Unidade 3 - A - Microdrenagem Oficial Parte 1 (1)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 47

Unidade 3:

Microdrenagem
Profª. Ana Moni
• Verificar:
https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-
pesquisa/ipr/coletanea-de-manuais/vigentes/ipr-736-album-de-projetos-
tipo-de-dispositivos-de-drenagem
Terminologia Básica
Um sistema de drenagem de águas pluviais é composto de uma série de unidades
e dispositivos hidráulicos para os quais existe uma terminologia própria e cujos
elementos mais freqüentes são conceituados a seguir.

• Greide - é uma linha do perfil correspondente ao eixo longitudinal da superfície


livre da via pública.

• Guia - também conhecida como meio-fio, é a faixa longitudinal de separação do


passeio com o leito viário, constituindo-se geralmente de peças de granito
argamassadas.

• Sarjeta - é o canal longitudinal, em geral triangular, situado entre a guia e a


pista de rolamento, destinado a coletar e conduzir as águas de escoamento
superficial até os pontos de coleta.

• Galerias - São as canalizações públicas destinadas a escoar as águas pluviais


oriundas das ligações privadas e das bocas-de-lobo

• Bocas coletoras - também denominadas de bocas de lobo (guia, cantoneira,


grelha), são estruturas hidráulicas para captação das águas superficiais
transportadas pelas sarjetas e sarjetões; em geral situam-se sob o passeio ou
sob a sarjeta.
• Sarjetões - canal de seção triangular situado nos pontos baixos ou nos
encontros dos leitos viários das vias públicas, destinados a conectar sarjetas ou
encaminhar efluentes destas para os pontos de coleta.

• Condutos forçados e estações de bombeamento: Quando não há condições


de escoamento por gravidade para a retirada da água de um canal de
drenagem para um outro, recorre-se aos condutos forçados e às estações de
bombeamento.

• Caixa de Drenagem ou Poços de visita: São câmaras visitáveis cuja principal


função é permitir o acesso às redes para inspeção e desobstrução; são
utilizados em pontos de mudança de direção, declividade, conexão e
entroncamento de redes auxiliares.

• Ramais de Drenagem: São ligações entre os dispositivos e o PV, diâmetro


mín. de 500mm.

• Redes de Drenagem: São galerias que captam águas pluviais dos ramais e
conduzem até o Rio ou Córregos; geralmente em tubos de concreto armado,
podendo ter os seguintes diâmetros: 600, 800, 1.000, 1.200, 1.500mm, etc...

Ver diretório de Desenhos


Poço de
visita

Ramais de
Boca Coletora Drenagem
(Leão +
Lobo=> Rede de Caixa de
Combinada) Drenagem drenagem Sarjeta

Croqui 3D de Galerias Águas Pluvias


Fonte: Semasa
• Válvulas: Dispositivo que impede o retorno das águas pluviais às
regiões mais baixas, quando o córrego estiver cheio.

Válvula Flap

Fonte Semasa
Quando precisamos implantar Galerias de águas
pluviais (GAP)?

Quando a vazão de
escoamento superficial
(sarjeta+via) não
comportar o volume
precipitado.

Fonte: Semasa
• Como é possível calcular a vazão que as
sarjetas e vias comportam?

Largura da via

Guia Sarjeta Guia

Calçada Calçada

Fonte: Semasa
Fonte: Semasa
SARJETAS
Sarjetas

As sarjetas destinam-se a escoar as águas provenientes da


precipitação sobre o pavimento das vias públicas e as descargas de
coletores pluviais das edificações.

Se as vazões forem elevadas poderá haver inundação das calçadas, e


as velocidades altas podem até erodir o pavimento.

O cálculo das capacidades admissíveis das sarjetas permite o


estabelecimento dos pontos de captação das descargas por intermédio
de bocas de lobo.

capacidade Q (sarjetas) = f(declividade, rugosidade, forma)


Sarjetas

De acordo com os requisitos de projeto, pode-se calcular acapacidade


de condução das ruas e sarjetas sob duas hipóteses:

1 ) a água escoando por toda a calha da rua; ou


2 ) a água escoando somente pelas sarjetas.

Para a primeira hipótese, admite-se a declividade transversal da rua


(ruas abauladas) a 3% e a altura da água na sarjeta de 0,15 m.

