LHN 1982.02

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 202

A P rim e ira P residência:

(a p artir da esquerda) Presidente N . E ld o n T an n e r, p rim e iro conselh eiro ; Presidente Spencer W . K im b a ll;
Presidente M a r io n G .R o m n e y , segun do co nselheiro ; e Presidente G o r d o n B. H in c k le y , co nselheiro .
Relatório da
151.a Conferência Geral Semi-anual
de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias
Sermões e procedimentos dos
dias 3 e 4 de outubro de
1981, no Tabernáculo da
Praça do Templo, Cidade do
Lago Salgado, Utah.

Membros e líderes da Igreja Presidência, e dirigidas por ele e


procedentes do m undo inteiro pelos presidentes M arion G.
voltaram a reunir-se na Cidade do Romney, segundo conselheiro, e
Lago Salgado, no histórico G ordon B. Hinckley, conselheiro.
Tabernáculo da Praça do Templo e Estiveram presentes todas as
outros edifícios adjacentes, para a A utoridades Gerais, com exceção
151? conferência geral semi-anual do Presidente Kimball e dos
de A Igreja de Jesus Cristo dos élderes G. Hom er Durham e
Santos dos Últimos Dias. Theodore M. Burton, ambos
Entretanto, neste outono, as hospitalizados, e do Élder F.
sessões dos dias 3 e 4 de outubro Burton Howard, que preside
foram m arcadas pela ausência do atualm ente a Missão Uruguai
Presidente Spencer W. Kimball, M ontevidéu, na América do Sul.
décimo segundo presidente da Nesta conferência, não houve o
Igreja, que ainda continuava no costumeiro seminário para
Hospital SUD da Cidade do Lago representantes regionais; contudo,
Salgado, onde se internara no dia está program ado um para a
4 de setembro. conferência geral de abril de 1982.
Foi a prim eira conferência geral Como no passado, a íntegra ou
desde outubro de 1969, quando o partes das sessões da conferência
Presidente David O. McKay não geral foram transm itidas em
pôde comparecer à conferência num erosos idiomas para todos os
geral por motivos de saúde, que se cantos do m undo.
realizou sem a presença do Na noite de 26 de setembro, uma
Presidente da Igreja. semana antes da conferência,
Todas as sessões da conferência de realizou-se no Tabernáculo a
outubro de 1981 foram presididas reunião geral da Sociedade de
pelo Presidente N. Eldon Tanner, Socorro, a qual foi transm itida
primeiro conselheiro na Prim eira para diversos locais do m undo.
FEVEREIRO DE 1982 1
A PR IM EIR A r
PR ESID ÊN C IA
Spencer W . Kimball Indice por Assunto
N. Eldon T anner
M arion G. Romney Os a s s u n to s a seg uir foram a b o rd a d o s nos d is c u rs o s que
G ordon B. Hinckley
c o m e ça m na página in dica da :
CO N SELH O
DOS DOZE: Adoção de criança, 155 O radores desta conferência por
Ezra T aft Benson Apostasia, 118 ordem a lfa bé tica :
M ark E. Petersen Abrea, Angel, 42
LeG rand Richards Auto-respeito, 159
H ow ard W . H unter Caridade, 38,141,153,159,165,176 Asay, Carlos E., 118
Thom as S. M onson Casamento, 148 Ashton, Marvin J., 159
Boyd K. Packer
Castidade, 125 Benson, Ezra Taft, 107
M arvin J. Ashton Boyer, Marian R., 188
Bruce R. M cConkie Desafio, 17
L. Tom Perry Dever, 92 Bradford, Willian R., 88
David B. Haight Exemplo, 139 Clarke, J. Richard, 141
James E. Faust Didier, Charles, 92
Neal A. Maxwell Família, 141, 148, 153, 155, 192
Fé, 38 , Dunn. Paul H., 125
C O M IT Ê DE Faust, James E., 133
SUPERVISÃO: Felicidade, 17
M. Russel Ballard Força Espiritual, 46 Haight, David B., 97
Loren C. Dunn Jesus Cristo, 12 Hales, Robert D., 34
Rex D. Pinegar Hanks, Marion D. 129
Charles Didier Juventude, 72
George P. Lee Kimball, Spencer W., 34 Hinckley, Gordon B., 6, 72, 178
F. Enzio Busche Liberdade, 78 Hunter, Howard W., 20
EX ECU TIV O DO Milagres, 62 Kikuchi, Yoshihiko, 122
«IN T ER N A T IO N A L Misericórdia, 129 Komatsu, Adney Y., 38
M A G A ZIN E»: Larsen, Dean L., 46
M. Russel Ballard, Morte, 28
Editor; Mulheres, 191 Maxwell, Neal A., 12
Larry A. Hiller, Obediência, 42, 78, 118 McConkie, Bruce R., 83
E ditor G erente; Monson, Thomas S., 28
David Mitchell,
Obra Missionária, 88, 122
Perseverança, 92 Packer, Boyd K., 54
E ditor Assossiado;
Bonnie Saunders, Profetas, 112 Perry, L. Tom, 67
Sessão Infantil; Reativação, 50, 97 Petersen, Mark E., 107
Roger Gylling, Peterson, H. Burke, 62
Desenhista. Ressurreição, 28
Restauração, 83, 107, 133 Randall, JoAnn, 153
EX ECU TIV O DE
A L1AHONA: Revelação, 20, 24 Randall, Nyle, 155
Gelson Pizzirani, Sacerdócio, 54, 62, 67 Richards, LeGrand, 50
D iretor Responsável; Smith, Joseph, 107, 133 Romney, Marion G., 24, 165
Paulo Dias M achado, Scott, Richard G., 17
Editor; Soc. de Socorro,179,185,188
Victor H ugo d a Costa Solidariedade, 97 Smith, Barbara B., 148
Pires, Assinaturas; Testemunho, 6, 20, 24, 122 Tanner, N. Eldon, 139
O rlando A lbuquerque, Thomas, Shirley W., 185
Supervisor de Produção.
REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICA S, do D .P .F ., sob o n? 1151 - P 209/73 de
acordo com as norm as em vigor.

SUBSCRIÇÕES: Toda a correspondência sobre assinaturas deverá ser endereçada ao Departamento de Assinaturas, Caixa Postal 26023,
São Paulo, SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: C r i 200,00 para o exterior, simples: USJ 5,00; aérea: USJ 10,00. Preço de exem­
plar avulso en nossa agência: C r t 20,00. As mudanças de endereço devem ser comunicadas indicando-se o antigo e o novo endereço.

A LIA H O N A — © 1977 pela Corporação da Presidência de A Igreja de Jesus C risto dos Santos dos Últimos Dias. Todos os direitos reserva­
dos. Edição Brasileira d o «International Magazine» de A Igreja de Jesus C risto dos Santos dos Últimos D ias, acha-se registrada sob o número
93 do Livro B, n? 1, de M atrículas e Oficinas Impressoras de Jornais e Periódicos, conform e o Decreto n? 4857 de 9-11-1930. «International
M agazine» é publicado, sob outros títulos, tam bém em alem ão, chinês, coreano, dinam arquês, espanhol, finlandês, francês, holandês, in­
glês, italiano, japonês, norueguês, sam oano, sueco e tonganês. C om posta e impressa por Bandeirante S.A . G ráfica e Editora, Rua Joaquim
Nabuco, 351 - Fone 4523444 - São Bernardo do Cam po - S.P. Devido à orientação seguida por esta revista, reservamo-nos o direito de pu­
blicar somente os artigos solicitados pela redação. Não obstante, serão bem-vindas as colaborações para apreciação d a redação e da equipe
internacional do «International M agazine». Colaborações espontâneas e matérias dos correspondentes estarão sujeitas a adaptações edito­
riais. Redação e Adm inistração, Av. P ro f. Francisco M orato, 2.430.

FO TO G R A FIA S D ESTE N Ú M ERO : As fotografias sào dos Serviços Fotográficos do D epartam ento de Com unicações Públi­
cas: Eldon K. Linschoten, fotógrafo-chefe; Jed A. C lark e Jon T. Lockwood, retratando neste núm ero numerosas atividades ge­
nealógicas bem com cenas da conferência.

2 A LIAHONA
FEVEREIRO de 1982 — PBMA0449PO
liin i„ B
INDICE
SÃO PAULO - BRASIL

1 R elatório da 151? Conferência Geral S em i-A nual................................................................. 1

2 SESSÃO MATUTINA DE SÁBADO


A poio dos O ficiais da Ig re ja ...................................................................................................... 5
Certeza: A Essência da Religião, Presidente Gordon B. Hinckley..................................... 6
“ Ó, Divino Redentor” , Élder Neal A. M axw ell.......................................................................... 12
O Plano de F elicidade e E xaltação, Élder Richard G. Scott ...............................................17
Tempo de C onferência, Élder Howard W. H u n te r.................................................................. 20
“ Aquele Que Não Nascer de Novo...” , Presidente Marion G. R om ney.............................24

3 SESSÃO VESPERTINA DE SÁBADO


Ele R essuscitou, Élder Thomas S. M onson..............................................................................28
Exemplos da Vida de um Profeta, Élder Robert D. Hales.................................................... 34
A Luz do Evangelho, Élder Adney Y. Kom atsu........................................................................ 38
As “ Pequenas C oisas” e a Vida Eterna, Élder Angel A b re a .............................................. 42
A Força do Reino Está Dentro de Vós, Élder Dean L. Larsen............................................ 46
Preparai-vos, Élder LeGrand Richards........................................................................................50

4 SESSÃO DO SACERDÓCIO
O Sacerdócio Aarônico, Élder Boyd K. Packer........................................................................54
M in isté rio do Portador do S acerdócio Aarônico, Bispo H. Burke P eterson................... 62
“ Se Estiverdes Preparados, Não Tem ereis” , Élder L. Tom Perry.......................................67
Q uatro “ D icas” para Rapazes, Presidente Gordon B. Hinckley...........................................72
A Perfeita Lei da Liberdade, Presidente Marion G. Romney.................................................78

5 SESSÃO MATUTINA DE DOMINGO


“ Quem Deu C rédito à Nossa Pregação?” , Élder Bruce R. McConkie............................... 83
S an tificação pelo Serviço M issionário, Élder William R. Bradford.....................................88
Seguir ou Não Seguir, Eis a Q uestão, Élder Charles Didier.................................................92
De Pessoa para Pessoa, Élder David B. H aight......................................................................97
Joseph S m ith: O Profeta de Nossa Geração, Presidente E?raTaft B enson......................107

6 SESSÃO VESPERTINA DE DOMINGO


Segui os Profetas, Élder Mark E. Petersen............................................................................ 112
Oposição à Obra de Deus, Élder Carlos E. Asay.................................................................. 118
“ M inhas Ovelhas Ouvem a Minha Voz” , Élder Yoshihiko K iku chi................................... 122
Ensinar o “ Por quê” , Élder Paul H. D u n n .............................................................................. 125
Minha Especialidade É M isericórdia, Élder Marion D. Hanks........................................... 129
A Florescente Herança de Joseph Sm ith, Élder James E. Faust..................................... 133
Lembrai-vos de Quem Sois, Presidente N. Eldon T a n n e r...................................................139

7 SESSÃO DE BEM-ESTAR
O Am or Vai Além da Conveniência, Bispo J. Richard Clarke............................................. 141
Um Lugar Seguro para o Casam ento e a Fam ília, Barbara B. Smith ........................... 148
Ser Feliz Servindo ao Próxim o, JoAnn Randall.....................................................................153
Fortalecer-se Servindo, Nyle R andall...................................................................................... 155
Dar com Sabedoria para Òue Possam Receber com Dignidade, Élder Marvin J.
Ashton...............................................................................................................................................159
Princípios A tivos de Bem-Estar, Presidente Marion G. Romney....................................... 165

FEVEREIRO DE 1982 3
8 REUNIÃO GERAL DA SOCIEDADE DE SOCORRO (26 de setembro de 1982)
“ A Caridade Nunca F alha” , Presidente Gordon B. H in ckle y.........................................175
A Sociedade de Socorro em Épocas de Transição, Barbara B. Smith....................... 179
Uma O portunidade de Aprendizagem C onstante, Shirley W. Thomas....................... 185
A Sociedade de Socorro no Bem-Estar, Marian R. B o y e r.............................................188
O Lugar Honroso da Mulher, Presidente Ezra Taft B enson........................................... 191

9 AUTORIDADES GERAIS DE A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOSÚLTIMOS


DIAS

10 DISCURSOS DA CONFERÊNCIA CORRELACIONADOS COM O CURRÍCULO DA IGREJA

4 A LIAH O N A
Sessão Matutina de Sábado -
3 de outubro de 1981

Apoio dos
Oficiais
da Igreja
Presidente Gordon B. Hinckley
Conselheiro na Prim eira Presidência.

proposto que apoiemos Gor-

E don B. Hinckley como conse­


lheiro na Prim eira Presidên­
cia. Todos a favor, queiram mani-
festar-se; se alguém discordar, que
se manifeste.
É proposto também que apoie­
mos o Élder Neal A. Maxwell como
membro do Quorum dos Doze
A póstolos. Todos a favor, queiram
manifestar-se; se alguém discordar,
que se manifeste.
É proposto ainda que apoiemos o
Élder G. Hom er Durham como um
dos presidentes do Prim eiro Q uo­
rum dos Setenta. Todos a favor,
queiram manifestar-se; se alguém se
opuser, que se manifeste.
Com exceção dos irmãos que aca­
bamos de apoiar, não houve nenhu­
ma modificação nas Autoridades
Gerais desde a últim a conferência. É sentemente constituídos. Todos a
proposto, portanto, que apoiemos favor, queiram manifestar-se. Se
todas as A utoridades Gerais e ofi­ houver alguém contrário, manifes­
ciais gerais da Igreja, conform e pre­ te-se pelo mesmo sinal. Obrigado.
FEVEREIRO DE 1982 5
de transmissão pelo rádio, televisão
Certeza: A Essência e cabo. É um serviço grandemente
apreciado por centenas de milhares
da Religião de pessoas.
Estamos agora am pliando o mi­
lagre da transmissão via satélite, em
benefício dos membros da Igreja em
todos os Estados Unidos. Com o
térm ino de um a nova instalação nas
m ontanhas, uns poucos quilômetros
ao norte da Cidade do Lago Salga­
do, o som e imagens desta conferên­
cia são transm itidos a um satélite
Presidente Gordon B. Hinckley receptor-transm issor que gira quase
Conselheiro na Prim eira Presidência trinta e seis quilômetros acima do
Equador. Depois de am pliados, são
“Foi a certeza que levou avante
dali retransm itidos para antenas re­
esta Igreja em face à perseguição, ceptoras instaladas em sedes de esta­
ridículo, sacrifício material e
ca em várias partes do país. Estes
afastamento de entes queridos. ”
centros ainda são poucos, mas, nos
próximos dezoito meses, tais insta­
uponho que jam ais houve mais lações serão aum entadas para qua­

S generosa efusão de am or do
que a expressa pelo Presidente
Kimball, nosso profeta. Unidos, co­
trocentas ou quinhentas, possibili­
tando que grande parte dos mem­
bros da Igreja nos Estados Unidos
mo povo de um só coração e voz, assistam às conferências gerais nes­
damos graças ao Senhor por suas ses centros de estaca, ou então em
bênçãos e oramos pela plena recupe­ casa, pelo rádio, televisão ou cabo.
ração do Presidente Kimball. Tendo em vista o crescimento da
Oramos igualmente pelos élderes Igreja, jam ais conseguiríamos edifi­
G. Hom er Durham e Theodore M. car um auditório suficientemente es­
Burton que estão hospitalizados, e paçoso para acom odar todos os
reconhecemos a ausência do Élder membros desejosos de participar
Burton Howard, atualm ente presi­ das conferências num só lugar.
dindo a missão no Uruguai. Tam pouco o permitiriam as sempre
Meus irmãos e irmãs, gratos por crescentes despesas de viagem. A
vosso dedicado serviço em prol dos ciência forneceu-nos um meio mais
filhos de nosso Pai, seja onde for. viável. Confiamos que, à medida
Agradecemos vosso esforço para que se expande a obra do Senhor,
aqui comparecer. Oro que am anhã, ele inspirará aos homens meios que
quando nos separarmos, todos sinta­ permitam à congregação da Igreja
mos que fomos alimentados com o ser aconselhada de m aneira pessoal
pão da vida. Faço a mesma prece e íntima por seu profeta eleito, este­
pelos que ouvem as transmissões jam onde estiverem. A comunicação
desta conferência. é o nervo que liga a grande família
Gostaria de externar nosso apreço da Igreja. Com os meios de com uni­
pelos que nos dão acesso aos meios cação disponíveis e mais os que se
A LIAHONA
vislumbram no horizonte, seremos de viajar pela República Popular da
capazes de conversar uns com os ou­ C hina e pelos países do leste euro­
tros, segundo as necessidades e con­ peu, inclusive a Rússia. Meu cora­
dições do momento. ção enterneceu-se com o calor da
Espero que me perdoeis falar-vos boa gente em toda parte por onde
de coisas pessoais por alguns minu­ andei. Todos são filhos do nosso
tos. Foi na conferência de outubro, Pai Celeste. É verdade que existem
vinte anos atrás, que fui apoiado co­ imensas diferenças políticas e ideo­
mo membro do Conselho dos Doze lógicas, mas, no fundo, as pessoas
Apóstolos, dépois de haver servido são idênticas. Todos são filhos e fi­
durante dois anos e meio como as­ lhas de Deus, tendo no coração basi­
sistente dos Doze. Esses anos todos camente os mesmos anseios. Os ma­
foram momentosos, durante os ridos am am sua esposa, as esposas o
quais quatro grandes e inspirados lí­ m arido. Os pais am am os filhos, e
deres presidiram a Igreja — David os filhos os pais. As mentes reagem
O. McKay, Joseph Fielding Smith, às mesmas verdades, se tiverem
Harold B. Lee e Spencer W. Kim- oportunidade de ouvi-las. Falando
ball. Anos em que a Igreja se expan­ do povo em geral, ele deseja paz,
diu extraordinariam ente pelo m un­ nâo guerra; deseja fraternidade, não
do inteiro; anos em que milhões de conflitos; deseja a verdade, não pro­
membros foram acrescentados; paganda. A nós cabe a grande e im­
anos, tam bém , em que vozes fortes periosa responsabilidade de pregar o
se levantaram contra nós. Fomos evangelho eterno aos povos da ter­
criticados, mas essas críticas de mo­ ra. M uitas portas continuam fecha­
do algum prejudicaram o progresso das para nós, mas estou convencido
da obra. Pelo contrário, fizeram de que o Senhor as abrirá no devido
muitos se levantarem em nossa defe­ tem po, desde que busquemos e ore­
sa e apoio, e em alguns casos fize­ mos constantem ente por essa aber­
ram nosso núm ero crescer. tura e estejamos preparados para
Para mim, pessoalmente, foram dela tirar proveito. Não conheço es­
anos de desafio, repletos de preocu­ pecificamente a program ação da
pantes responsabilidades e experiên­ obra do Senhor, mas sei que deve­
cias recompensadoras. Tive oportu­ mos ocupar-nos zelosamene nela.
nidade de encontrar-m e com santos Durante os mais de vinte anos que
pelo m undo afora. Estive em vossos sirvo como autoridade geral, tenho
lares em muitas partes do m undo, e observado de um a form a muito pes­
quero agradecer-vos por vossa bon­ soal e íntim a a portentosa expansão
dade e hospitalidade. Tenho estado e o fortalecim ento da obra em al­
em vossas reuniões e ouvido vossas guns dos grandes países da Ásia.
declarações de fé e testemunho. Atualm ente contam os com bem
Chorei com alguns de vós e mais de cem mil membros, com for­
regozijei-me com as realizações de tes alas e estacas em terras em que
muitos. M inha fé aprofundou-se, há vinte e cinco anos atrás mal so­
meu conhecimento cresceu, meu nhávamos entrar. O Senhor, agindo
am or aos filhos de nosso Pai au­ à sua misteriosa m aneira, destravou
mentou onde quer que fosse. essas portas e tocou o coração do
Recentemente tive oportunidade povo. O mesmo processo está acon­
FEVEREIRO DE 1982 7
tecendo hoje em outros países. Es­ certeza é inimiga da religião.” Estas
tou convencido disso, ainda que o palavras induziram-me a profundas
progresso seja aparentem ente quase reflexões. Certeza, que defino como
imperceptível. completa e total segurança, não é
Rem ontando a esses vinte anos, inimiga da religião, mas sua própria
sou grato pelo grande desenvolvi­ essência. Certeza é convicção. É o
mento da obra do Senhor. poder da fé que se aproxim a do co­
Agora, recebi uma nova designa­ nhecimento — sim, que até se torna
ção. Aprecio a confiança do Presi­ conhecimento. Ela evoca entusias­
dente Kimball e dos presidentes mo e não existe coisa melhor que o
Tanner e Romney, bem como dos entusiasmo para vencer oposição,
meus irmãos do Quorum dos Doze, preconceito e indiferença.
Setenta e Bispado Presidente. Meu Jam ais se construíram grandes
único desejo é servir lealmente onde edifícios sobre fundam entos incer­
quer que sou cham ado. Agradeço tos. Grandes causas nunca tiveram
aos muitos irmãos pelas gentis e ge­ sucesso com líderes vacilantes. O
nerosas expressões concernentes ao evangelho exposto sem certeza ja ­
meu novo chamado. Este cham ado mais convenceu alguém. A fé, que é
sagrado tornou-m e cônscio de mi­ a própria essência da convicção pes­
nhas fraquezas. Se tiver ofendido al­ soal, sempre foi e sempre terá de ser
guém em qualquer ocasião, peço a raiz de toda prática e empenho re­
desculpas e espero que me perdoe. ligioso.
Seja um encargo breve ou longo, Não havia incerteza algum a na
prom eto meus melhores esforços mente de Pedro quando o Senhor
dados com am or e fé. lhe perguntou: “ E vós, quem dizeis
Faço um apelo para que haja que eu sou?
compreensão entre nosso povo, to­ “ E Simão Pedro, respondendo,
lerância de um para com outro, e disse: Tu és o Cristo, o Filho de
perdão. Todos nós temos muito o Deus vivo.” (Mat. 16:15-16.)
que fazer para desperdiçar nosso Tam pouco houve qualquer vestí­
tempo e energias com críticas, cen­ gio de dúvida da parte de Pedro,
suras e ofensas ao próximo. O Se­ quando o Senhor, pregando à multi­
nhor ordenou a este povo: “ ...em dão em C apernaum , afirm ou ser o
todas as tuas orações, em todas as pão da vida. Muitos discípulos, não
tuas exortações e em todas as tuas aceitando este ensinam ento, to rn a­
ações, fortalece os teus irm ãos.” Es­ ram para trás e já não andavam com
te é o m andam ento inequívoco; se­ ele.
gue a maravilhosa promessa: “ E eis “ Então disse Jesus aos doze:
que eu estou contigo para sempre te Quereis vós também retirar-vos?
abençoar e te livrar.” (D&C 108:7-8.) “ Respondeu-lhe, pois, Simão Pe­
Bem, se puder ser guiado pelo Es­ dro: Senhor, para quem iremos nós?
pírito, gostaria de tratar de um ou­ Tu tens palavras de vida eterna.
tro assunto. Há pouco tempo, nesta “ E nós temos crido e conhecido
cidade, falou um eminente jornalis­ que tu és o Cristo, o Filho de
ta do Leste. Eu não o ouvi falar, Deus.” (João 6:66-69.)
mas li a reportagem sobre o que dis­ Após a m orte do Salvador, teriam
se. É citado como tendo dito: “ A seus apóstolos perseverado, ensi-
8 A LIAH O N A
nando sua doutrina e até mesmo testem unho pessoal aliado à ação.
dando a vida nas mais penosas cir­ Esta dispensação evangélica, da
cunstâncias, se houvesse neles algu­ qual somos beneficiários, iniciou-se
ma dúvida com respeito a quem re­ com a gloriosa visão em que o Pai e
presentavam e a doutrina de quem o Filho se m ostraram ao jovem Jo-
estavam pregando? Não houve falta seph Smith. Tendo tido tal experiên­
de certeza da parte de Paulo, depois cia, o rapaz contou a um dos pre­
de ter visto a luz e ouvido a voz na gadores de súa comunidade. Este
estrada de Damasco, a fim de perse­ tratou a comunicação “ com grande
guir os cristãos. Por mais de três dé­ desprezo, dizendo que tudo aquilo
cadas, depois disso, ele devotou o era obra do diabo, que não havia
tempo, as forças, a vida à difusão tais coisas como visões ou revela­
do evangelho do Senhor ressurreto. ções nestes dias” . (Joseph Smith
Sem ligar para o conforto ou segu­ 2:21.) O utros fizeram coro com ele.
rança pessoal, ele viajou pelo m un­ Joseph tornou-se alvo de forte per­
do conhecido da época, declarando seguição. Dizia ele, porém, notai
que “ nem a morte, nem a vida, nem bem suas palavras: “ Eu tinha real­
os anjos, nem os principados, nem mente visto um a luz, e no meio da
as potestades, nem o presente, nem luz vi dois Personagens, e eles em
o porvir, nem a altura, nem a pro­ realidade falaram comigo; e ainda
fundidade, nem alguma outra cria­ que perseguido e odiado por dizer
tura nos poderá separar do am or de que eu tivera uma visão, entretanto
Deus, que está em Cristo Jesus, nos­ era a verdade; e enquanto eles me
so S enhor.” (Rom. 8:38-39.) perseguiam, injuriando-m e e dizen­
Executado em Roma, Paulo selou do toda espécie de falsidades contra
com a m orte seu testemunho final mim, fui induzido a dizer em meu
da filiação divina de Jesus Cristo. coração: P or que me perseguem por
O mesmo se deu com os primeiros dizer a verdade? Tive realmente
cristãos que, aos milhares, suporta­ uma visão; e quem sou eu para
ram a prisão, torturas e morte para opor-me a Deus? Ou, por que pensa
não renegar sua declarada crença na o m undo fazer-me negar o que real­
vida e ressurreição do Filho de mente vi? Porque havia visto uma
Deus. visão, eu o sabia, e compreendia que
Teria havido qualquer Reforma, Deus o sabia, e não podia negá-lo,
sem a certeza que impeliu à bravura nem ousaria fazê-lo.” (JS 2:25.)
os grandes vultos como Lutero, Não há qualquer falta de certeza
Huss, Zwinglio e outros semelhan­ nesta declaração. Para Joseph
tes? Smith, a experiência foi tão real co­
Como foi em outros tempos, é mo o calor do sol ao meio-dia. Ele
também na era m oderna. Sem certe­ nunca esmoreceu ou vacilou em sua
za da parte dos crentes, qualquer convicção. Ouvi seu testemunho
causa religiosa perde o vigor, a for­ posterior do Senhor ressurreto:
ça propulsora para expandir sua in­ “ E agora, depois dos muitos tes­
fluência e cativar o coração e afeto temunhos que se prestaram dele, es­
de homens e mulheres. Pode-se ar­ te é o testem unho, último de todos,
gum entar sobre princípios teológi­ que nós damos dele: que ele vive!
cos, mas é impossível refutar um “ Pois vimo-lo, mesmo à direita
FEVEREIRO DE 1982 9
de Deus; e ouvimos a voz testifican­ terrados algures entre o Rio Missou-
do que ele é o Unigénito do Pai; ri e o Vale do Lago Salgado. O am or
“ Que por ele, por meio dele, e de­ à verdade valia-lhes mais que a pró­
le, são e foram os mundos criados, e pria vida.
os seus habitantes são filhos e filhas E assim tem sido desde aí. Anotei
gerados para D eus.” (D&C 76: 22- estas belas palavras, quando o Pre­
24.) sidente David O. McKay as proferiu
Tão certo estava ele da causa que alguns anos atrás: 1
defendia, tão seguro do seu cham a­ “ Tão absoluta quanto a certeza
do divino, que os colocou acima da que tendes em vosso coração de que
própria vida. Com presciência de sua esta noite será seguida pelo alvore­
morte iminente, rendeu-se aos que o cer do am anhã, ê a minha convicção
entregariam indefeso nas mãos do de que Jesus Cristo ê o Salvador da
populacho. Ele selou seu testemu­ hum anidade, a luz que dispersará as
nho com o próprio sangue. trevas do m undo, através do evan­
E assim foi com seus seguidores. gelho restaurado por revelação dire­
A gente não encontra nenhuma evi­ ta ao Profeta Joseph Sm ith.”
dência, sequer um resquício de que a Nosso querido Presidente Spencer
certeza era inimiga da religião na vi­ W. Kimball declarou: “ Sei que Je­
da e atos deles. Vez após vez deixa­ sus Cristo é o Filho de Deus vivo e
ram casas confortáveis, primeiro em que foi crucificado pelos pecados do
Nova York, depois no Ohio e Mis- mundo.
souri, mais tarde em Illinois; e mes­ “ Ele é meu amigo, meu Salvador,
mo depois de chegarem a este vale, meu Senhor, meu Deus.” (A Liaho-
muitos deles partiram mais uma vez, na, abril de 1979, p. 120.)
para estabelecer colônias num a gran­ Foi este tipo de certeza que levou
de área do oeste dos Estados Uni­ avante esta Igreja em face à perse­
dos. Por que? Porque tinham fé na guição, ridículo, sacrifício material
causa de que faziam parte. e afastam ento dos entes queridos
Muitos m orreram nessas longas e para levar a mensagem do evange­
penosas jornadas, vítimas de doen­ lho a terras distantes. Essa convic­
ças, intempéries e brutais ataques ção nos motiva hoje como tem feito
dos inimigos. Uns seis mil foram en­ desde o início da obra. A fé contida
em milhões de corações de que esta Espírito Santo, a convicção, o teste­
causa é verdadeira, que Deus é o munho, um conhecimento incontes­
nosso Pai Eterno e que Jesus é o tável.
Cristo, deve ser a grande e constante Tantas pessoas do m undo pare­
força m otivadora em nossa vida. cem incapazes de crer. Elas não se
Atualm ente temos perto de trinta dão conta de que as coisas de Deus
mil missionários no campo, ao custo se compreendem somente pelo Espí­
de milhões para seus familiares. Por rito de Deus. Isto exige empenho;
que o fazem? Por causa de sua con­ exige humildade; exige preces. Os
vicção da veracidade desta obra. O resultados, porém, são certos, e o
número de membros da Igreja se testem unho seguro.
aproxima dos cinco milhões. Qual a Se nosso povo, como indivíduos,
razão desse crescimento fenomenal? algum dia perder essa certeza, a
É a certeza que chega ao coração de Igreja se estiolará como tantas ou­
centenas de conversos todos os tras. Confio em que nossa sempre
anos, conversos que são tocados pe­ crescente congregação sempre bus­
lo poder do Espírito Santo. Temos cará e encontrará essa convicção
em funcionam ento um eficiente pro­ pessoal que chamamos de testemu­
grama de bem-estar. Os que o co­ nho, vinda pelo poder do Espírito
nhecem, maravilham-se com ele. Ele Santo, e que é capaz de resistir aos
funciona somente devido à fé da­ ventos da adversidade.
queles que dele participam. P ara aqueles que vacilam, que
Com o crescimento da Igreja, so­ evitam comprometer-se, que qualifi­
mos obrigados a construir novas ca­ cam suas assertivas dubiam ente ao
pelas, centenas delas. Elas são<dis- falar das coisas de Deus, servem es­
pendiosas. Mas as pessoas contri­ tas palavras do Apocalipse:
buem não só para isso, como pagam “ Eu sei as tuas obras, que nem és
regular e fielmente seus dízimos, por frio nem quente: oxalá foras frio ou
causa da certeza da veracidade desta quente!
obra. “ Assim, porque és m orno, e não
O mais maravilhoso é que qual­ és frio nem quente, vomitar-te-ei da
quer pessoa que deseja saber a ver­ minha boca.” (Apo. 3:15-16.)
dade pode adquirir essa convicção. Meus irmãos e irmãs, ao iniciar­
O próprio Senhor deu a fórmula, mos esta grande conferência, não só
quando disse: “ Se alguém quiser fa­ invoco as bênçãos do Senhor sobre
zer a vontade dele, pela mesma dou­ vós, como com certeza presto-vos
trina conhecerá se ela é de Deus, ou testem unho da verdade. Eu sei que
se eu falo de mim m esm o.” (João Deus, nosso Pai Eterno, vive. Sei
7:17.) disso. Sei que Jesus é o Cristo, o
É preciso estudar a palavra de Salvador e Redentor da hum anida­
Deus. Exige oração e busca ansiosa de, o autor da salvação. Sei que esta
da fonte de toda a verdade. Exige a obra da qual somos parte é a obra
vivência do evangelho, como que de Deus; que esta é a Igreja de Jesus
um a experiência seguindo os ensina­ Cristo. Grande ê nossa oportunida­
mentos. Não hesito em prom eter, de de nela servir, e forte e certa nos­
porque sei, por experiência pessoal, sa fé concernente a ele. Em nome de
que disso tudo advirá, pelo poder do Jesus Cristo. Amém.
FEVEREIRO DE 1982 11
m unhb que Jesus Cristo é o único
“ Ó, Divino nome debaixo dos céus pelo qual
nos podemos salvar! (Vide D&C
Redentor” 18:23.)
Testifico que ele é absolutam ente
incomparável no que é, no que sabe,
no que realizou e no que viveu. Ain­
da assim, nos cham a gentilmente de
amigos. (Vide João 15:15.)
Nele podemos confiar, cultuá-lo e
mesmo adorá-lo sem quaisquer * -
servas! Com o única Pessoa Perfeita
Élder Neal A . Maxwell a viver neste planeta, não existe nin­
do Q uorum dos Doze Apóstolos guém igual a ele! (Vide Isaías 46:9.)
Em inteligência e desempenho,
“ Testifico que ele é absolutamente ele ultrapassa de longe a capacidade
incomparável no que é, no que individual e com binada, e as realiza­
sabe, no que realizou e no que ções de todos os que já viveram, vi­
viveu. ” vem agora e ainda hão de viver! (Vi­
de A brão 3:19.)
eus irmãos e irmãs: externo Ele se regozija em nossa genuína

M publicam ente m inha sincera


gratidão ao Senhor, ao nos­
so extraordinário e querido Presi­
bondade e realização, mas qualquer
estimativa de nossa posição quanto
a ele m ostra que não somente o
dente Kimball e a seus conselheiros apreciamos, mas o adoram os.
por meu cham ado para os Doze — Podem os nós, mesmo na mais do­
entre os quais ainda serei o menor, lorosa enferm idade, contar-lhe algo
mesmo muito depois de ser o mais de novo sobre sofrim ento? De um
novo. m odo incompreensível para nós, to­
Expresso meu profundo am or e dos os nossos males e enfermidades
apreço a m inha mulher, esplêndida foram por ele suportados antes de
em todos os sentidos; aos meus bon­ nós. (Vide Alma 7:11-12; M at.
dosos pais e irmãs; aos meus filhos 8:17.) O imenso peso de nossos pe­
que são fiéis ao reino e tiveram a sa­ cados fê-lo descer abaixo de todas as
bedoria de desposar fiéis com pa­ coisas. (Vide D&C 122:8.) Nós nun­
nheiros eternos. ca estivemos nem chegaremos às
Dou-me conta de que m inha vida, profundezas que ele conheceu. Por
é lógico, deve representar minha isso, sua expiação tornou perfeita
real aceitação do cham ado apostóli­ sua em patia e capacidade de
co. Mesmo assim, esta pobre língua socorrer-nos, pelo que podemos ser
procura agora falar em louvor e tes­ eternam ente gratos ao nos suster em
tem unho de nosso Divino Redentor. nossas tribulações. No Calvário,
Seja ele denom inado de Criador, não havia nenhum carneiro para sal­
Unigénito, Príncipe da Paz, Advo­ var este Amigo de A braão e Isaque.
gado, M ediador, Filho de Deus, Sal­
vador, Messias, A utor e Realizador Podem os que anseiam por um lar
da Salvação, Rei dos Reis — teste- ensinar-lhe o que significa não ter
12 A LIAH O N A
casa ou estar sempre de um lado pa­ “ Porque (das) tais é o reino dos
ra outro? Acaso não com entou, céus.” E “ um a a uma, abençoou-as
num m om ento de desabafo, que “ as e rogou por elas ao Pai. E, depois de
raposas têm covis e as aves do céu ter feito isso, chorou de novo.”
têm ninhos, mas o Filho do homem (M at. 19:14; 3 Néfi 17:21-22.)
não tem onde reclinar a cabeça” ? Supomos poder instruí-lo seja na
(M at. 8:20.) com paixão ou misericórdia? Mesmo
Podem os realmente aconselhá-lo no auge de sua agonia na cruz, ele
sobre ser caluniado, mal interpreta­ ainda consolou o ladrão ao seu la­
do ou traído? Ou como é quando do, dizendo: “ H oje estarás comigo
até mesmo amigos nos abandonam no paraíso.” (Lucas 23:43.)
ou “ vão pescar” ? (Vide João 21:3.)
Podem os ensinar-lhe algo sobre Podem os fugir aos compromissos
justiça ou com parar falhas dos siste­ por causa da forte tentação de bus­
mas judiciários com o C riador da car uma boa posição social? Foi ele
Lei que, com divina dignidade, su­ quem dem onstrou incrível integrida­
portou a total perversão de seus pro­ de, quando Satanás o tentou com a
cessos e punição? oferta aparentem ente irrecusável —
E quando nos achamos sós, ousa­ “ todos os reinos do m undo e a gló­
remos falar de sentir-se abandonado ria deles” . (Mat. 4:8.) Mas ele recu­
àquele que pisou “ sozinho o sou!
lagar” ? (D&C 76: 107; M at. 27:46.) Podem os falar-lhe sobre ser obje­
Acaso não podem os sem filhos to de ironia? Mesmo ao m orrer, lan­
contar com sua empatia? Pois ele çaram sorte por seu m anto, único
amava as crianças e delas dizia: bem que lhe restava. (Vide Mat.

FEVEREIRO DE 1982 13
27:35.) Ainda assim, a própria terra galática entrevistou dem oradam ente
era seu escabelo! Jesus deu ao ho­ seus doze discípulos, “ um a um ” ,
mem água viva para que nunca mais (3 Néfi 28:1) e mais tarde chamou
sentisse sede, mas na cruz lhe de­ um jovem camponês no interior de
ram vinagre! (Vide João 4: 10-19; Nova York.
M at. 27:48.) Não nos convidou ele a contem ­
Podem os dissertar sobre liberda­ plar suas obras cósmicas no céu, pa­
de, quando é ele quem nos liberta de ra que vejamos “ Deus obrando em
nossos piores inimigos — o pecado e sua m ajestade e poder” ? (D&C
a morte? 88.47) C ontudo, não o vemos tam ­
Podem os que reverenciam a liber­ bém “ obrando em sua majestade e
dade hum ana, mas reclamam do so­ poder” , quando cada filho pródigo
frim ento hum ano, jam ais chegar à finalmente completa sua órbita de
genuína reconciliação, a não ser volta ao lar?
através do seu evangelho? Em bora suas criações sejam tan­
Podem os preocupados em ali­ tas, que não possam ser com putadas
m entar os pobres aconselhá-lo a res­ pelo homem de hoje, Jesus não afir­
peito de saciar a fome de multidões? mou estarem contados todos os fios
Podem os entendidos em medici­ de cabelo de nossa cabeça? (Vide
na ensinar-lhe como curar os enfer­ Mat. 10:30; Moisés 1:35-38.)
mos? O Cristo ressurreto não se mos­
Ou podemos ensinar algo novo ao trou a Paulo, na prisão, dando-lhe
Expiador sobre o acicate da ingrati­ ânimo e cham ando-o para sua mis­
dão, quando nosso serviço passa são em Roma? (Vide Atos 23:11.)
despercebido? Somente um dos dez Da mesma form a, Jesus está ao lado
leprosos agradeceu a Jesus, que in­ de todos os justos em suas tribula­
dagou: “ E onde estão os (outros) ções pessoais.
nove?” (Lucas 17:17.) O bom e verdadeiro Pastor não
Ou deveriam os interessados em desdenhou o repouso após sua glo­
prolongar a vida oferecer esclareci­ riosa, porém terrível expiação, a fim
mentos ao Ressuscitador de toda de estabelecer sua obra entre as ove­
humanidade? lhas perdidas e desobedientes dos
Podem os cientistas, cuja discipli­ dias de Noé? (Vide 1 Pedro 3:18-20.)
na provê a descoberta dos entreteci- A seguir, não visitou outras ovelhas
mentos na tapeçaria da verdade, ins­ suas nas Américas? (Vide João
truir O Tapeceiro? 10:16; 3 Néfi 15:17,21.) E outras
Podemos aconselhá-lo com res­ mais? (Vide 3 Néfi 16:1-3.) Acaso
peito à coragem? Ou ir correndo podemos falar-lhe de conscienciosi-
m ostrar nossas medalhas ganhas em dade?
batalha — nossas feridas e contu­ Na verdade, não podemos ensi­
sões — ao P ortador de cinco cicatri­ nar-lhe coisa alguma! Mas podemos
zes muito significativas? dar-lhe ouvido. Podemos amá-lo,
Porventura não é sua “ palavra de honrá-lo, adorá-lo! Podemos guar­
poder” que faz surgir novos m un­ dar seus m andam entos e fartar-nos
dos e determ inar a extinção de ou­ com suas escrituras! Sim, nós que
tros? (Vide Moisés 1:35-38.) Não somos tão esquecidos e até mesmo
obstante, em meio a essa governança rebeldes, nunca somos esquecidos
14 A LIAHONA
por ele! Nós som os sua “ o b ra” e ção em Palmyra! Tudo como rejei­
sua “ glória” , e ele jam ais se deixa ção numa aldeia cham ada Caper-
distrair! (Vide Moisés 1:39.) naum, sem ligar para sua aceitação
Por isso, além de minha ilimitada na Cidade de Enoque! Toda reinci­
adm iração por seus feitos e minha dência na antiga Israel, relegando a
adoração pelo que ele é — sabendo terra de Abundância com seus sécu­
que meus superlativos são débeis de­ los de justiça!
mais para fazer mais que ecoar sua Jesus Cristo é o Jeová do Mar
excelência — como um a de suas tes­ Vermelho e Sinai, o Senhor Ressur-
temunhas especiais na plenitude dos reto, o porta-voz do Pai na aparição
tempos, testifico da plenitude do seu de Palm yra — espetáculo divino pa­
ministério! ra um único precioso espectador
Como ousam alguns tratar seu (Referência à representação ao ar li­
ministério como simples bem-aven- vre realizada anualm ente no Monte
turança, sem nenhum a instrução? Cum ora. N. do T.)
Quão míope é considerar seu minis­ Ele vive hoje, concedendo miseri­
tério só como crucificação e nenhu­ cordiosamente a todas as nações a
ma ressurreição! Quão tacanho medida de luz que conseguem su­
encará-lo unicamente como a tragé­ portar, e mensageiros próprios para
dia do Calvário e olvidar a restaura- ensiná-las. (Vide Alma 29:8.) E
quem melhor que a Luz do M undo
pode decidir o grau de revelação di­
vina — se apenas a luz de um farole-
te ou holofote?
Logo, entretanto, toda carne há
de vê-lo. Todos os joelhos dobrar-
se-âo em sua presença, e todas as
línguas confessarão o seu nome. (Vi­
de D&C 76:110-11; Filip. 2:10-11.)
Joelhos que nunca antes assumiram
essa postura para esse propósito, fá-
lo-ão — e prontam ente. Línguas
que nunca antes pronunciaram seu
nome, exceto para profaná-lo, di-lo-
ão — e, reverentemente.
Logo, ele que foi envolto escarne-
cedoram ente em púrpura, voltará
trajando vestes escarlates, recordan-
do-nos o sangue de quem nos redi­
miu. (Vide D&C 133:48-49.)
Todos aí reconhecerão a perfei­
ção da sua justiça e sua misericórdia
(vide Alm a 12:15), e verão que a
causadora de tanta torm enta foi a
indiferença hum ana para com Deus ,
Elder Neal A. Maxweel, mais recente m em bro do — não a indiferença deste para com
Q uorum dos Doze o homem.
FEVEREIRO DE 1982 15
E ntão veremos a verdadeira histó­ Assim, quando os postigos* da his­
ria da hum anidade — não obscure­ tória hum ana se fecham na iminên­
cida por espelho em baçado. (Vide 1 cia de uma tempestade, e os aconte­
Cor. 13:12.) E ntão as grandes bata­ cimentos se precipitam como folhas
lhas militares nos parecerão meros soltas ao vento forte — os que se
fogos passageiros, e os anais da ex­ encontram abrigados na luz e calor
periência m ortal do homem não do evangelho podem permitir-se um
passarão de garatujas nos muros do estremecimento d ’alm a. Não obs­
tempo. tante, em nosso círculo de certeza
Antes dessa hora do juízo final, sabemos, mesmo em meio a todas
entretanto, vosso ministério como o estas coisas, que os propósitos de
meu se desvendarão nas dolorosas, Deus não serão frustrados. Deus
mas também gloriosas condições “ tudo sabe, desde o começo. P or­
dos últimos dias. tanto, ele prepara o caminho pelo
Sim, haverá uma violenta polari­ qual devem ser cumpridas todas as
zação neste planeta, mas tam bém a suas obras entre os filhos dos ho­
extraordinária reunião com nossos m ens” . (1 Néfi 9:6.)
companheiros em Cristo da Cidade P or isso, humildemente prom eto
de Enoque. Sim, nação após nação ir para onde quer que eu for m anda­
tornar-se-á um a casa dividida, en­ do, em penhado em falar as pajavras
quanto mais e mais Casas do Senhor
unificadoras adornarão este plane­
ta. Sim, Arm agedon está para vir, ‘ Pequena porta; abertura quadrangular em
como também Adam-ondi-Ahm an! porta ou janela para se observar sem as abrir.
N. do T.
E nquanto isso, Jesus não nos ad­
vertiu do que devemos esperar? Não
disse também que poria nossa fé e
paciência à prova com tribulações?
Não nos forneceu a necessária pro­
porção, ao falar dos com parativa­
mente poucos que encontrariam o
caminho apertado para a porta es­
treita? (Vide M at. 7:13-14.) Não fa­
lou também que seus santos, disper­
sos por toda a face da terra, seriam
“ arm ados com a justiça e o poder
de Deus” em meio às abominações,
iniqüidade e perseguições, pois esta­
va decidido a ter “ um povo puro” ?
(1 Nêfi 14:12-14: D&C 100:16.)
Sua obra prossegue quase como,
com parativam ente, na calma do
centro do furacão. Primeiro ele rei­
na no meio de seus santos; logo, rei­
nará no m undo inteiro! (Vide D&C
1:36, 133:2-3.)

16 A LIAHONA
que ele deseja que eu diga e reconhe­
cendo nos estremecimentos de O Plano de
m inh’alma que não conseguirei ser
plenamente sua testem unha espe­ Felicidade e
cial, a menos que minha vida seja
plenamente especial. Termino com
Exaltação
súplicas do hino “ Ó Divino Reden­
to r” , suplicas essas que faço mi­
nhas:
Ó, Senhor, não me rejeites,
Recebe-me, ainda que
indigno...
Ouve meu clam or...
Vê, Senhor, m inh’aflição!... Richard G. Scott
M ostra-me tua do Prim eiro Q uorum dos Setenta
misericórdia,
na grande angústia m inha!... “Humildade é o solo precioso e
Escuda-me no perigo, fértil do caráter justo, germinado
atenta para m im !... das sementes do crescimento
, 0 , Divino R edentor!... pessoal. ”
Concede-me perdão e
olvida, osso filho possui um pequeno
0 , Senhor, olvida meus
pecados!...
Socorre-me, meu Salvador!
(Charles G ounod, New
N robô de brinquedo que sabe
andar e executar outras coisas
simples. Q uando cai, ele consegue,
com alguma dificuldade, levantar-
York: G. Schirmer, Ver Chicago se. Ele executa suas funções progra­
14:12; tradução livre e madas mecanicamente. Todavia,
aproxim ada. N. do T.) não tem capacidade para crescer ou
No santo nome de Jesus Cristo. alterar seu rumo predeterminado.
Amém. Ele reage im ediatamente a qualquer
força externa e deixa de funcionar
quando sua corda acaba. Satanás
gostaria de que todos os filhos do
Pai Celeste fossem como esse robô.
Quão diferente é o plano do Se­
nhor. Consideremos o nascimento
de um bebê — um espírito indepen­
dente criado por Deus (vide Moisés
6:36) e am adurecido na preexistên­
cia, abrigado num corpo de carne e
ossos. Um casal, pai e mãe, partici­
pa com Deus nesse sagrado aconte­
cimento. Esses pais am am , guiam e
inspiram a criança enquanto ela
cresce. Com o devido entendimento
FEVEREIRO DE 1982 17
e obediência aos ensinamentos do versidade produz força de caráter,
Salvador, a criança aprende “ pre­ forja a autoconfiança, gera respeito
ceito sobre preceito” (vide D&C próprio e assegura o sucesso em em­
98:12) e, pela prática da verdade, é preendimentos justos.
convertida num filho ou filha de Aquele que exerce o livre arbítrio
Deus autoconfiante, afável e presti­ pela fé, cresce com os desafios, é pu­
moso, com um potencial ilimitado rificado pelo sofrim ento e vive em
de progresso e realizações, cujo des­ paz. Em contraste, aquele que pro­
tino, se for plenamente obediente, é cura freneticamente satisfazer seus
retornar à presença de Deus para apetites e desejos profanos é impe­
participar de sua glória e sua obra lido para trágicos abismos em espi­
sublime. Uma pessoa assim pode ter ral descendente. A tentação é a in­
grande felicidade nesta vida, tam ­ fluência m otivadora no exercício do
bém. livre arbítrio.
A vida m ortal é um campo de Alguns de nós, um a vez ou outra,
provas. Disse Deus: “ Faremos uma permitimos que as pressões da vida
terra onde estes possam morar; ou os falsos ensinamentos dos ho­
“ E prová-los-emos com isto, para mens ofusquem nossa visão; mas,
ver se eles farão todas as coisas que quando enxergamos com clareza, a
O Senhor, seu Deus, lhes m andar.” diferença entre o plano de Deus e o
(Abr. 3:24-26.) de Satanás ê inconfundível. Satanás
Os campos de prova variam. Al­ gostaria de converter espíritos divi­
guns nascem com limitações físicas; namente independentes em criaturas
outros vivem só ou não gozam de sujeitas a hábitos, restritas pelos
boa saúde. Alguns são atribulados apetites e escravizadas pelas trans­
por problemas econômicos, falta de gressões. Ele jam ais desistiu de seu
bom exemplo paterno ou miríades de intento de escravizar e destruir.
outras coisas que desafiam nossa co­ Chega mesmo a querer persuadir-
ragem. Em bora grande parte dos so­ nos ao exercício indevido do divino
frimentos e dores por que passamos dom do livre arbítrio. P or meio de
seja resultado de nossa própria obs­ influências sutis, tentadoras, incen­
tinação e desobediência, muitos tiva-nos a satisfazer o desejo de po­
obstáculos que aparecem em nosso der e influência pessoal ou a sucum­
caminho são utilizados pelo Criador bir aos apetites. Progressivamente
am oroso para nosso progresso pes­ sujeita os que seguem os impulsos
soal. carnais. A menos que se arrepen­
Deus nunca tencionou que a vida dam , são efetivamente transform a­
fosse fácil. É antes um período de dos em robôs, sem nenhum controle
prova e crescimento, entrelaçado de sobre seu destino eterno.
dificuldades, desafios e fardos. Nós Astuciosamente, ele confunde al­
estamos imersos num mar de cons­ guns até que considerem Deus um
tantes pressões m undanas, capazes juiz duro, inclemente, ou um a dei­
de destruir nossa felicidade. Toda­ dade distante, dedicada ao meticu­
via, essas mesmas pressões, se en­ loso registro de nossos acertos e de­
frentadas com destemor, fornecem sacertos. Deus não é nenhum dos
oportunidade de enorme crescimen­ dois, mas sim um Pai am oroso, pa­
to e progresso pessoal. Vencer a ad­ ciente, compreensivo, profunda­
is A LIAHONA
mente interessado em nosso bem- beleza e valor inestimável. No en­
estar, em nossa felicidade e total­ tanto, pode ser destruído num m o­
mente com prom etido com nosso mento pela transgressão. Quando
progresso eterno. protegido pelo autodom ínio, o cará­
“ Porque Deus am ou o m undo de ter justo perdurará eternamente.
tal maneira, que deu seu Filho Uni­
génito para que todo aquele que nele Precisamos cultivar a genuína hu­
crê não pereça, mas tenha a vida mildade, não a habilidade de pare­
eterna. cer humilde, mas o sagrado dom da
“ Porque Deus enviou seu Filho verdadeira humildade.
ao mundo, não para que condenasse Hum ildade é o solo precioso e fér­
o mundo, mas para que o m undo til do caráter justo, germinado das
fosse salvo por ele.” (João 3:16-17.) sementes do crescimento pessoal.
Nossa felicidade na terra, bem co­ Q uando cultivadas pelo exercício da
mo nossa salvação eterna, requer fé, podadas pelo arrependim ento e
muitas decisões corretas, nenhuma fortalecidas pela obediência e boas
das quais é difícil de tom ar. Juntas, obras, essas sementes produzem o
elas forjam um caráter resistente às precioso fruto da espiritualidade.
influências desagregadoras que nos (Vide Alma 26:22.) Delas resultam a
rodeiam. Um caráter nobre é como inspiração e o poder divinos. Inspi­
fina porcelana feita de escolhidas ração é conhecer a vontade do Se­
matérias-primas, m oldada com fé, nhor. Poder é a capacidade de con­
cuidadosam ente trabalhada por cretizar essa vontade inspirada. (Vi­
consistentes atos de justiça e quei­ de D&C 43:15-16.) Esse poder vem
m ada na fornalha de experiências de Deus, quando tivermos feito “ tu­
edificantes. É um objeto de grande do o que puderm os” . (2 Néfi 25:23.)

FEVEREIRO DE 1982 19
G ostaria de com partilhar convos­
co estes pensamentos introspecti­ Tempo de
vos de uma pessoa que encontrou o
caminho da felicidade: “ Sou verda­ Conferência
deira e profundam ente am ado pelo
Senhor. Ele fará tudo o que eu lhe
permitir por minha felicidade. A
chave desse poder está em mim mes­
mo. Enquanto outros aconselham,
sugerem, exortam e instam, o Se­
nhor deu-me a responsabilidade e o
livre arbítrio para tom ar as decisões
básicas para minha felicidade e pro­ Élder Howard W .Hunter
gresso eternos. Q uando leio e pon­ do Q uorum dos Doze Apóstolos
dero as escrituras e, com profunda
fé, busco sinceramente a meu Pai “Convida a todos que venham a
em oração, um a profunda paz en­ ele e participem de sua bondade; e
volve meu ser. Com sincero arrepen­ nada nega aos que o procuram,
dimento e obediência aos m anda­ seja branco ou preto, escravo ou
mentos de Deus, aliados ao genuíno livre, hom ens ou m ulheres.” (2
interesse e serviço pelos outros, o Néfi 26:33.)
medo é afastado de meu coração.
Estou condicionado a receber e in­ esta época do ano, milhares
terpretar o auxílio divino destinado
a m arcar claramente meu caminho.
Nenhum amigo, bispo, presidente
N de pessoas de todos os cantos
do m undo chegam à Cidade
do Lago Salgado, conhecida tam ­
de estaca ou autoridade geral pode bém como a “ Encruzilhada do Oes­
fazer isto para mim. E meu direito te” , para a conferência de A Igreja
divino fazê-lo sozinho. Aprendi a de Jesus Cristo dos Santos dos Últi­
estar em paz e a ser feliz. Sei que te­ mos Dias. Muitos anos se passaram
rei uma vida com pensadora, produ­ desde que os colonizadores chega­
tiva e com significado. ram em carroções cobertos a este va­
Esta pessoa não é um robô escra­ le no topo das M ontanhas Rocho­
vizado pela adversidade, nem nós sas. Já em sua época, a conferência
precisamos sê-lo, se usarmos sabia­ era um acontecimento im portante e
mente o livre arbítrio para seguir os continua sendo significativo na
ensinamentos do Salvador. atual, quando pessoas fiéis e dedica­
Com todo am or de meu coração, das se reúnem a fim de renovar e
convido a todos que obtenham um fortalecer sua fé.
entendimento pleno do plano de fe­ O tempo de conferência é uma
licidade e exaltação providenciado ocasião de renovam ento espiritual
pelo Salvador. Testifico que é en­ em que se fortalece o conhecimento
contrado, em sua plenitude, em A e testemunho de que Deus vive e
Igreja de Jesus Cristo dos Santos abençoa os que lhe são fiéis. É o
dos Últimos Dias. Eu vos amo e pe­ tempo em que o conhecimento de
ço que busqueis essa plenitude, em que Jesus é o Cristo, o filho de Deus
nome de Jesus Cristo. Amém. vivo, é profundam ente incutido no
20 A LIAHONA
coração dos que estão decididos a inteiro que Jesus de Nasaré é o Sal­
servi-lo e guardar seus m andam en­ vador da humanidade; que ele pa­
tos. Na conferência, nossos líderes gou por nossos pecados com seu sa­
transmitem-nos orientação inspira­ crifício expiatório; que ressuscitou
da para conduzir nossa vida — um da morte e vive hoje. Temos a res­
tempo em que as almas são avivadas ponsabilidade de ajudar os povos do
e tomamos a, resolução de ser me­ m undo a entender a verdadeira na­
lhores maridos e esposas, pais e tureza de nosso Pai Celeste — que
mães, filhos e filhas mais obedien­ é um Deus pessoal, pai am ante ao
tes, amigos e vizinhos mais bondo­ qual podemos dirigir-nos com nos­
sos. sos problemas e preocupações.
Em meio ao espírito da conferên­ Nós aqui reunidos hoje temos
cia, somos invadidos por outro sen­ um conhecimento especial, único do
timento — um sentimento de pro­ evangelho do Salvador. O mais ex­
funda gratidão por compreender­ traordinário para todos os que nos
mos o evangelho de Jesus Cristo vêm a conhecer é nossa declaração
conform e foi restaurado à terra nes­ ao m undo de que somos guiados por
ta dispensação. Encontram o-nos um profeta vivo de Deus — alguém
com pessoas de todo o m undo que que se comunica com o Senhor, é
têm o mesmo sentimento, e deseja­
mos que homens e mulheres de toda
parte possam entender e encontrar a
alegria e paz provenientes do conhe­
cimento de que todos somos filhos de
Deus e, portanto, irmãos — literal­
mente, concretamente e de fato, in­
dependente de raça, cor, língua ou
religião. Exam inando as escrituras,
encontramos:
“ E convida a todos para que ve­
nham a ele e participem de sua bon­
dade; e nada nega aos que o procu­
ram, seja branco ou preto, escravo
ou livre, homens ou mulheres; e
lembra-se dos pagãos; e todos são
iguais perante D eus.” (2 Néfi
26:33.)
Participando da conferência, so­
mos lembrados do sério compromis­
so que temos para com nossos seme­
lhantes, nossos irmãos e irmãs do
m undo inteiro. É o compromisso de
com eles com partilhar o dom que re­
cebemos, o maior dom que pode­
mos dar-lhes — a compreensão da
plenitude do evangelho. Temos o
compromisso de declarar ao mundo
FEVEREIRO DE 1982 21
por ele inspirado e dele recebe reve­ “ Mas nós não recebemos o espíri­
lação. to do mundo, mas o Espírito que
Com o sabemos a veracidade des­ provém de Deus, para que pudésse­
sas coisas? Porque Deus falou em mos conhecer o que nos é dado gra­
nosso tempo, em nossos dias. Os tuitam ente por Deus.
céus se abriram ; Deus comunicou “ As quais também falamos, não
sua palavra ao homem; verdades com palavras de sabedoria hum ana,
eternas foram dadas ao m undo pelo mas com as que o Espírito Santo en­
Pai de todos nós. Deus, o Pai, e Je­ sina, com parando as coisas espiri­
sus Cristo, seu Filho, se m ostraram tuais com as espirituais.” (1 Cor.
e falaram com homens nesta dispen- 2:9-13.)
sação. De fato, o Senhor apareceu O conhecimento e a sabedoria da
em numerosas ocasiões. terra e tudo o que é tem poral são
Sabemos que nosso Pai Celeste por nós discernidos pelos sentidos
nos ama e se preocupa com nosso físicos de m aneira terrena, tem po­
bem-estar espiritual e temporal. Sa­ ral. Tateam os, enxergamos, ouvi­
bemos que seu Filho, Jesus Cristo, mos, cheiramos, aprendemos e sen­
nosso Irmão M aior, providenciou timos o paladar. Todavia, o conhe­
um meio de voltarm os à presença de cimento espiritual, como diz Paulo,
Deus; que nossa estada aqui na terra nos vem de uma form a espiritual de
tem um propósito divino; e que te­ sua fonte espiritual. Paulo prosse­
mos a fazer um trabalho que é parte gue:
im portante de seu plano. Além dis­ “ Ora, o homem natural não com­
so, conhecemos muitos detalhes des­ preende as coisas do Espírito de
se plano e temos recebido orienta­ Deus, porque lhe parecem loucura;
ções especificas sobre nossas res­ e não pode entendê-las, porque elas
ponsabilidades. se discernem espiritualm ente.” (1
Àqueles que ouvem nossa mensa­ Cor. 2:14.)
gem e se adm iram de como podemos Descobrimos e sabemos que a
pretender saber essas coisas, que tal­ única m aneira de adquirir conheci­
vez pareçam a alguns ilógicas ou mento espiritual é dirigir-nos ao Pai
não comprovadas, respondemos com Celeste por meio do Espírito Santo
um a afirm ação de Paulo à igreja de em nome de Jesus Cristo. Q uando
Corinto: assim fazemos e estamos espiritual­
“ As coisas que o olho não viu e o mente preparados, enxergamos coi­
ouvido não ouviu, e não subiram ao sas que nossos olhos antes não
coração do homem, são as que Deus viam, e ouvimos coisas que talvez
preparou para os que o amam. Mas ainda não tenham os ouvido — “ as
Deus no-las revelou por seu Espíri­ coisas que Deus preparou para
to; porque o Espírito penetra todas nós” , citando as palavras de Paulo.
as coisas, ainda as profundezas de (1 Cor. 2:9.) Essas coisas discerni­
Deus. mos através do Espírito.
“ Porque qual dos homens sabe as Cremos e testificamos ao m undo
coisas do homem, senão o espírito que a comunicação com nosso Pai
do homem que nele está? assim tam­ Celeste e o recebimento de orienta­
bém ninguém sabe as coisas de ção do Senhor são possíveis hoje.
Deus, senão o Espírito de Deus. Testificamos que Deus fala ao ho­
22 A LIAHONA
mem como fazia nos dias do Salva­ mos — diríamos como declarou um
dor e tempos do Velho Testam ento. profeta m oderno: “ Que nenhum
Gostaríamos de dizer ao mundo: homem trate essas coisas com le­
“ Escutai e ponderai as palavras des­ viandade ou ceticismo; mas que to­
ta conferência; considerai a orienta­ dos procurem sinceramente com­
ção e conselhos dos que nela falam. preender a verdade e familiarizar
Após piedosa ponderação, a cálida seus filhos com as verdades celestes
convicção dada pelo Santo Espírito que foram restauradas à terra nestes
vos testificará sua veracidade.” últimos dias.” (Joseph F. Smith,
G ostaria de ler-vos as palavras do Doutrina do Evangelho, cap. I, p.
Senhor proferidas por intermédio de 5.)
um de seus profetas: “ Deus é mise­ E uma honra estar a serviço do
ricordioso para com todos os que Senhor, ser por ele comissionado a
acreditam em seu nome; portanto, declarar ao m undo que seu reino es­
deseja em primeiro lugar que acredi­ tá aqui na terra, disponível a todos
teis, sim, em sua palavra... os dispostos a ouvir sua mensagem,
“ Mas, eis que, se despertardes e aceitar seu evangelho e seguir seus
exercitardes vossas faculdades, pon­ m andam entos. Sabemos que sua
do à prova minhas palavras, e exer­ obra irá avante, conform e disse o
cerdes um pouco de fé, sim, ainda Profeta Joseph Smith “ até que haja
mesmo que não tenhais mais que o penetrado cada continente, visitado
desejo de acreditar, fazei com que cada clima, varrido cada país e soa­
esse desejo opere em vós, até acredi­ do em todos os ouvidos, até que os
tardes de tal forma, que possais dar propósitos de Deus estejam cumpri­
lugar para uma porção de minhas dos e o G rande Jeová diga que a
palavras. obra está feita” . (History o f the
“ Com parem os, pois, a palavra a Church, 4:540.) Estas coisas eu tes­
uma semente. Se derdes lugar em tifico em nome de Jesus Cristo.
vossos corações para que uma se­ Amém.
mente seja plantada, eis que, se for
uma semente verdadeira ou boa, e
não a rechaçardes por vossa incre­
dulidade, resistindo ao Espírito do
Senhor, ela começará a germinar em
vosso peito; e quando lhe sentirdes
os efeitos, começareis a dizer a vós
mesmos: Deve realmente ser uma
boa semente, ou uma boa palavra,
porque começa a dilatar minha alma
e a iluminar meu entendimento;
sim, começa a ser-me deliciosa.”
(Alma 32:22, 27-28.)
A vós que buscais ou questionais
os grandes propósitos da vida — a
vós que imaginais por que estamos
aqui na terra e o que o Senhor quer
que façamos, enquanto aqui esta­
FEVEREIRO DE 1982 23
teus, e tu mos deste, e guardaram a
“ Aquele Que Não tua palavra.
“ Agora já têm conhecido que tu ­
Nascer de N ovo...” do quanto me deste provêm de ti;
“ Porque lhes dei as palavras que
tu me deste; e eles a receberam, e
têm verdadeiramente conhecido que
saí de ti; e creram que me enviaste.
(João 17:1-2, 6-8.)
Recebendo a mensagem do Salva­
dor e aceitando-o pelo que era e é,
os apóstolos obtiveram a vida eter­
Presidente Marion G. Romney na.
Segundo conselheiro na Prim eira Presidência Esta certeza do “ único Deus ver­
dadeiro e (de) Jesus C risto” (João
17:3) é o mais im portante conheci­
“ Vós que fostes batizados, tendes mento do universo; sem ele, o ho­
direito ao Espírito. Desejai-o. Orai mem não poderá ser salvo, diz o
por ele. Trabalhai p or ele e Deus Profeta Joseph Smith. A falta dele é
vo-lo dará. ” a ignorância mencionada na revela­
ção que diz: “ É impossível ao ho­
mem ser salvo em ignorância.”
o capítulo dezessete de João, (D&C 131:6.)

