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U1 - PDF - Bases da biologia humana

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SOBRE O AUTOR

Daniel Vicentini de Oliveira possui graduação em Educação física (2008) e


Fisioterapia (2011) pelo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). Título
de especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia (SBGG – 2017) e de Fisioterapia em Gerontologia pela
Associação Brasileira de Fisioterapia em Gerontologia (ABRAFIGE). Possui
Especialização em Anatomia funcional (2010 – Unicesumar), em Gerontologia
pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp – 2011), em Saúde
Pública pela Universidade Cândido Mendes (Ucam – 2017), em
Psicogerontologia pela faculdade Unyleya (2018) e em Bases morfofuncionais
do corpo humano pela Universidade Estadual de Maringá (Uem – 2019). É
mestre em Promoção da saúde na linha de pesquisa envelhecimento ativo
(2014, Unicesumar) e Doutor em Gerontologia pela Faculdade de Ciências
Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Atualmente, é docente (T- 40) no Centro Universitário Metropolitano de Maringá
(Unifamma), nos cursos de Educação física e Fisioterapia. Integrante do grupo
de pesquisa Atividade física e Envelhecimento Unicesumar/CNPq. Possui
experiência na área de Gerontologia, Ciências morfológicas, Educação Física e
Fisioterapia, com ênfase em morfologia do aparelho locomotor, Educação
Física e Fisioterapia em Gerontologia, Promoção da saúde no envelhecimento,
Epidemiologia e saúde coletiva, Funcionalidade no envelhecimento. Membro da
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), da Sociedade
Brasileira de Anatomia (SBA), da Associação Brasileira de Saúde coletiva
(ABRASCO) e da ABRAFIGE.

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UNIDADE I
Nome da unidade: INTRODUÇÃO DO ESTUDO DA CÉLULA E SUAS
ORGANELAS

Prof. Dr. Daniel Vicentini de Oliveira

Objetivos de Aprendizagem
 Conhecer as principais diferenças entre as células procariontes e
eucariontes.
 Identificar a estrutura e função do retículo endoplasmático, ribossomos e
Complexo de Golgi.

Plano de Estudo
Nesta unidade, serão abordados os seguintes tópicos:
1. Introdução ao estudo da célula.
2. Organelas celulares I (Retículo endoplasmático)
3. Organelas celulares II (Ribossomos)
4. Organelas celulares III (Complexo de Golgi)

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CONVERSA INICIAL

Olá, caro (a) aluno (a).

Sejam bem-vindos à unidade I da disciplina de Bases da Biologia Humana. No


módulo 1, você terá uma breve introdução sobre a célula. As células são as
unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos. Existem as células
procariontes e as eucariontes. Veremos as principais diferenças entre elas,
com foco nas eucariontes, que constituem o corpo humano.
Você sabia que durante o processo de evolução humana, as células
eucarióticas adquiriram membranas internas, que possibilitou o
estabelecimento de compartimentos individualizados?. Esses compartimentos,
por sua vez, possibilitam a separação e organização dos processos
bioquímicos que ocorrem no interior da célula, bem como fornecem estrutura
para o desenvolvimento celular. As células eucarióticas possuem um conjunto
de organelas envolvidas por membranas. Dentre elas, iremos destacar no
módulo 2 o Retículo Endoplasmático. Durante nosso estudo, veremos que esta
organela, com uma estrutura que lembra sacos e tubos conectados, possui um
papel central na síntese de moléculas importantes para a célula, como as
proteínas e os lipídeos.
As células necessitam produzir moléculas para o devido funcionamento celular.
Dentre essas moléculas, podemos citar as proteínas, que desempenham
diversas funções nas células, funções essas relacionadas com aspectos
estruturais, bem como reações bioquímicas. Uma das estruturas celulares que
auxiliam na produção dessas moléculas são os ribossomos, partículas
formadas por RNAs ribossomais associadas a proteínas ribossomais.
Estudaremos sobre eles no módulo 3.
Já no módulo 4, veremos sobre o aparelho de Golgi, que é mais uma das
organelas envolvidas por membrana em células eucarióticas e, nos
dedicaremos a estudar a estrutura e função dessas organelas na célula.
Veremos que o aparelho de Golgi recebe as moléculas que foram sintetizadas
pelo retículo endoplasmático e, geralmente, realiza modificações químicas
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nessas mesmas moléculas. Muitas vezes, essas moléculas chegam ao
aparelho de Golgi na forma inativa. Desta forma, as modificações químicas são
realizadas a fim de tornar essas moléculas funcionais.

