2002).
Por outro lado, o impacto da saúde bucal relacionado com o bem estar geral dos
indivíduos e a sua qualidade de vida, de acordo com Colussi e Freitas (2002), começaram a
ser analisados há poucos anos com a introdução de diversos instrumentos efetivos, válidos e
confiáveis, capazes de relacionar a saúde bucal com a qualidade de vida.
Estes indicadores podem ser unidimensionais, quando avaliam apenas uma variável,
como a capacidade mastigatória ou a intensidade de dor; ou, também,
multidimensionais. os multidimensionais têm sido mais utilizados por serem amplos,
envolvem população adulta, geralmente de idosos, englobando diversas dimensões
como dor, restrições alimentares e bem estar psicológico dos indivíduos. ainda que
exista diferença no nível de complexidade entre esses indicadores, todos buscam
abordar aspectos dos efeitos das condições bucais sobre o estado funcional, social e
psicológico de cada indivíduo (COLUSSI e FREITAS, 2002, p. 47).
Promover saúde bucal é qualquer esforço planejado para construir políticas públicas
de saúde saudáveis criar ambientes que apóiem o esforço individual e comunitário
de ser saudável, fortalecer a ação comunitária, desenvolver habilidades pessoais e/ou
reorientar serviços de saúde voltados para a promoção da saúde. (PUCCA Jr, 2006,
p. 36).
Partindo deste pressuposto, a ausência total dos dentes também implica no impacto
negativo referente à alimentação - inabilidade física. Para Pereira e Bonachela (2003), a
estabilidade das próteses e uma adequada mastigação dos alimentos podem ser consideradas
como fatores importantes que interferirão na qualidade de vida de pacientes desdentados.
Segundo Ferreira et al, (2006), embora a condição de saúde bucal cause impacto em
vários aspectos da qualidade de vida dos idosos, o prejuízo pode ser percebido:
. Na dimensão dor, caso haja alguma dentição a ser corrigida;
. Na preocupação com a boca, se desdentada;
. Na dimensão desconforto psicológico, se esteticamente desagradável;
. No prejuízo da alimentação;
. Na fonação;
. Na dimensão inabilidade física.
Todavia, tais prejuízos decorrentes dos problemas causados pela falta dos dentes
podem abranger, segundo Pereira e Bonachela (2003):
Não só a limitação da capacidade mastigatória e capacidade de fonação, mas
também o comprometimento da aparência estética e a descaracterização da
identidade facial, retratando um quadro social de menor privilégio, o que leva o
paciente a se tornar uma pessoa com dificuldades de aceitação social plena, portador
de um estigma. (PEREIRA e BONACHELA , 2003, p. 20).
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Embora tais estudos apontem nessa direção, Barros e Bertoldi (2002) afirmam que não
há uma relação direta entre a ausência de dentes e uma pior condição de saúde geral, uma vez
que a ausência total dos dentes e a utilização de próteses totais removíveis inadequadas pode
causar efeitos como dificuldade para relaxar, embaraço, restrição em comer determinados
alimentos e até perda da vontade de sair de casa.
Infelizmente, a visão de que é natural a perda de todos os dentes com o
envelhecimento pode levar os idosos a negligenciarem – por desconhecerem ou não poderem
tomar providências – a sua saúde bucal. Outro problema é a limitação física, assim como
problemas visuais e/ou demência, que podem comprometer o auto cuidado, resultando em
altos níveis de acúmulo de placa bacteriana, de acordo com Pereira e Bonachela (2003).
Destaca-se o fato de que muitos idosos são dependentes de um cuidador para a
realização da higiene bucal, cuja provisão pode ser irregular, insatisfatória e infreqüente
(PEREIRA e BONACHELA, 2003). Isso talvez aconteça porque a higienização bucal é vista
pela população em geral como sendo de foro íntimo, dificultando e ate mesmo impedindo que
programas de promoção de saúde bucal sejam implantados em sua plenitude (ABREU et al.,
2005).
De fato, para Pucca Jr (2006), o cuidado à saúde bucal é uma construção que se dá ao
longo da vida das pessoas e por isso, a formulação de políticas públicas não pode ser
concretizada por meio da implementação de ações pontuais, de curto prazo, mas de modo
processual, dinâmico, na perspectiva do envelhecimento saudável, respeitando integralmente
as demandas de todos os ciclos da vida.
