TDAH na infancia

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TDAH NA INFÂNCIA: uma perspectiva gestáltica

de compreensão e intervenção
Apresentação

• Avisos
• Proposta do mini curso / implicação com o tema
• Estrutura do mini curso : parte 1/ intervalo/ parte 2 - Perguntas
• Quem está chegando agora?
• Por que você está buscando o mini curso?
• Apresentação: Luciana Aguiar e a Gestalt-Terapia

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Para começar
• Você sabe o que é TDAH?
• Que viu esse tema na graduação?
• O que vocês já ouviram falar sobre TDAH?
• Quais as maiores críticas que vocês já ouviram sobre o tema?
• Aumento do número de diagnósticos, patologização,
medicalização da vida.
• Polarização e situação atual da Psicologia.
• A Gestal-Terapia como uma abordagem holística que supera a
dicotomia organismo/ambiente

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A COMPREENSÃO DIAGNÓSTICA

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DIAGNÓSTICO E COMPREENSÃO DIAGNÓSTICA

 A Gestalt-terapia não nega as categorias psicopatológicas; ela vai


além dessas mesmas categorias.

 Compreensão diagnóstica vai além do diagnóstico clássico: consiste


um desenhar um cenário compreensivo a respeito das RELAÇÕES que
a criança estabelece no mundo com tudo que ela traz para sua
existência.
 “Conflitos familiares foram identificados como um fator chave para o
sucesso do tratamento e na natureza de COMO o TDAH é expresso!
(Brites, 2021)

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DIAGNÓSTICO E COMPREENSÃO DIAGNÓSTICA

 A compreensão diagnóstica da GT vai sempre se atualizando; na


medida que o processo avança, novas formas de interação com o
mundo vão se desdobrando, novas necessidades surgem e novas
intervenções são demandadas.

 A importância de um diagnóstico para orientar a intervenção:


 Melhorar a qualidade de vida das crianças e das famílias.
 Garantir direitos de inclusão para a criança – a necessidade do
laudo.

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O Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade

• Sobre a questão do psicólogo dar diagnóstico:

• Existem leis que amparam os psicólogos a dar diagnóstico, como a lei


4119/1962 que regulamenta a profissão de psicólogo e a Resolução
do CFP 06/2019 que estabelece diretrizes para a elaboração de
documentos psicológicos.

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O Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade
• O TDAH é entendido como um transtorno do neurodesenvolvimento – isso
significa um desenvolvimento cerebral diferente – neurodivergente (DSM V-TR) –
não existe “tdah gestáltico”
• Se é um transtorno do neurodesenvolvimento, seu sinais aparecem na vida da
pessoa até os 12 anos. Um dado importante para o diagnóstico em adultos: checar
se os sintomas já estavam presentes na infância.
• Todos os critérios diagnósticos estão no DSM V -TR – importância dos critérios
para fechamento do diagnóstico: não basta ter “alguns sintomas”. O diagnóstico
depende da:
• Intensidade
• Frequência
• Quantidade
• Abrangência
• Surgimento na infância
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O Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade
• “Esses sintomas não podem ser melhor explicados por outra condição médica”.
• Ex: ansiedade pode funcionar como um “véu” no diagnostico”
• Critérios presentes no DSM – identificamos a partir dos relatos dos
responsáveis, do relato da escola e da observação e relação com a
criança.
• Avalição neuropsicológica – melhor forma de confirmação – transforma
parâmetros subjetivos em objetivos – o neuropsicólogo consegue
mensurar atenção, memória de longo prazo, memória de curto prazo,
linguagem, raciocínio lógico, impulsividade, etc. Como toda mensuração
a partir de “parâmetros médios”.
• A importância de um diagnóstico multidisciplinar.
• Importante: como é uma questão funcional do cérebro não existem
exames de sangue, eletro ou neuroimagem que confirme o TDAH.
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O TDAH:

• Etiologia:
• Carga genética relevante (geralmente possuem familiares
com TDAH, TEA, esquizofrenia, bipolaridade – tem genes
em comum)
• Ambientes facilitadores para ativar a expressão dos genes:
conceito de fatores de risco
• A perspectiva atual é a que leva em consideração a
interação gene e ambiente - epigenética

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O TDAH

• Três formas de apresentação:


• TDA – predominantemente desatento
• TDH – predominantemente hiperativo
• TDAH – misto
• Somente em 1980, com a publicação do DSM III ele é descrito – o avanço
de estudos clínicos permite o início do estabelecimento de critérios para
fazer um diagnóstico.
• O manual, com critérios estabelecidos, permite que as pessoas falem um
língua comum – princípio da replicabilidade e da falsibilidade.