N lemos que Jesus, orando ao


Pai em favor de seus discípu­
los, falou: “ E a vida eterna é esta:
Devemos ter em mente que existe
mais de uma fonte de conhecimen­
to. Existe o conhecimento obtido
que te conheçam a ti só, por único pelos órgãos sensoriais normais do
Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a homem e que deve ser procurado. O
quem enviaste.” (João 17:3.) Senhor ordenou que conseguísse­
Em sua prece, Jesus deixou per­ mos todo o conhecimento possível
feitamente claro que os onze discí­ desta maneira.
pulos sabiam que ele era o Filho de Existe ainda o conhecimento das
Deus. Ele lhes ensinara quem era e coisas divinas que nos vêm por reve­
que fora enviado pelo Pai. E que ti­ lação direta — ou como o chamam
nham um testemunho íntimo da ve­ às vezes, conhecimento religioso.
racidade do que ele ensinava, está No conhecimento religioso, existem
claro nesta declaração de João: dois aspectos. Um deles refere-se ao
“ Jesus falou assim e, levantando grande tesouro de conhecimento re­
os olhos ao céu, disse: Pai, é chega­ ligioso que temos nas escrituras.
da a hora; glorifica a teu Filho, para Desde o princípio, dos tempos de
que o teu Filho também te glorifique Adão até hoje, o Senhor vem-nos
a ti; dando conhecimento religioso por
“ Assim como lhe deste poder so­ revelação, através de seus profetas,
bre toda a carne, para que dê a vida o qual diz respeito às verdades da vi­
eterna a todos quantos lhe deste. da. Fala de Deus e seu Filho am ado,
“ Manifestei o teu nome aos ho­ do grande plano do evangelho e da
mens que do m undo me deste; eram missão de Jesus como Salvador e
24 A LIAHONA
Redentor. O outro aspecto desse co­ mente no que vira e ouvira dos mila­
nhecimento é o testemunho pessoal gres do Mestre. Percebendo isto, Je­
que se adquire pela inspiração, uma sus lhe inform a que o conhecimento
form a de revelação individual. das coisas divinas não se obtém pe­
O m undo inteiro tem acesso à pa­ los sentidos normais do homem.
lavra revelada de Deus, conforme “ Aquele que não nascer de novo
consta da Bíblia. E o m undo inteiro não pode ver o reino de Deus” , dis­
poderia ter acesso ao conhecimento se Jesus. (João 3:3.)
religioso revelado, registrado no Li­ Em bora versado nas coisas do
vro de M órmon, Doutrina & Convê­ m undo, Nicodemos não conseguiu
nios e Pérola de Grande Valor. entender esta simples verdade. Sua
Milhões de pessoas que lêem e es­ resposta de fato revela assombro:
tudam a Bíblia não a entendem. Mi­ “ Como pode um homem nascer,
lhões não compreendem o que Jesus sendo velho?” , indagou. “ Porven­
disse na prece registrada no capítulo tura pode tornar a entrar no ventre
dezessete de João, que serve de tema de sua mãe e nascer?” (João 3:4.)
para esta mensagem. A razão de não Jesus, persistindo no esforço de
a compreenderem é que seu entendi­ fazê-lo entender, prossegue: “ Aque­
mento não foi iluminado pelo poder le que não nascer da água e do Espí­
do Espírito Santo; elas não recebe­ rito não pode entrar no reino de
ram o testemunho pessoal. D eus.” (João 3:5.) Aqui o Salvador
P ara conhecer a Deus, nosso Pai afirm a que ninguém pode ver nem
Eterno, e a Jesus Cristo, a quem ele entrar no reino de Deus sem nascer
enviou, é preciso aprender deles, co­ de novo.
mo fizeram os antigos apóstolos, Mas Nicodemos continua não en­
pelo processo da revelação divina. É tendendo. Jesus então declara a
preciso nascer de novo. G ostaria de grande lei: “ O que é nascido da car­
ilustrar o que quero dizer com os en­ ne é carne.” Quer dizer, o que
sinamentos registrados do Salvador. aprendemos pelos sentidos normais,
No terceiro capítulo de João, está diz respeito a esta terra. “ E o que é
escrito que Nicodemos, homem bas­ nascido do Espírito é espírito.”
tante culto, na verdade membro do (João 3:6.) As coisas que aprende­
sinédrio, veio procurar Jesus à noite mos pelo processo de inspiração são
— não tinha coragem suficiente pa­ de Deus, do Espírito.
ra vê-lo durante o dia. Mas foi ver Toda pessoa que quiser conhecer
Jesus de noite e disse-lhe: “ Rabi, a Deus, o Pai Eterno, e Jesus Cris­
bem sabemos que és Mestre, vindo to, o qual ele enviou, tem de receber
de Deus: porque ninguém pode fa­ esse conhecimento pelo Espírito. Os
zer estes sinais que tu fazes, se Deus membros da Igreja, é lógico, já pas­
não for com ele.” (João 3:2.) saram por este processo. Foram ba­
Esta afirm ação de Nicodemos tizados e confirmados membros da
m ostra clara, em bora inadvertida­ Igreja, tendo recebido a imposição
mente, que ele não sabia quem era das mãos para o dom do Espírito
Jesus. Ele via no Filho de Deus ape­ Santo. P or meio destas ordenanças,
nas um grande mestre. E era tudo o é que se abre a porta. Submissão a
que poderia ver, pois seu conheci­ elas é absolutam ente essencial para
mento de Jesus baseava-se unica­ o nascer de novo. Contudo, para se
FEVEREIRO DE 1982 25
obter a vida eterna, é preciso a pes­ — Mãe, eu simplesmente não pos­
soa humilhar-se e purificar-se a pon­ so dar essa aula. Não sei se Joseph
to de poder receber, de fato, pelo Smith viu o Pai e o Filho. Sei que
poder do Espírito Santo, o testem u­ venho aprendendo isso da senhora e
nho pessoal de que Deus é seu Pai de papai a vida inteira. Eu acredito
Eterno e que Jesus Cristo é o Filho em vocês, mas não o sei pessoalmen­
de Deus, nosso Salvador pessoal, te. Aquela senhora vai rir de mim.
bem como o Redentor do mundo. Simplesmente não posso ficar diante
Permiti-me um a ilustração. Diz da classe, na presença dela, e dar es­
respeito a minha família, mas como ta aula.
ilustra bem o ponto, espero que me Bem, a mãe também não tinha
perdoeis usá-la. M inha mulher foi muita instrução, não era uma pes­
criada num lar no qual se orava pela soa educada pelos padrões do mun­
manhã e à noite; onde quase que do, mas tinha fé em Deus, o Pai
diariamente se discutiam princípios Eterno, e em Jesus Cristo, seu Fi­
do evangelho no círculo familiar. lho, e disse à filha:
Ela desejava muito instruir-se e cur­ — O que Joseph Smith fez para
sar uma faculdade. Seu pai, entre­ conseguir aquela visão?
tanto, achava que faculdade era só — Bem, ele orou.
para rapazes. Em sua luta para
instruir-se, ela desenvolveu uma ati­
tude de adm iração pelas pessoas
form adas em faculdade. Ela dava
aulas como membro da junta da Es­
cola Dominical da Estaca em Idaho
Falis, Idaho, e aconteceu chegar a
sua classe a esposa de outro membro
da junta, que não era filiada à Igreja.
Essa senhora era form ada pela Uni­
versidade de Idaho, e minha m u­
lher, como ainda não conseguira
formar-se, sentia-se um tanto tímida
em sua presença.

Uma das aulas do curso tratava


da Prim eira Visão de Joseph Smith.
Ao preparar a lição, lembrou-se de
que a tal senhora não-membro esta­
ria presente. Esta lembrança foi se­
guida da pergunta: “ O que ela pen­
sará de mim, moça ignorante, afir­
mando que o Pai e o Filho realmen-,
te desceram dos céus e apareceram a
um garoto de quatorze anos?” Era
aterrorizante, e ela concluiu que não
conseguiria fazê-lo. Então procurou
a mãe, chorando:
26 A LIAHONA
— E por que você não faz o mes­ tendes. Vós agora conheceis o cami­
mo? — indagou à filha. nho. Não se trata de uma experiên­
A moça voltou ao quarto, e ali, cia em massa. Deve ser obtida indi­
pela primeira vez na vida, buscou de vidualmente. Vós tendes de obtê-lo.
fato o Onipotente com o sincero de­ Vós que ensinais deveis obtê-lo. De­
sejo de saber se ele vivia e se ele e o vemos ensinar pelo Espírito e, “ se
Salvador realmente haviam apareci­ não receberdes o Espírito, não deve­
do ao Profeta Joseph. Ao deixar o reis ensinar” , disse o Salvador. “ O
quarto, foi para a Escola Dominical Espírito ser-vos-á dado pela oração
e deu a- aula com alegria, com co­ da fé .” (D&C 42:14.)
nhecimento e com convicção. Ela Vós que fostes batizados, tendes
havia nascido do Espírito. Ela sa­ direito ao Espírito. Desejai-o. Orai
bia. por ele. Trabalhai por ele e Deus vo-
Bem, meus am ados irmãos e ir­ lo dará.
mãs, todos temos de obter um a ex­ Que cada um de vós possa receber
periência espiritual para ganhar a vi­ esse conhecimento de Deus, o Pai
da eterna, para conhecer a Deus, o Eterno, e Jesus Cristo a quem ele
Pai Eterno, e Jesus Cristo a quem enviou, saber qual é a vida eterna,
ele enviou. Rogo-vos que busqueis eu oro humildemente em nome de
esse conhecimento, se ainda o não Jesus Cristo. Amém.

Élder Richard G. Scott, do Primeiro Q uorum dos Setenta, à direita, cum prim enta um visitante.

FEVEREIRO DE 1982 27
Sessão Vespertina de Sábado, 3 de verdejante Suíça, a fim de, atenden­
Outubro de 1981. do ao chamado de irem para Sião,
fundarem as comunidades nas quais
Ele Ressuscitou agora “ repousam em paz” . Elas su­
portaram as enchentes de prim ave­
ra, secas de verão, colheitas paupér­
rimas e labuta estafante. Deixaram
um legado de sacrifício.
Os grandes cemitérios e que, sob
muitos aspectos, evocam as maiores
emoções, são honrados como lugar
de descanso de homens m ortos no
caldeirão de conflitos conhecidos
Élder Thomas S. M onson como guerra, usando a farda de seu
do Q uorum dos Doze Apóstolos
país. Eles nos lembram sonhos des­
“Este é o brado retumbante da feitos, esperanças baldadas, cora­
cristandade. A realidade da ções despedaçados e vidas abrevia­
ressurreição fornece a todos e a das pelo afiado alfanje da guerra.
cada um a paz que ultrapassa o Extensos campos de cruzes bran­
entendimento. ” cas enfileiradas na França e na Bél­
gica acentuam o terrível tributo da I
ão faz muito tempo, um visi­ Guerra M undial. Verdun, na F ran­

N
Salgado?
tante indagou: — O que há ça, é — de fato — um gigantesco ce­
para se ver na Cidade do Lago mitério. A rando os campos, na pri­
mavera, os lavradores todos os anos
Instintivamente sugeri uma visita à encontram um capacete aqui, um
Praça do Templo, um passeio pelos cano de arm a ali — cruéis lembretes
desfiladeiros mais próximos, uma dos milhões de soldados que literal­
olhadela na M ina de Cobre Bing- mente encharcaram aquele solo com
-ham e talvez um banho no Grande seu sangue.
Lago Salgado. O tem or de ser mal Um a excursão por Gettysburg, na
interpretado impediu-me de dizer: Pensilvânia, e outros campos de ba­
— Já pensou em passar uma ou talha da G uerra Civil Americana,
duas horas num de nossos cemité­ m arca o conflito de irm ão contra ir­
rios? mão. Muitas famílias perderam suas
Jam ais revelei a esse visitante que, fazendas e outros bens. Uma família
em viagens, sempre procuro visitar perdeu tudo. G ostaria de com parti­
o cemitério da cidade, para uns mo­ lhar convosco a memorável carta
mentos de contemplação, de refle­ que o Presidente A braão Lincoln es­
xão sobre o sentido da vida e da ine­ creveu à Sra. Lydia Bixby:
vitabilidade da morte. “ Prezada Senhora:
Recordo-me da preponderância “ Nos arquivos do Departam ento
de nomes suíços que adornam os ve­ de Guerra, mostraram -m e uma de­
lhos túmulos no pequeno cemitério claração do general com andante de
da igualmente pequena cidade de M assachusetts de que a senhora é
Santa Clara, Utah. Muitas daquelas mãe de cinco filhos que tom baram
pessoas deixaram o lar e a família na gloriosamente no campo de batalha.
28 A LIAHONA
Percebo quão fracas e vãs devem ser deu-lhes seu desejo. No dia 14 de
quaisquer palavras minhas que ten­ novembro de 1942, o U.S.S. Juneau,
tem distraí-la da dor de tão grande cruzador no qual serviam os irmãos,
perda. Não consigo, porém, refrear- foi atingido e afundado na batalha
me de oferecer-lhe o consolo que ao largo de Guadalcanal, nas Ilhas
talvez encontre na gratidão da repú­ Salomão.
blica por cuja salvação morreram . Passaram-se quase dois meses até
Oro ao nosso Pai Celeste que atenue que a Sra. Sullivan foi notificada,
a angústia de sua aflição, deixando- não pelo costumeiro telegrama, mas
lhe somente a memória daqueles a por um enviado especial. Seus cinco
quem amou e perdeu, e o solene or­ filhos haviam sido considerados de­
gulho que deve sentir por ter feito saparecidos em ação no Pacífico Sul
um sacrifício tão grande no altar da e dados por mortos. Seus corpos ja ­
liberdade. mais foram recuperados.
“ Sinceramente e respeitosamente, Uma única sentença, proferida por
A braão Lincoln,” (21 de novembro uma só pessoa, fornece um epitáfio
de 1864; citado em Selections fro m apropriado: “ Ninguém tem maior
the Letters, Speechs and State Pa- am or do que este: de dar alguém sua
pers o f Abraham Lincoln, ed. Ida vida por seus am igos.” (João
M. Tarbell, Boston: Ginn and Com- 15:13.)
pany, 1911, p. 109.) Freqüentemente, a profunda in­
“ Uma caminhada pelo Cemitério fluência exercida por alguém na vi­
Punchbowl, em Honolulu, Havaí, da de outros, nunca é mencionada,
ou Cemitério M emorial do Pacífico, sendo, ocasionalmente, pouco co­
em Manila, nas Filipinas, recorda- nhecida. Isto se deu com uma pro­
nos que nem todos os que morreram fessora de uma classe das Abelhi-
na II Guerra M undial estão sepultos nhas, das Moças. Ela não tinha fi­
em calmos campos verdejantes. lhos próprios, em bora fossem muito
Muitos foram tragados pelas ondas almejados pelo casal. Seu am or foi
dos oceanos que navegaram e nos expresso na dedicação para com as
quais m orreram . garotas a quem ensinava verdades
Entre os milhares de soldados eternas e lições da vida. Depois, ela
m ortos no ataque a Pearl H arbor, adoeceu e veio a falecer. Tinha ape­
Havaí, conta-se um m arinheiro cha­ nas vinte e sete anos.
mado William Bali, de Fredericks- Todos os anos, no dia 30 de maio
burg, Iowa. O que o distingue de (Dia dedicado à memória dos solda­
tantos outros mortos no mesmo dia dos m ortos na guerra, nos Estados
de 1941, não é algum ato heróico, Unidos. N. do T.), as meninas fa­
mas a trágica série de eventos desen­ ziam uma piedosa peregrinação à se­
cadeada por sua morte. pultura de sua mestra. Primeiro
Q uando os amigos de infância de­ eram sete, depois quatro, depois
le, os cinco irmãos Sullivan, da cida­ duas e finalmente uma só, sempre
de vizinha de W aterloo, souberam levando um ramalhete de íris — sím­
de sua m orte, foram juntos alistar- bolo de sentida gratidão. Este ano
se na M arinha. Querendo vingar a ela fez a vigésima quinta visita à se­
m orte do amigo, insistiram em per­ pultura de sua professora. Hoje, ela
manecer juntos, e a M arinha conce­ própria é professora de meninas e
FEVEREIRO DE 1982 29
não adm ira que tenha tanto sucesso de luta rom ana da escola de segundo
com elas. Ela reflete a influência de grau local. Ele prestou tributo a
uma professora que lhe deu inspira­ Louis, o mais velho dos rapazes.
ção. Sua vida, as lições que ensinou Com voz em bargada de emoção,
não estão sepultas debaixo da lápide procurando reter as lágrimas, con­
que identifica sua cova, mas vivem tou que Louis não fora necessaria­
nas personalidades que ajudou a mente o lutador mais dotado do ti­
m oldar e nas vidas que tão abnega­ me, mas acrescentou: “ Ninguém se
damente enriqueceu. Lembra mes­ esforçava mais que ele. O que lhe
mo um outro mestre sem igual, mes­ faltava em destreza ele compensava
mo o Senhor. Certa vez, traçou com com um coração decidido.”
o dedo uma mensagem na areia. (Vi­ Depois, um líder de jovens falou a
de João 8:6.) Os ventos do tempo respeito de Travis. C ontou como se
apagaram suas palavras para sem­ destacava no escotismo, no Sacer­
pre, mas não a vida que ele levou. dócio Aarônico e era um excelente
“ Tudo o que podemos saber a exemplo para os amigos.
respeito dos que amamos e perde­ Finalmente, um a professora ele­
m os” , diz T hornton Wilder, “ é que m entar de aspecto distinto, e obvia­
gostariam de que nos lembrássemos mente competente, falou de Jason,
deles com um reconhecimento mais o mais novo dos três. Ela o descre­
intenso de sua real existência... O veu como um pouco calado, até
mais sublime tributo aos m ortos é mesmo tímido. Então, sem qualquer
gratidão e não tristeza.” em baraço, contou que recebera de
Faz dois anos, no lindo Vale He- Jason, na letra garatujada de um
ber, bem a leste da Cidade do Lago menino, a mais doce e querida carta
Salgado, uma mãe am orosa e um que lhe fora dirigida. A mensagem
pai dedicado, voltando para aquele era breve — apenas três palavras:
abrigo pessoal chamado lar, desco­ “ Eu a am o.” Ela mal conseguiu ter­
briram que seus três filhos estavam minar seu discurso, de tão emocio­
mortos. Era uma noite extremamen­ nada.
te fria, e o forte vento em purrando a Através das lágrimas e pesar da­
neve cobriu a chaminé. Com isto a quele dia especial, observei lições
casa inteira foi tom ada pelo mortal eternas ensinadas por aqueles garo­
monóxido de carbono. tos, cuja vida estava sendo hom ena­
O funeral dos três rapazes Keller geada e cuja missão m ortal term ina­
foi uma das experiências mais to­ ra.
cantes de toda minha vida. Os resi­ Um treinador externou a determi­
dentes na comunidade deixaram de nação de olhar além do desempenho
lado seus afazeres, as crianças falta­ esportivo, bem dentro do coração
ram às aulas e todos se dirigiram à de cada rapaz. Um líder de jovens
capela, a fim de externar seus senti­ fez o solene voto de que cada rapaz
dos pêsames. E nquanto durarem o e cada menina teria os benefícios do
tempo e a memória, hei de recordar program a oferecido pela Igreja.
a cena dos três ataúdes polidos che­ Uma professora prim ária olhou pa­
gando à capela, seguidos pelos pais ra as crianças, colegas de classe de
e avós enlutados e aflitos. Jason. Nada disse, mas seu olhar re­
O primeiro a falar foi o treinador velava a decisão de sua alma. A
30 A LIAHONA
mensagem era patente: “ Amarei ca­ mente metade da família, as tarefas
da criança. Todo menino, toda ga­ de cozinhar, lavar e até mesmo das
rota eu guiarei na busca da verdade, compras são diferentes. Sentimos
no desenvolvimento de seu talento, falta do barulho e confusão, das ca­
e os iniciarei no maravilhoso mundo çoadas e brincadeiras deles. Tudo is­
do servir.” so acabou. O domingo é tão calmo.
E a congregação, incluindo os él- Falta-nos vê-los preparar e distri­
deres Marvin J. Ashton e Thomas S. buir o sacramento. Os domingos
M onson, nunca mais será a mesma e eram realmente o dia de ficarmos
se em penhará na busca da perfeição juntos em família. Pensamos: nada
m encionada pelo Mestre. Donde de missões, casamentos, nenhum
provêm nossa inspiração? Da vida neto. Não pedimos que voltem, mas
dos garotos que agora descansam de também não podemos dizer que re­
todas as dores e preocupações, e da nunciaríamos voluntariamente a eles.
solidez dos pais que confiam no Se­ Voltamos aos nossos deveres na
nhor de todo o coração, que não se Igreja e nossas responsabilidades fa­
estribam em seu próprio entendi­ miliares. Nosso desejo é viver de
mento e que o reconhecem em todas m aneira que os Keller sejam uma fa­
as coisas, sabendo que ele os dirigi­ mília eterna.”
rá em seus caminhos. (Vide Prov. Com os Keller, Sullivan e, na ver­
3:5-6.) dade, com todos os quem am aram e
Gostaria de com partilhar convos­ perderam, quero com partilhar a
co o trecho de um a carta que recebi convicção de minha alma, o teste­
da nobre mãe desses três rapazes, es­ m unho de meu coração e as expe­
crita pouco após a morte deles. riências de minha vida.
“ Passamos noites e dias que nos Sabemos que todos vivemos no
parecem insuportáveis. A mudança m undo espiritual com o Pai Celeste.
em nossa vida doméstica foi tão Sabemos que viemos para a terra
drástica. Com a ausência de pratica­ para aprender, viver, progredir em
FEVEREIRO DE 1982 31
nossa eterna jornada para a perfei­ de descanso e paz onde terão des­
ção. Alguns permanecem na terra canso para todas as suas aflições,
por um momento apenas, enquanto cuidados e dores.” (Alma 40:1, 11-
outros têm uma vida longa aqui. A 12.)
medida não é quanto tempo vive­ Meu jovem amigo cerrou os
mos, mas antes como vivemos. En­ olhos, agradeceu com sinceridade, e
tão vem a morte e o início de um no­ silenciosamente partiu de mansinho
vo capítulo da vida. Aonde este ca­ para o paraíso do qual havíamos fa­
pítulo nos leva? lado.
Muitos anos passados, fiquei ao
lado da cama de um moço, pai de Depois chega o dia glorioso da
dois filhos, enquanto pairava entre ressurreição, quando espírito e cor­
a vida e o grande além. Tom ando po serão reunidos para nunca mais
minha mão nas suas, fitou-me den­ se separarem. “ Eu sou a ressurreição
tro dos olhos e perguntou suplican­ e a vida” , disse Cristo a M arta.
te: “ Quem crê em mim, ainda que este­
— Bispo, sei que vou m orrer. ja m orto, viverá.
Diga-me, o que acontecerá ao meu “ E todo aquele que vive e crê em
espírito ao morrer? mim, nunca m orrerá.” (João 11:
25-26.)
Orei buscando orientação divina, “ Deixo-vos a paz, a m inha paz
antes de tentar responder. Minha vos dou; não vo-la dou como o
atenção foi dirigida para o Livro de m undo a dá. Não se turbe o vosso
M órm on que se encontrava na mesa coração, nem se atem orize.” (João
ao lado da cama. Segurando o livro 14:27.)
nas mãos, e testifico-vos tão certo “ Na casa de meu Pai há muitas
quanto estou diante de vós, ele se m oradas; se não fosse assim, eu vo-
abriu no capítulo 40 de Alma. Pus- lo teria dito: vou preparar-vos lu­
me a ler em voz alta: gar... para que, onde eu estiver este­
“ Agora, meu filho, ouve algo jais vós tam bém .” (João 14:2-3.)
mais que tenho a dizer-te, pois per­ Esta transcendente promessa tor-
cebo que tua mente está preocupada nou-se realidade, quando as duas
a respeito da ressurreição dos m or­ Marias foram ao jardim do sepulcro
tos... — o cemitério de um único ocupan­
“ Relativamente ao estado das al­ te. Deixemos Lucas, o médico, des­
mas no período compreendido entre crever esta experiência:
a morte e a ressurreição, foi-me da­ “ E no primeiro dia da semana,
do saber, por um anjo, que os espí­ muito de m adrugada, foram elas ao
ritos de todos os homens, logo que sepulcro...
deixam este corpo m ortal, sim, os “ E acharam a pedra removida do
espíritos de todos os homens, sejam sepulcro.
eles bons ou maus, são levados para “ E, entrando, não acharam o
aquele Deus que lhes deu a vida. corpo do Senhor Jesus.
“ E deverá suceder que os espíri­ “ ... estando elas perplexas a esse
tos daqueles que são justos sejam re­ respeito, eis que pararam junto de­
cebidos num estado de felicidade, las dois varões com vestidos resplan­
que é chamado paraíso, um estado decentes;
32 A LIAHONA
“ E ... lhes disseram: Por que bus­ descansam na pequenina Santa Cla­
cais o vivente entre os m ortos?” ra, ou no pacífico Vale Heber, em
(Lucas 24:1-5.) U tah. A verdade é universal.
Como o menor de seus discípulos,
“ Ele não está aqui, porque já res­
declaro meu testemunho pessoal de
suscitou.” (M at. 28:6.)
que a m orte foi vencida, conquista­
Este é o brado retum bante da cris­ da a vitória sobre a tum ba. Que as
tandade. A realidade da ressurrei­ palavras santificadas por aquele que
ção fornece a todos e cada um a paz as cum priu, se tornem conhecimen­
que ultrapassa o entendim ento. (Vi­ to de fato para todos. Lembrai-vos
de Fil. 4:7.) Ela conforta aqueles cu­ delas. H onrai e acalentai-as. Ele res­
jos entes queridos dormem nos cam­ suscitou. Esta é minha fervorosa
pos de Flandres, na Bélgica, que pe­ oração em nome de Jesus Cristo.
receram nas profundezas do m ar ou Amém.

FEVEREIRO DE 1982 33
A história de Jó, no Velho Testa­
Exemplos da Vida mento, relata três das grandes pro­
vas para as quais todos nós devería­
de Um Profeta mos estar preparados em alguma
ocasião da vida. Prim eiro, reveses
temporais. Jó perdeu tudo o que
possuía. Segundo, males físicos que
põem à prova nossa fé e testemu­
nho. E terceiro, a depressão. Jó di­
zia: “ Por que não morri eu desde a
madre? ” (Jó 3:11.) “ A minha alma
tem tédio de minha vida.” (Jó 10:1.)
Élder Robert D. Hales A grande lição de Jó está em que
do Prim eiro Q uorum dos Setenta “ em tudo isto... não pecou, nem
atribuiu a Deus falta algum a” . (Jó
“ Tenho aprendido ensinamentos e 1:22.) Muitas vezes, quando atingi­
lições de um profeta moderno, dos pela adversidade, usamo-la co­
Spencer W. Kimball, cuja mo justificativa para pecar e nos
mensagem simples e poderosa é: afastarm os dos ensinamentos de Je­
‘ Vem, e segue-me. sus Cristo, dos profetas que nos di­
rigem, de nossos familiares e ami­
uitos exemplos utilizados gos. Jó manteve seu testem unho e
M nos ensinamentos de nosso
Salvador, Jesus Cristo,
eram tirados da vida cotidiana que
foi abençoado por sua fé inabalável
de que Deus vive e de que haveria de
habitar na presença dele.
se desenrolava ao seu redor. Seme­ Homem justo como Jó, o Presi­
lhantemente, os profetas modernos dente Kimball tem sofrido muitas
nos ensinam com seu exemplo. A provações — câncer na laringe, ci­
simples, mas poderosa mensagem, rurgia cardíaca, furunculose, cirur­
é: “ Vem, e segue-me.” gias cranianas e numerosas outras
G ostaria de com partilhar convos­ aflições. Suas experiências servem
co alguns dos ensinamentos e lições como exemplo de como deveríamos
que tenho aprendido de um profeta enfrentar adversidades e sofrimen­
moderno. tos similares.
Podemos aprender muita coisa da O Presidente Kimball não pecou
coragem do Presidente Kimball, de­ nem responsabilizou tolam ente a
m onstrada em suas inúmeras enfer­ Deus. Manteve sua integridade e seu
midades. Ele é um testemunho vivo testemunho, e cantou louvores ao
de que, vencendo dores e adversida­ Senhor em todas as suas muitas pro­
de, podemos purificar nossa alma e vações físicas. Jamais o ouvimos
fortalecer nossa fé e testemunho em queixar-se de suas atribulações. Pe­
Jesus Cristo. Na verdade, em ter­ lo contrário, seu desafio tem sido:
mos das provações que teve de en­ “ Dá-me este m onte” para escalar.
frentar, ele ê, em muitos aspectos, (Josué 14:12.)
um Jó moderno. A coragem e a fé do Presidente

34 A LIA H O N A
Kimball na adversidade são exemplo Ao ser cham ado para o Conselho
para todos nós, testificando que nós dos Doze, o Presidente Kimball
também somos capazes de enfrentar aceitou o cham ado com lágrimas de
os desafios da vida. Nossas dores e humildade, imaginando se seria dig­
achaques não passam de dorezinhas no de tão grande honra. Depois de
perto das dele. Depois de operada a desligar o telefone, foi Camilla
garganta, o Presidente Kimball não quem lhe assegurou: “ Você é capaz,
tinha mais voz. Durante uma reu­ Spencer. Você é capaz.” Camilla é o
nião de testemunho, no templo, o perfeito exemplo de união com seu
Presidente McKay pediu-lhe que com panheiro. Q uando indagada so­
prestasse o seu. Ele não conseguiu bre sua saúde, respondeu:
proferir uma só palavra, só emitir — Q uando ele está bem, eu estou
sons roucos, ininteligíveis. Mais tar­ bem.
de escreveu um bilhete ao Presidente O Presidente Kimball ensinou-me
McKay, perguntando: “ Por que fez uma lição, quando fui cham ado pa­
isso comigo?” A resposta foi: ra integrar as Autoridades Gerais.
“ Spencer, você precisa recuperar a Perguntou-m e se estava disposto a
voz, pois ainda tem um a grande mudar-me para a Cidade do Lago
missão a cum prir.” (Que comovente Salgado e servir pelo resto da vida.
exemplo de am or de um profeta a Extremamente em ocionado, repli­
outro.) O Presidente Kimball foi quei:
obediente. Aprendeu a suster ar no — Simplesmente não sei o que di­
esôfago e aproveitar o tecido das ci­ zer, Presidente Kimball.
catrizes no restante das cordas vo­ Então respondeu:
cais para reaver sua voz e levar — Só quero que diga sim.
avante seu grande trabalho. As rea­ A lição era clara; não há necessi­
lizações da missão profética do Pre­ dade de palavras eloqüentes para ex­
sidente Kimball estarão à altura de pressar nosso com prom etim ento ou
quaisquer outras nesta ou outra dis- nosso am or e devoção quando acei­
pensação. tamos um cham ado do profeta. Ele
Camilla, esposa do Presidente já sabe disso.
Kimball, vem fielmente acom pa­ O Presidente Kimball sempre pro­
nhando passo a passo o caminho de cura tocar a “ pessoa” com sincero
seu marido. Recordo-me de uma am or. Q uando nos estávamos pre­
noite em Samoa, quando tanto o parando para um a conferência de
Presidente como a Irmã Kimball ti­ área, encontrei o Presidente Kimball
veram 40° de febre. Na m anhã se­ sentado à m áquina de escrever, com
guinte, foram os primeiros a entrar as costas voltadas para a porta, ao
no ônibus. Ele dirigiu as reuniões, e entrar em seu escritório. Terminou
os dois cum priram todos os com­ o que estava datilografando e girou
promissos do dia não apenas como a cadeira para me cumprimentar.
obrigação, mas mostrando-se gentis Num a das mãos, segurava a carta de
e atenciosos, e pensando nas neces­ trinta e duas páginas de um rapaz
sidades de todos os que os rodea­ que lera seu livro O Milagre do Per­
vam. dão e na outra a resposta, datilogra­

FEVEREIRO DE 1982 35
fada pessoalmente, preenchendo as — Hoje estive na presença de ser­
necessidades de um jovem que dese­ vos de Deus.
java e precisava de sua ajuda para O Presidente trabalha com am o­
arrepender-se. A mensagem foi cla­ rosa diligência de todo o coração,
ra para mim: Não im porta quão poder, mente e força. Não exige
ocupado esteja, nunca se esqueça nem espera que os outros acom pa­
dos que precisam de sua ajuda. nhem seu ritmo de trabalho, mas
Ele presta seu testem unho missio­ que o façam em seu próprio ritmo.
nário como testem unha especial, É um homem de ação, dem onstrado
sem qualquer tem or dos homens. Is­ pelo simples lema em sua mesa de
to eu tenho observado. Na Confe­ trabalho: “ Faça-o.”
rência de Área de Copenhage, Dina­ P ara os que com ele trabalham ,
marca, realizada de 3 a 5 de agosto seu exemplo elimina frases como
de 1976, ele foi adm irar a linda es­ “ Tentarei” ou “ Faria o possível” .
cultura do Cristo ressurreto de Seu exemplo e am or motivam os que
Thorvaldsen (escultor dinam arquês, seguem seu exemplo a alcançar me­
1768-1844), cuja reprodução adorna tas maiores e alongarem os passos
o centro de visitantes da Cidade do para a perfeição. Ele possui a rara
Lago Salgado, Los Angeles e Nova capacidade de incentivar todos a
Zelândia. Após alguns momentos de superar-se e a continuar tentando
reflexão espiritual, o Presidente atê excederem suas metas.
Kimball prestou testem unho ao en­ Durante o planejam ento e prepa­
carregado de sua guarda. Voltando- ração das conferências de área no
se para a estátua de Pedro, apontou México, América Central e do Sul,
para o grande molho de chaves em em fevereiro de 1977, foram progra­
sua mão direita e proclamou: “ As madas reuniões em La Paz, na Bolí­
chaves da autoridade do sacerdócio via, situada três mil metros acima
que Pedro possuía como presidente do nível do mar. O Dr. Ernest L.
da Igreja, agora estão comigo como W ilkinson e Dr. Russel M. Nelson
presidente da Igreja nesta dispensa- avisaram-nos de que o Presidente
ção .” A seguir, afirm ou ao encarre­ Kimball precisaria de quatro a seis
gado: “ O senhor trabalha todos os horas de repouso para acostum ar
dias com apóstolos de pedra, mas seu coração e pressão sangüínea ao
hoje está na presença de apóstolos clima daquela altitude. Nas confe­
vivos.” A seguir, apresentou o Pre­ rências de área, resta pouco tempo
sidente Tanner e os èlderes Thomas para descanso devido ao program a
S. M onson e Boyd K. Packer. En­ “ apertado” . (Na realidade, os médi­
tregou ao encarregado um Livro de cos assistiram as A utoridades Gerais
M órm on em dinam arquês e para que conseguissem acom panhar
testificou-lhe do Profeta Joseph o ritm o do Presidente Kimball.)
Smith. O homem chegou a chorar Conversei com os presidentes
de emoção, sentindo o Espírito na Tanner e Romney, pedindo seu au­
presença de um profeta e apóstolos. xílio para conseguir que o Presiden­
Ao deixarmos a igreja, ele me confi­ te Kimball descansasse em La Paz
denciou: antes do início da conferência. Eles

36 A LIAHONA
apenas sorriram e responderam: sabe ser sua responsabilidade, bem
“ T ente.” como a de seus colaboradores, levar
Q uando planos detalhados das a mensagem a todas as nações em
mencionadas conferências de área seu próprio idioma e língua. Ele dis­
foram apresentados à Prim eira Pre­ se às Autoridades Gerais: “ Não te­
sidência, vi o Presidente Kimball as­ nho medo da morte. O que temo é
sinalar em vermelho duas reuniões encontrar o Salvador e ele me dizer:
que não previam sua participação. ‘Você poderia ter feito m elhor.’”
— O que são estas reuniões? Por Podeis sentir a dedicação e urgên­
que não estarei presente? — quis sa­ cia na voz do profeta para fazer o
ber. reino ir avante? “ O irmão está can­
Houve uma pausa; então respon­ sado, Élder H ales?” como que soa
di: em meus ouvidos, quando descanso
— É um período de descanso, por um m om ento. Se soubéssemos o
Presidente Kimball, — ao que ele que o Presidente Kimball sabe, nós
comentou: também trabalharíam os com todo
— O irm ão está cansado, Élder nosso coração, poder, mente e for­
Hales? ça.
Chegando em La Paz, o primeiro Q uando procuram os poupar suas
compromisso era um program a cul­ forças, ele costuma dizer: “ Sei que
tural: Ele não quis descansar. Mi­ estão procurando poupar-me. Mas
nha cabeça latejava, parecia querer eu não quero ser poupado; quero ser
explodir naquela altitude; inalamos exaltado.” E diz que o Senhor o sus­
oxigênio na tentativa de apressar teria como profeta e que não deve­
nossa climatização, menos o Presi­ ríamos atrasar a Igreja por causa de­
dente Kimball. Ele saudou, abraçou le.
e apertou a mão de dois mil santos.
Term inada a últim a reunião, con­
vidou mais mil de seus queridos la-
manitas que haviam descido dos al­
tiplanos, para virem apertar sua
mão. Eles vieram e o abraçaram , sa­
cudindo sua mão com todo vigor.
Ele queria m ostrar seu am or aos la-
manitas.
Preocupado com a vigorosa ativi­
dade do Presidente Kimball, o Dr.
W ilkinson aproximou-se dele e
pediu-lhe que, se possível, parasse
logo. O Presidente respondeu-lhe:
— Se soubesse o que eu sei, não
me faria tal pedido.
Ele é impelido pelo conhecimento
de que nos estamos preparando para Presidente Ezra T aft Benson, presidAite do
a segunda vinda de Jesus Cristo. Ele Q uorum dos Doze.

FEVEREIRO DE 1982 37
Ao Profeta Joseph Smith, foi di­
to: A Luz do
“ Meu filho, paz seja com a tua al­
ma; a tua adversidade e as tuas afli­ Evangelho
ções serão por um momento;
“ E então, se as suportares bem,
no alto Deus te exaltará; tu triunfa­
rás sobre todos os teus adversários.
“ Teus amigos te apóiam e outra
vez te saudarão com corações cheios
de am or e com mãos am igas.”
(D&C 121:7-9.)
Em testemunho, invoco as bên­ Élder Adney Y. Komatsu
çãos do Senhor sobre nós, para que do Prim eiro Q uorum dos Setenta
sintamos também a urgência desta
grande obra, e entendam os o que “ O Senhor perdoa; seus
impele nosso profeta. Ele é um mis­ verdadeiros seguidores também
sionário, porque sabe que toda hu­ perdoam. Estende-se a mão da
m anidade precisa ser ensinada pelo amizade; o pecador se arrepende;
Espírito e ser batizada. Então, se vi­ completa-se o círculo da
vermos retamente, ganharemos a vi­ caridade. ”
da eterna, seremos exaltados e retor­
naremos à presença de Deus, o Pai, nos atrás, a designação de de­
e Jesus Cristo, para com eles habitar
por toda a eternidade.
Presto-vos testemunho de que es­
A dicar uma nova capela levou-
me a um a das ilhas dos Mares
do Sul. Naquela noite, ao nos apro­
ta Igreja é guiada por um profeta ximarmos do prédio com alguns lí­
que recebe revelações. C erta vez, no deres locais, observamos surpresos
encerramento de uma conferência, que estava totalm ente às escuras.
disse o Presidente Kimball: “ Meu Entrando no prédio, vimos todos
povo diz ‘Senhor, Senhor’ mas não os membros sentados na capela e in­
faz o que eu digo.” É minha ora­ dagamos o que havia com a luz. O
ção que digamos ‘Senhor, Senhor’ e bispo inform ou-nos que, naquela
façamos o que fala nosso profeta e tarde, o supervisor de construção
aqueles que dirigem a Igreja hoje, e havia inspecionado as instalações
sigamos seu exemplo, em nome de para ver se tudo estava em ordem
Jesus Cristo. Amém. para a dedicação. Mas agora, na ho­
ra de começar a reunião, por algum
motivo, a iluminação não funciona­
va, em bora os prédios vizinhos to­
dos tivessem luz. Todas as possibili­
dades de corrigir o defeito foram
tentadas em vão. Os líderes locais
decidiram realizar assim mesmo os
serviços dedicatórios.
No decorrer do program a, com a
capela iluminada por um único lam­
A LIAHONA
pião a querosene, senti com certeza sua terra, sendo punido com uma
que aquela seria a primeira dedica­ sentença de prisão. Chegou a escapar
ção às escuras já realizada na Igreja! dela, mas foi recapturado pouco de­
Estou certo de que todos aqueles pois. Sua vida era cheia de escuridão
bons irmãos e irmãs sentados na e miséria, mas através do empenho
congregação oraram comigo em si­ constante de um bispo caridoso, este
lêncio, rogando ao Senhor que nos moço decidiu m udar de vida e voltar
abençoasse com luz, para que a ca­ a Cristo. Começou a arrepender-se
pela pudesse ser dedicada. com coração humilde, e o Espírito
Os oradores se seguiram, um a Santo tocou seu coração. Ao deixar
um — no escuro. O coro cantou lin­ a prisão quando havia cum prido a
dos hinos — no escuro. Como últi­ pena, lá estava para recebê-lo no
mo orador, eu igualmente falei no portão o bispo que vinha cuidando
escuro. Depois, quando pedi à con­ dele todos aqueles anos, tendo trazi­
gregação que me acompanhasse na do consigo seu pai, mãe, irmãos e ir­
oração dedicatória, de repente as lu­ mãs que o receberam de braços
zes se acenderam. Como estávamos abertos e grande alegria. Como esse
gratos ao Senhor por aquela bênção jovem queria bem ao bispo e sua fa­
especial! Tom ado de emoção senti- mília que ficaram ao seu lado, em­
-me pequeno e humilde por termos bora lhes houvesse causado muito
sido tão abençoados. Mas a ilumi­ em baraço e muitas noites insones
nação da capela não se com parava à com seus desatinos. Mas a fé em
luz de am or em nossos corações por seus corações jam ais vacilou e hou­
aquela grande bênção em resposta ve um milagre. Hoje, esse moço ser­
às nossas preces. ve como presidente do quorum de
O incidente fez-me lembrar das élderes de sua ala.
palavras do Profeta Morôni: Que grande força conseguiu mu­
“ E agora, eu, M orôni, quisera fa­ dar a vida desse jovem das trevas es­
lar a respeito dessas coisas. Quisera pirituais para uma de verdade e luz?
m ostrar ao mundo que a fé são coi­ Foi o puro am or de Cristo, exempli­
sas que se esperam, mas não se ficado pelo bispo em seu empenho
vêem; portanto, não disputeis sobre com ele. E esse puro am or de Cristo
as coisas que não virdes, porque não é a caridade. (Vide M orôni 7:47.)
recebereis testem unho senão depois Diz o Profeta Néfi: “ O Senhor
da prova de vossa fé... ordenou que todos os homens te­
“ Porque, se não houver fé entre nham caridade, que é am or. E se
os filhos dos homens, Deus não po­ não têm caridade, nada são. P ortan­
de fazer milagres entre eles; portan­ to, se tiverem caridade não permiti­
to, ele não apareceu senão depois rão que o trabalhador de Sião pere­
que os homens tiveram fé.” (Éter ç a .” (2 Néfi 26:30.)
12 : 6 , 12 .) Devemos lembrar-nos também da
Sim, o Senhor nos abençoou, mes­ fé e coragem da família desse moço,
mo ao ser provada nossa fé e ao suportando muitas provações e so­
orarm os com esperança. frimentos e que depois o recebeu
Existem outros entre nós que bus­ com braços abertos. O Profeta Mo­
cam luz para sua vida. Um desses rôni nos lembra:
moços havia violado muitas leis de “ E foi pela fé possuída por Néfi e
FEVEREIRO DE 1982 39
Léhi que os lamanitas se transfor­ “ E ainda que distribuísse toda
maram e foram batizados com fogo minha fortuna para sustento dos po­
e com o Espírito Santo. bres, e ainda que entregasse meu
“ E foi pela fé possuída por Amon corpo para ser queim ado, e não ti­
e seus irmãos que se operou tão vesse caridade, nada disso me apro­
grande milagre entre os lamanitas. veitaria.
“ Sim, e todos aqueles que opera­ “ A caridade ê sofredora, é benig­
ram milagres os fizeram pela fé, tan­ na; a caridade não é invejosa; a cari­
to os que viveram antes de Cristo dade não trata com leviandade, não
como os que viveram depois dele... se ensoberbece,
“ Nem houve tempo algum em “ Não se porta com indecência,
que alguém fizesse milagres antes de não busca os seus interesses, não se
ter fé; portanto, primeiro creram no irrita, não suspeita mal;
Filho de D eus.” (Éter, 12:14-16,18.) “ Não folga com a injustiça, mas
M órmon também pregou que “ é folga com a verdade;
pela fé que os milagres são realiza­ “ Tudo sofre, tudo crê, tudo espe­
dos... ra, tudo suporta.
“ E, de acordo com as palavras de “ A caridade nunca falh a.” (1
Cristo, nenhum homem poderá ser Cor. 13:1-8.)
salvo, a não ser que tenha fé em seu Na Igreja, temos muitas oportu­
nom e... nidades de praticar atos de caridade.
“ P o rtanto, se um homem tem fé, Um dos maiores desses atos é a mão
forçosamente deverá ter esperança, estendida em amizade. Um belo
pois sem fé não pode haver esperan­ exemplo foi contado por certo ir­
ça. mão idoso num a conferência de ala:
“ E novamente vos digo que o hò- Esse bom irmão era presidente da
mem não pode ter fé nem esperança, Escola Dominical e foi solicitado a
sem que seja humilde e brando de prestar testem unho. D urante dez
coração. anos de inatividade, ele se vira en­
“ ... e se um homem é humilde e volvido pelos problemas da vida e
brando de coração, e confessa pelo acabara cheio de profundo desespe­
poder do Espírito Santo que Jesus é ro. Q uando a vida lhe parecia mais
o Cristo, é preciso que tenha carida­ negra, estenderam-se-lhe mãos ami­
de.” (M orôni 7:37-38, 42-44.) gas, primeiro da parte dos mestres
A epístola de Paulo aos coríntios familiares, depois do bispo e dos
nos lembra hoje a im portância da membros da ala. Ao voltar à ativi­
caridade: dade e sentir o calor dos membros
“ Ainda que eu falasse as línguas que o aceitaram sem julgam ento ou
dos homens e dos anjos e não tivesse reservas, ele reconheceu que o evan­
caridade, seria como o metal que gelho de Jesus Cristo é verdadeiro e
soa e como o sino que tine. que sempre há lugar para a alma ar­
“ E ainda que tivesse o dom de rependida. O Senhor perdoa; seus
profecia, e conhecesse todos os mis­ verdadeiros seguidores também per­
térios e toda a ciência, e ainda que doam. Estende-se a mão da amiza­
tivesse toda a fé, de m aneira tal que de: o pecador se arrepende; com-
transportasse os montes, e não tives­ pleta-se o círculo da caridade.
se caridade, nada seria. M órm on, o profeta, também en­
40 A LIAHONA
Elder Angel A brea, do Prim eiro Q uorum dos Setenta, com sua esposa, ao- centro, num encontro com
visitantes à conferência.

sinou: Vinde a Cristo — ele vos ouve,


“ De m odo que, meus queridos ir­ Ele do mal vos libertará;
mãos, se não tendes caridade, nada Com infinitas bênçãos vos busca,
sois, porque a caridade nunca falha. E seu am or vos dará.
P ortanto, apegai-vos à caridade,
que é de todas a maior, porque to­ Orai a Cristo que vos atende,
das as coisas hão de perecer. E suplicai-lhe em oração,
“ Mas a caridade é o puro am or de Que vos envie os anjos santos,
Cristo e permanece para sempre; e De sua eterna mansão.
todos os que forem achados em sua
posse no último dia, bem lhes irá.” Vinde a Cristo, de toda a terra,
(M orôni 7:46-47.) E de distantes ilhas do mar;
C um prindo fielmente nossa m or­ A todos chama a voz divina:
domia na Igreja, lem brando-nos de “ Vinde comigo m orar.”
que nossos atos falam do que nos
vai no coração, e estendendo nosso (Hinos, n? 15.)
am or ao Salvador que espera
receber-nos em seu reino, possamos Meus queridos irmãos e irmãs,
fazê-lo com esperança, com am or e presto-vos humilde testemunho de
com caridade. Seu convite às gera­ que sei que Jesus é o Cristo, o Salva­
ções da hum anidade ressoa neste hi­ dor do m undo, e que, se atendermos
no: ao seu cham ado de virmos a ele, cer­
Vinde a Cristo, desconsolados, tam ente seremos agraciados com to­
Vossos pesares lhe confiareis; das as bênçãos que tem reservado
Ele vos chama ao belo porto, para os justos e fiéis. Em nome de
Onde descanso tereis. Jesus Cristo. Amém.
FEVEREIRO DE 1982 41
Assim que levantei o capô, descobri,
As “ Pequenas para meu assom bro, que uma por­
ção de borboletinhas coloridas ha­
Coisas” e a Vida viam conseguido interrom per o pro­
cesso de resfriam ento do radiador e
Eterna parado meu carro. Foi então que me
dei conta de como algumas centenas
de borboletinhas podiam , em seu
esforço conjunto, vencer a enorme
potência de um m otor. Não foi uma
águia, nem um gavião ou outra coi­
sa qualquer mais ou menos plausí­
vel, porém simplesmente um punha­
do de minúsculas borboletas.
Élder Angel Abrea Esse incidente me fez pensar no
do Prim eiro Q uorum dos Setenta que com freqüência ocorre em nossa
vida. Pensei no enorme potencial
“Nosso maior desafio é usar fie l e existente em cada um de nós, poten­
decididamente tudo o que o cial capaz de conduzir-nos para a vi­
Senhor nos deu para alcançar a da eterna.
exaltação. ” Diz o Profeta Joseph Smith:
“ Aqui, então, está a vida eterna
erta tarde extremamente — conhecer o único Deus sábio e

C quente, eu estava cruzando as


verdes terras agrícolas dos
pampas argentinos. O sol queimava
verdadeiro; e tereis que aprender
como tornar-vos deuses vós mesmos,
e como serdes reis e sacerdotes para
a estrada a ponto de form ar visíveis Deus, da mesma form a como todos
ondas de calor. Não obstante, sen­ os deuses fizeram antes de vós, isto
tia-me confiante e à vontade, por­ é, passando de um pequeno degrau
que acabava de com prar um carro para outro, de um a capacidade me­
novo, recém-saído da fábrica, com nor para outra maior; de graça em
um m otor potente e força bastante graça, de exaltação em exaltação,
para vencer os elementos e permitir- até que consigais ressuscitar os m or­
me uma viagem no conforto do ar tos e sejais capazes de habitar em
condicionado. fulgores eternos e de assentar-vos
De repente, percebi que a tempe­ em glória, como aqueles que estão
ratura em meu novo carro estava su­ entronizados em poder infinito...
bindo e o potente m otor estava dan­ “ ... (Sereis) herdeiros de Deus e
do sinais de sobrecarga. Q uando o co-herdeiros com Jesus Cristo. O
ponteiro do term ôm etro chegou ao. que significa isto?
ponto crítico, parei o carro no acos­ H erdar o mesmo poder, a mesma
tam ento, na esperança de conseguir glória e a mesma exaltação, até que
resolver o problema com meus limi­ atinjais a categoria de um Deus e as­
tados conhecimentos de mecânica. cendais ao trono de poder eterno,
Devo adm itir que me desgostava o como os que já vos antecederam .”
pensamento de que alguma coisa (Ensinamentos do Profeta Joseph
conseguiu parar meu novo carro. Sm ith, pp. 346-348.)
42 A LIAHONA
Quantas vezes permitimos que pe­ a renovação semanal desse convênio
queninas “ borboletas” reduzam, e querer conservar o Espírito. Se
restrinjam ou impeçam nosso imen­ realmente compreendemos o propó­
so potencial de conduzir-nos à exal­ sito de nossas reuniões sacramen­
tação? tais, compareceremos a elas não
Proporcionalm ente, são em ge­ apenas para ouvir alguém falar, o
ral poucos os que se deixam deter que obviamente é im portante, mas
em sua jornada pelos chamados pe­ para renovar os sagrados convênios
cados graves ou sérios, como os que feitos com nosso Pai Celeste em no­
aparecem nas manchetes dos jo r­ me de seu Filho, Jesus Cristo. Os
nais. Geralmente não é a poderosa que se habituam a faltar nessa reu­
águia que nos derrota, mas as pe­ nião semanal e não se arrependem,
queninas “ borboletas” . colocam em grave perigo sua estabi­
P ara ilustrar melhor este concei­ lidade e bem-estar espiritual.
to, gostaria de abordar alguns dos Já param os para pensar no que
“ azares de viagem” que se tornam acontece a nossa salvação, quando
obstáculos em nossa maravilhosa negligenciamos as preces, ou não
jornada para o reino celestial. colhemos de nossas orações diárias
Temos pensado na enorme dete­ repetidas experiências compensado­
rioração espiritual resultante da não ras? Nós nos referimos continua­
santificação do Senhor? Este m an­ mente ao “ poder da oração” , mas
dam ento envolve muito mais do que será que estamos sempre dispostos a
simplesmente descansar de nossa la­ pagar o preço, para que se cum pra a
buta. Santificar o dia do Senhor edi­ promessa encontrada em 3 Néfi
fica o caráter espiritual e nos prepa­ 18:18-20?
ra para o que está para vir. Obser­ “ Eis que, em verdade vos digo
vando este m andam ento, teremos que deveis velar e orar sempre, a fim
poder sobre o maligno, mais capaci­ de que vos livreis das tentações; por­
dade para guardar os m andamentos que Satanás vos deseja peneirar co­
do Senhor e nos m anter limpos dos mo trigo.
pecados do m undo. (Vide D&C “ P ortanto, deveis sempre orar ao
59:9.) Pai em meu nome.
Falando mais especificamente do “ E tudo quanto pedirdes ao Pai,
dia do Senhor, já pensamos na des­ em meu nome, se pedirdes o que é
nutrição espiritual decorrente do direito e com fé, eis que recebereis.”
não comparecimento às reuniões sa­ O utro exemplo: Será que nos da­
cramentais ou da presença a elas mos conta de que, toda vez que
com atitude im própria? O sagrado apoiam os os líderes da Igreja, nos
convênio celebrado pelos membros obrigamos a sustê-los? A mão ergui­
da Igreja na hora do batismo deve da torna-se símbolo do convênio
prevalecer em nossos pensamentos e que fazemos de lhes dar apoio. To­
sentimentos, quando participamos da vez que os criticamos ou conde­
do sacramento. Se conseguirmos is­ namos, estamos literalmente que­
to, teremos sempre conosco o Espí­ brando o convênio. O Presidente
rito do Senhor. Joseph F. Smith comentou a respei­
Nenhum membro da Igreja pode to desse problema:
ignorar ou simplesmente pôr de lado “ No m om ento em que um ho-
FEVEREIRO DE 1982 43
mem diz que não se subm eterá à au­ rificar que lhe falta dinheiro, eu lhe
toridade legalmente constituída da devolverei do meu bolso o que pa­
Igreja, quer seja dos mestres, do bis­ gou como dízimo.
pado, do sumo conselho, do seu A caminho de casa, fiquei pen­
quorum ou da Prim eira Presidência, sando se havia agido corretam ente.
e em seu coração confirm ar esse de­ Ali estava eu, recém-casado, mal
sejo e o levar avante, nesse momen­ iniciando minha carreira profissio­
to se alija dos privilégios e bênçãos nal e às voltas com meus próprios
do sacerdócio e da Igreja, e separa- problemas econômicos. Comecei a
-se do povo de Deus, pois ignora a me preocupar com os meus sapatos,
autoridade que o Senhor instituiu para não falar dos sapatos dos fi­
em sua Igreja.” (Doutrina do Evan­ lhos de José! A inda assim, chegan­
gelho, cap. III, p. 42.) do em casa, minha mulher apoiou-
Tenho tido inúmeras experiências -me com sinceridade e garantiu-me
ouvindo as razões invocadas pelas que tudo daria certo. Devo dizer
pessoas para não pagarem o dízimo, que, naquela noite, ninguém orou
a maioria das quais são meros casos mais fervorosamente pelo sucesso
de falta de fé. Recordo-me de uma econômico do Irmão José do que
vez em 1957, enquanto servia como eu.
novo presidente de ram o na Argen­ No mês seguinte, voltei a conver­
tina, quando decidi entrevistar os sar com José. Em bora sua emoção
membros a respeito da im portância mal lhe permitisse falar, ele disse:
de pagarem o dízimo. Chegou a vez — Presidente, é incrível. Paguei o
de conversar com um bom irm ão do dízimo; fui capaz de saldar todos os
ranrô cham ado José, e que tinha di­ meus compromissos e ainda com­
ficuldades de pagar o dízimo. Entrei prei sapatos novos para as crianças,
diretamente no assunto: tudo sem aum ento de salário. Eu sei
— Irmão José, por que não paga que o Senhor cumpre suas promes­
seu dízimo? sas!
Estou certo de que ele não espera­ Até hoje José continua sendo um
va um a abordagem tão direta. Após fiel dizimista.
um instante de silêncio, respondeu: Até aqui mencionei somente uns
— Como sabe, presidente, tenho poucos problemas criados pelas
dois filhos. O salário de operário é “ borboletinhas” que econtramos
muito pequeno. Este mês preciso em nossa cam inhada eterna. Logica­
com prar sapatos para as crianças mente existem muitos mais. Pode­
irem à escola; e, m atematicamente, ríamos mencionar, por exemplo, a
não tenho dinheiro suficiente. falta de autodom ínio que leva as
Respondi instantaneamente: pessoas a quebrar a Palavra de Sa­
— José, eu lhe prom eto que, se bedoria; as diversas desculpas para
pagar fielmente o dízimo, suas não cuidar do program a de prepara­
crianças terão sapatos para irem à ção pessoal e familiar; a apatia e fal­
escola, e você será capaz de pagar ta de ânimo com relação às respon­
todos os compromissos. Não sei co­ sabilidades genealógicas; a negligên­
mo ele o fará, mas o Senhor sempre cia em relação às ordenanças do
cumpre o que promete. Além disso, templo do Senhor, em alguns casos,
— acrescentei, — se ainda assim ve­ a falta de interesse, em outros o me-
44 A LIAHONA
, 84:44) — no final da jornada volta­
remos a ser parte da gloriosa expe­
riência que vivemos no início, quan­
do “ todos os filhos de Deus rejubi­
lavam” . (Jó 38:7.)
Eu sei que o Senhor tornou isto
possível e que ele nos abençoa e con­
tinuará abençoando-nos em nosso
progresso para nosso glorioso desti­
no. Em nome de Jesus Cristo.
Amém.

do que impede muitos de participa­


rem da obra missionária. Estes são
apenas alguns exemplos de um a lista
sem fim.
É provável que jam ais perdere­
mos nossa condição de membros da
Igreja, simplesmente por não cum­
prir um ou mais dos m andam entos
acima mencionados. Não obstante,
seja individual ou coletivamente, es­
sas “ borboletinhas” afetam nosso
desenvolvimento espiritual e, funda­
mentalmente, a real capacidade de
cada pessoa.
“ Pois neles está o poder de assim
fazer, no que são seus próprios árbi­
tros. Se os homens fizerem o bem de
modo nenhum deixarão de receber
sua recom pensa.” (D&C 58:28.)
O Senhor não nos enviou ao m un­
do para fracassar. Fomos dotados
de todos os talentos e capacidade
necessários para vencer a jornada,
para voltar a sua presença. Nosso
maior desafio é usar fiel e decidida­
mente tudo o que ele nos deu para
alcançar a exaltação. Se assim fizer­
mos — se vivermos de “ toda pala­
vra que sai da boca de Deus” (D&C
FEVEREIRO DE 1982 45
da vida de seus membros, sua pure­
A Força do Reino za, caridade, fé, integridade e devo­
ção à verdade. Este grande ensina­
Está Dentro de Vós mento escapou à percepção dos fari­
seus, mas é significativo para nós
hoje.
Nossas capelas e congregações pon­
tilham hoje em quase todos os paí­
ses do m undo livre. Nossos templos
logo estarão a pouca distância de
viagem para quase todos os mem­
bros. A percentagem de membros
Élder Dean L. Larsen que participam das reuniões e ativi­
da presidência do Prim eiro Q uorum dos dades está em contínua ascensão.
Setenta___________________________________
São sinais encorajadores. Espera­
“ O verdadeiro poder do reino de mos que sejam indicação de força
Deus reside na qualidade de nossa interior. Regozijamo-nos com o
vida — nossa pureza, caridade, fé, crescimento que vem m arcando o
integridade e devoção à verdade. ” progresso da Igreja neste século,
particularm ente nas últimas déca­
erta ocasião, um grupo de fa­ das. Sentimo-nos anim ados com

C riseus enfrentou o Salvador,


querendo saber quando viria o
reino de Deus. (Lucas 17:20.) Sua
nosso êxito missionário, com toda
razão; mas, em todas essas manifes­
tações visíveis de crescente poder,
tradição rezava que o reino de Deus não nos devemos esquecer da injun-
surgiria como impressiva demons­ ção do Salvador aos que esperavam
tração de poder e domínio terreno. que o reino de Deus se manifestasse
A indagação deles, portanto, ques­ em termos de poder terreno: “ Eis
tionava a afirm ação do Senhor de que o reino de Deus está dentro de
que o reino de Deus não seria esta­ vós.”
belecido na terra como outros reinos Meses atrás, estive na conferência
mundanos. (Vide João 18:36.) de uma estaca que apresentava um
A resposta do Mestre, nessa oca­ impressionante relatório estatístico.
sião, é uma significativa lição a res­ Segundo todos os padrões visíveis,
peito da genuína fonte de poder e in­ era com posta de santos dedicados e
fluência em seu reino. Disse ele: “ O fiéis. Em minha primeira entrevista
reino de Deus não vem com aparên­ com seu presidente, não me sur­
cia exterior. preendeu sua ansiedade de exami­
“ Nem dirão: Ei-lo aqui, ou ei-lo narmos juntos o excelente desempe­
ali; porque eis que o reino de Deus nho estatístico de sua gente. Os rela­
está dentro de vós.” (Lucas 17:20- tórios estavam dispostos sobre sua
2 1 .) mesa para facilitar o exame. Antes
O Salvador tentou incutir em seus de olhá-los, perguntei ao presidente:
interlocutores o fato de que o verda­ — Diga-me, o que acha de seus
deiro poder do reino de Deus não se membros? Em termos genéricos, em
m ostra em coisas extremamente visí­ siia espiritualidade estão em condi­
veis. Sua força reside na qualidade ção melhor que um ano atrás?
46 A LIAHONA
Eu desejava avaliar o discerni­ quarto uma enfermeira em sua ron­
mento pessoal do presidente quanto da habitual. Dirigiu-se aos gráficos
à força espiritual de seus membros. pendentes dos pés da cama da pa­
Ele imediatamente aproveitou o mo­ ciente, examinou detidamente as
mento para chamar minha atenção anotações, e acrescentou as suas. A
para os relatórios. Percebendo que seguir, aproximou-se da paciente,
me entendera mal, expliquei: tomou-lhe o pulso, colocou a palma
— Terei todo prazer em verificar da mão sobre sua testa, fez algumas
os relatórios com o irmão, mas an^ perguntas e recebeu algumas respos­
tes disso, conte-me como se sente a tas. C ontou o presidente: “ Ocorreu-
respeito de seus membros. -me que a enferm eira estava procu­
Minha insistência em que fizesse rando avaliar certos sinais vitais da
esse tipo de avaliação à parte dos re­ paciente — sinais não constantes
latórios, deixou o presidente perple­ das anotações dos gráficos.”
xo e frustrado. Sentindo sua frustra­ Foi então, disse, que finalmente
ção, passamos sem mais dem ora à entendeu o propósito de minhas per­
verificação dos dados estatísticos. guntas da véspera. “ Compreendi
Eles indicavam considerável pro­ que o Élder Larsen estava querendo
gresso em muitos setores passíveis saber de mim como estavam vossos
de avaliação quantitativa. Acredito sinais espirituais, que os relatórios
que os relatórios eram indicadores não conseguem retratar.”
significativos da qualidade espiri­ Depois, prosseguiu: “ Hoje vou
tual dos membros. Entretanto, eu falar-lhes a respeito desses sinais vi-
fracassara no intento de extrair do tais-daqueles que vão além dos da­
presidente a avaliação perspicaz que dos constantes dos relatórios.” E
procurava. Ao mesmo tem po, per­ fez um dos melhores discursos que
cebi que estava um pouco perplexo e já ouvi de um presidente de estaca.
um tanto pensativo no final de nos­ É interessante que não fez nenhuma
sa entrevista. Ele continuou pensati­ menção aos relatórios estatísticos
vo durante as reuniões da tarde e da em seu discurso.
noite, chegando a me preocupar. Temos boas razões para nos sen­
No dia seguinte, ao proferir seu. tirmos anim ados e otimistas, hoje,
discurso na sessão geral da confe­ ao observar o rápido progresso da
rência, ele me surpreendeu falando Igreja pelo m undo afora. Estamos
de sua experiência comigo no dia satisfeitos com o grau de participa­
anterior. Reconheceu sua frustração ção dos membros, em bora reconhe­
diante de minha evidente relutância çamos que pode ser m elhorado. A
em passar im ediatamente ao exame disposição do povo de servir e
dos relatórios correlacionados, e sacrificar-se em prol da obra do Se­
que essa frustração o acom panhara nhor é elogiável.
até a noite. Ao ponderar essas coi­ Porém , o que dizer do reino que
sas, viera-lhe à mente uma experiên­ está dentro de nossa alma? Evidên­
cia tida na semana antes da confe­ cias há m ostrando que não estamos
rência. completamente isentos de fraquezas
Ele fizera uma visita a um mem­ internas. Os problemas familiares
bro da estaca que estava hospitaliza­ se multiplicam. O divórcio se torna
do. Durante a visita, viu entrar no mais comum. Por todo lado, apare­
FEVEREIRO DE 1982 47
cem sinais de crescente preocupação mente com elas, como se tivessem
com coisas m ateriais, m undanas. um valor im portante ou grande de­
Obediência questionável aos princí­ mais para serem ignoradas. En­
pios de confiança e integridade nos quanto alguns se recuperam dessas
negócios é por demais freqüente. “ excursões” , um crescente número
Cortesia e bondade são freqüente­ de tragédias está causando males e
mente substituídas por rispidez e desespero a muitas vidas.
grosseria no relacionamento hum a­ O efeito cumulativo disto é devas­
no. Crescentes indícios de prom is­ tador. Os reflexos afetarão a vida
cuidade e infidelidade aos convênios dos que cedem aos apetites, bem co­
conjugais nos assediam. mo a vida dos que os amam e neles
E m bora reconhecendo A Igreja confiavam , de maneiras infortuna­
de Jesus Cristo dos Santos dos Últi­ das e imprevistas por tempo indefi­
mos Dias como “ a única verdadeira nido. Em conseqüência dessas coi­
e viva sobre a face da terra... falan­ sas, a hum anidade resvala inexora­
do à igreja coletiva e não individual­ velmente para um nível inferior, o
mente” , o Senhor externou reservas real poder e influência da Igreja e
quanto aos membros individuais e do reino de Deus diminuem, e a hu­
explicou: “ Pois eu, o Senhor, não m anidade inteira sentirá inevitavel­
posso encarar o pecado com o míni­ mente a perda, Além disso, coleti­
mo grau de tolerância.” (D&C 1:30- vamente como igreja, prejudicamos
31.) nossa capacidade de merecer e recla­
N outra ocasião, advertiu os de mar as bênçãos preservadoras e pro­
sua igreja: tetoras do Senhor.
“ Eis que” , disse ele, “ vingança Tenho a maior adm iração e apre­
vem depressa sobre os habitantes da ço por aqueles que fazem jus à con­
terra, ... fiança neles depositada e que não se­
“ E em minha casa principiará, e guem os padrões do m undo, e por
dela irá avante, diz o Senhor; aqueles que voltaram ou estão vol­
“ Prim eiro entre os de vós, diz o tando de sendas som brias. Vós sois
Senhor, que professastes conhecer o nossa esperança luminosa. Fareis
meu nome e não me conhecestes, e um a significativa diferença no resul­
blasfemastes diante de mim no tado final das coisas. Vós sois a últi­
meio de minha casa, diz o Se­ ma grande defesa contra o mal que
n h o r.” (D&C 112:24-26.) está tragando a terra. Deus vos
Nesta época de impressionante abençoe por isto!
crescimento da Igreja, faríamos Visualizando os dias futuros, es­
bem em examinar nossa própria al­ tou esperançoso por causa da pro­
ma, avaliando nossos sinais espiri­ messa do Senhor e porque sei que
tuais. M uito freqüentemente, santos seu reino prevalecerá, mas trem o ao
dos últimos dias de todas as idades ler esta declaração a nós:
cedem à tentação de explorar e pro­ “ Pois este é um dia de advertên­
var coisas proibidas do mundo. cia e não de muitas palavras. Pois eu
Muitas vezes isto não é feito com in­ o Senhor, não serei escarnecido nos
tenção de abraçá-las permanente­ últimos dias.” (D&C 63:58.)
mente, mas com a consciente deci­ A força constante do reino não
são de comprazer-se m om entanea­ reside no número de seus membros,
48 A LIAHONA
Presidente G ordon B. Hinckley, da Prim eira Presidência, e a Irm ã Hinckley na C onferência Geral da
Sociedade de Socorro, 26 de setem bro de 1981.