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1. Introdução ao estudo da célula

Caro (a) aluno (a), a citologia é o ramo da biologia que estuda as células, no
que diz respeito à sua forma, funções e sua importância na complexidade dos
seres vivos. E célula, nada mais é do que a unidade morfológica e fisiológica
dos seres vivos, ou seja, que dão forma e função aos seres vivos. Todos os
seres vivos possuem células, menos os vírus.
A célula é a menor estrutura viva em que as reações metabólicas acontecem
de forma organizada e eficiente. Porém, existem organismos com apenas uma
célula, os chamados unicelulares, e os com mais de uma célula, os
prulicelulares ou multicelulares (como nós, seres humanos).
Existem dois tipos de células, as procariontes e as eucariontes. A principal
diferença entre elas está na estrutura das mesmas. As células procariontes são
mais primitivas, possuem uma estrutura menos complexa, sem núcleo, e o
material genético fica disperso no citoplasma; geralmente são unicelulares. A
parede da célula procarionte, quando presente, contém peptidoglicano. O DNA
deste tipo de célula é geralmente circular e não tem associação com proteínas
das histonas. Encontramos este tipo de célula em seres unicelulares, como
algumas bactérias, algas cianofíceas, algas azuis e micoplasmas
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Já a célula eucarionte são maiores do que as procariontes, e demonstram uma
melhor organização estrutural e eficiência funcional. Este tipo de célula contém
núcleo e é do tipo pluricelular. A parede desta célula, quando existente, contém
celulose. O DNA é comumente linear, está dentro do núcleo, e é associado a
histonas. Encontramos este tipo de célula em animais, seres humanos, plantas,
fungos, e protistas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). Veja na figura abaixo,
estes dois tipos de células.

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Figura 1 - Célula procarionte

Fonte: https://www.todamateria.com.br/celulas-procariontes/

Figura 2 - Célula eucarionte

Fonte: https://www.todamateria.com.br/celulas-eucariontes/

A teoria celular afirma que as células são as unidades morfológicas e


funcionais dos seres vivos e que elas se originam apenas de outra célula
preexistente. Esta teoria é formada por ideias de Schleiden, Schwann e
Virchow, e pode ser dividida em três postulados: 1) Todos os seres vivos são
formados por células e por estruturas delas derivadas. Assim sendo, as células
são as unidades morfológicas dos seres vivos; 2) na célula são realizados
processos que são fundamentais à vida. Isso significa, então, que as células
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são as unidades funcionais ou fisiológicas dos seres vivos; 3) todas as
células só se originam de outras células preexistentes. Com esse postulado,
considera-se que as células realizam divisão celular.

Indicação De Recurso Didático

Caro (a) estudante, para auxiliar seus estudos, indico a você este rápida vídeo
aula sobre a diferença entre as células eucariontes e procariontes:
Segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=y3Ync9KkGmg.

2. Organelas celulares I (Retículo endoplasmático)

O Retículo Endoplasmático (RE) é uma organela envolta por membranas e,


morfologicamente, consiste em um sistema contínuo de bolsas ou tubos que
forma uma rede complexa de canais interconectados. Geralmente, o RE se
estende por grande parte do citoplasma da célula, e sua membrana é contínua
à membrana nuclear. Nesta organela ocorre a síntese da maioria dos
componentes das membranas e secreção celular. Assim, o RE possui um
papel central na produção de proteínas e lipídeos, além de ser o local onde é
armazenado o Ca2+ (íon utilizado em diversas respostas de sinalização). Essas
e outras funções do RE veremos ao longo de nosso estudo (ALBERTS et al.,
2017).
O RE localiza-se a partir do envoltório nuclear, de onde se estende pelo
citoplasma da célula. A partir da microscopia eletrônica foi possível distinguir
dois tipos morfológicos de RE: o retículo endoplasmático rugoso ou
granular (RER ou REG, respectivamente), que possui ribossomos aderidos à
sua superfície citoplasmática (superfície externa), assim chamado em virtude
de seu aspecto rugoso quando visualizado no microscópio eletrônico; e o
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retículo endoplasmático liso ou agranular (REL ou REA, respectivamente),
que não possui ribossomos em sua superfície, ou seja, apresenta superfície
lisa (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). O RER apresenta-se como lâminas
achatadas e estão dispostas paralelamente, já o REL apresenta-se como
vesículas globulares ou formas que se assemelham a tubos retorcidos
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). Veja a presença na célula, deles na figura 1
abaixo.

