2 Introdução. DIREITOS PRIMITIVOS E DA ANTIGÜIDADE.

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LEITURA SUGERIDA: HISTÓRIA DO DIREITO UFRGS

INTRODUÇÃO. DIREITOS PRIMITIVOS E DA ANTIGÜIDADE.

INTRODUÇÃO. DIREITOS PRIMITIVOS E DA ANTIGÜIDADE. DIREITOS


DOS POVOS SEM ESCRITA. DIREITOS DA ANTIGUIDADE: EGITO.
POVOS MESOPOTÂMICOS. HEBREUS. GRÉCIA. ROMA

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INTRODUÇÃO. DIREITO BRASILEIRO X SISTEMAS JURÍDICOS ATUAIS

DIREITO ROMANO-GERMÂNICO (CIVIL LAW) / COMMON LAW / CHINÊS / JAPONÊS / HINDU / MUÇULMANO
/ SOCIALISTAS / NÃO ESCRITOS.

Componentes históricos do civil law (no qual se situa o direito brasileiro): todas as contribuições
das quais possuímos registro escrito e que colaboraram na construção das normas e da
mentalidade do nosso direito ‘cultural’ e ‘positivo’, desde o direito egípcio, mesopotâmico,
hebraico, grego, romano, germânico, canônico, europeu continental moderno, português e
brasileiro.
Fontes do direito na história e do nosso direito: Lei / Costumes / Jurisprudência / Doutrina.

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• Origem do Direito – como fenômeno normativo preventivo e
repressivo de conflitos sociais, sua origem situa-se na Pré-
história. Trata-se, portanto, de um direito sem escrita: Estátua esculpida há cerca de
documentos dos direitos antigos e estudos de antropologia de 23.000 anos, encontrada às
margens do Rio Don, próximo a
povos contemporâneos que não possuem escrita. (Importância Kostenki

do tema).

• Características dos direitos não escritos: orais / concretos


(ligados a um caso real de conflito que lhe deu origem) /
variáveis (mudam muito de grupo para grupo) / ‘místicos’ –
irracionalidade / forte coesão do grupo que reprime com
violência a individualidade que se opõe.

• SUAS PRINCIPAIS FONTES são costumes, leis (normas expressas


de uma coletividade, neste caso, são expressas verbalmente em
forma de poesia ou adágios), jurisprudência rara.

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DIREITOS DA ANTIGUIDADE - ESCRITA (4.000 A.C A 470 D.C)

• DIREITO EGÍPCIO. O direito é a justiça do Faraó. Seu poder é vertical e


centralizado, perdurando por dinastias. Nos interregnos entre dinastias,
ocorrem ciclos intermediários em que a classe sacerdotal governa.
• A justiça e a verdade são consideradas expressões de uma ordem cósmica e
são energias representadas pela deusa MAAT.
• As noções jurídicas são expressas como instruções de sabedoria:
2450 a.C. - PTAH HOTEP, Vizir sob a V Dinastia. Papiro Prisse
(Biblioteca Nacional de Paris). Obra do gênero sebayt (recolha de
ensinamentos para as gerações futuras). “Se és um chefe, permaneças
calmo enquanto ouves as palavras de um queixoso e não o afastes
até que não tenha terminado de falar: um homem agredido necessita
desabafar mais do que fazer aquilo pelo que veio”. Direito egípcio

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SIMPSON (ed.), RITNER, TOBIN AND WENTE (trad.) The Literature of Ancient Egypt: An
Anthology of Stories, Instr uctions, Stelae, Autobiog raphies, and Poetr y, Yale University Press, 2003.

INSTRUÇÃO de Ptah sobre o conhecimento, a competência e a


sabedoria: “Não seja arrogante por causa do seu conhecimento.
Aconselhe-se tanto com o homem inculto quanto com o erudito, pois
ninguém jamais atingiu a perfeição de competência e não há artesão que
tenha adquirido o domínio (total). O bom conselho é mais raro do que as
esmeraldas, mas, ainda assim, pode ser encontrado até mesmo entre as
mulheres nas pedras de moer”.