seu índice de crescimento ou beleza to da liderança, mas emulam o mi­


de seus edifícios. No reino de Deus, nistério do próprio Senhor.
o poder não está equacionado com a Está em tempo de examinarmos
contagem numérica, nem com o vi­ nossos próprios sinais espirituais na­
sível desempenho rotineiro de seus quelas áreas im portantes que nos le­
preceitos, ele está naqueles discre­ vam além dos dados estatisticamen­
tos, desconhecidos atos de am or, te registrados. “ Pois o reino de
obediência e serviço cristão que tal­ Deus está dentro de vós.” Em nome
vez nunca cheguem ao conhecimen­ de Jesus Cristo. Amém.
ganhar a im ortalidade e vida eterna
“ Preparai-vos” — e ele o fez; esta é a missão desta
grande Igreja.
Acho que muitos dos nossos não
sabem realmente o que nossa Igreja
representa. Jesus disse: “ Examinais
as escrituras porque vós cuidais ter
nelas a vida eterna, e são elas que de
mim testificam .” (João 5:39.)
E a seguir, falando dos que por
ele seriam julgados, quando retor­
Élder LeGrand Richards
nasse à terra, ele diz: “ Muitos me
do Q uorum dos Doze Apóstolos
dirão naquele dia: Senhor, Senhor,
‘‘Se vale a pena preparar-se de não profetizam os nós em teu nome?
doze a vinte anos para uma vida de e em teu nome não expulsamos de­
setenta e cinco, quanto valerá mônios? e em teu nome não fizemos
preparar-se para uma vida que muitas maravilhas?
nunca termina?” “ E então lhes direi abertamente:
Nunca vos conheci; apartai-vos de
as muitas vezes que tenho fa­ mim, vós que praticais a iniqüida­

N lado deste púlpito nas confe­


rências gerais da Igreja, como
missionário, dirigi-me geralmente
d e.” (Mateus 7:22-23.)
Quando se encontrava banido na
Ilha de Patm os, João ouviu uma
aos não-membros da Igreja, procu­ voz dos céus: “ Sobe aqui, em ostrar-
rando convencê-los de que temos a -te-ei as coisas que depois destas de­
única igreja verdadeira sobre a face vem acontecer.” (Apo. 4:1.) Então
da terra, hoje — não edificada sobre o anjo do Senhor lhe m ostrou mui­
a sabedoria de homens, mas trazida tas maravilhas. M ostrou-lhe a vinda
diretamente dos céus por mensagei­ de um novo céu e um a nova terra
ros celestiais. quando não haveria mais doença e
Refletindo sobre o que diria hoje, dor, nem sofrim ento ou morte;
pensei que gostaria de falar aos quando não necessitaríamos mais
membros inativos desta igreja, do sol de dia, nem da lua à noite,
àqueles que deveriam ser ativos, pois a glória de Deus estaria sobre a
pois muitos deles provêm de boas terra; quando homem algum diria
famílias SUD; e depois àqueles den­ “ conhecei o Senhor” , pois todo ho­
tre vós que têm familiares inativos mem andaria na luz do Senhor, seu
na Igreja. Deus. (Vide Apo. 21:1, 4:23-24.)
Disse o Senhor falando por inter­ Contem plando tudo isso, João
médio de Moisés: “ Porque eis que quis ajoelhar-se e adorar o anjo que
esta é minha obra e minha glória: lho m ostrou. E o anjo disse: “ Olha,
proporcionar a imortalidade e a vi­ não faças tal; porque eu sou conser­
da eterna ao hom em .” (Moisés vo teu e de teus irmãos, os profe­
1:39.) Assim sendo, o Senhor tinha ta s.” (Apo. 22:8-9.);
que prover a nós, seus filhos espiri­ Antes, o anjo mostrara-lhe os
tuais, um meio de conhecer seu pro­ mortos, grandes e pequenos, posta­
grama, a fim de sermos capazes de dos diante de Deus, e abriram-se os
50 A LIAHONA
livros e todos os homens foram jul­ Deus. (Vide Alma 34:32.) E penso
gados pelas coisas que estavam es­ que deveríamos estar mais interessa­
critas nos livros, segundo suas dos no longo porvir do que apenas
obras. A morte e o inferno entrega­ no breve presente. Fico imaginando
ram os m ortos que neles havia. (Vi­ se alguma vez param os para fazer
de Apo. 20:12-13.) Então disse o an­ uma idéia de quão longo ê realmente
jo: “ Bem aventurado e santo aquele o porvir.
que tem parte na primeira ressurrei­ Provavelmente já me ouvistes
ção; sobre estes não tem poder a se­ contar isto, mas quando minha mu­
gunda morte; mas serão sacerdotes lher e eu fizemos trinta e cinco anos
de Deus... e reinarão com ele mil de casados, perguntei-lhe:
an o s.” (Apo. 20:6.) Não seria m ara­ — O que acha que estaremos fa­
vilhoso ser digno de ressurgir na m a­ zendo, daqui a trinta e cinco mi­
nhã da primeira ressurreição? lhões de anos?
O anjo, porém, não ficou nisso, Ela respondeu: — Onde achou es­
mas continuou: “ Mas os outros ta idéia maluca? Cansa-me só pen­
mortos não reviveram até que os mil sar nisso!
anos se acabaram .” (Apo. 20:5) H a­ Eu disse então: — Você acredita
verá homem que, em sã consciência, na vida eterna, não é? Foi-nos dito
prefere arriscar ficar na tum ba por que o tempo só conta para o ho­
mil anos, quando o Filho do H o­ mem, que,para Deus não existe tem­
mem vier nas nuvens dos céus com po. Tudo é um círculo eterno. (O
todos os santos anjos, e aqueles que Profeta Joseph Smith ilustrou este
nele m orreram forem ressuscitados conceito com a ajuda de um anel,
e os que estiverem vivendo nele fo­ dizendo: “ Q uando o cortam os, pas­
rem arrebatados e transform ados sa a ter princípio e fim, mas enquan­
num piscar de olhos? Gosto da afir­ to o deixarmos inteiro, não tem
mação de Cícero (O rador, estadista princípio nem fim .” )
e filósofo romano, 106 — 43 A.C.N. E ntão prossegui: — Pois bem, se
do T.) de estar muito mais interessa­ acredita nisso, daqui a mais trinta e
do no longo porvir do que no breve cinco milhões de anos juntos, deve­
presente. mos conhecer-nos bastante bem.
Hoje, em nossa vida natural e ro­ Não será isto que Cícero quis di­
tineira, nossos filhos vão à escola zer, ao afirm ar que estava mais inte­
durante doze a vinte anos, como nós ressado no longo porvir do que no
fizemos, a fim de aprenderem como breve presente?
enriquecer sua vida aqui na m ortali­ Durante seu ministério, o Salva­
dade, como ganhar o sustento e co­ dor deu-nos diversas parábolas e
mo desfrutar as coisas culturais e re­ pronunciam entos a respeito da pre­
finamentos da vida. Se vale a pena paração para sua segunda vinda,
preparar-se de doze a vinte anos pa­ quando viria reinar com poder sobre
ra um a vida de setenta e cinco, a terra. G ostaria de deixar-vos algu­
quanto valerá preparar-se para uma mas de suas palavras. Prim eiro a pa­
vida que nunca termina? rábola dos talentos. Certamente vos
No Livro de M órm on, diz o P ro­ lembrais da parábola do homem que
feta Alma que esta vida é a ocasião foi viajar, deixando seus talentos
de preparar-se para o encontro com com os servos. A um deles deu cin-
FEVEREIRO DE 1982 51
co; a outro dois e ao terceiro, um ... cinco que tinham óleo foram ao seu
Quando voltou, passado algum tem ­ encontro; as outras cinco quiseram
po, pediu um a prestação de contas tom ar óleo em prestado, mas, como
aos servos. E aquele que recebera não havia o suficiente para todas,
cinco talentos, disse: “ Senhor, saíram a comprá-lo. Voltando, en­
entregaste-me cinco talentos; eis contraram a porta fechada. (Vide
aqui outros cinco talentos que gran­ Mateus 25:1-13.) P or que Jesus nos
jeei com eles.” E seu Senhor lhe dis­ daria uma parábola dessas, se não
se: “ Bem está, servo bom e fiel. So­ achasse que os inativos devem voltar
bre o pouco foste fiel, sobre o muito à atividade na Igreja?
te colocarei.” (Não seria maravilho­ A próxima parábola que vos dou é
so ter domínio sobre muitas coisas?) a do rico e de Lázaro. Este se ali­
“ Entra no gozo do teu Senhor.” mentava das migalhas que caíam da
(M at.25:20-21.) mesa do rico, e os cães lambiam
Aquele que havia recebido dois suas chagas. Então o rico e Lázaro
talentos (e todos nós ganhamos o morreram . Lázaro foi para o seio de
mesmo), ganhou outros dois, rece­ A braão — quer dizer, foi recebido
bendo idêntico elogio por sua dili­ com honras. O rico foi para a esfera
gência e fidelidade. Mas o que rece­ de torm entos. Vendo Lázaro no seio
beu apenas um talento, escondera-o de A braão, clamou: “ Pai A braão,
e justificou-se: “ Senhor, eu tem misericórdia de mim e m anda a
conhecia-te, que és homem duro, Lázaro que molhe na água a ponta
que ceifas onde não semeaste e ajun­ do seu dedo e me refresque a língua,
tas onde não espalhaste; porque estou atorm entado nesta
“ E, atem orizado, escondi na ter­ cham a.”
ra o teu talento; aqui tens o que é Mas Abraão respondeu: “ Está
teu.” (M at. 25:24-25.) posto um grande abismo entre nós e
E o que respondeu o Mestre? vós, de sorte que os que quisessem
“ Tirai-lhe pois o talento, e dai-o passar daqui para vós não pode­
ao que tem os dez talentos. Porque a riam ...” (Lucas 16:24-26.)
qualquer um que tiver será dado, e Então o rico se lembrou da terra
terá em abundância; mas ao que não onde tinha cinco irmãos e disse:
tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado. “ Rogo-te pois, ó pai (Abraão), que
“ Lançai, pois, o servo inútil nas o mandes à casa de meu pai.
trevas exteriores; ali haverá pranto e “ Pois tenho cinco irm ãos... a fim
ranger de dentes.” (M at. 25:28-30.) de que não venham também para es­
Porventura alguém gostaria de es­ te lugar de torm ento.
perar o tempo que não terá fim, o “ Disse-lhe A braão: Têm Moisés e
longo porvir, sabendo que será lan­ os profetas; ouçam -nos...
çado onde haverá pranto e ranger de “ Se não ouvem a Moisés e aos
dentes? profetas, tam pouco acreditarão,
Vou dar-vos agora outra parábola ainda que algum dos m ortos ressus­
do Senhor sobre preparação, e que ê cite.’’(Lucas 16:27-29, 31,)
a parábola das dez virgens. Como sa­ Jesus disse ainda, referindo-se à
beis, cinco delas levaram óleo para época de sua vinda: “ Então, estan­
suas lâmpadas, e as outras cinco do dois no campo, será levado um, e
não. Q uando o esposo chegou, as deixado o outro;
52 A LIAHONA
“ Estando duas moendo no moi­ ventos, e com bateram aquela casa, e
nho, será levada uma, e deixada a caiu, e foi grande sua queda.” (Mat.
o u tra.” (M at. 24:40-41.) 7:24-27.)
Como se sentirá a pessoa vendo Quem quererá construir sua casa
seu com panheiro ser levado, e ela sobre areia, para que não resista aos
ser deixada esperando mais mil embates da adversidade?
anos? Eis meu apelo hoje, aqui, que nos
Ora, Jesus não nos deixou todas preparemos para sua vinda. Sem dú­
essas belas parábolas para nada. vida vos lembrais das palavras de
Disse ele: Jeremias. Diz ele que dia viria em
“ Todo aquele... que escuta estas que não mais seria dito. “ Vive o Se­
minhas palavras e as pratica, nhor que fez subir os filhos de Israel
assemelhá-lo-ei ao homem prudente da terra do Egito. Mas: Vive o Se­
que edificou sua casa sobre a rocha; nhor que fez subir os filhos de Is­
“ ... e correram rios, e assopraram rael... de todas as terras para onde
ventos, e com bateram aquela casa, e os tinha lançado” (Jer. 16:14-15)
não caiu, porque estava edificada e que m andaria muitos pescadores
sobre a rocha. para pescá-los, e muitos caçadores
“ E aquele que ouve estas minhas para caçá-los sobre os montes e nas
palavras, e as não cumpre, fendas das rochas. (Vide Jer. 16:16.)
compará-lo-ei ao homem insensato, Estes são os trinta mil missionários
que edificou sua casa sobre areia; espalhados pelo m undo, procuran­
“ E ... correram rios, e assopraram do coligar a Israel dispersa.

FEVEREIRO DE 1982 53
Disse Jeremias: “ Convertei-vos,
ó filhos rebeldes, diz o Senhor; por­ O Sacerdócio
que eu vos desposarei.” (Jer. 3:14.)
Que convênio! Não é maravilhoso Aarônico
pensar que, se ouvirmos os sussur­
ros do Santo Espírito, será como
que estar casado com ele?
Depois Jeremias acrescenta: “ E
vos tomarei, a um de uma cidade, e
a dois de uma geração; e vos levarei
a Sião.
“ E vos darei pastores segundo o
meu coração, que vos apascentem Elder Boyd K. Packer
com ciência e com inteligência.” do Q uorum dos Doze Apóstolos
(Jer. 3:14-15.)
Examinai a história do mundo. “ O poder do sacerdócio se adquire
Nenhum outro lugar encontrareis em cumprindo o dever nas coisas
que estão reunidos um de uma cida­ comuns; freqüentando as reuniões,
de e dois de uma família como nes­ aceitando designações, lendo as
tes vales das m ontanhas, e onde escrituras, guardando a Palavra de
Deus, o Pai Eterno, lhes deu pasto­ Sabedoria. ”
res segundo seu coração, conforme
o que ouvistes falar hoje nesta con­ empre chego cedo ao Taberná­
ferência, e ouvireis falar am anhã.
Bem, este é meu testemunho para
vós, e oro que Deus vos m antenha
S culo para a reunião do sacerdó­
cio, a fim de poder trocar um
aperto de mão com os diáconos,
ativos e participantes com vossos fa­ mestres e sacerdotes. P ara isso sou
miliares, usando vossos dotes e ta­ obrigado a procurá-los entre uma
lentos para a edificação do reino de porção de élderes, setentas e sumo
nosso Pai. Deixo-vos meu am or e sacerdotes, mas vale a pena conhe­
bênção em nome do Senhor, Jesus cer o Sacerdócio Aarônico. Nós,
Cristo. Amém. portadores do sacerdócio m aior, os
saudamos, irmãos do Sacerdócio
Aarônico.
Quero falar-lhes a respeito do po­
der invisível do Sacerdócio A arôni­
co. Um rapaz de doze anos tem ida­
de suficiente para conhecê-lo. À me­
dida que forem crescendo, vocês se
familiarizarão com esse poder pro­
tetor, orientador.
Alguns acham que um poder invi­
sível não pode ser real. Penso que
conseguirei convencê-los do contrá­
rio. Certam ente vocês se lembram
ainda de quando tolamente enfiaram
o dedo numa tom ada. Em bora não
54 A LIAHONA
pudessem ver exatamente o que acon­ Três dias mais tarde, chegou a
teceu, sem dúvida vocês sentiram o Mênfis, no Tennessee, cansado, fa­
efeito! minto e m uito sujo. Dirigiu-se à
Ninguém já conseguiu ver a eletri­ maior das estalagens e lá pediu um
cidade, nem mesmo os cientistas pouco de alimento e um lugar para
com os mais avançados instrum en­ dorm ir, em bora sem dinheiro para
tos. Não obstante, eles a sentem co­ pagar nenhum dos dois.
mo vocês a sentiram. E podemos ver Q uando o estalajadeiro descobriu
seus efeitos, medi-la, controlá-la, que era um pregador, riu e resolveu
produzir com ela luz e calor, e for­ divertir-se um pouco às custas dele.
ça. Ninguém jam ais duvidou dela, Ofereceu-lhe uma refeição, se pre­
simplesmente por não poder enxer­ gasse aos seus amigos. Um grande
gá-la. grupo de pessoas ricas e importantes
Em bora não seja possível ver o de Mênfis reuniu-se e achou muita
poder do sacerdócio, vocês podem graça naquele missionário coberto
senti-lo e observar seus efeitos. O de lama.
sacerdócio pode ser um a força pro­ Como ninguém queria cantar nem
tetora e orientadora em sua vida. orar, o Irm ão W oodruff fez as duas
Permitam-me exemplificar. coisas. Ajoelhando-se diante deles,
Depois de filiar-se à Igreja, o Pre­ implorou ao Senhor que lhe conce­
sidente W ilford W oodruff desejava desse seu Espírito para tocar o cora­
cum prir missão. ção daquela gente. E o Espírito
“ Eu não passava de um mestre” , veio! O Irmão W oodruff pregou
escreveu, “ e não cabe ao ofício de com m uita eloqüência e foi capaz de
mestre viajar e pregar. Não ousava revelar os atos secretos daqueles
contar a nenhum a autoridade da que ali estavam para ridicularizá-lo.
Igreja que eu queria pregar, para Q uando term inou, ninguém se riu
que não pensassem que estava bus­ do humilde portador do Sacerdócio
cando um ofício.” (Leavesfrom M y Aarônico. Dali em diante foi trata­
Journal, Salt Lake City: Juvenile do com bondade. (Vide Leaves fro m
Instructor Office, 1882, p. 8.) M y Journal, pp. 16-18.) Ele se en­
Ele orou ao Senhor e, sem revelar contrava sob o poder protetor e
seus desejos a outras pessoas, foi or­ orientador do Sacerdócio Aarônico,
denado sacerdote e m andado para a o mesmo poder que pode estar con­
missão no Território de Arkansas. vosco também.
Ele e seu com panheiro cominha- Gostaria de explicar-lhes algumas
ram penosamente cento e sessenta coisas fundamentais sobre o Sacer­
quilômetros por pântanos infesta­ dócio Aarônico. É cham ado de “ Sa­
dos de jacarés, sujos, m olhados, e cerdócio de A arão, porque foi con­
exaustos. O Irmão W oodruff foi ferido a A arão e a sua semente atra­
acometido de forte dor no joelho e vés de todas as suas gerações” .
não pôde prosseguir. O companhei­ (D&C 107:13.) O Sacerdócio A arô­
ro deixou-o sentado num tronco caí­ nico é conhecido ainda por outros
do e foi para casa. O Irm ão W oo­ nomes. Vou citar e explicar-vos o
druff orou suplicando ajuda, ajoe­ que significam.
lhado na lama. Ficou curado e con­ Sacerdócio M enor
tinuou a missão sozinho. Em primeiro lugar, o Sacerdócio
FEVEREIRO DE 1982 55
Aarônico é cham ado às vezes de sa­ A lei do sacrifício vinha sendo ob­
cerdócio menor. servada desde os dias de Adão. Era
“ Chama-se sacerdócio menor, um símbolo da redenção que viria
porque é um apêndice do maior, que com o sacrifício e expiação do Mes­
è o Sacerdócio de Melquisedeque, e sias. A lei mosaica do sacrifício
tem poder para adm inistrar orde­ cumpriu-se com a crucificação de
nanças exteriores.” (D&C 107:14.) Cristo.
Isto quer dizer que o sacerdócio Os antigos antecipavam a expia­
m aior ou Sacerdócio de Melquisede­ ção de Cristo por meio da cerimônia
que, sempre preside o Sacerdócio do sacrifício. Nós lembramos o mes­
Aarônico ou menor. A arão era o su­ mo acontecimento por meio da or­
mo sacerdote ou sacerdote presiden­ denança do sacramento.
te do Sacerdócio Aarônico. Moisés, T anto o sacrifício anterior como
porém, presidia A arão por ter o Sa­ o sacram ento posterior estão centra­
cerdócio de Melquisedeque. lizados em Cristo, no derram am en­
O fato de ser cham ado de sacer­ to do seu sangue e a expiação que
dócio m enor não diminui em nada a fez por nossos pecados. T anto nos
im portância do Sacerdócio A arôni­ tempos antigos como agora, a auto­
co. O Senhor disse que ele é necessá­ ridade para realizar essas ordenan­
rio ao sacerdócio m aior. (Vide D&C ças pertence ao Sacerdócio A arôni­
84:29.) Todo portador do sacerdó­ co. É na verdade uma responsabili­
cio m aior deve sentir-se honrado ao dade sagrada e integra vocês na fra­
poder realizar as ordenanças do Sa­ ternidade daqueles antigos servos do
cerdócio Aarônico, pois são de mui­ Senhor. Não adm ira, pois, que nos
ta im portância espiritual. sintamos tão humildes ao participar
Como membro do Quorum dos das ordenanças designadas ao Sa­
Doze Apóstolos, tenho distribuído o cerdócio Aarônico.
sacram ento. Asseguro-lhes que me Percebem agora que é correto
sinto sumamente honrado e humil­ chamá-lo de Sacerdócio Aarônico
de, fazendo o que alguns talvez con­ ou Levítico? E só um a questão de
siderem tarefa rotineira. deveres designados; o sacerdócio ê
um só.
Sacerdócio Levítico
O Sacerdócio Aarônico também é Sacerdócio Preparatório
cham ado de Sacerdócio Levítico. O Finalmente, o Sacerdócio A arôni­
termo levítico deriva do nome Leví, co é denom inado de sacerdócio pre­
um dos doze filhos de Israel. Moisés paratório. Este, tam bém , é um títu­
e A arão, que eram irm ãos, eram le­ lo apropriado, porque prepara os
vitas. rapazes para portarem o sacerdócio
Q uando o Sacerdócio Aarônico maior, cumprirem missão e casa­
foi dado a Israel, coube a A arão e rem-se no templo.
seus filhos o encargo de presidir e Penso ser bastante simbólico que
administrá-lo. Os membros masculi­ João Batista, um sacerdote no Sa­
nos de todas as outras famílias levi­ cerdócio Aarônico, haja preparado
tas ficaram encarregados das cerimô­ o caminho para a vinda do Senhor
nias do tabernáculo, inclusive da lei nos tempos antigos. Ele veio igual­
mosaica do sacrifício. mente para restaurar o Sacerdócio
56 A LIAHONA
Aarônico ao P rofeta Joseph Smith e Sacerdócio A arônico de sacerdócio
Oliver Cowdery, preparando-os pa­ preparatório.
ra o sacerdócio maior. O próprio
Senhor disse que “ não apareceu al­ Princípios do Sacerdócio
guém maior do que João Batista” . Perm itam-m e ensinar-lhes alguns
(M at. 11:11.) im portantes princípios do sacerdó­
Seria proveitoso vocês observa­ cio. Ao receberem o Sacerdócio Aa­
rem seus pais e líderes estudarem co­ rônico, receberão todo ele. H á três
mo o Sacerdócio de Melquisedeque tipos de autoridades relacionados ao
funciona. Vocês estão-se preparan­ seu sacerdócio e que vocês precisam
do para ser élderes, setentas, sumos entender.
sacerdotes e patriarcas, e para ser­ Prim eiro, existe o sacerdócio pro­
vir como missionários, líderes de priam ente dito. A ordenação que re­
quorum , líderes de estaca, nos bis­ cebem traz consigo a autoridade pa­
pados e como pais de família. ra realizar as ordenanças e possuir o
Alguns de vocês aí sentados hoje poder do Sacerdócio Aarônico.
como diáconos, mestres e sacerdo­ Depois, dentro do sacerdócio
tes, um dia sentar-se-ão aqui como existem ofícios, cada qual com pri­
apóstolos e profetas e presidirão a vilégios diferentes. Três deles — diá­
Igreja. Vocês precisam estar prepa­ cono, mestre e sacerdote — podem
rados. ser-lhes conferidos ainda na adoles­
Na verdade, está certo cham ar o cência. O quarto ofício — o de bis­

M embros da Presidência d o Prim eiro Q uorum dos Setenta, Élder C arlos E. Asay e
É lder M. Russel Ballard, atentos à conferência.

FEVEREIRO DE 1982 57
po — poderá ser seu, quando forem apóstata, o qual afirm ava que a
adultos e dignos de serem igualmen­ Igreja perdera o sacerdócio por não
te um sumo sacerdote. terem sido usadas determinadas pa­
Aos diáconos cabe zelar pela igre­ lavras ao ser conferido, ao que ele
ja como ministros permanentes. respondeu: “ Antes de falarm os de
(Ver D&C 84:111; 20:57-59.) O quo­ sua alegação, permitam-me contar
rum se compõe de doze diáconos. alguma coisa sobre esse hom em .”
(Ver D&C 107:85.) Depois de descrever o caráter dele,
O mestre deve “ zelar sempre pela concluiu: “ E assim podem ver que o
igreja, estar com os membros e sujeito não passa de puro e simples
fortalecê-los” . (D&C 20:53.) O quo­ mentiroso — bem, talvez não tão
rum de mestres conta vinte e quatro puro assim .”
membros. (Ver D&C 107:86.) Os ofícios fazem parte do sacer­
“ O dever do sacerdote é pregar, dócio, mas este é m aior que qual­
ensinar, explicar, exortar, batizar e quer de seus ofícios. O sacerdócio
adm inistrar o sacramento. E visitar lhes pertencerá para sempre, a me­
a casa de cada m em bro.” (D&C nos que vocês mesmos se desqualifi­
20:46-47.) O quorum de sacerdotes quem pela transgressão.
tem quarenta e oito componentes. O Q uando somos ativos e fiéis, co-
bispo é o presidente do quorum dos
sacerdotes. (Ver D&C 107:87-88.)
Vocês terão sempre um destes ofí­
cios. Q uando recebem o ofício se­
guinte, conservam a autoridade do
anterior. Por exemplo, ao se torna­
rem sacerdotes, continuam tendo
autoridade para executar tudo o que
faziam como diácono e mestre.
Mesmo quando recebem o sacerdó­
cio m aior, conservam essa autorida­
de e, com a devida autorização, po­
derão agir nos ofícios do sacerdócio
menor.
O Élder LeGrand Richards que
foi bispo-presidente durante qua­
torze anos, costumava dizer: “ Sou
apenas um diácono adulto.”
Não existe uma forma rígida de
ordenação. Ela inclui o conferimen-
to do sacerdócio, a designação de um
ofício, além de um a bênção espe­
cial.
C erta vez, estive num a reunião
com o Presidente Joseph Fielding
Smith. Alguém inquiriu o Presiden­
te Smith a respeito de uma carta que
estava sendo divulgada por um
58 A LIAHONA
meçamos a compreender o poder do
sacerdócio.
Existe ainda outra espécie de au­
toridade que receberão ao serem de­
signados presidentes de um quorum .
Então vocês recebem as chaves de
autoridade dessa presidência.
Vocês recebem o sacerdócio e o
ofício que ocupam dentro dele (diá­
cono, mestre ou sacerdote) por or­
denação. As chaves de presidência
vocês as recebem por designação.
Q uando se tornam diáconos, seu
pai poderá, e geralmente deverá
ordená-los; ou serão ordenados por
outro portador do devido sacerdó­
cio. dentes da Igreja. Jam ais houve algu­
Se forem chamados como presi­ ma exceção.
dente do seu quorum , seu bispado Lembrem-se dessas coisas. O sa­
os designará. As chaves de presidên­ cerdócio é m uito, muito precioso
cia só podem ser dadas por quem as para o Senhor. Ele é muito zeloso
recebeu também. A menos que seu sobre como é conferido e por quem.
pai esteja no bispado ele não possui Nunca isto é feito em segredo.
essas chaves. Expliquei-lhes como a autoridade
As chaves de presidência são tem­ é conferida a vocês. O poder que re­
porárias. O sacerdócio e os ofícios, cebem dependerá unicamente do
permanentes. que fizerem com este dom sagrado e
Uma coisa mais: Vocês podem re­ invisível. A autoridade vocês rece­
ceber o sacerdócio somente de al­ bem pela ordenação; o poder vem
guém que tenha autoridade e “ que a pela obediência e merecimento.
igreja saiba que tem autoridade” . Quero contar-lhes como um de
(D&C 42:11.) O sacerdócio não po­ nossos filhos aprendeu obediência.
de ser concedido como um diploma, Q uando estava mais ou menos com
nem entregue como um certificado. idade de diácono, fomos visitar a fa­
Não pode ser dado como um a men­ zenda de seu avô em Wyoming. Ele
sagem, nem enviado por carta. Só é queria começar a am ansar um cava­
recebido pela devida ordenação. lo que ganhara de presente, e que es­
Um portador autorizado do sacer­ tava acostum ado a correr livremente
dócio precisa estar presente, colocar pelas campinas.
as mãos sobre a cabeça de vocês e Levou quase o dia inteiro para
ordená-los. conseguir conduzir a m anada até o
É por isso que as Autoridades Ge­ curral e colocar um cabresto no ca­
rais viajam tanto — para transm itir valo e am arrá-lo com um a corda
as chaves de autoridade do sacerdó­ forte.
cio. Todo presidente de estaca no Expliquei-lhe que o cavalo tinha
m undo inteiro recebeu autoridade de ficar am arrado até acalmar-se;
das mãos de um dos irmãos presi- ele poderia conversar com ele,
FEVEREIRO DE 1982 59
afagá-lo de leve, mas não, sob qual­ cavalos se afastaram nervosamente.
quer circunstância, soltá-lo. E ntão ele assobiou. O cavalo dele
Finalmente entram os para o jan­ hesitou, depois abandonou a m ana­
tar. Ele comeu depressa e voltou da e foi para junto deles.
correndo para junto do cavalo. De Ele aprenderá que há grande po­
repente, ouvimo-lo gritar. Eu já sa­ der nas coisas que se não vêem, coi­
bia o que acontecera. Ele havia de­ sas invisíveis como a obediência.
sam arrado o cavalo, querendo co­ Assim como a obediência a um
meçar a treiná-lo. Q uando o animal princípio lhe deu poder para treinar
tentou afastar-se dele, instintivamen­ o cavalo, a obediência ao sacerdócio
te fez o que eu lhe ensinara nunca, ensinou-o a controlar-se.
nunca fazer. Enrolou a corda no Durante a vida inteira, vocês per­
pulso para segurá-la com mais fir­ tencerão a um quorum do sacerdó­
meza. cio; seus irmãos serão uma força e
Ao sair em desabalada carreira da apoio para vocês. Mais do que isso
casa, vi o cavalo passar correndo. — vocês terão o privilégio de ser
Nosso filho não conseguia soltar a apoio para eles.
corda e estava sendo obrigado a M uita coisa do que lhes falei a
acom panhá-lo correndo a toda. respeito do Sacerdócio Aarônico se
Acabou caindo! Se o cavalo tives­ aplica igualmente ao Sacerdócio de
se virado para a direita, sairia pela Melquisedeque. M udam os nomes
porteira, arrastando o garoto para dos ofícios, a autoridade é maior,
as colinas — seria a morte certa. mas os princípios continuam os
Mas ele virou para a esquerda, e por mesmos.
um instante foi obrigado a parar O poder do sacerdócio se adquire
num canto — tempo suficiente para cum prindo o dever nas coisas co­
eu prender a corda num poste e sol­ muns; freqüentando as reuniões,
tar meu filho. aceitando designações, lendo as es­
Seguiu-se então a conversa de pai- crituras, guardando a Palavra de
para-filho! “ Filho, se quiser contro­ Sabedoria.
lar este cavalo, você precisa usar al­ Diz o Presidente W oodruff: “ Via­
go mais além dos músculos. O cava­ jei milhares de quilômetros e pre­
lo é maior que você, é mais forte que guei o evangelho como sacerdote e,
você e sempre será. Algum dia, conform e já disse à congregação an­
quando lhe tiver ensinado obediên­ tes, o Senhor me susteve e m ani­
cia, lição que primeiro você mesmo festou-me seu poder na defesa de
terá de aprender, poderá m ontá-lo.” minha vida, enquanto portei aquele
Ele havia aprendido um a lição ofício como quando tinha o ofício
muito valiosa. de apóstolo. O Senhor sustém todo
Dois verões mais tarde, voltamos homem que tem um a porção do sa­
à fazenda. O cavalo dele ficara o in­ cerdócio, seja ele um sacerdote, él-
verno inteiro correndo livremente der, setenta ou apóstolo, se ele mag­
com a m anada selvagem. Nós os en­ nificar seu cham ado e cum prir seu
contram os num a baixada às m ar­ dever.” (Millennial Star, 28 de se­
gens do rio. Fiquei observando da tembro de 1905, p. 610.)
colina como ele e sua irm ã se aproxi­ João Batista restaurou o Sacerdó­
maram m ansamente da baixada. Os cio Aarônico com estas palavras:
60 A LIAHONA
“ A vós, meus conservos, em no­ lhes ministrem. Que o poder do sa­
me do Messias, eu confiro o Sacer­ cerdócio esteja sobre vocês, nossos
dócio de A arão, que possui as cha­ queridos jovens irmãos, e sobre seus
ves da m inistração dos anjos, do filhos por todas as gerações futuras.
evangelho do arrependim ento e do Testifico que o evangelho é verda­
batismo por imersão para remissão deiro, que o saceidócio possui gran­
dos pecados.” (D&C 13.) de poder, um poder protetor e
Vocês — nossos diáconos, mes­ orientador para aqueles que portam
tres e sacerdotes — receberam uma o Sacerdócio Aarônico. Em nome
sagrada autoridade. Que os anjos de Jesus Cristo. Amém.

FEVEREIRO DE 1982 61
Sacerdócio Aarônico. Q uando ele
Ministério dos nasceu, havia mais de vinte anos que
eu esperava poder com prar um par
Portadores do de botas de cowboy para um garoto.
No primeiro Natal dele, comprei-
Sacerdócio Aarônico lhe um par.
Hoje gostaria de dirigir minhas
palavras a ele e explicar-lhe algumas
coisas sobre o sacerdócio que talvez
desconheça. G ostaria também de
conversar com seus amiguinhos —
os membros do seu quorum de diá­
conos — e, de fato, com todos os ra­
pazes — diáconos, mestres, sacerdo­
Bispo H . Burke Peterson tes — pela Igreja afora. Gostaria de
Prim eiro conselheiro no Bispado Presidente
conversar convosco a respeito dessa
autoridade muito especial que agora
“Desenvolvei um relacionamento têm no Sacerdócio Aarônico.
pessoal com o Salvador. Ele vive! Reconheço que para alguns de vós
Sabe vossos nomes! Conhece-vos in­ esta autoridade especial não signifi­
timamente! Ele vos am a!” ca m uita coisa, no m om ento. Ou­
tros de vós talvez estejais realmente
eus irmãos do sacerdócio, entusiasmados com ela, mas talvez
M hoje é um a ocasião especial
para mim. Como alguns tal­
vez saibam, minha mulher e eu te­
não saibais por que vos sentis assim.
E uns poucos, quem sabe, ainda não
se qualificaram para recebê-la.
mos cinco filhas. Elas são lindas, ta­ Agora, um m om ento para meu
lentosas e fiéis. São a menina de neto: Darren, lembro-me bem de
meus olhos. Mas não temos nenhum quando estive, semanas atrás, na
filho rapaz. Q uando menino, sem­ reunião sacram ental de sua ala no
pre ia à reunião do sacerdócio aos Arizona. Eu estava sentado junto ao
domingos com meu pai e meus ir­ púlpito e você foi designado a distri­
mãos. Como pai, sempre fui sozi­ buir o sacram ento para nós ali sen­
nho. Como líder do sacerdócio, te­ tados. Você me ofereceu o pão e a
nho entrevistado e instruído cente­ água em lembrança do Salvador.
nas de rapazes sobre o Sacerdócio Em seu ofício de portador do Sacer­
Aarônico, o que é uma experiência dócio Aarônico, você de fato me
esplêndida; mas nunca tive oportu­ ajudou a rededicar minha vida à ob­
nidade de ensinar um filho meu. Fui servância dos m andam entos de
a inúmeros program as de pais e fi­ Deus. Em bora eu seja seu avô e por­
lhos, mas nunca com meu próprio tador do Sacerdócio de Melquisede-
filho. que, você usou sua autoridade para
Esta noite, num centro de estaca ajudar-m e a renovar meus convê­
do Arizona, meu neto mais velho, nios. Fiquei muito emocionado com
que tem doze anos, participa pela essa experiência que tivemos juntos.
primeira vez de uma reunião geral Ao observar o sorriso em seus lá­
do sacerdócio, como um diácono no bios, pensei que estava sendo espe-
62 A LIAHONA
ciai para você também. Você sabia chegue a ver o sorriso de um a viúva
que eu tenho passado o sacram ento e seus olhos m arejados, quando o
à presidência da Igreja, bem como bispo lhe leva alguns mantimentos
ao Quorum dos Doze Apóstolos e ou paga o aluguel que deve com as
outras autoridades gerais, em oca­ ofertas de jejum que você recolheu.
siões sagradas? Não é extraordiná­ A medida que você crescer, rece­
rio que você e eu usemos a mesma berá muitas outras responsabilida­
autoridade do sacerdócio para des no sacerdócio. Q uando for um
nos ajudarm os a fazer tais convê­ sacerdote, como muitos que estão
nios com o Senhor? nesta reunião, poderá adm inistrar o
A hora do sacram ento é um mo­ sacramento. Terá autoridade para
mento muito especial e agora você é batizar pessoas. Imagine só! Você,
parte im portante dele. Você agora é exatam ente como os rapazes mais
diferente do que costumava ser. O velhos aqui presentes, terá a mesma
Senhor disse que vai com partilhar autoridade para batizar que tinha
consigo parte de seu poder e autori­ João Batista quando batizou o Sal­
dade em benefício de terceiros. Ele vador. Você sabia que foi o Sacer­
deixará você fazer agora algumas dócio Aarônico dele que lhe deu au­
coisas sagradas que antes não podia toridade para realizar esse batis­
fazer. Permita-me falar um pouco mo?
mais sobre elas. Lembrai-vos, irmãos, tereis tudo
Se viver dignamente, como mestre isso — e muito mais — se viverdes
poderá visitar a casa de alguns mem­ dignamente. Conservar-se digno
bros de sua ala com a responsabili­ do sacerdócio vai ser difícil, às ve­
dade de ajudá-los a compreender zes. Reconheço que não é fácil ser
certos princípios do evangelho. Não adolescente no m undo de hoje. Che­
precisa ter medo; você ficará surpre­ ga uma hora na vida de todo rapaz
so e em ocionado, quando sentir a em que gostaria — e necessita — de
inspiração para dizer certas coisas a sentir-se aceito pelos colegas, pelos
suas famílias. Um de nossos mestres companheiros. Às vezes isto chega a
familiares é um portador do Sacer­ parecer quase tão im portante como
dócio Aarônico. Ele vem visitar-nos ser querido pelos pais. Q uando esti­
todos os meses. Três semanas atrás, verdes sob essa pressão na escola,
ele orou conosco e invocou uma não será fácil dizer não, quando o
bênção sobre nosso lar. Todos nos certo é fazê-lo — ou dizer sim,
sentimos muito bem. quando isto é o correto. É preciso de
Você terá a oportunidade, como fato coragem para ser um fiel porta­
portador do sacerdócio, de ajudar a dor do Sacerdócio Aarônico.
cuidar dos pobres e necessitados, as­ Descobri que o poder no sacerdó­
sistindo o bispo no recebimento das cio é obtido pelos que observam al­
ofertas de jejum dos membros de gumas regras simples. O sacerdócio
sua ala. Não existe designação mais não traz autom aticam ente esse po­
com pensadora que ajudar os neces­ der, a menos que façamos jus a ele.
sitados. Recolher ofertas de jejum Infelizmente, alguns rapazes nossos
torna-se uma bênção para você, se tornaram -se um pouco descuidados
encarar a tarefa como ajuda ao bis­ em seus hábitos. Alguns cometeram
po e aos pobres. Algum dia talvez erros e não se arrependeram deles. E
FEVEREIRO DE 1982 63
mesmo que ainda conservem o sa­ batendo com o pé na pedra ao le­
cerdócio, talvez hajam perdido par­ vantar, me lembraria novamente de
te de seu poder. Entendeis o que ajoelhar para as preces m atutinas.
quero dizer? Às vezes precisamos de lembretes
Assim como o direito a ser inspi­ para criar bons hábitos.
rado depois de haverdes estudado 3. Eu decidiria ainda esta noite
para um discurso na Igreja ou prova orar sempre pelo desejo de cumprir
na escola. missão. O raria todos os dias, até
Ou como a coragem de dizer não, acontecer! E começaria desde já um
quando convidados a fazer alguma fundo de poupança. Chegando em
coisa errada. casa, arranjaria um a jarra ou lata
com tam pa, e depois de lavá-la a co­
Ou como o poder de que necessi­ locaria em meu quarto. Então, de­
tais ao orar pela mãe, pai ou irmãos pois de pagar o dízimo, guardaria
doentes. sempre um pouco para a missão.
Se quero desenvolver poder no sa­ Bem, talvez fosse bom dizer mais
cerdócio — se quero ser inspirado um a coisa aos nossos amigos que
nas tarefas diárias — eis algumas cometeram alguns erros graves e por
coisas a fazer: causa disso perderam ou ainda não
receberam esse poder especial de
1. Acredito que procuraria ler as
que estivemos falando. O Senhor
escrituras diariamente, durante dez
fez um a grande promessa a todos
ou quinze minutos. Provavelmente
nós, dizendo: “ Eis que o que se tem
começaria pelo Livro de M órmon.
arrependido de seus pecados, o mes­
Não ficaria preocupado se, na pri­
mo é perdoado e eu, o Senhor, deles
meira leitura, não entendesse algu­
não mais me lem bro.” (D&C
mas coisas — ou mesmo na segunda
58:42.)
ou terceira. Mas leria freqüentemen­
Imaginem só! Ele se esquecerá de
te.
nosso erro, se fizermos isto: “ Por
2. Ajoelharia e proferiria minhas este meio podereis saber se um ho­
orações toda noite e manhã. Q uan­ mem se arrepende de seus pecados
do eu era garoto, nem sempre me — eis que ele os confessará e os
lembrava de orar à noite. Eu queria a b a n d o n a r á (D&C 58:43; grifo
fazê-lo, mas às vezes me esquecia, nosso.)
de tão cansado que estava. Depois O primeiro passo para acertar
de crescer um pouco mais, tive uma vossa vida, em caso de erros graves,
excelente idéia. é conversar com um de vossos pais.
Se fosse um de vós, procuraria Se não com os pais, então procurai
uma pedra mais ou menos do tam a­ o bispo — amanhã! Ficareis surpre­
nho de um punho. Depois a lavaria sos em quão fácil se torna orar de­
e guardaria debaixo do meu traves­ pois de terdes conversado com vosso
seiro. Então, quando fosse deitar à bispo ou pais. Eu vos prom eto que
noite, sentindo o calombo debaixo vos sentireis muito bem depois de
do travesseiro, me lem braria de sal­ fazê-lo.
tar da cama e proferir minha ora­ Bem, todo rapaz que me ouve po­
ção. A seguir, poria a tal pedra ao de realmente ser um instrum ento
lado da cama e, na m anhã seguinte, nas mãos do Senhor para a execução
64 A LIAHONA
de toda sorte de sagradas responsa­ cardíaca. A única m aneira de enten­
bilidades sacerdotais — até mesmo der o que os outros diziam era pela
milagres, se necessário. Tenho um leitura dos lábios. Seu lugar era bem
grande am or a todos vós. Espero na prim eira fila para poder ver os
que vos esforceis mais em viver con­ professores falarem. Era boa aluna,
forme vos instruímos hoje. Gostaria mas quando a gente não ouve nem
de term inar meu discurso contando pode participar ativam ente, é difícil
uma experiência:
Anos atrás, quando servia como
bispo no Arizona, tínham os lá um
grupo incomum de adolescentes. A
maioria deles tinham coragem sufi­
ciente para fazer o certo. M anti­
nham-se unidos e ajudavam -se m u­
tuam ente quando as coisas ficavam
pretas. Quase todos freqüentavam a
mesma escola do bairro. Em núm e­
ro, não passavam de um punhado
entre os outros alunos. Nessa esco­
la, conheceram um a garota que não
era membro da Igreja e tinha um
problem a. Ela era surda, além de ser

FEVEREIRO DE 1982 65
integrar-se no que está acontecendo. passei a sentir um calmo espírito de
Passamos a ser mais espectador do paz ouvindo-o falar. Mais tarde,
que participante. E ela era um a es­ sentado de frente para ela, eu disse:
pectadora observando de longe. “ Quero falar-lhe da bênção que o
Os jovens da ala mostraram-se êlder lhe deu. Foi extraordinária.”
amigos dela e a convidaram para in­ Após um m om ento, com olhos
tegrar seu grupo. Ela correspondeu m arejados, ela respondeu: — Bispo,
à amizade deles. Como um a coisa eu ouvi a bênção.
leva a outra, acabaram convidando- Estava curada. Conseguia ouvir e
a a receber, com autorização dos seu coração palpitava normalmente.
pais, as palestras missionárias na ca­ Já podia participar mais plenamente
sa de um deles. Os élderes que a en­ do evangelho e das bênçãos da vida.
sinaram tinham dezenove anos, Este caso pode ensinar-nos muitas
pouco mais que ela. Ela gostou do lições. Aquela de que gostaria que
que ouviu; acreditou no que ouviu'; os portadores do Sacerdócio Aarô-
sentiu-se bem interiorm ente. M ar­ nico se lembrassem é: Ali estava um
cou-se a data do batism o. Todos fo­ missionário de dezenove anos, um
ram convidados a participar. Vesti­ élder portador do Sacerdócio de
da de branco, ela e um dos missio­ Melquisedeque. Ele havia-se prepa­
nários entraram na água e ela foi ba­ rado para a missão; tornara-se dig­
tizada quando ele disse, depois de no de ser um instrum ento nas mãos
chamá-la pelo nome: “ Tendo sido do Senhor para realizar um milagre.
comissionado por Jesus Cristo, eu te Por isso, quando estava com as
batizo em nome do Pai, e do Filho e mãos sobre a cabeça dela, sentiu
do Espírito S anto.” (D&C 20:73.) certa impressão — uma mensagem
O próximo passo foi ser confir­ celestial — dizèndo-lhe da existência
mada. Alguns de nós integramos o de uma bênção especial para aquela
círculo quando ela recebeu a imposi­ moça e que ele fora escolhido para
ção das mãos. Percebi que ela não dá-la.
podia ver os lábios de quem a con­ Ele escutou. Ele obedeceu. E pela
firmava, e assim não ouviria a bên­ autoridade e poder do sacerdócio, a
ção que ele lhe daria. Prestei bastan­ vida de um a jovem se normalizou.
te atenção para, mais tarde, convi­ Que o Senhor abençoe todos os
dá-la ao meu escritório e repetir-lhe rapazes ao desenvolverem seu rela­
o que fora dito. cionam ento pessoal com o Salva­
Um élder de dezenove anos a con­ dor. Eu testifico que ele vive! Testi­
firmou membro da Igreja. A seguir fico que ele sabe seus nomes!
começou a dar-lhe uma bênção, fa­ Conhece-os intimamente! Ele ama
zendo promessas que achei bastante vocês! Que seu poder e bênçãos os
incomuns. Cheguei a sentir-me um acompanhem em seu ministério no
pouco constrangido com o que ou­ Sacerdócio Aarônico, em nome de
via. Ele continuou com a bênção e Jesus Cristo. Amém.

ASSINE A LIAHONA
66 A LIAHONA
tabeleceu para seus filhos na terra.
“ Se Estiverdes Desde os prim órdios da Igreja,
sua liderança vem-nos ensinando
Preparados, não como devemos estar organizados. O
Senhor escolheu o período mais difí­
Temereis” cil na história da Igreja, quando o
Profeta Joseph Smith se encontrava
injustam ente encarcerado na Cadeia
de Liberty, para dar-lhe a revelação
sobre o sacerdócio. Ao brado de so­
corro do Profeta, o Senhor repli­
cou:
“ Q uanto tempo podem permane­
cer impuras as águas que correm?
Élder L. Tom Perry Que poder deterá os céus? Seria tão
do Q uorum dos Doze Apóstolos inútil querer o homem estender seu
débil braço para desviar do seu cur­
“Que a lista de prioridades seja en­ so o Rio Missouri, ou fazê-lo ir cor­
cabeçada, nos próxim os meses, pelo renteza acima, como evitar que o
fortalecim ento de nossos quoruns Todo-Poderoso derram e seus co­
do sacerdócio. ” nhecimentos dos céus sobre a cabeça
dos santos dos últimos dias.
iajando pelos quatro cantos “ Eis que muitos são chamados,

V do mundo, encontram os fre­


qüentem ente certo desânimo
entre o povo. Suas preocupações
mas poucos são escolhidos. E por
que não são eles escolhidos?
“ Porque seus corações estão tão
vão desde guerras, rumores de guer­ fixos nas coisas deste m undo, e aspi­
ra, fome e inflação até abuso de ram tanto às honras dos homens,
drogas, mudanças climáticas, polui­ que não aprendem esta única
ção, tam anho da m áquina governa­ lição —
mental etc. Posso compreender por “ Que os direitos do sacerdócio
que aqueles sem fé no Senhor e Sal­ são inseparavelmente ligados aos po­
vador se tornam profetas do desâni­ deres dos céus, e que os poderes dos
mo. Os tempos podem ser difíceis. céus não podem ser controlados
No entanto, uma olhadela nas cau­ nem manipulados a não ser pelo
sas das dificuldades m ostra serem de princípio da retidão.” (D&C
origem hum ana e que o homem tem 121:33-36.)
capacidade para encontrar soluções. Se o crescimento e perfeição do
O Senhor nos deu a confortadora homem são limitados por sua capa­
certeza de que estando preparados, cidade de usar o sacerdócio, é claro
não precisamos temer. (Vide D&C que precisamos estar continuam ente
38:30.) O evangelho de Jesus Cristo em penhados em usar seu poder e
prega esperança e oportunidade. organizar-nos mais perfeitamente.
P ara encontrar a felicidade que bus­ Viajando pelas estacas da Igraja,
camos e nos livrarmos do medo, te­ tenho encontrado as organizações
mos de estar preparados para seguir do sacerdócio funcionando bastante
o sistema e a ordem que o Senhor es­ bem em nível de estaca e ala. Geral-
FEVEREIRO DE 1982 67
mente, os maiores pontos fracos ção e santificação. Já no início da
existem na organização e funciona­ aula, ficou evidente que o professor
mento dos quoruns do sacerdócio, estava bem preparado para instruir
tanto do Aarônico como de Melqui- seus irmãos. Então um a pergunta
sedeque. Permiti-me dirigir umas m udou completamente o rum o da li­
poucas palavras de instrução a vós, ção. Respondendo à pergunta, um
que tendes a responsabilidade por dos irmãos comentou: “ Venho ou­
este im portante elo na cadeia do sa­ vindo com interesse a m atéria da au ­
cerdócio. la. Acaba de ocorrer-me que a infor­
O Presidente Stephen L. Richards mação apresentada logo estará per­
deu-nos certa vez um a definição trí­ dida, se não encontrarm os meios de
plice do quorum do sacerdócio: Dis­ aplicá-la em nossa vida.” A seguir,
se que ele é três coisas: “ Prim eiro, propôs um a linha de ação para o
uma classe; segundo, um a fraterni­ quorum . Na noite anterior, havia
dade; e terceiro, um a unidade de falecido um cidadão da com unida­
serviço.” (Conference Report, ou­ de. A viúva era membro da Igreja,
tubro de 1938, p .l 18.) Vejamos esta mas ele não. Este sumo sacerdote ti­
definição quanto aos nossos quo­ nha visitado a viúva e prestado suas
runs. condolências. Ao sair da casa, seus
Primeiro, uma classe. Em D outri­ olhos divagaram sobre a bela fazen­
na & Convênios, lemos: da daquele irmão falecido. Ele havia
“ E como nem todos têm fé, bus­ posto tanto de sua vida e suor na
cai diligentemente e ensinai-vos uns criação daquela fazenda produtiva.
aos outros palavras de sabedoria; A àlfafa estava pronta para ser cor­
sim, nos melhores livros procurai tada e logo chegaria a hora de colher
palavras de sabedoria; procurai co­ os cereais. Como essa pobre irmã
nhecimento, mesmo pelo estudo e iria arranjar-se sozinha com tantos
também pela fé.” (D&C 88:118.) problemas? Ela precisaria de tempo
As reuniões de quorum destinam- para organizar-se para suas novas
se ao ensino da lei do Senhor. Neste responsabilidades.
ensino, é fundam ental a instrução Então propôs ao grupo que apli­
em nossos deveres como portadores casse na prática o princípio que esta­
do sacerdócio. Não é ocasião para va sendo ensinado — ajudando a
especulações acerca dos mistérios do viúva a m anter a fazenda funcio­
mundo. É uma ocasião para instru­ nando, até que ela e seus familiares
ção básica, prática, de como aplicar encontrassem um a solução mais
princípios fundamentais em nossa permanente. O restante da reunião
vida. As aulas devem ensinar-nos foi dedicado à organização do pro­
como ser melhores maridos, pais e jeto de ajudá-la. Os princípios da
membros do quorum , além de nos­ aula encontraram imediata aplica­
sas responsabilidades para com os ção.
semelhantes. Ao sairmos da classe, todos os ir­
Neste verão tive oportunidade de mãos se sentiam bem. Ouvi um deles
comparecer à reunião de um grupo com entar ao passar pela porta: “ Es­
de sumo sacerdotes num a pequena te projeto é exatamente do que pre­
comunidade no sul do Wyoming. A cisávamos para fazer este quorum
lição da semana tratava da justifica­ trabalhar novamente em conjunto.”
68 A LIAHONA
Ensinara-se uma lição, fortalecera- em quase cem por cento, com exce­
se a fraternidade, e um projeto de ção de um de seus componentes. O
serviço fora organizado em favor de pai de Bill havia falecido no ano an­
um próxim o necessitado. terior, e o rapaz estava encontrando
Irmãos, façamos de nosso quo­ dificuldade em ajustar-se a essa
rum uma classe na qual recebemos a grande perda. A mãe estava fazendo
melhor instrução possível para nos o que podia para ajudar o filho a
guiar em nossas responsabilidades e reencontrar-se, mas mesmo assim
obrigações como portadores do sa­ ele começara a faltar às reuniões e
cerdócio. adquirir outros maus hábitos.
Segundo, o quorum com o frater­ Depois de Bill não comparecer a
nidade. Faz muitos anos, fui desig­ uma das reuniões, um membro do
nado consultor de um quorum de quorum foi designado a visitar e
sacerdotes. Foi na época em que a incentivá-lo a ir às reuniões do quo­
Igreja havia instituído o program a rum. O m em bro do quorum só con­
de quorum -padrão, destinado a in­ seguiu falar com a mãe dele, que ex­
centivar o quorum inteiro a in­ plicou que o filho voltava tão tarde
teressar-se por seus membros. O re­ para casa aos sábados que não con­
conhecimento era dado pelas reali­ seguia fazê-lo levantar cedo no do­
zações do quorum todo, não por de­ mingo. Na segunda semana, Bill fal­
sempenho individual. tou novamente. Uma nova tentativa
Aquele era um quorum de jovens de contato foi novamente em vão.
devotados e entusiastas. Cum priam Quando nos encontram os para a
suas responsabilidades de quorum reunião do quorum na terceira se­
FEVEREIRO DE 1982 69
m ana sem o Bill, percebi um a gran­ Terceiro, o quorum é uma unida­
de preocupação da parte do quorum de de serviço. “ Q uando te converte­
com seu membro ausente. Disseram res, confirm a teus irm ãos” foi a re­
que não eram um quorum completo com endação do Salvador a Pedro.
sem ele e não poderiam realizar ou­ (Lucas 22:32.) A obrigação inerente
tra reunião assim. Pedi sugestões. à condição de membro no reino ce­
Logo surgiu a resposta de irmos até leste de nosso Pai é prestar serviço a
a casa dele fazer a reunião lá mes­ seus filhos.
mo. O Presidente Joseph F. Smith
E ntão nos dirigimos à casa do contou certa vez um incidente de sua
Bill. A mãe mostrou-se bastante infância. Disse que, quando ainda
cooperadora e deixou-nos ir ao era bem criança, foi a uma festa dada
quarto dele. Ali estava Bill, dorm in­ por seu tio, o P rofeta Joseph Smith,
do sossegadamente. Demos início à em sua casa de Nauvoo, Illinois.
reunião com um hino alegre. Ao Havia m uita gente participando des­
som da prim eira nota, Bill pulou da sa festa. De repente, abriu-se a por­
cama como um a bala, sem saber o ta e entrou um homem todo esfarra­
que estava acontecendo. pado. Estava sujo e tinha os cabelos
Seguiu-se um a das mais doces ex­ e barba com pridos e em aranhados.
periências de m inha vida. Todos, Parecia um vagabundo. Naquele
um por um, externaram seu afeto mom ento, o P rofeta encontrava-se
pelo rapaz, seguido de uma prece no lado oposto da sala. O Presiden­
com todos ajoelhados em torno da te Smith contou que Joseph pratica­
cama dele. Q uando se pôs de pé, Bill mente atravessou a sala de um só
estava com o rosto lavado de lágri­ pulo e abraçou o sujeito como se fo­
mas. Trocam os um aperto de mão e ra um parente querido. Aquele ho­
partim os novamente um quorum mem era um irm ão no sacerdócio.
completo. Bill deu-se conta do am or Passara por uma experiência angus­
que lhe tinham seus com panheiros tiante e fizera um enorme sacrifício
de quorum e queria ser parte dele. por seu irm ão, o profeta de Deus.
O Élder Rudger Clawson, do (Vide Stephen L. Richards, “ The
Conselho dos Doze, disse certa vez: Priesthood Quorum : A Three-fold
“ O sacerdócio de Deus foi organiza­ Definition” , Im provem ent Era,
do em quoruns na terra para benefí­ maio de 1939, p. 294.) A história da
cio m útuo dos membros e para o Igreja está repleta de casos de um ir­
progresso da Igreja. O quorum que mão de quorum servindo a outro ir­
se reúne apenas para estudo só cum­ mão de quorum com grande am or e
pre seus propósitos parcialm ente... compreensão.
O espírito de fraternidade deve ser a Diz o Presidente Stephen L. Ri­
força propulsora em todos os planos chards:
e operações do quorum . Se este espí­ “ O sacerdócio costum a ser defini­
rito for cultivado sábia e persistente­ do simplesmente como o poder de
mente, nenhum a outra organização Deus delegado ao homem. Esta de­
se tornará mais atraente ao homem finição está certa, penso eu. Porém,
portador do sacerdócio.” Edifique­ para fins práticos, gosto de definir o
mos um laço de fraternidade com sacerdócio em termos de serviço e
cada membro de nosso quorum . muitas vezes o chamo de ‘o perfeito
70 A LIAHONA
plano de serviço’. Isto porque, a proteção de nossa família, nossa au­
meu ver, é somente através da utili­ têntica segurança, creio, reside no
zação do poder divino conferido aos entendim ento da organização do sa­
homens que eles poderão ter espe­ cerdócio e na aplicação sensata dos
rança de reconhecer toda a im por­ princípios sacerdotais. O real alicer­
tância e vitalidade de sua investidu­ ce da estrutura do sacerdócio é o
ra. Ele é um instrum ento de serviço. quorum do sacerdócio devidamente
Seus usos e propósitos são todos de­ organizado, instruído e operante.
finidos em termos de serviço, e o ho­ Ao retornar a nossas alas e esta­
mem que deixa de usá-lo está pro­ cas, verifiquemos quão bem esta­
penso a perdê-lo, pois a revelação mos preparados na organização de
diz claramente que aquele que o ne­ nossos quoruns do sacerdócio. Esta­
gligencia ‘não será considerado dig­ rão funcionando como classe para
no de permanecer’. (D&C 107:100.)” instruir os irmãos em suas responsa­
E o Élder Richards prossegue: bilidades eclesiásticas? Estarão fun­
“ O sacerdócio não é estático, co­ cionando como fraternidade, em be­
mo a ordenação do homem não é nefício da vida de todos os seus
um a investidura estática. Talvez ha­ membros? Estarão prestando servi­
ja alguns, entretanto, que o conside­ ços a suas famílias, à Igreja e à co­
rem assim, pois parecem convenci­ munidade à qual pertencem?
dos e contentes com sua ordenação. Que nosso coração, esta noite, se
reanime na firme resolução de que a
“ Posso imaginar perfeitamente um
lista de prioridades seja encabeçada,
homem assim chegando à presença
nos próximos meses, pelo fortaleci­
do Juiz Eterno e dizendo: ‘Na terra
m ento de nossos quoruns no sacer­
fui um sumo sacerdote. Vim agora
dócio, eu oro humildemente em no­
reclam ar a recompensa de um sumo
me de Jesus Cristo. Amém.
sacerdote.’ Acho não ser difícil ima­
ginar a possível resposta. Provavel­
mente terá de responder a perguntas
como: ‘O que fez quando era sumo Prezado Assinante:
sacerdote? Como usou este grande
poder do qual era portador? Quem Verifique na etiqueta de endereça­
abençoou com ele?’ É das suas res­ mento a data do vencimento de sua
postas a tais perguntas que depende­ assinatura.
rá sua recom pensa.” (Conference
Sugerimos que, um mês antes do
Report, abril de 1937, pp.46-47.) vencimento, seja feita a renovação.
Irmãos, ensinemos aos nossos Basta nos enviar um cheque no
quoruns como servir. valor de Cr$ 200,00 por ano de assi­
Estou persuadido de que a maior natura, a favor de Associação Brasi­
preparação que podemos fazer para leira da Igreja de Jesus Cristo dos
nos livrar do medo do futuro não se­ Santos dos Últimos Dias. Não é ne­
rá a reserva para um ano que guar­ cessário visá-lo. O endereço é:
damos na despensa, as contas de
poupança que temos ou ações e títu­ CAIXA POSTAL 26023 — 01000
los que estão em nossos cofres. Por — São Paulo — SP.
mais im portantes que sejam para a
FEVEREIRO DE 1982 71
porção de tijolos.
Quatro “ Dicas” “ Icei novamente a barrica e
am arrei a corda; subi e enchi a bar­
Para Rapazes rica com os tijolos que sobraram .
Desci e soltei a corda.
“ Infelizmente, a barrica cheia de
tijolos era mais pesada que eu, e an­
tes de saber o que estava acontecen­
do, ela desceu, arrancando-m e do
chão. Decidi ficar firme, e a meio
caminho, encontrei a barrica que
descia, levando uma forte pancada
Presidente Gordon B. Hinckley no om bro.
Conselheiro na Prim eira Presidência “ Chegando lá no alto, bati com a
cabeça na viga e meus dedos ficaram
“A lgum as sugestões para os rapazes imprensados na roldana. Q uando a
de hoje: sede espertos, sede impar­ barrica bateu no chão, espatifou-se
ciais, sede limpos e fiéis. ” esparram ando os tijolos.
“ Com isto, eu fiquei mais pesado
ui solicitado a falar-vos agora. que a barrica e despenquei lá de ci­

F Tivemos um a reunião m aravi­


lhosa. Espero que nos lembre­
mos por muito tempo do que ouvi­
ma. A meio caminho encontrei a bar­
rica que subia e me machucou bas­
tante as canelas. Chegando ao chão,
mos aqui. caí em cima dos tijolos que com suas
Refletindo sobre alguns proble­ bordas afiadas me fizeram diversos
mas que as pessoas causam a si pró­ cortes dolorosos.
prias por falta de visão, lembrei-me “ Nessas alturas devo ter perdido
de um a carta que recortei de um jo r­ minha presença de espírito, pois lar­
nal há muito tempo. Ela foi publica­ guei a ponta da corda. Com isto a
da primeiro na Inglaterra. Espero barrica caiu diretamente em cima de
que perdoem um pouco de hum or. minha cabeça com toda força e fui
Servirá apenas como introdução ao parar no hospital.
que pretendo falar. “ Solicito respeitosamente licença
Parece que uma empresa inglesa para tratam ento de saúde.”
possuía uma propriedade nas índias Ouvindo isso, vós certamente vos
Ocidentais. Como um violento tem­ admirais como alguém pode ser tão
poral danificou um dos prédios, im prudente e imprevidente. E, no
m andaram um homem cuidar dos entanto, todos os dias vemos pes­
reparos. E ele relata sua experiência soas com a vida atrapalhada, e que
ao gerente conforme segue: dão cabeçadas e se contundem por
“ Prezado Senhor: não planejar, não pensar, não con­
“ Chegando lá, verifiquei que o sultar outras pessoas, não seguir os
vendaval arrancara alguns tijolos da ensinamentos do evangelho. Apre­
parte de cima. E ntão fixei no alto do cio o que foi dito hoje à noite a vós,
prédio uma viga com roldana, e icei rapazes do Sacerdócio Aarônico. E
várias barricas cheias de tijolos. como constituís uma parte substan­
Terminado o consêrto, restava uma cial desta enorme congregação, ra-
72 A LIAHONA
pazes com a vida toda praticamente tinando somas apreciáveis à instru­
pela frente, gostaria de falar-vos, ção, tanto secular como religiosa.
procurando salvar-vos de algumas Desde o princípio desta obra, nossos
cabeçadas e golpes da vida. líderes nos têm ensinado a im por­
Gostaria de oferecer-vos o que de­ tância do estudo.
cidi cham ar de “ Q uatro ‘Dicas’ pa­ Sede espertos. Não vos priveis dos
ra Rapazes” e que são: (1) Sede es­ estudos que beneficiarão vosso futu­
pertos, (2) Sede imparciais, (3) Sede ro em troca de prazeres imediatos,
limpos e (4) Sede fiéis. passageiros. Cultivai a visão longa
1. Sede espertos. da vida. A maioria de vós estareis
Com isto não quero dizer conven­ por aqui por muitos anos ainda.
cidos ou coisa parecida. Quero dizer Sede espertos — na apresentação,
sensatos. Sede espertos quanto ao na conduta, nas maneiras. Não es­
treinam ento de vosso intelecto e tou sugerindo que andeis por aí des­
vossas mãos para o futuro. Todos filando m oda, mas sim que cuideis
vós sois membros de A Igreja de Je­ de vossa aparência, faleis sem gros­
sus Cristo dos Santos dos Últimos serias, sejais corteses e respeitosos.
Dias. Cada um de vós é um filho de Cada um de vós é um rapaz mór-
Deus, e tendes a obrigação de fazer mon. Quer queirais ou não, vosso
o máximo possível de vossa vida. com portam ento terá um reflexo
Fazei planos agora para toda instru­ bom ou mau sobre a Igreia.
ção que puderdes conseguir, e de­ Sede espertos. Não sejais cegos a
pois trabalhai para que esses planos ponto de vos envolverdes com bebi­
se concretizem. das alcoólicas, fumo e drogas. É
Viveis num a época complexa. O simplesmente falta de esperteza
m undo necessita de homens e mu­ fazê-lo. É estúpido, se me perdoais a
lheres capacitados. Não negligen­ expressão, usar cocaína, m aconha
cieis vossa educação. ou quaisquer outras drogas que vos
Não estou sugerindo que todos roubam o domínio mental. Após ca­
vos torneis profissionais liberais. O da “ em balo” , segue um período de
que sugiro é isto: seja o que for que
decidirdes fazer, preparai-vos bem.
Qualificai-vos. Tirai proveito da ex­
periência e conhecimento dos que
vos antecederam no campo de tra­
balho escolhido. A instrução é um
atalho para a proficiência. Possibili­
ta evitar os erros do passado. Seja
qual for a profissão que escolher­
des, podereis abreviar a jornada até
ela pela instrução.
O próprio Senhor disse a todos
nós: “ Nos melhores livros procurai
palavras de sabedoria; procurai co­
nhecimento mesmo pelo estudo e
também pela fé.” (D&C 88:118.)
H á muitos anos a Igreja vem des­
FEVEREIRO DE 1982 73
depressão. Por que gastar dinheiro de escola. Espero sinceramente que
com coisas que só vos prejudicam? nenhum rapaz que me esteja ouvin­
Por que tornar-se escravo de um há­ do faça qualquer coisa que indispo­
bito que só prejudica e obstrui vosso nha um colega contra a Igreja ou
futuro? seu povo.
Cerveja e outras bebidas alcoóli­ G ostaria de acrescentar que penso
cas não vos farão bem algum. Cus­ não haver fundam ento nessas acusa­
tam dinheiro, em botam a consciên­ ções de discriminação. Sejam legíti­
cia ou podem levar à doença cham a­ mas ou não, porém, quero sugerir
da alcoolismo, que é hum ilhante, que adotem os um a atitude benevo­
perigosa e mesmo m ortal. O fumo lente para ajudar os não-membros,
encurtará vossa vida. Pesquisas para encorajá-los e conduzi-los de
m ostram que vos escravizará, debili­ m aneira gentil e bondosa a amizades
tará vossos pulmões e, estatistica­ capazes de expô-los aos maravilho­
mente, abreviará vossa vida em sete sos program as da Igreja.
minutos a cada cigarro fumado. Penso neste poema de Edwin
Sede espertos. Acreditai nas pala­ M arkham:
vras do Senhor. Ele fez a m aravilho­ Ele traçou um círculo me excluindo-
sa promessa de que os santos que se­
guem seu conselho nesses assuntos, Herético, rebelde, objeto de escár­
“ acharão sabedoria e grandes tesou­ nio.
ros de conhecimento, atê mesmo te­ O amor e eu, porém, conseguimos
souros ocultos; vencer;
“ E correrão e não se cansarão, Traçando um círculo que o incluia!
cam inharão e não desfalecerão.” (O utw itted” , em The Best L oved
(D&C 89:19-20.) Poem s o f the Am erican People, sei.
Rapazes, quereis correr sem vos Hazel Felleman, New York: Dou-
cansar, e andar sem desfalecer, e bleday, 1936, p. 67.)
crescer em conhecimento e sabedo­ Com isto não quero dizer que os
ria? E ntão sede espertos e evitai es­ rapazes e moças SUD devam nam o­
sas coisas que inevitavelmente vos rar não-membros. Suas chances de
dom inarão, prejudicarão vossa saú­ ter um casamento feliz e duradouro
de, em botarão vosso intelecto e abre­ serão muito maiores, se nam orarem
viarão vossa vida. pessoas ativas e fiéis na Igreja. E se­
2. Sede imparciais. rá m uito maior a chance de levar ao
Ouvimos queixas de que nos giná­ casamento na Casa do Senhor.
sios e escolas de segundo grau em O que censuro é qualquer atitude
que os alunos SUD são maioria, os que diminua, rebaixe ou leve a falar
não-membros são discriminados. mal de outros.
Grande parte de vós cumprireis mis­ Nas competições esportivas, não
são, esperamos que todos vós. Lá há lugar para vaias e apupos. E lógi­
aprendereis a im portância da amiza­ co que juizes e árbitros cometem er­
de e solidariedade. Agora está na ros. Sem dúvida, os jogadores às ve­
hora de praticar esses princípios, de zes fogem às regras. Mas o resultado
estender a mão amiga aos outros. não será m udado com todas as vaias
M uitos rapazes ingressaram na Igre­ do mundo.
ja devido à amizade com um colega Sede imparciais. Na caminhada
74 A LIAHONA
a virtude é encarada levianamente
pelo mundo. Vós, jovens da Igreja,
não podeis encará-la assim. A perda
da virtude, para um santo dos últi­
mos dias, significa inevitavelmente
perda de respeito pela pessoa que
transgride, perda de domínio sobre
a mente e o corpo, e perda de inte­
gridade como portador do sacerdó­
cio. Obviamente existe o arrependi­
m ento, mas tam bém haverá dor, re­
morso e desapontam ento. E poderá
ainda lançar um a nuvem sobre as
oportunidades de futuro serviço na
Igreja.
Não estou pedindo que sejais pu­
ritanos, mas sim que sejais virtuo­
sos. Acho que há uma diferença
enorme entre os dois.
Sede limpos. C uidado com o que
ledes. Nenhum bem e muito malefí­
cio pode advir da leitura de revistas
pornográficas e literatura semelhan­
te. Elas servirão apenas para susci­
tar em vós pensamentos que debili­
tam vosso autodom ínio. Bem algum
resultará de assistirdes a filmes des­
da vida, nos estudos universitários e tinados unicamente a tirar dinheiro
mais além, evitai atos questionáveis de vós em troca de desejos vis.
e injustos. A competição honesta é 4. Finalmente, sede fiéis.
saudável; mas atos imorais, deso­ Vós sois de descendência nobre.
nestos ou injustos são repreensíveis, Talvez agora não com preendais bem
particularm ente tratando-se de san­ o que que isto significa. Quer dizer
tos dos últimos dias. que atrás de vós estão homens e m u­
Sede imparciais. A melhor regra lheres que fizeram coisas m aravilho­
de im parcialidade que existe foi da­ sas e corajosas. Eles tom aram deci­
da pelo Senhor, quando disse: “ Tu­ sões nada fáceis de tom ar e em mui­
do o que quereis que os homens vos tos casos, pagaram um preço terrí­
façam, fazei-lho também vós.” vel por elas, alguns deles chegando a
(M at. 7:12.) dar sua vida para não traírem a ver­
3. Sede limpos. dade que haviam abraçado.
O próprio Senhor disse: “ Sede Em 1897, quando o Presidente
lim pos.” (D&C 38:42.) Refiro-me W ilford W oodruff tinha noventa
particularm ente ao aspecto moral. anos de idade, houve neste Taberná­
Não existe sob os céus substituto pa­ culo uma grande reunião de crianças
ra a virtude pessoal. e jovens. Esse ancião que conhecera
Nós vivemos num a época em que tanta dor e problem as, bem como
FEVEREIRO DE 1982 75
am or ao Senhor e sua grande obra,
postou-se diante daquela num erosa
audiência e falou em palavras pon­
deradas:
“ Não posso esperar demorar-me
muito tempo convosco, mas quero
dar-vos alguns conselhos. Vós ocu­
pais um a posição na Igreja e Reino
de Deus e recebestes o poder do san­
to sacerdócio. O Deus dos céus vos
designou e chamou neste dia e gera­
ção. Quero que encareis isto. R apa­
zes, ouvi o conselho de vossos ir­
mãos. Vivei achegados a Deus; orai
enquanto jovens; aprendei a orar;
aprendei a cultivar o Santo Espírito
de Deus; ligai-vos a ele e ele tornar-
se-á um epírito de revelação para
vós, à medida que vós o nutrirdes.”
( W ilford W oodruff: History o f His
L ife and Labors, sei. M atthias F.
Cowley, Salt L ake City: Bookcraft,
1964, pp. 602-3.)
Gostaria de falar-vos de três rapa­
zes de dezoito anos. Em 1856, mais
de mil do nosso povo, alguns deles
quem sabe vossos antepassados,
encontravam-se em sérias dificulda­
des durante a jornada pelas planí­
cies. Devido a um a série de circuns­
tâncias infortunadas, sua partida
fora retardada. Nos planaltos do
Wyoming, encontraram m uita neve
e um frio intenso. A situação deles
era desesperadora, havendo diaria­
mente mortes.
O Presidente Young teve notícias
da condição em que se encontra­
vam, quando estava para começar a
conferência geral de outubro. Ime­
diatam ente pediu parelhas de mulas,
carroções, condutores e suprim en­
tos para m andar em socorro dos in­
felizes santos. Q uando o primeiro
grupo de socorro alcançou a Com ­
panhia M artin, os carroções não da­
vam para levar todas as pessoas. Os
76 A LIAHONA
condutores eram obrigados a insistir sem fim ” . (Solomon F. Kimball,
que os carroções se mantivessem em Im provem ent Era, fevereiro de
movimento. 1914, p. 288.)
Q uando chegaram ao Rio Sweet­ Notem , esses rapazes tinham ape­
water, no dia 3 de novem bro, peda­ nas dezoito anos na época. E, se­
ços de gelo coalhavam a superfície gundo o program a então em vigor,
das águas. Depois de tudo o que ti­ eram provavelmente portadores do
nham sofrido e debilitadas como es­ Sacerdócio Aarônico. Grande foi
tavam , as pessoas achavam impossí­ seu heroísmo, sagrado o sacrifício
vel atravessar o rio. E ntrar naquela que fizeram em termos de saúde e fi­
água gelada seria a própria morte. nalmente da própria vida, para sal­
Homens antes vigorosos e fortes, var a vida dos que socorreram .
agora estavam sentados no chão Eles fazem parte da herança do
congelados e choravam , assim como Sacerdócio Aarônico. Sede fiéis,
as mulheres e crianças. Muitos sim­ meus jovens irm ãos, sede fiéis a esta
plesmente não conseguiam suportar grande herança.
o pensamento de tal provação.
Passo a citar do registro: “ Três Deve Sião fu g ir à luta? Deve agora
rapazes de dezoito anos, integrantes desistir?
do grupo de socorro, para assombro Se espreita o inimigo que espera nos
de todos, carregaram praticam ente ferir? N ão!
todos os componentes da m alfadada Sempre fiéis nossa f é guardaremos,
companhia de carrinhos de mão atra­ Sempre valentes, com ardor, lutare­
vés do rio gelado. O esforço foi ta­ mos,
manho naquelas condições extre­ A nossa mão e o coração, a teu ser­
mas, que anos mais tarde todos os viço, Senhor, estão.
três faleceram em conseqüência de­ (“ Deve Sião Fugir à L uta?” , H i­
le. Quando o Presidente Brigham nos 116.)
Young soube desse ato de heroísmo, E assim, eis minhas “ Q uatro Di­
chorou qual criança e posteriorm en­ cas para Rapazes” : Sede espertos,
te declarou em público que “ aquele Sede imparciais, Sede limpos, e Sede
ato sozinho assegurará a C. Alien Fiéis. Deus vos conferiu seu santo
H untington, George W. G rant e sacerdócio. Vivei como jovens assim
David P. Kimball a salvação eterna investidos, eu oro humildemente em
no Reino Celestial de Deus, mundos nome de Jesus Cristo. Amém.

