LHN 1982.02
LHN 1982.02
LHN 1982.02
(a p artir da esquerda) Presidente N . E ld o n T an n e r, p rim e iro conselh eiro ; Presidente Spencer W . K im b a ll;
Presidente M a r io n G .R o m n e y , segun do co nselheiro ; e Presidente G o r d o n B. H in c k le y , co nselheiro .
Relatório da
151.a Conferência Geral Semi-anual
de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias
Sermões e procedimentos dos
dias 3 e 4 de outubro de
1981, no Tabernáculo da
Praça do Templo, Cidade do
Lago Salgado, Utah.
SUBSCRIÇÕES: Toda a correspondência sobre assinaturas deverá ser endereçada ao Departamento de Assinaturas, Caixa Postal 26023,
São Paulo, SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: C r i 200,00 para o exterior, simples: USJ 5,00; aérea: USJ 10,00. Preço de exem
plar avulso en nossa agência: C r t 20,00. As mudanças de endereço devem ser comunicadas indicando-se o antigo e o novo endereço.
A LIA H O N A — © 1977 pela Corporação da Presidência de A Igreja de Jesus C risto dos Santos dos Últimos Dias. Todos os direitos reserva
dos. Edição Brasileira d o «International Magazine» de A Igreja de Jesus C risto dos Santos dos Últimos D ias, acha-se registrada sob o número
93 do Livro B, n? 1, de M atrículas e Oficinas Impressoras de Jornais e Periódicos, conform e o Decreto n? 4857 de 9-11-1930. «International
M agazine» é publicado, sob outros títulos, tam bém em alem ão, chinês, coreano, dinam arquês, espanhol, finlandês, francês, holandês, in
glês, italiano, japonês, norueguês, sam oano, sueco e tonganês. C om posta e impressa por Bandeirante S.A . G ráfica e Editora, Rua Joaquim
Nabuco, 351 - Fone 4523444 - São Bernardo do Cam po - S.P. Devido à orientação seguida por esta revista, reservamo-nos o direito de pu
blicar somente os artigos solicitados pela redação. Não obstante, serão bem-vindas as colaborações para apreciação d a redação e da equipe
internacional do «International M agazine». Colaborações espontâneas e matérias dos correspondentes estarão sujeitas a adaptações edito
riais. Redação e Adm inistração, Av. P ro f. Francisco M orato, 2.430.
FO TO G R A FIA S D ESTE N Ú M ERO : As fotografias sào dos Serviços Fotográficos do D epartam ento de Com unicações Públi
cas: Eldon K. Linschoten, fotógrafo-chefe; Jed A. C lark e Jon T. Lockwood, retratando neste núm ero numerosas atividades ge
nealógicas bem com cenas da conferência.
2 A LIAHONA
FEVEREIRO de 1982 — PBMA0449PO
liin i„ B
INDICE
SÃO PAULO - BRASIL
4 SESSÃO DO SACERDÓCIO
O Sacerdócio Aarônico, Élder Boyd K. Packer........................................................................54
M in isté rio do Portador do S acerdócio Aarônico, Bispo H. Burke P eterson................... 62
“ Se Estiverdes Preparados, Não Tem ereis” , Élder L. Tom Perry.......................................67
Q uatro “ D icas” para Rapazes, Presidente Gordon B. Hinckley...........................................72
A Perfeita Lei da Liberdade, Presidente Marion G. Romney.................................................78
7 SESSÃO DE BEM-ESTAR
O Am or Vai Além da Conveniência, Bispo J. Richard Clarke............................................. 141
Um Lugar Seguro para o Casam ento e a Fam ília, Barbara B. Smith ........................... 148
Ser Feliz Servindo ao Próxim o, JoAnn Randall.....................................................................153
Fortalecer-se Servindo, Nyle R andall...................................................................................... 155
Dar com Sabedoria para Òue Possam Receber com Dignidade, Élder Marvin J.
Ashton...............................................................................................................................................159
Princípios A tivos de Bem-Estar, Presidente Marion G. Romney....................................... 165
FEVEREIRO DE 1982 3
8 REUNIÃO GERAL DA SOCIEDADE DE SOCORRO (26 de setembro de 1982)
“ A Caridade Nunca F alha” , Presidente Gordon B. H in ckle y.........................................175
A Sociedade de Socorro em Épocas de Transição, Barbara B. Smith....................... 179
Uma O portunidade de Aprendizagem C onstante, Shirley W. Thomas....................... 185
A Sociedade de Socorro no Bem-Estar, Marian R. B o y e r.............................................188
O Lugar Honroso da Mulher, Presidente Ezra Taft B enson........................................... 191
4 A LIAH O N A
Sessão Matutina de Sábado -
3 de outubro de 1981
Apoio dos
Oficiais
da Igreja
Presidente Gordon B. Hinckley
Conselheiro na Prim eira Presidência.
S generosa efusão de am or do
que a expressa pelo Presidente
Kimball, nosso profeta. Unidos, co
trocentas ou quinhentas, possibili
tando que grande parte dos mem
bros da Igreja nos Estados Unidos
mo povo de um só coração e voz, assistam às conferências gerais nes
damos graças ao Senhor por suas ses centros de estaca, ou então em
bênçãos e oramos pela plena recupe casa, pelo rádio, televisão ou cabo.
ração do Presidente Kimball. Tendo em vista o crescimento da
Oramos igualmente pelos élderes Igreja, jam ais conseguiríamos edifi
G. Hom er Durham e Theodore M. car um auditório suficientemente es
Burton que estão hospitalizados, e paçoso para acom odar todos os
reconhecemos a ausência do Élder membros desejosos de participar
Burton Howard, atualm ente presi das conferências num só lugar.
dindo a missão no Uruguai. Tam pouco o permitiriam as sempre
Meus irmãos e irmãs, gratos por crescentes despesas de viagem. A
vosso dedicado serviço em prol dos ciência forneceu-nos um meio mais
filhos de nosso Pai, seja onde for. viável. Confiamos que, à medida
Agradecemos vosso esforço para que se expande a obra do Senhor,
aqui comparecer. Oro que am anhã, ele inspirará aos homens meios que
quando nos separarmos, todos sinta permitam à congregação da Igreja
mos que fomos alimentados com o ser aconselhada de m aneira pessoal
pão da vida. Faço a mesma prece e íntima por seu profeta eleito, este
pelos que ouvem as transmissões jam onde estiverem. A comunicação
desta conferência. é o nervo que liga a grande família
Gostaria de externar nosso apreço da Igreja. Com os meios de com uni
pelos que nos dão acesso aos meios cação disponíveis e mais os que se
A LIAHONA
vislumbram no horizonte, seremos de viajar pela República Popular da
capazes de conversar uns com os ou C hina e pelos países do leste euro
tros, segundo as necessidades e con peu, inclusive a Rússia. Meu cora
dições do momento. ção enterneceu-se com o calor da
Espero que me perdoeis falar-vos boa gente em toda parte por onde
de coisas pessoais por alguns minu andei. Todos são filhos do nosso
tos. Foi na conferência de outubro, Pai Celeste. É verdade que existem
vinte anos atrás, que fui apoiado co imensas diferenças políticas e ideo
mo membro do Conselho dos Doze lógicas, mas, no fundo, as pessoas
Apóstolos, dépois de haver servido são idênticas. Todos são filhos e fi
durante dois anos e meio como as lhas de Deus, tendo no coração basi
sistente dos Doze. Esses anos todos camente os mesmos anseios. Os ma
foram momentosos, durante os ridos am am sua esposa, as esposas o
quais quatro grandes e inspirados lí m arido. Os pais am am os filhos, e
deres presidiram a Igreja — David os filhos os pais. As mentes reagem
O. McKay, Joseph Fielding Smith, às mesmas verdades, se tiverem
Harold B. Lee e Spencer W. Kim- oportunidade de ouvi-las. Falando
ball. Anos em que a Igreja se expan do povo em geral, ele deseja paz,
diu extraordinariam ente pelo m un nâo guerra; deseja fraternidade, não
do inteiro; anos em que milhões de conflitos; deseja a verdade, não pro
membros foram acrescentados; paganda. A nós cabe a grande e im
anos, tam bém , em que vozes fortes periosa responsabilidade de pregar o
se levantaram contra nós. Fomos evangelho eterno aos povos da ter
criticados, mas essas críticas de mo ra. M uitas portas continuam fecha
do algum prejudicaram o progresso das para nós, mas estou convencido
da obra. Pelo contrário, fizeram de que o Senhor as abrirá no devido
muitos se levantarem em nossa defe tem po, desde que busquemos e ore
sa e apoio, e em alguns casos fize mos constantem ente por essa aber
ram nosso núm ero crescer. tura e estejamos preparados para
Para mim, pessoalmente, foram dela tirar proveito. Não conheço es
anos de desafio, repletos de preocu pecificamente a program ação da
pantes responsabilidades e experiên obra do Senhor, mas sei que deve
cias recompensadoras. Tive oportu mos ocupar-nos zelosamene nela.
nidade de encontrar-m e com santos Durante os mais de vinte anos que
pelo m undo afora. Estive em vossos sirvo como autoridade geral, tenho
lares em muitas partes do m undo, e observado de um a form a muito pes
quero agradecer-vos por vossa bon soal e íntim a a portentosa expansão
dade e hospitalidade. Tenho estado e o fortalecim ento da obra em al
em vossas reuniões e ouvido vossas guns dos grandes países da Ásia.
declarações de fé e testemunho. Atualm ente contam os com bem
Chorei com alguns de vós e mais de cem mil membros, com for
regozijei-me com as realizações de tes alas e estacas em terras em que
muitos. M inha fé aprofundou-se, há vinte e cinco anos atrás mal so
meu conhecimento cresceu, meu nhávamos entrar. O Senhor, agindo
am or aos filhos de nosso Pai au à sua misteriosa m aneira, destravou
mentou onde quer que fosse. essas portas e tocou o coração do
Recentemente tive oportunidade povo. O mesmo processo está acon
FEVEREIRO DE 1982 7
tecendo hoje em outros países. Es certeza é inimiga da religião.” Estas
tou convencido disso, ainda que o palavras induziram-me a profundas
progresso seja aparentem ente quase reflexões. Certeza, que defino como
imperceptível. completa e total segurança, não é
Rem ontando a esses vinte anos, inimiga da religião, mas sua própria
sou grato pelo grande desenvolvi essência. Certeza é convicção. É o
mento da obra do Senhor. poder da fé que se aproxim a do co
Agora, recebi uma nova designa nhecimento — sim, que até se torna
ção. Aprecio a confiança do Presi conhecimento. Ela evoca entusias
dente Kimball e dos presidentes mo e não existe coisa melhor que o
Tanner e Romney, bem como dos entusiasmo para vencer oposição,
meus irmãos do Quorum dos Doze, preconceito e indiferença.
Setenta e Bispado Presidente. Meu Jam ais se construíram grandes
único desejo é servir lealmente onde edifícios sobre fundam entos incer
quer que sou cham ado. Agradeço tos. Grandes causas nunca tiveram
aos muitos irmãos pelas gentis e ge sucesso com líderes vacilantes. O
nerosas expressões concernentes ao evangelho exposto sem certeza ja
meu novo chamado. Este cham ado mais convenceu alguém. A fé, que é
sagrado tornou-m e cônscio de mi a própria essência da convicção pes
nhas fraquezas. Se tiver ofendido al soal, sempre foi e sempre terá de ser
guém em qualquer ocasião, peço a raiz de toda prática e empenho re
desculpas e espero que me perdoe. ligioso.
Seja um encargo breve ou longo, Não havia incerteza algum a na
prom eto meus melhores esforços mente de Pedro quando o Senhor
dados com am or e fé. lhe perguntou: “ E vós, quem dizeis
Faço um apelo para que haja que eu sou?
compreensão entre nosso povo, to “ E Simão Pedro, respondendo,
lerância de um para com outro, e disse: Tu és o Cristo, o Filho de
perdão. Todos nós temos muito o Deus vivo.” (Mat. 16:15-16.)
que fazer para desperdiçar nosso Tam pouco houve qualquer vestí
tempo e energias com críticas, cen gio de dúvida da parte de Pedro,
suras e ofensas ao próximo. O Se quando o Senhor, pregando à multi
nhor ordenou a este povo: “ ...em dão em C apernaum , afirm ou ser o
todas as tuas orações, em todas as pão da vida. Muitos discípulos, não
tuas exortações e em todas as tuas aceitando este ensinam ento, to rn a
ações, fortalece os teus irm ãos.” Es ram para trás e já não andavam com
te é o m andam ento inequívoco; se ele.
gue a maravilhosa promessa: “ E eis “ Então disse Jesus aos doze:
que eu estou contigo para sempre te Quereis vós também retirar-vos?
abençoar e te livrar.” (D&C 108:7-8.) “ Respondeu-lhe, pois, Simão Pe
Bem, se puder ser guiado pelo Es dro: Senhor, para quem iremos nós?
pírito, gostaria de tratar de um ou Tu tens palavras de vida eterna.
tro assunto. Há pouco tempo, nesta “ E nós temos crido e conhecido
cidade, falou um eminente jornalis que tu és o Cristo, o Filho de
ta do Leste. Eu não o ouvi falar, Deus.” (João 6:66-69.)
mas li a reportagem sobre o que dis Após a m orte do Salvador, teriam
se. É citado como tendo dito: “ A seus apóstolos perseverado, ensi-
8 A LIAH O N A
nando sua doutrina e até mesmo testem unho pessoal aliado à ação.
dando a vida nas mais penosas cir Esta dispensação evangélica, da
cunstâncias, se houvesse neles algu qual somos beneficiários, iniciou-se
ma dúvida com respeito a quem re com a gloriosa visão em que o Pai e
presentavam e a doutrina de quem o Filho se m ostraram ao jovem Jo-
estavam pregando? Não houve falta seph Smith. Tendo tido tal experiên
de certeza da parte de Paulo, depois cia, o rapaz contou a um dos pre
de ter visto a luz e ouvido a voz na gadores de súa comunidade. Este
estrada de Damasco, a fim de perse tratou a comunicação “ com grande
guir os cristãos. Por mais de três dé desprezo, dizendo que tudo aquilo
cadas, depois disso, ele devotou o era obra do diabo, que não havia
tempo, as forças, a vida à difusão tais coisas como visões ou revela
do evangelho do Senhor ressurreto. ções nestes dias” . (Joseph Smith
Sem ligar para o conforto ou segu 2:21.) O utros fizeram coro com ele.
rança pessoal, ele viajou pelo m un Joseph tornou-se alvo de forte per
do conhecido da época, declarando seguição. Dizia ele, porém, notai
que “ nem a morte, nem a vida, nem bem suas palavras: “ Eu tinha real
os anjos, nem os principados, nem mente visto um a luz, e no meio da
as potestades, nem o presente, nem luz vi dois Personagens, e eles em
o porvir, nem a altura, nem a pro realidade falaram comigo; e ainda
fundidade, nem alguma outra cria que perseguido e odiado por dizer
tura nos poderá separar do am or de que eu tivera uma visão, entretanto
Deus, que está em Cristo Jesus, nos era a verdade; e enquanto eles me
so S enhor.” (Rom. 8:38-39.) perseguiam, injuriando-m e e dizen
Executado em Roma, Paulo selou do toda espécie de falsidades contra
com a m orte seu testemunho final mim, fui induzido a dizer em meu
da filiação divina de Jesus Cristo. coração: P or que me perseguem por
O mesmo se deu com os primeiros dizer a verdade? Tive realmente
cristãos que, aos milhares, suporta uma visão; e quem sou eu para
ram a prisão, torturas e morte para opor-me a Deus? Ou, por que pensa
não renegar sua declarada crença na o m undo fazer-me negar o que real
vida e ressurreição do Filho de mente vi? Porque havia visto uma
Deus. visão, eu o sabia, e compreendia que
Teria havido qualquer Reforma, Deus o sabia, e não podia negá-lo,
sem a certeza que impeliu à bravura nem ousaria fazê-lo.” (JS 2:25.)
os grandes vultos como Lutero, Não há qualquer falta de certeza
Huss, Zwinglio e outros semelhan nesta declaração. Para Joseph
tes? Smith, a experiência foi tão real co
Como foi em outros tempos, é mo o calor do sol ao meio-dia. Ele
também na era m oderna. Sem certe nunca esmoreceu ou vacilou em sua
za da parte dos crentes, qualquer convicção. Ouvi seu testemunho
causa religiosa perde o vigor, a for posterior do Senhor ressurreto:
ça propulsora para expandir sua in “ E agora, depois dos muitos tes
fluência e cativar o coração e afeto temunhos que se prestaram dele, es
de homens e mulheres. Pode-se ar te é o testem unho, último de todos,
gum entar sobre princípios teológi que nós damos dele: que ele vive!
cos, mas é impossível refutar um “ Pois vimo-lo, mesmo à direita
FEVEREIRO DE 1982 9
de Deus; e ouvimos a voz testifican terrados algures entre o Rio Missou-
do que ele é o Unigénito do Pai; ri e o Vale do Lago Salgado. O am or
“ Que por ele, por meio dele, e de à verdade valia-lhes mais que a pró
le, são e foram os mundos criados, e pria vida.
os seus habitantes são filhos e filhas E assim tem sido desde aí. Anotei
gerados para D eus.” (D&C 76: 22- estas belas palavras, quando o Pre
24.) sidente David O. McKay as proferiu
Tão certo estava ele da causa que alguns anos atrás: 1
defendia, tão seguro do seu cham a “ Tão absoluta quanto a certeza
do divino, que os colocou acima da que tendes em vosso coração de que
própria vida. Com presciência de sua esta noite será seguida pelo alvore
morte iminente, rendeu-se aos que o cer do am anhã, ê a minha convicção
entregariam indefeso nas mãos do de que Jesus Cristo ê o Salvador da
populacho. Ele selou seu testemu hum anidade, a luz que dispersará as
nho com o próprio sangue. trevas do m undo, através do evan
E assim foi com seus seguidores. gelho restaurado por revelação dire
A gente não encontra nenhuma evi ta ao Profeta Joseph Sm ith.”
dência, sequer um resquício de que a Nosso querido Presidente Spencer
certeza era inimiga da religião na vi W. Kimball declarou: “ Sei que Je
da e atos deles. Vez após vez deixa sus Cristo é o Filho de Deus vivo e
ram casas confortáveis, primeiro em que foi crucificado pelos pecados do
Nova York, depois no Ohio e Mis- mundo.
souri, mais tarde em Illinois; e mes “ Ele é meu amigo, meu Salvador,
mo depois de chegarem a este vale, meu Senhor, meu Deus.” (A Liaho-
muitos deles partiram mais uma vez, na, abril de 1979, p. 120.)
para estabelecer colônias num a gran Foi este tipo de certeza que levou
de área do oeste dos Estados Uni avante esta Igreja em face à perse
dos. Por que? Porque tinham fé na guição, ridículo, sacrifício material
causa de que faziam parte. e afastam ento dos entes queridos
Muitos m orreram nessas longas e para levar a mensagem do evange
penosas jornadas, vítimas de doen lho a terras distantes. Essa convic
ças, intempéries e brutais ataques ção nos motiva hoje como tem feito
dos inimigos. Uns seis mil foram en desde o início da obra. A fé contida
em milhões de corações de que esta Espírito Santo, a convicção, o teste
causa é verdadeira, que Deus é o munho, um conhecimento incontes
nosso Pai Eterno e que Jesus é o tável.
Cristo, deve ser a grande e constante Tantas pessoas do m undo pare
força m otivadora em nossa vida. cem incapazes de crer. Elas não se
Atualm ente temos perto de trinta dão conta de que as coisas de Deus
mil missionários no campo, ao custo se compreendem somente pelo Espí
de milhões para seus familiares. Por rito de Deus. Isto exige empenho;
que o fazem? Por causa de sua con exige humildade; exige preces. Os
vicção da veracidade desta obra. O resultados, porém, são certos, e o
número de membros da Igreja se testem unho seguro.
aproxima dos cinco milhões. Qual a Se nosso povo, como indivíduos,
razão desse crescimento fenomenal? algum dia perder essa certeza, a
É a certeza que chega ao coração de Igreja se estiolará como tantas ou
centenas de conversos todos os tras. Confio em que nossa sempre
anos, conversos que são tocados pe crescente congregação sempre bus
lo poder do Espírito Santo. Temos cará e encontrará essa convicção
em funcionam ento um eficiente pro pessoal que chamamos de testemu
grama de bem-estar. Os que o co nho, vinda pelo poder do Espírito
nhecem, maravilham-se com ele. Ele Santo, e que é capaz de resistir aos
funciona somente devido à fé da ventos da adversidade.
queles que dele participam. P ara aqueles que vacilam, que
Com o crescimento da Igreja, so evitam comprometer-se, que qualifi
mos obrigados a construir novas ca cam suas assertivas dubiam ente ao
pelas, centenas delas. Elas são<dis- falar das coisas de Deus, servem es
pendiosas. Mas as pessoas contri tas palavras do Apocalipse:
buem não só para isso, como pagam “ Eu sei as tuas obras, que nem és
regular e fielmente seus dízimos, por frio nem quente: oxalá foras frio ou
causa da certeza da veracidade desta quente!
obra. “ Assim, porque és m orno, e não
O mais maravilhoso é que qual és frio nem quente, vomitar-te-ei da
quer pessoa que deseja saber a ver minha boca.” (Apo. 3:15-16.)
dade pode adquirir essa convicção. Meus irmãos e irmãs, ao iniciar
O próprio Senhor deu a fórmula, mos esta grande conferência, não só
quando disse: “ Se alguém quiser fa invoco as bênçãos do Senhor sobre
zer a vontade dele, pela mesma dou vós, como com certeza presto-vos
trina conhecerá se ela é de Deus, ou testem unho da verdade. Eu sei que
se eu falo de mim m esm o.” (João Deus, nosso Pai Eterno, vive. Sei
7:17.) disso. Sei que Jesus é o Cristo, o
É preciso estudar a palavra de Salvador e Redentor da hum anida
Deus. Exige oração e busca ansiosa de, o autor da salvação. Sei que esta
da fonte de toda a verdade. Exige a obra da qual somos parte é a obra
vivência do evangelho, como que de Deus; que esta é a Igreja de Jesus
um a experiência seguindo os ensina Cristo. Grande ê nossa oportunida
mentos. Não hesito em prom eter, de de nela servir, e forte e certa nos
porque sei, por experiência pessoal, sa fé concernente a ele. Em nome de
que disso tudo advirá, pelo poder do Jesus Cristo. Amém.
FEVEREIRO DE 1982 11
m unhb que Jesus Cristo é o único
“ Ó, Divino nome debaixo dos céus pelo qual
nos podemos salvar! (Vide D&C
Redentor” 18:23.)
Testifico que ele é absolutam ente
incomparável no que é, no que sabe,
no que realizou e no que viveu. Ain
da assim, nos cham a gentilmente de
amigos. (Vide João 15:15.)
Nele podemos confiar, cultuá-lo e
mesmo adorá-lo sem quaisquer * -
servas! Com o única Pessoa Perfeita
Élder Neal A . Maxwell a viver neste planeta, não existe nin
do Q uorum dos Doze Apóstolos guém igual a ele! (Vide Isaías 46:9.)
Em inteligência e desempenho,
“ Testifico que ele é absolutamente ele ultrapassa de longe a capacidade
incomparável no que é, no que individual e com binada, e as realiza
sabe, no que realizou e no que ções de todos os que já viveram, vi
viveu. ” vem agora e ainda hão de viver! (Vi
de A brão 3:19.)
eus irmãos e irmãs: externo Ele se regozija em nossa genuína
FEVEREIRO DE 1982 13
27:35.) Ainda assim, a própria terra galática entrevistou dem oradam ente
era seu escabelo! Jesus deu ao ho seus doze discípulos, “ um a um ” ,
mem água viva para que nunca mais (3 Néfi 28:1) e mais tarde chamou
sentisse sede, mas na cruz lhe de um jovem camponês no interior de
ram vinagre! (Vide João 4: 10-19; Nova York.
M at. 27:48.) Não nos convidou ele a contem
Podem os dissertar sobre liberda plar suas obras cósmicas no céu, pa
de, quando é ele quem nos liberta de ra que vejamos “ Deus obrando em
nossos piores inimigos — o pecado e sua m ajestade e poder” ? (D&C
a morte? 88.47) C ontudo, não o vemos tam
Podem os que reverenciam a liber bém “ obrando em sua majestade e
dade hum ana, mas reclamam do so poder” , quando cada filho pródigo
frim ento hum ano, jam ais chegar à finalmente completa sua órbita de
genuína reconciliação, a não ser volta ao lar?
através do seu evangelho? Em bora suas criações sejam tan
Podem os preocupados em ali tas, que não possam ser com putadas
m entar os pobres aconselhá-lo a res pelo homem de hoje, Jesus não afir
peito de saciar a fome de multidões? mou estarem contados todos os fios
Podem os entendidos em medici de cabelo de nossa cabeça? (Vide
na ensinar-lhe como curar os enfer Mat. 10:30; Moisés 1:35-38.)
mos? O Cristo ressurreto não se mos
Ou podemos ensinar algo novo ao trou a Paulo, na prisão, dando-lhe
Expiador sobre o acicate da ingrati ânimo e cham ando-o para sua mis
dão, quando nosso serviço passa são em Roma? (Vide Atos 23:11.)
despercebido? Somente um dos dez Da mesma form a, Jesus está ao lado
leprosos agradeceu a Jesus, que in de todos os justos em suas tribula
dagou: “ E onde estão os (outros) ções pessoais.
nove?” (Lucas 17:17.) O bom e verdadeiro Pastor não
Ou deveriam os interessados em desdenhou o repouso após sua glo
prolongar a vida oferecer esclareci riosa, porém terrível expiação, a fim
mentos ao Ressuscitador de toda de estabelecer sua obra entre as ove
humanidade? lhas perdidas e desobedientes dos
Podem os cientistas, cuja discipli dias de Noé? (Vide 1 Pedro 3:18-20.)
na provê a descoberta dos entreteci- A seguir, não visitou outras ovelhas
mentos na tapeçaria da verdade, ins suas nas Américas? (Vide João
truir O Tapeceiro? 10:16; 3 Néfi 15:17,21.) E outras
Podemos aconselhá-lo com res mais? (Vide 3 Néfi 16:1-3.) Acaso
peito à coragem? Ou ir correndo podemos falar-lhe de conscienciosi-
m ostrar nossas medalhas ganhas em dade?
batalha — nossas feridas e contu Na verdade, não podemos ensi
sões — ao P ortador de cinco cicatri nar-lhe coisa alguma! Mas podemos
zes muito significativas? dar-lhe ouvido. Podemos amá-lo,
Porventura não é sua “ palavra de honrá-lo, adorá-lo! Podemos guar
poder” que faz surgir novos m un dar seus m andam entos e fartar-nos
dos e determ inar a extinção de ou com suas escrituras! Sim, nós que
tros? (Vide Moisés 1:35-38.) Não somos tão esquecidos e até mesmo
obstante, em meio a essa governança rebeldes, nunca somos esquecidos
14 A LIAHONA
por ele! Nós som os sua “ o b ra” e ção em Palmyra! Tudo como rejei
sua “ glória” , e ele jam ais se deixa ção numa aldeia cham ada Caper-
distrair! (Vide Moisés 1:39.) naum, sem ligar para sua aceitação
Por isso, além de minha ilimitada na Cidade de Enoque! Toda reinci
adm iração por seus feitos e minha dência na antiga Israel, relegando a
adoração pelo que ele é — sabendo terra de Abundância com seus sécu
que meus superlativos são débeis de los de justiça!
mais para fazer mais que ecoar sua Jesus Cristo é o Jeová do Mar
excelência — como um a de suas tes Vermelho e Sinai, o Senhor Ressur-
temunhas especiais na plenitude dos reto, o porta-voz do Pai na aparição
tempos, testifico da plenitude do seu de Palm yra — espetáculo divino pa
ministério! ra um único precioso espectador
Como ousam alguns tratar seu (Referência à representação ao ar li
ministério como simples bem-aven- vre realizada anualm ente no Monte
turança, sem nenhum a instrução? Cum ora. N. do T.)
