Cuidado de Enfermagem Ao Indivíduo Grave Com Alterações Respiratórias Agudas

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Cuidado de Enfermagem ao Indivíduo Grave

com Alterações Respiratórias Agudas

Conteudista: Prof.ª M.ª Alexandra de Oliveira Fernandes Conceição


Revisão Textual: Esp. Jéssica Dante

Objetivos da Unidade:

Desenvolver habilidades na avaliação respiratória e interpretação de gasometria


arterial, permitindo a identificação de alterações respiratórias significativas e a
utilização dessas informações para planejar intervenções adequadas;

Capacitar os profissionais de enfermagem no cuidado de indivíduos com


insuficiência respiratória aguda, com o conhecimento das causas, sintomas e
complicações dessa condição, e a habilidade de implementar intervenções para
melhorar a função respiratória;

Familiarizar os profissionais de enfermagem com procedimentos como


intubação traqueal, traqueostomia e aspiração orotraqueal/nasotraqueal, e
fornecer os cuidados necessários antes, durante e após esses procedimentos;

Capacitar os profissionais de enfermagem no cuidado de pacientes em


ventilação mecânica, incluindo o conhecimento das modalidades ventilatórias e
a habilidade de monitorar e manejar os parâmetros ventilatórios.
📄 Material Teórico
📄 Material Complementar
📄 Referências
📄 Material Teórico
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Avaliação Clínica Respiratória


É uma etapa crucial no cuidado de pacientes críticos e intensivos, uma vez que
distúrbios respiratórios podem levar a complicações sérias e até mesmo à falência
orgânica. Os enfermeiros desempenham um papel fundamental na identificação
precoce de problemas respiratórios e no fornecimento de intervenções adequadas para
garantir uma oxigenação e ventilação adequadas. Neste material didático, abordaremos
os principais pontos da avaliação respiratória, incluindo sinais e sintomas, diagnóstico
e tratamento de enfermagem.

Na unidade de emergência, o tempo é muitas vezes escasso para a identificação


completa das necessidades dos pacientes. No entanto, é crucial que o enfermeiro

empregue uma metodologia eficiente para identificar problemas rapidamente e


implementar as ações de enfermagem necessárias. A linha de cuidado em urgências
clínicas respiratórias e metabólicas requer uma avaliação ágil e precisa para
proporcionar uma intervenção rápida e eficaz.

Avaliação Clínica Respiratória em Pacientes Críticos e Intensivos: Anamnese, Exame


Físico, Laboratorial e Exame por Imagem.

Anamnese
Etapa inicial da avaliação clínica respiratória, envolvendo a coleta de informações
relevantes sobre o paciente. Esses dados permitem ao enfermeiro compreender a
história de saúde do paciente e identificar fatores predisponentes, agravantes e
desencadeantes do quadro respiratório atual.

Os principais pontos a serem obtidos durante a anamnese incluem:

Identificação do paciente: nome, idade, procedência, profissão,


ocupação;

Queixa principal: motivo da admissão e principais sintomas


respiratórios;

História clínica atual: características dos sinais e sintomas


respiratórios, como início, evolução e fatores associados;

História pregressa: alergias, patologias prévias, cirurgias,


internações e uso de medicamentos;

História familiar: identificação de doenças respiratórias ou


metabólicas em familiares próximos;

Hábitos de vida: dieta, ingestão líquida, etilismo, tabagismo, uso


de drogas e padrão de eliminação fisiológica.

Sinais e Sintomas de Alterações Respiratórias

Dispneia (dificuldade respiratória);

Taquipneia ou bradipneia;

Cianose (coloração azulada da pele e mucosas);

Tosse persistente e produtiva;


Expectoração com sangue;

Aumento do esforço respiratório;

Uso de músculos acessórios da respiração;

Roncos, sibilos e crepitações pulmonares;

Alterações no padrão de respiração (Cheyne-Stokes, Kussmaul);

Confusão e agitação;

Fadiga extrema;

Diminuição da SpO2.

Exame Físico
É uma etapa fundamental para a identificação de alterações respiratórias e o
planejamento do cuidado de enfermagem. Deve ser realizado de forma sistematizada,
abrangendo inspeção, palpação, percussão e ausculta.

Na inspeção, o enfermeiro observa a aparência geral do paciente, prestando atenção à


frequência respiratória, ritmo, qualidade da respiração e grau de esforço ventilatório. A

cor da pele também é avaliada, especialmente buscando sinais de cianose, um


indicativo de hipoxemia.

A palpação permite identificar possíveis deformidades torácicas, avaliar a expansão e a


simetria do tórax, e identificar a presença de frêmito toracovocal. Esta última é uma

vibração palpável que pode indicar presença de consolidação pulmonar.

A percussão é usada para determinar a densidade dos tecidos e identificar a presença


de líquidos ou ar nos pulmões e cavidades pleurais. Sons timpânicos são esperados
sobre áreas com ar, enquanto sons maciços podem indicar líquido ou tecido sólido.

A ausculta respiratória é uma técnica importante para identificar sons respiratórios


normais e anormais. Sons normais incluem som vesicular, broncovesicular e
brônquico. Sons adventícios, como sibilos, estertores e roncos, podem ser indicativos
de patologias respiratórias.

Análise Laboratorial
Além do exame físico, a avaliação clínica respiratória inclui a análise laboratorial para
complementar o diagnóstico. Exames de sangue, como gasometria arterial,
hemograma completo, eletrólitos e enzimas cardíacas, são importantes para avaliar a
oxigenação, a acidose, o equilíbrio hidroeletrolítico e a presença de inflamação

sistêmica.

A análise de escarro ou secreção traqueobrônquica pode ser realizada para identificar


agentes infecciosos, como bactérias, vírus ou fungos, além de fornecer informações
sobre o perfil de resistência aos antibióticos.