“As pessoas solitárias são as que


constroem paredes em lugar de pontes. ”
(Joseph F. Newton)

FEVEREIRO DE 1982 77
Familiar Quotations, 15? ed., Bos­
A Perfeita Lei de ton: Little, Brown and C o., 1980, p.
523.)
Liberdade Os tempos m udaram desde a épo­
ca de Lincoln, mas não a utilização
diversificada do term o liberdade e
seus sinônimos. As delícias da liber­
dade que costumamos com entar po­
dem ser classificadas assim: (1) inde­
pendência política, (2) independên­
cia econômica e (3) livre arbítrio.
Gostaria de que nos empenhásse­
Presidente Marion G. Romney mos pela liberdade que abrange to­
Segundo conselheiro na Prim eira Presidência das as três, e mais ainda. G osta­
ria de que lutássemos pela liber­
“A obediência à lei de Cristo deixa dade d ’alm a para a qual todas con­
a alma livre, o que é a suprema tribuem . G ostaria de que alcanças-
fo rm a de liberdade. ” semos aquele estado venturoso pre­
nunciado pelo Profeta Joseph

I
ntitulei estes meus comentários Smith, quando disse: “ Que a virtu­
de “ A Perfeita Lei de Liberda­ de adorne os teus pensamentos in­
de” . cessantemente; então tua confiança
Q uando jovem , sentia-me profun­ se tornará forte na presença de
dam ente comovido pelo famoso Deus.” (D&C 121:45.) Quem goza
brado de batalha de Patrick Henry: dessa liberdade é, segundo Jesus,
“ Dêem-me liberdade ou matem- verdadeiramente livre. (Vide João
m e!” 8:36.) É possuidor da verdadeira li­
O sentido do termo liberdade é berdade.
difícil de se definir plenamente. Gostaria de cham ar vossa atenção
A braão Lincoln era de opinião que a umas poucas ilustrações para cor­
“ o m undo jam ais teve um a boa de­ roborar a tese de que, em bora a in­
finição do termo. Todos nos decla­ dependência política e econômica, e
ramos a favor da liberdade” , dizia o livre arbítrio possam contribuir
ele, “ mas não empregamos a pala­ para a liberdade d ’alma, não a ga­
vra com o mesmo sentido. P ara al­ rantem.
guns, liberdade é o homem poder Vejamos primeiro a independên­
fazer o que bem entende consigo cia e o poder político:
mesmo e o produto de seu trabalho; Neste campo, as conquistas de
para outros, talvez signifique fazer Alexandre Magno (356-323 A.C.)
o que bem lhes apraz com o próxi­ estão entre as mais conhecidas. Com
mo e o produto de seu trab alh o .” sua grande coragem física, energia
Dizia ainda: “ O pastor livra a impulsiva e fértil imaginação, ele,
ovelha do ataque do lobo, pelo que aos trinta e dois anos, era senhor,
ela lhe agradece como seu liberta­ em todos os sentidos, do m undo en­
dor, enquanto o lobo o acusa pelo tão conhecido. C ontudo, estava lon­
mesmo a to .” (Discurso, 18 de abril ge de gozar de liberdade, pois não ti­
de 1864; citado em John Bartlett, nha dom ínio de si próprio. Morreu
78 A LIAHONA
aos trinta e três anos, vítima de seus liberdade — política, econômica ou
próprios excessos, desconhecendo pessoal. O livre arbítrio é um de
inteiramente a liberdade d ’alma. nossos mais preciosos legados, e que
O Cardeal Wolsey (cardeal e esta­ nos coloca em grande dívida para
dista inglês, 1475?- 1530) aprendeu, com o Pai Celeste. Deus o deu ao
para pesar seu, quão pouco a inde­ homem no Jardim do Éden. (Vide
pendência e mesmo o poder políti­ Moisés 7:32.)
cos contribuem para a genuína liber­ P or mais precioso que seja, toda­
dade. C onform e sabeis, ele dedicou via, o livre arbítrio não é a perfeita
sua vida ao serviço de três soberanos liberdade que buscamos, nem con­
ingleses, usufruindo o tempo todo duz necessariamente a ela. Na ver­
de grande liberdade e poder políti­ dade, é por meio de seu exercício
co. Entretanto, acabou sendo des­ que é mais freqüente os homens caí­
pojado de toda essa grandeza por rem em cativeiro político, econômi­
um m onarca impaciente. C ontem ­ co e pessoal do que alcançarem li­
plando desiludido as ruínas de sua berdade.
vida, lamentou-se a um amigo: Houve época, por exemplo, em
Ó Cromwell! Cromwell! que os nefitas, exercendo seu livre
Tivesse eu servido meu Deus com arbítrio, criaram condições que os
metade do zelo conduziram à servidão política. E is­
Que ao meu rei dediquei, não es­ to enquanto viviam num regime go­
taria agora vernamental que lhes garantia o ple­
À mercê de meus inimigos. no exercício do livre arbítrio. “ Pois,
(William Shakespeare, Henrique suas leis e governos eram estabeleci­
VIII, ato 3, cena 2.) dos pela voz do povo, e o núm ero
Anos atrás, um a revista publicou dos que preferiam o mal era maior
um artigo sobre certos renomados do que o dos que preferiam o bem .”
financistas deste século. Contava P or isso, “ não podiam ser governa­
como alguns deles haviam m orrido dos pela lei ou justiça, a não ser pa­
pobres e desacreditados, outros se ra sua destruição.” (Helamã 5:2-3.)
haviam suicidado e uns poucos cum­ Nessas condições, escolheram go­
priram pena de prisão. Todos eles vernantes maus em lugar dos ho­
haviam gozado, ao menos tem pora­ mens justos que, no passado, ha­
riamente, de independência econô­ viam protegido e defendido essas li­
mica, mas a nenhum deles ela trou­ berdades, e tê-lo-iam feito também
xera liberdade d ’alma. no futuro.
Em bora raram ente ou nunca se A livre escolha de um rei pelos ja-
afirme que a independência política reditas os conduziu diretam ente ao
ou econômica por si só proporcione seu cativeiro. (Vide Éter 6:21; 7:5.)
perfeita liberdade, não é incomum O mesmo aconteceu nos dias de
que o livre arbítrio seja considerado Israel. O povo — rejeitando o go­
sinônimo de liberdade d ’alma. É verno dos juizes, instituído por
verdade que o direito divino de esco­ Deus — im plorou a Samuel que lhes
lher nosso curso de ação é um requi­ desse um rei. A despeito das adver­
sito indispensável para se obter essa tências de Samuel de que um rei
liberdade. Sem ela, dificilmente po­ transform aria seus filhos em servos,
deremos gozar de qualquer tipo de lhes exigiria pesados tributos e tra­
FEVEREIRO DE 1982 79
balhos e os m andaria para a guerra,
“ o povo não quis ouvir a voz de Sa­
muel, (dizendo): Não, mas haverá
sobre nós um rei.”
E nós também seremos como to­
das as outras nações.” (I Samuel
8:19-20.)
E ntão Samuel ungiu Saul como
rei deles. No devido tem po, exata­
mente conform e Samuel previra, o
povo foi pesadam ente sobrecarrega­
do, seus filhos e filhas se transfor­
m aram em servos, e veio a guerra. A
nação dividiu-se em dois reinos, Is­
rael e Judá, que term inaram ambos
em cativeiro. Não apenas perderam
a liberdade política, mas terminou
sua existência política como nação.
O livro de Gênesis contém um e-
xemplo clássico de perda de indepen­
dência econômica pelo mau uso do
livre arbítrio. Os egípcios, em lugar
de exercer seu livre arbítrio,
precavendo-se para um dia de penú­
ria, fiaram-se no governo. Q uando
chegou o tem po de escassez, foram
obrigados a com prar mantimentos
A o térm ino de um a sessão da conferência, o
dele. Prim eiro, gastaram seu dinhei­ Presidente G ordon B. Kinckley, novo conselheiro
ro. Q uando acabou, entregaram o na Prim eira Presidência, abre cam inho para o
gado, depois suas terras; finalmente Presidente N . Eldon T anner, prim eiro conselheiro
na Prim eira Presidência, à esquerda, passando
foram compelidos a vender a pró­ pelos m em bros do Q uorum dos Doze Élder
pria liberdade, tornando-se escra­ Thom as S. M onson, Élder Boyd K. Packer, Élder
vos, para poder comer. (Vide Gêne­ Marvin J. A shton e Élder Bruce R. M cConkie. .

sis 41:54-56; 47:13-26.)


Nós próprios avançamos bastante “A sobremesa já não agrada tan­
nesse mesmo caminho durante o úl­ to:
timo século. Recomendo que nos a-' Devolvei-me meu tosco abrigo,
cautelemos da tendência de nos valer Um naco de pão e liberdade. ”
da segurança oferecida pelo gover­ (Alexander Pope, “ The Sixth Sa­
no, em lugar de depender de nossa tire of the Sicond Book of H orace”
própria industriosidade. Recordai o versos 218-221; trad, livre e aproxi­
camponês de Alexander Pope (poe­ m ada do original em inglês. N. do
ta inglês,'1688-1774) que, depois de T.)
conhecer as conseqüências da fartu­ Com respeito à perda da liberda­
ra do homem rico, protestou: de pessoal pelo mau uso do livre ar­
"Permiti-me, Vossa M ercê”, dis­ bítrio, a vida diária está repleta de
se o camponês, trágicas provas. Vemos o alcoólatra
80 A LIAHONA
ansiando pela bebida, o viciado de e vossa destruição está assegura­
contorcer-se em sua loucura e, pior d a .” (Hei. 13:32,36-38.)
ainda, o perverso espojar-se na sua Essas pobres almas haviam-se en­
irrecuperável perda de hom bridade. tregue ao poder de Lúcifer e seus se­
Quem ousa dizer que essas pessoas guidores que, conform e recordais,
gozam de liberdade? tornaram -se Perdição. (Vide D&C
Não obstante o fato de que se po­ 76:26.) Seu destino final ê serem
de perder a liberdade política, econô­ lançados nas trevas exteriores, sen­
mica e pessoal pelo mau uso do livre do essa punição a conseqüência na­
arbítrio, este nunca term inará, por tural das opções que fizeram no
ser um princípio eterno. Contudo, o exercício de seu livre arbítrio. O fato
livre arbítrio de um a pessoa aum en­ de haverem sido dotadas de livre ar­
ta ou diminui conform e o usa. T o­ bítrio por seu C riador não as livra
da decisão errada restringe a área da mais pavorosa servidão, o domí­
em que posteriorm ente ela poderá nio do pecado.
exercê-lo. Q uanto mais decisões er­ Exatamente como seguir opções
radas ela tom ar no exercício do livre erradas restringe o livre arbítrio e le­
arbítrio, mais difícil se torna recupe­ va à escravidão, a busca de alterna­
rar o terreno perdido. É possível tivas corretas amplia o domínio de
mesmo que atinja um ponto do qual nosso livre arbítrio e conduz à liber­
não mais haverá retorno. Exercendo dade perfeita. P or meio deste pro­
seu livre arbítrio, ela restringiu a cesso, pode-se, de fato, alcançar li­
área em que pode atuar a pratica­ berdade d ’alma e ao mesmo tempo
mente nada. perder a liberdade política, econô­
mica e pessoal.
Samuel, o profeta lam anita, dis­
Consideremos, por exemplo, o
se, falando aos que assim persis­
Profeta Joseph Smith. Foi um ho­
tiam: “ E no dia de vossa pobreza
mem que gozava de liberdade d’al­
clamareis ao Senhor, mas em vão,
ma, enquanto estava privado de
pois então já estará sobre vós vossa
praticam ente qualquer outra liber­
desolação, e a destruição será certa;
dade. Os acontecimentos de sua vi­
então chorareis e pranteareis... di­
da podem comparar-se em certos as­
zendo:
pectos aos da vida de Paulo, o após­
“ Oh! P or que não nos arrepende­ tolo, que durante seus trabalhos foi
mos no dia em que o Senhor nos en­ muitas vezes espancado, encarcera­
viou sua palavra!... do e enfrentou a m orte repetidas ve-
“ ...eis que estamos cercados de ~zes. C ontando algumas de suas ex­
demônios, sim, estamos rodeados periências aos coríntios, dizia:
pelos anjos daquele que procurou “ Recebi dos judeus cinco quaren­
destruir nossas alm as... 0 , Senhor, tenas de açoites menos um.
não podeis apartar de nós a vossa “ Três vezes fui açoitado com va­
ira? Assim vos expressareis naqueles ras, uma vez fui apedrejado, três ve­
dias. zes sofri naufrágio e um dia passei
“ Mas eis que vossos dias de pro­ no abismo;
vação já serão passados; retardastes Em viagens, muitas vezes, em pe­
o dia de vossa salvação até que se rigos de rios, em perigos de saltea­
tornou para sempre demasiado tar­ dores, em perigos dos da minha na-
FEVEREIRO DE 1982 81
ção, em perigos dos gentios, em pe­ mente a palavra lei, temos nessa ins­
rigos na cidade, em perigos no de­ crição a suprema verdade. Inserindo
serto, em perigos no mar, em peri­ duas palavras, ficará: “ Obediência
gos entre os falsos irmãos; à Lei de Cristo é Liberdade.” (Vide
“ Em trabalhos e fadigas, em vigí­ D&C 88:21.) Esta não é apenas uma
lias muitas vezes, em fome e sede, definição da perfeita lei de liberda­
em jejum muitas vezes, em frio e nu­ de, mas também de como chegar a
dez.” (2 Cor. 11:24-27.) ela.
Não obstante isso tudo, pôde es­ No capítulo 8 de João lemos a
crever ao seu querido Timóteo de controvérsia entre Jesus e os fari­
sua cela em Roma, pouco antes de seus. Eles naturalm ente o rejeita­
morrer: “ Porque já estou sendo ram.
oferecido por aspersão de sacrifício, Porém , a uns poucos que nele
e o tempo de m inha partida está criam, Jesus disse: “ Se vós perm a­
próximo. necerdes na minha palavra, verda­
“ Com bati o bom combate, acabei deiramente sereis meus discípulos:
a carreira, guardei a fé, “ E conhecereis a verdade, e a ver­
“ Desde agora a coroa da justiça dade vos libertará.” (João 8:31-32.)
me está guardada, a qual o Senhor, A liberdade assim conquistada —
justo juiz, me dará naquele dia; e quer dizer, pela obediência à lei de
não somente a mim, mas também a Cristo — é a liberdade d’alm a, a su­
todos os que am arem a sua vinda.” prema forma de liberdade. E o mais
(2 Tim. 4:6-8.) glorioso é que está ao alcance de ca­
Em sua alma, Paulo, sem dúvida, da um de nós, independentemente do
gozava de perfeita liberdade. Sua que faz o povo que nos cerca ou até
conclusão de que a recompensa ga­ mesmo nações. Basta aprender a lei
nha por ele está disponível a outros de Cristo e obedecer a ela. Aprender
também, sugere que deve haver um e obedecer-lhe é o supremo propósi­
padrão de conduta para merecê-la, e to da vida de toda alma mortal.
creio que de fato há. Que Deus nos ajude e favoreça
Anos atrás, passando de trem por nosso progresso no caminho para a
Cleveland, Ohio, li esta inscrição perfeita liberdade, eu oro humilde­
num edifício: “ Obediência à Lei é mente em nome de Jesus Cristo.
L iberdade.” Interpretando correta­ Amém.
Ou continuaríeis agarrados às ex­
Sessão Matinal de Domingo, 4 de centricidades, tradições e cultos en­
outubro de 1981. tão prevalecentes?
Se viveis em Nova York, Londres
“ Quem Deu ou Paris, ou então em Chicago, Los
Angeles ou Lago Salgado — aceita­
Crédito à Nossa reis a nova, em bora antiga religião,
o novo, ainda que antigo evangelho,
Pregação?” a nova, em bora antiga form a de vi­
ver que Deus voltou a revelar em
nossos dias? Ou apoiareis igrejas
que não guardam nenhum a seme­
lhança real com aquela estabelecida
entre os primitivos santos?
Se ouvis um a voz profética, se um
testemunho apostólico é prestado
em vossa presença, se servos de
Élder Bruce R. M cConkie Deus vos trazem uma mensagem do
do Q uorum dos Doze Apóstolos Mestre — qual ê vossa reação?
Acreditais ou não acreditais?
“A mensagem da restauração Se sois inform ados, com toda se­
inclui três grandes verdades: a riedade, de que Joseph Smith foi
filiação divina de Cristo, a missão cham ado por Deus, que através dele
divina do Profeta Joseph Sm ith e a se restaurou a plenitude do evange­
veracidade e origem divina de A lho eterno, e que o Senhor mais
Igreja de Jesus Cristo dos Santos um a vez restabeleceu sua igreja en­
dos Últimos Dias. ” tre os homens — credes na palavra
vinda do céu? Ou, como Anás e Cai-
spero que considereis comigo fás, vos apegais ao tradicional e
estas questões: confiais vossa salvação eterna às di­
Se vivêsseis em Jerusalém nos versas formas de culto de origem
dias de Jesus, vós o teríeis aceito co­ hum ana que abundam por aí?
mo o Filho de Deus, assim como Pe­ Diante destas questões, permiti-
dro e os apóstolos? Ou teríeis afir­ me a ousadia de fazer-vos esta sole­
mado que estava possuído e operava ne declaração: Nós somos os servos
milagres pelo poder de Belzebu, do Senhor e dele temos um a mensa­
conform e afirmavam Anás e Cai- gem para levar a todos os homens de
fás? toda a parte.
Se vivêsseis em Nasaré, ou em Ca- Somos fracos, simples e pouco
ná ou C afarnaum , teríeis crido na instruídos. De nós mesmos nada po­
nova religião pregada por alguns demos fazer, mas, na força do Se­
humildes pescadores? Ou seguiríeis nhor, não podemos fracassar. É o
as tradições de vossos pais nas quais poder dele que nos apóia e conduz.
não havia salvação? Sabemos o que o futuro nos reser­
Se vivêsseis em C orinto ou Éfeso va; temos ciência das guerras, pra­
ou Roma, teríeis aceito o estranho gas e desolação que logo assolarão a
novo evangelho pregado por Paulo? terra qual fogo devastador. Este é
FEVEREIRO DE 1982 83
um dia sombrio de sofrim ento e tris­ a hum anidade, se quiserem salvar-
teza. Os céus tornam -se escuros; os se. São elas: prim eiro, a filiação di­
corações hum anos tremem de pavor vina de Cristo; segundo, a missão
(vide Lucas 21:26); nações estão divina do P rofeta Joseph Smith; e
perplexas, não sabendo como, nem terceiro, a veracidade e origem divi­
onde encontrar a paz e segurança. na de A Igreja de Jesus Cristo dos
Este é um dia em que homens in­ Santos dos Últimos Dias.
sanos em posições elevadas podem, E assim é que o Senhor nos orde­
num instante, repentinam ente, de­ nou que declarássemos as boas-
sencadear o emprego de armas terrí­ novas, pregássemos seu evangelho,
veis, capazes de m atar milhões entre levantássemos a voz de advertência,
o nascer e o pôr-do-sol. para dizer o que ele diria, se minis­
Jamais houve dia tão m edonho trasse pessoalmente entre os homens
quanto o de hoje. Sobeja a iniqüidade; como em outros tempos.
todas as perversões e malefícios de Nosso lugar e condição, e divina
Sodoma e G om orra encontram comissão não diferem dos antigos
adeptos. E a palavra revelada nos profetas e apóstolos. Somos igual­
assegura que as condições hão de mente representantes do Senhor,
piorar, não m elhorar, até a vinda do seus embaixadores. Somos, como
Filho do Homem. eram eles, adm inistradores legais
É por causa dos males e calamida­ com poder para ligar na terra e o
des que cobrem a terra, porque os mesmo ser ligado eternam ente nos
homens abandonaram as ordenan­ céus.
ças do Senhor e violaram seu convê­ É costume em certos círculos afir­
nio eterno, porque muitos seguem mar que os mórmons não são cris­
os caminhos do m undo e são car­ tãos e questionar nossa crença e fi­
nais, sensuais e diabólicos, que o Se­ delidade ao Senhor Jesus Cristo.
nhor nos deu a mensagem para Se ser cristão significa crer em
transm itir a nossos semelhantes. Cristo e aceitá-lo como o Filho de
“ P ortanto, eu, o Senhor, conhe­ Deus no sentido pleno e total do ter­
cendo a calamidade que haveria de mo; se significa ter o evangelho eter­
vir sobre os habitantes da terra” , no em sua plenitude; se quer dizer
diz ele, “ chamei meu servo Joseph acreditar no que Pedro e Paulo
Smith, lhe falei dos céus e dei-lhe criam e integrar a mesma Igreja a
m andam entos.” (D&C 1:17.) que pertenciam; se significa alimen­
Então, qual é nossa mensagem tar o fam into, vestir o despido, dar
para todos os homens? É a mensa­ am or a nossos semelhantes, e
gem da Restauração. As boas novas conservar-nos limpos das manchas
de que um Deus misericordioso res­ do m undo (vide D&C 59:9) — onde
taurou a plenitude de seu evangelho mais encontraremos autênticos cris­
eterno. É a palavra bendita de que tãos, senão entre os santos dos últi­
todo homem pode ser salvo pela mos dias?
obediência às leis e ordenanças do Permiti-me declarar, com tpda se­
evangelho. riedade, simplicidade e clareza de
A mensagem da restauração in­ que sou capaz, que nós cremos em
clui três grandes verdades, verdades Cristo e nos esforçamos ao máximo
estas que têm de ser aceitas por toda para guardar seus m andam entos.
84 A LIAHONA
Ele é o nosso Senhor, nosso Deus e timamos o P rofeta Joseph Smith a
nosso Rei. É o evangelho dele que ponto de colocá-lo acima até mesmo
recebemos. do Senhor Jesus Cristo.
Nós falamos de Cristo, regozija­ É verdade que Joseph Smith es­
mo-nos em Cristo, profetizam os em tá no grupo de profetas que se des­
seu nome e sabemos que é o único tacaram de todos os homens em sua
nome debaixo dos céus pelo qual o grandeza e estatura espiritual. É ver­
homem pode ser salvo. (Vide Atos dade que seu lugar na hierarquia di­
4:12.) vina faz dele um profeta dos profe­
Ensinamos e testificamos que ele tas e vidente dos videntes. Ele se
é o Prim ogênito do Pai, que ê seme­ iguala a Enoque, A braão e Moisés.
lhante a Deus, que ele próprio é o Se­ A salvação, porém, está em Cristo,
nhor Onipotente, o grande Jeová, o não em A braão, Moisés, nem Jo­
Criador desta terra e de todas as for­ seph Smith.
mas de vida. Todos os profetas são servos de
Sabemos que é o Deus de Israel, o Deus. Seu ministério é pregar a pa­
Messias prom etido, o Unigénito do lavra dele e fazer sua vontade. Eles
Pai. pregam seu evangelho e realizam
Sabemos que o Senhor Jesus Cris­ suas ordenanças. Sua missão é tra­
to habitou na carne, que M aria foi zer almas para Cristo.
sua mãe, e Deus seu pai, e que da E assim é com Joseph Smith. Ele
mãe herdou o poder de m ortalidade, viu Deus; anjos lhe m inistraram ; vi­
e de seu Pai o poder de im ortalida­ sões da eternidade lhe foram aber­
de. Foi esta sua natureza dual, esta tas. Foi através dele que se restau­
filiação m ortal e divina que lhe per­ rou o evangelho, e a ele o Senhor en­
mitiu operar a infinita e eterna Ex­ tregou as chaves do reino.
piação, resgatando os homens da Joseph Smith é o revelador de
morte tem poral e espiritual introdu­ Cristo e do conhecimento da salva­
zida no m undo pela queda de Adão. ção para este dia, esta época, esta
É m oda igualmente alegar que es- dispensação. P or ordem do Senhor,
organizou a única igreja verdadeira
e viva na terra. (Vide D&C 1:30.)
A Igreja é um corpo organizado
de verdadeiros crentes; é a congre­
gação dos que aceitaram o santo
evangelho; e o evangelho é o plano
de salvação. O sacerdócio maior ad­
m inistra o evangelho; a Igreja é o
veículo pelo qual são conduzidos os
assuntos do Senhor na terra, e atra­
vés do qual a salvação é colocada ao
alcance de todos os que crêem e obe­
decem.
E por isso nós, os servos do Se­
nhor, obedientes às suas ordens, le­
vamos sua mensagem ao mundo.
Prestam os testem unho de Cristo co­
FEVEREIRO DE 1982 85
mo ele foi revelado novamente por serão absorvidos pela alegria do
Joseph Smith, e convidamos todos evangelho.
os homens, de toda a parte, a cre­ Alguns dos honestos e fiéis pere­
rem em seu evangelho e se filiarem a cerão junto com os iníquos e ímpios
sua Igreja, tornando-se herdeiros do nos dias futuros. C ontudo, o que
reino em que ele e o Pai habitam . im porta se vivemos ou morremos,
Como foi no ministério dos pro­ desde que tenhamos encontrado
fetas antigos, assim é conosco. Dize­ Cristo e a ele fomos selados?
mos como eles: Arrependei-vos e Se dermos nossa vida pela causa
crede no evangelho, pois o reino dos da verdade e justiça ou em defesa de
céus está às portas. (Vide M at. 3:2.) nossa religião, nossa família ou nos­
A bandonai Babilônia; fugi para sas instituições livres, por que nos
Sião; encontrai refúgio em uma de preocupar?
suas estacas. Permanecei em lugares Não nos apegamos à vida com
sagrados e preparai-vos para a Se­ mãos sequiosas, temerosas do futu­
gunda Vinda do Filho do Homem. ro. Desde que aceitemos o evange­
(Vide D&C 45:32.) lho e estejamos reconciliados com
A salvação vem àqueles que acei­ Deus pela mediação de Cristo, o que
tam o evangelho verdadeiro e vivem im porta, se formos chamados para
suas leis. Ela é para aqueles que cla­ as esferas de paz, para ali aguardar
mam ao Senhor em fervorosa ora­ um a herança na ressurreição dos
ção até que este derram a seu Espíri­ justos?
to sobre eles. Tendo fé em Cristo, sabemos que
Dizia Paulo: “ Como pois invoca­ havemos de ressurgir em gloriosa
rão aquele em quem não creram? e im ortalidade e habitar com A braão,
como crerão naquele de quem não Isaque e Jacó no reino de Deus, pa­
ouviram? e como ouvirão, se não há ra todo o sempre.
quem pregue? Agora, conform e dizia Isaías:
“ E como pregarão se não forem “ Quem deu crédito à nossa prega­
enviados?” (Romanos 10:14-15.) ção? e a quem se m anifestou o braço
Em verdade, a fé vem pelo ouvir do Senhor?” (Isa. 53:1.)
a palavra de Deus pregada por um ad­ Quem dará crédito a nossas pala­
m inistrador legal, cham ado por vras e quem ouvirá nossa mensa­
Deus. (Rom. 10:17.) E como era an­ gem? Quem honrará o nome de Jo­
tigamente, assim é hoje — apraz a seph Smith e aceitará o evangelho
“ Deus salvar os crentes pela loucura restaurado através de sua instru-
da pregação” . (1 Cor. 1:21.) mentalidade?
Nossa mensagem é de alegria e re­ Respondemos: As mesmas pes­
gozijo, de glória, honra e triunfo. soas que teriam acreditado nas pala­
Os autênticos crentes sempre se re­ vras do Senhor Jesus e dos antigos
gozijam em Cristo e em seu evange­ apóstolos e profetas, se tivessem vi­
lho. vido naquela época.
Não afirmam os que todo aquele Se credes nas palavras de Joseph
que aceitar o evangelho restaurado Smith, teríeis crido no que diziam
escapará às guerras, pragas e desola­ Jesus e os antigos.
ção dos últimos dias. Mas, sim, que Se rejeitais as palavras de Joseph
todos os seus pesares e sofrimentos Smith, teríeis rejeitado igualmente a
A LIAHONA
mensagem de Pedro e Paulo.
Se aceitais os profetas que o Se­
nhor vos envia hoje, aceitais igual­
mente o Senhor que os enviou.
Se rejeitais o evangelho restaura­
do e encontrais falhas no plano de
salvação ensinado pelos que Deus
enviou nestes últimos dias, teríeis re­
jeitado esses mesmos ensinamentos
proferidos pelos profetas e apósto­
los de antigamente.
Tenho falado claramente de nossa
obrigação como servos do Senhor, de
proclam ar a mensagem da Restaura­
ção ao mundo. Isto estamos fazen­
do na medida que permitem nosso
tem po, talentos e meios.
Porém , e aqueles a quem a men­
sagem é enviada? E os outros filhos
de nosso Pai que ainda não aceita­
ram Cristo e seu evangelho, confor­
me foram revelados a Joseph
Smith? Não terá todo homem da
terra a obrigação pessoal de buscar a
verdade, de crer na verdade, de vi­
ver a verdade?
Convidamos todos os homens de
todas as seitas, partidos e denomi­
nações a ponderarem estas questões: sores possuem as mesmas chaves do
Será que tenho fome e sede de re­ reino de Deus que Pedro, Tiago e
tidão como os antigos santos? (Vide João tinham em outros tempos?
M at. 5:6.) Estarei disposto a pagar o preço
Será que tenho a mente aberta e da pesquisa e a obter um a revelação
disposição de com provar todas as pessoal que me diga o que preciso
coisas e apegar-me ao que é bom? fazer, para obter paz neste m undo e
(Vide 1 Tess. 5:21.) ser herdeiro da vida eterna no m un­
Estarei disposto a receber nova do vindouro?
luz e verdade dos céus, luz e verdade
vindas de um Deus caridoso, a cuja Testificamos que Deus nos deu
vista um a alma ê exatamente tão seu evangelho eterno, e convidamos
preciosa agora como sempre foi? todos os homens a virem participar
Terei a coragem moral de verifi­ conosco de suas bênçãos.
car se Joseph Smith foi ou não cha­ Em nome do Senhor Jesus Cristo.
mado por Deus, se ele e seus suces­ Amém.

FEVEREIRO DE 1982 87
para o m undo inteiro.
Santificação pelo Como portadores das chaves, são
enviados por todo o m undo para
Serviço abrir as portas à proclam ação do
evangelho de Jesus Cristo. Pela
Missionário obra deles é que as portas são aber­
tas. O evangelho está sendo pregado
m undo afora.
Inspirados e dirigidos pelo Se­
nhor, estes profetas, videntes e reve­
ladores têm conclamado os discípu­
los de Jesus Cristo, enviando-os por
m andam ento, o qual é:
“ E a voz de advertência irá a to­
Élder William R. Bradford dos os povos pela boca de meus dis­
do Prim eiro Q uorum dos Setenta cípulos, os quais escolhi nestes últi­
“Missão — um tem po maravilhoso mos dias.
para vos purificar e reanimar, uma “ E eles irão avante, e ninguém os
de vossas melhores oportunidades impedirá, pois eu, o Senhor, os
de vos tornardes um candidato mandei.
“ P ortanto, temei e tremei, ó po­
celestial. ”
vo, pois o que eu, o Senhor, decre­
tei, neles será cum prido.” (D&C
estifico-vos solenemente que 1:4-5,7.)

T Deus, o Pai Eterno, e seu Fi­


lho, Jesus Cristo apareceram
nesta dispensação. Estes dois glorio­
Atualm ente existem uns trinta mil
missionários servindo em 188 mis­
sões. Eles proclam am o evangelho
sos personagens realmente se mos­ restaurado a oitenta e duas nações,
traram e falaram a um jovem cha­ territórios e possessões, em quaren­
mado Joseph Smith. ta e oito idiomas diferentes.
Isto aconteceu em 1820, e desde Milhares dos filhos de nosso Pai
ai, os céus continuam abertos. A estão ouvindo o evangelho e adqui­
plenitude do evangelho de Jesus rindo testemunho de sua veracida­
Cristo foi restaurada por revelação. de, sendo batizados em sua verda­
Anjos vieram como mensageiros ce­ deira igreja. Eles agora somam
lestes e recebemos registros dos as­ aproxim adam ente cinco milhões de
suntos de Deus com seus filhos. O membros.
Santo Espírito vem vertendo as ver­ Sentimo-nos humildes e profun­
dades do plano de Deus para a exal­ damente recompensados com o su­
tação de seus filhos. cesso da obra missionária. Reconhe­
A verdadeira igreja, A Igreja de cemos a mão do Senhor e a dedica­
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos ção de seus discípulos no que foi
Dias, foi organizada sob a díreção conseguido até agora. Porém , há
do próprio Jesus Cristo. Foram cha­ ainda muito o que fazer.
mados profetas e apóstolos, investi­ Sentimos grande urgência na obra
dos com poder do alto. Eles são tes­ e imaginamos se não poderia ser
temunhas especiais de Jesus Cristo acelerada. Preocupa-nos se real­
88 A LIAHONA
mente todos os que deveriam e po­ Fico imaginando se realmente
deriam participar dessa obra enten­ compreendem os dois propósitos da
dem e crêem nos princípios e propó­ obra missionária e neles creêm: pri­
sitos fundamentais do firme decreto meiro, santificar o próprio missio­
de Deus, que m anda proclam ar o nário; e segundo, dar conhecimento
evangelho ao m undo inteiro. às pessoas das verdades do evange­
Em bora tenham os trinta mil mis­ lho restaurado de Jesus Cristo, e
sionários em serviço, poderíam os e batizá-las em sua Igreja — resultado
deveríamos ter m uito mais. Caso se certo e natural do missionário em
preparassem e se apresentassem pa­ processo de santificação.
ra fazer o que é seu dever declarado, Satanás procura bloquear esse
a obra poderia ser realizada num rit­ trabalho com sua influência insidio­
mo e dimensão além de qualquer ex­ sa e persistente. Muitos que deve­
pectativa. riam e poderiam realizá-lo, estão se
Tenho ponderado e orado a res­ tornando vítimas de sua influência.
peito desse assunto. Tenho procura­ Alguns são ludibriados e estão se
do palavras e im plorado aos céus afastando do que é verdadeiro para
poder para proferi-las, de m odo que conhecer o que é falso e insensato.
possam m otivar os que deveriam es­ G ostaria de falar aos jovens que
tar fazendo essa obra. estão em idade de serem chamados
As palavras vieram-me à mente. para o serviço missionário ou dela se
São palavras simples, ensinadas aproxim am. Alguns talvez aleguem
muitas vezes. Dizê-las é repetir o mentalmente: “ Ora, você simples­
que tendes ouvido sempre. Elas nos mente não entende meu caso. Minha
convidam a vir a Cristo e sermos situação é diferente. Pretendo ser
aperfeiçoados nele. Isto consegui­ um grande advogado, médico, atle­
mos, servindo-o de todo nosso cora­ ta etc. Certam ente ninguém, nem o
ção, poder, mente e força. Se assim Senhor espera que eu largue meus
fizermos, receberemos remissão de estudos numa ocasião tão im portan­
nossos pecados e nos tornarem os te de minha vida. A missão prejudi­
santos, sem manchas, podendo re­ caria meus planos futuros.”
tornar à presença do Pai Celeste pa­ O utros pensam: “ Sim, sei que de­
ra viver como ele vive. veria cumprir missão, mas, se você
O Senhor continua com as mãos tivesse um a garota como a que eu te­
estendidas, oferecendo gloriosas nho, jam ais a deixaria. O que acon­
bênçãos, se quisermos servi-lo. Es­ tecerá a ela, enquanto eu estiver lon­
tudando o que ele entende por esse ge?”
“ servir” , dam o-nos conta de que o Ou ainda:“ A missão custa caro.
serviço essencial é ensinar as verda­ Acabei de arranjar um bom empre­
des do evangelho aos que ainda o go e comprei um carro e aparelho de
desconhecem. som. E justam ente agora que as coi­
C ontudo, apesar da simplicidade sas estão começando a funcionar.
das palavras e da fonte divina da Não posso largar tudo agora. É sim­
qual provêm, e apesar mesmo da plesmente impossível.”
promessa certa de bênçãos eternas, Depois, há os que pensam: “ Mi­
ainda existem os que não servem, nha situação me desqualifica. Caí
em bora devessem e pudessem. em transgressão e estou afastado da
FEVEREIRO DE 1982 89
Igreja. Sempre pretendi ser missio­ “ Eu m ando, e os homens não
nário, mas tropecei e agora não es­ obedecem; revogo, e eles não rece­
tou vivendo os padrões exigidos de bem a bênção.
um m issionário.” “ Depois dizeis em vossos cora­
Se eu pudesse escutar seus casos ções: Esta não é a obra do Senhor,
separadamente, todos teriam uma pois suas promessas não se têm
coisa em comum — a procura em cum prido. Mas ai desses, pois em­
justificar-se por não estarem cum­ baixo os espera sua recompensa, e
prindo seu dever para com Deus. não em cim a.” (D&C 58:29-33.)
M uitos de vós tentais justificar- Acreditais realmente que fama e
vos mesmo contrariando os conse­ renome terrenos podem com parar-
lhos e ensinamentos corretos dos se às promessas de Deus aos que são
pais. Eles vos amam e vos apoiariam fiéis? Ele prom ete “ tronos, reinos,
em tudo, se ao menos o permitísseis. principados e poderes,” mais “ exal­
Infelizmente, porém, também tação e glória em todas as coisas” .
existem pais que concordam com Ele prometeu “ plenitude e um a con­
vossas pretensas justificativas. Fize­ tinuação das sementes para todo o
ram planos para o futuro, e esses sempre” . Ele prometeu a vida eter­
planos não incluem a missão. Eles na. (D&C 132:19.)
dizem: “ Meu filho vai ser um gran­ Eu vos diria que não tendes des­
de advogado, médico, atleta. Ele culpas nem justificativas, e que co­
não pode interrom per os estudos pa­ locastes vossa salvação eterna em
ra ficar vagabundeando pelo m undo grande perigo.
durante dois anos. Que outros o fa­ A educação pode esperar. O Se­
çam. Meu filho é diferente.” nhor abrirá as portas da instrução e
Se pudesse falar separadamente para um a boa profissão, quando re­
com cada jovem e seus pais que as­ tornardes de vosso serviço missioná­
sim procuram justificar-se, eu diria, rio.
com toda eloqüência de que sou ca­ E quanto às nam oradas, o Pai de­
paz: “ Quem achais que sois? Quem seja confiar-vos um a de suas filhas
vos dá o direito de vos julgardes eleitas, um a a quem ele ama e quer
mais sábios que Deus, o qual, atra­ bem, uma que é pura, que conhece
vés de seus profetas, estabeleceu o os valores eternos e se esforça para
firme decreto, o solene m andam en­ alcançar a exaltação, alguém a
to de que o evangelho restaurado quem podereis ser selados em seu sa­
deve ser proclam ado ao m undo in­ grado templo. Certam ente não po­
teiro pela voz de seus discípulos? Is­ dereis contar com isso, se não fordes
to é convosco.” fiéis no fazer aquilo que vos torna
G ostaria de lembrar-vos das pala­ merecedores de tal companheira
vras do próprio Senhor, dirigindo-se eterna. É depois de cum prido o ser­
ao que “ não faz nada” e cujo cora­ viço missionário que isto pode acon­
ção duvida. tecer.
“ Quem sou eu que fiz o homem, Para que não seja mal interpreta­
diz o Senhor, para pronunciar ino­ do, gostaria de dizer a vós, moças,
cente o que não obedece aos meus que isto também se aplica a vós.
mandamentos? Muitas de vós dizeis: “ O que será de
90 A LIAHONA
mim, se ele me deixar?” impedindo
que ele parta. Permitis, assim, que o
nam oro ultrapasse os limites apro­
priados. Freqüentemente contribuís
para a decisão dele de não servir, e
até mesmo, às vezes, para que ele
não seja digno de fazê-lo. Agindo
assim, estais-vos desqualificando
também para receber as bênçãos
pretendidas. Deixai-o partir! Não
apenas isso, mas incentivai-o! Nesta
época de sua vida, provavelmente
sois um a das mais fortes influências.
Ajudai-o a manter-se limpo. A ju­
dai-o a preparar-se.
Talvez gostaríeis de servir tam ­
bém. Hoje temos muitas missioná­
rias. A vós são prom etidas as mes­
mas bênçãos que aos rapazes. Embo­
ra vosso papel principal na vida seja
o de mãe, talvez seja conveniente
que primeiro cumprais um a missão.
Àqueles que acham não poder
servir por terem transgredido, eu
gostaria de dizer: “ Não vos desespe­
reis. Existe um caminho de volta. O
plano de arrependim ento realmente
Os élderes Bruce R. M cConkie e Thom as S.
funciona. Podeis voltar à plena dig­ M onson, do Q uorum dos Doze.
nidade, podeis reparar o mal feito e
vos colocar a serviço do Senhor.” conta deles, um por um, nome por
Se eu pudesse conversar pessoal­ nom e.”
mente com cada bispo e presidente Este é um plano m aravilhoso. É
de estaca a respeito dos que deve­ um processo de santificação. Q uan­
riam e poderiam cum prir missão, eu do o missionário ê colocado no am­
diria: “ Vós sois os juizes. Tendes o biente de ordem e disciplina da mis­
sagrado dever de trabalhar com eles são, na qual tudo é feito em harm o­
e os pais, até que entendam e cum­ nia com o Espírito, ele sofre uma
pram seu dever. grande transform ação. Os céus se
“ Não podeis permitir que fiquem abrem , fluem poderes, mistérios são
pendurados qual fruta num a árvore, revelados, hábitos se modificam,
am adurecendo e depois caindo ao começa a santificação. Através des­
chão para apodrecer ou ser devora­ se processo, o missionário torna-se
dos, com ninguém se im portando um vaso de luz capaz de irradiar o
em preservar a colheita. Se assim evangelho de Jesus Cristo para um
agirdes, tereis certamente de prestar m undo em trevas.
contas. Dia virá em que estareis pe­ H á muito o que fazer. Vós sois a
rante o tribunal de Deus para dar geração real, “ (escondida) do mun­
FEVEREIRO DE 1982 91
do com C risto” , para surgir neste
dia e fazer seu trabalho. (Vide D&C Seguir ou não
86:9.)
Deveis estar preparados. Tendes Seguir, eis a
que vos tornar dignos e disponíveis.
Se não, o trabalho prosseguirá sem Questão
vós, talvez um pouco mais lento,
mas prosseguirá. Se não fizerdes a
vossa parte, se não cumpris vosso
dever, o que acontecerá? Como vos
santificareis?
Se não fizerdes vosso dever, aque­
les que não foram ensinados por
vossa culpa acabarão tendo oportu­
nidade de conhecer o evangelho por Élder Charles Didier
outra pessoa, mas, e vós? Como vos do Prim eiro Q uorum dos Setenta
santificareis?
A missão é para os missionários. “ Vacilar — servir primeiro a si
É um tempo m aravilhoso de dar um próprio e satisfazer seus apetites —
pouco de vós, de experim entar vis­ é uma das maiores tentações
lumbres da vida celestial aqui na ter­ enfrentadas pelo hom em . ”
ra. É um tempo de purificar e reani­
mar. É um tempo especial em que o 4 4 4 T"\ recisamos lutar! Preci-
Espírito Santo pode selar sobre vós samos lutar!’ gorgole­
o grande plano para vossa exalta­ jou a voz rouca de um
ção. É um a de vossas melhores homem, deitado imóvel na lama vo­
oportunidades de vos tornardes can­ raz desde que acordáram os. ‘Temos
didato celestial. que fazê-lo!’ Virou o corpo pesada­
O ensino e a conversão de outras mente. ‘Temos de dar tudo o que te­
pessoas são o produto natural desse mos, nossa força, nossa pele, nosso
processo. P ara santificar-vos, ten­ coração, a vida inteira e os prazeres
des de servir vosso semelhante. O que nos restam. A vida de prisionei­
mais sublime de todos os serviços ao ros como a nossa, temos de tom á-la
próximo é ensinar-lhe a verdade e em ambas as mãos. Vocês precisam
trazê-lo para o reino de Deus. suportar qualquer coisa, mesmo a
Daí o decreto: Enviai os élderes e injustiça — e ê ela quem reina agora
pregai meu evangelho a toda nação, — e as coisas vergonhosas e repug­
tribo, língua e povo. (Vide D&C nantes que vemos, para sobreviver e
133:8.) vencer. Se somos obrigados a fazer
Em nome de Jesus Cristo. Amém. tal sacrifício,’ acrescentou a figura
informe, voltando-se mais um a vez,
‘é porque estamos lutando pelo pro­
“A alegria não está nas gresso, não por um país; contra o
coisas. Está em nós.” erro, não contra um país.’” (Henri
Barbusse Under Fire: The Story o f a
(Richard Wagner) Squad (Le Feu) trad. Fitzwater
Wray, Nova Iorque E. T. Dutton and
92 A LIAHONA
C o., 1917, p. 345.) outro diálogo entre a m ultidão, cin­
“ Não quero m orrer!” gritou a co mil seguidores de Cristo e o Se­
voz chorosa de um corpo encostado nhor. Indagou a multidão:
ao muro. Ouviram-se breves ordens “ Rabi, quando chegaste aqui?
para o pelotão de fuzilamento: “ Jesus respondeu-lhes e disse: Na
“ A pontar, m irar, fogo!” Depois, verdade, na verdade vos digo que
silêncio. Os soldados voltaram para me buscais, não pelos sinais que vis­
o alojam ento. Acabavam de presen­ tes, mas porque comestes do pão e
ciar a execução de um desertor. (Ce­ vos saciastes.
na do campo de batalha, nalguma “ Trabalhai não pela comida que
parte da França, 1917.) perece, mas pela comida que perm a­
N outra parte qualquer, ontem, no nece para a vida eterna, a qual o Fi­
campo missionário, um diálogo en­ lho do Homem vos dará; porque es­
tre um missionário e o líder do sa­ te o Pai, Deus, o selou.
cerdócio: “ Disseram-lhe pois: que faremos,
— Élder, você foi cham ado por para executar as obras de Deus?
um profeta do Senhor para servi-lo. “ Jesus respondeu e disse-lhes: A
Lembra-se de quando recebeu seu obra de Deus é esta: Que creiais na­
chamado, assinado pelo profeta do quele que ele enviou” (João 6:25-
Senhor? Nele dizia que de você se 29.)
esperava que dedicasse todo seu “ P orquanto a vontade daquele
tempo e atenção ao serviço do Se­ que me enviou é esta: que todo
nhor, deixando de lado todos os as­ aquele que vê o Filho, e nele crê, te­
suntos pessoais. nha a vida eterna; e eu o ressuscita­
A resposta foi imediata: — Não rei no último dia.” (João 6:40.)
quero continuar servindo. Não gos­ Então os judeus m urm uraram , e
to do povo; não gosto deste país; até mesmo alguns de seus discípu­
não gosto nem mesmo da comida! los. Após um breve silêncio,
— Então, de que você gosta? tomaram-se duas decisões.
— Ora, — replicou hesitante, — A primeira: “ Desde aí muitos dos
gosto de dirigir meu carro. Quero seus discípulos tornaram para trás, e
voltar para casa. já não andavam com ele.” (João
N outro recanto do mundo, mui­ 6:66.) Seguiram seu próprio cami­
tos anos atrás, pai, mãe e filhos es­ nho.
tavam na sala realizando um conse­ A segunda: “ Então disse Jesus
lho de família. Havia tragédia no ar. aos doze: Quereis vós também
Os filhos imploravam ao pai que retirar-vos? Respondeu-lhe, pois,
permanecesse com eles. Após uma Simão Pedro: Senhor, para quem
pausa, o pai balbuciou: iremos nós? Tu tens as palavras da
— Não posso. Preciso viver mi­ vida eterna.” (João 6:67-68.) E se­
nha própria vida, — e partiu. guiram o caminho, o único caminho
Em São Francisco, Califórnia, verdadeiro.
faz duas semanas, apareceu uma Desertar, desistir, resignar, capi­
curta notícia nos jornais: “ Três pes­ tular, renunciar, abdicar, ceder,
soas decidiram procurar a morte e apostatar, recuar, voltar atrás,
pularam da Ponte Bay.” abandonar — são termos quase si­
N outro lugar, dois mil anos atrás, nônimos. Um deles se aplicaria a
FEVEREIRO DE 1982 93
qualquer situação em nossa vida, na “ P ortanto, eu, o Senhor, conhe­
qual talvez vacilemos, quando cha­ cendo a calamidade que haveria de
m ados a cum prir nosso dever — de­ vir sobre os habitantes da terra, cha­
ver para com a pátria, dever para mei meu servo Joseph Smith, lhe fa­
com a igreja, dever para com a fa­ lei dos céus e dei-lhe m andam en­
mília, dever para com o próprio eu, tos...
dever para com Deus. “ E aqueles, também, a quem fo­
Vacilar é hesitar na escolha de um ram dados esses m andam entos, pu­
rum o, tentar seguir dois rumos si­ dessem ter poder para estabelecer o
multaneam ente ou apenas procurar alicerce desta igreja e tirá-la da obs­
servir a dois mestres. Uma das curidade e das trevas, a única igreja
maiores tentações enfrentadas pelo verdadeira e viva sobre a face de to­
homem durante metade de sua his­ da a terra, com a qual eu, o Senhor,
tória é servir primeiro a si próprio e me deleito, falando à igreja coletiva­
satisfazer seus apetites. Esta opção mente e não individualm ente.”
pode conduzir à deserção. Não im­ (D&C 1:17, 30.)
porta quem somos, se ricos ou po­ Todos os ensinamentos do Senhor
bres, poderosos ou humildes, fiéis e dos profetas contêm essa persis­
ou não — todos estamos sujeitos a tente mensagem, de persuadir o
essa tentação. m undo a conhecê-lo e a seu Pai atra­
E nfrentar os desafios da vida não vés de um profeta vivo e sua igreja.
é fácil, e muitas vezes apresentamos Uma vez conseguido esse entendi­
ultim atos àqueles que representam a m ento, ele nos ajudará a tom ar a de­
vida: nosso Pai Celeste, nós mes­ cisão de perseverar até o fim.
mos, aos pais, bispo, a um próximo. O permanente dever para com
Os ultim atos variam: “ Vou deixar Deus, consigo próprio, a família, a
de pagar o dízim o” , ou “ Vou-me Igreja e a pátria representa um obje­
em bora de casa” , ou “ Quero ser de­ tivo que todos deveríamos buscar
sobrigado” ou “ Vou m atar-m e” . com empenho, o qual foi dado pelo
Variam ainda da oposição silencio­ Senhor, conform e ele ensinou aos
sa às reclamações m urm uradas ou nefitas:
violentas., “ P ortanto, quisera que fôsseis
Desde a existência pré-m ortal, o perfeitos, assim como eu ou como
Senhor vem-nos advertindo quanto vosso Pai, que estã nos céus é perfei­
a servir primeiro aos próprios inte­ to .” (3 Néfi 12:48.)
resses e satisfazer nossos apetites. Novamente, estas palavras não
“ Não buscam ao Senhor para es­ foram ditas para nos desanim ar ou
tabelecer sua justiça. Mas cada um tentar-nos a desertar, mas, sim, pa­
segue seu próprio caminho, segundo ra nos m otivar a estarmos prepara­
a imagem do seu próprio Deus, a dos e não temer. Preparados para
qual é à semelhança do mundo, e quê? O Senhor nos ordenou segui­
cuja substância é a de um ídolo, que damente a estarmos preparados pa­
envelhece e perecerá em Babilónia... ra viver “ de toda a palavra que sai
a grande Babilônia que cairá.” da boca de Deus” (D&C 84:44), e a
(D&C 1:16.) servi-lo de todo o coração, poder,
O Senhor também nos ajudou a mente e força (vide D&C 59:5).
evitar essa situação. Perseverar em obediência e servi-
94 A LIAHONA
ço é contrário à deserção. É conti­ “ P ortanto, é um dote precioso ter
nuar sem perecer; é permanecer; é o dom da paciência, ser calmo, ter
ficar firme nas provações; sofrer ou bom ânim o, não ficar deprimido
suportar pacientemente; resistir à nem ceder aos sentimentos, tornan­
dor, sofrim ento ou forças destruti­ do-se impaciente e irritável. É um
vas sem capitular. dom bendito para todos.” (Jerreld
O fator anim ador no reconheci­ L. Newquist, ed., Salt Lake City;
mento da adversidade é que não es­ Deseret Book C o., 1957, 2:198.)
tamos sós. O Senhor disse a Joseph
Smith: “ Sê paciente nas aflições, Sim, existem obstáculos e desa­
pois terás muitas; suporta-as, pois fios. Os homens às vezes se tornam
eis que estou contigo, mesmo até o cínicos. Alguns se desesperam e per­
fim dos teus d ias.” (D&C 24:8.) dem esperança e fê no futuro. A
George C annon diz em Gospel mensagem, porém, permanece: não
Truths: “ Assim ê com todos nós. desisti, pois o Senhor vive. Ele é
De tempos em tempos, sofremos nosso Salvador e Redentor; ele é o
grandes aflições. Elas parecem ne­ Principe da Paz. A grande certeza
cessárias para sermos postos à pro­ da vida, a grande razão da vida eter­
va, a fim de ver se temos integridade na é o Senhor Jesus Cristo. Não
ou não. Dessa maneira, chegamos a existe outro caminho.
nos conhecer e conhecer nossas fra­ O caminho é um só. Os ensina­
quezas; e o Senhor nos conhece, e mentos de nosso dever para com
nossos irmãos e irmãs nos conhe­ Deus determinam nosso dever para
cem. conosco próprios, para com nossa
FEVEREIRO DE 1982 95
família, igreja, pátria. Não pode ha­ ficou muito doente. Assim, chamou
ver vacilação, porque “ ninguém po­ o bufão e disse-lhe que provavel­
de servir a dois senhores, pois ou há mente partiria num a longa viagem
de aborrecer a um e am ar o outro, da qual não há retorno. O bufão
ou há de apegar-se a um e desprezar perguntou-lhe:
o outro; não podeis servir a Deus e a — Tom ou providências para essa
M am on.” (3 Néfi 13:24.) viagem sem fim?
O avô do Presidente Albert Smith O rei respondeu que não. O bufão
dizia: “ Existe um a linha de dem ar­ entregou-lhe o bordão, dizendo:
cação bem definida entre o territó­ — M ajestade, se não tom ou ne­
rio do Senhor e o do demônio. Se nhum a providência para uma via­
permanecerdes no território do Se­ gem sem fim, este bordão é seu.
nhor, o adversário não poderá ir lá E nós, tomamos nossas providên­
tentar-vos. Enquanto permanecerdes cias? Estam o-nos preparando para
do lado do Senhor, estais perfeita­ enfrentar um a das maiores tenta­
mente seguros. P orém ... se atraves­ ções — desertar do serviço do Se­
sardes a linha para o lado do demô­ nhor nos momentos de dúvida ou
nio, estareis no território dele e em provação, o que pode levar-nos a
seu poder, e ele se esforçará para outras deserções?
afastar-vos o mais que puder da li­ O personagem Hamlet, de Sha­
nha de dem arcação, sabendo que só kespeare, propôs a questão: “ Ser ou
conseguirá destruir-vos, se vos m an­ não ser? ao encontrar-se no limiar
tiver afastados do lugar seguro.” do desespero e autodestruição.”
(Citado por George Albert Smith, (.H am let, ato III, cena 1.) Gostaria
em Conference Report, outubro de de parafraseá-lo assim:
1945, p. 118.) Ser um soldado ou não ser.
Ser persistente na busca da in­ Ser um missionário ou não ser.
fluência do Espírito Santo e na vi­ Ser um pai ou não ser.
vência dos m andam entos de Deus Ser eu mesm o ou não ser.
leva à vida eterna. Ser um seguidor de Cristo ou não
Q uando consideramos que nós, ser.
como indivíduos, olhamos para dois Em A Igreja de Jesus Cristo dos
poderes, a Igreja e o m undo, o bem Santos dos Últimos Dias, nós temos
e o mal, a verdade e a falsidade, co­ a resposta para esta questão, a res­
mo evitar sermos estraçalhados, sa­ posta divina de que nós podem os
bendo que essas duas forças se mo­ ser, podemos viver como um autên­
vem em direções opostas? Colocan­ tico discípulo, podemos viver de
do o's dois pés na Igreja e preparan­ m odo que possamos ser um segui­
do-nos para um compromisso total dor de Cristo — fiéis até o fim, por
e eterno. causa de nosso testemunho.
Existe um velha fábula sobre um Nosso testem unho para o mundo
rei e um bufão. Um dia, resolvendo é que Jesus é o Cristo, -nosso Salva­
recompensar o bufão, o rei ofertou- dor e nosso Redentor; que Joseph
-Ihe um magnífico bordão, dizendo: Smith é o profeta que restaurou a
— Fique com este bordão até encon­ verdade sobre a terra, e que esta é
trar um idiota m aior que você. um a igreja divina, o que eu testifico,
O tempo passou e, um dia, o rei em nome de Jesus Cristo. Amém.
96 A LIAHONA
rá agora um lá para um querido
De Pessoa Para amigo e ouvinte nas m ontanhas do
W yom ing.” E os músicos todos to­
Pessoa caram um sonoro e distinto lá.
O solitário pastor precisava de
apenas um a nota, só um ponto de
partida para afinar seu instrum ento,
dali podendo prosseguir sozinho.
Precisava de alguém que o ajudasse
com uma corda; as outras seriam
fáceis. Depois, com todas as cordas
afinadas — em harm onia — o soli­
Élder David B. Haight tário pastor poderia tocar seu violi­
do Q uorum dos Doze Apóstolos no, seu com panheiro e alegria.
Minhas palavras e incentivo
“Raramente as pessoas deixam de destinam-se, nesta m anhã, aos fi­
freqüentar a Igreja devido a lhos de Deus cujas pilhas estejam
divergências doutrinárias. Elas fracas ou cujas cordas precisem de
esperam um sinal de genuíno amor afinação; àqueles cuja alma foi uma
para curar suas mágoas ou vez tocada pelas palavras e ensina­
dúvidas. ” mentos do Mestre e seus servos, mas
depois se deixaram cativar por ou­
falecido músico A rturo Tos­

O canini, famoso regente da Or­


questra Filarmônica de Nova
Iorque, recebeu certa vez uma carta
tros interesses e atividades. Alguns
talvez hajam sido negligenciados ou
não suficientemente envolvidos nu­
ma significativa responsabilidade na
am arrotada de um solitário pastor Igreja, ou, quem sabe, estejam ma­
que vivia na remota região m onta­ goados ou ressentidos, ou mesmo
nhosa do Wyoming, e que dizia: indignos.
“ Senhor Regente: Possuo somen­
te duas coisas — um rádio e um ve­ Alguns se permitiram “ desafi­
lho violino. As pilhas do meu rádio n ar” , sair de sintonia. Podem ter
estão fracas e logo não funcionarão perdido o tom ou se afastado da
mais. Meu violino se acha tão desa­ partitura original. O Salvador do
finado, que não posso usá-lo. Por m undo deu-nos regras de vida e en­
favor, ajude-me. No domingo que sinou princípios de am or que abran­
vem, quando iniciar seu concerto, gem preocupação e encorajam ento:
toque um lá bem alto, para que eu “ Vinde a mim, todos os que estais
possa afinar a corda do lá; então cansados e oprimidos, e eu vos ali­
conseguirei afinar as outras cordas. viarei.
Q uando as pilhas de meu rádio dei­ “ Tomai sobre vós o meu jugo, e
xarem de funcionar, terei meu violi­ aprendei de mim, que sou manso e
n o .” humilde de coração; e encontrareis
No princípio do seu próximo con­ descanso para vossas almas.
certo retransm itido por rádio no “ Porque meu jugo é suave e meu
Carnegie Hall, em Nova Iorque, Tos­ fardo é leve.” (M at. 11:28-30.)
canini anunciou: “ A orquestra toca­ Ele não se limitou a dizer: “ Vinde
FEVEREIRO DE 1982 97
a mim, todos os que sois perfeitos” , como da Igreja e seus membros hoje
ou apenas os ricos, ou apenas os po­ — trazer novas almas para Cristo e
bres, ou só os que têm saúde, ou os ensiná-las. Ensinar-lhes os m anda­
que não têm pecados, ou os que mentos, ensinar-lhes os princípios
oram mais, ou só os doentes. Seu do evangelho, ensiná-las a am ar a
convite abrange todos: “ Vinde a Deus e ao próximo, ensinar pelo Es­
mim, todos os que estais cansados e pírito, ensinar com am or. Assim
oprimidos, e eu vos aliviarei” , vos elas poderão obedecer e viver os
consolarei e darei paz; “ porque meu m andam entos, e o farão.
jugo é suave e meu fardo é leve” . Ninguém deve perder-se; todos
Seu apelo a todos é que amem a devem sentir o am or do Mestre a tra ­
Deus, amem seus filhos, guardem vés de seus servos. Ele sabia que le­
seus m andam entos e creiam que Je­ var a mensagem do evangelho a to­
sus é o Cristo, nascido de Deus. (1 das as nações exigiria a participação
João 5:1-3.) ativa de todas as almas batizadas —
Muitos que aceitaram os ensina­ não só de algumas, mas de todas.
mentos do Salvador e foram batiza­ Na época de Cristo, existiam for­
dos em sua Igreja agora estão tem ­ tes barreiras sociais entre os judeus.
porariam ente afastados do aprisco, Ainda assim o Salvador convivia li­
alguns por vontade própria, mas ou­ vremente com publicanos e pecado­
tros, freqüentemente, por nossa ne­ res — divergindo profundam ente
gligência. dos fariseus que achavam não poder
M ateus fala da últim a conversa receber pecadores em sua casa.
terrena dos discípulos com Jesus. Cristo censurava sua dureza, di­
Eles estavam reunidos na m onta­ zendo: “ Não necessitam de médico
nha, como ordenado, aguardando o os sãos, mas sim os doentes.” (Mat.
Senhor. Ele era o centro de sua vida. 9:12.)
Eles o adoravam . Sabiam que logo Seus inimigos queixavam-se de
os deixaria. P ara onde iriam? O que que ele convivia e comia com peca­
fariam? Onze homens contra o dores, mas Jesus justificava-se e en­
m undo. E o que ele (o Senhor) lhes sinava mais claramente o propósito
dirá? do am or de Deus para com o peca­
“ E, chegando-se Jesus, falou- dor penitente, e a alegria que há nos
lhes, dizendo: É-me dado todo o céus por um pecador arrependido:
poder no céu e na terra. “ Que vos parece? Se algum ho­
“ P ortanto, ide, ensinai todas as mem tiver cem ovelhas, e uma delas
nações, batizando-as em nome do se desgarrar, não irá ele pelos mon­
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. tes, deixando as noventa e nove, em
“ Ensinando-as a guardar todas as busca da que se desgarrou?
coisas que eu vos tenho m andado; e “ E, se porventura a acha, em ver­
eis que estou convosco todos os dade vos digo que m aior prazer tem
dias, até a consumação dos por aquela do que pelas noventa e
séculos.” (M at. 28: 8-20.) nove que se não desgarraram .
Essas instruções finais não man­ “ Assim também não é vontade de
davam apenas encontrar e batizar, vosso Pai, que está nos céus, que
mas ensinar. O futuro dos discípu­ um destes pequeninos se perca.”
los agora estava claro — exatamente (Mat. 18:12-14.)
98 A LIAHONA
E depois continua: “ E, chegando mos ao lado de um a família m ór­
a casa, convoca os amigos e vizi­ mon. Nós não íamos à Igreja, e nos­
nhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos co­ sos dois filhos não haviam sido
migo, porque já achei m inha ovelha abençoados nem nunca tinham ido à
perdida. Igreja.
“ Digo-vos que assim haverá ale­ “ M inha mulher não era mórmon,
gria no céu por um pecador que se nem mesmo cristã. Ainda assim,
arrepende, mais do que por noventa concordava que nos faltava alguma
e nove justos que não necessitam de coisa.
arrependim ento.” (Lucas 15:6-7.)
Michael Duffy conta: “ Não pe­ “ Não dem orou e os mestres fami­
liares começaram a nos visitar regu­
guei bem seus nomes nem o que di­
ziam, exceto que eram da Igreja larmente. Isto deu início a um pro­
M órmon. Não sei como descobri­ cesso que levou muitos meses e mu­
ram que eu era m órm on e indaga­ dou minha família para sempre.
ram se eu queria mestres familiares. “ Comecei a freqüentar a reunião
Eu não ia à Igreja fazia dezesseis do sacerdócio — primeiro, de vez
anos! em quando, depois regularmente. Fi­
“ Também não sei muito bem por nalmente consegui vencer meu pro­
que eu disse sim. Parece que muitos blema com a Palavra de Sabedoria.
acontecimentos se haviam somado Nosso filho maior, agora com cinco
para convencer-me de que faltava anos, começou a ir à Escola Domini­
algo em m inha vida. Antes, m oráva­ cal. Começamos mesmo a pagar

M embros d a Prim eira Presidência: Presidente N .E ld o n T anner, prim eiro conselheiro; Presidente
M arion G. Romney, segundo conselheiro; Presidente G ordon B. Hinckley, conselheiro.