Quão míope é considerar seu minis Ele vive hoje, concedendo miseri
tério só como crucificação e nenhu cordiosamente a todas as nações a
ma ressurreição! Quão tacanho medida de luz que conseguem su
encará-lo unicamente como a tragé portar, e mensageiros próprios para
dia do Calvário e olvidar a restaura- ensiná-las. (Vide Alma 29:8.) E
quem melhor que a Luz do M undo
pode decidir o grau de revelação di
vina — se apenas a luz de um farole-
te ou holofote?
Logo, entretanto, toda carne há
de vê-lo. Todos os joelhos dobrar-
se-âo em sua presença, e todas as
línguas confessarão o seu nome. (Vi
de D&C 76:110-11; Filip. 2:10-11.)
Joelhos que nunca antes assumiram
essa postura para esse propósito, fá-
lo-ão — e prontam ente. Línguas
que nunca antes pronunciaram seu
nome, exceto para profaná-lo, di-lo-
ão — e, reverentemente.
Logo, ele que foi envolto escarne-
cedoram ente em púrpura, voltará
trajando vestes escarlates, recordan-
do-nos o sangue de quem nos redi
miu. (Vide D&C 133:48-49.)
Todos aí reconhecerão a perfei
ção da sua justiça e sua misericórdia
(vide Alm a 12:15), e verão que a
causadora de tanta torm enta foi a
indiferença hum ana para com Deus ,
Elder Neal A. Maxweel, mais recente m em bro do — não a indiferença deste para com
Q uorum dos Doze o homem.
FEVEREIRO DE 1982 15
E ntão veremos a verdadeira histó Assim, quando os postigos* da his
ria da hum anidade — não obscure tória hum ana se fecham na iminên
cida por espelho em baçado. (Vide 1 cia de uma tempestade, e os aconte
Cor. 13:12.) E ntão as grandes bata cimentos se precipitam como folhas
lhas militares nos parecerão meros soltas ao vento forte — os que se
fogos passageiros, e os anais da ex encontram abrigados na luz e calor
periência m ortal do homem não do evangelho podem permitir-se um
passarão de garatujas nos muros do estremecimento d ’alm a. Não obs
tempo. tante, em nosso círculo de certeza
Antes dessa hora do juízo final, sabemos, mesmo em meio a todas
entretanto, vosso ministério como o estas coisas, que os propósitos de
meu se desvendarão nas dolorosas, Deus não serão frustrados. Deus
mas também gloriosas condições “ tudo sabe, desde o começo. P or
dos últimos dias. tanto, ele prepara o caminho pelo
Sim, haverá uma violenta polari qual devem ser cumpridas todas as
zação neste planeta, mas tam bém a suas obras entre os filhos dos ho
extraordinária reunião com nossos m ens” . (1 Néfi 9:6.)
companheiros em Cristo da Cidade P or isso, humildemente prom eto
de Enoque. Sim, nação após nação ir para onde quer que eu for m anda
tornar-se-á um a casa dividida, en do, em penhado em falar as pajavras
quanto mais e mais Casas do Senhor
unificadoras adornarão este plane
ta. Sim, Arm agedon está para vir, ‘ Pequena porta; abertura quadrangular em
como também Adam-ondi-Ahm an! porta ou janela para se observar sem as abrir.
N. do T.
E nquanto isso, Jesus não nos ad
vertiu do que devemos esperar? Não
disse também que poria nossa fé e
paciência à prova com tribulações?
Não nos forneceu a necessária pro
porção, ao falar dos com parativa
mente poucos que encontrariam o
caminho apertado para a porta es
treita? (Vide M at. 7:13-14.) Não fa
lou também que seus santos, disper
sos por toda a face da terra, seriam
“ arm ados com a justiça e o poder
de Deus” em meio às abominações,
iniqüidade e perseguições, pois esta
va decidido a ter “ um povo puro” ?
(1 Nêfi 14:12-14: D&C 100:16.)
Sua obra prossegue quase como,
com parativam ente, na calma do
centro do furacão. Primeiro ele rei
na no meio de seus santos; logo, rei
nará no m undo inteiro! (Vide D&C
1:36, 133:2-3.)
16 A LIAHONA
que ele deseja que eu diga e reconhe
cendo nos estremecimentos de O Plano de
m inh’alma que não conseguirei ser
plenamente sua testem unha espe Felicidade e
cial, a menos que minha vida seja
plenamente especial. Termino com
Exaltação
súplicas do hino “ Ó Divino Reden
to r” , suplicas essas que faço mi
nhas:
Ó, Senhor, não me rejeites,
Recebe-me, ainda que
indigno...
Ouve meu clam or...
Vê, Senhor, m inh’aflição!... Richard G. Scott
M ostra-me tua do Prim eiro Q uorum dos Setenta
misericórdia,
na grande angústia m inha!... “Humildade é o solo precioso e
Escuda-me no perigo, fértil do caráter justo, germinado
atenta para m im !... das sementes do crescimento
, 0 , Divino R edentor!... pessoal. ”
Concede-me perdão e
olvida, osso filho possui um pequeno
0 , Senhor, olvida meus
pecados!...
Socorre-me, meu Salvador!
(Charles G ounod, New
N robô de brinquedo que sabe
andar e executar outras coisas
simples. Q uando cai, ele consegue,
com alguma dificuldade, levantar-
York: G. Schirmer, Ver Chicago se. Ele executa suas funções progra
14:12; tradução livre e madas mecanicamente. Todavia,
aproxim ada. N. do T.) não tem capacidade para crescer ou
No santo nome de Jesus Cristo. alterar seu rumo predeterminado.
Amém. Ele reage im ediatamente a qualquer
força externa e deixa de funcionar
quando sua corda acaba. Satanás
gostaria de que todos os filhos do
Pai Celeste fossem como esse robô.
Quão diferente é o plano do Se
nhor. Consideremos o nascimento
de um bebê — um espírito indepen
dente criado por Deus (vide Moisés
6:36) e am adurecido na preexistên
cia, abrigado num corpo de carne e
ossos. Um casal, pai e mãe, partici
pa com Deus nesse sagrado aconte
cimento. Esses pais am am , guiam e
inspiram a criança enquanto ela
cresce. Com o devido entendimento
FEVEREIRO DE 1982 17
e obediência aos ensinamentos do versidade produz força de caráter,
Salvador, a criança aprende “ pre forja a autoconfiança, gera respeito
ceito sobre preceito” (vide D&C próprio e assegura o sucesso em em
98:12) e, pela prática da verdade, é preendimentos justos.
convertida num filho ou filha de Aquele que exerce o livre arbítrio
Deus autoconfiante, afável e presti pela fé, cresce com os desafios, é pu
moso, com um potencial ilimitado rificado pelo sofrim ento e vive em
de progresso e realizações, cujo des paz. Em contraste, aquele que pro
tino, se for plenamente obediente, é cura freneticamente satisfazer seus
retornar à presença de Deus para apetites e desejos profanos é impe
participar de sua glória e sua obra lido para trágicos abismos em espi
sublime. Uma pessoa assim pode ter ral descendente. A tentação é a in
grande felicidade nesta vida, tam fluência m otivadora no exercício do
bém. livre arbítrio.
A vida m ortal é um campo de Alguns de nós, um a vez ou outra,
provas. Disse Deus: “ Faremos uma permitimos que as pressões da vida
terra onde estes possam morar; ou os falsos ensinamentos dos ho
“ E prová-los-emos com isto, para mens ofusquem nossa visão; mas,
ver se eles farão todas as coisas que quando enxergamos com clareza, a
O Senhor, seu Deus, lhes m andar.” diferença entre o plano de Deus e o
(Abr. 3:24-26.) de Satanás ê inconfundível. Satanás
Os campos de prova variam. Al gostaria de converter espíritos divi
guns nascem com limitações físicas; namente independentes em criaturas
outros vivem só ou não gozam de sujeitas a hábitos, restritas pelos
boa saúde. Alguns são atribulados apetites e escravizadas pelas trans
por problemas econômicos, falta de gressões. Ele jam ais desistiu de seu
bom exemplo paterno ou miríades de intento de escravizar e destruir.
outras coisas que desafiam nossa co Chega mesmo a querer persuadir-
ragem. Em bora grande parte dos so nos ao exercício indevido do divino
frimentos e dores por que passamos dom do livre arbítrio. P or meio de
seja resultado de nossa própria obs influências sutis, tentadoras, incen
tinação e desobediência, muitos tiva-nos a satisfazer o desejo de po
obstáculos que aparecem em nosso der e influência pessoal ou a sucum
caminho são utilizados pelo Criador bir aos apetites. Progressivamente
am oroso para nosso progresso pes sujeita os que seguem os impulsos
soal. carnais. A menos que se arrepen
Deus nunca tencionou que a vida dam , são efetivamente transform a
fosse fácil. É antes um período de dos em robôs, sem nenhum controle
prova e crescimento, entrelaçado de sobre seu destino eterno.
dificuldades, desafios e fardos. Nós Astuciosamente, ele confunde al
estamos imersos num mar de cons guns até que considerem Deus um
tantes pressões m undanas, capazes juiz duro, inclemente, ou um a dei
de destruir nossa felicidade. Toda dade distante, dedicada ao meticu
via, essas mesmas pressões, se en loso registro de nossos acertos e de
frentadas com destemor, fornecem sacertos. Deus não é nenhum dos
oportunidade de enorme crescimen dois, mas sim um Pai am oroso, pa
to e progresso pessoal. Vencer a ad ciente, compreensivo, profunda
is A LIAHONA
mente interessado em nosso bem- beleza e valor inestimável. No en
estar, em nossa felicidade e total tanto, pode ser destruído num m o
mente com prom etido com nosso mento pela transgressão. Quando
progresso eterno. protegido pelo autodom ínio, o cará
“ Porque Deus am ou o m undo de ter justo perdurará eternamente.
tal maneira, que deu seu Filho Uni
génito para que todo aquele que nele Precisamos cultivar a genuína hu
crê não pereça, mas tenha a vida mildade, não a habilidade de pare
eterna. cer humilde, mas o sagrado dom da
“ Porque Deus enviou seu Filho verdadeira humildade.
ao mundo, não para que condenasse Hum ildade é o solo precioso e fér
o mundo, mas para que o m undo til do caráter justo, germinado das
fosse salvo por ele.” (João 3:16-17.) sementes do crescimento pessoal.
Nossa felicidade na terra, bem co Q uando cultivadas pelo exercício da
mo nossa salvação eterna, requer fé, podadas pelo arrependim ento e
muitas decisões corretas, nenhuma fortalecidas pela obediência e boas
das quais é difícil de tom ar. Juntas, obras, essas sementes produzem o
elas forjam um caráter resistente às precioso fruto da espiritualidade.
influências desagregadoras que nos (Vide Alma 26:22.) Delas resultam a
rodeiam. Um caráter nobre é como inspiração e o poder divinos. Inspi
fina porcelana feita de escolhidas ração é conhecer a vontade do Se
matérias-primas, m oldada com fé, nhor. Poder é a capacidade de con
cuidadosam ente trabalhada por cretizar essa vontade inspirada. (Vi
consistentes atos de justiça e quei de D&C 43:15-16.) Esse poder vem
m ada na fornalha de experiências de Deus, quando tivermos feito “ tu
edificantes. É um objeto de grande do o que puderm os” . (2 Néfi 25:23.)
FEVEREIRO DE 1982 19
G ostaria de com partilhar convos
co estes pensamentos introspecti Tempo de
vos de uma pessoa que encontrou o
caminho da felicidade: “ Sou verda Conferência
deira e profundam ente am ado pelo
Senhor. Ele fará tudo o que eu lhe
permitir por minha felicidade. A
chave desse poder está em mim mes
mo. Enquanto outros aconselham,
sugerem, exortam e instam, o Se
nhor deu-me a responsabilidade e o
livre arbítrio para tom ar as decisões
básicas para minha felicidade e pro Élder Howard W .Hunter
gresso eternos. Q uando leio e pon do Q uorum dos Doze Apóstolos
dero as escrituras e, com profunda
fé, busco sinceramente a meu Pai “Convida a todos que venham a
em oração, um a profunda paz en ele e participem de sua bondade; e
volve meu ser. Com sincero arrepen nada nega aos que o procuram,
dimento e obediência aos m anda seja branco ou preto, escravo ou
mentos de Deus, aliados ao genuíno livre, hom ens ou m ulheres.” (2
interesse e serviço pelos outros, o Néfi 26:33.)
medo é afastado de meu coração.
Estou condicionado a receber e in esta época do ano, milhares
terpretar o auxílio divino destinado
a m arcar claramente meu caminho.
Nenhum amigo, bispo, presidente
N de pessoas de todos os cantos
do m undo chegam à Cidade
do Lago Salgado, conhecida tam
de estaca ou autoridade geral pode bém como a “ Encruzilhada do Oes
fazer isto para mim. E meu direito te” , para a conferência de A Igreja
divino fazê-lo sozinho. Aprendi a de Jesus Cristo dos Santos dos Últi
estar em paz e a ser feliz. Sei que te mos Dias. Muitos anos se passaram
rei uma vida com pensadora, produ desde que os colonizadores chega
tiva e com significado. ram em carroções cobertos a este va
Esta pessoa não é um robô escra le no topo das M ontanhas Rocho
vizado pela adversidade, nem nós sas. Já em sua época, a conferência
precisamos sê-lo, se usarmos sabia era um acontecimento im portante e
mente o livre arbítrio para seguir os continua sendo significativo na
ensinamentos do Salvador. atual, quando pessoas fiéis e dedica
Com todo am or de meu coração, das se reúnem a fim de renovar e
convido a todos que obtenham um fortalecer sua fé.
entendimento pleno do plano de fe O tempo de conferência é uma
licidade e exaltação providenciado ocasião de renovam ento espiritual
pelo Salvador. Testifico que é en em que se fortalece o conhecimento
contrado, em sua plenitude, em A e testemunho de que Deus vive e
Igreja de Jesus Cristo dos Santos abençoa os que lhe são fiéis. É o
dos Últimos Dias. Eu vos amo e pe tempo em que o conhecimento de
ço que busqueis essa plenitude, em que Jesus é o Cristo, o filho de Deus
nome de Jesus Cristo. Amém. vivo, é profundam ente incutido no
20 A LIAHONA
coração dos que estão decididos a inteiro que Jesus de Nasaré é o Sal
servi-lo e guardar seus m andam en vador da humanidade; que ele pa
tos. Na conferência, nossos líderes gou por nossos pecados com seu sa
transmitem-nos orientação inspira crifício expiatório; que ressuscitou
da para conduzir nossa vida — um da morte e vive hoje. Temos a res
tempo em que as almas são avivadas ponsabilidade de ajudar os povos do
e tomamos a, resolução de ser me m undo a entender a verdadeira na
lhores maridos e esposas, pais e tureza de nosso Pai Celeste — que
mães, filhos e filhas mais obedien é um Deus pessoal, pai am ante ao
tes, amigos e vizinhos mais bondo qual podemos dirigir-nos com nos
sos. sos problemas e preocupações.
Em meio ao espírito da conferên Nós aqui reunidos hoje temos
cia, somos invadidos por outro sen um conhecimento especial, único do
timento — um sentimento de pro evangelho do Salvador. O mais ex
funda gratidão por compreender traordinário para todos os que nos
mos o evangelho de Jesus Cristo vêm a conhecer é nossa declaração
conform e foi restaurado à terra nes ao m undo de que somos guiados por
ta dispensação. Encontram o-nos um profeta vivo de Deus — alguém
com pessoas de todo o m undo que que se comunica com o Senhor, é
têm o mesmo sentimento, e deseja
mos que homens e mulheres de toda
parte possam entender e encontrar a
alegria e paz provenientes do conhe
cimento de que todos somos filhos de
Deus e, portanto, irmãos — literal
mente, concretamente e de fato, in
dependente de raça, cor, língua ou
religião. Exam inando as escrituras,
encontramos:
“ E convida a todos para que ve
nham a ele e participem de sua bon
dade; e nada nega aos que o procu
ram, seja branco ou preto, escravo
ou livre, homens ou mulheres; e
lembra-se dos pagãos; e todos são
iguais perante D eus.” (2 Néfi
26:33.)
Participando da conferência, so
mos lembrados do sério compromis
so que temos para com nossos seme
lhantes, nossos irmãos e irmãs do
m undo inteiro. É o compromisso de
com eles com partilhar o dom que re
cebemos, o maior dom que pode
mos dar-lhes — a compreensão da
plenitude do evangelho. Temos o
compromisso de declarar ao mundo
FEVEREIRO DE 1982 21
por ele inspirado e dele recebe reve “ Mas nós não recebemos o espíri
lação. to do mundo, mas o Espírito que
Com o sabemos a veracidade des provém de Deus, para que pudésse
sas coisas? Porque Deus falou em mos conhecer o que nos é dado gra
nosso tempo, em nossos dias. Os tuitam ente por Deus.
céus se abriram ; Deus comunicou “ As quais também falamos, não
sua palavra ao homem; verdades com palavras de sabedoria hum ana,
eternas foram dadas ao m undo pelo mas com as que o Espírito Santo en
Pai de todos nós. Deus, o Pai, e Je sina, com parando as coisas espiri
sus Cristo, seu Filho, se m ostraram tuais com as espirituais.” (1 Cor.
e falaram com homens nesta dispen- 2:9-13.)
sação. De fato, o Senhor apareceu O conhecimento e a sabedoria da
em numerosas ocasiões. terra e tudo o que é tem poral são
Sabemos que nosso Pai Celeste por nós discernidos pelos sentidos
nos ama e se preocupa com nosso físicos de m aneira terrena, tem po
bem-estar espiritual e temporal. Sa ral. Tateam os, enxergamos, ouvi
bemos que seu Filho, Jesus Cristo, mos, cheiramos, aprendemos e sen
nosso Irmão M aior, providenciou timos o paladar. Todavia, o conhe
um meio de voltarm os à presença de cimento espiritual, como diz Paulo,
Deus; que nossa estada aqui na terra nos vem de uma form a espiritual de
tem um propósito divino; e que te sua fonte espiritual. Paulo prosse
mos a fazer um trabalho que é parte gue:
im portante de seu plano. Além dis “ Ora, o homem natural não com
so, conhecemos muitos detalhes des preende as coisas do Espírito de
se plano e temos recebido orienta Deus, porque lhe parecem loucura;
ções especificas sobre nossas res e não pode entendê-las, porque elas
ponsabilidades. se discernem espiritualm ente.” (1
Àqueles que ouvem nossa mensa Cor. 2:14.)
gem e se adm iram de como podemos Descobrimos e sabemos que a
pretender saber essas coisas, que tal única m aneira de adquirir conheci
vez pareçam a alguns ilógicas ou mento espiritual é dirigir-nos ao Pai
não comprovadas, respondemos com Celeste por meio do Espírito Santo
um a afirm ação de Paulo à igreja de em nome de Jesus Cristo. Q uando
Corinto: assim fazemos e estamos espiritual
“ As coisas que o olho não viu e o mente preparados, enxergamos coi
ouvido não ouviu, e não subiram ao sas que nossos olhos antes não
coração do homem, são as que Deus viam, e ouvimos coisas que talvez
preparou para os que o amam. Mas ainda não tenham os ouvido — “ as
Deus no-las revelou por seu Espíri coisas que Deus preparou para
to; porque o Espírito penetra todas nós” , citando as palavras de Paulo.
as coisas, ainda as profundezas de (1 Cor. 2:9.) Essas coisas discerni
Deus. mos através do Espírito.
“ Porque qual dos homens sabe as Cremos e testificamos ao m undo
coisas do homem, senão o espírito que a comunicação com nosso Pai
do homem que nele está? assim tam Celeste e o recebimento de orienta
bém ninguém sabe as coisas de ção do Senhor são possíveis hoje.
Deus, senão o Espírito de Deus. Testificamos que Deus fala ao ho
22 A LIAHONA
mem como fazia nos dias do Salva mos — diríamos como declarou um
dor e tempos do Velho Testam ento. profeta m oderno: “ Que nenhum
Gostaríamos de dizer ao mundo: homem trate essas coisas com le
“ Escutai e ponderai as palavras des viandade ou ceticismo; mas que to
ta conferência; considerai a orienta dos procurem sinceramente com
ção e conselhos dos que nela falam. preender a verdade e familiarizar
Após piedosa ponderação, a cálida seus filhos com as verdades celestes
convicção dada pelo Santo Espírito que foram restauradas à terra nestes
vos testificará sua veracidade.” últimos dias.” (Joseph F. Smith,
G ostaria de ler-vos as palavras do Doutrina do Evangelho, cap. I, p.
Senhor proferidas por intermédio de 5.)
um de seus profetas: “ Deus é mise E uma honra estar a serviço do
ricordioso para com todos os que Senhor, ser por ele comissionado a
acreditam em seu nome; portanto, declarar ao m undo que seu reino es
deseja em primeiro lugar que acredi tá aqui na terra, disponível a todos
teis, sim, em sua palavra... os dispostos a ouvir sua mensagem,
“ Mas, eis que, se despertardes e aceitar seu evangelho e seguir seus
exercitardes vossas faculdades, pon m andam entos. Sabemos que sua
do à prova minhas palavras, e exer obra irá avante, conform e disse o
cerdes um pouco de fé, sim, ainda Profeta Joseph Smith “ até que haja
mesmo que não tenhais mais que o penetrado cada continente, visitado
desejo de acreditar, fazei com que cada clima, varrido cada país e soa
esse desejo opere em vós, até acredi do em todos os ouvidos, até que os
tardes de tal forma, que possais dar propósitos de Deus estejam cumpri
lugar para uma porção de minhas dos e o G rande Jeová diga que a
palavras. obra está feita” . (History o f the
“ Com parem os, pois, a palavra a Church, 4:540.) Estas coisas eu tes
uma semente. Se derdes lugar em tifico em nome de Jesus Cristo.
vossos corações para que uma se Amém.
mente seja plantada, eis que, se for
uma semente verdadeira ou boa, e
não a rechaçardes por vossa incre
dulidade, resistindo ao Espírito do
Senhor, ela começará a germinar em
vosso peito; e quando lhe sentirdes
os efeitos, começareis a dizer a vós
mesmos: Deve realmente ser uma
boa semente, ou uma boa palavra,
porque começa a dilatar minha alma
e a iluminar meu entendimento;
sim, começa a ser-me deliciosa.”
(Alma 32:22, 27-28.)
A vós que buscais ou questionais
os grandes propósitos da vida — a
vós que imaginais por que estamos
aqui na terra e o que o Senhor quer
que façamos, enquanto aqui esta
FEVEREIRO DE 1982 23
teus, e tu mos deste, e guardaram a
“ Aquele Que Não tua palavra.
“ Agora já têm conhecido que tu
Nascer de N ovo...” do quanto me deste provêm de ti;
“ Porque lhes dei as palavras que
tu me deste; e eles a receberam, e
têm verdadeiramente conhecido que
saí de ti; e creram que me enviaste.
(João 17:1-2, 6-8.)
Recebendo a mensagem do Salva
dor e aceitando-o pelo que era e é,
os apóstolos obtiveram a vida eter
Presidente Marion G. Romney na.
Segundo conselheiro na Prim eira Presidência Esta certeza do “ único Deus ver
dadeiro e (de) Jesus C risto” (João
17:3) é o mais im portante conheci
“ Vós que fostes batizados, tendes mento do universo; sem ele, o ho
direito ao Espírito. Desejai-o. Orai mem não poderá ser salvo, diz o
por ele. Trabalhai p or ele e Deus Profeta Joseph Smith. A falta dele é
vo-lo dará. ” a ignorância mencionada na revela
ção que diz: “ É impossível ao ho
mem ser salvo em ignorância.”
o capítulo dezessete de João, (D&C 131:6.)
Élder Richard G. Scott, do Primeiro Q uorum dos Setenta, à direita, cum prim enta um visitante.
FEVEREIRO DE 1982 27
Sessão Vespertina de Sábado, 3 de verdejante Suíça, a fim de, atenden
Outubro de 1981. do ao chamado de irem para Sião,
fundarem as comunidades nas quais
Ele Ressuscitou agora “ repousam em paz” . Elas su
portaram as enchentes de prim ave
ra, secas de verão, colheitas paupér
rimas e labuta estafante. Deixaram
um legado de sacrifício.
