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Dossiê Religião
N.4 – abril 2007/julho 2007
Organização: Karina K. Bellotti e Mairon Escorsi Valério
Combates no Espírito:
Renovação Carismática Católica, teorias e
interpretações *
Fighting in Spirit:
The Charismatic Renovation in the Catholic Church
*
Este texto faz parte da Dissertação de Mestrado em História – Combatendo no Espírito: a
Renovação Carismática na Igreja Católica (1969-1998) (Campinas, UNICAMP, 2002). Bolsista
FAPESP.
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Abstract: This article is part of the essay “Fighting in Spirit: The Charismatic Renewal in the
Catholic Church (1969-1998)”, presented in 2002 at the Institute of Philosophy and Human
Sciences of the University of Campinas (UNICAMP). On it, the historical basis of the Catholic
Charismatic Renewal and its connections with the catholic hierarchy were addressed,
particularly the role it had in the strategies of the Catholic Church after the Second Vatican
Council, mainly in Brazil and Latin America.
Key-words: Charismatic Renewal. Catholic Church – Brazil – History. Laity (Religion) – Brazil –
Catholic Church.
A Igreja e o Vaticano II
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Grupo leigo de apoio à hierarquia católica na re-cristianização da sociedade em várias
frentes, como no trabalho, na família, nas escolas.
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O termo ecumenismo é usado para os movimentos que, desde o século XIX, almejam a união
entre os cristãos de diferentes denominações e igrejas. Na Igreja Católica, o movimento
ecumênico ganhou impulso a partir dos anos 1950, quando observadores católicos foram
enviados oficialmente a uma conferência ecumênica internacional (Conferência de Lund).
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Mas não foi apenas a Igreja Católica que, ao longo de sua história, viu
surgir vários movimentos espirituais. Após a reforma protestante, movimentos
do Espírito também surgiram nas igrejas da reforma, como o Pietismo (século
XVII-XVIII) entre os luteranos. Porém, o movimento do Espírito mais marcante
entre os protestantes foi o pentecostalismo (século XIX) que, oriundo das
Igrejas Metodista e Batista (principalmente), deu origem a várias
denominações, como a Assembléia de Deus, Congregação Cristã, Igreja do
Nazareno, etc. Ainda no Pentecostalismo, os anos 1950 trouxeram movimentos
de avivamento que refletiram também nas igrejas protestantes históricas e, em
algum grau, na Igreja Católica.
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Decretada no IV Concílio de Latrão (1215) e reafirmada no II Concílio de Lião (1274), a
proibição de fundar ordens religiosas não teve sucesso mas, segundo Laurentin, evidenciou a
tensão entre carisma e instituição.
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O Batismo no Espírito Santo e os dons carismáticos eram temas e práticas correntes nos
grupos de avivamento que proliferavam no período nos Estados Unidos, e ainda estão
presentes em várias denominações com influência pentecostal.
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Para os carismáticos, a cura divina seria investida pelo Espírito Santo aos fiéis aptos a
desenvolverem este dom. Estes escolhidos teriam a capacidade de, através da imposição de
mãos, ministrar a cura aos enfermos, afligidos tanto pelos males físicos quanto pelos espirituais
e psicológicos.
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Mapear a expansão do movimento não é tarefa fácil, mas tomando por base os documentos
da Igreja Católica de meados da década de 1970, em poucos anos a Renovação Carismática
teria alcançado 58 das 128 dioceses brasileiras partindo de seu núcleo principal, a cidade de
Campinas.
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Uma das provas mais evidentes de que se trata de uma Renovação Cristã
autêntica está no fato de não afastar as pessoas das práticas tradicionais
da religião. Pelo contrário, dá-lhes, de maneira notável, um amor maior pelo
santíssimo sacramento, uma devoção mais profunda pela celebração
eucarística (...) e, muitas vêzes, uma nova e maravilhosa apreciação do
papel de Nossa Senhora na vida cristã (...) (Rham, 1972: 19) 8
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Nos anos subseqüentes, esta ênfase nas diferenças com o pentecostalismo protestante foi
suavizada, mas ainda aparece na literatura carismática.
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João XXIII foi o idealizador do Concílio Vaticano II. Em 1959, meses após sua posse, ele teria
demonstrado o interesse em convocar um concílio ecumênico, que foi aberto em 1962. A idéia
da Renovação Carismática como um "novo Pentecostes" vem exatamente das palavras
proferidas na abertura do Concílio, relacionadas à necessidade de um novo Pentecostes para a
Igreja - se o evento bíblico do Pentecostes marcou a fundação da Igreja, um novo Pentecostes
seria seu renascimento.
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Na literatura carismática é comum encontrar embasamentos para a participação leiga e os
dons carismáticos nos decretos do Concílio Vaticano II.
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A mídia no Brasil também tem interpretado a RCC a partir de uma visão comercial e de
disputa com as denominações pentecostais brasileiras.
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Não é objetivo deste trabalho aprofundar-se na análise da Teologia da Libertação. Sua breve
descrição faz-se necessária pelas relações mantidas com a Renovação Carismática Católica,
sem, contudo invocar uma observação exaustiva de sua História e pensamento.
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De caráter transnacional, a Aliança Euro-Latina pretendia tirar a Igreja das discussões
políticas e trazê-la às questões puramente religiosas.
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Os embates entre a cúpula católica e os líderes da Teologia da Libertação estiveram ligados
principalmente à utilização das teorias marxistas como instrumento de análise por parte dos
teóricos da Teologia da Libertação. As propostas de reforma estrutural da Igreja Católica
indicadas pela Teologia da Libertação foram recebidas como desvios de fé, assim: "Com essa
Instrução, a cúpula católica reagiu à tentativa de reforma no pensamento católico, proposta
pelos teólogos da libertação, como desvios da fé. Pela exposição aqui realizada dos principais
pontos dessa Instrução, representativos do discurso católico oficial, viu-se que a Sagrada
Congregação conferiu à TdL uma radicalidade que ela de fato não tinha, nem no que se refere
ao uso da violência revolucionária, pelo menos como uma prática cristã, nem ao uso do
marxismo como uma visão totalizante do mundo. No entanto, as restrições à TdL não se
circunscrevem apenas a esses pontos. A Sagrada Congregação repôs os vários aspectos da
concepção tradicional católica do homem e da sociedade que os teólogos pretendiam reformar:
o caráter universalizante da fé católica, como uma verdade que paira acima da sociedade
terrena e dos condicionamentos históricos; a autoridade da Igreja hierárquica em detrimento de
uma Igreja do Povo; o princípio da obediência doutrinária; o individualismo católico, o homem é
concebido individualmente em sua relação com o divino; o pobre, entendido como pobre de
coração; o maniqueísmo católico, as diferenças na sociedade explicam-se pela oposição entre
o bem e o mal. A Sagrada Congregação, ao não aceitar a renovação que propõe a TdL nesses
pontos, a renegou como uma falsa teologia, não condizente com a fé católica". Instrução sobre
alguns aspectos da ‘Teologia da Libertação’, setembro de 1984.
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internos, mantendo um discurso original sem, contudo, ferir seus valores mais
tradicionais. Segundo Roberto Romano, referindo-se ao papel da Igreja na
sociedade brasileira e sua relação com o Estado,
O Discurso da "Crise”
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Mesmo que tais características sejam mais evidentes nas denominações pentecostais e
agências de cura divina, a Igreja Católica também se utiliza desta retórica para manter seu
papel dentro da sociedade.
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Referências Bibliográficas
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Recebido em abril/2007.
Aprovado em junho/2007.
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