Exame por Imagem


Os exames por imagem, como radiografia de tórax e tomografia computadorizada, são
ferramentas valiosas para auxiliar na identificação de alterações pulmonares e avaliar a
extensão de lesões. A radiografia de tórax pode indicar pneumonia, edema pulmonar,
atelectasias ou derrame pleural. Já a tomografia computadorizada oferece maior
detalhamento anatômico, permitindo detectar lesões mais sutis ou complexas.

Principais Diagnósticos de Enfermagem

Troca gasosa prejudicada relacionada a distúrbios respiratórios;


Padrão respiratório ineficaz relacionado a aumento do esforço
respiratório;

Risco de infecção relacionado a vias aéreas artificiais (intubação,


traqueostomia);

Risco de aspiração relacionado à debilidade muscular ou


diminuição do nível de consciência;

Ansiedade relacionada à dificuldade respiratória e desconforto;

Intervenções de Enfermagem;

Monitoramento contínuo dos sinais vitais e da SpO2;

Administração de oxigênio suplementar conforme prescrição


médica;

Posicionamento adequado do paciente para otimizar a ventilação;

Aspiração orotraqueal/nasotraqueal para remover secreções e


garantir a permeabilidade das vias aéreas;

Realização de exercícios respiratórios e incentivo à tosse eficaz;

Monitoramento dos níveis de sedação e analgesia em pacientes


sob ventilação mecânica;

Manutenção da higiene oral e bucal para prevenir pneumonia


associada à ventilação;

Prevenção de úlceras de pressão e lesões na pele decorrentes do


uso de máscara de oxigênio.
Educação do Paciente e Família

Explicar ao paciente e familiares o propósito e funcionamento de


dispositivos de oxigenação e ventilação mecânica;

Orientar sobre a importância de informar a equipe de enfermagem


caso ocorra qualquer desconforto respiratório;

Instruir sobre a importância de seguir as orientações médicas e de


enfermagem para otimizar a recuperação pulmonar.

Gasometria Arterial: Avaliação e Implicações Clínicas


A gasometria arterial é um exame fundamental na avaliação da função respiratória e do
equilíbrio ácido-base do paciente. Ela envolve a mensuração dos gases sanguíneos (O2

e CO2), bicarbonato (HCO3) e pH. Realizada através da coleta de sangue arterial, a

gasometria fornece informações vitais sobre o estado de oxigenação e ventilação do


organismo, auxiliando no diagnóstico e tratamento de várias condições clínicas.

Quadro 1 – Valores de referência dos parâmetros da gasometria arterial

Valor Normal (ao nível


Parâmetro
do mar)

pH arterial 7,35 - 7,45

PaO2 (Pressão parcial de 75 - 100 mmHg (10 -


oxigênio) 13.3 kPa)

PaCO2 (Pressão parcial de 35 - 45 mmHg (4.7 - 6.0


dióxido de carbono) kPa)
Valor Normal (ao nível
Parâmetro
do mar)

HCO3- (Bicarbonato) 22 - 28 mEq/L

SaO2 (Saturação de oxigênio) 95 - 100%

Base Excess (BEC) -2 a +2 mEq/L

Fonte: Adaptado de CATALETTO, 2011

Oxigenação
A oxigenação é avaliada pela pressão parcial de oxigênio no plasma arterial (PaO2) e

pela saturação arterial de oxigênio da hemoglobina (SaO2). A PaO2 normal é de 80-100

mmHg ao nível do mar, diminuindo com a idade. A SaO2 normal varia de 93-99%. A

hipoxemia ocorre quando a PaO2 está abaixo de 80 mmHg. A curva de dissociação da

hemoglobina mostra a relação entre PaO2 e SaO2.

Distúrbios Ácido-Base
Os distúrbios ácido-base referem-se às alterações nos níveis de íons hidrogênio (H+)

e bicarbonato (HCO3-) no corpo, afetando o equilíbrio ácido-base do organismo. Esses

distúrbios podem ter origem metabólica ou respiratória e são essenciais para entender
a saúde e o funcionamento do corpo humano.

Equilíbrio Ácido-Base: é crucial para o


funcionamento adequado das células e sistemas
orgânicos. O pH do sangue é mantido dentro de
uma faixa estreita para garantir que as reações
químicas e as funções celulares ocorram de
maneira eficiente;

Distúrbios Metabólicos: ocorrem devido a alterações nos níveis


de bicarbonato no corpo. Podem ser classificados em dois tipos

principais: Acidose Metabólica: caracterizada por


uma diminuição no pH sanguíneo e níveis de
bicarbonato abaixo do normal. Pode ser causada
por condições como diabetes não controlada,
insuficiência renal ou intoxicação e Alcalose
Metabólica: refere-se a um aumento no pH
sanguíneo e níveis de bicarbonato acima do
normal. Pode ser desencadeada por vômitos
excessivos, ingestão de diuréticos ou outras
condições.

Distúrbios Respiratórios: estão relacionados à ventilação


pulmonar e à eliminação de dióxido de carbono (CO2). Também

podem ser divididos em dois tipos principais: Acidose

Respiratória: ocorre quando há acúmulo de CO2


no sangue, levando a uma diminuição do pH.
Pode ser causada por problemas como doenças
pulmonares obstrutivas ou insuficiência
respiratória e Alcalose Respiratória: envolve a
eliminação excessiva de CO2 do corpo, resultando
em um aumento no pH. Pode ser causada por
hiperventilação devido a ansiedade, febre ou
hipoxemia.

O diagnóstico de distúrbios ácido-base é baseado na análise dos níveis de pH,

bicarbonato e CO2 no sangue, bem como na identificação da causa subjacente. A


gasometria arterial é uma ferramenta importante para avaliar o equilíbrio ácido-base.

O tratamento dos distúrbios ácido-base visa corrigir a causa subjacente. Isso pode
envolver a administração de medicamentos, correção de desequilíbrios e controle de

doenças subjacentes.