Os grandes cemitérios e que, sob
muitos aspectos, evocam as maiores
emoções, são honrados como lugar
de descanso de homens m ortos no
caldeirão de conflitos conhecidos
Élder Thomas S. M onson como guerra, usando a farda de seu
do Q uorum dos Doze Apóstolos
país. Eles nos lembram sonhos des
“Este é o brado retumbante da feitos, esperanças baldadas, cora
cristandade. A realidade da ções despedaçados e vidas abrevia
ressurreição fornece a todos e a das pelo afiado alfanje da guerra.
cada um a paz que ultrapassa o Extensos campos de cruzes bran
entendimento. ” cas enfileiradas na França e na Bél
gica acentuam o terrível tributo da I
ão faz muito tempo, um visi Guerra M undial. Verdun, na F ran
N
Salgado?
tante indagou: — O que há ça, é — de fato — um gigantesco ce
para se ver na Cidade do Lago mitério. A rando os campos, na pri
mavera, os lavradores todos os anos
Instintivamente sugeri uma visita à encontram um capacete aqui, um
Praça do Templo, um passeio pelos cano de arm a ali — cruéis lembretes
desfiladeiros mais próximos, uma dos milhões de soldados que literal
olhadela na M ina de Cobre Bing- mente encharcaram aquele solo com
-ham e talvez um banho no Grande seu sangue.
Lago Salgado. O tem or de ser mal Um a excursão por Gettysburg, na
interpretado impediu-me de dizer: Pensilvânia, e outros campos de ba
— Já pensou em passar uma ou talha da G uerra Civil Americana,
duas horas num de nossos cemité m arca o conflito de irm ão contra ir
rios? mão. Muitas famílias perderam suas
Jam ais revelei a esse visitante que, fazendas e outros bens. Uma família
em viagens, sempre procuro visitar perdeu tudo. G ostaria de com parti
o cemitério da cidade, para uns mo lhar convosco a memorável carta
mentos de contemplação, de refle que o Presidente A braão Lincoln es
xão sobre o sentido da vida e da ine creveu à Sra. Lydia Bixby:
vitabilidade da morte. “ Prezada Senhora:
Recordo-me da preponderância “ Nos arquivos do Departam ento
de nomes suíços que adornam os ve de Guerra, mostraram -m e uma de
lhos túmulos no pequeno cemitério claração do general com andante de
da igualmente pequena cidade de M assachusetts de que a senhora é
Santa Clara, Utah. Muitas daquelas mãe de cinco filhos que tom baram
pessoas deixaram o lar e a família na gloriosamente no campo de batalha.
28 A LIAHONA
Percebo quão fracas e vãs devem ser deu-lhes seu desejo. No dia 14 de
quaisquer palavras minhas que ten novembro de 1942, o U.S.S. Juneau,
tem distraí-la da dor de tão grande cruzador no qual serviam os irmãos,
perda. Não consigo, porém, refrear- foi atingido e afundado na batalha
me de oferecer-lhe o consolo que ao largo de Guadalcanal, nas Ilhas
talvez encontre na gratidão da repú Salomão.
blica por cuja salvação morreram . Passaram-se quase dois meses até
Oro ao nosso Pai Celeste que atenue que a Sra. Sullivan foi notificada,
a angústia de sua aflição, deixando- não pelo costumeiro telegrama, mas
lhe somente a memória daqueles a por um enviado especial. Seus cinco
quem amou e perdeu, e o solene or filhos haviam sido considerados de
gulho que deve sentir por ter feito saparecidos em ação no Pacífico Sul
um sacrifício tão grande no altar da e dados por mortos. Seus corpos ja
liberdade. mais foram recuperados.
“ Sinceramente e respeitosamente, Uma única sentença, proferida por
A braão Lincoln,” (21 de novembro uma só pessoa, fornece um epitáfio
de 1864; citado em Selections fro m apropriado: “ Ninguém tem maior
the Letters, Speechs and State Pa- am or do que este: de dar alguém sua
pers o f Abraham Lincoln, ed. Ida vida por seus am igos.” (João
M. Tarbell, Boston: Ginn and Com- 15:13.)
pany, 1911, p. 109.) Freqüentemente, a profunda in
“ Uma caminhada pelo Cemitério fluência exercida por alguém na vi
Punchbowl, em Honolulu, Havaí, da de outros, nunca é mencionada,
ou Cemitério M emorial do Pacífico, sendo, ocasionalmente, pouco co
em Manila, nas Filipinas, recorda- nhecida. Isto se deu com uma pro
nos que nem todos os que morreram fessora de uma classe das Abelhi-
na II Guerra M undial estão sepultos nhas, das Moças. Ela não tinha fi
em calmos campos verdejantes. lhos próprios, em bora fossem muito
Muitos foram tragados pelas ondas almejados pelo casal. Seu am or foi
dos oceanos que navegaram e nos expresso na dedicação para com as
quais m orreram . garotas a quem ensinava verdades
Entre os milhares de soldados eternas e lições da vida. Depois, ela
m ortos no ataque a Pearl H arbor, adoeceu e veio a falecer. Tinha ape
Havaí, conta-se um m arinheiro cha nas vinte e sete anos.
mado William Bali, de Fredericks- Todos os anos, no dia 30 de maio
burg, Iowa. O que o distingue de (Dia dedicado à memória dos solda
tantos outros mortos no mesmo dia dos m ortos na guerra, nos Estados
de 1941, não é algum ato heróico, Unidos. N. do T.), as meninas fa
mas a trágica série de eventos desen ziam uma piedosa peregrinação à se
cadeada por sua morte. pultura de sua mestra. Primeiro
Q uando os amigos de infância de eram sete, depois quatro, depois
le, os cinco irmãos Sullivan, da cida duas e finalmente uma só, sempre
de vizinha de W aterloo, souberam levando um ramalhete de íris — sím
de sua m orte, foram juntos alistar- bolo de sentida gratidão. Este ano
se na M arinha. Querendo vingar a ela fez a vigésima quinta visita à se
m orte do amigo, insistiram em per pultura de sua professora. Hoje, ela
manecer juntos, e a M arinha conce própria é professora de meninas e
FEVEREIRO DE 1982 29
não adm ira que tenha tanto sucesso de luta rom ana da escola de segundo
com elas. Ela reflete a influência de grau local. Ele prestou tributo a
uma professora que lhe deu inspira Louis, o mais velho dos rapazes.
ção. Sua vida, as lições que ensinou Com voz em bargada de emoção,
não estão sepultas debaixo da lápide procurando reter as lágrimas, con
que identifica sua cova, mas vivem tou que Louis não fora necessaria
nas personalidades que ajudou a mente o lutador mais dotado do ti
m oldar e nas vidas que tão abnega me, mas acrescentou: “ Ninguém se
damente enriqueceu. Lembra mes esforçava mais que ele. O que lhe
mo um outro mestre sem igual, mes faltava em destreza ele compensava
mo o Senhor. Certa vez, traçou com com um coração decidido.”
o dedo uma mensagem na areia. (Vi Depois, um líder de jovens falou a
de João 8:6.) Os ventos do tempo respeito de Travis. C ontou como se
apagaram suas palavras para sem destacava no escotismo, no Sacer
pre, mas não a vida que ele levou. dócio Aarônico e era um excelente
“ Tudo o que podemos saber a exemplo para os amigos.
respeito dos que amamos e perde Finalmente, um a professora ele
m os” , diz T hornton Wilder, “ é que m entar de aspecto distinto, e obvia
gostariam de que nos lembrássemos mente competente, falou de Jason,
deles com um reconhecimento mais o mais novo dos três. Ela o descre
intenso de sua real existência... O veu como um pouco calado, até
mais sublime tributo aos m ortos é mesmo tímido. Então, sem qualquer
gratidão e não tristeza.” em baraço, contou que recebera de
Faz dois anos, no lindo Vale He- Jason, na letra garatujada de um
ber, bem a leste da Cidade do Lago menino, a mais doce e querida carta
Salgado, uma mãe am orosa e um que lhe fora dirigida. A mensagem
pai dedicado, voltando para aquele era breve — apenas três palavras:
abrigo pessoal chamado lar, desco “ Eu a am o.” Ela mal conseguiu ter
briram que seus três filhos estavam minar seu discurso, de tão emocio
mortos. Era uma noite extremamen nada.
te fria, e o forte vento em purrando a Através das lágrimas e pesar da
neve cobriu a chaminé. Com isto a quele dia especial, observei lições
casa inteira foi tom ada pelo mortal eternas ensinadas por aqueles garo
monóxido de carbono. tos, cuja vida estava sendo hom ena
O funeral dos três rapazes Keller geada e cuja missão m ortal term ina
foi uma das experiências mais to ra.
cantes de toda minha vida. Os resi Um treinador externou a determi
dentes na comunidade deixaram de nação de olhar além do desempenho
lado seus afazeres, as crianças falta esportivo, bem dentro do coração
ram às aulas e todos se dirigiram à de cada rapaz. Um líder de jovens
capela, a fim de externar seus senti fez o solene voto de que cada rapaz
dos pêsames. E nquanto durarem o e cada menina teria os benefícios do
tempo e a memória, hei de recordar program a oferecido pela Igreja.
a cena dos três ataúdes polidos che Uma professora prim ária olhou pa
gando à capela, seguidos pelos pais ra as crianças, colegas de classe de
e avós enlutados e aflitos. Jason. Nada disse, mas seu olhar re
O primeiro a falar foi o treinador velava a decisão de sua alma. A
30 A LIAHONA
mensagem era patente: “ Amarei ca mente metade da família, as tarefas
da criança. Todo menino, toda ga de cozinhar, lavar e até mesmo das
rota eu guiarei na busca da verdade, compras são diferentes. Sentimos
no desenvolvimento de seu talento, falta do barulho e confusão, das ca
e os iniciarei no maravilhoso mundo çoadas e brincadeiras deles. Tudo is
do servir.” so acabou. O domingo é tão calmo.
E a congregação, incluindo os él- Falta-nos vê-los preparar e distri
deres Marvin J. Ashton e Thomas S. buir o sacramento. Os domingos
M onson, nunca mais será a mesma e eram realmente o dia de ficarmos
se em penhará na busca da perfeição juntos em família. Pensamos: nada
m encionada pelo Mestre. Donde de missões, casamentos, nenhum
provêm nossa inspiração? Da vida neto. Não pedimos que voltem, mas
dos garotos que agora descansam de também não podemos dizer que re
todas as dores e preocupações, e da nunciaríamos voluntariamente a eles.
solidez dos pais que confiam no Se Voltamos aos nossos deveres na
nhor de todo o coração, que não se Igreja e nossas responsabilidades fa
estribam em seu próprio entendi miliares. Nosso desejo é viver de
mento e que o reconhecem em todas m aneira que os Keller sejam uma fa
as coisas, sabendo que ele os dirigi mília eterna.”
rá em seus caminhos. (Vide Prov. Com os Keller, Sullivan e, na ver
3:5-6.) dade, com todos os quem am aram e
Gostaria de com partilhar convos perderam, quero com partilhar a
co o trecho de um a carta que recebi convicção de minha alma, o teste
da nobre mãe desses três rapazes, es m unho de meu coração e as expe
crita pouco após a morte deles. riências de minha vida.
“ Passamos noites e dias que nos Sabemos que todos vivemos no
parecem insuportáveis. A mudança m undo espiritual com o Pai Celeste.
em nossa vida doméstica foi tão Sabemos que viemos para a terra
drástica. Com a ausência de pratica para aprender, viver, progredir em
FEVEREIRO DE 1982 31
nossa eterna jornada para a perfei de descanso e paz onde terão des
ção. Alguns permanecem na terra canso para todas as suas aflições,
por um momento apenas, enquanto cuidados e dores.” (Alma 40:1, 11-
outros têm uma vida longa aqui. A 12.)
medida não é quanto tempo vive Meu jovem amigo cerrou os
mos, mas antes como vivemos. En olhos, agradeceu com sinceridade, e
tão vem a morte e o início de um no silenciosamente partiu de mansinho
vo capítulo da vida. Aonde este ca para o paraíso do qual havíamos fa
pítulo nos leva? lado.
Muitos anos passados, fiquei ao
lado da cama de um moço, pai de Depois chega o dia glorioso da
dois filhos, enquanto pairava entre ressurreição, quando espírito e cor
a vida e o grande além. Tom ando po serão reunidos para nunca mais
minha mão nas suas, fitou-me den se separarem. “ Eu sou a ressurreição
tro dos olhos e perguntou suplican e a vida” , disse Cristo a M arta.
te: “ Quem crê em mim, ainda que este
— Bispo, sei que vou m orrer. ja m orto, viverá.
Diga-me, o que acontecerá ao meu “ E todo aquele que vive e crê em
espírito ao morrer? mim, nunca m orrerá.” (João 11:
25-26.)
Orei buscando orientação divina, “ Deixo-vos a paz, a m inha paz
antes de tentar responder. Minha vos dou; não vo-la dou como o
atenção foi dirigida para o Livro de m undo a dá. Não se turbe o vosso
M órm on que se encontrava na mesa coração, nem se atem orize.” (João
ao lado da cama. Segurando o livro 14:27.)
nas mãos, e testifico-vos tão certo “ Na casa de meu Pai há muitas
quanto estou diante de vós, ele se m oradas; se não fosse assim, eu vo-
abriu no capítulo 40 de Alma. Pus- lo teria dito: vou preparar-vos lu
me a ler em voz alta: gar... para que, onde eu estiver este
“ Agora, meu filho, ouve algo jais vós tam bém .” (João 14:2-3.)
mais que tenho a dizer-te, pois per Esta transcendente promessa tor-
cebo que tua mente está preocupada nou-se realidade, quando as duas
a respeito da ressurreição dos m or Marias foram ao jardim do sepulcro
tos... — o cemitério de um único ocupan
“ Relativamente ao estado das al te. Deixemos Lucas, o médico, des
mas no período compreendido entre crever esta experiência:
a morte e a ressurreição, foi-me da “ E no primeiro dia da semana,
do saber, por um anjo, que os espí muito de m adrugada, foram elas ao
ritos de todos os homens, logo que sepulcro...
deixam este corpo m ortal, sim, os “ E acharam a pedra removida do
espíritos de todos os homens, sejam sepulcro.
eles bons ou maus, são levados para “ E, entrando, não acharam o
aquele Deus que lhes deu a vida. corpo do Senhor Jesus.
“ E deverá suceder que os espíri “ ... estando elas perplexas a esse
tos daqueles que são justos sejam re respeito, eis que pararam junto de
cebidos num estado de felicidade, las dois varões com vestidos resplan
que é chamado paraíso, um estado decentes;
32 A LIAHONA
“ E ... lhes disseram: Por que bus descansam na pequenina Santa Cla
cais o vivente entre os m ortos?” ra, ou no pacífico Vale Heber, em
(Lucas 24:1-5.) U tah. A verdade é universal.
Como o menor de seus discípulos,
“ Ele não está aqui, porque já res
declaro meu testemunho pessoal de
suscitou.” (M at. 28:6.)
que a m orte foi vencida, conquista
Este é o brado retum bante da cris da a vitória sobre a tum ba. Que as
tandade. A realidade da ressurrei palavras santificadas por aquele que
ção fornece a todos e cada um a paz as cum priu, se tornem conhecimen
que ultrapassa o entendim ento. (Vi to de fato para todos. Lembrai-vos
de Fil. 4:7.) Ela conforta aqueles cu delas. H onrai e acalentai-as. Ele res
jos entes queridos dormem nos cam suscitou. Esta é minha fervorosa
pos de Flandres, na Bélgica, que pe oração em nome de Jesus Cristo.
receram nas profundezas do m ar ou Amém.
FEVEREIRO DE 1982 33
A história de Jó, no Velho Testa
Exemplos da Vida mento, relata três das grandes pro
vas para as quais todos nós devería
de Um Profeta mos estar preparados em alguma
ocasião da vida. Prim eiro, reveses
temporais. Jó perdeu tudo o que
possuía. Segundo, males físicos que
põem à prova nossa fé e testemu
nho. E terceiro, a depressão. Jó di
zia: “ Por que não morri eu desde a
madre? ” (Jó 3:11.) “ A minha alma
tem tédio de minha vida.” (Jó 10:1.)
Élder Robert D. Hales A grande lição de Jó está em que
do Prim eiro Q uorum dos Setenta “ em tudo isto... não pecou, nem
atribuiu a Deus falta algum a” . (Jó
“ Tenho aprendido ensinamentos e 1:22.) Muitas vezes, quando atingi
lições de um profeta moderno, dos pela adversidade, usamo-la co
Spencer W. Kimball, cuja mo justificativa para pecar e nos
mensagem simples e poderosa é: afastarm os dos ensinamentos de Je
‘ Vem, e segue-me. sus Cristo, dos profetas que nos di
rigem, de nossos familiares e ami
uitos exemplos utilizados gos. Jó manteve seu testem unho e
M nos ensinamentos de nosso
Salvador, Jesus Cristo,
eram tirados da vida cotidiana que
foi abençoado por sua fé inabalável
de que Deus vive e de que haveria de
habitar na presença dele.
se desenrolava ao seu redor. Seme Homem justo como Jó, o Presi
lhantemente, os profetas modernos dente Kimball tem sofrido muitas
nos ensinam com seu exemplo. A provações — câncer na laringe, ci
simples, mas poderosa mensagem, rurgia cardíaca, furunculose, cirur
é: “ Vem, e segue-me.” gias cranianas e numerosas outras
G ostaria de com partilhar convos aflições. Suas experiências servem
co alguns dos ensinamentos e lições como exemplo de como deveríamos
que tenho aprendido de um profeta enfrentar adversidades e sofrimen
moderno. tos similares.
Podemos aprender muita coisa da O Presidente Kimball não pecou
coragem do Presidente Kimball, de nem responsabilizou tolam ente a
m onstrada em suas inúmeras enfer Deus. Manteve sua integridade e seu
midades. Ele é um testemunho vivo testemunho, e cantou louvores ao
de que, vencendo dores e adversida Senhor em todas as suas muitas pro
de, podemos purificar nossa alma e vações físicas. Jamais o ouvimos
fortalecer nossa fé e testemunho em queixar-se de suas atribulações. Pe
Jesus Cristo. Na verdade, em ter lo contrário, seu desafio tem sido:
mos das provações que teve de en “ Dá-me este m onte” para escalar.
frentar, ele ê, em muitos aspectos, (Josué 14:12.)
um Jó moderno. A coragem e a fé do Presidente
34 A LIA H O N A
Kimball na adversidade são exemplo Ao ser cham ado para o Conselho
para todos nós, testificando que nós dos Doze, o Presidente Kimball
também somos capazes de enfrentar aceitou o cham ado com lágrimas de
os desafios da vida. Nossas dores e humildade, imaginando se seria dig
achaques não passam de dorezinhas no de tão grande honra. Depois de
perto das dele. Depois de operada a desligar o telefone, foi Camilla
garganta, o Presidente Kimball não quem lhe assegurou: “ Você é capaz,
tinha mais voz. Durante uma reu Spencer. Você é capaz.” Camilla é o
nião de testemunho, no templo, o perfeito exemplo de união com seu
Presidente McKay pediu-lhe que com panheiro. Q uando indagada so
prestasse o seu. Ele não conseguiu bre sua saúde, respondeu:
proferir uma só palavra, só emitir — Q uando ele está bem, eu estou
sons roucos, ininteligíveis. Mais tar bem.
de escreveu um bilhete ao Presidente O Presidente Kimball ensinou-me
McKay, perguntando: “ Por que fez uma lição, quando fui cham ado pa
isso comigo?” A resposta foi: ra integrar as Autoridades Gerais.
“ Spencer, você precisa recuperar a Perguntou-m e se estava disposto a
voz, pois ainda tem um a grande mudar-me para a Cidade do Lago
missão a cum prir.” (Que comovente Salgado e servir pelo resto da vida.
exemplo de am or de um profeta a Extremamente em ocionado, repli
outro.) O Presidente Kimball foi quei:
obediente. Aprendeu a suster ar no — Simplesmente não sei o que di
esôfago e aproveitar o tecido das ci zer, Presidente Kimball.
catrizes no restante das cordas vo Então respondeu:
cais para reaver sua voz e levar — Só quero que diga sim.
avante seu grande trabalho. As rea A lição era clara; não há necessi
lizações da missão profética do Pre dade de palavras eloqüentes para ex
sidente Kimball estarão à altura de pressar nosso com prom etim ento ou
quaisquer outras nesta ou outra dis- nosso am or e devoção quando acei
pensação. tamos um cham ado do profeta. Ele
Camilla, esposa do Presidente já sabe disso.
Kimball, vem fielmente acom pa O Presidente Kimball sempre pro
nhando passo a passo o caminho de cura tocar a “ pessoa” com sincero
seu marido. Recordo-me de uma am or. Q uando nos estávamos pre
noite em Samoa, quando tanto o parando para um a conferência de
Presidente como a Irmã Kimball ti área, encontrei o Presidente Kimball
veram 40° de febre. Na m anhã se sentado à m áquina de escrever, com
guinte, foram os primeiros a entrar as costas voltadas para a porta, ao
no ônibus. Ele dirigiu as reuniões, e entrar em seu escritório. Terminou
os dois cum priram todos os com o que estava datilografando e girou
promissos do dia não apenas como a cadeira para me cumprimentar.
obrigação, mas mostrando-se gentis Num a das mãos, segurava a carta de
e atenciosos, e pensando nas neces trinta e duas páginas de um rapaz
sidades de todos os que os rodea que lera seu livro O Milagre do Per
vam. dão e na outra a resposta, datilogra
FEVEREIRO DE 1982 35
fada pessoalmente, preenchendo as — Hoje estive na presença de ser
necessidades de um jovem que dese vos de Deus.
java e precisava de sua ajuda para O Presidente trabalha com am o
arrepender-se. A mensagem foi cla rosa diligência de todo o coração,
ra para mim: Não im porta quão poder, mente e força. Não exige
ocupado esteja, nunca se esqueça nem espera que os outros acom pa
dos que precisam de sua ajuda. nhem seu ritmo de trabalho, mas
Ele presta seu testem unho missio que o façam em seu próprio ritmo.
nário como testem unha especial, É um homem de ação, dem onstrado
sem qualquer tem or dos homens. Is pelo simples lema em sua mesa de
to eu tenho observado. Na Confe trabalho: “ Faça-o.”
rência de Área de Copenhage, Dina P ara os que com ele trabalham ,
marca, realizada de 3 a 5 de agosto seu exemplo elimina frases como
de 1976, ele foi adm irar a linda es “ Tentarei” ou “ Faria o possível” .
cultura do Cristo ressurreto de Seu exemplo e am or motivam os que
Thorvaldsen (escultor dinam arquês, seguem seu exemplo a alcançar me
1768-1844), cuja reprodução adorna tas maiores e alongarem os passos
o centro de visitantes da Cidade do para a perfeição. Ele possui a rara
Lago Salgado, Los Angeles e Nova capacidade de incentivar todos a
Zelândia. Após alguns momentos de superar-se e a continuar tentando
reflexão espiritual, o Presidente atê excederem suas metas.
Kimball prestou testem unho ao en Durante o planejam ento e prepa
carregado de sua guarda. Voltando- ração das conferências de área no
se para a estátua de Pedro, apontou México, América Central e do Sul,
para o grande molho de chaves em em fevereiro de 1977, foram progra
sua mão direita e proclamou: “ As madas reuniões em La Paz, na Bolí
chaves da autoridade do sacerdócio via, situada três mil metros acima
que Pedro possuía como presidente do nível do mar. O Dr. Ernest L.
da Igreja, agora estão comigo como W ilkinson e Dr. Russel M. Nelson
presidente da Igreja nesta dispensa- avisaram-nos de que o Presidente
ção .” A seguir, afirm ou ao encarre Kimball precisaria de quatro a seis
gado: “ O senhor trabalha todos os horas de repouso para acostum ar
dias com apóstolos de pedra, mas seu coração e pressão sangüínea ao
hoje está na presença de apóstolos clima daquela altitude. Nas confe
vivos.” A seguir, apresentou o Pre rências de área, resta pouco tempo
sidente Tanner e os èlderes Thomas para descanso devido ao program a
S. M onson e Boyd K. Packer. En “ apertado” . (Na realidade, os médi
tregou ao encarregado um Livro de cos assistiram as A utoridades Gerais
M órm on em dinam arquês e para que conseguissem acom panhar
testificou-lhe do Profeta Joseph o ritm o do Presidente Kimball.)
Smith. O homem chegou a chorar Conversei com os presidentes
de emoção, sentindo o Espírito na Tanner e Romney, pedindo seu au
presença de um profeta e apóstolos. xílio para conseguir que o Presiden
Ao deixarmos a igreja, ele me confi te Kimball descansasse em La Paz
denciou: antes do início da conferência. Eles
36 A LIAHONA
apenas sorriram e responderam: sabe ser sua responsabilidade, bem
“ T ente.” como a de seus colaboradores, levar
Q uando planos detalhados das a mensagem a todas as nações em
mencionadas conferências de área seu próprio idioma e língua. Ele dis
foram apresentados à Prim eira Pre se às Autoridades Gerais: “ Não te
sidência, vi o Presidente Kimball as nho medo da morte. O que temo é
sinalar em vermelho duas reuniões encontrar o Salvador e ele me dizer:
que não previam sua participação. ‘Você poderia ter feito m elhor.’”
— O que são estas reuniões? Por Podeis sentir a dedicação e urgên
que não estarei presente? — quis sa cia na voz do profeta para fazer o
ber. reino ir avante? “ O irmão está can
Houve uma pausa; então respon sado, Élder H ales?” como que soa
di: em meus ouvidos, quando descanso
— É um período de descanso, por um m om ento. Se soubéssemos o
Presidente Kimball, — ao que ele que o Presidente Kimball sabe, nós
comentou: também trabalharíam os com todo
— O irm ão está cansado, Élder nosso coração, poder, mente e for
Hales? ça.