Figura 3 - Célula e suas organelas – ver retículo endoplasmático liso e rugoso.

Fonte: http://t108-g5-biologia-jg.blogspot.com/2018/04/reticulo-endoplasmatico-nao-
granuloso.html

Na figura 4 abaixo, veja, em tamanho maior, a diferença estrutural entre o RER


e o REL.

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Figura 4 - Retículo endoplasmático (liso e rugoso).

Fonte: https://www.todamateria.com.br/reticulo-endoplasmatico-liso-e-rugoso/

Os ribossomos (que falaremos no módulo 2 desta unidade), que se encontram


aderidos à superfície citoplasmática do RER (como você pode observar na
figura 4) apresentam-se como polirribossomo, ou seja, são vários ribossomos
unidos por uma molécula de mRNA (RNA mensageiro). Sendo assim, esses
ribossomos estão em intensa atividade de síntese de proteínas.
Resumidamente, a função desses polirribossomos, aderidos à membrana do
RER, é sintetizar (produzir) cadeias polipeptídicas (proteínas) e, as “jogam”
para o interior do RER. Entretanto, os polirribossomos não são encontrados
apenas associados ao RER, eles também podem ser encontrados livres no
citoplasma da célula, com a função de produzir todas as outras proteínas
codificadas pelo DNA nuclear.
Como mencionamos anteriormente, o RER é responsável por sintetizar,
segregar e processar as cadeias polipeptídicas (proteínas). Vamos começar
falando sobre a síntese dessas moléculas. Inicialmente, as cadeias
polipeptídicas sintetizadas pelos polirribossomos que estão aderidos ao RER,
são transportadas para o interior das cisternas do RER, enquanto ainda são
traduzidas. Ou seja, ao mesmo tempo em que essas proteínas estão sendo
produzidas, elas são transportadas para as cisternas do RER (para o interior do
RER) por meio de proteínas específicas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

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As proteínas hidrossolúveis e as proteínas transmembranas são os dois tipos
de proteínas que são transportadas do citosol para o RE. As proteínas
hidrossolúveis são transportadas por completo por meio da membrana do RE e
são liberadas no lúmen (interior) do RE. Essas proteínas são destinadas à
secreção ou para o lúmen de alguma organela. Já as proteínas
transmembranas são translocadas parcialmente pela membrana do RE e se
incorporam a essa membrana. Essas proteínas são destinadas a compor
membranas como do RE, de alguma outra organela, bem como a membrana
plasmática. O fato é que todas essas proteínas, em um primeiro passo, são
direcionadas para o RE. Esse direcionamento é possível pois, as proteínas
destinadas ao RE possuem uma sequência de 20 aminoácidos hidrofóbicos,
chamada de sequência sinal, que também está envolvida com o processo de
translocação da proteína mediante a membrana do RE (ALBERTS et al., 2017).
Como mencionamos anteriormente, as cadeias polipeptídicas entram pela
membrana do RE enquanto ainda estão sendo sintetizadas, ou seja, antes que
esteja completamente produzida. Por isso, é necessário que os ribossomos
estejam aderidos à membrana do RE. A medida que essa sequência vai sendo
sintetizada pelo ribossomo, ela é reconhecida por uma partícula chamada
partícula de reconhecimento de sinal (PRS) (figura 5).

Figura 5 - Partícula de reconhecimento de sinal.