A ventilação e o equilíbrio acidobásico são refletidos pelo pH, pCO2 e HCO3. O pH

normal é de 7.35-7.45. Acidemia ocorre com pH reduzido, e alcalemia ocorre com pH


elevado. A pCO2 normal é de 35-45 mmHg. Valores acima de 45 mmHg indicam acidose

respiratória, e abaixo de 35 mmHg indicam alcalose respiratória. O HCO3 normal é de

22-26 mEq/l. É regulado pelos rins e funciona como tampão para neutralizar ácidos.

Compensação
Quando há acidose ou alcalose, o corpo busca restaurar o pH normal através da
compensação. Em distúrbios respiratórios, os rins ajustam o HCO3 para restaurar a

relação 20:1 entre HCO3 e pCO2. Em distúrbios metabólicos, os pulmões ajustam a pCO2

para restaurar essa relação. A compensação pode ser lenta ou rápida, dependendo do
sistema envolvido.

Importância Clínica
A gasometria arterial fornece informações cruciais sobre a função respiratória e o
equilíbrio ácido-básico. A análise conjunta com a história clínica e o exame físico
permite diagnósticos precisos e intervenções adequadas. É uma ferramenta valiosa em
unidades de terapia intensiva e emergências respiratórias.

Como é Realizada a Avaliação da Gasometria Arterial?


A coleta da gasometria arterial é um procedimento invasivo e requer treinamento
adequado para evitar complicações. Geralmente, a amostra de sangue é obtida a partir
de uma artéria periférica, como a radial ou a femoral. O paciente é preparado para o
procedimento, e o local da punção é devidamente higienizado. Após a coleta da amostra
de sangue, ela é rapidamente analisada em um equipamento específico, que mede os

níveis de pH, PaO2 (pressão arterial de oxigênio), PaCO2 (pressão arterial de dióxido de

carbono), HCO3- (bicarbonato) e excesso de bases (BE).

Vídeo
Gasometria Arterial - Básica

Gasometria Arterial - Básica


Principais Avaliações da Gasometria Arterial

pH: reflete a acidez do sangue e indica se o paciente está em um


estado de acidose (pH abaixo do normal) ou alcalose (pH acima do
normal);

PaO2 : mede a pressão do oxigênio dissolvido no sangue arterial.


Valores baixos podem indicar hipoxemia, que pode ser causada
por problemas respiratórios ou cardiovasculares;

PaCO2 : mede a pressão do dióxido de carbono dissolvido no


sangue arterial. Valores elevados podem indicar hipoventilação e
acidose respiratória, enquanto valores baixos podem indicar
hiperventilação e alcalose respiratória;

HCO3-: mede a concentração de bicarbonato no sangue, que é um


importante regulador do equilíbrio ácido-base. Valores baixos
podem indicar acidose metabólica, enquanto valores elevados
podem indicar alcalose metabólica;

Excesso de Bases (BE): reflete o balanço entre as concentrações


de ácidos e bases no sangue. Valores negativos indicam acidose,
enquanto valores positivos indicam alcalose.

Implicações Clínicas
Os resultados da gasometria arterial fornecem informações valiosas sobre a função
respiratória e metabólica do paciente, permitindo o diagnóstico e tratamento adequado
de diversas condições clínicas, tais como:

Insuficiência Respiratória: A gasometria pode ajudar a identificar


insuficiência respiratória aguda ou crônica, indicando a
necessidade de suporte ventilatório ou ajustes na ventilação
mecânica;
Distúrbios Ácido-Base: os valores de pH, PaCO2 e HCO3- auxiliam
no diagnóstico de distúrbios ácido-base, como acidose
metabólica, alcalose respiratória, entre outros;

Monitoramento de Tratamentos: a gasometria é útil para avaliar a


resposta do paciente a tratamentos como ventilação mecânica,
terapia com oxigênio e correção de distúrbios metabólicos;

Avaliação de Doenças Respiratórias: em doenças pulmonares


como asma, DPOC e pneumonia, a gasometria arterial pode guiar o
tratamento e monitorar a progressão da doença;

Emergências Médicas: em situações críticas, como parada


cardiorrespiratória, a gasometria é essencial para guiar a
ressuscitação e avaliar a eficácia das intervenções.

Insuficiência Respiratória Aguda


A insuficiência respiratória aguda (IRpA) é caracterizada pela incapacidade do sistema
respiratório em realizar adequadamente a oxigenação do sangue arterial e a eliminação
do dióxido de carbono. Esse quadro é definido pela diminuição da pressão arterial de
oxigênio (PaO2) a menos de 60 mmHg (hipoxemia) e o aumento da pressão arterial de

gás carbônico para valores superiores a 50 mmHg (hipercapnia), com pH inferior a


7.35.

Vídeo
Insuficiência Respiratória Aguda
Insuficiencia Respiratoria Aguda

É importante diferenciar a insuficiência respiratória aguda da crônica. A insuficiência


respiratória crônica é caracterizada pela deterioração gradual da troca gasosa do
pulmão que persiste por um longo período após um episódio agudo. Geralmente, está
associada a doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC) e doenças
neuromusculares.

Vários mecanismos estão envolvidos na insuficiência respiratória aguda, afetando


diferentes etapas do sistema respiratório:

Ventilação: é responsável pela renovação do gás alveolar e


depende da integração entre o centro respiratório no sistema
nervoso central, as vias nervosas inervando os músculos
respiratórios, a caixa torácica e os pulmões. Alterações na
ventilação podem resultar de problemas como enfisema, asma,
presença de secreções ou redução da frequência respiratória;
Perfusão: os pulmões são bem irrigados pela corrente sanguínea,
e pequenos vasos são fundamentais para as trocas gasosas.
Alterações na perfusão podem ser causadas por doenças
tromboembólicas ou redução dos capilares pulmonares;

Relação ventilação/perfusão (V/Q): é essencial que haja uma


relação adequada entre a ventilação dos alvéolos e a perfusão dos
capilares para garantir trocas gasosas eficientes. Mudanças na
relação V/Q são as causas mais comuns de distúrbios nas trocas
gasosas;

Difusão: a troca gasosa ocorre entre o ar alveolar e o sangue no


capilar pulmonar por difusão passiva através da membrana
alvéolo-capilar. Alterações na capacidade de difusão pulmonar
podem ocorrer em doenças intersticiais pulmonares ou no
enfisema.