Cuidar especificamente da saúde bucal das pessoas com necessidades especiais, no
caso a população idosa, faz emergir uma série de emoções. Existe a alegria, o prazer e o
otimismo que são resultados da sensação de fazer o bem a si mesmo e ao outro, do sentimento
de dever cumprido, resultado em sentimentos de gratidão, reconhecimento e amizade naquele
que é cuidado. Por outro lado, sentimentos de angústia, tristeza, medo, dor, nojo e frustração
são igualmente experenciados. Estes sentimentos são oriundos de traumas vivenciados
anteriormente, da observação das péssimas condições de saúde bucal dos idosos seja pelo
contato íntimo com a boca e com as próteses dentárias, pela sensação de impotência na
resolução dos problemas, pela observação da ineficácia das práticas, pela pouca valorização
procedimentos realizados e pela pouca demonstração de resultados positivos para os idosos
(MELLO e ERDMANN, 2007).
Por outro lado, os cuidadores de idosos que realizam a higienização bucal dos mesmos
regularmente relatam que estes procedimentos, embora sejam realizados com carinho e
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diligência técnica, também provoca reações de ira, ríspidas e até mesmo maléficas daquele
que recebe o cuidado. Essas reações são resultantes da compreensão por parte do idoso
(normalmente aquele que apresenta alguma demência) de que a ação é desagradável, que
prejudica o seu conforto momentâneo, interferindo na sua autonomia, causando-lhe dor ou é
realizado contra a sua vontade (MELLO e ERDMANN, 2007).
A classe dos cuidadores de idosos não consegue definir se os cuidados com a saúde
bucal do idoso são de fácil ou de difícil execução. O fato de considerar as estratégias de
higienização bucal como fáceis significa relacioná-las a qualquer outro procedimento básico
de auto-cuidado que preserve a saúde, transformando-as em ações cotidianas e reduzindo-as à
simplicidade de outros procedimentos. Mesmo que, entretanto, técnicas de cuidado sejam
simplificadas e, portanto, factíveis, são muitas as dificuldades que permeiam o processo, em
todos os níveis: interpessoal, intra e interinstitucional, frustrando a realização do cuidado. O
fácil e o difícil são propriedades concomitantes do cuidado à saúde bucal que, no seu
antagonismo, representam uma contradição própria daquilo que condiciona as práticas típicas
dirigidas à população idosa (MELLO e ERDMANN, 2007).
E, ao contrário do que é previsto pelas políticas públicas de saúde, percebe-se que tais
cuidadores, na maioria das vezes, atribuem baixa prioridade ao cuidado com a boca dos
idosos, de um modo geral. Devido a isto, a falta de controle adequado da placa bacteriana
pode aumentar o risco de desenvolvimento de lesões de mucosa, da cárie dentária e até
mesmo de doença periodontal (FERREIRA et al, 2009).
O índice de dentes Cariados, Perdidos e Obturados, CPOD, vem sendo largamente
utilizado em levantamentos epidemiológicos de saúde bucal, segundo Pereira e Bonachela
(2003). Trata-se de um índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para
medir e comparar a experiência de cárie dentária em populações e seu valor expressa a média
de dentes cariados, perdidos e obturados em um grupo de indivíduos. O CPOD apresenta
pouca sensibilidade para estimar o ataque da cárie em idosos. Está claro, apesar disso, que os
cuidadores devem ter habilidades profissionais específicas para o trato com pessoas e/ou
idosos, detectando a lesão cariosa em suas manifestações mais iniciais ou ainda quando
perceba que algo diferente possa estar acontecendo. Em termos de doença periodontal, é
importante que o cuidador também seja treinado para perceber as indicações de atividade de
doença gengival e periodontal como tecidos moles edemaciados, supuração, entre outros.
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idosos. Apesar dos problemas odontológicos na maioria das vezes não oferecerem risco de
vida, eles podem levar a graves complicações de ordem local e sistêmica, além de influenciar
significativamente a qualidade de vida e o bem-estar. Aspectos funcionais, sociais e
psicológicos são consideravelmente afetados por uma condição bucal insatisfatória.
(TEIXEIRA, 1998).
Assim, os cuidadores devem ter conhecimento das principais patologias bucais para
que possam encaminhá-los ao atendimento. Neste sentido merecem destaques lesões
associadas ao uso de prótese, assim como, a avaliação da qualidade da higiene bucal, pois esta
é de grande importância na prevenção de doenças bucais. A não percepção de necessidades
acumuladas pode levar à exacerbação destas, interferindo com a qualidade de vida dos idosos
(TEIXEIRA, 1998).
De acordo com Silva e Fernandes (2001), os idosos podem ser agrupados em três
categorias: os independentes, os parcialmente dependentes (aqueles que precisam de um
auxílio de alguém da família ou de uma pessoa que cuide) e os totalmente dependentes (não
têm iniciativa própria, seja por deficiência física, seja por problemas psíquicos e necessitam
de um cuidador).
De acordo com Pereira e Bonachela (2003), os independentes devem ter maiores
cuidados com dentaduras e pontes móveis quanto a sua limpeza, uma vez que, por
desconhecimento ou falta de recursos, fazem uso de materiais irregulares.