Para a segunda hipótese, admite-se declividade transversal também


de 3% e altura de água na sarjeta de 0,10 m.
▪ “Cálculo da capacidade de escoamento superficial”
▪ (Cálculo da vazão da sarjeta+via)

Guia Largura da via Calçada

Altura da
lâmina
d’água
1/6 . L
Sarjetas
Os cálculos devem prover informação acerca da capacidade de
escoamento das sarjetas, velocidades e os tempos de percurso dos
escoamentos.
Sarjeta em canal triangular
A equação de Manning modificada por Izzard para determinar a
vazão em sarjetas. Se a seção transversal da sarjeta for de
declividade uniforme para a face da guia pode-se usar o
nomograma de Izzard, para o cálculo da vazão. Adotando que Rh =
y, na equação de Manning, pode-se obter:
z
Q0 = 0,375  y 08 3     I 1 2
n
Onde:
Q0... vazão referente à altura y0 [m3/s];
y0... altura máxima de água na guia [m];
z... inverso da declividade transversal;
n ... coeficiente de rugosidade de Manning;
I.... inclinação longitudinal da sarjeta (greide da rua)
O nomograma foi construído para esta equação.
Sarjetas

Descarga Admissível
No dimensionamento das sarjetas deve-se considerar uma certa margem
de segurança na sua capacidade, tendo em vista problemas funcionais que
tanto podem reduzir seu poder de escoamento como provocar danos
materiais com velocidades excessivas.

Nas declividades inferiores é freqüente o fenômeno do assoreamento e


obstruções parciais através de sedimentação de areia e recolhimento de
pequenas pedras reduzindo, assim, a capacidade de escoamento.

Nas declividades maiores a limitação da velocidade de escoamento torna-


se um fator necessário para a devida proteção aos pedestres e ao próprio
pavimento.

Essa margem de segurança é conseguida pelo emprego do "fator de


redução F", o qual pode ser obtido pela leitura do próximo gráfico. Neste
caso, quando se calcula a capacidade máxima de projeto a expressão
deduzida assume o seguinte aspecto:

 83  z 12
Qadm = Q0  F = F  0,375  y0     I 
 n 
I < 0,4 % : FR = 0,5 0,6 % < I < 2,0 % : FR = 0,8

FR dependerá do tipo de via e da relação com


outras vias
Valores dos Coeficientes "n" de Manning para Sarjetas
Os valores de "n" são estimados em função de material e do
acabamento superficial das sarjetas, como apresentado a seguir:
Sarjeta de concreto, bom acabamento 0,012
Pavimento de asfalto
-textura lisa 0,013
-textura áspera 0,016
Sarjeta de concreto com pavimento de asfalto
-textura lisa 0,013
-textura áspera 0,015
Pavimento de concreto
-acabamento com espalhadeira 0,014
-acabamento manual alisado 0,016
-acabamento manual áspero 0,020
OBS.:
▪ A velocidade numa sarjeta deve ser menor que 3 m/s (?);
▪ O valor de Q0 é para um lado da rua.
▪ “Cálculo da capacidade de escoamento superficial”
▪ (Cálculo da vazão da sarjeta+via)

Guia Largura da via Calçada

Altura da
lâmina
d’água
1/6 . L
W
Cálculo da vazão da capacidade de escoamento superficial
➢ Sarjetas e Sarjetões – Cálculo da capacidade:
W0 = y0 tg0

8ൗ
3
𝑧 1
𝑄0 = 0,375 × 𝑦0 × 𝐼 y0
𝑛 0 z = tg0

▪ A fórmula de Izzard pode ser simplificada para:

2Q 0 = K × I
MÉTODO DE IZZARD PARA CAPACIDADE DE SARJETAS
Largura da via (m) 3 4 5 6 7 8 9 10
K 0,539 0,718 0,898 1,077 1,257 1,436 1,616 1,795

Considerações:
Q = Capacidade de escoamento (m³/s) (para os dois lados da Rua)
yo = Altura da lâmina = 0,10 (m)
zo = tgɵo
n = Coeficiente de rugosidade = 0,015 (concreto)
K = Coeficiente de simplificação (adimensional)
I = Declividade da via (m/m)
W=1/6 . L
Guia Largura da via Calçada

Altura da
lâmina
d’água
1/6 . L
▪ Exercício
▪ Fonte: Eng.º Alexandre Perri de Moraes (SEMASA)
Exemplo prático...