A classificação da IRpA baseia-se nos mecanismos de hipoxemia e hipercapnia. O Tipo


I (falência de oxigenação) ocorre quando a ventilação é normal, mas a hipoxemia é
secundária a alterações na relação V/Q, shunt ou defeito de difusão. Nesse caso, há
hipoxemia sem retenção significativa de dióxido de carbono. Já o Tipo II (falência de
ventilação) ocorre devido à hipoventilação, resultando em hipoxemia e hipercapnia na
análise gasométrica.

O reconhecimento precoce da insuficiência respiratória aguda e a identificação de seus


mecanismos são fundamentais para o tratamento e a intervenção adequados,
garantindo a oxigenação adequada e a remoção eficiente do dióxido de carbono. O

manejo adequado pode salvar vidas e melhorar o prognóstico desses pacientes.

Principais Causas de Insuficiência Respiratória Aguda


A Insuficiência Respiratória Aguda (IRpA) pode ser desencadeada por diversas
condições que afetam os diferentes componentes do sistema respiratório
responsáveis pela ventilação. Algumas das principais causas são:

Sistema Nervoso Central: lesões estruturais no Sistema Nervoso


Central (SNC) como neoplasias, infarto, hemorragia e infecções
podem comprometer o controle respiratório. Além disso, o uso de
drogas depressoras do SNC também pode levar à IRpA. Doenças da
medula, como trauma raquimedular, neoplasias, infecções,
Síndrome de Guillain-Barré e poliomielite, também podem ser
causas;

Sistema Nervoso Periférico: Algumas doenças causadas por


neurotoxinas, como o tétano, botulismo e difteria, podem afetar
os músculos respiratórios e levar à IRpA. Outras condições como
Miastenia gravis, Paralisia diafragmática bilateral e intoxicação
por organofosforados também podem comprometer a ventilação;

Disfunção da Musculatura Respiratória: distúrbios eletrolíticos,


como hipofosfatemia, hipomagnesemia, hipocalemia e
hipocalcemia, podem interferir na função da musculatura
respiratória. Além disso, doenças como distrofias musculares
também podem ser causas de IRpA;

Disfunção da Parede Torácica e Pleura: condições como


cifoescoliose, obesidade e tórax instável devido a múltiplas
fraturas de costelas podem dificultar a ventilação adequada;

Obstrução das Vias Aéreas Superiores: edema de laringe, causado


por trauma ou reações alérgicas, aspiração de corpo estranho,
paralisia de cordas vocais bilateralmente, estenose de traqueia,
traqueomalácia e tumores nas vias aéreas superiores podem
obstruir a passagem de ar e levar à IRpA. A apneia obstrutiva do
sono também é uma causa possível.
Apresentação Clínica
A IRpA pode se manifestar de maneira diversa, dependendo da condição patológica
subjacente. Entretanto, alguns sinais e sintomas são comuns em pacientes com IRpA:

Alteração do nível de consciência: a queda na oferta de oxigênio


ao Sistema Nervoso Central pode levar a alterações no nível de
consciência, podendo variar desde agitação e confusão mental até
depressão do sensório e coma;

Taquipneia: a respiração rápida, com mais de vinte respirações


por minuto em adultos, é um dado importante no exame físico de
pacientes com suspeita de IRpA. Valores progressivamente
maiores podem indicar maior gravidade;

Cianose: a presença de cianose central e de extremidades é um


sinal de hipoxemia significativa. A cianose labial e de
extremidades só ocorre com níveis baixos de oxigênio arterial;

Uso da musculatura acessória da respiração: pacientes com IRpA


podem apresentar tiragens intercostais, batimentos de asas do
nariz e utilização da musculatura acessória para respirar.

Intervenções de Enfermagem na Insuficiência Respiratória


Aguda
Em caso de suspeita de IRpA, algumas intervenções de enfermagem podem ser

realizadas para fornecer suporte respiratório e monitorar o paciente adequadamente:

Abertura das vias aéreas e posicionamento do paciente em


decúbito dorsal horizontal;

Hiperextensão do pescoço, exceto em casos de trauma cervical;

Aspiração das vias aéreas superiores, se necessário;


Remoção de prótese dentária;

Administração de oxigenioterapia conforme prescrição médica;

Elevação do decúbito, exceto em casos de risco de trauma


raquimedular;

Monitorização da oximetria de pulso e estabelecimento de acesso


venoso;

Observação periódica dos sinais de piora da hipoxemia, como


nível de consciência diminuído, diminuição da saturação de
oxigênio e cianose;

Avaliação regular dos sinais vitais e do padrão respiratório do


paciente.

Essas intervenções visam melhorar a oxigenação do paciente e monitorar sua evolução


durante o tratamento da insuficiência respiratória aguda. O pronto reconhecimento e o
tratamento adequado são essenciais para prevenir complicações e garantir uma
recuperação satisfatória.

Caso Clínico
Insuficiência Respiratória Aguda em Paciente com Cuidados Intensivos

Paciente: Maria, 55 anos, sexo feminino.

Histórico Clínico

Maria é portadora de asma grave de longa data e apresenta histórico de alergias


respiratórias. Ela estava em tratamento ambulatorial, fazendo uso de
broncodilatadores de longa ação e corticosteroides inalatórios. Apesar disso, ela vinha
apresentando episódios de sibilância e falta de ar mais frequentes nas últimas

semanas.