No entanto, para Pereira e Bonachela (2003), os idosos parcialmente e totalmente
dependentes, necessitam de cuidados específicos. O ideal seria uma pessoa que os auxiliassem
constantemente em sua rotina diária e que, por conseguinte, deveria receber várias orientações
sobre a importância da manutenção da saúde bucal, como por exemplo, os cuidados om as
próteses, a maneira correta de higienização bucal, etc, além da atenção que deve ser observada
com relação à dificuldade que o idoso tem de alimentar.
Além disso, alimentos pastosos e sacarosados são freqüentemente oferecidos às
pessoas com dificuldade de deglutição como uma forma de demonstração de carinho e afeto.
É notório que alimentos pastosos são naturalmente aderentes à estrutura dentária e que
alimentos sacarosados são aqueles que contribuem de forma mais enfática para a instalação da
doença cárie. Daí a importância da higiene bucal: estes pacientes normalmente não fazem uso
de alimentação fibrosa que provocaria uma remoção da placa bacteriana através do atrito.
(FOURNIOL FILHO, 1998).
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atividade do cuidador, pois a dependência dos idosos demanda esforço físico dessas pessoas.
Porém, Ribeiro (2004) considera válido os profissionais mais experientes trabalharem com os
idosos, pois estes podem contribuir em outros aspectos do bem-estar e da qualidade de vida
do idoso, uma vez que o cuidado é influenciado por crenças, valores e experiências vividas na
trajetória de vida pessoal e profissional.
O tempo de trabalho do cuidador deve ser avaliado com cautela, pois a atividade
exercida por ele é considerada desgastante e a tarefa de cuidar de um idoso dependente
implica riscos de tornar o cuidador doente e igualmente dependente (CERQUEIRA e
OLIVEIRA, 2002). Ribeiro (2004) relaciona o pouco tempo de trabalho dos cuidadores nas
instituições ao estresse profissional que essa atividade proporciona.
Um estudo realizado com um grupo de profissionais bem treinados em cuidados
dentários, com auxiliares de enfermagem e com cuidadores procurou avaliar os efeitos de um
programa de orientação em saúde bucal sobre a capacidade de executar os procedimentos de
higiene bucal dos idosos. Os resultados desse estudo possibilitaram concluir que programas
de educação em saúde oferecidos à equipe prestadora de cuidados aos idosos afetam
positivamente a capacidade desses profissionais executarem os procedimentos de higiene
bucal de seus pacientes (KARSH, 2003).
O cuidador, de acordo com Silva e Fernandes (2001), tem como foco o auxílio ao
idoso que apresenta ou não limitações nas atividades da vida cotidiana, fato que leva as
famílias a procurar tal profissional. Além disso, oferece cuidado e/ou suporte ao idoso,
ajudando-o a desempenhar atividades relacionadas ao seu bem-estar físico, mental, social e
legal, diretamente ou por meio de empresas voltadas a esse público. Pode, em suas
atribuições, avaliar, construir e gerenciar negócios baseados no atendimento ao público da
terceira idade. No entanto, deve ter conhecimento para fazer valer a legislação específica que
garante os direitos dos idosos, de modo que possa também, subsidiar políticas públicas que
visem assegurar os direitos da população da terceira idade.
Para Karsh (2003) os idosos que apresentam redução das atividades de vida diária e/ou
atividades básicas de vida podem vir a precisar de cuidados, desta forma serão
institucionalizados ou receberão cuidado domiciliar. O papel do cuidador não é apenas o de
tratar, cuidar de feridas, manter a vida e lutar com a morte. Diante disso, faz-se necessário
tomar alguns cuidados no trato com o idoso, uma vez que o “cuidar” é uma ciência e,
portanto, o cuidador deve fazer jus a esta referência, à ciência do cuidar, fato que exige uma
preocupação com a preparação teórica e prática que embase o seu ofício.
21
idosos, em que o cônjuge menos lesado assume os cuidados do outro, que foi acometido por
uma súbita e grave doença incapacitante.
Logo, para Mendes (1998), seria interessante que houvesse uma atmosfera
encorajadora e de suporte para o cuidador por parte da família do idoso, de modo que o seu
entendimento sobre as mudanças físicas e emocionais da pessoa “cuidada”, ou com algum
tipo de enfermidade fosse essencial para uma reabilitação bem sucedida.
E, se houver condições, profissionais devem orientar os cuidadores, levando-os a
compreender que o modo de cuidar escolhido pela família é um dos caminhos que pode
beneficiar os pacientes, seus cuidadores e a própria família, “tornando possível a autonomia
desses, obviamente, sem deixar de enfatizar que o processo de reabilitação/readaptação visa à
reintegração do paciente ao convívio social”, segundo afirma Bocchi (2005).