INSTRUÇÃO de Ptah sobre o combate à beligerância: “Se você enfrentar


um adversário agressivo (no tribunal), que tem influência e é mais
excelente do que você, curve-se, pois, se você o enfrentar, ele não cederá a
você. Você deve suavizar seu discurso e evitar se opor a ele com a sua
mesma veemência. O resultado será que ele será chamado de grosseiro,
enquanto o seu controle de temperamento terá igualado a tagarelice dele”.

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MAAT. DEUSA EGÍPCIA DA JUSTIÇA

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DIREITO MESOPOTÂMICO
• Cidades e reinos da Mesopotâmia – escrita cuneiforme

• Códigos como as primeiras tentativas registradas de


antecipar a regra ao caso. Concretude – são julgamentos
concretos propostos para o futuro.

• Códigos de Ur Nammu (2040 a.C.); Esnuna (1930 a.C.,


60 arts.); Lipit Istar (1880 a.C. 37 arts. – Acádia e
Suméria) e Hamurabi (1694 a.C., 282 arts. – Babilônia).

• Hamurabi: Código de leis inspirado por Deus (processo,


direito penal e privado)
Código de Hamurabi

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Código de Hamurabi
•QuandoAnu o Sublime, Rei dos Anunaki, e Bel, o senhor dos céus e da terra, (...) chamaram a
Babilônia por seu nome ilustre, fizeram-na grande na terra, e fundaram nela um reino perene,
(...) então, Anu e Bel chamaram por meu nome, Hamurabi, (...), que temia a deus, para trazer a
justiça na terra, destruir os maus e criminosos, para que os fortes não ferissem os fracos;
(...) Quando Marduk concedeu-me o poder de governar sobre os homens, para dar proteção de
direito à terra, eu o fiz de forma justa e correta... e trouxe o bem-estar aos oprimidos.
1. Se alguém acusou um homem, imputando-lhe um homicídio, mas se ele não pôde convencê-lo
disso, o acusador será morto.
2. Se alguém imputou a um homem atos de feitiçaria, mas se ele não pôde convencê-lo disso,
aquele a quem foi imputada a feitiçaria irá ao rio, mergulhará no rio. Se o Rio o dominar,
o acusador ficará com sua casa. Se o homem for purificado pelo Rio e sair são e salvo,
aquele que lhe tinha imputado atos de feitiçaria seja morto e o que mergulhou no Rio fique
com a sua casa.
3. Se alguém se apresenta como testemunha em um processo de acusação e não prova o que
disse, se o processo implica perda de vida, ele deverá ser morto.
6. Se alguém furta bens do Deus ou da Corte deverá ser morto; e quem recebeu dele a coisa
furtada também deverá ser morto;
145. Se um homem casou com uma sacerdotisa e ela não lhe deu filhos, e se ele se propôs a
casar com outra sacerdotisa de classe inferior, este homem poderá se casar com a segunda e
fazê-la entrar em sua casa, mas ela não será tida em igualdade com a primeira.
195. Se o filho agrediu o seu pai, ser-lhe-á cortada a mão.
196. Se um homem arrancar o olho de outro homem, o olho do primeiro deverá ser arrancado.
200. Se um homem quebrar o dente de um seu igual, o dente deste homem também deverá ser
quebrado.
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DIREITO HEBRAICO - RELIGIOSO (MONOTEÍSMO)
• Thorá: (Pentateuco - lei escrita, ‘revelada’ por Deus aos hebreus) - Michna: costumes e interpretação (‘lei
oral’ codificada) - Guèmara e o Talmude: comentários e interpretação medievais sistematizados
• Decálogo: XIV – XIII séc. a.C. (normas eternas e imutáveis, mesmo para os chefes do povo): Tu não terás
outros deuses diante de minha face (...) / Honra teu pai e tua mãe ... / Não matarás / Não cometerás adultério
/ Não roubarás / Não prestarás falso testemunho contra teu próximo / Não desejarás a casa, a mulher, os
servos, os animais nem nada que pertença ao teu próximo.