FEVEREIRO DE 1982 99
Autoridades Gerais
de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Prim eira Presidência

■U M ) a Praadenl Gcxdon B HinckJey


I m M c*i + wmii CouomIch

O Q u o ru m do s Doze
A L IA H O N A
A P residên cia do Prim eiro Q u o ru m dos Setenta

Franklm D flichards J. Thortias Fyans Carlos E Asay M Hussell Ballard Dean L. La/ser, Royden G Derr eti G Homer Duitiam

M em bros do Prim eiro Q u o ru m dos Setenta

o
Cl rs
IV /X dv*
Maror D. Hanks A Theodore Tuítle Theodore M Burton Paul H Dunn Harlrnan Recioi, Jf Lofen C. Dunn HoDert L Simpscn Hex D Piregar W Grani Bangene' Robert D Hales Adney
AOney V K
Komalsu
ornai su

Hugn W PrnnocK F En2io Buscfie VosmUikc Kikuchi RonaW E Poelman Oerek A Cuthberl Robert L Backman Rex C Reeve Sf F Bunor Howard Teddy E Brewerlon Jack H Goaslmd. Jr Angel Abre a

O B ispado Presidente A u to rid a d e s G era is Em éritas

James A Culhmofe Joseph Andetson John H Vandenberg O Leslie Sione


um pouquinho de dízimo. Minha “ Foi mesmo um a bênção m orar­
mulher me apoiava, mas não estava mos num a ala que se interessava ati­
interessada na Igreja. vamente pelos membros menos ati­
“ Então, um dia, dois missioná­ vos, cuja presidência do quorum de
rios bateram à nossa porta. Meses élderes (cargo que ocupo agora) da­
mais tarde, logo depois de eu haver va ênfase especial à reativação, e até
sido ordenado èlder, batizei e con­ mesmo um membro da presidência
firmei minha mulher membro da da estaca se interessou pessoalmente
Igreja. Posteriorm ente fomos sela­ por nós.
dos como família no Templo de Já o P rofeta Ezequiel recrimina­
W ashington.” va: “ Não apascentais as ovelhas.
E prossegue: “ Recordando as “ A fraca não fortalecestes, e a
muitas coisas que aconteceram, doente não curastes, e a quebrada
lembro-me ternam ente do am or, não ligastes, e a desgarrada não tor­
preces e solidariedade do bispado, nastes a trazer, e a perdida não bus­
presidência do quorum de élderes e castes.” (Eze. 34:3-4.)
outros. Indo de carro para o A eroporto
de Los Ângeles em com panhia de
um atarefado radialista, descobri
que ele e a mulher, em bora tendo
nascido na Igreja, jam ais a fre­
qüentaram . Sua vida era dom inada
por reuniões sociais, fins-de-semana
recreativos e de escape.
Depois de oito anos de casados,
começavam a preocupar-se com a
vida que levavam, porém sem nada
fazer a respeito.
Diversas duplas de mestres fami­
liares passaram por eles. Então apa­
receu na vida deles um novo mestre
familiar - um autêntico pastor. Pas­
sado algum tempo, este mestre fa­
miliar conseguiu que o marido fosse
à Igreja um a vez. O Irmão Adam-
son disse que não ia largar de fum ar
e beber. Tinha tom ado a firme reso­
lução de não guardar a Palavra de
Sabedoria, e se não fosse bem-vindo
na Igreja por causa disso, muito
bem. O mestre familiar retrucou:
— O irm ão ê bem-vindo, e eu vi­
rei aqui apanhá-lo.
Na prim eira vez que foi à Igreja,
o Irmão Adamson esperou que al­
Présidente Ezra Taft Benson, Présidente do
guém se afastasse dele por causa do
Q uorum dos Doze. forte odor de fumo, mas não acon-
102 A LIAHONA
teceu. Vão pedir-me que ore ou sir­ Um casal idoso que vivia numa
va na Igreja, pensou. Mas isto tam ­ pequena com unidade m órm on de
bém não aconteceu. Idaho, sempre fora membro da
O mestre familiar não telefonava Igreja. O m arido tinha oitenta e seis
nas manhãs de domingo para não anos, e a esposa oitenta e quatro.
dar-lhe oportunidade de dizer não; Ele continuava sendo um sacerdote
simplesmente chegava na casa dele e no Sacerdócio Aarônico. Seus no­
perguntava: vos mestres familiares, sabedores de
— O irm ão está pronto? sua falta de interesse na Igreja, per­
E assim foi buscá-lo todos os do­ guntaram se podiam visitá-loi.
mingos por mais de um ano. O casal idoso ficou contente que
O casal Adam son começou a ler o alguém se importasse com eles. Os
livro Uma Obra Maravilhosa e Um mestres familiares ensinaram-lhes os
Assom bro, e acabou descobrindo princípios do evangelho. O casal
que a Igreja era muito mais que a correspondeu. Esse irm ão de oitenta
Palavra de Sabedoria, sobre a qual e seis anos tornou-se um élder e,
lhe haviam falado tanto durante a com sua esposa, mereceu o privilé-
vida inteira (e como não a guarda­
vam, achavam que a Igreja não ti­
nha nada para oferecer-lhes).
O casal logo verificou que era
uma Igreja de am or, não um a Igreja
de temor. Inteiraram -se da missão
do Salvador e de nosso Pai Celeste,
e do arrependim ento. Ficaram tão
orgulhosos da Igreja em que haviam
nascido, que a questão da Palavra
de Sabedoria deixou de ser im por­
tante. Eles não passaram pela habi­
tual dificuldade de abandonar maus
hábitos. Simplesmente aconteceu.
Havia tantos outros princípios do
evangelho que adquiriram m uita im­
portância em sua vida. Diz ele:
— De repente, descobri-me traba­
lhando na capela nova e um dia dis­
se ao bispo: “ Agora estou prepara­
do. Pode chamar-me para orar nas
reuniões.”
O Salvador ensinou a Pedro:
“ Q uando te converteres, confirma
teus irm ãos.” (Lucas 22:32.)
As almas estão confiadas ao cui­
dado da Igreja — cabe-lhe zelar por
elas e mantê-las no caminho certo,
lembrar-se de seus nomes e Élder Jack H . Goaslind Jr., do Prim eiro Q uorum
alimentá-las. (Vide M orô. 6:4.) dos Setenta, com seu filho caçula Richard.

FEVEREIRO DE 1982 103


gio de irem ao templo e serem sela­ criancinha no meio dos discípulos,
dos para o tempo e toda a eternida­ ensinou-lhes que deviam tornar-se
de. iguais a ela para poderem entrar no
Se este casal não fosse visitado reino dos céus, dizendo: “ Porque o
por mestres familiares zelosos, pro­ Filho do Homem veio salvar o que
vavelmente teriam m orrido sem re­ se tinha perdido” (M at. 18:11), e
ceber as bênçãos essenciais do evan­ para cham ar todos os pecadores ao
gelho. Pastores preocupados pode­ arrependim ento.
riam ter tocado este casal muitos Michael Weird conta: “ Meu casa­
anos antes, quando os filhos ainda mento havia fracassado. Eu estava vi­
não eram crescidos. O casal sentiu- vendo em desacordo com os princípios
se grato pelos mestres familiares fi­ da Igreja. Não só estava inativo, mas
nalmente terem coragem de ir visitá- perdera toda confiança em minha
los. capacidade de voltar. Tive sucesso
As pessoas que se afastam da ver­ nos negócios, dirigia um bonito car­
dadeira doutrina geralmente sabem ro e com prava roupas dispendiosas.
que lhes falta algo. A semente da Eu tinha tudo o que o m undo pode­
verdade, em bora minúscula, perm a­ ria desejar.
nece, sem se deixar ofuscar pelos “ Mas, um dia, m inha com panhia
prazeres m undanos, fama ou di­ contratou Ken Wheeler, que eu sa­
nheiro. bia ser m órm on por sua m aneira de
O Salvador, colocando uma agir. Tornam o-nos amigos, e ele

M embros do Q uorum dos Doze: Presidente E zra Taft Benson, à esquerda; Elder M ark E. Petersen
e Élder LeG rand Richards.

104 A LIAHONA
convidou-me para ir à Igreja. Que­ go facilitou as coisas. Hoje, não di­
ria ir, mas não me julgava digno. rijo mais um bonito carro nem uso
Ele continou a convidar-me e eu a roupas de luxo, mas sinto-me mais
recusar. Eu tinha o desejo de voltar, rico que nunca.”
mas não arranjava forças para fazê- E prossegue: “ Os que se desgarra­
lo. ram querem tanto voltar, mas têm
“ C erta noite, sozinho em meu medo de dar o primeiro passo. Eles
apartam ento, achava-me muito de­ não perdem o testemunho; perdem a
primido e pus-me a chorar incontro- confiança em si m esmos.”
lavelmente. Orei ao Senhor e im plo­ Os que se desgarram precisam de
rei sua ajuda. No dia seguinte, Ken um amigo — mas um amigo que co­
indagou como eu estava passando; nheça o Pastor. Raramente as pes­
ele percebeu que alguma coisa não soas deixam de freqüentar a Igreja
ia bem. Abraçando-m e, disse: — devido a divergências doutrinárias.
Ele ainda o ama, e nós tam bém . Por Elas esperam um sinal de genuíno
que não volta para casa? am or e amizade para curar suas m á­
“ Eis a resposta para minhas pre­ goas ou dúvidas.
ces; a ajuda que tanto im plorara na Néfi testificou “ que o Senhor
noite anterior! Deus não trabalha em trevas” .
“ Eu voltei para casa! A princípio, “ Ele nada faz que não seja em be­
estava um pouco constrangido, mas nefício do mundo; porque ama o
o fato de todos se im portarem comi­ m undo a ponto de entregar sua pró-

Élder Derek A. C uthbert, do Prim eiro Q uorum dos Setenta, à esquerda, conversando com alguns
visitantes.

FEVEREIRO DE 1982 105


pria vida para atrair a si todos os Nós somos seu povo. Deus espera
hom ens... que encontremos, ensinemos e recu­
“ ... ele... diz: Vinde a mim todos peremos as cordas eventualmente
vós, extremos da terra... necessitadas de afinação. Que o pu­
“ Ordenou ele a alguém que não ro am or de Cristo nos ajude a tocar-
participasse de sua salvação? ... lhes um perfeito e claro “ lá” .
não, mas deu-a livremente a todos
os homens e ordenou a seu povo que Deus vive. Jesus é o Cristo. Esta é
persuadisse todos os homens ao ar­ sua obra, o que testifico em nome de
rependimento.” (2 Néfi 26:23-25,27.) Jesus Cristo, Amém.

106 A LIAHONA
sário, por ministrações celestiais.
Joseph Smith: O Descrevendo as condições dos úl­
timos dias ligadas à segunda vinda
Profeta de Nossa de Jesus Cristo, João profetiza em o
Novo Testam ento que, antes de o
Geração Salvador retornar, o m undo recebe­
ria um aviso de estar próxima a hora
do juízo de Deus. Este aviso seria
trazido por um anjo dos céus, decla­
rando um “ evangelho eterno” . Ou­
vi o que diz:
“ E vi outro anjo voar pelo meio
do céu, e tinha o evangelho eterno,
para o proclam ar aos que habitam
Presidente Ezra Taft Benson sobre a terra, e a toda nação, e tri­
Presidente do Q uorum dos Doze Apóstolos
bo, e língua, e povo.
“ Dizendo com grande voz: Temei
“Os ensinamentos de Joseph Sm ith a Deus, e dai-lhe glória; porque vin­
resistiram a mais de cento e da é a hora de seu juízo. E adorai
cinqüenta anos de pesquisa, aquele que fez o céu, e a terra, e o
críticas e perseguição. A mar, e as fontes das águas.” (Apo.
mensagem, a Igreja e o povo são a 14:6-7.)
comprovação de seu testem unho e Quem aceita o testemunho- de
suas obras. ” João, o Revelador, deve esperar no­
vas revelações e visitações de um
ostaria de debater nesta ma­ mensageiro celestial à terra.

G nhã, o chamado e missão de


um profeta m oderno para a
nossa geração.
É nosso solene testemunho que
esse mensageiro angélico apareceu
ao P rofeta Joseph Smith nos pri­
É costume aceitar que a fé dos mórdios do século dezenove. O
membros de A Igreja de Jesus Cris­ anúncio de que um anjo de Deus
to dos Santos dos Últimos Dias re­ apareceu a um profeta em nossos
pousa na afirm ação de que Joseph tempos é perfeitam ente consistente
Smith é um profeta de Deus, e tam ­ com as profecias do Novo Testa­
bém que ele afirm ou que o surgi­ mento e portanto deve suscitar o in­
mento do Livro de M órm on resul­ teresse de todo aquele que procura
tou de visitações angélicas por ele seriamente a verdade.
recebidas entre os anos de 1823 e A luz do fato de que Jesus afir­
1827. mou que haveria profetas, tanto fal­
Ao saber dessa declaração, algu­ sos como verdadeiros, nos últimos
mas pessoas retrucam que parece dias antes de sua segunda vinda, a
absurdo que anjos hajam visitado a questão fundam ental é: “ Joseph
terra nos tempos modernos. Smith realmente falou com Deus?
A Bíblia traz testem unho de que Foi ele um profeta verdadeiro?”
Deus dirigiu os negócios de sua igre­ Meu intento, hoje, é apresentar
ja na terra por mais de quatro mil algumas provas corroborantes da
anos por revelação e, quando neces­ missão de Joseph Smith como pro­
FEVEREIRO DE 1982 107
feta para esta geração. verdadeiro profeta é ele declarar
A mais singular prova em apoio à uma mensagem de Deus. Ele não
pretensão de Joseph Smith de ser procura desculpar-se pela mensa­
porta-voz do Deus Onipotente, é a gem, nem teme qualquer repercus­
publicação de um registro escriturís- são social que possa levá-lo ao es­
tico, o Livro de M órmon. cárnio e perseguição.
O Livro de M órm on é um registro Quando jovem , Joseph Smith
dos antigos habitantes do continente procurava a verdade. A confusão
americano, e relata a visita e minis­ existente entre as igrejas fê-lo inda­
tério de Jesus Cristo ao povo deste gar a Deus qual delas era verdadei­
continente, após sua ascensão em ra. Ele assevera que, em resposta a
Jerusalém. O principal objetivo des­ sua prece, apareceu uma fulgurante
se registro é convencer uma geração coluna de luz. Eis suas palavras:
posterior de que Jesus ê o Cristo, o “ Q uando a luz repousou sobre
Filho de Deus. O Livro de M órmon, mim, vi dois Personagens, cujo res­
por conseguinte, constitui um a tes­ plendor e glória desafiam qualquer
tem unha adicional, junto com a Bí­ descrição, em pé, acima de mim, no
blia, da divindade de Jesus Cristo. ar. Um deles falou-me, chamando-
Joseph Smith obteve estes antigos -me pelo nome, e disse, apontando
anais de um mensageiro celestial, para o outro: Este é meu Filho
exatamente como João profetizou. A m ado. O uve-o”. (Joseph Smith
Esse anjo lhe apareceu e mostrou- 2:17.)
-lhe onde encontrar os antigos regis­ Joseph perguntou ao segundo
tros, gravados em placas metálicas e Personagem, que era Jesus Cristo,
ocultos num cofre de pedra enterra­ qual das seitas cristãs estava certa.
do. No devido tem po, as placas e os Foi-lhe dito que não deveria filiar-se
meios para traduzi-las foram entre­ a nenhum a delas, pois todas esta­
gues ao jovem profeta. O livro foi vam erradas.
traduzido e publicado como escritu­ Alguns trataram seu testemunho
ra canônica para o m undo. com grande escárnio e começaram a
Além disso, em harm onia com o incitar falsas histórias e perseguição
testemunho de João, o livro con­ contra ele. O jovem profeta, à seme­
tém, “ o evangelho eterno” . (Apo. lhança de Paulo em outros tempos,
14:6.) Ele agora é pregado por nos­ não negou seu testem unho, mas
sos missionários ao mundo. defendeu-o com estas palavras:
Nós vos convidamos a com provar “ Tive realmente um a visão; e
a validade de nosso testemunho a quem sou eu para opor-me a Deus?
respeito do Livro de M órmon. Isto Ou, por que pensa o mundo fazer-me
podeis fazer lendo-o e perguntando negar o que realmente vi? Porque
ao Pai Celeste se estas coisas são havia visto um a visão; eu o sabia, e
verdadeiras. Eu vos prom eto, se for­ compreendia que Deus o sabia, e
des sinceros, que recebereis a confir­ não podia negá-lo, nem ousaria
mação de sua autenticidade pelo Es­ fazê-lo; pelo menos eu sabia que,
pírito Santo. Milhões de pessoas, procedendo assim, ofenderia a
com seriedade e sinceramente, testi­ Deus, e estaria sujeito à condena­
ficam saber que ele é de Deus. ção.” (JS 2:25.)
Uma característica reveladora do A prova suprema do verdadeiro
108 A LIAHONA
profeta é que, quando fala em nome D&C 87.) Esta profecia foi publica­
do Senhor, suas palavras se cum­ da ao m undo em 1851.
prem. Isto foi explicado pelo Senhor Como sabe qualquer garoto de
a Moisés assim: escola nos Estados Unidos, a Guer­
“ Q uando o tal profeta falar em ra Civil começou com a separação
nome do Senhor, e tal palavra se da Carolina do Sul da União, segui­
não cumprir, nem suceder assim, es­ da por outros estados. Q uando
ta ê a palavra que o Senhor não fa­ A braão Lincoln, então presidente
lou; com soberba a falou o tal pro­ dos Estados Unidos, enviou provi­
feta.” (Deut. 18:22.) sões para as tropas da União no
Este teste pode ser aplicado a Forte Sumter, Carolina do Sul, as
muitas profecias de Joseph Smith forças confederadas abriram fogo
que estão registradas. Vou ilustrar contra o forte. Desde aquele dia fa­
com dois exemplos: tídico, em 1861, o m undo vem so­
Em 1832, ele profetizou que os es­ frendo morte e miséria de muitas al­
tados do sul e os do norte logo esta­ mas, em conseqüência de conflitos
riam divididos por um a guerra civil, armados.
que essa guerra seria o início de guer­ O Profeta Joseph Smith desejava
ras mundiais que acabariam por envol­ salvar a União desse sangrento con­
ver todas as nações e resultariam na flito. Ele reconhecia a iniqüidade da
morte e miséria de numerosas al­ escravatura e instou com o congres­
mas. Disse, especificamente, que a so dos Estados Unidos para que a
grande Guerra Civil começaria com abolisse, indenizando os proprietá­
a rebelião da Carolina do Sul. (Vide rios de escravos com o provento da

FEVEREIRO DE 1982 109


venda de terras públicas. A sugestão Joseph Smith:
foi ignorada, e quase meio milhão A Igreja de Jesus Cristo dos San­
de almas m orreu na Guerra Civil. tos dos Últimos Dias cuida dos seus
Em outra profecia, um a das mais pobres e necessitados com os dízi­
extraordinárias proferidas sobre a mos e ofertas dos membros da Igre­
cabeça de um homem, Joseph Smith ja. Os santos dos últimos dias levam
disse a um jovem juiz, cham ado Ste- a sério a declaração do Salvador:
phen A. Douglas, na presença de di­ “ ... quando o fizestes a um destes
versas pessoas: “ Juiz, o senhor aspi­ meus pequeninos, a mim o fizestes.”
rará à presidência dos Estados Uni­ (Mat. 25:40.)
dos; e, se alguma vez erguer sua O P rofeta Joseph Smith afirm ou
mão contra mim ou os santos dos que a Igreja não estava plenamente
últimos dias, sentirá o peso da mão organizada, até que as mulheres ti­
do Todo-Poderoso sobre si; e viverá vessem sua própria organização.
para ver e reconhecer que eu lhe tes­ P or isso, organizou, em 1842, a So­
tifiquei a verdade; pois a conversa ciedade de Socorro, que hoje é a
de hoje se aferrará ao senhor duran­ m aior organização feminina do
te toda sua vida.” (H istory o f the mundo.
Church, 5:394.) U tah foi um dos primeiros esta­
Stephen A. Douglas realmente dos a garantir direitos eleitorais às
quis ser presidente dos Estados Uni­ mulheres.
dos. Ele teve oportunidade de de­ Esta ê uma igreja missionária,
fender a Igreja. Mas, num discurso conform e ouvistes esta m anhã. Je­
político, em 1857, atacou m aldosa­ sus disse que um dos sinais dos tem­
mente a Igreja, tachando-a de pos, antes de sua vinda, era que o
“ odiosa e repugnante úlcera no or­ evangelho do reino seria pregado ao
ganismo político” e recom endando m undo inteiro como testemunho a
que fosse expurgada pelo congresso. todas as nações. (Vide M at. 24:14.)
Alguns afirm aram que nenhum Espera-se que todo jovem e mui­
outro candidato tinha melhores tos casais ofereçam serviço missio­
chances de obter a presidência do nário. O treinam ento principia no
que Douglas, mas, quando se com­ lar e é intensificado com instrução
putaram os resultados da eleição, nas responsabilidades eclesiásticas.
ele não recebera votos suficientes A instrução eclesiástica dos rapazes
para ganhar. A vitória eleitoral cou­ começa aos doze anos e prossegue a
be a um obscuro interiorano chama­ vida inteira. Além disso, a Igreja pa­
do A braão Lincoln. trocina centros de treinamento mis­
Um ano após a eleição, o Sr. sionário, onde os missionários rece­
Douglas falecia de desapontam ento, bem instrução e treinam ento, em
no prim or da vida. preparação para pregar o evangelho
O utra prova do verdadeiro profe­ às nações em seu próprio idioma.
ta foi estabelecida pelo próprio Sal­ E a eficiência desse treinamento?
vador. O autêntico profeta deve ser A Igreja precisou de cento e dezesse­
distinguido do falso profeta pelo pa­ te anos para chegar a um milhão de
drão: “ Por seus frutos os conhece­ membros. O segundo milhão foi al­
reis.” (M at. 7:20.) Considerai al­ cançado em dezesseis anos; o tercei­
guns “ frutos” dos ensinamentos de ro milhão, em nove anos; o quarto
110 A LIAHONA
milhão, em seis anos; e o quinto mi­ ção, dada em 1833, os membros da
lhão, em apenas três anos. Igreja foram orientados a abster-se
Em menos de duas décadas, três de café, chá, fumo e todas as bebi­
milhões de pessoas filiaram-se à das alcoólicas. Àqueles que guar­
Igreja. dam o m andam ento, é prometido
Hoje, há perto de trinta mil mis­ “ saúde para seu umbigo e medula
sionários servindo em setenta e uma para seus ossos” .
nações do mundo. A m aioria custeia Fizeram-se diversas pesquisas
sua missão com recursos próprios científicas com membros da igreja
ou de sua família. SUD. Uma delas dem onstrou que os
santos dos últimos dias em Utah
Joseph Smith e seus sucessores
apresentam 65% menos casos de
têm dado ênfase à educação para to­
câncer pulm onar que a população
dos os membros da Igreja, ênfase
geral dos Estados Unidos, e seu ín­
essa que produziu resultados excep­
dice de males cardíacos está 35%
cionais. O Dr. Clark Kerr, que pre­
abaixo da média nacional. (Vide
side o Conselho Carnegie de Estu­
Church News, 23 de junho de 1979,
dos Políticos na Educação Superior,
pp. 5, 10.)
comentou:
Em outro estudo feito na C alifór­
“ U tah é o estado líder em educa­
nia, onde os m órm ons não chegam a
ção no país e, portanto, no m undo...
2% da população, o Dr. James Ens-
“ Utah ocupa o primeiro lugar na trom , radiofísico da Universidade
percentagem da população total, da C alifórnia em Los Ângeles, que
dos 3 aos 34 anos, matriculados em não é membro da Igreja, chegou a
escolas. um a conclusão ainda mais espanto­
“ Utah está em primeiro lugar na sa. Ele verificou que o índice de cân­
percentagem da população total ma­ cer pulm onar entre os mórmons es­
triculada em escolas, em qualquer tava 75% abaixo da média nacional,
idade, com exceção da faixa etária e o índice de câncer em geral, 45%
de 16-17 anos... abaixo da média nacional. Ao con­
“ Utah está em primeiro lugar na cluir sua pesquisa, o Dr. Enstrom
média de anos escolares completa­ disse a respeito dos m órmons: “ Eles
dos de todos os seus cidadãos de devem estar fazendo alguma coisa
vinte e cinco anos para cim a... certa” . (Citado por Bill Davidson,
“ No côm puto geral, Utah tem si­ “ What Can We Learn About Health
do... um modelo de desenvolvimen­ from the M orm ons?” , Family Cir-
to educacional, um a rica fonte de li­ cle janeiro de 1976, p. 82.)
derança.” (“ New Areas for Lea- A Palavra de Sabedoria foi dada
dership” , 1974 University o f Utah a Joseph Smith, em 1833. Hoje, a
C om m encem ent Address, Salt Lake ciência médica corroborou a sabe­
City: University of Utah, 1974, pp. doria dessa revelação.
2-4.) Sim, “ por seus frutos os conhece­
Não existe revelação dada a Jo­ reis!” (Mat. 7:20.) Os frutos dos en­
seph Smith mais suscetível de inves­ sinamentos de Joseph Smith resisti­
tigação científica do que seu código ram a mais de cento e cinqüenta
dietético de saúde, conhecido como anos de pesquisa, críticas e persegui­
Palavra de Sabedoria. Nesta revela­ ção. A mensagem, a Igreja e o povo
FEVEREIRO DE 1982 111
são a com provação de seu testem u­
nho e suas obras. Sessão Vespertina de Domingo, 4 de
Exatamente como os profetas do outubro de 1981.
passado eram sem honra em sua pá­
tria, sendo perseguidos e mortos,
Joseph Smith foi m altratado e m ar­
Segui os Profetas
tirizado em sua geração.
Joseph Smith foi um enviado de
Deus? Respondemos com um vi­
brante “ sim” !
Ele “ viveu grande e m orreu gran­
de aos olhos de Deus e de seu povo;
e como a maior parte dos ungidos
do Senhor dos tempos antigos, com
seu próprio sangue selou sua missão Élder Mark E. Petersen
e suas obras” . (D&C 135:3.) do Q uorum dos Doze A póstolos
Testifico-vos que Deus voltou a
falar dos céus; que a visitação de “ O presidente da Igreja recebe
Deus, o Pai, e seu Filho, Jesus Cris­ sagradas investiduras, as mesmas
to, constitui o m aior acontecimento dadas ao Profeta Joseph Sm ith, a
deste m undo desde a ressurreição de quem ele sucede neste elevado
Jesus Cristo. Deus vive. Jesus é o ofício. ”
Cristo, o Redentor do m undo —
não apenas um grande mestre mo­ onform e o Irmão Feathersto-
ral, conform e alega parte do mundo
cristão, mas o Salvador da hum ani­
dade, o próprio Filho de Deus.
C ne mencionou em sua oração,
um dos hinos prediletos dos
santos dos últimos dias, atualm ente,
é uma prece pelo restabelecimento
Presto testem unho de que Joseph do presidente da Igreja. É cantado
Smith foi um profeta do Deus viven­ pelas congregações m undo afora,
te, um dos maiores profetas que já com o belo tema mencionado pelo
viveram na terra. Ele foi um instru­ Irmão Featherstone, e estou certo de
mento nas mãos de Deus para dar que todos sentimos juntos estas pa­
início à atual dispensação do evan­ lavras:
gelho, a maior de todas, e a derra­
Oramos p o r ti, nosso querido
deira delas preparando a segunda
vinda do Mestre. Profeta,
Que Deus te dê ânimo e alívio;
Presto testemunho de que temos à
Quando a idade tua testa vincar,
testa da Igreja hoje um profeta do
Tua luz continue brilhando como
Deus vivente, o qual tem toda auto­
agora.
ridade necessária para levar avante
Oramos por ti com todo fervor,
o program a do Pai em benefício de
Que forças tenhas para tua obra,
seus filhos.
Guiando-nos, aconselhando-nos
Assim como vive Deus, eu sei que dia a dia,
estas coisas são verdade e presto-vos Ilum inando com santa luz nosso
este testemunho em nome de Jesus caminho.
Cristo. Amém. (“ We Ever Pray for Thee” ,
112 A LIAHONA
H ym ns n? 386; sem versão para o organizado quorum na terra. Todos
português. N. do T.) os quatro integrantes da presidência
Quem é mais am ado na Igreja que são apóstolos do Senhor Jesus Cris­
o Presidente Spencer W. Kimball? E to; todos eles são profetas, videntes
por quem ascendem mais orações de e reveladores.
todas as partes do m undo em que vi­ O Conselho dos Doze segue-os na
vem santos dos últimos dias ? linha de autoridade. Estes irmãos
O Presidente Kimball não é ape­ também portam as chaves divinas,
nas am ado e reverenciado universal­ porém somente o presidente da Igre­
mente, como ele ama e reverencia os ja pode exercer todas essas chaves
santos, ora por eles, trabalha por plenamente, pois este privilégio é
eles sem hesitação e reservas. Sua dado apenas a um homem, por vez,
bondade lembra a de Cristo. na terra. Os doze também traba­
Esforça-se por fazer tudo o que gos­ lham por delegação do presidente da
taria de que lhe fizessem. Igreja; dele recebem designações e
O Senhor deu-lhe grandes e sábios as cumprem com total devoção.
homens como conselheiros: Presi­ Foi o próprio Senhor quem esta­
dente N. Eldon Tanner, Presidente beleceu apóstolos e profetas na Igre­
M arion G. Romney e Presidente ja moderna. P ortanto, não é um
Gordon B. Hinckley, que é o novo gesto vão com que apoiamos a Pri­
conselheiro na Prim eira Presidên­ meira Presidência e os Doze como
cia, um homem de Deus, um ho­ profetas, videntes e reveladores,
mem sábio, um homem enérgico, pois eles o são por escolha divina,
corajoso na fé, sólido e resistente devidamente ordenados e designa­
como Gibraltar. dos pela imposição das mãos de
Estes irmãos são tão dedicados pessoas autorizadas a fazê-lo.
quanto o próprio Presidente Kim­
Eles foram chamados por Deus
ball, totalmente envolvidos em seu
como foi Aarão (vide Hebr. 5:4), de
trabalho, sempre apoiando o presi­
acordo com o padrão descrito pelo
dente, aconselhando-o com bonda­
Apóstolo Paulo em sua epístola aos
de e grande inteligência em todos os
hebreus. Foram indicados por reve­
assuntos que lhes são submetidos.
lação, ordenados por outros profe­
A Prim eira Presidência é um quo­
tas vivos e plenamente comissiona­
rum da Igreja, e como tal funciona
dos a agir em nome do Senhor.
em plena harm onia sob a influência
Deus fala através de nossos gran­
do Santo Espírito, provendo, assim,
des líderes, e guia seu povo através
orientação inspirada aos santos.
de suas palavras. Acaso não disse o
A Prim eira Presidência é o conse­
próprio Senhor: “ Seja pela minha
lho presidente da Igreja. Estes ir­
própria voz ou pela de meus servos,
mãos presidem todas as coisas. Eles
não im porta”? (D&C 1:38 ; grifo
têm todas as chaves, poderes, dons e
nosso.)
bênçãos desta dispensação.
O Presidente Kimball é o sumo- O presidente da Igreja que é, de
sacerdote presidente. Seus conse­ fato, o porta-voz de Deus e o sumo
lheiros presidem com ele, por dele­ sacerdote presidente na terra, recebe
gação dele, na execução dos traba­ sagradas investiduras, as mesmas
lhos deste supremo e divinamente dadas ao Profeta Joseph Smith, a
FEVEREIRO DE 1982 113
quem ele sucede neste elevado ofi­ roda por todo o vento de
cio. doutrina” ? (Efé. 4:14.)
Pela ordenação, ele recebe todas A necessidade de tal orientação é
as chaves, dons e poderes do sacer­ tão grande hoje como foi nos tem­
dócio que foram conferidos ao P ro­ pos de Pedro e Paulo, quando, em
feta Joseph Smith pelos santos an­ verdade, os santos eram atacados
jos, quando a Igreja foi restabeleci­ por todo vento de doutrina e
da nestes últimos dias. levantavam-se falsos profetas, que
O presidente da Igreja as possui pregando com “ astúcia” , engana­
todas! vam “ fraudolosam ente” . (Efé.
A obra desta derradeira dispensa- 4:14.)
çâo não poderia ser realizada sem is­ Os santos de hoje necessitam de
so. De que valeria Joseph Smith ter instruções de Deus através dos pro­
levado todos esses poderes consigo fetas, tanto quanto os membros da
para o túmulo? A obra seria inter­ igreja antiga. Nós, desta dispensação,
rom pida, porque Deus só opera dependemos igualmente de orienta­
através de portadores da devida au­ ção inspirada na obra do ministério
toridade. e de constante diretriz divina em
Não disse Amós, em outros tem­ nossa caminhada para a perfeição.
pos, que o Senhor não faz nada se­ Em muitos aspectos, as condições
não através de seus servos, os profe­ atuais assemelham-se às de antiga­
tas? (Vide Amós 3:7.) E Deus algu­ mente. As atitudes do povo — en­
ma vez m andou à terra profetas sem tão como agora — não diferem es­
a devida autoridade divina, sem o sencialmente, tam pouco seus princi­
direito de falar e agir em seu nome? pais problemas como a imoralidade.
Na primitiva Igreja, não foi o O Senhor deu-nos profetas mo­
próprio Senhor quem nela colocou dernos como parte de sua Igreja mo­
apóstolos e profetas? E eles não fo­ derna, e seus deveres são idênticos
ram chamados e ordenados “ para o aos dos profetas antigos.
aperfeiçoam ento dos santos, para a E nós, hoje, devemos atendê-los
obra do ministério, para a edifica­ como faziam os santos em outros
ção do corpo de C risto” ? (Efé. tempos. É a mesma Igreja, a mesma
4:12.) fé; a salvação oferecida é idêntica.
E não eram eles o fundam ento da Antigamente, as pessoas m ostra­
verdadeira igreja, conform e diz vam-se dispostas a aceitar os cham a­
Paulo, tendo Jesus Cristo por prin­ dos divinos de seus líderes, não os
cipal pedra angular? (Vide Efé. considerando mais simples pescado­
2 : 20 .) res ou fabricante de tendas, pois es­
E não deviam permanecer na ses irmãos haviam sido colocados
Igreja “ até que todos cheguemos à pelo Senhor em nova posição como
unidade da fé, e ao conhecimento seus servos divinamente eleitos. Da
do Filho de Deus, a varão perfeito, mesma form a nós, hoje, devemos
à medida da estatura completa de esquecer as antigas ocupações e ati­
C risto” ? (Efé. 4:13.) vidades pessoais de nossos líderes
E não deviam permanecer tam ­ m odernos, encarando-os apenas co­
bém para que “ não sejamos mais mo servos de Deus que agora são.
meninos inconstantes, levados em Eles são inspirados como eram
114 A LIAHONA
Pedro e Paulo; têm o mesmo cha­ que não há inferno; e diz-lhes: Eu
mado divino; são os líderes que nos não sou o diabo; ele não existe; e is­
foram dados pelo próprio Deus. Ele so ele sussurra aos ouvidos, até os
os levantou especificamente para o agarrar com suas terríveis correntes,
dia de hoje. E ntão não havemos de das quais não há libertação.” (2 Né­
atendê-los? fi 28:20-22.)
Estamos vivendo num período di­
Lembrai-vos de alguma época em
fícil da história. O demônio está
vossa vida em que havia tanta tenta­
movendo uma guerra implacável
ção como temos hoje? Muitos adul­
aos santos. Procura rodear-nos com
tos comentam que estão contentes
toda sorte concebível de tentação,
de não estarem crescendo hoje,
ódio, intolerância e corrupção. Seus
quando há tam anha corrupção no
métodos são insidiosos, conform e
mundo. E mostram-se alarm ados
nos diz claramente o Profeta Néfi,
com a geração que se está form ando
explicando que Satanás “ assolará os
hoje, obrigada a enfrentar tudo o
corações dos filhos dos homens e os
que se vê de sexo e drogas nas ruas,
excitará a se encolerizarem contra o
cinemas, revistas, jornais e livros,
que é bom.
além das muitas outras formas de
“ E a outros pacificará, e os ador­ sedução.
mecerá em segurança carnal, de mo­
do que dirão: Tudo vai bem em Onde existe segurança, irmãos e
Sião; sim, Sião prospera. Tudo vai irmãs? Onde, senão na Igreja e sob
bem. Assim o diabo engana suas al­ o pálio protetor do evangelho de Je­
mas e as conduz cuidadosam ente ao sus Cristo? Nossa época não se asse­
inferno. melha muito aos dias de Noé, em
“ E a outros ele lisonjeia, dizendo que a população da terra foi destruí-

Algumas crianças da Prim ária que cantaram no coro especial n a sessão vespertina de sábado.

FEVEREIRO DE 1982 115


da pelo dilúvio, toda ela com exce­ mos ver.
ção de oito almas justas? Clamemos sem tem or - Quem se­
Alguns duvidam de que houve di­ gue ao Senhor?
lúvio, mas nós sabemos que real­ (Hinos, n? 132.)
mente ocorreu pela revelação mo­ Se estivermos do lado dele, segui­
derna. Sabemos também que, por remos seus profetas.
mais de um século, Noé implorou ao Eu vos testifico que eles são ho­
povo que se arrependesse, mas não mens de Deus. Testifico-vos que
quiseram ouvi-lo. nosso grande líder, o Presidente
Não necessitamos igualmente das Spencer W. Kimball, é pessoalmente
advertências dos profetas da mesma um vidente e revelador, um profeta
form a como o povo nos dias de no mesmo sentido como foram Moi­
Noé? Atenderemos melhor aos nos­ sés ou Isaías ou Joseph Smith, e que
sos videntes e reveladores do que o ele tem os mesmos poderes divinos
povo naquele tempo? Será que so­ deles.
mos tão obtusos a ponto de não ti­ P ara o nosso próprio bem, para o
rarm os uma lição do erro deles? bem de nossos familiares, para o
Dizem as escrituras que muitos bem da igreja restaurada de Jesus
não escutarão. Porém , dizem igual­ Cristo à qual pertencemos, mas
mente que os verdadeiros crentes no também para merecer as bênçãos ce­
Senhor seguirão seus servos e darão lestes, sirvamos ao Senhor e guarde­
ouvidos às suas advertências. Deus mos seus m andam entos.
protegerá os fiéis, a despeito de to­ Estou no Conselho dos Doze há
das as tribulações que cairão sobre quase trinta e oito anos, durante es­
os iníquos. se tempo, servi sob seis presidentes
Acaso não salvou ele a família de da Igreja. Participei de reuniões em
Noé do dilúvio? que se tom aram decisões vitais. Te­
E não salvou a família de Léhi da nho ouvido suas palavras e observa­
destruição em Jerusalém? do a inspiração fluindo sobre estes
O Senhor deu a sua palavra de seis presidentes — esses seis profe­
que, se o servirmos, ele nos protege­ tas, seis reveladores, seis videntes
rá e nos fará prosperar. que conheci e amei, e nos quais senti
Vivendo neste m undo iníquo, será uma presença bendita no decorrer
que continuarem os cegos às exigên­ dos anos.
cias de nosso tempo? Teremos a sen­ Testifico-vos, por experiência
satez e bom senso de permanecer em pessoal, que vi o poder de Deus ope­
lugares sagrados? rar neles. Sei que vivemos num dia
E como conseguiremos isso? Obe­ de revelação. Sei que esses irmãos
decendo aos profetas! são servos do Senhor divinamente
Estarem os dispostos — a qual­ designados. Sei que eles falam em
quer custo — a defender o reino de nome de Deus.
Deus dos ataques maldosos do ad­ Seguindo-os, não estaremos com
versário? E como faremos isso? isso seguindo aquele que os cha­
Obedecendo aos profetas! Estamos mou?
prontos a responder afirm ativam en­ Por outro lado, se levantarmos
te, se nos perguntarem: nossa mão ou voz contra eles, ou se
Quem segue ao Senhor? H oje ire- lhes não dermos atenção, não esta-
116 A LIAHONA
remos com isso resistindo ao ser di­ missão divina, o m anto da profecia!
vino que os comissionou como ser­ Eles falam com nova voz; são
vos seus? Poderá alguém permitir-se guiados por luz divina. Deixaram de
fazer isto? Nossa atitude para com ser pessoas com uns! São os ungidos
esses profetas não é um reflexo infa­ — os eleitos — escolhidos pelo Deus
lível de nossos sentimentos íntimos Onipotente!
para com Deus? Quero dizer, nossa Nós temos doze presidentes da
legítima lealdade despida de toda Igreja, doze dos maiores sumo sa­
aparência exterior e livre de toda cerdotes de Deus. C ada um deles
pretensão. deu sua vida pela obra. Um foi m ár­
Podemos realmente am ar ao Se­ tir, m orto por balas assassinas. Os
nhor e ao mesmo tempo rejeitar seus outros viveram mais tempo e labuta­
servos? Se, de fato, amamos a Deus, ram valorosamente em prol da fé,
somos obrigados a am ar e reveren­ mesmo até o último alento.
ciar seus servos ungidos. Um dos servos fiéis do Senhor
disse: Estes são os que vencem pela
E, se os tivermos conhecido co­
fé. P ortanto, todas as coisas são
mo garotos da vizinhança e nunca
suas, e eles são de Cristo, e Cristo é de
vimos neles algum halo de santida­
Deus. São aqueles cujos nomes es­
de? E se tivermos convivido com
tão escritos no céu, onde Deus e
eles, quando levavam no passado
Cristo são os juizes de todos. São
uma vida rotineira e comum, en­
aqueles cuja glória é do sol, a glória
frentando o m undo normalmente,
de Deus, a maior de todas. (Vide
dia a dia? Precisamos nos dar conta
D&C 76:53,59,68,70.)
de que as condições mudaram! Deus
O Senhor honrará seus profetas
os tirou desse ambiente familiar e
por toda a eternidade, pois que os
lhes deu uma nova posição na vida.
fará herdeiros de Deus e co-
Convocou-os a altos chamados em
herdeiros de Cristo. (Romanos
seu ministério. Um m anto sagrado
8:17.) O Senhor espera de nós, seu
caiu sobre eles, o m anto de sua co­
povo, que igualmente os honremos,
os apoiemos e os sigamos. P or isso,
possamos sempre cantar com toda
sinceridade este m aravilhoso hino,
que na verdade é uma prece, mas
também um convênio:
Damos graças a ti, ó Deus amado,
Por mandares a nós uma luz —
Um profeta nos trouxe o evange­
lho,
Que ao céu nossas almas conduz.
E graças por todas as bênçãos,
Que prom anam de ti sobre nós;
Queremos contentes servir-te,
E fiéis atender tua voz.
(Hinos, n? 147.)
Em nome do Senhor Jesus Cristo.
Amém.
FEVEREIRO DE 1982 117
pervertida... que basta um diabrete
Oposição à Obra para m anter todos em sujeição.
“ Viajando um pouco além, che­
de Deus gou a um caminho escarpado e viu
um ancião tentando subir a encosta,
rodeado de sete demônios enormes e
mal-encarados.
“ - Ora, - comentou o viajante, -
quão iníquo deve ser esse velho! Ve­
ja só quantos demônios o acom pa­
nham!
“ - Esse, - respondeu o guia, - é o
Élder Carlos E. Asay único homem justo no país; e por is­
da Presidência do Prim eiro Q uorum dos Setenta so sete dos maiores demônios estão
tentando desviá-lo do caminho, mas
Plano sugerido para defesa contra nada conseguem .” (Journal o f Dis­
os anticristos de nossos dias. courses, 5:363-64.)
Depois de contar a fábula, o Él­
nquanto ponderava um tema der Smith acrescenta que “ o demô­

E para abordar nesta conferên­ nio dom ina tão perfeitam ente o
cia, tive oportunidade de tra ­ mundo, que precisa só de alguns
tar de alguns negócios, por telefone, diabos para controlá-lo” , e que “ a
com um membro do Quorum dos legião inteira de demônios não tem
Doze. Durante essa conversa, pedi- nada a fazer senão cuidar dos ‘m or­
lhe: -Poderia ajudar-m e a escolher mons’ e incitar o coração dos filhos
um assunto adequado para meu dis­ dos homens a destruí-los — tirar-
curso na conferência? lhes a existência.” (Journal o f Dis­
— Posso, — respondeu com voz courses 5:364.)
tranquilizadora, e acrescentou: — O maligno tem tentado muitas ve­
Ore, Carlos. zes, em todas as dispensações, des­
Assim, vou com partilhar convos­ truir muitos filhos de Deus. Às vezes
co o resultado de muitas preces, e o ele próprio assumiu o papel do en­
faço piedosa e obedientemente, e ganador. Outras vezes opera através
com muita humildade. dos que se passaram para o lado de­
No dia 1? de novembro de 1857, o le. No Livro de M órm on, por exem­
Élder George A. Smith fez um dis­ plo, lemos a respeito de três anticris­
curso memorável, no qual citou esta tos. Todos eles enganaram, todos
antiga fábula chinesa: eles pregaram contra os que acredi­
“ Um homem que viajava pelo tavam em Cristo, todos eles procu­
país, chegou a uma grande cidade, raram abertam ente destruir a igreja
rica e esplêndida. Contem plando-a, de Deus. Sua m aneira de iludir era
disse ao seu guia: - Este deve ser um parecida. Ensinavam falsas doutri­
povo muito justo, pois só consigo nas, espalhavam mentiras, tacha­
ver um diabrete nesta enorme cida­ vam as profecias de tradições ridícu­
de. las, acusavam os líderes da Igreja de
“ Ao que o guia replicou: - Tu não perverter os caminhos de Deus e
entendes, senhor. Esta cidade é tão atorm entavam o povo, chamando
118 A LIAHONA
de esperança vã e absurda sua fé. nas trevas que na luz. Sua lógica, se
(Vide Jacó 7; Alma 1; e Alma 30.) aceita, levaria à queima do Novo
Q uando lemos a respeito dos anti- Testam ento, porque o relato no
cristos de outros tempos, admira- evangelho de Lucas não coincide
-nos quão pervertida se tornou sua exatamente com o de Mateus, ou
m aneira de pensar e quanto sucesso porque o livro de Atos contém duas
conseguiram em ludibriar homens e versões diferentes da visão de Paulo
mulheres. Adm ira-nos também co­ na estrada de Damasco. (Vide Atos
mo certas pessoas podiam ser tão 9:1-9 e 22:4-11.) Na vida de muitos
simplórias, tão fáceis de enganar. E apóstatas, não existe fé nos profetas
com tudo isso, tendemos a colocar modernos ou revelação contínua.
os anticristos nalgum canto da his­ Querem colocar sua esperança de
tória passada e voltamos aos nossos salvação em outras coisas e não nas
caminhos desprotegidos. Isto é peri­ relacionadas aos profetas vivos e à
goso. Pode levar à perda da fé e, em fé viva.
sentido espiritual, causar nossa des­ Segue-se a pergunta: Como reagi­
truição. mos a tais desígnios maliciosos e
Desde a primavera de 1820, Lúci- malignos? Acaso revidamos? Perm i­
fer vem com batendo incansavel­ ti-me sugerir um curso de ação —
mente os santos dos últimos dias e um curso em harm onia com os ensi­
seus líderes. Têm aparecido em cena nam entos do Salvador e que, caso
verdadeira parada de anticristos, seguido, estará em consonância com
antim órm ons e grupos apóstatas. os sábios conselhos dos profetas
Muitos continuam entre nós, difun­ atuais e passados:
dindo novas torrentes de mentiras e 1. Evitai os que gostariam de des­
falsas acusações. Esses assassinos da truir vossa fé . Devemo-nos esquivar
fé e ladrões de testemunhos utili­ dos assassinos da fé. As sementes
zam-se de contatos pessoais, da pa­ que lançam na mente e no coração
lavra impressa, do rádio e televisão dos homens desenvolvem-se qual
e outros meios de comunicação, pa­ câncer e consomem o Espírito. Os
ra semear dúvidas e perturbar a paz verdadeiros mensageiros de Deus
dos verdadeiros crentes. edificam — não destroem. Envia­
Faz dois meses recebemos uma mos nossos missionários ao mundo
carta comovente de um bispo, con­ para ensinar e auxiliar as pessoas a
tando que fora envolvido na exco­ conhecerem a verdade linha sobre li­
m unhão de um recém-converso. Es­ nha, até que recebam a plenitude do
se recém-converso caíra sob a in­ evangelho. (Vide D&C 98:112.)
fluência de um apóstata muito obs­ Conform e testificou um recém-
tinado e que conseguira destruir o converso: “ M inha igreja anterior
testemunho daquele. Aparentem en­ forneceu-me o capítulo sobre m or­
te para desacreditar Joseph Smith e talidade. A Igreja de Jesus Cristo
os profetas subseqüentes, esse após­ dos Santos dos Últimos Dias acres­
tata citou modificações feitas nas centou mais dois capítulos — sobre
publicações da Igreja no decorrer a preexistência e a existência após a
dos anos. m orte.”
O m étodo usado por esse apóstata 2. Guardai os mandamentos. O
é comum entre os mais interessados Presidente Brigham Young prome­
FEVEREIRO DE 1982 119
teu: “ Tudo o que temos de fazer é ir ma primeira Regra de Fé.)
para a frente e para o alto, guardar 5. Exam inai as escrituras. Poucos
os m andam entos de nosso Pai e se desencaminhariam ou perderiam
Deus, e ele confundirá nossos inimi­ o caminho, se considerassem as es­
gos.” (Discursos de Brigham Young, crituras como bússola ou guia pes­
p. 347.) Obedecendo às santas leis, soal. (Vide Alma 37:44.) A barra de
seremos revestidos de “ toda a arm a­ ferro é a palavra de Deus, e se a ela
dura de Deus” e seremos capazes de nos agarrarm os, não cairemos.
resistir aos estratagemas do malig­ 6. N ão vos deixeis desviar ou dis­
no. (Vide Efésios 6:11-18.) Além do trair da missão da Igreja. Sempre
mais, a obediência nos assegura a existe alguém que gostaria de vos
orientação e proteção do Santo Es­ desviar de vosso curso, fazendo-vos
pírito. perder tempo e energias. Satanás
3. Segui os profetas vivos, confor­ usou um a tática assim para tentar a
me acabamos de ser admoestados. Cristo no deserto. A resposta decidi­
Certo líder da Igreja ensinou: da do Salvador: “ Vai-te Satanás”
“ Olhai sempre para o presidente da (Mat. 4:10), é um bom exemplo pa­
Igreja, e se alguma vez ele vos m an­ ra todos nós.
dar fazer um a coisa errada, e vós 7. Orai p o r vossos inimigos. Cris­
obedecerdes, o Senhor vos abençoa­ to disse aos nefitas: “ Amai os vos­
rá por tê-la feito... Mas não preci­ sos inimigos, bendizei os que vos
sais preocupar-vos. O Senhor ja ­ maldizem, fazei o bem aos que vos
mais permitirá que seu porta-voz de­ têm ódio e orai pelos que vos mal­
sencaminhe o povo.” (Heber J. tratam e perseguem .” (3 Néfi 12:44;
G rant, citado por M arion G. Rom- vide também M at. 5:44; 3 Néfi
ney em Conference Report, outubro 12:10-12.) Enquanto estava na cruz,
de 1960, p. 78.) Cam inham os a es­ o Salvador rogou: “ Pai, perdoa-
mo por desconhecidos campos mi­ lhes, porque não sabem o que fa­
nados e colocamos nossa alma em zem.” (Lucas 23:34.) M uitos conti­
perigo, aceitando ensinamentos de nuam desconhecendo a verdade —
qualquer pessoa não ordenada por não porque não a desejam, mas
Deus. (Vide D&C 43:2-7; 52:9.) porque não sabem onde encontrá-
4. Não debatais nem argumenteis la. (Vide D&C 123:12.)
a respeito de pontos doutrinários. O 8. Praticai a “religião p u ra ”.
Mestre adverte que “ o espírito de Dedicai-vos a prestar serviço cris­
discórdia não é meu, mas é do de­ tão. Socorrei os necessitados e en­
m ônio” . (3 Néfi 11:29.) Recorrendo fermos; visitai os órfãos e viúvas, e
às táticas de Satanás para fins jus­ sede caridosos para com todos, se­
tos, estaremos sendo inconsistentes. jam ou não membros da Igreja. (Vi­
Tal inconsistência resultará somente de Tiago 1:27 e Alma 1:30.)
em frustração, perda do Espírito e 9. Lembrai-vos de que existem
acabará em derrota. Lembrai-vos de muitas coisas para as quais não te­
que “ pretendemos o privilégio de mos respostas e que algumas têm de
adorar a Deus, Todo-Poderoso, de ser aceitas simplesmente pela fé . Um
acordo com os ditames da nossa anjo do Senhor, perguntou a Adão:
consciência e concedemos a todos os “ Por que ofereces sacrifícios ao Se­
homens o mesmo privilégio” . (Déci­ nhor? E Adão respondeu: Não sei,
120 A LIAH O N A
exceto que o Senhor me m andou.” 2. Asseguro-vos que essa oposi­
(Moisés 5:6.) M uitas vezes somos ção, se enfrentada e vencida, exerce
chamados a escalar o M onte M oriá uma grande influência refinadora
e nos m andam sacrificar nosso Isa- em nossa vida. Diz um a estrofe de
que sem mais explicações. A fé é o um de nossos hinos:
primeiro princípio do evangelho; é E quando teu caminho por ígneas
um princípio de progresso. provas te levar,
Suspeito que há poucos que me­ M inha graça toda-poderosa te irá
lhor conheçam a realidade de Sata­ amparar.
nás e seus asseclas do que os missio­ A s chamas não hão de ferir-te;
nários de tempo integral, pois eles com elas só quero
estão expostos aos dardos inflam a­ Tuas jaças consumir e teu ouro
dos do adversário que passam zu­ refinar!
nindo por sua cabeça, enquanto tra­ (“ Que Firme Alicerce” Hinos, n?
balham nas linhas de frente de nos­ 49, 5? estrofe, sem versão para o
sa batalha contra o pecado. Entre­ português. N. do T.)
tanto, eu prom eto a todos os missio­ O Salvador aprendeu obediência
nários — e a todos os membros — com tudo o que sofreu. (Vide Heb.
que, se os nove passos que acabo de 5:8.) As provações de Joseph Smith
sugerir forem seguidos com consis­ deram-lhe experiência e foram em
tência, saireis vitoriosos da batalha, seu benefício. (Vide D&C 122:7.)
e vossa fé e testem unho serão pre­ 3. Asseguro-vos que as águas em
servados. que estamos habituados a nadar não
Ao mesmo tempo — 1. Asseguro- passam de poças com paradas às tor­
vos que essa oposição a nossa causa rentes de oposição que o Profeta Jo ­
testifica sua divindade. Se não fôs­ seph e outros tiveram de enfrentar.
semos uma ameaça aos poderes de (Vide D&C 127:2.)
Satanás, esses poderes se com bina­
riam contra nós?

FEVEREIRO DE 1982 121


4. Asseguro-vos que nossa causa é
justa e sairá vitoriosa, a despeito da
oposição exercida contra ela. Os
Minhas Ovelhas
santos do passado foram animados Ouvem a Minha
por estas palavras: “ Seria tão inútil
querer o homem estender seu débil Voz
braço para desviar do seu curso o
Rio Missouri, ou fazê-lo ir corrente­
za acima, como evitar que o Todo-
Poderoso derrame seus conhecimen­
tos dos céus sobre a cabeça dos san­
tos dos últimos dias.” (D&C 121:33.)

