Meningite

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Nayane Pertile – M20 1

MENINGITES BACTERIANAS

1. ETIOLOGIA
Organismo Porta de entrada Idade Fatores predisponentes
N. meningitis Na s ofa ri nge Toda s Norma l mente s em
fa tores , ra ra mente com
defi ci ênci a de
compl emento
S. pneumoniae Na s ofa ri nge, extens ã o Toda s Em gera l , s em fa tores ,
di reta de fra tura de crânio i munodefi ci ênci a
e vi a hema togêni ca humora l , fís tul a liquórica
e tra uma
L. monocytogenes Tra to GI e pl a centa Neona tos Defei tos da i muni da de
medi a da por cél ul a ,
gra vi dez, doença
hepá ti ca , a l coolismo e CA.
Staphylococcus Pel e ou corpo es tra nho Toda s Neuroci rurgi a ou corpo
coagulase negativos es tra nho,
i munodefi ci ênci a , RN
S. aureus Ba cteremi a , pel e e corpo Toda s Endoca rdi te,
es tra nho neuroci rurgi a e corpo
es tra nho
Bacilos gram negativos Ba cteremi a , TGI, TU RN Imunodefi ci ênci a ,
neonatos, neuroci rurgi a
H. influenzae Na s ofaringe, bacteremi a Nã o va ci na dos 2m-5a Defi ci ênci a de imunidade
humora l

Grupos especiais:
 Neonatos: E. coli, Streptococcus grupo B.
 Imunodeficientes: meningite tuberculosa, fungos, etc.

Colonização:
 Via hematogênica
 Contiguidade é ocasional

Endotoxinas, lipopolissacarídeos de membrana = causam os sintomas da meningite.


FNT (fator de necrose tumoral), FAP (fator de agregação plaquetária) = causam os sintomas da meningite.Não
é a própria bactéria que causa os sintomas

2. SINAIS E SINTOMAS
Inespecíficos, podendo ser confundidos com doenças virais. Isso tem a ver com o tempo para o diagnóstico.
Segundo um estudo baiano, demora 3 dias em média para chegar ao diagnóstico.
RN: de cada 3 RN com sepse, 1 tem acometimento meníngeo.
Os sinais e sintomas tornam-se mais específicos e severos ao longo do tempo (> 48h).
Dar importância à impressão dos pais.
Reconheça prontamente o choque e inicie o tratamento.
Sinais e sintomas não específicos comuns:
 Febre
 Náuseas/vômitos
 Letargia
 Irritabilidade
 Aparência de doente
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 Recusa alimentos/líquidos
 Diarreia
 Dor/distensão abdominal
 Sinais e sintomas inespecíficos de nariz, ouvido e garganta.

Sinais e sintomas mais específicos:


 Rash cutâneo (mais em meningococo)
 Rigidez de nuca (naqueles que não têm fontanela aberta)
 Rigidez de coluna
 Sinais de Kernig e Brudzinski
 Alterações do sensório, como perda de consciência = presente quando tem comprometimento
encefálico importante.
 Convulsões: déficits neurológicos focais; paresias.
 Abaulamento de fontanela
 Toxemia
 Choque

3. DIAGNÓSTICO
Apenas por punção lombar entre L3-L4 dá pra fazer o diagnóstico; hemograma e hemocultura não ajuda.
Técnica da punção lombar:
 Dar preferência a agulhas não-traumáticas para reduzir cefaleia pós-coleta;
 Reintroduzir estilete antes de retirar a agulha
 Não necessita repouso após.
Contraindicação absoluta:
 Instabilidade cardiorrespiratória severa.
 Todas as outras contraindicações são relativas, tratáveis e transitórias:
o Hipertensão intracraniana (pedir TC pra diferenciar tumor), distúrbios graves de coagulação,
infecção no local de punção.

Punção lombar:
 Celularidade: > 20/ml em RN; > 5/ml em maiores (ou > 1 neutrófilo).
 Proteínas: > 150 mg/dL em RN; > 45 mg/dL em criança.
 Razão glicose LCR:Sangue menor igual 0,4.
 Lactato > 2,7 mmol/L.
 Pesquisa de antígenos bacterianos
 Bacterioscopia e cultura:
o Pneumococo: diplococo GRAM +
o HiB: bastonete GRAM –
o Meningococo: diplococo GRAM –
 Contagem de leucócitos: normal não exclui diagnóstico.
 PCR para N. meningitidis no sangue e LCR.
 PCR para S. pneumoniae no LCR.