Admissão na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI)


Maria foi admitida na UCI de um hospital após procurar a emergência com um quadro
agudo de insuficiência respiratória. Na avaliação inicial, ela apresentava os seguintes
sinais e sintomas:

Taquipneia e dispneia severa: Maria estava respirando


rapidamente e com grande esforço, demonstrando dificuldade
respiratória;

Uso da musculatura acessória: era visível o uso dos músculos


intercostais e do pescoço para auxiliar na respiração;

Cianose: Maria apresentava coloração azulada nos lábios e


extremidades, indicando hipoxemia;

Sibilância: na ausculta pulmonar, era possível ouvir sibilos e


estertores, sinais de obstrução das vias aéreas;

Agitação e ansiedade: a paciente estava agitada e ansiosa, em


decorrência da falta de ar;

Sudorese: Maria estava suando profusamente devido ao esforço


respiratório;

Saturação de oxigênio baixa: a oximetria de pulso mostrava uma


saturação de oxigênio de 88% em ar ambiente;

Frequência cardíaca aumentada: a paciente apresentava


taquicardia em resposta à hipoxemia;
Elevação da pressão arterial: a pressão arterial estava elevada
devido à compensação cardiovascular pela hipoxemia.

Plano de Cuidados Intensivos:


Maria foi prontamente colocada em oxigenoterapia com alto fluxo de oxigênio e
administração de broncodilatadores por nebulização para aliviar a obstrução das vias
aéreas. Foi iniciado também o uso de corticosteroides sistêmicos para reduzir a
inflamação brônquica. A paciente recebeu monitoramento contínuo dos sinais vitais,

incluindo oximetria de pulso e eletrocardiograma.

A equipe de enfermagem manteve a paciente em repouso, evitando movimentações


bruscas que pudessem agravar sua dispneia. Maria foi orientada a realizar exercícios de
respiração profunda e técnicas de relaxamento para ajudar no controle da ansiedade e
no trabalho respiratório.

Intubação Endotraqueal: Procedimento e


Cuidados
A intubação endotraqueal é um procedimento crucial realizado em emergências para
garantir a permeabilidade das vias aéreas e a ventilação adequada em pacientes com
insuficiência respiratória aguda ou em risco iminente de morte. Consiste na inserção

de um tubo ou cânula através da boca ou nariz do paciente, passando pela traqueia até
alcançar a carina, onde se bifurcam os brônquios principais.

Objetivos da Intubação Endotraqueal

Estabelecer uma via aérea pérvia e artificial para garantir a


ventilação e oxigenação adequadas;
Proteger as vias aéreas com o balão insuflado do tubo, impedindo
a aspiração do conteúdo gástrico e reduzindo o risco de
broncoaspiração;

Instalar a ventilação mecânica, quando necessário, para ajudar o


paciente a respirar adequadamente.

Critérios para Intubação Endotraqueal


A intubação endotraqueal é indicada nos seguintes casos:

Hipoxemia grave: quando os níveis de oxigênio estão abaixo do


necessário para manter a função adequada dos órgãos;

Risco iminente de morte: em situações de parada


cardiorrespiratória ou insuficiência respiratória aguda que
coloquem a vida do paciente em perigo imediato;

Importante desconforto respiratório: quando o paciente


apresenta dificuldades respiratórias severas e não responde a
outras intervenções;

Nível de consciência rebaixado: em casos de lesão cerebral ou


intoxicação que comprometam a capacidade do paciente de
manter uma ventilação adequada.

Cuidados e Complicações
A intubação endotraqueal é um procedimento invasivo e pode acarretar algumas
complicações. É essencial que a equipe de saúde esteja preparada e tenha todo o
material necessário à mão antes de iniciar o procedimento. Algumas complicações
possíveis incluem, trauma das vias aéreas, cordas vocais ou dentes.
Intubação gástrica: quando o tubo é inserido no esôfago em vez
da traqueia, levando ao acúmulo de ar no estômago;

Vômitos e broncoaspiração: em casos de pacientes com distensão


gástrica ou recém-alimentados.

Vídeo
O que os Enfermeiros e Técnicos Fazem na Intubação Orotraqueal?

O QUE OS ENFERMEIROS E TÉCNICOS FAZEM NA INTUBAÇÃO O…


O…
Intervenções de Enfermagem
Antes da Intubação

Observar o momento da última refeição ou ingestão de líquidos;

Avaliar o nível de consciência, ansiedade e grau de dificuldade


respiratória do paciente;

Remover próteses dentárias, caso o paciente as utilize;

Separar o material para o procedimento.

Durante o Procedimento

Monitorar o traçado cardíaco e a oximetria de pulso para garantir


a ventilação adequada;

Assegurar que a saturação de oxigênio não caia abaixo de 90%


durante a intubação;

Observar e documentar o processo de intubação e as medidas


adotadas em caso de complicações.

Após o Procedimento

Fixar o tubo endotraqueal de forma adequada para prevenir


extubação acidental;

Verificar a localização e posição correta do tubo através da


ausculta e radiografia de tórax;

Realizar aspiração traqueal quando necessário;


Manter a pressão do balonete entre 15-25 mmHg para evitar
lesões traqueais;

Manutenção do Tubo Endotraqueal;

Verificar a profundidade de inserção do tubo na comissura labial


para identificar precocemente a extubação não planejada;

Avaliar as secreções, sons respiratórios e sinais de vias aéreas


adequadas;

Manter o paciente com a cabeceira elevada em pelo menos 30


graus;

Monitorar continuamente os sinais de extubação não planejada.

A intubação endotraqueal é um procedimento crítico realizado em ambientes de


cuidados intensivos, e sua execução requer habilidades e conhecimentos específicos
por parte da equipe de saúde. O enfermeiro desempenha um papel fundamental na
preparação e na assistência durante e após o procedimento, garantindo a segurança e a

eficácia do tratamento para o paciente em situações emergenciais.