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Sintomas na criança:

Desatenção:
1. Dificuldade em prestar atenção em detalhes: A criança pode
cometer erros por falta de atenção aos detalhes, como erros em
tarefas escolares ou atividades que exigem atenção aos detalhes.
Exemplo: Uma criança pode perder pontos em uma prova de
matemática por não ter lido corretamente as instruções.
2. Falta de organização: A criança pode ter dificuldade em
organizar suas tarefas escolares, materiais ou brinquedos.
Exemplo: A criança pode ter uma mochila desorganizada, com
livros e cadernos espalhados, dificultando a localização dos itens
necessários.

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Sintomas na criança:

Desatenção:
1. Esquecimento frequente de tarefas: A criança pode se esquecer
de realizar tarefas diárias, como fazer a lição de casa, escovar
os dentes ou levar objetos para a escola. Exemplo: A criança
pode regularmente se esquecer de trazer os livros necessários
para a sala de aula.
2. Distração em atividades rotineiras: A criança pode facilmente
se distrair durante as atividades diárias, tornando difícil a
conclusão de tarefas. Exemplo: Durante uma atividade em sala
de aula, a criança pode se distrair com ruídos externos, olhar
pela janela ou ficar brincando com objetos na mesa.

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Sintomas na criança:
Hiperatividade:
1. Excesso de atividade motora: A criança pode estar
constantemente em movimento, com dificuldade em ficar
quieta. Exemplo: A criança pode balançar as pernas, andar de
um lado para o outro ou correr pela casa mesmo quando não é
apropriado.
2. Inquietação: A criança pode demonstrar inquietação, ter
dificuldade em permanecer sentada por longos períodos de
tempo e sentir-se desconfortável com atividades que exigem
quietude. Exemplo: A criança pode mexer-se constantemente na
cadeira, levantar-se frequentemente durante uma refeição ou
durante uma aula.

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Sintomas na criança:
Hiperatividade:

1. Dificuldade em ficar sentada por muito tempo: A criança pode


ter dificuldade em permanecer sentada por períodos
prolongados, especialmente em situações que requerem
quietude. Exemplo: Durante uma atividade em grupo na escola,
a criança pode ter dificuldade em ficar sentada na roda por
muito tempo e começar a andar pela sala.
2. Falar em excesso: A criança pode apresentar uma elevada taxa
de fala, muitas vezes interrompendo os outros e tendo
dificuldade em aguardar sua vez de falar. Exemplo: Durante
uma conversa em grupo, a criança pode interromper
constantemente os outros para expressar suas próprias ideias
ou pensamentos.
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Sintomas na criança:
Impulsividade:

1. Tomar decisões rápidas sem pensar nas consequências: A


criança pode agir impulsivamente, tomando decisões sem
considerar plenamente as possíveis consequências. Exemplo: A
criança pode se envolver em comportamentos arriscados,
como atravessar a rua sem olhar ou pegar objetos sem
permissão.
2. Interromper os outros durante as conversas: A criança pode ter
dificuldade em aguardar sua vez de falar e interrompe
frequentemente os outros durante as conversas. Exemplo:
Durante uma discussão em família, a criança pode interromper
constantemente os pais ou irmãos, dificultando o fluxo da
conversa.

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Sintomas na criança:

Impulsividade:
1. Dificuldade em esperar a vez: A criança pode ter dificuldade em
aguardar sua vez em situações como jogos em grupo ou em
atividades que exigem turnos. Exemplo: Durante um jogo de
tabuleiro, a criança pode ter dificuldade em esperar sua vez e
pode tentar tomar a vez de outra pessoa.