Chegando em La Paz, o primeiro Q uando procuram os poupar suas
compromisso era um program a cul forças, ele costuma dizer: “ Sei que
tural: Ele não quis descansar. Mi estão procurando poupar-me. Mas
nha cabeça latejava, parecia querer eu não quero ser poupado; quero ser
explodir naquela altitude; inalamos exaltado.” E diz que o Senhor o sus
oxigênio na tentativa de apressar teria como profeta e que não deve
nossa climatização, menos o Presi ríamos atrasar a Igreja por causa de
dente Kimball. Ele saudou, abraçou le.
e apertou a mão de dois mil santos.
Term inada a últim a reunião, con
vidou mais mil de seus queridos la-
manitas que haviam descido dos al
tiplanos, para virem apertar sua
mão. Eles vieram e o abraçaram , sa
cudindo sua mão com todo vigor.
Ele queria m ostrar seu am or aos la-
manitas.
Preocupado com a vigorosa ativi
dade do Presidente Kimball, o Dr.
W ilkinson aproximou-se dele e
pediu-lhe que, se possível, parasse
logo. O Presidente respondeu-lhe:
— Se soubesse o que eu sei, não
me faria tal pedido.
Ele é impelido pelo conhecimento
de que nos estamos preparando para Presidente Ezra T aft Benson, presidAite do
a segunda vinda de Jesus Cristo. Ele Q uorum dos Doze.
FEVEREIRO DE 1982 37
Ao Profeta Joseph Smith, foi di
to: A Luz do
“ Meu filho, paz seja com a tua al
ma; a tua adversidade e as tuas afli Evangelho
ções serão por um momento;
“ E então, se as suportares bem,
no alto Deus te exaltará; tu triunfa
rás sobre todos os teus adversários.
“ Teus amigos te apóiam e outra
vez te saudarão com corações cheios
de am or e com mãos am igas.”
(D&C 121:7-9.)
Em testemunho, invoco as bên Élder Adney Y. Komatsu
çãos do Senhor sobre nós, para que do Prim eiro Q uorum dos Setenta
sintamos também a urgência desta
grande obra, e entendam os o que “ O Senhor perdoa; seus
impele nosso profeta. Ele é um mis verdadeiros seguidores também
sionário, porque sabe que toda hu perdoam. Estende-se a mão da
m anidade precisa ser ensinada pelo amizade; o pecador se arrepende;
Espírito e ser batizada. Então, se vi completa-se o círculo da
vermos retamente, ganharemos a vi caridade. ”
da eterna, seremos exaltados e retor
naremos à presença de Deus, o Pai, nos atrás, a designação de de
e Jesus Cristo, para com eles habitar
por toda a eternidade.
Presto-vos testemunho de que es
A dicar uma nova capela levou-
me a um a das ilhas dos Mares
do Sul. Naquela noite, ao nos apro
ta Igreja é guiada por um profeta ximarmos do prédio com alguns lí
que recebe revelações. C erta vez, no deres locais, observamos surpresos
encerramento de uma conferência, que estava totalm ente às escuras.
disse o Presidente Kimball: “ Meu Entrando no prédio, vimos todos
povo diz ‘Senhor, Senhor’ mas não os membros sentados na capela e in
faz o que eu digo.” É minha ora dagamos o que havia com a luz. O
ção que digamos ‘Senhor, Senhor’ e bispo inform ou-nos que, naquela
façamos o que fala nosso profeta e tarde, o supervisor de construção
aqueles que dirigem a Igreja hoje, e havia inspecionado as instalações
sigamos seu exemplo, em nome de para ver se tudo estava em ordem
Jesus Cristo. Amém. para a dedicação. Mas agora, na ho
ra de começar a reunião, por algum
motivo, a iluminação não funciona
va, em bora os prédios vizinhos to
dos tivessem luz. Todas as possibili
dades de corrigir o defeito foram
tentadas em vão. Os líderes locais
decidiram realizar assim mesmo os
serviços dedicatórios.
No decorrer do program a, com a
capela iluminada por um único lam
A LIAHONA
pião a querosene, senti com certeza sua terra, sendo punido com uma
que aquela seria a primeira dedica sentença de prisão. Chegou a escapar
ção às escuras já realizada na Igreja! dela, mas foi recapturado pouco de
Estou certo de que todos aqueles pois. Sua vida era cheia de escuridão
bons irmãos e irmãs sentados na e miséria, mas através do empenho
congregação oraram comigo em si constante de um bispo caridoso, este
lêncio, rogando ao Senhor que nos moço decidiu m udar de vida e voltar
abençoasse com luz, para que a ca a Cristo. Começou a arrepender-se
pela pudesse ser dedicada. com coração humilde, e o Espírito
Os oradores se seguiram, um a Santo tocou seu coração. Ao deixar
um — no escuro. O coro cantou lin a prisão quando havia cum prido a
dos hinos — no escuro. Como últi pena, lá estava para recebê-lo no
mo orador, eu igualmente falei no portão o bispo que vinha cuidando
escuro. Depois, quando pedi à con dele todos aqueles anos, tendo trazi
gregação que me acompanhasse na do consigo seu pai, mãe, irmãos e ir
oração dedicatória, de repente as lu mãs que o receberam de braços
zes se acenderam. Como estávamos abertos e grande alegria. Como esse
gratos ao Senhor por aquela bênção jovem queria bem ao bispo e sua fa
especial! Tom ado de emoção senti- mília que ficaram ao seu lado, em
-me pequeno e humilde por termos bora lhes houvesse causado muito
sido tão abençoados. Mas a ilumi em baraço e muitas noites insones
nação da capela não se com parava à com seus desatinos. Mas a fé em
luz de am or em nossos corações por seus corações jam ais vacilou e hou
aquela grande bênção em resposta ve um milagre. Hoje, esse moço ser
às nossas preces. ve como presidente do quorum de
O incidente fez-me lembrar das élderes de sua ala.
palavras do Profeta Morôni: Que grande força conseguiu mu
“ E agora, eu, M orôni, quisera fa dar a vida desse jovem das trevas es
lar a respeito dessas coisas. Quisera pirituais para uma de verdade e luz?
m ostrar ao mundo que a fé são coi Foi o puro am or de Cristo, exempli
sas que se esperam, mas não se ficado pelo bispo em seu empenho
vêem; portanto, não disputeis sobre com ele. E esse puro am or de Cristo
as coisas que não virdes, porque não é a caridade. (Vide M orôni 7:47.)
recebereis testem unho senão depois Diz o Profeta Néfi: “ O Senhor
da prova de vossa fé... ordenou que todos os homens te
“ Porque, se não houver fé entre nham caridade, que é am or. E se
os filhos dos homens, Deus não po não têm caridade, nada são. P ortan
de fazer milagres entre eles; portan to, se tiverem caridade não permiti
to, ele não apareceu senão depois rão que o trabalhador de Sião pere
que os homens tiveram fé.” (Éter ç a .” (2 Néfi 26:30.)
12 : 6 , 12 .) Devemos lembrar-nos também da
Sim, o Senhor nos abençoou, mes fé e coragem da família desse moço,
mo ao ser provada nossa fé e ao suportando muitas provações e so
orarm os com esperança. frimentos e que depois o recebeu
Existem outros entre nós que bus com braços abertos. O Profeta Mo
cam luz para sua vida. Um desses rôni nos lembra:
moços havia violado muitas leis de “ E foi pela fé possuída por Néfi e
FEVEREIRO DE 1982 39
Léhi que os lamanitas se transfor “ E ainda que distribuísse toda
maram e foram batizados com fogo minha fortuna para sustento dos po
e com o Espírito Santo. bres, e ainda que entregasse meu
“ E foi pela fé possuída por Amon corpo para ser queim ado, e não ti
e seus irmãos que se operou tão vesse caridade, nada disso me apro
grande milagre entre os lamanitas. veitaria.
“ Sim, e todos aqueles que opera “ A caridade ê sofredora, é benig
ram milagres os fizeram pela fé, tan na; a caridade não é invejosa; a cari
to os que viveram antes de Cristo dade não trata com leviandade, não
como os que viveram depois dele... se ensoberbece,
“ Nem houve tempo algum em “ Não se porta com indecência,
que alguém fizesse milagres antes de não busca os seus interesses, não se
ter fé; portanto, primeiro creram no irrita, não suspeita mal;
Filho de D eus.” (Éter, 12:14-16,18.) “ Não folga com a injustiça, mas
M órmon também pregou que “ é folga com a verdade;
pela fé que os milagres são realiza “ Tudo sofre, tudo crê, tudo espe
dos... ra, tudo suporta.
“ E, de acordo com as palavras de “ A caridade nunca falh a.” (1
Cristo, nenhum homem poderá ser Cor. 13:1-8.)
salvo, a não ser que tenha fé em seu Na Igreja, temos muitas oportu
nom e... nidades de praticar atos de caridade.
“ P o rtanto, se um homem tem fé, Um dos maiores desses atos é a mão
forçosamente deverá ter esperança, estendida em amizade. Um belo
pois sem fé não pode haver esperan exemplo foi contado por certo ir
ça. mão idoso num a conferência de ala:
“ E novamente vos digo que o hò- Esse bom irmão era presidente da
mem não pode ter fé nem esperança, Escola Dominical e foi solicitado a
sem que seja humilde e brando de prestar testem unho. D urante dez
coração. anos de inatividade, ele se vira en
“ ... e se um homem é humilde e volvido pelos problemas da vida e
brando de coração, e confessa pelo acabara cheio de profundo desespe
poder do Espírito Santo que Jesus é ro. Q uando a vida lhe parecia mais
o Cristo, é preciso que tenha carida negra, estenderam-se-lhe mãos ami
de.” (M orôni 7:37-38, 42-44.) gas, primeiro da parte dos mestres
A epístola de Paulo aos coríntios familiares, depois do bispo e dos
nos lembra hoje a im portância da membros da ala. Ao voltar à ativi
caridade: dade e sentir o calor dos membros
“ Ainda que eu falasse as línguas que o aceitaram sem julgam ento ou
dos homens e dos anjos e não tivesse reservas, ele reconheceu que o evan
caridade, seria como o metal que gelho de Jesus Cristo é verdadeiro e
soa e como o sino que tine. que sempre há lugar para a alma ar
“ E ainda que tivesse o dom de rependida. O Senhor perdoa; seus
profecia, e conhecesse todos os mis verdadeiros seguidores também per
térios e toda a ciência, e ainda que doam. Estende-se a mão da amiza
tivesse toda a fé, de m aneira tal que de: o pecador se arrepende; com-
transportasse os montes, e não tives pleta-se o círculo da caridade.
se caridade, nada seria. M órm on, o profeta, também en
40 A LIAHONA
Elder Angel A brea, do Prim eiro Q uorum dos Setenta, com sua esposa, ao- centro, num encontro com
visitantes à conferência.
FEVEREIRO DE 1982 53
Disse Jeremias: “ Convertei-vos,
ó filhos rebeldes, diz o Senhor; por O Sacerdócio
que eu vos desposarei.” (Jer. 3:14.)
Que convênio! Não é maravilhoso Aarônico
pensar que, se ouvirmos os sussur
ros do Santo Espírito, será como
que estar casado com ele?
Depois Jeremias acrescenta: “ E
vos tomarei, a um de uma cidade, e
a dois de uma geração; e vos levarei
a Sião.
“ E vos darei pastores segundo o
meu coração, que vos apascentem Elder Boyd K. Packer
com ciência e com inteligência.” do Q uorum dos Doze Apóstolos
(Jer. 3:14-15.)
Examinai a história do mundo. “ O poder do sacerdócio se adquire
Nenhum outro lugar encontrareis em cumprindo o dever nas coisas
que estão reunidos um de uma cida comuns; freqüentando as reuniões,
de e dois de uma família como nes aceitando designações, lendo as
tes vales das m ontanhas, e onde escrituras, guardando a Palavra de
Deus, o Pai Eterno, lhes deu pasto Sabedoria. ”
res segundo seu coração, conforme
o que ouvistes falar hoje nesta con empre chego cedo ao Taberná
ferência, e ouvireis falar am anhã.
Bem, este é meu testemunho para
vós, e oro que Deus vos m antenha
S culo para a reunião do sacerdó
cio, a fim de poder trocar um
aperto de mão com os diáconos,
ativos e participantes com vossos fa mestres e sacerdotes. P ara isso sou
miliares, usando vossos dotes e ta obrigado a procurá-los entre uma
lentos para a edificação do reino de porção de élderes, setentas e sumo
nosso Pai. Deixo-vos meu am or e sacerdotes, mas vale a pena conhe
bênção em nome do Senhor, Jesus cer o Sacerdócio Aarônico. Nós,
Cristo. Amém. portadores do sacerdócio m aior, os
saudamos, irmãos do Sacerdócio
Aarônico.
Quero falar-lhes a respeito do po
der invisível do Sacerdócio A arôni
co. Um rapaz de doze anos tem ida
de suficiente para conhecê-lo. À me
dida que forem crescendo, vocês se
familiarizarão com esse poder pro
tetor, orientador.
Alguns acham que um poder invi
sível não pode ser real. Penso que
conseguirei convencê-los do contrá
rio. Certam ente vocês se lembram
ainda de quando tolamente enfiaram
o dedo numa tom ada. Em bora não
54 A LIAHONA
pudessem ver exatamente o que acon Três dias mais tarde, chegou a
teceu, sem dúvida vocês sentiram o Mênfis, no Tennessee, cansado, fa
efeito! minto e m uito sujo. Dirigiu-se à
Ninguém já conseguiu ver a eletri maior das estalagens e lá pediu um
cidade, nem mesmo os cientistas pouco de alimento e um lugar para
com os mais avançados instrum en dorm ir, em bora sem dinheiro para
tos. Não obstante, eles a sentem co pagar nenhum dos dois.
mo vocês a sentiram. E podemos ver Q uando o estalajadeiro descobriu
seus efeitos, medi-la, controlá-la, que era um pregador, riu e resolveu
produzir com ela luz e calor, e for divertir-se um pouco às custas dele.
ça. Ninguém jam ais duvidou dela, Ofereceu-lhe uma refeição, se pre
simplesmente por não poder enxer gasse aos seus amigos. Um grande
gá-la. grupo de pessoas ricas e importantes
Em bora não seja possível ver o de Mênfis reuniu-se e achou muita
poder do sacerdócio, vocês podem graça naquele missionário coberto
senti-lo e observar seus efeitos. O de lama.
sacerdócio pode ser um a força pro Como ninguém queria cantar nem
tetora e orientadora em sua vida. orar, o Irm ão W oodruff fez as duas
Permitam-me exemplificar. coisas. Ajoelhando-se diante deles,
Depois de filiar-se à Igreja, o Pre implorou ao Senhor que lhe conce
sidente W ilford W oodruff desejava desse seu Espírito para tocar o cora
cum prir missão. ção daquela gente. E o Espírito
“ Eu não passava de um mestre” , veio! O Irmão W oodruff pregou
escreveu, “ e não cabe ao ofício de com m uita eloqüência e foi capaz de
mestre viajar e pregar. Não ousava revelar os atos secretos daqueles
contar a nenhum a autoridade da que ali estavam para ridicularizá-lo.
Igreja que eu queria pregar, para Q uando term inou, ninguém se riu
que não pensassem que estava bus do humilde portador do Sacerdócio
cando um ofício.” (Leavesfrom M y Aarônico. Dali em diante foi trata
Journal, Salt Lake City: Juvenile do com bondade. (Vide Leaves fro m
Instructor Office, 1882, p. 8.) M y Journal, pp. 16-18.) Ele se en
Ele orou ao Senhor e, sem revelar contrava sob o poder protetor e
seus desejos a outras pessoas, foi or orientador do Sacerdócio Aarônico,
denado sacerdote e m andado para a o mesmo poder que pode estar con
missão no Território de Arkansas. vosco também.
Ele e seu com panheiro cominha- Gostaria de explicar-lhes algumas
ram penosamente cento e sessenta coisas fundamentais sobre o Sacer
quilômetros por pântanos infesta dócio Aarônico. É cham ado de “ Sa
dos de jacarés, sujos, m olhados, e cerdócio de A arão, porque foi con
exaustos. O Irmão W oodruff foi ferido a A arão e a sua semente atra
acometido de forte dor no joelho e vés de todas as suas gerações” .
não pôde prosseguir. O companhei (D&C 107:13.) O Sacerdócio A arô
ro deixou-o sentado num tronco caí nico é conhecido ainda por outros
do e foi para casa. O Irm ão W oo nomes. Vou citar e explicar-vos o
druff orou suplicando ajuda, ajoe que significam.
lhado na lama. Ficou curado e con Sacerdócio M enor
tinuou a missão sozinho. Em primeiro lugar, o Sacerdócio
FEVEREIRO DE 1982 55
Aarônico é cham ado às vezes de sa A lei do sacrifício vinha sendo ob
cerdócio menor. servada desde os dias de Adão. Era
“ Chama-se sacerdócio menor, um símbolo da redenção que viria
porque é um apêndice do maior, que com o sacrifício e expiação do Mes
è o Sacerdócio de Melquisedeque, e sias. A lei mosaica do sacrifício
tem poder para adm inistrar orde cumpriu-se com a crucificação de
nanças exteriores.” (D&C 107:14.) Cristo.
Isto quer dizer que o sacerdócio Os antigos antecipavam a expia
m aior ou Sacerdócio de Melquisede ção de Cristo por meio da cerimônia
que, sempre preside o Sacerdócio do sacrifício. Nós lembramos o mes
Aarônico ou menor. A arão era o su mo acontecimento por meio da or
mo sacerdote ou sacerdote presiden denança do sacramento.
te do Sacerdócio Aarônico. Moisés, T anto o sacrifício anterior como
porém, presidia A arão por ter o Sa o sacram ento posterior estão centra
cerdócio de Melquisedeque. lizados em Cristo, no derram am en
O fato de ser cham ado de sacer to do seu sangue e a expiação que
dócio m enor não diminui em nada a fez por nossos pecados. T anto nos
im portância do Sacerdócio A arôni tempos antigos como agora, a auto
co. O Senhor disse que ele é necessá ridade para realizar essas ordenan
rio ao sacerdócio m aior. (Vide D&C ças pertence ao Sacerdócio A arôni
84:29.) Todo portador do sacerdó co. É na verdade uma responsabili
cio m aior deve sentir-se honrado ao dade sagrada e integra vocês na fra
poder realizar as ordenanças do Sa ternidade daqueles antigos servos do
cerdócio Aarônico, pois são de mui Senhor. Não adm ira, pois, que nos
ta im portância espiritual. sintamos tão humildes ao participar
Como membro do Quorum dos das ordenanças designadas ao Sa
Doze Apóstolos, tenho distribuído o cerdócio Aarônico.
sacram ento. Asseguro-lhes que me Percebem agora que é correto
sinto sumamente honrado e humil chamá-lo de Sacerdócio Aarônico
de, fazendo o que alguns talvez con ou Levítico? E só um a questão de
siderem tarefa rotineira. deveres designados; o sacerdócio ê
um só.
Sacerdócio Levítico
O Sacerdócio Aarônico também é Sacerdócio Preparatório
cham ado de Sacerdócio Levítico. O Finalmente, o Sacerdócio A arôni
termo levítico deriva do nome Leví, co é denom inado de sacerdócio pre
um dos doze filhos de Israel. Moisés paratório. Este, tam bém , é um títu
e A arão, que eram irm ãos, eram le lo apropriado, porque prepara os
vitas. rapazes para portarem o sacerdócio
Q uando o Sacerdócio Aarônico maior, cumprirem missão e casa
foi dado a Israel, coube a A arão e rem-se no templo.
seus filhos o encargo de presidir e Penso ser bastante simbólico que
administrá-lo. Os membros masculi João Batista, um sacerdote no Sa
nos de todas as outras famílias levi cerdócio Aarônico, haja preparado
tas ficaram encarregados das cerimô o caminho para a vinda do Senhor
nias do tabernáculo, inclusive da lei nos tempos antigos. Ele veio igual
mosaica do sacrifício. mente para restaurar o Sacerdócio
56 A LIAHONA
Aarônico ao P rofeta Joseph Smith e Sacerdócio A arônico de sacerdócio
Oliver Cowdery, preparando-os pa preparatório.
ra o sacerdócio maior. O próprio
Senhor disse que “ não apareceu al Princípios do Sacerdócio
guém maior do que João Batista” . Perm itam-m e ensinar-lhes alguns
(M at. 11:11.) im portantes princípios do sacerdó
Seria proveitoso vocês observa cio. Ao receberem o Sacerdócio Aa
rem seus pais e líderes estudarem co rônico, receberão todo ele. H á três
mo o Sacerdócio de Melquisedeque tipos de autoridades relacionados ao
funciona. Vocês estão-se preparan seu sacerdócio e que vocês precisam
do para ser élderes, setentas, sumos entender.
sacerdotes e patriarcas, e para ser Prim eiro, existe o sacerdócio pro
vir como missionários, líderes de priam ente dito. A ordenação que re
quorum , líderes de estaca, nos bis cebem traz consigo a autoridade pa
pados e como pais de família. ra realizar as ordenanças e possuir o
Alguns de vocês aí sentados hoje poder do Sacerdócio Aarônico.
como diáconos, mestres e sacerdo Depois, dentro do sacerdócio
tes, um dia sentar-se-ão aqui como existem ofícios, cada qual com pri
apóstolos e profetas e presidirão a vilégios diferentes. Três deles — diá
Igreja. Vocês precisam estar prepa cono, mestre e sacerdote — podem
rados. ser-lhes conferidos ainda na adoles
Na verdade, está certo cham ar o cência. O quarto ofício — o de bis
M embros da Presidência d o Prim eiro Q uorum dos Setenta, Élder C arlos E. Asay e
É lder M. Russel Ballard, atentos à conferência.
FEVEREIRO DE 1982 57
po — poderá ser seu, quando forem apóstata, o qual afirm ava que a
adultos e dignos de serem igualmen Igreja perdera o sacerdócio por não
te um sumo sacerdote. terem sido usadas determinadas pa
Aos diáconos cabe zelar pela igre lavras ao ser conferido, ao que ele
ja como ministros permanentes. respondeu: “ Antes de falarm os de
(Ver D&C 84:111; 20:57-59.) O quo sua alegação, permitam-me contar
rum se compõe de doze diáconos. alguma coisa sobre esse hom em .”
(Ver D&C 107:85.) Depois de descrever o caráter dele,
O mestre deve “ zelar sempre pela concluiu: “ E assim podem ver que o
igreja, estar com os membros e sujeito não passa de puro e simples
fortalecê-los” . (D&C 20:53.) O quo mentiroso — bem, talvez não tão
rum de mestres conta vinte e quatro puro assim .”
membros. (Ver D&C 107:86.) Os ofícios fazem parte do sacer
“ O dever do sacerdote é pregar, dócio, mas este é m aior que qual
ensinar, explicar, exortar, batizar e quer de seus ofícios. O sacerdócio
adm inistrar o sacramento. E visitar lhes pertencerá para sempre, a me
a casa de cada m em bro.” (D&C nos que vocês mesmos se desqualifi
20:46-47.) O quorum de sacerdotes quem pela transgressão.
tem quarenta e oito componentes. O Q uando somos ativos e fiéis, co-
bispo é o presidente do quorum dos
sacerdotes. (Ver D&C 107:87-88.)
Vocês terão sempre um destes ofí
cios. Q uando recebem o ofício se
guinte, conservam a autoridade do
anterior. Por exemplo, ao se torna
rem sacerdotes, continuam tendo
autoridade para executar tudo o que
faziam como diácono e mestre.
Mesmo quando recebem o sacerdó
cio m aior, conservam essa autorida
de e, com a devida autorização, po
derão agir nos ofícios do sacerdócio
menor.
O Élder LeGrand Richards que
foi bispo-presidente durante qua
torze anos, costumava dizer: “ Sou
apenas um diácono adulto.”
Não existe uma forma rígida de
ordenação. Ela inclui o conferimen-
to do sacerdócio, a designação de um
ofício, além de um a bênção espe
cial.
C erta vez, estive num a reunião
com o Presidente Joseph Fielding
Smith. Alguém inquiriu o Presiden
te Smith a respeito de uma carta que
estava sendo divulgada por um
58 A LIAHONA
meçamos a compreender o poder do
sacerdócio.
Existe ainda outra espécie de au
toridade que receberão ao serem de
signados presidentes de um quorum .
Então vocês recebem as chaves de
autoridade dessa presidência.
Vocês recebem o sacerdócio e o
ofício que ocupam dentro dele (diá
cono, mestre ou sacerdote) por or
denação. As chaves de presidência
vocês as recebem por designação.