Vídeo
Entendendo a Monitorização do Monitor Multiparamétrico – Sinais
Vitais
ENTENDENDO A MONITORIZAÇÃO DO MoNITOR MULTIPARAMÉ…
MULTIPARAMÉ…

Traqueostomia
A traqueostomia é um procedimento cirúrgico no qual é feita uma abertura na traqueia,
diretamente na parte frontal do pescoço, para criar uma via de ar alternativa. Isso é
feito quando a via respiratória superior está bloqueada ou comprometida de alguma
forma, como em casos de obstrução, lesão traumática ou cirurgia que requer ventilação
mecânica prolongada.

É realizada em situações em que é necessário estabelecer uma via de ar alternativa


através da traqueia. As indicações principais incluem:

Obstrução das Vias Aéreas Superiores: quando há bloqueio ou


estreitamento significativo das vias aéreas superiores devido a
tumores, inflamação, edema ou outras condições que impedem a
passagem do ar;

Ventilação Mecânica Prolongada: pacientes que necessitam de


suporte respiratório prolongado, como em casos de insuficiência
respiratória aguda, lesão medular, paralisia ou doenças
neuromusculares;

Prevenção de Aspiração: pacientes com dificuldade de deglutição,


como aqueles com lesões cerebrais traumáticas ou acidente
vascular cerebral, podem necessitar de traqueostomia para
prevenir a aspiração de alimentos ou líquidos para os pulmões;

Falha em Extubar: em alguns casos, após uma intubação


prolongada, o paciente não pode ser extubado com segurança, e
uma traqueostomia é realizada para manter a ventilação;

Necessidades Cirúrgicas: algumas cirurgias na área da cabeça e


pescoço podem exigir temporariamente o desvio da via aérea, o
que pode ser feito através de uma traqueostomia.

Complicações da Traqueostomia
Embora a traqueostomia seja um procedimento comum e seguro, várias complicações
podem surgir. É importante monitorar de perto os pacientes submetidos a essa
intervenção. Algumas complicações incluem:

Infecção: infecções no local da traqueostomia podem ocorrer,


causando vermelhidão, inchaço, calor e secreção purulenta. Isso
pode evoluir para celulite ou abscesso;

Hemorragia: sangramento excessivo pode ocorrer durante ou


após o procedimento, sendo uma complicação potencialmente
séria que pode comprometer a respiração;

Estenose Traqueal: o crescimento excessivo de tecido cicatricial


pode resultar em estreitamento da traqueia, dificultando a
respiração e exigindo tratamento adicional;

Deslocamento ou Obstrução da Cânula: a cânula inserida na


traqueia pode se deslocar ou ficar obstruída por secreções,
levando a problemas respiratórios imediatos;

Pneumotórax: a introdução inadequada da cânula pode causar a


entrada de ar na cavidade pleural, resultando em pneumotórax;

Lesão de Estruturas Adjacentes: danos a estruturas vasculares,


nervosas ou outras estruturas próximas podem ocorrer durante a
colocação da traqueostomia;

Dificuldades na Deglutição: algumas pessoas podem apresentar


dificuldades na deglutição após a traqueostomia devido a
alterações na anatomia das vias aéreas e da traqueia;

Granulomas e Fístulas: o desenvolvimento de tecido cicatricial


excessivo pode levar à formação de granulomas ou fístulas,
causando irritação ou vazamento de ar.

É fundamental que a equipe médica e de enfermagem esteja atenta a essas


complicações, monitorando o paciente de perto e tomando medidas para prevenir e
tratar quaisquer problemas que possam surgir após a realização de uma traqueostomia.

Principais Cuidados de Enfermagem


Os cuidados de enfermagem são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar do
paciente com traqueostomia, entre os principais Cuidados de Enfermagem estão:

Monitoramento Respiratório
Verificar a frequência respiratória, saturação de
oxigênio e sinais de dificuldade respiratória;

Observar qualquer sinal de obstrução das vias aéreas, como


retrações, uso de músculos acessórios e cianose.

Cuidados com o Estoma

Manter o estoma limpo e seco, realizando trocas


de curativo conforme necessário;

Prevenir infecções mantendo a área ao redor do estoma limpa e


livre de secreções.

Troca de Cânula

Trocar a cânula regularmente, seguindo as


instruções médicas e utilizando técnica
asséptica;

Manter uma cânula de reserva em caso de obstrução ou


necessidade de troca emergencial.

Higiene Oral

Realizar higiene oral frequente para prevenir


acúmulo de secreções e infecções;
Usar soluções salinas ou umidificadores para manter as vias
aéreas úmidas;

Sinais de Infecção: monitorar sinais de infecção, como


vermelhidão, calor, inchaço ou secreção purulenta ao redor do
estoma;

Relatar qualquer sinal de infecção à equipe médica;

Alimentação e Hidratação: se necessário, adaptar a alimentação


para atender às necessidades do paciente com traqueostomia;

Assegurar uma boa hidratação para evitar o espessamento das


secreções respiratórias.

Aspiração de Secreções

Realizar aspiração das vias aéreas para remover


as secreções, prevenindo obstrução;

Seguir procedimentos assépticos durante a aspiração para evitar


infecções;

Mobilização e Posicionamento: realizar movimentação adequada


do paciente para evitar complicações, como úlceras de pressão;

Posicionar o paciente de forma a facilitar a respiração e prevenir o


risco de desconexão acidental da cânula.

Educação e Treinamento
Instruir o paciente e os familiares sobre os
cuidados necessários após a traqueostomia;

Ensinar sobre a limpeza do estoma, troca de cânula e sinais de


complicações;

Lembrando que os cuidados específicos podem variar com base


nas necessidades individuais do paciente, na razão da
traqueostomia e nas diretrizes médicas;

Certificar-se de que a equipe de enfermagem esteja bem treinada


e que todos os procedimentos sejam realizados de forma
cuidadosa e segura é fundamental para garantir a saúde do
paciente com traqueostomia.