LCR lombar Normal Bacteriana Viral TB Fungos


Nº de células 0-5 > 500 < 500 < 500 < 500
Polimorfonucleados 0 Predomíni o < 50% < 50% < 50%
(>80%)
Linfócitos 100% < 20% > 50% > 50% > 50%
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Glicose em relação ao 60% < 30% 60% < 25% 60%


soro
Proteínas (mg/dL) 40 >> 40 40 > 40 >> 40

4. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Fungos:
 Pouco frequente em imunocompetentes
 Infecção sistêmica
 Candida albicans e Cryptococcus neoformans
 Evolução subaguda
 Teste de coloração tinta da China apenas que diagnostica
Virais:
 Encefalites primárias e pós-infecciosas
Parasitas:
 Eosinofilia no LCR
 Toxoplasma gondii, neurocisticercose, Plasmodium falciparum.

4.1. Encefalites Virais:


Qualquer vírus pode atravessar a barreira hematoencefálica. HV, VHS, CMV, VEB, sarampo, rubéola, caxumba,
vírus respiratórios (encefalites pós-infecciosas), enterovírus.
Quadro clínico:
 Início agudo, manifestações sistêmicas
 Comprometimento do nível de consciência
 Crises epilépticas
 Déficits neurológicos focais
Diagnóstico através do líquor tbm.
Tratamento de suporte para todas; exceto na encefalite herpética, que precisa fazer terapia empírica com
aciclovir, pois é mais grave que as outras.

5. INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA
USG TF, TC crânio, RNM crânio:
 Diagnóstico de complicações
Risco de sequelas e morte em pctes com TC anormal > TC normal.

6. TRATAMENTO
Isolamento respiratório por 24-48h do início da antibioticoterapia.
Distúrbios metabólicos devem ser tratados
 Hipoglicemia, hipocalemia, hipocalcemia, acidose, hipomagnesemia, anemia, coagulopatia.
Convulsões
Fluidoterapia
 Ficar alerta para sinais de choque, hipertensão intracraniana e desidratação.
 Manutenção hídrica x restrição hídrica = manter o pcte hidratado
Corticoterapia
 Não usar em < 3 meses
 Dexametasona por 2 dias para meningites por H. influenzae tipo B e pneumococo.
 Se não souber qual é o agente, usar o corticoide de qualquer jeito.
Antibioticoterapia:
 Cefalosporina de 3ª geração: ceftriaxone
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 Em RN usa ampicilina + gentamicina


 Quanto tempo?
o Pneumococo – 10 dias
o H. influenzae – 7 dias
o Meningococo – 5-7 dias
*Estudo: crianças sem fatores prognósticos adversos, que mostram boa resposta inicial ao TTT, podem ser
candidatas à suspensão precoce de ATB. Mais estudos são necessários.

7. QUANDO DAR ALTA PARA O PACIENTE


Não repuncionar se:
 ATB apropriado, com boa evolução clínica
 Antes de suspender o ATB, se o paciente está bem
Repuncionar após 72h com piora clínica ou não melhora.

8. PROGNÓSTICO
Sequelas: 15% dos casos
Depende do agente etiológico (meningite herpética deixa muito mais sequela), faixa etária,tempode doença,
situação neurológica inicial.
Maior risco de óbito em crianças que:
 Plaquetas < 100.000, leuco < 1.000, acidose metabólica, tempo de duração da doença < 24h

9. PREVENÇÃO
Quimioprofilaxia para os contactantes de paciente com meningite por pneumococo e meningococo com
ceftriaxona, rifampicina ou ciprofloxacino.
Vacina
Idade Vacinas
2 meses Pneumocócica 10 conjugada / HiB 1ª dose
3 meses Meningocócica C conjugada 1ª dose
4 meses Pneumocócica 10 conjugada / HiB 2ª dose
5 meses Meningocócica C conjugada 2ª dose
6 meses Pneumocócica 10 conjugada / HiB 3ª dose
12 meses Pneumocócica 10 conjugada – reforço
15 meses Meningocócica C conjugada – reforço

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