Fonte: http://labs.icb.ufmg.br/lbcd/grupo4/prs.html
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Ao ser reconhecida, a PRS se associa a sequência sinal e faz com que a
síntese da cadeia polipeptídica seja interrompida. A síntese da cadeia
polipeptídica só é retomada quando a PRS encontra seu receptor, que está
localizado na superfície citosólica (externa) do RER. A ação da PRS tem como
objetivo guiar a cadeia polipeptídica, que está parcialmente sintetizada, para a
membrana do RER. Assim que a PRS encontra seu receptor na superfície da
membrana do RER, ela se desliga do complexo (cadeia polipeptídica e
ribossomo) e a tradução da cadeia polipeptídica é retomada. Assim, após esse
processo, várias proteínas atuam para que esta cadeia polipeptídica seja
translocada da superfície citosólica do RER mediante o canal de translocação e
alcance o lado luminal do RER e seja liberada na cisterna. Desta forma, a PRS
e seu receptor atuam como sítios moleculares de posicionamento, conectando
o ribossomo que está realizando a síntese de uma cadeia polipeptídica que
contém a sequência sinal de RE para o canal de translocação (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013; ALBERTS et al., 2017).
Além de guiar as proteínas para a membrana do RE, a sequência sinal também
tem a função de abrir o canal de translocação. Em algum momento da
translocação, essa sequência sinal é clivada, ou seja, cortada da cadeia
polipeptídica por proteínas presentes no lúmen do RE. Quando a sequência
sinal é clivada, ela é rapidamente degradada (ALBERTS et al., 2017).
Entretanto, nem todas as cadeias polipeptídicas são destinadas a secreção
celular. Algumas são destinadas a compor membranas como do próprio RE, do
Complexo de Golgi ou dos lisossomos. Essas proteínas permanecem
embebidas nas membranas e não são liberadas no interior das cisternas, como
ocorre, por exemplo, com as proteínas transmembranas. O processo de
translocamento de tais proteínas é mais complexo, pois à medida que sua
translocação ocorre para o lúmen do RE, parte da cadeia polipeptídica fica
inserida na membrana do RER, ou seja, parte da proteína passa pelo canal de
translocação e, a outra parte fica embebida na membrana do RE. O processo
de translocação é interrompido por um outro segmento de aminoácidos
presente na cadeia polipeptídica, chamado sequência de parada de
transferência. Essa translocação parcial ocorre para que a sequência sinal
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seja clivada e, em seguida, a cadeia é ancorada à membrana por meio do
segmento de parada de transferência. Após esse evento, por meio de proteínas
específicas, a cadeia polipeptídica é liberada e se difunde pela bicamada
lipídica. Desta forma, a cadeia é transportada integrando as membranas das
vesículas, que surgem a partir do retículo, para as membranas-alvo
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; ALBERTS et al., 2017).
As proteínas que são destinadas a secreção, ou seja, as proteínas que são
liberadas no interior das cisternas do RER, em alguns casos precisam ser
modificadas. Uma vez no interior das cisternas do RER ainda estão na
configuração primária e, muitas vezes, podem não ser funcionais. Para que
estas proteínas se tornem funcionais, precisam passar por processamentos
adicionais, que envolvem modificações como o dobramento da cadeia, para
que esta, assuma conformação secundária ou terciária, ou ainda quaternária
(associação de várias cadeias polipeptídicas). Esses dobramentos na estrutura
da cadeia polipeptídica são determinados pela sua sequência de aminoácidos,
e podem ser facilitados por proteínas chamadas de chaperonas moleculares.
Essas proteínas são responsáveis por garantir o dobramento correto das
cadeias polipeptídicas, catalisando o dobramento da molécula e reunindo as
subunidades proteicas, bem como impedir agregação. Além disso, as proteínas
chaperonas atuam como um “controle de qualidade” das cadeias polipeptídicas
produzidas no RE.
Uma vez que a cadeia polipeptídica é dobrada ou reunida incorretamente, é
enviada para o citosol, com o auxílio de proteínas, em um processo de
translocação inverso, chamado retrotranslocação ou deslocação. As
proteínas enquanto estão sendo transcritas e translocadas para as cisternas do
RER também podem passar por outro processo chamado de glicosilação, que
consiste na adição de um oligossacarídeo que contém resíduos de açúcar
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Como mencionamos anteriormente, após acumuladas, as proteínas produzidas
e processadas no RER devem seguir para seus locais de destino, e esse
transporte é realizado por meio de vesículas que brotam no RE e se fundem
com as membranas de uma outra organela, por exemplo, o Complexo de Golgi.