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Sintomas na criança:
• Critérios diagnósticos para o TDAH em crianças (idade de 17 anos ou
menos):
A. Sintomas de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade devem
estar presentes em pelo menos dois ambientes diferentes (por
exemplo, escola, casa).
B. Sintomas devem estar presentes antes dos 12 anos de idade.
C. Sintomas devem estar presentes por um período de pelo menos 6
meses.
D. Sintomas devem ser inconsistentes com o desenvolvimento da
idade.
E. Sintomas causam prejuízo significativo no funcionamento social,
acadêmico ou ocupacional.
F. Os sintomas não podem ser explicados por outro transtorno mental.
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O que acontece no cérebro
• A pessoa com TDAH tem um desenvolvimento cerebral diferente:
• Principal área afetada: córtex pré frontal – déficit de dopamina
• Dificuldade no controle inibitório – não consegue inibir os
comportamentos – desvia atenção toda hora
• Dificuldade de planejamento – projeção de futuro
• A pessoa tem atratividade por recompensas mais rápidas do que as mais
distantes – impaciência, dificuldade de esperar
• Implica na procrastinação – faz as coisas de última hora – a recompensa
está mais perto.
• Dificuldade de colocar atenção num lugar e sustentar (foco)
• Impulsividade
• Hiperatividade ( o “freio” não funciona direito)

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O que acontece no cérebro

• A diminuição permanente no sistema dopaminérgico faz com


que a pessoa não tenha recompensa nos comportamentos usuais
e isso faz com que ela busque recompensa em todo lugar.
Precisa buscar o tempo todo pequenas recompensas rápidas.

• O nível baixo de dopamina dificulta a sustentação da atenção.

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O que acontece no cérebro

• A exceção do foco pululante é quando a pessoa gosta muito de algo –


presença de hiperfoco (porque aqui a recompensa é maior e meio que
“equilibra” a baixa dopamina).
• Implicações importantes na interação com o mundo, no diagnóstico e na
psicoterapia.

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Desdobramentos na interação com o mundo
• Os desdobramentos desse funcionamento diferente são inúmeros e
costumam trazer outros elementos relevantes na clínica:

• Baixa autoestima
• Dificuldade de inserção em grupos e socialização
• Ansiedade no contato com o mundo
• Dificuldade de processamento temporal – estimar quanto tempo vai
precisar para fazer algo e o quanto de esforço vai precisar colocar na
tarefa

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A INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

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A INTERVENÇÃO COM A
CRIANÇA

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A medicação
• Medicamentos: depende da manifestação do transtorno e do desconforto da
pessoa.
• Psicoestimulantes: Ritalina, Concerta e Venvanse
• Medicamentos de curta, média e longa ação.
• Todos mexem com o nível de dopamina nas áreas cerebrais afetadas.
• Um estimulante reduz a hiperatividade? Sim, porque o estimulante é
justamente para a substãncia que “freia” o funcionamento = aumenta a
dopamina, aumenta o foco e a sustentar a atenção em um elemento de
cada vez.
• Medicamento para o resto da vida? Não necessariamente – vai depender
do contexto.

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A psicoterapia: Gestalt-terapia em ação
• Dimensão da informação e esclarecimento: a importância do conhecimento
do diagnóstico por fontes de qualidade – traz compreensão e
reconfiguração do autoconceito/autoestima.
• Dimensão das formas de contato com o mundo – além do trabalho usual
diante das modalidades de ajustamento
• Todas as propostas que possibilitem a vivência do momento presente,
particularmente as que envolvem o corpo e as funções de contato.
• Acompanhar a mudança de foco no consulente e convida-lo a “esgotar” aquilo
que chamou a atenção.
• Experimentar na sessão exercícios de figura e fundo onde o consulente tem o
“protagonismo” de sua mudança de foco
• Auxilia-lo a descobrir atividades que “dá vontade”, que sejam mais fáceis de
realizar – ajustar o hiperfoco para algo mais “adaptativo”
• Dramatização de cenas da vida cotidiana da criança com a exploração de
alternativas para situações desafiadoras
• Construção junto com a criança de estratégias para lidar com os desafios que
ela encontra. 26
A INTERVENÇÃO COM A
FAMILIA/RESPONSÁVEIS/
CUIDADORES

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AS DIMENSÕES

• As dimensões da intervenção com os responsáveis em Gestalt-


Terapia:
• Informação
• Orientação
• Sensibilização e promoção de awareness.