Dizia o Presidente Brigham Young:


“ Toda vez que acusais o mormonis- Élder Yoshihiko Kikuchi
mo, o impulsionais para cima, nunca do Prim eiro Q uorum dos Setenta
para baixo. Esse é um desígnio do
Senhor T odo-Poderoso.” (Discur­ Duas histórias que falam da obra
sos de Brigham Young, p. 351.) de missionários m odernos em todo
o m undo.
De todo o coração, imploro àque­
les que caminham pelas orlas de into-me muito humilde e privi­
nossa fé, que busquem a segurança
do centro. A melhor m aneira de
consegui-lo é conversar com vossos
S legiado, nesta tarde, de estar
em vossa presença, meus ir­
mãos. Espero e oro que o Espírito
líderes e permanecer no círculo de do Senhor esteja comigo, para que
amizade dos santos, e receber alento eu seja capaz de comunicar-me con­
da boa palavra de Deus. Não permi­ vosco.
tais que pessoas sem fé vos afastem Sei, de todo o coração e alma, que
do caminho certo ou vos destruam. nosso Pai Celeste vive. Ele vive real­
(Vide M orôni 6.) mente. Sei que nosso Pai Celeste es­
E oro pelos que se dedicam à pior tá ali e pronto para responder às
form a de roubo — a de despojar nossas orações sinceras. Ele falou a
pessoas de seu precioso testemunho. seus filhos no passado; tem falado a
Tal conduta, se continuada, condu­ nós em nossos dias, ao nosso povo
zirá somente à futilidade e ao vazio nesta últim a dispensação. Nosso Pai
de um sonho de um a visão noturna. apresentou seu Filho, Jesus Cristo,
(Vide 2 Néfi 27:3; Atos 5:33-39.) ao povo que vivia no continente
Que Deus nos ajude a todos em americano. O Livro de M órm on tes­
nossa batalha contra o pecado. Em ­ tifica:
bora nosso núm ero seja pequeno e “ (Eles) ouviram um a voz que pa­
modesto nosso domínio, possamos recia vir do céu; e puseram-se a
seguir avante “ armados com a justi­ olhar por todas as partes, não com­
ça e poder de Deus, em grande gló­ preendendo o que dizia aquela voz,
ria” (1 Néfi 14:14), é minha ora­ a qual não era áspera nem forte; en­
ção em nome de Jesus Cristo. tretanto, apesar de ser um a voz sua­
Amém. ve, penetrava até o âmago daqueles
122 A LIAHONA
que a ouviam, de tal modo que fazia Deus, o Pai, e seu Filho, Jesus Cris­
tremer todas as partes do corpo, to. Sei que f o i um autêntico profeta
sim, penetrou até o mais profundo de Deus, assim com o os antigos dis­
da alma e incendiou todos os cora­ cípulos e apóstolos dos hemisférios
ções. ocidental e oriental. Sei que o teste­
“ E pela terceira vez ouviram a m unho próprio de nosso Pai Celeste
voz e aplicaram seus ouvidos para é verdadeiro: Jesus de Nasaré é o
escutá-la; e, olhando para o lugar seu Filho amado, no qual ele se
donde ela procedia, fixaram seus compraz. Ouvi-o!
olhos no çéu, pois que era de lá que “Eu sei que Jesus de Nasaré nas­
vinha o som. ceu na Judéia, que andou pelas m ar­
“ E eis que, na terceira vez, com­ gens do M ar da Galiléia e pelos cam­
preenderam o que dizia a voz. E pos e planícies da Palestina. É o
dizia-lhes: próprio testem unho dele que deve­
“Eis aqui meu Filho bem amado, mos ouvir, aquele que prestou a
no qual me alegro e no qual glorifi­ M arta, irmã de seu amigo Lázaro.
quei meu nome; a ele deveis ouvir. ” Ontem o Élder M onson se referiu a
(3 Néfi 11:3,5-7; grifo nosso.) esta escritura:
Eu sei que o mesmo Pai falou ao “ Eu sou a ressurreição e a vida;
povo judeu no hemisfério oriental. quem crê em mim, ainda que esteja
P or ocasião do batismo do Senhor m orto, viverá;
Jesus Cristo, testifica a Bíblia: “ E todo aquele que vive, e crê em
“ Eis que se lhe abriram os céus, e mim, nunca m orrerá. Crês tu isto?”
viu o Espírito de Deus descendo co­ (João 11:25-26.)
mo pom ba e vindo sobre ele. Irmãos e irmãs, creio nisto de to­
“ E eis que um a voz dos céus di­ do meu coração e m inh’alma. Sei
zia: Este é meu Filho Amado, em que esse mesm o Jesus conferiu a Jo-
quem me com prazo.” (Mat. 3:16- seph Sm ith todo o poder e autorida­
17.) de necessários para restabelecer
Eu sei que, numa primaveril manhã mais uma vez o reino de Deus na ter­
de 1820, no Estado deN ova Iorque,o ra, a fim de que toda alma tivesse
Pai e o Filho apareceram ao jovem oportunidade de ouvir o Filho ama­
Joseph Smith, o qual testifica: do do Pai.
“ Vi um a coluna de luz acima de Sei que nosso Pai Celeste nos ama
minha cabeça, de um brilho supe­ a ponto de ter providenciado, atra­
rior ao do sol, que gradualmente vés de seu amado Filho, um cami­
descia até cair sobre mim. nho para seguirmos na vida mortal.
“ Q uando a luz repousou sobre Restaurando o evangelho do Senhor
mim, vi dois Personagens, cujo res­ Jesus Cristo, ele nos deu o meio de
plendor e glória desafiam qualquer encontrar felicidade eterna, a verda­
descrição, em pé, acima de mim, no deira felicidade.
ar. Um deles falou-me, chamando- Irmãos e irmãs, muitos dos filhos
me pelo nome e disse, apontando de nosso Pai no Japão e Coréia tam ­
para o outro: ‘Este é meu Filho bém crêem no testemunho de nosso
A m ado. O uve-o’” (Joseph Smith Pai Celeste e dão ouvidos ao seu Fi­
2:16-17.) lho am ado.
Eu sei que Joseph Smith viu Pouco antes de vir para esta con­
FEVEREIRO DE 1982 123
ferência, recebi uma linda carta de meus amigos de toda parte e digo
uma mulher que perdera o marido com humildade: “ Vinde participar
havia treze anos, e que gostaria de desta água viva. Acreditai no teste­
ler-vos. Diz ela: “ Fiquei só para m unho do Pai: (Este é) meu Filho
criar meus dois filhos. Comparecen­ bem am ado, no qual me alegro... a
do ao serviço batism al de meu filho ele deveis ouvir.” (Vide 3 Néfi
mais velho que está cursando o cole­ 11:7.)
gial, não pude deixar de sentir a ma­ Sei que, para aqueles que desejam
ravilhosa atm osfera em que me en­ ouvir o Filho bem am ado do Pai,
contrava. Fiquei tão im pressionada tanto o Livro de M órm on como a
com o doce espírito dos santos! Co­ Bíblia têm um a voz familiar. São a
mo me senti exuberante e ao mesmo palavra de Deus e têm poder para
tempo humilde. Observei meu filho, m udar a alma do homem.
vestido de branco, entrar na água. A Gostaríeis de ouvir o caso de um
esposa do presidente da estaca irm ão coreano que ouviu a voz do
contou-me sussurrando que seus pe­ Salvador? O Irm ão Choi abandona­
cados seriam lavados ali. Fiquei tão ra a esposa, dois filhos e sua mãe
em ocionada com a beleza do m o­ havia nove meses. Um dia, nossos
mento, que senti lágrimas brotando missionários, pregando na cidade de
e meu coração chorando de alegria. Kwang Ju, na Coréia, encontraram
Naquele momento quis saber a res­ sua família. Esta começou a estudar
peito de mim. E eu? Seria possível o evangelho com os missionários, e
eu também ficar livre de meus peca­ pouco depois era batizada. A seguir,
dos? Se meus pecados pudessem ser os missionários m ostraram à família
lavados e eu voltasse a ficar limpa, como realizar a noite familiar.
também queria ser batizada.” Um dia, a garotinha de sete anos
Após quatro dias de estudo e ora­ com prou um Livro de M órm on de
ção com os missionários, ela igual­ um missionário e o m andou ao pai,
mente aceitou o Salvador e foi bati­ acom panhado de seu simples, po­
zada. Pouco tempo depois, seu filho rém belo testemunho. Dois missio­
mais novo entrou também nas águas nários levaram o livro ao pai, pres­
do batismo. Agora a Irmã M asako tando seu firme e inabalável teste­
Anan e seus dois filhos estão-se pre­ munho da veracidade do evangelho
parando para irem ao Templo de e da, im portância da família. O pai
Tóquio e serem selados para o tem­ ficou im aginando por que aquela
po e a eternidade com o pai faleci­ gente se m ostrava tão preocupada e
do. Oh, quão glorioso é o poder do solícita com ele e sua família. À noi­
evangelho, que é capaz de transfor­ te, ele se pôs a ler e ouviu uma voz
mar a dor e desespero no coração familiar — a do Senhor. Assim foi
das pessoas em felicidade e alegria! inspirado e convenceu-se da veraci­
Oh, quão glorioso é saber que o po­ dade do livro. E encontrou também
der conferido a Joseph Smith pode o testem unho escrito pela filhinha, o
m odificar o coração das pessoas! qual gostaria de com partilhar con­
Eu sei que o evangelho f o i restau­ vosco, meus irmãos. Ela dizia:
rado e que a verdadeira igreja de “ Aboji, Aboji, Aboji (quer dizer:
Deus foi restabelecida aqui na terra. Papai, papai, papai). Quero ter a
Humildemente convido todos os noite familiar com o senhor! Por fa­
124 A LIAHONA
vor, volte para casa! Eu amo o se­
nhor! Eu preciso do senhor! Quero Ensinar o
que leia este livro! O Pai Celestial
também o am a!” “ Porquê”
O Irmão Choi sentiu-se tão inspi­
rado e maravilhado lendo o Livro de
M órm on, e tocado por ele e pelo tes­
tem unho da filha, que pediu aos
missionários que o batizassem. As­
sim a família foi reunida, e o Irmão
Choi é agora bispo da Ala 3 de
Kwang Ju. Ele está aqui presente Élder Paul H. Dunn
hoje, um exemplo vivo de quem ou­ do Prim eiro Q uorum dos Setenta
viu a voz do Salvador vinda do Li­
vro de M órmon. “Deus nos dá mandamentos,
porque nos ama e quer que
sejamos felizes. Seus m andamentos
Oh, como necessitamos de missio­
são guias para a felicidade. ”
nários do Senhor para levar o teste­
m unho que o Pai prestou de seu Fi­
lho am ado a toda nação, tribo, lín­
ue deleite especial, irmãos e
gua e povo! Por certo existem mui­
tos bispos Choi e muitas Irmãs
Anan em vossa vizinhança.
Q irmãs, é estar mais uma vez
em vossa presença e sentir
vosso extraordinário espírito. Estou
Sei que Spencer W. Kimball é um contente por sermos amigos.
profeta do Senhor, um profeta vivo. Como sabeis, a conferência é uma
Ele nos m andou alargar e acelerar excelente oportunidade para a edifi­
nosso passo, sentindo a urgência do cação espiritual, o convívio e recebi­
trabalho; fazei-o agora! Presidente mento de bons conselhos. Depois de
Kimball, vós sois um profeta vivo todos os conselhos que estive ouvindo,
do Senhor; sois um homem preorde- não pude deixar de lembrar-me do
nado e coberto de cicatrizes como jovem desportista que já experimen­
Jó em outros tempos, e ainda assim tara praticam ente todos os esportes,
estais pronto para ir avante, para menos o pára-quedism o. Então to­
escalar mais outra m ontanha. Nós mou várias aulas teóricas sobre co­
vos amamos. Precisamos de vós. mo saltar.
Chegando o dia de seu primeiro
Irmãos e irmãs, por que não dar salto real, ficou um pouco am e­
mais atenção humilde a esse servo drontado. Foi procurar o instrutor e
do Senhor, para podermos alargar disse-lhe que preferia desistir. O ins­
nossos passos e com partilhar o ma­ trutor procurou animá-lo:
ravilhoso evangelho de Jesus Cristo — Não se preocupe. Nós lhe dare­
com outro bispo Choi e outra Irmã mos dois pára-quedas de reserva.
Anan? Eu oro humildemente no sa­ O avião decolou e subiu até os
grado nome do Senhor Jesus Cristo. previstos novecentos metros de alti­
Amém. tude. Nosso amigo, trêm ulo e assus­
FEVEREIRO DE 1982 125
tado, acabou saltando. Descendo Permiti-me contar uma pequena
em queda livre, lembrou-se de que, experiência pessoal ocorrida anos
nos seiscentos metros, deveria puxar atrás, na universidade.
a corda de abertura do pára-quedas. Eu estivera num a reunião muito
Puxou, e nada do pára-quedas abrir. especial com alguns jovens, na qual
Puxou a segunda, e nada. Puxou a convesáramos sobre o casamento no
terceira, e nada ainda. templo. Ao sair da reunião, fui an­
Mais ou menos nessas alturas, dando com três moças, um a das
encontrou-se no ar com outro ho­ quais eu conhecia bastante bem. Co­
mem que vinha subindo. Então nos­ mo soubera que ela estava nam oran­
so jovem pára-quedista gritou ao do um rapaz não-mem bro, sugeri
novo amigo: cautelosamente que o nam oro cos­
— Desculpe, mas você entende al­ tum a levar ao casam ento, e disse-
guma coisa de pára-quedas? -Ihe:
— Não, — respondeu o outro. — — Estou antecipando o dia em
E você, o que entende de lampiões a que poderei casá-la no templo.
querosene? Encarando-m e, ela respondeu: —
Parece-me que todos nós necessi­ Bem, talvez eu não me case no tem­
tamos de bons conselhos. Freqüen­ plo.
temente pais e jovens também me E ntão repliquei: — P or que não?
perguntam: Olhando para mim como só os jo ­
— Como o irm ão ensina o evan­ vens sabem fazer, rebateu:
gelho para que seja significativo e — P or que eu deveria?
aplicável? M uito bem, mamãe, papai e pro­
Meus irmãos e irmãs, sabíeis que fessores. O que vós lhes responde­
aprender qualquer princípio ou con­ ríeis?
ceito, ou m odificar qualquer hábito Como a m aioria dos professores,
envolve cinco im portantes passos? fiz uma pausa para pensar. Então,
Primeiro, expor à pessoa o que se na esperança de alguma inspiração,
quer ensinar. Segundo, repeti-lo se­ indaguei: — E por que não deveria?
guidamente. Terceiro, explicar a ra­ Olhando para mim, disse: — O ir­
zão, o porquê. As pessoas de qual­ mão quer mesmo saber?
quer idade querem saber os porquês — Por favor, conte-me.
do evangelho, não simplesmente as Então ela perguntou: — Até onde
regras. Este ê o mais im portante conhece meu pai?
passo do ensino, porque o quarto — Razoavelmente bem.
passo, o da convicção, e o quinto, — Papai sabe representar muito
a aplicação, são impossíveis sem en­ bem em público. Bem, é um excelen­
tendimento. te homem, apenas um pouquinho
M uitas vezes costumamos respon­ hipócrita. O irm ão deveria ver como
der às indagações dos jovens com: ele trata a nós e mamãe em casa. E
“ Ora, porque as escrituras ensinam como sabe, meus pais se casaram no
assim” ou “ É o que os líderes nos templo. E eu não quero um casa­
dizem” . Os jovens querem saber mento como o deles.
por que as escrituras ensinam isso Depois continuou: 1— Conhece
ou aquilo, e por que os líderes se bem o Irmão Fulano e esposa? (Ou­
preocupam tanto. tro casal conhecido.)
126 A LIAHONA
Respondi: — Eu os conheço. Jan quis saber: — P or que não?
— Sabia que cuido das crianças — Porque está julgando a igreja in­
deles, quando saem? Eles também teira por dois ou três exemplos que
são casados no templo e não faço não representam, necessariamente, o
questão alguma de um casamento que acreditam os, ensinamos ou co­
como o deles. Até que ponto conhe­ mo deveríamos viver. Permita-me
ce o Sr. e Sra. Sicrano? (Um casal uma pergunta. Q uando foi a última
excelente não-mem bro de nossa co­ vez em que, passando por um a crise-
munidade e que tem dez filhos.) Eu zinha pessoal, talvez uma prova, um
cuido dos filhos dessa família tam ­ problem a de nam oro ou um aconte­
bém, e gostaria de ter um casamento cimento social que a preocupava,
como o deles. seu pai, percebendo-o, foi ao seu
Bem, o que diríeis agora, mamãe quarto e sentando-se na beira da ca­
e papai? Professores? As escrituras ma, passou a mão sobre sua cabeça
mandam? Ora, é o que os líderes en­ e perguntou se queria um a bênção?
sinam. Mas os jovens querem saber Olhando firme para a amiga, Jan
os “ porquês” e “ para quês” . respondeu:
Eu continuava um pouco perple­ — Ora, papai não é disso.
xo. Perto de nós se encontrava outra Ao que a amiga retrucou:
moça. Voltando-me para ela, per­ — Pois o meu faz.
guntei: Conversaram sobre como o pai
— Como você responderia a isso? ensinava regularmente a família.
Ela estava atenta. Voltou-se para C ontou uma experiência sobre ora­
a amiga e disse: ção familiar. Citou uns oito ou nove
— Jan, você não está sendo justa. momentos assim, sem tom ar fôlego.

FEVEREIRO DE 1982 127


Pude perceber uma pequena mu­ de querer um centavo agora ou um
dança no coração de Jan. Dava para diam ante mais tarde. Qualquer pra­
ver em seus olhos o desejo: “ Gosta­ zer m om entâneo proporcionado por
ria de um m arido assim .” uma relação pré-conjugal não se
Meses mais tarde, tive o prazer de pode com parar com a união imensa­
celebrar o casamento dela, no tem­ mente mais satisfatória no casamen­
plo. Gosto de pensar que a m udança to. E a indulgência naquele pode
ocorreu naquela noite. destruir o potencial para esta.
Grande parte das opções erradas A castidade é como dinheiro no
antes e depois do casam ento não se banco. Guardando-se, a pessoa
devem à rebeldia ou erro intencio­ poupa a felicidade de pertencer a
nal, mas por causa do desconheci­ um com panheiro só e único. P ou­
mento, falta de comunicação e in­ pando a ventura de poder dizer:
compreensão. Na maioria dos casos, “ Sou todo seu, e nunca fui de nin­
se as pessoas realmente entendessem guém m ais.”
o que é o casamento eterno, por que Alguns perguntarão: “ E se a gen­
é tão im portante e como chegar lá, te já sabe quem é aquele «m? Se o
ninguém precisaria procurar conven­ compromisso já existe e estamos
cê-las a fazer escolhas certas. Na apenas aguardando a cerim ônia?”
verdade, ninguém conseguiria impe­ Respondo: N ão é apenas uma ceri­
di-las! mônia, é um convênio tanto com
G ostaria de fazer uma pergunta Deus como com seu parceiro, e
aos jovens: Alguma vez já imagina­ aguardar é prova do mais profundo
ram por que Deus nos adverte quan­ afeto e respeito para ambos.
to a certas coisas, recomenda-nos Alguns dirão: “ Mas nós nos am a­
evitá-las, adm oesta-nos e até mesmo mos demais para esperar.” A res­
nos ordena? Acaso pensam que seus posta é que não existe tal coisa como
m andam entos não passam de capri­ am ar demais, e sim que é o egoísmo
chos arbitrários, de algum tipo de exacerbado, não o am or, que se re­
prova artificial, generalidades im­ bela contra o conselho divino e viola
portantes para certas pessoas, mas a virtude.
para outras não? Todo am or que pretende ser eter­
Eu não penso assim! Os m anda­ no deve incluir respeito, fé, confian­
mentos são recomendações amoro­ ça, adm iração, honra e ter não só
sas de um Pai sábio. Nosso conheci­ aspectos físicos e emocionais, mas
mento e conceito de Deus como um igualmente aspectos espirituais e
Pai Celeste pessoal e am oroso não mentais. Nenhum a relação, seja
nos permite outra definição. Ele nos tem poral ou eterna, consegue sobre­
dá m andam entos por uma única ra­ viver sem tais atributos. Todas as
zão — porque nos am a e quer que novelas estão repletas de ilustrações
sejamos felizes. Um exemplo perfei­ vívidas das misérias provocadas pe­
to é a castidade. Deus simplesmente la ausência dessas qualidades.
sabe que a virtude é sua própria re­ Se, em vosso caso, o aspecto físi­
compensa, que guardar-se para o co tende a dom inar, mais um a razão
com panheiro eterno torna esse com­ para dom iná-lo e encontrar as ou­
promisso mais belo, mais pleno e tras dimensões. D ominar é o termo
compensador. É a simples questão usado pelo sábio Alma ao aconse­
128 A LIAHONA
lhar o filho Shiblon, com a respecti­
va promessa: “ Faze... com que tuas
paixões sejam dom inadas, para que
Minha
te enchas de am o r.” (Alma 38:12.) Especialidade é
O domínio aum enta a força, aum en­
ta o poder, aum enta o am or. Só Misericórdia
existem duas maneiras de controlar
um cavalo. (Nós aprendemos um
pouquinho a respeito de cavalos,
ontem à noite, na sessão do sacerdó­
cio.) Uma é matá-lo; a outra,
dominá-lo. Alma nunca disse que se
devem m atar as paixões. A implica­
ção é não que elas sejam más, que
não devemos tê-las. Pelo contrário, Élder Marion D . Hanks
dominamos algo que am amos, algo do Prim eiro Q uorum dos Setenta
cujo poder respeitamos.
Como o cavalo é mais forte que o “A promessa da misericórdia de
homem, este o dom ina, controlan­ Cristo é segura e certa para os que
do, assim sua força e usando-a para o encontram e nele confiam; e nós,
o bem. As paixões são mais fortes seus representantes, precisamos
que nós, por isso as dominamos, fazer o que ele faria, se estivesse
controlando assim esse poder para aqui na terra agora. ”
fortalecer o casamento e forjá-lo pa­
eu tema hoje é a m isericór­
ra a eternidade. É preciso saber co­
mo dom inar um cavalo ou uma pai­
xão.
M dia. Diz o poeta que a mise­
ricórdia é bênção dupla:
abençoa aquele que a dá e o que re­
Lembrai-vos de que o relaciona­
cebe. E depois acrescenta que então,
mento físico é simplesmente belo de­
quando a misericórdia abranda a
mais para esbanjar, m aravilhoso de­
justiça, o poder terreno passa a
mais para desperdiçar. É como a
assemelhar-se ao de Deus. (Vide
prata de lei, preciosa demais para
Shakespeare, O Mercador de Vene­
ser deslustrada antes do banquete.
za, ato IV, cena 1.)
Lembremo-nos de que entender o
Estou certo de que todos os que
“ porquê” na aprendizagem é o que me ouvem hoje são a favor da mise­
desenvolve atitudes certas ou modi­
ricórdia. Porém , a misericórdia co­
fica o com portam ento. Que Deus
mo mero princípio, a misericórdia
nos conceda a sabedoria para ensi­
impessoal não é mais útil ou virtuo­
nar sábia e compreensivamente, eu
sa que a fé, ou o arrependim ento ou
oro em nome de Jesus Cristo.
o am or impessoal.
Amém.
Anos atrás, como novo presidente
de missão, visitei, atendendo a um
“ Escolha entre punir seus convite um tanto imperioso, a casa
apetites ou ser punido por eles.” de um homem bom , mas bastante
(Cyrus Maximus) opinioso que desejava discutir comi­
go um erro de julgam ento cometido
FEVEREIRO DE 1982 129
por um jovem m issionário. Sua con­ ve; o incidente envolvendo o missio­
duta sem maiores conseqüências fo­ nário era inocente e sem importância.
ra provocada por um mal-entendi­ Pensei que essa explanação resolves­
do, pelo qual o jovem se desculpara se o problem a. Mas estava engana­
com sinceridade. Eu me satisfiz com do.
a situação, meu amigo não. Ele in­ Meu anfitrião, debruçando-se so­
sistia em que o missionário devia ser bre a mesa, insistia: — Quero justi­
punido publicam ente, para que so­ ça!
fresse hum ilhação. O jovem tinha Repliquei brandam ente: — Eu
de pagar o seu erro e a mim caberia quero misericórdia!
cuidar de que assim fosse. A cada afirm ação mais exaltada
dele, eu respondia com maior bran­
Arrazoam os juntos. Ele insistia dura:
em que a justiça exige punição e que — Eu quero misericórdia.
a misericórdia não pode roubar a Despedimo-nos com o acordo de
justiça. Concordei, mas lembrei-lhe que caberia a mim a responsabilida­
que as palavras que acabava de citar de de tratar do assunto, satisfazen­
vinham de um à escritura do Livro do devidamente a justiça e deixando
de M órm on, na qual um servo eleito que a misericórdia reclamasse o que
de Deus, que, quando jovem preci­ lhe cabia.
sara desesperadamente de misericór­ Ele agora já se foi para sua re­
dia e a recebera, procurava ensinar compensa eterna. Recordo-me dele
um filho obstinado que queria justi­ com respeito e afeição. Vim a
ficar um pecado grave. Alma, o pai, conhecê-lo bastante bem e a amá-lo,
ensinava ali a Coriânton, o sentido e dando-me conta de que ele, como
conseqüência da expiação. Reco­ todos nós, precisava da prom etida
nhecendo o lugar da justiça, ainda misericórdia de Cristo ao penitente.
assim testifica três vezes do “ plano Muitas vezes tenho refletido sobre
de m isericórdia” de Deus, possibili­ aquele incidente: “ Quero justiça!”
tado pelo sagrado dom de Cristo. “ Eu quero m isericórdia!”
“ ... a misericórdia reclama o pe­ Recentemente, então, do outro la­
n iten te...” dizia ele. do do m undo, estive sentado em
“ ... a m isericórdia... reclam a tu ­ com panhia de outro homem de
do quanto lhe pertence.” (Alma bem. Este trouxera consigo ao en­
42:23-24.) trar na sala, luminosidade, calor e
H á “ um arrependim ento concedi­ bom -hum or. Fiquei ouvindo com
do, o qual é reclamado pela miseri­ profundo interesse, enquanto conta­
córdia; do contrário, a justiça recla­ va seu caso de “ antes e depois” . O
ma a criatu ra.” (Alma 42:22.) “ antes” fora um a vida de cristão
Coriânton escutou, arrependeu-se não-praticante, trabalhando num a
e foi perdoado, retornando subse­ profissão exaustiva com com panhei­
qüentemente ao serviço missionário ros grosseiros e a tendência de
para induzir “ almas ao arrependi­ acom panhar os outros em seus maus
m ento, de modo que o grande plano hábitos. Não ligava para a mulher e
de misericórdia possa ter direito so­ filhos, sentia a consciência pesada e
bre elas.” (Alma 42:31.) fora acometido de grave mal físico.
O pecado de Coriânton fora gra­ Então dois jovens bateram a sua
130 A LIAHONA
porta, dizendo-se representantes do jais; e aos profetas: Não profetizeis
Senhor, e afirm ando ter uma m en­ para nós o que é reto; dizei-nos cou­
sagem de verdade eterna para ele e sas aprazíveis, e tende para nós en­
sua família: o evangelho de Jesus ganadoras lisonjas.” (Isaías 30:9-
Cristo fora restaurado à terra; sua 10.)
igreja restabelecida, e toda pessoa e Falou de sua perversidade, sua
família são im portantes para Deus iniqüidade, sua obstinação e con­
e, por meio do plano dele, podemos fiança no poder tem poral. Não obs­
encontrar o propósito e significado tante tudo isso, as santas escrituras
da vida; a família deve ser eterna, e anunciam a seguir:
existe um modo de saber-se pessoal­ “ Por isso o Senhor esperará, para
mente a veracidade dessas coisas, ter misericórdia de vós; e por isso se­
afirm ava, pois o Santo Espírito con­ rá exalçado, para se compadecer de
firm ará esse conhecimento àqueles vós.” (Isaías 30:18.)
que o buscam sinceramente. Ele espera para ser caridoso! Ele
Ele escutou e acreditou. Im ediata­ gosta de ser misericordioso! Os pro­
mente deixou de lado os maus hábi­ fetas chamam-no de “ o Pai das mi­
tos. Sua esposa e filhos tam bém rea­ sericórdias” (2 Cor. 1:3); falam de
giram positivamente. A vida deles sua “ grande m isericórdia” (1 Pedro
m udou. Estudaram , oraram e ado­ 1:3) e declaram que “ todo aquele
raram , filiaram-se à Igreja e passa­ que se arrepender e não endurecer
ram a viver na luz do Espírito. Ele seu coração, terá direito à misericór­
progrediu na profissão, teve novas dia” . (Alma 12:34.) Testificam de
oportunidades, mereceu confiança e sua “ sabedoria... misericórdia e
renovou sua reputação de homem graça” . (2 Néfi 9:8.) E coroando tu ­
de bem. do isso, temos o testemunho de que
No final de sua história, fez uma nosso Pai “ se deleita na benignida­
vibrante declaração de fé, sem ne­ d e” . (Miquéias 7:18.)
nhum a inibição, nem fanfarronice A especialidade do Pai é miseri­
ou astúcia: córdia.
“ Sou como o Senhor num a
coisa,” disse, “ m inha especialidade
é m isericórdia.”
Minha especialidade é m isericór­
dia!
É impossível conviver muito tem ­
po com as escrituras, sem reconhe­
cer que Deus, nosso Pai, e seu santo
Filho também têm especialidades.
A especialidade do Pai é miseri­
córdia.
Na época de Isaías, ele aconse­
lhou e adm oestou duram ente seu
povo, dizendo que eram um “ povo
rebelde..., filhos mentirosos que
não querem ouvir a lei do Senhor.
“ Que dizem aos videntes: Não ve­
FEVEREIRO DE 1982 131
A especialidade do Salvador é m i­ O sentido da misericórdia ele ensi­
sericórdia. nou na parábola do bom samarita-
Ele falou ao m undo das coisas no, referindo-se aos dois homens
que ouvira de seu Pai. “ Falo como que passaram sem ajudar o ferido e
o Pai me ensinou.” (João 8:26,28.) do terceiro que parou e o socorreu.
As escrituras ensinam que ele as­ Qual destes três, indaga o Senhor,
sumiu a form a de um homem e foi o próximo daquele homem? E
“ compadeceu-se das nossas fraque­ ele mesmo responde: “ O que usou
zas” . (Hebr. 4:15.) “ Pelo que con­ de misericórdia com ele. Disse, pois,
vinha que em tudo fosse semelhante Jesus: Vai e faze da mesma m anei­
aos irmãos, para ser misericordioso ra .” (Lucas 10:37.)
e fiel sumo sacerdote.” (Hebr. Assim, pois, a misericórdia de
2:17.) Deus deve mostrar-se na misericór­
Ele é aquele que compreende, sen­ dia do homem, e o campo da miseri­
te simpatia. Foi mal interpretado, córdia é tão amplo quanto as neces­
rejeitado, conheceu a suprema soli­ sidades de toda a família hum ana.
dão, foi pobre e não tinha onde des­ Clama o salmista: “ Tem misericór­
cansar a cabeça, sofreu angústia e dia de mim, ó Senhor, porque estou
conflito mental. angustiado.” (Salmos 31:9.)
Ele compreende. Todos nós estamos angustiados,
Ele pode perdoar e dar paz. temos problem as, não existe na ter­
A especialidade do Salvador é m i­ ra um único homem justo que só fa­
sericórdia. ça o bem e não peque. (Vide Ecl.
E exige que nós sejamos especia­ 7:20.)
listas em misericórdia. Na mais pessoal de suas parábo­
“ Sede pois misericordiosos como las, o Salvador se identifica plena­
também vosso Pai é m isericordio­ mente com o fam into, o sedento, o
so .” (Lucas 6:36.) despido, o sem lar, o enferm o, o pri­
Através de Miquéias, ele nos ensi­ sioneiro. “ Tive fome e destes-me de
na todo o dever do homem, que é com er;... era estrangeiro, e hospe­
andar em humildade perante Deus, dastes-m e.” (Mat. 25:35.) São tan­
agir retamente para com nossos se­ tos os oprimidos pelos cuidados ter­
melhantes e “ am ar a m isericórdia” . renos, pelo peso do pecado, pobre­
(Vide Miquéias 6:8.) za, dor, incapacidade, solidão, afli­
Nossa necessidade individual de ção, rejeição. A promessa da miseri­
misericórdia e suas condições foram córdia de Cristo é segura e certa p a­
explicadas na parábola dos dois ho­ ra os que o encontram e nele con­
mens que foram orar no templo. fiam. Aquele que acalmou o vento e
Um deles proclam ou orgulhosam en­ as ondas pode dar paz ao pecador e
te sua retidão e perfeições. O outro, ao santo sofredor. E nós somos seus
nem ousava “ levantar os olhos ao representantes, não apenas para
céu, mas batia no peito, dizendo: Ó proclam ar sua palavra, mas para fa­
Deus, tem misericórdia de mim, pe­ zer ao m enor de seus irmãos o que
cador” . A respeito do honesto e ele próprio faria, se estivesse aqui na
despretensioso, o Senhor disse que terra agora.
ele “ desceu justificado para sua ca­ Num campo de refugiados, na
sa, e não aquele” . (Lucas 18:13-14.) Ásia, havia uma jovem ex-profes­
132 A LIAHONA
sora que escapara de seu país com a
mãe, depois de presenciar o brutal
assassínio de seus demais familiares.
A Florescente
Ela própria fora tão brutalm ente Herança de Joseph
violada, que prom etera nunca mais
pronunciar uma só palavra neste Smith
m undo depravado. Era sua m aneira
de protestar contra a m aldade feita
a ela e inúmeras outras pessoas. As­
sim, passou mais de cinco anos sem
falar. Então, um dia ficou sob a in­
fluência de alguns representantes de
nossa Igreja que estão fazendo ver­
dadeiros milagres diários de amor
em vários campos de refugiados. Es­ Elder James E. Faust
sas moças abnegadas não dispu­
do Quorum dos Doze Apóstolos
nham de nenhum a mágica médica,
nenhum a competência profissional “À medida que passa o tempo, a
para tratar de um espírito e uma estatura de Joseph Sm ith vai-se
mente torturados. Apenas oravam avantajando. Ele subirá cada vez
por ela, tomavam-lhe a mão e di­ mais na estima da humanidade. ”
ziam-lhe palavras de am or; e ela res­
pondeu! Ela falou pela primeira vez ra a m anhã de sexta-feirà, 28
em cinco anos e continua falando
desde aí. O Espírito daquele que dis­
se: “ Aquieta-te” (Marcos 4:39) to­
E de junho de 1844, o sol estival
já queimava em Illinois. Des­
de as oito horas, O Dr. Willard Ri-
cou, através de seus fiéis instrum en­ chards, Samuel H. Smith e mais no­
tos, o foco de agitação de uma alma ve irmãos vinham cam inhando pesa­
angustiada, acalmou os ventos e va­ damente pela poeirenta estrada que
gas da torm enta, fazendo renascer vai de Carthage a Nauvoo. O solene
sua fé e esperança. cortejo vinha acom panhado de duas
Por mim e pelos meus, e por vós, carroças totalm ente cobertas com
eu oro que sejamos dignos de carre­ arbustos para proteger sua carga do
gar o mesmo estandarte de nosso causticante calor do sol. Ali estira­
querido irmão que encontrou o cami­ dos, estavam os corpos sem vida de
nho da misericórdia e que exemplifi­ Joseph Smith, trinta e oito anos e
ca em sua vida o que o ouvi declarar mais de um metro e oitenta de altu­
com humildade: “ M inha especiali­ ra, e de Hyrum, seu irm ão, quarenta
dade é m isericórdia.” e dois anos e ainda mais alto que o
“ Cheguemos, pois, com confian­ primeiro. Acabrunhados e cansa­
ça ao trono da graça, para que pos­ dos, o Dr. Richards e Samuel Smith,
samos alcançar misericórdia e achar este, irm ão dos dois homens assassi­
graça, a fim de sermos ajudados em nados, apressavam-se em chegar a
tempo o p o rtu n o .” (Hebr. 4:16.) Nauvoo e conversavam sobre os
Em nome de Jesus Cristo. Amém. acontecimentos do dia anterior,
quando Joseph e Hyrum haviam si­
do baleados m ortalm ente por uma
FEVEREIRO DE 1982 133
horda arm ada e de rostos enegreci­ meio desde o transcorrido presta
dos. As duas vítimas estiveram alo­ eloqüente testemunho da natureza
jadas com o Dr. Richards e John eterna da obra deste homem singu­
Taylor na Cadeia de Carthage, ale- larmente m arcante, Joseph Smith.
gadamente para sua proteção, quan­ A Igreja que ele restaurou teve uma
do uma horda de cento e cinqüenta, expansão dram ática em muitas p ar­
a duzentos assaltantes invadiu a ca­ tes da terra. Ela produziu um siste­
deia e m atou as vítimas que procu­ ma missionário inigualado e um p ro­
rava. gram a de bem-estar sem paralelo.
A notícia das mortes já chegara a Seu sistema de governo dá poder e
Nauvoo, sede de A Igreja de Jesus autoridade do sacerdócio de Deus a
Cristo dos Santos dos Últimos Dias. todos os membros masculinos dig­
Quando as carroças e seus exaustos nos, reconhecendo ao mesmo tem ­
acom panhantes entraram na cidade, po a condição exaltada da mulher
milhares de cidadãos saudaram o como igual ao homem. A Igreja
cortejo com as mais solenes lam en­ possui uma inspirada lei de saúde e
tações e tristeza. bem-estar tem poral muito avançada
Os corpos ensangüentados foram para seu tem po. Por revelação de
carinhosam ente removidos das car­ Deus, a Igreja possui as chaves,
roças na M ansão Nauvoo e com princípios e ordenanças salvadoras
muito cuidado banhados dos pés à capazes de prover exaltação eterna à
cabeça. Os ferimentos foram pensa­ hum anidade, vivos e mortos.
dos com algodão embebido em cân­ Por causa destas e outras razões,
fora, e a seguir, procedeu-se à m o­ milhões de pessoas tornaram -se
delagem das máscaras m ortuárias. membros de A Igreja de Jesus Cris­
Em seguida, os corpos foram vesti­ to dos Santos dos Últimos Dias. To­
dos com todo esmero. Depois de as­ do verdadeiro fiel, todavia, precisa
sim preparados, os corpos foram ve­ finalmente obter a convicção de que
lados pelas viúvas e filhos enlutados Joseph Smith foi um revelador da
além de muitos de seus mais íntimos verdade, um profeta de Deus. To­
companheiros. No sábado, mais de dos, sem exceção, precisam conven-
dez mil santos enlutados desfilaram cer-se de que Deus, o Pai, e seu Fi­
diante dos restos m ortais de seu lho, Jesus Cristo, realmente apare­
am ado Profeta Joseph e seu irm ão, ceram a Joseph Smith e o comissio­
o Patriarca H yrum . A seguir, os naram a restabelecer a igreja de
corpos foram secretamente sepulta­ Cristo sobre a face da terra.
dos. (Vide History o f the Church Eu possuo essa convicção e desejo
6:614-31.) humildemente com partilhar convos­
Alguns inimigos de Joseph Smith co algumas das coisas que confir­
vangloriaram-se de seu feito infame, mam meu testemunho de Joseph
e muitos proclam aram que a Igreja Smith e sua obra. Meu testemunho
por ele restaurada e pela qual dera a é um conhecimento mais espiritual
vida, m orreria com ele. Porém, para do que científico ou histórico. Duvi­
grande surpresa de seus desafetos, a do de que o evangelho de Jesus Cris­
Igreja não m orreu, nem a obra de to, conforme foi restaurado à terra
Joseph Smith cessou com sua morte pelo Profeta Joseph Smith e vem
terrena. O que se deu no século e sendo ensinado por todos os profe­
134 A LIAHONA
tas que o sucederam, jam ais seja Joseph Smith de ser proveniente de
passível de com provação unicam en­ anais gravados em placas metálicas
te científica. Ele precisa ser aceito que falavam das antigas civilizações
pela fé e compreendido pelo dom e no continente americano. Hoje já se
poder de Deus. Por exemplo, uma descobriram tais evidências m ate­
das verdades reveladas por Joseph riais e elas ajudam a confirm ar que
Smith, a 27 de fevereiro de 1833, fa­ Joseph Smith dizia a verdade com
lava dos efeitos maléficos do chá, referência ao Livro de M órmon.
café, tabaco e bebidas alcoólicas. Nós, porém , continuam os bus­
Estes ensinamentos podem ser hoje cando testem unhos espirituais para
com provados cientificamente; con­ confirm ar nossa fé no livro. Os críti­
tudo, em minha opinião, as maiores cos tentaram durante muitos anos
promessas contidas na Palavra de encontrar outra explicação para o
Sabedoria (D&C 89) são espirituais. Livro de M órm on, mas simplesmen­
Nela existe a promessa de sabedoria te não o conseguiram. Teorias sobre
e grandes tesouros de conhecimen­ sua origem surgem e desaparecem,
to, e de ser poupado pelo anjo des­ mas o livro continua testificando
truidor como os filhos de Israel. (Vi­ que Jesus é o Cristo.
de D&C 89:19,21.) Os estudiosos mais objetivos e a-
Uma das contribuições mais signi­ nalíticos chegaram à conclusão de
ficativas de Joseph Smith foi a tra ­ que teria sido impossível um rapaz
dução e publicação do Livro de pouco instruído como era Joseph
M órm on, um sagrado volume de es­ Smith, criado nas fronteiras da civi­
crituras trazido à luz de antigos lização dos Estados Unidos, escre­
anais. Ao ser publicado pela primei­ ver o Livro de M órm on. Ele contém
ra vez em 1830, existiam poucas conceitos tão sublimes, além de ser
provas científicas ou históricas que escrito em diversos estilos literários
consubstanciassem a afirmação de e compilado de tal m aneira que não
pode ser de autoria de um a só pes­
soa. O pesquisador honesto pode ser
levado pela fé a crer que Joseph
Smith realmente traduziu o Livro de
Mórmon de antigas placas de ouro
contendo caracteres gravados em
egípcio reform ado. Nenhuma outra
explanação desafiando seriamente o
depoimento de Joseph Smith acerca
do Livro de M órmon conseguiu so­
breviver como fato verdadeiro.
Continuam as evidências de um sé­
culo e meio, e estas confirmam cada
vez mais que Joseph Smith falou a
verdade, completa, honesta e humil­
demente.
Ao apresentar-vos meu testemu­
nho de Joseph Smith, reconheço
suas falhas hum anas junto com seus
FEVEREIRO DE 1982 135
grandes poderes espirituais. Ele não rem declarações contra a natureza
afirm ou ser divino, nem homem hum ana e admissões contrárias ao
perfeito; apenas um ser m ortal com próprio interesse.
sentimentos e imperfeições hum a­ Ele sabia que essa franqueza o
nos, procurando honestamente tornaria, como de fato o tornou,
cumprir a missão divina que recebe­ objeto de ódio, ridículo e desapro­
ra. Num conselho registrado, dado vação social; mesmo assim, falava
a alguns membros da Igreja que aca­ abertam ente a verdade. Ele estava
bavam de chegar em Nauvoo, no dia preparado para as vicissitudes da vi­
29 de outubro de 1842, ele se descre­ da desde o princípio de seu ministé­
ve assim: “ Disse-lhes que era epenas rio. Já em 1823, passados somente
um homem e que não deviam espe­ três anos de sua gloriosa visão do
rar que fosse perfeito; se esperassem Pai e do Filho, o Anjo Morôni
perfeição de mim, eu esperaria o disse-lhe que seu nome seria conhe­
mesmo deles; mas, se tivessem pa­ cido por bem ou por mal entre todas
ciência com minhas fraquezas e as as nações, tribos, línguas e povos, e
fraquezas dos irmãos, eu também que dele se falaria tanto bem como
seria paciente com as fraquezas de­ mal. (Vide Joseph Smith 2:33.)
les.” (History o f the Church, C ontudo, a intensidade do ódio e
5:181.) perseguições surpreenderam até
Impressiona-me sua total fran­ mesmo Joseph, e ele chegou a inda­
queza, pois, além de adm itir suas gar certa ocasião: “ Por que se com­
próprias fraquezas hum anas, ele binariam contra mim os poderes das
também registra declarações do Se­ trevas? Por que a oposição e a per­
nhor recebidas como amorosas cen­ seguição que se levantaram contra
suras. Quando as recebia, às vezes mim, quase em minha infância?”
bondosas outras severas, ele as dita­ (JS 2:20.) Mas ele enfrentou os de­
va como porta-voz do Senhor aos safios e superou as provações e
encarregados de transcrever as reve­ tornou-se mais forte por causa de­
lações. Um exemplo delas encontra- les.
-se em D outrina & Convênios, seção Não se deve dar ênfase exagerada
5, versículo 21: “ E agora te ordeno, à falibilidade ou falhas m ortais de
meu servo Joseph, que te arrepen­ Joseph Smith. Elas não passavam
das e andes mais retamente diante do que é parte de qualquer ser hu­
de mim, não mais cedendo às per­ mano. Ele e seu trabalho gozavam
suasões dos hom ens.” Em bora bus­ do beneplácito da Deidade. Numa
casse a perfeição, não a reclamava ocasião muito especial, o Senhor lhe
para si. Se pretendesse engendrar disse: “ Na verdade, assim te diz o
um a grande falsidade ou quisesse Senhor, meu servo Joseph Smith,
perpetrar uma fraude ou praticar que estou satisfeito com tua oferta e
engano, teria sido tão honesto com os reconhecimentos que mostraste;
suas próprias fraquezas? Sua total pois para esse fim te elevei, para
sinceridade em adm itir falhas hum a­ que, por meio das coisas fracas da
nas e declarar a carinhosa discipli- terra, eu pudesse m anifestar a mi­
nação de Deus, é poderosa prova de nha sabedoria.” (D&C 124:1.)
sua probidade. Suas palavras têm Estou profundam ente impressio­
um fundamento mais sólido por se­ nado com o tipo de pessoas que se
136 A LIAHONA
tornaram com panheiros de Joseph condenado ao enforcamento por
Smith. Sua personalidade agia como traição, eu serei enforcado em seu
um ímã para muitas pessoas, atrain­ lugar, e você sairá livre. — Joseph
do gente de todas as idades e classes disse: — Você não pode fazer isso.
sociais. Muitos que ele inspirou — O doutor replicou: — Mas
eram extremamente inteligentes, de­ farei.” (H istory o f the Church,
dicados e capazes, tanto homens co­ 6 :616 .)
mo mulheres. A coragem por eles Após o m artírio de Joseph Smith,
dem onstrada em favor da obra de seu sucessor como profeta foi o p rá­
Joseph Smith, além de seus sacrifí­ tico e enérgico Brigham Young, o
cios, sofrimentos e dedicação, eram qual disse, falando de Joseph Smith:
quase que inacreditáveis.
No início de meu discurso, men­ “ A primeira vez que ouvi o P ro­
cionei o Dr. Willard Richards, cuja feta pregar, senti que ele unia os
lealdade para com Joseph Smith é céus e a terra. Todos os ministros da
extremamente típica. Antes de ir p a­ epóca não eram capazes de me dizer
ra Carthage, Joseph disse ao Dr. Ri­ qualquer coisa correta a respeito dos
chards: “ — Se formos para a ca­ céus, inferno, Deus, dos anjos ou
deia, irá conosco? — O doutor res­ demônios; eram tão cegos quanto os
pondeu: Irmão Joseph, você não me egípcios antigos. Quando encontrei
pediu que atravessasse o rio com vo­ Joseph, ele tom ou dos céus, falando
cê, nem que viesse a Carthage com figurativamente, e trouxe-os à terra e
você e agora pensa que o abandona­ tom ou a terra, elevou-a aos céus e
rei? Digo-lhe o que vou fazer; se for esclareceu com nitidez e simplicida-
FEVEREIRO DE 1982 137
de as coisas de Deus. Essa é a grande a respeito da veracidade da o b ra-de
beleza que existe em sua m issão.” Joseph Smith. Tomei conhecimento
(Discursos de Brigham Young, pp. dele como garotinho ainda, no colo
459-60.) de minha mãe. Meu tetravô, Edward
Os resultados de um século e meio Partridge, foi com panheiro do P ro­
desta igreja dão grande autenticida­ feta Joseph por vários anos antes de
de à história de Joseph Smith. A perder a vida em conseqüência das
obra desta igreja prossegue em ritmo perseguições. (Vide History o f the
assombroso. A grande congregação Church, 4:132.) Ele foi batizado por
de santos dos últimos dias perm ane­ Joseph. Numa revelação recebida
ce fiel aos testemunhos de Joseph pelo Profeta, foi chamado a ser o
Smith e sua obra. Desde os dias de primeiro bispo da Igreja restaurada.
Joseph, milhões aceitaram-na pela (Vide D&C 41:9.)
fé, e o Santo Espírito confirmou- Meu tetravô foi tão torturado, hu­
-lhes que o depoimento de Joseph milhado e maltratado em seu chama­
Smith a respeito de sua visão do Pai do pelo populacho, e mesmo assim
e do Filho é verdadeiro, e que ele foi tão perseverante e fiel, que não é
restaurou à terra o puro evangelho possível ter dúvidas quanto à auten­
de Jesus Cristo. ticidade da revelação que o desig­
No decorrer dos anos, a vida e a nou. Como outros chegados ao P ro­
morte de Joseph Smith e sua histó­ feta, ele conhecia o coração e alma
ria serão certamente analisadas, dis­ de Joseph. Ele não seria enganado.
secadas, criticadas, desafiadas e es­ Creio que sua vida e morte provam
miuçadas. Porém , as provas da ve­ que não mentia. Sua devoção, sofri­
racidade de suas declarações hão de mento e sacrifício testificam elo­
crescer sempre. A devoção e o com­ qüentemente sua fé implícita em
prom etim ento dos que aceitaram o JosepH como servo inspirado de
evangelho restaurado continuarão a Deus.
ser postos à prova severamente. Sua Além dessa minha herança, tenho
fé será provada duram ente, como meu próprio testemunho interior
tem acontecido a muitos no passa­ que me confirm a que o Profeta Jo ­
do. Porém , como o próprio Joseph, seph Smith revelou, como instru­
milhões hão de viver e morrer fiéis mento de Deus, a m aior coleção de
ao evangelho que ele restaurou. À verdades já recebida pelos homens
medida que o tempo passa, a estatu­ desde que o próprio Salvador andou
ra de Joseph Smith vai-se avanta­ na terra.
jando. Ele subirá cada vez mais na O que foi ensinado deste púlpito
estima da hum anidade. Muitos che­ nos últimos dois dias é uma exten­
garão à profunda convicção, como são d.a herança de verdade legada a
eu, de que existe uma origem divina todos nós pelo Profeta Joseph
na mensagem por ele ensinada e um Smith. Ela destina-se a salvar e exal­
propósito eterno na obra que restau­ tar a hum anidade como m andou o
rou na terra. Senhor Jesus Cristo. Testifico isso
Meus antepassados foram-me dei­ com profunda gratidão, em nome
xando como legado seu testemunho de Jesus Cristo. Amém.

138 A LIAHONA
Santo.” (1? Regra de Fé.) Ora, nós
“ Lembrai-vos de cremos nisto. Mas fico imaginando
como agiríamos, se nos lembrásse­
Quem Sois” mos diariamente de que somos fi­
lhos espirituais de Deus e que Jesus
Cristo é o nosso Salvador. Será que
faríamos certas coisas que fazemos?
Fá-las-íamos com mais ênfase ou
não as faríamos de todo? Tivemos o
Espírito conosco hoje. E gostaria
de dizer que a coisa mais im portante
para mim, e me parece mais necessá­
Presidente N. Eldon Tanner ria do que outra coisa qualquer no
Primeiro conselheiro na Primeira evangelho, é que vivamos cada dia
Presidência. os ensinamentos do Senhor. Peço-
“Se somos honestos, honrados e -vos que recordeis às pessoas quem
justos em tudo o que fazem os, esta elas são e lhes digam que se condu­
é toda a informação que os outros zam de acordo. Assim fazendo, es­
desejam de n ó s ." taremos guardando os m andam en­
tos de Deus. Nós dizemos: “ Cremos
stou muito satisfeito de poder em Deus, o Pai E terno.” Cremos

E estar convosco nesta tarde.


Sinto que esta tem sido uma
das melhores conferências de que já
realmente que ele é o Pai de nosso
espírito e agimos de acordo? Nós di­
zemos: “ Crem os... em seu filho, Je­
participei. Provavelmente, precisá­ sus C risto.” Será que cremos real­
vamos do Espírito do Senhor aqui mente que Jesus Cristo é o nosso
presente na ausência de nosso Presi­ Salvador, e agimos de acordo? Se
dente, e ele, sem dúvida, estava nos lembrássemos disso o tempo to­
aqui. Quero congratular-m e com os do, será que viveríamos da maneira
oradores e externar minha aprecia­ que vivemos?
ção a este belo coro. Nas sessões Nós dizemos: “ Cremos em ser
desta conferência fomos inform a­ honestos, verdadeiros, castos, bene­
dos, aconselhados e recomendado o volentes, virtuosos e em fazer o bem
que fazer como membros da Igreja. a todos os hom ens.” (13? Regra de
Porque o Presidente David O. Fé.) Somos honestos, todos os dias?
McKay não pôde comparecer a uma Verdadeiros, castos, benevolentes e
conferência, ele me disse: “ Presi­ virtuosos? Nós, irmãos e irmãs des­
dente Tanner, lembre a esse povo ta Igreja, vivendo em nossa casa,
quem eles são e que devem con­ com nossos filhos, nossos vizinhos,
duzir-se de aco rd o .” Este “ condu­ em nossos negócios? Que m aravilha
zir-se de acordo” é muito im portan­ se estivéssemos agindo assim e côns­
te para mim. cios deles o tempo todo!
Quando quero lembrar ao povo Gostaria de dar-vos apenas um
quem eles são, repito algumas de exemplo do que estou pensando.
nossas regras de fé. Primeiro: “ Cre­ (Talvez não seja tão bom quanto al­
mos em Deus, o Pai Eterno, e em guns que tenho ouvido.) Quando eu
seu Filho, Jesus Cristo e no Espírito trabalhava em Alberta, para o go­
FEVEREIRO DE 1982 139
verno canadense, fui convidado a boas obras, sejam levados a glorifi­
dar uma palestra a um grande grupo car o nome do Senhor. Devemos fa­
de advogados em Dallas, Texas. zer isso todos os/iias! Se esta igreja,
Quem me apresentou foi o governa­ estes mais de quatro milhões de indi­
dor do Estado. E ao me apresentar, víduos — todos os que vivem o
contou que eu fora bispo na Igreja evangelho ou seus princípios — fos­
M órmon e agora era presidente do sem honestos, honrados e justos em
Ramo de Edm onton, no Canadá. E tudo o que fazem, e merecessem
disse: “ Quero ressaltar que qual­ confiança em todos os sentidos, esta
quer pessoa que é bispo nessa igreja, seria toda a inform ação que os ou­
não precisa de mais apresentações tros desejariam de nós.
no que me diz respeito.” Ele não es­ Oro que, ao partirm os desta con­
tava cum prim entando a mim, mas ferência, cada um de nós que gosta­
aos membros da Igreja que conhecia ria de agir melhor doravante, trans­
e nela serviam, e mereciam confian­ forme esse desejo em ação; que cada
ça. Pensei comigo: “ Que m aravi­ um de nós seja honesto e dizimista
lhoso, se um missionário pudesse di­ integral; que nos preparemos para ir
zer ao voltar: ‘Sou ex-missionário ao templo onde podemos casar-nos
de boa reputação’, e isto bastasse para o tempo e toda a eternidade, e
como apresentação.” termos nossa família selada a nós.
Quão maravilhoso seria, se todo Meu apelo a vós, hoje, irmãos e
portador do sacerdócio soubesse irmãs, é que todos vós que tendes o
que o Senhor sabia que poderia con­ desejo de fazer melhor, volteis para
tar com ele devido a sua m aneira de casa decididos e o façais para o resto
viver. Gostaria de dizer-vos hoje da vida, para que sejais um exemplo
que é uma enorme responsabilidade os edificante, uma influência benéfica
membros desta igreja viverem de e uma grande força para a Igreja.
m odo que os outros, vendo suas Em nome de Jesus Cristo. Amém.

140 AUAHONA
— Digamos assim: se entre agora
Sessão de Bem-estar, 3 de outubro e o Milênio algum membro da Igreja
de 1981 m orrer de fome, o culpado é meu
pai.
O Amor Vai Além Os Serviços de Bem-estar são en­
carados de várias formas. Suponho
da Conveniência que a m aioria das pessoas pensa ne­
les como fazendas, fábricas de con­
servas, armazéns do bispo e Indús­
trias Deseret. Os Serviços de Bem-
-estar representam a parte básica da
principal missão da Igreja, que é o
aperfeiçoam ento dos santos; eles
são o evangelho em ação para os
membros individuais. Não se desti­
Bispo J. Richard Clarke nam apenas à participação institu­
Segundo conselheiro no Bispado Presidente. cional ou de grupos. Nós obtemos a
salvação em base individual — toda
“Se quisermos seguir o Salvador, pessoa precisa galgar a escada inde­
não poderem os fazê-lo sem pendentemente para chegar ao nível
sacrifício pessoal e sincero do Mestre. Se quisermos alcançar a
envolvimento; isto é raramente perfeição, temos de emular as obras
conveniente. ” de Jesus, bem como seguir suas p a­
lavras. Pedro, o apóstolo, disse aos

I
rmãos e irmãs: Alguém ouviu que queriam ser discípulos de Cris­
por acaso uma conversa de Rikki to, que fossem “ participantes da na­
Pace, garota de quinze anos e fi­ tureza divina” . (2 Pedro 1:4.) E
lha de nosso novo diretor-gerente mais: “ Porque para isto sois cham a­
Glenn Pace com uma colega de es­ dos... para que sigais as suas pisa­
cola e que foi mais ou menos assim: d as.” (1 Pedro 2:21.)
— Onde seu pai trabalha? Em 1897, o Dr. Charles Sheldon,
— No Edifício dos Escritórios da jovem ministro de Topeka, Kansas,
Igreja. escreveu um livro que intitulou de
— Onde fica esse edifício? Em Seus Passos, um romance ba­
— Sabe, aquele arranha-céu perto seado num experimento pessoal.
do templo. Disfarçando-se de tipógrafo desem­
— E o que ele faz? pregado, vagou pelas ruas de Tope­
— É o encarregado do D eparta­ ka e ficou chocado com o tratam en­
mento de Bem-estar. to recebido de sua com unidade
— O que é o Departam ento de “ cristã” . No livro, um ministro
Bem-estar? cristão lança a sua congregação um
Depois de várias tentativas de des­ interessante desafio:
crever sua função, Rikki aparente­ “ Quero voluntários... que se
mente não conseguira impressionar com prom etam , sincera e honesta­
nenhum pouco sua amiguinha. En­ mente a, durante um ano inteiro,
tão, como tentativa final, Rikki não fazer nada sem antes perguntar-
saiu-se com esta: -se: ‘O que faria Jesus?’...N ossa me­
FEVEREIRO DE 1982 141
ta será agir exatamente como Jesus mal interpretado, ansiar por com pa­
faria, se estivesse em nosso lugar, nhia, estima e apreço. Entretanto,
independentemente dos resultados ao saciar a fome emocional do p ró ­
imediatos. Em outras palavras, ximo, descobrimos que reduzimos a
propom o-nos a seguir os passos de nossa tam bém .
Jesus tão literal e exatamente quan­ 4. A fome espiritual é o abrasador
to acreditamos tenha ele ensinado desejo de conhecer verdades eter­
seus discípulos a fazer.” (Charles nas. É a ânsia de com unhão espiri­
M. Sheldon, In His Steps, Nova tual com Deus. (Vide Jordan, pp.
Iorque: Grosset & Dunlap, 1935, 63-75.)
pp. 15.16.) O evangelho restaurado de Jesus
O livro descreve a fascinante ex­ Cristo fornece a solução para todas
periência dos que aceitaram o desa­ as fomes da vida. Jesus disse: “ Eu
fio. Intriga-me qual seria o resulta­ sou o pão da vida; aquele que vem a
do, se a mesma experiência fosse fei­ mim não terá fome; e quem crê em
ta hoje entre os santos dos últimos mim nunca terá sede.” (João 6:35.)
dias. Como cristãos dos últimos Todos nós gostaríamos de possuir a
dias, como cristãos SUD, sabemos capacidade do Salvador de saciar as
que a “ lei real” (Tiago 2:8) do amor fomes do m undo; mas não nos es­
em ação é socorrer os fracos, erguer queçamos de que existem muitas
as mãos que pendem e fortalecer os maneiras simples de seguir seus pas­
joelhos enfraquecidos. (Vide D&C sos. Lembremo-nos de que, ao dar­
81:5.) Será que entendemos de fato mos de nós, não im porta tanto
o que isso quer dizer? Nós demons­ quanto dam os, como dar no m o­
tram os a profundidade do nosso mento preciso.
amor ao Salvador, quando procura­ Uma conhecida colunista norte-
mos encontrar os sofredores entre -americana, Erm a Bombeck, contou
nós e preencher suas necessidades. uma experiência para dem onstrar
O filósofo William George Jor- que pequenas coisas podem signifi­
dan identificou “ quatro grandes fo­ car m uito. Ela recordou um a m anhã
rnes da vida — fome física, fome in­ frustradora, repleta de telefonemas e
telectual, fome emocional e fome es­ conversas interrom pidas, antes de
piritual. Todas elas são reais; todas sair para o aeroporto.
precisam ser reconhecidas e satisfei­ “ Finalmente” , conta ela, “ me so­
tas” . (William George Jordan, The braram trinta maravilhosos minutos
Crown oflndividuality, Nova Iorque: antes da partida do avião — tempo
Fleming H. Revell Company, 1909, para estar só com meus pensamen­
p. 63.) tos, para abrir um livro e deixar a
1. A fome física é nossa mais per­ mente divagar. Então, fez-se ouvir a
ceptível necessidade biológica. É di­ voz de uma senhora idosa sentada
fícil ser espiritualmente forte, quan­ ao meu lado:
do sentimos fome física. “ — Aposto que está frio em Chi­
2. A fome intelectual é a ânsia de cago.
alimento m ental, de instrução e de­ “ Respondi com expressão impas­
senvolvimento pessoal. sível: — É provável.
3. Ter fome emocional é sentir so­ “ — Faz uns três anos que estive
lidão, ter pouca auto-estim a, ser pela última vez em Chicago, — in-
142 A LIAHONA
sistiu.
— Meu filho m ora lá.
“ — Não diga! — retruquei, m an­
tendo os olhos fixos no livro.
“ — Sabe, o corpo de meu marido
segue neste avião. Estivemos casa­
dos por cinqüenta e três anos. Como
eu não dirijo, quando ele m orreu
uma freira me levou do hospital p a­
ra casa. E nem somos católicos. O
gerente da casa funerária permitiu
que eu viesse com ele até o aeropor­
to.
Diz Erma: “ Acho que nunca me
detestei tanto como naquele m o­
mento. Um outro ser hum ano esta­
va implorando atenção, e em seu de­
sespero abordara uma estranha indi­
ferente que estava mais interessada
em seu romance do que no dram a
real ao seu lado.
“ Tudo o de que ela necessitava
era alguém que a ouvisse — não pre­
cisava de conselhos, sabedoria, ex­
periência, dinheiro, assistência, nem
mesmo de compaixão — apenas de
alguém que lhe desse um ou dois mi­ bito de serem sensíveis às necessida­
nutos de atenção... des alheias, antes de pensar em si
“ Ela continuou falando com voz próprios. As oportunidades passam
m onótona até tom arm os o avião e muito depressa e ficamos com mais
então foi sentar-se noutra parte. Ao uma boa intenção frustrada. Se ao
pendurar meu casaco, ouvi sua voz menos nossos atos de bondade se
plangente dizer a sua vizinha: “ — igualassem aos justos desejos de
Aposto que está frio em C hicago.” nosso coração!
“ E eu fiquei orando: ‘Por favor, Censurando nossa tendência à
Deus, faça com que ela o u ça.’’(Erma procrastinação, o poeta e dram atur­
Bombeck, “ Are You Listening?” , go inglês John Drinkwater diz em
I f L ife Is a B o w lo f Cherries — What seu poem a “ A Prece” , que cito em
A m I Doing in the Pits?, Nova Ior­ parte:
que: McGraw-Hill Book C o., 1978, Os caminhos conhecemos que
pp. 197-98.) deveríamos trilhar,
Quantas vezes perguntamos a nós Teus decretos no coração temos
mesmos, ao ver um ato de bondade gravados;
alheio: “ Por que não pensei nisso?” Mas agora, ó Senhor, tem
Aqueles que fazem o que gostaría­ misericórdia
mos de fazer, parecem ter dom inado E nos abençoa com o que nos
a arte da percepção; form aram o há­ falta:
FEVEREIRO DE 1982 143
ha, Nebraska. (Abigail van Buren, que costuma aparecer mais ou m e­
Deseret News, 13 de dezembro de nos de mês em mês; mas ele não se
1979, p. C7.) envolve muito com nossa família.
Irmãos e irmãs, o que venho pro­ Então indaguei: — A irm ã tem
curando ilustrar esta m anhã é que, um a professora visitante que a visita
se quisermos seguir o Salvador, não e compreende?
poderemos fazê-lo sem sacrifício — Sim, a Sociedade de Socorro
pessoal e sincero envolvimento; isto aparece de vez em quando.
é raram ente conveniente. Mas o Neste ponto eu orava por uma res­
am or vai além da conveniência para posta apropriada, quando uma sim­
aqueles que se acostum aram a pro­ pática irm ã que estava perto e ouvi­
curar oportunidades de servir. Creio ra nossa conversa, disse:
que o Salvador estava preparado p a­ — Desculpe-me, mas eu também
ra cumprir sua missão não somente fui viúva; e em bora me tenha casado
por causa de sua filiação, mas por de novo há pouco tem po, ainda sei
causa dos trinta anos que levou de­ como se sente e com preendo seus
senvolvendo sua percepção e sensi­ problemas. Por favor, permita-me
bilidade para com as necessidades visitá-la. G ostaria muito de conver-
de seus semelhantes. * sar com a irmã.
Em Alma, capítulo sete, lemos: O Dr. Tom Dooley oferece alguns
“ E sofrerá penas, angústias e ten­ fatos interessantes a respeito dos
tações de toda espécie... para que se que conheceram dificuldades e ago­
cum pra a palavra que diz que ele to ­ ra são capazes de aliviar o fardo
m ará sobre si as dores e enferm ida­ alheio. Passo a citá-lo:
des de seu povo. “ Um dos conceitos mais im por­
“ ... e tom ará sobre si suas enfer­ tantes do Dr. Albert Schweitzer era
midades, para que suas entranhas se o da Fraternidade dos Que Têm A
encham de misericórdia, segundo a M arca da D or... Quem são seus
carne, e para que possa conhecer, membros? Aqueles que por expe­
segundo a carne, como socorrer o riência própria sabem o que é dor fí­
seu povo.” (Alma 7:11-12.) sica e angústia corporal. Essas pes­
Após um a recente conferência de soas, por todo o mundo, são ligadas
estaca na qual falei sobre o papel da por um elo secreto. Aquele que se li­
família na Igreja, fui abordado por vrou da dor não deve pensar que
um a boa senhora que me disse: — agora está... à vontade para conti­
Bispo, sou viúva e apreciei muito tu ­ nuar vivendo e esquecer seu mal. É
do o que falou. Tenho uma família um a pessoa cujos olhos foram aber­
encantadora, mas também muitos tos. Tem agora o dever de ajudar os
problemas e preciso de ajuda. Meus outros em suas batalhas contra a
líderes do sacerdócio têm família dor e angústia. Deve ajudar a pro­
própria e uma porção de problemas porcionar aos outros a libertação
e eu não quero aumentá-los. Assim, que ele próprio conhece.
o que devo fazer? “ Nessa Fraternidade estão incluí­
— A irmã tem um bom mestre fa­ dos não apenas os que já estiveram
miliar que realmente se im porta? — enfermos mas os relacionados a so­
perguntei. fredores, e quem estará excluído dis­
— Sim, tenho um mestre familiar so?” (Thomas Dooley, “ A World-
146 A LIAH O N A
wide Fellowship” , Words o f Wis- nhados de um Espírito todo especial
dom , ed. Thomas C. Jones, Chica­ do Salvador. Eu sei que ele am a esta
go: J. B. Ferguson, 1966, p. 150.) obra e os milhares de santos que de­
Volto a citar o livro do Dr. Shel- la participam . E como recomendou
don: no Livro de M órmon ao seu povo
“ O discipulado cristão precisa do convênio, ele nos recomenda ho­
dar ênfase à participação e envolvi­ je:
mento pessoal. ‘Vã é a dádiva sem o “ Em verdade, em verdade vos di­
d o ad o r.’ O cristianismo que tenta go que este é o meu evangelho; e sa­
(somente) sofrer vicariamente não é beis o que deveis fazer em minha
o cristianismo de Cristo. Toda pes­ igreja, pois as obras que me vistes
soa cristã... precisa seguir os passos fazer, essas mesmas fareis...
dele no caminho do sacrifício pes­ “ P ortanto, se fizerdes essas coi­
soal. Não existe uma trajetória dife­ sas, bem -aventurados sereis, porque
rente da dos tempos de Cristo, hoje. sereis levantados no último dia...
O caminho é o m esm o.” (Sheldon, “ P ortanto, que classe de homens
In His Steps p. 239; grifo nosso.) devereis ser? Em verdade vos digo
Esta designação foi difícil para que devereis ser como eu sou.” (3
mim. Ao ponderar como a aplica­ Néfi 27:21-22,27.)
ção prática dos princípios de bem- Que possamos andar em seus pas­
-estar nos leva a Cristo, examinei mi­ sos e nos tornarm os como ele é, eu
nha própria alma e cheguei à con­ oro em nome de Jesus Cristo.
clusão de que estou bastante longe Amém.
do meu ideal — o Salvador. Em vis­
ta disso, reassumi o compromisso de
alcançar a “ natureza divina” de
Cristo (vide 2 Pedro 1:4), estando
mais atento a maneiras de abençoar
os necessitados.
Presto-vos testemunho de que os
serviços de bem-estar são acom pa­