Q uando se tornam diáconos, seu
pai poderá, e geralmente deverá
ordená-los; ou serão ordenados por
outro portador do devido sacerdó
cio. dentes da Igreja. Jam ais houve algu
Se forem chamados como presi ma exceção.
dente do seu quorum , seu bispado Lembrem-se dessas coisas. O sa
os designará. As chaves de presidên cerdócio é m uito, muito precioso
cia só podem ser dadas por quem as para o Senhor. Ele é muito zeloso
recebeu também. A menos que seu sobre como é conferido e por quem.
pai esteja no bispado ele não possui Nunca isto é feito em segredo.
essas chaves. Expliquei-lhes como a autoridade
As chaves de presidência são tem é conferida a vocês. O poder que re
porárias. O sacerdócio e os ofícios, cebem dependerá unicamente do
permanentes. que fizerem com este dom sagrado e
Uma coisa mais: Vocês podem re invisível. A autoridade vocês rece
ceber o sacerdócio somente de al bem pela ordenação; o poder vem
guém que tenha autoridade e “ que a pela obediência e merecimento.
igreja saiba que tem autoridade” . Quero contar-lhes como um de
(D&C 42:11.) O sacerdócio não po nossos filhos aprendeu obediência.
de ser concedido como um diploma, Q uando estava mais ou menos com
nem entregue como um certificado. idade de diácono, fomos visitar a fa
Não pode ser dado como um a men zenda de seu avô em Wyoming. Ele
sagem, nem enviado por carta. Só é queria começar a am ansar um cava
recebido pela devida ordenação. lo que ganhara de presente, e que es
Um portador autorizado do sacer tava acostum ado a correr livremente
dócio precisa estar presente, colocar pelas campinas.
as mãos sobre a cabeça de vocês e Levou quase o dia inteiro para
ordená-los. conseguir conduzir a m anada até o
É por isso que as Autoridades Ge curral e colocar um cabresto no ca
rais viajam tanto — para transm itir valo e am arrá-lo com um a corda
as chaves de autoridade do sacerdó forte.
cio. Todo presidente de estaca no Expliquei-lhe que o cavalo tinha
m undo inteiro recebeu autoridade de ficar am arrado até acalmar-se;
das mãos de um dos irmãos presi- ele poderia conversar com ele,
FEVEREIRO DE 1982 59
afagá-lo de leve, mas não, sob qual cavalos se afastaram nervosamente.
quer circunstância, soltá-lo. E ntão ele assobiou. O cavalo dele
Finalmente entram os para o jan hesitou, depois abandonou a m ana
tar. Ele comeu depressa e voltou da e foi para junto deles.
correndo para junto do cavalo. De Ele aprenderá que há grande po
repente, ouvimo-lo gritar. Eu já sa der nas coisas que se não vêem, coi
bia o que acontecera. Ele havia de sas invisíveis como a obediência.
sam arrado o cavalo, querendo co Assim como a obediência a um
meçar a treiná-lo. Q uando o animal princípio lhe deu poder para treinar
tentou afastar-se dele, instintivamen o cavalo, a obediência ao sacerdócio
te fez o que eu lhe ensinara nunca, ensinou-o a controlar-se.
nunca fazer. Enrolou a corda no Durante a vida inteira, vocês per
pulso para segurá-la com mais fir tencerão a um quorum do sacerdó
meza. cio; seus irmãos serão uma força e
Ao sair em desabalada carreira da apoio para vocês. Mais do que isso
casa, vi o cavalo passar correndo. — vocês terão o privilégio de ser
Nosso filho não conseguia soltar a apoio para eles.
corda e estava sendo obrigado a M uita coisa do que lhes falei a
acom panhá-lo correndo a toda. respeito do Sacerdócio Aarônico se
Acabou caindo! Se o cavalo tives aplica igualmente ao Sacerdócio de
se virado para a direita, sairia pela Melquisedeque. M udam os nomes
porteira, arrastando o garoto para dos ofícios, a autoridade é maior,
as colinas — seria a morte certa. mas os princípios continuam os
Mas ele virou para a esquerda, e por mesmos.
um instante foi obrigado a parar O poder do sacerdócio se adquire
num canto — tempo suficiente para cum prindo o dever nas coisas co
eu prender a corda num poste e sol muns; freqüentando as reuniões,
tar meu filho. aceitando designações, lendo as es
Seguiu-se então a conversa de pai- crituras, guardando a Palavra de
para-filho! “ Filho, se quiser contro Sabedoria.
lar este cavalo, você precisa usar al Diz o Presidente W oodruff: “ Via
go mais além dos músculos. O cava jei milhares de quilômetros e pre
lo é maior que você, é mais forte que guei o evangelho como sacerdote e,
você e sempre será. Algum dia, conform e já disse à congregação an
quando lhe tiver ensinado obediên tes, o Senhor me susteve e m ani
cia, lição que primeiro você mesmo festou-me seu poder na defesa de
terá de aprender, poderá m ontá-lo.” minha vida, enquanto portei aquele
Ele havia aprendido um a lição ofício como quando tinha o ofício
muito valiosa. de apóstolo. O Senhor sustém todo
Dois verões mais tarde, voltamos homem que tem um a porção do sa
à fazenda. O cavalo dele ficara o in cerdócio, seja ele um sacerdote, él-
verno inteiro correndo livremente der, setenta ou apóstolo, se ele mag
com a m anada selvagem. Nós os en nificar seu cham ado e cum prir seu
contram os num a baixada às m ar dever.” (Millennial Star, 28 de se
gens do rio. Fiquei observando da tembro de 1905, p. 610.)
colina como ele e sua irm ã se aproxi João Batista restaurou o Sacerdó
maram m ansamente da baixada. Os cio Aarônico com estas palavras:
60 A LIAHONA
“ A vós, meus conservos, em no lhes ministrem. Que o poder do sa
me do Messias, eu confiro o Sacer cerdócio esteja sobre vocês, nossos
dócio de A arão, que possui as cha queridos jovens irmãos, e sobre seus
ves da m inistração dos anjos, do filhos por todas as gerações futuras.
evangelho do arrependim ento e do Testifico que o evangelho é verda
batismo por imersão para remissão deiro, que o saceidócio possui gran
dos pecados.” (D&C 13.) de poder, um poder protetor e
Vocês — nossos diáconos, mes orientador para aqueles que portam
tres e sacerdotes — receberam uma o Sacerdócio Aarônico. Em nome
sagrada autoridade. Que os anjos de Jesus Cristo. Amém.
FEVEREIRO DE 1982 61
Sacerdócio Aarônico. Q uando ele
Ministério dos nasceu, havia mais de vinte anos que
eu esperava poder com prar um par
Portadores do de botas de cowboy para um garoto.
No primeiro Natal dele, comprei-
Sacerdócio Aarônico lhe um par.
Hoje gostaria de dirigir minhas
palavras a ele e explicar-lhe algumas
coisas sobre o sacerdócio que talvez
desconheça. G ostaria também de
conversar com seus amiguinhos —
os membros do seu quorum de diá
conos — e, de fato, com todos os ra
pazes — diáconos, mestres, sacerdo
Bispo H . Burke Peterson tes — pela Igreja afora. Gostaria de
Prim eiro conselheiro no Bispado Presidente
conversar convosco a respeito dessa
autoridade muito especial que agora
“Desenvolvei um relacionamento têm no Sacerdócio Aarônico.
pessoal com o Salvador. Ele vive! Reconheço que para alguns de vós
Sabe vossos nomes! Conhece-vos in esta autoridade especial não signifi
timamente! Ele vos am a!” ca m uita coisa, no m om ento. Ou
tros de vós talvez estejais realmente
eus irmãos do sacerdócio, entusiasmados com ela, mas talvez
M hoje é um a ocasião especial
para mim. Como alguns tal
vez saibam, minha mulher e eu te
não saibais por que vos sentis assim.
E uns poucos, quem sabe, ainda não
se qualificaram para recebê-la.
mos cinco filhas. Elas são lindas, ta Agora, um m om ento para meu
lentosas e fiéis. São a menina de neto: Darren, lembro-me bem de
meus olhos. Mas não temos nenhum quando estive, semanas atrás, na
filho rapaz. Q uando menino, sem reunião sacram ental de sua ala no
pre ia à reunião do sacerdócio aos Arizona. Eu estava sentado junto ao
domingos com meu pai e meus ir púlpito e você foi designado a distri
mãos. Como pai, sempre fui sozi buir o sacram ento para nós ali sen
nho. Como líder do sacerdócio, te tados. Você me ofereceu o pão e a
nho entrevistado e instruído cente água em lembrança do Salvador.
nas de rapazes sobre o Sacerdócio Em seu ofício de portador do Sacer
Aarônico, o que é uma experiência dócio Aarônico, você de fato me
esplêndida; mas nunca tive oportu ajudou a rededicar minha vida à ob
nidade de ensinar um filho meu. Fui servância dos m andam entos de
a inúmeros program as de pais e fi Deus. Em bora eu seja seu avô e por
lhos, mas nunca com meu próprio tador do Sacerdócio de Melquisede-
filho. que, você usou sua autoridade para
Esta noite, num centro de estaca ajudar-m e a renovar meus convê
do Arizona, meu neto mais velho, nios. Fiquei muito emocionado com
que tem doze anos, participa pela essa experiência que tivemos juntos.
primeira vez de uma reunião geral Ao observar o sorriso em seus lá
do sacerdócio, como um diácono no bios, pensei que estava sendo espe-
62 A LIAHONA
ciai para você também. Você sabia chegue a ver o sorriso de um a viúva
que eu tenho passado o sacram ento e seus olhos m arejados, quando o
à presidência da Igreja, bem como bispo lhe leva alguns mantimentos
ao Quorum dos Doze Apóstolos e ou paga o aluguel que deve com as
outras autoridades gerais, em oca ofertas de jejum que você recolheu.
siões sagradas? Não é extraordiná A medida que você crescer, rece
rio que você e eu usemos a mesma berá muitas outras responsabilida
autoridade do sacerdócio para des no sacerdócio. Q uando for um
nos ajudarm os a fazer tais convê sacerdote, como muitos que estão
nios com o Senhor? nesta reunião, poderá adm inistrar o
A hora do sacram ento é um mo sacramento. Terá autoridade para
mento muito especial e agora você é batizar pessoas. Imagine só! Você,
parte im portante dele. Você agora é exatam ente como os rapazes mais
diferente do que costumava ser. O velhos aqui presentes, terá a mesma
Senhor disse que vai com partilhar autoridade para batizar que tinha
consigo parte de seu poder e autori João Batista quando batizou o Sal
dade em benefício de terceiros. Ele vador. Você sabia que foi o Sacer
deixará você fazer agora algumas dócio Aarônico dele que lhe deu au
coisas sagradas que antes não podia toridade para realizar esse batis
fazer. Permita-me falar um pouco mo?
mais sobre elas. Lembrai-vos, irmãos, tereis tudo
Se viver dignamente, como mestre isso — e muito mais — se viverdes
poderá visitar a casa de alguns mem dignamente. Conservar-se digno
bros de sua ala com a responsabili do sacerdócio vai ser difícil, às ve
dade de ajudá-los a compreender zes. Reconheço que não é fácil ser
certos princípios do evangelho. Não adolescente no m undo de hoje. Che
precisa ter medo; você ficará surpre ga uma hora na vida de todo rapaz
so e em ocionado, quando sentir a em que gostaria — e necessita — de
inspiração para dizer certas coisas a sentir-se aceito pelos colegas, pelos
suas famílias. Um de nossos mestres companheiros. Às vezes isto chega a
familiares é um portador do Sacer parecer quase tão im portante como
dócio Aarônico. Ele vem visitar-nos ser querido pelos pais. Q uando esti
todos os meses. Três semanas atrás, verdes sob essa pressão na escola,
ele orou conosco e invocou uma não será fácil dizer não, quando o
bênção sobre nosso lar. Todos nos certo é fazê-lo — ou dizer sim,
sentimos muito bem. quando isto é o correto. É preciso de
Você terá a oportunidade, como fato coragem para ser um fiel porta
portador do sacerdócio, de ajudar a dor do Sacerdócio Aarônico.
cuidar dos pobres e necessitados, as Descobri que o poder no sacerdó
sistindo o bispo no recebimento das cio é obtido pelos que observam al
ofertas de jejum dos membros de gumas regras simples. O sacerdócio
sua ala. Não existe designação mais não traz autom aticam ente esse po
com pensadora que ajudar os neces der, a menos que façamos jus a ele.
sitados. Recolher ofertas de jejum Infelizmente, alguns rapazes nossos
torna-se uma bênção para você, se tornaram -se um pouco descuidados
encarar a tarefa como ajuda ao bis em seus hábitos. Alguns cometeram
po e aos pobres. Algum dia talvez erros e não se arrependeram deles. E
FEVEREIRO DE 1982 63
mesmo que ainda conservem o sa batendo com o pé na pedra ao le
cerdócio, talvez hajam perdido par vantar, me lembraria novamente de
te de seu poder. Entendeis o que ajoelhar para as preces m atutinas.
quero dizer? Às vezes precisamos de lembretes
Assim como o direito a ser inspi para criar bons hábitos.
rado depois de haverdes estudado 3. Eu decidiria ainda esta noite
para um discurso na Igreja ou prova orar sempre pelo desejo de cumprir
na escola. missão. O raria todos os dias, até
Ou como a coragem de dizer não, acontecer! E começaria desde já um
quando convidados a fazer alguma fundo de poupança. Chegando em
coisa errada. casa, arranjaria um a jarra ou lata
com tam pa, e depois de lavá-la a co
Ou como o poder de que necessi locaria em meu quarto. Então, de
tais ao orar pela mãe, pai ou irmãos pois de pagar o dízimo, guardaria
doentes. sempre um pouco para a missão.
Se quero desenvolver poder no sa Bem, talvez fosse bom dizer mais
cerdócio — se quero ser inspirado um a coisa aos nossos amigos que
nas tarefas diárias — eis algumas cometeram alguns erros graves e por
coisas a fazer: causa disso perderam ou ainda não
receberam esse poder especial de
1. Acredito que procuraria ler as
que estivemos falando. O Senhor
escrituras diariamente, durante dez
fez um a grande promessa a todos
ou quinze minutos. Provavelmente
nós, dizendo: “ Eis que o que se tem
começaria pelo Livro de M órmon.
arrependido de seus pecados, o mes
Não ficaria preocupado se, na pri
mo é perdoado e eu, o Senhor, deles
meira leitura, não entendesse algu
não mais me lem bro.” (D&C
mas coisas — ou mesmo na segunda
58:42.)
ou terceira. Mas leria freqüentemen
Imaginem só! Ele se esquecerá de
te.
nosso erro, se fizermos isto: “ Por
2. Ajoelharia e proferiria minhas este meio podereis saber se um ho
orações toda noite e manhã. Q uan mem se arrepende de seus pecados
do eu era garoto, nem sempre me — eis que ele os confessará e os
lembrava de orar à noite. Eu queria a b a n d o n a r á (D&C 58:43; grifo
fazê-lo, mas às vezes me esquecia, nosso.)
de tão cansado que estava. Depois O primeiro passo para acertar
de crescer um pouco mais, tive uma vossa vida, em caso de erros graves,
excelente idéia. é conversar com um de vossos pais.
Se fosse um de vós, procuraria Se não com os pais, então procurai
uma pedra mais ou menos do tam a o bispo — amanhã! Ficareis surpre
nho de um punho. Depois a lavaria sos em quão fácil se torna orar de
e guardaria debaixo do meu traves pois de terdes conversado com vosso
seiro. Então, quando fosse deitar à bispo ou pais. Eu vos prom eto que
noite, sentindo o calombo debaixo vos sentireis muito bem depois de
do travesseiro, me lem braria de sal fazê-lo.
tar da cama e proferir minha ora Bem, todo rapaz que me ouve po
ção. A seguir, poria a tal pedra ao de realmente ser um instrum ento
lado da cama e, na m anhã seguinte, nas mãos do Senhor para a execução
64 A LIAHONA
de toda sorte de sagradas responsa cardíaca. A única m aneira de enten
bilidades sacerdotais — até mesmo der o que os outros diziam era pela
milagres, se necessário. Tenho um leitura dos lábios. Seu lugar era bem
grande am or a todos vós. Espero na prim eira fila para poder ver os
que vos esforceis mais em viver con professores falarem. Era boa aluna,
forme vos instruímos hoje. Gostaria mas quando a gente não ouve nem
de term inar meu discurso contando pode participar ativam ente, é difícil
uma experiência:
Anos atrás, quando servia como
bispo no Arizona, tínham os lá um
grupo incomum de adolescentes. A
maioria deles tinham coragem sufi
ciente para fazer o certo. M anti
nham-se unidos e ajudavam -se m u
tuam ente quando as coisas ficavam
pretas. Quase todos freqüentavam a
mesma escola do bairro. Em núm e
ro, não passavam de um punhado
entre os outros alunos. Nessa esco
la, conheceram um a garota que não
era membro da Igreja e tinha um
problem a. Ela era surda, além de ser
FEVEREIRO DE 1982 65
integrar-se no que está acontecendo. passei a sentir um calmo espírito de
Passamos a ser mais espectador do paz ouvindo-o falar. Mais tarde,
que participante. E ela era um a es sentado de frente para ela, eu disse:
pectadora observando de longe. “ Quero falar-lhe da bênção que o
Os jovens da ala mostraram-se êlder lhe deu. Foi extraordinária.”
amigos dela e a convidaram para in Após um m om ento, com olhos
tegrar seu grupo. Ela correspondeu m arejados, ela respondeu: — Bispo,
à amizade deles. Como um a coisa eu ouvi a bênção.
leva a outra, acabaram convidando- Estava curada. Conseguia ouvir e
a a receber, com autorização dos seu coração palpitava normalmente.
pais, as palestras missionárias na ca Já podia participar mais plenamente
sa de um deles. Os élderes que a en do evangelho e das bênçãos da vida.
sinaram tinham dezenove anos, Este caso pode ensinar-nos muitas
pouco mais que ela. Ela gostou do lições. Aquela de que gostaria que
que ouviu; acreditou no que ouviu'; os portadores do Sacerdócio Aarô-
sentiu-se bem interiorm ente. M ar nico se lembrassem é: Ali estava um
cou-se a data do batism o. Todos fo missionário de dezenove anos, um
ram convidados a participar. Vesti élder portador do Sacerdócio de
da de branco, ela e um dos missio Melquisedeque. Ele havia-se prepa
nários entraram na água e ela foi ba rado para a missão; tornara-se dig
tizada quando ele disse, depois de no de ser um instrum ento nas mãos
chamá-la pelo nome: “ Tendo sido do Senhor para realizar um milagre.
comissionado por Jesus Cristo, eu te Por isso, quando estava com as
batizo em nome do Pai, e do Filho e mãos sobre a cabeça dela, sentiu
do Espírito S anto.” (D&C 20:73.) certa impressão — uma mensagem
O próximo passo foi ser confir celestial — dizèndo-lhe da existência
mada. Alguns de nós integramos o de uma bênção especial para aquela
círculo quando ela recebeu a imposi moça e que ele fora escolhido para
ção das mãos. Percebi que ela não dá-la.
podia ver os lábios de quem a con Ele escutou. Ele obedeceu. E pela
firmava, e assim não ouviria a bên autoridade e poder do sacerdócio, a
ção que ele lhe daria. Prestei bastan vida de um a jovem se normalizou.
te atenção para, mais tarde, convi Que o Senhor abençoe todos os
dá-la ao meu escritório e repetir-lhe rapazes ao desenvolverem seu rela
o que fora dito. cionam ento pessoal com o Salva
Um élder de dezenove anos a con dor. Eu testifico que ele vive! Testi
firmou membro da Igreja. A seguir fico que ele sabe seus nomes!
começou a dar-lhe uma bênção, fa Conhece-os intimamente! Ele ama
zendo promessas que achei bastante vocês! Que seu poder e bênçãos os
incomuns. Cheguei a sentir-me um acompanhem em seu ministério no
pouco constrangido com o que ou Sacerdócio Aarônico, em nome de
via. Ele continuou com a bênção e Jesus Cristo. Amém.
ASSINE A LIAHONA
66 A LIAHONA
tabeleceu para seus filhos na terra.
“ Se Estiverdes Desde os prim órdios da Igreja,
sua liderança vem-nos ensinando
Preparados, não como devemos estar organizados. O
Senhor escolheu o período mais difí
Temereis” cil na história da Igreja, quando o
Profeta Joseph Smith se encontrava
injustam ente encarcerado na Cadeia
de Liberty, para dar-lhe a revelação
sobre o sacerdócio. Ao brado de so
corro do Profeta, o Senhor repli
cou:
“ Q uanto tempo podem permane
cer impuras as águas que correm?
Élder L. Tom Perry Que poder deterá os céus? Seria tão
do Q uorum dos Doze Apóstolos inútil querer o homem estender seu
débil braço para desviar do seu cur
“Que a lista de prioridades seja en so o Rio Missouri, ou fazê-lo ir cor
cabeçada, nos próxim os meses, pelo renteza acima, como evitar que o
fortalecim ento de nossos quoruns Todo-Poderoso derram e seus co
do sacerdócio. ” nhecimentos dos céus sobre a cabeça
dos santos dos últimos dias.
iajando pelos quatro cantos “ Eis que muitos são chamados,
FEVEREIRO DE 1982 77
Familiar Quotations, 15? ed., Bos
A Perfeita Lei de ton: Little, Brown and C o., 1980, p.
523.)
Liberdade Os tempos m udaram desde a épo
ca de Lincoln, mas não a utilização
diversificada do term o liberdade e
seus sinônimos. As delícias da liber
dade que costumamos com entar po
dem ser classificadas assim: (1) inde
pendência política, (2) independên
cia econômica e (3) livre arbítrio.
Gostaria de que nos empenhásse
Presidente Marion G. Romney mos pela liberdade que abrange to
Segundo conselheiro na Prim eira Presidência das as três, e mais ainda. G osta
ria de que lutássemos pela liber
“A obediência à lei de Cristo deixa dade d ’alm a para a qual todas con
a alma livre, o que é a suprema tribuem . G ostaria de que alcanças-
fo rm a de liberdade. ” semos aquele estado venturoso pre
nunciado pelo Profeta Joseph
I
ntitulei estes meus comentários Smith, quando disse: “ Que a virtu
de “ A Perfeita Lei de Liberda de adorne os teus pensamentos in
de” . cessantemente; então tua confiança
Q uando jovem , sentia-me profun se tornará forte na presença de
dam ente comovido pelo famoso Deus.” (D&C 121:45.) Quem goza
brado de batalha de Patrick Henry: dessa liberdade é, segundo Jesus,
“ Dêem-me liberdade ou matem- verdadeiramente livre. (Vide João
m e!” 8:36.) É possuidor da verdadeira li
O sentido do termo liberdade é berdade.
difícil de se definir plenamente. Gostaria de cham ar vossa atenção
A braão Lincoln era de opinião que a umas poucas ilustrações para cor
“ o m undo jam ais teve um a boa de roborar a tese de que, em bora a in
finição do termo. Todos nos decla dependência política e econômica, e
ramos a favor da liberdade” , dizia o livre arbítrio possam contribuir
ele, “ mas não empregamos a pala para a liberdade d ’alma, não a ga
vra com o mesmo sentido. P ara al rantem.
guns, liberdade é o homem poder Vejamos primeiro a independên
fazer o que bem entende consigo cia e o poder político:
mesmo e o produto de seu trabalho; Neste campo, as conquistas de
para outros, talvez signifique fazer Alexandre Magno (356-323 A.C.)
o que bem lhes apraz com o próxi estão entre as mais conhecidas. Com
mo e o produto de seu trab alh o .” sua grande coragem física, energia
Dizia ainda: “ O pastor livra a impulsiva e fértil imaginação, ele,
ovelha do ataque do lobo, pelo que aos trinta e dois anos, era senhor,
ela lhe agradece como seu liberta em todos os sentidos, do m undo en
dor, enquanto o lobo o acusa pelo tão conhecido. C ontudo, estava lon
mesmo a to .” (Discurso, 18 de abril ge de gozar de liberdade, pois não ti
de 1864; citado em John Bartlett, nha dom ínio de si próprio. Morreu
78 A LIAHONA
aos trinta e três anos, vítima de seus liberdade — política, econômica ou
próprios excessos, desconhecendo pessoal. O livre arbítrio é um de
inteiramente a liberdade d ’alma. nossos mais preciosos legados, e que
O Cardeal Wolsey (cardeal e esta nos coloca em grande dívida para
dista inglês, 1475?- 1530) aprendeu, com o Pai Celeste. Deus o deu ao
para pesar seu, quão pouco a inde homem no Jardim do Éden. (Vide
pendência e mesmo o poder políti Moisés 7:32.)
cos contribuem para a genuína liber P or mais precioso que seja, toda
dade. C onform e sabeis, ele dedicou via, o livre arbítrio não é a perfeita
sua vida ao serviço de três soberanos liberdade que buscamos, nem con
ingleses, usufruindo o tempo todo duz necessariamente a ela. Na ver
de grande liberdade e poder políti dade, é por meio de seu exercício
co. Entretanto, acabou sendo des que é mais freqüente os homens caí
pojado de toda essa grandeza por rem em cativeiro político, econômi
um m onarca impaciente. C ontem co e pessoal do que alcançarem li
plando desiludido as ruínas de sua berdade.
vida, lamentou-se a um amigo: Houve época, por exemplo, em
Ó Cromwell! Cromwell! que os nefitas, exercendo seu livre
Tivesse eu servido meu Deus com arbítrio, criaram condições que os
metade do zelo conduziram à servidão política. E is
Que ao meu rei dediquei, não es to enquanto viviam num regime go
taria agora vernamental que lhes garantia o ple
À mercê de meus inimigos. no exercício do livre arbítrio. “ Pois,
(William Shakespeare, Henrique suas leis e governos eram estabeleci
VIII, ato 3, cena 2.) dos pela voz do povo, e o núm ero
Anos atrás, um a revista publicou dos que preferiam o mal era maior
um artigo sobre certos renomados do que o dos que preferiam o bem .”
financistas deste século. Contava P or isso, “ não podiam ser governa
como alguns deles haviam m orrido dos pela lei ou justiça, a não ser pa
pobres e desacreditados, outros se ra sua destruição.” (Helamã 5:2-3.)
haviam suicidado e uns poucos cum Nessas condições, escolheram go
priram pena de prisão. Todos eles vernantes maus em lugar dos ho
haviam gozado, ao menos tem pora mens justos que, no passado, ha
riamente, de independência econô viam protegido e defendido essas li
mica, mas a nenhum deles ela trou berdades, e tê-lo-iam feito também
xera liberdade d ’alma. no futuro.
Em bora raram ente ou nunca se A livre escolha de um rei pelos ja-
afirme que a independência política reditas os conduziu diretam ente ao
ou econômica por si só proporcione seu cativeiro. (Vide Éter 6:21; 7:5.)
perfeita liberdade, não é incomum O mesmo aconteceu nos dias de
que o livre arbítrio seja considerado Israel. O povo — rejeitando o go
sinônimo de liberdade d ’alma. É verno dos juizes, instituído por
verdade que o direito divino de esco Deus — im plorou a Samuel que lhes
lher nosso curso de ação é um requi desse um rei. A despeito das adver
sito indispensável para se obter essa tências de Samuel de que um rei
liberdade. Sem ela, dificilmente po transform aria seus filhos em servos,
deremos gozar de qualquer tipo de lhes exigiria pesados tributos e tra
FEVEREIRO DE 1982 79
balhos e os m andaria para a guerra,
“ o povo não quis ouvir a voz de Sa
muel, (dizendo): Não, mas haverá
sobre nós um rei.”
E nós também seremos como to
das as outras nações.” (I Samuel
8:19-20.)
E ntão Samuel ungiu Saul como
rei deles. No devido tem po, exata
mente conform e Samuel previra, o
povo foi pesadam ente sobrecarrega
do, seus filhos e filhas se transfor
m aram em servos, e veio a guerra. A
nação dividiu-se em dois reinos, Is
rael e Judá, que term inaram ambos
em cativeiro. Não apenas perderam
a liberdade política, mas terminou
sua existência política como nação.