Sistemas de Aspiração Endotraqueal


Os sistemas de aspiração endotraqueal são utilizados para remover secreções e detritos
das vias aéreas inferiores, especialmente na traqueia e nos brônquios, em pacientes
que requerem ventilação mecânica ou que estão em risco de acúmulo de secreções.
Esses sistemas são cruciais para manter a permeabilidade das vias aéreas, prevenir
obstruções e melhorar a oxigenação. Eles podem ser divididos em dois tipos principais:
sistemas de aspiração aberto e fechado.

Vídeo
Aspiração Traqueal com Sistema Fechado
ASPIRAÇÃO TRAQUEAL COM SISTEMA FECHADO

Sistema de Aspiração Aberto


Também conhecido como técnica aberta, o cateter de aspiração é desconectado da
ventilação mecânica antes de ser inserido na via aérea do paciente. A desconexão
temporária da ventilação é realizada para permitir a introdução do cateter de aspiração
através da cânula traqueal ou da via oral. Após a aspiração, o cateter é reconectado ao

circuito de ventilação.

Vantagens

Maior fluxo de ar durante a aspiração,


permitindo a remoção mais eficaz das secreções;

Pode ser mais adequado para pacientes com secreções densas ou


viscosas;
Menor resistência ao fluxo de ar durante a aspiração.

Desvantagens

A desconexão temporária da ventilação pode


resultar na perda de pressão positiva nas vias
aéreas, levando à hipoxemia;

A técnica pode ser mais traumática para as vias aéreas e resultar


em maior risco de contaminação cruzada.

Sistema de Aspiração Fechado


Conhecido como sistema fechado ou circuito fechado, não requer a desconexão da

ventilação mecânica durante o procedimento de aspiração. O cateter de aspiração é


inserido através de um adaptador presente no circuito da ventilação, mantendo a
conexão contínua. Isso minimiza a interrupção da ventilação e reduz o risco de
hipoxemia.

Vantagens

Não há interrupção da ventilação mecânica, o que


reduz o risco de hipoxemia e complicações
associadas;

Menor risco de contaminação cruzada, pois a conexão com o


sistema de ventilação é mantida.
Desvantagens

O fluxo de ar durante a aspiração pode ser menor


em comparação com o sistema aberto, o que pode
afetar a eficácia da remoção das secreções;

Pode ser menos adequado para pacientes com secreções mais


espessas.

Principais Complicações
Infecção Respiratória: a introdução de cateteres
nas vias aéreas pode aumentar o risco de
infecções respiratórias, como pneumonia, se as
técnicas assépticas não forem rigorosamente
seguidas;

Trauma ou Lesão: a aspiração inadequada ou excessivamente


vigorosa pode causar lesões nas vias aéreas, levando a
sangramento ou danos às mucosas;

Hipoxemia: a aspiração prolongada ou excessivamente profunda


pode reduzir temporariamente a oxigenação do paciente, levando
a uma diminuição dos níveis de oxigênio no sangue;

Broncoespasmo: a estimulação das vias aéreas durante a


aspiração pode desencadear broncoespasmo, resultando em
dificuldade respiratória;

Contaminação Cruzada: a contaminação dos equipamentos ou


das mãos do profissional pode levar à propagação de infecções
entre pacientes ou para o próprio paciente.

A aspiração endotraqueal é frequentemente empregada em pacientes que estão sob


ventilação mecânica, com risco de acumulação de secreções e obstrução das vias
aéreas.

Cuidados de Enfermagem

Preparação: lave as mãos, use equipamento de


proteção individual (EPI), prepare o material
necessário, verifique o funcionamento dos
equipamentos e posicione o paciente em uma
posição adequada para facilitar a aspiração;

Avaliação: avalie a necessidade real de aspiração, levando em


consideração os sinais clínicos, os sons respiratórios e as
características das secreções;

Monitoramento: monitore os sinais vitais, os níveis de oxigênio e


a saturação de oxigênio antes, durante e após o procedimento.
Observe qualquer mudança nos sinais respiratórios;

Técnica Asséptica: mantenha uma técnica asséptica rigorosa,


utilizando luvas estéreis, campos estéreis e realizando a lavagem
das mãos antes e após o procedimento;

Limitação do Tempo: limite o tempo de aspiração para evitar


hipoxemia prolongada. Não exceda 15 segundos de aspiração por
passagem;

Pressão Apropriada: aplique uma pressão suave durante a


aspiração para evitar lesões nas vias aéreas;

Oxigenação: administre oxigênio suplementar conforme


necessário antes e após o procedimento para manter os níveis de
oxigênio adequados;

Higiene das Mãos: após o procedimento, descarte os materiais


usados adequadamente e lave as mãos novamente;

Documentação: registre detalhadamente o procedimento,


incluindo a frequência, o tipo e a quantidade de secreções
aspiradas, bem como a resposta do paciente;

Educação: eduque o paciente e os cuidadores sobre o


procedimento, a importância da higiene das mãos e a observação
de sinais de complicações.
Garantir a segurança do paciente durante a aspiração endotraqueal e traqueal é
fundamental. Os profissionais de enfermagem devem ser treinados em técnicas
adequadas e atualizados sobre os protocolos de prevenção de infecções para minimizar
as complicações associadas a esse procedimento.

A aspiração endotraqueal é uma intervenção clínica que requer habilidade técnica e


conhecimento aprofundado da equipe de enfermagem. A manutenção de práticas
assépticas rigorosas, a avaliação contínua do paciente e a observação atenta dos sinais

clínicos são cruciais para minimizar os riscos e maximizar os benefícios desse


procedimento.

Ventilação Mecânica: Conceitos Básicos


A ventilação mecânica é um suporte médico vital que fornece assistência ou substitui a
função respiratória de pacientes que têm dificuldade em respirar ou que não
conseguem manter uma ventilação adequada por conta própria. Esse procedimento é
frequentemente utilizado em unidades de terapia intensiva (UTIs), salas de cirurgia e

outras situações clínicas onde a função pulmonar está comprometida.