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A INFORMAÇÃO

• “Psicoeducação” – explicar sobre o transtorno e o que pode ser feito para


minimizar seus efeitos

• Aqui reside uma dimensão importante do trabalho: o psicoterapeuta atua


no sentido de informar para CRIAR CONDIÇÕES MELHORES no
AMBIENTE.

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A ORIENTAÇÃO

• A partir da compreensão construída junto aos responsáveis a respeito das


condições do diagnóstico da criança, a orientação desdobra ações
desejáveis no AMBIENTE e nas RELAÇÕES familiares no sentido de
favorecer a interação da criança no mundo.
• Antes de mais nada: rever práticas educativas como a punição e acordar a
sua retirada.
• Manejo de comportamento de recompensa – modificar o ambiente para
reduzir estímulos e convites a recompensa rápida.
• A importância dos pais CONFIRMAREM os ganhos da criança, bem como
seus comportamentos “esperados” – sensação de conquista – aumento os
níveis de dopamina e noradrenalina no cérebro.
• Retirar estímulos distratores
• Rotina estruturada /organização do ambiente / rituais 30
A ORIENTAÇÃO
• A necessidade de uma casa organizada, com horários predeterminados,
rotinas estabelecidas e o uso de meios visuais e materiais para organização
– necessidade de uma FAMILIA que funcione assim.
• Repetição para criar hábitos.
• Espaço reservado para estudo e tarefas escolares.
• Organizar materiais escolares e de estudo com antecedência.
• Experimentar pequenas janelas de concentração com pausas para descanso
• Higiene do sono
• Atividade física – particularmente as que convidam a uma autossuperação
• Intervenção no consultório e/ou no ambiente familiar

• Quem pode fazer isso?


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SENSIBILIZAÇÃO E PROMOÇÃO DE AWARENESS

• Não há informação e orientação que funcione em uma família


atravessada, por um lado, por condições sócios econômicas
desfavoráveis e, por outro, com questões emocionais e
relacionais de seus membros.

• O trabalho do Gestalt-terapeuta: para além das prescrições

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A INTERVENÇÃO COM A
ESCOLA

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A ESCOLA

• Local onde os desdobramentos do TDAH costumam se apresentar de


forma mais intensa e, consequentemente, onde precisamos intervir de
forma efetiva no sentido de auxiliar a criança.
• A intervenção se dá a partir das características de cada criança: algumas
precisarão somente de um suporte geral enquanto outras precisarão de
reforço escolar, suporte psicopedagógico, apoio de professor particular e
condições especiais de avaliação.
• Informação e orientação como diretrizes básicas na intervenção com a
escola.

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A ESCOLA
• Algumas recomendações gerais:
• Prover feedbacks constantes e em grande quantidade; as crianças
precisam ser lembradas de suas obrigações, com reforços recorrentes.
• Usar formas positivas de reforço. Comunicação clara, curta, objetiva
e gentil.
• Ao transmitir as etapas de uma atividade faze-la em pequenas partes.
Checar com a criança se ela entendeu as orientações.
• Apresentar atividades de formas lúdicas e dinâmicas.
• Valorizar o produto final e o resultado do desempenho.
• Conhecer as preferências da criança para intercalar conteúdos mais
tediosos com outros mais prazerosos.

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A ESCOLA

• Usar incentivos em sala de aula.


• Acolher reações disruptivas em perder a calam.
• Dar mais tempo de prova e convocar o aluno a conferir as questões.
Em alguns casos, realizar as provas de forma isolada.
• Diversificar os meios de avaliação
• As provas devem ser curtas, com enunciados enxutos e objetivos.
• Sentar a criança na frente e próxima aos professores.
• Reduzir tarefas e evitar copias excessivas.

• :
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Para finalizar
• A Gestalt-Terapia sublinha a importância de uma compreensão e
intervenção de cunho holístico e de campo, que privilegie as
características singulares de cada caso e todos os seus
atravessamentos.

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