O livro de Gênesis contém um e-
xemplo clássico de perda de indepen
dência econômica pelo mau uso do
livre arbítrio. Os egípcios, em lugar
de exercer seu livre arbítrio,
precavendo-se para um dia de penú
ria, fiaram-se no governo. Q uando
chegou o tem po de escassez, foram
obrigados a com prar mantimentos
A o térm ino de um a sessão da conferência, o
dele. Prim eiro, gastaram seu dinhei Presidente G ordon B. Kinckley, novo conselheiro
ro. Q uando acabou, entregaram o na Prim eira Presidência, abre cam inho para o
gado, depois suas terras; finalmente Presidente N . Eldon T anner, prim eiro conselheiro
na Prim eira Presidência, à esquerda, passando
foram compelidos a vender a pró pelos m em bros do Q uorum dos Doze Élder
pria liberdade, tornando-se escra Thom as S. M onson, Élder Boyd K. Packer, Élder
vos, para poder comer. (Vide Gêne Marvin J. A shton e Élder Bruce R. M cConkie. .
FEVEREIRO DE 1982 87
para o m undo inteiro.
Santificação pelo Como portadores das chaves, são
enviados por todo o m undo para
Serviço abrir as portas à proclam ação do
evangelho de Jesus Cristo. Pela
Missionário obra deles é que as portas são aber
tas. O evangelho está sendo pregado
m undo afora.
Inspirados e dirigidos pelo Se
nhor, estes profetas, videntes e reve
ladores têm conclamado os discípu
los de Jesus Cristo, enviando-os por
m andam ento, o qual é:
“ E a voz de advertência irá a to
Élder William R. Bradford dos os povos pela boca de meus dis
do Prim eiro Q uorum dos Setenta cípulos, os quais escolhi nestes últi
“Missão — um tem po maravilhoso mos dias.
para vos purificar e reanimar, uma “ E eles irão avante, e ninguém os
de vossas melhores oportunidades impedirá, pois eu, o Senhor, os
de vos tornardes um candidato mandei.
“ P ortanto, temei e tremei, ó po
celestial. ”
vo, pois o que eu, o Senhor, decre
tei, neles será cum prido.” (D&C
estifico-vos solenemente que 1:4-5,7.)
M embros d a Prim eira Presidência: Presidente N .E ld o n T anner, prim eiro conselheiro; Presidente
M arion G. Romney, segundo conselheiro; Presidente G ordon B. Hinckley, conselheiro.
FEVEREIRO DE 1982 99
Autoridades Gerais
de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Prim eira Presidência
O Q u o ru m do s Doze
A L IA H O N A
A P residên cia do Prim eiro Q u o ru m dos Setenta
Franklm D flichards J. Thortias Fyans Carlos E Asay M Hussell Ballard Dean L. La/ser, Royden G Derr eti G Homer Duitiam
o
Cl rs
IV /X dv*
Maror D. Hanks A Theodore Tuítle Theodore M Burton Paul H Dunn Harlrnan Recioi, Jf Lofen C. Dunn HoDert L Simpscn Hex D Piregar W Grani Bangene' Robert D Hales Adney
AOney V K
Komalsu
ornai su
Hugn W PrnnocK F En2io Buscfie VosmUikc Kikuchi RonaW E Poelman Oerek A Cuthberl Robert L Backman Rex C Reeve Sf F Bunor Howard Teddy E Brewerlon Jack H Goaslmd. Jr Angel Abre a
M embros do Q uorum dos Doze: Presidente E zra Taft Benson, à esquerda; Elder M ark E. Petersen
e Élder LeG rand Richards.
104 A LIAHONA
convidou-me para ir à Igreja. Que go facilitou as coisas. Hoje, não di
ria ir, mas não me julgava digno. rijo mais um bonito carro nem uso
Ele continou a convidar-me e eu a roupas de luxo, mas sinto-me mais
recusar. Eu tinha o desejo de voltar, rico que nunca.”
mas não arranjava forças para fazê- E prossegue: “ Os que se desgarra
lo. ram querem tanto voltar, mas têm
“ C erta noite, sozinho em meu medo de dar o primeiro passo. Eles
apartam ento, achava-me muito de não perdem o testemunho; perdem a
primido e pus-me a chorar incontro- confiança em si m esmos.”
lavelmente. Orei ao Senhor e im plo Os que se desgarram precisam de
rei sua ajuda. No dia seguinte, Ken um amigo — mas um amigo que co
indagou como eu estava passando; nheça o Pastor. Raramente as pes
ele percebeu que alguma coisa não soas deixam de freqüentar a Igreja
ia bem. Abraçando-m e, disse: — devido a divergências doutrinárias.
Ele ainda o ama, e nós tam bém . Por Elas esperam um sinal de genuíno
que não volta para casa? am or e amizade para curar suas m á
“ Eis a resposta para minhas pre goas ou dúvidas.
ces; a ajuda que tanto im plorara na Néfi testificou “ que o Senhor
noite anterior! Deus não trabalha em trevas” .
“ Eu voltei para casa! A princípio, “ Ele nada faz que não seja em be
estava um pouco constrangido, mas nefício do mundo; porque ama o
o fato de todos se im portarem comi m undo a ponto de entregar sua pró-
Élder Derek A. C uthbert, do Prim eiro Q uorum dos Setenta, à esquerda, conversando com alguns
visitantes.
106 A LIAHONA
sário, por ministrações celestiais.
Joseph Smith: O Descrevendo as condições dos úl
timos dias ligadas à segunda vinda
Profeta de Nossa de Jesus Cristo, João profetiza em o
Novo Testam ento que, antes de o
Geração Salvador retornar, o m undo recebe
ria um aviso de estar próxima a hora
do juízo de Deus. Este aviso seria
trazido por um anjo dos céus, decla
rando um “ evangelho eterno” . Ou
vi o que diz:
“ E vi outro anjo voar pelo meio
do céu, e tinha o evangelho eterno,
para o proclam ar aos que habitam
Presidente Ezra Taft Benson sobre a terra, e a toda nação, e tri
Presidente do Q uorum dos Doze Apóstolos
bo, e língua, e povo.
“ Dizendo com grande voz: Temei
“Os ensinamentos de Joseph Sm ith a Deus, e dai-lhe glória; porque vin
resistiram a mais de cento e da é a hora de seu juízo. E adorai
cinqüenta anos de pesquisa, aquele que fez o céu, e a terra, e o
críticas e perseguição. A mar, e as fontes das águas.” (Apo.
mensagem, a Igreja e o povo são a 14:6-7.)
comprovação de seu testem unho e Quem aceita o testemunho- de
suas obras. ” João, o Revelador, deve esperar no
vas revelações e visitações de um
ostaria de debater nesta ma mensageiro celestial à terra.
Algumas crianças da Prim ária que cantaram no coro especial n a sessão vespertina de sábado.
E para abordar nesta conferên nio dom ina tão perfeitam ente o
cia, tive oportunidade de tra mundo, que precisa só de alguns
tar de alguns negócios, por telefone, diabos para controlá-lo” , e que “ a
com um membro do Quorum dos legião inteira de demônios não tem
Doze. Durante essa conversa, pedi- nada a fazer senão cuidar dos ‘m or
lhe: -Poderia ajudar-m e a escolher mons’ e incitar o coração dos filhos
um assunto adequado para meu dis dos homens a destruí-los — tirar-
curso na conferência? lhes a existência.” (Journal o f Dis
— Posso, — respondeu com voz courses 5:364.)
tranquilizadora, e acrescentou: — O maligno tem tentado muitas ve
Ore, Carlos. zes, em todas as dispensações, des
Assim, vou com partilhar convos truir muitos filhos de Deus. Às vezes
co o resultado de muitas preces, e o ele próprio assumiu o papel do en
faço piedosa e obedientemente, e ganador. Outras vezes opera através
com muita humildade. dos que se passaram para o lado de
No dia 1? de novembro de 1857, o le. No Livro de M órm on, por exem
Élder George A. Smith fez um dis plo, lemos a respeito de três anticris
curso memorável, no qual citou esta tos. Todos eles enganaram, todos
antiga fábula chinesa: eles pregaram contra os que acredi
“ Um homem que viajava pelo tavam em Cristo, todos eles procu
país, chegou a uma grande cidade, raram abertam ente destruir a igreja
rica e esplêndida. Contem plando-a, de Deus. Sua m aneira de iludir era
disse ao seu guia: - Este deve ser um parecida. Ensinavam falsas doutri
povo muito justo, pois só consigo nas, espalhavam mentiras, tacha
ver um diabrete nesta enorme cida vam as profecias de tradições ridícu
de. las, acusavam os líderes da Igreja de
“ Ao que o guia replicou: - Tu não perverter os caminhos de Deus e
entendes, senhor. Esta cidade é tão atorm entavam o povo, chamando
118 A LIAHONA
de esperança vã e absurda sua fé. nas trevas que na luz. Sua lógica, se
(Vide Jacó 7; Alma 1; e Alma 30.) aceita, levaria à queima do Novo
Q uando lemos a respeito dos anti- Testam ento, porque o relato no
cristos de outros tempos, admira- evangelho de Lucas não coincide
-nos quão pervertida se tornou sua exatamente com o de Mateus, ou
m aneira de pensar e quanto sucesso porque o livro de Atos contém duas
conseguiram em ludibriar homens e versões diferentes da visão de Paulo
mulheres. Adm ira-nos também co na estrada de Damasco. (Vide Atos
mo certas pessoas podiam ser tão 9:1-9 e 22:4-11.) Na vida de muitos
simplórias, tão fáceis de enganar. E apóstatas, não existe fé nos profetas
com tudo isso, tendemos a colocar modernos ou revelação contínua.
os anticristos nalgum canto da his Querem colocar sua esperança de
tória passada e voltamos aos nossos salvação em outras coisas e não nas
caminhos desprotegidos. Isto é peri relacionadas aos profetas vivos e à
goso. Pode levar à perda da fé e, em fé viva.
sentido espiritual, causar nossa des Segue-se a pergunta: Como reagi
truição. mos a tais desígnios maliciosos e
Desde a primavera de 1820, Lúci- malignos? Acaso revidamos? Perm i
fer vem com batendo incansavel ti-me sugerir um curso de ação —
mente os santos dos últimos dias e um curso em harm onia com os ensi
seus líderes. Têm aparecido em cena nam entos do Salvador e que, caso
verdadeira parada de anticristos, seguido, estará em consonância com
antim órm ons e grupos apóstatas. os sábios conselhos dos profetas
Muitos continuam entre nós, difun atuais e passados:
dindo novas torrentes de mentiras e 1. Evitai os que gostariam de des
falsas acusações. Esses assassinos da truir vossa fé . Devemo-nos esquivar
fé e ladrões de testemunhos utili dos assassinos da fé. As sementes
zam-se de contatos pessoais, da pa que lançam na mente e no coração
lavra impressa, do rádio e televisão dos homens desenvolvem-se qual
e outros meios de comunicação, pa câncer e consomem o Espírito. Os
ra semear dúvidas e perturbar a paz verdadeiros mensageiros de Deus
dos verdadeiros crentes. edificam — não destroem. Envia
Faz dois meses recebemos uma mos nossos missionários ao mundo
carta comovente de um bispo, con para ensinar e auxiliar as pessoas a
tando que fora envolvido na exco conhecerem a verdade linha sobre li
m unhão de um recém-converso. Es nha, até que recebam a plenitude do
se recém-converso caíra sob a in evangelho. (Vide D&C 98:112.)
fluência de um apóstata muito obs Conform e testificou um recém-
tinado e que conseguira destruir o converso: “ M inha igreja anterior
testemunho daquele. Aparentem en forneceu-me o capítulo sobre m or
te para desacreditar Joseph Smith e talidade. A Igreja de Jesus Cristo
os profetas subseqüentes, esse após dos Santos dos Últimos Dias acres
tata citou modificações feitas nas centou mais dois capítulos — sobre
publicações da Igreja no decorrer a preexistência e a existência após a
dos anos. m orte.”
O m étodo usado por esse apóstata 2. Guardai os mandamentos. O
é comum entre os mais interessados Presidente Brigham Young prome
FEVEREIRO DE 1982 119
teu: “ Tudo o que temos de fazer é ir ma primeira Regra de Fé.)
para a frente e para o alto, guardar 5. Exam inai as escrituras. Poucos
os m andam entos de nosso Pai e se desencaminhariam ou perderiam
Deus, e ele confundirá nossos inimi o caminho, se considerassem as es
gos.” (Discursos de Brigham Young, crituras como bússola ou guia pes
p. 347.) Obedecendo às santas leis, soal. (Vide Alma 37:44.) A barra de
seremos revestidos de “ toda a arm a ferro é a palavra de Deus, e se a ela
dura de Deus” e seremos capazes de nos agarrarm os, não cairemos.
resistir aos estratagemas do malig 6. N ão vos deixeis desviar ou dis
no. (Vide Efésios 6:11-18.) Além do trair da missão da Igreja. Sempre
mais, a obediência nos assegura a existe alguém que gostaria de vos
orientação e proteção do Santo Es desviar de vosso curso, fazendo-vos
pírito. perder tempo e energias. Satanás
3. Segui os profetas vivos, confor usou um a tática assim para tentar a
me acabamos de ser admoestados. Cristo no deserto. A resposta decidi
Certo líder da Igreja ensinou: da do Salvador: “ Vai-te Satanás”
“ Olhai sempre para o presidente da (Mat. 4:10), é um bom exemplo pa
Igreja, e se alguma vez ele vos m an ra todos nós.
dar fazer um a coisa errada, e vós 7. Orai p o r vossos inimigos. Cris
obedecerdes, o Senhor vos abençoa to disse aos nefitas: “ Amai os vos
rá por tê-la feito... Mas não preci sos inimigos, bendizei os que vos
sais preocupar-vos. O Senhor ja maldizem, fazei o bem aos que vos
mais permitirá que seu porta-voz de têm ódio e orai pelos que vos mal
sencaminhe o povo.” (Heber J. tratam e perseguem .” (3 Néfi 12:44;
G rant, citado por M arion G. Rom- vide também M at. 5:44; 3 Néfi
ney em Conference Report, outubro 12:10-12.) Enquanto estava na cruz,
de 1960, p. 78.) Cam inham os a es o Salvador rogou: “ Pai, perdoa-
mo por desconhecidos campos mi lhes, porque não sabem o que fa
nados e colocamos nossa alma em zem.” (Lucas 23:34.) M uitos conti
perigo, aceitando ensinamentos de nuam desconhecendo a verdade —
qualquer pessoa não ordenada por não porque não a desejam, mas
Deus. (Vide D&C 43:2-7; 52:9.) porque não sabem onde encontrá-
4. Não debatais nem argumenteis la. (Vide D&C 123:12.)
a respeito de pontos doutrinários. O 8. Praticai a “religião p u ra ”.
Mestre adverte que “ o espírito de Dedicai-vos a prestar serviço cris
discórdia não é meu, mas é do de tão. Socorrei os necessitados e en
m ônio” . (3 Néfi 11:29.) Recorrendo fermos; visitai os órfãos e viúvas, e
às táticas de Satanás para fins jus sede caridosos para com todos, se
tos, estaremos sendo inconsistentes. jam ou não membros da Igreja. (Vi
Tal inconsistência resultará somente de Tiago 1:27 e Alma 1:30.)
em frustração, perda do Espírito e 9. Lembrai-vos de que existem
acabará em derrota. Lembrai-vos de muitas coisas para as quais não te
que “ pretendemos o privilégio de mos respostas e que algumas têm de
adorar a Deus, Todo-Poderoso, de ser aceitas simplesmente pela fé . Um
acordo com os ditames da nossa anjo do Senhor, perguntou a Adão:
consciência e concedemos a todos os “ Por que ofereces sacrifícios ao Se
homens o mesmo privilégio” . (Déci nhor? E Adão respondeu: Não sei,
120 A LIAH O N A
exceto que o Senhor me m andou.” 2. Asseguro-vos que essa oposi
(Moisés 5:6.) M uitas vezes somos ção, se enfrentada e vencida, exerce
chamados a escalar o M onte M oriá uma grande influência refinadora
e nos m andam sacrificar nosso Isa- em nossa vida. Diz um a estrofe de
que sem mais explicações. A fé é o um de nossos hinos:
primeiro princípio do evangelho; é E quando teu caminho por ígneas
um princípio de progresso. provas te levar,
Suspeito que há poucos que me M inha graça toda-poderosa te irá
lhor conheçam a realidade de Sata amparar.
nás e seus asseclas do que os missio A s chamas não hão de ferir-te;
nários de tempo integral, pois eles com elas só quero
estão expostos aos dardos inflam a Tuas jaças consumir e teu ouro
dos do adversário que passam zu refinar!
nindo por sua cabeça, enquanto tra (“ Que Firme Alicerce” Hinos, n?
balham nas linhas de frente de nos 49, 5? estrofe, sem versão para o
sa batalha contra o pecado. Entre português. N. do T.)
tanto, eu prom eto a todos os missio O Salvador aprendeu obediência
nários — e a todos os membros — com tudo o que sofreu. (Vide Heb.
que, se os nove passos que acabo de 5:8.) As provações de Joseph Smith
sugerir forem seguidos com consis deram-lhe experiência e foram em
tência, saireis vitoriosos da batalha, seu benefício. (Vide D&C 122:7.)
e vossa fé e testem unho serão pre 3. Asseguro-vos que as águas em
servados. que estamos habituados a nadar não
Ao mesmo tempo — 1. Asseguro- passam de poças com paradas às tor
vos que essa oposição a nossa causa rentes de oposição que o Profeta Jo
testifica sua divindade. Se não fôs seph e outros tiveram de enfrentar.
semos uma ameaça aos poderes de (Vide D&C 127:2.)
Satanás, esses poderes se com bina
riam contra nós?
138 A LIAHONA
Santo.” (1? Regra de Fé.) Ora, nós
“ Lembrai-vos de cremos nisto. Mas fico imaginando
como agiríamos, se nos lembrásse
Quem Sois” mos diariamente de que somos fi
lhos espirituais de Deus e que Jesus
Cristo é o nosso Salvador. Será que
faríamos certas coisas que fazemos?
Fá-las-íamos com mais ênfase ou
não as faríamos de todo? Tivemos o
Espírito conosco hoje. E gostaria
de dizer que a coisa mais im portante
para mim, e me parece mais necessá
Presidente N. Eldon Tanner ria do que outra coisa qualquer no
Primeiro conselheiro na Primeira evangelho, é que vivamos cada dia
Presidência. os ensinamentos do Senhor. Peço-
“Se somos honestos, honrados e -vos que recordeis às pessoas quem
justos em tudo o que fazem os, esta elas são e lhes digam que se condu
é toda a informação que os outros zam de acordo. Assim fazendo, es
desejam de n ó s ." taremos guardando os m andam en
tos de Deus. Nós dizemos: “ Cremos
stou muito satisfeito de poder em Deus, o Pai E terno.” Cremos
140 AUAHONA
— Digamos assim: se entre agora
Sessão de Bem-estar, 3 de outubro e o Milênio algum membro da Igreja
de 1981 m orrer de fome, o culpado é meu
pai.
O Amor Vai Além Os Serviços de Bem-estar são en
carados de várias formas. Suponho
da Conveniência que a m aioria das pessoas pensa ne
les como fazendas, fábricas de con
servas, armazéns do bispo e Indús
trias Deseret. Os Serviços de Bem-
-estar representam a parte básica da
principal missão da Igreja, que é o
aperfeiçoam ento dos santos; eles
são o evangelho em ação para os
membros individuais. Não se desti
Bispo J. Richard Clarke nam apenas à participação institu
Segundo conselheiro no Bispado Presidente. cional ou de grupos. Nós obtemos a
salvação em base individual — toda
“Se quisermos seguir o Salvador, pessoa precisa galgar a escada inde
não poderem os fazê-lo sem pendentemente para chegar ao nível
sacrifício pessoal e sincero do Mestre. Se quisermos alcançar a
envolvimento; isto é raramente perfeição, temos de emular as obras
conveniente. ” de Jesus, bem como seguir suas p a
lavras. Pedro, o apóstolo, disse aos
I
rmãos e irmãs: Alguém ouviu que queriam ser discípulos de Cris
por acaso uma conversa de Rikki to, que fossem “ participantes da na
Pace, garota de quinze anos e fi tureza divina” . (2 Pedro 1:4.) E
lha de nosso novo diretor-gerente mais: “ Porque para isto sois cham a
Glenn Pace com uma colega de es dos... para que sigais as suas pisa
cola e que foi mais ou menos assim: d as.” (1 Pedro 2:21.)
— Onde seu pai trabalha? Em 1897, o Dr. Charles Sheldon,
— No Edifício dos Escritórios da jovem ministro de Topeka, Kansas,
Igreja. escreveu um livro que intitulou de
— Onde fica esse edifício? Em Seus Passos, um romance ba
— Sabe, aquele arranha-céu perto seado num experimento pessoal.
do templo. Disfarçando-se de tipógrafo desem
— E o que ele faz? pregado, vagou pelas ruas de Tope
— É o encarregado do D eparta ka e ficou chocado com o tratam en
mento de Bem-estar. to recebido de sua com unidade
— O que é o Departam ento de “ cristã” . No livro, um ministro
Bem-estar? cristão lança a sua congregação um
Depois de várias tentativas de des interessante desafio:
crever sua função, Rikki aparente “ Quero voluntários... que se
mente não conseguira impressionar com prom etam , sincera e honesta
nenhum pouco sua amiguinha. En mente a, durante um ano inteiro,
tão, como tentativa final, Rikki não fazer nada sem antes perguntar-
saiu-se com esta: -se: ‘O que faria Jesus?’...N ossa me
FEVEREIRO DE 1982 141
ta será agir exatamente como Jesus mal interpretado, ansiar por com pa
faria, se estivesse em nosso lugar, nhia, estima e apreço. Entretanto,
independentemente dos resultados ao saciar a fome emocional do p ró
imediatos. Em outras palavras, ximo, descobrimos que reduzimos a
propom o-nos a seguir os passos de nossa tam bém .
Jesus tão literal e exatamente quan 4. A fome espiritual é o abrasador
to acreditamos tenha ele ensinado desejo de conhecer verdades eter
seus discípulos a fazer.” (Charles nas. É a ânsia de com unhão espiri
M. Sheldon, In His Steps, Nova tual com Deus. (Vide Jordan, pp.
Iorque: Grosset & Dunlap, 1935, 63-75.)
pp. 15.16.) O evangelho restaurado de Jesus
O livro descreve a fascinante ex Cristo fornece a solução para todas
periência dos que aceitaram o desa as fomes da vida. Jesus disse: “ Eu
fio. Intriga-me qual seria o resulta sou o pão da vida; aquele que vem a
do, se a mesma experiência fosse fei mim não terá fome; e quem crê em
ta hoje entre os santos dos últimos mim nunca terá sede.” (João 6:35.)
dias. Como cristãos dos últimos Todos nós gostaríamos de possuir a
dias, como cristãos SUD, sabemos capacidade do Salvador de saciar as
que a “ lei real” (Tiago 2:8) do amor fomes do m undo; mas não nos es
em ação é socorrer os fracos, erguer queçamos de que existem muitas
as mãos que pendem e fortalecer os maneiras simples de seguir seus pas
joelhos enfraquecidos. (Vide D&C sos. Lembremo-nos de que, ao dar
81:5.) Será que entendemos de fato mos de nós, não im porta tanto
o que isso quer dizer? Nós demons quanto dam os, como dar no m o
tram os a profundidade do nosso mento preciso.
amor ao Salvador, quando procura Uma conhecida colunista norte-
mos encontrar os sofredores entre -americana, Erm a Bombeck, contou
nós e preencher suas necessidades. uma experiência para dem onstrar
O filósofo William George Jor- que pequenas coisas podem signifi
dan identificou “ quatro grandes fo car m uito. Ela recordou um a m anhã
rnes da vida — fome física, fome in frustradora, repleta de telefonemas e
telectual, fome emocional e fome es conversas interrom pidas, antes de
piritual. Todas elas são reais; todas sair para o aeroporto.
precisam ser reconhecidas e satisfei “ Finalmente” , conta ela, “ me so
tas” . (William George Jordan, The braram trinta maravilhosos minutos
Crown oflndividuality, Nova Iorque: antes da partida do avião — tempo
Fleming H. Revell Company, 1909, para estar só com meus pensamen
p. 63.) tos, para abrir um livro e deixar a
1. A fome física é nossa mais per mente divagar. Então, fez-se ouvir a
ceptível necessidade biológica. É di voz de uma senhora idosa sentada
fícil ser espiritualmente forte, quan ao meu lado:
do sentimos fome física. “ — Aposto que está frio em Chi
2. A fome intelectual é a ânsia de cago.
alimento m ental, de instrução e de “ Respondi com expressão impas
senvolvimento pessoal. sível: — É provável.
3. Ter fome emocional é sentir so “ — Faz uns três anos que estive
lidão, ter pouca auto-estim a, ser pela última vez em Chicago, — in-
142 A LIAHONA
sistiu.
— Meu filho m ora lá.
“ — Não diga! — retruquei, m an
tendo os olhos fixos no livro.
“ — Sabe, o corpo de meu marido
segue neste avião. Estivemos casa
dos por cinqüenta e três anos. Como
eu não dirijo, quando ele m orreu
uma freira me levou do hospital p a
ra casa. E nem somos católicos. O
gerente da casa funerária permitiu
que eu viesse com ele até o aeropor
to.
Diz Erma: “ Acho que nunca me
detestei tanto como naquele m o
mento. Um outro ser hum ano esta
va implorando atenção, e em seu de
sespero abordara uma estranha indi
ferente que estava mais interessada
em seu romance do que no dram a
real ao seu lado.
“ Tudo o de que ela necessitava
era alguém que a ouvisse — não pre
cisava de conselhos, sabedoria, ex
periência, dinheiro, assistência, nem
mesmo de compaixão — apenas de
alguém que lhe desse um ou dois mi bito de serem sensíveis às necessida
nutos de atenção... des alheias, antes de pensar em si
“ Ela continuou falando com voz próprios. As oportunidades passam
m onótona até tom arm os o avião e muito depressa e ficamos com mais
então foi sentar-se noutra parte. Ao uma boa intenção frustrada. Se ao
pendurar meu casaco, ouvi sua voz menos nossos atos de bondade se
plangente dizer a sua vizinha: “ — igualassem aos justos desejos de
Aposto que está frio em C hicago.” nosso coração!