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Vesículas são pequenos sacos esféricos delimitados por membrana que estão
presentes no citoplasma da célula. A célula produz diferentes tipos de
vesículas, como vesícula revestida, vesícula secretória, vesícula sináptica e
vesícula de transporte, que é a vesícula da qual estamos falando. Essas
vesículas são responsáveis por carregar proteínas de uma organela para a
outra. Elas brotam da organela de origem e possuem proteínas de
revestimento que reconhecem as moléculas que precisam de transporte
(ALBERTS et al., 2017).
Praticamente todos os lipídeos que constituem as membranas celulares são
produzidos nas membranas do retículo endoplasmático liso. Entretanto, alguns
lipídeos começam a ser produzidos pelo REL e são finalizados no Complexo de
Golgi. Dentre alguns desses lipídeos, podemos citar a esfingomielina e os
glicolipídeos, pois essas moléculas possuem uma porção glicídica que é
produzida com a colaboração do Complexo de Golgi (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013).
Os principais lipídeos de membrana são os fosfolipídios, glicolipídios e o
colesterol. Grande parte dos fosfolipídios são produzidos no citosol da
membrana RE (parte externa) e, são sintetizados a partir de uma molécula de
glicerol e de duas moléculas de ácido graxos que, por sua vez, estão ligadas à
coenzima A (CoA). O primeiro na síntese de fosfolipídio, consiste na
transferência das moléculas de ácido graxo da CoA para o glicerol 3-fosfato por
meio da ação da enzima acil-transferases. Essa reação tem como produto o
ácido fosfatídico que, por sua vez, pode ser inserido na membrana. O ácido
fosfatídico, por sua vez, sofre várias reações bioquímicas por meio de enzimas
até a formação do fosfolipídio (ALBERTS et al., 2017).

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Indicação De Recurso Didático
Caro (a) estudante, indico a você uma ótima vídeo aula sobre o Retículo
endoplasmático. A partir dela, você poderá resumir o assunto estudado neste
material.
Segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=PCqeOppapdA

3. Organelas celulares II (Ribossomos)

Prezado (a) estudante, a partir de agora nos dedicaremos a estudar os


ribossomos. Para introduzirmos o nosso estudo sobre esse componente celular
tão importante para a síntese de proteínas, devemos nos recordar rapidamente
de alguns conceitos importantes, a começar pelos conceitos de como ocorre a
síntese de proteínas nas células. Qual é o caminho do DNA até a síntese das
proteínas?
Resumidamente, o DNA contém toda a informação genética do organismo e,
essa informação é responsável pelo direcionamento da síntese de proteínas
nas células, que são os principais componentes de uma célula. As proteínas,
por sua vez, são formadas por uma sequência específica de aminoácidos. As
instruções genéticas contidas no DNA são o que define essa sequência
específica de aminoácidos de uma proteína (ALBERTS et al., 2017).
Entretanto, o DNA não define diretamente a síntese das proteínas, também
chamada de síntese proteica. Ele atua como um coordenador que delega as
tarefas necessárias para a construção das proteínas. Assim, quando é
necessária a produção de determinada proteína na célula, o DNA é
inicialmente copiado para um outro tipo de ácido nucleico, o RNA (ácido
ribonucleico). Ou seja, o fluxo da informação genética segue do DNA para o
RNA e, esse processo de transferência de informação do DNA para o RNA é
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chamado transcrição (ALBERTS et al., 2017). Veja na figura abaixo este
processo.

Figura 6 - Transcrição

Fonte: https://www.planetabiologico.com.br/genetica/transcricao-do-dna-o-que-e-
como-acontece-pra-que-serve/

Desta forma, dizemos que os segmentos de DNA são transcritos em RNA e,


esse RNA é complementar a uma das fitas do DNA. Sabemos que a partir da
transcrição são produzidos três tipos principais de RNAs: mRNA (RNA
mensageiro), tRNA (RNA transportador), rRNA (RNA ribossomal) (figura 6).