FEVEREIRO DE 1982 147


todo homem e toda mulher que fa­
Um Lugar Seguro zem convênio de estabelecer uma fa­
mília precisam criar um lugar seguro
Para o Casamento para seu am or.
O coração hum ano muitas vezes
e a Família anseia por alguém que tratará com
carinho a devoção que ele tem para
dar. Isto está expresso nos dizeres de
um poem a de William Butler Yeats
(Poeta e dram aturgo irlandês, 1865-
1939. N. do T.): O homem acaba de
depor os anseios de seu coração aos
pés de sua am ada e a seguir implora:
“ Pisa manso pois estás pisando nos
Barbara B. Smith meus sonhos.” (“ He Wishes for the
Presidente geral da Sociedade de Socorro Cloths of Heaven” , The O xford
Dictionary o f Quotations, 3. ed.,
“Para fortalecer nosso casamento
Nova Iorque: Oxford University
e nossa fam ília, precisamos aplicar
Press, p. 585.)
amor, trabalho, consagração,
serviço, mordom ia ou Igualmente confiantes são os ver­
sos da poetisa puritana Anne Brad-
responsabilidade e autoconfiança. ”
street, que, em sua poesia “ Ao Meu
eus caros irmãos e irmãs: Os Querido e Am ado Esposo” , confi­
M princípios fundamentais do
bem-estar — am or, consa­
gração, trabalho, serviço, m ordo­
dencia:
Se alguma vez dois foram um, en­
tão sem dúvida o somos.
mia ou responsabilidade e autocon­ Se alguma vez um homem fo i
fiança — não são só im portantes pa­ amado pela esposa, és tu.
ra nós como indivíduos operando (The N ew O xford B ook o f A m eri­
sua própria salvação, mas, se aplica­ can Verse, ed. Richard Ellman, Nova
dos no lar, fortalecem nosso casa­ Iorque: Oxford University Press,
mento e nossa família. Posso 1976, p. 6.)
explicar-vos por quê? A confiança é para o relaciona­
Algumas passagens de Provérbios mento hum ano o que é a fé para a
31 são bastante conhecidas por enu­ vivência do evangelho. É o ponto de
merarem as qualidades admiráveis partida, o alicerce sobre o qual se
da mulher virtuosa, cujo “ valor pode construir. Onde existe confian­
muito excede o de rubis” (vers. 10). ça, pode florescer o am or.
No versículo 11, porém , encontra­ Então somai consagração ao
mos um a extraordinária descrição am or, a dedicação de duas vidas a
de casamento. Diz ele: “ O coração um propósito sagrado. Este tipo de
de seu marido está nela confiado.” compromisso é essencial para que o
Esta memorável frase revela, pri­ am or tenha um lugar seguro. Notai
meiro, que o marido confiou seu co­ nessa passagem de Provérbios que o
ração à esposa, e segundo, que ela o marido não entregou seu coração
salvaguarda. Eles parecem enten­ condicionalmente, não pela metade
der uma verdade im portante — que ou coisa parecida — mas por intei­
148 A LIAHONA
ro. Consagrar significa dar tudo o que am or e na consagração pode perm i­
se tem. Quando um homem e uma tir diversidade de opinião.
mulher fazem os convênios do casa­ P ara que marido e mulher se to r­
mento no templo sagrado, estão nem um, é preciso acom odar ou re­
dando início a uma nova e eterna solver numerosas diferenças, gran­
unidade familiar com todas as bên­ des e pequenas. Num sólido relacio­
çãos prom etidas a A braão, Isaque e nam ento conjugal, as diferenças
Jacó. A união é dedicada aos sagra­ não precisam levar à discórdia. Elas
dos propósitos do Senhor: “ P ro p o r­ podem ser debatidas abertam ente
cionar a im ortalidade e vida eterna até chegarem a um a solução satisfa­
ao hom em .” (Moisés 1:39.) tória devido às premissas concor­
A jovem noiva que deseja casar-se dantes — tanto o m arido como a
para ter um “ lar todo seu” , talvez mulher estão comprometidos a
não se dê conta do desprendimento amarem-se m utuam ente, edificarem
requerido num casamento feliz — o reino de Deus e estabelecerem uma
aquele am or que “ não-busca-seus- unidade familiar eterna. Todas as
interesses” (1 Cor. 13:5.) O marido considerações baseiam-se nestes três
cujos planos futuros se concentram compromissos fundam entais. En­
em seu próprio sucesso, possui uma quanto estes continuam válidos, o
visão distorcida das responsabilida­ casamento permanece intacto, ainda
des que deve assumir num a família que o processo de resolução envolva
celestial. considerável discussão.
Examinemos por uns momentos Em visita ao lar de sua irm ã mais
alguns dos benefícios do casamento m oça, certa senhora presenciou uma
baseado no am or e consagração: discussão assim. A diferença de opi­
1. Ambos, marido e mulher, nião foi solucionada num a discus­
dedicam-se a ajudar o outro a atin­ são aberta e amável entre marido e
gir o máximo desenvolvimento pos­ mulher. Posteriorm ente, essa senho­
sível. Quão inspirador é ouvir o Él- ra confidenciou a alguém que uma
der David B. Haight contar como às discussão assim seria impossível no
vezes se encarregava do jan tar para a lar dela, “ porque” , dizia, “ não po­
esposa poder ir às aulas de castelha­ demos dar-nos ao luxo de discutir
no. Quando marido e mulher desen­ eventuais diferenças, pois mesmo
volvem o tipo de amor que permite um problem a pequeno põe em risco
o outro transform ar seu potencial o nosso relacionam ento” .
em perfeição e seu talento em teste­ Certos relacionamentos conjugais
m unho, ambos crescem. Um casa­ não passam realmente de uma tré­
mento sólido requer indivíduos for­ gua amigável; porém , se tais casais
tes igualmente com prom etidos a lançassem a pedra fundamental do
suscitarem o melhor em si próprios compromisso e confiança, da consa­
como em seu parceiro eterno. O m a­ gração e do am or, poderiam edificar
rido precisa apoiar a mulher para es­ um lugar seguro onde o indivíduo
ta poder usar adequadam ente os do­ possa manifestar-se, onde o amor
tes recebidos de Deus. A esposa pre­ possa crescer, abranger e integrar
cisa apoiar o marido para este poder pontos de vista diversos.
dirigir a família. 3. Toda criança tem o amor e in­
2. O casamento alicerçado no teresse de ambos os pais.
FEVEREIRO DE 1982 149
Quando os filhos são tratados guindo fazer, um a avaliação do que
com imparcialidade, não existem falta para se obter o resultado dese­
motivos para o ciúme. Lendo o Li­ jado levaria ao reconhecimento de
vro de M órm on, verificamos que, que outros membros da família pre­
sempre que o povo estava realmente cisam colaborar — seja encarregan-
compromissado com o Senhor e ti­ do-se de determ inados deveres ou
nha em seu meio o Espírito Santo, m odificando hábitos de vida para
as condições descritas se assemelha­ facilitar o trabalho doméstico.
vam. Em 4 Néfi, temos um exemplo Uma casa ordeira contribui p a­
desses: Todos os homens “ proce­ ra a felicidade. Porém , pôr as coisas
diam retamente uns para com os ou­ em ordem e conservá-las assim deve
tros. ser preocupação da família inteira,
“ E tinham todas as coisas em co­ ainda que a principal responsabili­
mum; portanto não havia ricos nem dade nesse sentido seja a da mãe.
pobres... mas eram todos livres e Q uando a mãe é obrigada a trab a­
participantes do dom celestial” do lhar fora do lar, a cooperação da fa­
am or. (4 Nefi 1:2-3.) mília inteira é muitas vezes essen­
4. Finalnjente, o am or e a consa­ cial.
gração lançam a base para a felici­
dade. Isto, tam bém , está descritoem Às vezes acontece que um marido
4 Néfi: “ E não havia contendas na ou pai deixa de ser honrado pelo tra ­
terra, em virtude do am or a Deus balho que faz. Como fica fora de
que vivia no coração do povo. casa e a família não o vê trabalhan­
“ E não havia invejas, nem dispu­ do, talvez não reconheçam a plena
tas, nem tum ultos... e sem dúvida im portância de sua contribuição.
não poderia haver povo mais Seria proveitoso, então, dedicar
ditoso.” (4 Néfi 1:15-16.) uma noite familiar ao trabalho do
Lembrai-vos — a família funda­ pai, dando-lhe oportunidade de ex­
m entada no am or e consolidada pe­ plicar tudo o que faz. Isto proverá
la consagração é m antida pelo tra ­ não só conhecimento mas também
balho e serviço. O lar se fortalece um a visão mais clara de seus esfor­
com o trabalho, quando quem tra ­ ços. O salário ganho pelo homem é
balha é respeitado. um a necessidade, mas o orgulho da
M uitas vezes, à mulher desanim a­ família pelo que faz, pode ser muito
da com sua sina nada falta além de mais im portante para ele.
um pouco de apreço daqueles a Os familiares jovens também po­
quem serve. É muito fácil a família dem aprender a dar im portância ao
acostumar-se ao ambiente aconche­ trabalho pela execução de tarefas
gante de um lar e esquecer-se do es­ significativas pelas quais devem as­
forço e capacidade necessários para sumir inteira responsabilidade. O
m antê-lo funcionando harm oniosa­ lar é um local seguro para as crian­
mente. Talvez haja necessidade de ças aprenderem a trabalhar, pois
dem onstrar apreço à mãe que está seus erros podem ser corrigidos an­
dando tudo o que pode para m anter tes de se tornarem graves, e ser per­
o lar, mas ainda assim não consegue doados. Feliz a criança cujos pais
m anter a ordem. Talvez, além do re­ lhe ensinam o valor de um trabalho
conhecimento do que ela está conse­ bem feito.
150 A LIAHONA
Em bora não saibamos qual a pro­
fissão ou ofício que nossos filhos es­
colherão quando crescerem, pode­
mos começar a prepará-los para te­
rem sucesso. Sob a direção de pais
afetuosos, podem aprender a ser
responsáveis por ferram entas e equi­
pam entos, a seguir instruções, a tra ­
balhar com seriedade e disposição, e
a persistir até term inar um a tarefa.
Isto são os requisitos prévios para
quase todos os program as de treina­
m ento profissional.
O trabalho torna-se serviço quan­
do é feito de boa vontade, muitas
vezes voluntariam ente e para satis­
fação de necessidades alheias. Sei
que servir deve-se aprender no lar. E
estou absolutam ente convicta de
que beneficia o lar em que existe.
Certa família se destaca em meus
pensamentos. M inha amiga vinha
sendo a beneficiária e observadora
de gentis atos de bondade da parte
de sua vizinha. Ela a via cuidar com
carinho e eficiência dos doentes, n o ­
tar os tímidos e dar ânimo aos aca­
brunhados.
Um dia, durante uma conferên­ ciona sistema às atividades da famí­
cia, um a senhora sentada ao seu la­ lia e ordem ao casamento. Definir
do levantou-se apressada com um fi­ responsabilidades e planejar um sis­
lho que passava mal. Quando foi tem a de prestação de contas livra a
ver se podia ser útil, encontrou ou­ família de discórdias, além de ser
tra senhora prestando-lhe assistên­ um excelente meio de desenvolver a
cia com tal calma e eficiência, sa­ disciplina pessoal.
bendo exatamente o que fazer, que P ara que a responsabilidade seja
lhe recordou sua vizinha. Finalmen­ um a experiência didática, deve ser
te indagou se, por acaso, conhecia levada a sério; até mesmo a criança
essa sua vizinha, descobrindo, sur­ pequena percebe quando seus esfor­
presa tratar-se de sua irm ã. Naquele ços são apenas tolerados e não devi­
lar haviam aprendido o que significa damente apreciados.
servir. Por seu caráter abnegado, o As preces pela m anhã e à noite
serviço no seio da família aum enta a tornam -se relatórios, quando se
espiritualidade e fortalece os laços compreende a responsabilidade. O
afetivos. debate de projetos planejados e exe­
A responsabilidade é um a condi­ cutados, durante a reunião de noite
ção necessária ao trabalho; propor­ familiar, permite a cada membro da
FEVEREIRO DE 1982 151
família sentir-se nela integrado e ne­ A auto-confiança resulta de um
cessário. Não existe melhor maneira cumprimento tão perfeito dos prin­
de preparar os familiares para o ser­ cípios do evangelho, que cada indi­
viço na Igreja, no m undo do traba­ víduo e família são acrescidos pelo
lho e, acima de tudo, para seu rela­ poder do Senhor, tornando-os capa­
cionamento com o Pai Celeste, do zes de resistir aos golpes da adversi­
que dar-lhes responsabilidades sig­ dade e às m udanças decorrentes do
nificativas. tempo e progresso.
Os princípios fundamentais do
bem-estar fortalecem e nos dão se­ Certo m arido e pai que profissio­
gurança. Através deles, o lar se to r­ nalmente fora diretor de faculdade,
na uma fortaleza, uma proteção foi cham ado como presidente de
contra as ofensas da sociedade, um templo e depois presidente de mis­
porto seguro nas horas de tem pesta­ são. Ao ser desobrigado deste car­
de. A família parte de indivíduos — go, sofreu grave derram e cerebral.
duas pessoas tornando-se uma; e mes­ Em lugar de queixar-se, sentir auto-
mo quando a elas se somam filhos, na piedade ou rejeição, sua esposa en­
aritm ética espiritual da unidade fa­ frentou esta última experiência re­
miliar, eles continuarão sendo um. correndo ao evangelho que sempre
Os pais podem prover um abrigo fez parte da vida deles, assegurando
protetor, um lugar seguro, e os fi­ com am or: “ Este é o tempo para o
lhos se tornam fortes com o vínculo qual nos estivemos preparando. Nós
do seu am or. temos o alicerce dos princípios do
Em bora a unidade familiar faça evangelho e vou fazer tudo o que
parte de uma família mais ampla de puder para que esta seja a etapa
tios, prim os, avós etc., e participe mais feliz de nossa vida ju n to s.”
da grande família da Igreja, como
organização eterna ela precisa ser O alívio é apenas tem porário, mas
com pleta, auto-suficiente. o bem-estar é eterno. A vida m ortal
E ntretanto, no fundo a família pode ser limitada no tempo e campo
não está só. Quando se consagra à de ação, mas os princípios não têm
obra do Senhor, seu Espírito estará fim. Possamos aplicar plenamente
sempre ao seu lado. Se dificuldades os princípios fundam entais do bem-
exigirem que receba assistência tem ­ -estar — am or, trabalho, consagra­
porária, ela sabe que isto pode ser ção, serviço, m ordom ia ou respon­
uma bênção do Senhor e que possui sabilidade e auto-confiança — para
capacidade para refazer seus recur­ fortalecer nosso casamento e nossa
sos. E ainda que faleça um dos côn­ família nos lugares santos e seguros
juges, a família continuará forte e do coração, templo e lar, eu oro hu­
com pleta, pois o poder do Senhor as mildemente em nome de Jesus Cris­
sustentará. to. Amém.

“As pessoas persistentes iniciam seu sucesso


onde outros fracassam. ”
(Edward Eggleton)
152 A LIAH O N A
foi duro para a família dar tu d o ?”
Ser Feliz Servindo “ Não foi difícil para a outra família
aceitar?”
ao Próximo Pouco tempo depois, tivemos
oportunidade de ser os recebedores.
Depois de residir num a comunidade
um mês apenas, fui obrigada a ficar
de cama durante dois meses, en­
quanto esperava nosso oitavo filho.
A prim eira reação é que consegui­
ríamos dar conta da situação sozi­
nhos. As crianças estavam acostu­
JoAnn Randall madas a ajudar e tinham tarefas ca­
seiras específicas. E ntretanto, em
“Os projetos de serviço em fam ília pouco tempo nos demos conta de
não precisam ser espetaculares, que precisávamos de auxílio, a des­
nem mesm o originais. ” peito de todo planejam ento e divi­
são de responsabilidades.
eus queridos irmãos e irmãs: Mesmo depois de anos de ensinar

M Estamos felizes de poder,


como casal, falar-vos hoje
sobre como os princípios de bem-
e ouvir lições sobre servir ao próxi­
mo e aceitar ser servido, descobri­
mos que na prática não é tão fácil as­
-estar influenciaram nossa família sim. Porém , ao permitir que nos
através da prestação de serviços. ajudassem, logo nos sentimos cheios
Foi com assombro que nossos fi­ de gratidão por seus cuidados.
lhos ouviram pela prim eira vez a Um casal aposentado veio buscar
história da família que doou seu N a­ as crianças menores para um pas­
tal inteiro — árvore, jantar e presen­ seio. O bispo organizou uma reu­
tes. Tudo começou quando a casa nião sacramental lá em casa. Diver­
de um vizinho pegou fogo na m anhã sas irmãs bastante ocupadas passa­
da véspera do Natal. Quando as vam regularmente lá em casa apenas
crianças souberam da situação de para um bate-papo, pois sabiam que
seus am iguinhos, convocaram uma eu adorava conversar com adultos.
reunião de família e todos concor­ Um casal preparou e trouxe um ja n ­
daram , unanimemente, que dividi­ tar que com partilhou conosco em
riam seu Natal. sua noite de “ nam oro” . Uma pilha
Os afazeres do dia logo se concen­ de camisas brancas desapareceu e
traram em m udar o nome em paco­ reapareceu passada e dobrada com
tes de presentes, embalar o jantar de esmero.
Natal com peru e tudo. E no último A frase “ avise-se-precisar-de-al-
m inuto, levaram até a árvore! Vol­ gum a-coisa” assumiu um novo sen­
tando para casa depois de executar tido. Verificamos que raram ente se
seu projeto em segredo, sentiram-se aceita tal oferta. Em lugar dela,
cheios de entusiasmo e am or. (Vide aparecia gente perguntando: “ P re­
Leon R. H artshorn, Memorable fere que eu limpe a cozinha ou passe
Christmas Stories p. 41.) o aspirador na casa?” Muitos ilus­
Espocaram as perguntas: “ Não traram na prática que não apenas ti­
FEVEREIRO DE 1982 153
nham boas idéias, mas as executa­ Joe” falecera. Uma oportunidade
vam. de servir se perdera por term os igno­
Ocorreu-me mais um a coisa. To­ rado o primeiro impulso.
da vez que nos prestavam algum ser­ Entre os nossos guardados, temos
viço, provavelmente poderiam estar um bilhete de agradecimento de
fazendo o mesmo em prol da pró­ um a irm ã de nossa antiga ala. Nos­
pria família. Ainda assim, uma fa­ sos garotos tinham somente três e
mília num erosa nos trouxe uma lata quatro anos, quando seu pai seguiu
de sorvete feito em casa. Uma se­ o impulso de levá-los consigo quan­
nhora bondosa costurou o vestido do foram reform ar o telhado dessa
de form atura de nossa filha. Uma irm ã. Ela se deu ao trabalho de re­
boa amiga trazia todas as semanas conhecer a colaboração dos garoti-
braçadas de pão caseiro, insistindo nhos e agradecer-lhes. Assim, pude­
em que estávamos acostumados a ram sentir a alegria de ajudar al­
comer pão caseiro e não o com pra­ guém necessitado.
do. Uma de nossas “ vovós” deixou O espírito se espalha, e quando
sua casa e veio ficar conosco por nossa filha chegou em casa entusias­
duas semanas. m ada com o plano de deixar alguns
Uma linha de meu diário diz: “ Se m antimentos à porta de um a família
apenas conseguir lembrar-me de fa­ necessitada, estávamos prontos para
zer o mesmo aos outros, quando es­ agir. Os projetos de serviço em fa­
tiver bem .” Servir tornara-se um mília não precisam ser espetacula­
princípio vivo e sentíamos o ardente res, nem mesmo originais. Descobri­
desejo de poder fazê-lo aos outros mos que participar como família nu­
tam bém . Então poderíam os respon­ ma designação de trabalho em uma
der com sinceridade às perguntas de fazenda do bem-estar pode ser tão
nossos filhos: “ É difícil servir?” gostoso como qualquer outro pro­
Sim. É preciso sacrificar algo de si. gram a recreativo.
“ É duro receber?” Sim. Porém nós
Eis alguns projetos que poderiam
amamos os que nos servem e aqueles
fazer:
a quem podemos servir.
1. Buscar um a criança e levá-la à
Talvez não conheçamos um a viú­
Prim ária. Logo nosso amiguinho
va cuja casa necessite de pintura ou
sabia que íamos buscá-lo todos os
um vizinho recém-chegado em nossa
domingos.
rua. Mas surgirão oportunidades de
fazer algum a coisa de bom para al­
guém. Quando vivíamos em Idaho,
adorávam os fazer pequenas coisas
para o “ Tio Joe” , o pioneiro predi­
leto da ala. Depois de m udarm os de
lá, lembramo-nos dele ocasional­
mente, achando que seria bom es­
crever uma carta para alegrar o dia
do “ Tio Joe” . A idéia começou a
tornar-se mais persistente e final­
mente m andam os um a cartinha. P o­
rém, tarde demais. Um dia depois,
recebemos a notícia de que o “ Tio
154
2. M andar um bilhete de apreço
aos professores da Prim ária, escola Fortalecer-se
ou mestres familiares. Eles ficarão
surpresos ao ver que alguém se im­ Servindo
porta com eles.
3. C antar de boa vontade no coro
da ala. O regente ficará grato e a
gente estará servindo pela música.
4. Dividir os produtos de sua h o r­
ta.
5. Convidar alguém que costuma
estar só para o jantar.
6. Servir anonim am ente. A cha­ Nyle Randall
mos divertido preparar juntos algu­ “Assim que começamos a viver os
ma guloseima, colocá-la à porta de princípios do evangelho servindo
alguém, tocar a cam painha e sair ao próxim o, aconteceu algo
correndo. extraordinário. ”
7. Incentivar a filha a cuidar gra­
ciosamente de crianças, enquanto os o mês passado fez exatamente
pais vão ao templo.
8. Organizar um jantar-surpresa
entre os vizinhos, para se conhece­
N cinco anos que nossa família
se envolveu num a situação
um tanto inesperada na época, mas
rem melhor. Não-membros podem que a modificou completamente.
ser influenciados por meio de tais Recebemos em nosso lar uma filha
serviços. adotiva.
9. Planejar com antecedência. Lembro-me perfeitam ente daque­
Iniciar um a caderneta de poupança le dia. Foi um a daquelas emergên­
para poder cum prir missão mais ta r­ cias que acontecem, não havia nin­
de. guém mais que pudesse cuidar dela e ia
10. Ser um bom exemplo na vi­ chegar já no dia seguinte. Depois de
vência do evangelho, para que o u ­ nos oferecermos voluntariam ente
tros fiquem incentivados. para recebê-la, começamos a ter dú­
vidas quanto ao acerto do com pro­
Existe uma velha história da So­ misso assumido. Ficamos até um
ciedade de Socorro sobre a criança pouco transtornados. Sentimos que
que, vendo a mãe decorando um bo­ os nossos próprios filhos já eram
lo, perguntou: “ Para quem é?” O quase mais do que conseguíamos
pequeno incidente continua válido, m anejar no m om ento. Eram cinco e
pois m ostra que, naquele lar, se cos­ parecia que todos eles se encontra­
tum ava prestar serviço ao próximo. vam justam ente num a idade em que
Existem tantas maneiras de nossa costumavam dar uma trabalheira e
família dar alegria a outros, dando tanto, sem ter responsabilidade sufi­
um pouco de si. Sou muito grata pe­ ciente para cuidar de suas coisas. E
lo fortalecimento de nosso testem u­ agora, lá vinha mais um a filha que
nho decorrente de prestar serviços, e nem era nossa.
digo isto em nome de Jesus Cristo. Com tantas dúvidas, reunimo-nos
Amém. com nossos filhos para fazer alguns
FEVEREIRO DE 1982 155
preparativos. Com a fé que somente verdadeira luta, pois éramos obriga­
as crianças têm, nossos filhos em dos a nos esforçar para não dar pri­
pouco tempo estavam preparados m azia aos nossos próprios filhos.
para aceitar aquela “ irm ã mais ve­ Foi uma lição inestimável para nós.
lha” . Agora conseguimos aceitar qual­
Quando Jean chegou, estava m ui­ quer pessoa quase que im ediatam en­
to mais assustada do que nós. Tinha te. Poderíam os ter passado um a vi­
dezessete anos e estava dois anos da inteira sem aprender isso. Nossos
atrasada nos estudos. Como ne­ filhos aprenderam -no também, e
nhum dos nossos filhos ainda chega­ por isso seremos eternam ente gra­
ra aos nove anos, sabíamos que era tos.
preciso aprender depressa. Foi pro­ A segunda coisa que aprendemos
vavelmente a única idéia certa que com Jean é que se pode aprender
tivemos em toda a situação. muitas coisas dos outros. Jean ensi­
nou muito aos nossos filhos. A dora­
Imediatamente percebemos que va trabalhar e sempre procurava fa­
tínham os em mãos um novo proble­ zer bem todo trabalho que assumia.
ma. Tratava-se do banho. Poucos Em seguida, ela ajudava os outros
dias após sua chegada, resolvemos em suas tarefas. Ajudou nossos fi­
que devíamos tom ar alguma provi­ lhos a assimilar muitos princípios
dência. Finalmente, a m atriarca re­ que procurávam os ensinar-lhes. Um
solveu que cabia ao patriarca resol­ dos maiores problemas que estáva­
ver o problem a — assim, tivemos mos tendo com eles, na época, era
uma conversa de pai para filha. De­ fazê-los assumir uma tarefa e
vo dizer que foi um êxito total. A executá-la até o fim. Sempre faziam
partir do dia seguinte, não se conse­ o mínimo possível, — ou menos
guia mais água quente em casa; isso ainda. Jean ensinou-lhes o contrá­
durou três meses.* rio. Eles se opunham a nós, como as
Agora costumamos recordar a crianças costumavam fazer com os
curta tem porada que tivemos Jean pais, mas dela o aceitavam.
conosco — apenas uns poucos me­ Jean, por exemplo, gostava de la­
ses — e damo-nos conta de que var louça a mão. Nunca usava a la­
aprendemos um a porção de coisas. vadora autom ática. E até hoje, uma
Gastemos uns instantes para recapi­ de nossas filhas gosta de lavar louça
tular algumas delas. assim.
A terceira coisa que Jean nos ensi­
Tanto minha mulher como eu, a
nou foi como nos comunicar com
princípio tivemos que esforçar-nos
nossos filhos. Sendo mais velha, de­
conscientemente para aceitar outra
pois que entendia um a situação,
filha exatamente como os nossos.
sentia-se basicamente como nós a
Aqueles primeiros dias foram uma
respeito. Descobrimos que a princi­
pal questão era com preender. A
*(Ele se refere ao fato de que os banhos de princípio havia um problem a de lin­
Jean eram longos demais, esgotando a caixa guagem entre nós; ela fazia que
d ’água que alim entava o aquecedor. Assim,
quando o restante da familia ia tom ar banho,
“ sim” com a cabeça o tempo todo,
só havia água na torneira fria, porque a outra mas logo descobrimos que aprende­
caixa dem orava para encher. N. do T.) ra a fazê-lo sempre quando term ina-
156 A LIAHONA
va uma sentença, mesmo não tendo por que se devem variar as refeições.
entendido o que fora dito. A caba­ Em se tratando do evangelho, sentia
mos por nos dar conta de que nossos uma atração especial e queria desco­
outros filhos mereciam a mesma brir tudo o que fosse possível.
consideração que estávamos dando Recordo uma de nossas experiên­
a Jean. No processo cotidiano de cias com Jean, quando fomos acam ­
criar filhos, passamos a esperar de­ par. Assim que brequei o carro,
mais deles e achamos que devem en­ Jean saltou e se pôs a varrer o local
tender autom aticam ente tudo o que do acam pam ento. Nossos filhos
está acontecendo na família. Às ve­ simplesmente não conseguiam acre­
zes tratam os os filhos do vizinho ditar no que viam, mas ela não de­
melhor que os nossos. Foi uma sistiu até haver varrido a área toda,
grande lição e somos gratos por tê-la até ter juntado a terra solta e folhas
aprendido. secas num só m onte. Mas não parou
A quarta coisa foi a prim eira legí­ por ali; ajoelhando-se junto às
tima experiência m issionária que ti­ crianças, fez-lhes uma preleção so­
vemos como família. Nós costum á­ bre o princípio do asseio — que,
vamos chamar Jean de “ esponja” quando se acam pa ou vive ao ar li­
— ela queria aprender tudo o que vre, o asseio se torna muito im por­
pudesse. Fazia perguntas sobre tudo tante e, com um pouco de esforço, a
— por que nos sentávamos juntos à gente consegue tornar a vida supor­
mesa para comer, por que ajoelhá­ tável. O mais assombroso é que eles
vamos para orar, por que a gente prestaram atenção. Apenas ficamos
deve ir à igreja todos os domingos, contentes de estarmos nas M onta­

FEVEREIRO DE 1982 157


nhas Rochosas do Colorado e não quilo que não podia fazer sozinha,
no deserto do Novo México. Sempre recebemos bênçãos que não pode­
fiquei imaginando até onde teria ríamos conseguir sozinhos. Isto é o
varrido. evangelho de Jesus Cristo no verda­
Faz apenas três semanas, Jean deiro sentido. À medida que a pes­
voltou a nossa casa por uns poucos soa e a família se fortalecem servin­
dias com seus dois filhos. Ela quie­ do o próxim o, eles são abençoados
tam ente estava querendo saber co­ e o povo de Sião é preparado.
mo poderia influenciar sua família e Eu sei que Jesus Cristo vive, que
seus filhos. esta Igreja possui seu plano comple­
Bem, estou certo de que, to do evangelho, que os princípios
ouvindo-me falar assim, acham que do bem-estar são o evangelho em
a experiência toda foi gostosa e di­ ação. Em nome de Jesus Cristo.
vertida. Posso garantir-lhes que não Amém.
foi. É como qualquer serviço que se
presta a outros; a gente precisa sa­
crificar alguma coisa para que acon­
teça. Não existe outra m aneira de se
obter o profundo senso de satisfa­
ção resultante do servir. Ele m odifi­
ca as pessoas e as prepara para algo
muito im portante.
Somos eternamente gratos a Jean,
não só por considerá-la nossa filha
mais velha ou por causa da alegria
que trouxe ao nosso lar. Somos gra­
tos pela oportunidade que nos deu de
sermos úteis ao próximo. Aprende­
mos como pais, que se pode gastar
um a porção de tem po ensinando
princípios do evangelho e aplican­
do-os na família, e ir em busca da
perfeição. Às vezes parece que é es­
forço demais para o pouco impacto
causado nos filhos. Entretanto, as­
sim que começamos a viver os prin­
cípios do evangelho servindo ao
próximo, aconteceu algo extraordi­
nário. Nossos filhos começaram a
entender os princípios que havíamos
tentado ensinar-lhes.
Ao procurar, como família, servir
o próxim o, percebemos que fomos
os maiores beneficiados. Que coisa
maravilhosa! A judando alguém n a­

158 AUAHONA
ceber que alguém ajudou um garoto
“ Dar Com típico a desenvolver sua identidade
pessoal. Alguém, talvez a mãe, uma
Sabedoria Para professora da Prim ária, um vizinho
ou até mesmo um a música como
Que Possam “ Sou um Filho de Deus” , fez o ga-
Receber Com rotinho perceber que era alguém.
Ele sabia que não era nenhum rebo­
Dignidade” talho, que tinha valor. Sabia que
não era um caso perdido, que era
um ser hum ano am ado pelo Pai Ce­
leste.
Em Eclesiastes 4:9-10, lemos:
“ Melhor serem dois do que um,
porque têm melhor paga do seu tra ­
balho.
“ Porque, se um cair, o outro le­
vanta o seu com panheiro; mas ai do
Elder Marvin J. Ashton que estiver só; pois, caindo, não ha­
do Quorum dos Doze Apóstolos
verá outro que o levante.”
A aplicação adequada dos princí­
ecentemente, durante uma pios dos serviços de bem-estar é sim­
R sessão departam ental da Se­
m ana de Educação patrocina­
da pela Universidade de Brigham
plesmente dar oportunidade a uma
pessoa de trabalhar com outra para
o aprim oram ento m útuo de ambas.
Young, a Irm ã Leisel McBride, sá­ Recentemente se com entou a res­
bia professora e presidente da Socie­ peito de um professor: “ Ele não dá
dade de Socorro da estaca, projetou respostas para as questões da vida,
num a am pla tela a foto de um garo­ m as, sim, dirige cada aluno a encon­
to de cabelos revoltos e braços cru­ trar suas próprias respostas. Ele não
zados, em profunda reflexão. Dizia faz a gente sentir-se idiota. Ele dá
a legenda: “ Sei que sou alguém, confiança à gente, incentiva, não
porque Deus não faz refugo.” E ela pressiona.”
bem poderia servir de tem a para os O grande program a da Igreja do
serviços de bem-estar. qual estamos falando hoje, destina-
Todo ser hum ano, independente se a instilar em todos nós o senti­
de sua condição social ou econômi­ mento de valor individual, ensinan­
ca, necessita de ajuda para edificar do e desenvolvendo a capacidade,
seu respeito próprio e autoconfian­ auto-suficiência e o orgulho pessoal.
ça. Para serem realmente eficazes, Os serviços de bem-estar oferecem-
os serviços de bem-estar precisam nos a oportunidade de servir e
preocupar-se com o aprim oram ento aprender em caráter contínuo. A tra­
integral do indivíduo. A imagem vés dele, aprendemos a nunca desis­
que a pessoa faz de si mesma não é tir ou perder a fé em nós mesmos e
mais nem menos o que aprendeu por em nossos semelhantes, ou nunca
experiência e por sua interação com nos sentirmos vencidos por nossa si­
os semelhantes. É com pensador per­ tuação.
FEVEREIRO DE 1982 159
A única vez que fracassamos nos destemido líder inglês, durante os mais
serviços de bem-estar ou em casa é negros dias de sua pátria. Com seu
quando perdemos a fé uns nos ou­ caráter e vigor peculiar, ele disse:
tros. Paciência, longanimidade e “ Nunca se dêem por vencidos, nun­
verdadeiro am or se ensinam e ca, nunca, nunca, nunca.” (Robert
aprendem melhor, quando estamos Rhodes Jam es, ed., Winston S.
ansiosamente empenhados em pro­ Churchill: His Complete Speeches,
curar elevar todos os filhos de Deus. 1897-1963, 8 vol., Nova Iorque:
O utro dia, após a aula da Escola Chelsea House Publishers, 1974,
Dominical, um a professora pediu- 6:6, 499.) Esse poderoso estadista
me que cumprimentasse com um ecoava a sua própria m aneira as p a­
aperto de mão determ inada criança. lavras de outro líder sem igual: “ Se
Ao estender m inha mão ao garoto, vós permanecerdes na minha pala­
percebi que provavelmente a única vra, verdadeiramente sereis os meus
coisa significativa que aquela crian­ discípulos;
ça poderia fazer era carregar os li­ “ E conhecereis a verdade e a ver­
vros da professora para a classe. O dade vos libertará.” (João 8:31-32.)
que essa professora em pática estava Paul Harvey, escritor e com enta­
fazendo? Que ele carregasse os li­ rista, observa: “ Espero algum dia
vros. Graças sejam a Deus por líde­ ter bastante do que o m undo chama
res que sabem ensinar autoconfian­ sucesso, para que alguém me per­
ça num nível condizente com a capa­ gunte: ‘Qual é seu segredo?’ Então
cidade daqueles que lideram. direi simplesmente: ‘Quando caio
Robert Louis Stevenson costum a­ volto a me levantar.” ’
va dizer, recordando-nos esse fato: Existem pessoas que gostariam de
“ Ser o que somos e tornarm o-nos o nos convencer de que os atuais prin­
que somos capazes de nos tornar é o cípios dos serviços de bem-estar es­
único fim da vida.” (Bergen Evans, tão ultrapassados, exagerados e in­
Dictionary o f Quotations, Nova viáveis nas presentes condições
Iorque: Crown Publishers, p. 393.) mundiais. A estes respondemos que
Nosso Salvador o colocou assim: para alguns céticos, é mais fácil de­
“ Assim como o Pai me enviou, tam ­ sistir do que aprender. Sem dúvida,
bém eu vos envio a vós.” (João é mais fácil criticar do que servir.
20:21.) Toda pessoa tem um motivo Nos dias incertos de hoje e do futu­
especial para viver. Alguns conse­ ro, os serviços de bem-estar conti­
guem encontrá-lo sozinhos, porém nuarão sendo um farol para o m un­
m uitos precisam de auxílio. Todos do. Seu alicerce continua funda­
nós fazemos parte desse inspirado m entado na rocha de ajudar as pes­
program a de bem-estar, ajudando- soas a se ajudarem . Adequadam ente
nos m utuam ente a cum prir nosso aplicados, quase todas as necessida­
propósito aqui na terra. des hum anas podem ser satisfeitas
Satanás não poupará esforços pa­ através desse im portante program a
ra nos deter e fazer com que o desâ­ da Igreja.
nimo impeça nosso progresso. Nas Os serviços de bem-estar são a
horas de tribulação, faríam os bem m aneira de agir de Deus. Precisa­
em recordar e repetir as famosas p a­ mos crer e confiar nisto, se quiser­
lavras de Sir W inston Churchill, o mos participar devidamente. Além
160 A LIAHONA
de m ateriais, utilidades, dinheiro, que, quase sempre, a mais forte mão
suprimentos, trabalho e conheci­ auxiliadora é a que se encontra mais
mentos, precisa haver fé — fé para perto de nós — a nossa própria
ajudar, dirigir e obedecer à m aneira mão. Conseguis considerar vossas
do Senhor. Na im portante e sempre opções de ajuda própria, quando
citada escritura encontrada em D ou­ surgem problemas? Ou ergueis os
trina & Convênios, seção 104, versí­ braços aos céus, dizendo: “ Oh,
culos 14 e 16, encontraremos orien­ n ão !” ou “ Por que logo eu?” C on­
tação e força: “ Eu, o Senhor, esten­ seguis sentar-vos calmamente, exa­
di os céus e construi a terra, o trab a­ minar os fatos e anotar todos os
lho de minhas próprias mãos; e to ­ possíveis cursos de ação? A reflexão
das as suas coisas são minhas. ponderada consegue resolver pro­
“ Mas é preciso que seja feito a blemas mais ligeiramente do que os
meu modo; e eis que este é o modo esforços frenéticos.
que eu, o Senhor, decretei para p ro ­ “ O Presidente Marion G. Rom-
ver pelos meus santos, que os pobres ney tem dito tantas vezes: ‘Nenhum
sejam exaltados no que os ricos são membro que tenha auto-respeito
hum ilhados.” transferirá a responsabilidade de seu
A autoconfiança desenvolve-se próprio sustento a outrem . Além dis­
pelo devido equilíbrio de livre- so, o homem não só tem a responsa­
-arbítrio e responsabilidade. Ao vi­ bilidade de cuidar de si próprio; ele
ver, ensinar e com partilhar, desen­ tem também a responsabilidade de
volvemos autoconfiança em nós e cuidar de sua fam ília.’” (“ Necessi­
nos outros. dade de Ensinar Preparação Pessoal
Para que os serviços de bem-estar e Fam iliar” , A Liahona, agosto de
tenham sucesso e sejam viáveis, to ­ 1981, p. 149.) Paulo, falando a res­
do membro da Igreja precisa ser de­ peito deste ponto, disse: “ Mas, se
vidamente envolvido. O modo do alguém não tem cuidado dos seus, e
Senhor sempre exige a participação principalmente dos de sua família,
integrada do indivíduo, da família e negou a fé, e é pior do que o infiel.”
da Igreja. É necessário que haja um (1 Tim. 5:8.)
forte elo entre os serviços de bem- O lar, que é o coração dos servi­
-estar e o lar. A compreensão hum a­ ços de bem-estar, è seus membros
na, um a sábia preparação e orienta­ devem sempre participar de tudo o
ção através da prece são ingredien­ que fazemos para que o respeito
tes essenciais. P ara que exista ordem próprio seja preservado. Devemo-
e eficiência, toda a ação deve ser to ­ -nos lem brar constantemente de que,
m ada pelos canais apropriados. para conseguir o bem-estar integral
Não basta elaborar planos deta­ do indivíduo, todos os membros da
lhados, instituir program as e pensar família precisam participar. Os fa­
seriamente na preparação. Quase miliares geralmente é que se conhe­
todos nós podemos fazer isso, mas cem melhor, m utuam ente. T raba­
muitos encontram bastante dificul­ lhando como equipe, conseguem ver
dade em praticar os princípios nos os problemas de diferentes ângulos.
quais acreditamos. Alguns de nós Quando é possível realizar conse­
temos a tendência de fugir à luta. lhos de família sem discussão des­
Lembremo-nos m utuam ente de trutiva, poderão surgir novas e me­
FEVEREIRO DE 1982 161
lhores soluções para situações difí­ jetos para o indivíduo e a família é
ceis. A conjugação de esforços e re­ evitar dívidas, sempre que possível.
cursos fornece aos familiares a A dívida em si não é boa nem m á. É
oportunidade de colher recom pen­ um instrum ento financeiro poten­
sas em forma de confiança e segu­ cialmente benéfico ou maléfico. Nos
rança, ajudando-se m utuam ente a negócios, a dívida pode ser usada
resolver problemas e fazer progres­ para aum entar a produtividade ou
sos rumo à autoconfiança e respon­ facilitar a expansão. E ntretanto, a
sabilidade. m aioria dos devedores são pessoas
com uns, tem porariam ente sem con­
H á ocasiões, é lógico, em que so­ trole financeiro. São vítimas de
mos obrigados a recorrer aos recur­ maus hábitos m onetários e freqüen­
sos da Igreja. Que grande conforto temente não têm a minim a idéia da
saber-se que tais recursos existem, im portância de uma boa adm inistra­
quando as necessidades não podem ção financeira. Abusam do crédito,
ser satisfeitas pelo indivíduo ou sua particularm ente dos cartões de cré­
família. Neste caso, tam bém , as dito, e não vivem dentro de seu o r­
providências devem seguir os devi-' çamento ou diretrizes operacionais
dos canais, que estão perfeitamente sensatas. Para muitos de nós, o cré­
definidos. Nem emoção nem pânico dito representa o tapete mágico que
determinam o caminho a seguir. To­ nos leva aonde não conseguiríamos
das as coisas devem ser feitas à m a­ chegar sem ele. Na hora viajamos
neira própria do Senhor, conform e grátis, esquecendo-nos de que, de­
foi especificada por nossos profetas pois, teremos de pagar a tal passa­
m odernos. gem mágica. Os juros exorbitantes
Um dos mais compensadores pro­ somados ao valor inicial, acabarão

162 A LIAHONA
por nos deixar endividados. A família que sabe adm inistrar bem
As dívidas podem causar sérios seu dinheiro e elaborar um bom o r­
conflitos familiares. Freqüentem en­ çamento, incluindo dízimo e ofertas
te, casais obrigados a “ espichar” o de jejum , está-se ajudando a si pró­
que ganham para saldar dívidas, pria e aos outros tam bém , à m aneira
acabam prejudicando seu relaciona­ própria do Senhor. Dívidas justas
mento conjugal. devem ser saldadas. Creio que o Se­
No comércio de hoje — sim, em nhor deseja que tenham os sucesso
nossas próprias com unidades, cen­ em nossas profissões e ocupações
tros e cidades — hábeis e enganado­ honradas, e que usemos sabiamente
ras promoções colocam ao alcance nossos meios em benefício do indiví­
do com prador simplório toda sorte duo, família, Igreja e com unidade.
de ofertas ilusórias. Temos de adm i­ Jesus disse: “ Apascenta as mi­
tir, infelizmente, que milhares dos nhas ovelhas.” (João 21:16.) Mas
nossos estão sendo ludibriados pela não é possível apascentá-las, se não
língua tentadora dos que fazem soubermos onde estão. Não é possí­
ofertas m irabolantes. “ O portunida­ vel apascentá-las, se tiverem m oti­
de única na vida” e “ Só para você” vos para resistir. Não é possível
infelizmente já não são raridade. alimentá-las, se não houver comida.
Tais ofertas e negócios devem ser Não é possível apascentá-las, se não
evitados como praga. houver caridade. Não é possível
Creio que o Senhor quer que nos apascentá-las, se não houver dispo­
alarmemos e preocupemos vendo sição para trabalhar e com partilhar.
pessoas ímpias e inescrupulosas, Estejam onde estiverem as ove­
aproveitando-se desonestamente lhas perdidas, para ajudar é preciso
dos fracos e m al-inform ados. Ne­ haver necessariamente empatia.
nhum santo dos últimos dias deve Em patia é a capacidade de entender
explorar a situação do próximo, m a­ os sentimentos do próxim o, sentir o
nipular, m entir, roubar, enganar ou que ele sente. É impossível prestar
ludibriá-lo. Temos a responsabilida­ um auxílio significativo sem em pa­
de de ajudar-nos reciprocamente a tia pelo destinatário. Isto requer ga­
evitar cair em engodos capazes de nhar a confiança da pessoa; ouvir
pôr em perigo nosso bem-estar. com olhos, ouvidos e coração; pro­
A prática da poupança não está curar compreender como se sente; e
ultrapassada. Precisamos discipli­ depois fazê-la sentir, com nossa m a­
nar-nos a viver dentro de nosso o r­ neira de agir, que realmente a enten­
çamento, mesmo que signifique nos demos. Quem realmente com preen­
arranjarm os sem certas coisas. A de e aplica a em patia, não soluciona
pessoa sensata consegue distinguir os problemas alheios, não argum en­
entre necessidades básicas e desejos ta, não rebate com outro problem a
extravagantes. Algumas acham ex­ pior, não faz acusações, nem procu­
trem amente doloroso fazer um o r­ ra tirar o livre arbítrio. Simplesmen­
çamento, mas asseguro-vos que ja ­ te ajuda a pessoa a criar autocon­
mais é fatal. fiança e m elhorar sua auto-imagem,
A dívida pode ser destrutiva, cau­ a fim de que consiga encontrar sua
sando escravidão financeira, ban­ própria solução.
carrota e perda do respeito próprio. Os necessitados de ajuda situam-
FEVEREIRO DE 1982 163
-se em todas as faixas etárias. Algu­ A caridade deve começar em nos­
mas ovelhas do Senhor são jovens, so próprio lar. Muitos de nós ofere­
sentem-se sós e perdidas. Algumas cemos caridade a outros, quando é
estão desanim adas, aflitas, abatidas m uito mais necessária dentro do cír­
pela idade. Algumas se encontram culo familiar. Conform e diz um an ­
na própria família, em nossa vizi­ tigo provérbio sérvio: “ Bondade é o
nhança ou em distantes recantos do único serviço que o poder não pode
m undo e que podemos socorrer com ordenar nem o dinheiro com prar.”
nossas ofertas de jejum . Algumas A melhor m aneira de dem onstrar­
estão m orrendo de fome. Outras mos nosso amor é prová-lo com cui­
sentem fome de am or e interesse. dado, interesse e bondade, hora por
Se dermos às ovelhas do Senhor hora, dia a dia. O genuíno am or é
motivos para nos resistir, torna-se eterno como a própria vida.
difícil, senão impossível, apascentá- Durante estes últimos dias, en­
-las. Ninguém consegue ensinar ou quanto o Presidente Kimball se está
ajudar com sarcasmos ou pilhérias. recuperando de sua recente cirurgia,
Atitudes ditatoriais ou de “ eu- tenho ouvido muitos de vós externa­
-estou-certo-você-está-errado” anu­ rem seu am or e gratidão por ele.
larão quaisquer esforços para apas­ Muitos procuram meios de m ostrar-
centar um a ovelha desgarrada. Ela lhe sua sincera gratidão por seus ser­
erguerá um a m uralha de resistência viços e afeto abnegado. Por minha
e ninguém será beneficiado. convivência inestimável e íntima
Jamais devemos incentivar al­ com o Presidente Kimball, acho que
guém a fazer algo que destrua seu vos posso dar umas indicações.
orgulho, pois ele nos voltará as cos­ Aprendei a am ar, incondicional­
tas e nós perderemos a oportunida­ mente, todos os filhos de Deus, in­
de de ajudá-lo. Devemos também dependentemente de raça, credo ou
ter^sempre em mente que não estare­ cor, e procurai servi-los como ele
m os'realm ente ajudando um filho serve. Este princípio é o alicerce dos
de Deus, se não lhe permitirmos fa­ Serviços de Bem-estar. Todos nós
zer jus ao que recebe. Toda pessoa faríam os bem em lembrar-nos de
na Igreja deve possuir senso de inde­ D outrina e Convênios 50:26: “ Aque­
pendência que a incite a trabalhar le que é ordenado de Deus e envia­
pelo que recebe. O melhor alimento do, é designado para ser o maior;
para as ovelhas do Senhor é a cari­ não obstante, ele é o menor e o ser­
dade e a restauração de sua dignida­ vo de todos.”
de. O Senhor se im porta suficiente­
Com nossas ações, dem onstram os mente conosco para nos ensinar a
nosso am or. Expressões de afeto são servir e dar-nos oportunidade de de­
vãs sem as correspondentes ações. senvolver autoconfiança. Seus prin­
Todas as suas ovelhas necessitam do cípios são consistentes e imutáveis.
toque de um pastor que se im porta A m aneira das coisas serem feitas
com elas — que conduz o rebanho poderá m udar de acordo com o que
por caminhos retos dos quais pos­ exigem as condições, mas os princí­
sam enxergar o valor da obediência pios do Senhor não m udam . O êxito
às leis de Deus e sentir a dignidade dos serviços de bem-estar depende
de buscar metas elevadas. da obediência às leis fundamentais
164 A LIAHONA
do evangelho nas quais se baseia.
Existe espaço para inovações e apli­ Princípios Ativos
cação do livre arbítrio, quando bus­
camos meios de servir com sabedo­ de Bem-Estar
ria, contanto que nos conservemos
dentro da estrutura do evangelho.
Gostaria, como conclusão, de su­
gerir algumas metas fundamentais
ao participarm os dos serviços de
bem-estar:
1. Edificar o respeito próprio,
construindo a autoconfiança e inde­
pendência. Presidente Marion G. Romney
2. Prestar ajuda e serviços à m a­ Segundo Conselheiro na Prim eira
neira própria do Senhor, que equili­ Presidência
bra o livre arbítrio e a responsabili­
“A missão da Igreja nesta última
dade.
dispensação é desenvolver um
3. Reconhecer a seqüência correta
outro povo capaz de viver o
das fontes de ajuda: (1) o indíviduo,
evangelho em sua plenitude. ”
(2) a família e (3) a Igreja.
4. Dar-se conta de que, para apas­
centar as ovelhas do Senhor, é preci­ abe-me agora a responsabili­
so saber quem são e onde estão.
5. A ajuda apropriada requer
am or, em patia e a restauração da
C dade de falar um pouco sobre
os princípios ativos do bem-
-estar. H á mais de quarenta anos, ve­
dignidade. nho estudando e ensinando os prin­
6. Finalmente, os serviços de cípios do progam a de bem-estar da
bem-estar exigem planejamento, Igreja. Eu amo esses princípios e sei
obediência aos princípios básicos do que constituem o ápice de uma vida
evangelho e, acima de tudo, disposi­ cristã. Aprecio o que foi dito pelos
ção de servir como o nosso profeta que acabaram de falar nesta m anhã.
serve, com amor incondicional. Eles dem onstraram os efeitos que os
Que Deus nos ajude a darm os de princípios ativos de bem-estar exer­
nós com sabedoria, para que possa cem sobre nós, individual e coletiva­
ser recebido com dignidade. Real­ mente.
mente, “ Deus não faz refugo” . Nós Em 1936, dizia o Presidente J.
somos seus filhos. Ele nos ama e Reuben Clark Jr: “ O verdadeiro ob­
quer que tenham os am or a nós mes­ jetivo a longo prazo do plano de
mos, a nossos familiares e vizinhos. bem-estar é a edificação do caráter
Estou satisfeito com este grande dos membros da Igreja, tanto dos
program a da Igreja. É um m odo de que dão como dos que recebem.
vida inspirado. É a aplicação de Destina-se a trazer à luz o que de
princípios eternos em prol do bem- melhor existe bem no íntimo dos ho­
-estar e benefício de toda a hum ani­ mens, e a fazer florescer e frutificar
dade. Isto eu testifico, é meu teste­ a latente riqueza do espírito, que
m unho e am or, em nome de Jesus afinal de tudo é a missão, propósito
Cristo. Amém. e razão de ser dos membros desta
FEVEREIRO DE 1982 165
igreja.” (Special Meeting o f Stake lificarmos para voltar à presença de
Presidencies, 2 de outubro de 1936.) Deus.
Quase todos nós já experimenta­
mos a alegria de ver alguém em ne­ Que é impossível ser um verdadei­
cessidade receber ajuda e, conse­ ro discípulo de Cristo sem dar signi­
qüentemente, tornar-se auto-sufi­ ficativamente de si é ressaltado de
ciente. Muitos de nós somos teste­ maneira dramática na revelação rece­
m unhas da verdade de que o pobre bida pelo Profeta Joseph Smith, em
pode ser exaltado, quando é socorri­ Kirtland, a 7 de junho de 1831. Nes­
do à m aneira do Senhor. ta revelação, o Senhor ordena a vin­
Hoje, todavia, quero falar sobre te e oito élderes que viajem dois a
os efeitos que os princípios ativos de dois de Kirtland para o Condado de
bem-estar exercem sobre o que dá, Jackson, no Missouri. Eles deviam
ao contrário do que recebe. Repetin­ seguir rotas diferentes, pregando o
do a declaração do Presidente evangelho pelo caminho. Como sa­
Clark, em 1936: “ O verdadeiro ob­ beis, naqueles dias eles eram desti­
jetivo a longo prazo do plano de tuídos de recursos e tinham que via­
bem-estar é a edificação do caráter jar por território agreste. Joseph
dos membros da Igreja, tanto dos Smith e seus com panheiros imedia­
que dão como dos que recebem .” tos “ viajaram de carroça e diligên­
Na verdade, o Senhor não precisa de cia, e ocasionalmente, de barco flu­
nós para cuidar dos pobres. Poderia vial até Cincinnati, O hio” , depois
m uito bem cuidar deles sozinho, se para Louisville, Kentucky, e dali pa­
fosse este seu propósito. Diz ele: ra St. Louis, Misssouri, de vapor.
“ Eu, o Senhor, estendi os céus e “ Partindo desta cidade, às margens
construí a terra, o trabalho de mi­ do Mississipi, o Profeta de Deus
nhas próprias mãos; e todas as coi­ cruzou todo o Estado de Missouri a
sas são minhas. pé até Independence, C ondado de
“ E é minha intenção prover pelos Jackson, um trajeto de aproxim ada­
meus santos, pois todas as coisas mente quatrocentos e oitenta quiló­
são m inhas.” (D&C 104:14-15.) m etros.” (George Q. C annon, Life
Seria coisa fácil para o Senhor re­ o f Joseph Smith, the Prophet, Salt
velar ao Presidente Kimball onde se Lake City: Deseret Book Company,
encontram os depósitos de petróleo 1958, p. 117.) Chamo vossa atenção
e minerais preciosos. Então podería­ para esses fatos, a fim de que vos
mos contratar alguém para extraí- lembreis das condições deles quando
-los e nadar em dinheiro — e nada­ o Senhor disse àqueles homens ao
ríamos em dinheiro diretamente pa­ partirem : “ E em todas as coisas
ra o Hades*. Não, o Senhor não lembrai-vos dos pobres e necessita­
precisa de nós para cuidar dos po­ dos, dos doentes e aflitos, pois
bres; nós é que precisamos dessa ex­ aquele que não faz essas coisas, o
periência. Pois é somente aprenden­ mesmo não é meu discípulo.” (D&C
do a cuidar de outros que desenvol­ 52:40.) Podeis imaginar coisa igual!
vemos em nós aquele am or e vonta­ Aqueles élderes eram praticam ente
de cristãos necessários para nos qua­ indigentes e o Senhor dizia:
“ Lembrai-vos dos pobres e necessi­
* Inferno, na m itologia grega. NT. tad o s.”
166 A LIAHONA
Que o m andam ento de dar é diri­ pouco, pouco seria requerido: e
gido a todas as pessoas foi enfatiza­ quem nada tivesse, a esse seria da­
do pelo Rei Benjamim, quando disse do.
aos pobres: “ E agora digo aos po­ “ E assim deviam dar de seus
bres, a vós que não tendes e, ainda bens, p or sua livre vontade e bons
assim, tendes o suficiente para pas­ desejos para com D eus." (Mosiah
sar de um dia para o outro; refiro- 18:27-28; grifo nosso.)
me a vós que negais ao mendigo Alguém poderia perguntar: “ E
porque não tendes; quisera que dis­ como consigo esse sentimento justo
sésseis em vossos corações: Não dou ao dar? Como me livrarei de dar
porque não tenho, mas, se tivesse, com má vontade? Como chegarei a
daria. ter ‘o puro amor de Cristo’1” A esse
“ Se isso disserdes em vossos cora­ alguém, eu respondo: “ Vivendo
ções, permanecereis sem culpa; do fielmente todos os m andam entos;
contrário, sereis condenados; e vos­ dando de si, cuidando da própria fa­
sa condenação será justa, pois que mília, servindo na igreja, fazendo a
cobiçais aquilo que não haveis rece­ obra missionária, pagando dízimo e
bido.” (Mosiah 4:24-25.) ofertas, estudando as escrituras — e
Uma vez convencidos de que te­ a lista continua. Perdendo-se nesse
mos obrigação de dar, precisamos
aprender que servir com o devido es­
pírito é de primordial im portância.
Diz M órm on, falando aos que dão
por motivos errados: “ Porque, se
oferecer um a dádiva ou uma oração
a Deus e esta não for feita com real
intento, nada lhe aproveitará.
“ Porque não lhe é im putada por
justiça.
“ Pois eis que, se um homem mau
oferece uma dádiva, fá-lo de má
vontade; portanto, será considera­
do como se não tivesse feito a dádi­
va; conseqüentemente, é contado
como mau perante Deus.” (Morôni
7:6-8.)
Só dando voluntariam ente, por
genuíno am or ao seu próximo,
pode-se desenvolver aquela caridade
definida por Mórmon como “ o pu­
ro amor de C risto” . (Morôni 7:47.)
Em M osiah, lemos: “ E ... ordenou
Alma que o povo da igreja desse de
seus bens, cada um de acordo com o
que tivesse; quem tivesse com mais
abundância, deveria dar com mais
abundância; daquele que tivesse
FEVEREIRO DE 1982 167
serviço, o Senhor tocará e abranda­ mente, do “ puro am or de C risto”
rá seu coração e gradualm ente o (Mor. 7:47), coletivamente evoluí­
conduzirá aos sentimentos com que mos para um a igreja “ pura de cora­
abençoou o povo nos tempos do Rei ção” . (D&C 97:21.) P ortanto, nós
Benjamim, o que os levou a dizer: somos capazes de nos tornar iguais
‘Sim, acreditamos em todas as pala­ ao povo de Enoque, do qual se di­
vras que nos disseste, e também sa­ zia: “ O Senhor abençoou a terra e ...
bemos que são certas e verdadeiras, chamou a seu povo Sião, porque era
porque o Espírito do Senhor Onipo­ uno de coração e vontade e vivia em
tente efetuou em nós, ou em nossos justiça; e não havia pobres entre
corações, uma grande m udança, de eles.” (Moisés 7:17-18.)
modo que não temos mais vontade A respeito dos nefitas que sobre­
de praticar o mal, mas de fazer o viveram ao cataclismo que acom pa­
bem constantemente.’ (Mosiah 5:2.)” nhou a crucificação de Jesus e que
Esta caridade é dem onstrada em passaram a viver o evangelho, dizem
sua perfeição pelo Senhor em tudo os anais: “ E aconteceu que... o po­
que ele faz. O Senhor revelou a Moi­ vo inteiro foi convertido ao
sés os numerosos mundos que fo­ Senhor... e não havia contendas
ram criados e disse: “ Porque eis que nem disputas entre eles, e procediam
há muitos mundos que pela palavra retam ente uns com os outros.
do meu poder deixaram de existir. E “ E tinham todas as coisas em co­
há muitos que hoje existem e são in­ mum; portanto, não havia ricos
contáveis para o hom em ;... nem pobres, escravos nem livres,
mas eram todos livres e participan­
“ E assim como deixará de existir tes do dom celestial... e sem dúvida,
uma terra com seus céus, assim tam ­ não poderia haver povo mais ditoso
bém aparecerão outras; e não têm entre todos os povos criados pela
fim as minhas obras, nem tam pouco mão de D eus.” (4 Néfi 1:2,3,16.)
as minhas palavras.” (Moisés
1:35,38.) P or que esse povo era tão feliz?
Porque se havia libertado dos gri­
Depois de revelar a Moisés a lhões do egoísmo e aprendido o que
imensidão de suas criações, o Se­ o Senhor sabe — que a suprema ale­
nhor explicou-lhe a razão disso tu ­ gria só se alcança pelo serviço.
do, dizendo: “ Pois eis que esta é mi­
nha obra e m inha glória: proporcio­ Tornar-se um povo coletivamente
nar a im ortalidade e a vida eterna ao puro de coração não é um sonho im­
hom em .” Isto nos revela a total au­ possível nem meta idealista. Sabe­
sência de egoísmo em nosso Pai Ce­ mos disso, porque o Senhor m an­
leste. Toda sua obra e glória é pro­ dou que nos tornássemos assim, e
porcionar vida eterna e felicidade a ele “ nunca dá ordens aos filhos dos
seus filhos. Conseqüentemente, nos­ homens sem antes preparar um ca­
so supremo propósito na vida não minho pelo qual suas ordens pode­
deveria ser servir-nos retam ente uns rão ser cum pridas” . (1 Néfi 3:7.)
aos outros? Do contrário, como po­ Quando atingimos o estado de
deremos ser jamais como ele é? Ao sentir o “ puro am or de C risto” ,
nos tornarm os cheios, individual­ nosso desejo de nos servir m utua­
168 A LIAHONA
mente terá chegado ao ponto de vi­ que já pisastes, recordareis que o re­
vermos plenamente a lei da consa­ quisito final para todos é sermos ca­
gração. Viver a lei da consagração pazes e estarmos dispostos a consa­
exalta o pobre e hum ilha o rico, pro­ grar tudo o que possuímos à edifica­
cesso no qual ambos são santifica­ ção do reino de Deus — o que inclui
dos. O pobre, liberto dos grilhões e cuidar de nossos semelhantes. As­
limitações hum ilhantes da pobreza, sim fazendo, estaremos apressando
torna-se capaz, como homem livre, o advento do Milênio. Conceda
de alcançar seu pleno potencial, ta n ­ Deus que não falhemos, eu oro hu­
to tem poral como espiritualmente. mildemente em nome de Jesus Cris­
O rico, consagrando e com parti­ to. Amém.
lhando o que lhe sobra com os po­
bres, não obrigado, mas voluntaria­
m ente exercendo seu livre arbítrio,
dem onstra aquela caridade definida
por Mórmon como “ o puro amor
de C risto” . (Morôni 7:47.) Isto reu­
nirá tanto quem dá como quem re­
cebe num a mesma área em que po­
dem ser encontrados pelo Espírito
de Deus.
A missão da Igreja nesta última
dispensação é desenvolver um outro
povo capaz de viver o evangelho em
sua plenitude. Este povo há de
tornar-se “ puro de coração” e flo­
rescerá e será abençoado sobre as
m ontanhas e nos lugares altos. Será
o povo do Senhor. Andarão com
Deus, porque serão unos de coração
e pensamento, e habitarão em justi­
ça e não haverá pobres entre eles.
Tenhamos sempre estas coisas em
mente e levemos avante esse grande
program a. Os princípios de bem-
-estar são eternos. O program a de
bem-estar está edificado sobre os
princípios da lei da consagração. Eu
sei, por experiência própria, que es­
ta é a obra do Senhor, e que se desti­
na a nos preparar para nos to rn ar­
mos iguais a Cristo. Lembrando-vos
do mais santo e sagrado lugar em

FEVEREIRO DE 1982 169


Discursos da Conferência
Correlacionados Com o
Currículo da Igreja

Visando ajudar pais, professores e membros da Igreja em seu


estudo do evangelho, apresentamos esta tabela que coordena os
discursos da conferência de outubro de 1981 com os currículos es­
tabelecidos para jovens e adultos.

GUIA DE ESTUDO PESSOAL DO SACERDÓCIO DE MELQUI-


SEDEQUE - 1982

Lição Autoridade Geral


2 Richards, L.
5 Tanner, N.E.; Hinckley, G.B. (sessão matutina de sába­
do); McConkie, B.R.
6 Didier, C.
8 Dunn, P.H.
9 Romney, M.G. (Bem-Estar e Sacerdócio)
14 Monson, T.S.
16 Peterson, H.B.
2.0 Hinckley, G.B. (sessão matutina de sábado); Hunter,
H.W.; Larsen, D.L.
21 Monson, T.S.
23 Abrea, A.
24 Hanks, M.D.
25 Hinckley, G.B. (Sacerdócio);Packer, B.K.
26 Benson, E.T.; Faust, J.E.
29 Maxwell, N.A.
30 Romney, M.G. (sessão matutina de sábado); Bradford,
W.R.; Kikuchi, Y.
32 Ashton, M.J.; Perry, L.T.;Hanks, M.D.
33 McConkie, B.R.

170 A LIAHONA
NOITE FAMILIAR 1982

Lição Autoridade Geral


1 McConkie, B.R.
5 Scott, R.G.; Abrea, A.
6 Asay, C.E.; Didier, C.
8 Clarke, J.R.
9 Kikuchi, Y; Smith, B.B.
10 Haight, D.B.
14 Hanks, M.D.; Komatsu, A.Y.
17 Maxwell, N.A.
20 Abrea, A.
24 Hinckley, G.B. (Sacerdócio); Dunn, P.H
32 Romney, M.G. (Sacerdócio)
33 Perry, L.T.
34 Petersen, M.E.; Haies, R.D.

DOUTRINA DO EVANGELHO

Lição Autoridade Geral


1 Tanner, N.E.; McConkie, B.R.
2 Hinckley, G.B. (sessão matutina de sábado); Monson,
T.S.
3 Hales, R.D.; Scott, R.G.
4 Kikuchi, Y.
5 Romney, M.G. (Bem-estar); Hinckley, G.B. (Sacerdócio)
6 Romney, M.G. (Sacerdócio); Smith, B.B.
7 Dunn, P.H.; Bradford, W.R.
8 Komatsu, A.Y.; Didier, C.
9 Kikuchi, Y.
10 Peterson, H.B.
11 Peterson, H.B.
12 Perry, L.T.; Hanks, M.D.
13 Ashton, M.J.; Clarke, J.R.
14 Haight, D.B.; Hanks, M.D.
15 Petersen, M E.; Asay, C.E.
16 Larsen, D.L.
17 Romney, M.G. (sessão matutina de sábado); Richards,
I
L.
18 Packer, B.K.; Abrea, A.
19 Maxwell, N.A.
20 Hunter, H.W.; Haight, D.B.
21 Benson, E.T.; Faust, J.E.; Hanks, M.D.
22 Maxwell, N.A.

FEVEREIRO DE 1982
ESCOLA DOMINICAL - CURSO 14

Lição Autoridade Geral


1 Petersen, M.E.
2 Maxwell, N.A.
3 Petersen, M.E.; Hales, R.D.
4' Larsen, D.L.
5 Benson, E.T.; Faust, J.E.
9 Packer, B.K.
19 Hales, R.D.
24 Clarke, J.R.

ESCOLA DOMINICAL - CURSO 16

Unidade Lição Autoridade Geral


1 Asay, C.E.
2 Larsen, D.L.; Didier, C.; Scott, R.G.
3 Peterson, H.B.
1 Romney, M.G. (sessão matutina de
sábado)
2 Tanner, N.E.; Benson, E.T.; Hales, R.D.
3 Petersen, M.E.
1 Richards. L.
2 Ashton, M.J.
3 Hinckley, G.B. (Sacerdócio)
4 Hinckley, G.B. (Sacerdócio)
5 Hinckley, G.B. (Sessão matutina de
sábado)
6 Faust, J.E.
7 Romney, M.G. (Sacerdócio); Dunn, P.H.;
Abrea, A.
11 Romney, M.G. (Bem-Estar); Haight, D.B.
13 Bradford, W.R.; Kikuchi, Y.
14 Dunn, P.H.

ESCOLA DOMINICAL — CURSO 17

Lição Autoridade Geral


1 Petersen, M.E.; Hunter, H.W.
2 Scott, R.G.
3 Romney, M.G. (Sacerdócio); Larsen, D.L.
4 Romney, M.G. (Sacerdócio).
6 Hinckley, G.B. (Sacerdócio).
7 Komatsu, A.Y.
11 Smith, B.B.
14 Monson, T.S.
15 Peterson, H.B.; Packer, B.K.
17 Richards, L; McConkie, B.R.; Perry, L.T.

172 A LIAHONA
TÓPICOS PARA LIÇÕES ADICIONAIS PARA OS CURSOS 16 e
17
1. Jesus Cristo, nosso
Redentor Maxwell, N.A.
2. Misericórdia e Justiça Hanks, M.D.
3. O Sacerdócio Aarônico Packer, B.K.
4. Princípios dos Serviços de
Bem-Estar Clarke, J.R.
5. Amor aos Semelhantes Haight, D.B.

Os discursos da conferência correlacionados às seções do


M a nual do P rogram a de B em -E star ajudarão a liderança do
sacerdócio e da Sociedade de Socorro no ensino e implementação
dos princípios e diretrizes do programa.

MANUAL DO PROGRAMA DE BEM-ESTAR (Edição de 1980)

Seção Título Autoridade Geral/Outro


Líder
“ Princípios Básicos dos Romney, M.G. (Sessão de
Serviços de Bem-estar." Bem-estar, sacerdócio);
Hinckley, G.B. (Sessão
matutina de sábado e do
sacerdócio); Monson, T.S.;
Ashton, M.J.; Perry, L.T.;
Haight, D.B.; Maxwell, N.A.;
Hanks, M.D.; Haies, R.D.;
Bradford, W.R.; Clarke, J.R.;
Smith, B.B.; Randall, N.;
Randall. J.
2. “ Organização e Deveres’
3. “ Viver Previdente e Ashton, M.J.: Perry, L.T.;
Prevenção através da Didier, C.; Clarke, J.R.;
Preparação Pessoal e Smith, B.B.; Randall. J.
Familiar."

4. ‘Prestação e Aceitação de Benson, E.T.; Ashton, M.J;


Assistência.” Randall,
N.
5. “ Sistema de Recursos e
Armazéns”
6. “ Membros com Necessidades Hanks, M.D.; Peterson, H.B.
Especiais”
7. “ Planejamento e
Treinamento"

* Os comitês e conselhos dos serviços de bem-estar são


incentivados a dedicar pelo menos dez minutos de cada reunião à
instrução. Os conselhos dados nos discursos acima indicados
fornecem excelente material para a instrução nos próximos seis
meses.

FEVEREIRO DE 1982 173


SOCIEDADE DE SOCORRO 1982

Lição Mensagem Prof. Viver Educação Relações


Visitantes Espiritual Maternal Sociais
1 Haight, D.B. Dunn, P.H.

2 McConkie, B.R.
Maxwell, N.A.

3 Scott, R.G. Dunn, P.H. Romney, M.G.


(Sacerdócio)
Larsen, D.L.

4 Richards, L. Clarke, J.R. McConkie, B.R.


McConkie, B.R. Maxwell, N.A.

5 Asay, C.E. Hales, R.D.

6 Petersen, M.E.
Abrea, A

8 Tanner, N.E.

174 A LIAHONA
nários que retornavam da Inglaterra
Reunião Geral da Sociedade de Socorro —
e que, vendo a situação aflitiva em
26 de setem bro de 1981.
que se encontravam , continuaram
apressadam ente sua jornada até
“ A Caridade aqui, a fim de inform ar o Presidente
Brigham Young. Isto se deu no sá­
Nunca Falha” bado da conferência de outubro de
1856. Na m anhã seguinte, domingo,
postado diante do povo no velho ta ­
bernáculo que se erguia nesta praça,
o Presidente disse à congregação:
“ Darei agora a este povo o assun­
to e tema para os élderes que falarão
hoje e durante a conferência” ,
anunciou. “ É este... Muitos de nos­
Presidente Gordon B. Hinckley sos irmãos e irmãs encontram-se nas
Conselheiro na Prim eira Presidência planícies com carros de mão, e pro­
vavelmente boa parte deles estão a
“Falo igualmente de um outro
mais de mil e cem quilômetros da­
aspecto da caridade. Se houver
qui. Eles precisam ser trazidos para
entre vós quem venha sentindo
cá, nós temos de ajudá-los. O tema
rancor, permitiu-se acalentar ódio,
será ‘trazê-los para cá’...
peço-vos que façais o esforço para
“ Esta é a minha religião; este é o
voltar atrás. ”
ditame do Espírito Santo para mim.
inhas queridas irmãs, falo- É salvar o povo.”