“ E eu fiquei orando: ‘Por favor, Censurando nossa tendência à
Deus, faça com que ela o u ça.’’(Erma procrastinação, o poeta e dram atur
Bombeck, “ Are You Listening?” , go inglês John Drinkwater diz em
I f L ife Is a B o w lo f Cherries — What seu poem a “ A Prece” , que cito em
A m I Doing in the Pits?, Nova Ior parte:
que: McGraw-Hill Book C o., 1978, Os caminhos conhecemos que
pp. 197-98.) deveríamos trilhar,
Quantas vezes perguntamos a nós Teus decretos no coração temos
mesmos, ao ver um ato de bondade gravados;
alheio: “ Por que não pensei nisso?” Mas agora, ó Senhor, tem
Aqueles que fazem o que gostaría misericórdia
mos de fazer, parecem ter dom inado E nos abençoa com o que nos
a arte da percepção; form aram o há falta:
FEVEREIRO DE 1982 143
ha, Nebraska. (Abigail van Buren, que costuma aparecer mais ou m e
Deseret News, 13 de dezembro de nos de mês em mês; mas ele não se
1979, p. C7.) envolve muito com nossa família.
Irmãos e irmãs, o que venho pro Então indaguei: — A irm ã tem
curando ilustrar esta m anhã é que, um a professora visitante que a visita
se quisermos seguir o Salvador, não e compreende?
poderemos fazê-lo sem sacrifício — Sim, a Sociedade de Socorro
pessoal e sincero envolvimento; isto aparece de vez em quando.
é raram ente conveniente. Mas o Neste ponto eu orava por uma res
am or vai além da conveniência para posta apropriada, quando uma sim
aqueles que se acostum aram a pro pática irm ã que estava perto e ouvi
curar oportunidades de servir. Creio ra nossa conversa, disse:
que o Salvador estava preparado p a — Desculpe-me, mas eu também
ra cumprir sua missão não somente fui viúva; e em bora me tenha casado
por causa de sua filiação, mas por de novo há pouco tem po, ainda sei
causa dos trinta anos que levou de como se sente e com preendo seus
senvolvendo sua percepção e sensi problemas. Por favor, permita-me
bilidade para com as necessidades visitá-la. G ostaria muito de conver-
de seus semelhantes. * sar com a irmã.
Em Alma, capítulo sete, lemos: O Dr. Tom Dooley oferece alguns
“ E sofrerá penas, angústias e ten fatos interessantes a respeito dos
tações de toda espécie... para que se que conheceram dificuldades e ago
cum pra a palavra que diz que ele to ra são capazes de aliviar o fardo
m ará sobre si as dores e enferm ida alheio. Passo a citá-lo:
des de seu povo. “ Um dos conceitos mais im por
“ ... e tom ará sobre si suas enfer tantes do Dr. Albert Schweitzer era
midades, para que suas entranhas se o da Fraternidade dos Que Têm A
encham de misericórdia, segundo a M arca da D or... Quem são seus
carne, e para que possa conhecer, membros? Aqueles que por expe
segundo a carne, como socorrer o riência própria sabem o que é dor fí
seu povo.” (Alma 7:11-12.) sica e angústia corporal. Essas pes
Após um a recente conferência de soas, por todo o mundo, são ligadas
estaca na qual falei sobre o papel da por um elo secreto. Aquele que se li
família na Igreja, fui abordado por vrou da dor não deve pensar que
um a boa senhora que me disse: — agora está... à vontade para conti
Bispo, sou viúva e apreciei muito tu nuar vivendo e esquecer seu mal. É
do o que falou. Tenho uma família um a pessoa cujos olhos foram aber
encantadora, mas também muitos tos. Tem agora o dever de ajudar os
problemas e preciso de ajuda. Meus outros em suas batalhas contra a
líderes do sacerdócio têm família dor e angústia. Deve ajudar a pro
própria e uma porção de problemas porcionar aos outros a libertação
e eu não quero aumentá-los. Assim, que ele próprio conhece.
o que devo fazer? “ Nessa Fraternidade estão incluí
— A irmã tem um bom mestre fa dos não apenas os que já estiveram
miliar que realmente se im porta? — enfermos mas os relacionados a so
perguntei. fredores, e quem estará excluído dis
— Sim, tenho um mestre familiar so?” (Thomas Dooley, “ A World-
146 A LIAH O N A
wide Fellowship” , Words o f Wis- nhados de um Espírito todo especial
dom , ed. Thomas C. Jones, Chica do Salvador. Eu sei que ele am a esta
go: J. B. Ferguson, 1966, p. 150.) obra e os milhares de santos que de
Volto a citar o livro do Dr. Shel- la participam . E como recomendou
don: no Livro de M órmon ao seu povo
“ O discipulado cristão precisa do convênio, ele nos recomenda ho
dar ênfase à participação e envolvi je:
mento pessoal. ‘Vã é a dádiva sem o “ Em verdade, em verdade vos di
d o ad o r.’ O cristianismo que tenta go que este é o meu evangelho; e sa
(somente) sofrer vicariamente não é beis o que deveis fazer em minha
o cristianismo de Cristo. Toda pes igreja, pois as obras que me vistes
soa cristã... precisa seguir os passos fazer, essas mesmas fareis...
dele no caminho do sacrifício pes “ P ortanto, se fizerdes essas coi
soal. Não existe uma trajetória dife sas, bem -aventurados sereis, porque
rente da dos tempos de Cristo, hoje. sereis levantados no último dia...
O caminho é o m esm o.” (Sheldon, “ P ortanto, que classe de homens
In His Steps p. 239; grifo nosso.) devereis ser? Em verdade vos digo
Esta designação foi difícil para que devereis ser como eu sou.” (3
mim. Ao ponderar como a aplica Néfi 27:21-22,27.)
ção prática dos princípios de bem- Que possamos andar em seus pas
-estar nos leva a Cristo, examinei mi sos e nos tornarm os como ele é, eu
nha própria alma e cheguei à con oro em nome de Jesus Cristo.
clusão de que estou bastante longe Amém.
do meu ideal — o Salvador. Em vis
ta disso, reassumi o compromisso de
alcançar a “ natureza divina” de
Cristo (vide 2 Pedro 1:4), estando
mais atento a maneiras de abençoar
os necessitados.
Presto-vos testemunho de que os
serviços de bem-estar são acom pa
158 AUAHONA
ceber que alguém ajudou um garoto
“ Dar Com típico a desenvolver sua identidade
pessoal. Alguém, talvez a mãe, uma
Sabedoria Para professora da Prim ária, um vizinho
ou até mesmo um a música como
Que Possam “ Sou um Filho de Deus” , fez o ga-
Receber Com rotinho perceber que era alguém.
Ele sabia que não era nenhum rebo
Dignidade” talho, que tinha valor. Sabia que
não era um caso perdido, que era
um ser hum ano am ado pelo Pai Ce
leste.
Em Eclesiastes 4:9-10, lemos:
“ Melhor serem dois do que um,
porque têm melhor paga do seu tra
balho.
“ Porque, se um cair, o outro le
vanta o seu com panheiro; mas ai do
Elder Marvin J. Ashton que estiver só; pois, caindo, não ha
do Quorum dos Doze Apóstolos
verá outro que o levante.”
A aplicação adequada dos princí
ecentemente, durante uma pios dos serviços de bem-estar é sim
R sessão departam ental da Se
m ana de Educação patrocina
da pela Universidade de Brigham
plesmente dar oportunidade a uma
pessoa de trabalhar com outra para
o aprim oram ento m útuo de ambas.
Young, a Irm ã Leisel McBride, sá Recentemente se com entou a res
bia professora e presidente da Socie peito de um professor: “ Ele não dá
dade de Socorro da estaca, projetou respostas para as questões da vida,
num a am pla tela a foto de um garo m as, sim, dirige cada aluno a encon
to de cabelos revoltos e braços cru trar suas próprias respostas. Ele não
zados, em profunda reflexão. Dizia faz a gente sentir-se idiota. Ele dá
a legenda: “ Sei que sou alguém, confiança à gente, incentiva, não
porque Deus não faz refugo.” E ela pressiona.”
bem poderia servir de tem a para os O grande program a da Igreja do
serviços de bem-estar. qual estamos falando hoje, destina-
Todo ser hum ano, independente se a instilar em todos nós o senti
de sua condição social ou econômi mento de valor individual, ensinan
ca, necessita de ajuda para edificar do e desenvolvendo a capacidade,
seu respeito próprio e autoconfian auto-suficiência e o orgulho pessoal.
ça. Para serem realmente eficazes, Os serviços de bem-estar oferecem-
os serviços de bem-estar precisam nos a oportunidade de servir e
preocupar-se com o aprim oram ento aprender em caráter contínuo. A tra
integral do indivíduo. A imagem vés dele, aprendemos a nunca desis
que a pessoa faz de si mesma não é tir ou perder a fé em nós mesmos e
mais nem menos o que aprendeu por em nossos semelhantes, ou nunca
experiência e por sua interação com nos sentirmos vencidos por nossa si
os semelhantes. É com pensador per tuação.
FEVEREIRO DE 1982 159
A única vez que fracassamos nos destemido líder inglês, durante os mais
serviços de bem-estar ou em casa é negros dias de sua pátria. Com seu
quando perdemos a fé uns nos ou caráter e vigor peculiar, ele disse:
tros. Paciência, longanimidade e “ Nunca se dêem por vencidos, nun
verdadeiro am or se ensinam e ca, nunca, nunca, nunca.” (Robert
aprendem melhor, quando estamos Rhodes Jam es, ed., Winston S.
ansiosamente empenhados em pro Churchill: His Complete Speeches,
curar elevar todos os filhos de Deus. 1897-1963, 8 vol., Nova Iorque:
O utro dia, após a aula da Escola Chelsea House Publishers, 1974,
Dominical, um a professora pediu- 6:6, 499.) Esse poderoso estadista
me que cumprimentasse com um ecoava a sua própria m aneira as p a
aperto de mão determ inada criança. lavras de outro líder sem igual: “ Se
Ao estender m inha mão ao garoto, vós permanecerdes na minha pala
percebi que provavelmente a única vra, verdadeiramente sereis os meus
coisa significativa que aquela crian discípulos;
ça poderia fazer era carregar os li “ E conhecereis a verdade e a ver
vros da professora para a classe. O dade vos libertará.” (João 8:31-32.)
que essa professora em pática estava Paul Harvey, escritor e com enta
fazendo? Que ele carregasse os li rista, observa: “ Espero algum dia
vros. Graças sejam a Deus por líde ter bastante do que o m undo chama
res que sabem ensinar autoconfian sucesso, para que alguém me per
ça num nível condizente com a capa gunte: ‘Qual é seu segredo?’ Então
cidade daqueles que lideram. direi simplesmente: ‘Quando caio
Robert Louis Stevenson costum a volto a me levantar.” ’
va dizer, recordando-nos esse fato: Existem pessoas que gostariam de
“ Ser o que somos e tornarm o-nos o nos convencer de que os atuais prin
que somos capazes de nos tornar é o cípios dos serviços de bem-estar es
único fim da vida.” (Bergen Evans, tão ultrapassados, exagerados e in
Dictionary o f Quotations, Nova viáveis nas presentes condições
Iorque: Crown Publishers, p. 393.) mundiais. A estes respondemos que
Nosso Salvador o colocou assim: para alguns céticos, é mais fácil de
“ Assim como o Pai me enviou, tam sistir do que aprender. Sem dúvida,
bém eu vos envio a vós.” (João é mais fácil criticar do que servir.
20:21.) Toda pessoa tem um motivo Nos dias incertos de hoje e do futu
especial para viver. Alguns conse ro, os serviços de bem-estar conti
guem encontrá-lo sozinhos, porém nuarão sendo um farol para o m un
m uitos precisam de auxílio. Todos do. Seu alicerce continua funda
nós fazemos parte desse inspirado m entado na rocha de ajudar as pes
program a de bem-estar, ajudando- soas a se ajudarem . Adequadam ente
nos m utuam ente a cum prir nosso aplicados, quase todas as necessida
propósito aqui na terra. des hum anas podem ser satisfeitas
Satanás não poupará esforços pa através desse im portante program a
ra nos deter e fazer com que o desâ da Igreja.
nimo impeça nosso progresso. Nas Os serviços de bem-estar são a
horas de tribulação, faríam os bem m aneira de agir de Deus. Precisa
em recordar e repetir as famosas p a mos crer e confiar nisto, se quiser
lavras de Sir W inston Churchill, o mos participar devidamente. Além
160 A LIAHONA
de m ateriais, utilidades, dinheiro, que, quase sempre, a mais forte mão
suprimentos, trabalho e conheci auxiliadora é a que se encontra mais
mentos, precisa haver fé — fé para perto de nós — a nossa própria
ajudar, dirigir e obedecer à m aneira mão. Conseguis considerar vossas
do Senhor. Na im portante e sempre opções de ajuda própria, quando
citada escritura encontrada em D ou surgem problemas? Ou ergueis os
trina & Convênios, seção 104, versí braços aos céus, dizendo: “ Oh,
culos 14 e 16, encontraremos orien n ão !” ou “ Por que logo eu?” C on
tação e força: “ Eu, o Senhor, esten seguis sentar-vos calmamente, exa
di os céus e construi a terra, o trab a minar os fatos e anotar todos os
lho de minhas próprias mãos; e to possíveis cursos de ação? A reflexão
das as suas coisas são minhas. ponderada consegue resolver pro
“ Mas é preciso que seja feito a blemas mais ligeiramente do que os
meu modo; e eis que este é o modo esforços frenéticos.
que eu, o Senhor, decretei para p ro “ O Presidente Marion G. Rom-
ver pelos meus santos, que os pobres ney tem dito tantas vezes: ‘Nenhum
sejam exaltados no que os ricos são membro que tenha auto-respeito
hum ilhados.” transferirá a responsabilidade de seu
A autoconfiança desenvolve-se próprio sustento a outrem . Além dis
pelo devido equilíbrio de livre- so, o homem não só tem a responsa
-arbítrio e responsabilidade. Ao vi bilidade de cuidar de si próprio; ele
ver, ensinar e com partilhar, desen tem também a responsabilidade de
volvemos autoconfiança em nós e cuidar de sua fam ília.’” (“ Necessi
nos outros. dade de Ensinar Preparação Pessoal
Para que os serviços de bem-estar e Fam iliar” , A Liahona, agosto de
tenham sucesso e sejam viáveis, to 1981, p. 149.) Paulo, falando a res
do membro da Igreja precisa ser de peito deste ponto, disse: “ Mas, se
vidamente envolvido. O modo do alguém não tem cuidado dos seus, e
Senhor sempre exige a participação principalmente dos de sua família,
integrada do indivíduo, da família e negou a fé, e é pior do que o infiel.”
da Igreja. É necessário que haja um (1 Tim. 5:8.)
forte elo entre os serviços de bem- O lar, que é o coração dos servi
-estar e o lar. A compreensão hum a ços de bem-estar, è seus membros
na, um a sábia preparação e orienta devem sempre participar de tudo o
ção através da prece são ingredien que fazemos para que o respeito
tes essenciais. P ara que exista ordem próprio seja preservado. Devemo-
e eficiência, toda a ação deve ser to -nos lem brar constantemente de que,
m ada pelos canais apropriados. para conseguir o bem-estar integral
Não basta elaborar planos deta do indivíduo, todos os membros da
lhados, instituir program as e pensar família precisam participar. Os fa
seriamente na preparação. Quase miliares geralmente é que se conhe
todos nós podemos fazer isso, mas cem melhor, m utuam ente. T raba
muitos encontram bastante dificul lhando como equipe, conseguem ver
dade em praticar os princípios nos os problemas de diferentes ângulos.
quais acreditamos. Alguns de nós Quando é possível realizar conse
temos a tendência de fugir à luta. lhos de família sem discussão des
Lembremo-nos m utuam ente de trutiva, poderão surgir novas e me
FEVEREIRO DE 1982 161
lhores soluções para situações difí jetos para o indivíduo e a família é
ceis. A conjugação de esforços e re evitar dívidas, sempre que possível.
cursos fornece aos familiares a A dívida em si não é boa nem m á. É
oportunidade de colher recom pen um instrum ento financeiro poten
sas em forma de confiança e segu cialmente benéfico ou maléfico. Nos
rança, ajudando-se m utuam ente a negócios, a dívida pode ser usada
resolver problemas e fazer progres para aum entar a produtividade ou
sos rumo à autoconfiança e respon facilitar a expansão. E ntretanto, a
sabilidade. m aioria dos devedores são pessoas
com uns, tem porariam ente sem con
H á ocasiões, é lógico, em que so trole financeiro. São vítimas de
mos obrigados a recorrer aos recur maus hábitos m onetários e freqüen
sos da Igreja. Que grande conforto temente não têm a minim a idéia da
saber-se que tais recursos existem, im portância de uma boa adm inistra
quando as necessidades não podem ção financeira. Abusam do crédito,
ser satisfeitas pelo indivíduo ou sua particularm ente dos cartões de cré
família. Neste caso, tam bém , as dito, e não vivem dentro de seu o r
providências devem seguir os devi-' çamento ou diretrizes operacionais
dos canais, que estão perfeitamente sensatas. Para muitos de nós, o cré
definidos. Nem emoção nem pânico dito representa o tapete mágico que
determinam o caminho a seguir. To nos leva aonde não conseguiríamos
das as coisas devem ser feitas à m a chegar sem ele. Na hora viajamos
neira própria do Senhor, conform e grátis, esquecendo-nos de que, de
foi especificada por nossos profetas pois, teremos de pagar a tal passa
m odernos. gem mágica. Os juros exorbitantes
Um dos mais compensadores pro somados ao valor inicial, acabarão
162 A LIAHONA
por nos deixar endividados. A família que sabe adm inistrar bem
As dívidas podem causar sérios seu dinheiro e elaborar um bom o r
conflitos familiares. Freqüentem en çamento, incluindo dízimo e ofertas
te, casais obrigados a “ espichar” o de jejum , está-se ajudando a si pró
que ganham para saldar dívidas, pria e aos outros tam bém , à m aneira
acabam prejudicando seu relaciona própria do Senhor. Dívidas justas
mento conjugal. devem ser saldadas. Creio que o Se
No comércio de hoje — sim, em nhor deseja que tenham os sucesso
nossas próprias com unidades, cen em nossas profissões e ocupações
tros e cidades — hábeis e enganado honradas, e que usemos sabiamente
ras promoções colocam ao alcance nossos meios em benefício do indiví
do com prador simplório toda sorte duo, família, Igreja e com unidade.
de ofertas ilusórias. Temos de adm i Jesus disse: “ Apascenta as mi
tir, infelizmente, que milhares dos nhas ovelhas.” (João 21:16.) Mas
nossos estão sendo ludibriados pela não é possível apascentá-las, se não
língua tentadora dos que fazem soubermos onde estão. Não é possí
ofertas m irabolantes. “ O portunida vel apascentá-las, se tiverem m oti
de única na vida” e “ Só para você” vos para resistir. Não é possível
infelizmente já não são raridade. alimentá-las, se não houver comida.
Tais ofertas e negócios devem ser Não é possível apascentá-las, se não
evitados como praga. houver caridade. Não é possível
Creio que o Senhor quer que nos apascentá-las, se não houver dispo
alarmemos e preocupemos vendo sição para trabalhar e com partilhar.
pessoas ímpias e inescrupulosas, Estejam onde estiverem as ove
aproveitando-se desonestamente lhas perdidas, para ajudar é preciso
dos fracos e m al-inform ados. Ne haver necessariamente empatia.
nhum santo dos últimos dias deve Em patia é a capacidade de entender
explorar a situação do próximo, m a os sentimentos do próxim o, sentir o
nipular, m entir, roubar, enganar ou que ele sente. É impossível prestar
ludibriá-lo. Temos a responsabilida um auxílio significativo sem em pa
de de ajudar-nos reciprocamente a tia pelo destinatário. Isto requer ga
evitar cair em engodos capazes de nhar a confiança da pessoa; ouvir
pôr em perigo nosso bem-estar. com olhos, ouvidos e coração; pro
A prática da poupança não está curar compreender como se sente; e
ultrapassada. Precisamos discipli depois fazê-la sentir, com nossa m a
nar-nos a viver dentro de nosso o r neira de agir, que realmente a enten
çamento, mesmo que signifique nos demos. Quem realmente com preen
arranjarm os sem certas coisas. A de e aplica a em patia, não soluciona
pessoa sensata consegue distinguir os problemas alheios, não argum en
entre necessidades básicas e desejos ta, não rebate com outro problem a
extravagantes. Algumas acham ex pior, não faz acusações, nem procu
trem amente doloroso fazer um o r ra tirar o livre arbítrio. Simplesmen
çamento, mas asseguro-vos que ja te ajuda a pessoa a criar autocon
mais é fatal. fiança e m elhorar sua auto-imagem,
A dívida pode ser destrutiva, cau a fim de que consiga encontrar sua
sando escravidão financeira, ban própria solução.
carrota e perda do respeito próprio. Os necessitados de ajuda situam-
FEVEREIRO DE 1982 163
-se em todas as faixas etárias. Algu A caridade deve começar em nos
mas ovelhas do Senhor são jovens, so próprio lar. Muitos de nós ofere
sentem-se sós e perdidas. Algumas cemos caridade a outros, quando é
estão desanim adas, aflitas, abatidas m uito mais necessária dentro do cír
pela idade. Algumas se encontram culo familiar. Conform e diz um an
na própria família, em nossa vizi tigo provérbio sérvio: “ Bondade é o
nhança ou em distantes recantos do único serviço que o poder não pode
m undo e que podemos socorrer com ordenar nem o dinheiro com prar.”
nossas ofertas de jejum . Algumas A melhor m aneira de dem onstrar
estão m orrendo de fome. Outras mos nosso amor é prová-lo com cui
sentem fome de am or e interesse. dado, interesse e bondade, hora por
Se dermos às ovelhas do Senhor hora, dia a dia. O genuíno am or é
motivos para nos resistir, torna-se eterno como a própria vida.
difícil, senão impossível, apascentá- Durante estes últimos dias, en
-las. Ninguém consegue ensinar ou quanto o Presidente Kimball se está
ajudar com sarcasmos ou pilhérias. recuperando de sua recente cirurgia,
Atitudes ditatoriais ou de “ eu- tenho ouvido muitos de vós externa
-estou-certo-você-está-errado” anu rem seu am or e gratidão por ele.
larão quaisquer esforços para apas Muitos procuram meios de m ostrar-
centar um a ovelha desgarrada. Ela lhe sua sincera gratidão por seus ser
erguerá um a m uralha de resistência viços e afeto abnegado. Por minha
e ninguém será beneficiado. convivência inestimável e íntima
Jamais devemos incentivar al com o Presidente Kimball, acho que
guém a fazer algo que destrua seu vos posso dar umas indicações.
orgulho, pois ele nos voltará as cos Aprendei a am ar, incondicional
tas e nós perderemos a oportunida mente, todos os filhos de Deus, in
de de ajudá-lo. Devemos também dependentemente de raça, credo ou
ter^sempre em mente que não estare cor, e procurai servi-los como ele
m os'realm ente ajudando um filho serve. Este princípio é o alicerce dos
de Deus, se não lhe permitirmos fa Serviços de Bem-estar. Todos nós
zer jus ao que recebe. Toda pessoa faríam os bem em lembrar-nos de
na Igreja deve possuir senso de inde D outrina e Convênios 50:26: “ Aque
pendência que a incite a trabalhar le que é ordenado de Deus e envia
pelo que recebe. O melhor alimento do, é designado para ser o maior;
para as ovelhas do Senhor é a cari não obstante, ele é o menor e o ser
dade e a restauração de sua dignida vo de todos.”
de. O Senhor se im porta suficiente
Com nossas ações, dem onstram os mente conosco para nos ensinar a
nosso am or. Expressões de afeto são servir e dar-nos oportunidade de de
vãs sem as correspondentes ações. senvolver autoconfiança. Seus prin
Todas as suas ovelhas necessitam do cípios são consistentes e imutáveis.
toque de um pastor que se im porta A m aneira das coisas serem feitas
com elas — que conduz o rebanho poderá m udar de acordo com o que
por caminhos retos dos quais pos exigem as condições, mas os princí
sam enxergar o valor da obediência pios do Senhor não m udam . O êxito
às leis de Deus e sentir a dignidade dos serviços de bem-estar depende
de buscar metas elevadas. da obediência às leis fundamentais
164 A LIAHONA
do evangelho nas quais se baseia.
Existe espaço para inovações e apli Princípios Ativos
cação do livre arbítrio, quando bus
camos meios de servir com sabedo de Bem-Estar
ria, contanto que nos conservemos
dentro da estrutura do evangelho.
Gostaria, como conclusão, de su
gerir algumas metas fundamentais
ao participarm os dos serviços de
bem-estar:
1. Edificar o respeito próprio,
construindo a autoconfiança e inde
pendência. Presidente Marion G. Romney
2. Prestar ajuda e serviços à m a Segundo Conselheiro na Prim eira
neira própria do Senhor, que equili Presidência
bra o livre arbítrio e a responsabili
“A missão da Igreja nesta última
dade.
dispensação é desenvolver um
3. Reconhecer a seqüência correta
outro povo capaz de viver o
das fontes de ajuda: (1) o indíviduo,
evangelho em sua plenitude. ”
(2) a família e (3) a Igreja.
4. Dar-se conta de que, para apas
centar as ovelhas do Senhor, é preci abe-me agora a responsabili
so saber quem são e onde estão.