Figura 7 - Tipos de RNA

Fonte: https://essaseoutras.com.br/tipos-de-rna-e-funcoes-mensageiro-ribossomico-e-
transportador-resumo/

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Durante a síntese proteica as sequências do mRNA são decodificadas a cada
três grupos de nucleotídeos, ou seja, ocorre o processo de conversão da
informação contida no RNA para a proteína, e esse processo é chamado
tradução (figura 8). Cada grupo de três nucleotídeos consecutivos no RNA é
chamado códon, e essa sequência determina a continuação de aminoácidos
da proteína. Esses códons, por si só, não conseguem reconhecer diretamente
os aminoácidos para a construção da proteína. Dessa forma, faz necessário
um adaptador que pode se ligar ao códon e ao aminoácido, esses adaptadores
são os tRNAs (ALBERTS et al., 2017).

Figura 8 - Processo de tradução.

Fonte: https://www.planetabiologico.com.br/genetica/traducao-do-rna-o-que-e-como-
ocorre/

O tRNA transportador contém, em suas extremidades, estruturas que são


essenciais para o reconhecimento dos códons do mRNA e também para o
reconhecimento do aminoácido. Uma dessas regiões é chamada anticódon,
que é a estrutura que reconhece o conjunto de três nucleotídeos consecutivos
no mRNA, pois sofre pareamento com o mesmo. A outra extremidade é o sítio

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onde o aminoácido correspondente ao códon se liga ao tRNA (ALBERTS et al.,
2017). Veja na figura 8 abaixo o códon e anticódon:

Figura 9 - Códon e Anticódon

Fonte: https://pt.khanacademy.org/science/biology/gene-expression-central-
dogma/translation-polypeptides/a/trna-and-ribosomes

Os ribossomos são estruturas complexas compostas por dois terços de RNA e


o restante, de proteínas. As subunidades grande e pequena (figura 10) se
encaixam e formam o ribossomo completo. A subunidade menor é responsável
por posicionar os tRNAs como os códons correspondentes no mRNA. Já a
subunidade maior é responsável por catalisar as ligações peptídicas que unem
os aminoácidos uns aos outros, que resulta na formação da cadeia
polipeptídica (ALBERTS et al., 2017).

Figura 10 - Ribossomo

Fonte: https://querobolsa.com.br/enem/biologia/ribossomos
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Essas subunidades se associam sobre um mRNA para que, então, seja
iniciada a síntese das proteínas. Ao passo que o mRNA se move por meio do
ribossomo, este vai realizando a tradução dos nucleotídeos do mRNA em
aminoácidos, códon por códon, utilizando os tRNAs como adaptadores. Assim,
os aminoácidos são adicionados à extremidade da cadeia polipeptídica em
crescimento. Quando a síntese proteica chega ao fim, ou seja, o mRNA é
completamente traduzido, as subunidades do ribossomo se separam
(ALBERTS et al., 2017).
A síntese de proteínas leva em torno de 20 segundos a alguns minutos. E
nesse intervalo de tempo, ocorrem múltiplas iniciações sobre um mesmo
mRNA que está sendo traduzido. Se o mRNA está sendo traduzido e a
tradução está ocorrendo de forma correta e eficiente, um novo ribossomo se
associa ao mRNA em sua extremidade 5’ logo após o ribossomo, que está à
frente, ter traduzido uma quantidade de nucleotídeos suficientemente longa
para que um ribossomo não atrapalhe o outro. Desta forma, o mRNA traduzido
é encontrado na forma de polirribossomos (figura 11) também chamado de
polissomos. Polirribossomos consiste na associação de vários ribossomos
sobre uma mesma molécula de mRNA (ALBERTS et al., 2017).

Figura 11 - Polirribososmos.