➢ A Sra. Rosa abre um Processo Administrativo no Posto de


Atendimento - Centro, solicitando a implantação de um bueiro na
Rua Carijós, nº 1.496, pois nos dias chuvosos sua rua sempre fica
inundada.

Vamos diagnosticar se a
reclamação procede?
1° Passo: Cálculo da vazão da capacidade de escoamento
superficial

➢ A capacidade de escoamento superficial da via é diretamente proporcional a sua


declividade;

➢ A declividade da via é a relação entre a variação de altura (Cota) pela distância


percorrida;

➢ Declividade média (Não considera variações no greide da via):

I
1° Passo: Cálculo da
vazão da capacidade de
escoamento superficial

➢Cálculo da declividade da via:


i = ( 780 – 779 ) / 40,87 = 0,0244 m/m

➢Cálculo da vazão de escoamento superficial (para os dois lados da


rua):
Q =2Q0= 1,795 . 0,0244 = 0,280 m³/s
2º Passo: Cálculo
da área de
contribuição

Exemplo (Área Urbana):

➢ Localizar o ponto de
interesse (ex: local da
reclamação);

➢ Localizar os dispositivos de
drenagem e redes
existentes;

➢ Entender a direção do
escoamento das águas;

➢ Delimitar a Bacia com


auxílio das curvas de nível,
limites de lotes e
dispositivos existentes.
3º Passo: Cálculo da
vazão da área de
contribuição
➢ Método Racional (Para bacias de até 2,0 km²):

▪ Cálculos em função da expressão: Q= C.i.A, sendo:

• Q = Vazão da área de contribuição (m³/s);


• C = Coeficiente de escoamento (adimensional);

Característica da bacia C Mín. C. Máx.


Edificação muito densa 0,70 0,95
Edificações com muitas superfícies livres 0,25 0,50
Matas, parques e campos de esportes 0,05 0,20
Fonte: Prefeitura de São Paulo
• i = Intensidade média de precipitação sobre toda área de contribuição (m/s):
h / tc;
▪ A = Área de contribuição (m²).
3º Passo: Cálculo da
vazão da área de Opção 1
contribuição
• h = Altura Precipitada (mm): altura que a água alcançaria em um
recipiente de área de 1 m²;
𝑇𝑅
h = (𝑡𝑐 − 6)0,238 12,9 − 4,22 ln ln
𝑇𝑅 − 1
Equação de Chuva para o Município de Santo André
• tc = Tempo de Concentração (min): tempo que a água leva para percorrer
a maior distância dentro da bacia delimitada (Para microdrenagem
adotamos tc=10 min);

• TR = Tempo de Recorrência (anos): com base em dados estatísticos,


determina-se a chance de uma determinada intensidade de chuva ocorrer
num dado espaço de tempo (Para microdrenagem adotamos TR=10 anos).

Valores de Intensidade de Chuva de acordo com o Tempo de Recorrência


TR (anos) 10 25 50 100
i (m/s)* 5,19.10-5 6,12.10-5 6,81.10-5 7,49.10-5
* considerando tc = 10 min
3º Passo: Cálculo da
vazão da área de Opção 2
contribuição

▪ Poderia ter sido usada a equação de intensidade da precipitação (se ela existisse),
considerando o tempo de concentração (sendo o situação crítica)
3º Passo: Cálculo da
vazão da área de
contribuição

➢ Cálculo da vazão da área de contribuição:


Q = C.i.A
Onde:
C = 0,90
i = 5,19.10-5 m/s (tc = 10 min e TR = 10 anos)
A = 7.434,10 m²

 Q = 0,347 m³/s
4º Passo: Confrontar as vazões da
capacidade de escoamento
superficial e da área de
contribuição

QContrib. < QEsc. Sup. Não será necessário fazer projeto

QContrib. ≥ QEsc. Sup. Será necessário fazer projeto

Fonte: Imagem da Internet


4º Passo: Confrontar as
vazões da capacidade de
escoamento superficial e da
área de contribuição