5. A ajuda apropriada requer
am or, em patia e a restauração da
C dade de falar um pouco sobre
os princípios ativos do bem-
-estar. H á mais de quarenta anos, ve
dignidade. nho estudando e ensinando os prin
6. Finalmente, os serviços de cípios do progam a de bem-estar da
bem-estar exigem planejamento, Igreja. Eu amo esses princípios e sei
obediência aos princípios básicos do que constituem o ápice de uma vida
evangelho e, acima de tudo, disposi cristã. Aprecio o que foi dito pelos
ção de servir como o nosso profeta que acabaram de falar nesta m anhã.
serve, com amor incondicional. Eles dem onstraram os efeitos que os
Que Deus nos ajude a darm os de princípios ativos de bem-estar exer
nós com sabedoria, para que possa cem sobre nós, individual e coletiva
ser recebido com dignidade. Real mente.
mente, “ Deus não faz refugo” . Nós Em 1936, dizia o Presidente J.
somos seus filhos. Ele nos ama e Reuben Clark Jr: “ O verdadeiro ob
quer que tenham os am or a nós mes jetivo a longo prazo do plano de
mos, a nossos familiares e vizinhos. bem-estar é a edificação do caráter
Estou satisfeito com este grande dos membros da Igreja, tanto dos
program a da Igreja. É um m odo de que dão como dos que recebem.
vida inspirado. É a aplicação de Destina-se a trazer à luz o que de
princípios eternos em prol do bem- melhor existe bem no íntimo dos ho
-estar e benefício de toda a hum ani mens, e a fazer florescer e frutificar
dade. Isto eu testifico, é meu teste a latente riqueza do espírito, que
m unho e am or, em nome de Jesus afinal de tudo é a missão, propósito
Cristo. Amém. e razão de ser dos membros desta
FEVEREIRO DE 1982 165
igreja.” (Special Meeting o f Stake lificarmos para voltar à presença de
Presidencies, 2 de outubro de 1936.) Deus.
Quase todos nós já experimenta
mos a alegria de ver alguém em ne Que é impossível ser um verdadei
cessidade receber ajuda e, conse ro discípulo de Cristo sem dar signi
qüentemente, tornar-se auto-sufi ficativamente de si é ressaltado de
ciente. Muitos de nós somos teste maneira dramática na revelação rece
m unhas da verdade de que o pobre bida pelo Profeta Joseph Smith, em
pode ser exaltado, quando é socorri Kirtland, a 7 de junho de 1831. Nes
do à m aneira do Senhor. ta revelação, o Senhor ordena a vin
Hoje, todavia, quero falar sobre te e oito élderes que viajem dois a
os efeitos que os princípios ativos de dois de Kirtland para o Condado de
bem-estar exercem sobre o que dá, Jackson, no Missouri. Eles deviam
ao contrário do que recebe. Repetin seguir rotas diferentes, pregando o
do a declaração do Presidente evangelho pelo caminho. Como sa
Clark, em 1936: “ O verdadeiro ob beis, naqueles dias eles eram desti
jetivo a longo prazo do plano de tuídos de recursos e tinham que via
bem-estar é a edificação do caráter jar por território agreste. Joseph
dos membros da Igreja, tanto dos Smith e seus com panheiros imedia
que dão como dos que recebem .” tos “ viajaram de carroça e diligên
Na verdade, o Senhor não precisa de cia, e ocasionalmente, de barco flu
nós para cuidar dos pobres. Poderia vial até Cincinnati, O hio” , depois
m uito bem cuidar deles sozinho, se para Louisville, Kentucky, e dali pa
fosse este seu propósito. Diz ele: ra St. Louis, Misssouri, de vapor.
“ Eu, o Senhor, estendi os céus e “ Partindo desta cidade, às margens
construí a terra, o trabalho de mi do Mississipi, o Profeta de Deus
nhas próprias mãos; e todas as coi cruzou todo o Estado de Missouri a
sas são minhas. pé até Independence, C ondado de
“ E é minha intenção prover pelos Jackson, um trajeto de aproxim ada
meus santos, pois todas as coisas mente quatrocentos e oitenta quiló
são m inhas.” (D&C 104:14-15.) m etros.” (George Q. C annon, Life
Seria coisa fácil para o Senhor re o f Joseph Smith, the Prophet, Salt
velar ao Presidente Kimball onde se Lake City: Deseret Book Company,
encontram os depósitos de petróleo 1958, p. 117.) Chamo vossa atenção
e minerais preciosos. Então podería para esses fatos, a fim de que vos
mos contratar alguém para extraí- lembreis das condições deles quando
-los e nadar em dinheiro — e nada o Senhor disse àqueles homens ao
ríamos em dinheiro diretamente pa partirem : “ E em todas as coisas
ra o Hades*. Não, o Senhor não lembrai-vos dos pobres e necessita
precisa de nós para cuidar dos po dos, dos doentes e aflitos, pois
bres; nós é que precisamos dessa ex aquele que não faz essas coisas, o
periência. Pois é somente aprenden mesmo não é meu discípulo.” (D&C
do a cuidar de outros que desenvol 52:40.) Podeis imaginar coisa igual!
vemos em nós aquele am or e vonta Aqueles élderes eram praticam ente
de cristãos necessários para nos qua indigentes e o Senhor dizia:
“ Lembrai-vos dos pobres e necessi
* Inferno, na m itologia grega. NT. tad o s.”
166 A LIAHONA
Que o m andam ento de dar é diri pouco, pouco seria requerido: e
gido a todas as pessoas foi enfatiza quem nada tivesse, a esse seria da
do pelo Rei Benjamim, quando disse do.
aos pobres: “ E agora digo aos po “ E assim deviam dar de seus
bres, a vós que não tendes e, ainda bens, p or sua livre vontade e bons
assim, tendes o suficiente para pas desejos para com D eus." (Mosiah
sar de um dia para o outro; refiro- 18:27-28; grifo nosso.)
me a vós que negais ao mendigo Alguém poderia perguntar: “ E
porque não tendes; quisera que dis como consigo esse sentimento justo
sésseis em vossos corações: Não dou ao dar? Como me livrarei de dar
porque não tenho, mas, se tivesse, com má vontade? Como chegarei a
daria. ter ‘o puro amor de Cristo’1” A esse
“ Se isso disserdes em vossos cora alguém, eu respondo: “ Vivendo
ções, permanecereis sem culpa; do fielmente todos os m andam entos;
contrário, sereis condenados; e vos dando de si, cuidando da própria fa
sa condenação será justa, pois que mília, servindo na igreja, fazendo a
cobiçais aquilo que não haveis rece obra missionária, pagando dízimo e
bido.” (Mosiah 4:24-25.) ofertas, estudando as escrituras — e
Uma vez convencidos de que te a lista continua. Perdendo-se nesse
mos obrigação de dar, precisamos
aprender que servir com o devido es
pírito é de primordial im portância.
Diz M órm on, falando aos que dão
por motivos errados: “ Porque, se
oferecer um a dádiva ou uma oração
a Deus e esta não for feita com real
intento, nada lhe aproveitará.
“ Porque não lhe é im putada por
justiça.
“ Pois eis que, se um homem mau
oferece uma dádiva, fá-lo de má
vontade; portanto, será considera
do como se não tivesse feito a dádi
va; conseqüentemente, é contado
como mau perante Deus.” (Morôni
7:6-8.)
Só dando voluntariam ente, por
genuíno am or ao seu próximo,
pode-se desenvolver aquela caridade
definida por Mórmon como “ o pu
ro amor de C risto” . (Morôni 7:47.)
Em M osiah, lemos: “ E ... ordenou
Alma que o povo da igreja desse de
seus bens, cada um de acordo com o
que tivesse; quem tivesse com mais
abundância, deveria dar com mais
abundância; daquele que tivesse
FEVEREIRO DE 1982 167
serviço, o Senhor tocará e abranda mente, do “ puro am or de C risto”
rá seu coração e gradualm ente o (Mor. 7:47), coletivamente evoluí
conduzirá aos sentimentos com que mos para um a igreja “ pura de cora
abençoou o povo nos tempos do Rei ção” . (D&C 97:21.) P ortanto, nós
Benjamim, o que os levou a dizer: somos capazes de nos tornar iguais
‘Sim, acreditamos em todas as pala ao povo de Enoque, do qual se di
vras que nos disseste, e também sa zia: “ O Senhor abençoou a terra e ...
bemos que são certas e verdadeiras, chamou a seu povo Sião, porque era
porque o Espírito do Senhor Onipo uno de coração e vontade e vivia em
tente efetuou em nós, ou em nossos justiça; e não havia pobres entre
corações, uma grande m udança, de eles.” (Moisés 7:17-18.)
modo que não temos mais vontade A respeito dos nefitas que sobre
de praticar o mal, mas de fazer o viveram ao cataclismo que acom pa
bem constantemente.’ (Mosiah 5:2.)” nhou a crucificação de Jesus e que
Esta caridade é dem onstrada em passaram a viver o evangelho, dizem
sua perfeição pelo Senhor em tudo os anais: “ E aconteceu que... o po
que ele faz. O Senhor revelou a Moi vo inteiro foi convertido ao
sés os numerosos mundos que fo Senhor... e não havia contendas
ram criados e disse: “ Porque eis que nem disputas entre eles, e procediam
há muitos mundos que pela palavra retam ente uns com os outros.
do meu poder deixaram de existir. E “ E tinham todas as coisas em co
há muitos que hoje existem e são in mum; portanto, não havia ricos
contáveis para o hom em ;... nem pobres, escravos nem livres,
mas eram todos livres e participan
“ E assim como deixará de existir tes do dom celestial... e sem dúvida,
uma terra com seus céus, assim tam não poderia haver povo mais ditoso
bém aparecerão outras; e não têm entre todos os povos criados pela
fim as minhas obras, nem tam pouco mão de D eus.” (4 Néfi 1:2,3,16.)
as minhas palavras.” (Moisés
1:35,38.) P or que esse povo era tão feliz?
Porque se havia libertado dos gri
Depois de revelar a Moisés a lhões do egoísmo e aprendido o que
imensidão de suas criações, o Se o Senhor sabe — que a suprema ale
nhor explicou-lhe a razão disso tu gria só se alcança pelo serviço.
do, dizendo: “ Pois eis que esta é mi
nha obra e m inha glória: proporcio Tornar-se um povo coletivamente
nar a im ortalidade e a vida eterna ao puro de coração não é um sonho im
hom em .” Isto nos revela a total au possível nem meta idealista. Sabe
sência de egoísmo em nosso Pai Ce mos disso, porque o Senhor m an
leste. Toda sua obra e glória é pro dou que nos tornássemos assim, e
porcionar vida eterna e felicidade a ele “ nunca dá ordens aos filhos dos
seus filhos. Conseqüentemente, nos homens sem antes preparar um ca
so supremo propósito na vida não minho pelo qual suas ordens pode
deveria ser servir-nos retam ente uns rão ser cum pridas” . (1 Néfi 3:7.)
aos outros? Do contrário, como po Quando atingimos o estado de
deremos ser jamais como ele é? Ao sentir o “ puro am or de C risto” ,
nos tornarm os cheios, individual nosso desejo de nos servir m utua
168 A LIAHONA
mente terá chegado ao ponto de vi que já pisastes, recordareis que o re
vermos plenamente a lei da consa quisito final para todos é sermos ca
gração. Viver a lei da consagração pazes e estarmos dispostos a consa
exalta o pobre e hum ilha o rico, pro grar tudo o que possuímos à edifica
cesso no qual ambos são santifica ção do reino de Deus — o que inclui
dos. O pobre, liberto dos grilhões e cuidar de nossos semelhantes. As
limitações hum ilhantes da pobreza, sim fazendo, estaremos apressando
torna-se capaz, como homem livre, o advento do Milênio. Conceda
de alcançar seu pleno potencial, ta n Deus que não falhemos, eu oro hu
to tem poral como espiritualmente. mildemente em nome de Jesus Cris
O rico, consagrando e com parti to. Amém.
lhando o que lhe sobra com os po
bres, não obrigado, mas voluntaria
m ente exercendo seu livre arbítrio,
dem onstra aquela caridade definida
por Mórmon como “ o puro amor
de C risto” . (Morôni 7:47.) Isto reu
nirá tanto quem dá como quem re
cebe num a mesma área em que po
dem ser encontrados pelo Espírito
de Deus.
A missão da Igreja nesta última
dispensação é desenvolver um outro
povo capaz de viver o evangelho em
sua plenitude. Este povo há de
tornar-se “ puro de coração” e flo
rescerá e será abençoado sobre as
m ontanhas e nos lugares altos. Será
o povo do Senhor. Andarão com
Deus, porque serão unos de coração
e pensamento, e habitarão em justi
ça e não haverá pobres entre eles.
Tenhamos sempre estas coisas em
mente e levemos avante esse grande
program a. Os princípios de bem-
-estar são eternos. O program a de
bem-estar está edificado sobre os
princípios da lei da consagração. Eu
sei, por experiência própria, que es
ta é a obra do Senhor, e que se desti
na a nos preparar para nos to rn ar
mos iguais a Cristo. Lembrando-vos
do mais santo e sagrado lugar em
170 A LIAHONA
NOITE FAMILIAR 1982
DOUTRINA DO EVANGELHO
FEVEREIRO DE 1982
ESCOLA DOMINICAL - CURSO 14
172 A LIAHONA
TÓPICOS PARA LIÇÕES ADICIONAIS PARA OS CURSOS 16 e
17
1. Jesus Cristo, nosso
Redentor Maxwell, N.A.
2. Misericórdia e Justiça Hanks, M.D.
3. O Sacerdócio Aarônico Packer, B.K.
4. Princípios dos Serviços de
Bem-Estar Clarke, J.R.
5. Amor aos Semelhantes Haight, D.B.
2 McConkie, B.R.
Maxwell, N.A.
6 Petersen, M.E.
Abrea, A
8 Tanner, N.E.
174 A LIAHONA
nários que retornavam da Inglaterra
Reunião Geral da Sociedade de Socorro —
e que, vendo a situação aflitiva em
26 de setem bro de 1981.
que se encontravam , continuaram
apressadam ente sua jornada até
“ A Caridade aqui, a fim de inform ar o Presidente
Brigham Young. Isto se deu no sá
Nunca Falha” bado da conferência de outubro de
1856. Na m anhã seguinte, domingo,
postado diante do povo no velho ta
bernáculo que se erguia nesta praça,
o Presidente disse à congregação:
“ Darei agora a este povo o assun
to e tema para os élderes que falarão
hoje e durante a conferência” ,
anunciou. “ É este... Muitos de nos
Presidente Gordon B. Hinckley sos irmãos e irmãs encontram-se nas
Conselheiro na Prim eira Presidência planícies com carros de mão, e pro
vavelmente boa parte deles estão a
“Falo igualmente de um outro
mais de mil e cem quilômetros da
aspecto da caridade. Se houver
qui. Eles precisam ser trazidos para
entre vós quem venha sentindo
cá, nós temos de ajudá-los. O tema
rancor, permitiu-se acalentar ódio,
será ‘trazê-los para cá’...
peço-vos que façais o esforço para
“ Esta é a minha religião; este é o
voltar atrás. ”
ditame do Espírito Santo para mim.
inhas queridas irmãs, falo- É salvar o povo.”
178 A LIAHONA
Nos dias seguintes, refleti bastan
Reunião Geral da Sociedade de Socorro te sobre o menino. Ele mostrara-se
tão prestim oso, alegre e disposto a
com partilhar sua luz. Seu modo de
A Sociedade de r
agir representa para mim, a m ensa
gem fundam ental do evangelho de
Socorro em Epocas Jesus Cristo e o lema da Sociedade
de Transição de Socorro: “ A caridade nunca fa
lh a .” Prim eiro, porque nosso ami-
guinho estava preparado. Ele e seus
familiares dispunham de uma fonte
de luz para aclarar a escuridão
quando a fonte principal falhou
tem porariam ente.
Todos nós deveríamos levar a sé
rio a recomendação de nos prepa
rarm os. Lembrem-se da parábola
Barbara B. Smith das dez virgens, que “ tom ando as
Presidente geral da Sociedade de Socorro suas lâm padas, saíram ao encontro
do esposo.
“ Todos nós temos de enfrentar “ E cinco delas eram prudentes e
transições angustiantes, como cinco loucas.
doenças graves, a morte, o fa to de “ As loucas, tom ando as suas lâm
que talvez não nos casemos nesta padas, não levaram azeite consigo.
vida, divórcio, fa lta de filhos, “ Mas as prudentes levaram azeite
mudança de residência e assim por em suas vasilhas, com as suas lâm
diante. ” padas.” Chegando o esposo, esta
vam preparadas e “ entraram com
ecentemente, ao voltar com ele para as bodas, e fechou-se a por
R meu marido para nossa casa
situada num a colina sobran
ceira do Vale do Lago Salgado, vi
ta ” . (M at. 25:1-10.)
Devemos ter a sabedoria de nos
prepararm os pessoalmente, com
mos que o bairro inteiro estava às preendendo a verdade e vivendo-a
escuras, sem energia elétrica. P aran integralmente, a fim de sermos dis
do o carro junto à casa, apareceu cípulos dignos de Cristo. Então,
correndo um garoto vizinho e nos tendo o Senhor como centro de nos
ofereceu sua lanterna de pilha, di sa vida, podemos desenvolver as
zendo: “ Temos outra'em casa. P o qualidades cristãs que nos tornarão
dem ficar com esta, enquanto preci merecedores da exaltação. G anhare
sarem .” mos mais força e maior capacidade
Fiquei impressionada com a preo de am or; aprim orarem os nossa ha
cupação do garotinho. Tinha uma bilidade de dar am or, para estarmos
luz que estava disposto a com parti preparados em momentos de neces
lhar; ele realmente se im portava co sidade.
nosco e estava preparado para Meu amiguinho também se im
ajudar-nos num momento de neces portou o suficiente para reparar nu
sidade. ma necessidade. Ele veio correndo
FEVEREIRO DE 1982 179
na escuridão, trazendo uma luz para C ada uma dessas condições exige
iluminar nosso caminho. Jesus man certa adaptação e novo ajustam ento
dou-nos fazer o mesmo em tocantes a uma form a de viver diferente que
parábolas, dizendo: pode ser desafiadora ou penosa. São
“ Porque tive fome, e destes-me tais momentos críticos que tornam
de comer; tive sede e destes-me de velhos padrões de com portam ento
beber; era estrangeiro, e hospedas- inadequados ou desapropriados.
tes-me; É preciso nos prepararm os cons
“ Estava nu, e vestistes-me; adoe tantem ente para enfrentar novos de
ci, e visitastes-me; estive na prisão, e safios e ajudarm os com disposição e
fostes ver-m e.” (Mat. 25:35-36.) alegria nosso próxim o em suas ho
Ele deixa claro que devemos ras de necessidade. A Sociedade de
im portar-nos o bastante para, vo Socorro deve ser um a luz para as ir
luntariam ente, preenchermos as ne mãs nessas fases de transição. As
cessidades físicas e espirituais dos oficiais, professoras e membros de
que nos cercam. Isto é caridade, o vem preocupar-se sistematicamente
início do puro am or de Cristo. com as pressões e problemas que
Recentemente, ouvi um a jovem nossas irmãs enfrentam .
mãe falando num a reunião de ala da Uma irmã que ficara viúva havia
Sociedade de Socorro. Contou-nos pouco tempo e que sempre obtivera
que estava perdendo a visão e exter satisfação auxiliando os outros,
nou seu agradecimento às irmãs que achou muito difícil pedir ajuda. T o
vinham lendo para ela, acom pa davia, forçou-se sabiamente a fazê-
nhando-a quando tinha de sair e a -lo, porque achava que, agindo as
outra irm ã que a estava ensinando a sim, poderia ser útil para os outros.
tocar piano. Com seus atos de bon Além disso, tinha fé suficiente para
dade, as irmãs da Sociedade de So saber que, reconquistando sua auto-
corro haviam-lhe oferecido de sua suficiência, poderia voltar a ajudar
luz e procurado m inorar seu temor seu próximo.
nessa sua dificílima época de transi A moça que sai da vida totalm en
ção para um m undo de trevas. te disciplinada de m issionária, con
Todos nós temos de enfrentar tinua motivada a converter o m un
transições angustiantes e perturba do. Porém , conform e disse: “ Preci
doras, e que são diferentes para ca so aprender a encarar a realidade e
da um. Doença grave ou incapacida estabelecer prioridades neste meu
de permanente é uma delas. Ou en novo meio-ambiente, ainda que me
tão a m orte de um ente querido; sinta pouco à vontade nadando ou
dar-se conta de que talvez não nos nam orando, ou até mesmo lendo
casemos nesta vida; divórcio; retor um rom ance.”
no da missão; casamento sem filhos; Numa conferência para membros
casamento do último filho; passar solteiros da Igreja, um a irm ã falou-
da disciplina militar para a vida ci -me da terrível realidade de seu re
vil; passagem do program a das M o cente divórcio, depois de vinte anos
ças para a Sociedade de Socorro, ou de casada. “ Ninguém sabe a cora
do segundo grau para a faculdade; gem que significa para mim simples
mudar-se para outra cidade e assim mente entrar naquele salão cheio de
por diante. pessoas não casadas, sabendo que
180 A LIAHONA
agora faço parte delas. Não consigo ções duradouras com outras pes
nem descrever quão duro é .” soas. Relacionamentos positivos,
Será que conseguimos realmente am paradores e contínuos são um va
entender o sofrim ento alheio? P ro lioso apoio nas horas difíceis da vi
vavelmente não, mas aprendemos da.
algumas coisas im portantes a respei 3. Não é a transição em si que re
to de transições penosas que podem presenta o aspecto mais im portante
ajudar-nos a entender melhor o pró num ajustam ento, mas sim as condi
prio “ eu” ou nosso semelhante nes ções da pessoa na época dessa tran
sas horas difíceis: sição. Cada um reagirá diferente,
1. Uma transição pode significar porque as pessoas são diferentes,
uma oportunidade de desenvolvi ainda que a crise possa parecer idên
mento espiritual, físico, intelectual e tica.
psicológico — ou então tornar-se 4. Umá época de transição impli
uma época de séria deterioração. O ca freqüentem ente em certa desor
caminho é novo e muitas vezes difí ganização, mas a adaptação se dá
cil. Fazer da transição uma época de com maior rapidez e segurança,
desenvolvimento requer bastante quando existe um apoio firme dos
coragem e às vezes o apoio de outras amigos e companheiros.
pessoas. Começam a compreender agora a
2. Nossa capacidade de ajusta im portância da fraternidade na So
mento em épocas de transição não é ciedade de Socorro? Sólidas am iza
afetada tanto pelas eventuais expe des e fé possibilitam transições posi
riências traum áticas da infância, co tivas. Elas estavam presentes quan
mo pela qualidade de nossas rela do a viúva pediu ajuda, a irmã di
184 A LIAHONA
da para um homem (ou mulher) de
Uma Oportunidade Deus” . (Orson Hyde, Journal o f
Doscourses 7:151.) Em vista dessa
de Aprendizagem necessidade, somos gratas ao pai
am ante que nos deu na Sociedade de
Constante Socorro, um program a de aprendi
zagem contínua.
Nossos cursos beneficiam toda
mulher SUD. No primeiro dom in
go, temos que Viver Espiritual e no
segundo, Educação M aternal. Pode
parecer estranho que quase a quarta
parte de nossas aulas sejam dedica
das à Educação M aternal, quando
Shirley W. Thomas nem todas as mulheres da Sociedade
Segunda conselheira na presidência geral da de Socorro têm filhos.
Sociedade de Socorro. Na Igreja, as mulheres estão fami
liarizadas com os termos patriarca e
“Os cursos da Sociedade de ordem patriarcal. Nós os associa
Socorro contêm princípios do mos às coisas eternas e ao trabalho
evangelho que os tornam do sacerdócio em nosso lar e na
significativos para nosso esforço Igreja. Mas não falamos muito de
diário em seguir o Salvador. ” m atriarcas; preferimos chamá-las de
mães. A mãe é a com panheira do
pequeno Estêvão estava para patriarca de um lar. Desempenhar
186 A LIAHONA
A professora quase sempre sabe o jetivos de aula; mas essa encantadora
que foi mau num a aula, e em bora irmã falou hesitante, num idioma
possa querer falar a respeito, prova ainda novo para ela, de como estu
velmente não há necessidade de cha dava a lição e depois se ajoelhava pa
mar sua atenção para os pontos ne ra perguntar ao Senhor o que deve
gativos. Por outro lado, talvez não ria ressaltar para as irmãs da ala, e
se dê conta das partes mais efetivas e acrescentou: “ Ele sempre me
ficaria grata com um elogio; entre dirige.” Ouvindo-a falar e sentindo
tanto, se a professora é simplesmen a docilidade de seu espírito, soube
te elogiada por uma aula bonita ou com certeza que era assim, pois ela
m aravilhosa, pode não perceber me ensinou o que eu precisava
quais foram os aspectos positivos e aprender. Em bora se tenham passa
assim reforçar seus pontos fortes. Se do muitos anos desde aquela noite
a conselheira educacional, porém, em Nova Iorque, jam ais esqueci essa
aprende a prestar atenção a elemen irmã e sua mensagem.
tos específicos, tal como uma intro Continuando a aprender guiadas
dução interessante, a habilidade em pelo Espírito do Senhor, nós nos
tratar os comentários em classe, ela preparam os para sua vinda. O Se
será capaz de ajudar a professora nhor declarou que, quando vier de
com reforços positivos. novo, ninguém terá de dizer ao seu
Finalmente, as oportunidades de vizinho que ele é o Cristo, pois to
aprendizagem na Sociedade de So dos o saberão. Que possamos cres
corro serão produtivas na vida das cer em conhecimento e inteligência,
irmãs, à medida que o aprender e e estar preparadas para esse glorioso
ensinar se processe pelo Espírito. evento, eu oro em nome de Jesus
G ostaria de falar-lhes de um a irmã Cristo. Amém.
que me ajudou a apreciar o ensino
pelo Espírito.
Era uma mulher idosa, uma das
numerosas imigrantes que não con
seguira ir além de Nova Iorque em seu
caminho para Sião. Não tivera gran
des oportunidades de estudo e esta
va encontrando dificuldades em se
adaptar a uma nova cultura. Estáva
mos só as duas, certa noite, em nos
so departam ento da reunião de lide
rança da estaca.
A líder da junta da estaca pediu-
-nos que descrevêsemos como costu
mávamos preparar nossas aulas.
Como eu era professora form ada,
sabia alguma coisa sobre plano e o b