Deuteronômio (livro do Pentateuco, Thorá)


• XVI, 18-20 (Os juízes) Estabelecerás juízes e magistrados em todas as cidades que Jeová, teu Deus, te der, de
acordo com as tribos, e eles julgarão o povo com justiça. Não farás flectir o direito, não terás consideração
pelas pessoas e não perceberás quaisquer presentes, pois os presentes cegam os olhos perspicazes e
corrompem as palavras dos justos. Seguirás estritamente a justiça, a fim de que vivas e possuas a terra que te
dá Jeová teu Deus.
• XIX, 15 (Os testemunhos) Um só testemunho não será admitido contra um homem para provar um crime ou
um pecado, qualquer que seja o pecado cometido. É de acordo com a palavra de duas testemunhas ou com
a palavra de três que o caso será julgado.

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DIREITOS GREGOS (VIII SÉC. A.C)

• Pensamento político e filosófico - Platão (428 – 347 a.C.) / Aristóteles (385-322 a.C.) e a democracia ateniense (VII e VI séc.
a.C.) – oradores e filósofos
• Drácon (assassinos ao julgamento por um tribunal público. “Mesmo que uma pessoa mate sem intenção, será exilada; os basileis
devem julgar o culpado [....] os ephetai proferem a sentença. Para obter o perdão, é necessário o consentimento de todos, pai,
irmãos ou filhos, e a recusa de um deles é suficiente para que não se conceda o perdão ...” (Lei ateniense sobre homicídio
culposo, atribuída a Drácon em registros escritos de 409/408 a.C, cf. Ilias Arnaoutoglou, Leis da Grécia antiga, São Paulo:
Odysseus, 2003, p. 82).
• Sólon (593 a.C.) – igualdade civil, fim da propr. coletiva dos clãs, da servidão por dívidas, limite ao pátrio poder...
• Democracia: povo sem ‘chefe’ deve se reger. Estruturas: assembleia e Boulé (exerce função legislativa e jurisdicional),
areópago (funções jurisdicionais elevadas e de conselho) e tribunal dos Heliastas (com funções predominantemente
jurisdicionais).
• nomoi – Hesíodo (VII a.C) = normas (?) escritas (leis) e não escritas (costumes). As leis escritas - votadas nas assembleias
populares - são "humanas" e “laicas”, no sentido de que são deliberadas por seres humanos por procedimentos que não fazem
uso da adivinhação, oráculos etc.. mas no consenso dos cidadãos.
• Não acumula regras para casos futuros. Julgamentos por costumes, poucas leis e convencimento pessoal dos juízes.
• Direito privado grego não deixa vasta documentação, mas afeta o romano em larga medida.

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Direito na antiga Roma

• Contextualização. (Os temas de nossa aula seguirão os temas das indicações de leitura abaixo).
Roma foi uma cidade fundada em 753 a.C., no centro-oeste do território itálico, e cuja língua era o
latim. Expandiu-se por alianças ou pela guerra (defensiva, apesar das aparências de conquista (cf. J.
Legoff, A civilização do ocidente medieval, apud LIMA LOPES, 2012, p. 28). Sua expansão teve como
característica a gradual concessão da cidadania romana aos povos anexados. No 1º séc. a.C., a
cidadania romana já havia sido estendida ao território itálico e, no ano de 212, a todo o vasto império
no entorno do mar Mediterrâneo (centro-sul da Europa Ocidental, Ásia menor e norte da África) e,
juntamente com a cidadania, o Direito Romano, desenvolvido em um contexto marcadamente
pluriétnico.
• Em 395, o comando imperial foi dividido no território entre ocidente e oriente, passando o Império a
ter 2 capitais (Roma e Constantinopla). Após grandes instabilidades militares e de sucessão do poder,
reconheceu-se a derrocada oficial do poder romano na parte ocidental em 470, perdurando até 1453
na parte oriental. O Direito Romano, contudo, é um fenômeno situado entre a fundação da cidade e o
ano de 565, coincidindo com a morte de Justiniano, compilador de todo o material jurídico existente
em 3 grandes Livros oficiais redigidos em língua latina: o Código (contendo atos legislativos do
imperador), o Digesto (contendo normas de diversas fontes, ordenadas, sistematizadas e
harmonizadas pelos juristas - ou seja, a fonte doutrinária) e as Instituições (obra de caráter didático,
de ensino jurídico para o primeiro ano dos cursos jurídicos do Império). Um último Livro, chamado
“Novelas”, passava a compilar os novos atos legislativos imperiais posteriores à compilação.

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