➢ Como as vazões são:


QContrib. = 0,347 m³/s
Metodologia de
QEsc. Sup. = 0,280 m³/s IZZARD
Q0 = K . i
➢ Então:

Será necessário
QContrib. ≥ QEsc. Sup.
fazer projeto
5º Passo: Nivelamento do terreno no trecho a implantar a GAP
6º Passo: Cálculo do diâmetro da GAP, declividade,
velocidade, cotas e PV’s
1. Recomendações de projeto:

➢ Distribuição entre PV’s até 100 m;

➢ Velocidade máx. de 5,0 m/s e velocidade mín. de 0,75 m/s;

➢ Degrau máx. entre tubos de 1,00 m;

➢ Para os ramais recomenda-se usar diâmetro mín. de 500 mm e para as


redes recomenda-se usar diâmetro mín. de 600 mm;

➢ As seções circulares são dimensionadas à seção plena ou y= 0,94 d e as


retangulares com altura livre mín. de 0,10 H;

➢ Nas mudanças de diâmetro (ou dimensões), as geratrizes superiores internas


devem estar alinhadas.
6º PASSO: CÁLCULO DO DIÂMETRO DA GAP, DECLIVIDADE,
VELOCIDADE, COTAS E PV’S

➢Inicialmente adota-se o diâmetro mín. e a declividade do terreno


(econômica);

➢Determina-se a capacidade da rede utilizando a equação da


continuidade: ONDE:
Q = vazão da rede (m³/s)
𝑄 = 𝑉 𝐴𝑚 V = velocidade média (m/s)
𝐴𝑚 = área molhada (m²)

➢Velocidade de escoamento – equação de Manning:


1 2/3 ONDE:
𝑉 = 𝑅ℎ 𝐼 V = velocidade média (m/s)
𝑛
n = coeficiente de rugosidade = 0,015 (concreto)
I = declividade média (m/m)
𝑅ℎ = raio hidráulico (m)
6º PASSO: CÁLCULO DO DIÂMETRO DA GAP, DECLIVIDADE,
VELOCIDADE, COTAS E PV’S

➢Raio Hidráulico:

Fonte: Hidrologia e Hidráulica: Conceitos Básicos e Metodologias - DAEE


6º PASSO: CÁLCULO DO DIÂMETRO DA GAP, DECLIVIDADE,
VELOCIDADE, COTAS E PV’S

I1 I2
7º Passo: Determinação da quantidade de dispositivos e
locação dos PV’s

1. Quantidade de dispositivos:
ONDE:
𝑄𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏. 𝑛𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑠. = nº de dispositivos (unid.)
𝑛𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑠. = 𝑄𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏. = Vazão da área de contribuição (m³/s)
𝑄𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑠. 𝑄𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑠. = Vazão de capacidade do dispositivo (m³/s)

2. Recomendações:
➢ As redes deverão ser projetadas e locadas no eixo da pista. No caso de avenidas, as
redes deverão preferencialmente ser projetadas sob o canteiro central;

➢ Para redes em concreto armado, o cobrimento mín. recomendado sobre a geratriz


superior será de 1,00 m;

➢ As conexões dos ramais poderão ser feitas em PV’s, em número máx. de 4 (quatro);
7º PASSO: DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE DISPOSITIVOS E
LOCAÇÃO DOS PV’S

Planta esquemática
7º PASSO: DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE DISPOSITIVOS E
LOCAÇÃO
➢ Boca de Lobo: 60 l/s
➢ Boca de Leão: 70 l/s

➢ Como as vazões são:


QContrib. = 0,347 m³/s
Qdispos. = 0,060 m³/s

➢ Então:
𝑛𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑠. = (0,347 / 0,06) = 5,78 unid.

 𝑛𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑠. = 6,00 unid.


8º Passo: Desenho do projeto de águas pluviais

Exemplo de
Projeto Básico
9º Passo: Orçamento

Elaborar o orçamento
conforme o nível de
detalhamento do
projeto
10º Passo: Parecer
técnico

Elaborar o parecer
técnico conforme o nível
de detalhamento do
projeto
10º Passo: Parecer
técnico
10º Passo: Parecer
técnico

Você também pode gostar