Fonte: http://arquivobioqui.blogspot.com/2015/07/combinacao-do-rna-mensageiro-
com.html

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ribossomos. Segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=lWX88X1naPk

4. Organelas celulares III (Complexo de Golgi)

Prezado(a) aluno(a), a célula possui diversas organelas envoltas com


membrana e, que possuem uma função especializada. O retículo
endoplasmático é a organela responsável pela síntese de proteínas e lipídios,
que são moléculas importantes para o funcionamento da célula, bem como
para o organismo. Após a síntese dessas moléculas, essas são enviadas ao
seu destino por meio de sacos envolvidos por membrana, chamados de
vesículas de transporte, ou simplesmente, vesículas. Um dos destinos dessas
vesículas é a organela chamada Complexro de Golgi, que é o nosso assunto
de estudo.
O aparelho de Golgi, também chamado Complexo de Golgi (figura 12). ou
ainda Complexo Golgiense está relacionado com a modificação, classificação e
direcionamento de proteínas. Essa organela está relacionada com o retículo
endoplasmático e com a membrana plasmática. Apesar de não haver meios de
comunicação direta entre o Complexo de Golgi, o retículo endoplasmático e a
membrana plasmática, há um intenso movimento de vesículas entre essas
estruturas, o que promove um intercâmbio de moléculas e membranas entre as
mesmas (DE ROBERTIS; HIB, 2016).

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Figura 12 - Complexo de Golgi

Fonte: https://www.todamateria.com.br/complexo-de-golgi/

A localização do Complexo de Golgi varia conforme o tipo de célula, bem como


com sua função. Geralmente, quando o aparelho de Golgi é uma estrutura
única no citoplasma, frequentemente encontra-se ao lado do núcleo e próximo
aos centríolos. Entretanto, nas células secretoras, o aparelho de Golgi é uma
estrutura mais desenvolvida e encontra-se entre o núcleo e os grânulos de
secreção. Nas demais células, o Complexo de Golgi se assemelha a discos
achatados empilhados em camadas que circundam o núcleo. E embora o
aparelho de Golgi possa variar de localização, tamanho de acordo com o tipo
de célula e função, ele está presente em todas as células e algumas
características tornam possível a sua diferenciação de outras organelas
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; DE ROBERTIS; HIB, 2016).
Como mencionamos anteriormente, o Complexo de Golgi (figura 13) é formado
por estruturas que se assemelham a sacos ou discos membranosos achatados,
que se encontram empilhados, estas são as cisternas do aparelho de Golgi,
envoltas por membrana. Cada pilha apresenta em média de três a oito
cisternas, entretanto, algumas células podem apresentar pilhas com 20
cisternas, bem como apenas uma, como é o caso de algumas células animais.
Ao ser visualizado no microscópio eletrônico, é possível observar várias
vesículas associadas ao aparelho de Golgi (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
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Figura 13 - Complexo de Golgi

Fonte: https://www.infoescola.com/citologia/complexo-de-golgi/

Geralmente, a pilha de cisternas do Complexo de Golgi apresenta-se curva,


com a face côncava, chamada face trans, voltada para a membrana
plasmática, e face convexa, chamada de face cis, voltada para o retículo
endoplasmático. Retorne a figura 12 para ver estas faces. A fase cis também é
chamada de face proximal, pelo fato de estar mais próxima do núcleo e do
retículo endoplasmático, e a fase trans também chamada de fase distal, por
estar voltada para a membrana plasmática e mais distante do núcleo e do
retículo endoplasmático. As demais cisternas, localizadas entre a face cis e a
fase trans são chamadas de cisternas médias (Figura 2) (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013).
Há uma rede de cisternas associadas a fase cis e uma outra associada a fase
trans, chamadas, respectivamente, de rede cis do Golgi e rede trans do
Golgi. As vesículas que emergiram do retículo endoplasmático fundem-se, o
que forma o compartimento intermediário RE-Golgi. Este compartimento, por
sua vez, move-se com o auxílio dos microtúbulos, em direção ao aparelho de
Golgi, funde-se e forma a rede cis do Golgi. Seguindo esse fluxo, as proteínas
que estão sendo processadas e secretadas passam pelas cisternas do
aparelho de Golgi, quando, finalmente, vesículas contendo essas proteínas
processadas emergem a partir da rede trans do Golgi. Assim, podemos concluir