Diante de toda complexidade que o tipo de cuidado pode interferir nos fenômenos
psíquicos, sociais e físicos do paciente, o cuidador pode dispor, se se interessar, de programas
como o PSF.
Para Custódio (2007), não se trata de um método de trabalho fácil, pelo contrário,
pode resultar em dificuldades, pois não é um trabalho solitário, mas coletivo, contribuindo
para o enriquecimento pessoal e intelectual de todos os atores envolvidos: idosos, familiares e
cuidadores.
De acordo com Custódio (2007), promoção de saúde consiste em mudanças de hábitos
e estilos de vida, com o objetivo a reduzir os riscos morbidade e mortalidade estabilizando ou
melhorando a saúde dos indivíduos em sua totalidade. Portanto, deve-se dar importância aos
programas que visam “à prevenção de doenças, à assistência à saúde dos indivíduos
dependentes e, principalmente, aos idosos e seus cuidadores”.
Entre os principais cuidados, a memória do idoso deve ser destacada. Custódio (2007)
define memória como a capacidade de registrar, reter e evocar informações. O trabalho com a
memória propõe o exercício das atividades cognitivas de tal modo a manter o cérebro em
constante atividade. No entanto, requer tempo e paciência de quem cuida. É claro que as
questões afetivas podem interferir no esquecimento natural ao longo do processo de vida da
pessoa. É necessário, desse modo, trabalhar com o idoso de forma que sua auto estima e o seu
sentido da vida sejam mantidos.
No contexto da equipe multidisciplinar estão inseridos os profissionais da área da
Enfermagem (Cuidadores capacitados, Técnico de Enfermagem e Enfermeiro), Nutrição,
Fisioterapia, Odontologia, Psicologia e Assistência Social. Para Brucki (2004), o principal
requisito para esses profissionais atuarem é conhecer o processo de envelhecimento para
determinar as ações que possam atender integralmente as necessidades dos idosos residentes e
atendê-los respeitando os princípios da autonomia, a fim de executar uma assistência com
sensibilidade, segurança, maturidade e responsabilidade.
Oferecer ao idoso cuidado em múltiplas áreas de saúde incrementa a possibilidade de
que este receba tratamento resolutivo e adequado às suas necessidades, contribuindo para
ampliar a procura por serviços de saúde bucal. Nessa circunstância deve ser estimulada maior
comunicação entre os diversos profissionais e entre instituições de saúde por meio de
intercâmbios, troca de informações e experiências. Os serviços públicos de saúde devem
ampliar o rol de ambientes de atendimento (ações domiciliares de longa permanência e
26
Enfim, apesar dos avanços do SUS, são ainda poucas as ações de maior impacto,
especialmente do poder público, no sentido de criar medidas de apoio concreto aos
cuidadores. A adoção de educação continuada que qualifiquem profissionais para lidarem
com este público e participação de profissionais da área de gerontologia e odontologia
geriátrica na elaboração de estratégias de enfrentamento dos problemas são fundamentais para
a criação de uma política inclusiva (MELLO, 2008).
Para a terceira idade, os programas assistenciais não podem assumir um odontogeriatra
por se tratar de poucos recursos humanos no mercado e, conseqüentemente, ter os custos
elevados.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal, devem estar inseridas na rotina
de toda e qualquer instituição, em especial onde há população com a terceira idade.
A condição bucal influencia diretamente a qualidade de vida desta população por
definir sua capacidade de mastigação, nutrição, fonética e de socialização. Isto faz com que tal
ação seja importante para o idoso ser orientado em relação a vários aspectos de sua saúde,
como por exemplo, saber qual a melhor dieta, saber cuidar dos dentes e gengivas, saber
realizar um auto-exame na boca, enfim: realizar a prevenção na terceira idade é fundamental
para ter saúde bucal e a qualidade de vida em todos os sentidos.
A falta de informação dos cuidadores sobre saúde bucal pode ser um dos fatores que
interferem na atenção prestada aos idosos no que diz respeito ao cuidado à saúde bucal, sendo
necessário a capacitação destes para lidar com os idosos.
Devido a estes fatores, as ações desenvolvidas em um programa para idosos devem
promover a interação com as demais áreas do conhecimento, já que a avaliação de saúde geral
e bucal deste requer conhecimentos interdisciplinares e acompanhamento multiprofissional.
Dessa forma, saúde, portanto, não será entendida apenas como algo maior do que
ausência de doença. Será vista com a possibilidade de uma vida melhor, participativa, cuja
qualidade (da sua família e da comunidade em que está inserido) seja adequada, prazerosa e
eficiente em todos os sentidos.
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