É um processo no qual um aparelho mecânico, conhecido como ventilador ou


respirador, é usado para fornecer ar ou mistura de gases enriquecida com oxigênio aos
pulmões de um paciente. Isso auxilia na troca eficiente de oxigênio e dióxido de
carbono, mantendo a oxigenação adequada e removendo o dióxido de carbono
residual.

A ventilação mecânica é indicada em uma variedade de situações, incluindo:

Insuficiência respiratória aguda ou crônica;

Lesões torácicas graves;


Cirurgias que requerem anestesia geral;

Coma;

Doenças neuromusculares;

Falência de múltiplos órgãos.

Vídeo
Ventilação Mecânica de uma Forma Fácil

Ventilação Mecânica de uma forma fácil.


Modos Ventilatórios
Existem diversos modos de ventilação mecânica, cada um ajustado às necessidades
individuais do paciente. Alguns exemplos incluem:

Ventilação Controlada: o ventilador controla


tanto o volume quanto a frequência respiratória;

Ventilação Assistida: o paciente inicia a inspiração e o ventilador a


auxilia;

Ventilação Sincronizada: o ventilador se sincroniza com os


esforços respiratórios do paciente.

Parâmetros de Ventilação
Diversos parâmetros são ajustados para otimizar a ventilação do paciente:

Volume Corrente: a quantidade de ar entregue em


cada ciclo respiratório;

Frequência Respiratória: número de ciclos respiratórios por


minuto;

Pressão Inspiratória: pressão aplicada durante a inspiração;

Pressão Positiva no Final da Expiração (PEEP): mantém as vias


aéreas abertas após a expiração, melhorando a troca gasosa.

Complicações e Cuidados
A ventilação mecânica não está isenta de riscos, incluindo infecções, danos
pulmonares, pneumotórax e outros. Cuidados de enfermagem e monitoramento
constante são vitais para prevenir complicações.

Avaliação regular da função pulmonar e sinais


vitais;

Assegurar que os parâmetros do ventilador estejam ajustados


adequadamente;

Prevenção de infecções por meio de higiene rigorosa;

Posicionamento adequado do paciente para prevenir


complicações respiratórias.

A ventilação mecânica é uma intervenção crucial para pacientes com


comprometimento respiratório grave. Compreender os conceitos básicos, modos e
parâmetros da ventilação mecânica, bem como os cuidados necessários, é
fundamental para fornecer cuidados seguros e eficazes a esses pacientes.

Em Síntese
A avaliação clínica respiratória adequada é essencial para o manejo
eficaz de pacientes críticos e intensivos com alterações respiratórias.
A intervenção precoce e o cuidado de enfermagem individualizado

podem melhorar os resultados e a qualidade de vida desses pacientes.


Além disso, uma comunicação efetiva entre a equipe multidisciplinar
e o engajamento da família são fundamentais para fornecer um
cuidado abrangente e compassivo.

A gasometria arterial é uma ferramenta diagnóstica que mede os


níveis de oxigênio, dióxido de carbono e pH no sangue arterial,
fornecendo informações valiosas sobre a eficiência da troca gasosa e

o equilíbrio ácido-base.

A insuficiência respiratória aguda é uma condição na qual os pulmões


não conseguem fornecer oxigênio suficiente ao corpo ou remover
dióxido de carbono adequadamente. Isso pode ser causado por
doenças respiratórias, traumas ou outras condições. A avaliação
clínica, incluindo frequência respiratória, saturação de oxigênio e
uso de músculos acessórios, é crucial para identificar e tratar
rapidamente essa emergência médica.

Intubação Traqueal, Traqueostomia e Aspiração


Orotraqueal/Nasotraqueal: A intubação traqueal e a traqueostomia
são procedimentos que criam uma via de ar direta para os pulmões,
frequentemente necessários em casos de obstrução das vias aéreas,
insuficiência respiratória ou cirurgias. A aspiração

orotraqueal/nasotraqueal envolve a remoção de secreções das vias


aéreas por meio de um cateter. Esses procedimentos requerem
habilidades técnicas e medidas de higiene rigorosas para prevenir
complicações.
A ventilação mecânica é uma intervenção que oferece suporte à
respiração, seja substituindo ou auxiliando a função pulmonar.

Diversas modalidades ventilatórias estão disponíveis, como


ventilação controlada, assistida e sincronizada. Parâmetros como
volume corrente, frequência respiratória e PEEP são ajustados para
otimizar a troca gasosa. A avaliação contínua, cuidados de
enfermagem e monitoramento são cruciais para o sucesso da
ventilação mecânica.
📄 Material Complementar
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Para expandir os conhecimentos dessa Unidade, acesse aos


conteúdos complementares abaixo:

Leituras

Assistência em Enfermagem ao Paciente Crítico:


Monitorização

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

Linha de Cuidado nas Urgências/Emergências Clinicas


Respiratórias e Metabólicas

Clique no botão para conferir o conteúdo.


ACESSE

Site

Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em


Enfermagem – Urgência e Emergência

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

Vídeo

Curso sobre a Atuação da Enfermagem na Ventilação


Mecânica
Curso sobre a atuação da enfermagem na ventilação mecância
📄 Referências
Página 3 de 3

BARBOSA, S. Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem: Linha


de cuidado nas urgências/emergências clínicas respiratórias e metabólicas.
Florianópolis, SC: Universidade Federal de Santa Catarina/Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7. ed. Brasília:

Ministério da Saúde, 2009.

CATALETTO, M. Fundamentals of oxygen therapy. Nursing made Incredibly Easy!,


Philadelphia, v. 9, n. 2, p. 22-24, mar./Abr. 2011.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE. Manual de

cuidados de enfermagem em procedimentos de intensivismo. Porto Alegre: Editora


UFCSPA, [2020]. Disponível em:
<https://www.ufcspa.edu.br/editora_log/download.php?cod=018&tipo=pdf>. Acesso
em: 25/07/2023.

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