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que o Complexo de Golgi é formado por pelo menos três compartimentos
diferentes (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Prezado(a) estudante, as membranas do Complexo de Golgi, assim como as
demais membranas biológicas, são formadas por lipídios e proteínas. Já a
composição interna das cisternas varia de acordo com o tipo de célula, bem
como o seu estado funcional. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Nas cisternas do Complexro de Golgi, algumas glicoproteínas passam pelo
processo de hidrólise (quebra) parcial de seus açúcares, bem como a adição
de novos açúcares. Esse processo é chamado glicosilação terminal, e produz
glicoproteínas com composição química diversa, bem como destinos diversos
de acordo com o tipo de glicosilação. Neste processo, no Complexeo de Golgi,
podem ser formados dois tipos de oligossacarídeos N-ligados: os
oligossacarídeos complexos, que são formadas pela retirada de
monossacarídeos e são adicionados outros açúcares como galactose, ácido
siálico por uma glicosiltransferases específica; e os oligossacarídeos ricos
em ramnose, em que não há retirada de açúcares, sendo mantido o número
de açúcares que foram adicionados no retículo endoplasmático. Outros tipos de
processamento também podem ocorrer no aparelho de Golgi, como adição de
grupos fosfato, sulfato ou ácidos graxos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Além disso, o aparelho de Golgi também atua no metabolismo de lipídios,
especificamente da síntese de glicolipídios e esfingomielina. Ambos são
sintetizados a partir da ceramida e fosfatidilcolina produzidas no REL.

Indicação De Recurso Didático


Caro (a) aluno (a), indico a você a vídeo aula da professora Roberta, a respeito
do Complexo de Golgi. Segue o link:
https://www.youtube.com/watch?v=ntRRGq1rT8U.

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CONCLUSÃO

Caro (a) aluno (a), chegamos ao final da unidade I da disciplina de Bases da


Biologia. Na mesma, foi possível você entender as principais diferenças entre
uma célula procarionte e eucarionte. Esta última, presente no organismo
humano, com diversas organelas dinâmicas e que trabalham em conjunto.
Durante nosso estudo conhecemos o retículo endoplasmático. Vimos que essa
organela faz parte de um conjunto de organelas envolvidas por membranas das
células eucarióticas. Pudemos conhecer a morfologia e identificar dois tipos
morfologicamente diferentes de retículo: o retículo endoplasmático rugoso, cuja
superfície possui ribossomos aderidos; e o retículo endoplasmático liso, que
não apresenta ribossomos em sua superfície. Ainda pudemos conhecer as
funções gerais dessa organela, e vimos que o retículo endoplasmático, de
maneira geral, está envolvido com a produção de proteínas destinadas ao
próprio retículo, à membrana plasmática, ao aparelho de Golgi, bem como para
a secreção celular. Além disso, o retículo endoplasmático também está
envolvido com a glicosilação das cadeias polipeptídicas e metabolização de
lipídios na célula.
No decorrer do nosso estudo nos dedicamos a conhecer os ribossomos, essas
estruturas que têm o papel de auxiliar a produção de proteínas na célula.
Pudemos conhecer as moléculas que associadas formam os ribossomos, e
entender como acontece o processo de produção das proteínas que exigem,
além dos ribossomos, mRNA (RNA mensageiro), tRNA (RNA transportador),
além de proteínas que atuam no processo, por exemplo, os fatores de
iniciação.
Por fim, vimos que o Complexo de Golgi está envolvido com a modificação,
classificação e direcionamento de moléculas no ambiente intracelular. Vimos
que a proteínas que são transportadas para os seus locais de destino por meio
de sinais que, por sua vez, são sequências de aminoácidos que guiam a
proteína até a organela onde a proteína deve atuar. O aparelho de Golgi atua
recebendo as moléculas recém-sintetizadas pelo retículo endoplasmático, atua
na modificação das mesmas, bem como no seu despacho por meio da rede
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trans de Golgi. Ainda vimos que existem duas vias para a secreção de
moléculas nas células, a secreção regulada e a secreção constitutiva.

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Referências

ALBERTS, B. et al. Fundamentos da Biologia Celular. 4. ed. Porto Alegre:


Artmed, 2017.

DE ROBERTIS, E. M.; HIB, J. Biologia Celular e Molecular. 16. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 9. ed. Rio


de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

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