M vos umas poucas palavras


por designação do Presiden­
te Tanner, Presidente Romney e
Ele solicitou parelhas de mulas,
carroções e carroceiros, e disse:
“ Quero que as irmãs tenham o
Presidente Smith. Sou grato por este privilégio de providenciar coberto­
tem a, o lema da Sociedade de So­ res, roupas, meias, sapatos etc. para
corro: “ A caridade nunca falha.” (1 os homens, mulheres e crianças que
Cor. 13:8.) se encontram nessas companhias de
Numa noite dessas, precisei pes­ carro de m ão... toucas, gorros de in­
quisar um pouco sobre as com pa­ verno, meias, saias, roupas de baixo
nhias de carros de mão de Willie e e quaisquer outras peças de ro u p a .”
M artin, de 1856. Essas companhias Isto foi no domingo. Na terça pe­
reuniam mais de mil convertidos à la m anhã, dois dias mais tarde,
Igreja, provenientes dos países es­ puseram-se a caminho dezesseis car­
candinavos e Ilhas Britânicas. Eles roções carregados de mantimentos e
já chegaram atrasados nos Estados suprimentos, conduzidos por vinte e
Unidos e mais atrasados ainda ao sete moços, e puxados, cada um,
partirem da Cidade de Iowa para a por duas parelhas de fortes mulas.
longa jornada até este vale. Em Isto foi apenas o começo; outros
Wyoming, foram surpreendidos pe­ carroções carregados seguiram à
las nevascas que lhes não permitiam medida que os homens se apresenta­
prosseguir viagem. Felizmente, fo­ vam com seus carroções e animais
ram alcançados por diversos missio­ de tração, contribuindo as mulheres
FEVEREIRO DE 1982 175
com m antim entos, roupas, coberto­ era a mãe, mas esteve envolvida no
res e outras utilidades tiradas de acidente que provocou a fatalidade,
suas próprias escassas reservas. vem sofrendo e chorando estes anos
(Vide LeRoy R. Hafen, Handcarts to todos, não só pela criança que m or­
Zion, Glendale, Califórnia: A rthur reu e sua participação no trágico
H. Clark Com pany, 1960, pp. 119- acidente, mas talvez mais ainda pelo
26.) espírito implacável da mãe que per­
Não existe episódio mais heróico deu o filho. É compreensível que a
em toda nossa história. Todos esses mãe ficasse am argurada com a m or­
pobres coitados, muitos deles com te da criança. Porém , há muito de­
pés e mãos seriamente congelados, veria ter-se dado conta de que sua
alguns mais m ortos que vivos, che­ amiga não teve culpa, que ela tam ­
garam a este vale; as mulheres daqui bém chorou e que merecia carinho e
franquearam -lhes suas casas, deram- am or, em lugar de recriminações
lhes de comer, pensaram suas feri­ acerbas. A ausência de caridade vem
das, incentivaram e abençoaram - corroendo a alma dessa mulher, des­
nos durante o longo e duro inverno. truiu sua felicidade, trouxe somente
miséria aos seus dias e sofrim ento a
“ Ainda que eu falasse as línguas suas noites.
dos homens e dos anjos, e não tives­ Morôni ensinou que “ a caridade é
se caridade, seria como o metal que o puro am or de C risto” . (Morôni
soa ou como o sino que tin e.” (1 7:47.) Foi o Salvador em seu to r­
Cor. 13:1.) mento na cruz do Calvário quem,
Deus abençoe as mulheres da So­ olhando para aqueles que o haviam
ciedade de Socorro que agora como tão brutalm ente torturado, disse:
naquela época, têm socorrido os ne­ “ Pai, perdoa-lhes, porque não sa­
cessitados, confortado os solitários, bem o que fazem .” (Lucas 23:34.)
alim entado os famintos e cuidado Se houvesse alguém ao alcance de
dos enferm os. “ Quando o fizestes a m inha voz que venha sentindo ran ­
um destes meus pequeninos irmãos, cor, que se permitiu acalentar ódio
a mim o fizestes.” (Mat. 25:40.), diz contra outros em seu coração, peço-
o Senhor. lhe que faça o esforço para voltar
Agora gostaria de dizer uma pala­ atrás. O ódio sempre falha e a am ar­
vra a respeito de um tipo diferente gura sempre destrói, mas “ a carida­
de caridade. de nunca falha” . (1 Cor. 13:8.)
Falo da caridade no sentido de Existe ainda outra faceta da ques­
perdoar, de tolerar as falhas alheias, tão. O criticismo anda solto entre
de reprimir os sentimentos de ciú­ nós. Talvez faça parte da época em
mes e desamor para com as pessoas que vivemos. Estamos continua­
com quem convivemos. mente expostos ao que dizem os co­
Lembro o caso de duas mulheres, lunistas dos jornais e opiniões dos
antes amigas íntimas. Uma delas, comentaristas do rádio e televisão.
em virtude de um acidente do qual O principal objetivos deles, aparen­
não foi culpada, teve parte na morte temente, é encontrar falhas. Costu­
de um filho da outra. É difícil dizer mam criticar, às vezes viciosamente.
qual das duas sofreu mais com a Criticam as figuras políticas; criti­
m orte daquela criança. A que não cam os líderes eclesiásticos. Nin­
176 A LIAHONA
guém é perfeito; todos nós erramos estou em baraçado. Espero que em
de quando em vez. Só houve um vossas noites familiares ensineis a
único indivíduo perfeito na terra. vossos filhos a im portância da bene­
Homens e mulheres que arcam com volência, da tolerância, da necessi­
pesadas responsabilidades, precisam dade de termos consideração mesmo
de incentivo, não de críticas. A gen­ para com aqueles de quem discorda­
te pode discordar de certa política mos, num a atitude de am or, bonda­
sem atacar quem a fez. de e solidariedade.
Gostaria de solicitar a vós, m ulhe­ Concluindo, gostaria de dizer
res, jovens e idosas, que refreeis uma ou duas palavras sobre alguém
vossa língua na crítica ao próximo. que é um exemplo para todos nós.
É tão fácil encontrar faltas. E tão Falo da Irm ã Camilla Eyring Kim-
mais nobre falar construtivam ente. ball. Nestas últimas semanas, tenho-
Posso m encionar mais outro pon­ -a visto freqüentemente, sempre ao
to a vós, mães? Desapontou-me ler lado do esposo, dia e noite, durante
recentemente num jornal, que uma toda a enferm idade que o acometeu.
pesquisa feita há pouco tempo entre Sua lealdade para com ele, a prova
alunos de quatorze a dezoito anos, de seu am or infalível, o carinho com
num a comunidade predom inante­ que dele cuida são como fios de uma
mente m órm on, indicou certo espí­ linda tapeçaria. Suas preces em seu fa­
rito de discriminação e hostilidade vor, seus rogos ao Senhor são os de
para com os não-mem bros. Desco­ um a mulher forte e humilde, sabe­
nheço se a pesquisa merece ou não dora que todo dia de vida é uma dá­
confiança. Se o resultado é correto, diva de Deus, nosso Pai Eterno.

FEVEREIRO DE 1982 177


E em seu caráter há ainda outra produziu homens e mulheres de re­
faceta que deveria ser um exemplo nome mundial.
para todos nós, e desejo destacá-la A Irm ã Kimball nunca perdeu sua
principalmente a vós, mulheres jo ­ fome de conhecimento. Ler é a pró­
vens. Ela vem de uma família muito pria essência de sua vida. Ela se de­
num erosa, e foi a primeira a sair de leitava com a leitura quando jovem,
casa para poder estudar. Tinha sede e agora, mais avançada em idade,
de conhecimento e conseguiu obtê- dá-lhe conforto e força. P ara as m u­
lo. Depois de form ada na carreira lheres de toda a parte, ela é um ful­
escolhida, usou parte de seus ganhos gurante exemplo da necessidade de
para ajudar a financiar os estudos crescer continuam ente, de alargar a
dos irmãos e irmãs. Essa família mente, am pliar o horizonte, nutrir-
se com os pensamentos de grandes
homens e mulheres de todas as épo­
cas.
Ela é o epítome da bondade e con­
sideração. Conheceu a pobreza
quando jovem , em bora a não reco­
nhecesse como tal. Entretanto, devi­
do ao senso de valores cultivado n a­
queles anos distantes, ela se devota a
socorrer os aflitos com am or e sim­
patia.
Recomendo-vos o seu exemplo.
Invoco as bênçãos do Senhor sobre
ela e seu am ado esposo. Invoco bên­
çãos sobre vós, jovens mulheres, cu­
ja vida está repleta de esperanças e
sonhos de boas coisas; que vossos
sonhos se realizem; sobre vós, jo ­
vens mães, que desempenhais um
papel tão im portante, criando e en­
sinando vossos filhos; e sobre vós,
irmãs mais idosas, que já vistes m ui­
ta coisa na vida e aprendestes a
apreciar suas belezas e reconhecer
suas aflições.
“ A caridade nunca falha.” Ela
“ é o puro am or de Cristo e perm a­
nece para sem pre.” (M orôni 7:46-
47.)
Que Deus vos abençoe a todas, eu
oro humildemente em nome de Je­
sus Cristo. Amém.

178 A LIAHONA
Nos dias seguintes, refleti bastan­
Reunião Geral da Sociedade de Socorro te sobre o menino. Ele mostrara-se
tão prestim oso, alegre e disposto a
com partilhar sua luz. Seu modo de
A Sociedade de r
agir representa para mim, a m ensa­
gem fundam ental do evangelho de
Socorro em Epocas Jesus Cristo e o lema da Sociedade
de Transição de Socorro: “ A caridade nunca fa­
lh a .” Prim eiro, porque nosso ami-
guinho estava preparado. Ele e seus
familiares dispunham de uma fonte
de luz para aclarar a escuridão
quando a fonte principal falhou
tem porariam ente.
Todos nós deveríamos levar a sé­
rio a recomendação de nos prepa­
rarm os. Lembrem-se da parábola
Barbara B. Smith das dez virgens, que “ tom ando as
Presidente geral da Sociedade de Socorro suas lâm padas, saíram ao encontro
do esposo.
“ Todos nós temos de enfrentar “ E cinco delas eram prudentes e
transições angustiantes, como cinco loucas.
doenças graves, a morte, o fa to de “ As loucas, tom ando as suas lâm ­
que talvez não nos casemos nesta padas, não levaram azeite consigo.
vida, divórcio, fa lta de filhos, “ Mas as prudentes levaram azeite
mudança de residência e assim por em suas vasilhas, com as suas lâm ­
diante. ” padas.” Chegando o esposo, esta­
vam preparadas e “ entraram com
ecentemente, ao voltar com ele para as bodas, e fechou-se a por­
R meu marido para nossa casa
situada num a colina sobran­
ceira do Vale do Lago Salgado, vi­
ta ” . (M at. 25:1-10.)
Devemos ter a sabedoria de nos
prepararm os pessoalmente, com ­
mos que o bairro inteiro estava às preendendo a verdade e vivendo-a
escuras, sem energia elétrica. P aran­ integralmente, a fim de sermos dis­
do o carro junto à casa, apareceu cípulos dignos de Cristo. Então,
correndo um garoto vizinho e nos tendo o Senhor como centro de nos­
ofereceu sua lanterna de pilha, di­ sa vida, podemos desenvolver as
zendo: “ Temos outra'em casa. P o­ qualidades cristãs que nos tornarão
dem ficar com esta, enquanto preci­ merecedores da exaltação. G anhare­
sarem .” mos mais força e maior capacidade
Fiquei impressionada com a preo­ de am or; aprim orarem os nossa ha­
cupação do garotinho. Tinha uma bilidade de dar am or, para estarmos
luz que estava disposto a com parti­ preparados em momentos de neces­
lhar; ele realmente se im portava co­ sidade.
nosco e estava preparado para Meu amiguinho também se im­
ajudar-nos num momento de neces­ portou o suficiente para reparar nu­
sidade. ma necessidade. Ele veio correndo
FEVEREIRO DE 1982 179
na escuridão, trazendo uma luz para C ada uma dessas condições exige
iluminar nosso caminho. Jesus man­ certa adaptação e novo ajustam ento
dou-nos fazer o mesmo em tocantes a uma form a de viver diferente que
parábolas, dizendo: pode ser desafiadora ou penosa. São
“ Porque tive fome, e destes-me tais momentos críticos que tornam
de comer; tive sede e destes-me de velhos padrões de com portam ento
beber; era estrangeiro, e hospedas- inadequados ou desapropriados.
tes-me; É preciso nos prepararm os cons­
“ Estava nu, e vestistes-me; adoe­ tantem ente para enfrentar novos de­
ci, e visitastes-me; estive na prisão, e safios e ajudarm os com disposição e
fostes ver-m e.” (Mat. 25:35-36.) alegria nosso próxim o em suas ho­
Ele deixa claro que devemos ras de necessidade. A Sociedade de
im portar-nos o bastante para, vo­ Socorro deve ser um a luz para as ir­
luntariam ente, preenchermos as ne­ mãs nessas fases de transição. As
cessidades físicas e espirituais dos oficiais, professoras e membros de­
que nos cercam. Isto é caridade, o vem preocupar-se sistematicamente
início do puro am or de Cristo. com as pressões e problemas que
Recentemente, ouvi um a jovem nossas irmãs enfrentam .
mãe falando num a reunião de ala da Uma irmã que ficara viúva havia
Sociedade de Socorro. Contou-nos pouco tempo e que sempre obtivera
que estava perdendo a visão e exter­ satisfação auxiliando os outros,
nou seu agradecimento às irmãs que achou muito difícil pedir ajuda. T o­
vinham lendo para ela, acom pa­ davia, forçou-se sabiamente a fazê-
nhando-a quando tinha de sair e a -lo, porque achava que, agindo as­
outra irm ã que a estava ensinando a sim, poderia ser útil para os outros.
tocar piano. Com seus atos de bon­ Além disso, tinha fé suficiente para
dade, as irmãs da Sociedade de So­ saber que, reconquistando sua auto-
corro haviam-lhe oferecido de sua suficiência, poderia voltar a ajudar
luz e procurado m inorar seu temor seu próximo.
nessa sua dificílima época de transi­ A moça que sai da vida totalm en­
ção para um m undo de trevas. te disciplinada de m issionária, con­
Todos nós temos de enfrentar tinua motivada a converter o m un­
transições angustiantes e perturba­ do. Porém , conform e disse: “ Preci­
doras, e que são diferentes para ca­ so aprender a encarar a realidade e
da um. Doença grave ou incapacida­ estabelecer prioridades neste meu
de permanente é uma delas. Ou en­ novo meio-ambiente, ainda que me
tão a m orte de um ente querido; sinta pouco à vontade nadando ou
dar-se conta de que talvez não nos nam orando, ou até mesmo lendo
casemos nesta vida; divórcio; retor­ um rom ance.”
no da missão; casamento sem filhos; Numa conferência para membros
casamento do último filho; passar solteiros da Igreja, um a irm ã falou-
da disciplina militar para a vida ci­ -me da terrível realidade de seu re­
vil; passagem do program a das M o­ cente divórcio, depois de vinte anos
ças para a Sociedade de Socorro, ou de casada. “ Ninguém sabe a cora­
do segundo grau para a faculdade; gem que significa para mim simples­
mudar-se para outra cidade e assim mente entrar naquele salão cheio de
por diante. pessoas não casadas, sabendo que
180 A LIAHONA
agora faço parte delas. Não consigo ções duradouras com outras pes­
nem descrever quão duro é .” soas. Relacionamentos positivos,
Será que conseguimos realmente am paradores e contínuos são um va­
entender o sofrim ento alheio? P ro ­ lioso apoio nas horas difíceis da vi­
vavelmente não, mas aprendemos da.
algumas coisas im portantes a respei­ 3. Não é a transição em si que re­
to de transições penosas que podem presenta o aspecto mais im portante
ajudar-nos a entender melhor o pró­ num ajustam ento, mas sim as condi­
prio “ eu” ou nosso semelhante nes­ ções da pessoa na época dessa tran ­
sas horas difíceis: sição. Cada um reagirá diferente,
1. Uma transição pode significar porque as pessoas são diferentes,
uma oportunidade de desenvolvi­ ainda que a crise possa parecer idên­
mento espiritual, físico, intelectual e tica.
psicológico — ou então tornar-se 4. Umá época de transição impli­
uma época de séria deterioração. O ca freqüentem ente em certa desor­
caminho é novo e muitas vezes difí­ ganização, mas a adaptação se dá
cil. Fazer da transição uma época de com maior rapidez e segurança,
desenvolvimento requer bastante quando existe um apoio firme dos
coragem e às vezes o apoio de outras amigos e companheiros.
pessoas. Começam a compreender agora a
2. Nossa capacidade de ajusta­ im portância da fraternidade na So­
mento em épocas de transição não é ciedade de Socorro? Sólidas am iza­
afetada tanto pelas eventuais expe­ des e fé possibilitam transições posi­
riências traum áticas da infância, co­ tivas. Elas estavam presentes quan­
mo pela qualidade de nossas rela­ do a viúva pediu ajuda, a irmã di­

FEVEREIRO DE 1982 181


vorciada foi anim ada, a ex-missio­ Smith afirm ou: “ Esta é uma boa
nária adaptou-se ao novo m odo de instituição... Precisamos querer
vida, a jovem mãe ajustou-se à imi­ bem uma à outra, velar uma pela
nente cegueira. outra, confortar-nos m utuam ente e
Quando começamos a entender as obter instrução.” (Minutes o f the
inúmeras transições que podem afe­ Female Relief Society o f Nauvoo,
tar nossa vida, reconhecemos igual­ 17 de março de 1842, em History o f
mente que elas possivelmente se in­ R elief Society 1842-1966, publicado
tensificarão e aum entarão em nú­ pela junta Geral da Sociedade de
mero com as mudanças de nossa so­ Socorro, 1966, p. 20.)
ciedade tão complexa. O program a da Sociedade de So­
O que podemos fazer como m em­ corro pode ajudar-nos até mesmo a
bros da Sociedade de Socorro? preencher necessidades cuja existên­
Talvez precisemos preencher o lu­ cia desconhecemos. Eu soube de
gar da família para muitas mulheres um a professora visitante que, num a
— ser parte daquele círculo seguro atitude de carinho, enviou um car­
de amizades duradouras tão neces­ tão de Natal às irmãs que visitava.
sárias para fornecer apoio, quando Comparecendo à reunião de prepa­
a força da própria pessoa está fraca. ração, a líder das professoras visi­
Podemos intensificar nossa sensi­ tantes pediu que mandassem um
bilidade para com as necessidades cartão de Natal a todas as irmãs que
de nosso próximo, aum entando, as­ visitam, incluindo uma nota pes­
sim, nossa capacidade de servir. E soal.
talvez haja necessidade de pormos A professora visitante ficou per­
um pouco de lado outras preocupa­ plexa. Ela já havia enviado os car­
ções menos merecedoras de nossa tões, porém sem a mensagem pes­
atenção. soal. Depois de arrazoar consigo
Podemos desenvolver atitudes de mesma, finalmente resolveu m andar
am or e atenção, lem brando-nos de outro cartão, desta vez com a m en­
nosso compromisso cristão de per­ sagem pessoal.
doar, de bondade e gentileza. Pode­ Ao fazer suas visitas de janeiro,
mos prom over boa vontade entre o foi primeiro à casa de uma irm ã ina­
povo que anunciou o nascimento do tiva. Entrando na sala, reparou que
Salvador e incentivar um apelo pro­ todos os enfeites de Natal já haviam
fundamente pessoal ao Pai Celeste, sido retirados — exceto um cartão
rogando paz e força em face da ad­ que continuava exposto sobre uma
versidade. pequena mesa — o seu cartão com a
C ontudo, até mesmo uma boa mensagem. A irm ã explicou que dei­
vontade sem limites é capaz de xara o cartão ali para m ostrar aos
fazer-nos atingir todas as irmãs, as­ amigos não-mem bros que os mem­
segurando que nenhum a delas seja bros da Igreja realmente andam a
esquecida. Para isso é preciso um segunda milha. Disse que já falara
program a, e este nós o temos. É isto nisso antes, mas que agora tinha
o objetivo fundamental da Socieda­ uma prova tangível para mostrar-
de de Socorro. Por ocasião de uma -lhes.
das primeiras reuniões da Sociedade No mês seguinte, a casa estava ar­
de Socorro de Nauvoo, Lucy Mack rum ada, os móveis espanados, mas
182 A LIAHONA
o cartão continuava lá. No outro para com partilhar as responsabili­
mês, a mesma coisa — e também no dades da Sociedade. Sua m aturida­
outro e mais outro. de física é muitas vezes ultrapassada
A professora visitante não se dera pela preparação espiritual e a força
conta de que aquela irmã inativa e acuidade de sua percepção intelec­
precisava de uma manifestação po­ tual. Incluam-nas. Ensinem-nas.
sitiva de interesse. Aprendeu ainda a Aprendam delas.
im portância de até mesmo pequeni­ E vocês, jovens irmãs da Socieda­
nos atos de bondade. de de Socorro, nós bem sabemos
No desempenho de um chamado que a Sociedade de Socorro é mais
da Sociedade de Socorro, as irmãs forte por causa de suas contribuições.
aprofundam sua compreensão dos Estão igualmente dispostas a permi­
semelhantes. Aprendem a im portar- tir que a Sociedade de Socorro lhes
-se, talvez ajudando outra irmã na ensine a enfrentar os desafios da
difícil transição da inatividade para idade adulta com mais confiança e
a participação plena. Todo cargo na visão?
Sociedade de Socorro deve ajudar Agora, não nos esqueçamos da
uma irm ã não apenas a servir, como transição para a terceira idade. As
também a crescer — a progredir nas estatísticas mostram que aum entará
metas que estabeleceu para sua vida, ainda mais o número de mulheres
a fortalecer-se, fortalecer sua famí­ viúvas. Grande parte das mulheres
lia e relações sociais ao desenvolver alcançará uma idade que seria ex­
seus atributos divinos. Toda aula a traordinária uma geração atrás. A
que comparece na Sociedade de So­ terceira idade pode ser uma época
corro deveria ajudá-la a com preen­ de com pensadoras realizações, ou
der um princípio do evangelho — então de frustração.
sua essência, sua aplicação na vida e Meu coração confrangeu-se, quan­
como poderá servir melhor o próxi­ do me contaram que certa presiden­
mo por causa dele. te de Sociedade de Socorro chamou
Uma miniclasse de economia do­ a filha de um a irmã idosa e lhe disse:
méstica deve ir além do ensino de “ Sua mãe prestou longos anos de
uma técnica. Precisa gerar atitudes serviço em nossa ala. Mas agora está
de abnegação no emprego proveito­ idosa e se quiser que freqüente as
so dessa técnica. reuniões e encontros sociais, deve
A grande preocupação da Socie­ encarregar-se de trazê-la. Nós não
dade de Socorro hoje é alcançar to ­ poderemos fazê-lo.”
da jovem na fase em que ela assume A conduta da Sociedade de So­
o trabalho mais im portante de sua corro para as irmãs idosas iguais a
vida, e ajudá-la a entender as opor­ ela, deve levar em conta as deficiên­
tunidades sem limites da multíer na cias físicas que muitas vezes acom ­
Igreja. Ao liderarem e servirem es­ panham o processo de envelheci­
sas jovens irmãs da Sociedade de m ento, e decidir como contorná-las.
Socorro, não subestimem sua capa­ Devemos ajudar essas irmãs com
cidade, dotes, desejo e disposição alegria e bom ânimo. A solidão que

FEVEREIRO DE 1982 183


sentem pode ser tão debilitante paralisar pelo desânimo, em vez de
quanto a doença, e seu isolamento procurar a iluminação do Espírito.
parecer uma prisão da qual não há É por isso que precisam de nós e que
como escapar. Muitas irmãs idosas lhe levemos a luz do evangelho. Isto
acham que já não valem mais gran­ deve ser a resolução do coração de
de coisa ou que atrapalham . Temos toda irmã.
a responsalidade de incluí-las e Na peça Winterset, o personagem
maior oportunidade ainda de apren­ Mio diz: “ Cheguei aqui buscando
der com elas. luz na escuridão, fugindo do alvore­
A Sociedade de Socorro dispõe de cer e tropecei na m anhã.” Quero
uma prática rede de comunição que que todas vocês se preparem e dêem
impede que irmã alguma, jovem ou de sua luz, mesmo nas horas mais
idosa, seja negligenciada ou esqueci­ negras de sua vida, para que igual­
da. Professoras visitantes, eu lhes mente tropecem num a linda manhã.
imploro que levem o espírito da So­ Lembrem-se do convênio que fize­
ciedade de Socorro a cada lar que vi­ ram no batismo conform e está ex­
sitem. Cuidem das irmãs que estão posto em Mosiah, quando Alma in­
sós. Estejam ao pé da cama das daga se estamos dispostos a carregar
doentes. Com partilhem a luz do m utuam ente o peso de nossas car­
evangelho neste m undo tão som­ gas, para que sejam aliviadas; e es­
brio. tamos dispostos a chorar com os
Dizia o poeta escocês James que choram ; confortar os que neces­
Thomson: “ Luz! M anto resplen­ sitam de conforto e servir de teste­
dente da natureza; sem ela toda be­ m unhas de Deus em qualquer tem ­
leza estaria envolta em som bras.” po, em todas as coisas e em qual­
(The New Dictionary o f Thought quer lugar. (Ver Mosiah 18:8-9.)
orig. comp. por Tryon Edwards,
D .D ., USA: Standard Book Co., Esta passagem ilustra m aravilho­
1961, p. 363.) samente o papel que devemos assu­
Ajudem a dispersar as sombras. mir como mulheres na Igreja e como
Espalhem a luz da verdade. Façam- irmãs na Sociedade de Socorro que
-no com seus sentidos, com sua razão se ajudam m utuam ente nas épocas
e, acima de tudo, por meio do Espí­ de transição, pois fala do com pro­
rito. Não im porta quem são ou o misso de dar-se compassivamente,
que atualm ente fazem com sua vida. compreender com sim patia e inte­
A luz da verdade está esperando ser resse genuíno.
descoberta e, depois de descoberta, Que tenham os a sabedoria de fa­
esperando iluminar a vida de cada zer nossa luz brilhar e nosso amor
filho de Deus. expandir-se até que nós próprias se­
Em épocas de transição e, muitas jam os iluminadas e acalentadas pela
vezes, de grande transform ação so­ caridade que nunca falha, eu oro em
cial as pessoas tendem a deixar-se nome de Jesus Cristo. Amém.

184 A LIAHONA
da para um homem (ou mulher) de
Uma Oportunidade Deus” . (Orson Hyde, Journal o f
Doscourses 7:151.) Em vista dessa
de Aprendizagem necessidade, somos gratas ao pai
am ante que nos deu na Sociedade de
Constante Socorro, um program a de aprendi­
zagem contínua.
Nossos cursos beneficiam toda
mulher SUD. No primeiro dom in­
go, temos que Viver Espiritual e no
segundo, Educação M aternal. Pode
parecer estranho que quase a quarta
parte de nossas aulas sejam dedica­
das à Educação M aternal, quando
Shirley W. Thomas nem todas as mulheres da Sociedade
Segunda conselheira na presidência geral da de Socorro têm filhos.
Sociedade de Socorro. Na Igreja, as mulheres estão fami­
liarizadas com os termos patriarca e
“Os cursos da Sociedade de ordem patriarcal. Nós os associa­
Socorro contêm princípios do mos às coisas eternas e ao trabalho
evangelho que os tornam do sacerdócio em nosso lar e na
significativos para nosso esforço Igreja. Mas não falamos muito de
diário em seguir o Salvador. ” m atriarcas; preferimos chamá-las de
mães. A mãe é a com panheira do
pequeno Estêvão estava para patriarca de um lar. Desempenhar

O iniciar a terceira série do pri­


meiro grau. Não era tão alto
quanto os outros garotos e quando a
as funções de mãe é igualmente um
trabalho eterno, fundamental. Diz
respeito a dar vida e am or, e precisa
mãe ia dobrar a barra das calças n o ­ ser aprendido em grande parte.
vas, ele pediu que deixasse um a bai­ Algumas estudantes universitárias
nha de uns doze centímetros, “ por­ aprenderam -no visitando sem anal­
que” , dizia, “ vou crescer muito este mente, como membros da Socieda­
an o ” . de de Socorro, irmãs idosas numa
Talvez nós não estejamos tão casa de repouso local. Nas primeiras
preocupadas quanto ele em somar semanas, encontraram muitas das
centímetros a nossa altura, mas será mulheres num estado resignado, até
que pensamos no futuro e decidimos mesmo letárgico. Tinham pratica­
deliberadamente o quanto vamos mente desistido de fazer algum a coi­
progredir nos próximos meses? sa com sua vida; estavam simples­
Certo líder dos prim órdios da mente esperando o fim. As moças,
Igreja asseverou que “ neste mundo porém, prosseguiram com as visitas,
de mundanças em que nos é requeri­ algumas apresentando curtos pro­
do avançar, temos de increm entar gramas de música, outras lendo ou
nossa inteligência. Não existe para­ ajudando-as a escrever cartas. P au­

FEVEREIRO DE 1982 185


latinam ente, as mulheres começa­ seu papel é dirigido e aceito pelo Se­
ram a aguardar essas visitas sema­ nhor exatamente como o de m inha
nais e depois, um pouco da vitalida­ vizinha, mãe de oito filhos. As fun­
de dessas jovens irmãs da Sociedade ções m aternais diferem e podem as­
de Socorro parecia permanecer com sumir outras dimensões, mas todas
elas durante a semana. As moças nós podem os aprender a aplicar os
procuravam incentivar qualquer princípios relacionados à m aterni­
centelha de interesse. Q uando des­ dade.
cobriram que muitas delas sabiam A jovem mãe obrigada a cuidar
fazer acolchoados, providenciaram constantemente das necessidades de
o necessário material e equipam en­ seus filhos e ao mesmo tempo servir
to. Em pouco tem po, tinham term i­ de exemplo para estes pautarem sua
nado um acolchoado e estavam vida tem um a responsabilidade ca­
prontas para começar o segundo. paz de desafiar até mesmo as mais
Algumas escolheram outros proje­ capazes. Ela tem de aprender e p ra­
tos trazidos pelas moças. A história ticar paciência, ensinar e persuadir
continua — essas universitárias de­ com am or, corrigir sem coagir; em
ram nova vida e am or; foram suma, desenvolver todos os atribu­
“ m ães” para essas irmãs idosas. tos m aternais.
As aulas de Educação M aternal Porém , todas nós precisamos
não tratam do processo físico de dar aprender e conservar essas qualida­
vida, mas ensinam a desenvolver des, pois, como Eva, estaremos
qualidades capazes de ajudar cada sempre exercendo o chamado de
filho de Deus a viver na luz. Como mãe.
focalizamos princípios do evangelho As aulas de Relações Sociais, Re­
e adaptam os as lições às necessida­ finam ento C ultural e Adm inistração
des presentes das irmãs, o curso de do Lar, contêm princípios do evan­
Educação M aternal é não somente gelho que as tornam significativas
apropriado, mas enriquecedor para para nosso esforço diário em seguir
todos os membros da Sociedade de o Salvador. Nossas aulas têm-nos
Socorro. ajudado a aprim orar nossos conhe­
Em Moisés 4:26, lemos que Adão cimentos de artes e povos, reforçan­
chamou sua mulher de Eva, porque do com isso o apreço por nossa Igre­
era a mãe de todos os viventes. Nós ja de âm bito mundial.
somos todas filhas de Eva. Lembro- O reforço positivo é igualmente
-me de um a irmã que exerce um car­ efetivo em nossos relacionamentos
go de m uita responsabilidade na So­ de supervisão. Por exemplo, o encon­
ciedade de Socorro. Em bora sendo tro mensal de cada professora com a
solteira e sem filhos, ela faz um im­ conselheira educacional da ala
portante trabalho tocando o intelec­ ajudá-la-á a aprender com as aulas.
to bem como o coração dos jovens; Esse contato pessoal será muito pro­
aproveita plenamente seus talentos e dutivo, se os com entários da conse­
conhecimentos; dá am or e luz à vida lheira educacional sobre as aulas fo­
de seus semelhantes. Acredito que rem positivos e específicos.

186 A LIAHONA
A professora quase sempre sabe o jetivos de aula; mas essa encantadora
que foi mau num a aula, e em bora irmã falou hesitante, num idioma
possa querer falar a respeito, prova­ ainda novo para ela, de como estu­
velmente não há necessidade de cha­ dava a lição e depois se ajoelhava pa­
mar sua atenção para os pontos ne­ ra perguntar ao Senhor o que deve­
gativos. Por outro lado, talvez não ria ressaltar para as irmãs da ala, e
se dê conta das partes mais efetivas e acrescentou: “ Ele sempre me
ficaria grata com um elogio; entre­ dirige.” Ouvindo-a falar e sentindo
tanto, se a professora é simplesmen­ a docilidade de seu espírito, soube
te elogiada por uma aula bonita ou com certeza que era assim, pois ela
m aravilhosa, pode não perceber me ensinou o que eu precisava
quais foram os aspectos positivos e aprender. Em bora se tenham passa­
assim reforçar seus pontos fortes. Se do muitos anos desde aquela noite
a conselheira educacional, porém, em Nova Iorque, jam ais esqueci essa
aprende a prestar atenção a elemen­ irmã e sua mensagem.
tos específicos, tal como uma intro­ Continuando a aprender guiadas
dução interessante, a habilidade em pelo Espírito do Senhor, nós nos
tratar os comentários em classe, ela preparam os para sua vinda. O Se­
será capaz de ajudar a professora nhor declarou que, quando vier de
com reforços positivos. novo, ninguém terá de dizer ao seu
Finalmente, as oportunidades de vizinho que ele é o Cristo, pois to­
aprendizagem na Sociedade de So­ dos o saberão. Que possamos cres­
corro serão produtivas na vida das cer em conhecimento e inteligência,
irmãs, à medida que o aprender e e estar preparadas para esse glorioso
ensinar se processe pelo Espírito. evento, eu oro em nome de Jesus
G ostaria de falar-lhes de um a irmã Cristo. Amém.
que me ajudou a apreciar o ensino
pelo Espírito.
Era uma mulher idosa, uma das
numerosas imigrantes que não con­
seguira ir além de Nova Iorque em seu
caminho para Sião. Não tivera gran­
des oportunidades de estudo e esta­
va encontrando dificuldades em se
adaptar a uma nova cultura. Estáva­
mos só as duas, certa noite, em nos­
so departam ento da reunião de lide­
rança da estaca.
A líder da junta da estaca pediu-
-nos que descrevêsemos como costu­
mávamos preparar nossas aulas.
Como eu era professora form ada,
sabia alguma coisa sobre plano e o b ­

FEVEREIRO DE 1982 187


da Junta Geral da Sociedade de So­
A Sociedade de corro, 1842-1892, p. 72.)
Uma a um a, as irmãs se levanta­
Socorro no Bem- ram e ofereceram as doações neces­
sárias. A Irm ã Woolley doou “ uma
estar jarda de musselina fina, uma aná­
gua de flanela..., 60 centavos...” , a
Irmã Germ an, “ um conjunto de
roupas (para) a velha (Irmã)
Miller” . (Ibid)
A Irmã Ellen Douglas, viúva ain­
da jovem com vários filhos,
permitiu-nos um vislumbre das mi-
nistrações da Sociedade de Socorro
Marian R. Boyer naqueles tem pos, num a carta a seus
pais residentes na Inglaterra, datada
Prim eira conselheira na presidência geral da
de 14 de abril de 1844:
Sociedade de Socorro.
“ Fiquei muito doente... Às vezes
“Por toda parte existem pessoas pensava que ia m orrer e me lem bra­
necessitadas: refugiados, va de minhas pobres crianças. Orei
desabrigados, idosos, que pudesse viver em benefício de­
desempregados, doentes, aflitos, las. Não orei sozinha, pois muitos
pobres de espírito com problemas de meus irmãos e irmãs oraram co­
pessoais. ” migo, e nossas preces foram atendi­
d as.” (Kate B. Carter, com p., Our
esde sua fundação, a Socieda­ Pioneer Heritage, Salt Lake City:

D de de Socorro tem a ver com


o bem-estar, pois já em sua
primeira reunião, o Profeta Joseph
Daughters o f Utah Pioneers, 1960,
3: 159.)
Depois de recuperada, a Irmã
Smith admoestava âs irmãs a procu­ Douglas visitou uma amiga que lhe
rar os carentes e cuidar de suas ne­ sugeriu “ solicitar à Sociedade de
cessidades. Socorro algumas roupas de que ne­
Todo o ânimo com que aceitaram cessitava para mim e minha
essa responsabilidade está ilustrado fam ília... Concordei (relutantem en­
num relatório do “ Comitê de Neces­ te) e fomos procurar uma das irmãs
sidades” de Nauvoo, datado de 5 de (da Sociedade)... Contei-lhe que,
agosto de 1843: enquanto eu estava doente, meus fi­
“ A Irmã Jones, Irmã Mecham e lhos acabaram com suas roupas,
eu visitamos nossa ala — fomos de porque não tinha condições de
casa em casa, encontramos muitos remendá-las; ela disse que faria o
doentes... Encontramos a Irmã Mil- que pudesse por m im ... Em poucos
ler, uma senhora de idade, doente dias... trouxeram uma carroça e
sem cama, cobertores, roupa de ca­ deram-me tantos presentes como ja ­
ma, nem m uda de roupa. Encontra­ mais recebi no mundo inteiro” .
m os a Irmã Broomley gravemente (Ibid)
enferm a, sem nada para com er.” No Vale do Lago Salgado, as ir­
(Amy Brown Lyman, com p., Atas mãs continuaram suas ministrações
188 A LIAHONA
— às vezes dramáticas — conform e mo organização? Como sua lideran­
a Irmã Lucy Meserve Smith, esposa ça? Como seus membros?
do Élder George A. Smith, recorda Ainda que os problemas de hoje
em suas reminiscências. O Presiden­ sejam enormes, dispomos de exce­
te Brigham Young teve notícias da lentes recursos para resolvê-los.
aproximação de uma com panhia de Além do milhão e meio de mulheres
carros de m ão, enquanto dirigia a que tem como membros — e que é
conferência de outubro no velho T a­ seu maior patrim ônio — a organiza­
bernáculo. Diz ela: ção em si é um dos mais im portantes
“ O Presidente Young e outros fi­ recursos de bem-estar da Igreja. Pri­
caram tão animados e ansiosos, com meiro, porque seus principais obje­
medo de que aquelas com panhias fi­ tivos sempre estiveram voltados pa­
cassem presas na neve nas m onta­ ra o bem-estar. Segundo, porque en­
nhas, que não conseguiram prosse­ sina em seus cursos princípios de
guir com a conferência. O presiden­ bem-estar e permite às irmãs opor­
te pediu homens, parelhas de ani­ tunidades de pô-los em prática,
mais, roupas e provisões... As irmãs treinando-as, assim, na prepara­
desfizeram-se de suas anáguas, meias ção pessoal e familiar, nas responsa­
e tudo o que pudessem dispensar, ali bilidades para com os filhos e na ad­
m esm o... e as empilharam nos carro- m inistração doméstica. Terceiro,
ções que iam socorrer os santos nas porque é através de sua estruturação
m ontanhas.” (Reminiscences of que se realiza o program a prescrito
Lucy Meserve Smith, MS, 1886; de bem-estar da Igreja. Quarto, por­
Historical Departm ent, The Church que é um meio rápido e efetivo de
o f Jesus Christ of Latter-day Saints, fornecer voluntárias para os servi­
Salt Lake City.) ços de bem-estar.
Outros tempos e condições dife­ Só para ilustrar, após o colapso
rentes na Igreja criaram outros de­ do governo sul-vietnamita em 1975,
safios e reações, e novas fronteiras muitos refugiados foram enviados
para a Sociedade de Socorro na aos Estados Unidos.
obra do bem-estar. H oje é um des­ “ Assim que o primeiro grupo
ses tempos. chegou à base m ilitar em São F ran­
Continuamos tendo pobres entre cisco (Presidio Army Base), as irmãs
nós. H á refugiados, pessoas sem lar, da Sociedade de Socorro daquela re­
um núm ero crescente de idosos. gião foram convocadas durante a
Existem os desempregados, doentes, noite para irem à base e ajudarem a
aflitos, os pobres de espírito, pes­ dar banho, vestir e alim entar as
soas com problemas pessoais e far­ crianças. As irmãs começaram a
dos que os acabrunham . Mesmo em chegar às 4 horas da m adrugada e
nossa sociedade urbana, mais e mais trabalharam o dia inteiro, aplicando
pessoas vêm sofrendo com a sensa­ vacinas.” (Cursos de Estudo da So­
ção de isolamento. Não existe mal ciedade de Socorro 1980-1981,
social que nos não haja afetado de p.42.) Essas irmãs trataram de infec­
alguma form a, criando a necessida­ ções, confortando e cuidando dessas
de de socorro e prevenção. crianças desam paradas.
Então qual é ou deveria ser a res­ Como organização, a Sociedade
posta da Sociedade de Socorro co­ de Socorro fornece uma rede de co­
FEVEREIRO DE 1982 189
municação que permite contatar ra ­ ta, as irmãs observaram o solado to ­
pidamente todas as irmãs em épocas talm ente gasto do calçado das crian­
de desastre. Por ocasião do rom pi­ ças. O fato foi comunicado confi­
mento da barragem da Represa Te- dencialmente à presidente da Socie­
ton, em Idaho, 1976, o pedido de dade de Socorro, e o casal foi per­
voluntárias partiu das presidentes de suadido a aceitar uma pequena aju ­
Sociedade de Socorro das estacas da da, até que o m arido começasse a
área para as presidentes de ala, pas­ ganhar o bastante para m anter ade­
sando destas para as líderes de pro­ quadam ente a família.
fessoras visitantes, e destas para as De todas as maneiras que a Socie­
irmãs. Assim, em pouco tem po, foi dade de Socorro promove a causa
possível recrutar o auxílio necessá­ do bem-estar, a mais proveitosa é
rio. ajudar as irmãs, individualmente, a
Quando a presidente da Socieda­ prever e satisfazer suas próprias ne­
de de Socorro e suas conselheiras cessidades, pois é muito mais fácil
participam das reuniões do comitê resolver problemas de bem-estar an­
de serviços de bem-estar e fazem su­ tes de se tornarem problem as. Por
gestões significativas, quando ob­ isso, quando as irmãs, como mem­
servam as necessidades dos mem­ bros individuais, colocam em práti­
bros e levam essas informações às ca no cotidiano os princípios de
citadas reuniões, quando ajudam na bem-estar, estão reduzindo pessoal­
aplicação prática das providências m ente os problemas do m undo.
desses comitês, elas estão concreti­ Quando aum entarem seu arm azena­
zando os objetivos assistenciais da mento doméstico, particularm ente
Sociedade. A presidente de Socieda­ com produtos feitos por suas pró­
de de Socorro de ala, que, a pedido prias mãos, na horta e no pom ar,
do bispo, visita um a família para com suas agulhas ou na cozinha, es­
avaliar suas necessidades, está mi­ tão satisfazendo da melhor m aneira
nistrando aos necessitados. A presi­ as necessidades de bem-estar. Q uan­
dente que solicita às professoras vi­ do se empenham em prevenir doen­
sitantes que procurem os pobres e ças, fornecer um a alimentação sadia
necessitados, está seguindo as ins­ e praticar um a boa adm inistração fi­
truções do Profeta. nanceira, o sistema de bem-estar es­
Freqüentemente, certas necessida­ tá funcionando como deve. Quando
des permanecem ocultas por não se­ ensinam seus filhos a trabalhar —
rem facilmente observáveis. Por is­ quando vocês, como membros, e
so, as presidentes de Sociedade de seus filhos se instruem e se dedicam
Socorro devem ensinar às professo­ a um a profissão apropriada — os
ras visitantes como reconhecer si­ problemas futuros serão evitados.
nais de depressão, solidão e carên­ O apoio e força emocional que as
cias físicas. irmãs da Sociedade de Socorro po­
Uma dupla de professoras visitan­ dem dar umas às outras é tão im por­
tes perspicazes visitou a família de tante ou mais ainda, do que alimen­
um dentista recém -form ado. Com to e abrigo. Recentemente o marido
m uito sacrifício e trabalho, eles ha­ de um a irm ã perdeu o emprego. Fa­
viam vencido os duros anos de estu­ lando do caso, ela disse que a famí­
do do chefe da casa. Durante a visi­ lia estava mais ou menos preparada
190 A LIAHONA
financeiramente, pois dispunha de
armazenam ento doméstico e algum O Lugar Honroso
dinheiro. C ontudo, não estava pre­
parada para o choque emocional do da Mulher
desemprego. A irm ã contou que a
maior ajuda individual que a família
recebeu para ajudá-la a superar o
E «S
traum a dessa experiência foi o cari­
nho e simpatia dem onstrados pelas L /;£
irmãs da Sociedade de Socorro. MÊÊ j

Numa das lições passadas de Vi­


ver Espiritual é-nos dito: “ O receio
A /!*
de não termos bastante energia, di­ Ezra Taft Benson
nheiro ou outros meios pode impe­ Presidente do Quorum dos Doze Apóstolos
dir-nos de dar am o r.” Talvez pense­
mos: “ Não podemos alimentar to ­ “N enhum a realização transcende a
dos os famintos, alojar todos os des­ edificação do caráter de um filho
tituídos, nem confortar todos os que ou filh a de Deus. ”
sofrem ... portanto não ajudo nin­
guém .” (Ibid.) Alma, porém nos diz
que “ é por meio das coisas peque­ sta é um visão inspiradora e
nas e simples que as grandes se reali­
zarão” . (Alma 37:6.)
Cem cruzeiros dados como oferta
E gloriosa. Estou sumamente
honrado e enaltecido de estar
em vossa presença.
de bem-estar ou de jejum , um dia de Falo-vos esta noite não necessa­
trabalho voluntário, uma visita riamente como membros da grande
(mesmo que seja sem uma form a de organização da Sociedade de Socor­
pão), multiplicados por um milhão e ro, mas como mulheres escolhidas
meio de membros consegue aliviar — filhas de nosso Pai Celeste.
muito sofrimento. Em abril deste ano, tive o privilé­
Assim, em bora hoje as fronteiras gio de falar aos irmãos do sacerdó­
das necessidades de bem-estar sejam cio a respeito da responsabilidade
bastante diversas das de 1842, mes­ paterna. Hoje vos falo, irmãs, sobre
mo que parecidas, o desafio da So­ o lugar honroso da mulher no plano
ciedade de Socorro continua o mes­ eterno de nosso Pai Celestial.
mo: Buscar os pobres, satisfazer Bons princípios e verdades eter­
suas necessidades, prevenir proble­ nas precisam ser repetidos freqüen­
mas aprendendo, ensinando, prati­ temente, a fim de que nos não es­
cando os princípios de bem-estar. O queçamos de aplicá-los nem nos dei­
Senhor falou claramente, quando xemos dissuadir de fazê-lo por ou­
disse a Joseph Smith: tros argumentos.
“ E em todas as coisas lembrai-vos O mundo está crescendo em ini­
dos pobres e necessitados, dos doen­ qüidade. As tentações são piores do
tes e aflitos, pois aquele que não faz que jam ais foram em nossa memó­
essas coisas, o mesmo não é meu ria. Em face dessas condições — e
discípulo. “ (D&C 52:40.) elas ainda vão piorar — disse o Pre­
Em nome de Jesus Cristo. Amém. sidente Spencer W. Kimball,
FEVEREIRO DE 1982 191
dirigindo-se aos representantes re­ tem sido trazer ao m undo mortal fi­
gionais: lhos e filhas espirituais de nosso Pai
“ As líderes e professoras da So­ que está nos céus.
ciedade de Socorro devem pergun­
Desde o princípio, sua tarefa tem
tar: como podemos ajudar a esposa
sido ensinar os princípios do evan­
e mãe a compreender a dignidade e
gelho eterno aos seus filhos. Ela tem
o valor de seu papel no processo di­
o dever de proporcionar aos filhos
vino da m aternidade? Como pode­ um refúgio de segurança e afeto —
mos ajudá-la a tornar seu lar um lo­
não im porta a simplicidade de suas
cal de am or e aprendizado, um lugar condições.
de refúgio e refinam ento?” (A Lia-
hona, outubro de 1978 pp. 167-68.) No princípio, Adão foi incumbi­
Devemos ter sempre em mente do de ganhar o pão com o suor de
que o desígnio de Satanás é frustrar o seu rosto — não Eva. Ao contrário
plano eterno de Deus. Seu plano é do que m anda a sabedoria m undana,
destruir a juventude da Igreja — a o lugar da mãe é em casa!
“ nova geração” como a cham a o
Reconheço que, em nosso meio,
Livro de M órmon (vide Alma 5:49)
existem vozes que gostariam de con­
— e destruir a unidade familiar.
vencer-vos de que essas verdades
No princípio, Deus colocou a m u­ não se aplicam às condições de nos­
lher como com panheira do sacerdó­ sos dias. Se lhes derdes ouvidos, elas
cio, dizendo “ que não era bom que vos induzirão a abandonar vossa
o homem estivesse só; por conseguin­ principal obrigação.
te, lhe daria uma adjutora própria
para ele” . (Moisés 3:18.) Vozes enganadoras apregoam no
m undo “ estilos de vida alternati­
A mulher foi dada ao homem como vos” para a mulher, alegando que
adjutora. Esta relação complemen­ certas mulheres têm mais pendor pa­
tar é idealmente ilustrada pelo casa­ ra a vida profissional que para a do
mento eterno de nossos primeiros casamento e m aternidade. Essas
pais — Adão e Eva. Eles trabalha­ pessoas divulgam seu descontenta­
vam juntos; tiveram filhos juntos;
mento através da propaganda de
oravam juntos, e juntos ensinaram que há outras funções mais emocio­
o evangelho aos filhos. Este é o m o­ nantes e compensadoras para a m u­
delo que Deus gostaria de que fosse lher que as de dona-de-casa. Algu­
imitado por todos os homens e m u­ mas tiveram mesmo a ousadia de su­
lheres justos. gerir que a Igreja abandonasse “ o
A função e o papel da mulher fo­ modelo estereotipado da mulher
ram prescritos nos conselhos celestes m órm on” . Dizem ainda que con­
antes da criação do mundo. Vós fos­ vém limitar o núm ero de filhos para
tes eleitas por Deus para ser esposas se ter mais tempo para os objetivos e
e mães em Sião. A exaltação no rei­ realização pessoal.
no celestial está condicionada a vos­ Dou-me conta de que muitas de
sa fidelidade nesse chamado. vós nem sempre vos encontrais em
Desde o princípio, o prim ordial e condições ideais. Sei disso por haver
mais im portante papel da mulher conversado com muitas de vós que
192 A LIAHONA
sois obrigadas, por necessidade, a na m aneira de trajar-se. Temos de
trabalhar e deixar os filhos na guar­ ter igualmente “ um estilo próprio”
da de terceiros — em bora vosso co­ com respeito ao sucesso e auto-
ração esteja no lar. A vós estendo imagem.
meu afeto e simpatia por essa atual
e, espero, tem porária situação, e Certos santos são induzidos a
oro que sejais abençoadas pelo Pai pensar que mais posses e melhores
Celeste para compensar essa cir­ condições sociais m elhorarão sua
cunstância não desejada. auto-imagem. Uma boa auto-
Reconheço que algumas irmãs são imagem tem pouco a ver com coisas
viúvas ou divorciadas e meu coração materiais. M aria, a mãe de nosso
está com elas nessas condições. As Salvador, era de condição muito
autoridades oram por vós e senti­ modesta; ainda assim, conhecia sua
mos a grande obrigação de fazer responsabilidade e nela se regozijava.
com que vossas necessidades sejam Lembrai-vos de sua humilde excla­
satisfeitas. Confiai no Senhor. Estai m ação, ao encontrar sua prim a Isa­
certas de que ele vos ama e nós tam ­ bel: “ Porque atentou na baixeza de
bém. Resisti à am argura e ao cinis­ sua serva; pois eis que desde agora
mo. todas as gerações me chamarão
bem -aventurada.” (Lucas 1:48; gri­
Reconheço igualmente que nem fo nosso). Sua força vinha do ínti­
todas as mulheres da Igreja terão mo, não das coisas materiais.
oportunidade de casar-se e serem
mães na m ortalidade. Mas se fordes É uma verdade fundamental que
dignas e perseverardes até o fim, as responsabilidades da m aternida­
asseguro-vos que recebereis todas as de não podem ser delegadas com su­
bênçãos de um Pai Celeste bondoso cesso. Não, nem para creches, esco­
e am ante — e repito, todas as bên­ las ou babás. Enam oram o-nos com
çãos. teorias hum anas, como a instrução
As soluções para vós que sois mi­ pré-escolar fora do lar para crianças
noria não são as mesmas que para a pequenas. Isto não só sobrecarrega
m aioria das mulheres na Igreja que ainda mais o orçam ento, como afas­
podem e deveriam estar cumprindo ta as crianças da influência m aterna.
sua função de esposa e mãe.
Muitas vezes a pressão social faz a
É errado pensar que a mulher de­
mãe pensar que deve trabalhar fora
ve sair de casa, deixando m arido e
para satisfazer as necessidades dos
filhos, a fim de preparar-se profis­
filhos, principalmente na adolescên­
sional e financeiramente para uma
cia, quando o fardo financeiro decor­
eventualidade imprevista. Muitas
rente é demais para o pai. Essa deci­
vezes, tem o, até mesmo as mulheres
são pode ser pouco sensata. É justa­
da Igreja usam o m undo como p a­
mente a influência m aterna durante
drão para seu sucesso e autovalori-
os anos críticos de formação que
zação.
modela o caráter básico dos filhos.
O Presidente Kimball disse certa É no lar que a criança aprende a ter
vez que os santos dos últimos dias fé, sente o am or, e pelo exemplo da
necessitam de “ um estilo próprio” mãe, aprende a escolher a retidão.
FEVEREIRO DE 1982 193
A influência e ensinamentos da junto ao regaço m aterno. Mais ta r­
mãe no lar são vitais — e sua falta é de, exibiram grande fé e coragem ao
fácil de se observar! irem para a luta. Seu líder, Helamã,
Não quero m agoar ninguém, mas dizia deles: “ Sim, eles tinham sido
todos nós conhecemos casos de fa­ ensinados por suas mães que, se não
mílias SUD ativas que estão tendo duvidassem, Deus os livraria.” (Al­
ma 56:47.)
dificuldades com os filhos, porque a
Eis a chave — “ tinham sido ensi­
mãe não está onde deveria estar —
nados por suas m ães” !
em casa.
Anos atrás, certo filho escreveu à
Uma revista norte-am ericana di­
mãe, indagando como conseguira
vulgou recentemente estes dados
criar tão bem todos os filhos — to ­
alarm antes: “ Mais de 14 milhões de
dos os dezenove! Ela escreveu em
crianças, de 6 a 13 anos, têm mães
que trabalham fora de casa, e resposta:
estima-se que um terço delas fica “ Não me agrada nada escrever
sem supervisão durante grande p ar­ sobre como eduquei meus filhos.
te do d ia.” (U.S. News and World Penso que não teria utilidade para
Report, 14 de setembro de 1981, p. ninguém saber como eu, que levei
42.) um a vida tão retirada por tantos
anos, costum ava empregar meu
Quando a mãe trabalha fora do tempo e cuidados na criação de
lar, muitas vezes surgem problemas meus filhos. Ninguém poderá, sem
com os filhos, e lançam-se as semen­ renunciar literalmente ao m undo,
tes do divórcio. Vós, mães, deveis seguir meus m étodos; e existem pou­
calcular cuidadosam ente o preço an ­
cos, se é que os há, dispostos a dedi­
tes de decidir-vos a dividir o encargo
car inteiramente mais de vinte anos
de ganha-pão com vosso m arido. É na plenitude da vida à esperança de
uma verdade evidente que as crian­
salvar a alma de seus filhos, que
ças precisam muito mais da mãe que
acham que pode ser salva sem tanta
de dinheiro. trabalheira; pois este era meu princi­
Dizia o Presidente Joseph F. pal intento, por mais inepta e mal
Smith que “ os pais em Sião serão sucedida que tenha sido.” (Franklin
responsáveis pelos atos dos filhos, Wilder, Im m ortal Mother, New
não apenas até que completem oito York: Vantage Press, 1966, p. 43;
anos de idade, mas, se negligencia­ grifo nosso.)
rem seus deveres paternos, enquan­ Essa mãe chamava-se Susannah
to os filhos estavam sob seu cuidado Wesley, e o filho que lhe escreveu
e orientação, serão eternam ente res­ foi John Wesley, teólogo e evange­
ponsáveis.” (Doutrina do Evange­ lista inglês, e um dos grandes refor­
lho, p. 260.) madores. Vinte anos do vigor da
O Livro de M órm on conta um mocidade dedicados à esperança de
dos mais emocionantes sucessos das salvar a alm a de seus filhos! Tal ta ­
escrituras falando das mulheres la- refa exige habilidade, competência,
m anitas que ensinaram o evangelho coragem, inteligência e engenhosi-
a seus filhos no lar. Esses dois mil dade muito acima de qualquer pro­
jovens aprenderam a ter fé em Deus fissão.
194 A LIAHONA
I
Quereis um princípio de sucesso Diz um a esposa e mãe: “ Sinto-me
na m aternidade? Arranjai tempo realmente feliz em meu papel de
para ensinar o evangelho e os princí­ dona-de-casa, esposa e mãe. Minha
pios de sua vivência a vossos filhos, querida mãe ensinou-me a encontrar
enquanto eles são pequenos. Talvez prazer nos afazeres domésticos.
seja preciso que tam bém “ renun­ Sempre senti que minha mãe era fe­
cieis ao m undo” e dediqueis “ mais liz como dona-de-casa. Jamais hou­
de vinte anos na plenitude da vida à ve menção à liberação da mulher
esperança de salvar a alma de (vos­ m oderna, pois, para nós, um a boa
sos) filhos” . esposa e mãe era a síntese da femini­
lidade.”
Nenhuma realização transcende a
O utra escreveu: “ Ser esposa e
edificação do caráter de um filho ou
mãe me dá mais prazer que qualquer
filha de Deus.
outra coisa. Gosto realmente de sê-
Ao preparar estes meus com entá­ -lo.” Depois, aconselha as irmãs:
rios, solicitei a diversas esposas e “ Se não apreciam naturalm ente os
mães que me enviassem suas suges­ afazeres domésticos, peçam ao Se­
tões sobre como solucionar os pro­ nhor que as ajude a gostar deles e Ele
blemas enfrentados pelas mulheres o fará. Tenham fé no Senhor. Não
SUD. Gostaria de que ouvísseis es­ confiem no braço da carne. Conser­
sas bem sucedidas donas de casa — vem um a perspectiva eterna, parti­
mulheres inteligentes, fiéis — que cularmente quando acharem que as
compreendem seu chamado nesta fraldas e noites sem sono jam ais te­
vida. rão fim. Vocês estão fazendo o que
FEVEREIRO DE 1982 195
o Senhor quer que façam , e por isso Encorajado por esse pedido e
serão abençoadas.” valendo-me das proveitosas suges­
Depois, prossegue: “ Tenham o r­ tões da Irmã Benson, com partilho
gulho de ser esposa e mãe. Não pro­ convosco estas idéias.
curem desculpar-se. Afastem-se das Irradiai um espírito de contenta­
influências que procuram degradar mento e alegria com os afazeres do­
sua função, como as novelas da TV, mésticos. Com vossa atitude, esta­
artigos de revistas, palestras de pre­ reis ensinando pelo exemplo. Vossa
tensos entendidos no assunto.” atitude dirá a vossos filhos: “ Sou
O utra jovem mãe escreveu: “ Ser apenas dona-de-casa” ou então:
esposa e mãe e criar uma família é “ Cuidar do lar é a mais nobre e im­
m inha principal prioridade. Isto é portante profissão a que a mulher
mais im portante que um diploma pode aspirar.” Dai a vossas filhas
universitário, emprego, desenvolvi­ oportunidades de desenvolver-se
mento de talentos e outra coisa nesse sentido, permitindo-lhes cozi­
qualquer! Que outra ocupação na nhar, costurar e cuidar do próprio
vida poderia ser mais im portante do quarto.
que m oldar o caráter de outro ser Orai diariamente em família.
hum ano?” Orando juntos pela m anhã e à noite,
E eis a solução — desta mãe — ensinareis vossos filhos a depende­
para os problemas que afligem as ir­ rem do Senhor. Em todo lar, 1er as
mãs: “ A força de uma boa mulher escrituras deveria ser um hábito.
— uma mulher SUD, se quiserem Sob a direção de vosso m arido,
— é seu testem unho pessoal do Sal­ realizai semanalmente a noite fami­
vador e sua fé nos porta-vozes dele, liar e estudo regular das escrituras,
o profeta e os apóstolos de Jesus particularm ente no dia do Senhor.
Cristo. Seguindo-os, ela terá o sem­ Santificai o dia do Senhor estudan­
blante de Cristo por beleza, a paz de do as escrituras, comparecendo às
Cristo para sustê-la em ocionalmen­ reuniões e outras atividades apro­
te, o éxemplo do Salvador para re­ priadas.
solver seus problemas e fortalecê-la,
e o amor de Cristo como fonte de Promovei somente a boa literatu­
am or a si própria, a sua família e ra e boa música no lar. Introduzi
seus semelhantes. Ela estará então vossos filhos ao melhor nas artes,
segura de si mesma como esposa e música, literatura e entretenimen­
mãe, e encontrará alegria e realiza­ tos.
ção em seu papel no la r.” Dai mais louvor a vossos filhos
Endosso este bom conselho para que repreensões. Louvai até mesmo
todas as irmãs. suas menores realizações. Encarre­
gai os filhos de tarefas regulares.
O utra irm ã encantadora escreveu: Permiti que participem de projetos
“ Continue louvando as mães de
familiares na horta, jardim , limpeza
Sião que tanto se esforçam; e conti­
etc.
nue am ando-nos e orando por nós,
pois acreditamos nos conselhos das Tornai vosso lar o centro cultural
autoridades gerais e prezamos as e social da família. Isto inclui pique­
suas palavras.” niques, reuniões de noite familiar,
196 A LIAHONA

program as musicais e jogos ao ar li­ parceira dele. A função da mulher


vre. Fazei de vosso lar um local em na vida do homem é edificá-lo,
que os filhos queiram passar suas ajudá-lo a m anter padrões elevados
horas livres. e preparar-se, por meio de uma vida
Incentivai vossos filhos a justa, para ser sua rainha por toda
aconselhar-se convosco, expondo- a eternidade.
vos seus problemas e dúvidas, Lar é am or, compreensão, con­
dando-lhes atenção todos os dias. fiança, boa acolhida e senso de per­
Debatei com eles assuntos im por­ tencer. Se vós, esposas, mães, fi­
tantes como nam oro, sexo e outras lhas, cuidais devidamente de vós
questões que afetem seu desenvolvi­ mesmas, vossos familiares, vossa
mento e progresso, e fazei-o em casa, e fordes unidas como irmãs na
tem po, para que não recebam tais Sociedade de Socorro, sereis poupa­
informações de fontes im próprias. das de grande parte dos problemas
Tratai vossos filhos com respeito que hoje afligem filhos e pais.
e bondade — exatamente como na
presença de visitas. Afinal, eles são Dizia o Presidente McKay: “ O lar.
mais im portantes que quaisquer visi­ é o melhor e mais eficiente local pa­
tas. Ensinai-lhes a nunca falarem ra as crianças aprenderem as lições
mal dos familiares diante de outros. da vida: verdade, honra, virtude,
Sede leais entre vós. autodom ínio; o valor da educação,
Incuti-lhes o desejo de servir ao do trabalho honesto e o propósito e
próximo. Ensinai-lhes a terem con­ privilégio da vida. Nada pode preen­
sideração para com os idosos, doen­ cher a posição do lar na criação e
tes e pessoas sós. Ajudai-os, desde ensino dos filhos, e nenhum outro
cedo, a fazerem planos para uma sucesso pode compensar o fracasso
missão, a fim de poderem abençoar no la r.” (A Liahona, maio de 1971,
os que não conhecem ainda o evan­ P- 22.)
gelho. Percebeis agora por que Satanás
Guardai-vos da tentação de bus­ quer destruir o lar, fazendo a mãe
car coisas materiais; da constante deixar os filhos ao cuidado de ou­
m ania de querer parecer mais jovens tras pessoas? E ele está tendo suces­
e m undanas; de limitar o tam anho so em muitos lares.
de vossa família, desde que não po­ Protegei vossa família desse peri­
nha em perigo a saúde da mãe e do go, da mesma form a que instintiva­
filho; e do egoísmo pessoal que vos mente a protegereis de danos físicos.
privará do prazer de ajudar vossos
Tomai como objetivo, familiar,
semelhantes. Todos esses problemas
junto com vosso cônjuge, estarem
contribuem para a ingratidão, incle­
algum dia todos reunidos no reino
mência e instabilidade emocional.
celestial. Procurai fazer de vosso lar
Apoiai, incentivai e fortalecei um pedacinho do céu na terra, para
vosso marido em suas responsabili­ que, quando esta vida term inar,
dades de patriarca do lar. Vós sois a possais dizer:

FEVEREIRO DE 1982 197


Estamos todos aqui!
Pai, mãe, irmã, irmão
VAI MUDAR-SE?
Todos os que se querem bem. Informe-nos... antes
Não fa lta ninguém —
Estamos todos em casa...
Não deixe de receber sua revista mensal da
Estamos todos - todos aqui. Igreja quando se mudar.
(Charles Sprague, The Writings Para ter certeza de não perder nenhum nú­
o f Charles Sprague, New York: mero de A Liahona, é necessário que nos
Charles S. Francis, 1841, p. 73.) informe dois (2) meses antes, para que a re­
messa da revista não seja interrompida.
Reconheço agradecido a devoção,
otimismo, fé e lealdade de minha
com panheira eterna, Flora. Ela tem Para mudar seu endereço
sido um a constante fonte de discer­
nimento e inspiração para a família. I. Preencha as informações no espaço
Com sua boa índole, fino senso de apropriado.
hum or e interesse por meu trabalho,
tornou-se um a com panheira agradá­ Nome
vel, e sua ilimitada paciência e inteli­
gente discernimento fizeram dela Antigo endereço
um a devotada mãe. Perdendo-se
prazerosam ente no serviço ao m ari­
Bairro Cidade Estado
do e filho, tem dem ostrado corajosa
determinação de magnificar o que
sabe ser seu divino e glorioso cha­ CEP
mado — ser valorosa esposa e mãe.
Contem plando-vos esta noite,
sinto-me induzido a dizer: “ Que es­ 2. Escreva com clareza seu novo endereço
píritos escolhidos deveis ser, para aqui. Obrigado!
serdes escolhidas como esposas e
mães em Sião nesta hora crítica!” Nome
Sois membros da única verdadeira
Igreja de Jesus Cristo na terra, e por Novo endereço
meio de vossa fidelidade para com
vosso com panheiro, podereis vir a
Bairro Cidade Estado
ser herdeiras da vida eterna no reino
celestial. Esta é a vossa garantia!
CEP
Testifico-vos, queridas irmãs, da
veracidade e natureza eterna de vos­
so honroso lugar como mulher. NOTA: Se preferir não usar este formulá­
rio, dê-nos a informação solicitada
Que Deus vos abençoe e coroe to­
numa folha separada.
das com alegria e felicidade nesta vi­
da e por toda a eternidade. Em no­
me de Jesus Cristo. Amém. Envie para —
Caixa Postal, 26023
01000 — São Paulo — SP
198 A LiAH O N A
FEVEREIRO DE 1982 199
200 A LIAHONA

Você também pode gostar